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Direitos autorais do texto original copyright © 2022, JULIANA

SOUZA, PROIBIDA PARA MIM, DUOLOGIA NATAL


INESQUECÍVEL LIVRO 2

Capa: Magnifique Designer Design


Diagramação: Skarlat Stéfany
Ilustração: Maria Emanuelle
Preparação de texto/Revisão: Claudyanne Ferreira, Isa Oliveira e
Daiany Freitas.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e


acontecimentos descritos são produtos da imaginação das autoras. Qualquer
semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera coincidência.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desse livro pode ser utilizada
ou reproduzida sob quaisquer meios existentes — tangíveis ou intangíveis
— sem autorização por escrito das autoras. A violação dos direitos autorais
é crime estabelecido na lei nº 9.610/98, punido pelo artigo 184 do Código
Penal.
Playlist
Carta ao leitor
Ilustração
Dedicatória
Epígrafe
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Epílogo
Agradecimento
Sobre a autora
Outras obras
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Querida Leitora, queremos agradecer por terem embarcado nesse
projeto lindo que tiramos do papel com muito amor e carinho para vocês. A
duologia Natal inesquecível surgiu da ideia de termos histórias que se
passam nessa época tão mágica, linda e especial que é a noite de Natal.

Duas histórias diferentes, casais improváveis, mas que se tornam


inesquecíveis e mostram o amor sem amarras, sem medo, sem se prenderem
à tabus impostos pela sociedade.

Esperamos que eles tenham ganhado um espaço no seu coração assim


como ganhou o nosso desde quando eram apenas ideias. Eles são
pedacinhos nosso, dos nossos corações e das nossas esperanças, passíveis
de erros e acertos só correndo atrás daquilo que realmente importa: o amor
verdadeiro.
.
Aos amores improváveis, ao que seja eterno
enquanto dure e que se torne inesquecível.
Amor possível é para os tolos.
Todos sabem que os melhores são os amores impossíveis.

Chorão
22 anos atrás...

Odeio lugares barulhentos.

Não.

Eu odeio músicas sem letras, barulhentas e pessoas cantando como se


fossem uma maravilha.

E assim são as festas na faculdade.

Não que eu não participasse das festas regadas a bebidas, mas não
são as minhas preferidas. Se não fosse por meu melhor amigo John insistir,
eu com certeza não estaria aqui.

— Achei que não ia vir. — Dispara, apertando minha mão assim que
me aproximo, segurando o copo de cerveja que ele me oferece.

— Só estou aqui por insistência sua. — Sorvo um gole da bebida o


encarando. — Cadê a Fernanda? Não me diga que ela te deixou vir
sozinho.
— Está com Natalia no banheiro. — Balança a cabeça enquanto solto
um riso baixo. — Idiota.

É uma das festas de confraternizações com amigos da faculdade.


Estamos no terceiro ciclo do curso de medicina e no auge de nossa
juventude. Mesmo sendo completamente diferentes em alguns aspectos,
Jonathan e eu somos como irmãos. Inseparáveis.

Ele é pouco mais de dois anos mais velho que eu e mesmo sendo
conhecido como galinha, teve seu coração fisgado por Fernanda.

— Você veio. — Natalia se aproxima, soltando a mão da prima e se


jogando em meus braços.

Seguro em seu queixo e a beijo.

— Vim. — Sorrio, vendo-a balançar os cabelos ruivos.

— Casais completos agora. — Fernanda fala e beija Jhon.

— Vamos comemorar. — Meu amigo ergue o copo.

— A que? — Pergunto, mordendo o lábio enquanto Natalia enlaça


meu pescoço.

— Ao futuro.

Sorrio, batendo o copo ao seu e as meninas fazem o mesmo.

— Ao nosso futuro, que estejamos sempre juntos. — Nat sorve um gole


da minha bebida.

Sorrimos juntos e observo John beijar Fernanda apaixonadamente

Então faço o mesmo com Nat.

Como se estivéssemos selando que vamos ser nós quatro para sempre.
Ou era isso que pensávamos.

Seis meses depois veio a notícia que eu ia me mudar de país. Meus


pais iam para Seattle e eu consegui uma bolsa de estudos na faculdade
de Washington. Teria que deixar tudo para trás e confesso que seria mais
difícil do que pensei.

Aproveitamos o máximo que pudemos nos próximos poucos meses que


teríamos juntos. Dar adeus a Jonathan, Fernanda e a Natalia foi a pior
parte de tudo. Mesmo jurando que iríamos manter contato e que sempre
visitar um ao outro, sentia um aperto no peito.

Era como deixar um pedaço do meu coração ali, e todas as nossas


lembranças.

Nesse meio tempo, teve a descoberta que mudaria a vida de Jhon para
sempre.

— Eu vou ser pai. — Diz baixo com um sorriso de canto e as mãos no


bolso. — A Nanda está grávida.

Franzo o cenho, engolindo seco, não conseguindo evitar o sorriso


enquanto o abraço.

— Eu vou ser pai! — Repete emocionado e afago sua cabeça. — Tem


noção disso?

— Alguém precisava parar o grande Jonathan Monteiro. — Bato em


seu peito de leve. — Fico feliz por você, irmão.

— Uma pena não estar aqui. — Aperta minha mão e o abraço


novamente. — É praticamente seu sobrinho ou sobrinha.

— Estarei sempre aqui e mesmo longe, eu sei que você vai ser o
melhor pai do mundo.

Sorrio, vendo-o engolir em seco e me dar um leve aperto.


Eu odeio despedidas.

Confesso que achei mais difícil do que pensei que seria. Tive uma
pequena festa de despedida de professores e amigos da faculdade.

Seguro as malas olhando Natalia morder o lábio e afagar meu peito.

— Vai esquecer de mim, Rocco. — Diz baixo e seguro em seu queixo,


apertando-o levemente. — E sentirei sua falta, até dessa sua mania
irritante de apertar meu queixo.

Sorrio, encostando a testa sua.

Não era perdidamente apaixonado por Natalia e sei que ela também
não é por mim, mas vivemos momentos inesquecíveis, lembranças que não
vão se apagar tão cedo da nossa mente.

— Até um dia, garota dos cabelos de fogo. — Beijo sua boca


capturando a sensação, guardando-a na mente.

Fito John com os dedos entrelaçados aos de Fernanda, a barriga de


quase três meses já marcando o vestido florido e solto.

— Cuide desse idiota por mim. — A abraço apertado enquanto sorrio


a olhando e afago sua barriga. — E desse mini Jonathan.

— Vamos sentir saudades, Rocco. — Ri de lado.

John se aproxima, aperta minha mão e me dá um abraço apertado.


Olho a caixinha em sua mão esquerda quando ele me entrega em silêncio.

— Abre. — Aponta com o queixo e sorrio.

Desfaço o laço delicado e franzo o cenho. Coloco os dedos, pegando o


par de sapatinhos cor de rosa.

Fito-o com o engasgo na garganta o olhando sorrir de lado.


— É uma mini Fernanda. — Meu amigo diz baixo, abraçando a noiva.

— Nossa princesinha Manuella. — Suspira me olhando.

— Manuella. — Repito o nome rindo. — Pequena Manuella.

— Boa viagem, irmão. — Solta um pigarro e assinto. — Sabe que


nossa casa sempre estará de portas abertas para você, Rocco.

— Eu sei, obrigado.

Volto a abraçá-lo e meus pais se despedem deles também. Natalia


acena com a ponta dos dedos e imito seu gesto.

— Mande notícias da pequena. — Pisco o abraçando e ele assente


levemente. — É minha sobrinha.

É como se fosse.

O elo que me ligava a John é forte demais.

Seguro a mala, arrastando-a até o embarque, dando uma última


olhada para trás, vendo-os acenarem enquanto sorrio.

Até um dia.
— Está me ouvindo, Manu?

Tiro os olhos do celular, onde vagava pelo feed do Instagram e encaro


meu pai a minha frente, depositando a xícara na mesa devagar. Engulo em
seco e suspiro.

— Claro que ela não está ouvindo, Jonathan. Não consegue largar o
celular nem na hora de tomar o café da manhã. — Bloqueio o aparelho e
coloco sobre a mesa, olhando minha mãe com um sorriso de canto.

— É o meu trabalho também, mamãe. — Me olha levando uma porção


de salada de frutas a boca. — O que estava falando, papai?

— Sobre meu melhor amigo que chega hoje no Rio. Aquele que
perdemos o contato por uns anos desde que ele foi para Seattle. Ele ficará
conosco até se estabilizar. — Franzo o cenho. — E vai passar o Natal com a
gente.

Me esqueci completamente disso. Ótimo.

Parece até piada, já que papai está falando disso há semanas, mas eu
sequer estava prestando atenção no assunto.
— Que maravilha. — Sorvo um gole do suco de melancia e pela borda
do corpo vejo meu irmão rir zombeteiro, provavelmente pensando o mesmo
que eu: QUE CHATICE.

A noite de Natal é meu aniversário e teremos visita de um completo


desconhecido para mim. Perfeito.

— Ele vai ficar muito tempo? — Meu pai me olha e sorrio balançando
a cabeça. — Só para saber, paizinho.

— O tempo que ele precisar. E eu que insisti para Rocco ficar aqui.
Fomos muito amigos na faculdade, mesmo ele sendo uns anos mais novo
que eu.

— O sorriso se expande e suspira. — Retomamos o contato


novamente. Éramos como irmãos na faculdade.

— Rocco e seu pai eram inseparáveis na faculdade. — Mamãe sorri,


colocando o garfo sobre o prato.

— Ele era o terror das gatinhas como o senhor, papai? — Indago,


vendo-o sorrir.

Ele me encara dando uma risada baixa e o acompanho. Conhecemos


muito bem o histórico de papai na época de faculdade e mesmo tendo se
relacionado com mamãe logo após, ainda tinha um longo currículo de
conquistas.

— Não tanto. Rocco era mais fechado, mas não deixava de ser
mulherengo. — Mamãe responde, arqueando a sobrancelha.

— Ele era mais sério e eu que o arrastava para as noitadas, até


conhecer você e sossegar não é, meu amor? — Meu pai segura em sua mão,
dá um beijo e ela sorri.

— Ah, o amor! — Eu e Felipe falamos juntos e rimos.


Nossos pais estão juntos desde a época da faculdade e não
desgrudaram mais. Sim, mamãe engravidou no começo do namoro e da
faculdade. Mas mesmo após vinte e dois anos de casados, ainda continuam
o mesmo casal apaixonada de antes. Eu admiro o relacionamento e a
cumplicidade dos dois.

Acho que só pensaria em me casar um dia se for para ter algo como
eles têm.

— Vamos preparar um jantar especial para o Rocco. Ele deve chegar


umas 20:00h e quero você aqui para recebê-lo. — Me ergo e assinto,
beijando meu pai.

— Contratei um buffet para preparar o jantar. Ele tem preferência de


algo, amor? Me lembro apenas de comermos salgadinhos e beber cerveja.

Já não estou mais aguentando falar sobre esse Rocco.

— Tenho uma confraternização da faculdade e farei o possível para


chegar mais cedo.

— Manuella. — Papai fala em tom de advertência, me olhando.

— Eu farei o possível, papai. Prometo. Estou curiosa para conhecer


seu parceiro de aventuras na faculdade. — Beijo mamãe rindo.

Não estou não. — Quase falo, mas sorrio, me despedindo dos meus
pais.

Conheço quase todos os amigos do meu pai e são sempre a mesma


coisa: homens chatos, sérios e que só falam em trabalho e fumam charutos.
Meu pai quase se enquadra nesse quesito, mas é mais alegre, simpático e
completamente vaidoso.

Diretor do hospital que pertence a nossa família há anos, papai é


centrado e um dos melhores neurocirurgiões do Brasil. Aos 44 anos,
Jonathan Monteiro é sinônimo de respeito e prestígio. E eu, como um dos
herdeiros, estou seguindo os mesmos passos para dar continuidade. Estou
cursando o segundo período de medicina.

Me dedico ao máximo por isso, mas não tanto quanto mamãe acha
necessário. Para ela, eu tenho que me dedicar 100% na faculdade e saber o
quanto nosso nome é respeitado para poder ficar perdendo tempo.

Mas a perda de tempo em que a grande obstetra Fernanda Monteiro se


refere, é o meu trabalho como influencer digital. Não é algo tão grandioso,
mas consigo com meus mais de trezentos mil seguidores campanhas de
publicidade e Jobs.

Não quero ser conhecida apenas por ser herdeira e filha de grandes
médicos. Eu tenho meu próprio dinheiro e uma certa independência
financeira. Medicina é a minha paixão, assim como a dos mais pais e dos
meus avós, mas para mamãe tinha que ser mais. Muito mais.

— Me dá uma carona? — Me viro e assinto, abrindo a porta do carro


enquanto meu irmão se aproxima e joga a mochila no banco de trás.

— Claro. Pode me dar cobertura mais tarde? Tem a festa da Pamela e


não queria deixar de ir para recepcionar um dos amigos do papai. — Bufo,
me sentando e puxando o cinto de segurança. — E aquelas reuniões chatas
com conversas que dão sono.

Felipe me encara de cenho franzido.

Meu irmão mais novo é meu cúmplice em várias aventuras e sempre


cobrimos um ao outro quando é necessário.

— Eu te dei cobertura da última vez que teve aquele jantar que você
chegou atrasado porque "estava estudando na casa do Rodrigo". — Faço
aspas e ele semicerra os olhos. Você Uma mão lava a outra Fê, e aí?

— Quer que eu diga o que?


— Eu te mando uma mensagem. Te amo, irmão. — Pisco, dando
partida no carro e saindo da garagem do condomínio.

Moramos em um bairro nobre em um dos condomínios exclusivos no


Leblon. O residencial é bastante requintado e tem um esquema de
segurança reforçado com cancelas, vigilantes e câmeras de monitoramento.
Sim, quase uma prisão.

Mas isso não me prende de nenhum modo. Eu amo as noites badaladas


e até alguns bailes funks. Adoro sair, beber e dançar.

Sou porra louca, mas também sou dedicada.

Com a chegada das festas de fim de ano, a faculdade já entrou de férias


e estou apenas entregando alguns trabalhos. A confraternização da nossa
turma vai ser em um clube privado que eu jamais perderia só para ficar
presa em um jantar para um desconhecido.

E mesmo sabendo que papai ficaria uma fera, não posso adiar, me
desculpo depois.

— O tal Rocco vem sozinho ou com alguma daquelas mulheres


insuportáveis que falam de viagens chatas, comida fresca e dieta? —
Pergunto e meu irmão tira a atenção do celular para me olhar.

— Mamãe falou que ele é divorciado. — Felipe ri, estalando a língua.

— Assim fica quieto e vai embora rápido.

— Você já está implicando e nem conhece ele, Manu.

Dou de ombros rindo e ele balança a cabeça me olhando.

— Ele tem quantos anos mesmo? — Indago após uma pausa em


silencio.

— Quarenta e dois. Ele é dois anos mais novo que o papai.


— Hum. — Murmuro, dando pouca importância para o fato, batendo
com os dedos no volante. — Acha que ele vai trabalhar no hospital? Não
lembro se papai falou algo.

— Ele falou, mas você estava área, como sempre. Vai sim, ele é
cardiologista e vai começar depois das festas de fim de ano. — Felipe dá
um risinho baixo que o faz ficar ainda mais parecido com nossa mãe.

— Já viu alguma foto dele?

— Por que está interessado no doutor Rocco?

Quase bato o carro, dando uma freada brusca e ouvindo a gargalhada


espalhafatosa do moleque insolente.

— Bebeu gasolina no café da manhã, João Felipe? — Digo e ele fica


me olhando.

— Estou te zoando. Imagina você afim de um cara que tem idade de


ser seu pai? — Revira os olhos.

— É amigo do papai. — Digo o óbvio e ele assente. — Credo.

— Deve ser calvo e cheirar a charuto. — Ele ri e gargalho.

— Os estudos devem estar afetando seu cérebro. — O empurro rindo,


vendo-o pegar a mochila.

Balanço a cabeça, parando o carro em frente ao prédio da sua escola.

— Boa aula, nos vemos mais tarde. — Ele abre a porta do carro. —
Não esquece de me cobrir. Te amo.

— Também, maninha. — Jogo um beijo, coloco os óculos de sol e dou


partida na Land Rover.

Aperto o volante entre os dedos, suspirando pesadamente. Meu


aniversário é daqui a duas semanas e mesmo sendo na noite de Natal, nunca
deixei de ser o centro das atenções, e eu amo isso.

Olho para o celular e vejo que tem uma mensagem de Thales. Reviro
os olhos, dando um riso baixo. Thales foi meu primeiro namorado e meu
primeiro homem, tivemos uma relação de três anos e foi muito bom
enquanto durou, até que percebemos que estávamos sendo mais amigos do
que namorados, então terminamos.

Sem rancor, sem absolutamente nada que atrapalhasse a gente de ter


uma boa relação de amizade. Ele é filho de um dos amigos do meu pai e
ainda mantemos o mesmo ciclo de amizades.

Faz três meses do nosso término e admito que estou gostando dessa
liberdade.

Dizem que o primeiro amor é aquele que te faz querer casar e conhecer
o mundo, mas talvez, nós tenhamos que ser apenas bons amigos.

Não que eu não queira viver isso, pois eu quero muito, mas acho que
você sente quando é essa pessoa. Seus destinos se cruzam e você sente.

E eu nunca senti. Até agora, claro. Eu só tenho 21 anos e ainda tenho


muita coisa pela frente.

Estou bem assim.

Balanço a cabeça quando a voz de Felipe ecoa na minha mente.

"— Por quê? Ficou interessada no doutor Rocco?"

Gargalho internamente e ligo o som do carro.

— Seria hilário, se não fosse terrível.

Mordo o lábio, sentindo a brisa do mar


balançar as mechas do meu cabelo. Nunca me cansaria de olhar para essa
paisagem incrível. A vontade de descer e andar pelo calçadão me toma, mas
me contenho, por enquanto.
Minha faculdade não fica tão distante assim e eu consigo apreciar a
bela vista.

— Eu 'to na brisa
E nada me abala, que delícia
E hoje eu 'to de boa, 'to na brisa
E nada me abala, que delícia
E assim eu canto

Cantarolo Iza, dirigindo animadamente, apertando o volante entre os


dedos.

— Yeah, yeah, yeah, yeah


Se joga nessa brisa até o dia amanhecer
Yeah, yeah, yeah, yeah
Se joga nessa brisa até o dia amanhecer

Desço do carro alguns minutos depois, agradecendo o trânsito


tranquilo. O campus da faculdade está um pouco vazio por causa das férias
e sorrio, acenando quando vejo Júlia correndo em minha direção.

— Já trouxe toda sua roupa? — Balança os cabelos cacheados,


mordendo o lábio.

— Tudo. Felipe vai me dar cobertura, porque um amigo do meu pai


está chegando de viagem e vai ficar hospedado na minha casa, acredita?

— Coitada de você. — Franze o cenho e sorrio. — Com todo respeito,


Manu, mas ele é gato igual ao seu pai?

Ela sorri e morde o polegar.

Sei muito bem que meu pai é o motivo dos delírios das minhas amigas
que o apelidaram de sugar daddy sem nenhum problema, mas o alívio é
saber que ele jamais olhou para nenhuma delas com segundas intenções.
— Com todo respeito. — Ergue os braços.

— Deixe de ser idiota. Não o conheço, mas ele deve ser mais um
daqueles médicos insuportáveis. — Estalo a língua.

— Imagino. — Julia segura em meus ombros, ficando a cara a cara


comigo. — Você não vai acreditar quem está de olho em você.

Franzo o cenho e espero que ela fale.

— O Davi.

— Davi? Que Davi?

Os cílios exagerados de Julia batem e sorrio quando ela aponta para


frente, onde uma moto estaciona e o rapaz de cabelos negros desce
segurando o capacete.

Não é de hoje que trocamos olhares, mas sempre foi apenas isso. Não
me relacionei mais após o término e acho que nem estou pronta para isso.
Julia morde o lábio, acenando para Davi enquanto ele vem em nossa
direção com um sorriso preguiçoso.

— Bom dia. — Cumprimenta, mordendo o lábio e me olhando.

— Bom dia. — Eu e Júlia falamos juntas.

— Vai a festa da Pâmela, Manu? — Pergunta e assinto.

— Claro, e você?

— Não queria, mas acho que encontrei um motivo para ir. — Sorri e
vejo quando ele me olha de cima a baixo. — Nos vemos lá?

— Com certeza.

Vejo seu sorriso se expandir e ele se aproxima, me dando um rápido


beijo na bochecha. O cheiro de hortelã exala e ele se afasta passando as
mãos nos cabelos.

— Ai Deus, ele está tão na sua. — Júlia balança as mãos rindo. —


Você vai beijar muito a boca dele hoje, para tirar essa teia de aranha que
está entre as suas pernas desde que você e o soca fofo do Thales
terminaram.

— Ana Júlia! — Repreendo, ajeitando a bolsa no ombro.

— Ah! Sério, Manu, você precisa de um pegador master. Daqueles


que te devoram de dentro para fora apenas com o olhar. — Enlaça o braço
ao meu e saímos caminhando lado a lado. — Você precisa de um sexo
quente. Um macho alfa.

Pelo falar de Júlia, quem ver acha que tem uma vida sexual ativa.

— E esse fodedor master é o Davi? — Ela assente.

— Sim. Sinto que ele vai te deixar desnorteada.

Júlia sabe mais da minha vida do que eu mesma, e ela sabe que eu e
Thales na cama éramos... Normais. Fomos o primeiro um do outro, tudo
que fizemos na cama foi o que aprendemos um com o outro.

Ou seja, quase nada.

— Você é uma tremenda de uma gostosa, Manu. Os homens babam


pelo seu corpo e sua bunda. E seus peitos. — Para mordendo o lábio e ajeita
meu cabelo. — Uma gostosa.

— O jeito que você me coloca para cima é ótimo.

E realmente é mesmo.

Me considero uma falsa magra. Minha cintura fina faz meus quadris
parecerem um pouco maiores. Meus seios são de tamanho médio, o que
deixa meu corpo estilo violão.
Os treinos na academia me ajudam a ficar em forma, mas não sou tão
focada em dietas e nem me dedico como deveria. Estou bem comigo
mesma.

Mas sou completamente diferente de Júlia, com suas pernas torneadas


e sua bunda empinada e os cabelos negros em cachos perfeitos. É uma preta
linda e faz muito sucesso na faculdade, de deixar homens babando aos seus
pés.

— Você não tem hora para chegar em casa, Manu. Vamos aproveitar
que estamos livres da faculdade por uma meses! — Ergue os braços. —
Serão férias inesquecíveis.

— Espero que sim. — Franzo o cenho e rio.

Olho para o céu sorrindo, sendo puxada pelo campus por minha
melhor amiga.
Fica tranquila. O voo do doutor Rocco atrasou e ele só vai chegar
pela manhã.

Leio a mensagem de Felipe e deixo escapar um sorriso de alívio. Me


afasto da multidão enquanto digito rapidamente.

Papai está uma fera por eu não está aí?

Mordo o lábio, apertando a taça de drink enquanto meu irmão digita a


resposta. Sorrio vendo Júlia dançar com um grupo de amigos e acenar em
minha direção. Aponto para o celular, mandando-a esperar e a mensagem de
Felipe chega.

"Você consegue dobrar o doutor Jonathan. Não volte tarde. Está me


devendo uma, irmã mais velha.

"Eu te recompenso depois. Obrigada maninho, te amo."

É a resposta que envio antes de ver que a porcentagem do meu celular


está baixíssima, com apenas 15% de bateria. Meu carregador está dentro do
meu carro, mas o deixei na casa de Júlia, onde nos arrumamos e viemos
de Uber. Viemos para beber e jamais ia arriscar sair por aí após ter ingerido
bebidas alcoólicas.

Coloco o aparelho na pequena bolsa e sigo para dentro do clube


novamente. Os dois andares do Holand House estão lotados. Um dos clubes
mais bem frequentados do Leblon.

A música alta e animada toca, fazendo as pessoas dançarem


animadamente. Ana Júlia vem em minha direção com um sorriso largo, se
equilibrando nos saltos altos.

— E aí? O velhote chegou?

— Graças a Deus só vai chegar pela manhã. Minha barra está limpa,
por enquanto. — Estendo a taça, batendo na sua em um brinde, aos risos.

— Menos mal. — Júlia suspira. — Agora vamos aproveitar, garota, a


noite é uma criança!

Ergue seu copo rindo alto enquanto me puxa para o meio da multidão,
ainda aos risos e balançando os quadris animadamente.

Não sou uma exímia dançarina, mas me envolvo na batida das


músicas, mesmo sendo sem letras, como muitos falavam, são maravilhosas
para dançar e eu adoro.

Não é sempre que estamos em festas pela correria da faculdade e dos


trabalhos, mas sempre que podemos saímos, e nada melhor que
uma rave para desocupar a mente.

Júlia dança rebolando e tento acompanhar o pique da minha melhor


amiga. Obviamente sinto alguns olhares em nossa direção e balanço a
cabeça, mordendo o lábio devagar.

— Vou pegar uma bebida. — Grito para Júlia por cima da música alta
e ela assente com o polegar.
Me aproximo do bar, percebendo que o clube fica mais cheio a cada
minuto que passa.

— Deus! — Sorrio, me aproximando do bar com as mãos apoiadas no


balcão.

O barman me encara e mordo o lábio, vendo-o arquear a sobrancelha e


abrir um largo sorriso.

— Posso te servir algo? — semicerra os olhos e assinto.

— Pode, uma gin tônica. — Tamborilo os dedos no balcão suspirando


e me viro quando uma mão espalma em minha cintura e me puxa.

— Está me ignorando, Manu? — Thales pergunta quando me solto


com brusquidão.

— Como adivinhou? For Falo o óbvio e ele semicerra os olhos,


cruzando os braços.

— Está linda. — Segura em meu queixo e tiro sua mão, fazendo-o rir.
— Sempre foi.

— O que está fazendo aqui? — Indago e me viro para pegar o copo


com a bebida. O barman me encara e sorrio. — Obrigada... — Dou uma
pausa, lendo seu nome no crachá preso na sua camisa justa e preta. —
Daniel.

— Está flertando com o barman na minha cara, Manuella?

— Não estamos mais juntos esqueceu? — Levo o canudo aos lábios e


sorvo um gole.

— Como vou esquecer, se depois disso eu parei de existir. — Coloca a


mão no peito e sorrio.

— Idiota. — Balanço a cabeça gargalhando.


Realmente o nosso término foi uma das melhores coisas que
poderíamos ter feito por nós mesmos. Vivemos bons momentos e Thales
sempre será uma pessoa especial para mim.

— Eca. — Júlia franze o nariz na direção dele e me olha. — Por que


ele está aqui?

— Vim me divertir. — Abre os braços, dando seu sorriso canalha. —


Pode perguntar diretamente para mim, Ana Júlia.

— Não falo língua de idiotas. — Pisca para mim e ajeita os cabelos


soltos. — Babacão.

— Você é um doce, Júlia. — A encara sorrindo e ela o olha. — De


limão!

Ela estira o dedo do meio em sua direção.

— Parece até que você tem cinco anos. — Olho para os dois enquanto
rio.

