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ANTICONCEPÇÃO

 INTRODUÇÃO

Q1: O que é anticoncepção e qual sua relação com o planejamento


familiar?
R1: A anticoncepção consiste num conjunto de métodos e técnicas que
visem o impedimento da gravidez. Isso é importante no contexto de
planejamento familiar para impedir a gravidez indesejada, tal como casais
possam ter mais controle sobre as gestações desejadas.
Q2: Diante da noção de eficácia, como se agrupam os métodos
anticoncepcionais?
R2: Primeira Linha: Mais efetivos, sem a necessidade de motivação do
usuário; Segunda Linha: Muito efetivos, requerindo a motivação e atenção;
Terceira Linha: Efetivos, incluindo métodos de barreira e mudanças
corporais; Quarta Linha: Menos efetivos, como espermicidas e coito
interrompido.

 EFICÁCIA

Q1: Qual a definição de eficácia? Qual o principal índice utilizado?


Como ele é calculado?
R1: Eficácia é a capacidade do método de evitar gestações em um ano. O
principal índice é o de Pearl, que calcula o número de mulheres que
conceberam dentre uma amostra de 100, pelo total de meses de exposição.
Assim, quanto menor o valor, mais eficaz o método.
Q2: Qual a diferença entre efetividade e eficácia?
R2: Eficácia está relacionada ao bom funcionamento do método em uso
correto, já a efetividade está relacionada ao uso correto e incorreto, mais
rotineiro.

 ESCOLHA DO MÉTODO
Q1: Qual a necessidade de escolher bem o método?
R1: Resultar em uma boa efetividade. Esse processo envolve compreender
aspectos clínicos como idade, fatores de risco e doenças associadas, além
de aspectos socioeconômicos. Para tal, são necessários bom exame físico e
anamnese.
Q2: Quais questões devem ser levantadas para se escolher bem o
método?
R2: Tabagismo, presença de hipertensão arterial sistêmica (HAS),
amamentação, problemas cardiovasculares, histórico de câncer de mama,
problemas hepáticos, uso de medicações e enxaqueca, entre outras.

 CRITÉRIOS DE ELIGIBILIDADE

Q1: O que são critérios de eligibilidade?


R1: São orientações da OMS sobre a prescrição de métodos contraceptivos,
relacionando risco e benefício.
Q2: Quais as categorias de eligibilidade? Detalhe-as.
R2: Categoria 1: Sem restrições; Categoria 2: Riscos menores que
benefícios; Categoria 3: Riscos superiores aos benefícios, envolvendo
contraindicações relativas; Categoria 4: Inaceitável por ser muito arriscado,
envolvendo contraindicações absolutas. 1 e 2 podem ser utilizados, 3 e 4
não, de forma prática.

 MÉTODOS COMPORTAMENTAIS

Q1: Qual a lógica dos métodos comportamentais?


R1: Baseiam-se na observação do período em que ocorrem sinais e
sintomas do período fértil, de modo a evitar relações sexuais. São métodos
baratos, naturais e sem contraindicações, mas pouco efetivos tanto em
impedir a concepção, quanto na proteção contra ISTs (Infecções
Sexualmente Transmissíveis). Alguns fatores que envolvem esses métodos
são a curva da temperatura corporal, o muco cervical e a duração e
fisiologia do ciclo menstrual.
Q2: Quais são os métodos comportamentais?
R2: Tabelinha (método de Ogino-Knaus), Temperatura Basal, Muco
Cervical (método de Billings), Sintotérmico, Coito Interrompido e
Lactação.
Q3: Como funciona o método da Tabelinha (método de Ogino-Knaus)
e qual o seu cálculo?
R3: A mulher deve registrar o número de dias do ciclo menstrual por, pelo
menos, seis meses. O ciclo inicia no primeiro dia de menstruação e termina
no dia anterior à primeira menstruação. Para calcular o período de
abstinência sexual, deve-se remover 18 dias do ciclo mais curto (início da
abstinência) e 11 do ciclo mais longo (final da abstinência).
Q4: Como funciona o método da curva de temperatura basal?
R4: Baseia-se na análise das variações da temperatura corporal, calculando
o período da ovulação provável. Em algumas mulheres, após a ovulação, a
progesterona estimula o centro termorregulador do hipotálamo, elevando a
temperatura em 0,2 a 0,5 graus. A mulher deve verificar sua temperatura
diariamente, toda vez que acordar, exigindo grande disciplina. Ademais, a
abstinência ocorre do primeiro dia do ciclo menstrual até 3 dias após a
elevação da temperatura basal, o que implica num longo período de
abstinência.
Q5: Como funciona o método do muco cervical ou de Billings?
R5: É baseado na análise do muco, presente no colo cervical, que sofre
influência hormonal. Durante a ovulação, a ação estrogênica torna o muco
filante, como clara de ovo, de modo a promover locomoção e sobrevivência
ao espermatozoide. Após a ovulação, ele se torna espesso e escasso. Assim,
a análise deve ser diária, sendo que a abstinência vai do primeiro dia de
percepção do muco até o quarto dia de percepção de máxima umidade.
Vale notar que sêmen e produtos lubrificantes atrapalham esse método.
Q6: Como funciona o método sintotérmico?
R6: Baseia-se na combinação entre o muco cervical e a temperatura basal.
Ademais, também enfatiza sinais e sintomas da ovulação, como
sensibilidade mamária, dor pélvica e mudanças de humor. A abstinência
vai do primeiro dia do ciclo até o quarto dia após o pico secretor.
Q7: Como funciona o coito interrompido?
R7: Baseia-se na retirada do pênis da vagina antes da ejaculação, sendo
muito pouco efetivo, pois o fluido seminal que precede a ejaculação pode
conter espermatozoides.
Q8: Como funciona o método da lactação?
R8: Durante o aleitamento materno, o eixo hipotálamo-hipófise-ovário
sofre alterações hormonais que promovem a anovulação. Contudo, apesar
de não haver contraindicações, sabe-se que parte das mulheres ovulam em
torno do terceiro mês pós-parto, mesmo amamentando.

