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A Violência Contra a

Mulher:

COMO ENTENDER?
Silvane Vasconcellos
Psicóloga (31) 3295-6646
(31) 9992-4758
Conceito de violência

A violência é todo ato ou omissão


contra os direitos fundamentais
outorgados pela Declaração Universal
dos Direitos Humanos (direito à vida,
à liberdade e à segurança pessoal),
através do uso de formas ilícitas para
se alcançar algo.
Mosaico da violência
Causalidades
--intrapsíquica e social.
--constrangimento físico ou moral
--uso da força ou coação

o uso da força física, em um sentimento incontrolado e um


comportamento que envolvem:

--brutalidade
--perda da autonomia
--perda da liberdade
--dominação e intimidação

O ato de violência se dirige a : alguém ou a grupo de pessoas


Violência X Crime
 Crime: todo ato de violência tipificado no
Código Penal e Leis esparsas

 Violência: qualquer ato que viole os direitos do


cidadão ou de um grupo, porém, nem sempre é
caracterizada de forma especifica como crime
em nossas Leis. A violência é ,portanto, um
fenômeno mais amplo que o crime.
TIPOS DE VIOLÊNCIA

Violência Física: Agressão que resulta em lesões


corporais internas ou externas, tais como tapas,
socos, empurrões, espancamentos.
Violência psicológica: todo ato ou ação que cause
dano á auto estima, integridade emocional,
desenvolvimento sadio da mulher que à ela for
submetida. Inclui humilhações, agressões
verbais, discriminação, críticas sem fundamentos,
chantagens, ameaças.
Violência sexual: Ação na qual uma pessoa obriga a
outra, em situação de poder, a manter com ela
práticas sexuais contra sua vontade,
caracterizado pelo uso da força física, da
influência psicológica do uso de armas ou
qualquer outro meio ilícito.
VIOLÊNCIA FÍSICA - considerações
A situação de dependência da mulher, seja
emocional ou financeira, é fator que em
muitas situações prepondera na relação,
dificultando que busque medidas de apoio
na rede.
O abuso do álcool e as drogas são fortes
agravantes da violência doméstica. Os
efeitos dessas drogas torna a pessoa, em
muita das vezes, extremamente agressiva,
às vezes nem lembrando o que tenha
feito.
A Violência Psicológica ou Agressão
Emocional, às vezes tão ou mais dolorosa
que a física, é caracterizada por rejeição,
depreciação, discriminação, humilhação,
desrespeito. Trata-se de uma agressão que
não deixa marcas corporais visíveis, mas
emocionalmente causa cicatrizes indeléveis
para toda a vida.
As ameaças, bem como as crises de
quebra de utensílios, destruição de
documentos pessoais são violências
emocionais. Também quando a mulher é
impedida de sair de casa.
Violência doméstica
Se caracteriza por ser um tipo de violência que
ocorre no âmbito familiar, ou seja, entre os
integrantes da família, desde que estejam em
relação de poder com a pessoa agredida. A violência
domestica é conhecida também como VIOLÊNCIA
CONTRA A MULHER – é qualquer ação ou conduta
que cause morte, dano físico, sexual ou psicológico
à mulher, tanto no espaço público como no privado.
É um tipo de violência que está vinculada á questão
de gênero e atinge à mulher por pertencer ao
gênero feminino.
VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Para Saffioti (1995), “violência de gênero
seria toda e qualquer ação que torna o
outro coisa, objeto desprovido de desejo,
de autonomia, de autodeterminação.
Embora se manifeste de múltiplas formas,
as que nos interessam aqui são aquelas
geradas nas relações de desigualdades
entre homens e mulheres, relações
hierarquizadas que conferem ao homem a
posição de mando e a mulher à posição de
submissão.”
VIOLÊNCIA DE GÊNERO
Desde 1980 a violência de gênero é reconhecida
pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como
uma questão de saúde pública, não somente do
ponto de vista dos traumatismos físicos
resultantes, mas também sobre os sérios efeitos
para a saúde mental da vítima. Ou como analisa a
Organização Pan-Americana de saúde (OPAS), a
violência pelo número de vítimas e a magnitude
de sequelas orgânicas e emocionais que produz,
adquiriu um caráter endêmico e se converteu em
um problema de saúde pública em vários países.
Violência doméstica
Na grande maioria dos casos na sua forma
mais típica, a violência conjugal é uma
expressão do desejo de uma pessoa
controlar e dominar a outra (repare que
muitos homicídios acontecem justamente
quando a mulher tenta se separar: esse é o
momento em que o agressor percebe que
perdeu! Já não consegue mais dominar e
controlar sua parceira).
Violência doméstica
Ainda na sua forma típica, a violência
doméstica contra a mulher envolve atos
repetitivos, que vão se agravando, em
freqüência e intensidade, como coerção,
cerceamento, humilhação, desqualificação,
ameaças e agressões físicas e sexuais
variadas. Além do medo permanente, esse
tipo de violência pode resultar em danos
físicos e psicológicos duradouros.
CICLO DA VIOLÊNCIA

