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Manipulação da fertilidade

MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE

 A ciência com as suas evoluções tem conseguido, de certa forma, manipular a fertilidade,
quer evitando a gravidez, quer ajudando casais a ultrapassarem problemas e infertilidade.
MANIPULAÇÃO DA FERTILIDADE

Métodos contracetivos
 A contraceção, por definição, é a prevenção intencional da gravidez.

 A escolha do método contracetivo depende de múltiplos fatores e de decisões individuais.

 A decisão de qual o método de contraceção a ser utilizado deve ter sempre em conta as
indicações de um profissional de saúde.

 A eficácia destes métodos dependem bastante da consistência da sua utilização, sendo que
os de utilização a longo prazo são mais eficazes que aqueles que são utilizados em
situações pontuais ou momentâneas.

 O métodos podem ser naturais ou tecnológicos.


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Métodos contracetivos - Naturais


Métodos naturais – métodos baseados na monitorização do ciclo sexual feminino. Deste modo
o conhecimento do próprio organismo e autodisciplina são fundamentais para que se
constituam como métodos contracetivos. Habitualmente a ovulação ocorre ao 14º dia após o
início da menstruação e o oócito II pode ser fecundado até 24 horas após a ovulação. É
necessário ter em conta também que os espermatozoides podem sobreviver 3 a 4 dias após a
relação sexual.

 Método do calendário – baseado no cálculo do período fértil. Para tal é necessário


contabilizar-se durante um ano os ciclos e subtrair ao mais curto 18 e ao mais longo 11.
O resultado destes dois cálculos permite obter o período fértil e no qual é recomendada
a total abstinência sexual

 Método da temperatura – consiste na medição diária da temperatura do corpo, de


manhã ao acordar (temperatura basal). A temperatura no dia da ovulação é ligeiramente
inferior e sobe após esta, sendo possível determinar o dia em que ocorre.
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Métodos contracetivos – Naturais (cont.)


 Método da mucosidade – este método baseia-se na observação da elasticidade e
abundância do muco cervical. O muco cervical torna-se mais abundante e elástico antes
da ovulação. Deste modo a abstinência deve ocorrer, pelo menos, durante quatro dias
após a observação do aumento da quantidade do muco.

 Método sintotérmico – conjuga dois métodos dos anteriormente referidos. Permite


apenas aumentar a fiabilidade destes métodos, considerados como naturais. Contudo, é
necessário salientar que qualquer um destes métodos é bastante falível e de baixo
sucesso.
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Métodos contracetivos - Tecnológicos


Tipos de contracetivos

Hormonais Barreira Cirúrgicos


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Métodos contracetivos – Hormonais


 Contracetivos orais – vulgarmente conhecidos como pílulas são, de todos os métodos,
os mais utilizados no mundo.
 Atuam de forma a impedir o desenvolvimento folicular e a ovulação mas também
levam a um espessamento do muco cervical.

 São constituídos por uma conjugação de hormonas, como estrogénio sintético e


um progestagénio (semelhante à progesterona).

 A toma é diária, podendo ou não haver interrupção.

 A eficácia dos contracetivos orais é elevada, contudo


esta depende de vários fatores, tais como, a toma
regular (sem esquecimentos), a interação com outros
medicamentos, ou ainda algumas alterações do estado
de saúde, como vómitos ou diarreia.
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Métodos contracetivos – Hormonais (cont.)


 Adesivos – são pequenos adesivos que se colocam sobre a pele e que têm uma
duração de 3 semanas ocorrendo uma de descanso. Libertam para a corrente
substâncias semelhantes à dos contracetivos orais.

 Implantes – pequenos dispositivos colocados sob a pele, que vão libertando pequenas
quantidades de progesterona na corrente sanguínea. Podem durar até 5 anos.

 Injeções – são injeções que contêm progestagénio. Devem ser renovadas a cada 3
meses.

 Anel vaginal – é um pequeno anel impregnado de progesterona e estrogénios, que se


coloca no interior da vagina libertando pequenas quantidades destas hormonas na
corrente sanguínea. Tem de ser trocado uma vez por mês. Tem a vantagem se evitar
esquecimentos como pode suceder na pílula oral.
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Métodos contracetivos – Barreira


Métodos barreira – estes métodos visam impedir que os espermatozoides possam atingir as
trompas de Falópio.

 Preservativo masculino – feito de latéx ou de poliuretano. Deve ser colocado com o


pénis já em ereção e só deve ser retirado apos a ejaculação mas antes que o pénis
perca a ereção. Sendo corretamente utilizado é um método bastante eficaz. Tem a
vantagem de, para além de evitar a gravidez, proteger contra doenças sexualmente
transmissíveis, sendo o único método que possui estas duas valências.

