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SUMÁRIO

UNIDADE 1 - TRABALHOS ESPECÍFICOS E PROCEDIMENTOS DE


SEGURANÇA A BORDO........................................................................................... 4

1.1 SUBSTÂNCIAS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS PRESENTES A


BORDO ................................................................................................................ 4

1.2 ÁREAS CLASSIFICADAS, FONTES DE IGNIÇÃO E SEU CONTROLE ..... 6

1.3 PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS E EXPLOSIVOS ARMAZENADOS E


MANUSEADOS A BORDO ............................................................................... 10

1.4 FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS –


FISPQ ................................................................................................................ 15
UNIDADE 1 - TRABALHOS ESPECÍFICOS E PROCEDIMENTOS DE
SEGURANÇA A BORDO

Objetivo:

• Abordar as substâncias combustíveis e inflamáveis presentes a bordo:


características, propriedades, perigos e riscos;

• Apresentar as áreas classificadas, fontes de ignição e seu controle;

• Mencionar os produtos químicos perigosos e explosivos armazenados e


manuseados a bordo;

• Exemplificar a Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos –


FISPQ.

Conteúdo abordado:

• Substâncias combustíveis e inflamáveis presentes a bordo: características,


propriedades, perigos e riscos;

• Áreas classificadas, fontes de ignição e seu controle;

• Produtos químicos perigosos e explosivos armazenados e manuseados a


bordo;

• Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ.

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UNIDADE 1 - TRABALHOS ESPECÍFICOS E PROCEDIMENTOS DE
SEGURANÇA A BORDO

1.1 SUBSTÂNCIAS COMBUSTÍVEIS E INFLAMÁVEIS PRESENTES A BORDO

A principal referência para caracterizar um líquido como inflamável e combustível é o


ponto de fulgor (PF). O PF ou flash point é a menor temperatura em que um líquido
fornece vapor suficiente para formar uma mistura inflamável.

As definições de inflamável e combustível dependem muito do aspecto legal, e


quando o quesito avaliado é a periculosidade, a definição da Norma
Regulamentadora 20 é a que deverá ser utilizada como base.

Figura 1 - NR-20 - Segurança e Saúde no Trabalho com Inflamáveis e Combustíveis

A NR-20 traz as seguintes definições:

• Líquidos inflamáveis: são líquidos que possuem ponto de fulgor ≤ 60ºC


(Celsius). Líquidos que possuem ponto de fulgor superior a 60ºC (Celsius),
quando armazenados e transferidos aquecidos a temperaturas iguais ou
superiores ao seu ponto de fulgor, se equiparam aos líquidos inflamáveis.

• Gases inflamáveis: gases que inflamam com o ar a 20ºC (vinte graus Celsius)
e a uma pressão padrão de 101,3 kPa (quilopascal).

• Líquidos combustíveis: são líquidos com ponto de fulgor > 60ºC (sessenta
graus Celsius) e ≤ 93ºC (Celsius).

Essas definições são importantes apesar da NR-20 não ser aplicável à plataformas e
instalações de apoio empregadas com a finalidade de exploração e produção de
petróleo e gás do subsolo marinho. Neste caso, os requisitos mínimos para a gestão
da segurança e saúde no trabalho contra os fatores de risco de acidentes
provenientes das atividades de extração, produção, armazenamento, transferência,
manuseio e manipulação de inflamáveis e líquidos combustíveis são definidos pela
NR-37.

As unidades de produção de petróleo não possuem grande diversidade de produtos


inflamáveis, sendo os principais produtos: o petróleo, o gás natural e eventualmente
o gás sulfídrico (H2S). Acetileno (utilizado nas operações de solda), alguns solventes

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usados nas atividades de pintura, produtos químicos (acetona, querosene,
lubrificantes, etc) estocados a bordo e vapores gerados nos processos de secagem
dos cascalhos, ricos em compostos inflamáveis, são alguns exemplos de líquidos e
gases inflamáveis que podemos encontrar a bordo da plataforma.

Figura 2 - Produtos inflamáveis estocados na plataforma

Para que um gás ou um vapor inflamável entre em combustão é necessário que


exista oxigênio numa determinada proporção capaz de formar o que chamamos de
mistura ideal entre ele e o inflamável, além de uma fonte de ignição.

