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Essa é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes, personagens,
lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação da autora. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Essa obra segue as regras da Nova Ortografia da língua Portuguesa de 2009.
Todos os direitos reservados. São proibidos o armazenamento e/ou a reprodução de
qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios — tangível ou intangível —
sem o consentimento escrito da autora.
Criado no Brasil.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº. 9.610/98 e punido
pelo artigo 184 do Código Penal.
Capítulo 2
Mensagens
Capítulo 3
Minha namorada
Capítulo 4
Primeiro beijo
Capítulo 5
Ciúmes
Capítulo 6
O passado
Capítulo 7
Sensações
Capítulo 8
Trato
Capítulo 9
Escolho você
Capítulo 10
Inocência
Capítulo 11
O tempo não apaga
Capítulo 12
Vamos jogar!
Capítulo 13
Primeira vez
Capítulo 14
Medo
Capítulo 15
A espera
Capítulo 16
Alma partida
Capítulo 17
Quebrado
Capítulo 18
Esperança
Capítulo 19
Luz e trevas
Epílogo
Dois meses e meio depois…
FIM
Convites
PRÓLOGO do livro Louco por você
EMILY
CAPÍTULO 1
Disfarce
TABITTA
CAPÍTULO 2
Reencontro
JASON
CAPÍTULO 3
Convite
TABITTA
CAPÍTULO 4
Prisão
TABITTA
CAPÍTULO 5
Interrogatório
TABITTA
CAPÍTULO 6
Tiroteio
TABITTA
CAPÍTULO 7
Proteção
JASON
CAPÍTULO 8
Armação
JASON
CAPÍTULO 9
Pesadelos
TABITTA
CAPÍTULO 10
Renúncia
TABITTA
CAPÍTULO 11
Luta
TABITTA
CAPÍTULO 12
Cativeiro
TABITTA
CAPÍTULO 13
Acerto de contas
JASON
CAPÍTULO 14
Aliança com o inimigo
TABITTA
CAPÍTULO 15
Perdão
TABITTA
CAPÍTULO 16
Promessa
TABITTA
CAPÍTULO 17
Infiltrados
JASON
CAPÍTULO 18
Salvador
TABITTA
EPÍLOGO
TABITTA
Sinopse de “Marcas da Escuridão”
Redes Sociais:
SINOPSE
Dezembro de 1994
Eu estava deitado na cama esperando mamãe chegar em
casa, fazia cinco dias que eu a aguardava. Tudo já havia acabado
na dispensa. Não tinha mais comida ou leite para me alimentar.
A fome doía como se houvesse alguma coisa roendo dentro de
mim, como garras e lâminas afiadas. Eu só podia esperar e fingir
que essa dor, a qual me consumia, não estivesse de fato
acontecendo. Eu queria fazer algo, não só imaginar que estava
cercado de uma família amorosa, com pais bondosos e com
muita comida e brinquedos. Hoje era Natal, não havia nada para
comer ou algum brinquedo para brincar. Era o meu pior dia na
Terra e tudo o que eu queria era fugir, nem que fosse em
pensamentos.
— Fique em casa e não saia até eu chegar — pediu a
mamãe.
Ela recebeu uma ligação e não pensou duas vezes em me
deixar sozinho naquela casa imensa e solitária.
— Mas o Natal é daqui alguns dias, mamãe — chorei, não
querendo ficar sozinho de novo, principalmente à noite.
— Eu sei, mas eu volto antes de chegar o Natal. Amo você
— declarou, saindo pela porta e me deixando trancado.
Depois de uma semana, ela não tinha voltado ainda. Era
noite e ao invés de medo por estar sozinho, eu me sentia
aliviado, porque dormir era a única forma de esquecer a fome
tremenda que eu estava passando naquele momento.
Eu poderia gritar e pedir ajuda, mas tinha medo de as
pessoas me levarem para longe da mamãe. Eu não queria ficar
longe dela, por mais ausente que ela fosse em minha vida.
Mamãe sempre me deixava ali sozinho, mas nunca deixou
de voltar, mas agora ela não iria voltar para mim como sempre
fazia.
Agora era para sempre.
Minhas forças se acabaram, e eu caí no chão da cozinha
com uma tigela vazia…
Nesse dia, Mary me matou, mas eu ressuscitei após ouvir a
voz de um anjo.
Miguel.
1 - Injustiçada
SAM
Abril de 2016
— O que você deseja para o café da manhã? —
perguntou a garçonete do Green.
A garota parecia ter uns dezoito anos, mais ou menos.
Ela era loira com cabelos compridos, presos em um rabo de
cavalo.
Há uma semana, eu havia começado a trabalhar como
psicóloga na empresa Vênus, que beneficiava crianças que
necessitavam de ajuda com problemas e traumas de infância.
Tantas pessoas sonhavam em entrar nessa empresa, mas
poucas a mesma chance que eu. Dei graças a Deus por
conseguir o serviço. A empresa possuía várias instituições que
trabalhavam com crianças pelo mundo.
A Ônix era uma empresa bilionária de estilo e muito
importante no ramo de Marketing empresarial. As duas
empresas ficavam em um imenso edifício na Rua 57, com
vista para Skiling de Manhattan, um dos principais cartões-
postais de Nova York. Os dois prédios eram como as Torres
Gêmeas, um ao lado do outro, mas com uma passarela que
ficava no nono andar, bem onde eu trabalhava na Vênus, ela
levava de um prédio ao outro.
Eu gostava de tomar café e almoçar no Green, ia ali
quase todos os dias desde que comecei a trabalhar na Vênus. A
lanchonete não era muito grande, mas era aconchegante, com
paredes de vidros que ficavam de frente para as duas empresas
que pertenciam ao mesmo dono. Eu não o conhecia, mas
diziam que era muito rígido e nem em feriados dava folga para
os colaboradores que trabalhavam em sua empresa, ou seja,
eu. Nunca gostei muito de feriados, então não reclamava.
Quando eu me mudei para Manhattan, estava fugindo de
um passado obscuro para o qual eu jamais queria retornar ou
pensar sobre novamente. Por mais que você tente fugir de um
passado assim, ele está no fundo de sua mente como um
câncer enraizado, mas sem o matar. São apenas lembranças
sombrias.
Quando vim morar no Brooklyn, cheguei com a intenção
de trabalhar e ser uma profissional de sucesso e capacitada no
meu ramo de trabalho, afinal, amava o que fazia. Acho que
além do meu irmão Bryan e de minha avó Júlia, que eu amava
verdadeiramente, a minha profissão era a segunda paixão.
Particularmente adorava trabalhar com crianças em risco
social e que sofriam por algum tipo de problema. Porque um
dia, há muito tempo, eu também fui quebrada de todas as
formas possíveis, quase de forma irrevogável, quem deveria
ter me protegido quando criança não o fez, aliás, foram eles
que haviam transformado a minha vida em um pesadelo e
tormento por quatorze anos.
— Um cappuccino com creme, por favor — Sempre
pedia isso todas as vezes que vinha ali. Era meu café favorito e
o que não era tão caro.
Tomei rápido para não chegar atrasada ao trabalho,
porque a minha chefe era definitivamente uma bruxa, mas ela
não iria me fazer desistir dos meus sonhos. Não mesmo.
Eu já tinha acabado com o meu cappuccino e peguei um
para levar para Diana, uma colega de trabalho.
Um cara se sentou na cadeira à minha frente, o havia
notado antes paquerando a garçonete loira que trabalhava ali, a
mesma que trouxe o cappuccino para mim. Um paquerador,
com certeza.
Seu rosto era lindo, muito parecido com um modelo de
revista famosa como a People. Seus cabelos loiros batiam no
queixo e eram lisos, mas parecia que gostava deles
bagunçados para todos os lados, como se estivesse acabado de
acordar, mas não de um jeito feio, e sim de um jeito atraente.
Devia ser moda para ele. Usava calça jeans e camiseta preta
com gola V e dois botões, olhos cor de whisky combinavam
bem em seu rosto perfeito.
O cara me lançou um sorriso devastador. Um sorriso que
fazia todas as mulheres molharem suas calcinhas, até mesma
eu, afinal não era nenhuma santa.
— Eu posso me sentar com você, linda? — perguntou
ele sorrindo, mas havia se sentado antes que eu o respondesse.
— Pode — respondi com simpatia, peguei o copo de
cappuccino para Diana e me levantei.
— Eu já estou de saída. Então, fique à vontade.
Ele olhou meu corpo como se me despisse com seus
olhos, senti um arrepio percorrer todo a minha espinha, mas
isso não podia acontecer.
— Você não quer ficar comigo? — Ele me lançou um
sorriso. — Nós podemos ir para o meu apartamento.
Com aquele rosto sexy e com seu sorriso perfeito, fazia
qualquer garota sair correndo com ele para qualquer lugar sem
questionar ou pensar nas consequências. Mas eu não era assim.
Eu era mais como os Felizes para Sempre. Respirei fundo e
olhei para ele sentado ali, à minha frente.
Ergui as sobrancelhas e lhe disse:
— Você ao menos sabe o meu nome?
Ele ainda sorria.
— Eu não preciso saber seu nome, linda, para ter o que
queremos um do outro — Seu tom era malicioso.
Eu fechei a cara.
— Isso não vai acontecer.
Ele ergueu as sobrancelhas.
— Por quê? Posso ver em seus olhos que você me deseja
tanto quanto eu a desejo — Sua voz parecia confiante.
Eu ri amarga.
— Você não sabe de nada — suspirei. — Jamais ficaria
com alguém como você, e por vários motivos.
— Quais são? — Ele cruzou os braços.
— Primeiro: você é rico, eu posso ver isso. — Apontei
para suas roupas.
— Por que isto a impede? — Seu tom era confuso, assim
como seu rosto.
— Homens como você só querem uma coisa de
mulheres como eu. Isso não é algo que darei a ninguém igual a
você — sorri amigavelmente. — Foi um prazer conhecer-lo.
Saí antes que falasse algo, deixando-o ali, com um
sorriso no rosto, mas seus olhos mostravam confusão.
Respirei fundo e entrei no imenso prédio de vidro e fui
para o elevador da empresa Ônix, já que o elevador da Vênus
estava em manutenção. O elevador também era de vidro
grosso e mostrava toda a cidade de Manhattan, uma bela vista
para se acordar todos os dias, para quem podia ter esse luxo,
obviamente. Me encontrava atrasada e tudo porque fiquei
conversando com um idiota atraente no Green. Apertei o botão
para meu andar, mas antes que as portas se fechassem, um
homem entrou. Santa mãezinha me abana, porque isso sim que
era homem.
Ele estalava os dedos e você caía de joelhos à sua frente
como uma submissa. Embora, eu nunca fosse de fazer o que os
homens mandavam, eu poderia abrir uma exceção para aquele
Deus Grego.
O homem era alto, um metro e noventa mais ou menos.
Trajava calça jeans e camiseta preta com jaqueta de couro,
também preta e aberta na frente. Seus cabelos castanhos eram
curtos, com uma mexa de cabelo que caía sobre o olho direito,
fazendo o verde-floresta de seus olhos ficarem mais lindos, e
uma boca instigante. Que boca! Se o cara do Green era sexy,
imagina esse? Esse homem dava de mil em beleza naquele
outro. Era como comparar sorvete de chocolate com sorvete de
morango, e eu era completamente apaixonada por chocolate.
Esse homem sim era de molhar calcinha. Se ele fazia isso só
com um olhar, imagina se me tocasse?
Ele tinha duas covinhas, uma em cada lado de suas
bochechas, fazendo-o mais perfeito do que ele já era. Só em
olhar tive vontade de colocar a minha língua naquelas duas
covinhas… Nossa! Eu acho que estava ficando louca,
definitivamente estava com os parafusos soltos.
Ele me olhava como se quisesse me possuir naquele
elevador.
— Oi — sussurrei.
Ele sorriu.
— Olá, doçura. Você é nova aqui na empresa? — Seu
tom era cálido, assim como ele.
Eu pisquei chocada, ele estava flertando comigo? Ali,
naquele elevador com vista para a cidade de Manhattan? Não
sabia qual era o mais belo dos dois, o homem ou a vista. Acho
que ele era mais belo que o Sol ao nascer.
— Sim. Eu comecei na semana passada — perguntava-
me se ele ouvia o nervosismo em minha voz como eu ouvia.
— Você deve ser bem gostosa na cama. — Seus olhos
me devoravam como se ele quisesse me comer.
Eu pisquei, chocada com o que ele falou.
— O que você disse? — Eu cheguei o mais longe dele
que o elevador permitia. Eu pensei ter ouvido errado.
— Minha sala é no último andar, vamos até lá comigo e
podemos nos divertir muito juntos. — Ele olhou o número do
elevador, que subia para o nono andar, depois para mim.
— Posso fazer valer à pena. Você é tão linda!
Eu arregalei os olhos, descrente e com raiva do que
ouvia.
— Você é doido? — Eu percebi que gritava.
Seu sorriso sumiu e sua expressão se tornou sombria e
fria, como se ele fosse duas pessoas ao mesmo tempo.
— Eu faço o que quero e na hora em que quero — Seu
tom deixava isso bem claro.
Eu me encolhi por estar sozinha com aquele lunático
atraente. Certamente, eu havia acordado com o pé esquerdo ao
pelo menos o outro rapaz do Green era mais simpático do que
aquele ali.
— Você pode fazer o que quiser da sua vida que não me
interessa. — Apertei o copo, ainda olhando para ele. — O que
o seu chefe acha disso? De cantar mulheres em elevadores?
— Eu não tenho chefe. — Ele cruzou os braços e
estreitou os olhos.
Eu ri amarga.
— Ótimo! — grunhi. — Então é um playboy mimado
que acha que só por que tem dinheiro e beleza, pode chegar
assim e falar isso? As mulheres caem aos seus pés só por que
as chama para a cama? Pois fique sabendo que a minha
resposta é NÃO — Meus olhos eram frios. Embora, eu
soubesse que algumas mulheres diriam sim, não pelo dinheiro,
e sim pela sua beleza. Aposto que chovia mulheres lindas em
sua horta.
— Você não devia dizer isso a um cara como eu —
alertou meneando a cabeça de lado.
— Sim, um idiota e arrogante — sibilei. — Eu nunca
vou ficar com alguém igual a você, então pode procurar outra
mulher.
Ele me lançou um sorriso de lobo.
— Você não devia me desafiar…
O interrompi cerrando os dentes. — Não é um desafio, estou
dando minha resposta. Eu não vou sair com um homem que
acha que pode tudo. Fique ciente disso.
Ele deu um passo até ficar em minha frente, sem em
momento algum retirar os olhos de mim, parecendo um animal
cercando sua presa. Eu queria ir para mais longe dele, mas o
elevador não permitia.
— Vou provar que ninguém me desafia, pois sempre
consigo o que quero.
A minha vontade foi de jogar o cappuccino na cara dele,
mas me controlei a este impulso, afinal, não queria ser
demitida por fazer isso na empresa. Como um não podia ser
um desafio? Esse cara era louco, devia procurar um psiquiatra.
Eu olhei para ele com os olhos sombrios. — Pessoas
normais chamam para encontros e não para transar em sua
sala.
Ele me olhou com os olhos grandes como os de uma
coruja.
— Encontro? — disse essa palavra como se tivesse sal
em sua garganta. — Eu não tenho encontros.
— Então, devo dizer que você cantou a mulher errada —
Eu estava preparada para mais retaliação, mas a porta do
elevador se abriu no meu andar e caminhei para a imensa
passarela de vidro que dava para a Vênus sem olhar para trás.
Cheguei ao salão onde havia algumas crianças que
vieram para sessões conosco. Podia vê-las brincando umas
com as outras. O salão era cor de creme e com vários
brinquedos onde esperavam pela sua vez.
Diana estava em pé, olhando as crianças. Ela era uma
loira e com corpo esbelto. Não sei como não tinha namorado
ainda. Olhou-me assim que entrei no salão. Ela também era
uma psicóloga competente, nos tornamos amigas desde que
comecei a trabalhar ali.
— Eu trouxe para você — disse lhe entregando o
cappuccino.
A única que não ia com a minha cara na empresa, era
Sasha, uma de minhas chefes. Eu não sabia os motivos, já que
nunca tinha feito nada a ela e nem a ninguém.
— O que foi, Sam? — perguntou enquanto pegava o
cappuccino. — Obrigada.
Antes que eu tivesse tempo para responder, Sasha me
chamou da porta de seu escritório. Seu sorriso era de um gato
que comeu o canário. Mais parecido com o gato Cheshire[1].
Não era para ela estar com raiva por eu estar atrasada? Eu
fiquei na espreita com isso. Pelo seu sorriso, não seria nada
bom.
Ela era uma mulher linda. Seus cabelos ruivos nos
ombros eram lisos e com um rosto bem maquiado, se parecia
com modelos de passarela com um corpo magro, mas com
tudo no lugar. Ela usava um terninho rosa, parecido com o
meu, mas o meu foi comprado no brechó enquanto o dela era
de alguma grife.
— Lucky Donovan quer você na sala dele agora,
Samantha Gray — Não era bem um pronunciamento e sim
uma ordem direta e sem nenhum poder de recusa.
Eu olhei para Diana à frente e depois para ela, que
estava sorrindo como se tivesse acabado de ganhar na loteria.
— O que ele quer comigo? — sondei. Eu não sabia
quem eram todos os meus chefes, mas esse, em especial,
algumas pessoas chamavam de carrasco. Se ele me chamou
em sua sala, boa coisa não era.
— Com certeza vai demitir você — anunciou ela, bem
animada com a situação.
Meus pulmões pareciam que tinham parado de
funcionar, porque eu não conseguia mais respirar. Era como se
tivesse levado um soco na boca do estômago ou caído de uma
grande altura e me esborrachado no chão, sem fôlego.
— O que foi que eu fiz para ser demitida? — Minha voz
falhou no final.
Ela riu sem se importar comigo.
— Para o Lucky mandar alguém embora, não precisa de
motivos. Lucky Donovan pode fazer tudo, afinal, ele é o dono
desta empresa — Seu tom parecia de orgulho.
— Mas eu não fiz nada — murmurei.
— Com certeza, você é mais uma dessas vagabundas
que se deixam encantar pelo charme de Lucky e seu dinheiro,
mas não fique assim, esse é o Lucky. — Ela revirou os olhos.
— Ele não pode ver uma mulher bonita que entra em suas
calcinhas, deixando-a logo depois como algo descartável.
Igual está fazendo com você.
Meus olhos ficaram escuros, querendo estrangular
aquela víbora peçonhenta. Isso me fez ver fogo de tanta raiva.
Então, ela achava que eu fui para cama com esse cara e por
isso ele me dispensou? Isso significa que era isso que
aconteceria se eu tivesse conhecido esse homem e ficado com
ele. Ainda bem que não o conheci.
Eu queria estrangular a Sasha por pensar que eu era mais
uma da lista de tolas descartadas do meu chefe, mas não ia
bater boca com ela, senão eu voaria em seu pescoço e sairia
expulsa dali, o que seria terrível para meu currículo. Entrei de
cabeça erguida. Então, era assim que eu sairia.
— Você não sabe de nada — rosnei.
Ela deu uma risada exaltada, ignorando meu tom.
— Sugiro que vá logo, ele odeia esperar. — Ela deu
mais um de seus sorrisos de vadia e entrou em sua sala,
batendo a porta.
— Não liga para a cadela rabugenta, ela está te
provocando. Se Lucky Donovan quisesse demitir você, ele não
a chamaria em sua sala, ela mesma faria isso. — Diana me
olhou de lado — Houve algo entre você e ele?
Eu pisquei ultrajada.
— Diana, eu nem o conheço, por isso estou com medo
de que seja uma demissão — respirei fundo — Onde é a sala
dele? A víbora nem me disse, e eu não vou perguntar a ela ou
vou arrancar seus cabelos.
Diana riu, mas parecia tensa.
— No último andar da Ônix, no corredor à direita.
— Último andar. Tem certeza? — Minha voz saiu alta
com uma suspeita me batendo.
— Sim, por quê?
Eu sacudi a cabeça, o cara do elevador não podia ser o
meu chefe, tinha que ser uma coincidência e nada mais. O
filho da mãe me chamou para transar na sala dele no último
andar da Ônix, e também disse que não tinha chefe. Isso
significava que ele não trabalhava para ninguém, pois aquela
empresa era dele? Maldição! Agora estava me dando conta
exatamente do que estava acontecendo comigo. Ele iria me
dispensar por ter levado um fora? Não acredito que ele seria
capaz deste ato desumano.
— Desgraçado! — rosnei com os punhos cerrados e com
vontade de socá-lo naquela cara bonita. Como ele pode querer
me demitir só por que eu não quis transar com ele? Quem ele
acha que eu sou? Uma vagabunda? Maldito!
Eu estava o xingando em pensamento enquanto chegava perto
de sua sala. Se ele fosse mesmo me demitir, diria algumas
verdades.
— Olá, Sam. O senhor Donovan está esperando por
você — disse Nancy. Nós não éramos exatamente amigas, mas
almoçávamos juntas de vez em quando no Green. — Ele está
na sala de reuniões.
Nancy era morena e bonita, casada e possuía dois filhos
pequenos. Então, não acho que o Lucky havia ficado com ela,
não parecia-me ser uma safada ou vagabunda infiél. Isso me
fez perguntar, será que ele ficava com mulheres
comprometidas? Eu sacudi a cabeça, reorganizando meus
pensamentos, não queria pensar ou saber sobre isso.
Ela foi até uma porta de madeira grossa e abriu-a para
que eu pudesse passar.
— Entre. — Gesticulou.
Minhas mãos suavam frio devido ao meu nervosismo
com o que viesse a acontecer dentro daquela sala. Eu entrei e
olhei ao redor.
A imensa sala tinha uns dez metros de largura por dez de
comprimento, ou mais ou menos isso. As paredes eram
tomadas pela cor branca e creme, não possuía muita
decoração, como quadros e fotos ou algo que deixasse o
ambiente alegre. O lugar parecia meio triste se não fosse pelas
imensas janelas de vidros que pegavam as duas paredes à
minha frente e a do meu lado direito. A vista dali era ainda
mais linda do que a da sala da cadela.
Lucky Donovan era o homem que estava sentado na
outra ponta de uma mesa grande de carvalho branco. O
homem do elevador estava todo relaxado na cadeira e me
olhava com um sorriso no canto de boca. Garanto que foi pela
minha cara de choque por ter descoberto que ele era mesmo o
meu chefe. Apesar das suspeitas, torci para que estivesse
errada, mas não tive essa sorte.
Minha pulsação estava acelerada, com medo de que ele
viesse me demitir por não ter ficado com ele. Talvez ele não
me mande embora — pensei. Eu estava prestes a implorar por
meu emprego se fosse preciso, porque não podia perdê-lo, não
depois de ter ralado muito para consegui-lo. Além disso, tinha
a despesa do hospital que Bryan havia sido internado no mês
passado. Ele não podia pagar, já que estava desempregado.
Antes que eu me preocupasse pelas várias razões nas
quais não podia perder meu emprego, ele falou, ou melhor,
declarou com arrogância:
— Eu disse a você, sempre consigo o que quero. — Ele
se apoiou no encosto da cadeira e cruzou os braços. — Aqui
está você…
Eu expirei, me controlando, estava com raiva de sua
prepotência e arrogância, primeiro no elevador, agora ali?!
— Ninguém pode ter tudo na vida. Nem mesmo você,
que pelo visto acha que pode tudo só porque tem o poder nas
mãos — Meu tom era enojado ao dizer esse final. — Pessoas
egoístas e sem escrúpulos, que mandam seus funcionários
embora por injustiça e sem se importar com nada, sem ligar no
que isso causaria à pessoa. Você apenas pensa em seu ego
ferido por receber um maldito NÃO! — Expirei. — Aprenda a
conviver com isso.
Seus olhos escureceram e o sorriso sumiu, tornando seu
rosto sombrio.
— Eu não a demiti por não querer transar comigo —
Seu tom era frio como o seu rosto.
Eu franzi o cenho.
— Então, por quê?
Ele suspirou, como se estivesse tentando se controlar.
— Eu chamei você aqui para fazermos um acordo em
troca de você continuar trabalhando na minha empresa.
Eu pisquei, ultrajada. De todas as coisas que pensei em
ouvir, isso não era uma delas.
— Você é doido? Acha que por ter dinheiro e poder,
pode me comprar? Nem sempre o dinheiro pode comprar tudo
— Minha voz era ácida.
Seu rosto era grave.
— Eu não estou oferecendo dinheiro para você ficar
comigo, eu jamais faria isso. — Ele me lançou um sorriso de
lobo prestes a dar o bote em sua presa. — Eu não preciso de
nada disso, já que tenho um charme que deixa as mulheres
loucas.
Eu expirei para me controlar e não voar no pescoço dele.
Embora, a sua última frase estivesse mais certa do que nunca.
Ele não precisava de dinheiro para ficar com uma mulher,
apenas com um sorriso as mulheres caíam de joelhos.
— Você está usando seu poder para me demitir caso não
aceite seu acordo, não é? Tudo, porque levou um NÃO de uma
mulher — eu sibilei entre dentes. — Pessoas levam não o
tempo todo. Precisa se acostumar com isso.
— Eu não levo não de ninguém — Seu tom deixava
bem claro isso.
O que só me deixou com mais raiva dele, se é que isso
era possível.
— Meus parabéns! Você conseguiu o que queria. Eu me
demito, porque não há a mais remota possibilidade de eu fazer
acordo com um cara como você — rosnei com firmeza.
Minhas mãos tremiam tanto que achei que estivesse com mal
de Parkinson, mas era apenas a minha raiva se manifestando
por meio dos meus músculos.
Ele respirou fundo e descruzou os braços.
— Por que está com raiva? Eu nem disse ainda o que
vou propor no acordo… — seu tom parecia mais calmo agora,
embora confuso.
— Vindo de você, pode-se esperar tudo — eu disse com
amargura. — Seja o que for, a resposta é não.
Ele ignorou o que eu disse e continuou:
— Você pode ficar com o emprego se você for a um
encontro comigo. Não estou falando de sexo, apenas um
encontro e nada mais, como ir ao cinema ou a um restaurante.
Ele era louco? Ele precisava ser seriamente tratado por
psicólogos. Lucky me olhava, esperando por uma reação. Eu
não acreditava no que tinha acabado de ouvir de sua boca. Mas
para quem tinha me chamado para ir a seu escritório só para
que transássemos, ele era capaz de qualquer coisa para ter o
que queria.
— Você tem uma ideia muito errada do que significa um
encontro, devia pesquisar no Google. Ao me chamar aqui e
propor isso, sua chance de ter um encontro comigo é zero, não
que eu fosse aceitar antes disso — alisei minha testa para
aliviar minha dor de cabeça. O dia mal começou e já tinha uma
enxaqueca? Só aquele homem para ter essa capacidade para
fazer isso nas pessoas — pensei amarga. — Eu posso não ter
dinheiro como você, mas tenho orgulho e dignidade. —
levantei o queixo e olhei dentro de suas duas pedras de
esmeraldas. — Prefiro morrer atropelada ao sair daqui, ou até
pedir esmolas na rua a ter um encontro com um homem como
você.
Ele se levantou com os punhos cerrados.
— Eu dei uma chance a você, estou fazendo o que
queria — gritou, me fulminando com os olhos. — Não foi
você mesma que disse que eu precisava te chamar para um
encontro se quisesse que aceitasse o convite para sair comigo?
Estou chamando agora. Podemos fazer o que você quiser.
Eu arregalei os olhos.
— Mas isso foi antes de você me chamar para transar na
sua sala, e agora isso, usando ameaça para me demitir caso não
venha a ir em um encontro com você — sibilei — Você tem
alguma ideia do que fez? Alguma noção? Isso não é encontro,
é ameaça. Eu jamais vou ficar com um cara a base de ameaças.
Da próxima vez, checa que personalidade a mulher tem antes
de chamá-la para transar e propor acordo à ela.
Ele jogou as mãos para cima num gesto frustrado. Esse
homem era bem estranho, era eu que deveria estar frustrada e
grilada por ele achar que podia me comprar com suborno. Eu
não estava grilada, estava furiosa. O estranho, pelo que podia
ver em seu rosto era que ele realmente achava que eu fosse
aceitar sua proposta absurda.
— O que você quer então para ir a um encontro comigo?
Uma joia? Um carro ou até um apartamento…
Meus olhos estavam arregalados quando o interrompi,
porque cada vez que abria a boca, as coisas ficavam piores. Eu
não acreditava que tinha escutado tantas asneiras saindo em
um dia somente. Céus! Em que mundo ele vivia? Ele achava
que presentes caros e exuberantes conquistavam uma mulher?
Podiam até conquistar algumas, mas não a mim. Achei melhor
ir embora antes que arrancasse a cabeça dele e pendurasse em
um milharal para as aves comerem.
— Eu vou dizer o que eu quero de você — comecei
tentando controlar minha raiva. Ele esperou tenso ao ouvir o
ressentimento em minha voz. — Distância. Agora eu não
quero ouvir falar de você. Eu não quero ver você ou saber que
você existe neste mundo.
Eu dei as costas para sair dali, ignorando seus olhos
arregalados e aturdidos, por alguns breves minutos, notei dor
em seus olhos, mas não me importei com isso. Devia ter me
enganado.
— Espero nunca mais vê-lo em minha vida.
Eu ouvi Lucky respirar e expirar como se doesse.
— Você pode ficar com o emprego sem me dar nada em
troca — gritou ele atrás de mim. — Eu não vou aceitar sua
demissão.
Eu parei na porta sem virar o corpo, apenas minha
cabeça, e olhei em seus olhos que pareciam atormentados. Isso
é estranho, porque ele estaria sofrendo? Era tão prepotente que
achava que poderia comprar e ameaçar as pessoas só porque
tinha dinheiro, não se importava com nada, a não ser com ele
mesmo.
— É tarde demais para isso — respondi e saí dali antes
que desmoronasse na frente dele, mas percebi que me seguiu
para fora da sala.
— Por favor, fique — pediu ele a meia voz.
Eu pude ver que algumas pessoas que estavam na sala de
espera do lado de fora de seu escritório ofegaram com aquele
gesto. Então, supus que não falava por favor sempre. Era mais
dando ordem —, pensei amarga. O que pode tê-lo levado a ter
aquele gesto comigo? Talvez, remorso? Eu não sabia, mas
também não me importei, apenas queria sumir dali e deixar as
lágrimas caírem sem precisar segurá-las.
2 - Conflito
Lucky
Eu acabei de ver a mulher mais perfeita dentro do
elevador. Quase não me controlei e a beijei lá mesmo. Uma
coisa que nunca fiz em minha vida, porque nunca beijei
ninguém. Estranho eu sei, mas nunca senti vontade de fazer
isso. Até aquele momento.
Eu saí do elevador e fui para minha sala.
— Bom dia, senhor Donovan — falou Nancy, minha
secretária, com seu tablet em mãos. — O senhor quer ver a sua
agenda para hoje?
— Não! — Eu entrei em meu escritório e ela me seguiu.
— Eu quero que você entre em contato com Sasha e
Bastiam agora mesmo. — Olhei para ela. — O Bastiam
primeiro.
— Sim, senhor — Sua voz era séria, mas podia senti-la
encolhida. — Mais alguma coisa?
Eu me sentei em minha cadeira de madeira com estofado
de veludo preto e olhei para ela, meu rosto impassível
— Não.
Ela se virou e saiu quase correndo, parecendo estar com
pressa de sair de minha presença. Eu sabia que era rígido e
autoritário, e não iria mudar só porque algumas pessoas não
gostavam do meu jeito de ser.
Eu não tinha tempo para me preocupar com o que os
outros sentiam ou não à meu respeito, possuía normas
especifícas para quem trabalhava comigo. Quem não tinha
eficiência no trabalho, não ficava em minha empresa, porque
comigo tinha que fazer o que era ordenado e com a
competência de um profissional que sua função desempenhada
exigia.
Olhei ao redor de meu escritório espaçoso, iluminado
naturalmente pela claridade que se projetava pelas janelas em
estilo Francês.
Eu gostava daquela magnífica vista para a cidade de
Manhattan. Gostava de olhar para aquele esplendor todos os
dias, por isso comprei o prédio onde morava com a vista mais
para a cidade e para o Rio Hudson River. Isso era uma vida
confortável; nada comparado com a miséria de onde eu vim.
Deixei os pensamentos de lado e sem me dar conta estava
pensando na mulher mais perfeita que havia visto em minha
vida, e olha que já tive muitas mulheres lindas, mas igual a
essa, nunca. Seus cabelos negros e anelados chegavam até a
bunda gostosa, como uma cascata negra, e ficou mais divina
em sua pele de marfim. Mas aquela boca, vermelha e carnuda
era a coisa mais magnifica que já vi, não parecia usar batom,
então aposto que era linda naturalmente. Sua boca me fazia
lembrar de rosas vermelhas.
O seu corpo curvilíneo como uma obra de arte, embora,
parecesse não saber o quanto ficava atraente naquele terninho
preto e com saia lápis que destacava suas curvas.
Se o Ryan visse aquela garota, com certeza cairia em
cima e logo a contrataria como sua modelo para desfilar para
ele. Ryan tinha uma grande agência de modelos, a Fashion
Donovan, sabia que já tinha ficado com praticamente todas as
mulheres de Manhattan, e com certeza com todas as suas
modelos também, mas não era para menos. O cara se parecia
com um Adônis. São palavras das mulheres, não minhas. Eu
também não me queixava da minha beleza, afinal, eu
conseguia tudo… até hoje.
Garanto que ele lucraria muito bem com ela sendo sua
modelo, mas isso não iria acontecer, porque eu não deixaria
Samantha trabalhar para ele. Ela nunca desfilaria por aí com
roupas íntimas para um bando de babacas ficarem babando por
ela. O único homem que apreciaria e tocaria naquele corpo
seria eu e mais ninguém. Eu soube seu nome pelo crachá que
estava em seu bolso, que ficava em cima de seus seios
arrebitados e com certeza saborosos.
Eu pedi ao Bastiam que descobrisse mais sobre ela, já
que trabalhavam juntos, então devia ter alguma informação
sobre ela. Rapidamente ele me mandou tudo sobre a tal mulher
que me facinou só com seu jeito de ser e sua lingua afiada,
mas o que me estranhou foi saber que ela não tinha parentes e
nem pais.
Nasceu em Março de 1991 em Savannah, Georgia.
Morava no Brooklyn, mas até aí tudo certo, mas não ter pais?
Quem nessa vida não tinha pais? Mesmo que fossem uns
malditos desgraçados, que não se importam com seus filhos…
Você sempre vem de algum lugar. Talvez estivessem mortos.
Pelo que eu vi ali, ela não tinha família ou namorado, isso só
me estimulou a continuar com meu plano de conquistá-la de
uma forma ou de outra. Se o único jeito de tê-la era conquistá-
la primeiro e ir a encontros, então por que não? A droga era
que não sabia nada de encontros. Não sabia como isso
funcionava, porque a única coisa que sabia fazer com uma
mulher era fodê-las e depois dispensá-las, mas sair para um
restaurante e cinema? Nunca fiz nada
disso.
Criado no Brasil.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na lei nº.
9.610/98, punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Prólogo
Proposta
ANGELINA
Eu ri.
— É claro que você está, minha bonequinha perfeita. —
Beijei-a na bochecha. Ela usava um vestido rodado e florido.
Assenti e me sentei.
— Eu tenho uma amiga… — começou. Levantei uma
sobrancelha com censura. Cá entre nós, esse cara não era do
tipo que tinha amizade com mulheres; aparentava catar o que
queria e dispensar logo depois, como eu o vi fazer. — Não é
esse tipo de amiga. Ela é mulher do meu irmão, o Lucky…
— O que tem ela? — perguntei. Lucky Donovan era o marido
da mulher para quem doei meu sangue. Sabia que ela
sobreviveu, assim como a criança que estava esperando, pois
pedi ao Johnny para checar para mim. Fiquei feliz com isso.
Mas fingi que desconhecia Lucky, já que ele não se lembrava
de mim.
— Ela tem o corpo perfeito para o que quero fazer… — disse,
e depois acrescentou ao ver o espanto em meus olhos. — Pare
de ficar com essa cara de terror e me deixe terminar de falar —
repreendeu-me.
— Desculpe.
— Eu sou o dono da Fashion Donovan. Você conhece a
empresa?
Neguei com a cabeça.
— Não, mas parece que tem a ver com moda, certo? — Meu
conhecimento da área era bem escasso, afinal, me fazia
lembrar de alguém que não queria, não agora; não podia focar
em Ângela se quisesse continuar em pé, respirando.
Revirei os olhos.
— Oh, seu ego é um pouco grande, não? — Ri. — Sem
chances de um dia eu ir para cama com você. — Ele não
precisava saber que esteve nas minhas fantasias mais
profundas desde que o vi no hospital, isso era só para mim.
Evitei pensar nisso, pois o cara era bem observador.
Bastardo.
— Você é tão…
— Charmoso?
Eu revirei os olhos. Estava pensando em “convencido”, mas
deixei quieto.
— Quer dizer que minha pureza estará segura nas mãos de um
playboy?
— Eu não sou um playboy.
— Não? Que seja! No que o nosso relacionamento se
basearia? Se por acaso eu aceitasse, como seria?
Seu belo rosto anguloso, de nariz reto e perfeito, me encarava.
Agora ele estava com alguma esperança de que eu fosse
aceitá-lo.
— Você virá morar aqui por todo o tempo que ficarmos juntos
e não vai trabalhar de doméstica de novo. — Ele suspirou.
— O que há de errado em trabalhar de doméstica? É um
emprego honrado como outro qualquer.
Acho que ele notou meu tom de crítica, porque logo se
apressou em explicar:
— Não estou dizendo isso para desmerecer o seu serviço, e
sim porque a mídia descobriria e seria um alvoroço. Eles
começariam a falar: “Se você tem dinheiro, por que não dá
uma vida melhor para sua namorada?”, coisas deste tipo.
Após avaliá-lo, confirmei que estava sendo sincero.
— Tudo bem, mas não posso largar o meu trabalho, preciso
dele.
— Você terá um milhão, pode fazer o que quiser com isso.
— Não, eu não vou aceitar um milhão. — Estremeci com a
ideia de dispor de tanto dinheiro.
— Eu dobro para dois milhões — soltou, sem nem mesmo
pensar.
Ofeguei de pavor e pesar.
— O quê?
— Já falei, prefiro dar todo o meu dinheiro a ir a um baile. —
Ele não parecia mesmo preocupado com a quantia, e sim
comigo não aceitando sua oferta. O cara era estranho, o que
havia de errado com um baile?
Respirei fundo.
— O que eu quis dizer é que eu vou aceitar vinte e cinco mil, e
não esse valor todo que você disse.
Ele aquiesceu.
— Casamento não é minha praia. — Piscou para mim. — Sou
um pássaro livre, não quero ficar preso em uma gaiola.
Eu o olhei ultrajada.
— É claro que não! Se eu tivesse um namorado, não aceitaria
sua proposta. — Suspirei, mirando a vista para a cidade. —
Mas sonhar não custa nada.
Ele riu, provocante.
Eu me levantei.
— Só espero que não seja em uma boate ou algo assim —
ameacei-o com veemência —, senão cortarei as suas bolas e
darei aos porcos.
Ele se levantou, colocou o copo na mesinha de vidro de centro
e se aproximou de mim.
— Anjo — a palavra deixou seus lábios de modo doce como
mel —, meu corpo é perfeito demais para ser jogado aos
porcos. — Passou a mão direita em seu peito nu e sexy; não
olhei, ou perderia o fio da meada.
— Cuidado com o ego — retruquei —, ele causa cegueira.
Seu sorriso era ofuscante.
— Duvido disso! — Estendeu o braço direito para mim. —
Então, fechado?
— Sim. — Apertei a sua mão e soltei-a após sentir uma
corrente elétrica atravessar meu corpo. — Diga-me uma coisa.
— Sim…? — Ele parecia distraído, olhando meus olhos. Por
qual motivo seu olhar intenso me queimava?
— Você disse que é irmão do Lucky…
— Sim. — Seus olhos se estreitaram. — Você o conhece?
— Não… Bom, já o vi — esclareci. — A esposa dele estava
perdendo o filho, então eu doei o meu sangue para ela, já que
eles não tinham o nosso tipo lá, no momento. Ela e a criança
se curaram?
— Sim. Os dois estão bem. É com ela que fiz a aposta. Você
foi bem generosa com o que fez naquele dia.
— É o mínimo que qualquer um faria — sussurrei. — Não
podia deixar de ajudar uma pessoa que precisava. — Sorri. —
Estou feliz que ela esteja bem.
— Por que não me disse seu nome naquele dia, quando
perguntei, no hospital?
Mensagens
ANGELINA
Revirei os olhos.
— “Cobiçando” é uma palavra forte, só estou admirando seus
bíceps sarados — esclareci com um sorriso. — Cadê o
Charles?
— Estou aqui — falou uma voz rouca atrás de mim.
Engoli em seco.
Prendi o ar, não pelos toques deles, mas porque me senti deste
modo mais cedo, ao chegar perto do Ryan. Seu calor era
inconfundível, parecia que incendiaria todo meu corpo e
minha alma.
— Tem algo que eu quero contar a vocês, mas não sei como
começar. — Minha voz falhou. Será que me achariam uma
vadia interesseira?
— Você o conhece?
— Quem não conhece o cara? — replicou e depois suspirou.
— Você sabe, ele tem uma grande fama de mulherengo. Cada
dia com uma garota diferente.
— Eu sei — funguei —, mas e quanto ao dinheiro, acham que
sou uma vadia por aceitar?
— Vai dar tudo certo, mas agora vou embora, ver o que os
meninos estão fazendo. — Aproximei-me deles e abracei um
de cada vez.
Ele ficou tanto tempo sem responder que pensei ter desistido.
Então o celular bipou com um novo alerta.
Escrevi esse final e enviei para provocá-lo. Ele não disse nada
por algum tempo, fiquei preocupada.
Ryan: Não, mas isso foi a coisa mais sexy que já li em uma
mensagem.
Arregalei os olhos.
Arfei, corando. Ainda bem que ele não estava ali para ver meu
rosto e meu corpo vermelho, em fogo devido ao seu
comentário.
Minha namorada
RYAN
Meu corpo doía tanto que fiquei sem fôlego, tudo por lembrar
do meu pai. Era nessas horas que eu bebia e ficava com
mulheres, para ver se aliviava a dor de perdê-los… Claro, a
angústia nunca ia embora, apenas ficava dormente por pouco
tempo, e voltava com força total, como um tsunami. Meus pais
faleceram em um acidente de carro, quando eu tinha dezesseis
anos e, mesmo agora, com vinte e seis, o sofrimento
continuava forte demais para suportar.
Depois de rever a mulher linda na qual fiquei semanas
pensando, a dor parecia mais fraca, não tão grande como na
noite anterior, aturando uma entrevista em que tive de falar
sobre os meus pais; por isso fiquei com aquelas duas loiras.
Não adiantou. A cura foi reencontrá-la, a garota de olhos
negros que brilham como a lua no céu. Ainda doía, claro, mas
não igual a antes. Eu só não entendia o porquê disso, por que
estava reagindo assim a ela.
“O que será que a Anjo está fazendo agora? Será que ela está
pensando em mim?”. Sacudi a cabeça, tentando mudar meu
foco.
— Olá, Daniel.
Suspirei. Poderia ficar com elas sem ninguém saber, mas não
faria isso com minha namorada, ela merecia respeito. Fora a
parte de não querer outra mulher, porque não conseguia tirá-la
da minha cabeça. Porra! Estava amaldiçoado.
— Vou passar…
— O quê? — me interrompeu, chocado. — Desde quando
você dispensa uma mulher?
Ele suspirou.
— Se fosse por mim, daria o trabalho a ela, mas estou
vendendo a minha parte da editora para o Franklin.
Eu o interrompi.
— Você me vende a sua parte da editora?
Ele ofegou, e não era para menos: jamais tomei uma atitude
parecida com esta.
— Sério, cara? Você quer comprar a editora só para essa
mulher trabalhar nela?
— Não acho que você tem todo esse poder. — Parecia ter
certeza deste fato.
— Conheço alguém que pode fazê-lo mudar de ideia. —
Somente o Lucky dispunha desta capacidade. E já que era meu
irmão, faria o que eu pedisse.
— O que dirá ao Lucky? — perguntou, sabendo a quem eu me
referia.
— Que eu quero investir em algo de valor, como a editora.
Ele expirou.
— Farei isso só porque é para você, cara, porque somos
amigos há décadas.
Primeiro beijo
RYAN
Desde ontem à noite não dormia direito. Até queria, mas era
quase impossível, não conseguia parar de pensar na mulher de
corpo perfeito. Embora eu não a tenha visto direito por causa
das suas roupas folgadas, já imaginava suas curvas incríveis,
algo bom para eu passar as minhas mãos. O que estava
pensando? Angelina era diferente de todas as garotas que
costumava pegar e descartar logo em seguida. Foi idiotice
propor a ela ser a minha namorada, tudo para ganhar a aposta
da Sam. Eu sabia que podia ter Alexia, com toda a sua beleza
loira, mas nada comparado a essa mulher divina, que me tocou
fundo. Isso era algo que não podia acontecer.
Seria errado ficar preso com mulheres fáceis; apesar de Alexia
não se comportar assim, ela faria de tudo para eu cair em
tentação, ao contrário da Angie. Eu não ficava com alguém
duas vezes, muito menos aceitava passar meses preso a uma
pessoa que abriria as pernas quando eu quisesse. Eu tinha de
me manter em abstinência até depois do desfile. Ficar sem
mulheres era uma droga, precisaria usar as mãos como um
adolescente na puberdade. Meus testículos já doíam de tanto
tesão, mas eu ganharia essa aposta, custe o que custasse.
Escolhi a garota mais doce e meiga para isso, pois era
intocável para mim. Tão perfeita, tão pura! Deixaria as minhas
mãos longe dela, para o seu bem. Nunca fiquei com uma
virgem que nunca beijou ninguém em sua vida. Choquei-me
ao descobrir isso nas mensagens que trocamos. Quase ri de
mim mesmo. Quando um dia pensaria em mandar mensagem
para uma mulher? O inferno devia estar congelando. Todavia,
não pude resistir; até conseguia visualizar o rosto dela
vermelho no momento em que perguntei com que roupa ela
dormia. Não esperava pela resposta que recebi, mas admito
que gostei.
Caí da maldita esteira quando li aquilo, ela dizendo estar sem
calcinha, mesmo sabendo que mentia. Tinha cara de quem
dormia com um conjunto de calças e camisetas de bolinhas e
corações, aqueles mais desgastados. Não parecia o tipo de
mulher que usava lingerie. Ficaria linda e sexy de qualquer
jeito.
Ela me disse que não tinha namorado. Será que havia mentido
para mim? Parecia tão sincera. “Mulher é um bicho
traiçoeiro”, pensei com raiva.
Saí do meu Bugatti sem tirar os olhos dela. Usava uma bolsa
de alça grossa e salto alto, aumentando sua altura de um metro
e setenta para um e oitenta. O que me impressionou mais
foram suas pernas longas, tudo de bom. Só de imaginar outro
homem tocando-as, me dava vontade de socá-lo, estrangulá-lo
e levá-lo para a cova.
A Anjo piscou.
Fuzilei-o.
— E não pensou duas vezes antes de enfiar a sua língua na
garganta dela, não é? — sibilei.
Ela era louca? Como não amá-la por não ter experiência?
Porra, ficava contente com isso.
— Não.
Cheguei ao carro e entrei, acompanhado por ela. Partimos.
Angelina ficou calada.
— Por que está com raiva de mim? — Sua voz com sotaque
sulista era só um sussurro.
Trinquei os dentes.
— Não estou falando da aposta, Anjo, e sim que você merece
coisa melhor. Não sou seu cavaleiro da armadura brilhante, e
nunca serei.
Ela bufou.
Eu arquejei.
— Ficou maluca? Quem falou em ter nojo? — Bati as mãos no
volante. — Droga, Anjo, vejo como seu corpo reage ao meu
toque, e por mais que eu goste dos seus beijos e carícias, não
posso…
Ela piscou.
— Por quê?
— Estou sendo paga para ser sua namorada, e não outra coisa.
Sem chance de sexo — murmurou. — Você pode ter um
monte de mulheres, é só estalar os dedos para elas caírem de
joelhos aos seus pés, mas eu não. — Aparentava tristeza. —
Meu corpo pode sentir algo por você quando me beija, porém,
eu o controlo. Homens como você só servem para quebrar
corações.
— Eu… — comecei a me desculpar; ela não permitiu.
Franzi a testa.
— O serviço já é seu, não precisa de teste nenhum. — Não
paguei uma fortuna para submetê-la a um maldito teste.
Anjo sacudiu a cabeça.
— Você já fez o bastante por mim, agora é por minha conta.
— Fitou-me suplicante. — Quero ter uma prova ou entrevista
como todo mundo. Ao menos um contrato de experiência, por
favor.
Eu suspirei. Como ela não tinha experiência, não seria
aprovada se a editora fosse de outra pessoa. Jamais diria isso a
ela. Admirava seu esforço em lutar por algo que desejava,
mesmo que lá no fundo eu quisesse somente dar tudo a ela.
Era estranho… Nunca liguei para nada, para nenhuma mulher
que não fosse Rayla ou minha mãe.
— Tudo bem. Mas se ele der em cima de você, aí eu me meto
sim.
A garota sacudiu a cabeça.
— Jura que o dono disso ia querer algo comigo…
Se ela soubesse de tudo, veria o quão errada estava: comprei a
editora somente para realizar seu sonho. Caso alguém além de
Lucky descobrisse o que fiz, diriam que perdi a cabeça. Mas
eu não dava a mínima para a opinião de terceiros; minha única
preocupação era colocar este sorriso lindo no rosto dela.
— Você deveria se olhar mais no espelho — adverti. — Não
importa se os homens têm dinheiro ou não, quando eles a
veem, ficam loucos.
— Bobagem — descartou com um gesto de mão.
— Por quê?
Angie suspirou.
— Mal nos conhecemos, e o livro vale uma fortuna… Se eu
estragasse ou se roubassem… — Estremeceu. — Obrigada por
oferecer.
Daniel me encarou como se perguntasse: “O que você está
fazendo com essa garota doce e meiga?”. Era a questão que eu
levantava a mim mesmo desde que a reencontrei. Depois, meu
amigo se virou para ela.
