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Clinicas V – aula 9 1
Os exames laboratoriais são inespecíficos, podendo ✓ “Sinal do menisco”: oclusão abrupta da AMS,
apresentar leucocitose em 75% dos casos, visto na oclusão por êmbolos.
hemoconcentração, acidose metabólica, elevação do
lactato, fosfato (80% dos casos) e amilase sérica (50% dos ✓ Estreitamento na origem dos vasos
casos e não é tão elevado quanto na pancreatite). mesentéricos
→ Se houver necrose: ↑ LDH, CPK, Fosfatase Alcalina ✓ Irregularidades nos ramos intestinais
(fração intestinal).
✓ Espasmos das arcadas arteriais
EXAMES DE IMAGEM Outros exames disponíveis são:
Devem ser solicitados nos casos de pacientes estáveis. O
exame de primeira escolha pelo Colégio Americano de USG COM DOPPLER: também pode ser feito como exame
Radiologia na emergência é a TOMOGRAFIA inicial nos casos de isquemia mesentérica crônica. Possui
COMPUTADORIZADA COM CONTRASTE DE ABDOME, pois um valor preditivo negativo acima de 90%.
identifica aterosclerose e exclui outras causas de dor • Menos utilizado que a TC como exame inicial
abdominal aguda. Podemos observar nos casos de devido as suas desvantagens (examinador-
obstrução arterial: dependente, interposição gasosa, cirurgia
abdominal prévia).
✓ Espessamento da parede intestinal e dilatação
da víscera • Síndrome da compressão do tronco celíaco:
pode ser avaliada na inspiração, que verticaliza
✓ Pneumatose intestinal ou portomesentérica –
e move o tronco celíaco para baixo,
indica perfuração
descomprimindo-o, observando-se o aumento da
✓ Infarto de órgãos sólidos velocidade do fluxo.
• Antibiótico venoso: protege contra translocação • Reestenose: ocorre em 5-15% dos casos, sendo
bacteriana e reduz inflamação intestinal por reduzir a mais comum na revascularização endovascular,
flora intestinal. a qual é manejada com angioplastias de
repetição.
• Anticoagulantes: nos casos de oclusão arterial ou
venosa e em alguns casos de isquemia mesentérica não
oclusiva para evitar a formação de trombos e sua
propagação, exceto nos casos de sangramento ativo.
DEFINIÇÃO
• A papaverina pode ser utilizada nos casos de A isquemia mesentérica é causada pela diminuição do
vasoconstricção, colocado diretamente na AMS. fluxo sanguíneo intestinal devido a trombose, embolia ou
vasoconstrição. Ela pode ser classificada em isquemia
Deve haver suspensão de drogas vasoconstrictoras de mesentérica aguda ou crônica de acordo com a
uso prévio. velocidade de instalação e o grau de comprometimento
do fluxo. A causa da isquemia mesentérica pode ser
TRATAMENTO CIRÚRGICO venosa ou arterial, envolvendo intestino delgado, colo ou
O tratamento definitivo é cirúrgico e pode ser necessário ambos.
ressecção das alças isquemiadas. A exploração cirúrgica
está indicada nos casos de: EPIDEMIOLOGIA
sintomas consiste em dor abdominal, febre e sangue nas localizada 1 a 2 cm da origem da artéria mesentérica
fezes, mas afeta apenas um terço dos pacientes no superior, ocasionando áreas maiores de isquemia
momento da apresentação. Náuseas e vômitos estão intestinal.
presentes em 75% dos casos. Distensão abdominal e
sangramento gastrintestinal são os sintomas iniciais em A isquemia mesentérica não oclusiva corresponde a 20 a
mais de 25% dos pacientes. Na isquemia mesentérica não 30% dos casos de isquemia mesentérica aguda e ocorre
oclusiva, não há dor em até 25% dos casos. Achados no devido à vasoconstrição mesentérica em resposta a
exame físico podem incluir hipotensão, taquicardia, substâncias vasoativas liberadas em situações de baixo
distensão abdominal, aumento inicial dos ruídos débito. Ela pode surgir como consequência de infarto
intestinais com posterior diminuição e tensão abdominal. agudo do miocárdio, ICC, arritmia, choque, cirrose e
Deve haver suspeita de isquemia mesentérica em insuficiência renal crônica (IRC). O quadro clínico é
pacientes com mais de 50 anos de idade, história de semelhante aos de oclusão embólica ou trombótica,
arritmia cardíaca, infarto do miocárdio recente, desenvolvendo-se com sintomas inespecíficos, como
insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e hipotensão. distensão abdominal, náuseas, febre e pressão sistólica
baixa ou limítrofe.
