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Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres

ANÁLISE DOS DETERMINANTES SOCIAIS E PSICOLÓGICOS DA VIOLÊNCIA


DOMÉSTICA CONTRA MULHERES

Marianne Vasconcelos da Silva¹


Rosa Maria da Rocha Cunha²
Fernando Figueiredo dos Santos e Reis³
Centro Universitário Unievangélica de Anápolis

Nota do Autor

1- Estudante concluinte do curso de Psicologia da UniEvangélica de Anápolis.


2- Estudante concluinte do curso de Psicologia da UniEvangélica de Anápolis.
3- Mestre em Psicologia Social, Professor-orientador do curso de Psicologia da
UniEvangélica de Anápolis.
Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres

Resumo

Este artigo discute uma importante realidade que envolve as mulheres da sociedadebrasileira,
mulheres que vivem em situação de violência doméstica.Baseando nos dados estatísticos
atualizados, cada vez maiores, propõe-se analisar alguns determinantes para a perpetuação desta
violência.Percebe-se que o perfil da mulher que passa por esta circunstância de violência
doméstica, em alguns casos, pode ser possivelmente a falta de identificação do que é um ato de
violência contra estas. À medida que se conhece os fatores, é possível o enfrentamento e a
assistência a estas mulheres que se encontram nesta realidade de vulnerabilidade social,
econômica e psicológica, promover a qualidade de vida e, consequentemente, o declínio do
feminicídio no Brasil.
.

Palavras- Chave: violência, mulher, enfrentamento, feminicídio.


Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres
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A violência contra a mulher

Vivemos em um mundo de extrema agressividade. Há violência entre indivíduos,


familiares, amigos e colegas de trabalho, cônjuges, enfim, sofremos, e também somos
causadores de violência a outros. Em específico, a violência doméstica é um dos tipos de
violência que é praticada entre os membros que habitam no mesmo ambiente familiar em
comum, podendo acontecer entre pais e filhos, pessoas com laços de sangue ou unidos de forma
civil, sendo, assim, marido e mulher. De acordo com dados da Secretaria de Estado de
Segurança Pública do Distrito Federal1, a violência doméstica é um problema enfrentado
predominantemente pelas mulheres, quatro em cada dez mulheres brasileiras já foram vítimas
de violência doméstica.
Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) a violência é um fenômeno extremamente
difuso e complexo cuja definição não pode ter exatidão científica, já que é uma questão de
concepção. A noção do que são comportamentos aceitáveis e inaceitáveis, ou do que constitui
um dano, está influenciada pela cultura e submetida a uma contínua revisão à medida que os
valores e as normas sociais evoluem (Lima, 2009). De acordo com o website Relógio da
Violência,2 coordenado pelo Instituto Maria da Penha, a cada 2.0 segundos uma mulher é vítima
de violência física ou verbal. Neste website indica-se que a cada 7.2 segundos uma mulher é
vítima de violência física e cada 2.6 segundos uma mulher sofre violência verbal, dentre outros
dados estatísticos.

Conforme as autoras Casique & Furegato (2006), o vocábulo violência vem da palavra
latina vis, que quer dizer força e se refere às noções de constrangimento e de uso da
superioridade física sobre o outro. As autoras salientam que a violência possui características
bem definidas, embora existam mulheres que não conseguem identificar circunstâncias de
violência.

A primeira causa, no entanto, é a força do patriarcado e a imagem do homem como


“salvador”. Nesse caso a mulher fica dependente do homem, não se sente capaz de ser
autônoma. Mesmo que haja a possibilidade de emancipação financeira, a mulher em muitos
casos se vê dependente emocionalmente do parceiro; estas mulheres relatam que ter um homem
confere certo “status”, a legitima como mulher, desta forma tende a se culpabilizar, protegendo

1
Disponível em: www.ssp.df.gov.br

2
Disponível em: www.relogiodaviolencia.com.br
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o agressor e o relacionamento na esperança de que o homem paralise a ação violenta. Visto que
demonstra um ideal de amor romântico, assim o casamento e a submissão são valores
construídos na família, na sociedade e na religião, já que contrariá-los seria ir contra sua própria
identidade.

A segunda causa é este ideal de amor romântico. A mulher inicia um relacionamento,


desenvolvendo a violência neste relacionamento, posteriormente acreditando na força
transformadora do amor, esta mulher tende a interpretar a obsessão e controle deste homem
como, por exemplo, ciúme, e que “faz parte” da relação. Provavelmente esta mulher é levada a
permanecer nesta situação de violência por este motivo, na esperança de que o parceiro se
transforme. Este homem não é o “homem ideal”, portanto ela se vê no dever de torná-lo, a
chamada mulher onipotente. Essas relações são pautadas por fortes contextos sociais que
atribuem modelos e papéis aos gêneros, ao sexo e às relações amorosas, a mulher sofre culpa e
vergonha e se vendo na possibilidade de ficar sozinha ou configurar uma imagem de
incompetente, se deixar a relação.
Portanto, o terceiro fator importante é a autoestima da mulher, que precisa de
“empoderamento”, esta palavra foi criada para designar que esta mulher deve emanar
valorização à vida, rever valores e a forma como significa essa relação. Freud (1927-1931)
afirma que as mulheres transferem parte de sua libido para si, assim, o pretenso amor ao parceiro
provém de uma necessidade de se sentir amada e desejada, sendo assim um desejo narcisista.
O sentimento de inferioridade se concebe de um “eu” empobrecido que exige do amor do outro,
para não se fragilizar ainda mais.

A proposta desta pesquisa é discutir alguns fatores psicológicos que podem,


provavelmente, acometer a violência doméstica contra as mulheres, e que podem, em
decorrência, trazer consequências irreparáveis se não combatida com possíveis enfrentamentos.
Por ser considerado o “sexo frágil”, a mulher inserida na cultura brasileira é vista como inferior
e dependente. Portanto é de suma importância a discussão sobre como a mulher pode enfrentar
as situações de violência das quais estão sendo acometidas, já que conhecendo algumas
determinantes que influenciam esta situação de vulnerabilidade, pode-se de forma preventiva
atuar e obter bom êxito.