— Sei que não nos conhecemos, mas já que botou meu amigo
aqui no cabresto — seu tom no final era incrédulo —, pode
pegar emprestado.
Revirei os olhos com o termo. Até parece que um dia ficaria
com somente uma mulher, ainda mais para sempre. Isso era o
que eu me dizia a todo o momento, um mantra maldito para
não cair em tentação, tentação esta que estava ao meu lado.
— Bom — continuou —, se você quiser, confio que nada
acontecerá ao livro.
Não precisava dizer que a obra também era minha, já que
comprei a editora com tudo dentro. Daria de presente a ela
antes do nosso acordo findar.
Angie estava um tanto chocada pela proposta do Daniel, aliás,
eu também. Só esperava que ele não estivesse bancando o
galinha para cima dela, por saber que a garota amava livros.
— Obrigada por sua gentileza, vou passar — respondeu,
nervosa, pigarreando. — Mudando de assunto, primeiro quero
me desculpar.
Nós dois ficamos confusos.
— Pelo quê? — Daniel inquiriu.
Sorri torto.
— É o que você é, meu Anjo. — Eu me aproximei sem tirar os
olhos dos dela, que deu um tapinha no meu braço.
— Comporte-se — advertiu.
Daniel encarava nós dois, estupefato.
— Angelina, você fez alguma coisa antes? Cursos?
Ela puxou seu currículo da bolsa e entregou-o a ele. Daniel o
pegou e o leu por alguns minutos.
— Aqui diz que interrompeu a faculdade de Literatura quase
no final, por quê?
Angie expirou, segurando uma mecha de seu cabelo e
enrolando-a nos dedos. Notei que ela sempre fazia isso quando
ficava nervosa.
— Meus pais morreram em um acidente de carro… Por isso
não deu para terminar. — Sua voz era um sussurro de dor. Os
olhos umedeceram, sem chegar a derramar lágrimas.
Eu pisquei, chocado, não fazia ideia de que isto também
acontecera com ela. A dor de perder meus próprios pais
continuava presente, fincando fundo. Deveria ser igual para
Angie.
Com um olhar, pedi a Daniel que mudasse de assunto. Ele
suspirou.
— Eu sinto muito.
Angelina respirou fundo.
— Está tudo bem — falou, mas não estava… Escutava o
sofrimento em sua voz.
— Você será a minha nova assistente pessoal. — Trocou de
assunto; nenhum de nós estava pronto para ver uma mulher em
prantos, ainda que certa por se sentir assim.
— Sim — cortei.
Daniel suspirou, olhando a pasta de Angelina e seu manuscrito
sobre a mesa. Não imaginava que ela havia escrito um livro.
Era uma garota vibrante e muito talentosa, pelo que percebi.
— Olhe, Ryan, nós somos amigos há muito tempo. Já vi você
pisar em mulheres mais do que eu. Por favor, não a quebre.
Fitei-o, desconfiado.
— Por que você se preocupa? É igual a mim — retruquei.
— Eu sei, mas nunca me aproximei de garotas semelhantes a
ela. Pense bem, Angelina já sofreu demais, não acha?
Ele tinha razão, eu não podia e não faria isso com ela. Não a
machucaria, faria de tudo para impedir.
— Não a magoarei — jurei para mim mesmo.
— Fico feliz com isso — respondeu, mais calmo. — Agora
vamos tratar de negócios. — Pegou uma pasta preta na gaveta
da mesa e passou-a para mim. — Aqui está a escritura da
editora. Eu soube que Franklin não queria assinar.
Ergui as sobrancelhas.
— Soube? Ou ele veio reclamar?
— Veio aqui dizer para eu não vendê-la, porque você iria
afundá-la em um mês. — Revirou os olhos. — Respondi que
não tinha muito poder para lutar contra Lucky Donovan…
— Não sei por que ele queria a editora, se nem aparenta saber
ler. O velho safado gosta é de meninas novas. — Soltei com
amargura ao pensar nisso. — Assinarei o contrato, e inclua
este livro na lista. — Apontei para a obra que ela desejava.
— Você vai comprar um livro de seis milhões para uma
mulher? — inquiriu, ultrajado.
— Adquiri uma empresa que custa mais do que isso, por que
não posso comprar um livro junto? — retruquei, rubricando as
páginas e assinando ao final.
— Meu amigo, você foi fisgado — disse com uma risada. —
Finalmente domaram Ryan Donovan.
Não discordei, pois eu não sabia realmente o que estava
acontecendo comigo. De uma coisa tinha certeza: faria tudo
para vê-la sorrindo. Sua alegria iluminava a minha vida. Para
ela eu daria o sol, as estrelas e todo o universo, se me
pertencessem.
Capítulo 5
Ciúmes
ANGELINA
Evitei um suspiro.
— Também custo acreditar — menti, porque isso nunca
aconteceria (não comigo, pelo menos).
Não acreditava que aquele cretino fez isso comigo. Ele não me
queria tanto como sua namorada? Como pôde sair por aí para
transar com outras mulheres? Quem saberia que fez uma
maldita aposta, certo? E, além disso, como eu descobriria que
ele não estava cumprindo com sua parte? Coitada dessa Sam,
com certeza estava sendo enganada, tal qual eu.
— Não — menti.
Arregalei os olhos.
— Moro no Bronx, a mais de meia hora daqui — falei após
me recuperar. — Vou pegar um ônibus.
Ele suspirou.
— Eu nunca tocaria nela. — Revirou os olhos. — A não ser
que ela quisesse. — Bufou. — Estou brincando, cara. —
Dirigiu-se a mim: — Ele quer falar com você.
— Não quero conversar com ele agora — respondi, virando a
cabeça. Meus cabelos revoavam num coque solto, devido aos
vidros abaixados.
— Ela não quer falar com você. — Respirou fundo e
respondeu a uma pergunta que não ouvi: — Não. Seja lá o que
tenha feito, Angelina parece estar com raiva. — Escutou e
depois disse: — Não, ela não me contou nada.
Daniel desligou o telefone e ficou em silêncio por um
segundo.
— Posso saber o que ele fez? — inquiriu, curioso.
Daniel piscou.
— Como sabe sobre eu e Ryan?
Ri, amarga.
— A partir do comentário dele de não me dividir — bufei. —
Jamais faria algo assim.
— A mulher que estava com seu telefone. Ela falou que você
estava muito… ocupado — expliquei, controlando a raiva.
— Não acredito que aquela va…
Cortei-o.
— É melhor vigiar o que fala — alertei e indiquei o Shane,
que estava de testa franzida, olhando de mim para o Ryan. —
Se comportaram bem?
— Sim — respondeu Shane, ainda fuzilando Ryan. — Quem é
ele? E por que está gritando com você?
Eu suspirei.
— Ryan é meu namorado… Ou era — sussurrei, sem ter
certeza disso.
Antes que alguém falasse, a campainha tocou.
— Shane, vai lá ver se é o Johnny. Se for, atenda; se não for,
me chame.
— Sim — respondeu, correndo na direção da porta com Lira
em seu encalço.
Revirei os olhos.
— Vejo que você tem um ego e tanto — Charles afirmou,
fuzilando Ryan.
— Lamento ter perdido a cabeça agora há pouco.
Eu arregalei os olhos. O inferno devia ter congelado para ele
pedir desculpas a outra pessoa. Charles piscou, atônito.
Recuperado, sorriu amigavelmente.
— Tudo certo, cara, mas se magoar a nossa garota, teremos
contas a acertar.
— Eu também acertarei as suas bolas! — Shane anunciou.
— Shane… — repreendi-o.
Ryan riu, e todos olharam para ele.
— Desculpe. — Tentou se recompor, fitando Shane ao seu
lado. — Você parece o Shaw.
Meu irmão franziu a testa.
— Quem é Shaw?
O passado
ANGELINA
Pigarreei.
— Sim, o carro é aquele. — Apontei para o Volvo. — É do
Ryan Donovan, você pode estacioná-lo na garagem e dar a
chave para ele, por favor.
Eu cortei.
Arqueou as sobrancelhas.
— Ah — murmurei.
— Jack, vamos esperar um pouco para pedirmos — disse
Daniel. — Agora pare de dar em cima dela, antes que o Ryan
saia de sua mesa e venha matar você.
O cara olhou para o Ryan e depois para mim, com cenho
franzido.
Daniel cortou-o.
— Vá atender as outras mesas, depois te chamamos.
Jack saiu, e eu olhei para o Daniel.
— Está vendo? Você não sabe o que quer! Não sou a sua
propriedade para fazer assim — estalei os dedos — e esperar
que eu caia aos seus pés.
— Eu não…
Cortei-o, indignada.
Revirei os olhos.
— Apenas digo a verdade. — Fitei os dois, séria. — Bad boys
pegam garotas e as descartam como objetos, sem se importar
com seus sentimentos. Então quando encontram mulheres
diferentes ao que estão acostumados e sentem algo por elas,
lutam contra e fazem cagadas, tentando esquecer e voltar às
suas vidas normais. Portanto, são cavalos a serem domados.
— Estamos falando dos bad boys ou do Ryan? — replicou
Bryan.
— Dele e de vocês que seguem o exemplo.
Todos ficaram em silêncio por um momento. Em seguida,
Rayla questionou, curiosa.
— O que houve entre vocês?
— Ryan propôs que eu fosse sua namorada para ganhar a
aposta que fez com você. — Virei-me para Sam. — Acho que
ele queria tê-la desfilando para ele.
Eu ri.
— Não, nunca tivemos nada um com o outro, apenas nos
apaixonamos. Não que isso seja da sua conta.
Ri, nervosa.
— Porque sempre que nos encontramos, nós dois acabamos
brigando.
— E você quer me usar para fazer ciúmes nele? — protestou
Ryan, magoado.
— Quero dizer que você tem uma decisão a tomar, porque até
agora esteve em cima do muro.
Sensações
ANGELINA
Suspirei.
— Você não vai acreditar no que aconteceu hoje.
Contei tudo brevemente.
— Que bom que você pensa assim, significa que você não vai
se meter com o que vou fazer assim que eu sair daqui. —
Sentei na cadeira ao seu lado e troquei um olhar com as
meninas.
Fuzilei-o.
— Não foi você mesmo quem jurou não sentir nada por mim?
Fez a sua escolha, não reaja como um namorado traído. —
Minhas mãos tremiam, então as cerrei para não voar no
pescoço dele e estrangular aquela cara linda.
— Aproveitem!
Outros quatro carros os seguiram. Um eu acho que era do
Lucky, o outro era do Daniel. Já os dois últimos não reconheci,
talvez do cara tatuado e da irmã de Ryan. Não deu para
registrar as marcas; corriam muito.
— Dirija, Ryan, não pode estacionar nesta rua deserta. Quer
que alguém roube seu carro? Ele deve valer uma fortuna!
— Dois milhões — falou em voz baixa.
Fiquei espantada.
— Isso, Anjo, grite o único nome que vai sair dessa boca linda
quando estiver gozando — sussurrou com a voz embargada de
desejo.
— Relaxe, Anjo, não vou transar com você aqui, jamais tiraria
sua virgindade no capô do meu carro.
Eu corei.
Ofeguei com sua boca suja. Nunca pensei que gostaria que um
cara me falasse obscenidades, porém, escutando Ryan, adorei.
Meu fogo aumentava a cada segundo. Eu o senti se esfregando
na minha entrada e no meu clitóris, e tudo parecia que estava
explodindo dentro de mim.
— Ryan! — Minhas mãos foram para as suas costas e
pressionei-me mais junto a ele. Acho que minhas unhas
entraram em sua pele, mas não reclamou de dor, então deixei
passar. Gozei com um grito rouco, e logo depois senti seu
corpo tenso, bem como o esperma caindo pela minha entrada e
descendo para o capô do carro. Arquejávamos após o clímax
de outro mundo. Ficamos os dois ali, moles, tentando
recuperar o fôlego.
— Promete que ninguém nunca vai tocar neste corpo, Anjo?
— Beijou e lambeu meu pescoço.
— Não posso prometer isso — sussurrei. Precisava que ele
decidisse agora ou tudo acabaria hoje.
— Ryan, mesmo que nós tenhamos feito isso aqui, você não
vai dar o braço a torcer, e eu não posso ficar te esperando até
estar pronto para ficar comigo. — Expirei. — Eu não posso…
Fiz menção de voltar ao carro, ignorando seus olhos
angustiados, mas ele me puxou para seus braços, pondo uma
mão atrás do meu pescoço e aproximando meu rosto a
centímetros do seu; com a outra, apertava a minha cintura.
Segurava-me firme, como se não quisesse me soltar nunca.
Escondeu a face nos meus cabelos, e ouvi-o suspirar contra a
minha pele.
— Não suporto a ideia de alguém fazendo tudo que acabei de
fazer com você e muito mais. — Esquadrinhava os dedos de
sua mão em minha pele.
Trato
ANGELINA
— Se quiser companhia…
Enrubesci.
— Oh, não! Se entrarmos os dois, não sairemos de lá tão cedo.
— Esta é a ideia.
— Seja bonzinho — repreendi.
Fui para o banheiro me limpar e ajeitar meus cabelos. Quando
saí, me deparei com Ryan tirando fotos com três garotas, duas
abraçadas nele, e olhando para a câmera do celular de uma
loira. As que estavam com ele eram morenas e usavam saias
curtas, botas de cano alto e top. A do lado direito, esbelta,
tinha uma mão sobre seu peito, bem onde eu tocara minutos
antes. Vê-lo com essas mulheres cortou meu coração, senti-me
traída. Cheguei perto da loira que tirava as fotos e estava de
costas para mim.
Os olhos do Ryan encontraram os meus. Seu sorriso brilhava,
à semelhança de um diamante no sol. Ao ver minha expressão
fechada, a cara de felicidade sumiu como uma luz sendo
apagada.
— Anjo…
Li meu apelido em seus lábios, contudo, ignorei e fui sentar
numa mesa grande, no canto, meio afastada da multidão. Ali
estavam todos seus amigos — que já considerava meus
também. Do lado esquerdo, ficava Sam, seguida por Lucky,
Rayla e seu namorado. No direito, alguém que ouvira
chamarem de Jordan, Daniel, Alexia e Bryan.
— Luto sim…
— “Bala” é seu apelido no ringue — contou Sam.
Sorri.
— O quê?
— Sua boca…
Gargalhei.
— O que isso quer dizer? Que ela não é boa de cama? Esse
Johnny já ficou com ela?
— Dificilmente, já que Johnny é gay. Foi ele quem sumiu com
meu arquivo do hospital. É casado com Charles. E se eu
tivesse uma fortuna em mãos, daria tudo ao cara que
conseguisse chegar nela com sucesso… Ela praticamente
odeia a “escória” que são os homens. Palavras dela, não
minhas.
— Oh! Acho que por isso ela entrou para a polícia, para se
resguardar. É também uma tremenda lutadora.
Suspirou.
— Ficaria furioso, pronto para matá-los — disse, chegando
bem perto de mim, pegando meu rosto entre suas mãos e
olhando no fundo dos meus olhos. — Prometo não deixar
ninguém mais me tocar, satisfeita?
Sorri com deleite e dei um selinho nele.
Arregalei os olhos.
— Sério? Interessante!
Ele grunhiu.
— Eu não sou um animal — sibilou através de seus dentes
trincados.
Sacudi a cabeça.
— Não, mas precisava fazer você enxergar que podia me
perder caso não desse o braço a torcer.
— Hummm, obrigada.
— É uma questão de metabolismo, não sou de engordar
facilmente, vem de família.
— Deus abençoe a genética. — Ela sorriu para mim.
— Parem de olhar a minha mulher — reclamou Ryan para os
caras da mesa.
Eu ri.
— Céus, Ryan, controle esse ciúme. — Bebi o meu chá,
observando os caras solteiros. — Não faço o tipo deles.
Ryan riu com desdém.
— Anjo, você é cega, a única que não nota o tanto que sua
beleza resplandece em todo o lugar que entra.
Bufei.
Bryan riu com a ideia de ele ser fisgado por uma mulher.
— Desculpe, garota, isso não vai acontecer comigo. —
Exalava confiança.
— Sua empresa.
Fitou-o com amor.
— Nossa — retificou. — Então ele pode apostar.
Pigarreei, mas minha garganta estava seca.
— Gente, eu até apostaria, mas não tenho nada que vocês
queiram… — sussurrei.
— Você poderia fazer um pole dance para nós — brincou
Jordan.
Ryan sibilou.
— Você não teria tempo de assistir, morreria antes disso
acontecer.
Alisei as minhas têmporas, tentando pensar no que eu daria a
eles. Dinheiro não tinha, mas dançar como uma stripper? Ryan
jamais permitiria, caso eu perdesse. Além disso, nunca me
submeteria a rebolar assim na frente de um homem.
— E vocês, o que iriam querer? — questionei a Daniel, Bryan
e Jason.
— Que presente?
— Na hora você saberá, quando perder a aposta. — Seu tom
era confiante. — Isso ou o pole dance.
Sacudi a cabeça e olhei para o Jason.
— E você?
— Que você faça uma tatuagem escolhida por mim.
Ofeguei, mirando seus braços com tintas coloridas e pretas.
Estremeci ao imaginar isso no meu corpo.
— Não posso escolher? Acho que não ficaria bem toda pintada
— lamentei.
— Prometo que não será um dragão, aves ou nada tão
colorido. E o local também é por minha conta.
Levantei meus olhos para ele; percebi que não mudaria de
ideia. Mas o que era uma tatuagem, afinal? Encarei Jordan,
que sorria vendo o meu pânico.
— Eu quero que coloque um piercing…
Cortei-o.
— Já tenho um piercing.
Ele levantou as sobrancelhas.
— Onde?
— No umbigo.
Sorriu de modo provocante.
— Não, você vai fazer um pouco ao sul de lá.
Engasguei, mesmo sem nada na boca. Escondi o rosto nas
mãos.
— Isso é… — Não sabia bem o que dizer, não queria perder
essa aposta.
— Você ainda não ouviu a minha parte — Bryan disse.
Tirei minhas mãos do rosto e olhei para ele.
Escolho você
RYAN
— É coisa do imprinting…
— Que porra isso significa? Imprin…
Cortei Jason.
— Imprinting, aquela coisa que os lobos do Crepúsculo têm
quando veem uma mulher e se apaixonam, esquecendo tudo à
sua volta — resmunguei, apertando meu nariz. Foi o que
aconteceu comigo ao ver a Angelina pela primeira vez.
Jordan gargalhou feito um papagaio.
— Você fala isso porque não aconteceu com você, quero ver o
dia em que for fisgado.
— Oh, cacete, que nunca aconteça algo assim. — torceu
Jason. Voltou-se a mim: — Como conheceu essa garota? Foi
atrás dela depois que a viu no hospital?
— Não sei o porquê, não me disse, apenas falou que era para
algo importante. — Passei as mãos nos cabelos e olhei para o
Lucky. — Lembra que pedi sua ajuda para comprar a Editora
Luxem do Daniel?
Ele arregalou os olhos.
— Não vai me dizer que você comprou uma empresa que não
é o do seu ramo apenas por uma mulher? — Não escondeu seu
choque, evidente em seu rosto embasbacado.
— Oh, merda! — Espantou-se Jordan, com os olhos
arregalados como os de uma coruja.
— Sim, uma dupla bosta — concordou Jason, estupefato. —
Você deu a ela uma empresa?
Eu me encolhi.
— Não posso me afastar — murmurei.
— Vamos lá para fora, e se comporte. — Lucky suspirou. —
Não quero a minha mulher estressada com nada.
Horas depois, me encontrava sentado no Belas Country,
esperando minha linda namorada voltar para a mesa, pois fora
dançar com as meninas no salão. Observando sua beleza e
pensando na personalidade maravilhosa que estava por trás
disso, soube que foi a melhor escolha que eu já fiz, não me
arrependia de nada. Deveria levantar as mãos para o céu e
agradecer por ela ter cruzado meu caminho. Sorri ao imaginar
as coisas que faríamos logo mais, a possibilidade de sentir seu
gosto de novo.
— Nunca imaginei que um dia eu veria esse sorriso bobo em
seu rosto. — Jordan me olhou de esguelha.
— Eu também não. A Anjo é tudo — declarei.
Lucky sorriu.
Inocência
RYAN
Eu franzi o cenho.
— Sua vez?
Queria tanto que isso acontecesse comigo, com nós, mas não a
forçaria a me dar prazer como dei a ela.
— Tem certeza disso?
ANGELINA
Fui à cozinha fazer o café da manhã para nós dois, pois estava
faminta. Era enorme, com armários de aço na parede, um
fogão inox perto da pia de mármore e uma ilha grande no meio
da cozinha. Em cima da pia, havia uma janela de vidro que
exibia uma vista linda para o horizonte onde o sol se escondia
à noite.
Eu pisquei.
— É claro que não! Elas são o meu presente.
— Eu sou sua?
Ele riu, lançando um olhar ávido ao meu corpo, que foi direto
no meu centro.
Estremeci e me recuperei.
— O quê?
Ele se encolheu.
— Quarenta minutos, mais ou menos…
Quarenta minutos? Lembrava-me de estar em um lugar escuro
e rodeada de dor, um pesadelo do qual não podia acordar.
Engoli em seco.
— Ryan…
— Sei que ela fez tudo aquilo, saiu para festas e com caras
aleatórios, mas foi porque não soube lidar com a dor de perder
Caim. — Ainda assim, eu não o culpava mais. Ninguém podia
escolher quem amar. Talvez se eu o tivesse conhecido depois
dela, ele teria se apaixonado por Ângela, em vez de mim?
Coloquei meu ouvido no coração do Ryan, de modo a aliviar
um pouco a dor da lembrança. Concentrei-me no ritmo de suas
batidas e no seu cheiro, que me deixava bêbada.
— Eles não têm o direito de falar sobre ela assim — chorei. —
Minha irmã não está aqui para se defender.
— Eu sei, meu Anjo, eles não tinham, mas vão pagar —
concordou. — Prometo.
— Confio em você.
— Você pode lutar, é muito forte, uma guerreira. Saberá
defendê-la com garra. E estarei com você até o final. Sempre.
— Não estou triste… Estou feliz por ter você e Lira em minha
vida. — Pigarreei. — Agora vá com Lira.
— Promete ficar bem?
Balancei a cabeça.
— Preciso ser forte por ele. — Fechei os olhos por um
momento.
— O quê? No coração?
Aquiesci.
— Sim, foi por isso que aceitei o dinheiro da aposta, para
poder adquirir alguns remédios. A cirurgia foi marcada para
daqui a duas semanas…
— Não vai acontecer nada com ele, eu juro.
— Talvez se eu… — Minha voz falhou no final.
— Não existe “se”, Anjo. Quando algo assim acontece
conosco, temos que acreditar que tudo dará certo — disse,
alisando meus cabelos que há pouco escovara.
— Obrigada por estar aqui e me dar forças para seguir em
frente. — Eu o abracei forte.
Beijou-me na testa.
— Sinto ciúmes de você com todos os homens deste mundo.
— Mirou Charles e Johnny, perto de nós. — Incluindo eles
dois, que não gostam de mulher.
— Gostamos de mulher — replicou Charles. — Apenas não da
mesma forma que você.
Ryan revirou os olhos.
— Você é… — Minhas palavras fugiram.
— Caim…
Ele me interrompeu.
— É verdade, eu deveria ter aberto o jogo com ela desde o
início, antes que as coisas tomassem aquelas proporções. —
Suspirou. — Montei uma coletiva com os jornalistas aqui no
salão.
— Você fez o quê?
— Sim, vamos esclarecer as coisas com esses fodidos, depois
você pode processá-los se quiser.
— Mas Caim, eles nem tocaram em seu nome — argumentei.
— Você está de casamento marcado… — Olhei para sua
noiva. — Não devia estar nesta situação, nem neste escândalo.
— Se você fez isto porque pensa que vai ter algum mérito com
ela, esqueça — rosnou Ryan. — Angie é minha.
Caim olhou frio para ele. Após, voltou-se a mim, mais brando.
— Não estou fazendo isso por uma chance com você, Angie.
Pensei no que disse sobre eu viver no passado; estava certa. —
Encarou, triste, sua noiva, e depois eu. — Te amei muito, mas
agora chegou a hora de eu seguir em frente. Além disso, este
idiota a adora, devo admitir. — Aparentava ter respeito por
Ryan. — Ainda mais depois das fotos de vocês dois juntos no
restaurante country, que estão em todos os lugares.
Ryan saía com muitas mulheres antes de eu entrar em sua vida,
mas não em restaurantes e encontros iguais a como foi
comigo, só em festas e baladas.
— Idiota é você. — Ryan urrou, já indo para cima de Caim; eu
o segurei.
— Ryan… — repreendi, olhando Caim. — Então agora você
decidiu que, na realidade, nós nunca existimos? Não
romanticamente, é claro. Fomos amigos um dia, espero
continuar assim. E gostaria de ser sua amiga também. —
Dirigi-me à namorada dele.
Ela deu um sorriso doce.
— Você parece uma pessoa legal. Contanto que não esteja
interessada em Caim, podemos sim ser amigas.
— Quem tem Ryan em sua vida não pensa em mais ninguém
— garanti com júbilo. Caim focalizava a namorada com um
semblante impressionado, como se estivesse se perguntando:
“O que eu fiz para merecer esta mulher?’’.
Devia agradecer mesmo, porque nenhuma garota suportaria o
que ele fez com ela, deixá-la para correr atrás de outra.
— Então você vai me ajudar? — perguntei.
— Sim — assegurou. — Marquei uma reunião daqui a uma
hora com nós dois juntos, para esclarecermos as coisas.
— Ele quer que eu quebre a cara dele? — Ryan sibilou.
— Ryan… — repreendi-o de novo, embora estivesse doida
para quebrar sua cara também se ele insinuou algo como
estarmos juntos, ainda mais com sua namorada presente. — O
que quer dizer com “juntos”? Há pouco você falou em desistir
de que um dia existiu nós dois…
Ele respirou fundo.
— Olha, o único jeito de despistarmos os jornalistas é
contando o que realmente aconteceu. E faremos isto juntos,
mas não juntos num sentido romântico. — Deu um olhar triste.
— Foi por minha causa que Ângela fez aquelas coisas. Agora
temos uma nova vida, e não podemos deixá-los se
intrometerem nela. — Passou as mãos nos cabelos. — Estarei
com Kate, e você com Ryan. Vamos calar a boca desses
estúpidos.
— Isto é loucura, ela nunca deu uma entrevista para um monte
de gente — retrucou Ryan. Disse para mim: — Mas a decisão
é sua.
— Vai querer se esconder para sempre? — perguntou Caim,
me olhando de lado. — Você está namorando uma figura
pública, qualquer coisa que fizer afetará a imagem dele.
— Eu lido com isso, não você. — Ryan cerrou os punhos. —
E não me importo, contanto que ela esteja comigo. Você só
está querendo dar motivos para ela me deixar. Isso não vai
acontecer, eu a seguiria nem que fosse no inferno.
Arregalei os olhos com suas palavras. Antes que eu falasse
algo, Caim rugiu.
— Não é nada disso, seu estúpido. O que estou dizendo é que
temos que esclarecer as coisas, porque eles estão falando mal
dela, e isso não pode continuar assim, porra! — Virou-se para
mim. — Ele é um idiota, você sabe que estou certo.
— Não ligue para o que esse cretino diz. — Ryan me olhou
nos olhos. — Não me abala eles falarem de minha carreira ou
não.
Suspirei. Ele estava fazendo isso para eu não ter de enfrentar
um mar de repórteres querendo me devorar viva, mas eu não
podia deixar isso acontecer com Ryan, ele não podia levar seu
nome à lama por minha causa.
— Ele está certo, Ryan, tenho de enfrentar tudo isso hoje. Não
posso me esconder, deixando seu nome sendo arrastado junto
com o meu. Preciso ir lá e declarar que eu não sou interesseira,
que não estou atrás do seu dinheiro. — Apertei a ponta de meu
nariz. — E também por Ângela, que não está aqui para se
defender. Eu estou e vou dizer a esses estúpidos que o que
quer que ela tenha feito não é da maldita conta deles. A única
que tem o direito de dizer alguma coisa dela sou eu, porque a
amo com cada gota de meu sangue. Vamos nessa. Esses idiotas
vão engolir suas palavras.
Ryan sorria de orelha a orelha, quente. Tive de me controlar
para manter meu foco.
— Você realmente gostou daqueles modelos de vestidos que
fiz? — sondei.
Ele franziu o cenho, sem entender.
— Sim, são fabulosos, inclusive tenho o contrato comigo para
você assinar. Pierre, meu estilista, pediu para eu contratá-la
para trabalhar com ele na Fashion Donovan. Os vestidos
estarão no nosso próximo desfile, daqui a alguns meses na
Califórnia.
— Pierre Delacourt tem um bom gosto — Rayla falou atrás de
nós. — Por que não aceita ser estilista para o Ryan?
Sacudi a cabeça.
— Gente, eu desenho por hobby, não por paixão. O que amo
são os livros — afirmei. — Além disso, trabalho na Luxem, a
editora do Daniel e o sonho de todos os escritores. Quem iria
querer mudar isso? — Peguei uma troca de olhares entre
Lucky, Jason, Jordan, Daniel e Ryan. Não entendi muito bem.
— É verdade, Anjo, temos que fazer o que amamos. Se você
ama escrever livros, então é lá na editora que você vai ficar…
— Beijou minha testa.
— Posso fazer os dois, os livros para mim, e os vestidos ou
qualquer roupa que eu venha desenhar para você.
— Eu aceito se você me deixar pagar o devido valor…
— Se eu quiser presenteá-lo e não cobrar, é problema meu —
falei com segurança.
— Isso é verdade, mas não concordarei, porque não é justo
com minha namorada linda que gosta de ajudar a todos sem
pensar nela mesma. — Beijou meu nariz, enquanto eu fazia
uma careta. — Felizmente, eu penso em você a cada maldita
hora. — Num estalo, emendou outra questão: — Por que você
perguntou sobre os vestidos agora?
Mordi meu lábio inferior. Seus olhos foram para eles e
escureceram.
— Estou preparando minhas respostas. — Fitei o Johnny. —
Preciso ir em casa pegar um vestido para a entrevista.
Johnny sacudiu a cabeça.
— Não pode sair daqui, lá embaixo está lotado de repórteres, e
algumas fãs malucas do Ryan. Todas contra você.
Andava de um lado a outro do hall de entrada.
— Não acredito nisso — resmunguei. Essas mulheres que
fizeram coisas que nunca fiz agora estavam contra mim? Era
culpa do Ryan por ter ficado com toda a América do Norte.
Não disse nada, afinal, ele se preocuparia ainda mais com isso,
e seu passado não era tão importante quanto suas ações
presentes.
Vamos jogar!
RYAN
— Pelo quê?
Ele suspirou.
— Ela não deixava currículo para outras funções, apenas de
faxineira e doméstica — disse num tom triste. — Eu não podia
fazer nada. — Levantou as sobrancelhas. — Vai contar isto a
ela?
Arregalei os olhos.
— Como sabe?
Ele sorriu.
Alguns ali arfaram pela história triste e pelo trabalho duro para
garantir a vida honrada que mantinha sempre, mesmo com as
lutas vencidas. Angelina deu a volta por cima, nocauteando as
críticas dos jornalistas. O resto do problema meu advogado
resolveria.
— Anjo, nós não vamos fazer nada que não queira, ok?
Apenas vamos jogar, e se não gostar, paramos. — Dei de
ombros. Nunca a obrigaria a agir contra sua vontade.
Ela assentiu, mordendo seus lábios.
— Só jogar? — Sabia no que ela estava pensando. Queria
muito que fosse hoje, que ela estivesse pronta. Notando sua
tensão, via que não.
— Prometi que só tiraria sua virgindade quando estivesse
preparada. Se não for hoje, tudo bem. — Desenhei seu queixo
com os dedos. — Vamos jogar igual fizemos ontem, mas com
brinquedos. Você confia em mim?
— Com a minha vida — respondeu, sem nem mesmo pensar.
Era o filho da puta mais sortudo da face da terra por ter uma
mulher dessas.
— Não fique nervosa, relaxe — pedi após me recuperar.
Evitei rir.
— Então vamos manter o vestido, certo?
— Seria bom, Estrela. — Ouvia o sorriso na sua voz.
A peça caiu no chão aos seus pés. Saiu dela e se abaixou para
pegá-la. Fui tomado por uma visão incrível de sua bunda linda
com um maldito fio dental. Assoviei por entre os dentes.
Aquiesceu
— Apenas faz tempo que não danço assim — explicou, já
retornando à posição de submissa.
Como eu queria essa mulher! Toquei seu rosto com as pontas
dos dedos e desci sobre seus seios rosados e duros, mesmo
através do seu sutiã de renda tomara que caia, na cor igual à do
vestido. Seu peito subia e descia com a respiração alterada
devido ao meu toque em sua pele de pêssego.
Ela gritou.
— Oh, porra!
Eu ri.
— Você, xingando?
Apertou as pernas juntas, tentando tirar o atrito que estava ali.
Primeira vez
ANGELINA
Ele sorriu.
— Desde que ele se apaixonou pela mulher perfeita que se
tornou seu mundo inteiro. — Mirou-me de soslaio. — Então,
fará amor comigo?
Escondi meu rosto em seu pescoço, tímida.
— Mil vezes sim.
— Esta é a risada que venero. — Beijou minha pele. — Eu a
amo.
Mordisquei sua orelha e coloquei a língua no seu ouvido.
Ele apertou minha cintura e rosnou feroz, me colocando na
cama com suavidade e pairando sobre mim.
— Desde o dia em que o vi no seu apartamento, você se
tornou uma das razões para eu respirar, Ryan. Aliás, acho que
foi até antes disso, quando o conheci no hospital. — Peguei
seu rosto lindo em minhas mãos e olhei bem no fundo de seus
olhos brilhantes. — Eu te amo, não posso viver sem você, sem
o seu toque, sem os seus beijos.
Deu um selinho na ponta do meu nariz e sorriu, o sorriso lindo
que eu amava. Depois, beijou minha boca com carinho, amor e
devoção. Enquanto uma de suas mãos esquadrinhava meu
corpo, a outra foi para o meio de minhas pernas. Enfiou dois
dedos e, com o polegar, circulou meu clitóris.
— Não vou tirar sua virgindade hoje…
— Estou pronta, Ryan. Já passou da hora, fiz uma promessa a
mim mesma de que me entregaria a você hoje — declarei,
beijando-o com fervor. Ele mexeu mais os dedos; tremi e já
estava quase gozando quando ele os tirou. Prestes a reclamar,
senti-o na minha entrada, empurrando um pouco.
— Você não quer ficar grávida? — Seu tom tinha uma nuance
que não entendi.
Parei o que estava fazendo e olhei para ele ali, de braços
cruzados, nu com toda sua glória exposta.
— O que foi?
Olhei para ele, que estava sorrindo com a ideia de ser pai.
Como eu diria a Ryan que jamais teríamos filhos? Apagaria
aquela alegria estampada em seu rosto.
— O que foi? Você não quer ser mãe do meu filho? — Ouvi
uma pontada de dor na sua voz.
Engoli em seco.
Deixei esse assunto perigoso de lado por ora, pois não sabia o
que fazer em relação a isso, e fui para o quarto. Havia sido um
dia longo, com tudo o que aconteceu comigo. Deitei na cama.
Suspirei.
— Também sinto sua falta.
— Na forma de um pênis…
— Você tentou usá-lo?
— Hummm — pigarreei. — Tentei na noite em que nos
falamos pela primeira vez por mensagens… Pretendia dormir
e não conseguia, pensando em você, no desejo que despertou
em mim. Doeu quando comecei a colocar… Então parei. —
Eu me remexi nos calcanhares, procurando ignorar seu olhar
ardente, como se o sol estivesse bem ali beijando minha pele.
— Oh, eu que ganho com isso. — Seu sorriso era ofuscante.
Ele virou a cabeça de lado, sem nunca tirar os olhos de mim.
— Doeu porque você era virgem na época, fico feliz por ter
parado. Amei ser o primeiro e espero fervorosamente ser o
último. Mas estou curioso, aonde conseguiu o vibrador? Você
não é do tipo que compra isso.
Não queria dizer a ele que foi o Johnny que me deu para eu ir
experimentando antes de ficar com homens. Se contasse,
geraria uma discussão, algo que não desejava.
— Tabitta me deu quando veio aqui — menti. Sempre que nos
encontrávamos, ela tentava fazer minha cabeça a comprar
vários brinquedos sexuais para eu usar na minha menina,
palavras dela, não minhas. Ela tinha um monte dessas coisas.
Medo
ANGELINA
— Angelina…
— Já pensaram no carma que é isso? No nosso aniversário de
dezoito anos, a perdi. Agora Shane está… sabe-se lá Deus
como. — Expirei, limpando as lágrimas. Curvei-me para a
frente e coloquei minha cabeça em meus joelhos, fechando os
olhos. — Não era para ele passar mal assim. Shane estava com
fadiga esta semana, mas o médico disse que era normal…
— Ele vai ficar bem — Johnny reiterou.
— Para quê? Para sofrer ao perdê-la. Queria ter ido com ela.
— Eu me encolhi. Ryan estremeceu ao meu lado e alisou meus
ombros.
— Nunca pense isso, Anjo, não posso imaginar ficar sem você
— sussurrou no meu ouvido, acariciando meus cabelos.
— O que desencadeou isso? Na entrevista você não estava
assim ao falar de sua irmã — falou Daniel, perceptivo.
Expirei e me arrumei na cadeira.
— Hoje faz seis anos que ela se foi, não é? — Caim me olhou
de lado.
Encolhi os ombros.
— Este é um dos motivos… Há sete anos, quando morávamos
em Nashville, eu estava na ponte do rio Cumberland. Sempre
ia lá para apreciar a vista, adorava olhar a água corrente e me
inspirar para escrever histórias. Eu era do jornal da escola e
fazia muito isso naquela época. Certo dia, um carro parou
enquanto me maravilhava com a vista. Um garoto saiu do
Porsche vermelho-sangue. Pensei que passaria direto, mas
estacionou o veículo e veio até mim quase correndo, dizendo:
“Por favor, não pule dessa ponte”. Apenas fiquei lá, olhando o
desconhecido, confusa. Quem era ele? Por que achava que eu
pularia? Mal soube o que responder. “Seja qual for o seu
problema, não faça isso, a morte não é a solução”, ele insistia.
Continuei atônita, mas consegui tranquilizá-lo: “Não vou me
matar. Jamais faria isso”. O garoto suspirou de alívio,
questionando: “Então por que está aqui?”. Expliquei que
apenas gostava de apreciar a linda vista. Ele concordou
comigo sobre a beleza do lugar e perguntou meu nome.
“Angelina. E o seu?”, respondi. “Caim’’, disse ele. Desse dia
em diante, nos tornamos amigos. Ele foi estudar na mesma
escola que Ângela e eu. Nós éramos gêmeas idênticas, mas
com personalidades diferentes.
Suspirei, focalizando minhas mãos sobre a mesa, sem nada
ver, presa no passado.
— Vocês transaram?
Ouvi um ruído sair dos peitos de Ryan e Caim. Ignorei os dois
— Nós nem nos beijamos, que dirá fazer sexo — declarei. —
Ângela, sim. Quando ela me contou o que tinha acontecido,
tudo veio à tona: a dor, o amor que eu sentia pelo Caim. Não
pude esconder dela, por mais que eu quisesse. Foi um mês
difícil para mim, acredito que para ela também. Fiquei uns
dias na fazenda da minha tia. Precisava de tempo para
esquecer tudo. — Voltei-me a Caim. — Ao chegar em casa,
duas semanas depois, soube que você tinha ido embora e a
deixou quebrada, assim como eu…
Ele suspirou, me olhando com suas íris escuras e
tempestuosas.
A espera
RYAN
Nunca fui de sonhar com nada, a não ser minha carreira. Após
a Anjo, passei a fantasiar com uma série de situações. Primeiro
que Shane ficasse bom logo, isso era nossa prioridade. Depois,
casar com a mulher que amo, torná-la a senhora Donovan.
Ademais, que ela entrasse na igreja grávida do nosso filho.
Seria o cenário mais lindo do mundo. Já amava a criança antes
dela existir.
Ele suspirou.
— Quem?
— Um cara chamado Stive Lutner. Ele é de Nashville. Seu pai
foi prefeito de lá, ou coisa assim.
— Não quer que cuidemos disso para você? E o que ele fez?
Respirei fundo para me controlar.
— Ele tentou estuprar minha namorada e a perseguiu, matando
sua irmã gêmea no processo. Saiu ileso porque tinha grana, e a
garota não. — Meus dentes estavam cerrados por pensar nisso.
— Eu soube pelos jornais que foi fisgado por uma boceta…
Quem diria, hein? Ryan Donovan?
Não fiquei com raiva dele por dizer isso da minha namorada,
era o seu modo de falar. Os MCs tinham seus próprios
costumes. Não precisava mencionar que fui domado pela
Angel sem ao menos chegar perto dessa parte de seu corpo.
Óbvio que, quando cheguei, fiquei mais viciado ainda.
Cocei o queixo.
— O mesmo aqui, cara. A Anjo veio me completar de todos os
lados. Mulheres, bebidas, festas e fama nunca preencheram o
vazio que eu sentia, apenas ela.
— Anjo? — indagou.
— Isso a define pela doçura e bondade. Exceto quando fica
irritada, aí solta suas garras — declarei com amor.
— Nós somos os bastardos mais sortudos por conseguir que
mulheres como Evy e sua Anjo gostem de caras como nós.
Fico feliz por você.
— Agradeço a tudo por ela ter aparecido em meu caminho,
cara.
Alma partida
ANGELINA
Eu sorri.
— Perfeitamente bem. Na próxima vez que estiver de patins,
seria interessante lembrar de não puxar as pessoas
bruscamente.
Ele riu.
— Ryan, vai ficar tudo bem, conseguirei ter nosso filho e viver
— tranquilizava-o.
Mirava-me com sua expressão sem vida.
— Repita?
— Vamos tirar isso. — Apontou para a minha barriga,
assustado. — Não vou deixar você morrer…
Mal sabia ele que eu já estava morrendo ao ouvi-lo se referir
deste modo ao nosso pequeno anjo. O que mudou sua mente?
Oh, não! Não me livraria do meu ser precioso, jamais.
Minhas mãos foram à minha barriga, num gesto inútil para
protegê-lo de todos, até do seu pai. Levantei o rosto, ignorando
as lágrimas que escorriam por minha bochecha.
— Não vou abortá-lo — declarei com a voz mais firme que
consegui.
— Você não pode querer algo que a ferirá. — Sua voz era
quebradiça como vidro. — Precisamos tirá-lo.
Interrompi-o, em choque.
Quebrado
RYAN
Guardei o anel para mais tarde. Tive de esperar três meses para
a nossa casa ficar pronta, para então, assim, pedir sua mão. O
dia mais esperado, o dia com que tanto sonhei, chegara.
Fui para a sala ainda tonto com tudo que descobri, iria atrás
dela para confrontá-la e buscar explicação para essa merda.
Respirei fundo, tentando controlar minha ira.
Meus olhos ficaram sombrios, mas evitei a dor que estava ali
me comendo vivo, pois se sua expressão era tão ruim a ponto
do médico lhe entregar o folheto de uma maldita clínica só
para ela tirar nosso bebê… Então ela realmente não o queria?
O fruto do nosso amor?
A bomba foi tão grande que perdi todo o ar dos meus pulmões.
Entrei em pânico.
— Assim como estou vendo agora o terror em seus olhos… —
disse-me ela.
Sim, estava tomado de pavor. Tudo me consumiu, me matando
por dentro tal qual uma maldita erva daninha. Teria de
escolher entre as duas coisas mais importantes da minha vida:
ela ou o nosso bebê! Se Angelina ficasse com ele… eu
perderia tudo. Se ela não conseguisse… seria o fim da minha
existência.
Nunca quis entregar meu coração a alguém por causa de
cenários similares a este, em que corria o risco de um dia
perdê-la, como aconteceu com os meus pais. Era a pessoa mais
valiosa do meu mundo inteiro, a única que me enchia de
júbilo, paz, alegria, amor. Meu céu, minha estrela, meu sol,
minha lua e todo o maldito universo. Sem Angelina, não
resistiria… Não mesmo.
Queria brigar com ela por não ter me dito logo de cara a
verdade. Se tivesse me contado, não estaríamos nesta situação.
Eu não a teria engravidado e também não precisaria escolher
entre os dois — isso se ela conseguisse chegar até o ponto de
nosso anjinho nascer.
Porra! O que faria? Desejava nosso filho, no entanto, não
aceitaria perdê-la. Sacudi a cabeça várias vezes tentando sair
desse pesadelo em que me encontrava. Como pode uma pessoa
estar em êxtase em um segundo, e no outro o mundo
desmoronar sobre si, deixando-a no mais completo tormento?
Os meses em que nós dois estivemos juntos foram uns dos
melhores da minha vida…
Fui para a nossa casa, a que comprei para ela, para morarmos
juntos após o casamento, que era para ser dali a um mês. Será
que tudo viraria pó? A vida que sonhávamos juntos ainda
existiria? Eu seria forte o bastante para vê-la moribunda? Não,
eu não permitiria que nada acontecesse a ela.
Observei nossa casa com paredes cor de areia, de dois andares.
Angelina gostava de janelas largas de vidro, para dar claridade
ao ambiente, então pedi ao engenheiro para fazer assim.
Também havia uma varanda que ladeava toda a residência,
com uma bela vista para onde o sol se punha no fim de tarde.
Notei que ela adorava vê-lo, porque sempre que o sol estava se
pondo, ia para a janela da cozinha do apartamento.
Pensava em como seríamos felizes ali, juntos: Lira, Shane e o
nosso anjinho. O mesmo anjinho que eu disse para ela tirar…
Oh, Deus! O que eu fiz? Por que eu falei aquilo para Angie?
Imploraria por seu perdão, nem que fosse de joelhos.
Meu coração sangrava pelo risco que ela correria estando
grávida, e, paradoxalmente, se acelerava de felicidade por
saber que carregava meu filho. Faria tudo que ela quisesse
neste mundo. Ficaria ao seu lado, independente do que
acontecesse… Seria forte por ela. Como lhe disse uma vez, se
ela chorasse, secaria suas lágrimas; se sofresse, removeria sua
dor.
Voltei para o apartamento, já mais calmo, louco para abraçá-la,
beijá-la, garantir que tudo ficaria bem e que eu a amava com
toda a minha alma, que não sairia do seu lado. Ao chegar, por
volta das cinco da tarde, a casa estava em completo silêncio.
Um gelo desceu pelo meu corpo. Não, ela não iria embora
assim, não me deixaria, a despeito de eu merecer isto, depois
de tudo que disse… Não podia viver sem ela.
Corri, procurando em cada canto da casa, por último em nosso
quarto.
— Por que você fica insegura sempre que vou para a agência
ou viajar a trabalho? — Mexi meus dedos dentro dela; com o
polegar, acariciei seu clitóris.
Ela suspirou.
— Pele branca, bronzeada. Olhos negros como a noite, que
brilham como a lua sempre que ela olha para você. — Fitou-
me e continuou: — Cabelos pretos anelados, caindo em
cascata nas costas. Boca voluptuosa em forma de coração.
Corpo…
— Com quem eu estou agora, Anjo? Por qual mulher meu pau
fica duro? Qual devoro todas as noites? Qual nome grito
quando gozo em sua boca ou dentro dela? Para qual fiz uma
tatuagem em meu peito? Hein, Anjo? Para quem digo, todas as
manhãs, que é a minha luz, o meu milagre, a razão de eu
existir neste mundo? — Mirava-me com seus olhos como os
de uma coruja. Prossegui, ignorando a dúvida em sua face. —
Quem é essa mulher que tem a porra de um corpo esculpido
que me faz gozar sempre? Quem?
— Eu…
— Sim, você, porra! — grunhi com os dentes cerrados. —
Então não tenha ideias que não existem, porque a única que eu
quero é esta aqui, refletida no espelho. A linda morena gostosa
em quem sou viciado, na sua boca, nos seus seios que adoro
saborear, na sua boceta, em toda você. — Voltei a mexer meus
dedos dentro dela. — Olhe para a única mulher que meu pau e
eu queremos, e me diga: ela não é linda?
Observava a si mesma, contudo, estava tão bêbada de desejo
que provavelmente mal conseguia se ver direito.
Ryan,
Sei que está sofrendo muito por receber esta notícia assim, e
sofrerá ainda mais quando eu for embora, mas eu não posso
ficar aqui, não quando você quer matar o pequeno tesouro
que Deus nos deu.
Lutarei com unhas e dentes pela minha vida, por você, pelos
meus irmãos, por nosso bebê. Eu prometo, querido.
Você disse que se algo acontecesse comigo, não iria aceitá-lo.
Não faça isso, Ryan. Ele é parte de você e de mim, nós dois o
fizemos com o nosso amor. Então, se algo der errado, não o
tire da sua vida, pois ele precisará de você para protegê-lo e
amá-lo. Então, por mim, não abandone nosso pequeno
milagre.
Imploro que tenha forças e lute por ele, não se entregue à
derrota. Não se entregue à bebedeira e às mulheres aleatórias.
Talvez eu não tenha o direito de exigir isso, ainda mais
quando pretendo sumir, porém, faça pelos bons momentos que
tivemos juntos. Saiba que não guardo rancor por querer tirar
nosso pequeno anjinho. No fundo, compreendo que disse
aquilo da boca para fora, porque estava sofrendo. Se eu
sobreviver ao parto, retornarei para você, mesmo que não me
queira mais, insistirei em conquistar seu perdão, para que me
aceite de volta.
Ryan, não me agrada deixá-lo. Isto está me matando aos
poucos, a cada segundo. Gostaria de tê-lo ao meu lado, agora
e sempre. O amor que sinto por você vai além de tudo, acho
que até da morte.
Esperança
ANGELINA
Fiquei feliz que nossa filha resolveu chutar para acabar com as
chamas de tormento de sua mente. Esperava alegrá-lo em
breve. Deitei na cama com a barriga para cima, para deixá-la
por conta dele, que se posicionou ao meu lado, sem tirar a mão
de nosso bebê.
Eu o interrompi.
