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CURSO DE BACHAREADO EM ENFERMAGEM

Lorena Andrade Neres


Mariana de Fátima Rodrigues Massa
Natália Stephane Domingos Tavares

SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DA


ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Brasília
2020
Lorena Andrade Neres
Marina de Fátima Rodrigues Massa
Natália Stephane Domingos Tavares

SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DA


ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

Projeto de conclusão de curso de graduação apresentado a


Faculdade Ls de Brasília como requisito parcial para a
obtenção do título de Bacharel (a) em Enfermagem.
Orientador(a): Professor Bruno de Assis

Brasília
2020
SEXUALIDADE NA TERCEIRA IDADE: UMA ANÁLISE SOB A ÓTICA DA
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM

SEXUALITY IN OLD AGE: AN ANALYSIS FROM THE PERSPECTIVE OF

NURSING CARE

Lorena Andrade Neres1


Mariana de Fátima Rodrigues Massa2
Natália Stephane Domingos Tavares3
Bruno Santos De Assis4

Resumo: Com o aumento da expectativa de vida e da longevidade, medidas para melhorar a


qualidade de vida devem ser adotadas. A população tem alcançado a terceira idade com
condições físicas e psicológicas satisfatórias, com menor taxa de doenças crônicas e maior
disposição para vivenciar a vida sexual de forma prazerosa e saudável. Mas ainda assim
enfrentam diversos obstáculos, preconceitos e a falta de informação relacionado a este
assunto. Portanto a equipe de enfermagem deve adotar, programas e ações para orientá-los de
forma atenciosa e prestativa, rompendo tabus, esclarecendo dúvidas e facilitando a passagem
dos obstáculos impostos pela idade, bem como orientar sobre a transmissão de IST´s.
Metodologia: Trata-se de uma revisão sistêmica de literatura, em que foram consultadas junto
à Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) acessando as bases de dados: Literatura Latino-
Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Libery of Medicine
(PubMed), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e a Base de Dados em Enfermagem
(BDENF), com ênfase em revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados, totalizando
17 artigos. Objetivo: Identificar os principais desafios vivenciados pela terceira idade no que
tange à pratica sexual, dispostos na literatura revisada, bem como propor um plano de ação de
enfermagem para auxiliar a população da terceira idade a terem uma prática sexual saudável.
Palavras-Chave: Sexualidade. Idosos. Terceira idade. Infecções sexualmente transmissíveis.
Enfermagem.

Abstract: With the increase in life expectancy and longevity, measures to improve the quality
of life should be adopted. The population has reached old age with satisfactory physical and
psychological conditions, with a lower rate of chronic diseases and greater willingness to
experience sex life in a pleasant and healthy way. But they still face several obstacles,
prejudices and the lack of information related to this subject. Therefore, the nursing team
must adopt programs and actions to guide them in a caring and helpful way, breaking taboos,
clarifying doubts and facilitating the passage of obstacles imposed by age, as well as

1
Acadêmica de Enfermagem – 10º semestre – Faculdade LS – E-mail: lorenaaneres@gmail.com
2
Acadêmica de Enfermagem – 10º semestre – Faculdade LS – E-mail: mariana.rodrigues0201@gmail.com
3
Acadêmica de Enfermagem – 10º semestre – Faculdade LS – E-mail: nataliaestephane@hotmail.com
4
Professor orientador, graduado em Enfermagem, Mestre em Ciências Políticas, Professor universitário e
Coordenador Geral do curso de enfermagem, Enfermeiro Docente e Professor Titular Faculdade e pós-
graduação, Gerente de enfermagem da Diretoria do Hospital Regional de Samambaia – E-mail:
bruno.assis@ls.edu.br
providing guidance on the transmission of STIs. Methodology: This is a systemic literature
review, in which they were consulted with the Virtual Health Library (VHL) accessing the
databases: Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), National
Libery of Medicine (PubMed), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) and the Nursing
Database (BDENF), with an emphasis on systematic reviews and randomized clinical trials,
totaling 17 articles. Objective: To identify the main challenges experienced by seniors in
terms of sexual practice, arranged in the reviewed literature, as well as proposing a nursing
action plan to help the elderly population to have a healthy sexual practice.
Keywords: Sexuality elderly. Elderly. Sexually transmitted infections. Nursing.

