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Projeto Integrador em Direito

Prof. Dr. Irineu Barreto

Nome: Amanda da Silva Oliveira Machado

RA: 3289439

Turma: 003208A03

Tema: VIOLÊNCIA FEMININA – O olhar machista e posição da sociedade.

Este projeto propõe uma forma de aclarar sobre a violência doméstica, em um


âmbito interpessoal, sendo uma das mais difíceis a ser prevenida e evitada. As mulheres
vítimas de seus companheiros mantêm-se no relacionamento afetivo-conjugal por muito
tempo, aceitando de forma mesmo que indiretamente ser agredida por seu companheiro.

Pode ser dizer, que a violência sempre existiu nas relações humanas,
principalmente quando falamos de violência doméstica, sendo considerada um aspecto
social presente em todas as culturas. Pode perceber que Aa Organização Mundial da
Saúde (OMS) aponta que a violência é um problema de saúde pública e a define como:

O uso intencional da força física ou do poder real ou em ameaça, contra si


próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que
resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano
psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação. (CANTILINO,
NEVES e JR, 2023, p. 44)

Nas últimas décadas, tivemos um aumento significativo nos estudos indicando


mulheres e diferenças de gêneros, sendo vítimas de atos nocivos à sua integralidade
apenas por pertencerem ao sexo feminino. Pode-se considerarConsiderando que a
violência de gênero, apresenta características diferentes da violência interpessoal
comum, sendo seu ponto inicial a motivação, associada à relação que os homens
estabelecem com as mulheres, assim como a características do agressor, até mesmo a
sua reprodução na cultura e nas instituições.

E como pode podemos definir a violência de gênero? Conforme dispõe no


Artigo 5º do Caput da Lei 11.340/2006, artigo 5º “Para os efeitos desta Lei, configura
violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano
moral ou patrimonial”
Em décadas, nunca foi possível atribuir tamanha esfera da maneira como as
pessoas vivenciam suas experiências ou expectativas de realidade, anulando
absolutamente sua autoestima, dignidade pessoal, levando a pessoa a sobreviver e não a
viver. Pode-se observar em um trecho do Livro da série “Violência Familia”,
demonstrando o objetivo em tal ato machista:

Há certo tipo de relação que perdura no tempo cujo objetivo é anular o outro
enquanto sujeito por meio do controle absoluto sobre ele, levando-o a uma
condição de perda total de autoestima e de dignidade pessoal. Muitas vezes,
esses casos vêm disfarçados sob o manto do ciúme. É o caso do namorado
ciumento, entendido como apaixonado, que pouco a pouco vai controlando
todos os aspectos da vida do outro. A justificativa é a paixão, a
impossibilidade de viver sem o outro (o que muitas vezes é sedutor ou
encantador, afinal, quem não quer ser tão desejado?); daí resultam as
loucuras. (MUSZKAT, 2016, p. 89)

Outro exemplo, são demonstrados em um filme baseado em fatos reais,


dirigido por João Jardim, chamado: Amor?:

Carol comenta que conheceu o namorado quando ela estava com 16 anos e ele,
com 20. Foi seu primeiro amor. Ela diz: “Eu achava que eu era um anjo na vida dele”.
No começo era tudo bom, ele era um cara legal. A primeira coisa estranha que
aconteceu, foi que ela tinha um grupo de forró, e certo dia saíram para dançar, e neste
dia ela disse que não iria dançar porque estava cansada, mas acabou encontrando com
um parceiro de dança que a convidou para dançar e ela aceitou. Neste dia seu namorado
ficou com a cara estranha, mas não falou nada, e demorou uns 3 meses para ele tocar no
assunto, mas isso só ocorria quando brigavam e sempre eram as mesmas ameaças, você
acha que não sou capaz de fazer algo com “aquele cara”, e ela sempre se preocupava
quando ouvia tal comentário. No decorrer do relacionamento ela sofria várias ameaças,
apesar da relação afetiva ser boa, passou de “bom” por “obrigação”, para não
transparecer o medo, e a relação sexual, passou a ser um refúgio.

Quando ela decide terminar, ele ameaçou matá-la. Ele busca-la nos lugares, não
rebatia o que ele falava, fazia “vistoria” no seu corpo, pra saber se ela tinha feito algo de
errado, acusando ela de ter aprontado. Ela dizia ser tratada como um pedaço de carne,
como se estive na padaria.