EXPLOSÃO

TENSÃO ARREPENDIMENTO
“Lua-de-mel”
1º FASE: A CONSTRUÇÃO DA TENSÃO NO
RELACIONAMENTO

Nessa fase podem ocorrer incidentes menores, como


agressões verbais, crises de ciúmes, ameaças,
destruição de objetos etc. Nesse período de duração
indefinida, a mulher geralmente tenta acalmar seu
agressor, mostrando-se dócil, prestativa, capaz de
antecipar cada um de seus caprichos ou buscando
sair do seu caminho. Ela acredita que pode fazer algo
para impedir que a raiva dele se torne cada vez
maior. Sente-se responsável pelos atos do marido ou
companheiro e pensa que se fizer as coisas
corretamente os incidentes podem terminar. Se ele
explode, ela assume a culpa. Ela nega sua própria
raiva e tenta se convencer de que “... talvez ele
esteja mesmo cansado ou bebendo demais”.
2º FASE: A EXPLOSÃO DA VIOLÊNCIA –
DESCONTROLE E DESTRUIÇÃO

A segunda fase é marcada por agressões


agudas, quando a tensão atinge seu ponto
máximo e acontecem os ataques mais graves.
A relação se torna inadministrável e tudo se
transforma em descontrole e destruição.
Algumas vezes a mulher percebe a
aproximação da segunda fase e acaba
provocando os incidentes violentos, por não
suportar mais o medo, a raiva e a ansiedade. A
experiência já lhe ensinou, por outro lado, que
essa é a fase mais curta e que será seguida
pela fase 3, da lua-de-mel.
3º FASE: A LUA-DE-MEL – ARREPENDIMENTO
DO(A) AGRESSOR(A)

Terminado o período da violência física,


o agressor demonstra remorso e medo
de perder a companheira. Ele pode
prometer qualquer coisa, implorar por
perdão, comprar presentes para a
parceira e demonstrar efusivamente sua
culpa e sua paixão. Jura que jamais
voltará a agir de forma violenta. Ele será
novamente o homem por quem um dia
ela se apaixonou.
POR QUE AS MULHERES AGÜENTAM TANTO
TEMPO UMA RELAÇÃO VIOLENTA?

Talvez você pense: “se elas ficam tanto


tempo sendo agredidas; se elas
denunciam seus parceiros e depois
retiram a queixa; se elas não se
separam logo é porque devem gostar
disso, não têm caráter, são doentes ou
covardes”.
Não é bem assim. Existem muitas razões
para uma mulher não conseguir romper
com seu parceiro violento, veja algumas
dessas razões:
1. O MAIOR DE TODOS OS RISCOS É JUSTAMENTE
ROMPER A RELAÇÃO
2. PROCURAR AJUDA É VIVIDO COMO VERGONHA E
GERA MUITO MEDO
3. SEMPRE RESTA A ESPERANÇA DE QUE O MARIDO
MUDE O COMPORTAMENTO
4. A VÍTIMA, MUITAS VEZES, ESTÁ ISOLADA DA SUA
REDE DE APOIO
5. NOSSA SOCIEDADE AINDA ESTÁ DESPREPARADA
PARA LIDAR COM ESSE TIPO DE VIOLÊNCIA
6. CONCRETAMENTE, HÁ MUITOS OBSTÁCULOS QUE
IMPEDEM O ROMPIMENTO
7. ALGUMAS MULHERES DEPENDEM
ECONOMICAMENTE DE SEUS PARCEIROS
VIOLENTOS
8. DEIXAR UMA RELAÇÃO VIOLENTA É UM
PROCESSO: CADA UM(A) TEM O SEU TEMPO
Fatores que contribuem para a violência

