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O Bebê Secreto do Chefe

Livro 1

Série Chefes e Bebês

Por Crystal Monroe

Um romance de segunda chance


É SEM PRE B OM LEMBRA R QUE …

Esta tradução foi realizada por fãs sem qualquer propósito


lucrativo e apenas com o intuito da leitura de livros que não têm
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— Eu nunca te esqueci, Isabelle. Não vou parar até que você grite meu nome

de novo.

Cinco anos atrás, Carter foi tudo para mim... por uma noite.

Eu me apaixonei pelo Sr. Perfeito horas antes dele deixar a cidade.

Desde então, vivo de memórias de seu corpo duro como pedra.

Até conhecer meu novo chefe.

No momento em que os intensos olhos azuis de Carter encontram os meus,

eu congelei.

Desta vez, ele não está me deixando escapar por entre os dedos.

Não há como escapar de seu sorriso de derreter calcinha...

Ou a conversa suja que ele sussurra em meu ouvido.

Mas Carter não é o único com surpresas.

Mantive um grande segredo todos esses anos.

Nosso doce garotinho.

Nossa segunda chance pode sobreviver a um segredo tão grande?


O texto a seguir foi revisado de acordo conforme as novas Regras Ortográficas,
entretanto, com o intuito de deixar a leitura mais leve e fluida, a revisão pode
sofrer alterações e apresentar linguagem informal em vários momentos,
especialmente nos diálogos, para que estes se aproximem da nossa comunicação
comum no dia a dia.

Alguns termos, gírias, expressões podem ser encontrados bem como objetos que
não estão em conformidade com a Gramática Normativa.

Boa leitura!
Cinco anos atrás

— Você está brincando comigo? — Gritei olhando para Ryan.

Ele se recostou na cadeira, indiferente como o inferno, parecendo que não

tinha acabado de rasgar todo o meu mundo.

— Vamos, bebê. É melhor assim.

Eu balancei minha cabeça. Não conseguia entender o fato de que Ryan me

levou para um encontro apenas para terminar comigo. Quem marca um encontro

para terminar?

— Como assim é melhor? — Perguntei, tentando não deixar minha voz tremer

ou soar como se eu fosse chorar. Era exatamente o que eu queria fazer. — Estamos

juntos há dois anos e você está simplesmente jogando tudo fora.

— Eu não estou jogando tudo fora, querida. — Ele se inclinou para frente,

pegando minha mão sobre a mesa.


— Não me chame assim. — Eu disse, puxando minha mão antes que ele

pudesse me tocar. — Você está me largando. Pode voltar a usar meu nome.

— Tudo bem, Isabelle. — Disse Ryan, fazendo meu nome soar como se tivesse

um gosto ruim em sua boca. — Estou tentando ser legal aqui, mas você não está

sendo muito aberta comigo agora.

Soltei uma risada sarcástica.

— Você está certo, quanto descuido da minha parte. Vou tomar notas, então

da próxima vez que me largar, serei mais cortês com isso.

Ele suspirou.

— Não seja assim.

Eu cruzei meus braços sobre meu peito.

— Serei como eu quiser. Você não precisa mais fazer exigências.

Ele encolheu os ombros.

— Ok. Certo. Acho que você está certa.

Eu estava muito certa. Ryan estava me largando. De repente, percebi que não

tinha razão para estar aqui. Ele disse o que queria, nós terminamos. Ele já explicou

que não estava pronto para se comprometer. Não havia mais nada para fazer ou

dizer aqui.
Me levantei para sair.

— Espere. — Disse Ryan. — Não vamos dividir a conta?

Minha boca caiu.

— Pague a conta você mesmo, idiota. — Disse e me virei, marchando para

longe dele.

Eu segurei meus soluços até sair do bar onde nos conhecemos, e pelo menos

na metade do caminho para o ponto de ônibus. Quando as lágrimas finalmente

rolaram pelo meu rosto, um soluço percorreu minha garganta.

Peguei meu telefone e liguei para June.

— Ele me largou. — Chorei ao telefone.

— O que? Izzy, oh, meu Deus!

— Eu sei. — Disse. — Ele me convidou para um drinque. Tomamos uma

cerveja e depois comemos aquela comida gordurosa de pub que amo tanto.

E então ele me largou. Depois de termos tido uma tarde boa juntos.

— Não consigo acreditar. — Disse June. — Eu tenho que colocar Bernie nesta

ligação também.
Concordei, esperando que June ligasse para Bernadette, então estávamos em

um trio. Minhas duas melhores amigas eram santas, sempre lá para mim quando

a merda batia no ventilador.

E a merda tinha acabado de atingir o ventilador em grande estilo.

Estávamos todas juntas na faculdade. Eu estava no programa de artes, June

estudava comunicação e Bernie ia ser professora, mas tínhamos compartilhado um

dormitório no primeiro ano e ficamos apegadas desde então.

— Izzy, você está bem? — Bernie perguntou quando ela pulou na linha. —

June me contou antes de me conectar.

— Estou bem. — Menti. Tive vontade de desabar no meio-fio em uma poça

de lágrimas.

— Ele não merece você. — Disse Bernie ferozmente.

— Eu o fiz pagar a conta sozinho desta vez. Normalmente dividimos. — Por

alguma razão, me senti mal por fazer isso. Mas esse era o meu problema, eu

sou legal demais. Sempre acabava sendo atropelada porque era legal e não queria

que as pessoas se importassem comigo. Então, acabava me colocando em segundo

lugar.

O tempo todo.

Eu era um personagem secundário em minha própria história, quando

deveria ter sido o personagem principal que levaria toda a glória.


E esse acontecimento apenas provou isso. Nem mesmo Ryan queria mais ficar

comigo.

— Que bom que você o fez pagar. — Disse June. — Eu gostaria que pudesse

ter insistido mais com ele, realmente tornado a vida dele um inferno de alguma

forma.

Bernie concordou.

— Não quero tornar a vida dele um inferno. — Respondi. — Eu só... quero

seguir em frente.

Isso não seria tão fácil. Eu ainda estava apaixonada por Ryan. Inferno, até

meia hora atrás, eu nem sabia que algo estava errado entre nós. Estava começando

meu último ano na faculdade e ele terminou no ano passado. Estávamos

conversando sobre morar juntos, sobre ver o que o resto de nossas vidas nos

apresentaria. Eu estava pronta para o longo caminho com ele.

E ele não foi capaz de ver o passado hoje.

Engoli mais um soluço.

— Você sabe do que precisa? — June perguntou. — Uma distração. —

Acrescentou ela antes que eu pudesse adivinhar. — Você precisa sair e ir para a

cama com um cara gostoso que vai te fazer esquecer tudo sobre aquele idiota.

— Excelente ideia! Não perca tempo com aquele perdedor... — Bernie

concordou com entusiasmo.


— Eu não sei, vocês... — Eu não era realmente o tipo de pessoa que dormia

por aí. Era uma garota de relacionamento de longo prazo por completo. Casos de

uma noite não eram minha praia.

— Devíamos sair. — Sugeriu Bernie. — Podemos afogar suas mágoas no

álcool. Quando estiver bêbada demais para julgar se o cara é quente o suficiente

para levar para casa com você, nós a ajudaremos a decidir. — Ela parecia

triunfante.

— Estou trabalhando hoje à noite. — Eu disse.

Cheguei ao ponto de ônibus e olhei para as outras pessoas esperando para

embarcar. Havia apenas dois. Um tinha fones de ouvido e não quis ouvir minha

conversa. O outro estava lendo um livro.

— Vamos. — Gemeu June. — Cancele seu turno.

— Eu não posso fazer isso. Além disso, estou economizando dinheiro para...

— Eu não sabia como terminar aquela frase. Eu estava economizando dinheiro

para que Ryan e eu pudéssemos conseguir um lugar depois da faculdade. Agora,

isso não iria acontecer. Mas eu ainda precisaria de um lugar para ficar, fosse com

ele ou não. Meu estômago embrulhou e me senti mal. Deus, tudo isso foi tão

inesperado. E tão injusto.

O ônibus roncou em nossa direção.


— Eu tenho que ir. — Disse. — Estou trabalhando no meu turno e depois vou

para a cama. Conversaremos amanhã.

As meninas protestaram por não poderem conversar mais um pouco, mas

então desistiram e encerrei a ligação. Subi no ônibus, sentindo-me entorpecida,

sentei-me em um dos assentos do fundo. Inclinei minha cabeça contra a janela e

observei a cidade deslizar enquanto o ônibus serpenteava pelas ruas de Los

Angeles, me levando de volta ao alojamento estudantil.

Meu turno no Café Noir começava às cinco e ia até uma da manhã. A cafeteria

era um local simples durante o dia, oferecendo comida e café artesanal. À noite,

preparávamos os cardápios de coquetéis e cervejas artesanais e a multidão de

clientes mudava de trabalhadores diurnos sensatos para estudantes barulhentos.

Eu gostava de trabalhar lá, sempre tinha uma boa atmosfera e, como

trabalhava no café, quase tanto quanto estudava, parecia um lar longe de casa.

— Ei, Izzy. — Meu colega de trabalho Jimmy disse quando cheguei ao meu

turno e ele estava saindo. — Você está bem? Você parece…

— Estou bem. — Respondi, antes que ele pudesse terminar a frase. — Apenas

uma semana difícil com aulas e testes.

— Você tem alguns dias de folga em breve, certo? Então poderá descansar. —

Disse ele.
— Sim, é um bom ponto. — Concordei, ele me deu um sorriso simpático antes

de sair.

Fui até o balcão, pronta para atender os clientes que entravam para a correria

do fim da tarde e tentei não pensar mais em Ryan.

Não adiantaria chorar no café de alguém. Isso não era profissional.

O tempo passou e os pedidos mudaram de café para coquetéis, quando os

pedidos do jantar começaram a chegar. Trabalhei duro, indo e voltando, me

concentrando no trabalho para não ter que pensar em mais nada. Minha mente

não parava de pular para Ryan e quando a forcei, pensei no que June e Bernie

sugeriram, uma distração. Mas eu não poderia fazer isso.

Poderia?

Eu estava em um relacionamento de dois anos até hoje. Estava pensando a

longo prazo. Minha mente estava no futuro, não no presente em fazer com que

minhas necessidades físicas fossem satisfeitas. A gratificação instantânea era a

última coisa que queria no momento.

Eu senti como se o tapete tivesse sido arrancado debaixo de mim.

— Dois cafés pretos e a melhor cerveja preta que você tem na torneira. — Disse

uma voz profunda. Eu olhei para cima.

Oh. Meu. Deus.


Os olhos mais azuis que eu já vi me perfuraram e eles estavam em um rosto

que só poderia ter sido esculpido pelos anjos. Ele era alto, moreno e bonito, com a

pele bronzeada, como se estivesse vindo de uma corrida matinal na praia, ombros

largos, uma atitude confiante e um sorriso no rosto que fez meu estômago revirar.

— Já está saindo. — Consegui dizer, o que foi um milagre porque a visão do

Sr. Quente como o Inferno me fez sentir com a língua presa. Afastei-me e comecei

a preparar seu pedido. Dois cafés e uma cerveja preta, essa era a ordem, certo?

Ainda bem que ele pediu antes que eu visse seu rosto, porque nada do que ele

disse depois disso...

O que estava errado comigo? Eu geralmente não notava caras como esse. Mas

se eles se parecessem com ele, tenho certeza de que teria olhado duas vezes. Em

um relacionamento ou não.

Depois de preparar os dois cafés, coloquei-os no balcão.

Ele sorriu para mim e meu coração deu um salto.

— Deixe-me pegar aquela cerveja. — Disse.

Ele acenou com a cabeça e fui até as torneiras de cerveja para servir sua cerveja

preta. Levei o copo ao balcão e o coloquei na mesa, calculando o preço em minha

mente.

Ele puxou um punhado de notas e sorriu para mim novamente.

Borboletas voando no estômago.


— Fique com o troco. — Disse.

— Obrigada. Aqui está. — Ofereci a ele uma bandeja com o café e a cerveja

para que não tivesse que fazer malabarismos com todos os copos.

— Obrigado. — Então ele me deu outro daquele sorriso e foi embora.

A conversa foi simples. Mas eu estremeci, meu estômago apertou novamente,

e o observei caminhar até uma mesa com outro homem e uma mulher.

Meu estômago afundou um pouco. Ele tinha namorada?

Lancei olhares furtivos em direção a sua mesa o resto da noite enquanto

trabalhava, observando a linguagem corporal de seu grupo. Eles estavam longe

demais do balcão para que eu pudesse ouvir o que diziam e à medida que a noite

começava e eu ficava mais ocupada, consegui me concentrar cada vez menos neles.

Mas em algum momento, o outro homem se inclinou e beijou a mulher e fiquei

estranhamente satisfeita.

Eles eram um casal. O Sr. Sonho era uma terceira roda.

O que de forma alguma confirmasse que ele era solteiro, um

homem tão atraente tinha que ter uma mulher que fosse supermodelo. Mesmo

assim, uma garota pode ter esperança.

Eles se levantaram e saíram, meu estômago afundou novamente quando a

mesa ficou vazia. Eu teria gostado de pelo menos falar com ele novamente.
Mas homens assim não se relacionavam com mulheres como eu.

Tudo bem. Eu não precisava me machucar outra vez.

Teria sido bom, no entanto, se pelo menos uma coisa na minha vida

funcionasse como nos filmes. Como já tinha perdido meu final feliz e tudo, era

para ter algum tipo de sorte.

Limpei o balcão enquanto esperava a próxima pessoa fazer o pedido. Era

quase meia-noite e os negócios estavam diminuindo. Estaríamos fechando em

breve. E então eu só teria que ajudar a limpar antes de ir para casa.

Alguém se aproximou do balcão e pigarreou.

Quando olhei para cima, congelei. Mais uma vez, fui pega pelo olhar do Sr.

Olhos Azuis.
Foda-se, ela era fofa. Não apenas fofa, mas ardente também. Mas algo sobre a

maneira como ela olhou para mim, a maneira como sua boca parecia sempre

querer se curvar em um sorriso, me fez querer falar com ela.

— Oi, Isabelle. — Eu disse quando ela olhou para cima, piscando como se eu

fosse algum tipo de visão.

Ela olhou para seu crachá, onde descobri seu nome lindo. Então olhou de

volta para mim.

— Oi. — Ela Respondeu. — Posso... posso pegar algo para você? Acho que

nossa cozinha está fechada, mas... — Olhou por cima do ombro para a cozinha. Ela

estava nervosa, o que a tornava ainda mais atraente.

Ela era atordoante, com cabelos ruivos que caíam sobre seus ombros em

cachos claros e grandes olhos castanhos redondos que me faziam querer cair neles.

— Sim. — Eu disse. — Seu número.

Ela piscou para mim.


— O que?

— Sou um pouco atrevido. — Disse. — Desculpe por isso. Você é a coisa mais

linda que vi em muito, muito tempo. E não posso deixar de passar algum tempo

com você.

Ela piscou para mim antes de suas bochechas corarem.

— Eu não sou uma coisa. — Ela se irritou.

Eu ri. Oh Deus. Mal-humorada também. Ela era o pacote completo.

— Eu acabei de dizer que você é linda e tudo que ouviu foi que eu disse

alguma coisa?

Ela encolheu os ombros.

— Não gosto de ser tratada como uma coisa.

Eu ri de novo.

— Eu não estava tentando tratá-la como uma coisa. Má escolha de palavras.

Você é a mulher mais linda que eu vi em muito, muito tempo. Isto é melhor?

Ela mordeu o lábio e acenou com a cabeça timidamente.

Merda. Ela já estava me deixando louco. Eu sorri.


— Quero passar algum tempo com você. Gostaria de tomar uma bebida

comigo?

Ela hesitou.

— Ainda há tempo antes de você fechar, certo? — Perguntei.

— Não posso beber no trabalho. — Respondeu.

— Quem vai saber? — Perguntei. — Nós somos os únicos que sobraram.

Quando ela olhou em volta, viu que eu estava certo. Não havia mais nenhum

cliente. Todos tinham ido para casa passar a noite. Faltavam cinco para a meia-

noite e ainda tinha tempo para servir mais algumas cervejas.

Ela revirou em sua mente, eu podia vê-la pensando. E estava quente como o

inferno.

— Ok. — Finalmente disse.

Eu sorri

— Ok.

Ela desapareceu e um momento depois, voltou com duas cervejas.

Caminhamos até a mesa onde me sentei com meu colega de faculdade, Ray e

sua namorada, Sonya.


— Então, Isabelle. — Eu disse quando nos sentamos.

— A maioria das pessoas me chama de Izzy. — Contou. — O crachá é

formalidade. — Então tocou com os dedos a etiqueta em seu peito.

— Izzy. — Atrevido. Gostei. — Eu sou Carter.

Ela sorriu.

— Oi, Carter.

Sorri ao som do meu nome em seus lábios.

— Então, Izzy, o que você faz? Além de trabalhar aqui?

— Eu sou uma estudante. — Disse. — Especialização em arte.

Assobiei por entre os dentes.

— Isso é impressionante.

— Você acha?

— Com certeza. — Ela parecia tímida com o elogio.

Eu tinha muito respeito pelos alunos de arte. Era uma carreira difícil, tudo era

uma questão de paixão para eles, porque a maioria não ia muito longe no mundo

da arte. Ganhar dinheiro com algo assim, não importa o quão apaixonado você

seja, era difícil.


— E você? — Perguntou.

— Eu terminei a faculdade no ano passado. Estou terminando um estágio

agora.

— Então, o que vem por aí para você? — Ela perguntou.

Tomei um gole de cerveja.

— Escola de Negócios.

— Mesmo?

Assenti.

— Eu quero fazer a diferença, sabe? Mas não da maneira que a maioria das

pessoas diz que quer.

— Como então?

— Comida gourmet.

Ela riu e eu estava em apuros. Poderia ficar viciado naquele som.

— Ei. — Cutucando-a de leve no ombro e adorando o contato. — A boa

comida aproxima as pessoas. E também é um negócio lucrativo.

— Gosto do seu entusiasmo. Onde é a sua escola? — Perguntou.

— Nova York.
Foi minha imaginação ou o rosto dela entristeceu?

Eu estava voando para a cidade de Nova York em dois dias para começar a

pós-graduação. Trabalhei muito para chegar onde estava agora e trabalharia ainda

mais quando chegasse à Big Apple.

— Quando você vai embora? — Perguntou.

Hesitei, sem saber se deveria contar. Eu não queria assustá-la.

— Em dois dias.

Seus olhos se arregalaram.

— Oh, isso é logo.

Eu concordei.

Partir era agridoce. Eu amava LA, mas precisava dar o próximo passo. Um

MBA abriria muitas portas para mim. E eu tinha grandes planos.

— Bem, tenho certeza de que se sairá bem na pós-graduação. — Disse Izzy.

— Parece que você está apaixonado pelo seu futuro negócio.

Concordei.

— Absolutamente. De que adianta se não há paixão?


— Exatamente. — Disse ela. — É por isso que estudo arte, embora saiba o que

a maioria das pessoas diz sobre isso.

— Eu acho que é nobre. Que tipo de arte você faz?

— Eu sou uma pintora. — Disse ela, com os olhos brilhando.

— Ah. O que você gosta de pintar?

— Qualquer coisa. — Respondeu brincando com uma mecha de seu cabelo

vermelho fogo. — Paisagens abstratas. Mas os retratos são meus favoritos. Eu amo

o rosto das pessoas. Eles sempre contam uma história.

Ela sorriu para mim. Seus olhos eram hipnotizantes. Eu sabia que iria embora

em breve, mas queria conhecê-la melhor. Algo sobre ela me fez querer chegar mais

perto, para descobrir o que a fazia funcionar.

— Você é solteira? — Perguntei.

Minha pergunta me surpreendeu tanto quanto a surpreendeu.

— Sim. — Disse ela, e uma expressão cintilou em seu rosto muito rápido para

eu ler.

— Sorte a minha. — Respondi sorrindo.

Ela riu e foi lindo. Rico, completo e genuíno.

— Sim, acho que você tem.


Tomei um gole da minha cerveja.

— Então, o que você faz quando não está trabalhando no Café Noir ou

pintando quadros?

— Ser estudante em tempo integral e trabalhar ocupa a maior parte do meu

tempo. — Admitiu.

— O que você fará esta noite? — Perguntei.

Ela encolheu os ombros.

— Depois de trancar e apagar todos os sinais de que estou quebrando as

regras agora... — Piscou para mim. — Provavelmente, voltar para casa, ter uma

boa noite de sono e acordar cedo para as aulas amanhã.

— Isso é muito ruim. — Eu disse.

— Por quê?

— Porque esperava que você viesse comigo para comemorar.

Ela piscou para mim.

— O que estamos comemorando?

— O fato de eu ter conhecido a mulher mais linda que já vi. — Sorri para ela

e observei enquanto corava em um vermelho brilhante.


— Oh, você é bom, Carter. Mas me conhecer dificilmente é motivo para

comemoração.

— Oh, Isabelle. — Eu disse, inclinando-me para frente. — Você já se viu?

Ela corou novamente e eu estendi a mão, tocando seu braço. Não pude evitar.

Ela era magnética.

— Então o que diz? — Eu perguntei. — Quando terminar aqui, você quer vir

comigo?

— Onde estamos indo? — Perguntou em uma voz ofegante.

— Onde você quiser.

— Para alguém que parece tão organizado, acho que você tem uma resposta

pronta para essa pergunta. — Disse ela.

Eu ri.

— Você acha que eu pareço bem?

— Não é? — Perguntou. — Eu quero dizer, olhe pra você.

Deslizou os olhos pelo meu corpo e eu adorei a maneira como ela olhou para

mim.

— Você é definitivamente o tipo de cara que comanda uma sala de reuniões.


Eu ri.

— É tão óbvio que sou um grande empresário? Não poderia me passar por

carpinteiro ou lenhador?

Ela ergueu as sobrancelhas.

— Seriamente? Um lenhador? Eu posso apenas te imaginar em flanelas e

botas, medindo uma árvore, imaginando quanto você terá que suborná-la para

cair.

Eu comecei a rir.

— Suborná-la?

— Bem, eu posso dizer que você malha. — Ela disse, corando. — Mas não tem

as mãos calejadas de quem trabalha com uma motosserra. — Ela estendeu a mão

para mim e pegou minha mão entre as dela. Com o contato, a eletricidade saltou

entre nós e minha respiração ficou presa na garganta. Ela olhou para mim antes

de estudar minha mão novamente.

Eu amei a sensação de suas mãos nas minhas, sua pele macia e seus dedos

talentosos. Ela tinha manchas de tinta nas mãos que eram cativantes.

Inclinei-me para frente de modo que nossas cabeças estivessem inclinadas

juntas, estudando minha mão.


— Então, você acha que serei melhor fechando negócios do que derrubando

árvores? — Eu perguntei. Minha voz estava um pouco rouca.

Ela olhou para mim novamente e seu rosto estava tão perto que eu podia ver

as manchas de ouro dançando naqueles grandes olhos castanhos.

— Sim. E é melhor para o meio ambiente.

Eu ri. Daqui podia sentir o cheiro de seu shampoo. Levantei minha mão livre

e coloquei seu cabelo atrás da orelha. Seus olhos estavam fixos nos meus, e quando

me inclinei para beijá-la, ela os fechou.

Quando nossos lábios se tocaram, foi a mesma incrível onda elétrica que

pulsou por mim como quando nos tocamos. Deslizei minha língua em sua boca e

ela gemeu baixinho.

O som era erótico e fez meu pau ficar tenso nas calças.

Eu segurei sua bochecha e a beijei com mais urgência, tentando mostrar o

efeito que ela estava tendo em mim. Mudei minhas mãos para suas costas,

deslizando-as sobre seus ombros até o seu cabelo, enquanto a puxava para mais

perto. Seus braços envolveram meus ombros. Inalei seu perfume, intoxicado.

Quando finalmente nos separamos olhando um para o outro, ela estava sem

fôlego, como se tivesse corrido uma milha e seus olhos estavam mais escuros, mais

profundos. Seus lábios estavam ligeiramente separados.

— Venha para casa comigo. — Eu disse.


Ela se recostou um pouco.

Merda, eu estraguei tudo?

— Tenho que limpar e trancar o café.

Concordei.

— Vou te ajudar.

Ficamos juntos. Todos os outros funcionários foram para casa e eu a ajudei a

fechar. Colocamos as cadeiras nas mesas para que a equipe de limpeza viesse pela

manhã, enxugamos os balcões e ela ligou a grande máquina de lavar louça

industrial que alguém havia carregado antes.

O tempo todo, eu não conseguia parar de olhá-la. A observei se movendo,

acompanhando-a enquanto trabalhávamos. Ela era elegante e graciosa, fazendo

tudo com cuidado, como se realmente importasse. Seu longo cabelo ruivo era

como uma chama enquanto se movia sob as luzes fracas. Quando olhava para mim

de vez em quando, seus olhos estavam profundos. Sua expressão sugeria que

estava tão ansiosa para sair daqui quanto eu.

Quando terminamos de organizar ela trancou a porta e se virou para mim.

— Eu geralmente não faço isso. — Anunciou.

— O que? Ter ajuda para limpar a loja?


Ela deu uma risadinha.

— Não. Ir para casa com alguém que acabei de conhecer. Normalmente não

é... meu estilo.

— Tudo bem. — Eu disse. E se ela mudasse de ideia? Eu precisava

desesperadamente dela, mas não queria persuadi-la a fazer algo que não queria.

— Você tem certeza de que quer fazer isso?

— Sim, eu tenho. Mas eu só queria que soubesse disso.

Eu concordei.

— Observado. E estou honrado.

Ela acenou com a cabeça também.

— Então, para que lado? — Perguntou.

Peguei sua mão e levantei-a à boca, roçando meus lábios contra seus nós dos

dedos.

— Por aqui. — Respirei fundo e a levei para o meu carro.


Eu estava indo para casa com ele.

Quase não me reconheci. Um caso de uma noite? E além do mais, acabei de

sair de um relacionamento de longo prazo. Essa era quem eu era, a garota com um

relacionamento de longo prazo.

E onde isso me levou?

Abandonada e me sentindo um lixo porque, por algum motivo, Ryan

simplesmente não achava que eu era boa o suficiente para se comprometer.

E isso era totalmente besteira.

Talvez eu não fosse como algumas das outras garotas que corriam pelo

campus, que tinham uma tonelada de amigos e grandes fundos fiduciários, mas

tinha algumas coisas boas a meu favor.

E Carter podia ver isso. Ele falou comigo como se eu valesse alguma coisa.

Percebi, que por muito tempo, Ryan me fez sentir como se eu não valesse

muito. Estava tão envolvida em nosso sonho de “para sempre” que não tinha
percebido como ele começou a me desprezar, como começou a me tratar como se

eu fosse um talvez em sua vida, quando ele era algo definitivo na minha, todo esse

tempo.

Carter olhou para mim como se eu fosse a única mulher no mundo. Mesmo

que fosse apenas por esta noite, a maneira como me tratou foi boa.

Andamos com as janelas abertas. Ele moveu sua mão para minha perna e

entrelaçou seus dedos com os meus. Era sexy, mas doce também. Tudo nele, cada

pequeno movimento que fazia, era perfeito.

Seu carro era bom. Caro, mas não de uma forma chamativa. Gostei disso, ele

obviamente estava em posição superior na cadeia alimentar econômica e já tinha

algumas portas abertas na vida. Mas ele não me deu a ideia de que isso o definia.

Não esfregou na minha cara ou me fez pensar que ele estava apenas usando esse

fator para me colocar na sua cama.

E isso me deu ainda mais vontade de ir para a cama com ele.

Ainda assim, Carter era um estranho. Eu não ia para casa com estranhos.

Sempre tive a teoria de que voltar para casa com estranhos era procurar por

encrenca. Mas quando pensei em Ryan, percebi que, embora achasse que o

conhecia todo esse tempo, descobri que realmente não o conhecia muito bem. Eu

nunca teria pensado que ele jogaria fora algo em que trabalhamos por tanto

tempo...

Por nenhuma razão.


E Carter... havia algo nele que me fazia sentir que não era um estranho.

Quando conversamos, foi como se ele me entendesse. Eu não tive isso com

ninguém.

Nem com Ryan ou com nenhum dos caras que já namorei antes.

Nem mesmo com minhas amigas, para ser sincera. Assim não. Sempre achei

que era porque eu era uma artista. Um pouco diferente de todo mundo. Não

esperava que alguém me entendesse de verdade.

Mas de alguma forma, parecia que Carter, sim.

E isso não era algo que eu queria deixar escapar por entre os dedos.

Então, quando ele me perguntou se eu queria ir para casa com ele, a única

resposta que fez sentido lógico foi "sim”.

Chegamos ao seu apartamento, ele destrancou a porta, me deixando entrar

primeiro.

— Oh. — Eu disse quando ele acendeu as luzes e olhei ao redor. — Este lugar

não se parece em nada com o meu apartamento de estudante.

Minha casa era um pouco suja, com danos de água no teto, um forno que só

fechava com uma vassoura e uma porta que só se abria quando era empurrada

com o peso do meu corpo ao entrar ou sair.


A casa de Carter era bem decorada com móveis de design moderno e com um

aroma limpo e masculino.

Carter riu quando eu olhei para o lugar.

— Não é muito, mas é um lar.

— Você está brincando comigo? — Perguntei— Se esta é a sua definição de

“não é muito”, não quero saber como será o resto da sua vida quando você for um

magnata maluco dos negócios.

Retirei meu casaco e Carter o pegou. Um verdadeiro cavalheiro.

Ele riu.

— Você acha que vou me tornar um magnata dos negócios?

— Oh, sim. — Afirmei.

Ele certamente parecia ideal para o papel. Eu tinha certeza que ele ficaria lindo

de morrer em um terno de grife.

E eu já estava com calor.

Tudo o que ele precisava era elevar aquele ar de comando um passo adiante

e ele seria tudo.

Ele segurou minha bochecha, seu rosto próximo.


— Você está me encarando. — Murmurou, seus lábios tão perto dos meus que

eu mal conseguia me concentrar nas palavras que estava falando.

— Você está me distraindo. — Eu disse.

Eu parecia um idiota. Mas ele riu, sua voz era grossa e suave, acariciando

minha pele como mel.

Quando ele me beijou, foi tão elétrico quanto no café. Mas desta vez foi

diferente. Havia muito mais paixão por trás disso. Muito mais luxúria.

Pressionando todo o comprimento de seu corpo contra o meu, pude sentir a

protuberância em suas calças, prova de seu crescente interesse por mim.

E Deus, eu o queria. Ele era charmoso, bonito e confiante, exatamente o tipo

de cara com quem nunca esperei acabar. E o melhor era que ele me queria também.

Senti isso em sua boxer, onde seu pau pressionava contra sua calça para

chegar até mim.

Estava com meu corpo em chamas, somente com a maneira como ele se

esfregou contra mim. Meu estômago se contraiu. Já estava molhada para ele.

Deus, tão molhada.

Carter interrompeu o beijo e olhou para mim.

— Posso pegar algo para você beber? — Perguntou.


Ele estava falando sério? Eu não queria beber, comer ou qualquer coisa que

não fosse ele nu e em cima de mim.

Corei comigo mesma, pensando coisas assim sobre um total estranho.

Mas, novamente, ele não parecia um estranho para mim.

Eu balancei minha cabeça e o beijei, passando minhas mãos em seu peito.

— Quero saber onde fica o seu quarto. — Falei.

Ele riu contra minha boca e passou os braços em minha volta. Suas mãos

pousaram na minha bunda me levantando. Eu gritei. Ele me ergueu como se eu

não pesasse mais do que uma pena e, quando segurei seus ombros, pude sentir

seus músculos ondularem enquanto me segurava. Envolvi minhas pernas em

volta de sua cintura e ele me carregou para o quarto. Sua língua estava na minha

boca novamente e gemi baixinho, apenas vagamente ciente do apartamento ao

nosso redor.

Chegando lá ele não se preocupou com as luzes, o quarto estava iluminado o

suficiente com a luz que entrava dos demais cômodos, ele me colocou na cama. Ri

por algum motivo então. Eu estava delirando de desejo. Ele então sorriu para mim.

Em um segundo ele estava em cima de mim, me beijando, suas mãos

percorrendo meu corpo, tocando e traçando minhas curvas com seus dedos.
Ele puxou minha camisa, expondo meu sutiã e moveu sua cabeça para o meu

peito. Beijando uma linha ao longo do meu sutiã, deixou um rastro de fogo na pele

macia dos meus seios.

Puxei minha camisa pela cabeça e arqueei as costas quando Carter tentou me

alcançar. Ele desabotoou meu sutiã e puxou-o, então deitei em sua frente sem

camisa.

Por um momento, fiquei tímida. Não importa o quão perto eu me sentisse

dele, ainda era um desconhecido. E de repente eu estava quase nua. Seus olhos

deslizaram sobre meus seios e depois de volta para o meu rosto.

— Você é linda. — Disse ele.

Corei e ele se inclinou para me beijar. Segurando meu seio esquerdo, seus

dedos eram fortes e firmes, sabendo exatamente o que ele queria. Gemi enquanto

ele massageava um seio, seus dedos encontrando meu mamilo ereto, onde o rolou

entre o polegar e o indicador.

Engasguei e gemi, sua atenção em meu peito enviando choques elétricos para

a minha boceta, me deixando ainda mais molhada.

Carter abaixou a cabeça, quebrando o beijo e sua boca encontrou meu mamilo

direito. Eu gemi enquanto ele me lambia e chupava, equilibrando-me entre sua

mão em um seio e sua boca no outro.


Por um tempo, tudo que pude fazer foi me perder na sensação de Carter

adorando meu corpo. Me fazendo sentir incrível. E não tínhamos feito nada abaixo

da cintura ainda, ele ainda estava totalmente vestido e eu ainda usando minhas

calças.

Como se soubesse o que eu estava pensando, ele começou a se mover pelo

meu corpo, beijando meu estômago. Seus dedos desabotoaram minha calça jeans

e lentamente a desceu pelas minhas pernas, como se estivesse desembrulhando

um presente. Devagar. Sensualmente, deliciosamente.

Seus dedos estavam quentes na minha pele quando se livrou do meu jeans e

passou as mãos pelas minhas pernas. Ele separou minhas coxas e soprou um hálito

quente.

Gemi e me enrolei na cama.

Quando ele fechou a boca sobre mim e passou sua língua sobre o meu clitóris,

gritei.

Empurrando minhas mãos em seu cabelo escuro e espesso, agarrei os fios e

enrolei-os em punhos.

Carter começou a saborear as dobras delicadas do meu sexo, lambendo,

chupando e me empurrando cada vez mais perto da borda do orgasmo.

Eu tremi e me contorci na cama, puxando sua cabeça contra minha boceta,

empurrando meus quadris enquanto chegava mais e mais perto.


Quando ele empurrou dois dedos em mim, era o que eu precisava para cair

no precipício. O prazer tomou conta do meu corpo. Gritei e fechei minhas pernas

em volta de sua cabeça. Ele riu e sua voz profunda reverberou pelo meu corpo,

estabelecendo-se no meu núcleo quando gozei.

Descendo da minha felicidade sexual, Carter ficou de joelhos e puxou a

camisa pela cabeça. Foi então que pude finalmente cobiçar seu corpo.

Deus, ele era gostoso. Atlético pra caralho, cada músculo individual esculpido

e bonito. Ele era um Adônis, entalhado pelos anjos e enviado à Terra para

mulheres como eu babarem.

Ele riu quando não consegui parar de olhá-lo.

— Você é como uma modelo da revista GQ. — Eu disse, e me senti uma idiota

logo depois. Corei, mas Carter apenas riu.

Sentei-me e comecei a trabalhar em suas calças. Desfiz o botão de sua calça

jeans, puxei o zíper para baixo e libertei seu pau.

E Deus, ele era delicioso. Impressionante, tenso, seda sobre aço, sua ponta

estava lisa com sua luxúria por mim.

Olhei para ele.

Ele me beijou novamente, inclinando-se, segurando minhas bochechas e

gentilmente me cutucando de volta para que eu deitasse de costas. Ele rastejou

sobre mim e minhas pernas se abriram para acomodá-lo.


Seu pau pressionou contra a minha entrada, prendi a respiração e soltei um

longo gemido quando ele empurrou para dentro de mim.

Porra, eu me sentia incrível.

Eu tremi, meus músculos apertando com força em torno de seu tamanho.

Carter começou a se mover e esqueci tudo ao nosso redor. Tudo o que existia

neste momento era Carter e o prazer absoluto que explodiu no meu centro quando

ele começou a se mover para dentro e para fora de mim.

Segurei seus ombros quando ele começou a me foder. Ele estava no controle

total, bombeando seus quadris, deslizando seu pau para dentro e fora, eu estava

junto com ele no passeio. Meus dedos cravaram em sua pele e gritei com cada

impulso, enquanto afundava cada vez mais em mim.

Logo senti a construção de outro orgasmo e me entreguei ao prazer quando

me desfiz pelas costuras.

Quando gozei novamente, meu corpo apertou seu pau e Carter grunhiu,

diminuindo o ritmo até que começou a bombear para dentro e para fora de uma

forma tortuosamente lenta.

Quando me recuperei do meu segundo orgasmo, respirando com dificuldade,

ele se inclinou e me beijou.

— Fique em cima de mim. — Disse ele.


— O que?

Me beijando outra vez, tão profundamente que não conseguia pensar direito.

— Eu quero que você me monte.

Eu estremeci com a maneira como ele disse isso. Sua voz era autoritária, seus

olhos de um azul penetrante, e eu queria dar a ele exatamente o que quisesse.

Assim como eu queria pegar o que precisava.

Eu nunca fiz sexo assim, tão intenso, tão conectado e sensual.

Carter rolou de costas, seu pau levantado no ar, pronto para que eu o

montasse. Subi nele e quando montei em seu pau, gememos em uníssono.

— Você é tão apertada. — Disse com os dentes cerrados.

— É você. — Respondi, ofegante. — Seu tamanho é... incrível.

Ele riu, mas foi interrompido quando me puxou para baixo para um novo

beijo. Enquanto nossos lábios estavam travados e nossas línguas giravam em torno

uma da outra, comecei a me mover para frente e para trás, deslizando seu pau para

dentro e para fora de mim.

Balancei mais forte, mais rápido, gemi quando ele me penetrou, cada vez mais

fundo.
Eu gemia e gritava enquanto balançava mais rápido e mais forte, fechando

meus olhos, sentindo-o totalmente.

Quando abri meus olhos, os dele estavam fixos nos meus. Ele apertou a

mandíbula e um olhar de intensa concentração cruzou seu rosto.

Agarrando meus quadris me ajudou, balançando para frente e para trás com

mais força e mais longe do que eu mesma era capaz de ir. Foi mágico. Meu clitóris

esfregou contra seu osso púbico e eu já estava a caminho do meu terceiro orgasmo.

Carter cerrou os dentes, gemendo e gemendo e pude ver a necessidade em

seu rosto, a urgência.

Ele estava chegando perto.

Eu queria que ele viesse. Queria empurrá-lo até o limite para que ele se

liberasse e encontrasse o mesmo prazer que me deu.

Por um momento, eu estava focada nele, mas a fricção no meu clitóris me

levou ao limite. Eu gritei quando tive um orgasmo novamente.

Fechei meus olhos e abri minha boca em um grito de prazer.

Carter gritou um momento depois, e o senti liberando dentro de mim,

bombeando e latejando, seu pau despejando todo o prazer que construímos em

meu corpo.
Desabei em seu peito e Carter envolveu-se em torno de mim, segurando-me

como se eu pudesse salvar sua vida enquanto seguia bombeando para dentro de

mim.

Ficamos assim por um tempo depois que o clímax diminuiu, agarrados. Nossa

pele estava escorregadia de suor e estávamos tão perto que não tinha certeza de

onde terminava e ele começava.

Eu nunca tive nada assim. Nada que me fizesse sentir algo mais do que sexo.

E nunca tive nada que me fizesse sentir tão incrível.

Quando levantei minha cabeça, Carter sorriu sonolento para mim.

— Aquilo foi tão bom.

— Foi. — Concordei.

Rolando de cima dele deitei ao seu lado, sentindo o sono me dominar

também.

— O banheiro é bem ali. — Disse Carter, apontando.

Eu balancei a cabeça e rolei para fora da cama, caminhando para o banheiro

para me limpar. Carter fez uma bagunça pegajosa entre minhas pernas.

Após a limpeza, voltei para a cama. Carter estava nela e puxou as cobertas

para que eu pudesse entrar com ele.


— Você quer que eu fique? — Perguntei.

— Com certeza. — Ele disse, então subi na cama.

Tudo estava tão perfeito. Era quase bom demais para ser verdade. Como que

no mesmo dia em que perdi o que pensava ser todo o meu futuro, encontrei

alguém como Carter?

Isso tinha que significar alguma coisa.

Voltar para casa com ele foi a melhor decisão que já tomei.

Carter estendeu a mão para mim, passou o braço em volta do meu corpo e me

puxou para mais perto. Ele enrolou seu corpo em volta do meu de forma protetora

e suspirou.

Fechei meus olhos, saboreando seu calor.

Por enquanto, isso era bom.

Eu não tinha certeza do que aconteceria com a luz do dia, mas por agora, era

exatamente o que eu precisava.


Abri meus olhos e pisquei contra a luz brilhante que caía pelas cortinas

abertas. Normalmente, elas estavam fechadas e eu poderia dormir até tarde, mas

hoje acordei bem cedo.

E minha cama estava vazia.

Fiz uma careta e levantei minha cabeça, olhando para o local onde as cobertas

estavam voltadas para trás. O local onde Izzy tinha adormecido na noite passada.

Onde diabos ela estava? E por que ela ainda não estava na minha cama,

aninhando-se em mim?

Sentei-me e esfreguei os olhos, tentando ouvir um som no resto do

apartamento. Quando me levantei e caminhei pelos quartos, percebi que suas

roupas e sua bolsa sumiram.

Ela foi embora.

Porra.
Voltei para o quarto e encontrei meu telefone. Ela não tinha me dado seu

número. Eu verifiquei de qualquer maneira, certificando-me de que ela não tinha

deixado enquanto eu estava dormindo.

A que horas ela se levantou para sair? Era apenas sete agora.

Sentei-me na cama e passei as mãos pelos cabelos, irritado por ela ter ido

embora e eu não ter como entrar em contato com ela.

Isso não era novo. Eu transava com garotas com frequência e as mandava

fazer as malas no dia seguinte. Mas desta vez, eu não tinha pedido a ela para ir

embora. Foi ela quem fez isso.

E a pior parte é que eu não queria exatamente que ela fosse embora.

A realização viajou por mim com um choque.

Desde quando eu quero que as mulheres fiquem por aqui? Eu estava falando

sério sobre a escola e estava saindo amanhã para ir para Nova York. Não estava

procurando me envolver com ninguém. Além disso, os relacionamentos não

passavam de problemas. Era mais fácil transar com elas e deixá-las ir de novo sem

nenhum compromisso.

Mas com Izzy, tudo tinha sido diferente. Senti uma conexão diferente de tudo

que eu senti antes.


E não apenas na cama. Me senti conectado a ela enquanto conversávamos no

café. Inferno, eu senti aquela faísca entre nós no momento em que fiz meu pedido.

Eu só tinha que falar com ela novamente.

E quando o fiz, descobri que ela era incrível em todos os sentidos possíveis.

Aparentemente na cama também.

E agora, ela se foi.

Meu telefone tocou. O nome de Austin apareceu no identificador de

chamadas.

— Você está acordado? — Ele perguntou.

— Estou.

— Café da manhã?

— Certo.

— Te encontro no Farina.

— Vamos no Café Noir. — Eu disse.

Austin concordou, tomei banho e me vesti para vê-lo.


Uma hora depois, Austin e eu nos sentamos à mesa onde Izzy e eu

conversamos na noite passada. Olhei em direção ao balcão onde todos faziam seus

pedidos, mas não parecia que ela estava trabalhando.

Mas ela trabalhou até tarde na noite passada, então sua ausência fazia sentido.

Mesmo assim, fiquei desapontado. Tive uma sensação crescente de inquietação.

Austin e eu crescemos juntos, então comecei a fazer negócios com ele também.

Estávamos indo para Nova York para que pudéssemos começar isto juntos.

Ele era a única pessoa com quem eu podia falar sobre qualquer coisa.

— Então, pronto para começar? — Ele perguntou depois que pedimos um café

da manhã especial com ovos mexidos, salsicha e bacon.

— Sim…

— Isso não parece muito convincente. — Disse Austin.

A garçonete trouxe nossos cafés.

— Com licença. — Eu disse a ela. — Eu conheci uma mulher aqui ontem à

noite, uma garçonete. Isabelle. Izzy. Existe alguma maneira de entrar em contato

com ela?

A garçonete franziu a testa para mim.


— Gostaria de apresentar uma reclamação? Ou um elogio? Você pode falar

com nosso gerente.

— Não. — Balancei minha cabeça. — Eu só quero falar com ela. Pessoalmente.

Não recebi os dados de contato dela quando a vi e gostaria de entrar em contato.

— Não temos permissão para fornecer informações pessoais. — Disse ela com

firmeza.

— Vamos, Glória. — Falei, lendo seu crachá. — Dê um tempo para um cara.

Sua carranca ficou mais apertada.

— Acho que não. Agora, posso pegar mais alguma coisa para você comer?

Eu balancei minha cabeça tristemente e ela desapareceu.

Austin olhou para mim por cima da borda da sua xícara de café.

— Sobre o que foi tudo isso? — Ele perguntou depois de colocar o copo na

mesa.

Dei de ombros.

— É apenas uma garota que conheci aqui... Eu esperava poder vê-la

novamente. Ou manter contato.

— Tipo... em um relacionamento?
Eu balancei minha cabeça.

— Não. Quer dizer, estou indo para o outro lado do país. Isso não faria

sentido. Eu só…

Eu não tinha certeza porque queria o número dela, mas parecia errado deixar

algo tão incrível escapar por entre meus dedos. Nada com ela tinha sido normal.

Foi tão bom. Tão certo. Estar com ela era como estar em casa.

E eu queria isso de volta. Queria ser capaz de segurar isso.

— Então, foi um caso de uma noite? — Austin perguntou.

Eu concordei.

— Acho que foi só isso.

