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FIEL - FACULDADES INTEGRADAS EINSTEIN DE LIMEIRA

GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

AMANDA GABRIEL RODRIGUES


KETLIN BATISTA MACIEL

QUANDO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER CHEGA AO EXTREMO: O AUMENTO


DO NÚMERO DE FEMINICÍDIOS NO BRASIL

LIMEIRA, SP
2019
AMANDA GABRIEL RODRIGUES
KETLIN BATISTA MACIEL

QUANDO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER CHEGA AO EXTREMO: O


AUMENTO DO NÚMERO DE FEMINICÍDIOS NO BRASIL

Monografia apresentada às Faculdades


Integradas Einstein de Limeira - FIEL, como
exigência parcial, para obtenção do título
psicólogo.

Orientadora: Profa. Ma. Patrícia Regina Bueno


Incerpe

LIMEIRA, SP
2019
FACULDADES INTEGRADAS DE LIMEIRA - FIEL
CURSO DE PSICOLOGIA

QUANDO A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER CHEGA AO EXTREMO: O


AUMENTO DO NÚMERO DE FEMINICÍDIOS NO BRASIL

Autores: Amanda Gabriel Rodrigues


Ketlin Batista Maciel
Este exemplar corresponde à redação final
do trabalho de conclusão de curso
defendido por Amanda Gabriel Rodrigues e
Ketlin Batista Maciel e aprovado pela
comissão examinadora.

Data: ____ / _____ / _____

COMISSÃO EXAMINADORA

_______________________________________________
Profa. Ma. Patrícia Regina Bueno Incerpe (Orientadora)

_______________________________________________
Prof. Me. Samuel Gachet

_______________________________________________
Ma. Marcella de Oliveira Vicente Novais

LIMEIRA
2019
AGRADECIMENTOS
Agradecemos primeiramente a Deus por ter nos concedido o dom da vida, e
permitido que chegássemos a este momento.
A nossa família e amigos por todo apoio e paciência durante todo esse
período, contribuindo para que o caminho fosse mais fácil e prazeroso.
Agradecemos aos professores que sempre estiveram dispostos a nos
proporcionar o melhor aprendizado, em especial a Fátima Xavier e Patrícia Incerpe
sem as quais a realização desse trabalho não seria possível.
Por fim, agradecemos também os colegas de curso pelos anos de
convivência, aprendizado e troca de experiências, que contribuíram muito para o
nosso crescimento pessoal.
Sou Livre.
Sou Linda.
Sou Luta.
Sou Minha.
Sou Mulher!

Autor Desconhecido

RESUMO
Vivemos em uma sociedade machista e patriarcal, que colabora para a
disseminação de crenças acerca da superioridade masculina, que por sua vez,
colabora com o fenômeno da violência contra a mulher e consequentemente o
aumento no número de feminicídios. Embora tenham sido criados mecanismos para
prevenir e coibir a violência contra a mulher, esse fenômeno ainda se configura
como um problema de saúde pública, podendo chegar ao seu extremo: o
feminicídio. Diante disso, o presente estudo objetivou realizar uma revisão não
sistemática de literatura com o objetivo de verificar a produção científica sobre a
temática do feminicídio no Brasil, além de compreender os motivos pelos quais a
violência contra a mulher continua tendo alta prevalência no Brasil. Foi realizada
uma busca de artigos, livros e materiais retirados de endereços eletrônicos.
Acredita-se que a discussão em torno dessa temática é um compromisso social e
político, sendo de extrema importância para o campo da psicologia a investigação no
âmbito da prevenção e intervenção a este tipo de violência.

Palavras-Chave: violência doméstica; violência contra a mulher; feminicídio;


psicologia.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO............................................................................................... 07
2 MACHISMO: CONTEXTO HISTÓRICO CULTURAL.....................................09
3 MOVIMENTO FEMINISTA.............................................................................. 11
4 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.................................................................. 13
4.1 Tipos de violência contra a mulher...........................................................14
4.2 O ciclo da violência....................................................................................16
5 FEMINICÍDIO................................................................................................. 19
5.1 Lei do Feminicídio.....................................................................................21
5.2 Feminicídio no Brasil................................................................................23
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................29
REFERÊNCIAS.................................................................................................30
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1 INTRODUÇÃO

A violência contra as mulheres é definida pela Organização Mundial da Saúde


(OMS, 2017) como qualquer ato de violação dos direitos que possa levar a mulher a
sofrimentos físicos, psicológicos ou sexuais, além de ameaças, coação ou privação
de liberdade na vida pública ou privada. São consideradas formas de violência
doméstica a violência física, psicológica, sexual, patrimonial e moral, as quais expõe
a mulher ao sofrimento e humilhações advindas de seus maridos, parceiros ou
namorados.
O fenômeno conhecido como violência contra as mulheres tem se
perpetuado, e assumido maior notoriedade atualmente, devido a crescente
prevalência dos casos de feminicídios no país. O termo feminicídio é empregado
para nomear o assassinato de mulheres, sendo uma violência específica contra o
gênero feminino, ou seja, o crime ocorre simplesmente pelo fato de serem mulheres.
De acordo com o pesquisador e doutor em Direito Internacional pela USP,
Nascimento (2019), apenas na primeira semana do ano de 2019, foram noticiados
21 mortes e 11 tentativas de assassinatos de mulheres, número este que está em
constante crescimento. Segundo a Comissão Interamericana de Direitos Humanos
(CIDH, 2019), no mês de janeiro de 2019, morreram em razão de seu gênero, 126
mulheres e 67 casos de tentativa de homicídio foram registrados. Além disso, a
CIDH enfatiza que os assassinatos de mulheres não se tratam de um problema
isolado e são sintomas de um padrão de violência de gênero contra elas em todo
país, resultado de valores machistas profundamente arraigados na sociedade
brasileira (BOND, 2019). Tendo em vista a necessidade de implementação de
políticas públicas voltadas a esse crescente fenômeno, foi sancionada a lei 11.340
de 7 de agosto de 2006, mais conhecida como Lei Maria da Penha, que tem como
objetivo criar mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
contra a mulher, além de estabelecer medidas de assistência e proteção às
mulheres, medidas de punição ao agressor.

Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a


mulher, nos termos do § 8o do artigo 226 da Constituição Federal, da
Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de discriminação contra
as mulheres e da convenção interamericana para prevenir, punir e erradicar
a violência contra a mulher; dispõe sobre a criação dos juizados de violência
8

doméstica e familiar contra a mulher; altera o Código de Processo Penal, o


Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências
(CORREA, 2013, p. 10)

Apesar de ter sido sancionada apenas no ano de 2006, a Lei Maria da Penha
é resultado de uma luta histórica iniciada pelos movimentos feministas e mulheres
que contestavam dentre tantos direitos, também a impunidade no cenário nacional
de violência doméstica e familiar contra a mulher. Embora a lei tenha significativo
apoio popular, o número de mulheres vítimas de violência tem aumento
consideravelmente, o que demanda mais discussões acerca da temática e
investigação quanto à recorrência de casos.
Com base nesse cenário, compreende-se que mesmo alcançando visibilidade
nos dias atuais, o tema ainda necessita de maior explanação, pois vivemos em uma
sociedade machista e patriarcal, que colabora para a disseminação de crenças
acerca da superioridade masculina, que por sua vez, colabora com o fenômeno da
violência contra a mulher e consequentemente o aumento no número de feminicídios
no país. Além disso, acredita-se que este fenômeno seja de grande relevância, uma
vez que compreendemos que a discussão em torno dessa temática é um
compromisso social e político, havendo grande importância para a psicologia a
investigação e intervenção no âmbito da prevenção à violência contra as mulheres.
Diante do que foi exposto, foi realizada uma revisão não sistemática de
literatura com o objetivo de verificar a produção científica sobre a temática do
feminicídio no Brasil.
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2 MACHISMO: CONTEXTO HISTÓRICO CULTURAL

Diante da temática da violência contra a mulher, se faz necessário


compreender o contexto histórico cultural no qual nossa sociedade está inserida,
além de “analisar a influência da cultura patriarcal na vida das mulheres e homens, a
partir dos papéis construídos de gênero e relação entre dominador e dominado e do
entendimento e compreensão das mulheres vítimas de violência de gênero” (SILVA,
2009). Segundo Costa (2008) ao falarmos das relações de gênero estamos falando
também de poder, pois à medida que essas relações são desiguais, a mulher
continua sujeita ao homem e ao domínio patriarcal. Entende-se que esses
comportamentos ditos patriarcais são aprendidos como uma tradição e são
repassados por gerações, reafirmando a ideia de superioridade do homem em
relação à mulher. Os comportamentos machistas estão inseridos principalmente nos
ambientes familiares, onde são construídas e internalizadas as regras e normas da
vida social, nesse contexto os indivíduos reproduzem tais comportamentos
reforçados durante a vida atendendo uma cobrança social no desempenho do papel
do homem como dominador. Em relação à educação e orientação no contexto
familiar, pode-se observar a discriminação acerca do papel da mulher, que embora
hoje tenha conquistado espaço e estado presente no meio organizacional, ainda é
apontada como detentora única das responsabilidades domésticas, enquanto o
homem é colocado exclusivamente a assumir o papel de provedor do lar.
Nota-se por parte da sociedade, a reprodução de um discurso machista
muitas vezes de forma despercebida, uma vez que existe uma aceitação que implica
na banalização do tema. “A banalização é uma das características dos regimes
autoritários. É utilizada para dar um sentido de perpetuidade, eternidade, aos
acontecimentos sociais” (MORAES; RAMIRES, 1993, p. 140). Desde a infância essa
diferenciação entre os gêneros é estimulada através de estigmas impostos pela
sociedade, como se é notado quando meninos são incentivados a terem interesses
em atividades voltadas para o desenvolvimento de habilidades e liderança, enquanto
as meninas são reduzidas a uma criação voltada a domesticidade, embelezamento e
dependência.

O machismo constitui, portanto, um sistema de representações-dominação


que utiliza o argumento do sexo, mistificando assim as relações entre os
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homens e as mulheres, reduzindo-os a sexos hierarquizados, divididos em


polo dominante e polo dominado que se confirmam mutuamente numa
situação de objetos (DRUMONT, 1980, p. 82).

Nesse sentido, as relações entre gêneros se estabelecem através da


subjugação do feminino em associação ao masculino, sendo necessária a
compreensão do termo patriarcado para elucidação da temática, como assinalou
Costa (2008):
...organização sexual hierárquica da sociedade tão necessária ao domínio
político. Alimenta-se do domínio masculino na estrutura familiar (esfera
privada) e na lógica organizacional das instituições políticas (esfera pública)
construída a partir de um modelo masculino de dominação (arquétipo viril).

Buscando no contexto histórico do nosso país, na sociedade brasileira


colonial, as moças de famílias de maioria abastadas não tinham o direito de escolha
sobre seus próprios pretendentes a esposo, essa decisão era tomada pelo pai
relacionada a grandes influências que tal acordo poderia ofertar. Dentro desse
parâmetro, de acordo com Godoi (2018), a vida conjugal apenas transferia o papel
do dominador na relação de poder, em que fora criada e educada, ou seja, a mulher
saia do domínio do pai para submeter-se ao do marido.
Ainda como assinalou Godoi (2018), mais tarde, em meados de 1867
surgiram oportunidades para as mulheres estudarem e tornarem-se profissionais,
porém eram reservados a elas apenas cursos relacionados à educação ou saúde,
mantendo o foco ainda na ideia de mulheres à disposição ao cuidado de outras
pessoas, nesse sentido as mesmas optavam pelo magistério ou enfermagem.
Predominando o conceito de que as mulheres deveriam ser mais educadas do que
instruídas, o currículo escolar evidenciava traços da relação desigual entre os
gêneros femininos e masculinos por meio da distinção dos conteúdos
complementares. Enquanto os meninos recebiam aprendizagem de geometria, esta
era negada as meninas, que recebiam por sua vez aulas práticas de bordado e
costura. Essas diferenças conduziam meninos e meninas à construção do gênero,
isto é, o posicionamento de acordo com a os padrões sexistas de então coerente
com seus lugares de dominação e subordinação na sociedade.
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3 MOVIMENTO FEMINISTA