A isquemia mesentérica aguda pode ser classificada em
quatro tipos específicos de acordo com a etiologia: A trombose venosa mesentérica é uma doença oclusiva
da circulação venosa que envolve a veia mesentérica
superior e manifesta-se de forma aguda ou crônica. Essa
doença é a causa menos comum de isquemia
mesentérica aguda, representando apenas 10% dos
casos. O acometimento é normalmente segmentar,
ocasionando edema e hemorragia da parede intestinal. A
trombose está associada a estados de
hipercoagulabilidade, hipertensão portal, infecções ou
inflamações intra-abdominais, neoplasias, vasculites e
trauma. O quadro clínico assemelha-se ao das oclusões
arteriais.
Na admissão hospitalar, 75% dos pacientes apresentam além de se ter observado uma redução na extensão e na
leucocitose acima de 15.000, e, em mais de 50% dos gravidade da isquemia intestinal em estudos
casos, há acidose metabólica. Esses pacientes também experimentais. O antimicrobiano deve ser efetivo contra
podem evidenciar elevação de fosfato, lactato, amilase e microrganismos anaeróbios e gram-negativos. O
outras enzimas. tratamento cirúrgico depende do diagnóstico etiológico,
sendo necessária a realização de angiografia pré-
Alterações na radiografia simples de abdome, como íleo, operatória. Quando não for possível realizar a angiografia
gás na parede intestinal, distensão e edema de alças, são e o diagnóstico for baseado na suspeita clínica, deve-se
encontradas apenas em uma fase tardia da evolução, realizar laparotomia precoce.
sendo geralmente inespecíficas. O raio X de abdome, em
um paciente com suspeita de infarto intestinal, tem papel Em caso de isquemia mesentérica crônica, a
principal na exclusão de outras causas de dor abdominal. revascularização cirúrgica é a opção terapêutica,
incluindo revascularização anterógrada ou retrógrada,
A ultrassonografia com Doppler é um exame bastante reimplantação da artéria mesentérica superior na aorta
específico, mas pouco sensível no estudo da isquemia e endarterectomia mesentérica transarterial. Como
mesentérica, quando comparado à angiografia, não terapia alternativa, há a angioplastia transluminal
detectando êmbolos além das artérias proximais e não mesentérica com ou sem inserção de stent. Avalia-se a
podendo ser utilizado no diagnóstico de isquemia melhor opção de tratamento considerando-se alívio dos
mesentérica não oclusiva. Além disso, a presença de sintomas, taxas de sobrevida e período de tempo sem
distensão abdominal limita a sua realização. recorrência do quadro. Estudos recentes têm apontado
Na tomografia computadorizada, os achados são uma taxa de mortalidade menor do que 10%, com sucesso
inespecíficos, sendo constatados em uma fase tardia da em mais de 90% dos casos.
doença. Assim como o raio X de abdome, ela é utilizada
para descartar outras causas de dor abdominal. Por meio
desse exame, pode-se evidenciar pneumatose intestinal Inúmeras são as causas de hemorragia intra-abdominal.
e gás na veia porta. Apenas nos casos de trombose Possui etiologias variadas abrangendo desde
venosa mesentérica, ela é considerada padrão para o traumatismo abdominal, ruptura de aneurismas da aorta
diagnóstico. ou de alguma artéria visceral, neoplasias malignas até
processos inflamatórios erosivos.
Considera-se a angiografia o exame padrão-ouro para o
diagnóstico de isquemia mesentérica aguda, não apenas
o confirmando, mas também estabelecendo a sua
etiologia. Além disso, também permite a infusão de A dor deve ser analisada de acordo com sua qualidade,
drogas vasodilatadoras ou agentes trombolíticos quando quantidade, local e irradiação, início, duração e
forem indicados. A laparotomia de urgência é indicada deslocamento, fatores de melhora e piora de sintomas e
para pacientes com risco de isquemia mesentérica aguda sinais associados.
quando a angiografia não estiver disponível para
É importante perguntar se já houve episódios
realização de forma rápida ou na presença de sinais de
semelhantes; antecedentes cirúrgicos; comorbidades;
irritação peritoneal.
uso de medicações (opióides, AINES, anticoagulantes,
imunossupressores, ACOH); náusea ou vômito; diurese e
TRATAMENTO
evacuação; menstruação/contracepção e consumo de
Para tratamento inicial da isquemia mesentérica aguda, álcool e/ou drogas ilícitas.
deve-se realizar estabilização hemodinâmica, com
reposição hidreletrolítica e correção dos distúrbios
acidobásicos. É de extrema importância a normalização
da volemia e da pressão arterial, pois o baixo débito TRAUMÁTICO
cardíaco ocasiona piora da vasoconstrição.