Todas as informações (características, propriedades, perigos e riscos) das


substâncias inflamáveis poderão ser verificadas nas suas respectivas fichas de
informação de segurança (FISPQ) que acompanham os produtos químicos.
Abordaremos a FISPQ de forma mais específica no item 3.4.

Os principais riscos relacionados a substâncias inflamáveis e combustíveis são os


de incêndio e explosão.

Além desses, os inflamáveis, após penetrar no organismo, podem provocar uma


variedade de efeitos tóxicos, incluindo efeitos imediatos (agudos) ou os efeitos a
longo prazo (crônicos), dependendo da natureza do produto químico e da via de
exposição.

Lembrando da definição de perigo e risco do Capítulo 2, uma substância inflamável


poderá apresentar maior ou menor risco de acordo com seu ponto de fulgor. Quanto
mais baixo, maior o risco, ou seja, maior a probabilidade de uma explosão ou
incêndio, por exemplo.

Também são caraterísticas ou situações capazes de aumentar ou diminuir o risco:

• Quantidade e tipo de armazenamento;


• A propriedade físico química da substância (poder calorífico, volatilidade e
toxicidade dos produtos de combustão);
• Possibilidade de vazamento ou transbordamento;
• Manuseio de substância inflamável (transferência, pulverização, condições de
ventilação local, ...);
• Materiais e instalações existentes nas proximidades.

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As definições de inflamável e combustível
dependem muito do aspecto legal, e quando o
Saiba Mais quesito avaliado é a periculosidade, a definição
da Norma Regulamentadora 20 é a que deverá
ser utilizada como base.

1.2 ÁREAS CLASSIFICADAS, FONTES DE IGNIÇÃO E SEU CONTROLE

O glossário da NR-10 (Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade),


define Área Classificada como um “local com potencialidade de ocorrência de uma
atmosfera explosiva”.

A definição de atmosfera explosiva é dada no item 3.1 da ABNT NBR IEC 60079-10-
1 (Atmosferas explosivas - Parte 10-1: Classificação de áreas - Atmosferas
explosivas de gás), como sendo “mistura com ar, sob condições atmosféricas, de
substâncias inflamáveis, na forma de gás, vapor, poeira, fibras, partículas
combustíveis suspensas, que, após a ignição, permite autossustentação de
propagação da chama”.

Ou seja, áreas classificadas podem ser definidas como “áreas onde atmosfera
explosiva de gás ou poeira combustível pode estar presente em quantidades
suficientes para que haja explosão”. Falando em termos práticos, uma área é
classificada a partir do momento que se faz uma perícia ou análise dos níveis de
risco de uma determinada instalação, e se delimita formalmente como um local de
probabilidade da existência ou com possibilidade de formação de misturas
explosivas pela presença de gases, vapores, poeiras ou fibras combustíveis
misturadas com o ar.

As áreas classificadas são divididas em zonas. Essa é a denominação adotada pela


norma brasileira/internacional para designar o grau de risco encontrado num local. É
necessário determinar o grau de risco em função da fonte geradora, levando em
consideração a frequência e duração da liberação. Assim sendo, cada fonte de risco
deverá ser classificada em conformidade com seu grau, podendo ser contínuo,
primário ou secundário.

Segundo as recomendações da norma IEC 60079-10, as áreas classificadas são


divididas da seguinte forma:

• Zona 0: Local onde a formação de uma mistura explosiva é contínua ou existe


por longos períodos.

• Zona 1: Local onde a formação de uma mistura explosiva é provável de

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acontecer em condições normais de operação do equipamento de processo.

• Zona 2: Local onde a formação de uma mistura explosiva é pouco provável de


acontecer e, se acontecer, é por curtos períodos estando ainda associada à
operação anormal do equipamento de processo.

Figura 3 - Exemplo de classificação de zonas nas plataformas

Com base nas definições acima, são necessárias precauções especiais no projeto,
fabricação, instalação, utilização, inspeção e manutenção de equipamentos e
instalações quanto tratamos de áreas classificadas, como por exemplo:

• Ventilação adequada para evitar acúmulo de gases ou vapores combustíveis;


• Isolamento adequado dos processos ou operações auxiliares consideradas
perigosas (ambientes confinados, externos ou compartimentados);
• Aterramento adequado das instalações, máquinas e equipamentos. Não
devem ser utilizados aparelhos elétricos que provoquem centelhas.

