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A Obsessão do Bilionário: A Coleção Completa (Minha Esta Noite, Minha Por Enquanto, Minha Para

Sempre, Completamente Minha)


De J.S. Scott
Copyright © 2015
Todos os direitos reservados.
Inclui:
Minha Esta Noite
Minha Por Enquanto
Minha Para Sempre
Completamente Minha
Minha Esta Noite
Minha Por Enquant
Minha Para Sempre
Completamente minha
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Minha Esta Noite: Livro Um -
Trilogia de A Obsessão do Bilionário
De J . S . Scott
Copyright© 2012 de J. S. Scott
Todos os direitos reservados.
mon Hudson estava parado silenciosamente nas sombras do saguão opulento, com as mãos nos

I bolsos da calça jeans e um dos ombros apoiado no batente de uma janela grande virada para
a rua. O corpo inteiro estava tenso e os olhos castanhos escuros varriam a calçada com o foco
intenso e completo de um louco.
Onde diabos ela está? São dez e quarenta.
Ele sabia que Kara estava trabalhando naquela noite. Nas duas noites anteriores, ela não fora
trabalhar por motivos de saúde, mas voltara ao trabalho no restaurante de Helen, atendendo às
mesas no turno de plantão. Ele conferira. A mãe dele era proprietária do bistrô onde Kara
trabalhava e era geralmente bem direta com as informações quando Simon perguntava, mas ele
era cuidadoso. Se não fosse, a mãe o perseguiria para descobrir por que queria informações
sobre Kara. A mãe era maravilhosa, mas era inquisitiva, e se transformaria em um cão de caça
atrás de um rastro se achasse que o interesse de Simon não era casual. Ele seria encurralado até
a morte, com a mãe querendo saber exatamente quais eram as intenções dele com Kara.
Simon franziu a testa. Não que ele tivesse qualquer intenção. Ele tinha fantasias e todas
envolviam Kara deitada na cama dele, gritando seu nome enquanto a fazia gozar sem parar.
Simon respirou fundo e soltou o ar lentamente, tentando fazer com que o corpo relaxasse e
dizendo a si mesmo que devia estar maluco por ficar exatamente na mesma posição, noite após
noite, por causa de uma mulher a quem nunca fora apresentado oficialmente. Mas lá estava ele...
de novo, de costas para o porteiro curioso, espiando pela janela como um perseguidor
desequilibrado, querendo ver Kara Foster, nem que fosse de relance. Alguma coisa sobre a mulher
provocava instintos estranhos, territoriais e protetores que o mantinham lá, de vigia, esperando que
ela passasse, a caminho de casa, pelo prédio de apartamentos onde ele morava.
E, quando ele a visse, faria a mesma coisa que sempre fazia. Ele a seguiria à distância,
tentando não alarmá-la, e esperaria até que ela entrasse com segurança no apartamento. Depois,
daria meia volta e caminharia até sua casa.
Ele não falaria com ela, nem mesmo chegaria perto. Nunca fazia isso. Não que não quisesse,
mas Kara cursava a faculdade de enfermagem e trabalhava em horário integral no restaurante
da mãe dele. De acordo com a mãe, Kara se recusava terminantemente a namorar, pois não tinha
tempo nem energia para um relacionamento. Provavelmente estava certa. Aquela mulher maluca
não dormia nem comia o suficiente. Não tinha ninguém que se preocupasse com ela, exceto a mãe
dele... e Simon. No ano anterior, Simon provavelmente se preocupara mais com o bem-estar de
Kara do que uma dezena de familiares teria se preocupado. E ele nem podia chamá-la de amiga.
O problema era que... ele não era um familiar e os sentimentos que tinha estavam longe de serem
fraternais.
Meu Deus, ela era demais!
Simon teve que reprimir um grunhido de frustração ao pensar na primeira vez em que vira
Kara, com os olhos azuis brilhando de alegria, cachos negros dos cabelos sedosos escapando do
eterno rabo de cavalo e o corpo esguio movendo-se graciosamente de uma mesa à outra no
restaurante da mãe dele. Aos vinte e oito anos, ela ainda tinha um olhar de inocência e
vulnerabilidade que deixou Simon completamente enfeitiçado. Desde então, ele estivera prisioneiro.
A mãe falava sobre Kara como se fosse uma filha e Simon sabia que as duas tinham uma
ligação especial, não formada pelo sangue, mas por uma amizade especial. Que merda... se Kara
fosse mais jovem, Simon tinha quase certeza de que a mãe a adotaria. Torcendo os lábios
ligeiramente, Simon torceu para que a mãe nunca esperasse que ele fosse um irmão para Kara.
Isso não aconteceria. Sempre que a via, o pênis ficava imediatamente duro e pronto. O que diabos
havia naquela mulher em particular que o deixava tão inquieto e agitado?
Simon fodera mulheres que eram mais atraentes ou mais sofisticadas e nenhuma delas jamais
tocara nas emoções dele. Ele era um solitário que preferia passar o tempo com o computador em
vez de participar de funções sociais. Mas havia momentos em que precisava da companhia de uma
mulher para se aliviar fisicamente. Usar a própria mão de vez em quando não resolvia o
problema. Simon tinha certas conhecidas para aquelas ocasiões, mulheres que davam a ele o
controle de que precisava ter no quarto, sem fazerem exigências nem perguntas. Mas que merda!
Aquilo fora o suficiente para ele... até que vira Kara.
Fazendo uma careta, sem tirar os olhos da rua, Simon enfiou as mãos mais fundo nos bolsos e
ajustou a posição, dando uma folga ao ombro ao encostar os quadris na parede. Minha nossa, ele
estava comportando-se de forma ridícula. Por quanto tempo ele sonharia acordado com uma
mulher que nem mesmo sabia de sua existência? Até que ela terminasse a faculdade de
enfermagem e mudasse de cidade? Até que ela se casasse?
Ele quase rosnou ao pensar em outro homem colocando as mãos no corpo delicioso de Kara.
Simon lutou contra um instinto puramente selvagem que surgiu ao pensar em outro homem tocando
na mulher dele.
Ela não é a sua mulher, idiota. Caia na real.
Pela primeira vez na vida, Simon desejou ser mais parecido com o irmão mais velho, Sam, a
outra metade da Corporação Hudson. Sam não teria problema algum em abordar Kara. O estilo
do irmão sempre fora jogar o charme, conquistar e descartar, e Sam não teria nem pensado na
possibilidade de ser rejeitado. Provavelmente porque Sam nunca fracassava! O único irmão usava
a população feminina como uma pessoa muito gripada usava lenços de papel. Sam teria
derrubado as defesas de Kara, conseguiria convencê-la a tirar a calcinha e, depois, simplesmente
a descartaria para conquistar a próxima mulher.
Ah, merda, não. Simon amava o irmão, mas nunca deixaria Sam seduzir Kara. Ele nem mesmo
queria que os dois ficassem no mesmo aposento.
Porque ela é minha.
Simon balançou a cabeça, surpreso com o próprio comportamento. Sim... ele gostava de estar
em controle. Na verdade, precisava estar no controle. Mas nunca desejara uma mulher em
particular. Agora, ele mal conseguia pensar em outra coisa que não fosse a bela garçonete que
atraíra a atenção dele um ano antes.
Você tem medo dela.
Simon fez uma careta. Claro que não! Ele não tinha medo de nada. E, com certeza, não tinha
medo de Kara Foster. Ela só... não era uma amante provável. Por que perder tempo com ela?
Ele fodia.
Não namorava.
E gostava das coisas assim.
O irmão Sam era o rosto da empresa, o comerciante. Simon entendia de computadores e sentia-
se feliz de ficar em segundo plano. O que ele sabia sobre seduzir uma mulher? Nunca precisara
obrigar uma mulher a ir para a cama. As mulheres que fodia só ficavam com ele para ganhos
pessoais. Ele era conhecido como um amante generoso. Não era tolo o suficiente para acreditar
que tivessem qualquer sentimento por ele. Isso ele entendia. Com isso, conseguia lidar.
Talvez eu precise achar um jeito de foder Kara e acabar com essa obsessão maluca.
Seria o suficiente? Será que ele conseguiria se livrar dessa fixação pela mulher se achasse uma
forma de tê-la?
Cristo! Precisava fazer alguma coisa. A preocupação irracional com Kara ficara cada vez pior
no ano anterior, fazendo com que ele não quisesse nenhuma mulher além dela. Durante aquele ano
inteiro, ele só gozara com a própria mão e realmente precisava dar um jeito nisso. Mas... não
conseguia. Se tentasse fazer alguma coisa, se telefonasse para outra mulher, veria o rosto bonito
de Kara e desligaria o telefone.
Que merda, estou obcecado por ela.
Simon olhou para alguém que se aproximava, com a mente quase imediatamente começando a
descartar a mulher de cabelos escuros que vestia uma minissaia de couro preta e um blusão
vermelho. Ele nunca vira Kara vestir qualquer outra coisa que não fosse calça jeans e camiseta com
o logotipo do restaurante, o traje casual padrão dos funcionários do estabelecimento da mãe.
Surpreso, ele olhou novamente quando a mulher se aproximou, soltando uma exclamação
quando o rosto dela ficou à vista. Santo Cristo! Era Kara. Ela estava perto o suficiente para que
ele conseguisse ver as feições, o mesmo rosto que assombrava seus sonhos molhados todas as
noites, mas a roupa…
O que diabos ela estava vestindo?
Simon conseguia ver quase todos os centímetros das pernas longas e esguias na minissaia
ultracurta e a roupa inteira moldava os seios, o tronco e a bunda como uma luva. O pênis levantou
imediatamente em alerta e ele tirou as mãos dos bolsos. Elas se fecharam em punhos rígidos
quando um fio de suor correu-lhe pelo rosto. Seguido de outro. E mais outro.
Mas que inferno! O que ela tinha na cabeça? Vestida daquele jeito, estava praticamente implorando
que um homem aparecesse e arrancasse-a da rua.
E, por Deus, ele seria aquele homem. Não deixaria aquela oportunidade para outro macho,
alguém que poderia machucá-la.
Será que ela não percebia que estava em Tampa? Uma cidade enorme! Não era uma cidade
minúscula onde pudesse andar pelas ruas à noite sem ser notada nem abordada.
Simon abriu uma das mãos e agarrou a moldura da janela para se apoiar, sem tirar os olhos da
mulher que se aproximava. Rangendo os dentes, Simon sabia que aquele era o dia em que teria
que se aproximar dela, chegar mais perto do que nunca. Ele não conseguia mais controlar aquelas
emoções animais e selvagens. Não gostava delas nem estava acostumado com elas. A única coisa
que queria era recuperar a sanidade, voltar ao computador e trabalhar na paixão que tinha pelo
desenvolvimento de jogos de computador, sem que o cérebro fosse tomado por pensamentos
eróticos com Kara.
Senso. Razão. Controle. Era assim que funcionava e do que precisava para ser ele mesmo
novamente. E ele voltaria ao estado mental normal, não importava as medidas drásticas que
precisaria tomar para conseguir isso. De alguma forma, ele acabaria com aquele desejo
incrivelmente idiota e furioso por Kara Foster.
Com a decisão tomada, Simon empurrou a moldura da janela e endireitou o corpo, abaixando a
“máscara” até que o rosto não mostrasse qualquer emoção. Ele era bom nisso. Fora criado em uma
área de Los Angeles onde a maioria das pessoas normais nunca nem entraria. Um lugar onde ser
fraco, frágil ou lento de alguma forma significava ser destruído.
No mínimo, Simon Hudson era um sobrevivente. Com o disfarce firmemente no lugar, ele afastou
o olhar da janela, virou-se bruscamente e andou com passos determinados na direção da porta.

Kara Foster estava tendo um dia horrível!


Ela mudou a mochila de lugar para que ficasse mais firme no ombro e estendeu a mão para a
bainha da saia ridiculamente curta, puxando-a para baixo para cobrir a bunda. As roupas
ficaram ótimas na amiga, Lisa, que era vários centímetros mais baixa e sete anos mais jovem que
Kara. Infelizmente, não tinham a mesma aparência no corpo mais alto e mais cheio de Kara. O
blusão ficava justo sobre os seios generosos e a saia era curta demais, mal escondendo as
nádegas.
Ela era uma mulher que conhecia as ruas, pois crescera em uma das piores áreas de Tampa e
saíra da experiência intacta. Kara sabia como se proteger, como evitar atenções indesejadas.
Então, que diabos estava fazendo em uma roupa destinada a metê-la em encrencas? Que burrice,
Kara. Que burrice!
Franzindo a testa, Kara se forçou a continuar caminhando. Não era nada demais. Ela estava em
uma área decente. E daí se ela parecia uma vagabunda? Mais oito quarteirões e estaria em casa,
livre para finalmente tirar aquela roupa ridícula e vestir algo confortável, como jeans e camiseta.
Kara reprimiu um suspiro enquanto se concentrava unicamente em chegar no minúsculo
apartamento que dividia com outra estudante. As pernas estavam frias e ela estremeceu, andando
mais depressa para aquecer o corpo. Era janeiro em Tampa e, apesar de o dia ser agradável, as
noites eram frias. Ela deveria ter levado o casaco, mas acabara se atrasando naquela manhã.
Não planejara ficar com as pernas nuas e o traseiro balançando na brisa.
O dia está quase acabando.
Graças a Deus!
Ela derramara café na calça jeans e na camiseta mais cedo. Sem tempo para ir para casa
trocar de roupa antes de ir trabalhar, Kara aceitara com gratidão a oferta de roupas limpas de
Lisa, uma amiga que nunca saía de casa sem uma muda de roupa no carro. Não que Kara não
apreciasse a bondade da amiga. Ela apreciava, com certeza. Kara só queria ser capaz de usar as
roupas com a mesma atitude que Lisa. Mas... não conseguia. Estava acostumada a ser discreta e
sentia-se mortificada pelo fato de que provavelmente parecia uma garota de programa com
sapatos feios. Ela passara o dia inteiro e o início da noite com um tom rosado no rosto, tentando
desesperadamente não inclinar o corpo.
Quando chegara ao restaurante para trabalhar, a chefe dela, Helen Hudson, ficara com pena
e encontrara um avental que chegava até os joelhos de Kara e cobria a parte de trás que estava
exposta.
Desejando ter ido para casa com o avental, ela puxou novamente a parte de baixo da saia
minúscula com um gesto cheio de frustração, torcendo para que nada além das coxas estivesse
aparecendo.
A exaustão tomou conta do corpo de Kara e o estômago roncou. Ela estivera tão ocupada no
trabalho que não tivera tempo para comer. O restaurante pequeno e aconchegante estivera cheio,
muito mais do que o normal, pois era sexta-feira à noite. Na verdade, ela ficara feliz com a
quantidade de clientes. O dinheiro das gorjetas que tinha na mochila era tudo o que havia entre
ela e uma conta bancária totalmente zerada. Talvez pudesse comprar algumas coisas no mercado
agora que tinha um pouco de dinheiro. As prateleiras em casa estavam vazias e a colega parecia
estar em uma situação financeira ainda pior. Lydia nunca comprava comida e o que Kara
comprava desaparecia rapidamente.
Último semestre! Você consegue.
Foram quatro longos anos e Kara se sentia muito mais velha do que os vinte e oito anos que
tinha. Na verdade, ela simplesmente se sentia velha. Ponto. A maioria dos colegas da faculdade
mal tinha idade para beber e só pensava em festas, enquanto Kara só conseguia pensar em viver
um dia de cada vez, chegando cada vez mais perto da formatura.
Ela perdera os pais em um acidente de carro aos dezoito anos e era praticamente sozinha.
Depois de trabalhar vários anos como garçonete, mal sobrevivendo, sabia que precisava ir para a
faculdade ou resignar-se a sobreviver sem ver um fim para a pobreza.
Ela não se arrependia da decisão de ter ido para a faculdade, mas fora difícil, uma estrada
árdua e solitária. Estava grata por estar quase no fim.
Você conseguirá. Está quase lá!
Kara parou abruptamente quando a calçada começou a oscilar e a visão ficou embaçada. Ah,
merda. Ela estendeu a mão para se segurar em um poste enquanto o cérebro girava e o corpo
tremia. A tontura tornou impossível avançar mais um passo. Mas que merda. Eu deveria ter parado
para comer alguma coisa.
— Kara! — Ela ouviu a voz em tom de barítono baixa e sem sentido penetrando o cérebro
enevoado. A voz era abrupta, mas era reconfortante saber que alguém que a conhecia, que a
reconhecera, estava lá.
Balançando a cabeça, tentando clarear a visão, Kara segurou com mais força no poste de
metal e fez força para não desmaiar na calçada gelada de pedra quando o corpo oscilou
precariamente, preparando-se para a queda.
—C risto, você está horrível! — A mesma voz, impaciente e rouca, penetrou a mente enevoada
e ela sentiu braços sólidos e musculosos envolvendo-a ao ser erguida contra um peito
rígido.
Quente... tão quente. Instintivamente, ela se aconchegou contra a forma de vida forte e que
produzia calor, tentando usar aquele calor para reviver os músculos congelados.
Ela encostou a cabeça que girava em um ombro muito largo e sólido, e suspirou quando o
homem misterioso passou por um conjunto de portas, entrando em um prédio aquecido. Em algum
lugar no fundo da mente, ela sabia que devia estar lutando contra ele, tentando se afastar do
homem estranho cuja voz não reconheceu, mas não tinha forças.
Kara ouviu o barulho da porta do elevador abrindo-se e o estômago se rebelou quando a
câmara de aço se moveu, subindo no que parecia ser a velocidade da luz.
Momentos depois, ela foi gentilmente colocada sobre uma cama confortável e envolta em um
cobertor quente que reduziu o gelo do corpo. Os sapatos foram retirados abruptamente e jogados
no chão. Ela abriu os olhos e tentou focalizar a visão. Esforçando-se para levantar, ela se viu
empurrada de volta para os travesseiros por mãos fortes. — Não se mova. Nem um centímetro.
— Estou bem. Tive uma virose leve, achei que tinha superado. Foi só uma leve tontura —
argumentou ela ao tentar se levantar novamente.
— Você não está bem — disse a voz. — O médico está aqui para vê-la. Ele mora no prédio e
viu quando você quase mergulhou na calçada.
— Médico? — Alarmada, Kara focalizou o olhar em outro homem parado atrás do que dava
ordens. — Não preciso de um médico. — Ela não podia pagar um médico.
— Tarde demais. Ele está aqui. E você será examinada.
— Posso me recusar — respondeu ela hesitantemente. O olhar dela finalmente encontrou os
olhos escuros do seu salvador.
— Você não vai fazer isso — disse ele em tom ameaçador.
A aparência perigosa dele impediu que uma resposta ríspida saísse da boca de Kara. Meu
Deus, ele era imenso. Ombros largos encheram a visão dela quando ele se abaixou ao lado da
cama. Ela sentira o corpo musculoso enquanto ele a carregara. Mas agora conseguiu apreciar
visualmente a força dos braços e o corpo sólido quando a visão clareou e a tontura começou a
passar.
Grande. Moreno. Perigoso. Os olhos azuis de Kara encontraram o olhar castanho escuro dele,
que parecia tão feroz que era quase assustador. Ele passou a mão impacientemente pelos cabelos
pretos curtos com expressão sombria. Não era bonito de uma forma convencional, as feições eram
muito angulosas e a pele cor de oliva marcada por uma pequena cicatriz na têmpora direita e
outra na bochecha esquerda. Mas... ele era atraente de uma forma carnal e sensual. Kara sentiu a
intensidade vibrando do corpo dele e entrando no dela, deixando-lhe os mamilos rígidos e
sensíveis. — Quem é você? — perguntou ela em tom suave, lembrando-se de que ele a chamara
pelo nome.
— Simon Hudson. Filho de Helen Hudson. — Ele se levantou e recuou para deixar que o homem
mais velho se aproximasse.
Filho de Helen? Simon. Ela nunca encontrara Sam nem Simon, mas ouvira a chefe, uma mulher
que se tornara amiga muito próxima no decorrer dos anos, falar muito sobre eles. Simon era o
mais jovem. Trinta e poucos anos. Um gênio da informática, desenvolvia jogos de computador que
colocara a Corporação Hudson no caminho para se tornar uma empresa que valia bilhões.
— Jovem, ouvi dizer que está doente. Sou o dr. Simms. Deixe-me dar uma olhada rápida em
você. — Um rosto gentil e mais velho substituiu o do sr. Alto, Moreno e Rabugento. Kara soltou um
suspiro aliviado e deu ao médico um sorriso leve.
— Estou bem. Um vírus. Talvez eu não estivesse totalmente recuperada e tive um longo dia. Só
uma leve fadiga residual — garantiu ela ao médico, querendo calçar os tênis velhos e fugir
daquela situação humilhante assim que possível.
Simon estava parado atrás do médico com os braços cruzados e o rosto formidável. Nossa... o
homem era assustador. Não que ela não tivesse visto homens assustadores o suficiente durante a
vida. Mas havia algo sobre Simon que fazia com que o coração dela batesse mais forte e o corpo
ficasse alerta.
Kara deixou o médico examiná-la. O dr. Simms era gentil e eficiente, com uma atitude que a fez
sorrir enquanto ele conversava distraidamente durante a avaliação. Ele lhe deu algumas ordens e
fez as perguntas padrão. Ela respondeu às perguntas da forma mais breve possível, querendo
que o exame terminasse para que pudesse ficar longe da presença de Simon Hudson.
O dr. Simms se levantou com um sorriso profissional ao concluir o exame. — Você precisa de
descanso, alimentos e mais tempo para se livrar desse vírus. Talvez tenha se sentido melhor por um
dia porque a febre baixou, mas ela voltou e o vírus não saiu completamente do corpo. Você já
está debilitada e não parece ester dormindo nem alimentando-se adequadamente. — O sorriso do
médico se alargou. — É normal em nós, médicos. Pode ter sido há algum tempo, mas ainda me
lembro da faculdade. — Depois de uma pausa, o médico perguntou em tom profissional: — Há
alguma chance de que esteja grávida?
O olhar de Kara voou para o rosto de Simon e ela sentiu o rosto quente de vergonha. Simon
realmente precisava escutar aquilo tudo? Ele sustentou o olhar dela e o corpo pareceu visivelmente
tenso enquanto esperava a resposta.
— Não. Possibilidade zero — respondeu ela com uma timidez que não era normalmente parte
de sua personalidade. Não havia chance alguma de que estivesse grávida, a não ser que um
vibrador pudesse engravidá-la. E, ultimamente, ela andava cansada demais até mesmo para usá-
lo. A vontade sexual morrera com as oitenta e quatro horas semanais de faculdade e trabalho. A
única ação que a cama dela via era Kara, sozinha, dormindo pelas poucas horas de descanso que
tinha todas as noites depois das sessões de estudo até tarde.
O médico discorreu sobre o assunto, instruindo-a a descansar e tratar os sintomas com remédios
comuns para a febre.
Kara agradeceu e deu-lhe um sorriso trêmulo. Ele se virou para Simon e os dois homens
começaram a conversar baixinho ao saírem do quarto.
Ela se sentou depressa, depressa demais, e o quarto girou por um minuto antes que a mente
clareasse. Meu Deus, ela estava fraca como um filhote de gato com a volta da febre e a falta de
comida. Ela se inclinou lentamente e pegou os sapatos do chão, sentando-se na cama para enfiá-
los nos pés sem nem mesmo desatar os cadarços.
— O que pensa que está fazendo? — Kara saltou ao som da voz estrondosa a meio caminho
de calçar o segundo pé de tênis.
— Preciso ir para casa — respondeu ela, sentindo-se desconfortável agora que estava sozinha
com Simon. Ele era grande demais, áspero demais, exigente demais, tudo demais. Havia alguma
coisa nele que fazia com que ela se sentisse meio fora de equilíbrio, e aquilo não tinha nada a ver
com o vírus.
Ele colocou as pernas dela sobre a cama e tirou-lhe os sapatos. Merda. Todo aquele trabalho
duro desfeito em questão de segundos. Colocar os sapatos fora um esforço enorme e ela não
gostou da ideia de ter que repetir o ato.
— Você está doente e ficará aqui — disse Simon em voz firme. Os olhos escuros dele
passearam pelo corpo dela e ele fez uma careta.
— Não posso. Tenho que trabalhar amanhã. Preciso dormir um pouco.
— Você não vai para o trabalho por pelo menos uma semana. Já telefonei para a minha mãe e
disse a ela para achar alguém para substituí-la. — A expressão dele era desaprovadora ao
cobri-la com o cobertor e sentar-se sobre ele, efetivamente deixando-a presa. — Também tomei a
liberdade de pegar as chaves da sua mochila para que minha assistente possa ir à sua casa e
pegar algumas roupas, caso sua colega não esteja em casa.
— Mas eu...
— Não discuta! Esse assunto acabou. Vou preparar alguma coisa para você comer. E você
comerá. Depois, dormirá. — Ele se levantou e saiu, com as ordens ainda ecoando pelo espaço um
tanto impressionante do quarto.
Fumegando, Kara se sentou e debateu se teria coragem de saltar da cama e correr porta
afora do apartamento. Um belo apartamento! O quarto era espaçoso e decorado em tons de
bege e preto. Um carpete bege felpudo e mobílias escuras masculinas dominavam o quarto. A
cama era imensa, com uma estrutura preta de ferro intricada que apoiava um dossel bege que
parecia ser feito de seda com desenhos bordados em preto e marrom. Era um belo quarto,
arrojado e sombrio, exatamente como o homem a quem pertencia.
Ele realmente esperava que ela ficasse lá? Sim, a mãe dele era chefe e amiga de Kara, mas
ela não conhecia Simon e não tinha certeza se gostava dele. Era mandão, impaciente e esperava
que as pessoas saltassem ao comando dele. Ou que ficassem paradas, se fosse essa a ordem,
como um cão bem treinado. Infelizmente para ele, Kara não aceitava ordens muito bem. Ela tomava
as próprias decisões desde a morte dos pais e a última coisa de que precisava era um bilionário
dominador resolvendo a vida dela. A única coisa que o dinheiro significava para Kara era
segurança. Tirando isso, ela não se importava nem um pouco com o que o dinheiro podia comprar.
Era difícil sentir falta de coisas materiais que nunca tivera.
Ele telefonou para Helen para que ela me substituísse? De jeito nenhum ela perderia uma semana
de trabalho. Os dois dias de trabalho que perdera naquela semana já tinham deixado a conta
bancária vazia. Dependia das gorjetas para sobreviver e não receberia nenhuma se ficasse
sentada em casa. Perdera duas noites de trabalho porque não tivera opção. O vírus a deixara
prostrada na cama e mais doente do que estivera desde a infância.
Ela suspirou e recostou-se novamente nos travesseiros. Estava tão cansada e tão fraca naquele
momento. A única coisa que queria mesmo era afundar naquela cama quente e confortável e
dormir até que não sentisse mais cansaço algum. Como seria isso? Ela não se lembrava de uma
época em que não estivesse exausta. Nos quatro anos anteriores, sentir-se totalmente drenada
tornara-se uma coisa normal. Ela só dormia poucas horas por noite e as refeições eram
esporádicas, dependendo do que podia pagar.
Kara olhou para cima ao ouvir o barulho de louças e viu Simon entrando no quarto equilibrando
pratos. Ela reprimiu um sorriso, pensando que era bom ele trabalhar com computadores, pois nunca
ganharia a vida como garçom. Ele tinha um copo em uma mão e um prato na outra. Uma tigela
estava precariamente equilibrada entre o cotovelo e o peito. Ela queria dizer a ele que seria mais
fácil se simplesmente colocasse a tigela sobre o prato, mas resolveu ficar em silêncio.
— Não sei do que você gosta — resmungou ele ao colocar o copo sobre a mesinha de
cabeceira e entregar-lhe a tigela. Ele parecia revoltado com o fato de que havia alguma coisa
que não sabia. — Sopa. Coma.
Pense em um homem de poucas palavras. Ele dava ordens como um sargento. — Simon, não
posso ficar aqui — disse ela em tom suave ao aceitar a tigela de sopa quente. Canja de galinha.
A sopa favorita dela. Com o estômago roncando por causa do aroma tentador que subia da
tigela, ela ergueu a colher e comeu com cuidado. Sabia que saíra de uma lata, mas estava
deliciosa e ela devorou a comida como uma pessoa faminta.
— Você fica. Tome isso. — Ele fez uma careta ao erguer a mão e largar dois comprimidos na
palma da mão dela.
Tylenol extraforte. Ela os colocou na boca e estendeu a mão para pegar o copo. Simon lhe
entregou o copo antes que ela conseguisse pegá-lo. Ela engoliu e entregou o suco na mão de
Simon antes de responder: — Preciso trabalhar. Não posso faltar ao trabalho. Já faltei dois dias
porque estava doente. Tenho certeza de que me sentirei melhor amanhã.
— Pode apostar seu belo traseiro que sim. Vou garantir isso — respondeu ele, com a voz
implacável.
Kara continuou a comer a sopa enquanto estudava a expressão dele. Ele estava sério.
Absolutamente sério. Como uma mulher doce como Helen acabara tendo um filho cretino como
Simon? — Você não é meu chefe, Simon.
— Não, mas minha mãe é e ela concorda que você não vai trabalhar. Ela não sabia que você
ainda estava doente — disse ele com a expressão carrancuda. — Nem sei como ela não notou.
Você tem olheiras profundas que fazem com que pareça um guaxinim e parece praticamente
morta. Mamãe está perdendo o jeito. Normalmente ela enxerga qualquer problema.
Dolorosamente, se necessário — resmungou ele, como se estivesse lembrando-se de algumas
daquelas experiências dolorosas.
— Eu estava me sentindo melhor mais cedo. E ela me ajudou a encontrar alguma coisa para
vestir por cima da saia — disse ela calmamente enquanto terminava de comer a sopa.
— Onde diabos conseguiu essa roupa? Nunca vi você vestir nada além de calças jeans —
perguntou ele em tom suave e perigoso. Kara estremeceu quando os olhos dele passearam sobre a
coberta, como se conseguisse ver o corpo dela através do material.
— Foi um empréstimo — disse ela, aceitando o prato que continha um sanduíche de aparência
deliciosa quando ele levou a tigela para longe. — Como uma idiota, derramei café na minha
roupa hoje e não tive tempo de passar em casa antes de ir para o trabalho.
— Você não é uma idiota — disse ele em tom ríspido.
Engolindo uma mordida do delicioso sanduíche de ovo com salada, os olhos de Kara se
voltaram para o rosto dele em surpresa. — Nós nunca nos encontramos. Como você me
reconheceu? Como sabe o que eu normalmente visto?
Ele deu de ombros e desviou os olhos. — Vi você no restaurante.
— Eu nunca vi você no restaurante.
— Eu passo lá para ver a mamãe. Normalmente, não vou para a parte da frente.
O escritório de Helen ficava na parte de trás e aquilo fazia sentido. Kara ficou em silêncio
enquanto devorava o restante do sanduíche. Meu Deus... ela estava faminta... e grata pela
refeição.
— Obrigada — disse ela com sinceridade ao devolver o prato a ele, que o colocou sobre a
mesinha de cabeceira.
— Você precisa se alimentar. E dormir. — Ele encostou de leve nas olheiras de Kara com o
dedo indicador. — Eu nunca cheguei perto o suficiente para notar como parece cansada.
— O vírus acabou comigo — murmurou ela baixinho, sentindo-se aquecida não só pela comida,
mas pela expressão preocupada no rosto de Simon. — Estarei bem o suficiente amanhã para
trabalhar.
Ele lhe entregou o copo de suco. — Nem pense nisso. Beba isso e durma.
Cansada demais para discutir, Kara bebeu o suco e colocou o copo vazio na mão dele. Ela
lidaria com tudo mais tarde. Os olhos estavam fechando-se sozinhos e a exaustão fazia com que
ela parecesse pesar uma tonelada. Precisava fechar os olhos.
Aconchegando-se sob a coberta, Kara suspirou e repousou a cabeça no travesseiro. Pela
primeira vez em anos, ela se sentia cheia, confortável e... segura. Simon podia ser rabugento, mas,
pelo jeito, nomeara a si mesmo protetor dela. Isso era, de certa forma... reconfortante.
Com aquele pensamento estranho, ela dormiu.
ra acordou tarde no dia seguinte, sentindo-se completamente descansada e imaginando

A onde estava, até que se lembrou do episódio na calçada e do resgate logo em seguida
por Simon Hudson.
Ele estava lá ou ficaria fora o dia inteiro?
Deslizando silenciosamente para fora da cama imensa, Kara encostou a cabeça na porta do
quarto, sem ouvir nada além de silêncio. Ela pegou um roupão de seda preto que provavelmente
pertencia a Simon e abriu uma porta na outra extremidade do quarto. Aliviada ao encontrar um
banheiro, trancou a porta, tirou as roupas depressa e soltou os cabelos. As roupas ficaram
amontoadas no chão.
Ela precisava de um banho. E café!
Sentindo-se mais como si mesma depois de tomar banho, limpa e enrolada no roupão de Simon,
ela hesitou enquanto procurava uma escova de dentes e pasta no balcão de mármore perto da
pia dupla. Sem querer abusar, mas desesperada por uma escova de dentes, Kara abriu algumas
das portas e quase riu alto ao encontrar uma escova novinha em folha, ainda na embalagem.
Depois de usá-la, tentou domar os cabelos molhados com uma das escovas de cabelo de Simon.
Tardiamente, ela torceu para que ele não se importasse. Isso mesmo, faça de conta que a casa é
sua, Kara.
Como se ela algum dia pudesse ter uma casa como aquela. O luxo gritante em volta a deixou
espantada e ela encarou a banheira imensa com um suspiro longo. O que não daria para passar
uma hora dentro dela.
Ela não era uma garota materialista, mas, ainda assim, sabia apreciar uma banheira fenomenal.
O apartamento dela só tinha um chuveiro minúsculo e um longo banho de imersão era algo que
teria que esperar até que se formasse na faculdade e pudesse ter um lugar só seu. E ele terá uma
banheira. Ela decidiu naquele momento que isso seria um requisito.
Afastando-se da tentação da banheira oval enorme, Kara apertou o roupão em volta do corpo
e pegou as roupas e a toalha, tentando não imaginar o corpo musculoso e nu de Simon reclinado
dentro d’água.
Mas que mulher idiota! Pare de pensar no filho da chefe e procure a maldita mochila para que
possa dar o fora daqui.
Saindo do quarto, ela hesitou, sem saber exatamente para onde ir. O apartamento era imenso.
Havia quartos de hóspedes, lindamente decorados, na outra extremidade do longo corredor que
levava ao quarto principal. Ela quase soltou uma exclamação ao sair do corredor e entrar em uma
sala de estar espaçosa, que tinha teto alto e belo e mobílias de couro bege.
Puta merda! Ela já vira uma televisão tão grande? A tela dominava uma parede inteira,
parecendo quase uma tela de cinema.
Esse lugar não tem naaaaada a ver comigo!
Os pés descalços deixaram o carpete felpudo e pisaram na madeira lisa quando ela entrou
lentamente em uma cozinha que seria o sonho de qualquer chef. Decorada em verde escuro e
creme, tinha todas as conveniências que uma pessoa poderia desejar e várias que ela nem
conseguiu identificar.
Kara viu a mochila sobre a mesa da ilha e abriu-a para guardar as roupas emprestadas na
parte maior, ainda segurando a toalha molhada, pois não sabia o que fazer com ela.
— Como está se sentindo? — Ela saltou quando a voz baixa soou na cozinha silenciosa. Kara
cobriu o peito com a mão trêmula quando o coração saltou e ela se virou para Simon, que a
observava em silêncio, com um braço apoiado casualmente no batente da porta. Os cabelos
escuros ainda estavam úmidos, como se tivesse acabado de sair do banho, e ele vestia calça jeans
que envolvia a parte de baixo do corpo musculoso de forma harmoniosa. Os ombros enormes e o
peito largo estavam cobertos por uma camisa de flanela verde. O homem estava... um arraso.
Os olhos castanhos passearam pelo corpo dela, ficando cada vez mais ardentes. Para cima e
para baixo. Para cima e para baixo. Kara apertou o roupão ainda mais. — Desculpe. Eu não tinha
mais nada para vestir.
Ele deu de ombros ao se afastar da porta. — Ficou muito melhor em você do que em mim —
respondeu ele com voz rouca ao andar até o armário do outro lado da cozinha. — Café?
Ah, minha nossa, sim! Ele podia muito bem ter perguntado se ela queria terminar a faculdade
de enfermagem. Era totalmente viciada. — Sim, por favor. Se não for muito trabalho.
— Sente-se. Você deveria estar descansando. — Ele acenou na direção da ilha e ela se sentou
em um dos bancos altos.
Kara observou quando ele colocou uma xícara na máquina de café, derramou pó em um
recipiente e fechou-a. A máquina começou a fazer barulho e o café ficou pronto em segundos.
— O sonho de toda pessoa que ama café — disse ela suspirando quando ele lhe entregou a
xícara fumegante.
— Espero que goste de café preto — comentou ele ao pegar creme na geladeira e colocá-lo
em frente a ela, juntamente com o açucareiro. — É uma marca mais forte.
Kara sentiu o aroma delicioso que subia da xícara e ficou com a boca cheia d’água. — O
cheiro está fabuloso. — Ele estendeu uma colher e ela a pegou, com os dedos encostando nos
dele. A mão dela formigou com o toque leve e um calor se espalhou pelo corpo. Ele estava parado
perto, tão perto que ela sentiu o odor masculino quando ele estendeu a mão em direção às pernas
cobertas pelo roupão de seda. Ela prendeu a respiração quando os dedos dele encostaram no
tecido, incendiando-a por dentro.
— Deixe que cuido disso. — Ele ergueu a toalha molhada do colo dela, com os nós dos dedos
deslizando lentamente pelas coxas ao puxar o pano.
Ela estava tremendo. Tremendo de verdade, só por causa daquele toque leve e casual dele.
Minha nossa, ela precisava se afastar. Para algum lugar onde não conseguisse sentir o cheiro dele,
não conseguisse sentir o calor que ele emanava e as vibrações inquietantes de energia sexual. —
Obrigada. — A voz de Kara estava fraca ao soltar a toalha.
Ela soltou um suspiro de alívio quando ele andou até um cômodo perto da cozinha e voltou sem
a toalha. — Você não respondeu à minha pergunta. Como está se sentindo?
Ela afastou os olhos do corpo tentador dele e colocou creme e açúcar no café. — Eu me sinto
ótima. A febre foi embora. Obrigada por me ajudar, mas preciso ir embora. — Ela fechou os olhos
e quase gemeu ao sentir o gosto rico e forte do café.
— Você não pode ir embora. Não hoje. Nem amanhã. — A voz de Simon estava neutra. Ele foi
até a cafeteira e colocou mais pó na máquina, abaixando a tampa com mais força do que o
necessário.
— Por quê? — Ela arregalou os olhos e encarou-o com um olhar surpreso.
Com os olhos grudados na xícara de café que acabara de preparar, ele se sentou em frente a
ela em outro banco, pegou a colher da mesa e colocou um pouco de creme no café. — Você foi
despejada.
O café derramou sobre os dedos de Kara quando ela pulou em choque. Seus olhos voaram
para o rosto dele, momentaneamente atônitos. — Isso não é possível. Lydia paga o aluguel. Ela
recebe a minha parte todos os meses. — Com um gesto automático, ela pegou um guardanapo no
centro da ilha para limpar os dedos, sem registrar a queimadura superficial porque estava
chocada demais com o que ele dissera. Era alguma brincadeira? O senso de humor dele era
totalmente distorcido? Será que não sabia que não era uma coisa simpática brincar com uma
mulher praticamente sem dinheiro usando aquele tipo de coisa?
O olhar dele finalmente encontrou o dela, com uma expressão sombria e um toque de pena. —
Receio que sua colega tenha fugido. A única coisa que havia no apartamento ontem à noite era
algumas caixas que continham uns documentos seus da faculdade, certidão de nascimento e outros
papéis.
As mãos de Kara começaram a tremer e ela as cruzou sobre o balcão de mármore. Não podia
ser verdade. Não era verdade. — Deve haver algum engano.
— Não há engano algum. Minha assistente falou com o locador hoje cedo. A sua colega foi
despejada. O processo de despejo estava correndo há algum tempo. Ontem foi o último dia. —
Simon bebeu um gole do café sem afastar os olhos dos dela.
Ah, meu Deus, ah, meu Deus, ah, meu Deus! A mente de Kara disparou ao perceber as
implicações da revelação dele. Sem lugar para morar. Sem pertences. Mas que diabos?
— Deve haver algum engano — sussurrou ela, descendo o olhar para a xícara. Por favor, faça
com que isso seja um engano. Ela nunca conseguiria pagar o aluguel nem repor os pertences. — E
as minhas coisas? As minhas roupas?
— A sua colega foi meticulosa. Não havia nada lá, exceto algumas caixas.
— Deve ser o lugar errado.
— Era o lugar certo, Kara. Sinto muito.
Simon falou o endereço e o nome do locador e da colega. — Está tudo correto?
Lágrimas encheram-lhe os olhos azuis quando ela assentiu, sem conseguir dizer uma só palavra
por causa do nó na garganta. Meu Deus... ela estivera equilibrada na corda bamba por anos, sem
uma rede de segurança. E, agora, caía para a morte pouco antes de chegar ao fim da corda.
Ela raramente falava com Lydia, mas nunca achou que a colega fosse capaz de algo como
aquilo. Elas eram cordiais uma com a outra, mas Kara só ficava em casa à noite para estudar e
dormir, e os encontros com Lydia eram esporádicos. Ela deixava a parte dela para o aluguel e as
contas sobre a minúscula mesa da cozinha todos os meses, sem nunca duvidar de que a colega
usasse o dinheiro para pagar tudo. Pelo jeito, não usara. — Isso não está acontecendo — disse ela
baixinho, sentindo como se o mundo tivesse se despedaçado. E, na verdade, fora o que acontecera.
Apenas algumas palavras, um desastre, uma traição, bastaram para que a vida dela
desmoronasse.
— Você está bem? — perguntou Simon hesitantemente, bebendo o café e estudando-a com
cuidado.
— Sim. Não. Não sei — disse ela incrédula. — Preciso pensar. — O que faria? Onde viveria?
Como sobreviveria? Ela empurrou a xícara para longe e enterrou a cabeça nos braços. Ela estava
destruída. Pense, Kara. Pense. — Eu não sabia. Como eu pude não saber? — perguntou ela a
Simon, mas, na realidade, mais a si mesma enquanto tentava entender como aquilo pudera
acontecer.
— Sua colega abandonou a faculdade no último semestre. Pelo jeito, ela escondeu tudo para
que ainda pudesse pegar o seu dinheiro até que tivesse que ir embora — respondeu Simon com a
voz furiosa. — Eu sinto muito, Kara. Você já tem problemas o suficiente sem isso.
Ela ergueu o rosto e o olhar confuso e cheio de medo encontrou os olhos furiosos dele com
surpresa. Ele estava com raiva. De Lydia. Das circunstâncias. Obviamente, Simon tinha coração. —
T-tudo se foi? Os móveis, as coisas do meu quarto, meus outros pertences? — gaguejou ela com o
choro causando um nó na garganta.
— As únicas caixas que sobraram foram trazidas para cá pela minha assistente, Nina. Elas
estão sobre a cama no quarto de hóspedes — disse ele em tom grave. — Eu verifiquei tudo, Kara.
Foi tudo calculado. A sua colega levou tudo no último dia. Se você tivesse ido para casa ontem à
noite, teria encontrado o apartamento vazio. Fico feliz por não ter precisado passar por essa
surpresa tarde da noite. Nina entregou a chave para o locador. As fechaduras serão trocadas.
Você não pode voltar para lá.
Sem lar. Sem cama. Sem lugar algum para onde ir.
O desespero e a sensação de perda explodiram dentro dela que, subitamente, não conseguia
respirar, não conseguia pensar. Lágrimas silenciosas correram-lhe pelo rosto e a única coisa em que
ela conseguia pensar era nos quatro anos anteriores de luta e esforço. Para nada. Tudo aquilo
fora inútil. Ela acabaria em um abrigo, se tivesse sorte de encontrar uma vaga. A faculdade teria
que esperar até que ela se recuperasse do golpe.
— Não. Ah, meu Deus, não. — Ela respirou fundo, tentando reprimir o pânico, mas foi inútil.
Com o corpo tremendo e as mãos cobrindo o rosto, Kara Foster fez algo que não fazia desde a
morte dos pais.
Ela chorou.
O gelo em volta do coração de Simon rachou um pouco quando ele observou a mulher totalmente
desesperada e desamparada cair em lágrimas. Os soluços desesperançados fizeram com que
as entranhas dele se contorcessem.
Merda! Se ele conseguisse encontrar a colega inútil dela, faria com que pagasse por toda a
dor que Kara sentia naquele momento.
Incapaz de se conter, Simon se aproximou de Kara e puxou o corpo dela contra o seu,
erguendo-a para os braços com toques cuidadosos. Ela se levantou e passou os braços em volta
do pescoço dele, encostando o rosto em seu peito. Ele sentiu o corpo dela tremendo, com a silhueta
menor contra a sua, expressando o desespero no ombro dele.
— Shhh... Kara. Ficará tudo bem. Vou cuidar de você. — Simon correu a mão pelos cabelos
pretos sedosos dela, sabendo que cada palavra era verdadeira. Não era somente algo que dizia
para acalmá-la, para afastar a dor. Ele queria cuidar daquela mulher, que tivera uma dose imensa
de azar e tribulações, aguentando tudo com força admirável. Ela era especial e as lágrimas quase
fizeram com que ele perdesse o controle.
Ele respirou fundo e apertou um pouco mais os braços em volta da cintura dela, colocando uma
das mãos abertas nas costas magras e movendo-a em círculos para acalmá-la. Em seus braços, ela
parecia estar no lugar certo. O pênis se contraiu de leve quando ele inalou o aroma atraente dela.
Ela tinha um cheiro natural que o deixou com a boca cheia d’água.
Ele amaldiçoou o pênis inquieto ao segurar o corpo macio e maleável contra o seu. Agora não
era o momento de ficar de pau duro, mas ele não sabia se conseguiria ficar a um quilômetro de
distância de Kara sem ter uma ereção selvagem. Ele soltou um suspiro leve, fazendo com que
alguns dos fios de cabelo dela esvoaçassem.
Simon queria fazer com que todos os problemas dela desaparecessem, bani-los como se nunca
tivessem existido. — Nós lidaremos com isso, Kara. Vou ajudar você.
Ela se afastou dele, limpando as lágrimas com os dedos das duas mãos. — Deixei você todo
molhado. — Ela soluçou ao esfregar a camisa molhada de Simon.
Simon teve vontade de chorar quando ela saiu de seus braços. — Não faz mal.
— Não posso choramingar como um bebê o dia inteiro. Preciso ver se consigo encontrar um
abrigo. Isso me deixou totalmente quebrada. — O rosto dela estava novamente composto e a
expressão totalmente sem vida.
— Nada de abrigo. Você pode ficar aqui. Tenho espaço o suficiente. — Ele tentou manter a voz
calma, mas estava pronto para prendê-la no chão, se fosse necessário. Ela não iria para um
abrigo. Podia estar sem dinheiro naquele momento, mas iria se recuperar. — Pense de forma
razoável, Kara. Você precisa de ajuda. Estou disposto a ajudá-la. Pode terminar o último semestre
da faculdade e morar aqui.
— Por quê? Por que você iria querer que eu ficasse aqui? Sou uma completa estranha.
Ele queria lhe dizer que ela nunca fora uma estranha, não desde o primeiro momento em que a
vira. Alguma coisa mudara dentro dele, algo selvagem e elemental. — Você precisa de ajuda.
Todo mundo precisa de ajuda de vez em quando. Eu tinha meu irmão. Tive sorte.
— Simon, não posso simplesmente me aproveitar de você.
Ah, sim, pode. Quando e sempre que quiser. Simon se sentou novamente no banco para esconder
a ereção crescente. Por sorte, ela se sentou e puxou a xícara de café. — Você não está se
aproveitando. Está só aceitando uma pequena ajuda.
Ela fez um gesto de desprezo antes de tomar outro gole do líquido quente. — É mais do que
uma pequena ajuda. Ainda faltam quatro meses para terminar a faculdade. Não tenho dinheiro.
Não tenho roupas. Nada.
Apesar de sentir vontade de dizer que ela podia andar nua pelo apartamento, ele respondeu:
— Nina conseguirá algumas roupas para você. Não se preocupe. — Ele respirou fundo antes de
continuar. — Só tenho uma condição. Exceto por ela, minha ajuda é incondicional.
— Que condição? — Ela olhou desconfiada para ele por sobre a xícara.
— Quero que pare de trabalhar enquanto estiver estudando. — Ele teve que reprimir um
sorriso quando o rosto dela assumiu uma expressão teimosa e implacável. Aquele seria um assunto
delicado, mas ele não cederia.
— Não posso parar de trabalhar. Preciso viver. Não tenho nada — disse ela em tom firme.
— Nada de trabalhar. Eu ajudarei você financeiramente. Você já passa quarenta horas por
semana na faculdade e isso não inclui o tempo de que precisa para estudar. Essa é minha oferta. É
pegar ou largar. — Ele não pretendia assistir enquanto ela continuava a definhar. Depois de
apenas uma noite decente de sono, as olheiras já tinham diminuído. Seria ótimo vê-las desaparecer
totalmente e saber que ela fazia refeições decentes. Ela podia ser feita de aço por dentro, mas o
corpo era frágil.
— Mas eu...
— Essa é a oferta. É pegar ou largar.
Ele viu o rosto de Kara ficar vermelho e os olhos dela encontrarem os dele com uma expressão
desgostosa. Simon prendeu a respiração silenciosamente e o coração começou a bater mais forte.
Era arriscado, mas para onde mais ela iria? O que poderia fazer? Mas, por um momento, por um
instante que pareceu uma eternidade, ele observou o rosto dela, certo de que ela o mandaria
para o inferno.

Ele estava dando ordens, dizendo a ela como cuidar de sua vida e, instintivamente, Kara queria
se rebelar. Ela soltou um suspiro frustrado. O olhar dele estava imóvel e inflexível. Teria que ser do
jeito dele, ou não seria de jeito algum. Ela tinha alguma opção? Poderia procurar um abrigo, mas
aquilo significaria desistir da faculdade por algum tempo e estragar o programa inteiro. — E o
meu seguro, meus benefícios? E o restaurante?
— O restaurante da mamãe ficará bem. Ela tem garçonetes que querem trabalhar em horário
integral.
Kara se encolheu ao ouvir aquilo, sabendo que era verdade. Havia outras funcionárias que
ficariam muito felizes em assumir a posição de horário integral dela.
— E garantirei que continue com o plano de saúde. Você não perderá o seguro.
Ela estudou os olhos dele, tentando lê-lo, mas Simon era um mistério. Por que ele fazia aquilo?
Ela confiava nele? Mal o conhecia. Ela confiava em Helen, que adorava os filhos. — Está bem. Eu
aceito. Mas você precisa manter um registro do dinheiro para que eu lhe pague depois.
— Nada feito.
— Você disse que só tinha uma condição. — Ela bebeu o resto do café, tentando manter as
mãos firmes segurando os dois lados da xícara.
Ele deu de ombros. — É um complemento, já que você tentou mudar os termos originais.
— O que você ganha com isso tudo? Vou perturbar a sua privacidade, tirar o seu dinheiro e
você não ganha nada em troca? — Ela o encarou espantada com o arranjo.
— Não quero o seu dinheiro. Não pode simplesmente aceitar a ajuda sem questionar os meus
motivos? Eu quero ajudar — disse ele com voz inquieta, terminando de tomar o café e batendo a
xícara na mesa com um barulho impaciente.
— Eu quero fazer alguma coisa, dar alguma coisa em troca pelo trabalho que terá. Eu sempre
vivi às minhas próprias custas. — Agitada, ela se levantou e pegou as xícaras. Levando-as até a
pia, molhou-as antes de colocá-las na lava-louças. Sinceramente, ela devia estar beijando os pés
dele em gratidão, mas, por algum motivo, ficar em dívida com ele a incomodava. Não estava
acostumada a receber nada. De ninguém! Era uma sobrevivente, fazendo o necessário para ficar
apenas um passo à frente da pobreza total. Aquilo era muito estranho, muito confuso.
Kara se virou e bateu de encontro ao corpo poderoso de Simon, uma força que impediu com
facilidade que ela avançasse. O homem era como concreto, fixo e imóvel. Ela colocou as mãos nos
bíceps sólidos e musculosos para se equilibrar. — Desculpe — murmurou ela, mas ele não se
afastou.
— Só há uma coisa que quero de você, Kara. — A voz dele era baixa e rouca. Ele se abaixou
e inalou, como se estivesse sentindo o cheiro dela. Ele colocou uma mão em cada lado do balcão,
prendendo-a no lugar.
O homem era como um poço de testosterona e cada hormônio feminino no corpo dela saltou
alegremente à atração masculina. Ele a envolveu, prendendo-lhe o corpo em um transe, fazendo
com que ela quisesse se render à dominação dele. Alguma coisa dentro dela derreteu, querendo
se jogar nos braços poderosos. — O quê? — O que ele poderia querer dela?
Ela estremeceu quando ele se aproximou ainda mais, sentindo o calor que irradiava do corpo
dele. Kara tinha um metro e setenta de altura, mas Simon era muito maior em altura, força e poder.
Ele abaixou a cabeça, aproximando os lábios da orelha dela. — Você. Na minha cama. Uma noite.
Qualquer coisa que eu quiser, qualquer coisa de que eu precisar. — O sussurro provocante e
baixo dele enviou ondas de fogo pelo corpo inteiro de Kara.
— Eu? — Ela se contorceu quando os lábios famintos dele desceram-lhe pelo pescoço, fazendo
com que as entranhas dela se contraíssem com necessidade e deixando-lhe o sexo molhado.
— Você. Uma noite — repetiu ele. As mãos de Simon desceram para os quadris dela e
acariciaram-na por cima do roupão de seda, explorando-lhe o corpo de forma faminta.
Ela inclinou a cabeça para o lado, dando a ele acesso para explorar a pele sensível do
pescoço. Ah, meu Deus, a sensação era incrível, o cheiro dele era muito gostoso. Ela não conseguiu
pensar quando a boca dele desceu sobre a sua.
Simon não pediu, ele exigiu. A língua empurrou a abertura dos lábios insistentemente e ela
cedeu, deixando que ele a tomasse, explorando-lhe a boca com movimentos exigentes. Ela soltou
um gemido involuntário sob o beijo, sentindo-se arrebatada e enlevada, respondendo de forma
automática e cheia de desejo. A língua dela encontrou a dele, explorando-o, sentindo-lhe o gosto.
Sem soltá-la do abraço cheio de paixão, as mãos dele subiram para abrir o roupão, correndo
dedos possessivos sobre a pele receptiva e os mamilos enrijecidos. Ele beliscou e acariciou
alternadamente, aumentando o desejo dela até que perdesse o controle. Ele colocou a coxa forte
entre as pernas dela e ela pressionou o corpo, desesperada para sentir a fricção. Ela enterrou as
mãos nos cabelos pretos grossos, fechando-as em punhos ao sentir uma onda de prazer erótico.
Ele afastou a boca, com a respiração pesada como se tivesse corrido uma maratona. — Minha
nossa, você é tão gostosa, Kara. Tão receptiva. — O corpo dela pulsou quando ele correu a mão
pelo abdômen.
Ela estremeceu quando os dedos de Simon chegaram à boceta saturada, estimulando a pele
rosada e sensível, recuando a coxa para explorá-la mais profundamente.
— Tão molhada, tão pronta — sussurrou ele ao acariciar o clitóris. — Consigo sentir o seu
cheiro, que está me deixando louco. Quero sentir o seu gosto.
— Ah, meu Deus. Por favor! — Kara estava presa na sensação, com os nervos formigando por
todo o corpo. Ela colocou as mãos nos ombros dele, precisando se apoiar para não cair.
— Tão doce — murmurou ele no ouvido dela. Ele percorreu o lado do pescoço de Kara com a
língua, movendo-a em um ritmo que imitava o que queria fazer em outro local, deixando-a
totalmente tomada pelo desejo de senti-lo lá, fazendo com que quisesse aquela língua de veludo
entre as pernas.
Ela moveu os quadris, precisando de mais contato, mais daqueles dedos talentosos e
provocantes. — Simon, eu preciso...
— Eu sei do que você precisa. Da mesma coisa que eu. Mas, por enquanto, posso lhe dar isso.
— Os dedos dele se fecharam sobre o clitóris inchado, deslizando pelas dobras molhadas,
encontrando o lugar onde ela precisava ser tocada.
Ela gemeu quando ele aumentou o ritmo e a intensidade. Kara estava descontrolada com a
necessidade animal e um gemido escapou-lhe dos lábios quando uma mão continuou a tortura
erótica nos seios, enquanto a outra mantinha um ataque implacável no clitóris inflamado. — Sim! Ah,
sim! — Kara sabia que a voz quente e apaixonada era dela própria, mas mal a reconheceu. Era
uma súplica aguda de satisfação sexual.
A boca de Simon engoliu o gemido dela, como se ele quisesse cada gota do prazer dela. Ela
respondeu, mordendo-lhe o lábio, abrindo-se para que ele a tomasse, rendendo-se completamente.
O canal interno se contraiu e ela sentiu o clímax iminente da cabeça aos pés. Afastando a boca
da dele, ela jogou a cabeça para trás e soltou um grunhido longo quando o orgasmo invadiu-lhe o
corpo, fazendo com que sentisse ondas de prazer que nunca sentira antes.
Ela deitou a cabeça no ombro dele enquanto as ondas continuavam a fazer com que o corpo
estremecesse. — Minha nossa, o que foi isso? — A respiração dela estava pesada. Simon fechou o
roupão e puxou o corpo enfraquecido dela contra o seu.
— Prazer. Só uma amostra do que podemos ter na cama — respondeu ele baixinho, com o
corpo largo balançando-a de leve enquanto Kara se recuperava. — Eu gostaria de uma noite,
Kara. Não porque você precise fazer isso, mas porque também quer. Eu ajudarei você mesmo que
isso não aconteça. É opção sua me dar ou não o que quero. Mas, esteja avisada... gosto de estar
no controle.
Ainda abalada, com a mente em estado caótico, ela perguntou: — E o que exatamente significa
isso?
— Rendição total — respondeu ele em uma voz baixa e rouca que vibrava com paixão mal
contida. — Pense no assunto. Basta dizer sim e darei a você cada gota de prazer que sou capaz
de dar.
— Não sou muito experiente. Eu... você ficaria desapontado. — Ela não fazia sexo havia mais
de cinco anos e, mesmo assim, fora somente com um namorado. Fora o único relacionamento sexual
que tivera, um que durara cinco anos e terminara mal.
— Não quero experiência sexual. Só quero você — respondeu ele abruptamente ao recuar,
dando-lhe um pouco de espaço.
Kara notou o olhar tenso no rosto dele, os sulcos em volta da boca. Ela abaixou o olhar para a
virilha dele, vendo o pênis rígido contra o tecido da calça.
Ele se inclinou para a frente e beijou-lhe gentilmente a testa. — Decida depois. Você passou por
muita coisa hoje e precisa se recuperar da doença. Descanse. Coma. Relaxe. Estarei no laboratório
de informática no andar de cima, se precisar de alguma coisa. Nina chegará em breve com as
suas roupas. Pode ficar com o roupão. Ele fica bem em você. Mas, só para deixar claro... terei uma
ereção imediata sempre que você o usar. Vou me lembrar de todas as respostas deliciosas, de
todos os sons doces vindos de você enquanto gozava nos meus braços.
Kara agarrou o balcão atrás de si, com as juntas dos dedos esbranquiçadas pela força. Ele se
virou e afastou-se, com os músculos ondulando nas nádegas e nas costas perfeitas quando saiu
casualmente da cozinha.
— Isso realmente aconteceu? — sussurrou ela com voz atônita, torcendo para que aquele dia
inteiro fosse apenas um pesadelo e que pudesse acordar na própria cama, no próprio
apartamento minúsculo.
Simon Hudson era um perigo para a sanidade dela, de quem precisava ficar o mais distante
possível.
Quatro meses. Será que conseguiria? Ela endireitou o corpo e prendeu o roupão mais apertado
em volta de si. Ela era uma sobrevivente. Conseguiria sobreviver. Simon dissera que dormir com ele
não era uma exigência. Não precisava acontecer.
Kara respirou fundo, tentando relaxar o corpo. Ela faria o que pudesse para ajudar Simon,
exceto dormir com ele. Poderia cozinhar, limpar, ajudá-lo com qualquer coisa que precisasse ser
feita. Não ter um emprego a deixaria inquieta. Devia haver outras formas de retribuir.
Você quer. Você sabe que o quer.
Ela balançou a cabeça, tentando silenciar os pensamentos. Envolver-se com Simon Hudson não
era uma boa ideia. O gênio bilionário era o tipo que a deixaria destruída depois de uma noite de
paixão. Acabara de provar isso e ela nem mesmo fizera sexo com ele.
Mas agora você sabe que seria uma noite incrível da qual nunca se esqueceria.
E seria. Era isso que temia. Seria memorável demais.
Balançando a cabeça, ela subitamente se lembrou da clínica. Deveria ter ido lá naquela manhã.
Ah, merda. Preciso telefonar para Maddie. Como pude me esquecer disso?
Kara era voluntária todas as manhãs de sábado na clínica infantil gratuita da dra. Madeline
Reynolds. Era algo que fizera todos os sábados no ano anterior e, apesar de ainda não ser
enfermeira licenciada, ajudava em todas as tarefas que podia para que Maddie pudesse atender
o maior número possível de crianças naqueles dias.
Kara pegou um telefone sem fio do balcão da cozinha e rapidamente discou o número da
clínica, explicando a Maddie o que acontecera e pedindo desculpas por não ter aparecido.
— Você não é uma funcionária paga, Kara, apesar de eu apreciar o fato de continuar vindo
para ajudar. Está tudo bem aqui hoje. Você está bem? Precisa de um lugar para ficar? — A voz
de Maddie estava preocupada e o coração de Kara ficou mais leve. Maddie era tão generosa,
tão atenciosa... mas não podia se aproveitar da amiga. Kara sabia que Maddie colocava cada
centavo extra que tinha na clínica gratuita e não fazia muito tempo que se formara na faculdade
de medicina. Kara ouvira Maddie dizer brincando, mais de uma vez, que ainda estaria pagando o
empréstimo para a faculdade quando se aposentasse.
— Não, estou bem. Tenho um... amigo me ajudando — respondeu ela, torcendo para que a voz
soasse normal.
Houve uma pausa e Maddie disse em tom firme: — Telefone se precisar de ajuda, Kara. Você
fará isso, certo?
— Sim, farei. Prometo. Vejo você no sábado que vem.
— Cuide-se. Se algum dia encontrar aquela vadia da sua colega, pode me telefonar. Quero
dar uma surra nela — disse Maddie em tom indignado.
Kara riu. — Você terá que ficar na fila. Estou furiosa o suficiente para fazer isso eu mesma.
Depois de garantir a Maddie que ficaria bem, Kara desligou com um suspiro e atravessou o
apartamento, querendo ver o que sobrara de seus pertences.
Você conseguirá. Já chegou até aqui. Quatro meses, será fácil. Algum dia, poderá repor o que
recebeu.
Um arrepio desceu-lhe pela espinha enquanto procurava o quarto de hóspede onde estavam
seus poucos pertences, sentindo que os quatro meses seguintes seriam um desafio muito maior do
que os que já enfrentara.
Pobreza!
Solidão!
Rejeição!
Insegurança!
Medo!
Tudo isso parecia muito fácil em comparação a alguns meses com Simon Hudson.
A tentação seria um problema enorme.
os seis dias seguintes, Kara descobriu que morar com Simon era fácil... desde que as coisas