— É melhor você não ter contato, cara. — Austin disse. — Você não precisa

de nenhum compromisso agora, não enquanto está prestes a embarcar para uma

nova cidade a milhares de quilômetros de distância. É melhor assim.

Concordei. Talvez Austin estivesse certo. Era melhor não vê-la novamente.

E, no entanto, não conseguia parar de pensar nela.

Depois do café da manhã, voltei para casa para empacotar algumas coisas e

fazer algumas ligações para finalizar as últimas coisas antes de sair. Os

carregadores chegaram ao meio-dia e levaram todos os meus móveis em um


grande caminhão, destinado a uma unidade de armazenamento. Os segui em meu

carro e ajudei a descarregar tudo na unidade climatizada. Lembrei-me do que Izzy

me disse.

Você não tem mãos de quem trabalha com uma motosserra.

Eu ri. Tinha sido tão perspicaz e eu amei isso nela.

Se ao menos você pudesse me ver agora, Isabelle, pensei. Movendo móveis

pesados e fazendo trabalho manual com os melhores deles.

Ela pensava em mim como um garoto rico e mimado? Muitas pessoas

pensavam assim. Como se eu não tivesse ideia do mundo real por conta da minha

riqueza.

O mundo real.

Claro, eu era rico, mas sabia uma ou duas coisas sobre a vida. Era fácil odiar

um cara rico, mas eles não sabiam de toda a história. Nem metade disso.

Quando terminei e dirigi para casa, era o fim da tarde e ainda não conseguia

parar de pensar em Isabelle.

Não era apenas porque o sexo com ela foi incrível. Tudo sobre ela era incrível.

E eu não tinha isso há muito tempo, se é que tive alguma vez. Gostaria de falar

com ela pelo menos outra hora.


Queria obter o número dela para que pudéssemos manter contato. Eu ia

estudar em Nova York, mas Los Angeles era minha casa. Eu ainda voltaria para

visitas.

Depois de cuidar de tudo no apartamento, voltei para o Café Noir. Seu turno

foi no final da tarde de ontem. Eu estava esperando encontrá-la novamente, para

que pudesse pegar seu número. Para que pudéssemos conversar.

Para que pudesse me dizer por que saiu tão cedo sem nem mesmo se despedir.

Inferno, algo assim teria me deixado feliz se fosse qualquer outra mulher. Ter

que dizer a elas para irem embora sempre foi um pé no saco, e na maioria das

vezes, elas queriam mais quando eu não estava disposto a dar.

Agora, eu encontrei a única mulher que gostaria de ver novamente e foi ela

que conseguiu escapar.

Isso me atingiu como uma porra de uma tonelada de tijolos.

Entrei no café e sentei-me em uma mesa do outro lado do chão. Pedi um

almoço tardio e uma cerveja e observei as pessoas que entravam e saíam. Depois

de um tempo, uma nova mudança de servidores veio para substituir os antigos.

Ainda sem Isabelle.

Fiquei até bem depois da correria do jantar e finalmente percebi que estava

sendo um idiota.
Ela não iria trabalhar esta noite.

E eu tinha que voltar para casa para estar pronto para pegar meu voo logo

pela manhã. Meu apartamento veio parcialmente mobiliado, então tinha uma

cama para dormir e uma TV para quebrar o silêncio.

Colocá-la fora da minha mente foi uma decepção. Eu realmente esperava que

fosse vê-la novamente, mesmo que fosse apenas para uma conversa, um café ou

algo assim, para encerrar o tempo que passamos juntos.

Com ela indo embora sem um adeus, era tão aberto. Eu gostaria de passar

mais tempo com ela.

Eu teria gostado de tomar um longo banho na manhã seguinte, passando

minhas mãos sobre seu corpo ensaboado antes de prepararmos o café da manhã

juntos, em vez de encontrar minha cama vazia. Gostaria de saber mais sobre quem

ela era e para onde estava indo na vida.

A única noite que eu tive com Izzy simplesmente não foi o suficiente.

Mas não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso agora.

Entrei no meu carro e dirigi de volta para o meu apartamento. Peguei uma

cerveja na geladeira e vaguei ao redor do lugar, certificando-me de que tudo estava

embalado e pronto. Eu já tinha me despedido de todos os meus amigos em LA na

festa de despedida que Austin e eu demos dois dias antes. Mantive meu último
dia na cidade livre para cuidar de quaisquer detalhes de última hora que

surgissem.

Agora, aqui estava eu, na minha última noite em LA sozinho.

Depois de passar pelos canais de TV e não encontrar nada para assistir, acabei

indo para a cama.

Minha mente estava cheia dela, mas afastei os pensamentos.

Amanhã, eu estarei indo para Nova York, e então provavelmente não veria

Izzy nunca mais.

Melhor a tratar como todas as outras conexões que tive... esqueça.

Consegui o que queria, que era dormir com ela. E foi isso. Ela tinha

conseguido o mesmo.

O fato de que havia muito mais entre nós do que apenas sexo?

Bem, eu teria que parar de pensar nisso.

Às vezes, essas pequenas coisas incríveis cruzam nossos caminhos, mas não

eram para ser.

Talvez fosse o mesmo com Izzy.

Tinha que ser assim.


Eu não podia suportar a outra possibilidade, que tinha acabado de perder

alguém incrível.
Duas semanas se passaram e eu não conseguia tirar Carter da minha

mente.

Mas eu tinha tantas outras merdas para lidar também, como o rompimento

com Ryan.

Além disso, Carter partiu. Não havia razão para eu continuar pensando nele.

Nós tivemos uma noite mágica juntos, mas foi um caso de uma noite. Não

importa o quão incrível foi e como serviu para me mostrar o quanto perdi durante

meu relacionamento com Ryan, nada apagava o fato de que minha vida de alguma

forma desmoronou em um piscar de olhos.

E apesar de tudo isso, Carter era tudo em que eu conseguia pensar.

— Você deveria ligar para ele. — Disse June. Sentamos no Farina, um café do

outro lado do bairro onde eu trabalhava. Nos meus dias de folga, o último lugar

que eu queria estar era o Café Noir.


— Eu não posso. — Respondi, colocando uma batata frita na minha boca. —

Não tenho o número dele.

— Não acredito que você ainda não fez um esforço para encontrá-lo. — Disse

June. — Depois do que me contou, ele é incrível em todos os sentidos. E isso é

totalmente o que precisa. Não aquele perdedor do Ryan.

— Eu sei. — Respondi. — Mas eu ainda tenho que lidar com a separação.

Quero dizer, eu preciso superar Ryan, sabe? Não posso simplesmente pular de

cabeça em outro relacionamento se realmente não tiver superado o primeiro. Não

gostaria que alguém como Carter fosse um rebote. Ele é perfeito demais para

estragar tudo assim. — Passei outra batata frita em uma poça de ketchup. — Além

disso, ele foi embora. Lembra? Não adianta perseguir algo que não

pode acontecer.

June tomou um gole de seu refrigerante e acenou com a cabeça.

— Sim, ok. Entendi. É totalmente nobre. É estranho que ele seja tão bom e você

não queira entrar em contato com ele.

Dei de ombros.

A verdade é que eu tinha procurado por ele. Os dois dias após nossa noite

juntos, fui ao café fora do meu horário de trabalho, na esperança de topar com ele.

Mas eu tinha que me concentrar nos estudos, um futuro para construir com o

dinheiro que estava economizando. Era como se Carter nunca tivesse existido na
realidade. Era apenas uma memória mágica de uma noite esculpida em algum

lugar nas areias do tempo.

Foi impossível encontrá-lo nas redes sociais. Eu nem tinha um sobrenome.

— Diga-me novamente por que você saiu naquela manhã antes que ele

acordasse? — June perguntou.

Revirei meus olhos. Ela ainda estava inflexível de que eu deveria ter pelo

menos o acordado ao invés de apenas desaparecer daquele jeito. Mas quando

acordei ao seu lado me senti péssima por dormir com ele. Não porque parecia

errado, mas porque eu estava uma bagunça emocional. Não deveria ter

acontecido. Não assim, não depois de um rompimento.

Isso não significava que não tenha sido a noite mais incrível de sexo e conexão,

no entanto.

Esse não era o ponto.

Além disso, havia o fato de que ele era perfeito. E isso me assustou. Homens

assim não existiam, eles só pareciam perfeitos até que você os conhecesse.

Embora eu quisesse encontrá-lo, provavelmente foi melhor assim. Melhor eu

seguir em frente e fazer minhas próprias coisas e ele as dele, manteríamos isso

preservado em nossa memória como aquela noite perfeita.

Ou pelo menos foi uma noite perfeita para mim. Não tinha ideia de como ele

pensava nisso.
E não deveria importar desde que ele estava indo embora.

Olhando para trás, gostaria de ter ficado um pouco mais para passar mais

tempo com ele. Mas agora era passado, eu tomei minha decisão. Saí de sua cama

nas primeiras horas da manhã com as mesmas roupas que vestia na noite anterior

e chamei um táxi na rua a um quarteirão de seu apartamento.

— Bem. — June disse depois que expliquei a ela exatamente o que pensei. —

A coisa boa é que parece que você está se afastando de Ryan. Aquele idiota não

merece uma única lágrima derramada por ele.

— Sim. — Concordei, balançando a cabeça.

— Boa.

— Há uma coisa que me preocupa. — Admiti.

June olhou para mim.

— Minha menstruação está atrasada.

Ela se acalmou.

— Oh meu Deus. Você está falando sério? Quanto tempo?

— Faz um tempo… estava esperando porque às vezes atrasa alguns dias. Mas,

bem, está começando a ficar sério. — Mexi no guardanapo no meu colo. Estava

tentando não pensar sobre esse novo desenvolvimento, mas estava me corroendo.
June hesitou antes de sua próxima pergunta.

— Sabe de quem é? Quero dizer, se estiver... você sabe, grávida?

Eu concordei.

— Seria de Carter.

— Mas você terminou com Ryan naquele mesmo dia... não acha...?

Eu balancei minha cabeça.

— As coisas não estavam tão bem entre nós. Ryan não me tocou nos últimos

dois meses em que estivemos juntos. Honestamente, acho que ele podia estar me

traindo.

June parecia chocada quando se inclinou para frente.

— Ok, em primeiro lugar, Ryan é um idiota. E em segundo lugar... Oh, meu

Deus, Izzy! Você pode estar grávida de um cara que mal conhece!

— Pode ser apenas um susto. — Eu disse.

Eu esperava realmente que isso fosse tudo, porque a alternativa não era algo

que estivesse pronta para enfrentar.

— Você precisa fazer um teste. — Disse June.

Eu balancei minha cabeça.


— Absolutamente não.

— Por que não? — Ela perguntou. — Você saberá com certeza se o fizer. É

estúpido, adiar e estressar sobre se a sua menstruação vai ou não chegar.

Suspirei. June estava certa, é claro. Ela geralmente estava.

— Ok. — Eu concordei.

O telefone de June tocou.

— É Bernie. — Anunciou e atendeu a ligação. Escutei o lado de June da

conversa, depois engasguei de surpresa e vergonha quando ela disse a Bernie que

íamos todos à loja para fazer um teste de gravidez.

— Você não precisava fazer isso. — Eu disse.

— Claro que sim! Bernie quer estar lá para você assim como eu.

Eu balancei minha cabeça.

— É tão embaraçoso.

— Não é. — Disse June. — Essa merda acontece. Você faz sexo, às vezes,

engravida. Não há nada de errado nisso.

— Obrigada. — Disse. Minhas amigas realmente eram as melhores.


— Quero dizer, os preservativos às vezes falham. — Falou, enquanto

empurrava o prato e olhava para mim.

Eu me encolhi.

— O que? Izzy, você não usou camisinha? — Perguntou, horrorizada.

Eu me encolhi mais forte.

— Eu sei, eu sei. Fomos estúpidos. Mas pensei que estava em um dia infértil,

e você sabe, eu não queria estragar o momento.

— Izzy! — Ela engasgou.

— Eu sou uma idiota. O que posso dizer? — Admiti, enterrando meu rosto

em minhas mãos.

— Você não é uma idiota. — Disse ela, pegando minha mão. — Isso foi um

erro. Mas vamos descobrir o quão grande foi esse erro.

Meu estômago se revirou em um nó de nervos quando recebemos a conta e

saímos. E se eu realmente estivesse grávida? E se isso for real? Eu não sabia onde

encontrar Carter. Me repreendi. Um passo de cada vez. Talvez seja realmente

apenas um susto, e não havia motivo para me preocupar.

Encontramos Bernie do lado de fora do supermercado do bairro e, depois de

trocar abraços, caminhamos até o corredor que estocava testes de gravidez. Os

testes foram colocados entre os preservativos e os produtos para bebês.


— Isso deve ser algum tipo de piada. — Disse severamente, olhando para a

prateleira. — Um lembrete de um lado, consequência do outro.

Bernie balançou a cabeça e enlaçou seu braço no meu.

— Eles tiveram que amontoar, ninguém quer procurar os preservativos no

corredor vegetariano. Isso deixaria todos desconfortáveis em vê-los bem ao lado

dos pepinos.

Comecei a rir. De repente, fiquei aliviada por minhas amigas estarem aqui

para me ajudar com isso, e não precisar fazer isso sozinha.

Comprei um teste de gravidez caseiro e todas marchamos juntas para o meu

apartamento.

Não éramos mais colegas de quarto, em nosso último ano de estudos,

estávamos todas em apartamentos próprios. Mas eu sempre me senti tão feliz, pelo

dormitório do primeiro ano ter nos juntado. Elas eram as melhores amigas que

uma mulher poderia ter.

— Eu já volto. — Disse, caminhando até o banheiro, deixando Bernie e June

na minha cama, onde pareciam tão nervosas quanto eu.

Eu fiz xixi na vara, recolocando a tampa depois e caminhando de volta para o

quarto.

— Três minutos. — Eu disse. — E então o resto da minha vida pode mudar

totalmente.
— Vai ficar tudo bem. — Respondeu Bernie, apertando minha mão.

— Sim. — June concordou. — Não importa o que aconteça, estamos aqui para

ajudá-la. Você vai superar isso.

— Como sabe? — Perguntei com um estremecimento. A ideia de ter um bebê

era assustadora.

— Porque você é como um gato, Izzy. — Disse Bernie. — Sempre cai de pé. Se

o rompimento com Ryan não provou isso, a maneira como está trabalhando e

estudando como uma louca com certeza é a prova.

Eu concordei. Minhas amigas estavam certas, eu iria superar isso. E elas

estariam aqui para mim. Tenho muita sorte em tê-las.

Só esperava não estar grávida. Eu poderia fazer qualquer coisa que me

propusesse, mas isso não significava que estava pronta para ser mãe.

— Está na hora. — Disse June, quando o cronômetro do meu telefone tocou,

respirei fundo. Fui até o banheiro onde deixei o teste e fechei os olhos por um

momento antes de olhá-lo.

Meu coração caiu e senti meu estômago embrulhado.

— E? — June perguntou do quarto.

Com as mãos trêmulas, joguei a prova no lixo, sem saber o que estava fazendo.

Entrei na sala com a sensação de que ia desmaiar.


Elas podiam ver em meu rosto. Eu não tive que dizer a elas.

— Oh, querida. — Disse Bernie.

Quando eu desabei na cama, elas se moveram para os meus lados e pegaram

minhas mãos. As lágrimas começaram a rolar pelo meu rosto.

— Eu não posso fazer isso. Não posso ter um bebê. Agora não. Eu não estou

preparada.

— Você terá algum tempo para se preparar. — Disse June. — E nós estamos

aqui. Vamos descobrir isso, ok?

Eu balancei a cabeça, ainda chorando. Como eu criaria um filho? Ainda tinha

mais um ano de escola. O que vou fazer? Eu não poderia criar um filho como

estudante de artes.

E quanto ao pai? Onde no mundo estava Carter agora? Ele não seria capaz de

me ajudar com isso. Eu não tinha ideia de onde encontrá-lo.

— Isso vai ser tão difícil. — Chorei.

— Eu sei. — Disse June.

— Mas estamos aqui. — Acrescentou Bernie. — E você pode fazer isso. Tem

isso em seu sangue. Você não será a primeira pessoa a criar um bebê sozinha.
Elas estavam certas sobre isso. Minha mãe me criou sozinha. Eu não tinha

certeza se era a mesma situação, ela nunca quis falar sobre meu pai. Mas ela tinha

feito isso, e minha vida foi muito boa. Ela lutou, mas me deu tudo que eu realmente

precisava.

E fez isso sozinha.

Ela ficaria desapontada por eu seguir o mesmo caminho? Esperava que ela

entendesse.

Nunca quis que nada disso acontecesse. Tudo que queria era passar uma

noite com alguém que me ajudasse a esquecer meu ex-namorado estúpido, que me

ajudasse a sentir que valia a pena. O que eu fiz para merecer isso?

Claro, foi estúpido não insistir para que ele usasse camisinha. Mas isso parecia

um preço muito alto a pagar por esse erro.

E agora, foi isso que ganhei.

— Não faça isso. — Disse June.

— Fazer o que? — Eu perguntei, enxugando minhas bochechas com as

mangas.

— Não se culpe e pense em como sua sorte é uma merda.

Minhas amigas me conheciam muito bem.


— Vai levar algum tempo para se acostumar. — Disse Bernie. — Mas você vai

ficar bem.

— Porque eu sou um gato. — Repeti, balançando a cabeça. — Eu sempre caio

de pé.

— Certo. — Minhas amigas concordaram em uníssono.

Respirei fundo e soltei um estremecimento.

Não era tão simples. Eu sabia que elas estariam lá para mim. Sabia que

poderia descobrir isso de alguma forma. Mas me sentia péssima por ter um filho

que cresceria sem pai.

Ainda assim, eu iria descobrir isso. Eu teria que fazer. Não havia outra

escolha, eu não seria capaz de rastrear Carter.

— Eu vou ter um bebê.

Dizer as palavras em voz alta não me fez sentir como se fosse uma realidade

repentina. Ainda parecia louco, surreal, impossível.

Mas eu dormi com Carter naquela noite e não tínhamos usado proteção.

Deveríamos ter, mas não tínhamos e foi isso.

Aqui estou eu.


Não tinha certeza de como faria isso, mas faria da maneira como fiz tudo o

mais sobre o que não tinha certeza.

Um dia de cada vez e, eventualmente, eu descobriria.

Eu não tinha outras opções.


Cinco anos depois

Voltar para LA foi uma grande mudança de cenário. Depois de obter meu

mestrado em administração, eu dirigia a Appetite, empresa de alimentos gourmet

que abri em homenagem à minha falecida mãe, que sempre sonhou em fazer algo

assim.

Agora, com muito dinheiro em minhas contas e uma empresa que crescia a

cada dia, eu estava de volta à Califórnia para supervisionar algumas coisas na filial

de Los Angeles. Tinha planos de ficar na cidade por algumas semanas. Os

escritórios de Nova York poderiam funcionar sem mim por um tempo.

Austin estava comigo, ele parecia satisfeito pra caralho.

— Não sei como você faz isso, cara. — Disse ele. — Você tem o toque de Midas

quando se trata de negócios. Não posso te dizer o quão bom é trabalharmos juntos.
Esperávamos na sala de reuniões da sede da Appetite pelo início de uma

reunião.

— Você está apenas inflando meu ego. — Disse com uma risada.

— E com razão! Com este acordo, a Appetite vai disparar para o próximo

nível. E já estávamos em uma liga diferente.

Concordei. A empresa havia decolado melhor do que o esperado quando

começamos e víamos um crescimento de mais de duzentos por cento a cada ano

desde que abrimos nossas portas.

Agora, estávamos cimentando um relacionamento com um grupo de

investidores dispostos a respaldar nossos sonhos de expansão pelo país,

transformando a Appetite em uma oportunidade de franquia. Em breve, haveria

uma filial em cada grande cidade e, assim que o fizéssemos, estaríamos jogando

nas grandes ligas.

Os investidores chegaram, era hora de mostrar nossa cara de negócios, e

Austin e eu entramos imediatamente. Discutimos números, fomos claros sobre o

que estávamos dispostos a nos empenhar e quais não, demorou duas horas para

encerrar o negócio e assinar um monte de contratos.

Quando a reunião terminou, Appetite estava em uma posição ainda melhor

do que quando começou.

Saindo da sala, Austin me deu um tapinha nas costas.


— Você, meu amigo, é o próximo Bill Gates, Jeff Bezos ou Elon Musk.

Eu ri e balancei minha cabeça.

— Não me compare a gigantes. Sou apenas um humilde milionário,

procurando uma maneira de manter um sonho vivo.

Austin começou a rir.

— Um humilde milionário! A porra de um comediante é mais próximo. — Ele

riu durante todo o caminho para fora do prédio, balançando a cabeça. — O que

vamos fazer hoje à noite?

— Esta noite? — Perguntei.

— Sim cara. Não me diga que não vai comemorar isso da maneira que merece

ser comemorado.

A verdade era que planejava voltar para o meu quarto de hotel e dormir o

máximo que pudesse. Os últimos dois meses foram ridiculamente ocupados,

comigo trabalhando até tarde da noite quase toda a semana para deixar tudo

pronto para que pudéssemos catapultar o negócio para o futuro.

Eu tinha que me esforçar para conseguir algo que valesse a pena, estava

prestes a me quebrar por esta empresa.

Queria dormir e assistir TV, antes de finalmente voltar para Nova York.
— Acho que podemos fazer alguma coisa. — Concordei.

— Vamos dar uma festa e tanto. — Disse Austin. — Devemos reservar a

Glasshouse, convidar todos que conhecemos e fazer isso direito.

Gemi por dentro. Não era bem isso que eu tinha em mente. Mas Austin não

estava errado, um negócio tão grande merecia ser comemorado.

— Tudo bem. — Eu disse. — A Glasshouse então. Vou pedir a Beth para

organizar a coisa toda, basta enviar convites para quem você acha que deve estar

lá.

Austin acenou com a cabeça.

— Certo. Você faz o mesmo.

Nós concordamos e nos separamos. Austin tinha outra reunião de negócios

para ir, ele lidava com muito do lado de relações públicas do meu negócio,

enquanto eu estava mais focado na comida e nas finanças. Funcionava bem entre

nós.

Liguei para Beth e dei instruções para reservar a Glasshouse, providenciar

fornecedores, tudo isso. Sabia que não seria fácil em um prazo tão curto, mas se

havia alguém que poderia mexer os pauzinhos, era minha assistente e o

Glasshouse era um restaurante com o qual tínhamos feito negócios antes. Beth só

precisava mencionar meu nome e o lugar sofisticado cuidaria disso.


Entrei no carro que me levaria de volta ao hotel e comecei a rolar a lista de

contatos. Eu teria que encontrar alguém para convidar para a festa. Tinha alguns

amigos com quem ainda mantinha contato na Costa Oeste e mandei uma

mensagem para eles, avisando que algo estava acontecendo esta noite.

Então comecei a pesquisar os contatos de todas as mulheres com quem estive.

Eu tinha a maioria dos números, embora só me lembrasse vagamente delas. Foram

muitas, seus rostos e as noites que passamos juntos começaram a se confundir em

uma massa de sexo, mulheres e álcool.

Algumas pessoas me disseram que eu era um mulherengo por brincar tanto,

por ter ficado uma noite e nunca mais ligar para nenhuma delas.

Talvez isso seja verdade. Talvez isso me tornasse um idiota. Mas eu nunca as

enganei, nunca as deixei acreditar que iriam conseguir mais alguma coisa de mim.

Certamente nunca um compromisso.

E quando acabava, deixava bem claro para elas que minha mente não havia

mudado.

Se não podiam lidar com isso, então não era problema meu. Eu não era o tipo

de ter relacionamento e não estava prestes a mudar quem eu era.

Simplesmente não construí conexões com as pessoas. Eram muito poucas com

as quais me conectei em geral, mesmo entre as pessoas que eu conhecia bem.

Austin era uma das poucas com quem eu me abriria.


As mulheres... não, obrigado.

Mas é claro, havia ela.

Isabelle.

Deus, isso foi há mais de cinco anos atrás, antes de eu sair para a escola de

negócios. A noite tinha sido igual a todas as outras, encontre uma garota bonita,

leve-a para casa esta noite, tenha uma boa trepada, e ela se vai pela manhã.

Exceto que não tinha sido como as outras em absoluto. Eu tive uma conexão

com ela de uma forma que nunca tive com ninguém. Foi perfeito de muitas

maneiras.

Mas ela era a única mulher cujo número não estava no meu telefone. A única

pessoa para quem eu gostaria de ligar e convidar para se juntar a mim na festa.

O que diabos eu estava pensando? Ela era apenas outra mulher com quem eu

fodi. E quanto mais eu pensava naquela noite sem encontrá-la, mais ficcional a

coisa toda se tornava. Eu provavelmente a transformei na mulher perfeita em

minha mente, e a única razão pela qual permaneceu assim foi porque não consegui

encontrá-la. Não tínhamos passado tempo suficiente juntos para ela provar que eu

estava errado.

Era assim que normalmente funcionava. As mulheres eram todas iguais, não

eram?
Todas elas acabavam querendo algo de mim. Seja uma parte da minha

empresa, algum do meu dinheiro, ou se contorcer em uma parte de mim que

mantive fechada para todos, apenas para que pudessem usá-la para me manipular.

Provavelmente foi melhor não ter encontrado Isabelle novamente, porque

enquanto eu não a visse, ela permaneceria perfeita.

Finalmente me forcei a enviar uma mensagem de texto para Mia, a melhor

das mulheres com quem eu estive se eu tivesse que comparar minhas anotações.

Ela era uma loira bombástica, mas tinha uma boa cabeça sobre os ombros, era mais

inteligente do que gostaria de admitir e era fácil de recusar, se precisasse. Algumas

delas resistiram tanto quando eu quis mandá-las para casa, não estava pronto para

o drama.

Beth me respondeu com horários e arranjos logo depois que cheguei ao hotel.

Eu tinha duas horas para recuperar o sono, e então era hora de voltar a andar.

Depois da minha soneca, vesti um smoking. Austin e eu deixamos o hotel

juntos, no carro preto em que estávamos sendo conduzidos enquanto estávamos

em LA. O carro parou em frente à Glasshouse e descemos.

O restaurante era quase inteiramente feito de janelas de vidro que davam para

uma vista espetacular do mar de um lado e para o centro de Los Angeles do outro.

A música batia em alto-falantes invisíveis e homens e mulheres vestindo trajes de

noite moviam-se ao som da música ou em direção uns aos outros, alimentando-se

da excitação no ar.
— É isso. — Austin disse, me dando um tapinha nas costas. — Vamos entrar

lá e comemorar!

Eu sorri e balancei a cabeça, seguindo meu amigo para dentro do prédio.

Foi bom estar perto de tantos conhecidos, tantas pessoas que estavam felizes

por nós e dispostas a compartilhar nossa vitória.

Mia chegou em um ponto, me encontrou e ficou pendurada no meu braço

pelo resto da noite. Ela foi graciosa e doce e fez parecer que não tinha sido uma

má ideia convidá-la para sair.

Nós bebemos. Nós festejamos. Comemos uma boa comida.

Comemoramos muito, o trabalho duro valeu a pena, Appetite é uma empresa

cujo futuro parecia mais brilhante a cada momento.

Ainda havia um longo caminho a percorrer, mas as coisas definitivamente

estavam dando certo. Eu era o homem mais sortudo da Terra e, embora estivesse

longe de ser o mais rico, se as coisas continuassem como estão agora, eu chegaria

lá algum dia.

Eu deveria estar feliz. Em êxtase, até. Tudo estava funcionando. Não tinha

razão para ficar deprimido por nada.

E ainda assim, algo estava faltando. Algo parecia errado. Era ótimo que o

negócio estivesse indo tão bem, mas pensei que depois de tanto trabalho e uma

recompensa tão grande, me sentiria mais realizado. Em vez disso, senti como se
estivesse olhando para a multidão como se não fizesse parte dela. Olhei para os

participantes da festa, ouvi suas risadas e me senti deslocado.

Quando vi Austin, eu sabia que deveria estar igual, feliz, bem-sucedido e

orgulhoso.

Mas simplesmente não me sentia assim.

Eu queria compartilhar algo assim com alguém que realmente importasse. Foi

ótimo Austin querer gritar dos telhados e ser o anfitrião da festa, mas eu queria

poder ligar para alguém muito próximo de mim e dizer: — Ei, eu consegui.

Minha mãe tinha ido embora há anos. Tudo isso era para ela e não houve um

dia que não desejasse que ela pudesse ter visto.

Mas eu também queria outra coisa. Outra pessoa. Queria poder ir para casa

para alguém no final do dia e cair exausto em seus braços. Compartilhar as boas

novas com alguém que entendesse o que tudo isso significava.

Ninguém aqui entendia o que foi necessário para eu chegar aqui. Nem mesmo

Austin, não completamente.

Minha mente saltou para Isabelle novamente. Izzy. Ela teria entendido?

Saberia como foi para mim alcançar isso?

Não havia sentido em me perguntar, porque foi ela quem fugiu.

Austin veio me encontrar.


— Vamos lá, cara, você não está festejando forte o suficiente. — Ele pegou

uma taça de champanhe de uma bandeja que passava e colocou na minha mão. —

Você tem muito o que comemorar, pareça vivo!

Ele estava certo, eu tinha muito o que comemorar. Então, coloquei um sorriso

no rosto e tentei curtir a festa.


Voltei do restaurante, empurrando meu carro muito além do limite de

velocidade. Eu não tinha dinheiro para pagar uma multa, se recebesse, mas

cheguei tarde para pegar Liam na casa da minha mãe.

Meu turno no restaurante tinha demorado mais do que deveria, um casal

comemorando seu primeiro aniversário de casamento tinha ficado para sempre,

então não pude sair antes que eles o fizessem.

Silenciosamente, amaldiçoei as pessoas que não tinham compaixão por nós

do setor de serviços. Eles poderiam tê-lo levado para casa e olhado nos olhos um

do outro ali.

Eu estava de mau humor, cansada e meu dia ainda não acabou.

Quando estacionei na garagem da casa da minha mãe, com os pneus

cantando, ela abriu a porta da frente.

— Sinto muito. — Disse, subindo correndo os degraus para a porta da frente.

— Eu tinha uma mesa que simplesmente não saía.

— Está tudo bem, querida. — Minha mãe disse, me abraçando na porta. —

Você pode relaxar. Ele está dormindo, não é nenhum trabalho extra ele dormir

aqui uma ou duas horas a mais.

Eu balancei minha cabeça.


— Mas ainda não está certo. Deus, eu sinto que estou jogando a bola em tudo.

Minha mãe me seguiu para dentro de sua casa.

— Está sendo muito dura com você mesma. — Disse ela — Está indo bem.

Eu balancei a cabeça, ouvindo suas palavras, mas não acreditei nelas.

Entrei no segundo quarto, que costumava ser meu antigamente e meu coração

apertou quando vi Liam dormindo na cama, enrolado em uma pequena bola,

chupando o dedo.

Ele tinha uma cabeça de cabelo escuro e selvagem, assim como seu pai e às

vezes, especialmente quando ele estava dormindo, eu ficava impressionado com

o quanto ele se parecia com Carter.

Afastei o pensamento e caminhei para a cama.

— Vamos, querido. — Eu disse, içando-o em meus braços. Ele resmungou

algo em seu sono e caiu por cima do meu ombro.

Minha mãe seguiu com sua sacola de brinquedos.

Coloquei-o no assento do carro e o cobri com um cobertor. Ele dormiu o

tempo todo. Minha mãe colocou a bolsa no carro ao seu lado, enquanto eu fechava

a porta silenciosamente.
— Obrigada por tudo. — Disse quando me virei para ela, do jeito que fazia

toda vez que ela cuidava dele quando eu precisava mudar de turno no restaurante.

— Estarei sempre aqui quando precisar de mim querida. — Respondeu.

Eu a abracei e senti as lágrimas picarem meus olhos, mas as engoli. Eu não ia

chorar. Eu só estava cansada.

— Ligo para você amanhã. — Me despedi.

Sentei atrás do volante e dirigi a curta distância até meu apartamento.

Depois de colocar Liam para dentro e na cama, fui para o meu quarto, onde

abri meu laptop. Subi na cama com ele, me apoiei em um monte de travesseiros e

comecei a trabalhar.

Eu tinha três projetos de design gráfico para clientes diferentes que estava

tentando conciliar para cobrir o custo de tudo o que meu emprego de garçonete

não cobria. Freelancer era uma merda, eu já trabalhava longas horas e as restrições

de tempo às vezes eram loucas. Mas eu tinha que fazer isso.

Simplesmente não tinha outra maneira.

Liam era a luz da minha vida. Ele faria cinco anos em alguns meses. Eu queria

dar a ele algo legal de aniversário, mas não tinha certeza se teria dinheiro suficiente

para isso.

Isso me fez querer chorar de novo.


Quando soube que estava grávida, me recuperei do choque e disse a mim

mesma que não importava o que acontecesse, faria isso funcionar.

Eu tive o bebê e com a ajuda de minha mãe, June e Bernie, consegui colocar

minha vida em um caminho que funcionava.

Bem, meio que funcionava.

Eu larguei a escola, abandonando com um ano pela frente. Não tinha como

lidar com as aulas sendo mãe solteira e trabalhando em tempo integral. Minhas

novas responsabilidades não me deixaram tempo para fazer arte, então,

eventualmente, guardei minhas tintas a óleo e pincéis. Fiz um curso rápido de

design gráfico e comecei a fazer bicos sempre que podia, online e em restaurantes,

para pagar as contas.

Foi difícil. Ainda era.

Mas sempre que olhava para Liam, sabia que valia a pena. Ele era tudo o que

significava alguma coisa para mim e eu não desistiria de lutar por ele. Meu filho

merecia uma boa vida e trabalharia meus dedos até o osso para dar a ele.

À medida que trabalhava no projeto, retocando cores, arranjando textos,

comecei a pensar no longo prazo. Agora, estava tudo bem. Eu tinha dois empregos,

estava me saindo bem e, com uma ajudinha, às vezes conseguia dormir mais de

quatro horas por noite.


Mas eu sabia que não seria capaz de fazer isso para sempre. Quanto mais

velho Liam ficava, mais coisas eu teria que ser capaz de dar e fazer por ele.

O dinheiro estava muito apertado e sabia que esse estilo de vida não era

sustentável. Eu não seria capaz de continuar fazendo isso. Não dormia o suficiente

e muitas vezes me esquecia de comer. Pior de tudo, não consegui passar tempo

suficiente com meu filho.

Eu teria que fazer algo diferente. Precisaria encontrar outra coisa, algo com

horas sólidas para que eu pudesse arranjar uma babá regular em vez de depender

de minha mãe e meus amigos. Um trabalho que pagasse melhor do que a mísera

renda que ganhava todas as semanas em turnos de garçonete e o pouco de

dinheiro que meu freelancer me trazia.

Precisava de algo sólido.

Finalmente terminei meus trabalhos de design gráfico da noite. Minha cabeça

doía e meus olhos pareciam arenosos, mas tinha uma última coisa que queria fazer

antes de ir para a cama.

Eu precisava enviar inscrições para um novo emprego.

Comecei pesquisando na web, lendo classificados, salvando aqueles que

poderiam funcionar. Depois de coletar alguns, comecei a enviar meu currículo.

Mandei um e-mail para eles um por um e, ao fazê-lo, enviei um grito silencioso

por ajuda, esperando, além da esperança, que algo resultasse disso. Eu não tinha
qualificações, exceto o curso que fizera e minha experiência em qualquer coisa que

não fosse design gráfico e garçonete era mínima.

Mas algo tinha que aparecer, certo? Minha vida não poderia ser assim para

sempre.

Finalmente, quando não havia mais nada que eu pudesse fazer esta noite,

apaguei a luz e me contorci sob os lençóis. Fechei os olhos e tentei relaxar meus

músculos doloridos, tentei desligar minha mente cansada.

Lentamente, quando comecei a cair no sono, comecei a pensar em outras

coisas além do dinheiro que precisava ganhar para manter um teto sobre nossas

cabeças e comida em nossas barrigas.

Carter passou pela minha mente. Cabelo escuro e aqueles olhos penetrantes.

Seu sorriso fácil e encantador.

Como seria minha vida se eu pudesse encontrá-lo depois daquela noite? O

que teria acontecido se ele soubesse sobre Liam? Nós ficaríamos juntos? Talvez

sim, talvez não. Mas pelo menos ele teria me ajudado financeiramente, se nada

mais.

Deus, o que eu teria dado para ter alguém que pudesse aliviar um pouco o

fardo. Às vezes, eu não tinha mais nada para dar e desejava que as coisas tivessem

sido diferentes.
E se as coisas tivessem funcionado entre nós? E se tivéssemos nos

apaixonado?

Os olhos de Carter, intensos e profundos, olhando para os meus, brilharam

diante de mim mais uma vez.

Empurrei o pensamento dele para fora da minha mente. Pensar nele não

adiantava. Eu só tinha que torcer para que um dos formulários que enviei fizesse

alguma diferença e que as coisas começassem a melhorar para nós.

Tinha que acreditar que era assim que funcionaria, porque a alternativa não

era algo que eu estivesse disposta a aceitar.

Quando acordei na manhã seguinte, Liam estava sentado na minha cama,

olhando para mim.

Seus grandes olhos castanhos estavam cheios de risos e seu rosto tinha uma

expressão travessa.

— Você está acordado, garotão. — Eu disse, estendendo a mão para ele.

— Estou acordado há muito tempo. — Disse ele.

— É um tempo incrivelmente longo para ficar acordado. — Respondi.

— Eu sei. — Ele escalou por cima de mim e se contorceu por baixo dos lençóis.

Eu o puxei com força contra mim e o abracei enquanto ele me deixava e antes que

começasse a se contorcer.
— O que tem para o café da manhã, mamãe? — Perguntou.

Eu olhei para a hora. Ainda tinha algumas horas antes de ter que estar no

restaurante novamente.

— Vamos fazer panquecas. — Eu disse.

— Oba! Panquecas!

Ele pulou da cama e saiu correndo do quarto. Eu ri e saí da cama. Enrolei um

robe em volta dos meus ombros e segui Liam para a pequena cozinha apertada

onde ele já estava procurando por panelas debaixo da pia.

— Ei, um passo de cada vez. — Eu disse. — Você se lembra do que

precisamos?

— Uma panela. — Liam disse gravemente. — E as panquecas.

Eu ri.

— Você tem razão. Mas vamos começar com farinha, ovos e açúcar.

Liam assentiu e eu disse a ele onde conseguir tudo enquanto começava a

preparar nosso café da manhã.

Agora que era a luz de um novo dia, me sentia melhor em relação a tudo.

Minha vida ainda era complicada, eu ainda tinha muito trabalho, nada mudou

magicamente desde a noite passada. Mas uma boa noite de sono e um pouco de
sol tornavam tudo mais suportável. Não sabia como ainda, mas nós ficaríamos

bem.

— Posso ir para a casa de Noah? — Liam perguntou.

— Noah?

— Sim, mamãe. Do jardim de infância. — Ele revirou os olhos.

— Certo. — Claro que conhecia seu amigo Noah. Mas meu cérebro esteve em

um estado de opressão por tanto tempo que às vezes levava um momento para me

lembrar dos detalhes.

Eu planejava levar Liam para a casa da minha mãe enquanto trabalhava hoje.

Mas se Charlene, a mãe de Noah, estava livre para brincar, talvez eu pudesse dar

um bom tempo para ele e minha mãe de uma vez.

— Vou ligar para a mãe de Noah e deixar você saber o que ela diz, ok?

Liam acenou com a cabeça e fizemos panquecas juntos. Ele me ajudou a

misturar a massa e quando comecei a cozinhá-las no fogão, construiu uma

fortaleza na mesa com os Legos que minha mãe tinha dado para ele no Natal.

Quando uma das panquecas estava pronta e fria o suficiente para comer, coloquei-

a em um prato. Ele deixou seus Legos sozinhos por tempo suficiente para engoli-

las.

Também mordisquei as panquecas, comendo enquanto cozinhava.


Nossas barrigas logo ficaram cheias e era hora de nos vestirmos.

Seguimos os movimentos e não importa o que fizéssemos, Liam me fez rir e

sorrir. Ele estava sempre de bom humor, sempre pronto para rir e era curioso como

o inferno. Sempre que eu passava um tempo com ele, lembrava-me de que era para

isso que servia e então ficou cada vez mais suportável.

Depois de colocar Liam na frente de um programa de TV infantil, pulei no

chuveiro, deixando a porta com uma fresta aberta para que eu pudesse ouvir caso

me chamasse. Tomei banho em tempo recorde e, quando fiquei pronta, liguei para

Charlene.

Ela ficou mais do que feliz em levar Liam enquanto eu estava no trabalho, dei

um suspiro de alívio. Sabia que minha mãe precisava pôr em dia outras coisas em

sua vida pela primeira vez.

Eu estava a caminho da casa de Charlene para deixar Liam antes do meu

turno quando recebi um telefonema.

— É Isabelle Taylor?

Eu confirmei que sim.

— Estou ligando em relação a um currículo que recebemos. — Meus ouvidos

começaram a zumbir. Liam cantou alto no banco de trás do carro e eu tive que me

concentrar na estrada. — Você pode vir para uma entrevista esta tarde?
— Sim! — Gritei. Depois descobriria como faria com o meu turno de trabalho.

Eu almoçaria cedo, tarde ou a qualquer hora para poder ir. — Eu estarei lá. Você

me diz quando e onde e eu estarei aí.

A voz do outro lado da linha riu antes de me dizer um horário.

— Vejo você então. — Disse ela e um momento depois, a chamada foi

encerrada.

— Oh, meu Deus. — Eu respirei.

— Oh, meu Deus. — Liam ecoou.

Eu olhei para ele pelo espelho retrovisor.

— Se tivermos sorte, baby, tudo vai mudar.

Ele continuou cantando sua música e eu continuei dirigindo, quase nervosa

demais para ter esperança.


— Se abrirmos primeiro em Chicago e Miami, vamos começar a trabalhar

imediatamente. — Disse Austin.

Ficamos no saguão do nosso prédio, conversando. Desde a festa, ele não

conseguia calar a boca sobre as novas franquias. Fiquei feliz por ele estar tão

ansioso para começar. Sempre foi bom ter a bordo pessoas apaixonadas pelo que

estavam fazendo. E Austin era tão apaixonado quanto ele parecia.

Eu estava levando o trabalho a sério, mas, ultimamente, andava me sentindo

distraído. Adorava administrar o Appetite e tive sorte pelo sonho da minha mãe

também se tornar tão lucrativo. Mesmo se não fosse, eu não teria parado de fazer

isso.

O dinheiro era um bônus.

Mas mesmo com tudo funcionando como deveria, sentia que algo estava

faltando.

— Acho que você sabe exatamente por onde devemos começar. — Eu disse.

— Se colocar as campanhas em funcionamento, nos concentraremos em Miami e

faremos Chicago em seguida.

Austin acenou com a cabeça, animado.


— Eu estou trabalhando nisso. Vamos fechar este negócio antes do final do

mês se o que estou planejando funcionar.

Eu ri e dei um tapinha nas costas do meu amigo. Tive a sorte de poder

trabalhar com meu melhor amigo. Fazer negócios com amigos não costumava

funcionar, já tinha visto muitas amizades se desfazerem por causa do trabalho.

Mas Austin era tão determinado e sério quanto eu, e isso ajudou muito.

Estava prestes a dizer mais alguma coisa para Austin quando algo chamou

minha atenção. Um flash de vermelho, foi apenas por um momento, mas meu

coração parou.

Estiquei o pescoço para ver o que era, mas não consegui encontrar.

Quando me afastei de Austin, o ouvi me perguntar algo, mas não consegui

me concentrar em suas palavras. Eu não conseguia pensar direito.

Eu tinha que ter certeza...

Lá.

Ela atravessou o saguão, indo em direção à recepção. Seu cabelo estava tão

flamejante como quando a vi pela primeira vez.

Era ela.

Isabelle.
Izzy.

E ela estava aqui. No meu prédio.

Eu não conseguia parar de olhá-la. Ela usava calça preta e uma camisa de

botão branca, seu cabelo preso em um coque, mas não havia como domar o fogo

vermelho que ele era.

Ela amadureceu. Seu corpo estava com mais curvas do que antes, ela mudou.

Se fosse possível, estava mais bonita. Irresistível.

Seu rosto estava mais magro, porém parecia um pouco cansada. Mas seus

grandes olhos castanhos eram tão brilhantes e bonitos quanto eu me lembrava.

O que ela estava fazendo aqui?

Por um momento, fiquei perplexo. Não poderia estar aqui para mim. Ela não

tinha ideia de que eu estava aqui em LA. Muito menos neste prédio.

De repente, lembrei-me das ofertas de emprego. Ela tinha que estar aqui para

uma entrevista.

— Austin. — Eu disse, puxando sua manga até que ele prestou atenção. —

Que empregos temos abertos agora?

— Designer gráfico. — Ele disse imediatamente. — Para aquelas campanhas

sobre as quais estávamos falando.


— Certo.

Designer gráfico. E ela era uma artista. Ela tinha as mãos pintadas naquela

noite. Naquela época, estava estudando algo pelo qual era apaixonada, embora

fosse contra a natureza. Mesmo que ganhar a vida fosse difícil. Mudar para o

design gráfico parecia sensato.

— Nós sabemos alguma coisa sobre as entrevistas? — Perguntei a Austin.

— Sim. — Respondeu. — Estou conversando com o RH sobre isso.

— Eu quero uma lista.

— O que?

Olhei para Austin, finalmente tirando meus olhos de Isabelle.

— Eu quero uma lista de todos os candidatos. Quero estar envolvido no

processo.

— Por quê? — Austin perguntou. — Você faz a comida e as finanças. Eu cuido

disso.

— Eu sei. — Disse. — Mas também quero saber o que está acontecendo com

as campanhas.

Austin acenou com a cabeça.

— Ok, vou enviar a lista. Mas você vai ficar entediado em pouco tempo.
Concordei.

— Isso é bom.

Eu sabia que não ficaria entediado se Izzy tivesse algo a ver com isso. Queria

vê-la novamente. Eu precisava vê-la novamente. E essa era a maneira pela qual eu

conseguiria. Se eu tivesse essa lista, finalmente seria capaz de encontrá-la.

Se ela estava aqui, precisava de um emprego. E tudo bem, porque descobri

que eu tinha um trabalho que ela poderia fazer. Se fosse para isso que estivesse

aqui, eu daria o que precisava.

