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Introdução
Quando há uma afecção intra-abdominal aguda que demanda intervenção médica imediata (tanto cirúrgica como
medicamentosa).
Epidemiologia
• Dor abdominal é uma das infecções mais comuns no PS, sendo responsável por cerca de 7% de todas as
admissões gerais. Porem apenas uma pequena parcela dos doentes admitidos no PS possui um abdome
agudo.
• É essencial saber diferenciar, fazer uma boa anamnese e exame físico.
• Cerca de 25% dos casos de dor abdominal aguda apresentam-se com queixas atípicas e inespecíficas,
dificultando o raciocínio clinico.
Dor insidiosa e com piora progressiva, febre, peritonite difusa ou localizada (de início é difusa e depois se torna
localizada).
• Apendicite;
• Colecistite Acuda;
• Pancreatite Aguda;
• Diverticulite Aguda.
DOR VISCERAL: Fibras SNA do peritônio visceral (parede víscera oca); Fibras aferentes C (simpático); Distensão,
inflamação ou isquemia da alça; Dor difusa.
DOR PARIETAL: Receptores somáticos (peritônio parietal e raiz do meso); Fibras aferentes A delta e C (T6 a L1);
Região definida, dor localizada (paciente sabe falar onde é a dor).
Apendicite
É a obstrução intraluminal do apêndice cecal que pode ser causada por fecalito (+comum), hiperplasia linfoide ou
por parasitas. Também há causas menos comuns como Doença de Crohn, corpo estranho e tumores.
Fisiopatologia
A obstrução aumenta a pressão intraluminal com a produção de muco, e quando essa pressão intraluminal supera a
pressão de perfusão capilar, tem se estase venosa e isquemia, com reação inflamatória que edemacia a parede,
permitindo translocação bacteriana para a parede do apêndice.
Etiologia
Anatomia
Posições no apêndice na FID: pélvica, retrocecal (+comum), subcecal, retroileal, pré-
ileal, retrocólica, retroperitoneal.
Epidemiologia
• É a causa mais comum de abdome agudo de tratamento cirúrgico (lembrando que dependendo do caso,
pode-se usar uma abordagem conservadora);
• É mais comum entre os 10 a 30 anos;
• Incomum antes dos 5 e após os 50 anos (em idosos pode mascarar o quadro);
• Risco 1/35 em homens e 1/50 em mulheres;
• Mais frequentes em países industrializados.
Quadro clinico
A dor é inicialmente epigástrica/periumbilical, difusa, que se migra para FID, concentrando-se no Ponto de
McBurney. Vem acompanhada de anorexia, náuseas, vômitos e febre baixa (38o).
Ponto de McBurney= traça uma linha da cicatriz umbilical até a crista ilíaca anterossuperior direita, divide-se essa
linha em 3 partes. O ponto está localizado nos 2/3 do umbigo.
Exame Físico
1) Rigidez Abdominal= abdome em tabua.
2) Sinal De Blumberg ou Descompressão Brusca= dor ou piora da dor a compressão ou descompressão brusca
no Ponto de McBurney. É necessário que o paciente esteja distraído.
3) Sinal Do Psoas= o musculo psoas tem intima relação anatômica com o apêndice. Esse sinal é indicativo de
irritação do musculo psoas. Paciente em decúbito lateral esquerdo, o examinador deve realizar a
hiperextensão passiva do MID ou flexão ativa contra resistência.
4) Sinal Do Obturador= Irritação do musculo obturador interno (também guarda intima relação anatômica com
o apêndice). Paciente em decúbito dorsal, faz-se flexão passiva da perna sobre a coxa e da coxa sobre a
pelve em seguida uma rotação interna da coxa.
5) Sinal De Rovsing= é quando na palpação do QIE resulta em dor no QID.
6) Sinal De Dunphy= dor na FID que piora com a tosse.
Diagnostico
Na dúvida, deixar o paciente em observação na clínica ativa (jejum,
hidratação EV, avaliação de 4-6 horas, evitar uso de analgésicos fortes).
Exames laboratoriais
• Hemograma (não muito alterado);
• PCR (pouco especifico);
• Urina I (para descartar ITU);
• BHCG (em mulheres de idade fértil, para descartar gravidez
ectópica).
Conduta
• Jejum;
• Soroterapia;
• Sintomáticos;
• Antibioticoterapia;
• Cirurgia por videolaparoscopia (mediana ou paramediana) ou aberta através da incisão de McBurney.
Colecistite aguda
O fígado é um órgão grande que na sua base inferior tem a vesícula. Esta acumula a bile, que descarrega seu
conteúdo no duodeno.
A bile é formada por aguia, pigmentos, eletrólitos, colesterol, fosfolideos (lectina) e sais biliares
Triangulo de calot: ducto hepático comum + ducto cístico + borda inferior do fígado
Colelitíase
• 10% da população geral (15 a 20% são sintomáticos);
• Predomínio do sexo feminino, em idade fértil, multíparas e obesas;
• Prevalência aumenta com a idade;
• Idade maior 70 anos, 70% chance de ter colelitíase
• Tipos:
o De colesterol;
o Pigmentar
▪ preto (hemólise e cirrose);
▪ marrom (bilirrubina, cálcio, infecção);
o Mistos (mais raros).
