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COLONOSCOPIA -

COLOPROCTOLOGIA -
ENDOSCOPIA

DIVERTICULITE AGUDA​
Diverticulite colônica é definida como inflamação de um divertículo
colônico. A diverticulite pode ser aguda ou crônica, descomplicada ou
complicada por abscesso diverticular, fístula, obstrução intestinal ou
perfuração livre.

➧ Diverticulose colônica
➧ Definições usadas na diverticulose colônica
➧ Manifestações clínicas da diverticulite aguda
➧ Complicações agudas da diverticulite aguda
➧ Exames complementares no diagnóstico da diverticulite
aguda
➧ Abordagem diagnóstica da diverticulite aguda
➧ Diagnóstico diferencial da diverticulite aguda
➧ História natural dos pacientes com diverticulite aguda
➧ Diverticulite colônica aguda: tratamento clínico
➧ Gestão a longo prazo após o tratamento da diverticulite
aguda
➧ Diverticulite colônica aguda: tratamento cirúrgico

Diverticulose colônica ​

A diverticulose colônica é uma condição clínica adquirida. Os divertículos


colônicos são protrusões da mucosa através da parede do intestino grosso
(cólon), em pontos de menor resistência (onde os vasos sanguíneos
entram para nutrir a parede do cólon). É uma saliência parecida com a
ponta de um dedo de luva. São considerados falsos divertículos ou
pseudodivertículos porque são formados por mucosa, submucosa e
serosa).

Diverticulose Anatomia

Definições usadas na diverticulose colônica

Diverticulose colônica: é definida pela presença de divertículos


sem provocar sintomas.
Doença diverticular sintomática não complicada: é
caracterizada por dor abdominal persistente atribuída aos
divertículos na ausência de colite ou diverticulite. Descrito, por
alguns, como diverticulite latente, principalmente quando o
espessamento da parede está presente na ausência de alterações
inflamatórias na tomografia computadorizada.
Doença diverticular sintomática complicada: é definida como
diverticulose clinicamente significativa e sintomática devido a
sangramento diverticular, diverticulite e colite segmentar
associada a divertículos.
Sangramento diverticular: é caracterizado pelo sangramento
intestinal indolor (enterorragia) devido ruptura dos vasos
arteriais localizados na borda do divertículo.
Diverticulite: é definida como inflamação de um divertículo. A
diverticulite pode ser aguda ou crônica, descomplicada ou
complicada por abscesso diverticular, fístula, obstrução intestinal
ou perfuração livre.
Colite segmentar associada a divertículo ou colite
diverticular: é caracterizada por inflamação na mucosa entre os
divertículos, sem envolvimento dos orifícios diverticulares.

​Manifestações clínicas da diverticulite aguda

Aproximadamente 4% dos pacientes com diverticulose desenvolvem


diverticulite aguda. A diverticulite resulta de uma perfuração
microscópica ou macroscópica de um divertículo devido a inflamação
diverticular e necrose focal.

Os sinais e sintomas da diverticulite aguda incluem:


Dor, que pode ser constante e persistir por vários dias. O lado
inferior esquerdo do abdome é o local usual da dor.
Náusea e vomito.
Febre.
Sensibilidade abdominal.
Constipação ou, menos comumente, diarreia.

Procure atendimento médico sempre que tiver dor abdominal constante e


inexplicável, principalmente se você também tiver febre e constipação ou
diarreia.

A apresentação clínica da diverticulite aguda depende da gravidade do


processo inflamatório subjacente e da presença de complicações
associadas. A idade média na admissão para diverticulite aguda é de 63
anos. Enquanto a incidência de diverticulite aguda é menor em indivíduos
mais jovens, aproximadamente 16% das internações por diverticulite
aguda são em pacientes com menos de 45 anos de idade.