Conforme NR-37, item 37.27.9, a operadora da instalação deve assinalar e


classificar nas plantas da plataforma as áreas, externas e internas, sujeitas à
existência ou a formação de atmosferas contendo misturas inflamáveis ou
explosivas, de acordo com a norma ABNT NBR IEC 60079 e alterações posteriores.
As áreas classificadas devem possuir sinalização de segurança, visível e legível,
indicando a proibição da presença de fontes de ignição.

Fontes de Ignição de Origem Não Elétrica

São exemplos de fontes de ignição de origem não elétrica, porém não limitadas a
somente estes:

• Centelha ou fagulha geradas mecanicamente: esmeril; lixadeira; impacto de

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peças ferrosas como marretas; impacto de hélice de ventilador;
• Chama exposta (maçarico, caldeira, forno etc.) e gases quentes de
combustão;
• Gases quentes, inclusive partículas/fagulhas (descarga de motor de
combustão);
• Brasas de cigarro;
• Superfície quente (temperatura superficial elevada, acima de 200°C), que
pode provocar combustão espontânea de mistura inflamável, como tubulação
de descarga de motor diesel; caldeira; atrito de mancal ou rolamento de
motor, sem lubrificação; fricção de brocas de furadeiras, abertura de roscas,
ferro de solda; estufas de aquecimento; forno de aquecimento, compressão
adiabática;
• Descarga de eletricidade estática acumulada em correias, escovas, máquinas
e pistola de pintura;
• Reações exotérmicas, por exemplo, bissulfeto de ferro em contato com o ar.

Fontes de Ignição de Origem Elétrica

Os equipamentos elétricos por sua própria natureza são potencial fonte de ignição,
quer pelo centelhamento normal de seus contatos, pelo aquecimento normal
provocado pela passagem da corrente ou mesmo por causa de alguma centelha ou
ponto quente gerado por falha na isolação, mal contato ou curto circuito. Portanto,
equipamentos elétricos NÃO DEVEM ser instalados ou utilizados em áreas
classificadas, a menos que seja estritamente essencial sua instalação neste local e
não existam soluções alternativas viáveis.

Nestes casos, de acordo com o item 37.27.7 e 37.27.8 da NR-37, as instalações


elétricas, os equipamentos e os instrumentos elétricos fixos, móveis e portáteis, os
equipamentos de comunicação, a iluminação, as ferramentas e similares utilizados
em áreas classificadas deverão estar em conformidade com a NR-10 e a ABNT
NBR IEC 60079 e alterações posteriores. Os equipamentos mecânicos e
eletromecânicos instalados em áreas classificadas devem estar em conformidade
com os requisitos técnicos do INMETRO e da norma ISO 80079-36 e alterações
posteriores.

A ISO 80079-36 apresenta, dentre outros requisitos, um procedimento para a


avaliação de risco dos equipamentos mecânicos com instalação pretendida em
atmosferas explosivas, tendo como base a identificação de 13 possíveis fontes de
ignição (dentre as quais as centelhas elétricas representam somente UMA destas 13
fontes de ignição), de forma a assegurar que os riscos de ignição tenham sido
devidamente avaliados e mitigados, em um processo de avaliação da conformidade.

Os equipamentos elétricos especialmente construídos para uso em atmosferas


potencialmente explosivas, chamados de equipamentos com proteção “Ex”,
devem possuir Certificado de Conformidade emitido por Organismo de
Certificação de Produto (OCP), acreditados pelo INMETRO, que ateste que o

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equipamento foi construindo de acordo com as especificações aplicáveis e garanta a
segurança do mesmo para essa utilização (Portaria 179/2010 do INMETRO).

Esses equipamentos apresentam elevado custo de fabricação em relação aos seus


pares para uso comum. Sua instalação deve obedecer às disposições da norma
NBR IEC 60079-14. Reparos e recuperação dos equipamentos devem ser
realizados exclusivamente por mão de obra especializada, de acordo com os
requisitos da norma NBR IEC 60079-19.

A NR-10 apresenta um conceito sobre área classificada ao estabelecer as zonas


livres, zonas controladas e zonas de risco. Essa é uma classificação para
instalações elétricas especiais, ou seja, em locais sujeitos a explosão, incêndio, e
outros sinistros e, para este tipo de instalação, ela prevê uma série de requisitos
técnicos de proteção onde a vida humana é o principal objeto a ser protegido
preventivamente.