 MÉTODOS DE BARREIRA

Q1: Qual a lógica dos métodos de barreira?


R1: Formam uma barreira entre os espermatozoides e a cavidade uterina,
impedindo a fecundação. Reduzem bem a transmissão de ISTs.
Q2: Quais os contraceptivos de barreira?
R2: Preservativos (Camisinha), Diafragma e Espermicidas.
Q3: Como funcionam os preservativos?
R3: São os mais utilizados, sendo feitos de látex ou poliuretrano. Sua taxa
de falha está ligada ao uso incorreto e é muito eficaz contra ISTs como
HPV, bem como seu uso está relacionado à redução de neoplasias do colo
do útero. É usado em associação com outros métodos, sendo que o
feminino tem menor taxa de adesão. Não devem ser utilizados por homens
com perda de ereção durante o intercurso sexual, bem como não deve ser
utilizado conjuntamente ao preservativo feminino, pois pode haver riscos
de rompimento. Preservativos feitos de membrana animal não são eficazes
na proteção contra ISTs.
Q4: Como funciona o diafragma?
R4: É um disco de borracha ou látex, colocado na vagina, recobrindo o colo
do útero para impedir a entrada de espermatozoides. Deve-se atentar ao seu
tamanho. É usado em associação com espermicidas, colocados em seu
centro ou na parte superior da vagina. Deve ser colocado no máximo uma
hora antes da relação, retirado no mínimo 6 horas depois e nunca deve
ultrapassar 24 horas. Não deve ser utilizado em pacientes com infecções,
síndrome do choque tóxico ou doença valvar.
Q5: Como funcionam os espermicidas?
R5: São tabletes de espuma, geleia ou creme que rompem a membrana dos
espermatozoides ou retardando sua passagem pelo canal cervical. Deve ser
usado em associação com outros métodos, como o diafragma, salvo com
preservativos, pois aumenta risco de HIV.

 DISPOSITIVOS INTRAUTERINOS (DIUS)

Q1: O que são DIUS?