Dor abdominal, geralmente localizada no quadrante inferior esquerdo


devido ao envolvimento do cólon sigmóide, é a queixa mais comum em
pacientes com diverticulite aguda. No entanto, os pacientes podem ter dor
no quadrante inferior direito ou suprapúbica devido à presença de um
cólon sigmóide inflamado redundante ou, muito menos comumente,
diverticulite do lado direito (cecal). A dor geralmente é constante e
progressiva e pode estar presente por vários dias antes da piora
clínica. Aproximadamente 50% dos pacientes relatam um ou mais quadros
semelhantes de dor abdominal prévios.

Náusea e vômito são frequentes devido a obstrução intestinal parcial ou


íleo devido à inflamação local. Os pacientes também podem ter febre
baixa. A instabilidade hemodinâmica com hipotensão e choque é rara e
está associada a perfuração e peritonite.

A diverticulite aguda pode estar associada a uma mudança no hábito


intestinal, com constipação relatada em aproximadamente 50% e diarreia
em 25 a 35% dos pacientes. A presença de sangue vivo nas fezes
(hematoquezia) é rara.

Uma massa sensível é palpável em aproximadamente 20% dos pacientes


devido à inflamação pericolônica ou abscesso peridiverticular. Os
pacientes podem ter sinais de irritação peritoneal localizados com
proteção, rigidez e piora da dor ao retirar subitamente a mão. O toque
retal pode revelar massa ou sensibilidade à palpação na presença de
abscesso sigmóide distal. As fezes podem ser positivas para o sangue
oculto.

Aproximadamente 10 a 15% dos pacientes com diverticulite aguda


apresentam alterações urinárias (urgência, aumento da frequência e dor)
devido à irritação da bexiga causada por um cólon sigmóide inflamado.

Complicações agudas da diverticulite aguda

Complicações agudas da diverticulite aguda

​Aproximadamente 15% dos pacientes com diverticulite aguda têm


complicações associadas. Os pacientes podem ter a complicação da
diverticulite na apresentação inicial ou podem evoluir para a complicação.

Abscessos secundário a diverticulite aguda

Abscessos diverticulares ocorrem em aproximadamente 17% dos pacientes


com diverticulite aguda que necessitam de internação hospitalar. O
abscesso diverticular é diagnosticado pela tomografia computadorizada
abdominal, uma vez que os sintomas de um abscesso diverticular são
semelhantes aos da diverticulite aguda. Pode ocorrer na apresentação
inicial da diverticulite aguda ou pode se desenvolver com a evolução,
apesar do tratamento correto. Portanto, deve-se suspeitar de abscesso
diverticular em pacientes com diverticulite não complicada que não
apresentam melhora da dor abdominal ou que mantem a febre, depois de
três dias do tratamento com antibióticos.
Em casos raros, os pacientes podem desenvolver um abscesso hepático
piogênico devido à disseminação da infecção pela circulação portal.

Obstrução intestinal secundário a diverticulite aguda

Durante uma crise de diverticulite aguda, pode ocorrer obstrução colônica


parcial devido ao estreitamento relativo da luz intestinal pela inflamação
pericolônica ou compressão por um abscesso diverticular. No entanto, a
obstrução colônica total é rara no quadro agudo e quando ocorre,
geralmente está associada ao desenvolvimento subsequente de estenose
devido a inflamação diverticular crônica.

A diverticulite aguda também pode causar uma obstrução do intestino


delgado se uma alça do intestino delgado for incorporada a uma massa
inflamatória pericolônica ou devido à irritação localizada e ao
desenvolvimento de um íleo paralítico.

Dependendo do grau e local da obstrução, os pacientes podem ter dor


abdominal, náusea, vômito, distensão abdominal e parada da eliminação
de fezes e gases. Pacientes com íleo ou obstrução podem ter distensão
abdominal e timpanismo à percussão devido à presença de alças dilatadas
do intestino. Os sons intestinais podem ser agudos com obstrução ou
hipoativos no caso de íleo.

Fístula intestinal secundário a diverticulite aguda

A inflamação da diverticulite aguda pode resultar na formação de uma


fístula entre o cólon e as vísceras adjacentes. As fístulas geralmente
envolvem a bexiga.