N fossem feitas do jeito dele. Ela se viu resmungando, mais de uma vez, sobre a atitude de
comando. E as táticas autoritárias dele. Sem dúvidas, o homem era generoso e Kara já
tivera vários ataques histéricos por causa do dinheiro que gastara com ela. Roupas, notebook,
iPhone, iPad, iPod — Simon adorava bugigangas que começavam com i- e qualquer coisa que
achasse ser essencial para o bem-estar dela. Ela tentara explicar pacientemente que antes vivera
muito bem sem aquelas coisas, mas Simon simplesmente resmungara e logo dera a ela outro
suposto item essencial, apesar de nenhum deles ser necessário.
A única briga que Kara conseguira vencer fora a discussão sobre comprar um carro para ela.
Kara batera o pé e recusara, dizendo a ele que preferia andar de ônibus. Honestamente, ela não
vencera de verdade aquela discussão. O único motivo pelo qual ele cedera fora porque o
motorista, um homem simpático chamado James, levava Kara para a faculdade todos os dias e
buscava-a novamente no final da aula. James parecia estar sempre à disposição, apesar de o
próprio Simon dirigir o Bugatti Veyron até o escritório todas as manhãs. Kara quase engasgara na
primeira vez em que vira o carro elegante e absurdamente caro que só vira anteriormente em
fotos. Simon deu de ombros, dizendo a ela que Sam também tinha um, só que mais novo, um fato
que parecia irritá-lo sempre que o veículo precioso era mencionado. Kara revirara os olhos e
afastara-se. Sinceramente, ele era como um garotinho... só que mais rico — muito mais rico — e os
brinquedos dele eram infinitamente mais caros.
Nina, assistente pessoal de Simon e outra funcionária com quem ela simpatizara imediatamente,
entregou as roupas novas de Kara na manhã do sábado anterior. E não chegara sozinha. Fora
preciso uma legião de homens fortes e grandes para carregar um guarda-roupa totalmente novo
que decididamente não fora comprado em uma loja de departamentos comum. Kara tinha agora
um closet imenso cheio de roupas de grife caras, a maioria das quais provavelmente nunca usaria.
Pelo amor de Deus, até mesmo as calças jeans eram caras e de grife. Cada item serviu nela com
perfeição. Simon verificara os tamanhos nas roupas velhas que estavam na mochila dela. O
incidente com as roupas fora a primeira experiência de muitas que mostraram a Kara que Simon
nunca fazia nada em pequena escala.
Ela ficara indignada ao perceber quanto dinheiro ele depositara em sua conta bancária. Como
diabos o homem descobrira o número da conta? Ele só dera de ombros novamente e pedira a ela
que avisasse se precisasse de mais dinheiro. Mais dinheiro? Ele transferira cem mil dólares para a
conta dela, fato esse que quase fizera com que ela tivesse um ataque do coração ao verificar o
saldo. Uma conta que normalmente não chegava a dois dígitos subitamente se transformara em
uma fonte infinita de dinheiro. Como alguém conseguiria gastar tanto dinheiro em poucos meses?
Kara tentara fazer com que ele pegasse a maior parte do dinheiro de volta. Ter tanto dinheiro na
conta era um pouco assustador e as necessidades dela eram simples. Já tinha tudo de que
precisava e muito mais, graças ao Simon Noel. Ele só resmungara um palavrão e alguma coisa
sobre ela ser uma mulher teimosa, e ignorara o pedido. Ela finalmente jogara as mãos para o alto
e saíra furiosa, resmungando algo sobre homens inflexíveis e arrogantes. Ela ouviu uma risada
baixinha ao sair do aposento e forçou-se a não olhar para trás para ver o sorriso de Simon.
Na verdade, ela estava feliz por diverti-lo de alguma forma, pois não conseguia pensar em
mais nada para ajudá-lo. Na maior parte do tempo, ela se sentia tomada pela culpa por se
aproveitar da natureza generosa dele.
Havia uma equipe que cuidava das roupas sujas e da limpeza do apartamento uma vez por
semana, portanto, sobrava pouco que Kara pudesse fazer, exceto cozinhar, e ela tinha bastante
tempo de sobra para isso. Cozinhar era praticamente a única coisa de útil que podia fazer para
ajudar, mas Simon parecia achar que preparar uma refeição para ele era uma tarefa monumental,
semelhante a salvar a vida dele. Parecia que Simon não cozinhava e sobrevivia principalmente à
base de sanduíches quando estava em casa, pois nunca quisera contratar um chef em tempo
integral. É claro, a assistente pessoal dele fazia compras, uma tarefa que Kara assumira, deixando
Nina grata. A assistente de Simon dissera que estava cansada de ver Simon comer jantares de
micro-ondas e sanduíches que pedia todas as semanas. A mulher minúscula e bem conservada, com
sessenta e poucos anos, só murmurara um “aleluia, finalmente ele comerá” enfático e, bastante
feliz, entregara a lista de compras comum para Kara.
Kara fechou o livro de enfermagem ao terminar de estudar e alongou as costas, rolando sobre
a cama imensa do quarto de hóspedes até ficar virada para o teto.
Ela devia perguntar a Simon o que ele queria para o jantar, apesar de já saber a resposta.
Qualquer coisa que eu não precise cozinhar!
Ele normalmente passava a manhã no escritório, e a tarde e o início da noite no laboratório no
andar de cima. O apartamento era enorme e Kara ficou imaginando se algum dia encontraria o
caminho sem fazer algumas curvas erradas.
Saltando da cama, ela passou pela bela sala de estar, admirando a vista pela janela imensa.
Simon morava na cobertura, o maior apartamento do prédio, e cada luz brilhante de Tampa se
estendia diante dela em um esplendor de tirar o fôlego. Era incrível ter aquela vista deslumbrante
todas as noites. Ela desejou que Simon parasse um momento para apreciá-la. Ele parecia
obcecado com um projeto no momento e só descia rapidamente para jantar antes de voltar para o
laboratório.
Kara perguntou a si mesma se Simon a estava evitando e sentiu-se culpada porque ele talvez
estivesse escondendo-se dentro da própria casa. Eles não conversaram sobre o que acontecera na
cozinha seis dias antes. Conviviam de forma polida, com conversas superficiais durante o jantar.
Quando ela fez uma curva e chegou à escada espiral preta, admitiu para si mesma que queria
a companhia dele. Trabalhar e ir para a faculdade tinham-na mantido ocupada e afastado a
solidão. Agora, ela tinha tempo livre demais à noite, exceto assistir à televisão enorme de Simon ou
ler depois que terminava de estudar. Ficar sozinha era ótimo, mas acabava sendo solitário demais
noite após noite. Pelo menos, quando estava trabalhando, tinha a companhia de clientes e dos
outros funcionários.
Desgostosa consigo mesma, ela virou à esquerda ao chegar no topo da escada, andando na
direção do laboratório de Simon. Do que ela podia reclamar? Tinha todos os luxos, todas as
conveniências. Morava em uma casa com a qual a maioria das pessoas apenas sonhava e não
precisava se preocupar com dinheiro. Ainda assim, ela queria um pouco mais da companhia de
Simon, quando deveria apenas estar grata por ter um teto sobre a cabeça e uma quantidade
infinita de comida.
Parando do lado de fora da porta do laboratório, ela bateu de leve.
— Entre. — A resposta abrupta e distraída fez com que ela sorrisse. Com certeza, ele estava
concentrado em algum projeto.
Normalmente, ela só colocava a cabeça para dentro. Mas, curiosa sobre o laboratório de
Simon, ela entrou e fechou a porta. Havia computadores por toda parte e Simon tinha uma cadeira
de rodinhas que deslizava de um computador a outro, o que era facilitado pelo plástico que cobria
o piso sob o círculo de computadores. Ela andou pelo carpete felpudo até que os pés encontraram
o plástico liso e olhou para as telas dos computadores. Ela ficou de boca aberta ao perceber que
reconhecia a imagem na tela maior.
Estreitando os olhos, ela perguntou baixinho: — Ei. Esse é Myth World?
Ele ergueu a cabeça subitamente e olhou para ela com expressão surpresa. — Sim! Você
conhece o jogo?
— Se eu conheço? Estou no nível máximo — respondeu ela, sentindo-se ligeiramente insultada
por ele achar que não conhecia um jogo tão popular. — Lydia tinha esse jogo e fiquei viciada
depois de jogar pela primeira vez.
Ela adorava o jogo e sempre jogava um pouco quando podia no computador de Lydia, mesmo
se fosse tarde da noite. Era o único luxo que se permitia. Não conseguia resistir a deixar que o
computador a levasse para um mundo inteiramente novo quando jogava, desafiando-a a encontrar
segredos e lutar contra figuras mitológicas.
Os lábios de Simon começaram a se curvar, aumentando cada vez mais até se abrirem em um
sorriso imenso que fez com que o coração dela saltasse no peito. Era o primeiro sorriso honesto e
completamente brilhante que ela vira no rosto de Simon. Ele rolou a cadeira até a tela do
computador com as imagens familiares ao responder: — É o meu jogo. Esse é o Myth World II.
— Ah, meu Deus! Deixe-me ver. — Ela parou na frente dele empolgada. Não vira o jogo
original durante uma semana e ali estava a adição mais recente. Bem na casa onde ela morava.
— Está pronto? Posso jogar? Sinto muita falta dessa pequena fuga da vida real.
— Só tenho a demonstração. Ainda não está no mercado. Pode tentar, se quiser — respondeu
Simon em tom indulgente. Ele mexeu nos controles e levantou-se, deixando que ela colocasse o
traseiro na cadeira disponível e concentrasse-se no novo jogo.
Era similar, mas ainda assim completamente diferente, e Kara mordeu o lábio inferior ao tentar
descobrir todos os detalhes intricados do jogo. — Você deixou o jogo mais difícil — acusou ela
com uma risada.
— A versão original era fácil? — perguntou ele com um sorriso.
— Não. Mas não era tão difícil — respondeu ela com os olhos concentrados na tela cheia de
ação.
— Era sim. Você só não está acostumada ainda com essa. — Com os olhos varrendo o rosto
dela, ele perguntou: — Do que você gosta no jogo?
— Da estratégia, do desafio de descobrir os segredos, do mundo de faz de conta. É como ser
jogada em outra dimensão por um curto tempo. — Ela olhou para ele ao ser completamente
destruída na tela. — Você é um gênio, Simon — disse com total sinceridade. — Eu não tinha me
dado conta de que esse era um jogo da Hudson.
Kara podia jurar que ele corou ao virar a cabeça, respondendo em tom casual: — É só coisa
de informática. Nada demais.
Ela afastou as mãos da mesa e colocou-as sobre o colo ao dizer a ele enfaticamente: — É
incrivelmente criativo, Simon. É preciso muito mais do que programação para criar algo assim.
— Eu o instalarei no seu notebook — disse ele baixinho.
— Ah, Deus, não. Nunca vou conseguir estudar assim. — Os olhos dela sorriam e o tom era
divertido.
— Acho que você consegue se controlar — retrucou ele, parecendo desapontado.
— Claro que não. Não tenho o menor controle quando se trata do Myth World. Você criou
algum outro jogo?
— É claro, dezenas deles.
— Você se importaria de colocá-los no PC lá de baixo? — perguntou ela hesitante.
— Você pode subir aqui e jogar naquele computador. — Ele apontou para um computador
grande e para uma cadeira em um dos cantos da sala. — Todos os meus jogos estão nele. Na
verdade, acho que qualquer jogo em que conseguir pensar está lá.
Ela colocou a mão sobre o coração fingindo estupefação. — Ah, que horror! Você tem jogos de
outras pessoas naquele computador?
Ele se aproximou dela com um sorriso malicioso. — Algumas vezes, acho necessário... conferir a
concorrência.
— E eles são bons? — Ela olhou para ele, adorando aquele lado meio infantil de Simon.
— Não muito... mas preciso acompanhar o que está vendendo — disse ele em tom impertinente.
Meu Deus, o homem era tão atraente quando estava brincando. Mas que merda, ele era
sempre atraente. Ela sentiu o aroma masculino com um toque de sândalo. Era um aroma quente e
rico que fez com que o corpo dela formigasse. — Se não se importa, vou aceitar a sua oferta.
Não estou acostumada a ter tempo livre e não acompanho todos os programas de televisão
recentes. Fico um pouco solitária às vezes. Esse lugar é tão grande. — Por que ela admitira aquilo?
— Só não fique chateado quando eu não fizer o jantar na hora certa. Eu me perco nos seus jogos
— ela disse em uma voz de advertência fingida, uma tentativa de aliviar a tensão.
Ele se agachou sobre um dos joelhos, deixando os olhos no mesmo nível dos dela. — Está se
sentindo sozinha aqui, Kara? — O tom dele era preocupado e os olhos escuros encontraram os
dela. — Não gosta daqui?
— Não. Ah, não. Simon, eu adoro. Como poderia não estar feliz? — Ela suspirou, tentando
explicar. — É só que não estou acostumada a ter tanto tempo para pensar, tanto tempo para mim
mesma. Demora um pouco, depois do ritmo maluco que eu tinha.
— Suicida, você quer dizer — disse ele em tom tenso. — Aquele estilo de vida estava
drenando você completamente, Kara.
— Eu sei. E estou grata. De verdade. Isso só é diferente — garantiu ela, sem querer que ele
achasse que estava sendo ingrata. Que merda, ela estaria nas ruas se não fosse pela
generosidade dele, mas, mesmo assim... — Eu ficarei mais feliz se estiver aqui em cima com você.
— Você quer a minha companhia? — Ele estudou o rosto dela, parecendo espantado.
— É claro. Eu sei que você é ocupado. E achei que talvez estivesse me evitando depois... bem,
depois de...
— Depois que eu disse que queria foder você? — perguntou ele em tom direto, mantendo os
olhos dela prisioneiros.
— Sim — ela soltou a respiração devagar, sobressaltada pela declaração brusca, mas feliz
por terem tocado no assunto. Aquilo fizera com que ela se sentisse ansiosa.
— Eu não estava evitando você, Kara. Quero ver você, estar com você, mesmo que não queira
fazer sexo comigo — declarou ele em tom firme.
— É mesmo? — perguntou ela ligeiramente espantada. — Por quê?
— Eu também me sinto sozinho às vezes. Gosto da sua companhia.
Ela respirou fundo, tentando fazer com que o coração batesse mais devagar.
Eu quero que você me foda. Quero que me possua de cem formas diferentes e, depois, faça tudo
de novo.
Ela prendeu a respiração ao estudá-lo. Só de pensar naquele corpo grande, sólido e
dominador sobre o seu fez com que se mexesse inquieta na cadeira. Os dedos queriam tocar no
rosto que estava tão perto do seu, acariciar o maxilar sensual com uma sombra de barba que
deixava as cicatrizes quase invisíveis. Estranhamente, aquelas pequenas cicatrizes o deixavam
ainda mais atraente, tornando-o mais masculino e irresistível.
Não, Kara. Nem pense nisso. Jantar. Você veio perguntar a ele sobre o jantar. Simon Hudson não é
da sua laia.
— N-na verdade, vim aqui perguntar o que você gostaria para o jantar. — A voz dela estava
instável e Kara praticamente tropeçou nas palavras. A proximidade de Simon a afetava, fazendo
com que quisesse muito mais do que apenas a companhia dele. Ela empurrou a cadeira para trás e
levantou-se, limpando nervosamente a palma suada das mãos na calça.
Aquilo não ajudou. Simon se levantou. — Vou ajudar você. Acabei aqui por enquanto.
Kara engoliu em seco, imaginando se a cozinha imensa seria grande o suficiente para os dois.
Ela queria estar perto dele, mas não perto o suficiente para que o desejo a consumisse. — Está
bem. Vamos ver o que conseguimos. — Os passos dela eram longos e rápidos ao andar na
direção da cozinha, feliz porque teria a companhia de Simon, mas sem saber ao certo como lidar
com o corpo traidor e com sua reação a ele.
Rendição total.
O que exatamente ele quisera dizer com aquilo... e será que ela realmente queria descobrir?
imon sabia que estava lenta e silenciosamente entregando-se, com a mente vagando a

S lugares aonde não deveria ir, e tivera que trabalhar várias horas extras nos dias anteriores
só porque não conseguia pensar em nada além do fato de que Kara estava lá, em sua
casa, deixando-o cada vez mais perto da insanidade.
Se eu não fodê-la em breve, vou ficar completamente maluco.
Feliz por estar andando atrás dela, que não conseguia ver a ereção óbvia, ele observou os
quadris de Kara rebolando na calça jeans apertada enquanto a seguia até a cozinha. O perfume
fresco e provocante emanava do corpo dela e ele o absorveu como um homem sem oxigênio,
faminto pela fragrância deliciosa. Ele sentia o cheiro dela em todos os lugares, até mesmo no
próprio quarto. O aroma de Kara parecia ter impregnado cada parte da casa dele, relembrando-
o da presença dela. Como poderia esquecer?
O que havia nela que o fascinava tanto? Ela não tentava parecer irresistível. Usava pouquíssima
maquiagem e Simon nunca a vira usando qualquer outra coisa que não fosse jeans — exceto
aquela noite em que ela aparecera naquela minissaia minúscula — mas ele estava completamente
enfeitiçado.
— Por que você não tem namorado? — perguntou ele curioso. — Não seria mais fácil ir para a
faculdade se tivesse um homem na sua vida?
Eles já estavam na cozinha e Kara retirava repolho, pimentões e outros legumes da geladeira.
— Você quer ajudar a cortar os legumes para a salada? Vou fazer uns bifes. — Ela pegou a
carne da geladeira antes de perguntar: — Por que eu iria querer um namorado enquanto estou na
faculdade? — Lançando-lhe um olhar perplexo, ela pegou uma tábua de cortar carne e entregou
a ele uma faca.
— Alguém para ajudar. Não seria mais fácil? — retrucou ele enquanto lavava os legumes. Ele
começou a cortá-los desajeitadamente, pois culinária não era um de seus pontos fortes.
Ele quase cortou o dedo quando ela caiu na gargalhada antes de responder: — Pela minha
experiência, namorados não são exatamente úteis.
Ela tinha um ar divertido, mas Simon notou um toque de mágoa na voz. — Experiência ruim?
— Exatamente.
— O que aconteceu?
Ela colocou os bifes na grelha e empurrou-o para fora do caminho. Em seguida, abriu a
geladeira e pegou uma cerveja. Tirando a tampa, entregou-a a ele e afastou-o na direção da
área da ilha. — Eu cortarei. Provavelmente você amputará um dedo ou dois.
Simon fez uma careta ao se sentar e observou o perfil dela enquanto cortava e picava como
uma profissional. — Então, o que aconteceu?
Ela suspirou. — Namorei Chris por cinco anos. Achei que acabaríamos nos casando. Infelizmente,
cheguei em casa do trabalho mais cedo um dia e peguei-o na cama com a pessoa que achei ser a
minha melhor amiga.
O cara era totalmente insano? Tinha Kara na cama dele todas as noites e quis outra pessoa? —
Era um idiota.
— Não era para acontecer. Na verdade, fiquei grata por não estar casada com ele.
— Ainda está magoada com isso.
Ela deu de ombros. — Foi há muito tempo.
— Imbecil. — Simon não conseguiu se conter. Queria bater no filho da puta.
— E você? — Ela olhou para ele enquanto colocava os pimentões verdes cortados na tigela.
— O que tem eu?
— Namorada? A sensação que tenho é de que estou atrapalhando sua vida. Morando aqui,
quero dizer. — Ela não olhou para ele ao começar a cortar os tomates.
Ele deu de ombros. — Nunca tive uma namorada.
Ela parou de cortar e olhou para ele com uma expressão atônita. — Sério?
Simon não falou da única mulher que mudara a vida dele para sempre, com a idade de
dezesseis anos. Não dissera o nome dela nem falara sobre ela em anos. Para ninguém.
— Não. Não sou exatamente o tipo de cara muito social. Sam é o namorador compulsivo. Ele
tem a aparência certa para isso — respondeu ele secamente, tomando um gole da cerveja.
Ela resmungou alguma coisa que Simon não conseguiu entender direito.
— O que foi? — perguntou ele, tentando entender por que o rosto dela ficara vermelho.
— Eu disse que você é mais bonito que ele.
Simon quase deixou a cerveja cair, mal conseguindo segurá-la antes que derramasse no colo.
— Você já viu Sam?
Ela andou até a sala de jantar para colocar a salada sobre a mesa, respondendo em tom mais
alto: — Claro. Você tem fotografias dele e de Helen por toda parte.
Ele ficou de boca aberta e esperou até que ela voltasse para conferir os bifes antes de
responder com voz rouca: — Então sabe que isso não é verdade.
— Na minha opinião, é — disse ela teimosamente. — Mas não fique muito convencido por
causa disso.
Simon sorriu. Somente Kara conseguia lançar um elogio e imediatamente destruí-lo. Ainda assim,
ele não conseguia acreditar que ela realmente o achava atraente. — E as minhas cicatrizes? Sam
é loiro de olhos verdes, parece um astro do cinema. As mulheres parecem adorar isso. — As
mulheres adoravam Sam... e Sam adorava as mulheres. Todas elas! Ele conquistava mulheres de
todas as idades. Pena que ele não conseguia manter aquela adoração depois que elas
começavam a sair com ele.
— Acho que prefiro homens altos, morenos e rabugentos — disse ela em tom leve ao tirar os
bifes do fogão.
Ele pegou um pano, com o sorriso aumentando ao pegar os bifes da mão dela e colocando um
em cada um dos dois pratos que Kara separara. Ele a observou com os olhos velados, tentando
descobrir se ela estava flertando. Não fazia a menor ideia. Talvez só estivesse sendo simpática.
Afinal de contas, ela não conhecia Sam e estava morando na casa dele. Ainda assim, o comentário
dela o agradou, fazendo com que se sentisse especial. Ninguém nunca o considerara bonito em
comparação a Sam, exceto, talvez, a mãe. As mulheres que fizeram sexo com ele buscavam ganhos
financeiros. Um acordo mútuo que o deixara satisfeito... com aquelas mulheres.
Kara era uma história totalmente diferente. Instintivamente, Simon sabia que um arranjo com
Kara que fosse similar aos anteriores que tivera o destruiria.
Ao se sentarem na mesa da sala de jantar, Simon subitamente se lembrou do que conseguira
para ela mais cedo. — Tenho uma coisa para você.
Ele quase riu quando ela fez uma careta, balançando a cabeça ao dizer: — Simon, não vou
aceitar mais nada. Você já fez o suficiente. Muito mais do que o suficiente.
Ele não achava que tivesse feito nem perto do suficiente, mas respondeu: — Você aceitará isso.
— Não... não vou.
Meu Deus, ele adorava a expressão teimosa no rosto dela. Inclinando a cadeira para trás,
colocou a mão no bolso da frente da calça. Ele estendeu a mão, mas Kara ainda balançava a
cabeça firmemente. Portanto, largou o objeto sobre a mesa.
— Ah, meu Deus — disse Kara com a voz cheia de prazer e admiração. Ela estendeu a mão e
pegou o anel com dedos trêmulos, deslizando-o no dedo lentamente. — O anel da minha mãe. Não
achei que fosse vê-lo novamente. Como você o encontrou?
— Em uma casa de penhores — respondeu ele, satisfeito por ter pedido a alguns funcionários
que percorressem todas as lojas da área em busca do anel. — Eu sabia que era a única coisa que
a deixou triste por perder.
— Não é caro, mas significa muito para mim. É a única coisa que sobrou que pertenceu à minha
mãe — gaguejou ela com a voz repleta de emoção.
Simon nunca diria a ela que a colega só conseguira alguns dólares pela joia que tinha no dedo.
Era um anel barato, com formato de borboleta e uma ametista minúscula no centro, mas Simon vira
a tristeza de Kara por tê-lo perdido.
— Fico feliz por termos encontrado o anel.
Simon não esperava o que ela fez em seguida. Kara levantou depressa da cadeira, colocando
o traseiro delicioso no colo dele e passando os braços em volta de seu pescoço. Os braços dele
envolveram a cintura dela para impedi-la de escorregar enquanto ela o enchia de beijos. No rosto,
nos cabelos, em todos os lugares que conseguia alcançar. Ele sentiu a empolgação irradiando do
corpo dela, a alegria saindo por todos os poros. — Obrigada, Simon. Você é o homem mais
maravilhoso da face da Terra.
Ah, Cristo! Apesar de ele adorar o entusiasmo e a alegria dela, se Kara não parasse de
esfregar aquele traseiro maravilhoso nele, acabaria gozando nas calças. Os seios cheios
esfregavam no peito dele e o perfume dela fez com que ele tivesse vontade de devorá-la. Cada
centímetro delicioso dela. — Eu acho que mereço um beijo de verdade. Eu lhe disse que você
aceitaria — disse Simon em tom suave e cheio de desejo.
Kara correu os dedos pelos cabelos de Simon e os olhares se encontraram quando ela
empurrou a cabeça dele para trás. O coração dele quase parou ao vir o brilho faminto e
apaixonado nos olhos dela.
Ela fechou as pálpebras lentamente ao descer a boca sobre a dele. Simon fechou os olhos e
moveu uma das mãos para a nuca de Kara, suspirando quando os dedos se enterraram na massa
sedosa de cabelos escuros. O gosto dela era feminino e faminto, e ele respondeu com um desejo
descontrolado que quase o fez gozar. A língua dela provocou a dele entre pequenas mordidas nos
lábios, o que fez com que ele quisesse mais, precisasse de mais. Fazendo pressão na nuca de
Kara, ele esmagou a boca contra a dela, querendo explorar cada milímetro da doce caverna. A
mão que estava na cintura de Kara deslizou para as nádegas, deixando-a quase completamente
colada nele, fazendo-o gemer enquanto as línguas duelavam.
Kara estava tão receptiva, tão ansiosa, que Simon se perdeu para ela naquele momento, sem se
importar se algum dia conseguiria se encontrar novamente. Kara. Kara. O nome dela latejava em
seu cérebro enquanto ele tentava consumi-la, tê-la. Uma possessividade feroz tomou conta dele
enquanto a língua varria a boca de Kara, deslizando sensualmente contra a dela.
Ela afastou a boca, respirando pesadamente ao enterrar o rosto no pescoço dele. Simon sentiu
o hálito dela contra a orelha enquanto ela lambia e mordiscava toda a extensão do pescoço dele.
— Kara, não sou santo. — Jesus Cristo, ele não aguentaria muito mais. O pênis estava
totalmente rígido e cada instinto gritava para que ele a tomasse.
— Eu quero você, Simon. Desesperadamente. — A voz meio sem fôlego dela, dizendo aquelas
palavras em particular, fez com que Simon gemesse, desesperado para estar dentro dela. Ainda
assim...
— Não faça isso por gratidão — grunhiu ele.
Ela se afastou para encará-lo, os olhos brilhando intensamente com desejo. — Eu nunca faria
isso por gratidão. Estou cansada de lutar contra essa atração entre nós, Simon. Quero a minha
noite. Aquela que você ofereceu.
Uma noite. O coração de Simon batia com muita força. — Rendição total?
— Não sei exatamente o que isso significa... mas, sim... rendição total. Eu sei que você nunca me
magoaria.
A confiança e a fé dela nele quase fizeram com que Simon ficasse de joelhos. Ela não tinha
ideia do que enfrentaria, mas queria-o o suficiente para concordar com o que ele pedira. Ele
beijou a orelha dela ao sussurrar em voz rouca: — Significa que eu preciso de controle. Quero
amarrá-la na minha cama, vendá-la e trepar com você até que nenhum de nós dois consiga se
mexer.
Simon sentiu quando ela estremeceu em seus braços, mas Kara respondeu suavemente: — Então
faça isso. Leve-me para a cama, Simon.
Mal conseguindo acreditar que ela estava em seus braços e disposta, Simon se levantou e
carregou-a na direção do quarto, torcendo para não estar no meio do melhor sonho erótico que já
tivera.
ara estremeceu quando Simon a pegou nos braços fortes e musculosos e apertou-a

K gentilmente contra o corpo poderoso. Realmente acabara de dizer a ele que a levasse
para a cama e fizesse o que quisesse com ela? Sim... fizera isso... e estava trêmula de
expectativa. O que dissera a ele era verdade. Estava cansada de lutar contra a atração que
sentia, uma atração que ia muito além de simples química. Atraída por ele como nunca estivera por
qualquer outro homem, era inútil lutar e o resultado era inevitável. O corpo queimava com a
necessidade de ser tomada por ele, e apenas por ele.
Uma mulher esperta provavelmente deveria lutar contra a tentação. Mas Kara nunca fora
provocada por um homem como Simon Hudson. Ele era um enigma, um mistério que ela ainda não
solucionara. Rabugento, abrupto, brilhante... mas também atencioso, gentil e, de vez em quando, ela
via uma vulnerabilidade que fazia com que tivesse vontade de abraçá-lo e acalmar a alma
turbulenta dele. Kara não tinha dúvida de que, em algum momento na vida, Simon Hudson fora
magoado. E muito. Como ela podia resistir ao anseio que sentia por ele? Ela precisava ter uma
noite com ele, uma chance de sentir desejo de verdade. Se não agarrasse aquela oportunidade,
sabia que se arrependeria pelo resto da vida. Era puro instinto, mas ela crescera em um ambiente
difícil e aprendera a ouvir a intuição.
E a intuição gritara em seu cérebro a noite inteira, insistindo para que aceitasse a proposta de
Simon, dizendo-lhe que deveria aproveitar a chance de viver a paixão e o desejo como nunca
experimentara antes e que talvez nunca mais tivesse.
Kara sentiu os pés encostarem no carpete do quarto de Simon quando ele a abaixou
lentamente até o chão, com os dois corpos encostados um no outro até que ela se equilibrasse. A
expressão dele era volátil, os olhos escuros com desejo e ansiedade ao descer a boca sobre a
dela. Uma necessidade selvagem a invadiu e ela apertou os braços em volta do pescoço de Simon
enquanto ele atacava-lhe a boca. Ele soltou os cabelos dela e enterrou os dedos neles, puxando-a
mais para perto. A outra mão desceu e agarrou-lhe as nádegas firmemente, puxando-a para cima
contra o pênis rígido, fazendo com que ela gemesse com o desejo de tê-lo dentro de si. Ela já
estava molhada, pronta para ser possuída.
Precisando sentir a pele dele contra a sua, ela agarrou a camisa de Simon, desesperada para
tocá-lo.
— Não — disse ele, afastando-se dela e agarrando-lhe o pulso.
— Eu só preciso tocar em você — disse ela ofegante, confusa pela mudança de atitude dele.
— Eu preciso de você nua. Isso tem que ser feito do meu jeito, Kara — disse ele baixinho. — Eu
disse a você o que queria. E estava falando sério.
A voz dele era exigente, mas Kara ouviu um traço de vulnerabilidade naquela declaração.
Querendo que ele a possuísse mais do que queria respirar, ela recuou e tirou a camiseta por sobre
a cabeça. Abrindo o botão da calça jeans, ela abaixou o zíper ao encontrar o olhar dele sem
timidez nem hesitação. Abaixando a calça justa, deixou que caísse no chão, chutando-a para
longe. Ela ficou parada, sem afastar o olhar do rosto dele, vestindo apenas um sutiã preto de seda
minúsculo e calcinha da mesma cor.
— Puta merda, você é a mulher mais bonita que eu já vi — disse ele em tom reverente ao
colocar a mão no rosto dela. Em seguida, deslizou o dedo lentamente pela lateral do pescoço até
chegar ao volume dos seios, acentuado pelo sutiã minúsculo.
— É a lingerie cara — disse ela suavemente, com a respiração ofegante. Ele acariciou a parte
de cima dos seios de leve, fazendo com que ela estremecesse de desejo.
— É você — retrucou ele, descendo os dedos até o fecho do sutiã, que ficava na frente. O
sutiã se abriu com facilidade, derramando os seios nas mãos ansiosas dele. — Você é perfeita.
Kara sacudiu os braços e o material caiu no chão silenciosamente. Ela gemeu quando as mãos
dele passearam pelo seu corpo, agarrando a pele macia dos seios, com os polegares provocando
os mamilos sensíveis. Os dedos dele deixavam rastros quentes onde tocavam-lhe a pele.
— Apesar de eu adorar essa calcinha, ela tem que sair daí — insistiu ele com voz rouca, um
mero sussurro, ao beijar de leve o lóbulo da orelha de Kara.
Em uma fração de segundo, a calcinha desapareceu. O desejo que ela sentia de tê-lo dentro de
si era intenso e as entranhas gritavam por alívio.
O desejo e a apreensão lutaram na mente dela ao ficar parada em frente a Simon
completamente nua. — Simon, não estive com ninguém por um longo tempo.
— Quanto tempo? — resmungou ele, agarrando as nádegas dela possessivamente.
— Cinco anos. E, mesmo então, eu não era muito boa na cama. Só foi com o Chris e eu não era
boa o suficiente para satisfazê-lo — respondeu ela suavemente, tentando não deixar que as
inseguranças do passado voltassem à tona.
— Ele disse essa merda para você? — insistiu ele, com a respiração quente no pescoço dela.
— Sim. Ele disse que era por isso que precisava de outra mulher — gaguejou ela, sentindo-se
humilhada. Ela acreditara em Chris. Apesar de ele ter sido o primeiro e único homem, ela sabia que
alguma coisa estava faltando.
— Ele era um completo idiota, Kara. Você é tudo o que um homem poderia querer ou sonhar.
Exatamente do que eu preciso. O problema era ele, não você — rosnou ele, colocando as mãos
nos lados da cabeça dela e afastando-a até que os olhares se encontraram.
— Eu quero fazer isso. De verdade. Eu quero você. Só estou um pouco nervosa — admitiu ela,
com o corpo ainda vibrando de excitação. — E não quero desapontar você.
— Escute bem — disse ele ao fechar os punhos nos cabelos dela. — Você nunca, nunca me
desapontaria. Eu quero você tanto que estou prestes a perder a cabeça. Eu tenho você. Eu tenho
controle. Eu tomo as decisões. Você não precisa fazer nada além de gozar, o mais alto e por
quanto tempo quiser. Você me dá prazer só de estar aqui e sentir desejo por mim. Eu ficarei
totalmente feliz se conseguir fazê-la gozar.
Ela suspirou, relaxando o corpo. Simon faria com que fosse bom. Ela já sabia disso. — Então
faça com que eu goze, Simon. Leve-me para a cama.
Simon a pegou nos braços e colocou-a no meio da cama, puxando a coberta com força até que
ficasse amontoada na beirada. As nádegas de Kara foram acariciadas pelo lençol de seda preta
quando ela puxou o corpo mais para cima.
Simon se sentou na beirada da cama, estendendo a mão para a cômoda ao lado e retirando
quatro algemas revestidas de pele e uma longa faixa de seda preta.
— Rendição completa — murmurou ela baixinho ao se recostar nos travesseiros cobertos de
seda.
— Sim — respondeu ele suavemente. Os olhos dele passearam famintos pelo corpo dela
quando ele pegou-lhe o braço para prender a primeira algema.
Ela não tinha dúvida de que Simon fizera aquilo muitas vezes antes. Em menos de um minuto, ela
estava presa na cama com as pernas abertas. Ela observou os olhos famintos dele sobre seu corpo
enquanto a prendia.
Ela ficou surpresa com a própria reação. Quanto mais indefesa ele a deixava ao prender cada
membro na cama, mais excitada ficava. Ficar aberta daquela forma para o prazer dele dava-lhe
uma liberdade que nunca sentira. Nenhuma decisão a tomar, nada de se preocupar com o que
daria prazer a ele. Simon era o mestre e tudo o que ela precisava fazer era esperar o prazer.
Havia alguma coisa tão erótica em estar presa na cama dele que ela mexeu os quadris e gemeu
suavemente ao puxar as algemas, sentindo-as se moverem muito pouco, mas sem dor alguma.
— Você vai me amordaçar? — perguntou ela curiosa, mas sem sentir medo.
— Ah, claro que não. Quero ouvir cada grito de prazer, cada som doce que fizer ao gozar
para mim.
O calor que percorria o corpo de Kara chegou ao ponto de ebulição ao ouvir as palavras
sensuais dele. Ela fechou os olhos, tão desesperada por alívio que gemeu baixinho.
Abrindo os olhos novamente, ela viu o rosto dele, ávido e selvagem, logo antes de ele bloquear-
lhe os olhos com uma faixa de seda preta, obstruindo toda a visão e deixando tudo completamente
escuro. Ela teve um momento de pânico, mas sentiu o hálito quente de Simon na orelha e a língua
dele acompanhando o contorno dela ao sussurrar: — Não conseguir enxergar aumentará todas as
sensações, Kara. Cada toque da minha língua será mais agudo e mais intenso. Tudo será mais
excitante.
— Já estou excitada o suficiente, Simon. Pelo amor de Deus, toque-me antes que eu morra de
desejo — reclamou ela, esperando na escuridão para sentir o toque dele.
Ela ouviu uma risada baixinha quando ele saiu da cama e o farfalhar das roupas dele quando
caíram no chão. A cama inclinou com o peso do corpo dele novamente. — Você é tão incrivelmente
bonita que é difícil decidir por onde começar. Eu imaginei isso por tanto tempo. Não acredito que
esteja realmente aqui comigo. Na minha cama. — A voz dele estava rouca e grave.
Kara estava prestes a abrir a boca para dizer a ele que escolhesse qualquer ponto, mas, por
favor, comece logo, quando a boca de Simon cobriu a sua. O beijo foi voraz e cheio de desejo. Ele
estava nu e ela suspirou ao sentir a pele quente dele contra a sua. A boca e a língua exigente a
devoraram completamente, enquanto uma mão errante acariciava-lhe o corpo, provocando os
mamilos, deslizando pelos quadris, movendo-se entre as pernas abertas amarradas e encontrando
as dobras molhadas.
Ela afastou a boca, ofegando quando os dedos dele deslizaram pela pele macia, esfregando o
clitóris inchado e sensível. — Por favor, Simon. Ah, meu Deus. — Ela precisava dele. O corpo inteiro
queimava e ela forçou as algemas, desesperada por mais contato.
Os lábios dele desceram sobre os seios de Kara, acariciando-a com a língua e mordendo
gentilmente um mamilo, depois o outro. Ele deslizou um dedo para dentro dela, depois mais um,
esticando-a, abrindo-a, fazendo com que ela desejasse que a preenchesse com o pênis.
— Nossa, Kara. Você está tão molhada, tão apertada — murmurou ele sobre o mamilo, o corpo
tenso contra o dela.
Sem enxergar nada e com os braços e as pernas amarrados, só o que Kara podia fazer era
sentir e Simon brincava com o corpo dela como se fosse um instrumento musical. Aquilo aguçava os
sentidos... a um nível quase insuportável. — Eu preciso de você. Por favor.
— Logo, querida — murmurou ele. A língua provocante desceu pelo abdômen, tremulou
ligeiramente sobre o umbigo e finalmente encontrou as dobras úmidas, fazendo com que ela
gritasse e estremecesse com um desejo selvagem. Os dedos abriram caminho nos pelos púbicos
bem aparados, enquanto a língua talentosa deslizava pelas dobras escorregadias, penetrando
cada vez mais fundo, fazendo com que ela soltasse uma série de sons curtos, urgentes e
incoerentes.
Ela arqueou as costas, puxando as algemas, enquanto a boca firme e insistente de Simon
circundava o clitóris ansioso até que finalmente se fechou sobre ele, mordendo-o de leve. Uma
necessidade ardente a atingiu como um raio e o corpo ferveu quando ele posicionou o clitóris
exposto para explorá-lo com a língua inquieta.
— Ah, pelo amor de Deus, Simon. — A voz dela estava rouca, implorando para que ele a
levasse ao clímax. Cada nervo do corpo estava queimando e as entranhas contraídas de desejo
com a pressão chegando a um nível quase insuportável.
Ele deslizou as mãos grandes sob as nádegas de Kara, puxando a boceta firmemente contra a
boca. A pressão aumentou sobre o clitóris e Kara sentiu o clímax rasgando-a. Cada centímetro do
corpo estremeceu com os espasmos, parecendo não terminar nunca. — Sim. Ah, sim. — Ela jogou a
cabeça para trás e gemeu com abandono quando o corpo inteiro se incendiou. Simon lambeu o
líquido que fluiu dela, murmurando de prazer com cada gota.
Kara estremeceu, sentindo a pele nua e quente contra a sua quando ele se deitou sobre ela.
A boca dele cobriu a dela e ela suspirou com o beijo, sentindo o próprio gosto em Simon. Puta
merda, ela nunca sentira um orgasmo tão forte, tão intenso. Kara retribuiu, tentando fazer com que
Simon entendesse o significado do que acabara de acontecer, do que ela sentira, colocando cada
gota de paixão que sentia no beijo.
— Isso foi incrível — ofegou ela ao afastar a boca. Sentindo o pênis duro contra a coxa, ela se
contorceu, mais do que pronta para ser possuída, sabendo que ele preencheria mais de um lugar
vazio dentro dela. Em uma atitude primitiva e selvagem, ela forçou o corpo contra o dele,
implorando pela posse.
— Você tem gosto de vinho fino, Kara. Eu poderia ter ficado lá o dia inteiro — murmurou ele
com voz rouca e cheia de desejo. — Você é tão linda. Tão, tão linda.
— Você também, Simon. Por favor, trepe comigo — grunhiu ela, com o corpo implorando pelo
dele.
— Diga que você me quer, que precisa de mim — exigiu ele em tom ríspido.
Ela sentiu a cabeça do pênis fazendo pressão na abertura apertada.
— Ah, merda. A camisinha — resmungou Simon irritado.
Ela ergueu os quadris, precisando que ele a penetrasse com tanta urgência que estava prestes
a gritar. — Tomo pílula para regular a menstruação. E não tenho nada.
— Eu também não tenho nada e essa será minha primeira vez sem camisinha. Não vou durar
muito tempo, mas quero você assim. Nada entre nós — advertiu ele, com a respiração pesada e
quente no pescoço dela.
— Eu não me importo. Entre em mim, Simon. Quero você demais. Preciso muito de você —
implorou ela com um pequeno soluço, completamente fora de controle.
Ele empurrou os quadris para a frente e ela ficou instantaneamente preenchida. Ele era grande
e fazia muito tempo que um homem não a penetrava. Simon a esticou, forçando-a a se expandir e
aceitá-lo. A carne escorregadia e quente cedeu, permitindo que o membro imenso se alojasse
totalmente dentro dela.
— Minha nossa, querida, você é tão apertada — gaguejou Simon, quase como se sentisse dor.
— Tão quente. Você é tão gostosa, tão incrível.
— Sim — ofegou ela, completamente preenchida, totalmente tomada por Simon. O corpo
grande a consumiu e dominou quando ele recuou e entrou nela novamente, encostando no ponto
sensível, deixando-a cada vez mais excitada ao aumentar o ritmo. Ele investiu com os quadris,
colocando uma mão sobre as nádegas de Kara para puxá-la para cima, fazendo com que a pele
dos dois se encontrasse.
Na escuridão, Kara absorveu cada sensação, cada investida. Simon fazia com que o corpo dela
cantasse de prazer e ela agarrou as correntes das algemas, enterrando os dedos no metal ao
gritar o nome dele. O corpo de Simon batia contra o seu e ela saboreou cada investida dos
quadris dele. Eles estavam cobertos de suor e moviam-se um contra o outro em uma dança erótica.
Os pelos do peito de Simon esfregavam nos mamilos dela ao se mover, fazendo com que ficasse
ainda mais excitada e gemesse ao mover a cabeça de um lado para o outro, sem saber se
conseguiria aguentar o excesso de sensações.
— Goze para mim, Kara. Goze. Quero assistir ao seu prazer. — O sussurro sedutor a incentivou
enquanto o pênis a preenchia sem parar. Cada vez mais depressa.
Assim que ele colocou a mão entre os dois corpos e acariciou-lhe o clitóris, ela explodiu quando
o êxtase a invadiu. Kara viu cores brilhando na escuridão enquanto o corpo pulsava e a boceta se
contraía em volta do pênis.
— Ah, meu Deus, Kara — rosnou ele. — Você é tão doce. E tão gostosa. — Ele colocou a boca
sobre a de Kara ao penetrá-la uma última vez, como se quisesse possuir cada parte dela,
derramando-se no interior de seu corpo com um grunhido rouco e intenso.
Os dois voltaram lentamente à realidade. Simon se afastou e rolou para o lado, repousando a
cabeça no ombro dela, envolvendo-a com os braços, apertando-a possessivamente. Ela virou a
cabeça, beijando o topo da cabeça dele enquanto tentava recuperar o fôlego.
O coração batia com força e ela desejou poder ver Simon naquele momento, com os cabelos
desgrenhados e os olhos ainda embaçados de paixão. Ela estava sentindo-se quase destruída pela
profundidade dos sentimentos. Com medo. Embriagada. Confusa. Ela não sabia como se sentir nem
como reagir. O sexo nunca fora tão consumidor. O que diabos acontecera?
Simon. Simon acontecera. E ela nunca mais seria a mesma.
Ela sentiu o beijo, uma carícia leve nos lábios, antes que ele saísse da cama. Ouviu o zíper da
calça sendo fechado e percebeu que ele se vestia. Alguns momentos depois, ele a soltou e retirou-
lhe a venda dos olhos.
Os cabelos dele estavam adoravelmente desgrenhados e os olhos percorriam-lhe o corpo nu
como se estivesse pronto para possuí-la novamente. Kara estremeceu, não só pela nudez, mas por
causa do olhar torturado que viu nos olhos dele.
Ele a pegou nos braços e carregou-a pelo corredor até o outro quarto. Tirou a coberta,
depositou Kara no meio da cama e recolocou a coberta para cobrir-lhe o corpo nu. O quarto
estava escuro, com a única iluminação vindo da janela e do brilho do luar, mas ela viu o rosto
franzido dele.
Será que se arrependera do que aconteceu? Estava perturbado por ter acabado de fazer
sexo com uma mulher que mal conhecia? Tão perturbado que queria se livrar dela, colocá-la de
volta na própria cama e esquecer que a união cataclísmica acontecera?
Ou, talvez, o que aconteceu só mudara a vida dela.
Inclinando-se para a frente, ele beijou-lhe a testa de leve e sussurrou em voz baixa e rouca: —
Obrigado, Kara. Nunca esquecerei esta noite.
Os olhos dela se encheram de lágrimas, criando um nó na garganta. Ela não conseguiu
responder, não conseguiu fazer nenhuma das perguntas que queria desesperadamente expressar
em voz alta.
Ele saiu do quarto, fechando a porta suavemente atrás de si.
Desapareceu. Simplesmente desapareceu. Claro que nem mesmo quisera fazer sexo com ela.
Kara liberou as lágrimas, deixando que rolassem pelo rosto ao recostar a cabeça no
travesseiro, tentando entender o que acabara de acontecer. O fato de Simon largá-la no quarto
depois do encontro sexual mais incrível da vida dela era como um tapa no rosto. Como uma
grande dose de realidade.
Ele é um bilionário, Kara. Acorde. Achou mesmo que ele iria querer algo mais do que uma trepada
casual?
Ela teve que lembrar a si mesma que era uma mulher adulta. Fora para aquele encontro com os
olhos bem abertos, sabendo que seria somente uma noite.
Então por que dói tanto?
Saindo silenciosamente da cama, Kara abriu uma das gavetas da cômoda e vestiu uma
camisola. Em seguida, voltou para a cama, puxando as cobertas firmemente em volta do corpo que
tremia. Simon estivera tão quente. Agora, ela só sentia frio e um vazio.
Deixando de lado a rejeição dele e os próprios sentimentos de mágoa, Kara tentou racionalizar
a situação. Independentemente do que sentia por ela, Simon tinha problemas. As algemas, a venda
nos olhos, o fato de não querer que ela o visse enquanto faziam sexo. Talvez ele gostasse de
coisas incomuns na cama — ela certamente descobrira que gostava —, mas havia algo mais.
Algo mais profundo.
Algo mais sombrio.
Ele nunca tivera uma namorada? Aquilo, por si só, era estranho. Não lhe faltava perícia sexual.
Ele era inacreditavelmente rico e lindo. Por que nunca tivera um relacionamento longo?
Kara ficou deitada de costas com a mente em um turbilhão. Os problemas de Simon não eram
da conta dela e duvidava que ele fosse gostar do fato de meter o nariz na vida dele. Mas queria
ajudá-lo. Não era culpa dele se não conseguia gostar dela. Ele não fora nada além de generoso e
gentil. Se pudesse ajudá-lo, talvez um dia ele conseguisse se apaixonar e ter um relacionamento
com uma mulher que pudesse amar.
As entranhas se contraíram e o peito ficou apertado com a ideia, mas ela tentou ignorar. Simon
merecia ser feliz. Ela precisava ser amiga e tentar chegar ao fundo dos problemas dele.
Você quer ser mais do que amiga dele e sabe disso.
— Cale a boca — sussurrou ela furiosamente para o quarto escuro, deitando-se de bruços e
colocando o travesseiro sobre a cabeça, como se aquilo fosse silenciar os pensamentos traiçoeiros.
Mas não silenciou. E Kara demorou algum tempo até finalmente cair em um sono perturbado e
inquieto, que trouxe sonhos de um homem bonito, de cabelos e olhos escuros, com uma expressão
cheia de angústia e sofrimento, tentando lutar contra demônios que não conseguia ver. No sonho,
Kara era uma observadora, tentando desesperadamente chegar até o homem em agonia,
estendendo a mão para ele, implorando para que a segurasse, que a deixasse ajudá-lo. Ele
começou a levantar uma mão lentamente, ainda batendo no escuro com a outra, tentando se livrar
das sombras cheias de garras que o ameaçavam. Finalmente, a mão dele encontrou a dela em um
aperto firme e Kara puxou com toda a força que tinha, tentando atraí-lo para si.
No fim, ela não conseguiu. O homem a puxou para a escuridão e ela soltou um grito
aterrorizado quando ele a segurou, levando-a para um redemoinho profundo e escuro.
Ele caiu e ela foi com ele, sabendo que nenhum dos dois conseguiria escapar.

~*~ Fim ~*~


Minha Por Enquanto: Livro Dois - A Obsessão do Bilionário
De J . S . Scott
Copyright© 2012 de J. S. Scott
Todos os direitos reservados.
imon acordou na manhã seguinte, depois do encontro sexual inacreditável, rodeado pelo

S cheiro provocante de Kara e sentindo como se alguma coisa estivesse faltando na cama.
Ele ficou de bruços, com o pênis duro e inchado, tentando não pensar nos eventos intensos
da noite anterior. Colocando o travesseiro sobre o rosto, ele sentiu a fragrância dela, um aroma
que provavelmente o assombraria pelo resto da vida. E, sempre que imaginasse o cheiro dela,
pensaria no gosto de Kara. No sorriso. Nos gemidos. No corpo nu absolutamente lindo. Os gritos
dela ao gozar, a carne apertando-se em volta dele até que ele gozasse.
Puta que o pariu, ele estava muito encrencado.
A noite anterior mudara completamente a vida dele. Nunca mais conseguiria aceitar qualquer
mulher na cama nem uma trepada sem emoção só para satisfazer o corpo.
Ele não sabia se ficava totalmente furioso ou maravilhado com a mulher que fazia com que se
sentisse assim. Claro, ele só ficava com uma mulher de cada vez. Era monogâmico de uma forma
meio estranha, sempre telefonando para a mesma mulher até passar para a próxima. Mas não
porque uma fosse realmente melhor do que a anterior. Ou do que a que viera antes dela. Mas
chegava um momento, e ele sempre conseguia senti-lo, quando achava que devia ir adiante para
evitar qualquer envolvimento. Não que alguma mulher tivesse realmente desejado a pessoa dele,
mas sempre queriam mais e mais do que a riqueza dele podia fornecer.
Ele tirou o travesseiro do rosto, mas aquilo não aliviou o desejo que sentia por Kara. Levá-la de
volta para a própria cama fora uma das coisas mais difíceis que já fizera. Mas ela só tinha
oferecido uma noite e ele nunca conseguira dormir com uma mulher ao lado. Não era capaz disso
e nunca quisera... até a noite passada. Ele quisera adormecer com Kara em seus braços, o corpo
dela entrelaçado no seu, o hálito quente em seu rosto.
Ele voltara para o quarto, mas não conseguira dormir. Revirava em uma cama que cheirava a
sexo e a Kara. Totalmente frustrado, ele fora para a sala de ginástica e fizera exercícios, tentando
chegar à exaustão, desesperado para escapar para uma inconsciência latente. Infelizmente, não
foi o que aconteceu. Em vez disso, acabou cansado e derrotado... e ainda sem conseguir dormir.
A que horas ele finalmente conseguira desmaiar? Os olhos se voltaram para o relógio e ele
percebeu surpreso que era quase meio-dia. Ele geralmente acordava cedo e nunca dormia até tão
tarde, nem mesmo nos fins de semana. Ele saiu da cama e foi diretamente para o chuveiro.
Simon tomou um banho rápido, odiando o fato de estar tirando o cheiro dela, e foi até a
cozinha, ponderando se Kara ainda estaria dormindo. A cozinha estava impecável e o que sobrara
do jantar inacabado desaparecera. Ele pegou uma xícara de café fresco e andou pelo
apartamento. A porta do quarto dela estava aberta e a cama arrumada. Obviamente, ela estava
acordada. Mas onde diabos estava?
Ele subiu a escada depressa, achando que talvez estivesse no laboratório, jogando no
computador.
Não estava.
Ela não está aqui.
Simon sentiu um calafrio descendo pelas costas e teve um momento de pânico.
Ele desceu os degraus de dois em dois, com o coração batendo depressa. Racionalmente, ele
sabia que ela não iria embora. Não tinha motivo para isso. Os dois concordaram em satisfazer os
desejos sexuais passando apenas uma noite juntos.
Uma noite.
Uma noite, o caralho. Uma noite nunca será suficiente. Ela é minha.
Simon soubera disso na noite anterior e sabia naquele momento. Ele nunca se cansaria de Kara.
Ela era uma obsessão da qual ele não se livraria com apenas uma noite de sexo incrível. Ele não
sabia o que seria preciso, mas não diminuíra com a trepada incrível. No mínimo, ficara pior. Agora
que ele a tivera uma vez, queria muito mais.
O café que tomava fez com o que o estômago revirasse. A verdade era que ele odiava se
sentir tão possessivo em relação a uma mulher. Importar-se com alguém que não fosse a própria
família significava problemas. Será que não aprendera essa lição de forma dolorosa tanto tempo
antes? Pelo jeito, não, pois ele se importava com Kara mais do que queria... e isso o deixou
absurdamente assustado.
Simon pegou o celular que estava sobre uma mesinha na sala de estar e enviou uma mensagem
de texto para o telefone dela.
Você está bem?
Ele bateu com o dedo na tampa plástica do telefone, impaciente. Que diabos, ele nem sabia se
ela estava com o telefone, mas ficaria furioso se não estivesse. Quantas vezes ele lhe pedira para
sempre levá-lo consigo para a própria segurança dela?
Ele soltou um suspiro exasperado ao levar o telefone e o café para a cozinha. Não era como se
ela realmente lhe desse ouvidos. Dava-lhe um tapinha de leve na cabeça e fazia o que bem
entendia. Secretamente, ele adorava a independência dela, mas isso também o deixava maluco.
Havia ocasiões demais em que ela não se importava com a segurança.
O telefone emitiu um bipe, sobressaltando Simon o suficiente para fazer com que derramasse o
café. Que merda, estou nervoso hoje. Xingando, ele leu a mensagem.
Delegacia. Conto tudo mais tarde.
Delegacia? Como assim? Os dedos dele voaram ao digitar outra mensagem.
Onde? Por quê?
Ela respondeu brevemente, dando a localização da delegacia, outra explicação
enfurecedoramente vaga e a promessa de contar tudo mais tarde.
Mais tarde, o caralho. Ninguém vai à delegacia no sábado de manhã para passear. Aconteceu
alguma coisa.
Simon correu uma mão frustrada pelos cabelos, quase arrancando alguns cachos. Meu Deus!
Desse jeito, ele acabaria careca em menos de uma semana. Ele enviou uma mensagem breve
dizendo que estava a caminho e guardou o celular no bolso. O telefone emitiu outro bipe um
momento depois, mas ele o ignorou. Sabia que era Kara, provavelmente dizendo a ele que não
fosse até lá.
Pegando a chave do carro, ele enfiou os pés no par de sapatos mais próximo e saiu do
apartamento, sem nem mesmo piscar quando a porta bateu violentamente.

Kara suspirou suavemente ao tomar um gole do copo de espuma, esperando que o café a
ajudasse a se concentrar. Empurrando o líquido forte com gosto de queimado goela abaixo, ela
olhou para Maddie com um sorriso fraco. — Acho que estamos quase acabando.
Ela já identificara os dois suspeitos pelas fotografias, os homens armados furiosos que
invadiram a clínica naquela manhã, exigindo drogas. Maddie estivera em uma sala de exames e
não vira os homens, mas Kara os vira de perto. Fazendo uma careta, ela desejou não tê-los visto.
Sozinha na sala de espera, cuidando de uma criança cujo irmão e a mãe estavam na sala de
exames com Maddie, Kara provavelmente nunca se esqueceria do olhar morto no rosto dos homens
e dos rostos selvagens que contavam a história de anos de uso de drogas. Ela conhecia aquele
olhar, pois o vira com frequência durante a juventude, mas, na época, não tivera uma arma
apontada para o rosto. Aquele momento, aquele instante aterrorizante em que não sabia se os
segundos seguintes seriam os últimos, fora o suficiente para deixá-la muito assustada. Ela agarrara
a criança e correra, apertando o botão do alarme sob a mesa ao esconder a criança atrás de si.
O alarme era muito alto e o barulho foi o suficiente para que Maddie viesse correndo e os homens
fugissem.
Um dos homens tinha o dedo nervoso e a arma explodira com o som do alarme. O caminho da
bala passou tão perto da cabeça de Kara que ela sentira o movimento do ar no lado do rosto.
Estremecendo, ela envolveu o corpo com os braços. Não estava com frio, mas lembrando-se com
grande inquietação do rosto dos homens e do comentário brutal final deles ao fugirem pela porta
da clínica.
— Pegaremos você mais tarde, vadia!
Maddie só vira a saída deles, chegando segundos depois que se viraram para correr. Por sorte,
todos escaparam ilesos.
— O policial deve voltar em breve. Aí poderemos assinar os relatórios e dar o fora daqui —
disse Maddie em tom sombrio, com os olhos concentrados em Kara. — Tem certeza de que está
bem? Parece um pouco pálida.
Kara deu de ombros, tentando parecer tranquila. — Um pouco abalada, só isso. Estou... bem. —
Aterrorizada. Completamente assustada. Mas, tirando isso, estou bem.
A última coisa que queria era alarmar a amiga, sabendo que Maddie já se sentia responsável
por Kara quase levar um tiro.
Maddie estendeu o braço por sobre a mesa e pegou a mão dela, apertando-a até quase não
sobrar sangue nas extremidades. — Eles atiraram em você. É normal se sentir nervosa. Foi muito
perto. Eu sinto tanto, Kara.
— Maddie, não é culpa sua...
— Quem diabos atirou nela? — Uma voz masculina trovejante soou na porta e Kara nem
precisou se virar para saber exatamente quem estava lá. Ela reconheceu imediatamente o tom
autoritário de Simon. O homem podia não gritar com frequência, mas, quando o fazia, era
impressionante. Ninguém conseguia rugir mais ferozmente do que Simon quando estava irritado.
— Que merda está acontecendo? A polícia disse que você foi atacada em uma clínica...
— Na minha clínica — interrompeu Maddie, levantando-se para confrontar Simon. — E quem é
você?
Uh-oh.
Kara se levantou, pronta para se meter na briga. Maddie podia ter o rosto de um anjo, com
cachos ruivos que rodeavam as feições perfeitas, mas sabia ser uma inimiga furiosa quando
queria. Não que as pessoas vissem aquele lado dela com frequência. Os pacientes, jovens e velhos,
adoravam a médica e a personalidade normalmente esfuziante. Mas, quando Maddie lutava por
uma causa ou por algo em que acreditava, podia ser uma oponente poderosa.
Kara observou quando a amiga jogou os ombros para trás, com o jaleco branco flutuando em
volta das curvas generosas que complementavam as feições angelicais. Ela reprimiu um sorriso
quando Maddie endireitou o corpo para tentar compensar a pouca altura e preparar-se para a
batalha.
— Sou um... — Simon parou abruptamente, como se não tivesse certeza do que dizer, antes de
concluir hesitantemente: — amigo de Kara. E quero saber por que diabos alguém atirou nela.
— Eeeei, estou bem aqui, Simon. — Estendendo a mão, Kara agarrou o queixo dele, forçando-o
a olhar para ela. — Posso responder por mim mesma.
O rosto dele se transformou, com a raiva desaparecendo das feições quando os olhos ainda
furiosos encontraram os dela. Estendendo as mãos para agarrar os ombros dela, ele perguntou: —
O que aconteceu? Você está bem? Eles machucaram você? — As mãos dele percorreram os braços
dela e voltaram para os ombros.
Explicar o que acontecera se transformou em um evento exaustivo. Simon interrompeu, desfiando
um rosário de palavrões, e fez o que pareceu ser um milhão de perguntas. Kara tentou responder
a todas elas pacientemente para acalmá-lo.
Eles se sentaram nas cadeiras desconfortáveis em volta da mesa enorme. Kara falou, primeiro
apresentando Simon e Maddie, e depois continuou a responder a mais perguntas que fluíam do
homem furioso à sua frente, quase mais depressa do que ela conseguia responder.
Simon xingou durante toda a explicação.
E Maddie só assistiu com uma expressão confusa e perplexa.
— Eles os pegaram? — perguntou Simon com a voz rouca, como se ele próprio tivesse passado
por aquele inferno.
— Não. E Kara precisa ter cuidado, pois eles a ameaçaram. — Maddie finalmente entrou na
conversa com voz protetora.
— Você se esqueceu de mencionar isso. — Simon lançou a Kara um olhar sombrio.
A conversa foi interrompida por um policial à paisana, um homem loiro jovem e simpático que se
identificou como policial Harris. Ele colocou alguns papéis em frente a Kara e Maddie, pedindo
baixinho: — Podem dar uma olhada nos relatórios e ver se há mais alguma coisa a acrescentar?
— Ele colocou a mão casualmente no encosto da cadeira de Kara e inclinou-se sobre o ombro
dela, lendo o relatório junto com ela.
Um som baixo saiu da garganta de Simon e ela afastou os olhos do relatório para olhar para
ele. Mas ele não olhava para ela. Os olhos disparavam jatos de fogo para o policial Harris, com
um olhar ameaçador que a deixou assustada.
Obviamente, o policial não ficou nem um pouco intimidado. — Namorado? — perguntou ele
baixinho, o suficiente para que Simon não conseguisse ouvir.
— Amigo — resmungou ela de volta, odiando-se por desejar que pudesse confirmar a
pergunta com um simples “sim”.
Ela leu o relatório rapidamente, com pressa o suficiente para que terminasse logo, mas não tão
depressa a ponto de não verificar a precisão dele. Depois que a papelada oficial terminou, ela se
levantou, alongando as costas ao se levantar, sentindo-se ligeiramente estonteada.
— Cuidado! — O policial segurou o braço dela para apoiar o corpo cambaleante. — Você
teve um dia difícil — disse ele em tom gentil. Colocando a mão no bolso, ele retirou dois cartões de
visitas, entregando-os a Kara e a Maddie. — Meu cartão. Podem me telefonar a qualquer hora. O
número do meu celular está na parte de trás, caso precisem.
— Isso é realmente necessário? — rosnou Simon, passando o braço em volta da cintura de Kara
e puxando-a para perto de si de forma protetora.
O policial deu de ombros. — Sim, é. Kara foi ameaçada. Quero que essas moças consigam me
encontrar a qualquer momento.
— Obrigada, policial Harris. Você foi muito gentil. — Sorrindo de leve, Kara apertou a mão do
policial. Maddie fez o mesmo e os três saíram do prédio juntos.
Kara respirou fundo, deixando que o ar fresco entrasse nos pulmões. — É um belo dia para
estar viva — resmungou para si mesma, grata por estar entre os vivos.
Quando os três desceram os degraus, aproximando-se da calçada, Maddie perguntou baixinho
a Simon: — Por acaso você é parente de Sam Hudson? Eu sei que o sobrenome é bastante comum,
mas fiquei curiosa.
Parando no pé da escada, Simon olhou para Maddie surpreso. — Sim... ele é meu irmão. Por
que a pergunta? Você o conhece?
Maddie fez uma careta. — Ah, meu Deus. — Ela soltou um suspiro profundo. — Ahm... sim...
conheci. Há muito tempo.
— Vocês eram amigos? — perguntou Simon curioso, olhando ansiosamente para Maddie.
— Não! Não exatamente — respondeu Maddie abruptamente, com o rosto ficando tão
vermelho quanto os cabelos.
— Ah... entendo — respondeu Simon. Sem querer deixar o assunto morrer, acrescentou: — Teve
uma experiência ruim com o meu irmão?
— Ele é um verme. — Maddie ergueu a mão para afastar os cabelos do rosto. O vento estava
forte e fazia espirais em volta da cabeça dela.
Kara saltou quando uma risada escapou da boca de Simon. — Acredite, você não é a primeira
mulher a se sentir assim. Eu sinto muito.
— Não é culpa sua se o seu irmão é um réptil escorregadio. Só espero que não sejam
parecidos em certas coisas — respondeu ela sem jeito. — Cuide bem de Kara.
— Com prazer, Maddie — respondeu ele em tom suave, estendendo a mão livre. — As
circunstâncias são ruins, mas foi um prazer conhecê-la.
— Você também, acho — respondeu ela mal-humorada ao apertar a mão estendida de Simon.
— Eu sei que não posso julgar um irmão pelo outro, mas odeio qualquer coisa que me lembre de
Sam Hudson. — Estremecendo, ela soltou a mão dele e abraçou Kara. — Cuide-se. Eu telefonarei
para você. Não faça nada idiota — advertiu ela em tom feroz ao sussurrar baixo o suficiente
para que apenas Kara ouvisse o conselho.
Kara se jogou nos braços de Maddie e abraçou-a com força, ciente do perigo que ela e a
amiga tinham corrido e como as coisas poderiam facilmente ter acabado de forma diferente. Ela
adorava Maddie. Apesar de ser azeda por fora de vez em quando, a amiga era um doce por
dentro. — Você também. Falo com você em breve.
Simon a puxou, colocando o braço em volta da cintura dela e levando-a para o carro,
enquanto Maddie atravessava o estacionamento até o próprio veículo.
Minha nossa, que dia terrível.
Cansada, abalada, com a mente repleta dos eventos do dia, ela nem titubeou quando Simon a
conduziu até o Veyron ridiculamente caro e sentou-a no lado do passageiro antes de se sentar
atrás do volante.
Durante o percurso até em casa, os dois ficaram em silêncio, perdidos nos próprios pensamentos.
imon não os levou diretamente de volta para o apartamento. Ele entrou em um

S estacionamento perto de casa e parou o pequeno carro esportivo em uma vaga.


