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CENTRO EDUCACIONAL DE ENSINO SUPERIOR DE PATOS - CEESP

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE PATOS - UNIFIP


CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

BÁRBARA KAROLLYNE VÉRAS AMARAL

DEPOIMENTO ESPECIAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE VÍTIMA DE


ABUSO SEXUAL SOB A ÓTICA DA LEI 13431/2017

PATOS PB
2022
BÁRBARA KAROLLYNE VÉRAS AMARAL

DEPOIMENTO ESPECIAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE VÍTIMA DE


ABUSO SEXUAL SOB A ÓTICA DA LEI 13431/2017

Monografia apresentada ao Curso de Ba-


charelado em Direito do Centro Universi-
tário de Patos – UNIFIP, como requisito
para obtenção do título de Bacharel em
Direito.

Orientadora: Profª. Ma. Danielle Marinho


Brasil.

PATOS PB
2022
BÁRBARA KAROLLYNE VÉRAS AMARAL

DEPOIMENTO ESPECIAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE VÍTIMA DE


ABUSO SEXUAL SOB A ÓTICA DA LEI 13431/2017

Monografia apresentada ao Curso de Ba-


charelado em Direito do Centro Universi-
tário de Patos – UNIFIP, como requisito
para obtenção do título de Bacharel em
Direito.

Orientador: Profª. Ma. Danielle Marinho


Brasil.

Aprovada em ___ de janeiro de 2022.

BANCA EXAMINADORA:

Profª. Ma. Danielle Marinho Brasil.


Centro Universitário de Patos – UNIFIP

_____________________________________
Prof. Titulação. Nome completo.
Centro Universitário de Patos – UNIFIP

Prof. Titulação. Nome completo.


Centro Universitário de Patos – UNIFIP

PATOS-PB
2022
À minha família que muito contribuiu para
esse momento. DEDICO!
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que sempre esteve ao meu lado e me conduziu


com as devidas lições sobre amor, dedicação e força. Aquele que me concede
forças para vencer os obstáculos da vida.
Aos meus pais, Rosa Kátia Oliveira Véras Amaral e Niedson do
Nascimento Amaral, que sempre estiveram ao meu lado, me dando forças nas horas
que mais precisei e nos meus melhores momentos.
À minha filha, Anna Karina, que mesmo tão pequena me motivou a
continuar e ser melhor e sempre foi a minha maior alegria.
Aos meus primos, tios, tias, avós paternos, João Fernando Amaral e Rosa
Ribeiro do Nascimento (In memorian), meus avós maternos, Maria Jose Oliveira
Véras e José Firmo Véras (In memorian) e toda a minha família, sem vocês eu não
conseguiria. Obrigada por toda a compreensão.
À minha prezada orientadora Profª. Ma. Danielle Marinho Brasil, pela
dedicação, cuidado, compreensão e amizade.
A todos os docentes do curso, que com o passar do tempo nos tornamos
amigos, compartilhando as mesmas expectativas. E foram inevitavelmente
corresponsáveis por todo o meu crescimento intelectual e pessoal.
A todos os meus amigos, que sempre torceram por mim.
“As crianças, quando bem cuidadas, são
uma semente de paz e esperança.”
(Zilda Arns Neumann)
RESUMO

A oitiva das crianças e das adolescentes vítimas de abuso sexual tem sido um tema
amplo e discutido, que gera diversas controvérsias mais intensas naqueles crimes
que não deixam vestígios materiais. A preocupação com a revitimização a qual eles
poderão ser submetidos em decorrência do sistema inquisitório judicial e extrajudi-
cial, que usa de um meio bastante repressivo, constata que as vítimas que deve ser
tratada como sujeitos de direito, passam a ser visto como um simples objeto da de-
núncia, tendo seus direitos mais do que violados pela justiça. Por conta de uma
abordagem totalmente equivocada, que busca a verdade absoluta a todo custo.
Tendo como problemática: o depoimento sem dano ou depoimento especial atende
ao melhor interesse da criança vítima de abuso sexual de modo a diminuir sua
revitimização?
O objetivo geral dessa pesquisa foi analisar como o depoimento de crianças que
foram vitimas de abuso sexual pode ser tomado de forma adequada evitando uma
revitimização, já os específicos são o estudo da violência psicológica em que a
criança é exposta ao depor de forma imprópria; A investigação do depoimento da
criança vítima de abuso sexual pode ser invalidado usando apenas o argumento
etário e a exposição dos direitos da criança que são violados quando não assistida
adequadamente no momento do seu depoimento;
Para a criação desse artigo monográfico foi usado o método de abordagem, dialético
e indutivo. Os métodos de procedimento foram os de coleta de dados, através obras
acadêmicas, doutrinarias e jurisprudências dos tribunais superiores e as técnicas de
pesquisa foi o meio bibliográfico.
A presente monografia vem mostrar as violações do meio tradicional de escuta do
depoimento da criança do e do adolescente, nessas situações, e apresentar meios
alternativos para sua inquirição.

Palavras-chave: Adolescente. Criança. Depoimento. Revitimização.


ABSTRACT

The hearing of children and adolescents victims of sexual abuse has been a broad
and discussed topic, which generates several more intense controversies in those
crimes that leave no material traces. The concern with the re-victimization to which
they may be subjected as a result of the judicial and extrajudicial inquisitorial system,
which uses a very repressive means, notes that victims who must be treated as
subjects of law, become seen as a simple object of denunciation, having their rights
more than violated by justice. Because of a totally misguided approach, which seeks
the absolute truth at all costs. Having as a problem: does the testimony without harm
or special testimony serve the best interests of the child victim of sexual abuse in
order to reduce their re-victimization?
The general objective of this research was to analyze how the testimony of children
who were victims of sexual abuse can be taken in an appropriate way, avoiding re-
victimization. The investigation of the testimony of the child victim of sexual abuse
can be invalidated using only the age argument and the exposition of the child's
rights that are violated when unassisted. properly at the time of your deposition;
For the creation of this monographic article, the dialectical and inductive method of
approach was used. The procedural methods were the data collection, through
academic, doctrinal and jurisprudence works of the superior courts and the research
techniques was the bibliographic medium.
The present monograph shows the violations of the traditional means of listening to
the testimony of children and adolescents, in these situations, and presents
alternative means for their inquiry.

Keywords: Adolescent. Kid. Testimony. Re-victimization.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10
2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA LEGISLAÇÃO RELACIONADO A CRIANÇA E O
ADOLESCENTE ....................................................................................................... 12
2.1 Artigo 13.431 do código penal do Estado Unido ................................................. 15
3. TESTEMUNHO SEM DANO: O INÍCIO DA ESCUTA ESPECIALIZADA NO
BRASIL ..................................................................................................................... 16
3.1 Fases do depoimento sem dano .........................................................................18
4 DEPOIMENTO ESPECIAL E SEM DANO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
VITIMAS DE ABUSO SEXUAL ................................................................................ 21
4.1 A violência contra a criança e os procedimentos para sua oitiva. ....................... 29
4.2 A criança como sujeito de direito ......................................................................... 31
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 35
6 REFERÊNCIAS ...................................................................................................... 38
10

1 INTRODUÇÃO

O artigo 12 da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança, pela


Assembleia Geral das Nações Unidas em 1989, garante o direito de expressar sua
opinião e ser ouvida em todos os processos judiciais, direto, ou por meio de um
agente legal.
A infância, por exemplo, foi considerada uma breve era na Idade Média, e
as crianças não eram consideradas autossuficientes. Crianças e adolescentes
morriam em grande número, sem cuidados especiais durante o período, e o
infanticídio era uma prática regular. Eles se misturavam com os adultos e se
engajavam em jogos e tarefas cotidianas, assim que podia cuidar da mãe ou da
madrasta (PHILLIP ARIÉS, 1978, p. 50-51).
Segundo João Batista Costa Saraiva, as crianças foram submetidas à
“prova da maçã da Lubecca” em vários países da Europa medieval para ver se já
tinham a malícia de um adulto. A técnica consistia em receber uma maçã e uma
moeda; se você escolheu a moeda, seria uma evidência de um caráter maligno, e
você pode ser condenado à morte se tivesse mais de dez anos (SARAIVA 2002, p.
14).
O aumento da atenção à proteção da criança decorre de uma maior
consideração pelas crianças, o que pode ser visto na lei recentemente e, entre
outras coisas, também se reflete em sua maior participação nos sistemas jurídicos
de diferentes países. Porém, hoje em dia, este tipo de participação ocorre
principalmente no contexto da vítima e, na maioria das vezes, a motivação é
submeter às várias agressões de toda natureza (BROWN, GOLDSTEIN &
BJORKLUND, 2000).
Nesse caso, a violência sexual contra crianças merece atenção especial,
pois é mais difícil avaliar tais situações, que normalmente só acontecem na presença
da vítima e do agressor, pois a violência física em geral pode ser passada. Esse tipo
de preocupação é um sinal objetivo de revelar que fica mais complicado no contexto
do abuso sexual, pois neste tipo de violência, pode não haver realmente vestígios
físicos, e essa vivência pode envolver uma dimensão muito particular, variável e
subjetiva (SANTOS C. G 2015).
Ainda segundo Santos C. G (2015), embora o exame psicológico possa
detectar sinais e sintomas condizentes com a situação de abuso sexual, esta
11