Pacientes com fístula colovesical podem apresentar pneumatúria (ar na


urina), fecalúria (fezes na urina) ou disúria (dor ao urinar). Pacientes com
fístula colovaginal podem relatar saída de fezes ou gases pela vaginal.

Perfuração colônica secundário a diverticulite aguda

A peritonite generalizada pode resultar da ruptura de um abscesso


diverticular (peritonite purulenta) ou da ruptura de um divertículo
inflamado com contaminação fecal (peritonite fecal). Embora apenas 1 a
2% dos pacientes com diverticulite aguda tenham perfuração com
peritonite purulenta ou fecal, as taxas de mortalidade se aproximam de
20%. Os pacientes com perfuração colônica seguido de peritonite
generalizada apresentam um quadro séptico grave com dor e distensão
abdominal progressiva. Abdome difusamente sensível, mesmo à palpação
leve. Há defesa, rigidez e sensibilidade abdominal ao rebote, e os sons
intestinais estão ausentes.

Exames complementares no diagnóstico da diverticulite aguda

Exames laboratoriais na diverticulite aguda

Pacientes com diverticulite aguda podem apresentar uma proteína C


reativa (PCR) elevada e uma leve leucocitose. No entanto, a contagem dos
leucócitos pode ser normal em até 45% dos pacientes.

A amilase e a lipase séricas podem estar normais ou levemente elevadas,


especialmente em pacientes com perfuração e peritonite livres.

O exame de urina pode revelar piúria (contagem aumentada de piócitos)


estéril devido a inflamação adjacente. A presença de flora colônica na
cultura de urina sugere a presença de uma fístula colovesical.

Tomografia computadorizada no diagnóstico da diverticulite aguda

Os achados da tomografia computadorizada (TC) sugestivos de


diverticulite aguda incluem: presença de divertículos nos segmentos
circundantes, presença de espessamento localizado da parede do intestino
(> 4 mm) e aumento na densidade de tecidos moles na gordura
pericolônica secundária a inflamação. A sensibilidade e especificidade da
TC abdominal para o diagnóstico de diverticulite aguda são de 94 e 99 por
cento, respectivamente.

As complicações da diverticulite também podem ser visualizadas na


tomografia computadorizada do abdome.
Os abscessos são identificados como coleções de líquidos cercadas
por alterações inflamatórias. O centro da coleção pode conter ar,
níveis hidroaéreos e necrose.
Na obstrução intestinal devido a diverticulite aguda os achados da
tomografia computadorizada do abdome incluem: presença de
alças intestinais dilatadas com níveis hidroaéreos nas
proximidades de da inflamação pericolônica.
A presença de ar dentro de outros órgãos é sugestiva de fístula.
Em pacientes com peritonite, o ar livre dentro do abdome pode
ser visto na tomografia computadorizada abdominal.

Ultrassom abdominal no diagnóstico da diverticulite aguda

As alterações no ultrassom sugestivos de diverticulite aguda incluem:


Reação inflamatória peridiverticular hipoecóica;
Formação de abscesso mural e peridiverticular com ou sem bolhas
de gás;
Espessamento da parede intestinal (espessamento mural
segmentar superior a 4 mm) no ponto de sensibilidade máxima;
Presença de divertículos nos segmentos circundantes.

As complicações da diverticulite também podem ser visualizadas por


ultrassonografia. Um abscesso aparece como uma massa anecóica
contendo detritos ecogênicos. As características sugestivas de uma fístula
incluem a presença de uma área hipoecóica ao lado dos divertículos
inflamados com bolhas de ar extraluminais que se estendem para a bexiga
ou vagina ou na parede abdominal. Em pacientes com peritonite, podem
ser observadas ascites, espessamento peritoneal difuso e coleções
dispersas de líquidos localizados. O ultrassom tem a vantagem de ser
amplamente disponível, barato e evita a exposição à radiação. No entanto,
a ultrassonografia abdominal depende do operador e não pode excluir
outras causas de dor abdominal.

