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PANCREATITE AGUDA

UFSB – Universidade Federal do Sul da Bahia


Discentes: Jaqueline Leu, Paola Moreira, Rosa Lauer e Verena Orsi
Orientadora: Marina Lopes P. Becalli
ROTEIRO:

Anatomia
Conceito
Etiologia
Apresentação Clínica
Diagnóstico
Complicação
Classificação
Tratamento
Prognóstico
ANATOMIA
Pâncreas: glândula retroperitoneal (cauda intraperitoneal) mede cerca de 12-15 cm
com 2,5 cm de espessura.

Sobotta, 23º ed
ANATOMIA

Vascularização:

Arterial:
Cabeça: Ar. mesentérica
superior
Colo e Cauda: Ar. Esplênica
que parte do tronco
celíaco

Venoso:
Cabeça: Veia mesentérica
superior e porta hepática.
Colo e Cauda: Veia
esplênica
ANATOMIA
Produção de suco pancreático
Função:
Exócrina: liberação de enzimas
digestivas
Endócrina: hormônios responsáveis
pelo metabolismo da glicose,
lipídeos e proteínas.

Sobotta, 23º ed Tortora 12º ed, 2010


ANATOMIA
Imagens:
Por sua localização é difícil
visualizar todo pâncreas em uma
só imagem.

https://radiopaedia.org/
CONCEITO

Pancreatite aguda é um processo inflamatório agudo decorrente da autodigestão


do pâncreas causado pelas próprias enzimas pancreáticas, podendo ou não
envolver subsequentemente outros tecidos regionais, órgãos ou tecidos a
distância.
ETIOLOGIA

● Biliar: passagem/impactação de cálculo biliar: causa mais comum de PA;


● distúrbios metabólicos
○ Tóxico / metabólico ( álcool) : 2ª maior causa
○ pancreatite induzida por hipertrigliceridemia
causa mais comum na gravidez
○ hipercalcemia
○ Idiopática: variação de 10% a 30% dos casos
A maioria dos casos está associada a anomalias congênitas do
ducto
ETIOLOGIA

● Pancreatite autoimune
● Úlcera péptica penetrante
● Trauma: causa mais comum em crianças
○ trauma abdominal contuso
○ cirurgia
○ colangiopancreatografia retrógrada endoscópica (CPRE)
● Malignidade
○ adenocarcinoma pancreático / linfoma
● Pancreatite hereditária: mutação 5 do gene SPINK1
ETIOLOGIA

● Infecção
○ virais: caxumba , vírus Coxsackie, hepatite , mononucleose
infecciosa , HIV/AIDS
○ parasitário: ascaridíase , clonorquíase
● Estrutural: não é uma causa, mas está associada ao aumento da
incidência
● Desnutrição
ETIOLOGIA

● Medicamentos:
○ antimicrobianos (isoniazida, metronidazol, tetraciclina)
○ medicamentos anticonvulsivantes ( carbamazepina, valproato de
sódio)
○ analgésicos ( paracetamol , anti-inflamatórios não esteróides )
○ antirretrovirais (didanosina, nelfinavir)
○ cardiovascular (estatinas, diuréticos de alça, inibidores da ECA)
○ endócrino (estrogênios, corticosteróides, gliptanos)
○ imunossupressores (mesalamina, azatioprina)
○ envenenamentos: Tityus trinitatis; Buthus quinquestriatus
ETIOLOGIA

● Outras causas:
○ fibrose cística
○ lúpus eritematoso sistêmico (LES)
○ síndrome hemolítico-urêmica
○ Síndrome de Reye
○ divertículo duodenal intraluminal
○ picadas de escorpião/picadas de aranha
APRESENTAÇÃO CLÍNICA

Dor abdominal Náuseas


mesoepigástrica e vômitos

Desidratação, taquicardia,
irradiação para febre baixa, choque
o dorso

icterícia?
APRESENTAÇÃO CLÍNICA

Sinal de Fox
(Equimose em região inguinal e
base do pênis)

Sinal de Grey-Turner Sinal de Cullen


DIAGNÓSTICO

dor abdominal
típica

2 DE TRÊS CRITÉRIOS aumento de amilase e


lipase > 3x

Exames de
imagem

Quais exames laboratoriais pedir e quando pedir?