R1: São objetos inseridos na cavidade intrauterina e estão classificados
como LARCs (Long Acting Reversible Contraceptives), contraceptivos de
longa duração. Possuem baixas taxas de falha e poucas contraindicações,
além de alto custo-benefício. No Brasil, estão presentes os DIUs de Cobre e
os de Levonogestrel (SIU).
Q2: Como funciona o DIU de Cobre, ou DIU-Cu?
R2: É formado por um fio de prata corado com cobre em formato de T e
age por meio da indução de uma reação inflamatória de corpo estranho,
liberando interleucinas e citocinas com ação espermicida. Ademais,
promove alterações no endométrio e no muco cervical. Dura 10 anos e é
essencialmente não hormonal.
Q3: Quais as contraindicações e efeitos do DIU-Cu?
R3: Gravidez, alteração da cavidade endometrial, presença de infecções,
sangramento uterino inexplicado, câncer cervical ou endometrial, período
de 48 horas a 4 semanas após o parto e alergia ao cobre. Não está
relacionado ao aumento de gravidez ectópica, mas pode aumentar
dismenorreia e aumento do sangramento uterino, além de risco raro de
perfuração uterina e expulsão do DIU.
Q4: Como funciona o SIU de Levonorgestrel, ou SIU-LNG?
R4: Também chamado de Mirena (nome comercial), é feito de poliuretrano
em forma de T e libera 20 mcg de levonorgestrel por dia. Ele atrofia o
endométrio, torna o muco espesso, alternado a motilidade tubária; provoca
a mesma reação inflamatória do DIU-Cu, reduz dismenorreia e pode causar
amenorreia. Deve ser colocado segundo uma anamnese e um exame físico
precisos, envolvendo ou não USG. É hormonal e dura 5 anos.
Q5: Quais as contraindicações e efeitos do SIU-LNG?
R5: Pode levar a cefaleia, mastalgia, acne, depressão, cistos ovarianos
funcionais e spotting (sangramento uterino irregular). Em casos mais raros,
pode levar à expulsão, dor ou sangramento, perfuração uterina, infecção e
gravidez ectópica. Além das mesmas contraindicações do DIU-Cu, também
não é recomendado a mulheres com câncer de mama, tumor hepático,
trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar atual, lúpus
eritematoso sistêmico com anticorpo antifosfolipídeo positivo ou
desconhecido, enxaqueca com aura, pacientes com HIV, com câncer de
ovário, doença trofoblástica benigna, ISTs e tuberculose pélvica.

 CONTRACEPÇÃO HORMONAL

Q1: Descreva os contraceptivos hormonais.


R1: São eficazes, mas apresentam aumento de falhas devido ao uso
incorreto crescente. Os mais conhecidos são os Contraceptivos Orais
Combinados (COCs), Contraceptivos contendo apenas Progestogênio
(COPs) e contraceptivos com estrogênios e/ou progestogênios de uso
sistêmico por injeção, adesivo transdérmico ou anel intravaginal.
Q2: Descreva os contraceptivos hormonais combinados (CHCs).
R2: Baseiam-se na combinação de um estrogênio e um progestogênio, a
exemplo de pílulas contraceptivas de uso oral, injetável mensal, adesivo
transdérmico e anel intravaginal. Seu mecanismo de ação é baseado na
inibição da ovulação, uma vez que o estrogênio inibe o FSH e o
progestogênio inibe o LH. O estrogênio, portanto, inibe o desenvolvimento
folicular, e a progesterona torna o muco cervical espesso, dificultando a
espermomigração.
Q3: Descreva os benefícios dos CHCs
R3: Reduz o fluxo menstrual, reduz a dismenorreia, reduz os transtornos
pré-menstruais, regulariza o ciclo menstrual, diminui o risco de câncer de
mama e de endométrio e reduz o risco de DIP e gestação ectópica.
Q4: Descreva contraindicações relativas relativas aos estrogênios
R4: Náuseas e vômitos, mastalgia, cefaleia, irritabilidade, edema, cloasma
e alteração da resposta sexual.
Q5: Descreva contraindicações relativas relativas aos progestagênios
R5: Tontura, fadiga, elevação do apetite, acne, pele oleosa, alteração do
padrão de sangramento e aumento de peso.
Q6: Indique contraindicações absolutas dos CHCs
R6: Enxaqueca com aura, enxaqueca e tabagismo em mulheres > 35 anos,
TEP e TVP (Tromboembolismo Pulmonar e Trombose Venosa Profunda),
Câncer de mama, HAS, infartos, diabetes mellitus com vasculopatia, tumor
hepático, hepatopatias, doenças da vesícula biliar ou colestase, cirurgia
com imobilização, anticonvulsivantes, amamentação e Lúpus Eritematoso
Sistêmico (LES) com anticorpo antifosfolipídeo positivo ou desconhecido.
Q7: Como funcionam os contraceptivos orais combinados (COCs)?
R7: Também conhecidos como pílulas anticoncepcionais, devem ser
iniciadas no primeiro dia do ciclo menstrual. O importante é utilizar
diariamente para evitar falhas. No caso de esquecimento, deve-se fazer uso
da pílula esquecida mais a pílula do dia para evitar sangramento por
colapso endometrial. Já o restante da cartela deve ser consumido com uma
pílula por dia. Em caso de mais de um dia esquecido, deve-se utilizar um
contraceptivo de barreira por pelo menos 7 dias para evitar gestação.
Q8: Como funcionam os injetáveis mensais?
R8: São utilizados mensalmente e indicados àqueles com dificuldade de
aderir à pílula anticoncepcional. São aplicados por via intramuscular no
músculo deltoide a cada 30 dias.
Q9: Como funciona o anel vaginal?
R9: É um anel vaginal de hormônios colocado em forma de 8 no fundo
vaginal entre o primeiro e o quinto dia do ciclo menstrual, permanecendo
por 3 semanas consecutivas, tendo uma remoção de 7 dias.
Q10: Como funciona o adesivo transdérmico?
R10: Contém uma camada interna hormonal e uma camada externa
resistente à água. É colocado na pele limpa, nas nádegas, no braço, no
abdome inferior ou na região superior do dorso, evitando as mamas. Possui
como efeitos adversos: dismenorreia, mastalgia e spotting, não sendo
recomendado a pacientes com mais de 90kg, por redução de eficácia.
+CONTRACEPTIVOS APENAS DE PROGESTOGÊNIO (COPs)
Q1: Detalhe os contraceptivos apenas de progestogênio
R1: Possuem como hormônio apenas a progesterona, sendo exemplos a
pílula de progesterona isolada, o injetável trimestral, o implante
subdérmico e o SIU de levonorgestrel. Tem como contraindicações:
trombose atual, amamentação, câncer ou adenoma hepático, cirrose
hepática e câncer de mama.
Q2: Explique sobre as pílulas de progesterona isolada, dando ênfase às
minipílulas e ao desogestrel.
R2: Podem ser compostas por desogestrel, acetato de noretindrona e
levonorgestrel. As minipílulas são compostas por noretindrona e
levonorgestrel, promovendo o espessamento do muco cervical e a inibição
da implantação do embrião no endométrio, tendo uso contínuo. Já o
desogestrel pode ser tomado com atraso de até 12 horas, inibindo a
ovulação e tornando o muco cervical espesso.
Q3: Fale sobre os injetáveis trimestrais
R3: São usados em casos de contraindicações ao uso de estrogênios,
bloqueando a ovulação através da inibição do LH, por meio da alteração
nas características do muco e atrofia endometrial. Pode causar sangramento
intermenstrual, edema, ganho de peso, acne, náuseas, mastalgia, cefaleia,
alterações do humor e redução da densidade mineral óssea.
Q4: Fale sobre o implante subdérmico
R4: É aplicado na parte subdérmica do antebraço, entre os músculos bíceps
e tríceps. Atua inibindo a ação do LH, impedindo a ovulação e levando à
atrofia endometrial e alteração do muco cervical. Pode causar spotting,
cefaleia, mastalgia, acne e ganho de peso.