1 INTRODUÇÃO

O processo de envelhecimento ocorre sem idade definida, dependendo da disposição


em relação à qualidade de vida, mas pode ser considerado um processo de alteração
caracterizado fisiologicamente por alterações físicas, psicológicas, sociais e ambientais,
ocorrendo de forma diferente, dependendo das situações econômicas e sociais do indivíduo. A
terceira idade, em países em desenvolvimento, é definida por indivíduos com idade igual ou
superior a 60 anos de idade, enquanto nos países desenvolvidos a partir dos 65 anos (THEIS;
GOUVÊA, 2019).
Envelhecer é um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível e não
patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio de todos os membros de uma
espécie, de maneira que o tempo o torne menos capaz de fazer frente ao estresse do meio
ambiente e, portanto, aumente a possibilidade de morte. Assim, a sociedade ocidental
simplifica o processo de envelhecimento com estereótipos negativos e preconceitos,
caracterizando o idoso como inerte (CUNHA et al, 2015).
De acordo com as Tábuas completas de mortalidade, Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatísticas - IBGE (2019), a Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica como idoso
todo individuo com 60 anos ou mais. O Brasil tem mais de 28 milhões de pessoas nessa faixa
etária, número que representa 13% da população do país. E esse percentual tende a dobrar nas
próximas décadas, segundo a Projeção da População, divulgada em 2018 pelo IBGE. As
principais causas para essa tendência de envelhecimento seriam o menor número de
nascimentos a cada ano, ou seja, a queda da taxa de fecundidade, além do aumento da
expectativa de vida do brasileiro. Quem nasceu no Brasil em 2017 pode chegar, em média, a
76 anos de vida. Na projeção, quem nascer em 2060 poderá chegar a 81 anos. Desde 1940, a
expectativa já aumentou 30,5 anos.
Desta forma, o Brasil apresenta modificação no seu perfil demográfico com alterações
na sua pirâmide etária. Com isso, foi considerado um país de jovens, mas tornou-se um país
de idosos, devido à elevação expressiva da sobrevida. Esse aumento da população idosa
também está relacionado à diminuição das taxas de fecundidade e de mortalidade no país
(SCARDOELLI; FIGUEIREDO; PIMENTEL, 2017).
Diante dessa nova realidade que se apresenta, os governos, as organizações
internacionais e a sociedade civil deveriam programar políticas e programas de
“envelhecimento ativo”, possibilitando, dessa forma, o melhoramento da saúde, a participação
mais ativa e a segurança dos cidadãos mais envelhecidos. Esse novo quadro da realidade
brasileira requer a criação de políticas públicas e serviços direcionados a esse segmento social
e cobra atenção e responsabilidade não só de autoridades governamentais, mas de toda
sociedade, em relação aos serviços a eles oferecidos (COSTA; SILVA, 2020)
No entanto, é bastante desafiador, apesar do crescimento demográfico populacional de
idosos, esse público, suas demandas e especificidades são negligenciadas, o que se faz
necessário ampliação ao acesso a saúde e potencializar o cuidado integral. Deste modo,
também devendo abranger a saúde sexual dos idosos pois a mesma vem se mostrando cada
vez mais importante para o bem estar deste grupo, já que com a garantia de uma vida sexual
saudável traz também autoestima, autocuidado, além de incentivar maior interação social
(COSTA; SILVA, 2020)
A sexualidade humana vem sendo estudada por importantes pensadores como
Sigmund Freud, Michel Foucault e Judith Butler. Um ponto importante que acompanha a
temática é o fato de que a sexualidade se verte sobre distintos objetos de pesquisa e é
entendida em diferentes ângulos. Um desses ângulos é o da terceira idade, expressão
comumente utilizada para se referir ao grupo de pessoas com 60 anos ou mais e para designar
a fase de envelhecimento que traz demandas mais amplas de cuidado com a saúde (BARROS;
ASSUNÇÃO E KABENGELE, 2020).
Para a gerontologia, o envelhecimento pode ser definido como uma sequência da vida,
tendo suas particularidades e características. Felizmente, atualmente vem se edificando uma
visão mais positiva e bem-sucedida para o idoso. Contudo, quando a questão é a sexualidade
nesse momento da vida, o tema é cercado de tabus diante da sociedade e até mesmo entre
idosos que vivem com mitos e preconceitos. Essa visão desvirtuada é fruto de uma educação
muito rigorosa, cheia de julgamentos e preconceitos repressores (REIS et al, 2020)
A sexualidade é temática delicada, de difícil conversação em um atendimento, porém é
evidente que essa dificuldade está inserida na vida dos idosos. Sendo preocupantes os
preconceitos e ideias a respeito da sexualidade na velhice, assim como o despreparo dos
profissionais em lidar com esse assunto. O cuidado é o fundamento da ciência e da arte da
enfermagem. Este cuidar está inserido na prática que vai além da assistência às necessidades
inerentes ao ser humano no instante em que ele se encontra debilitado, é um compromisso
com o cuidar que envolve o autocuidado, a autoestima, a cidadania do outro e da respectiva
pessoa que cuida (SANTIAGO, 2019).
Entretanto, a velhice pode ocasionar uma serie de conquistas importantes, como o
autoconhecimento, compartilhando experiência com outros idosos, demonstrando lições que
eles ensinam para que assim, ao envelhecer eles saibam enfrentar melhor as mudanças,
valorizando cada ruga no rosto e fio branco de cabelo como marcas de uma vida única. E
assim, no pêndulo das emoções que constituem o processo dinâmico de viver, vivendo,
saibam lidar com as suas emoções para reaprender a importância de que é cuidando de si que
se compreende melhor a importância da sua presença e envolvimento no cuidado com o outro
(OLIVEIRA, BARBOSA, ALMEIDA, 2016).
Contudo, o presente estudo justifica - se pela necessidade de aprofundar os
conhecimentos sobre a importância de se olhar os idosos como um todo, abordando com
seriedade as dificuldades, as questões fisiológicas, os preconceitos e tabus vivenciados pelos
idosos no que se refere à sexualidade, assim como a prevenção e promoção da saúde
relacionada as IST’s. A orientação dos profissionais é de extrema importância para
proporcionar maior qualidade de vida e saúde aos idosos.
Sendo assim, este artigo tem como objetivo identificar os principais desafios
vivenciados pela terceira idade no que tange à pratica sexual, dispostos na literatura revisada,
bem como propor um plano de ação de enfermagem para auxiliar a população da terceira
idade a terem uma prática sexual saudável.

