Você está na página 1de 19

UNIVERSIDADE UNIANDRADE

PSICOLOGIA

ANDRIELE AMORIM
ELISANDRA CRISTINA GOBER

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

CURITIBA

2022
ANDRIELE AMORIM

ELISANDRA CRISTINA GOBER

VIOLÊNCIA A MULHER

Projeto de Psicologia apresentado como


requisito para obtenção de nota parcial da
disciplina de Trabalho de Conclusão do
Curso de Graduação em Psicologia,
ministrado no Centro Universitário Campos
de Andrade sob orientação da professora:
Maria Luiza.

CURITIBA

2022
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO .............................................................................................. 4

1.1. JUSTIFICATIVA .......................................................................................... 6

1.2.OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 6

1.3.OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 7

2.MÉTODO ...................................................................................................... 7

2.1ABORDAGEM ............................................................................................... 7

2.2 TIPOS DE PESQUISA - PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA7

2.3 TIPOS DE PESQUISA - PROCEDIMENTO DE APRESENTAÇÃO DA


PESQUISA ......................................................................................................... 8

2.4 ANÁLISE DE DADOS .................................................................................. 8

3.REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................... 9

3.1CONCEITUAR RELACIONAMENTO ABUSIVO ........................................... 9

3.2DESCREVER DIFERENTES TIPOS DE VIOLENCIA LIGADOS AO


RELACIONAMENTO ABUSIVO ....................................................................... 10

3.3ANALISAR OS PRINCIPAIS MOTIVOS DESCRITOS NA LITERATURA


PARA A PERMANENCIA DA MULHER NUM RELACIONAMENTO ABUSIVO10

3.4APONTAR O PAPEL DA PSICÓLOGIA NESSE CONTEXTO DE CASOS DE


RELACIONAMENTO ABUSIVO CONTRA A MULHER ................................... 15

4.CRONOGRAMA .......................................................................................... 17

REFERÊNCIAS .............................................................................................. 17
4

1. INTRODUÇÃO

O presente estudo pretende analisar os fatores que levam mulheres


vítimas de agressão permanecerem em um relacionamento abusivo. Tendo
como objetivo verificar na literatura sobre o assunto, conceituando um
relacionamento abusivo, os diferentes tipos de violência contra a mulher, as leis,
o atendimento médico e psicológico oferecido as vítimas de violência feminina e
o perfil da vítima e do agressor. Para isso utilizou-se como metodologia a revisão
bibliográfica de caráter analítico. Para a realização da pesquisa foi utilizado
livros, periódicos e artigos científicos. Definiu-se critério de inclusão, artigos
publicados em diferentes anos, tendo em vista a dimensão que a violência
doméstica tem tomado na sociedade atual, outro critério a considerar diz respeito
aos descritores em ciências da saúde. Foram incluídos neste estudo artigos que
apresentassem descritores como: violência doméstica, abuso psicológico,
feminicídio, violência contra a mulher, suas combinações e variantes em
português e inglês. Para as pesquisas nas bases não foi limitado a algum idioma
na tentativa de obter quantidade relevante de referencial teórico. Levando-se em
consideração o número de casos de feminicídio no Brasil, torna-se necessário
conhecer o perfil da vítima e agressor, para melhor atender os casos de violência
contra mulher como forma de evitar que culmine em morte.
A agressão contra a mulher é um indicie que tem aumentado cada dia
mais. Esse fenômeno está presente em todas as classes sociais. E considerada
um grave problema de direitos humanos e de saúde pública. Suas
consequências atinge a vida, a saúde, a integridade física, danos patrimoniais,
sexuais e psíquico do ser humano. Fundamentados na diferença de gênero.
Em nosso país, contamos com uma lei voltada para o atendimento dessas
vítimas. A Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, nos incisos do
art. 5º, define violência doméstica ou familiar contra a mulher como sendo toda
ação ou omissão, baseada no gênero, que cause morte, sofrimento físico, sexual
ou psicológico e dano moral e patrimonial, no âmbito da unidade doméstica, da
família e em qualquer relação íntima de afeto, em que o agressor conviva ou
tenha convivido com a agredida (CELMER, 2010).
5