O + frequente é a presença de choque hemorrágico
A administração de antibióticos de amplo espectro é sem causa aparente.
obrigatório devido a alta incidência de hemoculturas
positivas em pacientes com isquemia mesentérica aguda,
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O uso de drogas opióides deve ser evitado em Os sinais físicos podem ser reduzidos em idosos,
pacientes com hipovolemia, trauma cranioencefálico ou grosseiramente obesos, gravemente doentes e pacientes
trauma abdominal ⟶ pois podem agravar a hipotensão, em terapia com corticosteróides.
levara depressão respiratória e impedir a valorização
clínica dos achados. TRAUMÁTICO
principais fatores de risco para essa categoria a idade >65 de artérias viscerais. Tem como fatores de risco para
anos, hipertensão arterial (HAS), tabagismo, doença ruptura desse aneurisma a hipertensão venosa portal,
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), aterosclerose, fibrodisplasia arterial e gravidez.
síndrome de Marfan, a síndrome de Ehlers-Danlos e
antecedente familiar da doença. O tratamento do paciente que é admitido no hospital com
choque hipovolêmico em decorrência de sangramento
Muitos pacientes com AAA são assintomáticos e o por ruptura do aneurisma é a laparotomia exploradora
diagnóstico é suspeitado no exame físico pela palpação imediata associada à reposição agressiva da volemia
de massa pulsátil, distensão abdominal e dor à palpação. com soluções cristalóides e, quando necessário, com
Nesses pacientes, o ultrasom ou a tomografia hemoderivados.
computadorizada confirma o diagnóstico.
Quando o aneurisma se situa distalmente, nas
Em metade dos paciente com AAA, a manifestação clínica proximidades do baço, o tratamento consiste na ligadura
inicial é apenas referida como desconforto ou dor proximal da artéria, seguida de esplenectomia.
abdominal mal caracterizada, podendo apresentar
também dor na região dorsal. Os sintomas associados à 2. Aneurisma da artéria hepática:
dor são vários, predominando náuseas e vômitos. Poucos É predominante em homens acima de 60 anos de idade e
pacientes, cerca de 12%, com ruptura de aneurisma corresponde ao segundo aneurisma de arterinal visceral
sabem ser portadores de AAA. Quando ocorre ruptura, a mais comum.
hipotensão arterial está presente em 25% dos casos no
atendimento inicial. Atualmente, cerca de 38% ocorrem em decorrência de
arteriosclerose, 21%, de degeneração da camada média,
O tratamento inicial é direcionado para estabilização 18%, de traumatismo e apenas 16% são de origem
hemodinâmica do paciente, sendo o grau desse micótica.
acometimento definidor da urgência necessária na
avaliação radiológica e na indicação cirúrgica. Nos Habitualmente é assintomático. Ao romper-se, manifesta
doentes instáveis hemodinamicamente, o diagnóstico da dor no quadrante superior direito ou no epigástrio e
ruptura do AAA pode ser confirmado pelo ultrassom na mimetiza a colecistite e a pancreatite agudas.
sala de emergência, exame que detecta tanto a presença Dependendo da localização, o sangramento pode
do AAA como de líquido livre na cavidade peritoneal. exteriorizar-se por hematêmese ou melena, por erosão
dos ductos biliares ou do tubo digestivo.
O tratamento dessas lesões é muito variável, dependendo atingida. É conduta alternativa reservada a paciente em
da localização do aneurisma, da condição de irrigação e boas condições, que deseja filhos e que possui a outra
de vitalidade das alças intestinais e da condição clínica trompa comprometida.
do doente.