2 MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de uma revisão sistêmica de literatura, em que foram consultadas junto à


Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) acessando as bases de dados: Literatura Latino-Americana
e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), National Libery of Medicine (PubMed),
Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e a Base de Dados em Enfermagem (BDENF),
com ênfase em revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados,
Os termos de pesquisa utilizados incluíram: Sexualidade na qualidade de vida dos
idosos, infecções sexualmente transmissíveis em idosos, papel do enfermeiro na orientação
sexual de idosos, sexualidade vista pelos próprios idosos. Como critérios de inclusão adotou-
se os artigos publicados em língua portuguesa e que estão disponíveis em formato completo
na internet.
Excluíram-se os artigos em que após leitura de seus resumos ficou constatado que
não atendiam ao objetivo dessa pesquisa.
De acordo com os critérios de inclusão, foram selecionados: 17 artigos eletrônicos
disponíveis nas bases de dados supracitadas que versam sobre sexualidade na terceira idade:
uma análise sob a ótica da assistência de enfermagem. Com data de publicação entre 2015 a
2020. Para análise e síntese do material observaram-se os seguintes procedimentos:
a) Leitura informativa ou exploratória do material para inteiração do conteúdo dos artigos;
b) Leitura seletiva que se preocupou com a descrição e seleção do material quanto a sua
relevância para o estudo;
c) Leitura crítica ou reflexiva que buscou definições conceituais sobre pós-operatório de
paciente transplantado cardíaco. O processo de enfermagem como protagonista na qualidade
de vida dos pacientes.