Ressonância magnética no diagnóstico da diverticulite aguda

Os achados de ressonância magnética abdominal (RM) sugestivos de


diverticulite aguda incluem: presença de divertículos nos segmentos
circundantes, espessamento da parede do cólon e líquido pericolônico.
Achados inespecíficos incluem estreitamento segmentar do cólon, ascite e
abscesso.

A ressonância magnética tem a vantagem de evitar a exposição à


radiação. No entanto, antes que a ressonância magnética possa ser
rotineiramente usada para diagnosticar diverticulite aguda e descartar
outras causas de dor abdominal, são necessários estudos para comparar a
sensibilidade, a especificidade e o custo-efetividade da ressonância
magnética abdominal com a tomografia computadorizada. Na maioria das
instituições em que a tomografia computadorizada e a ressonância
magnética abdominais estão disponíveis, a tomografia computadorizada
geralmente é obtida com mais rapidez.

Radiografias simples de abdome e tórax no diagnóstico da


diverticulite aguda

Anormalidades inespecíficas podem ser observadas nas radiografias


abdominais em 30 a 50% dos pacientes com diverticulite aguda. Esses
achados incluem níveis hidroaéreos com dilatação intestinal devido a um
íleo funcional ou obstrução e densidades de tecidos moles devido à
presença de um abscesso. Uma radiografia de tórax em ortostatismo (de
pé) pode demonstrar a presença de com ar sob o diafragma
(pneumoperitônio) em 3 a 12% dos pacientes com diverticulite aguda.

Abordagem diagnóstica da diverticulite aguda

O diagnóstico de diverticulite aguda deve ser suspeitado em um paciente


com dor abdominal baixa e sensibilidade abdominal no exame físico. A dor
geralmente ocorre no quadrante inferior esquerdo nas populações
ocidentais, mas pode ser suprapúbica ou no quadrante inferior direito,
principalmente nos asiáticos. Os achados laboratoriais de leucocitose, PCR
elevada (> 50 mg/dL), embora não sejam sensíveis ou específicos para
diverticulite aguda, podem apoiar o diagnóstico. Realizamos exames de
imagens abdominais (preferencialmente tomografia computadorizada)
para estabelecer o diagnóstico de diverticulite aguda.

A prática é realizar uma tomografia computadorizada abdominal com


contraste oral e venoso para estabelecer o diagnóstico de diverticulite
aguda, pois apresenta alta sensibilidade e especificidade para diverticulite
aguda e pode excluir outras causas de dor abdominal. No entanto, algumas
diretrizes sugerem que a imagem pode ser realizada de forma mais
seletiva e que um diagnóstico pode ser feito sem imagem abdominal em
pacientes com dor localizada no quadrante inferior esquerdo na ausência
de vômito, uma PCR >50 mg/dL. A história de diverticulite aguda auxilia
no diagnóstico.

Sequência sugerida para o diagnóstico da diverticulite aguda

O objetivo é estabelecer o diagnóstico de diverticulite aguda e descartar


outras causas de dor abdominal. A avaliação deve começar com uma
história clínica e exame físico, que inclui um exame pélvico em mulheres
para descartar patologia pélvica.
A avaliação laboratorial deve incluir: hemograma completo, PCR,
eletrólitos e urina rotina. O teste de gravidez deve ser realizado em todas
as mulheres em idade fértil. A presença de leucocitose e uma PCR acima de
50 mg/dL é favorável ao diagnóstico de diverticulite aguda.

Em pacientes com suspeita de perfuração colônica diverticular e


peritonite difusa, os níveis séricos das aminotransferases (TGO e TGP),
fosfatase alcalina, bilirrubina, amilase e lipase devem ser obtidos para
descartar outras causas de dor abdominal aguda.

Os estudos de fezes devem ser realizados apenas em pacientes com


diarreia para descartar etiologias infecciosas.

A tomografia computadorizada abdominal com contraste oral e


intravenoso (IV) é recomendada para estabelecer o diagnóstico de
diverticulite aguda.