Me certificaria de que fosse a contratada para o cargo.

— Terra para Carter. — Austin disse, então percebi que ele ainda estava

falando comigo. — Estou dizendo que a lista não deve ser muito longa no final do

dia, eles já devem ter pré-selecionado alguns.

Balancei minha cabeça.

— Eu quero a lista completa.

Austin gemeu.

— Você pode ser um pé no saco, cara. E sem aviso.

Eu sorri para Austin.

— Apenas me dê essa lista.


Austin resmungou outra coisa, mas me disse que faria e isso era tudo que me

importava. Eu iria puxar alguns pauzinhos e fazer isso funcionar.

Quando olhei para Isabelle novamente, ela estava no elevador. Peguei um

último olhar dela antes que as portas se fechassem.

Fiquei olhando para o elevador atordoado por um longo momento depois que

ela saiu.

— Ok, estou subindo. — Austin disse.

— Para que?

— Para fazer as entrevistas. — Disse, olhando para mim como se eu tivesse

enlouquecido.

— Você irá fazê-las? Você mesmo?

Austin riu.

— Às vezes acho que você não sabe o que eu faço nesta empresa.

Sim, estou fazendo isso. Eu mesmo. Gosto de fazer parte do processo,

examinando-os para ter certeza de que conseguiremos as pessoas certas a bordo.

Você é aquele que sempre busca a excelência e me paga muito dinheiro, então é

melhor saber que vou te dar excelência.


Eu bufei. Excelência é muito bom. Mas agora, a única coisa com que me

importava estava naquele elevador, subindo para a entrevista que mudaria sua

vida. Minha vida.

— Isabelle. — Eu disse, agarrando o braço de Austin quando ele começou a

se afastar.

— Quem?

— Isabelle. Ela estará na sua lista. Contrate-a.

— Tudo bem... — Hesitou. — Agora mesmo? Sem passar pelo processo?

— Agora mesmo.

— E o resto deles?

— Diga a eles que a posição foi preenchida.

Austin estreitou os olhos para mim.

— O que deu em você? E se ela não for boa?

— Então eu cuido disso. — Eu tinha certeza de que Isabelle seria boa. Ela seria

melhor do que boa. Ela seria perfeita.

É apenas a Isabelle em sua mente, eu me lembrei. Era difícil encontrar falhas

na memória de uma mulher que abalou meu mundo por tempo suficiente para

que eu nunca me esquecesse e desapareceu antes que pudesse me mostrar as


desvantagens de conhecê-la. Mas eu queria outra degustação. Eu queria vê-la

novamente.

Sabia que isso iria estourar a bolha que eu tinha dela. Ninguém era perfeito.

Foi por isso que nunca namorei, por que não me acomodei com ninguém. Gostei

da bolha, do sonho. E não gostei de conhecer alguém que acabaria sendo menos

que perfeito.

Com Isabelle, era diferente. Eu queria vê-la novamente, estourando a bolha

que se dane. Eu sabia que ela não poderia ser perfeita. Mas para mim, ela ainda

era.

— Me avise quando estiver falando com ela. — Eu disse.

Austin acenou com a cabeça, se livrou do meu aperto e seguiu para o elevador.

Olhei para ele apenas o tempo suficiente para vê-lo balançando a cabeça.

Eu estava agindo como uma idiota? Absolutamente. Mas Izzy me deixou

louco na noite em que a conheci. E agora, cinco anos depois, ela ainda estava me

deixando louco. Eu precisava que ela trabalhasse aqui. Tinha que tê-la perto de

mim.

Eu precisava de Austin para fazer isso funcionar.

Caso contrário, eu entraria lá e entregaria o trabalho a ela eu mesmo.


Engoli em seco e tentei não me contorcer na cadeira. Eu fugi do trabalho,

dizendo ao meu gerente que precisava correr até a loja para comprar alguma coisa,

e meu tempo estava se esgotando. O homem à minha frente parecia mais

interessado em seu telefone do que em mim.

— Sr. Shannon? — Perguntei.

Ele olhou para mim de seu telefone.

— Há mais alguma coisa que você gostaria de me perguntar?

— Sim. — Disse ele, mas não desligou o telefone. — Fale sobre você.

— Oh. — Eu disse. — Bem, eu sou um artista de coração e acredito que minha

paixão pela criatividade vai brilhar em todo o meu trabalho aqui. Sou uma pessoa

que entende dedicação e comprometimento. Penso em ir além e trabalhar por

objetivos de longo prazo, mas também me concentro nos detalhes do aqui e agora

porque eles são tão importantes quanto.

Austin Shannon fez um som de “uhumm” enquanto eu falava. Tive a sensação

de que ele não estava realmente prestando atenção.

Deus, não estava indo nada bem, estava? Eu estava nervosa.

Não, eu estava completamente em pânico.


Foi a primeira vez em muito tempo que não tinha ideia se alguma coisa daria

certo. Até agora, estava determinada a fazer funcionar, não importa o quê. E

apesar dos obstáculos, consegui cair de pé todas as vezes.

Como um gato.

Segurei essa ideia como se fosse uma tábua de salvação. Não importava o que

acontecesse nesta entrevista, eu sobreviveria.

Sempre fiz.

Além disso, Liam precisava que eu fizesse isso. Tinha que pagar as contas

para ele, para dar a vida que ele merecia.

O Sr. Shannon não me fez mais perguntas. Ele digitou em seu telefone com

um sorriso e parecia que tinha esquecido que eu estava aqui. Meu coração

afundou.

Eu não ia conseguir esse emprego, ia?

Fiquei tão feliz quando me ligaram esta manhã, me pedindo para vir para

uma entrevista imediatamente. Enviei um monte de currículos em pânico e foi

como uma tábua de salvação, algo que apareceu da escuridão para me puxar para

cima e me salvar de me afogar na minha bagunça. Não era o meu emprego ideal,

mas seria um horário estável, um salário melhor e eu seria capaz de dar ao Liam

um pouco de estabilidade e à minha pobre mãe um descanso.

Talvez pudesse até pagar uma creche se fosse cuidadosa com meu dinheiro.
Mas, afinal, não foi a resposta às minhas orações. Foi um alarme falso. Era

óbvio porque meu entrevistador estava totalmente me ignorando.

Eu olhei para o meu relógio de pulso. Se eu não fosse, perderia meu emprego

no restaurante. Não poderia pagar minhas contas se tivesse que confiar apenas em

meus trabalhos freelance.

— Se isso for tudo, Sr. Shannon. — Comecei, sem conseguir esconder a

irritação em minha voz. — Não vou perder mais o seu tempo.

Ele piscou para mim, surpreso.

— Você está indo?

Eu concordei.

— Parece que a entrevista acabou. — Se realmente começou, acrescentei

mentalmente.

Seu telefone tocou novamente, não escondi o rolar dos meus olhos.

— Senhorita Taylor. — Disse ele, olhando para mim. — Parece que você é a

candidata perfeita.

Eu fiz uma careta para ele.

— O que?
— Seu currículo é impressionante, você está claramente apaixonada pelo que

faz e... gostaria de lhe oferecer o emprego.

Meu queixo caiu e fiquei boquiaberta, sem tentar esconder minha confusão.

— Não entendo.

O Sr. Shannon enfiou as mãos nos bolsos casualmente.

— Fui autorizado a contratá-la imediatamente, se aceitar a oferta. Então, o que

me diz, Srta. Taylor? Como se sente sendo nossa nova designer de campanha

interno?

Eu não tinha ideia de como isso tinha acontecido. Ele estava... me oferecendo

o trabalho? Sem um vago “eu te ligo de volta”, ou uma segunda rodada de

entrevistas, ou... qualquer coisa?

— Senhorita Taylor? — Sr. Shannon solicitou.

— Oh meu Deus. Sim! — Exclamei. — Quero dizer, é claro. — Soltei uma

risada que não pude conter antes de colocar meus dedos sobre os lábios. — Onde

eu assino?

O Sr. Shannon deu uma risadinha.

— Cuidaremos da papelada quando você chegar ao trabalho na segunda-

feira.
— Segunda-feira?

— É muito cedo? — Perguntou, parecendo preocupado.

Eu balancei minha cabeça.

— De jeito nenhum. Estarei aqui na primeira hora.

Sua preocupação se transformou em um sorriso satisfeito e ele abriu a porta

do escritório para que eu pudesse sair. Me contive lindamente. Mantive minha

compostura.

— Se você tiver um pouco de tempo, gostaria de fazer um tour pelas

instalações? — Perguntou, quando eu quis virar em direção ao elevador.

Olhei para o meu relógio de pulso novamente. Se eu não saísse neste minuto,

não chegaria a tempo no restaurante com certeza. Mas… eu tinha um emprego!

Um ótimo! Pela primeira vez, pude fechar os olhos e pular sem me preocupar que

Liam também ficasse sem rede de segurança.

— Claro. — Eu disse. — Só preciso fazer uma ligação rápida.

O Sr. Shannon acenou com a cabeça e eu peguei meu telefone, discando o

número do meu gerente para dizer a ele que algo aconteceu e eu não poderia

terminar meu turno.

Algo deu certo, mas eu não conseguiria trabalhar o resto do mês, ou o resto

da minha vida, naquele inferno.


Quando terminei a ligação, o peso caiu dos meus ombros e respirei fundo,

soltando o ar lentamente.

— Preparada? — O Sr. Shannon perguntou.

Eu balancei a cabeça e coloquei um sorriso profissional no rosto, embora por

dentro, estivesse borbulhando e queimando com o desejo de ligar para minha mãe,

de ligar para meus amigos, de gritar para o mundo que finalmente algo estava

acontecendo do meu jeito.

O Sr. Shannon parecia muito mais presente e engajado quando me levou pelo

prédio. Ele me mostrou tudo o que havia para ver no local. Os diferentes

departamentos onde as pessoas com roupas elegantes trabalhavam arduamente.

A lanchonete onde ele disse que eles atendiam até vegetarianos, alergias

alimentares e várias dietas religiosas. O jardim externo, onde os trabalhadores

estressados podem fazer uma pausa e desfrutar do ar fresco e muito mais.

Lutei para absorver tudo, mas consegui apenas parcialmente com a enorme

quantidade de informações que ele estava despejando sobre mim referente a

empresa. Era um grande distribuidor de comida gourmet, ele falou rapidamente

sobre como a comida evocava emoções. E queria que eu trouxesse isso à tona na

campanha que ele estava planejando.

Meu coração estava cantando. Tudo que eu conseguia pensar era no rosto de

Liam e como ele se iluminava sempre que me via, e como eu seria capaz de ver

ainda mais agora. Finalmente seria capaz de passar mais tempo com meu filho.
Não teríamos que nos arrastar e eu não seria consumida pelo estresse. Foi um

sonho que se tornou realidade.

Pegamos o elevador para um dos andares superiores, onde o Sr. Shannon

queria me apresentar a chefe de recursos humanos. Ela cuidaria do meu contrato

e dos detalhes da minha conta na segunda-feira, então seria bom conhecê-la.

Esta parte do edifício era lisa e luxuosa, com tapetes grossos sob os pés, papel

de parede rico e estantes pesadas ao longo de algumas das paredes. As pessoas

que passaram por nós estavam vestidas de maneira ainda mais elegante do que o

resto da equipe, pareciam limpas, polidas e seguras de si mesmas. Ficou claro que

faziam parte da administração da empresa. O lugar tinha um ar de reverência.

As salas de conferência tinham grandes divisórias de vidro em vez de

paredes, e passamos por uma reunião em sessão.

Quando olhei para o homem que estava na ponta da longa mesa, meu coração

parou.

Eu conhecia aquele rosto. O cabelo escuro, os olhos penetrantes, a maneira

como sua boca se movia quando ele falava.

Fui arrancada do presente e jogada de volta no tempo, para um lugar onde

um belo graduado da faculdade comprou uma bebida para mim tarde da noite e

me levou de volta para seu apartamento. De repente, eu estava de volta à

faculdade, dormindo com o único homem que conseguiu me ver como eu

realmente era.
Carter.

O pai do meu filho.

— Você está vindo? — O Sr. Shannon perguntou, então percebi que tinha

ficado para trás. Eu balancei a cabeça e corri para alcançá-lo, mas meus olhos se

voltaram para Carter, onde ele estava na frente de um grupo de pessoas, no

comando, no controle, completamente à vontade.

No último momento antes de passar, seus olhos se fixaram nos meus.

E ele sorriu.

Ele não ficou chocado em me ver. Não estava tão abalado quanto eu. A

expressão em seu rosto parecia normal. Parecia que esperava me ver parada no

corredor, boquiaberta para ele.

Meu sangue correu em meus ouvidos e me senti quente. Minha camisa de

botão de repente parecia que estava me sufocando. Eu puxei a gola.

— Aqui estamos. — Disse Shannon. Ele bateu na porta de um escritório antes

de abri-la. — Hannah. — Ele disse com um sorriso.

Uma mulher loira com um cabelo curto e franja reta se levantou e sorriu.

— Austin. — Ela disse. — O que posso fazer para você?


— Esta é Isabelle Taylor. — Disse ele, acenando para que eu me juntasse a

eles. — Ela começará a trabalhar aqui na segunda-feira e virá até você na primeira

hora da manhã. Isabelle, esta é Hannah Fleming, diretora de RH. Ela pode ser sua

melhor amiga ou seu pior pesadelo, dependendo de como você se comportar.

Engoli. Eu ainda estava trêmula com o choque de ver Carter. Com o choque

de Carter não estar chocado ao me ver.

— É um prazer conhecê-la. — Eu disse, apertando a mão de Hannah.

— Bem-vinda ao Appetite, Isabelle. Você descobrirá que trabalhar conosco

não é apenas um emprego. Somos como uma família e cuidamos uns dos outros.

Eu sorri. Isso soou maravilhoso. Tudo sobre estar aqui foi maravilhoso. E

bizarro.

Hannah e Austin conversaram rapidamente sobre algo que não prestei

atenção, então ela disse:

— Vejo você na segunda-feira.

Austin me conduziu para fora do escritório novamente e me acompanhou até

o saguão. Enquanto caminhávamos, ele conversou animadamente sobre a

campanha em que trabalharíamos. Tentei me concentrar no que ele estava

dizendo, eu tinha que absorver tudo isso. Esse era meu futuro previsível. Mas eu

não conseguia parar de pensar em Carter, sobre como ele parecia quando eu o vi,

e sobre o fato de que de alguma forma ele sabia que eu estava aqui.
Por que ele estava aqui? Eu pensei que ele tinha deixado LA. E depois de todo

esse tempo, de todos os desejos de encontrá-lo e contar a ele sobre nosso filho,

agora eu estaria trabalhando com ele?

Deus, minha mente girou.

— Estou ansioso para trabalharmos juntos, Isabelle. — Austin disse quando

saímos do elevador no saguão.

— Obrigado, Sr. Shannon. — Eu disse, apertando sua mão mais uma vez. —

Por tudo. Também estou ansiosa por isso. Vejo você na segunda.

Ele se virou e foi embora, então saí do prédio. Fui até meu carro e sentei atrás

do volante. Eu me apressei, girando a chave na ignição enquanto colocava meu

cinto de segurança em um frenesi. Como era meu hábito. Então percebi que não

tinha para onde correr. Poderia tomar um momento e respirar.

Eu fiz exatamente isso. Respirei fundo e soltei o ar novamente. Dentro. Fora.

Quando coloquei meu carro em marcha, virei em direção a casa. Poderia

passar um tempo com meu filho. Poderia dar um tempo para minha mãe.

E eu poderia dizer a eles que, pela primeira vez, nossa sorte iria mudar.

Depois de olhar para Carter, tive a sensação de que muitas coisas estavam

prestes a mudar.
Eu levei mais de cinco anos para tirá-la da minha mente. Cinco anos em que

ela apareceria em meus sonhos sem aviso prévio e estragava meu dia. Cinco anos

em que eu trabalhei duro e de repente eu iria piscar em seu rosto e me chocar.

Depois de tanto tempo, pensei que tinha tirado meu estranho vício em Isabelle

do meu sistema.

Até o momento em que a vi outra vez.

Era como se tudo tivesse voltado ao foco novamente. Como se eu tivesse

caminhado pela vida com tudo ao meu redor um borrão e de repente com ela

dentro, a imagem era cristalina.

E agora, ela estava bem aqui, debaixo do meu nariz, onde eu poderia ficar de

olho nela.

— Ela estava abalada pra caralho, cara. — Austin disse quando se sentou na

minha mesa no escritório, balançando as pernas como uma criança. — Pensou que

eu não estava prestando atenção na entrevista. Primeiro, houve seus textos

constantes. Então eu tive que olhar seu portfólio no local para ter certeza de que

ela não era incompetente. Eu estava um pouco distraído. Ela estava pronta para

partir.

— Você a fez ficar e é isso que conta. — Eu disse, olhando pela janela.

— O que há com ela, afinal? — Austin perguntou. — Desde quando você

enlouquece por causa de uma mulher?


Dei de ombros. Austin estava certo, eu geralmente não ficava nervoso por

causa de nenhuma mulher em particular. Eu as seduzia, as fodia e as mandava

embora. Era isso que Carter Jacobs fazia. Não me comprometia, não ligava de

volta, não tinha segundos encontros ou segundas chances.

Eles não funcionavam para mim.

Mas com Isabelle era diferente. Ela era diferente. Desde o momento em que a

vi trabalhando atrás do balcão naquele pequeno café perto da faculdade em que

me formei. Ela parecia espetacular, tirando meu fôlego com o quão incrivelmente

crua e natural, sem remorso e autêntica ela era. E então ela explodiu minha mente

com o melhor, mais incrível, mais pessoal sexo que eu já tive com uma estranha.

E então, assim como pensei ter encontrado a única garota que mudaria minha

opinião sobre tudo, sobre minha própria vida maldita, acordei em uma cama

vazia.

Mas ela estava aqui agora, e não estava escorregando pelos meus dedos

novamente. Eu tinha o número dela. Tinha o endereço dela. E trabalha para mim

agora.

Bem, não diretamente.

Mas isso iria mudar. Austin achava que tinha tudo planejado, ela era uma boa

designer, por sorte. Depois de olhar seu portfólio, ele ficou impressionado com seu

trabalho. Ela seria um trunfo para a empresa, ele me garantiu. Iria explodir sua

campanha. Ele estava certo disso e animado.


Mas não havia nenhuma maneira no inferno de eu deixar Isabelle trabalhar

para ele. Eu não suportaria tê-la em minha empresa e ela não estar trabalhando

diretamente para mim.

Eu sabia que estaria quebrando todos os tipos de protocolos, mas eu era o

chefe. Poderia fazer o que diabos eu quisesse.

E eu queria que ela trabalhasse comigo.

Arregacei um sorriso com o pensamento.

Eu a queria sob mim para outros propósitos também.

Quando fechei os olhos, ainda podia ouvir seus gemidos. Eu ainda podia ver

o lampejo de cabelo vermelho na escuridão enquanto ela resistia, se enrolava e se

contorcia contra mim. Podia sentir o gosto de sua pele em meus lábios.

Tudo a seu tempo, no entanto. Tudo no seu tempo.

Eu passei pelos últimos anos sem ela. Se fui capaz de esperar tanto tempo,

poderia esperar um pouco mais.

— Cynthia? — Liguei, e minha secretária colocou a cabeça pela porta do

escritório. — Marque uma reunião com Derek Grimes.

— Quando?

— Assim que ele estiver disponível. Antes do fim de semana.


Ela acenou com a cabeça e desapareceu.

— Para que você precisa falar com o Derek? — Austin perguntou.

Grimes era o diretor de design da empresa. Ele trabalhava diretamente para

Austin e, tecnicamente, Isabelle era sua nova contratada.

Não que eu me importasse com isso. Eu iria caçá-la, não importa onde sua

posição sugerisse que ela deveria estar. Mas precisava conversar com Derek sobre

isso. Ele ficaria chateado se eu apenas a tomasse sem explicar a ele o porquê.

Ficaria amargo por ter que encontrar outro designer justamente quando pensava

que havíamos resolvido seu problema.

Isso cabia a Austin esclarecer, no entanto. Não que eu fosse dizer isso a Austin.

Ainda não. Eu iria manter tudo para mim até que eu a tivesse debaixo de mim.

Eu apreciei as possibilidades do que isso poderia significar.

— O que está em sua mente, Carter? — Austin perguntou, sua voz dirigindo

pelos meus pensamentos. — Você está sendo estranho.

— Como? — Eu perguntei, virando-me para encará-lo.

Austin encolheu os ombros.

— Eu não sei. Você está mais cheio de merda do que o normal. E essa coisa de

tratamento silencioso que tem feito o dia todo...


— Eu não estou te dando o tratamento do silêncio. — Ri.

— Sim, bem, você não está me dizendo o que está acontecendo, e isso é a

mesma coisa, — Disse Austin.

— Aww, não faça beicinho. — Zombei e ele me mostrou o dedo do meio antes

de rir.

Eu diria a Austin o que estava acontecendo eventualmente. Por enquanto,

porém, precisava descobrir o que estava sentindo. Eu sabia que sentia algo quando

estava com Isabelle. Algo diferente. Não apenas desejo, como eu normalmente

fazia. Mas afastei esse sentimento cinco anos atrás e fiquei chocado com a força

com que ele voltou hoje. Era como se vê-la fizesse com que tudo que eu fiz se

encaixasse. Como se ela fosse a última peça do quebra-cabeça.

Não tinha certeza de como isso era possível com uma mulher com quem eu

só dormi uma noite.

Eu já dormi com tantas delas que mal me lembrava.

***
Na manhã de segunda-feira, cheguei no escritório pouco depois das sete. Era

cedo, muito mais cedo do que normalmente chegava. Mas eu queria conhecê-la.

Queria falar com ela pessoalmente.

Queria ser o único a acompanhá-la para dentro do prédio.

Quando ela chegou, tirou meu fôlego. Seu cabelo era de um vermelho

brilhante, flamejando ao sol da manhã. Usava calças pretas sob medida e uma

camisa de botão branca e o esquema de cores austero fazia seu cabelo ruivo e olhos

brilhantes se destacarem ainda mais.

— Carter. — Ela disse quando me encontrou no saguão. Não parecia tão

chocada em me ver quanto parecia no dia em que a contratamos, quando passou

pela sala de conferências. Eu saboreei sua surpresa então. Mas fui atraído por sua

confiança fria agora.

— Como você está, Isabelle? — Perguntei. Lutei contra o desejo de alcançá-la,

de puxá-la para mais perto de mim e respirar o cheiro de seu shampoo.

— Um pouco sobrecarregada. — Ela admitiu. — Mas pronta para fazer a

diferença na empresa.

— Minha empresa. — Eu disse.

Ela hesitou por um momento, a compreensão surgindo nela e então ela sorriu.

Seu sorriso se espalhou por seu rosto, lenta e lindamente, como um nascer do sol,

e iluminou suas feições.


— Claro. — Ela respirou.

— Venha. — Eu disse. — Estou encarregado de mostrar a sua mesa.

Ela acenou com a cabeça e caminhamos juntos para o elevador. Quando as

portas se fecharam, eu estava hiper consciente dela parada ao meu lado. O

elevador era pequeno, o espaço nos empurrando para mais perto. Estudei suas

feições, olhando sem vergonha. Sua pele de porcelana era lisa, seu cabelo parecia

ser o mesmo vermelho profundo de que eu me lembrava e ela se portava com uma

graça fluida, de pé e confiante ao meu lado.

Ela olhou para mim quando eu não parava de olhar. Suas bochechas ficaram

rosadas.

— O que? — Perguntou.

— É só... uma loucura. Você estar aqui. — Eu disse.

Deus, eu poderia soar mais como uma idiota?

— Sim. — Disse ela. — Louco.

A atmosfera mudou um pouco e eu queria dizer mais alguma coisa. Algo

pessoal. Tipo, que foi incrível vê-la novamente. Ou que ela parecia incrível. Ou

que os últimos cinco anos foram vazios, ocos e, pela primeira vez, senti que talvez

fosse esse o motivo.


O elevador apitou e as portas se abriram e antes que eu pudesse fazer algo

estúpido, nós saímos.

O novo escritório de Isabelle ficava no meu andar. Não era um protocolo para

novos funcionários começarem no último andar, mas eu não me importei. Eu a

queria por perto, onde eu pudesse vê-la.

— Isso é... bom. — Disse ela quando entramos em seu escritório. —

Muito bom.

Eu sorri e a observei enquanto ela se virava, absorvendo tudo. O escritório era

grande, com uma bela vista da cidade e um respingo do oceano no horizonte. Seus

móveis eram novos, eu deixei um catálogo em sua mesa para que ela pudesse

escolher decorações, ornamentos e pinturas ou o que quer que seu coração

desejasse para tornar o espaço pessoal para ela.

— Eu sei que Austin contratou você para trabalhar em uma campanha, mas

houve uma mudança de planos. Vou precisar da sua ajuda com o lançamento de

uma nova linha de produtos.

Ela piscou para mim.

— Uma o quê?

— Estou lançando uma nova linha de produtos e ela precisa estar pronta para

ser lançada no menor tempo possível. Estamos conversando desde o design

conceitual até o marketing.


Ela balançou a cabeça, empalidecendo um pouco.

— Eu não posso fazer isso. Não estou qualificada para supervisionar algo

como um lançamento. Eu era uma designer gráfico freelance, Carter. Eu nem

terminei meu diploma.

Fiz uma careta. Eu sabia que ela não tinha terminado seu curso, eu examinei

seu arquivo quando Austin o deu para mim. Mas a maneira como ela disse isso, a

expressão em seu rosto, sugeria que algo aconteceu.

— Por que não? — Perguntei antes que pudesse pensar sobre isso. O que

mudou sua vida tão drasticamente, quando antes ela era uma aluna tão dedicada,

uma garota tão boa?

Sua mandíbula se apertou e sua linguagem corporal mudou. Fechado. Droga,

não era da minha conta perguntar.

— A vida acontece, sabe? — Ela respondeu. Vago, mas ela não estava me

afastando.

— Eu sei. — Respondi, balançando a cabeça.

Ela balançou a cabeça ligeiramente e olhou para a mesa.

— Posso tentar fazer tudo isso por você, mas não tenho ideia por onde

começar. — Eu gostei que ela estava admitindo suas deficiências.

— Eu vou te ajudar. — Afirmei.


Ela acenou com a cabeça e caminhou para sua mesa. Se sentando espalmou as

mãos na superfície, olhando para mim. Seu sorriso era brilhante e resplandecente

quando ela o mostrou novamente.

— Eu não pensei que era aqui que eu iria terminar.

Novamente, eu queria fazer mais perguntas sobre como sua vida tinha sido

nos últimos cinco anos, mas mordi minha língua desta vez.

— Vou mandar os arquivos para você em um momento. — Eu disse — Fique

confortável em seu escritório e então vá ver Hannah. Quando estiver pronta,

vamos nos mover.

Ela acenou com a cabeça e eu saí de seu escritório, me forçando a ir embora.

Isabelle estava de volta à minha vida. Eu lutei para envolver minha mente em

torno disso. E desta vez, ela não iria a lugar nenhum. Ela tinha sido quase uma

invenção da minha imaginação por tanto tempo, alguém com quem eu sonhava,

alguém que não existia mais na minha vida, que era difícil pensar que isso era real.

Mas era. Ela estava no escritório no final do meu corredor. E mesmo que

estivesse apavorada com o projeto, eu a estava jogando no fundo do poço em

grande estilo, ela não recusou.

Eu estava ansioso para trabalharmos juntos.


De uma coisa eu sabia com certeza, estava ferrado. Acreditei que ela era

perfeita todos esses anos. Eu esperava ter uma queda forte de volta à realidade

assim que a conhecesse, porque não havia uma mulher perfeita lá fora.

E se ela acabasse sendo igual ao resto delas?

Mas agora que eu estive perto e ela admitiu que não tinha terminado seu

diploma, que não estava qualificada para o seu trabalho, eu a vi nervosa e em

pânico sob sua máscara composta, percebi que gostava ainda mais dela por seus

defeitos.

Eu estava lutando para acompanhar o quão rápido tudo estava mudando.

Tive alguns dias para colocar minha cabeça no lugar, para comemorar o novo

emprego e arranjar horários normais para minha mãe pegar Liam na pré-escola e
ajudar a babá até eu voltar do trabalho. Mas eu ainda me sentia como se tivesse o

prejudicado.

E Carter... Deus. Eu não tinha certeza do que fazer com todas as novas

informações que estavam sendo despejadas em mim.

Não só estava mais quente do que nunca, e eu me lembrava dele já ser lindo

de morrer, a tensão sexual entre nós era tão séria quanto antes.

Se não mais.

Não só isso, ele de repente era meu chefe. Como isso aconteceu? Tinha certeza

de que trabalharia com Austin Shannon. Mas Carter estava lá para me receber e

me colocou em um escritório que parecia ter saído direto de um set de filme.

Quando voltei do escritório de Hannah, onde cuidamos dos detalhes do meu

contrato e de minha conta, uma jovem estava esperando em meu escritório.

— Oi. — Ela disse brilhantemente.

Ela tinha cabelo preto puxado para trás, olhos verdes brilhantes e um corpo

esguio e alto.

— Oi. — Cumprimentei cuidadosamente.

— Eu sou Felicity. Também trabalho com design. Ouvi dizer que você é nova.

Concordei.
— Isabelle. Amigos me chamam de Izzy.

Felicity sorriu uma fileira de dentes perfeitamente brancos para mim.

— Izzy. Eu gosto disso. — Ela inclinou a cabeça um pouco para o lado, me

estudando. — Então, você é a garota que ele roubou de Derek, hein?

— O que? — Perguntei. Não fazendo ideia do que ela estava dizendo.

— Você tem que ser algum tipo especial de artista se Jacobs decidiu usá-la

para si mesmo.

Eu pisquei.

— Carter?

— Oh, seu primeiro nome. Uau.

Eu balancei minha cabeça, fechando meus olhos com força por um momento.

— Estou um pouco perdida.

— Não se preocupe com isso, todos nós nos sentimos assim durante nosso

primeiro mês aqui na Appetite. Jacobs é um chefe incrível para se trabalhar. Mas

você aprenderá à medida que avança. Só precisa pular antes que ele estale os

dedos e ficará fora de seu radar.

Eu fiz uma careta. Ela estava falando sobre Carter? Não parecia nada com ele.
— Venha comigo, vou te mostrar a cozinha. — Disse Felicity, enlaçando o

braço no meu como se fôssemos melhores amigas. — É literalmente o único lugar

que você realmente deseja conhecer quando entrar nas coisas aqui. Também pode

encontrar o resto da nossa equipe. Jacobs terá uma reunião de equipe em meia

hora, então poderá vê-lo em ação.

— Oh. — Eu disse. Me sentindo completamente perdida. — Tenho que cuidar

de algumas coisas para ele primeiro.

Felicity balançou a cabeça.

— Não pode perder a reunião de equipe. Quando Jacobs liga, você atende.

— O que quer dizer com isso? — Eu perguntei.

Felicity bufou e revirou os olhos.

— Você vai conhecê-lo. Ele é um idiota.

Um idiota? Carter?

Entramos em uma sala de descanso que parecia muito mais com uma cafeteria

de luxo, completa com uma estação de barista, sofás confortáveis dispostos em

semicírculo, um bebedouro, uma geladeira e algumas mesas espalhadas pelo resto

do espaço aberto. Alguns funcionários estavam sentados nos sofás e ao redor das

mesas. Alguns deles ergueram os olhos quando entramos. Outros se inclinaram

para frente e fofocaram sobre mim, nem mesmo escondendo o fato de que eu era

o assunto quente das conversas por aqui.


Eu queria rastejar para longe novamente, mas não era maneira de lidar com

isso. Estava nesse time agora, iria manter minha cabeça erguida e preencher os

sapatos que Carter tinha me oferecido.

Mesmo que não tivesse certeza de como faria isso.

— Todo mundo. — Disse Felicity, levantando a voz. Todos ficaram quietos.

— Esta é Izzy. Izzy, esse é todo mundo.

Ela gesticulou com a mão. Alguns deles assentiram e acenaram em resposta.

— Vamos lá. — Felicity me levou a uma estação de café onde ela começou a

preparar uma xícara para cada uma de nós. — Você vê aquela mulher ali? — Ela

acenou com a cabeça para uma loira esquelética que parecia nervosa. — Essa é

Danielle. Ela tem uma queda por Jacobs desde, tipo, sempre. Mas isso nunca vai

acontecer.

— Oh. Por que ela não tem chance com ele? — Perguntei. Por favor, não diga

que ele é casado, eu pedi.

— Porque ela não é o tipo dele.

— Qual é o tipo dele? — Perguntei, o alívio lavando através de mim.

— Sacanagem. — Disse Felicity.


O sangue foi drenado do meu rosto. Sobre o que ela estava falando?

Certamente não Carter, o único cara que tinha sido tudo menos um idiota para

mim todos aqueles anos atrás. Deve haver algum tipo de engano.

A conversa parou abruptamente e quando olhamos para cima, cada um

armado com uma xícara de café agora, percebi que Carter havia entrado na sala.

Sua presença preencheu o espaço, empurrando para os cantos e todos claramente

o reverenciavam.

— Obrigado por chegar na hora. — Ele disse em uma voz cortada. — Isso não

vai demorar. Em primeiro lugar. — Ele olhou para mim. — Quero dar as boas-

vindas ao nosso membro mais novo, Isabelle Taylor. Ela trabalhará junto com

vocês no novo lançamento. Se ela precisar de ajuda, vocês vão pular para dar a ela.

Eu me senti constrangida por um momento, mas Carter mudou para o

próximo ponto do negócio.

— A campanha vegana estava péssima. — Ele continuou. — Eu não sei o que

diabos vocês estavam pensando, mas desde quando os veganos são diferentes do

resto de nós? Na campanha parecia que estavam tentando destacá-los.

— Me desculpe senhor? — Um homem com cabelo castanho-rato e rosto

achatado perguntou, interrompendo Carter.

Ele lançou-lhe um olhar assassino, um olhar que estava muito fora de lugar

no rosto que eu pensei que conhecia.


E assim, eu percebi que não sabia nada sobre ele.

— O que é? — Carter explodiu.

— Bem… as respostas à campanha foram muito boas. Os números

aumentaram desde o lançamos, e....

— Eu pareço estar dando a mínima para os números? Me importo com como

as pessoas se sentem, Donovan. Este negócio não envolve apenas dinheiro, mas

também emoção. E se não podemos evocar a emoção certa, não deveríamos estar

fazendo isso de forma alguma. É seu trabalho fazer minha comida parecer boa.

Fazer. Seu. Trabalho.

Ele se virou e saiu da sala de descanso.

Suspirei.

— Que raio foi aquilo?

— Uma reunião de equipe. — Disse Felicity com um encolher de ombros. —

Este é um bom dia. Não queira vê-lo quando está chateado.

Eu fiz uma careta. Estava começando a pensar que realmente não queria vê-

lo chateado.

Onde estava o Carter que conheci naquela noite? Onde estava o homem de

que me lembrava quase todas as vezes que olhava para meu filho em casa? Este

Carter era um idiota, como Felicity falou.


— Ninguém parece chateado com sua explosão. — Eu disse, olhando para

os outros que estavam lentamente começando a se dispersar agora que foram

dispensados pela saída dramática de Carter.

— Não adianta chorar sobre o leite derramado. — Felicity revirou os olhos. —

Eu odeio esse ditado. Mas é verdade. Então, nós estragamos tudo. Nós apenas

teremos que fazer melhor desta vez. Não há como agradar a Jacobs, só podemos

tentar fazer algo diferente da próxima vez. Podemos esperar que acertemos e ele

não mije em todo o nosso trabalho. Ou demita um de nós.

Eu balancei minha cabeça.

— Ele parece terrível.

— Ele está bem quando você o conhece. — Disse Felicity. — Acredite em mim,

muitas mulheres querem conhecê-lo, apesar de tudo que ele faz. E ele permite.

Quero dizer, ele as conhece. — Ela piscou para mim.

Meu estômago embrulhou. Mulheres? Como no plural?

— Ele não namora? — Perguntei, esperando que Felicity dissesse algo que o

redimisse.

Ela balançou a cabeça enquanto saíamos da sala de descanso.

— Seria difícil dormir com tantas mulheres se ele estivesse namorando. Quero

dizer, muitas mulheres aproveitariam a chance de ser a Sra. Jacobs. O cara é

milionário e tem apenas trinta anos. Ele sabe o que está fazendo e, embora não seja
um dos figurões por aí que tem tanto dinheiro que não sabe o que fazer, ele tem o

suficiente para manter as mulheres com fome.

Agora chegamos ao meu escritório e paramos na porta.

— Então, você o está chamando pelo primeiro nome. — Disse Felicity. —

Como você o conheceu?

— Oh. — Eu disse, pensando naquela noite. Para o homem que pensei que ele

era naquela época. — Fomos apenas apresentados uma vez.

— Huh. — Disse Felicity. — Bem, é melhor não conhecê-lo mais de perto, se

você me entende. Confie em mim. Prefiro trabalhar para ele do que ter sua atenção

dessa forma. Isso acaba em desastre. — Ela apertou minha mão. — Vejo você por

aí, garota. Não hesite em me ligar se precisar de alguma coisa. Estou apenas dois

andares abaixo.

Eu balancei a cabeça e a observei ir. Felicity caminhou com um salto, como se

ela não tivesse acabado de quebrar todas as ilusões que eu tinha sobre Carter.

Quando eu o vi outro dia, parado na sala de conferências como um capitão

comandante no leme de seu navio, foi um choque. Mas também foi uma revelação.

Descobri que ele estava envolvido com a Appetite, e depois quando pesquisei no

Google, percebi o quão envolvido ele realmente era.


Isso me fez pensar. Ele deve ter sido enviado para o meu caminho novamente

por um motivo. Eu acreditava em destino, desígnio. E em uma família que era

inteira.

Liam merecia conhecer seu pai e uma das primeiras coisas em que pensei

depois de vê-lo foi que esta era minha oportunidade de contar a Carter sobre o

filho que ele nunca soube que tinha.

Mas agora que Felicity me disse como ele era, eu não tinha tanta certeza.

Entrei em meu escritório e fiquei lá, perdida em pensamentos.

Mulherengo? Idiota? Esse não era o tipo de homem que eu queria na vida de

Liam. Eu queria que ele tivesse alguém que pudesse admirar e se o que Felicity

disse sobre Carter fosse verdade, então eu não tinha certeza se queria que Liam

soubesse quem era seu pai.

Claro, eu não sabia mais qual versão de Carter era real, o homem que conheci

há cinco anos ou o homem para quem Felicity trabalhava.

Levaria algum tempo para descobrir.

Uma batida na minha porta me tirou dos meus pensamentos em espiral e

Carter ficou na minha frente.

— Você já teve a chance de olhar os documentos que lhe enviei? — Perguntou.

Eu balancei minha cabeça.


— Eu não tive tempo. Me desculpe eu...

— Não sinta. Apenas dê uma olhada por cima quando tiver uma chance, ok?

— Ele sorriu para mim e, Deus, isso me deixou com os joelhos fracos. Ele era um

deus do sexo, por falta de uma descrição melhor. Meus olhos deslizaram

involuntariamente para seus lábios, mas eu os forcei de volta.

Seus olhos eram intensos e ele sorriu para mim.

Ele deu um passo para dentro do meu escritório, mais perto e sua colônia

grudou em minhas roupas. Eu respirei o cheiro dele e meu corpo respondeu com

uma suavização, uma abertura. Minha respiração ficou presa na garganta.

— Apenas me diga se houver algo que eu possa fazer por você. — Disse

Carter, parando bem ao meu lado.

Limpei a garganta, obrigando-me a ser profissional.

— Eu irei, obrigada. Acho que devo começar a trabalhar, no entanto.

Carter franziu a testa ligeiramente, mas seu sorriso permaneceu no lugar e o

resultado o fez parecer malicioso. E beijável.

Porra.

— Vou deixá-la fazer isso, então. — Disse Carter. Ele estendeu a mão para

mim, tocando seus dedos no meu cotovelo. Foi um gesto casual, mas foi incrível.
Eletricidade sacudiu meu corpo com seu toque, e eu engoli em seco. — Vejo você

por aí, Izzy. É bom tê-la aqui.

— Obrigada. — Minha voz soou surpreendentemente calma.

Ele se virou e saiu da sala. Afundei contra minha mesa. A colônia de Carter

permaneceu por um tempo depois que ele saiu, eu lutei para me concentrar.

Sentei-me atrás da minha mesa para examinar os documentos que ele enviou, mas

tudo que consegui pensar era na maneira como seu toque ecoou pelo meu corpo.

Rapaz, eu estava com problemas.


Fazia uma semana que ia ao escritório todos os dias. Isso tinha que ser um

novo recorde para mim. Quando comecei tudo isso, trabalhei até os ossos, mas ser

o CEO de uma empresa estabelecida tinha suas vantagens. Não ter que vir mais

cedo, ou não ter que vir de jeito nenhum, era algo que eu usava sempre que podia.

Mas isso era diferente. Não que eu fosse mais dedicado à minha empresa,

embora a empresa fosse tudo para mim, foi que eu pude vê-la.

Isabelle.

Izzy, como todos no escritório começaram a chamá-la.

Ela estava se adaptando bem. E causou sensação. Todos gostavam dela e eu

sabia o porquê. Ela era o tipo de pessoa que atraía as pessoas, com sua atitude

positiva e seu brilho. Não era nada como eu, sério e mal-humorado e exigia

excelência, o que significava que não poderia ser amigo das pessoas que

trabalhavam para mim. Se eu quisesse chegar ao topo e ficar lá, teria que traçar

linhas que não poderiam ser cruzadas.

E eu fiz isso. Estive bem fazendo isso por muito tempo.

Mas vê-la com os outros, vê-la se encaixar no mundo que eu criei, com uma

facilidade elegante me fez... bem, me deixou duro pra caralho. Isso foi o que

aconteceu.
Entre outras coisas, eu a invejava por ser capaz de se conectar com outras

pessoas tão facilmente. Eu, por outro lado, não conseguia fazer conexões

duradouras.

Mas eu queria transar com ela. Pronto, admiti. Ela era gostosa. Bela.

Engraçada, gentil, inteligente. E ela se importava com todos ao seu redor.

E isso me fez desejá-la como minha. Para que ela pudesse derramar um pouco

daquele sol em minha vida também. Eu queria ser o centro das atenções dela.

Houve momentos em que ela conversava com os outros, as cabeças inclinadas

juntas em uma discussão profunda sobre o projeto, a observava com uma pontada

de ciúme porque aquela atenção não estava voltada para mim.

Lembrei-me daquela noite no café, quando nos sentamos juntos da mesma

maneira, e éramos apenas nós dois envoltos em uma bolha com uma parede

transparente tão fina que estourou na primeira luz do alvorecer.

— Posso ver você no meu escritório? — Perguntei na segunda-feira seguinte,

depois de termos uma grande reunião com toda a equipe.

Eu fiz suas perguntas na frente dos outros. Pedi sua opinião, ao invés de fatos.

Isso a colocou no local e ela corou tão lindamente que eu queria chupar seus lábios

e segurar suas bochechas. Em seguida, seus seios.

Adorava vê-la se contorcer, vê-la gaguejar quando eu falava com ela. Eu

estava me divertindo excitando-a. Foi um castigo pelo quanto ela estava me

excitando sem nem mesmo tentar.


Sabia que a estava afetando.

Quando ela bateu na minha porta e entrou, parecia nervosa.

— Você queria me ver? — Perguntou.

Eu concordei.

— Feche a porta.

Ela fechou atrás dela e vi sua garganta se movendo enquanto ela engolia.

Levantei-me e contornei a minha mesa para ficar à sua frente. Próximo.

— Estou em problemas? — Ela perguntou.

Eu balancei minha cabeça.

— Não, o seu trabalho é fantástico.

Ela deixou escapar um suspiro de alívio.

— Estava com medo de que você odiasse o que eu inventei para as maquetes.

Não sei o que estou fazendo, não com isso. Os outros estão me ajudando muito,

e...

— Pare de falar. — Eu a interrompi. — Queria ver você.

— Ver-me sobre o quê? — Perguntou.


Dei de ombros.

— Eu não suporto ficar perto de você sem ser capaz de te beijar. E tocar em

você. Sem pensar naquela noite.

— Carter. — Ela disse, balançando a cabeça. — Você não pode falar assim

comigo. Nós não deveríamos...

— Quem vai contar a Hannah, Izzy? — Perguntei. — Você vai? Não pode me

dizer que não sente isso também. — Peguei em sua e ela não se afastou. Em vez

disso, olhou para mim com olhos escuros de fome. — Eu sei que quer o mesmo

que eu.

— O que você quer? — Ela perguntou em uma voz ofegante.

Quando me inclinei um pouco, sua respiração ficou presa na garganta.

— Diga que também quer. — Eu disse. Empurrei meus dedos em seus cabelos

e acariciei sua bochecha preguiçosamente com meu polegar. — Ou me diga que

não há nada aqui e você não sente nada. Eu irei parar.

— Você poderia? — Ela perguntou. Sua voz era apenas um sussurro.

— Eu vou. — Eu disse. — Mas eu não quero.

— Eu não quero que faça isso. — Sua voz soou tão suave que eu mal ouvi.

Mas ela fechou os olhos. E eu não ia deixar essa oportunidade passar. Tive que

beijá-la.
No momento em que nossos lábios se tocaram, foi como se eu tivesse voltado

há cinco anos, me lembrei da sensação e do seu gosto, como se fosse ontem que

fizemos isso pela última vez.

A puxei com força contra mim, envolvendo meus braços ao redor de seu

corpo, ela gemeu baixinho no fundo de sua garganta quando minha língua

deslizou em sua boca.

Meu pau estava duro como uma rocha nas minhas calças, apertei meus

quadris contra os dela. Eu não ia deixar esse momento parar. Eu não iria beijá-la e

então apenas me afastar novamente.

Assim não.

Minhas mãos se atrapalharam com a blusa preta que ela usava hoje, empurrei

meus dedos por baixo dela. Senti sua pele macia e me movi até seu peito,

segurando seus seios perfeitos. Ela engasgou e passou a mão pelo cabelo na parte

de trás da minha cabeça, suas unhas roçando meu couro cabeludo e pescoço

enquanto ela descia. Arrepios percorreram minha espinha e a luxúria me devorou.