Após um longo histórico evidentemente problemático de mulheres sendo


diminuídas à condição de servas na pirâmide social pela cultura machista, surge o
movimento feminista. Segundo Pinto (2019), a primeira onda feminista no Brasil
surgiu em meados do século XIX e era liderada por Bertha Lutz, bióloga e cientista
que estudou no exterior e retornou ao Brasil na década de 1910 iniciando a luta ao
direito das mulheres ao voto. Em 1932, após anos de luta e reinvindicações, foi
promulgado o Novo Código Eleitoral brasileiro e este direito finalmente foi
conquistado.
Entretanto, esse movimento inicial do feminismo no Brasil perdeu força a
partir da década de 1930 e só reapareceu novamente com importância na década
de 1960. Nessa época, mais especificamente o ano de 1964, ocorreu o golpe militar
que resultou em um momento de repressão total da luta política, porém em 1970,
ainda sob o regime militar aconteceram as primeiras manifestações feministas no
Brasil. “O regime militar via com grande desconfiança qualquer manifestação de
feministas, por entendê-las como política e moralmente perigosas” (PINTO, 2010,
p.17).
Em 1980, com a redemocratização, emergem inúmeros grupos e coletivos
focados na luta pelos direitos das mulheres alavancando temas como violência,
sexualidade, direito ao trabalho, igualdade no casamento, direito à terra, direito à
saúde materno-infantil, luta contra o racismo e orientação sexual. “O movimento
feminista que teve sua origem na classe média intelectualizada, nesse momento faz
uma interface com as classes populares, provocando novas percepções, discursos e
ações em ambos os lados” (PINTO, 2010, p. 17).
A criação do Conselho Nacional da Condição da Mulher (CNDM), em 1984,
marca uma das mais expressivas vitórias do feminismo brasileiro, que juntamente
com o Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), de Brasília, promoveu
uma campanha nacional para a inclusão dos direitos das mulheres na nova carta
constitucional. Na última década do século XX com a criação de Organizações Não-
Governamentais (ONGs), o movimento sofreu um processo de profissionalização,
com o objetivo de intervir junto ao Estado pela busca de aprovação de medidas
protetivas para as mulheres e espaço para maior participação política.
12

Apesar de tantas controvérsias e ideias equivocadas quanto ao que busca e


defende o movimento feminista, cabe ressaltar que busca justamente a igualdade de
direitos e oportunidades entre homens e mulheres. “As reivindicações do movimento
feminista são muito relacionadas à garantia de direitos, mas também a todas outras
formas de opressão a que as mulheres são submetidas até os dias de hoje” (LENZI,
2019).
De acordo com informações coletadas na página Toda Política (2018), entre
as questões importantes que o movimento feminista defende estão: o fim da
desigualdade salarial entre homens e mulheres; igualdade de participação das
mulheres no cenário político do país; questões de saúde ligadas diretamente à
condição de mulher (prevenção de doenças; sexualidade e discussão sobre o direito
ao aborto; libertação de padrões de beleza impostos pela sociedade; direitos
relacionados à maternidade e à amamentação; combate aos diferentes tipos de
assédio, como o moral e o sexual e o fim da violência contra a mulher (violências
dentro de relacionamentos, violência sexual, assédio moral, violência obstétrica,
dentre outras). Nesse sentido constata-se que o movimento feminista atua de forma
ativa na luta contra a violência sofrida pelas mulheres.
Em contra partida da luta das mulheres pela igualdade tanto no âmbito
privado quanto no público, há um antagonista historicamente enraizado dentro da
sociedade, o patriarcado e o machismo, que dentro da sua lógica inferioriza o
gênero feminino e como resultado a subjuga e contra ela comete múltiplas
violências.
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4 VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER

De acordo com a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar


a Violência contra a Mulher, também conhecida como Convenção de Belém do Pará,
realizada em 1994, entende-se por violência contra a mulher qualquer ação ou
conduta, baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou
psicológico à mulher, tanto no âmbito público como no privado. Além de

Art. 2º Entender-se-á que violência contra a mulher inclui violência física,


sexual e psicológica:
1. Que tenha ocorrido dentro da família ou unidade doméstica ou em
qualquer outra relação interpessoal, em que o agressor conviva ou haja
convivido no mesmo domicílio que a mulher e que compreende, entre
outros, estupro, violação, maus-tratos e abuso sexual.
2. Que tenha ocorrido na comunidade e seja perpetrada por qualquer
pessoa e que compreende, entre outros, violação, abuso sexual, tortura,
maus tratos de pessoas, tráfico de mulheres, prostituição forçada, sequestro
e assédio sexual no lugar de trabalho, bem como em instituições
educacionais, estabelecimentos de saúde ou qualquer outro lugar, e
3. Que seja perpetrada ou tolerada pelo Estado ou seus agentes, onde
quer que ocorra.

A violência contra as mulheres se difere da violência sofrida pelos homens,


uma vez que, a grande maioria das ocorrências envolvendo as mulheres como
vítimas são decorrentes do contexto doméstico, ora pelos companheiros ou
praticadas por algum familiar do gênero masculino como pai ou irmão, e essas
violências são diversas, desde agressões físicas, verbais e psicológicas. Em
contrapartida a isso, a violência que ocorre com os homens em sua maioria parte
das ruas, praticada por desconhecidos. “Dos 4.762 assassinatos de mulheres
registrados em 2013 no Brasil, 50,3% foram cometidos por familiares, sendo que
33,2% destes casos, o crime foi praticado pelo parceiro ou ex” (AGÊNCIA PATRÍCIA
GALVÃO, 2016).

Ao longo da História, a mulher foi educada para servir ao homem; a cultura


machista reduziu-a a condição de objeto deste, desferindo contra ela uma
gama de violência que no passado ia da censura à morte na fogueira,
enquanto que no século XXI, vai do assédio ao feminicídio (GODOI, 2018,
p. 285).
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A partir da constatação de que a violência que mais atinge as mulheres é a


doméstica, pode-se dizer que mulher encontra dificuldades de sair desse ciclo, seja
por medo de romper o relacionamento, vergonha de procurar ajuda e ser criticada,
esperança na mudança de comportamento do companheiro ou dependência
financeira. Atrelado a isso existem outras motivações que colaboram para o
movimento de assentimento em relação à violência sofrida pelas mulheres no âmbito
privado, como a idealização do amor romântico, a cobrança da sociedade implicada
na constituição de família e a força do patriarcado.
É importante salientar que a violência doméstica ocorre em qualquer esfera
social, independentemente da situação econômica, religiosa, social e cultural.
“Partindo do pressuposto de que algumas mulheres repetem esse padrão de
funcionamento considerando que sofreram ou presenciaram situações de violência
durante a infância e/ou adolescência na família de origem” (ZANCAN;
WASSERMANN; LIMA, 2013, p. 63-76). Uma vez que a violência é perpetrada por
alguém que é de seu convívio familiar, a mulher se sente coagida e com vergonha
de expor a situação pela qual está passando, fazendo com que não denunciem o
autor da violência. Por conta disso, os casos não são registrados pelos órgãos
competentes, contribuindo para com a invisibilidade do fenômeno da violência contra
a mulher.