— É que já faz tempo que não me depilo, e a coisa lá embaixo
não está bonita… — Corei. — Nem consigo ver meus pés.
— Você não vai fazer isso — falei, cobrindo minha frente, mas
nem era preciso: pelo tamanho da barriga, não dava para ver
nada. Sorte a minha que não tive estrias.
Luz e trevas
RYAN
— Você está bem? Está sentindo dor? — Minha voz saiu alta
de preocupação. Eu já ia chamar o doutor quando suas mãos
pegaram minha camisa e me puxaram. Ela escondeu o rosto no
meu pescoço, chorando.
Entendi o que ela dizia, qual era o seu medo. Afastei-me para
ver seus olhos lindos e molhados.
Franziu a testa.
— Disse que prejudicariam o bebê. Por quê? — Sua respiração
já estava mais desigual do que há alguns minutos.
— Sinto avisar, mas esse médico não sabe de nada. Por ser
formado, devia entender mais acerca de seu problema.
Parando de tomar os comprimidos, sua respiração tende a
enfraquecer, como agora, e cada vez ficar pior. Mesmo com os
remédios, sua gravidez é de risco. É um milagre ter chegado
tão longe. Já não deveria ter oxigênio para sua filha e você.
Corei.
— Obrigada — sussurrei.
Tabitta sibilou.
Tabitta sempre foi uma mulher linda, mas nesses meses estava
vendo algumas diferenças nela, um brilho a mais. O motivo?
Jason Falcon, o amigo de Ryan. Quando soube que ele era o
homem que tinha abandonado minha melhor amiga, fiquei
furiosa, só não fui atrás dele porque acabara de ser operada.
Ryan me tranquilizou, dizendo que ele nunca a abandonou de
nenhuma forma, ela que foi embora sem dizer nada. Queria
saber mais sobre isso, mas Tabitta falou que era melhor não,
então deixei quieto. Mas ali tinha uma história, um segredo
que ela guardava a sete chaves. Esperava que me contasse um
dia.
Nós assentimos.
— Sim, senhor — respondi.
— Sim.
— Estamos nesta igreja para abençoar os noivos, caríssimos
amigos, para o vosso propósito de abençoar o
matrimônio deste casal, e que seja firmado na presença de
Deus. O senhor já vos consagrou pelo Santo Batismo, vai
agora dotar-vos e fortalecer-vos com a graça especial de um
novo Sacramento. Para poder assumir o dever de mútua e
perpétua fidelidade e as demais obrigações do
matrimônio. Diante da Igreja, vou, pois, interrogar-vos sobre
as vossas disposições.
— Desculpe, continue.
O padre Francisco assentiu.
— Vós que seguis o caminho do matrimônio, estão decididos a
amar-vos e a respeitar-vos, ao longo de toda a vossa vida?
— Sim. — Observei seus olhos brilhantes e abrasadores. —
Para sempre.
FIM
Outros livros da autora
Sinopse: “Híbrida”
Série “Destinos” – Livro 1
Ela sempre se achou estranha por ter uma beleza diferente das
outras garotas da sua idade e por possuir um poder
surpreendente e assustador. Milly dispõe da habilidade da
telecinésia, porém, às vezes, não consegue se controlar. Este é
o seu medo. Seu poder e sua dor parecem estar conectados um
ao outro.
Tudo muda ao conhecer o misterioso e solitário Jordan
Hanson, um vampiro lindo que também vive na escuridão
desde a morte de sua mãe. Por trás de seus olhos azuis-
esverdeados, ele esconde uma tristeza profunda, ainda mais do
que a de Milena. A dor de ambos se torna uma só. Com um
olhar, o menino rouba sua alma.
Enquanto descobre sua verdadeira origem e o porquê de ter
poderes sobrenaturais, segredos são revelados dos dois lados, e
Milena percebe que aquilo que pensava ser sua vida não
passava de uma grande mentira.
IVANI GODOY
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Louco por você
IVANI GODOY
2ª edição
2018
Copyright© 2019 Ivani Godoy
Disfarce
TABITTA
Reencontro
JASON
Convite
TABITTA
Passado
Estava atrasada para ir à escola, aliás, sempre chegava
atrasada, mas naquele dia foi porque meu alarme não
despertou para me acordar na hora certa. Eu morava com
vovó, porém, ela saiu cedo e não pôde me chamar. Sempre que
acordava atrasada ela me chamava.
Minha mãe morreu quando eu tinha dois anos, fui criada
por minha avó. Na verdade, mamãe foi embora depois que me
teve e nunca mais veio saber de mim. Vovó não falava muito
dela, apenas que ficou muito iludida pelo meu pai e perdeu a
cabeça, fazendo o que ele queria. Eu não entendi o que ela
quis dizer com isso, e até perguntei, mas ela não contou. Ao
inquirir à vovó sobre meu pai, ela evita falar nele. Acho
estranho, contudo, se ele não liga para mim, eu também não
vou me importar com ele. Afinal, até agora, nunca precisei, e
espero nunca precisar.
Quando me mudei para o Texas, três meses antes, e fui
estudar nessa escola, conheci um garoto tão lindo! Seus
cabelos na altura do queixo, um pouco de barba por fazer,
olhos cor de chocolate e olhar intenso me conquistaram logo
de cara. No princípio, achei que estava só me iludindo, como
uma adolescente que sonha em ficar com o menino mais
popular da escola.
Depois de muito observá-lo de longe, vendo-o ficar com
várias garotas da escola e nunca olhar para mim, quase ri ao
pensar nisso: quando um garoto que jogava no time de futebol
me notaria? Jamais! Eu não era nada como elas e suas
minissaias e blusinhas minúsculas. Usava vestidos largos e
óculos. Ele tinha razão em não reparar em mim, embora
doesse enxergá-lo com outras.
Teve uma vez que o vi no ginásio com Pamela, a rainha
do baile da escola. Loura e linda! Ela estava de joelhos na sua
frente e já ia abrir suas calças. Eu ofeguei. Acho que foi alto,
porque seus olhos se conectaram aos meus por breve segundo,
antes de eu me virar e sair correndo. Ouvi ele me chamar e não
parei, só deixei de correr quando cheguei à minha casa e
chorei com a dor que me consumiu. Naquele momento, soube
que o amava.
Eu estava tão longe que não senti quando topei em
alguém. O impacto foi grande, teria caído se não fosse por
braços fortes a me segurar. Meus livros não tiveram a mesma
sorte: foram todos ao chão.
— Que porra, olhe por onde anda — disse uma voz de
mulher. — Você devia me impedir de cair, e não ela.
Virei para cima e me deparei com um par de olhos
chocolate e um sorriso sexy no canto da boca. Ele estava de
jaqueta e jeans desgastados.
Arregalei os olhos e ajeitei meus óculos no rosto. Era só
o que me faltava, não podia ter me deparado com outras
pessoas, em vez desses dois? Eu me afastei de seus braços
como se tivesse levado um choque, não o querendo perto de
mim; ainda mais depois dele ter passado a noite com Pamela,
que estava ali na minha frente.
Notei também a presença de Dominic e Joana, amiga de
Pamela, duas vagabundas de primeira. Ela era morena, de
cabelos negros. Já Dominic era lindo: moreno, alto, olhos
verdes e sorriso sexy. Claro, não tanto quanto Jason.
— Você está bem? — sondou Jason.
— Eu estou — respondeu Pamela. Ela usava saia e
blusinha rosa. Não sabia como ela vestia isso na escola sem o
diretor reclamar, talvez por ser filha dele. — Agora deixe essa
sonsa e vamos embora. Olhe para ela… — Fitava-me com
seus olhos castanhos zombadores. Sempre que ela me via era
isso, me esnobava e dizia que Jason nunca ia ser meu. Eu a
ignorava, mas ela tinha razão. — Esses vestidos são de sua
avó?
Jason suspirou e estreitou os olhos, mirando-a. Vi raiva
estampada em suas feições lindas. “Estranho, já que os dois
ficaram juntos na noite passada”, pensei, amarga.
— Eu não estava falando com você — falou, sombrio.
Achei o tom esquisito, ele não falava assim com ninguém, não
que eu tenha visto. — Só porque já fodemos algum dia não
significa que temos alguma coisa, então vê se me erra e vá
procurar sua turma.
— Jason…
Ela começou, mas ele a interrompeu de forma abrupta.
— O que tivemos há duas semanas e antes disso foi tudo
foda, nada mais.
Ignorei os dois e fui pegar meus livros, não querendo
pensar que ele falou que ficou com ela há duas semanas; foi no
dia que eu os vi no ginásio. Bem, isso não significava que ele
não ficou com outra garota. Eu não achava que ele tratava as
mulheres assim, mas, pelo visto, estava errada.
Eu me levantei com meus livros nos braços e olhei os
dois, ela com expressão humilhada, e ele furioso; furioso era
pouco.
— Peço desculpas aos dois — disse a eles. Ela o xingava
de tudo quanto era nome, para o que ele não parecia ligar. Seus
olhos não me deixaram. Procurei entender a razão dele me
olhar tanto, porém, precisava ir para a aula e deixá-los
resolverem seus problemas.
Eu me virei e saí correndo, para longe deles.
— Ei, espere — gritou Jason. Não parei, apenas fui
embora. — Taby, te vejo depois da aula.
Não compreendi o que ele quis dizer com me ver depois,
ele sempre era o primeiro a partir, quando eu saía da escola ele
já tinha ido.
Estaquei e o encarei. Jason, de braços cruzados, me
fitava. Pamela e Joana já tinham ido embora, apenas Dominic
estava à espreita, esperando por ele.
— Não perca seu tempo. — Vi seus olhos se estreitarem
antes de eu me virar e ir embora. Não fui muito longe antes
dele me agarrar pelo braço e me prender na parede. Os livros
já iam cair de novo, mas ele impediu, segurando-os firme. —
Argh!
Arregalei meus olhos. Seu rosto lindo estava a
centímetros do meu rosto. Seu hálito de menta me banhou, me
deixando tonta. Minhas pernas ficaram bambas, meu coração
bateu forte como um tambor e meu estômago se encheu de
borboletas.
O que aconteceu foi tão rápido que fiquei sem fala por
alguns segundos. Esperava ele dizer alguma coisa, porque eu
perdera o controle do meu corpo há muito tempo, no momento
em que ele me tocou e uma corrente elétrica se apossou dos
meus pés à minha cabeça. O que esse garoto quisesse fazer
agora eu deixaria, pois não me controlava mais.
Observei sua boca e seu rosto com barba por fazer, a
qual queria que roçasse em minha face, para eu sentir a
textura. Como seria beijar essa boca levantada em um sorriso
sexy com dentes brancos e retos? Olhei seus olhos e vi que
brilhavam. Ele parecia gostar de me deixar boba.
— O que você… — Até minha voz falhou com tudo que
estava acontecendo.
Ele aproximou seu rosto e encostou seu nariz no meu,
com a boca próxima à minha e olhos fixos em mim. Os meus
olhos estavam grandes como os de uma coruja.
— Vou te esperar na hora da saída — repetiu, mas na
posição em que estávamos se tornava intenso e difícil de
resistir. — Você confia em mim?
Eu não podia responder estando tão perto dele. Então eu
assenti, muda, ignorando seu hálito sobre mim.
Deu um selinho na minha boca aberta de choque e
depois, simplesmente, se virou e foi embora, me deixando ali,
abobada por ele. Meu coração fazia tum, tum um milhão de
vezes. Tentei recuperar o fôlego para ir para a sala, já que
estava atrasada demais.
Durante a aula de francês, fiquei pensando: o que o
levou a conversar comigo? Três meses e ele nunca me disse
um “oi”, por que agora seria diferente? O que ele estava
ganhando com isso? Ficar comigo que não era, sempre estava
cercado de mulheres lindas.
Não prestei atenção na aula, pois minha cabeça se
encontrava cheia de um garoto gostoso com cara de bad boy.
Se vovó soubesse, me esganaria. Ou talvez não.
Na hora da saída, eu o vi me esperando escorado no meu
carro. Ele parecia aqueles modelos lindos que posam para
fotos de propagandas de automóveis.
Havia algumas garotas próximas dos veículos delas,
olhando para ele, a uns seis metros de Jason, o comendo de
longe. Ele causava esse encanto sobre as mulheres; não as
culpava, eu também tinha essa mesma fraqueza por ele. Mas
era diferente delas, que só queriam um passatempo ou um
rosto bonito: eu o amava.
Jason sorriu assim que cheguei perto. Seu sorriso faria
qualquer menina abaixar a calcinha, inclusive eu, se ele
pedisse, todavia, não seria do seu feitio ordenar algo do tipo.
— O que faz aqui? — Quando ele disse que me
esperaria na hora da saída, não achei que estivesse falando
sério.
Afastou-se do carro e ficou na minha frente.
— Avisei que ia esperar por você, não foi? — Seu tom
continha algo que não identifiquei, parecia raiva, mas do quê?
Eu não sabia.
— Sim, só achei que estava brincando… — Interrompi-
me com a sombra que apareceu em seu rosto.
— Olhei em seus olhos e perguntei se acreditava em
mim. Por que mentiu dizendo que sim? — indagou com
amargura.
Engoli em seco.
— Não menti, queria acreditar em você, mas… — Fitei
as garotas que ainda nos encaravam como se elas estivessem
se perguntando por que ele conversava com uma menina sem
graça, sendo que as tinha à sua mercê. Não precisava ler
mentes para saber que imaginavam isso. — Certo, então o que
queria conversar comigo? Por que me esperar? — Voltei-me
para ele.
Ele estava a um passo de mim, observando meu rosto
atentamente.
— Quero convidá-la para ir a uma festa comigo hoje à
noite — disse, ainda com sua expressão de falcão.
Meus olhos se arregalaram por um segundo.
— O que foi? Por que o espanto? — Deu uma risada
gostosa e rouca.
Franzi a testa, pensativa. Esse cara lindo, que não olhou
para mim por três meses, enquanto eu sonhava com ele todas
as noites, do nada resolveu falar comigo e me convidar para
uma festa? Eu estava achando suspeito demais.
— O que está ganhando com isso? — Fui passar por ele
para abrir a porta da minha Mercedes, contudo, ele pegou meu
braço. Devo dizer que uma corrente elétrica atingiu meu corpo
como um raio?
— O que quer dizer com essa pergunta? — Percebi que
ele sentiu raiva de novo; acho que não gostava que
duvidassem dele.
Suspirei e mirei suas íris sombrias.
— Caras iguais a você não chamam garotas como eu
paras festas, não se não estiverem fazendo uma aposta ou com
a intenção de humilhá-las em público. — Era verdade. Se
aceitasse e ele fizesse isso, acho que morreria.
Jason soltou meu braço depressa, como se eu tivesse
batido nele.
— Então é isso que pensa de mim? Que só porque sou
popular também sou esnobe e cruel a esse ponto? — rosnou
com os dentes cerrados. — Eu não humilho as pessoas.
Levantei as sobrancelhas.
— Não? E o jeito com que tratou sua namorada mais
cedo foi o quê? — falei “namorada” para não dizer amante,
enrolada, foda e outros nomes dados para o que ele fazia com
elas.
O garoto suspirou para se controlar.
— Ela sabia que não ia ter nada de mim, apenas sexo, e
isto já foi cortado também. — Seus olhos se estreitaram. —
Não gostei dela falar mal de você.
— Você nem me conhece…
Ele me cortou.
— Está enganada, eu te observo desde que chegou aqui
há três meses, sempre te olho de longe. Quando está lendo,
fica tão concentrada, como se esquecesse de tudo à sua volta.
Quando está preocupada e estudando, nascem ruguinhas em
suas sobrancelhas. Quando está feliz, seus olhos se iluminam
através dos óculos. E quando sorri, é como o sol, resplandece
em todos os lugares.
Ofeguei, porque não sabia que ele prestava atenção em
mim. Fiquei contente por não ser só eu que o observava de
longe. Será que ele reparou nisso? Reparou que eu o idolatrava
à distância?
— Por que nunca me disse um “oi”, então? Sempre
passa por mim e finge que sou invisível. — Se ele se
importava a ponto de me notar tanto, por que nunca disse
nada? Queria que ele tivesse se aproximado, como agora, mas
há dois meses, ou antes. Ele não sabia o quanto doeu ser
ignorada por ele. Não ligava em ser invisível para os outros.
Com Jason, pela primeira vez na vida desejei ser vista, e pela
primeira vez na vida tive inveja de garotas como Pamela.
Ele suspirou e coçou a cabeça.
— Como você disse há pouco, garotas doces e puras
como você não saem com garotos como eu. — Havia
ressentimento em sua voz, e direcionado a ele mesmo, e não a
mim.
— O que quer dizer com “doce e pura”?
— Você é meiga, inocente, ajuda pessoas. Quando vai à
livraria à noite buscar livros, todas as quartas e sextas-feiras,
você passa na lanchonete do lado e compra dois cafés e pães
para entregar ao senhor que vive no beco. Eu a ouvi chamá-lo
de James.
Meus olhos pareciam saltar das órbitas.
— Você estava me seguindo?
Deu de ombros.
— Eu fui te observar uma noite e vi você saindo
sozinha. Não sabia aonde estava indo, então a segui. Você saiu
a pé, e não de carro, as ruas estavam escuras, e tem muita
gente ruim neste mundo — repreendeu-me. — Não devia
andar à noite sozinha. O pior foi quando se dirigiu à biblioteca
e passou pelo beco onde ficam alguns desabrigados. Você deu
um oi a todos ali. — Sacudiu a cabeça. — Depois, comprou
seus livros e fez o percurso de volta. No outro dia, eu fui à
biblioteca perguntar com que frequência você ia lá à noite.
Disse que era seu amigo e não gostava disso, nem um pouco,
de você andando sozinha. O responsável pela biblioteca
concordou comigo; falou seus horários e os dias em que você
ia buscar livros.
— Você me acompanha todas as noites? Bem que pensei
que estava sendo seguida — falei comigo mesma, depois para
ele, e sorri: — Obrigada por cuidar de mim. — Peguei sua
mão e a apertei.
Ele suspirou e se aproximou de mim, colocando um fio
solto do meu rabo de cavalo atrás da orelha. Eu estremeci.
— Não foi nada. Se algo acontecesse com você, acho
que os mataria. — Demonstrava um forte sentimento na voz.
Expirei com seu toque e proximidade.
— Você realmente gosta de mim?
Jason olhou para o céu por um momento, depois para
mim, com um sorriso.
— Quando chegou à escola, eu fiquei fascinado por ser
diferente de tudo que já vi em minha vida. Você veste essas
roupas largas e não liga para o que os outros dizem ou pensam.
Gostei disso, por isso não me aproximei, não por achá-la feia
ou algo assim, você é linda. Seu rosto, seus olhos verdes e
esses óculos ficam belíssimos em você.
— Por que só agora? — Dei um passo para trás, me
afastando dele. Seus olhos se estreitaram, então logo
acrescentei, porque quando ele ficava enraivecido e magoado
doía em mim. — Fica mais fácil ter coerência para
conversarmos.
— Minha aproximação a abala? — Parecia divertido
com esse fato.
— Com muita frequência — admiti, corando.
Ele riu. Sua risada era tão linda que só fiquei olhando.
— Fico lisonjeado com isso — disse. Após, tornou-se
sério. — Quando me viu no ginásio com a Pamela… — Eu me
encolhi, não querendo pensar naquele momento e no que ela ia
fazer com ele. — A dor em seus olhos ao me ver ali… Tomei
uma decisão, sabia que não podia ficar com outras garotas,
como vinha fazendo só para me manter longe de você. Cortei
todas e decidi esperar alguns dias para nos falarmos, mas
estava sem coragem. — Riu, passando as mãos nos cabelos. —
Fiquei com medo de você me dar um fora e dizer que não sou
bom o bastante, mesmo vendo e sentindo o que sente por mim.
Hoje, quando a toquei, meu coração bateu forte, como se fosse
sair pela boca. Meu corpo parecia ter sido tocado por um fio
desencapado, o calor foi enervante. Eu sabia que não podia
lutar contra o que sentia.
Ainda estava pasma com tudo que falou. Gostei disso,
então por que não dar uma chance a ele?
— Tudo bem, eu vou à festa com você hoje, mas nos
encontramos lá, ok? E onde é? Na sua casa?
Seus olhos escureceram quando mencionei sua casa.
Não entendi a reação.
— Não, na do Dominic, ela fica nessa rua aqui. —
Apontou a rua da escola e me deu o endereço.
Não perguntou o porquê de eu não querer que ele fosse
na minha casa; acho que sabia o motivo. Minha avó era calma,
contudo, parecia o Hulk quando explodia, e talvez não
aprovasse eu saindo com um garoto igual a ele, cheio de
tatuagens e brincos na orelha direita.
Jason trabalhava em uma academia, fora do seu horário
de aula. Eu o vi treinando lá. Pelo que percebi, parecia gostar
de fazer isso.
Dominic ou Dom, como ele o chamava, tinha dezenove
anos e um sorriso sexy, mas quando ficava bravo, sua
expressão se tornava sombria, tanto que aparentava já ter
matado milhões. Ouvi dizer que ele era de uma gangue,
porém, não sabia se isso era verdade.
— Eu sei onde ele mora.
— Sabe? — indagou com a voz um tanto mortal.
Apressei-me em explicar, porque ele furioso não era
bom.
— Já o vi lavando seu carro quando passava com o meu
em frente à sua casa.
Ele suspirou, provavelmente de alívio. Será que
imaginou que eu fiquei com o Dominic? Poderia ter rido disso,
o cara era pior que Jason quando se travava de mulheres, um
tremendo de um garanhão e mulherengo.
— Bom, então está combinado: às oito horas lá?
Antes que eu respondesse, ouvi a voz grossa de
Dominic. Eu me virei e ali estava ele vestido com calça jeans
desgastada e camiseta. Sorria para o Jason. Oh! Esse homem
destruiria muitos corações só com isso. E olha que era um
sorriso natural, sem ser o que ele lançava para as mulheres. Se
este já era assim, imagine o outro?
— Vamos, Jason? — chamou, aproximando-se de nós.
— Eu trouxe Melissa e Sara para nos divertirmos.
Com ele havia duas garotas, uma morena e uma loura,
ambas muito bonitas. Eu não tinha amigos ali, afinal, morava
na cidade há apenas três meses. Conversava somente com a
turma dos nerds, e não a dos descolados.
— É Amélia — corrigiu a garota loura.
— Não importa — redarguiu sem olhar para ela, seus
olhos estavam em nós.
A menina suspirou e não respondeu. Como elas
aceitavam isso? Como ficavam com caras que não se
importavam em aprender seus nomes? O pior era que Jason
ficaria com ela também… Quase ri por ter pensado que ele
namoraria só comigo. Não disse nada e passei por ele, que
segurou meu braço, como fez antes, mas agora me escorou no
carro com seu corpo me prendendo.
— Não vou ficar com ela e nem com ninguém, prometo.
Encarei as garotas e o Dominic, que estava nos mirando
com os olhos estreitos.
Assenti para Jason.
— Responda, quero ouvir sua voz dizendo que acredita
em mim. — Soava sério, ficava assim quando eu desconfiava
dele. — Olhe nos meus olhos e diga.
Eu suspirei.
— Acredito.
— Não, você não acredita, posso ver em sua expressão.
— Balançou a cabeça, rindo com amargura. Sua face estava
transfigurada pela dor novamente, tudo por eu não acreditar
nele. Isso feriu meu coração.
Respirei fundo.
— Eu vou tentar confiar, ok? É o que posso prometer,
afinal, praticamente acabamos de nos conhecer, a confiança
vem com tempo e ações, não é? — Era o mínimo que eu podia
fazer.
Ele concordou. A angústia pareceu sumir de seu corpo, e
eu fiquei feliz com isso.
— Nunca vou quebrar sua confiança em mim, prometo.
— Havia um ar de juramento em cada palavra. Ele deu um
beijo no meu nariz num gesto carinhoso. Depois se afastou,
cedendo espaço para eu abrir a porta do carro. Riu quando eu
tropecei com as pernas bambas por causa dele.
— Agora acredito no que meu toque faz — divertiu-se.
Corei diante de seu sorriso sexy. Entrei na Mercedes e
saí dali. Antes dele subir em uma Harley preta antiga, pude
ouvi-lo falando com Dominic:
— Eu estou fora, cara, e você sabe disso.
Fiquei feliz com sua resposta. Esperava que ele não me
quebrasse mais para frente. Era um risco, todavia, não podia
deixar de confiar que ele daria o braço a torcer. Uma coisa que
me fez também aceitar foi que eu vi vulnerabilidade em seus
olhos, era como se ele gritasse “não duvide de mim”.
Disse à vovó que ia à festa na casa de uma amiga; não
revelei que estava indo à casa de Dominic, ou ela não deixaria.
Ouvi dizer que lá havia muitas bebidas, que ficavam juntos na
frente das pessoas e fumavam. Não sabia se isso era verdade.
Vovó acreditou, pois nunca menti para ela. Eu me senti
mal por fazer isso, mas era incapaz de rejeitar ir a uma festa
com Jason.
Eu me olhei no espelho para checar minha roupa. Estava
com uma saia jeans na altura das coxas e uma blusa rosa.
Calcei minha bota preta. Não era muito chegada à moda, mas
me arrumava algumas vezes. Usava vestidos por gostar deles.
Deixei meus cabelos louros soltos nas costas. Tirei meus
óculos de grau; eu os usava mais na escola e quando eu lia,
porque senão minha cabeça doía muito.
Adorava filmes e livros de romance, mas era mais
apaixonada por livros. Sempre quis viver um romance igual
aos dos livros, contudo, nenhum garoto olhava para mim, eles
me achavam esquisita e feia, embora eu considerasse minhas
roupas bonitas. Sonhava em encontrar um garoto que
enxergasse através delas, que não se importasse com o que eu
vestia. Esperava que Jason fosse como os caras dos livros que
li algum tempo atrás, por exemplo, London Carter em Um
amor para recordar. Ele não ligou para as roupas que a
personagem usava; claro que não deu o braço a torcer no
começo, porém, depois que aceitou o que sentia, sua vida
mudou para sempre, tanto que ele a amou até muitos anos na
sua velhice, após a morte da protagonista. Quem dera eu
tivesse um amor assim? Um amor que nem o tempo e a
distância pudessem apagar.
Cheguei à casa de Dominic às oito em ponto. Estava
nervosa, mas me controlei. Tirei o meu casaco, desliguei o
carro e fui para a casa de dois andares com paredes brancas.
Antes que saísse do automóvel, ouvi um gemido de uma
mulher não muito longe dali, atrás de uma árvore. Fiquei sem
acreditar que alguém faria sexo na frente da casa.
Tentei ver se avistava alguém mais nas proximidades,
mas não vi ninguém, todos já deviam estar dentro da
residência. Também não vi o casal sem moral e sem vergonha
na cara.
Sabia que Dominic morava com sua mãe, a qual
trabalhava de enfermeira à noite, na cidade, então ele
aproveitava bastante. Ela era daquelas mães liberais, afinal, ele
era maior de idade.
Eu ia ignorar o casal e sair do carro quando ouvi uma
coisa que me fez gelar no lugar.
— Vai, Jason, mais forte! — Reconheci a voz de
Pamela.
Não houve resposta dele; ela continuou gritando.
— Seu pau é gostoso, me faça gozar como só você
sabe…
Sacudi a cabeça, chorando e com a mão na boca para
não sair som. Não queria que eles me vissem ali, não desse
jeito que eu estava. Fui idiota por confiar nele, por pensar que
um dia teria uma chance. Com certeza era tudo armação para
eu ser humilhada e sofrer, já que ele parecia saber que eu o
amava. Brincou comigo e com meus sentimentos, dizendo que
sentia o mesmo por mim.
Saí de lá jurando nunca mais acreditar em ninguém.
Faria de tudo para esquecê-lo e tirá-lo do meu coração, da
minha cabeça e de cada canto que ele ocupasse em meu corpo
e minha alma.
CAPÍTULO 4
Prisão
TABITTA
Presente
Soube que Shane, irmão de Angelina, a minha amiga
desde a faculdade, fez uma cirurgia para ele colocar um
marca-passo. O garotinho tinha problemas no coração. O
procedimento estava previsto para dali a uma semana, até
tinha feito horas extras para repor meu dia, porque pretendia
ficar com ela, dando forças e dizendo que sempre estaria ali
por eles. Quando descobri que Shane passou mal, corri para o
hospital. Dava para pensar no gelo que senti ao me deparar
com a sala de espera lotada de seus amigos? Claro que até aí
tudo bem, porque ela era fácil de amar, me lembrava de mim
antes da minha vida acabar. O que me paralisou foi ver alguém
que não queria; não poderia deixar que ele desse por minha
presença. Jason Falcon.
Eu me escondi no canto, assistindo à Angie deitada no
colo do seu namorado, Ryan Donovan. Ela parecia estar
dormindo, o que era estranho, já que seu irmão estava no
centro cirúrgico.
— Como Angelina conseguiu dormir? — sondou Jason,
fitando-a inconsciente.
— Dei um calmante para ela — respondeu Ryan com
um suspiro. Bom, isso explicava.
Quando Angie disse que estava namorando esse cara, o
Ryan, quis ir até Manhattan somente para bater nela e abrir
aquela sua cabeça, para lhe ensinar que homens como aquele
não se interessavam em relacionamentos com meninas doces
como ela. O cara era um tremendo de um mulherengo. Vi que
me enganei. Fiquei feliz com isso, ela merecia alguém que a
amasse, e pelo olhar de Ryan, ele não só parecia amá-la muito,
mas também adorá-la.
Olhei ao redor da sala lotada de caras: um louro com
cabelos compridos nas costas e presos; um segundo coberto de
tatuagens e de mãos dadas com Rayla Donovan, acho que era
seu namorado; e vários outros. Não prestei muita atenção em
nenhum, porque minha concentração estava fixa em alguém
que ocupava minha mente dia e noite. Ele vestia calça jeans e
camisa branca com jaqueta por cima. Sempre gostou de usar
jaqueta, mesmo o tempo estando quente. Ele olhava para o
Ryan e Angie sentados no sofá, como se doesse vê-los assim.
Talvez isso trouxesse várias recordações de nós dois juntos, a
angústia era visível em sua expressão. Queria tirá-la dali, seus
olhos eram lindos demais para estarem sofrendo; sabia que não
podia.
Fiquei esperando escondida até a cirurgia acabar,
tentando achar uma brecha para encontrá-la sozinha. Já era
tarde quando Ryan deixou o quarto.
— Achei que o carrapato não ia sair nunca — falei,
entrando no quarto de hospital com várias máquinas do lado
da cama de Shane. Ele estava deitado com um lençol azul o
cobrindo. Havia um aparelho indicando seus batimentos.
Angie estava sentada ao lado da cama segurando sua
mão, com os olhos molhados. Levantou a cabeça assim que
ouviu minha voz.
— Tabitta? Faz horas que está aí? Desculpe, estou meio
longe… — Olhou para a cama e limpou as lágrimas.
Fui até minha amiga e puxei-a para os meus braços. Ela
chorou por um momento.
— Vai dar tudo certo, Angie, ele vai ficar bem, querida
— disse, alisando sua cabeça.
Ela se afastou e limpou o rosto, assentindo.
— Você tem razão, o pior ele já passou no centro
cirúrgico, não é? E graças a Deus permanece aqui.
— E vai continuar conosco por muito tempo, pode
acreditar. — Fui firme ao dizer isso, pois acreditava
sinceramente. — Shane vai te dar muitas dores de cabeça
quando crescer e trazer namoradas para transar em sua casa.
Ela riu, depois quase se espantou e me abraçou de novo.
— Só você mesmo para me fazer rir em uma hora
destas. — Afastou-se. — Obrigada, Taby, por vir de tão longe
me ver e saber como Shane está.
— Querida, somos amigas para isso, para os bons e
maus momentos, na saúde e na doença. — Pisquei e sorri. —
Se ficássemos juntas, poderíamos usar isso no nosso
casamento.
Ela riu e bufou.
— Não, agradeço, mas vou passar. — Beijou meu rosto.
— Obrigada por vir aqui e me fazer sorrir.
— Sempre que precisar de uma líder de torcida é só
gritar que venho correndo, ok? — Era verdade. Quando a
conheci, há cinco anos, ela me ajudou muito, esteve lá por
mim todas as vezes que sofri. O bom era que Angie não
perguntava o que tinha acontecido, apenas esperava meu
momento.
— Queria ir visitá-la na sua casa, mas seu namorado não
te deixa sozinha um segundo. — Desejava ter isso um dia de
novo, igual tivemos no passado. Na verdade, gostaria de ter
tudo que já tive, mas com Jason, e não com outra pessoa. —
Não que isso não seja bom. Ele é legal para você? Se um dia
ele a enganar ou machucá-la, vou castrá-lo e fazê-lo comer seu
próprio pênis.
Ela sorriu e corou, garanto que tendo pensamentos
indecentes em relação a Ryan.
— Oh, ele é tão bom para mim, sabe? Contratou o
melhor médico do país para fazer a cirurgia do Shane. Queria
que o conhecesse.
Fiz uma careta.
— Não posso… Não que eu não queira, apenas não dá
agora. — Mudei de assunto, ou pelo mesmo tentei: — Quando
Shane estiver bom para viajar, o leve ao Brooklyn na casa da
Mama, assim poderei vê-lo, ok? Emily está me deixando doida
reclamando de saudades dele. E, por favor, não leve seu
namorado.
Ela franziu a testa.
— Você está fugindo do Jason? Assim que disse seu
nome na frente dele, algum tempo atrás, ele parecia conhecê-la
e estar sofrendo por isso. Pelo menos foi o que vi em seus
olhos. — Ela me olhou de lado. — Vocês dois tiveram alguma
coisa, não é? Ele é o cara que te abandonou? Diga, porque se
for eu que vou castrá-lo.
Ri, alisando seus cabelos.
— Eu gostaria de ver você pegando em um pênis para
cortá-lo — sussurrei, caso Shane acordasse, depois suspirei.
Queria contar a ela e não podia. Quanto menos gente soubesse,
melhor. O único que conhecia toda a verdade era Dominic, o
chefe dos MCs da Fênix de Chicago. Não podia envolver mais
ninguém.
— Quanto menos souber sobre isso, melhor, ok? Não
posso falar nada, se eu pudesse, contaria. É mais seguro deixar
assim. E vamos manter o brinquedo do Jason como está,
certo? — Fez uma careta enquanto eu sorria. Esperava usar
essa parte dele em breve, assim que eu resolvesse minha vida.
Ela estava prestes a dizer algo, talvez apontar que
guardo coisas dela. Porém, não podia me aproximar muito de
Angie para não trazer perigo à sua vida, nem à de sua família.
Já tinha de tomar cuidado e proteger Mama, Papy, Samira e
minha filha, os mais próximos de mim. Os de longe que
resguardava eram Angie, seus irmãozinhos, e o principal deles,
Jason. Dominic conseguia se cuidar sozinho, dispunha de
vários aliados. Eu tentava não saber o que ele fazia, porque, se
soubesse, precisaria prendê-lo.
— An… gie… — balbuciou Shane, abrindo os olhos.
Fiquei feliz por ele estar bem, o médico disse que no dia
seguinte já poderia ir para casa.
— Olá, garotão, eu estava dizendo à sua irmã que você
ia ficar bem e que ia namorar muito — murmurei, beijando
sua testa.
— Eu vou namorar a Emily — sussurrou ele com os
olhos brilhantes.
— Vamos ver daqui uns vinte anos, sim? — Sorri junto
com Angie. Gostei de vê-la contente.
Interrogatório
TABITTA
Tiroteio
TABITTA
Proteção
JASON
Armação
JASON
Passado
Três meses vendo a loura tímida com seus vestidos
largos e óculos de grau no corredor da escola, nas salas de
aula, tão diferente das garotas a que eu estava acostumado, que
só se importavam com seus cabelos e suas unhas bem-feitas.
Essa menina não ligava para nada disso. Foi o que chamou a
minha atenção. Sua inocência, pureza e doçura me fizeram
gostar mais dela, como nunca gostei de ninguém na minha
vida.
Meus amigos começaram a rir de suas roupas largas de
vovó, mas eu os cortei, dizendo que se algum deles falasse mal
dela, ia se ver comigo. Nenhum era páreo para mim. Ou até
acho que Dom ganharia, caso lutássemos, mas ele era meu
melhor amigo, jamais brigaríamos.
Tanto tempo escondendo o amor que eu sentia por essa
garota… Não adiantou nada eu me afastar dela por sua
proteção. Eu não era bom, não o suficiente para merecê-la.
Vivia com meu pai bêbado e desempregado, e tinha uma mãe
que o abandonou.
Assim que ela me viu com Pamela no ginásio, eu
enxerguei a dor nos seus olhos, e soube que ela também me
amava. Tinha medo de chegar até a menina e dizer o que eu
sentia. Cortei as garotas depois que soube que era recíproco,
não vi sentido em continuar com a mulherada sendo que
pensava só nela, Tabitta.
Quando a toquei para impedi-la de cair no corredor, meu
corpo pareceu ter sido tomado por uma corrente elétrica.
Soube que não podia e não queria ficar longe dela de nenhuma
forma, mesmo não a merecendo.
Fui até sua casa numa noite e a vi saindo para ir à
biblioteca, até aí tudo bem, mas ela foi a pé e atravessou o
beco escuro de um bairro não muito bom para garotas andarem
sozinhas, principalmente àquele horário.
Andou um quilômetro para pegar livros e passar onde
ficavam os moradores de rua. Todas as noites que ia lá, ficava
conversando com um senhor. Ela levava comida e café, e às
vezes papeavam por muito tempo.
Mudei meu horário de trabalho na academia para os dias
em que Tabitta não frequentava a biblioteca. O atendente disse
que ela ia lá duas vezes por semana.
Eu precisava saber se ela ficaria bem andando naquelas
ruas escuras. A garota não parecia enxergar a maldade nas
pessoas, contudo, eu via alguns homens do beco olhando para
ela de uma forma que não gostei. No dia seguinte, fui bater um
papo com os caras que estavam lá, alguns até usando drogas.
Dom foi comigo, todos do lado errado da lei ouviam ele.
Tabitta parecia ser de uma família rica, seu carro era
uma Mercedes. Eu não tinha nada para dar a ela, mas esperava
ser um lutador um dia e levá-la a um restaurante caro, porque
ela merecia do bom e do melhor.
Ignorei todas as coisas que o velho dizia a meu respeito,
que ninguém me queria, que nenhuma pessoa lutaria por mim,
que sou um bastardo abandonado pela própria mãe. Não
deixaria essas lembranças e ofensas me atingirem e destruírem
a única luz que achei no meio da escuridão.
Custava a acreditar que Taby aceitou sair comigo, meu
coração batia alto e descompassado sempre que pensava em
finalmente sentir o gosto de seus lábios lindos. Estava louco
para tê-la em meus braços, adorá-la e amá-la como merecia.
Cheguei ao buraco que era a minha casa. Não falava isso
por ser pobre, e sim pelo velho estar lá sentado e bêbado
naquele sofá carcomido da sala, sem fazer nada, apenas
definhando em sua amargura e seu desprezo por tudo à sua
volta, inclusive a mim. A nossa casa era pequena: dois quartos,
sala e cozinha.
Julio estava bêbado no sofá como sempre. Desde o dia
em que minha mãe nos abandonou, quando eu tinha oito anos,
para viver sua vida sem um marido e filho, ele ficou
amargurado. Quando era pequeno e não sabia me defender, me
batia com o que tivesse na sua frente. Para ir à escola, eu tinha
de vestir roupas que cobriam as marcas da surra. O crápula era
esperto, batia onde ninguém podia ver. Se exagerava e eu
ficava de cama, o velho ligava para a escola e dizia que eu
estava doente. De fato, estava, mas era ele que me deixava
assim.
Por que uma mãe largaria seu filho de oito anos sob
responsabilidade de um bêbado? Era uma pessoa que não
deveria ser mãe nunca na vida.
O velho (como eu o chamava, porque aquilo não era pai,
ele nem saberia o que significava tal palavra) me culpava por
minha mãe ter ido embora, mas a culpa era dele por não parar
em casa e estar sempre bebendo.
Quando eu fiz quinze anos e ganhei músculos, ele tentou
me bater, e eu o derrubei no chão, falando que da próxima vez
que ousasse me tocar, se arrependeria. Depois disso, ele
começou a provocar e dizer coisas que me machucavam; fazia
porque sabia que doía em mim, mais do que se me batesse na
cara.
— Já chegou o bastardo que nem a mãe quis. — Era
deste modo que me dava boas-vindas. Dizia isso todas as
vezes que eu chegava em casa.
Ele estava lá sentado bêbado, com uma garrafa de Jack
Daniels nas mãos. Acabou com todo o seu dinheiro na
poupança para comprar álcool, não sabia como ainda não
morrera de tanto beber.
Ignorei suas provocações e fui para o meu quarto. Ele
era gordo e barbudo, nem se cuidava mais. Mesmo com as
portas fechadas, podia ouvi-lo me xingando:
— Você é um verme imundo que ninguém quer por
perto. Ninguém nunca vai te amar e lutar por você, se nem sua
mãe lutou.
Bloqueei sua voz, pensando na garota que aceitou que eu
a levasse para um encontro. Quando um dia eu imaginaria que
iria a um encontro? Nunca, para mim era só foda e diversão,
nada mais. Entretanto, com Taby não era assim, ela me fazia
querer ser tudo para ela, assim como ela se tornou meu mundo
inteiro. Taby era a única luz que tinha nesta vida, o resto era só
escuridão e abandono.
Fui tomar banho. Considerei bater uma visualizando ela,
mas eu prometi que me comportaria. Sabia que não ia possuir
seu corpo hoje, mas eu não ligava, apenas a queria do meu
lado. Por ela, esperaria o tempo que fosse. Não arruinaria a sua
confiança em mim, jamais.
Pesadelos
TABITTA
Presente
Quando saí da casa do Jason, fui com Papy para o
Brooklyn. Não queria deixá-lo, mas sabia que por ora ele
estava seguro. Por via das dúvidas, além dos policiais que
deixei lá, também liguei para o Bryan dar uma ida à sua casa.
Bryan ficou também encarregado de conseguir dois guarda-
costas para Jason. Eu não o conhecia bem, porém, sabia que
podia confiar a segurança de meu amado a ele, já que os dois
eram amigos.
Na volta para a casa, Papy me encheu de perguntas sobre
Jason: como eu o conheci, por que terminamos, se ainda nos
amávamos…
Revelei toda a verdade a ele, que merecia saber disso.
Falei que precisei deixá-lo pela sua segurança, porque corria
perigo nas mãos do Sebastian. Isso agora mudara, uma vez que
esse segredo foi descoberto, então eu o protegeria com a
minha vida se fosse preciso.
— Ele sabe por que você o largou?
— Dei um resumo, mas ele não conhece os detalhes.
Contarei a ele, só estou esperando o momento certo.
— Você está com medo, isto é normal, querida. Diga-me
uma coisa: também vai revelar a ele sobre Emy ser sua filha?
Jason merece saber.
— Sim, eu sei que ele merece. Já que estou ao seu lado,
não quero mais mentir para ele, Papy, e não vou. Lamento não
ter dito a verdade a você e Mama, doía falar nesse assunto,
sinto muito.
Ele deixou uma mão no volante e, com a outra, me
abraçou, beijando meus cabelos.
— Não precisa sentir, querida, está tudo bem. Posso
entender por que não disse nada.
— Obrigada, pai.
— Emy vai adorar saber que é filha de Jason, pois gosta
dele, uma fã de carteirinha. — Riu, orgulhoso. — Ele parece
ser um cara legal, fora a parte de ter sido mulherengo enquanto
vocês dois estavam separados esses anos. — Papy me olhou de
lado. — Você vai ficar bem com isso? Sei que não foi culpa
dele sair com mulheres, já que ele pensava que tinha ido
embora, mas não deixa de doer, não é?
Emy sempre foi fã de Jason. Se ela soubesse que ele
estava na TV, fazia suas tarefas e ia para frente dela só para vê-
lo. Eu só não a deixava assistir às lutas, não era para criança.
— Sim, Emy vai adorar saber que ele é seu pai —
murmurei. — Jason é fácil de ler, eu pude perceber que ele
ficava com essas mulheres para provar um ponto a si mesmo.
Achava que não foi homem suficiente para mim… Por eu ter
ido embora sem dizer adeus.
— Isso não quer dizer que será fácil — insistiu.
— Sei que não vai. São consequências dos meus atos.
Mas o pior será a hora em que eu disser toda a verdade. E se
Jason não quiser me perdoar? Afinal, são quase nove anos
escondendo sua filha.
Ele alisou meus ombros.
— Pelo pouco tempo que estive perto daquele homem,
percebi o quanto ele a ama, Taby. Não há nada que faça ou
tenha feito que o motivaria a pensar o contrário. Então não
tenha medo, tudo bem?
Eu assenti e não respondi, não tendo certeza de que
aquilo era verdade. Se Jason escolhesse me odiar, eu aceitaria.
Merecia por tê-lo abandonado.
Assim que chegamos à casa do Papy no Brooklyn, desci
de sua Mercedes. A residência tinha dois andares, paredes de
tijolos vermelhos e uma varanda na frente.
— Olá, filha. — Mama sempre me chamou assim, e eu
adorava isso. Ela era uma mulher bonita, de cabelos negros
com alguns fios brancos. Não era vaidosa, tinha uma política
de que as pessoas deviam aceitar o que realmente são. Eu não
discordava, achava que todos deviam fazer o que querem e
gostam.
Abracei-a por um segundo, me reconfortando com isso.
Sempre que o fazia, me lembrava da vovó, de chegar da escola
e correr para os seus braços. Confortava-me saber que eu era
amada por ela, mesmo que não tenha sido pelos meus pais. Se
é que podia chamar aquilo de pais… Uma mãe que só me teve
e deu para a minha avó, e dois anos depois foi morta no
México, provavelmente por Sebastian. Como uma mulher
podia aceitar um homem tão inescrupuloso? Vovó dizia que
eles se amavam, mas isso não era amor. Quem ama não vende
sua mulher, como ele fez.
— Mamãe, ficou sabendo que Jason Falcon vai lutar
aqui em Trenton este final de semana? Não acredito que vou
estar na mesma cidade que ele! — falou Emy, entrando na sala
toda eufórica.
Ela estava com um vestido rosa e uma sapatilha que dei
a ela na semana anterior. Linda, minha filhota. Às vezes, à
noite, eu a olhava dormir e imaginava o que fiz de bom para
merecer algo tão precioso para mim como minha menina. Era
a luz que Deus enviou para eu passar por todo o calvário que
foram esses anos sem o Jason. Ela se parecia muito com ele.
Eu suspirei.
— Sim, eu soube — respondi, entendendo o porquê dela
falar disso.
— Podemos ir vê-lo, mamãe? Ele está tão perto! —
suplicou. — Por favor. Faça isso como presente de aniversário,
eu não quero mais nada, apenas conhecê-lo pessoalmente, nem
que seja uma vez na vida.
Expirei e troquei um olhar com Papy, cuja expressão
sugeria um “Não disse?”. Ele chamou mamãe e foi para a
cozinha, de modo a me deixar a sós com Emy para eu resolver
tudo. Não podia dizer nada a ela, não antes de falar com Jason.
Meu coração se partiu por ter de negar isso a ela, com seu
aniversário sendo dali a duas semanas. Esperava que Jason
estivesse conosco nesse dia importante de nossas vidas. Para
ele também se tornaria, quando soubesse a verdade.
— Emy, querida, um ringue de lutas não é lugar para
crianças — me esquivei. Precisava saber a reação de Jason
antes de apresentá-los.
Seu semblante mudou, ficando triste.
— Oh… — O tom desapontado cortou meu coração. Eu
não podia fazer nada, não agora.
Passei a tarde inteira com ela, tentando alegrá-la e
distraí-la de Jason um pouco, mas sabia que não desistiria. Por
isso, falaria com Jason logo e diria a verdade.
Esses dias foram cheios no trabalho. Eu estava junto
com minha equipe buscando descobrir novos lugares e os
pontos que Franklin usava para prostituição infantil.
Desmanchamos três casas usadas para prostituição de menores
em três cidades diferentes: Michigan, Ohio e Boston.
Foi uma semana corrida. Fiquei feliz por resgatarmos
essas crianças vivas, que teriam agora um futuro pela frente.
Seus sonhos, interrompidos por causa de homens abusadores
de menores, seriam retomados. Para elas, se tornaria um
trabalho difícil seguir em frente com todos os pesadelos e
traumas, mas, pelo menos, estavam vivas. Isso era o que
importava.
Quinta-feira, fomos a Riverside, subúrbio localizado
quatorze quilômetros a oeste de Chicago, e três fora dos
limites da cidade.
Bryan descobriu a localidade onde o contêiner cheio de
garotas estaria. À meia-noite, as meninas seriam levadas para
pontos de prostituição em vários lugares. Eu não ia permitir
isso. Faltavam dez minutos para meia-noite. O pior era que o
lugar estava cheio de contêineres, acho que uns cinquenta,
mais ou menos. Por isso, nos dividimos para procurar o certo.
— Jason sabe que está aqui? — sondou Bryan do meu
lado. Encontrávamo-nos numa rua afastada, mal movimentada.
Os malditos a escolheram justamente por isso, assim evitariam
pessoas descobrindo o que tinha dentro.
Eu respirei fundo.
— Disse para ele que estava vindo a trabalho, não entrei
em detalhes.
— O que ele achou? — Chegamos perto de umas
árvores próximas ao local. Lincoln, Papy e Dennis estavam lá.
Não entendia porque a CIA participava da missão, não era sua
função. Eles ficavam mais responsáveis por investigarem e
fornecerem informações de segurança nacional aos senadores
do nosso país. Caçar Sebastian tudo bem, ele era considerado
perigoso para a nação, mas ali encontraríamos só seus servos.
Quando perguntei ao Papy sobre isso, ele disse que Dennis
combinou de continuar com a gente até prendemos Sebastian e
seus comparsas. Também falou que isso era uma missão
pessoal para ele, mas Papy não quis revelar o porquê, ou talvez
não soubesse. “Bom, para quem Sebastian não fez algum
mal?”, pensei, frustrada.
— Ele queria vir comigo. Não deixei, afinal, há muito
pessoal do Sebastian por aqui. — Tentei não pensar nisso
agora, não gostava nem de imaginá-lo lá.
