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A violência contra a mulher, por conceito, é qualquer ato ou conduta que possa causar dano,
sofrimento físico, psicológico ou sexual à mulher, tanto em contexto público como privado, podendo
até gerar morte. Logo, a violência se dá como qualquer ação ou omissão que prejudique o bem-
estar integral da mulher, seja físico, psicológico ou sexual, ou mesmo que impeça a liberdade e o
direito de opinião e cidadania. Essa violência pode ser cometida por diversas pessoas, mas mais
comumente é uma violência muito presente no meio domiciliar, por parentes, conjugues ou mesmo
por pessoas que assumem papeis parentais, mesmo sem laços consanguíneos, e pessoas que
mantém relações de poder.
A violência contra a mulher é, atualmente, um fenômeno muito comum em diversos países, assim
como no Brasil. Ela é sofrida por mulheres de diferentes classes sociais, estados civis, religiões,
orientações sexuais, escolaridade, etnias, idade, seja no campo domiciliar, no trabalho, escola,
relações culturais e comunitárias, entre outros. Atualmente, é de notificação compulsória os casos
de violência contra a mulher que forem atendidos em serviços de saúde, públicos ou privados.
É na atenção básica que devem ser feitas ações para garantir os direitos das mulheres na luta
contra a violência. No primeiro contato com uma paciente que sofreu violência, recomenda-se um
acolhimento eficaz e bem realizado, para que apenas depois registre a queixa em prontuários e
fichas. As perguntas e identificações da violência só devem ser feitas pelo profissional que sabe as
condutas e protocolos a serem adotados para suprir as necessidades da mulher atendida e para
desenvolver a articulação entre os setores para a produção do cuidado integral em cada caso.
Conduta
A primeira coisa a ser feita no caso de uma paciente que tenha sofrido violência é realizar um
acolhimento com escuta qualificada, de forma que se realize um atendimento humanizado,
focando nos princípios de respeito e dignidade da pessoa humana, sem discriminação,
respeitando seu sigilo e privacidade, com um ambiente de confiança e respeito. Não deve-se
estabelecer uma postura de não vitimização das mulheres, e saber lidar com emoções como
raiva, medo e impotência que podem surgir no atendimento. Perguntas diretas são importantes,
mas não devem estigmatizar ou julgar a vítima. Quando a vítima não se sentir à vontade para
tratar do assunto diretamente, pode-se realizar perguntas indiretas. Deve-se mostrar para a
mulher que há compreensão da situação vivida, e orientar sobre a importância de registrar a
ocorrência para que a mesma se proteja e proteja sua família, mas sempre respeitando sua
opinião e desejo.
Em casos de mulheres com risco de vida, deve construir junto com a mulher um plano de
segurança. Ele é baseado em quatro passos. O primeiro consiste em identificar vizinhos que a
mulher pode contar sobre a violência, para que os mesmos ajudem caso ouçam ou presenciem
a violência. Pode ser combinado um código de comunicação para momentos de dificuldade e
emergência. O segundo passo consiste na busca, por parte da mulher, de sempre estar em um
local que a possibilite de fugir e tente não discutir em locais como a cozinha, em que possa ter
armas e objetos que causem maiores danos e riscos a vida. O terceiro passo consiste em
orientar a mulher a planejar uma forma de fugir de casa com segurança e um local de segurança
que ela poderia ir. O quarto passo consiste na orientação para que a mulher escolha um local
de segurança para manter cópias de documentos seus e de seus filhos, dinheiros, roupas e
uma cópia da chave de casa, para o caso em que seja necessário fugir rapidamente.
Em caso de estupros com ocorrência de gravidez, pode ser feita a interrupção legal da gravidez.
Para isso, deve-se ter o consentimento da mulher ou de seu representante legal, esclarecendo
as ações previstas em lei, medidas de alivio da dor, tempo e riscos do procedimento. Deve-se
acompanhar a mulher pós abortamento, acolhendo-a, realizando a orientação anticoncepcional
e concepcional para recuperação da fertilidade pós abortamento.
Para a prevenção desse tipo de violência, pode-se investir na educação em saúde, seja na
orientação individual ou coletiva dos usuários da atenção básica, principalmente, sobre os
direitos das mulheres, fortalecendo a cidadania e a cultura em prol da paz. Deve-se também
oferecer serviços de planejamento reprodutivo para as mulheres pós abortamento, além de