 CONTRACEPÇÃO CIRÚRGICA

Q1: Quais os métodos de contracepção clínica?


R1: São métodos considerados irreversíveis, sendo a vasectomia no homem
e a ligadura tubária na mulher. Ambos possuem alta efetividade segundo o
índice de Pearl.
Q2: Qual a regulamentação legislativa da contracepção clínica?
R2: A Lei do Planejamento Familiar indica que o procedimento é
direcionado apenas a homens e mulheres com plena capacidade civil,
maiores de 25 ou pais de dois filhos, dentro de 60 dias entre o desejo e o
ato cirúrgico; ou em casos de risco de vida da mulher ou do concepto,
envolvendo o registro assinado por dois médicos. É vedada esterilização
após o aborto ou parto, exceto em casos de necessidade, como doenças
sérias ou cesárias anteriores, no mínimo 2. Deve haver consentimento
voluntário ou jurídico do casal.
Q3: Como funcionam a vasectomia e a laqueadura?
R3: Enquanto a vasectomia é a ligadura do ducto deferente, a laqueadura é
a obstrução do lúmen tubário, principalmente o istmo.

 CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA

Q1: Qual a lógica da contracepção de emergência?


R1: Visa prevenir gestações inoportunas após relação sexual, como atos
desprotegidos, falhas ou violência sexual. São efetivos e seguros, com
poucos efeitos adversos e permitem o devido planejamento, evitando
abortos. Seu mecanismo varia de acordo com o período do ciclo menstrual,
sendo que os melhores métodos são o de Yuzpe e o contraceptivo de
levonorgestrel isolado.
Q2: Explique o método de Yuzpe e o contraceptivo de levonorgestrel
isolado.
R2: O método Yuzpe é um contraceptivo combinado de etinilestradiol e
levonorgestrel, o qual pode ser utilizado até 5 dias depois do ato; enquanto
que o contraceptivo de levonorgestrel envolve duas doses em intervalos de
12 horas. O mais recomendado é o contraceptivo de levonorgestrel, por
apresentar menos efeitos colaterais, podendo estar associado a náuseas,
vômitos, cefaleia e aumento da sensibilidade mamária. O uso repetido
desses métodos pode gerar distúrbios menstruais e redução da eficácia.

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