Thales se aproxima e me dá um beijo no canto dos lábios.

— Vou andar por aí. Qualquer coisa é só gritar que venho correndo. —
Sussurra em meu ouvido e nego com a cabeça.

— Sai. — O empurro rindo e ele joga um beijo. — Se cuida.

— Você também. — Junta os dois dedos como se fizesse uma


continência e sai.

— Tapado. — Júlia dispara, segurando a taça nas mãos, bebendo e me


olhando. — Como você aguentou o Thales por tanto tempo?

— Deixe de implicância. Somos bons amigos agora. — Falo, mexendo


o canudo no copo.
— Deixa esse soca fofo para lá. — Júlia pega o celular. — Vamos tirar
foto e aproveitar o momento, pelo amor de Deus!

— Você que está reclamando, sua rabugenta. — Franzo o nariz, vendo-


a erguer o celular.

Me ajeito rapidamente e tiramos algumas selfies juntas, uma das coisas


que mais amamos.

Júlia se tornou mais que minha melhor amiga, ela é minha irmã e
confidente. Sempre estivemos juntas em todas as situações possíveis desde
o ensino médio, onde nos tornamos inseparáveis.

Ela acompanhou de perto o começo da minha relação com Thales e os


dois desde que se conheceram sempre se provocaram dessa forma.

— Eu amo essa música! — Seguro em sua mão rindo quando os


acordes de Lose Control começam a soar pelo clube.

As luzes piscam ao embalo da música e praticamente todos se jogam


nas batidas envolvente. Rio com Júlia enquanto dançamos animadamente,
mexendo os quadris e bebericando a bebida rapidamente.

A fumaça envolve e tudo vira loucura de sensações.

Um gosto de liberdade que nos faz rir atoa.

Tiramos mais fotos, gravamos alguns stories para postar e voltamos


para beber outro drink e mais uma caipirinha de manga com amoras que
está completamente divina.

A maquiagem continua impecável quando entro no banheiro e ajeito os


cabelos, soltando algumas mexas do penteado. Ajeito o blazer curto que
coloquei para compor o look.
Estava usando um Body rendado e um short preto.

Optei por calçar um coturno que me deixa confortável para dançar.


— Deus. — Júlia sorri para o espelho. — Estou loucona.

— Estou vendo.

— Vamos! — Observo-a dançar e sinto o aparelho vibrar em minha


bolsa.

O nome de Felipe surge na tela quase completamente apagada pela


pouca bateria.

Deslizo a tela e coloco sobre o ouvido.

— Manu? — Coloco um dedo no ouvido, tentando ouvi-lo por cima do


barulho alto da música.

— Feh?

— Manu o... chegou... o papai... — A voz entrecortada me impede de


ouvir a frase completa. — Está... chegando... ou...

— Não consigo entender nada, Felipe. — Grito, me afastando e


ouvindo apenas meu irmão falar do outro lado.

— .... Chegou aqui... Está... E você...

— Felipe? Felipe? — Olho para a tela e vejo aparelho desligar


completamente.

Descarregou, que maravilha.

— Era o Felipe? — Júlia se aproxima e assinto. — O que ele queria?

— Não faço ideia. Descarregou.

— Liga do meu. — Estende o aparelho, mas paramos de imediato ao


ver o monumento de cabelos castanhos e olhos negros vindo em nossa
direção. — Ele veio.
Ouço Júlia sussurrar e observo Davi se aproximar junto com um
amigo.

O sorriso de lado se expande e o encaro.

Está com uma camisa preta colada ao corpo e uma calça jeans clara
destacando as coxas musculosas. Ele tem um corpo incrível. Nem tão
grande e nem tão magro. Não que isso fosse um problema, pois é o de
menos para mim.

Ele passa os dedos pelos cabelos, mordendo o lábio assim que para a
nossa frente.

— Meninas. — Cumprimenta, fixando os olhos aos meus e me dando


um rápido beijo na bochecha. — Você está linda.

— Achei que não viria.

— E perder de te ver? — Sorri com os olhos fixos aos meus.

Júlia balança a cabeça e cumprimenta o amigo dele, fazendo o mesmo


com Davi, que enlaça minha cintura e me deixa tão próxima que o perfume
me invade de imediato.

Nosso flerte é algo que vem de alguns meses. Mesmo fazendo cursos
diferentes, estudamos na mesma faculdade e estamos sempre no mesmo
círculo de amizades.

— Quer beber alguma coisa?

— Claro. — Júlia sorri encarando o rapaz e pisca para mim. — Vamos


ali.

Assinto, jogando um beijo em sua direção e ela se aproxima para


sussurrar em meu ouvido.

— Se você não beijar essa boca, eu te jogo do uber.


Ameaça e escondo um sorriso, balançando levemente a cabeça.

Sinto os dedos de Davi se entrelaçarem aos meus enquanto vamos para


um lugar mais afastado da multidão. O som alto ainda nos segue até o
segundo andar, onde temos uma visão privilegiada de todo o local.

Mordo o lábio, vendo-o sorrir enquanto cumprimento algumas colegas


de turma.

Semicerro os olhos, vendo-o se aproximar do pilar onde estou


encostada. Mesmo sendo alto, não chegava a tanto, mas poderia falar com
toda convicção que Davi Godoy é um escândalo.

Mas mesmo sendo incrivelmente sexy e gostoso, não me causa o frio


na barriga e a eletricidade que eu esperava sentir.

— Você e Thales terminaram mesmo? — Pergunta sério.

Arqueio a sobrancelha o olhando.

— Claro. Não estaria aqui com você se não estivesse solteira, Davi.

O sorriso que escapa dos seus lábios é um misto de alívio.

— Por quê?

— Me sinto um filho da puta por fazer isso, mas esperei muito para
isso acontecer.

— Estar aqui comigo? — Pergunto, vendo-o passar a língua nos


lábios, umedecendo-os.

— Também. Mas estou falando de te ver solteira.

Sorrio, sentindo a boca capturar meus lábios com uma gana intensa, os
dedos se enfiando entre meus cabelos, aprofundando o contato e fazendo
nossas línguas se encostarem.
É uma combustão intensa entre nossas bocas, línguas e lábios juntos.

O que deveria ser apenas uma festa de fim de semestre de algumas


horas, se tornou uma loucura de alunos pulando na piscina do clube com
roupa e tudo. Sequer me lembrei de ligar para meu irmão e avisar que ia
chegar mais tarde do que pensei.

Mas o que poderia acontecer?

Vão estar todos dormindo quando eu chegar em casa. Mesmo sabendo


que os seguranças podem avisar ao meu pai.

Estou completamente ensopada, com a roupa grudada em meu corpo


como uma segunda pele. Davi me jogou na piscina e Júlia também não foi
poupada por Mateus.

Curtimos mais ainda juntos, sem nos desgrudar nenhum segundo após
sua chegada. Nos beijamos com loucura e dançamos ao som de todos os
tipos de música que foi tocado pelo DJ.

— Vou te levar. Você leva a Júlia? — Fala com Mateus, apontando


com o queixo para minha amiga abraçando os próprios braços, com o
queixo tremendo de frio.

Eu não fico atrás também.

— Claro. — Mateus sorri, olhando-a.

— Você se importa de não irmos juntas? — A abraço e ela nega rindo.


— Jamais. Acho que eu e o gatinho vamos errar o caminho de casa.
Faz isso também, boba. — Me abraça trêmula.

— Cretina. — Rebato e beijo sua bochecha. — Te amo.

Ri enquanto se afasta.

Meus cabelos estão molhados e não quero nem ver o estado que está
meu rosto. Provavelmente com a maquiagem completamente borrada.

Me aproximo da moto e Davi me entrega o capacete.

— Não coloquei uma gota de álcool na boca. — Avisa e assinto.

Realmente não colocou.

Eu e Júlia tomamos alguns drinks com álcool e não me considerava


estar bêbada, um pouco alta apenas.

Subo na moto assim que ele se senta e agarro sua cintura, vendo-o
sorrir enquanto da partida, acelerando e saindo em disparado pela estrada
tranquila por causa do horário.

Sei que são muito mais das três da manhã.

O frio faz minha pele se arrepiar e a roupa molhada apenas intensifica


o frio que faz meu queixo tremer e os dentes baterem. Sorrio, sentindo a
mão espalmar em minha perna e dar um leve aperto na mesma.

Ao contrário do que Júlia achou que eu faria, cruzamos os portões do


condomínio menos de vinte minutos depois. Desço da moto, olhando Davi
me fitar de cima a baixo.

Sei que o frio não fez apenas minha pele se arrepiar e provavelmente o
bico dos meus seios estão marcados.
— Está entregue. — Desce da moto e segura em minha cintura. —
Certeza que não quer ir comigo?

Espalmo a mão em seu peito. A camisa também molhada grudada ao


corpo, revelando os gomos do seu abdômen.

— Teremos mais oportunidades. — Sussurro e dou um leve sorriso.

Posso ouvir a voz de Júlia ao meu lado, como se estivesse aqui nesse
exato momento.

"Não acredito que você vai dispensar uma noite de sexo quente para
dormir sozinha, Manuella!"

É, realmente eu estou fazendo isso.

Não que eu ache que tenha algum problema transar no primeiro


encontro, mesmo não sendo um oficial e mesmo Davi sendo um homem
incrível, não acho que eu esteja tão afim de ir para cama com ele agora,
nesse exato momento.

Tive apenas um parceiro de cama e isso me deixa um pouco insegura.


Que droga.

— Eu te ligo e aí podemos sair. Só nós dois. — Segura em meus dedos


e assinto.

— Claro.

Segura o capacete e o olho prestes a subir na moto, mas ele para se


afasta da moto e vem em minha direção, tomando minha boca em um beijo
intenso, me deixando quase sem fôlego por causa da intensidade.

— Até daqui a pouco.

Mordo o lábio, vendo-o sair acelerando e sumindo em segundos da


minha vista.
Passo os dedos pela boca, sentindo a ardência e passo a língua devagar.

Loucura.

Subo os degraus, coloco a digital na fechadura, que abre rapidamente e


tiro os saltos, vendo a enorme sala de estar vazia. Todos dormindo. Ótimo.

Minha roupa ainda está úmida e faz a minha pele se arrepiar de frio.
Levo as sandálias nas mãos, indo até a cozinha em passos em lentos e passo
para a área de serviço, deixando-os no cantinho.

Semicerro os olhos, abro a geladeira e pego uma garrafa de suco,


colocando na ilha.

Não estou com fome, mas estou tentando não ir dormir de barriga
vazia. Posso sentir o álcool subindo para a cabeça, me deixando um pouco
tonta.

— Que maravilha. — Guardo a garrafa na geladeira novamente e sigo


para as escadas.

Já pensei algumas vezes em ter o meu próprio apartamento e


privacidade. Não que meus pais impeçam ou me proíbem de sair, só não me
acho preparada para esse passo no momento.

Subo os degraus da escada de vidro, que nesse momento está me


deixando mais tonta do que pensei que ficaria. A casa tem três andares e por
sorte meu quarto fica no segundo andar, assim como o do meu irmão e o de
hóspedes.

O quarto dos meus pais é no terceiro andar, assim como o cinema e o


escritório.

Franzo o cenho andando pelo corredor, vendo meu estado deplorável


no enorme espelho.

— Deus, preciso anotar a placa do carro que me atropelou.


Meus cabelos úmidos estão grudados no meu rosto, mas pelo menos a
maquiagem ainda está intacta.

Vou em direção ao meu quarto e paro quando vejo a luz do quarto de


hóspedes acesa.

O que Felipe está fazendo ali?

Porque é óbvio que só pode ser meu irmão, que ocupa o quarto de
hóspedes por pura vontade quando quer.

Pisco devagar, segurando a maçaneta da porta e abrindo-a em um


solavanco para dar um susto no garoto.

— Você não vai acreditar quem me trou...

Mas as palavras e meu sorriso se desfaz de imediato.

Encaro o par de olhos que se fixam em mim como um imã me


puxando. Tem uma cara de mau coberta por uma barba cheia. Mas não foi o
cenho franzido nem os cabelos desgrenhados que me paralisaram, e sim a
toalha presa em sua cintura, sendo a única coisa que cobre o corpo grande e
repleto de músculos. As gotículas de água descem pelo rosto e pelo
abdômen musculoso.

Entrei na porra da casa errada?

Não devia, mas continuei o encarando. Um tremor me invadiu, um


arrepio insano percorreu todo meu corpo e abri a boca, fechando-a em
seguida quando ele piscou algumas vezes, fazendo parecer mais intimidador
do que já é.

— Manuella?

O timbre da voz rouca me tirou dos devaneios e voltei a encará-lo.

Olho no olho.
Engulo o bolo formado na garganta e só então me dou conta que ainda
seguro a maçaneta.

Minha respiração falhou.

Posso ouvir as batidas socando meu peito e a garganta parece se


fechar, incapaz de pronunciar qualquer palavra, por menor que fosse.

Só então me dou conta da bagunça de malas que está pelo quarto.

— Vo...você... — Gaguejo, franzido o cenho e vendo seu semblante


fechado, fazendo uma ruga entre as sobrancelhas surgir. — Quem é você?

Foi a única frase que conseguiu sair da minha boca. Não sei se pelo
álcool ou pelo efeito que estou sentindo se espalhar por todo meu corpo,
sob o par de olhos e da presença desse estranho em minha casa.

A não ser que...

Franzo o cenho.

Ele me encara.

Engulo em seco.

Não.

Um arrepio toma meu corpo com mais intensidade quando ele diz seu
nome em alto e bom som.

— Rocco Maldonado.
O pequeno corpo se move, ainda me encarando, como se processasse o
que está acontecendo.

Porra, nem eu sei o que diabos está acontecendo ao certo.

Os cabelos estão úmidos, assim como as roupas que mal cobrem seu
corpo, grudadas como uma segunda pele, fazendo o tecido abraçar suas
curvas, realçando o que deveria estar escondendo.

Ela é linda.

— Me desculpe. Eu... — Balança a cabeça e volta a me encarar com


olhos curiosos e atentos descendo pelo meu corpo. — Você é...

Arqueio a sobrancelha em sua direção. Seu rosto ganha uma tonalidade


avermelhada quando para na minha cintura e eu sigo seu olhar, me dando
conta da toalha enrolada em meus quadris.

— Você... — Repete e tento ao máximo não fixar o olhar no seu


novamente.
Eu prefiro arrancar um braço do que deixá-la perceber o quanto os
olhos curiosos me afetaram de uma maneira que me incendiou por inteiro.

Foram alguns segundos de admiração antes da ficha de quem está na


minha frente cair.

Manuella Monteiro, a filha do meu melhor amigo.

Franzo o cenho, juntando o resto de autocontrole que tirei do inferno


para ficar de cara fechada e fixar o olhar ao seu. A pequena garota ergue o
queixo imitando meu gesto e eu puxo o ar.

— Você sempre entra no quarto de visitas sem bater ou verificar se tem


alguém dentro dele? — Sou rude, não contendo a grosseria que soa na
minha voz e postura.

— Você sempre fi-fica seminu no quarto de visita da casa dos outros?

Ergue o nariz empinado.

A voz trôpega denúncia o que eu já estava desconfiado.

— Está bêbada? — Indago e ela ri, respondendo à pergunta sem falar


uma palavra sequer.

Ajeita o short nas pernas grossas e eu desço os olhos pela mesma, me


recriminando no exato momento em que ela me olha balançando a cabeça.

Mas que porra está acontecendo comigo?

— Não interessa ao se-senhor. — Fala baixo e engole em seco. —


Estou em minha casa, a visita aqui é você!

Então, da mesma maneira que o pequeno furacão entrou, saiu deixando


o rastro do cheiro do perfume e da bebida inebriando o ambiente.

Passo as mãos pelos cabelos, tentando acalmar as batidas frenéticas do


meu coração socando o peito. Coloco as mãos na cintura, olhando o enorme
quarto ainda com as bagunças das malas, as únicas coisas que trouxe de
volta comigo.

Por insistência de John, aceitei o convite de ficar em sua casa até meu
novo apartamento ficar pronto, me senti invadindo seu espaço e receoso em
aceitar.

Não pelo tempo que passamos sem nos falar, que dos 22 anos que
passei fora, 10 deles não nos falando. Mas não foram intencionalmente,
queria ter estado em todos os momentos de sua vida e mesmo longe
acompanhei e vibrei de felicidade no nascimento de sua primeira filha.

Manuella.

A garotinha sorridente de cabelos lisos que ele mandava as fotos, não


parece nem com o rastro da mulher que invadiu o quarto, me encarando
como a porra de uma ninfa.

Uma mulher completa.

Porra.

Estou me sentindo um pedófilo.

Exagerado, eu sei. Ou não.

A voz do meu amigo me vem à mente, me lembrando que ele está a


alguns metros de distância e me sinto ligeiramente incomodado. Fecho os
olhos e balanço a cabeça.

Estar de volta a cidade depois de duas décadas me trouxe lembranças,


sonhos e vontades perdidas que deixei aqui na época. Coisas que não
voltariam nunca mais. O médico de 42 anos não se parece em mais nada
com o menino de vinte anos que foi embora.

Visto uma calça de moletom e me sento na cama, passando os dedos


pelos cabelos, suspirando devagar.
Porém, se pensei que dormir apagaria da mente os olhos curiosos que
pareceram me penetrar a alma, foi mero engano. Não sei se foi o fuso
horário ou adrenalina que demorou a me desacelerar.

O atraso do voo me fez chegar mais tarde do que previ e ia direto para
um hotel passar a noite, para vim para cá depois, mas como previ, Jhon foi
me buscar no aeroporto e mistos de sensações me invadiram de imediato ao
abraçá-lo depois de tanto tempo.

Foi como se eu nunca tivesse ido.

Aliás, aqui sempre foi o meu lugar.

Desço as escadas da enorme mansão ouvindo o movimento no andar


de baixo. Sorrio quando John de pé no meio da sala.

O mesmo sorriso de anos atrás. Ainda mantém os traços da


adolescência, a não ser pelos cabelos grisalhos e as leves rugas em seu
rosto.

— Não me diga que caiu da cama? — Me encara, segurando em meu


ombro.

— Bom dia. — Balanço a cabeça. — Ainda me adaptando.

— Rocco, vamos tomar café na piscina, aproveitar o sol incrível que


está fazendo hoje. — Fernanda se aproxima do marido. — Ainda não
acredito que está aqui, depois de tantos anos. Ainda me lembro das festas da
faculdade.

— E como esquecer? — John me encara e sorrio.

— Impossível. — Sorrio, os olhando.

Fernanda ainda continua incrivelmente linda e elegante. A idade e o


tempo a fez ficar ainda mais linda.
— Vamos? Dormiu bem?

Caminhamos lado a lado, saindo para o lado de fora da mansão. A


mesa está posta ao lado da enorme piscina que rodeia a casa. Incrivelmente
linda.

— Bem até demais. — Minto.

A noite foi infernal, me mexi a noite inteira na porra da cama, sem


conseguir pregar os olhos direito. Os óculos de sol são exatamente para
esconder as olheiras.

— Bom dia. — Sorrio, vendo o filho mais novo de Jhon se sentar à


mesa.

— Oi, amor. Bom dia. — Fernanda o beija e ele me encara. — Nosso


futuro neurocirurgião. Apaixonado, assim como o pai.

Nos cumprimentamos na noite passada e é incrível o quanto parece


com Jhonantan na adolescência. Os cabelos negros, o sorriso largo e os
olhos extremamente azuis.

— Mamãe está ansiosa para te ver, então vai vir almoçar com a gente.
— John fala me olhando e sorrio.

— Que saudades da dona Mariana. — Seguro a xícara de café e me


sirvo de uma torrada.

— Ela só fala de você, morre de saudades.

— Cadê sua irmã, Felipe? — Fernanda indaga e ele nos encara.

— Deve estar dormindo, mamãe. — Toma um gole de suco e


semicerro os olhos na direção dele.

— Até essa hora? Que horas Manuella chegou, Arlete?

A senhora que traz uma bandeja com frutas sorri.


— Não vi a hora, senhora Fernanda.

— Vá acordá-la. Avise que temos visita. — John me encara. — Você


precisa ver, é uma cópia de Fernanda.

— E o seu temperamento. — Ela completa sorrindo. — Não esqueça o


quão geniosa ela consegue ser quando quer.

— Imagino. — Aperto a xícara nos dedos. — Faz medicina também,


não é?

— Sim. Vai seguir o legado da família. — Diz orgulhoso.

— Aliás, vamos ao hospital na segunda, para você se familiarizar. —


John fala, levando o garfo a boca. — Ainda temos muita coisa para pôr em
ordem. São muitas novidades.

— Muitas. — Sorrio.

— Imagino que vão passar o dia inteiro colocando isso em dia. —


Fernanda nos fita, depositando o copo com suco na mesa.

Entramos em uma conversa agradável, relembrando coisas do passado


e me deixando a par de todas as novidades. De como o hospital de sua
família cresceu e se tornou um dos principais e renomado no país.

Eu nunca duvidei disso, pelo império que já era anos atrás. Sempre
tivemos o sonho de trabalhar juntos no hospital, mesmo seguindo
especializações diferentes.

O centro cirúrgico da cardiologia me puxou de imediato e não me vejo


escolhendo outra área. Fiz a residência em um dos melhores hospital
de Seattle. Mesmo vindo de uma família estruturada, mantive meu foco em
me estabilizar e consegui.

— Felipe está em dúvida entre neurologia e cardio. Acredita, Rocco?


— Os dois lados me puxam. — O rapaz dá de ombros rindo.

— Confesso que fiquei em dúvida no começo. Mas podemos conversar


depois e te apresento as maravilhas da cardiologia. — Me apoio na cadeira,
ajeitando os óculos de sol no rosto.

— Usando a persuasão em meu filho. — John ri e balança a cabeça.

— Obstetrícia tem suas maravilhas também. — Fernanda nos encara.

— A pediatria também.

A voz fina soa atrás de mim, invadindo meu cérebro. Viro a cabeça na
direção da voz e a vejo.

Sinto a tensão varrer meu corpo e é a mesma coisa que senti de


madrugada quando entrou em meu quarto. Os cabelos estão soltos e os
óculos escuros me impedem de ver os olhos por trás das lentes.

Não sei se foi sorte ou azar estar usando um também, para que não
perceba o quanto varri seu corpo todo rapidamente. A parte de cima do
biquíni moldando os seios médios, a barriga lisa e os quadris sendo
apertados por um short curto e justo, se agarrando as curvas.

— Bom dia. — Sussurra.

— Bom dia, minha princesa. — A voz de John chega até mim e me


ajeito na cadeira no mesmo instante, vendo-a dar a volta e parar na minha
frente.

— Até que enfim se juntou a nós. — Fernanda a encara. — Depois


vamos conversar, mocinha.

— Desculpa. — Sorri docemente, beijando o pai quando ele se


levantou e a abraçou pelos ombros.

— Quero apresentar vocês dois oficialmente. — John a abraça e me


ergo, semicerrando os olhos de imediato assim que ela me olha. — Rocco,
essa é a minha garotinha.

Fixo os olhos aos seus assim que ela retira os óculos e ergue o queixo
fino.

Engulo em seco, olhando-a e sentindo a corrente elétrica passar por


meu corpo. Umedeço os lábios e suspiro.

— Manuella, esse é o Rocco, de quem tanto falei para você.

Ficamos por uns segundos nos olhando.

Óbvio que está estampado o medo de que por acaso eu fale de sua
invasão em meu quarto e do seu estado. Jhonatan sorri, olhando-a e eu
estendo a mão em sua direção.

— Prazer, Manuella. Seu pai falou muito de você. — Digo firme e a


mão pequena aperta a minha.

— O prazer é meu. Papai me falou muito de você também. — Sorri


lindamente, dando um aperto.

Parece que levei um choque. Uma descarrega de corrente elétrica


parece passar por nós dois.

— Finalmente se conheceram. — Tiro a mão da sua e nos sentamos.


— Quando Rocco foi embora, tínhamos acabado de descobrir que era você
que estava a caminho.

Confirmo levemente e não sei porquê diabos um incômodo toma meu


interior.

Levo a xícara à boca, sorvendo um gole do café, enquanto ela se senta


ao lado do irmão e serve uma taça de iogurte e granola.

— Foi uma surpresa e tanto. — Digo baixo. — Mas fiquei


extremamente feliz por vocês.
— Somos quase irmãos. — Jhonatan fala me olhando e sorrio. —
Rocco é como um tio de vocês dois.

Me remexo assim que as tossidas de Manuella ecoa.

— Desculpe. — Coloca a mão no peito. — Engasguei-me.

Felipe a encara e ela nega veemente.

— Passei tanto tempo longe... — O encaro e suspiro. — Mas saiba que


nada mudou.

— Inseparáveis. — Fernanda sorri. — Rocco, você quer um cardápio


especial? Vou mandar Arlete fazer o que quiser.

— Dou tudo por um belo prato de arroz, feijão e bife...

— Com batatas fritas? — Completa.

— Por favor. — Digo. — É tudo que eu preciso.

— Arlete irá preparar, e aquele pudim de leite que lembro que você
amava.

— Ainda amo, é minha sobremesa preferida.

— A de Manuella também. — Jhonatan olha para ela. — Não é, filha?

— Sim, eu amo. — Leva a colher a boca e sinto os olhos em mim.

— Está tão calada, Manu. Está passando bem?

— Estou. — Fala, balançando a cabeça. — É só o sono.

— Você fala pelos cotovelos, filha.

Felipe olha a irmã se ajeitando na cadeira e é claro que está ressaca


pelo modo que exalava álcool quando chegou.
— Só cansaço, papai. — Limpa o canto dos lábios e me olha.

__ Estudando até tarde, eu presumo. Realmente é muito cansativo. —


Assinto levemente, falando sério.

Ouço a risada baixa de Felipe e o olhar acusador que ela me lança.

— Sim. — Suspira e assente. — Grupo de jovens.

Minha mandíbula cerra quando os lábios se curvam em um sorriso.

— Ela nos chamou de velhos? — Jhonatan ri.

— Manuella! — Fernanda a repreende.

Franzo o cenho, encarando-a.

— Claro que não. — Se explica com os olhos focando em mim. — Só


que os estudos cansam mesmo. — Fala e muda de assunto. — O seu voo foi
tranquilo? Descansou bem?

Sinto um tom de provocação na voz da pequena encrenqueira.

— Muito.

— Que bom. — Volta a comer enquanto ri.

Fernanda entra em uma conversa, rapidamente chamando a atenção


para si e por mais que eu odeie admitir, foi um inferno tirar os olhos da
garota a minha frente.

É insano da minha parte sentir isso.

Mas não é nada demais, certo?

Errado.
É muito errado só em olhá-la.

Não que eu nunca tenha ficado com mulheres cinco, ou até dez anos
mais nova que eu, mas vinte e um anos é loucura demais.

É a filha de Jhonatan. Praticamente vi a concepção da garota.

"Como se fosse um tio."

Ah! Que porra.

Isso está fora de cogitação.

Aperto a colher entre os dedos, focando completamente no que


Fernanda e John falam sobre trabalho. Felipe está empolgado me
explicando o quanto está ansioso para começar a faculdade.

Me lembro um pouco da euforia que sentia na sua idade. Manuella se


manteve em silêncio durante o resto do tempo e logo depois nos erguemos,
saindo dali.