ferramenta não é suficiente para informar sobre emergências específicas sem o


relato da vítima. No caso de eventos múltiplos traumáticos, torna-se mais difícil
associar os sintomas observados aos eventos estressantes, frequentemente
observado em crianças e adolescentes envolvidos em situações jurídicas, sendo
necessário enfatizar que não há sintomas físicos ou psicológicos, que possam ser
considerados evidências de que houve violência (ZAVATTAR, MAYRA DOS
SANTOS, 2018).
Portanto, as denúncias de crianças são de extrema relevância no âmbito
da justiça, e a forma de obtenção dessas denúncias deve ser feita com cautela e
obedecer a padrões rígidos do ponto de vista ético, técnico e científico. O principal
motivo para cuidar do testemunho, envolve o aspecto moral, no qual a proteção e o
bem-estar devem ser priorizados (HOLLIDAY, R. E.; BRAINERD, C. J., & REYNA, V.
2008).
Antes, havia a preocupação de que a qualidade da evidência testemunhal
e sua validade pudessem ser afetadas pela forma como o relatório foi obtido de
experiências ou avistamentos baseados em registros de memória. Portanto, é
importante compreender como funciona a memória das crianças, e os fatores que
pode favorecer ou prejudicar a qualidade dos relatos em depoimentos (WELTER, C.
& FEIX, L. 2010).
Embora seja uma tarefa complexa, obter depoimentos adequados de
crianças é uma meta técnica viável que se constitui em uma ferramenta importante
para a proteção da criança. É imprescindível que a ordenação jurídica brasileira, em
consonância com práticas ampla praticada fora de outros países e também
recomendadas pela (ONU) Organizações das Nações Unidas, busque conciliar as
necessidades da ordem jurídica, com a realidade da atividade psicológica (cognitiva
e emocional) das crianças. Portanto, a busca por práticas apoiadas em pesquisas
científicas, além do objetivo a ser perseguido, deve atender também a uma
exigência que todas as partes envolvidas na busca pela proteção e direito a ser
cumpridos (SANTOS A. R.; & COIMBRA, J. C. (2017).
12

2 ASPECTOS HISTÓRICOS DA LEGISLAÇÃO RELACIONADO A CRIANÇA E O


ADOLESCENTE

A nação brasileira, começou a abraçar uma infância melhor ao término do


século XIX e início do XX, com isso, desenvolveu direitos específicos para essa faixa
etária. Com o ocorrido, as discussões sobre a infância ganharam força internacional,
principalmente em convenções, declarações e promoção organizada pela (ONU),
que influenciou uma infância consagrado no direito dos brasileiros.
No entanto, é importante lembrar que o Brasil foi um dos primeiros países
a reconhecer, mesmo antes da Conferência da (ONU), os direitos da criança e
adolescente, que sobre Direitos Econômicos e Sociais (UNRCEP), em 1989. Novas
diretrizes para a proteção adequada foram estabelecidas pela a Constituição de
1988.
Apesar de a constituição imperial ter restabelecido o ensino fundamental
gratuito, sem falar da infância, ela só foi promulgada na lei em 1990. Em 1971, foi
aprovada a Lei de Liberdade Ventre Livre, que garantia os direitos das crianças
nascidas após a aprovação da lei. No entanto, procurou se adequar um regime de
escravidão, ao invés de serem protegidos.
Foi estabelecido no Código Penal Imperial de 1830 o sistema de proteção
de jovens que durou até 1890. O tratamento dos menores era diferente entre as
duas leis; a delinquência juvenil foi proibida e exigia o descumprimento das
obrigações e a implementação de medidas mitigadoras, tudo sob condições estritas.
Veronese alega ainda que, em 1890, sob as novas leis do código penal,
classificou as crianças que não tinham nove anos completos, como não-criminosas,
e as que estavam acima dessa idade, como criminosos. Os artigos 42 e 11,
consideram os menores como condições não essenciais, introduziu-se também um
aviso de menores: menores de capoeira errante, confirmava-se a aprovação da
responsabilidade das instituições disciplinares.
O primeiro tribunal de menores da América, fundado em 1824 no Rio de
Janeiro, foi uma ideia inovadora na época. Em seguida, os Estados Unidos e a
América Latina estabeleceram um corpo legislativo contra menores conhecido como
(Código Mello), que se aplicava às crianças abandonadas e, em particular, oferecia
serviços para proteger e assistir esse setor da população através de detenção e
encarceramento. Devido a circunstâncias incomuns ou leis em vigor no instante em
13

que o prêmio foi concedido, crianças menores de 18 anos receberam um “prêmio


especial”.
Segundo Azambuja (2013), o Serviço de Atendimento a Menores – SAM,
foi fundado com o documento n. 3779/1 para internação, correção educacional e
ajuda psicológica. Como resultado, uma nova geração de menores começou a
aparecer nas listas de crianças e adolescentes que se envolvem em atividades
arriscadas e ineficientes.
A segunda legislação menor (Lei nº 6.697 de 10/10/1979) foi criada no
final da década de 1970 como recurso de controle social de crianças e adolescentes
vítimas de negligência parental, social ou estatal no gozo de seus direitos
essenciais. A lei regula a condição das crianças abandonadas e encarceradas, mas
o Código dos Menores, não salvaguarda os seus direitos (AZAMBUJA, 2013).
Segundo Amin (2010), o país deve buscar uma política de privatização da
vida comunitária familiar de classes socioeconômicas mais baixas, reiterando leis ao
invés de enumerar os direitos da criança; em vez disso, descreve situações que
requerem intervenção do Estado. Apesar disso, as famílias sem condições
financeiras começaram a recorrer ao tribunal de menores para lidar com questões
relacionadas à escolaridade dos filhos.
Os primeiros abusos institucionais, segundo Amin (2010), aconteceram
após o fim da regulamentação nos anos 80 1980, razão pela qual crianças / adoles-
centes eram suscetíveis à discricionariedade judicial. Também é concebível infe-
rir que essa legislação carece de ferramentas preventivas, bem como de garantias e
direitos, que se limita a solucionar os litígios atuais.
Por estar restrita a grandes complexos estatais, crianças vulneráveis,
desvinculados da família e formar uma geração que não atingiu todo o seu potencial.
Como previsto, esses tipos de terapia para menores de 18 anos geraram complica-
ções em alguns motins relacionados à FEBEM em todo território brasileiro (RIZZINI,
IRENE; PILOTTI, FRANCISCO, 2009).
Na época era considerado insuficiente para resolver os problemas Gover-
namentais estabeleceu uma iniciativa alternativa de ajuda às crianças de rua, que
contou com a ajuda de especialistas de outras áreas. O Movimento Nacional de Me-
ninos e Meninas de Rua foi fundado em 1985 como resultado dessa iniciativa, era
levar a Assembleia Constituinte de 1987 a exercer direitos especiais para jovens
adolescentes (ELIAS, JOÃO ROBERTO, 2010).
14

Segundo Rizzini (2009), no final da década de 1980, houve uma redução


significativa do problema de menores irregulares, o que resultou em um
deslocamento no atendimento dessas crianças. A população infantil que pertencia a
família pobre ou indigentes, com aproximava-se de 30 milhões de abandonados, que
contrariava a falácia da proporção minoritária dessas pessoas, que poderia estar em
estado irregular, entre as idades de 0 e 17.
Foi criado um movimento social que reivindicava direitos mínimos para os
menores, seguida de uma inscrição que compôs a redação do artigo 227 da
Proposição 88 neste caso. Nossa nação tornou-se mais progressistas na proteção
dos direitos adolescentes, via sistema que assegurava a teoria da proteção
integrada, com a adoção do Governo do brasileiro (RIZZINI, 2009).
O artigo 227 do atual texto constitucional, era responsabilidade era famili-
ar, social e governamental, para garantir que seus filhos tivessem prioridade absolu-
ta a saúde, alimentação, educação, lazer, profissionalização, cultura, respeito, liber-
dade, conviver em família e comunidade, bem como serem protegidos de todas as
formas de abandono.
Através dessa forma de proteção total, estabelece-se uma nova posição
na sociedade, pois o problema é evitar as consequências, seus malefícios, e
produzir nas pessoas um certo estágio de sua condição física, moral, espiritual e
desenvolvimento social. As condições das isenções para os menores com direitos
violados também foram alteradas (DIAS, 2011).
Segundo Rizzini (2009), a primeira instancia seria composta por tutelas
permanentes e autônomas e órgãos extrajudiciais para fiscalizar e programar
cumprindo as leis em relação as crianças. Como resultado, a responsabilidade pela
infância e juventude foi dispersada e transmitida à sociedade.
Como resultado, as disposições do governo federal do artigo 227 são
necessárias. A Lei 8.069/1990, aprovada em 1990, instituiu o Estatuto da Criança e
do Adolescente, capaz de organizar o desenvolvimento dos menores de idade.
A definição de criança e menor encontra-se no artigo 2º do Estatuto da
Criança e do Adolescente; a primeira pergunta diz respeito a menores de 12 anos,
enquanto a segunda diz respeito a menores de 12 a 18 anos.
Cabe mencionar que, sob o n° 8.069/1990, alguns estabelecimentos per-
mitem tratamento diferenciado para maiores de 18 anos e menores de 21 anos. Res-
salte-se que a mesma garantia básica de direitos se aplica a todos, mas
15

procedimentos diferentes se aplicam em situações reais de infração. Demorou muito


para que fossem reconhecidos os direitos das crianças, houve trabalho árduo ao
longo dos tempos.

