Você está na página 1de 396

Copyright © 2020 Maria Amanda Dantas e Lady Night

ANASTÁCIA GREGO: A RAINHA DA MÁFIA

1ª Edição | Criado no Brasil


Edição digital

Autoras: LadyNight13 e Maria e Amanda Dantas


Revisão e diagramação: Luana Souza
Capa: Cenna Nunes
Artes dos capítulos: Ana Batman

——————

É PROIBIDA A REPRODUÇÃO TOTAL E PARCIAL DESTA OBRA, DE QUALQUER FORMA


OU POR QUALQUER MEIO ELETRÔNICO OU MECÂNICO, INCLUSIVE POR MEIO DE
PROCESSOS XEROGRÁFICOS, INCLUINDO AINDA O USO DA INTERNET, SEM A
PERMISSÃO EXPRESSA DAS AUTORAS (LEI 9.610 DE 19/02/1998).
ESTA É UMA OBRA DE FICÇÃO. NOMES, PERSONAGENS, LUGARES E ACONTECIMENTOS
DESCRITOS SÃO PRODUTOS DA IMAGINAÇÃO DAS AUTORAS.
QUALQUER SEMELHANÇA COM ACONTECIMENTOS REAIS É MERA COINCIDÊNCIA.
TODOS OS DIREITOS DESTA EDIÇÃO SÃO RESERVADOS PELAS AUTORAS.
SUMÁRIO
Dedicatória
Agradecimentos
Sinopse
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Bônus - Andrei Barkov
Capítulo 43
Epílogo
Série “Família Grego”
Outros trabalhos meus na Amazon
sobre a autora
Dedicamos esse livro a todos os leitores do Wattpad
que acompanharam cada postagem com muita ansiedade,
carinho e amor.
Dedicamos também aos novos leitores que vão
adquiri-lo.
LADYNIGHT13

Agradeço:
Primeiramente a Deus, que é tudo em nossas vidas;
À minha querida amiga e parceira Maria Amanda
Dantas, que me chamou para essa parceria literária;
Aos leitores do Wattpad e aos novos leitores da
Amazon que esse livro alcançar;
Às minhas amigas do grupo do WhatsApp, que
sempre me dão muito apoio: Vanderlucia, Nay, Valentina e
Fran. Vocês moram no meu coração, meninas, e eu só
tenho a agradecer por tudo;
E a você, leitor, que está adquirindo essa obra.
Espero que aprecie e se apaixone pela Anna e pelo Andrei,
assim como eu me apaixonei. Beijos!

*****

MARIA AMANDA DANTAS

Sou grata por ter concluído mais uma obra. Ana e


Andrei sempre estarão presentes no meu coração. Tenho
um carinho muito grande por esse casal.
Agradeço muito às minhas leitoras fiéis por
adquirirem esse livro, e também às avaliações e farras no
grupo do Whatsapp.
Enfim, sou grata por ter os melhores leitores do
mundo.
Obrigada pelas divulgações, Fran, Nay, Vanderlucia,
e Valentina!
Anastácia sempre foi a revoltada da família e nunca teve direito a nada
por ter nascido mulher. Inconformada com a realidade em que vive, sempre
foi a mais direta dos Grego e a única capaz de dizer tudo o que pensa das
pessoas. Uma menina mulher de língua afiada.
Cansada de ver os irmãos sempre terem tudo e tratarem suas esposas
como capachos, principalmente seu irmão Enzo, que faz da vida da sua
mulher um verdadeiro inferno, tomou uma grande decisão. Enfim decidiu que
iria enfrentar todos os seus medos e ser feliz acima de tudo.
Sempre viveu um amor escondido ao lado do seu amado Thiago, até
que um dia seu irmão Enrico autorizou esse namoro e desfez o compromisso
que ele mesmo tinha selado para ela com Andrei Barkov, chefe da máfia
russa. Até aí tudo bem. Compromissos são desfeitos todos os dias. Mas não
no mundo da máfia. O terrível Andrei Barkov, inconformado com o
rompimento, tinha apenas um objetivo: se vingar da família Grego através da
jovem e bela irmã caçula.
Pode-se dizer que já presenciei de quase tudo nessa vida. Digamos que
a minha família não é uma das mais tradicionais que existe no quesito amor e
paz. Amor até que tem, mas paz está um pouco distante.
Minha realidade sempre foi ter que aturar meus irmãos e suas mulheres,
que só sabiam brigar. Primeiro foi o Enrico e a Giovanna, e depois o Enzo, a
Luana e a Helena. O meu irmão do meio é um verdadeiro Sheik árabe, do
qual deveria morar em algum desses países que permite um homem se unir a
mais de uma mulher.
E eu que sempre pensei que o cachorrão da família fosse o Enrico, no
final de tudo quem me surpreendeu foi ele, que praticamente morreu com o
abandono que sofreu da Giovanna. Mas por sorte reagiu bem e enfim estavam
juntos novamente depois de quatro anos separados. Já Enzo e Luana estavam
longe de viver em paz. Digamos que a minha cunhada não é uma das
mulheres mais bonitas do mundo. Uma vez eu e a Gio tentamos maquiá-la,
mas ela não deixou. A ruiva até que tentou convencer Lu a ficar bonita, mas a
mesma não quis.
Dei graças a Deus quando cada um foi para as suas casas. Assim eu
poderia viver em paz e não servir de advogada para ambos na hora da
discussão. Eram apenas eu, minha mãe e o amor da minha vida.
Thiago era o meu alicerce em meio a tudo isso. Ele sempre esteve ao
meu lado em todos os momentos difíceis que tive. Só de pensar que tivermos
que namorar escondido por tanto tempo... Graças a minha ruiva favorita, que
amoleceu o coração do meu irmão enraivado, eu poderia me casar com o
homem que tanto amo.
Descobri há pouco tempo que Enrico e meu pai tinham feito um acordo
no passado com o senhor Barkov, então fui prometida para casar com o filho
mais velho dele. Por sorte meu irmão desfez esse compromisso há alguns
meses e eu agora estou livre para seguir o meu destino. Minha mãe foi quem
não gostou de nada disso. Na época tivemos uma bela discussão, pois ela
disse que estávamos desrespeitando a memória do papai, traindo uma
amizade de anos dele com o senhor Barkov. Eu não dei a mínima importância
para isso. Depois que descobri tudo o que meu pai fez com a família da Gio,
eu não o via mais como antes. Comigo ele sempre foi gentil — pelo menos é
o que minha mãe diz. — Mas isso ficou no passado. Eu serei feliz e ninguém
poderá me proibir mais.
Nunca foi fácil viver na sombra dos meus irmãos homens mais velhos e
ainda por cima machistas. A máfia em si já é machista e preconceituosa com
as mulheres. Graças a Gio e toda sua revolução, nós mulheres havíamos
ganhado mais reconhecimento, porém, mesmo assim, estamos longe de ter os
mesmo direitos que os homens.
Estou numa fase decisiva na minha vida, perto da conclusão de um
curso técnico. Sou analista de sistemas. Digamos que eu saiba muito bem
como invadir qualquer sistema operacional de softwares. Isso me faz a mais
inteligente da família Grego. Enrico é o bravo, o destemido; Enzo é o galã, o
bom soldado; e Anastácia é a inteligente. Pode-se dizer que superei os meus
irmãos, até mesmo no nome, já que a sequência das letras "E" não tem no
meu. Isso me torna ainda mais diferente. Fora as piadas, eu nunca deixei de
lutar pelos meus objetivos. Se hoje eu posso me considerar algo, devo isso
exclusivamente a mim.
Tudo está indo bem. Eu tenho o namorado dos sonhos e uma família
mais ou menos perfeita — até a próxima briga dos casais Grego. — Só tem
uma única coisa tirando a minha tranquilidade. Há algum tempo eu tenho a
sensação de estar sempre sendo perseguida. Tem mais de dois anos que eu
sinto isso dentro de mim, e tudo começou há poucos dias antes do casamento
do Enzo. Eu fui um dia assustada no seu escritório, atrás de dinheiro, porque
havia estourado o meu cartão de crédito pagando seguranças para a minha
proteção, pois como se não bastasse os que eu tinha, sempre precisava
demais.
Achei que tudo isso era paranoia minha, até semana passada, quando
recebi a primeira ligação sem número registrado. A pessoa me ligava e não
dizia nada. Eu até xinguei quem fez isso e tentei de todas as formas possíveis
rastrear, mas era praticamente impossível. Ainda paguei para ver se
conseguia, mas mesmo assim ninguém foi capaz de me dizer de onde vinha a
tal chamada. Às vezes paro para pensar e chego à conclusão de que pode ser
algum inimigo da família, já que temos muitos, mas se fosse, eles atacariam
meus irmãos e seus filhos, e não eu que sou apenas a irmã.
Estou distraída no meu quarto, deitada com os olhos fechados, quando
sinto um toque no meu ombro. Quase grito de susto.
— Calma, tia! ─ diz divertida.
Jeniffer é uma gracinha e sempre gosta de pregar sustos em todo
mundo. Ela e Dylan são os piores.
— Onde está o seu irmão? ─ pergunto olhando debaixo da cama.
— Fica tranquila, tia. O meu irmão está com a Ella na sala, brincando
com a vovó.
— A vovó brincando? Tá aí algo estranho acontecendo nessa casa.
Jeniffer é uma verdadeira princesa e está cada vez mais bonita e
simpática. Se ela herdou alguma coisa da Gio, foi a simpatia, sem dúvida
alguma.
— Mamãe e papai vão fazer mais um daqueles jantares de namorados,
apenas pra casais. Hoje vamos dormir aqui com vocês.
— Legal. Assim você pode dormir comigo. — digo tão empolgada que
a pequena estranha.
Ela ergue uma sobrancelha e cruza os braços.
— Sério? A senhora está bem?
— Sim, meu amor. A tia vai arrumar um cantinho pra você na minha
cama, princesa.
— Ih! A tia não tá bem mesmo. ─ diz rindo.
Me sinto mais segura dormindo ao lado de alguém. Às vezes quando
conseguimos driblar a segurança, Thiago dorme aqui comigo. Mesmo nosso
namoro estando perto de completar cinco anos, nunca tínhamos passado de
beijos e abraços. Infelizmente casamentos na máfia exigem uma prova de
virgindade, e como eu o amo, e ele me ama também, podemos esperar o
tempo que for para ficarmos juntos.

*****

Jeniffer havia dormido há algum tempo depois de jantarmos todos


juntos e vermos metade de um filme da Disney que não aprendi o nome.
Troquei algumas mensagens com Thiago e fui dormir. Acabei adormecendo
com o celular ao meu lado.
Estava em um sono tranquilo a apaziguador quando de repente
despertei assustada após ouvir um barulho vindo da janela. O vento dentro do
meu quarto não parecia uma coisa normal.
A janela estava fechada, mas eu acordei e a vi aberta. O barulho nela
foi tão alto que se assemelhava ao de alguém tentado arrombá-la. Me levantei
da cama em um pulo, assustada. Pensei em gritar, mas daí assustaria a
Jeniffer.
Busco coragem onde não tenho. Sou uma Grego e não posso agir
assim, afinal de contas, a casa está cercada de seguranças, e não tem como
ninguém entrar aqui.
Caminho em passos vacilantes até a janela e vou para a sacada, atenta a
cada movimento. Quase grito quando ouço o barulho de um mosquito
próximo ao meu ouvido. Levo as minhas mãos à boca. Volto para o quarto e
fecho a janela, mas dessa vez reforço a segurança com um cadeado e
correntes.
Respiro fundo quando meu celular começa a tocar em cima da cama.
Corro para não deixar Jeniffer acordar com o barulho. É aquele número.
Atendo, e dessa vez posso ouvir uma respiração do outro da linha. Meu Deus!
Tem alguém querendo me enlouquecer, e parece que está conseguindo.
Procuro meu casaco de couro preto, pois está frio e meu nariz fica
entupido, chegando a me faltar o ar por diversas vezes. O casaco me ajuda a
ficar protegida desse tempo. Estamos encarando uma longa jornada de um
inverno frio e cruel que está por toda a Europa. Dizem que os países onde ele
mais castiga são a Alemanha e a Rússia.
Pego o meu carro na garagem e dirijo até a faculdade onde faço o meu
curso técnico.

*****

A aula foi bastante produtiva e cansativa, e tudo o que eu quero agora é


me encontrar com Thiago e ir comer um X-Burguer. Marquei com meu
namorado em uma lanchonete aqui perto.
Não demora muito e ele chega. O recebo com um beijo e um abraço,
como de costume. Thiago tem o perfume de bebê, e quase sempre nós dois
usamos o mesmo. É coisa de namorados que gostamos de fazer juntos.
— Desculpe o atraso! Peguei um trânsito e ainda parei para ajudar um
cara que ficou sem gasolina.
— Sem problemas. Aproveitei para terminar umas anotações. Fiz os
nossos pedidos de sempre.
— Não esqueceu as fritas?
— Meu Deus! As fritas! Claro que não esqueci, seu bobo!
Ele sorri de lado. É o meu neném. Às vezes o chamo assim. Acho fofa
a química que temos um com o outro. Jamais imaginei que seria tão melosa
como sou com meu namorado. Talvez seja porque ele é o amor da minha
vida.
— Algum plano para amanhã à noite?
— Deixa eu pensar... — finjo pensar em algo. — Não tenho nada
planejado.
— Estava pensando... Não quer ir comigo para a casa do meu primo,
passar a noite lá comigo? Eu não vou te obrigar a nada. Quero apenas passar
um tempo a sós com a minha namorada.
O primo do Thiago é a única pessoa que apoia o nosso relacionamento.
— Eu iria amar, mas não sei como driblar a minha mãe.
— A senhora Grego não é uma mulher que engane com algo
facilmente.
— Eu sei como fazer isso. A Gio vai me ajudar. Ela sempre me ajuda.
Comemos nosso X-burguer juntos.
Estar com Thiago é uma sensação inexplicável, uma das melhores que
existem. É a única parte do meu dia em que eu posso relaxar, ter paz e não
ouvir nenhum aborrecimento da minha mãe. É injusto como meus irmãos
podem tudo, e eu nada, por ser mulher. Mas isso não vai ficar assim. Thiago
será meu marido e minha mãe terá que aceitar isso para o bem de todos. Eu
seria capaz de largar tudo para viver com meu amor. E olha que eu nunca fui
uma pessoa fácil e muito menos amorosa. Meu namorado desperta em mim
sentimentos assustadores, e até então todos eram desconhecidos. No começo
eu tinha medo de poder ser eu mesmo, mas Thiago é ótimo — perfeito, para
ser sincera — , me compreende em todos os sentidos e me aceita do meu
jeito.
Ele me deixa em casa e vai para a empresa dos primos, onde começa
hoje um estágio como ajudante de secretário. Será algo pouco, mas que no
momento é bom para nós. Assim ele se torna mais independente, já que os
irmãos lhe deram as costas por ele assumir o namoro comigo. Consideram
isso um erro pelo fato de terem descoberto o acordo que Enrico havia feito
com o russo. Mas como eu disse: isso é passado e nada mais importa. Eu e
Thiago estamos dispostos a correr todos os riscos possíveis e ninguém irá nos
impedir.
*****

Fiz alguns trabalhos da faculdade e agora à noite jantei com mamãe e


convidei a Gio para passar aqui em casa, para podermos conversar. Meu
irmão Enrico estava de olho na gente, e ele sempre percebe quando tramamos
alguma coisa. Foi assim quando ele descobriu que Thiago já havia vindo
dormir aqui algumas vezes e quase infartou pensando que eu já tinha ido para
cama com ele. Se não fosse pela Gio, nada disso estaria calmo.
— Você quer que eu a ajude? Mas como irei inventar algo para que
minha madrinha não descubra?
— Enrico tem uma conferência amanhã à noite. Pode me convidar para
dormir na sua casa, e assim ninguém nunca vai descobrir nada.
— Tem certeza que isso é seguro?
— Sim, Gio. E eu prometo que não vamos para a cama.
— Não é por isso, e sim pelas ligações. Ainda recebe elas?
— Não. Tem alguns dias que isso não acontece.
— Você sabe que vivemos em um mundo perigoso, e eu temo que algo
de ruim lhe aconteça pelo acordo que Enrico desfez.
— Não se preocupe, Gio! O meu irmão colocou tudo que é segurança
atrás de mim. Agora diz que vai me ajudar! Por favor!
Minha cunhada parece pensar. Odeio fazer isso, mas é a única maneira
dela me ajudar. Vou passar na sua cara todas as coisas que eu faço por ela e
meu irmão.
— Eu sempre te ajudo com as crianças quando você e meu Enrico
querem sair para brincar. — Sorrio maliciosamente. — E eu nunca reclamo.
Faço com todo o prazer do mundo. Por isso me ajuda! Minha cunhada linda e
preferida! Que a Lu não ouça isso.
— Falando na Lu, como eles estão?
— Eu não sei dizer. Tudo que sei é que eles ainda estavam brigando
muito quando saíram daqui a alguns dias.
— Queria tanto que Enzo enxergasse algo de bom na Lu e que eles
pudessem dar certo.
— Eu também. Caramba! Até o Enrico mudou por você.
— Enzo vai mudar. Eu estou com uma ideia aqui e você vai me ajudar.
Só te ajudo se você me ajudar com a Luana amanhã.
— Tudo bem. Eu ajudo. Mas com o que exatamente?
— A nossa amiga vai ficar linda. Vamos dar um banho de loja nela,
tirar a sobrancelha, obrigá-la a fazer depilação e tudo mais. Eu sei que por
trás de tudo aquilo existe uma bela mulher.
— Lembra da ultima vez que tentamos ajudá-la?
Foi algo horrível. Luana chorou, se culpando por ser feia, e eu e a Gio
ficamos arrasadas. Ela saiu do quarto chorando e nós ficamos nos sentindo
responsáveis por isso.
— Lembro sim. Foi uma experiência horrível, mas dessa vez eu sinto
que vai dar certo.
— Eu te ajudo sim, Gio.
— Ótimo! Irei falar com minha madrinha ainda hoje e convidar a
Luana para ir lá em casa amanhã à tarde, antes de você sair com seu amado.
Comemoro pulando, batendo palmas, e abraço ela com bastante força.
Se tem alguém nesse mundo com quem eu possa contar para todas as
situações, é Giovanna. Ela nunca me deixa na mão, nem mesmo quando eu
não a ameaço. Por isso a considero uma irmã que nunca tive. Lhe dou até um
beijo na bochecha. Tudo o que a ruiva faz é rir do meu jeito maluquinho de
ser.
— Já te falei que você é a melhor cunhada do mundo?
— Sem exageros, Anna! Se eu for a melhor cunhada do mundo assim
como você se refere aos seus irmãos como melhores do mundo... — Revira
os olhos. — E para sua informação, Enrico já ouviu você falando para o Enzo
que ele é o melhor irmão do mundo, assim como Enzo já ouviu você dizendo
isso para o Enrico.
— Coisas de irmãos. — digo sorrindo. — Aposto que eles me
consideram a melhor irmã do mundo.
— Claro que sim. Eles só tem você de irmã. — diz e nós duas rimos
juntas.
Toco a campainha do apartamento onde meu amor está. No primeiro
toque ele abre a porta e me recebe com um sorriso lindo nos lábios.
— Você é a mulher mais bonita do mundo! — elogia sorrindo.
— Para com isso, seu bobo! — digo e ele me puxa para um beijo.
— Bobo... — me beija e fala ao mesmo tempo. — Louco... — Mais um
beijo. — Por você!
— Deixa eu entrar, antes que alguém me veja e conte algo para a minha
mãe.
Thiago pediu comida japonesa para a gente e fez uma decoração
incrivelmente romântica.
— Meu amor, que lindo! — elogio me virando para ele e lhe dando
mais um beijo na boca.
— Tudo isso para a mulher da minha vida.
— Ainda bem que o seu primo viajou.
— Meu primo é o único que me apoia em tudo.
— No aniversário dele iremos dá-lo um ótimo presente. — Rimos
juntos. — Mas me conta! Como conseguiu preparar tudo isso?
— Isso é segredo, meu amor. — diz me abraçando por trás e dando
vários beijos no meu pescoço. — Espero que você goste.
— Estou adorando, meu amor!
— Então vamos comer antes que tudo esfrie.

*****

A comida estava uma delícia. Cada prato tinha um sabor diferente e


exótico. Adoro comida japonesa! Se não tivesse tanta certeza de que sou
italiana, eu seria japonesa, sem dúvida alguma. Se pelo menos meus olhos
fossem puxadinhos...
— E a sua mãe? Como está? — pergunta.
Degustamos no momento um vinho tinto de primeira qualidade.
— Continua na mesma. Teme por esse namoro, assim como toda a
nossa família. Mas como tenho a proteção de Enrico, está tudo bem. E seus
irmãos?
— Não vão voltar atrás. Hoje descobri que serei deserdado se
continuarmos juntos.
— Eles não podem fazer isso com você, sendo que é um legítimo
Lukorve!
— Meus irmãos são impiedosos. Quando dizem algo, não costumam
voltar atrás.
— Por sorte tenho a proteção do Enrico e da Giovanna.
— Seu irmão está muito feliz depois que a Giovanna voltou. Nem
tenho mais medo dele como antes.
— Suas pernas tremiam só de você ouvir o nome “Enrico”.
— Não precisa exagerar, meu amor. Eu apenas não queria morrer de
maneira cruel pelas mãos do meu próprio cunhado.
Após o jantar estamos assistindo a um filme que passa na televisão a
cabo. É um novo que gosto muito do tema, sobre tecnologia e romance.
Nos beijamos no final do filme. Aquele calor vai crescendo dentro de
mim e eu posso sentir a ereção do Thiago se formar em sua calça. Já tinha
visto seu membro algumas vezes, pois ele fazia questão de bater uma para
mim e me mandar pelo celular. Gostava daquilo. O mais quente que já
chegamos foi trocar imagens. Pessoalmente eu fico congelada. Tenho receio
para o sexo e não poderia me entregar antes de um casamento, nem mesmo
para ele.
Já é tarde da noite. Vamos dormir juntos e sentirei o calor do seu corpo
junto do meu. Troco de roupa no banheiro e em seguida é a sua vez.
Trouxe uma pequena bolsa com todos os meus cremes e roupas íntimas
confortáveis. Passo hidratante nas pernas e nos braços, pois possuo a pele
bastante ressecada por conta da diabetes que tenho. Esse assunto é pouco
falado por mim e sempre tomo todos os cuidados necessários com isso. Sou
uma pessoa completamente saudável, apesar de ter comigo essa doença desde
o nascimento.
— Acho que falta creme em um lugar onde você não pode alcançar.
— E onde seria? — indago.
— Nas costas, é bem óbvio. Deixa eu passar! — Ele pega o creme,
levanta minha blusa e massageia as minhas costas com suas mãos delicadas.
Ás vezes quando eu volto da faculdade, Thiago gosta de fazer
massagem em mim. Ele tem mãos boas e talentosas. Poderia trabalhar como
massagista caso as coisas não dessem certo. Isso é bom! Tão bom que minha
intimidade está começando a sentir isso também. Resolvo parar antes que as
coisas esquentem mais do que isso.
O beijo com delicadeza. Minhas mãos agarram o seu pescoço e ele dá
leves selinhos nos meus lábios.
— Não estou com sono, e você? — pergunta assim que apagamos a luz.
— Estava quase dormindo. Sua voz me acordou.
— Desculpe, princesa!
— É melhor me deixar dormir. Posso ser muito irritante quando estou
com sono e alguém fica me atrapalhando de dois em dois minutos.
— Durma com os anjos!

*****

É madrugada quando acordo com aquele vento frio dentro do quarto. A


janela está aberta dando passagem a toda friagem que tem lá fora, entrando
sem ser convidada. Me levanto e fecho ela com cuidado para não fazer
nenhum barulho. Meu corpo é muito sensível ao frio e sempre resfrio durante
todo o inverno.
Estou voltando para a cama, quando alguém abre a porta do nosso
quarto. Vejo um vulto passar correndo no corredor. Tento acordar Thiago,
mas nada dele despertar. Parece que vi um fantasma de tão branca que eu
devo estar. Minhas mãos soam. Não tenho meu celular em mãos. Lembro de
tê-lo deixado em cima do sofá.
Ouço o barulho de algo caindo no chão, como um copo de vidro se
despedaçando. Me cubro dos pés à cabeça e rezo para que tudo isso não passe
de um pesadelo. Fecho meus olhos com força, então juro ouvir passos vindo
na minha direção.
Estou quase chorando. Prendo algumas lágrimas e começo a implorar
em pensamentos pela minha vida. Peço a Deus que me ajude a sair dessa.
Estou com o grito preso na garganta, pronta para soltá-lo, quando sinto que a
pessoa que havia entrado no apartamento tira o lençol de cima de mim. Estou
paralisada e nem consigo respirar direito. Qual a melhor solução? Fingir que
durmo? É isso que irei fazer.
Sou totalmente descoberta, até os meus pés. Tenho a sensação de todo
o meu corpo ficar petrificado. Sinto mãos grandes e quentes apalparem os
meus seios e coxas, e nesse momento quase grito em susto. Continuo calada e
fingindo meu sono, então aquelas mãos descem em direção à minha
intimidade, entrando por debaixo do meu short. Sinto um pequeno beliscão se
formar em mim quando a pessoa introduz um dedo na minha entrada. Isso dói
muito! Quase grito.
Não consigo continuar imóvel e me mexo um pouco, mas ainda
fingindo que estou dormindo. Resmungo algo sem sentido.
— Hum... Hum...
A pessoa tira a mão da minha entrada rapidamente e volta a ficar em
pé. Por último sinto aquelas mãos tocarem meu rosto e lábios. Então sua
respiração vem no meu ouvido.
— My skoro uvidim moyu malen'kuyu myshku. (Nos vemos em breve,
minha pequena ratinha).
Ouço seus passos de retirada e então começo a chorar, assustada. Estou
com tanto medo que tenho que colocar minhas mãos sobre a boca, para não
gritar. Meu Deus! Aquilo é russo, e eu sei de quem se tratava. Era o Barkov.
Me sinto suja. Que homem é capaz de tocar uma mulher assim como
ele fez, sem permissão? Se fosse apenas um ladrão, teria levado algo de valor,
mas nem mesmo nossos celulares levou. Tudo isso só confirma mais a minha
teoria sobre ser meu ex-noivo que está vindo atrás de mim.
Nosso mundo é cruel e não existe perdão nele. Barkov está irritado por
Enrico ter desfeito o trato do nosso casamento. Soube que ele cortou todas as
ligações com meu irmão. Isso foi preocupante porque perdemos território em
toda a Rússia.
Minha intimidade ainda dói pela maneira como ele havia me tocado.
Sinto que me cortou um pouco com a brutalidade do ato cometido contra
mim.

*****

Na manhã seguinte, após tudo isso, acordei assustada enquanto Thiago


ainda dormia. Saí daquele lugar, o deixando sozinho, e chamei um médico,
preocupada. O doutor disse que ele tinha tomado fortes remédios para dormir.
Estranhei, pois não tinha como ele ter tomado esses medicamentos e eu não
ter visto. A não ser que aquele homem estivesse aqui dentro bem antes de
chegarmos e tenha colocado algo na bebida do meu namorado, o que era bem
mais provável.
Estou diante de uma situação muito difícil. Não sei se conto tudo pra a
minha família. Com certeza ouviria todas as reclamações de mamãe e de
Enzo por eu ter rejeitado o Barkov.
Tenho que ter certeza de que realmente era ele, e o único modo de
descobrir isso é rastreando seu número de celular. Eu conheço alguém que
pode conseguir para mim, e eu sei rastrear.

*****

Em menos de vinte e quatro horas consigo o tal número. Isso não é


normal. Venho recebendo ameaças desde que começei a namorar Thiago,
assumindo ele para a sociedade. Se não era o Barkov, certamente foi algum
inimigo da nossa família.
Uma hora depois consigo entrar no sistema russo. Digito seu número e
em trinta segundos aparece sua localização.
“Moscou - Rússia”.
Respiro aliviada após constatar que ele não está em território Italiano.
Me preocupei a toa. Estou em minha terra e aqui eu tenho o respeito e toda a
segurança que um Grego tem.
Se não era o Barkov, só podia ser algum inimigo nosso ou talvez um
ladrão maníaco, um estuprador querendo se divertir comigo. Nunca mais irei
dormir fora de casa, nem em caso de morte.
Pelo menos me sinto mais segura ao ver que não é o Russo que está
atrás de mim. Agora preciso entender melhor aquele idioma. Não conheço
nenhuma palavra daquela. Depois de terminar meu trabalho da faculdade, irei
tentar pesquisar sobre o assunto.
No momento tenho em mente apenas um objetivo: passar na prova de
hoje à tarde. Não estudei quase nada, visto que ando preocupada e ocupada
com os demais problemas que tive no decorrer da semana. E para melhorar,
ontem aconteceu mais uma das minhas discussões com a mamãe.
No momento estou rindo da reação do meu irmão Enzo ao ver o quanto
Luana está bonita e provocante em um vestido de seda vermelho que marca
todas as suas curvas. Se antes meu irmão brigava para ela não sair com ele,
agora as brigas eram para ela não sair mostrando demais. Ele tem tanto ciúme
que não sabe lidar com isso. Já Enrico reclama da falta de atenção de
Giovanna por ela estar trabalhando, e isso o deixa chateado. Eu nunca
conseguia entender os meus irmãos e muito menos a minha família.
Jeniffer está me contanto da sua paquera. Minha sobrinha é nova para
ter relacionamentos com qualquer garoto, mas como me parece algo inocente,
eu a ouço atentamente, até meu celular começar a tocar em cima da mesa da
escrivaninha.
Levanto da cama e atendo. O número é local, mas não tem na minha
agenda.
— Alô.
Consigo ouvir apenas a respiração do outro lado da linha. Estou
cansada desse tipo de ligação. Então vou até o corredor. Esse babaca irá ouvir
umas boas!
— Escuta só, seu imbecil! Você está ligando para alguém muito
importante e sabe disso! Se não parar ainda hoje com as ligações, juro que te
denuncio para os meus irmãos, e aí sim quero ver cabeças rolarem! — grunho
de raiva.
Não ouvi mais nada, pois a pessoa do outro lado da linha encerrou a
ligação. Yes! Mandei bem! Comemoro com uma breve dancinha de jogada de
ombros, quando noto que Giovanna está parada me observando.
— Qual o problema, Anna? Tem alguém te importunando?
— Nada demais. Era apenas um trote. Creio que foi dos meus próprios
colegas de faculdade.
— Babacas! Qualquer coisa seu irmão manda decapitar duas ou três
cabeças. — Rimos juntas.
A Gio veio buscar a Jeniffer. Me perguntou sobre minha noite com o
Thiago e eu lhe garanti que não fizemos nada demais. Ela é minha única e
melhor amiga, e por esse motivo não iria importuná-la com meus problemas.
Volto para o meu quarto e rastreio o número do celular. Estava muito
perto da minha casa, umas duas ruas atrás dela, onde tem uma república de
universitários. Aposto que essa ligação veio de lá.
Irei mais a fundo. Ouvi dizer que está tendo uma festa por lá hoje. Pego
o meu carro e dirijo até a república. Aquele pessoal vive fazendo festas e
muito barulho.
Tem bebidas espalhadas por todo o salão de entrada, desde o jardim até
a sala onde toca uma música alta. Encontro duas colegas de turma, que estão
se divertindo.
— Você veio! — uma delas diz alegre.
Rafaela e Jordania são as mais próximas de mim de toda a sala.
— Pois é, né? — respondo sem graça.
— Vem! Bebe alguma coisa! — Jordania sai me puxando pela mão e
me serve uma dose.
Finjo que bebo tudo, quando ela vira de costas. As meninas foram para
a pista dançar. Mantenho meus olhos atentos a cada pessoa daquele lugar, e
alguns me parecem suspeitos. O que podiam ser apenas jovens se divertindo,
para mim parecia mais do que isso. Esses filhos da puta vivem passando
trotes para os alunos da faculdade e passaram para mim. Isso é errado. Eles
vão me pagar!
Subo a escada, indo para o andar de cima, onde tem muitos quartos
com pessoas nele e mais uma porta no fim do corredor, que chama a minha
atenção. Abro a mesma e encaro uma sala escura. Com o flash do meu celular
ilumino todo o lugar. Me parece ser mais um quarto, só que nas parede há
muitas fotos de desenhos obscuros, como caveiras e ossos humanos. Tem
fotos de bruxas e símbolos que eu desconheço. É assustador esse lugar.
Ouço a porta se fechar atrás de mim e levo um susto. Tento abri-la, mas
está trancada. Tento ficar calma, afinal de contas, estou em uma república e
tudo isso pode ser um trote da parte dos organizadores da festa.
Tento ligar para Rafaela, mas chama até cair. O mesmo acontece com
Jordania. Nenhuma me atende. Com o barulho do som lá em baixo, ninguém
ouviria um telefone tocar. Também não adianta gritar nem bater na porta. Eu
iria apenas me cansar e ninguém chegaria. Ligo para Thiago, que também não
atende. Deve estar no trabalho. Minha última opção seria tentar ligar para os
meus irmãos, mas isso não aconteceria mesmo. Consigo imaginar tanques de
guerra botando essas portas abaixo. Não iria correr o risco deles matarem
esses babacas.
Ouço um barulho de janela sendo forçada, como se alguém tivesse
tentando abri-la por fora. Me levanto em alerta e me aproximo da com
cuidado. Ilumino o vidro, mas não vejo ninguém. Será que eu estou
imaginando coisas a esse ponto? Não mesmo! Tudo é real. Tem alguém
querendo brincar com o meu psicológico.
Numa atitude de coragem abro a janela e olho para baixo. Não tem
nenhuma escada e ninguém está lá. Será mesmo que eu imaginei isso? Não
estou louca e nem havia bebido.
Dou dois passos para trás, então esbarro em alguém. Acabo derrubando
meu celular no chão e grito assustada, mas a pessoa, que usa luvas, coloca a
mão sobre a minha boca.
— Calma! — pede. — Fique em silêncio e tudo vai terminar bem.
Assinto que sim.
Devagar ele foi tirando a mão da minha boca e me segurando sem tanta
força. Ultimamente qualquer situação como essa me deixa em pânico.
— Por favor! Não me machuca! — peço choramingando.
— Ninguém vai machucar a irmãzinha dos Grego não. — diz rindo
alto.
Puts! Toda a minha turma entra na sala, batendo palmas e me zoando.
Eu acabei de participar do trote da faculdade e tinha registros vindo de todas
as partes.
— Essa entrou para a história. — grita um rapaz que segura uma
câmera.
— Amiga, precisava ver sua cara de susto transmitida pelo retrovisor.
— Jordania diz divertida.
Ainda estou anestesiada diante de tudo isso. Não sei dizer se respiro de
alívio ou se rio de raiva, ou pior, se explodo de ódio em relação a todos esses
babacas. Como podem fazer algo do tipo comigo? São universitários e
gostam de zoar. Isso não é nenhuma novidade. Nem seriam presos por isso.
Uns tremendos filhos de uma mãe!
Acabo me rendendo à brincadeira e rio de mim mesma. É um riso de
alívio por saber que Andrei Barkov não está envolvido em meio a tudo isso.
Aproveito a festa e tomo uns drinks. Nada que me deixe fora do
controle. Eu sei que isso não me levará a nada, mas pelo menos me divirto
um pouco.
Volto para casa antes do anoitecer e estudo para as provas. Não vejo a
hora de tudo isso acabar e poder ter o meu diploma em mãos.
Penduro meu casaco e me sento na minha mesa. Meus dedos se
entrelaçam de ansiedade. Adquiri essa mania de ficar ansiosa antes das coisas
acontecerem, mesmo dormindo bem nas últimas noites e até ter diminuído as
olheiras. Consegui me concentrar nos estudos.
O professor deposita sobre a mesa os papéis da avaliação. Ao todo são
mais de quarenta perguntas com alternativas de A à D, Algumas questões são
objetivas e outras de conhecimento sobre a matéria estudada. É uma das
provas finais. Se eu conseguir notas boas aqui e nas outras, terei meu diploma
em menos de quinze dias. Não vejo a hora disso acontecer e mostrar para a
minha mãe que uma mulher Grego também pode ter conhecimentos. Isso
também servirá para provar que meu namoro com Thiago não mudará em
nada meu desenvolvimento acadêmico.
Ao final do tempo expedido pelo professor, entrego a prova. Passei
tudo para o gabarito e assinei meu nome com a letra mais legível possível.
— Boa sorte, senhorita Grego!
— Obrigada, senhor Stuwart!
Saio da sala respirando ar puro. Recebi uma ligação da minha mãe e
acho melhor retornar para saber sobre o que se tratava, já que ela sabia que eu
estava fazendo prova e ainda assim me ligou. No primeiro toque ela atende.
— Anna? — sua voz é de preocupação do outro lado da linha.
— Sim, mãe?
— Onde você está?
— Na faculdade. — informo.
— Quero que venha agora mesmo para casa. É algo de suma
importância para eu lhe comunicar e explicar.
Iria questionar, mas ela encerrou a ligação.
Não irei para casa agora. Ouço as mesmas reclamações de sempre da
minha mãe. Já está se tornando um saco! E por várias vezes me segurei para
não lhe faltar com respeito. Como se eu não soubesse dos riscos que
envolvem meu namoro com Thiago, ainda tenho que ouvir sermões diários da
minha mãe há quatro anos seguidos.
Vou à biblioteca para pegar um livro para pesquisar. Procuro entre as
lacunas das prateleiras de madeira, quando distraidamente acabo me
esbarrando num homem. E que homem! Quase dois metros de altura e muito
peitoral. Muito peitoral mesmo! Ele tem um físico escultural e usa um
camisete de tecido que marca toda a região, o deixando ainda mais másculo.
Também tem uma boca carnuda avermelhada e olhos cinzas que causam
arrepios em todo o meu corpo.
— Me perdoe, moça! Eu não lhe vi. — diz na minha língua mesmo.
Ele não tem cara de ser italiano. Mas isso não me importa. Por sorte se
desculpou no mesmo idioma.
— Eu também estava distraída. Não te vi se aproximar.
Ele se abaixa para pegar o meu livro. Seus cabelos são castanhos claros
e seus olhos de cores âmbares são poderosos. Ao todo parece um raio de sol.
Me parece ser um homem muito poderoso. Tem algo naquele olhar que me
impacta e me deixa sem ar. Toda sua postura ereta passa um ar de
superioridade.
— Obrigada! — agradeço quando ele me entrega o livro.
Não consigo tirar os meus olhos dos deles, que são incrivelmente
sombrios, assustadores. Algo coisa nele me parece familiar, como se eu já o
tivesse visto alguma vez.
O homem usa uma roupa esportiva preta, algo bem descontraído para
estar em uma biblioteca. Parece que veio de algum treino, pois tem o cabelo
um pouco bagunçado, como se tivesse feito algo para o vento tirar os fios do
seu devido lugar.
Meu celular começa a tocar. É a minha mãe. Eu sei que se não atender,
ela virá me buscar onde estou.
— Fala, senhora Grego! — digo um pouco séria.
— Anastácia, se você não chegar em casa em dez minutos, eu mando
os seguranças lhe trazerem a força! — ela está tão irritada e falando tão alto
que quase jurei que o moço a ouviu gritar comigo.
— Mãe, eu não vou. — respondo baixinho.
— Ah! Não vem? Pois fique sabendo que...
— Corta, mãe, os meus cartões de créditos! A senhora nunca me apoia
em nada mesmo. Esqueci... Eu não sou sua filha querida. E quer saber? Se a
senhora não parar de me ligar, eu juro que nem durmo em casa hoje.
Encerrei a ligação enquanto ainda tinha coragem.
Para ser sincera, estou cansada da minha mãe viver sempre me
cobrando, como se tudo que eu fizesse fosse errado. Fico com tanta raiva que
posso sentir meus olhos lacrimejando. Engulo em seco e retomo à minha
postura de sempre. Não vou chorar na frente de um desconhecido. Aliás, nem
sei porque falei todas essas coisas na frente dele. Cara sem educação. Nem ao
menos se afastou enquanto eu falava ao celular. O que tem de beleza, lhe falta
de educação.
— Na sua idade, eu também costumava ter problemas com a minha
mãe.
— Só que pra você deve ter sido fácil lidar com ela. — Ele estreita o
olhar com minha resposta. — Você é filho homem e pode fazer tudo o que
quiser.
— Nem sempre. — Dá de ombros. — Vivemos em um mundo
moderno e não existe mais essa de homem poder tudo e mulher não.
Sinto vontade de rir quando ele diz isso. Pode-se notar que não sabe
nada sobre o terrível mundo da máfia, onde as mulheres servem apenas para
reproduzir e cuidar da casa, nada além disso.
— Você não conhece o meu mundo e nem a minha mãe.
— Pode me contar sobre ela se quiser. Sinto que você gostaria de
desabafar nesse momento.
O cara fala um italiano bonito, mas às vezes parece ter dificuldade em
assimilar algumas palavras, como se elas fosses novas para ele.
Veja só! Eu aqui conversando com um estranho. Sempre fui alertada
sobre isso, mas estou aqui falando da minha mãe e de coisas que não deveria.
— Não preciso desabafar com ninguém e muito menos com você. —
digo ríspida. — Nem te conheço e você já fala como se tivesse intimidade
comigo.
Sua expressão não muda em nada. Continua calmo e com aquele olhar
frio sobre mim. Vendo que eu acabei me assustando um pouco, ele sorri para
descontrair.
— Desculpe se lhe assustei! Não pense que sou um maluco ou algo do
tipo. — Retira um cartão do bolso. — Me chamo Bryan Smith — Me entrega
seu cartão. — Sou psicólogo formado pela Universidade de Nova York.
Fico vermelha de vergonha. O cara é apenas um profissional que deve
ter encontrado algum problema mental em mim, e com razão. Eu não estou
muito bem com meus pensamentos e minha mente precisa de descanso.
— Se precisar de alguma coisa, me procure.
— Obrigada!
— Antes de ir, me diga como se chama!
— Anastácia Grego.
— Um lindo nome para uma bela moça.
Guardo o cartão na bolsa, e antes de sair, ele insiste que eu o procure
caso precise.

*****

Passei a tarde na casa da Gio. Conversamos sobre diversos assuntos.


Por sorte hoje foi seu dia de folga e pudemos ficar um pouco mais juntas.
Gosto de desabafar com ela, apesar de não ter mencionado nada sobre o
ocorrido na noite que dormi com Thiago no apartamento do seu primo.
Voltei para casa à noite. Enrico me levou e aproveitou para dizer algo
para Enzo, que ainda insistia em morar com a mamãe. Não via a hora deles
irem embora de uma vez e eu poder ficar em paz, sem ouvir assuntos de
máfia ou de cargas roubadas. Isso não é vida. Não a vida que eu quero para
mim. Thiago tem razão. Deveríamos fugir e esquecer todos. Quem sabe
assim teremos paz?
Tomo um banho quente e não posso deixar de ouvir quando alguém
abre a porta do meu quarto e a fecha logo em seguida. Me enrolo na toalha e
pego a primeira coisa pesada que encontro: um creme hidrante meu de 300g.
O recipiente é pesado e faria um corte na cabeça ao ponto de sangrar. Essas
coisas estão me deixando com paranoias.
Piso de leve no chão, para não fazer barulho, e abro a porta do banheiro
silenciosamente. Estou preparada para atirar o creme na pessoa, quando
mamãe me olha sem entender minha reação.
— Anastácia! — diz um pouco assustada.
— Mamãe, é a senhora... — digo aliviada.
— E quem mais deveria ser? — pergunta preocupada. Me parece
confusa.
— Ah, mamãe... — falo um pouco eufórica por conta do susto. — Eu
pensei que fosse algum dos meus sobrinhos com alguma brincadeira chata.
— Você voltou para casa com Enrico e sabe muito bem que nenhum
dos filhos dele veio com vocês.
— Claro que eu sei. Mas na verdade eu pensei que fosse o pequeno
Alex. Sabe como ele é travesso e às vezes vem escondido no carro do meu
irmão sem que ninguém perceba.
— Mesmo assim. Seria capaz de jogar esse objeto contra seu sobrinho?
— Claro que não, mamãe! Eu apenas iria brincar com ele.
Ela não acredita muito nas minhas justificativas, mas isso não me
importa. Eu apenas não quero mais estender esse assunto.
— Vim aqui porque precisamos conversar.
— Mãe, por favor! Eu quero dormir. Amanhã cedo tenho aula.
— Não vim aqui discutir, e sim lhe dizer que a partir de amanhã e todos
os dias até que eu queira, você não poderá mais sair sem minha permissão.
Irá para a faculdade acompanhada por dois seguranças da minha inteira
confiança.
— Mãe...
— Está avisada! Precisa entender que seus atos de rebeldia terão
consequências. Tenha uma boa noite.
Me jogo na cama querendo apenas adormecer e esquecer todos os meus
problemas, mas isso não é possível.
Minha mãe levou sua promessa de me aprisionar a sério. Há uma
semana estou vivendo indo da faculdade para casa. Mal tenho tido tempo
para me encontrar com Thiago. Em sete dias eu o vi apenas em dois, e foi nos
corredores da faculdade, nos intervalos de uma aula para outra. Não posso
contrariar a minha mãe, porque ela pode ficar ainda mais obsessiva e me
prender para o resto da vida em casa.
O começo da semana sempre é o dia mais cansativo. No domingo eu
havia comparecido a um almoço de família e gastei muita energia correndo
atrás dos meus sobrinhos. Aqueles pivetes me tiram do sério, principalmente
o Dylan.
Estou distraída na sala de aula, lendo algo sobre uma pesquisa que
estou fazendo para adicionar ao meu histórico, como algo diferenciado. Então
eu nem ouvi quando o sinal tocou. Hoje assistiremos a uma palestra sobre
alguma coisa que não prestei muita atenção.
Ouço a voz da professora anunciar que está presente na sala o tal doutor
formado em alguma coisa que não entendi bem. A voz dela é enrolada e
ninguém presta atenção no que ela diz.
— Vou deixar vocês na companhia do Doutor Smith. Não preciso pedir
que se comportem, visto que são universitários e já sabem como se faz.
— Bom dia, galerinha.
— Bom dia. — metade da turma responde sem animação alguma.
— Sou o doutor Bryan Smith.
Quando ouço esse nome, meu olhar vai de encontro ao seu. Aqueles
olhos âmbares me encaram como se já estivesse esperando que eu o olhasse.
Ele está lindo vestido em um terno impecável e usa uma camisa social com
os três primeiros botões abertos, o que lhe dá um ar mais descontraído. Tem
uma postura elegante. É ele. Eu nem sequer me lembrava dele ou imaginei
vê-lo novamente. Não sabia que essa palestra de tratava desse assunto. Isso
que dar viver no mundo da lua.
O homem mantém seu olhar gélido sobre mim a todo momento.
— Vocês devem estar se perguntando: o que é um psicanalista? Bom...
Com outras palavras, um psicólogo. Lhes digo que minha função é equilibrar
e tornar mais clara a relação do "eu" interior do paciente com seus
questionamentos internos e com os problemas do mundo.
Ele tem movimentos elegantes e sofisticados. Posso notar que as alunas
murmuram atrás de mim o quanto o doutor é bonito. O homem parece ter
bastante conhecimento sobre a área. E como não teria, se essa é sua
profissão?
Ele tira as dúvidas de todas as alunas assanhadas, mas não as olha
diretamente nos olhos. Isso me deixa animada por algum motivo.
O doutor responde uma pergunta do Thomaz, quando meu celular o
interrompe com seu toque alto e alarmante. Fico bastante envergonhada.
Agora tenho a atenção de todos sobre mim. Devo estar vermelha de
vergonha.
— Desculpe! — digo desligando o toque.
Ia guardar o celular na minha mochila, mas acabo derrubando-o mais a
frente. Todos os meus colegas começam a rir da minha maneira atrapalhada
de conduzir as coisas.
Eu sento na fila do meio na primeira cadeira. O doutor Smith se abaixa
com muita sofisticação, e assim que pega meu celular, ele começa a chamar
novamente. Seus olhos vão de encontro à tela do aparelho. É Thiago que me
liga. Já deve estar me esperando no corredor.
— Creio que deva ser importante. Se quiser licença para ir atender...
— Não deve ser nada. Desculpe atrapalhar sua palestra!
Ele deposita o celular sobre a mesa e retoma a explicação de onde havia
parado. Por sorte o visor não quebrou. Do jeito que a minha mãe está me
deixando sem dinheiro, até mesmo para colocar gasolina no meu carro, se
quebrasse, ficaria assim por um bom tempo. Hoje só vim à faculdade de carro
porque minha cunhada Luana me deu cem euros para abastecer.
Ao decorrer da palestra resolvo prestar atenção em tudo que ele diz. É
minha maneira de me sentir menos envergonhada diante de tudo que havia
acontecido.
Ao final ele agradece e os meus colegas mal educados, como sempre,
saem correndo da sala, como se o ambiente estivesse pegando fogo. Guardo
meus livros dentro da minha mochila e fecho o zíper que está emperrado.
Então noto que não estou sozinha na sala.
O Senhor Smith ainda está organizando em sua bolsa seu notebook e
alguns papéis que sobraram do que ele havia distribuído para nós. Estranhei a
faculdade ter organizado uma palestra de uma hora para outra. Não
costumávamos ter esse tipo de rotina. Isso é coisa de colegial, não de uma
vida acadêmica em uma universidade.
Coloco minha mochila sobre as minhas costas e me agarro ao meu
notebook como se fosse um travesseiro fofo. Nele estão todas as minhas
pesquisas e horários arquivados. Minha vida se encontra aqui dentro.
Estava preste a sair, quando o escuto me chamar.
— Senhorita Anastácia?
Paro no meio da porta e me viro para ele sem entender o porquê de me
chamar.
— Pois não, Senhor Smith!
— Me chame de Bryan. Não sou seu professor, então não precisamos
de tanta formalidade.
— Como quiser, Bryan.
— Percebi que não opinou em nada sobre a minha palestra. Pensei que
esse tema seria uma boa para você, já que no dia que te encontrei na
biblioteca, me parecia confusa e muito irritada com sua mãe. Lhe dei o meu
cartão e esperei que me ligasse ou algo do tipo.
Ele lembra de tudo? Se lembra de mim? Sorrio por dentro. Um doutor
do nível dele se lembrar de uma conversa insignificante que teve com uma
aluna em uma biblioteca...
— Pensei que deveria estar ocupado. Tive dúvidas se morava na
cidade.
— Me mudei há pouco tempo.
— De onde veio?
— Da Califórnia.
Ele pareceria ser americano se não fosse pelo cabelo claro que me faz
lembrar um alemão. Notei que tem um sotaque forte nele.
— Vejo que não está se sentindo bem. Gostaria de marcar uma consulta
para hoje à tarde?
— Agradeço o interesse, Senhor Smith, mas não posso ir.
— Qual o problema? Vai se encontrar com seu namorado? — pergunta
irritado.
Estranhei muito seu comportamento. Do nada ficou sério. E desde
quando esse assunto lhe interessa? Começo a ficar assustada, quando ele
finalmente percebe e trata-se de explicar.
— Não quis falar nesse tom com você. Confesso que sou obcecado por
casos como o seu.
— Casos como o meu?
— Tive muitos problemas com minha mãe, até me tornar independente.
Queria te ajudar. Gostaria que fosse ao meu escritório.
— Não posso ir...
— Seu namorado não irá permitir? É isso, Ana?
Agora ficou assustadora nossa conversa. Ele se dirigiu a mim por Anna.
Apenas meus amigos me chamam assim, e nem mesmo a minha mãe. Ele fala
como se tivéssemos intimidade, me tratando pelo meu apelido.
— Como sabe que tenho namorado?
Não lhe disse que tinha um namorado. Esse homem está começando a
me assustar com sua insistência.
— Eu sei que tem um namorado, pelo fato de que quando me abaixei
para pegar seu celular, vi que agendou o contato dele como "amor".
Me sinto mais aliviada quando ele diz isso. Pensei que fosse como um
daqueles médicos loucos à procura de experimentos.
— Thiago é meu namorado sim.
— Seus olhos brilham quando fala dele.
— É porque eu o amo. — Sorrio. — Thiago e eu somos um casal muito
apaixonado. Ele me entende, não me pressiona.
— Diferente da sua mãe, posso imaginar.
— Minha mãe não o aceita. Ela acha que sou louca por namorar com
ele.
— E por que ela pensa assim? Se você o ama como me disse, ela
deveria ficar feliz por vocês.
— É uma longa história. Você não entenderia.
— Sou psicólogo. — Sorri. E que sorriso lindo!
Tem algo nele que me deixa incomodada, mas ao mesmo tempo estou
gostando de conversar. Até esse momento parece me entender e gostar de me
ouvir.
— Eu desfiz um noivado com a ajuda do meu irmão. Sem ele, nada
disso teria acontecido, e talvez hoje eu estivesse casada com um homem
horrível.
— Você não gostava do seu noivo, mas mesmo assim iriam se casar?
— Não ia casar por amor. Eu nunca o vi e minha mãe queria que eu me
tornasse sua esposa.
— Sua mãe me parece um pouco medieval. Ninguém hoje em dia se
casa obrigada.
— No meu mundo sim.
— E se o seu irmão não tivesse lhe ajudado, o que acha que teria
acontecido?
— Teria me matado. — digo fria. — Eu não iria me casar com aquele
homem nunca! Prefiro a morte do que ser sua esposa.
— Ele se portou mal com você?
— Comigo não, mas com as outras pessoas sim. Ele é um monstro. Ok
izvesten kak Ledyanoy Lord (Conhecido como senhor do gelo). Eu jamais me
entregaria para um homem desprezível assim.
— Falando desse jeito parece que seu ex-noivo é alguém fora da lei.
— Ele é a lei.
Meus olhos lacrimejam só de imaginar o que me aguardava naquela
casamento se Enrico não tivesse me ajudado.
— Sua mãe prefere que se case com o seu ex-noivo em vez do seu atual
namorado?
— Minha mãe teme que ele possa me machucar de alguma maneira,
mas eu não tenho medo dele. Prefiro me arriscar infinitas vezes tentando ser
feliz do que ter que passar o resto da minha vida ao seu lado.
— Pelo que vejo temos muitas coisas para conversar. Gostaria de te
levar para algum lugar mais reservado.
— Não posso sair com ninguém. A minha mãe me cercou de
seguranças.
— Me fale mais sobre isso. Mas antes vamos até uma das salas da
diretoria. Lá podemos continuar nossa conversa mais à vontade.
Conto tudo para ele. Não sei porque, mas me sinto confiante para lhe
dizer todas essas coisas. Há momentos que ele me olha frio e ao mesmo
tempo parece irritado. Fomos para a sala da diretoria. Aqui posso me sentir
mais a vontade. O cara parece bastante interessado em mim. Meu namorado
ficou uma fera quando eu disse que não podia me encontrar com ele.
— Mesmo não entendendo o que quer dizer com "no meu mundo tudo
é proibido", posso notar o quanto você vive sufocada.
— Já pensei tanto em fugir.
— Encarar os problemas de frente sempre será a melhor solução.
— Minha mãe não me deixa nem vir sozinha até a faculdade, quem dirá
tomar as rédeas da minha vida. Mas isso vai mudar quando eu me casar.
— Pretende se casar com aquele moleque? — Range os dentes.
— Por que fala dele nesse tom? Eu não entendo. — questiono me
levantando do sofá.
Ele estava sentado em uma cadeira de frente para mim.
— Me perdoe! Eu não quero ser indelicado, mas vejo que esse garoto
não é homem para você.
— Eu quem tenho que dizer isso.
— Se ele gostasse de você, já teria se casado. Essa é a única saída para
seu ex-noivo te esquecer de vez.
— O Barkov não pensa em mim. Pode acreditar. Ele é um babaca e seu
ego deve ser maior que as suas necessidades. E se aquele monstro precisa de
herdeiros, há mulheres que o queiram.
— O ódio que sente por ele é enorme.
— Minha vida poderia ter sido um inferno se hoje eu estivesse casada
com ele. E quando éramos noivos, o cara nunca fez questão de esconder que
tinha amantes. Sendo assim, eu não me importo que hoje ele sofra
humilhações. Na verdade me sinto vitoriosa que ele esteja sofrendo um
pouquinho do que passei.
— Se não o amava, porque sofria?
— Todos saberem que seu noivo tem outra é muito humilhante.
— Compreendo. — Seu olhar me fitava firmemente. — Ana, sinto que
tem muitas coisas para desabafar.
— Nossa! — digo olhando a hora no relógio. Estou há duas horas nessa
sala conversando sobre minha vida com esse homem. — Preciso ir. Acredite!
Se eu não for, minha mãe virá me buscar com toda sua tropa.
— Gostaria de te ver mais vezes para mais sessões. O que me diz?
— Pode me dar outro cartão?
Ele me entrega um cartão e eu sorrio em forma de agradecimento.
Volto para casa. Por sorte a minha mãe está preocupada demais com a
mais nova discussão do Enzo com a Luana. Não entendo o babaca do meu
irmão. Com uma esposa linda como ela, vive enfiando o pau em qualquer
vadia. — no caso a Helena. — Se arrependimento matasse, eu estaria morta
há anos. Não sei porque a ajudei naquele dia. Deveria ter deixado Enrico
resolver isso. Assim nossa família não estaria passando por problemas
desnecessários.
Me jogo na cama e vou dormir com os anjos.
Conto as horas para estar perto do Bryan novamente. Em pouco menos
de duas semanas eu já havia lhe dito coisas que jamais imaginei falar para
ninguém. Inclusive lhe falei das minhas desconfianças em relação ao meu ex-
noivo. Ele me disse que eu deveria procurar a polícia, mas eu lhe disse que
não, e o mesmo pareceu satisfeito com minha resposta.
Sempre nos encontramos em sua sala que fica no segundo andar da
faculdade. Ele está trabalhando como psicólogo em tempo integral. Não será
nada permanente, e talvez em dois meses não esteja mais aqui.
Me sinto à vontade para desabafar com ele. Soube que tem consultórios
pela cidade, mas prefiro encontrá-lo aqui. Me parece mais conveniente, e
assim minha mãe não irá me impor limites. Ontem à noite tivemos uma
discussão horrível. Me lembro de suas palavras duras: “Você é a maior
decepção da família Grego. Se seu pai fosse vivo, já teria morrido de
desgosto.”
Aquilo me fez derramar lágrimas que jamais quis na sua frente. Enzo
apenas observava toda a nossa cena. Minha mãe sentava naquela cadeira
preta que pertenceu a Enrico durante anos. Já levei tantas broncas suas que
perdi a conta das inúmeras vezes que me tranquei no quarto após discutirmos.
Agora era mamãe que ocupava o lugar do meu irmão. Desde que ele foi
embora, que se mudou, tinha virado rotina ela brigar comigo, como se fosse a
rainha da máfia (lugar que agora pertencia à Giovana).

*****

FLASHBACK

— Mãe, por que me odeia tanto?


— Não a odeio, Anastácia.
— Claro que sim! A senhora não respeita as minhas decisões.
— Você manchou o nome da família ao romper seu noivado com o
Barkov.
— A senhora preferia mil vezes que eu estivesse agora nas mãos
daquele infeliz, sofrendo, e quem sabe até mesmo apanhando?
— Seu pai queria assim! — diz batendo com força na mesa. — Você
não respeita nem mesmo a sua família.
— Eu quero que vocês se explodam! Eu quero viver, mãe! Viver!
— Se abrir a sua boca para dizer mais besteiras, eu juro que sou
capaz...
— De me bater, mãe?! Bate, mãe! A senhora me odeia mesmo e não
suporta a minha felicidade. Claro! Eu não nasci homem como meus demais
irmãos. Não sei como a senhora não abortou.
Sinto todo o peso da sua mão contra o meu rosto. Aquilo faz com que
minhas lágrimas escorram ainda mais.
— Mandei calar a boca! — diz irritada, se controlando para não ter
um ataque.
— Eu te odeio, mãe! — grito.
— Anna, vá paro o seu quarto! — Enzo ordena.
Saio correndo dali com as lágrimas banhando o meu rosto. No
corredor acabo esbarrando em Luana, que está começando a ficar
barriguda. Mais uma alegria para a família Grego. Tudo o que é feito pelos
meus irmãos, é motivo pra comemorar e soltar fogos de artifícios.
O meu namorado sequer pode passar do portão, enquanto convivi anos
e anos vendo meus irmãos trazerem prostitutas para dentro da nossa casa.
Esse mundo é tão errado. Estou ficando cada dia mais farta dele. Às vezes
nada parece fazer sentido.
Me jogo na cama e me permito chorar.
Não ouço quando a porta é aberta, mas a escuto ser fechada. É Luana.
— Me deixa, Lu! — peço irritada.
— Não sei o que aconteceu dessa vez, mas não desconta em mim. Só
vim te ajudar.
— Se eu quisesse sua ajuda, já teria pedido.
— Se você vai continuar sendo grossa assim, estou de saída.
— Me desculpe! — digo enxugando minhas lágrimas.
Estou irritada, mas não é culpa dela.
— Brigou com sua mãe novamente?
Luana é tão meiga e doce quanto Giovana. A diferença é que ela
consegue ser ainda mais ingênua do que minha outra cunhada.
— Já virou rotina discutir com ela.
— Sua mãe a ama muito, Anastácia, e se ela brigou com você, deve
estar com a razão.
— Olha! Se você veio me desmoralizar, pode ir embora.
— O que quero dizer é que sua mãe é uma das melhores do mundo. Eu
a respeito muito e quero ser como ela para os meus filhos. O que quero dizer
é que deve respeitá-la e entender os motivos dela de agir assim.
— Fala isso porque nunca teve uma mãe no seu pé lhe perturbando.
Consigo ver algumas lágrimas no seus olhos. Puts! Falei besteira
novamente. Eu tenho esse dom. Luana não teve a atenção dos pais e nunca
teve sua mãe lhe dando conselhos como eu tive a sorte de ter.
— Me perdoa, Lu! Eu não queria...
— Não se preocupe! A gravidez me deixa assim por qualquer coisa. —
Ela está grávida do segundo filho deles. — Eu só quero te dizer... Não brigue
tanto assim com sua mãe.
— Vou tentar.
Nesse momento Enzo entra no quarto, todo preocupado por ver o
estado de Luana. Ela está triste e com algumas lágrimas descendo pelo
rosto.
— Tudo bem, Luana?
— Sim, meu amor. A gravidez me deixa assim.
— Espero que não tenha sido Anastácia lhe dizendo besteiras.
Ele me fuzila com seu olhar gélido. Por sorte minha cunhada me
defendeu.
— Nossa mãe está arrasada. Deveria ir atrás dela e pedir desculpa.
— Ah! Mas eu não vou mesmo, irmão!
Enzo sai do quarto levando sua esposa consigo. Estou feliz por eles
estarem se dando mais ou menos bem. Tenho esperança de que quando o
bebê nasça, meu irmão finalmente possa ficar em paz, sem amantes, e viver
apenas para a sua esposa.

*****

A noite foi longa. Quase não dormi pensando em tudo que havia
acontecido.
É domingo e saí para almoçar com Thiago. Estamos em um shopping
perto da nossa casa. Estou pensativa, quando noto que Bryan passeia ao lado
de uma bela mulher de curvas atraentes.
Ele mantém a mão sobre a cintura dela. O acompanho com o olhar, ir até a
saída.
— O que tanto olha? — Thiago pergunta.
Ele olha para trás, mas não vê nada, pois eles já tinham sumido de
vista.
— Nada não. — Bebo meu suco de laranja.
— Sua mãe continua sem falar com você?
— Eu não falo com ela também.
— Anna, é sua mãe. Deveria tentar ficar de boa com ela.
— Casa comigo?
Ele sorri mostrando os dentes. Seu sorriso é lindo.
— É o que mais quero, minha vida. Mas não posso te dar a vida de luxo
com a qual está acostumada. Meus irmãos me deserdaram.
— Não me importo com isso. Podemos trabalhar.
— Anna, as coisas não se resolvem assim. Casamento é um passo
muito importante no nosso mundo.
— Você não tem certeza do que sente por mim? Porque eu te amo
muito. — digo irritada. — Pensei que esse era o nosso maior sonho: um dia
podermos ficar juntos e esquecer de vez todos aqueles que não apoiam nosso
casamento.
— Calma, irritadinha! Claro que esse é o meu maior sonho também.
Mas eu quero poder te dar a vida de princesa que você tanto merece. Em
breve serei promovido a gerente de ações da empresa e irei ganhar mais,
então poderemos falar de casamento e uma vida juntos para sempre.
Isso me deixou levemente desapontada. Eu seria capaz de deixar tudo
para trás, apenas para me tornar a sua esposa e poder um dia esquecer que
sou uma Grego. Não odeio a minha família, mas sim a máfia, da qual para
eles tudo tem alguma relação. Meus irmãos são cegos e meus sobrinhos irão
pelo mesmo caminho. E eu? Não sou nada.
Se não fosse por Enrico, nem dinheiro para abastecer, eu teria. Meu
irmão me deu um cartão com um certo limite, o que foi uma boa para mim,
que estou sem economias alguma, já que minha mãe controla toda a minha
herança. Apenas quando eu casar, terei direito a ela, mas meu namorado é
orgulhoso e não vai aceitar isso muito bem.
Controlo a decepção em meu olhar. Confesso que esperava ouvir um
“sim”. Ele está estranho, como se estivesse preocupado. E não é só ele que
anda assim nos últimos dias, pois toda a minha família tem agido dessa
forma, como se estivessem temendo algo. Sempre pensei que apenas meus
irmãos escondessem coisas de mim, mas agora percebo que meu namorado
também. Não adiantaria em nada confrontá-lo. Ele jamais iria me contar o
que está o deixando preocupado.

*****

Preciso me sentir aliviada, relaxada... Eu conheço bem a única pessoa


capaz de me deixar assim no momento. Meu turno de aulas já havia acabado,
mas mesmo assim vou para a sala do Bryan. Nos últimos dias tínhamos
trocado até números de telefone. O estranho é que ele nunca usa foto no perfil
e também não gosta de compartilhar status. Quando pesquisei sobre ele na
internet, não encontrei nada sobre a sua vida.
Dylan está com quase quatro anos, e sempre que pode, me manda
alguma mensagem por engano no WhatsApp. É o meu bebezinho. Sempre
ajudei Luana com ele desde o nascimento, já que meu irmão ficava oscilando
entre sua casa e a casa da mamãe.
Já Alex é o mais novo de todos. Aposto que Giovanna estará encaminhado
um outro bebê em breve.
Assim que me vê escorada na porta, Bryan sorri e pede para que eu
entre. Coloco minha mochila sobre uma das cadeiras vazias que há na sala.
— Sei que hoje não é dia de sessão, mas será que você poderia abrir
uma pequena exceção? Prometo não tomar muito do seu tempo.
— Claro! Sempre que quiser conversar, estarei disponível pra você.
Bryan é muito cavalheiro, diferente dos homens da minha vida — com
exceção do meu namorado.
Conto para ele sobre minha última discussão com minha mãe. No início
dos nossos diálogos, sentia-me constrangida por expor a minha vida, porém,
conforme vinha fazendo as sessões, consegui me abrir totalmente e pude
notar o quanto isso tem me feito bem.
— Vejamos os seguintes pontos. Sua mãe está magoada com você por
ter desfeito um noivado que seu pai tanto desejava. Já você, como a jovem
que é, não suporta alguns pensamentos medievais que sua família tem,
principalmente vindo de sua mãe.
— Meus irmãos sempre podem tudo e eu sou a excluída. Só tenho voz
ativa com meus sobrinhos, mas às vezes nem isso.
Dylan é uma peste e puxou ao pai nisso. Gosta de me pregar peças e me
assustar sempre que pode. A cópia fiel do Enzo.
— Posso aconselhar você a seguir os seus princípios. Me diz algo que
você faria para chatear a sua mãe.
— Com certeza seria transar com meu namorado.
Putz! Que vergonha! Eu realmente havia dito isso em um tom de voz
alto ao meu psicólogo gato?
— Quer falar sobre sua vida íntima?
Pensando bem... Sim. Ele é um profissional, uma espécie de padre
conselheiro, e jamais iria revelar nossa conversa para outra pessoa.
— Eu não sou louca ao ponto de ter relações com meu namorado antes
do casamento. Minha mãe e meus irmãos não me perdoariam nunca.
— Sua família apenas está preocupada com você. É muito jovem.
Minha mãe também pensava assim sobre minha irmã. — Ele parece ter
falado demais.
Resolvo não insistir no assunto sobre sua vida pessoal, já que ele
sempre se mostra muito reservado.
Pude notar uma satisfação em seu olhar ao saber que sou totalmente
virgem. Algumas colegas minhas já são até mães, mas eu continuo a única
garota virgem de toda a faculdade. A maioria das minhas amigas pensa que
eu mantenho relação sexual com meu namorado, já que eu nunca desmenti a
elas.
Após a sessão, ligo algumas vezes para Thiago, que não atende
nenhuma das minhas ligações. Preocupada, deixo algumas mensagens na
caixa postal. Ele não é de desaparecer assim e nunca passa mais que dez
minutos sem me dar notícias.
Então decido mandar uma mensagem para Bryan, contando o ocorrido,
que diz para que eu fique calma. Decido voltar a conversar pessoalmente com
ele sobre o assunto.

*****

Procuro Thiago por todos os locais que ele poderia estar, mas não o
encontro em lugar algum. Por fim decido vir me encontrar com o meu
cunhado, irmão mais velho do meu noivo. Ele pode ter alguma informação
dele. Aceitei o seu convite para um almoço. Quando recebi sua ligação,
confesso que fiquei surpresa com o que ele poderia querer comigo. Pediu
para que eu não falasse nada para ninguém. Tive esperança de que o
desaparecimento de Thiago estivesse algum envolvimento dos seus irmãos.
Essa é a primeira vez que alguém da família dele entra em contato
comigo depois de quase cinco anos. Todos viraram as costas para o nosso
relacionamento, e agora com a ligação e o convite para almoçar, do meu
cunhado, posso ter enfim esperança de que eles possam querer retomar o
vínculo com o irmão. Thiago nunca me disse nada, mas eu sei que ele sofre
com o desprezo da família. Seus irmãos são tudo o que ele tem nessa vida.
Thales é o filho do meio. Cabelos tão pretos quanto os de Thiago, com
os olhos mais claros e a pele também. É casado e com dois filhos homens. —
Havia cumprido seu propósito de ser pai de meninos.
Sinceramente eu queria que a partir de hoje nascessem apenas homens.
Os idiotas seriam todos instintos. E só assim dariam conta de que para nascer
um homem, ele tem que vir de uma mulher. Um bando de idiotas!
Um garçom me guia até a mesa onde está o homem de aparentemente
vinte e oito anos.
— Fico feliz que tenha vindo, Anastácia. Sente-se, por favor! — diz em
pé, me olhando de maneira educada.
Me sento e coloco minha bolsa sobre a mesa, juntamente com meu
celular. Estou nervosa e preocupada com Thiago. À noite quase não consegui
dormir, pensando nele.
— Não imagina o quanto estou curiosa para saber o que tem para me
dizer. Espero que possa me dar notícias do meu namorado.
— Ele está bem.
— Já podia imaginar que se tratava dele. Só não consigo imaginar qual
o motivo de vocês o terem pego.
— Aceita tomar alguma coisa?
Ele é muito cínico! Estou preocupada com Thiago e me oferece bebida.
— Uma água.
Ele pede para o garçom, que não demora muito para servir. Estou muito
ansiosa com o que ele pode querer me falar e ao mesmo tempo nervosa com
tudo que vai acontecer.
— Anastácia, confesso que não sabia se deveria te procurar. Enfim...
Você merece saber de tudo o que está a acontecer. Meu irmão nunca mais vai
te ver. Ele está seguro e protegido. Thiago sempre foi um bobo
inconsequente, capaz de arriscar a própria vida pra ficar com você.
Felizmente, nós da família, garantimos sua proteção.
Não posso acreditar que ele foi aprisionado pela própria família. Posso
entender a preocupação deles com Thiago, mas ainda assim não têm o direito
de se intrometer nas escolhas dele.
— A decisão é dele, não sua.
— Meu irmão não está em condições de decidir nada por si. — Levanta
da cadeira, me olhando com bastante raiva. — É melhor que aceite o seu
destino.
Sem dizer mais nenhuma palavra, me dá as costas e sai caminhando
tranquilamente. O que ele quis dizer com “aceite o seu destino”?
Tento ir atrás dele, mas já desapareceu. Fico tão desesperada que não
consigo pensar em nada com clareza. Eles devem estar usando da força para
prender meu namorado. Eu não posso fazer nada. Tenho certeza que meus
irmãos não se meteriam em questões familiares, principalmente se tratando
da família do Thiago. Estou perdida, cansada, preocupada...
No final do dia volto para casa e me jogo em meu quarto. Tudo o que
eu mais preciso é tomar banho e resolver algumas questões de cálculos da
matéria do Sr. Wilson.
Ouço gritos de crianças correndo pelo corredor. As pestes dos meus
sobrinhos estão na área. Resolvo trancar a porta do quarto. Tomo um banho
relaxado, visto meu pijama amarelo com bolinhas e como uma barra de
chocolate. Então meu celular começa a tocar estranhamente. É m toque
assustador e sombrio, que não é o dele. Alguém havia mudado. Mas quem? O
número é desconhecido. Reluto contra mim mesma e penso em não atender.
Tarde demais! O meu dedo já havia feito o trabalho.
— Alô.
— Privet, printsessa (Olá princesa).
Fico tão tensa que derrubo meu celular no chão. Aquela voz. O idioma
é russo. Meu único instinto é correr.
Sou um homem extremamente rigoroso e obcecado. Minha maior
obsessão nesse momento se chama Anastácia Grego: a minha querida
noivinha revoltada com a vida.
Não recebi bem a notícia de que ela não queria se casar comigo. Como
pode uma menina ser insolente a esse ponto? Não que eu fosse apaixonado ou
algo tipo, pois para mim, ela não passa de uma criança mimada que eu terei o
prazer de tirar toda a birra.
A família Grego perdeu o juízo por completo ao romper um acordo que
foi feito com meu pai, o falecido senhor Barkov, o próximo de sua sucessão,
com o então pai da minha noiva, também falecido. Enrico Grego não faz
ideia da loucura que cometeu com tudo isso. Ouvi dizer que ele havia
enlouquecido e que seu casamento não estava indo nada bem. Não que eu
desse importância para fofocas e boatos, mas assuntos como esse, não
passavam despercebidos pelo Clero.
Soube há alguns meses que Enzo Grego tinha assumido o posto do
irmão. Não poderia ter acontecido coisa melhor do que essa. Com Enrico fora
do meu caminho, posso ter mais liberdade para negociar com os demais
mafiosos.
Foram dois anos me dedicando à aérea da Psicologia para poder
conseguir entender a mente humana, e tudo isso com o único propósito de
destruir Anastácia em todos os sentidos.
A dor física magoa e deixa cicatrizes que se fecham em algum
momento, mas as feridas da alma são as que mais machucam, sendo capazes
de derrubar uma pessoa da maneira mais cruel que existe.
Hoje, quase cinco anos depois do fim do meu noivado com aquela
menina rebelde, eu tenho tudo planejado para destruir ela e toda sua família.
No auge dos meus trinta e cinco anos, eu preciso me casar e ter herdeiros.
Pelo menos para alguma coisa essa garota irá servir. Mas antes precisava me
certificar de que ela ainda era virgem, já que teve a ousadia de me trocar por
um moleque que nem havia deixado de usar fraudas.
Tive uma aliada bastante forte, infiltrada na família Grego. Digamos
que meu cunhado Enzo não casou com uma mulher bonita. A francesa era
horrível fisicamente. Já Helena é uma mulher atraente e sedutora, perfeita
para arrancar todas as confidências do Enzo.
Foi fácil saber como era feita a segurança dos Grego e em quais pontos
haviam mais seguranças, e quem eram eles. O dinheiro sempre moveu o
mundo. Alguns trocados e os idiotas passaram para o meu lado.
Muita ousadia dela abandonar Andrei Barkov para ficar com um
moleque desprovido de poder. Isso me faz vitorioso e com muitos pontos de
vantagens a frente dele nessa situação. Eu sou poderoso, e ele não.
Fiz com que seus irmãos o deixasse sem nada, e assim eles não teriam
condições financeiras para fugir e muitos menos se casarem.
Antes de tudo precisava confirmar se minha querida Anastácia ainda
era pura. Fiz isso no dia que aquela imbecil decidiu dormir ao lado daquele
moleque na casa dele. Poderia ter matado ambos ali enquanto dormiam. Os
dois não passam de dois jovens idiotas. Nem notaram minha presença no
apartamento e sequer perceberam quando coloquei sonífero no pedaço de
pizza que o tal Thiago comia. Só de pensar que ele a viu usando aquele
vestido provocante de dormir, senti vontade de matá-lo. Mas tudo no seu
devido tempo. Paciência é meu nome do meio quando se trata de Anastácia
Grego. Essa pequena loirinha terá o que merece.
Inicialmente meu plano era seduzi-la, conseguir sua confiança. E isso
eu já tinha. Mas agora que a tenho tão próxima de mim, minha única vontade
é de possui-la. Garota mimada e malcriada!
Essa é mais uma de nossas consultas aqui na sala do diretor. Minha
noiva é esperta para algumas coisas, mas para outras, é muito burra. Conversa
com um estranho sem nem checar suas identidades no Google.
A garota é mais bonita do que eu imaginava. Como eu queria fodê-la
aqui mesmo nessa sala! Ela está preocupada com o namorado, que não
responde suas mensagens. Eu deveria matar aquele moleque por ter ousado
olhar para a minha mulher.
Está decidido! O pior castigo que eu posso dar a Anastácia é me casar
com ela. Como seu marido, serei seu único dono e poderei colocar minha
vingança em prática. A loirinha vai pagar por toda humilhação que me fez
passar, por todos os beijos que deveria ter me dado e não deu.
Toda família Grego me pagará por essa afronta, a começar pela minha
querida noiva, que nesse momento está sentada na poltrona, concentrada no
celular. Me aproximo dela, que olha para mim, preocupada.
— Continua sem notícias do seu namorado?
O seu olhar preocupado me irrita. Se ela soubesse que nunca mais irá
vê-lo novamente...
— Não sei o que houve para ele desaparecer assim, sem me dar
notícias. Acabei de receber um convite do meu cunhado, o irmão mais velho
dele. Acho que eles o prenderam.
— Tenho certeza de que ele está bem. — Sorrio de lado.
Tenho que esconder toda minha satisfação por saber que ela está
sofrendo com o desaparecimento do moleque.
— Tenho certeza que não. É muito estranho o irmão dele me mandar
mensagem. Thiago e eu estamos juntos há um bom tempo e essa é a primeira
vez que um deles me procura.
— Pode ser pra dizer que apoia o namoro de vocês.
Ela faz uma careta nada legal. Adoro seu jeito de se expressar, tão
natural.
— É mais fácil ele querer me matar. Se eu não voltar, já sabe. É melhor
eu não comer nada nesse restaurante.
— Deseja iniciar nossa sessão?
— Desculpa, Bryan, eu não posso ficar. — responde pegando sua
bolsa. — Não podemos fazer isso outro dia?
— Na faculdade não. A não ser que aceite vir até meu consultório.
— Okay. Boa semana para você.
Ela sai sem dizer mais nenhuma palavra. Pobrezinha! Não sabe toda
vida de sofrimento que a espera.
Organizo meus papéis em minha maleta, saio do escritório e dou de
cara com uma menina que estuda na faculdade. Ela me cerca já há alguns
dias. Corpinho gostoso! Eu comeria. Mas no momento meu foco está na
minha ex e futura noiva.
— Sr. Smith, podemos começar nossa sessão?
— Desculpe! Tínhamos algo marcado para hoje?
— Sim.
— Me desculpe! Não poderei atender mais hoje. Aconteceu uns
imprevistos. A gente se ver por aí.
Ela está louca para me dar. Eu aceitaria comê-la, mas não posso me
envolver com uma aluna oferecida como essa, que certamente acabaria
contando tudo para as amigas fofoqueiras.
Em meu apartamento poderei finalmente tomar um banho e acender um
charuto.

*****

2 DIAS DEPOIS

No momento bebo alguns goles de whisky, quando ouço a campainha


tocar. Não estou esperando ninguém. Será que algum inimigo me viu por
aqui? Pego minha arma em cima da mesa de centro desse lugar com
decoração horrível e abro a porta com cautela. Estou prestes a atirar, então
vejo Anastácia bem diante de mim, chorando horrores. Escondo minha arma
na cintura, para que ela não veja. A garota está tão abalada que sequer notou.
— Senhorita Grego? — Não me finjo de surpreso, porque realmente
estou.
— Posso entrar? — pergunta colocando para fora todo o seu choro.
Ela está totalmente fragilizada. Me pegou totalmente desprevenido.
Estou sem meu terno, usando uma calça moletom da cor cinza, que combina
totalmente com minha camiseta larga de cor branca. Me vendo assim, ela
nem acreditará que eu sou um psicólogo. Mesmo que eu não seja,
devo manter a aparência de um.
— Me desculpe aparecer assim sem avisar... — para de falar assim que
fecho a porta e a encaro com meus olhos fulminantes de desejo. — Eu não
tinha a quem procurar. Estou desesperada e não sei o que fazer.
— Vem comigo! Senta! — peço e ela me obedece. — O que houve?
— Eu não tenho notícias do Thiago há dois dias. Eu não sei o que fazer.
Estou com medo de que... — não se atreve a completar a frase.
— Medo de quê, Anastácia?
— De que Barkov tenha pegado ele. Eu não sei... Aquele homem pode
ser perverso e capaz de qualquer coisa para me destruir. Eu posso estar louca,
mas algo me diz que ele está por perto e que quer vingança.
Ela chora em meus braços. É como um pequeno cordeirinho branco.
Estou adorando a ideia! Eu serei o seu lobo mal. Anastácia tem razão. O
sumiço do namorado dela é coisa minha. Foi eu que convenci os irmãos do
moleque que o melhor a se fazer era aprisioná-lo em um lugar seguro, onde
eu não pudesse matá-lo.
Coloquei a segunda parte do meu plano em ação. Eu liguei para ela,
falando em russo: “Olá princesa”. Pude ouvir todo o seu pavor do outro lado
da linha. Gosto do efeito que causo nela. Sempre que pode, se refere a mim
como um demônio. Fico feliz por saber que ela pelo menos tem noção do tipo
de ser humano que sou.
Essa é a oportunidade de tê-la para mim. Os Grego estão cada vez mais
se aproximando do meu rastro. Não posso correr o risco de me pegarem antes
de eu fazer algum mal à irmãzinha deles.
— Me perdoa por eu ter vindo até aqui! Talvez seja melhor que eu vá
embora.
Anastácia se afasta de mim, indo em direção à saída. Está perdendo
tempo, pois eu tranquei a porta. Ela estranha esse pequeno detalhe e vira -se
para mim.
— Você poderia abrir? Eu preciso me encontrar com a minha família.
— Porque você está nervosa? — pergunto colocando as mãos sobre o
bolso da calça.
— Eu recebi uma ligação dele. Não entendi bem o que ele disse, mas
decidi avisar a Enrico. Eu deveria ter feito isso antes de vir pra cá. Será que
você poderia abrir a porta?
Não movi um músculo sequer, nem demonstrei interesse algum em
abrir a porta.
— Potomu chto, printsessa vovsyu? (Porque a pressa princesa?)
Ela engole em seco, surpresa ao me ver falar russo. Tenho certeza de
que alguma coisa ela entendeu. O fato de ter sido minha prometida por anos
me faz pensar que ela tenha estudado meu idioma. Está em choque no
momento. Muito divertido ver o medo que eu causo nela.
— Desde quando você fala russo?
A sua voz temerosa me faz pensar que ela está começando a desconfiar
de alguma coisa. Sua confiança em mim é tanta que a primeira pessoa que ela
procurou, foi eu. Veio direto para a jaula do leão. Estou louco para devorar a
minha ratinha assustada.
— Stogo dnya kak ya rodilsya. Ya veryu chto vy takzhe govorite po-
ital'yanski s togo dnya kak rodilis' chtoby byt' moim obruchennym (Desde o
dia que nasci. Creio que você também fale italiano desde o dia que nasceu
para ser minha prometida).
— Ah, meu Deus! — Agora sim ela sabe quem eu realmente sou. —
Socorro! Alguém me ajuda! — Bate na porta várias vezes.
Perca de tempo. Ninguém irá ouvi-la. O prédio me pertence e o único
hóspede aqui sou eu. O pessoal lá em baixo são os funcionários e todos
trabalham para mim. Meu plano não poderia ter saído melhor. Minha ratinha
está em minhas mãos.
Não desvio meu olhar do seu em momento algum. Avalio com cautela
todo o pânico que consigo causar nela. A sua expressão de susto é a melhor
parte em meio a tudo isso. Seu medo me diverte. Faço questão de me
aproximar dela com cuidado. Anastácia não se move por nada. Parece ter
paralisado. Sua respiração tensa indica que ela ainda está viva. A encaro de
cima a baixo. Seu corpo pequeno em nada se compara ao meu forte e
musculoso. Será fácil destruí-la.
— Ty deystvitel'no dumal chto ya sobirayus' pozvolit' Khul'mil'ye?
Teper' eto tol'ko ty i ya. moy malen'kiy myshonok (Você pensou mesmo que
eu iria permitir que humilhasse? Agora somos apenas eu e você, minha
pequena ratinha).
Toco em seu rosto delicado e ela acompanha tudo com muito medo.
— O que você quer comigo? — Seus olhos se enchem de lágrimas pelo
simples fato de eu tê-la tocado.
— Tomar apenas o que me pertence.
— Não faz nada comigo, por favor! Se é um pedido de desculpa que
você quer, eu posso fazer isso em público e...
— Shiiiiii! — Coloco meu dedo sobre seus lindos lábios vermelhos. As
suas lágrimas escorrem pelo seu rosto lisinho. — Calma! Eu nem te bati
ainda. Não precisa ficar nesse estado. Seu choro não vai me comover.
— Andrei, por favor!
— Não me faça te bater aqui em seu país! Afinal de contas, eu respeito
essa merda por causa do seu pai. Esse também é o motivo pra que eu não
tenha te batido ainda.
— Pelo meu pai, me deixa sair daqui! — pede ingenuamente.
— Confesso que estou decepcionado com você, meu amor. Nem
conhece aquele que por tantos anos foi o seu noivo. — finjo uma certa
decepção.
— Só nós encontramos uma vez. Eu tinha cinco anos.
— Desde aquele momento, eu soube que um dia seria minha.
Anastácia sai correndo em direção aos quartos. Ela tem um celular em
mãos e logo digita um número. Minha ratinha é rápida. Corro atrás dela.
— Enrico, o Andrei está comigo em um prédio no centro... — Tomo o
celular de suas mãos. A chamada está em vinte segundos. A voz do Grego é
de preocupação.
Pego minha arma na cintura e miro contra ela, para que fique em
silêncio.
— Eu venci, Enrico! Diga adeus à sua irmãzinha.
Disparo dois tiros contra o guarda roupa e ouço o desespero de Enrico
do outro lado.
Desligo o celular, jogando ele dentro de um copo com whisky.
Anastácia chora em um canto da parede. Está encolhida como uma pombinha
assustada. Me aproximo dela e a puxo forte pelo braço. Meu intuito é
machucá-la.
— Sua família agora deve estar chorando pela sua “morte”.
— Você é um monstro!
— Você ainda não viu nada, ratinha. Agora vamos para casa!
A diversão acaba de começar.
Foi mais fácil do que eu havia planejado. Nem nos meus melhores
sonhos, eu conseguiria aprisionar a minha futura esposa tão facilmente. O
temperamento forte dela me obrigou a dopá-la com alguns soníferos fortes. A
viagem não será tão longa assim. Meu jatinho particular nos espera em minha
pista pessoal de decolagem. Tenho alguns negócios ilícitos pela Itália. Eu
usava nomes de terceiros para implantá-los. Era tudo muito sigiloso. Os
idiotas dos Grego nem imaginavam.
Isso não é tão importante para mim agora. Obviamente não levará
muito tempo para que todos os meus negócios fossem descobertos. Meu
objetivo de ter Anastácia para mim, já havia sido cumprido.
A minha ex-noivinha está totalmente sob o meu comando. Em meus
país seguirá as minhas regras. Em minha casa, eu sou o único dono e a minha
palavra é a que vale. Mesmo assim não poderei levar minha adorável ratinha
para lá. A minha tia é uma mulher muito emotiva e sente-se muito abalada
por ter perdido o marido, e depois de um tempo, a filha, há alguns anos. Ítalo
foi morto em uma emboscada quando voltava para casa. Segundo a polícia,
foi um assalto. Pelo menos foi isso que a sociedade sueca acreditou na época,
para justificar o fato desse brutal assassinato. O seu corpo foi carbonizado e
não sobrou nada do veículo que ele estava. Desde então minha tia vive em
minha casa, se dedicando a cuidar dos sobrinhos. Em parte gosto que a minha
irmã tenha companhia.

