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Métodos contraceptivos

No Brasil, a prevalência de uso de métodos anticoncepcionais é alta, porém


concentrada na esterilização tubária e na pílula anticoncepcional.
Os métodos contraceptivos dividem-se em:
 Métodos reversíveis naturais: Baseiam no conhecimento do período fértil da
mulher (durante o qual pode ocorrer a fecundação) e na abstenção de relações
sexuais durante esse período. São menos eficazes
 Métodos comportamentais
Tabelinha (Método Rítmico ou Ogino-Knaus)
Método conhecido como calendário, tabelinha ou abstinência periódica e
métodos de consciência dos dias férteis que é baseado em cálculos que a
mulher deve fazer de acordo com o seu ciclo menstrual. Consiste em
suspender as relações sexuais no período fértil da mulher.
Para utilização deste método a mulher deve anotar pelo menos os seis últimos
ciclos e a partir daí estimar o início de período fértil subtraindo 18 dias do
comprimento do ciclo mais curto, e estimar o fim do período fértil subtraindo 11
dias do ciclo mais longo. Esse método só é válido para mulheres com ciclos
regulares e tem chance de falha de 40 por 100 mulheres/ano.
Muco Cervical ou Billings
Assim como no método da tabelinha, este também exige que a mulher não
tenha relações no seu período fértil. Para detectar seu período fértil, a mulher
precisa observar e reconhecer o tipo de secreção presente no colo do útero. O
muco cervical é uma secreção produzida pelo colo do útero, que umedece a
vagina, e, às vezes, sai na calcinha. Ele varia de aparência em cada período do
ciclo menstrual. Aprendendo essas diferenças, é possível saber qual é o
período fértil.

Temperatura Basal
Esse método é baseado na alteração térmica que o corpo apresenta quando
ocorre a ovulação. A temperatura se eleva devido ao aumento da
progesterona. Por ocasião da ovulação acontece uma ligeira queda na
temperatura corpórea e após há uma elevação de aproximadamente entre 0,3
e 0,8o C em relações às medidas basais (as da primeira fase do ciclo).
A temperatura deve ser tomada sempre no mesmo local: na boca ou na vagina,
depois se deve anotar as temperaturas diariamente e construir um gráfico.
Coito Interrompido
O método inclui a participação do homem na prevenção da gravidez. O método
baseia-se na capacidade do homem pressentir a iminência da ejaculação e
neste momento retirar o pênis da vagina evitando assim a deposição do
esperma, ou seja, antes de ejacular.
A eficácia deste método é baixa e oferece alto risco de gravidez, pois o pênis
solta gotas de lubrificação pré-ejaculatória que pode conter espermatozóides
que ficam na vagina antes da interrupção da relação sexual. Como exige
retenção constante da ejaculação, para alguns homens, pode gerar tensão,
ansiedade e dor pélvica. Exige dos homens uma aprendizagem de controle da
ejaculação, por isso, não é indicado na adolescência quando a prática de
relações sexuais está começando.

 Métodos reversíveis não naturais: Os métodos reversíveis não naturais


impedem a fecundação através da utilização de dispositivos adequados,
enquanto que outros se baseiam no uso de substâncias. Dividem-se em
químicos que são substâncias químicas que podem ser utilizadas para evitar
uma gravidez e mecânicos que são dispositivos que impedem a fecundação e
a nidação.
 Métodos de barreira
Preservativo Masculino
É um dos métodos anticoncepcionais mais difundidos no mundo, por ter um
papel importante na prevenção, pois além de evitar a gravidez, impedindo que
os espermatozóides penetrem na vagina. É recomendado pelos órgãos de
saúde devido a sua eficácia na prevenção, é o único método comprovado para
prevenir as DSTs, inclusive o HIV/Aids.
É importante segurar a ponta da camisinha durante a colocação, deixando uma
parte vazia, sem ar, para que o esperma fique depositado ali depois da
ejaculação. Caso contrário, a camisinha poderá estourar ou o esperma subir
para a base do pênis e entrar em contato com o corpo feminino. Deve ser
usada somente uma vez e é preciso observar também os cuidados com o
descarte.
Preservativo Feminino
A camisinha feminina é feita de um tipo de borracha, plástico ou poliuretano,
com anéis flexíveis nas duas extremidades, um deles fechado e deve ser
colocado no interior da vagina que impedem que os espermatozóides possam
chegar às tubas uterinas. O outro é aberto e deve ficar do lado de fora
protegendo os pequenos e grandes lábios.
Assim como o preservativo masculino, este método é uma proteção da mulher
contra gravidez e as DSTs. A camisinha feminina é fácil de ser usada, pode ser
colocada até 8 horas antes da relação sexual. Ideal para lidar com os parceiros
que se recusam a usar preservativos.