Não me canso de apreciar a vista incrível da casa, o designer moderno


e amplo das enormes janelas de vidro que vão do teto ao chão, deixando a
iluminação perfeita.

Subo com John para o escritório revemos alguns documentos que


precisa para o hospital.

— O apartamento deve ficar pronto logo após o Natal, então já posso


ver os detalhes e me mudar assim que a corretora me ligar.

— Sabe que pode ficar o tempo que precisar, Rocco.


— Apenas tempo o suficiente para me organizar. — Dobro a perna e
sopro a fumaça do charuto cubano que estamos fumando.

Não fumo sempre, até porque sabemos o atentado ao nosso corpo que
isso faz.

— E Mariane? Não tem vontade de voltar ao Brasil?

— Mamãe criou raízes em Seattle. — Explico, soltando a fumaça. —


Está feliz e é isso que importa.

— Imagino. Não deve ter sido fácil para ela e nem para você a perda
de Rafael.

— Não foi mesmo. — Sinto a melancolia me invadir.

A morte do meu pai ainda é um assunto dolorido para tocar e um dos


motivos para minha volta ao Brasil era para poder me afastar do local que
me arrancava sensações que preferia esquecer.

Fazem dois anos e dói como se tivesse sido hoje. E sempre vai doer.

— Que bom que está aqui, Rocco. Que bom que voltou. — Me ajeito
na poltrona sorrindo e aperto sua mão. — Sabe que o que precisar, estou
aqui, irmão.

— Eu sei. — Assinto. — Obrigado.

Ele suspira me encarando com os olhos extremamente azuis. Anos se


passaram, mas nunca tive outro amigo que me entendesse como ele.
Dividimos absolutamente tudo na adolescência e boa parte da vida adulta
antes de eu ir embora.

Fernanda surge o chamando e fico no escritório, que também é uma


biblioteca. Levanto e me aproximo das janelas abertas com uma vista ampla
para a parte de trás da casa e suspiro, me virando para as prateleiras.
Enfio as mãos nos bolsos e fico olhando os prêmios do hospital e
alguns porta-retratos dividindo espaço.

Engulo em seco, olhando uma das fotografias em cima da mesa.


Manuella ao lado de Felipe, o abraçando pelo pescoço, ambos rindo. Em
uma festa, ou sabe Deus lá onde.

— Papai, o senhor... — A voz para assim que a porta se abre e me viro


de imediato para ela.

Vejo-a segurar a maçaneta e ficar quieta enquanto a encaro fixamente.

Arqueia a sobrancelha.

— Você...

— Sempre entra nos cômodos sem bater? — Interrompo e ela


semicerra os olhos.

— Deve ser porque moro aqui. — Cruza os braços e morde o lábio.


Assinto, concordando.

Ainda está com a parte de cima do biquíni e o short, só colocou um


quimono transparente por cima, como se aquilo cobrisse algo.

— Sobre essa madrugada... — Solta um pigarro e entra no escritório.


— Me desculpe ter invadido o seu quarto e... Eu... Bom, obrigada por não
ter dito ao meu pai o estado que...

— Que você estava? — Completo e ela ergue o rosto.

— Sou maior de idade. — Empina o nariz e semicerra os olhos.

É incrível o quanto fica ainda mais linda.

É uma criança, porra.


— Eu sei, mas não impede que seus pais se preocupem. O estado em
que você chegou deu para ver que estava bem alta por conta da bebida. —
Me aproximo devagar, vendo-a descer os olhos por meu corpo e subir
novamente, parando nos meus olhos.

— Encontrei um guarda costas agora? — Cruza os braços na altura dos


seios.

— Não. — Umedeço os lábios, sabendo que ela observa o movimento.


— Mas estarei de olho agora.

O silêncio volta a tomar conta do ambiente quando acabo de falar.

Apenas nossos olhos fixos um ao outro.

— Não preciso de babá, sou bem grandinha. — Solta os braços e


suspira pesadamente.

Por questões de segundos, quase esqueci de quem ela é filha e da idade


que tem, quando de uma forma inexplicável mordeu o lábio devagar.

Eu estou tão próximo que nem sei como cheguei tão perto, a ponto de
sentir seu perfume. E por incrível que seja, ela pareceu sentir o mesmo que
eu.

Mas, vinte anos no separam.

Balanço a cabeça, me afastando e soltando um pigarro, então Jhonatan


entra nos olhando e abre um sorriso.

— Minha princesa, o que foi? — A beija rapidamente e me olha.

— Nada, estava apenas falando ao Rocco para que ele se sinta em


casa. — Mente e sorri.

— Ele está em casa. — Me olha. — E quero que o ajude no que


precisar, como uma sobrinha ajudando o tio.
Ela me encara assentindo.

— Isso.

Ótimo.

— A Júlia está vindo para cá e vai almoçar com a gente. — Olha para
o pai e o beija. — Vou descer.

— Tchau, princesa.

Me olha sorrindo.

— Tchau, tio Rocco.

Travo o maxilar, vendo-a se virar rapidamente.

Tio Rocco?

Nego levemente com a cabeça, sabendo que não deveria estar sentindo
absolutamente nada que está passando por meu corpo nesse momento.

Manuella Monteiro é proibida para mim.


— Esse desespero todo é por causa do seu carro? — Júlia se aproxima
balançando as chaves. — Estava bem guardado na minha casa. Por que
você está vermelha como um tomate?

Seguro em seu braço e ela me olha.

— Ana Júlia!

— Por que está ofegante, Manuella? — Paramos no meio do jardim.


Seus cabelos cacheados balançando com o vento.

Mandei mensagens para Júlia desde a hora que acordei, pedindo para
vir aqui em casa urgentemente. A noite foi terrível e após a invasão no
quarto, a noite foi uma tremenda luta de pensamentos.

Sei que o álcool me deixou eufórica, mas não foi por causa da bebida.

Foi por causa dele.

A imagem da silhueta nua e dos braços fortes ficaram rodeando minha


mente até eu apagar, achando que iria me livrar no sono. Mero engano.
Foi um susto, foi loucura e sensações indescritíveis. Fiquei de pernas
bambas apenas com a lembrança dos seus olhos sobre os meus. Fiquei
tonta, agitada e excitada de uma forma que sequer me lembro se um dia
fiquei dessa forma por outro homem.

Meu interior estava em chamas e ele parecia sentir o mesmo ao me


olhar. Ou eu estou ficando completamente louca e pensando em coisas da
qual não faz o menor sentido.

— Espero que tenha um bom motivo para me acordar antes do meio-


dia, Manuella, ou eu juro por Deus...

— Veja com seus próprios olhos, Ana Júlia.

Seguro em seus ombros e a viro.

— O que?

Ele vem descendo os degraus junto com meu pai. A camisa polo
vermelha e a bermuda branca realçam as pernas grossas e definidas. Seu
cabelo está bagunçado.

Que homem é esse?

— Santa Mãe de Deus! — Júlia diz alto, chamando a atenção dos dois
se aproximando de onde estamos.

Engulo em seco, rindo para o meu pai, olhando eu e minha amiga que
está com praticamente meio metro de boca aberta. Bato disfarçadamente em
seu braço e ela pisca rapidamente.

— Júlia, como vai? — Papai a cumprimenta.

Ela ri e me encara, depois volta a encará-lo.

— Bem, tio Jonathan. E o senhor? — Entrelaça o braço ao meu.


Nossas famílias são amigas e Júlia pegou a mania de chamar meus pais
de tios, assim como eu faço com os dela. Encaro Rocco ajeitando os óculos
de sol no rosto e posso jurar que o vi olhando meu corpo.

— Incrivelmente bem. Esse é o Rocco, ele vai passar um tempo


conosco.

— A Manu me falou. — Diz baixo. — Comentou. Como vai, senhor?

— Apenas Rocco. Muito prazer. — A voz soa e mordo o lábio, sentido


uma batida miserável falhar no meu peito. Ele aperta a mão de Júlia com
aquela cara fechada formando uma carranca, como se estivesse sempre de
mau humor.

— Me sinto um velho sendo chamado de senhor por essas meninas. —


Papai ri, balançando a cabeça e me dando um beijo rápido. — Vou levar
Rocco para dar uma volta, voltamos para o almoço. Fica com a gente, Júlia?

— S-sim, fico. — Responde e eu sorrio. — Bom passeio, tio Jhon. E


Rocco.

— Obrigado. — Dá o que ele chamaria de sorriso.

Parece não ser um homem de muitas palavras, mas quando fala,


impacta meio mundo.

Eu, inclusive.

Mordo o lábio, me sentindo eufórica de repente. Uma corrente elétrica


passa pelo meu corpo quando ele me olha fixamente. O perfume
amadeirado me invade, minha boca seca e meu coração falha uma batida
miseravelmente.

— Tchau, papai. — O beijo e ele me olha.

— Tchau, princesa.
— Tchau, tio Rocco. — O encaro séria e percebo seu maxilar enrijecer
de imediato.

Perco o ar e por um instante achei que perdi a capacidade de raciocinar


também. É como se algo nos atraísse de imediato, uma força nos atraindo.

Eu sei e sinto que não é apenas eu que sinto isso.

— Até daqui a pouco, Manuella. — Seu tom é duro e seco, então sai
acompanhando meu pai, que estava mais a frente conversando com o
jardineiro.

— O que está acontecendo aqui, Manuella? — Júlia pergunta e é sua


vez de segurar em meus ombros para me fazer olhá-la. — Pelo amor de
Deus! Que homem é esse?

— Por isso pedi para vir até aqui, para poder ver com seus próprios
olhos!

— Meu Deus! — Minha amiga põe a mão sobre o peito, arfando. —


Ele é um escândalo. Um tremendo gostoso! Meu Deus, estou me sentido
uma insana, ele tem idade para ser nosso pai.

— Mas não é. — Digo tão rápido que nem me dou conta de que saiu
em voz alta.

Ana Júlia se vira com olhos arregalados e me segura pelos ombros.

— Manuella Monteiro. — Fala em tom de advertência.

Engulo em seco, segurando em sua mão e a levando para o sofá no


jardim na parte de trás. Conto os mínimos detalhes de quando cheguei e
invadi o quarto de hóspedes. O quanto foi um choque e uma confusão
dentro do meu peito que eu não consigo explicar.

Suspiro, mordendo o lábio e vendo minha melhor amiga balançar a


cabeça.
— É loucura, eu sei.

— Tem razão, é muita loucura. — Dispara e a encaro. — Tudo bem


que ele é um gostoso espetacular, mas é amigo do seu pai e tem quase a
idade dele!

— Eu sei. — Ajeito uma mecha atrás da orelha e a fito. — Meu Deus!


Você está agindo como se eu fosse para a cama com ele!

Ela arqueia a sobrancelha, em seguida pisca os olhos de uma forma


que me irrita.

— Júlia!

Ela ergue os braços e ri.

— Não disse nada! — Coloco o travesseiro em meu colo, dobrando as


pernas no sofá. — Se seu pai sonhar que você está olhando com outros
olhos para o amigo dele...

Fico em silêncio, olhando-a.

Não sou nenhuma criança e meu pai sabe muito bem disso. Namorei
por anos, e o que tem demais?

Ficaria bravo por eu ter olhado para seu melhor amigo?

Ou seria pela enorme diferença de idade?

"Tio Rocco"

Ele não é meu tio e não sei de onde papai tirou isso.

E se for recíproco?

Não quero me gabar ou coisa do tipo, mas senti seu olhar descendo por
meu corpo.
Se não for apenas eu a ter esses sentimentos?

Mordo a unha do polegar, dando uma risada de lado enquanto vejo


Júlia me encarar assustada.

— Não gosto dessa sua cara de quem vai aprontar, Manuella. O que
está pensando?

— E se ele tiver sentido o mesmo que eu? — Falo sorrindo.

— Manu, você é linda e uma tremenda gostosa, mas amiga, você é


filha do melhor amigo dele. Ele deve te ver como uma sobrinha.

— Não tivemos nem contato, Ju. Por Deus! — Estalo o dedo.

— O que vai fazer, Manuella? — Me acompanha assim que me


levanto.

— Eu, nada. — Nego devagar. — Ele é que vai.

Meu sorriso aumenta enquanto Júlia balança a cabeça de um lado para


o outro.

— Isso vai dar uma merda gigante, estou sentindo.

— Arlete, pode pôr a louça de cristal e preparar a sala de jantar,


mandei trazer umas flores para colocar nos vasos das janelas. — Mamãe
mexe nos cabelos devagar. — Aquela prataria também, deixe tudo
impecável.

Se vira para nos olhar.


— Júlia, querida! Não sabia que estava aqui, como vai?

— Bem, tia Fernanda.

— Claro, estava toda ocupada com essas preciosidades. Tudo isso para
um almoço? — Brinco, cruzando os braços.

— Vamos receber visitas. — Coloca uma mão sobre a outra. — E


ainda não falamos sobre a hora que a senhorita chegou em casa ontem.

— Tarde demais para vocês e cedo demais para mim. — A encaro


suspirar e Júlia me encara, girando nos calcanhares.

— Vou beber um suco, volto já.

— Já tive a idade de vocês e amava uma festa tanto quanto, mas com
responsabilidade e foco. Vocês vão se formar, tem sobrenomes de peso e
precisam estar centradas.

— Estamos de férias, mamãe. Saímos para nos divertir e estamos bem.


— A beijo, vendo-a balançar a cabeça. — Prometo que quando as aulas
voltarem, o foco será total.

— Assim espero.

— Prometemos, tia Fê. — Júlia sorri.

— Irei cobrar. Depois me fale o que pretende fazer para o seu


aniversário, não deixe para última hora, Manuella. Almoça com a gente,
Júlia?

— Sim, vou ficar.

— Pode deixar, falamos sobre o aniversário depois. — Aceno, subindo


os degraus e indo para o meu quarto.
O calor do Rio está uma coisa de louco. Troco a roupa por um short-
saia tenista e a parte de cima de um biquíni branco. Solto os cabelos, me
virando para Júlia, que balança a cabeça.

— Maluca.

— Vamos jogar tênis. — Seguro a raquete rindo.

É apenas um disfarce para usar a roupa que eu sei que fica um


escândalo em mim. Mordo o lábio, jogando as peças para Júlia e ela as
segura no ar.

— Você não tem um pingo de juízo.

Descemos alguns minutos depois. Felipe está no andar de baixo e ouço


a risada de mamãe junto de um burburinho na sala de estar. Me aproximo e
vejo os cabelos ruivos balançarem.

— Deve estar incrivelmente lindo.

Júlia me encara e franzo o cenho.

— Mãe? — A chamo e ela sorri. Tia Nat se ergue. — Tia?

— Meu amor. — Abre os braços, me dando um abraço apertado. —


Como está linda.

— Que surpresa! — Tia Natália é a prima mais próxima da minha mãe


e trabalham juntas há anos.

— Sua mãe me convidou.

— Na verdade, estou sendo o cupido novamente. — Mamãe se


aproxima me olhando.

— Cupido? — Indago, olhando-as.


— Sua tia já foi namorada do Rocco, terminaram porque ele teve que
ir embora, mas quem sabe depois de tantos anos não voltam ao passado?

Sinto um incômodo no âmago e Júlia me encara.

Tia Natália balança a cabeça.

— Exagerada, não é para tanto.

— Imagine, será o Natal perfeito com todos nós juntos novamente. —


Mamãe suspira.

Meu sorriso se desfaz de imediato e Júlia me olha com o cenho


franzido.

Não deveria ter me sentindo tão incomoda dessa forma, com um aperto
fazendo meu interior se revirar absurdamente.

A orla da praia do Leblon está tranquila. Passamos para tomar uma


água de coco e que saudades eu estava de caminhar descalço por essas
areias, sentindo a maresia. Nunca vou me cansar de admirar a cidade e o
quanto é incrível após tantos anos isso apenas melhorar no quesito beleza.

Fomos ao hospital e se por fotos já era magnífico, pessoalmente rouba


o fôlego. O Hospital San Village Monteiro conta com mais de dez andares
em um prédio bem localizado no bairro da Tijuca com equipamentos e
profissionais excelentes. Já tinha visto fotos no site, mas é ainda melhor
pessoalmente. Jhonatan ocupou o lugar do pai, assumindo a presidência.
Conheci as salas presidenciais e meus olhos brilharam no centro cirúrgico
da cardiologia.
Assumiria alguma cirurgia quando necessário, revascularização do
coração, correção de doenças congênitas e transplantes.

O hospital está no mesmo nível do que passei anos da minha vida me


dedicando.

Sorrio, passando a mão pela cadeira de couro e Jhonatan me olha.

— Sua sala. Pode fazer o que quiser e decorar do seu jeito. O hospital
é seu também. A minha sala fica ao lado. — Suspira e sorrio balançando a
cabeça.

— Nem acredito que vamos trabalhar juntos. — Mordo o lábio.

— Esperamos tanto por isso. — Passa os dedos pelos cabelos negros.


— Podemos conhecer mais do hospital na segunda, temos que aproveitar.

— Desligar um pouco do trabalho. — Confirmo enquanto saímos da


sala.

Os corredores amplos e claros pelo telo solar deixam o ambiente mais


agradável. Podemos ouvir os burburinhos dos funcionários e é inevitável
não sorrir.

Jhonatan é parado a todo momento por funcionários e saímos pelos


fundos do hospital, entrando no carro e dirigindo até a quiosque mais
próximo da praia.

Observo algumas mulheres passando desfilando nos biquínis


chamativos e sexy. Beberico a água de coco devagar, rindo sem me dar
conta.

— Não muda nunca. — John me fita e nego devagar, vendo-o balançar


o canudo.

— Por incrível que pareça, mudei sim. Não me envolvi com outra
mulher depois do término do meu casamento. — Confesso e ele franze o
cenho.

— Ainda a ama?

Deposito o coco na mesa devagar e o olho, negando rapidamente.

Não. Ainda sinto um carinho imenso por Alisson, pelos momentos


incríveis que vivemos nos dez anos que ficamos casados. Mas não a amo
mais. Estávamos vivendo por viver e nossa casa já não era mais um lar.

— Foi esse o motivo do término? — Jhonantan me sonda e me


remexo.

Não nos aprofundamos no assunto do fim do meu relacionamento.

— Talvez. Você sabe o quanto a vida no hospital é intensa, com a


correria do trabalho e das cirurgias. Quando ela estava pronta para ser mãe,
não me senti tão pronto assim.

— Sempre foi mais centrado. Mas e depois?

— Depois os papéis se inverteram e quando achei que seria o


momento certo, ela já não queria mais. — Dou de ombros. — Não a julgo.
Deixamos tanto para o melhor momento, mas ele nunca chegou.

John assente e suspiro, lembrando o quanto nosso casamento esfriou.


O quanto éramos apenas visitas em nossa própria casa e o quanto nem o
sexo estava funcionando. A decisão do divórcio foi feita em comum acordo
por nós dois e foi o melhor.

— Acho que não estava pronto como achou que estava para ser pai,
Rocco. Filho é responsabilidade e um elo que nos prende para o resto da
vida. — Sorri de lado enquanto confirmo com a cabeça. — A gravidez de
Fernanda foi um susto, mas com ela veio a certeza que era aquilo que eu
queria.
— Lembro de quando me deu a notícia. — A lembrança me invade e
vejo seus olhos brilharem.

A imagem de Manuella toma minha mente e meu coração aperta. Os


olhos curiosos e a boca pequena formando aquele sorriso sapeca no rosto.
Deus!

O que diabos está acontecendo comigo?

Minha alma vai ser condenada ao inferno por pensar naquela pequena
encrenqueira.

— Você vai saber quando for a pessoa certa para formar uma família e
ser pai.

— Jhon, estou com quarenta e dois anos, acho que isso para mim já
passou. — Sou sincero e ele nega veemente. — Ao invés de ser pai, terei
idade para ser avô do meu filho.

— Não exagere, Rocco. Deve ter mulheres aos seus pés, mas lembre-
se que tem que o elo que vai te prender a essa mulher é para sempre. —
John aponta o dedo em minha direção e franze o cenho. — E não me fale
essa palavra avô, me dá arrepios.

Gargalho, jogando meu peso para um lado da cadeira.

— Fernanda engravidou cedo, mas não posso nem pensar em Manuella


fazendo isso.

Fico sério de repente, olhando-o balançar a cabeça.

— Ela tem muito de você quando tinha essa idade. Namora desde cedo
também? — Sondo, tentando não deixar tanta curiosidade exalar.

Ajeita os óculos de sol na gola da camisa.

— Namorou com o filho de um amigo, coisa de adolescente. Manuella


é dedicada. Nanda pega no seu pé para focar mais nos estudos, mas é uma
menina de ouro. Ela e Felipe são minhas maiores realizações.

Me dá uma felicidade imensa vê-lo falar tão orgulhoso dos filhos e da


família que construiu.

— A idade não quer dizer nada, quando precisa viver o propósito.


Independente se vai viver aos vinte, ou aos quarenta. Vai saber que é a
mulher certa, quando o momento certo for apenas um detalhe.

Nego devagar, com a mão sobre o queixo.

— Não estou disposto a me casar novamente, Jhonatan. Já tive


experiência demais.

— Diz isso até se apaixonar novamente.

— Está parecendo que quer me amarrar, ou é impressão minha ?

Ele gargalha sonoramente, pendendo a cabeça para trás e o encaro.

Realmente não está nos meus planos me casar de novo. Me envolvi


com algumas mulheres nesse um ano de divorciado, mas nada que eu
deixasse ultrapassar meus limites.

Não fui pai aos trinta e seria agora aos quarenta?

Loucura.

— Jamais. — John ergue o coco e bato em um brinde, vendo-o sorrir.


— Mas quem sabe essa mulher não está mais próxima do que pensa, caro
irmão.
Desço do carro rapidamente, batendo a porta e vendo Jhonatan descer
também. Passamos um tempo incrível no quiosque, batendo papo sem nos
dar conta que a hora passava como o vento.

— Fernanda deve estar uma fera.

— Imagino. — Subo os degraus ao seu lado.

— Seu Jhonatan, o almoço vai ser servido perto da piscina. — A


senhora que é uma espécie de governanta fala assim que nos ver. — A
senhora Fernanda está esperando.

— Obrigado, Arlete. — Dá um leve aceno. — Vamos?

— Vou apenas pegar meu celular. Ficou no quarto. Desço em um


instante.

— Estou indo lá, antes que ela me faça pagar os pecados. — Bate em
meu ombro e sai pela enorme sala.
Subo os degraus de dois em dois. Estou me sentindo absurdamente
suado e a mudança de clima ainda está sendo um desafio. Entro no quarto e
só então decido tomar uma chuveirada antes de descer.

Tomo um banho rápido, mas é o suficiente para me refrescar e tirar o


suor que descia pelo meu corpo. Escolho uma roupa mais confortável, uma
camisa polo preta e uma bermuda da mesma cor.

Verifico o celular e vejo que tem poucas mensagens, então decido ligar
para minha mãe depois. Bloqueio a tela e coloco o aparelho no bolso, passo
as mãos pelos cabelos quando fecho a porta e me viro.

Estava descendo as escadas quando automaticamente meus olhos se


fixam nela.

Manuella sobe os degraus séria e quando ergue a cabeça, se dá conta


da minha presença.

Engulo em seco, cerrando o maxilar e descendo os olhos por suas


pernas. Ela usa uma saia branca estilo tenista e uma blusa curta, mostrando
a barriga lisa, deixando os seios firmes e...

Porra. Não usa sutiã.

Não deveria saber disso, mas fixei os olhos neles. As curvas do corpo
parecem me chamar, me atraindo como um imã. O cabelo está preso em um
rabo de cavalo e alguns fios estão soltos em seu rosto. Seu cenho está
franzido e parece um pouco irritada.

Está uns dois degraus abaixo de mim, com a mão pousada no corrimão
e os olhos fixos nos meus.

— Está tudo bem? — Forço a voz, tentando parecer pouco afetado.

— Sim. — Diz firme e vejo-a morder o lábio devagar. — Acabou de


chegar?
— Há pouco tempo. — Dou um aceno, vendo-a suspirar, fazendo os
seios subir e descer.

Inferno.

Ela sabe o poder que tem com esses olhos? Com esse corpo?

Deveria ser crime deixa-la usar uma roupa como essa, e eu sei que eu
nem deveria estar olhando para ela desse jeito. Com essa gana e esse desejo.

Manuella pode não parecer uma criança, mas para mim seria. Não
devo e nem posso olha-la dessa forma. Cerro a mandíbula e franzo o cenho,
pronto para descer os degraus.

— Com licença, Manuella. — Estava prestes a passar, quando ela se


afasta de onde estava e para na minha frente.

Eu tenho o dobro do seu peso e massa muscular. Meu corpo cobre o


seu sem fazer muito esforço, mas me
senti encurralado pelo seu tamanho e o modo como ergueu o queixo para
me olhar fixamente.

Abre um pouco os lábios e eu engulo em seco, franzindo mais o cenho.

— Parece que sempre está fugindo de mim. — A voz sai baixa e


aveludada enquanto a encaro.

— Não tenho motivos para fugir de você. — Umedeço os lábios e seus


olhos capturam o movimento.

Inferno.

— Será? — Respira fundo, fazendo os seios subirem.

— Por que não vai trocar de roupa? Se eu fosse o seu pai jamais iria
permitir...

— Mas você não é meu pai, titio.


Cerro o maxilar no mesmo instante.

— Não me chame de tio. — Fecho os olhos por uns segundos.

Meu interior se contorce e tenho que me controlar para não deixar a


porra do meu pau subir, como se não tivesse controle sobre meus atos como
a porra de uma adolescente movido pelos hormônios.

— Por que? — Pergunta muito inocente, me obrigando a encara-la.

Desço um degrau, ficando na sua altura, mas rapidamente me


arrependo por ficar tão próximo, com o rosto colado ao dela. Seria
hipocrisia dizer que ela não é linda e sexy como um inferno.

Me faz desejar o proibido.

Mas não posso.

— Pare agora mesmo, seja lá o que estiver pensando em fazer. — Falo


firme, sentindo a respiração bater em meu rosto.

Me amaldiçoo por sentir tanta vontade de beijar sua boca atrevida.

— Do que está falando?

— Não brinque comigo, Manuella. Você é uma criança para mim e


tenho idade de ser seu pai, não sou os garotos da sua idade que está
acostumada a brincar.

— Sou uma mulher.

Ela sorri, balançando a cabeça, dando uma olhada em meu peito e


mordendo o lábio devagar.

— Manu, já foi trocar de rou...


A voz de sua amiga ecoa, me fazendo soltar um pigarro e descer os
degraus de uma única vez.

— Mudei de ideia, Ju. Vou ficar com essa roupa mesmo. — Ouço-a
responder, mas não me viro para ver a cara dela ao falar isso.

Passo pela menina me encarando e saio como um foguete para a área


externa da casa. Enfio os dedos nos cabelos devagar, suspiro pesadamente e
solto um palavrão entre os dentes.

— Rocco? — Me viro rapidamente e vejo Fernanda se aproximar. —


Está tudo bem?

— S-sim. — Forço um sorriso.

— Convidei uma pessoa para almoçar conosco. — Mexe nos cabelos


enquanto andamos lado a lado até a área próxima a piscina.