*****

Anastácia dorme tranquilamente sobre a cama há algumas horas. Está


cansada da viagem que fizemos. Se não fosse pelo mal tempo, teríamos
chegado uma hora e meia antes. No entanto, não estou reclamando. Eu tenho
aqui tudo o que eu mais quero nesse momento.
A loira não perde por esperar. Em breve a tornarei minha esposa, e com
isso exigirei todos os meus direitos de marido, sendo o seu único dono.
Anastácia me deverá obediência e respeito. Não irei tolerar suas rebeldias. E
caso insista em não mudar, a aplicarei castigos ainda mais severos do que a
minha vingança.
Por sua culpa virei motivo de chacota para toda a sociedade mafiosa da
Rússia e do mundo. Eu era o noivo que havia sido abandonado por uma
mulher. Até os meus inimigos usavam isso para me irritar. Ela não sabe como
suas escolhas me trouxeram consequências alarmantes. Mas nada que uns
bons castigos não fizesse diminuir alguns.
Além de tê-la ao meu lado, terei também a família Grego na palma das
minhas mãos. Aposto que os irmãozinhos logo irão ficar frouxos diante da
ameaça de perder a então futura senhora Barkov.
Minha vingança resultará em um bom negócio para mim. Ganharei
muito com Anastácia ao meu lado. Além de me casar e poder ter meus
herdeiros, de quebra ganharei o total apoio dos Grego para liberarem meus
negócios na Itália e em algumas regiões onde eles comandam.
O tempo será meu melhor aliado. Inicialmente os deixarei sem notícias
da irmã. Posso imaginar a aflição de todos sabendo que a Anna agora está sob
meus cuidados. Posso fazer o que bem entender com ela, inclusive, a possuir
assim que acordar, violando a barreira da sua virgindade antes do casamento,
o que seria uma desonra para sua família. Mas prefiro me casar com ela do
que ter que devolvê-la para os Grego com uma mão na frente e outra atrás,
sem honra e sem prestígio algum.
Minha noivinha se preservou totalmente. Terei a sorte de ser o primeiro
e único homem da sua vida. Aquele moleque não foi capaz de tocar no que é
meu. Foi melhor para ele, senão eu já o teria matado. Não fiz isso por
consideração aos seus irmãos, que nesse momento me darão muito apoio.
Quanto mais aliados, melhor. Assim, nenhuma das futuras tentativas de
resgate à minha Anastácia, resultará em sucesso.
Ela está em meu país, sob os meus comandos. Em toda a Europa não há um
exército como o meu. Detenho as melhores armas e tecnologias, além de
soldados capazes de fazer tudo que eu ordenar.
Me divirto com o sabor do sofrimento na casa dos Gregos, que nesse
momento choram a “perda” de Anna. Mais prazeroso do que tudo isso será
possuir minha noivinha rebelde e sentir o gosto da sua virgindade ser
corrompida justamente pelo homem que ela mais odeia nesse mundo.
A noite cai serena e silenciosa. Acendo todas as luzes do quarto. Logo
minha noivinha assustada acordará.
Beberico uma dose de whisky, imaginado todo o temor que ela sente
por mim. Será o ponto crucial da nossa relação. O medo vai ser a base de
tudo.
Enfim ela está acordando. O normal é que ela acorde confusa e com dor
de cabeça. E me parece que a dor está muito forte. Inicialmente desperta
como se estivesse acordado der repente. Parece em alerta. Logo leva as mãos
à cabeça, fazendo pressão sobre o local dolorido. Seus olhos azuis estão
fechados e toda a iluminação forte lhe causa ainda mais desconforto.
A observo atentamente. Minhas pupilas dilatadas me proporcionam
uma visão privilegiada do seu corpo pequeno e cheio de curvas atraentes. A
minha noiva é uma moça muito bonita e capaz de fazer meu psicológico ficar
alucinado por cada detalhe seu. Suas pernas curtas são grossas e me fazem
querer batê-las até que fiquem doloridas. A cintura fina facilmente seria
machucada com a força de minhas mãos. O bumbum redondo do tamanho
ideal me faz querer bater até ver toda a sua pele vermelhinha. Os seios
redondinhos me proporcionam a visão do paraíso. Lábios vermelhos como se
sempre estivesse usando um batom forte. Os cabelos loiros e longos a deixam
com uma expressão de menina. A minha menina!
Seus olhos azuis procuram por respostas, então me encontra. Sua
reação é a melhor possível. Anna parece ter perdido todos os movimentos do
corpo. Sua pele está branca como leite e os olhos estão arregalados. Parece
ter visto um fantasma, ou melhor, nesse caso ela preferia ter visto um em vez
de seu noivo.
— Andrei! — parece não acreditar que está diante de mim.
— Anastácia! — Nossos olhares estão conectados de uma maneira
intensa. — Bem-vinda ao meu país! Agora nosso. — digo debochado.
— Isso não pode ser verdade! — diz se levantando da cama e calçando
as pantufas no chão.
— Não só é a verdade, como também será sua nova realidade.
— Você me enganou todo esse tempo! E eu boba acreditei que
realmente queria me ajudar, ser meu amigo. Eu jamais imaginei que você
fosse o... Meu Deus!
Apenas agora ela teve noção do quanto está correndo perigo. O seu
corpo em alerta e a menta esperta devem estar pensando em alguma coisa
para me fazer parar, ou até mesmo em um plano para me eliminar de uma vez
por todas. Sei de seus dotes para os estudos e o quanto ela é capaz de bolar
planos inteligentes com resultados excelentes. Foi isso que li destacado em
seu histórico. Eu sabia exatamente tudo sobre Anastácia Grego.
Encontrei uma esposa tão inteligente quanto eu mesmo, além de bonita
e interessante em todos os sentidos. Seremos um casal perfeito, daqueles
admirados e invejados por todos.
— Pelo amor de Deus! Andrei, você não podia ter me trazido para a
Rússia! Essa não é a minha casa e você não é o meu dono! — o tom de voz é
amedrontado, mas ainda assim é muito corajosa por me enfrentar dessa
maneira.
Me levanto da poltrona que estou sentado e minha noiva dá vários
passos para trás, até bater com as costas contra a parede. Ela está tão
assustada quanto uma coelhinha pequena e amedrontada. Isso será tão
divertido!
— Qual o problema, minha noivinha? Para onde foi toda a sua
coragem?
Toco em seus fios de cabelos longos e sedosos. A genética poderia não
ser de uma Grego, mas tudo nela parece pertencer àqueles idiotas.
Infelizmente o sangue daqueles fedelhos correm em suas veias, o famoso
sangue azul da Itália.
— Eu não quero discutir com você. Não precisamos perder a calma.
Podemos resolver esse assunto como os dois adultos civilizados que somos.
— ela parece ser tão madura e decidida. Me encanta suas qualidades. — Se
me deixar voltar para casa, eu prometo que nada de ruim irá te acontecer.
— Preocupada com o seu noivo, pombinha?
Minha garota! Completamente minha! Ninguém irá tirá-la de mim.
— Não somos mais noivos.
— Acho que somos sim. — falo tocando em seu braço com leveza e
suavidade.
Ela está tão nervosa que encara os meus toques como choques de alta
carga.
— Andrei, nós rompemos há alguns anos.
— Não, meu amor. Você rompeu por causa daquele moleque, mas eu
resolvi te dar uma nova chance de poder se redimir com seu futuro marido.
— Eu não sei o que quer de mim, mas eu prometo que...
— Shiiiiii! — Coloco meu dedo sobre seus lábios vermelhos. — É
assim que eu gosto mais. — Mantenho meus olhos fixos nela.
Anastácia é uma garota muito forte, e mesmo estando assustada, não
baixa a cabeça. Não se sente inferior a mim, ainda que saiba que está
correndo perigo.
— Andrei...
— Prefiro que me chame de “meu amor”. — falo debochado.
— Não me machuca, por favor! — a voz ofegante que tem, desperta em
mim uma louca vontade de esbofetear sua pele rosada.
Tudo nela me pertence, e por isso tenho o direito de fazer o que quiser
com ela.
— Deveria ter pensando nisso antes de me fazer passar por todo esse
vexame todos esses anos.
— Eu fiz isso pensando justamente em nossa felicidade. Eu não o amo
e você também não me ama...
— Não me faça perder o controle com essa sua ladainha! Eu não estou
disposto a te machucar agora, pelo menos não antes do nosso casamento.
Ela arregala os olhos. Está tão amedrontada que mal consegue
expressar alguma outra coisa que não seja medo. Adoro vê-la assim, indefesa.
Poderia fazer qualquer coisa com ela, inclusive quebrá-la inteira e mandar de
presente para a família. Mas infelizmente não farei isso.
Confesso que Anastácia desperta em mim um desejo possessivo de
dominá-la na cama. Foder sua boceta apertada me parece ser a melhor opção.
Assim ganho uma esposa, e ainda posso ter a família dela em minhas mãos.
— Irei mostra a você que não sou um homem de meias palavras e
muito menos tranquilo como pareço nesse instante. Por isso só irei falar uma
vez, e é melhor que me obedeça. Tire a roupa! — ordeno.
— O quê? — pergunta apavorada.
Lhe acerto um tapa em sua face delicada. A garota vira o rosto para o
lado pelo tamanho impacto de minha força sobre sua pele. Costumo ter a mão
pesada. Foram anos de treinamentos com luvas e aplicando no dia a dia esse
tipo de ato. Agredir as pessoas, para mim, já faz parte da rotina.
Anastácia engole o choro. Ela não é tão forte quanto aparenta ser. Na
Itália até podia agir como uma princesinha mimada, mas em meu país, eu sou
o seu dono e exijo que se porte como minha futura esposa.
Os seus olhos lacrimejados escondem muito mais que a dor, mas sim
seu instinto rebelde de ser.
— Para você ver que eu só falo uma única vez. Creio que deva ter
aprendido a lição. Agora faça o que lhe mandei!
Ela engole em seco. Seu nariz empinado faz jus à sua personalidade
forte. Uma garota que não sabe nada sobre a vida aprenderá que a realidade
existente não se compara em nada com a vida de luxo que ela tinha na
mansão da família. Cortarei todos os seus privilégios e a transformarei na
minha escrava por alguns dias, até que eu possa enfim assumi-la para a
sociedade.
— Eu não vou tirar a roupa, nem vou pra cama com você. E se não está
satisfeito com minha decisão, me mate! Só assim não serei obrigada a ter que
olhar para o seu rosto horrível todos os dias.
— Corajosa minha noivinha! — Ela não tem noção do quanto sua
rebeldia me encanta. — Pensando bem... Isso é um charme. Só me faz sentir
ainda mais tesão por você.
— Isso é doentio, seu russo de merda!
Muito atrevida. Está louca para receber umas palmadas ardentes em seu
bumbum rosado.
— Não quer me obedecer? Tudo bem! Farei da maneira mais difícil.
Confesso que também prefiro as coisas desse jeito. Elas se tornam mais
divertidas.
Seguro firme seu pescoço, apertando seu corpo ainda mais contra a
parede, e logo ela é tomada pela falta de ar eminente. Suas mãos pequenas
tentam retirar as minhas do seu pescoço, mas é em vão. Sou muito forte perto
dela, que não passa de uma ratinha. A minha ratinha que aprenderá a servir o
seu marido da pior maneira possível.
Sinto todo o meu ar ir embora dos meus pulmões. A agonia em meu
peito machuca cada vez mais. O maldito aperta o meu pescoço fortemente e
sem dó. Seus braços largos são muito fortes e suas mãos grandes e másculas
me faz sentir toda a força que ele detém nelas.
Ao seu lado, eu não passo de um alvo fácil de ser eliminado. Algo me
diz que seu propósito é maior. Como ele mesmo acabou de dizer, eu serei sua
futura esposa. Não poderia estar falando a verdade, pois nosso noivado foi
rompido há alguns anos. Deve estar concentrado em seus negócios, e não na
possibilidade de se casar comigo. Prefiro a morte do que ter que viver ao lado
de um homem doentio como esse idiota.
Fui inocente por não perceber que aquele homem que sempre estava
disposto a me compreender e a me escutar, se passando por Bryan, um
psicólogo famoso em todo mundo, fosse um golpe para me derrubar, um
plano estrategicamente elaborado durante anos para se vingar de mim pela
afronta de eu ter desfeito o noivado e quebrado o acordo de casamento
firmado pelos nossos pais.
Ele quer vingança, e agora que eu estou em suas mãos, nada vai pará-
lo. Me matar não será a solução mais fácil para se vingar. Claro que não. Ele
quer me humilhar e me tornar sua mulher, para então poder ser o meu único
dono e mostrar que ninguém desafia Andrei Barkov. Afinal, casamentos na
máfia não são desfeitos nunca. Só a morte para dar fim a uma união.
Me contorço com a falta de ar. Quando era criança, tive uma grande
crise alérgica que ao longo dos anos foi controlada em base de remédios para
asma. Aquela mesma sensação que eu tinha quando estava nas crises, agora
toma conta de mim novamente.
Em seu rosto posso ver divertimento por me ver ficar cada vez mais
vermelha. Os seus olhos carregam uma sombra mais densa que a escuridão
do mundo, reluzindo ódio e rancor.
Quando pensei que não conseguirei mais resistir, ele me solta, me
jogando no chão com força. Caio bem próxima dele. Levo as mãos ao meu
pescoço dolorido e tento fazer com que aquilo parasse de doer, mas nada
fazia passar.
Fecho os olhos por alguns segundos na tentativa de não demonstrar
minha fragilidade. Uma Grego jamais demonstra dor diante do inimigo. Essa
foi uma das primeiras lições que aprendi do meu pai quando eu ainda era uma
garotinha sem ideia do quanto esse mundo é perigoso e cheio de pessoas más
que carregam muito ódio no coração.
Andrei me puxa novamente pelo meu braço esquerdo. Sinto uma dor
aguda que me faz gemer com o puxão. Meus olhos encaram suas órbitas
aterrorizantes. Seus lábios vermelhos pressionados fortemente me faz sentir
um arrepio por toda a espinha.
— Pensando bem, minha ratinha, não esperarei até o nosso casamento
para te possuir. Irei tomá-la para mim nesse exato momento, seja por bem ou
por mal. Terei imenso prazer em te domar, minha garotinha rebelde.
— Você não vai me tocar, seu asqueroso! Me solta! — digo tentando
me livrar do seu domínio.
— Cala a boca, maldita! — Acerta outro tapa em meu rosto. O lado
direito está bastante dolorido. Sua mão é muito pesada.
É inevitável controlar as lágrimas que rolam pelo meu rosto. Tentei ser
forte, mas não estou conseguindo. Em minha mente só há um único desejo:
matar Andrei. Tenho pena dele quando os meus irmãos o encontrarem. O
odeio ainda mais por tudo que está fazendo comigo.
Sem dizer mais nenhuma palavra, ele rasga boa parte do meu vestido.
Como já não usava mais o casaco de frio, foi fácil para o infeliz se livrar de
todo o tecido que cobria meu corpo frágil e indefeso. Em seguida ele tira o
sutiã com tanta força que sinto uma ardência quando o fecho me corta.
Andrei me joga na cama com bastante brutalidade. Acabo batendo
minha cabeça contra a cabeceira. Todo o meu sistema nervoso está em alerta.
A força que ele faz contra mim, me imobiliza. Fico refém de suas vontades.
Com toda sua agilidade de predador, enquanto me deixa imóvel com uma
mão, vejo quando ele pega com a outra alguma coisa na cômoda. Meus olhos
não acreditam quando avisto em sua mão um par de algemas de couro preto.
Fico alarmada com isso, mas ele continua seu domínio sobre mim e segura
meus pulsos fortemente, me prendendo com aqueles objetos na cabeceira da
cama. Completamente imobilizada, a mesma coisa ele faz com meus pés,
deixando minhas pernas abertas em uma posição desconfortável e
completamente humilhante.
Me admira como se eu fosse uma bela obra de arte. Posso perceber o
desejo nos seus olhos. Definitivamente é um homem doentio e sádico,
disposto a me ver totalmente entregue a ele. Seu instinto selvagem quer me
devorar como se faz com um animal indefeso. Ele é o predador e eu a presa.
Tento me soltar, mas é em vão. As algemas de couro são apertadas.
Logo eu, com meus cinquenta e dois quilos! Não conseguiria me soltar sem
ajuda.
— Então o todo poderoso Andrei Barkov não passa de um covarde?
Precisa atar as suas mulheres à cama para possuí-las?
Ele me olha furioso, mas logo um sorriso debochado surge nos seus
lábios.
— Quer dizer que agora é minha mulher? — questiona irônico.
— Nunca, seu russo miserável! Você pode até me forçar, mas eu nunca
vou ceder.
— Veremos, ratinha! — sussurra.
Barkov começa a se despir, tirando primeiro a camisa, mostrando seu
peitoral sarado. Em seguida retira a calça e fica apenas com uma boxer preta
marcando todo o seu membro duro.
Fico completamente imóvel e tento não demonstrar medo. Ele vai
conseguir o que tanto deseja: me ter para si. Seria em vão gritar e pedir ajuda.
Estamos em seu país, portanto, ninguém iria me ajudar.
Ele vem até mim. Suas mãos tocam minhas coxas, apertando-as com
muita força. Viro meu rosto para não encarar a sua imagem de demônio à
minha frente. Meus olhos estão banhados em lágrimas, mas não vou me
permitir chorar na sua frente. Sua mão grande e poderosa desliza sobre o meu
corpo, toca meus seios sem minha permissão e os aperta.
— Deliciosa, minha ratinha! — diz.
— Olhe para mim! — Ele está com o corpo inclinado sobre o meu
enquanto sussurra no meu ouvido. — Minha noivinha está com medo agora?
O seu tom é de deboche. Sabe que estou apavorada com o seu toque
asqueroso.
Ignoro sua voz. Não vou obedecê-lo nunca. Sofrerei todas as
consequências, mas jamais me submeterei de bom grado às suas exigências.
— Eu mandei olhar pra mim, porra! Agora! — Sinto um tapa muito
forte na minha coxa, que me faz dar um pequeno sobressalto.
Ele parece adorar a vermelhidão em minha pele. Não há outra
explicação para tantas agressões. Encaro a imagem do homem robusto à
minha frente. É muito alto, com um corpo forte e sarado do resultado de uma
boa genética e exercício. Mas os seus músculos não me atraem de forma
alguma.
Andrei está prestes a me violar e eu nada posso fazer para me defender.
Estou algemada sobre a cama, totalmente entregue a ele, como um peru
assado em uma bandeja, pronto para ser servido na ceia de natal.
— Quero que olhe pra mim enquanto eu te fodo e tomo o seu corpo que
é meu por direito, minha doce noivinha! — exige sarcástico.
O encaro com muita raiva.
— Você pode até ter meu corpo, mas nunca terá minha permissão. Me
tome como o covarde que é! No entanto, o que isso prova? Que Barkov pode
ter qualquer mulher à força? — Observo seu olhar se estreitar. Parece se
controlar para não me golpear até eu perder a consciência. — Não me
arrependo de ter me entregado ao Thiago. Esse sim sabe como levar uma
mulher às nuvens com os dedos e a língua.
Não sei o que tinha se apossado em mim para eu falar tamanha mentira,
porém, apesar do medo estarrecedor, algo me instiga a provocá-lo.
Sua expressão agora é encolerizada. Barkov leva a mão ao meu
pescoço, o apertando.
— Não me provoque, ratinha! Se você entregou àquele maldito o que é
meu por direito, acaba de assinar sua sentença de morte e a dele.
— Está... me sufo... cando! — sussurro quase sem ar.
Aos poucos sinto o ar revigorar de novo os meus pulmões quando ele
afrouxa sua pegada impiedosa.
— Vamos ver se eu sei ou não dar prazer a uma mulher, ratinha! Em
breve você vai implorar pelo meu pau te preenchendo.
— Isso nunca! — digo com asco.
Logo vejo um sorriso presunçoso surgir nos seus lábios. Suas mãos
grandes e possessivas deslizam do meu colo até os meus pequenos seios, os
acariciando e me fazendo arrepiar com o seu toque. Caramba! Que sensação
esquisita é essa? Então quando encaro os seus olhos acinzentados que
refletem puro desejo, entendo o seu jogo. Fecho as minhas pálpebras ao
perceber que tudo está perdido. Logo sinto seu hálito morno ir de encontro à
minha pele suave. Ele abocanha um seio, o sugando com gula. A pressão da
sua língua molhada e úmida me causa uma sensação desconhecida e
prazerosa ao mesmo tempo. Prazerosa? Me assusto com esse pensamento e
tento me livrar do seu corpo, me contorcendo. Sem muito sucesso.
— Não! — sussurro.
— Abra os olhos, ratinha! — ordena.
Quando abro os olhos posso ver seu olhar âmbar, que transborda e me
queima como fogo, analisando a minha figura com luxuria. Sua mão desliza
pela minha cintura até chegar na minha intimidade ainda por cima do tecido
da calcinha. Seus dedos tocam levemente meu clitóris com movimentos
circulares. Uma estranha sensação volta a dominar meu corpo.
— Nã.. o! Por favor! — suplico.
— Isso tudo é meu! Não vamos mais precisar disso, minha noivinha. —
avisa rasgando a calcinha do meu corpo de modo abrupto.
Minha mente trava uma batalha árdua. Não queria sentir o que estou
sentindo Andrei é um ser desprezível e jamais irei nutrir algum sentimento
bom por esse homem que está prestes a me tomar de forma lasciva. Ele é um
ser perverso. Alguém frio dessa forma merece todo o desprezo do mundo, o
que infelizmente não terá. Por ser um dos mafiosos mais importantes, tem
grande poder sobre as pessoas e algumas autoridades.
Um filme se passa pela minha cabeça. Lembranças da minha infância
tomam conta da minha mente e só então me permito chorar. Logo sinto seus
dedos enxugando minhas lágrimas.
— Ora, ratinha! Se está nesta situação, a culpa é somente sua e daquele
moleque desgraçado. — fala com raiva ao se referir a Thiago. — Quando
penso que aquele trombadinha teve a ousadia de tocar no que é meu, na sua
pele suave e saborosa... — Desliza um dedo pelo meu rosto, agora marcado
por sua brutalidade. Ainda sinto a ardência. — Nos seus doces lábios...
Seus lábios tocam os meus suavemente e em seguida descem pelo meu
corpo. Tento me mexer para impedir seu toque, mas é inútil.
— Não me toque, seu monstro! Você não tem esse direito! — sussurro.
Imediatamente vejo a fúria em seus olhos de cores âmbares. Suas mãos
seguram o meu queixo, que parece querer quebrar.
— Claro que tenho. Tudo isso é meu! — fala com ênfase. — Agora
preste atenção: você é minha, Anastácia Grego! E eu farei tudo o que quiser
com você. Ninguém vai me impedir, minha querida noivinha. Tente não se
mexer muito, pois eu estou louco para foder essa boceta gostosa e apertada.
— diz introduzindo um dedo dentro de mim.
Sinto uma ardência horrível com a sua intrusão no meu canal. Barkov
toca minha barreira sem rompê-la e sorri ao comprovar minha virgindade.
— Não quero te causar mais dor do que o necessário, minha querida
noivinha mentirosa, mas isso depende somente de você, ratinha. Posso te
proporcionar muito prazer.
— Seu russo maldito! Eu nunca sentirei prazer com você! — digo
firme, o fuzilando com o olhar, mesmo que há alguns minutos, meu corpo
traidor estivesse de algum modo sentindo algo.
Ele solta uma sonora gargalhada.
— Veremos, minha ferinha! Esse seu joguinho está me dando um tesão
do caralho! Terei um imenso prazer em lhe mostrar que está enganada e que
em breve estará gozando gostoso no meu pau. Não sabe o prazer que sinto ao
saber que serei o primeiro a possuir seu canal intocado e virginal, noivinha.
Assim que tira o dedo da minha boceta, ele o leva à boca, o sugando.
— Delicioso seu sabor, mas quero provar do seu manjar na fonte.
Andrei fala isso e logo sinto sua boca ir em direção à minha intimidade.
Posso sentir sua respiração inalando meu cheiro. Em seguida sua língua traça
um caminho tortuoso até o meu clitóris. Ergo os quadris tentando me afastar,
mas o que ganho é uma maior fricção nessa área, o que me faz sentir coisas
que não queria. Não é certo eu me regozijar com o meu inimigo, mas ele
continua o ataque de sua língua até me deixar molhada. Agora introduz um
dedo novamente no meu canal, contudo, dessa vez não causa dor, somente
uma ânsia desconhecida, como se algo maior estivesse prestes a vir à tona.
Um emaranhado de sensações novas se forma dentro de mim. Sinto
uma aglomeração na pélvis, que está prestes a explodir. Sua língua continua a
saquear habilidosamente o meu clitóris, me causando uma onda prazerosa de
tamanho inigualável. É como se um raio transpassasse por todos os meus
poros, o que é o meu fim. Pela primeira vez gozo. Minha pernas estão
tremendo. Vejo o sorriso presunçoso de Barkov entre as minhas pernas, se
regozijando da minha falta de controle, o que me causa ainda mais
humilhação.
— Deliciosa, noivinha! — diz passando a língua pelos lábios melados
ainda pelo meu gozo. — Mas ainda estou faminto.
Mesmo com a respiração ainda ofegante, tenho forças para provocá-lo.
— Vá para o inferno, seu russo maldito! — digo isso e vejo sua
expressão prepotente sorrir.
Ele se livra rapidamente da sua boxer, ficando totalmente nu na minha
frente. Eu já tinha visto o pênis ereto de Thiago por vídeo, mas esse que está
na minha frente supera e muito o do meu namorado. Tenho certeza que ele
vai me machucar com essa coisa imensa.
Comigo imobilizada é fácil ele vir para cima de mim. Sinto quando se
posiciona na minha entrada e me penetra de uma só vez, fazendo-me gritar de
dor. Sinto como se me rasgasse ao meio. Mesmo tendo acabado de
experimentar um orgasmo, o membro dele é enorme e meu canal está
sofrendo para aceitar sua invasão viril. Seu corpo grande fica imóvel sobre o
meu.
— Acredite, amor! Será melhor assim. Em vez de te maltratar com
várias tentativas dolorosas, desse jeito você sente apenas uma vez. Tentarei
ser cuidadoso, mas não lhe garanto nada, já que sou bem acima do normal e
você é virgem.
Sua boca vem em direção à minha, abafando os meus gemidos de dor.
Andrei aprofunda mais a estocada e sinto minha membrana ceder para
acomodá-lo. Ele sorri satisfeito.
— Intocável! Apenas para mim! — sussurra
Suas mãos pressionam meu queixo para que eu mantenha meu olhar
fixo no seu. Meu corpo está em choque com toda essa investida na minha
boceta. Mesmo ele tendo cuidado, por ser minha primeira vez , está me
machucando.
— Por favor! Para, Andrei! Está doendo! — imploro.
— Calma, ratinha! Isso é normal. Logo vai passar. — diz e depois dá
um suspiro. — Porra! Essa boceta está me esmagando! Que gostosa!
Ele fala e começa a me penetrar. Estoca cada vez mais forte no meu
interior. Eu gemo de dor e algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto. Andrei
as observa e as enxuga em seguida.
— Relaxa, noivinha! Logo você vai estar gemendo no meu ouvido.
Sacudo a cabeça violentamente, negando.
— Pode negar o quanto quiser, ratinha, mas você está envolvendo meu
pau com perfeição. Está tão pronta pra mim que já me lambuza todo. — ele
sussurra e posso comprovar a minha humilhação quando seu pau desliza com
facilidade na minha boceta por causa dos meus fluidos.
Ele desprende os meus pés das algemas para ter um movimento mais
flexível sobre o meu corpo enquanto continua a sua posse implacável. Suas
arremetidas são mais longas e prolongadas. Já não dói tanto. Logo suas mãos
experientes buscam meu clitóris, o manipulando de forma ágil. Mordo o lábio
para não gemer de prazer. Maldição! Como isso é possível?
— Você agora é minha, ratinha! Ninguém jamais irá mudar isso.
Um desespero toma conta de mim quando percebo que começo a
corresponder às suas investidas. Não! Viro minha cabeça e fecho os olhos,
mas só o que consigo sentir é seu movimento ainda mais intenso e duro
dentro de mim. Seu membro viril me alarga como se estivesse marcando sua
posse no meu corpo. Sinto um formigamento se espalhar por todo o meu
corpo em um espiral crescente de sensações. Seu eixo duro toca em várias
terminações que nunca imaginei que existissem. Logo uma pressão quente se
apossa do meu baixo ventre e sou tomada por uma onda prazerosa de deleite.
Para não gemer, mordo meu lábio com tanta força que sinto gosto de sangue
na boca.
— Que delícia, ratinha! Nunca pensei que sentiria tanto prazer em te
possuir. Valeu a pena esperar. — sussurra com uma voz rouca.
Ele beija meu pescoço e meu rosto com carinho no início, contudo,
parece ter percebido o seu gesto e começa a fazer isso de forma bruta. Agora
seus beijos machucam meus lábios. Seus movimentos são mais intensos,
assim como suas carícias. Sua barba irrita a minha pele. Ele quer me marcar
de todos os jeitos.
— Tão delicada, minha garotinha! — fala analisando as marcas da sua
barba na minha pele.
Em russo ele me diz algumas palavras, das quais eu não entendo muito.
Não domino tão bem a sua língua materna. Com certeza são palavras de
ofensa.
Seu corpo suado e musculoso me envolve em um abraço de... ódio e
desejo? Como pode alguém me odiar e ao mesmo tempo me desejar? Quando
miro em seus olhos acinzentados, há desejo e luxúria. Ele é insaciável.
Percebo que o tempo está passando e nada dele desistir de me possuir. Sinto
seu orgasmo quente se aproximar, enquanto meus músculos internos o
pressionam mais.
— Porra! Que gostosa! Está me espremendo. Printsessa, agora quero
que venha comigo.
As investidas de Andrei diminuem e seus dedos ágeis atacam meu
clitóris sem piedade, o estimulando. Ele começa os movimentos lentamente e
vai aumentando. Aos poucos sinto uma energia sexual fluir, acumulando uma
forte pressão nas minhas entranhas, que se expande por todo o meu
organismo até se quebrar em um violento orgasmo, sacudindo todo o meu
corpo.
Andrei obtém a resposta que queria e dá um sorriso de satisfeito antes
de intensificar seus golpes duros dentro de mim mais uma vez. Quando penso
que não vou mais aguentar, finalmente sinto seu gozo quente me tomar. Ele
ruge ferozmente e depois seu corpo tomba sobre o meu. Fica alguns segundos
quieto em cima de mim, e quando penso que caiu no sono ou algo assim,
sinto-o sair de dentro do meu canal vagarosamente. Meu interior arde
imediatamente. O russo se levanta e segue em direção ao banheiro.
Levo alguns instantes para tentar me acostumar com a ardência. As
lágrimas em meus olhos queimam tanto quanto minha intimidade. Pior ainda
é a minha dignidade que agora se encontra em frangalhos depois de todo o
prazer que meu corpo traidor se permitiu sentir com o meu inimigo.
Andrei me destruiu, roubou minha inocência e acabou com o momento
que deveria ser o mais mágico da minha vida. Vivo em um mundo de
mafiosos, mas sempre sonhei em ter minha primeira vez com alguém
especial, que eu amasse, e essa pessoa era o Thiago. Esse momento deveria
ser nosso, mas ele nos roubou.
Meu coração se aperta ao pensar que meu namorado pode estar morto.
Há dias não recebo notícias suas e agora estou presa nas mãos do Andrei
Barkov. Meu pensamento está na Itália, na minha família. Meus irmãos
devem estar me procurando feito uns loucos.
Engulo seco ao perceber a imagem de Andrei enrolado em uma toalha
da cintura para baixo. Ele parece ter tomado uma ducha rápida. Vem em
minha direção e me desprende das algemas. Minha intimidade arde tanto que
prendo um grito agudo ao fechar minhas pernas sujas de sangue.
Encolho-me em um canto da cama e puxo o lençol para junto do meu
corpo. Abraço a mim mesma, tentando aliviar toda tensão que sinto. Tudo em
mim está dolorido, principalmente minha alma. Meu coração se aperta ao
ponto de me fazer sufocar.
Quando menos espero, ele tira o lençol e me puxa novamente pelo
mesmo braço machucado. Meu pequeno corpo bate de encontro ao seu
musculoso. Estremeço quando suas mãos grandes tocam minha cintura nua.
Ele me toma em um beijo forçado e selvagem. Sua língua atrevida invade
minha boca com agressividade. Sou obrigada a aceitar o beijo quando suas
mãos envolvem meus cabelos, puxando-os para trás sem muita gentileza.
— Você é minha, Anastácia! Repete, noivinha rebelde!
— Nunca! Seu desgraçado!
Choramingo. Mais uma vez ele puxa meu cabelo com bastante força e
me obriga a fazer sua vontade por ora ou então ele me machucará muito mais.
Sussurro chorosa:
— Eu sou sua, Andrei. Está satisfeito agora?
Ele dá uma gargalhada sinistra e me olha.
— Por enquanto, noivinha, mas em breve quero muito mais de você.
Sou muito exigente na cama e fora dela. Espero que tenha aprendido o seu
lugar. Não vai demorar muito para que eu lhe queira de novo. Não esperava
que minha querida noivinha fosse tão gostosa! — sussurra a última parte.
Mais uma vez sou invadida pelo seu beijo quente e faminto. Tento
mediar a situação para que ele não perca ainda mais o controle. Meu corpo
está muito dolorido para eu pensar em exigir que ele não me toque. Estou na
Rússia e não tenho outra opção a não ser esperar pelo dia em que poderei me
ver livre dele. Não vejo a hora dos meus irmãos me encontrarem.
Barkov para de me beijar e sussurra:
— Vá tomar um banho e volte pra mim! Se não voltar em 15 minutos,
irei buscá-la. Nossa noite de núpcias antecipada está apenas começando,
minha noivinha.
Que desgraçado! Até parece que tenho outra opção. Vou em direção ao
banheiro. Ele dá uma palmada no meu traseiro e só então me deixa ir. Já no
local, minhas lágrimas são levadas pela água do chuveiro. Esfrego minha pele
até ela ficar vermelha. Só espero que meus irmãos me resgatem logo. Não
suportarei mais tempo na presença desse monstro. Ao lavar minha intimidade
para tirar os fluidos e o cheiro daquele monstro de mim, noto que está
bastante dolorida e sensível.
Quando ele disse que a noite estava longe de acabar, não estava
brincando. A única coisa preciso neste momento é ser forte, porque Andrei
não está disposto a pegar leve comigo.
Retorno ao quarto apenas com um roupão que encontrei no banheiro.
Noto que o lençol com a comprovação da perda da minha pureza não está
mais sobre a cama e uma colcha nova foi colocada. Andrei está de frente para
a ampla janela do apartamento, contemplando a paisagem fria lá fora. Ele
continua somente com a toalha em volta dos quadris estreitos. Suas costas
musculosas e a figura viril... Seria considerado um homem bonito se não
fosse tão cruel. E tudo que sinto no momento é um ódio dilacerante dele. Se a
janela estivesse, aberta o empurraria sem o menor remoço.
Ele parece perceber a minha presença e se vira lentamente em minha
direção.
— Muito bem, Printsessa! Vejo que sabe cumprir ordens. — diz e
sorri.
— Onde está o lençol que estava sobre a cama?
Vejo que ele sorri satisfeito.
— É a prova da sua pureza, noivinha, que foi minha
incontestavelmente.
Quando ele fala isso, me sobe tanto ódio que tenho vontade de estapeá-
lo. Já que não posso tocar no tão poderoso Barkov, o ataco do único jeito que
posso, mesmo estando com o coração na mão.
— Você é tão macho que precisou me sequestrar e me trancar nessa
droga de quarto. Tudo isso só para me mostrar o quão homem você é? Sinto
muito lhe informar, querido, mas virgindade é apenas um hímen. Você pode
ter tirado a minha pureza, mas não terá o meu amor. Isso pertence somente a
Thiago.
Percebo ele trincar o maxilar e estreitar os olhos. Parece tentar se
controlar a todo custo. Dá um longo suspiro antes de começar a falar.
— Eu a conheço, Anastácia. Essa sua pose de durona, não me engana.
Por dentro, você está tremendo. Suas pernas estão mais moles que gelatina. A
patricinha está nas minhas mãos para eu fazer o que quiser, e dessa vez ela
não pode chorar para os irmãozinhos de merda ajudá-la. Pelo contrário: eles
devem estar recebendo alguns presentinhos meus nesse momento.
— Do que você está falando? — pergunto aflita.
— Como se você se importasse! Uma patricinha como você não se
preocupa com os sentimentos do próximo. Não era você que falava mal da
sua mãe para mim?
— Eu amo a minha mãe. Não é por que nos desentendemos às vezes,
que eu não a amo.
Andrei tem uma imagem muito ruim de mim e só me vê como uma
patricinha mimada. Me pergunto o que ele enviou para a minha família. Só
espero que não seja outra bomba.
— Você é um desgraçado, Andrei Barkov! Eu te odeio e juro que
quando meus irmãos te pegarem, você vai se arrepender pelo que está
fazendo comigo!
— Sem drama, Anastácia! Não foi você mesmo que disse que não tinha
medo de mim? Então você me pertence e sabe disso.
— E não tenho medo. Pelo contrário: eu sinto pena. Não conseguiu ter
nenhuma mulher disponível para você e precisou sequestrar uma que não te
quis, para provar que é homem. Deve ter sérios problemas com sua
masculinidade. Talvez quem seja mole como gelatina seja seu brinquedinho,
e não minhas pernas.
O vejo esfumaçar de ódio. Ele parece prestes a entrar em erupção.
Agora eu sei que é maluco. Preciso me manter firme e não vacilar. Eu sou
uma Grego e não devo sentir medo de nada, nem mesmo do meu pior inimigo
que está bem na minha frente.
— Te mostrarei agora o que é mole! Vou te foder a noite inteira, sem
piedade, e verá o quão incapaz eu sou, minha querida noivinha. Nada me
impedirá de te mostrar a quem você pertence, sua pequena atrevida! Não
negue que você gostou de tudo o que fizemos há poucos minutos. Ainda
posso sentir seu gosto na minha língua.
— Fique longe de mim! — falo.
Dou alguns passos para trás e por um instante sinto minhas pernas
vacilarem. Ele logo ergue um sorriso vitorioso que me irrita profundamente.
— Você não queria me provocar? Vou te mostra quem manda aqui,
quem manda em você! Era pau que você queria? Vou te mostrar o que é um.
Já que estava louca para dar para aquele moleque, agora irá dar pra um
homem de verdade! Portanto, fará tudo o que eu mandar, sem pestanejar.
Agora aprenderá a nunca mais pensar em outro homem, pois irá se contorcer
de prazer e irá me pedir pra que eu te coma cada vez mais rápido e duro. Vou
fazer você gozar gostoso, como fiz minutos atrás.
A forma como ele sugere que me tomou com certa facilidade me irrita,
ele deve se achar a oitava maravilha do mundo no entanto eu já sabia seu
ponto fraco.
— Não se sinta tão convencido, noivinho. — falo com deboche. — Se
gozei há alguns minutos, deve agradecer ao Thiago, pois era ele quem eu
tinha em mente enquanto gozava.
Ele se aproxima rapidamente de mim, como uma pantera, e me dá um
forte tapa no rosto, que chega a me desestabilizar. Levo a mão ao rosto. Posso
ver muita fúria em seu olhar.
— Cale-se! A advirto que não quero nunca mais escutar o nome desse
maldito na minha frente!
— Eu te odeio, Andrei Barkov! — O olho com desprezo.
— Vejo que gosta das coisas difíceis, ratinha, então vai ser do seu
modo.
Logo ele vem na minha direção, tira o roupão abruptamente do meu
corpo e me joga na cama. Fico momentaneamente atordoada com o impacto
grotesco. Imediatamente sinto seu corpo forte em cima de mim,
completamente nu e excitado. Ele me domina sem me deixar alternativa para
escapar.
— Saia de cima de mim, seu russo maldito! — Tento me livrar do
corpo robusto em cima do meu. Sem sucesso.
— Basta, Anastácia! Se não ficou claro antes, dessa vez lhe mostrarei a
quem pertence. Eu ia pegar leve, porém, você me provocou, ferinha. Agora
aguente as consequências!
Quando fito os seus olhos de cores âmbares, meu corpo todo paralisa de
medo e angústia. Sei que fui longe demais, e pela fúria implacável que vejo
em seu olhar, sei que dessa vez não sentirei prazer.

*****

Andrei me tomou de todas as formas possíveis. Ora carinhoso, ora


agressivo. A noite se tornou ainda mais longa enquanto ele me tomava
duramente e despejava sobre mim seu instinto selvagem. Com fúria, dizia-me
que eu nunca mais veria Thiago e me desferia fortes tapas no rosto.
Ele ainda dorme ao meu lado quando desperto. Não consigo sentar sem
minha intimidade queimar de tão dolorida. Meu canal vaginal arde. Ao urinar
sinto toda a inflamação percorrer o meu corpo. Estou completamente nua, e
através do meu reflexo no espelho noto o quanto estou machucada. Minha
face, assim como meus ombros, braços, abdômen e pernas estão
avermelhados das agressões que sofri. Em meu pescoço vejo perfeitamente as
marcas de seus dedos largos sobre minha pele.
O desejo de acabar com a vida dele é tão grande que pego uma tesoura
no armário do banheiro e vou em direção ao quarto. Apanho um roupão e
sigo para lá. Esse russo dos infernos dorme sereno sobre a cama. Nem parece
ser o demônio que ontem à noite que me fez agonizar de dor conforme me
tomava. Apesar de ter sido delicado algumas vezes, como era minha primeira
vez, só consegui gemer de dor pela sensibilidade na região.
Não penso duas vezes. É a minha chance de acabar com sua vida.
E teria feito isso se ele não tivesse sido mais rápido. Andrei nota minha
presença e imobiliza o meu braço, me desarmando-me e derrubando longe a
tesoura. Minhas mãos estão trêmulas e ele aperta meu braço ferozmente e,
imediatamente, me puxa para junto do seu corpo. Está apenas vestido na sua
boxer preta. Seu membro logo dá sinal de vida assim que nossas peles se
encontram. É doentio sentir prazer com a dor do próximo.
— Nossa primeira manhã juntos e é assim que me recepciona? Onde
está a bandeja de café da manhã e os beijos matinais?
— Me solta, seu desgraçado! Se eu fosse te servir um café da manhã,
seria com arsênico.
Eu me debato em cima de seu corpo, tentando me livrar do seu toque
asqueroso, mas ele me prende contra si.
— Que ferinha essa que eu tenho como noiva! Será que ontem não
deixei claro o quanto você me pertence, ratinha?
Sua pergunta irônica me faz tomar uma decisão inconsequente no calor
do momento. Sem pensar duas vezes, cuspo em seu rosto. Só não imaginei
que teria tanta saliva, pois seu rosto agora está cheio do meu cuspe. Isso o
enfurece ao ponto dele soltar um rosnado alto e levar a mão à face para
limpar.
Aproveito o momento e consigo me soltar. Corro em direção à porta,
mas quando estou prestes a abri-la, ele me puxa pelos cabelos com bastante
força e me ajoelha diante dele.
— Você me faz perder o controle, garotinha burra! — sussurra ainda
com ódio.
— Eu te odeio, seu desgraçado! Eu quero te matar!
— Você vai realizar seu desejo, amor. Vai me matar agora mesmo...
Mas é de prazer.
Ele se livra da cueca rapidamente e direciona seu membro enorme para
o meu rosto. É a pior sensação de todas: o toque asqueroso em minha face.
Ameaço levantar, mas ele me dá um tapa daqueles de fazer virar o rosto, com
um impacto ainda maior do que os de ontem.
— Você vai me proporcionar o melhor orgasmo de todos, anjinho. Vai
usar essa boquinha gostosa agora mesmo para me dar prazer.
Ele está louco se pensa que vou chupá-lo. Prefiro a morte do que sentir
seu gosto em minha boca.
— Prefiro morrer! — falo entre dentes.
Ele pressiona minha cabeça com força, fazendo-me abrir os lábios, e
introduz seu membro. Ele é enorme! Tê-lo assim faz todo o céu da minha
boca doer. Andrei se movimenta, me estocando. A sensação é horrível e me
faz querer vomitar. Engulo várias vezes seu líquido lubrificante. Tenho
vontade de mordê-lo para lhe dar uma lição, mas sei que seria pior para mim.
Choro sem me preocupar em demonstrar fraqueza. É uma situação
humilhante. Estou totalmente submissa às suas vontades, sem escolhas.
Quando ele chega ao limite, ruge ferozmente enquanto despeja seu
líquido quente na minha garganta. Tento cuspir, mas Andrei não permite.
Durante o resto do dia, Barkov me faz dele muitas vezes, de várias
formas e em posições impossíveis e humilhantes. Apesar de não ser violento
no ato, eu não sinto prazer. Sem ter mais forças para nada, apago na metade
do dia, sentido todo o meu corpo desligar.

*****

Minha cabeça dói como se tivesse levado algumas pancadas. Recobro


alguns dos meus sentidos e lembro que enquanto meu corpo estava apagando
por conta das agressões, ele deferiu contra mim uma série de tapas na cara em
uma tentativa de me manter acordada.
O frio consome toda a minha pele descoberta. Não tenho roupas
decentes para usar. Trancada neste quarto, estou sem acesso ao closet,
somente ao banheiro. A única peça que visto é um roupão branco, ainda
molhado de ontem, que eu usei após o banho.
A única coisa que comi nesses dois dias foi um pão seco. Andrei quer
me castigar de todas as formas possíveis. Em consequência dos maus-tratos,
sinto meu corpo febril e uma fraqueza no geral. Está difícil me manter de pé
por muito tempo. Tenho a sensação de que a qualquer momento vou
desmaiar. Meu organismo não estava preparado para receber toda aquela
invasão. O russo é como um fogo queimando minha pele. Um fogo maligno
que fere, maltrata e viola.
Um suor frio me faz sentir um tremor que começa pelas minhas mãos e
agora se estende por todo o meu corpo. Como se todo o frio natural não fosse
o suficiente, o maldito ainda fez questão de ligar o ar-condicionado do
quarto, tornando o ambiente ainda mais congelante. Os cobertores não estão
mais aqui. Ele faz isso para eu sofrer. Procuro por algo que me ajude a
aquecer. As cortinas são minhas únicas aliadas. Subo em uma poltrona com
muita dificuldade, e quando finalmente consigo arrancá-las do acessório que
as prende na parede, sinto meu corpo desfalecer aos poucos. Minha cabeça
bate no chão e me deixa zonza.
O frio não dá trégua nem por um segundo. Minhas entranhas começam
a adormecer, assim como meus pés e mãos. Meu último movimento é puxar a
cortina para cima de meu corpo em uma tentativa de me proteger de todo esse
gelo.
Novamente sinto meu corpo me abandonar. A morte é bem-vinda.
Aguardo ansiosamente por ela. Porém, logo sinto mãos grandes tocarem
meus ombros e rosto. Uma confusão mental se forma em mim, junto com
uma combustão de sentimentos de dor, raiva e medo, que me proporcionam
uma crise de pânico. Sinto alguém me segurar nos braços, levando-me para a
cama. Não tenho forças para abrir meus olhos e apenas me debato algumas
vezes.
— Você não pode ser tão fraca quanto aparenta ser, minha ratinha.
Sua voz me faz sentir calafrios.
— Por favor... Não me bate... Por favor... Não me bate... Por favor... —
Repito essas palavras na esperança de que ele não me faça nenhum mal
agora, em um momento em que estou tão frágil.
O ar quente toma o quarto e alguém me cobre com um lençol.
Finalmente consigo dormir sem sentir todo aquele frio insuportável consumir
minhas veias.

*****

Horas depois desperto em um sobressalto. Sinto-me aterrorizada,


apavorada. A sensação de ser observada toma conta de mim. Corro até a
porta e noto estar fechada. Praguejo alto.
— Filho da puta! Eu te odeio!
Levo as mãos à cabeça em desespero. Por mais que eu pense em algo
para sair daqui, não vejo nenhuma luz no fim do túnel. A Rússia é um dos
países mais fortalecidos no mundo do crime. Andrei representa a nação como
um dos mais resistentes de toda a história. É herdeiro do legado do pai de
várias gerações dos Barkov, uma família que está há mais de 200 anos no
poder, poderosa e respeitada.
Tenho plena consciência de que estou perdida. Ele será capaz de abusar
ainda mais de mim. Ninguém conseguirá me ajudar, nem mesmo a minha
família.
Meus olhos vão de encontro à porta do quarto, que acaba de se abrir.
Ao vê-lo limpinho e cheirando a um engomadinho da alta sociedade, sinto
vontade de voar em cima dele e arranhar com minhas unhas todo seu rosto
bonito e diabólico.
Andrei mantém uma expressão tranquila. Está confortavelmente bem
aquecido embaixo de toda essa roupa apropriada para o frio. Enquanto isso
estou mais desnuda que uma banana sem casca.
Algo em suas mãos me chama a atenção: uma grande caixa com laço
vermelho e tudo. Um presente. Ele só pode estar fora de suas capacidades
mentais. Me toma à força e no dia seguinte me compra um presente?
— Iremos sair. Vista-se! — diz firmemente.
— Para onde vamos? — pergunto curiosa.
— Não é da sua conta! Apenas faça o que mandei!
Será que ele não vê o meu estado deplorável?
— Não. Não vê como estou machucada? Como posso sair?
— Nada que uma maquiagem não resolva. Você sabe perfeitamente
como fazer isso. Está sempre com a cara cheia de reboco, não é mesmo?
Isso foi uma provocação? Algo para me derrubar? Insinuar que minha
beleza é artificial? Pouco me importa sua opinião!
— Se não gosta, então procure uma mulher mais bonita e me deixe em
paz!
Ele sorri diabolicamente.
— Você é a mais bela de todas, perfeita para mim.
Reviro os olhos com seu comentário desnecessário e sem a menor
importância para mim.
— Deixe-me voltar para casa! Por favor, Andrei! Você já conseguiu o
que queria: me violou e me humilhou. — tento mais uma vez com a voz
embargada.
Imediatamente ele vem na minha direção, segura meu queixo com
firmeza e sentencia:
— Você só vai embora por cima do meu cadáver! Por isso vá se
acostumando com a nossa nova vida! Eu sou o seu único dono. E você,
menina mimada, é minha! Agora vista-se! — ordena entregando-me a caixa e
deixando o quarto.
Nesse intervalo enquanto tomava banho, algum empregado deixou uma
bandeja de comida na mesinha ao lado da cama. Como com vontade, como
não fazia há muito tempo, uma variedade de sopas e pães.
Depois de saciar minha fome, finalmente dou vazão à minha tristeza e
começo a chorar. Sinto saudade de casa e do meu namorado. Olho dentro da
caixa e há um vestido azul na altura do joelho, brincos de pérolas brancas e
um colar combinando. A maquiagem que ele me trouxe se resume a base,
corretivo e pó. Nada para os olhos e nem um batom sequer. Faço o melhor
que consigo.
Ele volta em seguida e me arrasta até um carro que nos espera na
garagem do hotel. Não estou entendendo nada. Para onde ele está me
levando? Tento me controlar para não chorar bem ali na frente de todos
aqueles seguranças. Ele será capaz de me bater na frente de todo mundo?
— Aonde vamos, Andrei? — pergunto.
— Surpresa para a minha princesinha!
Me empurra para dentro do carro sem se importar. Ele sente prazer em
me machucar e em me subjugar aos seus piores desejos. Estou me tornando
uma escrava sexual.
Andrei entra na porta da frente e o motorista dá partida, levando-nos
pelo centro da cidade. Sei disso porque já estudei sobre a Rússia e São
Petersburgo. Lembro-me da arquitetura e sofisticação das ruas mais elegantes
do centro.
Perdida em meus pensamentos, não percebo quando o carro estaciona.
Sinto apenas o puxão que me faz sair do veículo. O prédio à nossa frente é
um dos mais elegantes que já vi em toda a minha vida. Aliás, não lembro de
ter visto algo tão belo quanto esse, com uma linda arquitetura e um ar de
antiguidade.
Pegamos um elevador que nos leva direto para a cobertura. É um lugar
bastante reservado. Quando vejo um juiz segurando um livro de registros,
meu coração para de bater por um segundo. Meu único intuito é correr, mas
antes que eu faça qualquer coisa, o infeliz me segura pela cintura e me encara
com aquele olhar demoníaco.
— Aonde pensa que vai? — questiona quando percebe a minha
intenção.
— Está louco se pensa que irei me casar com você! — respondo
irritada com sua ousadia.
Ele sorri calmamente, mas vejo em seus olhos o ódio contido.
— Você vai, noivinha! Se quiser que aquele verme que algum dia
chamou de namorado, continue vivendo.
Um monitor logo atrás do juiz acende e mostra Thiago amarrado em
uma cadeira com as mãos para trás. Ele está com o rosto bastante ferido e a
boca amarrada com uma espécie de lenço. Usa a camiseta que vestia no dia
que desapareceu. No momento que o vejo, desabo em lágrimas. Isso foi o
suficiente para meu ex-noivo me acertar outro tapa sem se importar com a
presença das demais pessoas no cômodo.
— Podemos iniciar a nossa cerimônia?
Droga de papel que acabou com definitivamente todas as minhas
chances de algum dia poder ser livre novamente! Agora eu o pertenço e isso
está registrado oficialmente. Em breve todos saberão que Anastácia Grego
não existe mais e que uma nova Anastácia surgirá com o casamento.
“Anastácia Barkov”. Estremeço só de pensar.
Para a máfia, o casamento no civil é tão simbólico quanto o da igreja, e
ambos comprovam que a mulher pertence ao homem inteiramente de corpo e
alma.
— Eu vos declaro casados. — O juiz diz por fim.
Andrei toca em meu queixo, puxando-me para junto de si, me fazendo
encará-lo. Posso ver seu ar bastante confiante de quem conseguiu seu
objetivo. Desvio meu olhar para a aliança que ele colocou em meu dedo.
Queima como fogo. Meu desejo é fazer ele engolir esse brilhante.
— Minha ratinha! — sussurra baixinho em meu ouvido. — Em breve
todos saberão que eu, Andrei Barkov, sou o seu único dono. — diz com
bastante prepotência.
— Eu te odeio com todas as minhas forças!
— Eu me alimento desse ódio.
— Foda-se!
— Iremos foder o resto do dia e da noite, minha querida esposa.
Ele enxuga uma lágrima solitária que escorre pelo meu rosto. Não sei
de onde vêm tantas lágrimas. Em mim já não cabe mais tanto desgosto.
— Agora liberte Thiago! Você já conseguiu o que queria. — peço.
— Em momento algum prometi libertá-lo. E como minha esposa, foi
bastante petulante com seu marido em menos de um minuto de casada. Minha
esposinha rebelde, para cada ato de rebeldia, há uma consequência. Sinto lhe
dizer que não irei cumprir com o nosso combinado.
— O que quer dizer com isso? — pergunto temerosa.
— Veja com seus próprios olhos.
Me arrepio toda com o seu jeito autoritário de falar.
Andrei me leva até o monitor e posso observar que Thiago continua
amarrado, só que dessa vez com a cabeça baixa. Sua respiração sai fraquinha.
Me parte o coração ver o meu amado nessa situação. De repente um soldado
se aproxima dele, apontado uma arma contra a sua cabeça. Olho para Andrei,
que me encara com diversão, e chego mais perto dele, começando a implorar
pela vida do Thiago.
— Por Deus! Eu me casei com você! Não mata ele, por favor! Seu ódio
é contra mim. Se alguém merece morrer, esse alguém sou eu. Eu faço tudo
que você quiser, mas não faz isso! Ele não tem culpa de nada! — Começo a
chorar descontroladamente.
— Nossa! Que dizer que esse draminha todo é por causa do ex-
namoradinho? Quanto mais você implora pela vida dele, mais vontade tenho
de matar esse verme. — fala com desdém. — Você merece morrer pela
afronta que me fez, mas não estou disposto a ficar longe dessa sua boceta
maravilhosa.
— Você é um demônio!
— Finalmente subi da “categoria monstro” para “demônio”, mas
vejamos o que eu ganho com essa história de deixar o seu ex namorado vivo.
— Me olha com aqueles olhos sombrios intensos e coloca a mão no queixo,
como se estivesse pensando. — Se você se entregar a mim sem resistência, de
livre e espontânea vontade, eu posso considerar que ele viva. — Me arrepio
com a sua proposta. — Mas ouça bem! Em momento algum quero ouvir mais
o nome desse bastardo ser pronunciado pelos seus lindos lábios, esposinha, e
muito menos quero ele nos seus pensamentos. A única pessoa que você vai
pensar 24 horas por dia é no seu marido Andrei Barkov, seu dono exclusivo.
Petrifico ao ouvir a sua proposta descabida. Mas o que eu poderei
fazer? Olho mais uma vez paro monitor e me parte o coração ver o Thiago
naquele estado lamentável. Me sinto culpada. Suspiro fundo. Minha mente
está a mil pensando em várias possibilidades. Eu terei coragem de deixar o
homem que me violou, tirou minha inocência e me maltratou, ter o meu
corpo de livre e espontânea vontade? Eu não sei o que fazer. O certo é que de
qualquer jeito, eu não deixarei ele tirar a vida de Thiago. Me sacrificarei e
aguentarei as consequências como uma Grego, até meus irmãos chegarem até
mim.
Suspiro fundo e decido.
— Ok. Você venceu. Queria me ver subjugada? Humilhada?
Conseguiu. Eu aceito a sua proposta. Mas como eu vou saber se você está
dizendo a verdade e vai liberta o Thiago?
— Esposinha! Tão ingênua minha ratinha. A minha palavra é lei, então
não tente distorcer o nosso acordo. Eu disse que o deixaria vivo, não que o
libertaria. Ele vai permanecer vivo enquanto você estiver cumprindo sua
parte no acordo. Qualquer gracinha e dê adeus àquele bastardo. — Estremeço
com suas palavras. Andrei me aperta forte pelos ombros e me faz encará-lo
mais uma vez. — Eu a quero a qualquer hora do dia ou da noite, bem
disposta. Vou fodê-la tanto que vai esquecer até da existência daquele infeliz.
Eu só queria fechar meus olhos e acordar desse pesadelo chamado
Andrei Barkov. Simplesmente sinto meu coração se apertar e meu corpo ficar
fraco ao ponto de eu não conseguir manter forças para continuar em pé. Ele
pode até pensar que me venceu, e por enquanto vou fingi que cedi aos seus
caprichos, afinal, sou uma Grego. Tenho que bolar uma estratégia para me
livrar desse desgraçado e salvar o Thiago também, porque de um jeito ou de
outro, ele vai me tomar para si de qualquer modo. Estremeço só de pensar.
Andrei se aproxima de mim e diz alguma coisa no meu ouvido. Não
dou a mínima atenção. A dor me consome ao ponto de me fazer ver uma
grande sombra em minha visão. Nem o puxão de cabelo que ele me dá, me
faz reagir.
É monstruosa a maneira que ele resolve as coisas. Meu pai nunca
pensou em mim quando fechou esse acordo com o pai desse desgraçado, e
em momento algum imaginou o que eu poderia passar nas mãos desse
monstro. Todos conheciam a fama de demônio que corre sobre Andrei
Barkov.
— Está me ouvindo, porra?! — Bate com o cabo da arma sobre a
minha cabeça, ganhando assim minha completa atenção.
Ele segura meus cabelos com força e leva meu rosto até o seu. Uma
lágrima solitária desce na minha face e já prevejo o sofrimento que virá sobre
mim.
Com voz firme e intimidante, ele me alerta:
— Isso acontece com todos que entram no meu caminho. Por isso,
esposinha rebelde, eu acho conveniente que seus irmãos não tentem nada
contra mim, ou os próximos alvos serão eles.
Não imagino minha vida sem meus irmãos. Eles são chatos na maior
parte do tempo, mas mesmo assim eu os amo mais que tudo no mundo.
Minha família significa muito para mim e eu faria qualquer coisa por eles.
Andrei me olha de forma maliciosa e sussurra:
— Agora limpe essas lágrimas, princesa, e vamos para nossa lua de
mel!
— Tudo bem. Eu já concordei com a sua proposta e não vou mais
resistir. — falo com um nó na garganta. — Eu só te peço um tempo. Ok? Por
favor, Andrei... — sussurro.
— Negativo, meu anjo! Eu a desejo demais e a quero agora. Já cumpri
minha parte no acordo, então quero minha linda ratinha bem disposta e
ansiosa pelo seu homem.
— Você não tem sensibilidade pela dor de ninguém, seu idiota!
— Eu sou a própria dor, minha princesa. Agora vamos iniciar nossa
nova vida de casados! — Me dá um sorriso diabólico.
De volta ao apartamento, Andrei me leva diretamente para um quarto,
que não é o mesmo de antes. Esse é diferente, maior e mais elegante, em tons
escuros. No centro há uma cama enorme king size coberta por uma colcha
azul escura que combina perfeitamente com a alma sombria do meu marido.
Meu corpo todo arrepia quando penso no significado dessa palavra.
— Vou lhe dar meia hora para ficar pronta pra mim. Vamos ver se
minha garotinha rebelde vai cumprir com a palavra. Caso contrário, uma
única ligação minha e mando estourar os miolos do seu ex-namoradinho.
Entendeu?
Assinto com a cabeça positivamente, dando graças a Deus por ele me
dar esse momento para eu me recompor.
Andrei sai do quarto e me deixa sozinha. Suspiro aliviada, mas me
recomponho logo e me dirijo para o banheiro, que é enorme e tem até uma
banheira. Pego uma toalha que está no armário e me direciono ao chuveiro.
Lá na prateleira posso perceber que tem as mesmas coisas que eu costumava
usar. Como ele sabe sobre o meu shampoo favorito? Deixo para considerar
isso depois.
Tomo uma ducha rápida e saio do banheiro só de toalha, rezando pra
que ele ainda não tenha voltado. Suspiro de alívio quando constato que estou
sozinha. Percebo que em cima da cama tem uma bela camisola branca de
renda e uma calcinha da mesma cor. Que desgraçado petulante! Quer me
humilhar ainda mais. Pensa que vou lhe obedecer. Bufo de raiva, mas
reconsidero, pois é melhor estar com algum pedaço de pano do que esperar
aquele desgraçado sem roupa alguma.
Logo ouço passos no corredor. Prendo minha respiração com a
sensação do desconhecido. A porta é aberta e em seguida fechada. Então vejo
o meu algoz entrar no quarto. Ele para e fica estático, olhando pra mim e me
devorando com os olhos. Me sinto nua com a malícia que vejo em seu olhar.
Não consigo falar nada. Parece que minha língua ficou pregada no céu da
boca. Observo que ele também tomou banho e trocou de roupa, e agora está
num traje informal: uma calça de moletom cinza com uma camiseta preta.
Num instante se recompõe do seu estupor e vem na minha direção.
— Cada dia me surpreende, Anastácia. Parece que nunca tenho o
bastante de você. É um fogo que me consome, que não consigo controlar.
Ele fita minha boca e me beija. Um beijo calmo de início. Penso em
não corresponder, mas fico com medo das consequências que possam vir
contra Thiago e começo a retribuir o gesto. Ele nota a minha entrega e
intensifica o beijo, que devo reconhecer que é delicioso. Nunca tinham me
beijado assim, intensamente, como se quisessem marcar a minha alma.
Andrei acaricia o meu rosto e venera o meu corpo com suas mãos
grandes, mas sem machucar. Começo a ter sensações estranhas que nunca
experimentei antes: um frio na barriga, como se tivesse mil mariposas nela. O
russo percebe minha reação e sorri de um jeito cafajeste. Tento sair do seu
domínio e fugir dessa avalanche de sensações desconhecidas que sei que vai
me levar à ruina, mas ele não permite e continua com sua pose de quem
conseguiu o que quer.
— Quem diria? Minha noivinha também é quente! Eu vou adorar me
queimar nessa fornalha que é o seu corpo delicioso, minha garotinha rebelde!
— sussurra.
E com isso ele se apossa mais uma vez dos meus lábios, beijando
também meu pescoço. Começa a descer a alça da minha camisola e eu fico
tensa.
— Isso, minha garotinha linda! Se entregue a mim hoje e você saberá
realmente o que é ser minha mulher! — murmura.
Estremeço com sua arrogância. O que ele está pensando? Eu nunca me
entregaria de boa vontade. Se estou nessa situação, é para salvar quem eu
realmente amo. Fecho meus olhos por milésimos de segundos e sinto sua
respiração no meu pescoço. De repente percebo a minha camisola escorregar
pelo meu corpo. Tremo com o contato de suas mãos em meus seios, me
admirando.
— Lindos! Perfeitos para mim! Igual você, meu anjo. É perfeita para
mim! — sussurra de forma rouca, com a voz embargada de desejo.
Andrei me coloca na cama e abro os meus olhos. Ele começa a remover
suas roupas (a camisa e a calça), ficando só com a cueca branca. Arregalo os
meus olhos quando vejo sua ereção bem delineada mal coberta pela sua peça
íntima. Apesar de já tê-lo visto nu, nunca me acostumo com essa visão. Devo
reconhecer que se não fosse tão mau caráter, poderia considerá-lo bonito,
com seus músculos definidos sem serem exagerados.
— Minha garotinha parece assustada. Não se preocupe, meu amor!
Hoje à noite, você só vai sentir prazer nos meus braços.
Coro com o seu comentário e respondo:
— Não sei como. Você só me machuca com essa coisa que tem no
meio das pernas. Por mais que eu já tenha visto, sempre me parece enorme.
Ele dá uma gargalhada alta, tirando a última peça, e diz:
— É que eu estou tão louco por você que até me superei. Mas prometo,
meu anjo, que nessa cama, hoje, você só vai sentir prazer.
Andrei vem na minha direção como um tigre faminto que está prestes a
devorar sua presa, se deita sobre mim e começa a me tocar de uma forma
avassaladora. Beija minha boca e vai descendo pelo pescoço até alcançar
meus seios. E como se ele nunca tivesse o bastante de mim. Suga meus
mamilos de uma forma tão prazerosa como nunca senti. Percebo suas mãos
passearem pela minha calcinha e estremeço com o toque. Como eu posso
estar sentido prazer com ele? Meu algoz! Tenho vontade de empurrá-lo e sair
correndo, mas de nada adiantaria e eu ainda colocaria a vida de Thiago em
perigo. Uma lágrima solitária sai, banhando o meu rosto.
Ele parece perceber o meu conflito interno e estimula o seu toque no
meu clitóris, colocando um dedo dentro de mim e intensificando os
movimentos enquanto continua sugando meus seios com bastante maestria.
Uma miríade de sensações se apossa do meu corpo. Ele alcança um ponto
exato dentro de mim, que causa minha ruína, e finalmente eu gozo.
Andrei termina de tirar minha calcinha, se acomoda entre minhas
pernas e sussurra:
— Preciso de você agora, meu anjo!
Sinto quando ele se posiciona na minha entrada e com uma única
arremetida me faz sua. Mas dessa vez não sinto dor, pois estou preparada
para o ato. Andrei se torna incontrolável nas suas estocadas Parece a todo
custo querer me marcar.
— Você está me esmagando, princesa. Como você é gostosa! Eu nunca
vou me cansar de foder você.
Começo a sentir outro orgasmo se aproximar enquanto ele prossegue
nas suas arremetidas, virando o quadril e alcançando um ponto que me leva
ao limite. Gozo pela segunda vez, chamando seu nome. Lágrimas escorrem
pelo meu rosto, pela intensidade do orgasmo.
— Andrei... — falo ofegante.
Ele dá mais algumas estocadas e alcança também o seu prazer. Sinto o
seu gozo vir dentro de mim e aperto meu canal, mais isso parece deixá-lo
ainda mais alucinado.
O russo dá um sorriso e sussurra:
— Eu não gosto quando tenho que lhe machucar, princesa, mas você
faz por merecer. Não suporto vê-la chorar. Ouça bem! Você é minha,
Anastácia, e para sempre será minha. — Em um gesto inesperado, ele enxuga
minhas lágrimas, me deixando perplexa com sua atitude. — Você não sabe o
poder que tem sobre mim e ainda sim me deixa perturbado. — fala saindo de
dentro do meu canal e me deixa um vazio que não sei explicar.
Nossas respirações ofegantes sãos os únicos sons que se pode ouvir no
ambiente. Sinto sua aproximação. Andrei me abraça e sussurra:
— Durma um pouco, minha princesa. — Beija meus cabelos.
Meus olhos já estão quase se fechando de tanto sono. Meu corpo só
quer se desligar.
— Você sabe como sou quando estou perto de você: insaciável. E logo
você será assim também pelo meu toque.
Depois de ter cedido às chantagens de Andrei, me sinto usada e
humilhada, mas meu corpo adorou e vibrou com cada toque seu. Como pode
isso? E a forma carinhosa que ele me tratou, não lembra em nada aquele
desgraçado que me violou, mas sim o Bryan, o psicólogo atencioso que
sempre se preocupava comigo e queria me ajudar. Esse sim eu poderia me
apaixonar facilmente. Porém, sei que esse Bryan não existe e nunca existiu.
Foi tudo fingimento para ganhar minha confiança e depois me destruir.
Começo a chorar mais uma vez, me sentido culpada, e o pior de tudo
foi ter correspondido às carícias desse monstro, que agora dorme ao meu lado
com uma mão na minha cintura. Sinto quando ele me aperta mais contra o
seu corpo. É como se tivesse medo que eu desaparecesse de repente. Sinto
quando seu membro fica rígido contra o meu corpo. Argh! Que nojo! Será
que nunca se cansa? É como se não tivesse me possuído quase a noite inteira
em várias posições que eu nunca nem imaginei serem possíveis. Um arrepio
diferente atravessa o meu corpo só de lembrar.
Vejo no relógio de mesa do criado-mudo que já são quase 5 da manhã.
Viro o meu corpo, tentando fugir do seu contato, quando escuto sua voz
rouca:
— Vai a algum lugar, esposa? — Dá um sorriso debochado.
Ai, que raiva desse idiota! Quer a todo momento me lembrar que sou
sua propriedade. Tenho vontade de desafiá-lo e mandá-lo para o inferno, mas
me lembro do estado lamentável do Thiago, e também tem minha família.
Não posso agir por impulso e colocar eles em risco.
Ainda me lembro da emboscada que Andrei planejou com a Helena e o
primo da Luana contra a minha família, os expondo dessa maneira ao perigo.
Se não fosse pela astúcia do meu irmão Enrico, talvez hoje eu nem estaria
aqui. Só tenho certeza de uma coisa: eu o odeio! Odeio Andrei Barkov! Ele
pode até ter meu corpo, mas nunca terá o meu coração.
Tentando me recompor, eu sussurro:
— É... Eu... Ah... Não ia a lugar nenhum. — respondo gaguejando e
forçando um sorriso amarelo.
— Muito bem, printsessa! Agora venha aqui! Seu marido precisa de
você.
Fico tensa e puxo o ar para os meus pulmões, tentando me manter
calma. Já percebendo sua presença próxima de mim, sinto quando suas mãos
enormes deslizam pelo meu corpo em busca de um maior contato. Sua boca
libidinosa vai de encontro à minha orelha, sussurrando palavras desconexas e
cheias de luxúria. Meu corpo todo se arrepia. Não sei como ele consegue
isso. Minha mente grita “não”, mas meu corpo diz “sim”. É uma luta
constante.
— Por favor, Andrei! Não... — minha voz sai mais como um gemido.
Ele dá um sorriso zombeteiro com minha resposta e vejo quando sua
postura muda. Suas feições se fecham e o percebo trincar o maxilar. Suas
coxas poderosas forçam as minhas a lhe dar um melhor acesso e logo suas
mãos sobem pela lateral do meu corpo, alcançando os meus seios que já se
encontram enrijecidos. Quando menos espero, uma dor aguda me toma
quando ele aperta meu mamilo com força.
— Não, Anastácia? Tem certeza? — Me olha de um jeito sombrio. —
Não brinque comigo, princesa! Você não sabe do que sou capaz.
Ele segura meu cabelo fortemente, provocando uma dor enorme no
meu couro cabeludo, me aproxima do seu rosto e pronuncia:
— Eu posso tanto te levar para o céu, como para o inferno. A decisão é
sua. De qualquer maneira, eu alcançarei o meu próprio prazer, com a sua
colaboração ou não. — Um longo suspiro sai dos seus lábios, como se já
estivesse cansado da minha resistência. — Nós temos um acordo. Esqueceu?
Se não cumprir sua parte e começar a agir como minha esposa de verdade,
em todos os sentidos da palavra, dê adeus ao seu ex-namoradinho. De quebra,
ainda mando os irmãos Grego para o inferno, e assim não terá mais ninguém
entre nós.
Estremeço com suas palavras. Sei que esse demônio é capaz de
qualquer coisa para alcançar seu objetivo. Rapidamente me recomponho e
respondo:
— Tudo bem, Andrei. Me perdoe! — imediatamente falo pra tentar
acalmar o seu ânimo, pois vejo uma sombra de raiva atravessar o seu
semblante. — Eu só estou confusa com todas as coisas que estão
acontecendo. É tudo muito recente. Prometo que vou cumprir a minha parte
no acordo.
Respiro profundamente, tentando me controlar. Calma, Anastácia! Não
vá colocar tudo a perder agora!
— Ótimo! Assim espero, dorogaya zhena (querida esposa).
Prevendo o que me espera, sinto quando suas mãos se apossam do meu
corpo em uma pegada mais forte. Um arrepio se faz presente, então constato
que é sua respiração próxima ao meu ouvido:
— Agora prove que está disposta a cumprir o nosso trato e me toque!
Mostre o quanto está ansiosa para tocar do seu homem, minha ratinha!
E com isso dá um tapa forte na minha perna, esperando minha reação.
Já estou acostumada com esse jeito bruto de ser do Andrei. Tudo é muito
intenso com ele, principalmente o sexo. Não existe meio termo com meu
esposo. Tenho que aprender a usar isso a meu favor. Enquanto isso ganho
tempo de traçar um plano para fugir dele e dos seus fiéis cães de guarda.
Ele fica estático aguardando minha atitude. Então timidamente começo
a explorar seus ombros largos e malhados com minha mão, descendo até seu
peitoral definido e bronzeado. Evito olhar para aquela coisa enorme apontada
para mim. Andrei parece ler meus pensamentos e me lança um sorriso safado.
Pega minha mão e a leva até o seu membro. Assim que o toco, ele solta um
gemido profundo e gutural, como se estivesse sofrendo. Me conduz a
movimentar seu pau mais rápido, pra cima e pra baixo. Intensifico os
movimentos de vai e vem na sua ereção rígida e poderosa. Continuo com as
carícias e isso parece levá-lo ao delírio.
De repente segura minhas mãos, e numa voz embargada de desejo,
sussurra:
— Chega amor! Assim vou gozar. Agora é minha vez de te
proporcionar prazer. — me dá um sorriso cheio de promessas.
Andrei toca minha vagina, me incitando a abrir ainda mais as pernas,
para que ele tenha um melhor acesso. Tento não corresponder ao seu toque,
mas seus dedos estão insistentes, sondando a minha entrada, tornando
impossível resistir. Quando sinto sua língua no meu clitóris enquanto ele
intensifica num movimento de vai e vem com dois dedos dentro de mim,
mordo meus lábios, tentando evitar qualquer som, mas não consigo controlar
quando sinto um gozo forte se aproximar e gemo descontroladamente,
sentindo o ardor líquido do desejo no meu baixo ventre tomar conta de mim.
Explodo em ondas de fogo sem fim. Isso parece satisfazê-lo, porém, logo
recomeça sua possessão sobre o meu corpo. Meu marido dá leves mordidas
na minha coxa, indo em direção à minha boceta. Inspira profundamente
minha essência, fazendo a minha pele toda se arrepiar com sua posse.
— Uhh, amor! Que delícia! Nosso cheiro tá impregnado aqui. —
sussurra com a voz cheia de tesão.
Sem demora, Andrei se posiciona no meu canal, e com uma firme
arremetida leva embora o pouco de sanidade que ainda me restava.
— Vsegda khotel byt' vnutri tebya, s togo samogo momenta, kak ya
tebya uvidel». Ne znayu, lyubov', kak mne bylo trudno soprotivlyat'sya,
vsegda ozhidaya podkhodyashchego vremeni (Sempre quis estar dentro de
você, desde o instante em que a vi. Não sabe, amor, como foi difícil pra mim
resistir, sempre esperando pelo momento certo).
Não entendo a sua fala, mas sei que suas palavras são carregadas de
muito tesão e posse. Ele se projeta sobre mim como se fosse me partir. É
tamanha a fome que vejo no seu olhar. Nossos olhares continuam conectados
enquanto eu admiro essa figura bonita e sombria sobre mim, que me observa
de uma forma profunda, como se quisesse desvendar a minha alma. Por que
ele tem que ser tão ruim?
De repente Andrei para sua investida sobre meu corpo, me olha com
aquele ar de safado e se pronuncia.
— De quatro, lyubov' (amor)! Adoro ver sua entrega quando está
gozando, mas também amo essa bunda gostosa rebolando no meu pau
enquanto eu lhe fodo forte e duro.
Coro com suas palavras desprovidas de filtro. Nada em Andrei Barkov
deveria me surpreender mais. Quando fico na posição, sinto o primeiro tapa
vir com tudo na minha nádega esquerda. Sem dá tempo pra eu recuperar, ele
faz o mesmo no outro lado. Meu bumbum está em brasas. Se tem uma coisa
que já percebi, é que ele adora vê-lo vermelho.
Mal tenho tempo para analisar essa sua obsessão por bunda e já sinto o
toque de suas mãos nos meus quadris enquanto me toma mais uma vez para
si. Suas investidas continuam mais fortes e rápidas, e meu corpo fica tenso
com a aproximação do clímax eminente. Percebo meu coração se acelerar de
forma incontrolável e meu corpo o envolver ainda mais dentro de mim, até
que o gozo vem numa explosão de prazer imensurável. Logo sinto os jatos do
seu prazer dentro de mim. No momento que Andrei alcança o seu próprio
clímax, eu também alcanço o meu Ouço quando ele pronuncia algumas
palavras desconexas de luxúria e tesão, saindo de dentro de mim e caindo
sobre a cama, me levando junto com ele.
O meu corpo todo está trêmulo devido à força do orgasmo. Juro que
não sei como ele consegue me arrancar essa resposta. Eu o odeio! Mas
mesmo assim sinto prazer e me culpo por isso por essa sensação involuntária.
Antes de cair na inconsciência total do sono, ouço sua voz:
— Essa definitivamente foi a melhor foda da minha vida. — fala com
um sorriso satisfeito nos lábios. — Não me arrependo de nada que fiz pra ter
você aqui assim tão entregue a mim. E para provar que estou disposto a lhe
dar um voto de confiança e prosseguirmos com nosso casamento, a partir
daqui vou permitir que você possa andar pelo apartamento. Menos no meu
escritório. Lá é trancado. Mas mesmo assim, já está avisada. Daqui a pouco
tenho que sair pra resolver uns assuntos da máfia e só volto à noite. Seja uma
boa esposa obediente e não decepcione seu marido. Qualquer passo em falso,
já sabe: boom! — ele fala essa última palavra, fazendo um gesto que indica
perfeitamente o que aconteceria se eu o desobedecesse. Sua expressão volta a
se fechar enquanto se pronuncia. — Entendeu, minha garotinha rebelde? Á
noite terei sua resposta e saberei se aceitou ou não esse voto de confiança que
estou lhe dando. Vai depender somente de você, minha linda esposinha.
Entendeu? — questiona me causando arrepios pelo corpo.
Prefiro me manter calada e só confirmo com a cabeça, que compreendi.
Tenho que ser astuta e fingir que aceito suas exigências de bom grado. Vou
ganhar sua confiança enquanto busco uma maneira de fugir do seu domínio e
de salvar o Thiago.
— E não pense que pode usar o sexo contra mim. Entendeu, ratinha? —
Aperta o meu queixo de forma firme e dolorosa, me fazendo encará-lo. —
Pois a terei sempre e a qualquer hora que eu quiser. Ah! E só pra constar,
minha linda esposinha, eu sei tudo o que acontece nesse apartamento. Tenho
olhos por todos os lugares. Então não vá querer dar uma de super heroína, ou
você vai se dar muito mal! Entendeu? — Essa sua última frase, me fala de
uma forma ameaçadora e sombria.
Sinto todos os pelos do meu braço se arrepiarem.
— Agora durma, meu anjo!
Finalmente com essas palavras fecho os meus olhos, permitindo que o
sono me vença, para que eu possa esquecer, nem que seja por poucas horas,
minha humilhação.