1- RESULTADOS

Para o alcance dos objetivos propostos para esta pesquisa, foram utilizadas 17
obras cientificas as quais estão organizadas no quadro a seguir:

Quadro 1- Síntese das publicações utilizadas.

ANO TÍTULO ASSUNTO PRINCIPAL AUTORES


2020 A atuação do Papel do enfermeiro na REIS et al.
enfermeiro frente a sexualidade
sexualidade na
terceira idade: uma
revisão integrativa
2020 Sexualidade da pessoa Desafios para atuação do ZANCO et al.
idosa: principais enfermeiro na sexualidade do
desafios para a idoso.
atuação do enfermeiro
na atenção primária
em saúde
2020 Sexualidade de idosas Sexualidade de idosas PAULA E
e contribuições da RODRIGUES
enfermagem
2020 Sexualidade na Aspectos psicológicos acerca BARROS,
terceira idade: da sexualidade na terceira ASSUNÇÃO
sentimentos idade. E KOBENGELE.
vivenciados e aspectos
influenciadores.
2019 Casos de infecções Infecções Sexualmente CASTRO
sexualmente Transmissíveis em idosos
transmissíveis na vida
do idoso: uma
realidade existente no
Brasil
2019 Percepção dos idosos Saúde do idoso em relação THEIS E
em relação a vida ao comportamento sexual. GOUVÊA.
sexual e as infecções
sexualmente
transmissíveis na
terceira idade.
2019 Obstáculos Infecções sexualmente RODRIGUES et al.
enfrentados pela transmissíveis
enfermagem na
prevenção de
infecções sexualmente
transmissíveis na
terceira idade.
2019 Longevidade e Atuação do enfermeiro SANTIAGO.
sexualidade: uma enquanto educador de saúde
abordagem inerente à sexual.
atuação do enfermeiro
enquanto educador em
saúde.
2019 Tábuas completas de Índice de mortalidade IBGE
mortalidade IBGE
2018 Fatores restritivos e Influência do SILVA et al.
impulsores da envelhecimento na
sexualidade do idoso sexualidade
2017 Olhar do enfermeiro Sexualidade na atenção SILVA, OLIVEIRA
na atenção primária de primária. E PEREIRA.
saúde: prática sexual
na terceira idade.
2017 Mudanças advindas Sexualidade relacionada a SCARDOELLI,
do envelhecimento: Diabetes Mellitus. FIGUEIREDO,
sexualidade de idosos PIMENTEL.
com complicações da
Diabetes Mellitus.
2016 A sexualidade das Comportamento sexual. VILAR e GOMES.
pessoas idosas vistas
pelas próprias
2016 Caderno de atenção Saúde do idoso na atenção UNASUS
básica pág.64 básica
2016 A sexualidade na Qualidade de vida dos idosos OLIVEIRA,
qualidade de vida do frente a sexualidade. BARBOSA E
idoso ALMEIDA.
2015 Vovô e vovó também Pratica profissional acerca da CUNHA et al.
amam: sexualidade na sexualidade dos idosos.
terceira idade.
2015 Representações Sexualidade entre idosos. QUEIROZ et al.
sociais da sexualidade
entre idosos
Fonte: Elaborado pelos autores.

3 DISCUSSÃO

Para melhor compreensão do texto e favorecimento ao encontro dos objetivos propostos


para esse estudo, a discussão encontra-se sistematizada em dois eixos do saber, os quais se
descrevem em principais desafios vivenciados pela terceira idade no que tange à pratica
sexual e plano de ação de enfermagem para auxiliar a população da terceira idade a terem
uma prática sexual saudável.

