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Chorão
22 anos atrás...
Não.
Não que eu não participasse das festas regadas a bebidas, mas não
são as minhas preferidas. Se não fosse por meu melhor amigo John insistir,
eu com certeza não estaria aqui.
— Achei que não ia vir. — Dispara, apertando minha mão assim que
me aproximo, segurando o copo de cerveja que ele me oferece.
Ele é pouco mais de dois anos mais velho que eu e mesmo sendo
conhecido como galinha, teve seu coração fisgado por Fernanda.
— Ao futuro.
Como se estivéssemos selando que vamos ser nós quatro para sempre.
Ou era isso que pensávamos.
Nesse meio tempo, teve a descoberta que mudaria a vida de Jhon para
sempre.
— Estarei sempre aqui e mesmo longe, eu sei que você vai ser o
melhor pai do mundo.
Confesso que achei mais difícil do que pensei que seria. Tive uma
pequena festa de despedida de professores e amigos da faculdade.
Não era perdidamente apaixonado por Natalia e sei que ela também
não é por mim, mas vivemos momentos inesquecíveis, lembranças que não
vão se apagar tão cedo da nossa mente.
— Eu sei, obrigado.
É como se fosse.
Até um dia.
— Está me ouvindo, Manu?
— Claro que ela não está ouvindo, Jonathan. Não consegue largar o
celular nem na hora de tomar o café da manhã. — Bloqueio o aparelho e
coloco sobre a mesa, olhando minha mãe com um sorriso de canto.
— Sobre meu melhor amigo que chega hoje no Rio. Aquele que
perdemos o contato por uns anos desde que ele foi para Seattle. Ele ficará
conosco até se estabilizar. — Franzo o cenho. — E vai passar o Natal com a
gente.
Parece até piada, já que papai está falando disso há semanas, mas eu
sequer estava prestando atenção no assunto.
— Que maravilha. — Sorvo um gole do suco de melancia e pela borda
do corpo vejo meu irmão rir zombeteiro, provavelmente pensando o mesmo
que eu: QUE CHATICE.
— Ele vai ficar muito tempo? — Meu pai me olha e sorrio balançando
a cabeça. — Só para saber, paizinho.
— O tempo que ele precisar. E eu que insisti para Rocco ficar aqui.
Fomos muito amigos na faculdade, mesmo ele sendo uns anos mais novo
que eu.
— Não tanto. Rocco era mais fechado, mas não deixava de ser
mulherengo. — Mamãe responde, arqueando a sobrancelha.
Acho que só pensaria em me casar um dia se for para ter algo como
eles têm.
Não estou não. — Quase falo, mas sorrio, me despedindo dos meus
pais.
Me dedico ao máximo por isso, mas não tanto quanto mamãe acha
necessário. Para ela, eu tenho que me dedicar 100% na faculdade e saber o
quanto nosso nome é respeitado para poder ficar perdendo tempo.
Não quero ser conhecida apenas por ser herdeira e filha de grandes
médicos. Eu tenho meu próprio dinheiro e uma certa independência
financeira. Medicina é a minha paixão, assim como a dos mais pais e dos
meus avós, mas para mamãe tinha que ser mais. Muito mais.
— Eu te dei cobertura da última vez que teve aquele jantar que você
chegou atrasado porque "estava estudando na casa do Rodrigo". — Faço
aspas e ele semicerra os olhos. Você Uma mão lava a outra Fê, e aí?
E mesmo sabendo que papai ficaria uma fera, não posso adiar, me
desculpo depois.
— Ele falou, mas você estava área, como sempre. Vai sim, ele é
cardiologista e vai começar depois das festas de fim de ano. — Felipe dá
um risinho baixo que o faz ficar ainda mais parecido com nossa mãe.
— Boa aula, nos vemos mais tarde. — Ele abre a porta do carro. —
Não esquece de me cobrir. Te amo.
Olho para o celular e vejo que tem uma mensagem de Thales. Reviro
os olhos, dando um riso baixo. Thales foi meu primeiro namorado e meu
primeiro homem, tivemos uma relação de três anos e foi muito bom
enquanto durou, até que percebemos que estávamos sendo mais amigos do
que namorados, então terminamos.
Faz três meses do nosso término e admito que estou gostando dessa
liberdade.
Dizem que o primeiro amor é aquele que te faz querer casar e conhecer
o mundo, mas talvez, nós tenhamos que ser apenas bons amigos.
Não que eu não queira viver isso, pois eu quero muito, mas acho que
você sente quando é essa pessoa. Seus destinos se cruzam e você sente.
— Eu 'to na brisa
E nada me abala, que delícia
E hoje eu 'to de boa, 'to na brisa
E nada me abala, que delícia
E assim eu canto
Sei muito bem que meu pai é o motivo dos delírios das minhas amigas
que o apelidaram de sugar daddy sem nenhum problema, mas o alívio é
saber que ele jamais olhou para nenhuma delas com segundas intenções.
— Com todo respeito. — Ergue os braços.
— Deixe de ser idiota. Não o conheço, mas ele deve ser mais um
daqueles médicos insuportáveis. — Estalo a língua.
— O Davi.
Não é de hoje que trocamos olhares, mas sempre foi apenas isso. Não
me relacionei mais após o término e acho que nem estou pronta para isso.
Julia morde o lábio, acenando para Davi enquanto ele vem em nossa
direção com um sorriso preguiçoso.
— Claro, e você?
— Não queria, mas acho que encontrei um motivo para ir. — Sorri e
vejo quando ele me olha de cima a baixo. — Nos vemos lá?
— Com certeza.
Pelo falar de Júlia, quem ver acha que tem uma vida sexual ativa.
Júlia sabe mais da minha vida do que eu mesma, e ela sabe que eu e
Thales na cama éramos... Normais. Fomos o primeiro um do outro, tudo
que fizemos na cama foi o que aprendemos um com o outro.
E realmente é mesmo.
Me considero uma falsa magra. Minha cintura fina faz meus quadris
parecerem um pouco maiores. Meus seios são de tamanho médio, o que
deixa meu corpo estilo violão.
Os treinos na academia me ajudam a ficar em forma, mas não sou tão
focada em dietas e nem me dedico como deveria. Estou bem comigo
mesma.
— Você não tem hora para chegar em casa, Manu. Vamos aproveitar
que estamos livres da faculdade por uma meses! — Ergue os braços. —
Serão férias inesquecíveis.
Olho para o céu sorrindo, sendo puxada pelo campus por minha
melhor amiga.
Fica tranquila. O voo do doutor Rocco atrasou e ele só vai chegar
pela manhã.
— Graças a Deus só vai chegar pela manhã. Minha barra está limpa,
por enquanto. — Estendo a taça, batendo na sua em um brinde, aos risos.
Ergue seu copo rindo alto enquanto me puxa para o meio da multidão,
ainda aos risos e balançando os quadris animadamente.
— Vou pegar uma bebida. — Grito para Júlia por cima da música alta
e ela assente com o polegar.
Me aproximo do bar, percebendo que o clube fica mais cheio a cada
minuto que passa.
— Está linda. — Segura em meu queixo e tiro sua mão, fazendo-o rir.
— Sempre foi.
— Parece até que você tem cinco anos. — Olho para os dois enquanto
rio.
— Vou andar por aí. Qualquer coisa é só gritar que venho correndo. —
Sussurra em meu ouvido e nego com a cabeça.
Júlia se tornou mais que minha melhor amiga, ela é minha irmã e
confidente. Sempre estivemos juntas em todas as situações possíveis desde
o ensino médio, onde nos tornamos inseparáveis.
— Estou vendo.
— Feh?
Está com uma camisa preta colada ao corpo e uma calça jeans clara
destacando as coxas musculosas. Ele tem um corpo incrível. Nem tão
grande e nem tão magro. Não que isso fosse um problema, pois é o de
menos para mim.
Ele passa os dedos pelos cabelos, mordendo o lábio assim que para a
nossa frente.
Nosso flerte é algo que vem de alguns meses. Mesmo fazendo cursos
diferentes, estudamos na mesma faculdade e estamos sempre no mesmo
círculo de amizades.
— Claro. Não estaria aqui com você se não estivesse solteira, Davi.
— Por quê?
— Me sinto um filho da puta por fazer isso, mas esperei muito para
isso acontecer.
Sorrio, sentindo a boca capturar meus lábios com uma gana intensa, os
dedos se enfiando entre meus cabelos, aprofundando o contato e fazendo
nossas línguas se encostarem.
É uma combustão intensa entre nossas bocas, línguas e lábios juntos.
Curtimos mais ainda juntos, sem nos desgrudar nenhum segundo após
sua chegada. Nos beijamos com loucura e dançamos ao som de todos os
tipos de música que foi tocado pelo DJ.
Ri enquanto se afasta.
Meus cabelos estão molhados e não quero nem ver o estado que está
meu rosto. Provavelmente com a maquiagem completamente borrada.
Subo na moto assim que ele se senta e agarro sua cintura, vendo-o
sorrir enquanto da partida, acelerando e saindo em disparado pela estrada
tranquila por causa do horário.
Sei que o frio não fez apenas minha pele se arrepiar e provavelmente o
bico dos meus seios estão marcados.
— Está entregue. — Desce da moto e segura em minha cintura. —
Certeza que não quer ir comigo?
Posso ouvir a voz de Júlia ao meu lado, como se estivesse aqui nesse
exato momento.
"Não acredito que você vai dispensar uma noite de sexo quente para
dormir sozinha, Manuella!"
— Claro.
Loucura.
Minha roupa ainda está úmida e faz a minha pele se arrepiar de frio.
Levo as sandálias nas mãos, indo até a cozinha em passos em lentos e passo
para a área de serviço, deixando-os no cantinho.
Não estou com fome, mas estou tentando não ir dormir de barriga
vazia. Posso sentir o álcool subindo para a cabeça, me deixando um pouco
tonta.
Porque é óbvio que só pode ser meu irmão, que ocupa o quarto de
hóspedes por pura vontade quando quer.
— Manuella?
Olho no olho.