Comecei a puxar sua camisa pela cabeça.

— Não podemos fazer isso. — Ela murmurou contra meus lábios. — Estamos

no escritório.
— Este é o meu escritório. — Eu disse, caminhando até a porta para trancá-la,

então retornando para ela. — Minha companhia. Vou te foder na minha mesa e

ninguém vai me impedir.

— Carter. — Ela disse, eu não tinha certeza se ela estava protestando ou

implorando.

— Diga-me para parar. — Eu desafiei.

O olhar em seu rosto estava cheio de luxúria, mas eu sabia que estava

revirando isso em sua mente. Ela era a responsável, sempre pareceu o tipo.

Eu também fui responsável. Mas com o quão fodidamente excitado eu estava

agora, não poderia ser responsabilizado por nada que estivesse prestes a fazer com

ela. A única coisa que eu queria contra mim era sua boceta nua.

Eu ri por dentro da minha piada de merda.

Ela me beijou de novo e eu sabia que queria isso tanto quanto eu. Ela estava

tão excitada por mim.

A semana passada foi uma tortura. Olhares roubados, toques acidentais e seu

corpo tão perto do meu sempre que trabalhávamos juntos, eu só conseguia pensar

em sexo.

E então havia o fato de que não importa de que maneira eu olhasse para as

coisas, ela era incrível pra caralho. Não havia um centímetro de seu corpo que não
fosse bonito. Era realista, crua, natural e nada como as bimbos1 que tentavam tanto

chamar minha atenção que as fazia parecer necessitadas, desesperadas ou astutas.

Não, Izzy era diferente.

E isso me fez querer reclamá-la. De novo e de novo.

Para que ninguém mais pudesse tê-la além de mim.

Sua blusa caiu no chão, sua saia lápis a seguiu. Abri o zíper na parte de trás

com facilidade e quando ela deslizou por suas pernas, parei por um momento para

contemplar a visão gloriosa à minha frente.

Um conjunto de sutiã e calcinha de renda preta me fez querer sentar e

implorar. Seu cabelo ruivo tinha se soltado de seus grampos, opa, eu coloquei

minhas mãos em seu cabelo muitas vezes, e as chamas selvagens em seus ombros

a faziam parecer uma visão.

Eu a agarrei novamente e a beijei, girando-a e levantando-a sobre a minha

mesa. Ela envolveu suas pernas em volta da minha cintura e começou a desabotoar

minha camisa. Quando a empurrou para fora dos meus ombros, seus dedos leves

na minha pele, ela começou a beijar seu caminho pelo meu pescoço e peito. Seus

beijos deixaram para trás um rastro de fogo e meu pau esticou contra minhas

calças, implorando para ser liberado para que eu pudesse mergulhar nela.

1
Bimbos: Jovem mulher caça fortuna, muito ligada na aparência pessoal.
Ela abriu minha fivela no mesmo momento em que abri seu sutiã. O puxei e

o deixei cair no chão, Izzy enfiou a mão na minha calça e puxou meu pau.

— Porra, eu te quero tanto. — Murmurei, beijando-a novamente.

Seus dedos trabalharam habilmente para cima e para baixo no meu pau e meu

corpo se contraiu, meu estômago apertou e minhas bolas doeram pela liberação.

— Então, me leve. — Ela respondeu, e eu não precisei ouvir duas vezes.

Eu afundei no chão, tirei sua calcinha por suas pernas e mergulhei em sua

boceta. Lambi e chupei seu clitóris de modo que ela engasgou e gemeu baixinho,

tentando engolir seus gritos.

Eu teria adorado banquetear-me com ela por muito, muito tempo, mas

estávamos no escritório e tinha chances de alguém vir me procurar em breve. A

última coisa que eu queria era colocá-la em uma posição ruim só porque eu não

podia mais controlar meu pau.

Então, me levantei e ergui minhas calças até minhas coxas e a puxei para mais

perto. No último momento, pensei em proteção, eu poderia ser um filho da puta,

mas não diga que não aprendi como ficar seguro nos últimos dois anos. Inclinei-

me sobre a mesa, abri a gaveta e tirei um preservativo.

— Você mantém preservativos em seu escritório? — Ela perguntou, seu rosto

empalidecendo um pouco.
— Sim. — Não fazia sentido esconder quem eu era. Ela estava me conhecendo,

então ela descobriria quem eu era mais cedo ou mais tarde.

Rasguei o papel alumínio e rolei a camisinha sobre meu pau. Quando olhei

para ela, seus olhos estavam no meu pau. Seus lábios estavam separados e eu teria

gostado de foder sua boca primeiro. Mas o tempo era essencial. Meu pau em sua

boca teria que esperar.

Eu empurrei dentro dela, puxando-a contra mim com sua bunda na borda da

mesa. Ela gritou mais alto do que eu gostaria. Pressionei meus dedos contra seus

lábios por um momento.

— Silêncio, querida. — Sussurrei.

Eu a olhei nos olhos quando comecei a empurrar dentro dela, puxando para

trás apenas para empurrar novamente, ela gemeu e choramingou enquanto eu a

fodia cada vez mais forte.

Puta merda, ela parecia incrível. Eu fiz muito sexo nos últimos anos, mas nada

se comparava a estar dentro dela agora.

E nada o faria. Eu tinha certeza disso.

Ela gritou, mais silenciosa desta vez e encostou a cabeça no meu ombro,

fechando os dentes na minha pele. Ela mordeu enquanto gozava e seus dentes

deixaram marcas na minha pele.

Porra, isso foi tão quente.


Izzy estremeceu e tremeu em meus braços, sua boceta apertando meu pau.

Levei tudo que eu tinha para não gozar também.

Mas eu queria pegá-la forte e rápido por trás também. Eu a queria espalhada

na minha mesa, seu cabelo caindo nas costas.

Quando puxei para fora dela, ela choramingou em protesto.

Eu a ajudei a sair da mesa e ela engasgou quando a girei. Ela se inclinou para

frente na mesa, seus seios na minha agenda, então empurrei a merda para fora do

caminho para dar-lhe espaço.

Suas costas eram lindas, longas e lisas, seu cabelo ruivo contrastava

fortemente com sua pele leitosa. Sua bunda era perfeitamente redonda e deliciosa,

agarrei suas bochechas firmes para guiar meu pau de volta para dentro.

Ela começou a gemer novamente quando eu a fodi por trás. Então pressionou

sua boca contra seu próprio braço para abafar seus gritos, eu agarrei seus quadris,

os dedos cavando em sua pele enquanto mergulhava nela de novo e de novo.

Eu iria gozar logo.

— Oh, Carter, porra! — Ela gritou, mantendo a voz baixa e foi isso que

aconteceu.

Ela me empurrou até o limite com três pequenas palavras.


Mergulhei nela o mais profundo que pude e lancei, meu pau batendo e

latejando enquanto eu esvaziava minhas bolas no preservativo. Cerrei meus

dentes e gemi, ela enrolou seus dedos em volta da borda da minha mesa,

segurando como se fosse sua vida.

Quando o orgasmo diminuiu, eu escorreguei para fora dela. Meu pau já

estava amolecendo.

Ela se endireitou, respirando com dificuldade e olhou por cima do ombro para

mim.

Se eu não tivesse apenas drenado meu pau, eu teria pulado nela e fodido tudo

de novo pelo olhar sexy que ela me deu.

— Você deveria se vestir. — Eu disse em uma voz rouca. Ela assentiu, engoliu

em seco e começou a pegar suas roupas do chão.

Rolei a camisinha do meu pau e joguei na minha lixeira. Eu puxei minhas

calças de volta, coloquei minha camisa e abotoei. Enfiei na calça, fechei a fivela e

foi como se nada tivesse acontecido.

Um momento depois, Izzy estava vestida novamente e parecia composta

como sempre, exceto que seu cabelo estava solto sobre os ombros agora, em vez

de preso como ela tinha feito antes.

Alguém notaria? Provavelmente não. E se o fizessem, eles poderiam manter

seus julgamentos para si mesmos.


— Então, como eu disse... Você está fazendo um ótimo trabalho até agora.

Suas bochechas estavam vermelhas e seus olhos brilhavam. Um sorriso

curvou-se em seus lábios.

— Obrigada.

Eu balancei a cabeça e ela se virou, saindo do escritório. Observei sua bunda

balançando de um lado para o outro e mordi meu lábio.

Meu pau já estava endurecendo nas minhas calças, pronto para a segunda

rodada.

Eu não sabia o que pensei que aconteceria entre mim e Carter quando o visse

novamente.
No início, não tinha sido algo planejado, ele foi para Nova York logo depois

que nos conhecemos e foi o fim de tudo.

Eu criei Liam sozinha e imaginei que continuaria fazendo isso porque não

tinha ideia de como encontrá-lo. Eu nunca descobri seu sobrenome.

Quando comecei o trabalho, decidi não contar a ele sobre Liam primeiro.

Queria saber mais sobre Carter. Tinha que ter certeza de que ele era o tipo de

homem que eu queria na vida de Liam.

Carter merecia saber e ele iria saber. Em breve.

Mas primeiro, eu precisava saber com o que estava lidando aqui. Liam e eu

estávamos nos saindo bem sozinhos por muito tempo. Pode ser uma ruptura na

vida do meu filho trazer de repente seu pai para o mundo dele. Eu tinha que

descobrir como lidar com a situação da melhor maneira possível.

Então, depois de quase duas semanas trabalhando com Carter, eu ainda não

tinha contado a ele sobre Liam.

Nós transamos em seu escritório apenas uma vez. Provavelmente não deveria

ter deixado isso acontecer, mas algo sobre Carter me atrai como um ímã. Quando

ele me desafiou a dizer-lhe para parar naquele dia, eu não consegui.

Nunca quis que ele parasse.


Mas as coisas eram muito mais complicadas agora. E não apenas por causa de

Liam. Porque Carter era meu chefe. Porque trabalhamos juntos e não importa o

quanto eu tentasse não fazer, eu gostava dele. Eu realmente gostava dele.

Não tinha certeza de quando ou como, mas sabia que esse pequeno mundo

de fantasia em que estávamos entraria em colapso um dia. Então eu ficaria sozinha

novamente. Se eu me permitisse me apaixonar por ele, seria deixada para trás de

uma forma ou de outra. E desta vez, a dor poderia ser demais para suportar.

Desta vez, era muito mais do que apenas um caso de uma noite com um

homem que parecia diferente do resto deles.

Desta vez, meu coração podia estar envolvido.

Simplesmente não era tão fácil não se apaixonar por ele. Sim, claro, Carter era

um idiota no escritório. Eu percebi que seus funcionários não o reverenciavam

tanto quanto o temiam. Ele não os tratava como merda, por si só. Mas ele era duro

com eles. Ele esperava apenas o melhor e ele queria mais do que eles poderiam

dar. Mas comigo, ele era diferente. Amável e gentil. Ele me tratou como um

cavalheiro, embora ainda esperasse excelência de mim. Mas parecia ter uma boa

impressão do meu trabalho.

Parecia pensar que eu poderia dar a ele o que precisava, que eu poderia dar a

ele o tipo de trabalho que eu nunca pensei que poderia fazer.

Eu estava envolvida em muito mais do que o design desta campanha. Estava

envolvida com marketing e lidava muito com os outros membros da equipe. Eu


não estava no comando deles, mas às vezes parecia que Carter esperava que

estivesse.

— Você tem que me contar tudo. — Disse June.

Sentamos em nosso café favorito. June e eu estávamos almoçando. Ela

trabalhava para uma grande empresa na cidade como diretora de comunicações

desde a faculdade, ela havia crescido na empresa e estava se saindo bem. Esteve

fora a negócios nas últimas duas semanas, então não tinha falado muito com ela

sobre o que estava acontecendo com Carter. Simplesmente não era o tipo de coisa

que eu queria falar ao telefone.

— O que há para dizer? — Eu perguntei.

— Vamos lá, não pode continuar se escondendo de mim. Diga-me como é

trabalhar com ele no escritório! Não pode me dizer que é apenas corriqueiro.

Quero dizer, ele é o pai do seu filho. Deus, se você se calar porque estive fora a

negócios, nunca mais vou viajar.

Eu ri e balancei minha cabeça.

— É só... estranho falar sobre. Você sabe? Quer dizer, é o Carter. O Carter. O

homem que quase se tornou uma invenção da minha imaginação.

— Eu sei. — Disse June com um brilho nos olhos. — E agora ele é real. E ele é

o pai do seu filho.


— Você vai parar de dizer isso? Eu sei disso. Quer dizer, penso nisso o tempo

todo. Mas ele não sabe disso, então é fácil fingir que ele é apenas mais uma

pessoa... — Eu gemi. — Quem eu estou enganando. Ele não é apenas outra pessoa,

nem de longe. E estamos chegando perto.

— Eu sabia. — Disse June com um sorriso presunçoso. — Se vocês estão

trabalhando juntos, tem que ser de um jeito ou de outro. E não parece que está

dando errado. Existe química entre vocês dois?

Eu olhei para ela, corando.

— Sim. Quer dizer... sim. Bastante. — Corei mais forte, pensando em como

ele me curvou e me fodeu em sua mesa.

June piscou para mim.

— Oh meu Deus. Você dormiu com ele?

— Como diabos você sabe disso? — Eu perguntei, rindo.

— Está escrito na sua cara!

Eu balancei minha cabeça.

— Isso foi um erro. Não devíamos ter feito isso. Somos ambos profissionais e

trabalhamos juntos. Ele é meu chefe. Isso foi um erro.


— Você não acredita nisso nem por um segundo. — Disse June com um

sorriso malicioso. — Foi incrível?

Corei novamente.

— Foi... mas tudo nele é incrível. Eu só... — Meu sorriso começou a

desaparecer e senti a preocupação que vinha crescendo nas últimas duas semanas

se aproximando. — Estamos muito bem juntos. E isso é um problema.

— Por quê? — June perguntou.

Um garçom trouxe o café que pedimos, peguei minha xícara, tomando um

gole, segurando o chute de cafeína como se fosse uma tábua de salvação. June deu

um gole no dela também e olhou o cardápio para se lembrar do que pediria.

Ela pediu uma salada Cobb. Pedi um sanduíche gourmet.

Quando a garçonete desapareceu, June voltou sua atenção para mim,

esperando por uma resposta.

— Porque estou em perigo de me apaixonar por ele. E eu não contei a ele sobre

Liam.

— Então, diga a ele.

Eu balancei minha cabeça e tomei um gole de café.

— Não é tão fácil.


— Eu sei que não é. — June disse gentilmente. — Mas ele está aqui agora e

vocês estão se dando muito bem. Se contar a ele, você pode ser mais. Vocês

poderiam ficar...

— Juntos? — Eu a interrompi. — Eu não sei. Minha colega de trabalho disse

que ele era um grande playboy. Não quero me apegar a alguém que não pode ser

um homem de uma mulher só. Ou alguém que não pode se comprometer como

Ryan. Se eu fizer isso e Carter partir meu coração, onde isso me deixará?

June assentiu, sem resposta.

— Além disso, não tenho ideia de como ele vai receber a notícia e isso me

assusta. Se ele enlouquecer com isso? E se ele nunca mais quiser me ver? Ou pior,

e se eu perder meu emprego?

— Ele não vai despedir você. — Afirmou June.

— Por que não?

— Porque isso seria errado. Antiético. Você tem o RH do seu lado com isso.

Eu concordei.

— Eu acho que sim. Mas ainda…

Eu não tinha ideia de como abordaria isso. Quando o vi pela primeira vez,

tive certeza de que era um sinal. O fato de ele estar de volta à minha vida

significava que ele merecia saber e que essa família não precisava mais ser
destruída. Eu tinha fantasiado inúmeras vezes sobre como seria tê-lo em nossas

vidas, tê-lo me ajudando com os custos, passar um tempo com ele e Liam juntos.

Para ser uma família.

Mas eu não pude contar a ele. Talvez fosse melhor ficar quieta e apenas sofrer

com tudo isso. Talvez fosse melhor se eu não contasse nada.

— Eu não sei o que fazer. — Finalmente disse.

— Acho que deve seguir seu instinto. — Disse June. — Você sempre fez a coisa

certa, não importa o quão difícil foi. Você manteve Liam e o criou e isso não é uma

tarefa fácil. Vai descobrir isso também.

Concordei. Nossa comida chegou e começamos a conversar sobre outras

coisas. Era mais fácil bater papo do que falar sobre as grandes coisas que eram tão

difíceis de enfrentar.

***

Depois do almoço, Carter estava esperando por mim em meu escritório

quando cheguei.

— Oh. — Eu disse quando o vi. — Esqueci de uma reunião ou algo assim? —

Corri febrilmente meu calendário em minha mente.


— Não. — Carter disse e sorriu para mim. Seus olhos eram da cor de um céu

claro de outono e seu sorriso me deixava com os joelhos bambos. — Eu só queria

te ver.

Balancei minha cabeça.

— Não pode fazer isso, você sabe.

— O que?

— Vir ao meu escritório para flertar comigo.

Ele deu uma risadinha.

— Eu sou o chefe. Eu posso fazer o que eu quiser.

— Então, você flerta com todas as suas funcionárias?

Sentei-me atrás da minha mesa para que ele tivesse que se virar para me

encarar.

— Funcionária. — Disse ele. — Singular. Você.

Eu balancei a cabeça e olhei para o meu computador, tentando não me afogar

naqueles olhos.

— Devíamos sair algum dia. — Disse ele.

Eu olhei para ele, surpresa.


— Sair?

— Sim. Como um encontro.

— Eu não acho que seja uma boa ideia. — Disse imediatamente. Mesmo

achando que era a melhor ideia. Mesmo que eu quisesse tanto sair com ele. E

depois ir para casa com ele. E então deixá-lo fazer o que quisesse comigo.

Mas Liam surgiu em minha mente e minha garganta fechou. Eu estava com

muito medo de contar a Carter sobre o filho que tivemos juntos. Estava com muito

medo de que isso, fosse o que fosse, iria desmoronar no momento em que ele

soubesse.

Eu queria manter o que tínhamos enquanto pudesse.

E ao mesmo tempo eu sabia que onde quer que isso estivesse indo, não iria

funcionar. Não poderia. Não a longo prazo.

— Por que não? — Ele perguntou.

— Porque trabalhamos juntos.

Carter riu e contornou minha mesa. Minha respiração ficou presa na garganta

quando ele girou minha cadeira para encará-lo, suas mãos apoiadas nos apoios de

braço de forma que seu rosto estava a apenas alguns centímetros do meu.

— Você não pode usar isso como desculpa, Izzy. — Sua respiração estava

quente em meus lábios e eu podia ver manchas cinzas em seus olhos brilhantes.
Foi hipnotizante. Tudo nele era inebriante. Fiquei bêbada só de pensar em ficar

com ele.

Quando eu não respondi, ele roçou seus lábios contra os meus. O contato foi

tão breve que eu poderia ter imaginado. Ele se endireitou, um brilho malicioso nos

olhos.

— Eu voltarei por uma resposta um pouco mais tarde. Vou te dar um tempo

para pensar sobre isso.

Ele saiu do meu escritório e eu o observei ir.

Deus, ele estava me deixando louca. Eu não deveria chegar tão perto dele.

Não deveria permitir que isso acontecesse. A ideia era afastá-lo.

Mas eu não conseguia pensar direito quando estava perto dele. Eu não

conseguia me concentrar em nada além do gosto de seus lábios e a sensação de

suas mãos na minha pele. Como eu deveria resistir a ele?

Esfreguei meu rosto com as mãos.

Deus, eu estava com problemas. Problemas profundos.

Carter era tudo o que ele tinha sido naquela noite, cinco anos atrás. E mais.

Ele era tudo que eu queria na minha vida. E ao mesmo tempo, eu sabia que isso

era pedir dor e mágoa. Isso iria terminar em desastre. Homens como ele

simplesmente não aconteciam com mulheres como eu.


Levei cinco anos para aprender que não importava o quão duro eu

trabalhasse, a vida ainda podia me chutar na bunda sempre que quisesse.

Uma vida de conto de fadas com Carter era um lindo sonho. Mas uma fantasia

como essa trazia esperança e a esperança era uma coisa perigosa quando eu sabia

que um futuro com ele poderia ser difícil.

Não importa o quão boas as coisas pareçam agora.

Eu tinha que proteger a mim mesma e a Liam.

Mas quando Carter me olhava assim, quando fazia avanços impossíveis de

resistir, era mais difícil fazer a coisa certa.

Ela estava jogando duro comigo, maldita seja. E isso só estava me excitando

mais.
Cada mulher com quem eu cruzei tinha se jogado em mim no momento em

que descobriu quem eu era e quanto eu valia. Eu estava acostumado com as

mulheres querendo pular sobre meus ossos no momento em que me conheciam.

Não havia dúvida de que Isabelle me queria tanto quanto o resto delas, mas

ela era diferente. Parecia me respeitar pelo que eu era como pessoa e não parecia

se importar com meu status e quanto dinheiro eu tinha.

Foi refrescante. E isso me fez começar a ver quem eu realmente era como

pessoa. O que eu estava mostrando a ela? Que rosto eu usei para o mundo ver?

Por muito tempo, estive estranhamente isolado, preso em um mundo que não se

importava com quem eu era porque se importava com o que eu tinha. Mas Izzy se

importava com quem eu era.

Ela se preocupava com a pessoa sob o terno.

E porra, isso me fez querê-la mais. Isso me fez querer tanto que eu mal

conseguia me conter. Eu sofria por ela. E ao contrário de todas as outras mulheres

que eu mandei embora depois de conseguir o que eu queria, eu desejava ver Izzy

novamente. Queria transar com ela de novo e de novo. Em cada posição, em cada

local, de todas as maneiras possíveis. Isso era novo. Aquilo foi estranho.

Eu não conseguia parar de pensar no dia em que a fodi na minha mesa. Dane-

se as fantasias de escritório, isso tinha sido o máximo. Não por causa do calor e do

clichê que eu, o CEO, fodi uma das minhas funcionárias na minha mesa. Mas
porque era Izzy. E ela era como fogo em minhas veias. Ela era tudo que eu nunca

encontrei em outra mulher. Não nos cinco anos que estive procurando.

E por alguma razão, ela achou que isso, tudo o que estava acontecendo entre

nós, era uma má ideia.

O que diabos havia de ruim nisso? A única coisa que eu podia ver, ouvir

e sentir quando olhava para ela era bom.

Muito bom pra caralho.

Eu queria mais. Eu queria tudo isso.

Droga, meu pau estava duro nas minhas calças novamente. Acontecia o

tempo todo ultimamente. Nos lugares mais estranhos. Como no escritório, quando

geralmente ficava entediado. E nas reuniões onde ela estava presente.

Principalmente nas reuniões em que ela estava presente.

E eu estava indo para outra assim.

A sala de conferências estava cheia com toda a equipe de design, incluindo

Austin e Derek Grimes, que não tinham superado o fato de que eu convoquei Izzy

para trabalhar diretamente para mim. Quando entrei, a sala ficou em silêncio e

Grimes me olhou furioso do canto onde estava escondido.

— Obrigado por se reunirem em tão pouco tempo. — Eu disse. Vê? Eu poderia

ser legal com eles, mesmo que eles não tivessem escolha a não ser fazer o que eu
pedisse quando eu pedisse. Olhei para Izzy antes de continuar. — O lançamento

está cada vez mais perto e a emoção está no ar. Até agora, estou vendo um bom

trabalho e quero ver ainda mais.

Todos pareciam surpresos. Então, talvez eu geralmente não os agradecesse ou

os elogiasse por fazer um bom trabalho. Talvez Izzy tenha me inspirado a ser uma

pessoa melhor. Alguém com quem ela poderia se ver um dia. Talvez eu não fosse

apenas um idiota o tempo todo.

Bem, ok, eu era. Mas eu estava tentando.

Me lancei em outro conjunto de itens que eu precisava fazer o mais rápido

possível e, quando comecei a encaixar comandos, minha equipe parecia um pouco

mais à vontade. O fato de que eles se sentiam desconfortáveis comigo sendo legal

era algo que eu provavelmente precisava tomar nota.

Mas minha mente não estava neles ou no trabalho que discutimos. Estava em

Izzy o tempo todo. Ela fez anotações, parecendo composta e profissional.

Eu tive imagens dela nua, espalhadas pela minha mesa. Me lembrei do som

dela gemendo quando eu lambi e chupei sua boceta.

E meu pau estremeceu nas minhas calças.

— Acho que é tudo por hoje. — Disse encerrando a reunião. Eu não conseguia

mais pensar direito.

Inferno, sempre que ela estava perto de mim, eu não conseguia pensar direito.
Quando a equipe se dispersou, saindo da sala de conferências um por um,

limpei a garganta.

— Senhorita Taylor. — Eu disse, dirigindo-me a ela na frente dos outros. —

Por favor, fique para trás um momento.

Ela olhou para mim e engoliu em seco. Felicity ergueu as sobrancelhas antes

de apertar o braço de Izzy para apoiá-la.

Quando todos foram embora, Izzy se virou para mim.

— O que posso fazer por você? — Ela perguntou educadamente.

— Você sabe o que pode fazer por mim. — Eu disse, dando um passo mais

perto.

Seus olhos escureceram quando ela olhou para mim. Seus lábios estavam

separados e carnudos e fodidamente beijáveis.

— Acho que não. — Ela disse, eu não tinha certeza se ela queria dizer que não

sabia ou se não queria sair comigo.

Fechei o último pedaço de distância entre nós e sua respiração ficou presa na

garganta. Deus, eu adorava quando ela ficava nervosa comigo assim.

— Venha comigo. — Eu disse.


Ela engoliu em seco e balançou a cabeça negativamente, mas não foi muito

convincente. Eu encarei seus olhos e seu olhar deslizou para meus lábios. Foi só

um momento. Mas estava lá.

Bingo.

A puxei para mais perto para um beijo.

Ela hesitou por um momento antes de me beijar de volta. Seus braços

envolveram meu pescoço e eu puxei seu corpo com força contra o meu. Graças a

Deus eu organizei a reunião com a equipe de design em uma das salas de

conferências com paredes sólidas em vez de divisórias de vidro. Porque não havia

nenhuma maneira no inferno que eu iria me impedir de receber o que quer que

Izzy estivesse disposta a me dar, e se o resto da empresa visse, nós estaríamos em

um mundo de problemas.

Eu podia imaginar Hannah do RH dando uma torção em sua calcinha sobre a

maldita coisa toda.

Parei de pensar em Hannah e regras e no resto da empresa e me foquei em

Izzy. Minha língua estava em sua boca, meu corpo pressionado contra o

comprimento do dela, apertei meus quadris contra ela para que pudesse sentir o

quão duro eu estava por ela. Eu a queria pra caralho, já estava pensando em deixá-

la nua e transarmos na mesa da sala de conferências. A porta tinha fechadura,

certo? Eu não conseguia lembrar.


Mas poderíamos descobrir. Inferno, eu poderia até foder com ela contra a

porta para evitar qualquer chance de alguém tentar entrar na sala.

A ideia me deixou mais quente. Os gemidos e choramingos suaves de Izzy em

minha boca enquanto nos beijávamos e nos apalpávamos apenas me animaram

ainda mais.

De repente, ela se afastou, interrompendo o beijo. Ela respirou com

dificuldade, seus seios arfando e caindo.

— Não deveríamos fazer isso. — Disse ela, engolindo em seco e passando as

mãos pelos cabelos, tentando se recompor.

— Por que não? — Eu perguntei. — Você não quer isso?

— Deus, eu quero tanto. — Ela respirou. — Mas isso... — Ela respirou fundo

e soltou um estremecimento. Ela olhou para mim e seus olhos estavam cheios de

fome e necessidade. Mas por baixo de tudo, havia sentido. Izzy era responsável.

Porra, eu amei isso nela.

E eu odiei isso.

— Eu deveria me concentrar no trabalho. — Disse ela. — Preciso voltar ao

meu escritório e não devemos... nos distrair.

Eu pisquei para ela. Ela estava escolhendo trabalhar em vez de mim? Como

isso era possível?


As mulheres nunca me disseram "não”. Elas nunca me rejeitaram. O fato de

que Izzy estava fazendo era difícil de entender, não, impossível de entender.

E por alguma razão, isso só me deixou mais quente por ela.

As mulheres sempre se atiraram em mim e, por mais lisonjeiro que fosse, ficou

velho. Isso era novo. Izzy foi uma lufada de ar fresco. E o fato de ela se respeitar,

e escolher algo importante em vez do que ela queria, me fez respeitá-la.

— Tudo bem. — Eu finalmente disse. — Concentre-se no seu trabalho. Mas

você não pode me deixar assim, sem nada em que me agarrar.

Um sorriso apareceu em seus lábios.

— O que?

— Você tem que me dar algo. Algum sinal, algum... eu não sei. Diga que você

vai sair comigo.

— Para que precisa de um sinal? — Ela perguntou. Seus olhos estavam quase

rindo de mim agora.

Dei de ombros, me sentindo como um colegial que não sabia como falar com

uma garota. Que estava pedindo atenção e não apenas exigindo. A sensação era

nova.

— Diga que você vai sair comigo. — Eu disse.


Ela hesitou, mas um sorriso se espalhou por seu rosto.

— Claro. — Disse ela. — Eu vou sair com você algum dia.

Ela caminhou até a porta da sala de conferências.

— Algum dia? — Eu perguntei.

Ela olhou por cima do ombro, o olhar tão tímido que eu queria puxá-la de

volta e beijá-la. Tocá-la. Prová-la. Fodê-la.

— Sim. — Disse ela. — Não é o suficiente para segurar?

Ela desapareceu enquanto eu fiquei parado no meio da sala de conferências

com uma ereção furiosa nas calças e confusão girando em minha mente.

Deus, essa mulher estava me deixando louco. Eu estava na merda. Porque

gostava dela. Eu realmente gostava dela. E não importa o que ela fizesse, eu não

pude evitar de cair mais e mais. Ela estava me afastando. Estava me rejeitando.

Estava jogando duro. E isso só piorou as coisas.

Pelo menos ela disse que ia sair comigo. Algum dia. Era melhor do que nada.

Eu respirei e desejei que a maldita ereção fosse embora. Felizmente, aconteceu na

hora certa.

Austin apareceu na porta.

— Que porra você está fazendo? — Ele perguntou.


— Pensando. — Eu disse.

Austin soltou uma risada.

— Essa é nova.

Revirei meus olhos para ele e ri.

— Vá se ferrar, cara. O que você quer?

— Nós temos que discutir merdas, lembra? Você me pediu para estar em seu

escritório após a reunião. Então eu estava lá, te esperando. Você vem, ou o quê?

— Claro. — Respondi. — Eu preciso te lembrar que você trabalha para mim?

Se eu quiser te fazer esperar, eu posso.

— Você é um idiota. — Austin riu.

Caminhamos juntos para o meu escritório, prontos para começar a trabalhar.

Austin era meu melhor amigo e estávamos no negócio juntos há anos. Sempre

funcionou.

Eu considerei contar a ele sobre Izzy, sobre como as coisas estavam

progredindo entre nós.

— Então, quando vai voltar? — Austin perguntou assim que chegamos ao

meu escritório.

— O que?
— Nova York. Quando você vai voltar lá? — Ele perguntou novamente.

Porra. De alguma forma, eu tinha me esquecido completamente de Nova

York. Eu tinha me esquecido completamente de deixar este mundo para trás e

voltar para o lugar que tinha sido minha casa nos últimos anos.

Ou talvez eu só estivesse tentando não pensar nisso.

— Não sei. — Admiti.

— Não? Geralmente fica tão ansioso para sair.

Dei de ombros.

— Acho que estou gostando de estar envolvido no processo de lançamento.

— Você está bem? — Austin perguntou.

Eu ri.

— Por que pergunta?

— Porque você nunca gostou de se envolver no processo. Assim não. Só faz

as finanças e a comida. Isso é o que você sempre me diz.

Eu encolhi os ombros novamente.

— Acho que estou tentando algo diferente.

Austin estreitou os olhos para mim.


— Ou você está tentando alguém diferente.

— O que diabos isso quer dizer?

Austin encolheu os ombros.

— Eu não sei. Você geralmente segue seu pau mais do que sua cabeça. Então,

se ficar aqui, você terá uma boa boceta.

Eu balancei minha cabeça.

— E se eu estiver apenas interessado na empresa que criei?

— Claro. — Austin disse. — Vamos fingir que é isso até você decidir me dizer

o que realmente está acontecendo.

Forcei uma risada e insisti para que começássemos a procurar trabalho. Eu

odiava o quão bem Austin conseguia me ler às vezes.

A questão era que Izzy não era apenas “uma boa buceta”. Ela era tudo.

E se eu fosse embora, teria que deixá-la para trás.

Eu não tinha pensado nisso. Não tinha pensado em nada além dela e ficar

cada vez mais perto dela.

Mas agora que Austin mencionou Nova York, um mal-estar rolou na boca do

meu estômago.
E se eu não quisesse deixá-la para trás?

Era o fim do mês. Eu já trabalhava na Appetite havia quase três semanas e

estava no fim da minha linha financeira. Havia parado de fazer trabalhos freelance
e não trabalhava mais no restaurante. Meu trabalho na empresa de Carter era mais

do que em tempo integral.

Às vezes, ficava até tarde. Coloquei tudo o que tinha no meu novo emprego

para provar que o merecia, para ter a certeza de que o manteria e para mostrar que

fui um bom investimento.

Mas o dinheiro estava começando a secar. Eu receberia meu primeiro

contracheque oficial em breve. Só tinha que ter certeza de que aguentaria mais

alguns dias e então estaríamos dourados.

Tudo ficaria bem novamente.

Minha vida mudou drasticamente desde que comecei a trabalhar na empresa.

Minhas horas eram estáveis e Liam e eu passamos mais tempo juntos do que eu já

tinha passado com ele. Adorei poder vê-lo, conversar e apenas passar um tempo

juntos. Perdi muitos de seus marcos porque estava trabalhando até a morte para

que pudéssemos sobreviver.

Agora que estávamos passando mais tempo juntos, tudo mudou. Eu estava

menos estressada com um emprego estável e Liam parecia mais contente. Estava

mais presente em sua vida e éramos mais próximos do que nunca.

Minha mãe não precisava cuidar mais dele, exceto para me dar uma noite de

folga ímpar para que pudesse sair e tomar um ou dois drinques com Bernie e June.

Eu o matriculei em um programa de pré-escola para que ele fosse cuidado até que

pudesse pegá-lo depois do trabalho, o que ele adorou.


— Vamos, vamos. — Murmurei, lutando para juntar as últimas informações

que faltavam para o prazo final do grande projeto. Estive me matando com isso

nos últimos dias, mas simplesmente não conseguia acertar. Eu era uma designer,

uma artista, pelo amor de Deus.

E por alguma razão, Carter me empurrou mais para o lado do marketing. Eu

não tinha ideia do que estava fazendo.

Peguei meu telefone para ligar para Felicity e pedir uma ajuda. Muitas vezes

ela se intrometeu e me guiou na direção certa, eu era muito grata por ter alguém

como ela para me ajudar quando eu estava presa nisso.

Ultimamente, parecia que ficava presa o tempo todo.

Antes que eu pudesse ligar para ela, porém, meu celular tocou. O número da

pré-escola de Liam apareceu na tela e meu estômago se revirou. Sempre entrava

em pânico quando eles ligavam, e se algo terrível tivesse acontecido? Ele era a

coisa mais preciosa que eu já tive na minha vida. Às vezes, a ideia de perdê-lo, de

algo acontecendo, me fazia acordar suando frio no meio da noite.

— Isabelle, é a Mônica. — Disse a professora ao telefone. — Eu acho que você

deveria pegar Liam. Não é nada muito sério, mas ele está com febre e reclamando

que está passando mal.

Olhei para o meu projeto. Deus, esta era a pior hora para partir. Eu precisava

fazer isso. Mas Liam precisava de mim. E ele vem primeiro, não importa o quê.
— Já vou. — Respondi rapidamente.

Eu sempre poderia trabalhar no projeto em casa e enviá-lo hoje à noite.

Contanto que chegasse a Austin à meia-noite, ficaria bem, certo? Não importava

onde eu estivesse quando trabalhasse nisso.

Arrumei minhas coisas e corri para fora do escritório, esperando que ninguém

me visse sair. O que era desaprovado pelo RH, mas não queria explicar qual era a

minha emergência.

Peguei o elevador até o saguão e consegui escapar do prédio sem ninguém

me parar e me perguntar para onde eu estava indo.

Quando entrei no carro, corri para a pré-escola de Liam o mais rápido que

pude. Esperava que não fosse nada sério, assim que recebesse o pagamento,

poderia pagar os medicamentos e as consultas médicas, mas no momento, não

tinha nada para nos ajudar.

Estacionei a uma curta distância da pré-escola e saí, correndo pela estrada.

Quando cheguei, Mônica estava sentada com Liam no degrau da frente, esperando

por mim. Ele parecia murcho, seus olhos caídos, seu cabelo escuro emaranhado

em sua pele onde ele estava suando.

— Oh, querido. — Eu disse, puxando-o para um abraço. — Lamento que você

esteja doente.

— Minha barriga dói. — Disse e passou os braços em volta do torso.


— Eu sei, baby. Nós vamos te levar para casa. — Me virei para Mônica. —

Agradeço por me ligar.

— Espero que não seja nada sério. Temos uma virose circulando, uma coisa

de vinte e quatro horas. Mas é melhor dar uma olhada para ter certeza.

Eu concordei.

— Obrigada.

Atravessamos a rua e caminhamos até meu carro. Liam andou lentamente e

um pouco curvado, estava preocupada que algo estivesse seriamente errado. Ele

parecia estar com dor.

— Querido, onde dói? — Perguntei, ajoelhando a sua frente.

— Em toda parte. — Ele reclamou. — Até na minha cabeça.

Eu balancei minha cabeça em simpatia. As crianças nem sempre eram muito

boas em explicar de onde vinham as dores ou o que sentiam.

Meu telefone tocou. Procurei por ele e vi no identificador de chamadas que

era Carter na tela.

— Merda. — Eu disse.

— Você não deveria dizer isso. — Liam repreendeu humildemente.

— Eu sei. — Disse e pressionei o telefone contra meu ouvido.


— Como vai o projeto? — Carter perguntou.

Fiquei aliviada por ele não estar dizendo nada impróprio.

— Está indo bem. — Eu disse, me perguntando se deveria ser honesta sobre

isso. Talvez, se eu fosse, ele poderia alocar o que sobrou para alguém como

Felicity, que sabia o que estava fazendo. — Estou lutando um pouco com o plano

de marketing que você enviou na semana passada. Este não é o meu forte.

— Sim, eu sei. É por isso que estou ligando. Quero ter certeza de que você está

por dentro disso.

— Eu não estou. — Eu disse. — Acho que seria melhor se outra pessoa

acabasse. Vou bagunçar as coisas, simplesmente sei disso.

Por favor, vá, morda a isca, eu quis. Se eu pudesse passar isso para outra

pessoa, tiraria a pressão e eu poderia cuidar de Liam.

— Bobagem. — Disse Carter e gemi por dentro. — É assim que você aprende.

Fazendo isso. Eu irei ao seu escritório e nós examinaremos isso juntos.

— Não. — Eu fechei os olhos com força.

— Por que não?

Hesitei, mas não havia como escapar dessa.

— Porque não estou no escritório. — Me preparei para a resposta.


— Onde diabos você está? — Carter perguntou. Mas ele continuou antes que

eu pudesse responder. — Eu vou te encontrar. Vamos passar por isso

pessoalmente. Experiência é o melhor professor.

Ele queria se encontrar comigo pessoalmente? Agora? Entrei em pânico.

— Vou descobrir. — Eu disse.

Liam gemeu e apertou os braços em volta do estômago novamente.

— Sim, claro. Com minha ajuda. — Disse Carter. — Onde você está? Eu vou

te encontrar.

Eu não ia sair dessa. E precisava que Carter visse que eu levava esse trabalho

a sério. Precisava que ele me pagasse. Eu precisava continuar trabalhando na

Appetite para que Liam pudesse ter a vida que ele merecia.

Com minha mente confusa e em pânico, eu não conseguia pensar direito.

Antes que eu pudesse pensar em algo melhor, dei a Carter o cruzamento próximo.

— Já vou. — Disse ele e encerrou a ligação antes que eu pudesse dizer

qualquer coisa.

— Vamos para casa? — Liam perguntou.

Eu concordei.

— Logo, bebê. Só precisamos fazer algo para o trabalho da mamãe.


— Seu novo trabalho?

— Sim, para que eu possa continuar trabalhando lá e podermos continuar

passando um tempo juntos.

— Ok. — Disse Liam.

Pouco depois, um carro preto parou no meio-fio e Carter saiu do banco de

trás. Ele fechou a porta atrás de si e o carro saiu novamente.

Ele tem motorista? Meditei silenciosamente.

— Você veio aqui imediatamente? — Perguntei.

Carter acenou com a cabeça e sorriu, mas seus olhos seguiram para Liam e

seu sorriso deu lugar a uma carranca.

— E quem é você, homenzinho? — Ele perguntou.

Liam olhou para Carter e a semelhança entre os dois fez meu coração apertar.

— Liam. — Meu filho disse com confiança. — Quem é você?

Carter olhou para mim antes de responder a Liam.

— Eu sou Carter.

— Minha barriga dói tanto. — Disse Liam. — Eu nunca deveria ter comido

todos os doces de Olívia.


— Você comeu muito doce? — Perguntei. — Quanto você comeu?

Liam parecia culpado, mas então ele assumiu uma estranha cor verde.

— Uh-oh, mamãe. — Disse ele e se dobrou. Ele vomitou e vomitou

prontamente.

Bem no sapato de Carter.

Porra.

Que porra estava acontecendo aqui? Por que diabos Izzy tinha um pequeno

petisco com ela? E o que diabos ele estava fazendo vomitando nos meus sapatos?

O que diabos estava acontecendo?


Izzy entrou em ação assim que a criança vomitou em mim, pegando um maço

de lenços de papel de sua bolsa. Ela se ajoelhou na minha frente, tentando limpar

o vômito dos meus novos mocassins italianos.

— Não se preocupe. — Eu disse irritado. — Eles estão arruinados agora. Este

não é o tipo de sapato que você simplesmente limpa assim.

— Eu sinto muito. — Ela disse.

— Sinto muito. — O garoto ecoou.

Quem diabos era esse garoto? Por que Izzy estava aqui durante o horário de

trabalho com uma criança? Nada disso fazia sentido.

Ela era uma babá? Era sobrinho ou sobrinha? Isso era algum tipo de projeto

de caridade?

Tentei responder às minhas próprias perguntas, mas nenhuma delas fazia

sentido e era quase cômico vê-la se contorcendo para consertar meus sapatos, o

que não faria diferença.

— Izzy, levante-se. — Eu ordenei.

Ela se sentou nos calcanhares e olhou para mim.

Porra, eu gostava dela de joelhos na minha frente.


Mas qualquer fantasia sexual logo evaporou com a criança me encarando com

grandes olhos castanhos.

Ele parecia estranhamente familiar agora que dei uma boa olhada nele. Quem

era ele? Onde eu o tinha visto antes? Tive a sensação de que o conhecia, mas... ao

mesmo tempo, sabia que ele era um estranho.

Liam, ele disse que seu nome era.

Lentamente, Izzy ficou de pé e olhou para mim com as bochechas

avermelhadas.

— Foi um dia difícil. — Disse ela.

— Eu posso ver isso. — Eu disse secamente. — Quer me explicar por que não

está no escritório?

— Liam está doente. — Disse ela.

— Sim, eu vi isso também. — Eu disse e olhei para meus sapatos. Torci meus

dedos dos pés nos sapatos de couro, grato por minhas meias não estarem

encharcadas de vômito também.

Izzy corou ainda mais. Ela estava mortificada.

O rosto de Liam estava aberto, ele olhou para mim como se eu fosse alguém

para ficar boquiaberto. Ele não ficou muito envergonhado com o fato de que
apenas esvaziou suas entranhas nos meus sapatos. As crianças eram tão estranhas.

Não pareciam se preocupar com a etiqueta social.

— Eu preciso levá-lo para que alguém possa cuidar dele. — Izzy finalmente

murmurou. — Se você me deixar cuidar disso, podemos nos encontrar para

trabalhar.

— Quem é ele? — Eu perguntei.

— Eu sou Liam. — Ele disse novamente.

Ela sorriu para mim.

— Ele é o Liam. — Ela olhou para ele e estendeu a mão. Ele interpretou como

se fosse uma rotina normal. — Venha, vamos indo.

Ela caminhou até o carro e ele a seguiu, eu observei a dupla, tentando

descobrir como eles haviam respondido a todas as minhas perguntas e ainda assim

eu não sabia de nada.

A observei enquanto ela prendia o menino em uma cadeirinha com muito

cuidado. Ela me deu um sorriso de desculpas quando terminou e subiu ao volante.

Girou a chave na ignição e o carro gemeu e tossiu... e não ligou.

Ela tentou novamente e o mesmo som de choramingo encheu o ar. Eu podia

vê-la resmungando pela janela. No banco de trás, Liam tinha os olhos fechados,

parecia pálido e miserável.


Izzy tentou uma terceira vez antes de bater com a mão no volante e baixar a

cabeça em frustração.

Arrumei minha gravata e caminhei até o carro. Alguém precisava fazer algo.

E aconteceu que eu tinha a experiência de ser um cavaleiro de armadura

brilhante.

Dei a volta no carro e abri a porta dela.

— Não vai funcionar. — Ela disse em uma voz suave.

Ela parecia estar no limite. Como se estivesse muito perto de algo estalar, de

ser a gota d'água.

— Eu deveria consertá-lo. Eu só… achei que poderia esperar até o final do

mês, quando recebesse meu primeiro pagamento. Eu tenho que…

— Está tudo bem. — Eu disse.

Meu coração estava com ela. Izzy não tinha tido um passado fácil, isso era

notável. A forma como sua boca estava baixa e o fato de aceitar as dificuldades

com resignação eram sinais de alguém que já havia passado por isso algumas

vezes, que esperava que as coisas dessem errado só porque nunca deram certo.

Não deveria ter sido assim. A Isabelle que eu conheci cinco anos atrás era

cheia de vida e luz, ela tinha uma faísca sobre ela que acendeu algo quente dentro

de mim também.
Essa Isabelle era um pouco diferente. Ainda era Isabelle, sua luz não tinha se

apagado completamente, mas tinha diminuído consideravelmente.