— Precisamos comer alguma coisa. Este lugar tem a melhor comida italiana da área, mas
nada sofisticado. — Ele saiu do carro e deu a volta, abrindo a porta do passageiro e pegando a
mão dela para puxá-la para fora.
— Ahm... não estou exatamente com a roupa certa para um lugar chique. — Ainda vestindo a
calça jeans e o blusão que usava na clínica, ela sabia que estava horrível. Tanto física quanto
emocionalmente.
— Você está linda. Mas sei que foi um dia difícil. Pode ser aqui?
— Está ótimo. Adoro comida italiana e estou morrendo de fome.
Surpreendentemente, o que ela disse era verdade. Ela não tomara café da manhã, pois
acordara atrasada, e o horário do almoço se passara dentro da delegacia.
Simon segurou a porta aberta para ela, conduzindo-a com uma mão em suas costas. Meu Deus,
o homem era muito educado. Ela precisava se lembrar de elogiar Helen por ter criado o filho para
ser polido. Kara não se lembrava da última vez em que um homem correra para abrir a porta
para ela. Provavelmente... nunca.
O interior do restaurante tinha iluminação fraca e cada mesa tinha uma vela grande no centro.
Não era um lugar sofisticado, mas também não era um restaurante comum.
— Sr. Hudson. Que bom vê-lo novamente. — A loira bela de pernas longas que os recebeu
levou-os até uma mesa de canto, lançando a Simon um sorriso saído direto de um comercial de
pasta de dentes.
Depois de se sentarem, Simon pediu uma cerveja e Kara, um chá gelado. Ela suspirou aliviada
quando a mulher deslumbrante finalmente se afastou para buscar as bebidas.
— Mulher provocante. — Kara sentiu vontade de morder a língua imediatamente. Não era
problema seu se uma mulher flertava com Simon. Talvez ele gostasse.
— Está falando de Kate? — A expressão de Simon era confusa quando ele fechou o cardápio,
obviamente já tendo decidido o que queria.
— É esse o nome dela? Ela não se apresentou para mim. Parecia muito mais interessada em
você. — Cale a boca, Kara. Você parece uma namorada ciumenta.
— Ela não estava flertando. Sou um cliente regular. Ela precisa ser simpática. — Simon deu de
ombros.
Ah, minha nossa, o homem era completamente sem noção. Ela estudou o cardápio, tentando
deixar o assunto morrer. — Você já esteve aqui antes. Alguma recomendação?
— Tudo é gostoso. Vou comer o frango com parmesão.
Kara olhou para o cardápio como uma criança em uma loja de doces. Fazia muito tempo desde
que tivera tantas opções de comida ou desde que estivera em um restaurante como cliente. — É
tão difícil decidir.
Simon estava sorrindo quando ela finalmente ergueu os olhos do cardápio. — Parece que você
está tentando solucionar um problema extremamente complexo.
— Parece que não saio muito? — perguntou ela com uma risada meio debochada.
Os olhos dele ficaram sombrios quando ele lhe lançou um olhar tão intenso que ela sentiu o
calor percorrendo cada centímetro do corpo. — Você é a mulher mais adorável que já vi sentada
no outro lado da mesa. Ninguém chega nem perto.
Ela corou, ficando com o rosto totalmente vermelho por causa do olhar quero-foder-você e do
calor nos olhos dele. Nenhum homem conseguia deixá-la louca como Simon. Uma palavra, uma
frase, um olhar... e ela ficava afogueada como uma maldita adolescente.
Kara ficou contente ao ver uma garçonete de cabelos escuros e mais velha levar as bebidas e
anotar o pedido. Ela decidiu facilitar as coisas e pedir o mesmo que Simon. Quando a garçonete se
afastou, Kara pegou o copo, confusa. — Acho que ela me trouxe um chá gelado com álcool.
Simon riu ao olhar para a bebida na mão dela. — Com certeza é chá gelado com álcool. Eu
não sabia que você queria chá mesmo.
— O que é isso? — perguntou ela, olhando para o líquido que tinha praticamente a mesma cor
do chá gelado convencional, mas estava em um copo de bebida com uma cereja. Nenhum dos
restaurantes em que trabalhara tinha um bar completo e ela não conhecia drinques muito bem.
Simon abriu um sorriso malicioso. — Rum, gim, tequila, vodca... e um pouco de refrigerante.
Ah, merda. Ela acabaria dançando em cima da mesa. Um copo de vinho já a deixava meio
tonta. Nunca aguentara álcool muito bem, provavelmente porque quase nunca bebia. — Prometa
que não vai me deixar dançar nua em cima da mesa quando eu terminar de beber isto. — Ela
ergueu a sobrancelha para Simon, esperando que ele concordasse.
Ela o encarou friamente quando ele caiu na gargalhada, esforçando-se para respirar ao
responder: — Sério? Por causa de um drinque?
— Não tem graça nenhuma. Eu não bebo muito — disse ela na defensiva, subitamente sentindo-
se inadequada e fora do lugar, sentada à frente de um bilionário que conhecia tudo da vida.
Simon sorriu para ela. — Eu sei. Experimente. Se não gostar, pedirei alguma outra coisa para
você. — A expressão dele ficou séria, mas os olhos brilhavam com ardor e alguma coisa mais que
ela não conseguiu definir. — E prometo que você não dançará nua sobre a mesa, a não ser que
seja em casa, em uma apresentação particular. — A voz dele estava rouca, a expressão ardente,
como se estivesse imaginando exatamente aquela cena e ansioso para que acontecesse.
Ela se recusou a encontrar o olhar dele, com um nó enorme na garganta. Ora, por que não? Ela
bem que precisava de um drinque depois do que acontecera naquela manhã. Dando um gole
cuidadosamente, ela deixou o líquido fluir sobre a língua e pela garganta, engolindo-o com força
para que ele passasse pelo nó que se formara devido ao comentário sensual de Simon. — Nada
mal. — Ela lambeu os lábios. — Não tem um gosto forte demais.
Ele lhe lançou outro sorriso malicioso. — É enganador. Esses drinques são bem fortes.
Eles desfrutaram das bebidas e da comida com uma conversa agradável. Simon falou sobre a
família e contou a ela sobre alguns dos projetos que tinha. Kara contou histórias engraçadas da
carreira como garçonete e algumas da faculdade de enfermagem.
Simon devorou o prato inteiro de frango e terminou o prato dela quando Kara disse que não
aguentava mais comer. Ele pediu um tiramisu para cada e um segundo drinque. A sobremesa
estava deliciosa, mas ela não conseguiu terminá-la. Obviamente, ele estava disposto a comer
também o resto da sobremesa. O homem consumia muita comida. Talvez precisasse para alimentar
aquele corpo belo e esculpido que sempre a deixava ofegante.
— Como você mantém um corpo tão incrível comendo desse jeito? — perguntou ela, chutando-
se mentalmente por fazer aquela pergunta, sabendo que era culpa do álcool.
Aviso a mim mesma: não beba mais do que uma taça de vinho suave daqui para a frente.
Os olhos dele voaram para o rosto dela com uma expressão maliciosa. — Incrível, é?
Ela deu de ombros. De que adiantava negar? O corpo dele era incrível. — Bem, ele é. —
Incrível. Firme e sensual. O corpo mais gostoso do planeta.
— Faço exercícios todos os dias na academia que tenho em casa. Se acha que estou em boa
forma, acho que vale a pena — informou a voz incrível dele.
Ah, mas é claro. Vale muito a pena.
— Parece valer — gaguejou ela, tentando não mostrar de forma óbvia demais que queria
saltar sobre ele de cem formas diferentes. — É um dos motivos pelos quais mulheres como Kate se
jogam sobre você. Não o único motivo, mas um deles. — Puta merda. Ela realmente dissera aquilo em
voz alta? Drinque filho da puta. Ela precisava morder a língua.
— As mulheres não admiram meu corpo, minha personalidade nem nada sobre mim, exceto o
meu dinheiro — disse Simon em tom resignado.
Kara olhou para ele espantada. Ele realmente acreditava naquilo? — Ah, então não importa o
fato de você ser insanamente bonito, um gênio, divertido e extremamente gentil? As mulheres só
querem o dinheiro? — Meu Deus, ele era realmente enfurecedor. Será que não sabia? Será que
não percebia que tinha muito mais a oferecer do que só o dinheiro?
— Exatamente.
Ela sentiu um aperto no coração ao perceber que ele realmente achava que o dinheiro era a
única coisa que tinha que importava. Era difícil acreditar, especialmente depois que fora alvo da
natureza generosa dele tantas vezes. Também era difícil compreender ao olhar com anseio para o
homem mais bonito e atraente que ela já vira. — Eu quero. — Ele olhou para ela com uma
expressão espantada quando as palavras saíram da boca de Kara apressadamente. — Eu quero
você. E não tem nada a ver com o seu dinheiro. — As palavras saíram dos lábios sem pausa, sem
censura. Ela afastou o olhar dele, ligeiramente mortificada pelo que acabara de revelar, mas a
recusa constante dele de reconhecer o próprio valor a deixava maluca. — Não dou a mínima para
o seu dinheiro.
— É... eu notei isso — disse ele em voz grave.
Finalmente, ela olhou para ele, que tinha uma expressão inescrutável. Confusão? Descrença?
Desconfiança? Esperança? Estava tudo lá, mas ela teve dificuldades em descobrir qual era a
prioridade.
Ela virou o copo, terminando o segundo chá gelado. — Para mim, chega. — Se ela tomasse
mais um drinque, acabaria arrancando as roupas e implorando a ele que a possuísse. Bem ali.
Naquele momento.
Kara ponderou se acabaria arrependendo-se da confissão espontânea mais tarde e chegou à
conclusão de que provavelmente não. De alguma forma, precisava chegar a Simon, mesmo se fosse
desconfortavelmente humilhante. Ele era tão contido, tão controlado, mas havia uma vulnerabilidade
pairando sob a superfície. Aquela dúvida sobre si mesmo que ela via de vez em quando naqueles
olhos maravilhosos não deveria existir. Nenhum homem tão bonito, gentil e generoso deveria
conhecer um momento sequer de incerteza.
Simon era, sem dúvida, um macho alfa, mas ela tinha que questionar se aquela necessidade de
ter uma mulher indefesa e vendada durante o sexo era uma questão de dominação. Certamente,
aquele tipo de dominação era erótico, tão sensual que ela ficava com a calcinha molhada sempre
que se lembrava da noite anterior. Mas odiava a ideia de que Simon se restringia a apenas um
tipo de sexo por causa de falta de confiança. Infelizmente, era disso que suspeitava. O instinto a
devorava por dentro, dizendo que o problema dele não tinha nada a ver com dominação, e sim
com algum tipo de dificuldade em confiar.
Eles se levantaram e Simon pegou a carteira, colocando o dinheiro sobre a conta. Ela suspirou
quando ele apertou-lhe a mão com firmeza, conduzindo-a gentilmente pela porta. Estava no fim da
tarde e o ar mais fresco ajudou a clarear a mente enevoada. Ela não se lembrava de todos os
ingredientes dos drinques, mas eles certamente a deixaram com a língua solta.
O percurso até o apartamento era de apenas alguns quarteirões, mas Kara ficou inquieta.
Simon estava perto demais, o cheiro dele era bom demais, e ela ainda estava envergonhada pelo
fato de praticamente ter jogado a alma no colo dele. Ah, talvez não tudo, mas admitir o quanto o
desejava e não receber uma resposta real fora bastante decepcionante.
O que eu queria que ele dissesse? Quero ajudá-lo e isso significa não esperar nada em retorno. Ele
nunca prometeu nada além de sexo incrível. E ele me deu isso. Totalmente!
Na verdade, ela não esperara nada, mas teria sido ótimo se ele dissesse que também a queria.
Ela se sentia nua, exposta. E estar na companhia dele não tinha nada de confortável naquele
momento.
Eu não o entendo. Não sei o que motiva o comportamento dele.
Mas ela queria. Não havia nada que quisesse mais do que entender cada um dos segredos de
Simon Hudson.
Ela soltou um suspiro de alívio quando entraram no apartamento. Passando pela cozinha, ela foi
para o quarto para tomar um banho. Estava prestes a dar um breve boa noite a Simon quando um
braço grande e musculoso envolveu sua cintura, puxando-a contra um corpo igualmente grande e
masculino.
— Não vá. Ainda não. — A voz rouca de Simon em seu ouvido fez com que um arrepio de
desejo percorresse-lhe o corpo, momentaneamente deixando-a sem palavras.
Ele a ergueu, segurando-a contra o peito ao entrar na sala de estar e sentar-se no sofá com
ela no colo. — Qual é o problema? — perguntou Kara baixinho, sentindo a tensão inquieta do
corpo dele. Os músculos estavam retesados quando ela passou as mãos nos ombros dele.
— Preciso abraçar você um pouco. Por favor. Você me roubou vinte anos hoje, Kara. Vou
acabar velho, careca e maluco se você continuar a ter incidentes como esse. — Ele passou os
braços em volta dela, prendendo-a firmemente contra si.
— Desculpe. — Ela deitou a cabeça no ombro dele, adorando a sensação da barba por fazer
contra o rosto, tentando não ter esperanças pelo fato de ele mencionar um futuro para os dois.
— Não consigo aguentar. Não consigo aguentar a ideia de alguma coisa acontecendo a você
— disse ele com voz embargada.
A sala de estar estava escura, iluminada apenas pela luz residual da cozinha. O coração de
Kara batia forte quando ela se afastou para acariciar o maxilar dele. Simon temia pela segurança
dela. Ela não pôde evitar de se sentir emocionada com aquilo. Houvera pouquíssimas pessoas que
se importaram com ela daquela forma e, certamente, nunca um homem, exceto o pai. O ex
provavelmente teria dado de ombros e dito a ela que era a culpada por ser voluntária naquela
parte da cidade. Ele não era do tipo que se importava.
Pegando a mão dela, ele a levou aos lábios, depositando beijos leves e suaves na palma. —
Tive que me segurar para não avançar no pescoço do seu policial mais cedo.
— Por quê?
— Pelo amor de Deus, Kara, o homem estava devorando você com os olhos bem ali na
delegacia. — A resposta foi ríspida.
— Ele só estava sendo simpático...
— Ele estava imaginando como seria trepar com você — informou ele com voz rouca. — Sou
um homem. Acredite. Eu sei. E odiei aquilo. Não gosto de dividir.
Ahm. Ele estava insinuando que...
— Não sabia que eu era sua. — Era?
— Agora você é.
— Desde quando?
— Provavelmente desde a primeira vez em que vi você. Decididamente desde o momento em
que encostei em você. E absolutamente desde a noite passada. — A mão dele subiu para nuca
dela, guiando-lhe a boca para a dele.
Ele a virou em um movimento suave, sem afastar a boca. Em um instante, ela estava no colo dele,
e, no seguinte, deitava no sofá imenso sob ele. Simon a beijou até que ela não conseguia mais
respirar, não conseguia pensar, só conseguia sentir. Abrindo as pernas para aceitar o corpo dele,
ela passou os braços em volta das costas musculosas, tentando ficar o mais perto possível de Simon.
Kara precisava daquilo, precisava dele. Deslizou a língua ao longo da dele, desesperada para
ficar mais perto, querendo entrar nele. Ela moveu os quadris contra ele, gemendo na boca dele ao
sentir a ereção intensa pressionando-a através do tecido da calça, deixando-a louca para senti-lo
dentro dela.
Afastando a boca, ela implorou: — Preciso que você me foda, Simon. Por favor.
Ele enterrou o rosto no pescoço dela com um som gutural. — Quarto.
— Não. Aqui. Agora. Neste minuto — ofegou ela. Kara não queria se mexer, não queria ser
vendada e amarrada. Colocando as pernas em volta da cintura dele em um enlace silencioso, ela
desceu as mãos até as nádegas dele, puxando-o contra si ao mover os quadris. — Que merda!
Não consigo pensar quando você faz isso. Não quero esperar — sussurrou ele, deslizando as mãos
sobre as nádegas dela, puxando-a firmemente contra a ereção com um gemido baixo e
atormentado.
— Não espere. Por favor. — O corpo dela estava prestes a se incendiar como um graveto seco
em uma floresta em chamas.
— Você sabe que não posso. — A voz dele estava furiosa e frustrada, mas ele não a soltou.
— Você pode. — Ela o queria daquele jeito, espontâneo e cheio de desejo. Tirando as pernas
da cintura dele, ela se encolheu e deslizou as mãos entre os dois corpos, abrindo o botão e o zíper
da calça. Em seguida, mexeu-se, fazendo com que Simon erguesse o corpo ligeiramente enquanto
abaixava a calça jeans e a calcinha o suficiente para chutá-las para longe. — Toque-me.
Simon gemeu ao deslizar a mão entre eles, passando os dedos pela boceta molhada. — Ah,
Jesus, você está tão molhada.
— Para você — respondeu ela sofregamente. — Portanto, não me diga que nenhuma mulher
não o quer por nada além do dinheiro. Eu quero você tanto que estou implorando para que trepe
comigo — disse ela furiosamente, tentando fazê-lo entender que o que ela sentia estava muito
longe de ser monetário.
Ela não podia contar a ele a profundidade da necessidade que sentia. Não estava pronta para
abrir a alma e Simon não estava pronto para ouvi-la. E talvez ela não estivesse pronta para lidar
com aquilo. Mas, que merda, ele aceitaria aquilo. Ele a aceitaria. Naquele momento.
O corpo de Kara estremeceu quando os dedos dele passaram pela carne macia e molhada,
parando sobre o clitóris latejante. — Sim. Toque-me. — Ela estava perdida, com o corpo reagindo
a cada sensação, a cada toque dos dedos dele, jogando a cabeça de um lado para o outro
selvagemente ao se abandonar às carícias dele.
— Você é tão gostosa. Tão receptiva. É tão difícil acreditar que me queira desse jeito. Diga. De
novo — exigiu ele. As carícias se tornaram mais fortes, mais exigentes.
— Eu preciso de você, Simon. Trepe comigo.
— Só eu?
— Só você. Você é o único que faz com que eu me sinta assim. — E era o único homem que
conseguia deixá-la tão louca com um simples toque. Ela sabia que era uma fraqueza, mas, naquele
momento, não queria se importar.
Ele recuou e abriu a calça, empurrando-a para baixo até que o pênis estivesse livre, latejando,
duro e carente. — Eu quero você tanto, Kara, mas não sei se consigo fazer isso. — A voz dele
estava apaixonada e furiosa ao mesmo tempo.
Ela reconheceu a necessidade dele de dominar. A causa não era clara, mas ela sabia que ele
precisava estar no controle. — Segure as minhas mãos, Simon. Assuma o controle. Trepe comigo do
jeito como precisar. Eu não me importo, desde que faça isso agora.
Ela queria agarrar o belo pênis e colocá-lo onde mais precisava dele, mas estendeu as mãos
para cima e agarrou as dele, que estavam fechadas em punhos cerrados. Elas se abriram
lentamente e envolveram as dela. Ele entrelaçou os dedos nos de Kara e abaixou as mãos acima
da cabeça dela.
— Sim. Você tem controle. Estou exatamente onde quer que eu esteja. Agora me foda — pediu
ela, querendo que ele a possuísse daquele jeito. Ela gostara da noite passada, mas queria que ele
a vendasse e amarrasse apenas porque era algo erótico, não porque precisasse disso.
Instintivamente, sabia que era essencial que ele aprendesse a confiar aos poucos, a fazer amor em
vez de simplesmente trepar.
Praticamente prestes a chorar quando ele abaixou o corpo poderoso sobre o dela, Kara
gemeu ao sentir o pênis contra a abertura apertada. Ela moveu os quadris até que estivessem na
posição certa.
E, então, milagrosamente, ele a penetrou com uma investida forte.
Ela gemeu quando o pênis a invadiu, esticando-a, possuindo-a completamente. — Isso mesmo.
Isso é tão gostoso. — Ela passou as pernas em volta dele, querendo saborear a sensação de tê-lo
dentro de si.
— Puta que pariu, você está tão molhada. Nada entre você e o meu pau. Não tem sensação
melhor do que essa — gaguejou Simon contra o pescoço dela. O peito dele esfregava em seus
seios, provocando os mamilos inchados.
Com as mãos entrelaçadas, os dedos dele apertando os dela até que estivessem quase
amortecidos, Simon moveu os quadris enquanto ela respondia esfregando-se contra ele.
Ela sentiu um aperto no coração quando o corpo se juntou repetidamente ao de Simon, sabendo
que aquele momento era essencial, extraordinário e especial.
Ela enterrou os calcanhares nas nádegas dele, sinalizando para que fosse mais fundo, mais
depressa. As investidas se tornaram poderosas e fortes. Entrando e saindo. De novo e de novo.
A boca de Simon cobriu a de Kara, em um beijo quase violento quando ele invadiu-lhe a boca,
tomando-a, com a língua macia varrendo cada milímetro, penetrando-a no mesmo ritmo que o
pênis.
Maravilhada com a força dele, absorta na cadência do pênis e da língua que a penetravam,
Kara se perdeu em Simon. Completamente. Totalmente.
Lágrimas rolaram pelo rosto dela ao gemer dentro da boca dele, com o corpo tremendo,
pulsando, no orgasmo mais incrível que já tivera.
Os músculos internos se contraíram, a carne apertou e afrouxou em volta do pênis de Simon
enquanto ele entrava e saía do corpo dela com abandono furioso.
Ele gemeu sobre a boca de Kara, entrelaçando a língua na dela, ao enterrar-se uma última vez
bem fundo, com o corpo enorme tremendo sobre ela ao gozar, enchendo-lhe o ventre com calor.
Afastando a boca dos lábios dela, o rosto dele caiu sobre o pescoço de Kara. — Puta merda.
Puta merda. Puta merda — repetiu ele sem fôlego.
Ela puxou as mãos, precisando devolver a circulação aos dedos. Soltando-as, ela passou os
braços em volta dele, passando as mãos pelos cabelos encharcados de suor, abraçando a cabeça
dele. O corpo relaxado e saciado era pesado, mas ela não queria que ele se mexesse.
— Eu acho que acabei de morrer — disse ele ainda ofegante.
— Então, acho que morri junto com você. Eu estava lá — respondeu ela, ainda passando as
mãos pelos cabelos dele.
Mais tarde, ela ficaria imaginando quanto tempo ficara deitada lá com Simon em um mundo só
deles, atônitos e maravilhados com o que acabara de acontecer. Mas, naquele momento, só
absorveu a paz que desceu sobre eles depois de uma tempestade turbulenta.
Depois de algum tempo, Simon saiu de cima dela. — Sou pesado, desculpe.
Aconchegando-se a ele, ela suspirou pesadamente. — Estava bom.
— Foi muito melhor que bom — resmungou ele, fingindo ter entendido errado.
— Obrigada, Simon — sussurrou ela suavemente.
— Pelo quê? — perguntou ele confuso ao passar um braço protetor em volta dela e afastar os
cabelos de seu rosto com a outra mão.
— Pelo que acabou de acontecer. — Por confiar em mim. Por deixar de lado alguns fantasmas.
Por me dar o que eu precisava. Por dar a si mesmo o que você precisava.
Ela não conseguia ver o rosto dele, mas não precisava. Pôde ouvir o sorriso na voz dele. —
Querida, não me agradeça. Eu deveria estar beijando os seus pés.
— Ah... bom... se precisa mesmo fazer isso... vá em frente — respondeu ela, como uma rainha
falando com um súdito, tentando aliviar a tensão.
Pequenos passos.
Ele bufou. — Agora não posso. Você me deixou esgotado.
— Seu ingrato. — Ela bateu de leve no ombro dele com um sorriso.
— Não preciso ficar a seus pés. Eu já adoro você — sussurrou ele gentilmente ao encostar os
lábios de leve nos dela. Em seguida, soltou-a para vestir novamente a calça jeans.
Ela se sentou, pegando a própria calça jeans e a calcinha. — É, sei... Os homens dizem
qualquer coisa depois de um orgasmo decente. — Ela se levantou rapidamente e puxou a calcinha
e a calça sobre os quadris.
Simon a agarrou pela cintura quando ela se virou para sair. — Foi muito mais do que uma boa
trepada. Você estava chorando. Só me diga: foram lágrimas boas ou ruins? — perguntou ele com
a voz cheia de preocupação.
— Boas. Decididamente boas. — Sem querer dizer mais nada, ela deu-lhe um beijo de leve nos
lábios e forçou-se a se afastar. Sabia como Simon se sentia sobre dormir ao lado de alguém. Por
enquanto, teria que se contentar com o que acabara de acontecer. — Preciso tomar um banho.
Alguém me deixou toda... molhada.
Rindo do rosnado baixo que ouviu atrás de si, ela correu para o próprio quarto para tomar um
banho. Em seguida, deitou-se, caindo em um sono exausto e feliz.
stá tudo bem?

E Kara sorriu ao ler a mensagem de Simon enquanto James a levava ao restaurante de


Helen. Ela não falava com Helen havia vários dias e tinham combinado de tomar um café
juntas. Como Helen não conseguia ficar longe do restaurante, Kara normalmente passava lá depois
das aulas para conversar.
Ela enviou uma mensagem de resposta. Sim, papai. Tudo bem.
Era sexta-feira, quase uma semana depois do incidente na clínica. Simon conferia como ela
estava todos os dias, normalmente várias vezes por dia, para ter certeza de que estava tudo bem.
Ela podia brincar com ele por ser como um pai superprotetor, mas, secretamente, achava
emocionante a forma como se preocupava com a segurança dela.
Eles não tiveram contato físico desde a noite do incidente na clínica. Brincaram, conversaram,
mas não treparam. Era quase como se os dois tivessem medo de que o que acontecera não
pudesse se repetir. Ou talvez os dois estivessem assustados com o que acontecera. Ela certamente
estava. Nunca vivera nada tão intenso.
O telefone bipou novamente.
Tenha cuidado. Avise quando sair. Já chegou?
Ela respondeu. Parando o carro agora. As ordens serão obedecidas, senhor.
O carro parou na frente do restaurante de Helen quando o telefone bipou mais uma vez.
Quem dera. Você só obedece a ordens nos meus sonhos.
Ela riu ao guardar o telefone no bolso da frente, quase conseguindo ouvir Simon dizendo
aquelas palavras em voz alta e irritada. — Obrigada, James. Vejo você daqui a pouco. — Ela
sorriu para o homem idoso e gentil ao estender a mão para a maçaneta.
Ele abriu um sorriso largo para ela. — Tenha uma excelente visita, srta. Kara. Estarei aqui
esperando. Dê meus cumprimentos a Helen.
James trabalhava para a família havia muitos anos e conhecia todos eles.
— Pode deixar. — Ela saiu do veículo, acenando para James ao se aproximar da porta.
Mesmo durante os horários de pouco movimento, sempre havia clientes no restaurante de Helen.
O lugar era bem conhecido na área por ter preços razoáveis e comida excelente. Kara foi até
uma mesa no canto e estava prestes a se sentar quando Helen apareceu correndo pelas portas
dos fundos, com um sorriso largo no rosto e os braços abertos.
Kara deu um abraço apertado na mulher mais velha quando ela chegou ao lado da mesa,
respirando fundo e sentindo o aroma de baunilha reconfortante que sempre parecia irradiar de
Helen.
Helen se afastou e segurou Kara pelos ombros. — Como o meu filho a está tratando? Você
parece bem. Descansada.
— Deixe-me pegar um pouco de café para nós. — Kara foi para trás do balcão, pegou duas
xícaras, encheu-as com café fumegante e voltou para a mesa, pegando uma tigela de creme no
caminho. — Estou bem. As aulas estão indo bem. Está chegando no final. — Ela colocou uma das
xícaras em frente a Helen antes de se sentar.
— Querida, você não precisa servir o café. Não é mais funcionária. — Helen abriu um sorriso,
tão parecido com o de Simon que Kara ficou momentaneamente distraída.
Recostando-se na cadeira, ela estudou Helen por um momento, tentando encontrar outras
similaridades com Simon. Não havia muitas. Depois de ver muitas fotografias dos dois irmãos com a
mãe, Kara chegara à conclusão de que Simon devia ter puxado ao pai, apesar de nunca ter visto
nenhuma fotografia dele. Helen era parecida com Sam, com os cabelos loiros curtos e ondulados e
os olhos verdes. A amiga estava sempre vestida com elegância casual. Naquele dia, usava uma
saia até as canelas com um blusão abotoado cor-de-rosa. Brincos rosados grandes caíam das
orelhas delicadas, batendo de leve nos lados do pescoço sempre que ela mexia a cabeça. Os
brincos um tanto exagerados de Helen eram a única ostentação que ela tinha. Era uma pessoa
realmente gentil.
Kara sorriu. — Preciso da minha dose de cafeína. — Ela derramou o creme no café quente. —
E peguei um pouco para você também. — Ela acrescentou açúcar e pegou a colher para mexer o
café. — E Simon está me tratando bem. Mais do que bem. Ele é um... amigo maravilhoso. — Kara
quase engasgou ao dizer aquilo. Bem, Simon era um amigo.
Helen suspirou. — Ele parece feliz. Falo com ele quase todos os dias. Faz muito tempo que ele
não fica tão animado. Parece totalmente apaixonado.
— Ele não está — respondeu Kara depressa, quase engasgando com o café. — Nós não
estamos. Quero dizer, somos apenas amigos. — Meu Deus, ela não podia deixar que Helen
acreditasse que havia alguma coisa de permanente no relacionamento dela com Simon.
— Ahã. E Simon fala sobre você todos os dias, sem parar, por uma hora... por quê? — Helen
lhe lançou um olhar provocante sobre a borda da xícara.
Kara deu de ombros. Falava? Mesmo? — Eu moro na casa dele. Ele está me ajudando. É
natural que fale sobre alguém com quem divide a casa. Nós nos vemos todos os dias.
Helen fez um gesto de desprezo. — Querida, ele e Sam se veem todos os dias também e ele
certamente não fica falando sobre o irmão. E nunca falou sobre uma mulher antes.
Kara tentou controlar o coração esperançoso. O fato de que Simon a mencionara nas conversas
com a mãe não queria dizer nada. — Ele e Sam não moram na mesma casa.
— Você gosta dele. E ele gosta de você. Muito.
Os ombros dela caíram ligeiramente quando Kara colocou a xícara na mesa e começou a
brincar com um guardanapo. Ela nunca conseguira esconder muita coisa de Helen. — Eu gosto. Só
não quero esperar demais. Simon não gosta muito de compromissos. Eu entendo isso. — Mais ou
menos. — Ele nunca teve uma namorada firme.
Helen estendeu a mão, colocando-a sobre os dedos que Kara usava para rasgar lentamente o
guardanapo de papel. — Isso não significa que ele não queira ou não pense em ter. — Helen
soltou um suspiro pesado. — Alguma coisa aconteceu a Simon quando tinha dezesseis anos e ele
nunca mais foi o mesmo, Kara. Ele sempre foi quieto, meu garotinho inteligente com a cara sempre
enfiada nos livros e tão estudioso quanto qualquer pai ou mãe gostaria. Mas ele também era
humano, o tipo de criança que resgataria qualquer bicho de rua. Eu me lembro como Sam
costumava implicar com ele sobre o coração enorme que tinha. Dificilmente se passava um dia sem
que Simon levasse para casa um animal perdido ou tentasse fazer uma boa ação. — Helen se
mexeu de forma desconfortável na cadeira. — Mas acho que ele perdeu isso quando tinha
dezesseis anos.
Kara apertou a mão de Helen. — Ele não perdeu isso. Ainda está lá. Olhe só como ele está me
ajudando. Eu sei que alguma coisa aconteceu. Não sei os detalhes, Helen, mas ele ainda é bom
como sempre foi.
— É esse o problema. Ele não era antes de conhecê-la. Você é a primeira pessoa fora da
família com quem ele se importou em muitos anos. Isso me dá esperança.
Kara se encolheu. — Por favor, não fique cheia de esperanças. Somos amigos. Só isso.
Considere-me como um bichinho de rua que ele resgatou.
Helen sorriu ao puxar a mão e pegar a xícara de café, lançando a Kara um olhar firme. — É,
bem, você é o primeiro bicho de rua que ele resgata em dezesseis anos. Eu diria que isso é bem
significativo.
Kara fez as contas, com o coração batendo forte. É claro, a festa. Simon faz trinta e dois anos
amanhã.
— Tenho certeza de que não é verdade. Provavelmente, ele só não contou nada a você. —
Certamente, ela não podia ser a primeira pessoa que ele ajudara desde o incidente desconhecido
que o mudara aos dezesseis anos.
Helen riu e disse em tom enigmático. — Sou a mãe dele. Tenho olhos na nuca. Pergunte aos meus
filhos. Eles ficam extremamente irritados por eu saber de coisas que eles nem me contaram.
Você sabe por que Simon só consegue fazer sexo com mulheres se elas estiverem vendadas e
amarradas? Kara tinha quase certeza de que Helen não sabia daquilo e obviamente não pretendia
contar a ela. Havia algumas coisas que as mães não deveriam saber. Ainda assim, ela ponderou
sobre os supostos anos de isolamento de Simon, de repressão às tendências de resgate. Ela ficou
com o peito apertado ao pensar no que acontecera com Simon, o que o transformara de um jovem
doce em um adulto isolado.
Ele estava mesmo mudando? Era reservado algumas vezes, e um pouco retraído, mas Kara não
achava que conseguiria imaginá-lo como despreocupado ou completamente solitário. Havia
algumas coisas que eram simplesmente... Simon.
Áspero... sim.
Mal-humorado... sim.
Mandão... sim.
Controlador... algumas vezes.
Gentil... decididamente sim! Por baixo daquele exterior duro, ele tinha um coração muito bom.
Sexy... sim, sim, sim.
Ele também era espirituoso, inteligente e completamente irresistível de incontáveis formas.
— Espero que um dia ele me conte o que aconteceu — sussurrou Kara para si mesma.
— Espero que sim. Ele precisa falar sobre isso e enterrar o passado — respondeu Helen
baixinho.
Ah, merda. A mãe de Simon ouvira o comentário dela. Além dos olhos na nuca, Helen devia ter
também audição supersônica.
— Você sabe o que aconteceu? — perguntou Kara à amiga.
Parecendo desconfortável, Helen respondeu: — Eu sei sobre o evento. Ele quase morreu. Mas
não acho que eu saiba de tudo. — A expressão de Helen estava sombria.
— É uma lembrança dolorosa para você, eu sinto muito. — Kara jurou nunca mais fazer aquilo
com a amiga. Ela odiava ver a mulher que era como uma segunda mãe parecendo tão triste.
— Há muitas lembranças no passado distante que são dolorosas. Não posso evitá-las sempre.
Meus garotos tiveram uma infância que nunca deveria ter acontecido. Que nenhuma criança
deveria viver. Eu devia ter feito mais, devia tê-los protegido melhor. — Os olhos de Helen estavam
cheios de dor, como se estivesse lembrando daquele passado e do preço que todos pagaram por
ele.
— Pare. Agora mesmo. Simon e Sam se saíram muito bem. São filhos dos quais você deve se
orgulhar, Helen. Você fez o melhor que pôde e isso é aparente. — Kara odiou a expressão de
pesar no rosto de Helen. — Você não precisa ter uma infância perfeita para virar um adulto
incrível.
Helen abriu um sorriso fraco. — Algumas vezes, eu me esqueço de como foi difícil para você,
querida. Seus pais a deixaram quando você era muito jovem, mas a criaram muito bem.
— E você criou muito bem os seus filhos. Não conheço Sam, mas conheço Simon. Ele é um homem
maravilhoso — disse Kara honestamente. Ela queria ver um sorriso novamente no rosto de Helen e
estava determinada a mudar de assunto. Não adiantaria nada Helen querer ter criado os filhos de
forma diferente. Kara conhecia Helen e sabia que a amiga fizera o melhor possível para criar os
dois filhos, fossem quais fossem as circunstâncias. — Simon me convidou para a festa de Sam
amanhã.
Helen riu. — A festa de aniversário de Simon, cujo anfitrião será nada menos que o irmão dele,
Sam. Você vai, não é?
— Sim. Simon quer que eu vá. Vai ter muita gente? — Kara não conseguiu evitar a apreensão
na voz. Como diabos ela conseguiria se misturar com um bando de convidados ricos na festa de
aniversário de Simon?
Ela ficara surpresa quando Simon lhe pedira para que fosse ao evento. Não só ela não sabia
que o aniversário dele estava próximo, como o próprio aniversário era um dia depois do de Simon.
— Você está nervosa? — Helen ergueu a sobrancelha, olhando interrogativamente para Kara.
Merda. Havia alguma coisa que Helen não conseguisse arrancar dela? — Um pouco. Não é
exatamente o tipo de gente com quem estou acostumada a andar. — Aquilo era óbvio. Coisas
feitas por prazer ou para relaxar não eram eventos dos quais ela participava. Entre o trabalho e
a faculdade, nunca tivera tempo para isso.
A risada divertida de Helen encheu o ar em volta delas. — Uma coisa que aprendi nesses anos
foi que pessoas ricas não são muito diferentes das pessoas normais. Algumas são simpáticas.
Outras, nem tanto. Você ficará bem. O fato de terem dinheiro não as faz melhores do que você,
querida.
Racionalmente, Kara sabia disso. Ainda assim, estava nervosa. A ansiedade não era tanto pela
riqueza, mas pela ideia de que não queria desapontar Simon na frente dos amigos, dos conhecidos
de negócios e da família. Depois de anos de negligência, ela não tinha habilidade social alguma. A
única prática fora com clientes no restaurante e colegas muito jovens na faculdade.
O celular de Kara emitiu um bipe, fazendo com que voltasse à realidade, e ela tirou o telefone
do bolso. — Simon — informou ela a Helen com um sorriso ao ler a mensagem de texto.
Já terminaram de falar sobre mim?
Mesmo? Como se ela e Helen não tivessem nada melhor sobre o que conversar? Os dedos dela
voaram ao digitar uma resposta.
Seu nome nem foi mencionado ainda. Não é um pouco arrogante?
A resposta veio quase instantaneamente.
Não. Mas conheço a minha mãe. Se não vier para casa logo, vou fazer o jantar.
— Ah, meu Deus, preciso ir embora. — Ela sorriu para Helen com uma expressão fingida de
horror.
— Por quê? — perguntou Helen com expressão perplexa.
— Simon está ameaçando cozinhar se eu não voltar logo para o apartamento.
Helen soltou uma gargalhada, fazendo com que Kara risse junto com a mulher mais velha, que
disse: — Uma ameaça e tanto, vinda de Simon. Ele provavelmente se machucará.
— Sim. Ele é um desastre na cozinha quando tenta fazer qualquer coisa que não seja um
sanduíche ou um jantar de micro-ondas — respondeu Kara enquanto digitava.
Irei em breve. Por favor, não cozinhe.
— Mas que homem manipulador — sussurrou Kara com afeição ao se levantar.
— Ele obviamente está sentindo a sua falta. É romântico. — Helen suspirou com uma expressão
sonhadora nos olhos ao se levantar. — Só não deixe que ele exagere.
Kara abraçou a amiga com uma expressão divertida. Provavelmente Simon estava com fome e
não queria comer um sanduíche, mas ela não queria acabar com a visão romântica de Helen. —
Vejo você amanhã à noite — respondeu Kara, caminhando em direção à porta.
Ela procurou James e a Mercedes com olhos ansiosos, pronta para voltar para o apartamento
onde estava Simon. Talvez ele não estivesse realmente sentindo falta dela, mas ela sentia falta de
Simon. A melhor parte do dia era a noite, quando passava algum tempo com ele, conversando
sobre o que acontecera durante o dia, discutindo opiniões e ideias. Eles podiam conversar sobre
coisas importantes ou coisas pequenas. Não parecia importar.
Ah, meu Deus, sou uma coitada.
Vendo James, ela acelerou o passo até o carro, percebendo chocada que estivera
extremamente solitária antes de conhecer Simon. Era estranho, mas ela nunca se sentira sozinha.
Todos os dias, estava rodeada por pessoas, clientes, alunos, multidões. Mesmo assim, a solidão
estivera lá, enterrada bem no fundo, abaixo da exaustão, da fome e da necessidade de
sobrevivência. Esperando.
Abrindo a porta do carro, ela se sentou no banco da frente ao lado de James, ainda
imaginando porque nunca reconhecera a vontade de ter a companhia de um homem.
Porque ela não estava lá. Não até eu conhecer Simon. É ele. Não quero simplesmente qualquer
homem.
Que merda, era verdade. Ela sabia disso. Havia alguma coisa em Simon que a atraía, que
fazia com que o quisesse mais perto, tão perto que talvez se queimasse. Mesmo assim, a atração
estava lá e era sedutora. As vibrações de Simon eram encantadoras e impossíveis de ignorar.
Por que estou tão atraída por ele? Não somos nada parecidos.
Balançando a cabeça contra o couro macio do banco, Kara admitiu para si mesma que, em
algumas coisas superficiais das quais gostavam ou não, eram diferentes. Mas, de muitas formas,
eram muito parecidos.
Depois de ter sido magoada por Chris, ela ficara desconfiada... como Simon. Talvez as causas
fossem diferentes e ela tinha quase certeza de que as de Simon eram muito mais traumáticas. Mas
os dois andavam um à volta do outro como crianças assustadas, sem saber ao certo se queriam ser
amigos ou inimigos, se queriam confiar ou não.
Ela sabia que Simon lhe dera algo valioso ao confiar nela o suficiente para possuí-la sem o
procedimento normal de amarrar e vendar. Ela só queria saber o que causara a falta de
confiança dele. E por que a venda? O homem tinha um corpo de babar.
Ela estremeceu e sorriu fracamente para James quando ele avançou para o tráfego, lentamente
encaminhando-se para o apartamento.
Ela soltou um suspiro longo e trêmulo, torcendo desesperadamente para não estar
inadvertidamente colocando a cabeça sob a guilhotina ao se envolver tanto com um homem como
Simon.
Simplesmente aproveite. Relaxe. Aproveite o que tem enquanto pode.
Ela reprimiu uma risada depreciativa. Ela não relaxava, não acompanhava a corrente e nunca,
nunca vivia no momento. Aquelas eram coisas difíceis para uma mulher que precisava se preocupar
sobre onde conseguir a próxima refeição e se teria dinheiro suficiente para pagar o aluguel todo
mês.
Mas você não precisa se preocupar com isso agora.
Não... não precisava. Talvez não durasse muito, mas, por um breve período, sabia que tinha uma
cama onde dormir, um teto sobre a cabeça e comida suficiente. Por causa de Simon, ela tinha
tempo e espaço para respirar.
O coração saltou ao visualizá-lo como estava na semana passada no sofá, vulnerável, mas tão
forte. Como podia não admirar aquela força e a determinação de derrotar os fantasmas do
passado que o assombravam?
Ele fez aquilo por mim. Porque eu queria.
Retirando força das lembranças, Kara pegou a mochila. Estava em casa. James a levara até a
frente do prédio imenso. — Obrigada, James. — Ela sorriu para ele meio envergonhada,
subitamente percebendo que não dissera uma palavra ao motorista no curto caminho até o
apartamento.
— De nada, srta. Kara. Tenha uma boa noite.
— Você também. — Saindo do carro com a mochila na mão, ela fechou a porta e correu até a
entrada.
Ela teria uma boa noite. Como não? Ela tinha um homem moreno, sexy e lindo esperando-a.
Talvez ele quisesse jantar, mas ela estava disposta a dar mais do que apenas comida. Era hora de
dar alguma coisa a Simon. Afinal de contas, ele confiara nela, dera-lhe abrigo, fizera sentir-se
como se fosse alguém especial.
Ela esperava que ele estivesse faminto, e não apenas por comida.
Acenando para o porteiro atencioso, ela entrou silenciosamente no elevador que levava à
cobertura.
Viva no momento. Não pense no futuro.
Aquilo era totalmente estranho para ela, mas pretendia tentar.
imon praguejou ao enrolar a toalha branca em volta da cintura, furioso consigo mesmo por

S ter esquecido de pegar roupas limpas. Depois dos exercícios, fora diretamente para o
chuveiro ao lado da academia particular, esquecendo-se completamente de pegar alguma
coisa no quarto para vestir. A maldita toalha mal cobria as partes íntimas.
Ele olhou com uma careta para as roupas suadas e fedorentas. Não pretendia vesti-las
novamente depois de ter tirado o fedor do corpo.
Kara ainda não voltara para casa. Ele teria tempo de ir até o quarto. Passando os dedos pelos
cabelos molhados, ele abriu a porta do banheiro, pronto para correr escada abaixo e até o
quarto principal.
O ar frio o atingiu quando ele deixou o banheiro quente para trás. Merda. O lugar estava
gelado. Ele diminuíra a temperatura para fazer os exercícios e agora sentia frio.
— Simon, você...
A voz feminina o assustou. No meio do caminho até a escada, ele ficou imóvel, com o coração
batendo com força quando Kara entrou correndo.
Ele retesou o corpo quando os olhos dela o estudaram, pronto para o olhar de desgosto... ou
pior. As cicatrizes no peito e no abdômen eram evidentes, algo que ele fazia o possível para
esconder do mundo... especialmente das mulheres.
Ele tentou fazer com que os pés se mexessem, virassem-se e levassem-no de volta ao banheiro.
Mas, quando seus olhos encontraram os de Kara, ele ficou paralisado.
Ela avançou lentamente, com os olhos arregalados, mas não parecia chocada. Parecia... faminta.
Ela passou a língua pelos lábios ao dizer em tom de reverência: — Meu Deus, você é enorme.
Musculoso. Eu sabia que estava em boa forma, mas faz com que strippers masculinos pareçam uma
piada.
Simon engoliu em seco quando ela se aproximou e largou a mochila no chão. — Sou cheio de
cicatrizes. — Que brilhante, Simon. Como se ela não tivesse notado.
Ela estava tão perto que Simon sentiu o aroma doce. Ele respirou fundo e o pênis começou a
endurecer quando ela inclinou o pescoço para olhar para o rosto dele com um olhar de ânsia que
o atropelou como um trem desgovernado.
A voz dela tremia quando disse em um sussurro: — Por favor, não me peça para não tocar em
você, Simon. Eu preciso tocar em você. Acho que vou morrer se não me deixar fazer isso.
Ele esperava várias reações dela, mas não aquela. Um calor percorreu-lhe por inteiro com a
necessidade de sentir as mãos pequenas e hábeis dela em seu corpo. Como ela conseguia olhar
para ele com aquele desejo todo?
— Não gosto de ser tocado — disse ele com voz rouca.
— Não gosta ou não está acostumado? — perguntou ela suavemente.
Merda. Ele era um mentiroso. Não havia nada que quisesse mais do que as mãos de Kara em
seu corpo naquele minuto. Naquele. Maldito. Minuto. — Não sei — respondeu ele sinceramente,
abalado pela reação dela.
— Você tem um corpo lindo, Simon — disse ela ao erguer as mãos para o peito dele.
Ele se retesou enquanto as mãos dela acariciavam seu peito em um gesto amoroso, deslizando
sobre a pele, deixando-o completamente em chamas. O contato parecia sexo puro, tão erótico e
sensual. Rangendo os dentes, ele forçou o corpo a relaxar... mas não adiantou. Os dedos dela
deslizaram lentamente pelo abdômen e ele ouviu quando ela prendeu a respiração.
— Você é tão rígido, Simon.
Sim. Ele era. Ele estava. Em todos os lugares. — Puta que pariu! Kara! — Ele começou a
respirar mais depressa quando os lábios úmidos e quentes dela se juntaram aos dedos errantes e
a língua acariciou-lhe o peito.
— Hmmm... seu cheiro é tão bom. Seu gosto é ainda melhor.
Ele quase gozou na toalha quando ela fechou os dentes sobre um dos mamilos e lambeu-o logo
depois.
Santo Cristo! O corpo todo tremia, pronto para incendiar. — Pare — rosnou ele. Não, não pare!
Ela agarrou a toalha que estava em volta da cintura dele e puxou. O tecido cedeu com
facilidade e ela jogou a toalha no chão. — Você é tão gostoso, Simon. Não me faça parar —
sussurrou ela ao envolver o membro entumescido com a mão pequena. — Quero sentir o seu gosto.
— Sério? Ela queria dizer...
— Em todos os lugares.
Ah, sim, ela queria.
Os olhos azuis de Kara ficaram mais escuros quando ela olhou para ele suplicante. Meu Deus,
ele não conseguia se afastar. Quero esses lábios no meu pau mais do que qualquer outra coisa no
mundo. — Kara... eu nunca... eu não... — Ele sempre precisava dominar, amarrar as mulheres.
Nunca quisera enfiar o pênis na boca delas enquanto estavam deitadas indefesas sob ele. E
nenhuma delas quisera que ele fizesse isso.
— Ótimo. Então não saberá se eu não fizer direito. — O olhar vulnerável dela o deixou imóvel,
fazendo com que esquecesse das próprias inseguranças sobre o corpo cheio de cicatrizes.
Subitamente, ele teve vontade de esmagar o ex-namorado dela no chão.
— Não é possível que não seja incrível com você — disse ele em tom rouco, com a voz cheia de
desejo ardente. Ele colocou a mão na nuca dela e aproximou a boca da sua. Com a outra mão,
segurou-a pelas nádegas para puxá-la para mais perto.
Ela não se importa com as minhas cicatrizes. Ainda me quer. Nenhuma mulher no mundo conseguiria
fingir a reação que ela teve.
Simon a beijou repetidamente, querendo de alguma forma mostrar a ela o quanto a aceitação
significava para ele.
Ela retribuiu o beijo com uma paixão que aqueceu-lhe o sangue. A língua dela se entrelaçou
com a dele e ela soltou gemidos doces, sons famintos que quase fizeram com que ele perdesse o
controle.
Ela afastou a boca da dele e lentamente se abaixou até ficar de joelhos, descendo a língua
pelo peito e o abdômen dele. Jesus Cristo! Ele não sabia se conseguiria sobreviver àquilo.
O suor escorreu pela testa de Simon, lentamente descendo pelo rosto. O sangue latejava nos
ouvidos, com o som das batidas quase deixando-o surdo. Só o que ele podia fazer era sentir.
O primeiro toque da língua de Kara foi sublime. Ela a passou sobre a ponta sensível, lambendo
uma gota do fluido que saía como se fosse o doce favorito.
— Puta merda, Kara. — Ele tirou a presilha dos cabelos dela e enterrou os dedos na massa
sedosa, estremecendo ao sentir as ondas macias sobre as mãos.
Ele prendeu a respiração quando ela fechou a boca sobre o pênis, tomando-o nos lábios
úmidos e quentes, puxando o membro inchado até onde conseguiu, batendo-o contra o fundo da
garganta.
Puta merda. Céu. Inferno. Êxtase. Agonia. Simon nunca sentira nada parecido com a sensação
exótica daquela língua maravilhosa deslizando sobre ele, sentindo seu gosto com um prazer erótico
que estava prestes a fazer com que a cabeça dele explodisse. Ela sugou e deslizou, apertou e
lambeu, até Simon achar que ficaria louco.
— Ah, Cristo. — As palavras explodiram em uma voz torturada que ele mal reconheceu ao
olhar para ela, observando-a devorar o pênis com prazer óbvio. Os olhos dela se abriram,
ardendo em chamas quando os olhares dos dois se encontraram.
Simon sentiu os testículos se contraírem e a pressão aumentar na base do membro. Ele estava
prestes a gozar. O olhar dele se afastou quando Simon jogou a cabeça para trás, com as mãos
guiando a cabeça dela em um ritmo rápido ao longo do membro latejante.
Ela agarrou as nádegas dele, deslizando as unhas pela pele sensível. — Ah, puta merda, isso.
Vou gozar — resmungou ele, incapaz de dizer mais nada, mas sabendo que precisava avisar Kara
de que estava prestes a gozar como uma explosão nuclear.
Ela não se afastou. Gemeu com a boca em volta dele e a vibração foi a gota d’água. Ela
enterrou as unhas nas nádegas dele e praticamente engoliu o pênis quando ele gozou com um
grito agoniado, com os músculos contraindo-se e relaxando com o orgasmo violento.
Simon respirou pesadamente enquanto Kara continuava a sugar o pênis, lambendo cada gota
de forma sensual e lânguida.
Ele queria beijá-la, precisava beijá-la, mas estava ofegante demais. Puxando Kara para os
braços, ele simplesmente a abraçou, envolvendo-lhe o corpo e o rosto dela em seu pescoço.
Ele engoliu em seco, tentando forçar o ar para dentro dos pulmões ao prender o corpo dela
contra o seu.
— Foi bom? — perguntou ela baixinho ao beijar o pescoço dele de leve.
Simon riu, ofegando ao responder: — Querida, se tivesse sido um pouco melhor, teria me
matado. — Meu Deus, aquela mulher era especial. Tão doce. Tão sexy. Tão... dele.
Minha.
Uma onda de possessividade tomou conta dele, que apertou os braços ainda mais em volta
dela.
— Na verdade, eu subi aqui para perguntar o que você queria para o jantar — informou ela
em tom neutro. O nervosismo dela pelo receio de não ter um bom desempenho parecia ter
desaparecido. — Mas ver você gloriosamente nu acabou com o meu apetite por comida. Fiquei
com vontade de devorar um pedaço de você.
Ela passou as mãos pelo corpo dele e Simon sentiu um aperto no peito ao perceber que Kara
realmente gostava do corpo dele, com as cicatrizes e tudo o mais. — Eu não estava nu até você
tirar a minha toalha — lembrou ele.
— Como você espera que eu resista? Você é uma tentação ambulante. Uma bomba de
testosterona em uma toalha minúscula — ela fungou, mas o tom da voz era divertido.
Simon riu de leve contra os cabelos dela. Ele não conseguiu evitar. Kara era um milagre. O
milagre dele. — Que tal se eu devorar um pedaço de você agora? — murmurou ele, com o corpo
mais do que pronto para se erguer novamente.
Ela se afastou dele e pegou a toalha do chão, batendo no abdômen dele de leve ao dizer: —
Ah, não. Não, senhor. Agora estou faminta. Guarde esse negócio. É perigoso. — Ela jogou a toalha
para ele com uma risada divertida, acertando-o bem no peito. Pegando a toalha no ar, ele a
enrolou em volta da cintura, com o pênis meio duro novamente para Kara.
Era estranho como ele se sentia confortável com o corpo exposto perto dela. Ainda não
entendia o prazer óbvio dela ao vê-lo nu, mas não pretendia questionar algo que o deixava mais
feliz do que estivera em... bem... na vida inteira. — Vamos, coisa gostosa. Só um pouquinho —
resmungou ele ao persegui-la.
— Não. Nem pensar. Guarde isso. Preciso comer. — Ela riu alto ao sair correndo pela porta.
Ele rosnou e correu, perseguindo-a escada abaixo até a cozinha. A risada dela soou em todos
os cantos da casa vazia dele.
E preencheu cada milímetro do coração vazio de Simon.

O que diabos estou fazendo dentro deste vestido?


Na noite seguinte, Kara estava parada em frente a um espelho de corpo inteiro, contemplando
a aparência.
Simon não queria ir àquela festa, admitira que odiava a festa de aniversário oferecida por
Sam.
Quem odiava festas de aniversário?
Kara fez uma careta para o espelho ao se virar de um lado para o outro, tentando decidir se
estava bem vestida demais. Ou de menos. O vestido era lindo, mas o tecido sedoso justo marcava
cada curva, terminando no meio da coxa e deixando uma parte considerável das pernas à mostra.
As meias de seda finas que terminavam em renda delicada no topo das coxas faziam pouco para
aquecer as pernas longas e a tira sobre apenas um ombro deixava o outro completamente nu.
Ela fizera uma careta ao tirar o vestido do armário, chocada ao ver a etiqueta de preço ainda
presa à roupa. Puta merda! Quem usava um vestido que custava o que ela gastava no
supermercado durante seis meses? Ver o preço ridículo fora o suficiente para que ela tivesse
vontade de jogá-lo de volta dentro do armário. O único motivo pelo qual não fizera isso fora
porque não tinha nada adequado para vestir.
Ela colocou os pés dentro de um par de sapatos que combinava com o vestido e que tinha saltos
finos e altos o suficiente para garantir que ela ficasse tão alta quanto alguns dos homens
convidados.
Exceto Simon. Nenhum sapato jamais a deixaria com a mesma altura que Simon.
Nervosa, ela jogou os cabelos por cima do ombro. Deixá-los soltos talvez não fosse a melhor
opção, mas ela não tinha a menor ideia de como fazer penteados sofisticados. Os cabelos escuros
e longos geralmente eram um incômodo, fazendo com que ela o cortasse curto mais de uma vez
nos últimos anos.
Olhando-se novamente no espelho, ela notou que os olhos estavam imensos. Ela colocara um
pouco de maquiagem, algo que raramente fazia por causa do custo e do tempo envolvidos, e não
estava muito certa de que gostara do resultado. O batom vermelho era um pouco exagerado? Ah,
merda, ela simplesmente não sabia. Não estava acostumada a participar de festas ou reuniões
daquele tipo. Na verdade, ela não ia a festas de tipo algum havia tanto tempo que nem se
lembrava mais. Provavelmente, a última fora quando os pais ainda estavam vivos. Depois disso, a
vida fora um ciclo constante de trabalho e sobrevivência.
Ela afastou os ombros caídos para trás, tentando dizer a si mesma que não se deixaria
intimidar. Simon pedira a ela que fosse, queria que estivesse lá e não pretendia desapontá-lo.
Seria muito mais fácil bancar a covarde e dizer a Simon que não se sentia bem, que não
conseguiria ir, mas não podia fazer aquilo. Simon era bom para ela, literalmente salvara sua vida.
Olhando para o espelho uma última vez, Kara pegou uma bolsinha que estava sobre a cama e
foi para a cozinha. Ela colocou uma mão na barriga, tentando acalmar a sensação de nervosismo
que a invadira.
Acalme-se, Kara. É só uma festa de aniversário. Nada demais.
Parando na entrada da cozinha, ela viu Simon vestido, pronto e nem um pouco contente. Ele
estava parado ao lado do balcão, absolutamente deslumbrante, com calça social marrom e um
suéter de cor creme maravilhoso. Com os cabelos cuidadosamente penteados, ele estava tão lindo
que ela sentiu vontade de devorá-lo.
Você já fez isso. Ontem.
Kara corou, sentindo o aposento subitamente quente demais ao se lembrar do dia anterior. O
comportamento dela fora tão atípico. Tão ardente. Mas fora difícil ver Simon, em toda sua glória,
parecendo ligeiramente inseguro e encurralado. Aquilo acionara um instinto protetor, um
comportamento ousado que a surpreendera. Quando ela se tornara uma pessoa sedutora tão
audaciosa? Era sexualmente reprimida, certamente não o tipo de mulher que avançaria sobre um
homem como Simon. O olhar de incerteza dele a motivara, deixara-a determinada a mostrar a ele
como era incrivelmente sexy, como era tentador. E ele era tentador. Claro, havia algumas cicatrizes
no peito e no abdômen, algumas pequenas, outras nem tanto, todas esbranquiçadas pelo tempo e
destacando-se na pele morena. Mas, meu Deus, fora impossível se afastar, não tocar naquele
corpo musculoso e lindo. As cicatrizes não diminuíam o apelo sexual dele. Simon era simplesmente...
esplêndido.
— Ah, ótimo. Você está aqui. Eu ia justamente... — Simon parou no meio da frase ao olhar para
ela.
— Estou pronta — disse ela, tentando soar confiante ao entrar na cozinha.
Os olhos dele ficaram mais escuros e o olhar passeou pelo corpo dela. Ela teve vontade de se
encolher com a inspeção, vendo o maxilar se retesar enquanto o olhar dele pairava sobre a pele
exposta.
— Eu... eu estou bem assim? — Ah, merda. Talvez ela tivesse escolhido a roupa errada.
— Você está maravilhosa — respondeu ele com voz rouca e finalmente erguendo os olhos para
o rosto dela. — Mas tem pele demais à vista. E os seus cabelos estão soltos.
Ela inclinou ligeiramente a cabeça. — E isso é ruim?
— Não sei se eu quero que outros homens vejam você assim. — Ele avançou, parando em
frente a ela. Colocou uma mão no ombro nu de Kara, acariciando lentamente a pele exposta,
fazendo com que ela estremecesse com o toque leve e sensual. — Você é uma tentação muito
grande.
Kara soltou a respiração que não percebera ter prendido, aliviada por ele achar que ela
estava com uma aparência aceitável. — Acho que você é o único que pensa assim, Simon. Talvez
deva consultar um oftalmologista — disse ela em tom leve.
— Você é tão bonita que meus olhos quase doem — sussurrou ele ao tocar com os lábios de
leve na têmpora dela. — Meu pau ficou duro no instante em que você entrou na cozinha. — Ele
pegou a mão dela, conduzindo-a até a ereção. Ele estava tão firme e ereto que ela molhou a
calcinha e sentiu as entranhas contraindo-se.
Meu Deus, o cheiro dele é tão bom.
Kara beijou o maxilar dele, respirando fundo e adorando o cheiro masculino. Os dedos se
abriram sobre o membro enrijecido, totalmente incapaz de reprimir a vontade de senti-lo.
— Kara, você me deixa louco — disse Simon ao pegar a mão dela e erguê-la para os lábios,
depositando um beijo quente e longo na palma. — Se começarmos isso, não chegaremos a essa
festa. Não que eu me importe — resmungou ele.
— É a sua festa — respondeu ela divertida. — Você não pode deixar de ir.
— Beije-me e veremos se não — respondeu ele provocante, passando o braço em volta da
cintura dela.
Ela sentiu o hálito quente no lado do rosto. A boca tentadora dele estava próxima, tão próxima,
e afastar-se foi quase uma tortura. — Sua mãe nunca me perdoaria. Vamos embora,
aniversariante.
Ele fez uma careta como se fosse uma criança cujo brinquedo favorito fora levado embora.
Mas o palavrão que saiu dos lábios dele não tinha nada de infantil.
— Você precisa de um casaco — disse ele em tom protetor e exigente.
— Eu tenho um. Vou buscá-lo. Mas aposto que a casa de Sam é aquecida — disse ela baixinho.
Ela foi até o quarto e voltou para a cozinha rapidamente com um casaco preto na mão.
Simon estendeu a mão, pegando o casaco. Em seguida, segurou-o aberto para que ela
colocasse os braços nas mangas. Kara apreciou a sensação luxuosa do forro de seda.
Virando-a de frente, ele fechou os botões grandes, cada um deles.
Simon franziu a testa. — Acha que será quente o suficiente?
— Sim, está ótimo. Só teremos que entrar e sair do carro. Eu provavelmente nem teria usado o
casaco se você não tivesse falado nele.
Kara suspirou de leve ao puxar os cabelos presos sob o casaco, surpresa pelo prazer com os
pequenos gestos de Simon que a faziam se sentir protegida. Fazia tanto tempo que alguém
cuidara do bem-estar dela que as ações dele eram incitantes e agradáveis para uma mulher que
estivera sozinha por tanto tempo.
— Ainda não sei se gosto do fato de estar mostrando tanta pele — resmungou ele quando ela
pegou a bolsa e andou até a porta.
Kara mordeu o lábio ao sentir um arrepio subindo-lhe pela espinha. A voz sensual dele era tão
possessiva, como se ele a estivesse reclamando.
Nem pense nisso. Ele não quer dizer nada com isso.
— Não é tão sexy assim — disse ela, fazendo uma careta e desejando ser tão irresistível como
ele a fazia se sentir.
— É sexy demais. Todos os homens pensarão a mesma coisa que eu estou pensando — disse
ele, com expressão infeliz ao conduzi-la para fora e trancar a porta.
Ela apertou o botão do elevador e virou-se para ele. — Que é?
— Que quero foder você — respondeu ele em tom direto, colocando a mão nas costas dela.
Ela prendeu a respiração quando a campainha do elevador soou e as portas se abriram em
frente a eles. Será que algum dia ela se acostumaria com os comentários diretos de Simon? Ela
corou e sentiu o corpo quente demais. Muito quente. — Simon!
Ele deu de ombros ao entrar no elevador atrás dela. — É verdade.
— Você é terrível — recriminou ela em tom de professora primária.
— Ah, eu posso ser terrível. Muito terrível — disse ele em um sussurro sedutor. Ele a prendeu
contra a parede do elevador, com uma mão em cada lado da cabeça dela. — Dê-me um beijo e
talvez eu me comporte. Por enquanto.
Ela encarou os olhos brilhantes dele que pareciam chocolate derretido. Puta merda, ela
adorava chocolate. E fez o que qualquer pessoa que adorava chocolate faria.
Ela o beijou quando as portas do elevador se fecharam, prendendo-os em um pequeno mundo
silencioso só deles.
ara soltou um gritinho assustado quando Simon estendeu a mão e apertou o botão do

