O quadro de síndrome de irritação peritoneal consiste em: Dor
abdominal, náuseas e vômitos, febre, parada de eliminação de gases e fezes. O sinal de Jobert é a perda da macicez hepática à percussão, que é substituída por timpanismo. Ocorre pela presença de ar livre na cavidade abdominal, como no abdome agudo perfurativo. Dentre as causas de abdome agudo de causa não obstétrica na gestante destacam-se: apendicite aguda; Distúrbios do trato biliar; obstrução intestinal. A apendicite se destaca como sendo a principal delas. Pode acontecer em qualquer período da gestação, com uma incidência aproximada de 32%, 42% e 26% no 1º, 2º e 3º trimestres. É um desafio diagnóstico, uma vez que muitos dos achados típicos da apendicite como náuseas, vômitos, dor abdominal e leucocitose são também compatíveis com uma gestação normal, ainda mais pelo fato da febre ser incomum nesses casos. Além disso, é importante ressaltar que, em decorrência do aumento do volume uterino e do deslocamento do apêndice por consequência deste, a dor na gestante pode não ser exatamente em FID! O uso crônico de AINEs é um importante causa de doença ulcerosa péptica, que inicialmente pode ser manejada com inibidores de bomba de prótons, como omeprazol e o esomeprazol. Entretanto, a presença de abdome endurecido e doloroso ao exame pode indicar úlcera perfurada! Nesse caso, temos um Abdome Agudo Perfurativo que, uma vez confirmado aos exames de imagem, deve ser manejado de forma cirúrgica! Em caso de dor em baixo ventre com peritonite em mulheres em idade fértil, é indispensável considerar diversos outros diagnósticos diferenciais, a exemplo de: gravidez ectópica; doença inflamatória pélvica; Descolamento de placenta; Cisto hemorrágico roto. Sempre levar em consideração o histórico ginecológico-obstétrico dessas pacientes. O achado de material calcificado dentro do apêndice (fecalito) é sinal de APENDICITE. O apendicólito, fecálito calcificado, é menos freqüente e está mais associado a perfuração e formação de abscesso. É a principal de obstrução do lúmen do apêndice, gerando a apendicite, que também pode ser causada por hiperplasia linfóide, corpo estranho ou tumor. O sinal do iliopsoas é uma ferramenta semiológica que indica irritação do músculo psoas. Posiciona-se o paciente em decúbito lateral esquerdo, e o examinador deve realizar a hiperextensão passiva de membro inferior direito (ou flexão ativa contra resistência). Em caso de dor a hiperextensão passiva ou a flexão ativa, o sinal é positivo. É um dos sinais de apendicite aguda. O pneumoperitônio é uma causa de abdome agudo cirúrgico, cuja etiologia principal é a perfuração de vísceras ocas do TGI. Em 10% dos casos ocorre sem que haja perfuração, chamado de pneumoperitônio espontâneo. A principal causa nesses casos é peritonite por bactérias produtoras de gás. O achado mais frequente é a presença de ar intraperitoneal no quadrante superior direito do abdome com elevação do diafragma, deslocamento medial e para baixo do fígado, e ainda, alças intestinais centralizadas. No exame físico encontra-se o sinal de Jobert, que é o aparecimento de hipertimpanismo na região hepática. O tratamento para pneumoperitônio baseia-se na abordagem cirúrgica a partir de laparotomia ou laparoscopia, principalmente quando associado a sinais e sintomas de abdome agudo. Infecção urinária sempre deve estar em mente em mulheres jovens. CASO CLÍNICO: Gestante de 10 semanas procura o pronto socorro queixando-se de dor abdominal há 2 dias, periumbilical com irradiação para região lombar e fossa ilíaca direita, associada à inapetência. Há 4 horas, iniciou quadro de febre (38oC), vômitos e parada de eliminação de gases e fezes. Nega alteração do hábito urinário, disúria ou polaciúria. Ao ultrassom, gestação tópica, feto vivo, sem sinais de descolamento ovular, presença de discreta quantidade de líquido livre em região anexial direita. Hemograma com 18.800 leucócitos, desvio até metamielócitos. O Hospital não dispõe de ressonância nuclear magnética e não é possível transferência hospitalar neste momento. Qual é a conduta recomendada? R = Cirurgia de urgência, preferencialmente por via laparoscópica. CASO CLÍNICO: Paciente do sexo feminino, de 35 anos de idade, com queixa de dor abdominal há cinco dias, iniciada em epigastro, agora localizada em fossa ilíaca direita, associada a