*****

Acordo quando o sol já se encontra bem alto. Olho pelo quarto e


constato que Andrei já saiu. Dou um longo suspiro de alívio e vou em direção
ao banheiro para cuidar das minhas necessidades. Decido por um banho.
Observo as opções à minha frente. Fico indecisa entre utilizar a bela banheira
e o chuveiro, mas opto pela segunda opção. Com a longa maratona de sexo
que Andrei me submeteu, não sei como ainda encontro forças pra me por de
pé.
Aproveito que estou no chuveiro e deixo a água levar todas as minhas
frustações e angústias, juntamente com algumas lágrimas. Coloco um pouco
de sabonete líquido na esponja e começo a passá-la por todo o meu corpo, de
início, de uma forma ríspida, tentando tirar o cheiro dele de mim, que parece
estar impregnado no meu organismo. Sua posse me deixa irritada, e ao
mesmo tempo, me sinto impotente diante do seu controle sobre o meu corpo.
Ás vezes sinto que ele deseja mandar até mesmo na minha alma.
Com apenas uma toalha no corpo, me direciono ao quarto e encontro
um belo banquete na mesinha próxima da janela de vidro. Minha boca chega
a salivar diante de tantas delícias, como pães, bolos, café, geleia, iogurte e
uma variedade de frutas. Para quem tinha a comida fracionada e regada a pão
seco, isso é um verdadeiro paraíso, apesar de eu estar no próprio inferno.
Me troco rapidamente, optando por um vestidinho simples e rodado, e
vou direto para o meu festim. Percebo uma rosa em um vaso pequeno, e junto
um pequeno bilhete. O seguro com as mãos trêmulas, já temendo o que possa
vir.
"Não se esqueça, anjo: toda escolha tem consequências. A.B.".
Que arrogante! Quer me intimidar de todo o jeito. Mas já sei o que vou
fazer. Como diz o ditado: “Se não pode com o inimigo, se alie a ele". Vou
conquistar a confiança de Andrei Barkov. O farei pensar que serei uma
esposa leal e obediente, que está aceitando o seu acordo como se nunca
tivesse sido quebrado. Só assim para que eu possa elaborar o meu plano de
fuga. Pelo menos ele já me deu livre acesso ao restante do apartamento, e isso
facilitará bastante para que eu conheça o território onde estou. Ah, meu
querido maridinho! Você não perde por esperar!
No restante da tarde saio só pra fazer o reconhecimento do lugar onde
me encontro. Resolvo também conhecer os empregados e me surpreendo que
seja somente uma, que é a cozinheira chamada Marta. É uma mulher em
torno dos 45 anos. Me trata bem, mas não puxa muito assunto, sendo bastante
reservada. Me diz apenas que vem outra funcionária três vezes na semana
ajudar na faxina, pois Andrei não gosta de empregados transitando pela casa,
e que por isso não tem muitos, a não ser, é claro, os seguranças. Esses são
constantes. Que raiva!
Já são quase 9:00hs da noite e nada do meu marido aparecer. Tomara
que algum inimigo tenha dado fim àquele demônio. Só assim eu poderei ter
paz. Mal penso nisso e já noto a porta ser aberta e ele entrar no quarto. Urgh!
— Que visão maravilhosa, minha bela esposa! Esperando seu marido?
— fala de um jeito debochado. — Percebo que se comportou muito bem na
minha ausência.
Respiro fundo para não perder o controle. Chega a ser tão ridículo que
me irrita! É óbvio que não estou esperando por ele! Por sua culpa, sinto muita
insônia
— Então, printsessa, eu já tenho uma resposta? — pergunta de forma
incisiva.
— Tudo bem, Andrei. Aceito sua proposta. Vou ser a esposa que você
quer, em todos os sentidos.
— Muito bem, zhena (esposa)! Vejo que fez uma ótima escolha.
Andrei se aproxima de mim e eu dou um passo atrás, mas logo sou
impedida de ir mais longe quando ele me segura pelos ombros.
— Não pense em me fazer de bobo, Anastácia! Você já sabe as
consequências! — parece que a todo momento quer me lembrar disso. —
Agora, esposinha, me espere na cama enquanto eu tomo um banho. O dia foi
longo e estou louco de tesão pela minha loirinha. A não ser que queira se
juntar a mim.
O olho assustada e com uma cara de nojo. Ele solta uma gargalhada
alta e se dirige ao banheiro.
— Prefiro ficar aqui, se não se importa.
— Muito bem, minha garotinha! A noite é uma criança. Espero que
tenha descansado bastante durante o dia, porque estou com muita fome do
seu corpo.
Andrei, como sempre, não está brincando. Só me dá alguns poucos
minutos de descanso e logo sou despertada pelas suas mãos percorrendo meu
corpo, ansiando para tocar-me. Não sei de onde ele tirou toda essa energia
sexual.
Dou um sorriso fraco, pelo cansaço, mas logo esse jogo irá mudar.
Destruirei Andrei Barkov em breve, ou não sou uma Grego. Meu esposo não
sabe, mas os Grego nunca desistem.
Perdida em meus pensamentos, busco uma força interior da que eu não
sabia que teria. Preciso me manter firme e forte. Andrei não me deixará em
paz. Sua obsessão em me ter ao seu lado a todo instante me assusta.
Ultimamente ele faz questão de estar sempre presente. Tenho que suportá-lo
constantemente perto de mim, o que não é nada agradável. Sei que nessa vida
não posso ter tudo o que quero, apesar de ter sido acostumada com todas as
coisas quase sempre do meu jeito. Não está sendo nada fácil ter que viver
com um homem frio e calculista, incapaz de demonstrar sentimentos
verdadeiros por alguém.
Essa maldita obsessão que ele fala sentir por mim, não irá terminar
nada bem. Algo me diz que alguém sairá machucado, e provavelmente serei
eu. Temo pela vida de Thiago. Não posso me imaginar sem ele. Me entreguei
a Andrei apenas para salvar meu namorado de uma morte certa. Pude
perceber no semblante daquele demônio que ele não estava blefando quando
disse que o eliminaria. Eu amo o Thiago e não podia deixar isso acontecer.
Me sinto culpada por tê-lo envolvido nisso, pois apesar de termos nos
apaixonado basicamente a primeira vista, já sabia que teria que cumprir o
acordo com aquele monstro.
Minha vida desde o rompimento do contrato se resume unicamente a
medo e incertezas. Nunca me senti tão vulnerável com alguém, como me
sinto com Andrei. Já com o Thiago, me sentia segura. Ele sempre foi minha
fortaleza todos esses anos, meu alicerce quando eu mais precisei.
Ainda me lembro de quando chorava pelo falecimento do meu pai,
sozinha no jardim de casa. O corpo dele estava sendo velado na sala de estar.
Papai estava doente e todos esperavam sua morte. Eu mantinha a esperança
de que ele iria se recuperar, mas não foi assim que aconteceu. Enrico e Enzo
tentavam se manter fortes perante todos e mamãe não aguentava sequer olhar
para o caixão, precisando ser amparada por médicos. Foi quando tive a
sensação de estar sendo observada. Um jovem rapaz me olhava como se
quisesse me dizer alguma coisa. Ele era o filho mais novo da família
Lukorve, tradicional do Sul da Alemanha. Seus irmãos mais velhos eram
grandes aliados de meu pai. A maneira grosseira como aquele psicopata me
olhava no velório, me causava vontade de agredi-lo.

*****

FLASHBACK

O rapaz mantém seus lindos olhos fixos em mim, pretos e incrivelmente


brilhosos. Tal brilho é capaz de me fazer acreditar que há algo lindo por trás
deles. Mas não dou importância para seu olhar, visto que minha dor é maior
do que qualquer outra coisa nesse momento.
Preciso de ar fresco. Então caminho sem chamar atenção dos meus
irmãos, até o jardim. Eu sei que alguém está vindo atrás de mim, e aposto
todas as minhas joias que é o rapaz. Não sei o seu nome, mas logo
descobrirei. Respiro fundo, engolindo o choro quente que insiste em queimar
o meu peito.
— Posso saber o porquê de me encarar a noite toda?
Sempre fui uma pessoa muito direta, que não gosta de rodeios e muito
menos de ficar de mimimi. Se quero algo, eu consigo ir logo ao ponto.
— Por acaso não sabe que estamos em um velório, no do meu pai? —
prossigo.
— Perdão! Não quis ofender a senhorita. Sei que estamos no velório do
seu pai. Minha família e eu somos muito próximos aos demais membros da
sua família, mas nunca tinha visto a senhorita antes.
— Sou a filha mais nova e não costumo sair com meus irmãos. Por
algum motivo, eles não desejam que a mídia me veja. — Dou de ombros.
Sempre me senti excluída em relação ao comportamento do meu pai e
irmãos. Nunca pude acompanhá-los a lugares extraordinários, como nas
viagens pela América. A única vez que fui ao continente, tinha acabado de
completar 7 anos. Minha mãe me levou à casa das minhas primas, para que
pudéssemos passar o natal com meus tios.
— No lugar deles, eu faria o mesmo. Sua beleza é muito extraordinária
para que qualquer um possa contemplar.
— Você está dando em cima de mim no velório do meu pai?
O rapaz parece que tomou um banho de tinta vermelha. Essa é a
primeira vez que consegui deixar um garoto envergonhado. A sensação é
ótima.
— Perdão! Não quis ofender...
— O engraçado... — eu digo e ele mantém os olhos tão fixos em mim
que não tenho como não fazer o mesmo. Há algo de muito especial nele, mas
eu não sei dizer o que é. Talvez o seu jeito tímido me deixe completamente
encantada. — É que você não negou. Então está mesmo dando em cima de
mim. Olha só! Eu não quero te deixar magoado, mas não é assim que se
conquista uma garota. Você parece mais um gravador falando que estou
ofendida. — Ele sorri de uma maneira linda. — Em momento algum me senti
ofendida. — confesso.
— Eu lamento muito pelo seu pai, e também pela maneira como falei
com você. Tem razão quando diz que esse não é o momento certo para uma
cantada. Eu confesso que não sei como fazer isso muito bem, mas eu prometo
não importuná-la mais.
Cavalheiro demais para ser filho de algum mafioso. Algo me diz que
ele é muito perfeito pra ser desse mundo cruel e perverso.
— Meus irmãos virão novamente aqui em sua casa, na sexta. Eu
também virei com eles. Se precisar de alguém para conversar, posso ser seu
amigo.
— Obrigada!
Me limito a não dizer mais nada. Tudo que eu menos preciso nesse
instante é chamar a atenção dos meus irmãos, que nesse momento já devem
ter notado minha ausência na sala.
Peço para o rapaz me deixar sozinha, para que eu possa me recompor
antes de voltar àquele ambiente súbito.
Algo nele me chamou atenção. Putz! E eu sequer perguntei o seu nome.

*****

Voltando à minha realidade, só peço a Deus que me ajude. Já se


passaram vários dias desde que estou convivendo com Andrei. Encontro-me a
ponto de enlouquecer, completamente destruída por dentro. Me sinto suja e
humilhada. Mesmo que ele consiga uma resposta positiva do meu corpo,
minha mente sempre o nega. Agora permaneço nessa banheira de
hidromassagem, tentando relaxar numa água morna com sais de banho e
várias pétalas de rosas vermelhas flutuando na superfície.
Após esses vários dias, Andrei hoje me surpreendeu quando ordenou à
empregada responsável pelo trabalho do apartamento, que preparasse um
delicioso banho relaxante para mim enquanto ele tinha que resolver algum
assunto importante da máfia que exigia sua presença.
Me perco por horas nesse momento íntimo. O único som que se pode
ouvir no banheiro são os do meu choro. Por mais que eu tente não fazer
muito barulho, para não chamar a atenção de ninguém, a dor em meu peito
me sufoca. Nunca fui muito boa em esconder meus sentimentos. Se eu amo,
eu amo; se eu odeio, odeio com todas minhas forças. Uma das melhores
qualidades que tenho é a minha sinceridade, da qual está me rendendo muitos
problemas, porque eu não consigo mentir. Nunca irei ter a capacidade de
colocar meu plano em prática.
Será difícil fingir que estou me apaixonando por Andrei. Mesmo que
meu corpo incendeie e anseie pelos seus toques e carícias, quando passa o
momento, tudo que consigo sentir é nojo e repulsa. Tenho certeza de que
precisarei de muita resistência para suportar a enorme vontade que tenho de
sufocá-lo com o travesseiro a cada noite que passo ao seu lado. Talvez sua
força extraordinária me impedisse de realizar tal ato.
Costumo ser bastante paciente e persistente quando desejo algo. Irei
conseguir minha liberdade através dos meus próprios méritos. A ajuda dos
meus irmãos seria muito bem-vinda, mas não posso mais esperar dia após dia
pela chegada deles. Tenho conhecimento do exército treinado por Andrei
Barkov, sem falar da fortaleza que seu país é. Seria muito difícil alguém se
infiltrar aqui, principalmente meus parentes.
Posso usar sua obsessão ao meu favor e me fortalecer através dela. Se
Andrei me quer, ele me terá a todo custo. Enquanto esforço-me fazendo ele
achar que ganhou minha confiança, tentarei pensar em algo para que Thiago
não saia machucado nessa história. Ele não merece ser tratado da maneira que
está sendo. Tem sangue azul. Andrei não tem o direito de eliminá-lo como se
faz com um rato.
Algo me diz que meu marido só não matou Thiago ainda para usar isso
contra mim. Obviamente sim. Mas sinto que há mais coisas por trás disso.
Assim como eu sei do poder que os Lukorve têm, meu esposo também sabe
disso, e por isso não o eliminou, para tê-los em suas mãos, do mesmo jeito
que ele tem a minha família.
Abro meus olhos lentamente. Estava tão focada em meu plano que nem
me dei conta desse perfume impregnante que se faz presente no ambiente.
Suas órbitas sombrias me olham com uma intensidade latente. Posso notar o
volume em sua calça se tornar cada vez maior, como se tudo aquilo fosse
explodir. Mantenho controle sobre minhas emoções e sobre minha respiração.
Precisamente, ela costuma ficar bastante alterada por causa das crises
alérgicas que tenho quase sempre nessa época do ano. Ele deve saber disso,
visto que notei remédios e bombinhas por todas as partes do quarto.
Preocupação?
— Bom dia, printsessa! — seu tom de voz está tão pacífico que me
causa até arrepios. Tranquilidade não é seu forte. Tem algo errado.
Andrei caminha lentamente e senta na borda da banheira. Ele traja um
terno elegantíssimo, assim como todos que costuma usar. Seu perfume
amadeirado é muito forte para as minhas narinas, o que me causa uma
pequena falta de ar. Me sinto sufocada com sua presença.
Controle, Anastácia!
Há muitas espumas na banheira e várias rosas vermelhas e perfumadas.
A água cobre toda a região dos meus seios e apenas meus ombros ficam a
mostra. Seus olhos estão fixos neles, como se quisesse ver algo a mais.
— Vejo que está apreciando o banho que mandei lhe preparar. — Seu
olhar se prende no meu e de repente vejo suas feições ficarem duras. Suas
mãos tocam em meu rosto com muita possessão. — Anastácia, o que eu faço
com você? Sabe que não gosto quando tenho que machucá-la. Acredite em
mim, printsessa! Vê-la ferida faz eu me sentir um monstro. Mas você faz por
merecer. Sabe que não gosto quando chora.
— Desculpa... Eu...
— Não precisa ficar nervosa, anjo. Hoje não irei machucar você.
Aproveite meu bom humor e agrade o seu marido.
— E como meu marido gostaria de ser agradado?
— Da melhor maneira possível, esposa.
Apesar de tudo, me sinto fraca. Não tinha me alimentado bem de ontem
para hoje e ainda estou em jejum. Como poderia aguentar outra sessão de
sexo como a de ontem à noite? Mas não tenho escolha. Não posso me negar,
apenas aceito. Ele já está retirando toda sua roupa impecável e entrando em
seguida na banheira.
Andrei está completamente relaxado. Se mantém em uma posição
oposta à minha, com os braços apoiados sobre a borda da banheira. Me olha
com a mesma admiração de sempre. Confesso que essa situação me deixa
completamente ruborizada, e certamente o russo ama me ver assim,
completamente tímida.
— Você me fascina, minha printsessa. Tão frágil e indefesa! Sou capaz
de quebrar cada pedacinho do seu corpo tocado apenas por mim.
— Andrei, gostaria de conversar algo com você. Temos que entrar em
consenso sobre esse acordo.
— Sou todo ouvidos, minha joia.
— Não aqui. Eu prefiro que estejamos vestidos e completamente
adequados para uma conversa civilizada entre um casal.
— Ótimo! Eu estou louco para fodê-la novamente, como você sabe que
eu gosto: duro e forte.
Estremeço com seu comentário pervertido. Como dizia Ana Letícia de
Bragança: "Aquele senhor não passa de um pervertido que só deseja me usar
das piores maneiras possíveis". Diferente dela, eu o deixo que me use, pois só
assim eu o terei em minhas mãos.
— Eu estou com fome. Não como nada desde ontem à noite. Me sinto
fraca.
— Quero vê-la desfalecer em meus braços. Depois conversaremos
mais.
Andrei me envolve em seus braços molhados e calorosos e me prende
em seu corpo. Suas mãos firmes pressionam-me contra ele de uma maneira
muito rude. Estou pressa em cima dele e sinto toda aquela água quente
relaxar minhas costas enquanto ele me beija suavemente sem nenhuma
possessão dessa vez. Consigo sentir seu membro me perfurar, como uma
rocha. Não desgruda suas mãos de mim.
O russo se encaixa dentro da minha intimidade, me fazendo gemer
baixinho. Ranjo os dentes para abafar os pequenos gemidos que insistem em
sair da minha boca.
— Não se negue ao prazer, minha bonequinha! Posso te levar ao
paraíso em um piscar de olhos.
Seus dedos traçam uma trilha imaginária pelas minhas contas e eu fico
completamente arrepiada com o seu toque. O ódio em meu coração não me
faz esquecer o quanto eu o abomino, mas isso não é o suficiente. É como se
Andrei passasse uma borracha, apagando todas as minhas lembranças ruins
dele. Quando me beija, me sinto completamente entregue. O único
sentimento que se forma em mim no momento é a luxúria.
— Eu posso usá-la de todas as formas possíveis, minha ratinha. Posso
ser rude. — Puxa meus cabelos para trás, com força, fazendo com que eu
sinta um pequeno desconforto em meu couro cabeludo e pescoço. — Posso
ser completamente selvagem.
Andrei intensifica os movimentos da sua posse. Não sinto dor. Meu
corpo apenas arde de desejo. Me sinto completamente encharcada com sua
penetração potente. Percebo jatos e mais jatos quentes me invadirem. Ele
grunhe alto e de forma alarmante, como um louco apaixonado,
completamente descontrolado.
— O que você prefere anjo? Que eu seja seu Andrei selvagem? Ou seu
Andrei apaixonado?
Nem mesmo após um orgasmo intenso, sua ereção mudou. Ele continua
dentro de mim, duro como uma rocha. Isso me assusta. Esse russo não pode
ser humano.
— Te fiz uma pergunta. Responda! — ordena com uma voz incisiva
— Eu prefiro um Andrei que me escute, que se importe comigo e que
seja completamente apaixonado por mim. — Envolvo meus braços em volta
do seu pescoço.
Ele está admirado com minha atitude. Posso usar uma coisa ao meu
favor: minha inocência. É algo que o encanta.
Começo a movimentar-me em cima dele. Movimentos de inicio suaves,
apenas testando, e logo passo para uns mais intensos, cavalgando sobre ele. A
água da banheira já começa a transbordar pela borda. Me sinto poderosa
nessa posição. Andrei segura firme meus quadris e intensifica ainda mais as
penetrações. Já posso sentir um espiral de sensações que se tornaram bem
familiares. Em um movimento, o prendo mais dentro de mim, e isso faz com
que ele revire os olhos de prazer, soltando um gemido gutural. Me sinto no
poder nessa hora. O russo sente muita luxúria por mim. Tenho que usar
essa volúpia ao meu favor.
Com suas íris de cores âmbares cheias de desejos obsessivos, sussurra:
— Minha menina! — Me beija de uma maneira intensa, apoiando suas
mãos em minha cintura, me fazendo ir cada vez mais rápido.
Sinto meu corpo invadido por toda sua potência sexual. Poderia gritar e
gemer alto. Esse ato é muito prazeroso.
— Solte-se, Anastácia! Mostre ao seu marido o quanto ele a deixa
louca! — fala isso já trazendo sua mão para o meu clitóris, me levando ao
delírio.
Perco o controle do meu corpo e das minhas emoções. Grito tão alto
que eu poderia ser ouvida da lua. Caralho! Eu só quero ser fodida por Andrei.
Quando alcanço o êxtase e caio mole sobre o seu corpo, sou amparada pelos
seus braços fortes. Meu esposo como sempre mantém um sorriso de
satisfação no seu rosto bonito. Confesso que sua beleza é capaz de mexer
com qualquer mente humana, feminina ou masculina. Seu corpo escultural e
bem proporcionado me leva ao limite do desejo. O sexo conduzido de
maneira proveitosa para ambas as partes é capaz de fazer com que
esqueçamos o resto do mundo no momento. Não me julguem por ser
diferente das demais pessoas nessa situação.
Estou tão concentrada que não percebi o exato instante em que o russo
me pega nos braços, me levando em direção ao chuveiro. Tomamos uma
ducha relaxante enquanto ele me beija a todo instante, não esquecendo de
nenhuma parte do meu pequeno corpo. Sua língua percorre a região dos meus
seios, sugando-os com bastante precisão. Mesmo me sentido fraca, isso é tão
bom! É pecado não resistir?
Quando toda a espuma do sabonete no nosso corpo é levada pela água
ralo a baixo, Andrei pega uma toalha de fios naturais, feita de algodão puro e
macio, enxuga minhas costas e em seguida meus cabelos. O mesmo foi feito
com ele.
Apesar dessa não ser a primeira vez que o mesmo me vê
completamente despida, me sinto envergonhada por isso. É algo que vem de
dentro de mim.
Começo a caminhar em direção ao quarto. Estou louca para vestir uma
roupa e tomar meu café da manhã, e espero que esteja bem reforçado dessa
vez, como foi o de ontem.
De repente sua voz prepotente me faz parar.
— Onde pensa que está indo, esposa?
— Eu pensei que poderia tomar meu café agora.
— Ainda não terminei com você. Venha! Sente-se aqui!
Ele retira alguns objetos de decoração que estavam em cima da vasta
pia de azulejos azul marinho. Alguns produtos de higiene foram jogados ao
chão, causando um barulho enorme ao sofrerem o impacto com o solo. O eco
do banheiro só aumentou o barulho.
Sua masculinidade só o deixa ainda mais sedutor. O russo é experiente
e domina perfeitamente esse ramo do sexo com bastante maestria. Suas
habilidades me surpreendem cada vez mais.
Sento-me na pia gelada, como Andrei havia ordenado. Ele já está duro
e potente outra vez. Barkov abre minhas pernas, me fazendo ficar ainda mais
exposta para si. Sua boca me beija com bastante prepotência, arrogância e
petulância. Em meu ouvido pragueja o quanto eu o deixo puto. Sou invadida
por sua língua habilidosa, que se mexe para o lado. Sou incapaz de conter a
empolgação que se forma na região. Não nego o quanto ele sabe ser bom em
tudo que faz, mas jamais iria confessá-lo isso, e apenas minha mente
guardaria tudo isso para mim. Suas mãos apertam meus seios, me deixando
sem o menor pudor.
Ao sentir aquele orgasmo invadir meu corpo, sou surpreendida pela
penetração do membro potente do meu marido mais uma vez. Ele me fode
rápido e duro, apenas para me torturar. Minhas vistas estão começando a
escurecer, mas ainda assim é boa essa sensação de prazer eminente. Sinto
meu corpo estremecer e logo em seguida sou amparada pelos seus braços
fortes e másculos.
Trago o melhor cigarro produzido na Europa, de umas das minhas
melhores companhias de investimento. Esse ramo cresce cada vez mais,
proporcionando vários milhões à minha conta bancária todos os anos.
Degusto uma taça do meu melhor whisky Macallan enquanto minha mente
está completamente focada na minha loirinha, que nesse momento se
encontra dentro do closet, se trocando para uma conversa amigável.
Anastácia pensa que consegue me enganar. Está escrito em seu olhar que ela
não sente nada por mim além de ódio e repulsa. Apesar de conseguir do seu
corpo a resposta que quero na cama, sei que ela vive numa guerra constate
com seus sentimentos. Minha garotinha rebelde e inocente não tem nenhuma
chance contra um homem experiente como eu. Sei que está tramando alguma
coisa para fugir de mim. A deixarei acreditar que está conseguindo me
enganar. Minha ratinha não me conhece e não sabe do que sou capaz para tê-
la somente para mim.
Fico em cólera quando se nega a mim, e ainda mais quando finge
concordar com minha proposta. Minha esposa não sabe, mas a qualquer
momento posso arruinar a vida do desgraçado que ela ousou chamar alguma
dia de namorado. No que dependesse de mim, eu já o teria matado assim que
tive chance, quando o encontrei no corredor da Universidade na Itália. Esse
problema me fez antecipar meus planos. Precisei mandar raptar o rapaz, para
que ele não desse com a língua nos dentes por aí.
Minha noiva não lembrava justo de mim, que seria seu futuro marido, e
isso me ajudou muito na aproximação que tive com ela. Assim descobri
coisas impressionantes sobre Anastácia. A minha princesa é muito astuta e
detém uma inteligência fora do comum para uma jovem da sua idade. Por
isso sei que está planejando alguma coisa contra mim.
Sou muito experiente quando o assunto é traição, pois já fui traído
várias vezes ao longo da vida, até mesmo pelo meu próprio pai, que antes de
falecer, me revelou o seu maior segredo, que envolvia o destino de duas
famílias: A família Barkov e a família Grego. Que futuramente iriam se unir
em um casamento de negócios em troca de favores e poder.
Durante anos, minha querida tia sofreu com a perda da sua única filha.
Seu marido foi assassinado por uma invasão de tropas suecas no país rival.
Foi uma grande dor para ela. Meses depois, deu à luz sua filha, que a
disseram que nasceu morta. A mesma ficou sem chão, totalmente abalada e
devastada, e precisou ficar dias e dias internada em busca de ajuda e
tratamento para poder retomar sua vida novamente.
Anos depois, descubro que a filha que minha tia esperava, não era do
seu marido. Ela havia sido prometida para um casamento com um soldado,
um dos grandes aliados do meu pai, como forma de agradecimento pelos
serviços prestados à minha família. Mesmo assim ela o traiu com o Vincenzo
Grego, o pai da minha esposa. O mais surpreendente em tudo isso é que
Anastácia é a filha que minha tia até hoje acredita que perdeu.
Por ironia ou não do destino, meu pai me revelou esse segredo pouco
antes de falecer. Ele ajudou o senhor Grego a trocar os bebês. Sandra Grego
estava grávida na mesma época que minha tia. Não sei detalhar esses
acontecimentos, porque eu estava estudando fora do país na época, na
América do Norte. Tudo que eu sei é que Sandra perdeu a sua bebê, e
completamente abalada, seu marido, o senhor Grego, resolveu que levaria a
criança da amante para sua esposa criar como filha do casal.
Anastácia Grego não passa de uma bastarda, uma maldita bastarda que
está me deixando completamente louco. Sinto um prazer imenso somente em
poder contemplar sua face rosada e perfeita. Minha menina inocente de nada
sabe sobre seu passado. Sua história nunca foi revelada e nenhum dos seus
irmãos tiveram a coragem de contá-la, muito menos a senhora Grego, que a
educou e honrou sua promessa de criá-la como sua filha. Minha esposa é
meia irmã de Enrico Grego e Enzo Grego, que nesse momento devem estar
planejando algo muito sórdido contra mim. Espero que eles tenham gostado
do presentinho que mandei entregar na mansão da família.
O meu plano de acabar com eles havia dado errado graças a idiota da
Helena, que nesse momento está apodrecendo a 7 palmos embaixo da terra.
Menos uma em meu caminho. Caso ela estivesse falhado e continuado viva,
eu mesmo já teria a matado e mandado para o inferno. Aquela incompetente
sequer serviu para acabar com o casamento de Enzo Grego. Meu plano de
fazer a família perder forças, não deu certo. Com isso, Enzo agora tem apoio
de todos os soldados franceses leais à família Gannier. No lugar dele, eu
também teria escolhido sua esposa, que com a transformação, até que ficou
bonitinha. Mas nenhuma beleza em todo o mundo se compara com a da
minha doce e inocente Anastácia.
Minha esposa é minha prima legítima. Na máfia, casamento entre
primos legítimos foram proibidos há alguns anos atrás por causa dos DNAs
que tem um casal consanguíneo, ou seja, com pelo menos um parente em
comum. Minha tia, no caso, é a mãe biológica de Ana. A máfia russa proibia
casamento entre primos por considerar as chances de nascer um filho com
alguma deficiência ou malformação.
É um risco que correrei.
Meus sentimentos por Anastácia não me permitem ficar muito tempo
longe dela. Maldita obsessão! Quando não estou ao seu lado, sinto uma
enorme vontade de matar. É algo que havia conseguido controlar nos últimos
anos, mas que agora está me afligindo novamente.
Minha tia e minha irmã são as únicas mulheres que sempre tiveram
meu respeito todos esses anos. Minha tia acabou se tornando uma segunda
mãe para mim, já que mamãe faleceu no parto da minha querida irmãzinha
Rebeca, que é um grande tesouro em minha vida. Tem uma alma generosa e
caridosa. Enquanto é quase uma criança, a deixo viver de uma maneira mais
leve, sem deter muitos conhecimentos do nosso mundo. Já a minha tia
sempre demonstra interesse em saber como estou. Faz alguns dias que não
vou à Moscou. Elas estão em uma de nossas mansões no centro, bem
protegidas de todo o perigo que o nosso mundo contém.
Nenhum fedelho colocará os pés em meu país. Sou um homem temido
por todos. Os Grego não são loucos de tentarem algo contra minha família, já
que tenho a irmãzinha deles em meu domínio. Estamos em São Petersburgo,
pois aqui é menos evidente a presença de minha esposa. Caso houvesse uma
invasão, teríamos tempo de escapar. Mas como isso é praticamente
impossível, estou seguro de que tudo está em minhas mãos.
Para mim não há um horário específico para que eu possa beber ou
tragar um cigarro. Eu sou a lei do mundo e ninguém nunca me contraria, nem
mesmo a minha tia.
Anastácia caminha lentamente em minha direção. A faço ficar parada
em um ângulo que eu possa admirá-la com todo o seu esplendor. Obviamente
pela sua expressão de confusa, não entendeu nada. É melhor assim. Não
gosto de dar explicações para ninguém, muito menos para a minha garotinha
rebelde. Seus cabelos loiros molhados caem suavemente sobre seus ombros
delicados. Ela usa um vestido soltinho e florido, de alças finas. Seu corpo fica
ainda mais gostoso nessa vestimenta. Adoro contemplar a cor natural da sua
face rosada. Seus lábios vermelhos me causam desejos maliciosos.
A todo instante quero foder com Anastácia. Nunca tinha sentido isso
antes com mulher nenhuma. Várias e várias beldades já passaram pela minha
cama, uma mais bela que a outra, e todas disposta a me agradarem. Umas
eram bem peculiares na medida certa, outras exageradas e perigosas na cama,
mas nenhuma foi como Anastácia. Minha princesinha é uma danadinha, toda
ingênua e frágil, mas quando seu marido a toma somente para si, ela parece
se tornar uma outra pessoa. No início, minha esposinha queria negar todo o
prazer que eu a proporcionava, mas agora percebeu que não tem como fugir
de mim nunca.
— Andrei, estou faminta! Se eu não comer alguma coisa agora mesmo,
vou desmaiar.
— Desmaiar somente de prazer em meus braços, minha querida, como
fez agora a pouco. — Sua face ruborizada me deixa duro por ela novamente.
— Venha, meu amor! Sente-se ao lado do seu marido! Lembre que temos
uma conversa civilizada para discutirmos.
Ela senta ao meu lado, como ordenei. Seu olhar de reprovação ao me
ver bebendo a esse horário da manhã, não passou despercebido por mim.
Nada em relação a Anastácia, me passa despercebido. Foco em tudo que ela
faz, até nos seus movimentos delicados enquanto mastiga pão com geleia.
Observando bem, minha mulher se parece muito com minha tia. Os
olhos azuis são uma maldição que herdou daquela família de vermes. O seu
loiro tem uma tonalidade diferente da que tem os Grego. Se parece com o
tom do cabelo da sua mãe biológica e da minha irmã.
Ao terminar de tomar o café, ela inicia a nossa conversa de maneira
doce. Como essa voz é capaz de acalmar minha mente... E ela nem sabe
disso.
— Andrei! — Toda vez que ouço meu nome ser pronunciado desses
lábios maravilhosos, preciso controlar a louca vontade de transar com ela. —
Sobre nosso acordo...
— Seu consentimento em aceitar o meu acordo, não me convenceu
muito, printsessa. — Interrompo. Seus olhinhos azuis preocupados me
fascinam. — Me pareceu fácil demais para quem me odiava com toda a alma.
— Não vou mentir. Eu ainda o odeio. — ela confessa e sua coragem
me deixa orgulhoso. — Mas como sei que nunca irei conseguir me livrar de
você, não posso viver o resto da minha vida sendo agredida e violada, como
fui daquela vez. Não faço isso pensando em você, e sim em mim. Meu corpo
é pequeno e frágil, e eu não conseguiria suportar mais aqueles abusos.
— Por isso escolheu se aliar a mim?
— Eu posso ser a esposa que você tanto quer. Estamos casados, Andrei.
Entende isso?
— Entendo muito bem, printsessa. — Ela não imagina o quanto
consigo entender isso.
— Eu também consigo entender isso. A única coisa que pode separar
nós dois é a morte, e como vaso ruim não quebra... — Dá de ombros. — Eu
posso me sacrificar em troca de uma vida digna.
— E o que me sugere, meu amor?
— Não quero viver trancada nesse apartamento. Preciso respirar ar
fresco e conversar com alguém que não seja você. Eu não sei nem onde
estou.
— Em São Petersburgo.
— Porque não estamos em Moscou? — indaga me olhando fixamente.
Obviamente ela está colhendo informações As darei sem o menor
problema, visto que é divertido ver minha joia rara negociando comigo.
— Estratégias.
— Andrei, eu quero ter contato com o mundo lá fora, e você não pode
me negar isso. Sou sua esposa e exijo que me trate como tal. — Ela fica ainda
mais bonita quando fala assim, de maneira firme. Em seguida se põe de pé e
me encara seriamente com as mãos na cintura. — E então? O que me diz?
— Apesar de não confiar em você, te darei uma chance de me provar
que está disposta a ser tudo isso para mim. Essas são suas exigências, mas eu
também tenho as minhas.
— Ainda não terminei de falar. Portanto, me escute! — Ousada se
torna ainda mais linda e atraente. — Eu quero poder circular pela cidade. Não
me importo se seja cercada de seguranças ou até mesmo na sua companhia.
Todo mundo já sabe que somos casados, então eu exijo fazer aparições ao seu
lado.
Certamente quer aparecer ao meu lado para mostrar à família que está
viva. Esse gostinho não lhes darei agora.
— Desejo também manter o contato com a minha família. Eu estou
com saudade deles. — Seus olhos marejados e repletos de dor me irritam
profundamente.
Salto da cadeira, bastante enfurecido. Minha atitude a assusta um pouco
e, a fazendo recuar alguns passos para trás com a minha aproximação. O
cheiro do seu medo me alimenta cada vez mais. Toco em sua face, erguendo
seu olhar para mim. Ela mantém um semblante amedrontado.
— Sua família agora sou eu. Esqueça os Gregos, meu amor! Eles estão
mortos para você. Nunca mais irá revê-los novamente. E sobre não machucá-
la, vai depender inteiramente de você. Se for uma esposa obediente, nada tem
a temer de mim. Agora se for uma garota má, saberei bem como discipliná-la.
— Um sorriso sombrio surge nos meus lábios.
Ela me olha assustada, mas logo se recompõe.
— Por favor Andrei! Não me negue o direito de falar com minha
família. Eu prometo que não estou tentando nada contra você, pois afinal,
agora é meu marido.
— Quanto antes entender isso, melhor. Pelo que sei, você e sua mãe
viviam discutindo.
— Isso não significa que não nós amamos. Agora sei que tudo o que ela
fazia ou dizia, não era pra me ver infeliz, e sim porque sabia exatamente do
que você é capaz.
— Veja só, meu amor! Tudo poderia ser mais fácil entre nós dois. Você
é a única responsável por ter dificultado as coisas.
— Por que não posso sequer falar com minha família?
— Já lhe disse: sua família está morta. Não quero mais que toque nesse
assunto, ou caso contrário, posso esquecer meu ato de benevolência e
continuar fazendo as coisas da maneira difícil. É isso que deseja?
Anastácia pensa um pouco, antes de uma lágrima solitária escorrer pelo
seu belo rosto.
— Não. Não desejo voltar ao que era antes.
— Então não toque nunca mais nesse assunto! Promete?
— S-sim.
Sorrio vitorioso e caminho de volta para meu lugar, tomando minha
bebida novamente.
— Pronta para ouvir minhas exigências?
Enquanto o nosso acordo está sendo cumprido, a paz reina entre nós.
Pelo menos eu já não sofro castigos rígidos. O sexo é intenso e muitas vezes
selvagem, mas sem me machucar, e essa é a essência de Andrei. Ele mais
parece um animal faminto prestes a devorar sua presa. Tem uma aura sexual
agressiva na cama, mas nada que eu não consiga suportar.
Me sinto fraca após toda uma avalanche de orgasmos que percorreram
meu corpo como correntes marítimas fortes, arrastando todos os sentimentos
ruins que tenho por Andrei para um lugar longilíneo. Naquele momento, para
mim, só existia nós dois. Sua aparência avassaladora sabe como me conduzir
a cada passo.
Tudo com ele é pensado com muita antecedência. Nisso combinamos.
Nunca damos passos em falso e somos firmes como duas rochas em meio a
um vulcão em erupção.
Consegui permissão para ir fazer compras, acompanhada de uma tropa
com mais de cem homens. Alguns estão disfarçados de pessoas normais,
infiltrados na multidão, e outros usam uniformes de segurança mesmo. Não
me importo. Pelo menos pude sair daquela droga de apartamento que
permaneci trancada por quase dois meses. Esse tempo que me refiro, é desde
o pós-casamento com Andrei.
Toda a Rússia sabe da nossa união. Houve apostas nas mais badaladas
casas de Moscou sobre o nosso casamento, acreditem ou não. Alguns
apostaram milhões de dólares que eu me casaria com ele. Um absurdo para
uma sociedade moderna. Os jornais estampam fotos minha e dele em
espécies de montagens.
“A patricinha mais badalada de Roma finalmente disse “sim” ao
solteiro mais cobiçado de toda Moscou”.
E essa nem é a manchete mais estúpida que já li em toda a minha vida,
porque há uma ainda mais ridícula.
“Anastácia Grego abandona namorado às vésperas do casamento,
reatando com o ex-noivo, o qual ela nunca deixou de amar”.
Com certeza tem um dedo de Andrei em todas essas notícias. Agora
estou sendo vista como uma patricinha mimada. Eu não sou tudo isso que
estão dizendo. É verdade que gastei quase 100 mil dólares em um único par
de sapatos — se bem que esse não foi o mais caro que comprei — , mas todo
mundo tem uma mania, um hobby, e o meu é sapatos. Eu simplesmente sou
louca por eles, com suas infinidades de modelos, detalhes elegantes e
modernos. Eu os amo! Mas esse assunto não importa.
Os comentários dessas pessoas que festejam esse casamento de
negócios, é algo incrédulo. Obviamente nem todo mundo sabe que essa união
é um contrato entre nossos falecidos pais. Me pergunto se faria alguma
diferença se soubessem.
Em todos os Shoppings há folhas de jornais espalhadas com notícias
sobre meu casamento. Pelo menos algo me deixou feliz: ver algo sobre mim
passar na televisão. A noticia diz que o casal mais comentado do momento,
não pretende sair em lua de mel. Me pergunto como esses curiosos
conseguem ir tão longe, e como ainda estão vivos após soltarem essas
informações sobre o meu marido.
Preciso mostrar à Andrei que desejo ter uma vida normal com ele e que
não pretendo fugir. Sei que apesar da minha entrega, ainda não tenho sua
confiança. Por isso vou tentando aos poucos vencer sua resistência. O
convenci a me deixar sair pela cidade, pelo menos para ir à um Shopping. Se
ele diz me conhecer tão bem quando estamos transando, deve saber que sou
obcecada por compras. Por esse motivo, não me negou, permitindo que eu
pudesse sair um pouco da minha gaiola de ouro revestida com diamantes e
esmeraldas.
Entro em uma loja de sapatos caríssima, assim como todas as demais
desse Shopping incrivelmente luxuoso. Nunca tinha visto algo tão esplêndido
em toda a minha vida. E olha que já estou acostumada com essa mordomia!
Tenho em mãos um cartão ilimitado com milhões de dólares para eu gastar.
Meu marido é um homem de posses e alguns sapatos não irão lhe apertar no
fim do mês.
Compro alguns que certamente nunca irei nem usar. As atendentes
olham para mim como se eu fosse uma celebridade. Na verdade, algumas
pessoas até tentaram se aproximar de mim para me pedir para tirar algumas
fotos, mas nenhum dos seguranças permitiu. Não pude fazer nada para
impedir. Nada que deixasse meu marido irritado, obviamente. Essa era uma
medida de proteção. Sei que meu esposo tem muitos inimigos, e por isso,
todo cuidado é pouco.
Sem perceber, esbarro em uma moça que também caminha
desapercebida, vindo em minha direção. Ela pede desculpa. Antes que eu
possa falar qualquer coisa, dois seguranças a levam para longe de mim, como
se eu fosse um cristal intocado que ninguém pode chegar perto.
Caminho em direção ao caixa para pagar minhas compras, quando ouço
uma conversa entre duas atendentes que não notaram minha presença.
— Aquela é a Anastácia Grego? Esposa de Andrei Barkov?
— Ela mesmo! Toda a loja já foi avisada de sua ilustre presença. As
vendas irão subir quando as pessoas souberem que ela comprou aqui.
— Ela tem muita sorte mesmo! Conseguiu casar com o homem mais
lindo e desejado de toda a Rússia.
— Eu não sei se foi bem sorte. Tem algo naquele homem que me faz
sentir calafrios.
— O “algo” nele só pode ser aquela beleza fora do comum. Ele é
musculoso, tem olhos lindos e com certeza deve ser um gostoso na cama.
Queria estar no lugar dela. Você não?
— Do que adianta casar com um homem lindo assim, se tem várias
amantes espalhadas por aí? Ontem mesmo li em um tabloide que o Barkov
foi visto ao lado de uma beldade que ele teve um affair. Aquela moça do
escândalo do topless.
— Jura, amiga? Que safado! Mas ainda assim eu dava linda para ele.
Andrei está me traindo e toda a impressa sabe disso? Ah! Putz! Isso não
vai ficar assim! Eu não nasci pra ser traída por nenhum homem, muito menos
por aquele que mais odeio nesse mundo.
Ao ouvir essas moças falarem, me sinto irritada de um jeito que nunca
havia ficado antes. Estou totalmente surpresa com o impacto que essa reação
causou em mim. Como aquele verme é capaz de me trair, como se eu fosse
um lixo, uma qualquer? Aceitei agir como sua esposa, obviamente para tentar
fugir, mas é claro que não serei feita de boba nessa história. Toda a sociedade
sabe que sou corna. Sou feita de chacota pelas pessoas. Ah! Mas isso não vai
ficar assim!
Volto para casa sem conseguir esconder toda a minha irritação. Estou
louca para ver Andrei e enchê-lo de uns belos tapas. Será meu maior prazer
nesse momento. Jogo as sacolas de compras, que são muitas, em um canto
qualquer da sala, me sento em uma poltrona e começo a esperar por ele.
Marta se aproxima de mim com toda sua suavidade. Aos poucos
estávamos nos tornando amigas.
— Senhora, precisa de ajuda pra subir com as sacolas? Posso levá-las
agora mesmo.
— Por favor, Marta! Leve! Eu estou esperando o Andrei.
— O senhor Barkov chegou cedo, senhora, e está em seu escritório.
Todo esse tempo esperando em vão? Ele já está em casa e eu feito uma
pateta esperando pelo idiota.
— Porque não me avisou antes, Marta? — esbravejo.
— Perdão, senhora! Eu não sabia que...
— Marta, minha raiva não é de você. Me perdoe!
Ela sorri de maneira singela.
Passo por ela rapidamente e ando em passos largos em direção ao
escritório. No meio do caminho lembro que sou proibida de entrar lá. Mas
estou tão irritada que acabo ignorando sua ordem. Meu coração só falta sair
pela boca. Conforme a euforia me consome, fico muito irritada. Desejo ser
uma bomba atômica para explodir nesse momento e destruir tudo ao meu
redor, inclusive o idiota do meu marido.
Uma amante! Não vou tolerar isso. Já basta a experiência horrível que
passei na família, vivendo o drama Luenzo. Meu irmão fez minha cunhada
sofrer horrores com suas traições. Um triângulo amoroso não está em meus
planos. Posso suportar outros tipos de ofensas, mas essa não.
Abro a porta do escritório em um rompante e meu marido me olha
surpreso, prestes a tirar a arma da cintura e mirar contra mim. Ele estava
pensando que podia ser um inimigo. Se eu fosse ele, pediria que fosse um
mesmo, em vez da sua esposa enfurecida e pronta para cometer a maior
besteira da vida dela.
— É você, printsessa? Que hora voltou das compras?
— Então quer dizer que você tem uma amante?
Seu semblante surpreso e ao mesmo tempo duvidoso me faz ficar ainda
mais irritada. Ainda por cima é cínico e pretende mentir.
— Amante?
— Seja lá quem for a beldade, você não vai continuar com essa
relação! Eu não irei ser feita de tola perante todos!
— Do que você está falando, printsessa?
— Eu não sei o nome da vadia, mas algo eu te garanto: se você
continuar se encontrando com ela, eu juro que irei ficar viúva antes de
completar vinte e quatro anos.
— Isso seria ciúme, meu amor?
O imbecil agora está pensando que estou com ciúme. Ele me irrita
profundamente.
— Ciúme? Eu? Claro que não! Ciúme a gente sente quando ama a outra
pessoa, o que não é o meu caso. Eu só não quero ser feita de corna por aí.
Estou falando sério, Andrei, quando digo que não irei tolerar traições de sua
parte! Não é justo você ter as mulheres que desejar e eu não poder gozar dos
mesmos direitos!
— Você é apenas minha, printsessa. Não fui eu que criei as regras da
máfia. Eu sou um homem e posso ter as mulheres que eu desejar aos meus
pés.
— Então que seja assim! Você pode ter as mulheres que quiser, agora
não se surpreenda quando eu aparecer grávida de algum dos seguranças. —
Andrei fecha o semblante. — Está avisado, marido!
— Anastácia! — esbraveja.
Lhe dou as costas e começo a caminhar, quando ouço seus passos
rápidos atrás de mim. Corro o mais rápido que posso até o nosso quarto e
tento fechar a porta, mas sou impedida pela sua força brutal que me faz cair
no chão. Rapidamente me levanto e encaro um Andrei furioso. Ele parece que
explodirá a qualquer momento. Nunca o vi tão irritado como agora.
Tento correr em direção ao banheiro, mas meu marido é mais rápido e
me impede, tomando a minha frente e me fazendo bater as costas fortemente
contra a parede. Choramingo com o impacto. Às vezes ele parece ter super
força, ou eu que sou fraca demais para suportar.
— Andrei, você está me machucando. — me lamento. — Você
prometeu que não ia me machucar mais.
A expressão em sua face é completamente doentia. Me surpreende vê-
lo tão possessivo. Dessa vez aparenta mais forte e violento do que todas as
outras vezes.
— Nem em pensamento, Anastácia, você pode pensar em outro
homem! Nem em pensamento!
Enfurecido como um leão selvagem, meu esposo me toma em um beijo
violento e intenso.
Correspondo àquele beijo molhado e bruto, temendo que ele possa me
machucar ainda mais. Completamente imobilizada, deixo que o russo
arranque minhas roupas e engulo o choro para não enfurecê-lo ainda mais.
Suas mãos possessas de desejo me tocam de maneira dolorida. Me aperta e
me arranha como se temesse que eu escorregasse pelos seus dedos. Logo
livra-se das suas próprias roupas e vem para cima de mim, me penetrando
sem permissão. Dói um pouco a sua posse bruta. As lágrimas começam a
descer pelo meu rosto e ele enxuga todas, passando a me estocar de maneira
mais delicada. Sua mão força meu queixo, prendendo meu olhar em suas
órbitas de cores âmbares.
— Você só pode pensar em seu marido, Anna! Não irei permitir que
nenhum outro homem toque no que é meu! Quem tentar, morrerá! Nem
mesmo seus irmãos irão tocar em você novamente, nem sua mãe. Apenas eu
posso contemplar sua beleza e sentir o seu perfume. Quero ocupar todos os
seus pensamentos, seja eles bons ou ruins, anjo. — sussurra em meu ouvido
essas palavras de posse, me fazendo ficar encharcada ao seu redor.
Sua obsessão sobre mim é muito real. Mais uma vez ele me leva ao
extremo prazer.
— Agora responda, querida! A quem você pertence?
— Eu pertenço a você, Andrei. — Reviro os olhos, embargada pelo
prazer.
Andrei é dono do meu corpo e eu não posso mais negar isso. Ele devora
meus lábios com muito fervor. Consigo ver paixão em seus olhos. Olhos de
presa sobre a caça. Que esse homem é insaciável, eu já sabia, agora
apaixonado... Essa é a primeira vez que demonstra sentimentos sinceros por
mim.
— Você me deixa louco, princesa! Você me pertence em todos os
sentidos.
Estou completamente presa em suas mãos. Será difícil colocar meu
plano em ação e fugir.
Seus movimentos se intensificam cada vez mais e seu pau se encaixa
perfeitamente na minha entrada. Logo alcançamos nosso clímax. Mas não
estamos satisfeitos. Antes era apenas ele que ansiava por mais, agora eu
também o quero mais e mais. Meu corpo está me traindo como nunca antes.
— Eu não lhe disse, minha bonequinha, que em breve se tornaria tão
insaciável como o seu marido? Irei tomá-la até que eu consiga plantar minha
semente em seu útero. Você logo me dará um filho.
Estremeço com sua afirmação. Estou perdida!
Desperto ainda sonolenta, procurando um refúgio, algo que possa
ocupar minha mente. Andrei deixou bem claro o quanto eu o pertenço e o
quanto ele deseja ser pai. Seu desejo me assustou. Não posso ter um filho
dele. Isso me impediria de conseguir colocar em prática qualquer plano de
fuga.
Me tornei uma mulher cautelosa nesses últimos dias, evitando qualquer
coisa que possa colocar meu plano em risco, como discutir por bobagens.
Com certeza um bebê não me traria muitas esperanças. Só de pensar que
estou correndo esse risco, já que faz algum tempo que não tomo nada... Vivi
à base de anticoncepcionais durante muitos anos por sofrer de ovário
policístico, algo que me faz sentir muitas cólicas. Os contraceptivos são para
evitar um crescimento hormonal. Ultimamente venho sentindo uma grande
sensibilidade nos meus seios, e deve ser pela falta do meu medicamento, o
que desregulou completamente meu ciclo.
O que me alegra enormemente é saber que não estou grávida. A cada
menstruação que vem, é um alívio. Seria ótimo se Andrei não pudesse gerar
filhos. Mas alguma coisa me diz que desse transtorno ele não sofre, com toda
aquela masculinidade latente exalada por cada poro do seu corpo. Meu
marido sempre deixa bem claro que não tem nenhum problema nessa área.
Mesmo assim me sinto extremamente assustada quando me toma em seus
braços, reforçando o desejo ardente que sente por mim e o anseio em ser pai
de um filho meu. É claro que se caso tenhamos um bebê, as chances de me
livrar dele se tornam praticamente nulas.
Há dois dias Andrei precisou viajar para Moscou. Ele não me explicou
seus motivos, e claramente devia saber que não me interessam em nada.
Parece até que me deixou num verdadeiro quartel de tão bem vigiada que
estou. Aparenta ter quintuplicado o número de seguranças a minha volta.
Com tudo isso, o alívio que sinto em saber que não voltará tão cedo, me
regozija grandiosamente. Fico em êxtase por saber que não terei que tolerar
sua presença desagradável por um bom tempo. Por mim, meu marido não
voltava nunca mais. Se o avião em que ele viesse, caísse, eu não iria nem
chorar sua morte. Seria uma dama da máfia, a mais rica por acaso. Mas como
vaso ruim nunca quebra, não posso ficar alimentado dessas falsas esperanças.
Marta me serve um chá. Gosto de vir à cozinha e vê-la trabalhar. Tem
se tornado interessante observá-la sempre preocupada com os afazeres da
casa. Tudo sempre está impecável. Ás vezes uma outra moça vinha e ajudava
ela com a arrumação. Seu nome é Agnes, uma mulher com seus trinta e
poucos anos, de olhos incrivelmente castanhos escuros. Ela não é tão
simpática como Marta, e diferente dela, não conversávamos quase nada.
— Senhora, está na hora de ir malhar. — Marta me lembra.
Acabei me distraindo com o meu entusiasmo.
Após vestir minha roupa de academia, paro para admirar a vista da
sacada da sala. Durante o final da tarde, ela sempre ficava aberta nesse
horário. A funcionária encarregada da faxina faz os últimos retoques no local.
Há umas cadeiras de praia, das quais seriam úteis em um belo dia de sol, se
ele resolvesse dar as caras por aqui.
— Estou indo, Marta. Obrigada por me lembrar!
— Não há o que agradecer, senhora. Agora se me der licença, irei lhe
preparar um delicioso espaguete italiano.
Sorrio para ela, que me dá as costas sem dizer mais uma palavra. Antes
de ir à academia, observo aquele pôr do sol quase sem brilho. Parece que o
fenômeno natural não gosta de dar as caras por aqui. Rio sem perceber,
observando tal paisagem por mais alguns minutos, e em seguida deixo o
local.
A academia se localiza na mesma parte da cobertura, onde o
apartamento fica. Há uma ala especialmente para esse departamento, com
piscina, quadra de vôlei, uma sala de boxe e por último a sala da academia
com equipamentos modernos de última geração. Agora está explicado de
onde Andrei tira tanta disposição. O russo não poupa dólares quando o
assunto é forma física.
Corro trinta minutos na esteira, antes de passar para a bicicleta. Amo
manter a boa forma. Sempre fui magrinha, mas gosto de ter pernas torneadas
e bumbum durinho, já que minha genética não me deu isso naturalmente. Eu
preciso malhar para sempre manter o corpo.
Pedalo demasiadamente enquanto beberico um gole da minha água com
gás. Pego uma toalha e enxugo meu suor. É quando noto que há câmeras no
ambiente. Não parecem estar ligadas. Seria um absurdo se eu estiver sendo
observada até aqui.
Mantenho minha serenidade e as ignoro. E daí se ele estiver me observando?
Não estou fazendo nada de errado. Se bem... que... Um sorriso travesso surge
nos meus lábios.
Andrei odeia que eu me insinue para alguém. Nenhum segurança pode
se aproximar muito de mim, nem me olhar demasiadamente. É assim desde a
nossa discussão aquele dia. Apesar de eu ter notado o prédio mais bem
monitorado por vários dos seus cães de guarda, os percebo bem distante de
mim e com cara de poucos amigos. Talvez por estarem sendo observados
também? Há alguns seguranças atrás dos vidros, que protegem o local,
fazendo a minha segurança. Urgh! Que raiva daquele idiota! Até parece que
tem como eu fugir.
Então uma ideia atravessa minha mente e um sorriso vitorioso se forma
no meu rosto. Vou até um balcão onde há um controle e um aparelho de som.
A sonorização do ambiente conta com 4 amplificadores de parede elaborados
especialmente para atender a esse propósito. Basta que eu aumente ou
diminua a música conforme meu gosto. Como ele nunca tinha me proibido de
ouvir música alta, essa é uma ótima oportunidade de mostrar todo o meu
talento na dança. Fiz aula de zumba por dois anos e aprendi até ginga.
Garanto que nenhuma outra europeia tem mais rebolado do que eu.
Decido começar com uma música de balé russo, chamada Ballet
Quebra Nozes de Tchaikovsky. Quando criança, minha mãe me obrigava a
dançar. Hoje sei que o motivo de uma italiana dançar balé é simplesmente
demonstrar que dança como nenhuma outra bailarina. Adquiri muita
suavidade com as aulas.
No movimento Tendu, uma das minhas pernas fica esticada para o lado,
à frente ou atrás do corpo. Afasto a perna na direção pretendida, arrastando
também o respectivo pé. Levanto primeiro o calcanhar e em seguida a planta
do pé, mantendo a sua ponta apoiada no chão. Em movimentos leves me
deixo guiar pela música. Se minha mãe não tivesse se oposto, eu seria uma
bailarina ou uma cantora. A música sempre me tocou profundamente.
O movimento Frappé é como se fosse uma batida ou golpe. Nele
levanto meu pé que repousa levemente sobre o tornozelo de apoio, para em
seguida esticar a perna e dar um golpe. Pode ser feito para a frente, para trás
ou para o lado. Fecho os olhos e me deixo flexível para realizar os
movimentos. A Quebra Nozes não me faz passar vergonha, visto que eu
domino quase todas as áreas da música.
Posso relaxar com esse balé, mas sei que isso não irritará meu marido.
Conheço um ritmo que o deixará louco em todos os sentidos, sem sombra de
dúvida, se estiver me observando pelas câmeras de vigilância. Também tem o
Funk, o qual aprendi a dançar. Ele consiste em fazer uns passinhos com os
pés e mexer a bunda como se estivesse se balançando porque levou um tapa
forte. É engraçado. Mesmo dançando ruim, consigo me divertir como há
muito tempo eu não fazia. Me sinto leve com a música em meus ouvidos.
O Funk foi apenas para me divertir. Chantagem da Shakira será minha
próxima opção. Gosto da maneira como consigo rebolar minha cintura
conforme ouço as batidas da música. Poderia usar isso de chantagem para ter
tudo o que eu quiser.
Me posiciono no meio do salão e inicio a música Rumba de Anahi.
Porque ha empezado la rumba (Porque já começou a rumba).
Mi cuerpo pide rumba (Meu corpo pede rumba).
Hasta que salga el sol (Até que saia o sol).
Hasta que salga el sol (Até que saia o sol).
Rumba! Rumba!
Mi cuerpo pide rumba (Meu corpo pede rumba).
Hasta que salga el sol (Até que saia o sol).
Hasta que salga el sol (Até que saia o sol).
O Reggaeton consiste em mexer a cintura como se houvesse uma mola
em seu lugar. Ajo naturalmente. A sensação de deixar a música invadir meu
corpo é prazerosa. Fecho os olhos sem me importar com mais nada ao meu
redor. Se os seguranças estão olhando ou não, já não é mais problema meu.
Se pelo menos meu marido estiver vendo, já estarei feliz por saber que ele
deve estar quebrando tudo ao seu redor. Em alguns momentos me permito
cantar e sorrir. Mexo meus quadris muito rápido. Sempre tive gingado. Na
visita que fiz à minha cunhada Giovana no Brasil, na época que ela estava
separada de Enrico, fomos à uma balada um tanto latina. Sou italiana com
orgulho, mas adoraria ter nascido latina. Acho que posso me considerar uma
de coração.
Acabo levando essa dança muito longe. Já esqueci de tudo o que
planejei e agora me divirto. Combino alguns passos de dança árabe com o
ritmo. Está sendo bastante intenso. Tão intenso que não percebo o exato
momento em que a música é desligada.
Abro meus olhos, me sentido um pouco confusa. Juro ter ouvido um
barulho de tiro. Meus olhos se fixam no homem a minha frente. Andrei está
em pé, próximo da parede, com suas costas apoiadas na mesma. Os seus
olhos sombrios me analisam sedentos, cheios de luxúria.
Por um segundo sinto que meu coração parou de bater. Não pode ser!
Ele está bem aqui! Parece irritado. Olho para os lados e nenhum segurança
está mais no local. Não faz diferença. Ninguém me ajudaria mesmo.
Me surpreendo ao ouvir seus aplausos, que parecem sinceros. Todo
esse tempo estava aqui, me observando em silêncio? O encaro de frente. Ele
se aproxima de mim com um sorriso moderado.
— Minha garotinha sempre me surpreendendo! Pensei que não gostava
de dançar.
Suas mãos tocam em meus cabelos presos em um rabo de cavalo. Ele
se desfaz do enlace, soltando os fios, que caem sobre meus ombros tensos e
rígidos.
— Eu amo dançar. — falo sem desviar meus olhos dos seus.
— Aposto que me disse que não gostava somente para contrariar sua
mãe.
— Minha mãe não ficaria contente com uma filha dançarina. Eu não
nasci para isso.
— Poderia estar em uma das melhores companhias de balé da Rússia.
Não sabia que dançava esse ritmo tão bem.
— Não danço, apenas me deixo conduzir. Não sei explicar — Sorrio
empolgada e ele me olha admirado.
— Se deseja dançar, posso te encaixar na melhor companhia de balé da
Rússia.
— Está mesmo falando sério?
Não contenho minha alegria. Recuo em meus pensamentos. Andrei não
pode estar falando sério. Um homem possessivo como ele, não iria reagir
bem me vendo dançar diante de uma plateia, mesmo sendo com movimentos
leves e repletos de delicadeza. Meu esposo me deseja ter somente para si.
Não queria dançar somente balé, mas sim todos os gêneros, e fazer parte de
um grupo musical que eu pudesse dançar com todo o fervor que tenho. Um
sonho longe de se tornar realidade, esquecido por mim há muito tempo.
Descontente, o encaro. Obviamente está me fazendo de boba.
— Não sou um homem de brincadeiras, printsessa.
Nesse ponto, ele tem razão. Meu marido sempre é um homem sério.
Nunca o vi com ares de riso, como estou vendo nesse momento. Para tudo,
Rússia! Andrei tem um brilho nos olhos que eu nunca presenciei antes. Será
que tudo isso é simplesmente pelo fato de me ver dançar? O que há de tão
especial nisso para ele?
— Eu não gosto de dançar somente balé, mas sim todos os ritmos.
— Posso permitir que dance balé. Os outros ritmos somente eu poderei
vê-la dançar. Não quero homem nenhum te analisando com olhos maliciosos.
Antes disso, eu mataria todos eles.
— Claro que não! Somente você pode me olhar assim. — Reviro os
olhos, me dando conta da besteira que disse. Tento concertar em seguida,
mudando de assunto. — Pensei que não nos veríamos tão cedo.
— Minha esposa sabe perfeitamente que não consigo passar muitos
dias longe dela.
— Infelizmente não. Digo... Pensei que passaria alguns dias a mais na
capital.
— Voltarei ainda hoje. Na verdade, vim buscá-la.
Pego minha garrafa no chão, que deixei próxima da esteira, e me
surpreendo com sua revelação. Para onde pretende me levar? Estremeço
temendo que ele possa me deixar em um local ainda mais isolado, como uma
ilha deserta, com o contato de apenas animais e mosquitos. Enlouqueceria se
soubesse que veio me buscar para isso. Preferiria ficar aqui mil vezes, me
comportando, do que ter que ir com ele.
— Para onde vamos?
— Um evento de apresentação. Está na hora de todos contemplarem
minha maior conquista.
Ele está falando de mim. Obviamente é mais um daqueles eventos pós-
casamento que o marido mostra a sua esposa perante cada um dos chefes
importantes da sociedade e todos ficam sabendo sobre a união do casal.
Ridícula a maneira como eles conduzem isso. Nós mulheres parecemos ser
algum tipo de troféu, ainda mais importante que troféu de Copa do
Mundo. Essa sociedade machista nunca mudará os costumes medievais. Pelo
menos meus irmãos saberão que estou bem. Se bem que duvido muito, pois
eles não estarão lá.
— Está me dizendo que irá me levar para Moscou?
— Apenas para que compareça ao evento. Estaremos de volta a São
Petersburgo o mais rápido possível.
— Já que não tenho escolha mesmo, preciso me produzir para esse
grande evento. — falo sem a menor empolgação.
— Espere! Não vá agora! — ele pede e eu dou meia volta, o encarando
novamente. — Preciso de você!
Olho para os lados, procurando por alguém. Com os vidros, qualquer
pessoa que passasse por perto, presenciaria tudo.
— Quem está fora, não consegue ver nada aqui dentro. — revela.
Sério? Tudo isso para nada? Tentei irritar ele a toa? Minha dança só
serviu para deixá-lo ainda mais fissurado em mim. Estou perdida! Que Deus
me ajude!
— Venha, esposa, saciar a sede que seu marido tem de você! Agora
quero ver todo esse gingado em cima do meu pau.
Tentei irritá-lo, mas meu plano saiu pelo ralo. Também não esperava
seu retorno tão breve. Com minha atitude só consegui despertar sua luxúria.
Sem outra opção, caminho até Andrei, lentamente. Ele já retirou sua jaqueta.
Minha vontade é de apertar sua gravata em volta do seu pescoço com
bastante força para sufocá-lo. Mas ao invés disso, tenho que sorrir. Ele me
fita com suas órbitas sombrias e cheias de tesão.
Retiro meu top. Por que não acelerar o processo? Assim não perdemos
tempo. Quanto mais rápido começarmos, mais rápido ficarei livre dele e do
seu domínio.
Chegamos na tal recepção, que é realizada em um salão do Palácio
dos Terems, em Moscou. Assim que chegamos, já pude notar um forte
esquema de segurança que ronda o local. O lugar é esplêndido, de uma beleza
inigualável. Nunca contemplei algo tão maravilhoso assim. Há paredes com
grandes lustres de cristais brancos e brilhosos, quadros de madeiras realçando
toda a história do país nas pinturas e detalhes de ouro maciço entre um pilar e
outro. Cada detalhe demonstra o quão rico e importante esse evento é. O
ambiente é ornamentado com belas variedades de flores, desde lindas
camélias a amores-perfeitos. Tudo muito apropriado para um casal que
realmente está apaixonado — o que não é o nosso caso.
Andrei não sai do meu lado. Sua intenção é que todos possam me ver
como uma princesa. Me apresenta a um e outro casal, que nos parabenizam
pelo casamento. Que grande piada! Se eles soubessem a verdadeira história!
Meu vestido foi escolhido por ele e é digno de uma princesa, sendo todo
rodado e na cor dourada. O meu traje é complementado com uma belíssima
sandália de salto alto na cor creme, cravejada de diamantes. É um dos
modelos que por acaso comprei aquele dia no Shopping. Como se tudo isso
não fosse suficientemente exagerado, ainda fui obrigada a usar uma tiara que
com certeza deve custar uma verdadeira fortuna.
Há muitas coisas que eu não sei a respeito do homem que foi meu
noivo por tantos anos, e agora, infelizmente, é o meu marido. Andrei é um
príncipe. Seu sangue tem parentesco com a família real mais tradicional do
país. Não há muitos príncipes na Rússia, visto que aqui não atua um regime
imperial, e sim uma república, com um presidente. A monarquia foi extinta
há muitos anos. Na verdade, Andrei é um Grão-Duque, com sangue nobre da
realeza. Por muitos, ele é chamado de vossa alteza. Essa definitivamente foi a
coisa mais absurda que já ouvi. Alguém me chamou de princesa, mas eu não
sou uma, e mesmo que meu marido tenha sangue da nobreza correndo em
suas veias, não desejo deter dos mesmos privilégios que ele. Imagina só! De
príncipe somente o título, porque no resto se parece mais com um sapo, e
daqueles horríveis e nojentos de se pegar.
As pessoas me olham, fazendo reverências, e me cumprimentam no
idioma russo. Não entendo quase nada. Em momento algum meu marido
solta a minha mão.
— No que está pensando, princesa?
— Não me diga que meu marido anseia em mandar até mesmo em
meus pensamentos!
— Posso controlar até seus pensamentos, printsessa, só não deseje que
eu faça isso. Não irá gostar.
Reviro os olhos com o seu comentário hostil e imediatamente me
recomponho para cumprimentarmos um casal que acaba de se aproximar. É
um homem de aproximadamente quarenta e oito anos, de cabelos castanhos e
grisalhos, pele branca e olhos incrivelmente azuis marinhos. Já a mulher
aparenta ser alguém da realeza, usando um vestido majestoso. Parece ser
mais princesa do que eu mesma. Os seus olhos curiosos me fitam como se eu
representasse um mistério a ser desvendado. O homem se curva para
reverenciar-nos, já a mulher apenas fez uma leve reverência com o olhar.
— Barkov, como vai? — pergunta — Vejo que está bem acompanhado.
— Anastácia Barkov, minha esposa. — fala com bastante orgulho.
Odeio ser apresentada como Anastácia Barkov. Sou uma Grego e
sempre serei. Não é um russo idiota que mudará isso.
— Todos os elogios que ouvi sobre a princesa faz jus ao tamanho da
sua beleza. Digo mais: nunca pude ver algo tão belo quanto ela. Parabéns,
Andrei, por sua conquista!
— Se quiser viver até o próximo jantar, sugiro que não se refira mais à
minha esposa desse jeito. Entendeu, Sr. Ivanov? Sou um homem bastante
possessivo com o que é meu.
O sorriso do homem some rapidamente, e com uma breve reverência,
ele deixa o local.
Andrei não perde uma oportunidade, por menor que seja, de dizer que
lhe pertenço. Mal sabe que em breve estarei longe dele para sempre.
— Não precisava ser tão grosso.
— Mas é assim que sou, printsessa, e você bem que gosta. — Dá um
sorriso malicioso e continua. — Mas isso não importa neste momento,
esposa. Quero lhe apresentar agora a duas pessoas muito importantes. E já
sabe sobre a nossa conversinha: se não se comportar, haverá consequências.
Que homem insuportável! Antes de me trazer para cá, tivemos uma
breve "conversa", que eu intitularia mais como ameaças. Não podia conversar
com nenhum homem sem ele estar por perto, nem deveria revelar nada a
respeito do nosso casamento a ninguém. Até parece que faria alguma
diferença. Como se alguém fosse me ajudar!
Enquanto isso ele me guia para um local do salão onde se encontra uma
mulher loira muito elegante e bonita no auge dos seus 40 e poucos anos,
acompanhada de uma bela mocinha. Andrei as cumprimenta com um beijo
em suas faces e logo faz as apresentações.
— Tia, essa aqui é minha bela esposa, Anastácia Barkov. Anna, essa é
a minha tia Kátia e a minha irmã Rebeca.
— É um prazer, Sra. Barkov e Rebeca. — as cumprimento com um
beijo no rosto.
— Que é isso, minha querida? Pode me chamar somente de Kátia,
afinal, agora é da família também. Não sabe a surpresa que foi quando o
Andrei me falou há dois dias que tinham se casado. Pensei que o acordo
havia sido rompido, mas me surpreendi quando ele falou do encontro que
tiveram em Roma, onde ambos se descobriram loucamente apaixonados e
decidiram assim por um casamento breve e discreto. Fico muito feliz por
vocês. Posso notar como o casamento está fazendo o meu menino feliz, como
há muito tempo eu não o via.
Mas que filho da puta mentiroso! Não tenho tempo de dizer nada à irmã
do Andrei, pois ela logo vem em minha direção, me abraçando e dizendo:
— Agora eu tenho uma nova irmã! Estou tão feliz! Podemos ser muito
amigas.
— Ah! Mas é claro! — Sorrio feliz.
Meu marido logo se aproxima, me enlaçando pela cintura, e se
pronuncia:
— Bem... Já está na hora do jantar ser servido. Então vamos!
Nos dirigimos à sala de jantar. É um ambiente amplamente requintado,
como todo o resto do palácio, com uma grande mesa exposta e toda
ornamentada com lindos arranjos florais. Os convidados já começam a se
acomodar em seus lugares e Andrei me surpreende com seu gesto cavalheiro
ao puxar a cadeira do seu lado direito para que eu sente. Próximas a mim
estão sua tia e sua irmã Enquanto ele se posiciona na sua cadeira de anfitrião,
depois que todos os convidados estão acomodados, o jantar começa a ser
servido. Os garçons começam a circular e servir as pessoas com pratos
diversificados que variam entre a culinária italiana e a russa.
— Então, Anastácia, está gostando da Rússia? Apesar do nosso clima
ser bastante severo com invernos rigorosos e verões amenos.
— Ah... — nem tenho tempo de falar nada e já levo um apertão na coxa
como alerta. — Estou tentando me acostumar ainda. É tudo muito recente. E
sobre o clima, realmente é muito intenso o inverno daqui, e como tenho
problemas respiratórios, sempre tenho que estar com o meu remédio em
mãos. O que não era muito diferente em Roma, que costuma ser muito fria
também em determinadas épocas do ano.
— Você é tão jovem! Quantos anos tem, querida?
— Não sou tão jovem assim. Já tenho 23 anos.
Observo quando ela fica por um momento pensativa e com os olhos
cheios de lágrimas.
— Algum problema, Sra. Kátia?
— Não, querida. Nenhum. Só me lembrei de uma história triste do
passado. — ela fala e Andrei segue distraído em uma conversa com um
senhor sentado do seu lado esquerdo. — Eu tive uma linda menininha de
cabelos claros e olhos azuis, assim como os seus, mas o destino arrebatou ela
dos meus braços, e isso foi há exatamente 23 anos. Fiquei apenas emocionada
quando você me falou sua idade, porque se ela estivesse viva, teria essa idade
também, e tenho certeza que seria tão linda quanto você.
— Me desculpe! Eu não queria lhe trazer lembranças tristes.
— Você não tem culpa de nada, minha querida. Eu é que sou muito
emotiva. Quem sabe algum dia desses o Andrei possa te levar à nossa mansão
para que a gente possa tomar um chá e colocar o papo em dia? Até agora não
entendi a escolha dele em ficar no apartamento de São Petersburgo, sendo
que poderiam estar na mansão conosco. Mas a minha teoria é que ele quer
você somente para si. — Me dá uma leve risada e uma piscada de olho. —
Meu sobrinho nunca gostou de dividir nada seu.
Ah! Se ela imaginasse que é apenas uma estratégia para não me deixar
fugir e dificultar o meu resgate pelos meus irmãos, e que ainda por cima
mantém o meu namorado aprisionado...
Assim que terminamos a refeição, seguimos para o salão principal,
onde uma banda introduz uma bela canção no ambiente. Andrei me leva até a
pista de dança, a qual já se encontra vários casais.
— Muito bom, esposa! Está se comportando perfeitamente bem. — fala
isso no meu ouvido, já me dando um leve beijo nos lábios.
Quem nos vê assim, até pode pensar que somos realmente um casal
apaixonado.
Dançamos mais uma música e retornamos para perto de sua tia e irmã.
Pego uma taça de champanhe e conversamos sobre amenidades. Andrei opta
por um whisky. Já notei que essa é a sua bebida favorita. Ele não sai do meu
lado um instante, e até quando vou ao banheiro, sinto seu olhar sobre mim,
me advertindo que não posso demorar muito.
Quando retorno, passado alguns minutos, sinto ele tenso ao meu lado.
— Só um instante. Preciso resolver um problema. Já sabe, esposa:
comporte-se! — diz e se afasta de mim, me deixando com sua irmã e sua tia.
Noto quando ele se aproxima de uma mulher morena esbelta, a pega
pelo braço bruscamente e a leva para fora do local. Fico tensa na mesma hora.
— É a lambisgoia da Nádia. Ela é a ex-amante do meu irmão. —
Rebeca fala se aproximando de mim. — Com certeza soube do evento e veio
armar algum escândalo. Sempre a detestei! Muito cheia de si. Parece até que
tem alguma pretensão de ser a senhora Barkov. Fico muito feliz que você se
casou com meu irmão, e não ela.
Com essas palavras fico ainda mais possessa. Quer dizer que o que
aquelas duas funcionárias da loja conversavam, fazia mesmo sentido? Meu
marido tem uma amante? Ou mais de uma? Só Deus sabe! Todo esse
teatrinho de marido apaixonado e eu bancando a esposa perfeita para ele me
fazer de chacota na frente dos outros. Isso eu não admito! É guerra que meu
marido quer? Pois assim será!
Observo a sala até encontrar o que estou procurando: um jovem rapaz
na faixa de uns vinte e cinco a vinte e sete anos. Ele não tirava os olhos de
mim na mesa de jantar. Fiz de conta que nem vi, mas agora me será útil. Dou
um pequeno sorriso sedutor para ele, que nesse momento se encontra
recostado em um pilar com um copo de bebida na mão enquanto me analisa.
Com o meu incentivo, o rapaz abandona sua bebida em um balcão próximo,
se dirige na minha direção e me chama para dançar.
— Anna, é melhor não. Conhecendo o meu irmão, ele não vai gostar de
nada disso.
É exatamente essa minha intenção, cunhadinha.
— Não se preocupe, Rebeca! Com o meu marido, eu me entendo. É só
uma dança, nada demais.
E com um sorriso vitorioso já tomo minha decisão e coloco minha mão
na do rapaz, que me conduz para dançar na pista. Se o meu marido se acha no
direito de ter uma amante, não vejo nenhum problema em uma simples
dança.
— Agora sei porque Barkov a mantém afastada da sociedade.
Realmente é uma verdadeira joia rara. Se eu a tivesse para mim, também faria
o mesmo.
Não digo nada. Simplesmente com um jeitinho coquete ensaio o meu
mais lindo sorriso e me recosto no seu ombro ao som de uma música lenta
que soa através do ambiente, nos permitindo uma maior aproximação.
De repente me sinto ser puxada de forma brusca e só vejo um vulto
passar por mim. O rapaz está caído no chão e com a boca ensanguentada.
— Nunca mais ponha suas mãos imundas na minha mulher, se ainda
quiser viver!
O rapaz rapidamente é socorrido e levado para longe por dois homens.
— Andrei! Por Deus! Era somente uma dança!
— Calada, printsessa! Hora de voltamos para casa! Um minuto que a
deixo sozinha e você apronta? Eu falei que teria consequências e não estava
brincando. — Me fita com aquele olhar frio.
— Andrei, meu menino! — sua tia tenta intervir com uma voz doce e
suave, capaz de acalmar qualquer pessoa, menos meu marido. — Anastácia
só estava dançando, nada demais.
— Tia, por favor! Não se meta no meu casamento! Da minha esposa,
pode deixar que cuido eu. E já estamos de saída.
A Sra. Kátia o segura pelo braço, dizendo algo em seu ouvido. Não
pude ouvir sua voz por causa dos murmúrios que estavam nos cercando.
— Andrei, lembre-se de uma coisa: sua esposa é apenas uma menina.
Não a machuque!
Sem mais, meu marido sai, me arrastando do salão. Droga! Por que
sempre que eu tento desestabilizá-lo, volta para mim? Mas não imaginava
que dessa vez ele fosse agir em público como um homem das cavernas. Pelo
ódio que vejo em seu olhar, só posso deduzir que estou muito ferrada.
Andrei parece que a qualquer momento arrancará meu pobre braço. Sua
força brutal me assusta. Mesmo que eu tente esconder minhas reações, sinto
que ele é capaz de farejar meu medo, e faria isso mesmo se eu estivesse há
quilômetros de distância.
— Não vai dizer nada, esposa?
— Não vai adiantar mesmo. — respondo baixinho.
— Ótimo! Já aprendeu que comigo não se brinca, princesa.
O som da porta do carro batendo é estrondoso.
— Você aprenderá de uma vez por todas que não se brinca com Andrei
Barkov!
A viagem de volta durou em torno de uma hora e trinta minutos. Foi
tensa! Andrei me deixou sozinha, sentada na poltrona do jatinho, e veio na
cabine de comando. Quando chegamos na pista de pouso e descemos do jato,
já tinha um carro nos aguardando.
Seguimos para o apartamento. O silêncio se faz presente em todo o
percurso. Eu já estou desesperada, sem saber o que esperar, imaginando que
essa calmaria toda do meu marido não trará coisas boas. Só de pensar, um nó
se forma na minha garganta. Maldito russo!
Quando entramos no apartamento, Andrei me leva direto para um
quarto que fica totalmente oposto ao nosso. Nunca havia observado antes.
Pensei que fosse somente mais um quarto de hóspedes.
Chegando lá, fico gelada quando vejo o lugar. Parece mais um cenário
saído do filme “50 tons de cinza”. Uma ampla cama dossel está no meio com
uma colcha dourada e há cortinas da mesma tonalidade. O quarto é todo
vermelho com alguns relevos nas paredes e a mobília é toda preta. Observo
que em uma extremidade tem uma espécie de “X” na parede e correntes.
Estremeço só de cogitar para que serve isso. Perto há um assento estranho
com um lado mais elevado do que o outro. Tenho certeza que não é usado
para descanso. Mais um arrepio atravessa o meu corpo só de eu imaginar.
No outro canto oposto, há um tipo de mesa que mais parece de tortura,
com algemas nas extremidades. Tem vários outros apetrechos espalhados
pelo quarto, como diversos modelos de chicotes, cordas e algemas.
Tento argumentar:
— Por... fa.. vor, Andrei... — hesito um pouco. Estou com muito medo.
— Não me machuque! — As lágrimas começam a rolar pelo meu rosto.
A suã expressão severa não se altera.
— Eu te avisei, printsessa! Não gosto quando tenho que machucá-la.
— Seu olhar psicopata me deixa em pânico. — Mas você pede por isso.
Tremo só de pensar o que ele pode fazer comigo. Fico perdida nos
meus pensamentos.
— Bem-vinda, printsessa! Conheça o komnata distsipliny (quarto da
disciplina). É aqui que garotas rebeldes aprendem a ser obedientes.
Fico ainda mais tensa quando o ouço dizer isso e tento argumentar:
— An... Andrei, po... por favor! N... não! — gaguejo e mais lágrimas
descem. Estou com um medo muito grande e real do que ele possa fazer
comigo.
Ele me pega com força pelos ombros, me machucando, e põe um dedo
nos meus lábios.
— Shiiiii! Caladinha, printsessa! Eu estou puto de raiva com o que
você fez. Por isso, não piore ainda mais as coisas para você. Nada do que
disser vai impedi-la de receber o seu castigo. E eu vou adorar discipliná-la. Já
pensava em lhe trazer aqui, só não imaginei que seria tão breve.
Ele fala isso e já começo a chorar. Sei da sua força. Andrei vai me
machucar. Não posso enfrentá-lo, pois só piorará as coisas. Meu esposo é
brutal com todo o seu tamanho corporal e músculos. De nada adiantaria bater
de frente. Por essa razão me mantenho calada.
Meu marido toca no meu rosto, traçando as minhas lágrimas, e
sussurra:
— Então vamos às regras, lyubov (amor)! Você não olhará diretamente
em meus olhos, a não ser que eu ordene. Não dirá absolutamente nada, a não
ser que eu autorize. E quando se dirigir a mim, vai me chamar de mestre.
Aqui você será minha escrava, minha submissa. Entendeu?
— Sim.
Sem aviso sou atingida por um tapa no rosto, que não foi tão forte, mas
mesmo assim me deixou alerta para o que virá.
— Se não obedecer às regras, terá consequências, Anastácia! Eu
perguntei se você entendeu, printsessa.
— Sim... mestre. — falo com a voz já embargada pela angústia.
É doentia a maneira que ele deseja conduzir nossa relação. Eu não
gosto de ser submissa, até porque minha índole não é ser obediente a marido.
Por minha vontade, não estaria casada com ele. Repudio esse homem mais do
que qualquer outra coisa nesse mundo. Sua avareza me irrita, seu olhar me
faz querer matá-lo, sua posse sobre mim me causa nojo e sinto náuseas só de
imaginar o que irá acontecer comigo nesse momento.
— Muito bem, krasivaya zhena (bela esposa)! Agora tire a roupa!
Fico mais nervosa ainda com seu tom sombrio de falar. Não tenho
alternativa. Se não o obedecer, sei que será pior. Lentamente abaixo a alça do
vestido. Para a minha infelicidade, estou sem sutiã. Desço o zíper com
alguma dificuldade, mas consigo. O vestido começa a escorregar pelo meu
corpo, e quando chega aos meus pés, saio de dentro dele e o jogo de qualquer
jeito para o lado, ficando somente com uma calcinha branca de algodão. Me
mantenho estática e com medo do que possa vir.
Noto quando Andrei pega algo em uma cômoda preta e vem na minha
direção. Parece ser uma coleira de diamantes, do tanto que brilha. Ele fica
paralisado, me observando da cabeça aos pés, e passeia seus olhos pelo meu
corpo, admirando-o como se nunca cansasse de me analisar. Ouço seu longo
suspiro antes de vir em minha direção. Enquanto coloca a coleira no meu
pescoço, afasta o meu cabelo para o lado e continua me contemplado. Não
digo nada e nem o impeço, só sinto um medo imensurável do que estar por
vir.
— Tão linda minha princesinha rebelde e virginal! Agora tire a
calcinha também!
E com mãos trêmulas faço o que pediu. Retiro a calcinha, a jogando em
qualquer canto do quarto.
Andrei então vem na minha direção, como um animal faminto, pega em
minha mão e me leva aonde eu mais temia: a mesa de tortura. Só pode ser.
Observo que a mesma é levemente acolchoada.
— Vem, lyubov'! — diz isso já me colocando sobre a mesa. Seu tom de
voz é tão autoritário que sinto meu coração bater de forma enlouquecida.
Calma, Anastácia! — falo para mim mesma, tentando me acalmar.
O pior é que ele me violará e nada poderei fazer. Com esse
pensamento, mais lágrimas descem pelo meu rosto enquanto ele prende meus
pulsos com as algemas que são feitas de um material de couro acolchoado,
sem me machucar. Me sinto totalmente exposta e vulnerável nessa posição.
— Ainda nem iniciei a disciplina e a minha esposinha só sabe chorar?
Cadê sua coragem agora, printsessa? — fala isso passeando levemente as
mãos pelo meu rosto e descendo-as pelo meu corpo, até alcançar meus seios.
Os toca de maneira suave, sem machucar.
Fico confusa com seu gesto, pois pensei que me violaria de forma
bruta, como fez na primeira vez. Fecho os meus olhos brevemente tentando
buscar algum equilíbrio dentro de mim enquanto ouço ele começando a
retirar suas roupas. Abro meus olhos lentamente e Andrei está parado na
minha frente, completamente nu e excitado. Eu sei que vai me machucar.
Minhas lágrimas já começam a molhar meu rosto. Vejo quando ele começa a
se masturbar. Seu membro enorme e robusto ganha ainda mais vida em sua
mão. Sei que agora ao invés de sentir prazer, aquela coisa me causará dor.
Me arrepio toda quando o russo diz:
— Minha printsessa tão linda! Posso sentir o cheiro do seu medo daqui.
— Respira como se estivesse sentindo a minha dor, dá um sorriso seguro de
si e continua. — Tem razão em sentir medo, minha garotinha rebelde. Adoro
meninas desobedientes. Você não sabe o prazer que terei em discipliná-la.
Tenho vontade de encher essa bunda gostosa de vários tapas até deixá-la
vermelha. E vou fazer isso. Mas vamos começar a sua disciplina com uma
bela surra de pau. — fala e avança como um animal faminto sobre mim.
Fecho os meus olhos rapidamente. Não quero ver seu ataque sobre o
meu corpo. Meu coração acelera com a sua aproximação. Andrei se inclina
sobre mim e sinto sua respiração passear pelo meu corpo brevemente até
chegar no meu rosto. Levemente seus lábios tocam no meu e eu fico tensa e
sem reação. Ele segura meu queixo.
— Olhe para mim! — ele ordena e eu abro os meus olhos, encontrando
as suas íris sombrias sobre mim. Vejo o seu semblante cheio de tesão e
desejo. — Me corresponda, porra! Será que minha linda esposa ainda não
aprendeu como aplacar um marido furioso? — Dá um sorriso confiante. —
Ótimo! — Sorri cafajeste. — Terei o maior prazer em lhe mostrar.
Fico confusa com essa nova atitude de Andrei, pois tudo indica que ele
irá me violar e me machucar de qualquer jeito. Será que só quer me fazer
sentir medo e não pretende me machucar? Ele recomeça sua posse em meus
lábios. De início, o beijo começa leve, como se só quisesse aplacar os meus
medos, e logo sinto suas mãos acariciarem o meu corpo. Seu membro rijo e
enorme encosta na minha entrada, sem forçar, enquanto ele intensifica o
nosso beijo de uma forma incontrolável. Eu amo a forma que esse homem me
beija, fazendo meu corpo ganhar vida e ansiar por mais.
Sinto suas mãos irem de encontro aos meus seios, que já estão sensíveis
pelo seu toque. Seus dedos continuam explorando meu corpo, o
reverenciando e o adorando. Dos meus lábios sai leves gemidos de satisfação
e o desejo se torna irresistível. Isso faz com que Andrei se afaste um pouco
de mim e me direcione um sorriso safado. Sua boca desce pelo meu pescoço,
distribuindo vários beijos até alcançar meus seios, que já se encontram
enrijecidos a espera da sua posse voraz. Ele leva um deles à boca e o suga de
maneira gulosa, me fazendo sentir uma onda de prazer atravessando meu
corpo. Andrei alterna entre um e outro. Sua posse é enlouquecedora.
Meu esposo inclina a cabeça, olhando para mim e me dando um sorriso
cheio de segundas intenções. Suas mãos experientes vão em direção a minha
boceta, que já se encontra úmida, procurando o meu ponto de prazer.
— Minha esposinha gostosa está tão pronta para mim! — Me dá um
sorriso sacana. Sinto quando ele segura o seu membro grande e potente, e o
esfrega na minha vagina, sem entrar. — Olhando você assim tão linda e
vulnerável para mim, só consigo me imaginar no meio dessas pernas fazendo
isso.
E com uma forte arremetida, Andrei se apossa do meu corpo. De início
é dolorido. Apesar do meu corpo estar preparado para recebê-lo, ele é muito
grande — ou eu sou pequena demais. — Mas no final, nos encaixamos
perfeitamente. Seus movimentos são intensos e firmes. Resolvo envolver os
seus quadris com minhas pernas para ter um melhor acesso. Andrei parece
surpreso com minha atitude, mas não diminui a sua posse sobre o meu corpo.
Observo de canto de olho um rastro de sorriso presunçoso surgir no seu belo
rosto.
Ele retorna com suas estocadas cada vez mais fortes dentro de mim,
alcançando lugares que nunca imaginei existir e levando-me a sensações
inacreditáveis. Já começo a sentir os primeiros sinais do orgasmo virem à
tona. Fecho meus olhos com força, esperando ser arrebatada por aquelas
vibrações já bem conhecidas pelo meu corpo, mas o russo interrompe os seus
movimentos e sai de dentro de mim, me deixando com uma sensação de
vazio. Bufo frustrada. Com os meus olhos semicerrados vejo um sorriso
zombeteiro surgir na sua bela face sombria.
— Ainda não, princesa! Essa será sua primeira punição por ter me
desobedecido.
Enquanto ainda sinto meu corpo quente e insatisfeito, noto quando
Andrei solta meus pulsos das algemas e me puxa da mesa , me fazendo ficar
de bruços sobre a mesma. Me alerta em seguida:
— Seus braços ficarão livres, lyubov' (amor), mas não pode sair dessa
posição sem minha autorização. Entendeu?
— Sim. An... mestre. — me corrijo a tempo
— Muito bem! Boa garota! Merece ser recompensada... ou não. — fala
isso com uma voz baixa e arrastada pelo tesão, fazendo todos os pelos do
meu corpo se enriçarem em expectativa.
Ele desfere um tapa forte no meu bumbum.
Noto que se afasta brevemente, mas logo retorna com algo nas mãos.
Fico tensa quando venda meus olhos, mas logo sussurra no meu ouvido de
forma fogosa, fazendo meu corpo ansiar pelo seu toque.
— Calma, printsessa! Prometo não fazer nada além de te dar prazer.
Mesmo que você mereça o contrário por me desafiar, eu não consigo
machucá-la. Isso é uma droga. Não posso lutar contra isso.
Andrei parece lutar contra algo muito forte dentro de si.
As sensações agora são altamente ampliadas com minha visão
completamente coberta. Sinto sua respiração próxima do meu ouvido e ofego
esperando o próximo passo. Logo sinto algo percorrer minhas costas. O que e
isso? Um chicote? Fico tensa na mesma hora.
— Calma, amor! Um pouquinho de dor faz parte do prazer. — fala isso
e me dá uma palmada nas nádegas.
Continua com sua exploração pelo meu corpo, até que sinto o chicote
passeando pela minha bunda e pernas, parando na minha entrada e voltando
para o bumbum de novo. Só que dessa vez ele desfere o golpe em uma das
minhas nádegas. Arquejo com a dor latente no local, soltando um breve
gemido sofrido.
— Isso é o que meninas levadas merecem por desobedecerem o
marido. — fala isso e me dá outra chicotada.
Ele passa a mão no local, como se fosse para atenuar a batida.
— Vermelhinha como eu gosto. — confessa e desfere mais algumas
chicotadas no meu bumbum.
Fico já em estado de alerta. Minha respiração sai de forma ofegante.
Fico tensa sem saber o que virá a seguir, mas permaneço na mesma posição.
Sinto sua mão no meu quadril. Ele leva seu membro à minha entrada,
sondando o meu canal com o seu pênis grande e grosso. Em seguida dá leves
pinceladas, de cima para baixo, me deixando extremamente encharcada.
— Uhhh... Amor! Parece que minha garotinha está gostando do castigo.
Sua boceta já está encharcada querendo o meu pau.
Andrei volta a me foder de forma dura e rápida. Fico ofegante com seu
modo selvagem de me tomar para si. Pega meus cabelos, fazendo neles um
rápido rabo de cavalo em sua mão enquanto de maneira firme continua com
suas estocadas potentes sobre o meu corpo. A dor da chicotada já foi
completamente apagada pela onda de desejo que volta a tomar meu
organismo. Sinto minhas nádegas quentes, mas agora só restou uma dor
gostosa, misturada com o tesão do momento.
Ele se inclina mais uma vez sobre mim, sussurrando palavras cheias de
tesão e posse no meu ouvido.
— Você é minha, Anastácia, desde quando nasceu. É minha e ninguém
vai tirá-la de mim. Ninguém, minha gostosa. Entendeu?
Meu corpo todo reage às suas palavras de posse. Sinto um turbilhão de
sensações levarem meu corpo a violentos espasmos. Andrei notando meu
estado, aumenta o ritmo das investidas de forma ainda mais intensa e
selvagem, me levando quase ao limite da inconsciência. Sentindo um prazer
intenso me dominar, alcanço o ápice.
— Isso, minha esposa rebelde! Goze gostoso no meu pau!
E com essas palavras quentes e sacanas, sou arrebatada pelo gozo,
sendo engolfada por vários espasmos de prazer ao mesmo tempo em que com
um gemido alto e primitivo sinto o corpo forte e musculoso de Andrei
estremecer sobre o meu, encontrado seu próprio êxtase. Por alguns instantes
só podia se ouvir nossas respirações no ambiente. Sinto meu marido
abandonar meu corpo. Minha intimidade está completamente dolorida, mas
me sinto plenamente satisfeita.
Ele tira a venda dos meus olhos, beija meus cabelos, me pega no colo e
me leva para a cama.
— Caramba, printsessa! Que delícia! Cada dia você me surpreende
mais. Agora descanse um pouco, moy angel (meu anjo)! Sua disciplina está
apenas começando. — sussurra de uma forma maliciosa no meu ouvido e
beija meus lábios levemente.
— YA bez uma ot tebya, moya printsessa (Sou louco por você, minha
princesa)! E nenhum filho da puta vai tirá-la de mim.
Já sinto o cansaço vir sobre mim e meu último pensamento antes de
apagar é que às vezes vale a pena ser uma garota rebelde. Com um sorriso
satisfeito nós lábios, apago.
Amanhã será um novo dia, uma nova oportunidade de fugir desse
crápula russo.
Estou no meu escritório agora com o meu braço direito da organização,
Max Makarov, meu consigliere. Ele me repassa os últimos acontecimentos e
o andamento dos negócios. É um dos poucos que confio plenamente no
Conselho, é como um irmão que nunca tive. Não tenho dúvida da sua
lealdade. Aproveito para solicitar que continuem a intensa vigilância nos
portos e rodovias, se atentando a qualquer movimentação suspeita na área.
Nenhum Grego entrará em meu território sem minha permissão. Eles não
iriam gostar da recepção. Ainda estou muito puto de raiva com a decisão
deles de terem quebrado o acordo e me afastado da minha bonequinha. Me
isolaram dela durante anos, os quais nunca poderei recuperar. Depois dessa
afronta, ainda foram coniventes com o relacionamento da minha loirinha com
aquele moleque. Até parece que não me conheciam! Nada fica no meu
caminho e eu sempre vou atrás do que é meu. Agora será a vez deles
provarem do próprio veneno. Sorrio com a minha conquista.
— E então, Barkov, como anda o casamento? Sua esposa já conseguiu
assimilar a nova realidade? — Max me interroga.
— Max, você melhor do que ninguém me conhece e sabe bem que eu
não sou de desistir fácil. Se quero algo, simplesmente tenho. E apesar da
resistência da minha bela esposa, e mesmo eu não confiando plenamente
nela, posso dizer que estamos nos dando muito bem, principalmente na cama.
— Sorrio com a lembrança da sua doce entrega à minha posse.
— Parece que em breve teremos um herdeiro Barkov a caminho.
— É o que espero, Max.
— Será que tem um Barkov apaixonado?
Dou uma sonora gargalhada da sua colocação.
Max e eu temos intimidade o suficiente para conversar sobre todos os
nossos problemas. Ele é o único que realmente confio, o único amigo que
tenho de verdade. Não está comigo por interesse e leva uma vida comum,
rodeado das mais belas mulheres. Um mulherengo incurável.
— Claro que não, Max. — Fecho a expressão. — Você sabe muito bem
porque fiz isso. Não tem nada relacionado a amor ou algo do tipo. Esse
sentimento é para os tolos. Essa menina simplesmente é minha desde o dia
que nasceu e ninguém vai ficar no meu caminho. Você sabe muito bem o
quanto sou possessivo. Anastácia é exclusivamente minha propriedade e nada
mais.
— Tudo bem. Se você diz isso... Não está mais aqui quem falou.
Noto sua expressão divertida, como se não acreditasse no que estou
falando. Só não lhe dou um tiro no meio da testa agora mesmo porque ele é
um excelente consigliere e eu não posso ficar sem um no momento.
— Uma última colocação. Vejo que você, Andrei, com a Anastácia, já
superou aquela mulher do passado.
— Anastácia tem o dom de me fazer esquecer de tudo e de todas. É
como se ela nunca tivesse existido. — Estamos falando bobagens demais,
então decido mudar de assunto. — Ótimo! Melhor assim. Mudando de
assunto, como está o prisioneiro?
— Está tudo sob controle, chefe. Só aguardando as suas ordens.
— Excelente! Espero que esteja sendo bem cuidado. Não quero ouvir
reclamações de que ele não foi bem recebido em meu país. — digo divertido.
Quando Max se retira para cumprir minhas ordens, levo a mão até a
chave que se encontra em um cordão que carrego sempre comigo no pescoço.
O tiro e abro a gaveta da escrivaninha onde guardo os segredos da vida da
minha adorada esposa. Por isso a proibi de entrar no meu escritório. Aquele
dia que ela o invadiu, só não a puni porque achei até engraçado sua cena de
ciúme. Anastácia entrou nesse cômodo igual um furacão, fazendo exigências
descabidas. Ora, é o nosso mundo. Eu posso ter quantas amantes eu quiser. E
só não tenho uma no momento porque aquela vadia da Nádia, minha ex-
amante, já está enchendo o meu saco e fazendo várias imposições. Quem essa
puta acha que é para me exigir algo? Só porque estava aquecendo a minha
cama se acha especial. Só não a eliminei antes em consideração aos bons
momentos que passamos fodendo, mas já estou me arrependendo dessa
decisão. Naquela noite foi exatamente isso que disse para ela: que se a visse
próxima da minha esposa, a eliminaria sem pensar duas vezes. A infeliz
achou que eu ia cumprir o contrato somente pela herança da minha mulher e
que logo após o casamento, me livraria da minha printssessa para ficar com
ela. Muita petulância dessa meretriz pensar que eu trocaria a minha linda
menina inocente por uma rameira!
Torço minha boca em uma expressão de desgosto quando me lembro o
que minha esposa aprontou também. Anastácia não se comportou como uma
mulher obediente deve se portar ao se envolver com aquele pirralho, e ainda
me fez de paspalho perante a sociedade e diante dos meus inimigos. Fervo de
raiva só de pensar que aquele infeliz tocou na sua pele suave e delicada. Não
fiz picadinho daquele maldito porque ele não a teve como mulher. Se aquele
desgraçado tivesse tocado no que é meu, já teria há muito tempo virado
comida de abutre. Somente eu posso tocá-la e admirar toda a sua beleza e
formosura. Mas se bem que aquele verme está servindo aos meus propósitos.
Agora mesmo está naquele galpão, encarcerado em uma cela, vivendo a base
de pão e água, sem muitas regalias, com alguns soldados fazendo a sua vigília
e aguardando as minhas ordens, para que a qualquer deslize da minha
princesinha, eu o faça virar comida de tubarão, sem pensar nas consequências
que possam advir dos meus atos. Espero que aquele maldito esteja agradecido
pela sua nova estadia, pois ele vai permanecer lá por um bom tempo. Sorrio
vitorioso.
Recebi vários telefonemas da família daquele verme. Os irmãos
Lukorve estão preocupados com o destino da infeliz criança que um dia
ousou tomar o que me pertence. Enfim, primeiro disse que não machucaria o
idiota e que algum dia poderia ser benevolente, o deixando ir. O que não é
verdade. Se por acaso isso chegar a acontecer, talvez um acidente possa
ocorrer com o maldito.
Pego a pasta que estão guardados os papéis da origem da minha linda
esposa, juntamente com várias fotos da mesma em muitos estágios da sua
vida, sua certidão de nascimento original e a carta que aquele velho maldito
me deixou antes de partir. Ele foi pego em uma emboscada, e quando
chegamos lá, já estava agonizando em seus últimos suspiros. Só deu tempo
dele me entregar esse cordão que carrego sempre comigo com a chave e de
me repassar as informações que envolviam o nascimento da minha prometida
Anastácia. Senti quando ele ia me falar sobre outro assunto, mas com uma
forte expectoração de sangue saindo de sua boca, deu seu último suspiro e se
foi dessa para uma pior.
Fiquei chocado quando soube dos mistérios que envolvem a origem da
minha esposa. Por mim, ela nunca saberá da sua descendência, e sei que se os
Grego não contaram, não vão abrir o bico agora, pois tenho certeza que se
Anastácia descobrisse sobre a procedência do seu nascimento, com o gênio
explosivo que tem, iria odiá-los por terem lhe omitido a verdade e se sentiria
traída pela única família que conheceu.
Verifico mais uma vez a pasta e constato que está tudo em ordem.
Apesar de estar seguro aqui esse documento, tenho que ser bem cauteloso. A
ponho de volta na gaveta, a guardando, a tranco e recoloco o cordão no meu
pescoço.
Temos algo em comum: o gênio forte e explosivo. É uma maldita
herança de família, exceto pela minha tia e minha irmã, que não são assim.
Ambas têm a doçura de um anjo.
Vou até a bancada onde ficam as bebidas e me sirvo de uma dose de
whisky enquanto relembro da fantástica noite vivida há três dias quando tive
minha bonequinha totalmente submissa a mim no quarto vermelho. Seu olhar
assustado no início... Fico duro só de pensar nela. Maldita obsessão! Nunca
me canso de fodê-la. Por agora não necessito de nenhuma amante, visto que
só minha menininha me satisfaz. Nem parece que passamos metade da manhã
fodendo.
Provavelmente ela deve ter visto um jornal velho que ainda continha
fotos minha e da Nádia. Sou uma figura pública, portanto, sempre há
paparazzo atrás de mim. Alguns são pagos para publicarem apenas as "coisas
limpas".
Retorno à realidade quando ouço batidas na porta. Deve ser o advogado
que estou esperando.
— Entre! — peço de forma firme.
— Licença, senhor Barkov. Aqui estão os papéis que comprovam o
casamento entre o senhor e a senhora Grego.
— Não existe mais “senhora Grego”, Ivo.
— Ah... Claro que não, senhor Andrei! Me desculpe! Quis me referir à
senhora Barkov.
— Ótimo! Gosto de deixar as coisas bem esclarecidas.
O homem treme horrores. Sabe bem da minha fama de implacável.
Qualquer coisinha fora do meu agrado há consequências.
— Aqui está tudo que eu te pedi? — pergunto.
— Sim, senhor. A parte burocrática também já foi liberada. A fortuna
da senhori... da senhora, sua esposa, já encontra-se depositada em seu nome.
Pelo menos ele sabe ser eficiente. Caso contrário, eu o teria matado
quando assumi os negócios. Ivo é advogado da família há anos, já trabalhou
com meu pai e agora comigo.
— E os Grego? Como se portaram na reunião e reagiram à notícia do
meu casamento?
— Bom... — o homem começa com receio. — É... O senhor Enrico
Grego não ficou nada contente, senhor, mas diante das provas exibidas, seria
impossível reverter esse acordo, que agora querendo ou não, já está
consumado e mais do que nunca firmado. Então mesmo a contragosto, ele
assinou.
— E quanto aos demais?
— O senhor Enzo Grego não ficou presente na sala de reunião assim
que soube do que se tratava e saiu que nem um louco prometendo que isso
não ficará assim.
— A senhora Grego estava presente?
— Ah, sim. Claro. Coitadinha! Só fazia chorar e se lamentar. Dizia que
não deveria ter sido dessa forma e que por isso sempre foi contra a quebra do
acordo. Ela lhe pediu uma coisa, senhor Barkov.
— Sim, homem, fale logo! — Já bufo impaciente.
— Pediu que não machucasse a menininha dela. Foram exatamente
essas as suas palavras.
— Isso é entre eu e minha esposa rebelde, e eu escolho o modo de
discipliná-la. — falo já estressado. — Algo mais, Ivo?
— Não, senhor. Isso é tudo.
— Excelente! Bom trabalho, Ivo! Qualquer coisa volto a te procurar. —
me despeço do homem com um breve cumprimento de mãos.
Um sorrio vitorioso surge no meu rosto. Satisfeito: essa é a palavra que
me define nesse momento. Nada mais está no nome da minha esposa. O
contrato que assinei há alguns anos deixa muito explícito que no dia em que
Anastácia Grego fosse minha mulher, todos os seus bens passariam para o
meu nome. Andrei Barkov, seu único dono, meu anjo, e agora mais do que
nunca. Essas são as leis da máfia.
A única coisa mais satisfatória do que ver minha esposa totalmente
dependente de mim, é ver a assinatura do Enrico Grego no papel de liberação
que agora está em minhas mãos. Posso me divertir imaginado o ódio do meu
cunhado por ter sido obrigado a assinar esse documento. Ele foi incitado a
consentir e a reconhecer que agora o acordo está mais do que firmado e não
tem mais volta, principalmente depois da comprovação e constatação da
consumação do casamento. Fiz questão de mandá-lo o lençol manchado do
sangue virginal da minha doce esposa. Mas tenho plena convicção de que
apesar de tudo, os Grego ainda não desistiram e tentarão tirar a minha menina
de mim, e isso eu não vou permitir, nem que para isso eu precise eliminar
meus queridos cunhados do meu caminho.
Estou ansioso para dar a notícia à minha doce e pequena mulher. Sua
reação será muito divertida. Seu marido poderá contemplar toda a sua
insatisfação ao saber dessa informação que ela receberá ainda hoje. Agora
Anastácia é completamente minha, absolutamente, ninguém pode tirá-la de
mim.
E ela mesma agora comprovará. Finalmente vai entender isso através
desse papel, que está o consentimento dos Grego. Por mais que tenha sido de
forma forçada, eles reconheceram que Anastácia é minha esposa legítima, e
nada poderá mudar isso.
Entro em nosso quarto e olho em volta, procurando por Anastácia. Não
está na sala. Penso que pode estar em algum lugar do nosso quarto. Busco por
ela dentro do closet e vejo apenas roupas espalhadas pelo chão, junto com
sapatos e bolsas por todos os lados. Onde está minha esposa? Que diabos de
bagunça é essa?
A procuro em volta da sacada e constato que a porcaria da janela está
aberta. Será que ela...? Por um segundo sinto que meu coração palpita
levemente fora do ritmo. Aperto os olhos com força. Não quero pensar nessa
possibilidade. Rapidamente desbloqueio meu celular e as imagens de todo o
apartamento aparecem na tela 6.5 do meu aparelho personalizado
exclusivamente por uma marca que comprei há alguns meses. É moderno e
eficiente. Quando comprei a marca, decidi que derrubaria muitas outras
famosas, e estou conseguindo.
Sou um egoísta por querer Anastácia somente para mim e um filho de
uma mãe sortudo por ter conseguido trazê-la para cá. Todo o meu plano de
sequestrá-la valeu a pena, e também cada noite que passei acordado pensando
em como chegar na Itália sem tomar um tiro ou ser fuzilado pelos Grego.
Confesso que não foi nada fácil me controlar todas as vezes que a via naquele
corredor daquela maldita universidade com todos aqueles infelizes a
devorando com o olhar. Inúmeras vezes precisei quebrar xícaras de café para
não sair atirando naqueles moleques abusados que desejavam a minha
propriedade. Sim! Minha propriedade! Diferente de todos os imóveis e joias
de família valiosas que eu detenho em meu nome, minha garota é a mais
valiosa de todas. Sua delicadeza me deixa encantado. Algo nela faz eu me
sentir fraco. Houve momentos em que desejei que tudo isso fosse real e que
ela realmente pudesse me amar. Quero tudo dela. Quando estamos unidos
pelo sexo, sinto que Anna seria capaz de me fazer largar tudo para ir viver
com ela em uma ilha deserta, apenas nós dois.
— Andrei! — ouço sua voz suave.
Meu olhar se direciona para a entrada do quarto. Guardo o celular
novamente no bolso da calça. Minha menina me encara com os olhos
apertados. A cada dia que passa, ela se torna mais bonita, mais minha.
— Onde você estava, meu anjo? — pergunto com exaustão.
— Na cozinha. Precisava de sacolas. — Mostra-me as mesmas.
Ela se dirige ao closet, abaixa-se para pegar algumas roupas no chão e
as carrega para cima da nossa cama. Repete esse gesto umas quatro vezes até
levar tudo. Acompanho seus passos e olho aquela cena, intrigado. Anastácia
está arrumando as roupas em sacolas plásticas grandes.
— O que está fazendo?
— Guardando as roupas. Não vê?
— Por que está guardando nessas sacolas?
— Eu tenho roupas, sapatos e bolsas demais. A maioria nunca irei usar
e só ficam tomando espaço no armário. Então por que não doar? Algum
problema?
— Não.
Fico impressionado com essa conduta da minha esposa. A cada dia
mais venho me surpreendendo com suas atitudes. Sempre a imaginei como
uma menininha mimada e agora vejo essa nova faceta dela que me deixa
ainda mais encantado.
Caminho em direção à pequena adega que fica em nosso quarto e me
sirvo uma dose de conhaque. Confesso que o medo de perdê-la me fez sentir
algo estranho dentro de mim, algo jamais experimentado antes em toda a
minha vida.
— Andrei, espero que não se importe por eu não querer algumas coisas
que você comprou para mim. — sua voz se torna baixa em meus ouvidos.
— Não, moy angel (meu anjo). Se quiser doar tudo e comprar tudo
novo, terei o maior prazer em te proporcionar esse agrado.
Beberico aquela bebida rapidamente me sentindo um pouco melhor no
final da segunda dose. Agora posso voltar à minha pose de antes. O sol entra
pela janela, fazendo seus fios loiros brilharem cada vez mais. Um anjo de
cabelos dourados. Sua face angelical não deixa dúvidas sobre sua semelhança
com os anjos. Paro para admirá-la. Nunca me canso de ver essa pequena
menina rebelde fazendo coisas de gente grande. Anastácia é tão pequena e tão
baixa, que em certos momentos preciso me controlar, pois é provável que eu
quebre toda sua estrutura com meus movimentos rápidos e brutais. Nunca
precisei pegar leve com uma mulher como pego com ela.
Encaro sua pequena barriga sequinha e muito modelada. Qualquer uma
sentiria inveja do seu corpo perfeito. Apenas algo me deixaria ainda mais
feliz: poder contemplar minha garotinha grávida. Em breve quero ter filhos.
Abro um sorriso malicioso ao imaginar o quanto estamos trabalhando para
isso. Acima de qualquer coisa, preciso de um herdeiro da mulher que fez eu
me sentir vivo novamente.
— O que você tanto olha em mim?
— Sua beleza.
Ela parece que nunca irá se acostumar com meus elogios e cantadas,
sempre ruborizando com isso e com um simples olhar. Me fascina!
— Que papéis são esses? É algo do meu interesse?
Havia me esquecido completamente do meu objetivo: mostrar esses
papéis para ela finalmente saber que agora mais do que nunca está totalmente
depende de mim. Não há mais nada a ser feito. Somos casados e toda sua
fortuna agora me pertence.
— Veja você mesma, meu amor!
Anna pega os papéis em minhas mãos com um sorriso fora do comum
nos lábios. Não tem noção do que há escrito nessas folhas.
Seu sorriso vai morrendo aos poucos e ela não consegue disfarçar seu
descontentamento ao constatar aquela realidade. Me devolve os papéis,
tentando não demostrar sua fragilidade diante da situação. Me contenho para
não rir da sua carinha de menina descontente.
— Não pode ser! Meus irmãos nunca concordariam com isso. — Seus
olhos ficam marejados e sua respiração acelerada, como se procurasse se
controlar.
— Esse papel comprova que sim. Não vai dizer mais nada, esposa?
Noto que ela procura se recuperar da surpresa e tenta mostrar que a
notícia não a abalou.
— Eu não sabia que tinha tantos milhões em meu nome. Sempre que
precisava de dinheiro, meus irmãos me davam tudo para que eu pudesse
gastar sem me preocupar. Se soubesse que tinha tudo isso, teria comprado
alguns sapatos da coleção passada dos Turks.
— Sei que não gostou do que leu. Agora que sabe que sou o único
representante do seu patrimônio, esteja convicta de que não irei te privar de
nada, pelo contrário, seu dinheiro não faz a menor diferença para mim. Não
se preocupe! Não irei usufruir dele.
— Eu não me importo com dinheiro. Agora se me der licença, preciso
preparar tudo pra Marta levar para a doação.
Deixo Anastácia praticando sua boa ação. Por algum motivo minha
garota quer ajudar pessoas necessitadas. Não me importo. Ela pode se
desfazer de qualquer pertence seu. Posso sempre proporcionar regalias a ela
sem me importa o valor.
Retorno ao meu escritório, assino alguns papéis para mandar à minha
empresa “legalizada”, afinal, sou um homem de muitas posses, tanto de
atividades lícitas como ilícitas. Não sou de ficar em salas fechadas, somente
quando se faz muito necessário para fechamento de alguns acordos
importantes. Acho que esse tipo de atividade enfadonha, e não sou um tipo de
homem ocioso, pelo contrário, sou extremamente vigoroso e prefiro gastar
essa energia na cama com minha doce Anastácia. Sorrio quando me vem esse
pensamento. Quando não a estou fodendo, estou em treinamentos e táticas
para fortalecer o meu império. Pratico vários tipos de lutas e esportes. Minha
segurança é uma das mais fortes do mundo, tanto na área tecnológica da
informação, como no meu exército de soldados altamente capacitados. Mas
tenho que manter as aparências diante da sociedade.
Estou distraído na rubrica desses papéis, quando o meu celular toca e
vejo que é a minha tia Kátia. Atendo sua ligação:
— Oi tia.
— Andrei! Oi, meu querido. Não vou tomar muito do seu tempo, pois
sei o quanto você é ocupado, mas queria saber quando irá trazer a Anna aqui
para passar uma temporada conosco.
Pensando bem, seria bom se passássemos uma temporada na capital.
Assim posso resolver alguns assuntos pendentes que deixei por lá. Estou
decidido. Amanhã mesmo iremos partir para Moscou.
— Tudo bem, tia. Amanhã mesmo estaremos aí. Satisfeita?
Ouço sua exclamação de alegria.
— Mas é claro, meu menino! Vou preparar tudo para recebê-los. —
fala eufórica.
Nos despedimos e eu retorno ao trabalho.
Preciso realmente me reunir com o Conselho da máfia. Max está
encarregado de resolver esses assuntos por mim, mas tenho que retornar à
ativa.
A lua de mel com a minha bonequinha está acabando. — Penso
desanimado.
Nesses últimos dias mal fui em Moscou, e tenho muitas pendências por
lá. Preciso ver aquele velho desgraçado que o meu pai deixou como o
segundo homem mais importante no Conselho, o Ivanov. Que desgosto! O
maldito teve a ousadia de ser contra uma das minhas ordens repassadas pelo
Max. Não me esqueci do jeito que aquele miserável olhou para a minha
princesa na festa da sua apresentação. Minha vontade naquela hora foi
arrancar seus olhos pela tamanha ousadia de olhar com cobiça o que é meu.
Nunca fui com a cara dele, que ainda só está com cargo no Conselho porque
não consegui provas que ele tem algum envolvimento no assassinato do meu
pai. Apesar das investigações, não tive nada concreto, porém, não descarto
essa possibilidade. Ainda me lembro de quando meu velho morreu e o
desgraçado foi contra eu assumir o meu direito como herdeiro, alegando que
eu ainda era muito jovem para tamanha responsabilidade. Mas não só provei
minha capacidade, como também me tornei o Barkov mais temido de todos
que já passaram por aquela cadeira. Só não eliminei aquele crápula ainda
porque é muito forte no Conselho e eu não posso bater de frente com ele.
Tenho que ser astuto com essa raposa velha.