A mesa está posta e semicerro os olhos quando o corpo magro se


ergue. Os cabelos ruivos voam levemente quando bate um vento e Natália
sorri me olhando, e inevitável não acompanha-la.

— Rocco. — Fala enquanto a abraço.

Coloco a mão em sua cintura, sentindo a sua mão espalmar em meu


peito.

— Está tão mudado, mas ao mesmo tempo parece ser o mesmo. —


Balança a cabeça e a fito.

— E você continua linda como sempre. — Ela me abraça sorrindo.

Os cabelos ganharam um tom diferente desde a última vez que a vi.


Deixou de ser uma menina e agora está uma mulher incrivelmente linda e
madura.

Tentamos manter o contato após minha viagem e conseguimos durante


uns anos, mas infelizmente não o tanto que gostaríamos.
— Isso me lembrou os velhos tempos. — Jhonatan diz sorrindo e sorve
um gole de cerveja.

— Bons tempos. — Fernanda emenda.

— Deus, não acredito que está aqui novamente. Fisgam tantos anos,
sentimos muito a sua falta. — Natália me olha sobre a borda da taça e não
encontro nenhuma aliança em sua mão.

— Nem eu acredito. — Falo. — Você está linda, parece que o tempo


não passou aqui no Rio de Janeiro.

— Olhe quem fala, veio banhado no formol de Seattle. — John


gargalha.

— Cheguei. — Felipe se senta e nos encara. — Tia Nat, o Caio não


veio?

— Caio viajou para Angra com a família do pai. — Nat explica e a


olho. — Sou mãe de um adolescente e divorciada.

— Rocco também. — Fernanda dispara rindo.

— Mas não tem filhos. Por enquanto. — John me olha e nego com a
cabeça.

Natália me encara levemente e sorrio. As manias antigas continuam as


mesmas e não fico chateado ou nada do tipo por isso. Anos se passaram e
parece que eu nunca sai daqui, na verdade.

Observo Manuella andar lentamente com a amiga na nossa direção,


com os braços entrelaçados, conversando animadamente.

— Venha almoçar, amor. — John chama e ela sorri, se sentando a


minha frente, enquanto Júlia se senta ao seu lado.

— Estou faminta. — Fala e me olha, voltando a encarar Natália.


— Está cada dia mais linda, Manu. E Thales, como está?

— Terminamos oficialmente. — Fala, mordendo o lábio.

— Ele é um rapaz incrível.

Júlia franze o cenho e Felipe sorri. Jhonatan e Fernanda entram em


uma conversa e agradeço por ser tomado pelo assunto, ignorando Manuella
tanto quanto eu posso.

O almoço ocorre agradável e não percebemos a hora passar. Os


preparativos para a noite de Natal sendo discutida com ansiedade.

Mesmo tentando manter meus olhos longe dela, é impossível não ser
tomado pela voz falando baixinho com a amiga.

— Se precisar de ajuda com o apartamento, é só falar comigo. —


Natália diz baixo.

***

Caminhamos devagar pelo jardim, vendo o pôr do sol. Foi um dia


turbulento e calmo ao mesmo tempo. Natália sorri para mim e coloco as
mãos nos bolsos da bermuda.

Após o almoço, fomos para a sala de estar, onde ficamos apenas nós
quatro conversando, rindo e relembrando os velhos tempos. Não foi difícil
de ver que Fernanda está de uma certa forma tentando nos jogar para cima
um do outro.

— Podemos marcar um jantar apenas nós quatro, ou só vocês dois. —


Ajeita os cabelos curtos e John a encara. — Para conversar, apenas. É claro.

— Nanda.

— É uma ótima ideia. — Confirmo levemente.


— Vamos marcar naquele restaurante francês. Vou fechar com o buffet
para a ceia de Natal.

— E o aniversário da Manuella. — Jhonatan suspira. — Sempre


comemoramos, ela adora essa data como ninguém.

— E o presente? O que será que ela vai querer ganhar esse ano?

Franzo o cenho, espanto os pensamentos e paro perto do carro de


Natália. Ela sorri me encarando e fixo o olhar ao seu.

— Que bom que está de volta, Rocco. Parece que o tempo não passou.

— Digo o mesmo. — Ela morde o lábio devagar.

Natália se tornou uma mulher incrivelmente linda e agora está mais


madura e sexy.

— Você me liga?

Assinto, vendo-a se aproximar e me dar um beijo rápido na bochecha.

— Boa noite.

— Boa noite. — Respondo, abrindo a porta do carro e ela entra


rapidamente.

Fico parado, olhando-a dar partida e aceno.

Suspiro, passando as mãos pelo cabelo, exasperado.

Por que Natália não mexe mais comigo?

Por que diabos não posso me sentir atraído por ela como antes?

A resposta vem no fundo da mente.

Porque não é ela que faz a sua imaginação ficar a mil.


— Só posso estar ficando maluco.

Fecho a cortina assim que ele sai caminhando pelo jardim, passando as
mãos pelos cabelos como se estivesse nervoso ou algo do tipo. Engulo em
seco, saindo da varanda e entrando no quarto vazio.

Júlia foi embora algumas horas atrás, mesmo depois de eu insistir para
que ficasse mais um pouco. O que foi em vão, é claro.

Fiquei na espreita observando tia Natália encostar no carro e ele


parado a sua frente. Depois do nosso "duelo", na escada não nos falamos
mais.

"Não brinque comigo, Manuella. Você é uma criança para mim e


tenho idade de ser seu pai, não sou os garotos da sua idade que está
acostumada a brincar."

O que ele acha? Que eu estou brincando?

As palavras de Júlia rondam minha mente.

— Você é maluca das ideias, Manuella. O homem tem o dobro da sua


idade! — Diz, como se eu não soubesse e como se eu me importasse. — E
se ele contar para o seu pai? Se falar que você está...

— Se quisesse, já teria feito isso, Ana Júlia. — Coloco o travesseiro


em meu colo. — Mas parece que ele vai me devorar com os olhos quando
estamos próximos.
— Isso você tem razão. — Confirma e suspira. — O tamanho daquele
homem, Manuella!? Ele acaba com você, amiga.

Franze o cenho, fazendo uma carinha triste.

— Deus te ouça. — Digo esperançosa.

— Sua sebosa! — Gargalha, me fazendo rir também e deito a cabeça


em seu colo. — Você não tem o juízo perfeito. Mesmo que você e ele
tenham alguma coisa, já pensou no tio Jhonantan e na tia Fernanda?

E o que tem demais?

Só pela idade que é a mesma deles?

Queria poder explicar o que estou sentindo dentro de mim. Mesmo


sabendo que seria impossível termos algo, eu não consigo parar de deseja-
lo.

Imaginar como seria aquela boca na minha, o corpo grande cobrindo o


meu. Seria tão malvado quanto aquela seriedade que demonstra?

Não posso negar o incomodo que se instalou em meu peito ao ver tia
Natália sorrindo e se abrindo para ele. Sempre nos demos tão bem, mas
dessa vez não consegui disfarçar o semblante.

Mamãe também não facilita e nem nega os planos de juntá-los.

Ouço as batidas levemente na porta e sorrio ao ver meu pai entrar.

— Está tudo bem, minha princesa?

O abraço, sentindo o beijo em minha testa e assinto.

— Sim, estava vendo umas coisas.

Como vou fugir da atração que estou sentindo pelo seu melhor amigo,
papai.
— Felipe já chegou do vôlei?

— Ainda não. Vai sair hoje? — Indaga e nego rindo.

— Não, vou estudar um pouco.

— Tá bom. Desça para o jantar. — Segura em meu queixo e sorrio.

Papai é um homem incrível e o melhor pai do mundo.


Me jogo em minha cama, abraçando o travesseiro e apertando-o. Vejo
algumas mensagens no celular e tem algumas pessoas chamando para
baladas e festas, mas não estou no clima para sair.

Tenho algumas publicidades para fazer e respondo o direct de algumas


marcas. Vejo a mensagem de Júlia surgir na tela.

Matheus está vindo para cá, quer que fale que está aqui para o Davi
vir também?

Hoje não, quem sabe amanhã?

Respondo rapidamente e sorrio quando aparece a figurinha escrita:

"Ai que vontade de te guardar em um potinho... E te deixar lá


sufocando."

Mando um beijo e bloqueio a tela, fechando os olhos e acabo


adormecendo sem perceber.

Me sento na cama e vejo o quarto escuro. Bocejo rapidamente e me


espreguiçando enquanto levanto. Olho para o celular, vendo que passa das
duas da manhã e obviamente mamãe veio aqui e fechou as janelas e a porta
da varanda.

A exaustão me pegou de um jeito estranho.

E a fome também.

Vou para o banheiro, escovo os dentes e tomo uma ducha rápida, um


pouco fria, mas me da ânimo. Ponho um pijama confortável de short e
blusa, e saio em busca de algo para comer.

O corredor está em silêncio e por um segundo paro, olhando para o


quarto de hóspedes, vendo tudo em silêncio absoluto. Saio na ponta dos pés,
descendo as escadas e indo direto para a cozinha.

Abro a geladeira, pego suco e uma fatia de bolo, me sentando no banco


na ilha da cozinha. Normalmente, quando apago cedo, sempre venho comer
algo de madrugada.

Sim, impossível resistir.

Principalmente a um delicioso bolo de chocolate.

Coloco os talheres sujos na pia e já ia subir para o meu quarto


novamente quando ouço a música baixa vindo da área externa da casa.

Não está alta, é mais como o som do celular, ou algo parecido.

Uma das músicas antigas, mas que eu conheço.

Meia-noite, no meu quarto, ela vai subir


Ouço passos na escada, vejo a porta abrir
Um abajur cor de carne, um lençol azul
Cortinas de seda, o seu corpo nu
...
Fico falando pras paredes até anoitecer
Abro as portas que dão acesso a varanda, onde ficam sofás e pufs. Vejo
Rocco sentado com os olhos fechados, como se estivesse sentindo a letra da
música.

Engulo em seco, vendo o peito nu e os gominhos do abdômen


definido. Não tem um pelo sequer. Nada.
A tatuagem na costela de três andorinhas tomam o espaço da pele.

(...) Seus olhos verdes no espelho brilham para mim


Seu corpo inteiro é um prazer do princípio ao fim
Sozinho no meu quarto, eu acordo sem você
Fico falando pras paredes até anoitecer

A barba cheia tem alguns fios grisalhos, assim como os cabelos. Desço
os olhos sem pudor, vendo como a calça de moletom contorna as pernas e o
pau.

Sinto os bicos dos meus seios rasparem na blusa do baby-doll.

Menina veneno
Você tem um jeito sereno de ser
E, toda noite, no meu quarto
Vem me entorpecer, me entorpecer

Nesse instante seus olhos se abrem e fixam aos meus. Sinto o olhar
com tanta intensidade que estremeço. Fico paralisada e minha pele se
arrepia inteira.

Seu olhar é tão duro como um toque. Os bicos dos meus seios parecem
querer furar o tecido de tão intumescido que ficaram.

— Te acordei? — Pergunta meio lânguido e nego, vendo-o se erguer.

Engulo o bolo formado na garganta enquanto o encaro e ele fica sério.

— Acho melhor entrar, Manuella. — A voz sai rouca e mordo meu


lábio. — Está frio e...
— Por que foge de mim? — Torno a perguntar, sentindo meu corpo
inteiro tremer, como se uma descarga elétrica tivesse passando por ele.

A luxúria arde em seus olhos. Pura, quente e pulsando.

— Você ainda é uma criança. — Torna a repetir. — Ainda é uma


menina!

— Sou uma mulher. E quanto mais tempo demorar para entender isso,
mais farei questão de te mostrar!

— Você não sabe o que diz! — Cerra a mandíbula, ficando sério. Tão
sério que jurei que ia me deixar aqui plantada. — Você é filha do meu
melhor amigo. Meu respeito com você é de...

— Como um tio e sobrinha? Está querendo enganar a si mesmo? Por


que não creio que seja apenas eu a sentir isso.

Franze o cenho, negando veemente.

— É por isso que te deixo tão bravo, não é? — Ergo o queixo o


fitando. — Não quer admitir que se sente atraído por uma garota que tem
idade para ser sua filha!

Rocco paralisa e me aproximo, vencendo os poucos centímetros que


nos separavam.

Dúvida e desejo se mesclam no olhar intenso que me lança.

— O que você acha que está fazendo? Quer brincar com minha mente,
garota? Quer me desestabilizar? — Passa as mãos pelos cabelos. — É isso o
que quer ?

— Não. — Digo firme.

— E o que você quer, inferno? O que diabos você quer?


Umedeço os lábios, o encarando de cima a baixo. O volume marcando
a calça e é nítido que ele luta contra seja lá o que estiver sentindo.

— Você. Eu quero você.

Colo meu corpo ao dele. A quentura, a grossura e o tamanho me


deixando incendiada.

— Manuella. — Nega veemente. — Saia daqui.

— Me tire. — Espalmo a mão em seu peito. — Me tire, se quiser


mesmo que eu saia.

Arquejo quando seus dedos se enterram em meus cabelos e a boca fica


a centímetros da minha. O pau duro contra meu ventre.

— Sua peste!

Olhando para meu rosto e segurando em meus cabelos, desce o olhar


para os meus lábios e os toma em um beijo feroz, duro e arrebatador.
Perco o ar que já faltava desde que eu o senti se aproximar, quando
seus lábios tocam os meus, me fazendo virar nada em seus braços, com as
sensações intensas me tomando. A mão firme aperta minha garganta,
colando ainda mais meu corpo ao seu.

Parece que vai me engolir viva. Toma minha boca, penetrando a língua
entre meus lábios com uma fome insana.

Gemo mole em seus braços quando ele me agarra, me fazendo esfregar


o quadril ao seu. Estou tonta de tanto desejo e tesão por esse homem.

Enfio os dedos em seus cabelos, tropeçando nos meus próprios pés.


Rocco me segura forte, colando o quadril em meu ventre, me fazendo sentir
o contorno do pau grande e grosso sob a calça.

Se esfrega em mim e só gemo, beijando-o com a mesma ânsia que ele


me beija. Enfiando a língua, chupando e mordendo. O peito esmaga o meu
e eu aperto seus braços.

Rocco me deixa bêbada com seu gosto, seu perfume e sua intensidade.
É um homem em todos os sentidos da palavra. Forte, viril e insano. Ele
cresce cada vez mais e com toda certeza, o tamanho do seu pau me deixa
com ainda mais tesão.

Aperta meu pescoço e arquejo, arqueando o pescoço para encarar os


olhos dilatados de desejo. Passo as mãos pela barba, segurando em seu
queixo.

— Você é um demônio, Manuella. — Diz rouco e fecho os olhos,


sentindo seu polegar roçar no bico do meio seio, que parece querer furar a
blusa do pijama. — Inferno!

Ele aperta minha cintura e me esfrego sem pudor algum, vendo-o


fechar os olhos.

— Você me quer. — Passo o nariz pelo seu, arfando. — Me faça sua.

Nega rapidamente e gemo quando intensifica o aperto em meu


pescoço, deixando apenas o ar escapar devagar.

— Você não sabe o que está pedindo, Manuella.

— Sei sim. — A voz arrastada e sôfrega escapa. — Sei sim. Você me


quer, Rocco. Eu sinto dentro de mim que você me quer desesperadamente.

Ele cerra o maxilar daquela forma que parece estar se controlando.

Adoro essa cara de bravo, com a ruga no meio das sobrancelha e os


fios grisalhos na barba e nos cabelos o deixam ainda mais sexy.

— Você tem medo do que fazer comigo? Ou não sabe o que fazer,
doutor? — Zombo, sorrindo de lado. — Não sou uma criança, titio.

— Eu arrebento você, Manuella. — Diz com a voz de mau, quase me


fazendo gozar com essas palavras. Ele enfia os dedos em meus cabelos, me
arrancando um gemido. — Eu te arrebento, garota.

Mordo o lábio e sem esperar que ele fale mais alguma coisa, o beijo de
novo. Seguro seu rosto e ele agarra meus braços. Enfio a língua em sua
boca, me embriagando no hálito fresco, sendo tomada por sensações que
percorrem meu corpo.

Gemo em sua boca e abraço seu pescoço, ficando na pontinha dos pés
enquanto movo a língua contra a dele, tremendo e ardendo. Rocco afasta o
rosto, separando nossos lábios, mas continua segurando os meus cabelos e
seu olhar me devorava viva.

— Não sou um garoto da sua idade para você brincar, Manuella.

— Acha que é só isso? — Pergunto baixo.

— Você já teve o que queria, menina.

— Tenho vinte e um anos. Sou uma mulher!

— Você é um feto.

Semicerro os olhos em sua direção.

— Eu tenho quarenta e dois anos e você é filha do meu melhor amigo.


Tem ideia do quão errado isso é, Manuella?

— Não é errado quando nós dois queremos. Você me beijou porque


sente o mesmo que eu, desde que entrou nessa casa! — Aponto o dedo em
seu peito e engulo em seco. — Diga que não me olha e que não me quer...
Diga, Rocco!

Ele me solta e se afasta, dando um passo para trás. Me olha com o


cenho franzido e carregado de dúvida e luxúria.

— Vá para o seu quarto, Manuella.

Mordo o lábio, o olhando.

— Admita. — Peço, cruzando os braços. — Ou é tão covarde que


prefere mentir do que falar que desde que me olhou sentiu algo? Que está
nesse momento querendo se enterrar dentro de mim? Querendo me fo...
Ele se aproxima como um felino e segura em meu braço, me fazendo
encostar em seu peito largo. Com a mão livre, ele segura meu queixo, me
fazendo encara-lo fixamente.

Sorrio, arqueando a sobrancelha, vendo-o quase bufar.

Deus! Ele fica tão sexy bravo.

— Você é uma peste, Manuella. Uma ninfetinha muito atrevida

— Vai me pôr de castigo, titio?

Ele intensifica o aperto, semicerrando os olhos e quase colando o rosto


ao meu.

— Se não quiser ter essa bocetinha arregaçada, sem saber onde ela
começa e termina... Eu sugiro que pare de me provocar, Manuella. Porque
eu não terei pena de você e te darei uma surra que vai esquecer como se
anda, com essa boceta em carne viva.

Fala e então sai.

Me deixando desfalecida, me fazendo cair sentada no sofá, puxando o


ar e soltando devagar, tentando assimilar o poder das palavras e como me
afetou de uma forma absurda.

Passo as mãos pelos cabelos, ajeitando-os.

Seria maluquice desejar que ele fizesse tudo o que falou?


Desço as escadas, ouvindo o murmúrio das conversas no andar de
baixo. Nem sei ao certo como consegui pegar no sono após a insana troca
de beijos.

Tomei um banho gelado e me joguei na cama, ouvindo as palavras


rodopiar em minha mente e o gosto dos lábios em minha boca. Ainda posso
sentir aquelas mãos grandes em meu pescoço e na minha cintura.

— Manu? — Felipe me olha curioso. — Você está bem? Parece em


outro planeta.

— Estou. — Balanço a cabeça, acabando de descer os degraus e vejo


uma pessoa na sala. — Vó?

— Meus netinhos! — Vovó abre os braços assim que surgimos na sala


de estar. — Como estão lindos! Vovó estava morrendo de saudades.

— Muitas. — Meu avô se ergue e nos abraça. — Como vão meus


futuros cirurgiões?

Sorrio, beijando-o.

Nossos avós são muito presentes. Mesmo aposentados, gostam de ir


sempre ao hospital, para ver com os próprios olhos como tudo anda.

— Focados. — Mamãe diz sorrindo.

Me viro, vendo Rocco depositar a xícara na mesinha de centro e me


encarar por alguns segundos e em seguida desviar os olhos para o meu pai
de imediato.

— Como cresceram! Quando Rocco viajou, Fernanda estava grávida,


se não me engano.

— Isso, ela estava grávida. — Papai me abraça. — Quase que te viu


nascer.

— Por pouco. — Rocco se ergue sério.


— Meus netos são lindos demais. As melhores coisas que meu filho e
minha nora me deram. — Vovó suspira e o olha. — E você, Rocco? Quando
vai me dar netos também? Sabe que é como se fosse meu filho. Marianne e
eu sempre fomos muito amigas.

— Tudo em seu tempo, Vitória. — Sorri levemente e o fito.

— Já está na hora de ser pai. — Papai bate em seu ombro.

Engulo em seco, sentindo um certo incômodo em meu interior.

— E você, minha boneca, acordou tão tarde hoje. Está doente? —


Vovô segura meu queixo.

— E dormiu tão cedo ontem. — Mamãe me olha.

— Cansada. — Umedeço os lábios e Felipe semicerra os olhos em


minha direção. — Vão almoçar com a gente hoje?

— Claro. Viemos festejar a volta do nosso quase filho. — Vovó fala e


abraça Rocco.

Engulo em seco e os deixo conversando. Vou para a cozinha,


mandando algumas mensagens para Júlia, querendo conversar com minha
melhor amiga, mas elas nem chegam.

Ótimo.

Me sento na ilha, me servindo de uma tapioca e suco, comendo em


silêncio. Felipe entra devagar, abre a geladeira e se senta sério na minha
frente.

— O que foi?

— Você estava no andar de baixo ontem? Pela madrugada?

— Eu? Não. — Minto, sorvendo um gole de suco. — Por que?


Felipe tamborila os dedos na bancada, me olhando daquela forma que
parece ler minha mente. Arqueio as sobrancelhas, vendo-o mexer nos
cabelos castanhos. Os olhos claros me fitam e mantenho a postura.

— Fala, Felipe!

— Achei ter ouvido vozes. — Me olha por cima da borda do copo. —


Está nervosa por que?

— Não estou nervosa, só curiosa. — Continuo comendo e sinto seu


olhar em mim.

— Felipe, onde colocou sua roupa, menino? Já procurei em todos os


lugares. — Agradeço mentalmente quando Arlete entra, chamando a
atenção do meu irmão.

Continuo sentada quando ele levanta e sai junto com ela. As vozes dos
meus avós rindo na sala me chama a atenção. Os domingos não são
diferentes aqui em casa, e quando não almoçamos juntos aqui, vamos para a
casa deles. Sempre nos reunimos.

Passo os dedos pelos lábios, fecho os olhos e mesmo não querendo


focar, é impossível não lembrar do beijo.

Posso sentir o roçar da barba em meu rosto e o modo como me


segurava e dominava. O quanto seu tamanho me deixa assustada e ansiando
por ele da mesma forma.

Engulo o bolo formado na garganta, me levanto e volto para a sala de


estar, onde estão reunidos. Meus avós estão sentados no sofá, com meus
pais ao seu lado.

Os olhos de Rocco rapidamente encontram os meus e ele desvia, rindo


de algo que meu pai fala.

— Manuella, tem visita para você. — Arlete aparece de repente.


— É a Júlia?

— Não. É o Thales.

— Não precisa anuncia-lo, Arlete. Thales é de casa, mande-o entrar. —


Papai sorri e olha para Rocco, que franze o cenho. — É o ex namorado
dela, mas são amigos e os pais dele trabalham no hospital.

Fito-o cerrar o maxilar, deixando-o com aquela cara de malvado que


me deixa arrepiada.

— Está ouvindo?

Franzo o cenho com a mão no queixo, olhando fixamente para o casal


a minha frente. O moleque ri enquanto fala algo com Manuella e Felipe.

Mas não é pela maneira que ri mostrando os dentes, nem pela forma
que a abraçou quando invadiu a sala de estar após o deixarem entrar, mas
sim pela forma que a mão está em sua cintura fina, que a fez sorrir,
deixando-a mais leve.

A noite anterior não saiu da minha mente um momento sequer. A


imagem de Manuella em meus braços me perseguiu, me deixando
completamente fora de mim.

Eu, um homem com quarenta e dois anos, sendo bombardeado por


sensações provocadas por uma garota.

Olho Jhonatan rindo enquanto conversa com seu pai e a culpa me


invade de uma forma indescritível.
Ele não me perdoaria se soubesse que estou olhando para sua filha
com outros olhos.

Porra! Eu vi a mãe dela grávida!

— O que acha, Rocco? — Fernanda indaga e a olho.

— Do que?

— Sua mente está longe hoje, irmão.

Sim. Está na porra da sua filha que insiste em tomar meus


pensamentos.

— Ou nem tanto. — Vitória me encara, tomando a taça de água. —


Conte-nos, Rocco.

— Só pensando em algumas coisas, nada importante. — Balanço a


cabeça, soltando um pigarro. — O que estavam falando?

— De irmos para Angra passar o Natal. Temos uma casa enorme e


podemos chamar uns amigos.

— Por mim, perfeito. — Me remexo na cadeira.

— Manuella pode fazer o aniversário dela como quiser, ela que


escolhe. Podemos fechar na casa de Angra.

— Perfeito.

Volto a encara-la e sinto os olhos nos meus assim que se vira.

Está usando a parte de cima de um biquíni e um short de malha fina


que contorna sua bunda empinada. A conversa toma um rumo diferente e
tento ao máximo interagir.
Revirei na cama durante toda a madrugada e me levantei cedo. O fato
de saber que Manuella dormia ao meu lado, me deixou ainda mais inquieto.

Meu pau reagiu mais tempo do que eu esperava e por muito pouco não
me masturbei para aliviar. Era só o que me faltava, não conseguir controlar
as reações do meu próprio corpo.

— Fica para almoçar com a gente, Thales? — Fernanda pergunta, se


aproxima de Manuella, que está de braços cruzados.

— Hoje não, tia. Vim apenas ver a Manu. — Passa o braço por seu
pescoço e ela ri. — Sabe que ainda nos amamos e ela não me deixa por
nada nesse mundo.

— Mentiroso. — Rebate, revirando os olhos.

— Formam um casal tão lindo. Achei que fossem mesmo casar.

— Eu pedi, tia. Mas Manu só pisa no meu pobre coração. — Coloca a


mão no peito, arfando.

— Ter filha é aguentar uma praga chamado genro. — Jhonantan


balança a cabeça e o olho.

— Imagino. — Sorrio sem humor.

Franzo o cenho quando o rapaz a beija na bochecha demoradamente.


Ela diz algo e ele nega rapidamente, a abraçando.

Algo dentro de mim me cutucou e levo o copo de cerveja a boca,


dando um gole generoso na bebida. Vitória e Rodolfo começaram a falar
sobre o hospital e alguns assuntos que por mais que eu tentasse, não
conseguia prestar atenção.

Não deveria me sentir tão incomodado, mas estou. Vê-la sorrir daquela
forma me causou uma raiva absurda.

Eu estou fodido, é isso.


Desligo a chamada, coloco o celular em cima da cama e passo as mãos
pelos cabelos. Minha mãe ligou algumas vezes e retornei apenas para saber
como está.

Me surpreendi de fato ao saber que Alisson está com ela essa tarde. As
duas sempre se deram bem, mas não eram tão próximas. Por isso a minha
surpresa.

Almoçamos juntos na piscina e Jhonantan resolveu preparar um


churrasco. Mesmo após negar veemente, o rapaz aceitou o convite e ficou.
Para o aumento da minha irritabilidade.

Senti a porra do coração dar uma cambalhota quando a vi tirar o short,


mostrando um pedaço de pano que ela julgou chamar de biquíni. Engoli em
seco, sentindo a pancada e o desespero me tomar.

