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Serviço Social

Campinorte-GO

VIOLÊNCIA DOMÉSTICA.

Larissa Lisboa Borges1

RESUMO

O artigo em questão tem como tema a violência doméstica. A violência


doméstica contra as mulheres é um fato que tem se tornado comum,
corriqueiro, as mesmas tem medo de denunciar e depois sofrer as
consequências, existem muitos maridos maus, violentos, perseguidores e as
mulheres se veem de mãos atadas e isso se torna mais difícil o serviço das
autoridades. Este estudo tem por objetivo. Portanto, a metodologia utilizada é
uma pesquisa bibliográfica tanto no campo social, cultural a respeito da
violência contra mulher. Essa pesquisa está fundamentada nos autores em
ADES (2019),AZEVEDO (2020)FARIAS JUNIOR (2019).É preciso que exista
um objetivo para o medo que as mulheres tem de denunciar quando são
vitimas da violência. Através da politica da Assistência Social, os programas
desenvolvidos pelo CRAS existem a possibilidade de conscientizar as mulheres
orientando-as sobre as leis e serviços existentes para a proteção da mulher,
para encorajá-las a romper com o silencio e denunciar seu agressor.

Palavras-Chave: Violência doméstica, Denúncia, Mulheres, Leis.

ABSTRACT

The article in question is about domestic violence. Domestic violence


against women is a fact that has become commonplace, commonplace, they
are afraid to report it and then suffer the consequences, there are many bad,
violent, persecuting husbands and women find themselves with their hands tied
and this becomes even more difficult for the authorities. This study aims to.
Therefore, the methodology used is bibliographical research both in the social
and cultural field regarding violence against women. This research is based on
the authors in ADES (2019), AZEVEDO (2020) FARIAS JUNIOR (2019). It is

1
Concluinte do Curso de Serviço Social pela Faculdade Líber
necessary that there is an objective for the fear that women have to denounce
when they are victims of violence. Through the Social Assistance policy, the
programs developed by CRAS exist the possibility of making women aware,
guiding them about the existing laws and services for the protection of women,
to encourage them to break the silence and denounce their aggressor.

Keywords: Domestic violence, Complaint, Women, Laws.

1.INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem como objetivo mostrar um contexto no que diz