*****

Durante o jantar, Anna quase não toca na comida. Seu semblante


parece um pouco abatido e sua pele está mais pálida do que o normal. Isso
me deixa aflito. Talvez seja apenas pelo frio de -7graus.
— Anna!
— Oi. — aparenta distraída.
— Mal tocou na comida, princesa. Se sente bem? — indago.
Ela parece tentar controlar algo dentro do seu organismo, o que é em
vão. Faz menção de enjoos. Ela não está se sentindo bem.
— Se me der licença, eu... — Leva as mãos à frente da boca e sai
praticamente correndo.
Ela se sente indisposta e me deixa preocupado. Precisou se retirar para
descansar e praticamente não comeu nada.
— Senhor, posso retirar o jantar? — Marta pergunta assim que Anna
sai.
— Sim.
A mulher começa a fazer seu trabalho enquanto eu permaneço
preocupado com a saúde da minha esposa. Será que ela contraiu alguma
virose ou algo do tipo?
— Não precisa ficar preocupado, senhor, a menina só está com
indisposição. É normal quando se está grávida. — afirma me deixando em
alerta.
Anna está grávida? Realmente espera um filho meu? Como fui lerdo e
não percebi nos mínimos detalhes do seu corpo? Apesar de sua barriga não
mostrar nenhum indício ainda da gestação, seus seios estão bem maiores e
mais sensíveis. Sempre quando os toco e os saboreio, já é possível fazê-la
gozar. É tamanha a sensibilidade que estão. Meu pau se contrai com essa
lembrança e um sorriso animador se forma em meus lábios.
Se essa informação se confirmar realmente verídica, em breve todos do
Conselho saberão que um herdeiro está a caminho. Farei questão da notícia
chegar aos ouvidos dos Grego.
Marta afirma como se já tivesse plena certeza do que está acontecendo.
Será que Anna sabe e não me contou nada? Fico apreensivo com essa dúvida.
Tento conter minha empolgação, pois ainda são somente suposições.
— Como pode ter tanta certeza? — questiono.
— Senhor, já vi muitas mulheres grávidas antes, e todas apresentam os
mesmo sinais. A senhora passa o dia dormindo, reclama que sempre está com
fome e ontem mesmo a vi colocando todo o café da manhã para fora.
— Anna já sabe?
— Creio que ainda não percebeu. A ouvi reclamar que sua menstruação
atrasou, mas mesmo assim considera normal. Ela me falou que o seu ciclo
não é regular por conta do seu problema, então creio que não desconfia de
nada por enquanto.
Eu sei tudo sobre Anastácia, até do seu problema com ovários
policísticos. Apesar da dificuldade para engravidar, não se torna impossível.
Já me informei disso com a sua futura médica. E nós Barkov somos muito
férteis. Orgulho! Minha esposa deve estar imaginando que seu atraso
menstrual se deve a essa síndrome. Ela sempre tem atrasos na menstruação,
mas dessa vez está sendo mais prolongado, ou seja, em breve teremos um
bebê homem, forte e saudável correndo pela casa. Agora mais do que nunca
precisamos ir para Moscou, visto que lá terá a atenção da minha tia e irmã, e
receberá todos os cuidados necessários durante esse período. Não vejo a hora
dela descobrir. Sua expressão será indescritível. Posso sentir que não ficará
nada feliz, pois já me disse muitas vezes que prefere morrer a ter um filho
meu. Mas esse filho também será parte dela e tenho certeza que quando se
acostumar com a ideia, vai amar essa criança e defendê-la como uma
verdadeira leoa, conhecendo o seu gênio.
Agora minha esposinha pagará com sua língua rebelde e me dará meu
tão sonhado herdeiro. Assim que chegarmos em Moscou, solicitarei que ela
faça exames laboratoriais para que a gravidez enfim seja confirmada, e só
assim poderei anunciar para todos do Conselho e para a família Grego, que
morrerão de raiva ao saberem que o herdeiro está a caminho.
— Por favor, não comente isso com Anna! Deixe que ela descubra por
conta própria.
— Sim, senhor.
— Amanhã iremos para Moscou.
— Irei preparar tudo, senhor. Com licença.
Um filho! Abro novamente um sorriso largo. Tudo está perfeito! Só um
filho para me deixar ainda mais feliz. A ideia de ver aquela garotinha rebelde
assumindo a responsabilidade de cuidar de uma criança e presenciá-la
carregar na barriga um bebê meu, me deixa fascinado.
Me direciono ao quarto, encontrando Anastácia deitada sobre a cama.
Sei que não está dormindo, pois nunca dorme nessa posição. Me aproximo da
cama, sento ao seu lado e toco levemente suas belas madeixas loiras. Ela me
olha com uma feição sonolenta e eu me controlo para não tocá-la da maneira
que desejo neste momento.
— Andrei, eu estou cansada. Me deixa dormir! — pede isso já
bocejando.
— Tudo bem, meu anjo. Durma! Só vim te avisar que amanhã iremos
viajar para Moscou.
— O que aconteceu? — pergunta em alerta.
— Nada com que deva se preocupar. Iremos amanhã logo à tarde.
Com isso adormece, me deixando admirando a sua beleza.
A viagem de volta para Moscou foi um tanto cansativa. Eu já não me
reconheço. Aos vinte e três anos, me sinto como se tivesse setenta. Estou
cansada e sonolenta com uma simples viagem que levou em média 1h e
30min. Isso foi o suficiente para me fazer dormir durante quase todo o trajeto.
Por sorte viemos em um voo particular. Andrei tem sempre um lindo e
luxuoso jatinho de última geração para nos proporcionar uma viagem
tranquila, sem o barulho da primeira classe comum de outros voos.
Adormecia sempre acordando em um intervalo de alguns minutos,
confusa querendo saber onde estávamos. Da última vez que despertei, ele
estava ao meu lado e minha cabeça repousava sobre seus ombros largos e
musculosos. Podia sentir seu perfume amadeirado toda vez que eu puxava o
ar para os meus pulmões. O cheiro dele é bom, muito bom mesmo. Estou
acostumada com aquele aroma de homem prepotente e safado que faz parte
dos meus dias ultimamente.
Quando chegamos, havia uma frota de carros luxuosos, dentre eles, um
Rx 350 L, um Toyota Sw4 e uma Range Rove branca, a qual nos conduz no
momento pela bela cidade coberta de neve. Tento não dormir durante o
trajeto. É linda toda essa neve e as árvores brancas pelo gelo. As pessoas
caminham de botas de couros de cano alto, calças e casacos de moletons por
cima das camisas.
Andrei me dá seu casaco para que eu possa me proteger do frio. Nunca
o vi tão atencioso como agora, e obviamente deve ser a sede de sexo, já que
não tivemos nada ontem à noite. Esse homem só pensa nisso, e em mais nada.
Ele precisa mais de transa do que do ar que respira.
Meu marido logo terá a desagradável notícia da minha menstruação,
que possivelmente virá ainda essa semana. Como estou sentido algumas
cólicas, estou torcendo para que desça logo. Estou tranquila e não me assusto
fácil, pois minha vida toda foi assim. Estou acostumada com esses atrasos
menstruais. Tomei remédios para meu tratamento, que são anticoncepcionais,
durante muitos anos, então será difícil engravidar. Não tem como. Não desejo
ter um bebê desse monstro nunca.
Meu corpo pode ser seu e ele pode fazer o que quiser comigo, mas a
minha alma não o pertence. Ela é livre. E agora que estamos indo para
Moscou, terei mais chances de fugir. Fiquei surpresa quando Andrei disse
que viríamos para a capital, já que o mesmo me disse outras vezes que não
era bom estar aqui e que é uma questão de estratégia eu ficar em São
Petersburgo.
— Quando chegarmos na mansão, quero que vá descansar. Nada de
ficar de papinho com minha tia e minha irmã! — exige de modo autoritário.
— Se eu dormir novamente, você me acorda. — Deposito minha
cabeça sobre seu ombro de novo, me permitindo embriagar-me mais uma vez
com seu perfume forte.
Suas mãos fazem uma espécie de cafuné timidamente em meus cabelos.
Isso é realmente muito bom! Suas mãos acariciando meu rosto de leve, me
fazem sorrir. Ele deve estar me achando uma boba. Eu não irei me derreter
apenas por isso. O problema é que estou fragilizada nos últimos dias e tenho
sentido vontade de fazer coisas que nunca havia feito antes, como doar
roupas para a caridade, até mesmo meus sapatos mais caros e alguns nunca
usados — me senti bem por ter feito isso — ; também tive a necessidade de
comer um bolinho de banana, algo que sempre detestei, apesar de gostar
muito da fruta; e tomei suco de uva roxa, que eu costumava odiar, e nesse dia
coloquei todo o meu café da manhã para fora. Foi horrível sentir que
vomitaria até mesmo minha alma.
A sensação dos enjoos são normais para mim, mas nunca tive nessa
intensidade. Deve ser devido ao estresse. Sem falar que desde ontem à noite
eu durmo igual um urso hibernando no inverno. Será que estou doente? Sei
que não me alimento da maneira que deveria, mas mesmo assim nunca passei
por isso antes. Pode ser algo emocional, já que estou sendo obrigada a
conviver com um homem que eu odeio mais que tudo nessa vida.
Andrei conseguiu arrancar tudo de bom de mim, como meu dinheiro e
propriedades, me deixando totalmente dependente dele, mas roubou
principalmente minha liberdade e dignidade, além de suspiros meus que não
consigo controlar. Seria hipócrita se mentisse, se dissesse que não gosto da
maneira como suas mãos ágeis me tocam desvendando cada mistério do meu
corpo, como seus lábios ferozes me tomam e como seu membro duro e
grosso me proporciona um sexo incrível que me leva às alturas. Certamente
estou enlouquecendo e preciso fugir o mais rápido possível, antes que seja
tarde.
Eu só quero voltar para a minha casa, abraçar a minha mãe e pedir
perdão por tudo de ruim que lhe disse. Se ela agia daquela maneira, hoje sei
que era apenas para me proteger desse homem. Quando for livre novamente,
darei um jeito de ajudar Thiago a sair das mãos desse idiota. Eu sei que
Andrei não vai matá-lo, pois com isso compraria uma guerra que perderia.
Meus irmãos e muitos outros apoiariam a família Lukorve.
Mostrarei para meu marido que ele não é meu dono como tanto afirma
ser e que eu não sou sua escrava sexual, que ele estala os dedos e me tem em
seus braços da maneira que deseja. O farei ver que não sou uma garota boba
como ele tanto pensa, desprovida de inteligência. Irei provar que posso ser
ainda mais rebelde do que tudo que ele já viu.
Preciso preparar meu terreno, me fazendo de boa garota e evitando
certos tipos de conflitos e aborrecimentos, para que ele possa confiar em
mim, e com isso eu consiga sair de casa, mesmo que cercada de seguranças.
Já é uma grande evolução para realizar minha fuga. Com esse pensamento
animador surge um sorriso confiante em meus lábios e mais uma vez
adormeço.

*****

Desperto assustada em um ambiente totalmente diferente, até que me


recordo que já devemos ter chegado na mansão. Não lembro de como vim
parar nesse quarto, então apenas deduzo que aquele infeliz me trouxe nos
braços diretamente para cá, que agora passará a ser nosso quarto enquanto
permanecemos aqui.
Ele pensa que me engana com esses pequenos gestos que faz, como me
encher de presentes. Tenta agir como se o nosso casamento fosse normal.
Quem nos vê assim, até imagina que somos apaixonados, mas é o contrário:
eu odeio Andrei Barkov pelo que fez comigo, pelas suas exigências e
chantagens.
Não me esqueci que no dia que me apresentou à sociedade como sua
esposa, sua amante, a tal da Nádia, resolveu aparecer na festa. Com certeza
deve ter ido lá para marcarem algum encontro clandestino. Ele continua
sendo o mesmo de sempre, o mesmo que nunca se importou com a sua noiva
prometida, sempre desfilando por aí com as suas várias amantes, sem se
importar se chegaria ao meu conhecimento ou não, como se não tivesse
nenhum compromisso. Simplesmente quando resolvi dar um basta nessa
situação intolerável, ele se lembrou do seu brinquedinho esquecido, apenas
quando decidi que não queria um casamento baseado em uma aliança de
poder.
No momento em que resolvi ir atrás dos meus sonhos e ser feliz com o
grande amor da minha vida, Andrei resolveu aparecer e destruir meus sonhos,
e tudo isso por puro despeito. Mesmo que meus irmãos tenham concordado
em repassar minha herança para o seu nome, eu sei que ele também deve ter
usado de alguma chantagem sórdida para o Enrico assinar aquele documento.
Se meu querido esposo pensa que com esse papel desistirei da minha fuga,
está muito enganado.
Mais animada com esse pensamento me levanto da enorme cama e
decido explorar o quarto, que é ainda mais luxuoso do que o do apartamento
em São Petersburgo. Esse tem praticamente o dobro do tamanho do anterior,
com uma cama maior, havendo mais portas também. Procuro pelo closet e
minhas roupas já estão todas arrumadas em seu devido lugar, como deveria
ser. Minhas prateleiras de sapatos estão ainda mais recheadas. De alguma
forma ele pensa que me impressiona com isso, sendo que não está fazendo
nada mais do que sua obrigação.
Decido tomar um banho de espuma daqueles bem relaxantes com
muitas pétalas de rosas e sais de banho para deixar a pele ainda mais suave e
cheirosa. Em seguida não economizo nos meus hidratantes e cremes de pele
perfumados, usando todos em seus devidos lugares. Banho-me de perfumes e
logo após visto uma lingerie simples, sem muitos detalhes. Foi difícil
encontrar, já que a maioria são sexies e atraentes. Coloco um vestido básico
da cor preta. O preto frequentemente me cai muito bem, e sempre adorei usar
essa cor. Calço um sapato de bico de salto médio. Preciso ficar devidamente
apresentável para falar com a minha cunhada e a tia do meu marido.
Deixo o quarto e exploro o resto da mansão. É toda bem decorada em
cores vermelho vinho e dourado ouro. O que mais me encanta são as
inúmeras obras de artes que posso contemplar por todos os corredores.
— São lindas, não é mesmo? — ouço uma voz delicada atrás de mim.
É Rebeca. Está linda em um vestido rosa de seda fina, sapatênis da
mesma cor, cabelos presos em um rabo de cavalo e brilho labial nos lábios.
Ela me olha timidamente. É completamente diferente de Andrei, que é um
desinibido imoral. Beca é tímida, calma e aparenta ser reservada. Sem falar
na aparência física, que assim como eu, sua pele é clara, combinando com
seus fios loiros e olhos azuis. Já Andrei não tem cabelos loiros e muito menos
olhos azuis, o que não lhe faz falta nenhuma. Não posso negar que meu
marido é um belo homem. Sua forma física é exuberante, capaz de arrancar
suspiros por onde ele passa. Seria confundido com um modelo facilmente.
— Eu estou encantada com todos. São obras muito belas e históricas.
— Andrei mandou comprar especialmente para a sua chegada. Ele nos
contou que você adora artes.
— Ele comprou para mim? — pergunto confusa.
— Sim. Mandaram entregar ainda hoje.
— São lindos. — Toco em um quadro sobre o vidro que cobre a
pintura.
Não posso acreditar que Andrei os comprou pensando em mim. Mesmo
assim, ele que não espere um agradecimento. Continuarei fingido que não sei
de nada.
— Soube que fez faculdade na Itália. Me conte como era tudo, por
favor! Deve ser um belo pais. Queria conhecê-lo algum dia.
Iniciamos uma bela conversa a partir desse momento e posso sentir que
seremos ótimas amigas.
No pouco tempo que estamos conversando, já notei que Rebeca é mais
parecida comigo do que eu imaginava. Ela nunca deixou a Rússia, já eu,
deixei a Itália poucas vezes. Beca não é de sair para festas e sempre vive
trancada na mansão, além de estudar mais em casa do que em uma escola.
Sua vida ainda é pior do que a minha, e apesar de tudo, ela não é revoltada
assim como eu era com minha família. Minha cunhada é compreensiva
demais, e segundo a mesma, o irmão faz tudo isso para protegê-la. Fico
indignada com essas coisas. A diferença que eles fazem entre homens e
mulheres, chega a ser assustadora.
— Eu gosto de ficar em casa, gosto do cuidado que Andrei tem comigo.
É o meu irmão e eu o amo mais que tudo nesse mundo. Quando perdemos
nossos pais, ele que cuidou de mim e não me deixava chorar por nada. Às
vezes parecia um bobo da corte por sempre me fazer rir. Sei que pode ser
muito mau às vezes, mas no fundo sei que é um bom homem, que ele é
apaixonado por você e sempre fará de tudo para proteger a nossa família.
Sorrio sem jeito. Andrei não é apaixonado por mim. É diferente. O que
ele sente é uma obsessão incontrolável, e isso não é amor.
— Você não tem namorado? — pergunto.
— Não. Como é ter um namorado? — pergunta curiosa. Outra
característica que temos em comum.
— Bem... Quando amamos a pessoa e somos correspondidos, é
maravilhoso. Passeamos de mãos dadas, compartilhamos gostos em comum.
E acredite! Eu e o seu irmão...
— Anastácia! — Andrei não deixa que eu termine a frase.
Não havia notado sua presença. Suas feições transpassam um breve
olhar de tristeza. Mas devo estar enganada, pois logo ele já se fecha de novo.
Não consigo identificar se meu marido me ouviu, porém, é provável que sim.
— Beca, querida, pode ir para a sala de jantar? Preciso falar um
momento com minha esposa. — Ela só assente e segue para a sala, que
imagino ser a de jantar. — Tem certeza, Anastácia, que não compartilhamos
nenhum gosto em comum?
— A única coisa em comum que compartilhamos é o ódio. — falo em
modo de desafio.
— Tem certeza disso, milaya zhena (doce esposa)? — Olha de forma
possessiva os meus lábios.
— Certeza absoluta! Eu odeio você, Andrei. Se tivesse uma
oportunidade, já teria te matado.
— É mesmo? — indaga com aquele olhar pervertido que me irrita
profundamente.
Em seguida já sinto suas mãos me agarrarem e me imprensarem na
parede. Sua boca toma posse da minha de uma forma ardorosa. Sua língua se
insinua nos meus lábios pedindo passagem, e quando cedo, ele intensifica seu
beijo possessivo, saboreando meu gosto. Eu sinto o leve sabor de whisky da
sua língua se movimentando sobre a minha de modo abrasador e uma onda de
calor começa a subir pelo meu corpo enquanto o correspondo com a mesma
intensidade. Minhas mãos já se encontram em sua nuca, buscando uma maior
proximidade sua. Assim como começou, de modo abrupto, ele interrompe o
beijo. Só pode-se ouvir o som de nossas respirações agitadas. Vejo um
sorriso surgir no seu rosto.
— Viu só, esposa? O que pode ser mais forte do que essa química que
temos?
— Isso é apenas sexo, Andrei. É diferente.
— Esta enganada, esposa. Agora vamos para a sala de jantar antes que
minha tia resolva nos procurar e nos flagre aqui quase fazendo sexo no
corredor. — Me dá uma piscada de olho.
— Nós não estávamos...
Ele mantém uma expressão divertida.
— Tem certeza, printsessa? Se eu quisesse, agora mesmo estaríamos
fodendo de encontro a essa parede, com você de vestido levantado até a
cintura e suas pernas em volta do meu quadril enquanto eu a fodia duro e
forte.
— Seu... Seu pervertido!
Ele solta uma risada sacana.
— O seu Andrei pervertido, printsessa. Agora vamos! A noite ainda
não acabou. Que bom que descansou bastante, porque ainda tenho uma
surpresinha para você.
Que arrogante! Fala isso já me lançando um olhar cheio de luxúria.
A refeição transcorreu de forma descontraída. Quando chegamos na
sala de jantar, a tia do meu marido já se encontrava lá com Beca. Me sentei
do lado direito de Andrei e ele ocupou a cabeceira da mesa, como o grande
chefe da família. Kátia estava sentada na minha frente e Rebeca do seu lado.
A tia do meu esposo é uma mulher maravilhosa e com um grande
coração generoso. Pude perceber o grande amor e afeto que tem pelos
sobrinhos. Ela nos recebeu calorosamente bem com todo o carinho e atenção.
Sinto uma grande afinidade com elas e é como se eu estivesse em casa.
De qualquer modo fiquei apreensiva durante todo o jantar pensando
nessa possível surpresa de Andrei. Se virá dele, nada de bom posso esperar.
Quando a refeição foi servida, consegui conhecer vários pratos russos.
A Kátia me explicou tudo sobre a culinária. Pude degustar borscht, que é um
tipo de sopa que teve sua origem na Ucrânia, mas é muito apreciada na
Rússia; frango a kiev e salada olivier; e de sobremesa, tiramisù, que é de
origem italiana. Uma delícia que não comia há muito tempo.
No decorrer da refeição, quando eu ia experimentar medovukha, uma
bebida alcoólica típica da Rússia, que Kátia me falou que é feita com mel,
levedura, açúcar e água, Andrei de forma autoritária me proibiu de tomar e
pediu um suco de abacaxi para mim. Fiquei tão constrangida. Quem esse
idiota pensa que é para me proibir algo, me tratando como uma criança? Só
não fiz nenhuma objeção por estar na presença de sua tia, que também me
olhou sem entender, mas não o questionou. Também não adiantaria nada.
Depois do jantar nos direcionamos para a sala de visita, que é muito
ampla também e com vários quadros nas paredes. Estamos conversando um
pouco sobre várias amenidades. Kátia me conta sobre a história da mansão,
que parece mais um castelo de tão esplendoroso, e fala sobre as gerações que
já passaram por aqui.
Beca já aproveita para se despedir de todos, visto que já está na sua
hora de se recolher, pois amanhã precisa acordar cedo para a sua aula.
Andrei acompanha toda a conversa sem esbouçar muito entusiasmo
para participar da mesma.
Passa-se alguns minutos e que ele se pronuncia:
— Dorogaya zhena (querida esposa), creio que já está na hora de nos
recolhermos. Imagino que deva estar cansada da viagem ainda.
Que petulante! Eu sei bem o que ele deve estar querendo.
— Na verdade, marido... — falo em um tom desdenhoso. — Eu não
estou nem um pouco cansada.
— Me agrada muito escutar essa notícia, zhena. — Me olha de uma
forma maliciosa.
Sua tia percebendo logo, se pronuncia.
— Ah, claro, querida! Andrei tem toda razão. Você deve estar muito
fadigada da viagem. Que falta de consideração a minha. Eu também já vou
me recolher. Nos vemos amanhã. — fala isso já se despedindo de mim com
um beijo no rosto.
— Mas não... Eu... É....
— Vamos, esposa!
Mas que infeliz! Sem outra alternativa, o sigo até os aposentos. Quando
chegamos no dormitório, Andrei se dirige até o closet e traz de lá uma grande
sacola que eu não tinha percebido naquele ambiente antes.
— Não sabe como sua resposta de não estar cansada me alegrou,
esposa. Agora tenho uma surpresa. Pegue! É sua.
Quando pego a grande sacola me deparo com uma roupa de bailarina,
um corpete preto. Vários fios dourados que parecem ser de ouro ornamentam
a peça, juntamente com minúsculas pérolas de enfeites em torno da
vestimenta. Sua saia é rodada e da cor branco gelo. Um belo traje como eu
nunca tinha visto. Me emociono quando vejo. E por último um par de
sapatilhas pretas completam o vestiário.
— É lindo, Andrei! Obrigada!
— Por nada, minha printsessa. Agora quero que você vista essa roupa e
dance para mim!
— Mas... Você quer agora? Aqui não é um local adequado.
— Eu decido, milaya, e essa é a hora perfeita. Quero ver minha mulher
dançando só para mim.
Andrei diz isso e noto quando ele aperta um pequeno controle e começa
a sair uma melodia de ballet suave de um aparelho de som. Meu marido vai
para uma mesinha próxima, onde fica as bebidas, se serve de uma dose de
conhaque, se dirige até uma poltrona, se senta e me observa com uma
sobrancelha elevada.
— Vamos, esposa! O que está esperando para agradar o seu marido?
Saio da sua frente pisando duro em direção ao closet.
Já me encontro pronta. Coloquei a roupa de bailarina, fiz um coque no
cabelo e calcei as sapatilhas, mas antes preciso de alguns minutos para
recuperar o meu controle.
Quando retorno ao cômodo, Andrei foca seu olhar em mim, parecendo
muito agradado com o que vê. Me posiciono no meio do quarto e começo
suaves movimentos. Faço giros leves e delicados, me deixando conduzir pelo
ritmo lento da música. Me esqueço completamente de onde estou e só me
deixo levar pelo toque inebriante da melodia. Me deixo envolver tanto com
ela que só me dou conta que acabou quando faço o grande final. Ouço os
aplausos do Andrei, que está até de pé.
— Muito bem, moya krasavitsa (minha bela)! Você foi esplêndida!
Volto à posição inicial. Minha respiração está ofegante devido ao
esforço físico. Sinto a aproximação de Andrei.
— Olhe para mim, minha menina!
Segura meu queixo me fazendo encarar suas órbitas douradas e sinto
seu hálito suave ir de encontro ao meu rosto.
— YA poteryal eto, no ne poteryayu eto, moy angel. Poka ya ne ub'yu
lyubogo kto popytayetsya otobrat' tebya u menya (Eu a perdi, mas não vou
perdê-la, meu anjo. Antes eu mato qualquer um que tentar te tirar de mim).
Seus olhos parecem lembrar de algo do passado. Ele olha para mim,
mas ao mesmo tempo é como se não me visse. Logo depois vejo suas íris
cálidas sobre mim. Parece voltar ao normal.
— Essa noite quero venerá-la, saborear cada pedacinho do seu corpo
tocado somente por mim, esposa.
Um arrepio passa pela minha pele quando sinto seus braços me
envolverem. Sua boca vem na direção da minha, tomando meus lábios de
forma suave, os saboreando. Dou passagem para a sua língua atrevida que já
busca a minha de forma possessiva e enlouquecedora. Sinto já suas mãos
vindo ao fecho do corpete, o desprendendo do meu corpo, e logo vejo o
tecido repousar sobre os meus pés. Andrei me levanta, livrando-me da
vestimenta, e me leva até uma mesa que está próxima, sem abandonar os
meus lábios. Agora eu me encontro somente com uma simples calcinha e as
sapatilhas.
— Você é tão linda, esposa! — fala isso já me beijando ao longo do
pescoço. Sua barba me causa uma vibração gostosa. — Hoje quero te
saborear lentamente.
Como um predador misterioso que saboreia um suculento petisco, é
assim que Andrei me olha. Sua boca habilidosa chega aos meus seios que já
se encontram levemente entumecidos e estão muito sensíveis ao toque. Jogo a
cabeça para trás, apreciando melhor a sensação da sua língua atrevida me
levando ao delírio. Sua barba arranha suavemente a minha pele sensível ao
redor dos meus seios, me deixando ainda mais extasiada com a sua posse.
Prendo minhas pernas em volta do seu quadril e levo a mão ao seu cabelo cor
de mel, tentando aprofundar seu domínio sobre o meu corpo.
— Tão doce, minha menina!
Percebo sua mão descer levemente pelas minhas pernas, buscando me
livrar da minha sapatilha, e em seguida subir lentamente pela minha perna em
uma doce tortura. Já estou totalmente rendida ao seu comando. Gemo
baixinho quando ele toca com seus dedos por cima da minha calcinha,
procurando meu ponto de prazer que já anseia pelo seu toque.
— Uhhh, amor! Que delícia! Você já está tão pronta para seu marido!
Posso sentir o quanto está molhada só para mim. — diz isso com aquela
expressão sacana no rosto que me leva à loucura.
Gemo descaradamente quando ele dá uma leve mordida no meu seio e
aumenta a pressão no meu clitóris, enviando ondas de prazer por todo o meu
corpo.
— Vamos, printsessa! Diga o que você quer!
Ele sabe que mal posso formar um pensamento direito, e por isso me
tortura dessa forma.
— Você sabe o que eu quero. — falo irritada por ele ter parado.
— Eu quero ouvir dos seus doces lábios, esposa.
Ai, que raiva desse idiota gostoso!
— Eu quero... Quero que me foda.
Seu sorriso de cafajeste se amplia.
— Muito bem, printsessa, mas essa noite não vamos só foder, mas
também fazer amor gostoso. Quero provar cada milímetro da sua doce pele e
ouvir seus gemidos de tesão. — fala isso e eu fico toda arrepiada, embriagada
com suas palavras possessivas.
Se ele resolvesse parar agora, eu seria capaz de matá-lo.
Andrei me pega de modo abrupto, me leva até a cama e fica me
contemplando por alguns segundos, olhando nos meus olhos como se
buscasse alguma resposta na minha alma. Logo se recupera do transe e livra-
se das suas roupas rapidamente. Fico ofegante quando o vejo assim,
completamente nu, com seu membro potente e totalmente excitado diante de
mim. Nunca consigo me acostumar com a sua aura dominante de macho
alpha. Ele exala testosterona por cada parte do seu poderoso corpo. Logo se
junta a mim.
— Acho que não vamos precisar disso, printsessa. — sussurra no meu
ouvido de forma provocante enquanto desliza suavemente minha calcinha
pelas minhas pernas. — Agora vamos ver o quanto minha garota me quer! —
Logo se posiciona entre as minhas pernas, buscando meu calor com as mãos,
e insere dois dedos dentro de mim. — Uhhh, amor! Que delícia! Tão
receptiva! Minha garota quente e voluptuosa está me queimando. — diz isso
me provocando com seus suaves movimentos de vai e vem dentro de mim,
alcançando lugares altamente sensíveis.
Já sinto uma onda quente transpassar meu corpo, que anseia por mais.
— Quero provar do seu sabor, esposa.
Andrei olha dentro dos meus olhos e leva os dois dedos lambuzados à
sua boca e se delicia como se experimentasse o mais doce manjar.
— Uhhh! Deliciosa! Mas agora quero provar da fonte. — Me dá uma
piscada de olho e se posiciona na minha boceta.
Posso sentir sua respiração ir de encontro ao meu clitóris ao mesmo
tempo em que sua língua atrevida me provoca com longas e curtas lambidas.
Eu já estou altamente excitada e minhas mãos agarram a colcha da cama,
tentando buscar algum equilíbrio. Andrei continua sua possessão na parte
mais íntima do meu corpo, como se conhecesse cada pedacinho de mim.
Logo começo a receber as primeiras ondas de eletricidade pelo meu
corpo. Uma sensação intensa e avassaladora se forma quando meu marido dá
uma leve mordida no meu clitóris. Me entrego inteiramente ao arrebatamento
do momento e gemo alto ao receber os primeiros sinais de orgasmo. Quando
sou atingida completamente, sinto minha vista escurecer.
Ainda com a respiração descompassada, observo quando Andrei pega
um travesseiro e coloca abaixo do meu quadril, me deixando mais elevada.
Seu sorriso é de satisfação. Fecho brevemente os olhos, buscando me
estabilizar diante da resposta dura e crua do meu corpo à sua posse.
— Olhe para mim! — exige.
Tento ignorá-lo, mas é impossível.
— Olhe para mim, esposa! Quero que veja quem é o dono do seu
corpo, a quem ele corresponde.
Abro os olhos a contragosto. Andrei está de joelhos na cama, entre as
minhas pernas. Sua posse logo vem ao meu corpo e sinto quando ele
posiciona seu poderoso membro na minha boceta. Me penetra lentamente e
ambos gememos com sua entrada completa dentro de mim. Ele começa com
movimentos lentos e cobre o meu corpo com o seu. Sua boca ardilosa vai de
encontro à minha, saboreando de forma suave o meu gosto. Posso sentir meu
sabor em seus lábios. A forma que ele me toca com suas mãos é atenciosa,
reverenciando a minha pele e procurando desvendar os segredos da minha
alma.
Andrei prossegue com suas estocadas firmes e suaves, requebrando os
quadris em direção ao meu de forma lenta e torturante, até que uma onda
quente de desejo se forma e percorre todo o meu corpo. Minha cintura busca
a sua. Meu esposo de maneira precisa entende meu anseio e intensifica as
arremetidas, indo mais fundo dentro de mim, de modo contido, porém firme,
me alcançando em várias terminações nervosas, me levando ao puro êxtase
sexual. Quando sou tomada por uma onda eletrizante, meus músculos
vaginais começam a se contrair em torno do seu pau, e isso parece deixá-lo
alucinado. Com mais algumas estocadas, ambos alcançamos o ápice numa
grande explosão de puro prazer.
Andrei tomba sobre o meu corpo e sinto seu coração acelerar igual o
meu. Nossas respirações estão descontroladas.
— Você foi perfeita, meu anjo! Perfeita para mim! — profere isso
abandonando meu corpo e logo sinto falta do seu toque.
Ele se deita de lado na cama, me levando junto. Minha cabeça repousa
no seu peito e ouço as batidas frenéticas do seu coração. Ficamos assim por
algum tempo.
— Viu só, meu anjo loiro, o que você faz comigo? Eu nunca vou te
deixar ir, minha menina. Essa não é uma opção. — Beija os meus cabelos.
Estou quase adormecendo, quando sinto seu toque suave nas minhas
costas.
— A noite está só começando, minha printsessa. Ainda estou sedento
pelo seu corpo.
E assim prosseguimos até altas horas da madrugada. Andrei só me
deixa dormir quando vê que eu estou realmente exausta.
Já é manhã seguinte e acordo muito tarde devido às intensas atividades
da noite anterior. Sigo para o banheiro, faço minha higiene e retorno para o
quarto, indo em direção ao closet. Opto por um vestidinho rodado e
estampado que vai até a altura dos joelhos e calço uma sandália confortável
de salto baixo.
Volto ao quarto e infelizmente percebo que não estou mais só. A
presença nada agradável do meu marido já está no ambiente. Noto que ele
está acompanhado de uma mulher ruiva muito bonita que usa um uniforme de
enfermeira.
— Bom dia, dorogaya zhena (querida esposa).
Tenho vontade de não respondê-lo, mas não quero fazer uma cena na
frente de uma desconhecida.
— Bom dia. — cumprimento a mulher que me responde de volta, mas
de forma questionadora.
Com o olhar interrogo Andrei. O que isso significa?
— Milaya, essa aqui é a doutora Laura Evanoff. Ela veio coletar uma
amostra de sangue para fazer alguns exames seus.
O olho de forma assustadora, pois morro de medo de agulha.
— Ma... Mas não precisa. Eu não estou doente. Me encontro
perfeitamente bem de saúde.
— Não precisa se assustar, esposa, são apenas alguns exames de rotina.
— Mas eu não quero. — contesto de forma rebelde e logo vejo seu
olhar duro sobre mim me encarando de maneira fria e sombria.
Posso ver que por mais que eu tente vários argumentos, de nada irá
adiantar.
— Vamos, printsessa! É só um procedimento rápido e praticamente
indolor. Agora sente-se nessa poltrona e deixe a doutora fazer o seu trabalho!
— pronuncia isso já me levando à tal poltrona.
Sem outra alternativa, deixo que a médica inicie o andamento do
exame. Fecho meus olhos, viro o rosto de lado e mordo os lábios suavemente
enquanto ela realiza a coleta de sangue. Andrei permanece durante todo o
processo ao meu lado, segurando minha mão, como se me pretendesse me
transmitir força.
— Viu só, milaya? Não foi tão difícil assim.
A doutora assim que faz todo o procedimento, se despede e sai do
quarto dizendo que os resultados estarão prontos em poucos dias.
Andrei se aproxima de mim, tocando em meus lábios.
— Enquanto você mordiscava seus doces lábios, esposa, eu só pensava
nisso. — diz já buscando minha boca de forma suave, iniciando uma posse
vigorosa da sua sobre a minha.
Já começo a sentir o fogo do desejo se espalhar pelo meu corpo,
quando ele interrompe de forma abrupta com um lindo sorriso fogoso
estampado na sua face.
— Agora venha! Você precisa recuperar as energias.
Somente quando ele fala isso, percebo o pequeno banquete que há
sobre a mesa do quarto. Meu estômago parece despertar no mesmo instante
com um forte barulho. Andrei olha para mim com uma expressão divertida e
me leva à mesa.
— Venha, esposa! Não quero que minha bonequinha desmaie de fome.
Como já lhe disse uma vez, só é permitido desmaiar se for de prazer nos
meus braços.
Que desgraçado, arrogante e presunçoso!
Já posso ver a variedade de alimentos saborosos dispostos sobre a
mesa. Pego um copo e me sirvo com um suco de laranja e torrada. Uuhhh,
que delícia! Andrei está sentado do outro lado olhando para mim como se
tivesse bastante satisfeito com o meu apetite. Fica me observando sem provar
nada e imagino que já tenha tomado seu café. Finjo que não o noto e continuo
a comer meu banquete.
Abro uma bandeja com tampa e o que vejo faz meu estômago dar
voltas. O cheiro enjoativo de mingau de aveia chega nas minhas narinas e as
náuseas vêm forte. Saio correndo em disparada para o banheiro da suíte e só
da tempo chegar lá para que eu me debruce sobre o vaso e coloque para fora
tudo que acabei de comer. Sinto ao meu lado mãos suaves prendendo o meu
cabelo. Droga! Será que nem em um momento como esse, posso ter
privacidade?
— Sai daqui, Andrei! Me deixa sozinha! — peço envergonhada por ele
ter presenciado toda a cena.
— Não mesmo, esposa, eu também sou responsável por isso. Deixa eu
cuidar de você, printsessa!
O que ele quis dizer com isso? Será que está querendo me envenenar?
Começo a me levantar e Andrei me ajuda no processo. Dou descarga no
vaso sanitário e sigo na direção da pia para escovar os dentes. Depois que
escovo, me olho no grande espelho da parede e percebo meu rosto abatido.
Será que peguei alguma virose? Meu marido fica perto de mim durante todo
esse processo, pega uma toalha, a umedece na água fria e passa no meu rosto.
Fecho os meus olhos apreciando essa leve carícia. De repente ele me pega no
colo, me leva para o quarto e me deita na cama.
— Agora descanse um pouco, Anna! Eu vou pedir para a governanta
trazer uma coisa leve para você comer.
— Eu não quero nada.
— Você tem que se alimentar, ou então vai ficar fraca.
Ouço preocupação na sua voz?
— Eu vou precisar sair um pouco agora. Tenho que resolver alguns
assuntos que ficaram pendentes aqui em Moscou. Volto logo, printsessa. —
Beija minha testa e sai do quarto.
Ele acha realmente que sentirei sua falta? Por mim! Espero que seja
pego em uma emboscada de algum inimigo e não volte mais. Isso sim! Me
faria um grande favor.
O restante do dia passa sem maiores imprevistos

