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UNILURIO - Faculdade de ciências de saúde

Curso de Medicina – 4º ano

Departamento de Cirurgia - HCN

Abdome Agudo
Discentes:
Getinha paulino
Lucas mucoronde Docente: Dr. Bernardo Leite, Medico Cirurgião.
Nazma nazir
Conteúdo
•Introdução
•Conceito
•Epidemiologia
•Classificação
•Etiologia
•Diagnostico
•Conclusão
•Bibliografia
Abdome agudo
Abdome agudo é definido como dor abdominal aguda, e se refere a qualquer dor súbita e intensa no abdome.
Se não tratado, costuma evoluir para deterioração clínica do doente.
Em muitos casos é uma condição de urgência que requer diagnóstico rápido e específico.
O tratamento deve ser imediato, e geralmente envolve procedimentos cirúrgicos .
Epidemiologia

Segundo a OMS, a dor abdominal representa 5 a 10% dos atendimentos nos serviços de urgência nas US a nível
global. Apesar do avanço nos recursos diagnósticos, a dor abdominal indiferenciada é o diagnóstico de cerca de
25% dos pacientes que receberam alta médica e de 35 a 41% dos pacientes internados.
Pacientes idosos com dor abdominal têm aumento de 6 a 8 vezes na mortalidade, quando comparados com
pacientes mais jovens.
Classificação do Abdome agudo
Divide-se em: Abdome agudo cirúrgico e não cirúrgico.
Os quadros de abdome agudo cirúrgico podem ser classificados em cinco síndromes. Cada síndrome relaciona-se
a um grupo de sinais e sintomas de causas diferentes, porém desencadeiam o mesmo mecanismo fisiopatológico:
Abdome agudo cirúrgico:
1. Síndrome Obstrutivo/oclusivo
2. Síndrome Inflamatório
3. Síndrome Perfurativo
4. Síndrome Isquémico/vascular
5. Síndrome Hemorrágico
Abdome agudo não cirúrgico:
Causas não cirúrgicas de abdome agudo podem ser divididas em três categorias:
metabólicas, hematológicas e por toxinas ou drogas

1.Causas Metabólicas 2.Causas Hematológicas 3.Toxinas e Drogas

     
Uremia Crise falciforme Envenenamento por chumbo

     
Crise diabética Leucemia aguda Intoxicações por outros metais
pesados
   
 
Crise addisoniana Outras discrasias sanguíneas Crises de abstinência

     
Porfiria aguda intermitente   Envenenamento por aranha
viúva‑negra
 
 
Febre hereditária do Mediterrâneo    
 
Abdome agudo obstrutivo
É uma síndrome caraterizada pela presença de obstáculo mecânico ou funcional que leva a interrupção da progressão
do conteúdo intestinal, definindo-se como a paragem da progressão de fezes e de gases ao longo do intestino. Pode
ocorrer em qualquer segmento do tubo digestivo, sendo mais frequente no intestino delgado e no cólon.
Etiologia:
Obstrução do intestino delgado/grosso relacionado com a aderência pós-operatórias (bridas) é a causa mais comum
em pacientes com história de cirurgia prévia (a brida é mais comum no intestino delgado). Volvo do sigmoide, volvo
cecal, hérnias da parede abdominal ou internas (hérnias encarceradas), doença intestinal inflamatória, neoplasia
maligna gastrointestinal, intussusceção, aderências, doença de crohn, neoplasia intestinal, fecaloma, impactação por
bolo de arcaris, íleo paralítico e oclusão vascular.
Classificação do abdome agudo obstrutivo:
A classificação do abdome agudo obstrutivo é extensa, mas é fundamental para uma compreensão completa
e determinante do quadro. Ela pode ser classificada em:
• Alta ou Baixa;
• Parcial ou Total;
• Mecânica ou Funcional.
Obstrução intestinal alta e baixa:

Considerando a anatomia do intestino, tanto delgado quanto grosso, o abdome agudo obstrutivo pode ser classificado como
alta ou baixa.