respeito a vida das mulheres que sofrem de violência e o quanto elas
necessitam encontrar uma solução para que esse sofrimento tenha um fim. As
mulheres oprimidas pelo seu agressor nem sempre sabe sobre as elas que a
protegem e tambem não tem informações, não buscam ajuda com outras
pessoas por causa das ameaças e perseguições. Sempre as mulheres que
sofrem com a violência doméstica precisam de um sistema, alguém que as
protejam.
Desde os primórdios a mulher tem sofrido com a dominação e
exploração praticada pelo homem, mulheres de todas as idades, raças e
classes sociais, fora criada para ser uma moça recatada e submissa ao marido
e não poderia ser o contrário.
Os homens já nasceram com tendencia a serem machistas, superior a
mulher deixando claro a desigualdade que existe entre homem e mulher desde
que eram crianças.
Essa desigualdade tambem é percebido no trabalho, a sociedade por sí
só já discrimina a mulher pagando bem menos pelo seu serviço embora muitos
saibam da competência da mulher, sua inteligência e estudam mais que os
homens, essa desigualdade também é uma forma de violência contra a mulher.
A violência não é somente física, ela acontece de muitas formas.
Estamos no século XXI e por incrível que pareça ainda existem
homens antiquados, brutos e tratam a esposa, sua companheira como sendo
sua propriedade, ele é o marido e dono e a domina.
Grande parte das mulheres vítimas da violência doméstica são
proibidas peço companheiro de ter amigas, de trabalhar fora, de se vestirem da
maneira como gostaria, não vão sozinhas ao shopping e as vezes são
agredidas quando se recusam a ter relações sexuais com o marido, portanto,
são prisioneiras dentro da sua própria casa.
 Hoje a mulher pode contar com a Lei Maria da Penha, que define
medidas de proteção das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar. A
aprovação da lei trouxe medidas que encoraja grande parte de mulheres a
buscar do Estado respostas mais efetivas, medidas protetivas.
A cultura da violência doméstica transcorre das desigualdades no
exercício do poder, levando assim uma relação de “dominante e dominado”,
que apesar de se obter avanços na equiparação entre homens e mulheres, a
ideologia patriarcal ainda vigora, e a desigualdade sociocultural é uma das
principais razões da discriminação feminina (DIAS,2019, p.15-16).
A mulher era subjugada através dos padrões patriarcais, sendo seu
comportamento moldado rigidamente, todavia, fora das amarras severas do
patriarquismo, vê-se que a mulher não conseguiu libertar-se dos padrões que
lhe foram impostos (FARIAS JÚNIOR, 2018, p.207).
É preciso procurar compreender o porquê que muitas das mulheres e
crianças se tornam são vítimas de violência doméstica desde cedo e não
denunciam os agressores, continuam a viver ao lado de quem lhe maltrata, não
quer o seu bem. É preciso analisar qual procedimento profissional que o
Serviço Social deve tomar em relação aos atendimentos das vítimas de
violência doméstica; como já foi dito, as mulheres agredidas devem ter
conhecimento de como a Lei Maria da Penha pode ajudar e muito para as
vítimas de agressão; leva-la entender o que leva a vítima de violência
doméstica a sofrer calada e não denunciar seu agressor.
A função do Serviço Social também é buscar informações,
transformações, sempre se atualizar para poder lutar e defender as mulheres.
. Segundo Dias (2018, p. 47) Uma mulher pode permanecer durante
anos vivenciando uma relação que lhe traz dor e sofrimento, sem nunca prestar
queixa das agressões sofridas, ou mesmo, quando decide fazê-la, em alguns
casos, é convencida ou até mesmo coagida a desistir de levar seu intento
adiante.
Como a pesquisa foi bibliográfica, os procedimentos técnicos foram
classificados como bibliográfica, uma vez que a natureza das fontes
investigadas serão os livros, revistas, sites eletrônicos e artigos.
Ultimamente tem havido muito feminicídio e a violência contra a mulher
se tornou um tema bastante discutido e vivenciado sempre existe
questionamentos referente ao porquê de tanta violência contra a mulher em
qualquer lugar que se vá sem importar qual classe social, seja pobre, rico, não
importa qual seja a orientação sexual.

2. A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

O tempo passa a história evolui bastante em relação aos direitos e bem


estar das mulheres, e a medida que o tempo passa vai surgindo do novas leis
para proteger as mulheres contra os abusos, violência e transformando essas
práticas em crimes, dentre elas a Lei 11.340/2006, cujo objetivo é a proteção
das mulheres dentro de casa com mais vigor. Esta lei que era somente para
proteger as mulheres, hoje pode ser também aplicada através das
semelhanças para a proteção de homens que sofrem agressão no contexto
familiar, pois não é somente as mulheres que são agredidas, que sofrem
violência, o homem também as vezes é agredido tambem pela sua
companheira.
Diversos autores citados neste artigo tem uma visão de que atualmente
o número de agressores no contexto familiar aumentou bastante e isso é grave.
O agressor acredita fielmente que tem razões para se sentir superior e agredir
suas vítimas, sente necessidade e se sente envaidecido sentindo necessidade
de humilhá-las com agressões verbais ou físicas e dessa forma aterroriza,
amedronta para que ele possa ter o total controle sobre elas.