Figura 4 - Distâncias no ar que delimitam radialmente as zonas de risco, controlada e livre

Zona de Risco: entorno de parte condutora energizada, não segregada, acessível


inclusive acidentalmente, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de
tensão, cuja aproximação só é permitida a profissionais autorizados e com a adoção
de técnicas e instrumentos apropriados de trabalho.

Zona Controlada: entorno de parte condutora energizada, não segregada,


acessível, de dimensões estabelecidas de acordo com o nível de tensão, cuja
aproximação só é permitida a profissionais autorizados.

As ferramentas são consideradas um prolongamento do corpo e, portanto, não


devem entrar na Zona Controlada.

Um dos itens da NR-10 define que os trabalhos em áreas classificadas devem ser
precedidos de treinamento específico de acordo com risco envolvido. Este
treinamento é fundamental para autorização de trabalhos em instalações elétricas
em áreas classificadas e não deve ser confundido com os treinamentos do Anexo II
da NR-10.

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Além disso, a norma também prevê o treinamento de trabalhadores de outras áreas
que não a elétrica, visando à identificação de riscos e adoção de precauções
cabíveis como formas de prevenção de acidentes do trabalho que porventura
venham a exercer atividades na zona livre ou proximidade de zona controlada.

Medidas de Controle das Fontes de Ignição

A NR-37, em seu item 37.27.6, determina que em áreas sujeitas à existência ou à


formação de atmosferas explosivas ou misturas inflamáveis, a operadora da
instalação é responsável por implementar medidas específicas para controlar as
fontes de ignição.

Como dito anteriormente, em áreas classificadas os equipamentos devem possuir


certificação de conformidade “Ex” para tipos de proteção tais como Ex “i” (segurança
intrínseca), Ex “e” (segurança aumentada) ou Ex “p” (invólucros pressurizados).

Nestes locais, as instalações devem ser feitas de acordo com as Normas Técnicas
ABNT NBR IEC 60079-14 (Atmosferas explosivas – Parte 14: Projeto, seleção e
montagem de instalações elétricas) e ABNT NBR IEC 61892-7 (Unidades marítimas
fixas e móveis – Instalações elétricas – Parte 7: Áreas classificadas).

Especificamente sobre os riscos de formação ou acúmulo de cargas eletrostáticas


em áreas classificadas e sobre os modos de mitigação existe a IEC TS 60079-32-1 –
Atmosferas explosivas – Parte 32-1: Riscos eletrostáticos, orientações.

Áreas classificadas podem ser definidas


como “áreas onde atmosfera explosiva de gás Importante
ou poeira combustível pode estar presente em
quantidades suficientes para que haja
explosão”.

1.3 PRODUTOS QUÍMICOS PERIGOSOS E EXPLOSIVOS ARMAZENADOS E


MANUSEADOS A BORDO

Os produtos químicos são definidos pela Norma Brasileira – NBR 14725 – Produtos
Químicos – Informações sobre segurança, saúde e meio ambiental – Parte 1:
Terminologia, como toda “substância ou mistura”.

Um produto químico é classificado como perigoso quando devido as suas


características possui o potencial de causar riscos à saúde, meio ambiente e/ou a
propriedade (bens materiais).

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No Brasil, a NR-26 – Sinalização de Segurança e a NBR 14725- Produtos químicos
– Informações sobre segurança, saúde e meio ambiente são as normas utilizadas
como referência para diretrizes de segurança no trabalho com produtos químicos. A
NR-26, item 26.1.1, expõe a importância das cores de segurança em
estabelecimentos e ambientes de trabalho, como forma de identificação e de
advertência dos riscos existentes.

O Sistema Globalmente Harmonizado de Classificação e Rotulagem de Produtos


Químicos – GHS da Organização das Nações Unidas - ONU define os perigos dos
produtos químicos, cria processos de classificação através dos dados já disponíveis
sobre os produtos comparando-os com critérios de perigos já definidos e aborda a
comunicação da informação de perigo na rotulagem e nas fichas com dados de
segurança para produtos químicos.