2.1 Artigo 13.431 do código penal do Estado Unido

Após a vacatio legis de um ano, a Lei 13.431/2017, que estabeleceu um


novo método de interrogatório de jovens e criou a vacatio legis de um ano, entrou
em vigor em 5 de abril de 2018.
Novas modificações legais e processuais foram introduzidas, ao artigo
227 da Constituição Federal (Brasil, 1988), a obrigação do País era proteger e
defender as vítimas de abuso de adolescentes.
A Lei 13.431/17 dos Direitos da Criança, do art. 19, foi incorporada ao
nosso ordenamento jurídico pelo Decreto Legislativo nº 28, de 14 de setembro de
1990:
Os Estados Partes tomaram todas as medidas legislativas,
administrativas, sociais e educacionais apropriadas para defender os
menores da violência, tanto física quanto mental, abuso ou tratamento
negligente, maus-tratos ou exploração, inclusive abuso sexual, enquanto
estiver sob a custódia dos pais, tutores legais ou qualquer outra pessoa
responsável pela.

A Lei 13.431/17 altera o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei


8.069/1990) e estabelece medidas para resguardar a vida e a segurança sob
proteção de qualquer tipo de violência que possa levar à vitimização secundária.
A Lei 13.431/17 informa crianças e jovens em audiência especializada e
testemunho único. Em um depoimento padrão, vítima e réu encontra-se com o juiz
faz perguntas e direciona objetivos, e o garoto testemunha toda a argumentação
factual e ainda é compelido a repetir seu depoimento e versão inúmeras vezes, e
reviver um incidente horrível, pela segunda vez, e torná-la uma vítima.
Porque a vítima foi interrogada e examinada por um não advogado,
muitas vezes um profissional da psicologia ou mesmo assistência social? O novo
estatuto retrata uma forma mais humanizada, menos humilhante e mais favorável à
busca da verdade.
O Brasil carecia de lei específica até a aprovação da Lei 13.341/17, que
entrou em vigor há alguns anos.
16

3 TESTEMUNHO SEM DANO: O INÍCIO DA ESPECIALIZAÇÃO DA ESCUTA NO


BRASIL

Quando uma criança é abusada ou vivencia sinais típicos de violência,


ainda que inconsciente, com alguém em que confie, ou seja, selecionado por não
sair com ninguém, sente uma maior segurança para compartilhar seus segredos, de
forma semelhante à agressão sexual sofrida (FURNISS, 1993).
Segundo Furniss (1993), o indivíduo que primeira adivinha algum tipo de
interação sexual é quem vai ter mais importância no decorrer do processo de revela-
ção. Você pode compreender o sofrimento que a participação de um estranho causa
se pensar nos pequenos segredos que parecem ser ruins em sua vida, no tempo
que leva para desenterrá-los e na coragem necessária para contá-los aos outros.
Como resultado, a pessoa escolhida para confiar nesse jovem, será um
ente querido, um amigo, um professor ou qualquer outra pessoa; as opções são
ilimitadas. Com a chegada da notícia de abuso a um adulto, ninguém é obrigado a
denunciá-lo de imediato, seja ao ligar para o número 100, com a denúncia à
Delegacia, que investigará o suposto crime, ou até mesmo ao Conselho Tutelar.
Tendo em vista que a maioria das ocorrências inclui um crime, a instituição somente
poderá implementar as medidas previstas no artigo 101 da Lei da Criança e do
Adolescente, como seria em quaisquer outras medidas preventivas previstas na Lei
nº 8.069/90, com base nessas condutas (CEZAR, 2007).
Cezar (2007) também menciona que o jovem recebe uma série de
perguntas e é obrigado a denunciar qualquer ocorrência de maus-tratos ao
delegado, ao fisiatra que faz o exame físico, ao tutor e o psicólogo. Todas as etapas
são necessárias para criar-se relatórios oficiais e depoimentos em geral. Esses
documentos explicam como conduzir um inquérito policial que permitirá ao ministro
tomar uma decisão sobre qual processo cabe ao crime, e ressalta que o Gabinete
Ministerial tem competência para investigar denúncias de abuso sexual, conforme
previsto no artigo 225 do código penal.
Vale ressaltar que o menor será obrigado a comparecer pela segunda vez
perante o juiz para apurar a autoria da materialidade do crime, apesar de ser
17

incomum deixar a vítima com alguma sequela de que houve algum abuso corporal
em situação de agressão sexual.
A materialidade, segundo Azambuja (2017), é definida como fatores
objetivos que houve criminalidade, ou alguma infração penal. Como resultado, nas
situações em que o crime deixa cicatrizes, é importante realizar-se um exame
minucioso do corpo da vítima, tanto direta quanto indireto, pois o acusado não tem
mais a confiança do acusado, conforme Art. 158 do código penal. Se em alguma
hipótese não tenha sido constatada lesão corporal à vítima, entretanto, o art. 201
exige que a questão seja determinada pela justiça.
Quando se trata do significado das provas da vítima processada por
crimes, há uma divergência teológica. Em uma situação de agressão sexual, a
geração de provas é difícil, pois a palavra da vítima é a única que pode ser usada
para condenar; isso ocorre porque a maioria dos crimes sexuais são praticados em
áreas isoladas, sem testemunha.
Segundo Lopes Jr, a vítima tem uma posição "antagonista" em sistemas
judiciais criminal, que pode "contaminar o processo" com seus objetivos e
interesses, mas também entende como pode ser refutado, e acrescenta:
Como a vítima (indignada) não é testemunha no sistema CPP, ela ela deve
ter um tratamento especial, não tem obrigação de revelar o que aconteceu e
não é responsável por perjúrio [...]. E não é computado dentro do número de
testemunhas permitido. Mesmo se suspeita de um crime, não tem o direito
de recusar a prisão (art. 201, 1). (Inclusive na fase policial). Em qualquer
situação, se a proximidade do acusado com o tribunal durante seu
depoimento for suscetível de afetar seu estado mental mesmo no instante
em que está depondo, pode solicitar que ele seja removido da sala do
tribunal (artigo 217. Por analogia).

Mesmo que ao depor a vítima reduza o valor probatório e credibilidade,


devido à sua profunda aceitação do fato, segundo Lopes Jr. (2016), conclui-se que
só o depoimento da vítima nunca justificará uma condenação", e deve ser apoiada
por provas substanciais. Crimes contra a propriedade (cometidos com violência
excessiva ou ameaça) e crimes sexuais são as únicas exclusões.
Segundo Lopes Jr. (p. 473, 2016):

Relacionado a restante conjuntural de probabilidades (por mais que seja de-


licado), a lógica das palavras da vítima, assim como o descumprimento de
fundamento que estabeleceria a presença de atribuição imprecisa, foi reco-
nhecido pela Justiça brasileira para fundamentar a condenação. Mas, em
especial, é necessária extrema cautela nos casos de abuso sexual. Se, por
um lado, o que a vítima depôs não pode ser desconsiderado (pois seria uma
segregação cruel), jamais poderia haver alguma participação por parte do
18

juiz, infelizmente a história judicial de nosso país está repleta de traições


horríveis nessa área (LOPES JÚNIOR, p. 473, 2016).

Conforme CEZAR (2007, p. 61-62) o Depoimento Sem Dano evolui da


seguinte forma:
Foi transferido para longe do ambiente formal do tribunal e colocado em um
local onde o Magistrado, o Promotor, o Advogado, o Réu e os Escriturários
possam se envolver enquanto durar os depoimentos. [...] Os dados são
replicados em um CD e fixados na parte traseira da caixa após serem
salvos na memória do computador, assim como removidos e fixados nos
veículos. Os que não podem ser anotados (CEZAR, 2007, p. 61-62).

Porém, não é o bastante ter local bem estruturado adequada e um agente


(assistente social ou psicólogo) para proceder tal realização; é importante também
criar um sistema de organização de como será conduzida a audição; feito isso, o
profissional deve demonstrar total profissionalismo, para facilitar o depoimento da
criança ou adolescente. Como resultado, começarão a ser usadas abordagens cien-
tíficas estabelecidas para coletar testemunhos de vítimas.
Cezar (2007, p. 68) afirma que:
Essa estratégia básica visa remover um problema que prejudica o judiciário
brasileiro: a breve interação da vítima com o réu nos corredores do tribunal
amenidades que nunca tiveram a intenção de impedir que tais reuniões
acontecessem. Caso aconteça, as vítimas ficam traumatizadas, e o que foi
deposto sob o manto das emoções, torna-se suspeitos e inconsistentes, e
dificulta a determinação da eficácia do crime (Cezar, 2007, p. 68).