Engulo o bolo formado na garganta e só então me dou conta que ainda
seguro a maçaneta.
Foi a única frase que conseguiu sair da minha boca. Não sei se pelo
álcool ou pelo efeito que estou sentindo se espalhar por todo meu corpo,
sob o par de olhos e da presença desse estranho em minha casa.
Franzo o cenho.
Ele me encara.
Engulo em seco.
Não.
Um arrepio toma meu corpo com mais intensidade quando ele diz seu
nome em alto e bom som.
— Rocco Maldonado.
O pequeno corpo se move, ainda me encarando, como se processasse o
que está acontecendo.
Os cabelos estão úmidos, assim como as roupas que mal cobrem seu
corpo, grudadas como uma segunda pele, fazendo o tecido abraçar suas
curvas, realçando o que deveria estar escondendo.
Ela é linda.
Por insistência de John, aceitei o convite de ficar em sua casa até meu
novo apartamento ficar pronto, me senti invadindo seu espaço e receoso em
aceitar.
Não pelo tempo que passamos sem nos falar, que dos 22 anos que
passei fora, 10 deles não nos falando. Mas não foram intencionalmente,
queria ter estado em todos os momentos de sua vida e mesmo longe
acompanhei e vibrei de felicidade no nascimento de sua primeira filha.
Manuella.
Porra.
O atraso do voo me fez chegar mais tarde do que previ e ia direto para
um hotel passar a noite, para vim para cá depois, mas como previ, Jhon foi
me buscar no aeroporto e mistos de sensações me invadiram de imediato ao
abraçá-lo depois de tanto tempo.
— Mamãe está ansiosa para te ver, então vai vir almoçar com a gente.
— John fala me olhando e sorrio.
— Muitas. — Sorrio.
Eu nunca duvidei disso, pelo império que já era anos atrás. Sempre
tivemos o sonho de trabalhar juntos no hospital, mesmo seguindo
especializações diferentes.
— A pediatria também.
A voz fina soa atrás de mim, invadindo meu cérebro. Viro a cabeça na
direção da voz e a vejo.
Não sei se foi sorte ou azar estar usando um também, para que não
perceba o quanto varri seu corpo todo rapidamente. A parte de cima do
biquíni moldando os seios médios, a barriga lisa e os quadris sendo
apertados por um short curto e justo, se agarrando as curvas.
Fixo os olhos aos seus assim que ela retira os óculos e ergue o queixo
fino.
Óbvio que está estampado o medo de que por acaso eu fale de sua
invasão em meu quarto e do seu estado. Jhonatan sorri, olhando-a e eu
estendo a mão em sua direção.
— Arlete irá preparar, e aquele pudim de leite que lembro que você
amava.
— Muito.
Errado.
É muito errado só em olhá-la.
Não que eu nunca tenha ficado com mulheres cinco, ou até dez anos
mais nova que eu, mas vinte e um anos é loucura demais.
Não fumo sempre, até porque sabemos o atentado ao nosso corpo que
isso faz.
— Imagino. Não deve ter sido fácil para ela e nem para você a perda
de Rafael.
Fazem dois anos e dói como se tivesse sido hoje. E sempre vai doer.
— Que bom que está aqui, Rocco. Que bom que voltou. — Me ajeito
na poltrona sorrindo e aperto sua mão. — Sabe que o que precisar, estou
aqui, irmão.
Arqueia a sobrancelha.
— Você...
Eu estou tão próximo que nem sei como cheguei tão perto, a ponto de
sentir seu perfume. E por incrível que seja, ela pareceu sentir o mesmo que
eu.
— Isso.
Ótimo.
— A Júlia está vindo para cá e vai almoçar com a gente. — Olha para
o pai e o beija. — Vou descer.
— Tchau, princesa.
Me olha sorrindo.
Tio Rocco?
Nego levemente com a cabeça, sabendo que não deveria estar sentindo
absolutamente nada que está passando por meu corpo nesse momento.
— Ana Júlia!
Mandei mensagens para Júlia desde a hora que acordei, pedindo para
vir aqui em casa urgentemente. A noite foi terrível e após a invasão no
quarto, a noite foi uma tremenda luta de pensamentos.
Sei que o álcool me deixou eufórica, mas não foi por causa da bebida.
— O que?
Ele vem descendo os degraus junto com meu pai. A camisa polo
vermelha e a bermuda branca realçam as pernas grossas e definidas. Seu
cabelo está bagunçado.
— Santa Mãe de Deus! — Júlia diz alto, chamando a atenção dos dois
se aproximando de onde estamos.
Engulo em seco, rindo para o meu pai, olhando eu e minha amiga que
está com praticamente meio metro de boca aberta. Bato disfarçadamente em
seu braço e ela pisca rapidamente.
Eu, inclusive.
— Tchau, princesa.
— Tchau, tio Rocco. — O encaro séria e percebo seu maxilar enrijecer
de imediato.
— Até daqui a pouco, Manuella. — Seu tom é duro e seco, então sai
acompanhando meu pai, que estava mais a frente conversando com o
jardineiro.
— Por isso pedi para vir até aqui, para poder ver com seus próprios
olhos!
— Mas não é. — Digo tão rápido que nem me dou conta de que saiu
em voz alta.
— Júlia!
Não sou nenhuma criança e meu pai sabe muito bem disso. Namorei
por anos, e o que tem demais?
"Tio Rocco"
Ele não é meu tio e não sei de onde papai tirou isso.
E se for recíproco?
Não quero me gabar ou coisa do tipo, mas senti seu olhar descendo por
meu corpo.
Se não for apenas eu a ter esses sentimentos?
— Não gosto dessa sua cara de quem vai aprontar, Manuella. O que
está pensando?
— Claro, estava toda ocupada com essas preciosidades. Tudo isso para
um almoço? — Brinco, cruzando os braços.
— Já tive a idade de vocês e amava uma festa tanto quanto, mas com
responsabilidade e foco. Vocês vão se formar, tem sobrenomes de peso e
precisam estar centradas.
— Assim espero.
— Maluca.
Não deveria ter me sentindo tão incomoda dessa forma, com um aperto
fazendo meu interior se revirar absurdamente.
— Sua sala. Pode fazer o que quiser e decorar do seu jeito. O hospital
é seu também. A minha sala fica ao lado. — Suspira e sorrio balançando a
cabeça.
— Por incrível que pareça, mudei sim. Não me envolvi com outra
mulher depois do término do meu casamento. — Confesso e ele franze o
cenho.
— Ainda a ama?
— Acho que não estava pronto como achou que estava para ser pai,
Rocco. Filho é responsabilidade e um elo que nos prende para o resto da
vida. — Sorri de lado enquanto confirmo com a cabeça. — A gravidez de
Fernanda foi um susto, mas com ela veio a certeza que era aquilo que eu
queria.
— Lembro de quando me deu a notícia. — A lembrança me invade e
vejo seus olhos brilharem.
Minha alma vai ser condenada ao inferno por pensar naquela pequena
encrenqueira.
— Você vai saber quando for a pessoa certa para formar uma família e
ser pai.
— Jhon, estou com quarenta e dois anos, acho que isso para mim já
passou. — Sou sincero e ele nega veemente. — Ao invés de ser pai, terei
idade para ser avô do meu filho.
— Não exagere, Rocco. Deve ter mulheres aos seus pés, mas lembre-
se que tem que o elo que vai te prender a essa mulher é para sempre. —
John aponta o dedo em minha direção e franze o cenho. — E não me fale
essa palavra avô, me dá arrepios.
— Ela tem muito de você quando tinha essa idade. Namora desde cedo
também? — Sondo, tentando não deixar tanta curiosidade exalar.
Loucura.
— Estou indo lá, antes que ela me faça pagar os pecados. — Bate em
meu ombro e sai pela enorme sala.
Subo os degraus de dois em dois. Estou me sentindo absurdamente
suado e a mudança de clima ainda está sendo um desafio. Entro no quarto e
só então decido tomar uma chuveirada antes de descer.
Verifico o celular e vejo que tem poucas mensagens, então decido ligar
para minha mãe depois. Bloqueio a tela e coloco o aparelho no bolso, passo
as mãos pelos cabelos quando fecho a porta e me viro.
Não deveria saber disso, mas fixei os olhos neles. As curvas do corpo
parecem me chamar, me atraindo como um imã. O cabelo está preso em um
rabo de cavalo e alguns fios estão soltos em seu rosto. Seu cenho está
franzido e parece um pouco irritada.
Está uns dois degraus abaixo de mim, com a mão pousada no corrimão
e os olhos fixos nos meus.
Inferno.
Ela sabe o poder que tem com esses olhos? Com esse corpo?
Deveria ser crime deixa-la usar uma roupa como essa, e eu sei que eu
nem deveria estar olhando para ela desse jeito. Com essa gana e esse desejo.
Manuella pode não parecer uma criança, mas para mim seria. Não
devo e nem posso olha-la dessa forma. Cerro a mandíbula e franzo o cenho,
pronto para descer os degraus.
Inferno.
— Por que não vai trocar de roupa? Se eu fosse o seu pai jamais iria
permitir...
— Mudei de ideia, Ju. Vou ficar com essa roupa mesmo. — Ouço-a
responder, mas não me viro para ver a cara dela ao falar isso.
— Deus, não acredito que está aqui novamente. Fisgam tantos anos,
sentimos muito a sua falta. — Natália me olha sobre a borda da taça e não
encontro nenhuma aliança em sua mão.
— Mas não tem filhos. Por enquanto. — John me olha e nego com a
cabeça.
Mesmo tentando manter meus olhos longe dela, é impossível não ser
tomado pela voz falando baixinho com a amiga.
***
Após o almoço, fomos para a sala de estar, onde ficamos apenas nós
quatro conversando, rindo e relembrando os velhos tempos. Não foi difícil
de ver que Fernanda está de uma certa forma tentando nos jogar para cima
um do outro.
— Nanda.
— E o presente? O que será que ela vai querer ganhar esse ano?
— Que bom que está de volta, Rocco. Parece que o tempo não passou.
