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NR 20

SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO


COM INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS

NR 20
NR 20
SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO
COM INFLAMÁVEIS E COMBUSTÍVEIS

CURSO BÁSICO

2020
Sumário

01.
Módulo 1 03

Introdução 04

Definição 05

Inflamáveis características, propriedades, perigos e riscos 07

Controles coletivo e individual para trabalhos com inflamáveis 09

Fontes de ignição e seu controle 10

Proteção contra incêndio com inflamáveis 11

Procedimentos básicos em situações de emergência com inflamáveis 12

Conclusão 14
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MÓDULO
SEGURANÇA E SAÚDE NO
TRABALHO COM INFLAMÁVEIS
E COMBUSTÍVEIS
1 - INTRODUÇÃO

Olá! Seja bem-vindo ao treinamento NR 20 - Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e

Combustíveis.

Existem diversas substâncias que se inflamam com facilidade. As principais delas são os líquidos e

gases, que podem ser classificados como inflamáveis e combustíveis.

Nos mais diversos casos, o principal risco é de incêndio, pois existe a possibilidade de desencadear

explosões. Devido a isso, diversas normas devem ser seguidas para a utilização desses fluidos.

A Norma Regulamentadora 20 é sobre a segurança e saúde no trabalho com inflamáveis e combustíveis.

Ela prioriza a capacitação dos trabalhadores e descreve que os treinamentos são definidos em função

das classes das instalações, as quais, por sua vez, definem-se em função da atividade e capacidade de

armazenamento.

Este treinamento corresponde ao Curso Básico, para trabalhadores de instalações classe I, classe II

ou classe III, que exercem atividade específica, pontual e de curta duração em contato direto com o

processo ou processamento de produtos inflamáveis e combustíveis.

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2 - DEFINIÇÕES

2.1 - PONTO DE FULGOR

É a menor temperatura, na qual um combustível libera vapor em quantidade suficiente para formar

uma mistura inflamável por uma fonte externa de calor. O ponto de fulgor não é o bastante para manter

a combustão.

A mistura inflamável citada anteriormente é a quantidade de vapor de líquido ou gás, misturada com o

ar atmosférico. Esse composto é suficiente para uma inflamação em contato com uma fonte de calor

(ou seja, queima repentina do gás ou vapor). Caso seja retirada a fonte de calor, a queima (inflamação)

não ocorre mais.

Na Tabela 01, temos exemplos de pontos de fulgor em líquidos combustíveis e inflamáveis.

2.2 - AUTOIGNIÇÃO (PONTO DE IGNIÇÃO)

Temperatura mínima em que os combustíveis liberam gases e vapores inflamáveis, que entram em

combustão somente em contato com o comburente. Não há a necessidade de uma fonte externa de

calor.

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2.3 - LÍQUIDOS INFLAMÁVEIS

São líquidos que possuem ponto de fulgor ≤ 60 ˚C, quando armazenados e transferidos, aquecidos
a temperaturas iguais ou superiores ao seu ponto de fulgor; equiparam-se aos líquidos inflamáveis

(item 20.3.1.1 da NR 20 Atualizada de 2019).

2.4 - LÍQUIDOS COMBUSTÍVEIS

São líquidos com ponto de fulgor > 60 ºC e ≤ 93 ºC.

2.5 - GASES INFLAMÁVEIS

Gases que se inflamam com o ar a 20 ºC e pressão-padrão de 101,3 kPa.

2.6 - LIMITES DE INFLAMABILIDADE

Para que um gás ou vapor queime, é necessário que exista, além da fonte de ignição, uma mistura

com um percentual máximo e mínimo de gás combustível e o ar atmosférico (oxigênio).

2.7 - LIMITE DE INFLAMABILIDADE INFERIOR (LII)

É a mínima concentração do gás que, misturada ao ar atmosférico é capaz de provocar a


combustão a partir do contato com uma fonte de ignição. Concentrações inferiores não provocam
combustão, pois existe excesso de oxigênio. Nesse caso, são chamadas de “mistura pobre”.

2.8 - LIMITE DE INFLAMABILIDADE SUPERIOR (LIS)

É a máxima concentração do gás que, misturada ao ar atmosférico é capaz de provocar a combustão a

partir do contato com uma fonte de ignição. Concentrações superiores não causam combustão, pois

existe excesso de combustível, sendo, portanto, chamadas de “mistura rica”.