Em defesa das mulheres vítimas da violência de gênero, Maria da Penha


conta sua história de sobrevivência no livro “Sobrevivi…. posso Contar”. Neste
livro é relatado a violência sofrida por ela e suas três filhas. O propósito seria de
contribuir com transformações urgentes, pelos direitos das mulheres a uma vida
sem violência.
A violência contra mulher é manifestada de várias formas. A grande parte
dessa violência é acometida dentro de sua própria residência, sendo essa
praticada por pessoas próximas e de sua convivência na maioria pelos seus
companheiros. Praticada de diferentes formas, como, agressões verbais, físicas
e psicológicas.
Quais os fatores que podem contribuir para o aumento violência contra
mulher? São vários, dentre eles estão o ambiente agressivo inserido, ensinado
que para ser respeitado deve dominar os mais fracos seja com agressão verbal
ou física. Uso de drogas e álcool, desemprego, baixa estima, depressão, maus-
tratos, machismo e progressão de violência levando as vítimas a ser
hospitalizadas e em casos extremos o óbito.
O aumento da violência contra mulher se deu pela situação caótica na
qual estamos enfrentando com o vírus do Covid-19. O desemprego a
contaminação e os isolamentos sociais, fez com que a convivência familiar
aumentasse e esse convívio nos trouxe graves consequências como o aumento
de violência contra a mulher.
6

1.1. JUSTIFICATIVA

O presente tema escolhido, foi nos apresentados, em aulas e passamos


a ter a percepção do aumento significativo da agressão contra mulher em nossa
sociedade
O feminicídio é a última consequência da violência contra a mulher. São
diversos os casos de violência doméstica no Brasil, sendo que a maioria dos
casos as vítimas preferem omitir-se, temendo perder a própria vida ou a de seus
entes queridos, pois o agressor costuma ameaçar a mesma de forma constante.
Algumas dessas vítimas procuram unidade de saúde para atender seus
ferimentos físicos, mas acabam sendo mal orientadas por profissionais
despreparados, que não sabem a melhor maneira de acolher essas mulheres e
poder auxiliar as mesmas a saírem desse problema.
Atualmente no Brasil contamos com uma lei voltada para o atendimento
dessas vítimas.

A Lei 11.340/06, conhecida como Lei Maria da Penha, nos incisos do


art. 5º, define violência doméstica ou familiar contra a mulher como
sendo toda ação ou omissão, baseada no gênero, que cause morte,
sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral e patrimonial, no
âmbito da unidade doméstica, da família e em qualquer relação íntima
de afeto, em que o agressor conviva ou tenha convivido com a
agredida. (CELMER, 2010, p.72).

Tendo em vista o aumento de casos de feminicídio no Brasil, torna-se


urgente estabelecermos formas de melhor atender as vítimas e evitar que esse
número se torne ainda maior, uma das medidas é oferecer um bom atendimento
amparo médico e emocional para as mesmas.

1.2. OBJETIVO GERAL

Investigar na literatura quais os fatores que levam a mulher permanecer


em um relacionamento abusivo, percebendo quais os fatores que levam a mulher
a permanecer em um relacionamento abusivo.
7

1.3. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Conceituar relacionamento abusivo;


 Descrever diferentes tipos de violência ligados ao relacionamento
abusivo;
 Analisar os principais motivos descritos na literatura para a permanência
da mulher em um relacionamento abusivo;
 Apontar o papel da psicologia no contexto de casos de relacionamento
abusivo contra a mulher.

2. MÉTODO

2.1 ABORDAGEM

O presente estudo constitui em uma revisão bibliográfica de caráter


analítico a respeito da violência doméstica e outras formas de violência contra a
mulher. A coleta de dados foi realizada no período de 22 de fevereiro à 10 de
abril de 2022, e utilizou-se para a pesquisa livros, periódicos e artigos científicos.
Foi definido como critério de inclusão: artigos publicados em diferentes anos,
tendo em vista o tempo em que a violência doméstica é algo problemático em
nossa sociedade, outro critério a considerar diz respeito aos descritores em
ciências da saúde. Foram incluídos neste estudo artigos que apresentassem
descritores como: violência doméstica, abuso psicológico, feminicidio, violência
contra a mulher, suas combinações e variantes em português e inglês. Para as
pesquisas nas bases não foi limitado a algum idioma na tentativa de obter
quantidade relevante de referencial teórico.

