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NR 20 - CURSO INICIAÇÃO

SOBRE INFLAMÁVEIS E
COMBUSTÍVEIS

INICIAÇÃO – 3 HORAS

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SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO ............................................................................................. 3

2 - INFLAMÁVEIS: CARACTERÍSTICAS, PROPRIEDADES, PERIGOS E

RISCOS ............................................................................................................. 4

3- CONTROLES COLETIVO E INDIVIDUAL PARA TRABALHOS COM

INFLAMÁVEIS.................................................................................................. 25

4- FONTES DE IGNIÇÃO E SEU CONTROLE.............................................. 36

5- PROCEDIMENTOS BÁSICOS EM SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA COM

INFLAMÁVEIS.................................................................................................. 51

6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 56

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1- INTRODUÇÃO

A norma regulamentadora nº 20 (NR 20), tem como principal finalidade, cumprir


regras para gestão de saúde e segurança no trabalho, quando a atividade
envolve o contato direto ou não, com produtos combustíveis e inflamáveis,
evitando-se assim, os riscos de acidentes. A norma estabelece uma completa
regulamentação, uma vez que o plano gira em todo ciclo de vida da instalação,
iniciando pelo projeto, construção, manutenção, operação, até a desativação,
compreendendo a extração, produção, armazenamento, transferência,
manuseio e manipulação.

A norma regulamentadora foi originalmente editada pela Portaria MTb nº 3.214,


de 08 de junho de 1978, sob o título “Combustíveis Líquidos e Inflamáveis”, de
forma a regulamentar o inciso II do artigo 200 da CLT, conforme redação dada
pela Lei n.º 6.514, de 22 de dezembro de 1977. A Norma Regulamentadora nº
20 (NR-20), conforme classificação estabelecida na Portaria SIT n° 787, de 29
de novembro de 2018, é norma especial, posto que regulamenta a execução do
trabalho com inflamáveis e combustíveis, considerando as atividades,
instalações e equipamentos utilizados, sem estar condicionada a setores ou
atividades econômicas específicas.

Desde a sua publicação, a norma passou por seis alterações, sendo quatro
alterações pontuais e duas revisões amplas. Neste caderno, abordaremos sobre
a versão mais atualizada.

Boa leitura!

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2 - INFLAMÁVEIS: CARACTERÍSTICAS,
PROPRIEDADES, PERIGOS E RISCOS

Conforme a NR-20 é importante que conheçamos os principais conceitos:

Líquidos inflamáveis: são líquidos que possuem ponto de fulgor ≤ (menor e igual)
60ºC (sessenta graus Celsius). Líquidos que possuem ponto de fulgor superior
a 60ºC (sessenta graus Celsius), quando armazenados e transferidos aquecidos
a temperaturas iguais ou superiores ao seu ponto de fulgor, se equiparam aos
líquidos inflamáveis.

Gases inflamáveis: gases que inflamam com o ar a 20ºC (vinte graus Celsius)
e a uma pressão padrão de 101,3 kPa (cento e um vírgula três quilopascal).

Líquidos combustíveis: são líquidos com ponto de fulgor >(maior que) 60ºC
(sessenta graus Celsius) e ≤ (menor e igual) 93ºC (noventa e três graus
Celsius).

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Ponto de Fulgor (Flash Point): Temperatura mínima em que um sólido ou
líquido desprende vapores suficientes para que se inflamem na presença de uma
fonte de ignição. Por exemplo, considerando-se que, em um determinado local,
a temperatura ambiente seja de 25 °C e que esteja ocorrendo o vazamento de
uma substância cujo ponto de fulgor seja de 15 °C, isto significa que, nessas
condições, essa substância estará liberando vapores inflamáveis, bastando,
apenas, uma fonte de ignição para que haja a ocorrência de um incêndio ou de
uma explosão.

No Ponto de Fulgor o combustível está produzindo vapores inflamáveis, mas a


quantidade é ainda insuficiente para sustentar a combustão. Ao aproximarmos
uma chama junto ao combustível ele queima-se momentaneamente, porém a
seguir, a chama do combustível se apaga, por falta do vapor inflamável.

Ponto de Combustão: No Ponto de Combustão o combustível produz vapores


inflamáveis em quantidade suficiente para sustentar a combustão.

Ponto de Ignição: Também chamado de “firepoint”, é atingido quando os


vapores liberados pelo material combustível entram em ignição em contato com
uma fonte externa de calor, mantendo a chama mesmo que retiremos a fonte.

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Autoignição: Ocorre apenas com a presença do comburente e do combustível,
não sendo necessário uma fonte de calor externa. Sua temperatura pode
coincidir ou não com a temperatura do ponto de ignição do mesmo material.

Fontes de Ignição: Fonte de ignição é o agente responsável pela inflamabilidade


de uma substância combustível provocando sua queima.

As fontes de ignição mais comuns, de acordo com a norma EN 1127- 1:2007,


são:

o Reações químicas;
o Chamas;
o Superfícies quentes;
o Faíscas geradas mecanicamente;
o Instalações elétricas;
o Eletricidade estática;
o Correntes elétricas de fuga;
o Raios.

Inflamabilidade: É uma reação química entre uma substância e um gás,


geralmente o oxigênio, que libera calor.

Basicamente, as substâncias pertencentes as estas classes são de origem


orgânica, como por exemplo: alcoóis, aldeídos, cetonas e hidrocarbonetos, entre
outros. O estudo das propriedades físico-químicas de inflamáveis faz-se
necessário para que possamos adotar quaisquer ações referente as instalações,
procedimentos operacionais e de prevenção e combate a incêndio, vazamentos
e explosões.

Critérios para Classificação de Líquidos Inflamáveis

Um líquido inflamável pode ser classificado em uma das categorias descritas


na Tabela 32 (ABNT NBR 14725).

