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Perspectiva Psicanalítica

Prof.ª Dra. Marina Menezes


- Início a partir de modificações técnicas baseadas
na Psicanálise.
- Freud e a observação do neto Ernest brincando
com o carretel: brincar como forma de elaborar
a angústia.
- 1909 – Caso do Pequeno Hans (5 anos) e fobia: 1º
modelo de psicoterapia infantil – interpretação.
- Hermine von Hugh-Hellmuth – 1ª psicanalista
de crianças - ausência de registros de seu
método do jogo.
Melanie Klein:
-Inicia suas atividades como psicanalista de crianças
em 1919, a partir da influência de Abraham e
Ferenczi: Caso Fritz (seu filho Erich).
-Adota uma perspectiva sobre o desenvolvimento
sexual das crianças.
-Confronto com Anna Freud (1920) - o que deveria ser
a psicanálise de crianças: uma forma nova de
pedagogia (A.F.) ou exploração psicanalítica do
funcionamento psíquico desde o nascimento
(M.K.)
- 1927 expõe sua comunicação sobre os estágios
precoces do C. Édipo (discordância com Freud).
- Considerava o brincar infantil como forma de
expressão dos conteúdos mentais = associação
livre.
- Adaptou o método de interpretação dos sonhos de
Freud para atribuir significação ao brinquedo.
- A personificação e a atribuição de papéis no brincar
(dissociação e projeção) base para a transferência.
- 1923 – Caso Rita: uso da caixa individual, técnica do
jogo.
- 1932: casos clínicos – base teórica das posições
esquizoparanóide e depressiva.
- Toda a criança passa por neurose
infantil: discordância de Anna
Freud (tratar apenas quando a
neurose se manifestava em
sintomas).
- 1946 - confrontos levam às
escolas de Psicanálise:
Psicologia do Ego (A.F.) e
Psicologia das Relações
Objetais (M.K.) e grupo
independente (Winnicott).
- Winnicott: ego rudimentar desde
o nascimento; o brincar criativo
e sua função nos fenômenos
transicionais.
Anna Freud:
- 1927 publica obra sobre o tratamento psicanalítico
de crianças (6 a 12 anos). Não acreditava na
neurose de transferência e associação livre – pais
reais.
- Período preparatório antes da análise, aliando fins
pedagógicos e educativos ao tratamento.
Psicologia do Ego:
- Efeitos da pressão pulsional no desenvolvimento do
ego; diagnóstico com perfil desenvolvimental;
enfâse no ego = adaptação à realidade .
- Erickson e Mahler (separação individuação).
Teoria das Relações Objetais:
- Valorização dos vínculos entre objetos (self e objeto)
que concebe um modelo de aparelho psíquico que
supõe relação objetal desde o início da vida.
- Ego rudimentar desde o nascimento; fantasias
primitivas do bebê interferem na relação com a
mãe/cuidadores; internalização de partes dos
objetos distinguidos entre “bons e maus”. Relação
com objetos parciais (P.E.) e com objetos totais
(P.D.).
- Identificação projetiva = forma de comunicação
primitiva das emoções (Bion).
América Latina:
- Arminda Aberastury (Argentina) – adaptação na
condução das entrevistas com os pais,
“fantasias de doença e cura” da criança nas
primeiras horas de jogo. Influência de Knobel e
Kalina no Brasil.
- 1970 – interesse sobre o adolescente no Brasil –
Osório e Castellar.
- 1972: criação da APPIA e abertura da IPA para a
a formação em psicanálise a psicólogos
Resolução nº 14/2000 – CFP:
- Regulamentando os cursos de formação, prática e experiência dos
psicólogos em cursos de formação não universitários.

“ (...) essa resolução destaca como imprescindível para a realização da


psicoterapia que o psicólogo seja obrigado a se submeter a uma
especialização em nível de pós-graduação a esse exercício
profissional, visto que a prática da psicoterapia é o produto de
interação complexa entre a formação, o compromisso com
atualização continuada e o cliente” (CASTRO, 2004 apud
STURMER, 2009, p.39).

- Psicoterapia de Orientação Psicanalítica: origem médica na formação


dos profissionais.
- Tripé : formação, supervisão e tratamento pessoal.
- Constante atualização e base sólida (ética e técnica).
Tratamento
pessoal

