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NUTRIÇÃO MATERNO

INFANTIL
Professor(a) Esp. Vanuza Neres Pacheco Carluccio
REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira
DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença
DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima
DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto
DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini
DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel
COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes
COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá
COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco
COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas
REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Caroline da Silva Marques
Eduardo Alves de Oliveira
Jéssica Eugênio Azevedo
Marcelino Fernando Rodrigues Santos
PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos
Hugo Batalhoti Morangueira
Vitor Amaral Poltronieri
ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz
DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira
Carlos Henrique Moraes dos Anjos
Kauê Berto
Pedro Vinícius de Lima Machado
Thassiane da Silva Jacinto

FICHA CATALOGRÁFICA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP

C286n Carluccio, Vanuza Neres Pacheco


Nutrição materno infantil / Vanuza Neres Pacheco Carluccio.
Paranavaí: EduFatecie, 2023
96 p.: il. Color.

1. Crianças – Nutrição. 2. Lactentes – Nutrição. 3. Recém -


Nascidos – Nutrição. I. Centro Universitário Unifatecie. II.
Núcleo de educação a Distância. III. Título.

CDD : 23 ed. 613.20832


Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577

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obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la
de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
AUTOR
Professor(a) Esp. Vanuza Neres Pacheco Carluccio

• Especialista em Nutrição Clínica Funcional pela UNIPAR, turma de 2008;


• Especialista em Nutrição e Saúde Pública pela PUC, turma de 2010;
• Bacharel em Nutrição pela UNIPAR – turma de 2006;
• Especialista em Nutrição e Esporte pela UNINGÁ, turma de 2012;
• Técnica em Administração Estratégica e Logística em unidades de Alimentação.
UEM-EAD;
• Funcionária Pública na Prefeitura Municipal de Paraíso do Norte – serviços
prestados – 1995 até data atual;
• Nutricionista responsável pela implantação do Programa de Merenda escolar e
sistema de segurança alimentar e nutricional no Município de Paraíso do Norte
de 2007 a 2014;
• Palestrante no SESCOOP – Treinamento Saúde e Qualidade de Vida 2016 a
2020;
• Nutricionista Clínica na Saúde pública de 2014 até a data atual;
• Nutricionista Clinica no Centro Result. de 2008 até a data de hoje.

3
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá, Aluno (a). Seja bem-vindo (a)!

É com imensa satisfação que juntos estaremos aqui trilhando o caminho da apren-
dizagem na dinâmica da Nutrição, como ferramenta adequada para o perfeito desenvolvi-
mento humano desde o início de sua concepção.
A nutrição maternoinfantil é uma das principais estratégias para melhorar os padrões
de saúde de uma população, uma vez que o estado de saúde pode ser inicialmente definido em
estágios iniciais da vida, como a infância ou o período fetal e embrionário. O embrião, o feto e o
bebê em fase de aleitamento exclusivo são estritamente dependentes da mãe e da sua saúde.
Portanto, o estado nutricional das mulheres em período fértil, grávidas ou no pós-parto deve ser
ótimo e também deve ser ótima a nutrição durante a infância e outras fases de desenvolvimento.
A gestação é um período crítico durante o qual a nutrição materna é fator essencial
na determinação da saúde da mãe e do bebê (ICHISATO; SHIMO, 2001). Cada vez mais
evidente que até mesmo pequenos “erros” alimentares maternos têm impacto significativo
e duradouro na vida do bebê (KRAMMER et al., 2001). A fim de detectar e corrigir esses
erros, a avaliação nutricional da gestante faz-se essencial para melhorar sua qualidade de
vida e, consequentemente, a do bebê (WILLIAMS, 2001).
A infância é um período em que se desenvolve grande parte das potencialidades hu-
manas, erros alimentares nessa época são responsáveis por graves consequências de saúde.
Ao longo desta apostila é esse universo que abordaremos, tendo a nutrição ade-
quada e funcional para esta fase inicial da vida como ferramenta para a construção de
seres humanos que durante todas as fases da vida exalem longevidade. Ao final, vocês
estarão aptos a direcionar todos os nutrientes adequados a essa construção.

Muito obrigada e bom estudo!

4
SUMÁRIO

UNIDADE 1
Nutrição da Gestante Nutriz

UNIDADE 2
Nutrição do Lactente

UNIDADE 3
Alimentação nos Primeiros Anos de Vida

UNIDADE 4
Orientações Dietoterápicas

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1
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UNIDADE

NUTRIÇÃO DA
GESTANTE NUTRIZ

Professor(a) Esp. Vanuza Neres Pacheco Carluccio

Plano de Estudos
• Bases fisiológicas: crescimento e desenvolvimento fetal;
• Fatores que afetam a evolução da gravidez;
• Situações comuns durante a gestação e práticas alimentares;
• Estrutura e desenvolvimento da glândula mamária e fisiologia da
lactação.

Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer as bases fisiológicas da gestação identificando as
necessidades nutricionais da mãe e do feto
• Reconhecer as recomendações nutricionais na gravidez capaci-
tando o aluno a dar orientações nutricionais específicas.
• Compreender a importância da Nutrição da Gestante com obesi-
dade, baixo peso e diabetes.
INTRODUÇÃO
Olá! Tudo bem com você?

Seja muito bem-vindo (a) a nossa primeira unidade da disciplina de Nutrição Ma-
ternoinfantil.
Durante a gestação, a nutrição materna desempenha um papel crucial na saúde da
mãe e do bebê (ICHISATO; SHIMO, 2001). Há mais de 15 anos, uma teoria foi publicada
sugerindo que as doenças na vida adulta têm sua origem na vida intrauterina. Desde então,
estudos epidemiológicos têm comprovado essa teoria, mostrando que a saúde do adulto
reflete o ambiente em que ele foi exposto durante a gestação. Anteriormente, pensava-se
que apenas a desnutrição severa teria impacto na saúde fetal, mas agora é evidente que
até pequenos erros na alimentação materna podem ter efeitos significativos e duradouros
na vida do bebê (KRAMMER et al., 2001).
É essencial conhecer e entender essas necessidades durante a concepção de uma
vida, a fim de detectar e corrigir erros e melhorar a qualidade de vida do ser humano.
Também, compreender que a infância é uma fase crucial para o desenvolvimento das
potencialidades humanas e que a nutrição adequada em cada fase da vida é fundamental
para o bom funcionamento do organismo é primordial.
Esteja pronto para embarcar comigo nessa viajem de aprendizado. Se ainda não
está, corra, organize-se para aproveitar cada página desta unidade, que vai te preparar
para conduzir o início da concepção e desenvolvimento de uma vida.

Excelente estudo para você!

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 7


1
TÓPICO

BASES FISIOLÓGICAS:
CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO FETAL

A fecundação do óvulo ocorre, normalmente, na primeira porção da trompa de


Falópio, dando início ao processo de multiplicação celular que resulta no desenvolvimento
de uma criança. Nesse momento, começa a manifestação da fisiologia da gestação.
Durante as primeiras semanas após a implantação do ovo, a nutrição é dependente
da digestão trofoblástica e fagocitose do endométrio. No entanto, por volta da 12ª semana de
gravidez, a placenta já se desenvolveu o suficiente para suprir todos os nutrientes necessários.
A fisiologia da gestação revela que a placenta é formada por um componente ma-
terno, feito por grandes e múltiplas camadas chamadas de seios placentários, pelos quais
flui, continuamente, o sangue materno. Por outro lado, o componente fetal é representado
principalmente por uma grande massa de vilosidades placentárias que circulam pelo san-
gue fetal e proeminam para o interior dos seios placentários. Os nutrientes difundem-se
do sangue materno para o sangue fetal através da membrana da vilosidade placentária,
passando pelo meio da veia umbilical. As excretas fetais, como o gás carbônico, a ureia e
outras substâncias, são eliminadas para o exterior pelas funções excretoras da mãe.
A placenta desempenha um papel fundamental na fisiologia da gestação, secre-
tando altas quantidades de estrogênio e progesterona, cerca de 30 e 10 vezes mais do
que o corpo lúteo, respectivamente. Esses hormônios são cruciais para o desenvolvimento
fetal. Durante as primeiras semanas de gravidez, a gonadotropina coriônica, outro hormô-
nio secretado pela placenta, estimula o corpo lúteo a continuar produzindo estrogênio e
progesterona, garantindo a continuação da gravidez. No entanto, após 8 a 12 semanas,
a placenta começa a secretar quantidades suficientes desses hormônios para manter a
gravidez sem depender do corpo lúteo.

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 8


Após cerca de nove meses de crescimento e desenvolvimento na fisiologia da gesta-
ção, a criança completamente formada é expelida do útero através do processo da parturição.

1.1 Crescimento e desenvolvimento fetal


O período de crescimento intrauterino é fundamental para o desenvolvimento hu-
mano, quando se observa a maior velocidade de crescimento. Isso é ilustrado pelo fato
de que, em um curto período, desde a concepção até a implantação no útero, o ovo já
apresenta várias divisões celulares, possuindo 150 células ao se implantar. Ao final da 8ª
semana após a fertilização, o período embrionário termina, e o concepto já possui forma
humana, com braços, pernas, um coração que bate e um sistema nervoso que mostra
sinais de início de respostas reflexas ao estímulo tátil.
Durante esse período crítico de maior velocidade de crescimento, o feto está mais
exposto a riscos externos, como agentes infecciosos, má nutrição materna, uso de tabaco
e outras drogas pela mãe, insuficiente irrigação placentária, enfermidades maternas, entre
outros, que podem ter graves repercussões.
Na avaliação clínica da gestante, a altura do fundo do útero para a idade gestacional
é uma medida importante para avaliar o crescimento do feto. A medida padronizada, com-
parada com um padrão de crescimento de peso para a idade gestacional, permite detectar
crianças em risco. Valores abaixo do percentil 10 da referência aumentam em 3,5% o risco
de retardo de crescimento intrauterino. A associação da altura uterina com o ganho de peso
materno durante a gestação tem sensibilidade de 75% para predizer bebês pequenos para
a idade gestacional. Se esses dois indicadores apresentarem valores abaixo dos limites
padronizados como de normalidade, a gestante deve ser encaminhada para um nível de
atendimento mais complexo.

FIGURA 01 - FASES DO DESENVOLVIMENTO DO EMBRIÃO

Fonte: https://www.shutterstock.com/image-vector/stages-embryo-development-vector-flat-
infographic-1012480870

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 9


O início do período fetal é marcado pela formação quase completa de todos os
órgãos do corpo, faltando apenas o amadurecimento e o início da sua funcionalidade.
Embora as mudanças ocorram de maneira contínua, a cada mês há transformações que
alteram as características do feto.

1.1.1 Terceiro mês (09 A 12 semanas de gestação)


Durante o terceiro mês de gestação, o feto começa a adquirir características huma-
nas definidas. A cabeça, que é proporcionalmente maior que o resto do corpo, começa a
se endireitar, permitindo que o rosto tome forma. Os olhos, antes posicionados nas laterais
da cabeça, movem-se para a frente e começam a se desenvolver as pálpebras. Os lábios
também começam a se moldar e as orelhas assumem uma posição mais baixa, embora
ainda não estejam totalmente formadas. Com o crescimento dos membros, especialmente
dos superiores, os dedos das mãos e dos pés começam a se distinguir. O fígado do feto
está bastante desenvolvido, o tubo digestivo começa a funcionar e os rins trabalham per-
feitamente, uma vez que o feto ingere líquido amniótico, que é absorvido pelo intestino e
posteriormente eliminado como urina. Embora os órgãos genitais já estejam diferenciados,
o sexo ainda não pode ser determinado por meio de ultrassonografia. Embora a mãe ainda
não possa perceber, o feto começa a se mover. Ao final do terceiro mês, o feto tem cerca
de 10 cm de comprimento e pesa aproximadamente 30 gramas.

1.1.2 Quarto mês (13 A 16 semanas de gestação)


Durante esse mês, o feto experimenta um crescimento significativo. A cabeça conti-
nua sendo grande, mas agora apresenta proporção mais equilibrada em relação ao corpo, e
diversas mudanças no rosto tornam-se visíveis: as orelhas alcançam sua posição definitiva,
os olhos e a boca, ainda muito separados, já têm tamanho considerável, enquanto o queixo
permanece pequeno. Com a diferenciação dos genitais, é possível identificar o sexo do
feto através de ultrassonografia. Os membros estão bem desenvolvidos, com as mãos
formadas a ponto de já apresentarem impressões digitais. O fortalecimento muscular torna
os movimentos do feto perceptíveis para a mãe, e o feto começa a se mover ativamente. Ao
final do quarto mês, o feto mede cerca de 16 cm e pesa aproximadamente 150 g.

1.1.3 Quinto mês (17 A 21 semanas de gestação)


No quinto mês, ocorre um aprimoramento do funcionamento dos órgãos do feto. O
coração já está completamente formado e tem um ritmo cardíaco estável. Embora os olhos
ainda sejam proeminentes, as pálpebras começam a se separar e a retina está sensível à

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 10


luz. Os movimentos do feto são mais intensos e bem definidos, com períodos de atividade e
sono. Quando a mãe está deitada, o feto pode ser visto agitando braços e pernas e até mesmo
chupando o polegar. Nessa fase, o cabelo verdadeiro começa a aparecer e as sobrancelhas e
cabelos crescem. No final do quinto mês, o feto mede cerca de 25 cm e pesa entre 250 e 300 g.

1.1.4 Sexto mês (22 A 26 semanas de gestação)


Durante o sexto mês, o feto continua a ter movimentos frequentes, embora estes
sejam ainda desordenados, alternando entre períodos de sono e de vigília. Começa a reagir
aos ruídos do ambiente externo, tem soluços e suga o polegar regularmente. A cabeça já
não é tão desproporcional em relação ao corpo, o pescoço é mais visível e a face fica mais
definida, com o nariz maior e as orelhas mais desenvolvidas. A pele fica revestida de vérnix
caseosa, uma substância branca e gordurosa que a protege do líquido amniótico.
Apesar de todos os órgãos já estarem formados, alguns ainda não estão completa-
mente maduros para permitir que o feto sobreviva de forma independente, especialmente
os pulmões, que ainda não estão prontos para respirar o ar. Se o parto ocorresse nesta
fase, o bebê correria o risco de danificar os pulmões ao ser exposto ao ar livre. Ao final do
sexto mês, é possível constatar um crescimento significativo, já que o feto mede cerca de
32 cm e pesa em torno de 600 g.

1.1.5 Sétimo mês (27 A 30 semanas de gestação)


Durante este mês, o crescimento do feto é mais lento, mas há um amadurecimento
significativo do sistema nervoso. O feto movimenta as mãos com suavidade e precisão, abre
e fecha os olhos e responde a estímulos externos, como luz intensa ou sons, aumentando
a sua frequência cardíaca. Apesar dos movimentos serem ativos, o espaço disponível no
útero é limitado, resultando em movimentos menos frequentes. É comum que o feto se
posicione de cabeça para baixo, preparando-se para nascer.
A partir do sétimo mês, o organismo do feto está praticamente pronto para enfrentar o
mundo exterior, embora os pulmões ainda não estejam maduros e a pele seja ainda muito fina,
oferecendo pouca proteção. Embora o sistema termorregulador ainda não funcione perfeitamen-
te, as chances de sobrevivência em caso de parto prematuro são elevadas com a ajuda técnica
adequada. Ao final do sétimo mês, o feto mede cerca de 40 cm e pesa entre 1,2 a 1,4 kg.

1.1.6 Oitavo mês (31 A 35 semanas de gestação)


Ao longo desse mês, o desenvolvimento dos pulmões chega ao seu término, já que
o septo interno dos alvéolos é revestido com uma substância chamada surfactante, que

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 11


evitaria a destruição dos alvéolos no caso de o feto nascer e respirar. Além disso, a camada
de gordura subcutânea aumenta, isolando-o do ambiente externo, e a pele torna-se mais lisa
e suave. Durante este período, o feto começa a se posicionar para o parto, com a cabeça
para baixo e as nádegas para cima. Ele mede cerca de 47 cm e pesa entre 2 e 2,5 kg.

1.1.7 Nono mês (36 A 40 semanas de gestação)


O feto encontra-se totalmente desenvolvido e preparado para nascer. Durante as
últimas semanas de gestação, a ossificação acelera, a pele engrossa e a lanugem começa
a desaparecer. A proporção da cabeça em relação ao corpo fica mais equilibrada, medindo
cerca de 1/4 do comprimento total do feto. As orelhas se separam do crânio, o nariz está
bem formado e os olhos assumem uma cor azul acinzentada. Os órgãos sexuais externos
adquirem características distintas de acordo com o sexo, com os testículos descendo para
o interior do escroto nos meninos e a vulva formando-se nas meninas, com os grandes
lábios quase completamente formados.
Os reflexos do feto estão bem apurados, em particular o reflexo de sucção, essen-
cial para a amamentação. Ao final do último mês, o feto tem uma média de cerca de 50 cm
de comprimento e pesa entre 3 a 3,5 kg.

1.2 Ajustes Fisiológicos Maternos


Durante a gravidez, o crescimento do feto e da placenta desencadeiam uma série
de mudanças físicas, hormonais e bioquímicas no corpo da mãe. Os níveis de todos os
hormônios aumentam, além da produção de hormônios exclusivos da gravidez, como a
gonadotrofina coriônica humana e o lactogênio placentário. O útero aumenta de volume e
massa, resultando no aumento do abdômen, aparecimento de estrias e ajustes posturais
maternos. Além disso, o metabolismo energético e a absorção de sais minerais sofrem
alterações durante o processo.

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 12


2
TÓPICO

FATORES QUE AFETAM


A EVOLUÇÃO DA
GRAVIDEZ

O termo “RISCO” é usado para descrever a possibilidade de lesão, dano ou per-

da, enquanto “RISCO GRAVÍDICO” se refere aos perigos físicos, psicológicos e sociais

que tanto a gestante quanto o feto podem enfrentar durante a gravidez. A gravidez cria

condições especiais que tiveram a saúde física, mental e social da mulher, considerando

características próprias do estado gravídico.

Uma gestação é considerada de alto risco quando há uma alta probabilidade de o

bebê apresentar algum tipo de impedimento físico, intelectual, social ou de personalidade


que possa afetar seu desenvolvimento e capacidade de aprendizado. Esse impedimento

pode ser originado no período pré-natal, perinatal ou pós-natal, sendo influenciado por fa-

tores hereditários ou ambientais negativos que podem atuar isoladamente ou em conjunto.

Há uma variedade de fatores que, individualmente, não aumentam significativamente

o risco gravídico, enquanto outros já determinam um alto risco. A combinação de vários fato-

res, mesmo que aparentemente insignificantes, pode levar a uma gestação de alto risco. É

importante considerar o risco gravídico sob duas perspectivas: o risco materno e o risco fetal.

Além disso, é importante lembrar que o risco gravídico é influenciado pelo com-

portamento da gestante, incluindo hábitos e comportamentos que podem afetar diretamen-

te o desenvolvimento do feto. Portanto, a abordagem do risco gravídico deve incluir uma

avaliação clínica, social e comportamental da gestante.