— O que aconteceu naquela noite que o deixou? —
inquiriu, curioso.
— Vai me dizer por que terminou com Alexia? —
Levantei a sobrancelha para ele. — Até dois dias atrás, vocês
pareciam no maior love, e agora está assim, como se num
purgatório.
Ele expirou e estremeceu. Fins de namoro deixam
qualquer um destruído. Não entendia por que eles terminaram,
os dois faziam um casal tão lindo. Eu a conheci pessoalmente
dois dias antes, em um restaurante onde fui jantar com Jason.
Ela estava lá com Bryan. Uma loura deslumbrante, isso a
descrevia.
— Bom ponto, mas eu não posso dizer nada sobre isso.
— Sua voz demonstrava devastação. — Agora vamos
esquecer nossas vidas pessoais e nos concentrar no caso.
Eu não ia insistir, já que ele não queria contar. Esperava
que os dois se entendessem logo. Foquei na missão,
esquecendo o resto.
Assim que Thomas deu um sinal, nós invadimos o local,
que parecia um sítio, separados em duplas. Eu fiquei com
Bryan. Havia sete homens na entrada, mais cinco perto de dois
contêineres, vigiando-os. Supus que ali tinha coisa.
— FBI, abaixem as armas e levantem as suas mãos —
gritou Thomas, e os tiros começaram.
A minha função e do Bryan era tirar as garotas com
segurança, enquanto o resto do pessoal, junto com a polícia
local, prendia todos e descobria se havia mais meninas ou
drogas nos outros contêineres.
Bryan desarmou dois e atirou em mais dois. Eu acertei
um no braço. Ele estava me dando cobertura para eu abrir o
primeiro contêiner. Os tiros pareciam ter cessado. Escancarei a
porta com meu coração acelerado, com medo delas estarem
machucadas. “Não, essas meninas estão bem, preciso acreditar
nisso”, pensei.
Assim que a porta foi aberta, com a arma em punho,
mirei no homem na frente das várias garotas, acho que dez,
mais ou menos.
— FBI, abaixe a arma e levante as mãos — ordenei.
O cara ignorou o que eu disse e apontou sua arma na
minha direção. Meu corpo estava gelado, minhas mãos
suavam, eu temia que o pior acontecesse. Em dois anos, nunca
matei ninguém; agora, sabia que não ia passar. Foi tão rápido
que mal deu para assimilar: uma garota correu, querendo fugir,
e veio na minha direção; o cara estendeu a arma e disparou, e
eu também. Meu corpo parecia estar no piloto automático. A
menina caiu nos meus braços sangrando, e o cara foi ao chão
com um tiro na cabeça.
Ignorei meu corpo tremendo e olhei a menina loura de
uns quinze anos, mais ou menos. Acho que gritei por uma
ambulância e para salvarem sua vida, mas eu estava
entorpecida. Tudo doía. Não lembro muito bem o que houve
depois, apenas que fui levada para uma escuridão profunda.
Renúncia
TABITTA
Passado
Faz um ano que conheci Jason, o garoto bad boy que se
tornou meu mundo inteiro: meu namorado, meu amigo e meu
amante. Oh, esta última parte era a que eu mais gostava, ser
sua de forma incondicional.
O momento mais feliz foi o dia em que ele me levou
para fazer uma tatuagem. O que fez meu coração saltar de
felicidade foi ele também fazer uma igual à que eu sempre
quis.
— Essa borboleta selará nosso amor para sempre —
disse Jason. Fiz uma borboleta azul acima da bunda, nas
costas.
Nosso ano juntos foi maravilhoso. Jason me levava à
casa do Dom para as festas que havia lá. Depois de algum
tempo com Dom, pude perceber que ele era um cara legal, um
amigo que Jason adorava, então também passei a amá-lo.
Minha avó gostava de meu namorado como se ele fosse
da família. Alegrava-me o fato dela se dar bem com o homem
que eu amava, e com o qual pretendia me casar um dia.
Passaríamos a nossa lua de mel em Maui, no Hawaii, um lugar
que sempre achei lindo. Quando mencionei isso a Jason, ele
disse que era um dos seus locais favoritos, e gostaria de
conhecê-lo junto comigo, assim que ele se tornasse um lutador
profissional, como era seu sonho.
Já era quase sete da noite, Jason e eu ficamos de nos
encontrar na cabana de que ele tomava conta.
Comemoraríamos o meu aniversário, e também um ano de
namoro.
Uma vez, fui à sua casa, e seu pai me deu medo; estava
bêbedo e xingava o Jason com coisas que o faziam sofrer,
culpando-o por sua mãe ter ido embora. Eu estava prestes a
fazer aquele velho engolir todas suas palavras, mas Jason me
tirou de lá antes disso. Até achei bom, não queria que ele
enfrentasse seu pai por mim; mesmo o cara sendo o crápula
que era, ainda era pai dele. Depois disso, passamos a nos
encontrar em outros lugares, principalmente na cabana, que se
tornou nosso refúgio e ninho de amor
Eu estava na sala dando um abraço na vovó antes de ir
ver Jason. Já havia contado a ela que não era mais virgem, e
vovó foi compreensiva, ciente de que eu e Jason nos
amávamos e que pretendíamos ir para a faculdade juntos, só
não sabíamos onde, ainda. E, depois, nos casaríamos. Eu
contava com isso.
A porta foi escancarada em um rompante, tendo sido
chutada. Gritei com o susto, porque isso nunca aconteceu.
Assaltos eram incomuns nessa região, e nós também não
éramos tão ricos. Vivíamos da aposentadoria do meu avô, que
morreu quando eu era pequena.
Entraram na sala três homens, dois morenos, por volta
de vinte ou trinta anos, mais ou menos, exceto pelo cara do
meio, que devia ter uns quarenta e cinco, a julgar pelos longos
cabelos ligeiramente grisalhos e barba por fazer. Vestia-se de
preto, parecia um gângster, e seus amigos estavam armados.
Vovó ficou na minha frente, como se para me proteger
dos bandidos. Pareceu se esquecer de que empunhavam armas,
e não podíamos com eles.
— O que está fazendo na minha casa, Sebastian Ruiz?
Você não é bem-vindo aqui — rosnou ela com os punhos
cerrados.
— Eu vim ver minha filha — disse com os olhos em
mim.
Fiquei espantada. Então esse homem era o meu pai? O
cara que nunca se importou se eu estava viva ou morta? Como
minha mãe se envolveu com ele, sendo que podia enxergar a
maldade de longe, incrustada em si? Sua expressão era
sombria.
— Você é… — As palavras fugiam devido ao choque.
— Sou seu pai e vim buscá-la….
— Para quê? Para fazê-la se prostituir também, como
fazia com a mãe dela? — vovó rugiu. — Você não passa de
um monstro, seu desgraçado!
Ofeguei de pavor. Ele forçava a minha mãe a vender seu
corpo? Esse homem era um animal desalmado dos piores,
como pôde querer isso para sua esposa e sua filha? Ele devia
tentar me proteger, e não o contrário.
Estava prestes a dizer que não iria a lugar algum na sua
companhia, jamais, porque o único homem que tocaria meu
corpo seria Jason, e mais ninguém, quando ouvi um tiro. Vovó
arquejou com a mão no peito. Virei-me para ela, pronta para
perguntar se estava bem, mas vi sangue, e vovó caindo no
chão.
Parecia que estava em um pesadelo, contudo, continuava
acordava, assistindo à minha avó morrer. Botei-me de joelhos
ao seu lado e gritei para chamarem uma ambulância. Soluçava
e gemia ao mesmo tempo.
A mulher que me criou engasgou com o sangue que saía
de sua boca.
— Oh, Deus, vovó! — Estava desesperada, com medo
de perdê-la. Isso não podia acontecer, ela era tudo na minha
vida.
— Eu mandei você atirar nela? — sibilou Sebastian, o
monstro que tirou a minha avó de mim. Depois ouvi outro
estampido. Pensei que o cara tivesse atirado de novo, agora em
mim, mas o homem que atirou em vovó estava estirado no
chão da sala, morto. Sebastian matou seu próprio capanga? Eu
não liguei, apenas não queria que vovó morresse e me
deixasse. Precisava dela comigo.
— Vá para o quarto branco… Lá tem tudo de que vai
precisar… — sussurrou em seu último suspiro.
Teria de deixar a dor para mais tarde, agora precisava
sair desse lugar, como vovó pediu. O quarto branco a que ela
se referia era um ambiente que preparou, pensando que um dia
necessitaria usá-lo. Não entendi na época, não achei que
correríamos perigos a ponto de carecermos de um quarto para
nossa proteção. Ela sabia que algo ruim aconteceria algum dia,
que o monstro do meu pai viria atrás de mim.
— Tabitta, venha comigo ou eu vou matar todos que
ama. Seus amigos, conhecidos e vizinhos serão mortos se não
me acompanhar. — Ouvi Sebastian em algum lugar ali perto.
Eu me movi no piloto automático, precisava sobreviver
por mim, pela vovó e pelo Jason. Depois prosseguiria com
meu luto. Corri para o quarto que ficava no final do corredor.
— Não a deixe fugir, ou eu mato você também — gritou
o monstro.
Um cara veio atrás de mim. Meu coração gelou assim
que ele tentou pegar meus cabelos. Fui mais rápida e coloquei
a palma da minha mão para abrir a porta. Entrei no quarto e
fechei-a logo a seguir. A porta só abria com as digitais minhas
e de vovó, então eles não conseguiriam entrar.
Era um quarto de três e meio por três e meio, com uma
porta de aço reforçada com concreto e revestida de aço
inoxidável. Quando perguntei se a vovó estava fazendo um
cofre para guardar os bens que não tinha, ela apenas deu uma
risada. Uma risada que nunca mais ouviria…
Tinha celulares descartáveis, e cartões de crédito e
débito em meu nome. Coloquei tudo na bolsa preta para levar
nas costas e peguei uma mala maior com dinheiro dentro, não
sei quanto, e também não me importava agora.
Há um ano, vovó me levou ali e mostrou onde ficava
tudo. Falou que se um dia precisasse sair às pressas, poderia
carregar o essencial, como dinheiro, cartões e passaporte.
Estava com minha bolsa no meu ombro, onde se encontrava
meu celular, que logo peguei e quebrei com o pé. Não sabia
como isso funcionava, talvez ele rastreasse o meu número. Se
esse homem fosse igual os caras dos filmes, faria algo assim.
Saí pelo alçapão no meio do cômodo. Embaixo ficava o
túnel que dava a quatro quadras de casa. Segurei as duas
bolsas, por sorte uma era pequena, e corri pelo túnel usando
uma lanterna para enxergar e não me machucar, pois não teria
como explicar os machucados ao Jason depois.
Sebastian não podia saber do Jason nunca, porque se
isso acontecesse, ele o mataria como fez com vovó… Jason
teria de sair da cidade; se ficasse, seria o seu fim. Sebastian
poderia usá-lo para me levar com ele e fazer o quisesse
comigo, e o pior, não deixaria Jason vivo no processo.
Conhecia só uma pessoa que podia me ajudar a protegê-
lo. Cheguei à casa do Dom, ele estava dando uma festa. Isso
não era novidade, já que o fazia direto. Deixei as mochilas em
seu Cadillac Eldorado 67.
Entrei quase correndo e parei alguns de seus amigos, que
estavam bebendo e se divertindo, ao contrário de mim,
destruída por dentro.
— Vocês viram o Dom? — Ofegava por ter corrido.
Algumas pessoas disseram que não sabiam dele, outros
comentaram que ele estava com alguém no seu quarto. Pensei
nesses adolescentes se divertindo sem saberem que suas vidas
pudessem correr perigo, devido ao monstro que era o meu pai.
Talvez ele os massacrasse só porque alguns estudavam
comigo, ele mesmo disse que mataria todos à minha volta.
— A polícia está vindo, precisam ir embora, a não ser
que queiram ir para a cadeia. — Muitos ali eram menores de
idade. Todos saíram correndo como o diabo fugindo da cruz.
Esqueci sobre eles por enquanto e dirigi-me ao quarto do
Dom, abrindo a porta sem bater. As horas estavam correndo,
não podia enrolar mais e deixar Jason resolver me buscar em
casa, isto seria o fim dele e o meu.
Arregalei os olhos com o que vi. Pamela estava de
joelhos na frente do Dom, com o pau dele em sua boca. Uma
visão que não queria ter nunca. Balancei a cabeça para
expulsar essa cena da minha mente.
— Tabitta, o que foi? — Dom se pôs de pé nu. Eu não
olhei, não querendo essa memória para a posteridade. Pamela
estava nua também e ficou ao lado dele, me encarando com
raiva. Dom não parecia impressionado com a nudez da garota.
— O que você quer? — gritou. — Já não tem o Jason,
agora vai querer o meu Dom também?
Dom estreitou os olhos para ela, pareceu se esquecer de
que os dois estavam pelados.
— Você é só uma foda, um pedaço de carne, nunca se
esqueça disso — desdenhou, sombrio. Eu me encolhi por ela.
— Quer saber? Nem um pau você é boa para chupar, então
pegue suas roupas e vaze da minha frente.
Dom era um cara legal, mas quando essa sombra entrava
em suas feições, era como se ele fosse outra pessoa. A causa?
Eu não fazia ideia. Uma vez, perguntei ao Jason sobre isso,
mas nem ele que era o seu melhor amigo sabia de nada.
Pamela pegou suas roupas no chão e saiu chorando porta
afora.
— O que foi? — perguntou num tom confuso. — Por
que está aqui? Não era para você estar em um encontro com
Jason no chalé?
— Coloque suas roupas, pegue tudo que precisar e bote
na mochila, porque precisamos ir embora.
— O quê? Por quê? — Franziu a testa.
— Porque você está indo embora da cidade agora.
Ele arfou.
— Eu não vou a lugar algum, Taby. O que houve, por
que está agindo assim?
Fui ao seu armário e peguei suas roupas do cabide. Suas
mãos seguraram meu braço e me sacudiram. Percebi que
estava tremendo, mas tentei me controlar, não me permitiria
quebrar.
— Me diga o que há, porque está me deixando doido.
— Precisamos ir logo, eles podem estar a caminho
daqui, atrás de mim e do Jason. — Fitei-o com os olhos
molhados. — Por favor, só quero salvá-lo.
Engoli o choro. Precisava ser forte para o que faria a
seguir, depois eu poderia me desmanchar à vontade, já que
estaria sozinha e com minha alma vazia.
— Quem são essas pessoas que estão atrás de você e
Jason? — Vestiu jeans e camiseta. — Talvez eu possa cuidar
deles…
— Não! — gritei. — Eles parecem ser da máfia ou coisa
assim. Mataram a vovó.
Espantou-se.
— O quê?
— Dom, não podemos ficar conversando, precisamos ir
até a cabana antes que Jason resolva aparecer lá em casa, aí
sim estaremos todos mortos. — Eu me encolhi com essa ideia.
— Pegue o que necessitar, porque vocês não vão voltar mais.
Esse homem deve saber tudo sobre mim e Jason, e pode usá-lo
para chegar até nós.
— E minha mãe? — Botou mais roupas dentro da
mochila.
— Você a busca antes de sair da cidade. Leve-os para
longe de Austin, distante desse homem.
— Quem é esse cara? Qual é o seu nome? — perguntou
assim que entramos em seu carro.
— Meu pai, Sebastian Ruiz.
Pisou no freio devido ao choque.
— Desculpe, você disse “pai” e “Sebastian Ruiz” na
mesma frase? — Seus punhos estavam cerrados no volante
com força.
— Já ouviu falar dele? — Arregalei os olhos.
— Sim, ele é o chefe do maior cartel mexicano, um dos
homens mais poderosos no mundo do tráfico, tanto humano
como de drogas. — Soava amargo. — Soube que tem federais
atrás dele, mas nunca conseguiram provas o suficiente para
derrubá-lo.
— Esse desgraçado usava minha mãe para se prostituir,
e ia me levar com ele…
— Faria o mesmo com você? — rosnou.
— É o que parece. Caras como ele não têm amor
paternal, aliás, acho que nem sabe o que é isso. — Limpei as
lágrimas do meu rosto. — Tenho medo de que ele vá atrás de
Jason, então é melhor para todos… eu ir embora… — Precisei
respirar, porque depois disso estaria apenas vegetando na
Terra. — Ele disse que se eu não fosse, mataria todos meus
amigos e vizinhos.
— O que pensa em fazer, Taby? — inquiriu, me
avaliando.
— Você vai levá-lo junto com sua mãe para longe daqui.
Para alguma cidade fora do Texas — murmurei.
Ele me olhou de lado.
— E você?
— Eu vou embora também, mas não com vocês, não vou
correr o risco deles me acharem e matarem Jason… — Minha
voz falhou.
— Tabitta…
— Eu o amo como nunca amei ninguém nessa vida, por
sua segurança sou capaz de tudo, até de viver na solidão para
ele ficar seguro e feliz, mesmo que seja longe de mim. Jamais
colocaria Jason em risco. — Peguei sua mão, a que não estava
no volante. — Por favor, fique do meu lado.
Ele respirou fundo.
— Você sabe o que está me pedindo? — Sua voz estava
quebradiça como vidro.
— Sei que será difícil, já que ele é o seu melhor amigo,
mas é a sua própria segurança que está em jogo. — Expirei;
meus pulmões doeram.
Suspirou.
— Ele vai sofrer, Taby. Aquele cara morreria por você
— sussurrou, entristecido.
— O importante é ele continuar seguro e vivo… — Meu
peito pesava com o que aconteceria comigo e com ele dali para
frente.
Assim que chegamos, Dom desligou o carro. Por sorte,
era noite. Jason não veria o Dom, mas saberia que era ele no
carro.
— Vá buscar sua mãe, passe longe da rua de casa.
Depois, venha pegar o Jason. Ele estará inconsciente, então
cuide dele, ok? Enquanto isso, vou me despedir.
— Dirá que vai embora?
— Não, não posso dizer adeus, não conseguirei partir
assim… E também ele jamais permitiria.
— Aonde você vai depois daqui?
— Não sei ainda. — Toquei a mochila preta e grande no
banco de trás. — Isso é para vocês viverem por enquanto. Não
diga que eu dei, invente alguma coisa. O que está aqui bastará
para vocês dois irem à faculdade e se formarem. Têm notas
boas, poderão entrar em qualquer uma.
Abriu a bolsa e assoviou. Eu não sabia quanto tinha, mas
era mais de quinhentos mil, acho que por isso meu ombro
ficou doendo por carregá-la no túnel escuro.
— Menina, de onde esse dinheiro saiu?
— Minha avó sabia que logo esse homem chegaria para
nos procurar, por isso arrumou tudo, o quarto com porta de aço
e leitor de digitais, e o túnel por debaixo da casa, foi assim que
fugi. — Peguei a mochila menor e coloquei no ombro.
— Daqui a meia hora, eu volto. — Parecia estupefato
com o que eu disse e tinha o semblante triste pelo que teríamos
de fazer.
Fui para a cabana, nosso ninho de amor, onde era para
comemorarmos o dia mais importante da minha vida, nosso
primeiro ano de namoro. Tudo que é bom dura pouco, não?
Antes que eu batesse, ele abriu a porta e olhou o carro
do Dom indo embora.
— Aquele é o Dom?
Segurei tudo para não chorar ao ter de deixá-lo.
— Ele me deu uma carona, disse que não queria que eu
perdesse nossa comemoração.
— Por que não veio no carro da sua avó? — questionou,
confuso.
Controlei a dor por perder vovó. Nem um enterro eu
poderia dar a ela, tudo por culpa daquele maldito monstro
desalmado.
— Ela o usaria hoje — menti. Jason sempre foi bom em
me ler, logo, puxei uma máscara de tranquilidade e sorri,
trancafiando minha dor.
— Então vamos aproveitar! Um ano de namoro; com
certeza, haverá muito mais. — Sorriu com tanto amor que me
encolhi, porque amanhã esse sorriso lindo não estaria mais
estampado em seu rosto.
Beijei-o para mostrar o quanto eu o amava com cada
fibra do meu ser. Logo ele me odiaria e tentaria me esquecer
nos braços de outra mulher.
Jason tirou minhas roupas e colocou-se dentro de mim.
— Promete que nunca ninguém tocará esse seu corpo,
Taby, só eu? — Sempre perguntava isso, era como se tivesse
medo que o sonho lindo que estávamos vivendo acabasse. Ele
nem imaginava que esse sonho terminaria antes mesmo de
começarmos nossa vida juntos.
Gritei em cada estocada dada, até que gozamos em
sincronia. Fitei seus olhos lindos e brilhantes.
— Prometo ser sempre sua, e de mais ninguém — jurei
com tudo da minha alma, que urrava de dor. Eu sabia que ele
não cumpriria sua promessa de só pertencer a mim, não depois
de pensar que o abandonei.
— Eu a amo, para sempre.
Beijei a borboleta que tatuou no peito, simbolizando
nosso amor.
— Eu também te amo mais que a vida. — Isso era
verdade. Decidi me submeter a uma existência de solidão e
tormento apenas para ele ficar seguro.
— Taby, me dê sua mão — pediu, ao que obedeci. Não
sabia o que ele faria, mas jamais hesitaria diante de um pedido
desse homem. Fiquei surpresa assim que vi um anel de ouro
com uma pedra azul no meu dedo. — Eu te amo mais que o
sol e as estrelas. Por você, eu daria minha vida, minha alma e
tudo que há em mim. Tabitta Rodrigues, aceita ser minha
esposa? Prometo amá-la para sempre.
— Sim, mil vezes sim — respondi, beijando-o de novo e
entregando meu amor e corpo a ele. No dia seguinte já não
poderia fazer isso… Queria chorar com a dor no meu peito,
contar tudo, mas não podia. Apenas me desfrutei dele e de
todo seu amor por mim.
Levantei-me depois da segunda vez que ficamos juntos.
Chegou a hora de comer o bolo que ele fez para mim.
Comemoramos meu aniversário, enquanto ele cantava
parabéns. Era um momento que queria registrar para sempre,
uma lembrança que não esqueceria jamais.
Coloquei um sonífero em sua bebida. Minha alma
cortava por fazer isso com ele, contudo, não havia alternativa.
— Beba um pouco. — Entreguei o suco; logo ele
apagaria.
Podia deixá-lo acordado e simplesmente ir embora, mas
sabia que ele partiria atrás de mim e reviraria cada canto da
cidade. Isso não podia acontecer, não com Sebastian à solta.
Depois que Dom os levasse para longe, seguiria na direção
contrária. Faria com que Sebastian me localizasse, talvez em
Londres ou na China, assim tiraria o foco dos meus amigos e
do garoto que amava. Um purgatório, era isso que minha vida
se tornaria dali em diante sem Jason, o único homem que eu
amei e amaria para sempre.
CAPÍTULO 11
Luta
TABITTA
Presente
Cheguei ao clube onde seria realizada a luta de Jason
contra um campeão de peso-pesado, Dilano Alfred, mais
conhecido como Escorpião, por ter o artrópode desenhado no
peito. Jason era apelidado de Bala. Sempre que ele entrava no
ringue, meu coração tremia com medo de se machucar. Graças
a Deus, ele nunca se feriu gravemente em suas lutas.
Antes de eu ir para lá, o Bryan me procurou e disse que
Dennis e Thomas já tinham formado um plano para tirar o
Sebastian da toca onde estava escondido. Franklin não aceitou
o acordo, temendo por sua vida. Eu achei bom, porque caras
como ele mereciam perpétua e pena de morte, e não um
combinado que facilitaria sua vida, sendo que ele não facilitou
em nada para todas as meninas que sequestrou e estuprou.
Não gostei do que Dennis propôs, ele queria me usar
como isca para atrair Sebastian. Até aí já tinha concordado
antes, o que não me deixou feliz era que ele sugeriu usar o
meu relacionamento com Jason para sair na TV e nos jornais,
assim o crápula do Sebastian iria atrás de mim e tentaria fazer
alguma coisa comigo e com Jason, tal qual fez no passado,
com a minha avó. Mas agora eles o impediriam. Isso me
pareceu frio da parte dele; Papy não concordou, claro.
— Não arriscaria nenhum dos meus agentes, muito
menos a vida de um civil — rosnou Papy quando Dennis me
chamou para dizer o plano, já que eu tinha recusado quando
Bryan me contou.
— Jura? Não é porque ela é sua filha amada? Eu
arrisquei os homens que mandei para se infiltrarem no cartel
do Ruiz, e você não quer arriscar uma sua? — sibilou Dennis.
Antes que virasse uma discussão entre os dois, pois o
clima lá ficou bem tenso, expliquei a minha ideia:
— Que tal eu sozinha fazer a missão? Tiramos Jason
disso, porque não vou envolvê-lo, colocando em perigo a sua
vida. — Olhei feio para o Dennis. — Vocês escolhem. Ou
infiltramos mais pessoas no cartel de Sebastian, mas isso
levaria tempo e mais mortes indesejadas. Também podemos
continuar desmanchando os pontos de prostituições e drogas, e
tudo que pertencer a Sebastian, e a cada ação dar uma
entrevista e o acusar de ser o mandante. Não acredito que ele
vá nos processar por falta de provas, seria muita cara de pau.
Dennis sorriu. O bastardo ficou satisfeito. Deu-me
vontade de arrancar o sorriso fodido do seu rosto com meu
punho na sua cara.
— Isso pode acontecer, agora que saiu em uma revista
mexicana que Sebastian Ruiz não é chefe de cartel coisa
nenhuma. Garanto que ele ameaçou o dono da publicação ou a
empresa foi comprada. Com essas acusações, ele ficaria
furioso porque sua filha está desmanchando seus negócios
lucrativos e jogando seu nome na imprensa. — Assentiu,
animado.
— Mas vai arriscar sua vida — disse Papy, não gostando
da ideia.
— Não me importo, contanto que ele perca tudo, seu
reinado, seu império no crime. Vou ficar bem, Thomas —
falei, vendo a preocupação em seu rosto. — Mesmo afastada
do caso, ajudarei vocês a prender Sebastian e todo seu séquito
de bandidos.
Estava afastada do FBI por enquanto, devido ao tiro que
levei em Chicago. Já não doía mais, mas Papy não me deixou
voltar, porque os pontos seriam abertos.
Os pesadelos ainda me assombravam tanto que acordava
à noite gritando. Eles só não apareciam quando dormia com
Jason ou Emily, minhas duas razões de viver. Jason me
obrigou a frequentar a psicóloga que Papy arrumou para eu ir.
Estava indo nela uma vez por semana.
Entrei no clube lotado de mulheres gritando “Bala”, e
algumas “Escorpião”. Dei meu nome ao segurança, que já
sabia que eu viria; Jason deixou-o na lista de acesso ao local
onde os lutadores ficavam.
Avistei Chris e Landon, os guarda-costas de Jason que
Bryan conseguiu. Eu os conhecia: afastaram-se do FBI e se
tornaram seguranças renomados.
Landon era um cara louro com cabelos curtos e olhos
negros, e Chris, moreno, forte e mais sério. Landon sorriu para
mim assim que cheguei perto deles.
— Oi, Landon, como está nosso homem? — perguntei
ao me aproximar.
Sacudiu a cabeça, fazendo uma careta. Ele era lindo,
mas ouvi dizer que não ficava a sério com ninguém. Coitadas
das mulheres com quem se envolvia.
— Vamos tirar a parte do “nosso homem” da equação, aí
sim eu respondo que está tudo bem por aqui. — Piscou. Logo
que nos conhecemos, ele deu em cima de mim, mas eu não
quis, então nos mantivemos apenas colegas de trabalho. — Se
você quiser trocar por uma mulher, estou dentro. A não ser que
tenha mudado de ideia e queira sair comigo.
Chris riu.
— Cara, você não valoriza sua vida? Jason está a
caminho, e pela sua cara, ele vai treinar com você antes da
luta.
Landon seguiu o olhar do Chris e eu também. Vi Jason
vindo com seus olhos lindos, mas mortais, direcionados ao
Landon.
— Está saindo com ele? — inquiriu, incrédulo. — Achei
que gostasse de mulher.
Eu ri.
— Não é porque não vou para cama com todos que dão
em cima de mim, que quer dizer que sou lésbica — retruquei e
dei um passo, ficando de frente para o Jason.
Ter esse homem diante de mim fazia parecer que estava
vivendo um sonho lindo, do qual não queria acordar nunca.
Antes que eu dissesse alguma coisa, ele me puxou para seus
braços e devorou a minha boca. Eu sabia o que estava fazendo:
dando um recado a todos os homens do lugar, deixando claro
que eu tinha dono. Eu que não ia reclamar de jeito nenhum.
Retribuiria à altura. Fomos interrompidos com o grito de seu
treinador.
— Jason, você tem que aquecer.
Tentei me afastar, mas seus braços não deixaram. Ele me
consumiu mais, tanto que meus lábios estavam duros pela
força do beijo. Depois, distanciou-se com um sorriso.
— Já estou aquecendo — respondeu ao seu treinador.
Dirigindo-se a mim, acrescentou: — Seja bem-vinda.
Pela primeira vez em muitos anos, minhas pernas
ficaram bambas devido aos seus beijos e amassos. Sempre
adorava isso, amava como meu corpo reagia a ele.
— E que boas-vindas, não é? — Sorri e me afastei, mas
segurei sua mão direita, que estava com umas ataduras
brancas. Olhei sobre seus ombros e vi um homem moreno nos
encarando surpreso, talvez por Jason estar com alguém. — Seu
treinador está esperando você.
Ele estreitou os olhos por um segundo e encarou Landon
atrás de mim, mortal.
— Você está aqui para trabalhar ou dar em cima da
minha mulher? — rosnou.
— Jason, somos colegas, então relaxe, ok? Concentre-se
na sua luta e nada mais — eu disse.
— Sossegue, cara, desde que conheço Tabitta, ela não
ficou com nenhum homem, não que eu saiba. Até achei que
fosse lésbica.
Eu revirei os olhos.
— Jason — chamou Silas, seu treinador. — Deixe para
namorar depois da luta.
Ri e beijei seu rosto.
— Vá, ficarei bem aqui até a hora em que for lutar.
Depois, precisamos conversar, tudo bem? — Hoje teríamos a
nossa conversa difícil.
Ele me avaliou, espantado.
— Você não… — Sua voz estava tomada de dor.
Logo entendi o seu medo: ele estava achando que eu o
deixaria de novo. Isso não aconteceria nunca. Estando perto
dele, sabia que jamais teria forças para abandoná-lo mais uma
vez. Eu devia ter ficado calada.
— Jason, não é nada disso. — Aproximei-me e sussurrei
em seu ouvido: — Eu juro.
— Então é sobre o quê? — sondou, afastando o rosto
dele para ver o meu. — É sobre o que disse antes, sobre
revelar tudo?
Antes que eu respondesse, o locutor anunciou:
— Agora, com vocês, o letal, mortal e destruidor…
Balaaaaaaa, a fera dos ringues. Vocês o querem?
Várias pessoas gritavam seu nome, e mulheres soltavam
“gostoso” e outros elogios — todos verdadeiros, devo dizer.
— Chegou a hora de ir lutar, vá — pedi com a voz
tranquila. — Eu não vou a lugar algum.
— Na hora da luta, fique perto do Silas, tudo bem? —
Eu estava prestes a discordar, quando ele acrescentou: — Por
favor, se eu não ver você, vou ficar louco.
Suspirei e dei um selinho nele.
— Eu prometo, agora vá. — Eu o empurrei na direção
do seu treinador. Jason vestia um calção preto e estava sem
camisa. Cobriu seus ombros largos com um roupão escuro.
Ele assentiu e se foi, sem nunca tirar os olhos de mim,
até que saiu porta afora. Meu coração doeu, porque fui eu
quem deixou esse medo nele. Se eu não tivesse aberto minha
boca, ele não estaria temeroso. Esperava que isso não
atrapalhasse sua luta.
— Tabitta, o que fez a esse homem? Ele parecia
assustado com a ideia de você partir — observou Landon.
— Vamos deixar isso de lado e tratar de sua segurança
— me esquivei.
Fui para perto de seu treinador e sentei em um banco de
madeira. Olhei para o Jason, no ringue junto com o Escorpião.
Todavia, seus olhos vinham a cada segundo em mim, como se
para ter certeza de que eu não fugira. Sorri para tranquilizá-lo.
— Desde quando conhece Jason? — perguntei a Silas,
enquanto a luta não começava. Os dois lutadores estavam de
frente um para o outro, com um juiz perto.
— Há quase quatro anos eu o encontrei brigando nas
ruas de Cambridge, Massachusetts. Nele eu vi um garoto com
potencial, mas que carregava uma dor profunda e muita raiva.
Então disse para usar essa raiva nos ringues, e foi o que ele
fez. Deu certo, mas ele nunca me disse o porquê da raiva e da
dor que eu via em sua expressão, até aquele dia na casa dele,
em que vocês foram atacados.
— Segunda? — Foi quando dormi em sua casa e
voltamos a namorar.
— Sim, ali eu descobri que você sempre foi a causadora
da angústia que o consumia. — Olhou-me de lado, depois para
o ringue — Veja sua expressão, está a cada segundo com medo
de você desaparecer daqui. Não foi preciso contar sobre vocês
dois, enxerguei o amor e a preocupação nos olhos de Jason
aquele dia.
Eu encolhi os ombros.
— Acho que falei demais antes dele subir no ringue…
— O que disse a ele? Num momento estava feliz por vê-
la, e no outro estava com medo de perder algo, ou melhor,
você.
Eu suspirei.
— Apenas disse que tínhamos de conversar, mas ele
levou como se eu já fosse contar que ia embora e o deixar. E
não é isso que vai acontecer, entende? — Jason se esquivou de
um gancho de direita. — Eu não posso mais viver longe dele,
já fiz isso por anos, e foram somente trevas em minha vida. —
Tirando minha filha e meus amigos.
— Não acha que foi uma hora inapropriada para dizer
isso? — censurou.
— Eu sei, expliquei que não era nada, que não iria a
lugar algum, mas…
— Mas ele não pareceu acreditar.
Estava prestes a comentar que isso não fazia sentido
quando meu telefone tocou.
— Preciso atender. — Ele assentiu e foi para perto do
ringue, onde Jason deu um soco em Escorpião, que cambaleou
para trás. Fiquei feliz por ele estar vencendo a luta. Seus fãs
iam à loucura com cada golpe dado no seu adversário,
principalmente as mulheres. Algumas até gritavam para ele se
casar com elas ou levá-las para sua casa. Tentei não pensar em
Jason com essas garotas, e nas que teve antes de eu retornar.
Precisava saber que tipo de problema Landon
mencionou. Ele mandou uma mensagem dizendo para
encontrá-lo no banheiro dos lutadores, porque tinha um pepino
lá para resolvermos.
— Preciso ir ao banheiro e já volto — falei ao treinador
de Jason.
— Droga, mulher, se você sair agora ele não vai lutar
mais. Já está mal, não parece estar se concentrando — criticou.
— Ele está lutando bem, não vê? Está ganhando…
Ele me cortou.
— Ganhando? Já era para ele ter nocauteado o cara faz
minutos — reclamou. — Agora quer sair?
— Eu não quero sair, mas tenho um problema para
resolver que envolve a segurança de Jason. E seu bem-estar é
mais importante do que tudo. — Parti antes que ele falasse
algo e corri para o banheiro, onde encontrei Chris e Landon
apontando a arma para um cara vestido de preto, escorado na
parede do canto. Parecia que os dois cuidaram dele muito bem,
porque havia machucados em toda a parte.
— O que está acontecendo, por que esse homem está
ferido? — perguntei.
Landon sorriu.
— O nosso cara aqui estava armado e veio com a
intenção de atirar em Jason, não é? — Landon chutou o
homem no chão.
O bandido, forte e moreno, gemeu com a pancada das
botas de Landon e olhou para mim. Sorrindo, pareceu esquecer
as dores que devia estar sentindo com todos esses ferimentos.
— Eu vim para acabar com você, não com Jason, sua
puta desgraçada, e vou matá-la. — Levantou-se e veio em
minha direção, querendo me atacar. Não deu tempo de eu me
defender, ou de os seguranças interferirem: um punho acertou
o cara, que caiu desmaiado no chão. Era o Jason. Arfei,
mirando seus olhos que estavam em mim, arregalados do que
podia jurar ser medo.
— Droga, Jason, você sempre dá socos assim nas
pessoas? E por que não está no ringue?
— Eu ganhei a luta — respondeu. — Que droga está
acontecendo aqui?
Espantei-me.
— Você ganhou a luta?
— Por que parece incrédula? — Landon ergueu as
sobrancelhas inquisitivas para mim. — Ele é Jason Falcon, a
fera dos ringues, não fica mais de dez minutos em um.
— Diria que estou impressionada. — Cheguei até Jason
e peguei sua mão direita. — Não tinha que estar no palco
recebendo seu prêmio?
Ele respirou fundo.
— Sim, mas eu não a vi, então encerrei a luta e fui te
procurar… Pensei que… — Estremeceu. Eu sabia o que ele
pensou, que eu havia ido embora.
— Ei, estou aqui — sussurrei, depois virei para o cara
inconsciente. — Com ele apagado, não vamos saber seu
motivo para querer me matar.
— Desculpe por isso, mas quando ele te chamou daquele
nome, não pude me controlar. — Jason apertou minha mão.
Olhei para o Chris.
— Leve-o para a polícia e fale para eles o interrogarem.
Precisam descobrir o porquê dele me odiar a ponto de vir
armado em um clube cheio de pessoas inocentes.
— Tudo bem — disse e saiu, levando o cara
desacordado com a ajuda de Landon.
Jason me beijou e me levantou do chão, me imprensando
na parede. Coloquei minhas pernas à sua volta. Meu braço não
doía mais, então podíamos aproveitar, mas não era o momento.
— Jason, não tem que estar lá fora? — ofegava nos seus
lábios.
— Agora eu só preciso estar dentro de você —
respondeu, baixando a alça da minha blusa enquanto consumia
a minha boca. Eu não usava mais a faixa, já que meu
machucado parecia seco, só uma gaze por cima.
Sabia o que ele estava fazendo ou tentando fazer: era
como se estivesse querendo deixar claro que era bom o
suficiente para eu não deixá-lo.
Meu corpo inteiro ardia pelo fogo causado por seu
toque, suas carícias e seus beijos, que me levavam ao céu. Não
queria interromper nosso momento, desejava matar essa
ardência dentro de mim.
— Jason, eu não posso… — sussurrei, desprendendo
minhas pernas de sua cintura e colocando meus pés no chão.
Afastou-se rápido, como se eu fosse uma cobra. O
tormento era visível nele.
— Não, você não pode… — Sua voz falhou, tomada de
dor. Pôs as mãos nos cabelos, parecendo querer arrancá-los.
— Jason…
— Você não pode me deixar de novo, não pode. — Seu
desespero machucava a minha alma. Estava a ponto de dizer
que não ia fazer isso quando ele caiu de joelhos na minha
frente, abraçando minha cintura para me manter ali para
sempre. — Não posso viver sem você… Não posso. Fiquei
louco desde o dia que disse que ia me revelar tudo, mas logo
vieram os pesadelos, onde você me deixa sozinho de novo…
A agonia é demais, eu não…
Minha garganta se fechou. Ali estava alguém que eu
quebrei há anos, que se tornou a casca de um homem que um
dia foi. Precisava deixar claro que nunca o abandonaria.
Toquei seus braços e o puxei para cima.
— Levante-se, Jason — pedi. Ele ergueu a cabeça e
olhou para mim com suas íris lindas e marejadas. — Não vou
deixar o único homem por quem eu andaria em brasas,
enfrentaria tudo como enfrentei nesses anos, vivendo na
solidão para mantê-lo a salvo. Não vou embora, não vou
abandoná-lo, Jason. Eu o amo com cada fibra do meu ser, da
minha alma. Não quero que tenha medo ou desconfie de mim
sempre.
Ele se levantou sem piscar e tirar os olhos de mim, com
medo de eu desaparecer em uma nuvem de fumaça.
— Pensei que estava prestes a dizer que tudo tinha
acabado mesmo antes de começar, igual acontecia nos meus
pesadelos. — Chegou perto e tocou meu rosto. Eu não sabia
que ele estava tendo pesadelos também. — Se não é isso, por
que me pediu para parar?
— Você parecia estar querendo provar alguma coisa
transando comigo. Nem sempre sexo é a chave de tudo —
sussurrei.
— Não é só para provar que sou homem o bastante, era
porque eu queria você, Taby, tanto que não sei o que fazer para
controlar o medo de perdê-la de novo.
— Você é mais do que homem para mim, não precisa
provar nada em relação a isso, ok? — Beijei seu peito nu. Sob
essa tatuagem de águia era onde estava a nossa borboleta;
mesmo ela tendo sido apagada, beijei o pássaro, porque ele
amava essa ave, e tudo que Jason amava, eu também adorava.
Minhas mãos foram para sua bermuda e a abaixei junto
com a cueca. Peguei seu pênis, que ficou duro com meu toque.
Caí de joelhos na sua frente com seu membro na minha cara e
olhei para ele.
— Taby, você não é mulher para ficar de joelhos na
frente de um homem, ainda mais dentro do banheiro de um
clube, você merece muito mais — disse, segurando meus
ombros na intenção de me levantar. Balancei a cabeça,
puxando seus shorts até seus joelhos. Usava mais a mão boa,
não forçando o meu ombro machucado.
— Quero isso com você, agora. — Peguei seu pau e
coloquei na minha boca, sem tirar os olhos dos dele.
Ele alisava meu rosto enquanto eu chupava e lambia
forte, fazendo com que fechasse os olhos.
— Oh, porra! Isso é bom — rosnou, rouco com desejo.
Ele se escorou na parede e suas mãos foram para a minha
cabeça, alisando meus cabelos.
Estava sem prática nessa área, afinal, foram anos sem
fazer um boquete nele, e estava mais grosso agora do que aos
seus dezoito anos, embora ainda saboroso como antes.
Lembrava-me da primeira vez que fiz um boquete nele, foi
quando tatuamos as nossas borboletas. Naquele dia, fomos
comemorar na cabana, então ele me ensinou a chupar seu pau,
o que adorei. Depois disso, fazíamos quase todas as noites.
Amava sentir seu gosto meio salgado de pré-sêmen,
adorava mais ouvir seus gemidos e gracejos. Aposto que ele
não estava falando com medo de alguém ouvir, porque
estávamos no vestiário do clube.
— Maravilhoso como eu me lembrava — rosnou sem
fôlego. — Estou perto, tão perto…
Acelerei meus movimentos e apertei suas bolas,
deixando-o mais alucinado. Com um ruído do fundo da
garganta, ele gozou na minha boca.
Eu estava com um baita tesão também, mas agora era
para ele, não eu. Precisava mostrar que estaria ali quando ele
precisasse de mim.
A nossa conversa seria bem complicada. Não sabia se
ele me perdoaria por ter feito tudo que fiz para protegê-lo, e
também por esconder nossa filha. Esperava que sim.
CAPÍTULO 12
Cativeiro
TABITTA
Acerto de contas
JASON
Perdão
TABITTA
Promessa
TABITTA
Infiltrados
JASON
Salvador
TABITTA
Dias atuais
― Porra cara, onde você está indo? ― sondou Daniel,
meu amigo de balada.
Antes, eu tinha Lucky e Ryan Donovan, e também
Jason Falcon, nós quatro saíamos para festas e pegávamos
garotas, adoidado. Mas agora todos eles estavam casados e
felizes com suas mulheres. Menos Daniel e eu, que ainda
continuávamos solteiros.
― Estou indo para Dallas, mas assim que chegar lá, eu
te dou um toque ― falei.
― Atrás dela de novo? Você sabe que está ferrado, não
sabe? ― disse com uma risada. ― Os irmãos dela vão acabar
com você.
― Obrigado ― resmunguei.
Há dois meses, após ver Laurel e a sentir em meus
braços, eu descobri que não tinha tido o suficiente daquela
mulher, por isso fui para Dallas. Olha que nem tínhamos
ficado juntos ainda. Mas prometi a ela que quando a caipira
estivesse sofrendo, eu estaria ao seu lado.
Amanhã seria o grande dia, o dia que meu amigo
Shade iria para a forca. Há dois meses, após o aniversário dele,
no qual ficou com Melissa, os dois resolveram namorar. Eu
não sei o que tinha acontecido para ele estar se casando com
ela.
Shade era calado, não era de se abrir muito, o único
que ele contava tudo era o Gave, que também não disse nada
sobre isso. Eu não o forcei a me contar seus motivos por se
casar com alguém que não amava.
Melissa não era vagabunda, mas era fria com todos.
Ela era conhecida como a dama de gelo. Não sei o que ele viu
nela, a menina era uma maldita geleira. Bom, gosto não se
discute.
― Você é louco. ― Ele sacudiu a cabeça.
Daniel era dono da editora Luxem, mas a vendeu para
o Ryan Donovan, que deu de presente para sua mulher,
Angelina. Louco, devo dizer, jamais faria algo assim, bom,
pensava isso antes de conhecer Laurel.
― Vai ficar tudo bem, não se preocupe com isso ―
falei. ― Esta tudo resolvido, depois que chegar lá, eu dou um
toque. Infelizmente você não pode ir, já que precisa treinar
para a próxima corrida.
― Sim, enquanto isso tome cuidado cara, os irmãos
dela vão matá-lo caso souberem que você anda louco pela
irmãzinha deles.
Depois que a conheci pessoalmente, eu passei a nutrir
sentimentos por Law, também vi como ela era bondosa. A
cidade inteira parecia gostar dela. Mas quem não gostaria?
― Droga Jordan, você sabe da furada e encrenca que
isso pode te causar? ― falou Daniel assim que eu fiquei
calado. ― Se os irmãos dela souberem, eles vão te castrar.
― Shade pediu que eu fosse para Dallas, convencer
Law a vender sua fazenda, ele quer que eu compre, para que
ela vá fazer alguma coisa fora da fazenda. ― Suspirei.
Eu fiquei chocado quando Shade veio até mim me
pedindo para comprar a fazenda de Laurel, ele me disse que
gostaria que ela viajasse e descobrisse o que mais gostava de
fazer.
O cara por ser meio irmão dela era bem cego, Laurel
atravessava a cidade para ir a um haras, que fica longe de sua
fazenda, podia ver seus olhos brilhando ao ver os cavalos
correndo nos pastos verdejantes, vi que aquilo era sua paixão.
Eu só não sabia o motivo de ela não fazer o mesmo em sua
fazenda, lá era tão lindo. Perfeito para fazer isso.
― Sim, pediu, mas não para você ficar cobiçando a
irmã dele, que por sinal, morre de amores por ele. ― Daniel
suspirou enquanto entrava em seu carro de corrida. O cara era
bom nisso.
― Não posso deixá-la apaixonada por ele. Amanhã é o
casamento dele, você sabe como me sinto e como ela está?
Machucada e sofrendo, não vou deixá-la se afundar em dor
enquanto Shade casa com Melissa. ― Passei as mãos nos
cabelos. ― Prometi que não a deixaria sofrer, não por ele,
igual será amanhã.
― Está apaixonado por ela, cara? ― perguntou
surpreso.
― Não, claro que não! ― respondi, não existia amor à
primeira vista, então eu não podia estar apaixonado, como isso
aconteceria comigo que era totalmente contra? Todos os meus
amigos caíram por mulheres, e agora estavam casados. Isso
não podia acontecer comigo, podia?
― Não? Cara, você ficou mais em Dallas do que aqui
durante esses dois meses, aposto que atrás dela, não é? ―
Arqueou suas sobrancelhas. ― Não venha me dizer que era
por trabalho, porque isso é besteira.
Daniel tinha razão quanto a isso, mas eu só estava
preocupado com ela, e também queria vê-la e saber o que fazia
da vida. Isso não podia ser paixão, não é? Sempre quando a
via, o meu coração acelerava como se fosse sair do peito.
Reação estranha, no qual nunca senti antes na minha vida,
assim como senti quando a beijei naquela noite.
― Isso não significa que seja amor ― retruquei.
Ele riu.
― É o que então? Perseguição? Jordan pensa bem, e se
for mesmo se aproximar da garota, diga a ela o que Shade
pediu para você, porque depois que ela souber que está perto
dela apenas com a intenção de tentar convencê-la a vender a
fazenda, as coisas não vão ficar bonitas ― falou ligando o
carro. ― Agora vou treinar, pois tenho uma corrida semana
que vem.
Eu assenti, ainda chocado, mas o que eu diria a ela?
Que ficaria perto dela para convencê-la a vender a fazenda?
Mas, eu não estava indo para fazer isso e sim para ficar ao
lado dela e tomar conta dela, por quê? Não fazia ideia, apenas
sabia que queria fazer isso.
Eu fui para Dallas para ir ao casamento de Shade, sabia
que agora teria que me aproximar dela e contar a verdade, no
fundo, eu torcia para que se lembrasse de mim assim que me
visse, mas ela não fez. Assim que entrei e sentei ao seu lado,
ela nem notou.
Eu perguntei ao Nilan se ela se lembrou de algo no dia
seguinte em que a deixei na casa deles, adormecida e bêbada.
Ele disse que não. Por isso fiquei afastado, caso ela se
lembrasse, eu teria ido até sua fazenda ao invés de ficar a
observando de longe.
Eu já tinha uma rede de hotel em Dallas, comprei
quando fechei um negócio ali para Lucky Donovan. Ele era
meu amigo e chefe, porque fechava muito negócio para o
mesmo. Não era à toa que o homem era bilionário. Agora pedi
a ele, há alguns meses, um tempo para que eu pudesse abrir
minha própria rede de hotéis. Mas o ajudava quando precisava
de mim. Agora com um hotel ali era bom. Era uma desculpa
para ficar perto da caipira.
Quando eu pensava em me aproximar de Laurel, pensei
que fosse ser como amigo e dar conselhos. Eu quase ri disso,
porque porra! Eu nunca tive uma amiga mulher, sempre foram
só homens. Eu só usava as mulheres para sexo e nada mais. E
gostava de fazer isso. Como uma bêbada caipira foi capaz de
mudar isso? O pior é que ela nem tinha noção do que me
causou, aliás, nem eu sabia, pensei amargo, mas não conseguia
tirá-la da minha cabeça nenhum segundo.