inapetência e febre não medida, está recebendo atendimento em um hospital. A paciente nega corrimento vaginal. Exames revelaram o seguinte: HB = 12,4; leucograma = 14.900, com desvio à esquerda; urina 1 com leucocitúria; e nitrito negativo. O exame físico revelou dor à palpação de fossa ilíaca direita, com defesa localizada neste quadrante. A respeito desse caso hipotético, assinale a alternativa correta. R = Trata-se, provavelmente, de apendicite aguda, diagnóstico que pode ser confirmado por exame de tomografia. Podemos utilizar o Escore de Alvarado para o auxílio no diagnóstico de apendicite. Nesse caso, é a hipótese mais provável excluindo outras causas infecciosas como doença inflamatória pélvica (DIP). Náuseas e vômitos que iniciaram junto ou depois da dor = abdome agudo provavelmente cirúrgico (dor precede os demais sintomas). No AA perfurativo, hemorrágico e vascular o tempo de procura pelos serviços de saúde é curto! Inflamatório = dor localizada e insidiosa (e mascarada por medicamentos); Perfurativo = dor súbita de forte intensidade. Inflamatório = aperto, queimação ou cólica; Perfurativo = facada, lancinante, de forte intensidade. No AA obstrutivo a parada intestinal permanece, já no AA inflamatório é transitória. USG não gosta de ar! Não consegue ver bem o ar! Mas é amiga do líquido. Sendo assim, não é bom para o AA perfurativo, mas ajuda no AA inflamatório. RX de tórax em pé e RX de abdome em pé e deitado. Febre em picos = infecção em espaço fechado (abscesso); febre contínua: peritonite generalizada, doença sistêmica. Abdome agudo é um quadro que necesssita de tratamento rápido, às vezes mesmo sem saber a etiologia. No tratamento do abdome agudo lembre-se de alguns pilares: Tratar a causa base; Uso de antimicrobianos (profiláticos ou terapêuticos); quando necessário, fazer lavagem exaustiva da cavidade abdominal. Sinal de Kehr = dor irradiando para o ombro, por irritação do nervo frênico. CASO CLÍNICO: Paciente chega dizendo que começou com dor abdominal súbita, de forte intensidade, que "parecia uma facada". Veio direto para a emergência e, no caminho, teve náuseas e um episódio de vômito. Ao exame físico foi visto o sinal de Jobert. Foi feita radiografia de tórax, com o resultado mostrado na imagem. Qual o nome do sinal visualizado? R = O quadro da paciente indica abdome agudo perfurativo, cujo principal achado na imagem é o pneumoperitônio. Na radiografia é visto o sinal de Rigler, que consiste na visualização da parede intestinal mais nítida pela presença de ar no interior do intestino e ar fora do intestino (ar -> parede -> ar). A alça sentinela é um achado (e não um sinal) que indica íleo adinâmico localizado (se for generalizado ocorre distensão de todo o intestino.
CASO CLÍNICO: Uma senhora de 62 anos procura o pronto-
socorro por dor abdominal em mesogástrio há 1 dia. A dor tem irradiação para todo o abdômen. Nega náuseas e vômitos, febre ou sintomas urinários. Tem diarreia desde o início do quadro. É portadora de úlceras venosas em membros inferiores, fazendo uso de anti-inflamatórios há 18 meses, para controlar a dor em úlcera maleolar. Sinais vitais: Frequência Cardíaca (FC): 88 bpm; Frequência Respiratória: 16 irpm; Pressão Arterial: 100 × 60 mmHg. O abdômen não é doloroso à palpação. Não tem sinais de irritação peritoneal. Hemoglobina: 12,7 g/dL; leucócitos: 8.630/mm3; plaquetas: 278.000/mm3; proteína C reativa (PCR): 45 mg/L; ureia: 24 mg/dL; creatinina: 0,68 mg/dL; sódio: 138 mEq/L; potássio: 3,8 mEq/L; bilirrubina total: 0,41 mg/dL; bilirrubina indireta: 0,17 mg/dL; gama-GT: 87 U/L, fosfatase alcalina: 86 U/L; amilase: 29 U/L; lipase: 18 U/L; International Normalized Ratio (INR): 1,01; R (TTPA): 0,84. A melhor conduta para esta paciente é: R = Analisando os dados contidos no caso, não identificamos nenhum sinal de alarme. Paciente apresenta queixa de há 1 dia dor e diarreia, sem outras queixas relevantes ou achados laboratoriais. Neste momento da avaliação do caso não identificamos um abdome agudo inflamatório, sem sinais de irritação peritoneal ou leucocitose, sinais suspeitos para hemorragia ou obstrução. Pode ser um quadro bem inicial de algo ainda que não demostra sinais mais específicos ou pode ser apenas um abdome agudo clínico, gastroenterite, por exemplo. Ideal para esta paciente é tratamento sintomático, observação e orientações.
