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GRAVIDEZ NA ADOLESCÊNCIA: UM BREVE HISTÓRICO

A corroboração de um elevado índice da gravidez na adolescência no Brasil


nos coloca em uma posição da realização de uma análise pluridisciplinar para que
possamos compreender como se facultou durante o processo histórico,
consequentemente, entender suas problemáticas atuais bem como as
possibilidades de transformação.Processo esse que ocorreu não somente no Brasil
como em outros países também, com o retorno da queda nas taxas de fecundidade
tanto nos Estados Unidos quanto nos países de primeiro mundo foram assentidos
em meados de 1970. Conforme CHALEM, E. et al. (2007, p.177)

No entanto, no quinto relatório anual do State of the


World’s Mothers, publicado em 2004
(http://www.savethechildren.org.uk) com dados
coletados entre 1995 e 2002, Mayor destacou que 13
milhões de nascimentos (um décimo de todos os
nascimentos do mundo) são de mulheres com menos de
vinte anos e que mais de 90% destes nascimentos
ocorrem nos países em desenvolvimento, onde a
proporção de parturientes com menos de vinte anos
varia de 8% no leste da Ásia até 55% na África 7. O
relatório alertou que a gravidez e o parto foram a
principal causa de morte em mulheres de 15 a 19 anos
nos países em desenvolvimento.

Partindo dessa perspectiva, ao transcorrer da história a diferença de idade em que


as mulheres se relacionavam com seus parceiros era justificada em primeiro momento em parte
de manuais de casamento escritos provindas do século XVI e XVII, conjunto de moral e ética
da era medieval e nos fragmentos contidos no concílio de trento; estruturava princípios para a
escolha de suas parceiras, onde a beleza e principalmente a diferença de idade entre os
cônjuges era relevante. A questão de classe também predominava e o porte que era atribuído à
virgindade, pois os pais que organizavam a união, sem que as filhas pudessem intervir.
Durante o período colonial, a estruturação da escolha do parceiro, por parte da
família, ocorria para meninas de 13, 14 e até mesmo de 15 anos; semelhante a
Grécia antiga, onde as jovens eram encorajadas a terem filhos nesse período de
puberdade. Onde por muitas vezes eram arranjadas para homens com diferença de
13 anos ou chegavam a ser até mesmo de meia-idade. De acordo com ( 2009,
p.119) a introdução de conversar sobre sexualidade e relacionamento na presença
feminina não ocorria. No Século XIX obtinham a voz ativa, porém a valorização da
virgindade perdura, pois ainda se tratava de um tabu e condenada pela sociedade, deixando
laivos no decorrer do séc XX.

No século XIX, na cidade de São Paulo, por exemplo, "é pequena a


incidência de casais muito jovens: dos 661 casados, apenas 48 (7%) tinham
menos de 20 anos e, desses, 37 ainda não tinham filhos". No
recenseamento de 1836, "as idades das esposas variaram de 14 a 89 anos e
as dos maridos de 16 a 97" (SAMARA, 1986, p. 79). Em 1827 em São Paulo,
de 334 brancos de ambos os sexos, 226 (67,6%) eram solteiros, 85 (25,5%)
casados e 23 (6,9%) viúvos (SAMARA, 1984, p.96), indicando a existência
de grande número de celibatários, e se a determinação da idade legal visava
promover os casamentos desde cedo, provavelmente com o intuito de
impedir o concubinato, não era bem acatada, pois não correspondia aos
costumes da população nem às condições do mercado matrimonial.

No decorrer da Idade Média, a passagem da infância para a adolescência não era considerada;
Com a primeira menstruação as meninas já eram vistas como adultas.
Pós-Constituição de 1988 até o século XXI: Durante a era vitoriana, a transição entre a infância
e a adolescência obteve relevância, onde os anos de 13 a 24 anos efetivou o termo adolescente
tal como conhecemos hoje. Nessa fase os indivíduos já eram considerados adultos e aptos para
construírem suas vidas; com a chegada da primeira menstruação a adolescente já era
preparada para o casamento. Já no século XX , com a mudança de novas políticas públicas, a
gravidez da adolescência tornou-se pauta relevante para a saúde pública e sócio - educacional.
Ainda sim carecem olhar, pois ainda se trata de um desafio social, econômico e cultural.

Séc XX: Com a chegada da revolução Sexual, na década de 60 foi propício para o surgimento
do método contraceptivo contraceptivo oral ( Enovid -10) obteve seu surgimento inicialmente
nos Estados Unidos. A década de 60 apresentava resultado favorável para discussões em prol
da implantação da educação sexual nas escolas,mesmo considerado como um tabu. Porém em
1964 com a chegada do golpe de estado (1964) propiciou a implantação de um regime que
ocasionou forte pressão social para que obtivessem qualquer informações ademais sobre
manifestações da sexualidade. O estado encarregava-se de monitorar os educadores e as
instituições, advento a julgamentos morais e religiosos; com o ensino de educação sexual
restrito e o acessos a métodos anticoncepcionais limitados, o risco à exposição a uma gravidez
precoce aumentaram. As mulheres ainda sim obtinham menos autonomia de seus corpos,
ocasionando o abandono escolar, limitadas oportunidades de emprego e exclusão social. Em
1978 o surgimento da abertura política possibilitou a ampliação da educação sexual nas escolas
potencializou-se com o I Congresso sobre Educação Sexual nas Escolas, juntamente com os
ademais de surgem subsequentemente; com o destaque por parte da mídia potencializando a
conscientização de toda uma população sobre a conscientização dessa temática
(ROSEMBERG, 1985). Embora ainda seja um problema tanto de território nacional quanto em
diversos países; existem projetos líticas em prol da prevenção da gravidez na precoce,
processos de prevenção e promoção à saúde que facilitam o acesso a preservativos, além de
academais métodos contraceptivos, juntamente com o acesso à atenção básica de saúde que
propicia o atendimento médico para adolescentes em período pré, pós parto e para assistência
do planejamento familiar, fazendo-se parte da assistência integral, devendo ser oferecido a
todos sem exceção.

REFERÊNCIAS
CHALEM, E. et al.. Gravidez na adolescência: perfil
sócio-demográfico e comportamental de uma população da
periferia de São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde
Pública, v. 23, n. Cad. Saúde Pública, 2007 23(1), p.
177–186, jan. 2007.

LEVY, M. S. F.. A escolha do cônjuge. Revista


Brasileira de Estudos de População, v. 26, n. Rev.
bras. estud. popul., 2009 26(1), p. 117–133, jan. 2009

BARROSO, L. de M.; BRUSCHINI, M. C. A.


Educação sexual: debate aberto. Petrópolis, RJ: Vozes,
1982. BEDIN, R. C. A história do Núcleo de Estudos da
Sexualidade e sua participação na trajetória do
conhecimento sexual na UNESP. 2016. 154 f. Tese
(Doutorado em Educação Escolar) - Faculdade de
Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho”, Araraquara, 2016.

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