Essa faísca ainda estava lá, no entanto. A parte dela que acordou a minha

parte.

E dane-se se eu deixaria circunstâncias de merda extinguir essa parte dela e

matar o que a tornava tão mágica em primeiro lugar.

— Vou te levar para casa. — Eu disse.

— Está tudo bem. — Ela começou, mas eu não estava aceitando nada disso.

— Isabelle.

Ela piscou para mim quando usei seu nome completo, na maioria das vezes

eu me referia a ela como Izzy sempre que a via. Ela podia ouvir a seriedade em

minha voz. Boa.

— Ok. — Ela finalmente disse.

Peguei meu telefone e liguei para meu motorista, que me deixou não muito

tempo atrás. Eu imaginei que iria com Izzy para qualquer lugar e que íamos

trabalhar juntos.

O motorista apareceu em um minuto.

— Você sempre tem um motorista de plantão? — Izzy perguntou.


Concordei.

— No caso de eu precisar ir a algum lugar.

— Conveniente. — Murmurou.

Peguei meu telefone.

— O que você está fazendo? — Perguntou.

— Estou ligando para a assistência na estrada para pegar seu carro e levá-lo.

— Oh, não, por favor, não. — Disse ela, balançando a cabeça. — Não posso

me dar ao luxo de consertá-lo agora. Vou ligar para alguém e podemos rebocá-lo

de volta para a minha casa até...

Coloquei minha mão em seu braço e ela parou de falar.

— Eu estou pedindo para eles levarem para a loja e consertarem. Vamos

descobrir o resto mais tarde, ok?

Ela queria discutir, mas o que ela iria dizer? Fui inflexível e ela precisava de

um carro funcionando.

— Pegue a criança e entre no carro. — Meus comandos eram rápidos quando

eu não precisava que eles fossem. Mas estava coberto de vômito e ver Izzy com

uma criança que ela precisava cuidar me deixou desconfortável. Eu não sabia por

que me sentia assim, isso me deixou ainda mais irritado.


Ela desafivelou o garoto, removeu a cadeirinha e ajudou-o a sair do carro. Eu

olhei para ele com desconfiança. Ele parecia pálido e suado, como se estivesse com

febre. Estava claramente doente. Ele iria vomitar de novo? Se ele vomitasse em

todos os meus assentos de couro, ficaria irritado.

Não com nenhum deles, porque isso me faria um idiota. Mas eu tinha tudo na

minha vida do jeito que gostava. O vômito em meus mocassins italianos já era um

contratempo com o qual tentei não ficar muito irritado.

Ela colocou a cadeirinha do garoto no banco de trás e o ajudou a subir na

engenhoca e logo se sentou ao lado dele. Eu deslizei com eles também, com Isabelle

no meio.

Izzy pressionou a mão contra a cabeça do garoto.

— Ele está com febre? — Perguntei.

— Não está. — Ela disse e pareceu aliviada. — Mas eu ainda vou dar algo a

ele quando você nos deixar.

Eu balancei a cabeça e virei minha cabeça em direção à janela. O resto da

viagem foi feito em silêncio. Não sabia o que dizer, Izzy parecia preocupada e o

menino estava doente demais para falar, pelo que parecia.

Quando chegamos ao endereço que Izzy deu ao motorista, olhei para um

prédio alto de apartamentos todos espremidos. Subimos três lances de escada, Izzy
carregou Liam pelo último lance, ela destrancou uma das três portas com lascas

de tinta no patamar onde estávamos.

— Sinto muito pela bagunça. — Disse por cima do ombro de Liam. — Não

esperava convidados e não tive tempo de arrumar.

— Não se preocupe com isso. — Eu disse.

Ela assentiu e abriu a porta. A segui para o apartamento.

— Eu já volto. — Ela disse e desapareceu por um pequeno corredor.

Parei no apartamento e olhei em volta.

O lugar não era ótimo. Era pequeno e apertado. A mobília da sala de estar mal

cabia, os sofás ficavam perto demais da televisão e a cozinha de plano aberto tinha

uma grande marca de água marrom no teto, onde imaginei que houve um

vazamento não muito tempo atrás. Ou ainda havia.

Tudo isso estava errado. Quando conheci Izzy, ela foi uma lufada de ar fresco,

uma pitada de cor em uma vida que de outra forma tinha ficado rançosa e cinza

para mim. Eu a imaginei na frente de uma tela em um grande estúdio de arte,

vestindo macacão, com música tocando ao fundo e respingos de tinta em seu rosto

e mãos. Esperava uma vida despreocupada e dourada para ela.

Não isso. Eu imaginei muitas coisas no tempo em que estive pensando sobre

ela, mas nenhum dos meus pensamentos chegou perto da realidade.


Ela não deveria viver nesta condição, em um apartamento escuro e

degradado.

Ela merecia coisa melhor do que isso.

Eu iria ajudá-la. Daria a ela mais do que isso. Mas algo me disse que ela não

aceitaria minha ajuda sem lutar. Ela era teimosa assim.

Olhei para uma foto emoldurada da criança em sua parede. Liam. Eu não

tinha dado uma boa olhada nele antes, desde que ele estava doente e a coisa toda

tinha sido uma espécie de borrão.

Mas se o fato deles morarem juntos não tivesse revelado, eu poderia dizer pela

semelhança de família na foto que ele era seu filho. Ele tinha seus olhos, seu cabelo

e sua boca. Garoto fofo.

Mas havia algo mais ali. Algo em seu rosto.

Parecia familiar. Isso me lembrou das fotos da minha infância na casa do meu

pai.

Meu estômago apertou e meu coração acelerou.

Liam era meu filho também?


Liam não estava mais com febre, graças a Deus. Medi sua temperatura, então

o ajudei a tirar a roupa da escola e colocar o pijama. Verifiquei novamente quando


ele subiu na cama, apenas para ter certeza. O segurei e puxei a coberta até o queixo,

plantei beijos em seu rosto até que ele deu uma risadinha fraca.

Isso era tudo que eu queria. Precisava que ele se parecesse mais com ele

mesmo.

Eu sentia que tudo estava dando errado agora e isso estava me afetando. O

trabalho era um desafio, desde o primeiro dia. Estava grata pelo emprego, mas

algumas tardes eu voltava para casa com uma cabeça que parecia uma esponja

velha. Só precisava que este mês acabasse para que pudesse receber o pagamento

e o trabalho relaxasse novamente.

— Como se sente, querido? — Perguntei a Liam. — Sua barriga ainda está

dolorida?

Ele balançou sua cabeça.

— Está um pouco melhor.

— Estou feliz. — Eu disse. — Acho que você precisa tirar uma soneca e,

quando acordar, vai se sentir muito melhor.

Ele balançou a cabeça e bocejou sonolento, nem mesmo lutando contra mim

por ter que tirar uma soneca. Normalmente, era uma guerra apenas para colocá-lo

na cama.

Liam adormeceu quase imediatamente. Quando tive certeza de que ele ficaria

bem, saí do quarto e fechei a porta silenciosamente.


Respirei fundo para me recompor, fiz uma cara alegre e voltei para a sala onde

havia deixado Carter. Ele ficou no meio da sala, olhando ao redor. Me encolhi um

pouco, ele estava vendo partes de mim que não eram tão bonitas.

Não queria que ele visse o lado pessoal da minha vida. Ele gostava tanto de

mim, e uma parte imaginou que se eu pudesse mantê-lo à distância, manter o que

quer que estivesse acontecendo entre nós no escritório, ele nunca veria nada que

mudasse sua mente sobre o quanto ele gostava de mim.

Mas ele estava vendo tudo agora. Estava dando uma olhada nos bastidores e

na bagunça que minha vida era.

— Como ele está? — Carter perguntou quando me viu.

— Eu acho que pode ser apenas uma pequena virose. Estou esperando que

seja. Ele não está com febre e sua professora disse que há uma virose de vinte e

quatro horas circulando.

Carter acenou com a cabeça como se entendesse. Não tive a sensação de que

sim.

Engoli em seco. Meu peito estava apertado, o pânico familiar definido por eu

não estar fazendo o suficiente para cuidar de Liam. Eu nem sempre sabia como

protegê-lo, não quando algo assim estava fora do meu controle.

— Sinto muito por tudo isso. — Eu disse.

— Está tudo bem. — Disse Carter.


— Posso te oferecer algo para beber? — Perguntei.

Carter balançou a cabeça e enfiou as mãos nos bolsos da calça.

— Então, Liam é seu filho, hein? — Ele perguntou.

Corei. Eu não estava pronta para essa conversa ainda. Quer dizer, eu

planejava contar a ele em breve. Só queria que fosse em meus próprios termos.

Mas não havia como negar. Era hora de Carter saber a verdade. Eu tinha que

contar a ele. Eu não conseguia mais esconder isso, não depois disso. Respirei

fundo, me preparando.

— Sim. — Eu finalmente disse. — Liam é meu filho e seu também.

Carter não parecia chocado ou surpreso. Ele balançou a cabeça lentamente.

— Sim, eu pensei assim.

Uma parte de mim se contraiu. Não tinha certeza do que esperar. Ele não

parecia zangado. Ele parecia... Eu não tinha certeza do que estava vendo em seu

rosto.

Afundei no sofá, deixando cair minha cabeça em minhas mãos por um

momento antes de correr os dedos pelo cabelo. Mas logo endireitei meus ombros

e sentei. Esses eram fatos. Eu poderia me desculpar por eles, mas esta era a minha

vida. Não fiz nada de errado. Na verdade, os últimos cinco anos foram tão difíceis

quanto foram porque eu estava me quebrando fazendo a coisa certa.


— Por que não me contou? — Ele perguntou.

— Você foi embora. — Eu disse simplesmente. — Eu nem sabia seu

sobrenome naquela época. Como eu deveria te encontrar?

— E depois que voltei? Você está trabalhando para mim há semanas, Izzy. —

Sua voz estava dura, seus olhos frios. Então, ele estava com raiva, afinal. — Como

pôde não me dizer?

Um milhão de pensamentos passaram pela minha mente. Desculpas,

refutações, mais desculpas. Mas, ao pensar em todos eles, fiquei com raiva.

Eu não tinha que me desculpar por nada.

— O que eu deveria fazer? — Perguntei. A raiva podia ser ouvida em minha

voz e por um momento, Carter pareceu surpreso.

— Você poderia ter me contado. — Ele disse, a surpresa desaparecendo

novamente e seu tom irritado retornando.

— Você está certo, eu poderia. — Disse. — Mas eu não fiz. Eu tinha que decidir

o que era certo, Carter.

— E não achou certo me dizer que temos um filho juntos? Isso é uma grande

coisa, Izzy. Não é apenas...

— Eu sei o que é. — Rebati, interrompendo-o. — Você acha que eu não queria

te contar? — Estava ficando cada vez mais irritada, mas mantive minha voz baixa
para não acordar Liam. — Eu queria que você soubesse. Inferno, eu poderia ter

usado sua ajuda também. Sacrifiquei tudo que era importante para mim para criá-

lo. Não foi aqui que me vi há cinco anos atrás. Mas esta é a virada que a vida deu

e estou fazendo o meu melhor para ter certeza de fazer o certo por ele. Não pode

entrar aqui me dizendo que errei por não falar com você imediatamente. Não é o

tipo de coisa que se joga em uma conversa casual.

Ele assentiu.

— Você está certa, não é. Mas também tivemos conversas sérias. Tivemos

momentos em que poderia ter me contado.

— Quando? — Perguntei. — Antes ou depois das reuniões de equipe, onde

você me colocou no local porque gosta de me ver contorcer?

Ele franziu os lábios.

— Ou depois que você me fodeu em sua mesa, era um bom momento para

trazer isso à tona? Ou quando discutimos os prazos de um trabalho que você me

deu para o qual não estou qualificada para começar?

— Ei, eu te dei um trabalho que sabia que você iria administrar. É uma posição

melhor do que teria. Mais dinheiro.

— Sim e estou trabalhando diretamente para você. — Acrescentei.

Ele fechou a boca.


— Achou que eu não soubesse que era por isso? — Perguntei. — Achou que

eu fosse estúpida?

Carter balançou a cabeça.

— Essa foi a última coisa que pensei de você.

Eu concordei. Então, ele entendeu que eu estava de pé sobre meus próprios

pés, não estava apenas sendo empurrada e brincando.

— Você está ficando na defensiva, Izzy. — Ele disse.

Eu cruzei os braços sobre meu peito. Ele estava certo. Eu sabia que deveria ter

contado a ele sobre Liam desde o primeiro dia em que o vi novamente.

— Eu queria te dizer. — Falei. — Eu só não sabia como. Isso não é fácil, você

sabe. Não foi desde o dia em que descobri que estava grávida e o pai do meu bebê

desapareceu no ar.

De repente, fiquei amarga com o fato de ter feito tudo sozinha. Mesmo que eu

não tivesse o direito de estar. Carter não me abandonou, ele simplesmente não

sabia. E eu era parcialmente culpada por isso. Sair antes que ele acordasse parecia

mais simples, sem amarras, sexo pelo sexo, sair e continuar cuidando de mim

mesma. Foi o que pensei na época. Se eu soubesse que daí resultaria um bebê, teria

agido de maneira diferente.

Mas a retrospectiva sempre foi perfeita e eu não sabia.


Ficar chateada com o resultado da minha vida em comparação com a dele não

estava certo. E ainda assim, não pude evitar. Não apenas Carter tinha menos

responsabilidades e poderia viver sua vida com toda a liberdade que quisesse, mas

também tinha tanto dinheiro que não precisava se preocupar com comida,

despesas médicas ou conserto de seu carro.

E eu estava raspando o fundo do barril em um bom dia.

— Você está com raiva. — Disse Carter.

— Não brinca. — Rebati. — Você também estaria.

— Estou com raiva, agora. Eu tenho o direito de estar. — Carter apontou.

Balancei minha cabeça. Isso era demais para lidar. Eu senti como se estivesse

girando em círculos. Minha mente estava indo a mil por hora e minhas emoções

estavam tentando acompanhar o que tinha acontecido, com o fato de que Carter

sabia agora.

Eu estava exausta. Abaixei minha cabeça em minhas mãos e esfreguei as

têmporas.

— Acho que você deveria ir. — Eu finalmente disse.

— O que? — Carter perguntou. Ele parecia surpreso novamente.


Acho que hoje foi um dia cheio de surpresas. Tinha acabado de descobrir que

tinha um filho. Ele tinha vomitado em seus sapatos e a mulher que estava

trabalhando para ele não era perfeita do jeito que ele pensava que ela fosse.

Minha vida era entediante e cheia de responsabilidades. Eu tive que trabalhar

até a morte apenas para pagar as contas, e tinha certeza que a imagem que Carter

tinha de mim em sua mente não era nada assim.

Ele provavelmente estava cansado de mim também. Seria melhor se eu fosse

a única a afastá-lo. Doeria menos se eu decidisse em vez dele. Se eu dissesse isso

em vez dele.

— É melhor assim. — Eu disse. — Obrigada por sua ajuda para nos trazer

para casa. Vou... tentar terminar o projeto e entregá-lo até de hoje à noite.

— Não se preocupe com isso. — Carter disse em uma voz cortada. — Você

está com as mãos ocupadas. Vou arranjar outra pessoa para cuidar disso.

O medo tomou conta de mim. O que isso significa? Ele ia me despedir?

— Eu não vou te despedir. — Carter disse como se pudesse ler minha mente.

Talvez estivesse escrito em meu rosto. — Mas Liam está doente e você precisa

cuidar dele. Eu não vou ser um idiota e obrigá-la a fazer isso.

Eu não sabia o que dizer. Antes que eu pudesse pensar em qualquer coisa,

Carter foi até a porta.

— Vejo você no escritório, Izzy. — Ele disse por cima do ombro. — Boa sorte.
Quando ele saiu, encarei a porta pela qual ele desapareceu, tentando descobrir

como diabos tudo de repente se dobrou e desabou sobre mim assim. Carter sabia

agora. Ele sabia. E não apenas isso, ele queria saber por que eu não tinha contado

a ele. O que significava que ele gostaria de saber. Isso significava... Deus, eu não

tinha certeza do que significava exatamente.

Mas o gato estava fora do saco agora.

E eu tinha mais com que me preocupar. Carter disse que não iria me despedir,

o que foi um alívio. Mas e quanto ao meu futuro? Na empresa e com ele. E quanto

ao Liam? O que iria acontecer agora?

Eu pedi a Carter para sair e ele ficou chocado. A verdade é que também fiquei

chocada com as palavras que saíram da minha boca. Mas não foi tão simples. Se

Carter estava na foto, ele tinha direitos paternos sobre Liam.

Depois de fazer isso sozinha por tanto tempo, eu não queria compartilhar

Liam. Afinal, eu realmente conhecia Carter? Nós compartilhamos uma noite juntos

anos atrás, e trabalhei com ele por menos de um mês. E não tinha certeza se estava

totalmente emocionada com o que tinha visto naquela época.

Engoli um nó na garganta.

E se Carter decidisse que queria meu filho? Com a riqueza e as conexões dele,

certamente ele teria acesso a advogados poderosos.

E se ele assumisse a custódia total?


O pensamento era terrível demais para compreender, então o afastei. Eu não

poderia perder meu bebê. Eu tinha que mantê-lo seguro. Mantê-lo perto de mim.

Carter sabia que era o pai de Liam, mas a verdade só me fez sentir pior. Não

houve alívio por finalmente ter feito a coisa certa. Uma rachadura apareceu na

parede cuidadosamente erguida que eu construí ao redor da minha vida.

E se tudo explodisse na minha cara?

Senti como se alguém tivesse puxado meu tapete. Eu estava cambaleando.

Um filho? Eu tinha um filho?

E eu nunca soube. Todo esse tempo, Izzy estava criando o menino. Enquanto

eu estava levando minha vida despreocupado e alheio ao fato de que era um pai.
Mas não foi minha culpa. Nunca tinha ouvido a notícia. Eu era um pai

ausente, mas não foi minha escolha. Se ela tivesse me contado em algum momento,

se ela tivesse conseguido me encontrar, eu estaria lá. Teria sido um pai para a

criança se soubesse.

A culpa ameaçou me dominar, mas a afastei. Como eu poderia saber? Claro,

ela não tinha como entrar em contato comigo, mas ela poderia ter me contado

quando me viu novamente. Ela deveria ter me contado. Mas não fez isso.

E também não foi minha culpa.

Mas agora, eu sabia. Eu sabia que tinha um filho e sabia que Izzy e Liam não

viviam nas melhores condições. E embora ela tivesse me dito para sair, para ir

embora, eu não ia simplesmente deixar isso assim.

Ela merecia uma coisa melhor. E ele também.

Entrei no carro que ainda me esperava na rua e orientei o motorista para me

levar de volta ao escritório. Eu tinha trabalho para cuidar, o projeto de Izzy tinha

que ser entregue, para começar. E tinha que ter certeza de que todos os outros que

estavam cuidando do prazo estavam fazendo seu trabalho. O lançamento estava

pendente e precisava ser cuidado.

Mas minha mente não estava totalmente presa nisso. De jeito nenhum eu seria

capaz de me concentrar no lançamento do produto depois do que acabara de

descobrir. Eu era o chefe e delegaria meu trabalho a todos os outros qualificados

para fazê-lo.
Havia outras coisas que queria cuidar.

Quando cheguei ao escritório, convoquei Felicity ao meu escritório e dei a ela

o trabalho de Izzy para terminar.

— Ela está bem? — Felicity perguntou quando eu não disse a ela porque

precisava assumir o trabalho de Izzy.

— Ela está bem. — Eu disse. — Só tem assuntos pessoais para cuidar.

— Tudo bem. — Disse Felicity, feliz com a minha resposta. — Vou me

certificar de que isso esteja pronto.

— Obrigado.

Felicity saiu do meu escritório e assim que o fez, fiz uma rápida pesquisa

online. Peguei meu telefone. Quando a linha se conectou, olhei para minha área

de trabalho e me lembrei do dia em que tive Izzy nua na minha mesa, ofegante,

tremendo e implorando por mais.

Porra, tudo sobre ela era inebriante. Eu a queria de novo. A queria forte e

rápido, lento e sensual e de todas as maneiras que pudesse tê-la.

Mas as coisas não eram mais tão simples, eram? Eu ainda queria seu corpo,

mas também queria mais. E agora que eu sabia que tínhamos um filho juntos...

tudo teria que mudar.

Quando alguém atendeu, me trouxe de volta ao presente.


— Você é o melhor corretor de imóveis da cidade? — Perguntei.

— Bem, eu não gosto de me gabar, mas...

Revirei meus olhos. Seu nome era Rex Curtis e seu contato apareceu primeiro

quando procurei por corretores de imóveis de luxo.

— Eu preciso de um apartamento. Três quartos, dois banheiros e algo para

uma criança se manter ocupada.

— Eu tenho um lugar que acabou de ficar disponível. — Disse Rex. — Um

muito bom. Você gostaria de dar uma olhada?

— Você tem alguma foto que possa me enviar? — Perguntei.

Rex enviou enquanto ainda estávamos na ligação, um e-mail chegou com

fotos do lugar. Era muito melhor do que o apartamento em que Izzy estava

morando agora. Não apenas ficava em uma boa vizinhança e mais perto do

trabalho, mas os quartos pareciam claros e espaçosos. O complexo fechado tinha

estacionamento seguro e grandes áreas gramadas completas com piscina e

playground onde Liam poderia se divertir um pouco.

— Eu quero. — Disse a Rex.

— Sem ver? — Perguntou, incrédulo.

— Você está me dizendo que as fotos não são precisas? Que eu posso

encontrar algo que não goste?


— Oh, não, de jeito nenhum.

Balancei a cabeça, satisfeito.

— Então eu aceito. Trate de tudo. Quando estará disponível para ocupação?

— Imediatamente. — Disse Rex.

Perfeito.

Encerrei a ligação me sentindo bem comigo mesmo. Não tinha certeza de onde

Izzy e eu íamos em termos de relacionamento. Eu não tinha certeza do que

aconteceria a seguir. Mas queria fazer parte da vida de Liam e haviam muitas

coisas para resolver primeiro.

O que quer que acontecesse, Izzy sempre teria um bom trabalho aqui na

Appetite. Ela nunca mais teria que se preocupar com a segurança do emprego. E

sempre teria um lugar para ficar com o qual não precisasse se preocupar também.

Eu iria comprar o lugar para que ela não se preocupasse com aluguel e

manutenção.

Faria o certo por ela, não importa o que acontecesse entre nós.

Algo ainda me incomodava no fundo da minha mente, no entanto. Foi muito

bom fazer esses planos, colocar as coisas práticas em movimento, mas ter um filho

não era apenas tirar as formalidades do caminho. Era muito mais do que isso.
E se ela não quisesse que eu fizesse parte da vida de Liam? Eu não levava

exatamente a vida de um pai modelo. Até recentemente, eu tinha fodido por aí. Eu

festejei. Vivi minha vida ao máximo. E tinha uma maneira muito séria e rígida de

lidar com meus funcionários. Eles me temiam e às vezes eu era um idiota com eles,

por nenhuma razão diferente do que eu poderia ser. Porque eu era o chefe.

Mas isso iria mudar. Se eu tivesse um filho que me admirasse, se fosse

responsabilizado, faria o que precisava ser feito. Eu iria dar um passo à frente e ser

o homem que Liam merecia ter como modelo.

Deus, eu só era pai por duas horas e já estava em pânico sobre o que isso

significava. Claro, tecnicamente fui pai por muito mais tempo do que isso, mas eu

só descobri sobre isso hoje.

Tentei trabalhar um pouco, agora que uma casa para Izzy foi adquirida, mas

não conseguia me concentrar. Eu esperava isso, mas ainda era frustrante. Me

joguei no trabalho desde o primeiro dia.

Depois de perder outra hora olhando para a tela do meu laptop sem fazer

nada, peguei meu telefone novamente. Desta vez, liguei para meu pai.

Respirei fundo quando o telefone tocou.

— Carter. — Meu pai respondeu quando atendeu o telefone.

— Oi, pai. — Eu disse.


Era sempre tão estranho com ele. Meu pai e eu não tínhamos o melhor

relacionamento. Conversávamos de vez em quando, mas desde que minha mãe

faleceu quando eu tinha quatorze anos, nosso relacionamento se deteriorou

rapidamente. Ela tinha sido a cola entre nós, a razão de eu ter feito qualquer coisa

na minha vida.

Os diplomas, a empresa, tudo isso.

Meu pai não tinha estado muito por perto e eu preferia assim. Não me dei

bem com ele. Eu senti como se ele nunca tivesse realmente me entendido.

Mas eu não conseguia pensar em mais ninguém para ligar agora. Meu pai

era... bem, ele era um pai. Embora nunca tivesse sido um ótimo, ele pelo menos

tinha alguma experiência nesse departamento. E agora, depois de tudo que

descobri, precisava de alguém para me guiar na direção certa.

Eu normalmente não recorreria a ele, mas nada sobre isso era corriqueiro.

— É bom ouvir de você, filho. — Ele disse.

— Sim…

Ficamos em silêncio por um momento. Eu nunca soube exatamente o que

dizer a ele. Essa foi uma das razões pelas quais falamos tão raramente.

— O que está em sua mente? — Meu pai finalmente perguntou.

— Bem... acabei de descobrir que sou pai.


Ele assobiou entre os dentes.

— Sim. — Eu disse. — Eu sei.

Ele não me repreendeu por ser irresponsável. Minha vida não era da conta

dele. Pelo menos ele sabia disso.

— Eu só... — Respirei fundo. — Eu não sei o que fazer.

— Você quer uma parte disso? — Papai perguntou. — Mais do que o apoio

monetário, suponho que você vai oferecer.

— Sim. — Eu disse. — Eu faço. Quero fazer parte disso. A mãe da criança é

ótima, pai. Não apenas, você sabe, uma aventura. Bem, ela foi uma vez, mas agora

é diferente. Acho que ainda estamos tentando descobrir essa parte. Mas quanto à

criança, não sei se ela me quer por perto.

— Você conversou com ela sobre isso?

— Não. — Eu admiti. — Nossa conversa foi tensa e terminou abruptamente.

— É uma grande coisa para ela contar a você. — Disse papai. — E se descobriu

agora... quantos anos a criança tem?

— Quatro, de acordo com meus cálculos.

Meu pai assobiou entre os dentes novamente. Abaixei minha testa na mesa e

descansei lá.
— Ela esteve fazendo isso sozinha esse tempo todo? — Ele perguntou.

Não sabia a resposta para essa pergunta. Ela estava namorando? Tinha sido

casada? Deus, apenas o pensamento de outro cara na foto me irritou. A ideia de

que outra pessoa poderia estar onde eu queria estar...

— Não sei. Pode ser.

— É difícil dar um passo para trás quando você está fazendo isso sozinho.

Quando sua mãe morreu...

Ele não sabia como terminar a frase, mas eu sabia o que ele estava tentando

dizer. Eu era jovem e éramos apenas nós dois. Eu já estava em casa alguns anos

antes de ir para a faculdade e meu pai quase sempre cuidou de mim sozinho.

— Ela vai ter dificuldade em recuar e abrir espaço se for apenas os dois o

tempo todo. — Disse ele.

Eu concordei. Ele tinha que estar certo sobre esse ponto. Ela ficou tão na

defensiva quando perguntei por que ela não me contou. Então se certificou de que

eu soubesse o quanto ela sacrificou. Porra, se eu estivesse lá, ela não teria que

sacrificar nada.

Agora fazia sentido ela ter abandonado a faculdade.

— O que eu devo fazer? — Perguntei. — Eu não tenho ideia do que fazer.


— Acho que deveria dizer a ela que está disposto a estar lá. E deixar tudo no

seu ritmo. Uma coisa de cada vez. Este não vai ser um trabalho urgente. E se ela

não quiser que você faça parte da imagem, pode ficar ao seu lado para conhecer

seu filho. Mas não importa o que aconteça, você deve respeitá-la.

Meu pai estava certo. Sensato. Ele estava emocionalmente desligado de toda

a situação, então podia ser objetivo. Meus pensamentos estavam tão confusos que

eu mal conseguia pensar direito.

— E, filho. — Meu pai disse. — Vai ficar tudo bem. Apenas faça o que precisa

ser feito e confie que o resto vai se encaixar. Dê um passo à frente e seja o homem

que criei você para ser e isso vai se resolver sozinho.

Eu queria perguntar o que aconteceria se não ficasse tudo bem. Mas não era

algo que eu pudesse falar com ele. Não éramos próximos o suficiente para isso. E

não estava disposto a compartilhar todas as minhas emoções com ele.

— Obrigado, pai. — Disse em vez disso. — Eu agradeço.

— A qualquer momento. Falo sério, Carter.

Terminamos a ligação e coloquei meu telefone na mesa, olhando para ele até

que a tela escureceu.

Eu tinha que me fortalecer e ser um homem. Isso eu poderia fazer. Cuidaria

deles tanto quanto pudesse. Mas se Izzy não me quisesse em sua vida... eu teria

que respeitar isso.


Não queria acreditar que isso fosse possível, que ela não me quisesse em sua

vida. Não depois de tudo que compartilhamos. Não com nossa química insana,

aquela faísca entre nós...

Mas as coisas não eram mais tão simples, eram?

A verdade estava clara. Tivemos um filho juntos. E se a conexão que

compartilhamos não fosse suficiente agora que, de repente, tudo ficou tão

complicado?

Liam parecia muito melhor de manhã, o que me deixou aliviada.

Ainda assim, minha mãe confirmou que iria cuidar dele em vez de levá-lo

para a pré-escola, então eu poderia voltar a trabalhar sem me preocupar. Não

queria sobrecarregá-la com a responsabilidade, ela já fez muito me ajudando

quando eu tinha que fazer malabarismos com tantos trabalhos, mas ela insistiu.

Agora com ele indo para a pré-escola e eu estava cuidando de tudo sozinha, ela

não o via com tanta frequência como antes. Então sabia que ela queria passar

algum tempo com o neto.


Fiquei feliz, era uma coisa a menos com que me preocupar. Minha mãe ligaria

se algo desse errado, mas quando eu o deixei esta manhã, seus olhos estavam

brilhantes, sua temperatura estava boa e ele não parecia tão pálido e miserável.

Até estava de bom humor.

Minha mente já estava girando sobre o trabalho. Carter se certificou de que

Felicity assumiria meu projeto e por isso eu era grata. Não apenas porque estava

cuidando de uma criança doente, mas porque eu não tinha certeza do que estava

fazendo em primeiro lugar. Agora, pelo menos, sabia que tudo estava dentro do

prazo e que o lançamento de Carter seria um sucesso.

Mas essa não foi a parte que me fez ranger os dentes de preocupação à noite

e me distraiu esta manhã enquanto fazia o café, mal captando a tagarelice feliz de

Liam.

Carter sabia sobre Liam. E eu não tinha ideia do que iria acontecer agora.

Sempre estive no controle de tudo e, embora não tenha sido fácil, sempre fui a

responsável.

Lutei com dinheiro, fiz malabarismos com empregos, tentei o meu melhor, e

falhei, para dar a ele a vida que eu queria que tivesse. Mas fui eu quem fez tudo.

Era aquela que pulava aros e puxava os pauzinhos e fazia tudo o que podia ser

feito.

Pela primeira vez em muito tempo, não tinha ideia do que iria acontecer.
Meu estômago torceu em um nó de nervos e minhas mãos estavam suadas.

Como iria enfrentá-lo hoje? Fui eu quem disse a Carter, em tantas palavras, que

Liam era dele, mas foi ele quem juntou todas as peças que faltavam e viu o quadro

todo. Eu deveria saber que ele descobriria quando viesse nos encontrar. Liam é a

cara dele.

Eu tinha certeza absoluta de que tudo mudaria entre nós. Como não poderia?

Fazia quase cinco anos desde que ele se tornou pai, e Carter não sabia de nada.

Não foi minha culpa. Pelo menos não no começo. Mas Carter estava certo ao me

perguntar por que eu não disse a ele imediatamente.

Sabia que deveria, teria sido a coisa certa a fazer. Eu me preocupei com isso

desde o início. Desde o momento em que vi Carter naquela sala de conferências,

sorrindo para mim.

Foi tão fácil manter isso em segredo, mais fácil do que ter que falar com ele. E

havia a questão de proteger meu filho. Éramos nós dois por tanto tempo que era

difícil pensar que agora teria que deixar outra pessoa entrar no pequeno mundo

que criei para nós.

Assim que cheguei ao meu escritório, encontrei um bilhete na minha mesa.

Carter estava me pedindo para encontrá-lo.

Meu estômago revirou, me senti enjoada e em pânico. Febrilmente, tentei

pensar em uma maneira de sair dessa. Mas eu não tinha nenhuma desculpa, não

havia reuniões pendentes e meu ataque repentino de náusea foi porque eu estava
com medo, não porque peguei a virose estomacal de Liam. Teria que enfrentar os

fatos em algum momento. Era melhor acabar com isso o mais rápido possível.

Enquanto caminhava para seu escritório, minha mente repassou todas as

possibilidades. Carter está furioso por eu não ter contado. Ele quer Liam em sua

vida. Não, ele quer tirá-lo de mim. Ele não quer mais me ver. Ele poderia cuidar

de Liam de uma maneira que eu nunca poderia pagar pela melhor educação, a

melhor casa, o melhor em tudo. Ele vai me despedir.

Quanto mais eu andava, piores os pensamentos se tornavam.

Pare com isso, me repreendi. Eu estava apenas entrando em um frenesi sem

motivo. Não poderia reagir até saber o que iria acontecer.

Bati na porta da sala e engoli um caroço na minha garganta.

— Você queria me ver? — Perguntei quando ele olhou para cima.

Carter acenou com a cabeça e me chamou para entrar.

— Sente-se, Izzy.

Eu fiz o que ele pediu. O escritório parecia frio e arrepios surgiram na minha

pele. Carter era todo profissional, o rosto sério, os olhos na tela do laptop. Ele

clicou para longe, trabalhando em algo sem dizer outra palavra.

Ficamos em silêncio por um momento.


Então finalmente, ele terminou o que estava fazendo e ergueu os olhos.

Parecia que ele via através de mim e lutei contra a vontade de me contorcer.

Seus olhos estavam gelados e intensos, como sempre. Eu sempre tive que me

impedir de cair neles, não poderia desmaiar por um homem que poderia me dizer

que não queria mais nada comigo.

— Então, ontem foi uma surpresa... — Carter começou.

Eu balancei a cabeça, torcendo meus dedos.

— Me desculpe por isso.

Carter balançou a cabeça.

— Tudo bem. Eu acho que entendi.

Ele fez? Mas ele estava tentando, e isso era alguma coisa.

— Entendo se tudo mudar entre nós. — Falei, continuando com isso. Ele não

estava indo direto ao ponto e eu estava ficando cada vez mais nervosa. Estava

sendo compreensivo e isso me deixava em dúvida. Eu esperava uma tempestade.

Carter franziu a testa.

— Por que alguma coisa mudaria?

O encarei, meu rosto mostrando claramente o que pensava.


— Ok, ok... — Disse ele, balançando a cabeça e erguendo as mãos. — Claro,

tudo vai mudar. Mas eu não quero que nada mude entre nós.

Pisquei para ele, sem saber o que dizer.

— Eu sei que nada pode ser igual a antes. — Continuou. — Mas não fique tão

nervosa. Não quero que as coisas mudem entre nós, não de uma forma negativa.

Eu sei que tudo vai mudar porque isso é sério. Porque temos um filho juntos.

Deus, só de ouvi-lo dizer essas palavras era surreal. Ele tinha sido quase como

uma invenção da minha imaginação por tanto tempo, tendo-o sentado na minha

frente pessoalmente e falando sobre Liam como nosso filho parecia um sonho.

— Porém, temos que discutir negócios. — Acrescentou Carter.

— Que tipo de negócio? — Perguntei com cuidado.

— Eu comprei uma casa nova para você. Em um condomínio, na verdade.

Minha boca caiu.

— O que?

— A venda já está em andamento e você poderá vê-la até o final da semana.

— Uma casa? — Perguntei, tentando entender o que ele estava dizendo.

— Sim. — Disse ele. — É nova. E é melhor do que onde você está morando

agora.
Ouvi as palavras, mas me esforcei para calcular. Uma nova casa? Fazia um

dia que Carter descobriu, e agora já estaríamos nos mudando? Lutei para

processar isso, lutei para lidar com o choque que veio junto com o anúncio. Meus

ouvidos zumbiam e me sentia tonta.

Carter ficou quieto e esperou que eu absorvesse as notícias. No início, a ideia

de uma nova casa parecia excitante, mas quanto mais eu pensava sobre isso, mais

começava a me perguntar o que exatamente significava.

Nova? Melhor?

Fiquei irritada. Com raiva, até.

— Tenho feito o melhor que posso. — Eu disse defensivamente. — A casa que

providenciei para Liam não é ruim.

— Não é. — Carter concordou. — Na verdade, você tem feito um trabalho

incrível, sozinha. Eu não posso te dizer o quão impressionado estou com isso. É

um grande negócio, Izzy.

Mais uma vez, meu queixo caiu. Eu não esperava que ele agisse assim, se

apresentasse. E definitivamente não esperava que ele me elogiasse pelo trabalho

que tenho feito. Por muito tempo, eu estava ciente do quanto tive que sacrificar e

que estava fazendo tudo sozinha. Eu não estava particularmente amarga, só...

tentei não pensar muito em tudo que perdi. Mas agora, Carter estava sentado à

minha frente, me mostrando que, possivelmente, ele consegue entender.


— Eu não sei o que dizer. — Finalmente admiti.

— Então olhe para isso enquanto encontra as palavras. — Carter disse e virou

seu laptop para mim. Nele, uma coleção de fotos estava espalhada pela tela,

mostrando-me imagens do condomínio perfeito, com quartos espaçosos, belos

acabamentos, playground e piscina no local.

— Você está falando sério? — Perguntei, olhando para Carter.

— Eu não sou do tipo que brinca. — Ele disse gravemente. — É para onde

você vai no final da semana. E esta é apenas a primeira de muitas coisas que estou

planejando fazer por vocês dois.

A primeira de muitas? Carter estava puxando meus pés debaixo de mim.

Como isso era possível? Ele estava fazendo tudo o que deveria fazer e muito mais.

E não tinha se passado nem vinte e quatro horas desde que descobriu sobre Liam.

Era muito para absorver, minha cabeça estava girando.

— Então? — Carter perguntou quando eu não disse nada. Apenas encarei seu

laptop novamente. — O que acha? Você acha que vai funcionar para o Liam?

Achei que era o lugar mais incrível que já tinha visto. Definitivamente iria

funcionar para Liam, era perfeito. Ele adoraria o parquinho e, nos dias quentes de

verão, dar um mergulho parecia divino. Não apenas para ele, mas para mim

também.
Era muito para aceitar. E era muito para aceitar de um homem que eu nem

sabia que seria positivo sobre a coisa toda meia hora atrás.

Eu concordei.

— Vai funcionar.

— Então, vai aceitar? — Carter perguntou.

— OK.

Quando olhei para Carter, um sorriso se espalhava por suas feições.

— Sim? — Ele perguntou.

Concordei. Eu concordaria em me mudar para o condomínio. Era perfeito

para Liam, e nosso apartamento de baixa qualidade vinha me incomodando há

muito tempo. Uma parte de mim queria lutar contra isso, dizer a Carter que eu

conseguiria. Mas eu não estava conseguindo, não completamente, estava? E Carter

estava fazendo exatamente o que se esperava dele, estava cuidando de nós. Eu não

poderia discutir com ele sobre isso, e não poderia culpá-lo também.

Parecia bom demais para ser verdade, mas de alguma forma, era verdade.

Eu ia deixar isso acontecer, ia permitir que ele cuidasse de nós do jeito que eu

desejava desde o momento em que descobri que estava grávida.


— Sim. — Disse em concordância. — Eu não posso acreditar, estou lutando

para envolver minha mente em torno disso. Mas sim, adoraríamos nos mudar.

— Perfeito. — Carter disse, esfregando as mãos. — Vou providenciar uma

empresa de mudanças para recolher seus pertences pessoais assim que a venda for

concluída.

Eu queria discutir de novo, mas me contive. Ele estava fazendo isso por nós.

Tinha que deixá-lo. Liam merecia isso, se nada mais. Mas uma parte de mim, uma

pequena parte que eu não permitia mostrar há muito, muito tempo, concordou

que, para variar, eu poderia dizer que também merecia.

Nós dois nos levantamos. Carter deu a volta na mesa e estendeu a mão para

mim, dando um pequeno aperto em minha mão. Eletricidade sacudiu-me do jeito

que sempre acontecia quando ele me tocava, e estava aliviada por ainda parecer o

mesmo entre nós. Eu esperava que ele sentisse isso também.

— Obrigada. — Eu disse a Carter.

— A qualquer hora, Izzy. — Disse, e seus olhos estavam preocupados.

Minha cabeça estava leve. Muita coisa estava mudando e tão rápido. Excitação

correu por mim quando imaginei o rosto de Liam quando ele visse sua nova casa.

Mas Carter estava comprando o apartamento. Talvez essa fosse sua maneira

de assumir o controle sobre minha vida e a de Liam. Talvez este seja apenas o

começo.
Parte de mim ainda não conseguia confiar que ele era tão bom quanto parecia

ser. E algo em meu interior ficou tenso quando pensei sobre isso.

Quase pude sentir um pouco de controle escorregar de minhas mãos.

Eu queria vê-lo novamente. Queria conhecer meu filho.

Não tinha certeza se tudo era tão simples assim. Mas, no momento em que o

vi, algo dentro de mim clicou. Demorou um pouco para descobrir que aquele

garoto, o mesmo que vomitou em meus sapatos, era meu. Mas no momento em

que descobri, uma parte de mim sentiu que era assim que deveria ter sido o tempo

todo.

O garoto de cabelo escuro como o meu e os olhos grandes e emocionantes

como os de Izzy.

O melhor dos dois mundos.


Eu queria saber se sua personalidade era uma mistura perfeita de nós dois

também. Queria saber como ele era, se eu poderia ver mais de mim mesmo nele.

Mas não era só isso. Era muito mais. Foi muito mais profundo do que apenas

querer conhecê-lo porque ele era meu sangue.

Quando eu era pequeno, minha família era muito unida. Minha mãe, meu pai

e eu. Mas era por conta da minha mãe. Ela foi a cola que manteve nossa família

unida. Quando ela faleceu, parecia que uma parte de mim também tinha morrido.

Então meu pai e eu começamos a nos separar. Não tanto no começo, eu ainda

morava em casa e ele tinha que cuidar de mim até certo ponto. Mas à medida que

eu crescia, estudando e criando uma vida própria e, finalmente, mudando-me para

Nova York, meu pai e eu ficamos distantes.

Não sentia mais como se ele soubesse quem eu era. Não senti que ele me

entendia ou meus sonhos para o futuro. Era difícil falar com ele sem que nossas

conversas fossem governadas em grande parte por silêncios constrangedores.

Eu não sabia sobre Liam, então não estive lá na primeira parte de sua vida,

mas ainda havia tempo. Muito disso. Eu queria conhecê-lo. Queria um

relacionamento com ele, estar perto da maneira que meu pai e eu não éramos mais.

E queria resolver isso o mais rápido possível. Em algum momento, ainda não

tinha certeza de quando, teria que voltar para meu escritório em Nova York. Era

minha casa, onde eu tinha meu próprio apartamento e onde dirigia a filial da

Appetite.
A ideia de deixar Izzy e Liam para trás ficou presa na minha garganta. Eu

empurrei o pensamento de lado enquanto dirigia meu carro em direção ao novo

condomínio em que Izzy e Liam estavam se acomodando.

Quando parei na porta da frente, meu estômago se revirou. Levantei minha

mão para bater, mas parei, me segurando.

Estava nervoso.

Que porra é essa?

Ele era apenas uma criança, certo?

Mas ele não era apenas uma criança. Ele era meu filho. E não se tratava só em

passar um tempo juntos. Era para deixá-lo saber que eu era seu pai.

Levei alguns dias para persuadir Izzy a me deixar conhecê-lo oficialmente.

Durante toda a semana, toquei no assunto. Ela estava relutante no começo, e eu

entendi. Ela construiu uma vida para os dois, uma na qual eu não existia.

Quando perguntei o que ela contou a ele sobre mim antes, disse que falou a

verdade. Que eu morava em Nova York e que não tinha certeza de onde me

encontrar.

— Não se deve mentir para as crianças sobre coisas assim. — Ela disse quando

eu estava em seu escritório na manhã seguinte. — É daí que vêm as crises de

identidade, dos pais não serem abertos com os filhos sobre o que aconteceu e onde

eles estão.
Fiquei impressionado. Mas tudo o que ela fez me impressionou.

Bati na maldita porta, decidindo acabar com isso. Deus, eu era um tubarão na

sala de reuniões, poderia fechar qualquer fodido negócio de olhos fechados. Mas

agora estava praticamente tendo um ataque de pânico só em conhecer uma criança

de quatro anos.

Quando a porta se abriu, Liam estava na minha frente.

— Oi. — Ele disse.

Eu sorri.

— Oi.

— Você é o homem do outro dia. — Disse.

Eu concordei.

— Aquele com os sapatos.

Ele deu uma risadinha.

— Sim.

— E você é o Liam. — Falei.

Ele acenou com a cabeça novamente.

— Sua mãe está em casa? — Perguntei.


Izzy apareceu na porta um momento depois. Ela estava linda em um top rosa

e leggings que deslizavam sobre suas curvas, mas também parecia nervosa. Ela

me ofereceu um sorriso e me convidou a entrar.

— Tente não olhar para as caixas. — Disse se desculpando. — Não tive tempo

de desfazer as malas.

— Só faz um dia, Izzy. — Eu disse. — Tudo bem.

Ela assentiu, ciente de que eu tinha razão. Mas como a perfeccionista que era,

sempre queria que tudo desse certo. Eu gostei disso nela. Fui atraído pela

necessidade de excelência.

— Então, você gosta do lugar? — Perguntei.

Eles acabaram se mudando na quinta à tarde. Eu dei a Izzy a tarde de folga

para cuidar das coisas, então ela trouxe Liam para sua nova casa depois da pré-

escola naquela noite.

— É incrível! — Liam gritou e agarrou minha mão. — Venha ver meu quarto.