Segundo Frankl (1984) “cada época tem sua própria neurose coletiva” e percebe-se que
estamos no momento da violência contra a mulher estar em pauta com mais veemência,
especificamente da agressão no âmbito doméstico. O autor fala de um vácuo existencial que
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afirma ser a neurose em massa da atualidade, descrito como nulismo ou a falta de sentido no
ser; esta falta de sentindo na vida estaria banalizando assim os relacionamentos familiares? Para
o autor, a vontade de sentido é mais dominante que a economia mental e mais profundo que a
lógica; para ele o ser humano está constantemente fazendo uma opção diante da massa de
potencialidade. As mulheres em situação de violência devem se apoderar dessas capacidades
inerentes ao ser humano, que de alguma maneira não estão clarificados para as mesmas, e isso
seria possível através de psicoterapias. O amor vem com liberdade e proatividade, ao invés da
mulher permitir que alguém assuma o controle de suas vidas. É preciso estabelecer
procedimentos e limites, das quais ela deve envolver-se, “o que irá tolerar?” ou “o que permitirá
que faça com os seus corpos?”, com estes questionamentos possivelmente estará pronta para
impor seus limites quando chegar o momento.
A percepção da vítima de violência precisa ser o primeiro passo a ser observado em
qualquer situação de agressão, ou seja, a identificação da mulher diante do ocorrido. De acordo
com Mondardo & Mantovani (2009) o insight significa o que faz a pessoa ter a compreensão e
o raciocínio lógico de seus aspectos emocionais e intelectuais e, na elaboração destes aspectos,
ocorre quando este é adquirido, assim é aplicado a determinadas situações, possibilitando uma
maior consciência do padrão de comportamento. Posteriormente, apontamos algumas possíveis
determinantes, com medidas preventivas que podem evitar consequências fatais, como por
exemplo, o feminicídio.

Martins (2017) ressalta que diante das diversas formas de violência que afligem as
mulheres, a Organização das Nações Unidas (ONU), em 2010,realizou no Brasil e vários outros
países um estudo sobre a violência contra a mulher, a fim de analisar este grave problema e
suas consequências. De acordo com a autor, este tipo de realidade pode acontecer emtodos
níveis sociais, porém mulheres mais escolarizadas e por terem mais acesso a informações
conseguem buscar ajuda e sair desta circunstância opressora. Evidencia-se através deste estudo
que a violência física é constantemente ocasionada por membros da família (42,3% do total de
ocorrências) e também que grande parte das agressõesocorrem no seu cotidiano, declarando a
importância deste presente estudo.

Blay (2003) nos indica que historicamente no Brasil, sob o pretexto do adultério, o
assassinato de mulheres era legítimo antes da República e, que em outras décadas devido à
cultura patriarcal, se sentiam acuadas a denunciarem os agressores, mas que atualmente isso é
visto de forma diferente. Segundo a autora (p 87 e 88)“... essas mudanças trouxeram o contato
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com comportamentos e valores de outros países, os quais passaram a ser confrontados com os
costumes patriarcais ainda vigentes embora enfraquecidos.”
A cultura em que os homens e mulheres são inseridos e ambientam suas vivências
influenciam de certa forma seus comportamentos. “A violência praticada contra a mulher, nas
diferentes formas como se apresenta hoje, no Brasil e no mundo, em especial aquela que ocorre
no ambiente doméstico e familiar é, sobretudo, consequência da evolução histórica de hábitos
culturais fundamentados em discursos patriarcais. Assim, inferem muitos profissionais de
diferentes áreas de atuação, bem como acadêmicos e agentes políticos que atuam no combate à
violência doméstica e de gênero” (Poder Judiciário do Estado do Rio de Janeiro3, 2007). Blay
(2003) diz que para enfrentar esta cultura machista e patriarcal são necessárias políticas públicas
transversais que atuem modificando a discriminação e a incompreensão de que os Direitos das
Mulheres são Direitos Humanos. Um dos exemplos de políticas transversais é a criação de mais
delegacias especializadas com profissionais capacitados para articularem da melhor maneira
situações de violência. Outro exemplo que provavelmente poderia diminuir o número de
agressores, seria a incluir no cronograma escolar de crianças, jovens e adultos o tema violência,
liderados por discussões e informações este programa traria possivelmente a reflexão e
consciência aos indivíduos.

Análise dos determinantes da violência contra a mulher

Historicamente falando, a mulher sempre teve um papel conservador, sendo a


inocência, a pureza, e a castidade, comportamentos considerados adequados e destinados ao
público feminino (Coulanges, 1996). Segundo o autor, as filhas deveriam seguir os passos da
mãe, caso não, era lhe atribuída a vida religiosa, e ao sair da casa de seus pais não podia
trabalhar, estudar ou ter vontade própria, obedecendo fielmente ao seu marido, repetindo a
conduta de sua mãe.

O fator histórico é verídico no Brasil, quando que por meio da mídia jornalística no
site Bandnews4se lê: “O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de violência contra a

3
Disponível em: www.tjrj.jus.br/web/guest/observatorio-judicial-violencia-mulher/vdfm/dados-
estatisticos/acoes-distribuidas
4
Disponível em: www.bandnews.com.br
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mulher. Por aqui uma mulher é assassinada a cada duas horas. Aos 19 anos, Yasmim Dias,
viveu de perto o drama de perder a mãe vítima de feminicídio”.

Marques & Amorim (2015) salientam que a partir do capitalismo, ocorre a separação
entre a vida pública e a vida privada e a essência da mulher se encontra no espaço doméstico
cuidando dos filhos. A industrialização é marcada pela inserção das mulheres no mercado de
trabalho, onde lutam por melhores condições de salário e uma carga horária mais flexível.
Mesmo trabalhando fora, a mulher continua a exercer as atividades do lar.

Blay (2003) nos cita que a violência contra o gênero feminino aumentou devidoà
industrialização, tempos em que ao saírem de casa se colocaram na sociedade com a finalidade
de contribuir com melhoria de renda para a família. A autoracontinua enfatizando que os valores
femininos tiveram mudanças consideráveis, e o valor do patriarcado passa não ter mais forças
como dantes. Além disso, os crimes por paixão, os ditos passionais deveriam, segundo Blay
(2003), serem vistos mais de perto e o olhar do homem para esta mulher, romantizado e
passional, deveria ser desconstruído.