4.1 Tipos de violência contra a mulher

De acordo com o artigo 7°, da Lei n°11.340/2006, “entende-se como violência


contra a mulher as formas de violência física, psicológica, sexual, moral e
patrimonial” (CORREA, 2013, p. 9). A violência física é qualquer ação que possa
ofender a integridade ou a saúde corporal da mulher, e pode se manifestar através
de tapas, empurrões, socos, mordidas, chutes, queimaduras, cortes,
estrangulamento, lesões por armas ou objetos, ou danos à integridade corporal
decorrentes de negligência (omissão de cuidados e proteção contra agravos
evitáveis como situações de perigo, doenças, gravidez, alimentação, higiene, entre
outros).
A violência contra a mulher erroneamente é percebida apenas quando
ocorrem agressões físicas, uma vez que ela é visível. Mas o fato é que existem
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outros tipos de violências ao qual a mulher está submetida. Ainda de acordo com
Correa (2013) a violência psicológica pode ser entendida como qualquer conduta
que cause danos emocionais à mulher, ou que diminua sua autoestima frente a
xingamentos que possam rebaixar suas atitudes e escolhas, além disto, inclui
humilhação, desvalorização, isolamento de amigos e familiares, a violência
psicológica é uma das mais comuns e mais difíceis de serem detectadas pelas
vítimas, por ser sútil, porém, esse tipo de violência tende a ser devastadora para a
vítima.
Segundo Correa (2013), outro tipo de violência acometido contra a mulher é a
sexual, na qual o agressor submete a vítima a presenciar, manter ou participar de
relações sexuais sem a vontade da mesma, por meio de ameaças, coação ou uso
de força física. No âmbito familiar, essa violência quase sempre pode ser entendida
pela vítima como algo natural, uma vez que, são seus parceiros que as cometem, e
as vítimas podem relacionar esses fatos como uma obrigação implicada no contexto
da relação. Há também a violência moral, com a prática de condutas como calúnias,
injúrias ou difamações, usando de comentários mentirosos que afetam a índole e a
reputação da mulher. E por fim Correa (2013) elenca a violência patrimonial, que
está associada à privação de bens ou/e recursos econômicos, subtração ou
destruição de bens da mulher. Essas outras formas de violências praticadas contra a
mulher causam tanto sofrimento e danos quanto à violência física. Porém,
socialmente, ainda não são percebidas como violência de fato, por vezes a própria
mulher não entende esses tipos de violências como sendo algo grave e passível de
punição dentro da lei. A desinformação a cerca dessa temática ainda é grande,
mesmo com informações disponíveis para a conscientização em relação à procura
de seus direitos, ainda é muito baixo o número de mulheres que tem a compreensão
e instrução referente a isso.
A violência nas relações familiares pode ser entendida equivocadamente pela
sociedade como uma situação normal, muitas vezes as mulheres têm seus relatos
de violência desmerecidos por serem cometidos pelos seus companheiros, e
pessoas que não pertencem ao grupo familiar tendem a achar que não devem se
envolver na situação, claramente esse é um pensamento errôneo da sociedade.
“Não obstante o fato de romper o silêncio sobre sua situação de violência ser muito
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difícil, a mulher vítima ainda tem que passar pelo desprazer de ter a violência sofrida
por ela colocada em dúvida” (JUSBRASIL, 2018).

4.2 O ciclo da violência

Compreendem-se as dificuldades das mulheres em situação de violência em


se perceber e se colocar nesse contexto, uma vez que elas não têm a percepção do
indivíduo somente como um autor de violência, porque na maioria dos casos ele
pode ser o seu companheiro, e o mesmo tende a alternar momentos de
agressividade com demonstrações de afeto.

Para compreender esse fenômeno é preciso entender também o que é e


como funciona o ciclo da violência. O termo foi criado pela psicóloga norte-
americana Lenore Walker em 1979 e passou a ser usado para identificar
padrões abusivos em uma relação afetiva (AGÊNCIA PATRÍCIA GALVÃO,
2018).

O ciclo de violência se caracteriza pela sua continuidade, ou seja, pela sua


repetição que ocorre dentro da relação, esse sistema circular da violência apresenta
três fases. Na primeira fase, denominada de Aumento da Tensão, o agressor
apresenta conduta violenta, com agressões verbais que causa na vítima uma
sensação de perigo eminente, em contrapartida a vítima tende a se sentir
responsável pelas explosões do agressor, procurando justificativas para o
comportamento violento. Na segunda fase, chamada de Ataque Violento, que
decorre de um comportamento descontrolado, com agressões de grande
intensidade, o agressor agride fisicamente e psicologicamente a vítima, e a cada
novo ciclo as agressões se tornam mais violentas, a vítima fragilizada tende a
acreditar que não tem mais controle sobre a situação. Por fim, a terceira e última
fase, nomeada de Calmaria ou “Lua de Mel”, consiste no arrependimento e medo em
ser deixado pela vítima, o agressor torna-se extremamente atencioso e carinhoso,
utiliza discursos de desculpas e promessas de mudança, a cada novo ciclo a
duração dessa fase diminui, em contrapartida a vítima tende a acreditar na mudança
de comportamento do agressor, acreditando que os episódios de violência não se
repetirão. Com a repetição do ciclo os intervalos entre as fases tendem a ser
menores e mais intensos, e em algumas situações extremas esses episódios podem
culminar no feminicídio.
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O vínculo que existe entre o agressor e a vítima se dá devido à primeira


relação que se estabelece dentro do relacionamento que é a de confiança, uma vez
que, dentro da relação o companheiro traz aspectos positivos, a mulher tende a
projetar perspectivas de um bom relacionamento, além do que, a violência
raramente acontece no primeiro encontro. Diante disso, a mulher acaba tendo
dificuldades em perceber a gravidade da situação a qual está diretamente implicada,
a violência inicial desorienta a mulher, acarretando a ela sintomas de ansiedade e
depressão. Outro fato que dificulta a saída desse contexto é que a mulher acaba se
culpando pela violência vivida, habituando-se a conviver com esse tipo de situação
dentro da relação. De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça, 2008) a
vítima pode assumir o modelo mental do seu agressor, e passar a pensar que ele
está correto e ela errada dentro dessa condição, inconscientemente com o objetivo
de assegurar sua integridade psicológica e adaptar-se a situação.
Outro contexto ao qual a mulher recorrentemente é subjugada é o
institucional, o Estado enquanto instituidor e garantidor de direitos fundamentais tem
por vezes sujeitado à mulher a violência institucional. Essa violência é cometida no
âmbito das instituições e órgãos públicos. A mulher ao buscar ajuda ou efetivar
denúncias contra o autor de violência encontra resistência por parte das instituições,
esses setores por vezes desprezam e desamparam tentativas da vítima em
denunciar as violências por ela sofridas, ou até mesmo omitem apoio garantido por
lei. “Conforme determina a Carta Magna do nosso país, o Estado é o guardião e
garantidor dos direitos fundamentais de todo e qualquer cidadão, independente de
gênero, idade, cor de pele, credo ou religião” (JUSBRASIL, 2017). Essa violação dos
direitos está atrelada as relações sociais de domínio e superioridade advindos da
cultura machista, que deslegitima a mulher dentro da sociedade. Essas relações são
tão enraizadas dentro da sociedade que mesmo os órgãos institucionais que
deveriam prestar um bom atendimento mediante toda a situação a qual a mulher foi
exposta e teve os seus direitos violados, acabam por banalizarem e naturalizarem a
violência por ela sofrida.