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Combustível Sólido

São aqueles que entram em combustão quando presente uma fonte de ignição
dentro de seu ponto de fulgor e que não produzem gases dentro da CNTP.

Sólido Inflamável: São os sólidos que se inflamam facilmente por fontes de


ignição, como faíscas, fagulhas e chamas.

Ex: naftalina, celulose e parafina.

Um sólido inflamável deve ser classificado em uma das duas categorias descritas
na Tabela 33 (ABNT NBR 14725).

Gases

Gás é um dos estados da matéria. No estado gasoso, a matéria tem forma e


volume variáveis. A força de repulsão entre as moléculas é maior que a força de
coesão. Os gases são caracterizados por apresentarem baixa densidade e

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capacidade de se moverem livremente. Diferente dos líquidos e dos sólidos, os
gases são expansíveis e comprimíveis, alterando a pressão e/ou a temperatura.

Gases Permanentes

São aqueles que não podem ser liquefeitos à temperatura ambiente, ou seja,
são produtos com temperatura de ebulição bastante baixa. Exemplo: ar,
argônio e dióxido de carbono e GNV (gás natural veicular).

Gases Comprimidos Liquefeitos

Gás que, sob pressão, é parcialmente líquido a uma temperatura de (21° C).

Gases Dissolvidos sob Pressão

São aqueles que encontram-se dissolvidos, sob pressão, em uma substância


líquida (Lei de Henry).

Exemplo: acetileno.

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Gases Inflamáveis no Ambiente

A presença de um gás inflamável no ambiente é preocupante, dada a sua


característica de expansão, onde ocupa todo recipiente que o contém. No caso
de ambientes sem ventilação seu comportamento tende a expulsar a quantia
necessária de ar, tornando a atmosfera tóxica e explosiva. Grandes vazamentos,
principalmente de gases inertes, reduzem o teor de oxigênio nos ambientes
fechados, causando danos que podem culminar na morte imediata das pessoas
expostas.

É por isso que, em ambientes confinados, deve-se monitorar a concentração de


oxigênio, constantemente. “Todos os gases, exceto o oxigênio, são asfixiantes,
pois depende da concentração.” Nas situações onde a concentração de oxigênio
estiver abaixo de 19,5% em volume, deverão ser adotadas medidas, no sentido

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de restabelecer o nível normal de oxigênio, ou seja, em torno de 20.9% e 21%
em volume.

Essas medidas consistem, basicamente, na ventilação/exaustão natural ou


forçada do ambiente em questão.

Critério para classificação de gases inflamáveis

Um gás inflamável deve ser classificado em uma das duas categorias descritas
na Tabela 30 (ABNT NBR 14725-2).

Limites de Inflamabilidade (ou Limite de Explosividade)

Para que um gás ou um vapor inflamável entre em combustão, é necessário que,


além da fonte de ignição, exista uma mistura, chamada ideal, formada pelo

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oxigênio do ar atmosférico e pelo gás combustível. A quantidade de oxigênio no
ar é praticamente constante, em torno de 20.9% e 21% em volume.

A quantidade de gás combustível, necessária para a queima, varia para cada


produto e está dimensionada através das seguintes constantes:

LIE - Limite inferior de explosividade: este limite é a mínima concentração de


gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de provocar a combustão do
produto, a partir do contato com uma fonte de ignição.

Concentrações de gás, abaixo do LIE, não são combustíveis pois, nesta


condição, tem-se excesso de oxigênio e pequena quantidade do produto para a
queima.

Esta condição é denominada mistura pobre.

LSE – Limite superior de explosividade: este limite é a máxima concentração


de gás que, misturada ao ar atmosférico, é capaz de provocar a combustão do
produto, a partir de uma fonte de ignição.

Concentrações de gás, acima do LSE, não são combustíveis, pois, nesta


condição, tem-se excesso de produto e pequena quantidade de oxigênio não
suficiente para desencadear a combustão.

Esta condição é chamada de mistura rica.

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Os valores do LIE e do LSE, geralmente, são apresentados em porcentagens
em volume, tomadas a aproximadamente 20°C e a 1 atmosfera de pressão
(CNTP)*.

Para qualquer gás, 1% em volume representa 10.000 ppm (partes por milhão).

*CNTP: Condições Normais de Temperatura e Pressão.

Comburente

Comburente é o elemento que, associando-se ao combustível, é capaz de entrar


em combustão na presença de uma fonte de ignição (o oxigênio é o comburente
mais comum).

Substância que alimenta a combustão.

Por exemplo: a madeira é um combustível e na presença de oxigênio


(comburente) não reage por si só, necessita de uma fonte de calor para iniciar a
combustão.

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Na presença de gases tóxicos e/ou inflamáveis em ambientes não ventilados e
cuja concentração de oxigênio seja inferior a 19,5%, é necessário a utilização de
equipamento de segurança para respiração autônoma ou de linha, e
monitoramento deste percentual até que seja normalizado em 21% a presença
de oxigênio no ambiente.

Na presença de gases tóxicos e/ou inflamáveis em ambientes não ventilados e


cuja concentração de oxigênio seja inferior a 19,5%, é necessário a utilização de
equipamento de segurança para respiração autônoma ou de linha, e
monitoramento deste percentual até que seja normalizado em 21% a presença
de oxigênio no ambiente.

Perigos e Riscos

Os perigos fundamentais que representam os produtos inflamáveis são os


seguintes:

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o Queimam com muita facilidade;
o Produzem atmosferas explosivas em locais com deficiência de ventilação;
o Um líquido inflamável se espalha com rapidez ocupando desníveis.
o Incêndios em líquidos apresentam características mais complexas do que
materiais sólidos, por serem mais voláteis e de fácil expansão, sendo, porém,
sua extinção resumida a superfície de contato.
o As técnicas para extinção de incêndios devem ser treinadas constantemente
para que se evite respingos e transbordamentos de líquido inflamado devido
a erros de aplicação de agente extintor.
o Em vazamento de gases, quando a fonte geradora não é passível de bloqueio,
a tendência de formação de atmosfera explosiva, não sendo providenciada
ventilação, será inevitável e o risco de explosão iminente se ocorrer a
presença de uma fonte ignição.