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 13


IMAGEM 1 – RISCOS QUE AFETAM A GRAVIDEZ

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 14


Fonte: Adaptado de: Técnico de Nutrição e Dietética (2013, p. 18-20)

2.1 Requerimentos e recomendações nutricionais


A gestação é um período de maior demanda nutricional do ciclo de vida da mulher,
uma vez que envolve rápida divisão celular e desenvolvimento de novos tecidos e órgãos.
Os complexos processos que ocorrem no organismo durante a gestação demandam uma
oferta maior de energia, proteínas, vitaminas e minerais para suprir as necessidades bási-
cas e formar reservas energéticas para mãe e feto.

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 15


2.2 Energia
Durante a gestação, é necessário que a mulher consuma uma maior quantidade
de calorias para suprir o elevado gasto energético causado pelo aumento da Taxa de Meta-
bolismo Basal (TMB) e para formar os depósitos de energia nos tecidos maternos e fetais.
A energia é o nutriente principal responsável pelo ganho de peso durante a gestação,
embora a deficiência de alguns micronutrientes possa restringir esse ganho. Estima-se que
o custo energético de uma gestação seja de 85.000 Kcal ou 300 Kcal por dia, considerando
uma gestação de 40 semanas, um ganho de peso materno de 12,5 kg, um recém-nascido
com peso entre 3 a 4 kg, depósito de 0,9 kg de proteína e 3,8 kg de gordura, e um aumento
na Taxa de Metabolismo Basal.
Para calcular as necessidades energéticas da gestante, é necessário realizar uma
avaliação nutricional individualizada. Após obter o Índice de Massa Corporal (IMC) pré-
-gestacional, deve-se calcular o Valor Energético Total (VET) diário, baseado na Taxa de
Metabolismo Basal (TMB) e no Fator Atividade (FA), adicionando 300 Kcal por dia a partir do
terceiro trimestre de gestação. É recomendado um acréscimo de 250 Kcal por dia durante
todo o período gestacional. Esse aumento de calorias é baseado nos custos energéticos
do estoque de energia do feto, útero e tecidos mamários, no depósito de gordura materno
e no gasto energético adicional somado ao metabolismo basal dos novos tecidos que estão
sendo sintetizados. Então temos:

VET = (TMB X FA) + 300 Kcal (2 e 3º trimestres)


Onde:
TMB (10-18 anos) = 12,2 x Peso (kg) +746
TMB (18-30 anos) = 14,7 x Peso (kg) + 496
TMB (30-60 anos) = 8,7 x Peso (kg) + 829
FA=1,56 se atividade leve (Trabalho em escritório, professoras).
FA 1,64 se atividade moderada (Estudantes, lojistas, donas de casa sem apare-
lhos domésticos, industriaria).
FA = 1,82 se atividades intensas (Atletas, dançarinas, trabalho no campo, cons-
trução civil).

→ IMPORTANTE
O cálculo do Valor Energético Total (VET) para gestantes pode variar dependendo
do peso pré-gestacional e do índice de massa corporal (IMC). Para mulheres com peso
normal, o cálculo é baseado no peso pré-gestacional. Para as mulheres com baixo peso,

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 16


utiliza-se o peso desejável, considerando um IMC de 20,8 kg/m². Já para mulheres com
sobrepeso ou obesidade, é recomendado utilizar o peso pré-gestacional para evitar perda
de peso durante a gestação.
Uma fórmula prática para calcular o VET é multiplicar o peso ideal pré-gestacional
da mulher por 36 Kcal. Sugere-se o seguinte cálculo:
Peso Ideal Pré-gestacional = Altura x 22
Em que: a altura é em metros (m) e 22 é a sugestão de valor mediano de IMC.
Então temos:

Para 2º e 3º trimestres VET = (peso ideal pré-gestacional x 36 Kcal) + 300 Kcal


para gestantes gemelares, ainda não há consenso nas recomendações energéticas, mas
alguns autores indicam um acréscimo de 450 Kcal/dia a partir do 2º trimestre de gestação.
As literaturas reforçam a ideia de que o principal mesmo é a monitorização do ganho de
peso destas gestantes conforme o recomendado.

2.3 Planejamento dietético para a gestação normal


Embora a habilidade de realizar uma avaliação clínica precisa possa ser aprimora-
da com a experiência e prática clínica, até mesmo profissionais menos experientes podem
obter informações valiosas ao avaliar os sinais subjetivos apresentados pela gestante.
Observar o aspecto geral e psicológico, bem como a condição da pele e mucosas,
pode ser útil na identificação de possíveis deficiências nutricionais maternas, como anemia
(palidez conjuntival, fraqueza e sonolência), carência de iodo (aumento da tireoide), carên-
cia de vitamina C (gengivite frequente e persistente) e excesso de ingestão de açúcares
(cáries), entre outros.

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 17


3
TÓPICO

SITUAÇÕES COMUNS
DURANTE A GESTAÇÃO E
PRÁTICAS ALIMENTARES

Durante a gestação, é comum que as mulheres experimentem mudanças em seus


hábitos alimentares e sintam algumas alterações no seu corpo. Algumas situações comuns
incluem náuseas e vômitos, azia, prisão de ventre, aumento de peso e mudanças no apeti-
te. Para lidar com essas situações, é importante seguir uma dieta equilibrada e variada, rica
em nutrientes essenciais para o desenvolvimento do bebê e para manter a saúde da mãe.
Recomenda-se também evitar alimentos processados, frituras e açúcares refina-
dos, além de limitar a ingestão de cafeína e álcool. É importante lembrar que cada gestação
é única e que as práticas alimentares devem ser adaptadas às necessidades individuais de
cada mulher e de cada bebê. Por isso, é sempre recomendável buscar orientação profissio-
nal de um médico ou nutricionista especializado em gestação.

TABELA 01 – SITUAÇÕES COMUNS DURANTE A GESTAÇÃO


SITUAÇÕES COMUNS DURANTE A GESTAÇÃO
São frequentes no primeiro trimestre, e tendem a parar na décima terceira
a décima oitava semana de gestação. Orientações dietéticas como aumen-
tar o fracionamento das refeições e diminuir o volume, bem como ingerir
NÁUSEAS E alimentos secos, os carboidratos simples de fácil digestão podem reduzir o
desconforto. Normalmente as gorduras não são bem toleradas, preferindo
VÔMITOS alimentos com baixo teor de gordura. O consumo de biscoito salgado e
gengibre tendem a auxiliar. O ideal é que a gestante ingira os alimentos nu-
tritivos nos períodos que não apresente náuseas para que tenha o suporte
de macro e micronutrientes necessários e requeridos pela gestação.
É decorrente do refluxo gastroesofágico e com frequência à noite. Na maioria
dos casos tende a ser um efeito da pressão do útero aumentado sobre os intes-
tinos e estômago e, em combinação com o relaxamento do esfíncter esofágico,
pode resultar na azia severa e até mesmo na regurgitação. Algumas orienta-
AZIA ções nutricionais são importantes para a diminuição do sintoma, como aumen-
tar o fracionamento das refeições e diminuir o volume de alimentos, comer de-
vagar, mastigar bem os alimentos, evitar estresse durante a refeição, não ingerir
água com as refeições, somente nos intervalos, não ingerir grande quantidade
de alimentos antes de deitar. Não é necessária a restrição de alimentos ácidos.

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 18


A constipação é um problema gastrointestinal muito frequente, especialmen-
te durante a gestação. Critérios diagnósticos foram estabelecidos para me-
lhorar sua caracterização, incluindo ritmo intestinal com menos de três eva-
cuações semanais, dificuldade para evacuar, fezes pequenas e endurecidas,
e sensação de evacuação incompleta. O paciente é considerado constipado
quando apresenta dois ou mais desses sintomas por pelo menos três meses
CONSTIPAÇÃO ao longo do ano. A alimentação, nível de atividade física, ingestão adequada
de água e fibras têm papel crucial na melhora deste quadro. A constipação
afeta aproximadamente uma em cada quatro gestantes, sendo mais comum
no primeiro trimestre. Recomenda-se uma ingestão diária de 28g de fibras
para prevenir a constipação, sendo importante orientar a gestante a consu-
mir grãos integrais, verduras, legumes, frutas, além de frutas secas como
ameixas, damascos e figos secos, e aumentar a ingestão de líquidos.
Fonte: Adaptado de: Técnico de Nutrição e Dietética (2013, p. 26 e 27)

3.2 Nutrição na gestante com obesidade, baixo peso e diabetes


É importante que todas as gestantes com Diabetes Mellitus prévio à gestação,
diabetes mellitus gestacional (DMG), obesidade gestacional e baixo peso recebam aten-
dimento nutricional individualizado. O diagnóstico de DMG, OBESIDADE GESTACIONAL
E BAIXO PESO é realizado pelo médico responsável pelo pré-natal, que encaminha a
gestante ao nutricionista.
A terapia nutricional deve ser iniciada o mais cedo possível e ser acompanhada por
uma equipe multiprofissional composta por obstetra, endocrinologista, enfermeiro e nutri-
cionista. As tabelas a seguir são referências para o acompanhamento desses diagnósticos.

TABELA 02 – VALORES PARA ACOMPANHAMENTO DA GLICEMIA


GLICEMIA VALOR GLICÊMICO
Glicemia de jejum plasmática e pré-prandial < ou = 95 mg/dl
Glicemia pós-prandial (1 hora) < ou = 140 mg/dl
Fonte: A autora (2023).

TABELA 03 - ACOMPANHAR DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL


Semana Baixo peso Adequado (A) Sobrepeso (S) Obesidade (O)
gestacional (BP) IMC ≤ IMC entre IMC entre IMC ≥
6 19,9 20,0 e 24,9 30,0 e 30,1 30,1
7 20,0 20,1 e 25,0 30,1 e 30,2 30,2
8 20,1 20,2 e 25,0 25,1 e 30,1 30,2
9 20,2 20,3 e 25,1 25,2 e 30,2 30,3
10 20,2 20,3 e 25,2 25,3 e 30,2 30,3
11 20,3 20,4 e 25,3 25,4 e 30,3 30,4
12 20,4 20,5 e 25,4 25,5 e 30,3 30,4
13 20,6 20,7 e 25,6 25,7 e 30,4 30,5
14 20,7 20,8 e 25,7 25,8 e 30,5 30,6
15 20,8 20,9 e 25,8 25,9 e 30,6 30,7
16 21,0 21,1 e 25,9 26,0 e 30,7 30,8
17 21,1 21,2 e 26,0 26,1 e 30,8 30,9
18 21,2 21,3 e 26,1 26,2 e 30,9 31,0
19 21,4 21,5 e 26,2 26,3 e 30,9 31,0
20 21,5 21,6 e 26,3 26,4 e 31,0 31,1
21 21,7 21,8 e 26,4 26,5 e 31,1 31,2
22 21,8 21,9 e 26,6 26,7 e 31,2 31,3

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 19


23 22,0 22,1 e 26,8 26,9 e 31,3 31,4
24 22,2 22,3 e 26,9 27,0 e 31,5 31,6
25 22,4 22,5e 27,0 27,1 e 31,6 31,7
26 22,6 22,7 e 27,2 27,3 e 31,7 31,8
27 22,7 22,8 e 27,3 27,4 e 31,8 31,9
28 22,9 23,0 e 27,5 27,6 e 31,9 32,0
29 23,1 23,2 e 27,6 27,7 e 32,0 32,1
30 23,3 23,4 e 27,8 27,9 e 32,1 32,2
31 23,4 23,5 e 27,9 28,0 e 32,2 32,3
32 23,6 23,7 e 28,0 28,1 e 32,3 32,4
33 23,8 23,9 e 28,1 28,2 e 32,4 32,5
34 23,9 24,0 e 28,3 28,4 e 32,5 32,6
35 24,1 24,2 e 28,4 28,5 e 32,6 32,7
36 24,2 24,3 e 28,5 28,6 e 32,7 32,8
37 24,3 24,5 e 28,7 28,8 e 32,8 32,9
38 24,5 24,6 e 28,8 28,9 e 32,9 33,0
39 24,7 24,8 e 28,9 29,0 e 33,0 33,1
40 24,9 25,0 e 29,1 29,2 e 33,1 33,2
41 25,0 25,1 e 29,2 29,3 e 33,2 33,3
42 25,0 2,1 e 29,2 29,3 e 33,2 33,3
Fonte: adaptado ATALAH SAMUR (1997)

3.3 A terapia nutricional correta na gestante


A terapia nutricional é essencial para controlar a glicemia, fornecer nutrição adequa-
da para mãe e feto e garantir um ganho de peso apropriado, minimizando o risco de compli-
cações. É importante lembrar que cada gestante deve receber atendimento individualizado,
incluindo avaliação nutricional, cálculo das necessidades energéticas e programação do
ganho de peso gestacional, independentemente da presença de diabetes.
Para gestantes com diabetes gestacional ou obesidade (IMC>30) com dificuldade
em controlar o metabolismo, como macrossomia fetal e hiperglicemia persistente, uma
restrição de 30-33% do valor energético total (VET) (~25 kcal/kg/peso atual) pode ajudar a
controlar a glicemia e promover um ganho de peso adequado, sem aumentar a cetonúria. É
fundamental que essas gestantes sejam acompanhadas por uma equipe multiprofissional,
incluindo obstetra, endocrinologista, enfermeiro e nutricionista.

3.3.1 Recomendações nutricionais para gestantes com diabetes mellitus:


→ Proteínas: devem compor 15-20% do valor energético total (VET) para gestan-
tes com função renal normal.
→ Lipídeos: devem representar de 30 a 40% do VET, com restrição de gorduras
saturadas e trans. Recomenda-se consumir duas ou mais porções semanais de
fontes de ácido graxo poli-insaturado.
→ Carboidratos (CHO): devem ser distribuídos ao longo do dia, com controle
da quantidade total nas refeições. A dieta deve conter no mínimo 175g de carboi-
dratos/dia, cumprindo a recomendação de fibras (20-35g/dia ou 14g/1000kcal).

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 20


Recomenda-se a ingestão de aproximadamente 30g de carboidratos no desjejum,
devido ao pico de ação de alguns hormônios como o cortisol no início da manhã.
→ Sacarose: pode ser utilizado em até 10% do VET, mas não deve ser incentiva-
do o consumo. A dieta para indivíduos saudáveis ​​deve conter no máximo 10% de
sacarose, com a sugestão de não ultrapassar o limite de 5%. Caso seja utilizado no
plano alimentar, deverá entrar na contabilização do total de carboidratos da dieta.
→ Percentuais de CHO: Não há consenso na literatura sobre o percentual de
CHO na dieta da gestante com DM. Recomenda-se de 35-40% do VET para
DMG, 40-45% do VET para DMG e 40-55% para DM prévio, de acordo com as
Diretrizes da Associação Americana de Diabetes (ADA) e da Sociedade Brasileira
de Diabetes (2014-2015) e Ministério da Saúde (2012).
→ Vitaminas e minerais: Deve seguir a recomendação da Dietary Reference
Intakes (DRI) ou ingestão dietética de referência (IDR) propostas pelo Institute of
Medicine-IOM, (1997-2001) para gestantes.
→ A dieta deve ser individualizada, balanceada, fracionada em 6 refeições ao dia,
com horários regulares, e deve conter todos os grupos de alimentos.
→ A ceia é importante, principalmente para as gestantes em tratamento com
insulina, devendo conter 25g de carboidratos complexos, além de proteínas ou
lipídios para evitar hipoglicemia de madrugada.
→ Priorizar os alimentos integrais e produtos lácteos desnatados.
→ Se uma gestante tiver alguma morbidade crônica associada ou apresentar in-
tercorrências gestacionais, ou digestivas, a conduta dietética deverá ser ajustada.
→ Orientar a gestante a ler atentamente os rótulos dos alimentos.
→ Prevenir carência de micronutrientes, ingerir água em quantidade adequada e
demais orientações nutricionais comuns a gestantes.
→ Existem dois métodos para orientação nutricional: o método da distribuição
energética dos macronutrientes por refeição, também conhecido como método
das porções ou substituições, que utiliza a lista de substituição em que os alimen-
tos na forma de porções são divididos em grupos.
→ O ciclamato de sódio continua com seu uso não recomendado pela ADA;

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 21


4
TÓPICO

ESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO
DA GLÂNDULA MAMÁRIA E
FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO

As mamas apresentaram variações em tamanho e forma, e sua aparência externa


não é um indicador confiável da anatomia interna ou do potencial de lactação. Em um pequeno
grupo de mulheres, os dutos frontais são visíveis por não se misturarem com o tecido adjacente.
A estrutura dos seios é composta por três tipos de tecido: tecido adiposo, tecidos conectivos e
glândulas mamárias, responsáveis ​​pela produção do leite que é controlado através de dutos
até os mamilos. Embora as glândulas mamárias estejam distribuídas por todo o seio, dois
terços do tecido glandular estão localizados nos 30 mm mais próximos da base do mamilo,
enquanto o restante é composto por tecido conjuntivo (colágeno e elastina) e tecido adiposo.
O tecido conjuntivo próximo aos alvéolos apresenta grande quantidade de linfócitos
e plasmócitos, sendo que estes últimos aumentam significativamente no final da gravidez
e são responsáveis ​​pela diminuição de imunoglobulinas, conferindo imunidade passiva
ao recém-nascido. Durante o ciclo menstrual, a estrutura histológica da glândula mamária
sofre leves alterações, que coincidem com o pico de circulação do estrogênio. Na fase
pré-menstrual, a maior hidratação do tecido conjuntivo produz um aumento na mama.
O mamilo possui formato cônico e pode apresentar cores rósea, marrom-claro ou
marrom escuro. Externamente, é coberto por epitélio pavimentoso estratificado querati-
nizado, contínuo com a pele adjacente, enquanto a pele ao redor do mamilo forma uma
auréola. Durante a gestação, a cor da auréola escurece como resultado do acúmulo local
de melanina, e após o parto, a cor pode ficar mais clara, mas retorna à sua tonalidade
original. O epitélio do mamilo se situa sobre uma camada de tecido conjuntivo rico em
fibras musculares lisas, que se fortalece circularmente ao redor dos dutos galactoforos

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 22


mais profundos e paralelamente a eles quando estes se entrelaçam no mamilo. O mamilo
apresenta muitas terminações nervosas sensoriais.

4.1 Fisiologia da lactação


Durante a gravidez, ocorre um intenso crescimento das glândulas mamárias, que é
resultado da ação sinérgica de diversos hormônios, como estrógenos, progesterona, pro-
lactina e lactogênio placentário humano. Esses hormônios têm como uma de suas funções
o desenvolvimento de alvéolos nas extremidades dos dutos interlobulares terminais.
Os alvéolos são agrupamentos esféricos de células epiteliais que secretam leite
durante o período de lactação. Essas células apresentam gotículas de gordura e vacúolos
secretores delimitados por membrana, contendo vários agregados de proteínas e leite em
seu citoplasma apical. Durante a lactação, o número de vacúolos secretores e gotículas de
gordura aumenta significativamente, enquanto a quantidade de tecido conjuntivo e adiposo
diminui consideravelmente em relação ao parênquima.
Durante a lactação, as células epiteliais dos alvéolos produzem leite, que se
acumulam no lúmen dessas estruturas e nos ductos galactoforos. As células secretoras
alteram seu formato, apresentando-se como células cúbicas, pequenas e baixas, com
gotículas esféricas de tamanhos diferentes em seu citoplasma que contém principalmente
triglicerídeos neutros.
Essas gotículas de lipídios são liberadas para o lúmen e constituem aproximada-
mente 4% da composição do leite. Além disso, há muitos vacúolos limitados por membrana
contendo caseína e outras proteínas do leite na porção apical das células secretoras, cons-
tituindo cerca de 1,5% do leite humano. A lactose, que é o açúcar do leite, é sintetizada a
partir de glicose e galactose, constituindo cerca de 7% do leite humano. Quando o período
de amamentação chega ao fim, grande parte dos alvéolos que se desenvolveram durante a
gestação degeneraram e sofreram apoptose, liberando células inteiras na luz dos alvéolos
e tendo seus restos removidos por macrófagos.