A seguir, na Tabela 02, podem ser verificados os limites inferior e superior da inflamabilidade para

diversos gases.

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O ambiente encontra-se dentro da faixa de inflamabilidade entre os limites inferiores e superiores

(mistura ideal), ou seja, o risco de incêndio e explosão é iminente, como se pode verificar na Tabela 03.

3 - INFLAMÁVEIS: CARACTERÍSTICAS, PROPRIEDADES, PERIGOS E RISCOS

3.1 - CARACTERÍSTICAS

A característica básica dos fluidos inflamáveis é a formação de vapores que, misturados com o ar,

podem inflamar, gerando incêndios e explosões. As condições são determinadas pelo ponto de fulgor

nos fluidos líquidos. No caso dos gases inflamáveis, essa definição é realizada para cada caso.

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3.2 - PROPRIEDADES

As propriedades devem ser diferenciadas para os gases e para os líquidos. A seguir, relacionamos as

principais propriedades dos fluidos inflamáveis e combustíveis.

3.2.1 - Gases

Os gases possuem baixa densidade e capacidade de se moverem livremente. Alguns são mais densos

que o ar e permanecem próximos ao solo, como o GLP (gás liquefeito de petróleo). Aqueles menos

densos que o ar, sobem e se dispersam com mais facilidade. O gás natural é um exemplo.

O estado físico dos gases é uma preocupação, pois, em um vazamento, podem ocupar todo um ambiente

e — com exceção do oxigênio — são asfixiantes. A inflamabilidade deve ser medida constantemente,

sobretudo se o gás estiver confinado. Caso haja a identificação de um ambiente com gases e vapores

dentro da faixa de inflamabilidade, providências urgentes devem ser tomadas.

O procedimento-padrão pode ser:

1º. interromper a atividade;

2º. isolar a área;

3º. comunicar SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde) solicitando um parecer a respeito.

Exemplos de gases:

- benzeno

- butano

- etano

- etileno

- gás de coqueria

3.2.2 - Líquidos

As principais propriedades dos líquidos inflamáveis ou combustíveis são exatamente o ponto de fulgor

e o limite de inflamabilidade.

Exemplos:

- gasolina

- querosene

- óleo diesel

- derivado de alcatrão de hulha

- derivado de xisto betuminoso

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- álcool etílico

- gás de hulha

- gás natural

- GLP (gás liquefeito de petróleo)

- hidrogênio

- metano

- propano

3.3 - PERIGOS

Os gases inflamáveis e combustíveis podem ocupar o espaço do ar atmosférico e provocar asfixia. Por

isso, deve-se medir o teor de oxigênio existente nos ambientes. Como exemplo, pode-se definir a medição

dos níveis de gases presentes em diversas oportunidades, como no início da atividade ou após uma

interrupção necessária. Os maiores riscos são, sem dúvida, os incêndios que podem provocar explosões.

3.4 - RISCOS

O conhecimento dos riscos oriundos das substâncias químicas é fator de suma importância, razão pela

qual a ONU (Organização das Nações Unidas) classificou e agrupou os produtos químicos em nove

classes de risco. Dentre estas, encontram-se:

- Classe 1 - explosivos;

- Classe 2 - gases;

- Classe 3 - líquidos inflamáveis.

Exemplos de números da ONU para diversos fluidos inflamáveis:

ª: Classe de risco 9

Sem dúvida, quando existem substâncias combustíveis e inflamáveis, o grande risco é a presença de

fontes de ignição. Um profissional habilitado deve elaborar as análises de risco das operações com

fluidos inflamáveis e combustíveis.

4 - CONTROLES COLETIVO E INDIVIDUAL PARA TRABALHOS COM INFLAMÁVEIS

Deve-se prever a existência de controles individuais e coletivos para as instalações com fluidos

inflamáveis e combustíveis.

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4.1 - CONTROLE INDIVIDUAL

Para cada tipo de fluido combustível ou inflamável, devem-se prever EPIs (equipamentos de proteção

individual) específicos.

Os mais utilizados são:

a) Proteção para as mãos: luvas com materiais específicos para cada tipo de produto e/ou tarefa

específica.

b) Proteção para os olhos: utilizar óculos de segurança com proteção lateral.

c) Proteção para a pele e corpo: utilizar calçados de segurança.

d) Proteção respiratória: linha de ar comprimido respirável isenta de óleo ou aparelho de respiração

autônoma devem estar disponíveis para situações de emergência, em locais confinados.