Os pacientes com diverticulite aguda são avaliados pelo sistema de


classificação de Hinchey:

Diverticulite aguda - Classificação de Hinchey

Diverticulite aguda - Classificação de Hinchey

Diagnóstico diferencial da diverticulite aguda

O diagnóstico diferencial de diverticulite aguda inclui outras etiologias da


dor no abdome inferior. A diverticulite aguda pode ser distinguida da
maioria das outras causas de dor no abdome inferior, com base nas
características clínicas, exame físico, estudos laboratoriais e tomografia
computadorizada abdominal.

Síndrome do intestino irritável (SII)

O desconforto abdominal observado em pacientes com SII pode ser


surpreendentemente semelhante aos pacientes com diverticulite. No
entanto, os sintomas de dor abdominal e alterações do hábito intestinal
são crônicos em pacientes com SII. Os pacientes com SII geralmente
também apresentam sintomas de inchaço (distensão) abdominal e diarreia
e/ou constipação. A tomografia computadorizada é diagnóstica em
pacientes com diverticulite e normal em pacientes com SII.

Câncer colorretal

Pacientes com câncer colorretal (CCR) e diverticulite aguda podem


apresentar características clínicas semelhantes e apresentar espessamento
da parede intestinal na TC abdominal. No entanto, a presença de
inflamação pericolônica e mesentérica, envolvimento superior a 10 cm do
cólon e ausência de linfonodos pericolônicos aumentados na TC
abdominal sugerem diverticulite aguda. Em 10 a 20% dos pacientes, ainda
é difícil distinguir entre diverticulite aguda e câncer colorretal pela
tomografia computadorizada abdominal, e um câncer colorretal só pode
ser excluído com uma colonoscopia após a resolução da inflamação aguda.

A colonoscopia não tem papel no estabelecimento do diagnóstico de


diverticulite aguda, pois a inflamação é peridiverticular. A avaliação
endoscópica do cólon deve ser evitada no quadro agudo devido ao risco de
perfuração ou exacerbação da inflamação existente. Após a resolução
completa dos sintomas associados à diverticulite aguda (geralmente em
seis a oito semanas), é realizada uma colonoscopia, exceto aqueles que
realizaram uma colonoscopia no ano anterior.

Apendicite aguda

Os sintomas clássicos da apendicite incluem dor abdominal no quadrante


inferior direito, anorexia, febre, náusea e vômito. A dor abdominal é
inicialmente periumbilical e subsequentemente no quadrante inferior
direito. A tomografia computadorizada abdominal pode diferenciar entre
apendicite aguda e diverticulite aguda.

Doença inflamatória intestinal

Em pacientes com doença inflamatória intestinal (DII), diarreia e não dor


abdominal é o sintoma predominante. Além disso, os pacientes
apresentam sintomas por vários meses antes da apresentação. Embora a
tomografia computadorizada abdominal possa demonstrar espessamento
da parede tanto na diverticulite aguda quanto na DII, a presença de
diverticulose e inflamação peridiverticular são sugestivas de diverticulite
aguda.

Colite infecciosa

Em pacientes com colite infecciosa, a diarreia é o sintoma


predominante. Os pacientes podem ter um histórico de uso prévio de
antibióticos ou viagens recentes. As culturas de fezes podem identificar o
patógeno causador. Enquanto uma TC abdominal pode demonstrar
espessamento da parede na colite infecciosa, a inflamação
peridiverticular, como observada em pacientes com diverticulite aguda,
está ausente.

Colite isquêmica

Pacientes com colite isquêmica geralmente apresentam início rápido da


dor abdominal, sangramento anal ou diarreia com sangue. Os pacientes
podem ter fatores de risco para colite isquêmica (por exemplo, idade> 60
anos, hemodiálise, hipertensão, diabetes mellitus, desidratação ou uso de
laxante estimulante). Na tomografia computadorizada do abdome, pode-se
observar espessamento segmentar da parede intestinal, semelhante aos
pacientes com diverticulite aguda, mas a inflamação pericolônica está
ausente.