Um produto inflamável poderá oferecer maior ou menor risco dependendo de:

o Seu ponto de fulgor, por exemplo: a gasolina é mais perigosa que o etanol por
ter um ponto de fulgor mais baixo.
o A quantidade e o tipo de armazenamento (tanques ou recipientes).
o Superfície de contato com a atmosfera, no caso de líquidos e volume na mistura
com o ar, no caso dos gases.
o A propriedade físico-química do produto (poder calorífico, volatilidade e
toxicidade dos produtos de combustão).
o Possibilidade de vazamento ou transbordamento.
o Manuseio (transferência, pulverização, condições de ventilação do local, etc.).
o Materiais e instalações existentes nas proximidades.

Riscos de incêndio e explosão

A presença de um produto inflamável na atmosfera sempre apresentará a


condição de incêndio ou explosão, dependendo apenas do que já foi citado
anteriormente. Nem todas as misturas de vapor ou gás com o ar podem ser
consideradas inflamáveis.

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As misturas muito ricas, ou muito pobres em combustível não podem ser
inflamadas, uma vez que existe uma faixa (limites: inferior e superior de
explosividade) que é característico para cada produto, a qual determina as
margens de periculosidade.

Uma mistura dentro dos limites de inflamabilidade necessita apenas de um


elemento para que se produza um incêndio ou explosão:

A Fonte de Ignição (faíscas, centelhas, chamas abertas, pontos quentes,


eletricidade estática, etc.).

Assim sendo, na presença de produtos inflamáveis, é de fundamental


importância o controle das referidas Fontes de Ignição.

Classes de risco

O conhecimento dos riscos e das características específicas das substâncias


químicas envolvidas é outro fator de suma importância, razão pela qual a ONU -
Organização das Nações Unidas classificou e agrupou os produtos químicos, em
nove classes de risco distintas.

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A seguir serão apresentados os principais aspectos a serem observados nos
acidentes, de acordo com as classes de risco dos produtos químicos das Classes
1, 2, 3 e 4.

Classe 1 – Explosivos

Os explosivos são substâncias que são submetidas a uma reação química


extremamente rápida, produzindo, de forma conjunta, grandes quantidades de
gases e calor. Devido ao calor, os gases liberados, tais como nitrogênio,
oxigênio, monóxido de carbono, dióxido de carbono e vapor d'água, expandem-
se a altíssimas velocidades, provocando o deslocamento do ar e gerando sobre
pressão, ou seja, um aumento de pressão, superior à pressão atmosférica
normal.

Muitas das substâncias pertencentes a esta classe é sensível ao calor, choque


e fricção, como por exemplo: azida de chumbo e fulminato de mercúrio. Já outros
produtos desta mesma classe, necessitam de um intensificador para explodirem.
De acordo com a rapidez e a sensibilidade dos explosivos, podem ocorrer dois
tipos de explosões:

1º - Detonação: é o tipo de explosão onde a transformação química ocorre muito


rapidamente, sendo que a velocidade de expansão dos gases é muito superior
à velocidade do som, naquele ambiente.

Neste caso pode ocorrer explosão

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2º - Deflagração: é o tipo de explosão onde a transformação química é bem
mais lenta, sendo que a velocidade de expansão dos gases é, no máximo, a
velocidade do som, naquele ambiente.

Nestes casos, pode ocorrer a combustão.

O dano mais comum, provocado por uma explosão ao homem, é a ruptura do


tímpano, a qual ocorre a valores acima de 0,4 bar de sobre pressão.

Porém, os danos causados as estruturas, como queda de telhado, rachaduras,


portas arrancadas, enfim a projeção de partes das instalações, independente da
sobre pressão não ser letal ao homem, o choque destas partes da estrutura que
são projetadas pode causar diversos tipos de lesão e até mesmo a morte.

Substâncias e Artefatos com Risco de Explosão em Massa

Estas substâncias geram explosões, do tipo detonação.

Exemplo: TNT e fulminato de mercúrio.

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Substâncias e Artefatos com Risco de Projeção

Estas substâncias geram explosões, do tipo deflagração.

Exemplo: recipientes condicionadores de inflamável.

Substâncias e Artefatos com Risco Predominante de Fogo

Estas substâncias apresentam pequeno risco de explosão.

Exemplo: artigos pirotécnicos.

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Substâncias e Artefatos que não Apresentam Riscos Significativos

Estas substâncias apresentam pouquíssimo risco de explosão.

Exemplo: dispositivos iniciadores (detonadores, espoletas, cordéis, etc).

Substâncias Pouco Sensíveis

Estas substâncias são praticamente insensíveis; mas, apresentam risco de


explosão de massa.

Exemplo: explosivos de demolição.

Gases

Intensificação dos Riscos do Estado Gasoso

Além dos riscos inerentes ao próprio estado gasoso, já abordados anteriormente,


o vazamento de um líquido criogênico poderá aumentar os riscos de incêndio ou
explosões.

Por exemplo, o vazamento de oxigênio liquefeito provocará o aumento da


concentração deste produto no ambiente, o que poderá causar a ignição

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espontânea de certos materiais orgânicos. É recomendado que o vestuário do
pessoal dessas áreas seja confeccionado em algodão, evitando as fibras
sintéticas.

Atualmente, existem equipamentos capazes de medir a porcentagem em volume


de um gás ou de um vapor combustível no ar. Estes equipamentos são
conhecidos como Explosímetros.