2.2 TIPOS DE PESQUISA - PROCEDIMENTO DE EXECUÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa que será utilizada para a elaboração deste trabalho de


conclusão de curso será a Pesquisa bibliográfica, que está inserida
principalmente no meio acadêmico e tem a finalidade de aprimoramento e
atualização do conhecimento, através de uma investigação científica de obras já
8

publicadas. Esse tipo de pesquisa é concebido por diversos autores, dentre eles
Marconi e Lakatos (2003) e Gil (2002).
Os instrumentos que serão utilizados na realização da pesquisa
bibliográfica são: livros, artigos científicos, teses, dissertações, anuários,
revistas, leis e outros tipos de fontes escritas que já foram publicados entre os
anos de 2010 e 2022 com relação ao tema escolhido e vinculado a alienação
parental e os prejuízos para a criança com base de fundamentação teórica nos
seguintes bancos de dados: Lilacs, Scielo, PubMed, PepsiCo e outros que
possam ser úteis durante a pesquisa.
Esses autores ressaltam a importância da pesquisa bibliográfica, isto pois
compreende todo material já publicado sobre o tema de interesse. Este tipo de
pesquisa objetiva o contato atual e direto com tudo o que foi pesquisado e já
discutido sobre o assunto, expondo assim, novos pensamentos e discussões
propondo conclusões inovadoras.

2.3 TIPOS DE PESQUISA - PROCEDIMENTO DE APRESENTAÇÃO DA


PESQUISA

Utilizaremos os métodos da Pesquisa Explicativa e Descritiva, onde a


primeira tem como preocupação central identificar os fatores que determinam ou
que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este tipo de pesquisa é
aprofundado no conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê
das coisas (GIL, 2002). Já a segunda descritiva é direcionada para responder
alguma dúvida ou questionamento. Tendo como objetivo primordial a descrição
das características de determinada população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre variáveis (EVÈNCIO et al, 2019). A pesquisa
explicativa pode ser a continuação de outra descritiva, posto que a identificação
dos fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente
descrito e detalhado (GIL, 2002).

2.4 ANÁLISE DE DADOS

Para a realização da análise de dados, utilizaremos o método não


numérico qualitativo tendo como principal objetivo transcrever sobre a explicação
9

e compreensão da violência contra a mulher, enfatizando as consequências e


contextos do mesmo tendo como foco no processo e não em questão da
quantidade como a análise quantitativa. Sendo assim, iremos analisar textos,
artigos, livros, revistas e dados online para obtenção de informações e conteúdo.
A análise qualitativa envolve duas atividades, sendo que uma delas trata de
desenvolver uma consciência dos tipos de dados que podem ser examinados e
como eles podem ser descritos e explicados (GIBBS, 2009). Ou seja, a análise
será baseada em dados textuais com intuito de coletar informações sobre o tema
proposto, visando descrever e analisar os fatores psicológicos causados na
mulher agredida.

3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 CONCEITUAR RELACIONAMENTO ABUSIVO

Na literatura podemos encontrar vários fatores que demonstram quando


um relacionamento é abusivo, trata-se de um fenômeno mundial, que atinge
diferentes culturas, etnias, políticas e regimes políticos (PIMENTA, 2011). A
violência caracteriza-se pelo uso da força física, psicológica ou intelectual, como
finalidade de obrigar outra pessoa a realizar algo que vai contra sua vontade, é
constranger, limitar ou tirar a liberdade, incomodar, impedir alguém de manifestar
seu desejo, sua vontade, fazendo com que a pessoa viva sobre grave ameaça,
ou até mesmo espancando, lesionando ou matando o indivíduo.
Trata-se de uma maneira de coagir ou submeter alguém a seu domínio, violando
seus direitos humanos básicos. Dessa forma a violência é qualquer forma de
repressão ou ofensa física e/ou moral (TELES, MELO, 2003).
A sociedade culturalmente define a função do homem e de mulher, de
maneira delimitada de acordo com os papeis a serem desempenhados por cada
gênero. Os quais são determinados, não de acordo com características
biológicas, inerentes a cada sexo, mas levando-se em consideração aspectos
psicológicos, sociais e culturais constituintes da feminilidade e masculinidade
(MARODIN, 2000)
10

