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Elementos do grupo:

Carolina Costa (a84224)


Mariana Simão (a84266)
Leonor Rodrigues (a84225)
Filipe Gonçalves (a84281)

Tema: A evolução da saúde sexual e reprodutiva entre as mulheres jovens portuguesas nos
últimos 10 anos.

Pergunta de partida: Qual a evolução da saúde sexual e reprodutiva entre as mulheres


jovens portuguesas nos últimos 10 anos?

Objetivo geral: Estudar a evolução da saúde sexual e reprodutiva entre as mulheres jovens
portuguesas nos últimos 10 anos.

Objetivos específicos:
1-Investigar a gravidez desejada e indesejada nas mulheres jovens portuguesas ao longo
dos últimos 10 anos;
2-Conhecer o impacto da educação sexual na prevenção dos comportamentos sexuais de
risco nas mulheres jovens portuguesas nos últimos 10 anos;

No artigo estudado é demonstrado que educação sexual é obrigatória em Portugal


no âmbito escolar desde 1983. Contudo, nem todas as escolas portuguesas aderem a esta
prática comum e poucos estudos avaliam os seus efeitos. O método mais eficaz de
aumentar os conhecimentos e atitudes sobre a proteção nos adolescentes é a educação.
Portanto, para evitar comportamentos sexuais de risco e os efeitos negativos associados
aos mesmos, é fundamental que os jovens recebam diversa informação e é extremamente
necessário que tenham um acompanhamento diário. Foram realizados quatro estudos que
facilitam a clarificação deste objetivo específico.

De acordo, com Ramiro (2013: 2) “o estudo 3 - A aprofundar o conhecimento


acerca dos comportamentos sexuais preventivos em Portugal, incluindo conhecimentos e
atitudes sobre o VIH/SIDA; e avaliar as alterações decorridas entre 2002 e 2010.
Estudo 4 – Avaliar a importância da ES (educação sexual) em meio escolar e os seus
efeitos nos comportamentos sexuais, conhecimentos e atitudes face portadores de VIH.
Estudo 5 – Analisar conhecimentos, atitudes e comportamentos sexuais e identificar se a
ES em meio escolar influencia os jovens do 3º ciclo, do ensino secundário e do ensino
universitário. Estudo 6 – Descrever tendências na prevalência de relações sexuais,
iniciação sexual muito precoce e uso de preservativo na última relação sexual entre os
adolescentes de 15 anos.”

Relativamente à evolução histórica e legislativa da educação sexual, após 1974, as


circunstâncias políticas e sociais mudaram e o estado concentrou se em outras coisas,
como tornar a educação mais acessível. Até 1984, houve muita discussão ideológica sobre
os assuntos da ES. A Associação para o Planeamento da Família (APF) e algumas
organizações feministas foram os atores principais dessas discussões, que se concentraram
na legalização do aborto e na igualdade de direitos entre homens e mulheres. A formação
especializada neste campo, que é a ES passou a ser prioridade. No entanto, Vaz et al.
(1996, p.61) observaram que os docentes não são adequados para incorporar
adequadamente a componente de educação sexual nos programas de desenvolvimento
pessoal e social. As experiências em 19 escolas apenas incluíram atividades de educação
sexual de forma pontual.

Em suma, ao longo de décadas, este assunto tem sido objeto de discussão em


diversas categorias, incluindo aspetos biológicos, psicossociais e éticos. Em Portugal,
várias áreas do conhecimento têm sido estudadas sobre ES, como educação, psicologia e
sexologia. No entanto, concordam que é imperativo que os esforços sejam concentrados
na formação inicial e contínua dos professores da área de educação sexual. Segundo
Nunes (2005: 8-9) “a educação sexual, no seu sentido mais profundo, não é uma mera
questão técnica, mas sim uma questão social, estrutural, histórica. [...] Todos nós estamos
submetidos a uma educação sexual desde que nascemos, e hoje mais do que nunca.”

3-Compreender a evolução da interrupção voluntária da gravidez (IVG)entre mulheres


jovens portuguesas nos últimos 10 anos.
A interrupção voluntária da gravidez, também conhecida por IVG ou aborto
induzido, nas jovens portuguesas, tem sofrido uma grande evolução nos últimos 10 anos.
O aborto induzido “é um procedimento usado para interromper uma gravidez,
também denominado Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG). Quando realizado
precocemente, em serviços de saúde legais e autorizados, é um procedimento médico
seguro e com reduzidos riscos para as mulheres” (Associação para o Planeamento
Familiar, 2018 cit in Santos, 2021:12-13).
Este procedimento foi despenalizado, em Portugal, com a lei n.º 16/2007 – Exclusão da
ilicitude nos casos de interrupção voluntária da gravidez, se, de acordo com a sua alínea
e), for realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas de gravidez.
De acordo com DGS/MS (2023), nos últimos dez anos, os números de interrupções
voluntárias da gravidez realizadas em estabelecimentos de saúde têm vindo a diminuir,
com exceção a 2022, onde os valores voltaram a aumentar. Entre 2013 e 2021, o número
de abortos induzidos tem diminuindo desde 18,360 a 14,348, respetivamente. Todavia, no
ano seguinte, voltou a crescer, atingindo as 16,471 IVGs.
Esta diminuição tem vindo a ser devido ao “acesso facilitado a consultas de planeamento
familiar e a métodos de contraceção, educação e implementação dos direitos da mulher; a
promoção social da responsabilidade pela contraceção, não só das mulheres, mas também
dos homens numa sociedade que se quer igualitária em termos de género” (Santos,
2021:35).
No entanto, segundo Santos (2021:35) “apesar de ter havido um aumento substancial do
uso de contracetivos e implementadas políticas de saúde onde o acesso aos métodos
contracetivos é facilitado, continuam, em Portugal e no mundo, a ocorrerem gravidezes
não planeadas, indesejadas que, concludentemente, acabam numa interrupção da
gravidez”.
Devem ser realizadas ações como “o acesso à educação sexual nos
estabelecimentos de ensino públicos e privados e ao planeamento familiar, que inclui o
livre acesso a consultas, tratamentos de infertilidade, alargadas a todas as mulheres,
independentemente de diagnóstico de infertilidade, do estado marital, e da orientação
sexual.” (Cabaço, 2017 cit in Santos, 2021:36), de forma a evitar gravidezes indesejadas e,
consequentemente, abortos induzidos, legais ou não.