 Preservativo feminino – semelhante ao masculino mas é colocado,


com o auxílio de um anel, no interior da vagina. Por ser difícil de
colocar, é preterido em relação ao modelo masculino.
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Métodos contracetivos – Barreira (cont.)


 Diafragma – membrana de borracha com um aro flexível. Deve ser colocado bem no
fundo da vagina, encaixado no colo do útero de modo a evitar a entrada de
espermatozoides no útero. A sua aplicação ocorre antes do ato sexual e deve ser
reforçada com a utilização de um espermicida. A sua utilização deve ser recomendada
por um médico de modo a que seja corretamente explicado o tamanho e forma de
colocação. Tem de permanecer no corpo durante 8 horas apos a relação.

 Espermicida – são espumas, géis ou cremes que têm por


objetivo a eliminação dos espermatozoides, destruindo-os ou
incapacitando-os. São considerados pouco seguros quando
utilizados de forma isolada pelo que devem ser utilizados em
conjugação com outros métodos barreira.
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Métodos contracetivos – Barreira (cont.)


 Dispositivo intra-uterino (DIU) – dispositivo que se coloca no interior do útero. A sua
colocação tem de ser feita por um médico. É um dispositivo que pode ser de plástico, e
neste caso vai libertando pequenas quantidades de progesterona que torna o muco
cervical mais espesso impedindo a passagem dos espermatozoides. Pode ser feito de
cobre e neste caso pode interferir com a fecundação e com a nidação.

 O DIU também provoca uma reação inflamatória no útero


que atrai linfócitos que produzem substâncias tóxicas que
eliminam os espermatozoides.

 É um método contracetivo extremamente eficaz e com


efeitos secundários muito restritos
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Métodos contracetivos – Cirúrgicos


 Esterilização – são métodos cirúrgicos e que normalmente são irreversíveis, devendo
ser alvo de enorme reflexão aquando da opção por algum destes métodos.

 A vasectomia consiste numa incisão que é feita em cada canal deferente


impedindo a passagem do esperma para a uretra.

 A laqueação das trompas consiste numa incisão em nível das trompas de Falópio
que impede o encontro entre os espermatozoides e o oócito II.
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Métodos contracetivos – outros


 Contraceção de emergência – não pode ser considerado um método contracetivo e
deverá apenas ser utilizado em situações em que o método contracetivo teve uma falha,
como o rompimento do preservativo, ou em caso de violação. É também designada por
pílula do dia seguinte consiste num comprimido com elevadas doses de estrogénios e
progesterona que vão impedir a implantação do embrião no endométrio.

 A lei portuguesa também prevê a possibilidade de interrupção voluntária da gravidez até


às 10 semanas de gravidez.
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Infertilidade humana e procriação medicamento assistida


 Infertilidade define-se, segundo a OMS, como “a ausência de fecundação depois da
prática, durante 2 anos, de relações sexuais desprotegidas”.

 Existem dois tipos de infertilidade:


 As definitivas, onde as causas são irreversíveis e só podem ser ultrapassadas
por técnicas de reprodução medicamente assistida. Nestas situações podemos
falar de esterilidade;
 As não definitivas, são situações em que a infertilidade pode ser revertida.
Podemos designar estas situações como hipofertilidade.

 As causas para a infertilidade podem ser agrupadas em psicossociais, ambientais e


biológicas (masculinas e femininas). Tanto homens como mulheres podem ser
inférteis. Isoladamente a idade da mulher é o principal fator de infertilidade.
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Fatores psicossociais
 Existem várias razões de ordem social que parecem provocar problemas de
infertilidade.

 Início tardio da procriação devido a uma maior aposta, principalmente na mulheres,


na sua formação académica e na sua carreira.

 O início precoce da atividade sexual poderá ter alguma relação com a diminuição
da fertilidade devido ao uso prolongado de contracetivos, ocorrência de abortos ou
aparecimento de doenças sexualmente transmissíveis.

 O estilo de vida nomeadamente o consumo de álcool, tabaco, estupefacientes e


fármacos podem induzir a estados de ansiedade ou mesmo de depressão que
podem reduzir a fertilidade.
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Fatores ambientais
 Alguns fatores ambientais como a exposição a substâncias químicas ou a radiações
parecem reduzir a fertilidade.
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Fatores biológicos - femininos


 Perturbações na ovulação – perturbações que podem ocorrer quer a nível das
hormonas hipofisárias como a LH e FSH, quer a nível de hormonas ováricas,
progesterona e estrogénios, que podem provocar alterações ao nível da ovulação. Há
também a possibilidade de se desenvolverem tumores ou surgirem traumas cirúrgicos
que podem impedir o normal decorrer da ovulação.