*****

Estou debruçada sobre a sacada do meu mais novo quarto em Moscou,


a qual já estou habituada. Faz uma semana que estamos aqui e Andrei não
demostrou nenhuma intenção de ir embora tão cedo para São Petersburgo.
Sinto a brisa do vento bater em meu rosto me proporcionando uma paz
interior muito boa. Sinto muita saudade de casa. Só eu sei como é difícil ficar
sem falar com meus irmãos e sem ouvir as broncas da minha mãe. Não estava
preparada para essa reviravolta que minha vida deu.
Minha rotina sempre se resume a fazer as mesmas coisas. Pela manhã
quando despertei, graças a Deus, meu marido já não se encontrava mais ao
meu lado, pois havia ido para a sua "empresa" ou gerenciar alguns dos seus
outros "negócios". Sinto um alívio enorme em saber que não o verei durante
todo o dia.
Tomo banho e desço para tomar café da manhã com Kátia. Rebeca está
estudando nesse horário. Eu e a tia do meu marido conversamos sobre os
mais variados assuntos, desde moda até sua vida pessoal. Ela adora falar
sobre seu falecido irmão, o pai do Andrei, e do quanto ele implicava com ela.
Almoço sempre na companhia das duas.
Rebeca tem aula de natação à tarde, e assim que acaba suas atividades
do dia a dia, vem até o meu quarto, onde eu ensino ela a caminhar de saltos
altos. Está se saindo muito bem, até que...
— É melhor eu desistir. — Beca grunhe após levar um leve tombo ao
caminhar um pouco mais rápido.
— Nem pense nisso! Nunca devemos desistir. Você está se saindo
muito bem, e eu não aceito que minha primeira aluna não consiga seu
objetivo.
— Eu sou péssima, Anna. Veja só! — Demonstra sem ânimo algum. —
Tem mais. Se o Andrei descobrir, ele vai ficar chateado com você.
— Não precisa se preocupar. Com o seu irmão, eu sei me virar.
Já provei o pior lado de Andrei Barkov, então não sinto mais medo de
nada em relação a ele. Não será por causa de um sapato de salto alto que eu
ficarei de castigo. Assim espero.
— Deve ser muito bom estar apaixonada.
— Eu não estou apaixonada. — falo com nojo de uma vez só, sem
raciocinar.
Rebeca me olha como se eu tivesse acabado de falar a pior besteira do
mundo. É a verdade e eu não posso negar. Me equivoquei ao dizer para ela,
dado que Beca é inocente demais para saber dessas coisas e parece não ter
conhecimento do mundo que vivemos.
— Como não? Vocês são casados. — pergunta perplexa.
— Seu irmão me obrigou a casar com ele. Eu estava apaixonada por
outro e não quero estar aqui. Só desejo ficar com a minha mãe, com minha
família de verdade.
As emoções são tão fortes que começo a chorar igual uma garotinha
assustada. Não sei porque me sinto mais sensível esses dias.
Rebeca me abraça fortemente, como se entendesse meus problemas.
Ela é uma menina linda, de boa alma e com coração gentil, que sabe
reconhecer que seu irmão está errado, mesmo que para ela, ele seja um herói.
— Eu imaginei que Andrei tivesse lhe raptado. — ouço a voz de Kátia
logo atrás de mim. Me assusto e solto-me do abraço de Rebeca, enxugando
minhas lágrimas. — Perdão, querida! Eu bati na porta, mas vocês não
responderam, então eu entrei e ouvi o final da conversa. Lamento muito pela
atitude covarde de meu sobrinho. Ah, se ele ainda fosse um garotinho, eu iria
discipliná-lo. Onde errei?
— Tia, a senhora nos criou com todo o amor desse mundo e ensinou
coisas boas para mim e meu irmão. Não é sua culpa se ele não aprendeu e
agiu desse modo bárbaro com a Anna. Céus! Eu pensei que esses homens das
cavernas só existissem em meus livros de história.
— Rebeca tem razão. Não se culpe! O que aconteceu, já está feito, e
agora estou sentenciada a viver ao lado dele pelo resto da minha vida.
— Soubemos do seu casamento no dia que Andrei veio aqui em
Moscou comunicar que faria uma grande festa de apresentação para a
sociedade da Rússia e do mundo sobre a sua união e a sua bela esposa. — Ela
suspira. Parece ainda tentar compreender a situação. — Foi um choque para
mim e para a minha sobrinha saber que vocês tinham reatado e decidido casar
às pressas. Bem que achei suspeita essa estória, afinal, vocês haviam
terminado há muitos anos, e naquele dia na sua festa de apresentação, Andrei
não saia do seu lado e parecia até temer que você sumisse de repente.
— Seu sobrinho é um ogro e não sabe ouvir um “não”. Como se não
bastasse me sequestrar, me usou das maneiras mais sórdidas possíveis.
— Quais maneiras? — Rebeca pergunta curiosa.
Sua tia a encara com um olhar de reprovação e logo ela fica cabisbaixa,
revirando os olhos e sorrindo de lado.
— Eu vou pegar suco para a gente. — diz deixando o quarto.
Kátia fecha a porta e me olha com doçura. Posso perceber que nela
encontrei uma aliada. A tia do meu marido me fita como se compreendesse
perfeitamente meu dilema. Ela sabe como são os negócios de casamentos na
máfia e também deve conhecer muito bem o sobrinho que tem. Me conforta
com um abraço meigo e carinhoso. Não estou nem aí, vou desabafar. Preciso
fazer isso, ou enlouquecerei.
— Andrei é um monstro. Me obriga a ser sua, sabendo que amo outro
homem. O pior de tudo é que ele o mantém preso, sabe lá onde. Temo pela
vida dele, portanto, tento ser uma esposa obediente.
— Irei ter uma conversa muito seria com Andrei. Ele não pode
continuar te machucando.
— Não! Por favor! Eu te peço! Você conhece o sobrinho que tem.
Acha que ele vai te ouvir? — Ela fica calada e pensativa com minha
pergunta. — O máximo que vai conseguir é que ele me leve de volta para
aquele apartamento em São Petersburgo e não me deixe mais sair para
nenhum lugar nunca mais.
— Mas ele não pode continuar com isso.
— Por isso mesmo eu te peço cautela. Tenho certeza que se meus
irmãos assinaram aquele documento, passando toda a minha fortuna para o
nome do meu marido, foi através de chantagens, e isso ele sabe fazer bem.
— Meu Deus! Como Andrei chegou a esse ponto?
— A minha única intenção é fugir dele e desse casamento horrível.
Espero contar com o seu apoio. Eu te peço! Não diga nada para ele, por
favor!
Kátia me abraça amorosamente, me transmitindo segurança.
— Não se preocupe, querida! Eu farei tudo que tiver ao meu alcance.
Mas Anna, vocês são tão lindos juntos. Dá para ver no olhar do Andrei o
quanto ele a adora. Não seria mais fácil aceitar esse casamento?
Me afasto dela bruscamente.
— Não! — digo com ênfase. — Eu nunca vou aceitar isso. Você não
ouviu o que eu te disse? Ele me mantém prisioneira nesse relacionamento e
me afastou do homem que eu amo. — falo determinada.
— Calma, querida! Eu só quero te ajudar. Também já estive nessa
situação, onde tinha que agir com a razão, mas deixei o coração falar mais
alto.
— Do que está falando?
Ela dá um suspiro, como se lembrasse.
— Eu também me casei por um acordo de casamento, como geralmente
são todos da máfia, mas um dia perdi meu coração para um italiano de sangue
quente nas veias. Não me olhe assim, querida. — pede quando olho pra ela,
assustada.
— Mas... Eu pensei que tivesse sido feliz no seu casamento.
— E fui no breve tempo que durou, mas amei muito um homem que
também era do nosso meio. Ele já era casado, e bem, nosso caso não durou
muito. — profere isso com uma voz triste.
— Eu sinto muito, Kátia, mas simplesmente é impossível eu aceitar
esse acordo, principalmente amando outro homem. Foi com esse que fiz
planos para o resto da minha vida. Não planejei ficar em um casamento
baseado em interesses de poder. — Respiro tentando buscar equilíbrio. —
Tudo bem. Se não vai me ajudar, eu dou um jeito sozinha.
— Não, querida, eu não disse que não iria te ajudar. Se está decidida do
que está falando, pode contar com o meu apoio incondicional. — Me dá outro
abraço fraterno. — Não se preocupe, querida! Eu farei tudo que estiver ao
meu alcance.
Com essas palavras sinto um grande alívio no meu peito, pois tenho
certeza que em breve conseguirei meus objetivos de ter minha liberdade e
tirar de vez Andrei Barkov do meu caminho.
Hoje me levanto um pouco mais cedo. O quarto já se encontra bem
iluminado pelos raios de sol. Como já é de rotina, acordo depois que Andrei
já saiu. Pego um robby, coloco sobre o meu corpo, vou até a sacada e
constato o lindo esplendor da estrela maior. Parece que ela resolveu mostrar-
se hoje.
Já nos encontramos em meados de Junho, época de verão na Rússia.
Aqui em Moscou já não se encontra tão frio como antigamente. No verão o
clima varia em torno de 15°C a 25°C e no inverno pode chegar na
temperatura de -20°C.
Olho para baixo e vejo Rebeca aproveitando o clima agradável. Está
estudando do lado de fora, sentada em uma mesa com sua professora,
próxima a um belo chafariz. O jardim é impressionante e muito lindo
também, sempre bem cuidado com uma variedade enorme de flores. Nessa
hora Beca me vê e um sorriso enorme surge em sua face. Ela acena para mim
e eu retribuo o gesto.
Observo um pouco mais o jardim, quando avisto o enorme ofurô, a
piscina que mal é utilizada e várias espreguiçadeiras em volta da mesma. Me
parece uma vista bem convidativa. Um sorriso se forma em meus lábios, pois
já faz muito tempo que não aprecio um bom banho de piscina.
Retorno ao quarto já decidida. Vou ao banheiro, faço minha higiene
rapidamente e volto, indo em direção ao closet. Procuro nas gavetas o que
estou procurando e encontro um lindo biquíni roxo. Mas quando o visto e me
olho no espelho, percebo que parece que engordei um pouco. Uma leve
protuberância que antes não tinha, já começa a se formar na minha barriga.
Droga! Deve ser culpa dos malditos alenkas. Mas como resistir àqueles
deliciosos tabletes de chocolate ao leite russo? Minha boca já se enche de
água só de imaginá-los. Mas quer saber? Melhor assim. Pode ser que Andrei
se canse de mim e me devolva à minha família, então poderá desfilar por aí
com as suas beldades, como era antigamente. Já penso irritada.
Passo protetor no meu corpo e rosto, visto uma saída de praia estilo
vestidinho, da cor branca de tricô, calço uma rasteirinha, apanho algumas
coisas que acho que vou precisar e coloco tudo em uma sacola. Por último
pego o meu óculos de sol e saio do quarto. Piscina, lá vou eu!
Quando chego na sala, vejo Kátia vir em minha direção.
— Anna, querida! Bom dia. Vai usar a piscina hoje?
— Bom dia, Kátia. Sim. Vou aproveitar que está um dia maravilhoso.
— Ah! Claro, querida! Não vai tomar o seu café primeiro?
— Vou tomar na piscina. Você pode pedir para a Antônia deixar para
mim lá?
— Claro, querida!
— Obrigada! Por que você não vem e me faz companhia?
— Oh, querida, eu adoraria, mas tenho compromissos para hoje.
Preciso visitar algumas instituições. Mas Beca pode amar essa ideia. Já deve
estar acabando sua aula.
Kátia já tinha me falado sobre essas visitas nas instituições de caridade
aos órfãos. Foi uma maneira que ela encontrou de amenizar a dor da perda da
filha. Lá ela faz vários trabalhos voluntários: ler para eles, leva brinquedos e
roupas, além de doar tempo e dinheiro. Acho lindo esse seu gesto.
Nos despedimos e me dirijo à área do jardim. Vou ao encontro da Beca
e da professora.
— Bom dia. — as cumprimento abraçando Beca por trás e lhe dando
um beijo no rosto.
Rebeca se tornou uma irmã para mim, uma que nunca tive, já que
sempre fui super protegida por dois “Pitbulls” que mal deixavam qualquer
garoto chegar perto de mim.
— Bom dia, Anna. — Me olha com um sorriso encantador, como se
amasse ter uma irmã também.
— Que tal aproveitamos a piscina, Beca? Está um dia agradável e
vamos nos divertir muito.
— Oba! — Abre um sorriso, animada, e bate palmas. — Realmente,
Anna, há muito tempo não usufruo da piscina. Estou quase terminando aqui.
Já estou indo.
— Tudo bem. Te aguardo lá, Beca. — falo isso já me direcionando
para a área da piscina.
Chegando lá posso ver que meu café da manhã já encontra-se em uma
mesa. Só espero não me sentir mal como aconteceu em quase todas as
manhãs. Nunca fui de ter neuras com alimentação, mas ultimamente estou
buscando comer melhor para evitar esse tipo de problema. Associo isso ao
estresse também.
Quando me aproximo da mesinha, já me sirvo com um copo de suco de
morango, que está uma delícia. Antônia sabe como prepará-lo divinamente.
Pego uma tigela que tem vários pedaços de frutas com iogurte e mel.
Assim que termino meu café da manhã, procuro um livro que trouxe,
me acomodo na espreguiçadeira e dou início à minha leitura. Escolhi um que
fala sobre motivação feminina. Pode ser que eu encontre nesse contexto
alguma inspiração que me ajude de alguma forma a me livrar do Andrei.
Passa-se alguns minutos e Rebeca já chega em seu lindo biquíni azul
turquesa que realça ainda mais seus encantadores olhos azuis. Nessa hora já
deixo o meu livro de lado e resolvo estrear a piscina junto com a Beca. Tiro o
meu vestidinho de saída de praia, o jogo na espreguiçadeira e entramos na
água. Passamos um bom tempo assim entre conversas e brincadeiras, até que
chega a hora da aula de música dela, que então precisa ir. Decido ficar um
pouco mais aproveitando, já que estou me divertindo. Fico relaxada, deitada
de costas na minha boia inflável. Ouço um ruído de carro. Kátia já deve ter
chegado, mas nem me viro para olhar.
— Anastácia! — ouço Andrei falar de forma intimidadora.
— Olá para você também, marido. — falo de modo sarcástico, me
virando na boia e tendo a visão dele na minha frente.
Ele está em um terno impecável, me olhando de maneira irritada e
devoradora ao mesmo tempo.
— Saia já daí! Como você tem a coragem de vir para cá com um
pedaço de pano desse que de fato não cobre nada? Está praticamente nua! —
diz isso de maneira exasperada. — Deve ter um monte de filho da puta lhe
devorando agora mesmo!
Ele só pode estar louco. O biquíni que estou usando é basicamente bem
comportado e não tem nenhum segurança por perto. Os poucos que eu vi,
faziam o seu trabalho discretamente, mantendo uma boa distância.
— Sinto muito, marido, que não tenha apreciado o meu biquíni! —
Uma ideia se passa na minha cabeça. — Agora mesmo estava pensando em
fazer um topless. — Sorrio de maneira provocativa. — Ouvi dizer que
aprecia muito essa prática feminina. — falo isso lembrando do episódio que
aquelas vendedoras falaram sobre a sua amante e o escândalo do topless.
Levo a mão à alça do biquíni e ameaço tirá-lo.
— Anastácia, não provoque! — diz isso com os dentes cerrados. Posso
ver sua mandíbula se contrair e vejo que ele tenta se controlar.
— Por que não, marido? Alguns dos seus seguranças podem gostar
desse tipo de prática também.
O provoco porque sei que ele não entraria de terno na piscina.
Enquanto eu estiver aqui, estou segura.
— Não teste minha paciência, princesa! Você pode não gostar do
resultado. — fala já demostrando impaciência.
— Mas eu não estou brincando.
Levo minha mão ao fecho do sutiã do biquíni e logo vejo um Andrei
furioso tirar o sapato, o relógio e se livrar rapidamente do seu terno, ficando
apenas com sua cueca boxer preta. Quando ele ameaça entrar na piscina, saio
do meu estupor, retiro-me da boia e tento nadar até a outra borda da piscina.
Mas Andrei como um excelente nadador, me alcança e de repente sinto seus
braços ao redor do meu corpo antes que eu chegue do outro lado. Ele me
retira da piscina pelos braços e me leva para a mansão em direção ao nosso
quarto.
— Me solta, seu idiota! — peço tentando sair do seu domínio.
— Quietinha, princesa!
Quando chegamos ao quarto, ele me coloca na cama.
— Vamos, princesa! Agora quero ver sua coragem. Tire o biquíni e me
mostre toda sua formosura! Sabe que eu amo contemplá-la.
— Você ficou louco? Como me tira da piscina assim e sai por aí me
arrastando como se fosse um bárbaro medieval?
— Você ainda não viu o bárbaro que posso ser. Quando cheguei e a vi
naquela piscina com esse minúsculo pedaço de pano mostrando essa bunda
gostosa que só eu posso apreciar, eu só pensava em devorá-la. — Abre um
sorriso. — E agora eu vou, minha sereia. — Se livra da cueca, revelando seu
pau grande e completamente ereto.
Andrei vem em minha direção. Tento sair da cama, mas ele é mais
rápido e me prende sobre o seu corpo.
— Me solta, Andrei! Eu não quero!
Ele me olha de forma incrédula.
— É mesmo, princesa? Não é o que parece. Você sabe que é tão
insaciável quanto eu, e que quando eu a toco, se derrete nos meus braços.
Por que esse idiota tem que me lembrar da minha fraqueza?
— É só fingimento. Você como um homem experiente, deveria saber e
perceber. — o provoco e ele dá uma sonora gargalhada.
— Então não tem problema nenhum em você continuar fingindo mais
um pouco, né, printsessa? Despertou a fera, agora vai ter que saciá-la! Estava
querendo me mostrar esses peitos gostosos, então agora vou me deliciar
neles. — fala isso já tirando o meu sutiã. — Tão linda minha menina! Acho
que você deve ser uma sereia mesmo e me jogou um feitiço, o qual não
consigo sair.
Sinto sua boca vir em direção à minha, buscando o meu calor. Os lábios
de Andrei me tocam com extrema doçura, explorando o interior da minha
boca com a língua e exigindo uma resposta. Minhas mãos vão até a sua nuca
em busca de uma maior proximidade. Nesse momento já sinto um poço de
desejo se formar por todo o meu corpo.
Andrei para o beijo e me observa com um sorriso convencido nós
lábios.
— Viu só, esposa? Cada pedacinho do seu corpo é meu. — Sua mão
vem descendo pela minha pele até parar próxima da calcinha do biquíni. —
Acho que não vai precisar mais disso. — diz já tirando minha peça íntima.
Já posso sentir minha intimidade encharcada esperando pela sua posse.
Seu pau vem de encontro à minha coxa e sua boca libidinosa busca os meus
seios, os sugando com maestria. Arqueio as costas visando um melhor
contato. Gemo desinibida quando sinto uma vibração poderosa se apossar do
meu organismo. Sem pensar, abro minhas pernas, o acomodando melhor
entre elas em um pedido silencioso.
— Tão quente minha sereia! Estou aqui para satisfazer todos os seus
desejos, minha printsessa. — Sua expressão presunçosa não abandona o seu
rosto.
Sua posse é lenta. Sinto o seu pau na entrada da minha boceta iniciando
uma arremetida vagarosa. Ultimamente tem sido assim nosso sexo. É como
se ele tivesse medo de me machucar. Mas de todo modo, de uma maneira
firme e insistente, ele prossegue nas estocadas de vai e vem de forma
consistente. Seu olhar permanece sobre mim parecendo querer me devorar.
Logo sinto Andrei se elevar sobre meu corpo, segurando as minhas pernas e
as sustentando sobre os seus ombros, continuando suas arremetidas de
encontro ao meu corpo, fazendo com que desse modo eu o sinta de um jeito
mais volumoso o seu pau dentro de mim. Uma onda quente de volúpia e
desejo me envolve e eu me desmancho em uma infinidade de sensações que
me arrebatam em um clímax prazeroso enquanto Andrei intensifica as
investidas, encontrando seu próprio alívio. Sinto seu jorro forte dentro de
mim e ele solta um urro alto de prazer.
— Porra! Que delícia, amor! Como eu estava precisando disso. — fala
saindo de dentro de mim.
Posso sentir seu gozo escorrer pela minha boceta enquanto Andrei me
observa atentamente. Tento fechar as pernas, mas é em vão.
— Não se esconda, meu anjo! É a visão mais bonita que já vi: minha
mulher sendo marcada por mim. — Leva a mão à minha barriga e faz um
leve carinho.
Seu sorriso orgulhoso me deixa extremamente irritada.
— Agora precisamos de um banho, milaya. Já está quase na hora do
almoço e minha tia já deve ter chegado. — Me leva ao banheiro.
Descemos para o almoço muito tempo depois.
Kátia me olha assustada. Depois de mais uma crise de enjoo, tenho que
abandonar a mesa e sair correndo em busca de um banheiro. Por mais que eu
tente me alimentar melhor, não resolve. E isso porque estou tomando várias
vitaminas que segundo Andrei tinham sido receitadas pela médica depois que
fiz aqueles exames.
Ultimamente venho acordando muito indisposta. Não sei que problema
está me ocasionando essas mudanças de humor.
Ontem no fim da tarde, Beca me chamou para assistir a um filme na
luxuosa sala de cinema da mansão. A deixei que escolhesse qual veríamos.
Ela que tem uma alma muito romântica e inocente optou por um drama
romântico: "Um homem de sorte". É baseado no livro do escritor Nicolas
Sparks. Passei o filme quase todo chorando. Apesar de ser do gênero
emotivo, nunca agi emocionalmente nesses tipos de situações.
À noite, na hora de dormir, me lembrei da minha família e comecei a
chorar de saudade. Andrei vendo o meu estado, só me abraçou amorosamente
e me aninhou no seu peito, fazendo carinho no meu cabelo até eu adormecer.
E agora quando retorno à sala, me encontro aqui diante de uma Kátia
muito assustada me observando.
— Você está grávida, Anna?
Quando ela me pergunta isso, um frio percorre meu corpo.
— Nã... Não. — nego sem muita convicção do que estou dizendo.
— Anna, querida, você e o Andrei estão se prevenindo de alguma
forma? — Kátia indaga.
Ela deve ter percebido que fiquei mais branca que um papel.
— Querida, sente-se aqui! — diz já me ajudando a me acomodar no
sofá, próxima dela, pois minhas pernas ameaçavam ceder a qualquer
momento. — Anna, esses seus sintomas são característicos de uma mulher
grávida. Eu os sentia muito também na gravidez da minha menininha.
— Mas eu não posso estar. — falo isso com a voz já desestabilizada. —
eu tomo anticoncepcionais, já que tenho ovários policísticos, o que dificulta
uma concepção. E minha menstruação começou a vir depois de uns 15 dias
que o Andrei me sequestrou.
— Mas não é impossível, Ana.
— Eu não posso estar grávida. Isso impediria todos os meus planos.
— Calma querida! Que tal fazemos assim? Eu vou sair agora para
comprar alguns testes de gravidez e tiramos essa dúvida. Ok?
Aceno com a cabeça, concordando. Tenho que descobrir se essa
possibilidade é real. Não pode ser.
Me dirijo ao quarto e permaneço aguardando o retorno da Kátia. Estou
tão nervosa que fico andando de um lado para o outro, até que ouço a porta se
abrindo.
— Graças a Deus que você chegou! Eu já estava quase tendo um treco.
— me pronuncio já pegando as sacolas que ela me estende.
Nunca estive tão nervosa como estou nesse momento. Minhas mãos
estão muito trêmulas e quase derrubei os testes de dentro da sacola plástica.
— Anna, tenha calma! Comprei três testes. Você sabe como usar?
Balanço a minha cabeça negativamente. Nunca precisei me preocupar
com isso antes. Nem pensava em ter filhos. A verdade é que não me
preocupava com essa possibilidade por não manter relações sexuais com
ninguém, nem mesmo com o meu namorado, o Thiago. Minha única
preocupação era minhas notas, e até isso ele tirou de mim. Estava tão perto de
me formar, de ser uma Grego com curso superior, assim como Giovanna.
— Então fique tranquila! Primeiro eu irei te explicar. Inicialmente você
vai colher um pouco de urina nesse potinho coletor que comprei. — fala isso
pegando a sacola e me mostrando todos os itens. — Comprei 3 testes de
marcas diferentes para não ter nenhuma dúvida. Depois que você colher a
urina nos coletores, coloque o teste no potinho e aguarde 5 minutos para
saber o resultado. Tudo bem?
Afirmo com a cabeça, demostrando que compreendi perfeitamente.
Tenho certeza que se tentar falar algo, não conseguirei, com tamanha
angústia que estou sentindo no momento.
— Ótimo, querida! Se o resultado for uma linha, é negativo, e se forem
duas, é positivo.
Com tudo já captado, ela me devolve os itens da sacola e eu me dirijo
ao banheiro. Faço conforme Kátia me orientou e aguardo os minutos se
passarem. Estou ansiosa esperando o resultado. Parece levar uma eternidade
até dar os minutos previstos.
Quando termina o prazo determinado, sinto meu coração quase falhar.
Assim que vejo a conclusão dos testes, jogo tudo na lixeira e saio do banheiro
ainda atordoada.
— Então, Anna... Qual o resultado, querida?
Ela está tão ansiosa quanto eu estava, e talvez até mais, como se
pudesse sentir tudo por mim.
— Deu positivo, Kátia.
Ela já me abraça e eu começo a chorar.
— Calma, querida! Um filho é uma benção nas nossas vidas.
— É uma benção quando se ama, e eu não amo o Andrei. Eu o odeio
mais que tudo nessa vida.
— Mantenha a calma, minha querida menina!
— Você não está entendendo, Kátia. Esse filho é a pior coisa que pode
me acontecer. Eu sou jovem ainda e não pedi para estar nessa situação.
Andrei conseguiu seu grande objetivo finalmente. — me lembro do seu
grande propósito de me engravidar. — Eu ODEIO o seu sobrinho. Como isso
pode ser bom? Carregar um filho do homem que você odeia.
— Você tem que ficar tranquila agora. Anna, isso não vai fazer bem
para o bebê.
— Eu não quero esse bebê! — grito.
— Anna, respira fundo! Relaxa! Você tem que ter equilíbrio. Está
falando isso da boca para fora. Um filho é uma benção nas nossas vidas.
Anda! Vem aqui! Deita um pouco. — Me leva em direção à cama. — Eu vou
pegar um chá, uma água para você se acalmar. Tudo bem?
Ela não espera uma resposta e sai do quarto.
Retorna o mais breve possível e logo a vejo adentrar o cômodo
novamente com uma pequena bandeja contendo uma xícara de chá.
— Pronto, querida! Agora beba isso. Vai te fazer bem.
Pego a xícara com mãos trêmulas e beberico o chá. Quando termino,
Kátia a deposita de volta na bandeja. — Isso, querida! Agora durma um
pouco e coloque os pensamentos no lugar.
— Eu quero ficar sozinha. — pedi com a voz embargada.
— Anna não acho ideal. Você ainda está muito nervosa e fragilizada.
Vou ficar aqui velando seu sono.
— Por favor, Kátia! — peço decidida.
— Não vá fazer nenhuma besteira, Anna!
— Eu não vou. Só quero descansar um pouco.
— Tudo bem. Qualquer coisa me chama! Promete?
Concordo com a cabeça.
Quando ela deixa o quarto, relembro alguns pontos que deixei passar
nesses últimos dias. O Andrei já devia saber de tudo e deve ter se divertido
muito da minha cara por eu nem ter percebido. Agora eu compreendo
perfeitamente a insistência dele nos exames de sangue e as vitaminas que eu
tinha que tomar todas as manhãs. Como eu fui tola em não ter percebido
antes! Ontem mesmo depois da discussão na piscina, a gente transou e ele fez
um breve carinho na minha barriga. Que filho da puta! Já sabia de tudo e não
me falou nada. Eu quero matá-lo! Com esse pensamento ainda em mente,
acabo adormecendo.
*****

Desperto com um leve toque no meu rosto. Quando olho, vejo Andrei
me analisando de forma carinhosa. Me afasto bruscamente do seu toque
repulsivo. Rapidamente me levanto da cama e ergo a minha mão de encontro
ao seu rosto. Ele me olha com ódio.
— Ficou louca, Anastácia?! — Segura meu pulso de forma dolorosa.
Sua voz saiu raivosa e bastante furiosa ao ponto de me assustar.
Não deixo meu medo transparecer, apenas minha dor e minha raiva.
— Me solta, seu... Seu cretino! — Tento me soltar. — Eu tenho ódio de
você, Andrei! — Ele me olha como se não estivesse entendendo nada. —
Você se divertiu muito às minhas custas, me fazendo de boba? Você já sabia
que eu estava grávida.
— Ah! Então você já percebeu que está carregando o tão esperado
herdeiro da máfia russa. — Estampa um sorriso no rosto. — Não vai mais
poder sair do meu lado nunca mais, meu anjo.
— Mas eu não quero esse filho, seu desgraçado! Eu te odeio, seu idiota
presunçoso! Esse filho deveria ser meu e do homem que eu amo, não de um
monstro como você que me violou e tirou tudo de mim!
Ele avança sobre mim, me pegando pelos ombros e me sacudindo.
Como queria que nessa hora a droga do enjoo viesse para que eu pudesse
estrear os seus belos sapatos.
— Mas esse filho é meu, princesa, filho do homem que você tanto diz
odiar. — Me olha com dureza. — E esse bastardo do seu ex-namoradinho
nunca mais vai chegar perto de você. Ele só vai sair daquele galpão em um
caixão. — afirma duramente. — É isso que você quer, meu amor?
— Não...
— No que depender de mim, não irá sobrar pedaço algum daquele
verme, e a culpa será sua, esposa.
Aproveito a sua proximidade e uso toda a força que possuo lhe
acertando uma joelhada entre as suas pernas. Ele me solta instantaneamente,
se curvando e levando as mãos para as partes baixas. Pode ser que dessa
forma não possa mais ter filhos.
— Porra! Isso é golpe baixo, princesa. — Grunhe de dor.
Um sorriso satisfeito agora se encontra em meu rosto.
— Você não pode fazer isso com o Thiago. — falo incisiva. — Eu
estou cumprindo o acordo, suportando os seus toques asquerosos sobre o meu
corpo. Você não tinha o direito de decidir me engravidar.
Com isso começo a chorar. Agora eu sei porque estou sentindo essa
montanha russa de emoções dentro de mim. Logo percebo seus braços me
enlaçando. Tento fugir do seu domínio, mas se torna impossível.
— Calma, meu anjo! A doutora me explicou que essas mudanças de
humor é normal. É culpa dos hormônios. — Beija meus cabelos. — Eu não te
falei nada porque eu pensei que você já sabia e não tinha me contado, então
eu esperei que me falasse.
— Me solta, Andrei! O único culpado disso tudo é você.
— Essa culpa eu carrego com orgulho. — Sorri com confiança. Posso
ver o quanto essa notícia o alegrou.
É tudo o que ele mais queria: poder anunciar que engravidou a mulher
que o desprezou no passado. Eu só quero descontar toda a minha fúria nele,
mas não consigo. Ele é mais forte do que meus punhos pequenos e fracos.
Não pode ser mesmo verdade. Não posso está grávida desse monstro.
— Eu quero que você saia daqui.
— Essa não é uma opção, muito menos depois dessa sua reação.
— Saia daqui antes que eu resolva dessa vez quebrar aquele vaso ali na
sua cabeça! — Aponto para o objeto que está em uma mesa no outro lado do
quarto.
— Por essa eu não esperava. Não imaginava que a gravidez fosse
deixar a minha mulher tão brava e louca. Que deixou fogosa, eu já sabia.
Apesar de negar, você sempre está louca para me dar essa bocetinha gostosa.
— Você é um verme que só pensa com o pau! Nem cérebro tem. Eu te
odeio, Andrei! Odeio você é esse filho que estou esperando.
Caio de joelhos no chão, chorando rios de lágrimas. Estou vivendo o
meu pior pesadelo. Como irei fugir se estou esperando um filho dele? Agora
a segurança sobre mim será redobrada. Espero não apenas um bebê comum,
mas sim o possível herdeiro de uma máfia poderosíssima. Isso significa muita
coisa. Já ouvi histórias da minha mãe falando o quanto meu pai dobrou sua
segurança durante a gravidez de Enrico e de Enzo. Ela nunca falou nada
sobre o período que estava grávida de mim.
A angústia em meu peito é tanta! Andrei me permite chorar até não
haver mais lágrimas para serem derramadas. Posso notar toda sua surpresa ao
me ver nesse estado. Ele está se sentido um pouco culpado? Ou esse olhar é
de prepotência? Tento não ligar para isso. O meu único foco nesse momento
é em como minhas oportunidades de fuga se reduziram para zero em uma
fração de segundos.
Eu sei que o bebê não tem culpa de absolutamente nada, pois é um ser
inocente que não merece a minha raiva. Caio na real, despertando para esse
lado. Meu filho não é culpado de nada. O único que merece meu ódio é o pai
dele, e ninguém mais além de Andrei Barkov.
Fui ao banheiro para tomar um banho, e quando retorno à suíte em um
roupão, já posso ver que na mesinha se encontra uma farta refeição. Mas
primeiro me dirijo até o closet, ficando completamente nua em frente ao
grande espelho que há na parede do ambiente. Levo minha mão à barriga, já
admirando a pequena protuberância quase imperceptível que se forma no
local, que só agora eu descubro não ser devido aos deliciosos alenkas.
Imagino que seja só um pequeno embriãozinho ainda, que já está deixando a
mamãe louca. Sorrio com esse raciocínio. Ele ou ela não tem culpa de nada.
Não me imaginava ser mãe tão nova, mas tenho que me adequar a essa nova
realidade. É um pequeno ser que precisa mais que tudo de mim.
— Não se preocupe, meu amorzinho! Os titios já estão vindo nos
resgatar.
Se Andrei pensa que com esse filho vai me prender a essa farsa de
casamento, está muito enganado. Esse grãozinho dentro de mim vai ser ainda
mais uma motivação para eu alcançar os meus objetivos. Mais animada com
esse pensamento, visto uma calcinha confortável, uma camisola e retorno ao
quarto. Vou até a mesinha e pego o chá que Kátia providenciou para mim,
que já está frio. Não consigo ingerir aquela bebida, pois não gosto de
alimentos gelados, muito menos de bebidas que devem ser quentes.
Não comi quase nada na hora do almoço e praticamente coloquei tudo
para fora logo após. Ainda bem que agora não sinto nenhum enjoo. Faço
minha refeição calmamente, apreciando o sabor de cada alimento. Agora
tenho que ficar mais atenta, visto que outro ser depende de mim.
Quando penso que terei um minuto de paz, ouço a porta se abrir e
Andrei adentra o quarto trazendo consigo algumas das minhas vitaminas. Ele
as deposita sobre o criado-mudo e me faz companhia durante meu lanche.
Não toca em nenhum alimento e apenas me fita com seus lindos olhos de
águia.
Ele tem um olhar sereno sobre mim. Nunca o vi me olhar assim antes.
Parece ternura ou eu estou ficando louca pela sensação de descobrir estar
grávida?
Eu sou apenas uma garota que não pediu para nascer na máfia. Não
pedi para casar com um bruto que roubou tudo de mim, a minha pureza e
inocência, um homem que se julga maior que tudo e todos, e que não é digno
do meu amor.
— Se sente melhor?
— Sim.
— Não gosto de ver você alterada, princesa. A minha garotinha não
precisa perder o controle da situação. Não fará bem para sua saúde.
— Até parece que você se importa comigo, com o que está me fazendo
bem ou não. Para você, eu não passo de um pedaço de carne que você
saboreia todos os dias. Se realmente tivesse consideração por mim, não teria
me sequestrado, nem roubado minha inocência daquela maneira, e muito
menos precisaria me obrigar a casar e engravidar-me para me prender a você.
— Respiro tentando buscar tranquilidade. — Isso é uma obsessão que sente
por mim, Andrei. Não é amor e nunca será. E mesmo que seja, não preciso do
seu amor.
Ele nada responde. Balbucia algo de seus lábios em russo e eu não fiz a
menor questão de tentar entender. Apenas permaneço em silêncio. Fecho
meus olhos por alguns minutos e peço mentalmente para que ele não esteja
mais aqui quando eu abri-los novamente. Respiro profundamente e
calmamente. As aulas de ioga que fiz com Luana, me ajudaram a manter a
calma. Preciso assimilar tudo que está acontecendo em minha vida.
O choque de saber que estou grávida de um homem que desprezo e o
repúdio de todas as formas, me fez ficar totalmente abalada. Preciso de um
tempo a sós para tentar compreender tudo que estava ocorrendo. Ultimamente
meus dias se resumiam em sexo e mais sexo. Meu marido só pensa em me
possuir e me marcar com sua loucura. Sua posse não faz sentido algum. Por
que ele nutre sentimentos pecaminosos por mim? De onde vem toda essa
obsessão?
Por um momento sinto que estou mais calma. Não posso permitir que
minhas emoções me derrubem, nem devo demonstrar fraqueza ou revolta
contra Andrei, mas às vezes fica difícil me controlar. Esse homem me vê
apenas como um objeto sexual, uma escrava que ele usa para o seu belo
prazer, um copo descartável. É assim que me sinto quando estou ao seu lado.
Quando ameaço me levantar, sinto sua presença próxima de mim e suas
mãos me envolvem em seus braços musculosos e quentes. Ele me carrega até
a nossa cama e me deixa sentada sobre a maciez do colchão. O olho e vejo
suas órbitas marrons me olharem com bastante intensidade. Não é aquele
olhar de tesão e luxúria que estou acostumada, e sim um pacífico, calmo e
neutro.
— Você quer me enlouquecer, Andrei! — minha voz saiu por um fio.
— Eu não aguento mais viver assim. Não sou sua escrava sexual. Não sou
um objeto descartável. O modo como você me trata, faz eu me sentir a pior
das pessoas. Eu não aguento mais sua maldita vingança. Se queria me ver
assim, fraca e demente, conseguiu. Você venceu. Eu posso falar isso para
qualquer um. Posso gritar que você venceu.
— Não precisa fazer isso, benzinho. Eu não quero destruí-la, princesa.
Ele se senta ao meu lado, segurando minhas mãos firmemente.
— Você me dá muito prazer anjo, em todos os sentidos, me fascina e
me deixa louco de desejo.
— Você só me vê como um objeto sexual.
— As coisas têm que ser assim, anjo. Eu não sou nenhum romântico e
nunca poderei lhe oferecer outra coisa que não seja meus desejos obscenos
por você.
— Você é louco! Essa sua obsessão...
— Sou um insano, um devasso, e não nego que me sinto completo e
feliz por roubar todos os seus suspiros e orgasmos somente para mim. Eu
nunca irei te deixar em paz. Você é somente minha e ninguém jamais irá
mudar isso. Se eu viver, você vive, e se eu morrer, você também morre.
Agora deite aqui comigo e adormeça, minha garotinha insolente! Não quero
ter que castigá-la estando grávida.
Sem forças para um novo confronto com Andrei, decido fazer sua
vontade. Agora tenho que pensar no meu filho também. Deito sobre a maciez
do colchão, permitindo relaxar todos os meus músculos tensos. Em questões
de poucos minutos e devido à forte exaustão emocional, adormeço.
ANDREI BARKOV

A noite está tranquila e ainda me encontro ao lado de Anastácia. Seus


nervos estavam à flor da pele. Confesso que não consigo me conter de
felicidade por saber que em breve terei o meu filho, o futuro herdeiro da
máfia russa. Não tenho dúvida de que será um belo garoto forte, cheio de
vida e perversidades para fazer ao longo de sua vida. O dever de um homem,
líder de uma máfia, é garantir que seu herdeiro chegue ao mundo em
segurança. Ele terá tudo. Anastácia e a criança estarão seguras.
Pedi para Max reunir os principais conselheiros da máfia. Eu quero
anunciar a gravidez da minha esposa o quanto antes. A notícia precisa chegar
também na boa e velha Itália. Os Grego ganharão mais um sobrinho. O prazer
em irritá-los me faz querer saborear um bom conhaque. Me dirijo à pequena
adega que tenho no quarto e me sirvo. Enquanto degusto a bebida, a observo
dormir. Tão serena e inocente. Minha menina tão atrevida, irritante e... tão
minha!
Terei que conversar com minha tia. Ela precisa ficar encarregada de
levar Anastácia o quanto antes para fazer uma consulta com uma
ginecologista. A gravidez será acompanhada por uma médica, pois não vou
permitir que nenhum homem a toque, nem mesmo um doutor.
Aproveito esse momento para ligar ao Max e passá-lo a melhor
estratégia para proteger a minha esposa. Organizei um novo estratagema de
segurança para a minha princesa, e assim ela estará mais segura do que o
próprio presidente. Essa estratégia é necessária, visto que vivo rodeado de
inimigos, homens que desejam me destruir.
Olho mais uma vez a minha bela dormir serena e deixo o quarto. Logo
no corredor dou de cara com minha tia. Parece que estava vindo à procura de
Anna para saber como ela está. Minha amada tia sempre atenciosa com todos
que ama. Já vejo que minha pequena ganhou sua afeição sem sequer saberem
da forte ligação que une as duas. Suspiro com esse pensamento.
— Como sua esposa está? — Noto preocupação em sua voz.
— Está mais calma. Adormeceu logo após um surto psicótico.
— Andrei, precisamos conversar. Vamos para o meu quarto! Assim
não faremos muito barulho e não incomodaremos a Anna.
A sigo minha até seu quarto. Ela fecha a porta e vem até mim, me
surpreendendo com um belo tapa em meu rosto. O que será que deu nessas
mulheres hoje? Penso irritado. Minha tia nunca me agrediu, nem quando eu
era uma criança rebelde que aprontava todas em casa com meus primos e o
Max.
Seu rosto está numa coloração avermelhada e pude sentir o peso da sua
irritação na bofetada que me deu. Se fosse qualquer outra mulher que fizesse
isso comigo, estaria morta agora mesmo.
— Tia, o que deu na senhora? Por acaso enlouqueceu? — questiono
impaciente.
— Onde está a educação que eu te dei, garoto? Quem pensa que é para
agir dessa forma bruta com a sua esposa?
Fico levemente irritado, até porque não gosto que se metam nos meus
assuntos, muito menos na relação que tenho com a minha esposa.
— Ao quê a senhora está se referindo?
— À você sequestrar a garota, arrancá-la de sua família brutalmente,
fingir ser um professor de universidade para ganhar a confiança dela e depois
raptá-la, trazendo-a para o nosso país e a trancando em um apartamento por
dias. Por Deus! Você a violou como um animal. Eu vi as marcas no corpo da
pobre garota. Que você é um mafioso, eu entendo, mas violentar sua mulher é
uma coisa que não irei tolerar.
Anastácia contou tudo para a minha tia. Aquela garota vai me pagar por
isso. Não lhe dei autorização para comentar de nossa vida conjugal com
ninguém, muito menos com minha tia e minha irmã. Elas não têm nada a ver
com o meu lado sombrio e dominador. São dois seres de luz que sempre me
dão apoio.
— Vejo que minha esposa ganhou uma protetora em nossa casa.
— Ela ganhou mais que isso. Vejo essa garota como se fosse minha
filha.
As palavras de minha tia fazem todo sentido agora. Ela age assim pelo
instinto materno que há dentro ela, lhe dando forças para me enfrentar,
mesmo sem imaginar que está diante da própria filha.
— Minha tia, não há com o que se preocupar. Isso foi apenas no início
da nossa relação. Não pretendo mais continuar abusando de Anastácia, desde
que...
Não completo a frase e sua mão novamente chega a estralar em minha
face, dessa vez mais forte e potente.
— Se a fizer chorar mais uma única vez que seja, meu sobrinho, você
irá conhecer toda a minha ira. Anastácia é apenas uma garotinha, a qual você
ainda teve a indecência de engravidar. Saiba que agindo dessa maneira, a
única coisa que terá dela será ódio. Se deseja o seu amor, lute para conquistá-
la! Você é um homem lindo e ainda tem esses olhos atraentes. — Suas mãos
tocam em minha face. — Não precisa ser como o seu pai foi.
— Eu não sou como o meu pai, tia, eu sou ainda pior que ele, e sinto
muito orgulho de mim.
— Sentia orgulho quando o seu pai agredia sua mãe?
— Claro que não! Eu era apenas uma criança e não tinha forças para
lutar contra ele.
— Sua mulher está grávida e em breve terão um menino ou uma
menina. Espero que essa criança não precise testemunhar algo semelhante ao
que você testemunhou em diversas ocasiões.
— Se meu pai não estivesse morto, eu mesmo já o teria matado. Ele era
um drogado que descontava suas frustações na minha pobre mãe.
Lembro de uma época em que ele agia como um descontrolado em
nossa casa e muitas vezes seus homens precisavam contê-lo com remédios
tranquilizantes para evitar um dano maior. Durante minha infância era
comum ver meu pai agredir a minha mãe, e com o passar do tempo, ele
tentou mudar. Ouvi mamãe dizer que meu papai havia sido o pior homem do
mundo para ela, mas também foi um bom marido quando venceu o vício das
drogas.
Por esse motivo minha tia tem razão. Não irei agredir Anastácia nunca
mais. Suas punições serão no quarto vermelho e a única surra que ela vai
levar e do meu pau, das chicotadas e dos outros brinquedinhos que lhe
proporcionarão orgasmos intensos e arrebatadores. Sorrio só de imaginar.
— Por que esse sorriso? — interroga.
— Tia, não precisa se preocupar. A Anastácia não tem o que temer de
mim. Não farei nada para machucá-la. — pronuncio isso e me retiro, a
deixando sozinha no quarto.
Sigo para o escritório da mansão. Tentarei resolver alguns assuntos da
empresa pelo computador. Há algumas planilhas de orçamentos e balance
para conferir. Tento me concentrar em todos aqueles números na tela diante
de mim. Sou muito bom com eles e nunca errei nenhuma soma, mas depois
de muita insistência, desisto. Mas que porra! Jogo o mouse do computador
com toda a minha força sobre a parede. Essa é a segunda vez em menos de
dois minutos que cometo um erro, e tudo isso porque minha mente está
distraída pensando naquela loira atrevida. Preciso saber como ela está, se já
acordou ou se ainda sente-se mal. Abandono tudo que estou fazendo.
Meu celular, que está sobre a mesa, alerta alguma coisa. Esse aparelho
é exclusivo para os assuntos envolvendo Anastácia. O ignoro e vou o mais
depressa possível ao nosso quarto. Minha esposa está sobre a cama,
aparentemente bem. Jurei ter visto ela fazer algum movimento brusco, como
se estivesse escondendo alguma coisa de mim. Me mantenho neutro, já que
não quero deixá-la ainda mais nervosa.
Os seus olhos azuis estão atentos aos meus passos. Noto que ela deseja
me dizer alguma coisa, mas se mantém em silêncio e logo fica cabisbaixa,
aparentemente mais tranquila.
— Aconteceu alguma coisa? — pergunto.
— Não comigo... — Me olha intensamente de um jeito curioso. — O
seu rosto.
— A minha tia costuma ter a mão pesada.
Ela sorri como uma menina travessa, deixando escapar uma pequena
gargalhada contagiante.
— Minha mãe costuma fazer o mesmo com os meus irmãos quando
eles aprontam alguma coisa errada. Você deve ter feito algo muito
inadequado para ter merecido isso.
— A minha tia tem sorte de ser como uma mãe para mim, caso
contrário, já estaria sendo preparada para o seu velório.
— Você só pensa em matar as pessoas à sua volta? — Revira os olhos.
— Também penso em torturá-las. Me dá prazer.
— Seu modo de sentir prazer precisa ser estudado. Não é normal.
— O que minha esposa considera normal? — pergunto me
aproximando dela.
Suas costas estão apoiadas sobre a cabeceira da cama. Ela não fazia
questão de colocar travesseiros para obter um melhor conforto. Acabo
fazendo isso para ela e em seguida volto a olhá-la, pronto para ouvir sua
resposta.
Ela se ajoelha sobre a cama e se aproxima de mim como nunca antes,
me encarando com aqueles olhos azuis que tanto me enlouquecem. Sinto
quando suas mãos tocam a minha face com delicadeza. É como se essa não
fosse ela. Achega seu rosto para junto do meu, sem desviar os olhos de mim,
como se tentasse me envolver, prender meu olhar somente em si. E é
exatamente isso que faço. Fico totalmente hipnotizado por ela.
Então minha esposa fala baixinho em meu ouvido:
— Você não entenderia. — diz calmamente, levantando da cama em
seguida, pretendendo me deixar sozinho.
Antes que ela vá muito longe, a seguro pelo braço e a puxo para junto
de mim. Como uma luva, ela cai sobre o meu colo, envolvendo suas mãos em
meu pescoço.
— Se você queria atenção, princesa, conseguiu.
Meu pau já dá sinal de vida. É sempre assim. Basta ela ficar próxima de
mim para eu despertar.
Colo meus lábios nós seus e a beijo com todo o desejo que há dentro de
mim. Mas diferentemente dos outros, esse é suave e sem presa, não havendo
luxúria ou segundas intenções. É carinhoso. É assustador.
Por mais que eu tente parar, ela consegue me prender a esse beijo com
suas mãos delicadas e frágeis, sem fazer força alguma para interromper.
Como um adolescente, me sinto totalmente envolvido pela minha
sereia. Imagens dela dançando balé penetraram em minha mente. A mesma
doçura, os mesmos meios de antes. Lembranças antigas voltam a me
assombrar. Não pode ser! Afasto Anastácia de mim antes que seja tarde
demais. Não queria reviver esse sentimento nunca mais. A abandono na cama
de forma abrupta e me retiro do quarto.
A deixo na suíte sem entender minha atitude. Antes que eu possa ficar
ainda mais irritado comigo mesmo, pego as chaves do meu carro. Preciso de
distração essa noite e eu sei onde encontrar.
Andrei é a pessoa mais estranha e complicada que eu conheço, sendo
até mais que eu mesma. Uma hora eu desejo matá-lo, vê-lo padecendo,
sofrendo e se rastejando como um verme pelo chão, já em outros momentos,
estou me contorcendo, gritando alto e gemendo de prazer em seus braços.
Vivemos uma relação de ódio e desejo constantemente.
Com a minha gravidez confirmada pelos médicos, meu marido
redobrou sua segurança sobre mim. Se antes tinha duzentos homens me
vigiando, agora esse número multiplicou. Entendo em parte que vivo
correndo risco por ser sua esposa. Andrei é um homem muito odiado, e por
esse motivo, agora que estou grávida, sou um alvo fácil.
Não estava em meus planos engravidar, casar com esse homem e viver
longe da minha família. Ele nem me deixa falar com a minha mãe. A essa
altura, todos os Grego já devem saber que estou grávida, que espero um filho
de um dos nossos maiores inimigos. Sim! Andrei era meu noivo e estava
como nosso aliado, mas após o rompimento do nosso noivado, ele agiu como
um louco, nos atacando de todas as formas possíveis. Não me esqueci
daquela noite em que Helena entrou em nossa casa junto com Felipe. Soube
dias depois que meu marido estava envolvido naquele plano sórdido de
eliminar toda a minha família. Ele é um monstro, um ser sem coração, sem
amor ao próximo.
Parece que a minha vida resolveu me pregar uma peça, fazendo tudo do
jeito que eu não desejava. Não queria estar grávida, mas não posso fazer nada
contra o meu bebê. Eu o amo mesmo sem saber como ele será. Meu instinto
materno me manda protegê-lo, sem me importar que Andrei seja o pai do
meu filho. Não sinto confiança para prosseguir com o plano de fuga.
Nem mesmo por mim, aquele homem é capaz de demonstrar
sentimentos. Nos últimos dias o senti distante de mim, logo após aquele beijo
intenso no quarto, quando ele me deixou sem nenhuma explicação. Naquela
noite tive a sensação que ele ficou abalado com aquele simples beijo. É como
se recordasse de algo do seu passado. Será que meu marido me esconde
alguma coisa? Pude ver em seus belos olhos que ele reviveu alguma
lembrança antiga. Nunca o vi daquela forma antes.
Os dias se passavam e eu prosseguia tranquilamente em minhas
consultas de rotina. Fiquei muito surpresa ao descobrir que estou de quase 16
semanas, ou seja, quatro meses. Se não fosse pela certeza do exame de
sangue, juraria que não estava grávida.
Me pergunto porque me sinto tão abalada pelo fato de Andrei não se
preocupar em me acompanhar nas minhas consultas de rotina. Nunca ouviu o
coração do nosso bebê bater. Todas as noites quando ele chega da empresa,
toma seu banho e simplesmente se deita para dormir. Há algumas noites não
me procura, nem conversa comigo, Confesso que estou surpresa. Será que
perdeu o desejo por mim? Não me acha mais bonita como antes? Meu Deus!
Por que tanta insegurança? Eu o odeio, certo? Ontem à noite quando ele
tomou seu banho e veio se deitar, tentei puxar assunto sobre como havia sido
minha última consulta.

*****

FLASHBACK

— A médica marcou a ultrassom para amanhã. Estou tão ansiosa!


Quero ver se o bebê está crescendo forte e saudável, e...
— Legal. Depois você me conta. — me interrompe, sem a menor
empolgação, parecendo não ter interesse no assunto sem a menor
empolgação.
— Você poderia ir comigo amanhã na consulta. Tenho certeza que vai
ser muito emocionante. Quando a médica passa aquele gel na minha barriga,
sinto que vou explodir. Mesmo sem ter muita barriga, é como se sempre eu
estivesse pesada.
Ele me olha atentamente, mas mesmo assim parece estar com o
pensamento distante. Penso em confrontá-lo para saber o que se passa, o que
o aflige, só que mais uma vez ele me deixa abalada com seu comentário.
— Amanhã não posso ir, pois tenho uma reunião importante. Depois
você me fala. Agora estou cansado e preciso dormir. — com isso se vira de
lado na cama e dorme.

*****

E assim se foi mais uma noite que meu marido me ignorou. Essa
semana está ficando longa de mais. Se Andrei pensa que irei tolerar ser
desprezada como um ser sem importância alguma, se engana. Ele não tem o
direito de me excluir assim. Então depois que conseguiu o seu grande
objetivo, simplesmente me ignora? Meu esposo não me toca mais e nem me
chama de princesa. Agora que já estou presa ao seu lado, exijo que pelo
menos ele aja como o marido de antes.
Se Andrei pensa que essa situação vai continuar assim, está muito
enganado. Aposto que tem outra mulher na jogada. Se ele estiver se
encontrando com alguma amante, eu juro que irei matá-lo ou matar os dois,
ou não me chamo Anastácia Grego. Não vou ser feita de chifruda como
quando éramos noivos. Toda a sociedade sabia dos seus casos amorosos, e
enquanto isso, eu deveria ser sempre a noiva exemplar e se manter longe de
escândalos. Agora que ele me tornou sua esposa de verdade e todo mundo
sabe que sou sua mulher e carrego o seu herdeiro, não vou ser feita de corna e
nem serei humilhada dessa maneira.
Ele está estranho desde àquela noite que me deixou no quarto. Fiquei
sem entender nada. Em um minuto estávamos nos beijando como um casal
apaixonado, já no próximo parecia que meu toque o queimava e ele precisava
se manter longe. Depois disso, ele não dormiu em casa, e essa dúvida está me
corroendo. Será que foi se encontrar com alguma biscate? Quem foi a
beldade da vez? Será que estava se encontrando com aquela tal de Nádia? Eu
vou arrancar os fios tingidos dessa mulher. Ninguém vai me fazer de idiota.
Preparo minha melhor maquiagem, visto minha melhor roupa e calço o
meu melhor sapato de marca para ir tirar satisfação com ele. Estou farta de
ser ignorada. Antes de ir à consulta decido que irei passar no seu escritório.
Hoje Kátia não poderá ir comigo.
Quando desço já encontro Humberto, o motorista designado por
Andrei, me aguardando no carro. Lhe informo o nosso primeiro destino. Ele
tenta argumentar algo, mas sou incisiva na minha decisão. À muito
contragosto, ele repassa minhas instruções aos seguranças que fazem a nossa
escolta e seguimos ao local onde se encontra o grande prédio comercial da
empresa do meu marido. São mais de 20 andares.
Ao me verem adentrar no grande recinto do prédio, várias pessoas que
trabalham por ali param para me observar caminhar tranquilamente. Nem
imaginam que por dentro estou louca para esganar meu marido. Sigo
diretamente para o elevador que dá acesso exatamente ao seu escritório.
Quando chego lá, já posso avistar duas secretárias conversando
animadamente sobre algum assunto. Assim me veem, param a conversa e me
atendem prontamente. Posso ver a surpresa em seus semblantes.
Logo a que imagino ser a secretária da presidência, se recupera da
surpresa inicial e pronúncia
— Senhora Barkov, irei anunciá-la ao seu marido.
— Eu sou Anastácia Grego, minha querida, e não preciso ser
anunciada. — falo firme.
O bom de ser considerada uma patricinha da alta sociedade, é toda a
confiança que a mídia passa sobre nós. Por mais que eu seja quase sempre
firme em minhas decisões, às vezes me sinto insegura, como agora.
A mulher me dá passagem e eu marcho para a sala de Andrei. Abro a
porta como se estivesse arrombando-a, sem me importar com o barulho da
mesma se fechando logo atrás de mim. Meu esposo, que estava analisando
algo na tela do computador, imediatamente olha na direção do barulho,
finalmente me notando. Esse homem está lento nós últimos dias. Ele levanta
da sua cadeira, me olhando como um bobo. Pelo menos o olhar parece o
mesmo de antes. Quase sorrio por dentro com sua atitude. Está lindo vestido
em um terno preto que realça os seus olhos de cores âmbares. Nunca tinha
parado para pensar em como eles são lindos.
Meu marido caminhava na minha direção em passos largos e firmes.
Continuo no mesmo lugar com minha postura ereta, firme e cheia de
autoconfiança. Adoro agir como uma patricinha, pois foi assim que sempre
ganhei as coisas ao longo de minha vida. Ainda bem que meu cabelo está em
um daqueles dias maravilhosos, caindo sobre meus ombros em fios
levemente ondulados e sedosos.
— Está tudo bem? Aconteceu algo com o bebê?
Ouço preocupação na sua voz?
Ah! Então agora ele quer bancar o marido preocupado.
— O bebê está bem. — respondo duramente.
— Qual o motivo da visita da minha bela esposa em meu escritório?
— Agora eu voltei a ser sua bela esposa? — Que canalha! Tenho
vontade de estapeá-lo, mas vou logo direto ao ponto. — Escuta bem, Andrei!
Quem você pensa que é? — o ataco com toda altivez que minha voz é capaz
de pronunciar.
Ele me observava atentamente com seu olhar pervertido. Como esse
homem consegue ser tão insensível à minha dor? Não percebe o quanto me
deixou sozinha essa semana? Como uma epidemia, minha raiva se espalhava
pelo corpo, entrando em contato com minha corrente sanguínea e me fazendo
experimentar um misto de sensações. As transbordo para fora imediatamente
e vou em sua direção, lhe deferindo uma série de socos e palavras de ofensas.
— Você não vale nada, Andrei Barkov! Eu te odeio! Você não tem o
direito de fingir que eu não existo, de não me dar atenção quando chega em
casa! Não pode ficar assim, agindo como se eu não existisse, como se a
minha presença não fosse nada! Não pode ficar me ignorando, indo dormir
sem me tocar, sem me beijar! Você não tem o direito! — cuspo contra ele
toda minha indignação e revolta.
Andrei me segura para que eu não o atinja. Ao final de minhas
palavras, meu marido abre um sorriso largo, diferente de tudo que já vi antes.
Tento acertar sua face por tamanho afrontamento. Ele não tinha direito de
agir assim, zombar de mim. Só aumenta ainda mais a minha raiva.
— Acalme-se, esposa! Isso não vai fazer bem ao bebê. — Me abraça.
— Deixa eu ver se entendi bem. Minha mulher está assim porque sente
saudade do seu marido?
— Claro que não! De onde você tirou isso? — Tento sair do seu
domínio.
— Alguém aqui está revoltada por não ter sentido meu toque essa
semana.
— Eu não estou revoltada, e sim irritada. Se você pensa que vai ficar se
encontrando com outras mulheres enquanto eu fico engordando, grávida, e
trancada naquela mansão, está muito enganado!
— Do que você está falando, princesa?
— Você não me toca há uma semana, Andrei. Me fala se isso tem a ver
com a Nádia! Você está se encontrando com aquela mulher? Confessa que
você está me traindo! Eu sei que aquela mulher já foi sua amante e teve a
ousadia de comparecer na minha festa de apresentação como sua esposa. —
continuo enfurecida com a sua atitude comigo.
— Me fala, Andrei! Foi com ela que você se encontrou naquele dia que
me deixou sozinha no nosso quarto como se eu não fosse nada?
— Anastácia, venha aqui! — Me leva em direção a um sofá. — Você
precisa se sentar e ficar calma.
— Eu vou ficar calma sim, Andrei, quando eu meter a mão na cara
daquela mulher, quando conseguir matar vocês dois por serem tão sórdidos
comigo.
Suas órbitas de cores âmbares me encaram tranquilamente. Ele sempre
foi bom em conseguir esconder suas emoções, então nunca dá para saber o
que se passa na sua sombria. Mas se ele pensa que vai continuar tocando em
outra mulher e ficar vivo para contar a estória, está muito enganado.
— Não adianta negar. Eu sei sobre o seu envolvimento com a tal de
Nádia.
— Não nego que Nádia e eu fomos amantes.
— Seu idiota! E ainda tem a coragem de me confessar tudo.
Tento me levantar e lhe desferir um soco, mas sou contida por ele.
Queria lhe acertar um murro para quebrar seu nariz, e assim nunca mais
sentiria o perfume daquela loira falsa.
— Calma, princesa! Calma! Deixa eu continuar! — diz isso segurando
minhas mãos.
— Eu quero saber de tudo: onde se encontram, se fazem isso aqui nesse
escritório...
— Já fizemos. — confessa divertido.
— Saiba que quando você estiver dormindo hoje à noite, eu vou te
matar asfixiado, seu maldito!
Andrei gargalha alto, fazendo eu sentir ainda mais raiva. Andrei está
ajoelhado ao meu lado, segurando minhas mãos para que eu não o atinja.
— Posso continuar?
— A verdade, Andrei! Eu vou saber se estiver mentido.
— Como eu disse, não nego que Nádia foi minha amante por muitos
anos, afinal de contas, você era uma criança quando foi prometida a mim
desde seu nascimento. Não poderia ficar esperando por você toda a minha
vida. Eu sou um homem, Anastácia, e tenho minhas necessidades, e a saciava
me divertindo com outras mulheres. Nádia foi minha amante sim, por muito
tempo, mas não é mais. Não depois que nos casamos.
— Onde você estava naquela noite que me deixou sozinha no quarto?
— Eu precisava de um tempo, esposa. Não estava a traindo como você
imagina. Na verdade estava chateado e fui extravasar a minha raiva. — Para e
me observa minuciosamente. — Naquela noite fui ao centro de treinamento
da máfia e quase perdi dois dos meus homens. Eu estava com tanta raiva que
os deixei praticamente inconscientes com a minha fúria.
— Eu não acredito. E por que estava com raiva se conseguiu seu
grande objetivo? — Meus olhos o fulmina com ódio.
— Sim, esposa, estava feliz pela chegada do meu futuro herdeiro, mas
eram outras lembranças antigas que me atormentavam.
— Quais lembranças são essas?
— Minha doce, Anna! Como sempre muito curiosa. — Suspira. — Não
quero falar sobre isso, esposa. Essa lembrança pertence ao passado. —
Suspira novamente retornando ao assunto de antes. — O que a faz pensar que
eu a trocaria por qualquer outra mulher?
— Seu caráter não vale nada, seu pervertido! Eu vi as suas
libertinagens nas manchetes dos jornais.
— São tabloides sensacionalistas sem confiança nenhuma.
— Eu não irei continuar sendo enganada.
— Você é como um feitiço, princesa, e me deixou hipnotizado. Não
estou lhe enganando. Sempre deixei bem claro o quanto você me satisfaz.
— E por que não me procurou essa semana?
— Problemas pessoais que não envolvem você. Eu estava apenas
tentando resolvê-los.
— Por acaso é algo com os meus irmãos? Andrei, não vá fazer nada
contra eles! Por favor! — peço suavemente. É um assunto delicado.
— Não deveria lhe dizer, mas sua família não irá conseguir tirar você
de mim.
— Eles estão tentando me resgatar? — pergunto sem saber como
reagir.
— Não iremos nos aprofundar nesse assunto.
— Eu já lhe disse, Andrei, que se me deixar falar com eles, eu posso
dizer que quero ficar com você, para não se preocuparem comigo. Não me
importo de ficar com você. Eu só peço para não machuca-los como já tentou
fazer naquela noite que enviou uma de suas amantes para dar fim em todos
nós.
— Do que você está falando?
— Da noite em que Helena e Felipe nos atacaram. Sua amante
confessou que você foi o mandante e que queria nos destruir, matar todos
nós.
— Eu não ordenei que matassem você.
— Se você matar alguém da minha família, vai ser a mesma coisa que
cravar uma faca em meu peito. Eu amo eles, Andrei! Estou com saudade. —
Suspiro quase choramingando.
— A única pessoa que você deve amar sou eu, e ninguém vai ficar no
nosso caminho. Fico feliz que minha esposa sinta ciúme do seu marido. Esse
é o primeiro sinal de muitos que indicam que você ficará tão apaixonada
quanto eu.
— Se toca, Andrei! Eu nunca irei amá-lo como você me a... — Tento
assimilar sua afirmação. Eu posso não ter ouvido muito bem. Andrei
confessou que me ama? — O que disse?
— Não irei repeti nunca mais, printsessa. — Sorri malicioso. — Se eu
não a procurei essa semana, não foi por falta de interesse, pois você me
fascina, meu anjo. — fala muito próximo aos meus lábios. Sinto o aroma de
uísque no seu hálito suave. — Cada dia que passa, mais apetitosa você fica.
Estou louco pra devorar você, morder esses lábios rosados. — Mordo os
lábios, o provocando. — Não faz isso, garota rebelde, senão serei obrigado a
tomá-la aqui mesmo, em cima da mesa do meu escritório.
— Adoro ser uma garota rebelde.
— Você me enlouquece, Anastácia.
Pulo em seu braços, me deixando ser envolvida pelo seu abraço forte e
apertado. Colo meus lábios nos seus, que me recebem calorosamente.
— Por que você precisa agir assim comigo? — pergunto entre o beijo.
— Eu sou assim, Anastácia, obcecado por você, e não sei agir de outra
forma. Preciso ter sempre tudo de si, até mesmo controlar seus sentimentos.
Eu sabia que você ia reagir. Sempre te dou muita atenção e você nunca
percebe o quanto é importante para mim. Resolvi usar meus problemas para
agir daquela maneira. Gostaria de ter certeza do seu amor por mim. Não
negue mais, princesa! Eu sinto que você me ama quando me beija, quando se
desmancha de prazer em meus braços. Você é completamente minha, sempre
foi, e sabe disso!
— Você não passa de um louco obcecado! — Bato levemente em seu
peito. — Você sempre está me enganando, seu russo de merda!
— E você sempre me ofende.
— Você não passa de um idiota!
— Se não me engano, minha garota disse agora a pouco que gosta de
ser rebelde. Creio que ela merece um castigo por ter me chamado de russo de
merda.
Rio do seu comentário e sou surpreendida por um beijo cheio de
paixão. Andrei faz eu sentir coisas que jamais havia sentido antes. Quando
ele me toma para si, meu corpo clama por ele e minha alma se sentia
preenchida com todas suas carícias. Ele tem razão. Odeio admitir, mas não
tenho mais controle sobre os meus pensamentos. Mando eles irem à merda.
Agora precisava sentir toda a paixão desse momento.
Andrei me deita sobre o sofá, mas antes disso livra-se de nossas roupas
em um piscar de olhos. Suas mãos apalpam meu bumbum, me fazendo ficar
cada vez mais próxima. Ele tem todo o cuidado para não me machucar.
Me penetrou sem muitas preliminares, mas eu já estava preparada para
a sua posse. Apenas um único olhar seu me faz molhar a calcinha. O beijo
ardente a seguir e toda a pressão do seu membro viril dentro de mim, me faz
arfar de desejo. Ele intensifica as estocadas conforme grita de prazer.
Ninguém irá nós ouvir e nem será louco de entrar nessa sala. Se algo assim
acontecesse, eu mesma atiraria contra a pessoa.
Nunca me senti tão dele como agora. Esse momento será um marco em
nossas vidas.
Eu não deveria estar aqui, não deveria estar sentido isso. De algo
sempre tive certeza nessa vida: ninguém nunca irá conseguir mandar no
coração, traçar seu futuro de maneira apropriada. Não mandamos em nossos
destinos e nem temos o poder de mudá-lo. As sensações e emoções que estão
acontecendo entre o Andrei e eu são muito intensas. Eu o quero a todo
instante ao meu lado, me proporcionando prazer e carinhos. Já estou na reta
final da gestação, me encontrando na vigésima sétima semana de gravidez.
Desde aquele dia que o confrontei no escritório, Andrei vem tentando
ser um bom marido. Estamos aprendendo muitas coisas juntos. Não
retornamos mais ao apartamento em São Petersburgo, mas às vezes ele tinha
que ir lá ocasionalmente para resolver algum dos seus negócios. Confesso
que prefiro ficar em Moscou com Kátia e Beca.
Nesses dias um dos seus caminhões que transportam "mercadorias", foi
saqueado. Assim que ele atendeu o telefonema de Max lhe comunicando do
incidente, saiu transtornado, só pegando algo no cofre do escritório, que pude
perceber que era uma pistola glock 20 e muita munição. Andrei retornou
apenas muito tempo depois, mas me lembro bem o estado que ele se
encontrava quando chegou, com suas roupas sujas de sangue e um pequeno
corte no supercílio. Tentei argumenta sobre o acontecido, mas ele nada me
disse, somente que tinha eliminado alguns ratos e que eu não deveria me
preocupar com isso. Foi em direção ao banheiro, tomou um banho, trocou de
roupa e foi dormir como se nada tivesse acontecido.
Vivemos no mundo da máfia e já vi muito casos parecidos com os
inimigos dos meus irmãos, porém, o que não aceito é que Andrei me exclua
desses assuntos, afinal, tenho que ficar ciente dos seus rivais para poder me
defender também.
Sei que no mundo sombrio em que estamos, existem muitas coisas
sórdidas, contudo, devo reconhecer o esforço que meu esposo está fazendo
pelo nosso casamento. Sorrio ao me lembrar que nesses dias em um
piquenique, eu o ensinei a agir de maneira carinhosa. Foi engraçado. Ele não
levava o menor jeito. O deixei pensar que estava indo bem, apenas para não
desmotivá-lo. Esse homem é uma bomba relógio e não posso deixá-lo
explodir nunca. Há tantos enigmas entre nós dois, e disso tenho certeza
absoluta. Tem sempre algo oculto que ele não me diz. Eu o conheço. Sinto
que ele fica mais tenso sempre que estamos na presença de sua tia e irmã. É
como se não quisesse que eu soubesse de algo.
Kátia está tão alegre que não se contém de felicidade. Ela é a nossa
maior apoiadora em meio a toda essa nossa jornada conturbada. Apesar do
progresso do nosso relacionamento, ainda precisamos aprender muito um
sobre o outro. Será uma longa caminhada. Mas pelo menos o tenho mais
atencioso comigo e com os bebês. Sim! Estou esperando gêmeos. Eu quase
tive um treco quando soube que não estava esperando um filho, mais sim
dois. Andrei quase não soube esconder sua surpresa ao ouvir da própria
médica a notícia. Segundo a ultrassom gestacional estou esperando um
menino e uma menina. Foi tão emocionante quando a doutora me mostrou no
monitor os corações dos meus anjinhos batendo e o formato deles perfeito
exibido na tela do computador. Eu só conseguia chorar de emoção naquele
dia. Meu marido permaneceu comigo o tempo todo segurando minha mão e
limpando minhas lágrimas de alegria.
Já tínhamos escolhido os nomes. Entramos em um consenso: ele
escolheria o nome do nosso filho e eu o da nossa filha. Nosso menino se
chamará Nicolai, um nome cujo significa "vitorioso". Confesso que adorei
essa escolha. Já a minha pequena menina se chamará Aurora, assim como
cada belo amanhecer.
Minha barriga havia crescido nesses últimos meses de gravidez o que
não cresceu no início da gestação. Sabe quando você está segurando uma
bexiga nas mãos e começa a encher? Foi essa a sensação, como se alguém
tivesse me colocado muito ar. Me sinto gorda e pesada, com dificuldades
para ficar em pé por muito tempo, e também sufocada. Durante as noites
tenho sempre minha bombinha com o remédio na mão. É regra sempre
carregar nos bolsos dos casacos que uso.
Agora mesmo no quarto com a Beca, que sempre me faz companhia,
me olho no espelho, tentando enxergar meus pés. Constato que ambos estão
muito inchados e gordos.
— Não acredito que meus sapatos ficaram apertados para mim! —
exclamo desanimada.
— Sem exageros, Anna! Você sabe que é normal passar por isso.
Assim que ganhar os bebês, eles voltarão ao normal. Falando nisso, quando
irei poder segurar meus sobrinhos lindos em meus braços? — Rebeca está
muito animada e ansiosa.
— Em breve, Beca. Creio eu que nos próximos dias irei saber com mais
precisão a data de nascimento dos meus bebês.
— Você e meu irmão estão tão felizes que não conseguem disfarçar
essa alegria. Me conta, cunhada! Você finalmente assumiu que o ama? Ele te
beijou e vocês fizeram esses bebês?
— Rebeca! — falo rindo e fingindo constrangimento. — Você é muito
novinha para saber dessas coisas.
— Tenho quase dezoito, e eu estudo, Anna. Sei de muita coisa. —
Revira os olhos.
— É impressão minha ou você mudou de professor? Jurei ter visto um
belo rapaz mais jovem ontem. Nem acreditaria que ele é um professor se eu
não tivesse o ouvido dizer que é o substituto do senhor Nikolai.
— É um sobrinho dele, o senhor Zimmerman.
— De senhor não tem nada.
— Eu o respeito. — Fica ruborizada. — Amanhã completa um mês que
ele está vindo me dar aulas. É bastante gentil e atencioso.
Eu conheço esse olhar. Será que Beca está apaixonada? Preciso
investigar mais sobre isso. Sorrio animadamente por ela e só desejo sua
felicidade. Eu conheço essa carinha de menina sapeca.
— Oh, meu Deus! Você está gostando dele?
— Fala baixo! Se Andrei ouvir, vai me matar.
Estamos tão eufóricas que não notamos a presença do meu marido no
quarto até ele se pronunciar.
— Por que irei matar você, Rebeca? O que aprontou dessa vez?
A garota parece que acabou de ver um fantasma. Pobrezinha! Preciso
intervir por ela, já que não sai uma palavra sequer da sua boca. Ela é muito
inexperiente nesse ramo da mentira.
— Ora! Mas Andrei, não foi nada demais. Deixe a garota em paz!
— Anastácia, não a defenda! Quero saber tudo o que se passa por aqui.
— Já lhe disse que não foi nada. Quer saber mesmo? Estávamos
caminhando e sem perceber Rebeca se desequilibrou e íamos caindo, mas
estamos bem.
— Foi só isso mesmo?
— Sim, meu irmão. — ela concorda.
— Precisa prestar mais atenção, Rebeca. A Anna está grávida e todo
cuidado é pouco.
— Já pedi perdão à Anna. Não foi minha intenção.
— Já passou, minha querida. — Sorrio para ela, a encorajando.
— Mais tarde venho ver você. — Rebeca sai do quarto nos deixando a
sós.
Andrei não parece ter acreditado em nossa pequena mentira, mas
mesmo assim rapidamente mudo de assunto. Comentei com ele que tenho
algo para resolver hoje com Kátia no Shopping, na parte da tarde.
— Eu não te quero por aí. Está cansada, meu amor. É só pedir para que
alguém venha aqui e traga algo para você olhar.
— Eu estou grávida, Andrei, não aleijada. Posso muito bem caminhar.
Irei exclusivamente para uma loja. Ela estará fechada, como você sempre faz
questão de deixar quando vou ao Shopping.
— Faço isso pela sua segurança e porque não suporto nenhum filho da
puta de olho no que é meu. Só eu posso olhar e admirar toda essa formosura.
Reviro os olhos enquanto ele diz isso.
— Estou gorda, Andrei. Não há nada de atraente em mim.
— Pode apostar que há. — diz isso me lançando um olhar de pura
luxúria.
Apesar da minha gravidez estar saudável e tudo, já estamos há uma
semana sem fazer sexo. Eu bem que quero, mas Andrei tem me evitado como
se eu tivesse com uma doença contagiosa. Tudo porque em uma de nossas
relações senti cólicas horríveis que iam e viam. Mesmo no outro dia não
sentindo mais nada, meu marido ficou em pânico e agora vive fugindo de
mim, mesmo com a médica dizendo que essas cólicas são normais desde que
não apresentem outras complicações, como sangramento, e eu esteja
confortável para a prática sexual.
— Por favor, Andrei! — aproveito o seu olhar de luxúria sobre mim
para pedir com jeitinho.
— Tudo bem. Você pode ir. Mas já conhece o procedimento. — diz por
fim.
— Obrigada, Andrei! — Me aproximei dele e lhe dou um breve selinho
nos lábios.
Depois disso ele se retira para resolver seus assuntos.