Acendo um cigarro, sabendo o quanto odeio esse hábito terrível, mas


raramente fumo e quando o faço, é apenas um. Parece me acalmar de uma
certa forma e eu nem sei ao certo por que diabos estou nervoso.

Passo as mãos pelos cabelos, soltando a fumaça pelo nariz e


rapidamente apagando o cigarro, jogando no lixo do banheiro. Escovo os
dentes e passo apenas uma água no rosto. Quando abro a porta do quarto
para descer, paro.

Manuella vem caminhando, usando apenas uma saída de praia


transparente que não cobre absolutamente nada.

Os cabelos estão molhados e a boca curvada em um sorriso.


— Ligação importante?

— Não tanto. — Se aproxima e suspiro, olhando-a de cima a baixo. —


Por que não vai se vestir, Manuella?

Ela ri e morde o lábio.

— Parece que tem problemas com minhas roupas.

— Se usasse alguma. — Mantenho os olhos nos seus, porque se


olhasse tudo, sou capaz de beija-la aqui mesmo. — São pedaços de pano o
que você usa.

Balança a cabeça me olhando.

— E você não disfarça me olhando.

Engulo em seco, vendo-a empurra a peça de renda dos seus ombros.

— Estou enganada?

Franzo o cenho, fitando os bicos dos seios ficarem pontudos, refletindo


no tecido do biquíni. A barriga lisa e o triângulo da boceta desenhada na
parte de baixo da peça.

— Saia da minha frente. — Peço entre dentes e fecho os olhos.

— Ou?

Cerro o maxilar e viro de costas, batendo a porta com força atrás de


mim assim que entro no quarto. Praguejo alto, com as mãos nos cabelos e
respirando fundo, jurando poder ouvir as batidas do meu próprio coração.

— Rocco. — Ouço a voz baixa e suspiro, me virando para encontrá-la


parada no meio do quarto.

— Seus pais e seus avós estão na piscina. Saia do meu quarto,


Manuella. — Peço entre dentes, vendo-a negar veemente.
— Você me beija e age como se não tivesse acontecido nada. Como...

— Não era para ter acontecido. Você entende isso, Manuella?

— Não entendo. — A atrevida ergue o queixo e eu solto o ar pelo


nariz. — Por que tenta se controlar? Por que não assume que nossa atração
é mútua?

— Você tem vinte um anos, inferno! Isso não é suficiente?

— Não! Não é!

— Você é filha do meu melhor amigo, é uma criança para mim!

— Eu sou uma mulher e você sabe disso, não me faça repetir! — Diz
alto, erguendo o queixo e sorrio sem humor. — Você nega... Você tenta, mas
não consegue. Não consegue disfarçar que me deseja.

Engole em seco e nego rapidamente.

— Manuella, por favor. — Peço em súplica. — Seus pais estão lá


embaixo, por favor.

Umedeço os lábios, vendo-a colocar a mão para trás e nego devagar,


em um pedido silencioso, mas ela puxa a cordinha do biquíni e franzo o
cenho.

— Diga que não me quer. Que sou uma criança, como você diz.

Segura a peça com o antebraço.

— Vista essa roupa! E saia desse quarto agora! — Vocifero, não


querendo olha-la.

O tesão me golpeia e meu pau me trai de imediato.


— Sua idade não permite mais fortes emoções? — Ri, feito a porra de
uma diaba. — Achei que homens da sua idade fossem mais intensos.

Solta a peça, fazendo-a cair sobre seus pés.

Paraliso, olhando os seios alvos e os bicos rosados e pontudos.

— Manuella! — Rosno entre os dentes, vendo o sorriso em seu rosto.

Venço a distância e seguro em seu rosto. O peito esmagando contra o


meu quando coloco a mão em sua cintura e a outra segurando seu queixo.

— Não me vê como uma criança agora... Ver?

— Eu vou te mostrar como respeitar os mais velhos... Sua peste,


atrevida e abusada!
Mando meu controle a merda quando ela geme contra minha boca.
Está na ponta dos pés, me enlaçando pelo pescoço e com o corpo grudado
ao meu.

Ela me provocou até conseguir o que queria e nem eu posso falar que
fiquei bravo, porque é exatamente o que eu queria.

No minuto seguinte já estou com as duas mãos na sua bunda, fazendo-


a enlaçar as pernas em minha cintura. Os seios esmagados contra meu peito
faz meu pau babar no tecido da bermuda. Mordo seus lábios.

— Manuella. — Rosno quando a encosto na parede e roço contra o


meio de suas pernas.

Passo o polegar pelos lábios entreabertos, voltando a chupa-los em


seguida, enfiando minha língua na boca pequena. Quero engoli-la. Quero
tudo dessa garota.

Ela arqueia o pescoço, deixando a carne macia livre, mordo o local


devagar e chupo com força, enquanto Manuella enfia as unhas em meus
braços.
— Você é uma peste. —Falo e volto a tomar a boca em um beijo casto.

Me sinto um egoísta... Um louco por estar me agarrando com uma


garota que tem idade para ser minha filha. Principalmente por seu pai ser
meu amigo e estar no andar de baixo.

Manuella parece ler meus pensamentos, pois segura em minha nuca e é


a vez dela de me deixar sem fala, mordiscando meu lábio e chupando minha
língua. Geme, ondula e se esfrega, me fazendo colocar uma mão sobre a
parede para olha-la.

As bochechas estão avermelhadas, assim como seus lábios. A


respiração acelerada fazendo o peito subir e descer.

— Eu quero... Quero que...

— Seu pai. — Lembro em lamentação, sentindo-a arquear as costas.


— Estão todos lá embaixo, inferno.

— Você me quer tanto quanto eu te quero, Rocco. — Diz e geme baixo


quando ergue o pescoço e minha barba roça a pele sensível.

— Quero. É isso que me deixa louco, entendeu?

Eu seria um tremendo filho da puta se não continuasse. Ela está


grudada em mim. Nossos corpos estão grudados. Nossos desejos misturados
um no outro.

Seria hipocrisia se eu falasse que não me senti atraído por ela desde
que a vi pela primeira vez. Que mesmo com a mente me culpando, eu
estava pouco me fodendo nesse momento.

Ela estava prestes a falar algo, mas a voz morreu na garganta quando
segurei o seio com a mão, passando a língua pelo bico enrijecido e o
abocanhei, mamando loucamente. Me farto com seu gosto, as sensações e
com seus gemidos.
Seios médios, lindos e os bicos rosados clamando por atenção. Lambo,
mordisco e volto a chupa-lo, abrindo bem a boca para sugar a pele em volta.

— Ahhhh! — Geme ensandecida, tão tomada por tesão quanto eu.


Meu pau está duro contra o meio das suas pernas, quase me fazendo gozar
agora mesmo, como um adolescente. — Rocco.

Os seios são deliciosos, macios e empinados. Os bicos arrepiados e


vermelho de tanto serem chupados. Minha barba roça na pele sensível e
Manuella geme agarrada em mim.

— Sinto vontade de te partir ao meio, garota atrevida e abusada. —


Acaricio a bunda e aperto-a.

— Faça. — Dá um riso safado e seguro sem rosto, arfando.

Enfio os dedos em seus cabelos, a puxo e chupo seu queixo, cheiro seu
pescoço, deixando o cheiro me inebriar. O corpo pequeno todo coberto pelo
meu. Ela é tão pequena.

Mesmo tendo curvas, ainda mantém o estilo mignon. Os cabelos loiros


caem sobre os ombros e eu nego, segurando em seu queixo.

— Não adianta negar, Rocco


Você me come com os olhos.

— A vontade é de te comer com meu pau, mas você sabe o quanto isso
é errado.

— Não é. Nós dois queremos isso. Eu quero isso!

Calo sua boca enfiando minha língua nela, que recebe com o mesmo
fervor. Saio andando ainda com suas pernas enroscadas na minha cintura,
meu pau espremido embaixo dela. A deito sobre a cama e me enfio em seu
meio.
— Não vou transar com você aqui. — Digo firme, mesmo sentindo
vontade de fazer o contrário.

A vontade de abrir o zíper e meter meu pau fundo dentro dela, de ouvi-
la gemer quando eu estiver arregaçando sua boceta, me enche de ânsia e
tesão.

Mas eu não posso fazer isso aqui.

— O que vai fazer, então? — Pergunta baixo, passando as mãos por


minha barba. — Não sou uma criança, Rocco. Sou uma mulher formada e
não sou mais virgem.

Ouvir isso me dá alívio e raiva ao mesmo tempo.

Egoísmo e...

Não. Não é ciúmes.

— Quantos? Com quantos já transou?

Os olhos brilham e ela me encara, engolindo em seco.

Os cabelos estão espalhados no lençol da cama, está na beira, comigo


ainda por cima, mas sem colocar meu peso todo nela.

— Um. — Diz baixo.

— Você é uma criança, garota.

— Foi só um. Não disse que foi apenas uma vez. — Diz, me fazendo
franzir o cenho e cerrar o maxilar.

Desço os olhos pelo seu corpo. A barriga lisa e os seios ainda


vermelhos pelos chupões e lambidas. A calcinha de biquíni é a única coisa
que ela usa e não por muito tempo. Os seios pressionam meu peito e meu
pau está bem em cima da sua boceta.
— Se tiver sido aquela idiota a ter tirado sua virgindade, está explicado
porque mesmo com essa aparência de diaba, a inocência e inexperiência
ainda gritam por seus poros... Minha pequena.

Volto a beija-la, chupando seus lábios e Manuella geme, se abrindo


ainda mais. Enfio a língua na sua boca, saboreando e descendo pelo
pescoço para o seu corpo. Beijo a barriga, desço mais e seguro em suas
pernas, vendo-a abri-las.

— Rocco. — Me encara enquanto seguro suas pernas. Estou de


joelhos, vendo ela com o pescoço erguido, apoiada nos cotovelos enquanto
me olha.

Desato o nó das tiras da parte de baixo do biquíni, deixando a peça


caída, focando completamente na boceta exposta e totalmente lisinha. Os
pequenos lábios delicados, o clitóris inchado e rosado é o suficiente para
causar um espasmo na cabeça do meu pau.

Mesmo não sendo mais virgem, parece ser intocável. A abertura


pequena pisca e passo o dedo devagar para aparar o filete da lubrificação
escorrendo.

— Ah! — Abre a boca quando ergo o dedo molhado e levo até meus
lábios.

Seus olhos não deixam os meus um segundo sequer enquanto levo os


dedos até a boca.

Eu tenho medo de admitir que vou ficar viciado nessa menina se a


provar, mas é real. O gosto da boceta me invade e fecho os olhos. Sem
demorar, abocanho os lábios macios da boceta como se beijasse sua boca.

Ela geme, arqueando as costas quando serpenteio a língua pelos


clitóris durinho e chupo as dobras, separando-as com os dedos e voltando a
meter a língua com força, ouvindo-a soltar gritinhos abafados.
Passo o nariz, sentindo o cheiro me inebriando, minha barba deixando-
a vermelha e minha saliva se misturando ao fluídos que saem dela. Mamo
gostoso seu clitóris, igual fiz no bico dos seus seios, me fartando da carne,
passando língua e lábios.

Manuella é pequena, mas está toda arreganhada na cama com as


pernas bem abertas, se esfregando em meu rosto. Volto a fechar meus lábios
entre os seus, metendo a língua e tirando, rodeando o clitóris, fazendo-a
gemer e ondular mais ainda.

Ela segura em meus cabelos, se abrindo cada vez mais e enfio o dedo
onde pisca alucinadamente. Minha vontade é de descer o zíper e meter meu
pau tão fundo ali, arregaçando-a e faze-la se abrir inteira para mim, mas me
contenho.

A carne da boceta suga meu dedo entrando e saindo do canal apertado.


O polegar esfregando o pontinho duro, fazendo ela se contorcer ainda mais.
Não resisto antes de meter a boca novamente, o dedo a comendo com
rapidez.

É lindo vê-la fechar os olhos e arquear o corpo quando goza em minha


língua, tremendo e segurando em meus cabelos, ficando toda aberta. Passo
a língua, limpando os fluídos, deixando seu gosto me tomar por inteiro.

— Vo-você... — A voz sai arrastada e sorrio, subindo novamente. —


Rocco... Vai...

— Não. — Respondo antes, porque eu já sei qual seria a porra da sua


pergunta. — Não vamos transar aqui, embaixo do teto do seu pai.

Engulo em seco, fitando-a piscar os olhos devagar.

— Ele vai me odiar por querer tanto foder você.

Ela encosta a testa na minha e fecha os olhos, passando os dedos por


minha barba e arranhando meus ombros. Então, sem eu esperar, me puxa e
me faz deitar, montando em cima de mim.
Os cabelos caem sobre os seus ombros e a boceta roçando sobre meu
pau coberto pelo tecido da bermuda.

Me sento e seguro em sua bunda, enfiando as mãos nos seus cabelos e


chupando seus lábios com força.

— Vai continuar fugindo de mim? — Provoca, passando o nariz ao


meu.

— E tem como fugir de você? — Seguro em seu queixo, vendo-a rir.


— Peste.

Não tem como mesmo. Não depois do que aconteceu aqui.

Sinto meu coração disparado e as pernas ainda trêmulas, mesmo tendo


passado alguns minutos desde que sai do quarto de hóspedes. Passo as mãos
nos cabelos e suspiro.

Sorrio, encostada no azulejo frio da parede do banheiro. Minha pele


ainda está avermelhada por causa da fricção da barba, dos chupões e dos
beijos que ele espalhou sem pudor pelo meu corpo.

Fecho os olhos, rindo como se sentisse o olhar queimando sobre o meu


quando me levantei da cama ainda nua.

— Devem estar sentindo nossa falta, vá se vestir. — Diz sério,


enquanto estou completamente nua no meio do quarto, segurando apenas
uma toalha na minha frente. — Sem os pedaços de pano que você chama de
roupa.
Mordo o lábio, encarando-o de cima a baixo.

Com certeza devem estar sentindo nossa falta, mas isso é o de menos.
Sinto o olhar me queimar e o desejo aflorar novamente, me sinto tombada
por seus olhos.

Está sem camisa, usando apenas a bermuda.

Rocco é enorme e tem mãos grandes e braços fortes. Eu sinto que o


volume ali será maior ainda quando estiver sem qualquer peça de roupa.
Euforia e desejo cutucam meu interior de uma forma absurda.

— Não me olhe assim. — Pede, me fazendo encara-lo com o cenho


franzido e o maxilar cerrado.

— Assim como? — Indago baixo, vendo-o se aproximar e segurar


meu rosto.

— Como se fosse um anjo, Manuella. Você não é um.

Sorrio, espalmando a mão em seu peito, dedilhando com a ponta dos


dedos.

— Quem disse que não sou?

— Anjos não tem um gosto de pecado, e você exala isso.

Os olhos castanhos, com a barba com fios grisalhos o deixam ainda


mais lindo e másculo.

— Vá se vestir para descermos. Coloque uma roupa e pare de me


provocar em público.

Mordo o lábio, balançando a cabeça.

— Você é sempre tão mau humorado, titio. — A última palavra sai em


um murmúrio, mas ele rapidamente segura minha mão, apertando-a.
— Não me chame assim. Vá para o seu quarto.

— Mandão. — Reviro os olhos e me afasto. — Vou tomar banho.

— Vá. — Passa as mãos pelos cabelos, me olhando enrolar a toalha no


corpo.

Me olha de cima a baixo novamente e eu me aproximo, colando os


lábios aos seus novamente. Sentindo o gosto na sua língua enquanto grudo
meu corpo ao seu.

Então saio do quarto rapidamente.

Foi uma loucura tremenda. Mesmo eu não sendo mais virgem e tendo
feito algumas coisas, não é nada comparado ao currículo dele.

Me encosto no box e deixo a água levar a espuma do meu corpo,


tentando raciocinar e entender como me senti tão ligada a ele em poucos
dias.

Como se sentir tão louca por alguém que nunca tinha visto antes?

Como explicar?

É algo inexplicável.

Só sei que quero Rocco como nunca quis ninguém.

— Vou para a casa do Thiago, pode avisar a mamãe? — Desço os


últimos degraus da escada enquanto Felipe passa por mim segurando a
bolsa na lateral do corpo.
— Casa do Thiago? — Cruzo os braços e ele ri.

— Vou para o futebol e depois sair com a galera. Te dei cobertura na


festa da Júlia.

— Ok, deixa comigo.

— Te amo. — Me da um beijo rápido e sorrio, vendo-o sair em direção


a garagem.

Pelo visto, não repararam muito a nossa ausência, estavam animados


conversando na mesa do jardim e logo após Rocco e papai foram jogar
tênis.

Cruzo os braços, olhando-o movimentar a raquete com maestria e


agilidade em cada passo que dá.

— E foi um divórcio amigável, ao menos? — Ouço vovó perguntar e


mamãe assente.

— John disse que eles são amigos. Foi um término tranquilo, ela já
está com outra pessoa.

— Imagino. Rocco merece alguém a altura, sempre foi um homem


incrível, e é tão lindo. — Vovó segura o copo e suspira.

— Se ele não tivesse ido, poderia estar casado com a Natália até agora,
sempre foram um casal incrível. Estou tentando junta-los.

— E ele a quer? — Pergunto de repente, vendo mamãe sorrir.

— Claro, Manu. Vão marcar de jantar essa semana e vão trabalhar


juntos também.

Pisco devagar, me remexendo desconfortável.

— Natália ainda é louca por ele. Ela e Rocco e eu e John éramos


inseparáveis. Não é, sogra?
— O quarteto fantástico. — Vovó ri e suspira.

— O que tem o quarteto? — Papai indaga e olho de relance quando


ambos se sentam.

Rocco bem na minha frente.

— Estava falando o quanto éramos inseparáveis na juventude. —


Mamãe ri me olhando.

— Isso, éramos mesmo. Tanto que cai nos seus braços e Rocco nos da
sua prima.

Mordo o lábio e franzo o cenho.

Não seja idiota, Manuella. — Me recrimino no mesmo instante,


sentindo o aperto no âmago.

Não deveria me incomodar tanto.

— Aliás, Rocco, a Nat está esperando seu convite para jantar. —


Mamãe junta as mãos, o olhando. — Daqui a pouco está chegando aqui,
chamei ela para jogarmos mais tarde e comer algumas coisas.

Vejo-o cerrar o maxilar e suspiro, mexendo o canudo em meu copo e o


olho.

Seus olhos fixam aos meus e suspiro, virando o rosto e dando de cara
com os olhos extremamente azuis da minha vó fixos em mim.

Ela se mexe devagar e me ajeito rindo.

— Onde está o vovô?

— Foi até a cozinha, mas pela demora, aposto que deve estar
exagerando no doce de abóbora de Arlete. — Balança a cabeça rindo.
— Em falar nela... Olha quem chegou. — Viro o rosto quando mamãe
se ergue, indo cumprimentar tia Natália.

— Não resisti ao convite. — Abraça mamãe sorrindo e mexe os


cabelos ruivos longos. — Rocco.

— Natália. — O encaro sorrir ainda sentado e ela me olha.

— Manu, amor.

— Oi, tia. — Ela beija minha testa e suspiro, me levantando.

— Vai subir, filha?

— Sim. Vou deixar os adultos conversando. — Olho para o meu pai e


o beijo.

— Onde está Felipe?

— Foi para a casa do Thiago. Vou subir, mamãe.

Beijo minha vó, que me encara com uma expressão estranha no olhar e
saio caminhando devagar. Aquele incômodo inexplicável que insiste em
apertar meu peito, me deixando completamente fora de mim.

Mordo o lábio e suspiro.

Jantar com ela?

Ando de um lado para o outro na sala de estar, mordendo o polegar


com um pouco mais de força e os minutos se tornaram incontáveis horas. A
noite veio logo e continuavam na piscina conversando e dando altas risadas.

Não desci novamente e após mandar incontáveis mensagens para Júlia


– que ainda não tinha visto as anteriores – bufei ao me aproximar da sala de
estar.
— Mande um beijo para o seu irmão quando chegar. — Vovô me
abraça e sorrio, o beijando.

— Pode deixar.

Estão todos na varanda. Rocco de pé, abraça minha vó e tia Natália ao


lado de mamãe.

— Juízo. — Vovó sorri e se aproxima, me olhando e segura em meu


queixo depois de me abraçar. — Disfarce, minha querida. Seu pai vai
perceber.

Franzo o cenho quando ela me solta.

— Vó...

— Falamos disse depois. — Segura em meu nariz e pisco devagar.

Se despede rapidamente e a encaro acenar enquanto papai, mamãe e tia


Natália se aproximam do carro. Rocco me encara e continuo fitando-os.

— Vai sair com ela hoje, carregando o meu gosto nos seus lábios? —
Pergunto, sem me virar para olha-lo.

— Manuella. — Diz baixo, mas não o olho.

— Vai levar ela para jantar para me tirar dos seus pensamentos?

Só então me viro para olhar os olhos castanhos fixos em mim.

— Espero que a lembrança do meu corpo te perturbe a noite inteira e


que quando pensar em tocar nela, pense em mim na sua cama. — Engulo
em seco e umedeço os lábios.

Ele abre a boca, prestes a falar algo, mas se cala rapidamente, então
quando vejo duas motos pararem no jardim. Júlia desce de uma acenando e
a fito. Davi tira o capacete me encarando e sorrio.
— Se me der licença.
— Esperei você me ligar ou mandar alguma mensagem, mas nem me
respondeu. — Davi fala e mordo o lábio devagar enquanto caminhamos
pela orla da praia.

A praia está pouco movimentada comparada aos outros dias. Encaro o


mar tranquilo e depois volto a olhar ele. Usando uma jaqueta de couro
preta, assim como o resto da roupa.

Confesso que foi uma surpresa ver Júlia e os meninos chegarem, mas
minha amiga parece ter lido meus pensamentos em ter chegado naquele
momento e me tirado dali.

Apresentei meus pais aos meninos rapidamente e Júlia explicou que


seu celular tinha ficado em sua casa e ela estava na casa do seu ficante, só
por isso a perdoei. Subi para trocar de roupa, coloquei um macacão de
malha fina verde e sai, me despedindo dos meus pais e deixando um par de
olhos fixos em mim quando subi na moto.

Com o cenho franzido e as sobrancelhas juntas, deixando-o ainda mais


lindo.
Me recuso a deixar esse sentimento espezinhar meu coração. Como um
homem que eu mal conheço pode ter esse efeito sobre mim?

Como posso sentir isso?

— Manu? — A voz de Davi me tira dos devaneios e balanço a cabeça.

— Desculpa. — Sorrio, vendo-o parar e seguro as sandálias nas mãos,


sentindo a areia da praia entre meus dedos. — Deveria ter te ligado.

Ele segura em minha mão e nos sentamos ali mesmo, o cheiro da água
salgada preenche minhas narinas e a brisa faz meus cabelos voarem.

— Você ainda sente algo pelo Thales?

— Não, eu e ele não temos mais nada. Somos amigos. — Nego


devagar e Davi me olha. — E nós ainda estamos nos conhecendo...

— Eu sei. Não é de agora que venho querendo te conhecer melhor,


Manu.

Mordo o lábio e sorrio. Davi é apenas dois anos mais velho que eu,
mas não faz meu corpo arrepiar inteiro apenas como sua voz, nem me
despertar vontade de provoca-lo. Não tem uma expressão de mau humor
que me dá vontade de rir.

— Estamos nos conhecendo, Davi. Mas aos poucos. — Digo, vendo-o


virar o rosto e segurar em meu queixo. — Com calma.

Mesmo sabendo que beija excepcionalmente bem, eu não quero usa-lo


nesse momento. Não estou com vontade alguma de beija-lo, então viro o
rosto devagar e ele parece entender, pois não volta a insistir.

Levantamos limpando a areia e voltamos para a orla, tomamos uma


água de coco e logo Júlia e Matheus se juntam a nós. Ficamos em um
quiosque conversando, rindo e é incrível o quanto distraí a mente.
— Por que está com essa cara de bunda? — Júlia me puxa assim que
os meninos saem um instante.

— Acho que me meti em uma fria, Ju. — Suspiro pesadamente,


vendo-a franzir o cenho.

Pela minha expressão, ela lê rapidamente o que eu nem preciso falar.

— Ah! Não venha me dizer que foi com o que o Rocco? Manuella!

Pisco os olhos, a puxo e relato o que aconteceu. Júlia arregala os olhos


negros como a noite, com a mão sobre a boca aberta assim que termino de
contar.

Estamos sentadas em um dos bancos da orla e minha mente parece tão


distante que não consigo entender.

Como ele tomou minha mente em tão pouco tempo?

— Manuella! Você ficou maluca, sua vaca? O amigo do teu pai! Deus,
estou toda arrepiada! — Mostra o braço e mordo o lábio quando ela balança
a cabeça veemente. — Você provocou o velhote até fazê-lo cair de boca.

— Ele bem que gostou. — Digo rindo, mas fico séria em seguida. —
Ele parecia me dominar, Júlia. O homem tem uma coisa que...

— Experiência, Manuella. Coisa que aquele soca fofo do Thales não


tinha nenhuma. — Estala a língua.

— Perdemos a virgindade juntos, tudo o que sabemos aprendemos um


com o outro. — Me viro para encara-la.

— Ou seja, um cego ensinando a contar carneirinhos. — Balança a


cabeça e segura em minha mão. — Manu.

— Nunca me senti assim, Júlia. Essa sensação no peito que me


desarma quando ele está por perto. Ele chegou na minha casa há menos de
quatro dias e parece que já o conheço de outras vidas, entende?
— Acho que sim... Não sei. — Aperta os dedos entre os meus. — Mas
você sabe que é uma loucura das grandes. Tio Jhonatan e tia Fernanda não
vão aceitar se descobrir.

Engulo em seco, a olhando.

— Você não acha que isso é apenas ego, Manu? Que está assim só por
ele ser mais velho e gostoso?

— Eu não sou de ficar com ninguém por ego, Ana Júlia. Mamãe está
armando para ele e tia Natália ficarem juntos, e eu não quero isso.

— E o que vai fazer? Me diga, Manuella! — Diz séria e franzo o


cenho. — Eles dois tinham um caso antes de você nascer, tem noção disso?
Antes do seu nascimento, eles dois já transavam!

— Mas não transam mais! — Sinto uma raiva em meu âmago. —


Acabou o que tinha entre eles.

— Como você sabe?

— Eu sei que não estou sentindo isso sozinha, Júlia. Rocco me quer,
eu sinto e sei disso.

— Manuella... — Minha amiga suspira e sorrio para ela.

— O que faço, Júlia?

Vejo-a morder os lábios, suspirando enquanto segura minha mão.

— Deixe acontecer o que tiver que acontecer, Manu. Se você tem


certeza do que quer.

— Eu quero ele. — Digo rápido, vendo-a assentir, me olhando.

— Então lute pelo que quer, minha loira.


Desço da moto e entrego o capacete a Davi quando ele estaciona
próximo a entrada da minha casa. Era pouco mais de 23h quando saímos da
praia, passamos em uma lanchonete e tomamos um sorvete enquanto
jogávamos conversa fora.

Me despedi de Júlia, que ia para a casa de Matheus e por insistência de


Davi, voltei com ele, que agora está me encarando fixamente, enquanto tiro
uma mecha dos meus cabelos do rosto.

Ele desce da mesma, se encostando na moto e cruza os braços.