2.1 Características da violência

A violência é um ato que pode ser expresso sob diversas formas,


podendo ser elas, física, moral, psicológica, sexual e patrimonial, bem como,
existem vários enfoques sob as quais podem ser definidas. Trata-se de
agressão injusta, ou seja, aquela que não é autorizada pelo ordenamento
jurídico. É um ato ilícito, doloso ou culposo, que ameaça o direito próprio ou de
terceiros, podendo ser atual ou iminente (ROSA FILHO, 2021, p.55).
A violência doméstica contra a mulher é definida como aquela que
ocorre no âmbito doméstico ou em relações familiares ou de afetividade,
caracterizando pela discriminação, agressão ou coerção, com o objetivo de
levar a submissão ou subjugação do indivíduo pelo simples fato deste ser
mulher (BENFICA; VAZ, 2018, P.201).
A palavra violência origina-se do latim, violência, que significa o ato de
violentar abusivamente contra o direito natural, exercendo constrangimento
sobre determinada pessoa, por obrigá-la a praticar algo contra sua vontade
(CLIMENE & BURALLI, 2017).
O problema da violência doméstica não é um fenômeno novo, tal
violência começou a ganhar visibilidade a partir dos a nos 70 por força e
iniciativa das organizações a favor dos direitos das mulheres, principalmente
feministas, que desenvolviam trabalho em casas abrigo para mulheres vitimas
da violência, tornando-se assim um problema digno de atenção (GIDDENS,
2004,P.196; VICENTE, 2020, p. 188).
A preocupação com os altos índices no crescimento da violência é tida
hoje como uma questão crucial para nossa sociedade, sendo vários os fatores
que propiciam ao seu aumento, tais como, desigualdades econômicas, sociais
e culturais.
Portanto, a Violência doméstica é todo tipo de violência praticada entre
os membros que habitam um ambiente familiar em comum. Pode acontecer
entre pessoas com laços de sangue (como pais e filhos), ou unidas de forma
civil (como marido e esposa ou genro e sogra).

2.2 Violência e Gênero


 
A violência de gênero está caracterizada pela incidência dos atos
violentos em função do gênero ao qual pertencem as pessoas envolvidas, ou
seja, há a violência porque alguém é homem ou mulher. A expressão violência
de gênero é quase um sinônimo de violência contra a mulher, pois são as
mulheres as maiores vítimas da violência (KHOURI, 2012).
Um conceito que sempre se refere à violência contra a mulher, onde o
sujeito apático é uma pessoa do gênero feminino. Os casos de violência
familiar ou de violência no lar, em alguns casos, não são denunciados por uma
questão de vergonha ou por receio pois o agressor é da família, está dentro de
casa o tempo todo ameaçando, agredindo, deixando a vítima aterrorizada.
A violência de gênero pode ser observada como uma problemática que,
necessariamente, abrange questões ligadas à igualdade entre sexos. É, pois, um tema
com elevado grau de complexidade, tendo em vista que é fortemente marcada por
uma elevada carga ideológica (OLIVEIRA, 2016).
A violência decorrente da diversidade de gênero encontra-se inserida em
um contexto social marcado por um pensamento que enaltece as
desigualdades entre os sexos. Nesse sentido, pode-se dizer que tal
pensamento, fundado na desigualdade de gêneros e na inferioridade feminina,
ensejou a inovação legislativa para proteger essa parte da população vítima da
violência de gênero (OLIVEIRA, 2016).
A violência contra acontece de acordo com a evolução histórica, muitas
das vezes a violência é praticada por alguém da família e muitas vezes a
mulher não possui nenhum tipo de informação e como já foi dito, aceita a
violência por ter medo do algoz ou por pressão e conceitos socioculturais ainda
aprofundados. Nos últimos tempos muito se tem falado sobre esses problemas,
um desafio que tem se tornado cada dia mais.
E eis que surgiu uma lei contra esse tipo de violência com maior força,
criando um projeto de lei com o objetivo de proteger as mulheres no domínio
doméstico, essa lei foi aprovada na Câmara dos Deputados no ano de 2005 e
aprovado em julho de 2006 no Senado, surgia assim no ordenamento jurídico
brasileiro, no dia 7 de agosto de 2006, cuja Lei nº 11.340, foi sancionada pelo
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, denominada de Lei Maria da Penha.
A Lei Maria da Penha criou mecanismos para conter e prevenir a
violência doméstica e familiar contra a mulher, como a Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, dispondo a
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher;
tambem criou medidas de assistência e proteção às mulheres em situação de
violência doméstica e familiar.
Surgiram as Delegacias de Defesa da Mulher as quais foram criadas
para dar maior proteção para a população feminina, contra as agressões
sofridas, em grande parte dentro da própria casa.
A Lei Maria da Penha veio para suprir, com vantagem, essa negligência,
pois cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar,
visando assegurar a integridade física, psíquica, sexual, moral e patrimonial da
mulher (DIAS,2019, p.112).
Dessa forma, configura violência doméstica e familiar contra a mulher
qualquer ação ou omissão, fundamentada no gênero, que lhe cause morte,
lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial.

3- TIPOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

 São diversos os tipos de violência contra a mulher e com diferentes


graus de severidade e pânico. São formas de violência que fazem parte de
uma sequência crescente de episódios, onde o homicídio é a amostra mais
extrema, ela acontece aos poucos sem que outras pessoas se deem conta do
que está acontecendo, há casos se a mulher contar para alguém ainda corre o
risco de ser chamada de mentirosa pois fora de casa, junto com outras
pessoas o marido é a melhor pessoa do mundo
A Lei 11.340/06, em seu art. 7º demonstra algumas considerações e
estabelece critérios objetivos para categorizar o que seja a violência doméstica
e familiar contra a mulher. Assim dispõe o artigo 7º dessa Lei.
Art. 7 º São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher,
entre outras:
I. A violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua
integridade ou saúde corporal;
II. A violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe cause
danos emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e
perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar
suas ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça,
constrangimento, humilhação, manipulação, isolamento, vigilância
constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, ridicularização,
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que
lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação;
III. A violência sexual, entendida como qualquer conduta que a constranja
a presenciar, a manter ou a participar de relação sexual não desejada,
mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza a
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a
impeça de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao
matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição, mediante coação,
chantagem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o exercício
de seus direitos sexuais e reprodutivos;
IV. A violência patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos,
instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos
ou recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas
necessidades;
V. A violência moral, entendida como qualquer conduta que configure
calúnia, difamação ou injuria.”

3.1 Violência Física.


 
Ocorre quando uma pessoa, que está em relação de poder em relação a
outra, causa ou tenta causar dano não acidental, por meio do uso da força
física ou de algum tipo de arma que pode provocar ou não lesões externas,
internas ou ambas. Segundo concepções mais recentes, o castigo repetido,
não severo, também se considera violência física (BRASIL, 2002, P. 15).

3.2 Violência Psicológica.

É toda ação ou omissão que causa ou visa causar dano á autoestima, à


identidade ou ao desenvolvimento da pessoa. Inclui: ameaças, humilhações,
chantagem, cobranças de comportamento, discriminação, exploração, crítica
pelo desempenho sexual, não deixar a pessoa sair de casa, provocando o
isolamento de amigos e familiares, ou impedir que ela utilize o seu próprio
dinheiro. Dentre as modalidades de violência, é a mais difícil de ser
identificada. Apesar de ser bastante frequente, ela pode levar a pessoa a se
sentir desvalorizada, sofrer de ansiedade e adoecer com facilidade, situações
que se arrastam durante muito tempo e, se agravadas, podem levar a pessoa a
provocar suicídio (BRASIL, 2002).
3.3 Violência Sexual.
 
A violência sexual se torna vários atos ou tentativas de se obter uma
relação sexual através de coação ou força, tanto no casamento quanto em
outros relacionamentos.
A violência sexual é cometida na maioria das vezes por autores
conhecidos das mulheres envolvendo o vínculo conjugal (esposo e
companheiro) no espaço doméstico, o que contribui para sua invisibilidade.
Esse tipo de violência acontece nas várias classes sociais e nas diferentes
culturas. Diversos atos sexualmente violentos podem ocorrer em diferentes
circunstâncias e cenários (OMS, 2020).
 