Um estudo feito por Martins (2017) constatou que em relação à violência doméstica,
cerca de 34% das mulheres de sua pesquisa, já foram vitimadas pelos seus parceiros, e que as
vítimas são principalmente mulheres entre 20 a 24 anos. Em matéria publicada pelo websiteda
Bandnews5 (2019)nos informa que em todo o Estado do Rio de Janeiro, foram registrados mais
de 111mil processos de violência contra a mulher no ano passado (se referindo ao ano de 2016).
Em 2017, foram registrados apenas 101.850 novos casos. A atuação da Central Judiciária de
Abrigamento Provisório da Mulher Vítima de Violência Doméstica (APMVVD) realizou 1.389
atendimentos, são 289 a mais que o ano anterior e quase o dobro do que em 2016.

Entende-se que os determinantes da violência doméstica se não combatidos, podem


possivelmente, se em ocorrência frequente, causar o aumento do número de feminicídios no
Brasil e, consequentemente, no mundo.

Segundo enfatiza Silva e Oliveira (2015) existem alguns fatores recorrentes que podem
vulnerabilizar a mulher: 1) Antecedentes familiares de atos violentos; 2) Uso de álcool pelo
parceiro; 3) Desemprego; 4) Pobreza; 5) Baixo nível econômico da vítima; 6) Baixo suporte
social ofertado a mulher; 7) Dependência emocional em relação ao agressor.

5
Disponível em https://bandnewsfmrio.com.br/editorias-detalhes/brasil-ocupa-5o-lugar-no-ranking-mundial-de-v
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1. Antecedentes familiares de atos violentos:

De acordo com Lins, Salomão, Lins, Féres-Carneiro & Eberhardt (2015) a criança,
desde muito cedo, através da interação com o meio físico e social, realiza uma série de
aprendizados. Segundo os autores, ela vivencia um conjunto de experiências e age sobre o meio
cultural a que tem acesso, construindo uma série de conhecimentos que absorve do ambiente e
do mundo que a cerca.Percebe-se que se um indivíduo que anteriormenteviveu em sua infância
em uma cultura familiar, e que esta proporcionou vivenciar em um ambiente violento,
possivelmente tende a reproduzir o aprendizadoabsorvido.

Um determinante que visivelmente pode-se demonstrar, por exemplo, em pais que se


comunicam gritando com seus filhos, provavelmente estas crianças quando adultas, irão possuir
um volume de voz mais alto do que aquele que viveu sua infância em ambientes silenciosos ou
com baixo volume, de acordo com Setton (2002), explicitando a teoria do habitus, que significa
reter aprendizado que orienta suas ações.

2. Uso de álcool pelo parceiro:

Em um estudo feito por Freitas (2014) salienta-se que historicamente o uso de álcool
modifica a percepção do ser humano, com isso provocando alterações psicossomáticas. É a
droga mais antiga usada pela humanidade. A autora enfatiza que o álcool vem se transformando
em um grave problema de saúde pública, acarretando danos tanto em níveis psicológicos,
sociais, familiares e econômicos, dentre outros. Observa-se neste estudo que o comportamento
do indivíduo que abusa de substâncias como o álcool, vê-se acometido de alterações biológicas,
chegando ao ponto de provocar problemas de saúde críticos. Como não pensar em complicações
de saúde mental e cognitiva? O corpo funciona integralmente, se uma parte se comprometer
outra também possivelmente poderá ser afetada. O uso de álcool provoca entorpecimento e
empobrecimento das funções do organismo, portanto pode ser considerado um fator que
prejudica e desenvolve falhas e noções agressivas como forma de ataque ao outro.
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Pode-se acrescentar também, que o uso de drogas, em curto ou em longo prazo, e


dependendo da substância, pode ocasionar mudanças drásticas na percepção e reflexos
neurológicos. De acordo com um estudo feito por Elicker, Palazzo, Aerts, Alves & Câmara
(2015) o uso de substâncias psicoativas podem expressar comportamentos agressivos e
violentos, pois os usuários destas substâncias sentem-se como que ausentes de limites. A
intenção do indivíduo ao utilizar substâncias que alterem seu comportamento pode ser
proposital para que este, munido de coragem cometa ,por exemplo, violência com outrem.

3. Desemprego:

Silva (2000) evidencia que a identidade sexual e de gênero do homem vitoriano na


antiguidade estava intrinsecamente ligada à representação do seu papel na sociedade. Os traços
que os descreviam, voltava-se para a forma de se vestir, a forma de andar, a maneira de se
comportar, a entonação de voz e etc. Assim, como também, era ressaltada a forma física, a
musculatura, os contornos do corpo masculino, a elegância, o vigor físico e a beleza, e por fim,
as qualidades psicológicas do homem como a agilidade, a coragem, a distinção, a bravura, o
heroísmo.

A sociedade masculinista burguesa na década posterior, dado essa premissa, construía,


assim, a nova imagem de homem, e como consequência vieram as duras provas pelas quais o
homem deveria enfrentar, como as lutas, como um dos componentes do comportamento
masculino. Compreende-se que o autor nos direciona que o papel masculino era desde a
antiguidade de característica de heroísmo, potencializando a ideia de que quando este homem
se encontra em uma circunstância de não provimento (herói), provavelmente possa se sentir
inferiorizado e atraindo situações e conflitos de estresses para seu convívio familiar.

