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DOENÇA DIVERTICULAR

- Aproximadamente 95% dos pacientes com diverticulose apresentam divertículos no


cólon sigmóide.
- A prevalência aumenta com a idade: 5% aos 40 anos, 30% aos 60 anos e 70% aos 80
anos;
- Abaixo dos 50 anos é mais frequente em homens e acima dos 70 anos é mais frequente
em mulheres.
- Nos países orientais os divertículos são mais frequentes do lado direito.
- Fatores de risco: idade, genética, medicamentos, comorbidades, obesidade, dieta pobre
em fibras, carne vermelha, álcool, tabagismo, sedentarismo.
- Trabalhos recentes não confirmam que a ingesta de fibras pode prevenir a
diverticulose, mas impede o desenvolvimento da doença diverticular.
- A obesidade tem uma relação positiva com a doença diverticular.
- Já a atividade física previne contra as complicações da doença diverticular.
- Tabagistas tem 30% mais chance de desenvolver doença diverticular e risco
aumentado para diverticulite e complicações como abcesso e perfuração.
- Deficiência de vitamina D aumenta o risco de diverticulite.
- Hipertensão arterial e imunossupressão aumentam o risco de desenvolver doença
diverticular.
- AINES, AAS, Acetaminofeno, corticosteróides e opioides aumentam o risco de
desenvolvimento de doença diverticular e hemorragia diverticular.
- Não há evidências que a ingestão de milho, grãos, sementes ou castanhas aumentem o
risco de doença diverticular.
- Dos pacientes com diverticulose, chega de 20% podem apresentar a doença
diverticular sintomática.
- Desses pacientes sintomáticos, 85% apresentam a doença diverticular sintomática não
complicada e cerca de 15% podem apresentar complicações como diverticulite e
hemorragia.
 Doença Diverticular Sintomática não Complicada (SUDD)
- A SUDD é caracterizada por ataques inespecíficos de dor abdominal, sem evidência de
um processo inflamatório.
- A dor é tipicamente de natureza tipo cólica, mas pode ser constante e geralmente é
aliviada pela passagem de flatos ou pela evacuação.
- Distensão abdominal e alteração no hábito intestinal também pode ocorrer e a
constipação parece ser mais comum que a diarréia.
- A plenitude ou sensibilidade no quadrante inferior esquerdo, ou ocasionalmente uma
alça palpável, sensível ou às vezes espástica e endurecida do cólon sigmóide (sinal da
corda) são frequentemente identificados ao exame físico.
- A doença diverticular sintomática tem muitos pontos de intersecção com a SII. Abaixo
segue um quadro com algumas diferenças.
- Como tratamento medicamentoso da SUDD, pode ser utilizada a Messalazina 800 mg
duas vezes ao dia por 7 dias consecutivos a cada mês.

 DIVERTICULITE AGUDA
- Presença de sinais e sintomas que refletem a presença de inflamação diverticular, tais
como febre, taquicardia, palidez cutâneo-mucosa, distensão abdominal, dor à palpação
abdominal, com ou sem sinal de descompressão brusca, presença de plastrão, tumoração
ou massa palpável em FIE.
- Os sintomas clássicos são dor no quadrante inferior esquerdo, febre, náuseas ou
vômitos, geralmente há descompressão brusca positiva na FIE e eventualmente plastrão
ou massa palpável.
- Também conhecida como “apendicite do lado esquerdo”.
- Os exames complementares mostram leucocitose, aumento do PCR e VHS, aumento
da calprotectina fecal. O melhor exame de imagem é a TC de Abdome com contraste.
- A colonoscopia não deve ser realizada na vigência de uma crise de diverticulite
aguda.
Classificação de Hinchey Modificada:
0 – Diverticulite sintomática leve.
Ia – Confinada a inflamação pericólica tipo flegmão;
Ib – Confinada a abcesso pericólico.
II – Abcesso pélvico intra-abdominal ou retrocólico;
III – Peritonite purulenta generalizada;
IV – Peritonite fecal;