Qual exame de imagem pedir e quando pedir?
DIAGNÓSTICO

- Anamnese: Há quanto tempo sua dor começou?


- Exame de imagem: tem coleção? tem necrose?
- infectada ou não infectada?
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< 4 semanas >4 semanas

Estéril Infectada Estéril Infectada

Fluida/ edematosa Coleção fluida Coleção fluida Pseudocisto Pseudocisto infectado


infectada

Necrose/ necrotizante Necrose Necrose infectada Walled of Necrosis Won infectada


DIAGNÓSTICO

Radiografia do abdome:
- Excluir outras condições;
- íleo localizado do intestino delgado (alça sentinela )
- espasmo do cólon descendente (sinal de corte do cólon )

As radiografias de tórax:
- derrame pleural
- elevação do hemidiafragma
- atelectasia basal
- edema pulmonar sugestivo de síndrome do desconforto respiratório
agudo
sinal de corte do cólon
sinal do cut off

distensão do cólon direito + parada abrupta ao nivel


do transverso → ligamento frênico cólico
DIAGNÓSTICO
USG DO ABDOME

- identificar cálculos biliares como uma possível causa


- diagnóstico de complicações vasculares (trombose)
- identificar áreas de necrose que aparecem como regiões hipoecóicas
- avaliação de etiologias clinicamente semelhantes de abdome agudo
- aumento da ecogenicidade peripancreática
DIAGNÓSTICO
Tomografia Computadorizada:
● Padrão-ouro para avaliar o pâncreas;
○ Com contraste
● A fase de contraste mais importante: fase venosa portal
○ Avaliação da viabilidade e do grau de infiltração, presença de ar ou líquido livres.

● Aumento do volume pancreático


● Margens indefinidas
● Coleções peripancreáticas
● Adensamento do tecido adiposo adjacente
● Necrose do parênquima e coleção necrótica aguda
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DIAGNÓSTICO

Mulher, 65 anos, com dor Mesoepigástrica


irradiada para o dorso há 3 dias associada a
vômitos.

https://radiopaedia.org/cases/161799/studies/132227?lang=us
DIAGNÓSTICO

https://www.imaios.com/br/e-anatomy/abdomen-e-pelve/tc-da-cavidade-peritoneal?mic=abdominopelvic-cavity-ct&afi=36&is=3769&il=br&l=p
t_PT&ul=true
DIAGNÓSTICO
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- Coleção fluida peripancreática
DIAGNÓSTICO
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- Coleção fluida peripancreática
DIAGNÓSTICO
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- Necrose aguda
https://radiopaedia.org/cases/29016/studies/29377?lang=us
DIAGNÓSTICO
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- Necrose aguda
COMPLICAÇÕES - Quando suspeitar?

● Persistência ou retorno da dor abdominal


● Novo aumento de amilase e/ou lipase
● Piora clínica do doente

O que fazer?
● TC de abdome com contraste
COMPLICAÇÃO - Pseudocisto Pancreático

● Conteúdo hipodenso
homogêneo

● Faz correlação íntima


com estômago
COMPLICAÇÃO - Pseudocisto infectado
COMPLICAÇÕES - Necrose Infectada

● > 4 sem → Walled of Necrosis

● Alta morbimortalidade

● Principais patógenos:
Gram-negativos → E.Coli, Proteus
e Klebsiella pneumoniae.

● DÚVIDA? Aspiração com agulha


fina e mandar para cultura
Abscesso Hepático x Tumor Hepático

● Sinal do duplo contorno ● Tumor de Frantz


COMPLICAÇÕES - Abscesso Hepático
● Sinal do conglomerado
CLASSIFICAÇÃO - ATLANTA
Pode ser classificada em LEVE, MODERADA ou GRAVE.

● A pancreatite LEVE é aquela que cursa com sintomas


típicos sem disfunção orgânica e tampouco complicações
locais.