Os produtos perigosos podem ser classificados em diferentes classes e,


dependendo da classe em que o item se enquadra, a forma mais adequada de fazer
seu transporte e manuseio pode mudar. Os principais produtos perigosos são:

• Explosivos, como os sinalizadores;


• Gases inflamáveis, não inflamáveis e tóxicos;
• Líquidos inflamáveis;
• Sólidos inflamáveis, com combustão espontânea e sólidos perigosos quando
molhados;
• Produtos oxidantes e peróxidos orgânicos;
• Produtos tóxicos e substâncias infecciosas;
• Itens radioativos;
• Itens corrosivos, como a água sanitária;
• Itens variados, como telefones e ímãs.

Figura 5 - Alguns exemplos de pictogramas do GHS para identificação de Perigos em Produtos Químicos

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- Explosivos

De acordo com a NR-19, explosivo é todo material ou substância que, quando


iniciada, sofre decomposição muito rápida em produtos mais estáveis, com grande
liberação de calor e desenvolvimento súbito de pressão.

As atividades de fabricação, utilização, importação, exportação, tráfego e comércio


de explosivos devem obedecer ao disposto na legislação específica, em especial ao
Regulamento para Fiscalização de Produtos Controlados (R-105) do Exército
Brasileiro, aprovado pelo Decreto n.º 3.665, de 20 de novembro de 2000.

A bordo da plataforma podem ser encontrados os seguintes explosivos:

• Dispositivos explosivos de fraturamento de poços de petróleo, sem


detonador: Artigos que consistem numa carga de explosivo detonante
contida num estojo, sem meios de iniciação. São usados para fraturar a rocha
em torno do eixo da broca, para auxiliar o fluxo do óleo bruto através da
rocha.

• Canhões para jato-perfuração em poços de petróleo, carregados, sem


detonador: Artigos que consistem num tubo de aço ou chapa metálica onde
são inseridas cargas moldadas ligadas por cordel detonante, sem meios de
iniciação.

Quando se inicia a completação o poço está cimentado não permitindo que os


hidrocarbonetos fluam. Para abrir o poço é necessário perfurar o cimento, então são
feitas várias pequenas aberturas no revestimento e no cimento. Essas aberturas são
feitas através de um “canhoeiro” chamado perforating gun que são descidos até o
poço e disparam pequenos jatos explosivos que penetram pequenas distâncias e
perfuram o revestimento e cimento, dessa maneira os hidrocarbonetos podem fluir
entre as aberturas criadas. A Figura 25 ilustra a ação da perforanting gun no poço
(THOMAS, 2001; BAKER,1998).

Figura 6 - Ilustração da Perforating gun exercendo sua função

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Armazenamento

Os cuidados com os materiais de natureza perigosa são bem diferentes do


tratamento adotado para os demais produtos. Os tipos de embalagens são
construídos com o intuito de garantir a completa vedação para evitar vazamentos.
Os materiais radioativos, por exemplo, são mantidos em câmaras completamente
blindadas para prevenir o seu contato com o ambiente externo. É recomendado que
produtos perigosos sejam segregados em espaços protegidos, com a estrutura
necessária para o cumprimento das normas de segurança de manuseio e
acondicionamento.

Para se ter um armazenamento seguro e adequado de produtos perigosos é


necessário o conhecimento de todas as informações disponíveis sobre os produtos
que serão estocados. Alguns dos requisitos para a estocagem segura de produtos
perigosos a bordo são:

• Os compartimentos devem acessar diretamente à área aberta da plataforma,


ser de uso exclusivo para o armazenamento de substâncias perigosas e estar
situados a uma distância segura das áreas de vivência (inclusive módulos de
acomodação temporária), sala de controle, laboratórios, rotas de fuga,
chamas, faíscas e calor.

• Os produtos químicos armazenados devem ser distribuídos e separados em


função da sua natureza, sendo as substâncias incompatíveis devidamente
segregadas.

• A operadora da instalação deve manter disponível aos trabalhadores e seus


representantes a relação atualizada das substâncias perigosas presentes a
bordo e as suas respectivas FISPQ.

• As FISPQ devem ser mantidas também no compartimento onde estas


substâncias se encontram, de forma organizada e de fácil acesso.