K elevador. Ela se perdeu no beijo dele, sem perceber o movimento do elevador enquanto ele
a beijava, quase deixando-a em coma. Mas o barulho alto da mão batendo no botão e o
solavanco do elevador ao parar abruptamente a arrancaram da realidade alternativa. Que
merda.
— O que está usando sob esse vestido? — perguntou Simon com os lábios sobre os dela,
enquanto acariciava-lhe as nádegas com dedos errantes.
— Meias, calcinha. — Ela mordeu o lábio inferior dele ao responder.
A mão dele desceu até a bainha do vestido curto, levantando a saia e virando-a de costas.
Momentaneamente confusa, ela não resistiu.
— Jesus Cristo. Isso não é uma calcinha. Sua bunda está aparecendo. — O tom dele era baixo
e rouco e as mãos exploraram as nádegas expostas.
Ela corou ao se lembrar de quando vestira a tanga preta minúscula e o sutiã que combinava. As
roupas que a assistente de Simon comprara para ela incluíam, em sua maioria, lingeries muito
sensuais. — Você a comprou. Conjuntos. Todos muito parecidos com esse.
— Não é que eu não aprecie — respondeu ele em tom baixo e sensual, deslizando os dedos
sob a minúscula faixa preta.
— Achei que você tinha dito que ia se comportar — respondeu ela sem fôlego, com a
consciência lentamente desaparecendo à medida que os dedos dele desciam.
— Eu menti. Isso foi antes de eu sentir a calcinha. Precisava vê-la. Agora, quero ver o conjunto
todo.
Ah, meu Deus. Ela gemeu quando ele a virou para ficar de frente novamente. Os dedos ágeis
de Simon desabotoaram o casaco, deixando-o cair no carpete do elevador.
— Simon, estamos no elevador. Não podemos fazer isso aqui — retrucou ela com uma mistura
de mortificação e desejo.
O zíper do vestido cedeu sob as mãos dele e ela sentiu o toque leve dos dedos nas costas
quando ele puxou a roupa para baixo em um movimento suave.
— Elevador particular para a cobertura. Ninguém estará esperando para usá-lo. — Ele
prendeu a respiração ao expor a parte de cima do corpo dela, deixando o vestido apoiado na
cintura. — Você é tão linda.
Ela respirou tremulamente quando ele correu um dedo pelo seu rosto, descendo pelo pescoço e
percorrendo a parte exposta dos seios sobre o topo do sutiã rendado. Um calor se acumulou entre
as pernas dela, encharcando a roupa íntima minúscula entre as coxas. Ele esfregou os polegares
de leve sobre os mamilos cobertos ao abaixar a boca e passá-la sobre a carne quente acima
deles. A barba por fazer a provocou de forma sedutora quando ele lambeu, mordeu e sugou,
deixando-a louca para senti-lo dentro de si.
— Consigo sentir o seu cheiro, que está me deixando com água na boca para sentir também o
seu gosto. — Ele ergueu a cabeça, com os olhos escuros quase pretos de desejo.
A mão dele desceu pelo abdômen trêmulo de Kara, entrando sob o vestido amontoado nos
quadris. Ela gemeu quando a ponta dos dedos dele deslizaram sobre a seda molhada da calcinha.
Subitamente, ela não se importou de estar seminua dentro de um elevador. A única coisa que
queria era Simon.
Com os joelhos fracos, ela se apoiou, colocando as mãos nos ombros dele, aceitando o que ele
oferecia. Quando ele afastou os olhos dos dela e beijou a pele sensível até chegar à altura do
estômago, ela soube que o que Simon oferecia era puro êxtase. Não pretendia recusar a oferta.
Ele rasgou o material delicado da calcinha, arrancando-a do corpo dela. A boceta nua
formigou ao ser exposta ao ar ambiente. Ela apertou os ombros de Simon com força quando ele
ficou de joelhos. A visão dos cabelos escuros dele mergulhando sob a bainha do vestido deixou-a
com as pernas instáveis e o corpo inteiro estremecendo de desejo.
Mãos quentes correram dos joelhos de Kara para a parte de cima das coxas, deslizando
suavemente sobre as meias finas. Ela prendeu a respiração quando a língua quente de Simon
explorou a pele sensível das coxas acima da renda até que, finalmente, abriu lentamente as
dobras da boceta, explorando-as com lábios protetores.
— Ah, meu Deus, Simon. — Ela gemeu ao jogar a cabeça para trás e fechar os olhos,
querendo assisti-lo devorando-a, mas incapaz de aguentar a intensidade do desejo.
O calor subiu-lhe pelo abdômen, deslizando sobre cada milímetro da pele quando ele empurrou
a língua mais fundo. E mais fundo. Ela queria agarrar a cabeça dele, puxar a boca com mais força
contra a carne carente, mas não o fez. Era um pequeno passo de cada vez com Simon. Ela não
queria provocar alguma coisa que talvez o fizesse parar. Ela agarrou o tecido do suéter pesado
nos ombros dele como se fosse um salva-vidas. O corpo estremeceu quando a língua ardente de
Simon encontrou o clitóris, passando sobre ele com movimentos rápidos.
Gemendo, ela moveu os quadris para a frente, silenciosamente implorando. E ele atendeu. As
mãos grandes seguraram-lhe as nádegas, puxando-a para a frente, movendo-a contra a própria
boca, com o som da língua erótico e quente.
Ela explodiu na boca dele com um gemido longo, o corpo estremecendo e a boceta inundando
com o orgasmo. Simon continuou a lamber durante o clímax até que ela se sentiu totalmente
incapaz de se mexer. Em seguida, ele se levantou e beijou-a.
Kara passou os braços em volta do pescoço dele, puxando-lhe a cabeça para baixo, ansiando
pelo contato. O gosto de si mesma nos lábios dele quando Simon a beijou fez com que ela
ondulasse os quadris, sentindo a ereção imensa contra as coxas. Ela precisava dele dentro de si.
Desesperadamente.
— Trepe comigo, Simon. Por favor. — Ela implorou sem vergonha alguma, sentindo um vazio que
só ele poderia preencher.
— Lá em cima — grunhiu ele ao afastar a boca. Ele agarrou-lhe novamente as nádegas,
esfregando-se nela.
— Aqui. Agora — insistiu ela ao se virar de costas para ele. Colocando as mãos na parede, ela
dobrou o corpo na cintura e abriu bem as pernas, dizendo: — Vou ficar com as mãos na parede.
Por favor. Faça isso. Preciso de você agora.
— Puta que pariu! — O palavrão soou frustrado, mas tão apaixonado que Kara não ficou
surpresa ao ouvir o barulho do zíper sendo aberto.
Isso! Mais uma vitória.
— Preciso de você. — O sussurrar rouco de Simon foi quase inaudível. Kara sabia que ele não
dissera aquilo para que ela ouvisse. As palavras sussurradas ecoaram na mente dela, causando
uma resposta primitiva que quase a deixou de joelhos.
O ar no elevador estava enevoado e o único som no espaço pequeno era da respiração
irregular que saía da boca dos dois enquanto ela esperava que ele a penetrasse, que
preenchesse os lugares solitários dentro dela. — Por favor, Simon. Agora.
Kara quase soluçou de alívio quando sentiu a ponta do pênis encostar na carne quente entre as
pernas abertas. As mãos largas agarraram os quadris dela com uma força quase selvagem,
puxando-a contra ele quando Simon a penetrou com uma investida súbita.
Ela arquejou de puro prazer ao ser possuída por Simon. — Machuquei você? — perguntou
Simon e ela sentiu o corpo dele ficar tenso. — Você é tão apertada.
— Não. Não. É só porque está bom demais. — Ela moveu o corpo para trás, insistindo para
que ele se movesse.
— Jesus, Kara. Você merece mais do que uma trepada em um maldito elevador. — Simon
gemeu ao recuar, apertando-lhe os quadris com mais força e enterrando-se dentro dela
novamente, até o fim. — Mas não consigo parar. Não quero parar nunca.
— Você não pode parar. Eu não aguentaria se você parasse. Com mais força, Simon. Mais. —
Ela jogou a cabeça para trás quando Simon começou a se mover com um ritmo regular e profundo
que quase a deixou louca. A lã áspera do suéter dele esfregou nas suas costas quando ele se
inclinou para a frente, envolvendo o corpo de Kara protetoramente enquanto continuava a investir
com os quadris. Para dentro e para fora. De novo e de novo. Ela estremeceu quando sentiu o hálito
quente e descontrolado dele no lado do rosto.
Ela nunca sentira um desejo tão selvagem e descontrolado. Ansiando por segurá-lo enquanto ele
a penetrava, Kara agarrou a barra de metal e empurrou os quadris para trás, encontrando cada
investida de Simon, precisando do contato da pele contra a pele onde fosse possível.
Uma das mãos dele deixou os quadris e deslizou por entre as coxas de Kara. Ele acariciou os
pelos antes que os dedos descessem um pouco mais, ficando muito próximos ao clitóris inchado,
logo acima do pênis dentro dela.
— Ah, meu Deus! — Cada nervo do corpo de Kara latejou quando os dedos de Simon
circularam o clitóris, fazendo com que ela movesse os quadris com uma força que não sabia que
tinha. — Toque-me. Por favor.
— Goze para mim — comandou a voz profunda de Simon ao colocar os dedos sobre o clitóris
que ansiava pelo toque dele.
Gemendo, ela abaixou a cabeça, ficando cega pela cortina de cabelos que balançava
selvagemente por causa das investidas brutais de Simon. Ela fechou os olhos, quase sem conseguir
aguentar as ondas de prazer que percorriam-lhe o corpo enquanto os dedos dele acariciavam o
clitóris e o pênis a penetrava, possuindo-a, fundindo os corpos a ponto de não saber de quem era
o desejo implacável.
O clímax a atingiu com uma explosão alucinante, fazendo com que ela gritasse o nome dele
enquanto os espasmos sacudiam-lhe o corpo. Um corpo aprisionado incapaz de fazer qualquer
coisa exceto viver o orgasmo sem fim que lhe invadira.
— Puta que pariu! — Simon colocou a mão novamente nos quadris dela, segurando-a
firmemente enquanto o pênis se enterrava mais depressa e mais fundo. Um grito que carregava
agonia e angústia saiu da garganta dele ao penetrá-la até o fundo, enchendo Kara com o calor
do gozo.
Ela teria caído no chão, com as pernas incapazes de mantê-la, se Simon não tivesse passado o
braço forte em volta de sua cintura, segurando-a de pé. Ele a virou gentilmente e passou os braços
fortes em volta do corpo enfraquecido. A respiração deles era pesada e irregular.
Ela colocou os braços em volta do pescoço de Simon, repousando a cabeça no ombro dele,
incapaz de pensar.
Simon a segurou, acariciando-lhe os cabelos de leve enquanto a respiração voltava ao normal.
Depois de vários minutos, ela falou: — Estou uma bagunça. Preciso voltar ao apartamento por
alguns minutos. — Olhando para o que sobrara da calcinha no chão, acrescentou: — Acho que
também preciso de outra calcinha.
Os ombros de Simon sacudiram quando ele tentou reprimir uma risada. — Perdeu a sua?
Ela se afastou, com o coração derretendo ao ver o olhar divertido e malicioso no rosto dele. —
Não. Um homem das cavernas a rasgou.
Ele ergueu a sobrancelha. — Deve ter sido um encontro e tanto. — Ele afastou os cabelos dela
dos olhos, espalhando-os suavemente pelos ombros. — Comprarei mais calcinhas para você.
Ela revirou os olhos. — Não preciso de mais calcinhas. Tenho várias gavetas cheias de lingerie.
Posso passar um mês inteiro sem lavar nenhuma delas. Nunca tive tantas calcinhas na vida inteira.
— Ainda assim, vou comprar mais. Se as que você tem são tão sexys quanto a que acabei de
destruir, elas não durarão muito. — A voz dele estava rouca, com um toque de advertência nas
palavras.
O olhar amoroso de Simon percorreu o corpo parcialmente coberto de Kara, passando
lentamente por cada centímetro de pele nua.
Ela estremeceu, imaginando Simon arrancando várias peças de lingerie em um arroubo de
paixão. — Não pode estragar todas as minhas roupas íntimas. Aquelas coisas são caras.
— Não ouvi você reclamando minutos atrás. — A voz dele era ardente, sedutora e cheia de
promessas. — Comprarei lingerie para você todos os dias se o resultado for semelhante ao que
acabou de acontecer. Ora, eu compraria só para ver você sorrir.
O coração de Kara deu um salto e o peito ficou apertado com uma emoção desconhecida. Por
quanto tempo ela conseguiria fazer aquilo? Por quanto tempo mais conseguiria esconder as
emoções poderosas e algumas vezes dolorosas que Simon provocava nela com um comentário
casual ou um simples toque? O cérebro, que sempre comandara sua vida, e o coração estavam em
conflito. Kara sabia que nada além de um relacionamento sexual casual e amizade existiriam entre
ela e aquele homem incrível que a segurava como se fosse a pessoa mais importante da vida dele.
Ainda assim, ela o queria. Isso era ridículo.
Recuando, ela recolocou o vestido. — Pode fechar para mim? — Ela esperou que o tom
parecesse casual ao ficar de costas para ele.
— Preciso mesmo? Podemos esquecer essa festa.
— Sim. — Ela mordeu o lábio para reprimir um sorriso. Ele soara tão esperançoso que ela não
pôde evitar achar graça.
Ele não respondeu, mas ela sentiu o dedo dele deslizando preguiçosamente pelas costas. Em
seguida, fechou o zíper com um suspiro muito masculino.
Virando-a novamente, ele colocou uma mão em seu ombro e ergueu-lhe o queixo com a outra,
estudando o rosto dela com a testa franzida. — Eu machuquei você? Fui um pouco bruto.
Kara sabia que provavelmente ficaria com algumas marcas nos quadris, mas ela implorara,
precisava daquela posse bruta e selvagem. A intensidade da paixão que sentia por Simon não
teria sido satisfeita com nada menos que aquilo. Ela ergueu a mão e acariciou o rosto dele. — Eu
estava aqui, Simon. Acho que implorei por isso. Não, você não me machucou. — O orgasmo fora
intenso, mas a preocupação dele com o fato de ela ter ou não gostado do sexo feroz fez com que
o coração se aquecesse um pouco mais.
Não consigo acreditar que tive o melhor sexo da minha vida em um elevador.
— Ah, meu Deus, tomara que ninguém tenha me ouvido — resmungou ela ao pegar a bolsa e o
casaco. Rapidamente, agarrou também a calcinha rasgada, enfiando-a na bolsa.
— Duvido que alguém tenha ouvido você, apesar de eu estar surpreso... — O telefone
vermelho no painel do elevador tocou, interrompendo a frase de Simon e invadindo o espaço
silencioso com um barulho tão estridente que Kara deu um pulo. — ... de ninguém ter telefonado.
— Simon abriu um sorriso amarelo ao terminar o comentário.
— Ah, que merda. — Kara se recostou com força na parede, mortificada. Enquanto estava no
auge do êxtase, não pensara no fato de que alguém poderia questionar a parada súbita do
elevador.
Simon deu uma risadinha e pegou o telefone. — Hudson. — A voz dele ficou instantaneamente
profissional e impaciente.
Ela não conseguiu ouvir o outro lado da conversa, mas notou que a voz era masculina.
Simon mudou de posição ao fechar a calça, encostando os quadris na barra de metal com a
expressão serena enquanto escutava. Como ele conseguia fazer aquilo? Ninguém desconfiaria que
ela e Simon fizeram sexo selvagemente apenas alguns momentos antes. Ele parecia tranquilo e
calmo. Kara tinha certeza de que ela parecia como se tivesse sido atropelada.
— Não, está tudo bem. Eu precisava de uma coisa e parei o elevador para procurar. — A voz
de Simon era calma, mas ele lhe lançou um olhar malicioso, com os olhos velados e a sombra de um
sorriso nos lábios.
O rosto de Kara ficou vermelho e ela lhe lançou um olhar assassino.
— Sim, estou muito feliz por ter encontrado. Obrigado por perguntar. Tenha uma boa noite. —
Simon colocou o telefone no gancho e apertou o botão para voltar ao apartamento.
Ela deu um soco de leve no ombro dele. — Como consegue contar uma mentira assim, sem nem
piscar?
Simon deu de ombros e puxou-a para seus braços. — Tenho quase certeza de que pisquei, já
que uma pessoa normal pisca a cada dez segundos. E o que eu disse foi totalmente verdade. —
Ele beijou-lhe de leve a testa antes de prosseguir. — Eu precisava de uma coisa. Eu a encontrei
aqui no elevador. E certamente fiquei feliz.
Ela riu. Não conseguiu evitar. — E eu fiquei em êxtase.
O elevador parou na cobertura. — Eu sei. Foi por isso que fiquei feliz — respondeu ele com
voz rouca e baixa. — Ouvir você gozar é o som mais doce que já ouvi.
Ela engoliu em seco, tentando desfazer o nó que se formara na garganta. Os mamilos ficaram
rígidos quando Simon passou o braço ao seu lado para destrancar a porta do apartamento. As
palavras dele estavam cheias de honestidade.
Sem saber como responder ao comentário dele, ela foi diretamente para o quarto assim que
Simon abriu a porta. — Volto em um minuto. Tente não deixar a calcinha nova molhada dessa vez.
Ela ouviu uma risada satisfeita e muito masculina atrás de si. — Deixar sua calcinha molhada
está virando o principal objetivo da minha vida.
Ela sorriu ao entrar no quarto e pegar uma calcinha limpa, tentando deixar de lado as emoções
turbulentas.
Simon confiara nela o suficiente para trepar sem precisar amarrá-la. De novo. Talvez algum
dia...
Passos pequenos, Kara. Não espere demais. O que devora Simon por dentro está lá há muito
tempo. Pode levar anos para ganhar a confiança dele.
E ela não ficaria ali por anos. Ela fez uma careta, sentindo a cabeça doer ao passar a escova
implacavelmente pelos cabelos desgrenhados.
Faça o que puder. Aproveite enquanto tem. E, pelo amor de Deus, não leve isso tudo a sério demais.
Aproveitar o tempo com Simon não era o problema. Ela adorava cada minuto na companhia
dele, pois estar com ele preenchia espaços vazios de uma forma que nunca sentira antes.
Sou pobre. Sou pragmática. Não sou uma mulher que acredita em almas gêmeas, um homem e uma
mulher que se completam e que estão destinados a ficar juntos.
O problema era que os pais dela eram assim. Apesar de serem pobres, foram totalmente
felizes. De muitas formas, fora quase uma bênção o fato de terem morrido juntos, pois Kara tinha
quase certeza de que um não teria sobrevivido sem o outro. Eles eram tão ligados que um deles
sofreria muito sem o outro. Era difícil não acreditar em amor real depois de ver os pais juntos por
dezoito anos.
Ela suspirou e largou a escova de cabelos sobre a cômoda. Está bem... talvez acreditasse que o
amor podia ser tão intenso, tão devorador. Mas não com Simon. Nunca com Simon. O homem era a
certeza de um coração partido. Ele não acreditava em relacionamentos sérios e ela já estava
sentindo emoções demais por ele.
A única forma de sobreviver ao relacionamento com Simon seria mantendo-o casual, sem deixar
que o coração fosse envolvido.
Pegando o casaco e a bolsa, ela foi para a cozinha, ouvindo duas palavras ecoando na
cabeça e a própria risada de escárnio.
Tarde demais. Tarde demais.
amuel Hudson tinha uma mansão luxuosa em South Tampa, uma área tão sofisticada que

S Kara nunca visitara antes, apesar de ter crescido na cidade. Ela teve que forçar a boca
aberta a fechar quando James parou o carro no caminho circular, deixando-os na frente da
residência que parecia um palácio.
— Isso é... espetacular — sussurrou ela para Simon quando ele pegou-lhe a mão para ajudá-la
a sair do carro.
— Viu por que eu decidi não dirigir? — perguntou ele em voz preguiçosa, passando os olhos
pelos carros caros que enchiam o lugar.
— Você atraiu uma bela multidão, sr. Hudson — disse ela suavemente, com os olhos passeando
pelo belo rosto. — Feliz aniversário. Tenho um presente para você, mas só lhe darei mais tarde.
O rosto dele se iluminou com um sorriso malicioso quando os olhares se encontraram. — Achei
que você já tinha me dado na noite passada. E hoje à noite.
— Simon! — Ela se recusou a corar novamente. Não coraria. Claro que não. Ela era uma mulher
adulta e madura e não corava por causa de um simples comentário sexual. Era quase uma
enfermeira, pelo amor de Deus, acostumada a ver o corpo humano em todos os níveis de nudez.
Não era mais uma adolescente, mas era enfurecedor o fato de Simon fazer com que se sentisse
como uma às vezes.
— Bom... só estou comentando. Mas não vou argumentar se quiser fazer aquilo de novo. Na
verdade, podemos voltar para casa agora mesmo...
— Entre na casa, aniversariante. — Ela riu quando ele passou o braço pela cintura dela e
conduziu-a até a porta com um sorriso leve e satisfeito ainda presente nos lábios.
— Amanhã à noite sairemos sozinhos — murmurou ele, apertando o braço em volta do corpo
dela ao levá-la até a porta da frente.
— Amanhã? — perguntou ela confusa.
— Para o seu aniversário. Vou levá-la para sair. Só nós dois.
Ela se virou para encará-lo depois de subirem os degraus de mármore e pararem em frente às
portas duplas imensas. — Você não vai me levar para sair. Já fez o suficiente. Não é necessário.
— É muito necessário — respondeu ele com voz rouca. — Eu quero. É o seu aniversário.
A porta se abriu antes que ela pudesse responder.
— Ei, mano! Que bom que finalmente decidiu aparecer na sua festa de aniversário.
Kara reconheceu imediatamente Sam Hudson. Simon tinha razão. Ele parecia um astro do
cinema. Usava uma roupa parecida com a de Simon, com um suéter verde esmeralda quase da
mesma cor dos olhos. Parecia um deus da mitologia, imenso e loiro... mas, na opinião de Kara, não
tinha o apelo sexual de Simon. Apesar de apreciar esteticamente o rosto bonito e o corpo
maravilhoso de Sam... ele não chegava aos pés do irmão mais novo.
Sam recuou um passo e gesticulou para que entrassem. Kara sentiu os olhos de Sam estudando-
a, o cérebro trabalhando furiosamente para desvendá-la, colocá-la em uma caixa. Ao entrar no
saguão de mármore, ficou imaginando o que Simon contara ao irmão sobre ela.
— Kara, esse é meu irmão, Sam. — Simon os apresentou casualmente, estendendo a mão para
pegar o casaco dela. Um homem mais velho, obviamente um empregado, pegou o casaco do braço
de Simon.
— Bom, mano, nem preciso perguntar por que não o vi muito ultimamente — disse Sam
suavemente em tom jocoso.
Kara estendeu a mão educadamente. — É um prazer conhecer você, Sam. Sua mãe falou muito
sobre você.
— É um prazer. — A mão dele envolveu a dela em um aperto firme, segurando-a um pouco
mais do que o necessário. — Mamãe também falou muito sobre você. Só coisas boas, é claro —
acrescentou Sam, com um sorriso brilhante e modos persuasivos.
Ele é bom. Vejo por que Helen diz que ele consegue encantar qualquer pessoa. É uma pena que o
sorriso não chegue aos olhos.
Kara puxou a mão e deixou-a cair ao lado do corpo.
— Comam, peguem um drinque, divirtam-se — sugeriu Sam jovialmente, dando um tapinha de
leve nas costas de Simon. — Feliz aniversário, mano.
— É, obrigado pela festa — resmungou Simon, lançando ao irmão um olhar de pego-você-
depois que só existe entre irmãos. Ele conduziu Kara na direção de um grupo de convidados e da
comida na sala de estar.
— Você me ama. Eu sei que ama. — Sam sorriu, com a voz provocante e arrogante ao mesmo
tempo.
— Hoje não — rosnou Simon.
Sam riu maliciosamente ao se afastar, avançando em direção a um grupo de pessoas que o
chamava.
— Idiota — disse Simon em voz baixa e irritada.
Kara revirou os olhos, sem mostrar que achara graça. — Ele é seu irmão, Simon.
— Hoje não — repetiu ele, deslizando a mão pelas costas dela ao conduzi-la até as mesas
cheias de comidas e bebidas.
A casa de Sam era impressionante, surpreendentemente decorada predominantemente em
branco, o que fazia com que a mansão já espaçosa parecesse ainda maior. Convidados bem
vestidos conversavam em grupos, com a riqueza e o status óbvios pelas roupas e a familiaridade
com os arredores suntuosos.
Kara tentou não encará-los de boca aberta como a pobretona que era. As mulheres estavam
cheias de diamantes e outras pedras preciosas penduradas e tinham a expressão fria. Os homens
irradiavam dinheiro e poder, reunidos em grupos, provavelmente discutindo negócios ou pontuações
de golfe.
Simon preparou dois pratos na mesa que estava repleta de petiscos com aparência elegante
continuamente reabastecida por empregados silenciosos. Ela pegou dois guardanapos que estavam
dobrados com tanta precisão que quase se sentiu culpada por desdobrá-los. Os pratos eram
obviamente de porcelana fina e Kara franziu a testa. Que merda, ela odiaria ter que limpar todas
aquelas louças e ficou imaginando quantos empregados seriam necessários para limpar toda a
confusão quando a festa terminasse. Será que os ricos nunca tinham ouvido falar em pratos e
guardanapos de papel?
Ela não tinha a menor ideia do que estava comendo, mas devorou cada coisa que tinha no
prato depois que encontraram um canto quieto onde sentar. Cada mordida derretia na boca e ela
lambeu os lábios ao consumir o último petisco delicado, torcendo para não estar com o rosto cheio
de farelos.
— Meu Deus, isso estava delicioso — murmurou ela ao entregar o prato vazio a um garçom
que passava.
— Quer mais alguma coisa, senhorita? — perguntou polidamente o garçom mais velho.
— Não, obrigada, estou satisfeita. — Ela sorriu quando o homem fez uma mesura educada e
foi embora.
Simon descartou o prato e pegou duas taças de champanhe de uma garçonete que passava. —
Adoro isso em você — disse ele baixinho ao entregar uma delas a Kara.
— O quê? — Ela olhou para ele confusa ao pegar a taça, tomando um gole lentamente,
tentando decidir se gostava de champanhe. Era seco, mas não ruim.
— Você realmente desfruta da comida. Não cata nada nem come como um passarinho. Fico
quase com ciúmes quando observo seu rosto. Se a comida é gostosa, você sente prazer —
respondeu ele antes de tomar um gole grande da própria taça. — Observá-la comer é quase uma
experiência erótica.
Ela deu de ombros ao afastar a taça do rosto. — Quando você não tem um suprimento infinito
e nunca sabe quando será a próxima refeição, aprecia o gosto da boa comida.
— A comida sempre será uma experiência excitante para você? — perguntou ele casualmente,
mas os olhos estavam divertidos.
Ela tentou não sorrir, tentou de verdade, mas os lábios se curvaram quando encontrou o olhar
dele. — Provavelmente.
— Simon!
A voz masculina atravessou a sala e os dois se viraram para olhar para um homem de meia
idade que erguia o braço tentando chamar a atenção de Simon.
— É melhor você circular, aniversariante. Você é o convidado de honra — disse ela com um
sorriso. — Vou conversar com a sua mãe um pouco.
Ele não pareceu feliz, mas saiu do lado dela e foi cumprimentar o homem que acenava
freneticamente. Ela tomou um gole de champanhe e observou Simon andando pela sala,
cumprimentando as pessoas com um sorriso charmoso. Ele podia não ter o carisma que Sam tinha,
mas Simon parecia à vontade. Nem por um segundo ele pareceu desconfortável com aquelas
pessoas. Ele conversou, em controle total de si mesmo, passando de uma multidão à outra como se
fizesse parte daquele lugar.
Porque faz. Ele pode não gostar de socializar, mas sabe jogar esse jogo muito bem.
O olhar dela permaneceu colado nele, adorando aquela parte de Simon que ela nunca vira
antes. O homem tinha tantas camadas, a personalidade, tantas facetas.
Forçando-se a parar de encará-lo como uma idiota completa, Kara olhou em volta procurando
Helen e vendo-a perto da mesa de petiscos.
Ela conversou com Helen por algum tempo até que a amiga foi afastada por outra pessoa
conhecida. Sem querer parecer como se não conhecesse ninguém, apesar de realmente não
conhecer, ela passou por portas ornadas, quase certa de que levavam ao lado de fora e sabendo
que a vista provavelmente seria espetacular.
Havia mais pessoas do lado de fora, ocupando mesas pequenas e íntimas. Havia algumas
mesas vazias. Estava ficando tarde e o ar estava frio, mas era uma sensação boa depois de
passar tanto tempo dentro da casa cheia.
Ela respirou fundo ao sair. Havia um caminho iluminado à frente, feito de pedras, que parecia
levar a um píer. Antes que conseguisse seguir o caminho, uma conversa bem ao seu lado a deixou
imóvel.
— Achei que podíamos passar algum tempo juntos, Simon. Vi essa pulseira de diamantes divina
que eu adoraria ter. — A voz feminina era artificial e afetada.
Kara respirou fundo, torcendo para não ver o Simon que, pouco tempo antes, deixara-a
totalmente sem fôlego em um elevador.
Ela virou a cabeça lentamente, pois precisava saber. Kara prendeu a respiração ao enxergar
os ombros largos, os cabelos escuros e o suéter que ela sabia serem de Simon. Ele estava a cerca
de um metro e meio de distância, de costas para ela, com um par de braços finos em volta do
pescoço e unhas perfeitas repousando casualmente na nuca.
— Ouvi falar sobre os seus... arranjos. Eu esperava que pudéssemos chegar a um acordo. — A
voz adocicada era sedutora e as mãos da mulher passearam pelos ombros de Simon como se
fosse dona dele.
A náusea começou a subir pela garganta de Kara e ela se moveu silenciosamente para longe
do casal em direção aos degraus. Não queria que Simon a visse e não queria que a mulher
desconhecida pensasse que estava espionando. Não que aquela loira fosse se importar. A mulher
parecia uma gata com as garras solidamente enterradas em algo que queria e não pretendia ser
distraída.
A luz não era tão forte quanto no interior da casa, mas bastou um olhar de relance ao casal
para ver que a mulher nos braços de Simon era tudo o que Kara não era. Ela era loira, magra,
com maquiagem e penteado perfeitos. Em outras palavras... horrivelmente maravilhosa.
Kara não conseguia se mover nem fazer nada. Os olhos estavam grudados no casal e os pés
pareciam presos em cimento. Ela ouviu a mulher murmurar algo em tom suave, mas não conseguiu
entender as palavras. Lábios vermelhos se curvaram em um sorriso calculado e a loira segurou a
nuca de Simon, puxando os lábios dele em direção aos seus.
Com o coração batendo com força, Kara desceu os degraus que levavam ao caminho mais
depressa do que deveria com os saltos altos e delicados, precisando desesperadamente se afastar
da cena que se desenrolara à sua frente como um filme de terror. Os saltos ficaram presos nas
pedras do caminho e ela os tirou, agarrando-os praticamente sem parar.
Respire. Só respire.
Kara chegou ao píer, ofegante e enjoada. Ela agarrou o corrimão de madeira no píer para se
equilibrar, tentando desesperadamente acalmar a respiração irregular.
Respire. Para dentro. Para fora. Para dentro. Para fora.
Não importa. Não importa. A vida sexual de Simon Hudson não era problema dela. Não tinha
compromisso algum com ele e Simon certamente não tinha compromisso algum com ela. Eles faziam
sexo sem compromisso.
Para dentro. Para fora. Para dentro. Para fora de novo.
A respiração acalmou, mas a náusea se recusava a desaparecer. Não era de se espantar que
Simon nunca tivesse tido uma namorada. Obviamente, havia um suprimento infinito de mulheres
para entretê-lo... por um preço. Um arranjo? Sério? Era claro que ele nunca tivera um
relacionamento real. As mulheres o usavam e ele as usava. O estômago dela se revirou e ela
agarrou a madeira com mais força.
Esqueça isso. Não importa.
Não deveria... mas importava. Magoava saber que Simon podia estar fazendo um arranjo
casual para foder outra mulher enquanto ainda estava com ela. Eles tinham feito sexo de forma
selvagem e intensa poucas horas antes. Ou, pelo menos, foi o que ela achou. Talvez só tivesse sido
assim para ela. Talvez ele sentisse falta de amarrar as mulheres, de tê-las indefesas e vendadas.
Talvez precisasse disso.
Você achou que era alguém especial, a pessoa que ajudaria Simon a se livrar das inseguranças do
passado? Talvez ele não tenha nenhuma. Talvez goste da vida exatamente como ela é. Talvez você
seja uma idiota completa que não consegue compreender um playboy bilionário que pode comprar a
mulher que quiser.
Os pensamentos pairaram na mente dela até ela se perguntar se tudo o que se convencera que
era verdade sobre Simon era, na realidade, uma enorme mentira, uma falsidade que criara, um
homem que só imaginara.
Você não acredita mesmo nisso.
— O problema é... já não sei mais — sussurrou ela para si mesma com voz trêmula.
As ilusões dela estavam despedaçadas e Kara não sabia mais em que acreditar. Confiara em
Simon, achara que ele era um homem decente, com problemas, e as ações dele a deixaram
confusa e completamente abalada.
Ela olhou atordoada para as luzes que brilhavam sobre a água e envolveu o corpo trêmulo com
os braços. Como ela conseguiria apagar a lembrança de Simon beijando aquela loira maravilhosa?
Uma mulher tão perfeita que fez com que se perguntasse por que Simon estava com ela, Kara.
Ela piscou e uma lágrima solitária deslizou-lhe lentamente pelo rosto. Provavelmente ela não
esqueceria. A lembrança, a sensação de traição e a dor excruciante estariam presentes por muito
tempo.
Perdida em pensamentos, Kara ficou parada no píer como uma sombra, imóvel, sem sentir mais
o frio, desejando nunca ter que voltar e enfrentar a realidade.
Ela faria isso. Tinha que fazer. Mas evitaria pelo máximo possível de tempo.
—N ão sei o que o meu irmão está dando a você. Mas darei mais se me procurar quando ele
terminar com você. — A voz masculina sedutora quebrou o silêncio bem perto do ouvido
dela, assustando-a de tal forma que teria caído na água se uma mão forte não a segurasse pela
cintura.— Ei, cuidado.
Ela se virou para olhar para o dono da voz, já tendo reconhecido como sendo de Sam. Ele a
prendeu, colocando uma mão de cada lado, impedindo-a de fugir.
— O-o que você disse? — O homem a deixou gelada e ela não apreciou a familiaridade dele.
— Eu pagarei. O que quiser. O quanto quiser. — Os olhos dele eram frios e ela estremeceu.
Ah, meu Deus. Ela estava prestes a vomitar. Engolindo em seco, ela olhou para a aparência
divina de Sam, mal acreditando no que ele estava propondo.
Como se ela fosse uma meretriz.
Uma prostituta.
Uma vagabunda.
A fúria surgiu dentro dela como uma fênix, subindo cada vez mais e cada vez mais forte. Ela
mal conseguia enxergar pela cortina vermelha que cobria-lhe a visão.
— Simon não se importará — garantiu Sam ao mover a mão para o ombro nu de Kara.
O comentário ressoou dentro dela, fazendo com que perdesse o controle. Qual era o problema
com os homens da família Hudson? Será que achavam que podiam comprar qualquer mulher com
quem quisessem trepar? Ela jogou a mão para trás e deixou-a voar... com força, atingindo o rosto
sorridente com um som satisfatório que explodiu na noite silenciosa, rompendo a paz.
— Maddie tinha razão. Você é um verme — sibilou ela, com o corpo trêmulo de fúria.
— Maddie? Maddie Reynolds? — A expressão de Sam era de choque total. Ela não tinha
certeza se era por causa do tapa ou da menção ao nome de Maddie, mas não esperou para
descobrir.
Ela empurrou o braço dele para longe e correu, desviando-se do caminho para correr pela
grama bem cuidada até a frente da casa.
Kara chegou à entrada e correu até encontrar James esperando pacientemente na Mercedes.
Abrindo a porta da frente do carro com força, ela afundou no banco do passageiro. — Por favor,
leve-me para casa — gaguejou ela, com as lágrimas criando um nó na garganta e deixando a
voz rouca. — Por favor.
— Srta. Kara, você está bem? — Ela não conseguia ver o rosto dele no escuro, mas a
preocupação na voz do motorista era evidente.
— Não estou me sentindo bem. Preciso ir para casa — respondeu ela, sem conseguir evitar uma
nota de súplica.
— Posso fazer alguma coisa para ajudar?
— Sim. Leve-me para casa. Eu ficarei bem.
Ela não ficaria bem. Nem agora, nem amanhã, provavelmente nem por muito tempo. Mas não
disse isso a ele.
James não fez mais pergunta alguma. Ligou o veículo e foi diretamente para o apartamento.
Kara enrolou as mãos trêmulas em volta das solas dos sapatos que estavam no colo, tentando
não deixar que as lágrimas escorressem pelo rosto. Ela não choraria. Não havia nada, na
verdade, pelo que chorar. Os dois Hudson fizeram o que normalmente faziam. Era ela quem tinha
um problema.
De alguma forma, fizera algo incrivelmente idiota. Deixara-se apaixonar por Simon Hudson.
Estava profundamente, loucamente, completamente apaixonada. Não era como o amor que sentira
pelo ex-namorado. Era um amor confuso, arrasador e destruidor que doeria. Muito.
Ela reprimiu um soluço amargo mordendo o lábio até sangrar e virou a cabeça para a direita,
observando a cidade passar enquanto James a levava para casa.
Você já sentiu a dor da perda antes, Kara. Conseguirá superar isso.
Desde a morte dos pais, ela usava palavras encorajadoras para conseguir vencer as batalhas
mais difíceis. Sempre funcionara antes. Não conseguira chegar até ali?
Você o esquecerá. Só levará algum tempo.
Um peso desconfortável se alojou no peito, quase esmagando-a completamente.
Pela primeira vez na vida, Kara Foster se sentiu como se estivesse mentindo para si mesma.

— Kara! — chamou Simon em voz alta ao bater a porta do apartamento atrás de si e jogar as
chaves sobre o balcão da cozinha.
Havia um presente pequeno e bem embrulhado sobre o balcão com um cartão, mas ele o
ignorou e correu pelo apartamento como se estivesse possuído.
— Kara!
Ele gritou o nome dela até ficar com a voz rouca, mas todos os aposentos estavam vazios. O
quarto dela parecia intocado, exceto que a mochila dela não estava lá.
— Merda!
Ele foi até a cozinha e ergueu o embrulho, encontrando um cheque pessoal de Kara no valor de
noventa mil dólares e uma única folha de papel sobre o cartão e o presente.
Pagarei o resto assim que conseguir um emprego. Deixei todas as coisas que você me deu,
exceto algumas calças jeans e camisetas. Obrigada por tudo. Sempre serei grata.
Kara
Mas. Que. Merda. Ele não queria a maldita gratidão dela. Ele queria... ela.
Ele amassou o papel com força, deixando as juntas dos dedos quase brancas.
Ela o deixara?
Nenhuma explicação.
Nenhum adeus.
Simplesmente... fora embora.
Ele pegou o presente e o cartão ainda fechado, levando-os para a sala de estar, onde serviu
uma bebida. Depois de beber o uísque em um gole só, ele serviu outra dose e caiu em uma
poltrona de couro, colocando o copo na mesinha ao lado.
Simon reclinou a cabeça para trás e fechou os olhos, desejando poder voltar no tempo e
começar a noite de novo, começando pela parte em que ele e Kara saíram do apartamento para
ir para a festa. Se pudesse fazer tudo de novo, nunca teriam saído do apartamento.
Ele quase matara o próprio irmão naquela noite, batera nele feliz depois de descobrir que Sam
dera em cima de Kara. Não fora difícil de descobrir. Kara desaparecera e Sam tinha uma marca
de mão no rosto, um presente óbvio de uma mulher furiosa. Além do mais, Sam fizera com que
Kara acreditasse que Simon não se importaria se o irmão trepasse com a mulher dele.
Claro, Sam estava totalmente bêbado, mas Simon ficara tão fora de controle quando o irmão
fizera a confissão que não se importara. Jogara o irmão no chão e batera nele repetidamente,
parando apenas quando a mãe os separara.
Aquela fora a única briga física que ele e o irmão tiveram na vida. Sam nunca encostara um
dedo nele e Simon nunca teria imaginado bater no irmão. Até aquela noite. Até Kara. A ideia de
qualquer outro homem tocando em Kara deixava Simon completamente louco.
Simon não se sentira melhor ao saber que Kara rejeitara Sam, batendo nele com força
suficiente para deixar uma marca. Ela provavelmente ficara assustada e confusa. E ela o deixara.
Aquilo fez com que tivesse vontade de bater no idiota do irmão novamente.
Ele abriu os olhos, notando que amassara o cartão no colo. Alisando-o, ele o abriu.
Simon,
Feliz aniversário! Eu queria dar a você algo que não precisasse comprar com o seu dinheiro,
alguma coisa especial. Sei que você coleciona moedas e pensei neste presente.
Ela pertenceu ao meu pai. Era a moeda da sorte dele. Ele a encontrou no mesmo dia em que
conheceu a minha mãe. Ele jurava que havia encontrado a moeda momentos antes de ver
minha mãe pela primeira vez. Sempre disse que trouxe o evento mais importante da vida
dele.
Eu sempre a carreguei comigo. Cheguei até aqui, então acho que ela me deu sorte.
Sei que não é muito, mas quero que fique com ela. Sei que você não precisa realmente de
sorte, mas eu me sentirei melhor sabendo que está com ela. Espero que ela sempre o proteja.
Kara
Simon rasgou o embrulho e estudou a pequena caixa de plástico gasta por muito tempo.
Finalmente, ele a abriu e olhou para a moeda da sorte.
Atônito, ele a virou de um lado para outro. Minha nossa, era uma Double Die de 1955. E em
excelentes condições. Ele não era avaliador profissional, mas estava disposto a apostar que seria
muito bem avaliada.
Será que a mulher maluca percebera que carregava uma moeda tão rara? Uma moeda que
provavelmente a alimentaria por vários meses se a vendesse?
Provavelmente não. E ele sabia que Kara preferiria morrer a vender algo com tanto valor
sentimental, algo que pertencera ao pai dela.
Mas dera a moeda para ele. Ela se separara de algo tão precioso para dar a ele um presente
de aniversário.
Ele fechou a caixa e apertou a moeda com força, colocando-a sobre o peito quando uma onda
de dor o percorreu. Por que ela se separara da moeda? Por que dera a moeda a ele?
Instintivamente, ele sabia que era algo especial para ela, tão especial que sempre a mantinha
consigo.
Simon engoliu o segundo drinque e colocou a moeda no bolso. Ela não sairia de perto dele até
que pudesse entregá-la de volta a Kara. Pessoalmente.
Pegando o celular, Simon discou o número do gerente de segurança, Hoffman, que atendeu no
segundo toque.
— Está seguindo Kara? — perguntou ele ao chefe de segurança em tom mal humorado, sem se
preocupar com amenidades.
— É claro. Eu não sabia ao certo o que estava acontecendo, mas ela parece pronta para
passar a noite. Boa vizinhança, casa decente. Pertence à dra. Reynolds — informou Hoffman.
— Ela foi embora. Mantenha uma equipe atrás dela vinte e quatro horas por dia. Quero saber
se ela espirrar.
— Está bem, chefe.
Simon desligou com um suspiro. Obviamente, ela fora para a casa da amiga, Maddie. Ficaria
bem lá. Por enquanto.
Ele nunca contara a Kara, mas ela estivera protegida em todos os momentos desde o dia em
que ocorrera o incidente na clínica. A equipe de Hoffman fazia turnos, sempre vigiando, sempre a
postos. A polícia nunca pegara os drogados que atiraram nela e roubaram a clínica, e Simon não
pretendia arriscar. Kara vira o rosto deles, ajudara a fazer os retratos falados. Até que os idiotas
fossem pegos, ela precisava ficar em segurança. Simon precisava saber que ela estaria bem.
Cada instinto, cada célula no corpo dele gritava para que fosse atrás dela, para trazê-la de
volta carregada, se necessário. Ele queria fazer isso, mas não conseguiria convencê-la daquela
forma. O incidente com Sam obviamente a incomodara. Dar algum tempo a ela ajudaria. Arrastá-
la de volta só resolveria o problema por um tempo curto e Simon entrara de cabeça naquele
relacionamento, não a queria por um tempo curto. Ele precisava de Kara, tinha que tê-la para
sempre. Qualquer coisa menos que isso era impensável.
Se alguém tivesse dito a ele algumas semanas antes que encontraria uma mulher sem a qual
não conseguiria viver, Simon teria gargalhado até sentir dores na barriga. Mas não estava rindo
agora. Kara se tornara a vida dele e ele não conseguia nem pensar em prosseguir sem ela.
Que tipo de vida tivera antes dela? Ao pensar em todas as mulheres com quem trepara no
passado, ele fez uma careta. Mulheres que precisavam ficar bêbadas e receber ofertas de
presentes caros apenas para entregar o corpo a ele. Elas foram experiências vazias, mulheres que
o toleraram por causa do dinheiro. Talvez tivessem atendido temporariamente à vontade dele de
se satisfazer, mas elas o deixaram com um vazio imenso sobre o qual nunca pensara até conhecer
Kara. Agora que sabia como era estar com uma mulher que realmente o queria, ele reconheceu
que nunca poderia voltar. Ele precisava de Kara como precisava do ar que respirava. Ele sabia
que não a merecia, mas pretendia ficar com ela.
Forçando-se a ir para o quarto, ele tirou as roupas e foi para a cama. Virando-se
abruptamente, ele voltou até a pilha de roupas no chão e vasculhou o bolso da calça. Pegando a
moeda que Kara lhe dera, ele a manteve na mão e deitou-se, sem saber se conseguiria dormir, mas
ansiando por algum tipo de fuga.
A partida de Kara fora a tortura final. A casa estava muito quieta, muito vazia. A presença
dela fora palpável desde que chegara e agora ele só conseguia sentir o fantasma da essência
dela, os ecos de sua risada.
Colocando a moeda sob o travesseiro, Simon se deitou de costas, já inquieto. Rezou para que o
sono o levasse... mas Deus provavelmente estava ocupado, pois ele ficou deitado acordado na
maior parte da noite, tentando decidir a melhor forma de trazer Kara de volta.
Ele a traria de volta. Era a única opção. Era só uma questão de descobrir como fazer isso.
O dia começou a amanhecer quando ele finalmente caiu em um sono inquieto, com visões de
Kara atormentando-o nos sonhos.
ara empurrou a porta pesada de madeira do escritório do gerente do restaurante e

K encostou-se nela com um suspiro pesado de desalento. Era a décima primeira entrevista nos
últimos dez dias, todas elas uma total perda de tempo, e aquela não seria muito diferente.
Ninguém queria contratar uma universitária que estava a apenas alguns meses de se formar.
Nenhum restaurante queria uma garçonete que provavelmente iria embora seis meses depois para
procurar um emprego na profissão que escolhera. Apesar de Kara não culpar os possíveis
empregadores por esse julgamento, ela realmente precisava de um maldito emprego.
Os sons familiares de louças batendo, cozinheiros gritando e atendentes irritados invadiu-lhe a
mente quando ela fez mais um percurso da vergonha pelos corredores dos fundos de outro
restaurante que não queria contratá-la, nem mesmo em meio expediente.
Certo, ela não morreria de fome. Ainda tinha dez mil dólares na conta bancária, o empréstimo
que tomara de Simon. Mordendo o lábio com força quando a dor de pensar nele a atingiu, ela
saiu pela porta da frente do restaurante, encostando-se na parede fria de tijolos do lado de fora
para organizar as ideias depois da entrevista desastrosa.
Na verdade, ela tinha mais de dez mil dólares na conta. Nove dias antes, no dia de seu
aniversário, Simon enviara vários entregadores e um mensageiro até a casa de Maddie com todas
as coisas que ela deixara para trás. Os entregadores carregavam todas as coisas dela, que
tinham sido compradas por Simon, e o mensageiro levava várias dúzias de rosas vermelhas e um
envelope com um bilhete.
Kara,
Estou devolvendo o seu cheque. Por favor, aceite o dinheiro como presente de aniversário e
não brigue com os entregadores. Eles foram instruídos a colocar as coisas no lugar onde
você quiser ou deixá-las em frente à porta. Como trabalham para mim, eles seguirão essas
instruções.
Eu sinto muito pelo que aconteceu com Sam. Por favor, volte para casa.
Feliz aniversário. Eu queria que pudéssemos passá-lo juntos.
Um beijo,
Simon
Kara engoliu um soluço e passou a mão inconscientemente na coxa, sentindo o bilhete que
estava no bolso da frente da calça.
Terei que falar com ele.
Kara esperara que, ao dar um pouco de tempo a si mesma, conseguiria melhorar, afastar-se um
pouco da depressão. Mas não estava dando certo. Cada dia que ela não via Simon parecia uma
eternidade e ela só estava enganando a si mesma achando que uma semana ou duas ajudariam a
diminuir a vontade de estar com ele. No mínimo, ela afundava cada vez mais na escuridão a cada
dia que passava.
Preciso falar com ele. Fazer com que aceite meu cheque. Discutir os termos para pagar de volta o
que peguei emprestado. Devolver as coisas que ele comprou.
Kara chorara como uma criança quando ligara o computador que ele lhe dera e percebera
que Simon tinha instalado todos os jogos que ela jogara no laboratório. O Myth World, nas duas
versões, estivera no início da lista.
Limpando furiosamente uma lágrima que escapara e corria pelo rosto, Kara sabia que
precisava parar de sofrer por Simon Hudson. Só não sabia como fazer isso. As coisas bobas e
atenciosas que ele fizera, como instalar todos aqueles jogos, faziam com que o coração dela se
apertasse. Mas, então, ela se lembrava da visão da supermodelo loira na casa de Sam, puxando
os lábios de Simon para os dela, e ficava furiosa novamente. Como qualquer homem podia ser tão
atencioso, mas ser tão filho da puta em se tratando de mulheres?
— Olá, Kara. — Uma voz profunda soou bem ao lado dela. Kara ergueu o olhar rapidamente
para descobrir Sam Hudson com o ombro encostado na parede próximo a ela. Instintivamente,
recuou vários passos, colocando alguma distância entre ela e o homem de quem não gostava e em
quem não confiava.
Sam avançou, mas deixou um pouco de espaço entre os dois.
— O que você quer? — O tom dela foi ríspido e ela ergueu a mão para impedi-lo de chegar
mais perto.
Ele ergueu a sobrancelha ao ver o gesto defensivo. — Só quero conversar. — Ele parecia tão
arrogante quanto fora na festa, mesmo vestindo jeans e uma camiseta preta. Mas havia um traço
de remorso nas palavras dele e os olhos verdes estavam claros e brilhantes. — Por favor. —
Aquela adição pareceu dolorosa vinda de Sam, como se ele tivesse que forçá-la a passar pela
garganta.
— Não conheço você e não tenho nada a dizer — respondeu ela, ansiosa para ir embora. A
última coisa que queria era conversar com Sam Hudson.
— Não vou embora até que fale comigo, portanto, é melhor que seja agora.
Kara queria bater o pé no chão em frustração, mas não daria essa satisfação a Sam. — Diga
o que tem a dizer e vá embora.
Ele acenou na direção da porta do restaurante. — Eu gostaria de um pouco de café. Foi um
longo dia.
Ela balançou a cabeça negativamente. — Acabei de fazer uma entrevista nesse restaurante e
não quero voltar lá.
Ele acenou para o restaurante do outro lado da rua. — Podemos ir naquele.
Revirando os olhos, ela respondeu: — Também já estive lá. Não há um lugar nesta vizinhança
onde eu não tenha feito uma entrevista.
Segurando de leve o braço dela, Sam a levou até a lanchonete ao lado. Ela puxou o braço
para soltá-lo, mas seguiu atrás dele. Era óbvio que precisava deixar que ele falasse, caso
contrário, não a deixaria em paz. Ele tinha a mesma atitude masculina e teimosa dos Hudson que
Simon tinha quando não pretendia ceder até que ela desistisse.
Eles pediram um café no balcão e Sam escolheu uma mesinha no canto. Ela parou no caminho
para colocar creme e açúcar no café antes de se juntar a ele. Segurando o copo descartável, ela
finalmente olhou para cima, vendo Sam observando-a com a intensidade de um falcão pronto
para se jogar sobre a presa. Remexendo-se na cadeira de forma desconfortável, ela se recusou a
desviar o olhar. O olhar de Sam não era sexual. Era como se ele estivesse tentando examinar um
micróbio estranho sob uma lente de aumento. Se ele quisesse fazer uma pesquisa intensa sobre a
personalidade dela... que fizesse. Ela não fizera nada de errado, exceto se apaixonar por Simon
Hudson.
Mas, de maneira interessante, Sam cedeu primeiro. — Eu sinto muito. — Ele desviou o olhar ao
murmurar o pedido de desculpas. Era sincero, mas ela notou que era algo que aquele homem não
dizia com frequência. — O que eu fiz na festa de aniversário de Simon foi uma coisa imbecil. Eu
estava tão bêbado que mal conseguia ficar em pé, mas isso não é desculpa. Um homem precisa ser
responsável por suas ações, bêbado ou não.
— Por que você fez aquilo? Por que está fazendo isso? Helen mandou você aqui para se
desculpar? Eu não disse uma palavra sobre o que você fez. Não sei como ela poderia saber. —
Kara só falara com Helen uma vez e não mencionara o comportamento execrável de Sam naquela
noite.
Sam lhe lançou um olhar sombrio. — Minha mãe sabe de tudo e aprecio o fato de você não ter
falado nada. Não precisava. Simon descobriu e levei uma surra dele quando confessei. Nossa
briga acabou com a festa de forma bem abrupta, logo depois que eu entrei na casa e você foi
embora. — Ele hesitou, tomando um gole do café. — E não, minha mãe não me mandou vir aqui. Eu
vim porque quis. Porque Simon está sofrendo e eu estava errado. Ele não sabe que estou aqui e
provavelmente rasgaria a minha cara de novo se soubesse que cheguei perto de você. — Ele
olhou para fora da janela.
Kara estudou o rosto de Sam, notando os hematomas leves acima do olho esquerdo e na
bochecha direita. Simon devia ter dado uma bela surra no irmão. Dez dias depois do evento, Sam
ainda tinha marcas no rosto que ela não notara antes. — Por quê? Por que Simon faria isso? Ele já
estava no processo de arrumar outra mulher. Eu vi quando ele a beijou no terraço, quando fui para
o lado de fora. Não faz o menor sentido.
Sam virou a cabeça abruptamente na direção dela. — Ele não estava arrumando ninguém.
Como ela era?
— Alta, magra, loira, maquiagem perfeita, mas ela provavelmente era bonita mesmo sem a
maquiagem. — Ela fez uma careta para Sam. — Linda.
Ele assentiu. — Constance. Eu a vi marchar para dentro quando estava saindo. Vi você no
terraço, mas fui pego por um cliente por alguns minutos antes que pudesse segui-la. Se isso a faz
se sentir melhor, ele não aceitou a oferta dela. Connie entrou na casa furiosa e Simon não estava
mais lá. — O olhar de Sam desceu para a mesa e ele brincou com a xícara semivazia. — Simon
nunca treparia com Connie. Ela é casada com um homem velho o suficiente para ser avô dela, mas
o marido não é muito generoso com o dinheiro. Meu irmão não sai com mulheres casadas. E, se ele
estava fod... ahm... tendo um relacionamento com você, certamente não estaria arrumando outra
mulher. Simon pode não se envolver emocionalmente, mas só sai com uma mulher de cada vez.
Kara quase engasgou com o café. O comentário de Sam sobre Simon não se envolver
emocionalmente a acertou em cheio. Ela conseguia acreditar que Simon não estava tendo um caso
com uma mulher casada. Por algum motivo, acreditava que não era algo que ele faria. Simon
podia não acreditar em relacionamentos ou casamento para si mesmo, mas não parecia o tipo de
homem que cruzaria aquela linha. Mas isso importava? Talvez ela estivesse sentindo-se melhor ao
saber que Simon não amarraria, vendaria nem treparia com a mulher que o beijara na festa. Mas
o fato de Simon não se envolver em relacionamentos sérios não mudara. Ela estava tão presa a
Simon que mal conseguia respirar. No final, ela acabaria completamente destruída quando ele a
deixasse. — Obrigada por me dizer isso tudo. E por pedir desculpas. — Ela tentou manter a voz
neutra, sem emoção alguma.
Sam parecia preocupado, franzindo as sobrancelhas ao olhar para ela. — Ele se importa com
você. Eu não sabia disso. Se soubesse, nunca teria feito aquela oferta a você.
— E por que fez? Aposto como há muitas mulheres que se jogam para cima de você todos os
dias.
— Porque sou um bilionário — respondeu ele em tom ríspido e com a expressão dura. — Eu vi
como Simon ficou feliz depois que você foi morar com ele. Ouvi minha mãe falar sobre você. Acho
que pensei que, depois que você e Simon se separassem, eu poderia muito bem pegar um pouco
dessa felicidade para mim. Eu estava bêbado. Com pena de mim mesmo. Sou um idiota. Você é a
primeira mulher com quem o meu irmão se importa de verdade e eu o traí. E eu a insultei. Você não
merecia aquilo.
Kara se recostou no plástico duro da cadeira, atônita. — Simon não se importa comigo dessa
forma. Mas admito que me senti insultada. Você não pode comprar qualquer mulher que quiser,
Sam. E não acredito que era realmente eu quem você queria.
Sam soltou um suspiro triste. — Eu queria... alguma coisa. Acho que, por causa da embriaguez,
estava pronto para tentar qualquer coisa. E só houve uma mulher no passado que se importou com
tudo, menos com o meu dinheiro. E eu estraguei tudo. — A voz dele estava cheia de uma tristeza
dolorida e remorso. — Você vai aceitar as minhas desculpas?
O sorriso charmoso estava de volta, iluminando o rosto dele, trazendo de volta o Adônis que ela
vira na festa. Estranhamente, aquilo não a incomodou. Sam Hudson era um homem atormentado e o
sorriso radiante que lhe lançara não era nada além de um disfarce para alguém que queria muito
mais do que dinheiro na vida. Ela vira uma pequena brecha na fachada sem emoção dele. — Sim,
aceito. Acho que todos nós dizemos e fazemos coisas quando bebemos que não diríamos nem
faríamos normalmente. — As palavras a levaram de volta ao dia em que dissera a Simon que ele
tinha um corpo incrível e que ela o queria, depois de tomar alguns drinques no restaurante. — Mas
não sei por que isso importa para você.
Os olhos de Sam ficaram sombrios e ele agarrou-lhe o pulso quando ela começou a se levantar
para ir embora. — Kara, Simon se importa. Ele teve problemas no passado e talvez não saiba
como se expressar. Mas ele se importa. Por favor, não julgue o meu irmão porque eu fui um idiota.
O toque dele foi gentil. Ela puxou a mão de leve e ele a soltou com um olhar de súplica nos
olhos. Mas que merda. Ela não podia ir embora e deixar que Sam achasse que era tudo culpa
dele. Não era. Ela estava apaixonada por Simon Hudson e as coisas terminariam em desastre
mesmo se Sam não tivesse feito nada. As ações dele só tinham apressado um final infeliz. — Não é
você, Sam. Não foi o que você fez. — Balançando a cabeça, ela pegou a mochila.
— O que é então? Diga-me. Darei um jeito de consertar. — Ele parecia desesperado.
Ela soltou uma risada curta e sem humor algum. Afinal de contas, talvez os irmãos não fossem
tão diferentes assim. Ele soou exatamente como Simon. Será que os dois achavam que podiam
consertar tudo com dinheiro? — Você não pode. Basta saber que não é culpa sua.
Não. A culpa é minha por ser burra o suficiente para me apaixonar por Simon Hudson.
— Você não gosta de mim nem me respeita, não é? — Ele soou resignado e ligeiramente
desanimado.
Ela se virou para ele ao escorregar até a beirada da cadeira. — Eu não o conheço o suficiente
para gostar ou não de você. E o dinheiro não compra o meu respeito. — Ela abriu um sorriso leve
ao ver a expressão surpresa dele. — Mas respeito muito você por amar o seu irmão.
Ele a encarou ao responder em tom beligerante. — Quem disse que eu o amo? Ele é um chato e
arrebentou a minha cara de tal jeito que não pude sair de casa por uma semana.
Ela lhe lançou um sorriso triste e colocou a mão sobre a dele. — Eu sinto muito. Sei que você e
Simon são muito próximos e não quero ser a causa de problemas no relacionamento de vocês.
Sam deu de ombros. — Tivemos momentos ruins antes. Nós superaremos.
Ela puxou a mão. — Vocês estão se falando?
Ele deu uma risada fraca. — Trocando insultos. É um começo.
— Você sabe o que aconteceu com ele? Como ele conseguiu aquelas cicatrizes? — As palavras
voaram da boca de Kara antes que ela pudesse censurá-las.
Sam ficou de boca aberta, com uma expressão chocada. — Você viu as cicatrizes dele? Todas
elas? É por isso que você o está evitando?
A raiva a invadiu e a mão coçou para voar no rosto dele novamente. — Pelo amor de Deus,
você acha que todas as mulheres são tão superficiais assim? — Tentando controlar a irritação, ela
prosseguiu: — O seu irmão é o homem mais atraente que já conheci, com ou sem as cicatrizes. Ele é
sexy o suficiente para derreter geleiras na Antártida. Obviamente, ele sofreu um trauma terrível e
odeio isso por ele. Mas não me importo nem um pouco com as cicatrizes dele.
— Você acha que ele é mais bonito que eu? — A pergunta foi arrogante, mas Sam soou muito
feliz pelo fato de ela se sentir atraída pelo irmão.
— Sim. Sem dúvida alguma. Desculpe. — A resposta foi ríspida, mas ela ficou um pouco tocada
pelo olhar amoroso nos olhos de Sam. Mordendo o lábio, perdida em pensamentos, ela disse em
voz alta: — Será que podia entregar algo a Simon por mim?
Sam deu de ombros e olhou para ela com curiosidade. — O quê?
— Um cheque. Preciso pagar Simon.
Sam deu uma risadinha com os lábios formando um sorriso malicioso. — Foi bom assim?
— Ele colocou o dinheiro na minha conta. Quero devolver a maior parte. Pretendo pagar o
resto quando conseguir um emprego. — Kara ignorou a insinuação dele. Talvez o irmão de Simon
parecesse um anjo loiro, mas ela já sabia que ele tinha um par de chifres diabólicos escondidos em
algum lugar daqueles cachos abundantes.
— Você quer pagar a Simon? Espere um pouco... caso não tenha percebido, ele é um bilionário.
Se ele quis que você ficasse com o dinheiro, não vou entregar nada a ele. — Ele ergueu as mãos
para o ar em um gesto defensivo. — Ele acabaria com a minha raça. Está com um humor terrível.
Com os ombros murchando, ela abriu um sorriso fraco. — É. Não pensei nisso. Não quero que
ele fique bravo com você. Só queria devolver o dinheiro.
— Sem precisar encontrá-lo? — Sam acertou em cheio. — Acho que terá que fazer isso
pessoalmente. — Ele parecia bem feliz com a ideia.
— Preciso ir embora. Tenho que estudar. — Ela se levantou.
Sam fez o mesmo e encarou-a. — Você está morando com Maddie Reynolds? Ruiva? Linda? —
ele pronunciou as duas últimas palavras quase de forma reverente.
— Sim. — Ela ficou surpresa. Sam não parecia hostil em relação a Maddie como a amiga era
em relação a ele.
— Como ela está? — Ele tentou soar despreocupado, mas havia um traço de dor nos olhos
velados.
Kara hesitou, sem querer trair Maddie. — Está bem. Ela é médica particular e faz trabalho
voluntário em uma clínica gratuita para crianças.
— Ela conseguiu. Terminou a faculdade de medicina. — A resposta de Sam foi baixinha, quase
como se estivesse falando consigo mesmo. Parecia que ele admirava Maddie.
— Sim. Uma das melhores médicas que já conheci. E uma das mais gentis. E uma amiga incrível.
— Parecia que Sam queria fazer mais perguntas, mas Kara não queria respondê-las. Ela passou
em frente a ele e andou em direção à porta. — Cuide-se, Sam. Tchau. — Ela largou o copo vazio
na lata de lixo sem reduzir o passo e empurrou a porta pesada de vidro.
Estava escuro quando Kara saiu, soltando um longo suspiro de alívio quando o vento leve a
atingiu no rosto.
Tudo e nada mudara como resultado da conversa com Sam. Apesar de estar muito contente por
Simon não ter marcado um encontro com a mulher da festa, isso não alterava o fato de que ela
estava emocionalmente envolvida demais com um homem que não gostava de relacionamentos. Isso
a magoaria agora ou a destruiria mais tarde. Simon era gentil e Sam dissera que ele se importava
com ela. Talvez fosse verdade, mas não era suficiente.
Por favor, venha para casa.
Aquela linha do bilhete de Simon ecoou na cabeça de Kara e ela sentiu um aperto no coração,
sentindo dificuldade para respirar. Ah, meu Deus, como ela queria voltar para casa, voltar para
Simon. Eles tinham começado... alguma coisa. Ele confiara nela, deixara que tocasse na pele nua
dele, deixara que visse as cicatrizes, trepara com ela sem amarrá-la. Como ela queria ter coragem
de terminar aquilo, ajudar Simon a se liberar do passado. Mas o instinto de autopreservação era
feroz, advertindo-a a ficar longe do perigo, avisando-a que, ao ajudar Simon, ao amar Simon, ela
se destruiria.
Ela colocou o corpo emocionalmente exausto em movimento, andando em direção à casa de
Maddie. Perdida em pensamentos e triste, ela não prestou muita atenção aos arredores. Isso foi um
erro que Kara, uma mulher que crescera em uma área nada segura, normalmente não cometia. A
falta de concentração foi o que a prejudicou.
Dois homens se aproximaram rapidamente, um de cada lado. Os braços dela foram agarrados
e ela foi arrastada pela calçada antes mesmo de perceber o que acontecera. Ela lutou, tentando
chutar os homens brutais que a arrastavam à frente e soltar os braços. Com horror, ela percebeu
que eles a arrastavam em direção a um veículo escuro no meio fio que tinha a porta aberta,
pronto para levá-la.
Estava escuro, mas a área era iluminada o suficiente para que ela conseguisse ver o rosto dos
dois homens que invadiram a clínica.
Eles me matarão. Vou morrer. Preciso lutar.
Ela gritou sem parar, tentando fazer com que a voz chegasse a qualquer pessoa que estivesse
na área, e continuou chutando, tentando atingir partes vulneráveis dos dois homens enormes.
— Cale a boca, vadia — uma voz ameaçadora resmungou quando ela bateu com o pé no
joelho dele, uma ação que fez com que levasse um soco no rosto.
Momentaneamente atordoada pelo golpe forte, ela tropeçou enquanto eles a arrastavam.
Lute, caralho. Lute.
Quando os drogados ergueram o corpo de Kara para jogá-la dentro do carro, ela ergueu as
pernas e plantou um pé na porta e o outro na carroceria, perto da abertura.
Não deixe que eles a coloquem dentro do carro. Se deixar, será a morte.
Os pés escorregaram, deslizando para baixo quando um dos homens a agarrou pelos cabelos
e começou a bater a cabeça dela na porta aberta. Ela ouviu o som horrível do crânio batendo
contra o aço e sentiu a cabeça ficando tonta e a visão embaçada.
Eu devia ter dito a Simon que eu o amo.
Ela ainda gritava, mas o som enfraqueceu enquanto os homens continuavam com a tentativa
implacável de deixá-la inconsciente.
— Seus idiotas malditos! — Outra voz masculina soou, uma que ela reconheceu.
Um braço musculoso passou em volta da cintura de Kara, puxando-a para longe dos dois
brutamontes. Ela foi rapidamente puxada contra um peito rígido, com a cabeça ainda girando.
Olhando para cima, com a visão embaçada, ela viu o rosto furioso de Sam Hudson ao abaixá-la
gentilmente na calçada e correr de volta para o carro.
O pânico a invadiu quando ela percebeu que Sam enfrentaria os dois homens sozinho.
Surpreendentemente, os homens não pareciam saber o que fazer.Sam era um pouco maior, mas
eles eram dois.
Preciso ajudá-lo. Preciso me levantar.
Ela não podia deixar que Sam morresse depois de salvar a vida dela. Kara ficou de joelhos,
tentando desesperadamente lutar contra a visão obscurecida. Incapaz de se levantar, ela começou
a rastejar no momento em que Sam chegou ao primeiro homem, dando-lhe socos no rosto.
Ela ouviu passos apressados batendo no asfalto ao lado dela. Dois homens que não reconheceu
entraram na briga, agarrando o braço de Sam e subjugando o homem em quem ele batia.
— Não machuquem Sam — choramingou ela, com medo de que pudessem feri-lo na confusão.
— Desculpe, senhor. Não o reconheci. — O homem soltou o braço de Sam.
Um dos bandidos estava deitado de bruços na calçada, com um dos recém-chegados em cima
dele. O outro bandido tentava sentar no banco do motorista, brandindo uma arma selvagemente
na direção de Sam e do outro homem que a salvara.
— Não. Não. — Lágrimas desciam-lhe pelo rosto e o coração batia com força no peito
enquanto ela implorava silenciosamente para que Sam e o outro homem inocente não provocassem
o drogado com a arma.
Sam saltou, mas o homem pisou fundo no acelerador e o veículo escuro arrancou, com a porta
fechando-se com o impulso. Ele desapareceu na noite quase tão depressa quanto ela conseguia
piscar.
Os olhos aterrorizados dela passearam pela cena e ela viu que os dois homens e Sam não
estavam feridos. Mas Sam soltou uma série de impropérios ao correr para o lado dela.
— Kara! Você está bem? Merda! Sua cabeça está sangrando. O que estava fazendo? — Sam
gentilmente a abaixou até a calçada para que deitasse. Ele continuou a sussurrar palavras
reconfortantes ao afastar os cabelos do rosto dela.
— Queria ajudar você — sussurrou ela com a garganta seca.
— Sua doida. — Sam balançou a cabeça, mas a voz era leve e doce. Em seguida, em voz
ríspida, ele comandou: — Chamem uma ambulância. Agora. Ela está ferida.
A escuridão começou a invadir-lhe a visão e ela lutou, determinada a não perder a consciência.
— Diga a Simon... — A voz dela faltou, pois a boca estava tão seca que a língua grudou no céu
da boca. As pálpebras estremeceram. Ela tentou se concentrar em Sam, mas ele se transformou em
uma mancha grande fora de foco.
Ela suspirou quando Sam pegou a mão dela e resmungou: — Você mesma pode dizer a ele.
Simon está a caminho e totalmente furioso.
Simon está vindo?
O coração dela deu um salto e ela apertou de leve a mão de Sam quando um zumbido
começou a soar na cabeça. Ele ficou mais alto, tão alto que ela mal conseguiu ouvir o som das
sirenes que se aproximavam gritando pela noite.
— Kara, ainda está comigo? — A voz de Sam soou cheia de pânico e desespero. E distante.
Uma manta de escuridão a consumiu completamente quando o som baixo dentro da cabeça
chegou ao volume máximo.
— Simon. — Ela sussurrou o nome dele, sem nem saber se era audível, ao deslizar para a
escuridão total e um silêncio abençoado.