*****

Já é de tarde, então me arrumo para sair com a Kátia. Pego minha


bolsa. Lamento por não calçar um dos meus sapatos de salto, que são minhas
verdadeiras paixões, mas que no momento não posso usar. Então optei por
uma sapatilha confortável, e até que não é tão ruim assim. Com todo esse
peso, um salto não cairia nada bem.
Kátia já me espera no carro com Humberto e os demais seguranças.
Todos estão prontos para irmos. Durante o percurso uso minhas luvas para
me protegerem do frio e um casaco confortável, apesar do clima no veículo
estar agradável. De repente sinto algo estranho dentro de mim, uma sensação
de mal presságio que se aglomera em meu peito. Levo a mão sobre o mesmo
e imediatamente Kátia quer saber o que está acontecendo.
— Você está pálida, minha linda. O que houve?
— Não é nada, Kátia. Estou bem. — tento tranquilizá-la e a mim
mesma também. Por certo não deve ser nada.
— Tem certeza? Se está sentindo algo, podemos voltar.
— Eu estou bem. Não será preciso voltarmos. — asseguro com a
certeza de que essa sensação logo passará.
Por meio das dúvidas resolvo verificar minha pressão, que está tudo
normal. São ótimos esses aparelhos modernos e portáteis. Kátia sempre gosta
de andar com um para sempre ter certeza de que eu estou bem. Ela a todo
momento se preocupa comigo, sempre querendo meu bem estar. Eu a amo
como se ela fosse minha mãe.
Quando chegamos ao Shopping com os seguranças logo atrás de nós,
vamos direto para a loja de roupas de bebês. O enxoval dos meus filhos está
quase completo, só faltando apenas algumas coisas, como as mantas e as
vestes de recém nascidos. Queria eu mesma comprar, montar o guarda-roupa
deles. A loja foi fechada exclusivamente para nós essa tarde. Como já passa
das cinco horas, algumas vendedoras já haviam ido embora, e assim me sinto
mais a vontade para olhar tudo que preciso detalhadamente e com mais
privacidade. Posso ver os seguranças pela vidraçaria da porta, e alguns estão
aqui dentro comigo de forma discreta fazendo os seus trabalhos.
— O que acha desse? — pergunto à Kátia, mostrando uma linda manta.
— É muito linda!
— Quero bordar com o nome da Aurora. — conto animada.
— Irei cuidar disso isso. — Ela se afasta pra levar a manta para alguém
providenciar o nome bordado no tecido.
Me distraio com as muitas roupas que compramos. Estou tão animada
com a chegada dos meus bebês que nem vi a hora passar.
No fim das compras vamos em direção ao carro que já nos aguarda no
estacionamento do Shopping para voltamos para casa. O motorista abre a
porta do veículo para mim entrar, que entro. As compras vinham mais atrás,
mas Kátia vem carregando algumas poucas sacolas. Um segurança já colocou
boa parte do que compramos, no porta malas. Resolvo voltar para ajudar a tia
do meu marido com as poucas coisas que ela vinha trazendo por último.
Tudo está ocorrendo normalmente, quando de repente ouvimos um
barulho de vários tiros ecoarem pelo Shopping. Não conseguimos ver de
onde estão vindo os disparos. Apenas vemos os nossos seguranças caírem
com os impactos das balas. Alguns homens tentam fazer uma espécie de
barreira para nos proteger, o que é em vão. Vários homens armados entram
no estacionamento em um carro preto. Muitos dos seguranças que faziam a
nossa proteção precisam lutar para não permitir que eles acabem avançando
contra nós.
— Vamos sair daqui! — Kátia fala me puxando para longe do tumulto.
Corremos para trás de um carro, mas antes de me abaixar sinto quando
alguém me puxa, me fazendo ir junto com ele. Kátia grita desesperada vindo
atrás de mim e o homem não pensa duas vezes antes de atirar contra ela, que
desvia do tiro. Nesse momento dou uma cotovelada no cara, o pegando
desprevenido, me livro dele e corro em direção à tia do meu esposo. Não
entendo o que está acontecendo, apenas vejo quando ela se joga na minha
frente e o barulho de um tiro atinge a mesma, que cai no chão. A seguro pela
cabeça, a colocando em meu colo. O sangue escorre do seu peito. O tiro foi
certeiro no coração? Não sei dizer. Só posso ver uma sombra vermelha
manchar rapidamente sua roupa. Ela não consegue falar nada e apenas toca o
meu rosto. Eu choro descontroladamente pedindo para que não morra.
— Por favor, Kátia! Não me deixa! Você não pode morrer! — minha
voz sai embargada junto com as minhas lágrimas.
E agora? O que será de nós? É quando mais uma vez me dou conta de
uma sombra escura pairando sobre nós.
Quando olho para cima posso ver o mesmo homem sinistro, moreno e
tatuado que tentou me pegar da outra vez, e logo com toda a brutalidade me
agarra novamente e me puxa fortemente pelo braço, me arrastando até um
carro preto que não é da companhia do meu marido. Sou jogada dentro dele.
Esse cara não tem a menor consideração pelo meu estado gestacional. O
impacto foi tão forte que senti uma pequena contração se formar em minha
barriga. Levo as mãos à mesma, que dói um pouco. Tento proteger meus
bebês. Não acredito ainda no que está se passando aqui.
O que está acontecendo nesse momento é uma verdadeira guerra. Os
homens de Andrei lutam contra os que nos atacaram. Olho na direção que
estava onde Kátia, mas ela não se encontra mas lá. Não consigo ver mais
nada devido aos vidros serem totalmente cobertos por uma película
completamente escura. Tentei olhar pela outra passagem que do lado do
motorista, mas o vidro também é preto, o que não me permite enxergar nada.
Mas o que posso constatar é que não são soldados dos meus irmãos. Pelo que
vejo, não estou protegida, e sim correndo perigo. Então isso só que dizer uma
coisa: estou sendo sequestrada por algum inimigo do meu marido.
Um calafrio atravessa meu corpo só de eu imaginar o que podem fazer
comigo e com os meus bebês. Começo a chorar por mim, por meus filhos e
pela Kátia. O que será de nós? Será que a Kátia morreu?
Procuro meu celular que Andrei me deu há poucos dias, e ele não está
no bolso do meu casaco. Só encontro a bombinha. Aquele asqueroso deve ter
pego quando me agarrou, pois não o encontro. Estou perdida. Não há nada
que me ajude a pedir socorro. Logo sinto o carro em movimento, e em
desespero começo a gritar. Ninguém irá aparecer para me ajudar. Nesse
momento começo a pedir a Deus pela vida dos meus filhos e da Kátia. Ela
não merece morrer. Tomou um tiro que seria para mim, salvando a minha
vida e a dos bebês. Por mais que eu ainda me encontre em perigo, o seu ato
foi muito bonito, o mais nobre que alguém pode fazer por outra pessoa. Me
sinto culpada por não ter conseguido ajudá-la e lamento por não ter evitado
que viesse comigo. Deveria ter vindo sozinha.
Certamente alguém muito poderoso está me sequestrando, alguém que
vinha estudando a minha rotina e a segurança do Andrei comigo, uma pessoa
mais próxima do que podemos imaginar. Mas quem será? Quem ousou
provocar Andrei a esse ponto? Só clamo a Deus para que meu marido me
encontre logo. Não posso ficar refém desses criminosos. Eles tentarão fazer
algo contra mim e meus pequenos filhos indefesos. Agora entendo o
pressentimento que tive. Como fui idiota. Coloquei a vida de todos em
perigo.
Minutos depois percebo que estamos nos afastando da cidade. Posso
notar que o carro está seguindo por uma estrada carroçável, entrando em uma
zona de mata. Observo pelos barulhos dos galhos batendo nas vidraças do
carro. Meu coração acelera só de eu imaginar que estamos mais distante dos
radares da cidade. Provavelmente estão me levando para uma espécie de
galpão abandonado. É exatamente o que constato quando ouço o som de um
portão grande se abrir nos dando passagem para estacionar o carro no meio
do local. Os motores dos veículos são desligados e consigo perceber várias
pisadas de homens se aproximando.
A porta de repente é aberta com muita força e logo sou puxada
bruscamente para fora do veículo, caindo de joelhos no chão. Ouço as risadas
dos brutamontes, que são muitos. Esse lugar parece uma fortaleza, revestido
com homens equipados e armados, cercas elétricas e um portão de ferro
muito alto por onde entramos. Não tem para onde correr. Analiso
rapidamente o ambiente, pensando em uma possível saída, mas não encontro
nada além de grandes barris possivelmente secos.
O pânico cresce dentro de mim a cada segundo que se passa. Me
assusto por não entender o idioma que um dos seguranças fala no interfone de
um daqueles comunicadores antigos sem rastreamento, usados por soldados
em uma guerra para o inimigo não saber sua localização. Eles além de serem
muito equipados, sabem o que estão fazendo. Não é algo amador. As pessoas
sabem quem é Andrei, conhecem o tamanho do seu poder, e ainda assim
tiveram a audácia de enfrentá-lo.
Estou me sentido angustiada, com o coração apertado. É quando ouço o
barulho do portão ser aberto e um carro entra no local. Todos observam o
veículo, e tenho certeza que o mandante do sequestro está dentro dele.
Conforme sinto a sua aproximação, fico mais amedrontada e curiosa para
saber de quem se trata. Respiro fundo, pois não posso perder o controle.
Tento falar mentalmente com meus bebês, confiando que eles irão ouvir e
entender a mamãe. Seguro minha barriga, fazendo carinho e passando
proteção para eles.
— Papai logo irá vir resgatar a gente. Não tenham medo, meus amores!
— sussurro baixinho para ninguém me ouvir.
Preciso acreditar nisso, que Andrei virá nos buscar antes desses homens
nos fazerem algum mal. Encaro o chão tentando manter a calma. Estou de
joelhos já sentido um leve incômodo na minha barriga. Choramingo
baixinho.
— Senhor, aqui está a Senhora Barkov. A trouxemos intacta, como nos
ordenou.
— Ótimo! Podem deixar que eu resolvo daqui para frente.
Espera! Eu conheço essa voz, já ouvi-la antes, muitas vezes ao longo de
minha vida. Não pode ser quem eu esteja pensando. Talvez o medo me tenha
feito imaginar coisas. Para tirar a dúvida, o encaro, não acreditando no que
meus olhos veem. É ele!
— Thiago! — murmuro surpresa.
Ele está diante de mim muito diferente daquele menino que eu
conhecia. Seu semblante está mais duro e sombrio.
— Olá, minha doce Anna. — fala me analisando dos pés à cabeça.
Nessa hora ele vem até mim e me ajuda a levantar do chão. Encaro seus
olhos claros que antes eram cheios de vida, mas hoje parecem vazios e
opacos, além de não demostrarem nenhum sentimento. Seus cabelos estão
bem mas curtos em um corte estilo militar.
— Eu... pensei que estivesse morto. — falo aliviada por constatar que
ele não sofreu nada e que logo irá me ajudar a sair daqui.
— Quase, Anna. Você não sabe o quanto eu sofri nas mãos daquele
bastardo do seu marido naquele chiqueiro imundo que ele me aprisionou. Ele
mandava me espancarem diariamente e me acordava com baldes de água
gelada. Minha comida era a base de pão e água. Não imagina o inferno que
eu passei nas mãos daquele infeliz. A única coisa que me manteve vivo
naquele lugar foi você, meu anjo, foi o seu amor por mim.
— Sinto muito, Thiago!
— Eu sei, meu anjo, você não teve culpa de nada. Sei de todos os
métodos sujos e desonestos que aquele maldito usou para você se submeter a
ele. Agora você está livre, meu anjo.
Thiago se aproxima ainda mais de mim e me abraça. Quando a minha
barriga fica sendo um obstáculo no meio de nós dois, ele se afasta um pouco
de mim e a analisa.
— Parece que eu cheguei tarde. Aquele infeliz roubou tudo que deveria
ter sido meu.
Vejo sua expressão se fechar em puro ódio, igual eu nunca tinha visto
antes. Parece que estou diante de outro Thiago.
— Thiago... — murmuro.
— Shiiiii... — sussurra. — Tudo bem, meu anjo, eu não a culpo por
nada. — Pega em minha mão e me puxa para uma sala. — Venha comigo,
Anna!
Sem outra alternativa, eu o sigo. Estou tão confusa. Não entendo que
ligação o Thiago tem com esses mafiosos, e tenho certeza desse vínculo pela
forte estrutura montada. Meu Deus! Me ajuda! Eu preciso agir com cautela.
Chegamos na pequena sala mobiliada com um pequeno sofá, duas
cadeiras, um armário, um bebedouro e uma mesa que contém um
computador, alguns papéis e ainda um telefone em cima. Será que ele está
funcionando? Thiago me leva até o pequeno sofá e me faz sentar nele.
— Eu já sei de tudo, Anna. Sei que aquele crápula a manipulou, a
obrigou a se casar com ele... — Suspira buscando se acalmar. — E a violou.
— Vejo suas mãos se fecharem de muita raiva. — Eu prometo, meu amor,
que ele vai pagar por tudo o que fez com a gente. Em breve o nome Barkov
será apenas uma lenda.
Não consigo pronunciar nada. O Thiago está pensando em acabar com
o meu marido? Entendo o seu anseio de vingança, e há pouco tempo também
sentia o mesmo, mas agora eu não sei o que pensar. Ele é o pai dos meus
filhos.
Sinto o toque de Thiago em meu rosto.
— Tão linda minha menina! Foi assim desde a primeira vez em que eu
a vi no velório do seu pai. Eu deveria destruí-la e odiá-la, mas não conseguia.
Eu só a queria inteiramente para mim e desejava o proibido mesmo sabendo
que já era prometida do meu pior inimigo.
— Do que está falando, Thiago? — pergunto assustada.
— Eu fui designado para matar a prometida do maldito do Andrei
Barkov. Eu era um infiltrado, anjo. — Fico chocada com a sua revelação. —
Eu me envolvi cedo nesse mundo e sou um capô poderoso do pior inimigo do
seu marido, Schwarzer Falke, a máfia alemã. — Ele fica alguns momentos
pensativo. Parece recordar algo. — Minha missão era simples: eliminar a
prometida do herdeiro Barkov e assim enfraquecer sua aliança e seu império,
mas quando meus olhos pousaram sobre você, meu anjo, no dia do velório
do seu pai, que foi a primeira vez que nos vimos, me apaixonei perdidamente.
— Nesse momento me olha intensamente. — Convenci o chefe a não matá-
la, alegando que estaríamos comprando uma briga grande com os Grego.
Falei dos meus sentimentos por você e que a queria como minha esposa.
Contei do meu plano, que seria melhor enfraquecer o Barkov com a quebra
do acordo e ter os Grego como nosso aliado, pois isso iria desestabilizar toda
sua soberania.
— Mas.... — Tento afastar minhas mãos, que ele está segurando.
— Deixa eu terminar, meu amor! — Suspira buscando fôlego e sorri
como se relembrasse momentos bons. — E assim colocamos nosso plano em
prática. Você também se apaixonou por mim e não sabe o prazer que eu
sentia de ver o Barkov arruinado, fazendo várias tentativas frustradas de
chegar até você, mas sem sucesso.
Não pode ser verdade. Ainda não consigo acreditar que esse que está
diante de mim é aquele doce rapaz que eu era loucamente apaixonada.
— Você não sabe como foi difícil fingir ser um garoto tolo para ganhar
a confiança dos Grego. A parte mais difícil foi resistir de fazer amor com
você. — Passa a mão no meu rosto. — Mas eu a respeitei, sabendo o quanto
isso é importante no mundo da máfia. Não tem ideia, amor, de quantas vezes
eu bati uma pensado em você. Me imaginava no meio dessas pernas gostosas,
te comendo, e acordava muitas vezes excitado durante a noite pensando nessa
boca gostosa sugando o meu pau. — fala isso passando os dedos nos meus
lábios.
Eu só consigo sentir repulsa desse Thiago que está diante de mim.
Definitivamente esse não foi o que eu me apaixonei. Tento fingir que nada
dessa conversa me abala.
— E agora nós vamos ficar juntos pra sempre, amor, e logo o maldito
do seu marido vai cair na armadilha e virá procurá-la. O chefe já vai estar
aguardando ele para enviá-lo diretamente ao inferno. —Solta uma sonora
gargalhada. Está com a expressão completamente transtornada pelo ódio. —
Você nem imaginava né meu amor? Tão inocente e pura, apesar de um pouco
rebelde, meu anjo. — Passa levemente os dedos pelos meus fios loiros
parecendo fascinado. — Com esses cabelos loiros e lindos que me
hipnotizam, nunca percebeu por qual motivo eu deveria odiá-la?
— Não... Nunca poderia ter imaginado... Mas e sua família? Eles... —
Tento me afastar sutilmente dos seus toques.
Ele segura fortemente meu braço quando tento me desvencilhar.
— Minha família não tem nada a ver com isso. A escolha foi minha. Eu
decidi seguir o meu caminho, pois queria ser um homem poderoso e temido
por todos, igual o seu irmão ou o próprio Andrei. — Sorri para mim de
maneira maliciosa. — Talvez eu tenha cometido um pecado no processo, o da
cobiça, mas não tinha como não desejar você, amor.
Tenho nojo da sua fala. Preciso arrumar um jeito de fugir desse lugar,
porque já vi que com ele não conseguirei nada, e isso tudo ainda por cima é
um plano, uma emboscada para destruir o Andrei.
— Calma, meu amor! Eu nunca faria nada contra você. — fala isso
quando tento me desviar do seu toque.
— Vou fazer um favor para os Grego eliminando aquele rato do seu
marido para eles, e ainda vou vigar os homens que o Andrei matou
recentemente quando saquearam seu caminhão cheio de armas. O chefe está
furioso com a chacina que ele fez dos seus homens. Apesar de já temos
bastante soldados aqui, amanhã vem mais outros reforços da Alemanha,
juntamente com mais armas. Não podíamos perder essa oportunidade de te
regatar, amor. Aquele bastardo a cerca como se você fosse o próprio
presidente. Não sabe como foi difícil subornar um dos soldados do Andrei
para obter essa informação.
Então foi isso que aconteceu naquele dia? Ele era o mandante, o pior
inimigo do meu marido. E pior, há traidores aliados ao Andrei. Posso ver pela
sua determinação o quanto está disposto a acabar com meu esposo. Não pode
fazer isso com o pai do meu filho. Penso horrorizada nessa possibilidade e
tento apaziguar o Thiago.
— Eu sinto muito pelo que aconteceu, Thiago. Se você passou todo
esse transtorno do sequestro, foi por minha culpa. Eu sinto muito! Na verdade
nunca deveríamos ter nos envolvido. — falo tentando afastar suas mãos que
estão enlaçadas nas minhas.
Ele não permite e toca levemente no anel de diamante que o Andrei me
deu recentemente. O tira do meu dedo anelar e o jogou em um canto qualquer
do recinto.
— Anna, logo você será uma viúva muito rica, e eu como seu futuro
marido, seremos aliado do chefe, formando a maior potência da máfia russa.
Em breve seremos também a maior do mundo, meu anjo. — Olha para a
minha barriga. — Mas antes, meu anjo, nós teremos que eliminar as pequenas
sementes do mal que você carrega. Não podemos deixar nenhum herdeiro do
Barkov vivo.
Tremo com as suas palavras. Meu Deus! Quando ele fala isso, fico
totalmente desnorteada. Esse idiota quer fazer mal aos meus bebês! O que
pensa em fazer com os meus filhos?
Logo ouço baterem na porta e uma mulher toda vestida de branco entra
no ambiente.
Quando vejo aquela enfermeira entrar na sala, tenho certeza que Thiago
está completamente louco. Não é possível isso. Ele quer matar os meus
pequenos. Seu ódio contra Andrei é tanto que ele não mediu esforços para me
sequestrar. As coisas estão acontecendo muito rápido e eu tenho que fazer
algo antes que meus bebês paguem caro por isso.
— Senhor, estou a disposição. — a mulher morena que entrou no
ambiente fala.
Ela analisa minuciosamente o meu estado.
— Muito bem, Jenny. Minha futura esposa também já está...
— Thiago, o que pretende fazer? Meus filhos ainda não estão no tempo
de nascer. — o interrompo antes que conclua seu raciocínio.
— Eles não vão nascer, meu anjo. Devemos eliminar o mal pela raiz.
Esses monstrinhos não podem vir ao mundo vivos. Barkov vai receber um
belo presente: uma caixa com os corpos dos pirralhos.
Sua expressão é doentia. Vejo que no seu semblante há alegria com
algo tão cruel.
— Senhor, devo confessar que nunca fiz esse procedimento em uma
gravidez tão avançada, e ainda mais de gêmeos. — a tal Jenny se pronuncia e
olha fixamente para a minha barriga.
Preciso pensar rápido até o Andrei chegar para nós resgatar. Não posso
deixar Thiago machucar os meus bebês.
Me levanto e vou na direção de Thiago, que fica surpreso quando o viro
para mim e peço para conversamos sozinhos novamente. Ele dispensa a
enfermeira enquanto me analisa.
— Prontinho, meu amor. Qual é o problema?
Respiro profundamente tentando me acalmar. Estou com os nervos à
flor da pele. Passo a mão na barriga para tentar acalmar os bebês e Thiago
apenas me observa com uma expressão intimidadora.
— O que você pretende exatamente, Thiago?
— Como assim, Anna? Já te falei que temos que nos livrar dessas
sementes do mal. Existe aqui uma sala disponível para realizar esse tipo de
procedimento.
— Você não pode fazer isso com meus bebês! — grito.
Olho para a sua face desfigurada pela fúria. Ele me pega fortemente
pelos ombros e me sacode.
— Qual o problema, Anna? Você que os filhos desse maldito? Por
acaso se apaixonou por ele? — ele indaga e eu fico muda, o encarando. —
Responda, porra! — grita.
— Não é isso, Thiago. Eu não amo o Andrei, e sim o odeio com todas
as minhas forças. — tento convencê-lo. — Mas essas crianças não têm culpa
de nada. Não queria ter engravidado do homem que mais desprezo nesse
mundo. Esse momento era para ser nosso. — Pego em suas mãos.
— Vai ser, amor, e em breve você vai carregar nosso futuro herdeiro,
mas antes temos que eliminar esses monstrinhos do Barkov que estão na sua
barriga. — Beija a minha testa e me abraça. Ele só pode estar louco. —
Vamos, amor! Você tem que ir para a sala de procedimentos.
— Thiago, você me ama?
— Claro que eu te amo! Que tipo de pergunta é essa?
— Você não pode me submeter a esse procedimento. Minha gravidez é
de risco. — tento argumentar. — Estamos em um galpão clandestino no meio
do nada com uma sala provavelmente improvisada e sem os materiais
necessário. Não tem nem um médico para realizar esse... esse tipo de
procedimento... de urgência. — mal consigo pronunciar.
— A Jenny é uma enfermeira obstetra e ela já fez vários procedimentos
clandestinos desse tipo antes.
Respiro fundo antes de prosseguir.
— Você viu o que ela disse? Essa enfermeira nunca realizou esse... esse
tipo de coisa em uma gravidez tão avançada, e ainda mais de risco. Por favor,
Thiago! — peço choramingando.
Ele vem até mim e me abraça.
— Não tenha medo, amor! Eu estou aqui.
— Você sabe dos meus problemas, Thiago, sabe que para onde eu vou,
tenho que levar minha bombinha. — A pego bolso do casaco, mostro para ele
e depois guardo de volta. — Se eu entrar na sala de cirurgia sem os devidos
preparos, posso ter uma parada cardiorrespiratória. É isso que quer? Têm os
materiais disponíveis para esse tipo de urgência? — Ele balança a cabeça
negativamente. — Então, Thiago, meu amor, se eu entrar naquela sala de
cirurgia, não vai matar só os meus filhos, mas eu também vou sair de lá
morta. É isso que quer?
— Claro que não, amor! Eu nunca faria nada contra você.
— Sei disso, e por isso que eu te amo! — O abraço tentando convencê-
lo. — Você não sabe o que sofri nas mãos daquele lunático do Andrei.
Tento ser o mais convencível possível. Se conheço bem Andrei, ele não
irá descansar enquanto não me resgatar. Se estou aqui nas mãos do inimigo, é
porque alguém o traiu. Thiago não iria conseguir fazer tudo isso sozinho, sem
ajuda de alguém poderoso. Mas o que eles não sabem é que o meu MARIDO
é ainda mais poderoso que todos esses mafiosos juntos.
— Ele vai pagar, amor, por todo o sofrimento que nos causou. Se não
tivessem me resgatado daquele lugar asqueroso, tenho certeza que o maldito
teria me matado lentamente. — fala com a voz raivosa. — Mas temos que
nos livrar desses monstrinhos no momento. Não podemos procurar um
hospital adequado e equipado. O chefe não aceita erros, e o que ele mais quer
é ver Andrei sofrendo. Já prometeu esse presentinho para o desgraçado
amanhã, que precisa recebê-lo.
Minhas dúvidas estão esclarecidas. Há um chefe. Só preciso saber
quem é. Um traidor!
— Calma, Thiago! E se eu prosseguir com a gestação? Quando eu
entrar em trabalho de parto, a gente pode doar os bebês. Que tal? — sugiro
tentando ganhar tempo.
— Isso não é possível, anjo. Não pode existir nenhum herdeiro Barkov
que queira depois reivindicar o seu direito na máfia. — Vejo ele pensativo,
como se buscasse uma solução. — Já disse: o chefe não aceita erros. Não
sabe como foi difícil convencê-lo a deixar você viva para ficarmos juntos.
Me arrepio com o seu pronunciamento. Como um monstro desses tem
coragem de dizer que quer eliminar os meus bebês totalmente indefesos?
— Você tem coragem de mandar matar esses bebês indefesos?
— Claro que sim, amor! Principalmente sendo os monstrinhos do
Barkov. Futuramente você estará carregando o fruto do nosso amor, mas
antes tenho que me livrar desses estorvos.
— Mas eles também são meus filhos. — contesto exaltada.
— Nem me lembre disso, Anna. — pronuncia inflamado pela raiva. —
Eu não gosto de olhar para você e imaginar que aquele miserável do Barkov
te tocou, e ainda mais que plantou esses malditos monstrinhos dentro de
você. — Definitivamente esse não é o Thiago que um dia eu amei. — O meu
único consolo é saber que você odiou cada toque daquele infeliz na sua pele
macia e suave. — Toca no meu rosto. — Ele vai pagar, meu anjinho, por ter
separado a gente. Eu mesmo quero matá-lo com minhas próprias mãos. —
Uma sonora gargalhada preenche a pequena sala.
— Thiago, então a gente tem que agir com cautela. Você sabe que o
Andrei é astuto e viu a maneira como ele me enganou para me atrair.
Sua expressão se fecha.
— Não me lembre, anjinho. Já estava quase tudo certo para você ser
completamente minha, quando aquele infeliz do Barkov surgiu novamente e
destruiu meus planos. Mas agora ele vai pagar, e eu mesmo quero ter o prazer
de lhe dar as boas vindas. — Um sorriso se forma em seus lábios.
— Mas tudo que quero agora é senti-la, saber que você e todinha
minha.
Posso sentir sua respiração ir de encontro à minha face enquanto sua
boca busca a minha. Viro o rosto antes que isso aconteça e os seus lábios
tocam de leve o meu rosto.
— Qual o problema, Anna? — questiona frustrado.
— Nenhum, Thiago, eu só acho que não é o momento. — Me afasto
um pouco.
— É isso mesmo, Anna? Eu espero que você não tenha desenvolvido
nenhum sentimento pelo homem que te destruiu, te sequestrou, te violou... —
continua enumerando. — Tentou matar sua família naquela emboscada,
roubou sua fortuna, e ainda, por último, te encheu com essas sementes do
mal.
Não gosto quando ele se refere aos meus filhos assim. Eu sei que
quando descobri da existência desses pequenos, surtei e não os queria, mas
agora eu os amo, já sinto uma imensa ligação com eles e faço de tudo para
protegê-los.
— Lógico que eu não o amo, Thiago! Eu odeio Andrei Barkov! — isso
parece agradá-lo.
— Ótimo, meu anjo! — Se aproxima novamente de mim e olha dentro
dos meus olhos. — Como eu te quero, amor! Pensei que nunca mais iria tocar
em você. — Vejo seu olhar de luxúria sobre mim. — Está tão bonita e
deliciosa! — afirma isso olhando para a junção dos meus seios que estão
maiores devido a gravidez.
Noto quando ele se aproxima ainda mais de mim. Eu não acredito que
ele realmente está me desejando no estado em que eu me encontro.
— Thiago... Eu... Eu... Nós... Eu não posso. — digo me afastando mais
uma vez e ele segura no meu braço firmemente.
— Mas que porra, Ana! Você está me negando muitas coisas, anjinho,
e isso não é bom. Por que não quer me dar essa boceta gostosa agora? Você
não é mais nenhuma virgem e não temos mais nada para esperar, e eu estou
louco para foder você. O que eu mais quero é te jogar nesse sofá e te comer
gostoso.
— Para com isso, Thiago! Eu não posso fazer sexo. Olha o meu estado.
Eu....
— Mas para o Barkov, você podia dar? — me interrompe bruscamente.
— Nós não estávamos fazendo sexo. Já te disse que minha gravidez é
de risco e a médica proibiu. — minto.
— Não me lembra que aquele desgraçado te tocava! — profere com
bastante raiva, mas procurando se controlar. — Muito bem, anjinho, eu vou
ter que esperar você se livrar desses monstrinhos, mas não sei se vou
aguentar por muito tempo. — Sorri e olha na direção da minha boca. — Mas
essa boquinha você pode usar, né, amor?
Não sei se Thiago percebe a minha expressão de nojo quando ele leva a
mão à braguilha da calça que já aparenta um leve volume. Posso notar que
está excitado. Eu já tinha visto seu membro ereto através de fotos e vídeos
que ele mandava para mim pelo celular no tempo do nosso namoro, com
algumas mensagens picantes. Isso me despertou curiosidade sobre o sexo,
mas nada que realmente me fizesse querer dar prosseguimento quando
estávamos sozinhos.
— Eu já deveria ter te ensinado outras formas de dar e receber prazer,
mais você para mim sempre foi tão pura e intocada que não quis lhe mostrar
esse outro lado. Mas sempre quando estava fodendo uma puta, era o seu
nome que eu chamava.
Quanto mais ele fala, mais em choque eu fico. Até coragem de me trair,
ele teve.
— Você tinha outras amantes também? Me traia? — pergunto surpresa,
me lembrando dos vários casos que Andrei também teve, mesmo estando
comprometido no nosso acordo de casamento.
— Era necessário, amor. Nós não podíamos ter nada enquanto não
estivéssemos casados pelas regras da máfia. Seus irmãos teriam me matado
se soubessem que eu fodia a irmãzinha deles, e eu tinha as minhas
necessidades de homem que precisavam ser supridas. Mas sempre que eu
gozava, era o seu nome que eu chamava, amor.
Fico com nojo dessa sua revelação, pois no final, ele agiu igual o
Andrei. Eles só pensaram neles e nos seus desejos obscenos, e em nenhum
momento em mim e nos meus sentimentos.
— Mas agora você está aqui diante de mim e bem que pode me aliviar,
né, amor, com essa boquinha gostosa! — pronuncia isso levando as mãos em
direção ao cinto da sua calça.
Eu começo a me afastar e entrar em pânico. Não quero fazer isso.
— Thi... Thiago! Não... E... O.
Ouço de repente o som do telefone tocar. Ele solta uma imprecação e
vai atender.
— Alô! Sim, chefe, tudo saiu como o combinado. — Olha para mim.
— Ela está agora mesmo diante de mim. — Solta uma gargalhada. — Que
excelente notícia, chefe! Queria estar aí para presenciar todo o desespero do
Barkov. Sabe que eu amo ver esse russo de merda na sarjeta. Mas há um
pequeno imprevisto, chefe. A gravidez da Anna já está muito avançada e a
incompetente da Jenny pode machucar o meu anjo ao invés de tirar somente
os monstrinhos. Preciso que mande uma médica competente para fazer o
serviço. — Ele ouve mais algumas instruções. — Ok, chefe. Os demais
arranjos estão ocorrendo tudo como o previsto e os novos reforços chegarão
amanhã cedo, juntamente com mais munição. Agimos certo. Não poderíamos
desperdiçar essa oportunidade que o Barkov nos deu. — Mais um intervalo.
— Certo! Estamos aguardando, chefe. — Desliga o telefone.
Ótimo! Pelo menos posso observar que o telefone está funcionando,
apesar de saber que não vai ser fácil usá-lo sem ser pega.
— Ótimas notícias, meu anjo! O seu marido infeliz já está sabendo do
sequestro. E não precisa se preocupar, porque o chefe vai mandar uma
médica amanhã para te livrar desses monstrinhos.
Não entendo como uma pessoa pode ser tão fria. Nem parece que está
se referindo a seres inocente.
— Thiago, eu estou aqui como uma prisioneira? Onde nós estamos
exatamente? — pergunto tentando obter alguma resposta.
— Não, meu anjo, você não é uma prisioneira. Vai haver um quarto
que ficará à nossa disposição. — Não gostei dessa menção. — Estamos
próximos ao parque de Valley, nossa sede local aqui na Rússia. Infelizmente
não podemos ir para a Alemanha agora porque aquele filho da puta do
Barkov está com tudo cercado: portos, aeroportos e rodoviárias. E até os
soldados estão vindo disfarçadamente em um caminhão que transporta
brinquedinhos de crianças. Ninguém vai suspeitar, sendo que já fizemos isso
várias vezes. — Solta mais uma gargalhada.
— Esse lugar é bastante isolado, amor. Estamos rodeados de árvores é
muita neve. Não precisa se preocupar, minha loirinha! Aquele maldito do
Barkov não vai chegar perto de você de novo. Eu mesmo vou acabar, e assim
que fizer isso, um helicóptero vai nos levar para a Alemanha enquanto nos
organizamos para tomar o poder da máfia russa sem o comado do Barkov.
Vai ser muito mais fácil. O chefe já tem vários aliados na máfia Schwarzer
Falke. E à essa altura, o Barkov já vai estar a 7 palmos do inferno. — Olha
para mim e sorri diabolicamente com essa menção.
É horrível o que o Thiago e esse tal de chefe, que não sei quem é, estão
planejando. Querem atrair o Andrei até aqui, nesse local isolado, e matá-lo,
mas antes querem atormentá-lo e fazê-lo sofrer, mandando os corpos dos
nossos bebês para ele dentro de uma caixa. Depois o Thiago quer me levar
para a Alemanha. Que horror! Só de pensar na possibilidade deles matarem
os meus bebês, me sobe uma forte vertigem, mas tento me controlar, apesar
de estar com as emoções abaladas.
— Você está pálida, Anna. Está bem, meu anjo?
Que hipócrita! Até parece que se preocupa comigo. Me descreve o que
pretendem fazer com os meus filhos e quer que esteja tudo bem.
— Sim. Foi só uma leve vertigem.
— Mas apesar de não ser uma prisioneira, Anna, você não pode sair do
quarto sem minha autorização. Entendeu? — Concordo com a cabeça. —
Tudo que eu faço é pelo seu bem, meu amor. Agora vou pedir para a Jenny te
mostrar as acomodações e te levar comida. Vou ter que preparar o terreno
para a chegada do chefe e dos novos recrutas. Aquele russo maldito
finalmente terá o que merece: vai morrer lentamente e dolorosamente pelas
minhas mãos. A sala de tortura já está o aguardando.
Seu sorriso é doentio e psicopata. Não vejo mais nada do Thiago de
antes nesse homem que está na minha frente.
— Mas lembre-se! Não saia do quarto sem minha permissão. Entendeu,
Anna? Concordo com a cabeça e ele vem mais uma vez na minha direção. —
Depois terminamos o que começamos, amor. — Levanta o meu rosto e me dá
um leve selinho nos lábios. Dessa vez não tive como evitar
Thiago chama a tal de Jenny e dá para ela as devidas instruções
enquanto se retira para outro local. Fico aliviada quando ele só pede para a
enfermeira me direcionar ao quarto. Ela me guia por um corredor estreito
com vários soldados. Eu tento observar tudo e gravar cada detalhe,
procurando algum meio de fugir. Mas não consigo perceber nada que possa
me ajudar no momento. Tento puxar assunto com a moça para ver se eu
descubro algo mais.
— Então... Você trabalha há muito tempo para o chefe?
Ela me olha com superioridade e observa a minha barriga já bem
avançada. Para diante de uma porta e a abre para que eu entre.
Até penso que não me vai responder, então ouço:
— Há alguns anos. Eu sempre sou chamada pelo chefe para eliminar
umas sementes indesejadas das prostitutas. Algumas se descuidam e acabam
engravidado dos clientes. Mas essa sua gravidez esta muito avançada e eu
não esperava por isso.
Meu Deus! Mas o que essa mulher está falando? Ela é uma homicida. E
pelo seu semblante vejo que realmente já fez isso muitas outras vezes, e sem
nenhum remorso.
— Mas eu não sou nenhuma prostituta e muito menos quero que meus
bebês sejam tirados de mim.
— Quem ordena isso é o chefe, e eu só sigo as ordens. — fala isso me
deixando no quarto, o trancando. — Sinto muito, senhora! Sei que é a rainha
da máfia, mas mesmo assim não tente me persuadir. Não posso ajudá-la da
maneira que quer.
Ela tem razão em uma coisa: sou Anastácia Grego, a rainha da máfia
russa. Não há dúvidas que Andrei tenha um ótimo plano para me salvar. Mas
enquanto isso não acontece, eu só preciso ganhar tempo.
O quarto não é muito grande, mas parece ser confortável. Uma cama
simples de casal preenche o centro do local e posso ver um pequeno guarda-
roupa do outro lado. Há uma mesinha do lado esquerdo, e ao lado da cama
tem um criado-mudo com um abajur. Imagino que esse objeto possa me ser
útil se o Thiago tentar algo contra mim. Observo também uma porta, que logo
constato ser a de um banheiro.
Em seguida Jenny entra novamente no recinto trazendo uma bandeja
com comida. A põe na mesinha, e sem dizer nada, me deixa novamente
trancada.
Só peço a Deus que o Andrei não caia nessa armadilha e consiga um
método de nos livrar desse lunático do Thiago e desse tal de chefe. Estremeço
só de lembrar o que esses dois querem fazer com os meus bebês.
A reunião com os conselheiros da máfia já duram duas horas. Está
demorando mais do que o previsto. Algum inimigo está me dando mais
trabalho do que eu previa, e não pode ser os Gregos, pois eles não ousariam
entrar no meu território sem o meu conhecimento. Deve ser um inimigo
próximo que queria me derrubar e chegar ao poder. Mas quem? Droga! Quem
está sendo louco de desafiar Andrei Barkov?
Agora mesmo estamos traçando uma estratégia para descobrir quem é o
infeliz que tentou roubar a carga de armamentos que vinha de uma base local
para abastecer o meu exército. Mas se deram muito mal porque naquele dia
fiquei até muito tarde eliminando os ratos. Ainda na tentativa de pegar o líder
deles, quase fui atingido por uma bala, e só não fui alvejado graças ao Max,
que se jogou em cima de mim, me desviando do tiro. O maldito líder fugiu.
— Esses ratos devem ter recebido alguma informação privilegiada. —
supõe Snaider, um dos capos mas poderosos na organização.
— Concordo com você. — Max se pronuncia.
— Eu não acho. — intervém Ivanov. — Talvez seja incompetência dos
seus próprios homens, Andrei. Eles já estão velhos e obsoletos. É provável
que precise rever sua segurança. Desde que você se casou com aquela
ninfeta, não é o mesmo de antes, e os inimigos estão ganhando terreno. Creio
que o comando da máfia russa necessite de um líder que tenha o pulso mais
firme.
Velho maldito! A raiva me cega nessa hora e eu levo a mão ao coldre
que está preso na minha perna com a minha glock. Só tenho vontade de
mandar esse verme para o inferno com um tiro certeiro em seus olhos, mas
sou detido a tempo pelo Max, que coloca a sua mão na minha antes que eu
tenha tempo de pegar a arma e atirar contra o desgraçado.
— Calma, Andrei! — Max sussurra para mim nesse instante tentando
me apaziguar.
Minha expressão é de puro ódio nesse momento. Vejo Ivanov com o
seu olhar satisfeito sobre mim. Ele está querendo me desestabilizar para ver
se caio na sua jogada e me desmoralizar diante do conselho. Muita audácia
desse infeliz!
Tento me acalmar enquanto lhe respondo.
— Se considera obsoleta a maneira que enviei aqueles vermes para o
inferno, Ivan, lhe garanto que o local ficou parecendo mais um verdadeiro
filme de terror. Deveria ter visto os infelizes grunhindo e implorando por suas
vidas miseráveis. Só lamento não ter conseguido arrancar a informação que
queria e não ter descoberto quem foi o mandante. Os frangotes não resistiram
muito tempo à tortura e logo sucumbiram. — Sorrio satisfeito ao ver sua
expressão de desgosto com a minha resposta.
— Concordo com você, Andrei. — Snaider profere. — Em mais de 200
anos de domínio da máfia russa, os Barkov nunca perderam um confronto, e
sempre lideraram com mãos de ferro a organização, proporcionando bastante
lucros aos negócios e segurança à corporação. Mas Algo precisa ser feito para
evitar o avanço desse inimigo. Está claro que eles querem tomar o território e
até mesmo o poder. Isso é evidente. Precisamos bolar um estratagema para
neutralizar esse rival, tirá-los de circulação. Temos que cortar o mal pela raiz
para que isso não cresça, ainda mais agora, Andrei, que os herdeiros Barkov
são esperados. — termina o seu pronunciamento.
— O que você pensa sobre tudo isso, Andrei? — Ivanov interroga.
Esse velho maldito só está tentando me irritar.
— Eu penso que... — A tela do meu celular se acende em alerta. É meu
aparelho particular, somente para os assuntos envolvendo minha esposa.
Tento não focar nele. Quando a primeira chamada cai, retomo a minha fala.
— Em breve esses malditos se arrependerão de terem cruzado o meu
caminho, pois não vai sobrar um para contar a estória. — digo com ênfase,
mas sem querer expor algo de fato na frente de Ivanov não. Não confio nele.
— Mas o certo é que não haverá outro ataque surpresa. Nós vamos ser a
surpresa para eles. — Novamente o meu celular vota a vibrar. — Preciso de
um instante, senhores.
Saio da sala e atendo o celular o mais rápido possível.
— Alô?
— Senhor Barkov, aconteceu algo terrível enquanto sua esposa estava
no estacionamento do Shopping, pronta para voltar para casa. Homens
armados invadiram o local, mais de trezentos deles, senhor, e atiraram contra
nós de surpresa. Muitos morreram no confronto. Sua tia foi baleada e está a
caminho do hospital, e sua esposa...
Meu coração parece falha nessa hora.
— O que houve com minha esposa, seu imbecil? Responde de uma
vez! — pergunto irritado com a demora desse inútil.
— Foi sequestrada, senhor. Não sabemos para onde a levaram. Já
estamos tentando rastrear o aparelho que o senhor a deu, mas parece que ele
foi desativado.
— E os seguranças não deram conta?
— Apenas cem homens a acompanharam ao Shopping, senhor.
Recebemos uma ligação dizendo que precisaria dos outros soldados em outro
local para uma emergência, uma possível invasão em um dos galpões, e que
100 homens eram suficientes para fazer a escolta da senhora Barkov. Mas já
foi constatado que foi alarme falso.
— Quem lhe deu essa ordem, porra?! Com certeza não foi eu e muito
menos o Max. Sempre fui bem específico: atendam somente as minhas
ordens ou as do Max! Agora por culpa da incompetência de vocês, minha
esposa e meus filhos estão correndo perigo em algum lugar da Rússia. Isso é
se ainda não tiverem deixado o país. — Fico tenso só de pensar nessa
possibilidade, apesar do forte esquema de segurança nas principais entradas
do país.
Bando de Imprestáveis! Houve uma falha e alguém vai pagar caro por
isso. Pela informação que esse inútil me passou, temos um infiltrado, um
traidor. Mais de 500 homens fazem a proteção da minha esposa. Como esses
idiotas foram cair nessa armadilha? Sinto muita raiva e ao mesmo tempo
medo do que podem fazer com minha mulher e meus filhos.
Respiro fundo antes de continuar:
— Reúna todos os soldados no centro de treinamento! Quanto aos
homens que são responsáveis pela vigia, solicite que intensifiquem a
vigilância nos portos, rodovias e aeroportos! E aguarde as minhas próximas
ordens ou do Max! — Suspiro ainda frustrado procurando me recuperar. — E
minha tia, para onde foi levada?
— Senhor, sua tia foi uma verdadeira heroína, salvando a vida da sua
esposa e dos bebês de uma bala perdida no meio do confronto. Ela foi levada
para o melhor hospital, o Burdenko. Não sabemos exatamente a gravidade da
lesão, mas tudo indica que não é nada grave.
Instinto maternal. Minha tia nem imagina que acabou salvando a vida
da própria filha e dos netos.
— Ok. Avise à Beca sobre o ocorrido e siga o restante das minhas
orientações! Estejam todos postos, pois estamos prestes a entrar em uma
verdadeira guerra! — falo já desligando o celular e o jogando com toda a
minha força contra a parede. O mesmo continua intacto, visto que é à prova
de impacto.
Passo as mãos pelos meus cabelos, frustrado. Mas que porra! Não
deveria ter autorizado a saída da Anastácia ao Shopping. Sem intenção
coloquei a vida da minha princesa e dos bebês em perigo. Irei matar todos os
soldados incompetentes que não a acompanharam, com minhas próprias
mãos, e principalmente o maldito traidor.
Minha tia está no hospital depois de ter salvado minha esposa e só
espero que ela não esteja em estado grave. Minha princesa se encontra nas
mãos de inimigos. Será que está nas mãos daquele moleque imbecil?
Há alguns meses ele fugiu de sua adorável prisão. Tenho certeza que
recebeu a ajuda de alguém. O soldado que fazia sua vigília foi mandado ao
inferno por sua incompetência em ter deixado o prisioneiro fugir. Não quis
comentar nada com minha esposa, pois não suporto saber que ela nutre algum
tipo de sentimento por aquele pirralho desgraçado. Não tenho dúvida que ele
está aliado a grandes inimigos meus. Tive a constatação naquele dia que
tentaram roubar a nossa carga. Tinha certeza que o líder era ele, mas o
mesmo estava com um visual bem diferente, e Thiago não tem dinheiro para
nada, e pelo menos até onde sei, seus irmãos também não apoiam suas
loucuras. Se aquele moleque é mesmo o responsável por tudo isso, conta com
a ajuda de pessoas muito poderosas. Grunho alto por não tê-lo matado
quando tive a oportunidade antes.
Volto para a sala do Conselho.
— Andrei, e então? O que nos diz? Qual a estratégia?— Snaider
indaga.
— A reunião está cancelada.
— Mas o que houve?— interroga Snaider.
— Estamos em guerra. Minha esposa acabou de ser sequestrada e
minha tia levou um tiro, e se encontra agora em um hospital.
Recolho meus outros aparelhos celulares que estão na mesa e me dirijo
até a central de controle do sistema de informática, local que detém os mais
avançados equipamentos monitorados e rastreados por satélite da máfia. Essa
sala funciona no subterrâneo da sede, onde há uma grande equipe que lidera
uma rede de controles capaz de rastrear tudo e todos, até mesmo um peixe em
baixo d’água, no oceano. Os únicos que tem autorização para entrar aqui é
eu, Max e uma equipe de extrema confiança.
Meus homens me passam todas as últimas informações que já
coletaram. O celular que dei à minha mulher há alguns dias, não foi
encontrado e já está desativado. Malditos! Lembro da reação dela ao me ver
lhe dar um presente daquele.

*****

FLASHBACK

— Um celular? — Seus olhos azuis parecem não acreditar. — É de


verdade?
— Sim, princesa. Esse celular é um sinal de confiança que tenho sobre
você. Mesmo estando monitorado, sei que não fará nada que me prejudique.
Ela sorri e me agradece em seguida com um singelo beijo na bochecha.

*****

Droga! Bato com toda a minha força sobre os botões do painel.


Nenhuma câmera do local mostra onde está o carro que a levou. Não
pegaram nada da fuga deles. O pior de tudo é que essa seria minha melhor
jogada. Como irei encontrá-la?
— Senhor, até agora nada indica sobre o carro em fuga.
— Max, eu já sei o que fazer. Todas as roupas de Anastácia têm uma
escuta, que sempre coloco por precaução. Ligue o aparelho de som para
ouvirmos! O programa está instalado como Rebel.
— Sim, Andrei.
Max imediatamente cumpre minhas ordens. Ele tem a mesma agilidade
que eu para navegar na web, conhece todos os programas e sabe monitorar
todos.
— Andrei, consegui. — confirma me passando o fone. — Não se
preocupe, cara! A gente vai consegui trazer a sua mulher e os seus filhos de
volta.
— É o que eu mais quero.
Estou tenso. Não posso perder a Anastácia.
A conexão não está cem por cento, mas pelo menos dá para escutar a
conversa. Minha suspeita é confirmada quando reconheço a voz do
desgraçado. Então foi realmente o Thiago que sequestrou minha esposa. Ele é
aliado de algum inimigo meu. Ouço quando o maldito pergunta:
— Qual o problema, Anna? Você quer os filhos desse maldito? Por
acaso se apaixonou por ele? — O diálogo é interrompido por um breve
intervalo, até que o escuto novamente. — Responda, porra! — grita com a
minha esposa.
Que maldito! Vou cortar sua língua atrevida por tratá-la assim.
— Não é isso, Thiago. Eu não amo o Andrei, e sim o odeio com todas
as minhas forças. — Um aperto se forma no meu coração quando ouço suas
palavras. — Mas essas crianças não tem culpa de nada. Eu não queria ter
engravidado do homem que mais desprezo nesse mundo. Esse momento era
para ser nosso.
Dou um murro na mesa ao ouvir sua pronuncia. Minha mão lateja
devido a dor do impacto, mas não dói mas do que ouvir da Anna essa
verdade.
— Vai ser, amor, e em breve você vai carregar nosso futuro herdeiro,
mas antes temos que eliminar esses monstrinhos do Barkov que estão na sua
barriga.
Trinco o meu maxilar de puro ódio. Esse desgraçado quer matar os
meus filhos e roubar a minha mulher?
— Vamos, amor, você tem que ir para a sala de procedimentos! — ele
prossegue.
Fico tenso quando ouço isso.
— Thiago, você me ama?
O que ela está fazendo? Por que eu não eliminei esse verme quando
tive a chance? Esse maldito não vai chegar nem perto da minha esposa. Antes
eu mato ele. Ouço Anna argumentar sobre os riscos de passar por um
procedimento de uma cirurgia de urgência. Não acredito que esse maldito
quer eliminar os meus filhos. Eu vou matar o Thiago.
Nessa hora minha equipe está toda concentrada em encontrar o sinal de
localização da minha esposa.
— Sei disso, e por isso que eu te amo!
Quando ouço isso, meu coração sangra. Será possível? Será que Anna
realmente ama esse desgraçado?
— Você não sabe o que sofri nas mãos daquele lunático do Andrei. —
ela continua.
Eu fico tenso, pois realmente fiz muitas coisas que talvez minha esposa
nunca me perdoe.
Ouço quando Thiago afirma que vai se vingar de mim e está me
preparado uma armadilha. Ele pronuncia da necessidade de acabar com os
meus filhos para não existir nenhum herdeiro. Continuo atento na conversa
até que uma fúria se apodera de mim quando o infeliz deixa claro que quer
possuir a minha esposa.
— Mas tudo que eu quero agora é senti-la, saber que você é todinha
minha.
Fico possesso quando aquele verme fala isso.
— Ele é um homem morto se tocar um dedo sequer nela. — Bufo
controlado pela fúria. — Eu me arrependo de não tê-lo castrado antes. Que
miserável! — Jogo o fone de ouvido na mesa de controle e saio da sala já
derrubando tudo que encontro pelo caminho.
Nesse momento a ira me cega e eu vou até o estacionamento. Ah,
Anastácia, eu vou encontrá-la, meu amor! Você nunca vai se livrar de mim!
Antes que eu chegue no meu carro, um Audi R8 da cor prata, Max vem
correndo em minha direção.
— Andrei, se acalme! Se você tivesse escutado o resto da conversa,
entenderia que a Anna só disse aquilo para ganhar tempo com o Thiago. Ela é
uma garota esperta e conseguiu nos repassar sua localização. — Estanco no
lugar. — Temos que nos preparar, pois tem outra pessoa por trás do Thiago, e
pelo visto descobrimos o nosso inimigo, Schwarzer Falke. — O olho sem
entender, porque há alguns anos destruí o chefe dessa máfia. — Parece que
eles se reergueram e estão com um novo líder, uma pessoa muito poderosa
pelo que pude observar.
— Eu vou acabar com esse desgraçado!
— É isso aí, chefe! Vamos! Você tem que esfriar a cabeça, cara.
Precisamos traçar o melhor plano e pôr em prática. Temos que agir com
cautela. Como você sabe, todos podem ser suspeitos.
Olho para ele.
— Obrigado, Max! — Lhe dou um abraço e uns tapinhas nas costas. —
Você é como um irmão para mim, o único que eu realmente confio. Não sei o
que seria de mim se não fosse você.
— Você nem imagina. Cara... — Observo que ele quer me falar algo,
mas logo muda de ideia. — Você também é um irmão para mim, Andrei. —
Volta a caminhar de novo. — Agora vamos resgatar sua garota e os meus
sobrinhos!
Alguns minutos se passaram e eu analiso minhas possibilidades nesse
cubículo fechado. O Andrei já deve saber sobre o meu sequestro e logo virá
atrás de mim, e espero que sem demora.
O plano do Thiago será posto em prática em breve, então que agir
rápido. Imediatamente me vem uma ideia. Pego um pequeno grampo que está
no meu cabelo, vou até a ponta e tento abri-la por algum tempo. Sem sucesso.
Bufo de raiva. Infelizmente não obtive êxito. Que droga! Nos filmes parece
ser tão simples.
Mas eu sou uma Grego e não desisto nunca! Vamos colocar o plano B
em prática. Mas primeiro tenho que alimentar meus pequenos.
Quando vou em direção à mesinha, posso ver algumas frutas e uma
sopa em uma pequena tigela ainda sobre a bandeja. Que droga! Nenhuma
faca. Ninguém confia mais em ninguém hoje em dia. Penso um pouco
desanimada.
Termino minha refeição e analiso as demais alternativas que tenho pelo
quarto. Observo que a bandeja que a tal Jenny trouxe a comida, é bastante
pesada e resistente, então pode me servir. Com uma tática já em mente,
aguardo chegar o momento certo para entrar em ação. Com certeza aquela
homicida ainda virá ao quarto buscar a bandeja.
Fico em posição, aguardando o retorno dela ao cômodo.
Já se passou muito tempo e minhas pernas já estão doendo de tanto
ficarem na mesma posição. É quando ouço a porta ser destrancada. Só espero
que seja ela e não o Thiago.
— Vim buscar a bandeja. — fala me procurando com os olhos pelo
quarto.
Não perco tempo, e assim que constato ser a silhueta dela, com toda a
força que possuo, taco a bandeja em sua cabeça. Ela fica grogue por alguns
momentos e eu repito o golpe novamente, mas dessa vez vejo seu corpo
tombar sobre o chão. Jogo o objeto em um canto qualquer do quarto, vou em
sua direção e verifico os sinais vitais da enfermeira, pois não sou uma
psicopata igual a ela e só estou tentando salvar a vida dos meus bebês.
Logo sigo até a porta, com cautela, e verifico se no corredor há algum
guarda no local. Constato aliviada que há pouca iluminação no lugar. Para a
minha felicidade, eles não me consideram uma ameaça real, já que não
deixaram nenhum homem me vigiando. Acham que eu não tentaria nada
devido à minha condição gestacional,
Prossigo com cuidado até o escritório, observando tudo ao redor. Ouço
vozes lá dentro, volto rápido e me escondo perto de um barril que está ali
próximo. Vejo quando a porta se abre e um homem com o Thiago
abandonam o lugar e seguem para o pátio, em passos apresados, para uma
espécie de galpão. Respiro aliviada e sigo de volta ao escritório. Para o meu
alívio, o local está destrancado. Entro no ambiente e vou direto ao
computador, mas logo paro e analiso que se eu o usá-lo, eles podem
descobrir. Apesar de ser bastante habilidosa na área da tecnologia, tudo aqui
pertence ao inimigo e não tenho nenhum programa para instalar e me
camuflar ou apagar o meu rastro de navegação. O mais provável é que assim
que eu acessasse, eles já saberiam que o sistema foi usado antes mesmo que o
Andrei apareça para fazer o resgate.
Olho ao redor e vejo uma máquina de fax. Percebo que é a minha
melhor opção. Logo digito no papel as coordenadas da minha localização e
envio uma cópia para os meus irmãos e outra para o Andrei. Quando o
documento já está com quase todo o envio concluído, ouço passos virem na
direção da porta, que é aberta de repente.
É o Tiago. Não tempo de me esconder e ele me olha surpreso por eu
estar aqui. Tento ficar de costas para a máquina para ele não notar.
— Anna, o que faz aqui, meu anjo?
Tento me manter calma para não estragar o plano.
— Eu vim te procurar, amor.
— Para quê? Algum problema? Eu te disse para ficar no quarto e não
sair de lá.
— Você falou que eu não sou uma prisioneira aqui.
— Anna, entenda bem! Você não é nenhuma prisioneira, mas precisa
cumprir minha ordens. Eu não sou aquele garoto tolo que um dia você achou
que podia manipular. Tem que me obedecer, senão terá consequências. O
chefe está presente, e se ele te descobrir aqui, os resultados serão piores.
— Você está me ameaçando?
— Claro que não, meu anjo, apenas advertindo que suas atitudes terão
implicações. Agora retorne ao quarto, como uma boa menina, e não saia de
lá, a não ser que eu a autorize! Em breve esse lugar não vai ser seguro para
você, então fique trancada até amanhã quando a médica chegar e te livrar
desses bastardos.
Um pequeno barulho vindo do fax chama a atenção do Thiago. Nessa
hora ele olha para mim com uma expressão interrogadora.
— O que está me escondendo, Anna?
— Na... Nada.
Ele vem até mim, me pega pelos ombros e me tira do seu caminho.
— Maldita mentirosa! — exclama olhando para a máquina de fax. Só
espero ter conseguido enviar a mensagem a tempo. Ele desliga o aparelho da
tomada. — Você estava enviando uma mensagem para aquele russo
desgraçado? — Vejo seus olhos se transformarem em pura ira quando cita o
Andrei. Logo ele dá um murro forte na máquina, e essa reação faz com que
eu me afaste dele, com medo. — Você está apaixonada por aquele infeliz?! É
isso?! — Olha pra mim de uma forma assustadora.
— Claro que não, amor! Eu... — tento acalmá-lo.
— Cala a boca, porra! Eu sei que você mandou uma mensagem para
ele! Você me enganou, Anastácia, e vai me pagar! Eu te amei de verdade, sua
vagabunda! — Vem até mim e desfere um tapa na minha cara.
Fico surpresa com sua atitude. O Thiago que eu conhecia, nunca agiria
assim. Levo a mão ao local, sem acreditar que ele fez isso comigo.
Você deveria estar morta há muito tempo, e isso só não aconteceu
porque eu me apaixonei por você. E é assim que você me paga, sua vadia?!
— Thiago, por favor! Me escuta! Isso foi apenas um mal entendido. —
tento argumentar.
Ele me pega pelos cabelos fortemente e pronuncia:
— Era para eu ter te comido naquela noite que fomos ao apartamento
do meu primo, mas não esperava que aquele russo desgraçado já estivesse na
Itália para estragar os meus planos. Maldito! — Sua respiração está agitada e
há raiva estampada em suas feições após lembrar-se do ocorrido. — Quando
percebi, já era tarde demais, e foi quando ele me sequestrou e colocou seu
plano em ação.
— Por que você está falando essas coisas? Você sabe que eu te amo,
Thiago!
— Cala a boca, sua mentirosa! Eu vi que você mandou uma mensagem
pro Barkov.
Suas mãos em meu cabelo já fazem o meu couro cabeludo arder.
— Thiago, eu ju...
Ele não me dá atenção e continua com o seu discurso implacável:
— Calada! Mas agora eu estou em vantagem. Tenho a putinha do
Barkov agora. — O encaro com olhos arregalados, espantada pela sua
maneira de se expressar. — O quê, Anna? Acha que ele a ama? Você é mais
tola do que eu pensei se acredita nisso. Ele só se casou com você pelo seu
dinheiro, sua loirinha burra!
— Não é verdade. Eu posso usar o meu dinheiro da forma que eu
quiser. Ele não o quis.
Sua expressão agora é de muita raiva por causa do meu comentário.
— Estou com nojo de você, Anna! Está ouvindo o que diz? Você agora
está defendendo aquele russo de merda. Estava disposto a te dar uma nova
chance, anjinho, porque pensei que você havia repudiado cada toque
asqueroso dele na sua pele. Mas parece que não, né, sua puta?!
Thiago começa a me levar em direção ao sofá, ainda me arrastando
pelos cabelos. Eu tento me afastar do seu toque, mas ele é implacável. Me
larga sobre o móvel, bruscamente, vai até a gaveta da mesa do escritório e
pega um canivete. Ele o abre, se aproximando novamente de mim, e me olha
com muita fúria e desejo. Constato isso na sua face.
— Eu deveria ter cumprido aquela ordem, e você estaria há 7 palmos
abaixo da terra agora.
— Thiago, por favor! Se acalma!
— Se você gosta de ser tratada como uma puta, é assim que vou te
tratar a partir de agora. — É latente a sua raiva.
— Mas antes de abrir sua barriga para tirar os monstrinhos do Barkov
dela, eu vou te comer, nem que seja apenas uma vez. Quero que aquele
desgraçado sofra o que sofri quando ele te tomou de mim.
— Para, Thiago! Não se aproxime!
Os olhos dele estão estranhos, num tom azul opaco, transfigurado pelo
ódio.
Ele não me dá tempo para reagir, então me tomba no sofá. Percebo suas
mãos frias e calejadas afagarem o meu corpo. Eu só sinto repulsa do seu
toque. Ele aperta os meus seios.
— Uhhh! Que delícia! Eles estão maiores, amor! Vou amar chupá-los!
Era assim que o Barkov fazia enquanto você gemia como uma cadela no cio?
— Fico completamente sem ação contra o seu ataque ofensivo sobre mim. —
Hã? Responde! Você também gemia com o toque dele? — Começo a chorar.
— Responda, sua vagabunda! — Ele dá um tapa no meu rosto e posso sentir
gosto de sangue na minha boca.
— Por... favor, Thiago! Não!
Ele se aproxima do meu rosto e começa a lamber as minhas lágrimas.
— Isso, amor! Chora! Nunca mais você vai ver aquele russo
desgraçado. — Tento empurrá-lo. Sem sucesso. — Agora meus toques são
repulsivos para você, Anna? Mas se um dia os do Barkov foram, e você agora
o ama, também vai amar os meus quando eu estiver a fodendo duro.
Quando o Thiago se inclina sobre mim, posso sentir que ele está
excitado. É um doente! Como pode fazer isso comigo nesse estado? Meu
Deus! Não acredito que vou passar por isso de novo.
Ele começa a passar a navalha no o meu rosto, sem me machucar.
— Você vai colaborar, anjo, ou então os monstrinhos vão sofrer! Então,
o que você prefere?
— Sim, Thiago, eu vou colaborar.
— Ótimo! Então vamos ver o quanto você está receptiva, meu anjo. —
Coloca um sorriso satisfeito na cara enquanto suas mãos apalpam minhas
pernas, a abrindo.
Tenho que tentar algo. Não vou me render fácil. Já sei! Espero que o
meu plano dê certo.
— É melhor que eu fique por cima. Assim a barriga não vai atrapalhar
e eu poderei controlar melhor os movimentos para não machucar os bebês. —
sugiro tentando ganhar tempo.
Ele pega meu braço fortemente e diz de forma intimidadora:
— Mas eu quero machuca-los. Odeio ver você carregando os
monstrinhos daquele infeliz. Porém, você tomou uma sabia decisão, meu
anjo. Mas não tente nenhuma gracinha, senão vai se dar muito mal!
Entendeu? — me alerta.
— Claro que sim, Thiago! O que eu poderia tentar nesse estado? — me
esforço para controlar o nervosismo na voz e o observo de forma coquete,
tentando demostrar que eu o quero realmente.
Ele se levanta e tirou a camisa. Apesar de magro, seu corpo tem
músculos bem torneados e algumas cicatrizes recentes. Será que foi no tempo
que Andrei o manteve preso? Em seguida ele tira a calça, ficando só com
uma cueca preta.
— Veja, amor! Estou louco por você! Agora venha aqui e mostre o
quanto está sedenta por mim! Me beije!
Sem outra alternativa, eu vou até Thiago e faço isso. Ele intensifica o
beijo. Não tem como eu impedi-lo. Posso sentir seu membro duro ir de
encontro à minha barriga.
— Uhh! Que delícia, Anna! Agora quero ver essa boceta gostosa
engolindo o meu pau. Tire a roupa, amor!
Ele colocou o canivete sobre a mesa do escritório no momento que
tirou a roupa.
— Vem, amor! Quero que mostre para mim o quanto minha garota está
doida para me dar essa boceta gostosa! Vou matar minha fome do seu corpo
hoje!
Ele olha para a minha boca.
— Mas antes quero essa boca apetitosa em volta do meu pau! Não sabe
o quanto eu imaginei isso, amor. Depois eu vou te comer gostoso. Acho que
vou filmar e enviar para o Barkov. Que tal, amor? — profere com um sorriso
perverso nós lábios.
Em seus olhos azuis posso ver luxúria. Não entendo como ele pode me
desejar nessa situação, mas tento me mostrar uma mulher confiante.
— Quer me ver nua? — tento soar sedutora.
Meu plano tem que dar certo. Tiro meu casaco e avanço em direção ao
Thiago, tentando me mostrar confiante. Paro a poucos passos dele e insinuo
tirar o vestido, o provocando.
— Você gosta? — questiono de modo coquete, mostrando a junção dos
meus seios no decote do vestido.
— Desse jeito você vai me matar, Anna! — afirma com os olhos
vidrados em mim e repletos de luxúria.
— Você nem imagina, amor! — digo isso já me aproximando do seu
corpo.
Passo a minha mão levemente sobre o seu torso e o enlaço em seguida.
Meus braços estão em volta do seu pescoço e minha boca busca a sua.
Somente quando sinto sua entrega, ponho o meu plano em prática. Reúno
toda a força que possuo e aplico um golpe certeiro com o joelho no seu
membro. Me desvencilho do seu toque rapidamente. Thiago grunhe de dor e
leva as mãos para a área atingida.
— Ai! Você me paga, sua puta! Ia até pegar leve com você, mas agora
eu vo...
Ele não termina a frase, pois assim que eu me livro das suas mãos, vou
em busca da pequena luminária em forma de cavalo que se encontra em uma
mesinha próxima ao sofá. Seguro firmemente o objeto e desfiro com ele um
golpe na sua cabeça. Thiago ainda me olha sem entender minha reação, mas
logo vejo seu corpo tombar mole sobre o chão. Posso ver um corte minando
sangue da sua cabeça.
Em seguida recoloco a luminária no seu devido lugar, imediatamente
pego meu casaco no chão, arrumo minha roupa e saio do ambiente o mais
rápido possível. Mas antes de chegar até a porta, ela é aberta abruptamente
revelando um homem alto e imponente no meu caminho. Recuo brevemente
e logo é transpassado pelo meu corpo um arrepio de medo quando vejo a
figura sombria que obstrui o meu caminho. Não pode ser !
Esse homem é o mesmo que estava na minha festa de apresentação. Fui
exibida para várias pessoas naquela oportunidade, mas me lembro bem desse
senhor que me foi apresentado como Ivanov. Ainda me recordo do nome,
pois Andrei na ocasião foi muito mal educado com ele. Pareceu não se darem
bem. Mas se ele conhece meu marido, pode me ajudar.
— Por favor, senhor! Eu preciso de ajuda! Fui sequestrada por esse
louco! — Aponto para o Thiago. — Ele que me fazer mal a mim e aos meus
bebês.
Sua expressão não demostra nenhuma empatia.
— Ora, ora, o que temos aqui? Uma Barkov bastante ousada pelo que
vejo. Conseguiu golpear a maldita da enfermeira e agora pelo o incompetente
do Thiago também.
Quando ele fala, isso percebo que ele é um aliado do meu marido.
Tento me afastar. Droga! Deveria ter pegado o canivete do Thiago. Olho para
a mesa do escritório, onde está o objeto, mas ele vendo a minha intenção, me
pega antes que eu consiga reagir.
Nessa hora vejo o Thiago despertar, colocando uma mão na cabeça.
— Mas que droga! Por que fez isso, Anna? — sussurra olhando para
mim.
— Você é um imbecil, Thiago! — O tal Ivanov exclama. — Sempre
foi. Deveria ter te eliminado bem antes. Pena que o líder anterior lhe deu uma
nova chance. Eu já o teria matado. Estou me arrependendo de ter te tirado
daquele cativeiro. Só te libertei de lá para aborrecer ainda mais o Andrei,
porque amo ver aquele russo de merda irritado.
— Não fale mal do meu marido, seu verme! — digo raivosa e ele apena
ri.
Thiago se pronunciou:
— Desculpa, chefe! — Olha para mim, revoltado.
Então que dizer que esse Ivanov é o tal chefe? Ele é um traidor. O
Andrei tem que saber disso. Todo esse tempo o tendo como um aliado.
Aposto que esse senhor vinha planejando o meu sequestro há muito tempo, e
como tem acesso a todo o esquema de segurança do meu marido, foi fácil.
— Você está se provando um incompetente, Thiago! — sua voz
demostra raiva. — Você falhou na missão que eu lhe ordenei de roubar a
carga de armamentos do Barkov, e por sua ineficiência perdi muitos homens
que agora me seriam úteis.
— Naquele dia eu quase peguei aquele russo maldito, chefe. — Thiago
se defende já procurando as roupas para se vestir.
— Você foi nocauteado por uma mulher grávida, Thiago! — fala ainda
carregado de ódio. — Não eliminou os monstrinhos como eu ordenei. Sabe
que não pode existir nenhum herdeiro do Barkov entre mim e o meu poder.
Iria ter tornar o meu consigliere, mas não acho mais essa uma escolha
sensata. — Noto sua respiração agitada, como se buscasse se controlar. —
Você está igual o Andrei: um fracote por causa dessa boceta. Já vi que não
será mais útil para mim, seu incompetente!
— Isso não vai mais acontecer, chefe. Eu prometo. — Thiago
argumenta olhando na minha direção, bastante exasperado.
— Não vai mesmo! — Ivanov enfatiza isso, pega uma arma da sua
cintura e mira no Thiago.
Vejo os olhos do Thiago arregalados pela surpresa, mas ele não tem
tempo de reagir. Logo ouço um disparo e meu ex-namorado cai no chão.
Posso ver o seu sangue salpicar na parede e nos móveis próximos.
— Não! — grito pelo horror da cena. Minhas lágrimas já escorrem em
abundância pelo rosto.
— Está com pena do namoradinho? — pergunta já me arrasta para fora
do escritório. — Vamos! Eu mesmo vou cuidar de você, vadiazinha!
— Ai! Me solta, seu desgraçado! O Andrei e os meus irmãos vão
acabar com você, seu infeliz!
Noto que ele fica ainda mais furioso e sai puxando meu cabelo pelo
corredor.
— É mesmo? Estou contando com isso, princesa. É por isso que você
está aqui. E pelo que sei, mortos não podem fazer nada. — Solta uma
gargalhada sinistra. — E logo seu maridinho vai ter o mesmo destino do
Thiago. Só que no caso do Andrei, quero que ele sofra bastante vendo a sua
dor antes de eu matá-lo lentamente e dolorosamente. Anteriormente eu não
tinha tanta influência para enfrentar o Barkov, mas agora eu tenho minha
própria organização e vou acabar com aquele russo de merda. Logo vou
assumir todo o comando da máfia na Rússia.
Quando dobramos mais um corredor, imediatamente outro soldado
aparece em nosso campo de vista, o mesmo que comandou o meu sequestro.
Ele está saindo de uma sala, um moreno forte com o corpo cheio de
tatuagens.
Ouço quando Ivanov dá as instruções:
— Limpe o escritório! Você agora é o meu segundo no comando.
— Sim, chefe!
No final do corredor, logo me deparo com uma cela imunda. Ivanov me
joga lá dentro sem muita consideração.
— A minha sorte é que desde que o idiota do seu marido se casou com
você, baixou sua guarda e só se preocupava em eliminar os Grego. — Sorri
satisfeito. — Ganhei rapidamente mais domínio e aliados. Mas você
engravidou e esses bebês não podem ficar no meu caminho.
— Por favor! Me deixa ir! Eu te imploro! Meus filhos não tem culpa de
nada!
Sua risada é assustadora. Posso ver que nos seus olhos azuis não há
nenhuma piedade, e ele não será manipulável como o Thiago. Por mais que
tente, nada conseguirei dele. Posso ver a determinação na sua face.
Ivanov vem na minha direção. Tento não demostrar medo, mas é
impossível. Dou mais um passo para trás.
— Eu quero que ele saiba que você morreu sofrendo, implorando pela
sua vida e pela desses pirralhos malditos na sua barriga! — Observa minha
barriga atentamente. — Quero que o maldito tenha convicção de que ele, o
todo poderoso Andrei Barkov, o mas temido líder da Rússia, não poderá fazer
nada para impedir. Foi assim que acabei com a outra namoradinha bailarina
dele. O desgraçado nunca imaginou que eu fui o responsável pela morte dela.
— Sua expressão se torna divertida com a lembrança. — Ela era muito
parecida com você: loira, olhos azuis e muito gostosa. Ainda me lembro dos
gritos altos dela enquanto eu a fodia duro.
Ele é um psicopata! Não acredito no que esse ser asqueroso está me
dizendo. Meu marido já amou outra? Eu vou matar Andrei! Mas antes preciso
me livrar desse monstro que foi o responsável pela morte dela. Meu Deus!
Isso deve ter destroçado o meu esposo.
Ivanov continua com o seu discurso implacável.
— Depois joguei seu corpo quase irreconhecível numa ruela qualquer,
como a puta que ela era. — posso perceber satisfação na sua fala. — Deixei
no local um símbolo que indicava a máfia rival à nossa, Schwarzer Falke.
Eles estavam me dando dor de cabeça, pois descobriram que eu matei o pai
do Andrei, aquele velho maldito. — Bate forte na grade da cela. —
Começaram a me chantagear com isso e alguns negócios também não
estavam dando mais certo. Porém, seu marido me livro do problema. O idiota
cheio de ódio e enfurecido acabou com eles para mim. Você nem imagina
como o Andrei ficou transtornado quando a encontrou naquele estado. Ele foi
atrás dos que ele considerava os culpados e o galpão virou uma zona de
terror. O cheiro de sangue impregnava o lugar. Depois de incendiar o local, o
deixou.
— Você é um traidor! — digo horrorizada com as atitudes dele.
Ele me olha sorrindo como se tivesse orgulho daquilo.
— Sim. E valeu a pena! Nunca fiquei tão perto do poder. E graças a
você, Anastácia! — O observo sem entender. — Você neutralizou o Barkov
para mim. Assim como Dalila foi a ruína de Sansão, você foi a ruína do
Andrei. — Sua risada diabólica preenche o ambiente. — Eu reconstruí de
volta a organização rival, e os poucos que ficaram vivos, estavam com ódio
do seu marido e queriam vingança. E aqui estou eu, liderando a segunda
maior máfia da Alemanha. Quando eliminarmos os Barkov, seremos os
primeiros de toda a região.
Ele pega um charuto do bolso e acende. Começo a tossir devido à
fumaça, mas isso não o incomoda.
— Para isso, amanhã mesmo você vai fazer um processo cirúrgico para
a retirada desses pirralhos.
— Não! Por favor! Meus filhos não! — Choro.
— Você não pode me manipular igual fez com o Thiago. Lágrimas não
me comovem. — Dá mais uma tragada no charuto. — Amanhã mesmo
chegarão mais reforços e uma nova médica para fazer os procedimentos, já
que a incompetente da Jenny não foi capaz. Vou filmar todo o seu tormento e
mandar para o Barkov, pois quero muito ver o sofrimento dele. Não imagina
o estado que ele ficou quando soube do seu sequestro. Mandarei os corpos
dos pirralhos dele em uma linda caixa, e isso será apenas o começo da sua
dor.
— Você é um monstro! Seu psicopata!
— Nem imagina, baby! Se despeça dos seus pirralhos, porque amanhã
você vai ser levada e preparada para a sala de cirurgia. — com isso abandona
o lugar.
Agora minhas chances são quase nulas, visto que eu não tenho opção
nenhuma. A noite está fria e meu casaco mal me protege desse clima. Meu
pulmões estão quase sem ar devido à infiltração nas paredes e o clima frio do
ambiente. Levo a mão ao bolso e procuro minha bombinha. Aspiro algumas
vezes buscando abrir as vias respiratórias. Se a intenção dele é me matar, em
breve conseguirá.
Já se passaram muitas horas desde o meu sequestro e logo vai
amanhecer. Não tenho alternativa. Vou até o pequeno catre que se encontra
na minúscula cela com um colchão velho e bem desgastado, e me deito na
pequena cama, buscando uma posição confortável. Com a minha barriga
avantajada fica difícil achar uma agradável. Meus bebês se mexem e sinto
uma leve pressão abaixo da barriga.
— Calma, meus amores! Nos somos os Grego nunca desistimos! —
falo alisando a barriga como se pudesse passar segurança para eles.
Mais lágrimas começam a molhar o colchão. A única chance que terei é
se o Andrei vir nos resgatar. Só espero que aquele fax tenha chegado até ele e
meus irmãos. Com esse pensamento adormeço.

*****

Sou acordada por um barulho na cela e me dou conta de que é o mesmo


soldado que Ivanov determinou como o seu novo homem de confiança.
— Levante-se! A doutora já chegou. — sua voz também é determinada.
Me levanto, atordoada, me lembrando dos últimos acontecimentos.
— Por favor, moço! Não faça isso! Eu preciso falar com o Ivanov.
Tenho que tentar algo, algum acordo com esse senhor. Talvez eu possa
oferecê-lo toda a minha fortuna para ele me deixar ir embora.
— O chefe não está disponível. Está agora recebendo os novos
carregamentos de armas que o seu marido nos roubou, juntamente com mais
reforços. Se já estava difícil dele vir resgatá-la, agora está impossível. Enfim,
deixe de conversa e vamos logo! Não vai gostar se eu usar os meus métodos.
Um arrepio atravessa meu corpo quando vou em direção ao homem e
ele me pega de modo brusco, me arrastando praticamente pelo corredor até a
sala que pretende me levar.
Quando chego lá posso ver uma mulher toda de uniforme branco, com
uma máscara e uma touca. Ela está acompanhada da Jenny. A enfermeira está
com a cabeça baixa e a levanta quando me vê. Seu olhar é de muito ódio em
minha direção. A sala tem uma mesa de cirurgia pronta com alguns
instrumentos cirúrgicos próximos.
— Por... favor! Não! — Começo a chorar.
A mulher vem até mim.
— Vamos! Precisamos prepará-la. Não se preocupe! Tudo vai dar
certo. — a mulher vestida de branco tenta me tranquilizar.
Como pode dar certo se querem tirar os meus filhos à força de mim?
O tal segurança pega uma pequena câmera. Não acredito que ele vai
fazer mesmo o que aquele psicopata do Ivanov disse. Posso ver uma caixa em
uma mesa próxima e meu coração começa a acelerar.
— Venha, senhora! Pode confiar. Vai dar tudo certo.
Eu já estou gelada e angustiada.
Quando a médica me leva para trás do biombo para me colocar uma
roupa, escuto no momento seguinte um barulho enorme, como de uma
explosão, e logo ouço tiros e um helicóptero sobrevoando o local. Vejo
quando o moreno tatuado sai rápido para ver o que está acontecendo do lado
de fora, me deixando com a médica e a tal Jenny.
Tento me desprender da doutora e sair correndo, então a ouço dizer que
é aliada do Andrei.
— Calma, senhora Barkov! Vai dar tudo certo! Faz parte do plano.
Agora posso respirar mais aliviada.
Porém, imediatamente fico apreensiva novamente quando vejo a
médica sacar uma arma é apontar na minha direção. Penso que dessa vez será
o meu fim. Fecho os olhos assim que ouço o barulho do disparo.
— Pronto, senhora. Desculpe pelo susto!
Quando olho em volta me deparo com o corpo da Jenny estirado no
chão. Ela está com uma espécie de bisturi na mão.
— Eu pensei que você era uma médica.
— Eu sou, senhora Barkov. Mas há muitos anos já sirvo a máfia, então
devemos ficar atentos e prontos para todos os tipos de situações.
— É uma armadilha. Eu preciso avisar ao Andrei.
— Não é prudente, senhora. O ideal é ficarmos aqui aguardando. Seu
marido já sabe de tudo.
Os minutos passam-se mais parecendo uma eternidade. Os tiros cessam
e logo ouvimos gritos ressoarem no recinto próximo. Meu coração bate
descompassado e o tempo aparenta se arrastar. Já estou prestes a deixar o
local, quando a porta é aberta. Lágrimas caem pelo meu rosto assim que
contemplo as figuras em minha frente.
O plano já está traçado. Assim que amanhecer o dia, ele vai ser posto
em prática. Mas agora temo pela vida da minha mulher e dos meus filhos.
Minha tia já estou sabendo que não corre perigo, pois a bala pegou no ombro
e não atingiu nenhuma veia ou artéria principal. Teve que passar por um
processo cirúrgico, mas ficou bem. Minha irmã Rebeca está com ela e me
disse que a mesma só pergunta pela Anna. Parecem até compreender a
ligação que as unem. Eu vou trazer a minha esposa de volta, tia. Eu prometo.
Eu sabia que aquele infeliz do Ivanov era um traidor. Meu instinto não
me engana. Deveria tê-lo matado logo assim que suspeitei que ele tinha
participação na emboscada que levou a morte do meu pai. Mas infelizmente
não foi encontrado indícios do seu envolvimento no crime, portanto, não o
eliminei.
Tudo isso pela ganância do poder. Ouvi esse infeliz dizer que deu fim
na Lara. A forma brutal que ele ceifou sua vida, só me faz sentir ainda mais
ódio dele. Quando eu o pegar, esse maldito é quem vai sofrer lentamente é
dolorosamente. Vai conhecer quem é o Barkov de verdade. Se esse
desgraçado ousar tocar pelo menos um dedo na minha doce Anna e nos meus
filhos, ele vai se ver comigo! Bufo frustrado por não estar no controle da
situação no momento. Depois dessa, Anastácia nunca mais vai sair de casa.
Vou colocá-la em uma torre e jogar a chave fora. Minha loirinha é corajosa.
Só fico chateado porque ela colocou sua vida e a dos bebês em perigo, e
ainda por cima aquele desgraçado do Thiago tentou abusar dela. Que ódio!
Penso frustrado por eu mesmo não ter acabado com aquele infeliz. Quase
quebro tudo que vejo pela frente nos momentos em que Anna estava tentando
seduzi-lo.
Ivanov deu até uma morte rápida ao frangote do Thiago. Queria eu
mesmo arrancar seu coração com as minhas próprias mãos, e seus dois olhos,
para aquele moleque atrevido nunca mais cobiçar o que é meu. Mas parece
que esse prazer vai ficar para o outro desgraçado, o “chefe”. Quando eu o
pegar, vou descontar toda a minha fúria naquele maldito.
Os reforços que o Ivanov requisitou juntamente com a carga de
armamento, já está sobre o meu domínio. A médica que irá fazer o processo
cirúrgico na Anna, já foi neutralizada e colocada outra de confiança em seu
lugar. Agora é só esperar para pôr o plano em ação. Tudo tem que sair como
o esperado. Eu não posso perder a minha mulher.
Os homens já estão todos postos sob o meu comando, só aguardando a
minha autoriza. Meu foco todo está centrado nessa operação.
Minha atenção é desviada por um breve momento para a entrada do
galpão. Posso ver mais homens entrado junto com o Max, e com eles estão
Enrico Grego e Enzo Grego. Meus queridos cunhadinhos! Penso irritado.
— O que os inimigos fazem aqui, Max? — pergunto irado. Ele não
percebe que estamos prestes a entrar em uma guerra?.
— Trouxe reforços, chefe. — ele responde e eu o olho, recriminando-o.
— Facilitei a entrada deles no país, Andrei. O importante agora é salvar a
Ana e os bebês. — Max prossegue quando ver minha expressão intimidadora.
— Eu não preciso de reforços.
— Então é assim que o todo poderoso Barkov está cuidando da minha
irmã? Deixando que ela seja sequestrada pelos seus inimigos? — Enrico fala
debochado.
— Eu vou trazê-la de volta sã e salva com os meus filhos. — retruco
irritado.
Sem me dar tempo de reagir, Enzo parte para cima de mim e me acerta
um soco. Imediatamente estamos os dois rolando no chão. Ele me golpeia e
logo depois é detido pelo irmão. Eu me afasto limpando o sangue da boca.
— Seu miserável! Por que você fez aquilo com a minha irmã, seu
verme?! — Enzo indaga revoltado.
— Ela é minha e só fui pegar o que me pertence. — não me intimido
diante da sua de fúria. Só não lhe revidei os socos porque acho que mereci.—
Não é como se vocês também tivessem feito um bom acordo ao me trocar
pelo desgraçado do Thiago. Se ela está em perigo agora é por conveniência
dele. — falo irritado. — Infelizmente o maldito já foi eliminado e eu não
pude fazer as honras de mandá-lo para o inferno.
Observo a expressão de arrependimento atravessar a expressão de
Enrico, mas logo ele recupera sua pose de homem implacável.
— Calma, Enzo! Não podemos perder o foco. — Enrico fala
procurando manter o irmão sob controle quando ele ameaça me atacar
novamente. — Agora Anastácia precisa de todos nós.
Enzo parece ponderar e se afasta, procurando se controlar.
— Pela Anna. — diz finalmente buscando ficar tranquilo. — Quando
salvarmos nossa irmã, eu irei matar esse imbecil!
Vejo Max os acompanharem e lhes repassar todo o plano. Sorrio
otimista. Em breve traremos minha Anna de volta.
Se aliar aos meus cunhados pode ser algo proveitoso, mas se eles
pensam que irão tirar minha esposa de mim, estão muito enganados.

*****

A viagem até a sede do Ivanov foi bem sucedida e já nos encontramos


aqui infiltrados junto com os demais soldados, aguardando aquele desgraçado
dar as ordens para serem cumpridas. O que não acontecerá. Penso animado.
Imediatamente vejo aquele verme adentrar o recinto do grande pátio.
— Muito bem! Vejo que chegaram os novos reforços. Como foi a
viagem? Algum imprevisto no caminho? A carga chegou intacta?
Tenho que ter cautela nesse momento. Minha vontade é só de atirar no
meio da sua testa, mas não posso me precipitar e pôr o plano a perder.
Prontamente dou dois passos à frente me mostrado como o líder dos novos
reforços.
— Tudo saiu como o combinado, chefe, sem nenhum imprevisto, e a
carga está totalmente intacta e pronta para o uso. — respondo.
Minha voz está mudada através de um aparelho de alta performance e
tecnologia, e minha aparência também. Ele nunca me reconheceria, e quando
me reconhecer, será tarde demais.
— Muito bem! Excelente trabalho! Já temos muita munição aqui, mas
já que não sabemos como e quando aquele maldito do Barkov vai agir, temos
que ficar preparados e sempre um passo à frente. Não quero ser pego
desprevenido. Em alguns instantes vou mandar os corpos dos pequenos
monstrinhos para ele. — Sua gargalhada preenche o ambiente.
Nessa hora pressiono meus punhos com força para controlar o ódio que
sinto por esse maldito.
— Só mais outra coisa. As ordens são claras: se o Barkov aparecer,
atirem, mas sem matar. Eu terei o prazer de manda-lo para o inferno, e será
lentamente e dolorosamente.
Ele se vira e vai saindo do pátio, até que um som alto de uma explosão
ressoa no recinto. É o sinal. Logo todos ficam postos e helicópteros liderados
pelos Grego entram em ação e começam a atirar nos inimigos. Nosso
uniforme nos diferencia dos demais soldados, com uma faixa vermelha que
só pode ser vista por um óculos especial.
Ivanov retorna rapidamente dando ordens.
— Bando de incompetentes! Não estão vendo que estamos sendo
atacados?! — ele fala já com a arma na mão, tentando atirar no helicóptero,
mas logo percebe que os novos reforços estão matando seus soldados e ele se
dá conta da armadilha. — Droga! Maldito Barkov! — exclama e sai
correndo.
Ele se esconde atrás de um dos vários barris que estão espalhados ao
redor do pátio.
Imediatamente o lugar se torna um verdadeiro campo de guerra. Vou
atrás de Ivanov, me esquivando dos tiros, dos ataques e me protegendo. O
maldito está atrás de um barril como um covarde. Em seguida observo
quando o desgraçado mira na direção do Max, que está distraído. Sem
titubear dou um tiro na sua mão e ele erra o alvo por causa do impacto. Ouço
seu grito de dor. Analiso ao redor e já posso ver a situação sob controle. Logo
vou na direção do maldito, chuto sua arma e miro nele.
— O que você está fazendo, seu imbecil?! Não vê que eles estão em
vantagem?! Atire contra eles! — Ivanov ainda não me reconheceu.
Logo desativo o aparelho que muda a voz e retiro a máscara que estava
usando. Quando ele percebe que sou eu, arregala os olhos sem acreditar.
— Surpresa! Achou mesmo que podia me enganar, seu miserável?
Todo esse plano para me destruir? Você era o segundo no comando! O que
mais queria, seu idiota?!
— Você nunca deveria ter sido o herdeiro legítimo. Seu avô, aquele
russo de merda, roubou o direito da minha família.
— Você nunca se conformou com isso, mas essa disputa foi legal, e se
hoje ocupo esse cargo, é por direito legítimo. — pronuncio e dou um chute
no seu peito, o fazendo cair.
Prontamente Max vem até mim.
— Andrei já está tudo sobre controle.
Posso observar que os Gregos já estão pousando os helicópteros e que
os poucos soldados que restaram do Ivanov estão rendidos.
— Excelente, Max! Esse verme é meu.
— Você não pode fazer nada contra mim. Se você me matar, nunca
mais verá sua garota, Barkov, e o Conselho vai pedir explicações sobre o meu
desaparecimento.
— É mesmo? Pelo que sei, mortos não podem fazer nada. Levanta, seu
maldito! — uso uma frase que ele mesmo usou para se referir à mim. — E o
conselho já sabe absolutamente tudo. Você não percebeu, mas na roupa da
minha esposa tem um aparelho de escuta e localização que nem ela mesma
sabe.
Ele permanece do mesmo jeito no chão, com os olhos arregalados.
— Levanta! — ordeno mais uma vez. Sem sucesso. — Não vai me
obedecer? Tudo bem. Eu amo o modo mais difícil.
Começo a pisar no seus dedos da mão ferida e ouço o barulho dos ossos
se quebrarem e o seu grito de dor.
— Vamos! Levanta, seu covarde! — O pego pelo colarinho e lhe acerto
um soco em seguida. — Finalmente vou poder vingar meu pai, a Lara e o que
você fez à Anna e aos meus filhos.
Saio o arrastando pelo pátio. Já se pode ver dezenas de corpos que
estão sendo empilhados pelos meus soldados. Alguns homens já se
encontram sendo socorridos. Vou até onde imagino que seja a sala de tortura
e a abro com um chute. É um lugar amplo e bem planejado. Parece que ele
antecipou todos os passos antes.
— Vejamos! Qual brinquedinho você tem para mim? — Observo sua
expressão, que agora é de medo. Ele sabe o que lhe aguarda. — Além das
mortes que você carrega, também é um maldito traidor, então terá um
tratamento VIP.
— Me solta, seu russo de merda! Você não pode me tratar assim! Sou o
segundo maior na máfia, não um soldado qualquer. — Tenta se solta e lhe
dou outro soco.
— Claro que não, vossa majestade! — debocho. — Receberá um
tratamento à altura.
O coloco em uma cadeira de tortura elétrica e lhe prendo as mãos e os
pés.
— Vejamos! Primeiro preciso extravasar minha raiva, e nada melhor do
que começar a me aquecer. — falo lhe desferindo um murro. — Esse foi pelo
meu pai. — Lhe dou mais um, informando o motivo. — Esse pela minha
Anna.
Perco a noção dos golpes, e só quando vejo o desgraçado quase
inconsciente e irreconhecível, é que paro.
— Acorda, boneca! — ordeno dando um tapa na sua cara. Ele estava
quase inconsciente. — Está só começando. Não vale dormir ainda.
Ele tenta me cuspir com o seu sangue, mas não consegue.
— Coisa feia! Sua mãe não te deu educação, Ivanov? — pergunto me
divertindo com sua expressão de dor. — Você queria me fazer sofrer, seu
traidor? Vamos ver quais outros brinquedinhos temos aqui para potencializar
o seu tormento. — Vou até a mesinha e pego um pequeno punhal bem afiado.
— Vamos ver o que podemos fazer! — Vendo a sua expressão de medo,
passo levemente o punhal na sua garganta, arranhando-a e conseguindo um
pequeno filete de sangue. — Não, seria uma morte muito rápida. Que tal
esse? — Cravo o punhal na sua perna, rasgando a carne, e ele grita de dor,
como o covarde que é. — Quem vai implorar agora?
— Nunca! — sussurra.
Faço o mesmo processo na outra perna, ainda ouvindo seus gritos.
— Tudo bem. Chega de brincadeira. — pego um balde de ferro. —
Bem... Já deve imaginar o que vai acontecer agora, Ivanov, já que esse é um
brinquedinho seu. Ou como diria Arnold Schwarzenegger: “Hasta la vista,
baby”! Mande lembranças ao Thiago e diga que eu sinto muito não ter
mandado ele pessoalmente para o inferno. —pronuncio isso colocando o
balde de ferro na sua cabeça e ligando o botão que conduz a eletricidade.
Logo ele começa a gritar e a se remexer na cadeira. O balde de ferro
intensifica o processo. Saio da sala de tortura e deixo o Max responsável por
desligar a cadeira quando o maldito estiver morto.
Agora só quero ver minha loirinha, saber se ela está bem com os meus
pequenos. Imediatamente a avisto no pátio com os Grego cada um de lado,
como se a protegessem, e a médica logo atrás deles.
— Anna, você está bem pequena? — pergunto, mas constatando que
aparentemente ela está bem. — Não tem mais nenhuma
ameaça, moya lyubov'.
— Anna! — Enzo se pronuncia.— Você vai voltar conosco! Não é
mais nenhuma prisioneira. E esses pequenos vão ser amados e protegidos
como um Grego.
Quando ele fala isso, me sobe uma raiva. Esses imbecis querem tirar a
minha Anna de mim. Ninguém, absolutamente ninguém, vai tirá-la de mim!
— Anna, você não é nenhuma prisioneira ao meu lado. Sabe que toda
segurança que a cerca é necessária, e eu espero que tome uma boa decisão,
até mesmo porque você não tem escolha, meu anjo. — A observo
atentamente com medo da sua sentença.
Vejo sua expressão. Ela olha para os irmãos e me analisa de volta. Meu
coração acelera. Anna não pode me deixar!
Nunca pensei que viveria para ver isso: meus irmãos e meu marido no
mesmo ambiente sem se matarem. Enquanto Enrico parece tranquilo,
conversando com Andrei numa espécie de escritório que há nesse galpão
abandonado, eu estou um pouco mais afastada, falando com Enzo, que não
consegue esconder o alívio em me ver novamente. Meu irmão sempre foi um
grande amigo meu. Não que Enrico não fosse. Mas a diferença é que Enzo
sempre teve menos responsabilidades e com isso sobrava mais tempo para me
entreter.
— Eu não acredito que vocês finalmente estão se dando bem. Fico
feliz. — digo para meu irmão.
— Estamos planejando um terceiro filho. Não posso deixar Enrico
ganhar nesse quesito.
— Fico tão feliz que Enrico tenha aceitado Jennifer como sua filha.
— O quê? Aquele homem dá a vida por aquela menina. Você acredita
que ele está ensinando ela a lutar? Segundo nosso irmão, é autodefesa. Ele
está ficando velho e caduco com os filhos.
— Fico muito feliz por vocês dois. — Toco no seu rosto, fazendo
carinho, e ele sorri.
Seus olhos azuis são capazes de me acalmar após todos os medos que
senti. Enzo é o único que sabe conversar comigo e temos uma forte ligação.
Enrico se aproxima de mim, me dando um beijo na bochecha. Ele
acabou tocando em minha barriga e aposto que ficou meio sem jeito. Meus
irmão não estão com um semblante muito amigável, e eu os conheço muito
bem.
— Sobre o que estão falando? — Enrico pergunta.
— Enzo estava me falando sobre os filhos que ainda pretende ter com a
Luana, somente para não ficar para trás.
Os dois se entreolham e riem. Eles disputam exatamente tudo, até
mesmo a quantidade de filhos que terão.
— Sabe que não pode me superar, irmão. Nunca! — Enrico brinca.
— Isso é o que veremos, irmão. Luana está quase grávida. Quem sabe
não tenhamos gêmeos, assim como nossa irmãzinha?
— Falando nisso, desse jeito nossa irmã irá passar na nossa frente. Em
um piscar de olhos, ela já está empatado com você, irmão.
Enzo fecha o semblante e posso ouvir a voz de Andrei dando instruções
no telefone antes de se juntar a nós.
— Anastácia irá para casa conosco! — Enzo segura minhas mãos
firmemente tentando me convencer de que essa é a decisão certa.
— Enzo, eu... — não termino de concluir a frase.
— Anastácia não vai para lugar nenhum! — Andrei diz logo atrás de
mim. Sua voz é tão potente que sinto um arrepio com a sua possessividade.
— Como não? Você raptou a minha irmãzinha, seu imbecil! — Enzo
dá um passo à frente para ir na direção do meu marido e eu o impeço de ir
mais adiante. Apoio minhas mãos em seu peito. Ele me olha e nada diz. Logo
monta sua guarda contra Andrei. — Não pense que irá sair vitorioso dessa
vez! — prossegue.
— Como não? Não vê que sua irmã agora é minha esposa e está
grávida dos meus filhos?
— Você a violou, seu imbecil! Eu me lembro perfeitamente das fotos
que vi dela.
— De quais fotos você está falando, Enzo? — pergunto curiosa.
Não estou sabendo de foto alguma. Se conheço bem meu marido e sua
maneira diabólica de agir com os outros, aposto que ele deve ter enviado
fotografias minhas da primeira semana que fui sequestrada, no meu estado
lastimável, para que meus familiares sofressem ao constatar que eu estou
muito machucada.
— Fotos em que você estava muito machucada e ferida, Anna. Veja só
o tipo de homem que você chama de marido!
Isso me deixou muito abalada. Não pensei que a maldade do Andrei
havia chegado a tanto. Respiro fundo e o encaro com muita indignação.
— Anna, amor, aquelas fotos são passado. No início eu estava com
muita raiva e por isso não pensei bem.
— Não esperava outra coisa de você. — confesso desapontada.
— Por isso Anna virá para casa conosco. — Enzo ressalta mais uma
vez.
— Anastácia só sai daqui por cima do meu cadáver! — Andrei fala
determinado
— Tudo bem. — Enzo diz muito tranquilo. — Como imaginamos,
irmão. Ele não vai deixar Anna vir conosco. Teremos que aceitar. — profere
facilmente vencido pelo meu marido.
Esse não é meu irmão. Definitivamente não.
— Enzo... — Enrico diz pacificamente. — Mantenha a calma, irmão!
— Estou calmo, irmão. — Recua. — Muito calmo... — então sinto
muita fúria em sua voz, mesmo ele estando aparentemente calmo para os
meus ouvidos.
Não tenho tempo nem de gritar. A cena seguinte é um Enzo furioso e
possesso de ódio indo na direção de Andrei com bastante fúria nos punhos.
Enrico segura na minha mão e me leva para fora da sala, fechando a porta em
seguida. Não sei se choro ou se grito com os dois. Parecem duas crianças se
atacando. Então decido simplesmente abraçar o meu irmão e tentar não ouvir
os berros de ódio que eles desferem um contra o outro.
— Me larga, seu idiota! — Andrei grita.
— Toma essa, seu filho da puta! — Enzo diz enfurecido.
— Caralho! Respeita a minha mãe! — Andrei rebate.
— Enquanto eles discutem, vamos sentar ali conversar um instante!
Sempre admirei a calma que meu irmão tem em momentos difíceis.
Desejo ser mais como ele, mas essa virtude nem eu e muito menos Enzo
conseguimos ter. Os seguranças estavam prontos para intervir, mas Enrico
não permitiu. É até sorte ele não estar envolvido em meio a tudo isso.
— Me admiro que você não esteja lá também, sabe? Socando o Andrei.
— Vontade não me falta, mas eu prometi à Giovana que voltaria para
casa sem nenhum arranhão.
— Ah! Muito bom saber que você ouve sua esposa! Andrei nunca me
ouviu, nem quando disse que ele deveria morrer.
— Você está apaixonada por ele, não está?
— No começo eu o odiava muito e tentei não sentir nada por ele,
porque ele me fazia muito mal, então eu só tinha muito ódio dele. — Suspiro.
— Mas não pude controlar. Andrei me ama e cuida de mim. Às vezes me
sinto uma boneca de porcelana. Sei que ele errou muito comigo, mas a cada
dia que passa, estamos aprendendo mais juntos como ser um casal unido.
— Não conte isso para o Enzo, mas eu prefiro ele do que aquele infeliz
do Thiago.
— Thiago enganou todos nós direitinho. — digo irritada.
— Ele recebeu o que mereceu e agora está queimando no fogo do
inferno.
Minutos depois não ouvimos mais barulho de nada sendo quebrado.
Temos dois pensamentos para isso: ou eles desistiram de se quebrarem em
vão ou ambos morreram. Torço para que seja a segunda opção, porque se eles
estiverem vivos, eu mesmo os matarei, por serem tão cabeças duras.
— Vamos ver o que houve! — Enrico fala.
— Por que não? Ver Enzo sangrar me diverte.
— Lembra quando ele era criança e tinha medo de sangue?
— E você ficava se cortando para causar medo nele.
— Era divertido. — Meu irmão ri.
Voltamos à sala. Andrei está em pé com a mão em seu queixo e seu
rosto está com um corte num supercílio, sangrando, também com um olho
inchado e um corte na boca. Já Enzo está na mesma situação, só que melhor
do que Andrei.
— Anna, eu já terminei. Podemos ir. — Enzo diz levantando do chão,
parecendo um pouco tonto.
Se Andrei o fez bater a cabeça, eu juro que bato a dele também com a
mesma intensidade.
— Já lhe disse que Anna não vai a lugar nenhum! Ela é minha! Me
pertence! E vocês sabem disso.
— Uma dúvida: quando digo que Giovana é minha, de maneira
possessiva, eu também fico parecendo um idiota?
— Precisa responder? — Enzo indaga.
— Não. — responde convencido de sua resposta.
Antes que ele decidam voltar a se atacar, resolvo tomar as rédeas desse
jogo. Um bando de homens imaturos, que os vendo assim, ninguém acredita
que são os maiores líderes de organizações mafiosas.
— Andrei, não ouse voltar a agredir o meu irmão! — digo rígida.
— Ana...
— Cala a boca, Enzo! — retruco estressada. — Será possível que vocês
dois não veem que estou grávida e prestes a surta depois de tudo que vivi nas
últimas horas? É pedir demais que não se matem pelo menos até o dia que
meus bebês nascerem?
— Me perdoa, meu amor! O louco do seu irmão veio para cima de mim
primeiro. Ele tem sorte da minha arma estar sem munição.
— Digo o mesmo. — Enzo rebate.
— Não quero saber de mais discussões! Eu preciso de notícias. Quero
saber como estão todos lá em casa, se a mamãe está bem.
— Prometemos levar você de volta para casa. — Enzo fala sorridente.
— E Kátia? Como está? — pergunto olhando para o Andrei
— Ela está bem. O tiro não atingiu nenhum órgão ou artéria. Teve que
passar por um procedimento simples, mas já está melhor, meu amor.
— Essa notícia me alegra muito. Ela foi uma heroína salvando a minha
vida e a dos bebês.
Vejo os três se olharem apreensivos. Enrico logo puxa Enzo para um
lado e lhe diz alguma coisa, enquanto Andrei vem até mim, me abraçando
com aquele olhar predador que tanto me faz querê-lo muito, somente para
mim.
— Você não sabe como eu sofri vendo você e meus filhos nas mãos
daqueles dois lunáticos. Tive medo de chegar tarde e já encontrar você e os
nossos filhos mortos.
— Não foi sua culpa. Aquele idiota enganou todos nós.
— Não me perdoaria se algo tivesse acontecido com vocês.
— Eu tinha certeza que você iria nos resgatar, só não sabia que iria se
aliar aos meus irmãos.
Suas mãos tocam os meus cabelos, fazendo um leve cafuné. As suas
órbitas cor de mel me fitam intensamente de um modo feliz.
— Não me restou muitas opções e me custou um pouco caro. — se
refere ao rosto machucado. — Mesmo assim faço qualquer coisa para te ver
feliz.
— Estou muito feliz que tudo tenha dado certo. Por um momento
pensei que...
— Não pense mais nisso! Está segura novamente, e dessa vez para
sempre ao meu lado, esposa.
— Vai ser difícil convencer Enzo.
— Seus irmãos não têm chances contra mim. Estou em maior número
de soldados armados e eles estão em meu país apenas porque eu permiti a
entrada deles.
— Andrei, são meus irmãos. Não machuca eles! Por favor!
— Eles que não tentem levar o que é meu.
— Você não perde sua pose nem mesmo depois de levar vários socos.
— Não foram tantos, e ele levou mais. Veja o rosto dele!
Sorrio e ele deposita um beijo suave sobre minha testa, fazendo eu me
sentir ainda mais segura.
— Agradeço pela ajuda garotos, mas creio que já está na hora de
voltarem para a Itália. — meu marido fala.
— Você é mesmo um mal agradecido! Só resgatou a Anna graças a
nossa ajuda.
— Eu teria conseguido sem vocês também. Sou habilidoso.
— Enzo, irmão, eu falei pra você manter a calma! — Enrico altera o
tom de voz.
— Mas eu estou calmo, irmão. — Enzo diz sem entender muito a
atitude de Enrico enquanto ele se aproxima de Andrei.
— Mas eu não estou. — Enrico diz acertando um soco contra o rosto de
Andrei, que foi pego de surpresa mais uma vez. — Não podia ficar sem
deixar a minha marca, cunhado! — fala sorrindo
— Caralho! — resmunga levando a mão ao local atingido.
— Agora estou mais tranquilo. — Coloca as mãos sobre os bolsos de
seu sobretudo. — Se por acaso ousar machucar a minha irmã, irá conhecer
toda fúria dos Grego!
— Eu não vou machucar a Anna. Nunca mais! Eu a amo mais que tudo
nessa vida.
— Não podemos deixar ela com esse imbecil, Enrico!
— A escolha não é nossa, Enzo. Anastácia quer ficar, e ela está
grávida. Mesmo que a levássemos para casa em segurança, o Conselho nós
obrigaria a devolvê-la paro o marido.
— Malditas leis da máfia! — Enzo bufa irritado.
Me aproximo dele e lhe dou um abraço apertado.
— Eu vou ficar bem. — asseguro. — Andrei não vai me machucar. Eu
confio nele. E confio em vocês também. Após o nascimento dos meus filhos,
irei dar continuidade às aulas de autodefesa que tinha antes. Pode pedir para
meu professor vir me ensinar aqui na Rússia?
— Claro que sim, irmãzinha! E lembre-se: qualquer coisa, por menor
que seja, me ligue! — Olha para o meu marido com uma expressão
assustadora.
O momento agora é de despedida. Após abraçar um por um
carinhosamente e poder dizer o quanto eu os amo, também mando um beijo
para cada sobrinho meu e um abraço carinhosamente para minha mãe.
Não aguento o choro quando os vejo sair por aquela porta. Foram
tantos dias sem ver, sem ouvir a voz, sem abraçar e beijar os irmãos mais
perfumados de todo o mundo.
— Venha nos visitar qualquer dia desses, cunhado. — Enrico convida,
sério.
— Será um prazer recebê-lo em nosso país e em nossa casa. — Enzo
sorri cheio de vingança em seu olhar.
Andrei me abraçou por trás, fazendo um leve carinho na minha barriga,
e logo os pequenos começaram a se mexer, reconhecendo a presença do pai.
Então ele sussurra no meu ouvido:
— Quando nossos filhos nascerem, pode ir visitá-los.
— Você está falando sério?
— Tem razão. Não posso privá-la de vê-los. Às vezes sou muito
egoísta por querê-la somente para mim, mas não consigo evitar. Você é tudo
que eu preciso, tudo que eu sempre desejei.
— Seu mentiroso! — O empurro possessa de raiva. — Eu soube da
bailarina. Por isso me fez vestir aquela roupa ridícula? Você ver ela em mim?
Ah, como eu quero te matar, Andrei! — rosno de raiva. — Quer saber? Eu
vou embora com meus irmãos. E não me procure mais! Se quer sexo 24
horas, procure outra loira que seja parecida com ela! Eu não aceito ninguém
do seu passado entre nós.
— Anna, meu amor, pare com esse ciúme bobo! Você sabe que eu te
amo e que ninguém do meu passado está entre nós.
— Me diga, Andrei! Ela tinha os olhos mais azuis que os meus? Já sei!
O beijo dela... Você gostava do beijo dela. — falo sem conter minhas
lágrimas.
— Amor, de novo isso? A roupa de bailarina foi apenas para mostrar
para mim mesmo que você é a única e que ninguém nunca vai chegar aos
seus pés.
— Você jura? — pergunto dengosa
— Juro. Você é tudo que eu tenho de mais precioso nessa vida.
Nenhuma mulher nunca será tão importante para mim como você é. — Sorri.
— Ótimo, Andrei! Eu não quero mais nenhuma mentira entre nós. — O
vejo desviar os olhos brevemente dos meus.— Agora vamos para casa! Eu
necessito de um banho e meus filhos precisam se acalmar.
— Vamos para casa, moy angel! É tudo que eu quero.
O que eu mais desejo nesse momento é poder receber uma boa
massagens nos pés, e Andrei fará isso para mim.
Uma nova etapa inicia em minha vida, uma nova jornada começa a ser
seguida por mim. Confesso que está sendo uma nova descoberta. A cada dia
que passa, noto mais a minha necessidade de querer amar e proteger os meus
filhos de tudo. Para ser sincera, nunca me imaginei como mãe. Quero dizer
que nunca pensei que seria mãe tão jovem. Não é como se maturidade
estivesse na idade — apesar de que em alguns casos sim —, e eu mesma sou
um exemplo disso. Antes do nascimento dos meus bebês, eu não me sentia
completa como hoje, podendo acordar todas as manhãs e admirar o belo rosto
dos meus filhos, tão perfeitos e inocentes.
Aurora por ser a mais velha em questão de minutos é a minha
princesinha. Tão pequena e delicada! Ela também é a que se parece mais
comigo. Os seus fios loiros e olhos azuis indicam que ela é mais como eu do
que como o Andrei. Nunca imaginei que ele fosse se apegar tanto a ela, que
mesmo sendo uma bebê muito pequena e frágil, meu marido gosta de segurá-
la nos braços e falar coisas do tipo: "Quem é a princesinha do papai?". Jamais
pensei que viveria para ver isso: meu marido como um pai amoroso e
dedicado.
Já Nicolai é grande e forte como o Andrei. Os seus cabelos são
castanhos escuros e os seus olhos são de cores âmbares, como os do pai. Em
tudo que faz, lembra o meu esposo. Segundo ele, nossos filhos são o seu
orgulho. Sou obrigada a suportar um marido convencido dos filhos que faz.
Um absurdo, eu sei, mas o que posso fazer? Essa é minha família e não posso
reclamar de Andrei, que tem se mostrado muito atencioso comigo e com os
bebês nesses últimos meses, mesmo tendo que trabalhar muito para colocar
os seus "negócios" da máfia no lugar.
Hoje os meus pequenos estão completando cinco meses e já estão um
pouco mais durinhos. Minha princesa fica linda de rosa, e eu adoro enfeitá-la
com tiaras e pequenos brincos de diamantes com pedras cor de rosa. Ela
simplesmente é a razão da minha vida, juntamente com Nicolai.
Lembro do dia em que as contrações vieram. Eu estava no Jardim com
Kátia, tentava me refrescar um pouco, já que nos últimos dois dias vinha
sofrendo com um calor absurdo. Sem falar que o simples fato de carregar
dois bebês ao mesmo tempo não era nada fácil. Não sei como consegui fazer
isso com minha pouca estatura de 1,55 cm.