Especificamente em relação ao armazenamento de inflamáveis e combustíveis, a


NR-37, item 37.19.5, estabelece que ele deve ser feito em compartimento onde a
parte interna possua:

a) anteparas, tetos e pisos construídos em material resistente ao fogo, sendo


que este último não pode provocar centelha por atrito de sapatos ou
ferramentas;
b) dispositivo para impedir a formação de eletricidade estática;
c) equipamentos e materiais elétricos apropriados à classificação de área,
conforme descrito na NR-10;
d) ventilação e exaustão eficazes, quando requerido;
e) sistema de tratamento ou eliminação segura dos gases tóxicos ou
inflamáveis;
f) sistema de combate a incêndio com extintores apropriados, próximos à porta

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de acesso;
g) detecção automática de fogo instalada no interior do compartimento e alarme
na sala de controle;
h) portas com mecanismo de fechamento automático, quando necessário;
i) ambiente seco e isento de substâncias corrosivas;
j) luz de emergência;
k) vias e portas de acesso sinalizadas de forma legível e visível com os dizeres
"INFLAMÁVEL" e "NÃO FUME";
l) conjunto adequado para a contenção de vazamentos.

A sinalização é fundamental para a segurança nas operações com produtos


perigosos. Ela serve para identificação dos riscos e perigos, instrução, indicação de
rotas de fuga e de situações de emergência.

Também é preciso capacitar os funcionários para lidar com os produtos químicos


perigosos, especialmente corrosivos, explosivos e peroxidáveis.

Manuseio

Em relação ao manuseio direto dos produtos perigosos, diversos aspectos devem


ser considerados para que seja preservada a segurança do profissional que entrará
em contato com esses itens.

Segundo a NR-37 em seu item 37.20.2.6, a operadora da instalação deve elaborar


procedimento específico para a movimentação de substâncias perigosas, como:
ácidos, gases inflamáveis e tóxicos, explosivos, solventes e outras.

Dentre as medidas preventivas para movimentação e manuseio seguro de produtos


químicos perigosos estão a sua identificação e a classificação, sinalização de
segurança, treinamento dos trabalhadores, medidas de engenharia e de proteção
individual, que podem variar de acordo com a classificação do produto.

Os procedimentos gerais para o uso seguro de produtos químicos são:

• Possuir o máximo de informações possíveis sobre o produto químico antes de


manuseá-lo;
• Seguir as instruções e procedimentos de utilização apropriado a cada
produto;
• Usar os Equipamentos de Proteção Individual - EPIs e Equipamentos de
Proteção Coletiva - EPC adequados para o produto. Os EPIs são utilizados
como medida de prevenção para os trabalhadores, a ABNT NBR 14725 cita
as proteções para os olhos/face, pele, respiratória e térmica. Estas proteções
devem ser especificadas na Seção 8 – Controle de exposição e proteção
individual da FISPQ;
• Utilizar sistema de ventilação exaustora para a eliminação/captura dos
desprendimentos de vapores dos produtos químicos;
• Manter a limpeza e organização no ambiente de trabalho;

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• O manuseio, movimentação e transporte do produto deve ser executado com
cuidado;
• É proibido comer, beber e fumar nos locais que manipulam os produtos
químicos;
• Após a manipulação deverá ser realizado a higienização das mãos;
• As substâncias perigosas devem ser mantidas em suas embalagens originais,
sempre que possível;
• Deve-se rotular todas as substâncias e/ou resíduos químicos. Tanto a
rotulagem quanto as FISPQs devem estar atualizadas;
• Os produtos sem uso deverão ser removidos;
• Usar cabelos presos e evitar o uso de adornos (brincos, pulseiras, anéis e
correntes);
• Os trabalhadores deverão ser treinados quanto a compreensão da rotulagem
preventiva e a ficha com dados de segurança do produto químico e sobre os
perigos, riscos, medidas preventivas para a utilização segura e procedimentos
de segurança em situações de emergência com o produto químico,
determinado pela NR-26, em seu item 26.2.4;
• Monitoramento da saúde do trabalhador, através de exames periódicos.

Na plataforma, nos locais onde são preparados, armazenados ou tratados os fluidos


de perfuração, completação, estimulação e restauração de poços de petróleo, com
características combustíveis ou inflamáveis, devem ser instalados detectores para
alertar a formação de atmosferas explosivas ou tóxicas, conforme item 26.14 da NR-
37.