— Você me liga?
— Boa noite.
Por que diabos não posso me sentir atraído por ela como antes?
Fecho a cortina assim que ele sai caminhando pelo jardim, passando as
mãos pelos cabelos como se estivesse nervoso ou algo do tipo. Engulo em
seco, saindo da varanda e entrando no quarto vazio.
Júlia foi embora algumas horas atrás, mesmo depois de eu insistir para
que ficasse mais um pouco. O que foi em vão, é claro.
Não posso negar o incomodo que se instalou em meu peito ao ver tia
Natália sorrindo e se abrindo para ele. Sempre nos demos tão bem, mas
dessa vez não consegui disfarçar o semblante.
Como vou fugir da atração que estou sentindo pelo seu melhor amigo,
papai.
— Felipe já chegou do vôlei?
Matheus está vindo para cá, quer que fale que está aqui para o Davi
vir também?
E a fome também.
A barba cheia tem alguns fios grisalhos, assim como os cabelos. Desço
os olhos sem pudor, vendo como a calça de moletom contorna as pernas e o
pau.
Menina veneno
Você tem um jeito sereno de ser
E, toda noite, no meu quarto
Vem me entorpecer, me entorpecer
Nesse instante seus olhos se abrem e fixam aos meus. Sinto o olhar
com tanta intensidade que estremeço. Fico paralisada e minha pele se
arrepia inteira.
Seu olhar é tão duro como um toque. Os bicos dos meus seios parecem
querer furar o tecido de tão intumescido que ficaram.
— Sou uma mulher. E quanto mais tempo demorar para entender isso,
mais farei questão de te mostrar!
— Você não sabe o que diz! — Cerra a mandíbula, ficando sério. Tão
sério que jurei que ia me deixar aqui plantada. — Você é filha do meu
melhor amigo. Meu respeito com você é de...
— O que você acha que está fazendo? Quer brincar com minha mente,
garota? Quer me desestabilizar? — Passa as mãos pelos cabelos. — É isso o
que quer ?
— Sua peste!
Parece que vai me engolir viva. Toma minha boca, penetrando a língua
entre meus lábios com uma fome insana.
Rocco me deixa bêbada com seu gosto, seu perfume e sua intensidade.
É um homem em todos os sentidos da palavra. Forte, viril e insano. Ele
cresce cada vez mais e com toda certeza, o tamanho do seu pau me deixa
com ainda mais tesão.
— Você tem medo do que fazer comigo? Ou não sabe o que fazer,
doutor? — Zombo, sorrindo de lado. — Não sou uma criança, titio.
Mordo o lábio e sem esperar que ele fale mais alguma coisa, o beijo de
novo. Seguro seu rosto e ele agarra meus braços. Enfio a língua em sua
boca, me embriagando no hálito fresco, sendo tomada por sensações que
percorrem meu corpo.
Gemo em sua boca e abraço seu pescoço, ficando na pontinha dos pés
enquanto movo a língua contra a dele, tremendo e ardendo. Rocco afasta o
rosto, separando nossos lábios, mas continua segurando os meus cabelos e
seu olhar me devorava viva.
— Você é um feto.
— Se não quiser ter essa bocetinha arregaçada, sem saber onde ela
começa e termina... Eu sugiro que pare de me provocar, Manuella. Porque
eu não terei pena de você e te darei uma surra que vai esquecer como se
anda, com essa boceta em carne viva.
Sorrio, beijando-o.
Ótimo.
— O que foi?
— Fala, Felipe!
Continuo sentada quando ele levanta e sai junto com ela. As vozes dos
meus avós rindo na sala me chama a atenção. Os domingos não são
diferentes aqui em casa, e quando não almoçamos juntos aqui, vamos para a
casa deles. Sempre nos reunimos.
— Não. É o Thales.
— Está ouvindo?
Mas não é pela maneira que ri mostrando os dentes, nem pela forma
que a abraçou quando invadiu a sala de estar após o deixarem entrar, mas
sim pela forma que a mão está em sua cintura fina, que a fez sorrir,
deixando-a mais leve.
— Do que?
— Perfeito.
Meu pau reagiu mais tempo do que eu esperava e por muito pouco não
me masturbei para aliviar. Era só o que me faltava, não conseguir controlar
as reações do meu próprio corpo.
— Hoje não, tia. Vim apenas ver a Manu. — Passa o braço por seu
pescoço e ela ri. — Sabe que ainda nos amamos e ela não me deixa por
nada nesse mundo.
Não deveria me sentir tão incomodado, mas estou. Vê-la sorrir daquela
forma me causou uma raiva absurda.
Me surpreendi de fato ao saber que Alisson está com ela essa tarde. As
duas sempre se deram bem, mas não eram tão próximas. Por isso a minha
surpresa.
— Estou enganada?
— Ou?
— Não! Não é!
— Eu sou uma mulher e você sabe disso, não me faça repetir! — Diz
alto, erguendo o queixo e sorrio sem humor. — Você nega... Você tenta, mas
não consegue. Não consegue disfarçar que me deseja.
— Diga que não me quer. Que sou uma criança, como você diz.
Ela me provocou até conseguir o que queria e nem eu posso falar que
fiquei bravo, porque é exatamente o que eu queria.
Seria hipocrisia se eu falasse que não me senti atraído por ela desde
que a vi pela primeira vez. Que mesmo com a mente me culpando, eu
estava pouco me fodendo nesse momento.
Ela estava prestes a falar algo, mas a voz morreu na garganta quando
segurei o seio com a mão, passando a língua pelo bico enrijecido e o
abocanhei, mamando loucamente. Me farto com seu gosto, as sensações e
com seus gemidos.
Seios médios, lindos e os bicos rosados clamando por atenção. Lambo,
mordisco e volto a chupa-lo, abrindo bem a boca para sugar a pele em volta.
Enfio os dedos em seus cabelos, a puxo e chupo seu queixo, cheiro seu
pescoço, deixando o cheiro me inebriar. O corpo pequeno todo coberto pelo
meu. Ela é tão pequena.
— A vontade é de te comer com meu pau, mas você sabe o quanto isso
é errado.
Calo sua boca enfiando minha língua nela, que recebe com o mesmo
fervor. Saio andando ainda com suas pernas enroscadas na minha cintura,
meu pau espremido embaixo dela. A deito sobre a cama e me enfio em seu
meio.
— Não vou transar com você aqui. — Digo firme, mesmo sentindo
vontade de fazer o contrário.
A vontade de abrir o zíper e meter meu pau fundo dentro dela, de ouvi-
la gemer quando eu estiver arregaçando sua boceta, me enche de ânsia e
tesão.
Egoísmo e...
— Foi só um. Não disse que foi apenas uma vez. — Diz, me fazendo
franzir o cenho e cerrar o maxilar.
— Ah! — Abre a boca quando ergo o dedo molhado e levo até meus
lábios.
Ela segura em meus cabelos, se abrindo cada vez mais e enfio o dedo
onde pisca alucinadamente. Minha vontade é de descer o zíper e meter meu
pau tão fundo ali, arregaçando-a e faze-la se abrir inteira para mim, mas me
contenho.
Com certeza devem estar sentindo nossa falta, mas isso é o de menos.
Sinto o olhar me queimar e o desejo aflorar novamente, me sinto tombada
por seus olhos.
Foi uma loucura tremenda. Mesmo eu não sendo mais virgem e tendo
feito algumas coisas, não é nada comparado ao currículo dele.
Como se sentir tão louca por alguém que nunca tinha visto antes?
Como explicar?
É algo inexplicável.
— John disse que eles são amigos. Foi um término tranquilo, ela já
está com outra pessoa.
— Se ele não tivesse ido, poderia estar casado com a Natália até agora,
sempre foram um casal incrível. Estou tentando junta-los.
— Isso, éramos mesmo. Tanto que cai nos seus braços e Rocco nos da
sua prima.
Seus olhos fixam aos meus e suspiro, virando o rosto e dando de cara
com os olhos extremamente azuis da minha vó fixos em mim.
— Foi até a cozinha, mas pela demora, aposto que deve estar
exagerando no doce de abóbora de Arlete. — Balança a cabeça rindo.
— Em falar nela... Olha quem chegou. — Viro o rosto quando mamãe
se ergue, indo cumprimentar tia Natália.
— Manu, amor.
Beijo minha vó, que me encara com uma expressão estranha no olhar e
saio caminhando devagar. Aquele incômodo inexplicável que insiste em
apertar meu peito, me deixando completamente fora de mim.
— Pode deixar.
— Vó...
— Vai sair com ela hoje, carregando o meu gosto nos seus lábios? —
Pergunto, sem me virar para olha-lo.
— Vai levar ela para jantar para me tirar dos seus pensamentos?
Ele abre a boca, prestes a falar algo, mas se cala rapidamente, então
quando vejo duas motos pararem no jardim. Júlia desce de uma acenando e
a fito. Davi tira o capacete me encarando e sorrio.
— Se me der licença.
— Esperei você me ligar ou mandar alguma mensagem, mas nem me
respondeu. — Davi fala e mordo o lábio devagar enquanto caminhamos
pela orla da praia.
Confesso que foi uma surpresa ver Júlia e os meninos chegarem, mas
minha amiga parece ter lido meus pensamentos em ter chegado naquele
momento e me tirado dali.
Ele segura em minha mão e nos sentamos ali mesmo, o cheiro da água
salgada preenche minhas narinas e a brisa faz meus cabelos voarem.
Mordo o lábio e sorrio. Davi é apenas dois anos mais velho que eu,
mas não faz meu corpo arrepiar inteiro apenas como sua voz, nem me
despertar vontade de provoca-lo. Não tem uma expressão de mau humor
que me dá vontade de rir.
— Ah! Não venha me dizer que foi com o que o Rocco? Manuella!
— Manuella! Você ficou maluca, sua vaca? O amigo do teu pai! Deus,
estou toda arrepiada! — Mostra o braço e mordo o lábio quando ela balança
a cabeça veemente. — Você provocou o velhote até fazê-lo cair de boca.