~*~ Fim ~*~


Minha Para Sempre: Livro Três - A Obsessão do Bilionário
De J . S . Scott
Copyright© 2012 de J. S. Scott
Todos os direitos reservados.
ara abriu os olhos lentamente, piscando várias vezes para limpar a visão embaçada e

K sentindo como se a cabeça estivesse em um torno. Temporariamente desorientada, ela


ergueu a mão até a cabeça, tocando-a de leve, e descobrindo que a testa estava enrolada
em gazes. Mas que diabos?
A memória voltou lentamente em cenas isoladas. Sam e o pedido de desculpas. O ataque. Sam
e os outros dois homens desconhecidos salvando a vida dela.
Ela se lembrou de ter acordado brevemente várias vezes na sala de emergência, com Simon ao
seu lado, segurando-lhe a mão, murmurando palavras encorajadoras enquanto ela... ah, meu Deus...
ela realmente vomitara nele?
Logo depois do ataque, tudo fora muito intenso: a tontura, a náusea, a visão borrada, o desejo
de escapar para a escuridão e para o alívio abençoado do sono.
O aposento estava meio escuro e a única luz iluminava o que parecia ser um quarto de hospital
com uma lâmpada pequena e quadrada perto da porta.
Os olhos de Kara varreram o quarto. Era um quarto para duas pessoas, mas a cama ao lado
estava vazia e arrumada.
Em comparação ao que sentira na sala de emergência, a dor de cabeça que tinha parecia uma
grande melhoria. O estômago estava ligeiramente instável e, obviamente, ela sofrera um ferimento
aberto na testa, mas ainda estava viva. Ela respirou fundo, soltando o ar lentamente quando uma
onda de adrenalina a invadiu. Claramente, estava sentindo uma ansiedade atrasada por causa do
que acontecera... ahm... quando?
Mas que merda... preciso dar um jeito na cabeça!
Estreitando os olhos para ver o relógio, percebeu que eram quatro horas da manhã. Nove
horas se passaram desde a experiência aterrorizante que a deixara sozinha em um quarto de
hospital, agradecendo por ainda estar entre os vivos.
Ela se encolheu ao mover o braço esquerdo, o que esticou o tubo intravenoso inserido nas costas
da mão e causou dor no local da agulha. Droga, isso dói. Colocando o braço na posição original,
ela tentou cuidadosamente estender o outro braço, descobrindo que estava imóvel, capturado em
uma prisão grande, forte e quente.
— Simon — sussurrou ela baixinho, subitamente percebendo que não estava sozinha. O olhar
repousou no local onde a pele dele encostava na dela, vendo os dedos dele entrelaçados com os
seus, a cabeça deitada perto das mãos unidas e com os olhos fechados.
Ela sentiu um aperto no coração ao passear o olhar por ele, absorvendo cada traço do rosto
lindo e amado. Ela devorou a visão dele, sentindo como se fizesse muito tempo desde que vira
aquele rosto bonito. Mesmo dormindo, ele parecia tenso e feroz. Os cabelos rebeldes que caíam
sobre a testa eram a única coisa que suavizavam a aparência dele no sono.
Lentamente soltando os dedos entrelaçados, ela acariciou os cabelos escuros, desfrutando da
textura dos fios grossos e desgrenhados entre os dedos.
Será que ele ficara lá a noite inteira? Será que saíra do hospital em algum momento?
Ele vestia uma roupa de hospital azul clara, um sinal certo de que a lembrança de vomitar na
frente do que provavelmente era um suéter muito caro era provavelmente precisa.
Eu amo você.
A lembrança de ter dito aquelas palavras entre vomitar violentamente e sentir como se estivesse
prestes a morrer fez com que a mão dela parasse de mexer nos cabelos e o corpo ficasse tenso.
Ah, meu Deus, eu realmente disse essas palavras para ele?
Sim, ela as dissera, a lembrança surgiu vívida na mente. Sabendo que balbuciara aquela frase
em particular para ele, ela afastou a mão completamente, tentando imaginar como ele reagira ou
mesmo se as ouvira. Naquele momento, ela estivera tão desesperada para dizê-las, para fazer
com que ele soubesse como sentia caso não passasse daquela noite. Sem ter ideia da gravidade
dos ferimentos, ela não hesitara em dizê-las, pois não queria que alguma coisa acontecesse sem
que ele soubesse como gostava dele.
Agora que sabia que obviamente viveria, não estava mais tão certa se devia ter confessado, se
devia ter aberto a alma daquele jeito.
— Kara! — Simon se sentou de súbito, com a mão reflexivamente pegando a dela e
entrelaçando novamente os dedos. Ele estava instantaneamente acordado, correndo os olhos pelo
rosto dela com inquietação óbvia. — Você está acordada.
Ela sentiu a garganta seca. A língua parecia estar inchada o suficiente para ocupar a cavidade
bucal inteira. Ela estendeu a mão para um copo de água que estava sobre a mesinha de
cabeceira. Simon saltou da cadeira, chegando primeiro. Ele desembrulhou um canudo, colocou-o
dentro do copo de plástico e direcionou-o para a boca de Kara. Ela tomou alguns goles lentos,
com a mão cobrindo a dele ao deixar a água deslizar sobre a língua. — Onde estou? —
perguntou ela baixinho, passando a língua nos lábios.
Ele disse a ela em que hospital estava e explicou que os exames estavam normais, mas que a
manteriam lá durante a noite em observação. — Você tem vários pontos por causa do corte na
testa. Pelo que Sam me disse, você teve muita sorte por tão terem rachado o seu crânio. — A voz
de Simon estava rouca e ligeiramente irritada.
— Tenho a cabeça dura — respondeu ela em tom leve, lembrando-se da força dos golpes e
atônita por não ter sofrido nada além de alguns pontos e uma dor de cabeça latejante.
Ele lançou a ela um olhar irritado. — Como se eu não tivesse notado. — Largando o copo
sobre a mesinha, ele a encarou nos olhos com um olhar intenso, parecendo fogo líquido. — Você
nunca mais vai me deixar. Nunca.
Ela prendeu a respiração ao olhar para ele fascinada, incapaz de romper a comunicação
silenciosa. — Para sempre é muito tempo — respondeu ela, incapaz de achar uma resposta mais
inteligente. Os olhos dele lançaram faíscas, um aviso claro de que estava prestes a ter um ataque
de teimosia.
— Não me importo nem um pouco. Você vai voltar para casa comigo e não vou deixar a sua
segurança na mão de alguns agentes novatos. Se Sam não estivesse lá...
— Ele salvou a minha vida, Simon. Seu irmão arriscou a própria vida para me salvar —
murmurou ela, silenciosamente agradecendo o fato de Sam estar lá e chegar até ela antes que
aqueles homens a colocassem dentro do carro.
Eu estaria morta se ele não tivesse aparecido.
Correndo uma mão frustrada pelos cabelos já torturados, ele rosnou: — Ele sabe muito bem
que deveria ter levado você até a sua casa. E os caras da segurança eram inexperientes. Deviam
estar seguindo você tão de perto a ponto de ouvi-la respirar. O tempo de reação deles foi
inaceitável.
— Eu fui embora. Não dei a Sam a chance de me oferecer uma carona. Ele estava fazendo
perguntas sobre Maddie e eu queria ir embora. E os agentes chegaram lá muito depressa. Os
caras foram muito rápidos. Tudo aconteceu em questão de segundos. — Apesar de ter parecido que
foram horas.
— Sam nem deveria estar lá. Você estaria em casa e segura — resmungou ele, com o peito
vibrando de emoção.
Ela apertou a mão dele. — Você não sabe. Talvez eles tivessem me pegado mesmo assim. Teria
sido pior se Sam não estivesse lá. Por favor, não culpe Sam nem os agentes. Sou grata a todos
eles.
— Não importa. Amanhã você vai para casa comigo. E terá uma segurança melhor do que a do
presidente dos Estados Unidos. Até mesmo Maddie concorda que você estará mais segura no
apartamento. Apesar de eu não ter certeza se ela está muito feliz por você estar tão próxima a
um Hudson. — Ele se recostou na cadeira sem soltar a mão dela nem suavizar o olhar intenso e
implacável.
— Maddie veio aqui? — perguntou ela curiosa, imaginando como a amiga descobrira que
estava ferida.
— Ela foi embora há uma ou duas horas. Eu telefonei para ela, que ficou aqui a noite inteira.
Você não se lembra?
Ela balançou a cabeça negativamente. — Só lembro de algumas coisas isoladas do que
aconteceu depois do ataque. Eu realmente vomitei em você?
— Você se lembra disso? — Ele estudou o rosto dela, procurando alguma coisa, como se
estivesse tentando descobrir do que se lembrava e do que não se lembrava. — Maddie conseguiu
um banho e uma roupa de hospital para mim depois que colocaram você no quarto.
— Ah, meu Deus. Eu sinto muito. — Havia alguma coisa mais horrível do que vomitar em um
homem como Simon Hudson?
— Por quê? Você não fez de propósito. E, na verdade, fiquei aliviado por você estar acordada.
Kara achou um tanto incrível que um homem ficara ao lado dela, segurando uma bacia
enquanto ela vomitava, sem morrer de nojo. — Sam está bem?
— Está bem. — Ele soltou uma risada curta e sem humor nenhum. — Exceto pelo fato de que
teve que ficar no mesmo aposento que Maddie Reynolds. Sam parecia extremamente
desconfortável e Maddie parecia como se quisesse matá-lo, de forma lenta e dolorosa.
— Eu queria saber o que aconteceu entre eles. — Ela suspirou, gemendo quando a sensação
de aperto na cabeça aumentou, começando a parecer que uma jiboia estava enrolada em volta
do crânio.
Simon franziu a testa. — Quer um remédio para a dor? Posso chamar a enfermeira. — Ele
estendeu a mão para o botão.
— Não. Espere. — Ela respirou fundo, sabendo que precisava resolver as coisas com Simon.
Voltar ao apartamento com ele não era uma opção. — Não posso ir para casa com você, Simon.
Voltarei para a casa de Maddie. Eu ficarei bem. Eles pegaram um dos caras e o outro
provavelmente ainda está correndo assustado. Duvido que a maior preocupação dele seja vir
atrás de mim.
O corpo de Simon ficou tenso, a pressão na mão dela aumentou quando os dedos dele se
contraíram e o olhar era perigoso. — A questão não está aberta a debate. Você. Vai. Voltar.
Comigo. — A resposta dele foi como um rosnado.
Ela soltou um suspiro frustrado. — Você não é responsável por mim. Não preciso de um
responsável. Estive sozinha por muito tempo. — E solitária, sentindo falta de Simon, apesar de não
saber na época de quem sentia falta.
A dor foi horrível enquanto estive longe dele. Não vou conseguir passar por outra despedida mais
tarde. Passar mais tempo com ele é perigoso. Doerá muito mais ter que me afastar dele depois de
passarmos mais tempo juntos, criando mais lembranças para me torturar quando estiver sozinha
novamente.
— É... bem... acostume-se a ter companhia, querida — resmungou ele, com os olhos brilhando
possessivos e a expressão selvagem e feroz. — Enquanto estiver em perigo, não estarei muito
longe. E você não ficará sem proteção.
Ela estremeceu, tentando puxar a mão do aperto de aço da dele. Ele não a estava
machucando e o aperto não era forte o suficiente para deixá-la desconfortável. Na verdade, era
o oposto. Simon fazia com que ela se sentisse segura e isso a deixava aterrorizada. Ela não podia
se acostumar a ser tratada como se fosse realmente uma mulher com quem ele se importava. —
Você não pode me dizer o que fazer. Só nos conhecemos há poucas semanas. Por que está se
preocupando com a minha segurança? — A voz dela estava rouca, emocionada e provavelmente
com um traço de pânico. Ela precisava se distanciar, mas era difícil. Carente e abalada depois da
experiência da noite anterior, a única coisa que queria era se jogar nos braços de Simon e deixá-
lo segurá-la, sentir-se segura no abraço masculino quente até recuperar o equilíbrio.
— Eu me preocupo com a sua segurança há mais de um ano! — exclamou ele, com voz baixa e
rouca. — E não se passou um dia nesse tempo todo em que não estive completamente obcecado
para saber se você estava ou não segura.
— Mas nós só nos conhecemos há algumas semanas. — A voz dela estava confusa e baixa.
Ele soltou a respiração de forma irregular, com o rosto tomado pela incerteza ao desviar o
olhar e encarar a parede branca e estéril. — A mamãe falava de você o tempo todo. Ela me
mostrou quem você era há mais de um ano quando estava servindo no restaurante. — Ele suspirou,
como se estivesse resignado a concluir a explicação. — Não sei explicar, porque também não
consigo entender, mas daquele momento em diante, eu me senti compelido a cuidar de você. Que
merda, eu seguia você até em casa todas as noites só para garantir que chegasse ao seu
apartamento em segurança.
Atônita, ela perguntou em tom hesitante: — Como se eu fosse sua amiga porque era amiga da
sua mãe?
Ele virou a cabeça e lançou-lhe um olhar ardente e masculino. — Não. Como uma maldita
obsessão que eu não conseguia controlar. Como se fosse minha e eu precisasse protegê-la. — Ele
a cobriu com aquele olhar de quero-trepar-com-você-até-que-grite-descontrolada, com o calor
emanando em ondas.
Ela deveria se sentir incomodada porque Simon a vigiara, porque a seguira como um pseudo
perseguidor? Talvez, mas não se sentiu. Em vez disso, sentiu-se estranhamente calma, com o coração
derretendo dentro do peito ao observar a expressão torturada dele. Simon permanecera em
segundo plano, silenciosamente cuidando dela como um anjo da guarda, sem esperar nada em
troca. Pensando na conversa que tivera com Helen no restaurante, ela ficou aliviada ao ver que os
instintos protetores de Simon estavam intactos. — Por que eu? Deve haver montes de mulheres que
gostariam da sua proteção.
Simon deu de ombros, mas o olhar intenso no rosto dele não tinha nada de casual. — Não faço
a menor ideia. Você é a única mulher que fez com que eu me sentisse assim. — Ele engasgou nas
últimas palavras, obviamente infeliz com a incapacidade de controlar as próprias ações.
Ela balançou a cabeça gentilmente, ainda tentando aceitar o fato de que Simon tentara
protegê-la durante um ano inteiro. Sério, que tipo de homem fazia algo assim? Que bilionário
maravilhoso reservava tempo para verificar a segurança de uma ninguém, uma mulher que era
sempre discreta, uma mulher que nunca deveria ter chamado a atenção dele? Ela não se achava
inferior a ninguém só porque era pobre... mas a realidade era a realidade. Homens do status de
Simon simplesmente não notavam mulheres como ela. Estavam ocupados demais aumentando a
fortuna deles, sendo reis de seus impérios. — Cuidar de mim porque eu era amiga da sua mãe foi
algo muito gentil da sua parte. Mas não pode me proteger para sempre.
Ele se levantou da cadeira devagar e sentou-se gentilmente na cama, virado para ela. — Você
não entende, não é? Eu não sou nem um pouco gentil. — As palavras conflitaram com as ações
quando ele cuidadosamente prendeu um cacho dos cabelos de Kara atrás da orelha, com o dedo
indicador passeando pela testa e acariciando o rosto dela, suave como uma pluma. — Meu
comportamento não foi magnânimo nem altruísta. Eu queria foder você. Acho que esse é um motivo
bastante egoísta. — O tom dele era seco e depreciativo.
Ela reprimiu um sorriso, tentando entender porque ele tinha tanta aversão a ser considerado
gentil. — Se esse era o seu motivo, então por que não fez nada? Podia ter se mostrado, pedido à
sua mãe que nos apresentasse. Acho que é bastante óbvio que eu me sinto atraída por você. —
Muito mais do que atraída.
Ele retirou a mão do rosto dela e afastou o olhar. — Esqueci o seu analgésico. Aposto como
está sentindo dor. — Ele apertou o botão para chamar a enfermeira.
A resposta veio imediatamente do pequeno alto-falante ao lado do botão. — Posso ajudar? —
A voz feminina parecia jovem.
— A srta. Foster precisa de um remédio para dor. — A resposta de Simon foi abrupta. Ele se
levantou ao disparar a ordem.
— Alguém o levará imediatamente — disse a voz sem rosto e a luz vermelha desligou.
A cabeça de Kara girava por causa da dispensa súbita — ou era fuga? — da pergunta que
fizera. Ela inclinou a cabeça para trás para olhar para o rosto dele. Ele a encarava com a
expressão implacável.
Cruzando os braços sobre o peito, ela encontrou o olhar feroz de Simon com um sorriso leve. —
Essa tática não vai mais funcionar comigo — disse ela baixinho.
— Que tática? — resmungou ele, também cruzando os braços em desafio e com a expressão
inescrutável.
— Essa em que eu devo me sentir como a Chapeuzinho Vermelho e você é o Lobo Mau. — Ela
ergueu a sobrancelha, recusando-se a desviar o olhar do rosto mal humorado dele. Simon Hudson
podia resmungar, rosnar e bufar o quanto quisesse, mas ela o conhecia. Em algum lugar sob aquele
exterior dominador, havia uma camada de compaixão e benevolência que ele provavelmente
nunca mostraria ao mundo. Mas ela a vira e reconhecera. Se ele quisesse realmente apenas trepar
com ela, poderia ter se aproximado. Teria economizado um tempo valioso.
Ele se inclinou lentamente, tão devagar que Kara prendeu a respiração, com os olhos escuros
derretidos brilhando com minúsculas chamas e intensamente focalizados nela, fazendo com que ela
sentisse vontade de se encolher. Kara estremeceu, com as ondas de masculinidade intensa que
pulsavam à sua volta fazendo com que o corpo reagisse. Ele aproximou a boca do ouvido dela, o
calor da respiração pesada contra o pescoço e o rosto de Kara. — Não tenha tanta certeza assim
de que não sou o lobo mau, garotinha. Eu devoraria você em um piscar de olhos. — A voz baixa e
ameaçadora causou um arrepio em Kara, mas não de medo. O desejo a atingiu com a força de um
furacão.
A respiração presa escapou em um suspiro trêmulo quando a enfermeira entrou no quarto,
forçando Simon a endireitar o corpo e afastar-se da cama. A mulher eficiente de meia-idade deu
o remédio a Kara e mediu os sinais vitais. Depois de uma rápida avaliação, a mulher perguntou se
Kara precisava de mais alguma coisa e, ao receber uma resposta negativa, foi embora.
— Estou surpresa por não ter um companheiro de quarto — murmurou ela baixinho depois que
a enfermeira saíra. — Esse hospital é geralmente muito cheio. — Ela fizera um estágio lá e,
naquela época do ano, os quartos geralmente eram preenchidos assim que ficavam vagos.
Simon virou a cadeira e sentou-se nela ao contrário, apoiando os braços casualmente sobre o
encosto. Pela primeira vez desde que ela abrira os olhos, ele sorriu.
— Há alguns benefícios em ser um bilionário que, por acaso, é um doador generoso para
instituições médicas. — A cadeira estava perto da cama e os olhos provocantes próximos o
suficiente para que ela os enxergasse na luz fraca.
— Então você pediu um quarto particular porque doou dinheiro? — Os lábios dela se
curvaram, mas ela tentou manter a voz recriminadora.
Ele deu de ombros. — Eu não. Sam cuidou disso enquanto eu tomava um banho. E duvido que
ele tenha pedido.
Ela revirou os olhos, certa de que Sam Hudson raramente pedia alguma coisa. Ele exigia,
esperando que as pessoas atendessem às ordens dele. No entanto, como Simon, Sam tinha um
coração mole sob camadas de gelo.
Os olhos dela ficaram pesados quando o remédio forte começou a fazer efeito. Bocejando, ela
sentiu a mão de Simon pegar a sua e o polegar dele correndo para cima e para baixo na palma.
— Analgésicos. Não estou acostumada com eles — murmurou ela, sentindo-se subitamente exausta.
— Durma. Eu estarei aqui — respondeu ele com voz rouca e preocupada.
— Você deveria ir para casa dormir. Ficou aqui a noite inteira. Eu estou bem.
— Não vou sair daqui até que você possa ir para casa comigo — retrucou ele em tom
inflexível.
— Não vou para casa com você — resmungou ela quando as pálpebras começaram a se
fechar.
— Veremos. Durma agora. — O tom dele era reconfortante e pacífico.
Mas ela não se deixou enganar por um segundo sequer. Ele tentaria atropelá-la mais tarde.
Sem ter forças nem desejo de brigar com ele naquele momento, ela dormiu.

Mais tarde naquela manhã, Simon usou todos os recursos para convencê-la de que ir para casa
com ele era a melhor opção.
Ela recebeu a visita de Maddie, de Helen, de Sam, do médico que a atendia e do policial
Harris, e todos eles insistiram na importância de ficar em um ambiente seguro, citando o
apartamento de Simon como o lugar mais apropriado. Maddie deu o conselho de mau humor,
obviamente não muito feliz com a ideia, mas tentando considerar a melhor opção para a
segurança de Kara.
O quanto será que ele atormentou o policial Harris e o médico para que concordassem que a casa
dele era a mais segura?
Em particular, Simon disse a ela que, se não pretendia ir com ele, seria jogada sobre o ombro
dele e arrastada de volta para o apartamento, chutando e gritando, se necessário.
Não foi a ameaça dele nem o fato de que ela realmente não tinha outro lugar para onde ir
que a convenceu a entrar na Mercedes e deixar que James os levasse ao apartamento. No fim
das contas... foi o olhar exausto, selvagem e frenético nos olhos dele ao fazer a exigência que a
convenceu.
Sinceramente, parecia que ele não dormia havia dias. O rosto estava com a barba por fazer e
tinha marcas pesadas de tensão e cansaço.
Ele está assustado. Preocupado comigo.
Sentindo o peito apertado com ternura, incapaz de deixar que ele continuasse sofrendo por
causa dela, Kara finalmente cedeu e deixou que Simon a levasse para casa.
Ela se preocuparia com a própria dor adicional mais tarde, quando chegasse a hora de partir
novamente. Por enquanto, queria que Simon relaxasse, dormisse e comesse.
Ela não se importou com o medo de se magoar mais tarde. O olhar de desespero no rosto de
Simon a machucou mais do que qualquer dor que pudesse sentir no futuro.
Terei que aguentar, fim de conversa.
Que outra opção ela tinha? Ela poderia assistir a Simon sofrendo ou preocupar-se com a dor
mais tarde.
Ela escolheu a segunda opção e o olhar aliviado no rosto dele valeu cada segundo de dor que
pudesse sofrer no futuro.
lgumas noites depois, Simon rolava na cama imensa, sem conseguir dormir. Ele se deitou de

A costas, frustrado e furioso, olhando para o teto, com os olhos bem abertos quando
deveriam estar fechados recuperando o sono atrasado. Merda! Ele não dormira mais do
que poucas horas por noite desde que Kara o deixara. Agora que ela estava de volta, ele
continuava inquieto.
Eu amo você.
A confissão sussurrada na sala de emergência o assombrava todos os minutos de cada dia.
Será que ela falara sério? Será que estivera falando com ele? Ela estava confusa, desorientada,
mal consciente do que acontecia ao redor. Não havia sinal algum de que ela se lembrasse de ter
dito aquelas palavras, portanto, como ele saberia para quem elas eram? Talvez fosse só um
balbuciar insensato provocado pelos ferimentos. Simon nem mesmo sabia se queria que aquelas
palavras fossem para ele.
Ah, foda-se, eu quero sim.
Resmungando baixinho, ele colocou outro travesseiro sob a cabeça, tentando ignorar o pênis
inchado que pulsava sob os lençóis, criando uma tenda grande embaixo das cobertas. Mas que
merda, será que ele não conseguia nem mesmo pensar em Kara sem que as bolas doessem?
Na verdade, sim, sabia que conseguia. Terrivelmente assustado depois do ataque, o pênis não
fora a preocupação principal. Vê-la com aparência tão frágil, pálida e indefesa em um leito de
hospital quase o destruíra, fazendo com que sentisse dor em outras áreas acima da cintura. Por
vários dias, a principal motivação dele fora protegê-la, mantê-la segura.
Os lábios dele se curvaram em um sorriso quando se lembrou do ataque de fúria dela pelo
fato de ele ter entrado em contato com a universidade, explicando a situação e obtendo
aprovação para a ausência dela durante o resto da semana. Ele achara que estava ajudando,
suavizando as coisas para que ela tivesse tempo de se recuperar. Aquela mulher maluca realmente
achara que voltaria às aulas no dia depois de ser liberada do hospital e ficara furiosa por ele ter
interferido em sua vida. Kara não tinha o menor problema em enfrentá-lo e ele achava a mente
inteligente dela provocante. Talvez, apenas talvez, parte dele gostasse daquilo. Algum dia uma
mulher se opusera a ele, questionara-o, ficara furiosa com ele por um comportamento de que não
gostara? As mulheres na vida dele o usavam, deixavam que ele usasse o corpo delas. Nenhuma
delas se importara o suficiente para brigar com ele por alguma coisa.
Ela está me conquistando. Profundamente.
Ele conseguia sentir as barreiras internas desmoronando e não era uma sensação confortável.
Foder. Pagar. Seguir em frente.
Era assim que ele interagira com as mulheres durante toda a vida adulta, mas Kara estava
mudando aquilo, tentando-o a confiar nela. E, caralho, ele estava tentado a fazer isso. Talvez fosse
extremamente doloroso quando o olhar dela o encarava como se estivesse penetrando a alma
dele, mas saber que ela se importava o suficiente para fazer isso? Isso era intoxicante, enfeitiçador.
Ela não se importava nem um pouco com as cicatrizes, com o dinheiro nem com o status social
elevado dele.
E ela acha que sou sexy o suficiente para derreter geleiras na Antártida.
Sam contara a ele sobre a conversa com Kara, como ela dissera que Simon era o Hudson mais
atraente. Ele e o irmão nunca foram competitivos. Sempre estiveram ocupados demais trabalhando
juntos para sobreviver e, depois, para prosperar. Apesar de gostarem de brigar verbalmente,
Simon amava o irmão. Ferozmente. Sim, Sam era um idiota no que dizia respeito às mulheres, mas
não podia recriminar o irmão por ser assim quando o próprio Simon agia de forma semelhante.
Provavelmente pior. No entanto, ele sentira uma satisfação perversa ao saber que Kara dera uma
surra verbal em Sam durante a conversa com ele na lanchonete antes do ataque.
Eu amo você.
Rangendo os dentes, ele rolou para o lado, socando o travesseiro e tentando achar uma
posição confortável. Ele precisava esquecer, controlar as emoções, parar de querer mais do que
apenas a presença dela. Tinha o conforto de saber que estava segura. Não era o suficiente? Pelo
menos, não enlouqueceria sem saber onde ela estava nem se estava bem.
Um grito feminino e penetrante fez com que Simon saltasse na cama, com os músculos tensos e o
coração batendo depressa.
Kara!
O pânico tomou conta dele por alguns segundos enquanto os gritos ficaram mais altos e mais
intensos.
Os pés atingiram o chão, com o instinto protetor fazendo com que a adrenalina corresse pelas
veias enquanto ele corria pelo corredor escuro até o quarto dela. Ele acendeu a luz sem diminuir o
passo e parou abruptamente ao lado da cama.
Os braços de Kara estavam em volta do corpo em uma atitude protetora e as lágrimas corriam
pelo rosto doce. Com os cabelos desgrenhados e a cabeça abaixada, ela soluçava e esforçava-se
para respirar.
— Querida, o que foi? — Ele se sentou ao lado dela sobre a cama. Os lençóis estavam
retorcidos e bagunçados, como se ela estivesse lutando a terceira guerra mundial sobre o colchão.
— Sonho — sussurrou ela, como se ainda estivesse tentando convencer a si mesma. — Foi só um
sonho.
Ela tremia violentamente. Ele a segurou e colocou-a no colo, puxando o corpo inerte para perto
de si, tentando aquecê-la com o abraço. Com o coração batendo depressa, ele a segurou e
aninhou-lhe a cabeça contra o pescoço.
— Sobre o que estava sonhando? — Ele acariciou os cabelos sedosos, deixando que
deslizassem pela ponta dos dedos, ao respirar fundo, tentando acalmar o coração agitado.
— O ataque. Foi tão real — murmurou ela, estremecendo nos braços dele.
— Acabou. Você está segura. Sempre estará segura. — Bem aqui. Comigo.
Tirando-a do colo, ele tentou se levantar, mas ela apertou os braços em volta do pescoço dele,
segurando-se nele como se a vida dela dependesse disso.
— Não! Por favor! Não vá ainda. — O grito vulnerável dela o atingiu como uma faca.
Ela precisa de mim.
E ele ficaria ao lado dela, que se danassem as inseguranças. — Está tudo bem. Não vou deixar
você sozinha. — Nunca deixarei você sozinha.
Ele não se preocupou em soltar os dedos dela. Virando o corpo, ele a ergueu nos braços e
levantou-se, tentando não notar que ela usava uma camisola rendada de seda cor-de-rosa que
mal cobria o traseiro. Ele reprimiu um gemido ao ajustar o peso dela contra o tórax, com a renda
arranhando-lhe o peito e a seda acariciando-lhe a pele. Ele saiu do quarto, andando pelo
corredor até o próprio quarto, com a coisa mais preciosa do mundo segura em seus braços.

Simon a colocou sobre a cama imensa, com o corpo descendo junto com o dela, pois ela ainda
não soltara o pescoço dele. O pânico de Kara diminuiu lentamente e ela relaxou os braços,
deixando que ele puxasse as cobertas e deitasse atrás dela, encostando o corpo nela e passando
os braços quentes e musculosos em volta de seu corpo de forma protetora. Kara suspirou,
afundando no calor dele, e relaxou a cabeça para que repousasse no ombro de Simon,
desfrutando da segurança do corpo masculino enorme.
— Está bom assim? — perguntou ele em tom suave, soprando de leve os cabelos dela.
— Sim. Desculpe-me por ter acordado você. Voltarei para a minha cama em um minuto. — Ela
não queria voltar. Queria ficar bem onde estava, aquecida e segura nos braços dele. Mas
respeitava o fato de que ele gostava de ter o próprio espaço para dormir.
— Você não vai a lugar algum — resmungou ele perto do ouvido dela.
— Mas você não conseguirá dormir — protestou ela, sentindo-se subitamente egoísta por
desejar ficar.
— Não conseguirei dormir nem um maldito minuto a não ser que você esteja aqui. Não dormi
quase nada em duas semanas. — Os braços dele se apertaram em volta da cintura dela.
Com o corpo colado no dele, ela sentiu uma protrusão dura contra as nádegas. — Você está nu.
— Sim, é assim que eu durmo, querida. Pode ir se acostumando — murmurou ele com a voz
rouca. — Quer me contar sobre o sonho?
Na verdade, o que ela queria era esquecer. Mas ela se virou no círculo dos braços dele,
precisando desesperadamente se entrelaçar com o corpo quente dele. Kara não era uma mulher
pequena e delicada, mas, ao enterrar a cabeça no peito grande e sólido, sentiu-se assim. — Foi só
um sonho sobre o que aconteceu. Só que, no sonho, eles me colocaram dentro do carro. Pretendiam
me estuprar antes de atirar na minha cabeça. Eu lutei, mas eles estavam rasgando as minhas
roupas. Eram muito mais fortes. A única coisa em que eu conseguia pensar era que queria morrer
antes que me estuprassem, mas o que conseguiu fugir estava em cima de mim, enquanto o outro
segurava a arma contra a minha cabeça. — Ela balançou a cabeça, tentando não chorar. Fora só
um sonho. Não acontecera de verdade. — Mas foi tão real. Eu conseguia sentir o cheiro do corpo
deles, via aqueles olhos malignos. Acordei bem na hora em que eles... — A voz dela sumiu em um
sussurro trêmulo.
Simon a embalou, correndo a mão pelas costas dela como se estivesse consolando uma criança
pequena. — Shhh... está tudo bem, querida. Você está segura. Eles não podem mais pegar você.
Com o corpo trêmulo por causa do pesadelo, a única coisa que ela queria era apagar as
lembranças ruins, enterrar-se nas sensações, aproveitar o corpo incrível do homem que a
confortava. O único homem que conseguiria fazê-la se esquecer dos últimos dias, apagá-los com
toques sensuais. — Faça amor comigo, faça com que eu me esqueça — sussurrou ela com voz
sedutora e trêmula.
Ela sentiu o corpo dele ficar tenso ao empurrá-lo gentilmente, fazendo com que ficasse deitado
de costas. Ela passou as mãos pelo peito dele, saboreando os músculos duros e a pele quente. Sem
pressa, traçou cada músculo dos ombros ao abdômen, acariciando o rastro de pelos que levava
da barriga à virilha.
— Merda! Não podemos fazer isso! — rosnou Simon, agarrando as mãos dela com firmeza. —
Não há sensação melhor do que as suas mãos em mim, mas você acabou de sair do hospital.
— Há vários dias. E não estou machucada. Estou bem. Só tenho um corte pequeno na testa. É o
único lugar em que realmente sinto dor. — Ela puxou a mão dele para o calor entre as coxas,
abrindo as pernas. Talvez estivesse pressionando-o demais, implorando demais, mas não se
importou. Precisava ser possuída por Simon, precisava senti-lo dentro dela. — Por favor. — A voz
dela implorou desesperada. Puxando a mão, ela a deslizou para baixo, envolvendo o pênis
entumecido.
— Não! Cristo! Vou gozar se você tocar em mim. — A voz dele era estrangulada ao agarrar a
mão dela e segurá-la contra o peito. A mão entre as coxas de Kara passou pelo elástico da
calcinha minúscula e os dedos deslizaram facilmente entre as dobras saturadas. — Você está
molhada. Tão sexy.
— Porque eu preciso de você. — Ela gemeu quando os dedos grandes a exploraram,
movendo-se sensualmente sobre o clitóris e pela carne macia em volta dele. Um desejo insensato a
devorou inteiramente. Sem pensar, capaz apenas de reagir à necessidade implacável que a
invadia, ela tirou a calcinha, jogando-a longe, e sentou-se em cima dele. Colocando uma mão em
cada lado da cabeça de Simon, ela o beijou.
Em um segundo ela estava sobre ele, cobrindo-lhe os lábios com os seus, pronta para se perder
no poder do toque dele... e, no segundo seguinte, estava deitada de costas. Ele a virara, afastando
a boca.
— Não. Não posso. Não consigo. — A voz dele soava torturada, com o corpo prendendo-a
contra a cama e as mãos agarrando-lhe os pulsos nos lados da cabeça.
A respiração dele estava irregular e pesada. Ela ouviu sons guturais saindo da garganta dele
enquanto Simon tentava respirar.
Balançando a cabeça, começando a emergir da neblina erótica, ela olhou para o corpo imenso
sobre o dela, um homem em tormento óbvio.
Merda. O que eu fiz? Fui longe demais?
A lua iluminava suavemente o quarto, mas não o suficiente para que ela conseguisse ver os
olhos dele... mas não era preciso. O som da voz, a respiração, o corpo trêmulo, a força com que
segurava os pulsos dela indicaram que ela o jogara dentro do próprio pesadelo pessoal.
— Simon. Sou eu. Kara. — Ela puxou os pulsos, mas não conseguiu soltá-los. — Fale comigo.
— Eu sei quem você é. Só não consigo fazer isso. — Com o peito ofegante, ele ficou imóvel.
— Beije-me.
Presa sob o corpo dele, dominada por ele, ela ainda não sabia o que poderia fazer para
acalmar o medo que Simon sentia. Ele não a machucava, mas Kara queria trazê-lo de volta, para
o aqui e agora. Por algum motivo, ela inadvertidamente o magoara, jogara-o em um estado de
pânico.
O coração dela batia depressa e pareceu demorar uma eternidade até que ele finalmente
baixou a cabeça devagar, colocando a boca sobre a dela. Ele a beijou como um homem
desesperado. A língua invadiu-lhe a boca, conquistando, surrando.
O abraço selvagem e dominador dele liberou um instinto primitivo dentro dela, como se o corpo
estivesse respondendo automaticamente ao companheiro. Ela moveu a língua contra a dele,
rendendo-se e deixando que ele fosse o mestre.
— Kara — sussurrou o nome dela ao afastar a boca, enterrando a cabeça em seu pescoço.
— Sim. Só você e eu, Simon. Só nós dois.
— Preciso foder você. — A declaração foi murmurada, com a voz grave vibrando contra o
pescoço dela.
— Então faça isso. Desse jeito. — Alguma coisa sobre ficar em cima dele, estar no controle,
ativara a chave de detonação. Mas o desejo ainda estava lá. Ela conseguia senti-lo, duro e
faminto, pressionando-lhe a coxa.
— Sinto muito, querida. Estava bom demais, mas eu não consegui...
— Não. Não diga nada. Não importa. Só quero você dentro de mim. — Ela abriu as pernas e
puxou os pulsos. — Pode me soltar?
Lentamente, ele soltou-lhe os pulsos ao começar a se mover entre as coxas dela. — Sim. Acho
que sim — respondeu ele em um tom cheio de sofrimento.
O coração dela saltou ao afastar os pulsos das mãos dele, agora apenas ligeiramente
resistentes, e passou os braços em volta dos ombros de Simon. — Só quero abraçar você. Você
está no controle.
— Perto de você, duvido que algum dia eu consiga ter qualquer controle — murmurou ele
baixinho com a voz repleta de resignação relutante.
— Faça amor comigo, Simon. — A voz dela era suplicante, mas Kara não se importou. O medo
e a vulnerabilidade momentâneos dele acabaram com qualquer instinto de autopreservação que
ainda tinha. Ela precisava ajudá-lo a se liberar, destruir o que havia no passado que o mantinha
prisioneiro. Ele era um homem muito bom, muito doce para permanecer preso e incapaz de
avançar.
Sem falar no fato de que amo Simon e eu o quero tão desesperadamente que chega a doer.
Já passara da época de parar de negar, de achar que conseguiria manter Simon a uma
distância emocional. Ela fora covarde, com tanto medo de destruir a si mesma que tentara, de
forma egoísta, negar a conexão totalmente incrível que tinha com ele. E era uma conexão de duas
vias. Ela não era a única que lutava com ela, sem saber ao certo como lidar com a situação. Pelo
amor de Deus... ele a seguira por toda parte, protegera-a por mais de um ano. Literalmente a
arrancara das ruas, dando-lhe tudo com o que uma mulher poderia sonhar, e não apenas
materialmente. Ele a confortara, ficara ao lado dela quando estivera doente. Simon a escutara,
como se as preocupações, as ideias, os sonhos dela fossem importantes para ele. Obviamente, ele
sentia alguma coisa! A pergunta era: será que era a mesma conexão fascinante, encantadora e
impossível de resistir que ela sentia por ele? No caso dela, aquela química incrivelmente mística se
transformara em um amor profundo, evoluindo tão depressa que a deixara totalmente sem fôlego...
e sem qualquer bom senso.
— Toque em mim, querida. Por favor. — A voz dele era irregular, cheia de desejo, mais um
comando desesperado do que um pedido.
Ela moveu as mãos lentamente, acariciando os ombros largos e fortes, tocando cada centímetro
de músculo sólido, saboreando a força que irradiava do corpo enorme. Ela subiu as mãos pela
espinha dele, parando na nuca. Puxando-lhe a cabeça para baixo, ela traçou de leve com os
lábios o pescoço dele enquanto enterrava os dedos nos cabelos escuros. Ela gemeu baixinho
quando a boca sentiu o sangue pulsando no pescoço e o cheiro masculino a invadiu com um calor
carnal. Ela respirou fundo, deixando que a fragrância dele a consumisse e sabendo, pela força
com que o coração batia, que ele estava envolto em uma necessidade erótica semelhante à dela.
Ele gemeu, começando a mexer o corpo enorme, com o membro rígido encontrando um local de
repouso quente entre as coxas dela. O pênis sedoso deslizou pelas dobras macias de Kara,
saturando-se no calor molhado.
Cada nervo do corpo de Kara se incendiou e ela abriu as pernas ainda mais, implorando
silenciosamente a ele que satisfizesse a necessidade violenta que a devorava de forma implacável.
Subitamente, ele recuou, fazendo com que ela gemesse ao ser privada do calor dele.
Agarrando a bainha da camisola curta, ele a puxou sobre a cabeça de Kara, jogando-a no chão
ao lado da cama. — Nada entre nós — grunhiu ele ao se abaixar sobre ela novamente.
Ela prendeu a respiração quando o corpo quente encostou no seu, dos seios à virilha,
saboreando a sensação do contato da pele com a pele.
— Minha. Você é minha. Diga. — A exigência explodiu como se ele não conseguisse se conter.
O Simon dominador voltara com força total e Kara estremeceu. Ele amava o controle e não
tinha nada a ver com o passado. Era simplesmente e completamente... Simon.
A mão dele passeou por entre os corpos, posicionando a cabeça sedosa do pênis contra a
abertura apertada de Kara, começando a penetrá-la muito devagar.
— Diga. — O tom dele ficou mais exigente e possessivo.
Ah, meu Deus, como ela gostava daquela dominação, da força dele. — Sou sua. Preciso de
você.
Ele a recompensou preenchendo-a com uma investida suave, enterrando o pênis completamente
nela. A sensualidade da ação quase a fez atingir o clímax.
— Puta merda, você é tão gostosa. — Ele recuou ligeiramente e enterrou-se novamente,
movendo os quadris, fazendo com que ela tomasse cada centímetro dele. — Não sei se eu sei
como fazer amor. Só sei trepar.
Ela agarrou os ombros dele, tentando encontrar o equilíbrio, a sanidade. — Também não sei se
eu sei. Acho que vamos aprender juntos — disse ela ofegante.
Ela passou as pernas em volta da cintura dele, precisando ficar mais perto. Um som baixo e
engasgado saiu da garganta dele ao recuar e mergulhar nela novamente. E novamente.
Ele abaixou a cabeça, capturando o gemido dela, com a boca buscando e a língua
conquistando. Cada toque da língua dele, cada investida do pênis era uma marca, uma
reivindicação. E ela não podia fazer nada além de se render.
Afastando a boca da dela para que os dois pudessem respirar, os quadris dele continuaram
investindo quando ele grunhiu: — Minha!
Ele mordeu o pescoço dela de leve, fazendo-a estremecer com um desejo primitivo. Kara ergueu
os quadris, encontrando os dele a cada investida, e gemeu quando tirou os dedos dos cabelos de
Simon, deslizando para baixo e colocando-os sobre as costas dele. As unhas curtas se enterraram
na carne quando ele mudou de ângulo, sem diminuir o ritmo ardente e frenético.
Quando ela estava prestes a gritar com uma necessidade frustrada, ele começou a esfregar a
virilha implacavelmente contra a dela com cada penetração profunda, estimulando o clitóris
sensível. Um grito profundo saiu da garganta dela e ele o engoliu, com os gemidos vibrando
dentro da boca de Kara enquanto o canal dela pulsava em volta do pênis sedoso.
Ele ofegou quando a boca passou para o ombro dela. — Não há nada melhor do que sentir
você em volta de mim. — Ele enterrou o pênis profundamente, conectando os corpos com firmeza e
fundindo-os completamente.
Ainda tremendo por causa do clímax explosivo, ela sentiu os músculos dele se retesarem e o
corpo grande estremecer quando ele inundou-lhe o ventre com o calor ardente.
Eu amo você.
Com os olhos úmidos, ela apertou os braços em volta dele, sem querer que ele se afastasse. A
emoção se acumulou dentro dela, lutando para ser libertada. Ela a reprimiu com um soluço alto,
batalhando com a necessidade imensa de dizer as palavras em voz alta.
— Você está bem? — perguntou ele sem fôlego e preocupado.
Simon rolou o corpo e ela sentiu pesar pela perda ao soltá-lo, relutantemente deixando que
deitasse ao seu lado. — Estou bem. — Obviamente, ele achara que estava esmagando-a. Como se
ela fosse uma flor delicada. Ela era mais alta que alguns homens, até mesmo descalça. Simon era o
único que a fazia se sentir realmente pequena.
Ela suspirou quando ele a atraiu com facilidade para os braços, apertando-a firmemente ao
puxar as cobertas sobre os corpos entrelaçados. Ela se aconchegou a ele, repousando a cabeça
em seu ombro e passando um braço sobre o peito enorme. O braço musculoso a puxou para mais
perto, segurando-a com firmeza em volta da cintura.
— Nós fizemos amor — resmungou ele com voz cansada.
Sorrindo de leve com o anúncio mal humorado, ela simplesmente respondeu: — Sim.
Fazer amor não tinha a ver com a mecânica. Tinha a ver com as emoções, apesar de ela ter
que admitir que ele era incrível na parte mecânica do ato. Não importava como eles se tocaram ou
a forma como gozaram juntos. Foram a emoção e a intensidade da experiência que a
emocionaram. A verdade era que o sexo naquela noite não fora diferente de nada do que
acontecera entre eles antes. Fora tão explosivo, tão emocionante e tão incrível. O homem sacudia o
mundo inteiro dela todas as vezes. E nunca era indiferente nem isolado. Eles fizeram amor de forma
selvagem, apaixonada e intensa todas as vezes. Pelo menos, fora assim para ela.
Eu queria que ele conseguisse confiar em mim.
A cadência profunda e regular da respiração dele indicou que Simon pegara no sono.
Pequenos passos.
Simon não dormia ao lado de ninguém, não se permitia ficar na mesma cama com outra pessoa
enquanto estava vulnerável. O fato de estar dormindo com Kara encostada nele era mais do que
um pequeno passo, era um passo imenso.
Mexendo-se para ficar em uma posição mais confortável, o coração dela saltou quando ele
resmungou um protesto incoerente e puxou-a novamente para perto.
Sim. Eles teriam que conversar no dia seguinte sobre os problemas que ele tinha em confiar. Ela
precisava saber de alguma coisa sobre o que acontecera com ele, por que reagira daquela forma
mais cedo. Não era possível combater um fantasma que ela não conseguia enxergar nem entender.
Nunca mais ela queria ver Simon em pânico, perdido em um medo desconhecido. A
vulnerabilidade dele quase partira o coração dela.
Um instinto protetor feroz a invadiu quando os olhos se fecharam, completamente exausta.
Ele tentará se desviar e ser evasivo. Não vai querer conversar sobre o assunto.
Se ele não estivesse pronto... bem... ela esperaria até que ele confiasse nela o suficiente para
conversar.
Satisfeita com o fato de que as coisas se resolveriam, ela bocejou contra o ombro de Simon até
que a respiração dela entrou no mesmo ritmo que a dele, profunda e regular, e Kara caiu em um
sono contente e sem sonhos.
rês dias depois, Simon rabiscou a assinatura no último documento de uma pilha quilométrica

T que a secretária deixara sobre a mesa mais cedo naquela manhã. Jogando a caneta de
ouro no topo da pilha com mais força do que o necessário, Simon se reclinou na enorme
cadeira de couro com um suspiro frustrado, imaginando quanto tempo mais aguentaria a tensão
entre ele e Kara.
Sem sexo. Sem tocar. Sem acordar pela manhã com o corpo delicioso dela enrolado no meu como
um cobertor sedoso.
Meu Deus, aquela manhã três dias antes começara como a melhor manhã da vida dele.
Infelizmente, o que acontecera no café da manhã também a classificava como uma das piores.
Ela quisera conversar sobre a noite anterior.
Ele não.
Ah, ele estivera muito disposto a conversar sobre o que acontecera depois de entrar em pânico
e repeti-lo. Mas sobre o ataque de pânico propriamente dito... não exatamente.
Passando a mão pelos cabelos, ele tentou relaxar o corpo, admitindo para si mesmo que a
distância entre os dois não era, na verdade, culpa dela. Muito. Ela aceitara graciosamente a falta
de vontade dele de conversar, abrindo um sorriso doce e dizendo que esperaria até que estivesse
pronto. Mas então... quando pensou que ela talvez estivesse velha e grisalha quando ele quisesse
discutir o assunto... ela soltara a bomba.
Não posso fazer amor com você, Simon. Não até que confie em mim o suficiente para me contar o
que aconteceu. Simplesmente não posso.
Depois de virar o mundo dele de cabeça para baixo com aquele comentário, ela lhe dera um
beijo na testa, como se ele fosse uma criança, desejara-lhe um bom dia e saíra porta afora. E
fizera tudo aquilo com um sorriso. Mas. Que. Merda.
Ela não fora uma cretina, não erguera a voz nem tivera um ataque. Merda, ele preferia que
tivesse feito isso. Talvez ele conseguisse reunir muito mais raiva dela para ajudá-lo a passar pelo
tormento atual.
A única coisa que realmente o deixava furioso era o fato de que ele confiava nela. Só não
queria conversar sobre aquilo.
— Você parece que está prestes a participar da própria execução. Qual é o problema,
maninho? Está se cansando de Kara? Porque, se estiver, eu ficarei feliz...
— Se tocar nela, você morrerá. — Com os punhos cerrados sobre a mesa, Simon se inclinou
para a frente, com a ameaça de fratricídio no rosto, ao observar o irmão atravessar o escritório.
— Você não sabe bater na porta? — Ele sabia que Sam o estava alfinetando sobre Kara,
tentando fazer com que perdesse o controle. Na verdade, o irmão nunca mais chegaria perto dela
novamente. Sam deixara aquilo perfeitamente claro para Simon ao pedir desculpas pelo
comportamento na festa. No entanto, isso não impedia que Sam tentasse irritá-lo profundamente.
Sam abriu um sorriso arrogante ao se sentar em uma cadeira em frente à mesa de Simon. —
Por que eu deveria? Sou dono da empresa.
Simon decidiu que a única coisa pior do que dividir a Hudson com Sam era o fato de que os
dois tinham escritórios no mesmo andar. — Da última vez que olhei, eu também era — retrucou ele,
sem vontade de aguentar a implicância do irmão mais velho.
— Sou mais velho. Isso me dá superioridade. — Sam colocou os pés com sapatos italianos de
couro sobre a mesa de Simon.
Simon esperou, observando o irmão relaxar na cadeira. Mas que imbecil. Inclinando-se para a
frente, Simon avançou o braço musculoso sobre a mesa, jogando os pés de Sam no ar. — Tire os
malditos pés da minha mesa!
Sério, havia alguma coisa mais divertida do que assistir a um homem usando uma roupa de grife
imaculada sacudindo os braços como um bebê, tentando se equilibrar antes que a cadeira virasse?
Simon não conseguiu pensar em nada. Não quando era Sam sacudindo os braços enquanto a
cadeira se inclinava. A única coisa que teria deixado a situação melhor ainda seria se o irmão
tivesse realmente caído.
Os pés de Sam conseguiram se apoiar no chão. Ele olhou friamente para Simon ao abrir os
botões do casaco feito sob medida e inclinar-se para a frente, repousando os cotovelos nos joelhos.
— Isso era realmente necessário?
Foi a vez de Simon sorrir de forma maligna. — Achei que sim.
— Não é culpa minha se você cometeu o erro de se apaixonar e agora está sofrendo. Ora,
achei que você estaria feliz, agora que ela está morando na sua casa de novo. — Sam se reclinou
e entrelaçou os dedos sobre o abdômen, com uma expressão sombria.
Simon levantou a cabeça abruptamente. — Quem disse que estou apaixonado por ela?
Revirando os olhos, Sam respondeu: — Você não precisava dizer nem uma palavra. Acho que
descobri isso quando fiquei praticamente cego de tão inchado depois de você me dar uma surra
por ter encostado nela.
— Isso não quer dizer que eu a amo — resmungou Simon. — E não foi porque você encostou
nela. Foi a intenção.
— Quando foi a última vez que você bateu em mim porque encostei em uma mulher?
— Nunca.
— Exatamente.
Simon suspirou. — Kara e eu tivemos um pequeno desentendimento. — Ok, para ele, era mais
do que pequeno, mas não disse isso ao irmão.
— Sobre?
— Kara quer que eu confie nela. Que conte a ela sobre o incidente que me deixou cheio de
cicatrizes. — A voz de Simon ficou rouca. — Ela acha que ainda tenho... — ele hesitou antes de
dizer: — ... problemas.
Estreitando os olhos, Sam perguntou: — E você tem? Ainda tem problemas?
— Não! Claro que não! Pelo amor de Deus, aquilo aconteceu há dezesseis anos — respondeu
Simon depressa. Depressa demais e de forma defensiva demais.
— O tempo não necessariamente faz com que tudo desapareça, Simon — respondeu Sam
pensativo. —Talvez você deva simplesmente contar a ela. Talvez precise fazer isso. O seu silêncio
vale perdê-la? Ela obviamente o ama e, queira admitir ou não, você também a ama. Acho que só
precisa decidir se ela vale a pena. — Sam se inclinou para a frente, encarando Simon com um
olhar penetrante. — Não estrague tudo. Você se arrependerá pelo resto da vida se fizer isso.
Dor? Arrependimento? Pesar? Por um breve momento, Simon conseguiu ver cada uma daquelas
emoções refletidas nos olhos do irmão. Quando ele respirou fundo e abriu a boca para perguntar
ao irmão mais velho sobre elas, a expressão de Sam se tornara indiferente e apática. Simon
fechou a boca, reconhecendo o olhar no rosto de Sam, o sinal inequívoco de que o irmão não
queria falar sobre o assunto.
— Ela não está sendo nada razoável — resmungou Simon, voltando a atenção para o
problema atual. Ele não forçaria Sam a dividir a dor se o irmão não queria fazê-lo.
— Admita. Você a ama. — Sam cruzou os braços e lançou um olhar conhecedor a Simon.
— Ela é teimosa.
— Você a ama.
— Eu confio ela. Conto todo o resto para ela.
— Você a ama.
— Que merda! — Simon bateu com o punho na mesa com tanta força que o carvalho sólido
estremeceu. — Ela me deixa louco. Ela me faz feliz. Eu a acho tão linda que queria ficar
simplesmente sentado, observando-a por horas. Em um minuto, estou perfeitamente são. E, no minuto
seguinte, perco totalmente o controle. Ela não dá a mínima para o fato de que sou rico e acho que
a mulher é cega, porque juro que ela nem nota as minhas cicatrizes. A forma como ela me olha de
vez em quando faz com que eu me sinta com três metros de altura. E ela está olhando para mim.
Não para o bilionário, não para o executivo rico. Só o homem. Ela consegue ser tão teimosa como
uma maldita mula, mas eu até gosto disso porque ela é determinada. Inteligente. Gentil. E ela me
aguenta, ela me aceita exatamente como sou. — Sem fôlego com o discurso, Simon respirou fundo.
Ele caiu para a frente, tendo despejado toda a raiva. — Portanto, sim. Se esses sentimentos
selvagens, lunáticos, possessivos que sinto por ela a cada minuto do dia forem amor... estou fodido.
Não consigo imaginar a vida sem ela. — Com a voz tremendo de emoção, ele olhou para o irmão
mais velho com expressão torturada.
— Então não faça isso — respondeu Sam simplesmente, erguendo a sobrancelha e encontrando
o olhar interrogativo de Simon. — Nós construímos esta empresa juntos. Começamos em um
apartamento vagabundo de um quarto, mano. Agora somos muito mais ricos do que jamais
sonhamos e uma empresa importante no mundo inteiro. Se conseguiu conquistar isso, vai conseguir
lidar com ela. — A voz de Sam passou de séria para implicante ao acrescentar: — Tire a cabeça
do rabo e resolva o problema.
Os lábios de Simon se curvaram em um sorriso leve. Ele não ouvira Sam dizer aquelas palavras
em anos. Fora uma frase frequente na época em que ainda estavam construindo a Hudson. Se um
deles encontrava um obstáculo nos negócios, o outro dava um chute em seu traseiro com aquelas
palavras. Elas se tornaram o mantra deles, mas não foram necessárias durante muito tempo. Eles
tinham muitos funcionários a quem pagavam muito bem para solucionar os problemas antes mesmo
que chegassem a Sam ou a ele. — Algumas vezes, acho que eu preferiria reconstruir a empresa
do zero a ter que lidar com isso.
Sam deu de ombros. — Negócios são negócios. Nem sempre é fácil, mas o resultado é
razoavelmente previsível. Relacionamentos são complicados. Você não tem dados, não tem
estatísticas. Nada para justificar dar o salto, exceto as emoções. — Sam estremeceu, como se a
ideia de saltar em um relacionamento sério fosse semelhante a uma tortura.
— Então por que diabos está me dizendo para fazer isso? — Simon lançou um olhar irritado ao
irmão.
— Você precisa dela. — Sam se levantou abruptamente e abotoou o casaco. — Mas, se algum
dia decidir que não a quer...
— Não comece! — rosnou Simon, mas sem qualquer veneno. Se havia uma coisa que percebera
naquele dia, era o fato de que o irmão tinha os próprios segredos, uma mulher no passado —
muito provavelmente Maddie, a julgar pela reação estranha de Sam à ruiva cheia de curvas —
que ainda o assombravam. Ele suspeitava que, fosse quem fosse, ela era o motivo pelo qual Sam
passava de uma mulher para outra tão depressa e tão sem emoções. Sam tentava encher um
vazio, tentava esquecer. Simon balançou a cabeça, sabendo que o irmão mais velho era inteligente
o suficiente para descobrir, em algum momento, que aquilo simplesmente não funcionaria. Quando
um homem era conquistado por uma mulher, ela não desaparecia. O mundo inteiro de Simon agora
girava em torno de Kara e nenhuma outra mulher conseguiria substituí-la, conseguiria preencher o
vácuo escuro e imenso que ela deixaria dentro dele se algum dia fosse embora.
O sorriso charmoso de Sam voltara. — Você me ama. Sabe disso.
— Agora não — respondeu Simon automaticamente.
Sam andou até a porta, sem um fio de cabelo fora do lugar, a roupa e a gravata
perfeitamente alinhadas. Ninguém nunca saberia que ele acabara de assistir ao irmão mais novo
praticamente tendo um colapso nervoso diante de seus olhos.
Sam colocou a mão na maçaneta. Antes que saísse, Simon o chamou com voz rouca. — Sam?
Sam se virou com uma expressão interrogativa. — Sim?
— Obrigado por me escutar.
O olhar que eles trocaram disse muito. Simon queria dizer ao irmão o quanto gostava dele, mas
havia um nó na garganta. Eles brigavam, como irmãos frequentemente faziam, mas Sam sacrificara
muito por Simon e pela mãe. Trabalhara enlouquecidamente por todos aqueles anos.
— Ninguém merece a felicidade tanto quanto você, mano. Está ao seu alcance. Pegue-a —
respondeu Sam, com a voz exprimindo todo o apoio fraternal. Em seguida, ele saiu sem dizer mais
uma palavra.
Soltando um suspiro trêmulo, Simon se levantou e pegou a maleta, olhando em volta para o
escritório executivo. Além da mesa e da cadeira, tudo o mais tinha uma decoração da qual ele não
gostava muito. Como diabos aquilo acontecera?
O escritório fora montado anos antes, mas ele nunca notara de verdade, nunca se importara.
Talvez porque você tenha dito à decoradora para fazer o que quisesse.
Sim, fora exatamente isso que ele fizera anos antes. Não se importara nem um pouco com a
decoração que ela escolhera. Ele ia para o trabalho, cuidava dos negócios e voltava para o
apartamento para que pudesse se enterrar imediatamente no laboratório. Talvez resmungasse um
cumprimento à secretária e à assistente pessoal quando chegava e saía do prédio todas as
manhãs. Ou talvez não. Ele estava normalmente tão concentrado no trabalho, tão envolto por
aquela bolha, que nem mesmo se lembrava.
Ele puxou o nó da gravata cara para afrouxá-la e abriu o botão de cima da camisa. Nossa,
como ele odiava usar terno.
Cuidado com a gravata. É uma das favoritas de Kara.
Na verdade, talvez aquilo não fosse verdade. Ele não sabia bem ao certo se ela tinha uma
favorita. Todas as manhãs, ela lhe dizia como estava bonito quando chegava na cozinha, vestido
para trabalhar com terno e gravata. Mas, na primeira vez em que ela lhe dissera aquilo, ele usava
aquela gravata. Desde aquele dia, ele se via procurando aquela gravata em particular para usá-
la com bastante frequência para trabalhar.
Ele bufou de leve ao caminhar até a porta do escritório, com os passos silenciosos no carpete
alto. Cristo, ele estava enfiado naquilo até o pescoço.
Quando começara a se importar com a gravata que usava, como era a decoração do
escritório, se era ou não cordial com os funcionários todos os dias?
Decididamente estava na hora de ir para casa.
Casa. Kara me faz pensar no apartamento como lar. A risada dela. A voz dela. O cheiro dela. A
própria presença dela o transforma em lar, não apenas em um lugar para onde vou quando saio do
escritório.
Ele saiu do escritório, deixando que a porta se fechasse suavemente atrás de si. Simon olhou
para a mesa de Nina, parando abruptamente em frente a ela.
— Precisa de alguma coisa, chefe? — O tom era profissional, mas ela tinha um sorriso sincero
no rosto.
Ele olhou para a parte de cima de um buquê de rosas imenso sobre a mesa dela, franzindo a
testa para a assistente grisalha. Ele se esquecera do aniversário dela? Não. Não, não esquecera.
O aniversário de Nina era em setembro. E a secretária, Marcie, sempre o lembrava dele. —
Bonitas flores. Qual é a ocasião? — perguntou ele curioso.
Nina lhe lançou um olhar confuso, estudando-o por cima dos óculos de leitura. — Chefe, hoje é
quatorze de fevereiro. Dia dos namorados. Você sabe... corações, flores, romance. — O sorriso
dela se alargou. — O meu Ralph me manda duas dúzias de rosas vermelhas todos os anos, há
trinta e sete anos. — Ela suspirou. — Ele ainda é tão romântico. — A voz dela vibrou com afeição
e adoração.
Dia dos namorados? Sim, ele sabia da existência do dia. Só nunca prestara atenção nele no
decorrer dos anos. Era somente mais um dia, um período de vinte e quatro horas, em que ele via
muitos cupidos e corações vermelhos quando prestava atenção, o que não acontecia com
frequência.
Ele olhou rapidamente para a secretária loira, cuja mesa ficava perto da de Nina. — Onde
estão as suas flores?
Marcie fez uma pausa, virando a cabeça para ele e afastando o olhar do computador onde
estivera digitando diligentemente antes de ouvir a pergunta. — Ainda não recebi. Meu marido me
entregará antes de sairmos para jantar. Ele sempre faz isso.
— Ahm... isso é normal? Jantar? Flores? — Ele olhou novamente para Nina com uma careta. Que
merda, ele não planejara nada para Kara. Ela merecia romance, corações, flores e tudo o mais
que um homem poderia fazer por uma mulher em um dia para os amantes.
— Depende. A maioria dos casais tem as próprias tradições — respondeu a assistente com uma
interrogação nos olhos. — Você está bem?
Mas que merda. Ele não sabia o que fazer e odiava aquela sensação. O que mais era
tradicional? O que mais deixaria uma mulher feliz, o que mais a faria se sentir especial? Será que
Kara recebera flores do ex-namorado? Será que ele a levara para jantar?
Colocando a maleta no chão, ele tentou reprimir o ciúme e a possessividade que começavam a
surgir dentro dele. Não importava o que algum idiota fizera por ela no passado... Simon estava
determinado a fazer algo melhor. Ela era a mulher dele agora. Para proteger. Para cuidar. Ele
queria tornar o dia dos namorados dela tão memorável que ela só conseguiria pensar nele
daquele dia em diante. Exceto que não fazia a menor ideia de como atingir aquele objetivo.
Ele se inclinou sobre as flores de Nina e disse em voz baixa e hesitante: — Kara.
Nina sorriu. — Ela é uma joia, chefe. Uma jovem maravilhosa.
Somente uma mulher poderia fazê-lo dizer três palavras que ele nunca achou que sairiam de
sua boca. — Eu preciso de ajuda. — Na realidade, em se tratando de Kara, as palavras não
eram tão difíceis assim. — Não sei bem o que fazer. Pode me ajudar, Nina?
A assistente saltou da cadeira com um entusiasmo e uma velocidade que não deviam ser
normais para a idade dela, acenando vigorosamente para que Marcie se juntasse a ela. As duas o
rodearam, bombardeando-o com perguntas.
Ele devia ter se sentido constrangido, mas, estranhamente, isso não aconteceu. Simon Hudson,
bilionário e co-proprietário de uma das maiores empresas do mundo, cochichando com duas
funcionárias, ouvindo atentamente cada palavra delas, cada conselho que deram.
Sam passou por eles, sorrindo ao caminhar em direção ao elevador, obviamente conseguindo
ouvir parte da conversa, apesar de estarem falando em voz baixa e conspiradora.
Simon mostrou o dedo médio para o irmão quando viu a expressão zombeteira de Sam, mal
tirando os olhos das mulheres à frente dele que pareciam saber as respostas para todos os
mistérios das mulheres. Naquele momento, para ele, elas eram deusas.
Ele ignorou completamente a risada de Sam quando o irmão se afastou. O filho da puta. Simon
mal podia esperar o dia em que o irmão mais velho precisasse de conselhos.
Voltando a atenção para Nina e Marcie, ele ouviu e aprendeu.
ara soltou um suspiro alto e desalentado ao afundar na banheira de Simon, com a água

K quente e as bolhas cobrindo praticamente o corpo inteiro, deixando apenas a cabeça acima
da linha da água. Ele dissera que ela poderia usar a banheira no banheiro principal
sempre que quisesse, mas ela nunca aceitara a oferta. Tinha uma banheira perfeitamente
maravilhosa e um chuveiro no banheiro do próprio quarto, mas não eram tão sofisticados quanto os
do banheiro dele.
Admita. Não é o tamanho da banheira. Foi o fato de ser dele que a fez vir até aqui.
Franzindo a testa, ela pegou uma esponja grande na beirada da banheira e começou a
esfregar os braços com força suficiente para deixar a pele ardendo. Mas que merda. Ela não
queria admitir que sentia falta de Simon de forma tão desesperada que queria usar a banheira
que ele usava, respirar o cheiro dele que pairava naquele banheiro.
Recusar-se a fazer sexo com ele foi uma ideia brilhante sua.
Sim, fora. Mas ela estava seriamente reconsiderando aquela decisão. Parecera a coisa certa a
fazer no momento. Ela queria ficar com Simon, sentindo-se segura sabendo que ele confiava
totalmente nela. Não saber o que acontecera com ele poderia fazer com que ela cometesse outros
erros, que o magoasse sem querer. Ela não conseguia aguentar aquilo. Esperara que ele se abrisse
e contasse a ela sobre o trauma, deixando-a ajudá-lo a superar.
Mas estivera completamente errada.
Ele se distanciara, acabara afastando-se em vez de dividir o tormento interno. Simon não a
tocara nem a beijara desde que ela dissera que não podia fazer amor com ele a não ser que lhe
contasse sobre o incidente. O que diabos acontecera com ele? Ela o pressionara demais, depressa
demais? Teria sido melhor aceitar apenas o que ele estava disposto a oferecer?
Eu poderia deixar que ele me amarrasse na cama e trepasse comigo do jeito como quisesse. Assim,
eu não o magoaria sem querer.
Ela resmungou quando parou de esfregar os braços e ergueu a perna acima da água,
repousando-a na beirada da banheira. Meu Deus, a ideia era tentadora. Talvez fosse uma mulher
independente, mas adorava a dominação sexual dele, o ataque completo que ele fazia em seus
sentidos. Por algum motivo estranho, aquilo a deixava extremamente excitada e ele exercitava seu
lado alfa todas as vezes em que a tocava. Combinado com a doçura e as vulnerabilidades que de
vez em quando vinham à tona, era uma atração impossível de resistir que a arrastava em direção
a ele como uma mariposa a uma chama.
Simon fazia com que se sentisse linda.
Fazia com que se sentisse segura.
Cristo... ela adorava aquele macho primitivo, protetor e possessivo que tinha um coração de
ouro.
Erguendo a perna, ela passou a esponja pelo tornozelo, subindo lentamente em direção ao
joelho e pela coxa. Imagens surgiram-lhe na mente, fazendo com que a carne sensível entre as
pernas pulsasse com desejo e fazendo com que o coração desse um salto.
Presa à cama de Simon, à mercê dele, devorando-a com a boca.
No sofá, com os pulsos presos enquanto ele virava o mundo dela de pernas para o ar.
No elevador, abrindo-se para ele, sendo penetrada selvagemente até gritar.
Três noites antes, segurando-o quando ele a fez desmoronar.
Ah, que merda, ele era cada fantasia erótica transformada em realidade, em cores incríveis e
gloriosas, e não havia uma coisa sequer que ela não amasse nele.
Uma lágrima solitária desceu-lhe pelo rosto quando ela começou a passar a esponja na outra
perna.
Três dias. Só fazia três dias e ela já estava desesperada. A ânsia solitária que sentia por ele já
a estava pulverizando, engolindo-a completamente. Ele não era só a fantasia erótica dela, era a
fantasia completa. O maldito pacote inteiro. Ela nunca encontrara um homem como ele e
provavelmente nunca mais encontraria.
Ele era doce, apesar de negar.
Ele era gentil, apesar de negar isso também.
Terno.
Compassivo.
Um gênio, um homem com quem ela aprendia alguma coisa todos os dias, apesar de
decididamente saber que ele também se desvencilharia disso.
Como também era humilde, Simon Hudson nunca se via como uma pessoa especial. Mas ela o via
como ele era: um homem a agarrar e não soltar nunca mais.
Uma segunda lágrima desceu-lhe pelo rosto quando sentiu um aperto no coração.
Ela não queria voltar à vida antes de Simon. E não porque ela se incomodava com o fato de
ser pobre. Ela sempre vivera na pobreza e nunca planejara ser nada além de confortável. Segura.
O dinheiro não comprava a felicidade e ter coisas materiais nunca chegaria perto de competir com
ter amor, ter aquela pessoa especial que a fazia se sentir completa. De que adiantavam bens e
dinheiro se uma pessoa não estava emocionalmente satisfeita, feliz com as realizações, não
importava se eram grandes ou pequenas?
Eu me sentiria exatamente da mesma forma sobre Simon mesmo se ele não fosse rico. Desde que
fosse feliz.
Simon era inteligente demais, ambicioso demais para não ser bem-sucedido. Mas havia
momentos em que ela desejava que ele não fosse tão rico, não trabalhasse tanto. Mas a
inteligência e motivação para criar os melhores produtos eram partes dele que ela amava. Ela
aceitava o pacote inteiro, adorava o conjunto sexy, masculino e peculiar de testosterona que o
transformava em algo único: Simon.
Sentando-se no degrau alto que havia dentro da banheira, ela fechou os olhos ao correr
lentamente a esponja pelo abdômen, deixando que imagens de Simon tomassem conta de sua
mente, com o cheiro elusivo dele assaltando cada um dos sentidos.
Kara mordeu o lábio quando a esponja ligeiramente áspera deslizou sobre os seios,
provocando os mamilos duros e inchados. Ela imaginou Simon mordendo-os gentilmente, passando a
língua sobre eles de leve. Os pensamentos eróticos e a excitação fizeram com que se soltasse.
Cedendo às exigências latejantes do corpo, ela abriu as pernas e deixou que a outra mão
deslizasse pela coxa escorregadia, começando uma indulgência decadente, uma fantasia.
Se não podia estar com Simon na vida real, pelo menos estaria com ele na mente.