O Sistema Globalmente Harmonizado de


Classificação e Rotulagem de Produtos
Químicos define os perigos dos produtos
químicos, cria processos de classificação
Dicas através dos dados já disponíveis sobre os
produtos comparando-os com critérios de
perigos já definidos e aborda a comunicação
da informação de perigo na rotulagem e nas
fichas com dados de segurança para produtos
químicos.

1.4 FICHA DE INFORMAÇÃO DE SEGURANÇA DE PRODUTOS QUÍMICOS –


FISPQ

A Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos – FISPQ é um


documento de segurança que fornece as informações necessárias sobre
determinado produto químico quanto à proteção à segurança, à saúde e ao meio
ambiente. A ABNT NBR 14725 – Parte 4: Ficha de Informações de Segurança de
Produtos Químicos – FISPQ é a norma brasileira que apresenta as informações

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sobre a elaboração, preenchimento de uma ficha de segurança, seu modelo e todos
os itens obrigatórios.

Figura 7 - A FISPQ é um documento de segurança para os trabalhadores em ambientes com produtos químicos

A principal função da FISPQ é servir de orientação durante a rotina de trabalho. Na


FISPQ o trabalhador encontrará listados os perigos do produto que ele está
manuseando e quais os cuidados ele deve tomar para que nenhum acidente
aconteça. Também é neste documento que estarão descritos os meios de extinção
adequados para o produto em caso de incêndio. Caso o produto seja perigoso à
saúde, na FISPQ estarão especificadas as medidas de primeiros-socorros para
socorrer a vítima afetada. Além destas, muitas outras informações essenciais para
que o trabalhador conheça bem o produto com o qual está trabalhando, estão
presentes na FISPQ.

Esse documento serve de base para a gestão de segurança no ambiente de


trabalho, servindo como uma avaliação de riscos através das condições de uso e
cuidados com o produto, possibilitando a adoção das medidas necessárias para um
programa de segurança, saúde e meio ambiente.

Figura 8 - A FISPQ deve estar em fácil acesso nas atividades que envolvam produtos químicos perigosos

O fundamento legal de sua implantação é a Convenção nº 170 da Organização


Internacional do Trabalho (OIT), promulgada no Brasil por meio do Decreto nº 2.657

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de 03 de março de 1998 que tornou obrigatória a elaboração da FISPQ para a
comercialização dos produtos químicos.

A regra também está na NR-26 que descreve alguns itens importantes, tais como:

“26.2.3 O fabricante ou, no caso de importação, o fornecedor no mercado


nacional deve elaborar e tornar disponível ficha com dados de segurança do
produto químico para todo produto químico classificado como perigoso.”

“26.2.3.1 O formato e conteúdo da ficha com dados de segurança do produto


químico devem seguir o estabelecido pelo Sistema Globalmente Harmonizado
de Classificação e Rotulagem de Produtos Químicos (GHS), da Organização
das Nações Unidas.”

“26.2.3.2 Os aspectos relativos à ficha com dados de segurança devem


atender ao disposto em norma técnica oficial vigente.”

Em alguns países, essa ficha é denominada Material Safety Data Sheet (MSDS) ou
Safety Data Sheet (SDS). Nacionalmente, também é conhecida como Ficha de/com
Dados de Segurança (FDS).

Devem obrigatoriamente fornecer as informações da substância ou mistura nas


seções descritas abaixo, numeração e sequência:

1. Identificação do produto e da empresa;


2. Identificação de perigos;
3. Composição e informações sobre os ingredientes;
4. Medidas de primeiros-socorros;
5. Medidas de combate a incêndio;
6. Medidas de controle para derramamento ou vazamento;
7. Manuseio e armazenamento;
8. Controle de exposição e proteção individual;
9. Propriedades físicas e químicas;
10. Estabilidade e reatividade;
11. Informações toxicológicas;
12. Informações ecológicas;
13. Considerações sobre tratamento e disposição;
14. Informações sobre transporte;
15. Informações sobre regulamentações ou Regulamentações;
16. Outras informações.

Conforme o item 37.19.11, a operadora da instalação deve manter disponível aos


trabalhadores e seus representantes a relação atualizada das substâncias perigosas
presentes a bordo e as suas respectivas FISPQ.

A seguir é demonstrada um exemplo de FISPQ do produto QAV-1.

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