Diafragma
O diafragma é um anel de metal flexível, recoberto por uma membrana de
borracha fina, de forma côncava. Como uma barreira, é introduzido pela mulher
na vagina, sobre o colo do útero antes da relação sexual.
Sua eficácia é menor que a da pílula do DIU e da camisinha. Ele evita a
gravidez impedindo que os espermatozóides atinjam o útero e cheguem às
tubas uterinas, devendo ser utilizado junto com um espermicida para garantir
maior segurança.
Deve ser colocado imediatamente antes da relação sexual ou com até 6 horas
de antecedência e só pode ser retirado de 6 a 8 horas depois da última
ejaculação. O espermicida colocado no diafragma só é atuante para uma
ejaculação.
Quando na relação sexual houver mais de uma ejaculação, deve-se recolocar
espermicida na vagina, com a ajuda de um aplicador. Isso deve ser feito sem
mexer no diafragma. Recomenda-se a utilização do diafragma juntamente com
pomada espermicida para aumentar a sua eficácia. Este método tem pouca
aceitação
Capuz Cervical
O capuz cervical é um dispositivo de borracha caliciforme ou látex em forma de
dedal que se ajusta ao redor do colo uterino. Antes da relação sexual é usado
com espermicida colocando-o dentro da vagina para tampar seu o colo do
útero.
O dispositivo tem eficiência entre 80-90% para mulheres que ainda não tiveram
filhos, e entre 60-80% para as que já foram mães.
Os vários tipos de capuz são fabricados em tamanhos diferentes e precisa de
assistência profissional para escolher o que melhor se encaixa, devendo ser
ajustados no colo uterino por um médico. Faça um acompanhamento médico
através de exame de Papanicolaou após ter usado o capuz cervical por 3
meses para ter certeza de que a área ao redor da sua cérvice não sofreu
mudança. O dispositivo deve ser usado só por mulheres cujo resultado do
exame foi normal. O capuz cervical é uma escolha imprópria até a sexta
semana pós-parto e após um aborto.
Uma secreção vaginal com um odor desagradável pode aparecer se o capuz
cervical for retirado tardiamente da cérvice. Limpe o capuz com sabão neutro e
seque-o cada vez que o usar. Armazene-o em um lugar seco, longe do calor e
luz.

 Métodos hormonais ou químicos


Geralmente são uma mistura de derivados sintéticos de estrogênios e
progesterona, que inibem o aumento de LH (responsável pela ovulação)
impedindo a concepção por inibir a ovulação pelo bloqueio da liberação de
gonadotrofinas pela hipófise. Algumas pílulas contêm apenas derivados da
progesterona.
Anticoncepcionais Orais (pílulas)
A pílula anticoncepcional (FIG. 10) é considerada um dos melhores métodos de
prevenção de uma gravidez indesejada. São comprimidos feitos com
substâncias químicas semelhantes aos hormônios estrogênio ou progesterona
do corpo da mulher. Este método evita a gravidez de diferentes maneiras: as
pílulas impedem a ovulação, evitam a nidação e engrossam o muco fértil,
atrapalhando assim a passagem dos espermatozoides.
Os hormônios presentes na pílula impedem a ovulação e, conseqüentemente,
a gravidez. Existem diversos tipos de pílula porque existem diversos tipos de
mulheres. Por isso, é imprescindível a orientação médica para o uso desse
método.
Diferente da pílula combinada, a mini-pílula tem somente o hormônio
progestina (progestágeno sintético), e não estrogênio mais progestina. Tomada
diariamente, a mini-pílula reduz e engrossa o muco cervical para prevenir que o
esperma alcance o óvulo. Ela também impede o ovo fertilizado de implantar-se
no útero.
Diferente da pílula combinada, a mini-pílula tem somente o hormônio
progestina (progestágeno sintético), e não estrogênio mais progestina. Tomada
diariamente, a mini-pílula reduz e engrossa o muco cervical para prevenir que o
esperma alcance o óvulo. Ela também impede o ovo fertilizado de implantar-se
no útero.