4.2 Composição do leite humano


O valor energético do leite materno é de cerca de 70 Kcal/100ml, sendo que os lipídios
são responsáveis por 51% da energia total, os carboidratos por 43% e as proteínas por 6%.
Além de fornecer energia, os lipídios também têm papéis fisiológicos e estruturais importantes,
além de serem veículos para as vitaminas lipossolúveis. A lactose é o principal carboidrato
presente no leite humano e favorece o crescimento dos Lactobacilos bifidus, que inibem o
desenvolvimento de micro-organismos gram-negativos e previnem infecções intestinais.

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 23


O leite humano tem o menor teor de proteínas em comparação com outras espécies,
sendo o teor mais alto encontrado no colostro, a primeira secreção da glândula mamária, com
15,8g/100ml. As proteínas do leite são divididas em caseína e proteínas do soro. No leite de
vaca, a maioria das proteínas (82%) está na forma de caseína, enquanto no leite humano
maduro, a caseína representa no máximo 25% das proteínas totais. A caseína fornece ami-
noácidos livres, cálcio e fósforo para o lactente, enquanto as proteínas do soro (lactalbumina,
lactoferrina, imunoglobulinas) são essenciais para a proteção do recém-nascido. O leite huma-
no contém quantidades adequadas de vitaminas, embora o leite de vaca contenha algumas
em quantidades superiores, que são degradadas pelo aquecimento, luz e exposição ao ar.
O teor de eletrólitos no leite de vaca é de três a quatro vezes maior do que no leite
humano e, combinado com o alto teor de proteínas, pode sobrecarregar os rins do lactente,
levando à retenção de sódio, hiperosmolaridade e dificuldades na digestão devido à falta
de produção de enzimas digestivas nessa fase.

TABELA 04 - COMPOSIÇÃO DO LEITE MATERNO (100ML)


Energia 70 Kcal
Proteína 1.1g
Caseína albumina 40:60
Lipídios 4,2g
Carboidrato 7g
Vitamina A 190mcg
Vitamina D 2,2mcg
Vitamina E 0,18mg
Vitamina K 1,5mcg
Vitamina C 4,3mg
Tiamina 16mcg
Riboflavina 36mcg
Niacina 147mcg
Piridoxina 10mcg
Folato 5,2mcg
Vitamina B12 0,03mcg
Cálcio 34mg
Fósforo 14mg
Ferro 0,05mg
Zinco 0,3mg
Água 87,1ml
Sódio 0,7mEq
Cloro 1,1mEq
Potássio 1,3mEq
Fonte: A autora (2023).

4.3 Fatores que afetam o volume e a composição do leite


Ao nascer, é importante que o bebê receba o leite materno como primeira alimen-
tação, pois é rico em nutrientes essenciais. A composição do leite varia de mãe para mãe

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 24


e pode ser influenciada por fatores como etnia, genética, hábitos alimentares e estágio da
lactação. Até mesmo durante uma mesma mamada, a composição nutricional pode variar,
com diferenças entre macro e micronutrientes no início e no final. Por isso, é recomendado
que o bebê esvazie completamente uma mama antes de passar para a outra, para receber
o leite mais rico em gordura.
Para a amamentação ser bem-sucedida, outros fatores além do funcionamento ade-
quado das glândulas mamárias são necessários, como o preparo da mãe, o desejo de ama-
mentar, a sucção adequada do bebê, a saúde emocional e psicológica da mãe e a orientação
de um profissional de saúde. A amamentação é benéfica para estabelecer um vínculo afetivo
entre mãe e filho, além de oferecer ao bebê uma nutrição e proteção imunológica adequadas.
O leite materno das mães de bebês prematuros tem uma composição ainda mais rica
em vitaminas (A, D e E), cálcio, energia, proteínas, lipídios totais, ácidos graxos, nitrogênio e
proteínas que atuam no sistema imunológico, em comparação com o leite de mães de bebês
a termo. Portanto, é recomendado que os bebês prematuros recebam preferencialmente o
leite materno. Mães de bebês prematuros podem apresentar disfunções psicológicas e emo-
cionais, o que faz com que possa haver dificuldade para iniciar e para manter o aleitamento.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os bebês sejam alimentados exclusivamente com
leite materno até os 6 meses de idade. E que, mesmo após a introdução dos primeiros alimentos sólidos,
sigam sendo amamentados até, pelo menos, os 2 anos de idade. Segundo o Ministério da Saúde, o aleita-
mento materno é a forma de proteção mais econômica e eficaz contra a mortalidade infantil, protegendo
as crianças de diarreias, infecções respiratórias e alergias, entre outras doenças.
De acordo com o ministério, em 1986, o percentual de crianças brasileiras com menos de 6 meses alimentadas
exclusivamente com leite materno não passava de 3%. Em 2008, já tinha atingido os 41%. Atualmente, a amamen-
tação exclusiva chega aos 46%. Percentual próximo aos 50% que a OMS estipulou como meta a ser atingida pelos
países até 2025. Além disso, seis em cada dez (60%) crianças são amamentadas até completar 2 anos de idade.
Fonte: Brasil. Ministério Da Saúde. Campanha Nacional Busca Estimular Aleitamento Materno. Conselho
Nacional De Saúde, 2022. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/2584-campa-
nha-nacional-busca-estimular-aleitamento-materno Acesso em: 02 mai. 2023.

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 25


“Licenças de maternidade inferiores a 6 semanas aumentam em 400% a probabilidade de a mulher não
amamentar o seu filho ou [recorrer ao] desmame precoce”, alertou Janini, pontuando que, no Brasil, já há
exemplos de boas práticas, tais como as empresas cidadãs, estimuladas a conceder 180 dias de licença às
funcionárias gestantes – 60 dias além dos 120 previstos em lei. “A questão das trabalhadoras informais,
contudo, é [um aspecto] no qual precisamos avançar para protegê-las.”
O secretário nacional de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara, fez um alerta. “Na condição de gi-
necologista, peço especial atenção e carinho àquelas mulheres que não conseguem amamentar, a fim de
evitarmos discriminações. Portanto, não dá para ficar falando que toda mulher consegue amamentar, pois,
por diferentes motivos, há as que não conseguem e é importante não as colocar numa posição de que serão
menos mães por causa disso.”
Fonte: Brasil. Ministério Da Saúde. Campanha Nacional Busca Estimular Aleitamento Materno. Conselho
Nacional De Saúde, 2022. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/ultimas-noticias-cns/2584-campa-
nha-nacional-busca-estimular-aleitamento-materno Acesso em: 02 mai. 2023.

A adoção do leite industrializado na alimentação dos lactentes mostra-se crescente até meados da década
de 70, apesar de aparentemente manter-se a crença do leite materno como sendo o melhor alimento.
Naquela década, apenas uma parcela das crianças era amamentada ao seio e, por períodos muito curtos
que duravam em média de 1 a 3 meses. O leite em pó firmou-se junto à população e profissionais da área
da saúde, como alimento considerado capaz de suprir as necessidades do lactente. A ampla propaganda
desses produtos, em conjunto com o apoio dos profissionais, contribuiu fortemente para o declínio da
prática do aleitamento materno.

Fonte: Goldenberg (1988); Silva (1990).

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 26


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Chegamos ao final da nossa primeira unidade, até aqui aprendemos alguns concei-
tos que serão fundamentais para um bom profissional de nutrição. O conhecimento da área
de Nutrição Maternoinfantil é parte fundamental para início da saúde humana.
Sugiro fortemente que, baseado neste material, a mente de vocês se abra para
novas leituras e pesquisas nessa área a fim de aprimorar ainda mais este conhecimento.
Ter uma vida saudável depende muito do que o indivíduo consome/ ingere desde o início
de sua concepção de vida.
Conhecimentos enquanto profissional da área é essencial para manter a saúde e
o bem-estar das pessoas e já fiquem ligados porque na próxima unidade entenderemos
um pouquinho mais deste universo da saúde e nutrição em cada ciclo do desenvolvimento
humano. Espero que já esteja curioso (a) e na expectativa para nossa próxima unidade.

Um forte abraço!

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 27


LEITURA COMPLEMENTAR
CONSUMO DE EDULCORANTES ARTIFICIAIS POR GESTANTES E NUTRIZES

O cenário atual da alimentação humana indica um aumento crescente do consumo


de produtos industrializados e ultraprocessados, bem como produtos artificialmente adoça-
dos que, inicialmente formulados para suprir às necessidades da população diabética, hoje
atendem a tendência da população em reduzir e controlar o consumo de calorias. Apesar
de consideradas seguras pelas autoridades de saúde, são contraindicadas na gestação e
lactação. Com o objetivo de conhecer a utilização e quantificar o consumo diário total de
edulcorantes artificiais por gestantes e lactantes, foi realizada a coleta de dados sobre o
consumo alimentar, avaliando quais produtos continham edulcorantes em sua composição e
seus, respectivos teores diante do consumo diário individual e análise com a ingestão diária
aceitável (IDA). Dos 161 recordatórios coletados, 89 eram gestantes e 72 nutrizes, sendo
possível quantificar o consumo de edulcorantes por 9 das gestantes e 15 das nutrizes.
Não foi encontrado consumo acima da ingestão diária aceitável para nenhuma das
participantes. Em face do exposto, ressalta-se a importância do acompanhamento nutricio-
nal com orientações e recomendações conscientes.

Fonte: BARROS, P. Consumo de edulcorantes artificiais por gestantes e lactantes do Tocantins. Monografia Graduação -
Universidade Federal do Tocantins – Câmpus Universitário de Palmas - Curso de Nutrição, 2021. Disponível em: https://
repositorio.uft.edu.br/bitstream/11612/3547/1/Priscila%20de%20Souza%20Barros-%20TCC.pdf Acesso em: 10 mar. 2023.

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 28


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Nutrição da Gestação ao Envelhecimento
• Autora: Márcia Regina Vitolo.
• Editora: Rubio.
• Sinopse: Márcia Regina Vitolo aborda a prática da abordagem
nutricional em todos os estágios da vida, sem deixar de fornecer as
bases teóricas e científicas e as políticas públicas que alicerçam o
dia a dia do profissional nutricionista.

FILME/VÍDEO
• Título: Muito além do Peso
• Ano: 2012.
• Sinopse: No documentário, a cineasta Estela Renner analisa a qua-
lidade da alimentação infantil e os efeitos da publicidade de alimentos.
• Link do Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=8UGe5GiHCT4

UNIDADE 1 NUTRIÇÃO DA GESTANTE NUTRIZ 29


2
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UNIDADE

NUTRIÇÃO DO
LACTENTE

Professor(a) Esp. Vanuza Neres Pacheco Carluccio

Plano de Estudos
• Crescimento e desenvolvimento do lactente;
• Requerimento e recomendações nutricionais;
• Aleitamento materno e aleitamento artificial;
• Como manejar o aleitamento materno em situações especiais e
em situações que há restrições ao aleitamento.

Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer as Bases fisiológicas da gestação identificando as
necessidades nutricionais da mãe e do feto.
• Reconhecer as recomendações nutricionais na gravidez capacitando
o aluno a dar orientação nutricional específicas.
• Compreender a importância do aleitamento materno frente a
obesidade, baixo peso e diabetes.
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo (a) a nossa segunda unidade da disciplina de Nutrição Materno
Infantil. Nessa unidade iremos conhecer um pouquinho mais, sobre um dos alimentos es-
senciais ao desenvolvimento humano, o LEITE MATERNO.
A amamentação é um momento especial tanto para a mãe quanto para o bebê,
pois fortalece o vínculo afetivo entre eles. Além disso, o leite materno é a melhor forma
de alimentar um recém-nascido, fornecendo os nutrientes necessários para suas funções
vitais nos primeiros seis meses de vida.
É comum que as mães tenham dúvidas nessa fase, e é aí que o nutricionista pode
desempenhar um papel importante, fornecendo informações precisas sobre como nutrir o
bebê de acordo com a ciência da nutrição.
É incrível pensar que o próprio corpo humano é capaz de produzir o alimento es-
sencial para sustentar a vida nos primeiros meses de vida do bebê.
E aí preparado para embarcar comigo nessa viagem de aprendizado? Se ainda não
está, corra, organize-se para aproveitar cada página desta unidade.

Excelente estudo para você!

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 31


1
TÓPICO

CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO
DO LACTENTE

O processo de crescimento e desenvolvimento estão interligados, no entanto, exigem


abordagens distintas e específicas para sua percepção, descrição e avaliação. O crescimento
é um processo biológico que consiste na multiplicação e aumento do tamanho das células,
refletindo no crescimento do corpo. Cada indivíduo nasce com um potencial genético de cres-
cimento, que pode ser atingido ou não, dependendo das condições de vida desde a concepção
até a idade adulta. Portanto, o crescimento é influenciado por fatores intrínsecos, como gené-
ticos, metabólicos e malformações (muitas vezes relacionados geneticamente), e extrínsecos,
tais como alimentação, saúde, higiene, habitação e cuidados gerais com a criança.

FIGURA 01: DESENVOLVIMENTO MOTOR DA CRIANÇA

Fonte: Técnico de Nutrição e Dietética (2013, p. 34)

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 32


O crescimento e o desenvolvimento são processos distintos, embora intimamente
relacionados. O crescimento refere-se ao aumento do tamanho corporal e é determinado
por fatores genéticos e ambientais, como alimentação, saúde, higiene e cuidados gerais
com a criança. O potencial máximo de crescimento de uma criança é determinado por
sua carga genética, mas as condições em que ocorre o crescimento ao longo da vida
determinam se esse potencial será atingido ou não.
Durante os primeiros anos de vida, a velocidade de crescimento é particularmente
alta, com uma diminuição gradativa e pronunciada até os cinco anos de idade. O desenvolvi-
mento, por sua vez, é um processo amplo e complexo que inclui não apenas o crescimento,
mas também a maturação, a aprendizagem e os aspectos psíquicos e sociais da criança.
O período que vai do nascimento até aproximadamente os 2 aos 3 anos de idade
é conhecido como infância, quando a fala se transforma em instrumento de comunicação.
Nessa fase, a criança passa por muitas transformações, como o primeiro sorriso, a primeira
palavra, os primeiros passos e o primeiro alcance de objetos. A criança é um ser dinâmico,
complexo e em constante transformação, com um padrão previsível e regular de cresci-
mento físico e desenvolvimento neuropsicomotor.
Durante a primeira infância, ocorrem as maiores e mais rápidas modificações no de-
senvolvimento da criança, principalmente no que se refere ao domínio neuropsicomotor. O
desenvolvimento segue uma sequência previsível e regular, com o desenvolvimento cefálico
antecedendo o caudal e o proximal antecedendo o distal. Dessa forma, os braços passam a
obedecer ao controle cortical e à orientação visual antes que as pernas. A criança evolui de
brincadeiras com as mãos e a boca para brincadeiras com os pés e a boca, usando partes
do próprio corpo como experiências de prazer desligadas da necessidade. A criança pode
chupar o dedo e as mãos não apenas por fome, mas também por prazer e conforto.

1.1 Fisiologia digestiva do lactente


Para entender todo o processo digestivo do bebê, é importante conhecer e observar
alguns pontos relevantes, como:
• Estômago: Quando o bebê chora, ele engole ar, o que pode aumentar o
tamanho do estômago em até 5 vezes. Ondas peristálticas progressivas estão
ausentes em recém-nascidos, havendo apenas contrações não peristálticas.
• Apêndice vermiforme: É relativamente grande em recém-nascidos e não pos-
sui haustos (que só aparecem após 6 meses). Apendicites são raras e o intestino
grosso é mais liso que em adultos.
• Fígado: É enorme ao nascer, podendo chegar a 150 g (cerca de 4% do peso
total da criança). No 1º ano, duplica seu peso, e no 2º, triplica. Ele ocupa cerca
de 2/5 da cavidade abdominal.
• Vesícula biliar: É muito pequena, com cerca de 2 cm de comprimento.

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 33


• Nascimento: Ao nascer, o bebê precisará assumir as funções digestivas ante-
riormente realizadas pela placenta, incluindo o metabolismo de água, proteínas,
carboidratos, gorduras, vitaminas e minerais para um crescimento e desenvolvi-
mento adequado.
• A capacidade gástrica: É de 40 a 60 ml no primeiro dia após o nascimento, o
que torna as alimentações mais frequentes e o tempo de esvaziamento gástrico
geralmente de 2 a 4 horas, variando conforme o tipo de alimentação e a idade do
neonato. A peristalse é rápida.
• Regurgitação: Muitos recém-nascidos regurgitam pequenas quantidades de
matéria ingerida após a alimentação devido a um esfíncter da cárdia imatura.
A regurgitação persistente, forçada ou de grandes volumes é anormal e indica
necessidade de investigação.
• Intestino: Comparado com o intestino de um adulto, o intestino do recém-nasci-
do é mais longo em relação ao tamanho corporal, tem mais glândulas secretoras
e maior superfície de absorção. A capacidade do bebê de digerir nutrientes de-
pende da atividade enzimática e da acidez gástrica. A síntese da vitamina K por
meio da atividade bacteriana é outra função gastrintestinal importante, embora
de início seja estéril. O trato gastrointestinal estabelece uma colônia bacteriana
normal dentro da primeira semana após o nascimento, permitindo uma síntese
adequada da vitamina K.
• Alimentação ao nascer: O início da alimentação deve começar logo que o
recém-nascido esteja fisicamente estável e exiba coordenação adequada dos re-
flexos de sucção e deglutição. Uma longa demora em iniciar a alimentação pode
esgotar as reservas limitadas de glicogênio do neonato, já bastante exigidas pelo
aumento da demanda energética do período de transição. Isso pode resultar em
hipoglicemia (refletida por um nível de glicose sérica abaixo de 35mg/dl), que
coloca em risco o cérebro altamente dependente de glicose.
• Intestino: O intestino do recém-nascido contém inicialmente mecônio, uma
substância fecal espessa, verde-escuro e inodora, que é composta de líquido
amniótico, bile, células epiteliais e cabelo (da queda de lanugem no útero - os
pelos finos e macios que recobrem os ombros e as costas do recém-nascido).
Geralmente, o primeiro mecônio é eliminado pelo recém-nascido dentro de 24
horas após o nascimento.
• Pós-Alimentação: Após a ingestão de alimento, a cor, o odor e a consistência
das fezes mudam, tornando-se marrom-esverdeadas, com maior teor de água
do que o mecônio. O tipo de alimentação determina as características das fezes
subsequentes. Os recém-nascidos alimentados com fórmulas lácteas apresen-
tam fezes pastosas, amareladas e com odor forte, enquanto aqueles alimentados
com leite materno têm fezes amarelo-vivas, mais líquidas e com odor adocicado.