3.2 DESCREVER DIFERENTES TIPOS DE VIOLÊNCIA LIGADOS AO


RELACIONAMENTO ABUSIVO

A violência física não é o único indício de um relacionamento abusivo, a


violência pode ser verbal, emocional, ocorrendo de forma implícita.
Deste modo, o feminicídio é um tema de relevante importância, devendo
ser tratado com seriedade, visando conscientizar as mulheres da necessidade
de perceber os sinais de abuso, violência e discriminação e denunciar seus
agressores para que os casos de feminicídio e a luta pela igualdade e integridade
da mulher possa ser respeitada (NOBERTO, 2020).
A violência conjugal ancora-se na violência de gênero, estando esta
alicerçada no sistema patriarcal, que naturaliza a supremacia masculina
atribuindo socialmente às mulheres o papel de submissão e obediência ao
homem/esposo e de dona-de-casa, devendo ser responsável pelo cuidado com
a casa, filho e marido. Essa construção de gênero, que remete a mulher ao
âmbito privado, nos permite compreender a dificuldade desta em perceber-se
em vivência de violência no espaço doméstico, bem como sua permanência na
relação. Além disso, não podemos deixar de considerar que a “violência conjugal
baixa a autoestima, interfere negativamente na qualidade de vida e pode levar à
morte, mas quase sempre essa morte é simbólica, porque magoa a alma, destrói
os sonhos, rouba a esperança e a vontade de viver”. (GOMES, et.al., 2014, p.63)
O primeiro documento internacional que aborda a violência contra a
mulher, foi aprovado no ano de 1993, na Assembleia Geral das Nações Unidas.
O documento define violência contra a mulher, qualquer ato de violência baseado
no gênero, o qual resulte ou possa resultar em danos ou sofrimento físico, sexual
e psicológico, inclusive ameaça, coação ou privação de liberdade, na vida
pública ou privada (SANTI, NAKANO E LETTIERE, 2010).

3.3 ANALISAR OS PRINCIPAIS MOTIVOS DESCRITOS NA LITERATURA


PARA A PERMANÊNCIA DA MULHER EM UM RELACIONAMENTO
ABUSIVO

Devido ao difícil diagnóstico da caracterização da violência doméstica, a


qual ocorre de maneira silenciosa em ambientes domésticos privados, os quais
11

não são divulgados publicamente, o número de mulheres vítimas desse tipo de


violência, é desconhecido, o que camufla a magnitude desse fenômeno e faz
com que a impunidade dos agressores se torne comum (GOMES, et.al., 2014).

As propostas para a área de saúde têm sido, basicamente, introduzir a


busca ativa de casos, com perguntas rotineiras nas anamneses de
serviços de diversas natureza, tais como pronto socorro, pré-natal,
ginecologia, saúde mental, para a identificação, registro e referência
adequada dos casos sendo que tis propostas estão sento insuficientes
na resolução efetiva. (PIMENTA, 2011, p.22).

Cabe ao serviço de saúde refletir sobre o motivo das práticas adotadas


para o acolhimento da mulher que sofre violência doméstica, ainda não estar
voltado para realizar a quebra de paradigmas do motivo dessa situação de
violência. Adotando práticas que possam prevenir essa situação. A impressão
que se tem, é que a saúde mental da mulher, ainda não foi integrada ao processo
de atendimento oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) nem pelo
Programa de Atenção Integral a Saúde da Mulher (PAISM), mesmo quando a
violência a mulher é considerada um problema de saúde pública, a qual
demanda atendimento psicológico de forma integral e não apenas pontual como
vem sendo tratado (PORTO, 2006).
A violência praticada contra a mulher pode afetar de forma significativa o
processo saúde/doença, devendo ser considerado um problema social, o qual
envolve o âmbito jurídico, a segurança pública, aos movimentos sociais e ao
SUS (MINAYO, 2006; FRANZOI et.al., 2011).
De acordo com Silva (2010), o preconceito em relação ao gênero
feminino, foi estabelecido no início dos tempos, onde a mulher já era vista como
ser inferior, que não detinha os mesmos direitos do homem. Diante disso a
passou a ser tratada com desdém e até mesmo violência, sendo vista como
propriedade e não como ser humano, dessa forma o autoritarismo masculino e
a cultura machista, mostrou-se solo fértil para que a violência se instalasse e
permanecesse nos lares até hoje, pois como sendo um ser superior o homem
tem completo controle sobre a vida da mulher.
A violência e a agressão contra as mulheres, negros e homossexuais, até
bem pouco tempo, eram práticas consideradas tão comuns que passavam
despercebidas como formas de violência em nossa sociedade, onde os grupos
12