4.1 Desafios vivenciados pela terceira idade no que tange à pratica sexual
Devido ao desconhecimento e à pressão cultural, muitos idosos que ainda possuem
desejo sexual, experimentam, algumas vezes, sentimento de culpa e de vergonha, pelo simples
fato de se perceberem com vontade de procurar a obtenção do prazer. Estes padrões de
comportamento criados pela sociedade limitam a sexualidade humana ao período da
juventude, não sendo, portanto, reforçado pela sociedade na velhice. Ao contrário, o idoso é,
muitas vezes, vítima de preconceito, o que acarreta grande perda em sua qualidade de vida
(VILAR, GOMES, 2016).
A fisiologia sexual não ocorre de forma uniforme entre todos os homens, porém, as
alterações mais comuns são caracterizadas por aspectos como: ereção mais flácida, sendo
necessário mais tempo para alcançar o orgasmo; ereções involuntárias noturnas diminuem;
ejaculação retardada e redução do líquido pré-ejaculatório. Entre mulheres, as alterações se
iniciam na menopausa com a diminuição dos hormônios, a pele tende a ficar mais fina e seca,
a lubrificação vaginal diminui, levando ao orgasmo em menor duração (THEIS; GOUVÊA,
2019)
Contudo, os obstáculos na aceitação da sexualidade na dinâmica do envelhecimento
perpassam pela falta de informação, provavelmente pela ideia arcaica de que a sexualidade
limita-se apenas ao uso do aparelho genital e à reprodução. Contudo, percebe-se nos últimos
anos, que a terceira idade tem estreitado vínculos com a vida sexual ativa, o que é essencial à
boa qualidade de vida, mas também coloca os sujeitos dessa faixa etária em maior
predisposição à aquisição de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) (RODRIGUES et
al, 2019).
Durante toda a vida adulta, há a possibilidade de vivência sexual satisfatória e
prazerosa. Acima dos 60 anos de idade deve-se criar e utilizar novos recursos e estratégias
que facilitem sua adaptação a esta outra etapa de vida. Durante a avaliação de idosos, o
profissional de saúde deve lembrar-se sempre de abordar a satisfação e os problemas com a
sexualidade, e da mesma forma orientar os idosos sobre a expansão de IST’s, particularmente
Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), entre este grupo (ATENÇÁO BASICA A SAUDE
DO IDOSO PAG 64; 2016).
Diversos fatores contribuem para esse aumento de ISTs entre as pessoas idosas. Tal fato
vem se destacando em função de a sociedade ignorar que os idosos mantêm a vida sexual
ativa; da escassez de estratégias e orientações que priorizem a prevenção de ISTs; e das
dificuldades motoras dos idosos no uso de preservativos. Desta maneira, esses fatores
supracitados denotam as fragilidades da vulnerabilidade da pessoa idosa para as ISTs. Este
aumento se deve a falta de campanhas de prevenção para estes cidadãos, pois os idosos são
tidos como assexuados, e a sexualidade, nesta faixa etária ainda é cercada de tabus e
preconceitos por parte da sociedade e também dos profissionais de saúde (SILVA et, al 2018).
No entanto, como todos sabem as medidas de prevenção para as IST’s mais acessíveis
e uma das mais eficazes é o uso do preservativo, porém poucas pesquisas mostram como esse
uso esta sendo feito se tratando da população idosa. Grande parte dos homens e das mulheres
da população idosa relata que não fazem o uso de preservativo em suas relações sexuais
fazendo com que essa classe torna-se mais vulnerável a contaminação das IST’s. Esses dados
revelam certa preocupação quanto ao tema, pois na adolescência muitos desses idosos não
usavam preservativos e não tinha o costume de usar, isso explica de certo modo essa carência
do uso de métodos preventivos (CASTRO, 2019).
O entendimento errôneo que os idosos têm de que o preservativo é desnecessário nas
intimidades sexuais nessa idade, pois as mulheres já estão na menopausa e não podem mais