3.4 Violência Patrimonial.
 
A violência patrimonial se define como qualquer conduta que configure
retenção, subtração, destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos
de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou recursos
econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades (OMS,
2020).
A violência patrimonial está inclusa em três condutas: subtrair, destruir e
reter. É preciso ter coragem e discernimento para sair desse tipo de violência
pois muitas das vezes é preciso recorrer à justiça.

3.5 Violência Moral.


 
A violência moral configura-se diante de qualquer conduta que acarrete
calúnia, difamação ou injúria, conforme aponta (FEIX,2021 p. 17):"A violência
moral está fortemente associada à violência psicológica, tendo, porém, efeitos
mais amplos, uma vez que sua configuração impõe, pelo menos nos casos de
calúnia e difamação, ofensas à imagem e reputação da mulher em seu meio
social."
A violência moral está ligada à uma ideia de inferiorização e
desqualificação da vítima, o objetivo é humilhar a vítima em público, reforçando
um sistema social que abaixa a auto estima da mulher.
4- ALGUNS MOTIVOS QUE LEVAM A VIOLÊNCIA CONTRA MULHER QUE
SÃO MAIS UTILIZADOS.

A prática da violência doméstica acontece devido a vários fatores que


facilitam esse ato, sendo eles tanto de cunho social como de cunho econômico.
Porém, o que se tem conhecimento é que o princípio básico está no fato de um
dos elementos da família olhar para o outro como se fosse um objeto que lhe
pertence, do qual ele acha que tem direito sobre ele. Sobretudo, nos casos
onde os agressores são homens que fazem das suas mulheres vítimas, por
achar que elas estão em desvantagem, por achar que são indefesas.
Tal situação decorre do fato de que, na maioria das famílias, o homem é
o chefe da casa, e que a mulher depende dele para quase tudo, visto que é ele
quem sustenta a família, por isso, acha-se o dono de todos os seus membros e
no direito de violentá-las (RISTUM, 2017).
Fazem parte dessa realidade vários casos de mulheres mortas pelos
seus maridos ou namorados.
  Ristum (2017 p. 54) esclarece que o causador da violência doméstica e
familiar coloca em jogo vários fatores complexos, dentre os quais os fatores
socioeconômicos estão em alta. Isso aceita que seja feita uma relação entre
pobreza e fome com a criminalidade, e em meio a isso tudo a miséria conduz
para o roubo e a prostituição; o desemprego ou a ausência de renda levam à
clandestinidade, o que se torna uma tentadora forma de obter ganhos fáceis, a
fim de se incluírem dentro do consumismo.
A violência doméstica geralmente tem motivação fútil. O alcoolismo,
drogas e questões financeiras são fatores mais fortes, mas é o machismo
confessado no sentimento de posse que causa a maioria absoluta de casos do
tipo.

4.1 Ciúmes.
 
Grande parte dos casos de violência contra mulher acontece após o fim
do relacionamento, motivados por ciúmes.O Ciúmes é a principal causa de
violência contra as mulheres, a violência decorrente do inconformismo com o
fim do relacionamento ocorre por haver uma relação de poder, que pode partir
e uma simples insatisfação até chegar ao nível mais extremo (SARNEY, 2018),
devido ao fato do homem achar ser o dominador e a mulher a dominada, enfim,
o agressor vê a mulher como um objeto e não como um ser humano.
  Esse tipo de violência é uma das mais preocupantes, pois pode levar a
estágio mais extremo, que é a morte.
  Existem dois tipos de ciúme: o protecionista e o patológico. O normal ou
protecionista é manifestado quando o ciumento se sente ameaçado por alguma
situação, e quer proteger a pessoa que ama. Já o patológico, pode ser
vislumbrado pelo medo que o ciumento possui de perder a pessoa amada,
deixando de ser racional. Aqueles que trabalham diariamente com o tema
violência doméstica, tenho certeza, entendem apenas que o ciúme é um
sentimento vil, banal. Os casos são tantos, que o ciúme se torna um vilão da
pior espécie. O ciumento acredita em suas alucinações, enxergando o que só
ele vê (ADES, 2020).
Muitos sustentam atos ciumentos afirmando “amor”. Porém, quando
esse terrível sentimento passa a ser sofrimento para o casal, o sinal de alerta
deve ser acionado. Pesquisa do Data Senado em 2011 afirma que em 27% dos
casos registrados no Brasil de violência doméstica, são ocasionados por ciúme.
O instituto Avon, também em 2011, apontou que 48% das mulheres vítimas de
violência doméstica disseram que o sentimento de posse foi a mola propulsora
para o fato (BARROS, 2018).
 