Estes equipamentos são blindados e, portanto, à prova de explosões; isto vale


dizer que, tanto a combustão que ocorre em seu interior, como um eventual
curto-circuito que ocorra em suas partes eletrônicas, não provocam explosões,
mesmo que o LIE do gás tenha sido ultrapassado.

Nas operações de emergência envolvendo gases e/ou vapores combustíveis,


que exijam a utilização de um Explosímetro, é importante que o operador do
equipamento tome algumas precauções básicas quanto ao seu uso adequado,
tais como:

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o Aferir o aparelho, sempre, em uma área que não esteja contaminada pelo gás
vazado;
o Realizar medições frequentes, em diversos pontos da região atingida,
levando-se em conta as propriedades do gás e fatores tais como a localização
e a direção do vento, densidade, entre outros;

o em locais onde existam grandes quantidades de gás combustível, é sempre


conveniente que o equipamento seja aferido após cada medição, evitando-se,
assim, a sua saturação, o que nem sempre é percebido pelo operador do
equipamento.

Além do ponto de fulgor e do limite de explosividade, um outro fator relevante a


ser considerado, é a presença de possíveis fontes de ignição.

Nas situações emergenciais, na maioria das vezes, estão presentes diversos


tipos de fontes que podem ocasionar a ignição de substâncias inflamáveis.

Veja a seguir algumas fontes que merecem destaque:

o Chamas-vivas;

o Superfícies quentes;

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o Cigarros acesos;

o Interruptores de força e luz;

o Lâmpadas e reatores;

o Motores elétricos;

o Faíscas, produzidas por atrito.

o Eletricidade estática.

o Automóveis, os caminhões e outros veículos automotores em


funcionamento.

Deve ser dada atenção especial à eletricidade estática, uma vez que a mesma
é uma fonte de ignição de difícil percepção, tratando-se, na realidade, do
acúmulo de cargas eletrostáticas que, por exemplo, um caminhão-tanque
adquire durante o seu deslocamento.

Se, por algum motivo, a substância inflamável que esteja sendo transportada –
seja ela um líquido ou um gás –, tiver que ser transferida para outro veículo,
tanque ou recipiente de armazenamento, será necessário que os dois veículos,
ou outro, sejam aterrados (aterramento temporário) e conectados entre si, de
modo a evitar que ocorra uma diferença de potencial capaz de gerar uma faísca
elétrica, situação de alto potencial de risco de incêndio ou explosão.

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Os equipamentos utilizados nas áreas com presença de inflamáveis devem ser
intrinsecamente seguros;

A contenção de líquidos inflamáveis próximo a situações de vazamento devem


ser evitadas, devido ao aumento da presença de gases combustíveis, bem como
nos locais com circulação de pessoas.

Sólidos

Em função da variedade das características das substâncias desta classe, as


mesmas estão agrupadas em três subclasses distintas, a saber:

o Sólidos Inflamáveis
o Substâncias Sujeitas à Combustão Espontânea;
o Substâncias que, em contato com água, emitem gases inflamáveis.

A terceira classe das substâncias que, em contato com água, emitem gases
inflamáveis, abrange todas aquelas substâncias sólidas, que podem se inflamar
na presença de uma fonte de ignição ou em contato com o ar e/ou com a água,
e que não são classificadas como explosivos. Exemplo: Cinza de zinco, hidróxido
de sódio, sódio, rubídio, potássio e lítio.

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Sólidos Inflamáveis

Os produtos perigosos desta subclasse podem se inflamar, quando expostos ao


calor, ao choque ou ao atrito e chamas diretas. A combustão se dará conforme
a densidade apresentada pelo sólido. Os conceitos de ponto de fulgor e de
limites de inflamabilidade/explosividade, que foram apresentados anteriormente
também são aplicáveis para os produtos desta classe de risco.

Como exemplos destas substâncias, podemos citar o enxofre, madeira e papel.

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Substâncias Sujeitas à Combustão Espontânea

Nesta subclasse, estão agrupadas as substâncias que podem se inflamar em


contato com o ar, mesmo sem a presença de uma fonte de ignição. Devido a
esta característica, essas substâncias são transportadas, em sua maioria, em
recipientes com atmosferas inertes ou totalmente submersos em água.

Quando da ocorrência de um acidente envolvendo essas substâncias, a perda


da fase líquida poderá propiciar o contato das mesmas com o ar, motivo pelo
qual a estanqueidade do vazamento deve ser absoluta.

Em caso de acidente ou vazamento estas substâncias devem ser misturadas a


água diminuindo sua densidade e consequente risco de incêndios ou explosões.

O fósforo branco, o fósforo amarelo e o sulfeto de sódio, são exemplos de


substâncias químicas que entram em ignição espontânea quando em contato
com o ar.

Substâncias que, em Contato com Água, emitem Gases Inflamáveis

As substâncias pertencentes a esta classe, por sua interação com a água, pode
tornar-se inflamáveis espontaneamente ou produzir e emitir gases inflamáveis,
em quantidades perigosas. O contato de água com sódio metálico provoca uma
reação química liberando hidrogênio (altamente inflamável). Assim como água e
carbeto de cálcio liberam juntos acetileno. De uma maneira geral, as substâncias
sólidas, principalmente os Sólidos Inflamáveis e as Substâncias Sujeitas à
Combustão Espontânea, liberam gases tóxicos e/ou irritantes, quando entram
em combustão. Sempre é recomendado o uso de Ficha de Informação de
Segurança de Produto Químico – FISPQ, afim de obter informações sobre o
produto manuseado. Esta atitude poderá evitar danos incontroláveis em caso de
acidentes.

3- CONTROLES COLETIVO E INDIVIDUAL


PARA TRABALHOS COM INFLAMÁVEIS

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Prevenção dos riscos (coletivas e individuais)

De uma maneira geral, as substâncias sólidas, principalmente os Sólidos


Inflamáveis e as Substâncias Sujeitas à Combustão Espontânea, liberam gases
tóxicos e/ou irritantes, quando entram em combustão.