Complicações da Colelitíase:
• Cólica Biliar;
• Colecistite Aguda;
• Colecistite Crônica;
• Coledocolitíase;
• Pancreatite Aguda.
Colecistite aguda
É o termo utilizado para definir processo inflamatório da vesícula biliar.
Causa frequente de admissão no PS e responde por cerca de 3 a 10% das causas de dor abdominal. A inflamação
geralmente está associada a colelitíase ou colecistolitíase. O diagnostico depende da história, exame físico e exames
complementares. Tratamento na maioria das vezes é cirúrgico.
18/08/2021 Ministrada – Dr. Marcos Bévena Rodrigues Lopes
Epidemiologia
• Doença relativamente frequente, com prevalência estimada em 10 a 15% da população;
• Incidência maior em mulheres do que homens;
• Outras condições associadas são doenças hemolíticas, história familiar e uso de medicações colelitogênicas.
Etiopatogenia
• Os cálculos biliares se formam devido ao acumulo de a precipitação de colesterol ou pigmentos;
• Variam no tamanho;
• Quando grandes ficam impactados no infundíbulo vesicular (obstrução dentro da própria vesícula);
• Uma minoria das colecistites são alitiásica, sendo sua etiopatologia isquêmica;
• As culturas de bile são positivas para apenas 15 a 50% dos casos, sendo E. coli a mais frequente;
• Passagem de cálculos para o colédoco pode culminar em pancreatite ou colangite, paciente com dor
abdominal, febre e icterícia= Tríade de Charcot. Paciente com febre, icterícia, dor abdominal + hipotensão
arterial e confusão mental= Pentade de Reynald (paciente já está entrando em choque séptico).
Quadro clinico
• Dor abdominal no epigástrio ou no hipocôndrio direito;
• Náuseas;
• Vômitos;
• Febre (10 a 30% dos casos);
• Se icterícia, suspeitar de Colangite Aguda
Exame físico
Ponto cístico= rebordo costal direito + borda externa do musculo retoabdominal +
linha hemiclavicular direita (no ponto de encontro dessas linhas terá o ponto cístico).
Exames
• Exames laboratoriais;
• Enzimas canaliculares e bilirrubinas;
• Enzimas hepáticas (TGO e TGP);
Exames
complementares
• USG de Fígado e Vias Biliares:
o Especificidade e Sensibilidade 80%;
o Não é um exame invasivo;
o Achados= vesícula hiperedistedida, espessamento de parede,
liquido pericolecístico, borramento da gordura perivesicular,
calculo impactado no infundíbulo e delaminação das paredes
da vesícula.
• RX:
o Só nos casos de abdome em tabua, naqueles casos em que se suspeita de
perfuração.
o Sinal da Vela= quando tem perfuração e está “vazando” gás.
• TC de abdome:
o Em casos de dúvida diagnostica;
o Para planejamento do tratamento cirúrgico em casos complicados.
• Cintilografia:
o Padrão ouro;
o Sensibilidade 96% e Especificidade 90%;
o Positivo quando observa contraste no interior da vesícula após 60 minutos de sua injeção.
Tratamento
• Jejum;
• Hidratação venosa;
• Analgesia;
• Antibioticoterapia;
• Maioria dos casos é cirúrgico.
Classificação GRAU I:
• Colecistectomia precocemente nas primeiras 72 horas da admissão;
• Não necessitam de antibioticoterapia no pós-operatório.
Pancreatite aguda
Epidemiologia
• Afecção prevalente com cerca de 300 mil internados/ano nos EUA;
• A forma leve representa 80% dos casos;
• A forma necrótica tem disfunção de múltiplos órgãos em 40% dos casos e evolui para infecção em 30%
Etiologia
• A litíase biliar é responsável por 70% dos casos;
• Medicamentos (TECA, Azatioprina, Ácido Valproico,
Mesalazina, Mercaptopurina e Furosemida);
• Álcool (difícil causar pancreatite aguda, mais
comum na crônica);
• Hipertrigliceridemia (valor >1000mg/dl);
• Causas autoimunes, genéticas e alterações
anatômicas;
• TU pancreáticos, principalmente intraductais;
• Colangiografia Endoscópica Retrógrada (CPRE)- pode até perfurar alças.
Quadro clinico
• Dor na região superior do abdome com irradiação para o dorso (dor em faixa);
• Náuseas e vômitos;
• Distensão abdominal (íleo paralitico);
• Sinal de Cullen (cicatriz umbilical- agravo da pancreatite);
• Sinal de Grey-Tuner (equimose nos flancos)
Classificação
Revisão do consenso de Atlanta 2012:
Tratamento
• Pancreatite Aguda Leve (maioria):
o Jejum nutrição enteral;
o Reanimação volêmica;
o Analgesia;
o Colecistectomia (se for causa biliar).
• Necrose Pancreática:
o Há controversas em se fazer cirurgia, sendo na infecção querer drenagem/necrosectomia.