A obstrução alta acontece no intestino delgado. Alguns sintomas comuns dessa classe são os vômitos biliosos, além de
alcalose metabólica. Pensando nas causas desse tipo, podem ser devido a bridas, alguma hérnia interna, tumores ou, em
casos mais frequentes em crianças, bezoares gástricos (acumulo hermético de material parcialmente ou não digerido que
ocorre mais comumente no estomago, causas: fibras não digeríveis, cascas de frutas e sementes, sucralfato, gel de hidróxido
de alumínio, proteína do leite, produtos a base de espuma de poliestireno como copos, etc.)
Já a obstrução baixa se refere às regiões de cólon e reto. Diferente da alta, o paciente apresenta vômitos mais tardios, com
odor fecaloide. Esses são, inclusive, sintomas que podem chamar atenção para possível neoplasia colorretal.
Obstrução intestinal parcial ou total:
Parcial - o paciente ainda consegue evacuar.
Total - a oclusão é completa, não havendo evacuação.

Obstrução intestinal mecânica ou funcional:


Obstrução mecânica - existe um obstáculo que impede a normal progressão do conteúdo intestinal. O obstáculo pode
ser intraluminal (corpo estranho, p.ex.), parietal (tumor, p.ex.) ou extraparietal (hérnia, p.ex.). Divide-se em:
• Simples- obstrução sem compromisso vascular; sem isquemia: o intestino é viável.
• Com estrangulamento ou complicada - compromisso da vascularização e isquemia.
• Em ansa fechada - ambas as extremidades da ansa do segmento intestinal estão obstruídas, o que acelera ainda
mais o aumento da pressão intraluminal levando muito rapidamente ao estrangulamento.
Obstrução funcional ou neurogénica - alteração (diminuição ou parada) do movimento intestinal (peristalse).
Existem fatores que provocam alterações à peristalse intestinal por perturbação da inervação da parede intestinal.
Não existe qualquer obstáculo mecânico (ex. ileus pós cirurgia).

Divide-se em:

• Paralisia –íleo paralítico/adinâmico: há paragem do peristaltismo; pode ter causas intra ou extra-abdominais
• Hiperespasticidade –íleus espástico/dinâmico: existe aumento da contractilidade da musculatura da ansa que
tornam o peristaltismo inoperacional; sendo uma situação rara, normalmente associada a doenças neurológicas.
• Dismotilidade –pseudo-obstrução intestinal: ocorre descoordenação da contração da musculatura da ansa que
mimetiza uma oclusão mecânica no intestino delgado. Pode ser idiopática (atribuindo-se a causa a anormalidades da
enervação simpática ou a perturbações da contração das camadas da musculatura intestinal) ou secundária a outras
patologias (como a diabetes, esclerose sistémica primária, amiloidose, doenças neurológicas como Parkinson,
infeções a Citomegalovírus ou Epstein-Barr, sepses ou consumo de drogas)
Oclusão intestinal: é a impossibilidade que o paciente tem de expulsar o conteúdo fecal e
gases, por um período de tempo determinado.
Causas frequentes:
• Em crianças: bebes de menos de 3 meses- atresia anal.
• Jovens adolescentes: grandes parasitoses, inflamação de um divertículo.
• Indivíduos maiores- invaginações tumorais (câncer de colon), hérnias escrotais complicadas.
• Pós-operatórios.
• Síndrome do intestino irritável.
• Diabetes mellitus.
• Hipotireoidismo.
• Depressão.
• Distúrbios de ansiedade.
Quadro clinico:

• Primeiro sinal: parada na eliminação de fezes e gases, desencadeando a constipação intestinal- mais
conhecida por prisão de ventre.
• A prisão de ventre pode vir acompanhada de dor abdominal.

Sinais de alerta
Alguns achados elevam a suspeita de uma etiologia mais seria da constipação cronica:

• Abdome distendido, timpânico a percussão


• Náuseas
• Vómitos
• Sangue nas fezes
• redução do apetite e perda ponderal
Diagnostico:
Para a investigação da constipação, e necessário colher a historia clinica, e fazer o exame físico.

Ao exame físico deve ser feito o toque retal, e como complementários o médico pode solicitar uma colonoscopia ou
retossigmoidoscopia, que são exames que permitem a visualização do interior do cólon e do reto, à procura de lesões
que possam ser a origem da constipação.