Pílula Vaginal
A pílula vaginal é um método a base de hormônios artificiais, que não permite
que a mulher ovule, desta forma não há gravidez. Ela é utilizada diariamente e
deve ser introduzida na vagina para ser absorvida pelo organismo e segue os
mesmos princípios das pílulas orais. Essa opção normalmente é utilizada por
pessoas que em problemas estomacais ou que enjoam demais com a pílula
anticoncepcional oral.
Recomendam-se cuidados higiênicos, devendo sempre lavar bem as mãos
antes de manipular a vagina. É importante estar bem esclarecida, havendo
manipulado anteriormente e reconhecendo a abertura vaginal, para com os
dedos afastar os pequenos lábios e fazer a colocação do comprimido dentro da
vagina.
Anticoncepcionais Injetáveis
Os anticoncepcionais injetáveis são injeções de hormônios semelhantes
àqueles que o ovário produz. Contém progesterona ou associação de
estrogênios, para administração intramuscular, com doses hormonais de longa
duração. Eles agem evitando a ovulação. Devem ser aplicados a cada 30 dias,
ou a cada 3 meses, 42 conforme a composição. Mas podem provocar muita
irregularidade no ciclo menstrual.
É utilizado em mulheres que não conseguem se lembrar de usar a pílula
diariamente ou tem intolerância gastrointestinal aos hormônios.
Espermicida Vaginal
São produtos químicos apresentados sob a forma de espuma, creme, geléias,
pomadas ou cápsulas. O objetivo do espermicida vaginal é imobilizar e destruir
os espermatozóides, dificultando ou impedindo a penetração desses no canal
cervical. Geralmente são utilizados em associações ao diafragma.
Usados sozinhos têm uma segurança baixa, mas se forem usados em conjunto
com o preservativo oferecem uma proteção eficaz. Os espermicidas devem ser
colocados de novo, se houver mais de uma ejaculação na mesma relação
sexual e se a ejaculação não ocorrer dentro do período de segurança garantido
pelo espermicida (ver instruções de uso), deve ser feita nova aplicação.

Esponja Vaginal
A esponja cervical é de poliuretano, contém espermicida e alça para remoção,
é umedecida com água e inserida profundamente na vagina de modo que
repouse em contato com o cérvix, liberando o espermicida nonoxynol-9.
Absorve o sêmen e bloqueia a entrada dos espermatozóides no canal cervical,
podendo ser utilizada combinadamente também com o diafragma ou
preservativos.
As vantagens da esponja cervical é que sua utilização é simples, não interfere
no ciclo menstrual, não prejudica a saúde e não precisa ser utilizada todos os
dias. As desvantagens é que precisa de reaplicar o espermicida em cada
relação sexual, não protege contra DST e é pouco eficaz.

 Implante Hormonal
Consiste de um bastonete de plástico com 4 cm de comprimento e 2 mm de
diâmetro que é colocado na face interna da parte superior do braço, por baixo
da pele, assegurando uma eficácia contraceptiva durante três anos.
O implante anticoncepcional à base de hormônios contendo em um
transportador de etilenovinilacetato, aprovado para 3 anos de uso. Vai
liberando lentamente progesterona que evita a liberação mensal de oócitos
secundários do ovário. O método inibe a ovulação, aumenta a viscosidade do
muco cervical, inibindo a penetração do espermatozóide, e provoca atrofia do
endométrio diminuindo sua espessura.