3.1 Fases do depoimento sem dano

O acolhimento primário, segundo Cezar (2007), inicia-se com a chegada


da vítima na audiência na companhia do seu responsável e dura em torno de 15 a
30 minutos, após o início dos trabalhos.
Os seguintes serviços serão prestados pelo técnico durante esta visita ini-
cial:
É fundamental esclarecer os deveres enquanto durar o depoimento. O juiz,
o promotor e outros especialistas se apresentarão ao tribunal e explicarão
sobre a segurança. Possa ser que o técnico adquira uma linguagem que a
criança use ao se referir aos órgãos genitais masculino e feminino que
também está incluída na recepção inicial, procurar evitar algumas respostas
nesse sentido, que seja obtida durante os depoimentos e se manifeste
durante o interrogatório do réu (CEZAR, 2007).

Em seguida começa o depoimento, durante a qual deve ser cumprida di-


versas exigências com as normalidades preliminares em processos criminalísticos,
19

que deve obedecer às normas estabelecidas na lei. Cezar (2007, p. 69) escreve:
Cabe ao juiz iniciar e dirigir as ações, na forma da lei, e resolver questões, que vai
surgir ao decorrer da sessão. Nessa abordagem, o profissional que ficar em uma
sala separada com o jovem, pode interpretar e facilitar como um certo guia, para
orientar a testemunha.
Existem outras opções para aconselhar a reação de uma criança enquan-
to durar um inquérito. O profissional que faz a entrevista pode propor um sistema de
respostas de três formas, conforme Azambuja (2011, p. 13): (1) formulação da per-
gunta, sugestiva ou não; (2) características da entrevista, como a tonalidade da voz
e a maneira como o agente interage com a criança; e (3) estimular ou usar proces-
sos externos, como bonecos anatômicos.
Os brinquedos são utilizados das seguintes formas, segundo Azambuja
(2011, p. 16):
Os bonecos anatômicos e outros recursos recreativos são apontados como
uma grande importância, que diminui a qualidade dos relatos das crianças,
pois oferece mais informação, que dificulta o discernimento entre as fontes.

Ao finalizar os depoimentos a narrativa dos fatos, terá início a etapa final


de acolhimento e encaminhamento, que objetiva a valorização da criança. Esse perí-
odo de tempo foi apenas uma ferramenta a criança/adolescente, o alvo para o
Estado atingir um procedimento legal, e logo após a audiência, o técnico fica com a
vítima e seus familiares para preencher depoimentos, inclusive fazer a coleta com os
termos de audiência, junto com as assinaturas, tudo isso com o gravador desligado
(CEZAR, p. 76, 2007).
Através da escuta especializada, 86% dos casos que envolve abuso se-
xual em crianças, resultaram em condenações criminais e foram julgados proceden-
tes em primeira instância 17. Isso mostra que o depoimento é levado em considera-
ção não importa fragilidade das provas, resulta em uma alta taxa de condenação.
A dificuldade de colher o depoimento de uma criança vítima de abuso se-
xual, como aponta Azambuja (2011, p. 11), decorre da natureza transitória das me-
mórias humanas.
Azambuja (2011, p. 12) afirma que, no entanto, os seguintes aspectos da
memória infantil:
Longos períodos de tempo, principalmente com crianças, estão associados
a várias modificações no desenvolver do seu entender do mundo, tanto o
seu quanto de outras pessoas, o que pode afetar a precisão lógica de suas
20

mentes, além de influenciar a perda de algumas lembranças (AZAMBUJA


(2011, p. 12).

Apesar ser originada no Rio Grande do Sul, as estatísticas colhidas pelo


Tribunal de Justiça mostram que, devido à sua exigência física e mental, esta forma
única de prova atual é negligenciada. Através do surgimento da Lei nº 13.043/17, em
4 de abril de 2017, esse procedimento foi nacionalizado, sendo que nos distritos do
interior, foi facilitado o desenvolvimento de salas de deposição específicas, e o trei-
namento de especialistas para as oitavas.
21

4 DEPOIMENTO ESPECIAL E SEM DANO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES


VITIMAS DE ABUSO SEXUAL

O depoimento sem danos, conceito não inovador, já existe em países co-


mo Inglaterra e Estados Unidos antes de ser introduzido no Brasil em 2003. As se-
guintes experiências bem-sucedidas dessa forma de coletar depoimentos em nações
como Argentina, Inglaterra, Chile, Jordânia e outros foram utilizados para treinar e
desenhar o modelo brasileiro de testemunhar.
O Depoimento Especial foi estabelecido no Brasil no início dos anos 2000
e era conhecido como Testemunho Sem Dano. A experiência brasileira é limitada,
em comparação a outros países que adotaram a técnica na década de 1980, como
Canadá, Inglaterra e Estados Unidos (CEZAR, 2007).
Segundo Cezar, (2007) utiliza-se no território brasileiro, procedimentos e
técnicas de base tecnológica, com circuito interno de televisão. A entrevista com a
criança é realizada em tempo real com a sala do tribunal, como se fosse uma video-
conferência: um profissional permanece em sala separada com a vítima e agentes
legais presentes no tribunal.
Os depoimentos são feitos em uma área separada e agradável para a cri-
ança, com coisas infantis e coloridas, semelhante ao modelo utilizado no Brasil. A
Inglaterra vem desenvolveu uma estrutura legal para obter provas de crianças atra-
vés de gravação de vídeo desde 1991 e tem uma regra dedicada ao interrogatório
dessas vítimas desde 1999.
Além da gravação em vídeo, são utilizadas técnicas de entrevista impor-
tantíssimas, para dar apoio emocional a criança e também para obter informações
mais detalhadas e confiáveis necessárias para produzir provas consistentes e efici-
entes (CHILDHOOD, 2021).
Ainda segundo Childhood (2021) a câmara de Gesell, é composta por du-
as salas divididas por vidro espelhado unidirecional, o que permite que apenas uma
sala veja a outra. O objetivo é dar aos atores jurídicos e especialistas envolvidos a
liberdade de fazer seus trabalhos. Eles são colocados atrás do espelho para ob-
servar as ações das crianças sem causar interrupções.
Ao tratar-se da formação de agentes, as próprias instituições policiais
oferecem cursos de entrevista forense. Vale destacar um método peculiar utilizado
nesses treinamentos em que os profissionais alternam os papéis de entrevistador e
22

vítima, enquanto estão em treinamento, para realizar as entrevistas, cria-se uma


dupla consciência: qual seria a forma técnica adequada de interrogar a vítima, que
tem conhecimento; e empatia, pois passam a entender um pouco da dificuldade que
a criança ou adolescente pode sentir em denunciar tal violência SANTOS, C. G,
2015).
O Depoimento Especial sem danos, é uma ferramenta destinada a
proteger crianças e adolescentes, vítimas e também testemunhas de abusos e
sofrimentos adicionais, enquanto navegam na ordem jurídica. Foi implementado pelo
Conselho Nacional de Justiça, no ano de 2010, passando a funcionar em todos os
tribunais do país.
O testemunho especial é conceituado por Benedito Rodrigues dos Santos
da seguinte forma:
Os métodos, técnicas e procedimentos utilizados antes, durante e após o
testemunho de vítimas para evitar ou reduzir o sofrimento e o estresse que
vivenciam durante sua passagem pelo judiciário, denominados como teste-
munho especial. [...] Poderá ser descrito como uma nova filosofia jurídica
que eleva o direito expressão. Essa abordagem, indica que a autoridade ju-
diciária, busca complementos na atuação da interdisciplinaridade.