- O tratamento da diverticulite é feito com antibióticos orais ou venosos, a depender da


gravidade e das comorbidades do paciente. Abcessos maiores (> 4 cm) podem ser
submetidos à drenagem percutânea e peritonite generalizada ou fecal deve ser tratada
cirurgicamente.
 Hemorragia Diverticular
- A doença diverticular é a principal causa de hemorragia digestiva baixa;
- Apresentação clínica variada que vai de episódios recorrentes, mais ou menos
expressivos, até a hemorragia maciça que eventualmente pode envolver alterações
hemodinâmicas significativas.
- Em mais de 80% dos casos tem a peculiaridade de autolimitação, isto é, cessa
espontaneamente;
- Sangue na luz intestinal tem efeito catártico e, ao sangue perdido somam-se as fezes e
água, proporcionando um apreciável volume de evacuado, podendo levar a superestimar
o sangramento.
- Em geral, o número e o volume de evacuações são tomados de maneira precipitada
como parâmetros para classificar a gravidade da hemorragia.
- É importante a correlação com a disfunção hemodinâmica (taquicardia, hipotensão) e
valores de hematócrito.
- Hemorragia digestiva baixa maciça: reposição inicial de pelo menos um litro de
sangue e transfusão de 1500 ml a cada 24h, diminuição da pressão de 40 mmHg abaixo
do habitual ou abaixo de 100 mmHg, pulso maior que 120 bpm, hemoglobina menor
que 7 g/dl, hematócrito inferior a 30%.
 ESTENOSE/OBSTRUÇÃO INTESTINAL
- A obstrução intestinal grave em pacientes com diverticulite é rara;
- Pode ocorrer obstrução aguda parcial, secundária a edema de parede e inflamação
periférica ou formação de abcesso.
- A fibrose intramuscular observada na fase crônica também pode levar a estenose e
obstrução em 10 a 20% dos casos.
- O espessamento irregular da parede com dilatação intestinal a montante é o achado
mais comum.
- O principal diagnóstico diferencial é com neoplasia de cólon.
- Embora o envolvimento de um segmento colônico longo (> 10 cm) sugira doença
diverticular, deve-se ter em mente que tanto a neoplasia como a doença diverticular
podem envolver um segmento intestinal curto.
 FÍSTULAS
- A fístula mais comum é a colovesical, seguida pela coloentérica e pela colouterina.
- Fístula colovesical pode ser suspeitada quando ocorre presença de ar livre na bexiga
com espessamento da parede vesical adjacente.
- Vários episódios de infecção do trato urinário inferior resistentes ao tratamento e a
presença de fezes ou ar na urina são sintomas comuns desses pacientes.
- A administração de contraste retal pode ser útil para delinear a trajetória exata do trato
da fístula.
- Essas fístulas estão mais comumente localizadas na porção posterior esquerda da
bexiga, a qual está em posição anatômica próxima ao sigmóide.
- A fístula colovesical secundária à diverticulite difere daquelas vistas na doença de
Crohn. Em pacientes com doença de Crohn, a fístula ocorre geralmente entre o íleo
terminal e a superfície anterior direita da bexiga.

 PILEFLEBITE
- A diverticulite é a causa subjacente mais comum (30%) de tromboflebite séptica do
sistema venoso mesentérico e portal.
- Bacteroides fragilis e Escherichia coli são os organismos causadores mais comuns
nesses pacientes.
- As veias mesentéricas envolvidas na pileflebite estão intimamente relacionadas com o
segmento colônico afetado.
- A diverticulite sigmóidea resulta em trombose da veia sigmóide, com subsequente
propragação ao longo da veia mesentérica inferior e veia porta. Este processo é
denominado tromboflebite ascendente.
- O diagnóstico e tratamento precoce são importantes para prevenir a formação de
abcesso embólico em órgãos distantes.
- O uso apropriado de antibióticos e anticoagulação concomitante são os pilares do
tratamento.
 A diverticulite pode predispor ao aparecimento de síndrome do intestino
irritável, doenças gastrintestinais funcionais e emocionais.
 SII após episódio de diverticulite – SII pós diverticulite.

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