Anel vaginal Nuvaring (Organon)


Anel flexível colocado na vagina pela própria mulher e mantido no lugar por 3
semanas. Libera continuamente baixas doses de dois hormônios (estrogênio e
prostagênio) que são absorvidos através da mucosa vaginal em doses baixas e
constantes e inibem a ovulação. Após este período deve-se dar 1 semana de
pausa e colocar um novo anel.
Adesivos
Trata-se de um adesivo fino, bege, de 4 x 4 cm que deve ser colado à pele e
trocado 1 vez por semana, que pode ser usado em quatro áreas do corpo,
nádegas, tórax (excluindo os seios), costas ou na parte externa do membro
superior.
A mulher inicia o método no primeiro dia de menstruação e fica com o
contraceptivo colado à pele por sete dias consecutivos. No fim da terceira
semana, ele é retirado e a mulher fica sete dias sem usar para que ocorra a
menstruação. O adesivo é uma forma recente de contracepção, mas com
eficácia igual a dos anticoncepcionais orais, entre 99,3% a 99,6% e possui os
hormônios (estrogênio e progestágeno) que caem diretamente na corrente
sanguínea e inibem a ovulação. Em cada embalagem tem três adesivos, um
para cada semana (num total de 21 dias).

Contracepção de Emergência ou Pílula do Dia Seguinte


Consiste em tomar uma pílula especial nas primeiras 72 horas após relação
sexual e houver risco de gravidez (dose única ou duas com intervalo de 12
horas). Quanto antes for o início do tratamento, maiores serão as
probabilidades de sucesso. Pode ter muitos e fortes efeitos secundários.
Quanto mais rápido é o uso maior a eficácia.
É feito a base de doses fortes de hormônios (levonorgestrel) que impedem a
ovulação e a mobilidade dos espermatozóides no útero, impedindo a
fecundação e, conseqüentemente a gravidez.
Não é um método para ser usado com freqüência, só em situações de
emergência, pois usado regularmente ou com repetição pode desregular o ciclo
menstrual e facilitar a gravidez. Quando tomado regularmente tende falhar mais
que os outros contraceptivos de uso regular.
Pode haver efeitos colaterais e não deve ser usado se o embrião já estiver
implantado no útero. Há tipos diferentes desse medicamento, devendo ser
usada sob orientação médica e nunca como método de rotina, mas apenas em
circunstâncias excepcionais.
 Dispositivos intra-uterinos
Trata-se de um método efetivo e seguro. Porém, apesar de sua segurança e
alta eficácia, esses métodos ainda são pouco usados, pelo desconhecimento
de sua existência, de sua forma de uso, de seus mecanismos de ação, pela
falta de formulações específicas aprovadas para esse uso ou pelas
informações distorcidas a respeito de seus mecanismos de ação e de sua
legalidade.
Dispositivo Intra-Uterino - DIU
O DIU T de cobre, que é um pequeno dispositivo em forma de T que pode ser
usado por um período de 7 a 10 anos. Não tem hormônio. É 99% eficiente na
prevenção da gravidez. O DIU T de cobre é em forma de T, onde braços do T
contêm algum cobre, o que interrompe a fertilização ao prevenir que o esperma
passe pelo útero em direção aos tubos de falópio. O DIU é colocado através da
vagina, dentro do útero da mulher para evitar a gravidez de diferentes
maneiras. Existem dois tipos de DIU: DE COBRE E DE PROGESTERONA,
Se a fertilização ocorrer, o DIU pode prevenir o ovo fertilizado implantar-se no
revestimento do útero. Ele não a protege contra doenças sexualmente
transmissíveis. É um método seguro, mas podem ocorrer aumento de cólicas,
dores e sangramento na menstruação.
E o DIU de progesterona, que é um pequeno dispositivo plástico em forma de T
que é colocado dentro do útero e pode permanecer durante 5 anos, e que tem
a vantagem de ter baixa dosagem de hormônio, não influencia no ciclo
hormonal (ovulação) e diminui o sangramento vaginal, podendo até suspender
a menstruação. É 98% eficiente na prevenção da gravidez. Ele contém o
hormônio progesterona, o mesmo produzido pelo ovário durante o ciclo
menstrual. A progesterona faz com que o muco cervical fique espesso, de
modo que o esperma não consegue alcançar o ovo, e o ovo fertilizado fica
impedido de implantar-se dentro do revestimento do útero.
A vagina, o útero e as trompas devem estar sadios. Se os exames
ginecológicos e teste de DST, mostrarem alguma alteração é preciso se tratar
antes da colocação do DIU, que depende de assistência médica constante.
Há risco de expulsão, perfuração do útero ou incrustação do DIU na parede
interna do útero. O DIU pode ser uma opção anticoncepcional de emergência
para algumas mulheres, principalmente para aquelas que desejam continuar a
usá-lo como método anticoncepcional de longa duração.
Dispositivo Intra-Uterino combinado com hormônios (MIRENA)
De plástico ou de metal, com um reservatório que contém um hormônio que
provoca a atrofia do endométrio e inibição da passagem do espermatozóide
através da cavidade uterina.
Mirena é um sistema intra-uterino que libera hormônio (levonorgestrel)
diretamente no útero. Pode ser utilizado como método anticoncepcional, no
tratamento de distúrbios menstruais e na terapia de reposição hormonal.
As causas mais freqüentes de abandono de uso são amenorréia, dor e
expulsão. A freqüência de encerramentos por gravidez e infecção é muito
baixa, em torno de 1% ou menos.