Além do conceito doutrinário, é fundamental compreender a definição


jurídica mais recente, introduzida pela Lei 13.431 / 17. O objetivo da técnica é isolar
a criança ou adolescente do pavor que pode sentir ao relatar a incidência na
presença de quem o aflige.
Segundo Guilherme de Souza Nucci (2021):

"[...] a lei visa salvaguardar a criança ou adolescente proibindo-os de


contatar o suposto infrator ou acusado, ou qualquer outro indivíduo que
possa representar uma ameaça, compulsão ou vergonha." Com isso,
instituiu escuta especializada (por profissional especializado) e depoimento
especial, prestado diretamente ao delegado ou juiz, mas em ambiente
favorável, devidamente preparado, sem necessidade audiências em salas,
delegacias de polícia e fóruns. Deve haver infraestrutura para garantir a
confidencialidade do ato

Segundo Luciane Potter (2016), o depoimento extraordinário é realizado


da seguinte forma: Enquanto a criança fala com o perito em sala separada, ela
permanece no tribunal, utiliza o equipamento audiovisual, o juiz, o promotor de
justiça e outros servidores de entrevista. Para fazer as perguntas, os profissionais do
direito devem se dirigir ao entrevistador, que utilizará um ponto eletrônico para ouvir
as perguntas. Após o recebimento das perguntas, as mesmas serão ser repassadas
23

à criança / adolescente em linguagem adequada e utilizar metodologia elaborada,


para esse fim, através do protocolo de entrevista pericial.
As três etapas do método Testemunho Sem Dano são recepção,
entrevista e recepção final, nessa ordem. Na primeira fase, o responsável pelo jovem
agredido é convocado para a audiência com antecedência, quando técnicos ou
especialistas irão recepcionar a vítima e encaminhá-la à câmara especial
(BITENCOURT, 2008, p. 275).
O objetivo do primeiro passo é ganhar a confiança das pessoas que serão
entrevistadas. Aqui é onde os relacionamentos são construídos e é aqui que a confi-
ança é criada. Em seguida, o técnico responsável pela entrevista conversa com o
menino ou jovem e coapresentador sobre os sentimentos vivenciados durante a ter-
ceira fase da audição.
Segundo Santos C. G (2016, p. 47), esse método diferenciado de coletar
provas de crianças vítimas não é uma invenção brasileira:
A experiência de testemunhar sem causar danos já existe em várias partes
do mundo (2008). Eles conduziram uma pesquisa que a lei já existia em 25
países, com a primeira experiência na África do Sul datou de 1991. Foi
introduzido em Israel em 1995 e na Austrália em 1999, com o resto do
mundo seguindo o exemplo no século XXI. Na relação auditiva, esses
experimentos demonstram uma preponderância que se busca diminuir ao
máximo a vitimização, a dor, e aumentar a confiabilidade do depoimento
(SANTOS, C. G, 2015, p.47).

Após desenvolver técnicas de escuta discriminatória para crianças vítimas


de violência sexual em 2003, o Conselho Nacional da Magistratura emitiu recomen-
dações nº 33, em 23 de novembro de 2010, recomendou-se que os tribunais
criassem serviços digitais especiais, para ouvir vítimas de tais crimes. Evidência de
violência nos processos jurídicos, conhecido como testemunho privado.
No entanto, a meta de estabilização das regras processuais unificadas
não foram atingidas, e em 01/12/2015, a Deputada Federal Maria do Rosário
apresentou à Câmara dos Deputados Projeto de Lei nº 3.792 / 2015, onde
recomendou o projeto de audiência, segundo metodologia do Depoimento Especial,
que garante os direitos das crianças e adolescentes, vítimas e testemunhas de
violência (POTTER, 2016, p. 30-31).
Portanto em 04 de abril de 2017, foi sancionada a Lei Federal nº 13.431,
que confirma o regime de tutela dos direitos da criança e do adolescente vítima ou
24

testemunha de violência e altera-se assim, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990


(Estatuto da criança e do Adolescente) (BRASIL, 2017).
Nas situações que envolvem crimes, apesar de seus fundamentos, a Lei
nº 13.431 / 2017 tem implicações significativas para a família e medidas protetivas,
porquê altera elementos do Estatuto da Criança e do Adolescente. Além disso, é
óbvio, a partir das primeiras disposições legais, que preocupa o legislador em
garantir que as crianças e adolescentes tivesse total proteção (POTTER, 2019, p.
31).
Desde o início, a nova legislação a critério de idade, como descrito no pa-
rágrafo único do art. 3º: Esta lei aplicada é facultativa para vítimas e testemunhas de
violência, para pessoas dos 18 (dezoito) aos 21 (vinte e um) anos, mas será
aplicada para crianças e adolescentes, segundo o art. 4º, 1º da Lei nº 13.431 / 17:
Para que se cumpra esta Lei, crianças e adolescentes, também serão ouvidos em
situação de violência, por meio de escuta e observação especializadas.
A classificação das categorias de violência física, psicológica, sexual e
institucional (vitimização secundária), prevista no art. 4º da Lei nº 13.431 / 2017, é
claramente um dos aprimoramentos da nova legislação.
Nos artigos 7º e 8º, a nova legislação também estabeleceu as ideias de
escuta especializada e testemunho excepcional:
7º art. A técnica de entrevista sobre um caso violento contra criança ou
adolescente de frente com um órgão protetor, restringe a reportar com
exclusividade o que necessite para cumprir seu objetivo, é conhecida como
escuta especializada.
A audiência com criança ou adolescente vítima ou testemunha de agressão,
procede perante as autoridades Judiciária ou policial, sendo denominado
depoimento especial.

Como resultado, o tipo de tratamento oferecido a crianças que foram abu-


sadas sexualmente teve mudança drástica. Desde o início da Lei nº 13.431 / 2017,
em 4 de abril de 2018, qualquer notícia de violência que envolva crianças, deve ser
encaminhada de imediato para atendimento médico, policial ou ao Conselho Tutelar,
que tem o direito, se necessário, de realizar uma escuta especializada a esse menor;
entretanto, o relatório deve se limitar ao máximo possível, para o cumprimento
dessas medidas protetoras, conforme definido no art. 7 acima.
Com a notificação das autoridades policiais e o estabelecimento de um
procedimento policial, se houver acusações as testemunhas devem ser ouvidos em
primeiro lugar. Conforme o art. 5º da Lei nº 13.431 / 2017, será feito o
25

encaminhamento da vítima para realização da perícia e outras providências. Pode-


se afirmar que as autoridades policiais poderá realizar a entrevista com a criança,
seja qual seja a idade, caso necessite de algo para esclarecer os fatos ou alguma
medida cautelar urgente, sempre a zelar pela privacidade e evitar algum encontro
com o acusado, nem informar à criança sobre o seu direito ao silêncio (art. 5º, VI,
art. 8º a 10º, todos da Lei nº 13.431/2017).
A própria lei concede a criança vítima, por meio de seu representante
legal o direito de buscar medidas cautelares contra o acusado com à semelhança do
que previa a Lei Maria da Penha. Conforme o art. 21 da Lei nº 13.431 / 2017, o
Delegado poderá encaminhar esse pedido ao Juízo de criminalidade, mesmo que
não dependa de nenhum inquérito policial.
Nos casos em que a criança seja vítima de violência sexual, e a autori-
dade policial reconheça a existência de elementos que apontem para a existência de
indícios mínimos de autoria e materialidade, deverá representar imediata e obrigató-
ria ao Ministério Público, para a produção precoce de provas para a coleta do teste-
munho judicial especial, na forma do art. 11, 1, II, da Lei nº 13.431 / 2017.
Lopes Jr. (2016, p. 427) ilustra a importância da produção de provas
precoces em processos criminais:
Diante da possibilidade de morte e das graves consequências da perda irre-
versível de qualquer uma das partes de investigações preliminares, os
termos dos processos fornecem um veículo para a obtenção dessas provas
com antecedência, por meio de um incidente. Isso significa que um
elemento, seria produzido como um simples ato de investigação e depois
repassaria em juízo para ter um valor probatório que só pode ter realização,
uma só vez, no momento pré-processual, e com alguns requisitos de forma
que possa ter o estatuto que prevê no ato, a validação da sentença, mesmo
que ainda não recolhida no período do processo (LOPES Jr. 2016, p. 427).

No Art. 36.625 a possibilidade geral de produzir a antecipação de provas,


só pode ser permitida em caso extremoso e excepcional, “justificado pela sua
importância e incapacidade de replicação em sentença” (LOPES Jr. 2016, p. 428).
Após concluir a investigação oficial e o encaminhamento do caso ao Judi-
ciário ao final desta etapa, o Ministério Público terá a chance de considerar a viabili-
dade de instaurar ação penal prescrita no Art. 24. do regulamento Penal.
É viável dizer que, apesar de todas as promessas legislativas, que o
sistema diferenciado de audiência de depoimento especial salvaguarda e evita
realmente a revitimização de menores vítimas ou testemunhas de de atos violentos?
Seria apenas mais uma tática do Estado para ocultar seu objetivo punitivo de obter
26

provas da autoria e da materialidade dos crimes para os quais a investigação e a


instrução processual falharam?
Ao considerar o envolvimento de menores nos meios jurídicos que
examina crime sexual de quem foi vítima, Potter (2016, p. 107), afirma:
A inspiração no processo decorre de sua disposição em auxiliar com a
responsabilidade no inquérito criminal. Nesse processo, crianças e adolescentes que
eram objetos sexuais tornou-se processuais, meio de provas verdadeiras para a
acusação e prisão do criminoso (POTTER, 2016, p. 107).
Potter (2016, p. 108) adiciona posteriormente:
O advogado não está interessado em esclarecer fatos; em vez disso, ele
quer que seu cliente seja inocentado. O Promotor por sua vez, explora os
motivos acusadores do depoimento da vítima para disputa no processo,
quando deveria defende-la do dano que está sofrendo. Não é valorizado por
uma questão de direitos, e aqueles que são obrigados a preservá-lo não o
fazem. Aos olhos de uma criança ou adolescente que não está acostumada
com essas situações, esse cenário se assemelha a um pesadelo. Ver-se
uma vítima que foi abusada sexualmente, que agora é nada mais que meio
de provas em um processo com o uso de uma linguagem que é dolorosa e
humilhante. Os profissionais lidam com uma criança, por vezes fraco e
indefeso e ignorados durante a sessão (POTTER, 2016, p. 107).