*****

FLASHBACK

Tomo um delicioso suco de abacaxi com pequenos pedaços de maçã


trinchados dentro do copo. Fica uma delícia essa mistura!
Reclamo sobre o quanto meu marido estava insuportável, agindo como
se eu fosse uma boneca de cristal e que a qualquer momento eu fosse
quebrar. Se ele me visse agora no Jardim, já teria me levado à força para o
meu quarto, e tudo isso por causa da minha doutora ter marcado o meu
parto para próxima semana.
— Você é uma menina de bastante força, Anna! — Kátia me diz pelo
fato de eu não ter matado Andrei ainda. Se ela soubesse que não fiz isso por
falta de oportunidades...
— Eu juro que às vezes eu só quero matar ele. — comento de forma
divertida.
Ela ri animadamente. Nesse momento Rebeca se aproxima de nós,
segurando um delicioso picolé de chocolate. Sua textura está perfeita e
minha língua já consegue sentir o gosto dessa delícia.
— Eu quero um. — falo.
— Sinto muito, Ana! Esse era o último. Lembre-se: Andrei não permite
que você coma porcarias.
Como se não fosse o suficiente ser obrigada a aturar todas as sandices
do meu marido, tenho que aceitar seus termos e exigências. Ele não sabe que
uma mulher grávida não tem culpa de sentir desejos. Até parece que é
pecado chupar um picolé. Pensando nisso, sinto meu estômago começar a
doer. Para eles verem que eu não sou de ferro.
Penso em ser muito dramática, já que sempre fui muito boa com isso.
Tenho apenas que fingir que estou chorando, e isso é fácil. Sempre ajo assim
quando quero algo dos meus irmãos. Anos de prática nunca falharam. Estou
afeiçoada nesse ramo.
Coloco meu plano em ação, fazendo careta, e logo em seguida vem
uma contração aguda no baixo ventre. Foi uma pontada, como se estivesse
me rasgando por inteira. Levo minhas mãos à minha barriga, que nesse
momento sinto que vai explodir, como se meus bebês estivessem se revirando
e pedindo passagem freneticamente. Ou pior, sinto que eles estão pulando
como se faz em um bloco de carnaval. Uma dor aguda toma conta de mim,
me fazendo querer gritar como nunca sentir antes.
Sinto meu coração bater aceleradamente dentro do meu peito e nesse
instante um misto de dor e medo toma conta de mim. Percebo lágrimas
molharem o meu rosto.
— Não, Anna! Não chora! Eu posso mandar comprar mais pra você e
o Andrei nem irá saber. — Rebeca diz pensando que eu estou assim por
causa do que ela havia dito sobre os picolés. — Eu não sabia que você
estava tão sentimental. Não precisa chorar, cunhadinha.
— Anna, você está pálida, querida! — Kátia diz tocando em meu
braço. — Muito gelada também. Você está... Oh, meu Deus!
— Meus filhos, Kátia! Vão nascer! — falo com a minha voz por um fio.
Tudo acontece muito rápido. Quando menos espero, a ambulância já
está me levando para o hospital. As contrações ainda são intensas com
intervalos cada vez menores. Ouço Kátia dizer que a médica já havia sido
comunicada e está aguardando. Escuto os paramédicos falaram que tudo
está preparado para quando eu chegar no hospital.
Respirei fundo e peço a Deus para que meus bebês fiquem bem. Como
eu queria que Andrei estivesse aqui comigo! Hoje pela manhã, antes de sair,
ele me disse que precisava resolver alguns assuntos em São Petersburgo. Por
um lado fiquei aliviada com sua viagem, pois senti um pouco de paz por não
ter ele controlando todos os meus passos, mas agora que estou aqui deitada
sobre essa maca, ouvindo o barulho estrondoso da sirene da ambulância,
mesmo com Kátia ao meu lado segurando a minha mão, eu só desejo uma
coisa: que o meu Andrei esteja aqui comigo.
Não há complicações durante o parto e posso ouvir os chorinhos dos
meus bebês, mesmo estando quase desacordado. Quase entrei em pânico
quando pensei ter sentido a dor da minha barriga sendo cortada, mas sei que
tudo não passou de um medo que eu mesmo criei. Por segurança, os médicos
resolveram aplicar uma nova anestesia para me deixar mais tranquila.
A enfermeira me mostra os meus filhos. Vejo os lindos olhos azuis da
minha garotinha. Ela foi a primeira a nascer. E em seguida olho para o meu
garotinho lindo e forte como o pai.
Depois disso, eu não lembro de mais nada. Fico inconsciente.

(...)

Quando desperto, já estou no quarto. Me sinto confusa e só quero


saber dos meus bebês. Kátia me diz que eles estão no berçário. Eu faço
questão de dizer que desejo vê-los imediatamente.
— Querida, você não pode se levantar! Acabou de sair da cirurgia.
Não se preocupe! Seus filhos estão bem.
— Não, Kátia, você não entende. Se você não me levar agora, eu
mesmo irei me levantar sozinha e ir até eles.
— Calma, querida! Eles estão no berçário recebendo todos os
cuidados necessários. São lindos, Anna! Dois anjinhos.
Ela sorri de uma maneira tão carinhosa. Kátia é muito especial para
mim e eu já a amo muito, e depois do seu belo gesto, levando aquele tiro no
meu lugar, eu me sinto ainda mais próxima dela. Uma ligação que nunca irá
morrer, como se sempre tivesse existido.
— Irei falar com a médica primeiro. Só te peço que tenha paciência e
não levante da cama sozinha.
Concordo com ela. Mesmo me sentido um pouco dolorida no lugar
onde está os pontos, não será isso que irá me impedir de tocar nos meus
bebês. Kátia voltou em seguida dizendo que meus filhos serão trazidos em
breve.
Passa-se alguns minutos e a porta é aberta imediatamente. Avisto as
enfermeiras com os meus bebês. Kátia me ajuda a ficar um pouco inclinada
sobre a cama para eu melhor pegar meus filhos.
Me entregam primeiro a Aurora. A inspeciono minuciosamente,
constatando que está tudo bem com ela e que é perfeita. O mesmo faço com o
meu pequeno Nick. Não contenho o choro ao segurar suas pequenas
mãozinhas. Dizem que todo o drama acontece somente na gravidez, mas no
meu caso, começa a ficar pior agora. Esse momento é o mais mágico de toda
a minha vida.
Uma enfermeira me ajuda na primeira amamentação dos pequenos. É
uma sensação nova e completamente diferente. Sinto um vínculo forte ser
formado aqui.
Depois que amamento os meus filhos, fico só os admirando, até que
uma enfermeira já se prepara para levá-los de volta.
— Só mais um minuto. — peço toda boba.
— Seus filhos são lindos, Anna! Veja só a garotinha.. Se parece muito
com você! Já o menino...
— É a cara do pai. Nem quero ver a reação do Andrei quando vê-lo.
Vai se tornar ainda mais insuportável do que já é. — Respiro fundo e acabo
pensando alto. — Eu só queria que ele estivesse aqui.
— Eu sempre vou estar aqui, princesa. — ouço sua voz. Logo a porta é
aberta e um imponente Andrei entra no quarto. — Me perdoe por não estar
aqui com você na hora do parto! Vim o mais rápido que pude. — Beija a
minha testa e logo analisa os nossos filhos. — São lindos, meu anjo!
Obrigado! — Posso ver seus olhos brilhantes e emocionados.
Confesso que fiquei surpresa, pois não esperava sua chegada ainda
hoje. Pensei que ainda nem sabia do nascimento dos bebês. Mas então
lembro que ele é Andrei Barkov, chefe da máfia russa, o homem que sabe
exatamente tudo sobre mim. Aposto que assim que entrei em trabalho de
parto, ele já estava sabendo e logo deu um jeito de vir. Nunca pensei que
ficaria tão feliz por tê-lo ao meu lado.
Prontamente as enfermeiras pegam os meus pequenos e os leva para o
berçário.
— Você veio!
— Sempre vou estar aqui para vocês, moy angel!
Abraço ele, o pegando de surpresa, e me preenchendo em seus braços
fortes e musculosos. Não tenho dúvida de que no seu abraço me sinto
protegida, além de ser um lugar quentinho para me aconchegar em uma
noite fria.
— Eles não são lindos?
— Tiveram sorte de se parecer com você.
Ele deposita um beijo sobre minha testa e nesse momento me sinto a
mulher mais feliz do mundo.

*****

— Senhora Barkov, deixe-me trocar a fralda de Aurora! — A babá


Aline se oferece.
Essa é sua função, e Andrei a contratou assim que saí da maternidade.
Fui contra sua atitude, mas às vezes é necessário ter uma babá.
— Pode deixar que eu mesma troco, Aline! Não precisa se incomodar.
— Não será incômodo algum, senhora. — Sorriu.
Aline é bem jovem. Em uma conversa outro dia descobrimos que temos
quase a mesma idade, com ela sendo mais velha do que eu somente dois
anos. De pele morena clara e olhos cor de mel, ela é muito bonita. Se eu sinto
ciúme? Não nego que ela é muito atraente, principalmente quando usa seu
uniforme, que fica muito bonito no seu corpo. Queria que o Andrei tivesse
contratado uma mulher mais velha. No início me senti um pouco insegura,
até porque a nossa vida sexual não está ativa como antigamente. Os bebês
precisavam de cuidados constantes e meu marido tem viajado muito nesses
últimos meses para colocar o trabalho em dia. Está muito sobrecarregado
depois da morte de Ivanov e de tomar a liderança da outra máfia.
Ficamos surpresos quando pouco tempo depois da eliminação de
Ivanov, Max revelou ser irmão de Andrei. Ele explicou os motivos de não
poder ter lhe contado antes o segredo que guardava. Ele era fruto de um
relacionamento do senhor Barkov com uma prostituta. Sua mãe, por medo de
matarem a criança, decidiu fugir, e para proteger a vida do filho, só retornou
muito tempo depois quando Max já era um rapazinho. Ela procurou o pai de
Andrei muitos anos depois, pois a vida do filho dela corria perigo. Mesmo
temendo que ele fizesse algo com a criança, o entregou, porém, o senhor
Barkov prometeu cuidar e proteger esse menino, desde que ela não revelasse
nada e sumisse da vida deles. E assim foi. Ele treinou pessoalmente o Max
para ser um forte membro da máfia. Com sua competência e ousadia, logo
alcançou o lugar de capô, mesmo a muito contragosto de alguns membros do
Conselho, principalmente Ivanov. Quando o velho senhor Barkov morreu,
Max se tornou o homem de confiança de Andrei, pois sempre se deram muito
bem e tinham uma forte ligação os unindo.
No início Andrei ficou muito irritado por Max ter escondido esse
segredo dele por muito tempo, e até mesmo lhe deu um murro por isso. Disse
que só não o matou por ele já ter lhe salvado a vida uma vez. Mas hoje eles já
estão restabelecendo a relação. Meu marido sabe que ele é uma pessoa leal à
máfia e ao Conselho, e por isso o designou para comandar a outra
organização que atinge uma parte da Rússia e toda a Alemanha, a máfia
Schwarzer Falke (Falcão Negro). Com isso, meu esposo deixa de ter um
inimigo e ganha um aliado.
"Um homem que não se dedica à família, nunca será um homem de
verdade". — Don Corleone.
A noite está tranquila. Estou deitada na minha cama em meu quarto
depois de ter olhado os bebês e constatado que eles dormem serenamente.
Estou encarando o teto, pensativa, enquanto meu marido toma um banho.
Minha rotina se resume basicamente em cuidar dos nossos filhos. Eu não sei
porque toda essa insegurança na minha relação com o Andrei. Apesar dele
fazer eu me se sentir única e especial, não sei por qual motivo me sinto
vulnerável. Ele sempre que chega do trabalho, dedica um tempinho para os
nossos pequenos. Posso ver o quanto ele é um pai amoroso e dedicado.
Andrei tem uma forte libido, mas desde quando tive os bebês, nossa
rotina não voltou mais a ser a mesma de antes. É isso me preocupa. Será que
ele voltou a se encontra com a Nádia? Apesar de temos retornado nossa
atividade sexual depois da longa dieta, e embora esses momentos continuem
sendo prazerosos, não está sendo com a mesma intensidade de antes, e isso
está me deixando louca. Será que ele se encontra com outra mulher?
Mesmo com a longa abstinência de sexo que aconteceu entre os últimos
meses de gestação é o pós-parto, Andrei me ensinou outras formas de nos
divertir. Aprendi a lhe proporcionar um imenso prazer fazendo um boquete
que o leva a loucura. Às vezes queremos mais do que isso, mas ele sempre
para antes. Está muito atencioso e delicado, principalmente depois do
sequestro.
Vejo meu marido saindo do banheiro. Ele tem seus cabelos molhados e
veste apenas em uma boxer branca que delineia todo o tamanho do seu pau.
Posso notar que ele está duro e rígido. Essa visão me faz saliva e querer meu
Andrei selvagem de volta. Meu esposo sempre foi muito obcecado por sexo,
então imagino o quanto foi difícil para ele nos meses que seguimos sem
“sexo total”. Apesar das nossas brincadeiras safadas, deve ter sido muito
árduo para ele ficar sem mim. Também sentia falta do meu homem
apaixonado.
— O que vai fazer agora, marido? — pergunto curiosa.
— Dormir. Tive um dia muito cansativo. Estou exausto. — Me dá um
beijo na testa e se deita ao meu lado.
Como assim ele pensa que vai dormir? Meu corpo está em chamas por
ele. Quero sentir tudo vindo dele: seus toques e carícias e seu pau duro e
grosso dentro de mim, me penetrando e me reivindicando fortemente.
Ouço apenas o som da sua respiração. Movo-me para o seu lado,
fazendo com que meu corpo fique por cima do seu, e começo a lhe distribuir
beijos pelo seu rosto e pescoço. Logo sinto suas mãos sobre a minha cintura.
Ele parece um pouco cansado mesmo.
Continuo provocando o meu marido. Já posso senti-lo duro sobre
minha boceta. Ah, Andrei! Você nem imagina o que iremos fazer hoje. Me
movimento em cima dele, roçando minha intimidade na sua e sentindo seu
membro cada vez mais duro sobre o meu corpo. Seu perfume inebriante faz
eu me sentir ainda mais atraída por ele. Tudo nesse homem me seduz.
— Anna, não me provoque, amor! Você deve estar cansada depois de
passar o dia todo cuidando dos nossos filhos. Não quero sobrecarregá-la. Por
isso, não me faça machucar você, meu anjo. — Dá um profundo suspiro
buscando se controlar. — No estado em que me encontro, talvez eu não
consiga ser tão delicado.
— Você não me deseja mais? É isso?
— Esta louca?! — Vejo seu olhar incrédulo sobre mim. — Não sente o
quão duro estou por você, meu anjo? Eu só não quero sobrecarregá-la com o
meu tesão desenfreado. Foram muitas mudanças em pouco tempo na sua vida
e você agora tem que conciliar a sua nova rotina de mãe e esposa. Percebo às
vezes o quão cansada está. Não sabe como está sendo difícil para mim me
controlar na hora do sexo para não machucar você nesses últimos meses.
Como eu imaginei, ele me trata como se eu fosse um cristal que a
qualquer momento pode quebrar. Homens são sempre assim.
— Eu sei Andrei, mas nossos bebês já estão com cinco meses, e... eu
estou bem. Não me trate como uma boneca de porcelana que a qualquer hora
pode quebrar!
Homens sempre são lerdos e não conseguem acompanhar nosso
raciocínio. Desde que reiniciamos nossa atividade sexual, a doutora me
recomendou um anticoncepcional mais adequado, então pelo menos o
controle de natalidade está ok.
— Eu não estou te tratando como uma boneca de porcelana. —
enfatiza.
— Está sim. Você não me toca mais com a mesma intensidade de antes,
e eu quero meu Andrei selvagem de volta.
Ele olhou pra mim com um sorriso sacana.
— Que dizer então que minha esposa sente falta de quando eu a fodia
duro e forte? — Seu sorriso safado me enlouquece.
— Claro que sim! — o provoco. — Talvez eu precise agir como uma
garota má para ser disciplinada. — Levo a mão em direção a sua cueca, tiro o
seu pau longo e grosso para fora e inicio um lento movimento de vai e vem.
— Minha nossa! Não sabia que tinha criado uma ninfomaníaca.
— A culpa é toda sua. Eu vivia muito bem antes do sexo, mas agora eu
quero que me foda, caramba! Quero que você me possua como nunca! Quero
sentir você duro e forte dentro de mim!
Ele me fita com aquele seu olhar safado:
— Não sabia que eu tinha uma mulher tão dominante.
— Mas me lembro de ouvir você dizer que está cansado. — falo
manhosa, o provocando, e parando o movimento no seu pau. — Eu entendo
se meu marido estiver se sentindo indisposto hoje. — Tento voltar para o
meu lado da cama, mas sou impedida por seus braços grandes e fortes.
— Onde minha esposa pensa que vai? Você despertou a fera agora, vai
aclamá-la! Eu poderia sofrer um acidente e ficar todo quebrado, mas ainda
assim iria te desejar, moy angel.
Nós estamos tão quentes e necessitando urgentemente um do outro, que
não pensamos muito em preliminares. Só de sentir o gosto dos seus lábios
maravilhosos, eu já me sinto revigorada, completa, e pronta para ser devorada
pela minha fera, o meu homem das cavernas.
— Eu vou montá-la a noite inteira e você ainda vai me sentir amanhã.
Terei o maior prazer em disciplinar a minha esposa rebelde. Mas agora eu
quero que monte em mim!
Rapidamente me livro da minha camisola e da calcinha, e Andrei faz o
mesmo com a cueca. Em seguida passo uma perna por cima dos seus quadris,
seguro firme o seu pênis com a mão e o levo até minha intimidade, sem me
penetrar, e fico só pincelando o seu pau entre a minha entrada e o clitóris.
Posso ouvir os leves gemidos emitidos pelo meu marido e me sinto ainda
mais poderosa.
— Engole o meu pau, amor! — ouço o seu sussurro alucinado.
Coloco só a cabeça na minha boceta, o provocando, e ele logo
impulsiona o quadril para cima, para obter uma maior fricção. Apesar do
movimento ser gostoso, dou um leve tapa no seu peito.
— Não pode! — advirto tentando fazer uma cara de brava. — Eu estou
no comando e eu decido o momento certo.
— Mas isso é tortura, amor. Quero ver essa boceta gostosa me tomar
até o talo. — diz isso e leva a mão até o meu seio, o apertando levemente.
— Seu safado!
Vou deslizando suavemente pelo seu eixo duro e grosso até ser toda
empalada. Ouço o leve gemido de Andrei e em seguida começo a fazer leves
movimentos para me acostumar com o seu tamanho e encontrar o melhor
ângulo, o mais prazeroso. Quando olho para o meu marido, posso vê seus
olhos anuviados de desejo. Logo vejo seu olhar ir de encontro a nossa junção,
observando cada movimento meu.
— Que delícia, amor! Eu amo ver essa boceta gostosa empalado o meu
pau até o fim. Agora cavalga gostoso! — Desfere um tapa na lateral do meu
bumbum.
— Ai! — eu protesto e ele segura firme meu quadril, me auxiliando no
movimento.
— Uhh! Não queria que eu te fodesse duro e gostoso? Agora vai ter
que rebolar no meu pau! — impulsiona os quadris ao meu encontro.
Quando ele toca em um ponto altamente sensível dentro de mim, é um
movimento tão intenso que juro poder ver estrelinhas. Meu clitóris fricciona
na sua pélvis e eu mordo meus lábios para evitar gritar de prazer.
— Não quero que se contenha, amor!
— Eu vou gozar! — pronuncio já sentindo uma onda prazerosa
percorrer o meu corpo.
— Ainda não. — Me tira de cima dele e me coloca de lado na cama. —
A surra de pau está só começando, esposa. — pronuncia já atrás de mim.
Ele levanta minha perna e eu sinto a cabeça do seu pau na minha
boceta, entrando lentamente. Logo ele me toma em investidas vigorosas. Suas
mãos vagueiam pelo meu corpo, me despertando cada vez mais. Em seguida
me beija, introduzindo a língua na minha boca como se simulasse o ato
sexual. Esse gesto me atiça ainda mais. Percebo sua mão descer em direção
ao meu clitóris. Ele me estimula com leves movimentos que me levam a
loucura. Enquanto Andrei prossegue sua exploração sobre o meu corpo,
posso sentir um orgasmo vir à tona. Meus músculos pélvicos se contraem em
torno do seu pênis. Ao mesmo tempo que sou arrebatada por um êxtase
prazeroso, meu esposo me acompanha logo depois.
No quarto só dá para escutar o som das nossas respirações.
Alguns minutos se passam, até que decido me levantar, mas sou
impedida pelo braço de Andrei na minha cintura.
— Onde minha garotinha rebelde pensa que vai?
— Preciso de um banho, Andrei. Aliás, nós dois precisamos.
— Ainda não terminei com você, esposa. O último lugar que eu vou te
foder é no banheiro, mas agora quero fodê-la de quatro.
— Mas acabamos de... — interrompo a frase quando olho para o seu
belo corpo esparramado no colchão e constato que ele já está excitado
novamente.
— Ajoelhou, tem que rezar, printsessa. — Me lança uma piscadela e
me puxa novamente para a cama.
ANDREI BARKOV

— E então, Max? Trouxe o que te pedi?


Me encontro nesse momento no escritório da mansão de Moscou.
— Sim. Claro, chefe! — Me entrega a pasta e o cordão com a chave da
gaveta do apartamento de São Petersburgo.
A pasta contém o pequeno dossiê sobre a vida da minha esposa, que
meu pai me entregou antes de falecer. Agora eu entendo o que ele quis me
falar antes de morrer, e não conseguiu. Mas finalmente cumpri o acordo de
me casar com a minha doce Anna, unir nossas famílias e ter meus herdeiros,
que darão seguimento à linhagem Barkov, possuindo os Grego como aliados.
Essa pasta não pode cair em mãos erradas, e como agora estamos mais
em Moscou do que em São Petersburgo, solicitei que o Max a trouxesse. Não
quero correr o risco dela cair nas mãos de algum inimigo.
— Chefe, o novo recrutamento de soldados chegará a qualquer
momento. — informa.
Agora me soa estranho quando ele me chama de chefe, já que descobri
há alguns meses que somos irmãos. Foi um choque para mim. No início
fiquei muito chateado com o Max e me senti traído, mas depois, com a
cabeça mais fria, pude entender o presente que a vida me deu, pois nossa
ligação sempre foi muito forte. Assim, o designei chefe da máfia alemã,
Schwarzer Falke. No começo tivemos alguns opositores, mas depois da
eliminação de uns traidores, conseguimos manter o domínio e agora está tudo
sob controle.
Tivemos que fazer uma varredura na nossa máfia também, visto que
havia muitos apoiadores de Ivanov que ajudaram no sequestro da minha
Anna. Precisaram ser exterminados vários associados e soldados desleais.
— Não precisa me chamar mais de chefe, Max. Você agora é um
grande chefe e aliado, além de ser meu irmão também.
— Obrigado, che... Quer dizer... Irmão. Prometo não decepcioná-lo e
dar o meu melhor na organização. — Ri.
Posso ver o peso que saiu dos seus ombros por ter me revelado esse
segredo. A Beca e a minha tia então nem se fala, pois o recebeu de braços
abertos na família. Queria poder também tirar de mim esse peso, mas se a
minha Anna souber da sua verdadeira origem, é bem provável que eu a perca
de vez. Suspiro frustrado.
— Algum problema, Andrei?
— Não, Max. Nenhum. Agora me fale como estão os negócios na
Alemanha! Ainda há muitos problemas por lá? Acredito que também vá
precisar reforça seu exército, já que tivemos muitas perdas nos últimos
meses.
— Os negócios estão sendo retomados aos poucos, e houveram alguns
pequenos incidentes, como algumas gangues rivais, mas nada que não desse
para resolver. Também já formamos novos aliados.
— Excelente! Mas já sabe, irmão: tenha muito cuidado. Como dizia
Don Corleone: "Mantenha seus amigos por perto e seus inimigos mais perto
ainda".
— Sim, irmão. Eu terei agora tenho que retornar para a Alemanha.
— Se precisar de qualquer ajudar, não hesite em me procurar, Max.
Nos despedimos e ele se retirou.
Assim que pego a pasta para colocar no cofre nesse exato momento,
Anastácia entra no escritório, falando:
— Amor, vamos aproveitar que está um dia agradável e fazer um
piquenique com os pequenos! Você devia ver o Nick, que está um sapequinha
e não para mais quieto.
Nessa hora só jogo a pasta no cofre e o travo rapidamente.
— Que pasta é essa, Andrei. — Anna pergunta.
Como sempre minha menina muito curiosa.
— Não é nada, princesa. São apenas alguns negócios sem importância.
— E porque você jogou dentro do cofre de uma vez quando eu entrei?
Posso ver sua curiosidade. Tenho que distraí-la.
— Acho que minha garotinha precisa ser disciplinada por ser muito
curiosa. — a pego pela cintura e a coloco sentada sobre a mesa do escritório.
Imediatamente fico entre suas pernas. — São apenas alguns assuntos da
máfia. Não precisa preocupar sua cabecinha com essas coisas.
Inicio um beijo lento e saboroso. Como ela está de vestido, facilita o
meu acesso ao seu corpo. Logo minha mão passeia entre suas pernas, parando
no montinho do seu prazer, o acariciando lentamente. Então ouço um gemido
sair dos seus lábios.
— E como está essa bocetinha gostosa hoje? — sussurro no seu ouvido
e em seguida mordisco um ponto sensível na sua orelha.
Imediatamente Anastácia se remexe na mesa e me prende mais entre
suas pernas.
— Um pouquinho dolorida, mas a nossa noite foi maravilhosa. —
confessa manhosa.
— E a minha loirinha aguenta mais uma surra de pau.? — sussurro no
seu ouvido.
— Andrei, pare de me provocar! Sabe que não podemos agora. Nossos
bebês estão com a babá no jardim nos aguardando.
— Prometo que vai ser uma rapidinha. — murmuro no seu ouvido e
desço distribuindo beijos pelo seu pescoço.
Noto sua entrega, mas somos interrompidos pelo barulho do meu
celular tocando. Droga!
— Alô!
É o Snaider, meu novo consigliere. Com a saída do Max, o escolhi por
demostrar lealdade com a organização e competência no trabalho, além de ser
um excelente conselheiro. Está me informando que os novos reforços
acabaram de chegar e estão aguardando as instruções e os testes no galpão de
treinamento.
— Vou ter que sair, amor. O trabalho me chama.
Vejo seu rostinho ficar triste.
— Tudo bem. — sussurra.
— Prometo recompensá-la quando eu chegar, e vamos marca um dia só
em família. Tudo bem.?
— Andrei, eu já disse que tá tudo bem. Eu entendo que os últimos
acontecimentos demandam muito do seu tempo, e eu não quero ser uma
esposa pegajosa ou algo do tipo. Sério.
A retiro de cima da mesa e arrumo sua roupa.
— Obrigada, meu anjo! Você é a melhor esposa que eu poderia ter. É
tudo que eu sempre quis.
Me despeço dela com um beijo e sigo para o galpão. Finalmente eu
sinto que tudo está no seu devido lugar.
Cuidar de Aurora e Nicolai não é nenhuma obrigação para mim. É
muito especial sentir meus bebês crescerem saudáveis e fortes. Eu não podia
imaginar que me tornaria uma mãe tão babona, em todos os sentidos. Às
vezes quando olho bem nos olhos de Aurora, consigo me ver nela. Somos tão
parecidas.
Agora que Andrei me permite mexer na internet e acessar as minhas
contas, pude baixar as poucas fotos minhas de ainda bebê que tenho
armazenadas no Google Photos. Imprimi todas e agora estou organizando em
um book de fotografias, que também tem fotos dos meus pequenos. Pedi
umas de Andrei de quando criança, mas ele não quis me dar. Porém, de tanto
eu insistir, me deu algumas para colocar junto com as dos nossos bebês.
Realmente o Nick só puxou pra o pai. Já Aurora é minha cópia. É difícil dizer
quem sou eu na infância e quem é ela, através das fotografias. Kátia mima
muito a minha filha e sempre diz que ela se parece muito com a sua
menininha. A tia do meu marido é uma espécie de vó coruja.
Agora que estabeleci uma comunicação com a minha família, sempre
que tenho um tempinho, quando meus filhos decidem ir dormir, ligo para a
minha mãe. Durante minha fase rebelde, havia me esquecido do quanto é
bom conversar com ela, ouvir sua voz e seus conselhos. Claro que tudo isso é
monitorando por Andrei, que não será bobo o suficiente para pensar que
meus irmãos não podem tentar algo para me tirar do seu domínio. Mas eu
acho que todos nós, inclusive eu, já conseguimos compreender que o meu
lugar é e sempre será ao lado do meu marido. Odeio admitir, mas Andrei
venceu dessa vez, conseguindo fazer com que eu me apaixonasse por ele. E
ainda me tem na cama das formas mais vulgares e peculiares. Às vezes me
sinto constrangida diante de algumas posições que eu fico muito exposta.
Para ele, tudo isso é normal. Aposto que esse russo de merda adora me ver
vermelha.
Andrei é um pai presente e carinhoso. Não posso negar que ele vem
mudando muito desde que nossos filhos nasceram. Às vezes ele não suporta
ouvir o choro dos bebês, mas em outras horas estranha o simples fato dos
pequenos não estarem chorando. E depois as mães que são complexas! No
meu caso, eu gosto de colocar a mão sobre o narizinho dos meus filhos e
sentir que eles estão respirando. Pode parecer uma paranoia maternal, mas
segundo a Kátia, eu não sou a única a fazer isso.
Às vezes noto que a tia de Andrei fica triste e do nada aparece com o
rosto vermelho. Aposto que lembra de sua filha todas as vezes que me vê
segurando a Aurora.
Estou organizando algumas fotos da minha menina no seu book de
princesa, quando Kátia entra em meu quarto.
— Estou atrapalhando?
— Nunca. Pode entrar.
Às vezes acho que nunca vou poder agradecer o suficiente pelo que ela
fez por mim e meus filhos.
Ela se senta na cama, ao meu lado. Peço sua ajuda com as fotos. Já
montei o álbum de Nick e agora só falta o de Aurora, que está dormindo
perto de mim no seu bebê conforto. Já Nicolai está passeando com Rebeca
pelo jardim. Ela adora segurar ele no braços. Uma vez me disse que sonha em
se casar e ser mãe, e espero que Andrei não escute isso, porque com certeza,
protetor igual ele é, vai surtar.
— Kátia, pega essa foto para mim! — Me refiro à foto próxima aos
travesseiros da cama.
Ela pega e olha para a imagem, admirada, parecendo que entrou em
transe. Noto que ela fica parada como uma estátua, analisando a foto e os
detalhes. Sua pele está branca como papel. Acho estranho ela ficar assim por
segurar a fotografia da minha filha.
Então Kátia vira a foto para mim e eu noto que não é Aurora na
imagem, e sim eu. É uma das poucas que tenho de mim criança. Eu decidi
revelar essa para colocar no book também, e assim quando Aurora estiver
maior, saberá que já foi quase idêntica a sua mãe.
— Q-quem é a bebê da foto? — noto que seu tom de voz oscila. Será
que está nervosa?
— Sou eu. — Sorrio. — Eu sei o que está pensando: “Anna, como suas
bochechas eram grandes!”. Eu já fui gordinha quando criança até meus seis
anos de idade e Enzo me chamava de balãozinho. Aquilo me irritava.
Rio lembrando das vezes que eu o batia. Papai o obrigava a ficar
parado para que eu descontasse toda a minha raiva nele. Era divertido. Chato
mesmo foi quando não podia fazer mais isso.
— Não acha eu e minha filha muito parecidas? — pergunto.
Kátia perdeu a voz. Posso ver seus olhos se inundaram de lágrimas.
Antes que eu diga algo, ela sai do quarto levando a fotografia consigo. Não
entendo essa sua atitude por ter visto uma simples foto minha. Não esperava
que ela pudesse ficar assim, mas sei o quanto sente saudades de sua filha. Por
isso tento compreender seu comportamento. Não imagino como seria minha
vida sem os meus filhos. Perdê-los seria o meu fim. Também, já basta o susto
que tive há pouco tempo com aquele louco do Thiago e do Ivanov querendo
tirar os meus bebês de mim.

*****

À noite durante o jantar, Kátia não comparece e Andrei parece inquieto.


Não sei o que está o perturbando. Todos estão muito estranhos hoje, e até
Rebeca aparenta mais triste. Peço licença antes que todo esse desânimo me
deixe entediada.
Vou até o quarto de Kátia e bato na porta várias vezes, mas ela não
responde. Queria saber se está bem.
Então ouço a voz de Andrei atrás de mim.
— Ela não está.
— Como sabe?
— Eu não entendi muito bem. Minha tia me ligou hoje à tarde dizendo
que precisava resolver alguns assuntos importantes. Ela parecia...
— Nervosa.
— Como sabe?
— É que hoje à tarde estávamos em nosso quarto organizando as fotos
dos nossos bebês no book. Começamos a conversar e ela estava me ajudando,
mas quando viu uma fotografia de mim bebê, pareceu que tinha visto um
fantasma. Eu não entendi muito bem, mas acho que sua tia lembrou da filha
que perdeu.
Andrei parece preocupado. Agora virou moda todo mundo nessa casa
agindo assim com algo que eu não faço a menor ideia do que seja!
— Quando foi isso, Anna?
— Hoje à tarde. Não ouviu quando eu disse?
— Isso não podia ter acontecido. — esbraveja.
— Isso o quê, Andrei?
— Nada, meu amor. Não se preocupe! Quero que vá dormir e me deixe
trabalhar. Tenho muitos assuntos pendentes para colocar em dia.
— Então quer dizer que meu marido vai preferir dormir com as folhas
do que se deitar ao meu lado? — pergunto indignada.
— Não é isso, meu amor. Eu realmente preciso me ausentar.
— Eu não vou te perdoar, Andrei, se você me deixar dormir sozinha
essa noite! Não vê que eu preciso de você?
Ele me leva para o quarto e fazemos amor, mas logo depois de um
abraço, me deixa sozinha no local. Amanhã lembrarei de matá-lo na primeira
oportunidade que tiver.

*****

Certifico-me que a babá eletrônica está ligada, tomo um banho e faço


minhas higiene matinais. Troco de roupa rapidamente e vou ao quarto dos
meus filhos. Após amamentá-los, deixo Aline com eles. Decido procurar por
mais alguém nessa casa. Me sinto sozinha às vezes. Kátia ainda não deu
notícias e Beca essa hora está na sua aula. Já Andrei... Esse às vezes me irrita
muito, apesar de eu reconhecer o seu progresso.
Tomo o meu café da manhã. Basicamente como pães com geleia e
suco.
— Sozinha novamente, Anastácia Grego? — murmuro baixinho após
Antônia me servir e se retirar. — Ou melhor dizendo, Anastácia Barkov.
Me delicio com algumas torradas integrais com manteiga, quando de
repente ouço gritos vindo do escritório, que são de uma mulher desesperada e
completamente fora dos seus sentidos. A voz de Andrei tenta acalmá-la. E
então que reconheço quem é. Kátia!
Corro rapidamente até o escritório, abro a porta e encontro a tia do meu
marido sentada em uma cadeira, chorando com a cabeça sobre os braços
apoiados na mesa do escritório.
— Você não podia ter mentido para mim, Andrei! Eu não aceito isso
vindo de você!
— Tia, por favor... Me perdoa!
Eu nunca vi Andrei assim antes: arrependido de algo que fez.
Pelo que vejo, algo muito grave aconteceu entre eles, para Kátia se
encontrar nesse estado. Penso em me aproximar, mais sinto que esse
momento é apenas entre eles dois. Andrei se ajoelha diante da tia, com os
braços apoiados na poltrona.
— Andrei, você mentiu para mim todos esses anos! Eu sofri todo esses
tempo pensando que... Andrei, por que você fez isso comigo, meu filho? Eu
que sempre te amei, cuidei de você e da sua irmã como se vocês fossem meus
filhos, por que é isso que eu sinto. Me sinto mãe de vocês dois.
— Tia, eu não falei nada para senhora, pois eu não sabia como lidar
com essa situação. Meu pai... Ele...
— Eu amava tanto o meu irmão. Ele não tinha o direito de fazer isso
comigo. Eu amei tanto o Vincenzo, e ele também foi cúmplice. Era a minha
filha! Minha menininha, Andrei!
O assunto é sobre a filha de Kátia, mas o que o meu pai tem a ver com
essa história? A tia do meu marido chora descontroladamente.
Penso em deixá-los a sós, mas Andrei me vê parada como uma estátua
ouvindo toda a conversa íntima entre eles. Me sobressalto ao ouvir sua voz.
— Anna? — Tento sair, mas minhas pernas me abandonam. — O que
você faz aqui? — seu tom de voz é pacífico. — Você estava ouvindo a nossa
conversa?
— Perdão! Eu ouvi gritos e me assustei. Você sabe que eu sou curiosa.
Não quis se intrometida.
— Meu anjo, será que você pode nós deixar a sós?
— Claro! — confirmo constrangida.
— Anna, não saia! — Kátia pede para a minha surpresa.
Andrei parece tranquilo e apenas observa sua tia vir em minha direção.
E num gesto inesperado, ela me abraça, dizendo coisas sem sentido.
— Minha menininha! Minha garotinha! Minha preciosa Anastácia!
Retribuo o abraço. Não gosto de vê-la sofrer. Aquele gesto de sua parte
foi muito especial para mim, então sempre que eu puder ajudá-la, estarei
disposta a isso, sem reclamar. Sou grata a ela por ter me salvado. Devo minha
vida à Kátia Barkov.
Em seguida ela se retira e vai para o seu quarto.
— Não vai me dizer por que sua tia estava assim?
Andrei pega o sobretudo pendurando sobre o cabideiro.
— Não se preocupe, princesa! Foi apenas uma recaída.
— Fiquei tão preocupada por ver ela naquele estado. Eu não sei
explicar, mas há uma ligação muito forte entre nós duas.
— Minha tia é uma mulher muito especial. Não gosto quando a magoo.
— Às vezes não está no nosso controle magoar ou não alguém. Por isso
eu espero que você não tenha feito por querer.
— Eu a magoei mesmo sem ser essa a minha intenção. Mas não se
preocupe, princesa! Eu vou precisar sair. Deixe ela descansar um pouco, que
logo vai se recuperar e voltar ao seu normal. Tenho que ir agora. — Me dá
um beijo na testa e se retira do escritório.
Já me acostumei com o seu jeito frio de ser. Em alguns momentos ele
nem parece ser o homem apaixonado que diz ser. Às vezes é só o mafioso
implacável e destemido.
Mas meu marido deveria me conhecer bem e sabe que eu não deixaria
isso como estar. Se há algo perturbando a Kátia, eu vou descobrir o que é e
vou ajudá-la. Penso isso e vou em direção à saída, mas antes um papel sobre
a mesa me chama atenção. Quando o pego pra ver, o que é meus olhos se
arregalam com o conteúdo descrito ali isso não pode ser verdade.
Isso não pode ser verdade. Tenho em minhas mãos um exame de DNA
que revela que eu sou a filha da Kátia. Isso é impossível. Minha mãe é a
Sandra Grego.
Me recordo que quando entrei no escritório, o Andrei ficou pálido e a
Kátia disse que eu era a sua menininha. Meu Deus! Isso está tão confuso!
Uma lembrança vem na minha mente. Há algumas semanas Andrei
estava guardado uma pasta no cofre, e quando eu entrei no escritório, assim
que ele me viu, só a jogou lá dentro. Parecia nervoso. Era algo relacionado a
mim? Agora percebo sua atitude. Depois ele tentou me distrair para que eu
não o questionasse mais sobre isso. Eu preciso saber o que tem naquele cofre.
Vou até o cofre. Minhas mãos estão trêmulas. Tento uma série de
combinações que não dão certo. Pensa, Anastácia! Pensa! É uma coisa
importante pra ele. Tento colocar a data de aniversário dele e do meu, do
nascimento dos bebês, e nada. Mas ele deveria saber que para um Grego abrir
um cofre, não é impedimento nenhum. Tem uma técnica que nossa família
sempre usa e dar certo assim. A utilizo.
O cofre destrava. Logo pego a pasta que tem dentro dele e a levo para a
mesa. Eu preciso descobrir se o Andrei me esconde algo.
Alguns instantes se passaram e eu ainda estou atordoada com essa
descoberta. Estou tão concentrada nesses documentos que estão nas minhas
mãos, que mal percebo quando a porta é aberta e Andrei adentra o ambiente.
— Amor, você viu meu celular? Saí apressado é me... — Vejo seu
olhar se dirigir ao cofre aberto e à pasta na mesa.
Eu estou totalmente paralisada diante do homem na minha frente.
Minhas emoções estão prestes a explodir como uma bomba que devasta tudo
ao seu redor. Levo as mãos à minha cabeça, em desespero. Por mais que eu
tente assimilar tudo o que estou vendo bem diante dos meus olhos, minha
mente tenta recobrar alguma lembrança, por menor que seja, que prove que
eu não estava ficando louca. Minhas capacidades psicológicas nunca
estiveram tão confusas como agora.
A dor em meu peito é tão forte que por um momento penso que irei
desfalecer para sempre. Busco forças nos meus bebês, pois não gostaria de
ficar sem eles. Respiro fundo e aos poucos o oxigênio invade meus pulmões
novamente. Estou em cólera com tudo que descobri.
Esse registro que contém meu nome é original, e posso reconhecer
através do selo russo presente nele. Um turbilhão de pensamentos invadem
meu ser. Por um lado eu só quero poder entender tudo que li sobre a minha
vida, mas por outro, eu só quero que Andrei fale alguma coisa. Mas ele está
tão empedrado quanto eu.
Meu marido não sabe como resolver essa situação. É a primeira vez que
as coisas não estão sob seu controle. Não sei se quem está mais assustado é
eu ou ele. Ambos não sabemos o que pronunciar. Então permito que as
lágrimas transbordem sobre a minha face.
Afinal de contas, quem sou eu? Uma Grego, como sempre pensei que
fosse, filha do meu pai, o poderoso Vincenzo Grego, com a minha mãe
Sandra Grego? Ou sou uma Barkov de sangue legítimo, filha de Kátia
Barkov? Qual é a minha real identidade? Eu posso ser as duas coisas? Por
mais assustador que isso seja, eu tenho sangue Grego e Barkov correndo nas
minhas veias. Por isso todo gênio forte que às vezes assusta até a mim
mesma. Há uma concorrência sobre quem dominará minha corrente
sanguínea. Anastácia Grego Barkov! Essa sou eu!
Andrei mantém uma expressão neutra no olhar, com seus olhos de
predador fixos nos meus. Se o conheço bem, sua mente brilhante primeiro me
sonda para depois armar sua defesa, uma forte e indestrutível.
Minha vida toda foi um engano. Todos sempre mentiram para mim, a
começar pela minha família. A minha mãe não é a minha mãe, e meus irmãos
são somente meus meio irmãos. Será que todos sempre souberam disso?
Óbvio que sim! Os Grego conhecem todos os segredos que envolvem nosso
mundo. Eu que sempre fui feita de boba perante todos.
Até Enzo sabia de tudo e nunca me disse nada. Esperava isso de Enrico,
por ele ser o chefe da máfia italiana, mas Enzo e eu sempre compartilhamos
quase tudo sobre nossas vidas. Me sinto como se tivesse acabado de levar
uma apunhalado pelas costas.
Andrei também me enganou. Ele guardava esse segredo a sete chaves.
E eu pensei que aquela chave que ele carrega significava algo sobre suas
amantes, sobre a tal moça que um dia ele amou. Se Ivanov não a tivesse
matado, é provável que hoje estivessem juntos? O seu pai deve ter sido um
homem cruel que nunca se importou com o bem estar do filho. Com certeza
se o Ivanov não a tivesse destruído aquela garota, ele mesmo a teria, pois
deve ter criado Andrei para ser implacável, temido por todos, assim como
meu pai fez com Enrico. Eles nunca se importaram com as emoções de seus
filhos, que só precisam ser fortes e terem um coração de gelo.
Me pergunto se Kátia também sabia. Mesmo com minha mente
confusa, consigo entender que apenas nós duas fomos enganadas, pois ela
nunca demostrou saber de nada, já que me recordo de vê-la chorar inúmeras
vezes todas as vezes que se referia à filha. Mas algo me faz acreditar que
descobriu esse segredo há pouco tempo: o exame de DNA. A foto que ela me
viu ainda pequena... Agora tudo se encaixa! Ela ficou abalada ao ver uma
foto minha quando bebê. Uma mãe nunca esquece o rosto do filho, por mais
que os anos se passem. Sempre sentir uma ligação muito forte entre nós e ela
salvou a minha vida tomando aquele tiro no meu lugar. Dela, eu não consigo
sentir ódio.
O silêncio é quebrado quando ele tenta dizer algo.
— Anna querida... — Se aproxima de mim finalmente.
Ele parece sair da inércia que se encontrava, mas eu não permito.
— Você mentiu para mim, Andrei! Quebrou sua promessa! Disse que
não haveria mais segredos entre nós.
— Ana, por que você não me obedeceu? Por que tem que ser tão
curiosa? Diabos! Eu retornei porque tinha esquecido a droga do celular. E o
que você fez? Vejo que já leu muitas coisas sobre sua vida.
— Eu não sou eu.. Vocês todos mentiram para mim por longos vinte e
cinco anos. Me fizeram acreditar que eu era uma Grego, mas eu não passo de
uma bastarda, uma renegada.
— Isso não é verdade, Anastácia. Você não é uma bastarda.
— Como não?! — grito. — Quando eu nasci, meu pai já estava casado
com a minha mãe, e ela nem é minha mãe de verdade. A sua tia que é. Somos
primos legítimos, Andrei. Você já parou para pensar que nossos filhos
poderiam ter nascido com alguma deficiência? Tudo isso seria sua culpa.
— Nossos filhos são perfeitos, meu amor. Não pense em possibilidades
que não aconteceram! Veja só! Seu irmão também é casado com sua prima
legítima e seus sobrinhos são perfeitos.
— Desde quando você sabe? — pergunto temerosa. Se o conheço bem,
ele carrega esse segredo há anos. Seu silêncio é a prova das minhas suspeitas.
— Eu até entendo que tenha escondido de mim no começo da nossa relação,
pois você me odiava e eu também o odiava, mas esconder algo assim da sua
tia, Andrei... Isso é imperdoável. Por isso Kátia saiu de casa? Ela já sabe de
tudo?
— Minha tia descobriu por acaso. Após lhe reconhecer através da foto
que ela viu no seu quarto, fez o exame de DNA e constatou a veracidade das
suas suspeitas.
— Meu Deus! — Levo minhas mãos à boca e solto um grito abafado de
dor. — Andrei, sua tia o criou como um filho, tanto você quanto sua irmã, e
todos esses anos sofreu pensando que a filha... Pensando que eu estava morta,
e você sabia de tudo e nunca lhe disse nada.
— Eu não podia dizer nada, Anna.
— Porque não, Andrei?! — grito.
— Fiz um juramento à sua família, ao seu pai e aos seus irmãos. Você
conhece muito bem esses juramentos e sabe qual a pena para eles se forem
quebrados. Mesmo eu sendo um líder, não estava livre.
— Você só consegue pensar em você. Sempre foi assim.
— Anna, meu amor...
— Eu não sou seu amor. Se fosse, você não teria escondido algo de
mim. Que se dane a merda do juramento! Eu nunca menti pra você, mas você
sempre escondeu tudo de mim, e entrou na minha vida através de mentiras,
fingindo ser alguém que não era.
Posso ver arrependimento no seu olhar, mas nesse momento nada
importa para mim. Eu só quero saber a verdade e ele não tem o direito de
esconder de mim.
— Você é um hipócrita, Andrei! Ficou furioso no dia que descobriu
que o Max era o seu irmão e queria até matá-lo por ter lhe omitido esse
segredo, enquanto você escondia a minha verdadeira origem. Eu te odeio!
— Anna, amor, isso não é verdade! Só está ressentida. Eu sei que você
ainda me ama.
Olho para ele com muita raiva, exigindo saber de toda a verdade.
— Eu quero saber de tudo! Por favor, não me esconda nada! Eu mereço
saber.
Ele suspira antes de começar a narrar os fatos.
— Eu era um menino quando tudo aconteceu. Lembro de ouvir meu pai
discutir inúmeras vezes com minha tia, dizendo que ela havia desonrado a
família. — Respira fundo. — Quando soubemos que o pai da filha que minha
tia estava esperando é o senhor Grego, foi um choque para todos nós, até
mesmo para mim que não passava de um garoto em fase de treinamento. Meu
pai queria que minha tia abortasse, mas seu pai não permitiu e disse que
cuidaria da criança, mas que minha tia não saberia nunca. Ela pensaria que
você tinha nascido morta. E assim ele fez. Quando você nasceu, poucos dias
depois soubemos que sua mãe, dona Sandra, que também estava grávida,
havia perdido a criança que esperava. Sua mãe quis cuidar de você e meu pai
não impôs dificuldades para isso, permitindo que o senhor Vincenzo Grego a
levasse para a Itália. Você foi registrada como uma Grego e minha tia foi
enganada tanto pelo irmão quanto pelo homem que amava. Durante muitos
anos ela sofreu pensando que você morreu, até descobrir agora.
— Deixa eu adivinhar: você não permitiu que ela me contasse nada.
— Ela que não quis lhe dizer nada.
Tudo isso é muito assustador. Parece história de novela mexicana com
muito drama e sofrimento. Agora sim me sinto a mocinha da história, aquela
que sempre sofre em busca do seu final feliz. Mas como seguir em frente
após descobrir que todos a sua volta lhe enganaram? Estou muito magoada
com todos, principalmente com Andrei. O homem que mais me jura amor
nessa vida, é o que mais me enganou também.
Meu marido se aproxima de mim, e conforme ele faz isso, mais difícil
fica minha capacidade de pensar direito nas coisas. Não permito que ele me
toque. Para a minha surpresa, dessa vez ele respeita o meu espaço.
Pobre Kátia, assim como eu foi enganada todos esses anos. Posso
imaginar sua dor, já que não me imagino mais sem os meus pequenos bebês.
Meu coração está em pulos e cada vez mais isso se intensifica. Sempre
fui vista como uma garota frágil e indefesa, e nunca recebi o valor que tenho,
mesmo sendo capacitada para muitos assuntos da máfia. Meus irmãos nunca
permitiram que eu ficasse a frente de nada e queriam apenas me casar com
Andrei Barkov, um desejo de meu pai e do crápula do pai do meu marido.
Anastácia sempre foi a patricinha mimada e idolatrada pelos irmãos, e
nesse ponto não tenho o que reclamar, visto que nunca faltou amor para mim
naquela família. E mesmo Sandra não sendo a minha mãe, ela sempre se
portou como tal, cuidou de mim e nunca permitiu que nada me faltasse. Eu
sempre fui uma Grego e eles jamais fizeram distinção entre nós, mesmo com
todas as regalias pertencendo mais ao Enrico. Talvez um dia quando minha
raiva passar, eu possa perdoá-los, mas nesse momento não quero ver
ninguém.
Suas mãos fortes tocam no meu rosto, enxugando minhas lágrimas. O
encaro com toda a minha fúria contida apenas dentro de mim, porque se eu
não tivesse descoberto agora, ele nunca iria me contar. Andrei me conhece,
portanto, sabe que nada do que disser agora, será útil.
— Andrei, respeita o meu tempo pelo menos uma vez na vida!
— O que você quer que eu faça, amor?
— Me deixe sozinha! Não quero que fique em casa hoje, nem nós
próximos dias, e se possível, nos próximos anos também.
Seu semblante realmente está confuso.
— Está me expulsando de casa?
— Estou. — respondo decidida. — Você mentiu para mim e eu não
consigo te perdoar facilmente.
— Eu não posso te deixar sozinha.
— Não estou sozinha. Eu tenho o Nikolai e a Aurora.
— Eles não podem cuidar de você.
— Lhe garanto que podem mais do que você nesse momento. Estou
magoada, Andrei. Você quebrou mais uma vez a confiança que eu depositei
em você.
Esse momento sempre ficará lembrando para mim como um dia
fatídico. Eu sempre vi Andrei como um carrasco, como alguém que fosse
capaz de destruir não apenas a minha liberdade, mas também os meus
sonhos, mas com o passar do tempo, eu consegui sentir amor por ele e suas
atitudes já não eram as mesmas bárbaras de antes. Podia ver amor em seus
olhos todas as vezes que ele dirigia aquele olhar para mim, até mesmo
quando ele estava envolvido com assuntos da máfia. Ele poderia está irritado,
prestes a estrangular alguém, mas sempre que olhava para mim, existia amor.
Nossos filhos apoiaram ainda mais a conexão que temos um com o
outro e eu não posso negar que ele é o amor da minha vida. Mas ao descobrir
o segredo da minha origem, não posso deixar de pensar no quanto ele ama
mais a máfia do que a mim mesmo. Conheço nossas leis, e as russas são
ainda mais cruéis que as italianas, mas mesmo assim ele não tinha o direito
de esconder algo desse tipo de mim, que sou sua esposa, a senhora da máfia
russa. Exijo respeito e companheirismo acima de qualquer outra coisa, e mais
uma vez ele conseguiu falhar comigo, mesmo tendo jurado não esconder
nada mais de mim.
Me sinto traída e enganada, portanto, preciso de um tempo para esfriar
minha cabeça. Agradeço por ele sair por aquela porta, me deixando sozinha.
Agora sim poderei chorar sem medo, pois ninguém estará vendo esse meu
descontrole.
Esses dias sem Andrei em casa estão sendo estranhos. Por mais que eu
odeie admitir, não está sendo como eu imaginei. Ainda não consegui aplacar
toda a minha raiva sobre essa situação. O pior de tudo também foi a Kátia ter
decidido sair da mansão para eu poder ter um pouco de espaço, segundo ela,
e pensar sobre tudo que aconteceu.
Hoje faz uma semana desde que descobri toda a verdade em relação a
minha vida. E por mais que eu tente entender os motivos pelo qual minha
família sempre escondeu tudo de mim, eu ainda não consigo em partes
compreender.
Antes de tudo, eu estava condenada a morte pelo meu sogro, que agora
também é o meu tio. Graças ao meu pai, eu estou sã e salva, e ele cuidou de
mim o tempo todo com um carinho especial. Sempre fui sua princesinha, a
merecedora de toda sua atenção — motivo pelo qual meus irmãos disputavam
comigo. — A minha mãe Sandra poderia ter pedido minha morte. Descobrir
que foi traída e ainda permanecer fielmente ao lado do meu pai, não deve ter
sido nada fácil para ela. Mesmo não havendo divórcios em casamentos na
máfia, mamãe poderia ter aguentado tudo em silêncio e descontado toda sua
frustração em mim, que sou um fruto da traição do homem que ela amava.
Mas a mesma nunca fez isso, e pelo contrário, sempre me amou fez de tudo
para me proteger. Se ela não queria que eu rompesse o meu noivado, era por
conhecer perfeitamente quem era Andrei Barkov. Agora entendo bem seu
anseio em cumprir esse acordo.
Enrico e Enzo sempre foram os melhores irmãos do mundo, sempre me
protegendo exageradamente com amor. Eu não tenho o que perdoar em
relação a eles, apesar de ainda me sentir magoada com a omissão da minha
verdadeira origem. Meu coração está magoado, mas não guardo mais ódio no
meu coração.
Já é noite e estou ao lado do berço de Aurora. Eu olho para ela com
carinho. Sua pequena mãozinha envolve o meu dedo dentro dela, como se
pedisse para eu não soltá-la. Fecho os olhos por alguns instantes e quando
percebo já estou derramando algumas lágrimas. Seus lindos olhos azuis me
olham com doçura, além de muita fofura.
— Mamãe sabe, amor, mas o papai ainda não vai voltar. — digo mais
para mim mesma do que para ela. Vou na direção do berço do Nick para ver
se meu pequeno está bem. Ele dorme sereno.
Por fim, antes de ir para o meu quarto e deitar sobre aquela enorme
cama onde me sinto sozinha e solitária, beijo o rostinho dos amores da minha
vida. O frio do temido inverno russo assola todo o ambiente.
Minhas paranoias de mãe não me deixam dormir tranquila. A todo
instante meço a temperatura deles para saber se realmente estão aquecidos e
verifico a temperatura do aquecedor. Nikolai parece estar pesando o dobro do
seu peso normal com a roupinha de frio que vesti nele.
— Eu amo cuidar dos meus filhos, mas eu preciso trabalhar. — falo pra
mim mesmo. — Não vou ficar servindo de esposa troféu.
Por um lado tenho razão: preciso trabalhar e encontrar distração.
Mesmo que o homem das cavernas seja contra a minha decisão, ela já está
tomada. E como eu não sei ouvir “não”, insistirei até não poder mais falar.
Quando meus filhos estiverem maiores, será exatamente isso que irei fazer.

*****

Já é manhã seguinte e estou pronta para resolver um assunto que está


tirando o meu sono. Hoje cedo recebi uma mensagem da minha mãe falando
que está vindo para a Rússia me visitar. Enquanto o avião não pousa em solos
russos, eu preciso encontrar alguém. Vou falar com ela antes que eu me sinta
ainda mais culpada por não ter a procurado todos esses dias.
O motorista já me aguarda. Deixo os pequenos com a babá e sigo para
o meu destino.
Humberto me deixa em frente ao local que Kátia está morando, uma
luxuosa cobertura com o prédio de mais de vinte andares. Encaro todas
aquelas enormes janelas de vidros, respiro profundamente e fecho os meus
olhos antes de adentrar o ambiente, acompanhada de vários seguranças.
Seguro firme minha bolsa da última coleção da Louis Vuitton, que me deixa
menos insegura. E olha que os meus sapatos são os mais bonitos da coleção
de inverno! Sigo para o elevador que me leva até a cobertura.
No começo não entendi porque Kátia saiu de casa, mas hoje sei e
compreendo. No seu lugar, eu teria feito o mesmo.
Quando chego na cobertura, sou atendida por uma empregada que me
deixa entrar. Enquanto ela vai chamar a Kátia, a aguardo na sala, observando
os belos quadros na parede. Assim como eu, a mesma é apaixonada pela
história da arte. Se pudéssemos, colecionávamos todos os quadros dos
museus nas salas de nossas casas.
— Anna! — ouço a voz de Kátia há poucos metros de mim.
É inevitável olhar para ela e conseguir conter minhas lágrimas. Largo
minha bolsa no chão sem me importar se isso vai amassá-la ou não. Depois
Andrei me dar outra mais cara. Ela caminha na minha direção e me abraça
passando para mim tudo que eu mais precisava sentir: seu amor.
Meus olhos turvos pelas lágrimas não me permitem ver nada com
clareza. A única coisa que sinto além de todo o seu amor para mim, é o
delicioso aroma do seu perfume. Assim como eu, ela prefere algo doce e
suave como plumas.
Esse abraço não é apenas um reencontro, e sim o nosso recomeço. A
partir de hoje viveremos nosso primeiro dia como mãe e filha. Não sei
explicar, mas eu sinto o quanto a amo, o quanto preciso de seu colo de mãe,
ouvir seus conselhos e suas broncas. Mesmo sendo uma mulher formada, eu
desejo poder recuperar tudo que a vida nos roubou e prometo ser uma boa
filha, uma boa amiga.
— Mamãe! — falo com minha voz por um fio.
— Minha Anna! — Ela olha pra mim, surpresa por eu ter a chamado
assim. Segurou minhas mãos para ter certeza de que realmente eu estou aqui.
Suas mãos tocam no meu rosto com suavidade. — Filha! Minha filha amada!
— Me perdoa por não ter vindo antes...
— Você precisou de um tempo, assim como eu quando descobri tudo.
— Não deve ter sido nada fácil para a senhora.
— Realmente não foi. Mas pior do que descobrir a verdade daquela
maneira, foi ter ficado sem você todos esses anos.
— Eu prometo que iremos recuperar tudo. Prometo ser uma boa filha.
Por isso quero que volte para a mansão comigo. Seus netos também precisam
da avó querida deles. — Ela sorri com meu pedido. — Andrei não está em
casa.
— Eu sei. Ele tem dormido aqui todos esses dias. E acredite! Não está
sendo nada fácil para ele.
— Aqui? Como?
— Eu o perdoei. Andrei é o filho que nunca tive. Compreendo suas
razões para não ter me dito nada, pois antes de qualquer coisa foi criado para
ser um homem honrado na máfia. Acredite, minha filha! Ele está se
segurando para não ir atrás de você, porque respeitar o seu tempo não está
sendo fácil.
— Eu não consigo perdoar assim.
— Os únicos culpados por tudo isso estão mortos e eu não guardo
mágoas.
Ao mesmo tempo que somos parecidas fisicamente, somos tão
diferentes emocionalmente. Kátia é doce e tem um bom coração. Não tinha o
gênio forte como eu. É admirável sua atitude de perdoar Andrei.
— Mãe, eu não consigo. Eu preciso de um tempo antes de perdoá-lo.
— É tão bom ouvir você me chamar de mãe, minha flor! — diz
contente. — Tudo bem, minha menina. Eu lhe entendo. Mas saiba que
também está sendo difícil para ele. Andrei é seu marido, chefe da máfia russa,
e você o ama muito. Posso ver isso no seu olhar. Não deixe que o seu orgulho
afaste vocês dois! Tempo perdido jamais recuperado, e disso eu entendo.
Kátia aceita voltar para a mansão comigo, mas antes ela vai organizar
umas coisas para poder retornar. Queria passar a tarde com ela, mas expliquei
que minha mãe Sandra está chegado da Itália. Pensei que isso a magoaria,
mas pelo contrário, ela compreendeu que precisamos conversar. Realmente
eu sou muito sortuda. Tenho duas mães amorosas e que me amam acima de
tudo.

*****

— Mãe, me perdoa por eu ter sido uma garota rebelde! Não entendia
que a senhora só queria o meu bem.
Pedir desculpas não é algo fácil para mim. O orgulho dos Grego não
permite nos expressarmos facilmente. Minha sorte é que mamãe mesmo
sendo uma Grego, não é como nós. Ela é forte e destemida, mas não tem
orgulho.
Ela está encantada com meus filhos. Segura Aurora nos braços
enquanto eu dou papinha para o Nikolai.
— Meu amor, não precisa pedir perdão. Eu nunca facilitei nada para
você, mas quando soube que aquele maldito tentou lhe fazer mal, percebi que
tudo aquilo era meu cuidado de mãe.
Minha mãe foi a única que enxergou a maldade do Thiago. Ele foi uma
grande frustração para mim em todos os sentidos e aproveitou-se da minha
fragilidade. Seu plano sórdido de me usar para atingir o Andrei só me fez
sentir ainda mais ódio dele. Quantas vezes quis assumir um compromisso
mais sério e ele sempre recusando? Hoje sei que ele nunca valeu a pena. Já
Andrei sempre lutou por mim. Por mais que tenhamos começado da maneira
errada, meu marido sempre soube o que quis e enfrentou tudo para me ter ao
seu lado.
— Você é muito forte, Anastácia. Sinto muito orgulho! Seus irmãos
jamais conseguiram ser tão fortes quanto você é.
— É tão bom ouvir isso da senhora, mãe.
*****

Com o passar dos dias percebi que não existe mágoas entre minha mãe
Sandra e minha mãe Kátia. Elas agiam como amigas de verdade, sem
falsidade. A paz voltou a reinar na minha vida, exceto por Rebeca, que está
abatida por ter perdido o professor gato. Parece que o homem viajou para a
América, pois recebeu uma proposta para lecionar em Harvard. Não gosto de
ver minha cunhada assim, tão triste, mas eu mais do que ninguém sei que isso
um dia passará.
Após o inverno, vem o outono, e com ele uma nova esperança de seguir
em frente. Todos esses dias sem Andrei serviram para fortalecer ainda mais o
amor que sinto por ele, que realmente tem razão: eu sou viciada naquela
russo safado e deliciosamente meu. As noites se tornam longas sem seu
contato, sem seus beijos.
Apesar de tudo, me divirto vendo ele visitar nossos filhos. Sempre fico
da janela do quarto o observando brincar com os nossos pequenos no jardim
quando está um clima agradável. Ele realmente se mostra um pai amoroso
com eles. Sempre que me vê, tenta puxar algum assunto, mas nunca trocamos
mais de duas palavras. Toda vez que posso, lhe respondo com ignorância, e
isso o deixa muito triste. Consigo notar no seu semblante. Só assim ele
entende de uma vez por todas que eu não sou apenas uma diversão, e sim o
único amor da sua vida.
Minha mãe Sandra precisou voltar para a Itália após dois meses que
passou aqui, longe de casa. Nesse tempo, meus irmãos e suas esposas
praticamente destruíram todo o lar. Mamãe como matriarca de todos, sempre
coloca ordem na bagunça. A família está crescendo. Soube esses dias que
Luana está grávida. Está difícil acompanhar tudo isso. Lu e Enzo finalmente
terão o terceiro filho deles. Tomara que seja mais uma menina para colocar
juízo naquela cabeça oca do meu irmão.
Segundo minha mãe Sandra, Enrico e Giovana não haviam fechado a
fábrica. E Jesus que me defenda! Eu não quero nem pensar na possibilidade
de Andrei querer ter mais filhos. Do jeito que ele é, não duvido nada da
minha próxima gravidez ser de trigêmeos.
Falando nele, decido ir procurar o meu marido. Quero muito ir na
empresa e transar com ele naquela mesa de escritório. É uma pena eu ter
levado esses meses para perdoá-lo, mas eu precisava desse tempo. Todos os
dias eu recebia um lindo buquê de flores das mais variadas espécies. Para
onde eu olhar nessa mansão, tem o toque daquele russo. E também não quero
privar nossos filhos da companhia constante do pai. Por isso estou decidida a
procurar e perdoar meu esposo. Mas que essa seja a última vez que ele me
esconde algo!
Escolho a minha melhor roupa. Coloco um vestidinho preto, que
delineia todas as curvas do meu corpo e uma meia cinta liga da mesma
tonalidade. Complemento o traje com o meu melhor scarpin e sigo em
direção ao carro que já me aguarda. Foi com muita força de vontade e
disciplina que consegui retorna à minha antiga forma depois do nascimento
dos bebês.
Hoje o meu pequeno príncipe Nick e a minha princesinha Aurora estão
completando 10 meses. Quase 5 meses longe do meu marido não estava
sendo fácil, mas eu realmente precisava desse tempo para mim.
Quando chego na empresa, vou direto ao elevador que me leva ao andar
da presidência. As secretárias sabem o lugar delas e não ousaram me deter.
Quando as cumprimentei brevemente e segui para a sala onde fica o escritório
do meu marido, já sabiam que eu não preciso ser anunciada, e nunca precisei.
Quando abro a porta da sua sala, noto que ele está com a cabeça baixa,
analisando alguns documentos. Sua gravata se encontra um pouco frouxa,
como se tivesse o sufocando. Esses papéis devem ser importantes, já que ele
sequer deu o trabalho de olhar para saber quem entrou.
— Eu falei que não quero ser incomodado por ninguém. — diz ríspido
sem ainda me ver.
Confesso que senti saudade até do homem das cavernas que ele era.
— Se quiser, posso voltar mais tarde. — digo manhosa.
Suas órbitas de cores âmbares focam em mim de forma ardente ao
escutar a minha voz. Ele parece surpreso com a minha visita inesperada.
Minha confiança está inabalável e nem mesmo seu olhar de predador me
intimidaria. Andrei levanta da sua cadeira como se temesse que eu
desaparecesse.
— Algum problema com Nikolai e Aurora? — Os seus olhos castanhos
me fitam calorosamente.
— Com eles não. — digo e ele parece menos preocupado agora. — O
problema é comigo mesmo.
Ele ergue uma das sobrancelhas.
— Está doente?
— Sim. — confirmo fitando a bela aliança que ele havia colocado no
meu dedo. Antes eu a achava horrível e já quis me desfazer dela inúmeras
vezes, sempre a associando à chave da minha prisão. Mas hoje adoro ter ela
em meu dedo. Posso me livrar dela apenas não ter que sair dessa “prisão”
nunca mais. — Não me sinto bem.
Ele está muito próximo de mim. Toda sua masculinidade latente me
deixa em chamas. Meu marido exala soberania. Mesmo depois de todos esses
dias sem me possuir, me sinto tão sua.
— Talvez eu possa levá-la ao médico.
Sorrio de lado, com meus olhos fixos nos seus. Ele usa um belo terno
preto. Adoro quando ele usa tons escuros, pois o deixa ainda mais delicioso.
Meus pensamentos estão fodidamente querendo tê-lo dentro de mim.
— Eu não preciso de médico. — afirmo desfazendo o nó da sua gravata
e passando-a por trás do seu pescoço.
Meu scarpin me deixa alguns centímetros mais alta do que costumo
ser. Mas ainda assim me casei com um “jogador de basquete” de um metro e
noventa e dois. O puxo para mais perto de mim através da gravata. Suas mãos
já estão apoiadas na minha cintura. Mordo meus lábios para provocá-lo. Ele
revirou os olhos e ri da minha atitude. Minhas mãos tocam em seu peito
através do tecido.
— O que você quer, Anastácia? — pergunta.
— Eu quero que seja meu médico. — respondo distribuindo beijos pelo
seu pescoço e desço minhas mãos até o seu pênis, que já está duro como uma
pedra. Tão rápido!
— Estou duro por, você princesa, desde o momento que senti seu
perfume suave ao abrir a porta. Só queria ter certeza que tinha vindo me ver.
Mordo seu lábios carnudos para provocá-lo. Andrei se afasta de mim e
eu o olho sem entender. Ele não me quer mais? Perdeu o interesse em mim?
Ele caminha até porta e a tranca.
— Não quero correr o risco de que alguém a veja, ou serei obrigado a
fazer uma matança geral na minha empresa. — fala isso vindo em minha
direção.
— Que marido ciumento esse que eu tenho!
— Nem imagina, printsessa. Isso que dizer que me perdoou?
Fito seus olhos castanhos que me olham com paixão.
— Sim, Andrei. Minha mãe Kátia tem razão: os únicos culpados por
isso já estão mortos e o tempo perdido não pode ser recuperado.
Ele vem até mim e me beija deliciosamente, me girando pela sala.
— Obrigado, printsessa! — agradece e logo se afasta de mim,
procurando algo na gaveta da mesa do escritório. Percebo que é uma caixinha
vermelha. — Anna, quer se casar comigo novamente? Mas dessa vez sem
nenhuma chantagem. — diz isso abrindo a caixinha que contém um lindo
anel de noivado com um lindo e solitário diamante rosa.
— Uhhh! Deixe-me pensar... — falo isso para provocá-lo e levo minha
mão ao queixo, como se estivesse ponderando sua proposta.
— Anna, amor, não faz isso! — Vejo sua expressão de apreensivo.
— Claro que eu aceito, meu russo gostoso! — Estendo minha mão para
ele, que logo me coloca o anel.
— Agora sou seu russo gostoso, é? — Me pega no colo e me leva em
direção a mesa, jogando vários papéis no chão no processo. — Quero te foder
gostoso na mesa do escritório! — parece ter lido os meus pensamentos. —
Estou faminto do seu corpo, minha garotinha rebelde! Você me privou dele
por muito tempo.
Me beija e logo desce seus lábios, mordendo o meu pescoço em
seguida. Posso sentir sua mão levantar o meu vestido e se infiltrar no meu
centro de prazer. Já estou molhada ansiando pelo seu toque.
— Gostosa do caralho! — sussurra no meu ouvido.
— Pare com isso, Andrei! — O afasto. — Sabe que só podemos fazer
isso depois do casamento. — provoco.
— Nem fodendo, esposa! Nem ouse me impedir a tomar o que é meu.
— sussurra e desprendia a liga, deslizando a calcinha pelas minhas pernas.
Em seguida leva a mesma ao nariz, inalando minha essência. — Uhhh!
Deliciosa! Bem molhadinha! Minha garotinha está merecendo uma bela surra
de pau por ser tão indisciplinada.
Ele se livrava do restante das nossas roupas, me deixando só com a
cinta e as meias. Me coloca de bruços sobre a mesa, me deixando com a
bunda empinada na sua direção. Logo sinto um forte tapa no bumbum.
— Ai! — murmuro dengosa.
Então ele desfere um tapa do outro lado. Em seguida sinto seu membro
potente dentro de mim e gememos ao mesmo tempo. Por fim chego à
conclusão que minha vida seria muito sem graça sem esse russo gostoso e os
meus pequenos.
4 MESES DEPOIS

Foi um pedido inesperado. Confesso olhando para o lindo anel de


diamante na minha mão direita. Nunca imaginei ouvir algo assim vindo de
seus lábios deliciosamente apetitosos. O casamento é um passo muito
importante na vida de um casal, e Andrei e amadurecemos com o passar do
tempo. Aprendemos a superar nossas diferenças e tornamos os defeitos algo a
ser sempre discutível.
Não existe o homem perfeito ou a esposa perfeita. Sei que sou uma
mulher com um metro e cinquenta e cinco, que não alcança nem seus ombros
largos e fortes, tenho minhas crises e histórias de ciúmes, mas como toda boa
esposa sei zelar pelo que é meu. E Andrei Barkov é o meu homem. Nunca,
jamais, irei permitir que alguma sirigaita se aproxime dele com certas
gracinhas, ou então irão conhecer toda a fúria da rainha da máfia russa.
Também sei que Andrei não é o homem perfeito, e ele está muito longe
disso. Às vezes sinto vontade de sufocá-lo enquanto ele dorme, pois há
momentos que me sinto como uma de suas propriedade. Meu esposo fala
como se fosse meu dono, aliás, ele se sente assim. Em pleno século XXI
existe esposos que querem submeter suas mulheres ao tempo da pedra. No
meu caso, o meu Andrei exige exatamente tudo de mim, principalmente na
cama. Me sinto completa com suas carícias, apesar de que seus cuidados
comigo às vezes me irrita, visto que sou tratada como uma bonequinha de
porcelana. Segundo ele, sou uma porcelana italiana, e por isso devo ser muito
bem cuidada. Preciso sempre manter a calma para estar sempre no controle,
mesmo que em alguns instantes meu lado rebelde fale mais alto. Deixo ele
pensar que sempre está ganhando de mim, mas na real todos sabemos que eu
sempre consigo o que quero, afinal, sou Anastácia Grego Barkov.
Nem acredito que o meu casamento será realizado daqui a 2 dias. Tudo
já está planejado e até meu vestido já se encontra em meu closet. Fiz a última
prova hoje à tarde, com a presença das minhas cunhadinhas Luana e a Gio.
Minha família chegou ontem de manhã na Rússia. Pelo menos o meu marido
e os meus irmãos não se mataram até agora, apesar de eu ver algumas trocas
de farpas nos seus olhares.
Depois da minha entrega naquele dia no escritório do Andrei, não
transamos mais. Fiz voto de castidade até o nosso casamento, o que está o
deixando louco, e a mim também. Necessito daquele homem como as plantas
precisam de água para molhar suas raízes para crescerem cheias de vida e
saudáveis. Ficar sem o meu marido não é tão fácil como eu imaginei que
seria. No início foi divertido vê-lo com uma carinha de cachorro sem dono
pedindo para me ter, nem que fosse em uma rapidinha. Adorava provocar ele
e depois me esquivar. Aquele russo safado sempre ficava tentando me agarrar
pelos cantos da casa, mesmo eu resistindo e dizendo que só faríamos depois
do casamento.
Embora Andrei tenha retornado para a mansão, ele ocupa outro quarto.
Se vamos nos casar novamente, ainda que só no religioso, a tradição precisa
ser seguida, igual deveria ter sido desde o início.
Os preparativos do casamento estão a todo vapor. Nos casaremos antes
do natal, uma época especial para todas as famílias. Finalmente tenho meus
familiares reunidos na minha casa. Giovanna e Luana concordaram em me
ajudar com a parte da decoração do casamento. Lu trouxe consigo um dos
maquiadores mais eficientes de seu salão. Acreditem ou não, mas minha
cunhada hoje possui a maior rede de salões de beleza de toda a Itália e
França. Creio que muito em breve ela será a melhor entre todos.
— Estranho isso de sermos primas e cunhada. Não acha? — Gio diz
enquanto come um pedaço dos bolos que estão aqui. Ela está me ajudando a
escolher um para o casamento.
— Nossa família é cheia de mistérios. Não duvido que sejamos irmãs.
— Você deveria focar nos doces e não nas complicações da nossa
família. — Luana fala impaciente.
Minha cunhada Lu é muito perfeccionista, e aprendeu isso com Enzo.
Giovana e eu nos olhamos de relance e rimos baixinho.
— Você precisa ver ela discutindo com Enzo o sobre...
— Eu ainda estou aqui. — Luana diz séria mostrando um sorriso
amarelo. — E eu não sou perfeccionista. — afirma firmemente. — Ei, você
por acaso quer estragar o casamento? Eu pedi rosas brancas vindas do sul da
França e não rosas murchas vindas da sua casa.
Ela nos deixou a sós. Pobres dos empregados já não aguentam mais
ouvir a sua voz.
— Ela e Enzo estão muito felizes. Eles não conseguem parar de se
amar, e a prova disso está nos filhos. — Gio fala.
— Desse jeito Enzo irá ganhar a competição. Três filhos em quatro
anos e meio de casamento.
— Não vai ganhar não. Enrico e eu não iremos deixar. — Sorri
travessa.
— Não me diga que...?
— Sim! — afirma tocando na barriga. — Ainda não contamos para
ninguém. Jennifer e você são as únicas que sabem.
— Fico tão feliz por vocês, Gio!
Abraço ela e lhe desejo muitas felicidades.
— Obrigada! Mas não pense que me esqueci da sua surpresa! — Pisca.
— Que surpresa? — pergunto curiosa.
— Ora, Anastácia, amanhã à noite você vai ter uma despedida de
solteira digna de uma rainha.
— O que vocês estão aprontando?
— Nem tente me persuadir, princesa! — Toca a ponta do meu nariz. —
O Andrei vai sair com o Enrico e com Enzo. Ah! E com o Max também. —
Dá uma gargalhada. — Tenho certeza que a despedida deles não vai ser tão
proveitosa como a sua. Aposto que os garotos estão aprontando uma boa para
o seu marido... — Faz uma pausa. — Já a nossa vai entrar para a estória.
— E aonde vamos?
— Surpresa. Só eu sei, e nem a Luana sabe. Não quero correr o risco do
Enzo persuadi-la a dizer o local e aqueles três marmanjos estragarem nossa
diversão. — Pisca um olho para mim.
Sorrio pra ela, cúmplice. Estou amando me paparicarem.
Com a família toda reunida na nossa mansão, fica difícil conseguir ficar
um momento a sós com Andrei, que está fazendo mistério sobre o destino da
nossa lua de mel. Só disse que será uma viagem inesquecível. Ele já
programou tudo, mas não quer me dizer os detalhes.
Aurora está dormindo e Nikolai mama a mamadeira de maneira gulosa,
me olhando com seus lindos olhos dourados. Meu pequeno bebê está
parecido com o pai cada vez mais. Seguro sua mãozinha pequena e macia,
quando de repente sinto que estou sendo observada.
Andrei!
— Desse jeito vai me comer com os olhos, amor.
— Esse é o plano, já que estou proibido de te tocá-la e devotá-la como
eu quero. — Me fita intensamente com os braços cruzados.
— Não aqui. Lembre-se que no quarto dos nossos filhos é o único lugar
que não podemos ter contato íntimo.
— Anna, você não acha que já me castigou demais? Minha mão já está
calejada, amor. Os banhos frios já não estão mais resolvendo.
— Deixa eu pensar... — Faço biquinho e uma expressão enigmática. —
Não. Eu não estou exagerando. Portanto, irá esperar até o nosso casamento,
que já é depois de amanhã.
— Quando o padre disser que estamos casados, eu irei te levar da igreja
direto para o nosso carro e vou foder você duro e rápido lá mesmo, sem me
importar se estamos cercados pelos convidados.
— Nem pense nisso, Andrei Barkov! Eu grito se fizer isso.
Ele dá uma piscada de olho pra mim.
— Claro que vai gritar, Anastácia. — Que safado! Ele falou isso
enquanto me ajuda a colocar Nikolai no berço.
Lhe dou um abraço apertado e Andrei me envolve nos seus braços.
Repouso minha cabeça no seu peito e suas mãos fazem carícias nos meus
cabelos. Como eu o amo!
Logo sinto suas mãos descerem, indo de encontro à minha bunda, a
apalpando. Que russo safado que eu tenho como marido! Lhe dou um tapa na
mão.
— Comporte-se, senhor Barkov! Já disse que no quarto dos nossos
filhos não.
— Então vamos para o meu, amor. Prometo que vai ser uma rapidinha
bem satisfatória. — sussurra no meu ouvido e mordisca levemente minha
orelha.
Isso dispara em mim uma descarga elétrica e imediatamente sinto uma
onda de prazer atravessar o meu corpo. Quase pulo em cima do meu russo
gostoso, que eu mesmo agarro me esquecendo que estou no quarto dos nossos
filhos. Mas me contenho a tempo, o afastando de mim.
— Para com isso, Andrei! Seu safado! Não vai me convencer. — falo
determinada.
— Isso é tortura, amor. E por falar nisso, que estória é essa de
despedida de solteiro?
— Qual o problema, Andrei? Todos os casais antes de se casarem,
fazem isso, e você também vai sair com meus irmãos.
— O problema e que você já é casada é não quero nenhum filho da puta
olhando o que é meu, além do mais, se eu sair com seus irmãos, é bem capaz
deles me darem um sumiço.
— Para com isso, seu bobo! Eles não farão nada com você. Além do
mais, o Max vai estar lá também para colocar um pouco de juízo na cabeça de
vocês. Assim eu espero. E por falar em Max, quem será o par dele no
casamento?
— Mariah Ivanov.
— A filha do...
— Traidor? Sim. Também não entendi a sua escolha, mas se ele a quer
como acompanhante... Não posso negar que fiquei surpreso.
— Mariah não tem culpa de ser filha de quem é. Eu acho injusto você
entregar ela para o Max se divertir com ela. Isso é desnecessário, Andrei.
— Não vamos falar sobre esse assunto, amor. Espero que o Max se
apaixone por ela, igualzinho você se apaixonou por mim. — sussurra
enquanto me puxa para os seus braços.
Só espero que o Max não a faça sofrer. Ela me parece ser uma boa
pessoa e não tem culpa de ser filha de Ivan.
— Anseio que ela seja tão apaixonada por ele como sou por você. —
falo de volta fitando seus lindos olhos castanhos. Neles posso ver todo o
amor refletido.
— Isso só o tempo vai dizer, amor. — Andrei responde.