 Método sintotérmico
Este método engloba todos os anticoncepcionais naturais e utiliza também a
palpação do útero durante o ciclo, de modo que se consiga detectar com mais
rigor o período fértil da mulher. È um método mais fisiológico. Entretanto, como
não é muito eficaz, necessita de grande motivação, rigor nos cálculos e
colaboração do casal.

 Métodos irreversíveis
 Cirúrgicos
Laqueadura
Método contraceptivo cirúrgico e definitivo, através da ligadura ou corte das
tubas uterinas impedindo, o encontro dos gametas masculino e feminino na
esterilização feminina (ligadura de trompa ou laqueadura tubária), a tuba
uterina é cortada e seus cotos são amarrados. Portanto, a mulher não para de
ovular, apenas há o impedimento do encontro entre óvulo e espermatozoide.

Vasectomia
Ligadura ou corte dos canais deferentes (vasectomia), o que impede a
presença dos espermatozóides no líquido ejaculado. A esterilização masculina
(vasectomia) é relativamente simples e consiste na secção dos duetos
deferentes através de pequeno corte na parte superior na pele da bolsa
escrotal com anestesia local. Dessa forma, os espermatozóides são
produzidos, mas não conseguem passar pela área obstruída.
Nem sempre é possível reverter a esterilização por meio de nova cirurgia. Se o
homem ou a mulher quiserem ter filhos novamente, serão necessárias técnicas
caras que removam espermatozóides ou óvulos para serem fecundados em
laboratório. Essa operação não modifica o comportamento sexual (a
testosterona continua a ser lançada no sangue), e o sêmen continua a ser
produzido, embora não contenha espermatozoides.
Métodos diagnóstico de gravidez
O diagnóstico de uma gravidez é feito habitualmente através de análises
laboratoriais, tanto na urina como no sangue. Dados da história clínica e do
exame físico, como atraso menstrual, enjoo, aumento do volume abdominal e
história recente de relação sexual sem uso de um método contraceptivo
ajudam na suspeita, mas sozinhos não são suficientes para estabelecer o
diagnóstico, principalmente em uma gravidez de início recente

Beta hCG sanguíneo: O método mais confiável para diagnosticar uma


gravidez é a dosagem sanguínea de um hormônio chamado gonadotrofina
coriônica humana (hCG). Como costumamos dosar apenas a fração beta do
hCG, o exame de sangue usado para diagnosticar a gravidez chama-se beta
hCG (BhCG).