oprimidos escondiam o seu sofrimento sem poder sequer denunciá-lo ou


compreendê-lo. As mudanças de consciência na sociedade, se é que de fato
existem – dado o contingente de crimes cometidos contra esses atores sociais
nos últimos anos – traduzem uma nova interpretação da realidade ora vigente.
(SILVA, 2010).
Em um relacionamento abusivo, pode surgir a violência psicológica,
caracterizada pela necessidade do homem, em controlar a mulher, podendo
evoluir para outras formas de agressão, tendo em vista que a violência contra a
mulher inicia de maneira sutil, na maioria das vezes através de xingamentos,
ameaças, humilhações, agravando-se de maneira gradativa, culminando em
violência física ou feminicidio. Dessa forma percebe-se que a violência
psicológica e a porta de entrada para que outras formas de violência contra a
mulher sejam instauradas em um relacionamento (PIMENTEL, 2011).
O praticante de violência psicológica vê o seu parceiro como um objeto, o
agressor não reconhece as emoções e sentimentos da sua vítima. O objetivo de
quem pratica esse tipo de violência e subtrair a vontade do outro, fazendo com
que o outro perca a sua identidade. Tem como finalidade manter o outro
submisso, garantindo sua posição de poder na relação (PIMENTEL, 2011).
A violência doméstica possui agravos que vão desde um empurrão leve
até o óbito. Possui natureza crônica, a agressão a mulher vai muito além de
agravos visíveis, como hematomas e torções, podendo ser associada a
problemas como: baixo peso dos filhos ao nascer, problemas gastrointestinais,
queixas ginecológicas, abortos, gravidez indesejada, abuso de álcool ou outras
drogas, depressão, insônia, suicídio, sofrimento mental, distúrbios alimentares,
dores abdominais e/ou de cabeça, doenças cardíacas (CAMARGO, 2000).
Outra forma de violência é o aviltamento, que tem como objetivo rebaixar
o outro, atingindo sua autoestima de forma negativa, fazendo com que a pessoa
se sinta desvalorizada, ocorre através do uso de palavras depreciativas e
desdenhosas relacionadas ao outro. (PIMENTEL, 2011).
A humilhação é uma forma de violência semelhante, ocorre quando o
homem desrespeita sua parceira, descontando na mesma todas as suas
frustrações, utilizando como uma válvula de escape. Em grande parte dos casos
de violência psicológica tem o intuito de humilhar o outro, há um componente
13

sexual, que gera na vítima vergonha de denunciar esse tipo de violência, devido
a necessidade de se expor, o que muitas preferem evitar (PIMENTEL, 2011).
Há ainda a intimidação, outra forma de violência psicológica, que tem
como intuito despertar o medo e a indiferença nas demandas afetivas do outro.
Tem como característica demonstrar desprezo total ao parceiro, criando um
sentimento de insegurança no parceiro, não há respeito a mulher como ser
humano, que possui sentimentos e emoções, não respeitando nem mesmo seu
estado de saúde (PIMENTEL, 2011).
A ameaça é mais uma forma de violência psicológica, tem como objetivo
atingir o ponto fraco da mulher, utilizando os filhos como “arma”, através da
possibilidade de perder a guarda das crianças, matar a todos, não pagar pensão,
suicidar-se, dentre outros (SOARES, 2005).
De acordo com Ferrante (2008), muitas mulheres continuam vivendo em
situação de violência por possuírem medo de seus parceiros, sem conseguir
vislumbrar uma vida diferente daquela que estão vivendo, sendo que a maioria
delas dependem financeiramente do parceiro, embora essa não seja a única
determinante para dar continuidade a relação. Muitas não possuem condições
mínimas para se inserir no mercado de trabalho, a grande maioria demonstra
medo em não possuir condições financeiras de se manter sozinhas. Além disso
a falta de punição para o parceiro, faz com que as mulheres permaneçam nesse
relacionamento, temendo agressões maiores. Souza e Sabini (2015), relatam
que a dependência emocional, possui grande peso nessa decisão, tendo em
vista que diversas mulheres que estão presas a um relacionamento abusivo, não
dependem financeiramente de seus parceiros, em seus estudos as autoras
perceberam que muitas mulheres preferem ser subjugadas a violência por medo
da solidão.
Vieira (2008), realizou um estudo onde pode-se perceber que o uso de
drogas lícitas ou ilícitas, é um dos principais desencadeadores de violência nas
famílias, ao somar com problemas financeiros, à disponibilidade de armas,
brancas ou de fogo, surgem novos casos de violência doméstica em todo os
país.
Heise (2011), aponta que o perfil da maioria dos agressores, são de
homens que sofreram abuso na infância, apresentam comportamento
antissocial, abusam de álcool, além de possuírem baixa escolaridade. Cita ainda
14