● A pancreatite aguda MODERADAMENTE GRAVE cursa com


apenas uma disfunção orgânica, com duração <48h, e/ou
com complicações locais (necrose, pseudocisto, coleções
peripancreáticas etc).

● A pancreatite GRAVE, por sua vez, apresenta-se com uma


disfunção orgânica que persiste por mais de 48h, ou
múltiplas disfunções orgânicas.
AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE
AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE

Estratificação de risco em 4 categorias:

1. Pontuação total 0-2 – Taxa de mortalidade (1%)


2. Pontuação total 3-4 – Taxa de mortalidade (15%)
3. Pontuação total 5-6 – Taxa de mortalidade (40%)
4. Pontuação total > 7 – Taxa de mortalidade (100%)
AVALIAÇÃO DA GRAVIDADE
Critérios de Balthazar (Índice Tomográfico de Gravidade).
TRATAMENTO

● JEJUM PARA REPOUSO PANCREÁTICO;


- Suporte nutricional deve ser introduzida o mais precocemente
possível (24 -48h), assim que o paciente apresente controle
adequado da dor com medicações simples. (oral > enteral >
parenteral);
● HIDRATAÇÃO VENOSA VIGOROSA;
- A hidratação é o que evita que um pâncreas evolua para
necrose ou, caso haja necrose, é o que preserva a “zona de
penumbra”, evitando aumento do volume necrótico.
● ANALGÉSICOS;
- Opióides.
● ANTIEMÉTICOS;
TRATAMENTO - Necrose pancreática infectada
1. Tratamento conservador com antimicrobianos (meropenem –
carbapenêmicos).
2. Drenagem percutânea ou drenagem endoscópica
transgástrica: indicada na falha da terapia conservadora inicial,
após 48 horas.
3. Debridamento cirúrgico minimamente invasivo: indicada na
falha da drenagem percutânea ou endoscópica.
4. Necrosectomia pancreática cirúrgica aberta: cirurgia de ALTA
morbimortalidade. É o último degrau dos steps e está indicada
na ausência de resposta às terapias anteriores.
TRATAMENTO - Se houver colangite

CPRE: A Colangiopancreatografia Retrógrada Endoscópica


será indicada quando houver COLANGITE associada à
pancreatite aguda biliar, manifestada por agravamento do
paciente, com icterícia ascendente clinicamente associada a
piora colestática laboratorial (FA, GGT, TGO, TGP e bilirrubina
direta).
Antes da alta: USG + Colecistectomia videolaparoscópica.
PROGNÓSTICO

● Dos pacientes internados por pancreatite aguda, 20 a 30%


evoluem para a forma grave.

● A mortalidade geral é estimada em 5%.

● Na forma grave com necrose pancreática estéril a mortalidade


aproxima-se a 10%, podendo chegar a 30% quando há necrose
pancreática infectada.

● Um pior prognóstico: Idade > 55 anos, IMC >30, Comorbidades


graves e Nível de consciência comprometido (não referiram dor).
REFERÊNCIAS
BOLLEN, T. L. Imaging of Acute Pancreatitis: Update of the Revised Atlanta Classification. Radiologic Clinics
of North America, 50(3), 429–445, 2012.

Mous A, Sharma R, Bell D, et al. Pancreatite aguda. Artigo de referência, Radiopaedia.org (Acessado em
17 de novembro de 2023) https://radiopaedia.org/articles/849

SOBOTTA, atlas de anatomia humana. 24. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia / Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson ; [revisão
técnica Marco Aurélio Fonseca Passos, Patrícia Cristina Lisboa da Silva ; tradução Alexandre Lins
WemeckJ. - Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2010.

TOWNSEND, C. M. et al. Sabiston tratado de cirurgia: a base biológica da prática cirúrgica moderna. 20ª
edição, Rio de Janeiro [RJ] : Elsevier, 2019

ZILIO, Mariana BlancK, Etiologia da Pancreatite Aguda – Revisão Sistemática e Metanálise / Mariana
Blanck Zilio. 2018.

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