A avaliação do funcionamento do músculo do esfíncter anal pode ser feita através da manometria anorretal. Neste
procedimento, o médico insere um fino tubo flexível no reto e, em seguida, infla um pequeno balão na ponta do tubo.
Este procedimento permite aferir a coordenação dos músculos ao redor do ânus no momento da evacuação, de forma a
esclarecer se a dificuldade para defecar é devido à alguma fraqueza ou incoordenação da musculatura.
Estudo de transito do colon:

O estudo de trânsito no cólon é um procedimento feito para avaliar a velocidade do trânsito intestinal.
Neste estudo o paciente engole uma cápsula contendo 24 marcadores que se dispersam ao longo dos intestinos
e podem ser identificados através de radiografias simples do abdômen. O paciente após 6 dias faz uma
radiografia do abdômen para saber quantos marcadores ainda estão presentes e quantos já foram eliminados.
A identificação de pelo menos 5 marcadores presentes no cólon após os 6 dias é um sinal de lentificação do
trânsito intestinal.
Tratamento
O tratamento inicial da constipação deve ser sempre com alterações da dieta, incluindo maior consumo de fibras, frutas,
legumes e verduras.
Outro ponto essencial é aumentar o consumo de água. Pelo menos 1,5 litro de água deve ser ingerido ao longo do dia.
Uma forma de aliviar a prisão de ventre, que costuma ser negligenciada, é a prática de exercícios físicos. A atividade
física regular melhora o funcionamento da musculatura intestinal e abdominal, além de estimular a própria motilidade
do cólon.
Uso de laxantes para prisão de ventre - se as medidas acima não surtirem efeito, o uso de laxantes pode estar indicado
p.ex. lactulose, sorbitol, e óleo mineral. Nos casos mais resistentes, supositórios de glicerina ou bisacodil ( adultos 5mg
VO 1x ao dia), ou enemas podem ser tentados.

Se persistir, a desimpactação manual é o próximo passo. Muitas vezes, o paciente forma um bolo de fecaloma tão
grande e duro, que é fisicamente impossível do mesmo ser eliminado sem ser fragmentado de forma mecânica antes.

Tratamento em pacientes internados

• Sucção via sonda nasogastrica


• Administração de líquidos por via EV
• Cirurgia para estrangulamento
• Algumas vezes colostomia
Ilio paralitico: O íleo paralítico é uma desaceleração da motilidade gastrointestinal acompanhada por distensão, na
ausência de obstrução intestinal mecânica. Trata-se de um diagnóstico de exclusão após ter-se descartado a obstrução
intestinal. Ocorre geralmente em resposta ao estresse fisiológico, incluindo cirurgia, sepse, distúrbios metabólicos e
doenças gastrointestinais.
Ocorre mais comumente após cirurgia e geralmente dura 2-4 dias.
O íleo paralítico pós-operatório prolongado contribui significativamente para a hospitalização mais longa.

O tratamento inclui repouso intestinal (jejum oral), cuidados de suporte e tratamento, aspiração nasogastrica continua.

A prevenção requer uma abordagem multimodal, incluindo a substituição da analgesia por opioides pela analgesia
epidural torácica e anti-inflamatórios não esteroides, deambulação precoce e uso de laparoscopia em vez de
laparotomia, sempre que possível.
Abdome inflamatório

É o tipo de abdome agudo mais comum e é uma consequência de processos inflamatórios/infeciosos.


Etiologia: apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda, diverculite e Doença inflamatória pélvica (DIP).

Apendicite aguda

A apendicite aguda é a causa mais comum de abdómen agudo. a causa mais comum de dor abdominal aguda nos serviços de urgências.
O risco de um indivíduo apresentar apendicite aguda durante a vida inteira é de 7%.
Ocorre em todas as idades com pico na segunda década de vida.

Existe uma relação entre a incidência de apendicite aguda e a quantidade de tecido linfoide no apêndice, ocorrendo o pico de ambos na
metade da segunda década de vida. Sua distribuição é similar entre ambos os sexos.
Anatomia do apêndice vermiforme
Etiologia:
• Hiperplasia do tecido linfoide do apêndice
• Fecalitos e acumulo de fezes dentro do apêndice.
• Corpos estranhos (sementes, fibras vegetais, bário)
• Infeções gastrointestinais de origem viral ou bacteriana.
• Parasitose intestinal
• Compressão externa por tumores ou pólipos.
• Neoplasias.
Fisiopatologia
Fisiopatologia