Nas doenças ginecológicas agudas, a videolaparoscopia Dor abdominal, sangramento vaginal e atraso ou
é capaz de confirmar o diagnóstico em 82% dos casos irregularidade menstrual são considerados a tríade
com cisto de ovário e em 80% das doentes com clássica de sinais e sintomas que compõem o quadro
hemorragia do corpo lúteo. As contraindicações do clínico da gravidez ectópica. Apesar de se apresentarem
videolaparoscopia são insuficiência respiratória grave, simultaneamente em 50 a 60% dos casos, pelo menos um
choque hipovolêmico, obesidade mórbida, múltiplas deles está presente em quase todas as ocorrências.
intervenções abdominais prévias e coagulopatias.
Após a fertilização do ovo, do ponto de vista Alguns sinais clínicos (sugestivos de irritação peritoneal)
anatomopatológico, a gravidez ectópica pode ser do tipo estão presentes no quadro agudo, são eles:
primitiva quando a nidação ocorre e se estabelece em um
• Sinal de Laffon: dor referida na escápula, em
único local ou pode ser secundária quando após a
decorrência da irritação do nervo frênico.
implantação do ovo fertilizado, o mesmo se desprende e
continua seu desenvolvimento em outro local dentro ou • Sinal de Cullen: equimoses em região
até mesmo fora do aparelho genital. No caso da gravidez periumbilical devido a hemorragia
tubária, o ovo fertilizado pode se alocar em qualquer retroperitoneal
posição da tuba uterina, sendo a ampola o local mais
frequente. • Sinal de Blumberg: dor à descompressão súbita
na palpação abdominal.
QUADRO CLÍNICO
Manoella Evelyn | Hab. Clinicas V – aula 9 10
• Sinal de Proust: fundo de saco abaulado (devido lúteo e se modifica muito pouco durante o 1º trimestre de
ao acúmulo de sangue) e doloroso ao toque gestação. Valores inferiores a 10ng/ml estão associados
vaginal. a gestação não evolutiva. Porém, como não existe um
valor de referência desse hormônio indicativo de
O quadro subagudo costuma ocorrer em 70% dos casos e gravidez ectópica, sua dosagem fica reservada apenas
costuma ser decorrente de um comprometimento para casos que a suspeita diagnóstica se manteve
ampular. Nestes casos, não há a rotura da tuba uterina e mesmo após a dosagem seriada de β-HCG e USGTV.
os sinais e sintomas da tríade clássica costumam ser de
menor intensidade. Em geral, estes casos evoluem para
TRATAMENTO
abortamento tubário.
A realização mais precoce do diagnóstico de gravidez
ectópica permitiu a ampliação das opções terapêuticas
de modo que atualmente o tratamento pode ser realizado
de 3 formas a depender da história clínica da paciente:
expectante, medicamentoso e cirúrgico.
ETIOLOGIA
Manoella Evelyn | Hab. Clinicas V – aula 9 12
• Etnia (mais comum em brancos do que em negros) Embolização distal do trombo ou material ateromatoso
pode desalojar-se e bloquear as artérias dos membros
• Sexo masculino inferiores, rins e intestinos. Os pacientes costumam
apresentar dor súbita unilateral nas extremidades e
SINAIS E SINTOMAS frequentemente palidez e perda de pulsos (ver também
A maioria dos aneurismas aórticos abdominais é Oclusão arterial periférica aguda ).
assintomática. Sinais e sintomas, quando ocorrem,
Raramente, um AAA de grandes dimensões
podem ser inespecíficos, mas geralmente resultam de
desencadeiam CID , talvez porque grandes áreas de
compressão das estruturas adjacentes. À medida que os
superfície endotelial anormal deflagrem rapidamente
AAAs se expandem, eles podem causar dor, que é
tromboses e consumo dos fatores de coagulação.
constante, profunda, irritante, visceral e sentida de
maneira mais proeminente na região lombossacral. Os
DIAGNÓSTICO
pacientes podem perceber uma pulsação abdominal
anormal proeminente. Embora a maioria dos aneurismas • Muitas vezes, acidental
cresça lentamente sem sintomas, aneurismas com
• Confirmação por ultrassonografia ou TC
alargamento rápido que estão prestes a se romper
abdominal
podem ser sensíveis.