— Vamos sair amanhã, apenas nós dois. Posso te levar em um


restaurante? Ao cinema? Você decide o destino.

— Davi, não quero te fazer criar esperanças. Mas não vamos ter nada.

— Como amigos, Manu. Por Deus, é só uma saída como amigos.


Podemos ir no clube beber alguma coisa.

— Eu te ligo. Tenho algumas coisas para resolver com a minha mãe


e... — Ouço as vozes atrás de mim e me viro quando meu pai desce os
degraus ao lado de Rocco.

Davi se ajeita rapidamente enquanto meu pai nos olha com uma
sobrancelha arqueada, o deixando com cara de mais sério. Ele não faz o
estilo ciumento ou coisa do tipo. Se bem que o único namorado que
conheceu foi o Thales.

Mas não é a expressão dele que me chamou a atenção, mas o olhar de


Rocco em nossa direção.
— Davi, esse é o meu pai. — Aponto rapidamente e Davi estende a
mão em sua direção. — Papai, esse é o Davi.

— Boa noite.

— Davi Werneck. É um prazer conhecê-lo, senhor.

— Apenas Jhonatan. — Diz sério e me olha.

Davi olha para Rocco, que está o olhando fixamente.

— E esse é meu tio. — Me adianto, apontando para Rocco.

— Como vai?

— Bem. — Diz sério, com aquela voz rouca que me faz tremer de
cima a baixo.

— Vão sair? — Pergunto e papai nega veemente.

— Vim apenas ver com quem estava. Já estou indo descansar, temos
que estar no hospital cedo. Boa noite.

Papai dá um aceno com a cabeça e Rocco continua parado.

— Boa noite. — Responde.

— Eu já estou indo. Você me liga, Manu? — Davi se aproxima e me


dá um rápido beijo na bochecha.

— Ligo. — Assinto, vendo-o colocar o capacete e subir na moto,


dando partida. Aceno com a ponta dos dedos e ele sai em disparada.

Mordo a ponta do polegar, subindo os degraus. Papai ainda está na sala


e se vira assim que entro, olhando-os.

— Tia Natália já foi? — Pergunto ao meu pai enquanto me sento na


frente de Rocco, na poltrona.
Sua perna está dobrada em cima do joelho e a mão no queixo, apoiado
no braço do sofá.

— Sim. Rocco foi deixa-la.

O encaro de imediato e ele continua na mesma posição.

Meu interior se contorce e o fito em silêncio.

— Vou subir, descansar e amanhã começamos. — Bate no ombro de


Rocco e ele assente. — Boa noite.

Me dá um beijo na testa e sorrio, afagando seu rosto.

— Boa noite, princesinha.

— Boa noite, papai.

— Boa noite, John. — Rocco assente e ele sobe as escadas, então


voltamos a nos olhar em total silêncio.

Nos encarando fixamente, sem falar uma palavra sequer. Ele franze o
cenho daquela forma que forma uma ruga entre suas sobrancelhas. O
contorno da barba em seu rosto com alguns fios brancos, assim como seu
cabelo. A camisa colada e a bermuda branca realçando suas pernas.

Engulo em seco, erguendo o queixo.

Controlo o impulso de avançar sobre sua boca atrevida e enfiar minha


língua, segurando aquele queixo e fundir nossas bocas, enquanto chupo e
mordo seus lábios.
Quero agarra-la, surrar sua bunda empinada com o maldito shorts e
tirar aqueles seios que cabem na palma da minha mão e chupar os bicos
rosados até ficarem pontudos em minha boca.

Ela é gostosa demais. Quero entrar fundo nela e sentir a carne macia e
apertada moldando meu pau em cada estocada funda.

Quero mais. Quero Manuella pedindo clemência e acabar com a marra


dela em longas batalhas na cama. Quero acabar com essa gana que me
domina, ansiando por ela.

"— Vai sair com ela hoje, carregando o meu gosto nos seus lábios?"

As palavras não saíram da minha mente em momento algum. É como


se a voz de Manuella ecoasse em meu cérebro.

Levei Natália em casa apenas por insistência de Fernanda. Trocamos


algumas palavras até o caminho, mas não era tão longe assim do
condomínio e com ajuda do GPS, consegui ir e voltar sem delongas.

É uma cobertura luxuosa em um prédio de frente a praia. Natália


morava com o filho e se separou há menos de dois anos.

— Quer tomar alguma coisa? Suco? Café?

— Não, obrigada. Isso aqui é incrível. — Sorrio, olhando a sala ampla


e as enormes janelas abertas.

— Muito. Uma visão magnífica. — Se aproxima me olhando e cruza


os braços. — Seu apartamento é próximo daqui, seremos quase vizinhos e
ainda colegas de trabalho.

Natália sorri e assinto.

Mas a visão de Manuella subindo naquela moto causa uma reviravolta


em meu peito indescritível.
"— Vai levar ela para jantar para me tirar dos seus pensamentos?"

Não vou ser indelicado com Fernanda, nem com Natália. Vamos jantar
como amigos, nós quatro, em um dia qualquer da semana.

Pude sentir o olhar de Manuella na minha direção quando ouviu as


palavras no jantar. Tentei ao máximo não deixar transparecer o quanto
pouco me lixava para isso.

"— Espero que a lembrança do meu corpo te perturbe a noite inteira e


que quando pensar em tocar nela, pense em mim na sua cama."

Como se fosse fácil esquecer aquela cena.

O corpo curvilíneo e pequeno completamente aberto. As pernas


arreganhadas na cama e o modo como tremia ensandecida quando gozou
em minha boca.

Eu posso sentir o gosto e o cheiro impregnado em minha pele, lábios e


boca.

Parece ser madura e dona das suas próprias decisões, mas ao mesmo
tempo ainda parece uma menina.

E talvez seja. Pela forma que se desmanchou em meus braços quando


gozou, deixou claro que talvez nunca tenha sentindo algo daquela maneira
algum dia. Minha experiência me deixa alerta e depois de conhecer seu ex,
foi o suficiente.

Manuella não é virgem, mas é inexperiente.

Natália me encara como se tentasse ler minha mente, segura em minha


mão, apertando-a entre as suas. A olho fixamente, enquanto morde o lábio.

— Você parece o mesmo e ao mesmo tempo não. — Balança a cabeça


rindo.

— Digo o mesmo de você. Mesmo ainda tendo o mesmo sorriso.


Natália me olha fixamente.

— Senti sua falta, Rocco. Como nunca pensei que fosse sentir. —
Suspira, balançando a cabeça. — Conhecemos outras pessoas. Você se
casou e eu também. Agora nos separamos e, Deus... É uma loucura.

— Eu tenho um carinho enorme por você, tanto quanto tenho por


Fernanda e pelo Jhon. Nossas memórias foram as melhores, Natália. — Me
adianto, vendo-a assentir levemente e colocar a mão em meu rosto.

Os cabelos ruivos voam com o vento e sem eu ao menos esperar, ela


deposita um beijo em meus lábios. Não um beijo casto, ou com alguma
conotação sexual. Algo como de lembrança, carinho e saudade.

Abro os olhos e encaro os seus, vendo seu sorriso no canto dos lábios.

— Eu te esperei por anos, Rocco. Guardei esse amor dentro do meu


peito como um segredo. Não somos mais adolescentes universitários em
busca de lembranças. Somos adultos e maduros.

Sorrio, vendo-a morder os lábios enquanto deposito um beijo em sua


testa.

— Você continua incrível, garota dos cabelos de fogo.

Natália faz parte das minhas lembranças mais lindas. Vivemos


intensamente nossos momentos, mas foram apenas isso. Ela fez parte da
minha vida no passado, do ótimo momento, mas só.

Os pequenos olhos fixos aos meus me tiram dos devaneios. Manuella


se ajeita rapidamente, sem quebrar o contato e assente, tamborilando os
dedos no acento do sofá.

Os cabelos estão soltos e ela balança o pé de um lado para o outro.

Levanta de repente e continuo calado, observando-a. Coloca um pé no


primeiro degrau e desço o olhar pelo corpo. Vendo a bunda redonda
empinada, as pernas perfeitas e não paro de imaginar como ficariam
enroscadas na minha cintura.

Manuella se vira com uma mão no corrimão, me olhando daquela


forma que ela sabe que me provoca até onde eu não quero.

Meu corpo reage de imediato.

— Ela não disfarça que quer reatar o que tiveram no passado e mamãe
está ajudando... Você jantou com ela?

Nego devagar, observando-a sem me mover, apenas vendo ela cruzar


os braços e me olhar séria.

Por que essa pestinha tinha que ser tão linda?

— Você a beijou?

— E se eu tiver beijado? — Me ajeito na poltrona, cruzando as mãos


no queixo. — Sou um homem livre, Manuella. Divorciado e completamente
livre.

Ela sorri, balançando a cabeça.

— E covarde também. — Sussurra, saindo de perto das escadas. —


Sabe por que, Rocco?

Semicerro os olhos, olhando-a andar lentamente até parar perto de


onde estou sentado.

— Porque não é ela que você quer. Não é ela que tomou seus
pensamentos desde que chegou nessa casa. Não é ela que te faz conhecer a
insanidade. — A voz sai baixa, mas firme. — Você me deseja, me quer... Eu
vejo em seus olhos, Rocco.

— O que você ver, Manuella? — Me ergo em um pulo, ficando com o


rosto a centímetros do seu.
Sua respiração se misturando com a minha.

— Diga, o que você vê?

— Desespero em seus olhos. Desejo e uma vontade imensa de me ter.


E eu não estou enganada, você me quer.

Essa audácia dela me deixa completamente maluco. Esse atrevimento


e essa língua afiada são o meu martírio.

Seguro seu queixo com uma mão e ergo seu rosto para me encarar.

— Você quer acabar comigo, como fez naquele quarto. Me diga que
não pensou em mim o dia inteiro. Que não está com meu gosto em sua
boca.

— Você saiu como aquele moleque. O beijou, Manuela? — Pergunto


com o nariz colado ao seu.

Aperto seu queixo, segurando-a firme para me olhar nos olhos.

— Sou uma mulher livre. Solteira e completamente livre. — Ri, me


atingindo com minhas próprias palavras. — E ele pode me fazer gozar, ter
orgasmos intensos e...

— Você está jogando bola com granada, Manuella. — Controlo a


respiração e posso sentir meu pau crescer cada vez que seu corpo cola mais
ao meu.

Olho sua boca pequena vermelha e os olhos brilhando. Ela espalma a


mão em meus braços, apertando-os.

Então tudo vira caos quando seguro em seu braço, a puxando para
debaixo da escada. O espaço com um sofá de canto, onde forma meio que
um esconderijo. Encosto seu corpo na parede, a cobrindo, espalmando a
perna em minha cintura e seguro em seu queixo.
— O que você viu em mim, garota? — Rosno contra seus lábios,
raspando os dentes contra a carne macia.

E não estou me referindo ao porte físico. Me cuido muito bem para a


minha idade, mas no sentindo de algum futuro, não consigo entender o que
diabos ela vê em mim.

Não fui capaz de fazer uma mulher da minha idade feliz em um


relacionamento, como poderia fazer uma menina da idade dela feliz?

— Parece que eu estava te esperando. — Sussurra, enfiando a mão por


baixo da minha camisa.

Roça as unhas em meu peito e a esmago mais ainda com meu corpo
colado ao seu.

Quero desmonta-la.

Quero vê-la montando em meu pau até senti-lo inteiro dentro dela,
sendo sufocado por aquela boceta que eu sei que será o inferno de tão
apertada.

— Você sentiu ciúmes? Você quer que outro me toque? Que...

— Cala a boca, peste! Atrevida e abusada. — Encho a mão com a


carne da sua bunda, fazendo-a esfregar em meu pau se contorcendo de tão
duro e inchado por ela. — Você é uma ninfetinha encapetada que me
deixa...

Arfo, sentindo seu sorriso alargar.

— Louco. Você me deixa louco.

— Eu sou pior do que você possa imaginar. — Me encara séria


enquanto seguro em seus cabelos, arqueando seu pescoço. — Titio.
Afasto o cabelo do seu rosto, voltando a segura-lo. O espaço em que
estamos é pequeno, mas o suficiente para ficarmos grudados sem ser vistos.

Seus pais estão no andar de cima e os empregados já foram dormir,


restando apenas nós dois aqui.

Nossos olhares fixados um ao outro é tudo que eu preciso para ser


tomado pela insanidade, enfio a língua em sua boca capturando seu gosto
com uma fome insana. A mão espalmada em meu peito, enquanto geme se
esfregando em mim.

Tateio seus quadris, puxando-a e sentindo a pélvis roçar no meu pau


que cresce ainda mais com a fricção. Sinto minha glande babando, louco
para entrar nela e tomar o que é meu.

O que é meu.

Enfiei o nariz em suas mexas loiras, antes de morder a carne do seu


pescoço. Manuella me deixa louco. Me faz perder o controle, a sanidade e
tudo que me resta.
A mão pequena desce por meu abdômen e abro os olhos quando faz o
contorno da ereção marcada na bermuda.

— Deixa... Eu quero te ver. — Diz contra minha boca e a olho.

Ofegante, com respiração entrecortada e o rosto avermelhado.

— Seus pais estão lá em cima.

— Papai não desce tão cedo. — Ofega, segurando em meu rosto. —


Por favor.

Franzo o cenho e juro que queria impedi-la, mas foi minha morte
quando sem esperar, ela desceu o zíper da minha bermuda e desceu, apenas
para enfiar a mão dentro.

Fecho os olhos, soltando o ar de uma vez.

— Ah! — Geme baixo, segurando na base, sem conseguir fechar a


mão.

Observo a mudança de expressão em seu rosto. Seus olhos se


arregalaram, a boca abriu e meu ego inflou em chamas. Seria modéstia falar
que não assusta de início, pois tenho noção que é grande, mas nesse
momento parece maior.

A glande robusta e vermelha está na altura do meu umbigo. Manuella


piscou e parece hipnotizada. Travo o maxilar quando ela roça o polegar
onde o pré-gozo escapou, me deixando todo melado.

— Você não estava brincando... Quando disse que ia me arregaçar, não


é? — Sussurra, meio rindo meio séria. — Isso vai acabar comigo.

Travo o maxilar quando abaixo o olhar, vendo a mão descer


lentamente pelo comprimento, voltando a subir enquanto o aperta,
lambuzando-o com o próprio fluído que sai da glande.

— Manu...ella. — Apoio as mãos na parede, a prendendo. — Inferno!


As mãos pequenas e delicadas revezam na carícia intensa e reprimo
um palavrão quando massageia minhas bolas pesadas e sei que não vou
demorar muito para me desmanchar igual um adolescente.

— Você é enorme, Rocco. — Arfa, apertando e voltando a passar o


polegar na glande, descendo novamente em um punheta lenta, mas intensa.

— Não me olhe como se não soubesse o que fazer, minha pequena. —


Digo contra seus lábios e os chupo.

Ela sorri como a atrevida e abusada que é e meu quadril dá um


espasmo e o movo, fazendo-o escorregar por entre suas mãos e ela continua
a movimenta-lo, lubrificando e voltando a descer e subir.

Cerro o maxilar, controlando os palavrões que teimam em querer


escapar, mas não posso correr o risco de sermos pegos. Manuella continua a
carícia, os olhos atentos aos meus e a boca entreaberta, ofegando a cada
movimento que faz com as mãos.

— Vou gozar na sua mão. — Digo sério, pondo minha mão em cima
da sua, sentindo-a apertar mais ainda.

A imaginação flui para longe quando penso na sua boca pequena


engolindo meu pau e foi isso que me fez gemer, enfiando minha língua em
sua boca. Ela retribui o beijo como se sentisse o mesmo que eu.

Encosto a testa na sua, com as mãos espalmadas na parede, enquanto


suas trabalham no meu pau.

— Por favor. — Pede baixinho, concentrada e é como uma explosão


dentro de mim quando me beija, calando meus gemidos quando suas mãos
ficam ágeis nos movimentos.

Reviro os olhos, sentindo-a acelerar, subindo e descendo a mão com


uma pressão que fiquei desnorteado de tanto tesão. Ela morde meus lábios e
eu arfo, encarando-a quando o primeiro jato de porra sai
Me afasto para ver e preciso me inclinar, por causa da intensidade do
orgasmo. As mãos de Manuella continuam o movimento, mesmo quando
ainda gozo entre seus dedos.

Encostei a testa na sua, deixando os espasmos saírem. Me seguro para


não abrir suas pernas e meter nela ali mesmo. Vontade não me falta.

— Você vai ser minha morte, garota. — Engulo em seco, vendo-a


sorrir lentamente.

— O que foi, doutor? — Pergunta baixo, com a boca há centímetros da


minha. — O coroa não aguenta fortes emoções?

Fixo o olhar ao seu.

— Deixa eu te mostrar o que um coroa faz, sua atrevidinha do caralho!

As mãos dela estão meladas de gozo e saliva, nada é mais excitante do


que vê-la assim. Passo o polegar no pau, amparando um filete de esperma
que descia e a olho fixamente.

— Abra a boca, Manuella. — Peço, olhando-a separar os lábios. —


Quando você tiver com meu pau enfiando na sua boca, vai aprender a
deixa-la calada.

A diaba sorri e passo o polegar nos lábios vermelhos e eu rio,


enfiando-o na sua boca, vendo a língua limpar os resíduos de porra. Ela
suga meu dedo e em nenhum momento quebra o contato dos nossos olho,
fixos um ao outro.

— Quando eu foder você, Manuella, vai levar tanto pau, que deixarei
essa boceta mais inchada e vermelha do já é. — Falo, vendo meu polegar
sumir entre os lábios e voltar completamente limpo.

Se eu não soubesse os sintomas de um infarto, poderia jurar que estou


tendo um nesse exato momento. Ela leva seus próprios dedos, ainda
melados, até boca, chupando um por um, como se estivesse provando e se
lambuzando de uma tigela de doce.

É minha porra, caralho!

Seguro em seu queixo, olhando-a tirar o dedo anelar lentamente da


boca e um filete de gozo desce do canto dos seus lábios, ela rapidamente
passa a língua para limpar.

— Sua ninfeta do inferno! Você fode minha mente, Manuella. É isso


que quer ouvir? Você é uma abusada, atrevida e inconsequente! — Bato em
seu rosto com a ponta dos dedos. — E eu estou louco por você, sua peste.

— Por que não me fode logo? Por que não...

— Não vou fazer isso na casa do seu pai, porque quando eu fizer...
Não vai ter volta...

— Não quero que tenha.

A porta da frente se abre e vejo Felipe entrar segurando a bolsa na


lateral, ele sorri de lado me olhando e eu suspiro, colocando as mãos nos
bolsos da bermuda.

Me limpei rapidamente no lavabo, já que não poderia subir do jeito


que estava. Manuella fez o mesmo, sai da cozinha e encara o irmão parado.

— Chegou agora?

— Uhum. Estão acordados até agora? Por que? — Franze o cenho.

— Conversando. — Responde. — Vai comer alguma coisa?


— Não, já comi. Vou dormir. — Felipe olha entre mim e ela e sobe as
escadas.

Passo as mãos pelo rosto suspirando e ela se vira devagar.

— Vá descansar, preciso estar no hospital amanhã cedo com seu pai.


— O rosto pequeno me encara e ela dá um leve aceno.

— Tá bom. — Me olha de cima a baixo e sorri quando seguro em seu


queixo, apertando-o. — Vai me colocar para dormir?

Nego devagar e rio sem querer.

Ela tem esse poder.

— Não. — Fico sério novamente.

— Um dia você vai. — Fala com convicção e boceja, ficando na ponta


dos pés para me dar um beijo rápido nos lábios. — Boa noite.

Sobe os degraus devagar e a olho com o cenho franzido.

— Boa noite.

Viro assim que ela some degraus a cima e suspiro pesadamente.

— Ah, Manuella.

Tarde demais para voltar atrás.

Manuella:

Me viro de um lado para o outro na cama, sentindo o lençol ser


puxado. Esfrego os olhos, sentindo um lado do colchão ceder e pisco
devagar, abrindo apenas um olho.
Felipe está deitado ao meu lado, me olhando fixamente enquanto
bocejo, me espreguiçando.

— Por que está aqui de madrugada? — Pergunto ainda sonolenta, me


sentando na cama.

— São dez da manhã. — Meu irmão ri e franzo o nariz, me jogando na


cama novamente.

— Estou de férias, Felipe. Me deixe descansar. — Cubro o rosto com o


lençol e volto a fechar os olhos.

Abro a boca quando o lençol é tirado de mim e me viro, olhando meu


irmão de pé com o lençol em suas mãos. Ele está com a roupa do vôlei, me
olhando fixamente.

— O que você quer, garoto?

— Que me diga por que estava lá embaixo com o Rocco! — Diz de


repente, me pegando completamente de surpresa.

Engulo em seco, vendo-o se sentar na minha frente. Não escondo


absolutamente nada dele e nem quero. Mas como vou explicar o que está
escrito em meu rosto?

— Ele é nossa visita, estava fazendo sala para ele. — Me ergo,


mentindo descaradamente. Felipe gargalha sonoramente e cruza os braços.
— O que é?

— Para cima de mim, Manuella? — Imito seu gesto. — Você soltou os


cachorros quando soube que teríamos visitas aqui e agora resolveu fazer
sala para ele? Faz sala pela madrugada também?

— Como você é maldoso, Felipe. — Semicerro os olhos.

Tento não rir quando ele continua me olhando como se lesse minha
mente.
Depois da noite intensa que tive, dormi tranquilamente, mas claro que
a mente bombardeando de sentimentos e sensações por todo meu corpo.
Estou me sentindo viva, nunca pensei que sentiria tanto tesão por uma
pessoa.

As imagens passam em minha mente como um filme em câmera lenta,


me fazendo capturar cada momento.

Meu interior se convulsiona em pensar naquele pau enorme que


parecia crescer a cada movimento que eu fazia, tão macio e tão duro ao
mesmo tempo. A vontade de prova-lo me fazendo salivar de vontade de
senti-lo em minha boca.

Minha calcinha virou um nada e apenas após um banho consegui


dormir.

— Você está vendo coisas onde não tem. — Pisco um olho, indo para o
banheiro.

— Você finge que me engana e eu vou fingir que acredito. — Olho


Felipe pelo espelho enquanto escovo os dentes rapidamente. — Sei que tem
coisa aí, Manu.

Reviro os olhos, rindo.

— Mamãe já foi para o hospital?

— Não, só vai de tarde. Está te esperando para o café.

— Vou tomar um banho e desço. — Ele continua me encarando,


parado com um sorriso no canto do lábio.

— O que você tem, Felipe?

— Papai vai querer saber como ganhou esse chupão aí no pescoço. —


Aponta o dedo para a região.
Arregalo os olhos, colocando a mão por cima.

— O que?

— Estava fazendo sala, né? — Diz e sai, batendo a porta em seguida.

Me viro para o espelho e vejo a pequena marca no lado direito do


pescoço. É uma manchinha minúscula, mais ainda sim é uma. Está
levemente avermelhada, denunciando.

Foi inevitável não sorrir ao toca-la.

Para o tamanho e porte daquele homem, a forma bruta como me


segurava é completamente normal. Rocco é intensidade e insanidade. Me
leva a lugares que eu nunca pensei que existisse.

E não dá. Simplesmente não dá para tira-lo da minha mente, nem se eu


quisesse.

— Contratei o buffet para o jantar de Natal. Será na casa de Angra. Lá


é maior e terá mais espaço para todos. — Mamãe balança a perna, mexendo
no tablet em sua mão. — Você prefere comemorar seu aniversário lá
também? Faremos como todos os anos.

Sim. Todos os anos meu aniversário é comemorado na ceia de Natal,


assim que dá meia-noite do dia 25, cantamos parabéns e durante o dia
fazemos uma festa onde sempre chamo alguns amigos.

— Tudo bem. — Como a salada de frutas e ela assente. — Vamos na


próxima semana?
— Sim. Seu pai vai resolver umas coisas no hospital e vamos na
próxima semana. Seus avós vão conosco. — Balança o pé e me olha.

— Quem vai ficar com a gente? — Sondo, colocando mais mel em


cima da salada que estou comendo.

A casa de Angra é enorme, assim como quase todas que temos. A


única diferença são alguns chalés próximos que ficam espalhados ao
arredor e alguns convidados preferem ficar lá, pela privacidade.

Claro, são por escolha deles, já que a casa tem espaço de sobra para
um batalhão.

— Todos que passam o Natal conosco, filha. Você acha que Rocco vai
querer ficar em um chalé? Para ter mais privacidade?

Tomo um gole do suco, olhando-a. Mexo na salada, colocando um


pouco mais de mel.

— Privacidade? Para que?

— Não sei. Vai que queira ficar com a Natália ou...

— Mamãe, porque essa insistência em junta-los? Talvez o que ficou no


passado, deve permanecer por lá. Não conhecia esse seu lado de cupido. —
Disparo, apertando a colher nos dedos. — Deixe eles decidirem o que
querem.

— Filha, parece até que eu estou cometendo um crime. — Sorri,


fechando a capa do tablet. — Quero apenas juntar um casal de amigos.

— E eles querem se juntar, mamãe? — Arqueio a sobrancelha e ela


sorri.

— Natália ainda gosta do Rocco. Você precisava ver a felicidade dela


quando soube que ele ia chegar de viagem. Ela sofreu muito com o término
do relacionamento dos dois na época que ele foi embora.
Franzo o cenho.

— Talvez não tenha acabado e só precisa de um empurrãozinho.

— E o Rocco quer continuar de onde pararam? Ambos precisam


querer e você fica empurrando um ao outro.

— Que mau humor matinal é esse, Manuella? — Ralha me olhando e


mordo o lábio.

— Apenas a verdade, mamãe. Eles são adultos e decidem com quem


quererem ficar. — Coloco o guardanapo na mesa e me ergo. — Preciso
estudar um pouco. Vai para o hospital agora?

— Daqui a pouco. Pode ao menos ir escolhendo seu vestido do Natal?


Para não deixar tudo para última hora.

— Claro. — Sorrio e dou um beijo rápido em sua bochecha.

— Ligue para Gean, ele tem modelos incríveis. Seu pai está
empolgado demais para essa ceia. Passar com o melhor amigo após anos
será maravilhoso.

Assinto e mordo o lábio devagar.

— Algo me diz que será um Natal inesquecível.


O dia foi um grande tédio, misturado com uma correria insana. Ajudei
mamãe em alguns preparativos para a ceia do Natal e por insistência dela,
olhei algumas opções de vestido para usar.

Não faço ideia do que escolher.

Estudei algumas matérias, troquei mensagens com Júlia, que também


estava estudando e ignorei algumas mensagens de Davi.

Almocei junto com mamãe e logo ela saiu para o hospital, onde
imagino que está uma tremenda e grande correria. Não tocamos mais no
assunto de empurrar Rocco para tia Natália e tentei não demonstrar o
quanto isso me deixa furiosa.

Felipe chegou do vôlei e fomos assistir um filme. É o que amamos


fazer quando estamos nesses momentos de férias e preguiça.
E mesmo tentando ao máximo não demonstrar, a ansiedade em vê-lo me
domina.