No avião para Vegas, era para eu ir apenas a
acompanhando, mas não sabia que a menina tinha medo de
avião, nenhum dos irmãos King me avisou sobre isso. Mas
como eles avisariam se não sabiam que eu andava seguindo a
irmã deles feito um louco? Se soubessem, eles me matariam
com certeza. Shade tinha noção de que fui para Dallas, mas
mesmo assim não me falou nada sobre Laurel e seu medo de
avião.
Eu sabia que a mãe dela tinha morrido em um acidente
de avião há alguns anos. Depois disso, Laurel foi morar na
fazenda e não havia quem a tirasse de lá. Pude ver que ela
amava aquele pedaço de terra, e não era só pelo fato de que
sua mãe gostava de lá, ela adorava tudo aquilo.
No avião, eu fiquei ao seu lado, mas estava com raiva,
porque ela andou em uma coisa, no qual temia, apenas por
amor ao Shade. Assim, ela também fez no aniversário dele há
dois meses, em Manhattan. Pelo que soube, ela não viajava
muito em aviões, só em carros e ônibus. Mas por ele, ela
enfrentava o medo, acredito que entraria na frente de uma
maldita bala, pensei amargo.
Uma coisa, no qual fiquei feliz foi beijá-la para que
não pensasse no local em que estava, e funcionou, mas aquele
beijo me consumiu mil vezes mais, do que a primeira vez em
que a beijei. Sabia que estava longe de ficar saciado por aquela
mulher. Se não estivéssemos em um avião perderia a cabeça e
a possuiria.
Minha função era ir para Vegas, e ficar ao lado dela
para não a deixar triste. Eu estava pensando como um doido,
pois podia sair por aí e foder à vontade, assim como fiz na
última vez em que estive ali para o casamento de Lucky e
Samantha. Mas agora não queria ninguém, só uma caipira, que
amava outro. A vida era realmente uma cadela.
Depois de deixá-la no hotel, fui ver meus amigos antes
do casamento. Só a deixei, porque ela queria ficar sozinha.
Aposto que para chorar por ele de novo.
Assim que entrei no salão onde seria ministrada a
cerimônia, eu o vi de pé com a expressão igual de quem estava
indo para um enterro.
― Devia melhorar essa cara, homem ― falei assim
que cheguei até ele. ― Parece que está em um enterro e não
no seu casamento.
Shade me olhou e suspirou.
― Que bom que chegou, hoje a Law vai estar aqui, e
quero que fique perto dela, eu sei que não faz sentido dizer
isso, mas quero que você não a deixe sofrer por minha causa
― falou ignorando meu comentário.
Embora não fosse preciso pedir, porque eu já iria fazer
justamente isso, mas não precisava mencionar, talvez depois.
― Você sabe o que ela sente, então? Por que nunca
disse nada, é pelo fato de que não a ama dessa forma? ―
sondei.
Ele balançou a cabeça.
― Sim, eu sei, mas não posso retribuir o mesmo, só
quero que ela viva e seja feliz; que corra atrás de seus sonhos,
e não ficar enfurnada em uma fazenda por ser herança de sua
mãe.
― Ela pode não querer tudo isso, e sim viver na
fazenda por ela mesma e não por causa de ninguém. Já pensou
nisso?
Ele balançou a cabeça.
― É porque você não viu o desenho arquitetônico de
uma casa que ela fez para sua amiga, o modo que Law fazia
era tão intenso como se amasse fazer aquilo, inclusive, ela ia
se formar nisso, mas veio o acidente e tudo mais, então
desistiu e se afundou na fazenda ― sussurrou. ― Eu quero
que Laurel não desista de nada por pensar que sua mãe iria
querer ela lá, casar e ter filhos naquele lugar.
Arquitetura? Então ela é boa nisso? Acho que sabia
exatamente o que fazer.
― Me diga uma coisa, você realmente não a ama como
mulher? ― falei baixo, tomando o cuidado para a noiva dele
não ouvir. Não queria problemas ali, embora a cara dela não
parecesse feliz por estar se casando.
Ele olhou para Melissa, que estava perto da porta
conversando com uma mulher. Ela vestia um vestido branco,
mas também não parecia feliz. Estranho esses dois estarem se
casando sem gostar um do outro.
― Não, eu não a amo dessa forma ― disse voltando
seus olhos para mim.
Suspirei, porque se ele gostasse dela, eu não poderia
fazer minhas investidas. Embora se Shade a amasse e não
ficasse com ela, eu arrebentaria sua cara por fazê-la sofrer.
Eles se prepararam para começar a cerimônia, Melissa
veio com Gave, segurando seu braço. Pelo que soube, ela não
tinha irmãos ou família. Ingressou na carreira musical cedo.
Muito famosa, uma cantora pop de sucesso, quase igual à
banda King.
Shade e Melissa estavam falando seus votos de
casamento, prometendo amor a vida inteira e todas essas
merdas, contudo ele jamais conseguiria ser feliz se os dois não
se amavam. Talvez fosse um negócio de publicidade, porque
grávida, ela não estava, por que se tivesse com certeza me
contariam, não é?
Laurel não apareceu, notei que toda a sua família
olhava para ver se ela estava presente, mas nada disso
aconteceu. Shade e Nilan pareciam preocupados, supus que só
os dois sabiam sobre o que ela sentia, o amor dela por um
homem, no qual não podia ter.
Eu estava a ponto de sair dali quando olhei para o
canto do salão, e a vi com os olhos molhados e vermelhos de
chorar. Ninguém pareceu notá-la ali, porque ela estava
escondida atrás de uma planta. Eu só a vi, porque varri meus
olhos pelo lugar a sua procura.
Quando o ministro os declarou casados, Law foi
embora quase correndo. Porque acredito que isso era difícil
para ela.
Eu saí antes de desejar parabéns aos noivos, mas
ninguém ali sentiria falta disso, afinal, nenhum dos dois
parecia querer estar ali.
Quando a vi destruída, naquele bar, eu quis matar o
Shade, porque já a vi sofrendo por ele em Manhattan, mas não
como agora. A dor estava evidente em seus olhos, mas como
naquela noite em que fiquei ao seu lado, pude ver que a ajudei
a esquecer a dor, agora também faria isso, se fosse preciso lhe
dar prazer, então faria com certeza.
Cheguei nela e falei que faria tudo por ela naquele dia,
que realizaria seus desejos, embora quando soube do que Law
queria, devo dizer que fiquei chocado por um segundo. Porque
a menina era linda, e se fosse em circunstâncias diferentes,
aposto que ela não seria virgem, não por ser sem vergonha,
mas pelo fato de Law ter cara de que faria isso, mas não fez
apenas por amar e querer o Shade, e no fundo estava se
guardando para ele.
Eu não estava triste por isso, porque após tê-la em
meus braços, na noite anterior, eu a senti toda linda e com
toque de inocência. Jamais fiquei com uma virgem antes, mas
também nunca me casei na minha vida. Se meus amigos
soubessem diriam que eu estava louco, talvez estivesse. Quem
se importa? O bom era realizar todos os meus sonhos e desejo.
Apesar de inexperiente na cama, a mulher foi
excepcional, só de pensar em seus lábios em volta do meu pau,
sugando-o e lambendo-o com fome, como se fosse seu
alimento mais saboroso do mundo. Nossa! Nunca me senti
assim como se fosse um adolescente em meio à puberdade,
louco e ansioso por sua bela namorada.
Capítulo sete
Laurel
Quando Taylor entrou na fazenda para ficar comigo,
achei que ele não ia gostar dali, dessa vida, porque o mesmo
tinha cara de ser rico, aliás, Tay era rico; suas roupas e o gasto
que teve com o casamento, as joias e tudo mais comprovava
isso.
Ele parecia admirado com o lugar como se gostasse de
ficar ali. Estava gostando disso, esse homem era o único que
me falava para fazer o que gostava, meus irmãos sempre
diziam que isso ficava bom e, ou que ficava maravilhoso, mas
nunca perguntavam de fato o que eu gostava de fazer.
Uma vez, Shade perguntou isso para mim, o que eu
gostaria de fazer da minha vida. Eu menti, dizendo que não
queria nada da vida. Mas isso não era verdade, porque eu tinha
um sonho, um que não contei a ninguém. Isso antes da minha
mãe morrer, depois veio a tragédia, agora eu só vivia para a
fazenda, embora amasse aquilo como nunca.
Mas fiquei feliz por ver como Tay agiu em minha casa.
Um homem que parecia entender e saber o que eu queria,
antes mesmo de eu falar algo ou demonstrar o que desejava de
fato. Acho que é por isso que eu adorava estar com ele, o
mesmo me fazia esquecer tudo a minha volta. Os problemas.
Era egoísmo querê-lo apenas para amenizar a dor. Talvez no
futuro me apaixonasse por ele.
Taylor era um homem que parecia ser correto, pelas
coisas que fazia ou sentia em relação a mim, só se eu fosse
uma idiota por ignorar e rejeitar ficar com ele. Tay era alguém
que mamãe aprovaria com certeza, um homem que ela
escolheria para ser meu namorado.
― Você me impressiona a cada momento em que passo
ao seu lado, caipira. ― Ele alisou meu queixo. ― Sua avó já
chegou de Vegas? Ela costuma vir aqui direto?
― Por que você quer saber? ― Eu estava ofegante
com o seu toque, aliás, ele me deixava toda mole como
marshmallow.
― Por que acho que ela não aprovaria as coisas que
farei com você agora. Ainda mais se ela chegar aqui para
atrapalhar o que pretendo fazer ― falou, também com
dificuldade de respirar.
― O que seria? ― comentei com um sorriso maroto.
― Porque vovó não está em casa, e também não vem hoje, ela
foi visitar minha tia, que mora perto de Vegas.
Ele me empurrou no sofá branco com rosa, minha sala
não era grande, tinha duas janelas de madeira, que se abriam
para os dois lados. Dois sofás de dois e três lugares, mas tinha
um sofá cama no meio da sala, foi nesse que Tay me jogou e
caiu de joelhos no chão na minha frente com um sorriso
pecaminoso e sexy.
― Está louca para ter meu toque? ― Pegou minha
blusa com botões na frente e puxou para os lados como se
fosse um pano velho. Botões voaram para todos os lados, mas
o gesto me fez ofegar, tanto que gritei. ― Lindo, meus bebes.
― expirou com o nariz no meu sutiã branco.
Meu peito subia e descia com ardor e prazer, seu toque
me queimava por dentro de forma prazerosa e intensa, que me
deixava tremulando por todos os lados, principalmente, no
meio de minhas pernas.
O meu centro pulsava querendo esse homem, ansiando
por ele com desejo, prazer e luxuria. Não me importei que
estivesse com vergonha, não liguei por corar, eu apenas o
queria como nunca quis nada na minha vida, só precisava
senti-lo mais dele ou surtaria.
― Taylor… ― sussurrei ofegante e com ardor.
― Sente-se quente? ― Sorriu passeando com seus
dedos sobre meu decote e minha barriga plana indo na direção
de onde eu ansiava por ele.
― E como! Por favor…
― O que deseja que eu faça? Me diz que farei qualquer
coisa ― disse com desejo na voz. ― Realizarei suas fantasias
mais profundas.
Eu pisquei.
― Jura?
― Sim, o que deseja?
― Ser algemada na cama enquanto sinto sua boca…
― gaguejei ao falar.
― Onde quer minha boca e língua? ― o seu tom era
abrasador.
― Por todo o meu corpo… ― eu não era puritana, e
ele despertava desejos escondidos, nos quais jamais pensei ter
na vida.
― Vamos ter um problema, não tenho algemas
comigo, mas posso providenciar uma com certeza ― garantiu
rouco.
― Eu tenho no meu quarto ― comentei com a voz
fraca.
Ele franziu a testa.
― Seu quarto? Posso saber por que as tem? ― Agora
tinha um gosto amargo ao pronunciar isso.
― Não é pelo motivo que está pensando ― falei,
porque aposto que essa sombra escura em seu rosto se devia ao
fato de ele pensar que eu queria fazer isso com Shade, ou
desejava isso, mas o estranho é que nunca pensei sobre isso, é
claro que me imaginava estar transando com ele, mas não
dessa forma que queria com Tay. Estranho.
― Fiz uma promessa com minha amiga, sempre que
perco uma aposta, no qual fazemos, sou obrigada a comprar
algo de sex shop.
― Sempre? Quer dizer que tem mais coisas além de
algemas? ― Sorriu se levantando e me levando com ele. ―
Me mostre o que tem.
― Agora? ― reclamei. ― Mas estávamos bem no
momento…
Ele riu do meu tom relutante.
― Sim, agora vamos conferir o motivo de eu estar
louco para possuir você ― Seu olhar era quente ao varrer os
olhos sobre o meu corpo.
Não reclamei mais, só o levei para o meu quarto no
final do corredor a direita. O quarto era grande, com uma cama
king size e janelas de vidros, antes era madeira, mas mudei,
porque gostava de ver o Sol nascendo através dela. A vista era
magnífica.
Tinha um guarda-roupa perto da porta do banheiro e
uma penteadeira com minhas coisas, que usava no dia a dia,
embora não fosse chegada a me maquiar, às vezes fazia isso.
― Quarto lindo! ― observou olhando ao redor. ―
Com uma vista linda para um riacho.
― Obrigada, adoro a cachoeira, e também é onde o Sol
nasce no horizonte ― sussurrei olhando lá fora, para o verde, e
para a cascata que caía, não muito longe da casa. Tinha outra
cachoeira maior, mas ficava mais acima, lá era onde ficavam
meus cavalos durante o dia. Onde sonhava em construir um
haras futuramente.
― Linda mesmo ― falou, mas agora olhando para
mim. ― Agora onde está tudo o que comprou? Quero ver
tudo.
Eu assenti e fui até o armário pegar a grande caixa
quadrada, no qual guardava todos meus pertences adquiridos
por causa das apostas perdidas. Entreguei a ele enquanto o
mesmo a abria.
― Nossa! Quis usar isso? ― Sorriu pegando um creme
anal.
Eu corei.
― Aposta perdida, lembra? Por isso comprei ―
declarei.
Ele riu.
― Sim, mas você com certeza pegou o que ansiava
usar, não é?
― Pode ser, mas não estou pronta para isso hoje ―
falei e depois emendei, porque sua expressão desmoronou um
pouco. ― Talvez outra hora?
Sorriu, tão lindo! Aposto que ele imaginou que eu
estava pensando em fazer isso com Shade. Mas nunca me
imaginei fazendo isso com ele e nem com ninguém, por isso
esclareci.
― Claro ― disse e pegou um dildo e me olhou com os
olhos estreitos. ― Foi com esse que rompeu seu hímen tirando
sua virgindade?
― Sim, há alguns meses, fiquei curiosa e fiz ―
sussurrei envergonhada.
― Sente-se curiosa com mais alguma coisa, além das
algemas? Se tiver vamos fazer depois.
― Tudo bem ― respondi indo para ele, mas o mesmo
se afastou sacudindo a cabeça. ― O que foi?
Não sei se ele percebeu o tom magoado na minha voz,
mas me puxou para seus braços e beijou minha testa sem
nunca tirar os olhos dos meus.
― Nada, só quero que deite na cama e coloque as
mãos para cima e faça o que eu mandar, vai fazer isso? ―
Seus olhos estavam brilhantes.
Fiquei aliviada por ele ainda me querer, quando me
afastou senti algo que não entendi direito o que era, mas meu
coração deu uma pontada dolorida. Esperava que no futuro ele
não me machucasse caso me apaixonasse por ele. Por que
queria que nosso caso desse certo, porque ele era alguém que
eu podia ter.
Seu toque sempre me deixava quente e necessitada por
ele, de forma que me fazia quase suplicar por seus beijos e
abraços, aliás, por ele inteiro.
Eu fiz o que ele me mandou, me deitei na cama só de
sutiã e calcinha, e botas. Não as tirei, pois ele gostava de me
ver assim.
Tay tinha tudo que um homem precisava para fazer
uma mulher realizada, porque eu me sentia assim de forma
irrevogável.
― Tay…
― O que deseja, minha caipira linda? ― Seus dedos
esquadrinhavam entre meus seios me deixando louca e
remexendo na cama como uma lagarta na areia quente, isso, eu
estava quente. ― Me diga e vou ver se posso fazer, ou deseja
que eu seja criativo?
Eu ofeguei com seu toque.
― Seja criativo, sei que vou gostar do que tem para
mim ― minha voz falhou devido ao fogo que me consumia.
Ele sorriu.
― Bom saber, minha linda. ― Tocou na ponta do meu
nariz com o dedo e se afastou mexendo nas gavetas, até que
achou o que procurava.
― Uma echarpe? ― Eu arqueei as sobrancelhas para
ele.
― Tenho que improvisar já que você não tem uma
venda. ― Chegou perto de mim. ― Vou cobrir seus olhos,
assim vai aproveitar mais.
Olhei em seus olhos azuis lindos, e ali parecia ter
diversão, mas tinha excitação também. Gostei muito disso.
Assenti.
― Confio em você ― declarei, embora o tivesse
conhecido ontem, ainda sim confiava nele. Talvez, eu não me
lembrasse do que tinha acontecido há dois meses, em
Manhattan, mas talvez de alguma forma, meu subconsciente
soubesse, seja como for, eu estava adorando realizar tudo isso
com ele.
Eu fechei os olhos enquanto sentia seus dedos e
echarpe cobrindo-os.
― Obrigado, linda ― sua voz era quente, aliás, ele
parecia uma fornalha. Seus lábios depositaram um beijo suave
na ponta do meu nariz, um gesto tão simples, mas muito
intenso devo dizer.
Eu adorava sentir seu calor, seu cheiro, era um
sentimento estranho, mas bom, como se tivesse sentido isso a
minha vida inteira. E não queria deixar de sentir nunca.
― Tay… ― chorei abrindo minhas pernas como se
não tivesse controle sobre elas.
― Está molhada para mim? ― Senti um dedo em
minha entrada.
― Sim, e como! Quero que você mate esse fogo que
está entre minhas pernas ― falar com os olhos fechados me
dava mais coragem.
― Estou contando com isso, agora vou tomar conta de
você, caipira ― sussurrou com a voz rouca próximo da minha
pele e ainda com seus dedos sobre a minha calcinha, e depois
subiu sobre minha pele. Onde tocava, um rastro quente surgia
me fazendo salpicar para cima.
― Vire-se de costas com as mãos para cima, e levante
essa bundinha, linda caipira ― ordenou com a voz intensa e
sexy.
Eu ofeguei com meu corpo pegando fogo. Seu toque
era como um vulcão em erupção.
― Isso, minha linda, agora com o rosto no colchão e as
mãos para cima, levante sua bunda no ar ― ordenou ele.
Eu tentei não corar ao imaginar a cena de como me
pareceria nessa posição, mas fiz o que me foi mandado com
certeza.
― Cristo, você é linda demais ― arrulhou quase
abobado.
Eu estremeci ao sentir seu hálito quente na minha
bunda. Eu estava pronta para tocá-lo quando as algemas
vieram para os meus pulsos, e ele os prendeu na cabeceira da
cama.
― Você presa é como um sonho deslumbrante, no qual
jamais quero perder ― rosnou dando um tapa na minha bunda.
Eu juro que gozei na hora, ou estava perto de isso
acontecer.
― Acredita que fiquei mais molhada do que já estou?
― minha voz era fraca.
― Bom ― ouvi o sorriso em sua voz sexy, ele deu um
puxão e minha calcinha se foi. ― Sua boceta está brilhosa, e
escorregando o meu sabor preferido por entre os lábios dela.
Uma visão dos céus.
Eu corei ao imaginar a cena, e estremeci remexendo
minha bunda, tamanho era o atrito.
― Puta merda! ― gritei quando do nada, sua língua
me cobriu, puxando meu clitóris e degustando-o. Suas mãos
fixaram-se em meus quadris para mantê-lo no lugar, pensei.
Porque eu me remexia feito louca, querendo mais dele.
― Não puxa muito suas mãos para não ferir seus
pulsos ― rosnou e enfiou um dedo em mim, me fazendo
ofegar. ― Isso, geme, minha caipira.
Eu não puxei minhas mãos, mas minha vontade era
mexer e tocar nele. Gritei quando senti seu polegar esfregar
meu clitóris.
― Porra, você está tão molhada para mim. ― De
repente, seus dedos mágicos se foram, mas antes que eu
protestasse, senti sua língua me invadir.
― Puta que pariu! — gritei e empurrei mais a minha
bunda em sua boca não me importando com a vergonha. ―
Isso é bom…
― Goza na minha boca, linda ― sua ordem foi direto
no meu centro, porque tudo explodiu comigo gritando seu
nome.
Eu ainda estava tremendo quando senti seu pênis em
mim, e afundou tão fundo que gritei com êxtase e começou a
bombear dentro de mim.
― Mais forte ― pedi.
― Você quer ser fodida com mais força? ― Beijou
minhas costas me fazendo arrepiar ainda mais.
― Sim… ― suas mãos pegaram meu cabelo e os
puxou para trás me fazendo gritar enquanto me estocava com
mais força.
― Oh, Deus! Isso é bom… ― chorei com clamor.
Seus dedos apertaram meus quadris, e depois os senti
em meu clitóris esfregando-o com força.
― Isso, caipira, goza no meu pau ― rosnou rouco
dando uma última estocada quando tudo brilhou e fui
arrebatada. Ele seguiu logo atrás com um rugido prazeroso.
Eu caí na cama, com ele em cima de mim e ainda
dentro de mim. Seus lábios estavam em meu pescoço e em
meus lábios me fazendo tremer.
― Mulher, assim você me mata ― declarou nos meus
lábios.
Eu sorri.
— Eu digo o mesmo, querido.
Ele tirou a echarpe que cobria meus olhos e pisquei
vendo seus olhos brilhantes. Tay saiu de mim, mas ficou do
meu lado.
Eu toquei seu glorioso rosto assim que ele retirou as
algemas de mim.
― Obrigada.
Ele arqueou as sobrancelhas.
― Pelo quê? Por fode-la com força? ― Sorriu
libidinoso. ― Isso é um privilégio.
― Você é bom ― falei tentando não pensar nas
mulheres que ele teve antes de mim.
― Então, eu acho que vou ter que melhorar meus
quesitos na cama, já que recebi somente um “bom”. Eu estava
pensando mais na categoria de “maravilhoso e esplêndido”. ―
Ele me virou e pairou em cima de mim.
Eu ri tocando seus cabelos que estavam caindo na
frente de seu rosto e no meu.
― Acho que vai ter que provar mais um pouco ―
brinquei, porque se ele melhorasse, eu teria dificuldade de
andar depois, embora estivesse adorando fazer tudo com ele.
― Então se prepare ― disse sorrindo.
***
Acordei de noite com o som de uma voz linda
cantando na escuridão com o som Ed Sheeran - Photograph.
Ele estava tocando no meu violão, que havia ganho da
minha mãe. A voz do Tay soava como a brisa do vento, tão
leve e tão intenso; algumas palavras da música tinham um
significado intenso, como se ele estivesse sofrendo por amor.
Não acho que estivesse apaixonado por outra, será que era por
mim? Por que um cara aceitaria ficar com uma mulher
enquanto a mesma gostava de outro? Só podia ser por me
amar, se fosse pelo sexo, ele poderia ter qualquer mulher.
Meu coração se comoveu ao ver a forma em que ele
pensava que podia sair machucado dessa relação. Mas também
tinha a promessa de nunca me deixar sozinha, e para esperá-lo
voltar para casa. Será que ele pensava em ir embora? Não
conseguiria esperar até que meus sentimentos por Shade
estivessem resolvidos? Porque era isso o que eu queria, e
lutaria para ter somente o Tay na minha vida e em tudo de
mim.
Ele cantava na canção que amar podia curar sua alma.
Será que era isso que ele estava se referindo? Que através do
amor, ele poderia me curar? Queria poder perguntar a ele, mas
não queria estragar o momento de sua melodia intensa. Eu
fechei meus olhos e fingi estar dormindo.
Assim que a canção terminou, ele expirou como se
estivesse com dificuldade de respirar ou doesse. Senti seus
dedos em meus cabelos.
― Você tem essa capacidade de me machucar como
nunca ninguém teve ― falou, e por breve segundo, pensei que
soubesse que eu estivesse acordada. Mas ele continuou: ― Eu
vou correr o risco, porque não posso ficar longe de você. Eu
nunca vou deixá-la ir embora.
Ele se afastou após um segundo e se levantou da cama,
ouvi um baque surdo como se tivesse guardando o violão,
depois uma porta sendo aberta e fechada.
Eu abri os olhos e olhei para a porta fechada, no qual
ele havia saído. Meu coração estava doendo com o que acabei
ouvindo. Ele realmente gostava de mim, mas o que isso fazia
de mim? Eu era uma cadela que o aceitava correndo o risco de
não me apaixonar por ele, ou terminava o que tínhamos?
Estremeci só de pensar nisso.
Eu sacudi a cabeça e me levantei, e fui procurá-lo,
precisava dizer a ele tudo o que eu sentia naquele momento.
Tay estava na cozinha, sentado com um copo de água
sobre a mesa.
― Eu não vou machucá-lo ― sussurrei.
Ele me olhou, mas não disse nada, então fui até ele e
me sentei em seu colo e coloquei os braços em volta de seu
pescoço.
― Eu juro que não vou machucá-lo, mas quero que me
prometa o mesmo para quando eu me apaixonar por você ―
pedi, alisando seu rosto.
Ele me pegou pela cintura e me colocou na mesa
puxando minha camisola para fora do meu corpo e logo estava
me possuindo, me preenchendo com seu bem precioso, pelo
menos era para mim.
― Com meu pau dentro de você, eu juro que não vou
machucá-la ao se apaixonar por mim. Que a amarei em cada
segundo e a farei a mulher mais feliz do mundo. ― Ele me
beijou selando a promessa.
Capítulo oito
Laurel
Os dias seguintes foram os mais felizes que já tive. Ele
não falou sobre o momento em que cantou algumas noites
atrás. Mas notei que ele estava feliz com o que eu disse a ele.
Eu também estava, afinal de contas, isso era verdadeiro.
Com o passar dos dias ao lado dele, eu não pensava
mais no que sentia por Shade, aliás, nem pensava mais nele.
Não com interesse, claro. Era isso que eu queria ter, apenas o
Tay na minha mente.
Eu estava deitada em frente a cachoeira, sobre um
cobertor fino, que coloquei no chão. Tay estava ao meu lado,
de short de banho, e eu com meu biquíni preto.
Nós estávamos sozinhos neste lado da fazenda. Sentei-
me e olhei para frente admirando a beleza do lugar, os pastos
do outro lado do riacho. Tinha uma cerca que impedia de meus
cavalos chegarem ao riacho.
― Esse lugar é magnífico, você já pensou alguma vez
em vendê-lo? ― sondou ele. ― Por que seria um desperdício.
Eu suspirei.
― Não, eu nunca vou vender. Até já tive propostas
tentadoras, mas está vendo aqueles cavalos lá? Aquele preto?
― apontei para frente ― Eu o chamo de corcel negro, às vezes
venho aqui e o vejo correr, ele é tão lindo que adoraria montá-
lo.
― Por que não o faz? ― Ele olhava para o animal
belo, correndo com suas crinas voando com o vento.
― Porque ele é selvagem, não consegui domá-lo, mas
gostei dele desde a primeira vez que o vi. Seu antigo dono ia
sacrificá-lo por ele quase ter matado a filha dele, que tentou
montá-lo. ― Eu apertei as mãos com raiva, lembrando. ― Ela
sabia que ele era um cavalo selvagem, e foi avisada para não o
montar, mas sabe aquelas pessoas turronas, que não ouvem
ninguém?
― Sim.
― Então, essa mulher era assim, por que ela tinha
vinte três anos, então sabia o que estava fazendo, não é? Por
que montá-lo? O pior foi que depois que ela caiu, os pais dela
queriam sacrificá-lo, mas não deixei e briguei com eles. Eles
eram amigos da minha mãe. Falei que ia comprá-lo. ― Eu ri
amarga. ― Sabe o que o fodido fez? Ele ia matá-lo, mas
quando falei em comprar, ele pediu uma quantia exorbitante.
Shade comprou para mim.
Ele ficou calado por um segundo, então olhei para ele,
que estava sério.
― O que foi?
Ele sacudiu a cabeça.
― Nada ― falou e mudou de assunto. ― Por que vai
ao haras do outro lado da cidade? Por que não faz um aqui?
Esse lugar é simplesmente perfeito para fazer isso. Há espaço.
Eu pisquei
― Sabe que sempre quis fazer um aqui, mas as coisas
não saíram conforme planejei ― comentei.
Ele estava prestes a falar alguma coisa, mas fomos
interrompidos com o meu celular.
― Alô? ― atendi sem olhar na tela, porque estava com
os olhos em Tay. Eu deitei no pano de costas.
― Como está a minha princesa? ― perguntou Nilan
com tom preocupado.
― Eu estou bem, Nilan, ficaria melhor se parasse de
perguntar isso ― falei com um suspiro.
― Não pode me culpar por me preocupar com a minha
irmãzinha linda ― disse com um sorriso na voz. ― Sabe que
se precisar de mim é só gritar e, eu irei correndo para você.
― Eu sei que viria correndo se eu precisasse, mas
agora não preciso, porque estou mais do que bem ― garanti e
toquei o rosto de Tay, com a barba um pouco grande, no qual
estava adorando na hora do sexo oral. Alisei-as com as pontas
dos dedos.
Ele sorriu para mim, adivinhando o que eu estava
pensando. Agachou-se na minha frente e abriu minhas pernas.
No dia anterior, eu disse que adorava o que estava sentindo
com sua barba grande. Ele sorriu e disse que ia mantê-la
assim.
Eu sacudi a cabeça para que ele não fizesse o que
estava pensando. Tentei fechar as pernas, mas Tay não deixou
e abriu mais.
― Tudo bem, querida ― disse Nilan. ― Como está na
fazenda?
― Bem… ― minha voz tremeu assim que Tay puxou
a calcinha do biquíni para baixo e a tirou de mim.
― Não ― falei para Tay, mas sem que saísse som da
boca, para Nilan não ouvir.
Ele não disse nada, mas abaixou o rosto na minha
boceta e sugou meu clitóris me fazendo reprimir um gemido
de puro prazer.
― Você está bem? ― perguntou Nilan com
preocupação.
― Sim…
― Você parece estar ofegante ― observou com tom
confuso.
― Estou malhando, o exercício é bem pesado… ―
merda. Peguei os cabelos de Tay e puxei, mas ele não me
deixou, apenas me degustou mais.
― Você não precisa fazer essas merdas, seu corpo é
perfeito ― disse com orgulho, mas também com tom amargo.
― Não sabe o tanto de garotos na escola que tive que bater,
quando diziam que você era quente.
O quente ele acertou em cheio, porque agora cada uma
das minhas células parecia estar em erupção.
― Obrigada…
― Escuta, eu soube de um leilão de cavalos que vai ter
em Dallas hoje ― disse ele.
― Hummm, eu soube ― Não entendi o motivo de ele
ter perguntado, mas estava com a mente vaga por causa da
boca de Tay em mim, isso não me deixava pensar direito.
― Bom, providenciei dois ingressos para você, basta
pegar na entrada, pode levar a Sabrina, eu soube que vai ter
dois cavalos árabes lá, se você quiser fazer o lance pode fazer,
que eu pago o preço que for.
Eu pigarreei.
― Obrigada, Nilan. ― Pigarreei, comovida e minha
voz falhou devido a uma língua vagando dentro de mim. ―
Preciso ir… ― desliguei e gemi encontrando os olhos de Tay
― Merda, isso é bom demais, mas fazer isso, enquanto falo
com meu irmão é constrangedor.
Ele tirou a boca de mim um segundo, e sorriu de modo
pervertido.
― Caipira, é só pensar que ele não poderá vê-la e nem
ninguém. ― Ele gesticulou ao redor. ― Estamos sozinhos, e
você ficou tocando minha barba desejando-a entre suas pernas,
estou só fazendo seu desejo.
― Quando foi que eu disse que o queria entre minhas
pernas? ― Ofeguei puxando-o para mim e o beijando com
fome.
― Hummm, ontem à noite ― sussurrou nos meus
lábios.
Eu sorri.
― Certo você venceu, e adoraria ficar a tarde inteira
aqui, mas… ― eu o empurrei de costas e abaixei seu short e
subi nele e, em seguida, me encaixei em seu bem precioso
duro. Montei nele com as mãos em seu peito e as suas vieram
para os meus seios, massageando e apertando-os de forma
enlouquecedora.
― Cristo, essa visão é deslumbrante ― rosnou ele. ―
Rebole em meu pau, linda.
Eu fiz o que ele me mandou, porque seu tom usado,
enquanto estávamos transando era enlouquecedor e, eu
adorava cada momento. Não queria perder isso nunca. Uma
sensação de calor entrou em meu peito ao encontrar seus olhos
preciosos, igual ao céu sobre nossas cabeças.
Seus dedos foram para o meu clitóris me fazendo
tremer e gemer com um orgasmo alucinante, ele veio logo
atrás e me puxou para um beijo quente e selvagem.
― Você me tira o fôlego ― falei dando um selinho
antes de sair de cima dele e olhei minhas pernas molhadas. ―
Não usamos camisinha.
Ele ajeitou seu short e pegou minha parte de baixo do
biquíni e depois olhou para mim.
― Bom, você começou a tomar anticoncepcional,
então pensei em parar de usar camisinha e sentir a sua boceta
quente apertar o meu pau quando goza. A quentura é
sensacional. ― Sorriu me entregando a calcinha. ― A não ser
que não acredite que estou só com você. E antes, eu sempre
usei caminha, então não tenho quaisquer doenças.
Eu me remexi com suas palavras intensas demais. Mas
sobre a doença, ele me fez franzir o cenho.
― Eu acredito que você não está vendo ninguém, Tay,
não é isso, é só que eu me esqueço de tomar os comprimidos
às vezes, isso pode causar um efeito colateral, já imaginou?
― Vou lembrá-la todos os dias, mas se acontecer, eu
estarei aqui para você, embora queira aproveitar cada segundo
com você antes de ter filhos ― disse se levantando e me
puxando para a cachoeira. ― Agora vamos dar um mergulho.
Eu assenti, ainda de boca aberta por ele querer ficar
para sempre ao meu lado. Então cada dia comprovava que ele
cumpriria a promessa expressa naquela música, que estaria
comigo.
Eu vesti minha calcinha e olhei para ele que estava
com os olhos em mim.
― Você é tão linda que eu podia ficar o dia todo
olhando para você ― disse admirado e me puxou para seus
braços beijando a minha boca.
Eu retribuí e me afastei, meio ofegante.
― Você que é lindo ― afirmei e saí da água. ― Agora
vamos embora?
― Por que a pressa? ― perguntou enquanto me seguia.
Eu peguei minha roupa e vesti, e o fitei ainda de short e
peito nu. Isso me fazia babar por ele o dia todo e não me
cansaria de forma alguma, aliás, eu amaria cada segundo. Tay
era esplêndido. Quanto mais eu tinha dele, mais queria ter,
nunca era suficiente, não com ele.
― Adoro esse olhar em seu rosto ― comentou com
um sorrio maroto.
Eu corei.
― Parece que nunca é suficiente estar em seus braços
― falei a verdade, o fazendo aumentar o sorriso. ― Mas tenho
um compromisso hoje, então vamos ter que esperar para
aproveitar nossa lua de mel.
Ele riu caloroso.
― Lua de mel, hein? ― Ele piscou. ― Estou adorando
isso.
― Eu também. ― Sorri também.
― Que compromisso é esse, já que estamos no fim de
semana? ― sondou enquanto vestia a camiseta sem tirar os
olhos dos meus.
― Tem um leilão de cavalos acontecendo hoje, aqui
em Dallas, Nilan me disse que comprou os ingressos ― falei a
ele. ― Estou há muito tempo querendo ir para comprar um
cavalo árabe. Já tenho o Persa, Andaluz, que é original da
Espanha, e alguns outros, mas estava louca por um árabe.
― Você vai a um leilão de cavalos, hoje? ― Ele me
avaliava, tinha algo em seu tom que estava o incomodando. ―
Por que não me falou antes?
― Sim, eu já sabia há alguns dias. ― Franzi o cenho.
― O que foi? Por que parece estar incomodado com isso?
Ele suspirou.
― Nada.
― Se vamos fazer nosso casamento funcionar, nós não
devemos mentir um para outro, porque odeio mentiras ― falei
de braços cruzados.
Ele assentiu e respirou fundo.
― Desculpe, você tem razão. ― Ele chegou perto e
tocou meu rosto. ― Eu só tinha um jantar planejado para nós
dois.
Eu franzi o cenho.
― Que horas estava marcado o jantar? ― sondei
enquanto passava os meus braços a sua volta.
― Sete da noite ― respondeu.
Eu sorri.
― Bom, podemos ir ao leilão, que será quatro da tarde
e depois poderemos ir jantar ― eu falei. ― Isso se você não se
incomodar em ficar horas ouvindo todos falarem de cavalos…
Nós já conversamos sobre seus hotéis em Dallas, pela
forma que ele falava parecia amar aquilo, eu fiquei ao seu lado
ouvindo uma noite. Eu iria com ele, caso tivesse esses
coquetéis em hotéis, e não reclamaria. Mas ir a um leilão de
cavalos? Nem todos gostavam disso.
― Acha que eu não iria, só por ser um leilão de
cavalos? ― perguntou e continuou, assim que eu assenti: ―
Então me diga uma coisa, quando eu tiver uma festa ou
inauguração de algum hotel, você iria comigo, ou isso iria
chateá-la por achar ruim?
Eu suspirei.
― Entendo seu ponto, porque iria com você, e se a
festa fosse ruim, eu a faria ficar interessante. ― Passei o dedo
em sua barriga.
Ele sorriu e pegou minha mão, que descia para seu
short.
― Então faço o mesmo, caso não goste de leilões de
cavalos. ― Beijou minha mão e minha aliança no dedo. ―
Agora vamos embora.
♥
Chegamos ao local em que seria realizado o leilão de
cavalos. Seria no Haras Dallas, e ao ar livre, o que adorei. O
lugar era belo sim, sempre vinha apreciar as beldades do lugar.
― Lindo, não acha? ― falei assim que entramos no
lugar.
Tay me olhou de lado.
― A que está se referindo? Ao lugar ou a você? ―
Sorriu de lado.
Eu dei um tapa nele.
― Estou falando do lugar, sempre venho aqui, mas
hoje vai ter uns cavalos, nos quais adoraria ter, e poder levar
comigo. Só espero que ninguém dê muito lances, não posso
usar muito o cartão de Nilan, e meus fundos de investimentos
são poucos, mas estava guardando para comprar esse cavalo,
desde que o vi na internet, e soube que eles o leiloariam. ― Eu
me sentei ao seu lado em uma fileira de cadeiras. A nossa
ficava debaixo de uma árvore. Nilan pensou em tudo. ― Eu
queria Clydesdale, ele é da Escócia, mas não posso levar os
dois, então vou ficar com o Árabe.
― Por que não pode usar os fundos de investimento de
Nilan? Aposto que ele disse para gastar o valor que desejasse,
não é? ― disse folheando o mostruário com os animais para
leilão.
Eu vi que estava na página de Clydesdale. Esse cavalo
era mágico.
― Ele é original da Escócia, essa raça é muito famosa
pelo seu temperamento. São cavalos muito afetuosos com seus
donos, podem apresentar-se nas pelagens zaino, zaino negros,
negro ou tordilho, esse é negro com pintas brancas nas patas
cobertas de pelos ― falei passando os dedos na forma de sua
crina. ― Seu rabo e crina são lindos, como os do Árabe.
― Por que não leva os dois? Eles realmente são belos
― disse.
― Como eu disse, não gosto de usar muito o dinheiro
dos meus irmãos, só quando acho algum cavalo que me
interessa.
Ele sacudiu a cabeça.
― Você é outra coisa ― falou e olhou para frente
quando o apresentador começou a falar de cada raça do leilão.
― O cavalo Árabe é uma das raças equinas mais
antigas, com evidências arqueológicas que remontam a cerca
de 2500 a.C. Ele se difundiu pelo mundo mediante a guerra e o
comércio, sendo usado também na melhoria de outras raças.
Atualmente, as linhagens árabes são encontradas em quase
todas as raças modernas de cavalos de montaria. Conhecido
também como Puro-Sangue Árabe, é utilizado principalmente
em esportes equestre olímpicos, onde apresenta desempenho
superior a outras raças. A calda como podem ver ― o cara do
leilão apontou para o cavalo no cercado andando como se
fosse um modelo de passarela ―, é alta e o formato da cabeça
faz dessa raça única no mundo dos cavalos e a mais cara no
mercado mundial. Por isso seu lance inicial é de cinquenta mil.
Tinha muitos cavalos lindos e arrebatadores, mas os
que eu queria eram dois, então dei os meus lances, mas quando
chegou a quinhentos mil dólares, eu estava desanimada,
porque era uma quantia muito alta para usar o cartão de Nilan,
e o que eu tinha na conta.
― Merda, isso é muito dinheiro ― reclamei baixinho.
― Não vou poder levá-lo.
O cara do Texas, James Blod, estava quase
arrematando o meu árabe. Ele era o que dava mais lances.
Com certeza estava querendo o Árabe para esportes olímpicos
ou coisa do tipo.
― Oitocentos mil dólares ― disse Tay ao meu lado me
fazendo ofegar.
Eu olhei para ele de olhos arregalados, que estava
sorrindo.
― Tay… ― comecei, mas o cara do leilão gritou,
vendido, para ele.
― Bom, agora você tem um cavalo Árabe ― disse
ainda sorrindo.
― Eu não posso aceitar ― eu disse.
Sua expressão linda desmoronou.
― Por que não? Você aceitou o corcel negro de Shade
e não pode aceitar o meu? ― Tinha algo em seu tom que
apertava meu peito. ― Aceitou o presente dele, por que não
pode aceitar o que estou dando a você? Afinal de contas, eu
sou seu marido, e ele não.
Foi por isso que ele ficou calado quando mencionei
sobre Shade ter me dado o corcel negro? Com certeza estava
pensando que recebi apenas por que amava o Shade, mas isso
não era verdade, foi pelo fato de que ele seria sacrificado e, eu
não poderia pagar na época.
― Tudo bem, apesar de que quando aceitei o corcel
negro foi porque não tinha opção, não podia deixá-lo morrer
― comentei e peguei sua mão alisando sua aliança. ― Vai te
fazer feliz dar ele a mim de presente?
Ele sorriu tão brilhante e lindo, quanto o Sol de fim de
tarde.
― Excepcionalmente. ― Beijou meu rosto. ― Eu só
quero que aceite algo meu também.
― Obrigada.
♥
― Ainda está com raiva? ― perguntou assim que
sentamos no restaurante Dallas Hills.
Ele era cercado de vidro e toalhas de linho fino. Com
certeza, caro.
Eu o fuzilei.
― Não queria que eu ficasse? Você comprou dois
cavalos que custaram mais de oitocentos mil cada, e você nem
gosta de cavalos.
― É claro que gosto, eu só não sou apaixonado por
eles como você, e você concordou em receber o Árabe…
― Sim, eu o aceitei para deixá-lo feliz, porque gosto
de vê-lo feliz, mas não dois, pois isso é loucura ― reclamei.
Ele suspirou.
― Vamos fazer o seguinte: já que gosta de me ver
feliz, você vai fazer isso para mim, você recebe só o Árabe, e
quanto ao Clydesdale?
― O escocês ― rosnei. ― O que tem ele?
Ele sorriu.
― Já deu nome para o meu cavalo? ― seu tom parecia
alegre. ― Ele é meu, mas vou deixá-lo na sua fazenda, já que
só tenho hotel. O que acha?
Eu pensei nisso por um segundo.
― Então você comprou um cavalo para você, mas vai
deixá-lo na minha fazenda?
― Sim, você toma conta dele já que não entendo de
cavalos.
― Tenho Pietro, o veterinário e adestrador da fazenda.
Ele trabalha lá desde que eu era criança e cuida muito bem dos
meus cavalos ― respondi. ― Eu aceito, mas você não vai
vendê-lo depois, porque me apego fácil.
― Eu juro. ― Ele sorriu e enfiou a mão nos meus
cabelos e puxou o meu rosto para o dele, e me beijou com
fome, até que me esqueci de onde estávamos.
No final, eu percebi que de qualquer forma havia
ganhado dois cavalos e tudo por ele ter me dado. Porque Tay
não ia querer algo que ele não entende e não era apaixonado
como eu. Um trapaceiro e tanto, no final das contas, ele teve o
que quis. E, eu também, porque amava seu sorriso.
Capítulo nove
Taylor
Acordei com um fogo, um calor quente tomando conta
de mim, um lábio gostoso me sugando e me fazendo gemer.
Abri os olhos e olhei para baixo para me deparar com
uma visão, no qual jamais iria esquecer na minha vida. Eu já
tive boquetes antes, mas porra, uma visão igual a essa, nunca!
― Puta que pariu!
Seus lábios estavam em volta do meu pau, sugando,
lambendo-o como se tivesse com muita fome. Uma de suas
mãos estava ao redor do meu pau, o que ela não conseguiu
colocar inteiro na boca.
― Porra, adoraria ter uma câmera para filmar isso,
nunca vi nada mais lindo. ― Sua respiração engatou e seus
olhos foram para mim tão quentes e famintos, que meu peito
parecia querer explodir.
Estava doido por essa mulher magnífica, sorte minha
que ela estava sentindo o mesmo, esperava que ela logo se
apaixonasse por mim e esquecesse o Shade completamente.
Estava ansioso por isso.
Há dois meses, eu acordei a noite, após ter um
pesadelo com ela me deixando, então olhei para o lado e a vi
ali toda linda, adormecida. Foi onde me deu vontade de cantar.
Fazia anos, que não tocava em um violão, desde que minha
mãe faleceu.
Aquela música descrevia o que eu sentia naquele
momento, mas não achei que Law estivesse ouvindo, apesar de
que fiquei feliz por isso. E esses dois meses com ela foram
tudo de bom, aproveitamos cada segundo. Acredito que
estávamos tendo nossa lua de mel na fazenda.
Nunca na minha vida quis ter um sentimento assim por
uma mulher, ela veio e arrebatou meu mundo, de tal forma,
que não conseguiria sair dessa sem me machucar e, ou também
machucá-la. É claro que faria de tudo para não fazer isso.
Precisava conquistá-la e depois diria a verdade a ela,
porque, se ela descobrisse que Shade me pediu para vir tomar
conta dela para depois convencê-la a vender a fazenda, isso
não ficaria nada bem, embora não fosse por isso que eu estava
com ela. A mulher conquistava todos por onde passava, sem
ao menos fazer esforço.
Expulsei os pensamentos ruins, lidaria com isso mais
tarde, agora só queria aproveitar o que tinha em mãos, mesmo
que precisasse usar meu corpo e meu charme para conquistá-
la, e ter somente eu em seu coração e em sua mente.
Peguei seus cabelos em minhas mãos, mas não a forcei
a ir mais fundo, só amei a sensação de tê-la com a boca
sugando o meu pau.
― Eu vou gozar nessa boquinha linda, caipira ―
anunciei, porque era incapaz de me afastar. Seria como um
viciado, essa mulher era meu maldito vício. Um muito bom,
no qual adoraria ter para sempre.
Ela gemeu e acelerou mais os movimentos. Então
fechei meus olhos e me libertei com um grunhido feroz no
meu peito.
Assim que gozei em sua boca, eu a puxei para deitar de
costas e fiquei em cima dela.
― Bom dia. ― Sorriu com o rosto corado. ― Vou
ficar mais prática a cada dia.
― Você é linda! ― Beijei sua boca. ― Adoraria
acordar sempre assim.
― Então é ótimo que somos casados, não acha? ―
disse com um sorriso.
Esse sorriso doce me deixava todo mole, adorava vê-la
sorrir e pensar em nosso casamento. Para ela, no começo foi
um negócio, mas nesses dois meses, enquanto estávamos
juntos, eu percebi que ela estava levando nosso casamento a
sério, como eu gostaria que ela fizesse. Porque desde o início,
eu o considerava assim, verdadeiro como os meus sentimentos
por ela.
― Sim, estamos, então agora vamos tomar banho e
cuidar da lida. ― Beijei seus lábios. ― Mas antes, eu vou
fodê-la no banheiro.
― Estou contando com isso ― respondeu ela se
levantando da cama, nua. A cada dia, ela perdia a vergonha
comigo, embora sempre corasse quando olhava para ela.
Alisei sua tatuagem linda da âncora, no qual eu mesmo
fiz.
― Tão linda ― comentei.
― Ainda bem que tenho um tatuador lindo e sexy para
o caso de eu desejar fazer outra, não é? ― falou me olhando
de soslaio.
Eu sorri.
― Lindo e sexy? ― Puxei-a para os meus braços e a
beijei.
Entramos no chuveiro e a coloquei sentada sobre a
enorme bancada da pia. O banheiro era grande, com banheira
branca e mármore da cor de areia da praia.
Eu me inclinei na sua frente e abri suas pernas e me
desfrutei da vista, no qual já amava, lábios rosados e brilhantes
de excitação.
― Tay ― clamou com um gemido.
― Uma visão linda, caipira, e só eu tenho a sorte de ter
visto isso ― rosnei e coloquei meus lábios naquela perfeição,
lambendo, degustando e peguei seu broto rosa e chupei.
― Porra, isso é bom ― gritou ela, pegando minha
cabeça e empurrando-a mais para si.
Eu dei mais a ela conforme era sua necessidade e a
minha também de certa forma, porque adorava chupar sua
boceta deliciosa.
Ela era uma mulher, que não se envergonhava fácil,
não na hora do sexo, em outras horas, ela até corava, mas não
nesse momento onde ela estava ludibriada. Amava vê-la
assim, eufórica e faminta.
Ela explodiu na minha boca e degustei até ela parar de
tremer, depois a beijei e enfiei meu pau em sua entrada e a
fodi. Suas unhas entravam em minha pele apertando-me mais
contra seu corpo.
― Mais forte ― gritou em minha boca.
Eu grunhi e a fodi mais forte. Puxei seus cabelos,
levando sua cabeça para trás e meus lábios foram para sua
garganta.
― Isso, minha caipira, goza para mim ― rosnei
apertando mais sua bunda em mim e a trazendo para a borda e
entrei mais fundo nela, tanto que estava na porra das nuvens
em questão de segundos.
― Puta merda! Você me deixa louco. ― Respirei com
dificuldade após termos gozado.