que as mulheres aumentam o risco de serem vítimas ao apresentar um


comportamento de tolerância ao abuso e/ou agressão, dependência financeira e
baixo suporte social.
Em paralelo a esse cenário as vítimas parecem criar mecanismos
específicos para justificar e suportar o mal causado por essas agressões.

Do mesmo modo, houve a tentativa, pelas participantes de amenizar a


situação dos agressores a partir do destaque das qualidades que
possuíam, serem “bons maridos” ou “bons pais”, por exemplo, como
forma de justificar o fato de não terem prestado queixa anteriormente
ou de não terem levado o processo contra eles adiante: “Ele não é
drogado, ele não bebe, não fuma, não joga, não é nada disso, mas só
que nunca se sabe né? Perder ele... nem todo pai é que nem ele”
(Violeta). Destaca-se com isso, a tentativa das entrevistadas em
minimizar a violência sofrida para se convencerem de que o
companheiro não era tão violento quanto parecia (SANTOS e MORÉ,
2011, p.228).

Ao tentar encontrar qualidades para seus agressores, e a compaixão que


demonstram pelos mesmos, cria-se uma justificativa para se esforçar a aceitar
as repetidas agressões, abrindo margem para que as mesmas tomem maiores
dimensões, tornando-se perigosa para a integridade e a vida dessas mulheres
(SANTOS e MORÉ, 2011).
Segundo Bigliardi, Antunes e Wanderboocke (2016), a erradicação e o
enfrentamento da violência contra a mulher, podem ser realizadas através da
conscientização dos indivíduos envolvidos, bem como de toda sociedade, a qual
contribui para a criação e manutenção de valores culturais. O psicólogo pode
criar projetos de conscientização e prevenção dos danos que as violências
contra a mulher podem causar, através de ações educativas de fortalecimento
de vínculos e empoderamento para que essas mulheres possam alcançar a
independência total.
Carcedo e Sargot (2002), entendem que o feminicídio trata-se do
assassinato de mulheres por razões associadas a seu gênero. Sendo
classificada como a mais extrema de violência, baseada na equidade de
gêneros, associando-a ao desejo masculino de obter poder, dominação e
controle sobre a mulher.

São crimes cujo impacto é silenciado, praticados sem distinção de


lugar, de cultura, de raça ou de classe, além de ser a expressão
perversa de um tipo de dominação masculina ainda fortemente cravada
15

na cultura brasileira. Cometidos por homens contra as mulheres, suas


motivações são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda da
propriedade sobre elas (AQUINO e KONTZE, 2015, p.11).

Dias (2006), relata que são vários motivos que levam a mulher a não
denunciar a primeira agressão sofrida, a mulher pode aceitar o conflito por não
desejar separar do parceiro, ou mesmo teme que o agressor seja preso,
procurando socorro e pedindo para que as agressões cessem, somente quando
está cansada de apanhar e com sentimento de impotência.
Estima-se que cerca de 536 casos de violência doméstica, ocorrem por
hora no Brasil, equiparando-se as queixas de violência sexual, por volta de 76%
das vítimas que denunciam agressões sofridas, relatam que o agressor é alguém
conhecido e que a violência ocorreu dentro de casa ou em suas imediações
(FRANCO, 2019).
O masoquismo pode ser um dos motivos para uma mulher permanecer
em um relacionamento abusivo, trata-se de um traço de caráter que se origina
no desfralde, no momento que a criança começa a desenvolver o controle dos
esfíncteres. O indivíduo desenvolve essa característica ao se sentir reprimido,
humilhado e criticado, criando um mecanismo de defesa, onde guarda tudo para
si mesmo, sem levar em consideração seus desejos (TESCHE e WEINMANN,
2018).
Ao expressar seu traço masoquista, a vontade de ser ferido, mostra que
deseja ser protegido como uma criança indefesa e desprotegida (FREUD, 1924).
De acordo com Santos (2013) o masoquismo muitas vezes é uma
tentativa de reviver algo traumático do passado, como tais lembranças não foram
bem elaboradas, se repetem ao longo da vida, através de atos e discursos,
gerando inconscientemente uma certa satisfação.