Violência institucional é aquela praticada, por ação e/ou omissão, nas


instituições prestadoras de serviços públicos tais como hospitais, postos de
saúde, escolas, delegacias, Judiciário, dentre outras. É perpetrada por
agentes que deveriam garantir uma atenção humanizada, preventiva e
reparadora de danos. Na seara da violência institucional, podemos
encontrar desde a dimensão mais ampla, como a falta de acesso aos
18

serviços de saúde e a má qualidade dos serviços prestados, até mesmo


como expressões mais sutis, mas não menos violentas, tais como os
abusos cometidos em virtude das relações desiguais de poder entre
profissional e usuário. Uma forma, infelizmente, muito comum de violência
institucional ocorre em função de práticas discriminatórias, sendo as
questões de gênero, raça, etnia, orientação sexual e religião um terreno
fértil para a ocorrência de tal violência. A eliminação da violência
institucional requer um grande esforço de todos nós, pois, em sua grande
maioria, acontece em nossas praticas cotidianas com a população usuária
dos serviços (TAQUETTE, 2007, p. 95).

A violência institucional não somente ocorre nos setores públicos, as


mulheres também estão fadadas a passar por tais violências no âmbito privado.
Dentro das empresas, transcorre nas formas de assédio moral, assédio sexual,
autoritarismo e por vezes são expostas a comentários que denigrem sua imagem no
ambiente profissional, principalmente quando está inserida em um contexto em que
estejam em um nível hierárquico inferior.
19

5 FEMINICÍDIO

O termo feminicídio é utilizado para denominar assassinatos de mulheres


cometidos em razão de seu gênero, significa a perseguição e morte intencional
somente em razão de serem do sexo feminino. Esses assassinatos são motivados
pelo ódio, desprezo ou sentimento de propriedade do homem direcionado à mulher.
Além disso, são decorrentes de um sistema social que determinam uma posição de
submissão às mulheres, resultantes das desigualdades ocasionadas pelo sistema
patriarcal. “Os intervenientes elencados indicam evidente desigualdade de gênero
marcada pela noção de poder, dominação-exploração e posse, reconhecidas pelo
autor do crime sobre a vítima” (GOMES, 2018, p. 9).

A ordem patriarcal não se refere a um contexto específico, a uma dimensão


da sociedade, mas sim a um esquema que se reproduz por meio das
relações e instituições sociais, como a família, a escola, a religião, e o
Estado e, dessa forma, não é movido apenas pelos homens, mas por todo
grupo social (SAFFIOTI, 2004apud GOMES, 2018, pp. 4-5).

Sendo assim, segundo Radford (2006, p. 11) “o conceito de feminicídio vai


além de sua definição legal de assassinato, e inclui situações nas quais se aceita
que as mulheres morram como resultado de atitudes misóginas ou práticas sociais”.
Vale ressaltar que, nem todo homicídio de mulher é um feminicídio, todavia a
maioria deles é, fato este que fica evidente nas circunstâncias nas quais se
reproduzem os crimes, uma vez que a maior parte dos homicídios de mulheres
decorrem de relações íntimas com homens. Dentre os contextos de produção do
feminicídio, a forma como o crime é praticado envolvendo tortura e violência sexual,
mutilação nos órgãos genitais e destruição do que simboliza a feminilidade da
vítima, evidencia a existência de sexismo, machismo e misoginia no caso (MOTA,
2010).
Considerando seus múltiplos contextos de ocorrência, distintas maneiras para
analisar os feminicídio existem. Inicialmente, Russel (2006) e Carcedo, (2000)
indicavam três tipos de feminicídio apenas: íntimo, não íntimo e por conexão.
Posteriormente Carcedo e Sagot (2010) foram responsáveis pela construção da
noção de “cenários de feminicídio”
20

Definimos o conceito cenário de feminicídio como: os contextos


socioeconômicos, políticos e culturais nos que se produzem ou propiciam
relações de poder entre homens e mulheres particularmente desiguais e
que geram dinâmicas de controle, violência contra as mulheres e feminicídio
que adotam ou incluem características próprias (CARCEDO, 2010, p. 15).

A partir de pesquisas sobre os crimes de Ciudade Juárez, no México, Julia


Monárrez (2000, 2002, 2010), visando indicar os diferentes contextos no qual as
mulheres são mortas, criou uma tipologia para o feminicídio.

Tabela 1. Classificação de Feminicídios na América Latina


Tipologia de Feminicídios Três tipos de Feminicídio Cenários de Feminicídios
(Monárrez et al, 2010) (Carcedo, 2000 e outros) (Carcedo e Sagot, 2010)

Feminicídio íntimo
(compreende além da
intimidade, a família e o
Íntimo Família
assassinato contra crianças)

Feminicídio por ocupações


estigmatizadas Relações afetivas
(garçonetes e dançarinas (namorados, noivos,
que trabalham em casas de Não íntimo companheiros, cônjuges,
show e prostitutas) amantes – atual ou ex)

Feminicídio sexual sistêmico


organizado Por conexão Ataque sexual

Comércio sexual;
Tráfico de mulheres para
todo tipo de exploração
Máfias e redes criminosas
nacionais e internacionais
Gangues;
Feminicídio sexual sistêmico Território de vingança
desorganizado - Misoginia
Cenários entrelaçados
Cenários evasivos –
Suspeita de feminicídio

Fonte: GOMES, 2014, p.8.