Sempre é recomendado o uso de Ficha de Informação de Segurança de


Produto Químico – FISPQ, afim de obter informações sobre o produto
manuseado destacando as medidas de controle individuais e coletivas. Esta
atitude poderá evitar danos incontroláveis em caso de acidentes.

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva

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Os Equipamentos de Proteção Coletiva - EPC são dispositivos utilizados no
ambiente de trabalho com o objetivo de alertar, proteger os trabalhadores dos
riscos inerentes aos processos, que podem ser classificados como medidas de
engenharia, que controlam o risco na trajetória ou medidas administrativas.

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva (Exemplos)

o Enclausuramento acústico de fontes de ruído


o Exaustores para gases, névoas e vapores contaminantes
o Ventilação dos locais de trabalho
o Proteção de partes móveis de máquinas
o Sensores em máquinas
o Palete de contenção

o Armário antichama
o Contêineres com proteção antichama
o Corrimão e guarda-corpos
o Detector de vazamento de gás
o Piso Antiderrapante
o Cabines para pintura
o Isolamento de áreas de risco

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o Sinalizadores de segurança (placas e cartazes de advertência, fitas zebradas,
cerquites)
o Lava-olhos de segurança
o Chuveiros de emergência
o Kit de primeiros socorros

EPI – Equipamento de Proteção Individual

O Equipamento de Proteção Individual - EPI é todo dispositivo ou produto, de


uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado a proteção contra riscos
capazes de ameaçar a sua segurança e a sua saúde.

O uso deste tipo de equipamento só deverá ser feito quando não for possível
tomar medidas que permitam eliminar os riscos do ambiente em que se
desenvolve a atividade, ou seja, quando as medidas de proteção coletiva não
forem viáveis, eficientes e suficientes para a atenuação dos riscos e não
oferecerem completa proteção contra os riscos de acidentes do trabalho e/ou de
doenças profissionais e do trabalho.

Os tipos de EPIs utilizados podem variar conforme a análise de riscos da


atividade e do ambiente, tais como:

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o Proteção auditiva: abafadores de ruídos ou protetores auriculares;
o Proteção respiratória: máscaras e filtros; Proteção visual e facial: óculos e
viseiras; Proteção da cabeça: capacetes;
o Proteção de mãos e braços: luvas e mangotes;
o Proteção de tronco, pernas e pés: aventais, blusões, calças, macacões,
sapatos, botas;
o Proteção contra quedas: cintos de segurança e acessórios.

Veja a seguir alguns EPI’s que são utilizados em atividades e ambientes onde
há interação com combustíveis e inflamáveis

EPI – Equipamento de Proteção Individual Vestimentas térmicas

Tratam-se de uniformes profissionais feitos de materiais capazes de isolar o


corpo contra todos os fatores ambientais diretamente relacionados ao calor
(temperatura, umidade e velocidade do vento). Além disso, este EPI previne
contra eventuais respingos de substâncias em altas temperaturas.

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Blusão confeccionado em brim com tratamento retardante a chamas
higienizável, fechamento frontal em velcro, com fitas refletivas

Blusão confeccionado em lona aflanelada, fechamento frontal em velcro

EPI – Equipamento de Proteção Individual Luvas térmicas

As mãos são a parte do corpo mais utilizadas em qualquer tipo de trabalho e, na


maioria das vezes, elas ficam em contato direto com as substâncias envolvidas
na atividade. Caso as tarefas envolvam materiais ou substâncias muito quentes
ou quimicamente perigosas, é necessário utilizar luvas de proteção.

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Luva Gold confeccionada em thermocouro, punho 15 cm em raspa, dorso em
thermocouro aluminizado, forro na mão em tecido de algodão com tratamento
retardante a chamas

Luva Térmica para Soldador em Raspa

A eficiência das luvas é medida através de três parâmetros:

1- Degradação: mudança em alguma das características físicas da luva em


função de sua aplicação.
2- Permeação: velocidade com que um produto químico permeia através da
luva.

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3- Tempo de resistência: tempo decorrido entre o contato inicial com o lado
externo da luva e a ocorrência do produto químico no seu interior.

Obs: Com relação ao material empregado na sua fabricação, nenhum deles


protege contra todos os produtos químicos.

EPI – Equipamento de Proteção Individual (luvas para produtos químicos)

Tipos

o Borracha Butílica - Boa para cetonas e ésteres, ruim para os demais solventes.
o Latex - Bom para ácidos e bases diluídas, péssimo para solventes orgânicos.
o Neopreno - Bom para ácidos, bases, peróxidos, hidrocarbonetos, alcoóis,
fenóis. Ruim para solventes halogenados e aromáticos.
o PVC - Bom para ácidos e bases, ruim para a maioria dos solventes orgânicos.
o PVA - Bom para solventes aromáticos e halogenados. Ruim para soluções
aquosas.
o Nitrila - Boa para uma grande variedade de solventes orgânicos e ácidos e
bases.
o Viton - Excepcional resistência a solventes aromáticos e halogenados.

EPI – Equipamento de Proteção Individual (Óculos de proteção)

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Além de proteger contra o calor, oferece segurança ao usuário em caso de
exposição à luz intensa emitida por soldas. Neste caso, os óculos de proteção
devem ter proteção infravermelha e infra violeta.

EPI – Equipamento de Proteção Individual (Máscara de segurança)

Em muitos casos, apenas a utilização dos óculos de segurança não é suficiente


para fornecer a proteção adequada, exigindo também o uso da máscara de
segurança — um EPI para altas temperaturas ou para produtos químicos que
proteja olhos, orelha e a parte frontal do pescoço e rosto como um todo ou
apenas as vias respiratórias.