CASO CLÍNICO: Uma senhora de 60 anos, diabética, obesa,
tabagista ativa, procurou atendimento de urgência por dor abdominal há 3 dias. Nega outras comorbidades. Refere que não evacua há 3 dias e apresentou 1 episódio de vômito pela manhã. Não teve febre nem outros sintomas. Na triagem inicial pela enfermagem, apresentava: PA = 130 × 90 mmHg; FC = 110 bpm e glicemia capilar: 230 mg/dl. Em região inguinal direita, você palpa endurecimento logo abaixo do ligamento inguinal. É nesse ponto que a paciente refere maior dor. O abdome está distendido e é difusamente doloroso, embora não tenha sinais de irritação peritoneal. Você faz diagnóstico de abdome agudo. Tipo de abdome agudo (diagnóstico sindrômico), diagnóstico etiológico e melhor conduta: R = As hérnias que ocorrem abaixo do ligamento inguinal são as femorais. São hérnias mais comuns em mulheres. Observe a pegadinha que também cai: qual a hérnia mais comum em mulheres? A resposta é INGUINAL, pois essa é a mais comum em ambos os sexos. Porém, qual o sexo mais acometido pelas hérnias femorais? O sexo feminino. Lipase é o exame mais sensível e específico quando a hipótese é de pancreatite aguda. Consideramos essa hipótese pela dor localizada no andar superior do abdome juntamente com um US abdominal evidenciando quase que um alargamento do calibre do colédoco (limite superior de normalidade), sendo que acometimentos de vesícula e vias biliares são as principais causas de pancreatite aguda em crianças e adolescentes.
A causa da dor visceral na apendicite aguda é a inflamação do
apêndice, que pode ser desencadeada por uma obstrução do lúmen do apêndice por fezes ou outras causas, o que leva a uma infecção bacteriana secundária. A dor migratória na apendicite aguda ocorre porque a inflamação inicialmente afeta a mucosa do apêndice, que é inervada por fibras nervosas viscerais. À medida que a inflamação progride, ela atinge a camada muscular e serosa do apêndice no peritônio parietal, que é inervada por fibras nervosas somáticas, causando uma dor mais intensa e localizada na fossa ilíaca direita. CASO CLÍNICO: Paciente feminina, de 80 anos, tabagista, com demência leve, usuária crônica de anti-inflamatório não esteroidal por artrose do joelho, foi trazida à Emergência por dor abdominal difusa com início há 36 horas, sinais de irritação peritoneal, taquicardia, hipotensão, confusão mental e sinais de má perfusão periférica. Uma vez estabelecido o diagnóstico de abdômen agudo perfurativo, qual a principal hipótese diagnóstica, abordagem cirúrgica e tratamento? R = O tratamento cirúrgico para úlcera péptica perfurada é a laparotomia exploradora, que é uma cirurgia de abertura do abdômen para acessar os órgãos internos e reparar a perfuração. A técnica cirúrgica pode variar de acordo com o tamanho, localização e extensão da perfuração. Geralmente, o procedimento é realizado sob anestesia geral e envolve a remoção das aderências que se formam em torno da úlcera e a reparação da perfuração com suturas ou grampos. Em alguns casos, pode ser necessário remover uma parte do estômago ou do duodeno, especialmente se a úlcera for grande ou o tecido estiver danificado. CASO CLÍNICO: Paciente masculino, de 75 anos, com diabetes melito, hipertensão arterial sistêmica e histórico de uso crônico e por conta própria de anti-inflamatório não esteroidal para dores articulares, procurou a Emergência por quadro de hematêmese e dor abdominal, com evolução de 12 horas. À chegada, apresentava mucosas úmidas e descoradas, fáceis de dor, temperatura axilar de 36,8°C e pressão arterial de 90/60 mmHg. Que achado do exame físico, dentre os abaixo, se relaciona com a presença de úlcera gástrica ou duodenal perfurada? R = O sinal de Jobert na úlcera péptica perfurada é um achado grave e pode indicar uma complicação séria que requer tratamento cirúrgico imediato. A perfuração da úlcera péptica pode levar à peritonite, uma infecção generalizada do peritônio, que é uma membrana que reveste a cavidade abdominal e seus órgãos. A peritonite pode ser fatal se não tratada rapidamente.
Sinal de Rovsing: dor no quadrante inferior direito à palpação do