Obstrução do lúmen do apêndice e manutenção da secreção de muco pela mucosa


apendicular.
Distensão do apêndice e aumento da pressão intraluminal

Obstrução linfática e venosa, edema e ulcerações da mucosa

Proliferação das bactérias residentes no apêndice

Trombose, isquemia e gangrena do apêndice

Perfuração
Quadro clínico

Quando os sinais e sintomas clássicos da apendicite estão presentes, o diagnóstico dela é clínico.
Sinais e sintomas clássicos da apendicite:
Dor súbita localizada inicialmente no epigástrio, do tipo cólica, mal definida, que depois irradia para a região
periumbilical, e por fim desloca-se para o quadrante inferior direito do abdome. Que piora ao tossir ou caminhar.
Perda de apetite
Náuseas e vómitos
Distensão abdominal
Constipação ou diarreia
Febre baixa que pode ir subindo a medida que a doença progride.
Exame físico:
EOG: paciente fica deitado no leito com facie dolorosa e adoentada; febril, taquicárdico
Exame Abdominal: no exame físico abdominal a palpação é a parte do exame físico que fornece mais informação,
para a conclusão do diagnóstico de apendicite aguda. A dor a palpação é o primeiro sinal que surge na apendicite
aguda.
Abdome doloroso a palpação e a percussão no QID com defesa voluntaria; dor a compressão e descompressão brusca
no QID no ponto de McBurney (sinal de Blumberg+); RHA diminuidos
A tosse piora a dor (sinal de Dumphy+); dor no QID quando se comprime no QIE (sinal de Rovsing+) devido a
deslocação do ar do colon esquerdo para o direito e consequentemente movimento do apêndice inflamado. Dor no QID
com a rotação interna da coxa (sinal do obturador+:Ap. pélvico)
Hipestesia cutânea é achado frequente que ocasionalmente pode ser precoce. O paciente refere um aumento da
sensibilidade no quadrante inferior direito quando comparado com o lado esquerdo, que pode ser pesquisado com uma
agulha, espátula ou pinçamento leve da pele entre o pelegar e indicador.
Apendicite aguda
Exames complementares:
Estudos laboratoriais
Hemograma: É o exame de maior valor; costumam mostrar leucocitose ˃ 10,000/mm3, com desvio a esquerda; valores
˃15.000/mm3 indicam complicação (gangrena ou perfuração) mas esse achado é bastante variável; uma contagem normal de
leucócitos não deve ser usada para excluir apendicite.

RX do abdome e tórax servem para descartar outras afeções que podem originar sintomas semelhantes.

Ecografia abdominal: apêndice aumentado de volume, paredes espessadas, apendicolitos


( estruturas calcificadas compostas de fezes endurecidas e deposito mineral) liquido peri apendicular ou conglomerado de
ansas.
Fig.1 Ecografia apendice Fig.2 Raio x abdome
Diagnostico diferencial ( patologias que dão dor no QID)
Adenite Mesentérica Cólica Nefrítica ou Ureteral à direita
Diverticulite de Meckel Salpingite Aguda ou Ooforite à direita
Diverticulite Cecal Abcesso Tubo-ovárico à direita
Invaginação Intestinal Gravidez Ectópica Rota
Úlcera Péptica Perfurada Torção de quisto de ovário à direito
Úlcera Tífica Perfurada Rotura de Folículo de Graaf
Colecistite Aguda
Doença de Crohn
Infecção do trato urinário à direita
Tratamento de apendicite
Tratamento farmacológico
Antibioterapia: Cefalosporinas de terceira geração são as preferidas. Para apendicite não perfurada, a
continuação da antibioterapia não é necessária.

Se o apêndice estiver perfurado, deve-se manter os antibióticos por 4 dias.