Depois de 4 anos, ela acreditava que ele iria melhorar, mudar, mas seu
relacionamento nunca mudou, então ela tomou coragem de ir na delegacia e denunciar
ele.
Em retrospectiva, Carol vai contando sobre os primeiros sinais estranhos,
que lhe diziam que algo não ia bem, ela descreve a evolução desta relação em que
se gerou vários transtornos emocionais e físicos, fazendo com que as vitimasvítimas
tenham duvidasdúvidas sobre si mesma.

Com tal relato, podemos ver como é Na prática, tal postura leva ao homem
querer dominar a mulher, a transformando-a em objeto, querendo controlá-la,
submeter, até que tenha total controle, e o porquê disso? Segundo, Muszkat,
existem duas justificativas:

1. Por insegurança: falamos da violência fruto da insegurança quanto à


manutenção da identidade masculina. A violência tenta resgatar a autoestima
calcada em uma noção de masculinidade cujos definidores da identidade
incluem a submissão da mulher e o domínio do homem sobre ela. O interesse
da mulher por outras coisas, como trabalho, amigos ou familiares, deixa-o
inseguro, fazendo com que ele se sinta desvalorizado, procurando recuperar
seu valor por meio do controle, do domínio, da violência e da submissão da
mulher.

2. Por psicopatia ou por crueldade: nesses casos, a violência está dissociada


da questão dos valores de gênero e é exercida para satisfazer um prazer
doentio. Sem possibilidade de sentir empatia com a vítima, esse tipo de
violência não tem como ser transformado, e a única alternativa é que a vítima
consiga separar-se de seu agressor. Isso, no entanto, não costuma ser fácil,
como vimos na história de Carol, uma vez que a vítima acaba, muitas vezes,
sendo psicologicamente dominada pelo agressor, tornando-se incapaz de
pedir ajuda ou proteger-se. Nesses casos, é fundamental o auxílio de pessoas
próximas, que estejam mais atentas aos sinais. Psicopatia não tem cura, e a
vítima estará correndo sérios riscos. (MUSZKAT, 2016, p. 91-92)

A violência contra mulher é considerada um abuso dos direitos humanos, dos


direitos básicos, desigualdade tal esta que nos leva a tal indignação. Eu sempre pensei
que as mulheres deveriam ser, e acreditar no que são, na forma que são, ser quem ela
deseja ser, sem medo do julgamento, da frustação, do apontamento, do desprezo, pelo
fato de serem mulheres, elas são fortes, guerreiras, amáveis, são incríveis. Talvez seja
isso que eu quero acreditar, mas quando trazemos para nossa realidade, o mundo nos faz
pensar que a mulher é frágil, inferior aos homens, que não são capazes de se
desenvolver, levando-se acreditar que lugar de mulher é em casa cuidando dos filhos e
do marido, aceitando ataques psicológicos e físicos.

Eu acredito nesta desconfiguração que o mundo tenta criar, onde elas são
humilhadas, traídas, submetidas a situações que eu realmente gostaria de entender o que
leva a mulher a não conseguir se impor, a dizer “não”, o que levar o homem a pensar
que aquele ser tão frágil deve passar por este martilho.
Partindo dessa premissa entendemos que a inclusão desta temática na
educação, desenvolvimento, desde as escolas até a fase adulta, é de suma importância
para a mutação social e consequente extinção da violência contra as mulheres. A
conscientização a partir de um trabalho educacional de humanização, respeito e
informação, de forma que, havendo o cometimento da violência, seja ela denunciada e
reprimida com veemência, fazendo deste mundo um lugar melhor.

Referências

CANTILINO, Amaury; NEVES, Maila C L.; JR., Joel R. Transtornos psiquiátricos na


mulher: diagnóstico e manejo. Ed. Artmed: Grupo A, 2023.

MUSZKAT, Malvina; MUSZKAT, Susana. Violência Familiar: Série O Que Fazer?.


Editora Blucher, 2016

SUCASAS, Fabíola. A vida, a saúde e a segurança das mulheres. Editora Saraiva,


2021.

JARDIM, João. Amor? Documentário, 2011.

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