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GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
LIMEIRA, SP
2019
AMANDA GABRIEL RODRIGUES
KETLIN BATISTA MACIEL
LIMEIRA, SP
2019
FACULDADES INTEGRADAS DE LIMEIRA - FIEL
CURSO DE PSICOLOGIA
COMISSÃO EXAMINADORA
_______________________________________________
Profa. Ma. Patrícia Regina Bueno Incerpe (Orientadora)
_______________________________________________
Prof. Me. Samuel Gachet
_______________________________________________
Ma. Marcella de Oliveira Vicente Novais
LIMEIRA
2019
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus por ter nos concedido o dom da vida, e
permitido que chegássemos a este momento.
A nossa família e amigos por todo apoio e paciência durante todo esse
período, contribuindo para que o caminho fosse mais fácil e prazeroso.
Agradecemos aos professores que sempre estiveram dispostos a nos
proporcionar o melhor aprendizado, em especial a Fátima Xavier e Patrícia Incerpe
sem as quais a realização desse trabalho não seria possível.
Por fim, agradecemos também os colegas de curso pelos anos de
convivência, aprendizado e troca de experiências, que contribuíram muito para o
nosso crescimento pessoal.
Sou Livre.
Sou Linda.
Sou Luta.
Sou Minha.
Sou Mulher!
Autor Desconhecido
RESUMO
Vivemos em uma sociedade machista e patriarcal, que colabora para a
disseminação de crenças acerca da superioridade masculina, que por sua vez,
colabora com o fenômeno da violência contra a mulher e consequentemente o
aumento no número de feminicídios. Embora tenham sido criados mecanismos para
prevenir e coibir a violência contra a mulher, esse fenômeno ainda se configura
como um problema de saúde pública, podendo chegar ao seu extremo: o
feminicídio. Diante disso, o presente estudo objetivou realizar uma revisão não
sistemática de literatura com o objetivo de verificar a produção científica sobre a
temática do feminicídio no Brasil, além de compreender os motivos pelos quais a
violência contra a mulher continua tendo alta prevalência no Brasil. Foi realizada
uma busca de artigos, livros e materiais retirados de endereços eletrônicos.
Acredita-se que a discussão em torno dessa temática é um compromisso social e
político, sendo de extrema importância para o campo da psicologia a investigação no
âmbito da prevenção e intervenção a este tipo de violência.
1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 07
2 MACHISMO: CONTEXTO HISTÓRICO CULTURAL.....................................09
3 MOVIMENTO FEMINISTA.............................................................................. 11
4 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.................................................................. 13
4.1 Tipos de violência contra a mulher...........................................................14
4.2 O ciclo da violência....................................................................................16
5 FEMINICÍDIO................................................................................................. 19
5.1 Lei do Feminicídio.....................................................................................21
5.2 Feminicídio no Brasil................................................................................23
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................29
REFERÊNCIAS.................................................................................................30
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1 INTRODUÇÃO
Apesar de ter sido sancionada apenas no ano de 2006, a Lei Maria da Penha
é resultado de uma luta histórica iniciada pelos movimentos feministas e mulheres
que contestavam dentre tantos direitos, também a impunidade no cenário nacional
de violência doméstica e familiar contra a mulher. Embora a lei tenha significativo
apoio popular, o número de mulheres vítimas de violência tem aumento
consideravelmente, o que demanda mais discussões acerca da temática e
investigação quanto à recorrência de casos.
Com base nesse cenário, compreende-se que mesmo alcançando visibilidade
nos dias atuais, o tema ainda necessita de maior explanação, pois vivemos em uma
sociedade machista e patriarcal, que colabora para a disseminação de crenças
acerca da superioridade masculina, que por sua vez, colabora com o fenômeno da
violência contra a mulher e consequentemente o aumento no número de feminicídios
no país. Além disso, acredita-se que este fenômeno seja de grande relevância, uma
vez que compreendemos que a discussão em torno dessa temática é um
compromisso social e político, havendo grande importância para a psicologia a
investigação e intervenção no âmbito da prevenção à violência contra as mulheres.
Diante do que foi exposto, foi realizada uma revisão não sistemática de
literatura com o objetivo de verificar a produção científica sobre a temática do
feminicídio no Brasil.
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3 MOVIMENTO FEMINISTA
outros tipos de violências ao qual a mulher está submetida. Ainda de acordo com
Correa (2013) a violência psicológica pode ser entendida como qualquer conduta
que cause danos emocionais à mulher, ou que diminua sua autoestima frente a
xingamentos que possam rebaixar suas atitudes e escolhas, além disto, inclui
humilhação, desvalorização, isolamento de amigos e familiares, a violência
psicológica é uma das mais comuns e mais difíceis de serem detectadas pelas
vítimas, por ser sútil, porém, esse tipo de violência tende a ser devastadora para a
vítima.