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 34


2
TÓPICO

REQUERIMENTO E
RECOMENDAÇÕES
NUTRICIONAIS

A mulher que está amamentando, conhecida como nutriz ou lactante, possui necessi-

dades nutricionais específicas decorrentes tanto do processo de lactação quanto dos efeitos

da gestação. Durante a gestação, a mãe ganha peso para o crescimento e desenvolvimento

do feto e acumula reservas energéticas para a fase seguinte, a lactação, quando seu filho

dependerá do leite materno para crescer e se desenvolver. A demanda de nutrientes du-

rante a lactação é consideravelmente maior do que durante a gestação, especialmente nos

primeiros quatro meses após o parto, quando o lactente duplica o seu peso de nascimento.
Além dos aspectos biológicos, é importante considerar os fatores psicológicos e socio-

culturais das mulheres que amamentam, pois o aleitamento materno depende de fatores que

podem influenciar positiva ou negativamente em seu sucesso. Fatores circunstanciais, como o

trabalho e as condições de vida da mãe, podem influenciar na motivação e disponibilidade para

amamentar. A idade e o grau de instrução materna também afetam a motivação para amamentar.

O consumo de macronutrientes não afeta a concentração no leite humano, mas

a deficiência de alguns micronutrientes pode afetar seu teor no leite materno, levando à

depleção nutricional do lactente. Deficiências de micronutrientes, como vitamina A e ferro

são um grande problema de saúde pública em muitos países em desenvolvimento e podem

causar diversos agravos à saúde dos indivíduos.

Durante o período de lactação, as deficiências nutricionais da nutriz podem con-

tribuir para a manutenção de baixas reservas de nutrientes nos lactentes, aumentando as

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 35


chances de desenvolvimento de carências nutricionais nos primeiros anos de vida, período

em que há maior prevalência de agravos à saúde infantil.


Algumas recomendações para uma alimentação adequada durante a lactação incluem:

→ Consumir dieta variada, incluindo pães e cereais, frutas, legumes, verduras,


derivados do Leite e carnes.
→ Consumir três ou mais porções de derivados do leite por dia.
→ Esforçar-se para consumir frutas e vegetais ricos em vitamina A.
→ Certificar-se de que a sede está sendo saciada.
→ Evitar dietas e medicamentos que promovam rápida perda de peso (mais de
500g por semana).
→ Consumir com moderação café e outros produtos cafeinados.

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 36


3
TÓPICO

ALEITAMENTO MATERNO E
ALEITAMENTO ARTIFICIAL

A amamentação não só afeta o estado nutricional, habilidade de defesa contra


infecções, fisiologia e desenvolvimento cognitivo e emocional da criança, mas também
tem implicações na saúde física e mental da mãe. O sucesso da amamentação depende
fortemente do ambiente em que a mãe está inserida e do apoio que ela recebe, não só dos
profissionais de saúde, mas também da família e da comunidade. Para a amamentação
ser bem-sucedida, a mãe precisa de incentivo e suporte contínuos. Além disso, a opinião
e o incentivo das pessoas significativas para a mãe, como o marido/companheiro, avós da
criança e outras pessoas próximas, são extremamente importantes. Por isso, é importante
que os profissionais de saúde prestem atenção ao novo pai e o incentivem a participar
desse período vital para a família.
Para garantir uma comunicação efetiva, é essencial utilizar as definições de alei-
tamento materno adotadas pela OMS e reconhecidas internacionalmente. O aleitamento
materno é geralmente classificado em:
→ Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite
materno, direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem
outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas,
sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
→ Aleitamento materno exclusivo: quando a criança é alimentada exclusiva-
mente com leite materno, seja diretamente da mama ou por meio de ordenha,
ou com leite humano proveniente de outra fonte, sem qualquer outra ingestão
de líquidos ou sólidos, exceto em casos de gotas ou xaropes que contenham
vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 37


→ Aleitamento materno predominante: quando a criança ingere líquidos adi-
cionais além do leite materno, como água, bebidas açucaradas à base de água
(como chás e infusões), sucos de frutas e fluidos usados em rituais.
→ Aleitamento materno: quando a criança é alimentada exclusivamente com
leite materno, seja diretamente da mama ou ordenhado, sem receber outros
alimentos ou líquidos.
→ Aleitamento materno complementado: quando a criança recebe, para além
do leite materno, qualquer tipo de alimento sólido ou semi-sólido com o objetivo
de complementar a amamentação e não a substituir. Nesse caso, é possível que
a criança receba outro tipo de leite juntamente com o leite materno, mas esse não
é considerado um alimento complementar.
→ Aleitamento materno misto ou parcial: quando a criança recebe tanto leite
materno quanto outros tipos de leite.

3.1 Aleitamento Artificial


A alimentação por meio de fórmulas infantis à base de leite de vaca, soja ou outras
fontes, também conhecido como aleitamento artificial, pode ser adotada em algumas situa-
ções, tais como:
01. Quando a mãe opta por não amamentar;
02. Em casos de necessidades nutricionais especiais como doenças metabólicas;
03. Em adoções;
04. Quando a mãe tem infecções ativas, como o vírus da imunodeficiência huma-
na (HIV);
05. Para complementação do leite materno.
A escolha da fórmula deve ser baseada nas necessidades nutricionais da criança,
nas preferências dos pais, no custo, na necessidade de refrigeração e na capacidade dos
pais em preparar adequadamente as fórmulas. Durante a alimentação, é importante pro-
mover a relação entre a mãe e o bebê, mantendo-os próximos e seguros em uma posição
face a face. É recomendável que a mãe fale com a criança, cante para ela ou simplesmente
a mantenha calma. O aleitamento artificial também permite que o pai e toda a família parti-
cipem na alimentação do bebê.
No entanto, é importante lembrar que o leite materno é a melhor opção para a alimen-
tação do recém-nascido, pois contém todos os nutrientes essenciais para o seu desenvolvi-
mento. Além disso, é mais facilmente digerido e capaz de atender sozinho as necessidades
nutricionais da criança nos primeiros seis meses de vida, sendo uma importante fonte de
nutrientes até o segundo ano de vida, especialmente de proteínas, gorduras e vitaminas.

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 38


Ao optar pelo aleitamento artificial, os pais devem ter cuidados importantes, tais
como: seguir as instruções de preparo da fórmula com atenção, armazenar e manusear
adequadamente os equipamentos utilizados na alimentação, prevenir a contaminação da
fórmula, monitorar a quantidade de alimento ingerida pela criança, observar possíveis rea-
ções alérgicas e seguir as orientações médicas.
Para o aleitamento artificial, é importante tomar os seguintes cuidados:
→ A esterilização da mamadeira, água e leite não é necessária, a menos que a
água não seja potável. No entanto, é preciso ferver a água e descartar o leite não
utilizado, pois sua composição pode ser alterada após ser aberto.
→ O leite deve ser dado em temperatura ambiente ou morno, que pode ser testa-
da na face interna do punho. Ele pode ser aquecido em banho-maria ou no micro-
-ondas, mas é importante agitar bem a mamadeira antes de testar a temperatura.
→ Nunca apoie a mamadeira em uma almofada ou objeto e deixe a criança
sozinha, pois isso pode causar asfixia e privá-la de uma interação importante
durante a alimentação.
→ Para alimentar o bebê, coloque a mamadeira na boca, sobre a língua e apoia-
da contra o palato. O leite deve cair gota a gota, e a mamadeira deve ser mantida
sempre cheia para evitar a entrada de ar durante a mamada. Mesmo assim, é
importante colocar a criança para arrotar pelo menos no meio da ingestão.

3.2 Tipos de Alimentação Artificial


A alimentação artificial é uma opção para bebês que não podem ser amamentados
ao seio materno ou cujas mães optam por não amamentar. Existem diferentes tipos de
alimentação artificial, sendo a fórmula infantil em pó ou líquida a mais comum.
Leite artificial: O leite em pó é uma opção concentrada e solúvel em água que não
requer refrigeração. Por outro lado, pré-preparados e leites condensados normalmente vêm
em recipientes reutilizáveis e precisam ser refrigerados depois de abertos.

FIGURA 01: LEITE ARTIFICIAL

Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/preparation-formula-baby-feeding-health-care-2002113860

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 39


Quando preparando o leite, é importante seguir as proporções indicadas e diluí-lo
corretamente. Se muito concentrado, pode causar desidratação no bebê, enquanto se
pouco concentrado, pode não fornecer nutrição suficiente.

Leite de vaca não modificado: Os pais devem evitar alimentar seus bebês com
leite de vaca antes que o bebê tenha pelo menos um ano de idade. Isso ocorre porque o
leite de vaca é difícil de digerir e possui uma absorção pobre de gorduras e baixa concen-
tração de ferro, além de conter proteínas que podem ser agressivas para o intestino do
bebê. A alternativa adequada para atender às necessidades nutricionais do lactente é o uso
de fórmulas infantis, que são produtos modificados para garantir a nutrição adequada para
o bebê. É importante lembrar que tanto o aleitamento materno quanto o uso de fórmulas
infantis devem ser mantidos até pelo menos os 12 meses de idade, ou mais, conforme a
orientação do profissional de saúde.

FIGURA 02: LEITE DE VACA

Fonte: https://www.shutterstock.com/image-photo/banner-glass-milk-jug-on-blue-1739574104

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 40


4
TÓPICO

COMO MANEJAR O ALEITAMENTO MATERNO


EM SITUAÇÕES ESPECIAIS E EM SITUAÇÕES
QUE HÁ RESTRIÇÕES AO ALEITAMENTO

O aleitamento materno é a forma mais recomendada de alimentação para o bebê


nos primeiros meses de vida, mas em algumas situações especiais possam haver restri-
ções ou dificuldades para amamentar. Nesses casos, é importante buscar orientação de
um profissional de saúde para o manejo adequado do aleitamento materno. Situações que
podem requerer manejo especial incluem bebês prematuros, com fissura labiopalatina, com
icterícia, entre outras. Em casos de restrições ao aleitamento, como a mãe ser soroposi-
tiva para HIV, existem medidas para minimizar o risco de transmissão do vírus durante a
amamentação. A Fórmula Infantil pode ser uma alternativa em alguns casos, mas deve ser
utilizada apenas com orientação médica.

4.1 Nova gravidez


Caso seja desejo da mulher e a gravidez, seja normal, é possível manter a ama-
mentação durante uma nova gestação. No entanto, é comum que as crianças interrompam a
amamentação espontaneamente nessa situação, devido à diminuição na produção de leite,
alteração no sabor do leite, perda de espaço no colo ou aumento da sensibilidade dos mami-
los. Se houver ameaça de parto prematuro, é recomendado interromper a lactação. Embora
muitas vezes se acredite que a produção de leite é o maior obstáculo para a amamentação
de bebês múltiplos, na realidade, a indisponibilidade da mulher é o principal fator limitante.
É fundamental que as crianças sejam amamentadas em livre demanda, mesmo
que seja um desafio. A produção de leite suficiente para o bebê depende da amamentação
frequente e em livre demanda, ou da retirada do leite em intervalos regulares que imitem as
mamadas. Para isso, é recomendado esvaziar as mamas pelo menos 8 a 9 vezes ao dia,
totalizando de 100 a 120 minutos.

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 41


Embora possa parecer uma tarefa quase impossível, muitas mulheres se surpreen-
dem com sua extraordinária capacidade de adaptação após um período de aprendizagem
que pode durar meses para coordenar as mamadas da criança.
→ O método de alternância de bebês e mamas a cada 24 horas consiste em
cada bebê iniciar todas as mamadas do dia em uma mama específica, alternando
para a outra mama no dia seguinte.
→ No método de escolha de uma mama específica para cada bebê, cada mama
se adapta às necessidades individuais de cada bebê, mas pode haver diferenças
no tamanho das mamas ou diminuição da produção de leite se a criança não
sugar eficientemente. Para minimizar esses riscos, é recomendado que a mãe
alterne as posições de vez em quando para que os olhos da criança recebam
estímulos semelhantes aos de mamar em ambas as mamas.
→ A amamentação simultânea, na qual os dois bebês são amamentados ao
mesmo tempo, economiza tempo e permite atender às necessidades imediatas
de ambos os bebês.

Há basicamente três posições para a amamentação simultânea: tradicional, jogador


de futebol americano e combinação de ambas.

TABELA 01: AS TRÊS POSIÇÕES PARA A AMAMENTAÇÃO

Fonte: A autora (2023).

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 42


Todos os bebês passam por períodos de crescimento acelerado, nos quais há um
aumento na demanda por leite materno. Esses períodos geralmente duram de 2 a 3 dias,
mas podem ser mais prolongados em casos de gêmeos. É comum que as mães de gêmeos
se sintam inseguras em relação à produção de leite nesses momentos e acabem recorrendo
à suplementação com outras fontes.
É importante lembrar que ocorrem três episódios de aceleração do crescimento
antes dos 4 meses: o primeiro entre 10 e 14 dias de vida, outro entre 4 e 6 semanas e um
terceiro em torno dos 3 meses. É válido ressaltar que bebês prematuros podem passar por
vários períodos de aceleração do crescimento nos primeiros meses de vida.

4.2 Crianças com más formações orofaciais


Amamentar crianças com más formações orais é importante, pois o aleitamento ma-
terno ajuda a reduzir infecções no ouvido médio e inflamações da mucosa nasal causadas
pelo refluxo do leite, que são comuns nesses casos. Além disso, a amamentação contribui
para o equilíbrio da musculatura orofacial e o desenvolvimento adequado das estruturas do
sistema motor-oral, que podem ser afetadas nas crianças com essas condições.
No entanto, é fundamental oferecer suporte técnico e emocional para a mãe, bebê e
família, pois a aparência da criança pode gerar sentimento de culpa, vergonha e frustração,
impactando a saúde emocional, comportamental e cognitiva. A insegurança da mãe em
cuidar do filho com dificuldades também pode prejudicar o vínculo entre eles.
É comum que as crianças com más formações de mandíbula, nariz e boca apre-
sentem desafios na amamentação. O aleitamento materno favorece um maior contato entre
mãe e filho, o que pode contribuir para fortalecer o vínculo entre eles.

» Crianças que apresentam fissuras que não envolvem o palato apresentam uma menor dificul-
dade para mamar do que aquelas com fissura palatal.
» Por outro lado, as crianças com fissura labial que afeta as narinas e arcada dentária podem ter
dificuldades para realizar a pega correta do mamilo e aréola, além de poderem ter refluxo de leite
para as narinas.
» Nas fendas labiais bilaterais, a perda de continuidade do músculo orbicular dos lábios compromete o
fechamento anterior durante a amamentação. Já a fissura somente palatal, também conhecida como
"goela de lobo", pode envolver tanto o palato duro quanto o palato mole.
» As fissuras posteriores menores geralmente não causam problemas na amamentação e podem
passar despercebidas por vários dias.
» Porém, nas fissuras palatais mais extensas, a língua não encontra apoio para comprimir o mamilo e a
aréola, limitando a compressão dos seios lactíferos para extração do leite e dificultando a amamentação.

As mães de bebês com más formações orofaciais relatam as seguintes dificuldades


na amamentação:
01. Sucção fraca;
02. dificuldade de pega;

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 43


03. refluxo de leite pelas narinas;
04. engasgos do bebê;
05. ganho de peso insuficiente;
06. pouco leite;
07. ingurgitamento mamário;
08. trauma mamilar.

Para minimizar essas dificuldades, é possível realizar a expressão manual do leite


para amaciar o mamilo e a aréola, ocluir a fenda com o dedo da mãe durante a mamada,
aplicar compressas mornas nas mamas para facilitar a saída do leite, posicionar o mamilo
em direção ao lado oposto da fenda e utilizar uma posição semi-sentada do bebê para
evitar refluxo de leite pelas narinas.

4.3 Crianças portadoras de Distúrbios Neurológicos


Crianças que apresentaram asfixia perinatal grave, portadoras de síndromes gené-
ticas, infecções congênitas e más formações do sistema nervoso central podem desenvol-
ver distúrbios neurológicos, afetando sua coordenação motora-oral, sucção, deglutição e
respiração, com risco de refluxo gastroesofágico e desnutrição.
Quando a criança não consegue sugar ou tem sucção fraca, a mãe deve realizar
ordenha frequente e estimular a região perioral da criança, incentivando a sucção com o
dedo mínimo. Se houver coordenação entre sucção, deglutição e respiração, a mãe pode
oferecer o seio com supervisão profissional. É importante buscar orientação especializada
para lidar com essas situações.
Crianças com Síndrome de Down frequentemente apresentam hipotonia, o que
pode ser um obstáculo para a amamentação. Da mesma forma que em outros distúrbios
neurológicos, um acompanhamento cuidadoso da mãe e do bebê por uma equipe multipro-
fissional, juntamente com orientações adequadas e assistência efetiva, pode favorecer o
estabelecimento e a manutenção da amamentação.

4.4 Refluxo Gastroesofágico


Uma das manifestações gastrointestinais mais frequentes na infância é o refluxo
gastroesofágico, que geralmente se resolve de forma espontânea com a maturação do
mecanismo de funcionamento do esfíncter esofágico inferior nos primeiros meses de vida.
No entanto, os efeitos do refluxo gastroesofágico nas crianças alimentadas com
leite não humano costumam ser mais graves do que naquelas amamentadas no peito,
devido à posição supina do bebê durante a mamada e aos movimentos vigorosos da língua
durante a sucção. Episódios de regurgitação são mais comuns em lactentes alimentados
com fórmulas infantis em comparação aos amamentados no peito (GIOVANNI et al., 2000).

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 44


Por isso, é recomendado que a criança com refluxo gastroesofágico receba aleitamento
materno exclusivo nos primeiros seis meses de vida e complementado até os dois anos ou mais.

4.5 Mãe com necessidades especiais


Em determinadas situações, os profissionais de saúde podem encontrar mães com
necessidades especiais, como limitações físicas, auditivas ou visuais, que podem dificultar
o processo de amamentação. Nesses casos, é preciso ter uma habilidade ainda maior na
comunicação em saúde.

4.6. Situações em que há restrições ao aleitamento materno


Há poucas situações em que a substituição parcial ou total do leite materno pode
ser indicada por um médico.
No entanto, existem algumas circunstâncias em que o aleitamento materno não é
recomendado:
» Mães infectadas pelo HIV.
» Mães infectadas pelo HTLV1 e HTLV2.
» Uso de medicamentos incompatíveis com a amamentação, como alguns anti-
neoplásicos e radiofármacos.
» Crianças portadoras de galactosemia, uma doença rara que impede a ingestão
de leite humano ou qualquer outro que contenha lactose.

Já nas seguintes situações maternas, recomenda-se


a interrupção temporária da amamentação:
» Infecção herpética na mama com vesículas: a amamentação deve ser man-
tida na mama sadia;
» Varicela na mãe: se houver lesões de pele cinco dias antes ou até dois dias
após o parto, é recomendado o isolamento até que as lesões formem crostas;
» Doença de Chagas na fase aguda ou com sangramento mamilar evidente;
» Abscesso mamário: deve-se drenar o abscesso e iniciar a terapia com anti-
bióticos antes de continuar a amamentação na mama saudável;
» Uso de drogas de abuso: a amamentação deve ser temporariamente inter-
rompida, com ordenha do leite que deve ser descartado.