ficar grávidas, faz com que eles não usem o mesmo. Desta forma, os idosos acabam por
evidenciar comportamento de risco. As campanhas de prevenção de ISTs visualizadas na
mídia (televisão, rádio, internet e revistas) direcionadas à população idosa são precárias.
Pressupõe que essas patologias se disseminem rapidamente entre esse público específico, caso
não haja resolução para esses problemas através de ações adequadas e precisas (ZANCO,
2020).
Infelizmente ainda existe uma grande parcela dessa população que possuem pouco
conhecimento sobre as IST’s fazendo com que os tornem mais vulneráveis para a infecção.
Ainda existe muito preconceito no âmbito social e profissional que dificulta o acesso a
informações para que esse conhecimento seja aumentado. De certo modo esse preconceito
estimula com que as pessoas da terceira idade se contaminem com alguma IST. Por isso é de
suma importância que esse tabu seja quebrando e se desmistifique a ideia que sexo é somente
para os jovens já que muitos acreditam que não existe vida sexual quando se é idoso.
(CASTRO, 2019).
De acordo com Santiago (2019), atualmente se fala sobre sexualidade, porém o
diálogo sobre a prática sexual entre homens e mulheres durante o envelhecimento pouco é
discutido e, em alguns momentos até menosprezado pelos profissionais de saúde e sociedade
como um todo. Os profissionais de saúde não têm como prática, em seu atendimento,
interrogar sobre os aspectos pertinentes à prática sexual, e menos ainda quando esses são
idosos. Isso ocorre em razão de a atenção à saúde ser executada com o foco na queixa ou na
doença. Segundo os autores, não há identificação, na maioria das vezes, se as medicações
utilizadas pelos clientes interferem na prática sexual. No senso comum, espera-se que tal
prática desapareça com o decorrer da idade, por essa razão não há interrogação sobre a
sexualidade na velhice.
A ausência de programas, o não planejamento das ações educativas por falta de
interesse dos profissionais e também por forte influência e interferência da cultura e
sociedade. A assistência de enfermagem a pessoa idosa quanto a sua sexualidade encontra-se
deficiente. A Saúde no contexto da sexualidade da pessoa idosa baseia em um mundo de
contradições e ignorância, sendo negligenciada a atenção no decorrer dos atendimentos de
rotina (ZANCO et al, 2020).
A enfermagem é uma ciência humanizada que possui como princípio básico a empatia
e o conhecimento técnico para a assistência aos pacientes/clientes. Diante disto, todos os
problemas que afligem o ser humano são importantes e principalmente quando lidamos com a
saúde do idoso. A sexualidade diante de tantas dificuldades vivenciadas no processo de
envelhecimento parece não ter tanta importância, porém a sexualidade faz parte das
necessidades fisiológicas do ser humano, e não pode ser considerada nula. Atualmente a
sexualidade é reconhecida como uma das dimensões importantes para qualidade de vida. O
enfermeiro precisa estar preparado para orientar e abordar este assunto com pacientes na
terceira idade, visto que faz parte de suas funções como educador e prestador de assistência
humanizada (SILVA, OLIVEIRA E PEREIRA, 2017).
Desta forma, os profissionais de saúde não contribuem com a pessoa idosa quando
deixam de ofertar testes rápido justamente porque desconhecem a sexualidade desta
população, o poder público não vê o idoso como um todo, ou seja, não trabalha prevenção e
sim tratamento das doenças crônicas através do programa Hiperdia, falta de organização, falta
de equipamentos adequados, poucos profissionais e uma demanda grande de atendimentos,
discriminação e preconceito até mesmo pelo próprio idoso. É de extrema importância que a
sociedade brasileira tenha consciência dos direitos que as pessoas idosas possuem para que
possam cobrar dos gestores de políticas públicas municipais, estaduais e federais (ZANCO et
al, 2020).