*****

Já é tarde seguinte e meu dia foi todo programado. Na parte da manhã


fomos ao SPA. Até todas as madrinhas do meu casamento usufruíram dos
mais diversos tratamentos de beleza e uma massagem relaxante. Já estou me
sentindo outra Anastácia. Depois de passarmos por vários procedimentos
retornamos à mansão.
Eu diria que estou tendo um dia de princesa. Se eu soubesse que ser
uma noiva é tão bom assim, já teria pedido meu marido em casamento há
muito tempo. Me sinto mimada e paparicada. É algo inovador e diferente.
Todas as minhas madrinhas estão juntas, assim minhas primas e tias.
Está rolando fofocas sobre assuntos peculiares e brincadeiras.
A brincadeira do momento é a “véu da noiva”. Quem segurar o véu,
confessa algo quente sobre o sexo com os maridos. Apenas mulheres casadas
podem falar, já que as moças solteiras da máfia devem ser virgens.
— Eu já transei com o Enrico na sala de jantar da mansão Grego e
quase fomos flagrados pelo Enzo. — Giovanna diz e todas começamos a rir.
— Minha vez! Eu e Enzo adoramos fazer sexo oral no Jardim de nossa
casa, sob o brilho das estrelas. Agora é você, Anna!
— Preciso pensar. — Sempre faço algo novo, mas preciso falar algo
interessante. — Andrei e eu temos um quarto vermelho da disciplina que
ocasionalmente usamos para alguns jogos sexuais.
Todas me olham perplexas.
— Como assim um quarto da disciplina? Ele te pune? É isso? Por acaso
ele é algum homem da espécie de Cristian Grey? — Giovanna pergunta
curiosa.
Pela forma que todas me observam, parece que consegui surpreender.
— Bem... Temos alguns brinquedinhos que utilizamos, como chicotes e
algemas, mas ele nunca passa dos limites. Confesso que às vezes amo ser
uma garota travessa para ser disciplinada. — digo sem jeito, corando até a
raiz dos cabelos.
— Uau! Preciso visitar um sex shop urgente. — Gio confessa piscando
um olho para mim e todas começam a rir. — Muito bem, garotas, já que
sabemos as safadezas que cada uma faz e já fez entre quatro paredes, e fora
delas também. Agora precisamos descansar um pouco para nossa noite no
clube das mulheres.
— Você ainda não me falou pra onde vamos. E que estória e essa de
clube das mulheres?
— Haha! Surpresa, Anastácia Grego. — responde de forma
enigmática.
Andrei ainda tentou me persuadir para eu não vir à minha despedida de
solteira quando me viu com o vestido preto colado ao corpo de maneira
sensual. Meus dois irmãos também tentaram contestar essa despedida, até
Giovana tomar as rédeas da situação e colocar todos os marmanjos pra correr.
— Não se preocupem, meninas! Eu tenho um plano. Esses idiotas não
vão estragar a nossa noite.
Chegamos ao local, uma boate de música country, que está super
lotada. Nossas vestimentas não estão adequadas para o ambiente. Há alguns
cães de guarda do meu marido, que aposto que repassam para ele tudo que
fazemos.
Então Gio nos arrasta até um banheiro lotado. Nos puxou para um
canto e fala:
— O plano é esse. Tem uma saída nesse corredor estreito que nos leva
ao fundo da boate. Lá vai ter um carro esperando por nós. Só precisamos
despistar esses idiotas dos seus seguranças, Anna.
— Eu não acho prudente isso. — Luana argumenta.
— Ah! Qual é, Lu?! Deixa de ser careta! O plano é o seguinte. — ela
começa a explicar o plano para nós.
Logo mais vai acontecer uma espécie de briga para distrair os
seguranças enquanto saímos de fininho em direção ao carro.
E assim acontece. A Gio não nega o sangue Grego.
Logo nós estamos no tão famoso clube, que está lotado de mulheres.
Tem um palco no centro com cortinas vermelhas. De repente um som
envolvente começava a tocar e entram 4 dançarinos vestidos de bombeiros
dançando de forma sensual. Eles chamam algumas mulheres para o palco e
começam a se esfregar nelas, imitando o ato sexual. Isso faz as garotas ao
redor gritarem de forma enlouquecida. Luana parece a mais constrangida com
a cena e fecha os olhos. Toda hora ela tenta falar mais alto por causa do som.
— Acho que devemos ir embora. Já está tarde. E se o Enzo descobrir
que estamos em um lugar como esse, não quero nem imaginar.
— Deixa de ser medrosa, Lu! Eles também estão se divertindo em
algum lugar por aí, e hoje é a despedida de solteiro da Anna. Mesmo ela já
sendo casada, vamos aproveitar a vontade! Uhu! — finaliza a Gio.
Elas estão bebendo uns drinks sem álcool. Eu optei por um alcoólico
para relaxar um pouco mais. A primeira apresentação termina e logo as
cortinas se fecham. Mas em seguida se abrem novamente com outros 4
dançarinos sarados. Dessa vez eles estão somente com uma calça de
suspensório, gravata e um chapéu listrado. As mulheres gritam
enlouquecidas. Tenho certeza que se Andrei suspeitar que estamos em um
lugar como esse, ele e meus irmãos surtariam.
Quando já estavam finalizando a dança, um moreno alto e musculoso
que olha para mim, me chama para subir ao palco. Nessa hora gelo. Ele me
estende a mão.
— Anna, é melhor não. O seu ma... — Luana, que é a mais sensata,
tenta argumentar, mas é interrompida por minha prima Giovanna.
— Vai, Anna! Aproveite sua despedida! É só uma dança, não tem nada
demais, e eles nunca nem saberão. Devem estar aproveitando também com
alguma stripper. — argumenta.
Ela fala como se não conhecesse o marido que temos. Se eles ao menos
sonharem que estamos aqui, estaremos ferradas. Mas por incentivo de
Giovanna, subo ao palco.
— Soubemos que essa loira gostosa vai se casar amanhã, então temos
que dar a ela a melhor despedida de solteiro.
Esse parece ser o dançarino principal do grupo, e é o único que tem um
microfone de lapela na gravata. Sou cercada nessa hora pelos 4 marmanjos.
Já estou arrependida de ter aceitado o incentivo da Giovanna. Logo os
dançarinos começam a dançar sensualmente ao meu redor. O moreno, que é o
principal, logo fica na minha frente e pega na minha mão na intenção de
passá-la pelo seu peitoral. Tento recuar, mas ele é insistente. Antes que isso
ocorra, ouço um barulho na multidão. Quando foco minha atenção nisso e
viro de lado para ver o que acontece, vejo Andrei e meus irmãos furiosos já
subindo em cima do palco e vindo em minha direção.
— Solta minha mulher, seu filho da puta!
Andrei fala enquanto se aproxima de nós. Vejo seu olhar cheio de fúria
para moreno. Sem aviso, ele dá um soco no dançarino, que não esperava. Já
posso ver que meus irmãos fazem o mesmo com os outros dois. O quarto só
não apanhou porque saiu correndo da confusão quando viu que ia sobrar para
ele.
— Andrei, o que você pensa que está fazendo?
Seu olhar ainda é de fúria.
— Quanto a você, bonequinha, a gente conversa em casa. — diz isso e
me joga nos seus ombros, como se eu fosse um saco de batata, e me leva em
direção à saída.
— Me solta, seu ogro! O que pensa que está fazendo?
— Fique caladinha, printsessa! Eu ainda estou puto de raiva e não
quero machucar você.
Posso ver que meus irmãos vêm logo atrás arrastando a Gio e a Luana.
Assim que chegamos no carro, meu marido destrava a porta para eu
entrar. Observo já alguns veículos com seguranças ao redor e meus irmãos
irem na direção de um deles. Logo Andrei liga o carro, o colocando em
movimento. Ainda posso ver sua mandíbula travada e suas mãos segurando
forte o volante. Parece querer estrangular o pescoço de alguém.
— Por que está tão estressado? Nós não estávamos fazendo nada
demais. Era só uma dança.
Ouço ele grunhir de raiva.
— Aquele filho da puta estava tocando em você! — Observo ele
suspirar, buscando calma. — Aliás, por que você subiu em cima daquele
palco?
— Era só uma brincadeira, Andrei. Eles estavam apenas dançando ao
meu redor.
— Não me lembre disso! Eu deveria ter dado um tiro no meio da testa
deles ao invés de socos.
— Alias, como você nos encontrou?
— Eu sei tudo sobre você, minha printsessa, e não gostei de vocês
tentarem enganar os seguranças.
— Como assim? Você sabia onde estávamos?
— Sim. Fomos informados assim que vocês saíram da primeira boate.
Só foi o tempo de chegamos lá. Coitado do Enrico! Ele tem uma esposa
geniosa. — Lança seu olhar dourado mais uma vez sobre mim. — E não tente
mais fazer isso! Vocês poderiam estar correndo perigo. Mesmo que Ivanov já
tenha sido eliminado, ainda sou cheio de inimigos.
— Sim, eu sei. Me perdoa! Isso não vai mais acontecer.
Ele parece estar mais calmo. Enquanto para o carro na frente da
mansão, tiro o cinto e subo no seu colo, o provocando.
— Mas o único que eu quero é você. — falo isso de forma manhosa,
enlaçado seu pescoço com os meus braços.
Já posso sentir o seu membro enrijecendo abaixo do meu bumbum.
— Eu sou todo seu, printsessa.— sussurra buscando a minha boca em
um beijo ardente.
Intensifico o beijo, duelando minha língua na sua, até que sinto suas
mãos subirem pela minha coxa. Logo saio do meu transe com a chegada de
outro carro e imediatamente destravo a porta. Saio do seu colo e o ouço
resmungar:
— Droga! Bando de empata foda do caralho!
— Vou ver como estão nossos pequenos. — murmuro como se nada
tivesse acontecido e sigo para a mansão.
Quando entro no quarto dos meus filhos, uma luz suave preenche o
ambiente. Verifico a temperatura do local e constato que está perfeita.
Caminho para o berço onde meus pequenos amores dormem serenos. Nick
está com seu dedinho polegar na boca, enquanto minha princesinha Aurora
está agarrada com seu novo xodó do momento, um cachorrinho de pelúcia
antialérgico — presente da vovó Kátia. — Depois de averiguar que está tudo
bem com eles, me dirijo ao meu quarto. Assim que adentro o local, sinto dois
braços musculosos me agarrem.
— Me solta, Andrei! O que você está fazendo aqui.
— Eu preciso de você, amor. Prometo que vai ser uma rapidinha. —
diz isso me fazendo sentir seu membro rígido. — É bem provável que eu já
esteja com as bolas roxas de tanto tesão reprimido.
— Não aproveitou a saída com meus irmãos? Pensei que vocês tinham
ido em algum clube de strippers. — falo isso para provocá-lo, pois ele sabe
que se ousar ter pelo menos um pensamento libidinoso com outra mulher, eu
o castro.
— Está louca? Aqueles dois lá só querem me matar. Tenho certeza que
seus irmãos só não me deixaram de olho roxo de novo porque amanhã é o
meu casamento com a mulher mais especial desse mundo. — Distribui beijos
pelo meu pescoço. — E não fomos para nenhum clube, somente a um bar.
Bebemos um pouco, até saber onde vocês estavam, então saímos igual uns
loucos de lá para encontra-las. Eu sabia que essa estorinha de despedida de
solteiro não ia dar certo.
— Deixa de drama, Andrei! Meus irmãos já sabem que quero ficar do
seu lado por livre e espontânea vontade. E quanto à despedida, ela estava
ocorrendo perfeitamente bem, até uns certos marmanjos chegarem lá
armando a maior confusão.
— Se não fosse por espontânea vontade, meu anjo, infelizmente teria
que trancá-la em uma torre, mas eu não permitiria que fosse embora nunca
mais. — Faz uma pausa depois continua. — Mas pensando bem, acho que
vou ter que trancá-la mesmo em alguma torre. Sabia que aquela ruiva, esposa
do Enrico, é perigosa, mas não imaginava que iria levar minha printsessa
para aquele antro de perdição.
— Você nem imagina. A Gio fez a pesquisa direitinho. Nem sabia que
aqui na Rússia tinha um lugar como esse. — Vejo sua expressão se fechar e
me viro pra ele. — Aqueles homens lindos e sarados vestidos de bombeiros
dançando e tirando a roupa... Ai, que subiu até um calor agora! — falo me
abanando.
Vejo o semblante de Andrei se contrair com ar de puro ciúme. Adoro
provocá-lo.
— Subiu, foi? — Seu semblante é doentio. Eu estou gargalhando por
dentro. — Venha aqui, que eu vou apagar o seu fogo!
Imediatamente ele vem na minha direção de novo e me agarra. Não me
faço de rogada e em seguida já estou pendurada na sua cintura com as pernas
em volta do seu quadril. Nos beijando ardentemente. Sinto sua mão apalpar a
minha bunda e mordo seus lábios suavemente. Ele geme de encontro à minha
boca.
— Gostosa! — sussurra e desferindo uma palmada no meu bumbum.
Logo depois me joga no colchão, me fitando com seu olhos de
predador. Tira a sua camisa lentamente sem abandonar o meu olhar. Passo
suavemente a língua pelos lábios, desejando meu russo gostoso de volta, ao
mesmo tempo que contemplo os seus músculos vigorosos, mas sem serem
exagerados, na minha frente. Ele fica apenas com a calça. Andrei vem até
mim novamente e tira a minha sandália, jogando-a em um canto qualquer do
quarto.
— Minha garota safada! — sussurra voltando a me beijar mais uma
vez.
Sinto sua mão subir pela minha coxa e ir em direção à minha calcinha,
que já se encontra completamente encharcada.
— Que delícia, amor! Minha garota rebelde já está pingando por mim.
— fala convencido e ao mesmo tempo levanta o meu vestido até o meio da
minha cintura.
— Não podemos, Andrei. O nosso casamento é só amanhã. — Tento
resistir ao seus estímulos, mas está difícil, principalmente com o seu dedo
passeando no meu núcleo sensível. — Amanhã eu serei toda sua, para sempre
sua!
Ele não me dá ouvidos e continua com seu avanço sobre o meu corpo,
deslizando minha calcinha pelas minhas pernas.
— Quero que você goze na minha boca! Não posso deixar minha
mulher insatisfeita nesse estado até amanhã. — Pisca um olho e posiciona a
cabeça entre as minhas pernas, que estão apoiadas no colchão. — Como você
é má, printsessa! Como pôde ter me negado o paraíso durante esses 4 meses?
— diz enquanto observa a minha boceta.
Eu não consigo pronunciar nada e só mordo os lábios para evitar os
gemidos que se formam quando ele estimula o meu canal com a língua e os
dedos em um movimento hábil. Sua língua de forma intensa realiza
movimentos circulares e de cima para baixo no meu clitóris, com maestria,
enquanto seus dedos tocam em pontos altamente sensíveis dentro mim,
fazendo com que uma onda crescente e excitante de prazer se acumule na
minha pélvis. Em seguida sou engolfada por uma onda de calor e um frio na
barriga percorre o meu corpo. Sou arrebatada ao ápice do êxtase. Nesse
momento gemo e grito loucamente descontrolada, o que é bem provável que
acorde a casa inteira. Mas foi inevitável com a onda de sensação maravilhosa
que me atravessou por inteira.
Me encontro ainda totalmente languida, esparramada na cama, quando
vejo meu russo gostoso lamber os lábios que ainda contém vestígios do meu
recente gozo. Seu sorriso é de satisfeito para mim, por saber que levou sua
mulher ao limite.
— Apetitosa, minha loirinha! Não sei como suportei tantos meses sem
te comer.
Imediatamente ele se levanta e começa a desabotoar sua calça.
Saio do meu estado letárgico.
— O que pensa que está fazendo? — interrogo.
Andrei me encara com seu olhar de predador prestes a me devorar.
Seus olhos percorrem o meu corpo, parando na minha boceta. Que safado!
Logo que recupero minha sanidade de volta, começo a abaixar o vestido, o
colocando no lugar.
— Preciso me saciar agora, amor. Não vê o meu estado? — sua voz sai
rouca de tesão.
Quando percorro meus olhos pelo seu peitoral malhado e definido, e
vou descendo-os até os seus quadris, percebo sua boxer branca que delinear
seu membro enorme e potente quase rasgando o tecido.
— O banheiro é logo ali, noivinho. Só considerarei que estamos
casados realmente a partir de amanhã. E você prometeu esperar. — falo de
modo confiante.
— Sério isso, printsessa? — Cruzo as mãos sobre os seios e o olho de
forma determinante. — Vai me deixar assim de pau duro? — Sua expressão
está incrédula.
— Claro que não, amor! — respondo e vejo seu olhar se acender de
novo com um sorriso. — Esse chuveiro tem um potente sistema de água fria
que vai resolver esse seu problema rapidinho. — Aponto na direção do
banheiro.
— Você é uma garota malvada, Anastácia!
— Adoro ser uma garota malvada!
— E eu adoro castigar uma certa garotinha levada. Peça a Deus para te
proteger, esposa, porque amanhã você será minha, e dessa vez irei te foder
tanto que não vai conseguir caminhar por um mês.
Em seguida ele sai pisando duro em direção ao banheiro, resmungando
sobre o quanto eu sou uma garota má e que amanhã ele terá dó de mim
quando me pegar de jeito. Sorrio vitoriosa.
Maldita hora em que resolvi aceitar o convite mais do que gentil dos
meus cunhados para tomarmos alguns drinks em um bar no centro. Não é
uma das minhas propriedades, e por isso é um lugar entediante e sem muitas
emoções.
Parecemos estar em um encontro de universitários, só que sem a bebida
boa e as mulheres gatas. Quem de nós somos loucos de ir para uma casa de
strippers e correr o risco de sermos capados pelas nossas ferinhas?
Confesso que prefiro mil vezes ficar em casa, observando Anastácia
dormir serena. Minha menina levada está fritando todos os meus neurônios
ao me negar o que eu mais aprecio nessa vida: satisfazer todos os seus
desejos. 4 meses sem saber o que é enterrar meu pau na sua boceta gostosa e
apertada estão me deixando louco. Eu preciso matar alguém, explodir
algumas cargas, e quem sabe até causar ciúme na minha esposa. Com isso ela
me deixaria tê-la novamente para mim. Mas nem penso nessa última
possibilidade, visto que Anna é astuta. Se ela sonhar que estou planejando
algo assim, é capaz de me matar enquanto durmo. E eu não consigo mais
viver sem aquela mulher com menos de um metro e sessenta, que é capaz de
causar em mim um turbilhão de sentimentos jamais sentidos antes.
Minha doce e rebelde menina! Sou escravo do seu amor e por ela
suporto as piores circunstâncias dessa vida, inclusive ficar entre dois
brutamontes que só desejam me fuzilar.
Enrico e Enzo não conseguem disfarçar o quanto querem me matar. Me
sinto completamente entediado por não poder confrontá-los ou reagir a todos
os socos que levei naquele dia. Anna, minha loirinha... Se ela sonhar que
estou implicando com seus irmãos, é capaz de me abandonar no altar, e isso
eu não posso permitir. Não vou correr esse risco. Então o jeito é eu aturar
meus cunhadinhos. Droga! Logo hoje o Max resolveu me abandonar. Me
ligou ainda no fim da tarde dizendo que infelizmente não poderia comparecer
porque surgiu um imprevisto de última hora. Ele tinha que estar presente para
me controlar. Então aqui estou eu, aturando os dois Grego furiosos.
Lembro de quando ela chegou aqui. Me odiava, e com razão. Nunca
irei me perdoar por todo o mal que eu a causei. Eu nunca me comportei como
seu noivo de verdade, nunca lhe mandei flores e nunca estive em seus
aniversários da adolescência. Depois que Vincenzo faleceu, eu nunca mais
tinha ido à Itália. Era como se Anastácia não passasse de uma obrigação que
eu teria que assumir no futuro. Confesso que quando ela teve a ousadia de me
dizer "não", não pensei duas vezes antes de traçar todo o meu plano para tê-
la. Uma pirralha tão pequena e inocente foi capaz de derrubar todas as
muralhas do meu coração, sem usar força, até porque ela não tem. Se me
ouve dizer isso, é capaz de me arrebentar inteiro com aquelas unhas de
tigresa.
A minha pequena tigresa sabe como satisfazer seu marido. Ela
aprendeu novas coisas, novos jogos, e isso me enlouquece. Maldita hora em
que a pedi em casamento! Agora sou obrigado a viver na castidade, mesmo
tendo a mulher mais linda do planeta, por causa de sua teimosia. É difícil vê-
la todos os dias e não poder tocar sua pele rosada, beijar seus lábios
vermelhos e não prosseguir adiante, e ter o seu corpo colado ao meu e não
possuí-la. Tudo por conta desse maldito voto de castidade que ela inventou de
fazer!
Anastácia é como o ouro do sol: capaz de iluminar toda a minha vida, e
como a prata da lua: capaz de acalmar-me em um dia de turbulências. Ela é
tipo uma flor rara de pétalas delicadas. Seu perfume é o mais suave dentre
todas as fragrâncias do mundo. Não há um igual e nunca existirá. Minha
pequena princesa!
— Nos conte, cunhado! Como está sendo sua nova vida de castidade?
— Enzo não perde a chance de me irritar.
— Enzo, irmão, não seja maldoso com o nosso cunhado, afinal de
contas, ele já é quase da família.
— Podemos cantar: “O, partigiano, portami via! O bella ciao, bella
ciao, bella ciao, ciao, ciao! (Oh, membro da resistência! Leve-me embora)!
Uma coisa é termos que conviver com o péssimo gosto da nossa irmãzinha
para o resto de nossas vidas, outra bem diferente é eu não poder nem zoar
mais o russo.
— Pelo menos eu não fiquei 4 anos sem minha esposa. — digo
encarando Enrico fixamente.
— Dessa vez ele foi longe, irmão. — Enrico fala sério, me jogando
contra a parede com força.
Isso doeu um pouco, mas nada que me impeça de possuir minha doce
Anna amanhã. Poderia está aleijado, e ainda sim encontraria forças para amá-
la.
— Defende ele, seu patife! — Enzo zomba.
— Desse jeito, aos poucos vocês vão acabar me matando. Será que
podemos agir como os homens maduros que somos, chefes da máfia,
respeitados e temidos?
— Ouviu só, irmão? Ele quer respeito. Ou será que ele quer agir através
de armas e torturas? É uma boa ideia.
— Não me dê, ideias Enzo!
— Se vocês querem lutar, eu topo. Eu encaro os dois de olhos
fechados.
Enzo ri freneticamente. O efeito da bebida já está o consumindo.
— Eu não quero deixar minha irmã viúva, sendo que ela é tão jovem.
Outros homens irão cair matando em cima dela. É melhor não provocar,
Barkov.
— Nem por cima do meu cadáver outro homem toca na minha mulher,
Grego!
Um dos meus seguranças se aproxima me entregando um ponto
eletrônico, um dos que uso para ouvir as conversas da minha esposa. Não que
eu viva a espionando, mas como eu tenho uma garotinha levada e rebelde,
não duvido de nada vindo dela. Ouço barulho de uma música alta.
— Eu pesquisei, cunhadinha. Esse é o lugar mais procurado pelas
solteiras na despida de solteiro. Não há outro local com homens mais bonitos
do que esse.
— Deixa, Enrico! Eu só quero dar um soco nele. Aí eu fico satisfeito.
— Para com isso, Enzo!
Eu não acredito que Anastácia esta em um clube de mulheres olhando
para outros homens. Eu vou mata-la!
— Rapazes, ouçam isso!
Mando meu segurança entregar dois pontos aos meus cunhados.
— Só falta ele cantarolar a mesma música italiana que nós cantamos
quando nossas esposas foram embora. Eu puxo e vocês concluem! O,
partigiano, portami via! O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao! O,
partigiano, portami via! O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao! (Oh,
membro da resistência, leve-me embora! Oh, membro da resistência, leve-me
embora)!
— Não seja ridículo, Enzo! Não vou cantar essa merda! — Enrico
resmunga.
— O bella ciao, bella ciao, bela ciao, ciao, ciao.
— Eu nunca vi tantos homens gostoso como esses. — a voz de Giovana
faz Enrico se enfurecer.
O semblante dos meus cunhados se fecham e posso ver a irritação no
olhar deles.
— Enzo, pegue as nossas armas! Vamos acabar com essa diversão!
O menos sóbrio da noite sou eu. Dirijo o mais veloz que posso,
desrespeitando umas vinte ou mais regras de trânsito. Ah! Mas Anastácia
Grego vai me pagar por sua afronta!
— Acho que devemos ir embora. Já está tarde. E se o Enzo descobrir
que estamos em um lugar como esse, não quero nem imaginar. — A voz de
Luana ecoa no som do carro.
Enzo está tão irritado que eu temo que ele assim, como eu e Enrico,
cometamos uma loucura.
— Deixa de ser medrosa, Lu! Eles também estão se divertindo em
algum lugar por aí. E hoje é a despedida de solteira da, Anna, mesmo ela já
sendo casada. Vamos aproveitar à vontade! Uhu!
— Eu vou esquecer que Giovana é o amor da minha vida e vou...
Enrico tenta se controlar, mas posso ver pelas suas feições o quanto
está difícil.
— Calma, cunhado! Apesar de todo plano ter sido arquitetado por ela,
as três tem a mesma culpa.
— Se você triscar um dedo na minha irmã, se considere um homem
morto! — Enzo diz do banco de trás, tentando me intimidar.
— Não precisa se preocupar, que da minha mulher cuido eu! — rebato
bufando.
— Ela ainda não é sua, seu maldito russo!
Sorrio com deboche. Ele que pensa. Droga! Por que o Max não está
aqui em uma hora como essa?
Pegamos um pequeno trânsito até a boate e meus seguranças vêm em
mais 3 carros atrás. Meu desejo é chegar atirando contra todo mundo. Mas
como irei explicar um tiroteio em massa?
Assim que adentro aquele ambiente desonrado para a minha doce
Anna, vejo que ela está em cima de um palco com um monte de filho da puta
a rodeando como abutres prestes a dar o bote. Bando de frouxos que precisam
de incentivos para ficar com o pau duro! Me contorço de raiva ao ver ela
rodeada pelos marmanjos enquanto um desgraçado tenta tocar no que é meu.
Subo no palco o mais depressa que posso, já o tirando de perto dela.
— Solta minha mulher, seu filho da puta! — rosno tão alto que vejo
Anna dar um pulo ao ouvir minha voz.
Eu soco a cara do bastardo que estava com as patas imundas em cima
da minha mulher.
Enrico e Enzo seguram suas esposas pelos braços e eu posso ouvir os
gritos de Giovana falando pra ele não matar ninguém. Enzo ainda saca a arma
causando pânico em todos os frouxos que aqui estão e a maioria sai correndo
sem dar explicações.
Minha esposa me olha surpresa por eu ter aparecido aqui e logo meus
cunhados estão socando os marmanjos metidos a dançarinos. Vejo um dos
frouxos sair correndo feito uma gazela abandonando os companheiros a
própria sorte. Uns maricas imprestáveis!
— Andrei, o que você pensa que está fazendo? — Seu olhar é de fúria.
— Quanto a você bonequinha, a gente conversa em casa. — A jogo nos
meus ombros, tomando todo o cuidado para não machucá-la, e a levo em
direção à saída.
— Me solta, seu ogro! O que pensa que está fazendo?
Adoro ouvir sua voz irritada me chamando de ogro.
— Fique caladinha, printsessa! Eu ainda estou puto de raiva e não
quero machucar você.
Posso ver seus irmãos vindo logo atrás arrastando a Gio e a Luana. Dou
uma breve instruções a um segurança para que os Grego possam ir em outro
carro. Hoje essas mulheres estão ferradas!
Assim que chegamos no carro, destravo a porta para ela entrar e me
acomodo no carro. Ponho o veículo em movimento. Meu instinto assassino
ainda está me corroendo. Tenho vontade de voltar lá e mandar aqueles
maricas para o inferno por terem a ousadia de cobiçar o que é meu. Minhas
mãos seguram forte o volante. Queria estar estrangulando aqueles
mauricinhos agora.
— Por que está tão estressado? Nós não estávamos fazendo nada
demais. Era só uma dança.
Meu grunhindo de raiva a assusta.
— Aquele filho da puta estava tocando em você! — Suspiro buscando
me acalmar. — Aliás, por que você subiu em cima daquele palco?
— Era só uma brincadeira, Andrei. Eles estavam apenas dançando ao
meu redor.
— Não me lembre disso! Eu deveria ter dado um tiro no meio da testa
deles ao invés de socos.
— Aliás, como você nos encontrou?
— Eu sei tudo sobre você, minha printsessa, e não gostei de vocês
tentarem enganar os seguranças.
Não posso revelar meus métodos, porque ela provavelmente ficaria
muito chateada, mas é para o seu bem, visto que ainda sou um homem cheio
de inimigos.
— Como assim? Você sabia onde estávamos?
— Sim. Fomos informados assim que vocês saíram da primeira boate.
Só foi o tempo de chegamos lá. Coitado do Enrico! Ele tem uma esposa
geniosa. — Seus olhos azuis me fitam intensamente. — E não tente mais
fazer isso! Vocês poderiam estar correr perigo. Mesmo que Ivanov já tenha
sido eliminado, ainda sou cheio de inimigos.
— Sim, eu sei. Me perdoa! Isso não vai mais acontecer.
Diante de suas palavras, eu não consigo ser grosso com ela. Anastácia
correu muitos riscos essa noite e poderia ter caído nas mãos de inimigos. E
amanhã eu estaria lamentando sua perda. Ainda não me recuperei do susto
que passei com o maldito do Ivanov. Não posso perder a minha princesa.
Pelo menos ela entendeu que não pode fazer mais isso.
Quando estaciono na frente da mansão, sou surpreendido pela minha
Anna subindo no meu colo e me provocando. Tomo seus lábios de forma
esmagadora, desejando ir muito mais além. A danada começa a rebolar no
meu colo, despertando o garanhão que está louco pra ser enterrado dentro
dela até o talo. Minhas mãos vão de encontro à sua fenda, subindo pela sua
perna. Mas antes que eu a alcance o meu objetivo, a minha provocadora para
o seu movimento no meu colo quando somos interrompidos pela chegada do
veículo que vêm os Grego. Que filhos da mãe! Empatas foda do caralho!
Anastácia aproveita essa oportunidade para sair do carro dizendo que
vai ver como estão nossos filhos. Há uma regra que nunca quebramos:
jamais, em hipótese alguma, poderíamos transar no quarto dos nossos filhos.
As Grego pelo visto estão bem encrencadas. Penso quando vejo um
Enzo furioso arrastar Luana de dentro do veículo como um homem
neandertal, a levando para dentro da mansão. Em seguida ouço leves gemidos
vindos do carro onde Enrico ainda se encontra com a Giovana. Putz! Sério
que os Grego estão fazendo orgias sexuais praticamente em baixo do meu
nariz? Tenho que me lembrar de mandar o carro para a lavagem amanhã. Se
bem que eu não posso condena-los, já que eu e a minha loirinha não
perdemos tempo também. Fizemos muito isso dentro do carro e em vários
outros lugares inusitados.
Que saber? Eu não vou dormir outra noite de pau duro. Eu a quero e
vou tê-la essa noite. Decido esperar Anastácia em nosso quarto. Estou louco
de desejo pela minha mulher e hoje ela não me escapa.
Quando Anna adentra o recinto, a surpreendo, agarrando-a em meus
braços e prendendo ela junto a mim.
— Me solta, Andrei! O que você está fazendo aqui?
Irritada como sempre. Mas hoje você não me escapa, printsessa.
— Eu preciso de você, amor. Prometo que vai ser uma rapidinha. —
sussurro isso fazendo ela sentir meu membro rígido. — É bem provável que
eu já esteja com as bolas roxas de tanto tesão reprimido.
— Não aproveitou a saída com meus irmãos? Pensei que vocês tinham
ido em algum clube de strippers. — Ela fala isso para me provocar. Eu sei do
que é capaz se me pegar com outra mulher.
— Está louca? Aqueles dois lá só querem me matar. Tenho certeza que
seus irmãos só não me deixaram de olho roxo de novo porque que amanhã é
o meu casamento com a mulher mais especial desse mundo. — Distribuo
beijos ao longo do seu pescoço. — E não fomos para nenhum clube, somente
a um bar. Bebemos um pouco, até saber onde vocês estavam, então saímos de
lá igual uns loucos para encontrá-las. Eu sabia que essa estorinha de
despedida de solteiro não ia dar certo.
Como se eu não conhecesse a mulher que eu tenho! Se ela soubesse que
estávamos em alguma casa de stripper, teria ido lá pessoalmente fazer uma
chacina. Só não se preocupou porque sabe que os irmãos dela nunca iriam me
proporcionar uma despedida de solteiro assim.
— Deixa de drama, Andrei! Meus irmãos já sabem que quero ficar do
seu lado por livre e espontânea vontade. E quanto à despedida, estava
ocorrendo perfeitamente bem, até uns certos marmanjos chegarem lá
armando a maior confusão.
— Se não fosse por espontânea vontade, meu anjo, infelizmente teria
que trancá-la em uma torre, mas eu não permitiria que fosse embora nunca
mais. — Faço uma pausa e depois continuo. — Mas pensando bem, acho que
vou ter que trancá-la mesmo em alguma torre. Sabia que aquela ruiva, esposa
do Enrico, é perigosa, mas não imaginava que ela iria levar minha printsessa
para aquele antro de perdição.
— Você nem imagina. A Gio fez a pesquisa direitinho. Nem sabia que
aqui na Rússia tinha um lugar como esse. — Minha expressão se fecha
quando eu a viro para mim. — Aqueles homens lindos e sarados, vestidos de
bombeiros, dançando e tirando a roupa... Ai! Me subiu até um calor agora! —
fala se abanando.
Fico com um ódio quando ela diz isso. Só de pensar naqueles filhos da
puta tocando no que é meu... Me arrependo de não ter acabado com a raça
daqueles vermes.
— Subiu, foi? — Ela deve está rindo por dentro. Essa garota levada! —
Venha aqui, que eu vou apagar o teu fogo!
A pego no colo e ela enlaça meu quadril com suas pernas torneadas
demostrando estar tão louca de desejo quanto eu. Minha loirinha é pequena,
mas é letal. Cada pedacinho do seu corpo me deixa louco de tesão.
Nosso beijo se torna algo faminto e ardente, e nossas línguas duelam
buscando o sabor um do outro. Minhas mãos parecem ganhar vida própria e
logo chegam na sua bunda gostosa, a apalpando. Ela morde meus lábios
suavemente, fazendo com que uma carga elétrica dispare pelo meu corpo, se
concentrando totalmente no meu membro, que nesse momento só deseja estar
enterrado nela.
— Gostosa! — sussurro e desfiro um tapa no seu bumbum.
Em seguida a jogo no colchão, fitando-a com os meus olhos famintos.
Tiro minha camisa lentamente sem abandonar seu olhar. Ela passa
suavemente a língua pelos seus lábios, desejando-me como nunca. Ao mesmo
tempo que me devora com seus olhos azuis, vagueando-os pelo meus
músculos vigorosos sem serem exagerados, eu fico apenas com a calça, que
parece uma barreira frágil nesse momento para conter meu pau, que nessa
hora está louco para ser introduzido na minha loirinha sedutora. Mas antes
preciso saboreá-la, levá-la ao limite da sanidade.
Vou em sua direção lentamente, tiro sua sandália, a jogando em um
canto qualquer do quarto, e acaricio levemente a sola do seu pé. Vou subindo
os toques até a sua coxa.
— Minha garota safada! — sussurro e volto a devotá-la em um beijo
selvagem.
Minha mão continua sua exploração, subindo pela sua coxa e indo até
sua calcinha de renda, que já se encontra completamente encharcada. Adoro
as sensações que causo na minha garotinha rebelde!
— Que delícia, amor! Minha garota rebelde já está pingando por mim.
— falo convencido.
Levanto o seu vestido até o meio da sua cintura. Como eu venero esse
corpo!
— Não podemos, Andrei, o nosso casamento é só amanhã. — Ela tenta
resistir aos meus estímulos, mas vejo na sua expressão o quanto está difícil,
principalmente com o passeio do meu dedo pelo seu núcleo sensível e
encharcado. — Amanhã eu serei toda sua, para sempre sua! — diz ofegante
Não dou ouvidos e continuo com o meu avanço sobre o seu corpo, e
deslizo sua calcinha sobre suas pernas torneadas.
— Quero que você goze na minha boca! Não posso deixar minha
mulher insatisfeita nesse estado até amanhã. — Pisco um olho e posiciono a
cabeça entre as suas pernas, que estão apoiadas no colchão. — Como você é
má, printsessa! Como pode ter me negado o paraíso durante esses 4 meses?
— falo enquanto contemplo a sua boceta rosada e melada, louca pelo meu
pau.
Observo que minha printsessa está tão entregue ao momento quanto eu.
Ela não consegue pronunciar nada e só mordia os lábios para evitar os
gemidos que se formam no momento em que eu estimulo o seu canal com a
língua e os dedos em movimentos hábeis. Minha língua de forma intensa e
prazerosa realiza movimentos circulares e de cima para baixo no seu clitóris,
com maestria. Já sei todos os seus pontos sensíveis que a deixam louca de
tesão. Vejo seus olhos se revirarem quando meus dedos tocam um ponto
preciso. Nesse momento estimulo de maneira habilidosa o seu clitóris, a
levando a se derreter em meus braços. Sinto seu corpo tenso e logo depois se
elevar pelo prazer. Em seguida seus fluidos abundantes encharcam o seu
canal quando ela chega ao ápice do prazer. Nesse instante ela geme e grita
loucamente descontrolada. Ainda bem que seus irmãos estão bem entretidos
com as esposas, se não seria bem provável que invadissem o quarto pensando
que eu estou matando a irmãzinha deles. Sorrio, malicioso, lambendo os
lábios com os últimos vestígios do seu gozo. Estou matando-a sim, mas de
intenso prazer.
— Apetitosa, minha loirinha! Não sei como suportei tantos meses sem
te comer.
Imediatamente me levanto e começo a desabotoar minha calça. Não
vejo a hora de me afogar nessa boceta quente e apertada.
— O que pensa que está fazendo? — me interroga.
A encaro com meu olhar de predador prestes a devorar sua presa. Meus
olhos percorrem todo o seu corpo, parando na boceta que tanto me deixa
louco de tesão. Ela sorri, travessa e sedutora, e abaixa o vestido dela, me
privando da bela visão.
— Preciso me saciar agora, amor. Não vê o meu estado? — minha voz
sai rouca de tesão.
Meu pau está quase rasgando o tecido da minha cueca, louco pra se
libertar. Ela não pode me negar.
— O banheiro é logo ali, noivinho. Só considerarei que estamos
casados realmente a partir de amanhã. E você prometeu esperar. — fala de
modo confiante.
Ela só pode está de brincadeira.
— Sério isso, printsessa? — Ela cruza as mãos sobre os seus seios, me
olhando de modo determinante. — Vai me deixar assim de pau duro? —
Mostro o meu estado de excitação.
Não acredito que ela vai ser capaz de se negar a mim depois que eu a
fiz gozar gostoso usando minha boca e meus dedos.
— Claro que não, amor! — Meu olhar se acende de novo com um
sorriso ao ouvir isso. — Esse chuveiro tem um potente sistema de água fria
que vai resolver esse seu problema rapidinho. — Aponta na direção ao
banheiro.
Putz o que foi que eu criei essa garota está brincando com o perigo,
caralho! Calma Andrei amanhã ela te paga por todo o tesão reprimido dos
últimos meses.
— Você é uma garota malvada, Anastácia!
— Adoro ser uma garota malvada! — Sorri safada.
— E eu adoro castigar uma certa garotinha levada. Peça a Deus para te
proteger, esposa, porque amanhã você será minha, e dessa vez irei foder tanto
com você, que não vai conseguir caminhar por um mês.
Em seguida eu saio pisando duro em direção ao banheiro, resmungando
o quanto ela é uma garota má e que amanhã eu terei dó dela quando eu a
pegar de jeito. Aposto que ela agora deve estar rindo da minha situação.
Debaixo do chuveiro tento aliviar minhas frustrações. Meu pau está tão
duro e pronto que basta eu imaginar aquela boquinha rosada e gostosa em
volta dele, que eu me derramo. Essa patricinha está brincando com fogo,
deixando um homem como eu sem sexo todo esse tempo. Isso é covardia,
jogo baixo. Amanhã quando eu possuí-la, não hesitarei em deixá-la de pernas
bambas. Terei o prazer de torturar minha bonequinha loirinha.
São tantas virtudes que ela tem, que sou capaz de abalar as estruturas
do mundo para tê-la novamente só para mim. Amanhã será minha esposa, a
dona do meu coração. Para sempre eu amarei minha garotinha rebelde.
O dia amanhece silencioso demais. Ainda sonolenta, me viro para o
lado e não encontro o Andrei. Apesar de não termos transado ontem, permiti
que ele dormisse ao meu lado, desde que não ousasse nenhuma gracinha.
Quando abro meus olhos, levo um susto daqueles. Vários pares de olhos me
observam atentamente: Giovana, Luana, Jeniffer e minhas mães Sandra e
Kátia. Estão todas em pé me olhando com os braços cruzados. Puxo o lençol
para me cobrir. Isso é uma grande invasão de privacidade.
— O-que vocês fazem aqui?
Luana olha a hora no seu relógio de pulso. Ela agora aprendeu a usar
um para me lembrar que tempo perdido não se recupera para um casamento.
— Levanta, Anna! Temos muito o que fazer hoje: unha, cabelo,
maquiagem... E você dormiu com ele?
— Os braços dele são tão quentinhos! — respondo na defensiva.
— Olha só isso! Ela dormiu com o inimigo. — Giovana profere com a
expressão séria. — Mesmo que nós não estivéssemos acabado de esbarrar
com o russo abandonando o quarto, ainda assim saberíamos pelo seus gritos e
gemidos de ontem à noite. — Sua expressão de séria logo muda para uma
divertida.
Coro até a raiz dos cabelos por minha família ter ouvido os meus
gemidos lascivos.
— Nem me lembre isso! Tive que segurar o meu Enzo de qualquer
jeito. Ele tinha certeza que o russo estava matando a irmãzinha dele. —
Luana conclui rindo também.
De fato meu russo gostoso estava me matando, mas era de prazer.
Quando me lembro daquela sensação gostosa me arrebatando ao paraíso,
surge um sorriso nos meus lábios.
— Aposto que teremos novidades em breve. — Kátia fala com um tom
de malícia na voz.
— Ela tá sorrindo! Mas que safada! — Gio fala e todas começam a rir.
— Pensei que tinha feito voto de castidade até o casamento.
— Ela quebrou. — minha mãe Sandra se pronuncia.
— A punição para a noiva rebelde é...? — Jennifer indaga.
— Guerra de travesseiro! — Todas dizem ao mesmo tempo.
— Mas não aconteceu nada. — Tento argumentar, mas ninguém me dá
ouvidos.
Elas jogam travesseiros contra mim e iniciamos ali uma pequena guerra
com eles.
Depois da nossa pequena brincadeira, tomo meu café da manhã, que foi
servido no meu quarto. Minhas mães Kátia e Sandra foram verificar como
está o andamento e os preparativos do casamento com a organizadora da
festa. A recepção acontecerá em um salão de um dos mais conceituados
hotéis de Moscou, o Metropol, com sua imponente arquitetura e detalhes que
ostentam a grandiosidade da sua rica história de séculos. Confesso que amei a
escolha do lugar, principalmente porque sou fascinada em obras de artes e
relíquias da antiguidade. Meu russo gostoso sabe como me agradar.
Quando termino meu café, vou olhar os meus pequenos que estão no
quarto de brinquedos brincando com os demais primos e as babás.
E assim a manhã passa muito rápido.
Após tomar uma ducha, já me deparo com Luana e seu exército: a sua
equipe do salão de beleza. Lu já estava com tudo programado. Minha
cunhada é realmente muito perfeccionista. Opto por uma tonalidade clara
para o tom do esmalte enquanto os demais profissionais se encarregam do
melhor estilo de penteado e da maquiagem perfeita, sem ser muito chamativa
para a ocasião.
Encerrada a primeira fase, o próprio estilista que confeccionou o meu
vestido de noiva comparece com suas auxiliares para fazer algum possível
ajuste na peça. O que não foi preciso, já que o mesmo caiu como uma luva
nas minhas curvas suaves. É de um modelo belíssimo, escolhido por mim,
com vários detalhes de bordados com pequenos diamantes que reluzem sob a
luz, fazendo eu me sentir como uma verdadeira princesa de contos de fadas.
Mesmo não sendo mais virgem, optei pela cor branca, já que é assim que eu
idealizei casar algum dia. O traje elegante é complementado com uma
lingerie branca de renda, ultra sexy, e sandálias de salto toda ornamentada
com vários cristais. Nos cabelos utilizo um lindo penteado com flores
naturais.
Ao finalizar todo esse processo, quando me olho no amplo espelho do
quarto fico admirada com o meu próprio reflexo. Nunca tinha me sentindo
tão deslumbrante como nesse momento.
Os demais familiares e convidados já se encontram na Catedral de são
Basílio, que fica localizada na praça vermelha, local onde será realizada a
cerimônia de casamento. Meu irmão Enrico é quem me levará ao altar, como
deveria ter sido desde o início. Ele já se encontra no amplo hall da mansão
me aguardando. Quando se vira na minha direção, vejo seu olhar admirado.
— Está linda, irmãzinha! Se ainda quiser desistir, ainda está em tempo.
— Enrico pronuncia sério.
— Não tenho alternativas, seu bobo. Mesmo que eu não quisesse, sabe
bem que Andrei não permitiria, e além do mais, eu sou louca por aquele
russo.
Vejo um sorriso surgir no seu rosto.
Assim que entramos na igreja lotada, começa a tocar a marcha nupcial.
Vários olhares curiosos me observam enquanto eu sigo em direção ao altar,
onde o meu russo gostoso já me aguarda. Ele está simplesmente irresistível
no seu terno azul marinho, gravata borboleta e camisa branca. Quando acabo
de fazer minha inspeção, meu olhar nesse momento se encontra com o dele.
Já posso observar em seu olhos predatórios um lampejo de sensualidade
transpassando me prometendo uma infinidade de sensações.
Então meu irmão me entrega a Andrei e eu ouço sua advertência:
— Cuide bem dela, Barkov! Ou então vai ter que se ver comigo. —
Nem no meu casamento, meu irmão deixa a pose de durão.
— Não se preocupe, cunhado! — Andrei afirma firmemente sem se
intimidar. — Cuidarei dela com minha própria vida.
Quando ele pega firme minha mão, posso sentir uma vibração poderosa
atravessar meu corpo. — Está belíssima, printsessa! — sussurra me
transmitindo tranquilidade.
Em seguida caminhamos para o altar, onde o sacerdote realizará a
celebração e abençoará as alianças.
Então acontece todos os processo de realização da cerimônia do
casamento.
No momento dos votos, Andrei me surpreende:
— Anna, querida, eu não sou bom para me expressar com as palavras e
nunca me considerei um homem capaz amar, até conhecer você. Esta noite,
enquanto estamos aqui, eu quero que você saiba que é a única que eu sempre
desejei. Obrigada pelo nossos dois pequenos tesouros que você me deu. —
fala isso olhando para nossos filhos, que estão com as avós.
Meus dois anjinhos estão lindos. Minha filha Aurora está vestida como
uma princesa e meu pequeno príncipe traja seu terninho social. Meus olhos já
se encontram marejados pelas lágrimas de alegria e emoção.
Mais uma vez o olhar dele volta para mim e o mesmo conclui seu voto,
me olhando com adoração.
— E da mesma forma que esse casamento será insolúvel, assim será
também o nosso amor, porque eu te quero aqui comigo até o fim dos tempos.
Quero que me ouça dizer que eu sempre a amarei.
Fico sem reação nessa hora e só consigo chorar, emocionada, pois
nunca imaginei que despertaria algum tipo de sentimento no coração do
homem que sempre acreditei que seria sempre o meu algoz. E ele realmente
foi por algum tempo. Mas de certa forma consegui transpor a barreira de gelo
do seu coração. Hoje quando fito os seus olhos, posso ver todo o amor neles
refletido.
Sem consegui falar nada, me jogo nos seus braços e o beijo
ardentemente, esquecendo que temos uma plateia nos assistindo.
— Obrigada, Andrei! Eu também te amo! Mesmo que não merecesse o
meu amor, você o conquistou e lutou por mim. E tudo que eu preciso de
você, eu posso ver refletido nos seus olhos. — falo quando me recupero um
pouco.
Saímos de lá sobre vários aplausos e felicitações.
Na limousine enquanto nós seguimos para a festa de recepção que
acontecerá no salão do hotel, Andrei confidencia:
— Agora finalmente eu me sinto um homem casado.
— Mas você já era um homem casado. — sussurro me aconchegando
ainda mais em seus braços.
— Sim, milaya, mas dessa vez é diferente. — Suspira. — Droga!
Infelizmente ainda temos que passar pela festa de recepção do casamento. —
Pronuncia de forma lamentosa.
— Não está animado para a festa, marido? Toda a nossa família já está
nos aguardando lá.
Quando olho pra cima posso ver os seus olhos cores de amêndoas me
devorando de forma lasciva.
— Foda-se todos! Eu só quero estar dentro de você, amor. Ontem você
foi uma menina muito má! — Ataca meus lábios de forma voraz.
Quando as carícias começam a se intensificar, eu o interrompo.
— Não podemos, Andrei! — Me afasto dele, que ainda tenta me
agarrar, mas eu me desvencilho. — Eu não posso chegar lá toda descabelada.
Eles iriam saber o que estávamos fazendo.
— Eu não me importo com isso. Agora estamos casados e eu estou
doido pra te foder!
— Eu também estou louca pelo meu russo gostoso. — confesso
manhosa já vendo seus olhos acalorados me analisando. — Mas teremos que
esperar só um pouquinho mais. — Faço um biquinho. — Já estamos
chegando. E a espera vai valer a pena, amor! Eu prometo. — pisco um olho.
— Tudo bem. Na primeira oportunidade sairemos.
— Por falar nisso, qual o destino da nossa lua de mel?
Ele sorri de lado com um ar de mistério.
— Surpresa, printsessa! — Beija a ponta do meu nariz. — Chegamos!
Agora terei que dar um jeito nesse volume na minha calças, ou vou andar por
aí com a barraca armada por culpa da minha loirinha.
Saio da limousine, rindo, e indo em direção ao hotel enquanto Andrei
permanece um pouco mais no carro até se recompor. Mas antes mesmo de eu
chegar ao salão, ele me alcança.
Nossas famílias já chegaram ao local da recepção. Eu simplesmente
estou encantada pela arquitetura e opulência do lugar.
Andrei logo me leva à mesa reservada aos noivos e um cantor famoso
local anima os convidados com suas belas músicas. Alguns já estão na pista
de dança enquanto outros aproveitam os aperitivos e as bebidas da melhor
qualidade. Quando um garçom passa próximo de mim, pego uma taça de
champanhe, mas logo sou impedida por Andrei.
— Você não comeu quase nada, e não quero que coisa alguma
atrapalhe a nossa noite, minha gostosa. — sussurra no meu ouvido me
deixando toda arrepiada.
— Só uma taça. Prometo. — faço um biquinho manhoso.
Nessa hora minha mãe Kátia sugere um brinde a nós e Andrei acaba
cedendo. Logo depois um coro de vozes pedem a dança dos noivos e meu
marido me leva rumo à pista. Quando começa a tocar nossa música de Jonh
Legend, All Of Me, que escolhemos depois de muita insistência, iniciamos a
dança.
Logo que termina a música principal, os demais convidados retornam à
pista.
— Você está tão linda, meu anjo! Mas acho que agora eu já posso
roubar minha noiva somente para mim.
— Sim, meu marido. Confesso que também não vejo a hora de ter o
meu russo gostoso só para mim.
— Eu sou todo seu, printsessa.
Quando levanto meu olhar para encará-lo, posso ver seus olhos
maliciosos sobre mim. Assim que saímos da pista de dança, vou em direção à
mesa onde minhas duas mães estão sentadas segurando meus pequenos
Aurora se encontra adormecida no colo da vovó Sandra enquanto Nicolai
pula contente no colo da vovó Kátia, como se dançasse ao som da música. É
tão lindo ver minha família reunida assim.
Depois de me despedir da minha família, troco de roupa em um dos
quartos que foi reservado especificamente para a noiva. Quando vou até a
saída, vejo Andrei próximo ao carro, me aguardando. Em seguida ele me
estende uma venda.
— Pra que isso? — questiono.
— Surpresa, printsessa. Logo você descobrirá.
Ele me ajuda a colocar a venda e me acomoda no veiculo. Rapidamente
se acomoda ao meu lado e depois dá a ordem para o motorista dar partida no
carro. Logo sinto seus braços me envolverem de forma protetora.
Com meus olhos vendados, me deixo ser guiada por Andrei para onde
ele pretende me levar. Só sei que é um lugar próximo ao mar, pois posso
ouvir o barulho das ondas se quebrando ao longe. Meu marido me conduz por
uma espécie de plataforma e já posso sentir um cheiro refrescante de praia. A
noite está fria como na maioria dos dias na Rússia. Já me acostumei com esse
clima. Estou bem agasalhada por um casaco quentinho, um vestido de lã
bege, minhas botas de cano longo e meias.
Chegamos a uma espécie de rampa e Andrei me pega no colo, me
causando um pequeno sobressalto. Me agarro no seu pescoço forte, para não
cair, e ele me leva para cima, dando muitas gargalhadas da minha reação. Ao
que tudo indica, estamos em uma embarcação.
— Calma, amor! Confia em mim! Eu nunca te deixaria cair, princesa.
A surpresa está apenas começando. — fala isso e me põe no chão quando já
estamos no barco, pelo que suponho. — Prontinho, printsessa! Chegamos ao
nosso destino. — Me dá um leve beijo no pescoço e já começa a tirar a venda
dos meus olhos.
Olho em volta e fico admirada com a bela vista na minha frente.
Estamos no canal Moscou-Vosga, um porto fluvial que tem bastante
importância no fornecimento de água para Moscou. Sua navegação ocorre do
norte para o sul entre o rio Vosga e o rio Moscou. A cada dia venho
aprendendo mais sobre o país que nasci.
Andrei dessa vez conseguiu me surpreender, e pelo que posso
constatar, não estou em uma embarcação qualquer, mas sim num luxuoso
iate. Várias pétalas de rosas vermelhas estão espalhadas pelo piso, deixando o
ambiente bastante romântico.
— Gostou, milaya moya (minha querida)?
— Andrei... É magnífico e enorme.
— Magnífica e enorme é outra coisa que vou te mostrar mais tarde
minha, princesa.
Lhe dou um tapinha no ombro.
— Você só consegue pensar nisso, Andrei.
Ele dá uma gargalhada gostosa e me puxa para os seus braços, me
dando um leve beijo nos lábios.
— Perto de você, eu sempre penso em sexo, meu anjo, ainda mais
depois de 4 meses sem te devorar. Estou faminto. E você ainda vai me pagar
por ontem à noite.
— Mas eu não fiz nada. — faço um biquinho, manhosa. — Só estava
cumprindo meu voto de castidade. Prometo que irei recompensá-lo.
— Ah, pode apostar que vai! Você nem imagina, garota safada.
— Sua garota safada.
— Minha! Só minha safada e rebelde garota que eu adoro disciplinar
com uns belos tapas nessa bunda gostosa. — Me puxa para os seus braços e
me devora em um beijo cheio de luxúria e malícia.
Sinto suas mãos em leves carícias descendo pelas minhas costas e indo
em direção ao meu bumbum, o apalpando.
O afasto a tempo, antes que eu perca todo o meu raciocínio.
— Para com isso, seu russo safado! Alguém pode nos ver.
— Não se preocupe, printssessa! Os seguranças são bem discretos e
não se encontram no iate. E os poucos funcionários daqui tem a ordem de
sumirem assim que nos servirem. — Me dá uma piscadela de olho,
queimando meu corpo com seu olhar safado.
Ele me direciona para os demais compartimentos do barco.
— Agora vamos deixar a diversão pra mais tarde! Deixa eu te mostrar o
restante da embarcação. Esse iate tem 25 metros de comprimento e mais de
200 metros quadrados, e vai nos proporcionar todo o conforto necessário.
Andrei me mostra brevemente a estrutura interna do iate. É muito linda
a popa, a parte traseira, que conta com um comprimento de uns 3 metros para
facilitar o lançamento de um jet-ski ou um bote. E toda parte externa conta
com um toldo elétrico adaptado no teto. Tem também alguns sofás dispostos
no ambiente da embarcação. Já o flybridge, onde ficava o cockpit, é composto
pelo posto de comando solário. Há também uma banheira de hidromassagem,
um mini bar e várias espreguiçadeiras e sofás espalhados. Na parte interna,
Andrei me diz rapidamente que o iate compõe de uma cozinha, 2 quartos de
hóspedes, banheiro e uma suíte máster.
Ele me leva para a parte interna onde fica a sala de estar e a de jantar.
No centro está disposta uma mesinha com várias almofadas no piso. Minha
boca saliva quando constato que o cardápio é fondue. Andrei sabe que eu
amo. Os empregados são muito discretos e eficientes, então logo tudo está
disposto e ficamos sozinhos novamente.
— Venha, meu amor! Hoje quero saciar todos os seus desejos, minha
esposa. E como sei que você quase não comeu na nossa recepção de
casamento, preciso alimentá-la primeiro para você aguentar a maratona de
sexo.
Andrei me fala isso de uma forma provocativa e me causa um arrepio
gostoso pelo corpo. Ao mesmo tempo me agarra pela cintura e me leva em
direção à mesa. Já posso sentir através das roupas sua ereção se formando.
Para provocá-lo, levo minha mão até lá e encosto no seu membro rijo, o
acariciando e o apertando por cima da roupa. Ele solta um gemido malicioso.
— A sobremesa vou querer provar no seu corpo. — sussurra no meu
ouvido me causando arrepios.
Na mesa está exposta uma variedade de pratos deliciosos que eu
simplesmente amo, como fondue de carne, queijo e chocolate. Andrei tenta
dar pequenas porções na minha boca, mas que acabam caindo mais na mesa
do que me alimentando.
E num clima descontraindo terminamos nossa refeição. Depois meu
esposo pega um champanhe no frigobar e nos serve.
— Uhhh, moya lyubov', você sabe que eu amo fondue. Amei a
surpresa.
Ele para um pouco, me analisando, e me lança um sorriso.
— Eu também amo te foder. — diz com a voz carregada de malícia. —
E a surpresa só está começando.
Esse safado não perde a oportunidade de me provocar. Seu olhar
dourado está sobre mim o tempo inteiro, como se ele nunca se cansasse de
me admirar.
— Repete o que você falou, printsessa!
— O quê? Que eu amo fondue? — pergunto o provocando, mais sei ao
que ele está se referindo.
— Não, garota atrevida. Você sabe o que eu quero ouvir dos seus doces
lábios.
Vou até onde ele está, passo minhas mãos pelo seu pescoço, e olhando
dentro dos seus olhos, digo:
— Moya lyubov', te amo! Eu amo o meu russo gostoso.
Ele mantém seu olhar apaixonado sobre mim.
— Eu não te mereço, minha linda garota rebelde, mas mesmo assim
não consigo imaginar minha vida sem você. É um sentimento tão forte que
não tenho palavras para descrevê-lo. — Olha nos meus olhos profundamente,
como se pudesse analisar a minha alma. Noto a surpresa em seus olhos por eu
tê-lo chamado de “meu amor” em russo. — Anastácia, você conquistou um
coração que eu nunca nem pensei que existia. Se hoje eu tenho um coração
que bate forte, louco e descontrolado... — Pega minha mão e leva ao seu
peito. Podia sentir suas batidas frenéticas. — é por você, amor, e pelos nossos
filhos, os maiores presentes que você me deu.
Meus olhos estão marejados. Nunca imaginei que teria algum
sentimento por Andrei além do ódio e rancor.
— Sei que o nosso começo não foi bom, Andrei, e eu temia um
casamento com você, um homem frio e com o histórico cheio de amantes,
então fiz de tudo para te manter longe de mim. Hoje posso perceber que de
fato nunca amei o Thiago. Ele era mais uma forma de proteção contra você e
me apeguei a isso, mas mesmo assim não foi o suficiente. Você entrou na
minha vida como um furacão, exigindo tudo de mim, me chantageando para
conseguir seus propósitos. Apesar de naquele tempo ter concordado com eles
por coesão, agora eu me sinto preparada para te dar de livre e espontânea
vontade meu amor. Eu te amo, Andrei!
Ele se aproxima rapidamente de mim, me agarra e me beija.
— Obrigado, amor! Eu sei que nada vai apagar a dor que eu te causei
com a minha vingança. Eu me sentia menosprezado e humilhado pela sua
rejeição e pelo rompimento do acordo, pois mulher nenhuma nunca tinha me
dito “não”. Eu cresci com essa certeza: que você seria minha um dia. Quando
me ignorou e me disse “não”, eu não reagi bem. Meu lado sombrio falou
mais alto e eu fiz tudo que estava em minhas mãos pra obter minha vingança.
— Shiiiii! Tudo bem, Andrei. A gente não pode apagar o passado, mas
podemos fazer uma nova história a partir daqui.
— Vem, amor! Quero te mostrar uma coisa. — Me leva para a parte
inferior do iate, onde fica a suíte.
Quando entro, me deparo no centro do quarto com uma enorme cama
coberta por uma colcha branca e várias pétalas de rosas vermelhas espalhadas
pela mesma e pelo piso. No meio do lençol há dois corações formados com as
pétalas. O ambiente está levemente aquecido para atenuar o frio do lugar.
Observo que tem um frigobar aqui em cima de uma pequena cômoda, onde se
encontra um balde de champanhe com gelo e duas taças dispostas, além de
morangos e chantilly.
— Está lindo, amor!
— “Lindo” vai ser você deitada nua nessa cama e totalmente entregue
para mim, princesa. — Me agarra por trás. — Era assim que deveria ter sido
nossa primeira vez, se eu não estivesse tão louco de raiva e ressentimento. —
Beija o meu pescoço, já reacendendo em mim uma fagulha do desejo.
— Uhhhh, Andrei! — sussurro de modo rouco.
Minha bunda já encontra-se esfregando no seu pau enrijecido,
buscando um atrito maior. Meu marido solta um breve gemido.
— Minha garota rebelde e safada! Sabe o quanto eu amo disciplinar
minha menina desobediente com uns belos e tapas nessa bunda gostosa. —
Me desfere o primeiro tapa.
Me viro de frente para ele e o encaro fixamente os seus belos olhos
âmbares.
— Então me mostre, meu marido! Confesso que também gosto de me
comportar de forma travessa e ver meu marido perdendo o controle. — falo
de forma maliciosa.
O beijo de forma suave no início, só testando o seu sabor, e nossas
línguas duelam lentamente. Então ele intensifica e eu o faço parar.
— Quero te dar prazer. — Sorrio de jeito coquete.
— Meu anjo, acredite! Você já me proporciona um prazer
inimaginável.
Tiro o seu terno e gravata, e já aproveito para me livrar do meu casaco
também. Começo a distribuir pequenos beijos pelo seu pescoço e vou
descendo. Levo minha mão até o cós da sua calça e puxo a sua camisa, a
tirando também. Ouço o seu gemido e seu corpo fica tenso pelo estado de
tesão.
— Garota, desse jeito você vai acabar me matando.
— Só de prazer, marido. E eu falei que ia compensar a espera. — Pisco
um olho pra ele de maneira maliciosa.
— Anjo, eu quem deveria estar te proporcionando prazer. Desse jeito
eu não vou durar muito. Já estou louco para ficar dentro de você.
Vê-lo assim cheio de tesão, faz eu me sentir poderosa.
Continuo minha exploração pelo seu corpo e dou leves beijos sobre o
seu peitoral musculoso e definido sem ser exagerado. Alcanço um dos seus
mamilos e o sugo, ganhando dele mais um gemido repleto de desejo. Isso me
incita ainda mais na minha exploração. Me ajoelho no chão, buscando uma
posição confortável. Levo as mãos aos botões da sua calça, a desabotoo,
abaixo o seu zíper e a desço até o meio das suas coxas. Sua cueca boxer já se
encontra pronta para rasgar com o seu membro enorme excitado
pressionando o tecido. O acaricio por cima da cueca, sem tirá-la, o deixando
alucinado. Vendo o seu estado, tiro a peça íntima lentamente até ter aquele
membro enorme e maravilhoso apontado para mim. Sua ponta já se encontra
com o líquido pré-ejaculatório. Minha boca saliva de vontade de sentir o seu
gosto. Levo minhas mãos até o seu pau, apreciando toda a sua estrutura, as
veias salientes. O acaricio num vai vem fogoso. Olho para cima e vejo os
olhos de Andrei fechados. Suas feições refletem todo o prazer que ele está
sentido. Ouço o seu gemido gutural quando levo o seu membro à minha boca.
Passo a língua na cabeça do seu pau antes de começar a sugá-lo e sinto suas
mãos nos meus cabelos, o prendendo. Agora Andrei olha fixamente meus
movimentos em volta do seu pênis. Isso parece deixá-lo fascinado. Sinto
quando ele começa a mexer os quadris levemente, me incentivando a tomar
mais de si. Acaricio levemente seus testículos, o deixando alucinado.
Continuo muito focada nos meus movimentos de sucção e só paro quando
sou interrompida. Meu marido puxa minhas madeixas levemente, tirando o
seu pau da minha boca.
— Porra! Que delicia, amor! Essa boca gostosa em volta do meu pau
está me levando ao limite, mas quero gozar dentro dessa boceta que me deixa
louco.
Ele já começa a tirar o restante das suas roupas e em seguida me livra
rapidamente das minhas, me deixando completamente nua diante dele.
— Nunca me canso de admirá-la, moya krasavitsa (minha bela).
Esfrego levemente uma perna na outra e Andrei entende perfeitamente
o meu sinal.
— Deite-se na cama agora! — murmura com a voz determinada.
Faço o que ele manda.
— Muito bem! Boa garota! Agora quero que se toque!
Passo levemente as mãos nos meus seios, brincando com os mamilos
entumecidos, e vou descendo-as pela minha barriga em direção ao meu
clitóris, que eu estimulo. Já me encontro totalmente encharcada pela
excitação do momento e meus gemidos preenchem o cômodo.
Então ouço a voz de Andrei.
— Pare! — ordena quando percebe que eu estava prestes a gozar.
Ele vem na minha direção, pega a minha mão que estava me dando
prazer, leva os meus dedos melados à sua boca e os suga.
— Uhhh! Que delícia! Mas eu ainda tenho fome, amor. — Confessa. O
seu olhar é de pura luxúria
Estava tão entretida no momento que só agora percebo um par de
cordas própria para bondage na sua mão. Olho em volta da cama e noto
argolas posicionadas na cabeceira.
— O que pretende fazer com essas cordas? — pergunto já imaginando
o jogo sexual.
Seu olhar enigmático percorre todo o meu corpo.
— Não pense que eu me esqueci do seu castigo, esposa! Só vai gozar
quando eu mandar! — Me mostra as cordas.
E no mesmo instante ele começa a amarrar os meus braços com as
cordas de uma maneira que não me machuque e as prende nas argolas. Agora
estou totalmente a sua mercê.
— Você não foi uma boa garota, Anastácia Barkov. — sussurra no meu
ouvido me deixando toda arrepiada. — Sabe o que meninas malvadas
merecem? — ele indaga, mas não tenho tempo de responder.
Andrei me beija de forma suave e terna. Ficamos assim apenas sentindo
o sabor um do outro. No início sua posse é suave sobre o meu corpo, como se
quisesse gravar cada detalhe dele. Suas mãos abarcam os meus seios, os
atiçando. Logo ele abandona meus lábios.
— Eu disse que ainda estava faminto esposa. Agora vou provar a
sobremesa no seu corpo.
Meu marido pega o chantilly e desenha com ele pequenos corações nos
meus seios e em volta do meu umbigo. Em seguida coloca um morango no
meu umbigo.
— Perfeita! — Admira sua obra de arte no meu corpo. — Estou louco
pra prová-la. — Pega o morango com chantilly e os levando à boca. —
Uhhh! Que delícia! — Começa a passar a lamber o chantilly em volta do meu
umbigo. A fricção da sua língua áspera e quente logo espalha um calor por
todo o meu corpo.
— Por favor, Andrei! — sussurro mordendo os lábios, mas ele parece
não me ouvir.
Meu esposo segue na direção dos meus seios. Já os sinto enriçados na
eminência da sua boca gulosa que os toma. Andrei lambe todo o chantilly em
volta dos mamilos, me fazendo alucinar. Então intensifica sua sucção. Gemo
baixinho e ouço seu riso malicioso por conta do meu descontrole.
— Por... favor, amor! — imploro manhosa já sentindo um delicioso
tremor pelo meu corpo.
Ele segue sua posse enquanto leva sua mão à minha boceta,
constatando o quanto eu estou molhada. Intensifica a invasão dos seus dedos
na minha vagina, me levando à sensações eletrizantes. Mordo meus lábios até
sentir gosto de sangue. Se esse Russo gostoso não me satisfazer logo, quando
eu sair daqui, mato ele.
— O que minha garotinha malvada quer? — pergunta com seu sorriso
safado estampado no rosto, me torturando.
— Você sabe o que eu quero. — respondo exasperada pela sua doce
tortura.
Se eu não estivesse com minhas mãos atadas em cordas, é bem
provável que eu agora esganasse um certo russo malvado.
— Minha garotinha quer uma surra de pau? — pergunta e leva seu
membro enorme à minha entrada, o movimentando de cima para baixo,
provocando meu clitóris com sua ponta arredondada e me fazendo sentir uma
vibração extremamente prazerosa que ele interrompe novamente.
— Andrei, se você não me der o que eu quero agora, talvez amanhã eu
seja uma viúva.
Ele ri do meu estado de descontrole sexual.
— Uhhh! Minha garota já está tão pronta para mim. Mas nada de gozar
agora, printsessa! Quero vê-la gozar gostoso no meu pau.
Andrei me suspende pelos quadris e se colocando na minha entrada,
introduzindo o seu membro grande e grosso na minha boceta. Ele inicia seus
movimentos em um ritmo lento e provocante. A princípio, como se quisesse
me torturar. Minhas unhas pressionam ainda mais as cordas, de tamanho
prazer que me percorre o corpo. Em um movimento certeiro, meu marido
toca um ponto altamente sensível dentro de mim, me fazendo ronronar
deliciosamente pela estimulação extremamente prazerosa.
— Parece que minha gatinha tem garras. — fala isso e já me penetra de
forma selvagem. — Eu adoro te domar, minha ferinha.
— Por favor... Andrei! — digo já impulsionando o quadril em busca de
uma maior fricção.
De modo avassalador ele me preenche com o seu membro potente de
forma vigorosa. Me beija os lábios de uma maneira irreverente e posso sentir
seu coração acelerado assim como o meu. Nossos corpos já encontram o
calor eminente do êxtase. E assim sinto seu gozo me tomar ao mesmo tempo
em estremeço pela onda avassaladora do prazer.

*****

Me levanto cedo, vou ao banheiro e faço minha higiene. Meu corpo


está gostosamente dolorido devido às intensas atividades da noite passada.
Começamos de forma suave, mas nossos corpos sempre gulosos e faminto
buscam por mais. Sorrio com as lembranças. Parece que nunca temos o
bastante um do outro e constantemente anseio pelo seu toque, assim como ele
disse que um dia seria.
Retorno ao quarto e olho mais uma vez para a cama onde Andrei ainda
está dormindo todo esparramando no colchão com apenas um lençol cobrindo
sua intimidade. Suas feições refletem um sorriso de satisfação. Deixo a suíte
e vou direto para a proa do iate, contemplar a bela paisagem na minha frente,
a grande imensidão do mar. Fico assim nesse estado catatônico por alguns
minutos, até que sinto meu marido se aproximar de mim e me agarrar pela
cintura.
— Bom dia, minha printsessa. — Beija meu pescoço.
— Dobroye utro, moy muzh (Bom dia, meu marido).— respondo de
forma confiante
— Vejo que a cada dia aprende mais do nosso idioma, esposa. Agora
vem! Vamos tomar nosso café da manhã. As surpresas ainda não acabaram e
logo mais sua mãe vem trazer nossos filhos. Então vamos tirar duas semana
de lua de mel em família.
— E pra onde vamos, marido? — questiono.
— Minha garotinha curiosa! — Me vira pra ele e responde. — Vamos
para a minha ilha privada que fica localizada na Grécia.
— Obrigado, Andrei! — Lhe dou um beijo. — Ya lyublyu tebya (Eu te
amo)!
Ele me analisa por alguns instantes. Seu olhar apaixonado me faz
suspirar todos os dias. Ainda nem acredito que estamos vivendo tão bem.
Meu russo gostoso me surpreende todos os dias. Não vivo mais sem seu
amor.
— Ya tozhe lyublyu tebya, zhena (Também te amo, esposa). Apesar de
não merecer o seu amor, eu não conseguiria viver sem ele. Você é a luz que
faltava na minha vida, meu anjo.
Olho para ele, emocionada. Foram muitas reviravoltas na nossa vida.
Andrei sempre foi um homem duro, frio e cruel, e ainda é, mas é como se
somente eu tivesse acesso à sua alma e apenas eu pudesse trazer esse Andrei
apaixonado à tona. Sei que nesse mundo em que vivemos ele tem que ser
assim, ter pulso firme e ser implacável com os inimigos, estando sempre no
controle da situação. E eu amo isso nele. Me sinto protegida e amada como
nunca antes. Finalmente encontrei meu lar.

FIM!
SÉRIE “FAMÍLIA GREGO”

Disponível na Amazon!

UM MAFIOSO: OCCHI NON AZZURRI - LIVRO 1


Link: https://amz.onl/7VE6GlH

Enrico Grego é um chefe de máfia, que desde cedo aprendeu a ser um


homem frio e calculista. Foi criado para despejar ódio pela terra, ser
implacável com os inimigos, frio com as pessoas que o cerca e temido por
todos a sua volta. Convicto de suas responsabilidades desde o dia em que
veio ao mundo, sabe que está na hora de tomar sua prometida para si,
tornando a garota sua esposa, mesmo contra a vontade dela. Um homem
sombrio e cercado de mistérios trevosos aprenderá que nem tudo na vida
acontece da sua maneira.
Giovanna Prattes é uma menina indefesa e inocente que se vê numa
situação indelicada ao descobrir que está prometida ao temido chefe de uma
máfia. Contra a sua vontade, ela e sua família se mudam para a Itália, onde
aprenderá que nem tudo sempre foi magia e que seu mundo de “faz de
conta”, não passa de uma grande ilusão.
Um romance movido por segredos do passado!
ENZO GREGO: O PRÍNCIPE DA MÁFIA - LIVRO 2
Link: https://amz.onl/6tYo5ir

Enzo sempre viveu na sombra do seu irmão mais velho, o poderoso


Enrico Grego. Desde pequeno fora acostumado a ser sempre o seu braço
direito, mas agora, depois de anos sendo sempre o segundo em tudo, Enzo
finalmente assumirá seu cargo de chefe da máfia francesa, casando-se com a
não tão bela jovem Luana.
Luana sempre criou expectativas em relação ao seu casamento. Ela o
viu apenas algumas vezes, mas isso foi motivo o suficiente para se apaixonar
perdidamente pelo belo Grego.
Sempre sozinha, Luana busca nesse casamento poder ter novamente
uma família de verdade, já que seus pais morreram em um acidente de carro
há alguns anos. Seu único parente vivo é o seu primo, do qual o respeita e o
tem como irmão.
Um casamento de interesses poderá um dia passar disso e se tornar
algo a mais? Você seria capaz de viver um amor em vez de querer ser o
chefe?
OUTROS TRABALHOS MEUS
NA AMAZON

SOB O DOMÍNIO DO SHEIK

Zyan Mohammed Youssef Al-mim é o atual Sheik do país, um homem


poderoso que não conhece limites. Ele é o limite de tudo e de todos. Hoje,
aos 31 anos, Zyan já é um homem bastante respeitado e temido por todos a
sua volta. Tem um reinado perfeito, uma esposa que o ama e que lhe
proporcionou uma descendência futura com a chegada do seu filho. Mas algo
o atormenta: um passado escuro que o perturba até os dias de hoje. Ele deseja
poder voltar no tempo e corrigir aquele erro.
Layla Nabih Bashar é uma jovem sonhadora e destemida, mas a vida
nem sempre foi perfeita para ela. Após a morte de seu amado pai, Safira, a
sua mãe, se vê totalmente perdida ao descobrir que a família de seu marido
quer tomar a criança para eles, a deixando totalmente de lado, com a intenção
de mandá-la de volta para a casa dos seus pais.
Safira decide fugir com Layla para os Estados Unidos, um país onde há
muitas oportunidades para trabalhar e educar a sua filha.
Após uma noite terrível, Layla e sua mãe mais uma vez precisaram sair
às pressas do lugar que estão morando e vivendo de forma estabilizada há
alguns anos, o Brasil.
Algo mudará a vida de Layla para sempre.

Um encontro será capaz de deixar Zyan, completamente perturbado.


Uma bela jovem de sorriso encantador acaba roubando o coração do
Sheik sem ele sequer perceber.
LOUIS - UM CONTRATO DE AMOR

Louis Harrison é um empresário britânico de 31 anos, solteiro e galã.


Todo dia uma mulher diferente está em sua cama, muitas delas. Ele está
sempre acompanhado das mais belas socialites britânicas. Se apaixonar não
está em seus planos. Louis tem a vida mudada quando sua mãe exige um
casamento para ele, alegando que já que está mais do que na hora.
A família Harrison precisa garantir um herdeiro para comandar seus
negócios, e tem que ser um homem. O único problema é: que mulher
aceitaria um contrato onde impede que ela crie o seu próprio filho?
Isabella Silva é uma jovem brasileira de 22 anos e estudante de
medicina pediátrica em uma das mais renomadas universidades da Inglaterra,
a Universidade de Cambridge. Ela tem sua vida transformada quando recebe
uma grande e dolorosa notícia sobre o seu pequeno irmão.
O destino a obriga a entrar numa confusão e a garota se vê indecisa
entre aceitar ou não o tal acordo. A vida de seu irmão está praticamente em
suas mãos. Ela aceitará o contrato, mesmo tendo que abrir mão da futura
criança, pelo bem-estar de seu irmão?
O que o futuro os reserva?
SOBRE A AUTORA

Uma paraibana de 20 anos de idade que arriscou-se recentemente a


publicar seus livros na Amazon.
Aos 14 anos decidiu escrever numa plataforma gratuita chamada
Wattpad. O interesse pela escrita surgiu quando ela tinha apenas 8 anos,
quando escreveu um conto baseado em uma canção sertaneja. Desse dia em
diante não parou mais
Em decorrência dela ter perdido seu primeiro perfil na plataforma, pois
nunca sabe onde guarda sua anotações, como senhas, ela voltou somente em
2018 com a série "Cretino irresistível", com mais de 500 mil leituras online.
Em 2019 surgiu uma ideia muito doida: três irmãos completamente
comuns, só que não. Irmãos que se amam e fazem de tudo para proteger uns
aos outros. A família Grego é composta por Enrico Grego, chefe da máfia;
Enzo Grego, príncipe da máfia; e Anastácia Grego, uma princesinha que se
tornou rainha da máfia.
Convido você a embarca nessas lindas estórias onde o amor prevalece
no final.
Obrigada por adquirir esse livro! Agradeço muito se puder avaliar com
5 estrelas, pois é muito importante para o autor.
Em breve volto com mais obras para a Amazon!

Me acompanhem no Instagram:
https://www.instagram.com/autoramad

Você também pode gostar