Obs.: Paciente com muito tempo de jejum pode translocar as bactérias para o pâncreas e piorar o quadro= por isso é
necessário a nutrição enteral.
• Antibioticoterapia:
o Profilático (não se faz muito, pois 80% não tem causa infecciosa);
o Carbapenêmicos ou associação de Ciprofloxacino e Metronidazol.
• Dieta/nutrição:
o Nutrição enteral (importante para não ter translocação bacteriana);
o Nutrição parenteral (raro).
Diverticulite aguda
Epidemiologia: Menos frequente em países subdesenvolvidos da África e Ásia (eles têm dieta rica em fibras).
Duas formas:
• Forma hipertônica: <50 anos, constipados e com hábitos alimentares ruins. A pressão é um fator essencial
em sua gênese. A complicação é infecção.
• Forma hipotônica: acomete em geral pessoas >60 anos, sendo decorrente da fraqueza (hipotonicidade) da
parede intestinal. A complicação é hemorragia. É mais comum no sigmoide.
Quadro clinico
• Não Complicada
o Dor de início súbito em FIE, flanco esquerdo ou hipogástrio.
o Melhora da dor após eliminação de faltos ou a movimentação colônia.
o Febre não é comum.
• Complicada
o Dor tende a estar presente em toda a cavidade abdominal, com reação peritoneal generalizada.
o Nos casos de abscesso bloqueado, o quadro tende a restringir-se ao QIE.
o Febre alta é quase uma constância.
Diagnostico
• Exames Laboratoriais (hemograma e PCR);
• Exames de Imagem (RX/USG/TC de abdome);
o RX – Massa na FIE, pneumoperitônio;
o TC abd – abscessos, espessamentos da parede colônica e aumento da densidade da gordura
pericólica;
• Exames Endoscópicos (colonoscopia contraindicada na fase aguda pelo risco de perfuração ou desbloqueio
de possível
Diagnostico diferencial
• Apendicite Aguda (mesmo que seja em FID, tem casos em que o apêndice tem >30cm);
• ITU;
• Torção de cisto do ovário;
• Gravidez ectópica;
• Câncer.
Tratamento
• Não Complicada
1- Ciprofloxacino com Metronidazol, embora alguns estudos sugerem não haver necessidade como
rotina;
2- Antiespasmódicos de horário;
3- Dieta rica em fibras.
• Complicada
1- Abscesso volumoso ao redor do cólon bloqueado punção orientada por TC e posteriormente
ressecção do segmento afetado;
2- Obstrução Intestinal → pode ocorrer por compressão do cólon decorrente de abscesso, sendo a
conduta inicial drenagem por punção guiada com posterior ressecção. Geralmente a obstrução é
recorrente de estenose inflamatória, nesse caso a ressecção cólica é a conduta proposta;
Consiste em uma inflamação aguda do trato reprodutivo feminino, espontânea ou decorrente de manipulação, que
comete qualquer órgão pélvico, com risco de disseminação peritoneal.
É uma síndrome clinica causada por vários microrganismos (Gonococo e Clamídia), que ocorre devido a entrada de
agentes infecciosos no trato geniturinário, acima do orifício interno do colo uterino.
Epidemiologia
É comum em mulheres jovens com atividades sexual não protegida, multiplicidade de parceiros, vaginites e
vaginoses recorrentes, com possíveis sequelas importantes em longo prazo, como infertilidade por fator tubário,
gravidez ectópica e dor pélvica crônica.
Quadro clinico
• Dor abdominal baixa ou pélvica de caráter agudo (com duração de até 2 semanas), em geral bilateral que
piora com o ato sexual.
• Pode apresentar sangramento uterino anormal, (pós-coito) e corrimento vaginal.
Exame físico
• Dor abdominal a palpação, maior nos quadrantes inferiores, pode ser a única manifestação ao exame;
• Sinais de gravidade;
o Febre alta;
o Irritação peritoneal;
o Diminuição da peristalse;
o Sinais de sepse, como taquicardia e hipotensão.
Exame ginecológico
• Sinal de Chandelier: a mobilização do colo uterino, provocando dor pélvica, é altamente sugestiva de DIPA
Exames laboratoriais
• Hemograma completo, eletrólitos, função renal, PCR, urina l
• Microscopia de material do corrimento vaginal
• Detecção de gonococo e clamídia por PCR
• Anti-HIV e sorologia para sífilis (VDRL)
• Beta-HCG
Exames de imagem
• Indicados em pacientes com sinais de gravidade
o Febre alta
o Sepse
o Massa pélvica
USG pélvica
Exame de escolha na suspeita de complicações podendo evidenciar abscesso tubo-
ovariano e complicações de trato genital superior
TC/RNM pélvica
Uterina na identificação de diagnósticos alternativos e também demonstram alterações
típicas da DIPA, tais como espessamento do fluido ocupando tubas uterinas com ou sem
fluido pélvico, presença de abscesso tubo-ovariano.
Tratamento
• Associar
o Deftriaxona 1g a cada 24h, por 14 dias
o Doxiciclina 100mg VO de 12/12h, por 14 dias
o Metronidazol 400mg EV de 12/12h, por 14 dias