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UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO

CAMPUS DE SÃO BERNARDO DO CAMPO

ANDRESSA OLIVEIRA BOCCHI - 1118100055


ERICA MIRANDA MILANO - 1118100013
GIOVANNA BOSCHI SCHEMBERK - 1118100147
LARA CAPUTO NAGALLI - 1118100107
NATALYA D'AVILA CORDEIRO MARTINS DE SOUZA - 1118100140

Resenha - Aborto, feminicídio e direto das


mulheres apresentada para unidade curricular
integrada “Ciências Sociais”, da Graduação em
Medicina no campus São Bernardo do Campo da
Universidade Nove de Julho.

São Bernardo do Campo


2021
As temáticas abordadas na tese e artigos disponibilizados se relacionam de
maneira proporcional, com isso, um único conceito se forma a partir delas: a
incoerência das práticas abordadas em relação à mulher. Essa incoerência é
historicamente justificada pelo fato do gênero feminino ser intitulado como
secundário, assim, a legislação, hábitos, costumes e culturas visam prioritariamente
o interesse do gênero masculino se tornando um padrão na sociedade. Nesse
pensamento, para a mulher, o ato de tomar partido dos próprios direitos é
amplamente dificultado por barreiras, como por exemplo, o trabalho doméstico e
familiar popularmente determinado como dever feminino leva a um distanciamento
involuntário de assuntos públicos e políticos. A ausência da mulher na vida pública a
privou de defender a sua autonomia e gerou inúmeras consequências voltadas
principalmente a sua saúde. A imprecisão dos programas públicos voltados a saúde
feminina, expõe a falta de assistência e auxilio à mulher, esse cenário faz com que a
mesma busque soluções por meio de condutas prejudiciais, como um aborto
clandestino devido uma gravidez indesejada, uma problemática que, de acordo com
os moldes abordados pela sociedade, admite encargo exclusivamente feminino.
Atrelado a isso, entramos na complexa discussão sobre a interrupção voluntária da
gravidez que, independentemente de ser crime, se faz presente na vida da mulher,
a análise de todas as vertentes por trás desse ato torna ainda mais complicada a
discussão que envolve diversas situações como jovens que engravidam de maneira
irresponsável, falta de recursos financeiros, uma gravidez fruto de um
relacionamento extraconjugal, abandono paterno e entre outras realidades. De fato,
a desigualdade social no Brasil é uma pauta relevante nesse assunto, mulheres com
recursos financeiros realizam o procedimento em clínicas especializadas enquanto
as demais (e maioria) recorrem às clínicas clandestinas. A descriminalização do
aborto faria com que menos mulheres fossem a óbito e sofressem consequências
severas a sua saúde, porém junto a descriminalização é necessário intensificar o
acesso a informação da saúde sexual e criar novas circunstâncias de planejamento
familiar. Vale ressaltar que passar por um procedimento de abortamento induzido é
uma experiência traumática e jamais deve ser normalizada, independentemente de
ser crime a vida do embrião não deve ser banalizada. Dito isso, retomamos a
questão da mulher vista em segundo plano, o predomínio do gênero masculino em
relação aos interesses da mulher tomou circunstâncias extensas, nas quais, a
opressão e a violência se tornaram habituais resultando em um cenário
descontrolável e letal, o feminicídio. Diante disso, desconstruir o conceito machista e
incluir a mulher de maneira igualitária é fundamental para a incorporação de novas
políticas a fim de renovar o conceito de direitos humanos, ampliar a independência
feminina e reduzir as atrocidades por trás dessas problemáticas que, infelizmente,
ainda levam a desfechos fatais.
A luta pelos direitos da mulher provém de décadas, e esses direitos incluem
o acesso aos serviços de saúde. Já a saúde da mulher só foi inserida no sistema
nacional de saúde no século XX, porém, inicialmente, restrito a gravidez e ao parto.
Nas décadas de 1930 a 1970, foi criado o programa materno-infantil levando a uma
visão limitada da mulher, restringindo ao seu papel de mãe e doméstica.
Relacionado à saúde sexual e reprodutiva da mulher, é preciso enfatizar o
planejamento familiar, o qual deve fornecer uma saúde integral à mulher, incluindo
por exemplo, prevenção de gravidez indesejada. Nos anos de 1980, foi aprovado
pelo Governo Federal o Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM),
esse programa propõe uma assistência integral à mulher em todas as fases da vida,
modificando então aquela limitação da saúde materno-infantil. Contudo, ainda que
tais medidas foram estabelecidas, o sistema de saúde brasileiro demonstra uma
escassez na assistência da saúde integral da mulher, sendo facilmente analisado
pelas taxas mortalidade relacionadas ao aborto, que é realizado de forma
clandestina e insegura, comprometendo a vida da mulher na realização do
procedimento e que, inclusive, resulta em internações hospitalares após o
procedimento, o que demonstra uma ausência de protagonismo da paciente em
relação à sua saúde. Ao tratar de gênero e raça, observa-se divergências nos
âmbitos dos direitos sexuais e reprodutivos, sendo as mulheres negras com maior
risco de morbimortalidade materna e maiores vítimas de gravidez indesejada.
Devido a isso, entende-se a importância da informação e acesso de contracepção,
além disso, demonstra a necessidade da mulher obter autonomia no próprio corpo.
Com isso, a descrimininalização do aborto favorece procedimento seguro à
paciente e reduz os gastos na saúde pública. Já a criminalização do aborto reflete a
imposição social sobre o ato de escolha da mulher.
No que diz respeito à agressão da mulher e feminicídio, atualmente a lei do
feminicídio caracteriza o homicídio de mulheres um crime hediondo, porém as
ocorrências não diminuíram, principalmente no período de pandemia do vírus
COVID19. Locais como Paraíba e Tocantins registraram maiores números do crime.
Pode-se então comprovar que a convivência de cônjuges por tempo maior do que o
usual, tem acarretado graves problemas. A partir disso, deve-se tirar de lição que
rigorosos trabalhos devem ser realizados em relação ao bem estar desse convívio.
Seria de extrema importância que o Estado realize junto aos órgãos de saúde,
trabalhos de conscientização, através de pesquisas e consultas destinadas ao
público alvo, como possíveis terapias em casal dentre outros métodos terapêuticos
que visem diminuir drasticamente os números de feminicídio. O agressor já sabe
que comete um crime, porém isso não é o suficiente para brecá-lo, devem-se buscar
métodos que tratam o problema à fundo, onde seja fortalecida a união dos casais, o
ganho da confiança e respeito, e sobretudo a conscientização do homem no que diz
respeito aos direitos das mulheres.
A violação de gênero se enquadra em violação dos direitos humanos, ao ferir
a constituição por meio da conduta de discriminação de gênero o indivíduo
automaticamente comete uma imprudência contra os próprios direitos, pois ambos
os gêneros fazem parte de uma mesma representação. Podemos dizer que, a cada
ano que passa, a mulher vem tomando espaço no âmbito público e político, porém o
cenário ainda não é o ideal se levarmos em conta a luta para a conquista desse
lugar. É necessário desconstruir a concepção de hierarquização do gênero
masculino na sociedade atual.
Em síntese, entende-se que, as mulheres sempre enfrentaram grandes lutas
pelos seus direitos na sociedade, em meios sociais, econômicos, educacionais e
morais. Por mais que o país apresente leis de proteção às mulheres com normas
punitivas em relação aos agressores, ainda é possível notar altos índices de
feminicídios, abusos e violências contra as mulheres no país. O aborto é
considerado um grande problema de saúde pública, pois está diretamente
relacionado com a desigualdade social e consequentimente favorecendo a
realização clandestina do mesmo, deixando a mulher exposta a grandes riscos à
saúde. Com tudo isso, ainda pode ser submetida ao sofrimento moral decorrente de
um processo judicial. Sendo assim, por desencadear diversas consequências
biopsicossociais às mulheres, pode-se caracterizar como uma violação dos direitos
humanos, então devemos nos atentar para a raiz do problema: a desigualdade de
gênero. É de suma importância tomar medidas que coloquem em prática os direitos
das mulheres, medidas essas, que devem ser abordadas de maneira funcional para
que, no futuro, a mulher finalmente tenha o seu lugar na sociedade.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ROMIO, Jackeline A. F. Feminicídios no Brasil, uma proposta de análise com
dados do setor de saúde. Orientador: Profa. Dra. Tiza Aidar. 2017. 215 p. Tese
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https://www.scielo.br/pdf/sdeb/v37n98/a14v37n98.pdf. Acesso em: 4 maio 2021.