TABELA 01 – RECOMENDAÇÃO DE TEMPO DE INTERRUPÇÃO DA AMAMENTAÇÃO


PERÍODO RECOMENDADO DE
DROGA
INTERRUPÇÃO DA AMAMENTAÇÃO
Anfetamina, ecstasy 24-36 horas
Barbitúricos 48 horas
Cocaína, crack 24 horas
Etanol 1 hora por dose ou até estar sóbria

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 45


Heroína, morfina 24 horas
LSD 48 horas
Maconha 24 horas
Fenciclidina 1-2 semanas
Fonte: adaptado de Hale (2005).

Em todos esses casos, deve-se estimular a produção do leite com ordenhas regu-
lares e frequentes, até que a mãe possa amamentar o seu filho.
Para as seguintes condições maternas, não é contraindicado o aleitamento materno,
podendo ser mantido com algumas precauções:
• Tuberculose: recomenda-se que as mães que ainda não estão em tratamento ou
que estão em tratamento há menos de duas semanas usem máscaras e restrinjam
o contato próximo com o bebê, devido à possível transmissão por meio de gotículas
do trato respiratório. O recém-nascido deve receber isoniazida na dose de 10mg/
kg/dia por três meses, após esse período deve ser realizado um teste tuberculínico.
• Tuberculínico (PPD): Caso o teste tuberculínico (PPD) seja positivo, é neces-
sário investigar a doença, principalmente quanto ao seu impacto nos pulmões.
Se a criança contraiu a tuberculose, o tratamento deve ser reavaliado. Caso
contrário, é recomendado continuar o uso da isoniazida por mais três meses. Se
o teste tuberculínico for negativo, a medicação pode ser interrompida e a criança
deve ser vacinada com a BCG.
• Hanseníase: a amamentação deve ser mantida, uma vez que a primeira dose
de Rifampicina é suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera.
• Hepatite B: a vacinação e a administração de imunoglobulina HBIG após o nas-
cimento eliminam praticamente qualquer risco de transmissão via leite materno.
• Hepatite C: a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas
é importante, uma vez que não se sabe se o contato da criança com sangue
materno favorece a transmissão da doença.
• Dengue: não há contraindicação da amamentação em mães que contraem
dengue, pois há no leite materno um fator anti-dengue que protege a criança.
• Consumo de cigarros: os benefícios do leite materno para a criança superam os
possíveis malefícios da exposição à nicotina. É importante alertar sobre os efeitos
deletérios do cigarro para o desenvolvimento da criança e reduzir o máximo possí-
vel o número de cigarros. As mulheres que não conseguirem parar de fumar devem
procurar fumar após as mamadas e não no mesmo ambiente onde está a criança.
• Consumo de álcool: é desestimulado o consumo de álcool por mulheres que estão
amamentando. No entanto, o consumo eventual moderado de álcool é considerado
compatível com a amamentação (até 0,5g de álcool por quilo de peso da mãe por dia,
o que corresponde a aproximadamente um cálice de vinho ou duas latas de cerveja).

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 46


Interromper a amamentação na vigência de tratamento medicamentoso da nutriz é muito comum, apesar
de, na maioria das vezes, ser possível compatibilizar o tratamento com a manutenção da amamentação.
Profissionais de saúde com frequência são influenciados pelos efeitos teratogênicos de uma minoria de
drogas usadas durante a gestação. Mas é importante lembrar que, enquanto a placenta permite a passa-
gem de drogas para o feto, o epitélio alveolar mamário funciona como uma barreira quase impermeável.

Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria da Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas
e Estratégicas. Amamentação e uso de medicamentos e outras substâncias / Ministério da Saúde, Secre-
taria da Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. 2. ed. – Brasília: Editora
do Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/amamenta-
cao_uso_medicamentos_2ed.pdf Acesso em: 02 mai. 2023.

Portanto, cabe ao profissional de saúde identificar e compreender o aleitamento materno no contexto


sociocultural e familiar e, a partir dessa compreensão, cuidar tanto da dupla mãe/bebê como de sua
família. É necessário que busque formas de interagir com a população para informá-la sobre a importância
de adotar práticas saudáveis de aleitamento materno. O profissional precisa estar preparado para prestar
assistência eficaz, solidária, integral e contextualizada, que respeite o saber e a história de vida de cada
mulher, e que a ajude a superar medos, dificuldades e inseguranças”.

Fonte: Castro et al (2009, p. 15).

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 47


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao concluir mais uma unidade de estudos sobre o alimento mais valioso do mundo,
fica evidente que o leite materno é capaz de prover todas as necessidades do bebê até o
sexto mês de vida. Quando amamentado exclusivamente, o bebê não precisa consumir
água, sucos ou chás, pois o leite materno já contém a quantidade de água necessária,
mesmo em locais com altas temperaturas. Além disso, bebês amamentados são mais sau-
dáveis e melhor nutridos do que aqueles que recebem outros tipos de alimentos.
O uso de substitutos do leite materno, como fórmulas infantis ou leite de outros
animais, pode ser arriscado para a saúde do bebê, especialmente quando os pais não
conseguem adquirir a quantidade necessária ou quando a água utilizada para preparar o
alimento não é limpa o suficiente.
A maioria das mães é capaz de amamentar com sucesso, mas as que enfrentam
dificuldades precisam de estímulo e apoio. É essencial que os profissionais de saúde en-
volvidos nesse processo forneçam o suporte adequado. Como futuro nutricionista, você
tem um papel crucial na promoção da qualidade de vida humana. Esperamos que tenha
aproveitado ao máximo os conhecimentos aqui apresentados e que utilize este material
como referência para solucionar todas as dúvidas que surgirem na prática profissional.
Na nossa próxima unidade, conheceremos um pouco mais sobre a INTRODUÇÃO
de alimentos sólidos e suplementações necessárias nos primeiros anos de vida, estejam
prontos para mergulhar neste UNIVERSO.

Aguardo você na próxima unidade!


Um Forte Abraço

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 48


LEITURA COMPLEMENTAR
MITOS E CRENÇAS SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO

Objetivou-se analisar os principais mitos e crenças relacionados ao aleitamento


materno na perspectiva teórico-prática dos diferentes estudos presentes na literatura.
Os estudos foram obtidos através de revisão bibliográfica nas principais bases de dados
(Medline, Lilacs, Scielo), utilizando os seguintes descritores: “Aleitamento materno”, “Des-
mame”, “Mitos” e “Crenças” (e suas versões em inglês e espanhol). Foram consultados
também livros, teses, dissertações, publicações em órgãos internacionais e nacionais. Ob-
serva-se através dos séculos a existência de questionamentos quanto à forma correta de
alimentação do bebê pautados em concepções que tangem o biológico e os determinantes
socioculturais. Verifica-se que diversos mitos e crenças que norteiam a lactação geram na
nutriz sentimento de culpa, ansiedade, ou de confiança e apoio quanto à sua capacidade
de produção láctea. Nesse sentido, faz-se necessário que os profissionais de saúde com-
preendam a lactação sob o olhar materno, desvendando seus mitos e crenças, mudando
sua forma de atendimento, de modo a contemplar os diversos fatores presentes na lactação,
atuando de modo mais eficaz para o prolongamento e a manutenção da amamentação.

Fonte: MARQUES, E. S.; COTTA, R. M. M.; PRIORE, S. E. Mitos e crenças sobre o aleitamento materno. Departamento
de Nutrição e Saúde, Universidade Federal de Viçosa, 2011. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1413-
81232011000500015 Acesso em: 10 jan. 2023.

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 49


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Avaliação Nutricional na Prática Clínica da Gestação ao
Envelhecimento
• Autor: Thiago Durand Mussoi.
• Editora: Guanabara.
• Sinopse: Thiago Durand Mussoi aborda a prática de diferentes
possibilidades de avaliação nutricional de crianças, adolescentes,
gestantes, adultos, idosos e pacientes hospitalizados que alicer-
çam o dia a dia da conduta do profissional nutricionista.

FILME/VÍDEO
• Título: De Peito Aberto
• Ano: 2019.
• Sinopse: É um filme sobre aleitamento materno, momento de
grandes transformações na vida das mães e dos bebês. Conta
a história de seis mães de diferentes realidades socioculturais
durante os primeiros 180 dias de vida dos seus bebês, captando
emoções, embates e questões como o papel da mulher na socie-
dade atual, a relação entre maternidade e trabalho, as políticas
públicas para amamentação e os interesses privados por trás do
desmame precoce.
• Link: https://www.youtube.com/watch?v=AKZFdnCl_80

UNIDADE 2 NUTRIÇÃO DO LACTENTE 50


3
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UNIDADE

ALIMENTAÇÃO
NOS PRIMEIROS
ANOS DE VIDA
Professor(a) Esp. Vanuza Neres Pacheco Carluccio

Plano de Estudos
• Problemas nutricionais mais prevalentes na infância;
• Alimentação complementar saudável e seus atributos e como orien-
tar para que a criança receba alimentação complementar saudável;
• Alimentos processados e fortalecimento a alimentação complementar;
• Suplemento de ferro e suplemento de vitamina A bem como infor-
mações sobre outros micronutrientes necessários nos primeiros
anos de vida.

Objetivos da Aprendizagem
• Conhecer os problemas Nutricionais mais prevalentes na Infância.
• Reconhecer as recomendações nutricionais na infância, capacitando
o aluno a dar orientações nutricionais específicas.
• Compreender a importância da Suplementação de Ferro e
suplementação de vitamina A bem como informações sobre outros
micronutrientes necessários nos primeiros anos de vida.
INTRODUÇÃO
Caro (a) aluno (a), chegamos a nossa terceira unidade!
Não menos importante que todo conteúdo trabalhado até aqui, esta unidade vem
recheada de conhecimentos. Os artistas principais serão os NUTRIENTES essenciais na in-
fância, obtidos através dos alimentos e suas funcionalidades para o desenvolvimento humano.
Vocês terão a grata satisfação e oportunidade de aprimorar, conhecer e entender
deles, para muito brevemente orientá-los na prescrição adequada da alimentação nos
primeiros anos de vida.
Trilhando o mundo da variedade de componentes alimentares (gorduras, carboidra-
tos, proteínas e sais minerais, água e vitaminas), nutrientes esses que são os ingredientes
fundamentais na evolução do corpo humano.
A alimentação e a nutrição adequadas são requisitos essenciais para o crescimento
e desenvolvimento das crianças. Mais do que isso: são direitos humanos fundamentais,
pois representam a base da própria vida.
Então, nobre aluno (a), papel e caneta na mão, olhos e ouvidos bem atentos a esta
unidade.

Estejam sempre preparados e a postos. Que comecem os estudos de vocês!

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 52


1
TÓPICO

PROBLEMAS NUTRICIONAIS MAIS


PREVALENTES NA INFÂNCIA

A estratégia global da Organização Mundial da Saúde (OMS) para alimentação de


lactentes e crianças pequenas visa promover, proteger e apoiar adequadamente a alimentação
das crianças em todo o mundo, procurando combater a má alimentação e as repetidas infecções
que levam ao baixo peso de cerca de 30% das crianças menores de cinco anos. Mesmo em
países em desenvolvimento, a orientação alimentar pode levar a melhores práticas alimentares
e ao melhor estado nutricional das crianças. (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2003).
A alimentação complementar a partir dos seis meses de idade tem a função de
complementar a energia e micronutrientes necessários para o crescimento saudável e ple-
no desenvolvimento das crianças, seguindo as recomendações baseadas em evidências
das necessidades biológicas das crianças.
As situações mais comuns relacionadas à alimentação complementar oferecida
inadequadamente são: anemia, obesidade e desnutrição.
A desnutrição: O baixo peso ao nascer pode ocorrer precocemente na vida intrau-
terina e, muitas vezes, continuar na infância devido à interrupção precoce do aleitamento
materno exclusivo e à alimentação complementar inadequada nos primeiros dois anos de
vida. Isso pode ser agravado pela privação alimentar ao longo da vida e pela ocorrência de
repetidos episódios de doenças infecciosas, diarreicas e respiratórias.
O consumo de alimentos com alta densidade energética pode prejudicar a qualidade
da dieta, aumentando o risco de excesso de peso e ingestão deficiente de nutrientes. Além
disso, há uma tendência das crianças que consomem alimentos ricos em açúcar ou sal a
rejeitarem outras formas de preparação dos alimentos. Estudos mostram que o consumo

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 53


desses alimentos é facilitado em populações de baixa renda, devido à correlação negativa
entre preço e densidade energética. (DREWNOWSKI: SPECTER, 2004).
A anemia: por deficiência de ferro: A anemia é um dos principais problemas
de saúde pública no mundo atualmente. Globalmente, estima-se que 47,4% das crianças
menores de cinco anos sofrem com a condição, enquanto na América Latina e no Caribe
a prevalência é de 39,5%. A África é o continente com a maior prevalência de anemia,
atingindo 64,6%, enquanto a Europa e América do Norte apresentam as menores taxas,
com 16,7% e 3,4%, respectivamente (KRAEMER; ZIMMERMANN, 2007).
No Brasil, a prevalência de anemia em crianças menores de 5 anos varia de 30%
a 70%, dependendo da região e do contexto socioeconômico, segundo diversos estudos
isolados (MONTEIRO; SZARFARC; MONDINI, 2000; OSORIO, LIRA; ASHWORTH, 2004).
A anemia causa prejuízos e atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo em
crianças que por muitas vezes não são revertidos mesmo após a suplementação medica-
mentosa com ferro, por isso a importância do leite materno. Entre os quatro e seis meses de
idade, ocorre gradualmente o esgotamento das reservas de ferro, e a alimentação passa a
ter papel predominante no atendimento as necessidades desse nutriente. É necessário que
o consumo de ferro seja adequado à demanda requerida para essa fase etária.

1.1 Formação dos Hábitos Alimentares


Os hábitos alimentares são resultados de uma complexa interação entre fatores
genéticos e ambientais. Por essa razão, profissionais da área de saúde enfrentam desafios
na tentativa de mudar o comportamento alimentar das pessoas. Estudos sugerem que os
sabores e aromas dos alimentos consumidos pela mãe durante a amamentação são trans-
mitidos ao bebê por meio do leite materno, refletindo seus próprios hábitos alimentares e
cultura (MENNELLA, 1995). Por isso, bebês que são amamentados tendem a ter uma melhor
aceitação à introdução de novos alimentos complementares (SULLIVAN; BIRCH, 1994).
O sentido do olfato desempenha um papel importante na identificação e no re-
conhecimento dos alimentos, auxiliando no estímulo do apetite. Durante o período de
amamentação, o cheiro da mãe e do leite materno contribuem para que a criança possa
reconhecer suas preferências alimentares. Além disso, há predisposições genéticas para
gostos e sensibilidades a determinados sabores e aromas, que são herdados dos pais.
As atitudes dos pais em relação à alimentação das crianças podem ter efeitos dura-
douros em seu comportamento alimentar, afetando-os até a idade adulta. Quando as crian-
ças são forçadas a comer certos alimentos por meio de chantagem, coação ou recompensa,
elas tendem a não gostar deles. Além disso, a restrição dos alimentos favoritos das crianças
pode resultar em excessos quando elas têm a oportunidade de se alimentar livremente.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 54


A promoção da aceitação alimentar por parte dos pais pode ocorrer por meio da
estimulação dos sentidos da criança. Essa estimulação pode ser realizada por meio de
palavras de incentivo e afeto, toques suaves e a criação de um ambiente acolhedor, com
poucos ruídos, boa iluminação e conforto para a criança. O contato visual entre a criança
e quem oferece o alimento é outro estímulo importante, pois, assim como a visão da mãe
durante a amamentação transmite segurança à criança, um semblante alegre de quem
oferece o alimento pode influenciar na aceitação do alimento.

FIGURA 01: ALIMENTAÇÃO INFANTIL

Fonte: https://www.shutterstock.com/image-vector/boy-girl-eating-healthy-eco-food-2195765077

As crianças costumam recusar alimentos que não são familiares, sendo esse compor-
tamento apresentado precocemente (BIRCH, 1997). Entretanto, com exposições frequentes,
os novos alimentos tendem a ser aceitos e incorporados na dieta da criança. Geralmente,
são necessárias cerca de oito a dez exposições a um novo alimento para que ele seja aceito.
Infelizmente, muitos pais desconhecem esse comportamento normal e interpretam a rejeição
inicial como uma aversão permanente, desistindo de oferecer o alimento à criança. Embora a
aversão possa ser frustrante para os pais, ela não significa uma rejeição permanente.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 55


3
TÓPICO
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
E SEUS ATRIBUTOS E COMO ORIENTAR PARA
QUE A CRIANÇA RECEBA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR SAUDÁVEL

A alimentação saudável é fundamental para manter uma boa saúde e qualidade de


vida. Uma dieta equilibrada, rica em nutrientes e vitaminas, pode ajudar a prevenir diversas
doenças e melhorar o funcionamento do organismo. A seguir, apresentamos alguns atribu-
tos da alimentação saudável:

→ Acessibilidade física e financeira: A despeito da construção social equi-


vocada disseminada pela mídia, a alimentação saudável não necessariamente
implica em gastos elevados, pois se baseia em alimentos in natura e produzidos
regionalmente. É recomendável que a dieta infantil seja composta por alimentos
básicos e evite o consumo de alimentos processados nos primeiros anos de vida.
Incentivar e apoiar os agricultores familiares e cooperativas na produção e comer-
cialização de alimentos saudáveis, como grãos, leguminosas, frutas, legumes e
verduras, são alternativas importantes para melhorar a qualidade da alimentação
e estimular a geração de renda em pequenas comunidades, bem como indicar a
integração com as políticas públicas de produção alimentar.
→ Sabor: A ideia de que a alimentação saudável não tem sabor é um equívoco
que precisa ser desfeito. Pelo contrário, a alimentação saudável pode e deve ser
saborosa. As crianças, ao experimentarem novos alimentos durante a introdução
alimentar, tendem a se acostumar com eles e a apreciá-los. É importante que
a família valorize o sabor dos alimentos como um atributo fundamental para a
promoção da alimentação saudável. Infelizmente, muitas práticas de marketing
relacionam a alimentação saudável com alimentos industrializados e não dão o
devido destaque a alimentos naturais e menos processados, como frutas, legu-

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 56


mes, verduras, grãos e tubérculos. Esses alimentos são saborosos, nutritivos,
culturalmente valiosos e produzidos em diferentes regiões do Brasil, principal-
mente por pequenos agricultores familiares. Eles são altamente recomendados
para a alimentação das crianças a partir dos seis meses de vida.
→ Variedade: Para atender às necessidades nutricionais adequadas, é impor-
tante que as crianças consumam uma variedade de alimentos, evitando a mo-
notonia alimentar. Isso garante que elas tenham acesso a diferentes nutrientes
que são essenciais para o crescimento e desenvolvimento saudáveis. Portanto,
é importante que os pais e responsáveis ofereçam uma grande diversidade de
alimentos às crianças desde cedo, a fim de desenvolver o paladar e a aceitação
de diferentes sabores e texturas.
→ Cor: A alimentação saudável engloba uma ampla variedade de grupos ali-
mentares com diversas cores. Estudos indicam que quanto mais colorida é a
alimentação, maior é a quantidade de nutrientes, vitaminas e minerais presentes
nos alimentos. Essa diversidade de cores torna a refeição mais atraente aos
sentidos, estimulando o consumo de alimentos saudáveis, como frutas, legumes,
verduras, grãos e tubérculos em geral.
→ Harmonia: Essa característica da alimentação se refere à garantia do equi-
líbrio tanto em quantidade quanto em qualidade dos alimentos consumidos,
visando alcançar uma nutrição adequada. Esse equilíbrio deve considerar fatores
como a fase do ciclo de vida, o estado nutricional, de saúde, idade, sexo, grau de
atividade física e estado fisiológico.
→ Segurança sanitária: A segurança alimentar é essencial para garantir que
os alimentos sejam seguros para o consumo humano, sem a presença de conta-
minantes de natureza biológica, física ou química, ou outros riscos que possam
prejudicar a saúde individual ou coletiva. Por isso, é fundamental que haja medi-
das para assegurar a segurança dos alimentos.