Em alguns casos este homem, por se sentir frustrado em seu papel como o patriarca, por
conseguinte, entra em colapso psicológico e emite informações disfuncionais de
comportamento, emitindo sinais violentos, por exemplo, em sua comunicação. O desemprego
pode trazer possivelmente esta desestruturação emocional ocasionando no surto de sua
frustração, agressões físicas e psicológicas a quem está mais próximo de seu convívio, por sua
vez, a companheira.
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4. Pobreza

Moura Junior, Cidade, Ximenes & Sarriera (2014) enfatizam que a pobreza se constitui
por alguns indicadores e que estes possuem uma complexidade tal, que é necessário um estudo
aprofundado sobre o assunto em questão. De acordo com Rosaneli, Ribeiro, Assis, Silva &
Siqueira (2015) a pobreza pode causar insuficiência no desenvolvimento humano no âmbito
psicológico, social e físico. Segundo os autores é um problema que pode ocasionar a falta de
empoderamento, pois as condições de alimentação e estrutura de moradia influem sobre a saúde
mental. Moura (2012) afirma que as pessoas pobres são popularmente consideradas sujeitos
com agressivas implicações, causadoras de circunstâncias penosas e geralmente por isso
recebem o tratamento discriminatório, por consequência, se considerando inferiores não
merecedores de tratamentos de qualidade, sejam eles tratamentos de saúde ou educacional. Não
recebendo um tratamento educacional com qualidade, por exemplo, se tornam sujeitos
“ignorantes” à maneira como deve se comportar em meio a sociedade ou o tratamento no
tocante ao outro, visto que foram privados de aprendizados sobre noções de cidadania e bons
costumes.

Considera-se fator de risco a estrutura educacional e de saúde precária, para que o


indivíduo se desenvolva de maneira funcional, pois com uma debilitada alimentação e
processos de saúde ruins provavelmente não se considerarão indignos e manterá um olhar
valorado a sua existência. Conforme os autores Rosaneli, Ribeiro, Assis, Silva & Siqueira
(2015) citam que pobreza absoluta contribui para efeitos perigosos à família.

5. Baixo nível econômico da vítima

Observa-se que de acordo com Rosaneli, Ribeiro, Assis, Silva & Siqueira (2015) que o
indivíduo privado e envolvido por uma realidade de padecimento em relação à sobrevivência
física, necessidades básicas de acesso à alimentação, saúde, habitação e saneamento básico,
possivelmente podem possuir debilidades em desenvolvimento humano funcional, pois aceitam
a ideia de que são excluídos socialmente e que não merecem o respeito e consideração devida.
Nota-se este fato, no relato verídico de Jessica Aronis, no Tedx São Paulo (2018) disponível
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no website Youtube6, por exemplo, o companheiro pediu que Jessica abandonasse o trabalho,
por consequência, esta não recebia mais nenhuma provisão financeira para seu sustento
autônomo, já que não exercia função profissional nenhuma, passando, assim, a depender de
condições básicas de alimentação e moradia que o companheiro oferecia. O próximo passo foi
o rebaixamento social e, por fim a violência física autorada por este homem.

A vítima de violência doméstica por estar em vulnerabilidade financeira se submete ao


tratamento do parceiro, seja ele qual for. Percebe-se que o determinante apresentado pode
ocasionar a dependência total ao companheiro, tanto emocional quanto psicológica, física ou
financeira, pois desacreditada a mulher passa a se comportar com inferioridade e assim
contribuindo para que provavelmente aconteça agressão psicológica, física, verbal e
patrimonial.

6. Baixo suporte social disponível as mulheres vítimas de violência

Apoio social tem a ver com as relações que uma pessoa estabelece na vida e que podem
influenciar de forma significativa a definição da sua personalidade e o desenvolvimento.
A qualidade das interações em diferentes contextos sociais tem sido objeto de estudos
de muitos pesquisadores que comprovam o impacto positivo ou negativo das mesmas
sobre a saúde física e emocional das pessoas. (Juliano & Yunes, 2014)
É notório que no Brasil, as redes de apoio social e psicológico não demonstram grandes
avanços. Dependendo do município, sequer existe um centro de apoio e nota-se a ausência de
delegacias gerais ou especializadas para que esta mulher que vive em situação de violência
possa se reportar.

Baseado nesta premissa percebe-se que a falta de suporte social as mulheres contribui
para o agravamento ou o crescimento de circunstâncias de violência, pois estas se vêem
desamparadas. Devido à privação de não possuir orientações de profissionais capacitados, estas
mulheres ficam à mercê do homem agressor, que por sua vez se sente livre e desimpedido para
atuar de forma violenta e desmedida.

7. Dependência emocional em relação ao agressor

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Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=FFdgiQqyQNg&t=15s
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A responsabilização do "amor" pelas situações de violência conjugal não é algo novo.


Em verdade, a bandeira do combate à "violência contra a mulher" surge no país, de 1980
a 1990, devido a ação dos movimentos feministas e das mulheres que denunciavam a
impunidade dos crimes, que por sua vez, terminavam sem condenação e com a
justificativas de que eram cometidos "por amor" ou "em defesa da honra". Em boa parte
desses casos, utilizava-se um argumento que ficou conhecido como "legítima defesa da
honra", quando se alegava que o homem agiu apenas para proteger sua honra ferida pelo
comportamento da mulher, terminando muitos julgamentos numa verdadeira
responsabilização desta pela violência (Corrêa, 1981).
Segundo Freud (1930/1978, p 133), o homem guarda em sua essência uma grande quota
de agressividade, e faz do seu próximo o alvo de toda a sua agressividade, por vezes sem motivo
algum. Em sua maioria, aguarda uma provocação para manifestar-se em sua agressividade. Em
virtude desta agressividade, a sociedade se vê ameaçada de desintegração de tal maneira que
dispara grandes quantidades de energia para recalcá-la e definir limites. O autor salienta que
para se defender, a civilização incita o ser humano a identificações e a vinculação de laço social,
almejando o relacionamento amoroso, constrangido em sua finalidade. O homem, ao desferir
contra sua companheira formas de resolver os conflitos com palavras e atitudes agressivas
evidencia a teoria de liberação desta energia. Evidencia-se que homens que participaram de
Grupos Reflexivos, autores de violência, que foram subjugados judicialmente a participar deste
grupo, relataram que,inicialmente, sentiam um sentimento de posse emocional sobre suas
companheiras e que não entendiam que esta mulher deve ser autônoma e livre emocionalmente.
Após participarem deste grupo reflexivo, percebiam que a forma com que se impunham à
mulher e a tornava dependente emocional.
Por outro aspecto,Lacan (1975/1986) diz que o sujeito é um lugar vazio, sem
significantes. A partir do momento que lhe é concedida alguma característica, esse sujeito passa
a ser um significante, ou o grande “Outro”. As mulheres que permanecem em situação de
violência doméstica atribuíram características imaginárias, ou seja, ideais a esses maridos, já
que não lhes correspondem. Em paralelo, esse “Eu” ideal narcísico que as fazem objeto de
desejo do “Outro”, impedem que elas saiam dessa relação de violência.
Entende-se que estas colocam o homem como um “deus” e reforça que estes indivíduos
possuem o direito e poder de tratá-las como lhe aprouver. Salienta-se que este fator é o mais
enfático, pois o determinante psicológico lidera de fato a permanência desta mulher no âmbito
de violência. Crenças e pensamentos negativos levam estas mulheres a um posicionamento de
aparente omissão diante de ocorrências agressivas e perigosas. O desejo desta mulher de suprir
sempre a necessidade de suas carências por uma figura masculina suprime a denúncia sobre as
atrocidades vivenciadas no meio familiar.
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De acordo com Martins (2017) a existência de filhos com o agressor também lhe conduz
à posição de rendição, à condição de dependência emocional, visto que não quer ver os filhos
crescerem sem o pai e assim se submetendo ao julgo da agressão.