— Ele fez uma pausa. — Posso mostrar meu quarto a ele, mamãe?

Izzy riu e acenou com a cabeça e eu segui Liam para seu quarto. Izzy seguiu

logo atrás de nós, mas manteve distância. Ela estava nos dando espaço.

— Você pode ver a piscina daqui! — Liam gritou. — Fomos testar a água

ontem. Estava fria!


Eu ri e olhei para Izzy, que se encostou na parede com os braços cruzados

sobre o peito, com uma mistura de felicidade e incerteza em seu rosto.

Liam se virou para mim, seus grandes olhos castanhos sérios.

— O que faremos hoje? Mamãe disse que deveríamos nos divertir.

— Nós deveríamos absolutamente. — Concordei. — Estava pensando que

poderíamos ir para a praia.

— Sim, a praia! — Liam gritou e Izzy riu.

— A praia então. — Ela disse.

Demorou apenas alguns minutos para reunir tudo. Eu já tinha um calção de

banho e uma toalha no carro, que desci para pegar enquanto Izzy trocava de

roupa. Troquei minhas calças pelo calção enquanto Izzy arrumava uma bolsa com

toalhas e brinquedos. Quando ela tentou embalar comida, eu balancei minha

cabeça.

— Vamos comer em um restaurante. Eu tenho isso.

Ela parecia insegura, mas assentiu. Depois que garantiu que a cadeirinha do

carro de Liam estava segura no meu novo Audi, nós partimos. Decidi ficar mais

tempo em LA do que planejei, então acabei por comprar o veículo. Por enquanto,

eu poderia permanecer no hotel em que estava até descobrir as coisas com Izzy.
Nos levei para Santa Monica com Liam conversando alegremente. Ele tinha

muito mais energia agora que não estava doente. Estacionei o carro a alguns

quarteirões do calçadão e caminhamos até a praia.

Assim que chegamos à areia, Liam imediatamente correu em direção às

ondas, mas Izzy o chamou de volta para colocar protetor solar. Observei enquanto

ela o mantinha calmo, aplicando cuidadosamente a gosma em seu rosto e ombros,

ouvindo seu balbucio animado. Ela realmente era uma boa mãe.

— Não entre ainda. — Ela o avisou.

— Posso apenas mergulhar os dedos dos pés na espuma? — Ele implorou.

Ela riu e acenou com a cabeça.

— Estou bem atrás de você.

Quando ele correu para a beira das ondas, Izzy puxou para baixo o short jeans

e levantou a camisa sobre a cabeça. Ela usava um biquíni, um verde-esmeralda

pequeno que revelava a quantidade certa de sua pele suntuosa. Ela deixou sua

juba flamejante de cabelo soltar do coque, e ele caiu sobre seus ombros, vermelho

brilhante sob a luz do sol.

A visão de seus seios redondos, pernas torneadas e quadris curvos me tirou o

fôlego.

Quando ela me pegou olhando, corou.


— Você está incrível. — Eu disse.

O que a fez corar ainda mais.

— Eu tenho que ir atrás dele.

Tirei minha camisa e segui Izzy e Liam até a água. Ele gritou quando as ondas

bateram em seus pés. Izzy jogou água nele e ele jogou nas costas dela, rindo

ruidosamente.

Izzy olhou para mim, seus olhos brilhando. Seu olhar se moveu sobre meu

torso nu por um momento, demorando-se. Então ela bateu nas ondas, enviando

um jato de água fria para me encharcar.

— Ei! — Eu disse, fingindo estar chateado.

Liam caiu na gargalhada enquanto eu espirrava água em Izzy em retorno,

encharcando-a da cabeça aos pés.

Não conseguia imaginar nada mais perfeito. Eu deixei de ser um homem

solteiro, transando com uma longa lista de garotas cujos nomes eu tinha esquecido

quase antes de elas deixarem minha casa, para algo que se aproxima de um

homem de família. Estava com uma mulher por quem estava me apaixonando e

um garotinho adorável em todos os sentidos.

E de alguma forma, isso não me assustou. Talvez eu estivesse em estado de

choque. Talvez eu tenha me sentido preso em um sonho e ainda não estivesse

pronto para que isso fosse real. Mas seja o que for, o dia com eles foi perfeito.
Quando o sol começou a se pôr e Liam reclamou que estava com fome, nos

vestimos e atravessamos a rua até um restaurante que atendia banhistas. Fomos

levados a uma mesa com vista para o oceano e o sol poente criou salpicos de laranja

e rosa no céu.

— Isso é ótimo. — Izzy disse para mim. — Obrigada.

Eu concordei.

— O prazer é meu.

— Você quer que eu diga a ele? — Ela perguntou, respirando fundo.

Agora mesmo? Eu balancei a cabeça com cautela. Eu estava nervoso como o

inferno de novo. Não tinha ideia de como ele reagiria. Mas queria que ele soubesse.

— Liam, querido. — Izzy disse. — Lembra quando eu disse que seu pai estava

na cidade de Nova York?

— E você não sabia como encontrá-lo. — Liam repetiu casualmente. Era

claramente algo que eles haviam discutido muito.

Ela sorriu.

— Sim. Bem, ele está aqui agora. Eu finalmente o encontrei.

Liam se animou.

— O que?
— Liam, Carter é seu pai.

O menino abaixou o sanduíche torrado que estava comendo e olhou para mim

com olhos grandes e líquidos.

— Mesmo? — Ele perguntou. — Você é meu papai? — Ele inclinou a cabeça

para o lado.

— Sim. — Eu disse. — Eu sou.

Liam franziu a testa por um momento, pensando sobre isso. Em seguida, um

sorriso se espalhou por seu rosto.

— Isto é tão legal! — Ele disse.

Eu ri.

— Ele é muito legal.

Izzy pegou as mãos do filho nas suas.

— Eu não sabia onde encontrar Carter por um longo tempo. Mas quando

comecei meu novo emprego, descobri que ele é o dono da empresa. Não nos

víamos há muito tempo. Foi uma grande surpresa para nós dois.

Ela olhou para mim e sorriu.

— Então, vocês são namorado e namorada? — Ele perguntou, olhando entre

nós dois.
— Bem... — Izzy gaguejou, sem saber como responder.

— Nós somos amigos. — Respondi, olhando para Izzy. Não tinha certeza de

como ler seu rosto.

— Você vai nos visitar todos os dias? — Liam perguntou ansiosamente.

— Sempre que puder. — Prometi.

Liam acenou com a cabeça, feliz com a resposta. Ele olhou para mim por um

longo momento, deixando tudo penetrar. Então continuou comendo como se fosse

tudo tão simples. E talvez fosse.

Quando olhei para Izzy, ela parecia tão aliviada quanto eu. Sorri para ela que

devolveu o sorriso antes de olhar para sua comida, empurrando-a em torno de seu

prato. Também olhei para o meu sanduíche, mas não conseguia me concentrar em

comer. Minha mente estava com Izzy e Liam. Minha família.

Eu queria fazer algo especial para ela. Queria presenteá-la com algo que ela

nunca faria por si mesma, algo que nunca seria capaz de fazer. Ela desistiu de tudo

para criar Liam, queria dar a ela algo que mostrasse o quanto isso significava para

mim. Que mostrasse que eu vi tudo o que ela fez, vi o quão duro ela trabalhou

para dar a Liam tudo que ele precisava.

Isabelle era uma ótima mãe e eu queria que ela entendesse isso. Era uma ótima

pessoa também e eu queria que ela soubesse.


Tudo sobre tê-la de volta na minha vida era ótimo e eu iria deixá-la saber, de

alguma forma, o quão maravilhoso era vê-la novamente, estar com ela e estar na

posição de ser um pai ao lado dela.

Significou muito para mim, ela ter confiado em mim o suficiente para me

deixar conhecer Liam.

E este era apenas o início de nossa jornada.

Talvez Nova York pudesse esperar, afinal.


Era sexta-feira, uma semana depois, e as coisas estavam melhores do que eu

poderia imaginar. Fui paga e o dinheiro extra era mais do que eu sabia o que fazer

imediatamente. Nunca tive dinheiro extra depois de pagar as contas, e foi uma

sensação incrível saber que fiz isso, consegui um bom emprego que cuidaria do

meu filho.

Mas não foi apenas o emprego e o aumento de salário que tornou minha vida

muito melhor.

Carter estava na minha vida novamente. Por cinco anos, pensei que nunca

mais colocaria os olhos nele. Achei que Liam nunca conheceria seu pai. E agora

aqui estava Carter, bem na nossa frente.

A tensão sexual entre nós ainda era forte. Eu sabia que ambos queríamos pular

na cama novamente, mas algo entre nós mudou. Tornou-se mais profundo, mais

sério e, embora não estivéssemos tecnicamente juntos, parecia que ele voltou para

a minha vida para ficar.

E ele estava na vida de Liam também.


Eu estava preocupada em dizer a Liam que Carter era seu pai. Não sabia como

ele reagiria e não queria abalar as bases de sua realidade e fazê-lo lutar para se

adaptar. Mas Liam parecia ter levado tudo com calma. Estava mais feliz do que eu

o via há muito tempo. Minha mãe comentou sobre isso também, depois que ela

pegou Liam para um encontro de sorvete no meio da semana após a pré-escola,

dois dias atrás.

E isso me deixou incrivelmente feliz. Tudo o que eu queria era que meu filho

tivesse a melhor vida, tivesse tudo de que precisava e que ambos os pais o

adorassem da maneira que ele merecia. Ele era uma pequena alma maravilhosa,

uma bênção em minha vida, e se ele estava feliz, eu também estava.

Olhei para o relógio, ansiosa para sair do escritório e voltar para casa. Ainda

faltava uma ou duas horas, mas logo poderia voltar para Liam e poderíamos

aproveitar o fim de semana no novo condomínio. O lugar era incrível, não poderia

agradecer a Carter o suficiente pelo que fez por nós.

Eu ainda estava tentando aceitar o novo papel de Carter em minha vida,

mesmo enquanto o adorava na vida de Liam.

Carter entrou em meu escritório um momento depois.

— Ei, linda. — Ele disse e corei.

— Oi. — Às vezes, ainda lutava para pensar direito quando estava perto dele.

Carter era o cara com o fator X. Ele era lindo de morrer, rico, dirigia uma empresa
e era uma pessoa decente. Mas ele tinha algo extra também. Isso é algo que me

faria cair de pernas para o ar por ele se eu não tomasse cuidado.

Ultimamente, tenho querido cada vez menos ser cuidadosa.

— Vou ter que te pedir para ficar até um pouco mais tarde esta noite. — Disse

Carter.

Fiz uma careta.

— Mesmo? — Eu estava ansiosa para voltar para casa e não queria

decepcionar Liam.

— Sim, mas não para o trabalho.

— O quê, então? — Perguntei, me animando um pouco.

— Eu quero te mostrar algo. Um novo... investimento.

— Tudo bem. — Eu disse. — Só preciso cuidar de Liam, para que ele não fique

sentado na pré-escola até altas horas da noite.

Carter balançou a cabeça.

— Liguei para uma de suas amigas.

— O que? — Gritei.
— Bernie, acho que ela disse para ligar para ela. Disse que ficaria mais do que

feliz em pegar Liam e cuidar dele por um tempo. Confirmou que conhece a rotina

dele e está morrendo de vontade de ir para o seu novo lugar.

Eu não pude acreditar.

— Você é incrível.

Carter curvou-se pela cintura.

— Eu só preciso mandar uma mensagem para ela e me certificar de que está

bem com isso. — Disse, pegando meu telefone.

Ele sorriu um pouco.

— Você não confia em mim?

Eu pisquei.

— Eu faço. Só tenho que verificar novamente. E eu tenho que ligar para a pré-

escola para que eles saibam que ela vai buscá-lo.

Ele assentiu.

— Vou deixar você com isso, então.

— Eu não posso acreditar que Bernie vai explorar minha casa sem eu mostrar

a ela. — Meditei.
Eu prometi às minhas amigas que lhes mostraria o lugar assim que estivesse

acomodada. Planejei tê-las neste fim de semana. June ficaria chateada por Bernie

ver o condomínio primeiro. Eu ri com a ideia.

— Avise-me quando estiver pronta para sair. — Disse Carter, inclinando-se

sobre a minha mesa e me dando um beijo na bochecha.

Corei novamente e ele sorriu para mim, balançando as sobrancelhas antes de

sair do meu escritório.

Lutei para me concentrar no que restava do meu trabalho. Era sexta-feira e

minha mente estava frita. Além disso, estava curiosa para saber o que Carter

queria me mostrar. Sem falar que estava quente e incomodada mesmo depois

daquele beijo rápido. Ele tinha um efeito louco em mim. E se passaram algumas

semanas desde que fizemos sexo em seu escritório. Eu estava pronta para uma

revanche.

Não tinha visto muita ação no quarto nos últimos anos. Tive alguns

relacionamentos de curto prazo que acabaram indo a lugar nenhum e o sexo tinha

sido medíocre. Mas eu estava bem com a minha loja praticamente fechada. Agora

que Carter estava de volta, era uma história diferente. Eu era como uma viciada

que havia conseguido ficar longe de minha droga preferida por anos, mas fui

puxada de volta. Estava viciada de novo.

Eu era viciada em Carter.


Finalmente, terminei e desliguei meu computador. Fechei minha porta e

caminhei até o escritório de Carter, onde ele estava no telefone com um de seus

vendedores.

Quando ele encerrou a ligação, sorriu para mim.

— Preparada? — Perguntou.

Eu concordei.

— Preparada.

Saímos juntos do escritório e descemos para o saguão. No elevador, Carter

pegou minha mão, entrelaçando nossos dedos. Ficamos trancados juntos assim até

um pouco antes das portas do elevador se abrirem no saguão.

Eu ainda não tinha certeza de qual era exatamente o nosso relacionamento,

ou para onde estávamos indo, mas estava tudo bem para mim. Devagar era

exatamente o que eu precisava, especialmente com a rapidez com que tudo o mais

estava mudando na minha vida. Fazia cinco semanas desde que comecei no novo

emprego e ainda estava me recuperando de todas as mudanças até agora.

Entrei no carro de Carter. Meu carro foi consertado, Carter cuidou de tudo,

incluindo pagar a conta. Hoje, eu o deixei na garagem do trabalho, ele disse que

me levaria de volta para pegá-lo mais tarde. Fiquei feliz com o arranjo, pois

significava mais tempo juntos.


Ele navegou pela cidade em seu Audi. No caminho, sua mão continuou

encontrando a minha, seus dedos se enlaçando nos meus, nunca parando,

brincando comigo. Eu gostava da maneira como ele estava me tocando

ultimamente, a maneira como ele estendia a mão para mim com mais frequência e

a maneira como parecia nunca ser capaz de parar de me olhar.

Isso me lembrou muito da noite que compartilhamos tantos anos atrás,

quando ficamos no café antes de irmos para o seu apartamento.

Isso me lembrou de outra coisa. Carter nunca me levou para sua casa atual.

Ele sempre vinha ao nosso condomínio.

— Onde você mora agora? — Perguntei.

— O que quer dizer? — Ele perguntou, olhando para mim.

— O que acha que isto significa? — Eu perguntei, rindo. — Tenho certeza de

que não está de volta ao apartamento em que morava anos atrás, certo?

Carter sorriu.

— Não, eu não estou mais naquele lugar.

Antes que eu pudesse dizer qualquer outra coisa, ele virou em um bairro.

Nossos arredores chamaram minha atenção.

— Onde estamos? — Eu perguntei.


— Você sabe onde estamos. — Disse Carter.

Ele estava certo. Eu queria saber onde estávamos. Era perto da faculdade

onde estudei arte. Eu não tinha estado aqui desde que Liam nasceu. Isso trouxe de

volta uma onda de nostalgia e olhei em volta.

O bairro mudou muito. Estávamos cercados por galerias de arte, uma após a

outra, restaurantes e cafés. Parecia muito mais turístico do que antes, mas era fácil

ver que muitos alunos ainda andavam por aqui, provavelmente saindo em uma

sexta-feira à noite depois de terem se concentrado em seus estudos durante toda a

semana.

Tenho acompanhado alguns dos artistas que passaram muito tempo aqui, que

fizeram shows nas galerias e meu coração apertou. Esta era a vida que eu poderia

ter tido. Esta era a vida que eu queria.

Se eu tivesse que olhar para trás, não teria mudado nada. Se tivesse que fazer

tudo de novo, ainda teria escolhido Liam. Ele era a luz da minha vida. Ele fez tudo

que eu fiz valer a pena e ser mãe foi gratificante de maneiras que eu nunca teria

imaginado. Adorei fazer tudo com ele.

Mas ainda assim, esta vida... Senti falta daquela parte de mim que vivia neste

mundo, que costumava pintar, sonhar e olhar para o futuro sem saber exatamente

onde iria parar. Não me importando que eu não tivesse um plano definido.

— Aqui. — Disse Carter, mexendo no bolso e tirando um molho de chaves.


— O que é isso? — Perguntei, pegando as chaves dele.

Ele parou o carro na frente de um prédio e sorriu para mim.

— São as chaves para o seu novo estúdio.

Pisquei, sem entender realmente o que ele estava dizendo. Ele riu e acenou

com a cabeça em direção ao prédio.

— Vá em frente. — Disse.

Saí do carro e Carter me seguiu enquanto eu caminhava até a porta, incerta.

Destranquei a porta com as chaves que me entregou e empurrei para abri-la. Um

conjunto de escadas estreitas levava a outro andar, às subi com Carter logo atrás

de mim.

Quando chegamos ao topo, olhei ao redor do grande espaço aberto e

engasguei.

Era um estúdio de arte, equipado com telas completas, molduras, tintas e

suprimentos. Uma pilha de blocos de desenho e lápis estavam sobre uma mesa.

Grandes janelas de corpo inteiro davam para um pequeno quintal perfeitamente

bem cuidado e quando Carter acendeu as luzes, eles sopraram magia e vida no

quarto.

— Oh, meu Deus. — Disse, virando-me para encarar Carter. — O que é isso?

— É uma forma de compensar seus sonhos perdidos. — Respondeu.


Eu o encarei. Ele sabia. Ele entendeu. Carter olhou para minha vida e viu tudo

que eu não disse e tudo que eu não fiz, e ele sabia.

— Eu não sei o que dizer. — Disse, as emoções brotando dentro de mim e as

lágrimas pinicando meus olhos.

— Você não tem que dizer nada. — Carter disse suavemente, seu rosto

refletindo muito da emoção que eu sentia.

De repente, eu não aguentei mais. Joguei meus braços em volta do pescoço e

pressionei meus lábios contra os dele. Ele me beijou de volta e senti seu desejo por

mim.

— Obrigada. — Eu disse, quando finalmente interrompi o beijo.

Ele me puxou de volta e me beijou novamente. Então me entreguei ao calor

que irradiava de sua pele, à forma como seus braços me envolveram e me puxaram

para mais perto e a forma como sua língua deslizou em minha boca.

O beijo se tornou urgente. Eu tinha um fogo em meu âmago que precisava ser

alimentado. Precisava que Carter me ajudasse com isso. Eu precisava dele.

Sofria por ele.

Carter sentia o mesmo, eu poderia dizer. As emoções se espalharam entre nós

enquanto nossas mãos se moviam sobre o corpo um do outro. Desabotoei sua

camisa pouco a pouco, minha respiração se intensificou quando ele levantou

minha blusa e seus dedos encontraram minha pele nua.


Gemi quando ele agarrou meus seios, puxou o bojo do meu sutiã para baixo,

beliscou meus mamilos e os rolou entre os dedos.

Ele se afastou da minha boca apenas tempo suficiente para puxar minha blusa

sobre a minha cabeça e deixá-la cair no chão antes de me beijar novamente.

Eu desabotoei meu sutiã e o joguei para o lado. Empurrei a camisa agora

desabotoada de Carter de seus ombros, e quando nos abraçamos novamente, era

pele com pele.

Amava a sensação dele por perto, a forma como nossos corpos se encaixavam

perfeitamente, a forma como seu calor combinava com o fogo na minha barriga.

— Eu preciso de você dentro de mim. — Sussurrei.

Um sorriso apareceu em seu rosto.


Tudo sobre Izzy era inebriante. Quando ela me beijou, senti como se estivesse

me afogando durante toda a minha vida e, finalmente, consegui romper a

superfície e pude respirar novamente. Quando ela me tocou, minha pele estava

em chamas de uma forma que me fez sentir animado, como se tivesse voltado à

vida.

Quando ela ficou nua, tocá-la era como um sonho. Sua pele era macia, seus

lábios eram perfeitos e a maneira como gemia e engasgava quando eu tinha

minhas mãos em seus seios e minha boca em seu pescoço deixava meu pau ainda

mais duro.

Eu a queria tanto. Queria estar dentro dela, sentir cada centímetro de seu

corpo, por dentro e por fora, enquanto deslizava para casa com cada impulso.

Mas não queria apressar as coisas. No meu escritório naquele dia, não tivemos

muito tempo, mas esta noite eu queria usar todo o tempo que fosse necessário para

fazer isso direito. Não apenas para foder, embora fôssemos fazer isso primeiro,

mas para fazer amor.


Isso era o que eu queria com ela. Queria apagar todos os anos que vivemos

em cidades diferentes, todo o tempo que deveríamos estar juntos e o destino nos

levou por caminhos distintos, queria estar o mais perto dela que eu pudesse.

Abaixei minha cabeça e chupei seu mamilo esquerdo em minha boca,

enquanto minha outra mão massageava e acariciava seu mamilo direito. Ela

gemeu, empurrando os dedos no meu cabelo. Os sons que ela fez, os pequenos

gemidos e suspiros, fizeram meu pau se contorcer e latejar.

Troquei de mãos, movendo minha boca para o outro seio, massageando e

acariciando o primeiro, ela engasgou e gemeu novamente. Seu corpo ondulava sob

o meu toque.

Eu queria mais. Queria tudo. Comecei a beijar seu torso, mas ela me puxou

para cima. Seus olhos castanhos estavam escuros e cheios de luxúria. Ela me beijou

de novo, deixando-me entrar em sua boca quando deslizei minha língua sobre

seus lábios, e enquanto nos beijávamos, suas mãos percorreram meu peito nu,

minha barriga e seguiu até o cinto da minha calça. Ela desfez minha fivela com

facilidade, abaixou meu zíper e puxou meu pau para fora.

Quando envolveu seus dedos em volta do meu eixo, gemi. Minha respiração

ficou presa na minha garganta quando ela começou a bombear a mão para cima e

para baixo.
Ela só o manteve por um momento antes de cair de joelhos. Izzy moveu seus

olhos para mim. Naquele momento, ela era a mulher mais incrível que eu

encontrei, linda e perfeita.

De joelhos na minha frente, assim como eu a imaginava há muito tempo.

Movendo a cabeça para frente ela chupou meu pau em sua boca. Eu gemi de

novo quando o absorveu ainda mais, sua boca molhada, lisa e fantástica. Agarrei

um punhado de seu cabelo de fogo e a guiei, empurrando meu pau mais e mais

fundo em sua boca, o mais fundo que ela podia.

Minhas bolas apertaram e eu estava perigosamente perto de gozar.

Eu não queria que isso acabasse, ainda não.

Quando eu puxei para fora de sua boca, ela fez um barulho de estalo e lambeu

os lábios e isso me deixou louco.

— Eu preciso provar você agora, Isabelle. — Rosnei.

A puxei para cima, agarrando sua mão e puxando-a contra mim e a beijei.

Comecei a fazer o que planejei inicialmente e desci pelo seu corpo. Quando

alcancei seus quadris, comecei a trabalhar suas calças e calcinhas por suas pernas.

Ela tirou as roupas quando elas se agruparam em torno de seus tornozelos e se

ajoelhou no tapete à minha frente. Ela se deitou e suas pernas se abriram para mim,

me dando exatamente o que eu queria.

Por um momento, apenas encarei seu corpo nu, gloriosamente perfeito.


Então, mergulhei entre suas pernas, indo para o mel. Deus, ela tinha um gosto

incrível. Lambi sua boceta e ela gemeu e gritou enquanto minha língua passava

sobre seu clitóris novamente e novamente. Empurrei minha língua dentro dela, e

isso a fez choramingar e tremer. Eu amei que pudesse agradá-la assim, que ela se

entregasse completamente ao prazer.

Quando empurrei dois dedos dentro dela, ela gritou. Bombeava meus dedos

dentro e fora enquanto lambia e chupava seu clitóris, até que Izzy se engasgou,

seus sons mudando para um novo nível.

Eu a fodi com os dedos com ainda mais força, para que continuasse gritando.

Seu corpo tremia, suas pernas tremiam e não demoraria muito para que ela

desfizesse em minhas mãos.

Assim como eu pensei, ela empurrou seus quadris contra mim e gritou. Senti

seu corpo se contrair e se soltar em torno da minha mão enquanto tentava fechar

as pernas, travando minha cabeça no lugar. Eu ri contra sua boceta e quando o fiz,

ela gemeu mais alto. Ela estava no auge de seu orgasmo e era deliciosa.

Eu queria transar com ela. Seriamente.

Puxei meus dedos para fora, lambi e limpei seus sucos e sentei nos

calcanhares. Eu ainda estava usando minhas calças, embora no meio da minha

bunda, e procurei minha carteira. Encontrei um preservativo e rasguei o papel

alumínio, tentando tirar minhas calças e rolar a borracha sobre meu pau ao mesmo

tempo.
Quando eu estava embrulhado e pronto, me ajoelhei entre as pernas de Izzy.

Ela olhou para mim com os olhos um pouco vidrados.

— Eu quero. — Murmurou.

— O que você quer? — Eu sussurrei. — Diz.

— Eu quero seu pau.

Rastejei sobre seu corpo e a beijei, nossos lábios se encontrando, nossas

línguas girando em torno uma da outra enquanto meu pau empurrava

desesperadamente contra sua entrada. Quando empurrei dentro, ela chorou em

minha boca, eu senti seu corpo apertar meu membro com força enquanto ela me

pegava.

— Porra, estar dentro de você é perfeito. — Murmurei contra seus lábios.

— Eu sinto o mesmo. — Ela engasgou, comecei a deslizar para dentro e para

fora dela. Seus olhos rolaram para trás e seu queixo caiu enquanto eu acariciava

seu interior. Comecei devagar, sensualmente, entrando e saindo em um ritmo

vagaroso. Estava brincando com ela, fazendo-a querer mais. Inferno, eu

estava me fazendo querer mais.

Mas era assim que eu queria. Lento e sensual, por enquanto. E então eu queria

foder seus miolos.

Ela agarrou meus ombros, seus dedos cavando em minha pele e seus olhos

fixos nos meus.


— Mais forte. — Sussurrou.

E inferno, não ia dizer não a isso, ia?

Comecei a bombear mais forte e mais rápido. A fodi até que ela gritou a cada

estocada e fui mais e mais fundo. Sua boceta estava encharcada, eu podia sentir

através da camisinha e a maneira como ela enrolava seu corpo em volta do meu

com cada impulso me fazia querer mais. E mais.

Então ela teve outro orgasmo. Foi incrível. Fiquei impressionado com o quão

incrivelmente aberta ela era, como podia se entregar totalmente. Também foi assim

na primeira vez que estivemos juntos. Não havia nada de constrangimento nela,

mesmo depois de ter um filho e eu amei a maneira como ela se entregou com total

abandono imprudente.

Depois de seu segundo orgasmo, saí dela e deitei de costas. Ela me montou

então levantei meus quadris para penetrá-la mais uma vez. Isabelle me cavalgou

com seus seios fartos balançando. Mudei minhas mãos de seu peito para sua

bunda. Estava paralisado a observando se mover sobre mim, até que não pude

mais me conter.

Apertei sua bunda redonda, empurrando-me mais profundamente. Quando

ela atingiu seu clímax final, liberei minha carga dentro de suas paredes apertadas.

Nossos corpos se fundiram, nossa conexão tão próxima que eu não sabia onde

cada um de nós terminava ou começava.


Quando tudo acabou, estávamos ambos molhados de suor, tremendo e

respirando com dificuldade. Eu estava exausto depois do meu orgasmo e ela

bocejou. O terceiro ápice foi o que tirou tudo dela.

Deitamos juntos no tapete do novo estúdio.

— Acho que batizamos o lugar. — Disse ela com uma risadinha.

— Como se deve. — Eu disse gravemente.

Izzy sorriu para mim e ficamos deitados juntos em silêncio, desfrutando da

santidade do momento. Corri minhas mãos sobre seu corpo, rastreando sua

perfeição. Corri meus dedos por seus cabelos, sobre sua pele macia, saboreando a

sensação.

Ela olhou sonolenta para o espaço enquanto descansávamos em silêncio.

De repente, rolou para longe de mim e se levantou. Seu corpo nu era glorioso

na iluminação do estúdio. Ela se moveu em direção a uma das telas e inclinou a

cabeça para o lado. Eu a observei enquanto ela estudava a tela por um momento

antes de pegar as tintas e pincéis que comprei.

Me levantei e a observei. Ela agarrou tubos de tinta, esguichando-os um a um

em uma paleta e misturando as cores aqui e ali. Ela trabalhou metodicamente com

uma facilidade praticada que vinha somente da experiência.

Começou a pintar na tela, trabalhando com traços certeiros, criando uma

imagem abstrata. Eu assisti com admiração quando ela mudou de linhas e formas
aleatórias para algo relacionável, algo que eu podia ver, cores que eu podia sentir.

Ela era uma artista incrível. Nunca havia visto nenhum de seus trabalhos, eu só

sabia o que ela fazia.

E foi espetacular assistir.

Sem contar que ela ali, completamente nua, pintando como se fosse a única

pessoa no mundo. Sua criatividade era algo que não tinha visto em ninguém mais,

e isso a fez ganhar vida de uma maneira que eu nunca teria imaginado. Era como

se uma luz tivesse se acendido dentro dela a iluminando e brilhando.

Foi para isso que ela nasceu.

— Você é natural. — Eu disse. — Tem mais talento em seu dedo mínimo do

que a maioria das pessoas espera ter em toda a sua vida.

Ela olhou por cima do ombro e era como se ela estivesse voltando a si.

Corando, parecendo envergonhada, olhou de volta para a tela por um momento e

largou as tintas e pincéis.

Quando ela voltou para mim, a puxei com força contra mim.

— Sinto muito. — Disse ela. — Eu só... não me sentia assim há muito tempo.

Inspirada, sabe? Eu só tinha que tirá-lo.

Eu balancei minha cabeça e a beijei antes de responder.

— Não se desculpe. É para isso que está aqui. Divirta-se.


Ela assentiu com a cabeça, mas não se levantou e voltou para sua pintura.

Ficou comigo, estávamos envolvidos um no outro, agarrados como se tudo isso

fosse desaparecer no ar se não tivéssemos cuidado.

Esta tinha sido uma boa ideia. Eu deveria ter feito isso muito antes. De

repente, me perguntei por que não o fiz. Eu sabia que ela desistiu de seu diploma

em artes, que sua vida mudou. Aprendi muito com seu arquivo no momento em

que Austin o deu para mim.

Eu não tinha pensado no que isso significava. Não tinha entendido por que

ela desistiu, o que ela sacrificou para ter Liam, não era apenas um hobby ou uma

paixão. Era uma parte dela. Uma parte muito grande. E sem ela, Izzy deve ter se

sentido tão incompleta.

Bem, nunca era tarde para consertar as coisas. Eu não iria deixar nada assim

acontecer novamente. Ela seria capaz de pintar, não importava o que acontecesse,

eu teria certeza disso. Lentamente, eu estava organizando as coisas para que sua

vida pudesse pertencer a ela novamente, e para que pudesse cuidar de Liam e de

si mesma do jeito que ambos mereciam.

Estava tão feliz por fazer parte de suas vidas e ainda mais feliz por ter voltado

para LA nesse momento.

Senti uma pontada no peito quando pensei em Nova York e em voltar para

lá.
Depois de cinco anos na Big Apple, talvez fosse a hora de voltar para casa na

Califórnia.

Depois da faculdade de administração em Nova York, fiquei por lá porque

era mais fácil. Eu poderia evitar meu pai porque estávamos em cidades diferentes.

Era menos doloroso viver em uma cidade onde não havia nenhuma lembrança da

minha mãe também. Tudo parecia mais simples.

Olhando para isso agora, parecia muito mais fácil fugir.

Bem, não mais. Talvez fosse hora de contratar outra pessoa para administrar

os escritórios em Nova York. Eu poderia dar uma passada lá de vez em quando

para supervisionar. Seria uma grande transição, mas talvez eu pudesse fazer isso.

E então eu poderia estar com Liam e Izzy, as pessoas que estavam começando

a me fazer sentir como uma família.

Eu não estava pronto para tomar uma decisão sobre isso. Ainda não. As coisas

estavam muito boas com Izzy para arruiná-las trazendo o assunto à tona. Era

difícil admitir que escondi dela a realidade da minha situação. Mesmo se eu tivesse

feito isso apenas com as melhores intenções.

Mas eu sabia que mais cedo ou mais tarde, a realidade me alcançaria.


Quando pensava que tudo estava perfeito, ficava ainda melhor. Mas tudo em

Carter era assim. Também tinha sido assim quando o conheci. Foi um dos motivos

pelos quais saí sem me despedir, sem deixar meu número para ele.

Por ser tão perfeito, parecia bom demais para ser verdade.

Exceto que era verdade.

Tudo isso.

E estava acontecendo comigo. Os últimos cinco anos foram difíceis. Eu tinha

trabalhado até a morte para sobreviver, não tive muito tempo para ficar com Liam

e apenas vê-lo crescer e estava muito preocupada de não conseguir pagar o

aluguel. Fiquei apavorada metade do tempo que seríamos despejados.

Pela primeira vez, agora que Carter estava em cena, não precisava me

preocupar com o futuro. Eu sabia que Liam seria cuidado. Ele iria para uma boa

escola. Teria a melhor educação e outra pessoa para cuidar dele, não apenas eu,

minha mãe e meus amigos.


Ele tinha o pai ao seu lado e essa era a melhor coisa que um menino poderia

pedir.

Isso significava que eu também tinha muito mais tempo livre. Liam ia para a

pré-escola e eu trabalhava no horário normal de expediente. Minha mãe começou

a sair com Liam para passar mais tempo juntos, não porque eu precisava de

alguém para cuidar dele. Eu até tinha noites de garotas com minhas amigas onde

nós três podíamos sair para tomar uma ou duas taças de vinho, e não precisava

me preocupar tanto em encontrar mais trabalho, sobre dinheiro, em ter Liam

cuidado.

Sempre que eu podia fugir, estava no meu estúdio.

Foi glorioso pintar novamente. Desistir foi difícil, mas minha vida tinha se

tornado tão ocupada com Liam e tudo que eu tive que fazer para cuidar dele, que

não houve tempo para isso.

Agora que estava pintando de novo, percebi o quanto senti falta. Percebi o

quanto era uma parte de mim, uma parte que eu não via há muito, muito tempo.

Colocar o pincel na tela, misturar tintas e dar vida a uma imagem me trouxe uma

grande sensação de paz e realização. Eu não saberia como explicar para alguém.

Sabia que Carter não entenderia como era, mas ele entendeu que eu sentia

algo especial quando pintava, e sempre fui grata por ele ter me dado o estúdio. Às

vezes, me beliscava para me lembrar que era real.


Eu não tinha terminado meu curso de artes e estava triste com isso. Mas só

por isso, não significa que eu não poderia pintar. Meus dedos coçavam para

segurar um pincel. Quando eu pintava, todas as preocupações e tensões

desapareciam, até me sentir leve como o ar.

Até eu estar voando.

Liam adorava vir comigo para o estúdio. No início, fiquei preocupada que ele

ficasse entediado e teria que arrumar uma babá ou algo assim, isso me impediria

de vir aqui com a frequência que eu queria. Mas rapidamente percebi que qualquer

que fosse o talento artístico que eu possuía, ele também o tinha. Sempre que eu ia

ao estúdio pintar, Liam queria vir comigo. Ele costumava se sentar com uma

página grande à sua frente, rabiscando ou pintando com os dedos, criando arte

exatamente como eu.

Às vezes, Carter vinha conosco também e éramos nós três no estúdio. Quando

era mais jovem e estudava, sempre quis ficar sozinha quando estava criando

minha arte. Queria ficar em paz, sentindo como se qualquer pessoa que insistisse

em sentar comigo estivesse se intrometendo em um mundo para o qual eu queria

ir sozinha. Mas quando Liam e Carter estavam comigo, não sentia isso. Não senti

que estava sendo impedida ou arrastada para baixo.

Eles eram bem-vindos em meu mundo. Na verdade, eu me sentia quase

sozinha quando eles não estavam comigo.


Era um sábado no final do mês seguinte. Carter e eu só tínhamos nos

reencontrado por dois meses agora, mas parecia que ele fazia parte da minha vida

e de Liam desde o início. Era uma loucura como parecia que nós nos encaixamos,

como se sempre deveria ter sido.

— Desculpe a bagunça. — Eu disse a Carter quando subimos as escadas. Liam

correu na frente e imediatamente pulou na pilha de travesseiros que eu trouxe

para ele brincar. Havia uma pilha de livros no outro lado, um cavalete para

crianças e alguns potes de tinta e giz de cera espalhados ao redor. — Realmente

não tive tempo para limpar.

O resto do estúdio estava tão bagunçado quanto, com telas meio pintadas em

um canto, obras concluídas empilhadas ao lado, latas e tubos de tinta por toda

parte. Os pincéis estavam em potes e meu macacão estava no chão no canto onde

eu os chutei.

Quando Carter olhou em volta, riu.

— Isso é perfeito. — Disse ele. — Eu teria ficado preocupado se não fosse

assim.

— Olha o que eu pintei. — Liam disse e Carter caminhou até o canto, onde ele

fez todos os sons certos de estar impressionado com seu trabalho. Ele olhou para

mim, as sobrancelhas levantadas e parecia que estava genuinamente

impressionado.

— Ele tem muito talento. — Disse.


— Vovó diz que eu herdei da mamãe porque ela não tem nenhum talento em

seus velhos ossos. — Disse Liam.

Eu ri e balancei minha cabeça, já começando a misturar tintas para a nova

pintura em que estava pensando.

— Eu gostaria de conhecer sua avó um dia. — Disse Carter. — Ela parece uma

senhora sábia.

— Ela sabe tudo. — Disse Liam.

Eu sorri e olhei para Carter. Eu queria apresentá-lo à minha mãe. Mas tudo

no seu tempo. Agora, estávamos apenas levando as coisas um dia de cada vez.

Minha mãe sabia tudo sobre ele, e minhas amigas também, mas estava mantendo

Carter para mim por enquanto.

Comecei a pintar, perdendo-me nas cores e nas pinceladas, sentindo a terapia

que veio com ela enquanto se espalhava pelo meu corpo e tirava todas as minhas

preocupações, medos e tudo o que me deixava inquieta. Este era o meu lugar feliz.

Não apenas aqui no estúdio, pintando, mas com Liam e Carter.

Depois de um tempo de trabalho, senti olhos em mim. Quando me virei para

olhar, Carter estava tirando fotos do meu trabalho. Ele tirou fotos da tela em que

eu estava trabalhando antes de caminhar até a pilha de pinturas concluídas e

passar por elas.

— O que está fazendo? — Perguntei.


— Tirando fotos do seu trabalho. — Disse ele com naturalidade. — Seu

trabalho é bom, Izzy.

Dei de ombros, mantendo a escova firme em minha mão.

— Eu não sei sobre isso.

— Você está brincando comigo? — Perguntou. — Seu uso de cores é

fantástico. É hipnotizante. — Ele ergueu uma grande tela que pintei de uma

mulher com uma borboleta sobre a cabeça, a luz de vela que coloria metade de seu

rosto de laranja e traços de cor que desciam do outro lado. Foi um pouco mais

fantasioso do que o normal, mas eu amei o jeito que saiu.

— Eu nunca terminei meus estudos, Carter. — Disse. — Posso pintar, mas não

vou ser uma artista de renome mundial nem nada. Eu também estou bem com

isso. Quer dizer, alguma vez, foi isso que eu quis. Mas estou feliz com o que tenho.

Carter balançou a cabeça, trabalhando em minhas outras telas. O observei

com cuidado, minha atenção dividida entre ele e a arte em que estava trabalhando.

— Acho que está tirando fotos do meu trabalho para se gabar para seus

amigos. — Provoquei.

Carter deu uma risadinha.

— Isso seria tão ruim? Seu trabalho merece ser visto.

Liam observou Carter vasculhar minhas telas.


— Seus amigos também querem ver minha arte? — Ele perguntou.

— Claro. — Carter disse com uma risada. — Devo tirar fotos!

Ele caminhou até Liam e eu sorri enquanto ele fazia barulho ao tirar fotos de

seus rabiscos de giz de cera e manchas de tinta de dedo.

— Estou falando sério, Izzy. — Carter disse quando terminou de tirar as fotos

de Liam e começou a fazer cócegas nele. Meu menino gritou e riu, eu sorri. — Você

realmente deveria considerar mostrar suas coisas para as pessoas.

— Como quem? — Perguntei. Fui até a mesa e esguichei mais tinta na minha

paleta.

— Alguém que está conectado ao mundo da arte. — Disse Carter.

Eu balancei minha cabeça, misturando as cores certas para o que eu precisava.

— Acho que não. No momento, é apenas um hobby. Estou feliz com isso

também. Tenho tudo que preciso. Eu tenho você aqui, Liam e eu voltei a pintar. O

que mais uma mulher poderia querer?

Carter acenou com a cabeça, mas pude ver que não concordava comigo. Mas

eu não estava mais naquele espaço. Minha vida mudou de direção. Eu tinha um

filho para criar agora. Precisava me concentrar no trabalho, me concentrar em criar

Liam. Pintar não era mais minha vida inteira. E isso foi bom para mim. Eu tinha

uma direção e a estava seguindo.


Não tinha sido capaz de fazer arte até agora, mas graças a Carter, as coisas

mudaram. Apreciei que ele trouxe a arte de volta à minha vida, mas eu não iria

tentar forçar algo maior, algo mais do que eu tinha agora.

Eu não era tão feliz há muito tempo. Não desde que engravidei. Eu amava

Liam, mas não tive tempo para ser realmente feliz.

Agora, eu tinha Liam, Carter e a arte e isso era tudo que eu precisava na vida,

isso aqui. Era isso. Não precisava de ninguém para me dizer que minha arte era

boa. Não precisava acabar em galerias e vender minhas pinturas por milhares de

dólares. Eu só queria que Liam estivesse seguro e feliz. Queria estabilidade.

E queria que Carter ficasse por perto.

Estava ficando tarde e os meninos eram pacientes comigo, esperando que eu

terminasse. Quando finalmente o fiz, recolhemos nossas coisas e nos dirigimos

para o condomínio.

— O que vamos fazer para o jantar? — Carter me perguntou enquanto dirigia.

— Pizza! — Liam gritou do banco de trás.

Eu ri.

— Eu não sei. Eu acho que devemos...

— Aceito pizza. — Disse Carter. — E um filme. O que é que vocês acham?


— Eu quero assistir um filme! — Liam concordou e eu ri da minha derrota.

Pizza e um filme, então. Um pequeno encontro perfeito em família.

A alguns quarteirões do estúdio, Carter parou para abastecer. Liam precisava

usar o banheiro, então nós dois entramos no posto de gasolina enquanto Carter

enchia o tanque. Liam tagarelou alegremente sobre quais filmes poderíamos

assistir o tempo todo.

Quando saímos do prédio, eu congelei.

Carter estava conversando com uma mulher perto de seu carro.

Uma linda mulher usando um vestido curto, justo e um chapéu da moda sobre o

cabelo loiro mel que girava entre os dedos.

Minhas entranhas se apertaram enquanto caminhávamos em direção a eles.

Carter olhou para mim e sorriu.

— Izzy, ei. — Ele disse. — Esta é Madeline. Ela é uma velha amiga da escola.

Acho que é uma boa noite para abastecer na Sunset Boulevard.

— Oi. — Eu disse. A mulher me deu um sorriso fraco, disse olá, então voltou

seu olhar de adoração para Carter. Ela nem mesmo olhou para Liam.

— De qualquer forma, Carter, é bom te ver de novo. — Ela disse a ele

calorosamente. — Espero te encontrar de novo algum dia.

— Tenha uma boa noite. — Ele disse em uma voz neutra.


Ela caminhou em direção a seu BMW estacionado nas proximidades e Carter

fechou a tampa de seu tanque de gasolina. Coloquei o cinto de Liam na cadeirinha

do carro, então me levantei e me virei para ele mais uma vez.

Olhando pra mim perguntou.

— Pronto para ir?

Tentei manter minha voz calma.

— Uma velha amiga, Carter?

— Isso mesmo. — Disse ele. — Uma velha amiga. Não vejo Madeline desde

meus dias de faculdade. Ela era formada em negócios como eu.

Eu o estudei por um momento, meus olhos se estreitando.

— Ela é terrivelmente sedutora.

Ele riu e me beijou na bochecha.

— Você não tem nada com que se preocupar, Izzy. Não acho que ela estava

flertando. Se estivesse, eu não estava flertando de volta porque não tenho interesse

nela. Foi apenas uma coincidência ela estar abastecendo aqui ao mesmo tempo.

Soltei um suspiro quando ele me puxou para um abraço apertado.

— Estou louco por você, sua boba. — Disse ele.


— Ok, vamos para casa. — Eu disse.

Ele não parecia estar mentindo, então decidi deixar para lá. Não havia

nenhum motivo para não confiar em Carter e eu não gostava de sentir ciúmes.

Chegamos em casa, pedimos uma entrega de pizza e Liam escolheu Carros para

nós assistirmos.

— Ah, um clássico. — Carter disse quando o filme começou a rodar e nós três

estávamos aninhados no sofá com pratos carregados de pizza em nossos colos.

Liam estava espremido entre nós dois e assistindo o filme atentamente.

— Meu favorito. — Concordei. Eu tinha visto Carros tantas vezes que poderia

recitar o filme inteiro.

Antes do final do filme, Liam adormeceu com a cabeça apoiada em Carter.

Meu coração derreteu quando o vi assim.

— Eu deveria levá-lo para a cama. — Eu disse.

— Deixe-me. — Carter disse, e cuidadosamente se contorceu para fora do sofá

e do corpo de Liam antes de içá-lo em seu ombro. Ele o carregou para seu quarto

e eu os observei, pensando que isso era o que eu queria por toda a minha vida.