2.1 Como orientar para que a criança receba alimentação complementar saudável
Para iniciar a introdução de alimentos sólidos para a criança, é importante levar em
consideração sua maturidade fisiológica e neuromuscular, bem como suas necessidades
nutricionais. Antes dos quatro meses de idade, a criança ainda não está pronta para rece-
ber alimentos sólidos, pois não atingiu o desenvolvimento fisiológico necessário para tal.
Embora o reflexo de protrusão da língua esteja desaparecendo, a criança ainda não tem
controle neuromuscular da cabeça e do pescoço para mostrar desinteresse ou saciedade.
Entre o quarto e o sexto mês de vida, a aceitação e tolerância dos alimentos pas-
tosos melhoram, devido ao desaparecimento do reflexo de protrusão e à maturação da
função gastrointestinal, renal e neuromuscular. (BARNESS, 1990).

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 57


Por volta do sexto mês, a criança atinge um nível satisfatório de tolerância gastroin-
testinal e capacidade de absorção de nutrientes, permitindo uma alimentação mais variada
em consistência e textura.
Crianças que recebem exclusivamente leite materno até os seis meses de idade de-
senvolvem a capacidade de autocontrole da ingestão e aprendem a distinguir as sensações de
fome e saciedade, permitindo que assumam o controle sobre o volume de alimento que conso-
mem em cada refeição e os intervalos entre as refeições, de acordo com suas necessidades.

A partir dos seis meses, é recomendado que a criança amamentada receba três refeições
diárias, sendo duas papas de frutas e uma papinha salgada ou comida caseira. Conforme
a criança se desenvolve, a partir do sétimo mês, é indicado introduzir a segunda papa
salgada ou comida caseira, contendo alimentos como arroz, feijão, carne, legumes e ver-
duras. É importante acompanhar o ritmo de evolução da criança ao realizar essa transição.

Entre os seis e os 12 meses de vida, a criança deve se adaptar a novos alimentos


que possuem sabores, texturas e consistências diferentes do leite materno. Durante essa
fase, a quantidade de alimento ingerida não é tão importante quanto a introdução gradual e
lenta dos novos alimentos para que a criança se acostume gradualmente.
Além disso, a criança nessa idade está em uma fase exploratória e em desenvolvi-
mento motor, por isso é comum querer tocar e manipular a comida. É importante permitir
que a criança explore livremente o ambiente e os alimentos, encorajando suas iniciativas.
Abaixo, apresentamos um modelo de plano alimentar para crianças com idade inferior a
dois anos, elaborado com base nas orientações atuais. Esse modelo não é fixo, mas sim um guia
para orientar as mães quanto à época e frequência de introdução da alimentação complementar.

TABELA 01 - ESQUEMA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS QUE ESTÃO
EM ALEITAMENTO MATERNO
De 6 a 7 meses De 8 a 12 meses A partir de 12 meses
Aleitamento materno Aleitamento materno Aleitamento materno sob
sob livre demanda sob Livre demanda Livre demanda
1 papa de frutas no 1 papa de frutas no 1 refeição pela manhã
Meio da manhã meio da manhã (mingau ou leite batido com fruta)
1 papa salgada no 1 papa salgada no
1 fruta
final da manhã Final da manhã
1 papa de frutas no 1 papa de frutas no 1 refeição básica da família
meio da tarde meio da tarde No final da manhã
1 papa salgada no 1 refeição básica da família
final da tarde no final da tarde
Fonte: Ministério da Saúde (2021).

IMPORTANTE: O leite materno deve ser oferecido em livre demanda, porém


o intervalo entre a mamada que antecede as principais refeições deve ser espaçado,
respeitando assim os sinais de fome e saciedade da criança.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 58


2.2 Composição e consistência
A fim de garantir que a criança receba todos os nutrientes necessários e contribuir
para a formação de hábitos alimentares saudáveis, é importante variar ao máximo a dieta
e evitar a monotonia alimentar.
De acordo com a World Health Organization; The United Nations Children’s Fund
(1998), a energia necessária para a alimentação complementar de crianças em aleitamento
materno é de aproximadamente:

» 200kcal por dia de seis a oito meses de idade;


» 300kcal/dia de nove a 11 meses de idade;
» 550kcal/dia de 12 a 23 meses.

A energia total requerida para o crescimento saudável em criança em aleitamento


segundo (DEWEY; BROWN, 2003) é de:

» 615kcal/dia de seis a oito meses;


» 686kcal/ dia de nove a 11 meses;
» 894kcal/dia de 12 a 23 meses.

A energia proveniente de alimentos complementares pode ser calculada subtraindo-se


a energia média fornecida pelo leite materno da energia total necessária. Em média, o
leite materno fornece 413 kcal/dia, 379 kcal/dia e 346 kcal/dia para crianças de seis a oito
meses, nove a 11 meses e 12 a 23 meses, respectivamente.

A consistência dos alimentos deve ser adequada à idade da criança, aumentando


gradativamente para evitar a administração de alimentos muito diluídos e oferecer uma
oferta calórica adequada. É importante lembrar que a criança aceitará porções maiores de
forma lenta e gradual.
» As papinhas devem conter pelo menos um alimento de cada grupo alimentar,
que inclui cereais e tubérculos, leguminosas, carne e hortaliças.
» É recomendado incluir ovo e carne nas refeições desde os seis meses de idade.

Recomenda-se evitar o excesso de amassamento dos alimentos para garantir uma oferta
calórica adequada, cozinhando-os com pouca água e amassando-os com o garfo. Não é
recomendado liquidificar ou peneirar os alimentos. A partir dos oito a dez meses de idade,
a criança já pode começar a receber os alimentos da família, porém deve-se evitar tem-
peros fortes e grandes quantidades de sal.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 59


Recomenda-se oferecer frutas em forma de papas, preferencialmente após os seis
meses de idade, evitando-se o consumo de sucos. É importante que as frutas sejam ofere-
cidas em colheradas e que sejam selecionadas de acordo com as características regionais,
custo, estação do ano e presença de fibras. Lembrando que nenhuma fruta é contraindicada.

ATENÇÃO: A alergia alimentar ou alergia à proteína heteróloga pode ser desenvolvida


a partir da introdução de qualquer proteína na dieta habitual da criança. A alergia mais
comum é em relação à proteína do leite de vaca, devido ao seu alto poder alergênico e ao
seu uso precoce em crianças não amamentadas ou em aleitamento misto (leite materno
e outro leite). Vários fatores podem influenciar o desenvolvimento da alergia alimentar,
incluindo a hereditariedade, a exposição às proteínas alergênicas da dieta, a quantidade
e a frequência de ingestão, a idade da criança exposta e o desenvolvimento da tolerância

2.3 Recomendações Importantes


» Incentivar o consumo de alimentos básicos e regionais, como arroz, feijão,
batata, mandioca/macaxeira/aipim, legumes, frutas e carnes.
» A inclusão de carne na alimentação deve ser feita a partir dos seis meses de idade.
» É recomendável serem incluídos miúdos na dieta pelo menos uma vez por
semana, especialmente fígado de boi, que é uma importante fonte de ferro.
» Crianças que não recebem aleitamento materno devem consumir no máximo
400 ml de leite por dia.
» O aleitamento materno deve ser oferecido em livre demanda.

TABELA 02: INTRODUÇÃO DOS ALIMENTOS COMPLEMENTARES


FAIXA ETÁRIA TIPO DE ALIMENTO
Até o 6° mês Leite materno
6° ao 7° mês Leite materno, papa de fruta, papa salgada, ovo, carne
7° ao 8°mês Leite materno, segunda papa salgada
Leite materno, gradativamente passar para alimentação da fa-
9° ao 11° mês
mília
12°mês Leite materno, comida da família
Fonte: Ministério da Saúde (2021).

A partir do sexto mês de vida, para garantir o suprimento adequado de nutrientes


para o crescimento e desenvolvimento da criança, é fundamental que haja disponibilidade
de nutrientes tanto no leite materno quanto na alimentação complementar. É essencial
consumir alimentos de todos os grupos alimentares, além de buscar variedade dentro de
cada grupo. Para uma melhor compreensão, confira a tabela a seguir.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 60


TABELA 03: DESCRIÇÃO DOS GRUPOS DE ALIMENTOS
Recomenda- Recomenda-
Exemplos recomendação
Importância ção diária ção diária
prática
6-12 meses 12-24 meses
Alimentos ricos em carboi-
» Arroz (60g) - 2 colheres de sopa
dratos devem aparecer em
» Mandioca (70g) 1 Colher de servir
quantidades maiores nas
» Batata (100g) 1 unidade média
refeições, principalmente Três porções Cinco porções
» Macarrão (50g 2 colheres de sopa
em papas, pois aumentam
» Amido de milho/farinhas (20g) 1
a densidade energética,
colher de sopa de amido de milho
além de fornecer proteínas.
Alimentos ricos em vita-
minas, minerais e fibras
devem ser variados, pois
existem diferentes fontes
» Cenoura 4 fatias
de vitaminas nesse mesmo
» Couve picada 1 colher de sopa
grupo. Os alimentos de
» Abobrinha picada 1½ colher de
coloração alaranjada são
sopa
fonte de betacaroteno (pro- Três porções Três porções
» Brócolis picado 1½ colher de
vitamina A). As folhas ver-
sopa
de-escuras possuem, além
» Chuchu picado - 01 Colher de
de betacaroteno, ferro não
sopa
heme, que é mais absorvi-
do quando oferecido com
alimentos que possuem
fonte de vitamina C.
Alimentos ricos em vita-
» Banana-nanica ½ unidade
minas e minerais. Após
» Maçã ½ unidade
o sexto mês, a criança Quatro
Três porções » Laranja 1 unidade
deve receber duas frutas porções
» Mamão-papaia ½unidade
por dia e nenhuma fruta é
» Abacaxi ½ fatia
contraindicada.
Esse grupo tem fonte de
proteína de origem animal
» Carnes (frango, bovina, peixe,
(carne e ovos). As carnes
suína, etc.) (50g) 2 colheres das
em porções; possuem fer- Duas porções Duas porções
de sopa
ro de alta biodisponibilida-
» Ovo (50g) 1 unidade
de e, portanto, previnem
a anemia.
Esses alimentos são fonte
de proteína, além de ofere-
Uma porção Uma porção » Grãos cozidos – 1 colher de sopa
cerem Importantes de ferro
não heme carboidratos.
A gordura está presente
naturalmente nas carnes
e no preparo das refei- » Óleo vegetal (5g) 1 colher das
ções salgadas, devendo Duas porções Duas porções de sobremesa
ser evitado o excesso e » Manteiga (5g) 1 colher das de chá
as frituras antes de dois
anos de idade.
Nenhuma Nenhuma
Açúcar Nenhuma porção
porção porção
Fonte: Ministério da Saúde (2021).

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 61


2.4 Cuidados de higiene com os alimentos
A introdução da alimentação complementar é um período de alto risco para a crian-
ça, pois há possibilidade de oferta de alimentos inadequados e contaminação devido à
manipulação ou preparações inadequadas, o que pode resultar em doenças diarreicas e
desnutrição. Por isso, é fundamental oferecer orientação adequada às mães durante essa
fase. Abaixo, listamos algumas práticas que devem ser repassadas às mães.

→ É importante ferver ou filtrar a água antes de oferecer à criança;


→ Lave as mãos com água e sabão antes de preparar ou oferecer a alimentação
da criança;
→ Todo o utensílio utilizado para alimentar uma criança deve ser bem lavado e
enxaguado com água limpa;
→ Os alimentos contidos nas papinhas salgadas devem ser bem cozidos;
→ As frutas devem ser bem lavadas em água antes de serem descascadas, mes-
mo que sejam consumidas sem casca;
→ Não utilize novamente as sobras do prato ou da mamadeira;
→ A mamadeira é um veículo comum de contaminação, portanto é importante
orientar sobre a higiene adequada.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 62


3
TÓPICO

ALIMENTOS PROCESSADOS E
FORTALECIMENTO A
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

A criança desenvolve preferência por alimentos que são oferecidos com frequência e
de forma consistente. É recomendável que ela consuma alimentos com baixo teor de açúcar e
sal, de modo que esse hábito seja mantido na fase adulta. Alimentos doces ou muito condimen-
tados podem levar a uma menor aceitação de frutas, verduras e legumes em sua forma natural.
É comum que mães e cuidadores ofereçam alimentos que não são recomendados
para crianças menores de dois anos, simplesmente porque são de sua preferência. É im-
portante que sejam observados seis pontos fundamentais:

01. Alimentos com elevados teores de açúcar, gordura e corantes, como açúcar,
café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e biscoitos recheados,
devem ser evitados, principalmente nos primeiros anos de vida.

02. É desaconselhável oferecer sucos artificiais aos lactentes, uma vez que essas
bebidas não fornecem nutrientes além de açúcar, essências e corantes artificiais
que podem ser prejudiciais à saúde e reações alérgicas.

03. É recomendável evitar oferecer bebidas e líquidos com açúcar, devido à re-
lação entre o seu consumo e o excesso de peso, além do aparecimento precoce
de cáries.

04. Evite oferecer mel para crianças com menos de um ano de idade, mesmo
que o mel seja conhecido por suas propriedades medicinais e valor calórico.
Isso porque o mel pode conter esporos de Clostridium botulinum, que são ex-

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 63


tremamente resistentes ao calor e não são destruídos pelos métodos usuais de
processamento do mel. O consumo de mel contaminado pode levar ao botulismo,
pois as condições no intestino da criança são apropriadas para a germinação e
produção da toxina.

05. Evite alimentos em conserva, como palmito e picles, e embutidos, como sal-
sichas, salames, presuntos e patês, pois podem conter esporos de C. botulinum,
o que representa um alto risco de contaminação e transmissão do botulismo por
meio da alimentação.

06. Recomenda-se sugerir a quem prepara as refeições para crianças e adultos


que administre a quantidade mínima de sal, observando a ingestão da criança.
Além do sal, existem vários temperos naturais que podem ser utilizados no pre-
paro das refeições, como alho, cebola, tomate, pimentão, limão, laranja, salsa,
cebolinha, hortelã, alecrim, orégano, manjericão, coentro, noz-moscada, canela,
cominho, manjerona, gergelim, páprica, coentro, louro, entre outros.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 64


4
TÓPICO
SUPLEMENTO DE FERRO E SUPLEMENTO DE
VITAMINA A BEM COMO INFORMAÇÕES SOBRE
OUTROS MICRONUTRIENTES NECESSÁRIOS NOS
PRIMEIROS ANOS DE VIDA

Os suplementos de ferro e vitamina A são importantes para prevenir a deficiência


desses nutrientes em crianças nos primeiros anos de vida. Além disso, outros micronutrien-
tes como zinco, iodo e vitamina D também são essenciais nessa fase, podendo ser obtidos
através de uma alimentação variada e balanceada. O acompanhamento nutricional e o
acesso a serviços de saúde são fundamentais para garantir a adequada nutrição infantil.

4.1 Ferro
A introdução adequada da alimentação complementar é crucial para o suprimento
de ferro na infância. É consenso que o leite materno até os seis meses de idade previne a
anemia. O ferro nos alimentos pode ser encontrado em duas formas: heme e não heme.
O ferro heme, presente na hemoglobina e mioglobina das carnes e vísceras, tem maior
biodisponibilidade e não está exposto a fatores inibidores.
As carnes contêm cerca de 2,8mg de ferro por 100g do alimento, dos quais 20%
a 30% são absorvidos. Por outro lado, o ferro não heme, encontrado em ovos, cereais,
leguminosas (como o feijão) e hortaliças (como a beterraba), é absorvido em apenas 2% a
10% pelo organismo, em contraste ao ferro animal.
Para crianças de seis a 12 meses, a necessidade diária de ferro é de 11mg/dia,
enquanto que para crianças de um a três anos é de 7mg/dia. As crianças com idade entre
seis a 12 meses requerem atenção especial, uma vez que a recomendação de ferro é
elevada e difícil de ser suprida apenas pela alimentação normal.
Como resultado, as crianças ficam vulneráveis ao desenvolvimento de anemia por
deficiência de ferro, que prejudica seu crescimento e desenvolvimento. Por essa razão,

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 65


os esforços devem ser direcionados para a recomendação de alimentos ricos em ferro,
incluindo o consumo diário de carne, miúdos (pelo menos uma vez por semana) e suco de
fruta natural, fonte de vitamina C, após o almoço e jantar para aumentar a absorção do ferro
não heme. Crianças de seis a 18 meses devem receber suplementos de ferro disponíveis
nas unidades básicas de saúde preventivamente.
Consulte as tabelas abaixo para obter mais informações.

TABELA 04: ALIMENTOS FONTES DE FERRO PARA INFÂNCIA


FERRO
ALIMENTOS FONTES DE FERRO HEME QUANTIDADE (100g)
(mg)
Carne de gado cozida (lagarto) 1 bife médio 1,9
Carne de gado cozida (contrafilé sem gordura) 1 bife médio 2,4
Carne de gado cozida (patinho sem gordura) 1 bife médio 3,0
Frango cozido (coxa sem pele) 2 unidades grandes 0,8
Frango cozido (peito sem pele) 1 pedaço médio 0,3
Frango cozido (sobrecoxa sem pele) 2 unidades pequenas 1,2
Coração de frango cozido 12 unidades grandes 6,5
Peixe cozido 1 filé médio 0,4
Carne de porco (bisteca grelhada) 1 pedaço médio 1,0
Carne de porco (costela assada) 1 pedaço médio 0,9
Fígado de boi cozido 1 bife médio 5,8
Fígado de galinha 2 unidades médias 9,5
ALIMENTOS FONTES DE FERRO NÃO FERRO
QUANTIDADE
HEME (mg)
Ovo 2 unidades 1,5
Feijão-preto cozido 1 concha média 1,5
Beterraba cozida 4 fatias grandes 0,2
5 colheres das de sopa
Beterraba crua 0,3
Cheia de beterraba ralada
Fonte: Philippi (1996, p. 58).

