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Psicologia
Aplicada
Prof.ª Paula Alessandra de Souza Mantilla
Giehl
Prezados alunos, iremos estudar o nosso tema de hoje através de um artigo científico que descreve
muito bem sobre a violência contra a mulher, a atuação do psicólogo jurídico nesses casos e a necessidade
que as mulheres têm desse acompanhamento.
Resumo: O presente trabalho versa sobre a atuação do psicólogo no atendimento de mulheres vítimas de
violência. Aponta como pode ser válida sua atuação no processo de reflexão, socialização,
conscientização e recuperação das mulheres vitimadas. O psicólogo tem um trabalho amplo no
atendimento das clientes que vai desde as visitas a campo, levantamento de dados a partir da versão de
terceiros, confecção de relatórios, reuniões, entre outras tantas tarefas. Mas o que se pretende neste
trabalho, e daí o título, é apontar o seu papel no atendimento direto das mulheres. No entanto, antes de
adentrar no papel e na atuação do psicólogo, propriamente dito, serão apresentados alguns conceitos,
baseadas em variadas consultas bibliográficas a fim delimitar o típico específico de violência que o
psicólogo desta pesquisa irá atender. A intenção não é estender este trabalho de maneira profunda, mas
em breves linhas contribuir para o conhecimento e o reconhecimento do profissional da psicologia que é
de fundamental importância na recuperação de vítimas tão afetadas por uma prática que vem desde o
período em que o Brasil era colônia de Portugal.
Palavras-chave: Violência, Violência contra Mulher, Violência Doméstica, Violência Familiar, Atuação
do Psicólogo.
1. Introdução
No Brasil, quase 2,1 milhões de mulheres são espancadas por ano, sendo 175 mil por mês, 5,8 mil
por dia, quatro por minuto e uma a cada 15 segundos. Em 70% dos casos, o agressor é uma pessoa com
quem ela mantém ou manteve algum vínculo afetivo. As agressões são similares e recorrentes. Acontece
nas famílias independente de raça, classe social, idade ou de orientação sexual de seus
componentes.
De acordo com Lima (2009), a violência contra a mulher é praticada pelos seus companheiros, a
intenção é ter a mulher como sua propriedade e um objeto, o homem é quem determina como a mulher se
veste ou até mesmo pensa, quer mantê-la sob controle.
De acordo com Vilela (2008, p.25):
A violência contra a mulher, praticada por um estranho, difere de um delito praticado por alguém
da estreita convivência da vítima, pois a agressão por uma pessoa da convivência da vítima –
como o marido ou o companheiro –, dado a proximidade dos envolvidos, tende a acontecer
novamente, formando o ciclo perverso da violência doméstica, que pode acabar em delitos mais
graves; enquanto o praticado por estranhos, dificilmente voltará a acontecer.
Embora os termos violência doméstica e violência familiar soem como sinônimo, eles têm suas
próprias características bem definidas. Observando o que descreve a Lei Maria da Penha, em seus
artigos 5º e 7º, que se refere às duas formas de violência, ficam bem evidentes as diferenças entre elas.
Para que se configure o que se chama de violência doméstica, é suficiente a ocorrência de qualquer
agressão, no domicilio da vítima, mas sem a existência de vínculos entre as partes.
Ao seu termo, a violência familiar consiste no ato de qualquer forma de agressão em que as partes
tenham algum vínculo familiar como cônjuges, genitores, filhos, sobrinhos, tio, etc.
A Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), em seu artigo 5º, definiu violência doméstica como
sendo:
Art. 5º. Para os efeitos desta Lei, configura violência doméstica e familiar contra a mulher qualquer ação
ou omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico, e
dano moral ou patrimonial:
I – no âmbito da unidade doméstica, compreendida como espaço de convívio permanente de pessoas, com
ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente agregadas;
II – no âmbito da família, compreendida como a comunidade formada por indivíduos que são ou se
consideram aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou por vontade expressa;
III – em qualquer relação íntima de afeto, na qual o agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida,
independentemente de coabitação.
No seu art. 6º, a referida Lei diz que “a violência doméstica e familiar contra a mulher constitui uma das
formas de violação dos direitos humanos”.
Conclusão
Ficou evidente, a partir das linhas expostas nos capítulos anteriores, que diferente do que possa
parecer, a violência praticada contra as mulheres não é algo novo, já vem desde quando os europeus
puseram os pés em solo brasileiro. Os motivos para violência são vários, os danos causados são
incomensuráveis e profundos. Não apenas os físicos, mas principalmente os de cunho psicológico.
Restou claro que cuidar de uma vítima de violência, não é apenas afastá-la de seu agressor, mas é
dar a oportunidade para que ela se abra e tente reaver a estabilidade e o equilíbrio que possuía antes de
ficar cativa do sofrimento. Neste aspecto de revisitar a si mesma, de refletir sobre a situação em que vive
ou que viveu e procurando dar um rumo novo é que se faz necessária à presença do profissional da
psicologia que possui as ferramentas, os métodos para auxiliar tais indivíduos.
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