4.2 Negligência no Cumprimento de Tarefas.

Existem relatos de mulheres que acreditam que a violência acontece por


não realizarem as tarefas domésticas, como cozinhar e limpar a casa, o que
muitas vezes as fazem sentirem-se merecedoras de violência, o marido chega
em casa e se tudo não estiver conforme espera já é motivo para a violência.
  A discriminação de gênero vem desde muitos séculos atrás, quando a
mulher não tinha autonomia sobre sua própria vida. Em casa com seu pai, a
mulher somente era autorizada a ter sua “realização pessoal”, no casamento e
na maternidade, pois era ensinada a viver para o marido sabendo cozinhar,
costurar e fazer tarefas domésticas. Ou seja, no período do namoro e noivado,
a mulher fazia um “preparatório” para aprender a ser esposa e mãe. O espaço
para a mulher era somente das relações pessoais e de responsabilidade
cuidando dos outros (RECHTMAN E PHEBO, 2021)
O papel de submissão ao homem, que algumas mulheres sustentam
vem desde muito antes primeiro do pai quando morava com a família e depois
ao marido, impedido que a mulher se visse como uma pessoa merecedora de
melhor atenção, digna, se ver como um ser “livre” e totalmente capaz de “andar
com suas próprias pernas”. Pois quase todas as decisões que lhe diziam a
respeito deviam passar pela autoridade masculina, sem sequer procurar saber
sua opinião ou desejo de si mesma, muitas vezes era simplesmente
comunicada do papel social ou familiar que deveria cumprir.
Algumas negligências no cumprimento das tarefas domésticas
representa uma acusação à mulher de desvio do seu papel de dona de casa.
Esta acusação negligencia, porque a obrigação de ser boa dona de casa é um
imperativo categórico absoluto, que vem de gerações antigas. E isso porque o
homem tem direito a um lar bem cuidado. Novamente o espancamento
acontece quando a mulher desobedece ao que o homem impõe e acha que é
um direito seu inquestionável.
Quando as mulheres não cumprem essas obrigações, então recebem a
agressão como uma justa punição, por não ter se comportado dentro do papel
que deveria desempenhar, que lhe fora ensinados na sua infância e
adolescência. Para elas agressão vem redimir sua culpa por não ter cumprido
suas obrigações do lar, como esposa. É um raciocínio absolutamente
equivocado e de absoluta subordinação.
No entanto normalmente os homens cobram e as mulheres se sentem
devedora. A causa da violência é essa uniformidade de pensamento entre os
dois: ele bate porque acha que tem direito de bater e ela apanha achando que
merece apanhar.

4.3 Falta de Comunicação.


 
A falta de comunicação entre os conjugues representa uma das maiores
causas de conflitos no relacionamento, sem contar que sempre gera violência
tanto física como moral. 
Em lares onde reina a violência entre homem e mulher, com certeza
existe falta de comunicação entre o casal. A falta de conversa entre casais
violentos se estende para além da família chegada. Os casais que usam muita
violência verbal a tendencia é usar também violência física. E a medida em que
a intensidade das palavras grosseiras aumenta, o nível de agressão física
tambem aumenta.
  A violência na relação afetivo conjugal faz parte da relação de
comunicação entre alguns casais, que faz com que o relacionamento tenha
ação nas duas vias, oscilando entre o amor e a dor. Os atos de violência no
vínculo conjugal, sejam físicos, sexuais, emocionais ou psicológicos, são
estabelecidos entre marido e mulher por meio de uma linguagem relacional,
como se fosse um jogo (VIEIRA, 2019).
 