IMPORTANTE:
Crianças diagnosticadas com doenças relacionadas ao acúmulo de ferro, como
hemossiderose e anemia falciforme, não devem receber suplementação de ferro, exce-
to se recomendado por um profissional de saúde. Se houver suspeita dessas doenças,
a suplementação não deve ser iniciada até que o diagnóstico seja confirmado.

4.2 Vitamina A
Durante os primeiros seis meses de vida, a quantidade de vitamina A presente
no leite materno é suficiente para atender as necessidades da criança (INSTITUTE OF
MEDICINE, 2001). Para os nutricionistas, é importante destacar que:

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 66


• Crianças de seis a 12 meses devem consumir 500ug de vitamina A diariamente;
• Crianças de um a três anos devem consumir 300ug diariamente.
A tabela a seguir apresenta alimentos comuns na dieta infantil e suas respectivas
fontes de vitamina A.

TABELA 05 – ALIMENTOS COMUNS NA DIETA INFANTIL


ALIMENTO QUANTIDADE (100G VITAMINA A (UG)
Abóbora cozida 4 colheres de sopa 108
Mamão-papaia ½ unidade média 31,22
Manga ½unidade média 402,12
Cenoura crua 1 unidade média 2813,7
Cenoura cozida 1 unidade média 2455,25
brócolis 3 ramos médios 139
Couve 4 colheres de sopa 72
Espinafre 4 colheres de sopa 819
Batata-doce cozida 3 colheres de sopa 1790,25
Fígado bovino cru 1 bife médio 10318,75
Fonte: Philippi (1996, p. 60).

4.3 Vitamina D
O leite materno e os alimentos complementares fornecem uma pequena quantida-
de de vitamina D, cuja principal fonte é a exposição direta da pele à luz solar. Em bebês
amamentados exclusivamente e não expostos ao sol, os estoques de vitamina D presentes
no nascimento podem ser esgotados em oito semanas. No Brasil não é recomendada a su-
plementação rotineira de vitamina D devido à facilidade de atingir as necessidades diárias
por meio da exposição solar. A decisão de suplementar ou não essa vitamina fica a critério
do médico responsável, que deve avaliar os sinais clínicos da criança.
O suprimento de vitaminas como riboflavina, niacina, tiamina, folato e vitamina C
pode ser baixo em algumas populações, assim como o de vitamina E, mas não há evidência
de benefício da indicação de suplementação dessas vitaminas de forma rotineira.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 67


Ao final desta unidade, não posso deixar de citar que a prevalência de anemia em crianças no Brasil é de
20,9%, sendo a região Nordeste a que apresenta maior prevalência e a Norte a menor e com maior frequência
nas classes sociais menos favorecidas, segundo pesquisa do Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde (PNDS).
Deixo o material abaixo de apoio para pesquisa e conhecimento do PROGRAMA NACIONAL DE SUPLEMEN-
TAÇÃO DE FERRO do Ministério da Saúde.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária à Saúde. Departamento de Promoção
da Saúde. Caderno dos programas nacionais de suplementação de micronutrientes [recurso eletrônico]
/ Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primária à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde.
– Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cader-
no_programas_nacionais_suplementacao_micronutrientes.pdf Acesso em: 10 jan. 2023.

A alimentação tem papel fundamental em todas as etapas da vida, especialmente nos primeiros anos, que
são decisivos para o crescimento e desenvolvimento, para a formação de hábitos e para a manutenção
da saúde. A introdução alimentar incorreta está entre as principais causas de crianças, adolescentes e
adultos terem doenças crônicas precocemente. Deixo abaixo após tudo que estudamos nesta unidade Guia
alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos recomendado pelo MINISTÉRIO DA SAÚDE.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Departamento de Promoção da
Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção
Primaria à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019. Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf Acesso em: 10 jan. 2023.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 68


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Encerramos mais uma unidade, na qual elencamos os objetivos de:
• conhecer os problemas nutricionais mais prevalentes na infância,
• reconhecer as recomendações nutricionais específicas
• compreender a importância da suplementação de ferro, vitamina A e outros
micronutrientes nos primeiros anos de vida.
Uma alimentação saudável deve ter como base alimentos in natura ou minima-
mente processados, como arroz, feijão, frutas, legumes, verduras, carnes e ovos, e limitar
o consumo de alimentos processados industrialmente, como enlatados e conservas. Já os
alimentos ultraprocessados, como biscoitos, refrigerantes e salgadinhos, não devem fazer
parte da alimentação infantil.
Concluímos esta unidade afirmando a importância de dominar o conhecimento
sobre as necessidades nutricionais na infância. É fundamental compreender que a alimen-
tação é nosso remédio diário contra a fome de micronutrientes, um fator determinante na
infância. Esperamos que agora estejam aptos a aplicar esse conhecimento.
E aí, curiosos para saber o que abordaremos na nossa última unidade? Espero que
sim, nobres futuros colegas de profissão.

Aguardo vocês na próxima unidade


Um forte abraço!!!!!

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 69


LEITURA COMPLEMENTAR
PRÁTICAS DE ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO PRIMEIRO ANO DE VIDA
E FATORES ASSOCIADOS

OBJETIVO: Investigar a prevalência de consumo de alimentos complementares


e os fatores associados à alimentação complementar oportuna em menores de um ano.
MÉTODOS: Participaram do estudo 1 176 crianças, durante a Campanha Nacional de
Vacinação de 2003, em São Bernardo do Campo (SP), cujos acompanhantes responderam
questionário que incluiu questões sobre a alimentação da criança nas 24 horas preceden-
tes. A estimativa da prevalência de consumo dos alimentos complementares foi realizada
por um modelo de regressão logística ajustado por idade; as medianas de introdução de
alimentos por análise de sobrevida e os fatores associados à alimentação complementar
oportuna por regressão de Poisson com ajuste robusto de variância e seleção hierarquizada
de variáveis. RESULTADOS: Observou-se introdução precoce de alimentos complementa-
res: no quarto mês, cerca de um terço das crianças recebiam suco de fruta e um quarto
das crianças recebiam mingau, fruta ou sopa, ao passo que a probabilidade de consumir a
comida da família aos oito meses foi baixa (48%). A mediana de idade para o consumo de
frutas foi de 266 dias (IC95% 256-275), de papa de legumes foi 258 dias (IC95% 250-264)
e comida da família, 292 dias (IC 95% 287-303). Os fatores associados ao consumo de
alimentos sólidos antes dos seis meses de idade foram: sistema de assistência à saúde;
idade materna; trabalho materno e uso de chupeta. CONCLUSÃO: O consumo precoce
de alimentos sólidos, um risco potencial para a saúde infantil e para o desenvolvimento de
doenças crônicas na idade adulta, evidenciam a necessidade de ações programáticas para
reversão deste quadro.

Fonte: SILVA, L. M. P.; VENÂNCIO, S. I.; MARCHIONI, D. M. L. Práticas de alimentação complementar no primeiro ano
de vida e fatores associados. Revista Nutrição., Campinas, 23(6):983-992, nov./dez., 2010. Disponível em: https://doi.
org/10.1590/S1415-52732010000600005 Acesso em: 10 jan. 2023.

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 70


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Nutrição e Dietoterapia, Obstétrica e Pediátrica
• Autora: Michelle Thiemi Miwa.
• Editora: Editora e Distribuidora Educacional.
• Sinopse: Simples e didaticamente esse livro aborda como rea-
lizar a avaliação nutricional, e a partir disso entender as principais
necessidades e riscos tanto para a gestante, como para a nutriz,
lactente, criança e adolescente.

FILME/VÍDEO
• Título: GERAÇÃO JUNK FOOD
• Ano: 2016.
• Sinopse: Um documentário sobre alimentação infantil traz um alerta
a todos os pais e cuidadores de crianças, ofertar mais comida de ver-
dade e limitar a oferta de produtos alimentícios prevenindo doenças e
a obesidade infantil. De forma sensata nos faz refletir se o tempo não
seria o ingrediente que anda faltando nas famílias nos tempos atuais,
para uma melhor atenção dos pais a alimentação dos filhos.
• Link do Vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=9J4fUfWc1Mc

UNIDADE 3 ALIMENTAÇÃO NOS PRIMEIROS ANOS DE VIDA 71


4
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UNIDADE

ORIENTAÇÕES
DIETOTERÁPICAS

Professor(a) Esp. Vanuza Neres Pacheco Carluccio

Plano de Estudos
• Alimentação para crianças não amamentadas.
• Indicadores para avaliar as práticas alimentares nos dois primei-
ros anos de vida.
• Dez passos para uma alimentação saudável: guia alimentar para
crianças menores de dois anos.

Objetivos da Aprendizagem
• Conceituar e contextualizar alimentação de acordo com necessidade
específica para cada idade na infância.
• Compreender os tipos de práticas alimentares nos primeiros anos
de Vida.
• Estabelecer e orientar hábitos alimentares saudáveis como
prevenção de doenças associadas à nutrição errada.
INTRODUÇÃO
Seja bem-vindo (a) à última unidade desta apostila!

Até aqui aprendemos que há uma série de fatores que influenciam a ingestão
alimentar e hábitos na infância e que as preferências e aversões aos alimentos são estabe-
lecidos nos primeiros anos e levados até a fase adulta, quando se atingem frequentemente
alterações com resistência e dificuldade.
Aprendemos também que as principais influências na ingestão alimentar nos anos
de desenvolvimento incluem, principalmente: o ambiente familiar, as tendências sociais, as
mensagens da mídia, a influência dos colegas, e a presença de enfermidades ou doença.
E que também existe uma preferência nata pelo sabor doce e a rejeição pelo sabor
amargo e azedo, mas a preferência também é moldada por experiências repetidas com
o alimento, com associações ao contexto social e com as consequências fisiológicas da
ingestão do alimento. Também é notório que a atuação do nutricionista através de seus
conhecimentos científicos do alimento em sua totalidade é um dos pontos de partida para
direcionar essa necessidade
Em nossa última unidade, fecharemos com a aprendizagem do planejamento e
execução das ações e orientações corretas, para que haja o fornecimento de nutrientes
promovendo o crescimento e manutenção do corpo, bem como o desenvolvimento de
habilidades de alimentação, hábitos alimentares e conhecimentos nutricionais para o de-
senvolvimento cognitivo do ser humano. Alimentação e nutrição adequadas são requisitos
essenciais desde antes do nascimento até o fim de seus dias de uma pessoa.
Minha vibração é que, ao terminar esta unidade, você esteja pronto para colocar
em prática essa dinâmica anteriormente estudada.
Tenha um excelente estudo!
Forte abraço.

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 73


1
TÓPICO

ALIMENTAÇÃO PARA
CRIANÇAS NÃO
AMAMENTADAS

Quando o desmame não pôde ser revertido após orientações e acompanhamento dos
profissionais, ou em situações em que a mãe não está recomendada a amamentar, a melhor
opção para crianças totalmente desmamadas com idade inferior a 4 meses é a alimentação
láctea, por meio da oferta de leite humano pasteurizado proveniente de Banco de Leite Huma-
no, quando disponível ou uso de fórmula infantil indicada pelo profissional de saúde habilitado.
É fundamental evitar o leite de vaca não modificado no primeiro ano de vida em
razão do pobre teor e baixa disponibilidade de ferro, o que pode predispor anemia, e pelo
risco maior de desenvolvimento de alergia alimentar, distúrbios hidroeletrolíticos e pré-dis-
posição futura para excesso de peso e suas complicações.

TABELA 01: DESMAME APÓS OS 5 MESES


Menores de Maiores de
5 – 8 meses
5 meses 8 meses
Leite e cereal
Manhã Alimentação láctea Leite e cereal ou tubérculo
ou tubérculo
Intervalo Alimentação láctea Papa de fruta Fruta
Papa salgada ou refeição
Almoço Alimentação láctea Papa salgada
básica da família
Fruta, pão, ou bolacha sem
Lanche Alimentação láctea Papa fruta
recheio
Papa salgada ou refeição
Jantar Alimentação láctea Papa salgada
básica da família
Leite e cereal
Noite Alimentação láctea Leite + cereal ou tubérculo
ou tubérculo
Fonte: Ministério da Saúde (2021).

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 74


O preparo de fórmulas infantis deve seguir as recomendações do rótulo do produto.

1.1 Orientações importantes de acordo com a idade da criança


A alimentação da criança nos primeiros anos de vida é de grande importância, pois
pode afetar sua saúde ao longo de toda a vida. A partir do sexto mês de vida, é fundamental
que os alimentos oferecidos à criança sejam nutricionalmente adequados para prevenir
problemas como anemia, sobrepeso e baixo peso. Nesse sentido, garantir uma alimenta-
ção ótima para as crianças pequenas deve ser parte essencial das estratégias globais para
garantir a segurança alimentar e nutricional de uma população. Embora os profissionais de
saúde sejam responsáveis por promover essa alimentação, é a família que deve executá-la.

TABELA 02: PRINCIPAIS ORIENTAÇÕES E CONDUTAS QUE DEVEM SER PRECONIZADAS DE


ACORDO COM A IDADE DA CRIANÇA
PERÍODO ORIENTAÇÕES
Até os seis Orientar para o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês sem chá,
meses de vida água ou qualquer outro alimento
• Orientar a introdução dos alimentos complementares;
• Orientar a introdução da água;
• Estimular a prática do aleitamento materno até dois anos;
• Orientar o consumo de alimentos que são fontes de ferro e vitamina A;
• Orientar para que não sejam oferecidos para criança açúcar, doces,
Aos seis meses
chocolates, refrigerantes e frituras;
de vida
• Fornecer o suplemento de ferro do Programa Nacional de Suplementa-
ção de Ferro e orientar a forma de oferecer à criança;
• Em regiões cobertas pelo programa, fornece a megadose de vitamina A
do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A.
• Orientar práticas de higiene no preparo da alimentação complementar.
• Orientar que a partir do 10° mês de vida a criança já pode receber a
comida preparada para a família;
• Estimular a prática do aleitamento materno até dois anos de idade;
• Orientar o consumo de alimentos fontes de ferro e vitamina A;
Aos nove meses • Orientar para que não sejam oferecidos para criança açúcar, doces,
de vida chocolates, refrigerantes e frituras;
• Verificar se a criança está recebendo o suplemento de ferro;
• Para as regiões do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina
A, verificar se a criança recebeu a dose referente ao período de seis a
11 meses.
• Estimular a prática do aleitamento materno até dois anos de idade;
• Verificar se a criança está recebendo o suplemento de ferro;
Dos 12 aos 18
meses de vida • Para as regiões do Programa Nacional de Suplementação de
vitamina A, verificar a data da última dosagem. Se houve intervalo
de seis meses ou mais, fornece a megadose.
Fonte: Escrivão; Oliveira; Palmas (2010, p. 60).

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 75


2
TÓPICO

INDICADORES PARA AVALIAR AS


PRÁTICAS ALIMENTARES NOS DOIS
PRIMEIROS ANOS DE VIDA

A vigilância alimentar e nutricional tem como objetivo monitorar de perto o estado


nutricional e o consumo de alimentos pela população brasileira. O SISVAN (Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional) recomenda a utilização de questionários que permitam
uma caracterização ampla do padrão alimentar das crianças, sem a intenção de quantificar
a ingestão de calorias e nutrientes.

São conhecidos como "marcadores do consumo alimentar" os indicadores que refletem


tanto as características positivas quanto as negativas da qualidade da alimentação.

2.1 Para crianças menores de seis meses


O objetivo do formulário para crianças nessa faixa etária é identificar o tipo de
alimentação que elas estão recebendo (aleitamento materno exclusivo ou predominante,
alimentação complementar ou ausência de leite materno). É importante destacar que o
período avaliado corresponde à prática alimentar do dia anterior à data do questionário.

TABELA 03: MARCADORES DE CONSUMO ALIMENTAR


CRIANÇAS MENORES DE SEIS MESES
1. A criança ontem recebeu leite de peito?
• Sim (pule para a pergunta 3)
• Não
2. Se não, até que idade seu filho mamou no peito?
• Nunca
• meses
• OU dias

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 76


3. Até que idade seu filho ficou em aleitamento materno exclusivo? (ler para o entrevistado:
aleitamento exclusivo é só leite do peito, sem chá, água, leites ou outras bebidas e alimentos)
• Ainda mama no peito
• <1 mês ou nunca
• Até 1 mês
• Até 2 meses
• Até 3 meses
• Até 4 meses
• Até 5 meses
4. A criança ontem recebeu: (ler as alternativas para o entrevistado – pode marcar mais de
uma alternativa)
• Leite do peito
• Chá/água
• Leite de vaca
• Fórmula Infantil
• Suco de fruta
• Fruta
• Papa salgada
• Outros
Fonte: Brasil (2022).

2.2 Para crianças entre 06 e até dois meses


As questões para essa fase da vida têm como objetivo caracterizar a introdução de
alimentos, que deve ocorrer a partir dos 6 meses de idade, e identificar comportamentos
de risco para a deficiência de ferro e o desenvolvimento de excesso de peso. É importante
ressaltar que muitas das perguntas se referem ao dia anterior à data do questionário. O
conhecimento dessas informações é fundamental para que os profissionais possam im-
plementar estratégias que promovam a melhoria das condições de saúde relacionadas à
alimentação e nutrição.

TABELA 04: MARCADORES DE CONSUMO ALIMENTAR


CRIANÇAS COM IDADE ENTRE SEIS MESES E MENOS DE DOIS ANOS

1. A criança ontem recebeu leite de peito?


• Sim (pule para a pergunta 3)
• Não

2. Se não, até que idade seu filho mamou no peito?


• Nunca
• meses
• OU dias

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 77


3. Até que idade seu filho ficou em aleitamento materno exclusivo?
(ler para o entrevistado: aleitamento exclusivo é só leite do peito, sem chá, água, leites ou outras
bebidas e alimentos)
• <1 mês ou nunca
• Até 1 mês
• Até 2 meses
• Até 3 meses
• Até 4 meses
• Até 5 meses
• Até 6 meses
• >6 meses
• Ainda mama no peito
4. Ontem quantas preparações (copos/mamadeiras) de leite a criança tomou? (qualquer tipo
de leite animal: pó/fluido)
• Não tomou
• Até 2 (copos/mamadeiras
• Mais que 2 (copos/mamadeiras)
5. Ontem a criança comeu verduras/legumes (não considerar os utilizados como temperos,
nem batata, mandioca, cará e inhame)?
• Sim
• Não
6. Ontem a criança comeu fruta?
• Sim
• Não
7. Ontem a criança comeu carne (boi, frango, porco, peixe, miúdos ou outras)?
• Sim
• Não
8. Ontem a criança comeu feijão?
• Sim
• Não
9. Ontem a criança comeu assistindo à televisão?
• Sim
• Não
10. Ontem a criança comeu comida de panela (comida da casa, comida da família) no jantar?
• Sim
• Não

11. A criança recebeu mel/melado/açúcar/rapadura antes de seis meses de idade consumido


com outros alimentos ou utilizado para adoçar líquidos e preparações?
• Sim
• Não

12. A criança recebeu papa salgada/comida de panela (comida da casa, comida da família)
antes de seis meses de idade?
• Sim
• Não

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 78


13. A criança tomou suco industrializado ou refresco em pó (de saquinho) no último mês?
• Sim
• Não
14. A criança tomou refrigerante no último mês?
• Sim
• Não
15. A criança tomou mingau com leite ou leite engrossado com farinha ontem?
• Sim
• Não
Fonte: Brasil (2022).