— Ele bem que gostou. — Digo rindo, mas fico séria em seguida. —
Ele parecia me dominar, Júlia. O homem tem uma coisa que...
— Você não acha que isso é apenas ego, Manu? Que está assim só por
ele ser mais velho e gostoso?
— Eu não sou de ficar com ninguém por ego, Ana Júlia. Mamãe está
armando para ele e tia Natália ficarem juntos, e eu não quero isso.
— Eu sei que não estou sentindo isso sozinha, Júlia. Rocco me quer,
eu sinto e sei disso.
— Davi, não quero te fazer criar esperanças. Mas não vamos ter nada.
Davi se ajeita rapidamente enquanto meu pai nos olha com uma
sobrancelha arqueada, o deixando com cara de mais sério. Ele não faz o
estilo ciumento ou coisa do tipo. Se bem que o único namorado que
conheceu foi o Thales.
— Boa noite.
— Como vai?
— Bem. — Diz sério, com aquela voz rouca que me faz tremer de
cima a baixo.
— Vim apenas ver com quem estava. Já estou indo descansar, temos
que estar no hospital cedo. Boa noite.
Nos encarando fixamente, sem falar uma palavra sequer. Ele franze o
cenho daquela forma que forma uma ruga entre suas sobrancelhas. O
contorno da barba em seu rosto com alguns fios brancos, assim como seu
cabelo. A camisa colada e a bermuda branca realçando suas pernas.
Ela é gostosa demais. Quero entrar fundo nela e sentir a carne macia e
apertada moldando meu pau em cada estocada funda.
"— Vai sair com ela hoje, carregando o meu gosto nos seus lábios?"
Não vou ser indelicado com Fernanda, nem com Natália. Vamos jantar
como amigos, nós quatro, em um dia qualquer da semana.
Parece ser madura e dona das suas próprias decisões, mas ao mesmo
tempo ainda parece uma menina.
— Senti sua falta, Rocco. Como nunca pensei que fosse sentir. —
Suspira, balançando a cabeça. — Conhecemos outras pessoas. Você se
casou e eu também. Agora nos separamos e, Deus... É uma loucura.
Abro os olhos e encaro os seus, vendo seu sorriso no canto dos lábios.
— Ela não disfarça que quer reatar o que tiveram no passado e mamãe
está ajudando... Você jantou com ela?
— Você a beijou?
— Porque não é ela que você quer. Não é ela que tomou seus
pensamentos desde que chegou nessa casa. Não é ela que te faz conhecer a
insanidade. — A voz sai baixa, mas firme. — Você me deseja, me quer... Eu
vejo em seus olhos, Rocco.
Seguro seu queixo com uma mão e ergo seu rosto para me encarar.
— Você quer acabar comigo, como fez naquele quarto. Me diga que
não pensou em mim o dia inteiro. Que não está com meu gosto em sua
boca.
Então tudo vira caos quando seguro em seu braço, a puxando para
debaixo da escada. O espaço com um sofá de canto, onde forma meio que
um esconderijo. Encosto seu corpo na parede, a cobrindo, espalmando a
perna em minha cintura e seguro em seu queixo.
— O que você viu em mim, garota? — Rosno contra seus lábios,
raspando os dentes contra a carne macia.
Roça as unhas em meu peito e a esmago mais ainda com meu corpo
colado ao seu.
Quero desmonta-la.
Quero vê-la montando em meu pau até senti-lo inteiro dentro dela,
sendo sufocado por aquela boceta que eu sei que será o inferno de tão
apertada.
O que é meu.
Franzo o cenho e juro que queria impedi-la, mas foi minha morte
quando sem esperar, ela desceu o zíper da minha bermuda e desceu, apenas
para enfiar a mão dentro.
— Vou gozar na sua mão. — Digo sério, pondo minha mão em cima
da sua, sentindo-a apertar mais ainda.
— Quando eu foder você, Manuella, vai levar tanto pau, que deixarei
essa boceta mais inchada e vermelha do já é. — Falo, vendo meu polegar
sumir entre os lábios e voltar completamente limpo.
— Não vou fazer isso na casa do seu pai, porque quando eu fizer...
Não vai ter volta...
— Chegou agora?
— Boa noite.
— Ah, Manuella.
Manuella:
Tento não rir quando ele continua me olhando como se lesse minha
mente.
Depois da noite intensa que tive, dormi tranquilamente, mas claro que
a mente bombardeando de sentimentos e sensações por todo meu corpo.
Estou me sentindo viva, nunca pensei que sentiria tanto tesão por uma
pessoa.
— Você está vendo coisas onde não tem. — Pisco um olho, indo para o
banheiro.
— O que?
Claro, são por escolha deles, já que a casa tem espaço de sobra para
um batalhão.
— Todos que passam o Natal conosco, filha. Você acha que Rocco vai
querer ficar em um chalé? Para ter mais privacidade?
— Ligue para Gean, ele tem modelos incríveis. Seu pai está
empolgado demais para essa ceia. Passar com o melhor amigo após anos
será maravilhoso.
Almocei junto com mamãe e logo ela saiu para o hospital, onde
imagino que está uma tremenda e grande correria. Não tocamos mais no
assunto de empurrar Rocco para tia Natália e tentei não demonstrar o
quanto isso me deixa furiosa.
Jantei junto com meu irmão, já que estávamos apenas nós dois. Arlete
fez um arroz de forno que eu sou completamente apaixonada e mamãe
ligou, falando que chegaria mais tarde, pois tinha um parto de emergência e
papai estava em uma cirurgia de edema cerebral, então também demoraria
algumas horas. Isso é um pouco comum para nós, filhos de grandes
médicos.
Estava tão atenta que nem percebi os passos se aproximarem, até olhar
para o lado e vê-lo encostado na soleira da porta.
Alguns minutos depois, a sala volta a ser preenchida por seu cheiro de
banho recém tomado e ele se senta na poltrona a minha frente. A camisa
cinza de algodão é a parte de cima de um pijama composto de uma bermuda
do mesmo material.
— Apenas com você. — Rebate sério, mas posso ver uma sombra de
sorriso em seu rosto.
— Não. Aconteceu o que tinha acontecer, tive um ótimo pai e sei que
seria também.
— Talvez não tenha vivido tanto assim. Idade não significa vivência, e
tempo não quer dizer nada.
Ficamos em silêncio novamente, só nos olhando.
— Sentiu?
Assinto rapidamente.
— Mostre que sentiu minha falta tanto quanto eu senti a sua, peste.
Os seios estão esmagados contra meu peito e seguro firme nos fios
loiros, colando a boca na minha, sentindo a língua mergulhar em minha
boca. Ela geme quando sente a ereção dura roçando no meio das pernas e
seguro sua cintura, ajudando ela a se esfregar em mim.
É vontade dela.
Desço a alça da blusa e fito os seios saltaram para fora. São a porra da
perdição inteira se revelando ali. Os bicos empinados, rosados e pontudos
implorando por atenção.
— Rocco, eu...
— Quero tanto gozar nessa boca... Nessa bocetinha, até ver minha
porra descendo por entre suas pernas, Manuella. E eu me sinto um filho da
puta por querer e desejar tanto isso que chego a enlouquecer.
— Faça. Faça o que quiser, você tem tudo aqui, você não precisa de
mais ninguém. Estou aqui. — Diz, me segurando pelo rosto e é como se
sentisse o mesmo desespero que o meu. Como se sentisse tanto quanto eu.
Não sei de onde tiro tanta força de vontade para não tirar a maldita
calça de moletom, afastar sua maldita calcinha e fode-la.
Mas ela merece muito mais do que uma foda em um canto escondida.
Seguro em seu rosto e passo o polegar pelos lábios, afastando-os, ainda
avermelhados pelos beijos. Franzo o cenho, acariciando sua bochecha.
Seguro seu queixo, achando-o delicado e lindo, assim como tudo nela.
Manuella fixa os olhos aos meus, passando a mão pela minha barba e
roçando o nariz ao meu, tornando a respiração acelerada. Ela sorri
preguiçosa e lambe os lábios, me hipnotizando.
— Quero você.
Afasto o cabelo que cai em seu rosto e ela ri como o próprio diabo,
lambendo meu dedo sem tirar os olhos dos meus.
— Estou aqui para isso, senhor. O que precisar. — Mexe nos cabelos
negros e sorri. — Licença.
Abre a porta, saindo rapidamente e balanço a cabeça, vendo Natália
entrar com as mãos nos bolsos do jaleco, me olhando com um sorriso largo
no rosto.
— Está sendo modesto em fingir não ver que você é o assunto nos
corredores.
Talvez, porque tem uma que não sai da minha mente desde que
cheguei.
Manuella.
— Vai na quarta com a gente para Angra, não é? Vai adorar a casa.
Tem alguns chalés na parte de trás, se quiser ficar mais a vontade também.
— Ando lado a lado enquanto Natália me olha.
— Quase sempre.
Deus, estou mesmo desejando ter mais liberdade com Manuella longe
de lá?
Sim, estou.
Ao mesmo tempo que meu coração estremece pelo fato de ser filha de
quem é, pela idade e do futuro incerto.
Um momento?
Conheço um pouco dessa sensação após uma separação. Meus pais não
se separaram em vida, mas sim por morte e com toda certeza foi um
processo imensamente doloroso de se passar e ainda é.
Mesmo que insistisse em não sentir, o vazio permanece e as vezes a
saudade é insuportável, capaz de fazer sufocar a garganta tamanha a dor.
— Ambos são maiores de idade. Se ela quis e ele também, não vejo
tanto motivo para se estranhar. — Jhonatan ri. — Concorda, Rocco?
— Você ficaria com uma mulher mais nova dessa forma? Vinte anos?
— Natália questiona e a encaro.
— Ela foi para uma festinha com as amigas, bateu o carro dela e está
com a Ana Júlia. Se o papai descobrir vai ficar uma fera.
Arregalo os olhos.
— Não, ela está bem. Deve ter sido uma batida leve. O motorista ia
busca-la, mas ela não quer, porque papai saberia e...