OLIVEIRA, Ana C.G.A.; COSTA, Mônica J.S.; SOUSA, Eduardo S.S.


Feminicídio e violência de gênero: aspectos sociojurídicos. TEMA - Revista
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LOBATO, Ana L. DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES. In: BEIJING+20:


Avanços e Desafios no Brasil Contemporâneo. [S. l.]: Instituto de Pesquisa
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MARÇO registra maior número de morte de mulheres e feminicídios de 2021,


na Paraíba: Ao todo, 8 mulheres foram assassinadas em março de 2021.. [S. l.]:
Dani Fechine, 25 abr. 2021. Disponível em:
https://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2021/04/25/marco-registra-maior-numero-de-
morte-de-mulheres-e-feminicidios-de-2021-na-paraiba.ghtml. Acesso em: 4 maio
2021.

NÚMERO de feminicídios no Tocantins quase dobrou nos três primeiros


meses de 2021: Segundo especialista, aumento é um reflexo dos efeitos
provocados pela pandemia. Balanço da segurança pública também mostra redução
geral no número de crimes violentos.. [S. l.]: TV Anhanguera, 22 abr. 2021.
Disponível em:
https://g1.globo.com/to/tocantins/noticia/2021/04/22/numero-de-feminicidios-no-toca
ntins-quase -dobrou-nos-tres-primeiros-meses-de-2021.ghtml. Acesso em: 4 maio
2021.

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