Segundo Correa (2013), outro tipo de violência acometido contra a mulher é a
sexual, na qual o agressor submete a vítima a presenciar, manter ou participar de
relações sexuais sem a vontade da mesma, por meio de ameaças, coação ou uso
de força física. No âmbito familiar, essa violência quase sempre pode ser entendida
pela vítima como algo natural, uma vez que, são seus parceiros que as cometem, e
as vítimas podem relacionar esses fatos como uma obrigação implicada no contexto
da relação. Há também a violência moral, com a prática de condutas como calúnias,
injúrias ou difamações, usando de comentários mentirosos que afetam a índole e a
reputação da mulher. E por fim Correa (2013) elenca a violência patrimonial, que
está associada à privação de bens ou/e recursos econômicos, subtração ou
destruição de bens da mulher. Essas outras formas de violências praticadas contra a
mulher causam tanto sofrimento e danos quanto à violência física. Porém,
socialmente, ainda não são percebidas como violência de fato, por vezes a própria
mulher não entende esses tipos de violências como sendo algo grave e passível de
punição dentro da lei. A desinformação a cerca dessa temática ainda é grande,
mesmo com informações disponíveis para a conscientização em relação à procura
de seus direitos, ainda é muito baixo o número de mulheres que tem a compreensão
e instrução referente a isso.
A violência nas relações familiares pode ser entendida equivocadamente pela
sociedade como uma situação normal, muitas vezes as mulheres têm seus relatos
de violência desmerecidos por serem cometidos pelos seus companheiros, e
pessoas que não pertencem ao grupo familiar tendem a achar que não devem se
envolver na situação, claramente esse é um pensamento errôneo da sociedade.
“Não obstante o fato de romper o silêncio sobre sua situação de violência ser muito
16
difícil, a mulher vítima ainda tem que passar pelo desprazer de ter a violência sofrida
por ela colocada em dúvida” (JUSBRASIL, 2018).
5 FEMINICÍDIO
Feminicídio íntimo
(compreende além da
intimidade, a família e o
Íntimo Família
assassinato contra crianças)
Comércio sexual;
Tráfico de mulheres para
todo tipo de exploração
Máfias e redes criminosas
nacionais e internacionais
Gangues;
Feminicídio sexual sistêmico Território de vingança
desorganizado - Misoginia
Cenários entrelaçados
Cenários evasivos –
Suspeita de feminicídio
uma significação política, sendo assim esses crimes pesam sobre o Estado, que ao
não intervir consente com a impunidade (MENEGHEL; HIRAKATA, 2010). A
tipificação do feminicídio como crime de gênero é fundamental, uma vez que, está
diretamente ligado à violência de gênero, sendo assim um crime passível de ser
evitado. A justificativa para a necessidade de se criar uma Lei específica onde a
mulher possa se sentir mais protegida se deve ao fato do aumento do número de
mortes de mulheres pelos seus companheiros, ou por outra figura masculina dentro
ou fora do contexto doméstico.
Antes da Lei do feminicídio entrar em vigência não havia nenhuma punição
especial pelo fato de o homicídio ser praticado contra as pessoas do sexo feminino
somente em razão ao seu gênero, ou seja, o feminicídio era punido como um
homicídio. A Lei do feminicídio foi sancionada pela então presidente do Brasil Dilma
Rousseff, em 9 de março de 2015, para que houvesse uma punição adequada à
essas mortes em razão do seu gênero, a Lei altera o código penal, e inclui o
feminicídio como uma modalidade de homicídio qualificado
O ano de 2019 iniciou com dados alarmantes referente a mulheres mortas por
razões de gênero, ou seja, vítimas de feminicídio, de acordo com pesquisa realizada
pelo docente Jefferson Nascimento, da Universidade de São Paulo (USP), e
divulgado pela Folha de São Paulo, apenas no primeiro mês desse ano, 119
mulheres morreram e 60 sofreram tentativas de feminicídio. Trata-se de uma média
de 6 crimes por dia. Segundo a pesquisa, através da análise de crimes ocorridos em
25 estados do país, constata-se que a média de idade de mulheres vítimas é de 33
anos, enquanto a do agressor pouco mais de 38. E entre as razões que motivaram
os crimes, 18% trata-se do inconformismo com o fim do relacionamento e 25%
derivam de ciúmes, brigas ou suposta traição. Ainda segundo os dados apurados, os
crimes foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros em 71% dos casos. Em 41%
dos crimes foram utilizadas armas brancas (facas), enquanto armas de fogo
representam 23% dos casos. E ainda, do total de ocorrências, 47% ocorreram
dentro da casa da vítima.