4.2 - CONTROLE COLETIVO

As medidas de controle coletivo devem ser adotadas pelas organizações, buscando eliminar os riscos

envolvidos nos fluidos inflamáveis e combustíveis. Seguem alguns exemplos:

a) automação de operações geradoras de contaminação do homem;

b) eliminação dos agentes nocivos ou substituição de sua forma de apresentação;

c) enclausuramento total ou parcial do processo de produção;

d) exaustão localizada ou geral;

e) isolamento das áreas de riscos;

f) ventilação localizada ou geral.

5 - FONTES DE IGNIÇÃO E SEU CONTROLE

5.1 - FONTES DE IGNIÇÃO

As fontes de ignição são toda e qualquer forma de ocasionar a ignição de substâncias inflamáveis e

combustíveis. As principais fontes de ignição são:

• automóveis e outros veículos automotores;

• chamas vivas;

• cigarros acesos;

• eletricidade estática.

A eletricidade estática pode causar o choque estático, o qual é obtido pela descarga de um capacitor ou por

meio da descarga eletrostática (efeito capacitivo presente nos mais diferentes materiais e equipamentos).

Dependendo do acúmulo das cargas, pode haver perigo de faiscamento ou choque elétrico.

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Exemplos:

• eletricidade estática (tensão elétrica constante);

• veículos que se movem em climas secos carregam-se eletrostaticamente.

• faíscas produzidas por atrito (ferramentas, por exemplo);

• interruptores de força e luz (tomadas);

• lâmpadas;

• motores elétricos;

• reatores;

• superfícies quentes;

• faíscas de soldagem.

5.2 - CONTROLE DAS FONTES DE IGNIÇÃO

O controle das fontes de ignição é basicamente a sua eliminação, fazendo com que a mistura de gases
inflamáveis não tenha como se incendiar. Uma série de atitudes e procedimentos são normalmente

adotados. Seguem alguns destes:

- Serviços de soldagem - São executados somente com uma minuciosa avaliação de ausência de

gases inflamáveis. Em muitos casos, apenas com as áreas e equipamentos parados e limpos de fluidos

inflamáveis e combustíveis.

- Limitação de acesso a veículos - Feita em áreas sujeitas a vazamentos de inflamáveis. Realiza-se

ainda um programa de inspeção para confirmar seu perfeito estado de conservação.

- Todo o material e/ou equipamento elétrico à prova de explosão - Fiação, conectores, painéis,

tomadas etc. devem ser à prova de explosão e/ou intrinsecamente seguros, eliminando o risco da

eletricidade. Em todos os casos, tudo deve estar em conformidade com a NR 10. Ex.: equipamento à

prova de explosão que possui invólucro resistente o bastante para não propagar uma explosão e cuja

temperatura superficial não provoque a ignição de uma atmosfera explosiva.

- Aterramento de veículo que transporta fluidos verificado - Todo veículo que transporta fluidos

combustíveis e/ou inflamáveis deve ter o seu aterramento verificado e os operadores treinados. A

eletricidade estática é de difícil identificação e pode ocorrer no deslocamento de um caminhão-tanque.

6 - PROTEÇÃO CONTRA INCÊNDIO COM INFLAMÁVEIS

As recomendações contidas na NR 23 (Proteção contra incêndios) devem ser inteiramente atendidas,

assim como as recomendações do corpo de bombeiros da região onde se localizar o empreendimento.

Conforme descrito nessa norma, a classe de incêndio B se refere aos combustíveis líquidos inflamáveis.

Suas principais características são:

• Queimam somente em sua superfície;

• Após a queima não deixam resíduos;

• Esse tipo de incêndio é extinto pelo método de abafamento.

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Para que haja efetiva proteção contra incêndios em uma determinada instalação, várias providências

devem ser tomadas, dentre elas:

a) Elaborar um projeto para instalação de sistemas, considerando os aspectos de segurança,

saúde e meio ambiente, além de atender as normas regulamentadoras vigentes.

b) Instalação de sistemas de proteção contendo extintores, espuma, resfriamento ou outro tipo

de sistema de proteção que seja adequado aos fluidos combustíveis e inflamáveis manipulados;

c) Disponibilizar sistema de tubulação de água específico para incêndios com hidrantes, bombas

e acessórios.