• Às vezes, a angiografia por TC ou ARM
O aneurisma pode ou não ser palpável como uma massa
pulsátil, dependendo do tamanho e do tipo morfológico do A maioria dos AAAs é diagnosticada por acaso durante o
paciente. A probabilidade de um paciente com massa exame físico ou por ultrassonografia, TC ou RM
palpável pulsátil ter um aneurisma > 3 cm é de cerca de abdominal, realizadas por outras razões. Deve-se
40% (valor preditivo positivo). É possível auscultar sopro considerar o diagnóstico de AAA em pacientes idosos que
sistólico sobre o aneurisma. referem dor abdominal ou lombar aguda, com ou sem
Pacientes com AAA oculto, às vezes, desenvolvem palpação de massa pulsátil.
sintomas das complicações ou da causa (p. ex., febre, Quando os sintomas e o exame físico sugerem AAA,
mal-estar ou perda ponderal decorrente de infecção ou ultrassonografia ou TC abdominal são, em geral, o exame
vasculite). de escolha. Os pacientes sintomáticos devem ser
Manoella Evelyn | Hab. Clinicas V – aula 9 13
testados imediatamente para fazer o diagnóstico antes inferior ao risco de ruptura estimado, a cirurgia está
da ruptura catastrófica. Em pacientes instáveis do ponto indicada. Deve-se discutir abertamente com o paciente o
de vista hemodinâmico e presunção de ruptura, a risco de ruptura versus aquele das complicações
ultrassonografia produz resultados mais rapidamente à perioperatórias.
beira do leito, porém a distensão e os gases intestinais
podem limitar sua exatidão. A necessidade de intervenção cirúrgica está relacionada
com o tamanho, que é proporcional ao risco de ruptura
Fazer exames laboratoriais, como hemograma completo (ver tabela Tamanho do aneurisma da aorta abdominal e
(HC), eletrólitos, nitrogênio da ureia sanguínea, risco de ruptura). Deve-se considerar reparo eletivo para
creatinina, tempo de protrombina (TP), tempo de aneurismas > 5,0 a 5,5 cm.
tromboplastina parcial (PTT), tipagem sanguínea e reação
cruzada, como preparo para possível cirurgia. Aneurismas aórticos abdominais rotos exigem cirurgia
imediata ou endoenxerto intravascular. Sem tratamento,
Se não houver suspeita de ruptura, a angiografia a taxa de mortalidade aproxima-se de 100%. Com
associada à TC ou a angiografia por ressonância tratamento, a taxa de mortalidade é cerca de 50%. A
magnética (ARM) pode caracterizar de maneira mais mortalidade com enxerto de stent intravascular é
precisa a anatomia e o tamanho do aneurisma. Se a geralmente mais baixa (20 a 30%). A mortalidade
parede do aneurisma estiver revestida por trombos, a continua alta porque muitos pacientes têm aterosclerose
angiografia convencional pode subestimar o tamanho coronariana, cerebrovascular e periférica concomitante.
verdadeiro; TC pode fornecer uma estimativa mais
precisa. Aortografia é às vezes necessária se houver Pacientes que desenvolvem choque hemorrágico
suspeita de doença aortoilíaca ou da artéria renal ou caso requerem reanimação hídrica e transfusões sanguíneas,
se considere endopróteses intravasculares mas a pressão arterial média não deve ser elevada para
(endoenxertos). > 70 a 80 mmHg (hipotensão permissiva) porque o
sangramento pode aumentar. É importante controlar e
Radiografias abdominais simples não são sensíveis nem evitar no pré-operatório a hipertensão.
específicas; porém, se realizadas por outros motivos, as
radiografias podem mostrar calcificação aórtica Recomenda-se o reparo cirúrgico eletivo para:
delineando a parede do aneurisma. • Aneurismas > 5 cm nas mulheres e > 5,5 cm nos
Se houver suspeita de aneurisma micótico, devem-se homens (quando o risco de ruptura aumenta para
obter hemoculturas bacterianas e fúngicas. > 5 a 10% ao ano), exceto em caso de doenças
concomitantes que contraindiquem a cirurgia.