3.4 APONTAR O PAPEL DA PSICOLOGIA NESSE CONTEXTO DE CASOS DE


RELACIONAMENTO ABUSIVO CONTRA A MULHER

A prática do psicólogo na instituição judiciária deve caminhar da forma a


promover os direitos humanos e o bem-estar dos atendidos. Usar o
conhecimento psicológico nas situações de agressão contra a mulher, na
16

criminalização auxilia a sociedade que tem o sentimento de vingança como


resposta aos problemas (VEIGA, SOARES e CARDOSO, 2019).
Comprometendo-se com a promoção da convivência familiar, redução de
conflitos e não com a necessidade promovida pela legislação e pelo judiciário de
apontar culpados, dentro dessa visão, não é um trabalho limitado a encontrar
uma vítima ou agressor, normal ou anormal, onde se busca a individualização
ou patologias.
O psicólogo que atua no atendimento a casos de violência doméstica,
deve basear suas práticas nas referências teóricas que foram elaboradas pelo
Conselho Federal de Psicologia (CFP). Uma das principais mencionadas nesse
documento é que o psicólogo deve conhecer a rede de atendimento, os
problemas que enfrentam, respeitando as especificidades dos profissionais que
participam da mesma e do serviço desempenhado (BATISTA, et.al., 2017).
De acordo com o CFP (2012), o psicólogo que atende uma mulher em
situação de violência, deve trabalhar em conjunto com outros profissionais da
rede, realizando um atendimento multidisciplinar, levando-se em consideração a
complexidade do atendimento. O documento ressalta ainda que o psicólogo
deve estimular o protagonismo da mulher, fazendo a compreender as formas
que a violência pode ocorrer, e que a mesma deve ser tratada por todos os
profissionais que compõem a equipe multidisciplinar.
Batista, et.al. (2017) considera a mediação como algo primordial para uma
solução da violência doméstica, dessa forma os psicólogos podem atender os
envolvidos na delegacia para compreender e mediar o atendimento dos
envolvidos. Fazendo com que a delegacia não seja apenas um local punitivo,
fazendo com que os envolvidos percebam suas ações que ocasionam esse tipo
de violência e como evita-la.
De acordo com Pimentel (2011) independentemente do método de
abordagem, o psicólogo deve primeiramente criar um “repport”” e um vínculo
terapêutico com a vítima, para que ela se sinta inserida em um ambiente seguro,
para que consiga compartilhar suas vivencias.
17

4. CRONOGRAMA

Para realização da pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso,


sendo realizado no segundo semestre do ano de 2022, será apresentado o
Cronograma das atividades que serão executadas nos próximos 4 meses.

Atividades Ago Set Out Nov


Pesquisa bibliográfica x
Leitura e fichamento x
Revisão bibliográfica x
Submissão ao Comitê de Ética x
Aplicação de questionários (caso necessário) - - - -
Análise e compilação dos dados obtidos x
Elaboração preliminar do texto x
Redação provisória x
Entrega ao orientados para correção x
Revisão e Elaboração Final x
Apresentação x
Entrega final x

REFERÊNCIAS

Aquino, Q.B.; Kontze, K.B. O feminicídio como tentativa de coibir a violência de


gênero. Anais da semana acadêmica: Fadesma Entrementes. Ed. 12. 2015.

Batista, A.P.; Medeiros, J.L. e Macarini, S.N. (2017) Violência conjugal e as


delegacias especializadas: as implicações da judicialização dos conflitos. In:
Batista, A.P; Medeiros, J.L. (org.). Psicologia e política: diálogos possíveis (pp
103-122. Curitiba: Juruá.

Bigliardi, A.M.; Antunes, M.C. WANDERBROOCKE, A.C.N.S. Políticas públicas


impacto na violência contra a mulher enfrentando implicações para a psicologia
social comunitária. BK-Acad. Paulo. Psicol. São Paulo, v.36, n.91, p. 282-285.
Julho de 2016.