 Relações desiguais de gênero: diferentes


socialização para o comportamento “adequado”
de gênero. Começa na família, passa pela escola
e é reforçado pela mídia a associação de
masculinidade com agressividade e feminilidade
com passividade.
 Agressividade apreendida: Crianças que
vivenciam cenas de violência na infância têm
maior condição de se tornarem também adultos
violentos. As meninas que crescem em famílias
em que a mãe sofre violência por parte do
companheiro, aprendem a aceitar a violência
como forma legítima de disciplina.
 Abuso de drogas e uso de bebidas alcoólicas ou
outros entorpecentes.
Fatores que contribuem para a violência
Muitas vezes, a violência doméstica vem
acompanhada de outros problemas como:

 pobreza, alcoolismo, uso e abuso de


drogas, problemas mentais etc., mas
cuidado!
 Normalmente esses são problemas
adicionais, NÃO SÃO CAUSA DA
VIOLÊNCIA!
 Muitos alcoólatras nunca agrediram suas
mulheres e muitos homens não precisam
o álcool para praticar violência.
Características das vítimas de
violência
1)Fatores que contribuem para a
permanência da mulher na relação de
violência.
* Dependência econômica do companheiro
* Dependência emocional do companheiro
* Mulheres que sofreram violência na
infância
* Medo da solidão
* Crenças religiosas
Características das vítimas de violência
2) Fatores que dificultam a denúncia:

 Medo da violência, ameaça de morte, ou


medo das lesões serem agravadas após a
denúncia.
 Medo de perder os filhos, e de ficar sozinha.

 Baixa auto estima, dificuldade em lidar com a

socialização do problema.
 Dificuldade em aceitar o marido enquanto um

“agressor” e abrir mão da esperança de


mudar essa situação.
Violência doméstica
QUALQUER MULHER PODE SER VÍTIMA
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. NÃO
IMPORTA SE ELA É RICA, POBRE, BRANCA
OU NEGRA; SE VIVE NO CAMPO OU NA
CIDADE, SE É MODERNA OU ANTIQUADA;
CATÓLICA, EVANGÉLICA, ATÉIA OU
UMBANDISTA.
A ÚNICA DIFERENÇA É QUE AS
MULHERES MAIS RICAS CONSEGUEM
ESCONDER MELHOR SUA SITUAÇÃO E
TÊM MAIS RECURSOS PARA TENTAR
ESCAPAR DA VIOLÊNCIA.
Violência doméstica
 Os homens não são naturalmente
violentos. Aprendem a ser. A associação
entre masculinidade, guerra, força e poder
é uma construção cultural. Da mesma
forma, a paz, a emoção e a vocação para
cuidar não são qualidades naturais da
mulher. Também são aprendidas!
 Hoje em dia, muitos homens já
descobriram que há várias maneiras de
“ser masculino” e que eles também podem
ser cuidadores e promotores da paz.
Violência Sexual

 Sexo forçado, ou seja, sexo sem o


consentimento de uma das partes, no
casamento.
 Estupro: “constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça,
a manter conjunção carnal ou outro
ato libidinoso diverso da conjunção
carnal” (art. 213)
É ou não é violência sexual?

Pablo e Maria Helena estão casados há


dois anos.
Às vezes, Pablo chega em casa tarde, e
Maria Helena já está dormindo.
Ele a acorda para ter sexo com ela.
Às vezes, ela não concorda, mesmo assim,
Pablo força a barra e transam.
Isso é ou não é violências sexual ?
Como o profissional deve proceder ao
atender a vítima de violência

Por que, quando, como e para onde encaminhar:

1. Ao diagnosticar um caso de violência doméstica, seja


firme e solidária/o.
2. Oriente a mulher a fazer valer os seus direitos.
3. Apresente-lhe caminhos que possibilitem quebrar o
ciclo da violência.
4. No entanto, nem sempre você encontrará
receptividade. Seja tolerante e não imponha o que
você considera "a conduta certa”.
5. Mesmo considerando que a mulher em situação de
violência encontra-se em condição de vulnerabilidade,
cabe exclusivamente a ela decidir o que fazer.
6. Respeite o direito dela à autonomia! Apenas faça a sua
parte; sobretudo, saiba encaminhá-la adequadamente
e com presteza.
A ESCUTA ATIVA
É possível, lamentavelmente, ouvir sem
escutar.
 Como?... Simplesmente escutando
distraidamente, enquanto pensamos em
outra coisa.

 Escutamos alguém que nos fala de suas


férias. Logo estaremos pensando nas
nossas e não o ouviremos absolutamente,
ainda que o estejamos escutando.

 Escutar exige uma atenção especial. Pior


de tudo é que ouvimos mais do que
escutamos quando nossa meta é escutar o
que ouvimos.
IMPORTÂNCIA DE SABER
ESCUTAR
 Podemos escutar sem ouvir?

 Podemos ouvir sem escutar?