Outros diagnósticos

Estes incluem abscesso tubo-ovariano, cisto ovariano, torção ovariana,


gravidez ectópica, cistite e nefrolitíase. Estes podem ser diferenciados da
diverticulite aguda pela história clínica, exame físico, estudos laboratoriais
e exames de imagens (TC e US abdominal).

História natural dos pacientes com diverticulite aguda

1. A maioria dos pacientes com diverticulite aguda não apresenta


complicações associadas. No entanto, aproximadamente 15% dos
pacientes com diverticulite aguda têm uma complicação associada
definida como abscesso, perfuração, fístula ou obstrução colônica
resultante de diverticulite.
2. Após o tratamento conservador para um primeiro ataque de
diverticulite aguda não complicada, aproximadamente 30% dos
pacientes permanecerão assintomáticos.
3. Aproximadamente 20 a 50% dos pacientes apresentam crises
recorrentes de diverticulite. No entanto, crises recorrentes de
diverticulite não estão associadas a um maior risco de
complicações em comparação com o primeiro ataque. Após uma
primeira recidiva de diverticulite aguda o risco de nova crise
dobra em relação ao risco após a primeira crise. O risco de
recorrência é maior em indivíduos mais jovens e em mulheres. O
aumento da idade é associado a um risco maior de complicações
locais e sistêmicas.
4. Até 20% dos pacientes após o episódio de diverticulite aguda
apresentam dor abdominal crônica que, em alguns pacientes,
pode ser atribuída à síndrome do intestino irritável. No entanto,
em aproximadamente 5% dos pacientes, a dor abdominal crônica é
causada por diverticulite de baixo grau ou latente, com inflamação
diverticular crônica persistente.
5. Um pequeno grupo de pacientes pode evoluir com colite
segmentar associada à diverticulose ou colite diverticular, que é
marcado por inflamação semelhante à doença inflamatória
intestinal. As manifestações clínicas, o diagnóstico e o tratamento
da colite diverticular são discutidos em detalhes, separadamente.
6. Ataques recorrentes de diverticulite aguda ou inflamação
persistente podem resultar em fibrose progressiva e cicatrizes,
resultando na formação de estenose. Pacientes com estenose
colônica podem apresentar obstrução colônica aguda sem
diverticulite ou com sintomas mais insidiosos de dor abdominal e
constipação.

Taxa de mortalidade da diverticulite aguda

Em pacientes com diverticulite aguda, as taxas de mortalidade variam de


acordo com a presença de complicações e comorbidades dos pacientes. Em
pacientes com diverticulite aguda não complicada, o tratamento
conservador é bem-sucedido em 70 a 100% dos pacientes e a mortalidade é
insignificante.
Em pacientes com diverticulite complicada submetida a cirurgia, a taxa de
mortalidade é de aproximadamente 0,6 a 5 por cento. Embora as taxas de
mortalidade sejam de até 20% em pacientes com diverticulite perfurada
com peritonite purulenta ou fecal, essas complicações são raras.

Diverticulite colônica aguda: tratamento clínico

​A diverticulite aguda não complicada (na ausência de complicações como:


perfuração franca, obstrução, fístula e abscesso), pode ser tratada
clinicamente na maioria dos pacientes (70 a 100%), em regime
ambulatorial ou em internação hospitalar.
A diverticulite aguda complicada requer tratamento tanto da inflamação
do cólon (diverticulite) quanto da complicação específica (por exemplo,
perfuração franca, obstrução, fístula e abscesso), que normalmente requer
hospitalização e/ou cirurgia.

Com base nos achados da história clínica, exame físico e tomografia


computadorizada, os pacientes são triados para receber tratamento
hospitalar ou ambulatorial.

Critérios para tratamento ambulatorial da diverticulite aguda

Os pacientes podem receber tratamento ambulatorial para diverticulite se


não atenderem a nenhum dos critérios para tratamento em internação
hospitalar descritos abaixo.