Camargo, M. Violência e saúde: ampliando políticas públicas. Jornal da Rede


Saúde, n.22. São Paulo, 2000, pp.6-8.
18

Carcedo Cabanas, A.; Sargot Rodrigues, M. Feminicidio em Costa Rica: balance


mortal. Med. Leg. Costa Rica, v. 19, n.1, 2002

Celmer, E.G. Violência contra a mulher baseada no gênero, ou a tentativa de


nomear o inominável. In: A violência na sociedade contemporânea [recurso
eletrônico] organizadora Maria da Graça Blaya Almeida - Dados eletrônicos.
Porto Alegre: EDIPUCRS, 2010. 161f.

Conselho Federal de Psicologia, CFP (2012). Referencias técnicas para atuação


de psicólogas (os) em Programa de Atenção à Mulher em situação de Violência.
Brasília.

Dias, M.B. A impunidade nos delitos domésticos. Palestra proferida no IX


Congresso Nacional de Associação Brasileira das Mulheres de Carreira Jurídica.
Alagoas. 2006.

Ferrante, F.G. (2008). Violência contra a mulher: a percepção dos médicos das
unidades básicas de saúde de Ribeirão Preto. São Paulo. (Dissertação de
Mestrado). Recuperado de:
http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/17/17319/tde-06032009-151551/.

Franco, L. Violência contra a mulher: novos dados mostram que “não há lugar
seguro no Brasil”. BBC News. 2019.

Franzoi, N.M.; Fonseca, R.M.G.; Guedes, R.N. (2011). Violência de gênero:


Concepções de profissionais das equipes de saúde da família. Revista Latino
Americana de Enfermagem, 19(3), 589-597. Doi: 10. 1590/50/04-
11620110003000019

Freud, S. Além do princípio do prazer (1920). In: Estudos sobre a psicologia do


inconsciente, v.2. Rio de Janeiro: Imago, 2006. P. 123-182.

Gomes, N.P. et.al. Cuidados às mulheres em situação de violência conjugal:


importância do psicólogo na estratégia de saúde da família. Psicologia USP, vol.
25, n.1, p. 63-69. 2014.

Heise, L. What Works to prevent partner violence? Department for international


development. United Kingdom. Dezembro de 2011.

Marodin, M. As relações entre o homem e a mulher na atualidade. In: Struy M.N.,


organizador. Mulher: estudos e gênero. São Leopoldo (RS): UNISINOS; p. 9-18.
2000.

Pimenta, J.C. Violência contra mulher: um desafio para a atenção básica à


Saúde. Universidade Federal de Minas Gerais. Governador Valadares. 2011.
19

Pimentel, A. Violência psicológica nas relações conjugais. Pesquisa e


intervenção clínica. São Paulo. Sumimus, 2011.

Porto, M. Violência contra a mulher e o atendimento psicológico: o que pensam


os gestores municipais do SUS. Universidade Federal de Pernambuco.
Psicologia Ciência e Profissão. 2006.

Santi, L.N.; Naikano, A.M.S.; Lettiere, A. Percepção de mulheres em situação de


violência sobre o suporte e apoio recebido em seu contexto social. Texto &
Contexto Enfermagem, v. 19, n.3, p. 417-424, 2010.

Santos, A.C.W.; Moré, C.L.O. Impacto da violência no sistema familiar de


mulheres vítimas de agressão. Psicologia: ciência e profissão.31/21, 2011.

Santos, M.L.G. Os sintomas e hematomas do amor: relatos de mulheres sobre


a violência doméstica. 2019. 155f. Dissertação (Mestrado). Curso de Psicologia.
Psicologia. Rondônia. Porto Velho, 2013, Cap.5

Silva, S.G. Preconceito e discriminação: as bases da violência contra a mulher.


Psicol. Cienc. Prof. Brasília, v.30, n.3, p. 556-571. Set. 2010.

Soares, B.N. In: BRASIL, Presidência da República: Secretaria Especial de


Políticas para as mulheres. Enfrentamento a violência contra a mulher. Brasília.
Secretaria Especial de Políticas para as mulheres. 64 p. 2005.

Teles, M.A.A.; Melo, M. O que é violência contra a mulher. São Paulo:


Brasiliense, 2003.

Tesche, V.R.; Weimann, A.O. Reflexões sobre o enredamento feminino em


relacionamentos abusivos. Caderno espaço Feminino, v.31, n.1, 2018.

Vieira, L.J.E.S. et.al. Fatores de risco para a violência contra a mulher no


contexto doméstico e coletivo. Saúde Soc., São Paulo, v.17, n.3, p. 113-125,
2008.

Você também pode gostar