Kara não tem motivo para ficar.


As entranhas de Simon se contraíram quando ele bateu na porta do quarto de Kara, esperando
que ela respondesse. Hoffman telefonara menos de uma hora antes, informando que a polícia
prendera o segundo agressor, o outro imbecil que tentara sequestrar Kara.
Praguejando baixinho, ele abriu a porta, encontrando o quarto vazio. Ele suspirou aliviado ao
notar o celular e a mochila dela sobre a cama. Ela estava em casa, em algum lugar do
apartamento. Nunca saía de casa sem a mochila.
Será que ela sabia? O policial Harris tinha telefonado para ela? Sabendo bem que não devia
fazer aquilo, ele pegou o celular dela, verificando as chamadas perdidas. Só havia uma recente,
que acontecera trinta minutos antes, e era de Harris. Havia uma mensagem de voz, mas ele achou
que escutar as mensagens dela seria passar dos limites. Já sabia qual era o teor da mensagem.
Ela estava segura. Os homens que a atacaram estavam presos.
E o motivo para ela estar lá, na casa dele... desaparecera.
Ele precisava contar a ela. Talvez fosse um idiota egoísta, mas não podia deixar que Kara
passasse mais um minuto com medo de que havia alguém à solta tentando matá-la.
Até onde sabia, ela não tivera nenhum outro pesadelo. Deus sabia que ele ficava escutando
atento todas as noites, deixando a porta do quarto aberta caso ela precisasse dele. Ela não
precisara.
Largando o telefone novamente sobre a cama, ele puxou a gravata, desfazendo
completamente o nó e deixando o material pendurado no pescoço. Ele deixara o casaco na
cozinha alguns minutos antes quando chegara em casa. A incerteza o invadiu como uma nuvem
escura ao sair do quarto de Kara. Será que ela ficaria apesar de a ameaça imediata não existir
mais? E, se quisesse ir embora, como ele conseguiria deixá-la ir?
Não vai acontecer, caralho. Ela é minha!
Rangendo os dentes, com as emoções saltando entre determinação e medo, ele foi procurá-la.
Provavelmente estava no laboratório. Ele abriu um sorriso de leve, imaginando se ela insistiria para
que ele lhe desse dicas enquanto jogava Myth World II. Ela jogava apenas o jogo dele,
declarando que os outros jogos não eram tão desafiadores, alternadamente elogiando-o por ser
um gênio e pedindo dicas. Ele sabia que ela não queria que lhe dissesse nada nem que estragasse
o desafio do jogo. Ora, se Kara quisesse realmente saber, bastava virar aqueles olhos azuis
maravilhosos em sua direção com um olhar inquisidor que Simon teria despejado cada segredo que
ela desejasse e provavelmente alguns sobre os quais nem pensara ainda.
Ele verificou o laboratório, mas ela não estava lá. Devia estar na academia. Hesitando ao se
virar, ele começou a desabotoar a camisa, indo em direção ao quarto. Queria tirar aquele traje
irritante, vestir roupas de exercício e exercitar-se até que o corpo relaxasse. Ele não sabia como
conseguiria relaxar quando visse Kara com as roupas justas de exercício, mas queria tanto estar
com ela que doía.
Simon não a culparia se ela desse meia volta e saísse no instante em que ele entrasse no
aposento, mas esperava que não fizesse isso. Sinceramente, ele mereceria. Os três dias anteriores
foram tensos e ele fora um completo idiota, respondendo às perguntas animadas dela com
monossílabos, respostas atravessadas, praticamente ignorando-a quando estavam no mesmo
aposento. Lentamente, ela se tornara tão retraída quanto ele, falando apenas quando precisavam
se comunicar. Ainda amigável, mas distante.
Ao percorrer o corredor em direção ao quarto, ele prometeu a si mesmo que resolveria esse
problema. Não aguentava mais. Sam estava certo, pela primeira vez! Ele precisava de Kara e
senti-la se afastar cada vez mais dele era como cortar um braço fora. Que merda! Era mais como
cortar o coração fora com uma faca cega.
Tirando a gravata do pescoço, ele a largou sobre a cama e terminou de desabotoar a camisa.
Acabara de pegá-las para colocá-las no cesto de roupas sujas quando a ouviu.
Com o coração batendo com força, ele inclinou a cabeça para escutar. Ele ouviu um
choramingar, um gemido feminino e depois... o nome dele.
— Simon.
A ânsia engasgada e urgente na voz rouca e sedutora fez com que um arrepio lhe percorresse
o corpo. As roupas que tinha na mão caíram no chão sem serem notadas. Ele se moveu na direção
dos sons, parando na porta do banheiro. Nada no mundo o faria se afastar daquela porta. Ela
estava encostada, mas não fechada. Em um transe, ele a empurrou devagar, sendo recebido pelo
vapor ao dar um passo silencioso à frente e abrir a porta totalmente.
Puta merda!
O coração dele deu um salto e ele prendeu a respiração quando os olhos famintos desceram
sobre Kara. Ela estava sentada no degrau da banheira, acima do mar de bolhas, com a água
lambendo-lhe os tornozelos, acariciando as coxas, perdida em um êxtase erótico. As pernas
estavam bem abertas, expondo a carne brilhante entre as coxas que o deixou com água na boca.
Com a cabeça jogada para trás e os olhos fechados, ela não o viu observando-a, hipnotizado
pela mão que estava entre as pernas. Os seios fartos balançavam enquanto os quadris subiam e
desciam na água, no mesmo ritmo dos dedos que se moviam furiosamente sobre o clitóris.
Ele lutou para respirar, com o pênis duro o suficiente para quebrar um diamante. Reprimindo um
gemido, ele sabia que deveria dar a ela um pouco de privacidade, mas simplesmente não podia.
Não era possível. A única coisa que o afastaria de uma das coisas mais belas e eróticas que já
vira seria o fim do mundo.
— Simon.
Ela fantasiava sobre ele. Imaginava ele. Simon queria desesperadamente saber o que ele fazia
na imaginação dela. Provavelmente, era exatamente a mesma coisa que queria estar fazendo
naquele minuto. Queria enterrar a cabeça entre aquelas coxas sedosas, foder aquela boceta apertada
com os dedos enquanto acariciava o clitóris com a boca e a língua.
Ele tirou a calça e a cueca, sem tirar os olhos do corpo tenso dela, e largou-as silenciosamente
no chão, dando um passo para o lado. Parte dele queria se aproximar, adorar aquela carne
rosada, inchada e suplicante entre as coxas de Kara, dar um pouco de atenção àqueles mamilos
duros. Mas não conseguiu se mexer. Ele ficou arrebatado pela excitação dela, uma visão tão carnal
que o fez envolver o pênis enrijecido com a mão e aproximar-se da banheira.
Um gemido baixo e rouco que ele não conseguiu reprimir a sobressaltou. Ela ergueu a cabeça,
com os olhos cheios de lascívia e desejo.
— Não pare. Por favor. Preciso ver você gozar. — A voz dele era rouca, cheia de desejo e
ânsia.
Ela parou de mover a mão, mas deixou-a onde estava. — Eu sinto muito, Simon. Eu...
— Continue até gozar, Kara. Continue. Pense em mim. Não há nada que eu queira mais neste
mundo do que ver você dar prazer a si mesma. É lindo. — Ela não sabia como estava linda, com a
pele rosada, cheia de desejo e abandono.
Os olhos dela passearam pelo corpo dele, hesitantes, parando no pênis que Simon segurava
firmemente. — Não. Você é lindo, Simon. O homem mais lindo que eu já vi.
Ele não achou ser possível ficar mais excitado. Mas a voz baixa dela, que parecia dizer “venha
me foder”, quase o fez gozar, o fato de que ela o queria quase fez com que Simon perdesse o
controle.
Os olhares se encontraram, uma linha invisível mantendo-os concentrados um no outro. Simon
gemeu quando a mão dela se moveu, os olhos dela ficaram mais intensos quando ele começou a
mexer a mão sobre o pênis.
Eles se olharam com uma paixão nua e desenfreada. Ela se tornou selvagem, sem inibição
alguma ao lamber os lábios, assistindo enquanto ele aumentava o ritmo sobre o pênis prestes a
explodir.
Fios de suor correram pelo rosto de Simon quando ela sussurrou o nome dele entre suspiros
ofegantes e gemidos eróticos. Eles permaneceram conectados, completamente perdidos em uma
teia de desejo tão intensa que ele mal conseguiu se manter de pé.
— Isso mesmo, querida. Goze para mim — exigiu ele ao mover a mão cada vez mais depressa.
O puro prazer de banquetear os olhos no desejo sem restrições dela fez com que os testículos se
enrijecessem, aumentando a pressão dentro dele.
Cachos de cabelos escuros e sedosos escaparam da presilha que os mantinha presos e eles
emolduraram o rosto de Kara, caindo sobre os ombros. Ele se sentia intoxicado, enfeitiçado,
arrebatado pelo banquete para os olhos à frente dele.
Afastando os dedos do clitóris, Kara enfiou dois dedos no canal estreito, preenchendo-se,
movendo-os para dentro e para fora com gestos fortes e profundos. Ela gemia sempre que os
dedos entravam, cada vez mais fundo e mais depressa. Simon aumentou o ritmo, acompanhando-a.
— Goze para mim — exigiu ele, sabendo que não conseguiria aguentar muito mais tempo,
apesar de querer observá-la daquele jeito para sempre.
Ela moveu os dedos novamente para o clitóris, deslizando-os com facilidade sobre o botão
inchado. Ofegando, ela jogou a cabeça para trás com um gemido rouco longo.
O orgasmo foi intenso e ela gritou o nome dele, arqueando as costas e com o corpo
estremecendo.
Sem conseguir se conter por mais um segundo, Simon explodiu, colocando a mão em frente ao
pênis para capturar o jato de fluido quente que provavelmente teria batido na maldita parede se
ele não tivesse impedido.
Ela se recostou, com a respiração pesada e irregular, os olhos vidrados. Depois de lavar as
mãos rapidamente, ele cruzou o espaço entre eles e entrou na banheira.
Ele puxou o corpo relaxado dela para dentro d’água consigo, cobrindo-lhe a boca em um beijo
terno e lânguido.
O rosto de Kara estava corado quando ela recuou, afastando os olhos dele. — Não acredito
que acabei de fazer isso.
— Não, Kara. — Ele segurou o queixo dela, inclinando-lhe o rosto e fazendo com que
encontrasse o seu olhar. — Nunca se sinta envergonhada comigo. Você é linda. A mulher mais
sensual que já vi. Ver você gozar foi tão sensacional que quase tive um ataque do coração. Não
há vergonha alguma em fazer algo tão incrível.
Querendo conseguir expressar o desejo de compartilhar todas as coisas íntimas com ela, a
obsessão de estar perto dela, ele a empurrou de leve para um apoio dentro d’água. Depois de se
sentar e recostar-se, com a água na altura do peito, ele a puxou e posicionou-a entre as pernas.
Moldando o corpo nu de Kara ao seu, as costas dela ao peito, ele passou os braços em volta da
cintura com firmeza para ancorá-la. Ele quase suspirou de prazer quando ela relaxou contra ele,
com a cabeça repousando em seu ombro. Ele enterrou o rosto nos cabelos dela, sentindo o cheiro
provocante pela primeira vez em três dias. Simon se sentiu finalmente em casa.
— Eu nunca fiz nada com alguém assistindo. Eu disse a você que não tenho muita experiência.
— Ela suspirou. — Senti sua falta. Eu sei que eu o afastei. Não devia ter feito isso. Só queria que
me contasse o que aconteceu, que me ajudasse a entender o que aconteceu naquela noite. Eu sinto
muito, Simon. Eu...
— Shhh... pare! — Com a boca perto do ouvido dela, ele sussurrou: — Não é você, Kara. —
Que merda, ele sentiu uma dor no peito ao ouvi-la pedindo desculpas quando ele deveria estar
implorando o perdão dela. Ele a tratara mal. Ele a afastara. Simplesmente não estava acostumado
com uma mulher que realmente queria ficar perto dele, uma mulher que se importava o suficiente
para tentar. — O problema é meu. É algo que nunca contei a ninguém. Que merda, não contei nem
para o psiquiatra que a mamãe me fez consultar depois que tudo aconteceu. Pelo menos, não a
verdade toda.
— Helen levou você em um psiquiatra? — perguntou ela com voz baixa e pensativa. As mãos
de Kara cobriam os braços dele que estavam em volta de sua cintura e ela apertou-os gentilmente
em um gesto de conforto.
Ele estremeceu, apesar de a água que batia na pele ainda estar quente. Respirando fundo, ele
soltou um suspiro lentamente, sabendo que, naquele ponto... estava totalmente envolvido. Estava na
hora de arriscar tudo, jogar todas as cartas na mesa e torcer para sair vencedor, para que ela
gostasse dele o suficiente para ficar. A verdade era que ele confiava em Kara. Mas será que
queria falar sobre a vergonha e os medos irracionais? Puta merda... claro que não queria falar
sobre isso. Mas a obsessão dele era ficar perto da mulher que segurava nos braços, a mulher que
estava recostada nele com fé e confiança completas, com uma gentileza e uma paciência que o
deixavam maravilhado.
Nada entre nós. Nunca.
— Sim, ela me levou. Fui ao consultório do dr. Evans por mais de um ano. — A voz dele estava
rouca e hesitante enquanto os instintos lutavam com as emoções. — A mamãe queria ter certeza de
que eu estava emocionalmente bem.
Ela empurrou o corpo firmemente contra o dele, chegando o mais perto que conseguia. As mãos
deslizaram pelos braços de Simon, encontrando-lhe as mãos sob a água e entrelaçando os dedos
nos dele.
Ele inalou profundamente o cheiro de Kara quando ela inclinou a cabeça, encostando-a em seu
maxilar. O perfume dela o envolveu.
— Simon? — sussurrou ela suavemente.
— Sim? — Ele apertou os dedos dela de leve.
— Eu amo você. — A voz dela mal era audível. — Amo tudo o que você é, cada parte de
você. Nada do que aconteceu no passado distante mudará isso. Eu amo você até mesmo quando é
mandão.
— Eu nunca sou mandão — respondeu ele automaticamente. As barreiras dentro de Simon
desmoronaram, permitindo que o coração voasse livre. Puta merda! Ele quisera muito que ela
dissesse aquilo, mas nunca imaginara que seria tão maravilhoso ouvir. Ele não sabia o que tinha
feito para merecer uma mulher como ela, mas não era burro. Pretendia mantê-la. — Você sabe
que nunca vou deixá-la ir embora, não sabe? — Não era uma pergunta de verdade, mas ele
achou que ela devia conhecer as intenções dele.
— Não disse isso para que se sinta obrigado. Só queria que soubesse. — Em um tom mais leve,
ela acrescentou: — E você é mandão. Agora, conte-me sobre o dr. Evans.
Obrigado? Ela não era uma obrigação. Ela era a vida inteira dele. Simon apertou os braços em
volta dela convulsivamente.
Ela me ama!
Ele relaxou, sentindo a tensão deixar o corpo. Subitamente, falar sobre o passado não parecia
mais tão difícil. Sim, ele preferiria levar a mulher dele para a cama e mostrar a ela exatamente
quanto a adorava. Mas queria fazer isso com o coração totalmente aberto. Precisava explicar o
que acontecera naquela noite e a única forma de fazer isso era falar sobre o passado.
Ela me ama.
Ele começou a falar.
—A ntesKara
de contar a você sobre o dr. Evans, acho melhor começar pelo início.
assentiu, sem querer interromper o fluxo de palavras com perguntas nem
comentários. Ela não tivera a intenção de confessar que o amava, mas não conseguira se conter,
não conseguira segurar as palavras. E não se arrependia. Ela estava cansada de tentar esconder
e nenhum homem merecia mais ser amado do que Simon.
— Meu pai morreu um ano antes do incidente. Overdose. Drogas e álcool. Ele foi tolo o
suficiente para roubar drogas de um dos maiores traficantes de West Coast, um cara para quem
ele fazia alguns trabalhos ou distribuía drogas em troca de drogas e bebida suficiente para
alimentar o próprio hábito. Ele raramente recebia pagamento em dinheiro e, mesmo se recebesse,
não o usava para alimentar os filhos nem a esposa. — A voz dele era baixa, cheia de desprezo
pelo homem que fora o pai. — A mamãe fez o melhor possível, mas abandonou a escola e não
conseguia nada além de empregos com salário mínimo. Ela fazia o que podia para nos alimentar e
manter o negócio do velho longe de nosso apartamento horroroso e longe de mim e de Sam. Em
sua maioria, ela nos mantinha longe de encrencas, fazendo com que víssemos que podíamos ser
mais, ser alguma coisa melhor. — A voz dele falhou, com a adoração pela mãe evidente.
Tudo o que Helen dissera a ela fazia sentido agora. Helen se culpara por não ter sido capaz
de dar aos filhos uma infância melhor. Kara fez uma careta ao se lembrar do pesar nos olhos de
Helen quando falara sobre os filhos e a infância horrível que tiveram. Será que Helen não
percebia que dera aos filhos algo a que se agarrar durante a infância, algo de que eles
precisavam desesperadamente para sobreviver intactos? Helen dera a Simon e a Sam amor... e
esperança.
Simon reencontrou a voz e continuou. — Rose era minha amiga de infância, a única amiga que
eu tinha além de Sam. Ela cresceu no apartamento ao lado do nosso. Era um ano mais velha que
eu. — Ele se mexeu desconfortável, balançando o pé na água como se estivesse nervoso. —
Éramos amigos muito próximos até que meus hormônios começaram a agir e eu comecei a vê-la
como mulher. Eu gostava muito dela e achei que ela gostasse de mim.
— Então você teve uma namorada quando era adolescente? — Ela não tinha certeza onde ele
queria chegar com a explicação, mas percebeu que era importante para a história.
— Sim e não. Acho que sim. Nós nos beijávamos, andávamos de mãos dadas. Eu tinha sonhos
eróticos de adolescente sobre ela todas as noites. Queria fazer sexo pela primeira vez e não era
exatamente um adolescente atraente. Eu era quieto e magro, não chamava muito a atenção. Era
terrivelmente desajeitado. Lia muito. A mamãe sempre garantia que eu e Sam tivéssemos livros da
biblioteca ou de programas de leitura. Mas Rose parecia gostar de mim, apesar de eu ser um
garoto feio e introspectivo.
Kara sentiu um aperto no coração, tentando imaginar Simon jovem, um adolescente estranho. Ela
estava disposta a apostar a carreira de enfermagem como ele fora adorável.
— Ela começou a mudar quando fez dezessete anos. Abandonou a escola, começou a andar
com a turma do meu pai, não falava mais comigo ou era tão distante que agia como se eu não
fosse ninguém.
Ela apertou as mãos dele. — Isso deve ter magoado você.
— E magoou. — Ele não se deu ao trabalho de negar. — Eu sabia que ela estava usando
drogas, ficava drogada na maior parte do tempo. Implorei a ela que me deixasse ajudá-la, mas
não me deu ouvidos. Só ria na minha cara, dizendo que não havia nada que eu pudesse fazer
porque era tão pobre quanto ela. E, que merda, ela tinha razão. Mas eu queria ajudá-la a se
livrar das drogas. E a parar de trabalhar nas ruas.
— Ela virou prostituta? — Ah, meu Deus, pobre Simon.
Ela não conseguia vê-lo, mas sentiu os ombros dele se erguerem ligeiramente. — Ela tinha que
pagar pelo hábito de alguma forma e sei que dava parte do dinheiro para a mãe para ajudar o
irmão mais novo.
— Você não desistiu, não foi? — Kara não precisava de uma resposta. Já sabia. Simon era
teimoso e tenaz, com as tendências de resgatador ainda vivas e intactas. Não fazia parte da
natureza dele parar de tentar.
— Não. Eu queria acreditar que a Rose que eu conhecia ainda estava lá dentro, esperando
para ressurgir. — Ele bufou. — Não importava quantas vezes ela tentava me evitar ou dizer para
que eu desse o fora, continuei tentando. Eu era muito ingênuo, acho.
Não, você não era. Você era bom, apesar de a vida ter lhe dado um começo de merda. Você era
um sonhador que queria acreditar que todos podiam ser salvos. Você devia ser tão sincero, honesto e
direto como é agora. Só não escondia tão bem naquela época.
— Ter esperança não faz com que você seja ingênuo, Simon.
Ele riu, mas foi uma risada autodepreciativa. — Eu era crédulo. Não a vi por cerca de um mês
depois que o meu pai morreu. Então, uma noite, ela apareceu no nosso apartamento, usando uma
saia curta sexy e um sorriso amigável. Para um adolescente virgem... foi o que bastou para mim. A
mamãe estava trabalhando e Sam já se mudara para a Flórida para trabalhar em uma
construção. Eu estava prestes a terminar o segundo grau e Sam ganhara o suficiente trabalhando
na construção para nos trazer para a Flórida também.
— Você estava terminando o segundo grau aos dezesseis anos?
— Eu pulei um ano. Duas vezes. Nunca tive dificuldade na escola — respondeu ele com voz
constrangida, como se o fato de ser inteligente o envergonhasse.
Por que ela não ficou surpresa com o fato de ele ter sido também um garoto gênio? — Então, o
que aconteceu depois que ela entrou?
— Ela veio para cima de mim com tudo. Respondi como um garoto de dezesseis anos que nunca
fizera sexo. Ela me levou para o meu quarto em questão de minutos. Era experiente e deixei que
tomasse a liderança. Ela abriu o meu zíper e, antes mesmo que eu soubesse o que estava
acontecendo, estava com o pau para fora já com uma camisinha. — Ele riu, mas não havia humor
algum no som vazio. — Não que eu teria recusado. Tinha uma bela mulher em cima de mim, pronta
para me foder. Eu era um adolescente em êxtase completo.
Ah. Meu. Deus.
Kara reprimiu uma exclamação horrorizada. As suspeitas dela tinham que estar erradas. Não
podia ter acontecido daquele jeito.
— Ela estava com a faca escondida no sutiã. — A voz dele tremeu.
Não, ela não estava errada e sentiu a náusea subindo pela garganta.
— Então, lá estava eu, trepando pela primeira vez, afogado em um êxtase erótico, sem nem
pensar que havia alguma coisa de estranha na situação toda. Ela pegou a faca e começou a me
esfaquear no momento em que comecei a gozar. Aquilo me pegou de surpresa. Ela me esfaqueou
tantas vezes antes de eu perceber o que estava acontecendo que não tive chance de me
defender. — O peito dele se movia com esforço e a voz estava estrangulada.
Kara estremeceu da cabeça aos pés, emocionada. Ela se virou nos braços de Simon, sentou-se
sobre as coxas dele e passou os braços em volta de seu pescoço. — Por quê? — perguntou ela e
a pergunta saiu como um pequeno soluço. — Por que ela faria isso? — Enterrando o rosto no
pescoço de Simon, ela deixou as lágrimas correrem pelo rosto. Só conseguia pensar no Simon
adolescente, vulnerável, deitado em uma poça de sangue, morrendo, só porque era um jovem
normal cheio de hormônios.
Passando os braços firmemente em volta dela, ele respondeu com a voz grave: — Vingança.
Meu pai morreu antes que pudesse ser punido por roubar de um chefe poderoso de um cartel
organizado. A organização estava enviando uma mensagem, avisando às pessoas o que acontece
com uma pessoa ou à sua família quando ela tenta roubar deles. Não podiam deixar que o roubo
do meu pai ficasse impune. Ele morreu antes que pudessem enviar aquela mensagem. Eu só fui o
substituto.
— Mas por que Rose?
— O chefe sabia que éramos amigos de infância. A lealdade dela estava sendo testada. Ela
estava profundamente envolvida com a organização. Eles ameaçaram matar a mãe e o irmão dela
se ela não me matasse. — Surpreendentemente, não havia amargura na voz dele.
Completamente abalada, Kara perguntou: — Ela está presa?
— Ela está morta. — A voz dele era inexpressiva. — Ela fugiu assim que desmaiei por causa
da perda de sangue, obviamente convencida de que eu estava morto. Foi diretamente para um
beco, tomou uma quantidade letal de drogas e cortou os pulsos com a mesma faca que usou para
me atacar. Eles encontraram um bilhete suicida e a confissão no bolso dela. Ela implorava o
perdão, da minha mãe e meu, dizendo que precisava proteger a família. Ela nunca ficou sabendo
que eu sobrevivi. A mamãe chegou em casa alguns minutos depois e encontrou-me no chão. Se não
tivesse me encontrado, eu estaria morto.
Incapaz de conter o horror, ela soluçou contra o pescoço de Simon, chorando por toda a dor
que ele sofrera, emocional e fisicamente. Como alguém conseguia sobreviver a uma traição como
aquela? Especialmente de uma amiga, uma mulher que ele adorava. — Eu lamento tanto.
— Por quê? — perguntou ele, parecendo perplexo. — Você não me esfaqueou. — Ele correu
as mãos pelas costas dela. — Não chore. Não gosto quando você chora. — A voz dele era
exigente, mas ele encostou a cabeça na dela. O toque nas costas de Kara era gentil e
reconfortante.
Um sorriso triste surgiu nos lábios de Kara quando ela tentou controlar as emoções. O
comentário dele era tão... Simon. Não conseguia entender por que ela chorava por ele, por que
sentia dor por ele. Ser amado por alguém além da família era algo completamente estranho para
ele. — Conte-me sobre os ferimentos.
— Eu tinha facadas. Muitas delas. — A voz dele tinha um tom ligeiramente provocante. Ele
parou e perguntou com a voz um pouco mais hesitante e rabugenta: — Vai chorar de novo se eu
contar?
Ah, meu Deus. Ele está me contando sobre o evento mais traumático da vida dele e está
preocupado se isso me fará chorar?
— Vou tentar me conter. Conte.
— Fiquei no hospital por algum tempo. Por sorte, Rose era uma assassina ruim. Ela conseguiu
errar a maior parte dos órgãos vitais e alguns dos ferimentos eram superficiais. Tiveram que fazer
uma cirurgia e reparar alguns órgãos, mas eu sobrevivi. Assim que estava bem o suficiente, Sam
levou mamãe e eu para Tampa. — Ele soltou um suspiro longo.
— Você ficou com medo? — sussurrou ela perto do pescoço dele, ainda visualizando um Simon
jovem, ferido e assustado. Ela apertou os braços um pouco mais em volta dos ombros dele,
desejando ter estado lá para confortá-lo.
— Sinceramente, quase não me lembro de nada. — Ele balançou a cabeça de leve. — Sam
disse que a mamãe estava totalmente arrasada. A única coisa de que me lembro foi ter sentido
vergonha quando voltei a ficar coerente. E triste porque Rose estava morta.
Ela levantou a cabeça abruptamente, chocada. Encarando-o confusa, ela perguntou: — Por
quê? Você não fez nada de errado.
— Eu fui enganado porque queria fazer sexo. Estava pensando com a cabeça de baixo, não
com a cabeça de cima. Rose vir até mim não era lógico. Não fazia o menor sentido. Eu devia ter
suspeitado. Cristo! Tudo o que ela me disse em meses foi para ir para o inferno. Eu devia ter
sabido que havia alguma coisa de errado. Mas não pensei em nada além de trepar. — O rosto
dele estava sombrio e torturado. — Fiquei furioso comigo mesmo. A mamãe e Sam passaram por
um inferno porque eu fui burro. Devia ter sido mais esperto. Eu cresci naquele bairro. Sabia muito
bem como cuidar de mim mesmo.
Ela ergueu a mão até o rosto dele, acariciando-lhe o maxilar, percebendo que ele fora um
homem no corpo de um menino quando estava ferido, achando que devia tomar decisões racionais
mesmo com o turbilhão de hormônios. Será que não percebia, apesar de talvez ter a inteligência
de um homem mais velho, que o corpo ainda era jovem e a maturidade era de um garoto de
dezesseis anos? — Simon... você tinha dezesseis anos. Ainda era um garoto. Talvez fosse um garoto
gênio, mas ainda era um adolescente.
— Sim, e não virei um adulto exatamente... ahm... normal. — Ele pegou a mão dela, que
passeava pela barba por fazer, e levou-a aos lábios. Ele beijou a palma da mão de Kara
gentilmente e entrelaçou os dedos nos dela, repousando as mãos unidas sobre o coração.
— Não, não virou. Você virou um adulto extraordinário. Tem motivos para não confiar com
facilidade. O que aconteceu com o dr. Evans? — Claro, ele precisava ter controle. Mas,
considerando as circunstâncias do evento traumático, ela apostaria que qualquer pessoa teria
alguns demônios guardados por causa daquela experiência. Kara sabia que ela teria.
— Ele me fez falar. Eu odiava, mas ia todas as semanas para fazer com que a minha mãe se
sentisse melhor. Depois de algum tempo, ficou mais fácil. Ele me ajudou a superar os sentimentos
sobre a morte de Rose e sobre o meu pai. Mas nunca contei a ele o que realmente aconteceu. Não
podia. Não podia contar para ninguém. Todos acharam que Rose chegou, encontrou a porta
destrancada, entrou e esfaqueou-me enquanto eu dormia... e deixei que continuassem achando
isso. Parecia mais fácil. — O corpo dele ficou tenso. — Foi uma saída covarde.
— Mas devia haver sinais na cena. A camisinha e...
— Pelo jeito, Rose sentia alguma coisa por mim, talvez culpa. Não havia camisinha no quarto e
meu pau estava dentro da calça. Ninguém nunca achou que foi algo diferente de um ataque
enquanto eu dormia. Uma vingança contra o meu pai. Você é a única pessoa que sabe. Não
consegui nem mesmo contar a Sam. — A voz dele se transformou em um sussurro rouco.
O coração dela ficou apertado por ele e a alma precisava de alguma forma confortá-lo.
Tirando a mão da dele, ela virou-lhe o rosto, forçando-o a encará-la nos olhos. — Escute bem.
Você foi atacado quando era jovem e vulnerável. Não tem motivo algum para se sentir culpado
nem envergonhado. Nada daquilo foi culpa sua. Entendo por que tem problemas em confiar.
Entendo por que entrou em pânico naquela noite. — Ela viu dúvida nos olhos dele e ficou furiosa.
— Mas saiba de uma coisa... você sobreviveu e virou um homem maravilhoso, sexy, brilhante e
bem-sucedido apesar do fato de ter enfrentado uma situação horrível quando era mais jovem.
Você é o homem mais incrível que já conheci. Você me entendeu?! — A declaração dela foi feroz e
os olhos faiscavam. Mas que merda, ele precisava enfiar naquela cabeça dura que era alguém
especial.
Os olhos dele ficaram mais ternos e os lábios se curvaram. — Sim. Entendi. Podemos voltar para
a parte em que disse que sou sexy?
Ela revirou os olhos. Era típico de Simon se concentrar apenas na parte sobre sexo.
— Essa foi a única parte que ouviu? — respondeu ela exasperada.
— Não, mas foi a parte mais interessante. — Ele sorriu para ela sem um pingo de vergonha.
Frustrada, ela pegou um pouco de água com a mão e jogou-a na cabeça dele. — Estou
tentando explicar uma coisa para você.
Ele agarrou o pulso dela e puxou-a de volta para junto do corpo, criando uma onda na
banheira que fez com que a água batesse neles em uma carícia gentil. Com o olhar ardente e
intenso, ele a encarou de forma possessiva, com um desejo muito mais profundo do que apenas
lascívia. — Quer saber o que eu entendo?
Ela estremeceu quando os braços dele se apertaram com força à sua volta, prendendo-a
firmemente. Incapaz de falar, ela assentiu.
Com voz baixa e rouca, ele disse: — Eu entendo que devo ser o idiota mais sortudo do mundo
porque você me ama, porque você me aceita. Ora, acho que você quase me entende, o que é um
milagre, porque algumas vezes nem eu me entendo. Não sei como tratar você de forma romântica
como deveria. Não porque não queira, mas porque não sei como. Eu entendo que, antes de
conhecê-la, eu vivia em um mundo muito pequeno e que, de alguma forma, você me arrastou para
a luz, fez com que eu olhasse em volta e visse coisas que nunca tinha visto antes. Eu entendo que
você me transformou em um homem melhor. — Ele passou a mão em volta do pescoço dela e
plantou um beijo feroz e possessivo em seus lábios. Afastando-se abruptamente, ele segurou o
queixo de Kara, com os olhos derretidos e ferozes. — É entendimento suficiente para você?
Sem fôlego, ela o encarou com o coração nos olhos. Talvez ele não tivesse repetido exatamente
o que ela tentara dizer, mas era um começo. Ele estava aprendendo a ser amado. Enterrando o
rosto no ombro dele, ela murmurou: — É suficiente. Por enquanto.
— Eu preciso de você, Kara. Não me deixe de novo. — Com a voz rouca, ele esfregou o rosto
nos cabelos dela.
Ele não dissera que a amava, mas abrira a alma, dividira os segredos, dera um salto incrível
em relação a expressar as emoções. E fizera aquilo por ela. Portanto, sim, por enquanto, era mais
do que suficiente. — Não vou a lugar nenhum.
— Não vai mesmo! — rosnou ele.
Ela sorriu porque, enquanto falava as palavras exigentes, ele a embalava nos braços,
segurando-a como um amante terno. Ele estava errado sobre não saber como tratá-la
romanticamente. Mostrava a ela o quanto gostava dela de tantas formas pequenas que era
impressionante, sedutor e viciante. Era como se um pedaço da alma que estivera faltando
finalmente surgira e encaixara no lugar, fazendo com que se sentisse completa.
— Você a amava? — Ela sabia que deveria esquecer o assunto, mas queria saber.
— Quem?
— Rose. Você a amava?
— Não. — Com voz baixa, ele respondeu depressa e sem hesitação. — Eu gostava dela como
amiga e uma atração sexual gigantesca. Mas eu não a amava. Não queria que ela morresse. A
parte triste da coisa toda foi que ela morreu por nada. Alguns dias depois que ela se matou, a
organização inteira foi desmanchada pelas autoridades. O chefe e todos os que estavam
associados ao cartel apodrecerão na cadeia.
Ela conseguiu detectar a sinceridade e a aceitação da situação inteira na voz dele. Não estava
com raiva nem amargo. — O terapeuta era bom?
— Sim. O dr. Evans era o melhor. Ainda nos encontramos para jantar de vez em quando. Acho
que ele ainda está tentando me entender. — Ele riu com humor sincero.
Ela sorriu de leve. — Você é um sujeito fascinante.
— Está dizendo que sou estranho? — rosnou ele contra o pescoço dela.
— Hmmm... não sei bem. — Ela se afastou dele e levantou-se, odiando ter que sair do círculo
dos braços de Simon, mas morrendo de sede. Ela estava no banheiro cheio de vapor havia algum
tempo e estava sedenta. Incapaz de resistir à tentação de olhar para trás ao subir os degraus, os
olhos famintos passearam pelo corpo musculoso e pelo rosto bonito. — Acho que preciso estudar
você um pouco mais antes de chegar a uma conclusão.
Ele se levantou em um movimento gracioso, flexionando os músculos, com um sorriso malicioso no
rosto. — Querida, se continuar mostrando esse corpo sexy, eu farei meus próprios estudos. — O
sorriso se alargou e os olhos ficaram mais escuros quando ele avançou na direção dela, com o
corpo grande cortando a água com facilidade. — E pretendo examinar e testar meus dados com
muito cuidado.
Ela pegou uma toalha de uma pilha ao lado da banheira e correu pela porta do banheiro, com
Simon logo atrás. Rindo quando ele a pegou pela cintura antes que conseguisse chegar à porta do
quarto, ela gritou: — Não! Estou com sede.
Quando ele a puxou de costas contra o peito sólido e molhado, ela se perguntou se realmente
precisava tanto assim de água. Minha nossa, como era bom estar perto dele. Derretendo-se contra
ele, ela sentiu a ereção insistente encostada nas nádegas.
— Está com sede? — A voz dele mudou, ficando instantaneamente preocupada. — Você comeu
alguma coisa? — Simon tirou a toalha das mãos dela e começou a secar-lhe o corpo gentilmente,
começando pelas costas e virando-a para tirar a água dos seios e do abdômen.
Ela mordeu o lábio ao estudar o rosto dele, que tinha uma expressão ansiosa e ligeiramente
agitada. — Não estou com tanta fome assim. — O apetite dela aumentava para outra coisa que
não comida.
Quando ele ficou convencido de que ela estava totalmente seca, ela teve certeza de que
morreria de desejo. O homem certamente era meticuloso.
— Você precisa se hidratar e comer — resmungou ele ao jogar para ela o roupão de seda
preta. Em seguida, secou-se rapidamente e foi até o armário procurar algo para vestir. Ele pegou
um roupão semelhante azul-escuro e vestiu-o rapidamente, mal parando para amarrar o cinto.
Kara quase chorou quando ele cobriu o corpo glorioso e vestiu o roupão preto relutantemente.
A sede fora substituída pelo calor entre as pernas. A única coisa que queria naquele momento era
ficar na horizontal com Simon. — É sério, não estou com muita fome.
Ele pegou a mão dela e arrastou-a atrás de si. — Você vai comer. — Ele parou, encarando-a
com um olhar sombrio de advertência. — Pretendo trepar com você mais tarde até que peça
misericórdia.
Os mamilos de Kara ficaram duros e o calor entre as pernas se transformou em labaredas. A
expressão ardente dele fez com que ela estremecesse de desejo, com cada centímetro da pele
formigando.
Eu pedirei, sim. Mas não misericórdia.
Com um suspiro frustrado, ela deixou que ele a levasse para a cozinha. Ela conhecia aquele
olhar teimoso e determinado. Ele pretendia satisfazer as necessidades dela, dar a ela o que
precisava. Bastou uma menção casual sobre estar com sede e Simon se transformou em um homem
com uma missão, deixando de lado as próprias necessidades e vontades, cuidando primeiro dela.
E ele não sabia por que ela o amava?
O coração dela deu um salto quando ele apertou-lhe a mão, levando-a com determinação
concentrada em direção à água e à comida. O homem era uma mistura provocante de hormônios
masculinos ardentes, intensidade, ternura, vulnerabilidade e compaixão. O macho perfeito
embrulhado em um pacote irresistível, lindo e dominador.
Por que ela o amava? A pergunta não deveria ser: como ela poderia não amá-lo?
Ela sorriu ao admitir para si mesma que nunca tivera chance alguma de evitar se apaixonar
completamente e loucamente por aquele homem. Alguma coisa a atraíra para ele desde o
momento em que se conheceram, algo elemental e primitivo. Talvez ela tivesse medo de reconhecer
o que fora, mas sempre estivera lá. Simon era como uma força da natureza: perigoso mas, ao
mesmo tempo, atraente por causa da força feroz e selvagem.
Ela se lembrou de uma vez em que a mãe dissera que o amor verdadeiro não era para os
fracos, mas as recompensas valiam o risco. Kara era criança na época e não entendera o
significado da declaração da mãe.
Agora, com Simon, o significado daquelas palavras era claro como água e ela entendeu
exatamente o que a mãe quisera dizer. E finalmente encontrara o homem que valia muito o risco.
Enviando um obrigada silencioso à mãe pelas palavras que demorara tantos anos para
entender, ela deixou que Simon a conduzisse pelo corredor até a cozinha, com um sorriso bobo no
rosto.
imon abriu a porta da geladeira com um giro do pulso. — Coca Diet ou água? — Ele pegou

S a Coca Diet, sabendo o que ela escolheria.


— Coca Diet — respondeu ela, com a atenção distraída.
Ele abriu a lata e entregou-a a ela. Abrindo uma Coca normal para si mesmo, ele bebeu
metade da lata em alguns segundos. Nossa, não era de espantar que Kara estivesse com sede. Ele
não estivera no banheiro cheio de vapor tanto tempo como ela, mas estava sedento.
Erguendo a lata até os lábios, ela bebeu, mas o olhar estava fixo no arco que levava à sala de
jantar.
Merda, ele esquecera completamente do que fizera mais cedo. — Feliz dia dos namorados. —
Ele bebeu o restante do refrigerante e jogou a lata vazia no lixo.
Seguindo-a até a sala de jantar, ele fez uma careta. Ela não dissera uma palavra. Talvez Nina
e Marcie o tivessem levado para a direção errada. Será que ela gostaria de alguma coisa?
Ele tentara ser organizado ao colocar as coisas na sala de jantar: flores sobre a mesa, doces
nas cadeiras, joias e perfumes no chão. Sim, havia ursinhos de pelúcia e outras coisas espalhadas
pela sala, mas ele achara que organizara as coisas muito bem. — Você não gostou de nada? —
Que merda, ele despediria a assistente e a secretária na manhã seguinte. Elas disseram a ele
especificamente que aquelas coisas faziam com que as mulheres se sentissem bem, especiais e
amadas.
— Ah, Simon, o que você fez? — Kara correu a ponta do dedo pela superfície de veludo de
uma rosa vermelha e bateu de leve em um dos balões em formato de coração, observando-o
balançar de um lado para outro no ar.
— Ok, aquelas duas decididamente serão despedidas amanhã! — Caralho! Ele queria agradá-
la. Em vez disso, ela parecia traumatizada. Ele sabia que deveria ter comprado outras coisas, mas
o Veyron e a Mercedes já estavam cheios.
— Quem você pretende despedir? — Ela se virou e olhou para ele com expressão confusa.
— Nina e Marcie. Elas me disseram que esses tipos de presentes deixam uma mulher feliz.
Ah, merda, ele não podia despedir nenhuma das duas. Elas faziam o trabalho delas bem
demais.
Sinceramente, era culpa dele não saber absolutamente nada sobre como ser romântico. Mas
estava disposto a tentar até acertar. — Podemos sair para fazer compras, escolher alguma outra
coisa — sugeriu ele, torcendo para que ela o deixasse levá-la e ver o que ela achava que era
romântico.
— Você pediu conselhos a Nina e a Marcie?
— Sim.
— Simon, isso é inacreditável. Eu não sei o que dizer. — A voz dela estava trêmula ao se
abaixar e pegar um ursinho de pelúcia marrom e abraçá-lo com força. — Acho que Marcie e Nina
estavam dando sugestões. Não acho que tenham dito que você precisava comprar tudo.
Merda. Ela parecia que ia começar a chorar. Ele esperava que não fizesse isso. — Não sei
qual é a sua flor favorita. Nem que tipo de doce você gosta. E não sei qual é a sua cor favorita.
Um cara não deveria saber essas coisas? Eu não deveria saber como agradar você? — respondeu
ele com voz desgostosa.
Soltando o urso de pelúcia gentilmente no chão, ela se virou para ele. — Você não precisava
fazer tudo isso. Eu nunca recebi flores.
O que ele fizera? Saíra para fazer compras. Grande coisa! Claro, ele normalmente preferiria
tratar o canal de um dente a sair para fazer compras. Mas, pela primeira vez, gostara daquilo. —
Fui fazer compras. Não foi exatamente um grande esforço. — No último minuto, porque foi quando
percebera que era o dia dos namorados. Isso era ridículo. Ainda bem que o marido de Nina era
atencioso!
— Você fez tudo isso por mim. — Ela ergueu o braço, gesticulando na direção da sala de
jantar repleta. — As flores são lindas. Adorei todas elas. Quero tanto um pedaço daquele doce
que já consigo sentir o gosto dele. E tudo o mais é tão maravilhoso que estou sem palavras. Eu
ficaria nas nuvens com algumas flores ou um cartão. Você não precisava ter feito isso. São mais
presentes do que uma mulher ganha na vida inteira. Mas não são as coisas que me deixam
maravilhada. É você. O seu desejo de me fazer feliz. Você é o homem mais incrível do planeta. É
por isso que amo você. — Ela tomou um longo gole da lata de refrigerante e colocou-a sobre uma
pequena área vazia da mesa.
Ele a agarrou quando ela se jogou nos braços dele, saboreando a maciez de Kara quando
pressionou o corpo contra o dele. Lábios quentes beijaram-lhe o rosto e o lado do pescoço. Ao
passar os braços firmemente em volta da cintura dela, com o corpo dela deslizando lentamente até
que os pés tocaram no chão, ele decidiu que talvez Marcie e Nina merecessem um aumento em vez
de uma bronca na manhã seguinte.
— Você é maluco. Sabe disso, não sabe? — Recuando ligeiramente, ela plantou um beijo nos
lábios dele. — Mas amo isso em você.
Muito bem. Ele estava disposto a qualquer loucura se isso a fizesse amá-lo mais.
Dando-lhe um olhar adorador, ela acrescentou: — Mas, na próxima vez, só um presente, está
bem? Ou um cartão.
Ah, não, nem pensar. Ele não ficaria amarrado a uma promessa como aquela. — Veremos. — A
resposta dele foi descomprometida.
— Espere. Tenho uma coisa para você. — Ela se afastou dele e correu até o quarto.
Kara voltou com uma pequena sacola de presente, decorada com corações e pequenos
diabinhos. — A sacola estava gritando o seu nome. — Abrindo um sorriso malicioso, ela entregou a
sacola a ele. — Não tinha meu próprio dinheiro para gastar e tive que improvisar.
— Você precisa de mais dinheiro? Por que não me disse? — Ele olhou para ela com expressão
sombria, furioso por Kara não ter lhe dito que precisava de dinheiro.
— Não preciso que me dê mais nada. Quero que pegue parte dele de volta. Tenho quase cem
mil na minha conta. Não preciso desse dinheiro, Simon. — Ela encontrou os olhos dele com uma
inclinação teimosa do queixo.
— Você praticamente não gastou nada. Como diabos está vivendo, cuidando das suas
necessidades?
Ela bufou. — Você cuida das minhas necessidades. Para que eu preciso de dinheiro? Não tem
uma única coisa que me falte ou que eu queira. Estou vivendo no momento como uma criança
mimada. Só preciso citar alguma coisa que ela aparece magicamente. Não preciso comprar uma
única coisa.
— As mulheres adoram ir a shoppings. Comprar coisas. Mesmo quando não precisam delas. —
Ele sabia disso pela mãe. A atividade favorita dela era fazer compras.
— Eu não. Prefiro ler. Ou jogar Myth World II, se eu tiver tempo. Tenho todos os confortos, todas
as coisas de que preciso. — Ela ergueu a mão para o rosto dele, acariciando-lhe os lábios de leve
e passando as costas da mão suavemente pela barba por fazer. — A única necessidade
recorrente que tenho é você.
Ela estava tentando distraí-lo e, puta merda, estava funcionando. — O dinheiro foi um presente.
Você vai ficar com ele — rosnou ele, determinado a não deixá-la escapar fazendo com que
ficasse de pau duro... o que aconteceu. Muito duro. Completamente pronto.
— Não vou ficar com ele. — Ela deu um beijo suave no canto da boca de Simon. — Abra a
sacola.
Ele fez todo o possível para não arrancar aquele roupão sensual do corpo dela e devorá-la
inteira. O corpo inteiro dele estava tenso ao abrir a sacola do presente, tentando não pensar no
pênis latejante e na compulsão praticamente impossível de resistir de penetrá-la naquele instante.
Ele levantou a cabeça antes de terminar a tarefa, subitamente lembrando-se de que precisava
contar a Kara que o outro idiota que tentara sequestrá-la estava na cadeia. — Eles pegaram o
outro cara hoje. Ele está preso. Você provavelmente recebeu uma mensagem de Harris.
— Ah, graças a Deus. Você pode suspender a segurança. Acho que eles intimidam alguns dos
meus colegas. Não são mais muito discretos. — A voz dela era suave, mas o corpo relaxou
visivelmente.
Ele viu o alívio no rosto dela. Não importava o quanto ela negasse que o homem era uma
ameaça, ele sabia que a incomodava, sabia que ainda estava assustada.Teria que ser uma tola se
não estivesse. Chegara muito perto de perder a vida no dia em que a machucaram. — Nem
pensar. A segurança continua.
— Não preciso mais deles...
— Não! Não posso correr o risco de alguma coisa acontecer com você. Há muita gente louca lá
fora e fiz vários inimigos no decorrer do tempo. — Claro, ele não irritara tantas pessoas como o
irmão Sam, mas ninguém se tornava bilionário sem atrair o ódio de algumas pessoas. — A
segurança continua.
Simon puxou o papel vermelho da sacola, jogando pedaços de papel em formato de coração
no carpete. Ele pegou um deles com a mão antes que caísse, apertando-o com firmeza. Ela enfiou
a mão na sacola e tirou o material que estava no fundo.
Ela segurou a cueca de seda preta pelo elástico. Não era o tipo de cueca que ele normalmente
usava e Simon ficou olhando para ela por um momento antes de abrir um sorriso. A seda preta
tinha uma estampa cheia de diabinhos e corações.
— Eles são tão... você, Simon. — Ela mexeu as sobrancelhas e balançou a cueca ao mesmo
tempo. — Você ficará sexy. Não que já não seja, mas a única coisa em que eu conseguia pensar
era em como ela ficaria sexy em você. — Ela aproximou o tecido do rosto, cheirando a seda
macia.
Ele a observou com uma fascinação excitada, imaginando o pênis dentro da cueca e os lábios
dela sobre o material. Puta merda! Aquela cueca particular acabara de se tornar a favorita dele.
Não fazia a menor diferença se não era o tipo de cueca que usava.
— Já tirei as etiquetas. Experimente para que eu possa tirá-la de você depois. — Ela estendeu
a cueca para ele com um sorriso sedutor.
Ele abriu o roupão em questão de segundos e vestiu a cueca um momento depois. Ele
estremeceu ao sentir o toque suave das mãos delicadas nos ombros quando ela tirou o roupão
dele completamente, deixando-o parado diante dela apenas com a nova cueca favorita.
— Sexy. Decididamente muito sexy — sussurrou ela.
O som da voz dela cheia de desejo quase o fez perder o controle. Ele realmente gostou da
sensação da seda contra a pele, acariciando o membro enrijecido. E ele decididamente adorou o
olhar faminto no rosto da mulher dele ao passear pelo seu corpo, parando no volume da virilha.
Ela não se deu ao trabalho de esconder o desejo por ele e deixá-lo maluco. — O que é isso?
— Ele abriu a mão, expondo o minúsculo coração de papelão. Virando-o, ele viu as palavras
escritas à mão.
Vale um desejo!
Ele olhou para ela perplexo. Kara mordia o lábio inferior, parecendo ansiosa.
— É um desejo de coração. Eu não tinha meu próprio dinheiro... — Ela ergueu a mão quando
ele respirou fundo para discutir. — Não comece com isso de novo. De qualquer forma, eu fiz esses
cartões. Você pode resgatá-los quando quiser. Valem um desejo ou favor que quiser de mim.
Qualquer coisa em que pensar e que eu possa conceder a você.
— Qualquer coisa? — O coração dele bateu mais forte quando a mente se encheu de imagens.
Ela ergueu a sobrancelha. — Qualquer coisa que eu seja capaz de fazer.
— Eu desejo que você fique com o dinheiro que coloquei na sua conta bancária e não discuta
sobre a segurança. — Sentindo-se um pouco culpado por estar usando o presente contra ela,
Simon franziu a sobrancelha.
Ela lhe lançou um olhar que a mãe dele costumava usar quando era criança. Era o temível olhar
de “estou tão desapontada com você”. Merda! Aquilo doeu.
Ela cruzou os braços sobre o peito. — Esse desejo interfere com a minha moral e os meus
valores. Além do mais, são dois desejos. Não é justo.
— Vamos fazer um acordo? — disse ele baixinho, sem gostar do olhar irritado no rosto dela.
A expressão no rosto de Kara se suavizou. — Estou aberta.
— Fique com o dinheiro na sua conta. Use-o se precisar. Não estou dizendo que precisa ficar
com ele para sempre. Mas fique com ele por enquanto. Até que se forme e consiga um emprego.
Podemos renegociar mais tarde. — É claro, ele se recusaria a receber o dinheiro de volta mais
tarde. Mas isso era agora e Simon queria que ela estivesse segura caso alguma coisa acontecesse
a ele.
— Desejo concedido. — Ela deixou os braços caírem ao lado do corpo, apoiando as mãos nos
quadris. — Segurança?
— Permita que eu deixe a segurança como está, mas pedirei que recuem um pouco. Você mal
saberá que eles estarão lá. Mas deixe que eu mantenha a segurança perto de você. —
Prendendo a respiração, ele observou a expressão dela. — Para a minha paz de espírito, Kara.
Por mim.
— Farei isso por você, desde que recuem e parem de assustar meus colegas. Desejo concedido.
— Ela tirou o coração de papel da mão dele e rasgou-o.
Ele se jogou no chão, procurando freneticamente os outros corações. — Quantos havia? — Ele
encontrara dois. Vendo mais um sob a mesa, ele rastejou à frente, sem nem notar as queimaduras
de carpete nos joelhos. Ele queria cada um daqueles coraçõezinhos na palma da mão. Eles eram
decididamente feitos de puro ouro.
— Cinco — gaguejou ela com uma gargalhada.
Ele soltou um suspiro de alívio ao pegar o último do chão. Ao se levantar, ela estava com a mão
estendida e um olhar de expectativa no rosto. — O que foi? — De jeito nenhum ele entregaria
outro para que ela rasgasse.
— Você fez dois desejos e agora me deve um desses.
— Eu fiz um acordo — disse ele exaltado. Acordos deveriam contar alguma coisa. Ele não
fazia acordos todos os dias nem com qualquer pessoa.
— Dê-me — respondeu ela, balançando os dedos.
Ah, merda. Ele conseguira fazer as coisas do jeito dele. Na maior parte. Pegando
relutantemente um dos minúsculos corações da palma da mão, ele o entregou com um grunhido. —
Posso ganhar alguns desses em todos os dias dos namorados?
— Veremos — murmurou ela vagamente com um sorriso secreto nos lábios ao rasgar o papel.
— O que quis dizer quando falou que nunca recebeu flores? Você tinha um namorado.
Ela suspirou pesadamente. — Ele não dava presentes. Achava que eram um desperdício de
dinheiro. Especialmente flores, pois elas morrem.
— Sem querer ofender, querida, mas por que diabos ficou com ele por tanto tempo? — Ele
retesou o maxilar, desejando poder dar uma surra no ex-namorado dela.
— Sinceramente, não sei. Provavelmente teve alguma coisa a ver com a morte dos meus pais. Eu
sentia falta deles, fiquei muito sozinha depois que eles morreram. Acho que era muito jovem,
vulnerável e burra. — A voz dela estava triste.
Simon odiou o imbecil ainda mais. Ela era jovem e estava sozinha, atordoada depois de perder
os pais. Ele desejou ter estado ao lado dela na época.
Mas estava agora. Ele puxou o corpo dela para os braços, jurando protegê-la daquele
momento em diante. — Nunca mais, querida. Você sempre terá a mim. Nunca mais deixarei que se
sinta sozinha.
Nenhum de nós dois se sentirá sozinho de novo.
Ele tirou a presilha dos cabelos dela e soltou-a no chão. Ao correr a mão reconfortante pelos
cachos sedosos, ele percebeu que se sentira sozinho a vida inteira. Só nunca reconhecera isso. —
Estive esperando você a vida inteira — sussurrou ele em voz rouca. De alguma forma, ele a
reconhecera no momento em que a vira. Não com os olhos, mas com o coração.
E, nossa, como ele precisava dela.
Ela se afastou ligeiramente para olhar para o rosto dele. Não disse nada, mas não precisava.
Ele conseguia ver o amor dela, o coração brilhando nos olhos. Ele passou a ponta dos dedos de
leve nos lábios dela, movendo-os lentamente para as bochechas e pelo pescoço, saboreando a
maciez da pele. Desenhou iniciais invisíveis logo abaixo do pescoço, que estava exposto por causa
do roupão grande demais. As iniciais dele, várias vezes, mostrando a necessidade de mostrar que
aquela mulher, que o levava ao êxtase e deixava-o perto de perder a sanidade, era dele.
— Simon. — Ela gemeu o nome dele, puxando-lhe a cabeça até os lábios.
Ele gemeu quando as mãos dela acariciaram-lhe os ombros, adorando a sensação dos dedos
de Kara na pele quente, um toque tão delicado que fez o coração bater com força dentro do
peito.
Precisando torná-la dele, reclamá-la, ele enfiou a língua dentro da boca de Kara com
desespero, com uma necessidade tão grande que era quase dolorosa. A fera possessiva dentro
dele suspirou quando ela se abriu, deixando-o entrar, pedindo mais. Ele a beijou até que os dois
ficaram sem fôlego. Afastando-se, ele respirou fundo, mordendo o lábio inferior dela, sem
conseguir se separar de Kara, mas também precisando vê-la nua.
Ele deu um passo atrás, colocando a mão em torno de um dos seios sedosos, correndo o dedo
pelo mamilo duro. — Você se lembra do que eu disse sobre esse roupão? — murmurou ele perto
dos lábios dela, acompanhando-os com a ponta da língua.
— Cada palavra — respondeu ela em voz baixa e sexy. — Tenho lembranças muito
agradáveis deste roupão.
— Eu também — disse ele em voz ardente, relutantemente soltando-a e pegando mais um
coração minúsculo da outra mão. — Mas, nesse momento, eu desejo que você fique nua.
Com um movimento gracioso, ela tirou o coração dos dedos dele e rasgou-o. Lentamente, abriu
o nó do cinto, deixando que a seda deslizasse sem esforço para fora dos ombros. Ele engoliu em
seco quando os seios perfeitos apareceram e a roupa ficou presa nos cotovelos por um breve
momento antes de cair no chão em uma poça preta brilhante.
Ele teve que se forçar a respirar, fazendo com que o ar entrasse e saísse dos pulmões. Ela era
tão linda. Tão dele.
Minha.
— Adorei esses corações — comentou ele, fechando a mão com força sobre os dois que
sobraram.
Os belos olhos azuis dela dançaram, mas também estavam ardentes de desejo. — Você
desperdiçou esse último. Eu teria ficado nua sem ele. Preciso de você.
Preciso de você.
A alma dele ecoou o desejo dela, o corpo ansiando para tomar posse do que era dele. O pênis
estava tão duro quanto mármore, pronto para mergulhar na boceta quente e molhada. Naquele
ponto, Simon temia explodir no momento em que se enterrasse nela. Ele guardou os minúsculos
corações sob uma bandeja que estava sobre a mesa para não perdê-los.
Ela deu um passo à frente, encostando a pele macia contra a dele, fazendo com que ele
estremecesse. Kara passou a mão gentilmente sobre o tecido da cueca, acariciando o pênis prestes
a explodir como se fosse um animal de estimação precioso.
Ele moveu a mão dela e pegou-a nos braços, incapaz de esperar mais um minuto. — É hora de
irmos para a cama.
— Até que enfim — murmurou ela, obviamente impaciente.
Imediatamente, a mente de Simon passou do pênis para a mulher que tinha nos braços. A mulher
dele. Ela precisava dele, queria que ele lhe desse prazer, saciasse suas necessidades. Ele teria a
própria satisfação, mas ela vinha em primeiro lugar. Ela sempre viria em primeiro lugar.
imon a colocou gentilmente sobre a cama. Ela rolou o corpo e abriu a gaveta da mesinha de