Caso a cirurgia não seja possível, antibióticos — embora não curativos — melhoram de maneira substancial a
sobrevida. Embora vários estudos sobre o tratamento conservador da apendicite (apenas com antibióticos)
tenham mostrado altos índices de resolução durante a hospitalização inicial, um número significativo de
pacientes apresenta recidiva e precisa fazer apendicectomia durante o ano seguinte. Portanto, ainda se
recomenda apendicectomia, particularmente se um apendicolito está visível na Ecografia, RX ou TC.
 Tratamento cirúrgico:
A apendicectomia é a forma definitiva do tratamento da apendicite aguda. O diagnóstico precoce e a
cirurgia são antes da perfuração as condutas corretas e responsáveis pela significativa redução da
morbilidade e mortalidade desta doença.
Apendicectomia
1-Incisoes:
a) incisão de McBurney
b)Incisão mediana infra-umbilical
c)Incisão para-mediana direita infraumbilical
d)Por vídeo laparoscopia
FIG.1 APENDICECTOMIA FIG.2 APENDICECTOMIA LAPAROSCÓPICA
Complicações
Perfuraçao do apêndice com peritonite localizada (plastron ou abcesso)
Perfuraçao do apêndice com peritonite generalizada
Piloflebite ( trombose séptica da veia porta)
Abcessos hepáticos
Diverticulite
É o processo inflamatório decorrente da infeção de um divertículo. Ocorre com maior frequência no colon
esquerdo simulando uma apendicite ectópica.
Quando localizada a direita seu diagnóstico é praticamente impossível confundindo-se quase sempre com
apendicite.
Um divertículo é um saco ou bolsa anormal que faz uma protrusão da parede de um órgão oco. Um divertículo
verdadeiro possui todas as camadas da parede intestinal, enquanto um falso divertículo ou pseudodivertículo não
possui uma das porções da parede intestinal.
Intestino Grosso com Diverticulite
Etiologia
Envelhecimento e a consequente perda da elasticidade da musculatura das artérias
Dieta pobre em fibras
Aumento de pressão no interior do intestino
Pré-disposição genética

Epidemiologia da doença diverticular


A prevalência da doença diverticular do intestino grosso aumentou acentuadamente neste século, possivelmente devido a redução de
fibras alimentares na dieta.
A doença diverticular é incomum nas áreas rurais de África e Ásia onde o consumo de fibras é elevado. Ao contrário a prevalência é
elevada (10% da população nos Estados Unidos, Europa e Austrália).
A doença diverticular é incomum antes dos 40 anos de idade e aumenta de uma frequência de 5% na quinta década de vida para mais de
50% na nona década. A incidência é semelhante em ambos os sexos.
Quadro clinico da Diverticulite
• Assintomático (70 a 85%).
• Dor abdominal (dor no quadrante inferior esquerdo que pode irradiar-se para a área supra púbica,
virilha esquerda ou para as costas.)
• Alterações dos hábitos intestinais
• Náuseas
• Vômitos
• Anorexia.
• Disúria, decorrente da extensão do processo à bexiga.
• Febre moderada menor que 38.5ºC mas pode ser elevada principalmente em presença de complicações.
Diagnostico

Exame físico
O diagnóstico da diverticulite é dado a partir da anamnese, exame físico e exames complementares.
Os achados físicos dependem do local da perfuração, da quantidade de contaminação e da presença ou ausência de infeção
secundária de órgão adjacentes. O achado físico mais comum é a dor abdominal no quadrante inferior esquerdo. Pode
haver defesa voluntária da musculatura abdominal inferior. Pode ser detetada uma distensão abdominal se houver Íleo
paralítico associado ou obstrução do intestino delgado secundária ao processo inflamatório.
Um exame vaginal ou rectal pode revelar uma massa flutuante e dolorosa típica de um abcesso pélvico.
Exames complementares
Hemograma: pode haver leucocitose com desvio para a esquerda.
Velocidade de hemossedimentação elevada.
Proteína C reativa elevada.
Tomografia axial computadorizada.
Retossigmoidoscopia
Clister opáco
Colonoscopia