― Fico feliz com isso ― respondeu ela me dando um
selinho. ― Agora preciso falar com Rick e dizer o que precisa
fazer com Bec e meus outros cavalos, incluindo os que ganhei
de você.
Eu estreitei meus olhos. Os cavalos, árabe e escocês
chegaram há alguns dias após eu tê-los comprado.
― Rick?
― Sim, o rapaz, filho de Pietro, ele me ligou e disse
que precisava viajar, mas que seu filho viria no lugar, ele
também é veterinário e adestrador, como o pai dele ―
respondeu ela.
Nós tomamos banho juntos e nos vestimos. Ela foi para
receber Rick e, eu fui atender uma ligação importante, depois
iria acompanhá-la nos estábulos.
― Onde você está? ― perguntou Lucky, meu melhor
amigo, ou um deles, e também meu chefe. ― Ouvi o recado de
que não vai trabalhar por um mês… já passa de dois meses e
você não retornou.
― Acredito que não irei tão cedo ― falei saindo para a
varanda da casa e olhando para a cachoeira. Não aquela, na
qual ficamos no mês passado, essa era mais embaixo, uma
cascata na verdade. Ao redor tinha bastante coqueiros
tornando o lugar um paraíso bem diferente da fervorosa Nova
York.
― Você está ferrado sabe disso, não é? ― comentou
com um sorriso na voz.
Quando falei o que ia fazer para ele e Ryan, o seu
irmão, os dois quase se mataram de tanto rir, mas não liguei
muito. Todos sabiam da proteção que os King depositavam em
relação a sua irmã.
Eu estava ferrado sim, mas não liguei, porque minha
vontade de ficar com ela superava tudo em minha vida, até
levar uma surra dos meus colegas, e agora cunhados.
― Só para saber, quando os irmãos King forem
decapitar você, estarei ao seu lado e poderemos enfrentar os
três juntos ― disse.
Revirei os olhos, mas ele teria minhas costas assim
como eu teria a dele.
― Vou ter que passar por isso sozinho, mas não me
arrependo de nada, nunca me senti assim na minha vida, até
conhecê-la ― falei passando as mãos nos cabelos. ― Porra!
Eu estou ferrado.
Ele riu.
― Sim, você está ― concordou entre risadas. ― Nem
acredito que foi fisgado, porra! Isso merece fogos de artifício e
rojões.
― Muito engraçado ― rosnei. Não lamentava ter me
apaixonado por ela, o que estava me deixando inquieto é que,
às vezes, quando eu dizia que a amava, ela não dizia de volta.
― Vai ter o aniversário de Shaw, você virá, não é?
Traga ela se quiser, aposto que Angelina vai ficar louca em
conhecê-la.
O bastardo ainda estava rindo e gozando as minhas
custas.
― Sim, eu vou ― respondi. ― Como está minha
florzinha linda? ― perguntei mudando de assunto.
Beatriz era sua filha, uma garotinha esperta e fofa. Eu
adorava ficar com ela e com Victória, a filha de Angelina e
Ryan, mas o bastardo era muito ciumento com sua filha, que
mal deixava as pessoas a pegarem.
Eu via meus amigos cercados de sua família e filhos.
Na hora, eu não queria algo assim para mim, mas após
conhecer a Law, percebi que o que estava faltando na minha
vida era isso, uma família, onde pudesse chamá-la de minha,
filhos onde me chamariam de papai.
Olhei para o estábulo e a vi do lado de fora, perto de
uma égua com as crinas louras.
Bec. Foi assim que ela me apresentou, na hora, eu ri,
porque foi com essa égua que ela comparou meu cabelo
quando nos conhecemos. Definitivamente, a égua era linda
com crinas longas.
Law estava de short jeans e botas de cowboy e uma
camisa xadrez dobrada e amarrada no meio dos seios,
deixando sua barriga linda exposta. Seus cabelos estavam
amarrados em um rabo de cavalo. Linda!
― Divina, olhando para ela agora, eu agradeço a todos
os santos…
― Você não acredita em santo ― destaquei sorrindo
vendo minha garota penteando a crina da égua.
― É verdade, mas seja quem for que enviou a minha
rosa vermelha a mim, eu agradeço, através dela sou
completamente feliz e completo com nossa filha linda, no qual
amo demais ― seu tom era orgulhoso.
― Fico feliz por você, cara ― falei a verdade. ―
Quando que um dia estaríamos aqui, dominados por uma
mulher? Que você e Ryan fossem domados…
― Você também não se esqueça disso ― lembrou-me.
― É verdade.
Ele suspirou.
― Mas tem certeza que vai investir nela sendo que ela
ama outro cara? O irmão?
Esfreguei minha têmpora. Ali estava o medo que eu
sentia a cada dia. Eu sabia que ela gostava de mim, mas não
tinha certeza se tinha esquecido o Shade. Queria que estivesse
somente eu em seu coração.
― É um risco, eu sei, mas sinto que ela gosta de mim.
Nesses dois meses que estamos juntos, raras às vezes, eu a
peguei sozinha e pensativa, embora quando isso acontecia, eu
ficava imaginando se ela estava pensando nele… isso é uma
maldita droga.
― Precisa resolver essa merda, Jordan. Isso não pode
continuar assim. Você a ama ou apenas gosta dela? ― sondou
ele.
Vendo-a sorrir para sua égua e louco para tê-la de
novo, sentir seu corpo embaixo do meu e gemendo por mais.
Não podia imaginar alguém a tocando da forma que eu, aliás,
não queria que ninguém a tocasse de forma alguma. Acho que
era capaz de acabar com qualquer um que a tocasse.
― Acho que esse silêncio prova que sim, pensa bem
cara, mentiras sempre são reveladas do jeito errado, nunca
vem como esperamos.
― Não estou mentindo para ela, só omitindo algumas
coisas, ela odeia homens mulherengos, acredito que ela só
queria Shade, porque o amava, apesar de que dos três irmãos,
ele é o mais quieto. ― Eu suspirei. ― Se ela souber quantas
mulheres tive, não quero nem pensar. Porra, eu nem sei a
soma, imagina o que ela pensaria?
― Nessas horas é que lamentamos por ter ficado com
tantas mulheres ― disse Lucky. ― Mas ela tem que entender
que isso faz parte seu passado, e pelo que soube, depois que a
conheceu não ficou com mais ninguém, não é?
― Sim, mas não sei como vou dizer a ela. Talvez eu a
leve para jantar esse fim de semana, assim revelo a verdade ―
Eu só torcia para que no final, ela me quisesse como eu a
queria, pensei. Porque não queria ficar longe dela de forma
alguma.
― Tenho um negócio para fechar em Dallas, podemos
nos encontrar no seu hotel mais tarde ― ele comentou.
― Se precisar de mim qualquer dia para fechar
negócios, pode contar comigo ― falei. ― Eu também tenho
um lugar em que estou de olho para comprar e fazer um hotel,
não vai acreditar, mas o lugar é mágico ― Era melhor falar de
outra coisa sem ser o que precisava fazer logo, isso ajudaria
nas coisas.
― Dallas é uma cidade linda ― concordou. ― Se
precisar de mim, eu estou aqui para qualquer coisa.
― Eu sei cara, valeu. Eu encontro você no hotel mais
tarde ― respondi e desliguei.
Eu olhei para a caipira e a vi tão animada e alegre, bem
diferente de quando a conheci, tão triste e bêbada, mas ainda
deslumbrante. Ela era alguém, no qual iria manter e enfrentaria
todos por isso.
Tinha dois caras olhando para minha garota, mas quem
não olharia? Mas Law não parecia perceber o que ela causava
nos homens ao seu redor. Ela me lembrava muito Angelina, a
mulher era uma tremenda gata, mas não via isso.
Um era Rick, e o outro estava com ele ao seu lado, os
dois eram jovens, da minha idade mais ou menos, um moreno
e outro loiro. Só não sabia quem era quem.
Eu fui na direção dela assim que um dos caras chegou
até ela.
― Ela parece estar se divertindo ― disse o cara
sorrindo olhando a égua.
Law olhou para cima e sorriu.
― Sim, ela me ama. ― Voltou sua atenção para a
égua. ― Bec é linda.
― Sim, ela é ― disse o cara, mas olhando para minha
mulher. ― Escuta, eu queria saber se você quer jantar lá em
casa hoje, mamãe está sentindo sua falta.
Eu fechei a cara. E cheguei até onde os dois estavam.
― O que está acontecendo? ― perguntei com voz de
aço.
Ela me olhou e sorriu tão deslumbrante, que amenizou
um pouco a minha raiva, que estava desse cara por usar sua
mãe para fazê-la ir comer na casa dele.
― Oi, Taylor, esse é Rick, de quem te falei ― disse ela
olhando nós dois e depois para o loiro ― Aquele é Scott. Rick,
esse é Taylor… um amigo meu.
Olhei para ela, que alisava o cavalo e notei que sua
mão direita estava sem a aliança. Senti como se minha alma se
partisse, nunca senti tal sentimento como o que estava
sentindo agora.
― Seu amigo? ― meu tom era duro ao pronunciar essa
palavra. Porra! Essa palavra parecia ter um maldito veneno,
que me rasgava por dentro.
Até hoje nunca imaginei ou pensei nas garotas em que
fiquei, embora todas que eu tivesse ficado não passaram de
uma foda fácil, não me lembrava de ter almejado algo mais
com alguma delas sem ser apenas sexo. Se quis, eu não liguei
na época, será que elas sentiam a mesma decepção que eu
estava sentindo agora? Usado, era como me sentia no
momento.
Ela olhou para mim e seu sorriso lindo morreu.
― Tay…
― Então todo esse tempo em que estamos juntos, eu
não passei de um amigo? ― dizer isso era como se tivesse
brasas vivas em minha garganta.
Ela se encolheu.
― Eu…
Eu ri amargo.
― Eu não acredito nessa porra! ― Tirei o anel do meu
dedo e peguei sua mão e, em seguida, o coloquei nele. ―
Bom, já que somos apenas isso nesse tempo todo, não
precisamos de aliança, não é? Faça um bom aproveito. Porque
eu não quero ser seu amigo.
Eu virei as costas e saí de lá antes que perdesse minha
fodida mente, embora a única coisa que perdi foi meu coração.
Capítulo dez
Laurel
Tinha se passado alguns minutos após Tay sair da
fazenda usando sua Mercedes. Meu peito estava doendo tanto,
que achei que estava faltando ar em meus pulmões ou que eles
estivessem com defeitos.
― Algo está acontecendo entre vocês, além da
amizade, não é? ― Não era uma pergunta de Rick. ― Posso
ver que você o ama devido as lágrimas que estão descendo
pela sua face. Papai mencionou que estava namorando, mas
pela aliança que ele te deu, vocês se casaram? Por que não
sabemos disso?
Rick sempre foi um bom amigo, éramos assim desde
criança.
Eu nem notei que estava chorando, apenas segurei a
aliança em minha mão. Quando tirei a minha mais cedo antes
de vir para cá, foi porque precisava falar com as pessoas
primeiro, meus amigos antes de eles verem a aliança de
casados, porque alguns podiam contar aos meus irmãos antes
que eu falasse com eles.
Ali todos sabiam que eu estava namorando, mas não,
casada.
Não era porque sentia que éramos amigos, Tay era
mais do que isso, a dor em meu peito comprovava, mas ele
devia ter me deixado explicar as coisas e não ter partido.
― É complicado, mas agora preciso ir ― falei a ele. ―
Depois conto tudo com calma.
Fui para casa e fiquei esperando algumas horas para
ver se ele voltava, mas Tay não voltou, será que agora o perdi
de vez? De repente me lembrei da música que ele havia
cantado e do seu medo. Jurei que nunca o machucaria, mas fiz
isso hoje.
Já senti dor profunda quando vi Shade com outras
mulheres e ao se casar, mas nada igual ao que sentia agora,
dois meses com Taylor e já sentia que o amava, mais do que
um dia senti por alguém.
Meu telefone tocou enquanto estava de saída da minha
casa. Precisava falar com Sabrina, para ver o que podia fazer
para encontrar Tay, já que ele se recusava a atender seu
telefone.
― Alô? ― Atendi sem olhar, mas minha voz estava
falha devido ao choro.
― Laurel? O que minha bambina tem? Parece que está
chorando muito ― disse vovó.
Vovó morava em Dallas, do outro lado da cidade, em
uma fazenda onde plantava suas ervas medicinais, nas quais
vendia para as pessoas. Às vezes, ela até dava para àqueles que
não tinham como comprar seus remédios, que por sinal, eram
excelentes.
Eu me xinguei por dentro por não verificar no visor, o
nome de quem estava ligando. Eu ia quase todo fim de semana
na sua casa, ela até conheceu Tay, mas não fez perguntas
quando fui lá, o que era bem estranho já que ela era pior do
que uma casamenteira. Na visão da vovó, ela queria todos os
seus netos casados antes dos vinte anos.
― Só estou gripada…
― Não me venha com isso, conheço quando você está
chorando. Diga o que houve? ― pediu vovó. ― Pensei que
estivesse bem com aquele seu namorado lindo, que veio me
visitar semana passada.
Eu não sei o motivo de ter dito isso a vovó, apenas
soltei do nada:
― Eu me casei com Taylor, em Las Vegas, no dia do
casamento de Shade… ele não é meu namorado, mas sim,
marido.
Ela gritou do outro lado da linha e, eu tive que afastar o
aparelho da orelha.
― O quê? Como assim, você se casou? ― ouvi
barulho de uma TV sendo desligada. ― Menina, então quando
vieram aqui, vocês tiraram a aliança?
― Quer me deixar surda? ― Entrei em meu carro
conversando com ela. Coloquei no viva voz e dirigi para
cidade. ― Tive um desentendimento com Tay.
― Quem é esse cara? Algum impostor querendo seus
bens? Por que razão, ele casou com você no primeiro dia em
que a conheceu? ― Ela suspirou. ― Ele pareceu ser boa
gente.
― Vovó, eu não tenho bens, só a fazenda, mas não é
isso, eu que dei mancada e o magoei, então, ele foi embora e
me deixou ― Então contei a ela tudo o que aconteceu entre
mim e Tay, desde Vegas até agora, só não dei detalhes do sexo,
porque isso não importava a ela.
― Me deixe ver se entendi: você casou há dois meses,
pensando ser um casamento de uma noite só, e foi embora,
mas ele bateu na sua porta e você decidiu ficar com ele,
porque assim não pensaria mais em Shade, mas você não tinha
certeza que o amava até ele deixá-la, porque não gostou da
forma que você se referiu a ele como amigo ― disse ela. ―
Você não notou que ele estava com ciúmes do Rick ou algo
assim? Porque aquele garoto está louco para entrar em sua
calcinha.
― Ele não está, além disso, nós somos amigos desde
crianças ― comentei. ― Mas não tive a intenção de magoá-lo
ao dizer que somos amigos, eu não estava pensando na hora,
eu sou uma idiota.
― Você é uma idiota ― concordou vovó.
― Vovó, era para a senhora estar do meu lado ―
retruquei.
― Ficar do seu lado significa que estou do lado errado,
esse cara parece gostar realmente de você pela forma que a
olhava, então me diz, você teve alguma intenção de magoá-lo?
― Não, mas…
― Se ele amar você vai perdoá-la pela mancada que
deu. ― Ela suspirou. ― Você está apaixonada por ele? Por
que razão se casaria com um homem sem conhecê-lo? E por
que não me contou?
Vovó não sabia que eu amava Shade. De todos, apenas
o Nilan sabia. Esperava que continuasse assim.
― Quando estou com Tay, me sinto alguém no qual
nunca fui antes, me sinto viva, sabe? Como se eu quisesse
gritar e cantar para o mundo que ele é meu marido e que estar
ao lado dele me enche de luz e paz. Sinto vontade de ficar
sempre ao seu lado. ― Limpei meus olhos. ― O que vou fazer
se ele não me perdoar?
― Você teve alguma intenção de magoá-lo? ― repetiu
a pergunta e respondeu antes que eu dissesse algo. ― Não,
então não pense nisso, e pela forma que disse, você o ama,
querida, até pensou em cantar? Você apenas precisa dizer a ele
a verdade.
Desde que minha mãe morreu, eu não cantava mais,
acho que tirou até a minha vontade de me entregar realmente
para vida e deixar acontecer. Mas agora com Tay, a minha
vontade de pegar o violão e deixar minha voz sair e gritar para
todos que conhecia, era imensa. Eu queria realizar meus
sonhos.
Eu queria meu haras, para cuidar dos cavalos, vê-los
galopando por todos os lugares, desenhar projetos e vê-los
sendo concretizados. Mas, o mais importante: eu queria isso
com Tay na minha vida. Realizar tudo isso com ele, ao meu
lado.
― Estou indo ver se o encontro na cidade. Tay me
disse que possui negócios aqui, então… ― minha voz falhou
com medo de ele não querer me desculpar.
― Não precisa temer, se ele realmente gostar de você,
vai aceitar suas desculpas. Se não, depois acabo com ele por
tocar em minha menina.
Eu ri.
― Obrigada, vovó ― sussurrei entrando na cidade. ―
Depois ligo de volta, e não conta aos meus irmãos o que fiz,
porque eles vão ter uma úlcera estourando, principalmente,
Nilan e Gave.
― De qualquer forma, mais cedo ou mais tarde, eles
vão saber de tudo, querida.
Eu suspirei.
― Eu sei, mas quero contar a eles pessoalmente e não
por telefone, e eles estão fazendo show neste momento, não
quero atrapalhar o trabalho deles ― eu disse e depois
perguntei: ― Como acho uma pessoa em uma cidade desse
tamanho? Por que nunca fui a nenhum canto com ele, em todo
esse tempo, nem mesmo procurei saber sobre seus negócios.
Eu sou uma aberração de esposa.
Tay me falou sobre seus hotéis, mas não perguntei o
nome de nenhum deles, como fui tola assim? Devia dar mais
atenção aos seus negócios.
― Você tem esse jeito que amo em você por não se
interessar em dinheiro, mas às vezes, se preocupar ou querer
saber dos negócios do seu marido não faz de você interesseira,
querida ― disse e depois suspirou. ― Ele disse que é dono de
um hotel aqui, então geralmente a maioria coloca o sobrenome
ou algo assim.
Estava andando no centro e vi um hotel luxuoso com o
nome Johnson Hotel.
― Acho que achei vovó, e devo dizer que o lugar é
bem chique, feito só para celebridades ou algo assim. ―
Minha boca estava aberta em choque. ― Acho que ele deve
ter mais dinheiro do que meus irmãos juntos ou empatava.
― Vá lá garota, qualquer coisa, eu estarei aqui para
você ― disse com ferocidade. ― Amo você.
― Eu também, vovó ― respondi e desliguei o carro, e
saí.
Nunca me senti tão nervosa e com medo assim na
minha vida, queria tanto que ele estivesse ali, naquele hotel e
me perdoasse.
O hotel era cercado por vidros de cima a baixo, tudo
gritava luxo, não sei se conseguiria entrar ali, porque com
certeza seria cercado por seguranças.
Fui à recepção do hotel, e vi um casal elegante perto do
balcão, uma morena, de olhos igual a de um lobo, embora sua
pele fosse branca, só seus cabelos que eram negros. O cara ao
seu lado não ficou atrás, um moreno de olhos verdes intenso e
um sorriso sexy ao olhar para a morena linda.
Cheguei à recepção e vi uma loira linda, sentada
olhando o casal também.
― Ele disse que já vai descer ― falou ao casal que se
encontrava ali.
― Tudo bem, obrigada ― falou a mulher morena e foi
se sentar no sofá, que ficava no salão, o cara, acredito ser
marido dela, já que os dois estavam juntos foi com ela.
Eu me aproximei do balcão.
― Oi ― minha voz estava fraca, então pigarreei para
falar um pouco mais alto.
― Pois não? ― disse a loira e piscou. ― Você não é a
irmã dos irmãos da Banda King?
Droga, não queria ser reconhecida ali, mas talvez isso
me ajudasse a conseguir descobrir sobre Taylor e se ele estava
ali.
― Sim ― respondi sorrindo. ― Você é fã deles?
Ela fez uma careta.
― Nem de longe ― respondeu com gosto amargo na
voz.
Eu pisquei.
― Oh, meu Deus, você é alguma de suas namoradas?
― fui incapaz de não perguntar. Embora nenhum deles tivesse
namorada, apenas ficantes, essa mulher não parecia ser alguém
de ficada.
― Namorada? Algum dia, algum deles já namorou? ―
bufou. ― Não sei como o mais velho casou. ― Ela sorriu
baixinho e piscou para mim. ― Eu sei que eles são seus
irmãos, mas jamais ficaria com algum deles, sou mais em
entrar em um convento e me tornar freira, ou então me tornar
lésbica.
Eu ri disso, ri alto. Essa garota era engraçada.
― Gostaria de dizer isso ao Nilan, aposto que não seria
nada bom para seu ego enorme, mas então, como me conhece
como irmã deles? Geralmente quem sabe disso são os fãs
deles, que xeretam tudo ― pensei em algumas ocasiões que
isso aconteceu.
― Minha irmã faz aniversário mês que vem, ela é fã
deles, então estou tentando conseguir com que ela os conheça
pessoalmente em um dos shows, que terão na região, durante o
próximo mês.
― Eu vou conseguir os ingressos para você ― falei a
ela, embora não soubesse como, isso era algo, no qual nunca
pedi aos meus irmãos. Mas acredito que eles me dariam.
― Yup! ― gritou ela batendo palmas ― Ela ficará
feliz com isso.
― Você está aqui para trabalhar e não para conversar
― rosnou uma voz conhecida atrás de mim, e parecia muito
irritada. ― Se não quiser ser demitida, eu sugiro que faça seu
trabalho.
Eu olhei para ele e pisquei ao ver a forma com que ele
falava com a menina. Eu até me esqueci o motivo de estar ali,
porque fiquei com raiva pela grosseria dele.
― Você não pode falar com ela assim ― rosnei com os
punhos cerrados.
Tay arqueou as sobrancelhas para mim.
― Não? Ela é minha funcionária ― destacou Tay. Pelo
visto ele ainda estava com raiva.
― Isso não lhe dá o direito de falar assim com a garota
― rosnei e olhei para ela. ― Se você quiser se demitir ou se
ele o fizer, eu vou pegar você para trabalhar para mim.
― Hummm ― ela pigarreou olhando entre mim e
Taylor ― Só por curiosidade, o que eu faria para você?
Sorri.
― Vou montar um haras e vou precisar de uma
secretária como você, extrovertida e boa no que faz ― fuzilei
Tay. ― Se seu patrão não te dá valor, eu garanto que vou dar.
Ele estreitou os olhos, mas tinha um brilho ali que não
entendi.
― Quando decidiu montar o haras? ― seu tom era
surpreso no final.
― Eu decidi neste momento. ― Pigarreei me sentindo
nervosa.
Eu já sonhava em ter um haras, ele sabia disso, mas
nunca arrecadei dinheiro suficiente para isso, meus irmãos
ajudariam, mas não queria a ajuda deles. Parecia egoísta, mas
eu queria fazer por mim mesma. De fato, não lutei o bastante
para conseguir antes.
Ele piscou.
― Você vai montar um haras, uma coisa que sempre
sonhou, porém que nunca fez, e decidiu fazer hoje, apenas
para dar emprego a minha funcionária e pegá-la de mim? ―
Não sabia se tinha humor em seu tom ou incredulidade.
― Sim ― respondi mexendo nos meus dedos, nervosa.
Notei que sua atenção estava em nossa aliança em
meus dedos. Coloquei as duas ali, era como ficar ao lado dele
e telo por perto mesmo que estivesse longe.
― Como me descobriu aqui? Nesses dois meses, você
nunca se interessou em saber sobre o que faço ou para
conhecer o hotel.
Nesse ponto, ele tinha razão. Eu teria que me redimir e
ser uma esposa melhor —, pensei.
― Na verdade, foi por acaso, estava te caçando, mas a
cidade é imensa para achar alguém, então falando com a vovó,
ela me disse que na maioria das vezes, as pessoas usam o
próprio sobrenome para nomear suas empresas, então passei
nesse hotel e o vi, então entrei. ― Eu divagava, nervosa, e
apontei para a secretária. ― Então entrei aqui e conheci,
hummm… qual seu nome mesmo?
― Brithany Wolf ― ela respondeu.
Tay riu, a risada que eu amava.
― Convidou minha secretária para trabalhar para você
e nem sabe o nome dela? ― criticou.
Eu dei de ombros.
― Ela é legal, e não está afim dos meus irmãos, o que
é um milagre ― respondi. ― Então, não devo me preocupar
que esteja fingindo ser minha amiga para tentar fisgar um
deles.
― Oh, meu Deus! Isso já aconteceu? ― indagou
Brithany e olhou para o Tay. ― Desculpe.
― Um par de vezes, mas eles têm regras, que incluem
não ficar com minhas amigas, então elas caíram do cavalo e
foram embora depois que souberam que não iam conseguir
nada. ― Dei de ombros fingindo que isso não havia me
machucado na época.
Ele me puxou um pouco para longe do balcão, acredito
que para conversarmos em particular. Senti seus dedos no meu
queixo e ele levantou para meus olhos colidirem com os dele.
Estavam ternos e puros, e também tinha algo que não consegui
identificar.
― Por que veio me procurar? ― Seu hálito quente
banhou meu rosto.
― Eu queria me desculpar, não queria dizer aquilo
daquela forma. Só pensei em dizer a todos primeiro, afinal de
contas, eles são meus amigos… ― sussurrei com os olhos
úmidos.
― O cara…
― Rick? Somos amigos desde crianças… ― comecei
mais ele me cortou como se tivesse gosto amargo na boca.
― Ele quer entrar em suas calças e gosta de você, mas
não como amigo. ― disse azedo.
― Eu gosto dele como um irmão. ― Mordi os lábios.
― Lamento pelo que disse.
Ele me abraçou beijando minha cabeça. Escorei meu
rosto em seu peito e o apertei forte sentindo seu cheiro, que
tanto amava. Aqui nos seus braços me senti confortada e
ansiando por mais desse homem.
― Não quero sentir de novo o que senti quando foi
embora ― sussurrei.
Seus braços se estreitaram em minha cintura.
― O que sentiu? ― sua voz parecia rouca.
― Como se meu coração tivesse partindo ao meio e
um medo, no qual nunca senti antes… ― minha voz falhou no
final.
Ele se afastou, então temi que fosse me afastar dele
para sempre. Mas ele estava sorrindo e levantou sua mão
direita.
― Acho que você está com algo que é meu ― falou
ainda sorrindo. ― Eu quero de volta, agora juro que por mais
que briguemos não vamos tirar de nossos dedos, por motivo
nenhum.
Eu sorri, agora com meu coração batendo normal de
novo. Eu peguei o seu anel, que ficou meio frouxo no meu
dedo e coloquei em sua mão estendida.
― Sim, eu prometo. ― Joguei meus braços em seu
pescoço e o beijei me esquecendo do lugar e de todos a minha
volta.
― Será que vou ter que encomendar seu caixão quando
os irmãos dela descobrirem que vocês se casaram em Vegas?
― sondou uma voz divertida perto de nós.
Foi onde fui trazida para o hotel. Parei de beijar Tay e
olhei para o casal, que estava ali desde quando cheguei. Eles
se aproximavam de nós dois.
― Não seja estraga prazeres ― disse a mulher dando
um tapinha em seu peito de leve. ― Estou mais do que feliz
por ele ter se apaixonado e casado.
Tay sorriu para a mulher com doçura.
― Obrigado, Sam. Esses são meus amigos, Samantha e
Lucky Donovan, ― disse e depois a eles ― Essa é Laurel,
vocês já devem saber quem é já que conhecem os irmãos dela.
― Na verdade, eu não sei quem são eles… ―
começou Sam, mas se interrompeu ― Espera, esses da banda
King, são os mesmos que conheci na boate do Alex? ― Ela
olhou para Lucky.
O cara era lindo, mas tinha um rosto um tanto sombrio
às vezes, e notei que ele não gostava dos meus irmãos, fiquei
curiosa para saber o porquê.
― Sim, eles mesmo ― grunhiu.
― Posso saber o que eles fizeram para não gostar
deles? ― sondei.
Lucky olhou para mim.
― Na verdade, eles são legais, é só que…
― Quando conheci Lucky e achei que ele não me
amava e tinha brincado comigo, eu fui ao clube, foi quando vi
seus irmãos, bom os vi de longe, então Lucky soube que os
achei bonitos e ficou bravo. ― Sam sorriu e beijou a face de
seu marido. ― Mas ele sabe que o amo com toda minha alma.
Isso pareceu aliviar a cara sombria do homem, porque
ele parecia querer matar alguém, dei graças a Deus que meus
irmãos não estavam ali.
― Vamos almoçar, ou não? ― falou ele abraçando a
mulher de lado e olhou para mim. ― Você vai se juntar a nós?
Olhei a forma como eles estavam vestidos, todos
elegantes, e eu com meu jeans velho e botas. Não me parecia
nada chique.
― Eu acho que não estou vestida apropriadamente
para a ocasião ― falei e olhei para o Tay, que franzia a testa.
― Pode ir almoçar com seus amigos, mas depois você pode ir
lá em casa?
― Não precisa trocar de roupa, você está linda ― disse
com um sorriso. ― Mas se quiser trocar de roupas e ir
conosco, tem uma loja aqui no hotel, vamos lá comprar
alguma coisa para você, acho melhor, porque andar vestida
assim, eu sou capaz de parar na cadeia.
― Assim como? ― Olhei para mim e depois para ele.
― Deixa para lá, vamos? ― ele me puxou antes que eu
respondesse.
Olhei uma última vez para Brithany.
― Ligo para você depois ― anunciei falando um
pouco alto já que ela estava um pouco longe de onde Tay e eu
estávamos.
Capítulo onze
Laurel
Na loja, Tay queria entrar comigo, mas fui com a Sam,
pois com outra mulher seria mais fácil para escolher roupas,
porque nunca liguei para vestidos elegantes, sempre gostei do
habitual.
Eu também queria deixar o Tay de queixo caído na
hora em que saísse dali.
Devo dizer que tive medo de ele não me querer depois
da nossa discussão, mas me enganei e, agora estávamos juntos
de novo, e jantaria com ele e com seus amigos.
Sam era uma mulher legal, ela era psicóloga infantil, e
parecia amar o que faz. Sua alegria era contagiante quando
falava de seu trabalho.
Ela era mãe da Beatriz e do Shaw, um garotinho, no
qual adotou.
― Um gesto nobre, devo dizer ― comentei quando
estávamos nas araras de vestidos.
― Ele é uma criança que amei desde o início, sabe? ―
Tinha muito amor ali em sua voz. ― Agora tenho a Bia, a
minha bonequinha linda.
― Onde ela está?
― Com Angelina, a mulher de Ryan, irmão do Lucky
― ela respondeu. ― Não gosto de ficar longe dela, mas
viagens longas cansam, e Lucky tinha uma reunião aqui, no
qual precisava de mim.
Eu assenti vendo um vestido prata, no estilo tomara
que caia. Ele batia no meio das coxas. No meio dos seios era
amarrotado como duas conchas. Lindo, o bom é que
combinaria com minhas botas. Embora um vestido desse, daria
certo com sapatos de salto.
― Não tire suas botas ― Tay disse, antes de eu entrar
na loja.
― Ficará lindo em você, com salto alto ― disse Sam,
enquanto analisava o vestido também e apontava para um
sapato do outro lado da loja.
― Tay me disse para manter as botas ― sussurrei
corando por obedecê-lo, mas em seu tom quente, ele me dizia
que íamos aproveitar depois.
Ela sorriu.
― Oh, eu ouvi, o fogo crepitava entre vocês dois de
longe, nunca imaginei que ele fosse tão intenso assim ― ela
parecia falar consigo mesma no final.
― Ele é intenso ― pensei nas noites em que tivemos e
cada uma havia sido melhor do que a outra. Acredito que por
isso me apaixonei perdidamente.
― Estou vendo. ― Sorriu de lado para mim e apontou
para o vestido. ― Veste ele.
Eu assenti e fui ao provador. Tirei minhas roupas
quando sua mão surgiu com um conjunto de lingerie branca e
de renda.
― Fique com esse, acredito que seja seu número. Sei
que depois disso, haverá fogos de artifício pela forma em que
se olhavam no salão. ― Senti um riso na sua voz.
Eu os peguei e vesti aquelas peças sexy; o sutiã era
tomara que caia também. Coloquei o vestido, que coube
perfeitamente em meu corpo. Soltei meus cabelos anelados
sobre os ombros e me olhei de corpo inteiro. Gostei, acho que
teria uma boa foda com Tay hoje, só de pensar nisso minhas
entranhas se apertavam com desejo.
― Mulher, você está um maldito avião ― comentou
Sam assim que eu saí.
Eu sorri.
― Obrigada ― agradeci e suspirei, e sondei assim que
estávamos pagando pela roupa ― Pode me dizer uma coisa?
― Claro ― respondeu ela.
― Você ia ficar com algum dos meus irmãos? Qual
deles? Porque seu marido parecia com raiva, e não parecia ser
só por você os achá-lo bonitos.
Ela riu.
― Como disse antes, soube que Lucky tinha se casado,
então imaginei que estava em outra e, eu precisava tirá-lo de
dentro de mim. Foi quando fui à boate de um amigo meu, foi
lá que vi Nilan e Gave, pelo menos foi assim que Lucky os
chamou depois que soube que eu os achei bonitos. ― Ela me
olhou de lado. ― Alex disse que eles só fazem em ménage,
uma coisa interessante, mas não é minha praia.
― A minha também não, não gosto de dividir nada,
ainda mais um homem.
― Sim, eu também, mas fui lá nesse intuito de
esquecer, então fui para um amigo dele. Na hora, eu não sabia
que os dois eram amigos. Só depois, quando Jason Falcon me
disse, e Lucky chegou e, em seguida, me levou embora. Mas
no fundo, eu não ficaria com ninguém, porque somente Lucky
me importa dessa forma.
― Jason Falcon? Já assisti algumas lutas dele, mas
soube que ele se aposentou e agora é um treinador. ―
comentei. ― Ele é lindo, embora meus irmãos também. Só são
mulherengos.
Ela arqueou as sobrancelhas.
― A maioria dos caras é assim, antes de se apaixonar.
― Ela sorriu. ― Talvez um dia, eles consertam, não é?
― Tay não é assim. Ele disse que teve poucas
mulheres, e não um milhão como meus irmãos. ― Suspirei
indo pegar meu cartão.
― Ele disse isso? ― sua voz tinha um tom que não
entendi.
Eu olhei para ela.
― Sim, por quê?
Ela sacudiu a cabeça.
― Nada, vamos pagar isso e ir embora, eles devem
estar impacientes ― disse, mas seu tom parecia enraivecido.
― A roupa é por conta da casa ― respondeu a mulher
da loja antes que eu perguntasse o motivo da reação de Sam,
que estava séria.
Eu pisquei olhando para a mulher.
― O quê?
― Essa loja pertence ao senhor Johnson, ele disse que
tudo que você quiser, será seu ― respondeu ela. ― E já que
são casados, tudo que é dele, também é seu.
Eu não sabia o que dizer, uma parte de mim estava
feliz por ele dizer que eu era mulher dele, mas tinha uma
coisa, no qual não pensei antes: nós havíamos casado, com
comunhão de bens.
― Meu Deus! ― Coloquei minha mão no rosto. ―
Nem notei que casamos com comunhão de bens. Por que não
mudei isso antes?
― Esses caras são feras em nos enganar assim ― disse
Sam com um sorriso. ― Casei em Vegas com Lucky e pedi
sem comunhão de bens, mas na hora, ele trapaceou me
beijando e, eu não li o contrato de casamento. Eu fui saber
disso depois.
Parecia que tinha um saco em minha cabeça me
sufocando. Nunca pensei nisso, mas vendo o que ele tinha,
será que ele pensava que eu queria o dinheiro dele?
Chegamos ao lugar em que eles estavam nos
esperando, na frente da loja. Eles estavam sentados em uma
lanchonete que tinha ali.
Cheguei até Jordan e soltei.
― Vamos nos separar ― informei a ele, que estava
bebendo um café e se engasgou, e olhou para mim com cenho
franzido.
― Repete?
― A mulher da loja disse que tudo o que é seu,
também é meu, então pensei, será que nós dois nos casamos
com comunhão de bens? Não li o papel ― minha voz estava
irritada comigo mesma.
Algo cintilou em seus olhos, mas foi tão breve que foi
impossível identificar.
― Sim, mas o que tem isso?
― O que tem isso? ― minha voz se elevou. ― Oh,
meu Deus! Todos vão achar que quero seu dinheiro, uma
caipira dona de fazenda, casada com um cara que é dono disso.
― Apontei ao hotel, que mais parecia um shopping. ―
Merda! Vamos nos divorciar, eu assino aqueles papéis,
dizendo que não quero seu dinheiro, nada dele, e podemos nos
casar de novo, mas sem comunhão de bens, o que acha?
Ele piscou parecendo chocado por eu propor isso a ele.
― O que eu acho? ― sua voz saiu aguda.
― Sim, isso facilita as coisas, não é? ― minha voz era
urgente. ― Podemos ir a Vegas, e casar de novo.
Ele sacudiu a cabeça como se fosse para clarear sua
mente.
― Me deixa ver se entendi. Você quer assinar um
papel, que diz que não quer nada meu, depois disso, nos
divorciamos para em seguida casar de novo, porém sem
comunhão de bens.
― Sim, não precisava repetir, mas dizer que aceita. ―
Eu mexia minhas mãos, nervosa.
― Não aceito ― respondeu.
Eu arfei.
― Mas, por quê? Sabe o que todos vão dizer quando
souberem que estamos casados? ― tentei persuadi-lo.
― Sim, vão dizer que tive uma puta sorte por estar
casado com você. ― Ele pegou minha mão. ― Querida, você
também tem bens.
― Eu só tenho a fazenda e não isso… ― gesticulei ao
redor. ― Aposto que você tem mais do que hotéis em Dallas.
― Sim, tenho vários em outros estados também, e
pretendo ter mais. ― Seus dedos alisavam minha mão no
intuito de me acalmar. ― Você também tem muitos bens, uma
casa no Havaí e em Veneza, uma em Los Angeles, perto da
Disneylândia. Um apartamento em frente à Torre Eiffel.
Eu estava ofegante com os olhos arregalados com isso.
― Oh, Deus, você não…
― Eu? Não, foram seus irmãos, devo dizer que são
generosos em relação a você.
― Oh, senhor! ― meus olhos estavam molhados. ―
Nilan sabia que meu sonho era casar em Veneza e passar a lua
de mel lá.
― Aposto que ele não ficou alegre com a parte da lua
de mel ― ele comentou sorrindo.
Eu sorri também.
― Na verdade não, ele disse que não queria pensar em
alguém me tocando, porque ele seria capaz de me deixar viúva
antes da hora. Mas mesmo assim, ele comprou uma casa lá.
― Quem deu a casa do Havaí?
― Nilan também, ele sabia que eu sonhava em ter uma
casa lá, pois é um paraíso, tão vivo. Eu assisti muito hawaii
five-0. Amo esse programa, cada paisagem linda ― meu tom
era chocado. ― A casa de Los Angeles foi o Gave, teve uma
vez que eu assistia a Disney e comentei que um dia queria uma
casa lá perto, onde eu pudesse levar meus filhos nas férias.
Não achei que ele fosse fazer isso para mim, achei que nunca
ia realizar esse sonho.
― Eu vou agradecê-lo depois que tivermos os nossos
filhos e levá-los lá. ― Sorriu para mim.
Eu arregalei os olhos.
― Você quer ter filhos? Porque me lembro de você
dizendo que seria mais para frente.
― Claro que sim, assim que contarmos aos seus
irmãos que estamos casados, e irmos a nossa lua de mel, em
Veneza. ― seu tom era divertido. ― Talvez daqui uns três
anos ou quatro, prefiro desfrutar você todo esse tempo só para
mim.
Eu não imaginei que ele já estaria fazendo planos para
nós no futuro, ainda mais para ter filhos. Eu queria filhos sim,
ainda mais parecidos com Tay, loiro de olhos azuis brilhantes.
Seria a coisa mais linda do mundo.
― E a casa de Paris, quem deu?
― Shade, li sobre Jane Austen, e amava Paris, tudo
romântico, uma vez disse à vovó que queria ter um
apartamento lá para ir com meu marido, e passear por todos os
lugares. Ele estava perto, deve ser por isso que comprou.
― Aposto que queria passear com ele ― seu tom foi
um resmungo.
― Ei… ― toquei seu rosto. Foi quando percebi que
estávamos sozinhos na mesa. ― Não posso mudar o passado e
nem tirar o que pensei na época, mas o que sei agora é que
quero você, e hoje, eu tive medo que não me quisesse mais…
Ele me beijou, me interrompendo, sua boca estava
faminta sobre a minha.
― Isso não vai acontecer ― respondeu nos meus
lábios. ― Sua prisão comigo é irrevogável, jamais deixarei
você ir. Eu apenas estava te dando um tempo.
― Eu sou ruim com tempo, logo já penso o pior ―
comentei.
Ele sorriu e se levantou com os braços a minha volta.
― Vou me lembrar disso ― respondeu. ― Agora
vamos comer, porque depois quero a tarde inteira com você,
onde desfrutarei de cada momento.
Fomos para o restaurante de frente a esse hotel. Eu já
tinha estado ali com meus irmãos, quando eles estavam na
cidade, embora gostasse de coisas simples, como uma carne
assada e galinhada, mas não disse nada, apenas desfrutei do
momento.
Meu chilique com seu dinheiro havia passado, uma:
porque ele não pensava que eu era interesseira, e outra, com
tudo que meus irmãos compraram para mim, eu não me sentia
tão inferior perto do dinheiro do Tay.
Frisei em mente, que quando meus irmãos chegassem à
cidade, eu brigaria com os três, por me comprarem algo que
nem sabia que eram meus. Se não fosse por Tay me dizer, eu
jamais saberia. Isso me lembrou de uma coisa.
Eu olhei para ele, sentado ao meu lado na mesa. Lucky
e Sam estavam do outro lado.
― Como sabia sobre as coisas que meus irmãos me
deram, sendo que nenhum deles me disse nada? ― perguntei.
Ele deu ombros enquanto chamava o garçom.
― Eu fiz uma pesquisa sobre você ― disse Lucky. ―
Assim que soube que ele estava namorando você.
Eu pisquei e o olhei de olhos arregalados.
― Por que isso importaria a você? Por acaso achou
que eu fosse interesseira? ― Tentei esconder a raiva, mas Sam
não escondeu a dela.
― Não acredito que fez algo assim, Lucky ― seu tom
era descrente.
Ele suspirou.
― Não fiz isso por pensar que ela fosse uma golpista
ou algo assim, conheço Shade e seus irmãos, sei o quanto
faturam por show, fora as propagandas, mas não os investiguei
também ― falou assim que arregalei os olhos. ― Sou amigo
do agente deles, que é dono do Studio Musyc, e ele comentou
o cachê deles. Uma quantia exorbitante. Então pensei, se eles
ganham tanto dinheiro assim, por que deixam você enfurnada
numa fazenda? Achei que eles estavam se divertindo por aí e
não pensavam em você.
― Então você pensou que pelo fato de eu viver em
uma fazenda, meus irmãos não tomavam conta de mim? ―
meu tom era descrente.
― Sim, mas ainda bem que me enganei, pois isso me
impede de quebrar a cara deles quando os vir ― comentou e
depois olhou para sua esposa. ― Sinto muito rosa vermelha.
Eu notei que ele se desculpou com ela e não comigo, já
que estavam falando dos meus irmãos. Eu achei que ele não
parecia ser gentil a esse ponto com outras pessoas, mas com
sua mulher sim.
― Eles querem que eu viaje o mundo, que conheça
lugares e tudo mais, ao invés de ficar na fazenda. ― Eu
suspirei. ― Minha mãe morou lá, acho que foi uma forma que
descobri, ou de pensar, que isso me deixava mais perto dela.
Apesar de eu ter sonhos, um deles é fazer o haras, e uma
imensa pousada com vista para a cachoeira, que tem na
fazenda. Por isso, eu nunca quis vendê-la, ali é o lugar perfeito
para fazer o haras e a pousada ― Eu disse. ― Estava
pensando em obter algum empréstimo ou coisa assim no
próximo ano.
― E seus irmãos? ― Lucky arqueou as sobrancelhas
para mim.
― Eu quero fazer por mim mesma…
― Mas ninguém começa do zero, sempre tem uma
porta que pode ajudar ― disse Lucky. ― Quando montei o
meu primeiro negócio, foi meu pai que me emprestou, ele
daria, mas eu fiz questão de pagá-lo depois, isso faz a gente
dar mais valor no nosso trabalho.
Eu pisquei com isso, não tinha pensado na ideia de
pedir aos meus irmãos, até fui ao banco uma vez, mas como
não tinha renda, além da fazenda para dar garantia, fiquei com
medo. Mas talvez meus irmãos pudessem me emprestar e, eu
pagaria assim como Lucky fez com seu pai.
― Você pode estar certo, obrigada, vou falar com eles
essa noite, porque quando falar que me casei em Vegas, eles
vão surtar. ― sorri para os três na mesa. ― A única que amou
a notícia foi a vovó. Ela adora isso, sempre foi doida para nos
ver casados, meus irmãos principalmente, acho que ela terá
que rezar muito.
― Shade se casou ― observou Lucky. ― Isso ainda a
incomoda?
― Lucky, isso não é da sua conta ― rosnou Sam. ―
Só diz respeito aos dois.
― Eu concordo ― sibilou Tay o fuzilando. ― Você
verificou a vida dela, o que não deveria ter feito, agora só se
afasta cara, estou falando sério, fica fora disso.
Eu estreitei os olhos, avaliando Lucky e vi que ele
parecia preocupado com o amigo dele, essa parecia sua forma
torta de ajeitar as coisas.
Eu estava perto de responder que não gostava mais de
Shade, não assim, somente Tay me importava dessa forma e
além. Mas a garçonete chegou e fiquei rígida no lugar.
Raquel me lançou um sorriso de galinha. E sabia que
ali vinha coisa.
― Laurel? Faz tempo que não a vejo aqui ― disse ela.
― Cadê o Shade? Soube do casamento dele com a cantora
Melissa.
― Sim, eles se casaram há dois meses ― respondi com
tom leve não aceitando suas provocações.
― Eu achei que você estaria em sua fazenda, chorando
junto com suas vacas por um cara que nunca quis você ―
falou ela. ― Eu e Priscila pretendíamos ir lá nessa semana
para oferecer apoio a você.
Eu estreitei meus olhos e fiquei com raiva, porque sua
pergunta deixou Tay tenso, ainda podia ver que a pergunta de
Lucky estava mexendo com ele e agora vinha essa cadela
depravada para dizer que era para eu estar chorando pelo cara,
no qual um dia gostei.
― Eu não crio vacas, e sim cavalos de raças. Na
verdade, eu estou ótima e não estou chorando pelo Shade, só
desejo que ele seja feliz ― eu disse. ― Talvez, eu tenha tido
uma paixonite por ele, mas amar de verdade, só amei e amo
um único homem, e ele está aqui do meu lado, o meu marido
lindo, sexy e gostoso. ― Sorri para ele.
Tay enfiou uma mão em meu cabelo e me puxou para
ele, com os olhos pregados nos meus e abrasadores.
― Repete? ― sua voz estava ansiosa.
― Eu disse que amo você, e só tem espaço para você
em meu coração e mais ninguém ― declarei com fervor, mas
antes que eu terminasse de falar, ele estava me beijando com
amor, doçura, mas também com fome parecendo se esquecer
de onde estávamos.
Ele se afastou e expirou, e fuzilou a Raquel ainda que
estava atônita.
― Você está aqui para trabalhar e não para fofocar
sobre a vida dos outros nem para causar intrigas. Se não está
interessada em trabalhar, devia ir embora, ― rosnou ele. ―
Agora leve seu traseiro daqui e traga nossos pedidos, o
especial da casa. Antes que faça uma reclamação com Cristian,
eu garanto que ele não vai gostar nada de que sua funcionária
venha infernizar a minha esposa.
Ela saiu, ainda chocada com o que ouviu dele, não
liguei por ele ter sido rude, porque essa cobra peçonhenta
merecia isso.
Eu sussurrei em seu ouvido.
― Se estivéssemos sozinhos, você já estaria todo nu e,
eu agradeceria a você por me ajudar de uma forma
extremamente quente. ― Eu me afastei assim que ele gemeu.
― Você é uma trapaceira, caipira.
Sorri e olhei para o sorriso de Lucky.
― Acho que você teve sua resposta.
― Sim, eu tive ― comentou.
O almoço foi legal, após o episódio da cadela. Lucky e
Tay comentaram de negócios, enquanto Sam e eu falávamos
sobre o meu projeto.
Capítulo doze
Taylor
Eu só tinha uma coisa em mente depois de ouvir que
ela me amava, porque há muito tempo estava esperando por
isso. Devo dizer que gostei de termos nos desentendido, pois
só assim ela descobriu que me amava.
Meu peito parecia estar mais do que aliviado ao
descobrir, estava com medo de não ser a resposta que eu
queria, por isso não queria o Lucky insistindo no assunto.
Porra, o cara já fez muito vasculhando a vida dela, e ainda
sondando se ela me amava. Eu sei que ele se preocupava
comigo, mas ele exagerou.
O bom foi que Law não se zangou, só vi que ela ficou
um pouco irritada, mas se controlou, acredito que ela também
notou que ele queria me proteger, Lucky tinha isso nele.
Mas devo dizer que sabia o motivo de ela ficar na
fazenda, notei isso assim que a vi falando da sua mãe e do
lugar em que morava. Aposto que seus irmãos não notaram
isso, nenhum deles, ou não teriam me pedido para convencê-la
a vender a fazenda.
Estava louca para possuí-la de todas as formas
possíveis, e amá-la do modo que eu desejava tanto, desde que
saí cedo.
Ela veio na frente com seu carro e, eu com o meu logo
atrás dela.
Lucky e Sam ficaram no Hotel. Law os convidou para
virem ali no outro dia, ou melhor, hoje, eu que sugeri que eles
viessem no outro dia, pois hoje eu passaria a maior parte do
tempo com ela no quarto.