A participação de crianças como prova ao ter que depor, tem gerado


críticas na comunidade acadêmica. Aleixo (2009, p. 118) diz a respeito:
Deve-se discutir o uso da instrumentalização para produzir provas judiciais
em que a vítima seja exposta a câmeras de vídeo. Diz-se que documentar
seu depoimento 23 evita a revitimização em decorrência de repetidas
perguntas que relate o mesmo assunto. Essa exposição não é uma espécie
de violência em si, porquê a experiência documentada, e reforça sua
condição de vítima (ALEIXO, 2009, p. 118).

Vale salientar, que é inegável que ao utilizar-se essa forma investigação,


o índice de penalidades por abuso sexual contra crianças aumentou (CEZAR, 2016,
p. 35), implica que o padrão de provas em tais processos, vale à palavra da vítima,
que não sabe do desfecho do que realmente acontece.
Não se deve esquecer que há momentos que o jovem precisa esquecer
percepções, cenas ou vivencias desfavoráveis para evitá-las. Azambuja (2017, p.
171) afirma que:
No que se entende como o cérebro infantil reage a agressão sexual, é sim-
ples reconhecer que, mesmo que a criança negue a realidade no instante da
investigação, isso não implica em garantia de sua ausência (AZAMBUJA,
2017, p. 171).

Furniss (1993, p. 312) ensina a partir desta perspectiva:


27

Quando as crianças se recusam a dizer algo sobe o abuso, é uma prova


que não estavam envolvidas, não sabiam ou não foram prejudicadas por
ele; geralmente indica que eles estão com muito medo de dizer qualquer
coisa (FURNISS, 1993, p. 312).
A orientação indicada no art. 11 da Lei nº 13.431 / 2017, ressalta que o
depoimento é mais bem coletado uma vez. Isso cria um novo empecilho, ao saber,
das hipóteses em que a criança é induzida por um familiar a relatar fatos que não
ocorreram, que pode levar a uma condenação injusta, pois a palavra do filho vítima
foi cumprida, como o padrão de evidência para condenações de crime por abuso
sexual.
Nessas circunstâncias, o agente que vai interrogar o jovem deve ter uma
atenção especial. Conforme Brasil (2018, p. 514):
Nesses casos, deve-se tomar muito cuidado ao interpretar a fala da criança,
que ao depor é muitas vezes atada ao vício da coerção emocional. Por
temerem acontecer algo a si ou a própria família, cria um vínculo afetivo
patológico – conhecida como simbiose emocional, em que crianças e
adultos agem como se fossem uma só pessoa, chega até mesmo muitas
vezes a mentir (BRASIL, 2018, p. 514).

A noção social de que "as crianças não mentem" exacerba o dilema. O


Brasil (2018, p. 514) faz a seguinte observação:
Apesar da relutância do adulto acreditar no que acaba de dizer, que criança
não mente, há muito revelou que a crença não está fora de moda. Esse ar-
gumento também é utilizado por pais que isolam seus filhos, e afirmam que
eles não são incapazes de criar mentiras, e se enfurece com os agentes
quando analisam a criança e relatam o fato: "Você está insinuando que meu
filho é mentiroso?" Para se proteger das pressões, as crianças inventam
histórias. [...] O avaliador deve estar vigilante para determinar como é feita a
declaração contextual (BRASIL, 2018, p. 514).

Em resposta ao desafio, Azambuja (2009, p.59) sugere:


A garantia para que a criança seja protegida, é substituir o interrogatório da
vítima de abuso sexual intrafamiliar por investigação de um psicólogo ou
psiquiatra, com especialização na área da infância, associada a outros
componentes de confirmação, como instrução sociável e análise do
respectivo agressor (geralmente reservado até mesmo de uma avaliação
criteriosa), é a direção a seguir, que se reserva a dimensão somente para
casos em que a criança manifestar a vontade de ser ouvida pelo sistema
judiciário (AZAMBUJA, 2009, p.59).

Apesar dos artigos 2º, parágrafo único, 14, e 16 a 18, todos da Lei nº
13.431 / 2018, prever a implantação de Centros de Atenção Integrada à Criança e ao
Adolescente Vítima ou Testemunha de Violência, a equipe multiprofissional de
atendimento especializado, sabe-se que sua implantação requer recursos públicos,
qualificação profissional e bastante tempo. Ademais, não faltam legislações que,
28

garantam os direitos de forma total e global, mas não cumpram seus objetivos na
prática, como é o caso da Constituição da República Federativa do Brasil, que já
passou vigor por 30 anos sem que totais garantias fossem aplicadas ao povo
brasileiro.
O tratamento de vítimas infantis por grupos interdisciplinar e em Centros
de informações colabora para o apoio integral sem a carência de grandes
deslocamentos, já que todas as funções agora estão disponíveis em um único local.
Segundo Prado (2019, p. 88-89):
Mesmo que não haja evidências de agressão, equipes interdisciplinares es-
pecializadas são obrigadas a aplicar medidas para salvaguardar e avaliar a
vítima ao decorrer do processo penal. Afinal, qualquer distorção de fatos ou
fabricações, indica uma violação dos direitos de outras crianças, o que
requer intervenção governamental (prado, 2019, p. 88-89).

Segundo Azambuja (2009, p. 159) desde 23 de outubro de 2001, funciona


em Porto Alegre, um Centro de Referência de Atenção Infanto-Juvenil, que presta
atendimento integrado, que evita Várias exposições da vítima, e concentra, em um
único local (Hospital Presidente Vargas), vários enviados de algumas entidades, que
formam o sistema de Proteção e Justiça. No entanto, esta é uma verdade local e,
por isso, o serviço está abarbado, pois é o único Centro de Referência para o auxílio
à criança e adolescente vítima em território nacional. Com isso, perícias e exames
que deve ser concluído com prontidão devido à complexidade do assunto e à
necessidade de aderir ao conceito de prioridade absoluta, que demora meses, e
ajuda na lentidão processual.
É fundamental que o desrespeito contra as crianças seja examinado e
analisado no contexto de toda a vida, o que inclui cuidados psiquiátricos da vítima,
família e do próprio agressor.
Depois da nova legislação melhorou a proteção de menores vítimas ou
testemunhas de agressão; no entanto, é fundamental garantir que a doutrina de
proteção integral seja seguida, o que inclui informar esses indivíduos de que o
testemunho especial faz parte da instrução criminal, e permite que a criança
manifeste sua vontade de ser escutada ou não. Se eles não quiserem falar, é
importante respeitar seus desejos para que não sejam vitimados por lembranças
desagradáveis da ocorrência traumática.
Também é responsabilidade do Estado apoiar o avanço dos métodos de
investigação a fim de liberar a criança do ônus de gerar provas. Só assim haverá
29

possibilidade de respeitá-la como sujeito de direitos únicos, num determinado


período de desenvolvimento e pondo em prática os preceitos fundamentais do direito
universal.

4.1 Violência contra a criança e os procedimentos para sua oitiva

Mesmo que uma criança ou adolescente seja "comprometida e afetada


pela violência sexual", ela "não pode ter negado seu direito de participação ativa nos
processos, de ser ouvida e de ter suas opiniões devidamente consideradas"
(MOREIRA; LAVARELLO e LEMOS 2009, p.106).
Uma vez instaurada a ação penal, a vítima é colocada numa situação deli-
cada, pois será obrigada a falar sobre o ato de violação a que foi submetida na pre-
sença de outros estranhos, numa diligência não só pesada e inadequada para sua
idade, mas também desconfortável.
A criança encontra-se no estágio oposto de desenvolvimento, e é respon-
sabilidade do Estado fornecer proteção e assistência quando é vítima de abuso se-
xual. Sempre realizado em benefício próprio, com o objetivo de não comprometer o
seu crescimento.
“No Brasil, o termo “abuso”, que é usado para se referir várias formas de
relações sexuais com crianças e adolescentes”, passa despercebido. Estupro, aten-
tado ao pudor por fraude e relações sexuais, são os únicos crimes, segundo a leis.
No entanto, as mais frequentes agressões contra criança, segundo Piazza (2001, p.
35) ocorrem com uma permissão inicial, que é no caso certo tipo de ligação de
poder, que fica difícil saber se houve opção ou não.
O estupro e a agressão são crimes repulsivos de toda forma (art. 1º, V da
Lei nº 8.072 / 90), mas ao tratar-se do assunto sobre abuso contra crianças,
segundo a lei, ressaltar a prevista violência, é muito importante (artigo 224 do CP).
Artigo 224 “pressupõe” se a violência se a vítima:
a) seja menor de 14 (quatorze) anos;
b) seja doente mental ou alienado, e o agente tivesse conhecimento da situ-
ação;
c) é incapaz de dar resistência por qualquer outro motivo. - (sem itálico no
original).
30