— O que diabos está fazendo? Ficou maluca saindo bêbada por aí?
Onde está o seu carro? — Dispara bravo, com o cenho fechado e a cara de
malvado.
— E te deixou sozinha?
— Seu juízo deve ter ficado no útero da sua mãe! — Júlia fala,
balançando a cabeça enquanto bate o pé agoniada. — Sua maluca! Acha
que ele vai atrás de você?
Não tenho segredos com minha melhor amiga e é claro que ela sabe de
absolutamente tudo aconteceu entre nós dois.
— E como vai fazê-lo sair? O que vai dizer? — Pergunta, após ouvir
todo meu plano. É uma incerteza, mas correria o risco.
Ele está tendo plantões, o que o faria chegar depois das 21h e Júlia vai
dar um jeito de fazê-lo ir até onde eu preciso que ele esteja.
— Porque não sou idiota. Estava na cara que estava acontecendo algo
entre vocês dois.
— O que?
— Manu, ele te come com os olhos e você nem disfarça. Ouvi gemidos
na sala também, por Deus. — Balança a cabeça e abro a boca.
Demorou mais do que pensei que demoraria, mas não sai dali,
esperando-o. Precisava encontrá-lo longe das fortalezas de casa, onde
tentasse ao menos fugir de sua mente por algumas horas.
Rocco ri e não parece ter humor algum na risada, mas continuo firme,
o olhando. Percebo seus olhos passearem pelo decote do meu vestido e ele
nega com a cabeça, passando as mãos pelos cabelos exasperado.
— O que?
— Claro, com ela não tem motivos para fugir. Para se esconder. —
Balanço a cabeça. — E eu feito uma idiota aqui.
— Entre no carro.
— Não vou entrar em carro nenhum. Quero que volte para onde
estava. — Aponto para o nada. — Você é um grande covarde, doutor Rocco
Maldonado. Um grande e idiota covarde.
— Me solte. — Peço baixo. — Por favor, fuja para bem longe de mim,
não é isso que faz?
Me solto bruscamente, indo para o lado oposto de onde ele está e sinto
apenas o puxão rápido quando ele segurando em minhas pernas e me coloca
sobre os ombros.
— Me ponha no chão AGORA! — Bato em suas costas, sentindo o
vento em minha bunda, mas ele a tapa rapidamente. — Rocco! Me coloque
no chão agora!
— Se abrir essa boca mais uma vez, deixarei sua bunda tão vermelha,
quanto a porra da sua boceta. Fui claro, Manuella?
— Parece que é você que brinca aqui, doutor Rocco. — Jogo os braços
ao lado do corpo, arfando. — Só me quer quando é conveniente para você,
não é?
— Você acha isso?
Ralho, sentindo a raiva me tomar de uma forma que nunca pensei que
sentiria e me odeio ainda mais por me sentir assim. Por sentir isso por ele.
Nem em meu namoro com Thales nunca agi tomada pelo ciúmes, pela
raiva e pela ânsia de tê-lo.
— Você me evita o tempo inteiro, Rocco. Por pouco não me levou para
a cama e transamos! Nos tocamos, e você... Você sempre agindo como se
estivesse...
— Por que se eu transar com você, tudo isso vai para os ares,
Manuella. Trocar minha paz? Meu sossego? Trocar a amizade de anos com
seu pai por não conseguir segurar a porra do meu pau?
— Acha que é só ego, não é? Acha que quero você por uma transa?
— Você tem uma vida pela frente, nos conhecemos só há alguns dias
Manuella! O que pode haver de futuro nisso? Você é jovem, tem tudo pela
frente, mas eu? Eu tenho a porra de um passado com a sua idade.
— Importa sim. Importa quando tenho muito a perder. Você tem noção
de que isso não vai nos levar a nada? É só tesão, Manuella. É a curiosidade
pelo novo e o desafio de levar um homem da minha idade...
Dou uma pausa e respiro fundo, sentindo todo meu corpo tremer de
dentro para fora.
— Você pode tentar esconder isso ficando com outras, pode até se
enganar achando que vai passar o que sente, mas quando pensar em tocar
nelas, é em mim que vai pensar! E nos meus beijos, no meu corpo, na
minha boca que vai imaginar!
— Você sabe que quando formos para a cama não vai ter volta, Rocco.
Por que aí não vai conseguir me deixar ir e esse é seu medo, não é? Medo
de me querer demais!
— Se não for você, vai ser outro, e eu faço questão de passar na sua
frente. Outro vai me beijar, me tocar e me fo...
Tateio a parede quando ele esmaga meu corpo com todo seu tamanho,
sem tirar a mão da minha garganta. Seguro no seu punho, fixando os olhos
aos seus, meu interior queima e espalmo a mão em seu peito, passando a
língua pelo meu lábio, vendo-o capturar o movimento.
— Manuella.
— Fode minha boca, desconta essa raiva inteira em mim, mas não me
afaste. — Sussurro contra sua boca, lambendo seu lábio com a ponta da
língua enquanto o masturbo.
Abro a boca quando ele segura meus cabelos, arqueando meu pescoço.
Rocco é enorme, grosso e está tão duro! Fixo o olhar ao seu, vendo-o
segurar o pau pela base, passando por meus lábios, esfregando lentamente.
Gemo baixo, ele respira fundo e eu espalmo as mãos em suas coxas, ele
afasta as pernas.
— Ah, porra. — Rocco pende a cabeça para trás quando volto a chupa-
lo. Desço os lábios pela grossura, meu maxilar doendo, mas continuo.
Chupo, mamo e me farto no seu pau como se fosse uma relíquia. O tiro
da boca apenas para respirar, voltando a carícia e chupando com
intensidade. Rocco geme, puxando meu cabelo e segura o pau apenas para
passá-lo em meus lábios.
— Que boquinha mais gostosa. Meu Deus, você é uma ninfeta
perigosa.
Segundos depois escuto ele gemer quando o primeiro jato bate forte no
céu da minha boca e os outros jatos vindo ainda mais forte. Rocco pragueja
e eu continuo sugando-o, tomando tudo que sai dele com um desejo imenso.
— Sua demônia.
Suas calças ainda estão no meio das pernas, a camisa aberta e o pau
meio ereto para fora. Ele me ergue, passando os dedos por entre meus seios
e desce a mão por baixo do meu vestido.
— Quero essa porra espalhada por todo o seu corpo, por esses peitos
lindos. — Abro a boca quando ele afasta a calcinha e me encara. — O que
você toma?
— Anticoncepcional, Manuella!
— Sim, tomo. Eu tomo. — Prendo os dentes em meus lábios quando
ele afasta todo o tecido e enfia os dedos melados entre minhas dobras,
esfregando-os bem no meio. — Rocco...
— Quero ver minha porra descendo por essa bocetinha, melando ela
toda, Manuella. Sem saber se o gozo é meu ou seu. Meter meu...
— Rocco?
Por que diabos, iria falar para uma menina que acabei de conhecer?
Saio do carro devagar, com a cabeça a mil por hora. Tudo está em
silêncio quando passo pela cozinha para tomar um copo com água e um
analgésico para dor de cabeça. Subo para o quarto, seguro a maçaneta e fico
olhando para a porta ao lado do meu.
Olho rapidamente quando ela surge com o rosto inchado pós sono.
— Vovó, está aqui tão cedo. — Se senta ao lado do pai que a beija e a
encaro.
— Coisas do Natal, amor. Sabe que é uma data que amo preparar e
resolver tudo pessoalmente.
— Essa sua mania de tirar as bordas do pão é desde que se entende por
gente. — Fernanda sorri.
Manuella não lança um olhar em minha direção e não quero dizer que
sinto um leve incômodo por ser ignorado por seus olhos e por seu
atrevimento.
— Tchau, papai.
— Vou falar com Arlete, para pegar aquela receita antes que seu avô
me enlouqueça. — Se ergue, nos deixando completamente a sós, indo para
a cozinha.
— Sei que não entende agora o que estou tentando fazer, mas vai me
agradecer mais para frente. — Suspiro, vendo seus olhos se erguerem e
encontrar os meus.
— Mas sou muito mais corajosa do que um coroa como você, seu
medroso! Prefere negar, invés de assumir que me quer tanto quanto eu...
— Disponha.
Vai ter uma reunião mais tarde apenas para rever uns assuntos do
hospital, já que passará uma semana em Angra e alguns médicos vão
assumir os plantões.
Saio da sala percebendo que estou indo almoçar quase duas horas da
tarde. Mas nem estou com muita fome, mesmo tendo tomado apenas café
pela manhã. Falei com minha mãe rapidamente, apenas para dar notícias e
dizer que está tudo perfeitamente bem.
A frase saiu sem que eu percebesse. Desde que Vitória falou pela
manhã, isso ficou em minha mente de uma maneira que não consigo
esquecer por um segundo.
— Você só tem 41 anos, Nat. E tenho certeza que tem uma fila de
pretendentes aos seus pés.
— Nossa, que coisa mais linda. — Aponta para a vitrine de uma loja
de sapatos. — Preciso experimentar.
Sorri e eu assinto.
— Fique a vontade. Vou fazer uma ligação.
Sorrio de imediato.
— Estamos apenas com duas unidades dele, é uma das nossas peças
especiais.
— O que precisar.
— Não quero reclamações dos vizinhos. Com você lá, fica melhor de
controlar.
Que maravilha.
— Você fica ainda mais linda com esse sorriso no rosto. — Me viro
quando sinto Davi beijar meu ombro.
Está bem quente para uma noite e como começamos depois do almoço,
nem nos demos conta do quanto está ficando tarde. Mas sei que quando
papai chegar vamos diminuir o barulho. Não é sempre que fazemos isso,
mas ele nos deixa bem a vontade.
— Vem, sua maluca. — Estendo a mão para ajudá-la, mas sinto mãos
em meus quadris.
Da tapa na cara...
Da tapa da bunda...
A música não tem letra alguma, mas para dançar é uma maravilha, e é
o que fazemos. Dentro da piscina, eu e Júlia dançamos lado a lado, rindo
enquanto Felipe e os amigos jogam do outro lado.
