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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

MARIA LUIZA FERREIRA LIMA

RESENHA SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: TRABALHO DE LEITURA


E PRODUÇÃO ACADÊMICA AVA 2

Rio de Janeiro
2022
MARIA LUIZA FERREIRA LIMA

RESENHA SOBRE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: TRABALHO DE LEITURA


E PRODUÇÃO ACADÊMICA AVA 2

Resenha para a disciplina Leitura e Produção


Acadêmica, para a obtenção do grau do primeiro
semestre de 2022 do curso de Psicologia.

Rio de Janeiro
2022
RESUMO

No texto apresentado, vamos conversar sobre a violência contra a mulher desde o


seu nascimento até os dias atuais. Apesar de vivermos uma era moderna, as
mulheres ainda enfrentam essa mazela, sendo aterrorizadas e ameaçadas a esse
tipo de agressão. Dentre as causas em destaque estão o machismo inserido na
sociedade e o patriarcado ainda presente desde nossa colonização, e, como
consequência, os transtornos mentais, físicos e sexuais. Durante essa resenha, será
apontado sobre essas atitudes, mostrando como isso ainda é uma questão grande
que devemos parar para refletir.

Palavras-chave: Violência Contra a Mulher. Agressão Física. Abuso Sexual. Abuso


Psicológico.
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1 INTRODUÇÃO

A violência contra a mulher é um assunto muito discutido ainda nos dias de hoje.
Apesar de vivermos uma era tecnológica e liberal, as mulheres ainda precisam medir
as palavras, as roupas e o modo de agir perante uma sociedade atrasada e
patriarcal. No texto apresentado a seguir, serão abordadas a história, as causas e as
consequências da violência contra a mulher, a qual ainda aflige nos dias de hoje. O
texto busca refletir sobre o tema e o que podemos fazer para melhorar um pouco
essa situação.

2 A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

Esse problema que ainda nos aterroriza é apenas um reflexo de uma sociedade
atrasada e ruim. Antes de falar sobre nossos problemas de hoje, vamos voltar um
pouco no passado e nos lembrar das raízes e da nossa colonização. Quando em
1500 os portugueses chegaram às nossas terras e roubaram a cultura, liberdade e
modo de viver, eles impuseram os seus costumes e sistemas sendo um deles o
patriarcado que já era muito comum em toda a Europa, tendo seu nascimento com a
escravidão e a Igreja Católica. (BRASIL ESCOLA, 2022). Nessa época da história, a
mulher era vista como fraca, uma pessoa que era dominada por suas emoções e
que não tinha capacidade de pensar, nem de ter suas próprias opiniões. Além disso,
o chefe de família tinha domínio não só apenas sobre seus escravos, mas também
nas mulheres da casa, ou seja, nas esposas e filhas. Esse sistema permitia aos
homens de terem relações sexuais com suas esposas sem sua vontade por ser
considerada uma obrigação da mulher e uma necessidade masculina, o que nos
leva até ressaltar que é muito comum nos dias de hoje ouvirmos que o homem não
consegue “se segurar” porque essa é a sua natureza. Esse fato é uma forma de
banalizar o estupro, a traição e falta de respeito com o corpo e o psicológico da
mulher.

Em “Vigiar e Punir”, Foucault (1988) fala sobre a moralidade e os bons costumes, e


que mesmo com a Revolução Francesa, muitas ideias de conservadorismo também
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foram criadas nessa mesma fase da história. O corpo da mulher sendo uma
propriedade do marido, os trabalhos domésticos e a falta de liberdade que a mulher
tinha, os deveres que eram impostos – como o fato de casar antes dos 30 e de gerar
filhos – e das diversas outras obrigações que foram dadas pelo simples fato de ser
mulher. Se pararmos para pensar, até hoje esses problemas assombram em
pequenos pensamentos como o de se sentir na obrigação de ter um namorado ou
de se vestir adequadamente para os homens não assediarem. Todos esses
acontecimentos são as raízes de toda essa violência contra a mulher, onde o sexo
feminino é visto como alvo.

Na continuação, vamos ver as causas e consequências que geram vítimas de


violência, lembrando que nenhuma dessas causas justifica tal agressão seja ela
física, psicológica ou sexual. Estatísticas apontam que o Brasil se encontra entre os
10 países que mais sofrem com esse tipo de agressão, onde a mulher é o único alvo
apenas por ser mulher e que 90% das vítimas são agredidas por homens que elas
depositaram laços e interesses afetivos como namorados, amigos ou esposos e
esses 10% que restam são os assédios nas ruas ou no trabalho. (GOVERNO DO
ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL, 2022).

O conservadorismo nos fez acreditar que precisamos sempre ter alguém para as
mulheres se sentirem amadas pelo sexo masculino, onde esse sentimento não
acontece do nada: ele é fruto de uma maneira de viver e de uma imposição do
cristianismo no nosso país. Esse sentimento de dependência afetiva faz muitas
mulheres aceitarem serem vítimas de violência por acharem que é melhor do que
viver sozinha. Essa violência vem disfarçada de cuidado, proteção e desculpas para
tal comportamento. Muitos homens sabem desse poder que possuem sobre as
emoções de uma mulher e acabam se aproveitando para atingir seu corpo e
psicológico, usando a justificativa de que não conseguem controlar a raiva e nem
seus desejos. Outra causa para esse acontecimento terrível é a liberdade de
expressão: mulheres sendo proibidas de ser quem são, de falarem o que pensam e
que quando discordam de qualquer coisa apanham ou sofrem agressões verbais de
seus namorados ou maridos.
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A dependência financeira é um grande causador da permanência de mulheres em


relações completamente falidas e ruins. O homem, que nessa circunstância é o
provedor, acredita que possui o direito de ofender, machucar ou nos ferir pelo
simples fato de nos sustentar. Diante disso, muitas das mulheres acabam
sustentando essa relação pelo medo de ser mãe solo ou dos comentários diversos e
até mesmo o medo da solidão.