Meu filho e seu pai juntos, nós três como uma família.

Nada poderia ser mais perfeito do que este momento.


Mas em algum lugar bem no fundo, eu temia que essa vida maravilhosa

chegasse ao fim mais cedo ou mais tarde. Não sabia como, mas parte de mim

estava esperando o outro sapato cair.

Carter estava com medo de se comprometer? Ele disse a Liam que éramos

apenas amigos e também não disse à mulher do posto de gasolina quem eu era

para ele. Acabou me apresentando pelo meu nome.

Mas ele fez muito por mim, foi tão generoso. Eu estava grata. Como poderia

não confiar nele depois de tudo isso?

Talvez fosse difícil para ele colocar um rótulo em nosso relacionamento.

Afinal, as coisas entre nós ainda eram muito novas. Disse a mim mesma que estava

apenas sendo paranoica.

Eu estava tão acostumada a tudo desmoronar que quase esperava um

desastre. Talvez essa coisa com Carter fosse diferente, no entanto.

Mas, uma vozinha dentro de mim se perguntou quanto tempo eu teria até que

minha sorte acabasse.


Isabelle estava rapidamente se tornando meu tudo. Eu sabia que se passaram

apenas algumas semanas desde que começamos a nos ver e ainda menos tempo

desde que conheci Liam e enfim entendi o que estava acontecendo em sua vida,

descobri que estava mais intimamente envolvido com ela do que jamais poderia

ter esperado.

Mas eu sabia o que sentia por ela. Sabia que não importava o que tivéssemos

passado e quão diferentes nossas vidas tivessem sido, o destino nos alinhou e

estávamos juntos agora.

E eu queria que ela soubesse o quão importante também era para mim.

— Então, me diga de novo. — Austin disse quando nos sentamos no bar,

bebendo juntos. Já fazia um tempo desde que saímos, eu estava incrivelmente

ocupado com o trabalho e com Izzy, e Austin estava fazendo suas coisas,

administrando seu lado da empresa.

— Vamos lá, cara, não é grande coisa. — Eu disse, bebendo minha cerveja.
— Você está brincando comigo? Isto é um grande negócio. Não está apenas

me dizendo que quer se comprometer com uma mulher, algo que nunca pensei

que ouviria você dizer, mas também está me dizendo que é pai? É muito para

envolver minha mente.

Concordei.

— Eu sei. Confie em mim. É muito para envolver minha mente também. Mas

a verdade é que estou falando sério sobre ela. E eu quero estar na vida dela. Na

vida deles. A criança é adorável, cara. E ele merece ter seu pai por perto.

— Então... — Austin começou, mas não terminou a frase.

— O que? — Perguntei.

— Onde fica Nova York em tudo isso? — Austin perguntou com cuidado. —

Presumo que isso significa que você não vai voltar?

Merda, eu tinha esquecido de Nova York. Novamente. Simplesmente parecia

escapar da minha mente. Ou talvez eu tenha empurrado isso para fora dela. Como

eu poderia pensar em deixar LA quando Izzy e Liam estavam aqui?

— Vou descobrir.

— Você vai ter que descobrir logo se não está pensando em voltar.

Eu hesitei. Não que eu não quisesse voltar, eu amava Nova York. Tive uma

vida inteira lá. Mas também tinha uma vida aqui. Como eu deveria escolher?
Minha mente correu em círculos. Às vezes eu pensava em dizer a Izzy que não

estava aqui para ficar e pedir a ela que voltasse comigo. Mas isso iria desenraizar

ela e Liam completamente.

Às vezes eu pensava em ficar em LA. Mas e tudo o que construí em Nova

York? E quanto aos meus escritórios e funcionários e tudo mais? Eu poderia

arranjar alguém para administrar o escritório do jeito que fiz aqui, mas era mais

difícil deixar algo para trás em que coloquei tanto esforço.

Austin tinha administrado os escritórios aqui desde o início. Eu não tinha

participado disso, exceto para cuidar das coisas por telefone sempre que precisava

entrar em ação. Não era a mesma coisa que construir o lugar inteiro do zero.

Mas eu estava sendo um idiota, não estava? Estava me apaixonando por Izzy.

E ela era a mãe do meu filho. Adorava passar um tempo com os dois. Eu realmente

seria um idiota e desistiria de tudo isso?

— Eu vou descobrir o que fazer. — Finalmente disse a Austin. — Mas

primeiro, vou cuidar de Izzy, dar a ela algo especial para que saiba o quanto

significa para mim.

Austin sorriu e balançou as sobrancelhas.

Eu ri.

— Sim, nós fodemos o tempo todo. Isso não é mais especial do que o normal.
Austin balançou a cabeça e bebeu o resto de sua cerveja antes de levantar a

mão e acenar por outra.

Eu mantive meu plano. No fim de semana seguinte, chegaria na casa de Izzy

com uma surpresa.

***

— Eu arranjei para você e sua mãe terem um dia no spa. — Anunciei.

— O que? — Izzy perguntou, parecendo surpresa.

— Vocês não tiveram folga e não tiveram tempo para ficarem juntas

ultimamente. Então, acho que você deve relaxar e fazer uma massagem de corpo

inteiro.

Izzy riu.

— Você não pode fazer isso!

— Eu posso e acabei de fazer. — Disse com uma risada. — Manicure,

pedicure, tratamentos faciais, massagens, saunas e banhos, está tudo incluído,

mais o almoço. Pode fazer o que quiser, até mesmo sentar e conversar nos jardins

tranquilos, se for o que quiser.


Izzy balançou a cabeça.

— Isso soa incrível. Mas... e quanto ao Liam?

— Eu vou cuidar dele, se estiver tudo bem para você. Isso nos dará uma

chance de criar um vínculo.

Liam apareceu em volta das pernas de Izzy no momento em que eu disse isso.

— Mesmo? — Ele perguntou. — Posso ir com o Carter?

Ele ainda me chamava de Carter, não de papai. Nós trabalharíamos nisso,

tínhamos tempo.

— Você pode assumir isso? — Ela me perguntou em dúvida.

— Claro. — Prometi. — Ele estará em boas mãos, Izzy.

Ela pensou por um momento. Já tinha me visto com ele, da forma que eu

sempre fui cuidadoso e atencioso com o nosso filho. Eu sabia que o mundo podia

ser perigoso e nunca o perdi de vista.

— Você gostaria disso, Liam? — Izzy perguntou.

— SIM! — Ele gritou. — Vai ser muito legal!

Eu ri. Izzy sorriu e acenou com a cabeça, radiante de entusiasmo.


— Está bem então. Você pode passar o dia com Carter enquanto vovó e eu

temos um dia de meninas.

Liam aplaudiu e correu para seu quarto para empacotar coisas para levar

junto com ele.

— Obrigada. — Izzy disse para mim. — Isso significa mais do que imagina.

— Claro. — Eu disse e a beijei. — Quero que você possa se divertir e estar com

as pessoas que ama.

— Para onde vai levá-lo? — Perguntou.

Eu abaixei minha voz.

— Estava pensando no parque temático que ele notou em Santa Mônica. Ele

disse que adora a roda-gigante.

Ela sorriu.

— Ele vai adorar isso. Mas você tem certeza de que pode lidar com ele o dia

todo? Ele é bastante difícil.

— Sem problemas. — Respondi. — Não precisa se preocupar.

— OK. Apenas cuide bem do meu bebê, ok?

— Claro que eu vou. Ele estará de volta aqui a salvo com você em algumas

horas.
— E você se lembra de como funciona a cadeirinha do carro? — Ela

perguntou.

— Absolutamente. — Assegurei a ela. Eu comprei uma nova cadeirinha para

manter no meu Audi nas vezes que ele andasse comigo.

Ela acenou com a cabeça.

— Ok, eu sei que vai cuidar dele. E ele vai se divertir muito com você. Lembre-

se que ele se cansa e pode se aborrecer.

Eu ri.

— Ninguém poderia chamá-lo de chato, querida.

Observei enquanto ela pegava suas coisas. Então deu um beijo de despedida

em Liam, outro em mim e saiu alguns minutos depois. Logo éramos apenas Liam

e eu.

— O que estamos indo fazer? — Ele perguntou, saindo de seu quarto com

uma mochila nas costas e olhos brilhantes.

— Qualquer coisa que quiser fazer. — Eu disse. — Por onde devemos

começar?

— Devíamos ir comprar brinquedos! — Liam gritou.

Eu ri.
— OK. Um brinquedo. E então podemos ir ao parque temático e passear um

pouco. O que você acha?

Liam concordou feliz e saímos juntos para o carro.

Foi ótimo sair com ele, dois caras na cidade. Estava um pouco nervoso por

passarmos um tempo sozinhos. Izzy estava por perto todas as vezes que estivemos

juntos para preencher os silêncios, para cuidar dele e para mediar nosso

relacionamento. Eu pensei que seria difícil encontrar algo para conversar com

Liam, eu mal o conhecia e não sabia muito sobre crianças e seus interesses.

Mas Liam cuidou do meu dilema. Ele falava sem parar. E sobre tudo e mais

alguma coisa. Ele me contou sobre as Tartarugas Ninjas, que ele acabara de

descobrir. Falou sobre Carros, que tínhamos assistido na outra noite, e então me

contou que não gostava mais daquilo porque agora era um menino crescido.

Embora eu soubesse que ele não dormia a menos que seu edredom

de Carros estivesse em sua cama.

Ele fazia perguntas sobre tudo o que víamos e a maneira como via o mundo

não era apenas divertida, mas também contagiante. Ter filhos não significava

cuidar de outra pessoa, mas sim olhar para o mundo com novos olhos. Nunca

pensei no que significaria ser pai, além de ser um provedor.

Mas com Liam, estava começando a ver o mundo de uma forma diferente. Ele

fez perguntas sobre tudo ao nosso redor, queria saber por que o céu estava azul,

como os pássaros podiam voar e por que os aviões não precisavam bater as asas.
Queria saber como os hambúrgueres eram feitos quando os comíamos, saber como

suas batatas fritas cresciam e perguntou se realmente havia tomates no ketchup

porque as cores não eram as mesmas. Assim como sua mãe artista, ele notou

pequenas diferenças nos dois tons de vermelho.

Ele falava e fazia perguntas e o tempo voava mais rápido do que eu pensava.

Depois da loja de brinquedos, do parque temático e do almoço, eu já estava

ficando sem ideias sobre o que fazer com ele. Estivemos por toda a cidade e não

poupei despesas, mas ele estava começando a ficar quieto e parecia cansado.

Me perguntei se seria uma boa ideia levá-lo para casa para um cochilo. Mas

então tive outra ideia.

— Ei. — Eu disse. — Que tal visitarmos o meu pai?

— Ele é legal? — Liam perguntou.

— Ele é.

— Ok. — Respondeu, então pensou por um momento antes de acrescentar. —

Se você é meu pai, isso o torna meu avô?

Eu concordei.

— Com certeza.
Liam acenou com a cabeça, satisfeito com a resposta e dirigimos para a casa

do meu pai.

Eu estava repentinamente animado e não tinha certeza do porquê, meu pai e

eu não nos dávamos bem há muito tempo. Mas este era Liam, meu filho. E eu

estava animado para apresentá-lo a ele.

Quando chegamos lá, a casa era um pouco fora da cidade, meu pai parecia

cauteloso. Ele apertou minha mão enquanto me perguntava como eu estava,

educadamente mantendo distância. Mas quando Liam saltou do carro e deu a

volta, ele encarou aqueles grandes olhos castanhos que pareciam com os de Izzy,

e então meu pai derreteu.

— E quem é este jovem? — Ele perguntou, ajoelhando-se na frente de Liam.

— Eu sou o Liam. — Respondeu exatamente como quando nos conhecemos.

— Sim? Prazer em conhecê-lo, Liam. Eu sou...

— Você é meu avô. — Liam disse com orgulho.

Meu pai olhou para mim e fiquei tenso por um momento. Como ele

responderia à afirmação de Liam? Ele sempre foi tão correto, tão sério sobre fazer

a coisa certa e tratar as pessoas da maneira certa, sobre respeito, obrigações e tudo

mais.

Mas seu rosto se abriu em um sorriso largo.


— Tem razão. Eu sou. Devíamos ter leite e biscoitos. Você gosta de biscoitos?

— Quem não gosta? — Liam perguntou.

— Liam. — Eu disse severamente.

Ele olhou para mim antes de olhar para o meu pai.

— Eu gosto de biscoitos. Por favor, posso comer um pouco?

Meu pai riu e acenou com a cabeça e entramos todos juntos.

Entrar na casa da minha infância trouxe uma onda de nostalgia que quase me

derrubou. Já fazia quase uma década desde a última vez que estive aqui. Evitei

visitar meu pai aqui para não ter que pensar em minha mãe. A dor sempre foi

muito grande. Mas agora, estar de volta, não doeu do jeito que eu pensei que faria.

Parecia que voltar para casa era como deveria ser.

Caminhamos até a cozinha e meu pai fez café na máquina individual. Ele

mostrou a Liam como funcionava, deixando-o ajudar a colocar as cápsulas, e

depois de fazer nossas xícaras de café, Liam pegou uma xícara de chocolate quente

com seus biscoitos em vez de um copo de leite.

Eu assisti meu pai com Liam. Era doce ver como ele estava agindo perto dele.

Ele era gentil, paciente e claramente gostava de estar com o menino. Poderia ser

um bom avô.
Senti uma pontada no peito quando me lembrei da família que um dia fomos.

Meu pai era assim comigo antes de minha mãe morrer e sentia falta disso. Talvez

papai e eu fôssemos capazes de nos relacionar novamente. Talvez pudéssemos

consertar o rompimento que aconteceu entre nós.

Tudo a seu tempo, no entanto. Eu não esperaria por nada mais do que o que

estávamos recebendo hoje.

Carregamos nossas xícaras e pratos de biscoitos para o pátio, onde nos

sentamos ao sol, conversando e rindo. Abandonei o tempo, parei de pensar no

trabalho e só aproveitei, curtindo os momentos maravilhosos que estava tendo

com meu pai e filho.

Quando estávamos nos preparando para partir, o sol já havia se posto.

Tínhamos ficado para o jantar, em vez de apenas sair depois do lanche. No carro,

a caminho do condomínio, Liam bocejou pelo menos três vezes. Sua cabeça

começou a balançar enquanto ele estava cochilando, mas eu o mantive acordado

com perguntas, fazendo-o falar comigo, até que estivéssemos em casa. A última

coisa que queria fazer era arruinar sua hora de dormir na primeira vez que sai com

ele. Queria que Izzy visse que eu era um bom pai, que podia fazer isso.

Quando paramos na frente do complexo, a porta de Izzy se abriu e ela desceu

os degraus. Seu rosto estava cheio de preocupação e seus olhos estavam cheios de

medo.
— Mamãe! — Liam gritou e correu para ela. Ela se agarrou a ele, abraçando-

o com força.

— Você se divertiu, querido? — Perguntou depois que olhou para mim.

Minha mandíbula se apertou. O que diabos deu nela?

— Foi ótimo! — Liam gritou e conversou feliz com ela, contando-lhe tudo

enquanto todos nós entrávamos na casa. Ela lhe deu banho e o preparou para

dormir enquanto eu preparava uma chaleira de chá na cozinha. O que quer que a

estivesse incomodando poderia ser resolvido, eu tinha certeza.

Ouvi a harmonia de suas vozes enquanto conversavam no quarto e

finalmente, Izzy apareceu na sala de estar depois de colocar Liam na cama.

— Fiz chá para você. — Eu disse. — Achei que o café poderia nos manter

acordados esta noite.

— Obrigada. — Ela disse firmemente, mas não se moveu para pegar sua

xícara de onde eu a coloquei na mesa de café.

— Você quer me dizer o que está te incomodando? — Perguntei.

Ela olhou para mim.

— Quer me dizer por que não ouvi falar de você o dia todo?

Eu fiz uma careta.


— O que quer dizer?

— Quer dizer, não ouvi falar de você o dia todo.

Eu pisquei para ela.

— Sim, eu queria deixar você e sua mãe sozinhas para que pudessem se

divertir.

— E não me informou uma vez sobre Liam? — Ela perguntou. — Tentei ligar

para você cinquenta vezes! Eu estava prestes a entrar em contato com a polícia,

Carter. Achei que talvez tivesse acontecido um acidente ou... — Sua voz falhou e

ela sufocou um soluço. — Eu não sabia o que pensar.

Eu fiz uma careta e tirei meu telefone do bolso. Estava em silêncio.

Droga. Boa jogada, Jacobs.

Não tinha ouvido as ligações e mensagens de texto. E tinha muitas de Izzy.

— Sinto muito. — Eu disse a ela. — Isso foi estúpido da minha parte. Mas

Liam está bem. Estávamos nos divertindo muito. Você pode ver como ele está feliz.

Izzy balançou a cabeça e afundou no sofá. Então ela começou a chorar.


Que diabos ele estava pensando, tirando meu filho de mim e não ligando uma

única vez? Eu confiei nele com todo o meu mundo, deixando-o ir embora com a

única coisa que significava tudo para mim.

E não tive notícias dele o dia todo. No começo, estava um pouco preocupada.

Não foi como eu conheci Carter, ele sempre atendia ao telefone. Inferno, todo o

seu negócio dependia disso. Quando minhas ligações continuaram indo para o

correio de voz, minha mente saltou de preocupação de que algo tivesse acontecido

com eles, para medo de que Carter tivesse tirado meu filho de mim e ido embora

para sempre.

Sabia que era ridículo da minha parte pensar isso, mas já tinha acontecido com

outras pessoas, quantas histórias haviam sobre o pai roubando os filhos e a mãe

não tendo ideia de onde eles estavam? Foi a primeira vez que Carter teve Liam

para ele e eu não estava lá.

Quando comecei a chorar, me senti uma idiota por chorar. Mas o dia todo foi

terrível. Eu me diverti muito com minha mãe no início. Mas logo fiquei tão

preocupada que não tinha sido capaz de aproveitá-lo e deixei o spa em um frenesi.
Cobri meu rosto com as mãos.

— Ei. — Carter disse gentilmente e se sentou ao meu lado. Ele colocou uma

das mãos na minha perna. — O que está errado?

Eu olhei para ele com os olhos cheios de lágrimas.

— Você realmente não sabe a resposta para essa pergunta? — Perguntei.

Carter pareceu chocado com minha reação por um momento.

— O que?

— Você entra aqui como se eu não tivesse ligado freneticamente para o seu

telefone nas últimas seis horas, pelo menos, e não acha que há algo de errado com

isso?

— Eu perdi as ligações, Iz. Eu sinto muito.

— Isto não é suficiente! — Gritei. — Eu não confio em ninguém para tirar

Liam de mim. Apenas minha mãe, minhas duas amigas mais próximas ou a pré-

escola o têm quando ele não está à minha vista. Não foi fácil para mim deixá-lo ir

com você. Mas eu disse a mim mesma que tudo ficaria bem. Devo te deixar passar

um tempo com ele, certo? Porque você tem direito a ele. Mas não pode fazer isso

comigo, Carter. Não pode tornar minha vida um inferno assim.

Carter balançou a cabeça, parecendo confuso e irritado.


— Eu te dei um dia para apenas relaxar e se divertir com sua mãe e agora de

repente eu sou o cara mau. Sim, está certa, eu não deixei você saber onde

estávamos e o que estávamos fazendo, mas ele estava comigo, Izzy. Eu sou o pai

dele.

— Eu sei disso. — Izzy rebateu. — Mas isso ainda não te dá o direito de não

me dizer. Eu sou a mãe dele. Tem sido eu, todo esse tempo. Só eu, mais ninguém.

— Olha. — Carter disse, me interrompendo. Ele se mexeu um pouco no sofá,

se afastando de mim. Ele estava com raiva agora. — Eu sei que você é a mãe dele

e fez tudo sozinha. Eu disse que fiquei impressionado com o quão bem você

administrou. Mas não pode usar isso contra mim quando está chateada com

alguma coisa.

— Não estou tentando usar isso contra você.

— Então por que trouxe isso à tona? Eu sei que não estava lá, mas não foi

minha culpa. E estou aqui agora.

Balancei minha cabeça.

— Trouxe isso porque até agora, era só eu. Fui a única a cuidar dele, a única

responsável. Era meu trabalho mantê-lo seguro e fiz isso. Preciso saber onde ele

está o tempo todo.

Carter suspirou e balançou a cabeça.


— Olha, eu entendo. Você sempre é quem está cuidando de tudo. Mas não

precisa mais ser assim. Não está sozinha nisso agora. Perdi algumas ligações e

sinto muito por isso, mas ele estava bem. Estávamos nos divertindo. Não é um

grande negócio.

Minha garganta se apertou.

Eu estava pronta para aceitar o que ele estava dizendo até o ponto em que ele

disse que não era grande coisa. Isso me fez fumegar.

Ele estava minimizando meus medos, me dizendo que não importavam.

— Você não entendeu, Carter. — Disse, me levantando e dando alguns passos

antes de me virar para encará-lo. — Ele é um grande negócio. Esse é o meu filho

aí. Eu preciso saber que ele está seguro. É seu trabalho me deixar saber que ele está

seguro quando estiver sob seus cuidados.

— É meu trabalho mantê-lo seguro também. — Disse Carter. — Você não é a

única. Eu cometi um erro, ok? Deus, deixe para lá.

Vi vermelho por um momento. Apenas deixe ir?

Estava tentando falar com ele, dizer a ele como era para mim. Estava tentando

mostrar o meu lado. E ele estava me dizendo para deixar para lá.

Bem, eu não ia simplesmente deixar pra lá.


Balancei a cabeça e pressionei meus dedos contra minha testa. Eu coloquei

minha outra mão no meu quadril. Minha mente estava disparada, meu coração

batia na garganta e eu não conseguia pensar direito.

Carter tirou meu filho de mim. Não tinha sido por muito tempo, mas tinha

me assustado pra caralho. Eu temia que algo tivesse acontecido com eles.

Eu não poderia enfrentar esse tipo de medo nunca mais.

E eu não poderia fazer isso.

— Não acho que isso vai funcionar. — Eu disse.

Carter franziu a testa para mim.

— O que você está dizendo?

— Nós demos uma chance, tentamos descobrir. Mas não está funcionando.

Acho que não devemos mais fazer isso.

— Izzy... — Sua voz soava tão insegura quanto ele parecia. — Você está

terminando comigo?

Comecei a dizer que sim, mas ele deixou bem claro que não era meu

namorado. Estávamos passando um tempo juntos e dormindo juntos, mas isso não

significava nada a longo prazo. E eu tinha certeza que ele não queria que fosse a

longo prazo.
— Eu gostaria. — Disse. — Mas não estamos oficialmente juntos, estamos?

— Do que está falando? — Carter perguntou, parecendo alarmado.

— Quero dizer, você nunca me pediu para ser sua namorada. Não diz às

pessoas que estamos juntos. Essa coisa entre nós tem sido ótima, mas não somos

exclusivos, você nunca me disse que queria mais comigo do que... isso.

Carter estava oscilando entre confuso e zangado.

— O que diabos acha que eu tenho feito aqui todo esse tempo se o que estamos

fazendo não significa nada para mim?

— Eu nunca disse que não significava nada. — Falei. Levantei meu queixo um

pouco mais alto, determinada a manter minhas armas, para não deixar Carter me

atrapalhar, não importa o quão difícil isso fosse. — Mas seja o que for que haja

entre nós, eu não quero mais.

Por dentro, fiquei chocada com minhas próprias palavras. Eu estava

mentindo para nós dois e me odiava por isso. Mas eu tinha que acabar com isso

para proteger Liam e a mim mesma.

Eu queria Carter. Queria tudo isso. Mas eu não poderia compartilhar Liam.

Não assim, não de uma forma que me excluía completamente da equação. Não era

para ser assim. Eu precisava cuidar de nós. Esse foi o meu trabalho desde o início,

cuidar de Liam, mantê-lo seguro, pagar as contas, manter nossas cabeças acima da

água. Nem sempre parecia o mesmo. Às vezes, eu cuidava de nós financeiramente,


fazendo malabarismos com empregos e fazendo a coisa certa para que Liam

tivesse a vida que merecia. Ou tão perto disso quanto eu poderia chegar.

E às vezes, era emocional. Às vezes, cuidar de nós significava cuidar de mim,

para que eu pudesse fazer todas as outras coisas. Havia uma razão pela qual eu

realmente não tinha procurado outro homem para preencher a lacuna que Carter

deixou para trás. Havia uma razão pela qual eu não coloquei meu coração em risco

novamente. Foi para que eu pudesse fazer o certo por Liam. Eu não tive tempo

para namorar e não queria.

Agora que estive com Carter de novo, experimentei algo delicioso. Mas ainda

precisava priorizar meu filho.

E o que aconteceu hoje foi um lembrete duro de que as coisas não eram tão

fáceis quanto eu esperava.

E estava tudo bem. Eu tive que fazer a coisa certa.

Carter se levantou e veio até mim.

— Não faça isso, Izzy. Vamos resolver isso.

— Como quer resolver isso? Isso é muito importante para mim e não para

você. Não posso mudar sua opinião sobre isso, mas posso decidir por mim mesma.

Ele gemeu.

— Foram algumas horas, Isabelle. Não é nada!


Suspirei.

— É exatamente isso, Carter. Você pode pensar que não é nada, mas para uma

mãe que pensa que seu filho está desaparecido, é uma eternidade. E o fato de não

achar que esse tipo de agonia é um grande problema é exatamente porque isso não

pode funcionar.

Carter estava com raiva agora, a confusão desapareceu completamente.

— Eu não posso acreditar que está fazendo isso. — Retrucou. — Uma pequena

coisa dá errado e você está disposta a jogar tudo pela janela.

— Não é apenas uma coisa. — Disse humildemente.

— Você está cometendo um erro, Izzy. — Disse Carter. — Está abandonando

a melhor coisa que já aconteceu conosco.

Eu não respondi. Por dentro, eu estava quebrando. Sabia que ele estava certo,

que isso era ótimo e que estava correndo ao primeiro sinal de problema. Mas

estava com medo de que algo desse errado, que algo iria quebrar a ilusão desta

nova vida, essa fantasia que eu estava perseguindo. Estava esperando o castelo de

cartas desmoronar a qualquer momento.

E aqui estava. O momento em que percebi que o final feliz que pensei ter

encontrado foi apenas uma ilusão. Em breve, eu teria que voltar para a rotina, para

acertar a vida apenas para nós dois.


Isso sempre foi para ser no longo prazo? Eu não fazia ideia. Tudo o que eu

sabia era que depois de tudo que passei, depois de tudo que fiz e tudo que

sacrifiquei para chegar aqui, não tinha o que era preciso para embarcar em uma

montanha-russa emocional também.

E isso foi exatamente o que aconteceu hoje.

— Sinto muito. — Disse a Carter. Minha voz estava vazia de emoção, apesar

do furacão que se alastrou em meu peito. Meu tom era uniforme, meu rosto

cuidadosamente inexpressivo.

— Você não parece muito triste. — Disse Carter, seu rosto se fechando

também.

Eu odiava que ele estivesse se afastando de mim, mas era o que eu estava

fazendo. Estava o afastando. Era mais seguro assim.

— Acho que essa é a minha deixa, hein? — Carter disse. — Depois de tudo, é

assim que acaba.

Eu não respondi a ele. O que deveria dizer?

Queria pedir a ele para ficar. Voltar atrás, dizer que estava errada. Que não

suportaria vê-lo sair por aquela porta. Uma voz dentro de mim estava gritando,

me implorando para parar este desastre de trem.

Mas eu sabia que se ele não fosse embora agora, ele iria embora mais tarde.

Se eu o empurrasse agora, isso me pouparia mais dor no futuro.


— Estou saindo da sua casa. — Disse Carter, virando-se na porta. — Mas não

sou eu que estou abandonando esse relacionamento. Não sou eu que estou

fugindo. Você está fazendo isso. Então, de novo... foi assim que tudo começou, não

foi? Acho que devo ter sorte de você não ter ido embora desta vez enquanto eu

estava dormindo.

Ele abriu a porta e fechou-a atrás de si, deixando suas palavras pairando no

ar. Meu peito doeu, minha garganta fechou e eu lutei para respirar. Suas palavras

me atingiram como socos e afundei no sofá, novas lágrimas rolando pelo meu

rosto.

A parte sobre eu deixá-lo pela primeira vez doeu. Não estávamos juntos

naquela época. Foi um erro, mas como eu poderia saber como as coisas iriam

acabar? Ele estava com raiva agora, tentando se vingar de mim.

E eu acho que merecia. Seu coração estava partido, assim como o meu.

Cobri meu rosto com as mãos e chorei. Deixei sair toda a dor e o medo. O dia

foi preenchido com pânico que rapidamente se transformou em sofrimento.

Estava com uma dor pior do que qualquer coisa que já senti antes.

Fiquei sentada ali por muito tempo, olhando para a parede. Finalmente,

respirei fundo e engoli minhas lágrimas. Eu não me permitiria mais tempo para

desmoronar. Eu tinha um filho para cuidar, uma carreira que de alguma forma,

precisava seguir e uma vida que precisava parar de se desfazer pelas costuras.
Comecei a apagar as luzes enquanto caminhava para o quarto, pronta para ir para

a cama.

Este condomínio não nos pertence, pensei enquanto caminhava. O estúdio

não me pertence. Nada que eu tinha agora pertencia a mim, pertencia a Carter. Eu

iria perdê-lo em breve.

Eu teria que começar a procurar um novo lugar para ficar e encontrar um

novo emprego para que fosse possível ir embora antes que Carter pudesse me

despedir.

A realidade doeu. Ter que pensar assim doía. Mas tinha que ser realista. Não

havia razão para Carter me deixar ficar com tudo depois que o chutei daquele jeito.

Eu não esperava mais nada dele.

Quando deitei no escuro, tentei imaginar um plano de ação. Em vez disso,

minha mente continuava voltando para a maneira como ele olhou para mim, o

choque, a dor e então a resignação silenciosa quando percebeu que eu estava

falando sério.

Por um momento, o medo apertou minha garganta. E se eu tivesse cometido

um erro?

Mas não, eu fiz o que era necessário. E isso não importava agora de qualquer

maneira. O que foi feito, foi feito. A última coisa que eu faria era rastejar até ele

com o rabo entre as pernas. Nunca foi meu estilo.


Eu tinha causado isso. Tinha pedido por isso. E agora eu faria o meu melhor

para fazer funcionar. Não foi a primeira vez que estive sozinha, precisando

resolver isso. Já tinha feito isso antes, poderia fazer de novo.

As poucas semanas entre elas foram um pequeno feriado agradável, uma

fantasia, uma pausa. Seria uma queda dura de volta à realidade, mas eu iria

descobrir.

Eu poderia fazer isso.

Simplesmente não havia outra maneira.


Que porra eu ainda estava fazendo aqui em LA?

Isabelle não queria nada comigo, então eu poderia muito bem arrumar

minhas malas e voltar para Nova York. O plano original nunca foi que minha

estadia fosse permanente, de qualquer maneira. Eu estive em LA por muito mais

tempo do que esperava.

Se ela pudesse simplesmente se levantar e sair, eu também poderia.

Mas droga, eu não queria deixar as coisas do jeito que estavam. Não queria ir

sem dizer adeus e eu com certeza não tinha mais gosto pela minha vida antes de

Isabelle. Não depois de sentir como poderia ser. Não depois de sentir o gosto da

verdadeira felicidade.

O que diabos eu deveria fazer?

Quando entrei no escritório de Austin na segunda-feira de manhã, estava com

um péssimo humor. Tinha acabado de ser dispensado e, embora não tivesse feito

nada que realmente achasse errado, me senti como o idiota nesta história. E isso

me deixou ainda mais irritado.


— O que aconteceu com você? — Austin perguntou quando sentei em uma

das poltronas de couro que ele tinha de frente para sua mesa. — Está uma merda.

— Obrigado. — Disse sarcasticamente. — Vou voltar para Nova York.

Austin piscou para mim.

— Essa é uma decisão repentina.

— Desde quando? — Perguntei. — Eu não deveria estar aqui tanto tempo de

qualquer maneira. Estou muito atrasado.

— Sim... e quanto a Isabelle?

Eu bufei.

— Então e ela?

— Oh. — Austin disse. Entendimento. Pelo menos, ele pensou que entendia.

Mas eu nem sabia exatamente o que tinha acontecido, então como diabos ele

poderia entender completamente o que estava acontecendo?

— É isso mesmo que você quer fazer? — Perguntou cuidadosamente.

— Por que diabos não seria? — Eu agarrei. — Dirigi os escritórios de Nova

York por anos sem você questionar meus motivos.

— Isso é verdade. — Austin disse. — Mas isso foi antes de você conhecer

alguém sério. E a criança?


Eu revirei meus olhos.

— Vou mandar dinheiro para ele, não sou caloteiro.

— Isso soa como uma coisa muito ruim de se fazer. — Austin apontou.

— Eu perguntei a porra da sua opinião? — Zombei.

Austin ergueu as mãos, as palmas voltadas para mim.

— Ei, só estou dizendo. Não há necessidade de descontar seu mau humor em

mim.

Este era o motivo pelo qual Austin e eu ainda éramos amigos. Ele me aceitava

exatamente como eu era. Ele não adoçava nada e era uma das poucas pessoas que

não tinha medo de mim quando eu estava com um humor de merda como aquele.

Ele sempre foi um ótimo amigo.

— Bem, não é um monte de trabalho para cuidar. — Disse Austin. — Com o

lançamento e a nova expansão de nossos produtos, manter o escritório de Nova

York funcionando sem problemas é crucial.

Concordei. Era isso que eu queria ouvir. Eu gostava que meu negócio

estivesse indo bem. Essa foi a única parte de toda essa história que fazia sentido

para mim. Era a única coisa em que eu era bom. Sabia o que esperar, eu poderia

dobrar as coisas para seguir do meu jeito e ganhar muito dinheiro.

O negócio era simples.


— Vou espalhar a notícia de que você está indo, então. — Austin disse.

Ele me observou, tentando avaliar minha reação à sua declaração. Eu não teria

uma. Estava resolvido, então. Eu estava indo embora. Talvez, quando eu estivesse

de volta a Nova York, seria capaz de esquecer tudo o que aconteceu com Izzy e

Liam. Eu poderia esquecer a vida que comecei a criar aqui sem perceber que estava

criando raízes.

Eu teria que dizer a mim mesmo que Liam estava melhor sem mim. Que eu

teria sido um péssimo pai, assim como meu próprio pai. Estava fazendo um favor

ao garoto ao ficar longe. Claro, partia meu coração deixá-lo para trás, mas eu teria

que viver com essa dor.

Eu voltaria a ser o filho da puta de coração frio que era em Nova York,

dormindo com quem eu quisesse e vivendo minha vida sem me apegar. Porque

ficar apegado apenas estragou tudo.

A maneira como me sentia agora, e o que tinha acontecido com Izzy, era

apenas uma prova disso. Caramba! Eu estava tão chateado por ter deixado ir tão

longe. Que eu me deixei apaixonar por ela.

Não importava o quão certo parecesse, quão perfeito, essa dor era ridícula.

Era exatamente a dor que eu estava tentando evitar.

Depois que perdi minha mãe, aprendi como é a dor real e a perda. Então eu

perdi Isabelle cinco anos atrás. A primeira mulher por quem eu realmente senti

que poderia me apaixonar.


Nunca mais, eu disse a mim mesmo. Não estava pronto para mais esse tipo

de sofrimento.

E olhe o que eu fiz comigo mesmo de novo.

Saí do escritório de Austin. Não fui ao escritório de Izzy para falar com ela.

Eu não precisava que ela me dissesse novamente que não queria me ver. Não

precisava que esfregasse sal em minhas feridas. Eu já sentia pena de mim e mesmo

sabendo que era patético, eu não iria por aí.

Eu nem sabia se ela iria ao escritório hoje. Talvez sim, talvez não. O que seja,

não me importava. Fui para o meu escritório e sentei-me atrás da mesa, decidido

a finalizar todos os detalhes antes de partir para Nova York novamente.

Era melhor assim.

Consegui me perder no trabalho. Foi um alívio simplesmente esquecer por

um tempo. Eu empurrei Izzy e Liam para longe, para o fundo da minha mente, e

me concentrei em ter certeza de que minha empresa estava indo bem. A sede de

LA funcionava bem com Austin no comando e assim que eu voltasse para Nova

York, o mesmo aconteceria com aquela filial.

E eu ficaria feliz novamente.

Embora, sem analisar muito, eu soubesse que era um monte de merda. Porque

eu não seria feliz lá, seria?

Eu não estaria na vida de Liam.


Austin estava certo, fugir da cidade agora só porque eu estava chateado e

dizer que mandaria dinheiro para o garoto era realmente uma atitude horrível.

Só porque Izzy e eu não concordávamos e não íamos ter um relacionamento,

Deus, doía admitir isso, não significava que eu não pudesse ter um relacionamento

com meu filho. Ele não merecia que eu pulasse sobre ele também. Ele merecia que

eu estivesse por perto. Eu tinha pressionado Izzy para dizer a ele quem eu era,

então tinha que intensificar agora e ser um homem.

Caso contrário, o que aconteceu entre mim e meu pai aconteceria entre mim e

Liam, e isso não estava certo. Um menino precisava ter seu pai por perto. Meu pai

não tinha saído da cidade, fui eu quem fiz isso eventualmente, mas ele se tornou

tão emocionalmente distante que poderia muito bem ter ido embora.

Eu não seria assim.

O dia que passei com Liam foi incrível. Senti que estávamos mais perto, como

se o tivesse conhecido melhor. E agora, nossas conversas não eram nada além de

quem era a melhor Tartaruga Ninja e especulando sobre como o céu realmente

apenas refletia o oceano. Mas um dia, haveria mais sobre o que conversar. E queria

que a linha entre nós fosse aberta e clara para que eu pudesse ter um

relacionamento real com ele um dia. Para que ele pudesse ter o que eu nunca tive

com meu pai.

Para que pudéssemos estar perto.

Como eu faria isso se morasse em Nova York? A resposta: não faria.


As preocupações com Liam me trouxeram a Izzy novamente. Porque ver meu

filho significaria que eu teria que vê-la também. Talvez não por longos períodos

de tempo, mas o suficiente para que eu soubesse que ela não era mais minha. E

isso ia doer como o inferno.

Eu queria isso, conversas estranhas e tensas sobre a última vez que ele comeu

e quando foi para a cama na noite anterior, com correntes ocultas e tantas coisas

não ditas, apenas para se virar e ir embora de novo? Eu não queria ter nada em

comum com ela além do filho que tivemos juntos?

A resposta para isso era tão simples. Eu não queria isso. Tudo que eu queria

era que nós três voltássemos a ser uma família.

Izzy estava certa quando ela me disse que não éramos exclusivos. Eu não tinha

pedido a ela para ser oficialmente minha namorada. Acho que uma parte de mim

estava apavorada com o que significaria estar em um relacionamento sério. Uma

parte de mim estava com medo de colocar isso em palavras, porque então eu teria

me assustado e fugido.

Mas uma parte de mim também tinha imaginado que não importava se eu

não colocasse em palavras, porque fazia sentido. Eu pensei que ter um filho juntos

e passar quase todos os momentos fora do escritório juntos mostraria que fomos

feitos um para o outro e que éramos comprometidos.

Isso foi por minha conta. Eu deveria ter feito algo sobre isso.
E então houve aquele encontro terrível com Madeline no posto de gasolina.

Eu deveria ter apresentado Izzy a ela como minha namorada. Mas entrei em

pânico quando topei com Madeline. Ela era alguém com quem eu tinha saído

brevemente anos atrás, antes de conhecer Izzy. E não tinha mais nenhum interesse

nela.

Inferno, quando eu coloquei os olhos em Isabelle em meu escritório naquele

dia, semanas atrás, qualquer outra mulher poderia muito bem ter sumido da face

da Terra.

Mas, ainda assim, eu estava nervoso de que iria lidar com isso da maneira

errada e que Izzy suspeitasse quando visse Madeline falando comigo. Eu estraguei

tudo. Sabia que isso havia plantado sementes de dúvida na mente dela.

Quanto mais eu pensava sobre isso, mais percebia que idiota eu tinha sido o

tempo todo. Eu não deveria ter descartado sua raiva por perder suas ligações

naquele dia com Liam. Ela estava com medo e eu não estava lá para ela. Em vez

disso, disse que não importava.

Eu ainda não entendia completamente por que ela estava tão chateada, mas

sabia que deveria ter escutado, deveria ter tentado ver o seu lado.

E não deveria tê-la deixado partir ao primeiro sinal de problema. Eu deveria

ter lutado por ela. Sabia que ela estava com medo e tinha todo o direito de estar.

Ela estava fazendo isso sozinha, desistindo de todos os sonhos que tinha para criar

nosso filho quando eu estava no mundo perseguindo meus próprios sonhos sem
me importar. Era ela que sempre recolhia os pedaços sozinha, era fácil imaginar

porque acreditava que precisava fazer isso de novo.

Ela não era a única culpada aqui, eu também. E desta vez, não iria deixá-la

escapar.

Levantei-me da minha mesa, determinado a encontrar Izzy e consertar tudo.

Marchei para o escritório dela e bati na porta. Quando não houve resposta, abri a

porta. O escritório estava imaculado, com tudo em seu lugar. E todos os seus itens

pessoais não estavam mais lá.

Eu fiz uma careta e caminhei para a sala de descanso dos funcionários, onde

encontrei Felicity comendo seu almoço.

— Onde está Izzy? — Perguntei.

Felicity olhou para mim com os olhos arregalados e engoliu a comida que

estava mastigando.

— Você não ouviu? — Ela perguntou.

Eu estreitei meus olhos para ela.

— Ouvi o que?

Felicity olhou ao redor como se esperasse por reforços, mas ela estava sozinha

e eu estava falando sério sobre como obter uma resposta. A encarei até ela engolir

em seco, desta vez engolindo o nervosismo em vez de comida.


— Ela pediu as contas. — Disse em voz baixa.

— O que? — Eu gritei e me virei, saindo da sala de descanso.

Fiz meu caminho para o escritório de Austin, onde ele estava curvado sobre

sua mesa examinando documentos.

— Ela se demitiu? — Eu gritei. — Por que diabos não fui informado disso?

Austin franziu a testa para mim.

— Porque sou responsável pelo RH e não é o seu departamento. — Disse ele.

— E eu pensei que você estivesse indo embora.

— Por que diabos ela se foi?

Austin me lançou um olhar que sugeria que eu deveria saber a resposta a essa

pergunta. Quando não respondi ao seu olhar, ele respirou fundo e soltou o ar

lentamente.

— Eu disse que iria anunciar sua partida. Logo depois que eu fiz, ela veio e

ofereceu sua demissão, com efeito imediato.

Eu pisquei para ele. O que diabos estava acontecendo? Como ela poderia

simplesmente se levantar e sair assim? E quanto a Liam e cuidar dele? Era ridículo

ela estar fazendo algo tão espontâneo. Ela não podia se dar ao luxo de fazer isso.
Mas se Austin mencionou que eu voltaria para Nova York, ela já sabia que

não vim aqui para ficar.

Deus, isso só fazia tudo parecer muito pior.

Eu me virei e saí do escritório.

— Onde você está indo? — Ele perguntou.

Não respondi a ele. A verdade era que eu não tinha certeza de para onde

estava indo. Tudo que eu sabia era que não poderia continuar fazendo isso. Não

poderia continuar jogando esse jogo em que fugia de minhas emoções. Em algum

momento, teria que me virar e enfrentar os fatos.

De certa forma, eu já tinha feito isso com meu pai, passando um tempo com

ele novamente quando não estávamos nos dando bem por anos. Eu poderia fazer

isso com outras áreas da minha vida também. Só tinha que fechar meus olhos e

pular.

Por mais assustador que fosse.

Porque a perda doeu como o inferno, mas desta vez, eu era pelo menos

parcialmente responsável por isso. Quando eu era criança e minha mãe faleceu,

não havia nada que eu pudesse fazer. Mas agora era um homem crescido e podia

fazer algo a respeito dessa situação.

Era hora de dar um passo à frente e ser um homem.


Eu tinha que fazer isso. No momento em que soube que Carter estava saindo,

não pude ficar na empresa nem mais um minuto.

Foi um movimento estúpido em termos de cuidar de Liam. Eu sabia que teria

que encontrar outro emprego e duvidava que fosse encontrar algo tão bom quanto

tinha encontrado na Appetite. Mas Austin disse que me daria uma boa referência

e agora eu tinha um pouco mais de experiência quando se tratava de design e

marketing. Não o suficiente para realmente colocar no meu currículo, mas o

suficiente para tentar convencer alguém de que eu poderia ser um ativo que tinha

uma base que poderia ser construída com a orientação certa.

Eu encontraria algo.

E não poderia ter ficado. Carter estava saindo, o que significava que não o

veria novamente, mas isso não significa que eu não lembraria dele em cada passo

do caminho quando trabalhasse em seus escritórios, em sua empresa,

essencialmente trabalhando para ele, embora Austin se tornaria meu novo chefe

assim que Carter partisse.


Era demais para lidar.

Bernie estava na escola onde ela ensinava e fiquei aliviada ao ver as crianças

do lado de fora no intervalo. O momento não poderia ser melhor. Quando a

encontrei na sala dos professores, ela pareceu surpresa em me ver. Depois que

saímos para o pátio privado, destinado apenas aos professores, nos sentamos em

um banquinho.

— Você quer algo para comer? — Ela perguntou. — Eu tenho um iogurte

extra.

Balancei minha cabeça. Eu não conseguia pensar em comida em um momento

como este.

— O que há de errado, Iz? — Bernie perguntou. — Você parece morta de

medo.

— Eu estou. — Admiti e tirei meu cabelo do rosto com a mão trêmula. — Sinto

que tudo está acontecendo de novo. Que estou em uma vida que não sei como

lidar, assim como quando soube que estava grávida.

— O que você quer dizer? — Bernie perguntou.

Eu soltei minha respiração com um estremecimento e disse a ela o que tinha

acontecido. Que eu disse a Carter para ir embora. E que ele estava

literalmente saindo. Indo para o outro lado do país.


— Eu não entendo. — Disse Bernie depois que contei tudo a ela, parando no

meio da minha história para choramingar e soluçar. — Por que você terminou?

— Porque eu não posso ter algo que irá falhar, Bernie. Eu não posso fazer isso.