Porra! Estava louco para esse momento chegar, estava
parecendo um adolescente quicando no carro. Quando meu
telefone tocou, pensei em deixar ir para a caixa de mensagem,
mas conhecia esse toque.
Eu não me dava bem com meu pai, isso acontecia antes
da mamãe morrer, depois disso, ele se lançou em bebidas e
mulheres, teve uma época que houve drogas, mas o coloquei
na reabilitação e as coisas melhoraram. Isso fazia três anos, até
então, não teve recaída.
Eu nunca namorei, mas fiquei com algumas garotas,
que ficaram comigo para chegar até ele. O pior é que ele
pegava todas elas, embora não ligasse para isso, só não
tolerava que ele bebesse, porque já sofreu dois acidentes, ainda
bem que saiu ileso e também não feriu ninguém.
― O que você quer, papai? ― falei assim que apertei o
botão do painel para responder no viva voz. ― Estou meio
ocupado.
― Notei isso. Com uma mulher exuberante com botas
de cowboy, não é? ― pela forma que ele falava parecia estar
bêbado. ― Ela é sexy pra caralho.
Eu pisei no freio sem querer, e meu corpo foi lançado
para frente.
― Porra, o que você disse?
― Você se casou em Vegas e nem para convidar seu
pai, você é um ingrato igual sua mãe quando foi embora ―
sussurrou ele.
― Mamãe morreu papai, você deveria aceitar isso,
agora me diz como soube que me casei? ― perguntei com os
dentes trincados. ― Não chame minha mulher de sexy, ela não
é como as putas que gostam de você pela fama.
― Calma, só estou dizendo que quando os irmãos dela
souberem, eles vão acabar com você ― disse. ― Você vai
levar uma surra por um rabo de saia?
Eu expirei, porque não ia discutir quando ele estava
bêbado, ainda mais por telefone.
― Como descobriu?
― Está em todos os jornais, televisão e revista, não
falam em outra coisa…
― Porra! ― rosnei chegando na fazenda. Parei o carro
na entrada. ― Maldição! Quem vazou isso?
― Eu não sei, mas não se fala em outra coisa, só no
casamento do playboy mais cobiçado dos Estados Unidos. Eu
não sabia que você era tão cobiçado assim. ― ele riu. ― Você
é meu filho.
Eu suspirei e ouvi uma buzina.
― Onde você está? ― perguntei preocupado.
― Indo para o carro para voltar para casa, fiz um show
na noite passada, agora estou morto. ― Ele pareceu suspirar.
― Acho que estou ficando velho.
― Você é velho ― falei. ― Cadê o Brad? Ele dirige
quando você bebe, onde ele está?
― Ele está do meu lado, sabe que posso dirigir e você
não precisa ficar tão preocupado, não sei o motivo de tanta
histeria.
― Além de você se matar? Ou matar um inocente?
Você não quer isso e, eu também não, então deixe Brad dirigir.
― Passei as mãos nos cabelos. ― Agora tenho que ir.
― Se os irmãos da garota o deixarem vivo, traga essa
garota para me apresentar.
Nem fodendo, pensei. Desliguei e fui para casa, onde
Law estava na varanda, me esperando com um sorriso lindo
estampando seu rosto.
Como será que ela vai reagir depois de descobrir tudo
o que não disse a ela? Quem sou realmente, filho de um cantor
famoso, com isso eu sei que ela pode lidar, o pior será
descobrir sobre as mulheres que tive na minha vida, e não
foram poucas, como disse a ela.
Eu liguei para o Lucky.
― Acabou de vazar na íntegra sobre mim, você viu?
― perguntei com tom irritado.
― Sim, estava cercado de paparazzi lá, já que um dos
garotos do rock se casou, se você queria a coisa bem
escondida deveria ter tomado mais cuidado ― respondeu ele.
― Ou me chamado, pois eu o ajudaria. Mas falando sério,
conta tudo, essa garota ama você, ela vai entender tudo, fique
tranquilo.
― Preciso de mais tempo com ela antes de contar ―
falei um pouco nervoso. ― Preciso ir para algum lugar
afastado com ela, tipo uma maldita ilha onde não tenha celular
e nem ninguém que me conheça ou a ela.
― Sério Jordan, não é para tanto ― ele riu. ― Vai dar
certo.
― Conta tudo você mesmo, porque vai ser pior se ela
descobrir pela boca dos outros ― disse Sam. ― Lembra
quando não contei sobre mim e Bryan? A forma que Lucky
descobriu nos machucou muito. Ela vai ficar com raiva sim,
mas depois vai ver a razão, afinal você não ficou com ninguém
depois dela.
Sam se referia a ela não contando que era irmã de
Bryan, e Lucky pensou que os dois fossem amantes.
Os bastardos dos seus pais morreram pelas mãos de um
assassino frio, buscando vingança por Bryan estar casado com
Alexia. Stiven era um fodido doente mental, que prendeu
Alexia e a violentou na sua adolescência, e depois voltou
buscando vingança, então matou o pai de Bryan, que estava na
cadeia, e também a cadela da mãe da Sam.
― Sim ― respondi. ― Eu vou dizer a ela essa noite,
antes de irmos para cama. Lucky só impeça de os paparazzi
entrarem ou virem à fazenda, até amanhã.
― Sim cara, eu farei isso ― respondeu ele e desligou.
Eu cheguei na varanda e a puxei para os meus braços
devorando sua boca, que amava. Não podia perder isso, não
mesmo. Precisava fazê-la entender que seríamos felizes e que
não havia ninguém que a amaria mais do que eu.
Eu peguei-a pela cintura enquanto ela colocava as
pernas a minha volta e a levei para dentro da casa, seguindo
para o quarto. Eu a escorei na porta e rasguei sua calcinha, e
abaixei minha calça e soquei fundo nela fazendo-a gritar e
apertar minhas costas com suas mãos.
― Me fode mais forte ― pediu levantando o rosto para
cima, a cabeça escorada na porta e olhos fechados, mas com
sua boca aberta e gemendo.
Eu a penetrei com mais força e puxei seu vestido para
baixo expondo seus seios fartos e coloquei um em minha boca,
lambendo-o mais forte enquanto acelerava mais as minhas
estocadas.
― Tay, eu…
Eu grunhi sentindo sua boceta espremer meu pau com
sua necessidade, eu sabia que ela estava perto, então
mordisquei seu mamilo e puxei com mais força trazendo-a
para borda assim como eu estava.
― Isso, goza para mim, minha caipira ― grasnei e a vi
se desmanchar em minhas mãos, nunca vi nada mais lindo na
minha vida.
Eu a segui logo atrás e escondi meu rosto em seu
pescoço, seu cheiro de lavanda, que se tornou minha essência.
Não podia perder isso, não podia ficar longe dela de maneira
alguma.
― Nossa! Isso foi maravilhoso, apesar de você ter
estragado a lingerie nova, no qual estava pronta para estrear
com você ― comentou ela rindo e beijando meu pescoço. ―
Mas amei mesmo assim.
Eu afastei meu rosto e a olhei, e depois para o pedaço
de pano no chão.
― Eu devia dizer que sinto muito, mas isso não é
verdade. ― falei e, a coloquei sentada na cama.
― Você está bem? Parece nervoso desde o telefonema
que recebeu, quem era? ― sondou tirando o vestido e foi para
o banheiro.
Olhei para a janela lá fora pensando que a qualquer
hora algum repórter apareceria e ela descobriria realmente
quem eu era.
― Pode me dizer ― falou ela com os braços em minha
cintura me abraçando por trás. ― Sempre vou estar do seu
lado.
Eu queria poder acreditar em suas palavras, mas temia
pelo pior, assim que eu contasse tudo. Sabe quando temos algo
único e tememos perder? É assim que estava me sentindo.
Com medo.
― Jura? Porque fiz uma coisa e não sei se você vai ser
capaz de me perdoar, pois menti para você ― eu disse. ― Eu
espero fervorosamente que me perdoe.
Seus braços sumiram da minha cintura levando seu
calor consigo e me deixando vazio.
― Mentiu? ― ouvi a dor e o medo na sua voz. ― O
que fez?
Doía fundo em meu peito ver a dor e o medo em seu
rosto e na sua voz. Saber que fui o causador disso me matava.
Eu suspirei e fitei seus olhos.
― Eu conheci você no aniversário de Shade, em Los
Angeles, como já comentei antes, bom, eu já tinha visto você
algumas vezes antes disso, nunca tinha conhecido uma mulher
desse jeito sabe? Você não se importava em se vestir na moda
ou ligar para opinião dos outros. ― Passei as mãos nos
cabelos.
― Não me lembro de você… ― sua voz era só um
sussurro ― Eu queria.
― Você estava muito bêbada para isso, conversamos e
você contou sobre o haras, sobre o sonho de ser arquiteta, e
também sobre sua paixão por Shade. Depois nos beijamos,
então você disse que era seu primeiro beijo ― expirei ― Não
sabe a alegria que senti por ser o primeiro.
Ela engoliu em seco.
― O que houve depois?
― Eu vim para Dallas depois disso, já tinha hotéis
aqui, mas estava querendo mais para fazer uma imensa rede de
hotéis. Eu tinha perguntado ao Shade antes de conhecê-la, se
você venderia a fazenda, ele disse que não, mas que queria que
você vendesse. ― Olhei para ela, que estava de olhos
arregalados. ― Eu fui ao casamento, porque não queria deixá-
la sozinha como disse antes, mas o Shade me pediu para me
aproximar de você e convencê-la a vender suas terras.
― Oh, meu Deus! ― gritou ela, chorando com a mão
na boca. ― Você ficou do meu lado e me fez te amar para
conseguir minha fazenda? E Shade pediu que me lavasse para
cama para conseguir…
Eu pisquei.
― Claro que não! Eu falei que Shade me pediu para
convencê-la a vender, mas não liguei para isso, porque já
estava vindo ficar com você de qualquer forma… E quanto a
fazenda, alguma vez me ouviu pedindo para você vendê-la?
Ela sacudiu a cabeça.
― Não, mas isso deve estar em seus planos, já que me
fez casar com você com comunhão de bens, porque agora ela
também é sua ― sua voz estava sem vida. ― Eu não acredito
nisso, como fui idiota.
― Você não é idiota, e não me casei com você
querendo nada seu, eu quero que você transforme essa fazenda
em um haras como era seu sonho, e não em um projeto que eu
tinha antes de conhecê-la, posso conseguir outro lugar, mas
esse é único para você ― falei a ela. ― Um sonho que precisa
realizar mesmo não me querendo ao seu lado…
― Então é isso, você solta essa bomba em cima de
mim e depois vai embora? ― gritou. ― Você é um tremendo
filho da puta. Você disse que nunca ia me deixar, você falou na
música que tocou naquela noite.
― Eu não vou embora, mesmo se me pedir, mas isso
não é tudo…
Ela riu amarga.
― Oh, meu Deus! O que tem mais para contar? Que
Shade te pagou para ficar comigo?
Eu recuei como se ela tivesse me dado um tapa.
― Porra! Você acha que eu seria capaz disso? Posso
ser um merda e não ter dito algumas coisas, mas quis estar
com você em cada segundo, gostei de você à primeira vista.
― Jeito bem estranho de demonstrar isso, ainda mais
mentindo para mim ― ela disse amarga. ― O que tem mais?
Vamos acabar com isso.
― Conhece o James Johnson? Cantor da banda Clave?
― Fiquei rodando minha aliança.
Ela piscou.
― Ouvi falar, o que tem ele? ― ela parecia confusa
com minha pergunta.
― Eu sou filho dele.
Ela estreitou os olhos.
― E? Por que o fato de você ser filho de um cantor de
rock é motivo para estar mentindo para mim? Nós nem
conversamos sobre seus pais ainda. Definitivamente, eu sou
uma esposa terrível. ― a amargura estava na sua voz.
Isso ia ser mais difícil do que eu pensava de fato, mas
estava disposto a tolerar e dar seu tempo como Sam disse, mas
não estava desistindo dela, isso não era uma opção de modo
algum.
― Eu menti sobre ter ficado com poucas mulheres, a
minha vida antes de conhecê-la era regada a festas e sexo…
tudo isso mudou a partir do momento em que a vi, e a quis
para mim.
Ela não parecia estar ouvindo.
― Você está dizendo que é igual a meus irmãos? Vive
com mulherada? Fodia tudo o que se movia?
― Vivia, não faço mais isso depois de conhecê-la e vir
para Dallas atrás de você ― falei a verdade. ― Não me
arrependo de vir para você.
Ela expirou e seus olhos estavam molhados, não
suportava vê-la chorando. Isso me doía fundo. O pior era ser o
causador disso e não Shade, como presenciei outras vezes, e
tinha vontade de quebrar sua cara.
― Eu quero que vá embora, meu advogado vai entrar
com os papéis do divórcio…
Quando ela disse sobre o divórcio o meu peito se
apertou me sufocando por um segundo. Eu me lancei para ela
e a prendi na parede pegando-a de surpresa.
― O que está fazendo? ― notei que ela estava se
segurando para não chorar. ― Me solta agora.
― Você pode ter seu tempo sim, mas não vou dar a
porra do divórcio, entendeu? Não vou deixá-la por causa de
um passado de merda, e que não tem como eu voltar atrás para
mudá-lo…
― Você mentiu para mim ― chorou. ― Me fez amá-
lo…
Aquilo foi como uma facada na porra do meu peito.
― Lamento por isso, mas eu só quero você e sempre
quis. Sei que está confusa e traída, por isso vou deixá-la
sozinha, mas não me peça o divórcio, porque isso eu não darei.
― Toquei seu rosto fazendo-a estremecer. ― Perder você não
é uma opção.
― Nosso casamento foi uma farsa todo esse tempo, eu
sou a mais completa estúpida por ter caído em sua conversa e
me apaixonado por você. ― Ela se afastou do meu toque
como se fosse veneno e a ferisse.
― Não era uma farsa, o que sentimos não é uma farsa,
e o que tivemos também não, nunca pense isso. Você e eu não
acabamos, depois que colocar sua cabeça no lugar e ver que
não pode me acusar pelas mulheres que tive no passado, você
pode me acusar por não ter contado a você, vamos ter nossa
lua de mel e farei muitos filhos em você, essa é nossa vida, e
não outra, porra.
― Me solte. Não posso confiar em você ― cuspiu. ―
Você mentiu para mim, como posso acreditar que me ama? Eu
quero ficar sozinha ― pediu quase suplicante.
― Trabalhei muito para ter seu coração, fui através de
seus sentimentos por outro cara, lutei até que você o
esquecesse e agora que tenho seu coração e seu amor, eu não
vou deixar que nada me faça perdê-la. Você é a única coisa
boa que tenho e, eu vou até o maldito inferno buscá-la.
Lamento por ter mentido, e vou consertar isso. O que não
posso e não vou, é perdê-la, porque fui idiota, e temi que não
me perdoasse ― eu a soltei e fui até a porta, mas olhei para
ela, encolhida na parede. ― Eu amo você Laurel e a partir do
dia que a conheci você se tornou todo o meu mundo.
Eu saí porta afora, embora não quisesse fazer isso, só a
queria em meus braços e ama-la.
Cheguei ao meu carro e fiquei olhando para casa, na
esperança de ela vir atrás de mim, mas ela não veio. Meu
telefone tocou.
― Papai, nós acabamos de nos falar…
― Seu pai teve uma overdose e está sendo levado pela
ambulância ― respondeu Brad.
Porra!
Capítulo treze
Laurel
Estava deitada na cama não querendo ver ninguém, e
nem sair dali.
Taylor havia ido embora, me deixando com o coração
despedaçado e estraçalhado. Ele não cumpriu sua promessa de
nunca me deixar. Bastou mandá-lo embora uma vez e ele logo
foi.
Eu sei que sou idiota por ter acreditado nele, mas
mesmo o amando, eu não podia perdoá-lo pelo que ele fez, não
agora, quando as feridas estavam abertas e me matando a cada
pulsação.
Na minha vida, eu sempre fui cercada de amigos que
não me queriam de fato, só aos meus irmãos pela sua fama.
Sempre fui usada, agora me sentia da mesma forma, mas o
pior é que agora era pelo homem que eu amava mais do que
um dia amei alguém.
Meus olhos estavam vermelhos e molhados, porque
pesquisei sobre ele na internet e o vi em festas com mulheres
loiras, morenas, ruivas e de todos os tipos, todas lindas e
algumas até modelos, pois cheguei a ver nas festas dos meus
irmãos. Acho que eles faziam rodízio com as mulheres, pensei
amarga.
Em toda minha vida, eu sonhei em ter um homem só
meu, embora isso fosse impossível, pois estávamos em pleno
século 21, mas tinha que ser um playboy mulherengo como as
pessoas o chamavam, e chamavam meus irmãos?
Merda! Eu era muito azarada com isso. Primeiro, eu
gostei do Shade, que só vivia com mulheres em seu pescoço,
embora nenhuma vez ligou para alguma delas, até se casar
com Melissa. Mas será que ele a amava? Se amasse, então os
Bad Boys definitivamente podiam ser capazes de amar e
mudar?
― É claro que os Bad Boy são capazes de amar e
mudar ― respondeu vovó, entrando no quarto.
Eu nem sabia que havia feito essa pergunta em voz
alta, minha mente devia estar longe, porque nem a vi chegando
ou a sua picape barulhenta, que parecia um trem enferrujado.
Mas ela amava mesmo assim.
Eu olhei para ela do lado da minha cama. Vovó era
uma mulher linda, pele branca, e cabelos grisalhos.
― Levanta e vá tomar um banho, porque precisamos
conversar ― mandou ela sem dar um poder de recusa.
Eu me encolhi nos travesseiros sem ânimo para nada,
não sem Tay do meu lado, o seu sorriso, sua animação era
contagiante. Não posso perdê-lo, mas como posso esquecer
que ele mentiu?
― Não quero me levantar, aliás, eu quero ficar aqui
para sempre ― choraminguei encolhida nos travesseiros.
― Você cheira a sexo, então precisa tomar banho… ―
comentou vovó perto de mim e puxando a coberta.
― Sexo? ― rugiu Nilan entrando no quarto seguido
por Gave. ― Eu vou matar aquele filho da puta.
― Como ele ousa tocar em você e ir embora depois?
― sibilou Gave. ― Eu vou acabar com ele.
Eu fechei os olhos tentando me controlar.
― Ele não foi embora, eu o mandei ir… ― minha voz
falhou devido a realidade que bateu à porta da minha mente.
Ela parecia que ia explodir.
― Você o mandou embora depois de ele tê-la tocado e
desonrado você? ― indagou Gave com asco na voz. ― Só de
pensar nele tocando em você, me dá vontade de matá-lo.
Eu me sentei na cama e estreitei os meus olhos para
eles.
― Desonrado? Você quer matar um cara por ter fodido
comigo? Vocês não fazem isso o tempo todo? Não saem
fodendo tudo o que se move?
― Você é nossa irmãzinha linda…
― Eu sou adulta, tenho vinte e quatro anos, e não
preciso que me tratem com uma adolescente imatura ―
interrompi Nilan. Peguei a toalha e fui para o banheiro.
Depois do banho, eu coloquei uma camiseta de Tay,
que estava no banheiro, até tinha o seu cheiro e um short.
Eu não vi ninguém no meu quarto, mas não significava
que haviam desistido e, ou que me deixaram sozinha com
minha dor e saudade de Tay. E também minha humilhação.
Fui para a cozinha onde estavam todos sentados,
incluindo Shade, que frisou os olhos na camiseta que eu usava,
aposto que sabia que era do Tay. Não consegui ler seus olhos,
mas também não liguei.
Eu fui até o armário e peguei uma garrafa de bebida,
mas ela sumiu da minha mão. Olhei para Nilan.
― Que porra é essa? ― rosnei. ― Me deixe beber,
pois, preciso para aliviar a dor.
― Você não vai beber, agora senta sua bunda aqui
nessa cadeira e fala o que aconteceu, porque na minha cabeça
há vários cenários, e todos acabam comigo matando o Jordan.
― Ele me puxou e me sentou de frente para ele.
― Você não pode matá-lo, eu o amo ― rosnei
fuzilando todos.
― Você sabe quem é ele…
Cortei Gave.
― Ele me contou…
Estreitou os olhos.
― Me deixe reformular a pergunta, você sabia quem
ele era antes de se casar em Vegas?
Eu me encolhi.
― Não, o conheci no avião, mas ele me disse que nos
conhecemos na festa de aniversário do Shade. ― Olhei para
ele, que estava calado. ― Mas só soube disso depois de nos
casarmos já que tinha bebido muito naquela noite.
― Para aonde ele foi? Era para estar aqui e termos uma
conversa ― falou vovó. ― Porque se vocês são casados, eu
preciso saber qual a intenção dele com a minha neta.
― Ele disse que ia me dar tempo para assimilar o que
me falou sobre ele, mas que depois voltaria, e que não
aceitaria o divórcio.
― Divórcio? Você pediu o maldito divórcio? ―
perguntou Gave com uma faca na mão com certeza queria
matar alguém, ou seja, Tay.
― Sim, mas ele não aceitou e disse que não ia me dar
― respondi olhando a mesa sem nada ver.
― Ótimo, pois isso prova que ele ama você, minha
querida. ― falou vovó sentando do meu lado.
― Eu não entendo, eu sei que saiu muitas coisas na
televisão a respeito do casamento de vocês dois, mas por que
pedir o divórcio se você sabe que ele… ama você? ― sondou
Nilan confuso.
Eu expirei.
― Ele era como vocês três, ficava com muitas
mulheres… e também…
― Não somos assim ― retrucou Gave com um
suspiro.
Eu franzi o cenho.
― Não? Gave e Nilan, vocês ficam com uma mulher
só, já imaginou o que é isso? A porra de ménage. Eu sei que os
roqueiros fazem isso, foi isso que papai fez quando nos deixou
― sussurrei colocando a mão na testa. Na verdade, não são as
mulheres que ele teve, que estava me incomodando, porque
agora depois de pensar, isso faz parte do seu passado, e ele não
sabia que eu ia aparecer, mas o que faz meu peito doer, é ele
ter mentido para mim, uma coisa que odeio que façam.
Percebi que Nilan e Gave se engasgaram, embora não
tivessem nada na boca.
― Onde ouviu isso? Foi dele? ― indagou Nilan com a
voz grossa.
― Não, foi de uma colega minha, a Samantha
Donovan, o Alex disse a ela e ela me disse. Embora já
soubesse, porque ouvi de outras pessoas também. ― Dei de
ombros.
― Essa Samantha é a esposa de Lucky Donovan? ―
sondou Shade falando pela primeira vez.
― Sim, nós almoçamos hoje, no Pleylis ― respondi.
― Você sabe quem é o dono do Pleylis e do prédio em
frente? ― sondou Gave.
― Do hotel, eu descobri que é do Tay, e o… oh, meu
Deus, o Pleylis também é dele? ― minha voz saiu duas
oitavas a mais.
― Sim, assim como mais sete hotéis aqui. Ele queria
fazer um aqui na fazenda. ― inquiriu Nilan.
Eu encolhi os ombros.
― Eu sei, ele me contou que Shade o pediu para ficar
comigo, e me convencer a vender minha fazenda. ― Alisei
minha aliança enquanto olhava para ele. Os outros também
fitaram.
― Você o mandou para ela? ― indagou Gave com
raiva como se tivesse pensando em esmurrar Shade.
― Porra, me diz que você não fez isso só para
empurrá-la para longe, e para fazê-la esquecer que era
apaixonada por você. ― Os punhos de Nilan estavam
destacados.
― Apaixonada? O que você quer dizer com isso? ―
vovó olhou para cada um de nós. ― Você amava o seu irmão?
Oh, meu Deus! ― Ela colocou a mão na boca como se eu
tivesse dito que ia sair nua na Times Square.
― Não somos irmãos de sangue, então não precisa
olhar como se eu tivesse cometido um pecado terrível ―
comentei baixinho. ― Mas não amo mais o Shade assim,
apenas o Tay.
― Depois nós vamos falar sobre isso, mocinha ― ela
disse e depois olhou para Shade ― Você sabia do que ela
sentia?
Shade suspirou.
― Sim, mas achei que era uma paixão adolescente, até
que soube que ela bebeu muito no meu aniversário…
― Até eu esmurrá-lo na boca e dizer a verdade ―
disse Nilan e me olhou. ― Eu sei que não era para dizer nada,
mas não podia continuar vendo você daquela forma e não
fazer nada.
― Então resolveu bater nele? ― rosnou vovó
fuzilando os três. ― Sua mãe criou vocês melhor do que isso,
ela reviraria no túmulo caso visse seus filhos brigando um com
o outro.
― Desculpe vovó, não queríamos brigar, e não vamos
fazer de novo ― disse Shade envergonhado. ― Mas eu
precisava acordar e ver o estrago que estava acontecendo.
Nilan me levou no quarto e, eu a vi bêbada e dormindo. Soube
que não podia ficar no escuro. Mas…
― Você não podia fazer nada, já que me amava como
uma irmã, não é? ― comentei. ― Pode dizer, está tudo bem.
Ninguém manda no coração. Embora você não tivesse o
direito de mandá-lo para mim.
― Eu não mandei, só pedi para ele convencê-la a
vender a fazenda, e não para dormir com você, ou pior, casar.
Eu fiz isso não com a intenção de fazer você superar sua
paixão por mim, mas para viver uma vida fora dessa fazenda,
conhecer pessoas, namorar e outras coisas ― disse ele. ― Não
tive a intenção de machucá-la, mas Jordan é um cara legal, o
cara perfeito para você, melhor do que um dia desejei.
Olhando para ele agora, eu me perguntei: onde foi
parar aquele amor que eu sentia por ele? Era como se tudo
tivesse desaparecido. Foi quando pensei no que Tay me disse.
Sobre ter trabalhado duro para me fazer esquecer o Shade, e
agora que me tinha inteira para ele, que não ia desistir de mim.
― Se ele se aproximou de você para que vendesse a
fazenda, eu vou…
Cortei Nilan porque sua ameaça era mortal, com
certeza ele cumpriria e acabaria com Tay, mas não podia
deixar isso acontecer, por mais brava que eu estivesse, não
podia deixar ninguém o machucar, parecia doer em mim ao
imaginar isso.
― Ele não quer que eu venda a fazenda para fazer um
dos seus prédios. ― falei a verdade. ― Na verdade ele me
aconselhou o contrário.
― Não? ― Shade sondou.
Eu suspirei e coloquei minhas mãos sobre a mesa e
rodava o anel, nervosa. Notei os olhos de todos na minha
aliança.
― Um minuto comigo na festa do seu aniversário
Shade, Tay soube o que era minha paixão, o que sonho em
fazer aqui na fazenda.
― E que sonho é esse que não sabemos? ― indagou
Gave.
― Fazer um imenso haras, e uma pousada. Tenho tudo
arquitetado. Esperem que vou buscar. ― Corri para fora da
cozinha e peguei a planta do lugar, onde marcava o celeiro, os
estábulos, e tudo mais. Limpei uma brecha na mesa e estendi o
papel sobre ela, mostrando tudo.
― Aqui… ― indiquei a área plana da fazenda ―, vai
ficar o campo e o haras. Do lado direito, eu quero fazer a
pousada. Do lado esquerdo, pretendo reformar os estábulos e
aumentá-los ainda mais.
Notei o silêncio no lugar e vi que todos estavam com
os olhos em mim. Pareciam chocados, impressionados.
― O quê?
― Isso é fantástico, porra, não sabia que minha
irmãzinha era tão talentosa assim. ― Nilan piscou. ― Esse
projeto, no qual arquitetou está fantástico.
― Nilan, olha a boca ― repreendeu vovó.
― Desculpe, vovó ― Sorriu para ela.
― Por que nunca nos disse que esse era seu sonho? ―
indagou Shade.
― Não achei que conseguiria realizar algum dia… ―
Sentei-me.
― Por que não, po…? ― Gave se interrompeu
olhando vovó, que fechou a cara.
Eles sempre falavam palavrão, mas na frente de vovó
todos refreavam, embora muitas vezes, esqueciam.
― Bom, eu tentei fazer um empréstimo, mas eles
queriam hipotecar a fazenda, então tive medo e deixei quieto,
mas aí Tay chegou e me incentivou a lutar por isso. Para não
desistir do que eu queria ― minha voz falhou ― Ele parece
enxergar dentro de mim.
― Isso se chama amor, minha neta ― disse vovó. ―
Eu vi nos olhos dele quando foi nos visitar, o amor era
evidente ali.
― Eu sei, mas como esqueço tudo? Ele se aproximou
de mim como um pedido de Shade, apesar de que Tay tenha
dito que se aproximaria de qualquer forma, mas ele mentiu
para mim, como posso confiar em alguém assim? ― Enrolei
meu projeto do haras e o deixei na mesa.
― Duvida do que ele sente por você? Acha que ele a
enganaria algum dia? ― sondou Shade. ― Conheço Jordan,
ele não é esse tipo de homem.
Eu suspirei, porque Tay não merecia isso, afinal de
contas, depois que ficamos juntos, ele só esteve comigo e mais
ninguém, isso provava que o mesmo realmente me amava, e
também ninguém ficaria com uma mulher, enquanto ela amava
outro. No começo era assim, mas ele ficou do meu lado.
― Você tem razão ― suspirei, já fazia quase seis horas
que ele havia saído. ― Ele me deu um tempo para pensar e
pensei, agora vou atrás dele.
Vovó sorriu como se tivesse ganhado na loteria.
― Isso minha neta, vá atrás do seu futuro e seja feliz
― disse.
― E quanto ao projeto, vamos dar o dinheiro a você
para fazê-lo ― disse Nilan.
Eu olhei para ele, Gave e Shade e os vi assentindo para
mim.
― Se vocês querem me emprestar…
― Por que faríamos essa merda? Vamos dar e você vai
aceitar ― disse Gave. ― Somos uma família.
― Lucky Donovan disse que quando começou, ele
pegou dinheiro emprestado do seu pai, o mesmo não queria
que o filho pagasse, mas mesmo assim Lucky pagou, ele me
disse que quando fazemos algo com sacrifício damos mais
valor no que é nosso. ― Suspirei. ― Eu quero assim, quero
fazer isso por mim mesma, lutar por aquilo que quero, se
vocês me emprestarem assim, eu aceito.
Eles ficaram em silêncio um segundo, o primeiro a
sorrir foi Nilan e, em seguida, me puxou para seus braços.
― Claro que sim, minha princesa, o que você quiser
pode fazer, só me fale que envio o dinheiro ― disse beijando a
minha cabeça. ― Agora vá ser vestir para ir atrás de Jordan,
porque tenho umas coisas para falar com ele.
Eu me afastei e o fuzilei.
― Vocês não vão lutar ― avisei. ― Isso só diz
respeito a mim e a ele.
― Não vamos brigar, mas temos coisas para dizer a
ele, porque você é nossa irmã ― disse Gave, também me
abraçando.
Depois fui me trocar e optei por uma calça jeans, mas
fiquei com sua camiseta, quando o meu telefone tocou, pensei
que fosse ele, mas era a Sabrina.
― Oi, minha amiga, como você está? ― sondou ela.
― Acabei de ver na televisão que aquele loiro, é na verdade, o
filho do astro do rock, James Johnson.
― Ele me disse isso hoje cedo ― respondi. ― Por isso
brigamos, porque não quis aceitar que ele mentiu para mim.
― Estou na minha tia, em Seattle, mas quando chegar
aí vou na sua casa.
― Ok, agora estou bem, estou indo procurá-lo no seu
hotel…
― Querida, você não assiste televisão? O pai dele teve
uma overdose de remédios ou algo assim, e Tay está com ele
no hospital, em Los Angeles.
Enquanto ela falava, eu corri para sala pegando o
controle da TV, que estava em um jogo e mudei para o canal
CNN.
― Ei, estou assistindo ― disse Gave.
Assim que mudei, estava passando uma reprise do
caso; cenas da ambulância levando o cantor. Depois no
hospital sendo levado para dentro.
― Oh, porra! É o James ― Gave gritou, Nilan e Shade
entraram na sala junto com a vovó. ― O pai de Jordan teve
uma overdose.
― Aquele cabeça dura sabe que não pode beber,
porque tem diabetes ― rosnou Shade. ― Maldição! Jordan
deve estar um caco, ele tem pavor de hospital…
― Por quê? Não que me agrade também ― falei, e
nem percebi que Sabrina ainda estava na linha.
― Law?
― Tenho que ir, depois nos falamos ― respondi e
desliguei.
Na TV, mostrava bem o momento em que Tay chegou
ao hospital com Lucky e Sam do seu lado. Ouvi as perguntas
que faziam Tay endurecer e encher seus olhos de dor.
― Senhor Jordan, esse incidente vai atrasar a sua lua
de mel? Sua esposa não vem com você? ― perguntou um
cara. ― O que está sentindo nesse momento vendo seu pai
indo para o hospital do mesmo jeito que sua mãe foi há nove
anos? Na ocasião, ela não saiu com vida, acha que seu pai vai
sair?
― Bando de abutres ― rosnou Shade. ― Não pode
perder nada.
― Oh, meu Deus, o hospital o faz lembrar a mãe dele,
não é? A dor que vi nos olhos dele assim que entrou, e veio
essas perguntas para ele ― minha voz quebrou. ― Preciso ir
para Los Angeles. Vocês podem me levar? Ele está precisando
de mim.
― Sim, ele está, agora mais do que nunca ―
respondeu Shade.
― Vamos levar você ― disse Gave.
― Sim, nós iremos ― concordou Nilan.
Eu olhei para os três.
― Obrigada, amo vocês ― declarei.
Agora só me faltava chegar ao meu homem para dizer
tudo que estava sentindo, e que ele era o homem, no qual
estava completamente apaixonada.
Capítulo quatorze
Jordan
Eu saí da casa da caipira sem querer, mas precisava
saber como o papai estava, precisava acreditar que estava bem.
Que nada ia derrubá-lo.
Eu sei que não era muito amigo dele, mas porra! Eu
amava aquele velho. Um dia, ele foi mais carinhoso, embora
agora, ele também fosse. Apenas ficou meio distante por causa
da minha mãe, que morreu do mesmo jeito que ele foi
hospitalizado hoje.
Meu pai estava no auge da sua carreira há mais de nove
anos e, eu não sei o que levou minha mãe a tomar remédios
sem necessidade. No começo, eu culpei a fama do meu pai,
mas conforme fui ficando mais velho, eu vi que não podia
odiá-lo como gostaria.
Nós dois já tivemos várias discussões feias aonde
quase chegamos a nos agredir fisicamente, foi onde me mudei
de sua casa, em Los Angeles, para Manhattan. Com a distância
nos entendemos mais.
Ele foi pego dirigindo bêbado, algumas vezes, e teve
uma porrada de multas, então para não se acidentar ou ferir
alguém, eu contratei o Brad para dirigir e tomar conta dele,
querendo ele ou não.
― Espero que tenha uma boa explicação para essa
merda, ou vou chutar sua bunda ― rosnei assim que ele me
informou sobre meu pai ter tido uma overdose.
― Chefe, ele estava festejando com seus amigos
depois do show ontem, e acabou dormindo na boate, nos
quartos que tem lá, depois que ele acordou hoje, eu só o vi
beber, e não achei que os caras da banda fossem loucos para
dar algo a ele.
― Descubra quem deu, estou chegando aí ― desliguei
e liguei para o Lucky.
― Porra, cara! A coisa aqui está feia, repórteres por
todos os lados, mas eu os impedi de irem à fazenda, então fica
tranquilo, mas contou tudo a ela? A mulher reagiu bem? ―
falou antes que eu perguntasse algo.
― Sim, eu conversei com ela e disse tudo, mas não
reagiu bem como eu sabia que ia acontecer caso descobrisse.
Dei um tempo a ela, mas porra, eu estou ficando louco! Agora
isso acontece com meu pai.
― Vai dar tudo certo, cara. Acabei de ver na TV sobre
seu pai, preparei o jatinho, está pronto para irmos a Los
Angeles…
― Você sabe que… ― minha garganta apertou com
seu gesto.
Desde que conheci Lucky, em Harvard, ficamos
melhores amigos, todos os outros também, Jason, Ryan e
Daniel. Somos inseparáveis, devo dizer, eles tinham minhas
costas e, eu tinha as deles.
― Jordan, nós somos mais do que amigos, somos
irmãos, então só vamos nessa. Já falei com Ryan e Jason, os
dois estão indo pra lá também. Eu tenho uma casa lá, caso não
queira ficar na do seu pai, com a banda dele. ― Lucky
suspirou.
― Obrigado. Estou indo para onde o jatinho está, já
chego lá e partimos.
― Não vai levar a Law? Porque mesmo que ela esteja
irritada com você, aquela mulher vai querer estar lá para você.
Ela é dessas ― disse. ― Estamos saindo do hotel agora.
― Valeu cara, mas não a quero no meio disso, dessa
porra de abutres de repórteres. ― Suspirei. ― Agora entendo
o motivo dos irmãos a deixarem bastante isolada.
― Certo cara, estamos esperando você lá.
♥
Sentei-me no jatinho equipado, me lembrando da
última vez que entrei aqui, foi quando fui para o casamento de
Lucky e Sam, em Vegas. Foi o dia mais feliz para o meu
amigo.
Sam sentou do meu lado e segurou minha mão dando
um aperto firme.
― Seu pai vai ficar bem ― sussurrou ela. ― Não o
conheço, mas Lucky disse que ele é um cara forte.
― Obrigado. ― agradeci, porque não queria falar
sobre isso agora, por isso fiquei feliz que ela mudou de
assunto.
― Eu sei que não é da minha conta, mas Lucky disse
que Laurel não aceitou bem o que disse a ela sobre a
mulherada, no qual teve na sua vida. ― Ela olhou de lado para
mim. ― Não se preocupe, ela vai lidar com isso, afinal de
contas, é o seu passado.
― Ela foi criada vendo seus irmãos viverem cercados
de mulheres e descartando-as, então tomou algum tipo, não
chega a ser trauma, é mais para…
― Um escape, eu sei, ela não queria ser uma dessas
meninas, que se apaixonam por um Bad Boy e depois acabam
quebradas, essa é a sina por se apaixonar por um ― disse com
tom suave. ― Mas muitas coisas não são preto no branco,
quando o cara se apaixona, ele fica de quatro.
Eu sorri.
― Uma posição bem interessante ― brinquei e depois
falei sério: ― Eu não queria paixão ou procurava por ela, por
isso fugi de meninas puras como ela, você e Angelina. Mas
quando vi aquela coisa pequena vestida naquela sainha jeans e
naquelas malditas botas, eu não pude deixá-la de lado. ―
Passei as mãos nos cabelos. ― Ela tinha visto o Shade com
Melissa, eu vi a dor nos olhos dela, enquanto todos festejavam,
inclusive seus irmãos. A segui para o terraço e fiquei com ela,
vendo sua dor, ouvindo-a falar de seus sonhos, que ninguém
sabia, mas ela confiou em mim.
― Você é um cara legal e amigo Jordan, e mesmo
bêbada, ela enxergou isso ― Sam me disse. ― Pouco tempo
que passei com ela, eu percebi o motivo de você ter gostado
dela desde o início, e também por ter se apaixonado, espero
que não desista dela.
― Desistir? Nunca, jamais a deixaria ir assim, eu sei
que ela me ama, só está confusa e sofrendo por ter descoberto
que menti. Ela odeia mentiras…
― É um gesto nobre de sua parte não querer envolvê-
la nisso ― comentou.
― Ela também tem medo de avião, só foi em um
quando precisou ir ao casamento de Shade, e no seu
aniversário. ― Apertei minha têmpora tentando aliviar a dor
de cabeça.
― E você acha que ela não faria o mesmo por você?
Jordan, eu vi a forma que ela o olhava, e foi correndo para
você na outra briga de vocês. ― Ela sorriu de lado. ― Assim
que ela souber o que está acontecendo, Laurel vai estar lá com
você.
― Estou contando com isso, porque sei que se ela for
lá e andar de avião, eu vou saber que ela é a rocha no nosso
relacionamento. Entretanto se não for, eu vou atrás dela e
trabalhar mais, mas perdê-la, não está nos meus planos de
forma alguma.
Ela sorriu e passou a mão no meu cabelo.
― Vai dar certo querido, e fico feliz que não desistirá
nem agora e nem nunca.
Depois disso, nós ficamos em silêncio, estava querendo
que Law viesse para mim, e ao mesmo tempo, não querendo
por causa desse bando de urubus. Nossa! Eu os odiava, queria
poder fazer de tudo para que nenhum deles estivesse no meu
pé me enchendo o saco ou interferindo na minha vida como
fizeram ao me casar.
Cheguei a Los Angeles e fui direto ao hospital. Brad
estava me esperando na entrada, cercada de repórteres.
Saí do carro junto com Sam e Lucky e entrei no prédio
do hospital, então vieram as perguntas e câmeras foram
posicionadas, e filmaram e tiraram fotos. Tudo para uma porra
de manchete de primeira página.
― Não ligue para nenhum deles ― falou Sam baixinho
indo para o meu lado.
― Senhor Jordan, será que esse incidente vai atrasar
a sua lua de mel? Sua esposa não venho com você? ―
perguntou um dos repórteres fodido.
Eu ignorei, porque se eu dissesse algo corria o risco de
voar na cara desse merda e o quebraria. Como ele ousa dizer
que, o que aconteceu com meu pai iria atrapalhar a minha lua
de mel? Porra, ele é meu pai, queria que ele saísse dessa logo,
e não ligava para a lua de mel, depois teria isso de sobra. Mas
fiquei com raiva, era como se estivesse falando que eu só
ligava para sexo e mais nada. Nessa hora, eu senti mais
vontade de vomitar.
― O que está sentindo nesse momento vendo seu pai
indo para o hospital do mesmo que sua mãe foi há nove anos?
Ela não saiu com vida, acha que seu pai vai sair? ―
continuou assim que não respondi.
Meu corpo ficou duro como rocha e uma dor lacerante
me atravessou dos pés à cabeça me fazendo querer gritar ou
matar alguém.
Eu sei que hospitais me trazia várias lembranças, nas
quais não queria recordar de nenhuma delas. Mas as portas se
abriram e elas entraram.
Eu estava a ponto de enlouquecer como aconteceu
quando descobri sobre minha mãe, derrubei vários repórteres,
que faziam perguntas idiotas. Hoje, eu estava fazendo tudo
para me controlar. Uma, porque sabia que violência não levava
a nada, pois seria melhor processá-los.
― Vamos. ― Lucky pegou meu braço e me puxou
para longe deles e entramos no prédio.
― Jesus, eu não pensava que esses repórteres eram tão
sem noção ― rosnou Sam. ― Não ligue, meu amigo, seu pai
vai ficar bem.
Eu assenti, controlando minha raiva e dor, que estava
tentando me derrubar. Nesse momento, eu só queria uma
pessoa ali do meu lado, mas ela estava longe e ainda com raiva
de mim.
― Senhor ― disse Brad ao meu lado. ― Peguei as
câmeras do lugar e vi qual foi o motivo da discussão, o
baixista Treves Willon, não aceitou muito bem que seu pai ia
sair da banda.
Eu arregalei os olhos.
― O quê?
― Sim, depois que falou com o senhor, ele retornou
para dentro do clube de Treves e falou que não ia mais ser
cantor de banda, que estava cansado dessa vida e que agora ia
sossegar. Falou também que não ia viver cantando por aí longe
de você ― ele me olhou ― Que perdeu muito tempo até
agora, e você nem o chamou para o casamento. Ele queria ser
um pai melhor, para ir viver em algum lugar tranquilo perto de
você.
Acho que meus pulmões estouraram com essa notícia,
tanto que eu quis que ele fizesse isso antes de tudo acontecer
com a mamãe. Mas agora ele estava no hospital, e tudo por eu
não o convidar para o casamento? Ele achou que eu o excluí
da minha vida? Maldição! Nem eu sabia que ia me casar.
― Você disse que Treves não aceitou bem? O que ele
fez? ― Meus punhos cerraram com força. ― Onde está a
gravação de tudo que aconteceu? Vou ver como meu pai está,
então vou ver as gravações.
― Hummm, um cara disse que era do FBI, e falou que
era seu amigo, então pegou as gravações, disse também que
checaria os fatos. ― Ele parecia meio nervoso.
― FBI?
― Sim, mas eu só dei depois que ele mostrou o
distintivo. ― Ele me seguiu para irmos para sala de espera. ―
Bryan Scott. Fiz errado em dar a gravação a ele? Só entreguei,
porque ele me ouviu falando com um amigo meu, dizendo que
desconfio que seu pai não tentou se matar e foi tentativa de
homicídio pela crise que seu parceiro de banda teve.
Eu suspirei, Bryan era um agente e conhecia muitas
pessoas que podiam chegar ao fundo disso sem causar
alvoroço.
Estava furioso por alguém querer matar meu pai, ou
melhor, um cara que ele jurava ser nosso amigo e chamava
meu pai de irmão, como a cegueira da fama deixa isso
acontecer com uma pessoa?
Bryan e Alexia estavam na sala de espera, e também
Daemon, de braços cruzados e, escorado na parede.
― Ryan e Jason estão vindo de avião ― disse Bryan
assim que cheguei até ele. ― Eu cheguei mais cedo com
Alexia, porque estávamos perto, e Daemon já estava conosco.
Daemon era o membro do MC da Fênix, eu o conheci
há alguns anos, na faculdade, bom, eu conheci Dominic e
Michael. Daemon já conheci quando Angelina deixou Ryan,
ele ajudou Ryan a localizá-la.
― Deixa que eu cuido de tudo com Bryan sobre o que
aconteceu com seu pai, você precisa saber como seu pai está
― disse Lucky.
― Obrigado gente. ― Assenti e fui até a recepção à
procura de informação.
Tinha uma jovem loira com óculos de grau.
― Oi, eu sou filho de James Johnson e preciso saber
como ele está? ― perguntei.
Ela me olhou e avaliou como se estivesse sondando se
era eu mesmo.
― Sim, conheço você da televisão ― disse ela. ― Seu
pai foi levado para fazer uma lavagem estomacal, assim que
terminar o médico vai entrar em contato. Também já avisei aos
integrantes da banda. Só tinha um deles que estava sóbrio.
― Me deixe adivinhar? Treves? ― meu tom era seco e
com asco.
― Sim, ele parecia preocupado e perguntando se ele ia
sobreviver ― ela comentou.
Preocupado? Porra, se aquele fodido de merda fez algo
para o meu pai, eu acabaria com ele, pensei.
― Se ele chegar e perguntar de novo, mande-o vir me
procurar, mas não diz nada, ok?
Ela parecia confusa, mas assentiu. Eu voltei para a sala
onde estavam os outros. Contei o que a menina da recepção
disse sobre Treves.
― Com certeza está com medo de seu pai sobreviver
― rosnou Daemon. ― Só vamos esperar para saber o estado
de seu pai, aí vamos procurar mais pistas.
― As gravações não são suficientes para colocá-lo na
cena e prendê-lo? ― sondei.
― Não, precisamos de mais provas, porque eles
estavam discutindo e nada mais, mas tem um lugar entre o
salão e um corredor comprido, que chega a porta da frente, que
não tem câmeras, e foi ali que tudo aconteceu, tenho certeza.
Isso não faz dele um assassino, e não ia ser preso. Precisamos
de algo concreto para não o deixar solto, novamente ― disse
Bryan com um suspiro.
― Então você acredita que o crápula é realmente
culpado só por que meu pai quis deixar a banda? ― meu tom
era um rosnado de fúria.
― Sim, tenho alguns amigos meus da polícia, que
estão cuidando disso, estamos deixando por baixo dos panos,
estava esperando você chegar para saber o que faríamos. Eles
acham que é melhor você entregar na mídia a discussão deles,
assim todos vão saber que esse cara é um tremendo de um
desgraçado fodido. Talvez assim ele faça alguma besteira e
nós o pegamos.
― Ele não matou meu pai, porque ainda está vivo,
então certamente, Treves sairia por bonzinho e arrependido
por ter brigado com meu pai. ― Suspirei. ― Preciso de provas
concretas, assim jogamos na mídia. Tipo, ele ameaçando meu
pai ou coisa assim.
― Certo, mas puxei mais fundo o que aconteceu com
sua mãe e houve uma semelhança nos remédios e substâncias
que encontrei no lugar. Eram os mesmos que sua mãe tomou
há nove anos…
― Que porra você quer dizer? ― perguntei com meu
coração batendo forte no peito.
Ele me olhou.
― Também soube que há nove anos, o seu pai queria
deixar a banda como fez agora, ele queria se mudar para
Austin e viver com você e sua mãe lá… então uma semana
depois, ela tomou remédio em uma tentativa de suicídio? ―
Ele sacudiu a cabeça. ― Não faz sentido.
― Você está dizendo que ele pode ter matado minha
mãe? ― minha voz se elevou, então abaixei.
― Tudo indica que sim ― respondeu ele. ― Eu vou
mais a fundo, preciso saber que local ela ia na época, assim
posso ver as câmaras daquela época, preciso de provas
concretas.
― Ela tinha uma floricultura na mansão, uma estufa
melhor dizendo. Tinha câmeras lá e na casa, mas elas sumiram
no dia. Os polícias da época pensaram que ela havia desligado
para não verem o que ela ia fazer. ― Passei a mão no rosto. ―
Não acreditei, pesquisei fundo na época também, mas não
cheguei a nada.
― Vou mais a fundo, acho que a mídia deve saber em
relação a isso, assim o deixamos de mãos atadas e acredito que
cometa um erro, aí o pegamos ― falou Bryan e depois
apontou para Daemon. ― Estamos nós dois nisso, vamos
fechar o círculo e pegarmos esse cara e descobriremos toda
essa podridão de merda. ― Ele me olhou. ― O que acha?
Devemos falar com a mídia e soltar nossas suspeitas?
― Eu acho bom também Jordan, isso ajudará a
pegarmos o cara. ― concordou Lucky.
Assenti para eles.
― Pode soltar essa bomba se vocês possuem provas
em relação a isso, assim eles vão focar nisso e me deixarão de
lado com o meu pai. Quando acordar, ele não precisa dessa dor
de cabeça. ― Eu rodei a aliança num gesto para me controlar.
― Assim que James estiver bem, nós vamos ter que
deixar um guarda 24 horas, não podemos deixar o Treves vir
terminar o serviço. Vamos deixar uma enfermeira, o médico e
você entrar no quarto e mais ninguém, todos têm que mostrar a
identificação para entrar, concorda com isso?