Durante toda a história, as mulheres foram obrigadas a preservarem os seus corpos


para os maridos, sem liberdade de querer ou não praticar o ato sexual. Quando é
colocado o limite e se diz “não” a isso, a mulher é violada sexualmente e vítima de
estupro dentro dos próprios lares, gerando traumas e medos de explorar o próprio
corpo. Esse fato vem de uma cultura cristã e de um machismo absurdo imposto por
esse patriarcado que até hoje é um grande problema na sociedade.

O simples fato de assumir também é motivo de ódio e violências. Mulheres lésbicas,


transexuais e negras têm mais chances de serem vítimas de agressão física nas
ruas, as quais são vistas como imorais por homens sem capacidade alguma de
respeitar o modo de ser e as origens. Vale ressaltar também que as diferenças de
classes são um fator predominante para violências contra as mulheres. Vítimas que
moram na periferia tendem a ser mais violentadas na rua ou agredidas verbalmente
pelo gênero masculino.

As consequências desses atos desumanos, que por vezes a mulher é obrigada a


passar, podem ser fatais para o seu bem estar como indivíduo da sociedade merece
respeito e dignidade. Dentre essas consequências, podemos começar pela primeira,
que é chamada de problemas psicológicos, que por diversas vezes são um grande
impedimento para conseguir seguir em frente, por se sentirem insuficientes e
traumatizadas. Existem hoje no Brasil milhares de mulheres que precisam lidar com
a ansiedade, depressão e pânico, que se tornam marcas deixadas por violências
domésticas ou verbais, fazendo acreditar que as culpadas são as próprias mulheres.
Muitas vezes a sociedade ainda julga por sair de um relacionamento ruim, por causa
dos filhos ou por denunciar usando a desculpa de que as mulheres que provocam
tais ações, como se em algum momento isso justificasse as ações monstruosas
desse indivíduo, o que na verdade nada justifica tais comportamentos.
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Hoje no Brasil temos a Lei Maria da Penha que assegura às mulheres de


denunciarem mesmo que não sejam casadas com seus agressores, mas esse
sistema ainda é falho, pois já se ouviu muito falar que é um sistema machista, onde
a mulher acaba não sendo tão acolhida como deveria ser.

Outra consequência é a perda da essência, do eu como indivíduo. A perda da


vontade sexual e também traumas físicos, como a perda de algum membro, a
infertilidade – causada muita das vezes pelo estupro – e até mesmo a profunda
solidão de precisar lidar com a falta de apoio. Com filhos e sem maridos muitas
mulheres precisam enfrentar o mercado de trabalho que acaba não sendo tão gentil
com quem é mãe e dona de casa ao mesmo tempo. A falta de oportunidades gera
miséria e em muitas situações, a mulher acaba vivendo uma vida miserável por
causa desses genitores que insistem em achar que as mulheres são suas
propriedades.

Como se pode perceber, a violência contra a mulher não é apenas uma agressão,
mas uma afronta às mulheres que precisam lidar com isso todos os dias. A cada
manhã uma notícia nova de que uma mulher foi agredida de alguma forma, gerando
revolta e tristeza em saber que em pleno século XXI ainda precisamos enfrentar
essa questão totalmente atrasada e inaceitável. Alguns casos como o da Elisa
Samúdio e o jogador de futebol Bruno, que mesmo depois dessa tragédia, ainda
recebeu inúmeros convites para jogar, provando o quão machista podemos ser
mesmo depois de um acontecimento desses. Os anos se passaram e com eles a
mulher conquistou seu espaço na sociedade, mas que mesmo assim a cada dia é
ela precisar lutar por isso, pela liberdade e direito de fazer o que quiser,
independentemente do que pensem. Tentaram de todas as formas calar a voz da
mulher, fazendo acreditar que é melhor assim.

3 CONCLUSÃO

Portanto, o que as mulheres podem fazer para combater isso todos os dias é jamais
aceitar que são culpadas de tais situações e nunca acreditar que merecem viver
isso, pois não é verdade. A sociedade vai tentar diminuir, mas a mulher é mais forte
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que imagina e merece ser tratada com dignidade e respeito, e, acima de tudo,
agradecer a quem veio antes, lutando por coisas simples que temos direito hoje.

O corpo e a mente são exclusividade do indivíduo, e sendo assim, qualquer pessoa


que tentar invadir o espaço privado da mulher sem permissão, ela deve reagir e
denunciar. Mesmo que o medo seja grande, a vontade da mulher precisa ser maior e
por esse motivo não pode calar a voz perante a isso. Além disso, fazer tudo o que
está ao seu alcance, lutando por uma sociedade justa e menos desigual.
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REFERÊNCIAS

BRASIL ESCOLA. 2022. Disponível em: http://www.brasilescola.uol.com.br/. Acesso


em: 18 jun. 2022.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. 27. ed. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1987. 288 p.

NÃO se cale. Governo do Estado do Mato Grosso do Sul, 2022. Disponível em:
https://www.naosecale.ms.gov.br/ Acesso em: 18 jun. 2022.

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