Jantei junto com meu irmão, já que estávamos apenas nós dois. Arlete
fez um arroz de forno que eu sou completamente apaixonada e mamãe
ligou, falando que chegaria mais tarde, pois tinha um parto de emergência e
papai estava em uma cirurgia de edema cerebral, então também demoraria
algumas horas. Isso é um pouco comum para nós, filhos de grandes
médicos.

Mesmo trabalhando muito e com toda a responsabilidade, nossos pais


sempre tentaram ser os mais presentes possíveis, e foram. Felipe e eu
tínhamos absolutamente tudo.

Sabemos da responsabilidade de diretor que papai assumiu após a


aposentadoria do meu avô. Em pensar que em alguns anos será eu e meu
irmão ali, sinto um frio na espinha. Sei que falta alguns anos para isso
acontecer, mas em algum momento vai chegar.

Tomo um banho gelado e coloco uma roupa mais confortável – uma


calça rosa de moletom, com uma blusa fina do mesmo tom – e tentaria
assistir alguma coisa na sala de TV.

Já passam das 22h, coloco pipoca no micro-ondas e me sento sozinha.


Felipe subiu para o quarto e fiquei vendo um filme qualquer que passava
em um dos canais fechados.

Estava tão atenta que nem percebi os passos se aproximarem, até olhar
para o lado e vê-lo encostado na soleira da porta.

Meu ar foge, minhas pernas tremem de imediato e se tive intensão de


me erguer, sabia que não ia conseguir nem se quisesse.

Rocco está com uma camisa de botões branca, com as manhas


dobradas até os cotovelos. Segura o estetoscópio em uma das mãos, junto
com uma pasta. A calça preta colada nas pernas como se tivesse sido feita
sob medida.

Engulo em seco, olhando-o.

— Achei que estivesse dormindo. — Diz baixo e nego devagar.


Os cabelos estão desgrenhados daquela forma que o deixa ainda mais
sexy.

— Como foi o primeiro dia? — Pergunto e vejo-o sorrir.

— Incrível. — Olha no relógio de pulso, passando as mãos pelos


cabelos em seguida. — Corrido também.

— Está com fome?

— Não, comi no hospital. Vou tomar um banho.

Assinto devagar, olhando-o virar e sair. Encolho as pernas, me


ajeitando, só então me dando conta que já passa da meia noite. Tento voltar
a prestar atenção no filme, mesmo sabendo que depois da visão dele, mais
nada me prenderia.

Alguns minutos depois, a sala volta a ser preenchida por seu cheiro de
banho recém tomado e ele se senta na poltrona a minha frente. A camisa
cinza de algodão é a parte de cima de um pijama composto de uma bermuda
do mesmo material.

O olho, piscando os olhos devagar.

— O que está vendo? — Aponta para a TV.

— Uma comédia romântica. — Falo. — Você não que gosta de filmes


desse gênero.

Arqueia a sobrancelha e o fito.

— Por causa da minha idade?


— Não. Porque você não costuma rir com facilidade, está sempre
sério. — Explico, revirando os olhos. — Você sempre fala da sua idade
como se fosse um fardo? Ou é apenas comigo?

— Apenas com você. — Rebate sério, mas posso ver uma sombra de
sorriso em seu rosto.

Sorrio, balançando a cabeça de um lado para o outro, tentando me


concentrar no filme, o que claramente é impossível.

Como se fosse a primeira vez é um dos meus filmes preferidos. A


personagem sofre de falta de memória de curto prazo e por isso se esquece
de tudo que aconteceu no seu dia e o homem é obrigado a conquista-la, dia
após dia, para ficar ao seu lado.

— Ele a conquista todos os dias. — Sussurro sorrindo. — Alguns


casamentos acabam por isso, pois acham que depois que se casam, não
precisam mais conquistar seu marido ou sua esposa.

Olho para Rocco e ele me encara em silêncio, então franze o cenho,


com a mão apoiado no maxilar cerrado.

— Papai nunca deixou isso acontecer, eles sempre foram apaixonados,


não é?

— Não acreditava em amor a primeira vista, até vê-los. — Demora um


pouco para responder. — John e Fernanda se apaixonaram assim que se
conheceram e fico feliz em saber que ainda continuam os mesmos um com
o outro.

Sorri, como se lembrasse de algo. Eu me viro, ainda com as pernas


dobradas, o olhando fixamente.

— Seu casamento não foi assim? — Indago, vendo-o me fitar com o


cenho franzido ainda.
— Não, deixei muito a desejar como marido.

Mordo o lábio devagar e engulo em seco. O silêncio reina e apenas a


luz da TV no pause ilumina nossos rostos.

— Alisson queria muito mais do que eu podia dar no momento. — Se


ajeita na poltrona. — Não estava preparado para ser pai e infelizmente foi
um dos motivos de desgaste. Minha ausência por conta do trabalho e da
rotina estressante do hospital também.

— Ela pediu a separação?

Suspira pesadamente e assente.

— Estávamos em uma rotina que só nos levaria ao fim, eu me


acomodei.

— E você se arrepende? — Continuo e ele me olha intensamente. —


De não ter lutado por seu casamento? Por não ter tido filhos?

Rocco passa as mãos pelos cabelos e observo os dedos grossos se


enfiarem nos fios grisalhos.

Como pode ficar ainda mais lindo?

— Não. Aconteceu o que tinha acontecer, tive um ótimo pai e sei que
seria também.

— E você ainda ama? — Ele fixa os olhos castanhos nos meus.

Me remexo e suspiro pesadamente.

— Não. Tenho um carinho enorme por ela, apenas. — Fala, me


olhando daquela forma intensa que me deixa desconcertada. — Conquistei
muitas coisas e vivi o suficiente para me contentar com o que sou hoje.

— Talvez não tenha vivido tanto assim. Idade não significa vivência, e
tempo não quer dizer nada.
Ficamos em silêncio novamente, só nos olhando.

— E o que você quer, Manuella? — A voz rouca me invade e não


baixo os olhos, continuo encarando-o.

Captando todos os seus movimentos.

— Tudo. Quero tudo que a vida esteja disposta a me dar. Posso me


formar aos 25 ou aos 30. Posso ser mãe aos 23 ou aos 40. Eu só quero viver,
a vida não é uma linha de metas, Rocco. Não preciso seguir uma para me
sentir feliz.

— Você é jovem, Manuella. Tem uma vida inteira pela frente.

— Você também é, não precisa seguir uma regra. — Sorrio, fazendo


um círculo imaginário com os dedos. — Pode viver o que quiser, com quem
quiser.

Umedeço os lábios, sentindo seus olhos passearem por minhas pernas


e minha pele se arrepia no mesmo instante, apenas em olha-lo.

Aquele olhar que me mata de tesão, desejo e loucura, fazendo uma


sensação de frio e quentura se apossar do meu interior.

— Senti falta do seu mau humor hoje. — Digo firme, tentando


controlar a voz rouca.

— Sentiu?

Assinto rapidamente.

— Me mostre que sentiu. — O fito, temendo ter ouvido errado.

Ele nem se move, só continua sentado de cara fechada, daquele jeito


ranzinza que me deixa mole e ansiosa.

— Venha aqui, Manuella.


Semicerro os olhos, me erguendo e parando na sua frente. A mão em
volta do meu pulso me puxa para sentar em seu colo com as pernas
enganchadas na sua cintura, e é foi impossível não gemer quando sinto a
ereção roçar no meio das minhas pernas.

Rocco se ajeita na poltrona, ficando quase deitado, para me dar mais


apoio. Espalmo a mão em seu peito, sentindo as mãos grandes segurarem
minha bunda e me puxarem, então me esfrego sem pudor.

— Mostre que sentiu minha falta tanto quanto eu senti a sua, peste.

Observo o rosto a centímetros do meu e suas mãos agarram meu


cabelo com firmeza e a olho incrédulo, mal acreditando que senti sua falta
no dia estressante e intenso no hospital.

Manuella tem uma devassidão e ao mesmo tempo uma pureza de me


enlouquecer.

— Sentiu minha falta, doutor? — Segura em meus ombros e fecho os


olhos quando ela lentamente começa a rebolar os quadris contra meu pau
marcado na bermuda.

— Mais do que eu gostaria de sentir. — É minha vez de enfiar as mãos


em seus cabelos para arquear sua cabeça. — Satisfeita em saber que está em
meus pensamentos? Que está sendo a dona deles? Hein?

Ela sorri como a atrevida que é, assentindo.

Os seios estão esmagados contra meu peito e seguro firme nos fios
loiros, colando a boca na minha, sentindo a língua mergulhar em minha
boca. Ela geme quando sente a ereção dura roçando no meio das pernas e
seguro sua cintura, ajudando ela a se esfregar em mim.

— Seu beijo é a calmaria no fim do meu dia. — Sussurro, chupando


seu queixo e ouvindo-a gemer baixinho. — Manuella, o que você faz
comigo?

Sorri, segurando em meu queixo e lambe meus lábios.

— O mesmo que você faz comigo. — Responde, fechando os olhos


quando volto a beija-la.

Forte. Duro. Metendo a língua em sua boca, sugando seus lábios e


tomando-a por inteiro. Com uma urgência e uma vontade que era
desconhecida para mim, até então.

É vontade dela.

Urgência por ela.

Tudo por ela.

Sinto o ar faltar dos meus pulmões quando ela se moveu devagar,


rebolando contra meu pau e volta a se mexer para cima e para baixo, e isso
é o suficiente para um palavrão escapar da minha boca.

— Esfrega essa boceta no meu colo, roça no meu pau como se


estivesse me fodendo. Quando eu colocá-lo dentro de você, Manuella... —
Digo em tom de ameaça e chupo seu pescoço, passando a língua devagar
pela carne.

— Ah, Rocco! — Dá um de seus gemidos baixos.

Os seios estão pontudos por baixo do tecido da blusa e passo o polegar


por eles devagar, sem parar de beija-la, como se sua boca silenciasse minha
mente barulhenta.
— A vontade de te partir ao meio Manuella me deixa tonto, louco de
vontade de te foder tanto, que vamos perder a noção do tempo e da hora. —
Puxo o ar, sentindo meu pau latejar e ela se esfrega, pendendo a cabeça para
trás.

Desço a alça da blusa e fito os seios saltaram para fora. São a porra da
perdição inteira se revelando ali. Os bicos empinados, rosados e pontudos
implorando por atenção.

— São perfeitos, caralho! — Solto um rosnado do fundo da garganta.

Me inclino e cubro um mamilo com a boca, apertando-o. Manuella


geme quando movo a língua, girando-a em torno do bico intumescido. Meu
pau lateja enquanto movo a boca para o outro seio, com a mesma exigência
que tive no outro.

— Não pare... — Pede gemendo, se agarrando em meus cabelos.

Chupo um dos mamilos para dentro da minha boca, o sugando forte.


Minha língua rodeia, a torturando enquanto o indicador e o polegar brincam
com o outro. Mamo gostoso, sentindo o bico arrepiado e durinho, todo
molhado de saliva quando o tirei da boca e a olho.

— Rocco, eu...

— Quero tanto gozar nessa boca... Nessa bocetinha, até ver minha
porra descendo por entre suas pernas, Manuella. E eu me sinto um filho da
puta por querer e desejar tanto isso que chego a enlouquecer.

— Faça. Faça o que quiser, você tem tudo aqui, você não precisa de
mais ninguém. Estou aqui. — Diz, me segurando pelo rosto e é como se
sentisse o mesmo desespero que o meu. Como se sentisse tanto quanto eu.

Não sei de onde tiro tanta força de vontade para não tirar a maldita
calça de moletom, afastar sua maldita calcinha e fode-la.

Mas ela merece muito mais do que uma foda em um canto escondida.
Seguro em seu rosto e passo o polegar pelos lábios, afastando-os, ainda
avermelhados pelos beijos. Franzo o cenho, acariciando sua bochecha.
Seguro seu queixo, achando-o delicado e lindo, assim como tudo nela.

Os seios estão livres da blusa, com os bicos rosados roçando em meu


peito.

— O que quer de presente de aniversário, minha pequena?

Manuella fixa os olhos aos meus, passando a mão pela minha barba e
roçando o nariz ao meu, tornando a respiração acelerada. Ela sorri
preguiçosa e lambe os lábios, me hipnotizando.

— Quero você.

Semicerro os olhos, engolindo o entalo que se formou na minha


garganta. Sorrio, balançando a cabeça de um lado para o outro quando a
danada enfia as mãos por baixo da minha camisa, arranha meu peito e
morde meu queixo.

Fecho os olhos, deixando-a dominar a sensação. Meu corpo ansiando


por seu toque em total desespero. Nunca pensei que no auge dos meus
quarenta e dois anos, ia ser derrubado por uma menina de vinte e um.

Como se eu a conhecesse de outras vidas. Como um reencontro de


almas.

— Manuella. — Gemo contra sua boca e capturando seus lábios.

— Eu quero você, Rocco.

Seguro em seu queixo, apertando-o para fixar os olhos pequenos aos


meus. Aperto a cintura com a mão livre, mantendo-a no lugar em que está,
roçando a porra da boceta no meu pau, que se estivéssemos pelados, seria
fácil deslizar dentro dela.
Meteria o pau tão fundo que a faria gritar, arregaçando ela, me
agasalhando na carne macia até as bolas.

— Não posso. — Digo firme e chupo seu queixo, beijando suas


bochechas e lambendo seu rosto em seguida.

— Não pode? — Geme de volta, esfregando a bunda de cima para


baixo e eu apalpo sua bunda, ajudando-a a se esfregar ainda mais. — Não
pode, Rocco?

A ergo, segurando as pernas ao redor de minha cintura e ela passa os


braços ao redor do meu pescoço. Estalo um tapa na bunda empinada, a
encaixando no meu pau por cima da bermuda.

— Quero você. Quero tanto você, seu ranzinza insuportável.

Solto um grunhido em sua boca, segurando em seu pescoço quando a


encosto na parede. Os seios para fora da blusa e a vontade é de chupa-los
novamente, me fartando dela.

— Ninfetinha atrevida. — Arfo sério. — Abusada.

Manuella arqueia as costas, se encostando ao meu corpo.

Afasto o cabelo que cai em seu rosto e ela ri como o próprio diabo,
lambendo meu dedo sem tirar os olhos dos meus.

— Não posso te dar o que você já tem, menina.


— Doutor, os exames do paciente estão prontos. — Tiro os olhos da
tela assim que Selin estende a papelada em minha direção. — E tem um
eletrocardiograma que está chegando.

— Obrigado, Selin. Vou verificar. —Dou uma olhada nos exames,


arqueando a sobrancelha.

— O senhor precisa de algo? Posso trazer um café? Um suco? —


Pergunta após alguns segundos em silêncio.

— Um café por favor. — Aceno com a cabeça e ela sorri. — Obrigado


mais uma vez.

Solto um pigarro, analisando os exames e dando uma mexida no


pescoço, olho-a ainda de pé, me encarando fixamente.

As batidas na porta a faz piscar algumas vezes.

— Estou aqui para isso, senhor. O que precisar. — Mexe nos cabelos
negros e sorri. — Licença.
Abre a porta, saindo rapidamente e balanço a cabeça, vendo Natália
entrar com as mãos nos bolsos do jaleco, me olhando com um sorriso largo
no rosto.

— Selin procura qualquer motivo para entrar nessa sala e te olhar. —


Diz, se sentando a minha frente. — Não só ela, como todas as residentes.
Não teve outro assunto durante essa semana, senão o novo cardiologista.

— Exagerada. — Relaxo na cadeira, vendo-a rir.

— Está sendo modesto em fingir não ver que você é o assunto nos
corredores.

— Me dedico a outras coisas. — Natália morde o lábio, balançando


uma das pernas cruzadas.

E é realmente verdade. Foi uma semana corrida e turbulenta no


hospital, onde tivemos alguns plantões exaustivos também, mas confesso
que estava com saudade da rotina corrida.

Ouço os burburinhos no hospital e não sou cego para não ver os


olhares e sorrisinhos em minha direção, vindos das residentes, médicas e
outras funcionárias. Óbvio que já me envolvi antes com algumas quando
trabalhava em Seattle, mas nenhuma aqui chamou minha atenção.

Talvez, porque tem uma que não sai da minha mente desde que
cheguei.

Manuella.

A pequena peste tomou meus pensamento. Mal estamos nos vendo


pela correria e mal estou ficando em casa. Após nos beijarmos na
madrugada, não tivemos sequer um momento daqueles novamente.

Como eu posso estar sentindo tanta falta de alguém que acabei de


conhecer?
Vejo o quanto está empolgada com seu aniversário, saindo com sua
amiga para fazer compras e o quanto apenas em ver seu sorriso de longe,
me sinto satisfeito.

Mesmo uma parte de mim fazendo eu me sentir um traidor de merda


com Jhonatan, por desejar tanto a sua filha e querer ela mais do que poderia
explicar.

Saio da sala junto com Nathália, indo visitar um paciente com os


resultados dos exames para um implante de marca-passo. Temos almoçado
juntos no restaurante do hospital e passamos praticamente o dia inteiro
nessa correria, juntos como todos os dias da fadiga semana.

— Vai na quarta com a gente para Angra, não é? Vai adorar a casa.
Tem alguns chalés na parte de trás, se quiser ficar mais a vontade também.
— Ando lado a lado enquanto Natália me olha.

Estamos no longo corredor do hospital. Já é um pouco mais de 19h e


tudo que eu preciso é descansar um pouco.

— Fernanda me falou. Sempre passam o Natal lá?

— Quase sempre.

— Até quem enfim encontrei vocês. — Fernanda sorri, se


aproximando de onde estamos. — Jhonatan está trocando de roupa, vamos
jantar juntos hoje?

— Perfeito. — Natália sorri com a mão no pescoço. — Tudo que eu


preciso nessa sexta feira.

— Vamos, Rocco? Reservei aquele restaurante que te falei que


adoramos.

— Sair um pouco apenas para respirar.


Não quero recusar o convite, então acabo aceitando e vou apenas
tomar um banho na ala de descanso do andar. Escolho uma camisa branca e
uma calça, passo os dedos pelos cabelos e saímos os quatro juntos.

Já peguei meu carro com a concessionária para meu alívio e meu


apartamento ficará pronto antes do previsto. Não que o fato de sair da casa
de John esteja me deixado feliz.

Mas poderia ter mais liberdade...

Deus, estou mesmo desejando ter mais liberdade com Manuella longe
de lá?

Sim, estou.

Ao mesmo tempo que meu coração estremece pelo fato de ser filha de
quem é, pela idade e do futuro incerto.

Será apenas uma transa?

Um momento?

É o que eu mais me questiono e me deixa completamente louco com


tantas perguntas e pensamentos. Olhar para John é como uma facada de
culpa.

Estou louco por sua filha, irmão.

Chegamos no restaurante alguns minutos depois. Trouxe Natália no


meu carro, já que o dela está na oficina. É realmente um local e tanto, o
restaurante fica no Leblon e é um lugar aconchegante e fino.
Ficamos na parte exterior do Formidable Bistrot. Confesso que desde
que cheguei, não tínhamos saído apenas nós quatro dessa forma e para
compensar o cansaço e estresse do dia, até que não foi uma má ideia.

John e eu fomos de confit de carnard, um prato feito de carne de pato


com sal grosso e legumes, já as meninas de boeuf bourguignon, uma carne
ao vinho tinto com legumes sortidos e purê, pedimos um vinho que foi
escolha do chefe.

— Precisamos sair mais vezes, ou o estresse do hospital nos fará


surtar. — Fernanda diz, bebericando o vinho.

— Muito. — Natália sorri. — Caio decidiu ficar com o pai no Natal e


vai passar a virada comigo.

— A separação ainda mexe muito com ele, coitadinho. Muito apegado


ao pai

— Muito. — Balança a cabeça com uma expressão de lamento no


rosto.

Conversamos sobre o quanto o fim do seu casamento foi um pouco


conturbado, já que seu ex marido não queria aceitar a separação, mas
acabou aceitando e dividindo a guarda do filho.

— Separações são infernais para todos, mas os filhos sentem mais


ainda. — Jhonatan segura o guardanapo e limpa o canto dos lábios. — Mas
é necessário passarmos por isso, infelizmente.

— Sejam elas temporárias ou definitivas. — Completo e suspiro.

Conheço um pouco dessa sensação após uma separação. Meus pais não
se separaram em vida, mas sim por morte e com toda certeza foi um
processo imensamente doloroso de se passar e ainda é.
Mesmo que insistisse em não sentir, o vazio permanece e as vezes a
saudade é insuportável, capaz de fazer sufocar a garganta tamanha a dor.

— Vocês ouviram os boates do doutor Cássio? Que estava saindo com


a residente 20 anos mais nova que ele? — Fernanda indaga e a encaro de
imediato.

— Mas ele sempre pegou meninas mais novas. Aquela da pediatria


saiu com ele e tinha vinte e quatro anos também.

Umedeço os lábios, sorvendo um gole de vinho e engolindo o bolo que


se forma na garganta, por pouco não revelando a minha culpa na cara dura.

— Ambos são maiores de idade. Se ela quis e ele também, não vejo
tanto motivo para se estranhar. — Jhonatan ri. — Concorda, Rocco?

— Sim. Se é de acordo de ambas as partes, não vejo problema.

— Você ficaria com uma mulher mais nova dessa forma? Vinte anos?
— Natália questiona e a encaro.

— Não sei. — Minto. — Se me chamasse a atenção, não vejo


problemas.

— Eu acho um pouco radical. Homens com experiência seduzem as


meninas mais novas.

— Algumas tem o poder de seduzi-los também. — Arqueio a


sobrancelha e Fernanda sorri.

— Tenha certeza. — Jhonatan completa e me encara. — Ao menos


fico tranquilo em saber que Manuella sempre se envolveu com garotos da
idade dela.

Semicerro os olhos, mastigando a comida devagar.

— Ter um genro quase da sua idade, John, imagine. — Natália ri e ele


franze o nariz, negando veemente.
— Seria demais para o meu coração.

Ainda bem que sou cardiologista.

Penso em silêncio, agradecendo aos céus por mudarem de assunto.


Sinto o entalo na garganta e por pouco não engasguei quando tocaram no
assunto.

Deixei Natália em seu apartamento, já que seria caminho para casa e


segui em meu carro, já que Fernanda e John foram juntos. Ficamos por
algumas horas conversando e é pouco mais de meia noite quando chegamos
em casa.

— Só preciso descansar e tomar um banho de hidro.

— Dois. — John completa enquanto subimos os degraus, entrando na


sala.

Felipe se ergue de imediato, nos olhando.

— Ainda acordado, amor? — Fernanda o beija e ele assente.

— Sim. — Sorri sem jeito.

— Está sozinho? — Jhonatan indaga.

— Sim... Não. Manu está aqui. — Diz rápido e franzo o cenho.

— Vou passar e dar um beijo nela.


— Ela está com dor de cabeça, mãe. Pediu para descansar e... —
Felipe nega e Jhonatan o olha. — Deixa-a dormir.

— Essas dores de cabeça de Manuella... Vou descansar. Rocco, fique a


vontade.

— Boa noite. Descansem. — Falo e eles sobem os degraus.

Felipe me olha e cruzo os braços, o encarando.

— Ela não está no quarto, não é?

— Ela foi para uma festinha com as amigas, bateu o carro dela e está
com a Ana Júlia. Se o papai descobrir vai ficar uma fera.

Arregalo os olhos.

— Ela se machucou? O que houve?

— Não, ela está bem. Deve ter sido uma batida leve. O motorista ia
busca-la, mas ela não quer, porque papai saberia e...

Nego, passando as mãos pelos cabelos e vendo Felipe me olhar com


curiosidade.

— Vou buscar ela. Me passe o endereço. — Peço, pegando as chaves e


ele assente, me falando rapidamente. — Vou buscar ela.

Mas que porra, Manuella. O que diabos você foi fazer?


Mordo o lábio, andando de um lado para o outro impaciente. Leio a
mensagem de Felipe e é impossível não sorrir em expectativa do que está
prestes a acontecer.

Ajeito o vestido prateado de alças finas no meu corpo, um modelo


curto com um decote longo na frente e com as costas nuas. Me equilibro em
saltos altos e finos, o vento batendo forte, fazendo meus cabelos voarem.

O movimento em frente ao clube está intenso. Algumas colegas de


faculdade me cumprimentam e continuo no mesmo lugar, sentindo o frio
intenso em meu estômago, me fazendo respirar com mais força do que
pensei.

Quando a Mercedes prata freia bruscamente na calçada, me fazendo


colocar a mão no peito com o susto, encaro Rocco saltar do carro e me
olhar fixamente. Sinto as pernas fraquejarem quando ele desce o olhar por
meu vestido.

— O que diabos está fazendo? Ficou maluca saindo bêbada por aí?
Onde está o seu carro? — Dispara bravo, com o cenho fechado e a cara de
malvado.

Passo a língua pelos lábios, vendo-o me olhar de cima a baixo.

— Você ficou maluca? Está machucada? Cadê a Ana Júlia? — Olha de


um lado para o outro e depois volta a me olhar. — Cadê o seu carro?

— Júlia levou. — Digo firme, vendo-o franzir o cenho.

— E te deixou sozinha?

— Eu não bati meu carro. — Confesso, vendo-o arquear as


sobrancelhas. — Eu menti para que você viesse até aqui.

Confesso, sentindo o olhar queimar sobre o meu. Foi literalmente uma


loucura, mas eu precisava fazer, para poder tira-lo de casa. Foi uma semana
infernal, onde mal o vi e mal podíamos ficar a sós, já que ele parecia me
evitar a qualquer custo.

— Seu juízo deve ter ficado no útero da sua mãe! — Júlia fala,
balançando a cabeça enquanto bate o pé agoniada. — Sua maluca! Acha
que ele vai atrás de você?

— Claro que vai. É a única maneira dele sair de casa, Júlia.

Não tenho segredos com minha melhor amiga e é claro que ela sabe de
absolutamente tudo aconteceu entre nós dois.

— E como vai fazê-lo sair? O que vai dizer? — Pergunta, após ouvir
todo meu plano. É uma incerteza, mas correria o risco.

Ele está tendo plantões, o que o faria chegar depois das 21h e Júlia vai
dar um jeito de fazê-lo ir até onde eu preciso que ele esteja.

— E se ele não acreditar em mim? — Indaga, mordendo o lábio e


coçando a cabeça. — Eu fico nervosa, Manuella.

— Faz o que tem que fazer, por favor.

— O que vocês estão aprontando? — Olhamos para a escada, de onde


Felipe desce com os olhos semicerrados, nos encarando com desconfiança.

— Nada. — Adianto, negando veemente e meu irmão sorri.

— Para cima de mim, Manu? — Felipe cruza os braços, olhando para


Júlia. — Estão aprontando que eu sei.

Olhamos de uma para a outra e o fito.

— Eu preciso de um favor, Felipe. — Conto rapidamente o que preciso


que ele faça.

Meu irmão fica me olhando fixamente com o cenho franzido.


— Ele não está surpreso? Por que? — Júlia pergunta.

Mesmo ficando um pouco chocado, ele realmente não ficou surpreso.

— Porque não sou idiota. Estava na cara que estava acontecendo algo
entre vocês dois.

— O que?

— Manu, ele te come com os olhos e você nem disfarça. Ouvi gemidos
na sala também, por Deus. — Balança a cabeça e abro a boca.

— Felipe! Por que não me falou?