O perfil das vítimas de violência doméstica

Apesar de diferentes teorias no aspecto psicológico, em que visamos ser o primeiro


aspecto a ser percebida, a violência doméstica contra as mulheres tem uma estreita relação com
o enfoque social também. Observa-se que as mulheres estão inseridas em ambientes
profissionais e familiares e que sua convivência social perante a sociedade pode se refletir de
forma disfuncional se não vista de maneira considerável. Em terceiro plano, observar as
condições biológicas que podem provavelmente contribuir para a incidência. Logo após
momento verificar o grau da violência sofrida por esta mulher.
De acordo com Lynch (2006) a vítima tende a apresentar um perfil comum: ser
envergonhada, com dificuldade em reagir, caladas, conformadas, passivas, deprimidas e
altamente dependentes sob o ponto de vista emocional. Aos olhos masculinos, exibe-se uma
figura inocente e desprovida de apoio social e familiar, tornando-se presas fáceis. Freud (1996,
p 243) afirma que uma coisa remanescente nos homens, vindo da influência do complexo de
Édipo é um certo desprezo em sua atitude para com as mulheres, a quem encaram como
indivíduos castrados, por não possuir o “falo”, referente a teoria observada. O autor enfatiza
que a mulher, por sua vez, reconhece este seu estado de castração e que por esse fato considera
o homem superior, enaltecendo-o e rebaixando-se.
Guedes & Gomes (2013) apontam que a violência doméstica e familiar, seja ela física,
psicológica, sexual, patrimonial ou moral envolve, na verdade, mais do que tapas, socos,
empurrões e ameaças. As autoras afirmam que muitas vítimas chegam a declarar que vivem em
situação de violência não por dependência material, já que são elas que arcam com todas as
despesas do lar (alimentação, saúde, educação, lazer). Expõem que quando se há filhos na
relação, o caso é bem diferente, submetem-se à conduta ofensiva do cônjuge para que os filhos
não cresçam sem pai, evidenciando mais um determinante neste estudo analítico.
Em um estudo feito por Rodrigues & Joffer (2015), o patriarcado é o homem que domina
“o cabeça” da relação, do lar e da mulher. Cultural e fisicamente, ele foi criado para dominar
por ser o mais forte. Até então se pode concordar que a força física masculina é superior em
relação às mulheres, mas seria a força física uma forma de desculpa para manter o poderio?
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Socialmente o homem tem como missão ser o “forte” na relação, condicionalmente algumas
mulheres, provavelmente, podem absorver esta ideia de que a força física seja algo imposto
tradicionalmente e que não devem questionar ou se negar a passar por tratamento negativo e
violento.
Entende-se que a aceitação de um tratamento interpessoal violento seja ele físico, verbal
ou psicológico podem,consequentemente,ocasionar a evolução do quadro para um possível
feminicídio. Visto que os limites são alargados e a liberdade para que o desrespeito fique
descontrolado, poderá ser uma questão de tempo. O que pode ser comprovado através do estudo
apresentado no I Congresso Internacional de Política Social e Serviço Social: Desafios
Contemporâneos, apontando dados e ranking do Brasil, ocupando o 7º lugar mundialmente,em
relação ao feminicídio.
De acordo com Diniz & Pondaag (2004), muitas acreditam que precisam manter o
casamento, a qualquer custo, mesmo que o custo seja ser agredida constantemente. Muitas
mulheres não se sentem à vontade e nem no direito de se queixar ou opinar, pois o espaço delas
é o micro, o privado e o silêncio. Demonstrando,mais uma vez,um perfil vulnerável a
sentimentos de insuficiência e inferioridade.
Guimarães & Pedroza (2015) citam que o violento suprime da vítima sua capacidade de
simbolização e tem também sua própria capacidade suprimida ao não conseguir mais operar em
termos de linguagem, nem interpor a palavra entre ele e o outro. Evidenciando, assim, o
adoecimento psicológico da vítima. Neste caso, a mulher que é vítima de abuso ou violência
doméstica necessita de cuidados psicológicos.
Os autores Schraider, D’Oliveira, Junior, Strake e Oliveira (2000) apontam também que
esta situação costuma ser crônica e que estas mulheres fazem um uso mais intenso dos serviços
de saúde, tanto ambulatorial como hospitalar, delineando-se assim uma frequência expressiva.
Não obstante, algumas pesquisas apontam uma maior prescrição de analgésicos, tranquilizantes
e encaminhamentos para serviços de saúde, ainda que não se afirme um diagnóstico. Como os
determinantes desta circunstância de violência que é,a raiz do problema não é abordada, estas
condutas podem acabar por atrapalhar, paleando, assim, a gravidade do problema. Estas
mulheres possuem uma taxa maior risco de ideação suicida e estes encaminhamentos e
medicações aparecem como que demonstrando que o problema é fundamentalmente delas e de
sua forma de compreensão errônea norelacionamento. Evidencia-se um perfil de uma mulher
que carrega a culpa, afinal de contas quem está ingerindo remédios e fazendo tratamento não
foi o agressor e, sim, a vítima.
Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres
15