A dosagem do beta hCG é feita através de coleta sangue em um laboratório de


análises clínicas.O BhCG começa a ser produzido 6 a 8 dias após a
fecundação, no momento em que há implantação do ovo (óvulo fecundado por
um espermatozoide) na parede útero. Conforme o embrião e a placenta vão se
desenvolvendo, mais hCG vai sendo produzido e lançado na circulação
materna. Nas primeiras semanas de gestação, os níveis de hCG dobram a
cada 2 ou 3 dias, podendo chegar até mais de 250.000 mIU/ml por volta da
décima semana, momento em que os níveis atingem o seu valor máximo.Os
exames beta hCG mais modernos conseguem detectar o hormônio até 1
semana antes do atraso menstrual. Porém, para evitar a ocorrência de falso-
negativos, sugere-se que o exame seja feito somente após a menstruação ter
atrasado.
Testes de gravidez de farmácia: O beta hCG dosado em laboratório através
de exame de sangue é a forma mais confiável de diagnosticar uma gravidez,
porém não é a forma mais confortável para a paciente. Esses testes consistem
em uma fita reativa que detecta a presença do BhCG na urina. Basta a mulher
urinar em uma das fitas e esperar para ver se há reação ou não.

Como as concentrações de beta hCG na urina são menores que no sangue, os


testes de gravidez de farmácia demoram um pouco mais para ficarem
positivos. Enquanto o beta hCG sanguíneo pode estar positivo antes mesmo do
primeiro dia de atraso menstrual, os testes com beta hCG urinário são
melhores quando feitos após a menstruação já ter atrasado pelo menos 1 dia.

Quanto mais tempo se passar após a concepção, maior será o nível de BhCG
sanguíneo e, consequentemente, urinário. Após uma semana de falha do
período menstrual, a sensibilidade dos testes de farmácia supera os 99%. Se o
seu teste for feito após 1 ou 2 dias de atraso e vier negativo, ele pode ser
repetido após 1 semana, caso você ainda suspeite que possa estar grávida.
Em geral, um teste de gravidez de farmácia positivo deve ser confirmado com o
beta hCG sanguíneo ou através da ultrassonografia obstétrica.

Ultrassonografia (USG): Em gestações que já tenham algumas semanas, o


diagnóstico pode ser feito através da ultrassonografia. Conseguimos identificar
o saco gestacional (estrutura que abriga o embrião), que é o primeiro sinal de
gravidez detectável ao ultrassom, a partir da 5ª semana de gravidez através da
ultrassonografia transvaginal ou a partir da 7ª semana através da
ultrassonografia abdominal.

Exame físico: Por incrível que pareça, algumas mulheres só procuram o


diagnóstico após fases avançadas da gestação. Às vezes, a gravidez está tão
desenvolvida que conseguimos identificá-la através do exame físico. Com doze
semanas o útero começa a ficar palpável e após 20 semanas já podemos
identificar os batimentos cardíacos do feto com o estetoscópio, assim como
perceber seus movimentos através da palpação abdominal. De qualquer forma,
mesmo que a gravidez seja evidente durante o exame físico, o diagnóstico
definitivo deve ser feito com ultrassonografia ou através do BhCG sanguíneo.

Mudanças Fisiológicas na gravidez

A gestação produz profundas alterações no organismo materno com o objetivo


fundamental de adequá-lo às necessidades orgânicas próprias do complexo
materno-fetal e do parto. Inicialmente estas alterações se devem às ações
hormonais provenientes do corpo lúteo e da placenta e a partir do segundo
trimestre, também ao crescimento uterino. As principais alterações ocorrem no
sistema cardiovascular, respiratório e gastrintestinal, além das metabólicas e
hematológicas.
Modificações cardiovasculares:
Coração: Encontra-se aumentado na gravidez, por hipertrofia do músculo
cardíaco e aumento de volume nas câmaras. Nos últimos estágios da
gestação, o crescimento uterino eleva o diafragma, deslocando o miocárdio
para cima e rodando lateralmente.