— Ah! Tiozão, liga o som vai. — Um dos meninos fala e ele o encara.
— Não.
Está nítido o seu mau humor, com o maxilar cerrado daquela forma
que o faz ficar ainda mais lindo do que já é.
Rocco arqueia a sobrancelha sério. Mas tão sério que Thales se cala no
exato momento.
O encaro dar uma última olhada em mim e virar, saindo pisando firme
com raiva em cada passada que dá em direção a parte dos fundos de casa.
— Você viu a cara dele? Ele está puto, Manuella. Meu Deus! — Júlia
suspira e assinto. — Está cuspindo fogo pelo nariz.
— Não sei porque está assim. Não me quer perto dele, mas também
não quer que fiquem perto de mim. — Cruzo os braços.
— Amiga, ele nem disfarçou. A cara dele de quem queria te tirar dali
pelo braço.
— Rocco não me quer, Ju. Ele nem sabe o que quer, na verdade. —
Balanço a cabeça, suspirando e segurando em sua mão. — Vamos curtir a
festa. Papai deve chegar mais tarde.
Saio na frente, ouvindo Júlia resmungar alguma coisa que não presto
atenção.
Rocco não desceu e eu nem entrei em casa após sua chegada repentina.
Felipe acabou indo para a casa de um dos amigos que mora aqui no
condomínio. São pouco mais de 2h quando a festa finalmente acaba e nem
sinal dos meus pais chegarem.
— Mas estou dando ordens na ausência dele, então vai embora daqui
agora.
— Por favor. — Fico no meio dos dois. — Davi, vá embora, por favor.
— Ficou maluco?
Franzo o cenho.
— Eu te disse que se você não fizer, outro vai. Vai me beijar, vai
transar comigo... Na cama, no chuveiro e em todos os lugares. Seja aqui, ou
em outro lugar, e você vai ter que lidar com isso.
— Mas bebeu e vai acordar com ressaca amanhã. Vai tomar um banho
e descansar.
Engulo o comprimido, tomando um gole de água, ainda o olhando.
Seus olhos estão vagando por meu corpo e eu abro a boca quando ele
se aproxima e beija acima do meu ventre.
— Por que tem que ser tão teimosa? — Ergue o rosto, encontrando
seus olhos.
— Por que tem que ser tão ranzinza? — Forço a voz para sair, o
olhando ainda entre minhas pernas.
Me abro quando passa os dedos por minha boceta ainda sensível, mas
não reclamo. Me enxagua, passa o roupão por meu corpo e observo-o negar
com a cabeça quando o encaro de cima a baixo.
Meu descontrole foi para a puta que pariu quando vi o moleque perto
dela, tão próximo como se fosse se fundir a ela. Meu peito doeu, meu
coração acelerou em questão de segundos e fiquei puto, irado e cheio de
raiva.
— E é por te querer tanto que não quero fazer isso aqui. Porque não
vai ter mais volta, Manuella. — Suspiro, balançando a cabeça e acaricio seu
rosto com a ponta dos dedos. — Tudo pode desmoronar. Tudo.
Sinto o suor descer pela nuca e passo as mãos pela mesma, olhando-a
ainda de joelhos em minha cama. Em pensar que é apenas tirar sua camisa e
afastar a calcinha para poder me perder em suas curvas.
Posso estar sendo um idiota por escolher não transar com ela aqui, mas
não posso fazer simplesmente tomado por desejo e tesão. E isso não me
falta.
— Você vai...
A luz do abajur ainda está acesa, me deixando ver seu rosto com
perfeição. Está de olhos abertos e prestando atenção em cada palavra que
sai da minha boca.
— Quero te fazer uma surpresa. Falta três dias para o Natal e para o
seu aniversário, pode esperar?
— Rocco.
— Confie em mim, minha pequena. Não quero nenhum daqueles
idiotas babando em cima de você. — Seguro em seu queixo, vendo-a me
olhar fixamente.
— E a tia Natália?
— Mas não estou. Estou aqui. — Afago seu rosto. — Não estava em
meus planos estar vivendo essa loucura, mas foi instantâneo quando te vi,
Manuella.
Manuella tem uma vida inteira pela frente e eu já venho com uma
bagagem enorme nas costas. Não posso fazê-la infeliz como de uma certa
forma, fiz Alisson.
E aqui, sentindo uma paz e tendo uma uma mulher em minha cama
desde que me divorciei, durmo ao lado de outra mulher pela primeira vez.
Eu amo o mar.
Amo a brisa fria que o vento faz quando bate em nosso rosto,
bagunçando os cabelos.
Acordar com Manuella ao meu lado foi uma das sensações mais
indescritíveis que já senti em minha vida. Como se fosse a primeira vez a
experimentar aquilo.
Sorrio para mim mesmo e viro o pescoço, vendo que já era quase 5h e
Jhonatan não estava em casa ainda, senti alívio e culpa ao mesmo tempo.
Beijo sua testa enquanto se remexe, passando a perna por meu quadril.
Sinto meu pau crescer rapidamente, apenas por senti-la encostada em mim.
Manuella merece mais do que uma foda de minutos, apressada, temendo
alguém nos flagrar.
E eu a terei.
— Um dia vai me levar para a sua cama e não vou precisar voltar
escondida para a minha.
— Claro.
Semicerro os olhos.
— E tem mais privacidade para trazer alguém. Aliás, sabe que foi para
isso que Fernanda insistiu que ficasse aqui, não sabe?
— Estou.
— E eu conheço?
— Não precisa entender, Rocco. Apenas sentir. Tem coisas que não
tem explicação, irmão. Você está se dando uma chance novamente, não
desperdice isso.
Meu coração dá uma leve acelerada e sinto minhas mãos ficarem frias.
— É complicado, John.
Passo as mãos pela barba, subindo para passar por meus cabelos.
Jhonatan segura em meu ombro, apertando firmemente.
— Não se prenda, viva o que tiver que viver. Arrisque, Rocco. O amor
não é para covardes!
Sinto aquele arrepio passear por todo meu corpo quando ele toma meu
campo de visão, caminhando devagar e sozinho pela areia. As mãos nos
bolsos da bermuda marrom, a camisa voando com o vento, assim como os
cabelos.
(...) Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar
Ele passou praticamente o dia inteiro com meu pai e mal nos vimos
desde que chegou do passeio de lancha que fez com minha mãe e tia
Natália.
Fui passear com meus avós e meu irmão. Júlia vai chegar amanhã pela
manhã, para passar a Natal com a gente, assim como alguns amigos mais
próximos também. Aproveitei o dia ao máximo.
Quando ele chegou com meu pai para almoçar, estávamos de saída. Só
trocamos uma rápida olhada e ele me lançou um sorriso de canto, eu
retribuí. É horrível fingir que nada está acontecendo, quando eu consigo
sentir tudo.
Como queria ter ficado ao seu lado durante o passeio que fez.
— A paisagem. — Completa.
Umedeço os lábios.
— Eu...
Mesmo falando com Júlia sobre tudo, eu preciso ouvir de outra pessoa
que não estou louca. Ou que realmente estou.
— Manuella? — Me tira dos devaneios e me ergo, olhando-a levantar
também. — Minha querida.
— Talvez, seja loucura minha e que não entenda o que vou te falar
agora.
— Sabe, sim. É claro que você sabe. — Me faz virar para olha-la. Os
olhos tão azuis quanto os de papai fixam aos meus. — Você sabe, Manuella.
— Ele...
— Ele é um homem livre, amor. Tanto quanto você. Tem coisas que
não tem explicação e nem todos são obrigados a nos entender.
— Nossas idades, o amor dele por meu pai... Ele não quer sentir isso e
eu...
— Deixe o seu pai comigo, terá o meu apoio. Agora limpe esse rosto.
Natália está praticamente se jogando aos pés dele.
Franzo o cenho.
— Te amo, vovó.
Passo no quarto do meu irmão e ele está jogando vídeo game com um
dos nossos primos. Desço os degraus ajeitando o casaco que fica um pouco
maior, mas para o frio da noite está perfeito.
Peço licença e saio, mas todos parecem tão concentrados que mal
percebem que sai de fininho, ou ao menos foi isso que achei. Seguro o copo
com suco e sinto apenas a presença preencher o ambiente.
— Odeio vê-la ao seu lado. Odeio a liberdade que ela tem de estar
próximo a você. Odeio que ela fique tão perto.
— Porque era eu que deveria estar lá. Sou eu quem vai ocupar sua
cama, assim como ocupo seus pensamentos. — Com a mão livre afago sua
barba. Mordo o lábio e sorrio.
Ele aperta minha mão e deposita um beijo demorado, fazendo um
arrepio subir por meu corpo.
Ele está em silêncio quando fico na ponta dos pés e deposito um beijo
rápido em seus lábios. Me afasto e sinto suas mãos se fecharem em meu
antebraço.
— E você é?
— Minha.
Quando eu era criança, esperava ansiosa dar meia noite para poder
comemorar meu aniversário. Abrir os presentes espalhados embaixo da
árvore que eu adorava ajudar a decorar, com papai me segurando no colo
para eu colocar a estrela no topo.
— Cuidado.
— Coroa? Estou na flor da idade. Não estou velho, apenas fui pai
muito jovem. — Ele ama brincar com esse fato. — Suas amigas ainda me
chamam de Daddy. Estou muito novo para minha idade.
— Diga a ela que ainda estou na flor da idade e sou um coroa muito
lindo e sexy.
— E gostoso.
— Sim. — Rio.
Minha solidão interna passou um pouco quando Júlia chegou com seus
pais. Desceu do carro e veio correndo em minha direção, me abraçando
apertado.
Cumprimento seus pais, que são como meus tios, eles vão ficar
conosco até o feriado.
— Pronta.
— O que?
— Aliás, não precisei contar, ela percebeu e está do meu lado, Ju.
Vovó me entendeu.
— Ai amiga...
— Vamos esperar para ver o que vai acontecer, Juju. Vamos esperar.