Critérios para tratamento hospitalar da diverticulite aguda


A TC mostra diverticulite complicada definida pela presença de
perfuração franca (por exemplo, ar livre sob o diafragma com ou sem
extravasamento de contraste ou líquido), abscesso, obstrução ou
fistulização.
A TC mostra diverticulite não complicada, mas o paciente tem uma ou
mais das seguintes características:
•Sepse.
•Microperfuração (por exemplo, algumas bolhas de ar fora do cólon sem
extravasamento de contraste) ou flegmão (Inflamação pericólica).
•Imunossupressão (por exemplo, diabetes mellitus mal controlado, uso
crônico de altas doses de corticosteróide, uso de outros agentes
imunossupressores, infecção avançada pelo HIV, deficiência de leucócitos
de células B ou T).
•Febre alta (>39 ° C).
•Leucocitose significativa.
•Dor abdominal intensa ou peritonite difusa.
•Idade> 70 anos.
•Comorbidades significativas.
•Intolerância à ingestão oral.
•Não cumprimento ou falta de confiabilidade para visitas de retorno ou
falta de sistema de suporte.
•Falha no tratamento ambulatorial.

Embora não se tenha encontrado associação com febre, leucocitose, dor


abdominal intensa e idade avançada com falha no tratamento
ambulatorial, essas características do paciente devem ser levadas em
consideração como parte da avaliação global do paciente ao decidir o
tratamento como um paciente interno ou externo.

Tratamento ambulatorial inicial da diverticulite aguda

Antibióticos orais
Pacientes com diverticulite aguda geralmente são tratados com
antibióticos orais por 7 a 10 dias. Essa abordagem é amplamente baseada
em estudos retrospectivos e experiência clínica, e não em evidências de
alta qualidade. Os antibióticos usados no tratamento da diverticulite
devem cobrir a flora gastrointestinal usual dos bastonetes e anaeróbios
gram-negativos, particularmente Escherichia coli e Bacteroides
fragilis. Esquemas de antibióticos ambulatoriais por via oral recomendados
em pacientes adultos com função renal e hepática normal:
Ciprofloxacina (500 mg a cada 12 horas) mais metronidazol (500
mg a cada 8 horas);
Levofloxacina (750 mg por dia) mais metronidazol (500 mg a cada
8 horas);
Amoxicilina-clavulanato (1 comprimido [875 mg de amoxicilina +
125 mg de ácido clavulânico] a cada 8 horas);
Moxifloxacina (1 comprimido [400 mg por dia]); uso em pacientes
intolerantes ao metronidazol e beta-lactâmicos).

Dieta ambulatorial
Não há evidências de restrições alimentares na diverticulite aguda não
complicada. Algumas diretrizes permitem dieta regular em pacientes que
podem tolerá-la, enquanto outras endossam uma dieta "modificada". Uma
abordagem é limitar os pacientes a uma dieta líquida sem resíduos até que
possam ser reavaliados em dois a três dias, após os quais sua dieta poderá
ser liberada para moderada ou regular, caso demonstrem melhora clínica.

Cuidados ambulatoriais subsequentes


Os pacientes ambulatoriais devem ser reavaliados clinicamente dois a três
dias após o início da antibioticoterapia e semanalmente até a resolução de
todos os sintomas.

Pacientes que melhoram


Estudos repetidos de imagem não são necessários em pacientes
que continuam demonstrando melhora clínica.
Após a conclusão do curso dos antibióticos orais, os pacientes
devem ser monitorados quanto a qualquer recorrência dos
sintomas e submetidos à colonoscopia em seis a oito semanas,
caso não o tenham feito no ano anterior.

Pacientes que não melhoram


Em pacientes que não melhoram após dois a três dias de
antibioticoterapia oral, a tomografia computadorizada abdominal
e pélvica deve ser repetida para descartar uma complicação.
Pacientes com dor abdominal persistente, febre ou incapacidade
de tolerar líquidos orais, apesar de dois a três dias de
antibioticoterapia ambulatorial ou que recaem após melhora

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