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-Etiopatogenia: envolve, basicamente, quatro aspectos que interagem entre si e com fatores ambientais:
fatores genéticos; fatores luminais, relacionados à microbiota intestinal, seus antígenos e produtos
metabólicos, e os antígenos alimentares; fatores relacionados à barreira intestinal, incluindo os aspectos
referentes à imunidade inata e à permeabilidade intestinal; fatores relacionados à imuno-regulação,
incluindo a imunidade adaptativa ou adquirida.
-Fisiopatologia: predisposição genética + exposição ambiental = resposta imune desregulada →
inflamação intestinal
-Quadro clínico:
RCU:
-Depende da extensão da doença e da sua gravidade; o comprometimento do intestino grosso pode se limitar
aos segmentos distais, estender-se ao hemicólon esquerdo ou afetar parte ou todo o transverso e o cólon
ascendente.
1) RCU distal: geralmente são casos leves e moderados, sendo comuns o sangramento retal, a presença de
fezes com muco e pus e o tenesmo. Em 80% dos casos, há diarreia, podendo ocorrer também constipação.
A dor abdominal é geralmente em cólica, precedendo as evacuações. Os pacientes podem se queixar de
urgência, incontinência e dor anorretal. As manifestações extraintestinais são infrequentes.
2) RCU hemicólon esquerdo e pancolite: estes casos geralmente são moderados ou graves. Febre, astenia e
perda de peso com anorexia são comuns. Há também diarreia com muco, pus, sangue e tenesmo, além de
dor abdominal mais intensa que na RCU distal. A forma fulminante pode ocorrer, correspondendo à
dilatação aguda do cólon (> 6 cm), geralmente no transverso. As manifestações extra-intestinais podem
preceder as manifestações intestinais propriamente ditas (artralgia, artrite, aftas orais, eritema nodoso,
episclerite e pioderma gangrenoso, entre outras).
-O exame físico pode ser normal ou constituído por febre, emagrecimento, desidratação, palidez,
taquicardia, dor abdominal, edema e manifestações extra-intestinais, principalmente na colite extensa.
-Quanto ao curso clínico, a RCU pode ser dividida em: forma aguda fulminante, crônica contínua ou crônica
intermitente, com períodos de remissão que podem durar meses ou anos.
-Os pacientes com RCU podem exibir complicações variadas, dentre as quais a mais temível é o megacólon
tóxico, além de sangramento digestivo baixo maciço e as estenoses.
DC:
-Apresenta manifestações clínicas mais variadas, uma vez que pode acometer todo o trato digestivo, desde
a boca até o ânus e região perianal, bem como pode admitir formas evolutivas peculiares, caracterizadas
por fistulização e estenose de segmentos intestinais. Quanto à localização, aproximadamente 1/3 ou mais
dos casos apresenta doença restrita ao íleo terminal, e em mais da metade dos casos, há comprometimento
não só do íleo terminal como também do cólon proximal. Há massa palpável em QID (plastrão doloroso)
-A diarreia é o sintoma mais comum na DC e caracteriza-se por número não exagerado de dejeções.
Habitualmente, não se encontram relatos da presença de sangue, muco ou pus nas fezes, exceto nos casos
com envolvimento do cólon mais distal. A dor abdominal do tipo contínuo, de intensidade moderada a alta,
e de localização predominante no quadrante inferior direito do abdome. Febre, astenia e emagrecimento,
acompanhados ou não de relato de diminuição da ingestão de alimentos, são manifestações da repercussão
da doença no estado geral do paciente, ocorrendo em proporção excessiva dos casos de DC.
-O exame físico fornece achados variáveis, sendo comum o encontro de alterações indicativas de
desnutrição. O exame do abdome pode revelar distensão de grau variável e presença de massa ou plastrão
na palpação profunda do quadrante inferior direito. O exame minucioso das regiões perianal e perineal é
obrigatório em todos os casos em que se suspeita da DC, mesmo naqueles em que a história clínica não
sugere nenhuma anormalidade. Fissuras, fístulas e abscessos são achados muito frequentes.
-As manifestações extra-intestinais, indicativas do acometimento da pele, das articulações, dos olhos etc.,
são as mesmas antes descritas para a RCU.
-A DC tem como complicações características a formação de fístulas e estenose.
-Classificação da DC:
-Manifestações extraintestinais:
a) Acometimento articular: artropatia periférica tipo I (menos de 5 grandes articulações e relaciona-se com
a atividade da doença), artropatia periférica tipo II (poliartrite de pequenas articulações e independente
da atividade da doença), artropatia axial.
b) Lesões cutâneas: eritema nodoso (nódulos subcutâneos dolorosos, com diâmetro de 1 a 5 cm, localizados
principalmente em superfícies extensoras das extremidades e face tibial anterior). Relaciona-se com a
atividade da doença. Mais raramente, pode haver pioderma gangrenoso.
c) Manifestações oculares: episclerite, esclerite, uveíte, cegueira noturna, catarata precoce.
d) Colelitíase: explicada pela redução do total de sais biliares por menor absorção ileal decorrente da
doença e consequente supersaturação biliar de colesterol.
e) Nefrolitíase: menor absorção de ácidos graxos, que ficam livres na luz intestinal, impedindo a ligação
do cálcio com o oxalato. A formação de oxalato de cálcio é reduzida, e há uma maior absorção colônica
de oxalato, com consequente hiperoxalúria e maior formação de cálculos renais.
f) Trombose venosa profunda e tromboembolismo pulmonar.
-Diagnóstico DC: colonoscopia, enteroscopia com duplo balão (quando necessária complementação),
cápsula endoscópica (quando exames anteriores negativos e alta suspeita de DC), exames de imagem,
exame anatomopatológico (presença de granulomas não caseosos), exames laboratoriais (hemograma,
PCR/VHS, testes microbiológicos para excluir diarreia infecciosa), marcador ASCA pode estar presente.
-Diagnóstico RCU: colonoscopia com intubação ileal e biópsias seriadas (achado de pseudopólipos),
marcador sorológico ANCA pode estar presente.
-Tratamento: controle periódico, suporte emocional, medicação antidiarreira (opiáceos) e anticolinérgica
(antiespasmódicos), antiinflamatórios, reposição hidroeletrolítica, transfusão de sangue, suporte
nutricional, corticosteróides, derivados aminossalicílicos, antibióticos, agentes imunomoduladores, anti-
TNF (antifator de necrose tumoral) e probióticos.
-Diagnóstico diferencial: a Síndrome do Intestino Irritável é a que mais se confunde com DII, embora se
diferencie da RCU e DC por não se associar a febre, perda de peso, sangramento ou manifestações
extraintestinais. Outras desordens devem ser excluídas: apendicite, colite secundária ao uso de medicações,
doença isquêmica, colite actínica secundária à radiação, colite microscópica, colite neutropenica,
colagenoses, tuberculose e linfoma intestinal.
OBS:
-Cigarro → protetor para RCU e fator de risco para DC
-Apendicectomia → protege contra aparecimento de RCU e é mais frequente na DC (provável diagnóstico
errado)
- 10 a 20% indistinguível inicialmente – chama de “colite intederminada”