― Sim, concordo ― fiquei mais aliviado que todos
estivessem cuidando de sua proteção, porque minha cabeça
estava lá naquele quarto com meu pai.
― Acha que se Treves ficar acuado pode querer
vingança? ― sondei ao Bryan.
― Puxei sua ficha antes da fama, ele foi preso quando
tinha dezesseis anos, por drogas, e também era muito
briguento, causava confusão onde passava. Quando fez
dezessete, ele e um amigo dele se juntaram e bateram em um
garoto, que roubou a namorada de seu amigo, e estuprou a
garota. Mas nunca foi provado nada, os dois tinham álibi.
Apesar de que descobri que os dois tinham grana, e isso
compra muitas pessoas, porque tive que cavar bem fundo para
conseguir descobrir isso.
Ele olhou para minha aliança, que eu rodava no dedo.
― Soube do casamento, meus parabéns ― disse com
um sorriso. ― Se está preocupado com ela, não precisa, soube
que seus irmãos estão ao lado dela nesse momento.
― Obrigado ― sussurrei, e olhei para ele. ― Os três
estão com ela?
Porra, eu ficaria doido ali, porque nesse momento em
que Law estava com raiva de mim, Shade estava lá com ela, eu
sei que a caipira gostava de mim, sentia isso toda vez que nos
tocávamos, na forma que ela me olhava. Mas ela o amou
primeiro, e agora ele estava talvez a segurando, enquanto ela
chorava pelo que fiz.
― Não faz isso com você ― falou Lucky, sentado na
minha frente com Sam do seu lado.
Eu me levantei e fitei a janela, mas sem nada ver
realmente.
― O quê? ― me fingi de desentendido, mas sabia ao
que ele estava se referindo.
― Agora aquela mulher ama você, então não pense o
que não existe. ― Chegou perto de mim e deu um aperto em
meu braço.
Eu assenti, mas dentro ainda restava a dúvida de que
talvez em seu coração restasse algum sentimento por Shade,
mesmo que ela pensasse que não.
Capítulo quinze
Laurel
Eu sentei no avião particular dos meus irmãos, o que
eles tinham para levá-los aos shows em vários lugares. Estava
inquieta com o voo, sempre ficava assim quando viajávamos,
o que era raro esses momentos.
Eu expirei segurando firme no assento e fechei os
olhos por um momento.
― Está inquieta? ― sondou Shade vindo sentar ao
meu lado.
Eu abri os olhos e olhei para ele.
― Sim, um pouco ― respondi.
― Não fique, Jordan vai ficar bem, ele é um cara durão
― disse e depois suspirou. ― Queria pedir desculpas por não
ter notado que o que sentia por mim era verdadeiro, e não uma
paixonite.
― Uma paixonite que doía como uma cadela quando o
via com mulheres, e até com Sabrina, apesar de esse
sentimento não ser nada comparado com o que sinto por Tay,
eu o amo como nunca amei ninguém na vida. Ele ficou ao meu
lado no seu aniversário, depois que vi você com Melissa. E
você não tem culpa por nada, afinal ninguém manda no
coração.
― Lamento por você sofrer… ― ele suspirou num tom
triste. ― Aquela foi uma noite difícil, Melissa chegou e disse
que estava grávida, e porra, a minha vida ficou balançada, de
cabeça para baixo. ― Ele passou a mãos nos cabelos. ― Sabia
que não podia deixá-la sozinha nisso, tinha que pensar no meu
filho.
Eu acho que meus olhos saltaram das órbitas, mas
depois pensei, bem que tinha imaginado que era algo assim,
porque só assim para casar com uma garota fria como ela.
― Oh, meu Deus! Eu vou ser tia. ― Sorri para ele. ―
Acho que vou ter que fazer as pazes com a rainha do gelo, não
é?
Ele me avaliava, e depois sorriu.
― Acredito que sim, no começo foi difícil ficar
casado, ainda mais com ela sendo tão distante, que parece a
muralha da china.
― Ela parece uma princesa do gelo, a única coisa que
você tem quer ser é o príncipe do fogo e derreter a geleira que
ela construiu a sua volta. ― Sorri.
― Príncipe do fogo, hein? Vou pensar nisso ― disse e
suspirou. ― Ela não me deixa entrar.
― Se esforça mais, eu não sou psicóloga, isso é
trabalho da Sam, mas se uma pessoa não deixa a outra entrar,
talvez tenha acontecido algo que a machucou, e ela não quer
passar por isso de novo, ainda mais, com um cantor de rock
mulherengo.
Ele empurrou meu ombro com o dele e sorriu.
― Ei, não sou mais assim, sou responsável quando
tenho um compromisso. ― Ele alisou sua aliança de
casamento.
― Agora chegou a sua vez de ralar e ir à luta por ela,
já que precisa de uma união estável para um casamento
funcionar e ser feliz
― Sim, eu sei. Eu vou fazer isso assim que voltar para
ela — disse.
― Quando amamos algo temos que ir atrás, assim
como vou atrás de Tay ― sussurrei.
― Tay… sabia que ele não gosta que ninguém o
chame assim? Era como sua mãe o chamava, mas para você,
ele se apresentou assim, não foi?
― Sim, naquela noite, eu estava bêbada, então não me
lembro, mas sei que nos beijamos, falei sobre meus sonhos.
Depois o vi no avião para Vegas, ele ficou ao meu lado após
descobrir sobre meu medo de avião…
― Medo de avião? ― sondou Nilan chegando até nós
e sentando no banco ao lado do corredor.
Ele era moreno, com cabelos como os meus, castanhos
escuros, olhos cor de chocolate. Nós nos parecíamos muito.
Seu corpo era forte e forrado de tatuagem. Gave não ficava
atrás, sua pele era mais clara, olhos castanhos esverdeados
intensos.
Gave sentou ao lado dele. Pelo visto os dois tinham nos
deixado a sós para conversarmos, talvez eles quisessem que
nos entendêssemos, claro, afinal éramos irmãos.
― Sempre tive, só não demonstrei na frente de vocês,
pois não queria parecer fraca ― sussurrei. ― Depois que
mamãe morreu, isso aconteceu comigo. Tay sabia e ficou ao
meu lado, na minha viagem para Vegas.
― Por isso não viaja muito ― falou Gave. ― Porra,
não acredito que um cara que conheceu você, e em menos de
dois segundos, soube mais de você do que nós, os seus irmãos.
― Isso é verdade ― rosnou Nilan concordando. ―
Seus sonhos e tudo mais…
― Gente, eu me escondi de todos, não foi culpa de
vocês, até de mim mesma, não estava disposta a ir com unhas
e dentes para o que eu queria. Ele me ajudou com isso, algo
nele me fazia querer ter mais e ser alguém para ser compatível
com ele, além de uma caipira.
― Que porra está dizendo? ― rosnou Shade.
― No começo, não achei que alguém tão perfeito
como ele ia me querer, então quando isso aconteceu, eu não
podia deixar escapar. ― Olhei para Shade do meu lado. ―
Parte da minha vida, eu fui apaixonada por você, mas nunca
tive a chance…
― Lamento por isso… ― sussurrou ― Mas fico feliz
por você amar o Jordan, ele é um cara de sorte ― disse ele
com um sorriso gentil.
― Sabe, desde o dia em que ele me conheceu, antes
mesmo que eu o conhecesse, Tay não ficou com ninguém, e a
partir do momento em que soube que me amava, ele não
queria mais ninguém, isso acontece quando a gente ama.
Todas as mulheres e homens não significam nada, só a pessoa
que amamos importa. ― Sorri dos olhos arregalados dos meus
irmãos, Nilan e Gave pelo menos. ― Um dia vocês vão
entender do que estou falando.
― Nem fodendo quero que isso aconteça ― falou
Gave estremecendo.
Nilan sacudiu a cabeça, pensei ter visto uma pontada
de dor em seus olhos, mas foi tão breve, que devo ter
imaginado isso.
♥
Cheguei em frente ao hospital com um monte de
repórteres do lado de fora. Fiquei nervosa de repente, sentindo
um monte de câmeras sendo viradas para mim e meus irmãos,
enquanto passava através dos seguranças no local e dos meus
irmãos. Conosco estava Milton e Jared.
Eu vi o repórter que falou com Tay quando ele chegou
ali, era o mesmo que vi na TV. Evitei-o para controlar minha
raiva por ele ter causado dor no meu marido.
Havia muitas perguntas relacionadas ao que eu achava
sobre o que James estava passando ou Tay, algumas eram
legais, mas outras eram pesadas.
― Laurel, eu soube do seu casamento com o homem
mais cobiçado entre as mulheres. Como se sente em relação a
isso?
― Onde você estava, que não veio com seu marido?
― Você está grávida? Por isso casou em Vegas e
escondida de sua família?
― Acha que Jordan odeia o pai? Por isso não o
convidou para o casamento? Foi por isso que ele tomou os
remédios?
Eu estava ignorando as perguntas, assim como Nilan
me disse para fazer, mas endureci ao ouvir algo assim. Mesmo
não sabendo da relação entre Tay com seu pai, não acreditava
que ele o odiasse assim. Esses caras estavam colocando
intrigas aonde não havia.
Eu fuzilei o cara, que era o mesmo que provocou dor
no Tay com aquelas perguntas.
― Olha aqui, seu babaca, você fica fazendo perguntas
sobre a recuperação do James, se ele vai sobreviver ou morrer,
como a mãe do Tay. O que há na porra da sua mente? É o pai
dele lá em cima. ― Apontei para o hospital. ― Meu marido
está sofrendo e você fica fazendo perguntas estúpidas como
essa? Por que ao invés de dizer asneiras, você não pega uma
vela e vai rezar para o James viver? ― percebi que gritava. ―
E quanto a minha vida e a de Tay, não é da maldita conta de
vocês.
Shade passou a mão na minha cintura e me tirou da
multidão, que estava de boca aberta com câmeras clicando.
Mas não liguei menos para isso. Só soltei minha raiva.
― Tigresa, se controla ― pediu Nilan com um sorriso
e piscou para mim.
― Maninha, eu adorei aquilo ― falou Gave,
orgulhoso. ― Vovó vai surtar com você xingando na TV.
Eu corei.
― Eles vão falar de vocês também, que têm uma irmã
bocuda ― sussurrei.
― Quem liga para isso? ― falou Shade com um
sorriso.
Eu parei assim que chegamos à sala de espera e olhei o
lugar recheado de rostos desconhecidos, só conhecia Lucky e
Sam. Mas tinha uma morena linda parecida com um anjo
sentada ao lado de um cara com os olhos cor de uísque. E duas
loiras fabulosas, uma com vestido elegante, estava ao lado de
um cara de olhos azuis e cabelos negros. A outra estava
vestida com um espartilho e calça de couro preta bem apertada
definindo suas curvas perfeitas.
Ela estava abraçada com Taylor, foi um choque vê-lo
com outra…
― Se acalma, aquela é Tabitta Rodrigues, mulher de
Jason Falcon ― respondeu Shade me dando um aperto na
cintura. Ele ainda me abraçava, não tirei sua mão, pois agora
éramos irmãos de verdade.
Assim que Shade falou, todos da sala olharam para
nós, mas eu só estava vendo uma pessoa ali e seus olhos
estavam em Shade com o braço em minha cintura, vi dor
neles. Isso quase me matou por lhe causar mais dor.
Eu me afastei dos braços de Shade e fui seguindo para
Tay, enquanto falava. Seus olhos me seguiam, atentos.
― Podemos conversar sozinhos?
Ele assentiu, mas não respondeu, só deu as costas e foi
a uns oito metros de onde seus amigos estavam no corredor
comprido. Ali ninguém nos ouviria. Tay parou e se virou para
mim, mas não disse nada. Acredito que me esperando dizer
algo. Eu respirei fundo.
― Sabe o que eu fiz depois que você foi embora? ―
não esperei sua resposta. ― Conhece a música Lonely is the
night air supply? Ela revela o que eu estava sentindo sem
você. O vazio, a solidão, a perda, isso era algo que estava
acontecendo comigo, essa letra mostra tudo isso, e não quero
viver assim.
― Eu… ― a dor era evidente ali.
Cortei.
― Eu não ligo que antes de me conhecer, você teve um
milhão de mulheres, que era um cafajeste, mulherengo,
depravado… Sabia que não tinha caras perfeitos e puros no
mundo, acho que nem os padres são. ― Eu franzi a testa.
Quando ficava nervosa, eu falava demais. ― Acho que os
monges, mas eles não gostam de mulheres, não é?
Ele começou a abrir a boca, mas falei antes que
respondesse.
― Deixa pra lá, o que quero dizer é que a partir do
momento em que o conheci, eu me apaixonei perdidamente
por você, então não ligo para o passado, o que você viveu
antes de eu aparecer na sua vida. ― Cheguei perto dele. ―
Você não sabia que eu existia. ― Peguei sua mão, que estava
com a aliança. ― Se por acaso você mentir para mim de novo,
eu chuto sua bunda com as minhas botas e te mando para a
Lua.
― Não vou ― jurou e alisou meu anel no dedo. ―
Você está usando a aliança. Achei que fosse tirar.
― Tirar? Lembra que prometemos que por mais que
brigássemos não íamos tirar as nossas alianças? Então não
tirei… ― toquei seu dedo com a aliança ― Você também não
tirou a sua.
― Não, ela vai ficar no meu dedo para sempre, caipira
― prometeu.
Eu sorri e joguei meus braços em seu pescoço. Tay
sorriu um pouco.
― Eu amo você. ― Beijei sua boca de leve, mas ele
me apertou mais em seu corpo aprofundando mais o beijo até
que fui puxada para longe dele e abri os olhos, vendo a cara
enojada de Nilan e Gave.
― Cristo! Não se peguem assim na nossa frente,
porque minha vontade é de matá-lo ― rosnou Gave com os
punhos cerrados.
― Isso, e nós estamos em um hospital ― grunhiu
Nilan.
Eu pisquei, porque por um breve segundo tinha me
esquecido de onde estava. Tay me puxou para perto dos seus
amigos. Meus irmãos nos seguiram com caras de poucos
amigos. Eles tinham que entender que eu cresci.
― Desculpe, como ele está? ― sussurrei e passei os
braços em sua volta. ― Você está bem?
Era uma pergunta idiota, mas ele parecia mais calmo,
só um pouco irritado. Não entendi.
― É bom esquecer um pouco as coisas. ― Ele foi se
sentar em um sofá e me puxou para seu colo. ― Estou bem na
medida do possível.
― Não ligue para aqueles jornalistas idiotas, acabei
com eles assim que entrei aqui. ― Passei a mão em seu cabelo
liso e longo. ― Não gostei da forma que eles falaram com
você, eu vi na TV.
Ele se afastou e me olhou.
― Você lidou? O que você fez?
Eu dei ombros.
― Só disse umas verdades, embora ache que logo
todos os jornais e TV, vão estar dizendo que você se casou
com uma caipira louca ― sussurrei. ― Mas não me arrependo
por ter defendido meu marido.
Seu sorriso era ofuscante.
― Marido, hein?
― É, o que você é ― declarei gostando de vê-lo
sorrindo um pouco.
― Sim, obrigado por estar aqui comigo, até veio de
avião, superando seu medo. ― Ele alisou meu rosto. ― Amo
você caipira, como nunca amei ninguém na minha vida.
― Isso é bom, porque vim atrás do meu marido, antes
que alguma vagabunda o roubasse de mim e, eu tivesse que
matá-la ― falei para distrai-lo e, não por ciúmes, afinal
confiava nele.
Seus olhos brilharam divertidos, mas vi emoção ali.
Gostei.
― Eu fui domado por você.
Eu gargalhei.
― Sou boa domadora.
Desta vez foi a vez de ele gargalhar. Eu só fiquei o
olhando, e fiquei feliz por ele esquecer um pouco os
problemas.
Ouvi algumas pessoas suspirarem, foi quando notei
que todos na sala me olhavam de olhos arregalados, alguns
agradecidos e outros impressionados.
― O que foi? ― sondei corada.
― Eu agradeço por fazê-lo sorrir um pouco ― disse a
morena com um sorriso.
Eu assenti.
― Caipira, esses são os meus amigos, essa morena
linda é Angelina, a esposa de Ryan Donovan, que está do seu
lado.
― Prazer em conhecer a mulher que domou meu
amigo ― disse Ryan com um sorriso. ― Fico contente por
isso.
― Eu também. ― Sorri para ele.
Tay revirou os olhos.
― Essa loira ― ele apontou para a mulher, que estava
com o vestido chique ― Ela é Alexia, é casada com Bryan, o
irmão da Sam…
― Isso explica a familiaridade entre você dois. A cor
dos olhos. ― Olhei de um para outro, que estavam sorrindo.
― Eu sou Tabitta, mas você já deve saber disso, já que
seu irmão falou meu nome ― disse a loira do espartilho.
Ela estava ao lado de Jason Falcon. Lindo casal, eu
devo dizer. Ele era alto, forte e olhos da cor dos meus.
Eu assenti.
― Eu sou Laurel, prazer em conhecer vocês ― falei e,
olhei para uma TV, que estava ligada baixinho perto de nós.
Estava passando a reprise do meu bate-boca com o repórter.
Ou melhor, eu brigando com ele. E olhei para Tay, que estava
com os olhos fixos na tela.
― Porra, essa mulher é uma fera… ― disse um cara
entrando no lugar.
Ele vestia terno caro e cabelos negros. Lindo, devo
dizer. Seus olhos piscaram em mim, sentada no colo de Tay.
― Merda Jordan, agora entendo o motivo de você tê-la
escondido de nós ― disse ele com um sorriso. ― Uma mulher
valente, e ainda por cima, linda. ― Ele chegou até mim e
estendeu a mão. ― Eu sou Daniel Luxem. Amigo de Jordan.
Eu peguei sua mão e apertei falando meu nome, mas
acho que ele já sabia disso. Corei enquanto Jordan bufava com
um sorriso.
Daniel olhou para Tay.
― Lamento pelo seu pai cara, como ele está? ―
sondou.
Tay apertou seu braço em minha cintura, como se eu
fosse seu amuleto da sorte.
― Ele foi levado para o quarto, após fazer uma
lavagem estomacal, mas o pior passou, ele vai sobreviver ―
tinha um tom emocionado na sua voz.
Eu o vi endurecer assim que três caras roqueiros
chegaram, já os vi na festa de aniversário de Shade. Eram os
integrantes da banda Clave, do pai dele.
― Como ele está? ― perguntou um cara moreno de
meia idade, aliás, os três eram assim, na faixa dos quarenta e
cinco a cinquenta e cinco anos, mais ou menos.
― Vai sobreviver, Silver ― respondeu Tay, tinha algo
no seu tom, que ele tentou esconder, mas notei sua raiva
controlada.
― Podemos vê-lo? ― sondou o outro cara, que era
ruivo e com sardas.
― Não, Martins. Entrada, no quarto dele, está
permitida somente para mim, o médico e a enfermeira ―
respondeu Tay.
― Por quê? ― sondou o outro cara moreno. ― Porque
ele ao tomar os comprimidos e bebidas, ia ser mantido em
quarentena? Somos seus amigos.
Tinha algo acontecendo ali, que eu não sabia, mas
tinha a ver com o pai de Tay hospitalizado. Por que ele
proibiria todo mundo de entrar no quarto, sendo que também
eram seus amigos?
― O médico acha que foi tentativa de assassinato, sua
garganta estava machucada, como se tivesse empurrado os
remédios a força para ele engolir. ― Seus punhos destacaram
a minha volta.
Os três homens arregalaram os olhos.
― Eu também acho isso, o cara estava feliz por
terminar sua carreira ― disse Silver. ― Tivemos uma reunião
ontem, mas ele já vinha há dias falando nisso, em deixar tudo
isso para trás. Eu estava feliz por ele.
― Eu também, só nunca entendi, porque há nove anos,
ele ia fazer o mesmo, mas então houve o incidente com a
Julieta e, ele ficou na banda, mas se jogou na bebida e
mulheres ― falou Martins. ― Ele tem que sair agora ou vai
afundar mais no fundo do poço.
Todo tempo em que eles falavam, eu notei Bryan,
Lucky e Tay observando o outro cara, que por sua vez, tinha
um toque ruim, ainda mais ao olhar para Taylor e eu.
Estremeci e me aproximei mais de Tay.
― Você não tem nada a dizer, Treves? ― perguntou
Bryan. ― Você é o único calado.
Seus olhos foram para ele, notei aço neles, mas foi
breve, que foi mudado depois para um sorriso. Percebi que era
falso.
― Claro que concordo, ele é nosso amigo ―
respondeu.
― Bom ― disse Bryan. ― Estamos investigando
todos que estavam na boate, a nossa sorte é que o lugar possui
câmeras, e isso vai nos ajudar a descobrir o que houve.
Não acho que Treves ficaria branco, ainda mais em sua
pele morena. Mas ele parecia um fantasma.
― Quem é você? ― perguntou.
Bryan sorriu. E meu, o cara era lindo demais. Embora,
Taylor fosse o mais perfeito de todos os homens que conhecia.
― Eu sou amigo de Jordan, mas também um agente do
FBI, e estou trabalho junto com a polícia para entender o que
realmente aconteceu naquele clube ― falou ele. ― Deixarei
debaixo dos panos até ter as provas, aí soltarei na mídia quem
é o assassino.
― Solta? ― indagou Treves, parecendo engasgado ou
algo do tipo.
― Sim ― respondeu somente.
― Você está dizendo que alguém tentou assassinar o
James? ― perguntou Silver.
― Mas quem faria isso? ― Martins piscou, chocado.
― Acha que é algum fã maluco?
― Não sabemos ― falou Bryan, mas pelo seu tom, ele
parecia estar mentindo. ― Mas saberemos em breve, não se
preocupe.
Ficamos em silêncio mais alguns minutos. Então,
Treves pediu licença dizendo que tinha que fazer algo, o que
achei muito nervoso. Os outros dois também foram embora.
― O que há com aquele cara? ― perguntei baixinho
para Tay.
― Nada ― disse ele e acenou para Bryan, que se
levantou e foi embora.
Eu não me queixei por ele mentir, mas estava confusa
com tudo que aconteceu. Mas se ele não disse nada, é porque
tinha seus motivos. Uma, que não tinha ideia do que seria, mas
com certeza tinha a ver com seu pai e a tal tentativa de
assassinato.
Capítulo dezesseis
Laurel
Quando cheguei na cidade na noite anterior, eu estava
exausta, tanto que Tay queria que eu fosse embora para
descansar, mas não o deixei em nenhum momento. Eu
descansei hoje durante o dia, mas só por algumas horas, depois
voltei ao hospital para o lado de Tay. Não queria deixá-lo
sozinho.
Já estava anoitecendo quando Tay me levou para
visitar seu pai, mas ele estava dormindo. Ele se parecia com o
Tay, mais velho, claro. Era cheio de tatuagens também. Tinha
soro em sua veia e uma sonda no nariz.
Tay teve que dar uma saída para falar com alguém,
então eu fiquei no quarto com seu pai.
― Oi, olha não sei se você está ouvindo, mas queria
que soubesse que o Tay não o convidou para o casamento,
porque nenhum de nós dois sabíamos que íamos nos casar, foi
repentino. ― Eu me sentei na cadeira e olhei a figura
acamada. ― Ele me ajudou quando me conheceu, não me
deixou chorar por algo que tinha acontecido, ele me ajudou a
realizar os meus desejos, que sempre quis na minha vida. Um
deles era o casamento, foi coisa de momento, sabe? Vegas e
tudo mais, mas por causa desse momento, nós estamos casados
até hoje, e também me fez apaixonar por ele perdidamente.
Eu olhei para a janela e depois para o James.
― Quando você acordar, nós vamos realizar uma
reunião com minha família e a dele, isso inclui você, tudo
bem? Então levanta dessa cama logo para isso acontecer.
Agora somos uma família. ― Eu me inclinei mais e cheguei
perto do seu ouvido, e sussurrei: ― Seu filho ama você, sabia?
Pude ver a forma que ele olhava para você nessa cama, eu vi a
dor e o medo que sentiu ao pensar que você poderia não voltar
mais para ele, assim como a mãe.
― O que você está fazendo? ― perguntou Tay
entrando no quarto.
Eu me levantei e sorri.
― Conversando com seu pai, não sei se ele ouve, já
que está dopado, mas não custa tentar. ― Fui até ele e peguei
sua mão.
― Sério? O que estava dizendo? ― Deu um selinho.
― Bom, como foi nosso casamento, que no caso, ele
não foi convidado, eu prometi que assim que ele melhorar, nós
vamos fazer uma festa de casamento com meus amigos e os
seus ― anunciei.
Ele sorriu e me beijou, mas me afastei dando um tapa
nele.
― O quê?
― Se comporta, não vamos nos agarrar na frente do
seu pai.
Ele sacudiu a cabeça.
― Seus irmãos vão levar você para a casa, que você
tem aqui ― informou.
Eu franzi a testa.
― E você?
― Seus irmãos disseram que não estamos dormindo
juntos até que estejamos casados com o mesmo padre, que
casou seus pais, e que era para eu ficar em um hotel e não
junto com você.
― Meus irmãos não têm nada a dizer sobre minha
vida, sou maior de idade e vacinada, portanto, vou dormir ao
seu lado essa noite ― falei de modo decisivo. ― Não preciso
casar de novo com você, aquele nosso casamento, de Vegas, é
valido para sempre.
― Não quero brigar com eles, afinal de contas,
comecei do jeito errado ao me casar com você sem eles
estarem perto, então…
― Então você não vai dormir comigo para não magoar
meus irmãos? ― indaguei.
Ele triscou no meu nariz com a ponta dos dedos.
― Não é bem magoar, mas se eles quiserem me
derrubar e, eu revidar, a única ferida nisso tudo será você, eu
não quero isso. Não vou fazer isso. ― Beijou meu rosto. ―
Agora vamos embora.
― Sim, vamos, mas vou dormir com você, e não
sozinha, se vai para um hotel, eu vou junto, não vou deixá-lo
sozinho. ― Peguei sua mão. ― Deixe que cuido dos meus
irmãos.
― Obrigado, linda. Eu adoraria passar a noite com
você, mas antes tenho que resolver algumas coisas.
― Eu sei que deve estar sendo difícil para você, ser
traído assim por alguém, no qual julgava amigo de seu pai ―
falei baixo para James não ouvir caso acordasse.
Tay descobriu que foi Treves quem tentou matar seu
pai, um homem que era amigo do James desde adolescente, e
juntos fundaram a banda. Às vezes, eu me perguntava: Por que
as pessoas fazem algo assim? Trair um amigo de longa data.
Porque foi isso que Treves fez.
Bryan e Tay colocaram na mídia tudo o que aconteceu,
as provas e o suspeito. Mas antes que a polícia o prendesse, o
fodido fugiu.
― Sim, está. Bryan vai me contar o que eles acharam
até agora, parece que estão armando um plano para encontrar a
localização dele ― disse enquanto andávamos pelo corredor.
― A noite vai ser praticamente chata. Todos meus amigos vão
estar lá.
Antes de sair do quarto, Tay se despediu do seu pai
dizendo que voltaria cedo, pela manhã. Dois seguranças
ficaram na porta. Acredito que seu pai acordaria logo.
― Eu não ligo, só quero estar do seu lado. Posso ficar
com a Sam e as outras meninas, não tive muito tempo para
conversar com elas. Aonde vai se encontrar com Bryan e os
outros? ― perguntei.
Desde a noite anterior, os amigos de Tay tinham ficado
ao lado dele. Isso que eram amigos valiosos —, pensei. Os
meus irmãos também, eles cancelaram alguns shows para ir
me procurar em Dallas, após as fotos do meu casamento com
Tay terem sido vazadas. Ainda bem que eles pararam de falar
sobre isso. Agora só falavam da tentativa de assassinato de
James.
― No salão do Hotel Mystic, lá estão hospedados
todos os meus amigos. Lucky vai estar lá também, assim ele
faz a segurança não só da Sam, mas de Angelina e das outras
meninas, incluindo Rayla, que chegou hoje à tarde com seu
marido Alex.
― Rayla e Alex?
― Sim, Rayla é irmã de Lucky e Ryan. Alex, de
Alexia ― informou. E depois me olhou de lado. ― Já que vai
ficar conosco, então avise seus irmãos.
♥
Estávamos no salão do lado direito, eu e as meninas.
Acabei conhecendo um pouco delas. Tabitta era uma ex-agente
do FBI, agora ela era mãe de duas meninas e dona de casa.
Também cuidava dos irmãos do Jason. A mãe dele morreu e
deixou os dois para ele tomar conta.
Alexia era dona e diretora de uma escola, que seus pais
deixaram para ela.
Angelina era autora e, dona de uma editora, que antes
era de Daniel, agora era de Ryan, que só comprou para ela
trabalhar no lugar.
― Não creio! Ele comprou uma editora para você
trabalhar? ― meu tom saiu aturdido.
Ela sorriu e assentiu.
― Sim, mas não deve ficar espantada ― ela disse e
apontou para Sam. ― Com ela foi pior, ele deu uma empresa a
ela.
Eu arfei.
― Céus, isso é demais, não é? ― falei a verdade. ―
Gosto de conseguir e ter as coisas suando e ralando.
Elas sorriram.
― Eu também ― disseram as duas em uníssono, o que
foi esquisito, e depois Angelina disse sozinha: ― Eu soube
muito tempo depois que ele tinha comprado a editora.
Ela me contou que o conheceu fazendo uma aposta, ele
queria a Sam para desfilar para sua agência de moda, então os
dois fizeram uma aposta de que ele ficaria com uma mulher,
mas sem transar, só não contava que fossem se apaixonar.
Depois, ela engravidou, e não podia ter filhos, pois sofria de
cardiopatia, mas mesmo arriscando sua vida, ela teve Victória,
a filha dos dois.
― Mas soube que ele comprou dois cavalos para você
― começou Angelina com um sorriso.
― Cavalos? ― indagou Alexia.
― Sim, um árabe e um escocês, só de pensar no valor
que Tay pagou neles, eu fico toda encolhida.
― Quanto mais ou menos? ― sondou Angelina. ―
Tenho um, chamado Neve, ele fica no haras do Ryan, em
Manhattan. Eu vou lá sempre, e pelo que sei de cavalos, que
também amo, eles não são baratos.
― Não são ― concordei. ― Ainda porque os
compramos em um leilão que teve em Dallas. Oitocentos mil
dólares cada.
Todas arfaram.
― Céus! ― Tabitta bebeu uma bebida.
― Cristo ― concordou Sam.
― Sim, isso é…
― Sim ― interrompi Alexia. ― Concordo que é
demais. Nilan tinha me dado um cartão para isso, para gastar o
quanto quisesse com cavalos. ― Olhei para elas ― Eu não sou
assim, não sou aquela irmã fresquinha, que gasta todo o
dinheiro do irmão a torto e a direito. Gosto de conseguir por
mim mesma. Por isso ia perder o leilão com aquele valor
exorbitante, então Tay deu o seu lance e comprou os cavalos
que eu mais queria. Um, ele me deu de presente, mas o outro
surtei, então o mesmo diz que comprou para ele, mas que vai
deixar na fazenda para que eu tome conta.
― Oh, o garoto sabe fazer as coisas ― disse Tabitta
com um sorriso.
― Concordo com isso ― falei tomando uma bebida.
― Jordan é uma fera em fazer negócios, já fechou
muitos contratos para Lucky, e grandes ― comentou Sam
sorrindo. ― Ele é bom.
Concordei com isso também.
A história da Sam já foi um pouco mais pesada, ela não
se entendia com Lucky nem com seu jeito autoritário, pois ele
a queria de qualquer jeito. Ela trabalhava para ele, mas se
demitiu, após o mesmo fazer uma proposta idiota a ela.
Depois, ele conseguiu trabalho a Sam, mas não contou e
mandou uma imensa e vasta cesta de rosas vermelhas… então
seu pensamento mudou em relação a ele, após descobrir sobre
suas caridades e ações.
Tabitta foi uma antiga namorada de Jason nos tempos
de escola, mas aí seu pai, o chefe de um Cartel, matou sua avó
e ia atrás dela e de Jason, mas ela foi embora antes e o deixou
para a própria proteção dele. Após nove anos, ela o
reencontrou e os dois tem uma filha de nove anos juntos, que
ele nem sabia que existia. Depois que derrotou um Cartel de
drogas da máfia russa, ela se demitiu, e agora era somente
dona de casa.
Alexia era uma mulher exuberante, ela ficou com
Bryan depois de ele salvá-la de um psicopata doente, que
havia a sequestrado anos atrás.
Rayla era uma loira fabulosa, parecida com seu irmão
Ryan. Casou há alguns meses com Alex, o irmão de Alexia.
Ele não tinha vindo, pois estava no Japão, ele era DJ em
boates de luxo.
― E você? ― perguntou Angelina.
― Eu? ― franzi a testa.
― Sim, contamos sobre nós, agora fala como conheceu
o Jordan.
Eu suspirei e contei sobre o aniversário de Shade,
quando o vi com a Melissa, e minha paixão adolescente por
ele. Era assim que o intitulava agora que amava o Tay, de uma
maneira, no qual nunca imaginei amar alguém.
― Nossa! ― disse Tabitta.
― Sim, Tay veio para mudar tudo. ― Sorri pegando a
bebida e, em seguida, tomei um gole.
― Como conheceu Jordan e se casou com ele no
mesmo dia? ― Sorriu Angelina. ― Isso é demais, não é?
Casamentos geralmente levam meses.
― Sim, mas nesse dia era o casamento de Shade, então
a coisa estava bastante ruim, eu estava sofrendo, e com Tay ao
meu lado foi como um porto seguro. Ele não me deixou ficar
triste ou chorar, então me perguntou qual era o desejo que eu
tinha, mas que nunca realizei ou tentei fazer. ― Olhei para ele,
que conversava com os homens do outro lado do salão. ― Eu
tinha três desejos: casar, fazer uma tatuagem e perder minha
virgindade.
― Oh, meu Deus! ― gritou Tabitta, animada. ― Deve
ter sido magnífico ou foi desconfortável por não ser quem
você queria?
Eu olhei para ela.
― Na verdade, o casamento e, cada momento que tive
com Tay, não pensei hora nenhuma em Shade, por incrível que
pareça, eu pensei em Tay a cada segundo e não no Shade. ―
Passei a mão nos cabelos. ― Foi mágico! Tanto que no outro
dia era para nos divorciarmos, mas esqueci de assinar os
papéis e fui me lembrar disso quando estava no avião.
― Cristo! ― indagou Alexia com a mão na boca, mas
sorrindo.
― Sim, você não imagina a surpresa que tive ao vê-lo
chegando na lanchonete da minha amiga. Ele estava
magnífico, botas de cowboy com cinto de fivela de um boi,
camisa xadrez e chapéu. A mesma aparência do nosso
casamento. ― Peguei meu celular e mostrei a elas as fotos que
tirei no nosso casamento e no dia em que o vi em Dallas. ―
Olha, da mesma forma que ele casou comigo. Lindo, não
acham?
Mostrei as fotos de nós dois juntos nos jornais, mas ele
não estava vestido de cowboy.
― Oh, meu Deus! ― Tabitta olhou para Tay e gritou.
― Você é o cara Jordan!
Todos os homens que estavam lá olharam para nós,
meio confusos.
Sorri para ele.
― Ela está falando de você vestido de cowboy sexy. ―
Peguei a bebida e levantei como se tivesse brindando com ele.
Seu olhar amoleceu meus ossos, se não estivesse
sentada, eu estaria de pernas bambas como uma bêbada, isso,
ele me deixava bêbada mesmo sem estar de fato.
Jason se levantou de onde estava e veio em nossa
direção com os olhos em sua esposa. Ele parecia sério e um
pouco com raiva, para não dizer mortal.
Eu estava prestes a perguntar qual era o problema dele,
mas ele pegou o celular da mão da Tabitta e olhou por meio
segundo, acredito que a foto de Tay, vestido de cowboy, e o
jogou na mesa.
― Cowboy sexy?
Ela não parecia preocupada, só estava sorrindo.
― A parte sexy foi eu que disse ― Apressei-me em
dizer para o homem não ficar furioso demais.
Ela o abraçou e disse algo em seu ouvido baixinho,
mas isso o deixou calmo, e sua expressão sombria se foi como
uma lâmpada sendo apagada.
Eu me levantei sorrindo para as meninas e fui na
direção de Tay, que abriu os braços para mim e me sentei em
seu colo.
― O que foi tudo isso? ― sondou beijando minha
bochecha.
― Meu cowboy sexy. ― Peguei e foto e mostrei a
todos. ― Ele não é lindo?
Todos riram.
― Desculpe querida, mas não tenho fantasias com
homem, meu negócio é mulher ― disse Daniel com um
sorriso.
Todos da mesa concordaram com isso. Deixei passar.
― O que se passa? Conseguiram pegar o Treves? ―
sondei mudando de assunto.
Quando Treves foi ao hospital, eles não tinham provas,
e quando acharam as provas que precisavam, o cara
desapareceu. Soube que Bryan estava montando uma
armadilha para ele, mas o mesmo sumiu.
― Não, mas estamos perto. Daemon é um bom
rastreador, e vai encontrá-lo ― disse Bryan.
Eu assenti e olhei para Tay, e falei que ia ao banheiro e
já voltava, mas antes que eu chegasse em uma das cabines do
banheiro, tudo escureceu.
Capítulo dezessete
Laurel
Acordei e vi que estava sentada em uma cadeira em
um… olhei ao redor e vi que era um galpão abandonado ou
algo assim. Havia duas mulheres do meu lado, uma de meia
idade e uma mais ou menos entre vinte e cinco e vinte e oito
anos, acho que ela era filha da mulher mais velha. Elas
estavam com mordaças.
O medo se infiltrou em mim e vi o que tinha
acontecido. Merda, eu fui sequestrada pelo assassino da mãe
de Taylor. Tentei não imaginar as coisas horríveis que
sequestradores costumavam fazer.
Eu vi que minhas mãos e pés estavam amarrados.
― A Bela Adormecida acordou ― disse uma voz na
minha frente.
Eu levantei a cabeça e tentei não hiperventilar ou
perderia, e não faria isso. Precisava estar no controle ou
surtaria.
Ali na minha frente estava o homem que enganou o
Tay e seu pai durante anos, fingindo ser amigo e irmão, mas
no final tudo era mentira.
― Você… ― tentei controlar minha raiva por esse
cara.
Treves estava sentado em uma cadeira na nossa frente.
― O que tem eu? Eu sou um cantor de Rock, sou
famoso e meus fãs me adoram ― disse ele com uma risada e
depois ficou sério. ― Mas a cadela da Julieta tinha que se
meter e convencer James a deixar a banda.
Meu coração parou sabendo o que esse fodido de
merda ia confessar, embora já soubesse disso, mas estava com
medo e com raiva dele, por ter traído o pai de Tay desse jeito.
― Você matou a Julieta, não foi? ― rosnei lutando
contra as cordas.
Ele me olhou de lado e depois apertou o play de uma
TV, que estava ali perto de nós, então as imagens me fizeram
ofegar de pavor e raiva. Não só eu, mas as duas mulheres ao
meu lado também.
Eu queria perguntar quem elas eram, mas talvez ele
pudesse ficar furioso e nos machucar.
― Isso é o que a cadela me obrigou a fazer com ela,
mas eu não queria isso ― ele comentou. ― Ela só precisava
convencê-lo a não deixar a banda, o que a puta fez? Me disse
que não ia fazer isso, e que essa decisão era de James e não
dela.
Eu não disse nada, estava chocada demais vendo
Julieta conversando com esse traste em uma estufa, mas vi que
esse vídeo era do dia em que ela morreu, então o pior estava
por vir, eu não queria ver. Ela era uma mulher linda, pele
branca, cabelos castanhos na altura das costas.
― Porra, aquela puta controlava ele, e James faria tudo
por ela caso a mesma pedisse, custava fazer isso? ― rosnou
sombrio.
― Ela o amava e percebeu que James estava infeliz
com a vida que levava ― falei.
Seus olhos hostis me fuzilaram, se fosse um laser teria
me matado.
― Amor não existe, ela era uma mulher cheia de
frescura, e só o queria para ela…
― Você é louco, às vezes a fama deixa as pessoas
assim. Eu não sou psicóloga para saber disso, mas é um fato, e
você estava no auge da fama e mulheres, nunca teve nada
parecido, então James diz que vai sair da banda e tudo parece
desmoronar para você, não é? Afinal de contas, ele era o
cantor principal. ― Não era uma pergunta, sabia que era
assim. ― Você poderia ter feito carreira solo.
Ele estreitou os olhos e a raiva brilhava ali.
― Carreira solo? ― gritou se lançando para mim.
Meus olhos se arregalaram pensando que ele iria me bater,
mas o mesmo parou. ― Eu tentei, mas minha voz não é como
a dele. Eu sou baixista. Então, não podia deixar toda nossa
carreira acabar e voltar para minha antiga vida.
― E com isso sentiu a necessidade de matar a Julieta
no passado, e agora James? Já pensou que de qualquer jeito,
você perderia tudo o que tinha? Porque com a morte do James,
a banda acabaria. Os outros integrantes da banda com certeza
não vão querer mais olhar para sua cara ― falei sem hesitar,
embora tudo dentro de mim estivesse com medo do que estava
acontecendo ali, e o que poderia acontecer comigo.
Ele olhou para a tela.
― Ela não me deixou escolha ― disse bem a tempo de
eu vê-lo imobilizando-a e a puxando para o quarto. Pegou
alguns remédios e a forçou a beber, não queria ver essas
imagens da morte de Julieta. ― Ela usava comprimidos para
dormir, eu só acelerei o processo.
― Você a matou ― rosnei querendo ficar livre e
acabar com aquele verme imundo.
― Sabe, quando temos uma vida dura, pais violentos, e
dívidas para pagar, não queremos voltar para essa vida, depois
que nos cercamos do bom e do melhor, ninguém quer isso ―
falou e depois acenou para as mulheres. ― Olhe para elas.
― Quem são elas? ― perguntei.
Ele olhou para a senhora. Ela o fuzilava e rosnava
através da mordaça.
― Essa mulher ficou durante todos esses anos
escondida, e não abortou a filha que eu disse para ela tirar, há
vinte e seis anos. James ficou sabendo delas e as localizou, e
me perguntou que porra eu fiz para fazer algo tão cruel. Por
culpa dela não ter feito o que mandei, James ficou furioso e
disse que não queria trabalhar mais comigo, porque eu era um
monstro. ― Ele riu com raiva. ― Então ele quis sair da banda,
mas eu não podia deixar isso acontecer.
― Meu Deus, você é um monstro mesmo, como pôde
a mandar abortar sua própria filha? ― meu tom saiu enojado.
― Você não entende, não é? Vocês três são as culpadas
― rosnou ele.
― Culpada de quê? Eu nem o conheço ― rosnei de
volta.
― Jordan, Mirian e Sara, os três são culpados pelo
James tentar deixar a banda, e vou fazer os três pagarem com
juros por tudo que perdi, minha carreira acabou e tudo por
causa deles.
― Você vai nos matar? ― sondei tremendo.
― Você é um monstro desgraçado, matou meu
namorado, e me estuprou diariamente quando me levou com
você ― sibilou a mulher falando pela primeira vez, assim que
Treves tirou sua mordaça. ― E quando fiquei grávida me
mandou abortar só pelo fato de estar no auge de sua carreira?
Acha que quero seu maldito dinheiro? Eu não quero nada seu,
a não ser sua morte, seu filho da puta.
Ele ficou furioso e se lançou para ela, mas antes que eu
gritasse houve um estrondo na entrada.
Finalmente!
Taylor
― Vamos prender o fodido assassino que matou minha
mãe e tentou acabar com o meu pai ― falei assim que Bryan
disse que tinha descoberto a localização do Treves.
Tinha policiais indo para lá agora e, eu estava feliz
com isso.
Olhei para o corredor, que dava para o banheiro onde a
caipira tinha ido há alguns minutos, mas achei que ela já tinha
voltado e estava com as meninas.
Eu fui até as meninas para saber se elas tinham visto a
Laurel. Meu peito estava apertado com algo que não entendia.
― Vocês viram a caipira? ― perguntei a elas, que
negaram e ficaram preocupadas.
Minhas entranhas se apertaram. Algo não estava nos
eixos. Então corri para o banheiro, talvez ela tivesse passado
mal ou algo assim. Mas ele estava vazio, exceto por uma
mensagem no vidro.
James tirou meus sonhos e minha felicidade, agora vou
tirar o que seu filho mais ama.
Meus músculos travaram e minhas mãos se apertaram
em punho. Aquele desgraçado pegou a minha mulher e iria
machucá-la.
Pessoas falavam ao meu redor, mas meus ouvidos
pareciam tampados.
Ouvi Bryan gritar com alguém no telefone.
― Treves está com ela? Estou indo pra aí, entra no
lugar agora, não o deixa machucá-la ― pediu.
Eu olhei para ele.
― O que está acontecendo? Eles sabem onde minha
esposa está? Ela está bem? Como ele entrou aqui sendo que
estava sendo vigiado? ― minha voz se elevou. ― Porra, me
diz que eles têm isso sob controle… estou a um segundo de
perder minha mente.
― Sim, ela está bem, sei onde eles estão, e vão entrar
agora no lugar. Se quiserem ir, então vamos ― disse ele. ―
Mas parece que ela não é a única refém, também há uma
mulher e filha dele no lugar.
― Filha? Nunca soube que Treves tinha filhos ―
indaguei seguindo-o para uma Mercedes.
― Sabe aquela história que eu disse sobre ele e um
amigo terem espancado o namorado de uma garota no
passado, e que depois o mesmo a estuprou, mas nada foi
comprovado de fato? ― perguntou enquanto dirigia.
Eu assenti.
―Porra! Se ele a tocar…
― Não vai, os policiais estão entrando lá agora. Se
tivesse acontecido algo a ela, eles já teriam nos dito ― disse
Bryan.
Ficamos em silêncio enquanto nos aproximávamos de
uma casa não muito longe do hotel em que estávamos. Parecia
mais com um casarão ou galpão, não sei, estava escuro, mas vi
os policiais. Meu coração martelou nas costelas, porque essas
sirenes e policiais me fizeram lembrar de quando encontraram
minha mãe morta há nove anos.
Eu saí correndo do carro e fui na direção dos policiais,
e a vi do lado de duas mulheres, um policial estava tomando
seu depoimento.
― Tay… ― sussurrou ela e veio correndo para os
meus braços.
Eu a peguei firme e abracei forte, não querendo soltá-la
nunca mais na minha vida. A partir dali, ela andaria com
segurança, pensei. Não queria e não passaria por isso de novo.
― Você está bem? Ele não a tocou ou machucou você?
― perguntei com tom preocupado.
Ela suspirou.
― Estou bem, só quero sair daqui e ficar com você ―
disse com a voz tremendo.
― Vamos embora.
Capítulo dezoito
Laurel
Fim
Epílogo
Lucky
Já fazia dias que meu telefone tocava direto com uma
ligação, no qual não queria saber.
Mary deixou de ser minha mãe no momento em que
me abandonou quando era criança. Até hoje, eu não sabia seus
motivos, e se tinha algum. Talvez ela fosse apenas uma cadela
fodida mesmo, não é?
Três semanas e, eu estava sendo perseguido com
ligações do advogado dela, até falei com meu advogado para
que tentasse impedi-lo de me atormentar com esses malditos
recados. Porque não queria saber dela de forma alguma.
Mas ela persistiu com o recado de que precisava falar
comigo sobre uma coisa importante, e se eu não fosse visitá-la,
eu jamais saberia o que realmente aconteceu comigo e seus
motivos por me deixar.
Eu falei a mim mesmo que não queria saber, mas no
fundo ainda restava a dúvida dos motivos que a levou a me
odiar e ainda desejar minha morte.
Sentei-me à mesa, em frente a pessoa, que um dia amei
e chamei de mãe.
― O que tem de tão importante para falar comigo? ―
falei com tom duro.
Ela olhou para mim e Bryan, ao meu lado.
― Por que não veio sozinho? Achou que eu mataria
você? ― seu tom era incrédulo e raivoso.
― Você fez isso uma vez, se esqueceu? Deixou-me
sozinho em uma casa com fome para morrer naquele lugar ―
rosnei. ― Vá direto ao ponto, pois tenho mais o que fazer ao
invés de olhar para sua cara.
Ela estreitou os olhos.
― Preciso que me tire daqui…
Eu ri sacudindo a cabeça com raiva.
― Você é louca? ― sibilei com fúria. ― Você e o
bastardo do Kevin me roubaram, acha que vou deixá-los
soltos? Ninguém me rouba e fica impune. ― Eu me levantei.
― Se for apenas isso que tinha a dizer, eu estou indo embora e
você não vai ver a luz do dia fora dessas celas.
Ela suspirou.
― Você é um homem arrogante, mas tudo bem… vá
embora sem saber onde sua irmã vive.
Eu me virei, porque tinha começado a ir embora. Olhei
para a víbora.
― Irmã? Eu não tenho irmã e você não tem nenhuma
filha, porra! Então não me venha com essa merda ― rosnei.
― Não? Se você não acredita, o problema é seu, mas
ela existe.
Eu estreitei meus olhos.
― Então, onde ela está?
Ela sorriu.
― Acha que vou dizer a troco de nada? Tire-me desse
lugar e eu falo, ou você nunca saberá onde ela mora, nem o
que faz ou como ela está. Será que ela está bem ou passando
dificuldade? E você cercado do bom e do melhor…
A porra do meu peito parecia ter sido socado no meio,
com muita força. Eu não podia soltá-la, mas como descobriria
sobre minha irmã? O que ela fazia? Será que estava bem? Será
que sofreu como eu, sendo deixada em um lugar ruim?
Porra! O que vou fazer agora?
EM BREVE
O próximo, e último livro da Série Dilacerados, será
Sempre foi você, o livro de Daniel e Sophie.
[1]
O Gato de Cheshire, Gato Risonho, Gato Listrado ou Gato Que Ri é um gato
fictício, personagem do livro Alice no País das Maravilhas de Lewis Carrol. Ele se
caracteriza por seu sorriso pronunciado e sua capacidade de aparecer e desaparecer.
[2] Nota da autora: nas igrejas, local destinado aos ofícios divinos e aos cânticos,
situado em diversos lugares consoante a época (à frente do altar, sobre a porta de
entrada principal etc.).