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Uso correto

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4- FONTES DE IGNIÇÃO E SEU CONTROLE

Uma mistura dentro dos limites de inflamabilidade ou quando atinge o limite


inferior (LIE), necessita apenas de um elemento para que se produza um
incêndio ou explosão.

Esse elemento é a Fonte de Ignição (faíscas, centelhas, chamas abertas, pontos


quentes, eletricidade estática, etc). Na presença de produtos inflamáveis, é de
fundamental importância o controle das referidas “Fontes de Ignição”.

O risco mais significativo diz respeito à possibilidade de vazamento na presença


de fontes de ignição.

As fontes de ignição podem ser as mais variadas possíveis e podem gerar


temperaturas suficientes para iniciar o processo de combustão da maioria das
substâncias inflamáveis conhecidas.

Eletricidade estática: Como exemplo de cargas acumuladas nos materiais. As


cargas eletrostáticas surgem naturalmente, principalmente devido a atrito com
materiais isolantes; as manifestações da eletricidade estática são observadas,

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principalmente, em locais onde a umidade do ar é muito baixa, ou seja, locais
secos.

Faíscas: O impacto de uma ferramenta contra uma superfície sólida pode gerar
uma alta temperatura, em função do atrito, capaz de ionizar os átomos presentes
nas moléculas do ar, permitindo que a luz se torne visível. Normalmente
chamada de faísca, esta temperatura gerada é estimada em torno de 700ºC.

Brasa de cigarro: Pode alcançar temperaturas em torno de 1.000ºC;

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Compressão adiabática: Toda vez que um gás ou vapor é comprimido em um
sistema fechado, ocorre um aquecimento natural.

Quando esta compressão acontece de forma muita rápida, dependendo da


diferença entre a pressão inicial (P0) e final (P1), e o calor não sendo trocado
devidamente entre os sistemas envolvidos, ocorre o que chamamos
tecnicamente de compressão adiabática.

Esta compressão pode gerar picos de temperatura que podem chegar,


dependendo da substância envolvida, a mais de 1.000ºC. Isto pode acontecer,
por exemplo, quando o oxigênio puro é comprimido, rapidamente passando, de
1 atm para 200 atm, em uma tubulação ou outro sistema sem a presença de um
regulador de pressão.

Chama direta: É a fonte de energia mais fácil de ser identificada.

Algumas chamas oxicombustíveis, por exemplo, podem atingir temperaturas


variando de 1.800ºC (hidrogênio ou GLP com oxigênio) a 3.100ºC
(acetileno/oxigênio).

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Misturas perigosas: Sempre que possível, deverá ser evitada qualquer mistura
acidental de líquidos inflamáveis.

Por exemplo: uma pequena quantidade de acetona dentro de um tanque de


querosene, pode baixar o ponto de fulgor de seu conteúdo devido à volatilidade
relativamente alta da acetona, o que cria uma mistura inflamável, quando da
utilização desse mesmo querosene.

A gasolina misturada com um óleo combustível pode mudar o ponto de fulgor


deste, de tal forma que seja perigoso para um uso corriqueiro.

Em cada caso, o ponto de fulgor baixo pode fazer as vezes de um detonador


para a ignição de materiais que têm pontos de fulgor altos.

Outras fontes:

o Centelhas produzidas por aparelhos elétricos-eletrônicos ou instalações


elétricas
o Calor gerado por decomposição de matéria orgânica
o Superfícies quentes (aquecedores, fornos, estufas e similares);
o Fenômenos naturais (raios).
o Faíscas provocadas por escapamentos de veículos com motor a combustão
interna.

Antes de conhecer os controles das fontes de ignição é necessário ainda


conhecer algumas definições:

Atmosfera explosiva - É uma mistura de substâncias inflamáveis na forma de


gases, vapores, poeiras ou fibras com ar (ou Oxigênio) que quando sob certas
condições atmosféricas, na presença de uma fonte de ignição, a combustão se
propaga provocando a explosão.

Áreas Classificadas - Todo local sujeito à probabilidade da existência ou


formação de uma atmosfera explosiva.

A classificação de áreas é regida pela norma internacional IEC 60079.10.

IEC 60079.10 (IEC 60079-10 2002-06-00 Electrical Apparatus for Explosive


Gas Atmospheres Part - 10: Classification of Hazardous Areas Fourth Edition).

39
A importância da identificação das áreas classificadas é o de eliminar ou isolar
a fonte de ignição, evitando a ocorrência simultânea de um dos quatro
componentes necessários para que ocorra a explosão.

Explosão - É definida como uma reação repentina envolvendo uma reação ou


deterioração de oxidação física ou química, rápida; gerando um aumento na
temperatura ou pressão, ou ambos simultaneamente.

As reações mais familiares são aquelas que envolvem gases inflamáveis,


vapores ou poeiras em mistura com o oxigênio contido no ar.

Equipamentos Utilizados em Áreas Classificadas - Devemos observar que os


equipamentos instalados em áreas classificadas devem ostentar a identificação
de Certificação do SBC, em conformidade com o INMETRO.

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O certificado deve ser fornecido pelo fabricante do equipamento e mantido
disponível no prontuário de Instalações elétricas.

Por estarem instalados em locais de alto risco e por serem construídos de forma
especial, a manutenção destes equipamentos deve ser realizada por
profissionais capacitados, com treinamento sobre Instalações e Manutenções
em Atmosferas Explosivas e permissão para trabalho formalizada, conforme
descrito na NR-10.

Equipamento Intrinsecamente Seguro – Ex i

Um equipamento é intrinsecamente seguro quando não é capaz de liberar


energia elétrica (faísca) ou térmica suficiente para, em condições normais (isto
é, abrindo ou fechando o circuito) ou anormais (por exemplo, curto-circuito ou
falta à terra), causar a ignição de uma dada atmosfera explosiva, conforme
expresso no certificado de conformidade do equipamento.