S cabeceira, tirando as algemas e entregando-as a ele. — Pode me amarrar. Eu não me


importo.
Por favor. Amarre-me e trepe comigo antes que eu morra de desejo.
Ela respirava pesadamente, com a mente e o corpo fora de controle. Se o corpo musculoso e
quente dele não a possuísse em questão de segundos, começaria a gritar.
Ele olhou para ela confuso. — Você quer que eu a amarre?
— Eu quero você. Pode me amarrar. Pode me vendar. Faça o que quiser. É sexy. Você é sexy.
Só quero que me foda. Do jeito que quiser.
Ah, meu Deus, não estou dizendo nada com nada. Ele está me deixando louca.
— Querida, o homem das cavernas possessivo dentro de mim adoraria ter você à minha mercê
e fazê-la gozar até que gritasse, mas não preciso amarrar você. — Ele tirou as algemas da mão
dela e jogou-as no chão. — Mas, agora que sei que gosta disso, farei em alguma outra hora.
Neste momento, só preciso ver você gozar, fazer amor com você até que nenhum de nós consiga
mais se mexer.
Todas as luzes estavam ligadas. Não as tinham desligado antes. A expressão no rosto de Simon
era feroz, terna e estranhamente pacífica. Ela respirou fundo, sentindo o corpo inteiro estremecer, a
boceta saturada e pronta para ele. Kara se sentiu intoxicada quando ele se deitou sobre ela, a
seda da cueca nova deslizando entre as dobras macias entre as pernas. Ela se abriu para ele,
gemendo quando a ereção firme foi pressionada firmemente contra as partes íntimas, estimulando
o clitóris já sensível.
Ela se agarrou a Simon, quase temendo que ele fugisse, precisando de alguma reafirmação de
que era real e era dela. Kara nunca fora uma mulher possessiva nem obsessiva, mas Simon era tão
incrível, tão inacreditavelmente maravilhoso, que parecia quase impossível que existisse de
verdade, que fosse realmente dela. Algumas vezes, ele quase parecia um sonho, um sonho
adorável que transformara a existência dela de ordinária a extraordinária.
— Relaxe, querida — sussurrou Simon em seu ouvido, com o hálito quente fazendo-a
estremecer.
Relaxando os braços, ela envolveu o pescoço dele, tentando controlar o instinto feroz de
prendê-lo, de proteger a si mesma contra a ideia de ter que viver sem ele. — Desculpe. Acho que
estou meio desesperada. — Ela não pretendia dizer aquilo, soara ridículo, mas era verdade. As
emoções estavam transbordando e o corpo pedia mais.
Ele depositou beijos quentes no lado do pescoço de Kara. — Não está mais desesperada do
que eu. Sempre que ouço a sua voz, que a vejo, que falo com você, quero chegar mais perto. Que
merda, basta pensar em você. — De leve, a língua dele lambeu-lhe os lábios, acompanhando o
contorno da boca de Kara. — Quero estar dentro de você. Quero me fundir em você com tanta
força que nunca mais conseguirá se afastar de mim.
Sim. Sim. Era assim que ela se sentia.
A boca de Simon desceu sobre a dela, sem mais provocações nem sedução. Ele invadiu e atacou
com os lábios e a língua, e ela se abriu para ele como uma flor sob o sol. Kara gemeu quando ele
saciou uma pequena parte do desejo de coesão, erguendo os quadris automaticamente, querendo
que outras partes do corpo se fundissem, precisando de alívio para o estado de excitação
extrema.
Ele afastou a boca da dela com a respiração acelerada. — Puta merda, como você é gostosa.
Tão gostosa e tão doce! — Retirando os braços dela que estavam em volta de seu pescoço, ele
agarrou-lhe os pulsos e prendeu-os nos lados, lentamente deslizando pelo corpo dela.
Ela se contorceu, puxando os pulsos que ele segurava com força, um de cada lado da cintura.
Ele a lambeu e beijou, descendo pelo peito até chegar aos seios, fazendo com que ela quisesse
gritar por causa do desejo frustrado.
Ele não foi gentil e ela não queria que fosse. Os dentes morderam um mamilo sensível, puxando
a ponta para dentro da boca quente para encontrar a língua.
Prazer e dor.
— Simon. Ah, meu Deus, por favor. — Ela balançou a cabeça quando ele passou para o outro
mamilo, torturando-a, excitando-a até que mal pudesse respirar.
Ele manteve o ataque erótico nos seios, lambendo, sugando, mordendo de leve, passando de um
para o outro enquanto mantinha as mãos dela firmemente presas. A sensação de estar à mercê
dele era enlouquecedora, de tirar o fôlego.
A boca dele continuou descendo, movendo-se em círculos sobre o abdômen, deixando um rastro
de calor.
Finalmente, ele soltou-lhe os pulsos, usando as mãos para abrir as pernas dela ao se posicionar
entre as coxas. — Seu cheiro é tão doce. Como uma mulher excitada. Minha mulher. Minha para
satisfazer. O meu mel — rosnou ele, respirando fundo várias vezes, com a expiração quente
acariciando as dobras macias da boceta.
O corpo dela quase explodiu só com o rosnado possessivo, másculo e totalmente excitado. —
Sim, Simon. Por favor. Preciso de você. Preciso gozar.
— E eu preciso que você goze. Preciso satisfazer a minha mulher.
Ele puxou-lhe as pernas para cima, dobrando os joelhos, abrindo-a para a boca faminta.
O ataque dele foi imediato e totalmente carnal. Com a boca devorando e a língua penetrando,
ele reclamou a boceta dela com uma intensidade que fez com que ela gritasse o nome dele ao
sentir o corpo vibrar.
Ele invadiu as dobras macias, penetrando fundo, lambendo-a com um abandono sensual que a
deixou sem fôlego e gemendo. A língua dele encontrou e avançou sobre o clitóris inchado com
concentração total.
Kara enterrou as mãos nos cabelos dele, sem se importar com nada mais além do êxtase total
que o corpo sentia. Ele faria com que ela gozasse. Muito.
Ele lambeu o pequeno botão repetidamente. Cada vez mais depressa.
Com o corpo tremendo, ela agarrou os cabelos de Simon, puxando-lhe a boca firmemente
contra a carne latejante da boceta.
O corpo de Kara ficou tenso, com todos os nervos explodindo com uma força tão grande que
ela arqueou as costas e tentou se afastar da boca implacável, sentindo um prazer muito intenso e
veemente.
Agarrando-lhe os quadris, ele a segurou com firmeza, sentindo as ondas de prazer dela que
gritava seu nome. Ele não parou até o último espasmo, deixando-a inerte como um trapo molhado.
Ainda lutando para respirar quando ele se deitou ao lado dela, Kara rolou sobre o corpo dele,
jogando o braço sobre o peito enorme e enterrando a cabeça em seu ombro.
— Está se sentindo melhor? — A voz dele estava rouca, mas divertida.
Ela socou de leve o ombro dele. — Estava tentando me matar?
— Só de prazer, querida — sussurrou ele com voz ardente.
— Bem, então conseguiu. — Ela correu a mão pelo peito dele, traçando as cicatrizes,
imaginando por que um homem tão maravilhoso tivera que passar por uma dor tão grande. Às
vezes, a vida não era justa.
A mão continuou descendo pelo abdômen, traçando cada músculo forte. Ele era esculpido como
uma estátua grega. E tinha um pênis muito maior do que o representado naqueles nus de mármore.
— Você é tão lindo — sussurrou ela maravilhada ao seguir o rastro sedoso de pelos que
começava na cintura.
— Estou começando a achar que preciso levar você a um oftalmologista — resmungou ele com
voz grave, mas amorosa.
— Minha visão é perfeita e minha percepção também. Você é tão forte. Tão lindo. — Ela
envolveu o pênis enrijecido com os dedos. — E grande.
Ele respirou fundo quando ela colocou a mão por dentro da cueca e passou a ponta do dedo
na cabeça do pênis, espalhando a umidade pela ponta sedosa, esfregando gentil e lentamente.
— Puta que pariu! Adoro sentir suas mãos em mim. É a melhor sensação do mundo.
Segurando o pênis com um pouco mais de força, ela começou a movê-lo de forma sensual e
provocante. Isso era algo de que Simon sempre sentira falta, pois não deixava as mãos das
mulheres soltas durante o sexo. Até agora. Simon nunca seria domesticado, mas o fato de se sentir
confortável com o toque dela e, na verdade, de querê-lo, deixou-a feliz. Depois de tudo pelo que
passara, ele confiava nela.
Ele gemeu, um som torturado entre o prazer e a tormenta. A mão grande cobriu a dela. —
Fique em cima de mim, querida. Trepe comigo até eu querer morrer. — Ele tirou a cueca nova, e já
muito adorada, deixando que caísse no chão.
Ela ergueu a cabeça para olhar para o rosto dele quando ele a puxou para cima de si. — Tem
certeza? — O que ela mais queria naquele momento era colocar o pênis enorme dentro de si e
observar o prazer dele. Mas ficou tensa com a ideia, com medo de fazer com que ele revivesse
outra lembrança ruim.
— Sim. Quero ver você em cima de mim. Quero ver seu rosto quando gozar em cima do meu
pau — respondeu ele com expressão sombria e desesperada.
Sentando-se sobre os quadris dele, Kara hesitou com o coração acelerado. Será que ele
conseguiria? Não precisava fazer aquilo. — Você não precisa me provar nada. Não precisamos
fazer isso.
— Coloque-me dentro de você, querida. Preciso de você — rosnou ele com voz rouca de
desejo.
Preciso de você.
Aquelas três palavras a fizeram erguer o corpo, agarrar o pênis entumecido e colocar a
cabeça na abertura do canal apertado. A necessidade a invadiu, um desejo elemental e puro de
senti-lo preenchendo-a, de tê-lo movendo-se dentro dela o mais fundo que conseguisse. Com as
mãos sobre o peito dele, Kara se moveu para cima e para baixo, tomando-o lentamente,
acostumando-se com o ângulo. Ela abaixou novamente, deixando que a maior parte do pênis a
penetrasse e ele moveu os quadris para cima, tentando ir mais fundo.
Mãos grandes e fortes seguraram-na pelos quadris, puxando-a para baixo para encontrá-lo
quando os quadris subiram, e a pele dela bateu contra a dele quando Simon finalmente a
penetrou profundamente, preenchendo-a completamente. Ele a esticou e abriu-a, segurando-lhe os
quadris com firmeza quando se reuniram totalmente, com o pênis enterrado até o fim.
— Meu Deus! Você é tão gostosa. Tão apertada e quente. — A voz dele tinha um tom
selvagem.
Ela estudou o rosto dele, procurando algum sinal de que aquela posição o perturbava de
alguma forma. Não havia nada além de prazer. Os olhos de chocolate líquido encontraram os dela
e mantiveram o olhar. As mãos dele guiavam o movimento dela e os quadris subiam em investidas
fortes.
O olhar dos dois continuou preso um ao outro e uma lágrima desceu lentamente pelo rosto de
Kara ao não perceber qualquer sinal de medo nele, nenhuma dúvida sobre com quem estava
fazendo sexo.
— Só você, Kara. Só existe você — disse ele, com o peito subindo e descendo pesadamente. —
Você é tão linda. Solte-se. Goze para mim.
Ela sentiu os olhos fechando-se enquanto ele a penetrava, segurando-lhe os quadris com mãos
fortes. Ela inclinou a cabeça para trás ao se deixar ser consumida pelas investidas poderosas, pelo
atrito dos movimentos furiosos, pela sensação de ser possuída por ele repetidamente.
Os seios balançavam com as entradas intensas. Ela ergueu as mãos e segurou-os, beliscando os
mamilos de leve.
— Isso. Tome o que quiser, querida. O que precisar. — A respiração dele estava acelerada e
as investidas ficaram mais profundas e rápidas.
Ela apertou os mamilos quando ele a segurou com mais força nos quadris, mais exigente. Kara
se moveu com selvageria, tomando-o tão profundamente que sentiu o corpo estremecer.
Jogando a cabeça para trás com força, ela implodiu. Os músculos das paredes do canal se
contraíram e relaxaram, repetidamente apertando o pênis que a invadia. Enquanto o corpo
estremecia, ela sentiu o corpo dele ficar tenso sob o seu.
Ela observou, encontrando o olhar dele, quando Simon gozou.
Ele estava sexy e selvagem, másculo e perfeito. O som baixo e reverberante que subiu-lhe pela
garganta foi o som mais belo que ela já ouvira.
Um jato quente e explosivo invadiu o ventre de Kara e os dois desmoronaram. Ela sentiu o
corpo dele estremecendo ao se deixar cair sobre ele, cobrindo-o como uma coberta. — Eu amo
você — murmurou ela com um suspiro.
Ele passou os braços em volta dela, apertando-a firmemente. Os dois estavam suados e
exaustos, mas ela se sentia totalmente completa e feliz.
Demorou algum tempo para que a respiração voltasse ao normal e o coração dela diminuísse a
velocidade. Kara começou a se afastar para sair de cima de Simon e deitar-se ao lado dele, mas
ele não deixou, resmungando e puxando-a de volta. — Fique.
Ela deveria ter ficado furiosa com a ordem dele, mas a forma como a dissera, com tanto amor
na voz, fez com que sorrisse. Ela também estava tão exausta que mal conseguia se mover.
Kara aconchegou a cabeça novamente no ombro dele, determinada a reunir energia suficiente
para se mover logo depois. Caso contrário, acabaria esmagando o coitado do homem.
A respiração dele ficou profunda e regular, com os braços ainda em volta dela, mas relaxados.
Ele dormiu. Acabamos de fazer sexo na posição dos pesadelos dele. E ele está dormindo, comigo
deitada em cima dele.
O coração de Kara deu um salto e ela sentiu uma dor profunda. Ele confiava tanto nela que
conseguia relaxar quando se sentia mais vulnerável. Ela virou a cabeça e beijou-o de leve, com o
coração transbordando de amor por aquele homem.
Aquele homem que colocava as necessidades dela em primeiro lugar.
Aquele homem que confiava nela.
Aquele homem que faria qualquer coisa para agradá-la.
Aquele homem que ela amava.
Ela sempre valorizaria a confiança dele, trataria como se fosse uma coisa preciosa. O que era.
A exaustão fez com que fechasse os olhos e relaxasse o corpo.
De verdade, você precisa sair de cima de Simon. Não pode ser uma posição confortável para
dormir.
A respiração dela ficou mais profunda, acompanhando o ritmo do homem sob ela.
Eles acordaram na manhã seguinte na mesma posição, completamente descansados e
confortáveis.
imon andou para lá e para cá no pátio do resort elegante com uma careta.

S Estava prestes a cometer um grande erro? E se ela não aceitasse? As seis semanas
anteriores foram as mais felizes da vida dele. Ele realmente queria estragar tudo?
Ele olhou para a água, revivendo as lembranças com um sorriso feliz.
Não quero estragar tudo. Mas preciso dela. Quero que seja minha. A necessidade de marcá-la
como dele era quase insuportável.
Olhar para a porta de fora da suíte fez com que ele estremecesse. Que merda! Por que aquilo
era tão difícil? Ele e Kara dividiam tudo. Não havia um canto do coração e da alma dele que ela
não conhecesse.
O celular vibrou no bolso do casaco. Ele usava terno e gravata e nem era um maldito dia de
trabalho. Estava em Orlando para visitar, de todos os lugares, a Disneyworld, e realizar um dos
sonhos de Kara. Era incrível que uma mulher nascida e criada em Tampa nunca fora à Disneyworld!
É claro, nem ele. Mas, por outro lado, ele se mudara para a Flórida quando já era praticamente
adulto.
Ele apertou o último coração de desejo na palma da mão até que as juntas ficaram quase
brancas, quase cortando a circulação do sangue.
Ele guardara um desejo. O outro fora usado para levá-la em uma viagem durante as férias da
faculdade. Ele lhe dera o coração um mês antes e dissera a ela que desejava poder levá-la a
algum lugar que quisesse visitar durante as férias.
Está bem. Sim. Ele esperara Paris, Londres, o oriente, até mesmo a África. Em vez disso, ela
murmurara baixinho que sempre quisera ir à Disneyworld. A pouco mais de uma hora de carro de
Tampa e com um jatinho particular disponível para viajar para qualquer lugar do mundo, ele não
esperara que aquela fosse a viagem dos sonhos dela.
Na verdade, fora divertido. Ele gostara especialmente quando ela se assustara em uma das
atrações e jogara-se nos braços dele com um grito e uma risada divertida. Aquela era a última
noite no resort e ele a levaria para jantar em um dos melhores restaurantes de Orlando. E
esperava que tivessem algo importante para comemorar.
Tirando o telefone do bolso, ele viu quem estava telefonando. Hudson, Samuel.
— O que foi? — rosnou ele no telefone.
— Já pediu?
Simon quase riu ao ouvir a voz ligeiramente nervosa no outro lado do telefone. Sam agia como
se o evento fosse tão importante para ele quanto era para Simon. — Não. Ela está se arrumando
para o jantar.
— Mas que merda, você teve uma semana inteira.
— E por que você se importa? — Na verdade, Simon sabia muito bem por que Sam se
importava. Ele deixara escapar que, se Kara dissesse sim, Sam muito provavelmente veria Maddie
Reynolds novamente.
— Ela é boa para você. Você precisa dela. Além do mais, não quero ter que aguentar o seu
mau humor infernal se ela disser não.
Ela não ia dizer não. Não podia dizer não. Ele teria simplesmente que convencê-la. Qualquer
outra coisa não seria uma opção aceitável.
A porta da suíte se abriu e Simon perdeu completamente o interesse na conversa com Sam. —
Ligo para você mais tarde.
— Peça logo!
Simon desligou e guardou o telefone no bolso, sem afastar os olhos da bela mulher de vermelho,
emoldurada na porta da suíte.
Meu Deus, ela é incrível. Será que algum dia me acostumarei com essa visão?
Provavelmente... não. Não importava onde ela estava nem o que vestia, ele começava a ter
palpitações no instante em que a via.
Usando um vestido vermelho que brincava em volta dos joelhos e sapatos de salto da mesma
cor, ela o deixou sem fôlego. Os cabelos estavam soltos e pequenos cachos esvoaçavam com a
brisa leve do oceano.
— Você está linda — disse ele com sinceridade ao chegar ao lado dela, beijando-lhe de leve
os lábios. Você parece uma deusa.
Todos os dias. Todas as vezes em que a via.
— Obrigada. Você também está muito bonito, sr. Hudson. Estamos prontos? — perguntou ela
com um sorriso feliz.
Estou pronto. Pronto para arrancar esse vestido sexy e ver que tipo de roupas íntimas está usando.
E, depois disso, para arrancá-las com os dentes e trepar com você até que grite enlouquecidamente.
O pênis estava duro, mas aquilo não era novidade. Acontecia todos os dias, sempre que ela
sorria para ele. Ou quando não sorria. Quando fazia uma careta. Quando discutia. Que merda!
Bastava a simples presença dela para que a ereção acontecesse.
Ou a voz dela. Ou apenas pensar nela. Que droga... ele era muito fácil quando Kara estava
envolvida.
— Em um minuto. — Ele a conduziu de volta para a suíte, fechando a porta atrás de si. —
Preciso falar com você.
O sorriso dela sumiu e ele teve vontade de dar um chute em si mesmo.
— Há alguma coisa errada? — perguntou ela com a voz subitamente preocupada.
— Não. — Ele se sentou em um sofá de couro na suíte opulenta e puxou-a para o colo. —
Preciso perguntar uma coisa a você.
Vamos. Faça isso logo. Antes que fique louco.
Ele abriu o punho cerrado, mostrando o último coração do desejo.
— Não vá desperdiçá-lo pedindo sexo, pois isso é praticamente certeza — respondeu ela,
rindo baixinho.
Ele a deslizou para fora do colo e sentou-a ao seu lado. Colocando a mão no bolso, pegou uma
caixinha que entregou a ela.
Ela olhou para ele, depois para o coração e para a caixa. Pegando a caixa, ela levantou a
tampa lentamente.
— Eu desejo que case comigo. — A voz dele era rouca e estava repleta de esperança e medo.
— Ah, meu Deus. Simon! Eu não esperava isso. — Ela tirou o anel de diamante brilhante e
imenso da caixa de veludo com os dedos trêmulos. — Não sei o que dizer!
— Diga sim. Por favor. — Diga sim, senão vou enlouquecer.
Ela olhou para ele com uma expressão atordoada. — Você quer se casar comigo? Simon, você
nunca nem disse que me ama. Supus que ainda não estava pronto. Eu não esperava isso.
Como diabos ela podia não ter suspeitado? Ela era dona do coração, do corpo e da alma dele
havia muito tempo. — Eu amo você. Eu amo você. Eu amo você. — Claro que dissera aquilo para
ela antes, não? — Eu amo você. Não acredito que nunca disse isso, mas você certamente sabia.
Ela sorriu para ele. — Eu sabia. Só não sabia se você estava pronto para dizer.
— Estou mais do que pronto. Você é minha e quero que isso seja oficial. — O olhar dele era
intenso e o corpo estava tenso. — Eu devia ter dito a você que a amava. Daqui para a frente,
ouvirá isso com tanta frequência que ficará cansada dessas palavras. Você merece ouvir isso todos
os dias. Talvez eu não tenha colocado em palavras porque não há realmente palavras para
explicar o que sinto por você. Amor parece uma coisa morna, não é suficiente. Mas amo ouvir isso
saindo dos seus lábios. Eu devia ter sabido que você queria ouvir. — Ele suspirou. — Você é a
minha vida, querida. Seja minha, por favor. Minha para sempre.
Ela se jogou nos braços dele. Ele a abraçou com força e fechou os olhos, sabendo que
segurava o mundo inteiro nos braços naquele momento.
— Minha para sempre — sussurrou ela perto do ouvido dele com a voz incrédula.
Ele se afastou para olhar para o rosto dela. Kara chorava e as lágrimas corriam-lhe pelo rosto
em um fluxo sem fim.
— Não chore. Não gosto disso.
— Eu sei. Mas são lágrimas de felicidade.
Que merda! Chorar era chorar e ele odiava vê-la chorando. Ele pegou o anel dos dedos
trêmulos e pegou a mão de Kara gentilmente, deslizando o anel pelo dedo. O coração dele batia
acelerado ao dizer: — Você vai casar comigo.
— Achei que estava me perguntando. — Ela lhe lançou um olhar divertido. — Eu ainda não
disse sim.
— Mas vai — ameaçou ele com expressão sombria. — Diga que vai. — Diga logo. Diga antes
que eu tenha um ataque do coração. Diga. Agora. Agora, caralho!
Ela abriu a mão dele e pegou o coração gentilmente. Em seguida, rasgou-o, deixando que os
pedacinhos se espalhassem pelo sofá. — Desejo concedido.
Ele soltou um suspiro aliviado, com o coração batendo com força. — Sim?
— Sim. Eu vou casar com você. Também amo você.
— Logo — exigiu ele.
— Veremos. Um acordo?
— Não! — Ele pegou a mão de Kara e beijou de leve o anel que colocara no dedo dela. —
Nada de acordos desta vez.
Ela passou os braços em volta do pescoço dele, beijando-o de leve nos lábios enquanto
acariciava-lhe a nuca. — Um acordo pequeninho?
— Não.
Ele rosnou quando ela puxou-lhe a cabeça para baixo e deu-lhe um abraço quente e sensual
que o deixou sem fôlego.
— Você pode ceder um pouquinho — disse ela em voz baixa e persuasiva.
Ele resmungou quando a mão dela desceu pelo seu peito e agarrou a ereção por cima da
calça. — Está tentando me seduzir para fazer um acordo?
— Talvez. Está funcionando? — perguntou ela com aquela voz irresistível de “trepe comigo”.
— Puta merda, sim, está funcionando — gemeu ele, puxando-a para os braços. — Está bem.
Discutiremos os termos. Mais tarde. — Ele se levantou e puxou-a.
Que merda! Ele era fácil.
— Depois — concordou ela. — Bem depois. — Ela agarrou a gravata dele e puxou, levando-o
em direção ao quarto.
Talvez ser fácil nem sempre fosse algo ruim.
Eles perderam o jantar e pediram serviço de quarto muito mais tarde. Nas horas que
precederam o jantar de comemoração do noivado na suíte, Simon descobriu que fazer acordos
não era algo tão negativo e que ser fácil podia ser uma coisa muito, muito boa.

~*~ Fim ~*~


Completamente minha.
Romance do Dia dos Namorados - A Obsessão do Bilionário
De J . S . Scott
Copyright© 2013 de J. S. Scott
Todos os direitos reservados.

Este livro é para os leitores maravilhosos da série A Obsessão do Bilionário que adoraram Simon e
Kara tanto quanto eu e querem conviver mais um pouco com eles. Obrigada por seguir a série e
esperar cada novo livro com entusiasmo.
Agradeço também a Karma pelas coisas generosas que faz por mim como amiga e como crítica. Fique
boa logo.
~J.S.~
odemos conversar?

P Simon Hudson fez uma careta ao levantar os olhos da tela do computador para ver a
noiva, Kara, parada na entrada do laboratório de informática que tinha em casa, dizer as
duas palavras que ele jurava que cada homem do mundo provavelmente odiava ouvir da mulher
que amava. Depois de morar com a morena maravilhosa por mais de um ano e vendo aquela ruga
familiar de concentração entre os belos olhos azuis, Simon Hudson sabia exatamente o que estava
prestes a acontecer. Podemos conversar? Aquelas palavras murmuradas em voz rouca, baixa e
sedutora eram, na verdade, uma advertência, um sinal de que ela estava prestes a abordar um
tópico com o qual ele positiva e absolutamente não concordava ou sobre o qual não queria
conversar.
Ele pegou a xícara que estava ao lado do computador, tomando um gole de café e desejando
ter algo um pouco mais forte, apesar de ser oito horas da manhã. Na última vez em que Kara
quisera conversar, ela o atacara sobre a segurança pessoal, querendo que ele a reduzisse. Aquilo
não aconteceria de jeito nenhum. Ela já tinha muito menos segurança do que ele gostaria vigiando
aquele traseiro delicioso todos os dias. Engolindo em seco, tentando empurrar o café pelo nó que
se formara na garganta, ele tentou não notar como Kara estava adorável naquela roupa cor-de-
rosa ao entrar no escritório. Mesmo depois de um ano, bastava a visão dela, o som da voz, pensar
nela, o cheiro provocante — qualquer coisa que o lembrasse de Kara — para que ficasse
totalmente enfeitiçado e o pênis endurecesse. Simon se convencera de que a obsessão por Kara se
acalmaria depois de algum tempo, transformando-se em um amor mais racional, que não o
deixasse completamente insano. Isso não acontecera e ele estaria iludindo-se seriamente se
achasse que conseguiria sentir qualquer coisa que não fossem pensamentos completamente
irracionais em se tratando de Kara. No mínimo, a fixação que sentia por ela piorara.
Sou um maldito bilionário, dono de uma das maiores corporações do mundo, sensato em todas as
outras áreas da minha vida. Como uma mulher pode me deixar tão louco?
Kara sorriu ao parar em frente à mesa dele, fazendo com que a ereção forçasse o zíper da
calça jeans e o peito se apertasse de felicidade. Todas as vezes em que olhava para ela, Simon
ficava maravilhado com o fato de que aquela mulher incrível era dele, que o aceitara
completamente, com todos os defeitos que tinha.
Minha.
Simon queria estender a mão por cima da mesa e soltar aquela juba sedosa do rabo de
cavalo, puxá-la para o colo e beijar aqueles lábios sorridentes até que Kara começasse a fazer
aqueles pequenos sons de desejo, gemidos abandonados que...
— Simon? — A voz interrogativa de Kara o arrancou das fantasias eróticas. Que merda.
Podemos conversar?
Que caralho. E ele tinha opção? Simon sorriu para ela, mas perguntou em tom cauteloso: —
Sobre o que você quer conversar?
— Preciso que você leia e assine uma coisa. Não é nada demais. — Ela largou vários papéis
sobre a mesa, presos com um clipe.
Percorrendo a primeira folha rapidamente, com os olhos voando sobre as palavras impressas,
ele comentou em voz atônita: — É um contrato. Um acordo pré-nupcial. — Ele folheou as páginas
rapidamente, familiarizado com contratos e documentos legais. Não levou muito tempo para que
encontrasse as informações pertinentes. — Que diabos é isso?
Ela suspirou. — Pedi a um advogado que fizesse um rascunho. Nós vamos nos casar daqui a um
mês. Você é um bilionário e eu sou uma enfermeira recém-formada sem um centavo. Não estamos
exatamente no mesmo nível. Acho que é justo que você se proteja. Eu já assinei. Só preciso da sua
assinatura. Por favor.
Estreitando os olhos perigosamente, ele ergueu a cabeça e lançou-lhe um olhar teimoso. — Nem
pensar, querida. Pelo amor de Deus, você não está dando nada a si mesma. Que espécie de
advogado concordaria com isso para uma cliente? Você nunca vai me deixar e eu sei ao certo que
nunca deixarei você. Até que a morte nos separe, o que é meu é seu etc. etc.
Kara colocou as mãos nos quadris e encontrou o olhar feroz dele com ferocidade igual.
Uh oh. Simon conhecia muito bem aquele olhar, aquela inclinação do queixo, mas nunca perderia
naquela discussão. Nada de acordo pré-nupcial, nada de divórcio. Nunca. Ele não sobreviveria a
um divórcio. A mulher teimosa parada diante de Simon se tornara o mundo inteiro dele, segurando
a sua felicidade nas mãos delicadas. Ela o arrancara da existência vazia, forçando-o a enfrentar
os problemas de frente, mudando a vida inteira dele de apática para extraordinária. Ele não ia
perdê-la, nunca.
— Coisas acontecem, Simon. Você salvou a minha vida. Não somos financeiramente iguais. Devo
isso a você. — A voz dela era frustrada.
As rodinhas da cadeira de Simon rangeram quando ele se levantou para se aproximar de
Kara. — Coisas não acontecem conosco. E você não me deve absolutamente nada. Você não me
deixa comprar nada sem uma grande discussão. Não aceita um centavo do meu dinheiro. Estou
disposto a apostar tudo o que tenho como você mal tocou no dinheiro que coloquei na sua conta há
mais de um ano. — Respirando fundo, Simon tentou conter as emoções, tentando reprimir de forma
implacável a dor e a possessividade que tentavam vir à tona. Não havia nada que quisesse mais
do que dar tudo a Kara, coisas que ela nunca tivera antes de conhecê-lo. Mas ela não aceitava
nada além de um teto sobre a cabeça e comida na mesa, e aquilo estava acabando com ele. Que
merda, a vida de Kara deveria ser mais fácil agora que seria esposa dele. Ela passara a vida
inteira na pobreza, trabalhando insanamente. Simon queria que as coisas fossem diferentes para
ela agora. Precisava dar a ela uma vida feliz e sem preocupações depois do inferno pelo qual
passara apenas para sobreviver. E ele tinha os recursos para isso.
Kara soltou um suspiro trêmulo antes de responder: — Você me resgatou das ruas, Simon. Você
me deu abrigo, cuidou de mim, fez com que eu me apaixonasse perdidamente e deu-me amor em
retorno. Você me deu tudo o que uma mulher poderia querer. Deixe-me dar isso a você.
Puta que pariu. Não é suficiente. Não é suficiente. Ela merece mais. Provavelmente um homem
melhor do que sou, mas não posso desistir dela.
Estremecendo ao sentir o cheiro feminino dela, Simon virou-a, colocando as mãos sobre a mesa,
uma de cada lado de Kara, prendendo-a. Negar àquela mulher qualquer coisa que quisesse era
um inferno, pois ela pedia muito pouco além do amor dele, mas Simon se recusou a ceder daquela
vez. Ela tinha o amor, o corpo, a mente, a alma dele. Obviamente, aquela mulher ainda não
percebera que o tinha na palma da mão a cada minuto do dia.
Minha.
Ele encostou a boca na orelha de Kara, empurrando-a contra a mesa, esfregando o corpo no
dela só para sentir aquelas curvas deliciosas. Meu Deus, como ele amava a forma como o corpo
dela se rendia ao seu, ansiava por ele, como eles se fundiam com a disposição dela de aceitá-lo
como se a carne dele fosse parte de si.
Os braços de Kara serpentearam pelo corpo de Simon, as mãos passearam sob a camiseta e o
toque dela deixou-lhe em chamas a pele já quente. Ele gemeu quando ela apertou o corpo contra
o dele, acariciando-lhe as costas, esfregando os quadris contra o pênis inchado.
Com a boca perto do ouvido dela, Simon grunhiu: — Nada de contratos. Nada entre nós. Nem
agora nem no futuro. Você é minha. Sempre será minha.
O perfume irresistível dela o envolveu, afogando-o em desejo, deixando-lhe o corpo
implorando à mente para que a tomasse. Uma necessidade selvagem o invadiu e ele puxou-lhe a
cabeça para trás gentilmente pelo rabo de cavalo, cobrindo-lhe a boca quando ela abriu os lábios
deliciosamente tentadores para discutir.
Kara soltou um gemido doce quando a boca de Simon devorou a dela. Ele engoliu o som com
lábios famintos, desesperado para reclamar aquela mulher, marcá-la com seu toque até que ela
não conseguisse pensar em nada além dele. Ela tinha gosto de café, menta e desejo carnal puro e
quase o deixou louco. Ele atacou, tomando-lhe a boca, gemendo quando a língua dela deslizou
sobre a sua, reclamando-o. O coração de Simon bateu com força no peito, querendo dizer a ela
que ele era dela desde o momento em que a vira pela primeira vez. Provavelmente, se fosse
sincero, muito antes daquilo. Ele esperara uma vida inteira pela mulher que segurava nos braços e
nunca a deixaria ir embora.
Afastando-se relutantemente dos lábios dela, Simon enterrou o rosto no pescoço de Kara,
lutando para respirar e para controlar as emoções. As mãos dele desceram para as nádegas
firmes dela, apertando-as, puxando o calor dela contra o pênis enrijecido.
— Simon — gemeu Kara com aquela voz rouca de trepe comigo e ele sentiu o hálito quente na
orelha.
Um instinto animal o atingiu por dentro, incontrolável e selvagem. Nada, absolutamente nada era
mais importante naquele momento do que o desejo de satisfazer a companheira excitada.
— Eu amo você — ofegou ela, mordendo o pescoço dele de leve.
Dessa vez, as palavras dela foram diretamente para o coração de Simon e a dor agradável
atingiu-lhe bem no peito. — Eu também amo você, querida. — Repousando a testa no ombro dela,
ele fechou os olhos, abalado pela intensidade das emoções dela, atônito pelo fato de que aquela
mulher realmente o amava. A ele. O homem. Não o bilionário nem as coisas materiais que podia
dar a ela. Ele tinha cicatrizes do passado, por dentro e por fora, mas Kara nunca parecia
enxergar nada além de um homem que merecia ser amado. Ela era um milagre, o milagre dele. —
Chega de falar sobre acordos pré-nupciais, está bem?
Ele sentiu os cabelos sedosos contra o maxilar quando ela balançou a cabeça, afastando-se
ligeiramente para encará-lo nos olhos. Franzindo a testa, ela respondeu: — Precisamos falar sobre
isso.
Não. Com certeza eles não precisavam falar sobre aquilo. Ela podia esquecer aquela ideia
ridícula e simplesmente beijá-lo de novo. E de novo. Simon não pretendia transformar o evento mais
feliz e mais incrível da vida dele em um maldito contrato. — Você sabe que já mudei meu
testamento. Já conversamos sobre isso. — Ele garantira que Kara nunca ficasse desamparada, não
importava o que acontecesse com ele.
Ela assentiu lentamente. — Uma coisa é você me deixar se morrer. Mas e se...
— Não vai acontecer — respondeu ele depressa, com o maxilar contraindo-se com a ideia de
perder Kara. — Isto é para sempre. Não vou assinar um maldito acordo pré-nupcial. Você e eu
não somos um negócio. Isso se trata de você e eu. Juntos. Pelo resto da vida. — O monstro dentro
de Simon o apertava, irritado com a possibilidade de que alguma coisa pudesse tirar aquela
mulher dele. Nem pensar.
Empurrando o peito dele, ela se afastou do abraço. — Eu quero que você saiba que não estou
me casando com você por causa do seu dinheiro. — A voz dela estava embargada e o lábio
inferior trêmulo.
Ah, merda. Não. — Não chore. Não gosto disso. — Na verdade, ele odiava. Vê-la chorando
fazia com que tivesse vontade de ficar de joelhos e dar a ela praticamente qualquer coisa que
quisesse. Felizmente, ela raramente chorava, a não ser que fosse de felicidade. E Kara nunca
usara aquela fraqueza dele como arma. — E sempre esteve bem óbvio que você não está atrás
do meu dinheiro. — Mais do que óbvio.
Com os olhos arregalados, ela lhe lançou um olhar atônito e retrucou: — Como pode saber
disso? Você me sustentou enquanto eu terminava a faculdade de enfermagem, pagou minhas
despesas, comprou presentes ridiculamente caros. Quero que consiga confiar em mim
completamente.
Merda! Sério? A mulher conhecia cada um dos pequenos segredos dele, coisas que ele nunca
revelara a ninguém, nem mesmo ao irmão Sam. — Eu confiei em você em todos os detalhes da
minha vida, Kara. Eu confio em você. Não me casaria com você se não confiasse. Não preciso de
um acordo pré-nupcial. Não quero — resmungou ele, tentando conter a raiva, a dor pelo fato de
que, apesar de ele ter jogado a alma aos pés dela, Kara ainda não confiava completamente nele
nem na ideia de que o relacionamento deles nunca terminaria. — Se tivesse fé suficiente em mim,
você também não precisaria dele.
Simon demorou cerca de um nanossegundo para se arrepender daquelas palavras e quis
apagá-las no momento em que saíram da boca. O rosto belo de Kara murchou, com toda a dor
aparecendo nos olhos expressivos que se encheram de lágrimas. Caralho. Que espécie de frase
idiota foi essa? Em vez de apreciar o fato de que Kara o queria tanto que estava disposta a abrir
mão de qualquer vantagem financeira pelo casamento apenas para mostrar a ele o quanto o
amava, Simon jogara aquelas palavras agressivas nela por frustração e medo. E aquilo não era
nem um pouco verdade. Kara sempre tivera fé nele, mesmo quando provavelmente não deveria ter
fé alguma, mesmo quando ele não tivera fé em si mesmo. O problema era que ele queria mais,
precisava que ela acreditasse neles como casal. Apesar de não gostar sempre que ele comprava
alguma coisa, por causa da situação financeira passada dela, Kara nunca parecera questionar o
fato de que eram almas gêmeas, destinadas a ficar juntas para sempre... até algumas semanas
antes. A hesitação recente dela o assustava, deixava-o aterrorizado ao começar a considerar que
talvez ela quisesse ir embora algum dia. Aquela noção de que ela devia a ele e não queria dividir
tudo, especialmente o dinheiro dele, deixava-o extremamente incomodado. Aquilo fazia com que
todas as inseguranças dele ficassem à flor da pele.
Passando a mão pelos cabelos com um suspiro arrependido, ele disse em tom suave: — Sinto
muito. Eu não devia ter dito isso.
Ele a observou com cuidado, com o coração despedaçando-se quando Kara limpou
furiosamente uma lágrima que escapara dos olhos azuis e respondeu: — Você não teria dito isso
se não houvesse um fundo de verdade. Talvez você tenha razão. Talvez isso tudo seja um erro.
Os olhos dele ficaram sombrios e turbulentos. — Como assim, um erro?
— Nós. — Ela gesticulou na direção dele e depois para si mesma. — Talvez não devêssemos
estar pensando em casamento agora. Talvez nossas circunstâncias tenham uma diferença grande
demais. — Com as mãos tremendo nervosamente, Kara limpou os dois olhos, com as lágrimas
descendo tão depressa que ela não conseguia acompanhar.
Mas. Que. Diabos. Ele esperara, lutando contra todos os instintos que tinha de torná-la esposa
dele imediatamente, por quase um ano. E agora ela questionava o casamento deles? Porque ele
era rico? O dinheiro dele não era novidade alguma, não era uma coisa desconhecida. Ele era
bilionário muito antes de se conhecerem. Praguejando baixinho, Simon deu um passo à frente,
estendendo a mão para Kara, mas ela recuou com um soluço estrangulado. Deixando as mãos
caírem ao lado do corpo, ele as cerrou com força. Com o maxilar contraído, ele se forçou a não se
aproximar dela novamente. No ano em que ficaram juntos, ele e Kara raramente brigaram e ele
nunca a vira parecer tão frágil... exceto quando fora atacada e quase morta por dois drogados
violentos. Mesmo então, ela não parecera tão assustada. Quando ela estava realmente furiosa,
enfrentava-o de frente. As discussões eram acirradas e acabavam rapidamente, normalmente
sendo resolvidas com um acordo e sexo selvagem.
Ele esperara demais? Ela estava mudando de ideia?
Desejando tê-la jogado sobre o ombro quase um ano antes para levá-la a Las Vegas no jatinho
particular, Simon disse: — Nós vamos nos casar e você precisa me dizer o que realmente está
acontecendo. — Tentando controlar o temperamento e manter o nível da voz, Simon cerrou os
punhos com mais força, quase cortando a circulação dos dedos. Kara nunca se afastara dele
daquele jeito, nunca rejeitara as tentativas dele de confortá-la. O que acontecera com a mulher
que se jogava em seus braços sempre que precisava dele? E, que merda, ele queria que ela
precisasse dele. A rejeição dela estava acabando com ele.
— Não sei se eu posso me casar com você. — A frase foi dita com um soluço triste.
Mas que caralho. Simon não conseguiria ver as lágrimas dela por mais um minuto e não estava
entendendo nada do que ela estava tentando dizer. Só o que sentia era pânico, desespero e dor.
Pânico com a ideia de perdê-la, desespero para corrigir o que havia de errado e uma agonia
infernal ao ouvi-la dizer que não se casaria com ele. — Você vai se casar comigo. Nada de
malditos acordos pré-nupciais. Eu preciso de você, Kara. Sempre precisarei de você. Por favor, não
faça isso. — Ele falou em voz baixa, perigosa, como se mal conseguisse conter os instintos de
homem das cavernas... e Simon era um homem das cavernas. Naquele momento, queria prendê-la
contra a parede e penetrá-la tão fundo, tomá-la tão completamente, que ela nunca mais pensaria
em dizer que não podia se casar com ele. Se ela precisava de um lembrete de como eles
combinavam, de como ele queria e precisava dela, ficaria feliz em dá-lo. Bem ali. Bem naquele
momento.
Com uma expressão selvagem, Kara recuou enquanto ele a seguia devagar até prendê-la
contra a parede ao lado da porta. Os olhos dela voaram para o rosto dele, depois para a porta
e de volta para ele.
— Nem pense nisso — resmungou ele, batendo as mãos na parede ao lado dos braços dela,
prendendo-a e acabando com qualquer esperança de fuga. — Fale comigo — exigiu ele,
precisando aliviar a dor dela... e a própria dor. Depois de passar o último ano incrivelmente feliz
com uma mulher que amava mais do que a própria vida, o comportamento subitamente irracional
de Kara era incompreensível. Ele normalmente era o idiota controlador e dominador e Kara era a
voz da razão. — Você está bem? — perguntou ele, prescrutando-lhe o rosto. Se havia alguma
coisa errada, ele consertaria. Não havia nada que não fizesse naquele momento para ver o
sorriso dela novamente, para apagar a confusão e a dor que via refletidas nos olhos dela.
Desde que ela não diga que não pode se casar comigo. Se disser isso de novo... vou perder o
controle.
Kara assentiu hesitante e, em seguida, balançou a cabeça negativamente. — Sim. Não. Não sei.
— Ela encostou a testa no ombro dele e começou a chorar como se o mundo inteiro estivesse
desmoronando. Erguendo as mãos, ela agarrou a camiseta dele, puxando o algodão na altura da
cintura enquanto encharcava a parte de cima com lágrimas.
Puta merda! Completamente atônito, Simon passou os braços em volta dela, apertando tanto que
ela gritou.
— Não consigo respirar — gaguejou ela ao tentar respirar fundo.
— Merda. Desculpe. Kara, não estou entendendo. — Simon afrouxou os braços imediatamente,
mantendo o corpo dela junto ao seu, sentindo-se completamente impotente e odiando cada
segundo.
Ela se contorceu nos braços dele quando uma série de batidas soou no batente da porta e o
irmão mais velho de Simon, Sam, entrou na sala sem ser convidado.
Aproveitando a distração, Kara escapou dos braços de Simon e fugiu. — Preciso ir. Maddie
está esperando na clínica. — A explicação dela foi apressada quando ela correu pela porta
aberta como se estivesse em chamas, desviando de Sam ao passar.
— Não! Kara, não terminamos. Não ouse sair agora — gritou Simon para a mulher que se
afastava. Furioso e completamente desesperado, ele correu atrás dela, determinado a fazer com
que explicasse o que estava acontecendo.
Simon não conseguiu chegar até a porta, pois o irmão o puxou de volta para dentro da sala ao
agarrar a parte de trás de sua camiseta. — Ei, ei, mano. Deixe-a ir. Não parece que vocês dois
estavam resolvendo muita coisa.
Simon se virou para encarar o irmão, totalmente lívido. — Tire as malditas mãos de mim. Ela vai
me ouvir.
Sam deixou que o irmão se virasse, mas agarrou firmemente a parte da frente da camiseta de
Simon, puxando-o para perto. Aproximando bem o rosto do dele, Sam encarou Simon com um olhar
gelado, com a voz tão fria quanto os olhos ao dizer: — Ah, sim, parecia que vocês dois estavam
totalmente prontos a ter uma conversa racional. — Sam sacudiu Simon de leve. — Acalme-se e
pense no que está fazendo. A mulher estava se desmanchando em lágrimas. Você a ama. É esse o
humor que quer ter ao conversar com ela? Você dirá coisas idiotas das quais se arrependerá mais
tarde. Acredite em mim.
Derrotado, o corpo de Simon relaxou e Sam afrouxou a mão. — Que caralho, já fiz isso. — Ele
se encolheu ao ouvir a porta do apartamento bater e o coração afundou no peito ao perceber
que Kara deixara a casa deles. Que Kara o deixara.
Sam recuou um passo e segurou os ombros de Simon, perguntando baixinho: — Você está bem
agora? — O irmão mais velho estava, na verdade, perguntando se Simon estava controlado.
— Sim. Sim. Acho que sim. — Afastando-se de Sam, Simon se arrastou de volta até a mesa,
jogando-se na cadeira. Enterrando o rosto nas mãos, ele gemeu. — Eu preciso realmente conversar
com Kara. Resolver as coisas. Há alguma coisa errada.
Andando até o círculo de computadores, Sam pegou uma cadeira, virou-a e sentou-se ao
contrário. Apoiando os braços no encosto da cadeira, Sam entrelaçou os dedos e balançou a
cabeça, fazendo com que os cachos loiros curtos sacudissem ligeiramente ao dizer a Simon em voz
grave: — Mano, você realmente precisa trabalhar suas habilidades de comunicação. Se isso era
resolver as coisas, eu odiaria ver o que acontece quando vocês dois estão discutindo.
—V ocêKara
não está doente, está grávida.
fez uma careta, encarando com olhar alarmado a médica ruiva animada que
entrou pela porta da sala de exame. Ela ficou de boca aberta e balançou a cabeça. — Como isso
é possível?
A dra. Madeline Reynolds parou em frente à mesa de exame em que Kara estava sentada e
cruzou os braços sobre o peito. — Você é enfermeira. Precisamos mesmo recordar as aulas de
anatomia e fisiologia? — Maddie ergueu as mãos, fez um círculo com o dedo médio e o polegar
da mão esquerda e inseriu o dedo indicador da mão direita nele. — A parte A é inserida na parte
B, o que pode resultar em gravidez. — Ela deu de ombros, sorrindo para Kara ao deixar as mãos
caírem ao lado do corpo. — Você conhece os outros detalhes.
— Estou tomando anticoncepcional, Maddie. Não é possível.
— Você sabe que ainda assim pode acontecer. E eu acho que é inteiramente possível que tenha
concebido logo depois daquela virose estomacal que teve entre o Natal e o Ano Novo —
comentou Maddie com voz pensativa. — A sua menstruação não desceu recentemente, não foi?
Kara assentiu relutante. — Mas, ainda assim, tomei a pílula todos os dias enquanto estava
doente. Eu não esqueci nem um dia. E não tomei nenhum antibiótico que pudesse interferir com ela
— respondeu Kara com pânico na voz.
Maddie lhe lançou um olhar atravessado. — Mas vomitou todos os dias por uma semana.
Suspeito que a maior parte da pílula foi perdida e não chegou a se dissolver na corrente
sanguínea.
— Merda. Merda. Merda. — Maddie provavelmente tinha razão e Kara estava em negação.
Todos os sintomas estavam lá. Ela só não quisera reconhecê-los. Xingando-se por não ter pensado
na possibilidade que Maddie acabara de mencionar e usado um método anticoncepcional
alternativo, os olhos de Kara desceram para o chão.
— Você estava doente. Não se culpe porque o cérebro estava confuso. — Maddie entregou a
Kara o papel que tinha na mão. — Eis o resultado do exame. É positivo. Você sabe que o teste é
muito preciso, mas podemos repeti-lo daqui a uma semana, se quiser.
Kara pegou o resultado do exame da mão de Maddie, olhando chocada para o resultado
positivo e sentindo os olhos se encherem de lágrimas. Novamente. — Não consigo acreditar. Ah,
meu Deus, como vou contar a Simon?
Maddie se sentou em um banquinho com rodinhas, posicionando-se em frente a Kara, cujas
pernas estavam penduradas na beirada da mesa de exame. Pegando o resultado do exame dos
dedos trêmulos de Kara, Maddie soltou a folha de papel sobre a mesa e pegou as mãos da
amiga, olhando para ela com expressão preocupada. — Você acha que Simon ficará chateado?
Kara... não acho que vá. Você vai se casar com ele daqui a um mês. É um pouco cedo, mas acho
que ele ficará muito feliz. E eu sei que você quer filhos.
Kara olhou para Maddie com a expressão sombria. — Eu quero filhos. Tenho trinta anos e
gostaria de ter mais de um. Mas, sempre que toco no assunto com Simon, ele se desvia
completamente. Ele quer esperar. — Ela cobriu o abdômen plano em reflexo, suspirando ao pensar
que carregava o filho de Simon. Ela queria aquele bebê desesperadamente, já o amava
intensamente. — Não acho que ele ficará feliz. A expressão dele é de dor sempre que falo nisso.
E tivemos uma briga esta manhã.
— Sobre? — perguntou Maddie em tom gentil.
— Eu fui uma idiota furiosa. Não sou eu mesma há algumas semanas. É por isso que queria que
você fizesse alguns exames de sangue. Acho que sabia que talvez estivesse grávida, mas não
queria admitir. Fico tão emotiva o tempo todo, tão assustada. Pedi a um advogado que redigisse
um acordo pré-nupcial para proteger Simon e ele se recusou a assiná-lo.
Maddie apertou de leve as mãos de Kara. — Sabe de uma coisa? A cada dia, gosto mais
desse homem. Que bom para ele. Ele confia em você o suficiente para saber que nunca o
prejudicaria. — Maddie sorriu. — Qualquer outro bilionário com o dinheiro de Simon teria feito
com que você assinasse um acordo pré-nupcial no momento em que colocasse aquele anel
maravilhoso em seu dedo. Por que vocês brigaram?
— Eu insisti que ele assinasse. Ele se recusou. Ele me disse que eu não tinha fé suficiente nele. E
eu disse a ele que talvez devêssemos repensar esse casamento porque somos diferentes demais.
Meu Deus, nem sei por que eu disse aquilo. Simon é como um pedaço que falta na minha alma, é
minha outra metade. Não sei o que eu faria sem ele. Nós combinamos de todas as formas, exceto
pelo dinheiro. Acho que entrei em pânico.
Kara estremeceu ao lembrar do olhar de dor no rosto belo e adorado de Simon e sentiu
vontade de chorar novamente. Por que dissera aquilo? Simon era o mundo dela e ela sabia que
ele sentia o mesmo. O homem sofrera dor o suficiente no passado. Não deveria recebê-la da
mulher que amava, da mulher com quem queria se casar e passar o resto da vida.
— Você está grávida, amiga, e seus hormônios estão totalmente fora de controle. É normal ficar
um pouco emotiva, dizer e fazer coisas irracionais e ter variações de humor. Conte a Simon. Deixe
que ele entenda e fique do seu lado. Você precisa dele agora — disse Maddie em tom persuasivo.
Kara sorriu fracamente para a amiga. — É difícil acreditar que você o odiava.
— Eu nunca odiei Simon. Eu não o conhecia. Só tinha medo de que ele acabasse sendo um
verme como o irmão, Sam. — A voz de Maddie era suave, mas tinha um toque de amargura. —
Está bem claro que não é. Ele adora você. Ele faz você feliz. Só por isso... eu amo esse cara. Mas
ele também é uma pessoa muito boa. Ele me ajudou a manter essa clínica gratuita funcionando com
as doações dele.
O dinheiro que fora doado também pertencia a Sam, uma doação de caridade da Corporação
Hudson, mas Kara não pretendia mencionar aquele fato a Maddie. Sam Hudson e Maddie tinham
um passado e, obviamente, as coisas não tinham terminado bem. Maddie nunca quisera discutir o
assunto, mas Kara sabia que nenhum dos dois superara aquilo completamente, apesar de achar
que fora um incidente no passado distante. — Sam é um homem bom, Maddie. Ele salvou a minha
vida.
— Sim. Depois de insultar você — retrucou Maddie irritada.
— Ele não é perfeito, mas tem um bom coração — argumentou Kara. Sam fora um idiota na
primeira vez em que o encontrara. Mas, durante o ano anterior, o irmão de Simon se tornara uma
pessoa muito querida para ela, como um irmão mais velho que nunca tivera. E ele a salvara de
dois criminosos perigosos, arriscando a própria vida para salvar a dela. Ela perdoara Sam muito
tempo antes pelo que fizera na festa de aniversário de Simon. E ele fora um perfeito anjo desde
aquele incidente.
— Ele é um mulherengo — resmungou Maddie em tom furioso.
Muito bem, Kara não podia argumentar contra aquele ponto. Mas suspeitava que Sam passava
de uma mulher a outra porque nunca conhecera a mulher certa. Ou conhecera a mulher certa... e
ela fora embora. Sam nunca saía com mulheres que valiam a pena manter. Saía com mulheres
superficiais que só se importavam com o status e o dinheiro dele. Elas eram incrivelmente belas, mas
nunca havia um calor verdadeiro em nenhuma delas. Estudando o rosto afogueado de Maddie,
Kara teve a sensação de que a amiga era um fator fundamental nos relacionamentos de Sam com
as mulheres. — Alguma coisa aconteceu entre vocês dois. Algum dia você vai me contar o que foi?
— Não. Foi há muito tempo e não tem importância. — Maddie soltou as mãos de Kara e
levantou-se, empurrando o banquinho para trás com um gesto do pé. — Você precisa começar a
tomar vitaminas e consultar um obstetra.
— Marcarei uma consulta com a dra. Shapiro. — Kara passou a mão na barriga, ainda sem
acreditar que estava realmente carregando o bebê de Simon. Menino ou menina? Não importava,
desde que o bebê fosse saudável. Mas... ela adoraria ter um pequeno Simon.
Obviamente ele seria mandão e exigente como o pai. E lindo, com os olhos escuros e os cabelos
selvagens, exatamente como Simon. Kara sorriu, com olhar sonhador, torcendo para que o filho ou a
filha herdasse também a doçura, a gentileza, a generosidade e o QI incrivelmente alto de Simon.
Sim, uma pequena réplica de Simon seria incrível e Kara sabia que ele seria um pai maravilhoso.
Se ele quiser ser pai. Estranhamente, ela tinha certeza de que ele se apaixonaria pelo bebê, mesmo
se ficasse inicialmente relutante. Ele mimaria o bebê sem o menor pingo de vergonha, da mesma
forma como a mimava. O problema era que Kara não queria forçar Simon a ser pai se ele não
estivesse pronto para isso. Não que ela tivesse muita escolha agora.
Maddie assentiu. — Katherine Shapiro é uma excelente obstetra. Ótima escolha. — Vendo o
olhar distante nos olhos de Kara, Maddie estalou os dedos em frente ao rosto dela. — Ei, onde
você está?
Kara ergueu a cabeça abruptamente, encontrando os olhos de Maddie com uma expressão
culpada. — Ahm... desculpe. Estava só pensando no bebê. — E em Simon. Sempre em Simon.
— Você está bem? Eu sei que isso foi um choque. — Gentilmente, Maddie colocou uma mão
reconfortante no ombro de Kara. — Não se preocupe com as variações de humor nem com o fato
de que está emotiva. São os hormônios. Conte a Simon e deixe que ele a ajude. Ele entenderá o
seu comportamento emotivo quando souber que é causado pelos hormônios e pela gravidez.
Kara engoliu em seco, imaginando se ele entenderia. Minha nossa, ela o amava mais do que
qualquer outra coisa ou pessoa no planeta. E se ele não entendesse? Descendo da mesa de exame,
sem querer pensar na reação de Simon, Kara resmungou: — Preciso voltar ao trabalho. — Ela
estava na clínica para turno semanal voluntário e Maddie tinha pacientes a atender. — Obrigada
por me examinar. Achei que estava ficando louca.
— Você está grávida. É praticamente a mesma coisa — respondeu Maddie com um toque de
humor. — Vá para casa. A agenda não está muito cheia hoje. Posso cuidar de tudo sozinha. Vá e
converse com Simon. Vocês dois precisam de tempo para se acostumar com isso. — Ela puxou Kara
e abraçou-a com força. — Tudo ficará bem. Simon ama você e você o ama. Vocês se casarão
daqui a um mês e não podem cancelar o casamento. Já comprei o meu vestido!
Kara retribuiu o abraço, segurando a mulher pequena por um momento extra. Depois de Simon,
não havia ninguém que amasse mais do que Maddie. — Obrigada, Maddie — sussurrou ela
baixinho, com as lágrimas enchendo-lhe os olhos.
Ah, meu Deus, de novo não. Quantas vezes uma mulher consegue chorar em um único dia? Consigo
contar em uma mão as vezes em que chorei nos últimos cinco anos e a maioria delas por causa de
alguma coisa doce que Simon fez por mim. Eu me transformei em uma maldita torneira quebrada com
uma goteira constante.
Kara sabia que, emocionalmente, estava uma bagunça, com as emoções variando radicalmente
de um extremo a outro. Nem mesmo o corpo era mais o mesmo. Ela precisava do corpo quente de
Simon em todos os momentos do dia. Claro, ela sempre fora como uma cadela no cio quando ele
estava por perto. Mas, agora, queria saltar sobre ele a cada segundo. Simon era insaciável, mas
Kara apostava como conseguiria superá-lo no departamento de necessidade carnal naquele
momento. E havia a urgência crescente por comida, desejos tão intensos que faziam com que
procurasse as comidas mais estranhas como se fosse uma louca. Um dia era um hambúrguer, no
outro chocolate. Naquele dia, era sorvete. Ela faria praticamente qualquer coisa por uma tigela
grande de sorvete de chocolate na geladeira de casa. Ou talvez um galão. O estômago roncou
alto com a ideia.
A risada de Maddie encheu a sala. — Imagino que não sinta enjoo pela manhã? Desejos?
— Comida e sexo. Sexo e comida. O que for mais importante no momento, muda com
frequência. Fico um pouco enjoada pela manhã, mas não dura muito. Depois, como feito um cavalo
pelo resto do dia. Algumas vezes, tenho vontade de comer coisas das quais nem gosto. Como não
suspeitei que estava grávida? — disse Kara, irritada pelo fato de o cérebro não estar mais no
controle das ações. — Se tem certeza de que não se importa, acho que irei para casa. Tenho que
contar a Simon e é melhor fazer isso logo. — Sinceramente, ela queria contar a Simon assim que
possível e esperava que ele a perdoasse por tratá-lo tão mal naquela manhã. O olhar no rosto
dele mais cedo a estava incomodando e fazendo com que o coração ficasse apertado.
Maddie bufou ao virar Kara de costas e empurrá-la gentilmente na direção da porta. — O seu
tempo aqui é voluntário, Kara. Toda semana, apesar de trabalhar em horário integral no hospital.
Sou grata pela sua ajuda, mas você não precisa pedir permissão para ir embora. Eu ficarei bem.
— Maddie hesitou antes de perguntar em tom suave: — Você disse que estava assustada. Posso
perguntar o motivo?
Kara balançou a cabeça de leve. Com a mão na maçaneta, ela parou e virou a cabeça para
olhar para Maddie. Ela não se importava que a amiga perguntasse, mas não sabia se conseguiria
explicar. — Já aconteceu alguma coisa com você, algo tão bom que é difícil acreditar que seja
real?
Maddie hesitou antes de assentir de leve. — Sim. Uma vez.
Kara teve a sensação de que a amiga realmente entendia. — É assim com Simon. Algumas
vezes, preciso me beliscar para ter certeza de que não estou sonhando, que ele é real e que me
ama. Acho que tenho medo de que algo tão bom de alguma forma vá desaparecer, que não será
para sempre.
— Você perdeu os pais aos dezoito anos e não tinha nenhum outro parente. Talvez seja a
lembrança dessa perda que faz com que tudo seja tão assustador, tão aterrorizante para que se
sinta assim. Tudo parece amplificado quando você está grávida. Além disso, está tomada pelas
emoções — respondeu Maddie pensativa.
Kara arregalou os olhos ao pensar sobre o que a amiga dissera. Será que a morte dos pais
fizera com que ela passasse a ter medo da perda? — Isso é possível. Acho que só quero que
Simon saiba o quanto eu o amo e que não tem nada a ver com o dinheiro dele. Eu tive medo
ultimamente, medo de que ele não entenda que eu o amo pelo homem que é, não pelo dinheiro
dele.
— O problema é que ele já sabe disso. — Maddie soltou um suspiro exasperado. — Ele não
está vendo seus gestos para protegê-lo ou provar seu amor por ele como garantia, Kara. Está
vendo como rejeição, como uma recusa em aceitar tudo o que ele é. Simon pode ter crescido
pobre, mas ele e Sam trabalharam muito para se tornarem homens de sucesso. É uma grande
conquista na vida dele e você não quer participar dela. — Em uma voz mais gentil, Maddie
continuou: — Eu entendo o que você está tentando fazer e compreendo que sempre foi
independente. Mas, se estivessem na posição inversa e você tivesse mais dinheiro que um banco,
não gostaria de dividi-lo com Simon, tornar a vida dele mais fácil depois de tanta pobreza? —
Maddie esperou que Kara assentisse antes de prosseguir: — Da forma confusa dele, ele está
tentando cuidar de você. Algumas vezes, os homens conectam o valor deles com a capacidade de
cuidar das mulheres que amam. Sim, é uma coisa antiga e ridícula, mas é verdade. Acredite, Simon
nunca teve qualquer dúvida sobre você ser uma interesseira. Esse é um problema que você tem,
não ele.
— Eu o aceito. Não rejeito parte alguma de Simon. Eu admiro o fato de ele e Sam terem
conseguido sair da pobreza e...
— Então, pelo amor de Deus, esqueça a ideia de um acordo pré-nupcial e deixe o cara
comprar coisas para você. Se isso o deixa feliz, que diferença faz se ele gasta o dinheiro dele
para lhe dar alguma coisa? Você merece. E ele sabe que você não está com ele por causa do
dinheiro. Mas você precisa aceitar que ele é mais rico que Deus e qualquer coisa que lhe der não
diminuirá nem um pouco a fortuna dele. — Maddie colocou as mãos nos quadris ao terminar,
lançando a Kara um olhar recriminador.
— Ele já compra coisas para mim. Muito mais do que eu preciso.
— Sim. E você briga com ele por causa disso. Entendo que você viveu com quase nada a vida
inteira e acha que não precisa de nada. Você terá que lidar com o fato de que vai se casar com
um dos homens mais ricos do mundo. Se ele estivesse tentando comprar o seu amor ou se só
conseguisse mostrar afeição com coisas materiais, isso sim seria um problema. Mas não é verdade
no caso de Simon. Ele só está tentando ser atencioso, tentando cuidar de você. Então me escute:
deixe que ele faça isso e aproveite as coisas que lhe dá sem se sentir culpada. Se realmente quer
que ele seja feliz, deixe que ele gaste o dinheiro dele com você. Ceda. Você ainda está vivendo
em modo de sobrevivência, contando cada centavo que gasta. Eu entendo. Mas não precisa mais
fazer isso e Simon não vê o que gasta como extravagante. Ele vê isso como uma coisa normal
porque se acostumou a ser rico. Entendeu?
Kara olhou para Maddie, compreendendo lentamente. Ceder? Não era isso que sempre achara
que estava fazendo? Mas estava mesmo? Ela alguma vez tentara realmente entender o lado de
Simon no problema do dinheiro? Rosnando internamente, Kara percebeu que ainda não comprava
nada que não fosse essencial para a sobrevivência e brigava com Simon sempre que gastava
dinheiro com ela. Para Simon, os presentes eram normais, equivalentes ao estilo de vida que
levava. Talvez parecessem exagerados para ela porque sempre vivera na pobreza. Mas
começava a entender como Simon poderia interpretar o comportamento dela como rejeição.
— Como você ficou tão sábia no que diz respeito aos homens? — Kara perguntou a Maddie,
sabendo que a amiga raramente saía e crescera em vários orfanatos.
Maddie deu de ombros. — É fácil enxergar as coisas como observadora. É mais difícil
reconhecer quando você está emocionalmente envolvida. Eu vejo você e Simon há um ano, vi sua
reação no dia do seu aniversário, no Natal e em outras ocasiões em que ele lhe deu algum
presente caro. Em vez de aceitar os presentes com um sorriso, você o destruiu por gastar dinheiro.
E eu vi os olhares magoados dele. Simon acha que está lhe dando algo que a agradará e não
agrada. Acho que isso fere o ego dele.
— Ah, meu Deus. Sou tão idiota. Eu não sabia. Não pensei nisso dessa forma. — As lágrimas
encheram-lhe os olhos. Ah, merda, não comece a chorar de novo.
— Ei, não se recrimine tanto. Você é uma sobrevivente. A sua atitude fez com que superasse
muitos dos desafios que enfrentou. Não há vergonha nenhuma nisso. Só estou dizendo que está na
hora de deixar de lado esse mecanismo particular de defesa e relaxar um pouco. Deixe que Simon
lhe dê algumas coisas boas, tenha uma lua de mel ótima. O homem tem um jatinho particular. Use-o.
— Maddie pegou o resultado do exame de Kara que estava sobre a mesa. — Dessa vez, tente ir
a algum outro lugar que não a Disneyworld.
Kara sorriu fracamente. A Disneyworld nas férias fora a única viagem que ela concordara que
Simon lhe desse. — Ei, eu queria ir ao Magic Kingdom. Nunca estive lá e foi maravilhoso.
— Guarde o Mickey Mouse para depois que o bebê nascer. Deixe que Simon leve você para
algum lugar romântico naquele jatinho. Haverá muito tempo para férias em família mais tarde.
Kara sorriu. — Londres? Paris? Itália? — Eram lugares que ela adoraria visitar, mas nunca
achara que teria dinheiro para isso.
Maddie sorriu de volta e piscou. — Agora você está falando sério. Pense alto. Muito alto. Tenho
a ligeira sensação de que Simon não se importaria com uma lua de mel muito longa.
Kara abriu a porta e saiu, indo para a parte da frente da clínica com Maddie logo atrás.
Pegando o casaco de um cabide perto da recepção, ela perguntou baixinho a Maddie: — Você
terá que lidar com Sam no meu casamento. Terá algum problema com isso?
Maddie enrijeceu o corpo visivelmente ao pegar uma pasta sobre a mesa da recepção para
atender o próximo paciente. — Claro que não. Ele não significa nada para mim.
Hmmm... Kara duvidava daquilo. — Se passar algum tempo com ele, talvez descubra que ele
não é bem o ogro que acha que é. Talvez ele tenha ficado mais maduro desde a época em que o
conheceu.
Maddie lançou-lhe um olhar duvidoso. — Pelo amor de Deus, eu leio jornais e revistas. O homem
ainda tem um belo par de chifres demoníacos sob aqueles cachos dourados. Não prenda a
respiração esperando que isso seja verdade. Talvez desmaie e isso não será bom para o bebê. —
Ela seguiu Kara até a porta. — Você vai para casa?
Kara vestiu o casaco e fechou-o, com um sorriso misterioso no rosto. — Daqui a pouco. Tenho
que comprar algumas coisas primeiro. Hoje é dia dos namorados. Preciso buscar uma coisa e
passar em algumas lojas. Mandei colocar a minha moeda da sorte em um medalhão com uma
corrente masculina para Simon para que ele não possa devolvê-la. O joalheiro conseguiu montar a
joia sem arruinar a moeda. — O colecionador de moedas em Simon teria morrido se ela tivesse
transformado a moeda rara em uma joia que a destruísse. — Preciso pegá-la na joalheria.
— É mesmo, hoje é dia dos namorados. Eu tinha me esquecido disso — respondeu Maddie com
a expressão distante e ligeiramente triste.
Kara se despediu e saiu pela porta da frente, mandando um desejo silencioso para o Cupido
para que Maddie encontrasse o homem extraordinário que merecia.
imon andava de um lado para o outro no laboratório como um tigre enjaulado, sabendo que