Segundo Gomes (2014), a partir do exame de pesquisas e legislações latino-


americanas, chegou-se à conclusão que se caracterizam em feminicídio os
assassinatos nos casos em que
21

- Havia relação familiar, afetiva e/ou de intimidade entre as partes;


-Havia relações de poder que implicavam confiança, autoridade e
subordinação;
- Ocorreu violência sexual e/ou estupro;
- A vítima era trabalhadora do sexo;
- Houve violência pregressa por parte do autor do crime, denunciadas
formalmente ou não;
- Foram cometidas ações que aumentaram o sofrimento da vítima e/ou
revelaram sinais de misoginia e ódio contra a vítima mulher: numerosos
golpes, utilização de várias armas, decapitações, mutilações e outros.
Qualquer indicação de que houve mutilação e tortura;
- O crime ocorreu no marco de rituais de grupos, gangues ou com finalidade
religiosa;
- O corpo foi exibido em lugar público e/ou construção de cena humilhante,
moralmente para a vítima, como deixar preservativos perto do corpo, deixá-
la nua ou seminua, ou qualquer tipo de cenário construído intencionalmente;
- O crime foi precedido de sequestro;
- O crime foi cometido na frente de filhos e filhas da vítima; (GOMES, 2014,
p. 9).

Nos anos 2000, alguns Estados passaram a responder penalmente ao


problema, como resposta a incidência e gravidade do feminicídio, o alto grau de
impunidade e a pressão social de mulheres e movimentos feministas. De acordo
com Garita (2013) e Gomes (2015), Costa Rica (2007), Guatemala (2008), Chile
(2010), Peru (2011), El Salvador, México e Nicarágua (2012), e finalmente Colômbia
e Brasil (2015), foram os países que até 2015 realizaram modificações em seu
Código Penal para enquadrar o feminicídio.

5.1 Lei do Feminicídio

Antes da tipificação da Lei do Feminicídio, as mortes perpetradas pelos


homens contra as mulheres eram erroneamente chamadas de crime passional,
esses crimes eram reduzidos a simples fatos que ocorrem na relação, como um
rompimento ou não aceitação do relacionamento pela mulher, reduzindo assim
esses crimes a sentimentos e emoções em que perdura um sentimento de posse em
relação à vítima. De acordo com Eluf (2017), o crime passional é uma criação
patriarcal usado para justificar crimes contra as mulheres, e não se encontra descrito
no Código Penal brasileiro.
A escritora e ativista feminina Diana Russel usou pela primeira vez o conceito
feminicídio na Tribuna Internacional Sobre Crimes Contra as Mulheres realizado em
Bruxelas em 1976, com o intuito de denunciar o assassinato de mulheres pelo fato
de serem mulheres, esses assassinatos pautados em gênero confere a esses atos
22

uma significação política, sendo assim esses crimes pesam sobre o Estado, que ao
não intervir consente com a impunidade (MENEGHEL; HIRAKATA, 2010). A
tipificação do feminicídio como crime de gênero é fundamental, uma vez que, está
diretamente ligado à violência de gênero, sendo assim um crime passível de ser
evitado. A justificativa para a necessidade de se criar uma Lei específica onde a
mulher possa se sentir mais protegida se deve ao fato do aumento do número de
mortes de mulheres pelos seus companheiros, ou por outra figura masculina dentro
ou fora do contexto doméstico.
Antes da Lei do feminicídio entrar em vigência não havia nenhuma punição
especial pelo fato de o homicídio ser praticado contra as pessoas do sexo feminino
somente em razão ao seu gênero, ou seja, o feminicídio era punido como um
homicídio. A Lei do feminicídio foi sancionada pela então presidente do Brasil Dilma
Rousseff, em 9 de março de 2015, para que houvesse uma punição adequada à
essas mortes em razão do seu gênero, a Lei altera o código penal, e inclui o
feminicídio como uma modalidade de homicídio qualificado

Lei n°13.104, de 9 de março de 2015.Altera o art. 121 do Decreto-Lei


n°2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, para prever o
feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art.
1° da Lei n°8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol
dos crimes hediondos. (BRASIL, 2015).

Reconhecer e identificar a existência dos feminicídios dentre os assassinatos


de mulheres é indispensável dentro do processo de defesa dos direitos humanos, o
uso da nomenclatura feminicídio salienta a necessidade de se aprender sobre o
conjunto de concepções que identificam a violência de gênero, seus padrões,
características e os contextos de situações de extrema violência que podem
culminar com a morte. Entende-se, portanto que os crimes concretizados na forma
de assassinato são motivados pelo ódio, desprezo ou sentimento de propriedade,
dentro dessas situações legitimadas pelo machismo as mulheres são culpabilizadas
por não cumprirem os papeis de gêneros impostos pela sociedade. Esse processo
de disseminação e visibilização da terminologia feminicídio não somente traz à tona
o que estava oculto, mas possibilita observar e fazer uma reflexão de algo que
durante muito tempo foi naturalizado e dissipado dentro da sociedade culturalmente
patriarcal que sempre produziu e sustentou as desigualdades entre os gêneros.
Ainda segundo Gomes (2018) não se deve reduzir o feminicídio apenas a um debate
23

penal, é importante a compreensão do feminicídio como um fenômeno social,


reconhecendo como expressão letal da violência de gênero.

O feminicídio é o término, o fim extremo de um continuum de terror contra


as mulheres que inclui uma vasta gama de ações, que vão muito além de
abusos verbais e físicos, tais como estupro, tortura, escravidão sexual
(particularmente a prostituição), incesto e abuso sexual na infância,
agressões físicas e emocionais, assédio sexual (no telefone, nas ruas, no
escritório, em salas de aula), mutilações genitais (clitoridectomia, excisão,
infibulação), operações ginecológicas desnecessárias (histerectomia
gratuita), heterossexualidade forçada, esterilização contra a vontade,
maternidade forçada pela criminalização do aborto e da contracepção,
psicocirurgia, negação de alimentos a mulheres em algumas culturas,
cirurgias cosméticas e outras mutilações me nome da estética. Quando
essas formas de terrorismo terminam em morte, tem-se o feminicídio
(CAPUTI; RUSSEL, 1992, p. 15).

5.2 Feminicídio no Brasil

O ano de 2019 iniciou com dados alarmantes referente a mulheres mortas por
razões de gênero, ou seja, vítimas de feminicídio, de acordo com pesquisa realizada
pelo docente Jefferson Nascimento, da Universidade de São Paulo (USP), e
divulgado pela Folha de São Paulo, apenas no primeiro mês desse ano, 119
mulheres morreram e 60 sofreram tentativas de feminicídio. Trata-se de uma média
de 6 crimes por dia. Segundo a pesquisa, através da análise de crimes ocorridos em
25 estados do país, constata-se que a média de idade de mulheres vítimas é de 33
anos, enquanto a do agressor pouco mais de 38. E entre as razões que motivaram
os crimes, 18% trata-se do inconformismo com o fim do relacionamento e 25%
derivam de ciúmes, brigas ou suposta traição. Ainda segundo os dados apurados, os
crimes foram cometidos por parceiros ou ex-parceiros em 71% dos casos. Em 41%
dos crimes foram utilizadas armas brancas (facas), enquanto armas de fogo
representam 23% dos casos. E ainda, do total de ocorrências, 47% ocorreram
dentro da casa da vítima.
De acordo com dados do Atlas da Violência 2019, publicado pelo Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), verificou-se entre o período de 2007 a 2017,
um crescimento de 30,7% no número de homicídios de mulheres no Brasil, e no
último ano da série um aumento de 6,3% se comparado ao ano anterior.