4.2 Plano de ação de enfermagem para auxiliar a população da terceira idade a


terem uma prática sexual saudável
A sexualidade da pessoa idosa é um fator que necessita de avaliação interdisciplinar. E
para isso é necessário que as autoridades estabeleçam políticas públicas para ser trabalhada
em equipe, buscando expandir o conhecimento dos idosos sobre o assunto. Pois quando se
trabalha a questão da pessoa idosa surgem inúmeros preconceitos e opiniões que não
correspondem com a realidade. Por este motivo, a enfermagem deve oferecer explicação e
incentivar a prática saudável da sexualidade na terceira idade (ZANCO et al, 2020)
No entanto, o grande desafio da assistência de enfermagem consiste em prevenir o
aumento do número de idosos contaminados, assegurando uma longevidade bem-sucedida.
Para isso, na prevenção das IST em idosos, se vê a necessidade em educação em saúde na
abordagem deste assunto. A educação em saúde para os idosos sobre essas doenças e a
sexualidade podem ser abordadas na terceira idade para constituir um meio de prevenção e
promoção de doenças, visto que os profissionais de enfermagem por meio do conhecimento
cientifico, adotam em suas vidas o processo de novos hábitos e condutas de saúde (THEIS;
GOUVÊA, 2019).
Os profissionais de saúde têm dificuldades de abordagem desse assunto, preocupam-se
com doenças crônicas, isso se deve ao despreparo e da valorização do corpo jovem, um
reforço para o preconceito da sexualidade no envelhecimento. Dessa forma, torna-se
imprescindível a capacitação para profissionais, em especial da enfermagem, que é a categoria
que tem mais contato com a cliente. A formação acadêmica e a educação continuada
apresentam lacunas, impedindo o cuidado integral (PAULA, RODRIGUES, 2020).
As práticas educativas são importantes ferramentas do cuidado, podendo ser realizadas
em hospitais, Estratégia Saúde da Família, ambulatórios e instituições de longa permanência,
seja, individualmente na consulta de enfermagem ou em formas de grupos. A educação em
saúde contribui para a saúde integral, ultrapassando o processo saúde doença, possibilitando a
promoção em saúde e humanização (PAULA, RODRIGUES, 2020)
Como profissionais da saúde e pesquisadores, temos o papel de desmistificar tabus e
construir saberes, proporcionando vida sexual saudável e digna para as idosas. Estudos que
explorem fatores envolvidos e dificuldades encontradas por essas clientes contribuem para o
cuidado holístico. Torna-se importante mais pesquisas sobre o tema, ainda tão pouco
investigado, avançando no campo da geriatria/gerontologia e repercutindo no bem-estar e
qualidade de vida (PAULA, RODRIGUES, 2020).
Tendo em vista essa vertente é necessário que sejam realizadas ações educativas
permanentes pelo enfermeiro da atenção primária em saúde para este público, com programas
de prevenção para idosos, fazendo com que sejam vistos como seres que também possuem
desejos e vontades sexuais, já que as ações em saúde são voltadas para o público jovem e não
engloba pessoas idosas, levando ao desconhecimento do uso de preservativos e das infecções
sexualmente transmissíveis. Para tanto é necessário que o enfermeiro seja capacitado para
tratar sobre esse assunto com o idoso, de forma aberta e objetiva. (ZANCO et al, 2020).
Desta forma, é preciso que as ações de enfermagem como: desenvolver protocolos de
atuação e programas de educação a saúde; focalizar medidas preventivas quanto às disfunções
eréteis, menopausa, andropausa, divulgar a existência de métodos clínicos e ou cirúrgicos para
a expressão da sexualidade, trabalhar diretamente com o idoso despertando o interesse, dando
destaque aos seguintes aspectos: atividade sexual, preconceitos, receio, vergonha, culpa e
falsas ideologias, sejam adotadas para melhoria da assistência prestada e consequentemente
da qualidade de vida desta clientela. Infelizmente a sexualidade na terceira idade ainda é
pouco discutida e na maioria das vezes, ignorada (REIS et al, 2020)
O enfermeiro precisa realizar um plano de cuidado direcionado a esta população com
intervenções como: criar novas estratégias para estimular o interesse e criatividade em relação
à sexualidade na terceira idade; buscar táticas para motivar os idosos a descobrirem novas
maneiras de satisfação; ouvir atentamente o idoso; deixar o idoso expressar seus sentimentos e
angústias. (REIS et al, 2020)
Sendo assim, o enfermeiro tem como função orientar alternativas para intervir, atenuar
e compensar os desgastes que afetam o desempenho da sexualidade dos idosos. Se não puder
resolver, deverá encaminhar para o profissional pertinente. A consulta de enfermagem
auxiliará no compartilhamento do conhecimento, contribuindo com o enfrentamento da
sexualidade no envelhecimento com naturalidade, permitindo sua vivência de forma livre e
prazerosa (PAULA; RODRIGUES, 2020)
Nesse sentido, os profissionais de Enfermagem devem possuir tato para envolver o
sujeito idoso com a temática. É necessária devida capacitação desses profissionais para que a
abordagem seja efetiva, englobando acolhimento, escuta qualificada e repasse de informações
úteis para a prevenção de infecções causadas pelo ato sexual desprotegido (RODRIGUES, et
al., 2019).
É importante que os profissionais de enfermagem possam cuidar dos idosos,
considerando as questões apresentadas relacionadas a sexualidade. Fomenta-se, assim, o
desejo de que os achados deste estudo possam contribuir para sensibilização de profissionais
de saúde em relação ao idoso enquanto ser complexo e integral, bem como a vivencia da
sexualidade como constituinte de envelhecimento com qualidade, possibilitando prática e
cuidados livre de julgamentos e preconceitos. Tal amplitude propicia autonomia desses
sujeitos, bem como possibilita espaços para discussões acerca saúde sexual desse idoso, como
a prevenção de IST’s, HIV e Aids. (QUEIROZ et, al 2015).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo revelou que os principais desafios em relação a prática sexual na