A noite foi se aproximando e subi com Júlia para o meu quarto, onde
começamos a nos arrumar juntas e depois iam vir fazer a maquiagem e
nossos cabelos.
Perfeito.
— Vou colocar agora, vai completar o meu look. — Pego a jóia e ela
me ajuda a colocar em meu pulso. — Eu te amo. Te amo muito.
— E ele?
E sei mesmo.
Não pela data no calendário, ou pelo motivo que a grande maioria está
aqui. Meia noite não será apenas dia vinte e cinco de dezembro, é o dia que
ela completa mais uma volta ao sol.
— Sei que essa data deixou de ter um significado para você, mas
queria te contar uma coisa. Não demos certo juntos, Rocco, nosso
casamento foi mais como um acordo para aplacar a solidão.
— Alisson...
— Talvez a culpa tenha sido minha por exigir mais do que estava apto
a me dar, mas por algum tempo sei que fomos felizes do nosso jeito.
— Espero que não fique esperando pelo momento certo e ver que ele
não existe. Eu o amo com todo meu coração... E lutaria por nosso
casamento, se fosse da sua vontade também. Mas eu aprendi a me amar e
sei que mereço mais que um amor pela metade.
— Você é uma mulher incrível, Alisson. Merece um homem que a ame
por inteira.
— Alisson... Eu...
— Owen.
— Espero que ame alguém de verdade, Rocco. Que sinta esse amor te
rasgar de dentro para fora e não consiga controlar o sentimento.
— Alisson.
Está linda. Fazendo meu coração disparar quando seu olhar encontra o
meu.
— Papai...
Abraça seus avós que a enchem de elogios, assim como todos presente.
Me aproximo devagar, pousando a mão em sua cintura e sentindo seu
perfume.
— Há vinte e dois anos fui abençoado com a sua chegada e nunca mais
fui o mesmo, Manuella. Meu primeiro presente, minha princesa!
— Talvez não tenha sido apenas a vida de Jhon que tenha mudado com
a chegada dela. — Me viro para olhar Vitória quando ela sussurra e aperta
meu ombro.
— Rocco.
— Feliz aniversário, minha pequena. — Sussurro em seu ouvido,
sentindo-a sorrir, já que está com a cabeça pousada em meu peito.
— Não sei o que tenho para te oferecer, Manuella. Meu mundo vem
com tanta bagagem e eu nem deveria estar sentindo o que estou sentindo.
— Eu me rendo, Manuella.
— O que?
Se vira, me olhando por cima do ombro com aquele sorriso que faz
meu coração socar a porra do peito.
O vestido tem um zíper lateral que desce com a ponta dos dedos. O
vestido se alarga e solta suas curvas enquanto Manuella balança as pernas,
fazendo-o cair aos seus pés.
Mordo o pescoço fino, vendo a pele alva ficar vermelha com o roçar
dos meus dentes. Manuella se arrepia, soltando um gemido baixo e engulo
em seco, vendo a calcinha enfiada na bunda empinada.
— Isso deveria ser um crime. — Aperto a carne nas mãos, ouvindo-a
sorrir quando estalo um tapa firme, a trazendo para mim.
Me sinto crescer ainda mais dentro da cueca. Meu pau inchado roça no
tecido da calça e a virei de frente para mim. Os cabelos caem sobre os
ombros e os seios empinados com os bicos pontudos são minha morte.
Separo nossas bocas apenas para olha-la, sua respiração está ofegante e
o rosto corado.
Ela enfia as mãos em minha calça, descendo o zíper. Puxa meu pau
para fora, masturbando-o devagar, mas com uma intensidade fora do
normal.
Não... Eu mando.
Ela resfolega quando minha língua vai para o meio da sua bunda e
pincelo devagar, ouvindo seu gemido alto e o quanto ondula na cama,
segurando nos lençóis. Sua boceta pisca, babando e ela geme alto quando
enfio a língua no cuzinho.
Minha barba, minhas bochechas e todo meu rosto úmido por seus
fluídos.
— Sabe que não tem mais volta. — Sussurro, mordiscando seus lábios.
— Não quero que tenha. Quero que me faça sua, Rocco. Eu sou sua.
Toda.
— Que boceta gostosa, porra! — Arfo, sendo tomado pelo tesão e pela
loucura. — Vou arregaçar você, minha princesa.
Está feito.
Manuella é minha.
Sinto meu interior convulsionar tamanho é o desejo que se apossa de
mim. O tesão me faz gemer contra seus lábios, que abrem para nossas
línguas se encontrarem.
Eu me abro, rendida por inteira com meu corpo e toda minha alma.
Enfio os dedos em seus cabelos, mexendo os quadris devagar.
— Manuella. — Gemeu contra minha boca e sorri. Desce a boca,
chupando meus seios, intercalando entre um bico enrijecido e o outro. —
Sua peste. Atrevida.
Tudo.
— Manuella.
Fixo os olhos aos seus, rindo de lado, aperto meus seios e Rocco me
encara sério.
— Goza dentro de mim. Me deixa toda melada com sua porra, como
você falou que me queria. Toda melada. Todinha.
Matei o homem?
— Minha ninfa.
— Você fica linda com essa cara de pós foda. — Diz com um sorriso e
me chama. — Vem aqui.
Levanto, indo de joelhos pela cama. Saí da festa tentando não chamar
a atenção, o que foi meio difícil, já que eu sou a aniversariante na noite de
Natal.
— O que vamos fazer? Não vou ser seu segredinho, Rocco. Não vou
ficar sendo sua foda secreta.
— Eu amo o Jhon, ele é como se fosse meu irmão, mas não temos
laços sanguíneos algum, Manuella. — Segura em meu queixo, apertando-o.
— Vamos conversar e viver o hoje.
Parece um sonho que estou aqui com ele, sentindo todo meu corpo
responder aos seus comandos e beijos desesperados. Transamos mais uma
vez, mas agora lentamente. Rocco é paciente e intenso, tudo de uma única
vez, me fazendo morrer de prazer.
Passo a língua pelos lábios e vejo que Rocco ainda dorme. Está pelado
e com um braço dobrado em seu rosto. Sorrio, olhando o corpo grande e
musculoso. É maior ainda de perto e todo meu.
Ver tia Natália perto dele no jantar de Natal me deu uma raiva imensa.
É claro ela o quer de todas as formas e mamãe a encoraja.
— Rocco? Você está ai? — A voz do meu pai ecoa e me ergo da cama,
colocando a mão sobre a boca. — Estou entrando.
— Rocco? Irmão?
— Rocco?
— Vai me esconder?
— Se me quer como diz, vai agora naquela maldita sala comigo e falar
que a mulher que dorme e acorda ao seu lado... Sou eu! — Diz com a voz
trêmula, me encarando. — Que quem ocupa esse lugar sou eu, Rocco.
Mas eu não paro, eu a quero. Sou louco por essa coisinha atrevida e
Jhonatan que me perdoe, mas nem ele será capaz de tirá-la de mim.
Assim que piso na sala, estanco no lugar quando meus olhos focam em
Natália, mas a surpresa passa assim que sinto a presença de Manu ao meu
lado e ela entrelaça os dedos aos meus.
— Oh, meu Deus, Rocco! Como você teve coragem de ir para a cama
com uma criança? — Natália é afiada nas palavras e ao meu lado posso
sentir o corpo de Manuella dar uma leve estremecida.
Jhonatan, que até então estava em choque, parece enfim sair do transe
e a passos rápidos, se aproxima de mim, me encarando. Seu olhar diz o
quanto quer acabar comigo.
— O que você está fazendo com a minha filha!? Você perdeu o juízo,
Rocco? — Grita, me fulminando. — VOCÊ PERDEU A PORRA DO SEU
JUÍZO, SEU MERDA!
— Papai...
— Eu tentei fugir, tentei evitar, mas o que sinto por ela foi mais forte
— Antes que eu tenha a chance de terminar minha fala, sinto o impacto do
punho de Jhonatan em meu rosto e escuto o grito de Manuella ao meu lado.
— Eu o quero, papai! Por favor, não faça isso! Não sou uma criança,
pare! — Manuela fala enfurecida, ficando a minha frente.
— Mas não SOU! Não grite com ela Jhonatan. Eu sei que está
chateado, mas desconte em mim. Manuella não tem culpa de nada.
— Você pensa que eu não sei que é errado de todas as formas querer a
sua filha? Eu mais do que ninguém sei que ela tem idade para ser minha
filha, mas ela não é. Que se foda todos ao nosso redor. — Disparo, o
enfrentando. — E não pretendo me afastar. Manuella é a mulher que eu
quero.
Seu olhar muda para algo como deboche. O sorriso zombeteiro do meu
amigo me faz perceber que não vou gostar de suas próximas palavras.
— Jhonatan!
— Você quer apenas sexo, Rocco. É isso que quer. Você queria a
Natália também e veja como acabou! Quer fazer com a minha filha, o que
fazia com as outras! EU TE COLOQUEI DENTRO DA MINHA CASA E
VOCÊ SEDUZIU A MINHA FILHA, SEU MERDA!
Aperto meu olhar para ele, engolindo seco. Natália volta a aparecer em
meu campo de visão.
— Não me seduziu, ele lutou para resistir. Papai me ouça! Não sou
uma virgem, uma criança. Rocco não abusou de mim!
— Cale sua boca, Manuella! — Ele ralha com os olhos fixos aos meus.
Sinto o roçar dos dedos de Manu nos meus e olho para o lado, seus
olhos me encaram repletos de lágrimas que teimosamente não rolam pelo
seu rosto.
— Não sou uma criança, papai! Sou uma mulher de 22 anos. Eu que
dei em cima do Rocco! — Minha menina aponta para o próprio peito.
— Ele não queria, papai. Juro por Deus que ele resistiu o máximo que
pôde. Eu que não facilitei, eu que... — Dá uma pausa e suspira. — Foi uma
loucura o que senti quando o vi. Foi mais forte que eu... Do que tudo que já
senti nessa vida.