2.3 Índices Antropométricos para avaliação de crianças


Para a avaliação do estado nutricional de crianças, os índices antropométricos mais
utilizados e recomendados pela OMS e adotados pelo Ministério da Saúde (2022) são:
» Peso-para-idade (P/I): O índice que expressa a relação entre a massa corporal
e a idade cronológica da criança é utilizado para avaliar o estado nutricional,
principalmente para o diagnóstico de baixo peso. Esse índice é contemplado na
Caderneta de Saúde da Criança e é muito adequado para o acompanhamento do
ganho de peso, refletindo a situação global da criança. No entanto, é importante
destacar que essa avaliação não é capaz de diferenciar entre comprometimento
nutricional atual ou agudo dos pregressos ou crônicos.
» Peso-para-estatura (P/E): O índice em questão prescinde da informação de
idade e expressa a relação entre as dimensões de massa corporal e estatura, sen-
do utilizado para avaliar a harmonia entre esses dois aspectos. É uma ferramenta
útil tanto para identificar o emagrecimento quanto o excesso de peso em crianças.
» Estatura-para-idade (E/I): O índice em questão é o índice de altura para a
idade, que expressa o crescimento linear da criança ao longo do tempo, compa-
rando a estatura da criança com sua idade cronológica. É considerado um dos
indicadores mais sensíveis para avaliar a qualidade de vida de uma população,
pois reflete o efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento da
criança, como desnutrição crônica e condições de vida precárias.
» Índice de Massa Corporal (IMC)-para-idade: O índice de massa corporal
(IMC) infantil expressa a relação entre o peso da criança e o quadrado da esta-
tura, sendo utilizado para identificar o excesso de peso nessa faixa etária. Uma
das vantagens do IMC é que ele é um índice que pode ser utilizado em outras
fases do curso da vida.

Para o cálculo do IMC, é utilizada a seguinte fórmula:


Índice de Massa Corporal (IMC) = Peso (kg) / Estatura² (m)

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 79


2.4 Roteiro para avaliação nutricional
O roteiro para avaliação nutricional é um conjunto de procedimentos e ferramentas
utilizados por profissionais de saúde para avaliar o estado nutricional de indivíduos. Esse
roteiro pode ser aplicado em crianças, adolescentes, adultos e idosos.
O objetivo da avaliação nutricional é identificar possíveis deficiências ou excessos
nutricionais, além de auxiliar no diagnóstico de doenças relacionadas à alimentação e nu-
trição, como a desnutrição, obesidade, diabetes, hipertensão, entre outras.
O roteiro para avaliação nutricional inclui diversas etapas, que podem variar de
acordo com o profissional e a situação clínica do indivíduo, mas algumas das principais
etapas são:

• A Avaliação Nutricional para crianças de 0 a 5 anos utiliza 4 parâmetros:


estatura-para-idade, peso-para-idade, peso-para-estatura e IMC-para-idade.
• A Avaliação Nutricional para crianças de 5 a 10 anos, são utilizados 3 parâ-
metros: estatura-para-idade, peso-para-idade e IMC-para-idade.
• A Avaliação Nutricional para adolescentes de 10 a 19 anos, são utilizados 2
parâmetros: estatura-para-idade e IMC-para-idade.

2.5 Curvas da OMS para a classificação de avaliação e diagnóstico nutricional


de crianças e adolescentes
As curvas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para a classificação de avaliação
e diagnóstico nutricional de crianças e adolescentes são ferramentas importantes para identifi-
car e monitorar o estado nutricional de indivíduos em fase de crescimento e desenvolvimento.
Essas curvas, desenvolvidas a partir de estudos com recebidos de diversos países,
consideram não apenas o peso e a altura, mas também a idade e o sexo dos indivíduos,
permitindo uma avaliação mais precisa e individualizada.
As curvas são compostas por percentis que indicam em que posição o paciente se
encontra em relação à população de referência. O percentil 50, por exemplo, indica que
o indivíduo está na mediana da população, enquanto um percentil menor do que 5 indica
desnutrição grave e um percentil maior do que 95 indica obesidade.
É importante ressaltar que o uso das curvas da OMS deve ser feito por profissionais
capacitados e levando em consideração o histórico clínico e alimentar do indivíduo, bem
como outros fatores que podem influenciar seu estado nutricional.
Além disso, as curvas da OMS não devem ser utilizadas isoladamente para o
diagnóstico de distúrbios nutricionais, mas sim como uma ferramenta complementar aos
demais exames e estimativas clínicas.

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 80


IMAGEM 01: GRÁFICO PESO X IDADE DE MENINAS DE 5 A 10 ANOS

Fonte: WORLD Health Organization. An evaluation of infant growth: the use and interpretation of
anthropometry in infants. Bull World Health Organ. 1995

IMAGEM 02: GRÁFICO DE IMC X IDADE PARA MENINAS DE 5 A 19 ANOS:

Fonte: WORLD Health Organization. An evaluation of infant growth: the use and interpretation of
anthropometry in infants. Bull World Health Organ. 1995

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 81


IMAGEM 03: GRÁFICO DE ALTURA X IDADE PARA MENINAS DE 5 A 19 ANOS

Fonte: WORLD Health Organization. An evaluation of infant growth: the use and interpretation of
anthropometry in infants. Bull World Health Organ. 1995

IMAGEM 04: GRÁFICO DE IMC X IDADE PARA MENINOS DE 5 A 19 ANOS

Fonte: WORLD Health Organization. An evaluation of infant growth: the use and interpretation of
anthropometry in infants. Bull World Health Organ. 1995

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 82


IMAGEM 05: GRÁFICO DE ALTURA X IDADE PARA MENINOS DE 5 A 19 ANOS

Fonte: WORLD Health Organization. An evaluation of infant growth: the use and interpretation of
anthropometry in infants. Bull World Health Organ. 1995

IMAGEM 06: GRÁFICO PESO X IDADE DE MENINOS DE 5 A 10 ANOS

Fonte: WORLD Health Organization. An evaluation of infant growth: the use and interpretation of
anthropometry in infants. Bull World Health Organ. 1995

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 83


Para crianças de 0 a menos de 5 anos

TABELA 05: ESTATURA-PARA-IDADE


VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
Muito baixa estatura
< Percentil 0,1 < Escore-z -3
para a idade
≥ Percentil 0,1 e ≥ Escore-z -3 e
Baixa estatura para a idade
< Percentil 3 < Escore-z -2
≥ Percentil 3 ≥ Escore-z -2 Estatura adequada para a idade
Fonte: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

TABELA 06: PESO-PARA-IDADE


VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL

< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Muito baixo peso para a idade
≥ Percentil 0,1 e ≥ Escore-z -3 e
Baixo peso para a idade
< Percentil 3 < Escore-z -2
≥ Percentil 3 ≥ Escore-z -2 ≤ Escore-z -2 Peso adequado para a idade

> Percentil 97 > Escore-z +2 Peso elevado para a idade*

*Observação para relatório: esse não é o índice antropométrico mais recomendado para a
avaliação do excesso de peso entre crianças. Avalie essa situação pela interpretação dos índices
de peso para estatura ou IMC para idade.

FONTE: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

TABELA 07: PESO-PARA-ESTATURA


VALORES CRÍTICOS DIAGNÓSTICO NUTRICIONAL
< Percentil 0,1 < Escore-z -3 Magreza acentuada
≥ Percentil 0,1 e ≥ Escore-z -3 e
Magreza
< Percentil 3 < Escore-z -2
≥ Percentil 3 e ≥ Escore-z -2
Eutrofia
≤ Percentil 85 ≤ Escore-z +1
> Percentil 85 e ≥ Escore-z +1
Risco de sobrepeso
≤ Percentil 97 ≤ Escore-z +2
> Percentil 97 e ≥ Escore-z +2
Sobrepeso
≤ Percentil 99,9 ≤ Escore-z +3
> Percentil 99,9 > Escore-z +3 Obesidade
FONTE: Norma Técnica do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – Brasília: Ministério da Saúde, 2011.

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 84


3
TÓPICO
DEZ PASSOS PARA UMA ALIMENTAÇÃO
SAUDÁVEL: GUIA ALIMENTAR PARA
CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS

O Ministério da Saúde desenvolveu o Guia Alimentar para Crianças Menores de


Dois Anos com base em dados abrangentes coletados no país, complementados por estu-
dos qualitativos para identificar os problemas prioritários de intervenção.
Esse guia estabelece as principais ações que os profissionais da área devem se-
guir para promover uma alimentação saudável para crianças com menos de dois anos de
idade, por meio de dez passos para uma alimentação saudável. Ele serve como um guia
para os profissionais sensibilizarem e avaliarem suas práticas, com ênfase na integralidade
e interdisciplinaridade do cuidado.
Seguem as orientações para crianças menores de 02 anos baseadas em dez pas-
sos (BRASIL, 2002):

Passo 1: Dar somente leite materno até os seis meses, sem oferecer água, chás ou qualquer
outro alimento.
Dica: Rever se as orientações sobre aleitamento materno são fornecidas desde o acompanhamento pré-natal
até a época da alimentação complementar.

Passo 2: A partir dos seis meses, introduzir de forma lenta e gradual outros alimentos, mantendo
o leite materno até os dois anos de idade ou mais.
Dica: Antes de dar a orientação desse passo, perguntar à mãe/cuidador como imagina ser a alimentação correta
da criança e, a seguir, convidá-la a complementar seus conhecimentos, de forma elogiosa e incentivadora.

Passo 3: Após seis meses, dar alimentos complementares (cereais, tubérculos, carnes, legumi-
nosas, frutas, legumes) três vezes ao dia, se a criança receber leite materno, e cinco vezes ao
dia, se estiver desmamada.
Dica: Sugerir receitas de papas, tentando dar ideia de proporcionalidade, de forma prática e com linguagem
simples.

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 85


Passo 4: A alimentação complementar deve ser oferecida de acordo com os horários de refeição
da família, em intervalos regulares.

Dica: Uma visita domiciliar pode ser uma estratégia interessante para aumentar o vínculo e orientar toda a
família sobre alimentação saudável.

Passo 5: A alimentação complementar deve ser espessa desde o início e oferecida de colher;
começar com consistência pastosa (papas/purês) gradativamente, aumentar a consistência até
chegar à alimentação da família.

Dica: Organizar oficinas de preparação de alimentos seguros.

Passo 6: Oferecer à criança diferentes alimentos ao dia. Uma alimentação variada é uma alimen-
tação colorida.

Dica: Conversar sobre a estimulação dos sentidos enfocando que a alimentação deve ser um momento de
troca afetuosa entre a criança e a família.

Passo 7: Estimular o consumo diário de frutas, verduras e legumes nas refeições.

Dica: Pedir à mãe que faça uma lista das hortaliças mais utilizadas. Depois, aumentar essa lista acrescentando
outras opções não lembradas, destacando alimentos regionais e típicos da estação.

Passo 8: Não oferecer açúcar, café, enlatados, frituras, refrigerantes, balas, salgadinhos e outras
guloseimas nos primeiros anos de vida. Usar sal com moderação.

Dica: Articular um trabalho em conjunto de todos os integrantes da família da criança sobre alimentação
saudável.

Passo 9: Cuidar da higiene no preparo e manuseio dos alimentos: garantir o seu armazenamento
e conservação adequados.

Dica: Realizar orientações aos pais, avós e crianças sobre cuidados de higiene geral, alimentar e bucal.

Passo 10: Estimular a criança doente e convalescente a se alimentar, oferecendo sua alimenta-
ção habitual e seus alimentos preferidos, respeitando a sua aceitação.

Dica: Avaliar o apetite da criança, mas nunca oferecer guloseimas como recompensa.

A necessidade nutricional da criança assim como nos adultos, é individual e tem


que ir de encontro com a rotina e situação específica de cada um. Porém, de uma forma
geral podemos seguir o seguinte roteiro de orientação:

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 86


FIGURA 07: ORIENTAÇÃO ALIMENTAR DAS CRIANÇAS

Fonte: A autora (2023).

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 87


Ao longo desta apostila entendemos que nos primeiros anos de vida o alimento exerce papel fundamental
na proteção e prevenção de doenças. E é na infância que plantaremos as sementinhas que no futuro trarão
os frutos a vida humana, entender cada etapa deste processo e estar apto a orientar e acalmar o coração,
anseios e dúvidas dos pais é fundamental ao profissional de nutrição. Sugiro fortemente este material
como apoio de vocês nesta jornada.
Fonte: HASBANI, E.; URSAIA, R. Nutrição na Infância e Adolescência. Disponível em: https://www.stance.com.
br/pta/workshop/Nutricao-na-Infancia-e-adolescencia.pdf Acesso em: 10 jan. 2023.

“Que seu remédio seja seu alimento, e que seu alimento seja seu remédio”.
Cada vez mais a ciência comprova a relação estreita entre o hábito alimentar e saúde ou doença. O
Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos publicado em 2014 traz recomendações e
informações sobre alimentação de crianças nos dois primeiros anos de vida. Deixo abaixo para vocês um
link para leitura, pesquisa e impressão de um manual e atuação recomendado.
Fonte: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Departamento de Promoção
da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos / Ministério da Saúde, Secretaria de
Atenção Primaria à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. – Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
Disponível em: https://www.svb.org.br/images/guia_da_crianca_2019.pdf Acesso em: 10 jan. 2023.

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 88


CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a conclusão desta unidade, fica evidente que as ações de nutrição são essen-
ciais para uma compreensão ampla e profunda do significado da alimentação em nossas
vidas. A forma como nos alimentamos reflete nossa história, desejos e afetos, e cuidar da
nossa alimentação é crucial para promover a saúde.
Durante a transição da primeira infância até a adolescência, as crianças passam
por uma mudança significativa na alimentação, começando como receptores passivos de
alimentos, explorando diferentes alimentos e finalmente assumindo o controle completo da
ingestão alimentar. Nesse processo, é fundamental que a criança aprenda a importância da
boa nutrição para o crescimento físico e desenvolvimento geral.
A partir dessa conclusão, é possível perceber que uma alimentação balanceada em
nutrientes, fácil de preparar, apresentável e aceita desde o primeiro ano de vida é a chave
para uma humanidade cada vez mais saudável. Práticas alimentares saudáveis devem
começar na infância, com o aleitamento materno e a introdução gradual dos alimentos
necessários para cada fase da vida.
Além disso, a alimentação saudável deve ser compreendida como um conjunto de
hábitos, incluindo o que bebemos e comemos, e mudanças nos nossos comportamentos e
atitudes alimentares exigem superação, entendimento e aceitação das formas de utilizar o
alimento. Nessa jornada, o papel do profissional nutricionista é fundamental.
Espero que ao longo de todas essas unidades, você tenha conseguido viajar neste
universo, para que tenhamos profissionais apaixonados por ensinar e aplicar a nutrição
com maestria em todas as suas fases da construção da vida de um ser humano.

Um forte abraço!

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 89


LEITURA COMPLEMENTAR
OBESIDADE INFANTIL: COMO PODEMOS SER EFICAZES?

OBJETIVO: Revisar a abordagem terapêutica da obesidade infantil, bem como aspec-


tos de seu diagnóstico e prevenção. FONTES DOS DADOS: Foi realizada busca de artigos
científicos através das bases de dados MEDLINE, Ovid, Highwire e Scielo. As palavras-chave
utilizadas foram: “childhood obesity” e também combinações junto a “treatment”, “prevention”
e “consequence”. Dentre os artigos provenientes da busca incluíam-se artigos de revisão,
estudos observacionais, ensaios clínicos e posições de consenso. Percebida a relevância,
também se buscou diretamente referências indicadas. O período de coleta de dados foi de
1998 a 2003. SÍNTESE DOS DADOS: Foram encontrados vários trabalhos de prevalência no
Brasil. No entanto, poucos trazem resultados de programas educativos aplicáveis em nosso
meio. CONCLUSÕES: Deve-se prevenir a obesidade infantil com medidas adequadas de
prescrição de dieta na infância desde o nascimento, além de se estudar mais sobre progra-
mas de educação que possam ser aplicados no nível primário de saúde e nas escolas.

Fonte: MELLO, E. D.; LUFT, V. C.; MEYER, F. Obesidade Infantil: como podemos ser eficazes? Jornal de Pediatria - Vol.
80, Nº3, 2004. Disponível em: https://www.scielo.br/j/jped/a/GftqBGnnCyhvZ89C9M4Pqsv/ Acesso em: 10 jan. 2023.

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 90


MATERIAL COMPLEMENTAR

LIVRO
• Título: Nutrição e saúde da criança
• Autores: Sylvia do Carmo Castro Franceschini; Sarah Aparecida
Vieira Ribeiro; Silvia Eloíza Priore; Juliana Farias de Novaes.
• Editora: RUBIO-2019.
• Sinopse: Esse livro aborda a nutrição infantil, e tem como principal
objetivo a qualificação de estudantes de ensino superior e profissio-
nais da Saúde comprometidos com um atendimento de excelência
à criança. É referência certa para aqueles que sabem que uma boa
nutrição na infância oferece menos chances de adolescentes, adul-
tos e idosos propensos a doenças. Excelente leitura de apoio a você.

FILME/VÍDEO
• Título: O cardápio das crianças (The Kids Menu): a obesidade na
infância.
• Ano: 2015.
• Sinopse: O documentário retrata a importância sobre o investi-
mento financeiro e principalmente, de tempo para conscientização
da alimentação saudável e tem o objetivo despertar nas crianças
hábitos mais saudáveis de alimentação. Aproveite!

UNIDADE 4 ORIENTAÇÕES DIETOTERÁPICAS 91


CONCLUSÃO GERAL
Querido (a) aluno (a)!

Ao término dos nossos estudos, refletiremos nosso aprendizado. Amamentar é


muito mais do que nutrir, é um processo que envolve interação profunda entre mãe e filho,
com repercussões no estado nutricional da criança, em sua habilidade de se defender de
infecções, em sua fisiologia e no seu desenvolvimento cognitivo e emocional, além de ter
implicações na saúde física e psíquica da mãe.
A nutrição maternoinfantil é uma das principais estratégias para melhorar os pa-
drões de saúde de uma população, uma vez que o estado de saúde pode ser inicialmente
definido em estágios iniciais da vida, como a infância ou o período fetal e embrionário.
O embrião, o feto e o bebê em fase de aleitamento exclusivo são estritamente
dependentes da mãe e da sua saúde. Portanto, o estado nutricional das mulheres em
período fértil, grávidas ou no pós-parto deve ser ótimo. Também deve ser ótima a nutrição
durante a infância e outras fases de desenvolvimento. Isso garante um excelente começo
na construção de uma sociedade mais saudável.
A infância é um período em que se desenvolve grande parte das potencialidades
humanas. Os distúrbios que incidem nessa época são responsáveis por graves conse-
quências para indivíduos e comunidades. A Nutrição maternoinfantil é a garantia da saúde
e longevidade desde a concepção da vida.
A partir de agora, acredito que você já está preparado para seguir em frente desen-
volvendo ainda mais suas habilidades e caminhando para direcionar o início da nutrição de
uma VIDA. Parabéns por chegar até aqui!

Até uma próxima oportunidade. Muito Obrigada!

92
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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96
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