terceira idade estão relacionados ao preconceito, a pressão cultural que ainda possui a ideia
arcaica de que o idoso não possui ou não deve possuir vida sexual ativa, tabus, mitos e
crenças enraizadas na sociedade em que acarreta em falta de diálogo, desinformação e
vergonha por parte dos idosos para com os profissionais de enfermagem e até mesmo com a
própria família. Desta forma, dificulta a adaptação em relação as mudanças fisiológicas do
organismo e os deixam mais expostos a infecções sexualmente transmissíveis. Além disso, a
ausência de políticas públicas, programas e o não planejamento das ações educativas por falta
de preparação dos profissionais de enfermagem também influenciam e interferem na cultura e
na sociedade.
Revelou ainda que a enfermagem possui um papel fundamental no auxílio a população
da terceira idade a terem uma prática sexual saudável na abordagem e escuta atenta e efetiva,
orientando, esclarecendo, compartilhando conhecimento, contribuindo com o entendimento e
as adaptações necessárias, desmistificando tabus e construindo saberes, buscando táticas para
motivar os idosos a descobrirem novas maneiras de satisfação e orientando sobre as infecções
sexualmente transmissíveis e as formas de prevenção.
Por fim, é satisfatório notar o avanço da sociedade em relação a temática, porém ainda
há muito o que evoluir, estudar, aprofundar e conquistar. Tendo em vista o crescimento da
população idosa e a longevidade, a temática é de grande importância para a saúde e qualidade
de vida da população.

REFERÊNCIAS

BARROS, ASSUNÇÃO E KABENGELE, Sexualidade na Terceira Idade: Sentimentos


Vivenciados e Aspectos Influenciadores, 2020. Disponível em:
https://periodicos.set.edu.br/fitsbiosaude/article/download/6560/3888 Acessado em:
19/09/2020
CADERNO DE ATENÇÃO BÁSICA, (PAG 64), Saúde do Idoso, 2016. Disponível em:
https://unasus.ufsc.br/atencaobasica/files/2017/11/modulo-10.saude_idoso_medicina-
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