A doutrina dominante investiga vários níveis de informação sobre o sexo e


sua evolução para separar a suposição relativa do total. Como resultado, segundo
Greco (2006, p. 604), aqueles com experiência e vida sexual ativa têm presunção
relativa, enquanto aqueles sem experiência, nenhuma ou conhecimento limitado,
têm presunção absoluta.
“É uma vítima que aparentava ser maior de idade; que tinha experiência
na prática sexual; que já havia provado ser corrupta; vítima que empurrou o agente
para possuí-la; vítima que foi sem vergonha, libertina” CAPEZ, 2005, p. 59).
Quando crianças ou adolescentes são usados para satisfazer a luxúria do
agressor ou de terceiros (PFEIFFER E SALVAGNI, 2005), quando há uma conexão
de poder (uma figura forte e uma frágil, onde o primeiro é subjugado ao segundo);
quando há vínculo de confiança (o indivíduo é frágil e não duvida das intenções dos
fortes, é comum que se sinta culpado, o que favorece seu silêncio); e quando há
uma conexão de energia (um forte e um frágil).
De acordo com estudos realizados por Pfeiffer e Salvagni (2005), a regra
no abuso sexual é a baixa prevalência de relações carnais, que, aliada ao tempo de
apresentação da denúncia, permite a cura de outras lesões, limita a frequência de
material provas desses crimes.
A maioria dos casos envolve familiares ou amigos muito próximos como
agressores; a vítima não sabe mais em quem confiar e, por medo de retaliação ou
desconhecimento do ato sexual em si, tende a se calar, resultando na 'síndrome do
segredo', que influencia o tempo que leva para denunciar e o torna mais difícil identi-
ficar o agressor.
O medo, a vergonha, o constrangimento, a ignorância e a tolerância da
vítima se refletem no silêncio da criança e, consequentemente, no tempo que leva
para preencher a denúncia. Como resultado, quando o agressor não é um membro
da família, dá maior peso à acusação da criança (Bitencourt, 2007).
Nesse sentido estratégias propostas pela Psicologia, do testemunho, são
fundamentais ressaltar que o entrevistador só chegará o mais próximo possível da
verdade, com resultados sinceros, tanto da vítima quanto da família, em uma parcial
subjetiva.
Apesar disso, são poucos os trabalhos na área, sendo necessária a
formação de diversos profissionais para abordar o assunto de forma multidisciplinar,
pois o abuso sexual infantil atinge o profissional da área de saúde, que costumam
31

ser os primeiros a ter contato com a vítima e familiares, quando procurada pelo
responsável da criança, que suspeita da ocorrência do abuso, passa então por um
delegado, perito ou outros agentes legais.

4.2 A criança como sujeito de direito

No passado, as crianças e adolescentes não tinham nenhum direito, por


ser uma colônia portuguesa. O Brasil tinha os mesmos conceitos de direitos da
criança, que o resto do mundo da época.
Apesar de possuir legislação própria, como o 1º Código de Menores de
1927 e o 2º Código de Menores de 1979, também conhecido como Doutrina da Situ-
ação Irregular, a criança era considerada instrumento de lei até a década de 1980
(AZAMBUJA, 2011).
As crianças e os adolescentes passam a viver a condição de cidadãos,
sujeitos de direitos, no que se refere à qualidade de ter prioridade para o seu
desenvolvimento. Essa posição difere de um passado recente (1990), quando as cri-
anças eram consideradas objetos e submetidas a punições, trabalho infantil sem
proteção, em ambientes horríveis, escolarização opressiva, abandono à própria
sorte, entre outras situações de vulnerabilidade.
Devido à criança ser vulnerável, a levou a receber proteção especial pela
legislação brasileira, de acordo com convenções e tratada internacionais. A nova
Constituição Federal, promulgada em 1988, estabelece os direitos das crianças, bem
como as obrigações da família e do Estado de tratá-las como sujeitos de direito e
não como objetos de direito (AZAMBUJA, 2011).
Estabelece a nova Constituição Federal, que consiste em:
Cabe à família, à sociedade e ao Estado garantir os direitos das crianças,
adolescentes e jovens à vida, saúde, alimentação, educação, lazer, profissi-
onalização, cultura, dignidade, respeito, liberdade, família e comunidade co-
existência, bem como protegê-los de todas as formas de negligência, discri-
minação, exploração, violência, crueldade e opressão (art. 227, CF).

O estado atual da questão legal abrange os direitos legislativos, sociais,


políticos e humanos. Direitos que podem garantir e defender o desenvolvimento de
crianças e adolescentes, como direitos fundamentais como o direito à vida, alimenta-
ção, educação, liberdade e lazer, também são conceituados nessa linha. Em outras
32

palavras, o pano de fundo da realidade está em constante mudança e novas regras


são formadas para atender às demandas especiais de crianças e adolescentes.
“A lei punirá com severidade os abusos, agressões e exploração sexual
de crianças e adolescentes”, diz o art. 227, 4. “A Constituição Federal de 1988 pelo
conceito de proteção integral” parece ter “estabelecido uma estrutura particular de
defesa dos direitos fundamentais da criança e do adolescente” (AZAMBUJA, 2011,
p. 45).
Nesse sentido, Machado afirma (apud AZAMBUJA, 2011, p. 45) que o
Preceito da Proteção Integral “instaura uma nova ordem na matéria, em consonância
com o conceito atual de proteção radical dos direitos humanos”. Os Tratados Inter-
nacionais são tidos como garantidos pela constituinte originária, mesmo com uma
nova norma instituída pela Constituição Federal de 1988, em relação aos direitos
fundamentais, não apenas em relação aos menores, mas também em relação a ou-
tros grupos de pessoas. “Os direitos e garantias previstos nesta Constituição não
proíbem terceiros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, nem dos
Tratados Internacionais de que a República Federativa do Brasil seja parte”, de
acordo com o art. 5º, 2º da Constituição Federal de 1988.
Foi necessário verificar a legislação infraconstitucional de acordo com os
princípios da Dignidade Humana, Prioridade Absoluta à Criança e Princípio do Me-
lhor Interesse, previstos na nova Constituição Federal, na Declaração dos Direitos
Humanos, e a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança e
Adolescente de 1989.
Com isso, a Lei 8.069 de 13/07/90 (Estatuto da Criança e do Adoles-
cente), que era a maior garantidora dos direitos pertencentes a esta divisão, foi re-
vogada, pois o Segundo Código de Menores (Doutrina da Situação Irregular) não
mais acatou os princípios especificados pela nova Constituição (AZAMBUJA, 2011).
A Lei da Criança e do Adolescente:
Com a introdução do Conselho de Direitos e dos Conselhos Tutelares, que
enfatizam a integração dos domínios da saúde, educação, habitação, tra-
balho, lazer e formação profissional, a forma como as políticas governa-
mentais voltadas para a infância são redigidas mudou drasticamente. A
prestação de serviços especiais de prevenção, bem como atendimento mé-
dico e mental para vítimas de negligência, exploração, abuso, crueldade e
opressão estão entre as áreas às quais os legisladores deve prestar aten-
ção especial. ECA, art. 87, III (AZAMBUJA, 2011, p. 49).
33