A magnitude do fenômeno e de suas variações pode ser mais bem aferida


em termos da taxa de homicídios por grupo de 100 mil mulheres, que
24

permite maior comparabilidade temporal e entre as diferentes unidades


federativas. Entre 2007 e 2017 houve aumento de 20,7% na taxa nacional
de homicídio de mulheres, quando a mesma passou de 3,9 para 4,7
mulheres assassinadas por grupo de 100 mil mulheres. Nesse período,
houve crescimento da taxa em 17 Unidades da Federação. Já no recorte de
2012 a 2017, observamos aumento em 1,7% na taxa nacional e um
aumento maior ainda de 5,4% no último ano, período em que se verificam
taxas ascendentes em 17 UFs em relação a 2016 (ATLAS DA VIOLÊNCIA,
2019, p. 35).

Ainda segundo os dados aferidos pelo Atlas da Violência 2019, considerando


o período de 10 anos (2007-2017), o estado do Rio Grande do Norte apresentou o
maior crescimento, 214,2%, seguido pelos estados de Ceará com 176,9% e Sergipe
com 107,0% se tratando do número de homicídios de mulheres. No ano de 2017,
com o índice mais de duas vezes superior à média nacional (4,7), o estado de
Roraima respondeu pela maior taxa, com 10,6 mulheres mortas por grupo de 100 mil
mulheres. Acre (8,3), Rio Grande do Norte (8,3), Ceará (8,1), Goiás (7,6), Pará e
Espírito Santo (7,5), são as unidades federativas que dão sequência a lista de onde
ocorreram mais violência letal contra as mulheres.
Com base nessas informações, questionamentos sobre o aumento do número
de casos de feminicídio começam a surgir. De acordo com o Atlas da Violência
2019, não se sabe exatamente se o aumento dos registros de feminicídio reflete
realmente aumento no número de casos, ou diminuição da subnotificação, uma vez
que a Lei de Feminicídio é relativamente nova, de modo que pode haver processo
de aprendizado em curso pelas autoridades judiciárias.
Por outro lado, fazendo uma análise dos cenários em que ocorrem os crimes
de feminicídio, e considerando que em sua maioria ocorre por conhecidos íntimos da
vítima, e dentro do contexto familiar, podemos inferir que a taxa de incidentes letais
intencionais contra mulheres que ocorrem dentro das residências é um bom agente
para medir o feminicídio. “Naturalmente, ainda que o número real de feminicídio não
seja igual ao número de mulheres mortas dentro das residências, tal aproximação
pode servir para evidenciar a evolução nas taxas de feminicídio no país (ATLAS DA
VIOLÊNCIA, 2019, p. 40) ”.
Para analisar a questão, o IPEA utilizou os microdados da saúde, que
permitem traçar o perfil desses homicídios segundo o local da ocorrência do fato:

Do total de homicídios contra mulheres, 28,5% ocorrem dentro da residência


(39,3% se não considerarmos os óbitos em que o local do incidente era
25

ignorado). Muito provavelmente estes são casos de feminicídios íntimos,


que decorrem da violência doméstica (ATLAS DA VIOLÊNCIA, 2019, p. 40).

A tabela abaixo descreve os números de homicídio de mulheres e os


indicadores quanto aos casos que ocorreram dentro das residências das vítimas e
aqueles que foram utilizadas armas de fogo como instrumento do crime.
26

Homicídio de mulheres no Brasil, dentro e fora das residências e por arma de fogo (2007-2017) Variação
2007 a 2012 a 2016 a
Brasil 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2017 2017 2017
Número de Homicídios 3.778 4.029 4.265 4.477 4.522 4.729 4.769 4.836 4.621 4.645 4.936 30,70% 4,40% 6,30%
Taxa de Homicídios 3,9 4,1 4,3 4,4 4,4 4,6 4,6 4,6 4,4 4,5 4,7 20,70% 1,70% 5,40%
Número de Homicídios na Residência 1.019 1.167 1.127 1.186 1.196 1.171 1.214 1.280 1.292 1.336 1.407 38,10% 20,20% 5,30%
Taxa de Homicídios na residência 1 1,2 1,1 1,2 1,2 1,1 1,2 1,2 1,2 1,3 1,3 27,60% 17,10% 4,50%
Número de Homicídios Fora da Residência 2.759 2.862 3.138 3.291 3.326 3.558 3.555 3.556 3.329 3.309 3.529 27,90% -0,80% 6,60%
Taxa de Homicídios Fora da Residência 2,8 2,9 3,2 3,3 3,3 3,5 3,4 3,4 3,2 3,2 3,4 18,20% -3,30% 5,80%
Número de Homicídios por Arma de Fogo 1.988 2.048 2.193 2.199 2.260 2.336 2.327 2.393 2.281 2.349 2.583 29,90% 10,60% 10,00%
Taxa de Homicídios por Arma de Fogo 2 2,1 2,2 2,2 2,2 2,3 2,2 2,3 2,2 2,3 2,5 20,10% 7,80% 9,10%
Número de Homicídio por Arma de Fogo
na Residência 415 474 429 480 455 453 442 462 451 507 583 40,50% 28,70% 15,00%
Taxa de Homicídio por Arma de Fogo na
Residência 0,4 0,5 0,4 0,5 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,5 0,6 29,80% 25,40% 14,10%
Número de Homicídio por Arma de Fogo
Fora da Residência 1.573 1.574 1.764 1.719 1.805 1.883 1.885 1.931 1.830 1.842 2.000 27,10% 6,20% 8,60%
Taxa de Homicídio por Arma de Fogo Fora
da Residência 1,6 1,6 1,8 1,7 1,8 1,8 1,8 1,8 1,7 1,8 1,9 17,50% 3,50% 7,70%
% Homicídios na Residência 27,00% 29,00% 26,40% 26,50% 26,40% 24,80% 25,50% 26,50% 28,00% 28,80% 28,50% 5,70% 15,10% -0,90%
% Homicídios por Arma de Fogo 52,60% 50,80% 51,4% 49,10% 50,00% 49,4% 48,80% 49,50% 49,40% 50,60% 52,30% -0,60% 5,90% 3,50%
% Homicídios por Arma de Fogo nas
Residências 11,00% 11,80% 10,10% 10,70% 10,10% 9,60% 9,30% 9,60% 9,80% 10,90% 11,80% 7,50% 23,30% 8,20%

Atlas da Violência, 2019, p. 41


27
28

Podemos observar entre os anos de 2012 e 2017 um pequeno aumento na


taxa de homicídio de mulheres (1,7%), porém ao analisarmos os indicadores de
homicídios que ocorrem fora e dentro da residência, notamos duas condutas
distintas. A taxa de homicídios fora da residência diminui 3,3% no período, enquanto
dentro das residências a taxa aumentou em 17,1%.