Pertinência do tema (revisão da literatura):

Escolhemos o tema “A evolução da saúde sexual e reprodutiva entre as mulheres jovens


portuguesas nos últimos 10 anos”. Pretendemos estudar e responder à questão “Qual a
evolução da saúde sexual e reprodutiva entre as mulheres jovens portuguesas nos
últimos 10 anos?”.
O estudo da evolução da saúde sexual e reprodutiva entre as mulheres jovens
portuguesas ao longo dos últimos 10 anos é um tema de extrema importância pois,
apesar de ter vindo a sofrer um avanço exponencial, ainda é um assunto que afeta
milhares de mulheres portuguesas. De acordo com Braconnier e Marcelli (2000),
“Reconhece-se que em menos de uma geração, a evolução dos costumes sofreu uma
transformação radical no campo da sexualidade.”.
O estudo deste tópico não só revela as dificuldades e os empasses que existem ao nível
de planeamento familiar, como também permite encontrar soluções ou métodos que
auxiliem as mulheres a terem cada vez mais facilidade em formar uma família e evitar
abortos espontâneos ou outras situações indesejadas. “De acordo com o Ministério da
Saúde, planejamento familiar é o direito que toda pessoa tem à informação e ao acesso
aos recursos que permitam optar livre e conscientemente por ter ou não ter filhos.”
(Silva et al., 2008: 2417).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (2020), a saúde sexual ao nível do bem-estar,
saúde física e emocional é crucial para os indivíduos, casais e famílias. Isso irá depender
principalmente do acesso a informações sobre a sexualidade, de entender os riscos
envolvidos na atividade sexual, na vulnerabilidade e consequências adversas, ter o
devido acesso a cuidados de saúde sexual de boa qualidade e estar em um ambiente que
promova e apoie a saúde sexual. Para Sprinthall e Collins (2008) a sexualidade “(...)
engloba as emoções, os comportamentos e as atitudes que estão associadas, não apenas
ao ser capaz de procriar, mas também aos padrões sociais e pessoais que acompanham
as relações físicas íntimas, durante a vida do indivíduo”.
A sexualidade dos jovens em Portugal é influenciada por valores morais e religiosos, e
esta questão ainda não é muito compreendida, pois a sociedade portuguesa está a passar
por mudanças na forma como olha para a sexualidade, mas como essa transformação é
complexa, existem elementos simultâneos de aceitação e negação (Roque, 2001).
Por estes motivos, conseguimos demonstrar que a evolução da saúde sexual e
reprodutiva entre as mulheres jovens portuguesas nos últimos 10 anos tem se revelado
pertinente para a Sociologia, uma vez que se tem vindo a verificar um aumento desses
acontecimentos nos dias de hoje.

Referências bibliográficas citadas no texto:


 Braconnier, A., & Marcelli, D. (2000) As Mil Faces da Adolescência, Lisboa,
Climepsi
 Organização Mundial de Saúde (2020) Saúde Sexual, Direitos Humanos e a
Lei, Porto Alegre.
 Roque, O. (2001) Semiótica da Cegonha: Jovens, Sexualidade e Risco de
Gravidez não Desejada, Évora, Associação para o Planeamento da Família.
 Silva, R., Araújo, K., Bastos, L. & Moura, E. (2008) Planejamento familiar:
significado para mulheres em idade reprodutiva, Ciência & Saúde Coletiva,
16(5):2415- 2424.
 Sprinthall, N. & Collins, W. (2008) Psicologia do Adolescente: Uma
Abordagem Desenvolvimentista, 4.a edição, Lisboa, Fundação Calouste
Gulbenkian.

Referências bibliográficas não citadas no texto:

 Bozon, M. (2004) Sociologia da Sexualidade, 1ª edição, traduzido por Menezes,


M., Rio de Janeiro, FGV.
 Dadoorian, D. (1998) A gravidez desejada na adolescência, Arquivos Brasileiros
de Psicologia, 50(3), 60-70.
 Evangelista, C., Barbieri, M. & Silva P. (2015) Gravidez não planejada e fatores
associados à participação em programa de planejamento familiar, Revista de
Pesquisa Cuidado é Fundamental Online, 7(2), 2464-2474.
 Kalckmann, S., Batista, L. & Souza, L. (2005) Homens de Baixa Renda Falam
sobre Saúde Reprodutiva e Sexual, in Adorno, R., Alvarenga, A. &
Vasconcellos, M. (Orgs.), Jovens, Trajetórias, Masculinidades e Direitos, São
Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 199-216.
 Medeiros, A., Ramos, W., Andrade, M., Santos, H., Araújo, M. & Santos, G.
(2021) A sexualidade na adolescência e a importância da educação em saúde nas
escolas: relatos de experiência, Saúde Coletiva, (11)66:6587-6592.

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