A colonoscopia, embora seja um bom exame para o diagnóstico da doença diverticular, está contraindicada na suspeita do
quadro agudo da diverticulite, devido ao risco de perfuração. Nesses casos, a tomografia computadorizada do abdome deve
ser realizada devido a alta sensibilidade e especificidade, além de permitir afastar outros diagnósticos diferenciais, como a
apendicite aguda e o câncer colorretal.
Tratamento
O tratamento a ser instituído depende principalmente da forma como a doença diverticular do colon se manifesta, do
estado geral do paciente, em alguns casos do número de episódios prévios de complicações.
Na doença diverticular assintomática não existe tratamento específico já que o paciente se encontra sem sintomas.
A dieta deve ser rica em resíduos
Deve ser orientada no sentido de aumentar o bolo fecal e diminuir a pressão intraluminal.
O paciente deve ser orientado a tentar manter o hábito intestinal regular, evitando a inibição do reflexo evacuatório e
consequentemente a retenção fecal voluntária.
Evitar o uso de laxantes e enemas pelos seus efeitos deletérios a longo prazo.
Cont.
Diverticulite não-complicada
Para tratar a diverticulite aguda não-complicada, é necessário desinflamar o intestino, com a realização de jejum ou ter
uma dieta líquida.
O antibiótico também é necessário, geralmente, Metronidazol e Ciprofloxacino, por 7 a 10 dias, pois são eficazes para
controlar a infeção por bactérias do intestino. Além disso, pode ser indicado pelo médico o uso de remédios para evitar
náuseas, como Metoclopramida e para dor abdominal, como Hioscina e Dipirona, por exemplo.

Entretanto, caso os sintomas como febre e dor na barriga piorem ou fiquem muito intensos durante o tratamento, é
necessário dirigir-se aos serviços de urgência.

Diverticulite complicada
A diverticulite aguda complicada é tratada no hospital, com o uso de antibióticos na veia, podendo ser necessária
realização de um procedimento cirúrgico. Em caso de abscesso, o cirurgião poderá fazer a drenagem da secreção
acumulada, através de uma punção.
Tratamento cirúrgico da Diverticulite

A cirurgia da diverticulite vai remover a porção do intestino afetada pela doença. A técnica mais utilizada é chamada
de sigmoidectomia, em que o cólon sigmóide, parte do intestino grosso mais próxima do reto, é removido.
A sigmoidectomia pode ser realizada tanto por via aberta quanto minimamente invasiva, com a laparoscopia ou
cirurgia robótica. No procedimento, depois que a porção afetada do intestino é removida, as duas pontas restantes
são conectadas com suturas para estabelecer o trânsito normal da digestão.

Como todo procedimento, a cirurgia para diverticulite oferece riscos, então é importante avaliar, caso a caso, a real
necessidade da operação. Essa decisão deve ser tomada de maneira compartilhada pelo médico e paciente, de
acordo com os sintomas da doença.
Abdome agudo perfurativo

É a terceira causa do abdome agudo, depois do inflamatório e obstrutivo. A dor é em geral de início súbito e difuso e
frequentemente vem associado com choque e septicémia.
Etiologias: Decorrente do processo infeciosos, neoplasias inflamatórias, ingestão de corpos estranhos, traumatismos,
iatrogénicas (úlceras pépticas, tumores- perfurações gastrointestinais). processos inflamatórios como as úlceras pépticas,
das doenças inflamatórias intestinais, neoplasias, infeções do aparelho digestivo por citomegalovírus, tuberculose
intestinal, Salmonela;
Abdome agudo vascular isquémico

Carateriza-se por dor abdominal intensa, desproporcionais as alterações do exame físico. Os fatores de riscos
associados e idade avançado, doença vascular fibrilação arterial, doenças valvares, cardiopatias, hipercoagulação
(possui alta mortalidade).
Etiologias: isquemia mesentérica aguda e cronica, colite isquémica.
Abdome agudo Hemorrágico
Pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais comum entre 5 e 6 décadas de vida, em geral caracteriza-se por
uma dor que, aumenta progressivamente e pode ser decorrente de traumatismo abdominal, de pós-operatório e
de procedimentos abdominais diagnósticos. Muitas vezes se não corrigido a tempo pode evoluir com
manifestações de choque hipovolemico.
Etiologia: roturas de aneurisma das artérias viscerais, em mulheres a sangramentos por causas ginecológicas e
obstétricas e em idosos a rutura de tumores, veias varicosas e aneurisma de aorta abdominal.
Diagnostico
O diagnóstico do abdome agudo em geral é realizado inicialmente pela anamnese e exame físico.
Na anamnese alguns dados são de extrema importância, tais como o tempo de evolução do quadro clinico,
as caraterísticas da dor (em aperto, fisgado, queimação, respiratório dependente, intensidade). Localização
da dor, fatores de alívios ou pioras dos sintomas, sintomas associados (gastrointestinais, respiratórios e
urinários), doenças associados, usos de medicações (anticoagulantes, imunossupressores), hábitos de vidas
alimentares: ingesta hídrica e uso de drogas, cirurgias prévias, antecedentes patológicos, data da última
menstruação e histórico gineco-obstetrico.
Exame físico
No exame físico os sinais vitais devem ser observados e, caso alterados devem servir de alerta para provável gravidade do
quadro.
O exame abdominal deve seguir a sequência, inspeção, auscultação, percussão, e palpação.
• Sinais vitais: taquicardia, hipotensão, taquipneia, febre, fascies de dor.
• Inspeção do abdómen: distensão, equimoses, abaulamentos, cicatrizes.
• Auscultação: RHA mantidos ou ausentes.
• Percussão: avalia distensão gasosa, ar livre intra-abdominal, grau de ascite ou a presença de irritação peritoneal.
• Palpação: avaliar a dor, rigidez involuntária (peritonite).
• Toque rectal: Sensibilidade do fundo de saco de Douglas (FSD), presença de fezes na ampola, sangue, fecaloma, tumores
• Exame ginecológico/TV: gravidez uterina, gravidez tubária, quisto ovário, dor pélvica /pelveperitonite, leucorreia, sangue
Divisão do abdome em 9 quadrantes
Durante o exame físico também deve se fazer as seguintes manobras:

Sinal de Blomberg: Dor a compreensão com piora descompressão do quadrante inferior direito do abdómen,
relacionado com apendicite aguda.
Sinal de Murphy: consiste na dor a palpação no bordo inferior do fígado durante a inspiração forçada, em toda
região hepática, indicativo de colecistite aguda.
Sinal de Rovsing: consiste em dor no quadrante inferior direito induzida pela palpação do quadrante inferior
esquerdo, indicativo de apendicite aguda.
Sinal do Obturador: O sinal do obturador consiste na dor provocada quando o médico executa rotação interna
passiva da coxa direita flexionada. Apresenta boa especificidade para apendicite aguda.
Sinal do psoas: sinal do psoas positivo consiste em dor provocada quando o examinador estende passivamente o
quadril direito do paciente. Tem boa especificidade para apendicite aguda.
Sinal de Jobert: O sinal de Jobert é caracterizado pelo hipertimpanismo na região hepática, que indica a
presença de perfuração de víscera oca em peritónio livre (por exemplo: úlcera péptica. pneumoperitoneo.)
Sinal de Giordano: Dor a punho percussão lombar a direita ou esquerda, indicativo de processo
inflamatório renal.
Exames laboratoriais

Hemograma completo: Fundamental Para avaliação de processo infecioso, em geral apresenta leucocitose.
Bioquímica: AST, ALT,GGT, Bilirrubina: avaliação da causa do abdómen agudo de origem biliar como
colecistite e colangite.
Amílase e lípase quando elevados podem sugerir pancreatite, isquemia intestinal ou úlcera duodenal.
Eletrólitos: ureia, creatinina: avaliação de complicações de vómitos ou perdas de fluidos para o 3 espaço.
Beta-HCG: Fundamental, sua solicitação é para todas as pacientes em idade fértil, para o diagnóstico
diferencial de gravidez ectópica.
Exame de imagem
O raio-x do Abdome e tórax é muito utilizado devido o seu custo e fácil acesso e permite o diagnóstico
diferencial.
O raio- x pode detetar um pneumoperitoneo, sugerindo perfurações gastrointestinais. Também pode ser
observado calcificações no pâncreas e vesicula biliar ou distensão da alça intestinal (sugerindo abdome
agudo obstrutivo).
USD Abdominal: muito eficiente na deteção de células biliares e avaliação de vesícula biliar.TC do
Abdómen: muito utilizado para avaliar complicações principalmente em casos de abdome agudo
inflamatório.
Referencias Bibliográficas

1.Twonsend CM et al. SABISTON – TRATADO DE CIRURGIA. 18° Edição. Elsevier;. Rio de Janeiro –
RJ. 2010
2. Monteiro A, Lima C e Ribeiro E. Diagnóstico por imagem no abdome agudo não traumático. Revista do
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6. COPE, Zachary. Diagnóstico precoce do abdome agudo. São Paulo: Atheneu, 1971.
7. CHAIB, Salomão A. Abdome agudo. São Paulo: Sarvier, 1988.
Obrigado pela atenção.

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