Com a promulgação da Lei 8.068 / 90, diversas leis que visam ampliar e
fortalecer a proteção, que garante a criança e adolescente, como sujeitos de direitos
também foi editado.
A mais notável das leis é a Lei 12.015, promulgada em 7 de agosto de
2009, que substituiu a frase “crimes contra o costume” por “crimes contra a digni-
dade sexual” (AZAMBUJA, 2011). Com isso, a Lei 12.015 / 09 passou a considerar o
estupro um ato libidinoso, o que era expresso pelo então revogado art. 214 (assalto
violento ao pudor) e programou o art. 217-A (estupro vulnerável) ambos do Código
Penal Brasileiro, a fim de melhor atender as necessidades de crianças e adolescen-
tes, teve como determinados os princípios da Dignidade Humana, Prioridade Abso-
luta pela Infância e o Princípio do Melhor Interesse da Criança (NUCCI, 2013).
Concorda-se que alguns atos libidinosos não são de forma alguma repul-
sivos e que os punir seria desproporcional em comparação com o crime; essa meto-
dologia revela a proteção dos direitos da criança e do adolescente previstos em tra-
tados, convenções, Constituição Federal, Lei 8.068 / 90 e Lei 12.015 / 09.
Obvio que o direito deve ser protegido; entretanto, a proporção ser obser-
vada, como crime de estupro vulnerável, que envolva um desses atos libidinosos
(exemplos: tocar partes íntimas, masturbação, beijo lascivo) e perpetrado por algum
dos componentes do art. 226, II do CP acarreta pena mínima de 12 anos, sem con-
tar as desvantagens previstas na Lei 8.070 / 90.
Dentro desta estrutura:
Vários magistrados expressaram sua dificuldade em adaptar certos atos de
estupro quando ele pode ser interpretado como simples assédio que ofende
o pudor. Por outro lado, existem situações claras intermediárias que são
mais graves do que uma contravenção criminal (art. 61, LCP), mas menos
graves do que o estupro (art. 213, CP). É vital construir uma figura interme-
diária que se concentre em atos libidinosos de menor gravidade que mere-
cem punição, mas não carregam a dureza da pena de estupro. Vê-se o que
se relata em nossas ofensas contra a dignidade sexual como um exemplo:
Um caso real que foi relatado a mim por um juiz, mas tem que manter os
detalhes privados porque o caso está em fase de julgamento. Um professor
de música instrui seus alunos do 9º, 10º e 11º anos a não usarem calças
para ir às aulas. Eu também estou usando uma saia. Eles são orientados a
abrir as pernas ao tocar violino ou outro instrumento para que o professor
possa ver os órgãos genitais do recém-nascido. Ele secretamente se mas-
turba debaixo da mesa, fora da vista das garotas, enquanto elas brincam.
Ele foi processado por estupro vulnerável depois de descobrir a condição. A
tipificação é correta em tese, pois implica a realização de um ato libidinoso
com crianças menores de 14 anos. As meninas, por outro lado, estavam
completamente alheias aos atos do professor. É possível sentenciá-lo a oito
anos de prisão por um crime horrível “Seria justo, por outro lado, desqualifi-
car alguém por uma infração menor” Circunstâncias semelhantes exigem
uma classificação que fique em algum lugar entre um crime e uma contra-
venção. Embora o ato em si possa ser classificado como uma agressão in-
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decente, agora é classificada como uma forma de estupro devido à sua gra-
vidade necessária para faixa de retribuição artística 217-A. Outro exemplo
do conceito de vulnerabilidade absoluta e relativa no contexto da arte foi
mencionado no tópico. 217-A retrata um beijo entre dois meninos (um de 18
e outro de 13), que foi categorizado como estupro pela Polícia Judiciária, e a
ata de prisão lavrada em flagrante delito. Mesmo que o beijo tivesse sido
forçado (neste caso, foi consentido), prender um menino de 18 anos como
se ele fosse um estuprador de verdade não seria justificável. O desenvolvi-
mento de uma figura condenatória típica, estruturando um estupro privilegi-
ado, é necessário, em nossa opinião, para atos mais brandos e merecedo-
res de sanções igualmente mais fracas (NUCCI, 2013, p. 858).

Ao longo da obra, foi demonstrada em todos os momentos a possibilidade


de erros decorrentes da denúncia de estupro, sejam eles intencionais, fantasiados,
mal interpretados, ou por falta de evidências materiais e testemunhais, sendo o de-
poimento da criança corroborado pelo laudo psicológico, de prova na maioria dos
casos.
Mostra-se também que seria necessária uma equipe de especialistas para
apurar a presença de abuso sexual por meio das palavras da criança, que proibisse
o relato fosse à resposta à questão, ou que provável erro de interpretação aconteça,
devido ao despreparo do profissional. Agora, se a posição dos especialistas indicar a
culpa do acusado, e o indivíduo for condenado por estupro vulnerável (intrafamília)
com exclusão de alguns atos libidinosos (tocar partes íntimas, masturbação não rea-
lizada pelo sujeito passivo e beijo lascivo), haverá, sem dúvida, uma desproporção,
entre a pena e o crime cometido, que necessita de um tipo penal equivalente.
Não é o objetivo determinar se o testemunho de uma criança é constitu-
cional ou inconstitucional, porque o Princípio da Isonomia Material permite ao Estado
"validade de construir discriminações e privilégios", enquanto o elemento negativo
examina "diferenças que não deve ser considerada válidas" (KLIPPEL, 2009, p. 63).
No entanto, à luz desse princípio, é necessário um tipo penal proporcional
a alguns tipos de atos libidinosos, e o depoimento da criança como prova nos casos
de abuso sexual intrafamiliar deve ser relativo, com base em análises detalhadas
das acusações pretendidas, fantasiadas, mal interpretadas, ou a falta de provas
materiais e testemunhais, que resulta numa evolução construtiva do direito.
35

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para a vítima ou mesmo para a testemunha de um crime, o depoimento


no tribunal pode ser uma experiência estressante. Quando se trata de crimes
sexuais, que envolvem aspectos íntimos e violam normas fundamentais, como a
dignidade, a situação é exacerbada. Está-se em uma situação muito mais delicada
quando se trata de crimes sexuais que envolvem crianças e adolescentes.
Com isso, cabe ao Judiciário desenvolver uma solução que atenda ao
compromisso do Estado de resguardar crianças e adolescentes, com respeito tam-
bém critérios processuais como os institutos de defesa suficiente, o contraditório e o
devido processo legal.
Mesmo devido ao arranjo físico, como a mesa do juiz estar em uma
posição superior às demais, o ambiente de um tribunal pode parecer frio e distante
para uma criança. Esta confluência de fatores, combinada com o fato de que a
vítima deve se lembrar do abuso em uma sala cheia de estranhos (muitas vezes
com o acusado presente), e incluir ter que responder a várias perguntas feitas por
eles, pode ter um impacto particular negativo.
Diante dessa situação, a técnica do depoimento especial foi elaborada,
conforme detalhado ao longo desta pesquisa, para atender às necessidades de
proteção das vítimas sem violar as regras processuais.
Apesar de seu status legal favorável no Brasil, o testemunho extraordiná-
rio, no entanto, enfrenta certos desafios e é objeto de várias críticas. A criação ante-
cipada de provas, que ainda encontra resistência na teoria, é um dos componentes
mais controversos da abordagem.
36

A esse respeito, deve-se lembrar que o objetivo do determinado depoi-


mento é evitar que a criança ou adolescente volte a ser vitimado. Quando a vítima é
interrogada mais de uma vez (na esquadra, na audiência, nos centros de apoio, ou
mesmo no próprio hospital), quase todos os cuidados anteriores são perdidos, pois
um dos pontos centrais do método é que é a única indagação, a fim de não expor a
vítima a novos traumas.
Para vítimas e testemunhas de crimes, o momento do depoimento pode
ser extraordinário em termo de estresse, quando se trata de crimes sexuais, que
envolvem aspectos íntimos e violam ideais fundamentais, em especial o princípio da
dignidade humana.
Quando as vítimas e testemunhas são jovens e adolescentes, a questão
se torna muito mais difícil. Cabe ao Judiciário estabelecer uma solução que atenda
aos requisitos processuais como o devido processo, a plena defesa e os contraditó-
rios, bem como a necessidade de salvaguardar as crianças e adolescentes.
O ambiente normal de um tribunal pode ser assustador para uma criança,
e o fato de as vítimas terem de se lembrar e falar sobre seus abusos em uma sala
cheia de estranhos, com o acusado muitas vezes presente, pode resultar em um
novo trauma para a criança ou adolescente. Diante dessa situação, a técnica do de-
poimento especial foi instituída, conforme discutido ao longo do texto, para cumprir o
dever de proteger as vítimas, e manter as regras processuais.
Em termos de testemunho particular, pode-se argumentar que a técnica é
eficaz na obtenção de evidências em situações de abuso sexual de crianças e
adolescentes. Devido ao sigilo deste tipo de crime, muitas vezes é impossível obter
provas por outros meios (periciais e relatórios), portanto, o testemunho especial é
uma alternativa viável ao modo usual de investigação.
O treinamento profissional é necessário para atingir o objetivo desejado;
caso contrário, a estratégia que surgiu para proteger as vítimas de abusos
institucionais pode resultar na vitimização dessas crianças e adolescentes.
É fundamental reconhecer o valor do testemunho especial no interrogató-
rio das vítimas de abuso sexual, pois cumpre os valores e os direitos das crianças e
adolescentes, tratando-os como pessoas com direitos, resguardando sua dignidade
e garantindo sua liberdade de expressão.
Apesar de seu excelente status jurídico no Brasil, o procedimento é
bastante questionado, sendo um dos aspectos mais contenciosos a antecipação da
37

produção de provas. Nesse sentido, é importante lembrar que o objetivo do


Testemunho Especial 81 é proteger crianças e adolescentes de serem vitimizados
outras vezes.
Quando a vítima é interrogada mais de uma vez, entretanto, quase todo o
atendimento anterior é perdido, pois um dos principais aspectos da abordagem é o
inquérito único, que visa minimizar a exposição da vítima a novos traumas.
Como resultado, pode-se inferir que o testemunho único desempenha de
forma satisfatória a função para a qual foi projetado. Pode ser usado como a única
forma de prova em circunstâncias em que outras evidências não podem (ou não
iriam) confirmar ou negar o alegado abuso.
Por fim, é fundamental sublinhar que o sistema de justiça criminal é
dinâmico e que cada caso deve ser tratado de forma única. Por isso, deve-se estar
sempre em busca de novas opções para aprimorar e modernizar a técnica.
38

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