4.4 Álcool.

A violência que acontece contra a mulher no ambiente familiar, muitas


vezes é justificada pelo o abuso do álcool pelo companheiro. O uso do álcool é
muitas vezes utilizado como desculpa para o comportamento violento do
homem e, na realidade, atua com agente desinibidor da violência o qual o
indivíduo já era violento, podendo ser considerado fator agravante da violência,
mas não um fator causal.
A violência contra a mulher é desencadeada pelo uso excessivo de
álcool ou drogas, pois quando os agressores estão no seu estado normal isso
não acontece. Existem muitas evidências de que o álcool e as drogas, têm
muito que ver com o espancamento de esposas. O consumo de bebidas
alcoólicas pelo homem violento apresenta-se, muitas vezes, paralelamente à
violência contra a mulher. A violência conjugal mostra-se com fenômeno social,
pois os maridos se embebedam e batem em suas esposas e muitas delas
podem considerar este ato como a única forma de atenção (VIEIRA, 2020).
 
5- PERFIL DAS VITIMAS.

Quando um homem não tem escrúpulos qualquer mulher está sujeita a


violência doméstica, e não há a menor possibilidade de definir um perfil para as
vítimas pois a violência atinge qualquer uma indiferente de classe social, cor ou
etnia.
Uma vez que a mulher sofre violência ela jamais será a mesma, pois os
danos causados a ela de diversas formas alteram suas vidas, seu modo de
pensar e tambem de agir. A vítima acaba sempre sofrendo com o receio de que
poderá acontecer novamente, se torna uma pessoa desconfiada e muitas das
vezes até evita se relacionar com outros homens temendo que aconteça a
violência novamente.
Por incrível que pareça o número de mulheres que mesmo depois de
sofrer várias agressões ainda permanecem com o agressor, caso sem
explicação. Algumas ficam por medo, mas há tambem aquelas que não se
separam por acreditar que seu companheiro irá mudar, que não haverá
agressões novamente, mas com certeza haverá nova agressão pelo mesmo
motivo ou não.
 
5.1 Fatores Determinantes que Levam as Mulheres a se Sujeitarem a
Violência.

Estudos Brasileiros salientam, que fatores determinantes ao qual muitas


mulheres se sujeitam a está violência seria a baixa renda das mulheres /
vítimas. Relatam que a renda familiar predominante é entre um a três salários –
mínimos (42,6%), seguida pela faixa dos quatro a seis salários (36,1%) e uma
categoria de 39,3% que não exercia atividades remuneradas (JACINTO, 2020).
As pesquisas também demonstraram que a mulher que trabalha fora de
casa é mais consciente da situação. Isto porque o exercício de atividade
profissional assegura- lhe independência econômica, encorajando-a a reagir e
buscar soluções para o seu problema. As estatísticas da violência doméstica
nas grandes cidades coincidem com as do interior do país. Está provado que a
violência doméstica é um fenômeno global, presente tanto nos países
desenvolvidos, como nos subdesenvolvidos e nos que estão em
desenvolvimento. O caso brasileiro está correlacionado à pobreza, baixa
escolaridade e dependência econômica das mulheres. Os homens aparecem
como maiores agressores. Além disso, o preconceito e a discriminação estão
na origem da violência contra a mulher. Muitas mulheres sentem-se
envergonhadas de admitir, mesmo para amigos, que um membro de sua
família (na maioria dos casos o companheiro) pratica violência, e em assim
sendo, não o denunciam (JACINTO, 2020).
  Encontram-se indícios de que as mulheres adiam a denúncia e mantêm-
se em um relacionamento violento (BALLONE, 2001, p.51):“Um deles é a
dependência financeira (bastante comentada nas bibliografias), que, em alguns
casos, não foi confirmada, pois há mulheres que se submetem a um
relacionamento violento, e sustentam os filhos e até mesmo o companheiro
agressor; A dependência emocional do companheiro e a necessidade de ter
alguém como "referência" levam a mulher à submissão e a sujeição às
agressões, que vão da emocional à física e, muitas vezes, intercalam-se; A
criação dos filhos é outro fator importante, pois, muitas vezes, as mulheres
acreditam ser necessária a presença da "figura paterna" na educação; E a falta
de apoio de amigos e parentes também contribui para que as mulheres não
denunciem seus companheiros.”