TRATAMENTO Indicações adicionais para cirurgia eletiva incluem:
• Tratamento médico, particularmente controle
• Aumento do tamanho do aneurisma por > 0,5
da pressão arterial e cessação de tabagismo
cm em 6 meses, independentemente do tamanho
• Cirurgia ou enxerto de stent intravascular
• Dor abdominal crônica
Alguns aneurismas aórticos abdominais aumentam a
• Complicações tromboembólicas
uma taxa de 10%/ano. O aumento geralmente ocorre em
um padrão gradual com períodos sem crescimento • Aneurisma da artéria ilíaca ou femoral que
observado. Outros aneurismas se expandem causa isquemia do membro inferior
exponencialmente e, por motivos desconhecidos, cerca
de 20% permanecem do mesmo tamanho Antes do reparo eletivo, muitas vezes é necessário fazer
indefinidamente. a avaliação clínica de doença coronariana que pode ou
não exigir avaliação adicional (ver tabela Exames para a
É importante o controle dos fatores de risco avaliação da anatomia e da função cardíaca ) porque
ateroscleróticos, especialmente a interrupção do alguns pacientes com aneurisma da aorta abdominal têm
tabagismo e o uso apropriado de hipotensores. Se um risco significativo de eventos cardiovasculares.
aneurisma de tamanho pequeno a moderado aumentar > Tratamento médico agressivo e controle dos fatores de
5,0 a 5,5 cm e o risco de complicações perioperatórias for risco são essenciais. A rotina pré-operatória de cirurgia
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de angioplastia ou de revascularização não tem se Esses aneurismas devem ser monitorados com
mostrado necessária na maioria dos pacientes que ultrassonografia ou TC abdominal a cada 6 a 12 meses
podem ser preparados com bom tratamento médico para constatação de expansão que justifique tratamento.
antes de correção de aneurisma; deve-se considerar
revascularização coronariana somente em pacientes O tratamento do aneurisma micótico consiste em
com doença coronariana instável. terapêutica antimicrobiana vigorosa direcionada ao
patógeno, seguida de excisão do aneurisma. Diagnóstico
A reparação cirúrgica consiste na substituição da porção e tratamento precoces melhoram a evolução.
aneurismática da aorta abdominal por enxerto sintético.
Se as artérias ilíacas estiverem envolvidas, o enxerto
deve ser estendido para incluí-las. Se for feito um reparo
aortobifemoral, é importante garantir o fluxo para pelo
menos uma artéria ilíaca interna (artéria hipogástrica) TRAUMÁTICAS
para evitar disfunção erétil vasculogênica e isquemia
O quadro clínico mais frequente é a presença de
pélvica. Se o aneurisma estender-se acima das artérias
choque hemorrágico sem causa aparente.
renais, essas artérias devem ser reimplantadas no
enxerto ou devem-se criar enxertos de desvio. A ausculta do abdome permite confirmar a presença
ou ausência de ruídos hidroaéreos.
A implantação de enxerto de stent intravascular dentro
do lúmen aneurismático via a artéria femoral é uma A percussão do abdome pode demonstrar som
alternativa menos invasiva e mostrou reduzir mais a timpânico devido à dilatação gástrica no QSE.
mortalidade e morbidade agudas do que o reparo aberto.
Esse procedimento exclui o aneurisma do fluxo Normalmente por arma de fogo, arma branca.
sanguíneo sistêmico e reduz o risco de ruptura. O
aneurisma eventualmente desenvolve trombose e em NÃO TRAUMÁTICAS
50% deles ocorre diminuição do diâmetro. Os resultados Clínica:
a curto prazo são bons e aqueles a longo prazo são
favoráveis. As complicações envolvem angulação, torção, • Dor abdominal é o principal sintoma.
trombose, migração do enxerto de stent e
• Os sinais e sintomas variam conforme o volume perdido
extravasamento interno (fluxo persistente de sangue
para o saco aneurismático após a colocação do enxerto e a velocidade da perda sanguínea e as condições físicas
de stent). Dessa forma, consultas de acompanhamento do paciente.
devem ser mais frequentes após o implante de Exame físico:
endoenxerto do que após a reparação tradicional. Se não
ocorrerem complicações, recomendam-se métodos de • Deve-se buscar sinais de irritação peritoneal, assim
imagem em 1, 6 e 12 meses e, em seguida, a cada ano. A como a presença de visceromegalias, de massas
anatomia complexa (p. ex., aneurisma com pedículo curto palpáveis pulsáteis.
abaixo das artérias renais e tortuosidade arterial grave)
dificulta o implante de rotina de enxerto de stent em 30 a • Sinal de cullen e de Grey-turner.
40% dos pacientes; mas foram desenvolvidos dispositivos
mais recentes para superar essas questões. Em geral,
para um reparo intravascular bem sucedido, os
cirurgiões devem escolher um dispositivo específico
apropriado para as características anatômicas do
paciente.