FC: Já nas primeiras semanas de gestação observa-se um aumento gradativo


de freqüência cardíaca que atinge o pico máximo entre as 28ª e 36ª semanas
após o que retorna a valores menores, não voltando, contudo, aos níveis
normais

DC: Ocorre aumento do débito cardíaco. A partir do segundo mês de gestação


ocorre aumento gradativo no DC, que atinge um pico de aumento máximo de
30 a 40% entre a 28ª e 36ª semana, estabilizando-se até o parto. Ademais,
durante o trabalho de parto ocorre novo aumento do DC em 30% na fase ativa
e 45% na fase expulsiva. Imediatamente após o nascimento ocorre o maior
aumento, em cerca de 80%, devido a autotransfusão, descompressão da cava
com aumento do retorno venoso e involução do corpo uterino. Posteriormente,
o DC diminui, retornando a valores normais em cerca de 2 semanas.
Em posição supina, o DC tende a diminuir, por obstrução da veia cava inferior,
diminuindo o retorno venoso, se comparado a posição lateral.

RVP: A resistência periférica total está reduzida em até 30% a partir da 8ª-12ª
semana de gestação, mantendo-se nestes níveis até o termo. Esta alteração é
decorrente tanto da ação hormonal como das prostaciclinas, resultando num
aumento do fluxo sangüíneo renal, uterino e das extremidades. Tal modificação
fisiológica aumenta a oferta de oxigênio e dissipa o calor gerado pelo aumento
do metabolismo materno e fetal

PA: As pressões sangüíneas alteram-se muito pouco durante a gravidez. A


pressão sistólica usualmente esta diminuída até a metade da gravidez e depois
eleva-se novamente atingindo níveis pré gravidez. A pressão diastólica mostra-
se bastante diminuída no início da gravidez, mas retorna a níveis pré gravidez
nos últimos meses
Pressão venosa: A pressão venosa é normal durante a gestação, com exceção
das porções mais inferiores do corpo que tendem a elevar-se, sobretudo a
partir do segundo trimestre pela ação do volume uterino sobre as veias pélvicas
e cava inferior

Modificações respiratórias: A função respiratória sofre alterações fisiológicas


importantes na gravidez, resultantes da ação hormonal, principalmente da alta
porcentagem de progesterona no sangue e do aumento do volume uterino. As
modificações funcionais visam dar atendimento às crescentes necessidades
metabólicas do binômio materno-fetal.
Vias aéreas superiores: Durante a gravidez observa-se ingurgitamento capilar
venoso nas vias aéreas superiores, freqüentemente causando modificações na
voz e dificultando a respiração, principalmente próximo ao termo, o que se
intensifica nas cardiopatas e toxêmicas
Caixa torácica: O crescimento uterino eleva o diafragma, determinando, a partir
do último trimestre, uma diminuição do diâmetro vertical da caixa torácica de
até 4 cm; isto é contrabalançado com o aumento de 2 cm no diâmetro ântero-
posterior e transverso. Conseqüentemente ocorre um aumento de 5 a 7 cm da
circunferência da caixa torácica. O diafragma continua a se movimentar,
entretanto, próximo ao termo, observa-se troca de respiração
predominantemente abdominal para predominantemente torácica.
Volumes e capacidades pulmonares: Modificações vistas após o quinto mês,
com diminuição gradativa do volume de reserva expiratório, volume residual e
capacidade residual funcional. Capacidade inspiratória aumenta em 5%,
Volume minuto respiratório aumenta por aumento da FR. Ventilação alveolar
aumenta em 70%próximo ao parto, diminuindo a PaCO2, mas mantendo pH
arterial, por compensação.
Durante a gestação, observa-se um aumento de 20% na absorção de oxigênio,
atendendo às novas necessidades metabólicas. A curva de saturação da
hemoglobina, nas gestações normais, está desviada para a direita o que facilita
a entrega de oxigênio. Este fato não ocorre na pré-eclâmpsia

Modificações hematológicas: Rápido aumento do volume sanguíneo materno


a partir da oitava semana. Ao termo observa-se aumento de cerca de 1500 ml.
O aumento do volume plasmático é relativamente maior que o das hemácias o
que leva a hemodiluição com aparente diminuição dos eritrócitos e
hemoglobina. Produz-se a chamada anemia fisiológica da gravidez ou pseudo-
anemia da gravidez , que pode ser profilaticamente evitada administrando-se
ferro a mãe.