 Percebemos bem a diferença entre


ouvir e escutar?
MEDITEMOS SOBRE ESTE
ASSUNTO:

"Eu sei que você acha que


compreende o que eu
disse, mas não sei se
percebe que o que você
ouviu não é o que eu quis
dizer".
Escutar é a primeira habilidade de
linguagem que desenvolvemos.
Quando pequenos, escutamos
antes de falar, falamos antes de
ler, lemos antes de escrever. Por
isso, nossas habilidades de falar,
ler e escrever estão diretamente
relacionadas com a nossa
habilidade de escutar.
Escutar significa comprometer-se com
três etapas distintas, porém inter-
relacionadas:

. ouvir

. prestar atenção em quem está


falando

. fazer um esforço para


compreender o que o emissor disse.
O fator mais importante para
uma comunicação eficaz não
é somente a habilidade de
usar bem a linguagem ou
apresentar o nosso ponto de
vista, mas sim a habilidade de
escutar bem o ponto de vista
de outra pessoa.
Escutar Bem Pressupõe:
 Querer escutar.
 O receptor deve estar aberto à comunicação.
 Prestar atenção às idéias.
 Ater-se aos fatos e não às considerações
paralelas.
 Ser flexível.
 Não ficar querendo a unanimidade de
opiniões, porque ela não existe.
 Deixar os preconceitos de lado.
 Prestar atenção aos argumentos do outro e
evitar julgá-lo antecipadamente.
 Não interromper quem fala.
 Quando duas pessoas falam ao mesmo tempo,
nenhuma ouve o que a outra está dizendo.
A ESCUTA ATIVA
 A escuta ativa é um método que vai muito
bem, particularmente com as pessoas que
experimentam uma situação de grande tensão
(cliente furioso, descontente, frustrado,
sofrido, etc.).

 A escuta ativa é escutar atentamente a


totalidade da mensagem dirigida pelo emissor
e lhe devolver o que se acredita ter recebido
(expressando o subentendido, verbal ou não-
verbal).
Um grande princípio para a escuta é
ser consciente do outro e para isso é
necessário:
 1 - Observar bem: O tom de voz, a
atitude, a postura, os gestos, o rosto, o
olhar a expressão.
 2 - Perguntar-se o seguinte: O que diz
exatamente? O que o outro queria me
dizer? O que ele sente realmente?
 3 - Especificar os fatos cada vez mais
profundamente com expressões de
escuta ativa.
Expressões de Escuta Ativa

 Eu acho que entendo o que o senhor(a)


quer dizer...
 Parece que o senhor(a) quer me dizer...
 Como o senhor(a) diz, parece que...
 Tenho a impressão que o senhor(a) quer
dizer...
 Se entendi bem, o senhor(a) quer dizer...
Aspectos do Bom Atendimento
 Presteza: execução da tarefa com rapidez,
sem perder a qualidade.

 Respeito: aceitação das diferenças individuais


de cada pessoa; sua forma de pensar, agir e
sentir.

 Disponibilidade: predisposição para aceitar as


solicitações da pessoa.

 Empatia: capacidade de se colocar no lugar do


outro, e de sentir-se como ele naquela
determinada situação.
. Cooperação: colaboração para com o grupo em busca
da realização da tarefa e/ou da solução de problemas.

. Cortesia: atenção, amabilidade e satisfação no


atendimento à pessoa.

. Responsabilidade: ato de responder por seus atos, e


de assumir seus compromissos.

. Integração: busca de harmonia com as pessoas do


grupo e de informações sobre os outros setores da
Instituição. Estar envolvido com o trabalho como um
todo.
COMO ACOLHER UMA VÍTIMA

A pessoa que acolhe uma vítima de


violência deve, antes de tudo, estar
consciente de seus próprios preconceitos e
juízos de valor referentes à temática da
sexualidade, evitando que os mesmos
incidam sobre esse acolhimento. Segue
alguns aspectos que devem ser
observados:
. Cada caso é um caso;
. Em caso de suspeita, não fazer
investigação selvagem;
. Urgência não é precipitação;
. Acreditar na palavra da pessoa;
. No momento do atendimento a
atenção deve ser exclusiva;
. Não desconsiderar o sentimento da
vítima;
. Procurar e assegurar privacidade;
. Não fazer comentários nos corredores;
. Não esquecer que quem escuta tem
responsabilidades.
No atendimento à vítima de violência,
nunca falar:

 “Você tem certeza?”


 “Não precisa chorar.”
 “Isso não foi nada!”
 “Vai passar logo.”
 “Porque você não me contou isso antes?”
“ O sucesso de um trabalho, é a
soma dos esforços de cada um.”

POR ISSO, VOCÊ É TÃO IMPORTANTE.

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