O aspecto psicológico evidencia a interferência da continuidade destes eventos,


incumbidos de um grau elevado de agressividade e demonstrando a disfunção e falta de
habilidade social para lidar com episódios inerentes ao tema.
Dada a relevância da questão, o 5º dos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável na
pautaOrganização de Desenvolvimento Sustentável (ODS) apresentados nos projetos para a
Agenda 2030 pela Organização das Nações Unidas (ONU), estipula como meta o alcance da
igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas. Além dele, outras 12
pautas incorporam explicitamente metas desagregadas por sexo, sendo que todos podem ser
lidos a partir da perspectiva de gênero.
Especificamente no Brasil, criada em abril de 2013, pela jornalista Juliana de Faria, a
Think Olga7 é uma ONG feminista online, que tem como objetivo “criar conteúdo que reflita a
complexidade das mulheres e as trate com a seriedade que pessoas capazes de definir os rumos
do mundo merecem”, com temas que abordam mulheres que possuem um perfil frágil e
desencorajado perante a situação de violência que vive. A ONG define sua missão e sua luta
resumidamente, em empoderar as mulheres e garantir a elas segurança de que suas escolhas
devem ser respeitadas e consentidas sem opressão. Beneficia e alcança mulheres pertencentes
a várias classes sociais e modos de vida, respeitando sempre a personalidade destas.
Percebe-se que através de dados apresentados no website Relógios da Violência 8 sobre
a violência doméstica, é necessário a discussão deste tema, objetivando o enfrentamento desta
realidade e as causas que podem ocasionar transtornos psicológicos, sequelas graves ou até
mesmo o feminicídio.O feminicídio tem se revelado de forma crescente no Brasil. Este estudo
se resume na prevenção e promoção de saúde, possibilitando saídas assertivas para as mulheres
que se encontram nesta realidade de desequilíbrio emocional.
Um estudo feito por Porto & Bucher-Maluschke (2014) apontam algumas prováveis
causas que levam as mulheres a permanecerem em situações de violência mesmo com a
implantação de medidas de proteção; com base nisso, foram entrevistadas doze psicólogas que
atendem ou atenderam mulheres em relacionamentos violentos, quanto à motivação de
permanecerem nesses relacionamentos. Este estudo se fundamenta em autores como Freud que,
com o conceito de masoquismo, como uma posição culturalmente atribuída a mulheres, mas
não limitada a elas (Freud, 2007/1924, p.108), o conceito e atribuição de “homem” e “mulher”
como construções sociais (Kehl, 2008, p.254, apud. Porto & Bucher-Maluschke, 2014), Laurent

7
Disponível em:https://thinkolga.com/
8
Disponível em: www.relogiodaviolencia.com.br
Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres
16

(2012) citado por Porto & Bucher-Maluschke (2014) afirmando o feminismo com uma reação
contra a ordem patriarcal, dentre outros. Foram realizados estudos qualitativos e quantitativos
que visavam entender a atuação do psicólogo no atendimento à mulher (CFP, 2008, 2010 e
Hanada, D’Oliveira & Schraiber, 2008, 2010, apud. Porto & Bucher-Maluschke, 2014). Em
ambos, os resultados constataram-se que a intervenção psicológica é restrita e até mesmo inábil
para o tipo de serviço oferecido de acompanhamento psicológico voltado para o sofrimento
psíquico, defendendo uma atuação na situação social da mulher. Segundo Garcia (2008, apud.
Porto & Bucher-Maluschke, 2014).
Cloud & Townsend no livro “Limites” (2013, p 176) nos indica que, as pessoas que
estabelecem limites demonstram autocontrole e responsabilidade pelos próprios atos e agem de
forma responsável enfrentando o cônjuge. De acordo com os autores, impor limites é uma
prática de amor no casamento. A família é considerada uma instituição social formada por dois
ou mais indivíduos, sendo estes responsáveis cada um por sua conduta.Os autores continuam
com o alertam que cada um deve assumir responsabilidade pela raiva, birra e decepção do outro,
mediante as exigências dessa pessoa permitindo a ela seu comportamento dominante. “Os
limites dizem respeito a você não ao outro, os limites passivos, como o retraimento, a birra, os
casos extraconjugais e o comportamento passivo-agressivo, são destrutivos para o
relacionamento; esses limites devem ser comunicados verbalmente e depois por atitudes”
(Cloud & Townsend, 2013).
Thomas Hobbes (2009, p 244) argumenta que não podemos pretender que alguém dê a
outro o direito de agredir sua pessoa, pois quando se estabelece um estado cada cidadão
renuncia ao direito da defesa alheia, mas não da defesa de si próprio.
Porto & Bucher-Maluschke (2014) diz que “o amor está para as mulheres o que o sexo
está para os homens: necessidade, razão de ser, fundamento identitário”, dessa forma a mulher
tem a carência de ser amada e não de amar, um desejo narcisista no qual ocorre a introjeção do
objeto no ego, ou seja, o desprezo por si é o desprezo pelo outro. Diante disso, não se devem
pautar as relações violentas apenas pela dependência emocional ou financeira, mas incluir uma
necessidade de amor e reconhecimento. Por fim, a última causa é a necessidade de realizar um
desejo; aqui caímos na concepção de masoquismo freudiano, não como prazer pela dor, mas
suportar a dor como forma de
alcançar um desejo, seja para manter o padrão de vida, o bem-estar dos filhos, o ideal de amor
romântico ou o medo da mudança, de arcar com uma vida completamente diferente.
A mulher em algumas ocasiões é vista com um perfil de “objeto sexual” popularmente
dito em expressões masculinas como “comer” ou “pegar, por vezes as próprias mulheres
Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres
17