— Eu não sei o quanto deve ser difícil para você toda essa situação. —
Resfolego, sob o olhar atento de Jhonatan.
— Acha que não me repudiei, Jhonatan? Acha que eu quis? Acha que
não lutei para não cair? Acha?
— O elo que nos liga sempre foi muito forte, Jhon. Mais do que eu
poderia entender, e agora o elo é ela. Agora entendo que sempre foi ela.
— Parece que a conheço de outras vidas. Não peço que entenda agora,
mas também não vou desistir dela.
— Pode não ser agora, é muito recente, mas eu vou me casar com sua
princesa e fazer dela minha rainha. Ela vai a ser única que eu amarei para o
resto da minha vida.
Genro.
— Com calma, Rocco. Com calma. Ainda é Natal e pode ser o espírito
natalino me acalmando.
— Nesse dia, provavelmente minha filha será a viúva mais nova que o
mundo já viu.
Ando de um lado para o outro em meu quarto, apreensiva. Meu
coração está acelerado, fazendo minhas mãos tremerem, assim como todo o
meu corpo.
Rocco não foi meu primeiro homem, mas foi o que realmente me fez
mulher.
O sexo com Thales foi de descobertas para nós dois. Tudo tão
monótono. Eu nunca tive um orgasmo tão intenso que pareceu me tomar de
dentro para fora.
— Você conversou com Vitória e não comigo, Manuella? Por que não
me falou como estava se sentindo?
— É o que eu sinto, mãe. Sinto como se... Se fosse de outra vida. Não
importa a idade e eu sei que vamos enfrentar juntos o que vier.
— Seu tapado, cala sua boca! — Júlia acerta uma cotovelada nele.
— Te amo, M&M's.
Ele usa esse apelido tosco que me chama desde a infância. Uma
referência ao meu nome e sobrenome. Manuella Monteiro.
Thales paralisa quando a porta se abre e Rocco entra junto com meu
pai.
Olho para Rocco, esperando qualquer sinal que indique que está
disposto a enfrentar tudo ao meu lado. Entro na sala mordendo o polegar,
encarando-o.
— Estou me sentindo traído ainda, mas não vai adiantar muita coisa
impedir, já que... — Passa a polegar e o indicador entre a ponte do nariz,
esfregando-o. — Já que ambos querem isso.
— Papai, eu nunca quis trair sua confiança. Eu sinto muito, mas eu...
— Vamos ter tempo para digerir isso tudo. — Sorri, afagando meus
cabelos e me abraça. — Por que você foi crescer, Manuella? Por que não
ficou pequena para eu te proteger?
Fala com uma voz rouca e me viro, vendo-o olhar para Rocco.
— Minha filhinha.
— Não vou roubá-la de você, Jhon. — Rocco suspira, se aproximando
de mim e enlaçando minha cintura. Sorrio, vendo a cara fechada que papai
faz.
— Serei obrigado a aceitar isso, mas que fique claro, serei seu
pesadelo se fizer minha filha sofrer. Eu te matarei com requintes de
crueldade, Maldonado. Juro por Deus.
Me viro para Rocco assim que mais pai sai e me aproximo, jogando-
me em seus braços. O canto da boca machucado o faz gemer assim que
encosto os lábios aos seus.
— Eu sou sua, desde que te vi naquele quarto. Sou toda sua. Amo seu
humor e sua cara amarrada que desfaço em segundos.
Ele ri preguiçoso.
— Minha peste.
Rocco não foi meu primeiro homem, mas foi o que realmente me fez
mulher.
O sexo com Thales foi de descobertas para nós dois. Tudo tão
monótono. Eu nunca tive um orgasmo tão intenso que pareceu me tomar de
dentro para fora.
— Você conversou com Vitória e não comigo, Manuella? Por que não
me falou como estava se sentindo?
— Está fazendo isso agora mesmo com seu olhar, como tudo que
sempre fiz. Como meu trabalho na internet e o modo que a senhora acha
que não me dedico cem por cento na faculdade!
— É o que eu sinto, mãe. Sinto como se... Se fosse de outra vida. Não
importa a idade e eu sei que vamos enfrentar juntos o que vier.
— Seu tapado, cala sua boca! — Júlia acerta uma cotovelada nele.
— Te amo, M&M's.
Ele usa esse apelido tosco que me chama desde a infância. Uma
referência ao meu nome e sobrenome. Manuella Monteiro.
Thales paralisa quando a porta se abre e Rocco entra junto com meu
pai.
Olho para Rocco, esperando qualquer sinal que indique que está
disposto a enfrentar tudo ao meu lado. Entro na sala mordendo o polegar,
encarando-o.
— Estou me sentindo traído ainda, mas não vai adiantar muita coisa
impedir, já que... — Passa a polegar e o indicador entre a ponte do nariz,
esfregando-o. — Já que ambos querem isso.
— Papai, eu nunca quis trair sua confiança. Eu sinto muito, mas eu...
— Vamos ter tempo para digerir isso tudo. — Sorri, afagando meus
cabelos e me abraça. — Por que você foi crescer, Manuella? Por que não
ficou pequena para eu te proteger?
Fala com uma voz rouca e me viro, vendo-o olhar para Rocco.
— Minha filhinha.
— Serei obrigado a aceitar isso, mas que fique claro, serei seu
pesadelo se fizer minha filha sofrer. Eu te matarei com requintes de
crueldade, Maldonado. Juro por Deus.
— Eu sou sua, desde que te vi naquele quarto. Sou toda sua. Amo seu
humor e sua cara amarrada que desfaço em segundos.
Ele ri preguiçoso.
— Minha peste.
— Sim, doutor.
Saí do meu apartamento com a visão dela nua sob os lençóis, ainda
quente e suada. É um esforço tremendo sair e deixa-la, sabendo que era
apenas abrir as pernas e me enfiar dentro dela novamente, de tão molhada e
gozada que estava.
Aquela visão é uma rotina. Ainda não moramos juntos oficialmente,
mas ela ocupa meu apartamento quase todos os dias da semana.
Fazem seis meses completos que Manuella invadiu minha vida, dando
um giro intenso e eu não consigo me imaginar sem ela.
— Tem uma paciente em sua sala, disse que era uma consulta de
última hora. Selin a mandou esperar.
— Obrigado, Nat.
Vamos viajar no fim do ano para Seattle, onde vai conhecer minha
mãe, que confesso ter ficado menos surpresa do que pensei e imaginei que
ficaria.
Passo direto para minha sala, vendo Selin sorrir de lado, abaixando a
cabeça. Me tornei menos disputado, já que o hospital inteiro sabe do meu
relacionamento.
— Estava sentindo uma coisa em meu peito, doutor. Tive que vir
embora. — Faz um beicinho, fecha a porta e volta a caminhar devagar.
— A sala do seu pai é aqui do lado. — Mordo o lábio quando ela apoia
os braços na cadeira, me fazendo vira-la para ficar de frente.
— Você fica tão gostoso com esse jaleco. — Geme baixinho, rindo
como a demônia que é. — Está tenso, doutor?
Meu pau reage de imediato com a visão dela ali. A boca vermelha de
batom, os olhos pequenos dilatados de desejo, assim como os meus. Sexo é
uma coisa insana para nós. Não tem local, empecilho ou coisa do tipo.
Ela abre meu cinto, puxando meu pau para fora. As mãos me tocando
de cima a baixo, me fazendo gemer e vendo-a sorrir.
Sem esperar, desce a boca, abrindo até onde pode, o que não é
suficiente para acomodar meu pau inteiro. Porra.
— Eu amo essa boquinha quente. Língua afiada, Manuella. — Enrolo
o cabelo no meu pulso, erguendo seu queixo. — Abra essa boca e respire
pelo nariz, amor.
Latejo quando soco o pau em sua boca, vendo os olhos lacrimejar. Ela
me mata fora da cama e eu adoro descontar em particular.
Pendo a cabeça para trás com a intensidade do gozo que saiu do meu
corpo. Manuella sorri, limpando o canto dos lábios e enfiando o polegar na
boca, sugando os resquícios de porra da sua boca.
— Não grite, amor. Ou seu pai vai desconfiar que estou comendo a
filha dele na sala ao lado dele.
— Ah! Rocco!
— Calada, amor.
Tesão foi tudo que senti nesse momento. Meu quadril bombeando
forte, fodendo-a. O barulho dos corpos se chocando melados.
— Fode. — Pede baixinho enquanto chupo sua língua, não me
contendo.
É melhor evitar acidentes e um bebê vai atrapalhar sua vida por inteira.
Não vou me perdoar se a fizer perder isso.
Não conversamos sobre filhos e é uma coisa que não me sinto tão a
vontade para falar sobre.
— Com seu pau não faço boquete, Rocco. Faço uma endoscopia.
— Quanto?
— Minha abusada.
— Ele não quer, Júlia! Ele me disse que não quer. — Digo baixo,
olhando minha melhor amiga me fitar.
Papai não ficou satisfeito, mas sabia que estaria sempre em casa quando
precisasse. Mamãe me deu todo o apoio e nada me deixa mais feliz em
saber que está tudo bem novamente.
Pode ser coisa da minha cabeça, mas sinto meus seios mais doloridos e
um sono insano me tomando o tempo inteiro.
Sei que Rocco não quer ser pai e é nítido que não se sente a vontade, já
que evita falar no assunto.
Meu Deus.
Positivo.
— Chegou mais cedo? — Beija minha testa e assinto. — Seu pai quer
que a gente vá jantar lá hoje, disse que para conversar sobre a transferência
da médica. Não entendi ao certo.
Franzo o cenho. Papai parece ficar nervoso sempre que toca nesse
assunto.
— Você não quer e já deixou isso claro, mas estou grávida, Rocco!
Tem um bebê aqui dentro, e qual a diferença se vem agora ou daqui a cinco
anos? Me diga?
— Você estar pronta, meu amor! Não quero que chegue lá na frente e
se arrependa, Manuella. Pensando que tinha uma vida para aproveitar e
ficou para trás.
Ergo seu queixo com a ponta do dedo e limpo as lágrimas que descem.