Não posso... me machucar de novo.

Ela acenou com a cabeça.

— Entendi. Quer dizer, acho que sim... Ryan realmente ferrou com você e logo

depois disso, Carter aconteceu e você engravidou. Mas... a meu ver, você já está

sofrendo agora.

Bernie estava certa, é claro. Eu estava sofrendo agora. Mais do que eu jamais

pensei que faria e me preocupava com Carter. Nosso relacionamento, ou o que

quer que fosse, estava se movendo em direção a algo. Mas eu estava me

convencendo de que não era sério. Estava dizendo a mim mesma que era pelo bem

de Liam, não por mim. Dizendo a mim mesma que estava bem e não me

apaixonaria por ele. Eu não tinha sequer por um minuto me permitido acreditar

que Carter tinha se infiltrado em meu coração e agora que eu tentei desenterrá-lo,

ele levou uma parte minha com ele.

— Eu não sei como fazer isso. — Eu disse suavemente. — Não sei como

compartilhar a paternidade. Faz tanto tempo que faço isso sozinha, não sei como

desistir de Liam. Mesmo apenas uma parte dele. Fiquei com tanto medo quando

Carter o manteve por mais tempo do que deveria. Achei que ele estava tirando

Liam de mim para sempre.


— Mas ele o trouxe de volta. — Disse Bernie.

Concordei. Carter o trouxe de volta. Eu me apavorei e acabou que estava tudo

bem. Mas estava com tanto medo e raiva e ele rejeitou meus sentimentos.

— Lutei com unhas e dentes para que funcionasse. — Disse a Bernie. — Fiz

tudo o que pude para me certificar de que ele estava bem. E então Carter apareceu

do nada e de repente tudo foi pago e cuidado e era quase como se eu não fosse

mais necessária. Carter não precisa de mim, Bernie.

Bernie balançou a cabeça.

— Não pode ver as coisas dessa maneira. Você também não precisa dele. Está

indo muito bem.

Eu dei a ela um olhar penetrante.

— Ok, talvez não esteja bem. Foi difícil e houve dias de baixa. Mas você

superou. Sobreviveu a isso. Mas só porque não precisa de alguém ao seu lado, não

significa que não seja bom tê-lo. E ele fez o que deveria fazer, cuidou de vocês dois.

Eu queria discutir, mas ela estava certa. Carter não tinha feito nada

terrivelmente errado. Na verdade, ele não me ouviu ou tentou ver o meu lado e

trouxe Liam de volta um pouco tarde. Eu simplesmente não tinha sido capaz de

alcançá-lo.

Mas no grande esquema das coisas, poderia ter sido muito pior.
Eu surtei e agi com medo, quando deveria ter me acalmado e falado com

Carter sobre isso. Deveria ter dito a ele o que eu precisava para uma referência

futura, em vez de dizer que não queria um futuro com ele de jeito nenhum.

Ele só fazia essa coisa de pai há um mês. Eu fui pai por quase cinco anos.

Deus, me senti uma idiota.

— Deveria falar com ele. — Disse Bernie.

— Eu não posso. — Disse. — Ele está indo embora. Voltando para Nova York.

Bernie ficou boquiaberta.

— Você está falando sério?

Dei de ombros.

— Isso é um déjà vu esquisito, se é que eu já vi um. — Disse Bernie. — É este

o Dia da Marmota, onde Bill Murray vive o mesmo dia indefinidamente?

Soltei uma risada que veio do nada. A coisa toda era tão bizarra. Parecia uma

repetição do passado, Bernie estava certa. Mas desta vez, eu tinha o número de

Carter. E certamente, ele manteria contato com Liam.

— Estou com raiva por ele estar indo embora. — Eu disse.

— Por quê?
— Porque não sabia que ele não estaria aqui para sempre. Não sabia que a

coisa toda era temporária, ele nunca me disse que não morava em LA. E nunca

pensei em perguntar porque presumi que ele estava apenas... por perto.

Indefinidamente.

— Então, agora ele está indo? Depois que você terminou com ele? Como ele

ousa. — Ela revirou os olhos.

— Não diga que é minha culpa ele estar indo embora. — Eu disse.

Bernie encolheu os ombros.

— Talvez ele fosse ficar por vocês dois, Izzy. Já pensou sobre isso?

Eu balancei minha cabeça. Talvez ela estivesse certa.

— Eu devo ir. — Disse.

— Eu preciso voltar para a aula também. — Disse Bernie, olhando para o

relógio. — Izzy, eu sei que está sofrendo e sei que isso é assustador. Sei que você

tem uma pele dura e que pode fazer isso sozinha. Mas só porque não precisa de

alguém para cuidar de você, não significa que não deve ter alguém. E só porque

Carter cometeu erros não significa que ele não te ame de volta.

— Ama-me de volta? — Eu perguntei.

Bernie acenou com a cabeça.


— Não é preciso ser um cientista espacial para ver que você está de ponta-

cabeça pelo cara, Izzy.

Eu mordi meu lábio. Mas duvidava que Carter se importasse tanto comigo a

ponto de me amar.

— Lamento muito que tenha acabado assim. — Disse Bernie. — Eu gostaria

de poder melhorar as coisas, você já teve uma jornada tão difícil.

Abracei minha amiga.

— Você está fazendo mais do que imagina apenas por estar ao meu lado.

Obrigada por me ouvir.

— Sempre. — Disse Bernie.

Uma campainha soou e essa foi a minha deixa para sair. O intervalo acabou.

Para onde eu iria agora? Eu não tinha certeza. Precisava encontrar um novo

emprego, então provavelmente iria para casa e começaria a enviar currículos.

Então pegaria Liam na pré-escola. Talvez pudéssemos ir ao parque e tomar

sorvete, só para nos distrair.

Quando cheguei em casa, comecei a pesquisar um emprego online. Estar de

volta aqui, procurando algo nos classificados online, era nauseante. Adorava ter

um emprego estável, adorava não ter que procurar um novo trabalho e depender

de dinheiro freelance. Eu adorava não precisar contar com os outros para me

ajudar, em vez de fazer isso sozinha.


Mas ficar na Appetite teria sido um erro. Eu me perguntei por que eles me

contrataram com tão pouca experiência. Carter me empurrou para uma posição

da qual eu não sabia nada e, embora eu tivesse feito o meu melhor para aprender

e descobrir conforme avançava, não sabia o que estava fazendo. Principalmente

no começo.

Eu sabia agora por que tudo isso aconteceu. Carter puxou algumas cordas, ele

provavelmente me contratou para que pudesse entrar nas minhas calças

novamente. E funcionou.

Mas eu iria encontrar outra coisa. Sou uma sobrevivente, sempre fui. Eu

simplesmente continuaria ligando e, um dia, algo iria aparecer. Só tinha que parar

de pensar em Carter, parar de pensar no meu coração partido e no fato de que

provavelmente foi minha culpa ele ter quebrado em primeiro lugar.

Eu tinha que fazer o que era melhor para Liam.

Quando fui buscá-lo na pré-escola, seus olhos estavam brilhantes e suas

bochechas coradas. Ele tagarelou sobre seus amigos e o que aprenderam nas aulas

durante todo o caminho para casa. Foi bom ouvi-lo tão animado, e sua conversa

me distraiu dos meus próprios pensamentos. Escutei atentamente, engasguei em

todos os lugares certos, fiz perguntas a ele e ri de suas piadas. Ele estava crescendo,

se tornando um pequeno ser maravilhoso e eu amei a jornada, estar lá a cada passo

do caminho.

Isso me fez pensar em Carter, que não estaria lá para a viagem.


Uma pontada atingiu meu peito, mas cuidadosamente ignorei e voltei minha

atenção para Liam.

Quando chegamos ao condomínio e abrimos a porta da frente, Liam correu

para dentro.

— Quando Carter virá? — Ele perguntou.

— Ele não vem hoje. — Eu disse.

O rosto de Liam entristeceu e ele deixou cair sua bolsa no chão.

— Mas eu quero vê-lo.

— Eu sei, mas acho que ele está ocupado. — Eu disse. — Pegue isso e leve

para o seu quarto, por favor.

— Posso ligar para ele? — Liam perguntou.

Meu coração torceu. Isso foi mais difícil do que eu pensei que seria.

— Ele está trabalhando agora, querido. Leve sua bolsa para o seu quarto.

Liam bufou e fez o que eu pedi. Voltou um momento depois, enquanto estava

fazendo um sanduíche para ele no balcão da cozinha, ele se segurou no balcão e

inclinou a cabeça para olhar para mim.

— Quando vou vê-lo? — Perguntou. — Quando vou ver meu pai?


Quando ele disse isso, meu coração apertou e as lágrimas encheram meus

olhos. O que eu ia dizer a ele?

— Teremos que ver quando ele não estiver tão ocupado, querido. —

Finalmente disse. Eu não sabia o que mais poderia dizer. — Ele tem muito trabalho

para cuidar agora.

— Os adultos estão sempre trabalhando. — Liam disse com um suspiro

dramático e eu sorri. Mas o sorriso desapareceu novamente quando Liam se

afastou de mim e a tristeza assumiu novamente.

Liam comeu seu sanduíche na frente da TV e assistiu a um novo desenho das

Tartarugas Ninjas, enquanto eu limpava meu telefone apitou com uma mensagem.

Era de Carter. Meu coração bateu na minha garganta.

O condomínio e o estúdio são seus, sem amarras. Fique segura.

Encarei a mensagem. Meus ouvidos começaram a zumbir. Ele estava me

dando o apartamento e o estúdio? Eu pensei que teria que me mudar e não achei

que conseguiria ficar com nenhum dos meus equipamentos de pintura.

Mas como eu poderia manter tudo isso, depois de afastar Carter como uma

idiota?

Senti outro nó na garganta. Ele estava sendo um cara legal sobre isso. Mais do

que bom. E agora ele estava indo embora.

Eu cometi o pior erro da minha vida.


Meu voo estava reservado e eu estava pronto para partir pela manhã. Ao

contrário da última vez que saí de Los Angeles, não tinha um apartamento para

desocupar ou móveis para cuidar. Só estava com a minha bagagem no hotel.

A outra coisa diferente dessa vez era que eu não iria embora sem ver Izzy

novamente. Eu sabia que ela estava chateada comigo e que não queria me ver de

novo, mas eu tinha que falar com ela pelo menos mais uma vez. Não apenas para

arranjar um acordo de custódia e pensão alimentícia para Liam, mas porque eu

não poderia deixá-la sem dizer adeus.

Não dessa vez.

Nós nos encontramos em um café. Não o mesmo café onde ela trabalhou todos

aqueles anos atrás, isso teria sido muito clichê, mas, no entanto, uma sensação de

déjà vu me atingiu quando entrei e ela estava sentada lá, esperando em uma das

mesas.
Ela era linda pra caralho, por um momento, um nó subiu na minha garganta

e era difícil pensar que eu teria que dizer adeus. Estava rabiscando em um

guardanapo, desenhando algo e suas mãos estavam salpicadas de tinta.

Isso era o que eu amava tanto nela, ela via o mundo de uma maneira diferente.

Olhava tudo através de lentes que ninguém mais possuía e era somente através de

sua arte que eu podia ver o que via. Ela era única, criativa e incrível.

E ela estava escorregando por entre meus dedos.

Esta era minha última chance de fazê-la me aceitar em sua vida de tentar

novamente.

Quando olhou para cima e me viu, seu rosto ficou tenso.

— Oi. — Ela disse.

— Oi.

Seu corpo estava rígido, ela mordeu o lábio inferior quando me sentei. Estava

nervosa e tentando tanto se controlar, mas sob sua máscara eu pude ver que se

sentia como eu, que estava desmoronando.

Isso me fez sofrer. Eu queria protegê-la, mantê-la segura. Não queria que ela

me afastasse, para ter que fazer tudo sozinha de novo. Queria tomá-la em meus

braços e afastar as dificuldades que a vida jogou sobre ela, queria que ficasse tudo

bem.
— Como está Liam? — Eu perguntei.

— Ele está bem. — Izzy disse. — Ele sente sua falta.

— Tenho saudade dele também.

Ela assentiu lentamente.

— Então, já que você vai estar do outro lado do país... como quer fazer isso?

Ele é muito jovem para voar desacompanhado e não posso ir junto para te ver.

— Eu sei. — Falei. — Eu irei vê-lo. Isabelle, obrigada por concordar em me

deixar entrar na vida dele, especialmente depois de tudo o que aconteceu no outro

dia.

Ela acenou com a cabeça.

Eu quero ficar. Queria dizer isso a ela, queria gritar para que pudesse

entender. Eu queria que ela fosse minha vida. Eu queria os dois.

— O que vamos fazer sobre os feriados principais? — Ela perguntou. — Você

não vai voar aqui em cada um deles, vai?

— Eu vou. — Eu disse. — O que for preciso.

Ela me encarou e eu não pude ler sua expressão.

— Eu não quero que termine assim. — Deixei escapar. — Eu não quero que

isso acabe entre nós.


Ela ainda não mostrou nada. Suas feições ainda estavam em branco,

rigidamente controladas.

— Mas você não ia ficar, ia? Você estava aqui visitando, nunca me contou de

Nova York.

— Eu sei. — Disse. — Eu deveria ter te contado, acho que estava esperando

para ver como as coisas correriam conosco. Quanto mais conhecia você e Liam,

menos eu considerava voltar para Nova York. Queria ficar aqui, eu ainda quero.

Ela balançou a cabeça.

— É difícil acreditar que você pretendia ficar aqui conosco quando estava

morando em um hotel todo esse tempo. Era isso que estava fazendo, certo? É por

isso que nunca visitamos sua casa? — Ela respirou fundo, estremecendo. — Achei

que estava apenas tentando tornar as coisas mais fáceis para nós, vindo à nossa

casa o tempo todo.

Isso era exatamente o que eu estava tentando fazer, mas ela não veria dessa

forma.

— Me desculpe por não ter dito onde eu estava naquele dia. — Eu disse. —

Nem sempre entendo o que significa ser pai, mas se você deixar, vou aprender.

Ela virou a cabeça em direção à janela sem me responder, pude ver o brilho

de lágrimas em seus olhos. Por que ela estava tão chateada? Por que eu estava
tentando fazer com que ela reconsiderasse? Ou ela queria isso também? Ela era tão

difícil de ler às vezes.

— Izzy. — Disse, colocando minha mão na dela. — Eu quero fazer parte da

sua vida. Sua e de Liam. Não quero estar do outro lado do país. Quero estar com

você.

— Eu não sei como fazer isso. — Sussurrou.

Eu queria dizer a ela que eu também não e que poderíamos descobrir tudo

juntos, mas meu telefone tocou, me interrompendo. Eu fiz uma careta e tirei do

bolso.

— É o Jonah. — Disse a ela.

— Quem?

Eu balancei minha cabeça.

— Isso levará apenas um minuto.

Jonah era um dos meus amigos mais antigos e estava no ramo das artes. Ele

tinha muitos contatos. Na noite em que tirei fotos de todas as telas de Izzy, enviei

algumas das imagens para ele dar uma olhada.

Ele disse que iria olhar as pinturas, mas era um mundo difícil de competir.

Imaginei que não seria nada, pensei que ouviria nada dele novamente.
— Você ainda está em contato com a artista que me enviou? — Jonah

perguntou.

Eu olhei para Izzy.

— Eu estou.

— Tenho uma galeria interessada em encontrá-la. Eles querem fazer uma

exposição. Como eles podem entrar em contato com ela?

— Vou mandar os detalhes de contato dela agora mesmo. — Eu disse, olhando

para Izzy. Ela franziu o cenho.

— Obrigado, cara. Vou fazer com que liguem para ela imediatamente.

Terminamos a ligação.

— O que foi isso? — Izzy perguntou.

— Era um amigo meu que tem contatos no mundo da arte. Ele se relaciona

com colecionadores e galeristas. — Disse. — Eu mandei seu trabalho para ele.

— Você o que?

— Eu disse que é bom, Izzy.

— Mas não tinha o direito de fazer isso! É pessoal. Você deveria ter

perguntado.
— E você teria dito não.

— Porque eu não sou tão boa!

Balancei minha cabeça.

— Jonah não concorda. Ele o enviou para uma galeria e eles estão interessados

em uma exposição individual. Eles querem mostrar o seu trabalho. Estou enviando

a ele seus dados de contato. — Enviei o número de contato para Jonah enquanto

conversávamos. Quando olhei para cima, Izzy estava olhando para mim com a

boca aberta e os olhos arregalados.

— Você está falando sério? — Ela perguntou. Sua voz estava fina, como se não

tivesse certeza se podia acreditar no que estava ouvindo.

— Estou falando sério. — Disse. — Eu falei como você é talentosa e deve

mostrar sua arte para as pessoas.

Ela balançou a cabeça, ainda parecendo não acreditar em mim.

— Isto é…

— Isto é incrível! — Eu terminei sua frase por ela. — Você pode viver disso se

quiser, Izzy, só precisa das conexões certas. Só precisa de uma pausa e esta pode

ser apenas sua grande chance.

— Oh, meu Deus. — Disse Izzy, a notícia finalmente afundando. — Uma

exposição individual?
— Todo o seu trabalho, todo seu. — Assenti.

Ela me encarou por um momento e então jogou os braços em volta do meu

pescoço, batendo na mesa com tanta força que raspou no chão.

— Oh, meu Deus. — Murmurou novamente, enterrando a cabeça no meu

ombro. — Você nunca vai parar de fazer coisas por mim?

Fechei meus braços ao redor de seu corpo, saboreando sua proximidade.

— Eu te amo, Izzy. — Disse. — Eu nunca quero parar de fazer as coisas por

você.

Ela se afastou de mim e estudou meu rosto, seus olhos brilhando.

— O que você disse?

— Eu disse que te amo.

— Mas... você está indo embora. — Sua voz falhou na última palavra, como

se doesse dizer.

Balancei minha cabeça.

— Não se você quiser que eu fique. Você terminou, Iz. Não eu, quero estar

com você. Oficialmente.

Ela retirou os braços, parecendo insegura novamente.


— Como posso ter certeza de que isso vai funcionar? — Ela perguntou.

Seus olhos se fixaram nos meus e peguei suas pequenas mãos nas minhas.

— Porque eu te amo, Isabelle. E não importa o que aconteça, quero fazer

funcionar.

Lágrimas brotaram de seus olhos.

— Eu também te amo, Carter. Eu te amo muito.

Meu coração disparou. Essas eram as palavras que eu queria ouvir.

— Sinto muito por ter te afastado. — Ela disse. — Eu estraguei tudo outro dia.

— Está tudo bem. — Eu disse. — Nós dois fizemos. Eu deveria ter atendido

suas ligações.

Ela balançou a cabeça.

— Não está tudo bem, o que eu fiz… eu estava com medo de perder Liam. Eu

surtei e... acho que estou com medo de ter um relacionamento com você, Carter.

Estou com medo de me machucar de perder tudo de novo. — Ela fungou e

enxugou uma lágrima. — Acho que sou apenas uma grande gata assustada.

Eu segurei sua bochecha. Lágrimas escorreram de seus olhos e as afastei.


— Sei que está com medo. — Disse — Mas vamos dar um passo de cada vez,

juntos. Você não terá que fazer tudo sozinha mais. Estou aqui agora e quero fazer

isso com você. Seja minha namorada?

Ela acenou com a cabeça, sorrindo através das lágrimas.

— Isso é tudo que eu queria ser desde que te vi pela primeira vez.

Sorri e a puxei para mais perto, dando um beijo completo em sua boca. Ela se

derreteu contra mim, me beijando de volta.

Um garçom apareceu e percebi que ainda não tínhamos pedido nada.

— O que vão querer? — Ele perguntou quando nós quebramos o beijo.

Eu olhei para Izzy, que estava me encarando através das lágrimas, sorrindo,

parecendo que tudo tinha acabado de ficar bem no mundo.

— O que quer comer? — Eu perguntei.

— Terei um feliz para sempre. — Disse ela.

Ri e pedi dois cafés antes de beijá-la novamente.

— Feito. — Eu disse.

Era isso, o que eu estava perdendo por tanto tempo. Por anos eu estive me

esforçando por minha empresa. Conhecia mulher após mulher e prontamente as


esquecia. Eu estive procurando por toda parte e não fui capaz de encontrar algo

que preenchesse o espaço vazio dentro de mim.

Agora eu sabia o que estava perdendo. Tinha sido Izzy o tempo todo.

Estávamos destinados a ficar juntos desde o momento em que a conheci. Nada

mais tinha sido bom o suficiente para preencher a lacuna que ela havia deixado

para trás.

Peguei sua mão e entrelacei nossos dedos.

— Este é apenas o começo da nossa jornada juntos, querida. — Eu disse. —

Vai ser um inferno de uma viagem.

Ela acenou com a cabeça e sorriu para mim, as lágrimas secando.

— Mal posso esperar pela nossa aventura. Senti a sua falta.

— Também senti sua falta.

— Estou feliz que você não esperou cinco anos antes de decidir me ver

novamente. — Disse ela. — Se você saísse sem insistir em me ver, poderia muito

bem ter sido por muito tempo.

Eu balancei minha cabeça.

— Não muito. Eu teria durado cerca de um dia em Nova York. Então teria

voltado aqui, batendo na sua porta, convencendo você a me dar outra chance.
Ela deu uma risadinha.

— Estou feliz por não termos perdido esse dia, então.

— Eu também. — Disse. — O trajeto de ida e volta para Nova York só para

terminar onde comecei... seria uma perda de tempo se eu pudesse gastá-lo

beijando você.

A puxei com força contra mim.

— Carter. — Ela sussurrou.

Então a olhei.

— Uma exposição solo!

Eu ri e dei um beijo em seu cabelo. Deus, eu amava essa mulher mais do que

poderia dizer e tê-la em minha vida era o que eu precisava. Pela primeira vez

desde que a conheci, me senti verdadeira e perfeitamente completo.

— Você me faz tão feliz. — Murmurou. — E Liam ficará emocionado em vê-

lo.

Apertei a mão dela.

— Mal posso esperar para ver o meu homenzinho de novo.

Nosso café chegou e nos sentamos juntos e em vez de discutir um acordo de

custódia, conversamos sobre um brilhante futuro juntos.


Parei na frente da galeria, meu estômago se retorceu em um nó de nervos.

Meu vestido de cocktail abraçou minha forma confortavelmente e o frio da noite

dançou em meus braços e ombros nus. Eu prendi meu cabelo em um coque

elegante.

— Você vai se sair bem. — Disse Carter, vindo atrás de mim.

— Oh, Deus. — Girei para encará-lo. — E se eles odiarem?

— Eles não vão. — Respondeu. — Eles vão adorar.

Apertei minhas mãos, tentando soltar os nervos. Carter me apoiou desde o

momento em que consegui a exposição. Ele ajudou a cuidar de Liam, muitas vezes

levando-o para sair ou passando um tempo juntos no estúdio nos últimos meses,

enquanto eu terminava uma pintura após a outra sobre o mesmo tema da

exposição. O título era 'Vida em Cores' e era uma série de pinturas de pessoas, que

eu conhecia e pessoas que não conhecia, em cores que normalmente não eram

usadas. Eles beiravam o abstrato, o que eu achava uma abordagem muito livre e

que seria desaprovada, mas aparentemente os donos da galeria adoraram.


E aqui estávamos nós. A exposição começaria em breve. Por dentro, minhas

pinturas adornavam as paredes brancas da galeria. Garçons em camisas brancas e

coletes pretos estavam armados com bandejas de prata e taças de champanhe,

música flutuava nos alto-falantes acima e tudo parecia pertencer a um filme.

— Eu tenho algo para você. — Carter disse.

Ele estendeu uma caixa preta plana. Quando o abri, havia um colar de

diamantes dentro.

— Oh. — Respirei, nervosa para tocá-lo, parecia tão delicado.

— É um presente de parabéns.

Ele o tirou e girou atrás de mim, colocando-o em volta do meu pescoço e

prendendo-o nas costas. O colar estava frio contra a minha pele. Pressionei meus

dedos contra ele.

— Obrigada. — Eu disse.

Carter me beijou antes de olhar para a recepcionista na porta que dava para a

rua.

— Nossos primeiros convidados estão aqui.

Virei-me para olhar e observei enquanto os convidados entravam, movendo-

se pela galeria, olhando minha arte. Meu coração batia na garganta e me senti

estranhamente exposta. Esta era a primeira vez que alguém que não fosse um
amigo ou membro da família via minha arte. Além dos donos da galeria, é claro.

Eu os observei nervosamente. E se eles odiassem? E se eles saíssem porque era

uma merda?

Procurei sinais. Bocas voltadas para baixo, cabeças balançando, taças de

champanhe pela metade para que pudessem partir o mais rápido possível.

Em vez disso, vi o oposto. Acenos de aprovação. Sorrisos, pessoas apontando

e acenando, conversando entre si. Eles estavam gostando. Seria possível que

gostassem?

— Estão adorando. — Disse Carter, sua boca perto do meu ouvido, como se

tivesse lido minha mente. — Você é incrível. Seu trabalho é fantástico.

— Você é tendencioso. — Eu disse com um rubor.

— Eles não são. — Carter disse, acenando para a multidão crescente.

E ele estava certo. Eles nem me conheciam e, no entanto, adoraram o meu

trabalho. Parecia que todos estavam realmente curtindo a noite. Os garçons

flutuavam entre os convidados com suas bandejas de champanhe e canapés.

Carter pegou duas taças para nós de uma bandeja próxima e me entregou uma.

— Você merece relaxar. — Disse ele.

Eu distraidamente toquei meu coque e ele sorriu para mim. Então tomei um

gole de champanhe e foi incrível, as bolhas efervescentes em minhas veias.


Era impossível acreditar que isso estava realmente acontecendo. Este foi um

sonho que tive durante anos e anos quando era adolescente, e tive que colocar tudo

em espera quando engravidei. Por cinco anos, não pensei sobre isso novamente,

porque era muito doloroso lembrar sobre o que eu desisti. Eu amava Liam com

todo o meu coração e faria tudo de novo e de novo se isso me trouxesse ele, mas

eu ainda lamentava o que tinha perdido.

E agora, graças a Carter, estava acontecendo. Eu estava vivendo meu sonho.

Minhas pinturas estavam nas paredes de uma galeria respeitável. Elas foram

anunciadas por meses. As pessoas que cruzaram as portas eram completamente

estranhas para mim. Eles vieram porque pensavam que minha arte valia a pena.

Quando olhei para Carter, meu coração estava quase explodindo. Ele era um

homem incrível e fez tudo isso acontecer para mim. Ele mergulhou em nossas

vidas do nada, e mudou tudo, nos salvou.

Eu estava segurando, estava nos mantendo à tona, nossas cabeças acima da

água. Mas Carter foi o bote salva-vidas, puxando-nos para fora do oceano para

que não somente sobrevivêssemos, mas estivéssemos vivendo.

E agora também fazia parte de nossas vidas, exatamente como eu sempre quis.

Passaram-se alguns meses desde que ele voltou para LA permanentemente,

ele e Liam se viam o tempo todo. Seu apartamento era uma suíte de cobertura com

vista para a cidade e nosso filho adorava visitá-lo, olhando para os carros e casas

do alto, apontando coisas divertidas para ver.


Eu adorava visitá-lo lá também. Não só porque passar um tempo juntos era

incrível, mas porque ele fez um esforço para ter um quarto com brinquedos para

Liam e poderíamos ficar quando quiséssemos. Ainda não estávamos morando

juntos, mas isso aconteceria.

Eu não queria que as coisas acontecessem muito rápido por causa de Liam.

Pelo menos, foi assim que me senti no início. Mas tínhamos passado do ponto sem

volta, Liam e eu. Ele era louco por Carter e eu tinha que admitir que também era.

Mas ele estava aqui, e nós estávamos seguindo em frente. O resto era com ele.

Não trabalhei com design gráfico desde que Carter se mudou para LA

permanentemente. Eu queria voltar para Appetite, ou encontrar outra coisa, mas

Carter insistiu que eu começasse a pintar em tempo integral. Ele tinha o resto

coberto, como ele disse. Eu estava relutante, era difícil recuar quando fiz tudo por

tanto tempo. Mas quando Carter insistiu e comecei a fazer, foi uma sensação tão

incrível e libertadora que concordei em continuar com esse acordo.

— Eu não posso acreditar nisso! — June disse, vindo até mim com Bernie ao

seu lado. Todas nós nos abraçamos e Carter deu um passo para trás, sorrindo para

minhas amigas que me envolveram completamente. — Nunca te vi pintar assim.

É um nível totalmente novo!

— É exatamente como o que eu sempre fiz. — Disse com uma risada.

Eu estava nervosa por meus amigos verem minhas novas pinturas pela

primeira vez.
— Não, não é. — Disse Bernie, concordando com June. — Você era boa

naquela época, mas isso... Você esteve pintando sorrateiramente à noite em vez de

dormir todos aqueles anos enquanto era uma super mãe?

Corei e balancei minha cabeça.

— Eu só... — Olhei para as pinturas. — Acabei pintando o que sentia.

Eu olhei para Carter, que estava sorrindo para mim. Ele era a razão de tudo

isso estar acontecendo, mas também era a razão de tudo que eu pintei ter saído da

maneira que saiu. Eu estava feliz. Mais feliz do que nunca. E isso se traduziu em

meu trabalho.

— Vamos dar uma olhada, mas você está realmente arrasando aqui. — Disse

June, beijando-me nas duas bochechas antes de me puxar para outro abraço. —

Você é uma estrela!

Eu ri e minhas duas amigas continuaram olhando para o meu trabalho.

— É por sua causa. — Disse a Carter. — Estou feliz, então meu trabalho é

como deveria ser.

— Estou tão feliz, mas não posso pintar uma merda. — Brincou Carter.

Sorri.
Lentamente, a exposição foi morrendo até que apenas um punhado de

pessoas restaram. O Sr. e a Sra. Greene, os proprietários da galeria, vieram até

mim.

— Que noite de sucesso, Isabelle! — Sra. Greene disse. — Você se saiu

maravilhosamente bem. As pinturas são um grande sucesso! E já tem vendas!

— O que? — Perguntei, me sentindo tonta.

— Isso mesmo. — Disse Greene. — Olha. — Ele me entregou uma lista

impressa de pinturas que foram compradas.

Eu balancei em meus pés, pressionando minha mão contra minha cabeça.

— Isso são quase todas elas.

O Sr. e a Sra. Greene acenaram para mim com grandes sorrisos. Eu fiz uma

careta e olhei para Carter.

— Você fez isso? — Perguntei.

Ele engasgou.

— O que?

— Você os comprou? — Eu perguntei.

Ele balançou sua cabeça.


— Não, não, não. Isso é tudo você, querida. As pinturas foram vendidas

porque são incríveis e por nenhum outro motivo.

— Eles também são compradores de boa reputação. — Assegurou-me a Sra.

Greene.

Eu não podia acreditar. Meu coração estava disparado. Minha cabeça estava

girando. Se minhas pinturas foram vendidas, isso significava que eu era um artista

profissional. E que poderia ganhar dinheiro fazendo o que amava.

Os donos da galeria foram embora, deixando-me sozinha com meu amor.

— Oh, Carter. — Respirei.

Ele sorriu.

— Eu disse a você.

— Eu não acreditei.

— Você deveria me ouvir com mais frequência. — Respondeu com uma

piscadela. — Não comprei nenhuma dessas pinturas. Mas comprei outra coisa

para você.

Ele tirou outra pequena caixa preta do bolso.

Eu olhei para ele, insegura.

— Carter, o que é isso?


Ele se ajoelhou e, de repente, percebi o que estava acontecendo.

— Isabelle Taylor, você é uma mulher incrível. Você faz meu coração cantar.

Eu te amo mais do que jamais pensei ser possível. Você quer se casar comigo?

Coloquei minhas mãos em minha boca, as lágrimas brotando dos meus olhos.

— Eu pensei que estávamos indo devagar. — Sussurrei.

— Estou indo devagar. Eu te amo e quero estar com você para o resto da

minha vida.

Lágrimas rolaram pelo meu rosto.

— Sim, Carter Jacobs. Eu adoraria me casar com você.

Ele sorriu e se levantou. Os poucos convidados restantes aplaudiram e me

senti constrangida. Mas Carter deslizou o anel no meu dedo, e os diamantes

combinaram com o colar que ele me deu um pouco antes.

Quando o anel estava no meu dedo, o puxei para mim e o beijei.

— Obrigada. — Disse quando nos separamos.

— Pelo que?

— Lutar por nós. Não me deixando ir.

— Meu amor, qualquer um que deixa uma joia como você ir é um tolo.
Eu sorri. Então ele me beijou de novo e eu estava mais feliz do que jamais

pensei que poderia ser. O conto de fadas estava completo. Minha vida era

oficialmente perfeita.

E mal podia esperar para chegar em casa para Liam. Minha mãe estava

cuidando dele para que pudéssemos assistir à exposição, estava animada para

contar a ela as boas novas. E para dizer a Liam que sua mãe e seu pai iam se casar.

Enquanto dirigíamos para casa, Carter pegou minha mão.

— Quando você quer fazer isso? — Perguntei.

— Me casar?

Eu concordei.

Ele pensou por um momento.

— Daqui a alguns meses. — Disse ele. — Nem tantos que eu tenha que esperar

uma eternidade para torná-la a Sra. Jacobs, mas o suficiente para planejar um

casamento extravagante para o mundo ficar maravilhado.

Eu ri.

— Não tem que me dar o mundo inteiro, você sabe. — Eu disse. — Estou feliz

com algo pequeno e modesto.


— Eu sei. — Disse Carter. — E eu amo isso em você. Suas prioridades são

diretas. Mas quero mimá-la e você merece um grande casamento. Merece tudo na

vida que a faz feliz e muito mais. Então vamos fazer isso direito.

Eu sorri e ele levou minha mão à boca, pressionando seus lábios contra os

meus dedos. Suspirei contente. Não importava como eu imaginei minha vida,

mesmo antes de ter Liam, eu nunca poderia ter imaginado algo assim. Carter me

fez sentir uma alegria que eu nunca sonhei ser possível.

Eu o perdi duas vezes e a dor foi insuportável. Mas tudo isso foi apagado

agora. Nesse momento, estávamos juntos, totalmente comprometidos e dedicados

um ao outro. E apenas a felicidade estava à frente.


Eu estava no bar com Austin, bebendo o uísque mais caro que eles tinham

atrás do balcão. Bebemos lentamente, saboreando o sabor e o ambiente.

— Não sei como você conseguiu isso aqui. — Disse Austin. — Este local é

incrível.

Balancei a cabeça, olhando ao redor. Era uma das maiores e mais chiques

galerias de arte de LA, e consegui convencer os proprietários a nos deixar usá-la

como local de casamento.

— Você acha que ela vai gostar? — Perguntei.

— Ela vai adorar. — Disse Austin.

Claro, Izzy conhecia esta galeria. Ela esteve aqui uma centena de vezes, pelo

menos. Mas não sabia que eu tinha alugado para o nosso casamento. Eu convidei

June e Bernie para me ajudar a esconder isso dela. Ela pensava que íamos nos casar

em um salão de baile de segunda categoria. Até paguei ao gerente para fingir que

estávamos usando. Izzy ficará emocionada quando descobrir que nos casaríamos

em sua primeira escolha.


O resto foi fácil. June cuidou de todos os arranjos quando se tratava de flores,

música, bolo e tudo o mais, e a Appetite cuidou da comida gourmet que

serviríamos. Foi fácil esconder o local de Izzy.

Agora, faltava uma hora para nos casarmos e Austin e eu estávamos tomando

um drinque para comemorar. O casamento não seria grande, não tínhamos uma

grande comitiva ou uma tonelada de convidados. Mas as pessoas certas estavam

aqui. Meu pai, a mãe de Izzy, alguns de nossos amigos e colegas mais próximos.

Alguns membros da imprensa também foram convidados, para que pudesse ser

transmitido em LA. Mas isso não foi por minha causa e minhas riquezas. Foi por

causa de Izzy e sua arte.

Nos meses após a exibição, ela explodiu como uma estrela quase da noite para

o dia. Ela era a nova sensação, o nome na boca de todos. Sua arte estava em alta

demanda e tudo o que pintava era vendido, retratos, paisagens e pinturas

abstratas. Ela tinha uma lista de espera tão longa quanto seu braço com

compradores que queriam o que ela pintasse a seguir, era incrível vê-la

trabalhando.

Ela era maravilhosa.

— Vamos subir. — Austin disse. — É hora de começar.

Bebi o resto do meu uísque e balancei a cabeça.

— Vamos fazê-lo.
Caminhamos pela galeria até onde as cadeiras foram colocadas de frente para

a sala, uma grande pintura a óleo que Izzy adorava era o pano de fundo contra o

qual nos casaríamos.

Os convidados preencheram seus lugares, o padre se juntou a nós, eu apertei

a mão de todos e acenei com a cabeça, conversando um pouco. Meu estômago

estava apertado de nervosismo, mas não entrei em pânico. Eu estava ansioso para

me casar, para que Izzy pudesse ser minha esposa.

Finalmente, ela chegou. A limusine passou pelas janelas altas e, um momento

depois, a música começou em um piano de cauda que eu trouxe especialmente

para a ocasião.

June entrou primeiro. Liam caminhou ao lado dela, vestindo um smoking

bonitinho e sorrindo para mim. Ele segurava uma caixa com dois anéis e parecia

que se sentia importante por ter essa atribuição.

Quando parou ao meu lado, baguncei seu cabelo e o alisei de volta para as

fotos.

— Você é um campeão. — Sussurrei para ele.

— Obrigado, pai.

Ele sorriu para mim, seu sorriso parecia muito com o meu. Meu coração se

encheu, assim como ficava toda vez que ele me chamava assim. Ele começou a se
referir a mim como pai pouco antes dele e Izzy irem morar comigo alguns meses

atrás.

Bernie foi a próxima, sorrindo para todos, parecendo animada. Ela piscou

para mim antes de se juntar a June.

E então veio Izzy e ela estava de tirar o fôlego. A encarei enquanto ela olhava

ao redor com espanto, e então seus olhos se fixaram nos meus. Seu vestido era

incrível, assim como suas joias e maquiagem. Tudo era perfeito. Quando seus

olhos encontraram os meus, ela sorriu e esperei que viesse até mim.

Sua mãe caminhou pelo corredor a acompanhando, ela me beijou na bochecha

antes de entregar Izzy para mim.

— Cuide bem dela, Carter. — Sua mãe disse, me dando um tapinha no ombro.

Izzy riu e enlaçou seu braço no meu. Ficamos frente a frente.

— Você está ótimo. — Ela Sussurrou.

— Você de tirar o fôlego. — Respondi.

— Então... a galeria, hein? — Ela disse. — Sorrateiro.

— Só para você, querida.

Ela sorriu e a cerimônia começou, seguida pelos votos.


Nós tínhamos escrito os nossos próprios votos. Me virei para encarar Izzy e

tirei um pedaço de papel do bolso onde eu os havia anotado. Um momento depois,

coloquei de volta no lugar. Eu não precisava ser lembrado de como me sentia por

ela.

— Isabelle, quando te conheci, pensei que fosse a mulher mais incrível que eu

já vi. — Eu disse. — Não apenas porque você era linda, mas a maneira como você

olhava para a vida era linda. Tivemos apenas um breve encontro antes de você

escapar. Mas agora que te encontrei de novo, estou te segurando para sempre.

Isabelle Taylor, em um mundo que era monocromático, você trouxe tanta cor. Você

vive sua vida com uma paixão tão inspiradora. Torna cada dia mais brilhante, você

toca o mundo de uma forma única e traz um sorriso ao meu rosto sempre que está

na sala. Você me inspira a ser o melhor homem que posso ser. Amo você mais do

que jamais saberá e farei de tudo para cuidar de você e de Liam pelo resto da

minha vida.

Os olhos de Izzy estavam cheios de lágrimas e ela fungou. June entregou-lhe

um lenço de papel por cima do ombro onde ela enxugou as lágrimas sem borrar a

maquiagem.

— Carter Jacobs. — Ela começou. — Quando te conheci, pensei que o mundo

tinha parado de girar. Você era meu oxigênio quando eu mal conseguia respirar.

E então, pensei que nunca mais te veria. Mas agora estou na sua frente, pronta para

me tornar sua esposa. E eu sou a mulher mais feliz do mundo. Você me traz tanta

alegria que meu coração mal consegue conter. Você me enche de uma paz e
felicidade que nunca conheci antes. Carter, prometo sempre confiar em você,

porque você me mostrou o fundo do seu coração. Eu prometo acreditar em você,

assim como você nunca deixou de acreditar em mim. E eu prometo que vou amar

e cuidar de você por todos os dias da minha vida.

Ela segurou meu olhar e o momento foi perfeito.

Liam deu um passo à frente com os anéis, e todos se surpreenderam com o

quão fofo ele era. O padre disse as últimas palavras, e cada um de nós disse seu

'eu aceito' antes de colocarmos os anéis nos dedos um do outro.

Izzy se ajoelhou e abraçou Liam e eu baguncei seu cabelo novamente.

— Uma família perfeita. — Ela disse.

Eu quase desmaiei com isso também.

O resto do casamento foi incrível. A recepção foi perfeita, com casais

dançantes que se moviam ao som de uma banda ao vivo, comida deliciosa da

melhor linha de Appetite e um bom tempo com todas as pessoas que significavam

muito para nós.

Finalmente, depois que tudo acabou, voltamos para casa. Liam estava na casa

de sua avó, então Izzy e eu estávamos sozinhos. A carreguei para o quarto

principal enquanto ela gritava de alegria. Lá, eu a coloquei de pé, ajudando-a a

tirar o vestido.
— Isso foi incrível. — Disse ela com um suspiro. — Eu não posso esperar para

ir embora com você amanhã. O Havaí vai ser incrível.

Eu balancei a cabeça, observando-a sair do vestido. Meu pau mexeu nas

minhas calças. Já estava pronto para consumar este casamento.

Comecei a tirar meu smoking. Pela manhã, íamos pegar um avião para

começar nossa lua de mel. Seria maravilhoso. Eu tinha tudo planejado para

quando voltássemos para casa. Mas agora, eu queria minha esposa.

A puxei para mais perto, ela usava calcinha branca rendada e parecia de tirar

o fôlego. Eu a beijei e corri minhas mãos sobre seu corpo perfeito.

— Espere. — Disse Izzy. — Tenho uma coisa para você.

— O que?

— Um presente. — Disse ela.

— Já trocamos presentes de casamento. — Disse confuso.

Nós os trocamos ontem, antes da correria do dia do casamento.

— Eu sei. — Ela disse. — Mas isso é outra coisa.

Ela abriu a gaveta da mesinha de cabeceira e tirou uma pequena caixa preta.

Era retangular e amarrado com uma fita amarela.


Desamarrei a fita e levantei a tampa, olhando para dentro. Por um momento,

pensei que fosse uma caneta, mas não parecia. Ele tinha uma janela de controle,

com um sinal de mais nele.

— O que é isso? — Perguntei.

Quando a olhei, ela estava radiante.

— É um teste de gravidez. — Disse.

Eu pisquei.

— Isso significa...

Ela deu uma risadinha.

— Oh, Carter. Estou grávida.

Meu queixo caiu e a encarei em um silêncio atordoado por um momento.

Então finalmente entendi. Estávamos tendo outro filho.

— Oh, meu Deus, Iz! — Eu gritei e a agarrei, beijando-a por inteiro. — Estamos

tendo um bebê!

Ela riu e me deixou beijá-la, abraçá-la e amá-la. Ela me beijou de volta,

empurrando seu corpo contra o comprimento do meu e meu pau ficou duro. Corri

minhas mãos por suas costas e sua respiração mudou.


— Eu não posso esperar pelo nosso futuro juntos. — Murmurei enquanto

desabotoava seu sutiã e o puxava.

— Eu também. — Disse ela e enfiou a mão nas minhas calças. Engasguei

quando ela envolveu seus dedos em volta do meu comprimento.

Paramos de conversar. Eu a beijei e toquei em seu corpo inteiro, guardando

cada centímetro dela na memória. Corri minhas mãos sobre suas curvas, seus

quadris perfeitos, sua bunda deliciosa, o volume de seus seios. Eu beijei uma trilha

em seu abdômen e me perdi em seu sexo. Quando me posicionei sobre ela, nós

dois nus, suas pernas se abriram para mim e então deslizei para dentro dela.

Estar com ela era incrível. Quando estávamos juntos assim, parecia que o resto

do mundo sumia e não havia nada além de nós dois. Ela engasgou e gritou

baixinho quando nos aproximamos e estremeci quando ela me levou a lugares que

só ela podia.

Éramos perfeitos juntos e tínhamos nos encontrado por algum milagre.

Tivemos um lindo filho juntos e agora estávamos casados e teríamos outro bebê.

Não importa o quanto eu trabalhei, quanto dinheiro ganhei e quantas pessoas

aprenderam meu nome, nunca foi o suficiente. Izzy foi a pessoa que fez tudo valer

a pena no final. Foi ela quem me mostrou o que significava amar sem limites,

cuidar profundamente e viver com paixão. Foi ela quem me ensinou que o destino

e as almas gêmeas eram reais.


Desde o momento em que a vi atrás do balcão no café perto do campus, meu

coração tinha pertencido a ela. Levei apenas cinco anos para descobrir.

Mas aqueles cinco anos nos aproximaram um do outro de uma maneira

importante, porque nunca consideraríamos nosso relacionamento garantido. Nós

sabíamos o que havíamos perdido e sabíamos o que tínhamos agora. Essa era

certamente a receita para um bom casamento, nunca esquecer como você teve

sorte.

E tive a sorte de ter Izzy em minha vida, para tê-la como minha esposa. Tive

a sorte de ser o pai de um menino tão maravilhoso e de ter outro filho a caminho.

— Eu te amo, Isabelle. — Sussurrei através de nossos beijos e amor.

— Eu também te amo, Carter. — Ela disse. — E eu amo ser sua esposa.

Eu a beijei novamente, derramando tudo o que sentia naquele beijo, tentando

mostrar a ela o quanto significava para mim, porque as palavras não chegavam

perto.

E de alguma forma, ela sabia. Porque em seu beijo, eu pude sentir o quanto

ela me amava também.


Para você que chegou até aqui, o nosso muiiiito obrigado.
Esperamos que tenha gostado pois foi feito especialmente para você!

Continue com a gente!

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