assumem esse papel. Já que não possuem uma consciência crítica em relação ao lugar que ocupa
e, por conseguinte, não buscam os seus direitos. Há a questão da imagem da família em si, esta
mulher não denunciava ou se separava do companheiro agressor por medo da perda desta
imagem, a figura de uma pessoa exemplar na sociedade. O medo surge quando surge o
pensamento, “o que as pessoas vão achar é relevante?”ou afirmações como “não sou uma boa
esposa” ou “não sou uma boa mãe”.
O perfil do papel religioso que a mulher deseja expressar, possivelmente pode ser um
dos fatores que contribui para essa ocasião de agressão, pautada pela teoria da Bíblia Sagrada
cristã, por exemplo, evidencia-se que Deus criou o homem (Adão) a sua imagem e semelhança
e de sua costela fez a mulher (Eva) de modo interpretativo sugerindo com que seguidores desta
doutrina acreditem que o homem é divino e a mulher apenas um subproduto deste divino. Os
comportamentos desta mulher começam a se refletir em se considerar inferior ao homem,
evidenciando um perfil de “submissão” distorcido.
Quando a primeira Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) foi inaugurada, a maior parte
das denúncias dizia a respeito ao espancamento ao invés de estupro, fortalecendo os argumentos
dos grupos de feministas que alegavam e reivindicavam a inclusão do dano e do homicídio na
competência das DDMs, fatos esses que sugeriam que as mulheres espancadas tinham mais
disposição para denunciar do que as vítimas de estupro ou outras formas de violência, fato este
que ainda persiste nos dias de hoje.
Os movimentos feministas têm contribuído para o desenvolvimento crítico do perfil da
mulher que permanece nesta realidade de violência. A participação feminina merece destaque,
essa participação dirige-se a reivindicações específicas relacionadas ao consumo coletivo e
também reivindicações ditas gerais, no contexto da luta das classes trabalhadoras, estes
movimentos se mostram fortes, e é importante que se fortaleça e que as mulheres atinjam
méritos na sociedade e que transformem este perfil frágil e desprotegido.A perda do medo de
denunciar a violência sofrida é importante, seja física quanto moral, e é necessário que a
sociedade se mobilize e que todos, independente do gênero, possamos ter apoio social e
psicológico, assim todos seremos vistos como iguais.
Existem ONGs, projetos, delegacias que protegem as mulheres que se de certa forma se
identificam com estes perfis. Buscando meios como, por exemplo, um boletim de ocorrência e
assim registrando em uma delegacia policial o ocorrido, a violência da qual a vítima acusa, esta
mulher deixa de ser invisível a sociedade consequentemente criando um perfil de mulheres
fortes e conscientes dos seus direitos. Demonstrando assim, que de fato é um assunto que não
deve ser deixado de lado.
Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres
18

Vale ressaltar que, a vitimização das mulheres na rede de combate à violência contra a
mulher, passa por vários atendimentos ao longo dos anos, mostrando que a rede que deveria
lhes dar suporte não atua de forma rápida e eficaz; outra questão importante são as atribuições
dadas aos psicólogos que é nebulosa e confusa. O judiciário, por sua vez, tem como objetivo a
punição do agressor e o cumprimento das leis pertinentes ao caso em específico. Já os
psicólogos têm um importante papel de auxiliadores no processo, onde seu trabalho seja ouvir,
acolher e compreender as partes envolvidas inicialmente, após aplicar medidas assertivas
através de técnicas competentes a sua função.

A legislação brasileira sobre a violência contra a mulher

A Lei nº 11.340/06 foi batizada com o nome de “Maria da Penha” em homenagem à


biofarmacêutica Maria da Penha Fernandes, vítima de violência por parte do companheiro,
Marco AntonioHeredia Viveros, o qual tentou matá-la duas vezes. A primeira vez,Heredia
disparou com arma de fogo contra Maria da Penha em suas costas, deixando-a paraplégica. Na
segunda vez, tentou eletrocutá-la enquanto tomava banho. Após 15 anos sem uma decisão final
em relação ao crime, cometido por seu esposo, Maria da Penha recorreu aos tribunais
internacionais. Peticionou junto à Comissão Internacional dos Direitos Humanos da
Organização dos Estados Americanos (OEA). Utilizando-se da exceção do artigo 46, inciso
dois - c, da Convenção Americana, o qual reza que há admissibilidade da petição se a jurisdição
interna apresentar atraso injustificado. A regra para que a vítima peticione ao Tribunal
Internacional é o esgotamento das vias internas (Violência Contra A Mulher). Maria da Penha
usou em sua petição os artigos 1º, 24 e 25 da Declaração Americana dos direitos dos homens,
bem como os artigos 3, 4, a, b, c, d , e, f, g, 5 e 7 da Convenção de Belém do Pará.
No ano de 2001, a Comissão responsabilizou o Estado Brasileiro por negligência,
omissão e tolerância em relação à violência contra as mulheres. O caso de Maria da Penha foi
o primeiro a aplicar a Convenção de Belém do Pará. A mesma começou a atuar em movimentos
sociais contra a violência e impunidade e atualmente é coordenadora de Estudos, Pesquisas e
Publicações da Associação de Parentes e Amigos de Vítimas de Violência (APAVV) no Estado
do Ceará no Brasile autora do livro “Sobrevivi, posso contar”. (Violência Contra A Mulher). A
Lei Nº 11.340 criada em 07 de Agosto de 2006, também conhecida popularmente como Lei
“Maria da Penha”, tem como objetivo, lidar de forma adequada com a problemática da violência
domestica. (Ministério da Justiça do Brasil)
Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres
19

Através da Lei Maria da Penha, o agressor pode possivelmente ser punido de 1 a 3 anos
de reclusão, tendo a obrigação por mandato judicial, participar de programas de reeducação
social. Na cidade de Anápolis, no Estado de Goiás, a instituição Faculdade Evangélica Raízes,
através de estagiários do curso de Psicologia, desempenham este trabalho, chamado Grupo
Reflexivo, com o objetivo de conduzir o homem agressor a reflexão sobre temas variados da
qual este indivíduo é inserido na sociedade brasileira, além disso solucionando dúvidas sobre
legislação através de estagiários do curso de Direito.
A lei 11.340/06, também chamada de lei Maria da Penha, dentro desses 13 anos desde
a sua criação, tem colaborado, para que novas denúncias sejam feitas. As mulheres
empoderaram-se dessa ferramenta que trouxe um novo olhar que viviam em várias formas de
violência doméstica, desde então a lei não estagnou, ela tem se atualizado e acompanhado as
mudanças sociais e psicológicas; uma das últimas mudanças foi sancionada pelo ex-presidente
Michel Temer no ano de 2018, o atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica
ganhou novas regras, no tocante a atuação das autoridades policias, os atendimentos periciais e
policiais especializados que devem ser, preferencialmente, por servidoras mulheres, um avanço
significante.
A última mudança foi feita em 08 de novembro de 2019, pelo Presidente da República
Jair Messias Bolsonaro, para garantir a matrícula dos dependentes da mulher vítima de violência
doméstica e familiar em instituição de educação básica mais próxima de seu domicílio, e serão
sigilosos os dados da ofendida e de seus dependentes matriculados ou transferidos. A
responsabilidade é de toda sociedade, na educação e criação dos filhos, ensinando desde cedo
o respeito pela dignidade humana, pois é na educação que o ser humano encontra condições
para superar a si mesmo e conviver de maneira mais respeitosa possível.