Possivelmente, a redução de homicídios de mulheres fora da residência


esteja refletindo a diminuição gradativa da violência geral que tem se
expandido cada vez mais para um maior número de unidades federativas.
Por outro lado, o crescimento dos casos que ocorrem dentro das
residências deve ser reflexo do aumento de casos de feminicídios,
efetivamente. Nota-se ainda que o crescimento mais acentuado nos últimos
dez anos tem sido na taxa homicídios das residências, com o uso da arma
de fogo, que cresceu 29,8% (ATLAS DA VIOLÊNCIA, 2019, p. 40).

Considerando a notoriedade que a violência contra a mulher finalmente


assumiu no debate público na sociedade brasileira, assim como as dificuldades
enfrentadas quanto à implantação de políticas públicas eficazes o suficiente para a
redução deste cenário, a flexibilização da posse e porte de armas de fogo no Brasil
que vem sido discutida e apoiada pelo atual governo, causa preocupação. Conforme
informação retirada do Atlas da Violência 2019, no ano de 2017 mais de 221 mil
mulheres registraram episódios de agressão em decorrência da violência doméstica,
número que pode estar subestimado uma vez que muitas vítimas têm medo ou
vergonha de denunciar os casos. Entende-se que a possibilidade de cada vez mais
cidadãos possuírem uma arma de fogo dentro de suas residências tende a
vulnerabilizar mais ainda a vida de mulheres em situação de violência,
principalmente se considerando as altas nos índices dessa violência no país.
Segundo Dias, 1º tesoureira do Sindicato Nacional dos Docentes das
Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), em publicação realizada em
comemoração ao 8 de março lembrado como Dia Internacional da Mulher, os crimes
contra a vida das mulheres tendem a se agravar, pois a liberação de armas deixa as
mulheres em uma situação de risco muito maior uma vez que, os casos de
feminicídio em sua maioria acontecem exatamente dentro da própria casa e os
autores dos crimes são pessoas conhecidas e supostamente de confiança da vítima.
Dentro deste cenário político, pode-se ressaltar a dificuldade de educação e
conscientização social acerca da posição de submissão imposta as mulheres na
sociedade brasileira, e que como consequência colabora para com esse fenômeno
29

de violência contra o gênero, quando possuímos no papel de chefe de Estado um


indivíduo que reafirma a ideia de sexos hierárquicos e se elege num processo
eleitoral pautado por discursos de ódio, que confere aos demais cidadãos
legitimação dos princípios de uma cultura machista e patriarcal

Em sociologia, legitimação é a ação de conferir legitimidade a um ato, um


processo ou uma ideologia, de modo que se torne aceitável para uma
comunidade. O poder é habitualmente legitimado através da autoridade.
Enquanto “legitimidade” pressupõe consenso mais ou menos generalizado,
a legitimação refere-se ao modo de obtenção desse consenso entre os
membros de uma coletividade (EDUCALINGO, 2019).

Diante da prevalência das altas taxas no número de feminicídios no Brasil


explanados anteriormente, a conclusão é que se faz necessário que o Estado
implemente e execute mais estratégias de prevenção e reparação integral às
mulheres em situação de violência, bem como mais implementações de políticas
públicas a fim de viabilizar mais proteção à mulher em situação de violência, e não
menos importante a conscientização do agressor frente a essa violência
desencadeada pelo machismo enraizado dentro da sociedade. A responsabilização
do agressor não deve ser advinda somente diante da punição do seu crime, atado
ao enfrentamento da violência contra as mulheres, se faz necessário que o agressor
tenha a compreensão do crime que cometeu, visto que ao final do cumprimento de
sua pena já em liberdade se relacionará com outras mulheres, e essas podem estar
fadadas a viver uma nova violência advinda desse agressor, havendo assim a
importância de serem trabalhadas suas percepções e validação da mulher como um
ser autônomo e livre, contrariando o que o patriarcado e consequentemente o
machismo validam dentro da sociedade.
30

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo teve como objetivo de compreender o fenômeno


continuum da violência contra as mulheres, entender por que o padrão de domínio
do gênero masculino aniquila e reduz o gênero feminino, e porque esse fenômeno é
legitimado dentro da sociedade brasileira. Pode-se observar que diante da ascensão
das mulheres na sociedade em diversos contextos e não apenas no doméstico como
o sistema patriarcal julga o ideal, as mulheres vêm sendo pelos homens subjugadas
e exterminadas principalmente quando essas decidem romper esse ciclo de
subordinação à figura masculina. É fundamental que se reconheça e se identifique a
existência do feminicídio dentre as mortes que ocorrem com as mulheres, isso
contribui com o respaldo para com as mulheres diante do processo de defesa dos
direitos humanos, e compreender que a violência contra a mulher para além de um
debate penal é também um fenômeno social e político que norteia as medidas a
serem tomadas para o enfrentamento da violência dentro da sociedade.
Para a realização desse trabalho foram feitas pesquisas em artigos, livros e
materiais retirados de endereços eletrônicos, que resultaram em textos que
colaboraram e enriqueceram a crítica em relação a essa temática problematizada,
contudo, algumas dificuldades foram encontradas, levando em consideração que o
termo e a Lei do Feminicídio são conceitos relativamente recentes dentro das
literaturas que abrangem esse cenário.
A psicologia dentro dessa temática tem um papel fundamental de possibilitar
o enfrentamento da desigualdade de gênero, que nesse trabalho constatou-se como
ponto de partida para a subjugação do gênero feminino como um ser inferior ao
gênero masculino. É de extrema importância identificar a violência de gênero, seus
padrões, as características e os contextos em que essas violências ocorrem. Em
decorrência de violências sofridas as mulheres tendem a se isolarem e terem uma
queda na sua autoestima provocada por uma visão deturpada sobre si mesma. Faz-
se necessário o trabalho da psicologia com a subjetividade, a autonomia, e também
a atuação no processo de reflexão, conscientização e recuperação das mulheres
que sofreram algum tipo de violência.
31

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