De acordo com dados do Atlas da Violência 2019, publicado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), verificou-se entre o período de 2007 a 2017,
um crescimento de 30,7% no número de homicídios de mulheres no Brasil, e no
último ano da série um aumento de 6,3% se comparado ao ano anterior.
Homicídio de mulheres no Brasil, dentro e fora das residências e por arma de fogo (2007-2017) Variação
2007 a 2012 a 2016 a
Brasil 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2017 2017 2017
Número de Homicídios 3.778 4.029 4.265 4.477 4.522 4.729 4.769 4.836 4.621 4.645 4.936 30,70% 4,40% 6,30%
Taxa de Homicídios 3,9 4,1 4,3 4,4 4,4 4,6 4,6 4,6 4,4 4,5 4,7 20,70% 1,70% 5,40%
Número de Homicídios na Residência 1.019 1.167 1.127 1.186 1.196 1.171 1.214 1.280 1.292 1.336 1.407 38,10% 20,20% 5,30%
Taxa de Homicídios na residência 1 1,2 1,1 1,2 1,2 1,1 1,2 1,2 1,2 1,3 1,3 27,60% 17,10% 4,50%
Número de Homicídios Fora da Residência 2.759 2.862 3.138 3.291 3.326 3.558 3.555 3.556 3.329 3.309 3.529 27,90% -0,80% 6,60%
Taxa de Homicídios Fora da Residência 2,8 2,9 3,2 3,3 3,3 3,5 3,4 3,4 3,2 3,2 3,4 18,20% -3,30% 5,80%
Número de Homicídios por Arma de Fogo 1.988 2.048 2.193 2.199 2.260 2.336 2.327 2.393 2.281 2.349 2.583 29,90% 10,60% 10,00%
Taxa de Homicídios por Arma de Fogo 2 2,1 2,2 2,2 2,2 2,3 2,2 2,3 2,2 2,3 2,5 20,10% 7,80% 9,10%
Número de Homicídio por Arma de Fogo
na Residência 415 474 429 480 455 453 442 462 451 507 583 40,50% 28,70% 15,00%
Taxa de Homicídio por Arma de Fogo na
Residência 0,4 0,5 0,4 0,5 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,6 29,80% 25,40% 14,10%
Número de Homicídio por Arma de Fogo
Fora da Residência 1.573 1.574 1.764 1.719 1.805 1.883 1.885 1.931 1.830 1.842 2.000 27,10% 6,20% 8,60%
Taxa de Homicídio por Arma de Fogo Fora
da Residência 1,6 1,6 1,8 1,7 1,8 1,8 1,8 1,8 1,7 1,8 1,9 17,50% 3,50% 7,70%
% Homicídios na Residência 27,00% 29,00% 26,40% 26,50% 26,40% 24,80% 25,50% 26,50% 28,00% 28,80% 28,50% 5,70% 15,10% -0,90%
% Homicídios por Arma de Fogo 52,60% 50,80% 51,4% 49,10% 50,00% 49,4% 48,80% 49,50% 49,40% 50,60% 52,30% -0,60% 5,90% 3,50%
% Homicídios por Arma de Fogo nas
Residências 11,00% 11,80% 10,10% 10,70% 10,10% 9,60% 9,30% 9,60% 9,80% 10,90% 11,80% 7,50% 23,30% 8,20%
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
AGENCIA PATRÍCIA GALVÃO. Por que as taxas brasileiras são alarmantes? Dossiê
Feminicídio, 2016. Disponível em:
https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/feminicidio/capitulos/qual-a-dimensao-
do-problema-no-brasil/. Acesso em: 04 abr. 2019.
BRASIL. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Casa Civil, mar. 2015. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13104.htm. Acesso em:
09 set. 2019.
CORTES, Janaina et al. A educação machista e seu reflexo como forma de violência
institucional. XVII Seminário Internacional de Educação no Mercosul, Unicruz, Rio
Grande do sul, 2015. Anais [...] Disponível em: https://home.unicruz.edu.br/mercosul/
Acesso em: 09 mar. 2019.
ELUF, Luiza Nagib. Sugestão que retira o termo feminicídio do Código Penal é
‘lamentável’, diz advogada criminal. Senado Notícias, 2017. Disponível em:
https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2017/11/29/sugestao-que-retira-o-
termo-feminicidio-do-codigo-penal-e-lamentavel-diz-advogada-criminal. Acesso em:
03 out. 2019.
LENZI, Tié. O que é o movimento feminista? Toda Política, 2018. Disponível em:
https://www.todapolitica.com/movimento-feminista/. Acesso em: 06 abr. 2019.
https://fabianofeliciano.jusbrasil.com.br/artigos/547046325/a-violencia-contra-mulher-
e-a-conscientizacao-da-sociedade. Acesso em: 05 abr. 2019.