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Equipamento à Prova de Explosão – Ex d

É todo equipamento que está encerrado em um invólucro capaz de suportar a


pressão de explosão interna e não permitir que essa explosão se propague para
o meio externo.

Segurança Aumentada - Ex e

Medidas construtivas adicionais aplicadas a equipamentos que em condições


normais de operação não produzem arco, centelha ou alta temperatura.

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Exemplo de mapeamento de zonas de um setor siderúrgico/metalúrgico

Tipos de equipamentos – Aplicação

Na presença de produtos combustíveis e inflamáveis, é de fundamental


importância o controle das referidas fontes de ignição.

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Ventilação adequada - Uma das recomendações importantes para reduzir a
concentração de substâncias tóxicas e/ou perigosas presentes na atmosfera do
ambiente é a adoção de um sistema de ventilação.

-Aterramento adequado das instalações, máquinas e equipamentos. A


transferência de líquidos inflamáveis só deverá ser realizada após todos os
elementos metálicos estarem conectados eletricamente entre si e a terra;

-Os produtos inflamáveis devem ser armazenados em áreas isoladas do restante


das instalações e edifícios, seja pelo distanciamento ou mediante a utilização de
elementos construtivos (compartimentação);

- Realizar inspeções regularmente para detecção de possíveis vazamentos.

- As áreas próximas ao armazenamento de produtos inflamáveis devem ser


mantidas livres de vegetação, lixo ou materiais combustíveis;

- Locais de armazenamento com estrutura/paredes antichama e sistemas de


drenagem.

- Manter um bom nível de ordem e limpeza, removendo frequentemente


tambores e outros recipientes vazios;

- Realizar manutenção preventiva constante em equipamentos e acessórios;

- Devem ser mantidas no local e/ou disponível para acesso pelos empregados
as FISPQ;

- Cuidados especiais quando em proximidade a trabalhos à quente;

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- Detectores automáticos de incêndio;

- Sistema de hidrantes para o resfriamento e proteção de prédios e instalações


vizinhas;

- Chuveiros automáticos (sprinklers), caso nas demais áreas exista este tipo de
proteção;

- Sistemas de água nebulizada para refrigeração de tanques de líquidos ou


gases;

- Sistemas fixos ou manuais de espuma para extinção de incêndios em líquidos,


ou para sua prevenção em caso derrame;

- Detecção de gases inflamáveis (interior e/ou exterior).

- Purga - Quer dizer tornar puro, purificar limpar, expelir, limpar por ventilação
ou lavagem com água ou vapor tornando a atmosfera interna pura e limpa.

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- Inertização - É tornar inerte uma atmosfera. Utilizamos essa técnica quando o
ar do ambiente está contaminado por vapores ou gases inflamáveis e é
necessário executar uma operação a quente, como solda.

O processo de inertização ocorre geralmente pelo deslocamento do ar interior


por um gás inerte (nitrogênio), este deslocamento de ar pela ocupação do
nitrogênio é uma inertização que impede a explosão.

Portanto a inertização não purga porque desloca a atmosfera inflamável


/explosiva, mas substitui por uma atmosfera asfixiante simples de nitrogênio puro
e cria uma atmosfera “Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde” (IPVS).

Atividades perigosas

Os trabalhos de solda, cortes a quente, tratamento térmico, abastecimento ou


funcionamento de motores a combustão em locais com pouca ventilação, podem
criar atmosferas de alto risco ou perigosas.

A deficiência de oxigênio é causada pelo seu consumo, tanto nas reações de


combustão ou nos processos de oxidação, ou ainda deslocado pelos produtos
de combustão.

Sistemas de bloqueio de tubulações

O sistema de bloqueio é um processo que garante a situação de uma chave,


(ligada, desligada, fechada, aberta, bloqueada e travada.) não permitindo sua
alteração até o término da atividade.

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Sistemas de bloqueio de tubulações (tipos)

- Fechamento e bloqueio de válvulas do circuito (remoto/manual).

- Selos de água (sifão)

- Raqueteamento

- Teste de eficácia

Sistemas de bloqueio de tubulações

Quando se faz um bloqueio em tubulação de gás, deve ser garantido que


pessoas podem permanecer com total segurança na saída desta tubulação,
efetuando qualquer tipo de manutenção, sem o menor risco de vazamento de
gás ou consequente explosão.

Considera-se então que este controle atua na trajetória do perigo.

Fechamento e bloqueio de válvulas do circuito (remoto/manual)

Antes de qualquer intervenção em um equipamento, é necessário que


executante garanta que as fontes de energias do equipamento estejam
desligadas em todos os pontos necessários e garantir que não possam ser
ativadas de forma intencional ou acidental através de dispositivos de bloqueio
(cadeados, travas, etiquetas de sinalização e etc.)

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- Selos de água (sifão)

O selo de água é um procedimento operacional que isola determinada área


produtiva, ou trechos da rede de distribuição de gás, com a fonte geradora deste
gás ou mesmo da rede de distribuição.

Consiste em inundar uma tubulação de tal forma que a coluna de água no interior
da mesma tenha pressão superior à pressão do gás na entrada da tubulação,
não permitindo, portanto, a passagem do gás. A tubulação encontra-se então
selada, isolando toda área adiante do selo

Existem dois tipos de selos de água, o manual e o instrumentado. Um selo de


água manual possui somente válvulas manuais, ou seja, necessita de um
operador presente na área durante todo o procedimento de bloqueio ou
desbloqueio da rede.

Procedimento Básico de Operação

1 - Fechar a válvula de dreno do Sifão (A);

2 - Manter a válvula de saída do pote de selagem aberta (B);

3 - Manter a válvula de entrada do pote de selagem fechada (C);

4 - Abrir a válvula de entrada de água de selagem (D);

5 - Abrir a válvula de confirmação do selo (E);

6 - Abrir a válvula geral de água (F);

48
7 - Após confirmação do selo fechar a válvula (D); 8 - Manter válvula semi aberta
(G) para manter isolamento.