7 - PROCEDIMENTOS BÁSICOS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA


COM INFLAMÁVEIS

As emergências com fluidos inflamáveis podem ser listadas:

• incêndios

• explosões

• vazamentos

BLEVE (Boiling Liquid Expanding Vapour Explosion) - Também chamada de “bola de fogo”, é uma

combinação de incêndio e explosão, como uma intensa emissão de calor radiante, em um intervalo de

tempo muito pequeno. Já houve grandes acidentes com a ocorrência de BLEVE, dentre eles:

• Reduc (Brasil -1972) - Uma das esferas de GLP (1600 m3), com 37 mortes e 53 feridos;

• Flixborough (Inglaterra - 1974) - Ruptura de tubulação de 20”, com 28 mortos;

• Beek (Holanda - 1975) - 14 mortos e 104 feridos;

• San Juanico (México - 1984) - Ignição de nuvem de GLP, com aproximadamente 650 mortos;

• Pasadena (USA - 1986) - Vazamento em forma de nuvem, com 23 mortes e 130 feridos.

Obs.: A Organização Internacional do Trabalho (OIT) criou a Convenção 174, em 1993, que serviu de base

para a elaboração da NR 20. Ela foi ratificada pelo Brasil em 2001.

Conforme a NR 23, toda instalação sujeita a incêndios deve possuir dispositivos de alarmes existentes.

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Como consequência, as organizações elaboram “Planos de Emergência”, que envolvem detalhamentos

específicos quanto a:

• treinamento de todo o pessoal;

• brigada de incêndio;

• comunicação interna e para a vizinhança.

7.1- EVACUAÇÃO DOS LOCAIS DE TRABALHO

Os procedimentos de evacuação dos locais de trabalho devem ser feitos com segurança, ou seja, é

preciso identificar as rotas de fuga e os pontos de encontro. Assim para chegar ao ponto de encontro, é

preciso seguir a rota de fuga, indicada pelas placas. Importa ressaltar ainda que é necessário conhecer

a rota de fuga do seu local de trabalho.

7.2- EVACUAÇÃO EM CASO DE INCÊNDIO

• Ao perceber o alarme de incêndio, siga o procedimento de evacuação imediatamente.

• Caso você fique preso em meio à fumaça, respire pelo nariz, em rápidas inalações. Procure rastejar para a

saída, pois o ar é sempre melhor junto ao chão.

• Molhe um tecido e utilize-o como máscara improvisada.

• Feche (não tranque) todas as portas pelas quais passar. Assim você retardará a propagação do fogo.

• Antes de atravessar uma porta, toque-a com a sua mão (não toque a maçaneta), se estiver quente, não

abra, mas estando fria, faça esse teste: abra a porta vagarosamente e fique atrás dela, caso você sinta calor

ou pressão vindo através da abertura, mantenha a porta fechada.

• Conheça o equipamento de combate a incêndio para utilizá-lo de forma eficiente, em caso de emergência.

• Um prédio pode lhe dar várias opções de evacuação. Conheça-as previamente, por meio do mapa com as

rotas de fuga.

• Caso não possa sair, mantenha-se atrás de uma porta fechada. Qualquer porta serve como proteção.

• Fique perto de uma janela, se for possível. Procure abrí-la e ficar na sua parte de baixo.

• O calor e a fumaça devem sair por cima. Você poderá respirar pela abertura inferior e chamar por socorro.

Uma vez que você tenha conseguido escapar, NÃO RETORNE.

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8 - CONCLUSÃO SOBRE LIÇÕES APRENDIDAS

Lições aprendidas são a soma de todo o conhecimento alcançado por experiência ou por

compartilhamento de informações.

Quantas vezes, em nossas organizações, vivenciamos os mesmos modos de falha, por não termos

aprendido a lição?

Para Segurança de Processos, esse assunto é de extrema importância, pois não queremos que na

nossa organização tenha um acidente catastrófico. Então, usar lições aprendidas e conhecimento

de eventos que aconteceram no passado, em outras organizações nos ajuda a construir um local de

trabalho muito mais seguro!

Bem, chegamos ao final.

Esperamos que o conteúdo apresentado contribua para a preservação da sua saúde e para uma jornada

de trabalho com máxima segurança!

Até a próxima oportunidade!

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