S os pensamentos que tinha sobre Kara deixá-lo provavelmente eram irracionais. Mas ele não
estava sentindo-se exatamente equilibrado naquele momento. Sentira-se melhor depois que
Sam fora embora. O irmão conseguira colocar um pouco de juízo na cabeça dele. Mas, depois de
receber uma mensagem de Kara dizendo que chegaria em casa mais tarde do que o normal, ele
ficara ansioso novamente, esperando o pior. Não se sentira nada seguro com as respostas dela às
suas mensagens, extremamente vagas. A única coisa positiva fora o fato de que ela enviara uma
mensagem dizendo que o amava.
Eu amo muito você. Estarei em casa em breve.
Simon parou de andar por tempo suficiente para ler as palavras que ela digitara, esperando
que elas o acalmassem, que lhe dessem esperança. Talvez teriam dado, mas ele viu o maldito
acordo pré-nupcial sobre a mesa com o canto dos olhos, fazendo com que rosnasse irritado.
Talvez eu devesse simplesmente ter assinado, se isso fosse fazê-la feliz. O que isso importa? Um
pedaço de papel era realmente tão importante assim? Ele sempre tomaria conta de Kara,
independentemente do acordo que fosse assinado.
Simon pegou o contrato de cima da mesa e folheou as páginas. Rangendo os dentes, ele pegou
uma caneta e assinou com gestos furiosos. Jogando a caneta sobre os papéis, ele resmungou: —
Pronto. Está feito. O mundo não vai acabar só porque assinei essa merda. — Ele nunca a deixaria
e moveria o céu e a terra para mantê-la ao seu lado. Os malditos papéis podiam apodrecer,
juntando poeira no escritório de algum advogado imbecil, enquanto Simon viveria a vida com a
mulher que amava. — Só quero que ela seja feliz — sussurrou ele ferozmente, torcendo para que
a assinatura acabasse com a tristeza dela. O comportamento de Kara nas semanas anteriores
estava deixando Simon louco. A mulher era normalmente tão serena, tão animada e positiva,
apesar de a vida tê-la tratado muito mal. Era um inferno ver aquele rosto lindo com qualquer coisa
menor que um sorriso. Se o acordo pré-nupcial era o que precisava para lhe dar paz, ele
assinaria uma centena deles. Claro, ele podia não gostar do fato de Kara ter dúvidas sobre eles,
pensar que talvez algum dia se separassem. Mas faria o que fosse preciso para convencê-la do
contrário. Talvez ela só precisasse de mais um pouco de tempo. Kara lhe dera tanto, principalmente
o amor e o apoio incondicionais durante o ano anterior. Se conseguia aguentar o mau humor, a
irritação e as cicatrizes dele, na maior parte do tempo sem reclamar, ele assinaria um maldito
papel para ela. — Deveria ter feito isso antes — disse ele baixinho, xingando-se por ser tão
teimoso sobre algo tão trivial. Ele sabia que Kara era sensível sobre a diferença financeira entre
eles. Esperava que ela superasse isso, que começasse a considerar que o que era dele também lhe
pertencia. Mas achava que ela ainda não chegara nesse ponto.
— Devia ter feito o quê? — A voz feminina rouca fluiu até ele como seda fina, flutuando
suavemente atrás dele.
Simon se virou, absorvendo a visão da mulher que amava, com o coração acelerando. —
Deveria ter assinado os malditos papéis quando você me pediu, em vez de brigar por causa deles
— respondeu ele com voz triste, precisando desesperadamente tê-la nos braços, sentir a maciez
quente dela.
Ainda vestindo a mesma roupa cor-de-rosa, os pés calçados com tênis andaram suavemente em
volta da mesa. Ela pegou os papéis, fazendo com que a caneta que Simon usara para assinar os
documentos rolasse pela mesa. — Você assinou? — Kara soou chocada e surpresa.
— Sim. Sinto muito pelo que eu disse. — E Simon sentia muito. Muito mais do que conseguiria
expressar com palavras, pois nunca fora muito bom com discursos elaborados nem em encontrar as
palavras certas a dizer a Kara. Sinceramente, na maior parte do tempo, ficava obcecado com a
necessidade de possuí-la, de protegê-la. Emoções ternas e palavras doces não eram o forte dele.
O olhar de Kara voou para o rosto dele, estudando as feições como se estivesse procurando
alguma coisa. — Por quê? Achei que não queria isso.
— E não quero. — Ele deu de ombros. — Mas quero que você seja feliz. Eu sei que o
problema do dinheiro a incomoda. — Ele lhe lançou um olhar sombrio. — Eu os assinei por você.
Mas, ainda assim, você não vai me deixar. Nunca. — E os papéis nunca seriam usados nem teriam
importância. Eram apenas um desperdício de árvores, na opinião de Simon.
Os lábios de Kara se curvaram em um sorriso leve. Os olhos dela não deixaram os dele nem um
segundo quando ela pegou o acordo e rasgou os papéis no meio. E depois rasgou-os novamente. E
mais uma vez. — Você tem razão. Não vou deixar você. Não enquanto você me amar.
Com o coração acelerado, ele retrucou: — Isso continuará enquanto eu respirar. Por que está
fazendo isso? — perguntou, observando-a espalhar os pedaços do contrato sobre a mesa.
— Porque eu nunca deveria ter deixado que o dinheiro fosse um problema entre nós. Eu sinto
muito, Simon. Muito mesmo. — A voz dela falhou quando ela contornou a mesa rapidamente,
jogando-se nos braços dele.
Simon saboreou o contato, envolvendo-a com os braços, fechando os olhos com alívio. Ele a
beijou na testa, na bochecha, segurando-a o mais perto possível sem esmagá-la. — Eu não
deveria ter dito o que eu disse.
— Eu magoei você por causa das minhas inseguranças. Você nunca deixou que o dinheiro fosse
um problema em nosso relacionamento. E eu também não deveria ter deixado. Você tinha razão e
eu estava errada — murmurou ela baixinho contra o peito dele.
Gentilmente, Simon ergueu a cabeça de Kara até o ombro, deixando que ela repousasse
confortavelmente sobre ele. Onde é o lugar dela. Onde sempre será o lugar dela. — Eu amo você.
Só quero que fique alegre de novo. Você parece tão triste e não gosto disso.
Kara recuou, mas apenas o suficiente para olhá-lo nos olhos. — Não estou triste, Simon. Só
emotiva.
— Prefiro ver você emotiva alegre do que emotiva triste — resmungou ele, beijando
gentilmente a ponta do nariz dela.
Colocando a mão sobre o rosto dele, ela respondeu: — Você é um homem incrível, Simon
Hudson. Sempre tão preocupado com a minha felicidade, com a minha segurança. Sempre tão
disposto a se sacrificar por mim. Eu amo tanto você que, às vezes, fico assustada.
Simon pegou a mão dela e levou-a aos lábios, beijando-lhe a palma gentilmente. — Eu nunca
sacrifico nada por você. Eu amo você. E pode me amar o quanto você quiser. Não ouvirá
reclamação alguma vinda de mim. — Simon não conseguiu esconder o sorriso, sabendo que nunca
se cansaria de ouvir o quanto ela o amava, mesmo se Kara dissesse aquilo cem vezes por dia.
Kara sorriu de leve. — Gastei dinheiro hoje. O seu dinheiro. Ahm... quero dizer, nosso dinheiro. E
decidi que preciso de um carro. Ou talvez um utilitário. Alguma coisa... ahm... com mais espaço. E
quero uma lua de mel longa. Podemos usar o jatinho?
— É claro. Qualquer lugar aonde queira ir. — Graças a Deus. O sorriso de Simon alargou
quando ele perguntou: — Doeu muito?
Kara nem precisou perguntar o que ele queria dizer. Simon a entendia. — Horrivelmente.
Comecei nas prateleiras de liquidação. Mas não achei nada que queria nelas. Aí tive que ir para
as coisas com preço normal.
— Ai! — Meu Deus, como ele amava aquela mulher. — E como foi?
— Foi bem. Minha mão tremeu só um pouco quando passei meu cartão — admitiu ela com um
sorriso. — Fui até mesmo no salão para manicure e pedicure. Nunca fiz isso antes. Foi... estranho...
mas eu queria experimentar.
Simon riu ao apertar o abraço, lembrando-se de que aquela mulher quase não tivera luxos na
vida inteira, como fizera poucas coisas que muitas mulheres faziam regularmente. — O que você
comprou?
— Algumas coisas. E hmm... um novo enxoval. Roupas maiores. — A voz dela estava apressada
e nervosa.
— Está planejando engordar? — Não que ele se importasse. Ela poderia usar o tamanho que
quisesse, colocar mais carne naquele corpo. As curvas seriam mais sensuais e mais suaves.
— Por algum tempo. Ah, merda, acho que é melhor falar logo. — Ela se afastou e colocou uma
mão em cada lado da cabeça dele. O olhar pensativo dela encontrou o olhar ainda divertido dele.
— Estou grávida. Nós vamos ter um bebê. É por isso que ando tão emotiva. Parece que meus
hormônios estão tomando conta do cérebro.
O maxilar de Simon caiu e o rosto assumiu uma expressão atônita. Ele olhou para Kara, com a
boca movendo-se, mas sem que saísse qualquer som. Grávida? Ela estava carregando o filho dele?
As emoções o invadiram, uma depois da outra.
Medo.
Alegria.
Ansiedade.
E uma dose saudável de possessividade feroz.
— Como? Por quê? — Eram perguntas idiotas, mas elas saltaram da boca mesmo assim, com o
cérebro ainda tentando acompanhar as emoções.
Kara começou a chorar, com lágrimas grossas rolando pelo rosto, que se contorceu de remorso.
— Eu sinto muito. Provavelmente aconteceu quando eu estava doente. Não absorvi o suficiente do
anticoncepcional porque estava vomitando o tempo todo. Eu devia ter tomado mais cuidado. Eu sei
que você não quer ser pai agora. Mas eu já amo tanto o nosso bebê!
Nosso bebê. Nosso. Bebê. Com o coração batendo forte no peito, ele a puxou completamente
contra si, embalando-a gentilmente. — Shhh... ficará tudo bem. Eu... Eu... Puta merda! Vou ser pai.
— Uma alegria intensa o invadiu, fazendo com que o coração inchasse tanto que ele jurou que
explodiria.
— Desculpe — choramingou ela contra o ombro dele.
— Não peça desculpas, querida. Não é culpa sua. Você está pronta para ser mãe? — Ele
quase engasgou na última palavra, ainda sem acreditar que Kara carregava o filho deles. Um
bebê concebido com tanto amor que ele estava prestes a explodir de orgulho.
— Sim. Eu quero esse bebê desesperadamente. Mas sei que você não quer. Você nunca quis
tocar no assunto antes, exceto para dizer que queria esperar. — Ela fungou e aconchegou-se
contra ele.
— Não é que eu não queira nosso filho. É que não consigo aguentar a ideia de vê-la sentir
tanta dor, de que alguma coisa possa acontecer com você. É perigoso. As mulheres podem morrer
no parto. — Ele não aguentava a ideia de Kara sentir dor por motivo algum. Ele não percebera
que rejeitara a ideia porque era incapaz de aceitar o que ela teria que aguentar para ter um
filho dele. Ele estremeceu, ainda odiando a ideia.
As emoções lutaram dentro dele. Ele queria que Kara tivesse o filho dele com uma ânsia tão
dolorosa que quase acabou com ele. No entanto, a ideia de que alguma coisa pudesse acontecer
com ela o deixava enlouquecido. Simon queria envolvê-la totalmente na proteção dele, não deixar
que saísse de suas vistas nem por um momento. Talvez não deixasse. Por um longo tempo.
— Não é perigoso, Simon. As mulheres fazem isso todos os dias. A maioria delas diz que a dor
é esquecida assim que pegam o bebê nos braços — A voz dela estava cheia de esperança. —
Você não se importa?
— Eu me importo, mas não da forma como você está preocupada. — Ele se incomodava
porque não conseguia parar de pensar em Kara sentindo dor. E ele triplicaria a segurança dela,
gostasse ela ou não. A mulher dele estava grávida, o que a deixava ainda mais vulnerável. —
Quero uma menina. — Uma réplica bela e doce da mãe. — Precisamos nos mudar. Comprar uma
casa fora do centro, onde ela possa ter um quintal. Talvez um cachorro. Puta merda, qualquer coisa
que a faça feliz. E precisamos encontrar uma área boa, com colégios bons. Ela será linda, como
você, então nada de namorar antes dos trinta anos. — Ele fez uma careta ao pensar em algum
idiota colocando a mão na filha dele.
O coração dele saltou quando Kara riu, fazendo com que o sorriso voltasse ao rosto. — Quero
um menino. Um garotinho doce como o pai.
— Menina.
— Menino.
— Menina — rosnou ele.
Kara suspirou. — Saudável. Ficarei feliz se nosso bebê for saudável e feliz. Realmente não me
importo. Ele ou ela será muito amado.
Simon sentiu os olhos se encherem de lágrimas, com uma felicidade quase impossível de
aguentar, apesar de estar muito preocupado com a segurança de Kara. — Eu também, querida.
Adoraria ter qualquer um dos dois. Só espero que o bebê seja parecido com você. Vou amar muito
nosso filho e darei ao bebê tudo o que eu nunca tive. — Uma infância estável e feliz, segurança,
amor. — Você está se sentindo bem? Disse que estava emotiva. Está se sentindo mal? Devemos ir a
um médico. O que mais precisamos fazer? Do que você precisa? Diga-me e conseguirei para você.
— Ele soou ansioso e desesperado. As entranhas se contraíram e os instintos protetores o
devoraram por dentro. Kara estava grávida. Simon precisava pesquisar aquela condição
imediatamente, descobrir o que Kara tinha que fazer para permanecer saudável. As mulheres não
precisavam de certas coisas quando estavam grávidas, coisas especiais? Puta merda, ele não sabia
absolutamente nada sobre mulheres grávidas, mas precisava mudar aquilo imediatamente. Como
conseguiria proteger Kara quando não tinha a menor ideia do que fazer para protegê-la?
— Preciso do seu corpo maravilhoso e de sorvete — respondeu ela com voz provocante. —
Mas, primeiro, preciso tomar um banho.
— Eu? Você precisa de mim? Podemos fazer isso? — Sexo era seguro quando a mulher estava
grávida, certo? Que merda, ele precisava procurar aquela informação imediatamente.
— Ah, sim. Vamos fazer isso muito. Fico excitada o tempo todo. Hormônios — sussurrou ela ao
morder de leve o lóbulo da orelha dele.
Cristo! Ele não tinha controle nenhum em se tratando de Kara. O pênis latejou com a
necessidade de se enterrar naquele calor convidativo. — Temos que ter cuidado — respondeu ele,
com a mente cheia de pensamentos eróticos quando o homem das cavernas tentou assumir o
controle. Minha mulher. Grávida. Meu bebê.
Minha. Total e completamente minha.
— Preciso de sexo. Muito, muito sexo. Sexo quente, suado e louco — disse Kara enfaticamente.
— E espero que atenda às minhas necessidades, já que foi você que me engravidou.
Sim. Ele fizera isso. Ele plantara a semente dentro dela, que florescera. Uma satisfação máscula
e animal o invadiu. — Quão louco exatamente? — perguntou ele, mudando de posição e com o
pênis pronto para explodir dentro da calça. — O que é seguro?
— Do jeito como eu quiser que você trepe comigo. Só estou na quinta semana da gravidez.
Algumas mulheres ficam cansadas, enjoadas ou perdem o apetite sexual no primeiro trimestre, mas
não eu. Quero fazer sexo pelo menos cinco vezes por dia. — Kara se esfregou nele sensualmente
com um gemido leve. — Não tenha medo de fazer amor comigo. É seguro. E eu preciso de você.
De todas as formas.
Naquele momento, Simon queria satisfazer qualquer necessidade de Kara, dar a ela qualquer
coisa que quisesse. — Vou cuidar de você, querida. Sempre. E você vai me dizer como se sente? —
Se ela só quisesse que ele a abraçasse, mimasse, ficasse perto dela, faria tudo aquilo feliz. A fera
interna dele talvez ficasse descontrolada pela forma como Kara se esfregava nele, mas as
necessidades dela sempre viriam em primeiro lugar.
— Neste momento, quero um banho. Quero um orgasmo. E quero sorvete — respondeu ela
insistentemente, saindo dos braços dele e andando em direção à porta, com os quadris rebolando
sensualmente.
Merda. Como ele deveria não agir como um maníaco possessivo quando estava prestes a se
casar com a grávida mais sensual do planeta? — Pode contar comigo — respondeu ele, com o
pênis tão duro quanto granito.
Simon seguiu Kara, alcançando-a no pé da escada e passando os braços em volta dela por
trás. Com as mãos acariciando a barriga ainda lisa, ele sussurrou: — Eu amo você. Peça qualquer
coisa e eu farei. Não vou perguntar nada nem vou dizer não.
Ela relaxou, deixando o corpo encostar no dele. — Achei que tinha acabado de pedir. —
Rindo, ela entrelaçou os dedos nos dele, cobrindo a barriga de forma protetora. — Eu só... preciso
de você. Estou muito carente. Não sou eu mesma. Por favor, não leve para o lado pessoal nada do
que eu disser ou fizer. Não é você. Neste momento, são os hormônios. Acho que eles estão
devorando meu cérebro.
— Seja carente. Seja mal-humorada. Nem vou dizer a você para não chorar. — Bem... ele
tentaria não dizer. Que merda, Simon esperava que ela não chorasse muito. Ele estaria em
destroços quando o bebê nascesse. — Só não me peça para não me preocupar, nem para não ser
protetor, nem para não cuidar da sua felicidade e da sua segurança. Não consigo — resmungou
ele, apertando os dedos dela.
— Você não será mandão?
Simon engoliu em seco. — Não. — Ok... talvez não com tanta frequência.
— Nem exigente?
Ahm... ele podia tentar diminuir, certo? — Não.
— Dominador? Controlador?
Ah, que droga. Ela estava apertando os lugares onde doía. — Vou tentar — disse ele
sinceramente.
Kara começou a rir, uma gargalhada que ele não ouvira em mais de duas semanas, um som
delicioso que fez com que o coração dele alçasse voo. Ela riu tanto que engasgou. — Darei a você
vinte e quatro horas. Essas coisas estão tão impregnadas em seu DNA que nunca conseguirá
aguentar mais de um dia. — Ela continuou a rir ao andar na direção do quarto deles, deixando-o
com a boca seca quando passou a roupa por sobre a cabeça, revelando uma abundância de pele
macia e sedosa.
Ele riu, sabendo que ela provavelmente tinha razão. Mas aquilo não o impediria de dar o
melhor de si. — Pelo menos uma semana — gritou ele em tom arrogante.
A risada dela soou mais alta e mais forte, cruzando o corredor e chegando até ele, que abriu
um sorriso ainda maior. Que merda. Ela o conhecia bem demais.
Balançando a cabeça, ele foi para a cozinha para pegar sorvete para sua mulher.
addie Reynolds roeu a unha do polegar, com uma expressão de concentração total no

M rosto ao folhear as páginas do prontuário médico de um dos pacientes de cinco anos de


idade da clínica. Eram sete horas da noite, muito além do horário de ir embora e tentar
descansar um pouco. Mas alguma coisa sobre aquele caso a incomodava. Ela devia ter deixado
passar alguma coisa, algo importante. Timmy estava cansado, inquieto, com vômitos ocasionais e
diarreia. Tinha que ser alguma coisa além de uma virose. A pobre criança estava assim havia
semanas.
Suspirando, ela se reclinou na cadeira do escritório na clínica, fazendo uma careta ao roer
demais a unha. Ela precisava consultar um pediatra, fazer mais alguns exames. Fazendo uma prece
silenciosa para que a mãe de Timmy aparecesse com o filho na próxima consulta, Maddie fechou a
pasta. O pobre garoto não tivera uma vida fácil e a mãe não era muito consistente.
— Olá, Madeline.
A voz em tom barítono soou na porta do escritório dela, fazendo com que saltasse e ficasse de
pé, pronta para apertar o botão de alarme ao lado da mesa. A clínica ficava em um bairro pobre
e a coitada da Kara quase levara um tiro lá.
— Eu não quis assustar você.
Um arrepio gelado correu pela espinha de Maddie, mas não de medo. Ela reconheceu a voz.
Estreitando os olhos, ela se concentrou no rosto e no corpo por trás daquela voz masculina suave
como veludo e no homem parado à sua frente. — Como você passou pela segurança de Simon? E
que diabos está fazendo aqui?
Sam Hudson deu de ombros e entrou na sala como se fosse dele. Mesmo vestido casualmente,
com calça jeans e um suéter leve, o homem exalava poder e arrogância, carregados nos ombros
largos como um manto elegante. — Eles são a minha segurança também, doçura. Eles trabalham
para a Hudson. Achou que eles fariam qualquer coisa além de me deixar passar com um boa noite
educado?
Idiota arrogante. O coração de Maddie acelerou e a palma das mãos ficaram suadas. Ela as
limpou no jeans sobre as coxas, desejando não ter tomado banho e mudado de roupa no vestiário
da clínica antes de ir para o consultório. Talvez tivesse sido mais fácil enfrentar Sam com roupas
profissionais e com os cabelos presos em um coque conservador. Tentando prender um cacho ruivo
ardente atrás da orelha, ela enrijeceu o corpo na esperança de que parecesse mais alta. — O
que você quer, Sam? Esse não é o tipo de bairro que você frequenta. E não acho que você precise
dos serviços de uma prostituta. — A voz dela era dura e agressiva. Que merda. Por que ela não
conseguia agir de forma neutra? Tantos anos se passaram desde o evento com Sam que arrasara
com o coração dela. Ele era um estranho agora. Por que não conseguia tratá-lo como tal?
Aproximando-se, ele respondeu em tom sombrio: — Você se importaria, doçura? Faria alguma
diferença para você se eu trepasse com todas as mulheres da cidade?
— Ah! Como se já não tivesse feito isso. E pare de me chamar por esse nome ridículo —
respondeu Maddie sarcasticamente. Mas o coração estava acelerado e ela prendeu a respiração
quando Sam se aproximou o suficiente para que ela sentisse o cheiro provocante de almíscar e
homem, um aroma que fez com que ficasse ligeiramente tonta. O cheiro dele não mudara e
continuava tão tentador quanto o fora tantos anos antes.
— Por que ainda está aqui? A minha segurança me alertou de que você ainda estava aqui
depois de escurecer. Deveria estar em casa. Esse bairro não é seguro nem durante o dia, imagine
à noite — resmungou ele em tom suave.
— A segurança de Simon. — Por algum motivo, ela não conseguia associar os dois homens,
apesar de serem irmãos. Simon era gentil e tinha um coração de ouro por baixo do exterior
rabugento. Sam era o próprio demônio, Satã disfarçado como modelo, com mais dinheiro e poder
que qualquer homem tinha o direito de ter. Especialmente Samuel Hudson.
— E se algum bandido passasse pela segurança, encontrando você aqui, sozinha e vulnerável?
— Ele se aproximou ainda mais, tão perto que ela sentiu o hálito quente acariciando-lhe a testa.
Meu Deus, ele era tão alto, tão largo e musculoso. Sam trabalhava em uma construção quando
ela o conhecera anos antes. O trabalho físico lhe dera um corpo esculpido e perfeito.
Estranhamente, isso não mudara nem um pouco. Como diabos um homem mantinha aquele corpo
maravilhoso sentado atrás de uma mesa? Afastando-se da presença intimidadora, o traseiro dela
bateu na mesa, deixando-a sem espaço para recuar mais.
— Um homem poderia tirar vantagem de uma mulher sozinha em um consultório vazio —
continuou ele com voz baixa e perigosa.
Maddie empurrou o peito de Sam, tentando se livrar da posição em que estava entre ele e a
mesa. — Caia fora, Hudson, antes que eu seja forçada a enfiar suas bolas pela sua garganta.
A coxa musculosa se posicionou entre as dela, impedindo a possibilidade de uma joelhada na
virilha. — Eu ensinei isso a você, lembra? E nunca diga ao atacante qual é a sua intenção,
Madeline.
Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para ele. Os olhos verde-esmeralda a estudavam
cuidadosamente. Como acontecera anos antes, o rosto lindo a deixava sem fôlego. Ele sempre a
lembrara de um deus loiro antigo, tão perfeito que o corpo e as feições deveriam ser esculpidos
em mármore. No entanto, naquele momento, ele podia ser tão duro quanto o mármore, mas estava
longe de ser frio. O calor emanava do corpo de Sam em ondas e os olhos estavam ardentes,
parecendo metal derretido. — Vá se foder, Hudson.
Os lábios de Sam se curvaram ligeiramente para cima, contraindo-se precariamente como se
ele estivesse tentando não sorrir. As mãos dele voaram para as costas dela, puxando-lhe o corpo
contra o dele quando ele sussurrou: — Prefiro foder você, doçura. Muito mais agradável. Você
ainda é a mulher mais bonita que já conheci. Ainda mais linda do que era anos atrás.
Mentiroso. Ele é um maldito mentiroso. Se eu fosse tão desejável assim, ele não teria feito o que
fez. — Esqueça isso e dê o fora do meu consultório. — O idiota estava brincando com ela e aquilo
era intolerável. Ela não era linda e não era nem um pouco parecida com as modelos loiras que ele
arrastava pelo braço e levava para a cama.
— Beije-me primeiro. Prove que não há nada mal resolvido entre nós dois — respondeu Sam.
Os olhos verdes soltavam faíscas e a voz era dura e exigente.
— A única coisa que não ficou resolvida foi o fato de você nunca ter dito que lamentava pelo
que fez. Você não deu a mínima. Você não...
Maddie não conseguiu terminar. A boca dura e quente de Sam derreteu as palavras amargas,
sem pedir, apenas exigindo uma resposta. As mãos grandes e ágeis desceram pelas costas dela,
agarrando-lhe as nádegas e colocando-a sentada sobre a mesa, fazendo com que fosse mais fácil
devorar-lhe a boca.
Sam não beijava. Ele reclamava, marcava. Maddie gemeu dentro da boca dele quando a
língua dele entrou e saiu, entrou e saiu até deixá-la sem fôlego. Rendendo-se, ela passou os braços
em volta do pescoço dele, as mãos agarraram os cachos sedosos, saboreando a maciez nas pontas
dos dedos.
Envolvendo os quadris dele com as pernas, precisando de alguma forma encontrar uma âncora
para impedi-la de se perder em uma onda imensa de desejo, ela deixou que a língua duelasse
com a dele, sentindo a ereção contra o próprio núcleo em chamas. Os quadris dela investiram
contra a ereção dele com cada investida da língua de Sam.
Ele gemeu, enfiando as mãos sob o suéter dela. A ponta dos dedos acariciaram a pele nua das
costas dela, fazendo com que ela estremecesse de desejo.
Maddie estava afogando-se, perdida em um oceano de desejo e necessidade, lentamente
sendo puxada para baixo por uma força maior que a vontade própria.
Preciso parar. Isso precisa terminar antes que eu me perca completamente.
Ela jogou a cabeça para trás, afastando a boca da de Sam, totalmente sem fôlego e abalada.
Sam puxou a cabeça dela, encostando-a contra o peito ofegante.
— Merda. Maddie. Maddie — gaguejou ele, com uma mão enterrada nos cachos ruivos,
acariciando-lhe os cabelos de forma reverente.
Ah, meu Deus. Não. Ela não podia ser sugada por Sam Hudson novamente. Ela empurrou com
força o peito dele, contorcendo-se e abaixando as pernas até que os pés encostaram no chão. —
Saia de perto de mim.
A fúria se acumulou dentro dela. Como ele ousava usá-la, brincar com ela só porque estava
entediado e era a única mulher disponível no prédio? Sam Hudson era um playboy, um homem que
levava as mulheres para a cama e descartava-as, procurando outro brinquedo assim que estivesse
livre. Será que o homem tinha consciência? Não se importava com mais ninguém além de si mesmo?
Maddie queria enrolar o corpo em uma pequena bola para se proteger, envergonhada pela
forma como respondera a Sam, apesar de ele ser um cachorro completo. Que tipo de pessoa ela
era?
Ela se afastou dele, virando-se para correr até a porta.
— Maddie. Espere. — A voz de Sam era implorante e exigente.
Ele agarrou o braço dela, virando-a para encará-lo antes que conseguisse chegar à porta.
Maddie o encarou friamente, com a fúria e o medo lutando dentro de si. — Não toque em mim
novamente. Nunca. Não sou mais a mulher burra e ingênua que você conheceu. Confiei em você
uma vez e perdoei a mim mesma porque era jovem. Não farei isso de novo. Não tenho mais a
desculpa da juventude para justificar tamanha burrice.
— Você ainda me quer — respondeu Sam veementemente, com os olhos percorrendo-lhe o
corpo e parando no rosto.
Encarando-o diretamente nos olhos, ela respondeu furiosa: — Não, não quero. Meu corpo pode
responder a um homem bonito, mas é apenas uma reação sexual fisiológica. Você — ela bateu com
o dedo no peito dele — não significa absolutamente mais nada para mim.
— Você quer que eu a foda até que grite. Ainda consigo fazer você ronronar, gatinha — disse
ele arrogantemente com um sorriso satisfeito no rosto.
Ela deu de ombros, tentando reprimir o desejo violento de arrancar com um tapa o olhar
convencido do rosto bonito. — Eu não saberia. Você nunca me fodeu. E isso nunca acontecerá.
Arrancando o braço da mão dele, Maddie saiu pela porta do consultório, pegando o casaco do
cabide na recepção, atravessando o saguão e saindo pela porta da frente da clínica. Maddie não
olhou para trás. Não podia fazer isso. Um dos seguranças da Hudson a escoltou até o carro e
Maddie foi embora como se fosse uma criminosa fugindo da polícia. O que mais queria era se
afastar o máximo possível de Sam.
Maddie dirigiu em transe, com duas palavras martelando no cérebro como um disco quebrado.
Nunca mais.
Nunca mais.

Sam Hudson andou lentamente pela recepção da clínica, perdido nos próprios pensamento. O
que diabos acabara de acontecer? Ele parara para ver se Maddie estava bem, preocupado por
ainda estar na clínica tão tarde, uma parada rápida só para garantir que não havia problema
algum. Merda. Será que ele algum dia conseguiria ver aquela mulher sem querer possuí-la, sem
querer fazer com que ela o quisesse com a mesma intensidade com que a queria?
Você nunca a esqueceu. Provavelmente nunca esquecerá. Ela o assombra há anos. Ela se entranhou
em você como uma lasca de madeira sob a pele, ardendo e irritando, sem nunca sair.
Saindo da clínica, Sam fechou a porta atrás de si. Ele olhou para um dos seguranças e
perguntou: — Você pode trancar tudo?
O homem assentiu. — Sim, senhor. Espero que seu encontro com a dra. Reynolds tenha sido bom.
Sam soltou uma risada sem humor e autodepreciativa. — Sim, foi muito esclarecedor. — Ele
acenou rapidamente para os outros guardas ao partir em direção ao carro.
Sim. Aquele encontro fora realmente bom, pensou ele sombriamente ao entrar no Bugatti e ligar
o motor.
Você nunca nem disse que sentia muito.
As palavras dela o atormentavam e, agora, provavelmente o torturariam para sempre. —
Merda! — Sam bateu o punho no volante em frustração. Não. Ele nunca dissera que sentia muito.
Por outro lado, Maddie nunca lhe dera uma chance de fazer isso. Ainda assim, ele devia ter dito,
devia ter encontrado uma forma de se desculpar. Ele não tivera a chance na época e acabara de
estragar a segunda chance alguns minutos antes.
O que havia em Maddie que fazia com que ele perdesse a razão?
Você está agindo como um idiota porque ela não liga mais para você e isso o está devorando por
dentro. Talvez consiga ter o corpo dela se a seduzir... mas nunca o coração. Nunca mais.
Uma vez, anos antes, Maddie olhara para ele com um olhar cheio de admiração e adoração.
Uma ação idiota, um incidente imbecil e ele arrancara aquela expressão dos olhos lindos dela
para sempre.
Encostando a testa no volante, ele fechou os olhos, ainda conseguindo imaginar a Maddie que o
olhara com respeito e afeição, mesmo quando ele não tinha um centavo no bolso. Aquilo era
irônico. Agora que ele era um dos homens mais ricos do mundo, ela o olhara como se fosse um
inseto que precisasse ser esmagado, um rato que precisava ser exterminado.
Você a verá de novo. Ela será forçada a falar com você no casamento de Simon e Kara. O
casamento seria realizado na casa dele e Maddie não teria escolha. Ele seria o padrinho e ela, a
madrinha. Maddie teria que ser pelo menos civilizada e Sam sabia que ela seria. Ela era atenciosa
e leal a qualquer pessoa que considerasse como amiga. Os próprios sentimentos seriam deixados
de lado para garantir que Kara tivesse uma cerimônia de casamento alegre, sem problemas nem
confusões.
E não importa como Maddie me trate, não importa como ela olhe para mim. Não serei um idiota
com ela.
Sam se recostou no banco com um suspiro pesado e engatou a marcha, imaginando se aquilo
seria possível. A verdade era que os anos tinham feito com que mudasse, tinham-no transformado
em um homem de quem ele próprio não sabia se gostava.
Encontre uma mulher, alguém que tire Maddie da sua cabeça.
Afivelando o cinto ao sair da vaga do estacionamento, Sam respirou fundo e percorreu uma
lista mental de mulheres disponíveis... até que sentiu um aroma provocante, um perfume que
entranhara ferozmente no suéter. O perfume dela. Um lembrete do que acabara de acontecer no
consultório.
— Puta que pariu! Não consigo fazer isso. Não vou conseguir sair com outra mulher. Agora não
— sussurrou ele para si mesmo, furioso por tê-la beijado, sentido as curvas deliciosas contra o
corpo. Agora, pensar em passar a noite na cama com qualquer outra mulher que não fosse
Maddie o deixava frio.
Sam freou na saída do estacionamento, olhando rapidamente para o relógio e sorrindo ao virar
à esquerda, não à direita, indo na direção do apartamento de Simon.
Estava na hora.
Simon telefonara para ele mais cedo, informando a Sam que ele seria titio, e pedira um favor, o
que era uma raridade extrema vinda dele. Sinceramente, não havia nada que Sam não fizesse
pelo irmão mais novo. Ele não conseguira proteger Simon no passado e nunca mais deixaria que
isso acontecesse. Não importava o que Simon precisasse, Sam estaria disposto a fazer.
Graças a Deus Simon encontrara Kara. Sam adorava a noiva do irmão, queria beijar o chão
que ela pisava por amar o irmão dele incondicionalmente e fazer com que Simon fosse mais feliz
do que Sam jamais vira. E Simon merecia aquela felicidade, aquele tipo de devoção de uma
mulher. Infelizmente, ver Simon e Kara juntos fazia com que Sam percebesse como a própria vida
era vazia, como a existência dele se tornara desolada e superficial.
Beijar Maddie, segurá-la nos braços depois de todos aqueles anos, tornara as coisas ainda
piores. Era como se algo estivesse despertando, bem no fundo, uma sensação que era familiar, mas,
ao mesmo tempo, não era. Certamente, não era uma coisa confortável.
Esqueça Maddie. Esqueça como é se perder na maciez de Maddie, o cheiro dela, a sensação das
curvas sensuais e a boca deliciosamente ansiosa.
Sam praguejou, sabendo que dormiria sozinho naquela noite, usando a própria mão ao
fantasiar sobre Maddie. E, dessa vez, as lembranças seriam muito mais vívidas, mais novas, mais
reais do que nunca.
Caralho! Ele estava completamente fodido... e não do jeito como queria.
—E xatamente.
Kara deu um soco no ar, feliz por ter finalmente terminado o primeiro nível do novo jogo
de Simon. Na verdade, o novo jogo dela, o jogo de computador que Simon fizera especialmente
para ela, com o nome dela. As Aventuras de Kara era incrível, mas isso não era surpresa. O noivo
era um gênio e todos os jogos que criava eram únicos. Não era de se espantar que ela ficasse
completamente viciada em tudo o que Simon criava.
Passando a mão na tela do computador, ela suspirou. Que homem passaria horas incontáveis em
um jogo criado especialmente para ela, um jogo que não pretendia revelar ao mundo?
Somente Simon.
Kara girou a cadeira ligeiramente, olhando para o relógio. Epa. Ela passara mais tempo no
laboratório do que pretendia, depois de se deixar envolver pelo jogo. Mas ele era tão incrível, tão
viciante!
O novo jogo de computador fora um presente de dia dos namorados de Simon, um de muitos,
um presente que ela adoraria para sempre, pois o próprio Simon o criara. Provavelmente passara
semanas do tempo livre inexistente criando-o só para diverti-la. Simon a levara até o laboratório
uma hora antes para mostrar a surpresa. Ele saíra, com um sorriso largo, quando ela se sentara na
cadeira, incapaz de esperar para tentar chegar ao fim de uma das criações dele.
Kara desligou o computador ansiosa, pronta para encontrar Simon e agradecer
adequadamente. O diamante na mão esquerda capturou a luz abundante do aposento, brilhando
intensamente, fazendo com que o coração dela se contraísse dolorosamente.
Simon é meu. Nós vamos nos casar. Teremos um filho.
A tristeza e a hesitação se dissolveram como se nunca tivessem existido. Kara se sentia ela
mesma novamente com Simon. Percebera que os medos irracionais tinham a ver com o fato de que
suspeitara estar grávida e não quisera reconhecer com medo da reação de Simon à notícia. Ela
deveria ter sabido que não tinha com o que se preocupar. Sério, quando o homem que ela amava
a desapontara? No mínimo, ele estava muito mais protetor do que o necessário. Mas Simon era
assim e Kara amava tudo nele, mesmo quando o lado dominador dele a deixava furiosa.
Kara sorriu, lembrando-se da promessa dele de tentar não ser tão dominador e controlador. Ele
conseguira cumpri-la durante toda a tarde e à noite, cuidando dela, fazendo amor gentilmente
como se ela fosse quebrar só porque estava grávida. A intimidade e a ternura foram
reconfortantes, algo de que ela precisara depois das emoções turbulentas que sentira nas semanas
anteriores. Mas... ela estava prestes a procurar o seu alfa. A dominação sexual de Simon era algo
que ela adorava. Ele era metade ternura e metade testosterona. Estava na hora de chamar o
homem das cavernas para brincar.
Ela se levantou, puxando o roupão de seda vermelho mais apertado em volta do corpo. Era
estranho, mas não vira Simon na última hora. Normalmente, ele ficava sentado perto dela,
trabalhando em um dos jogos enquanto ela jogava em outro computador no laboratório.
Os pés descalços não fizeram som algum no carpete alto quando ela desceu as escadas, com
as unhas dos pés recém-pintadas aparecendo sob o roupão a cada passo. Olhando para os pés
ao chegar ao último degrau, ela decidiu que talvez fosse à pedicure novamente no futuro. Os pés
estavam macios e fora realmente relaxante. Talvez ela e Maddie pudessem ir juntas logo antes do
casamento.
O casamento. Simon seria o marido dela. Kara Hudson era um nome que ela sempre carregaria
com orgulho, conhecendo o sacrifício que os irmãos fizeram para chegar ao status que tinham.
— Simon? — Kara chamou ao entrar na cozinha, perplexa ao não encontrá-lo lá. Claro que
não estava dormindo. Ele nunca ia para a cama sem ela.
— No quarto, venha cá — gritou Simon em tom exigente.
Um sorriso leve se formou nos lábios dela ao andar em direção ao quarto. Simon raramente
pedia, sempre mandava. Kara obedecia quando queria e, naquele momento, estava inclinada a
seguir as instruções dele. Curiosa, ela percorreu o corredor. A porta do quarto estava parcialmente
fechada, abrindo-se silenciosamente quando ela colocou a palma da mão na madeira e empurrou
de leve.
Ela soltou uma exclamação quando pousou os olhos em Simon, usando nada além da moeda da
sorte em uma corrente de ouro e cuecas decoradas com corações e diabinhos, completamente
preso à cama. Com o coração acelerado, ela correu até a cama. — Simon, o que está fazendo?
Kara ficara presa daquele jeito várias vezes, pois fora a única maneira como Simon faria sexo.
E, mais tarde, simplesmente porque era erótico e sensual. Considerando o histórico de Simon, ela
não conseguia acreditar no que via. Ela piscou. E piscou novamente.
As duas mãos dele estavam amarradas, mas ele abriu uma delas, revelando um dos corações
de desejo que ela lhe dava em todos os dias dos namorados, um minúsculo coração de papel que
valia um desejo, alguma coisa que quisesse dela. O papel tremulou na mão dele. — Eu desejo que
acredite que confio em você completamente.
— Não, Simon. Não. — Kara subiu na cama, puxando as amarras em um frenesi de medo e
pânico, mas elas estavam bem firmes. Frustrada, percebendo que não sabia como soltá-las, ela
implorou: — Diga-me como soltá-las. — Desesperada, ela puxou com força uma das amarras,
precisando soltá-la, incapaz de vê-lo tão indefeso. Aquilo deveria estar matando Simon por dentro.
Mas que merda. Não havia nada que não estivesse disposto a sofrer só para provar o amor que
sentia por ela? — Você não precisa fazer isso. Eu confio em você completamente.
— Kara, pare. Agora. Antes que se machuque. — A voz dele estava tensa, dura de uma forma
que ela nunca ouvira. E fez com que ficasse imóvel. Em tom mais relaxado, ele acrescentou: — Não
estou desconfortável. Bem... exceto por um pequeno inchaço.
Kara colocou a mão sobre o coração acelerado e olhou para o rosto de Simon pela primeira
vez desde que entrara no quarto. Ele estava... sorrindo. Um sorriso largo que fez com que ela
relaxasse um poucoe examinasse a situação. Puta que pariu, o homem estava tão sexy que parecia
o pecado encarnado. Todos os quatro membros estavam amarrados e não havia nada na cama
além do corpo dele e do lençol preto de seda sob ele. A cueca preta era nova, um dos muitos
presentes do dia dos namorados que ela lhe dera naquele ano, e moldavam a ereção
perfeitamente.
A ereção dele? Simon estava realmente excitado? Como aquilo era possível? Com o histórico
dele, com as coisas que tinham acontecido, como ele conseguia fazer aquilo sem dor nem tensão
emocional alguma? Observando o rosto de Simon em busca de algum sinal de desconforto, ela...
não encontrou nada. Os olhos dele estavam ardentes, devorando-a, sem o menor rastro de
inquietação.
— Como você fez isso? Como é possível prender a si mesmo com essas coisas? — Todos os
quatro membros estavam firmemente amarrados, a julgar pela força com que ela puxara uma das
amarras e não conseguira afrouxá-la.
— Sam — respondeu Simon com voz irritada. — Acho que o imbecil adorou deixá-las o mais
apertadas possível.
Colocando a mão sobre a boca, Kara tentou reprimir uma risada divertida... mas não conseguiu.
— O seu irmão fez isso?
— Tenho certeza de que ele nunca vai esquecer esse assunto. Eu queria ficar nu, mas ele insistiu
que eu cobrisse as joias da família para que não ficasse cego — respondeu Simon descontente.
Minha nossa, Kara teria dado qualquer coisa para ver aquele evento enquanto acontecia. Ela só
conseguiu imaginar Sam amarrando o irmão em uma cama, insistindo para que cobrisse as partes
privadas. Sam não conhecia todos os segredos de Simon e provavelmente só achara a situação
estranha, algo que poderia usar para implicar com o irmão pela eternidade, em vez de achá-la
alarmante. — Não acredito que você tenha feito isso. — Ela tirou o coração da palma da mão
dele e rasgou-o, jogando os pedaços sobre o ombro. — Desejo concedido. Mas eu já confio em
você completamente, Simon. Eu falei para você que eram os hormônios. E andei pensando bastante.
Percebo agora como minhas ações podem ter parecido rejeição ou dúvida, mas o problema era
comigo, não com você.
— Eu queria ter certeza de que você confiava em mim. Agora, toque-me antes que eu fique
louco — insistiu ele com um olhar exigente.
Kara olhou para ele, prendendo a respiração ao absorver a visão de Simon completamente
exposto para seu prazer. Simon era como um tigre amarrado, pronto para atacar. Tê-lo amarrado
era extremamente erótico. Ele era só músculos e prazer. E ela estava morrendo de vontade de
tocar nele e acariciar aquela pele dourada. — Você é o homem mais sexy do planeta. — A voz
dela estava rouca, cheia de desejo.
— Acho que você precisa fazer um exame de vista. Sempre achei. Eu tenho cicatrizes, querida.
Cicatrizes horrorosas.
Sim. Simon tinha cicatrizes, um testemunho da força e da coragem dele. Kara nunca as acharia
desagradáveis nem feias. — Como um guerreiro, o herói dos meus sonhos.
Ela estendeu a mão e correu-a pelo peito dele, traçando cada cicatriz com a ponta do dedo e
inclinando-se para passar a língua nelas.
— Você é louca — rosnou ele, puxando as amarras dos braços.
— É você que me deixa louca — retrucou ela com uma risada, continuando a passar a língua
no peito dele, mordendo um mamilo de leve e segurando o pênis coberto com a outra mão.
Ter Simon à mercê dela era novidade e totalmente enlouquecedor. Ficando de joelhos, ela tirou
o roupão, quase esquecendo-se do presente escondido de Simon por causa da ansiedade em tocá-
lo.
— Puta merda. O que você está vestindo? — A voz de Simon era torturada e ela sorriu, um
sorriso malicioso e sedutor.
— Outro presente do dia dos namorados para você. — Fora o item mais sexy que ela já usara
para Simon, o que dizia muito, pois ele adorava lingeries sensuais. Simon normalmente as apreciava
brevemente antes de arrancá-las do corpo dela. O babydoll vermelho que usava nada mais era
que tiras de pano diáfanas. A parte de cima mal cobria os mamilos e as tiras de tecido em volta
da cintura eram transparentes. A calcinha mal aparecia, deixando as nádegas expostas e mal
cobrindo a parte da frente. — É claro, tive que me depilar. Completamente. Essa calcinha não
cobre muita coisa.
Simon engoliu em seco, com os olhos ardentes e selvagens ao passearem pelo corpo dela
possessivamente. — Completamente... depilada? — Ele engasgou na última palavra. — Você não
estava assim mais cedo.
Jogando o roupão no chão, ela se virou para ele, correndo o dedo pelo contorno do pênis
entumecido. — Tive que fazer isso ao vestir a calcinha. Logo antes de você me levar ao
laboratório para ver o jogo novo. Ele é maravilhoso, Simon. Acho que você deveria liberá-lo.
— Pelo amor de Deus, libere. Estou prestes a explodir — resmungou ele com a respiração
pesada.
— Eu não estava falando do seu pau, bobão. Estava falando do jogo. — Ela riu ao liberá-lo,
observando o pênis ficar livre ao descer o elástico da cueca.
— Não dou a mínima para o jogo neste momento — bufou ele.
O jogo de computador saiu da mente de Kara completamente quando ela tocou nele. A mão
dela envolveu-lhe o membro sedoso quando se inclinou para beijá-lo, esfregando os seios sensíveis
contra o peito de Simon. Ele enfiou a língua dentro da boca de Kara e os quadris se ergueram em
resposta à mão firme em volta do pênis. Simon a beijou como um homem possuído e ela respondeu
com paixão igual enquanto acariciava a parte dele que queria ter dentro de si. Mas aquilo
poderia esperar. Simon fizera aquilo por ela e estava determinada a transformar a experiência
em algo prazeroso para ele. Extremamente prazeroso. Pretendia saciar o homem das cavernas
antes de ceder às próprias necessidades.
Afastando-se da boca dele, ela se ajoelhou ao lado de Simon, ainda acariciando o pênis
aveludado, e correu a mão lentamente por cada centímetro do corpo dele. Talvez nunca mais
tivesse aquela oportunidade e queria tocá-lo. — Estou com um desejo — disse ela com voz
sedutora ao soltá-lo e sair da cama.
— Kara. Volte aqui. — A voz dele era implorante e insistente.
Kara correu até a cozinha, voltando com uma lata de chantilly. Sacudindo-a sensualmente, ela
inclinou a cabeça para trás e abriu os lábios, esguichando um jato do creme doce na boca. —
Hmmm... delicioso. — Ela lambeu os lábios, engolindo o doce. O olhar sombrio e perigoso ao
observá-la hipnotizado quase a fez desmoronar. — Só há uma coisa que teria um gosto melhor ao
explodir na minha boca neste momento. Alguma coisa que desejo muito. — Ela rastejou pela cama,
posicionando-se entre as pernas amarradas de Simon.
— Kara. — A voz dele foi uma advertência que ela desconsiderou completamente.
Ela derramou o creme branco no abdômen firme dele, nas coxas e, finalmente, sobre o pênis
latejante.
Ela lambeu primeiro o abdômen, desfrutando o gosto doce do creme, traçando cada músculo
rígido que se contraía vigorosamente.
Simon se contorceu, rosnando. — Kara. Farei com que pague por isso.
Ela sorriu ao lamber a coxa dele. — Estou contando com isso, meu gigante. E falo sério...
gigante. — O pênis pulsava de forma sensual.
Passando para a outra coxa, ela lambeu e chupou, deixando uma pequena marca de dentes ao
devorar o doce.
A boceta se contraiu quando ela subiu para a virilha dele. A calcinha ridiculamente pequena já
estava encharcada.
Ela ronronou suavemente quando a língua passou pela virilha de Simon, lambendo o creme
devagar e com cuidado.
— Puta merda, não vou aguentar muito tempo. Caralho, Kara. Solte-me. — A voz de Simon era
frustrada e totalmente excitada.
Ela olhou para ele, encontrou os olhos castanhos cheios de desejo, procurando algum sinal de
que estivesse sentindo algum desconforto que não fosse de paixão. Não estava. Estava totalmente
consumido pelo prazer erótico, observando-a. A única frustração era o fato de não estar dando
prazer a ela. — Achei que queria satisfazer todos os meus desejos de grávida — sussurrou ela.
— Estou com desejo de sentir o seu gosto.
Simon rosnou, jogando a cabeça novamente sobre o travesseiro quando Kara colocou o pênis
dentro da boca, circulando a ponta com a língua.
— Você vai acabar me matando. — A respiração dele era pesada ao ser completamente
consumido pela boca de Kara.
Só de prazer, garotão.
Ela enfiou na boca o máximo que podia dele, apertando os lábios em volta do pênis, chupando
com força, movendo a cabeça enquanto o devorava.
Ele ergueu os quadris, enterrando-se na boca dela a cada vez que ela descia sobre as
investidas dele. Olhando para cima, ela viu os músculos dele tensos e os punhos cerrados puxando
as amarras. Naquele momento, Simon estava belo na paixão, na completa perda de controle, com
o rosto contorcido de êxtase.
— Caralho. Kara. Querida. Ahhhh... Puta que pariu. Simmm.
Ele gritou palavras incoerentes continuamente enquanto ela se mexia com mais força e mais
depressa. Ele explodiu, com o corpo brilhando de suor. O jato quente fluindo para dentro da boca
de Kara foi tão sensual que ela gemeu em volta do pênis ao engolir. Depois de lamber cada gota,
ela subiu sobre o corpo dele e beijou-o, deixando que ele sentisse o próprio gosto com um traço
de creme.
Ele a beijou profundamente e, finalmente, afastou os lábios do dela. — Boceta. Agora. — Ele
puxou as amarras, parecendo desesperado para se soltar.
Sim. Estava na hora de soltar o homem das cavernas. — Como eu solto você? — Ela não fazia
ideia.
Simon lhe deu instruções curtas e ela conseguiu finalmente soltar as mãos dele. Ele se sentou e
rapidamente retirou as amarras das pernas.
Em uma fração de segundo, ele estava sobre ela, suado, ofegante e totalmente fora de
controle. Meu Deus, como ela o amava. O Simon alfa atacou a presa, infernalmente sexy.
Ele arrancou a lingerie, rasgando a parte de cima e a de baixo com alguns puxões rápidos,
destruindo o conjunto em questão de segundos. Ela suspirou, admirando a força bruta dele, a
facilidade com que a deixava nua. O desejo de repreendê-lo por rasgar a lingerie a deixara
muito tempo antes. Ele compraria uma nova depois. E vê-lo ficar completamente insano de paixão
valia a pena. Como sempre, ele rasgara as roupas sem machucá-la.
— Meu Deus, você é tão linda — ele ofegou ao descobrir a boceta depilada. — É hora da
vingança. Você quis brincar, garota, agora precisa pagar.
Kara estava mais do que pronta para o castigo de Simon, o tipo de castigo que a deixaria sem
fôlego, implorando e gemendo. Quando os dedos dele traçaram os mamilos inchados e sensíveis,
ela gemeu. Estava pronta, muito pronta.
— Por favor, Simon.
— Por favor, o quê? O que você quer? — perguntou ele com voz rouca.
— Trepe comigo. Por favor.
— Acho que não. Eu também estou com um desejo. Minha boca está cheia d’água, quero um
pouco de creme. Está molhada para mim, querida?
Molhada? Nossa... ela estava encharcada. — Sim.
Ela tentou erguer os quadris, mas não conseguiu mover o corpo sólido dele. A pele úmida
grudou na dela, mas ele mantinha a maior parte do peso apoiada nos braços, não nela. Olhando
para cima, ela encontrou os olhos escuros intensos e selvagens, com o corpo clamando para ser
possuído. — Você vai gozar para mim enquanto sinto o seu gosto. — A voz dele estava rouca e
Simon enterrou o rosto nos cabelos dela, mordendo-lhe gentilmente o pescoço antes de traçar um
caminho com a língua até os seios.
Ela gemeu quando ele lambeu-lhe os seios, passando de um para o outro, como se tivesse todo
o tempo do mundo para adorar cada mamilo sensível. As entranhas de Kara se contraíram quando
ele desceu até o abdômen, parando para enfiar a língua no umbigo, depositando beijos quentes e
úmidos por todo o trajeto.
Finalmente, quando ela estava prestes a gritar de frustração, ele abriu-lhe as pernas. Ela
estremeceu ao sentir o hálito quente na boceta nua.
— Consigo sentir o cheiro da sua excitação, ver como você está molhada — murmurou ele,
passando os dedos sobre a carne macia.
Ela virou a cabeça de um lado para o outro, precisando desesperadamente sentir a boca dele.
— Por favor, Simon. Eu preciso de você.
Ele passou o dedo lentamente pelas dobras saturadas, lentamente indo mais fundo. — Assim?
— perguntou ele em tom exigente.
— Mais — implorou ela, prestes a perder a cabeça se ele não a fizesse gozar imediatamente.
— Assim? — Ele circundou o clitóris, com o dedo deslizando pela carne molhada.
— Mais. Droga. Mais. — Ela estava perdendo o controle, com o corpo implorando.
— Assim? — A boca de Simon se fechou sobre a carne macia, mexendo a língua, lambendo-a,
consumindo-a.
Ah, meu Deus. Sim. Sim. Sim. Ela ergueu os quadris, tentando fazer com que a língua dele se
mexesse mais depressa, fosse mais fundo. Ele abriu-lhe as dobras com os polegares e enterrou o
rosto na boceta com um som reverberador torturado, devorando-a como um homem faminto,
implacavelmente chupando e lambendo o clitóris ao consumi-la completamente.
— Sim. Por favor, Simon. Eu preciso gozar. — Ela agarrou a cabeça dele, enterrando os dedos
nos cabelos dele, gemendo ao puxá-lo mais para perto, balançando os quadris enquanto ele lhe
dava prazer com a boca ardente.
Ele gemeu contra a carne de Kara e as vibrações a empurraram lentamente em direção à
insanidade. O clímax a invadiu, consumiu-a e o corpo pegou fogo enquanto Simon a devorava.
Praticamente soluçando de alívio, Kara gritou o nome dele enquanto ondas de prazer a
percorriam.
Depois de sugar cada gota de prazer que conseguiu com a boca maravilhosa, Simon tirou a
cueca e deitou-se sobre ela. Kara abriu os olhos e viu o homem que amava, selvagem e abalado,
do jeito como ela gostava. Exatamente do jeito como o amava.
O corpo de Kara estava saciado, mas a necessidade de senti-lo dentro dela era quase
intolerável. — Trepe comigo, Simon. Agora. — A ereção dele pressionava a carne ainda trêmula
dela.
— Minha — disse ele. — Você sempre será minha.
— Sim. Sempre.
Simon posicionou o pênis rígido na entrada do canal de Kara, penetrando-a com uma investida
forte, fazendo com que ela ficasse sem fôlego. Ele a preenchia, completava-a. Kara passou as
pernas em volta da cintura de Simon e os braços em volta do pescoço dele, querendo estar o mais
perto possível.
A boca de Simon cobriu a dela, envolvendo-lhe o corpo inteiro com calor intenso, levando-a
para um lugar onde só os dois existiam. O pênis a invadia, com Simon retirando-o quase
completamente antes de penetrá-la novamente e Kara o recebeu com amor. Simon a reclamava e
ela queria ser reclamada por ele.
Afastando a boca, ele ofegou: — Diga que é minha. Preciso de você. Eu amo você. Você nunca
vai me deixar.
— Eu sempre serei sua, Simon. Nada nos separará. Eu amo você. — A admissão ofegante mal
saíra da boca quando ela sentiu o orgasmo aproximando-se. Apertando as pernas ainda mais em
volta da cintura de Simon, ela se moveu no mesmo ritmo que ele e os corpos se fundiram.
Kara alçou voo, com o corpo estremecendo e o canal contraindo-se, enterrando as unhas na
pele das costas de Simon. Ela gritou o nome dele, pressionando o corpo quente contra o dele, até
que voltasse à Terra lentamente.
— Puta merda. Kara. Kara. — Simon gozou, com o orgasmo explosivo enchendo o ventre dela.
Ele saiu de cima dela imediatamente, apertando-a contra si, puxando-a para o abrigo protetor
de seus braços.
Com a respiração ainda irregular, ele gaguejou: — Eu machuquei você?
Ela balançou a cabeça negativamente, ainda trêmula. — Não — sussurrou ela sem fôlego. —
Você me deu exatamente o que eu precisava.
Com a necessidade saciada, Kara beijou a testa dele antes de encostar o rosto em seu pescoço,
ainda tentando se recuperar.
De alguma forma, Simon sempre parecia saber do que ela precisava. Naquela noite, o segundo
dia dos namorados que passavam juntos, ele lhe dera uma paixão desenfreada e o amor
profundo e incondicional. Certamente, não precisava ter se amarrado para provar nada a ela.
Mas só o fato de que estivera disposto a fazê-lo, de se colocar completamente à mercê dela,
deixara-a totalmente maravilhada.
Kara suspirou, tentando entender como tivera tanta sorte, como conseguira encontrar um homem
como Simon, um homem a quem podia entregar tudo, um homem que sempre teria o amor, a
confiança e a alma dela.
— Eu amo você. Feliz dia dos namorados — disse ela baixinho contra o pescoço dele.
— Feliz dia dos namorados, querida. Eu amarei você para sempre — murmurou Simon, com os
braços apertados em volta dela de forma protetora e possessiva.
Não importava os desafios que ela e Simon pudessem encontrar, lidariam com eles juntos.
— Eu sempre serei sua — disse ela sonolenta.
— Eu sei, querida. Sou o idiota mais sortudo do mundo — murmurou ele.
Kara pegou no sono com um sorriso nos lábios e com a felicidade de saber que encontrara um
amor que duraria para sempre. Para uma mulher que estivera tão sozinha no mundo, era o melhor
presente do dia dos namorados que poderia receber.
addie virou a página do livro que tinha no colo, perguntando-se por que simplesmente

M não desistia e ia dormir. Não estava mesmo absorvendo nenhuma das palavras escritas.
— Mas que merda — sussurrou ela, fechando o livro com força e jogando-o sobre a
mesa ao lado do sofá. Sinceramente, ela não queria ir para a cama. Se fosse, continuaria
lembrando-se do encontro com Sam, torturando-se com lembranças daquele beijo ardente mais
cedo.
Pegando o controle remoto, ela apertou o botão para ligar a televisão, torcendo para conseguir
apagar aqueles pensamentos com o noticiário das dez horas.
A campainha tocou no momento em que o âncora começou a recontar as principais histórias do
dia.
Quem diabos poderia ser? Ela não tinha família e nenhum dos amigos bateria em sua porta
àquela hora da noite, a não ser que fosse uma emergência. Ela se levantou rapidamente e correu
até a porta com o coração acelerado. Olhando pelo olho mágico, viu um homem de uniforme, o
uniforme da segurança da Hudson.
— Quem é e o que você quer? — gritou ela atrás da porta.
— Entrega especial do dia dos namorados para a dra. Reynolds — gritou o homem de volta.
— Deixe aí e vá embora. — Ela não pretendia abrir a porta, mesmo que o homem parecesse
ser da Hudson.
— Eu entendo, senhora. Vou deixar aqui em frente à porta. — O homem uniformizado se
inclinou para a frente brevemente, endireitou o corpo e foi embora.
Maddie abriu uma fresta da porta, deixando a corrente de segurança no lugar. Viu o homem
entrar na caminhonete e ir embora. Ela fechou a porta, tirou a corrente e abriu-a novamente,
arregalando os olhos.
Em frente à porta, estava o buquê de rosas vermelhas mais incrível que já vira. Havia várias
dúzias, rosas demais para que conseguisse contar na condição atônita em que se encontrava.
Erguendo o vaso pesado, que parecia ser de cristal, Maddie carregou as rosas até a mesa de
jantar. Colocando-as no centro da superfície circular de carvalho, tirou o cartão que estava no
centro do arranjo.
Ela se sentou, pois os joelhos trêmulos não aguentaram o peso das pernas. O cartão era
pequeno, com a parte de fora do minúsculo envelope decorada com corações e um pequeno
cupido no canto. A única coisa escrita na frente dele era o nome dela. Ela o abriu com dedos
trêmulos, puxando o cartão para fora do envelope. Nele, em uma letra que ela ainda reconhecia,
havia apenas duas palavras.
Sinto muito.
Não havia assinatura nem qualquer outra identificação.
Soltando o envelope e o cartão sobre a mesa, Maddie enterrou o rosto nas mãos e chorou.

~*~ Fim ~*~


O livro de Maddie e Sam, O Coração do Bilionário, está disponível na
loja do Kindle!
Se você gostou desta coleção, poderá gostar de:
A Coalizão dos Vampiros:A Coleção Completa
e
O Prazer da Punição Dele: A Coleção Completa

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