Supervisão Formação
- Qualidades comuns a terapeutas de qualquer faixa etária.
- Atributos inerentes a quem atende crianças e adolescentes:
1) Tratamento pessoal
2) Autorização pessoal – “estar em condições”
3) Realizar formação específica
4) Conhecer a dinâmica do processo de desenvolvimento
(normal e patológico)
5) Ler os autores clássicos – conhecer as teorias
6) Internalizar os conceitos mas manter a prática espontânea e
natural
7) Ler publicações atuais
8) Supervisões sempre
9) Disponibilidade emocional de ESTAR com crianças
10) Capacidade de regressão para desenvolver empatia genuína
11) Espontaneidade para brincar
12) Brincar na “língua “ da criança sem permanecer regredido
13) Criatividade para buscar recursos
14) Apurar o olhar para a comunicação não-verbal e o brincar
15) Compreender o brincar e o uso da palavra
16) Preservar a capacidade de tolerar o ataque dos pacientes e
sobreviver a eles
17) Tolerar momentos de dúvida e “não-saber”
18) Preparar o consultório para as demandas do paciente
19) Tolerar que o consultório fique sujo ou bagunçado
20) Ter desprendimento para ajudar uma criança que se sujou
(urinou ou defecou na roupa durante a sessão)
21) Avaliar sua disposição física para brincar
22) Distribuir os pacientes em horários confortáveis
23) Ser compreensível e maleável para avaliar situações da realidade
de cada família (horários e férias)
24) Ter a liberdade de utilizar atitudes mais diretivas sem ficar
imobilizado pela técnica
25) Liberdade e flexibilidade para lidar com situações inusitadas
(“jogo de cintura”)
26) Ter conhecimento dos programas de TV, jogos e interesses
(personagens, filmes, novelas)
27) Prever a participação de terceiros no setting (irmãos, avós, babás) –
campo estendido
28) Conceber uma psicoterapia somente com a participação dos pais
29) Olhar a criança inserida em seu contexto familiar (conhecer a
história e os papéis familiares)
30) Conservar a capacidade de ser empático e paciente com a família
31) Permanecer numa posição de escuta aberta e receptiva
32) Fique atento a posição de neutralidade (não se posicione contra ou a favor
da criança ou pais)
33) Aprender a aceitar e tolerar a família para que encontre suas próprias
soluções
34) Aceitar que quando os pais não querem, não conseguem ou não
permitem, não vamos conseguir tratar e ajudar (tolerância à frustração)
35) Identificar o tipo e severidade da psicopatologia dos pais
36) Estar preparado para denunciar casos de abuso e maus tratos
37) Suportar as situações em que os pais retiram a criança da psicoterapia
justo quando está melhor
38) Trabalhar com os pais a condução que querem dar para a vida do filho e
as conseqüências da interrupção do tratamento
39) Lide com as pressões da família e da escola pela melhora rápida dos
sintomas
40) Levar em conta a necessidade de disponibilidade de horário além do
horário das sessões (idas à escola, médicos, fonoaudiólogos, etc)
41) Não dicotomizar aspectos físicos e psíquicos do paciente. Informe-se sobre
os medicamentos que ele utilize
“A psicoterapia infantil, é
portanto, um instrumento
psicológico capaz de, além
de buscar a remissão dos
sintomas, ajudar a criança a
expressar melhor suas
emoções e a compreendê-las,
ocasionando modificações
no mundo intrapsíquico e
inter-relacional”
(CASTRO; CAMPEZATTO;
SARAIVA, 2009, p.99).
- Comporta três fases:
1- inicial
2- intermediária
3- término do tratamento
- Podem ocorrer interrupções no
transcurso (insatisfação, resistência,
mudança de domicílio, dificuldades
financeiras, etc).
- Bom vínculo com a família
- Avaliação ampla e profunda
- Considerar os aspectos de cada etapa
- Considerar a maturação das crianças
(mudanças)
1) 1) Período de Avaliação:

-Motivo da vinda (queixas) – Gustavo e o barco (p.99)

-Observação, entrevistas, hora de jogo diagnóstica, testes


(psicodiagnóstico) – Fernando e os segredos (testes) (p.100)

-Investigação de outros profissionais (neurologista, pediatra,


psiquiatra, etc) – Deise a bebê (p.101)

-Diagnóstico descritivo (CID-10/DSM 5) e dinâmico


-Plano de tratamento (perfil desenvolvimental)
-Indicação terapêutica (Entrevista devolutiva)
- Contrato terapêutico (freqüência das sessões)
2) Fase Inicial: aliança

- Construção do vínculo de confiança e de aliança de


trabalho

- Planejar a psicoterapia (indicação, objetivos, recursos


do paciente – necessidades e possibilidades) 1ª a 8ª
sessões – Juliana e a geleca (p.105)

- Disponibilizar os materiais lúdicos – Rafael e o jogo de


vôlei (p.106)

- Riscos de interrupção
3) Fase intermediária:

- Período que se estende desde o momento em que se consolida a


aliança terapêutica até a ocasião em que se propõe o término do
tratamento – Ana e os buldogues (p.107)

- A criança pensa no terapeuta como uma pessoa real, da sua vida


diária

- Proximidade permite a expressão de sentimentos e fantasias


(sentir-se seguro em ambiente suficientemente bom)

- Dificuldade o psicoterapeuta: confrontar-se com o sofrimento da


criança

- Riscos de interrupção – Maria e a cama (p.109)


4) Fase Final: a despedida

- Período que se estende desde a primeira vez que


se menciona o término, até o último minuto da
sessão combinada para o encerramento do
tratamento

- Término combinado: uma das partes (pais em


geral) anunciam a decisão de encerrar o
processo
- Término a pe
- didos: quando a separação passa a ser
vivenciada e trabalhada no campo
psicoterapêutico sem pressa

- Etapa que ajuda a criança a examinar suas


condições reais para um término – “entrevista
final” – Ana e os carros (p.110)
- Final: Etapa de “balanços” e de elaboração da separação

- Luto e ansiedade (evitar fim precoce)

- A decisão do término depende dos objetivos do processo e das


mudanças psíquicas alcançadas

- Retorno dos sintomas (resistência)

- Satisfação pela conquista e dor pela separação

-Critérios para término (KERNBERG, 1995 apud CASTRO;


CAMPEZATTO; SARAIVA, 2009, p.112)

- Elaboração do psicoterapeuta
Ter realizado psicoterapia na
infância, não impede a criança de
vivenciar crises posteriores.
O objetivo é auxiliar a criança a
lidar com as dificuldades atuais e
criar estratégias para melhorar a
qualidade de vida da criança e da
família (MENEZES, 2010).

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