A grávida a termo está num estado de hipercoagulação devido a um aumento


dos fatores VII, VIIl, X e do fibrinogênio plasmático. Perdas sanguíneas por
parto vaginal raramente são excessivas, tendo em vista ação de coagulação e
rápida contração do miométrio, para evitar essa perda.
Modificações gastrintestinais: O aumento do volume uterino contribui para
um deslocamento cefálico do estômago, modificando o ângulo da junção
gastroesofágica, em prejuízo da função do esfíncter esofágico.
Consequentemente aumenta a chance de refluxo, com clínica de pirose. Por
ação da progesterona e aumento uterino, o piloro é deslocado para cima e para
trás, com esvaziamento gástrico mais lento. Pressão intragástrica aumenta-se,
principalmente na última semana de gestação.
Modificações renais: O fluxo plasmático renal e a filtração glomerular elevam-
se rapidamente durante o primeiro trimestre de gestação, atingindo no quarto
mês valores até 50% maiores daqueles observados nas não grávidas. Durante
o último trimestre, estes valores decrescem lentamente em direção aos valores
normais. Nos últimos meses, observa-se uma dilatação dos cálices renais,
pelve e ureteres, devida a ação da progesterona. Aliado a isso, há estase
urinária por compressão uterina, favorecendo infecções.
Modificações hepáticas: Transaminases e colesterol tendem a aumentar em
grávidas. Nível plasmático das bilirrubinas e fluxo sanguíneo hepático
permanecem inalterados.

Vacinação, Exames e suplementação

Suplementações alimentares: Baseiam-se principalmente em cálcio; Zinco;


Ferro e folato (suplementa padrão com 40mg por dia); Folato periconcepcional
(dois meses antes); Proteínas; Vitamina A (algumas regiões, toda puérpera no
pós-parto imediato recebe uma super dose 200iu, capsula VO + requer cuidado
– medicação teratogênica).
Exames laboratoriais na assistência pré-natal e condutas Solicitar na primeira
consulta os seguintes exames de rotina:
– grupo sanguíneo e fator Rh, quando não realizado anteriormente;
– sorologia para sífilis (VDRL);
– urina (tipo I);
– hemoglobina (Hb);
– teste anti-HIV (se possível, e com consentimento da gestante);
– glicemia de jejum.
VACINAÇÃO DA GESTANTE
É realizada para a prevenção do tétano no recém-nascido e para a proteção da
gestante, com a vacina dupla tipo adulto (dT) ou, na falta desta, com o toxóide
tetânico (TT).
Gestante não vacinada:
Esquema básico: consta de três doses, podendo ser adotado um dos seguintes
esquemas: - as primeiras duas doses com intervalo de dois meses (mínimo de
um mês) - aplicando-se a primeira o mais precocemente possível - e a terceira
seis meses depois da segunda (a segunda dose deve ser aplicada até 20 dias,
no máximo, antes da data provável do parto); - três doses, de dois em dois
meses (intervalos mínimos de um mês), aplicando-se a primeira dose o mais
precocemente possível e a terceira até 20 dias, no máximo, antes da data
provável do parto. Por motivos de ordem operacional, tem-se optado por um ou
outro esquema nas diferentes regiões do país.
Reforços: de dez em dez anos; antecipar a dose de reforço se ocorrer nova
gravidez cinco anos, ou mais, depois da aplicação da última dose.
Gestante vacinada Esquema básico:
na gestante que já recebeu uma ou duas doses da vacina contra o tétano
(DPT, DT, dT ou TT), deverão ser aplicadas mais uma ou duas doses da
vacina dupla tipo adulto (dT) ou, na falta desta, do toxóide tetânico (TT) para se
completar o esquema básico de três doses.
Reforços: de dez em dez anos; antecipar a dose de reforço se ocorrer nova
gravidez; cinco anos, ou mais, depois da aplicação da última dose.

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