5.2 Consequências Trazidas Para as Vítimas.


 
No Brasil, como em vários outros países, a delimitação dos prejuízos
psicológicos decorrentes de situações traumáticas é a matéria recente, e,
portanto, não está claramente especificada na legislação. O que gera o dano
psíquico é a ameaça à própria vida ou à integridade psicológica, uma lesão
física grave, a percepção do dano com internacional, a perda violenta de um
ente querido e a exposição ao sofrimento de outros, ainda que não seja
próxima afetivamente (MAROJA, 2017).
Dentre as mais diversas pesquisas sobre as vítimas da violência
doméstica e familiar quanto à caracterização da vítima percebe-se que
(MAROJA, 2017):

 a) a maioria das mulheres tem uma união consensual (57%);


 b) 65% delas tem filhos com este parceiro;
 c) cerca de 40% são do lar e 60% trabalham fora;
 d) sua idade varia de 15 a 60 anos, mas a maioria é jovem (21 e 35 anos
– 65%);
 e) são brancas.
  As mulheres vítimas de violência que sofrem a agressão pertencem a
uma camada social mais baixa, negam submissão, mas referem medo do
agressor, que em sua maioria, é o companheiro, com baixo nível
socioeconômico, usuário de bebida alcoólica, que pratica a violência no
domicílio, sendo o ciúme apontado como a principal causa da violência.
 
.
 CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
O artigo em questão demonstra que a violência doméstica é uma das
formas mais preocupantes de violência existente, na maioria das vezes,
acontece dentro de casa, lugar onde deveria ser de pleno respeito e o afeto
mútuos. E diante de instrumentos adequados para enfrentar um problema que
aflige grande parte das mulheres no Brasil e no mundo, que é a violência de
doméstica, cria-se então a lei de proteção a essas mulheres, na qual no Brasil
conhecemos de Lei Maria da Penha.
A partir da violência contra a mulher, houve um reconhecimento da
necessidade de uma maior e especifica proteção contra as vítimas desta
violência, e que existe uma relação de parentesco com o sujeito ativo ou
daqueles que com ele tenham convivido ou convivam, prevalecendo-se o
agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade.
Nesse contexto foram abordadas as formas de violência doméstica e
familiar contra as mulheres, que sofrem pelos seus parceiros. Portanto, a Lei
Maria da Penha foi criada para coibir qualquer forma de violência doméstica e
familiar contra a mulher, temos a violência física, a violência psicológica,
exploração e limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que lhe
cause prejuízo à saúde
.A violência contra a mulher é uma ofensa à dignidade humana e uma
manifestação de relação de poderes historicamente desiguais entre mulheres e
homens.
A violência doméstica contra a mulher está presente em todas as
sociedades, estima-se que cada um minuto cinco mulheres tenham sofrido
alguma agressão, medidas foram tomadas e leis criadas para resolver ou
amenizar essas situações para proteger as mulheres, porém muita coisa tem
que ser aperfeiçoadas ainda e mesmo assim não irá extinguir todos os casos.
A maneira mais eficaz de combater a violência contra a mulher é
ensinar a todos, e, sobretudo aos que estão em formação, que homens e
mulheres merecem igual respeito e consideração. Só a mudança de
mentalidade, isto é, o distanciamento da cultura patriarcal, permitirá erradicar a
violência contra as mulheres.
Conclui-se que a mulher não é mais submissa ao homem, mas que
mesmo com toda mudança que a história passou homens ainda se sentem no
direito de abusar e agredir mulheres, coisa que na verdade eles não possuem,
pelos simples fato delas não serem um objeto qualquer e sim um ser humano
com direito e deveres como todo ser humano.

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