Considerações Finais

O poder do homem é socialmente legítimo, seja no papel de esposo, seja no papel de


pai; a força física masculina continua fazendo a diferença nos lares, em todas as camadas sociais
e em família distintas, a vulnerabilidade física feminina acaba detendo explosões de ódio e
agressividade sobre aquele que lhe agride, inclusive é visto como um provedor a ser
reverenciado e digno de afetos, recíproco ou não.
A criação do Conselho Estadual da Condição Feminina (CECF) que está relacionada a
políticas no âmbito do universo feminino e seus direitos tem como finalidade promover o
enfrentamento da violência doméstica contra as mulheres. A violência contra mulheres era uma
Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres
20

das prioridades do CECF, entendendo-a como um problema social, estrutural e multifacetado


e, para que houvesse uma resolução, deveria ser compreendido em todas as dimensões, além
de ser ajuizado por todas as mulheres em situação de violência, o problema não poderia ser
tratado de outra forma senão através de serviços integrados devido a sua complexidade. O
primeiro obstáculo encontrado, na já difícil batalha contra a violência doméstica, era o descaso
que as mulheres enfrentavam ao fazer uma queixa.
Admitindo o machismo presente nessas instituições, o governo Montoro cria em 1985 a
primeira Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), um projeto proposto por Michel Temer, na
época o então Secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, tendo em vista o sucesso
de outras delegacias especializadas também criada pela mesma gestão. Ao longo de seis meses
o governo e as feministas discutiram e negociaram os termos do decreto de criação da primeira
Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), o Estado absorveu parcialmente as propostas feitas
pelas feministas, porém deixaram de lado outras questões.
Atualmente existem as Unidades de Delegacia Especial de Atendimento a Mulher
(DEAM), estas são unidades especializadas da polícia civil para atendimento às mulheres em
situação de violência, têm caráter preventivo e repressivo, devendo realizar ações de prevenção,
apuração, investigação e enquadramento legal, as quais devem ser pautadas pelos direitos
humanos e pelos princípios do Estado Democrático de Direito. Criou-se também o Núcleo de
Atendimento Especializado à Mulher (NAEM), cujo objetivo é garantir a toda mulher em
situação de violência doméstica e familiar o atendimento jurídico específico, humanizado e
gratuito nos termos que estabelece a Lei 11.340/2006 (Brasil, 2006). Os Núcleos ou postos de
atendimento à mulher em situação de violência, em geral, contam com equipe própria nas
delegacias comuns.
As defensorias da mulher têm a finalidade de dar assistência jurídica, orientar e
encaminhar as mulheres em situação de violência; é órgão do Estado responsável pela defesa
das cidadãs que não possuem condições econômicas de ter advogados contratados por seus
próprios meios. As Casas-Abrigo são locais seguros que oferecem moradia protegida ao
atendimento integral às mulheres em risco de morte iminente em razão da violência doméstica.
É um serviço de caráter sigiloso e temporário, onde as usuárias permanecem por um período
determinado, durante o qual devem adquirir condições necessárias para retomar o curso de suas
vidas.
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) e o Centro de Referência
Especializado de Assistência Social (CREAS) são as principais unidades da política de
Assistência Social que fazem parte da rede de proteção social, mas cada um tem um papel
Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres
21

diferenciado. O CRAS busca prevenir a ocorrência de situações de risco, antes que estas
aconteçam; enquanto que o CREAS trabalha com pessoas em risco, onde já se instalou o
problema, o indivíduo já está em risco, os seus direitos estão sendo violados, sendo vítimas de
violência, física, psíquica e sexual,negligência,abandono, ameaça, maus tratos e discriminações
sociais. Todas as equipes do CRAS e CREAS contam com orientação jurídica, descrito no
informativo do website do Ministério Especial do Desenvolvimento Social do Brasil9.
O modelo de coping (enfrentamento) proposto por Lazarus e Folkman (1984) envolve
quatro conceitos principais: (a) coping é um processo ou uma interação que se dá entre o
indivíduo e o ambiente; (b) sua função é de administração da situação estressora, ao invés de
controle ou domínio da mesma; (c) os processos de coping pressupõem a noção de avaliação,
ou seja, como o fenômeno é percebido, interpretado e cognitivamente representado na mente
do indivíduo; (d) o processo de coping constitui-se em uma mobilização de esforço, através da
qual os indivíduos irão empreender esforços cognitivos e comportamentais para administrar
(reduzir, minimizar ou tolerar) as demandas internas ou externas que surgem da sua interação
com o ambiente.
Diante de todo conteúdo, percebe-se que a violência contra a mulher é um tema de
grande relevância, pois evidencia a cultura e a sociedade em que esta mulher está inserida. O
desenvolvimento humano deve acontecer de forma funcional e saudável. Evidencia-se através
das pesquisas apresentadas que existem determinantes que influenciam, para que o homem
cometa agressões contra a mulher. Percebe-se que existem argumentos concretos e outros
subjetivos que fazem também com que esta mulher permaneça em uma situação de violência
doméstica, mas aponta-se saídas reais para que esta mulher possa obter apoio social e físico,
enquanto se ergue emocional, psicológica e financeiramente. De fato é um assunto que não deve
ser colocado de lado. Deixamos uma questão para que em outros estudos possam se aprofundar.
Estes locais de apoio social e psicológico estão sendo eficaz no combate a violência crescente
na sociedade brasileira? As metodologias adotadas por estes centros de apoio social estão
alcançando resultados positivos?

9
Disponível em:www.mds.gov.br
Análise dos Determinantes Sociais e Psicológicos da Violência Doméstica Contra Mulheres
22

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