 Anomalias nas trompas de Falópio – as trompas de Falópio podem sofrer alterações


estruturais ou funcionais. Nestas situações o encontro entre o oócito II e os
espermatozoides pode ser difícil ou mesmo impossível.

 Endometriose – a endometriose ocorre quando há formação e descamação de tecido


endometrial fora do útero. Podem surgir lesões em qualquer ponto da pélvis. É uma das
causas mais frequentes de infertilidade feminina.

 Disfunções uterinas – o útero pode ter alterações da posição, malformações ou ainda


formação de quistos que podem dificultar ou impossibilitar uma gravidez.
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Fatores biológicos – femininos (cont.)


 Problemas no colo do útero – o colo do útero está preenchido pelo muco cervical.
Este muco é sujeito a alterações ao longo do ciclo. Se essas alterações não forem
favoráveis à passagem dos espermatozoides no momento em que o oócito II está
disponível para ser fertilizado, poderemos estar perante um problema de fertilidade.

 Infertilidade imunológica – o corpo da mulher poderá produzir anticorpos que poderão


destruir os espermatozoides ou o embrião.
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Fatores biológicos – masculinos


 Disfunções hormonais – as hormonas que regulam o ciclo masculino podem estar na
origem da infertilidade masculina. As quantidades de LH, FSH e testosterona
influenciam a qualidade e a quantidade de espermatozoides.

 Disfunções metabólicas – o mau funcionamento da próstata ou da vesícula seminal


pode levar à diminuição da produção de substâncias essenciais ao esperma.
Alterações ao nível do pH e da constituição do esperma podem inviabilizar a
sobrevivência dos espermatozoides.

 Deficiências testiculares – lesões nos testículos, malformações ou varicocelos


(pequenas veias dilatadas que dificultam a drenagem do sangue nos testículos)
podem provocar infertilidade masculina.

 Fator tubárico – bloqueio ou ausência dos vasos deferentes, que impede a maturação
dos espermatozoides.
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Fatores biológicos – masculinos (cont.)


 Disfunções sexuais – a ejaculação retrógrada, em que o esperma se dirige para a
bexiga e não para a uretra pode ser causa de infertilidade masculina.

 Infertilidade imunológica – o sistema imunitário pode produzir anticorpos que podem


destruir os espermatozoides.
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Técnicas de reprodução assistida


 Indução da ovulação – este procedimento consiste em injeções que visam estimular
a ovulação. É uma técnica que permite, com frequência, ultrapassar prolemas de
fertilidade de origem feminina. Um dos riscos associados a esta técnica é o aumento
da possibilidade de ocorrem gémeos.

 Inseminação artificial – os espermatozoides são colocados diretamente no útero. A


mulher é sujeita a estimulação da ovulação, tal como no exemplo anterior. Recorre-se
a esta técnica em casos em que o útero feminino seja hostil aos espermatozoides.

 Fertilização in vitro – utiliza-se em situações em que exista obstrução da trompas ou


disfunção cervical e espermatogénese insuficiente. A mulher é sujeita a tratamentos
hormonais. O oócito é recolhido antes da ovulação, é fertilizado por espermatozoides.
Ocorrendo fecundação, o embrião é colocado dentro do útero por via vaginal. Há o
inconveniente de ocorrerem gravidezes múltiplas e a taxa de sucesso ser
relativamente baixa.
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Técnicas de reprodução assistida (cont.)


 Injeção intracitoplasmática – aconselhada a casais em que o problema reside na baixa
mobilidade dos espermatozoides. Consiste na introdução direta do espermatozoide no
oócito II. De seguida os passos são semelhantes à fertilização in vitro.

 Transferência intratubárica de gâmetas – aplicada em situações de endometriose ou


causas desconhecidas de infertilidade. Os espermatozoides são colocadas diretamente
nas trompas de Falópio no momento da ovulação, ocorrendo a fecundação no seu local
natural.

 Transferência intratubárica de zigotos – neste caso, a técnica


é em tudo semelhante à fertilização in vitro mas a introdução
do zigoto é feita numa fase muito mais precoce nas trompas de
Falópio, permitindo ao embrião desenvolver-se mais cedo no
seu ambiente natural.

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