Os selos de água instrumentados são fisicamente similares aos manuais, porém,


além de válvulas manuais, são incorporadas válvulas que possibilitam uma
operação remota, sensores para supervisão do sistema e um transmissor para
monitoração constante do nível de água (ou condensado) na tubulação.

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Raqueteamento – Inserção de uma peça no formato de uma raquete chamada
de flange cego nas conexões das tubulações, quando esses trechos possuem
flanges aparafusados entre sí. Sua função é fechar as extremidades do sistema
de tubulação, válvulas ou bombas, ou seja, sua função é conter os fluidos na
trajetória.

O teste de eficácia é a verificação da ausência de energias perigosas (teste de


simulação)

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5- PROCEDIMENTOS BÁSICOS EM
SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA COM
INFLAMÁVEIS.

Quando se fala de combustíveis e inflamáveis, a diversidade de possíveis


ocorrências nos procedimentos operacionais, necessitam sempre de ações
emergenciais previstas afim de restabelecer as condições normais de operação.

Basicamente podemos dividir a atuação em Emergências com Produtos


Perigosos e Inflamáveis em alguns passos distintos:

o Identificação do produto e seus riscos;


o Proteção Pessoal;
o Isolamento da área;
o Salvamento de vítimas;
o Contenção e Controle do produto;
o Descontaminação.

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Antes que se possam iniciar qualquer procedimento de emergência em um
acidente com materiais perigosos e inflamáveis, deve-se obter primeiro a maior
quantidade de informações possíveis a respeito da identidade do produto como
também do acidente.

Para isso deve-se utilizar a FISPQ do produto.

Primeiro identifica-se o produto envolvido e depois se faz uma avaliação do que


aconteceu, está acontecendo ou pode acontecer. Uma ferramenta importante é
a Análise de Riscos sobre a atividade e produto. Tendo sido treinado e com
alcance rápido a este documento, a equipe tem acesso a informações
importantes para auxiliar na tomada de decisões. A análise e verificação dos
riscos envolvidos durante as emergências com produtos químicos perigosos, são
iniciadas assim que seja informada ao serviço de emergência da existência de
um acidente) ou acionado o plano de emergência), e só termina após a cessação
da situação de emergência.

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As emergências são sempre dinâmicas, elas mudam em questão de segundos,
uma vez que dependem de inúmeros fatores, portanto a análise e verificação do
risco são constantes durante toda a ocorrência. O risco potencial deve ser
imediatamente analisado para que as atividades do Grupo de Emergência
possam ser dirigidas de maneira rápida e segura.

Durante a análise dos riscos, o fator predominante é o bom senso e o equilíbrio


emocional, que deverão prevalecer, a fim de que, atitudes corretas sejam
tomadas, não colocando em risco desnecessário as pessoas, os bens materiais,
o meio-ambiente e a imagem da empresa.

A única maneira de se ter bom senso é raciocinar com clareza sem entrar em
desespero, se possível lembrando-se sempre de lições aprendidas em
experiências anteriores (sucessos ou fracassos).

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Devemos levantar alguns dados importantes durante uma emergência, tais
como:

o Perigo potencial apresentado pelo produto químico;


o Quantidade do produto envolvido;
o Treinamento e conhecimento dos funcionários envolvidos;
o Relação de perigo imediato para as pessoas, bens materiais e meio
ambiente.
o

Em caso de pequenos vazamentos:

Cada substância precisa ser contida de uma forma específica. A partir daí, é
necessário obedecer às instruções registradas nas Fichas De Informação De
Segurança de Produtos Químicos do fabricante (FISPQ).

Nesse caso específico, devido a pouca quantidade, pode ser utilizada uma
grande quantidade de água ou contenção com material absorvente e após, a
limpeza do local.

Já em casos de grandes vazamentos:

o Isolar a área;
o Sinalizar o local;
o Afastar curiosos;
o Eliminar todas as fontes de ignição da área;
o Impedir a contaminação de fontes, lagos e rios, através do uso de barreiras e
dispositivos que possam confinar o produto;
o Absorver com areia, terra ou outro material absorvente e recolher em
embalagens apropriadas para posterior destruição;

No caso de prestação de serviços, não esquecer de acionar imediatamente os


setores de emergência e urgência da empresa contratante (Bombeiros, Setor de

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Meio Ambiente, Segurança do Trabalho, Vigilância) ou conforme o critério da
contratante em seu Plano de Resposta a Emergências.

Em caso de Incêndio (Fogo)

Pequenas Proporções: Extinção por pó químico seco, gás carbônico, espuma


mecânica ou água em forma de neblina. Acionar a equipe de Brigada de
Emergência para dar início ao combate e extinguir o incêndio;

Grandes Proporções: Resfriar os tanques e recipientes de armazenamento e


instalações próximas com água em forma de neblina ou outro sistema de
combate a incêndio disponível e acionar o Corpo de Bombeiros imediatamente.

Com envolvimento de pessoas, iniciar os procedimentos de primeiros


socorros:

o Ligar para o serviço médico da empresa (ambulância);


o Passar todas as informações disponíveis sobre o ocorrido no acidente e
também com a vítima, ao médico ou equipe de atendimento.

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6- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NR 20 – Segurança e saúde no Trabalho com inflamáveis e combustíveis

https://brasilescola.uol.com.br/

https://www.infoescola.com/reacoes-quimicas/combustao/

https://ww3.icb.usp.br/wp-
content/uploads/2019/11/Fundamentos_Manuseio_Prod_Quimicos.pdf

https://www.mma.gov.br/seguranca-quimica.html

https://www.mma.gov.br/seguranca-quimica/emergencias-ambientais

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