— Esperei você me contar. — Da de ombros. — Vou ajudar. Júlia te


deixa no pub e leva seu carro. Dou um jeito de falar para o doutor, sem
papai e mamãe ouvirem.

Sorrio, o abraçando e beijando sua bochecha.

— Ah, eu te amo! — Sorrio.

— Vai estar me devendo uma. — Pisca e ri.

Demorou mais do que pensei que demoraria, mas não sai dali,
esperando-o. Precisava encontrá-lo longe das fortalezas de casa, onde
tentasse ao menos fugir de sua mente por algumas horas.

— Você o que!? — Rocco dispara com os olhos fixos aos meus, me


tirando dos devaneios.

— Precisava que viesse me encontrar longe de casa. — Assumo,


vendo-o cerrar o maxilar.

— Você perdeu o juízo, Manuella? Achei que tivesse acontecido


alguma coisa com você, inferno! — Engole em seco. — Mas que caralho
você tem na cabeça?
Mordo o lábio enquanto o olho. Alguns botões da sua camisa estão
abertos, revelando o peito, a calça molda seu corpo, deixando-o ainda mais
lindo quando está bravo dessa forma.

— Só assim para ver se para de fugir de mim. — Ergo o queixo.

Rocco ri e não parece ter humor algum na risada, mas continuo firme,
o olhando. Percebo seus olhos passearem pelo decote do meu vestido e ele
nega com a cabeça, passando as mãos pelos cabelos exasperado.

— Entra nesse carro agora, vou te levar para casa.

— O que?

— O que você fez foi de uma irresponsabilidade sem tamanho,


Manuella. Tem ideia de como dirigi até aqui?

Cruzo os braços na altura do peito.

— Achei que tivesse acontecido alguma coisa com você. Imagina se


seu pai soubesse? Ou sua mãe?

— Pare de me tratar feito criança!

— Então pare de agir feito uma, porra! — Ralha sério.

— Pare de fugir de mim. De fugir contra o que sente. — Respondo,


erguendo o queixo. — Você me quer e tenta negar para si mesmo, tentando
se convencer de que não quer.

— Vamos embora, Manuella. — Aponta para o carro. — Se eu não


tivesse voltado para casa? Ia ficar aqui?

— E para onde você iria? — Rebato.

Ele suspira passando as mãos pelos cabelos e mordo o lábio devagar.

— Estava no hospital e depois sai com seus pais para jantar.


— Com ela? Com a tia Natália?

Ele não responde e nem precisa.

Sorrio, soltando meus braços ao redor do corpo.

— Claro, com ela não tem motivos para fugir. Para se esconder. —
Balanço a cabeça. — E eu feito uma idiota aqui.

— Manuella... — Dá um passo em minha direção e dou um para trás.


— Por favor.

— Volte para casa, não precisa se preocupar.

— Entre no carro.

— Não vou entrar em carro nenhum. Quero que volte para onde
estava. — Aponto para o nada. — Você é um grande covarde, doutor Rocco
Maldonado. Um grande e idiota covarde.

Viro de costas, mas sinto sua mão se fechar devagar em meu


antebraço. Tento me soltar quando ele me puxa, me fazendo espalmar a mão
em seu peito e suspirar.

— Me solte. — Peço baixo. — Por favor, fuja para bem longe de mim,
não é isso que faz?

— Não teste minha paciência, Manuella.

— Ou vai fazer o que? Me pôr de castigo? — Debocho rindo. — Saia


de perto de mim.

Me solto bruscamente, indo para o lado oposto de onde ele está e sinto
apenas o puxão rápido quando ele segurando em minhas pernas e me coloca
sobre os ombros.
— Me ponha no chão AGORA! — Bato em suas costas, sentindo o
vento em minha bunda, mas ele a tapa rapidamente. — Rocco! Me coloque
no chão agora!

Parece não me ouvir e nem sentir enquanto me debato. Algumas


pessoas nos encaram e ele abre a porta, me colocando dentro do carro como
se eu não pesasse absolutamente nada.

— Seu... Seu idiota!

— Sua abusada, atrevida e inconsequente! É isso que você é,


Manuella. — Olha de um lado para o outro. — Uma fedelha que está
tirando a porra da paciência que eu nem tenho.

Respira fundo e o encaro.

— Se abrir essa boca mais uma vez, deixarei sua bunda tão vermelha,
quanto a porra da sua boceta. Fui claro, Manuella?

Engulo em seco, cruzando os braços e me ajeitando no banco, vendo-o


ocupar o lugar do motorista. Ficamos em total silêncio e viro o rosto para o
outro lado, cheia de ódio dentro de mim.

— Manuella, onde fica o apartamento?

Continuo calada, sem encara-lo.

— Manuella? Te fiz uma pergunta, sua peste!

Me viro, o olhando fixamente.

— Me mandou calar a boca.

— E desde quando me obedece? — Fala sério.

— Pegue a esquerda e siga em frente. — Respondo, me virando para o


outro lado, vendo-o dar partido rumo ao apartamento do meu pai.
Vejo-o abrir a porta, me deixando passar na frente. Viemos em um
silêncio mortal até o prédio, que fica há poucos minutos de onde estamos. É
um dos apartamentos que papai aluga as vezes ou usa para assuntos
pessoais.

Rocco suspira, parado no meio da sala e fica me olhando fixamente.


Mordo o lábio devagar, vendo-o olhar ao redor do pequeno e confortável
apartamento.

— Você é a pessoa mais teimosa, impulsiva e louca que eu já conheci


em toda minha vida. — Solta o ar pelo nariz, com as mãos na cintura. —
Não tem um pingo de juízo nessa sua cabeça?

— Vai me dar sermão, papai?

— Não brinque comigo, Manuella.

— Parece que é você que brinca aqui, doutor Rocco. — Jogo os braços
ao lado do corpo, arfando. — Só me quer quando é conveniente para você,
não é?
— Você acha isso?

— É o que parece. — Sou sincera e mordo os lábios. — Depois do que


fizemos em seu quarto, no terraço e na sala... Você muda completamente e
foge de mim como o diabo da cruz!

Ralho, sentindo a raiva me tomar de uma forma que nunca pensei que
sentiria e me odeio ainda mais por me sentir assim. Por sentir isso por ele.

Nem em meu namoro com Thales nunca agi tomada pelo ciúmes, pela
raiva e pela ânsia de tê-lo.

— Você me evita o tempo inteiro, Rocco. Por pouco não me levou para
a cama e transamos! Nos tocamos, e você... Você sempre agindo como se
estivesse...

— Porque eu estou, caralho! Estou fugindo de você! Estou fugindo


dessa porra que estou sentindo, e não consigo explicar esse inferno! — A
voz sai alta, esbravejando por todo o ambiente.

Rocco anda de um lado para o outro e eu o olho incrédula.

— Fugir de você é mais cômodo, Manuella. Porque não quero te olhar


com essa vontade de te virar do avesso, não quero te olhar e desejar me
enfiar dentro de você com desespero. Não quero te olhar e ansiar por ter
você na minha cama... Sua impulsiva do caralho. Atrevidinha do Cacete!

Passa as mãos pelos cabelos, enfiando os dedos nos fios.

Sinto meu coração tremer e minhas pernas fraquejam enquanto o


encaro.

— Me sinto um velho tarado, um aproveitador, e eu não quero me


sentir culpado por querer tanto você, mas eu me sinto! Me sinto por causa
da sua idade, por ser filha de quem é e pelo que significa a minha história
com seu pai!
Meus olhos ardem e o observo passar a mão no rosto.

— Por que se eu transar com você, tudo isso vai para os ares,
Manuella. Trocar minha paz? Meu sossego? Trocar a amizade de anos com
seu pai por não conseguir segurar a porra do meu pau?

— Acha que é só ego, não é? Acha que quero você por uma transa?

— Você tem uma vida pela frente, nos conhecemos só há alguns dias
Manuella! O que pode haver de futuro nisso? Você é jovem, tem tudo pela
frente, mas eu? Eu tenho a porra de um passado com a sua idade.

— Isso não importa, Rocco.

— Importa sim. Importa quando tenho muito a perder. Você tem noção
de que isso não vai nos levar a nada? É só tesão, Manuella. É a curiosidade
pelo novo e o desafio de levar um homem da minha idade...

— Que se foda a sua idade, a sua experiência e a sua opinião! Eu sei o


que está dentro de mim.

— Nos conhecemos há alguns dias.

— Não é sobre tempo, é sobre QUERER de verdade.

Dou uma pausa e respiro fundo, sentindo todo meu corpo tremer de
dentro para fora.

— E eu quero você. Não é por um momento, não é para alimentar meu


ego ou seja lá o que você acha que seja! — Exclamo. — Posso não ter sua
experiência, nem sua idade, mas eu tenho uma coisa que te falta, Rocco.

Ele continua parado, me fitando.

Estamos no meio da sala, ofegantes e com uma pequena distância entre


nós.
— CORAGEM! Posso ter a metade da sua idade, ser uma pirralha
como você me chama e faz questão de dizer sempre. Mas eu tenho coragem
de dar minha cara a tapa e falar o que penso e o que sinto sem me importar!
— Sorrio, ainda trêmula. — Eu sinto uma coisa aqui dentro que me puxa
para você, e eu assumo...

Ele fecha os olhos e respira fundo.

— Você pode tentar esconder isso ficando com outras, pode até se
enganar achando que vai passar o que sente, mas quando pensar em tocar
nelas, é em mim que vai pensar! E nos meus beijos, no meu corpo, na
minha boca que vai imaginar!

Abre os olhos, fixando-os aos meus, seu maxilar está cerrado e os


mãos em punhos.

Está puto e parece escrito em sua cara, a raiva, o medo e a curiosidade


exalando.

— Você sabe que quando formos para a cama não vai ter volta, Rocco.
Por que aí não vai conseguir me deixar ir e esse é seu medo, não é? Medo
de me querer demais!

— Insolente, abusada e mimada!

— Se não for você, vai ser outro, e eu faço questão de passar na sua
frente. Outro vai me beijar, me tocar e me fo...

— Cala a boca, Manuella! — Solta um grunhido.

— Me foder até me fazer cair de exaustão. Vai abrir as minhas pernas e


me fazer gozar até gritar em um orgasmo forte e...

Sinto o aperto em minha garganta quando a mão se fecha em meu


pescoço, não sufocando, mas apertando o suficiente para me fazer calar a
boca.
— Mandei. Calar. A. Boca. Caralho! — Diz perto da minha boca. —
Mandei se calar.

Tateio a parede quando ele esmaga meu corpo com todo seu tamanho,
sem tirar a mão da minha garganta. Seguro no seu punho, fixando os olhos
aos seus, meu interior queima e espalmo a mão em seu peito, passando a
língua pelo meu lábio, vendo-o capturar o movimento.

— A vontade é de surrar sua bunda, sua atrevida! É te castigar para ver


se aprende que estou querendo te proteger.

— Essa decisão cabe a mim escolher, não a você. — Ele afrouxa o


aperto e eu seguro em seu rosto com ambas as mãos. — Me deixe... Me
deixe te provar que...

Desço as mãos por seu peito, abrindo os botões da camisa, vendo a


pele macia descoberta. Contorno o pau por cima da calça, duro e enorme.
Seguro no cinto, abro e desço o zíper, enfiando a mão por dentro da cueca.

— Manuella.

Sorrio, segurando a carne grossa e pesada. A glande baba, fazendo


uma gota sair pela frestinha e passo o polegar, lambuzando-a.

— Fode minha boca, desconta essa raiva inteira em mim, mas não me
afaste. — Sussurro contra sua boca, lambendo seu lábio com a ponta da
língua enquanto o masturbo.

Abro a boca quando ele segura meus cabelos, arqueando meu pescoço.

— Sua ninfeta do inferno.

Sorrio, sentindo-o latejar em minha mão quando intensifico o aperto,


suas bolas e estão pesadas e o pau tão duro e esticado parecendo crescer a
cada movimento que eu faço.

— Goza na minha boca, me deixa engasgar com seu pau, me faz...


— Só tem uma maneira de calar essa boca, né peste? — Me encara
com o rosto a centímetros do meu.

Fecho os olhos quando ele segura em meu queixo.

— Ajoelha, Manuella. — Diz firme. — Estou mandando. Agora.

Desço devagar, dobrando os joelhos e fico com meu rosto a


centímetros do pau, que parece ainda mais assustador de perto. Está todo
esticado, batendo no umbigo, as veias aparentes, sem pelo algum.

Rocco é enorme, grosso e está tão duro! Fixo o olhar ao seu, vendo-o
segurar o pau pela base, passando por meus lábios, esfregando lentamente.
Gemo baixo, ele respira fundo e eu espalmo as mãos em suas coxas, ele
afasta as pernas.

Afasto suas mãos, segurando-o entre as minhas, então passo a ponta da


língua na glande robusta, colocando-a para fora e chupando. Os quadris de
Rocco se movem e ele agarra meus cabelos. Chupo devagar, sentindo o
gosto salgado da lubrificação.

— Ah, caralho! Abre essa boca, Manuella! — Sorrio e sinto ele


segurar meus cabelos, fazendo um rabo de cavalo em seu punho.

Chupo a cabeça, descendo pelo comprimento. Mal cabe em minha


boca, mas levo até onde aguento, sentindo meus olhos encherem de água e
um filete de baba escorrer do meu queixo quando o tiro.

— Ah, porra. — Rocco pende a cabeça para trás quando volto a chupa-
lo. Desço os lábios pela grossura, meu maxilar doendo, mas continuo.

Chupo, mamo e me farto no seu pau como se fosse uma relíquia. O tiro
da boca apenas para respirar, voltando a carícia e chupando com
intensidade. Rocco geme, puxando meu cabelo e segura o pau apenas para
passá-lo em meus lábios.
— Que boquinha mais gostosa. Meu Deus, você é uma ninfeta
perigosa.

Sorrio, acariciando as bolas pesadas e passando a língua por elas,


voltando para a grossura do pau e chupo, sem parar de masturba-lo.

Rocco pulsa em minha língua, fecha os olhos e pende a cabeça para


trás, suas pernas tremem e ele me encara, encontrando meus olhos fixos
nele.

— Porra, vou gozar.

Segundos depois escuto ele gemer quando o primeiro jato bate forte no
céu da minha boca e os outros jatos vindo ainda mais forte. Rocco pragueja
e eu continuo sugando-o, tomando tudo que sai dele com um desejo imenso.

— Ah! Manuella! — Segura em meu rosto quando engulo os últimos


resquícios dele. Passa os dedos pelos meus lábios, esfregando-os. — O que
você fez, sua diaba?

Sorrio, mordendo o lábio e vendo os filetes de porra descer por entre


meus seios.

— Sua demônia.

Suas calças ainda estão no meio das pernas, a camisa aberta e o pau
meio ereto para fora. Ele me ergue, passando os dedos por entre meus seios
e desce a mão por baixo do meu vestido.

— Quero essa porra espalhada por todo o seu corpo, por esses peitos
lindos. — Abro a boca quando ele afasta a calcinha e me encara. — O que
você toma?

— Hum? — Resmungo, ainda tomada pelo desejo.

— Anticoncepcional, Manuella!
— Sim, tomo. Eu tomo. — Prendo os dentes em meus lábios quando
ele afasta todo o tecido e enfia os dedos melados entre minhas dobras,
esfregando-os bem no meio. — Rocco...

— Quero ver minha porra descendo por essa bocetinha, melando ela
toda, Manuella. Sem saber se o gozo é meu ou seu. Meter meu...

O encaro fixamente, abrindo as pernas para que continue com a


fricção, espalhando todo gozo por minha boceta latejando em seus dedos.

— Rocco. — Arfo, o encarando e ele está com uma cara como se


tivesse pensado em algo, então tira os dedos de dentro de mim e se afasta.
— Rocco?

Ele fica de costas, sem me encarar e eu engulo em seco.

— Rocco?

— Se vista, Manuella. — Diz rouco, ajeitando sua roupa com rapidez.


— Agora.

Sinto um balde de água fria sobre mim, fecho os olhos e limpo as


lágrimas que começaram a cair sem eu sequer me dar conta. Suspiro,
contendo um soluço.

Quando se vira, me encara e ergo o rosto, deixando uma lágrima rolar


por minha bochecha.

— Vá para o inferno, doutor. Saia da minha frente seu... Seu idiota!


Estaciono o carro e ela tira o cinto e abre a porta do carro em uma
velocidade imensa para sair. O trajeto foi feito em total silêncio desde que
saímos do apartamento, até chegar em casa.

Vejo-a subir os degraus, entrando como um furacão e limpando o rosto


com as costas das mãos.

Encosto a cabeça no volante e fecho os olhos.

Que porra eu ia falar?

Que merda eu ia dizer para ela?

As palavras vinham de uma forma que nem consegui me conter, como


se tivessem vontades próprias e saiam da minha boca. Soco o volante com o
punho cerrado.

— Que merda você tem na cabeça, Rocco? — Me encosto no banco,


fechando os olhos.

O desejo de tê-la ajoelhada com meu pau em sua boca me invade a


mente. A porra de uma sensação indescritível me tomando por inteiro.

Manuella me coloca aos seus pés.

— Quero ver minha porra descendo por essa bocetinha, melando-a


toda, Manuella. Sem saber se o gozo é meu ou seu. Meter meu...

Meter meu filho dentro dela.

Quase. Por pouco aquelas palavras não saíram da minha boca.

Que loucura foi essa?

Que vontade absurda foi essa?

Eu mal a conheço. Estou há poucos dias em sua vida, então como


poderia falar tal coisa?
Manuella tem uma vida inteira pela frente e metade da minha idade.
Está tudo confuso, me deixando completamente fora de mim de uma
maneira que jamais pensei que ficaria.

Paralisei e precisava tirá-la de mim antes que falasse. Antes de me


deixar ser tomado novamente pelo desejo e tesão por aquela pequena
criatura. Nunca tinha dito algo parecido para a mulher que passou dez anos
ao meu lado.

Por que diabos, iria falar para uma menina que acabei de conhecer?

Um elo tão importante como um filho.

Saio do carro devagar, com a cabeça a mil por hora. Tudo está em
silêncio quando passo pela cozinha para tomar um copo com água e um
analgésico para dor de cabeça. Subo para o quarto, seguro a maçaneta e fico
olhando para a porta ao lado do meu.

Me aproximo, coloco a mão sobre a porta, vendo-a apagar no mesmo


instante as luzes.

Me afasto e falo em um sussurro.

— Boa noite, minha pequena.

— Apenas os últimos detalhes do jantar de Natal. — Vitória sorri,


levando a xícara aos lábios. — Vamos ficar uma semana e voltar para
o Réveillon.
— Perfeito, sogra. Ah! Antes que eu me esqueça, pedi para Vera
preparar o chalé ao lado para o Rocco ficar. Vai ter mais privacidade.

— Por insistência de Fernanda, fico onde for. — Deposito a xícara na


mesa e me remexo na cadeira.

Estamos tomando café da manhã na sala de jantar e não demora muito


para John descer e se juntar a nós. Vamos sair juntos para o hospital, já que
vamos viajar daqui a dois dias.

Demorei mais do que gostaria para pegar no sono. Só em fechar os


olhos a imagem de Manuella tomava minha mente e meu corpo reagia de
imediato.

Acordei puto, com uma ereção desgraçada, querendo sentir a sensação


daquela boquinha quente a macia me chupando como se fosse me engolir.

— Perfeito. — Vitória sorri, limpando os lábios com o guardanapo. —


Bom dia, meu amor.

Olho rapidamente quando ela surge com o rosto inchado pós sono.

— Vovó, está aqui tão cedo. — Se senta ao lado do pai que a beija e a
encaro.

— Coisas do Natal, amor. Sabe que é uma data que amo preparar e
resolver tudo pessoalmente.

— Nos mínimos detalhes. — John sorri. — Melhorou da dor de


cabeça, minha princesa?

— Sim. Me curei. — Diz séria.

Observo-a pegas as fatias do pão enquanto retira as bordas


rapidamente com dedos ágeis.

— Essa sua mania de tirar as bordas do pão é desde que se entende por
gente. — Fernanda sorri.
Manuella não lança um olhar em minha direção e não quero dizer que
sinto um leve incômodo por ser ignorado por seus olhos e por seu
atrevimento.

Me peguei algumas vezes olhando-a durante o café da manhã e


novamente sendo ignorado. Mas eu a entendo como ninguém.

— Vamos? Temos uns assuntos e papeladas no hospital para resolver.


— Jhonatan se ergue, ajeitando a camisa no colarinho. — Tenho duas
cirurgias hoje e um hospital para tomar de conta.

— Vou pegar minha bolsa e ir com você, tenho alguns pacientes.

— Vai no seu carro?

— Sim. — Assinto, tomando um gole de suco. — Tenho umas


horinhas antes de ir ainda.

— Vamos na frente, então. Nos vemos lá. Tchau, meu amor.

— Tchau, papai.

— Mamãe, nos vemos mais tarde.

— Com toda certeza. — Vitória sorri, tamborilando os dedos na mesa.

— Até mais, sogra. Beijos, filha.

John e Fernanda saem em seguida, nos deixando a sós na mesa.


Manuella come em silêncio e volta a falar com a vó rapidamente, ignorando
completamente minha presença na mesa.

— O que vai querer de presente esse ano, meu amor? — Vitória


pergunta, a olhando.

Fito-a por cima da borda do copo e vejo ela balançar a cabeça.


— Presentes não se escolhe, vovó. — Diz sorrindo.

— Quero te dar algo diferente esse ano. Vou pensar no melhor


presente.

— Como sempre. — Beija a mão de Vitória e sorrio, suspirando.

— Vou falar com Arlete, para pegar aquela receita antes que seu avô
me enlouqueça. — Se ergue, nos deixando completamente a sós, indo para
a cozinha.

O único barulho que se pode ouvir é dos talheres.

A fito mexer de um lado para o outro a taça com iogurte. Cerro o


maxilar e a olho com o coração disparado.

— Sei que não entende agora o que estou tentando fazer, mas vai me
agradecer mais para frente. — Suspiro, vendo seus olhos se erguerem e
encontrar os meus.

Continua em silêncio, me olhando.

— Espero que me entenda...

Ela solta a colher e dá um sorriso frio e sem humor algum.

— Entendo. Claro que entendo. — Se ergue e passa a língua pelos


lábios. — Entendo que você é um covarde. Um idiota dos maiores, doutor
Rocco.

— Para você é isso...

— E muito mais. Se acha que ficarei esperando, está enganado. Como


você mesmo disse, sou jovem e preciso curtir minha juventude.

Arqueio a sobrancelha e levanto.


— Não vou ficar aos seus pés, doutor. Com essa mudança de humor de
um homem tão ranzinza e estúpido. Você fez a sua escolha de não me tocar,
então observe outros fazendo o que você não tem coragem.

— Outros? — Sinto o soco no estômago.

— Sou livre, esqueceu? — Abre os braços.

— Você é uma garotinha infantil.

— Mas sou muito mais corajosa do que um coroa como você, seu
medroso! Prefere negar, invés de assumir que me quer tanto quanto eu...

Para e da um pequeno sorriso, assentindo.

— Tenha um bom dia, titio.

Sai marchando, me deixando com o punho cerrado e uma raiva


absurda crescendo dentro de mim.

Passo as mãos pelos cabelos, suspirando pesadamente. Estava prestes a


soltar um palavrão quando Vitória aparece segurado um papel nas mãos.

— Receita pega. — Sorri. — Cadê a Manuella?

— Subiu. — Explico, vendo-a assentir.

Ajudo Vitória a levar algumas coisas para colocar no carro. Manuella e


Felipe descem para cumprimentar a avó.

— Obrigada pela ajuda, Rocco. — Me beija rapidamente e sorrio,


vendo-a segurar a porta do automóvel.

— Disponha.

Vitória sorri e a encaro.

— Não se pode fugir do destino, Rocco.


— O que? — Arqueio a sobrancelha e ela semicerra os olhos.

— Algumas coisas são destinadas a serem nossas, não se pode fugir


disso. Tenha um bom dia, meu filho.

Entra no carro sorrindo, enquanto eu a encaro fixamente, acenando


quando o motorista dá partida.
— Existe uma obstrução por placas de gordura nos vasos do seu
coração, que são as coronárias. Isso aumenta o risco de complicações
graves, como o infarto. — Explico, mostrando os exames de imagem. — A
revascularização do miocárdio, popularmente chamada de cirurgia de ponte
de safena, consiste em criar caminhos para o sangue que irriga o coração.

— Cirurgia delicada, doutor? Quais os riscos em fazê-la?

— Os riscos do procedimento cirúrgico em si, são os riscos da doença,


caso ela não seja tratada. Então, os riscos de não realizar a cirurgia tendem a
ser muito maiores do que os de realizá-la.

Solto um pigarro, girando na cadeira, segurando a caneta nas mãos.

— É uma cirurgia tranquila, com duração de 3 a 6 horas, com anestesia


geral. Devolve qualidade de vida normal aos pacientes após, mas claro que
com todos os cuidados e aos poucos. É o mais indicado e seguro.

O paciente me olha atento. Esse é um dos procedimentos mais comuns


do que parece, sempre causando o mesmo susto e medo em realizar a
cirurgia.
Senhor Afonso analisa com cuidado e por insistência de sua filha, me
permite mandar preparar toda a papelada para a realização do
procedimento.

Me despeço, agradecendo. Passo as mãos pelo pescoço, me


aproximando das janelas com uma visão incrível da cidade. Enfio as mãos
no jaleco e suspiro pesadamente.

Atendi alguns pacientes, um deles uma emergência recorrente de um


princípio de infarto. Jhonatan está em cirurgia e só nos vimos rapidamente
no corredor.

Vai ter uma reunião mais tarde apenas para rever uns assuntos do
hospital, já que passará uma semana em Angra e alguns médicos vão
assumir os plantões.

Saio da sala percebendo que estou indo almoçar quase duas horas da
tarde. Mas nem estou com muita fome, mesmo tendo tomado apenas café
pela manhã. Falei com minha mãe rapidamente, apenas para dar notícias e
dizer que está tudo perfeitamente bem.

Ou é o que eu queria deixar transparecer.

— Selin, estou indo almoçar, qualquer coisa pode me bipar. — Aviso-a


enquanto ela se aproxima sorrindo.

— Aviso sim. — Balança a cabeça devagar.

— Estou indo também. — Natália abre a porta do vestiário e me olha.

— Almoce comigo então. — Chamo, enquanto tiro o jaleco.

— Vamos. Vou ao shopping comprar o presente do meu filho e comer


algo. Temos 35 minutos para ir e voltar rapidinho. — Sorri empolgada. —
Não aceito um não como resposta, Rocco. Por favor.

Confiro o relógio no pulso e Natália morde o lábio, sorrindo.


— Ok, garota dos cabelos de fogo. Vamos lá. Mas eu pago o almoço.

— Dessa vez, apenas. — Pisca, pendurando a bolsa no antebraço.

Saímos alguns minutos depois em meu carro. O shopping fica apenas


algumas ruas atrás. O trânsito do Rio está um caos, mas nada que nos
impediu de chegar rápido ao shopping.

Decidimos ir em busca do presente do seu filho e ela ficou em dúvida,


mas conseguiu escolher o vídeo game. É notório o quanto a maternidade a
mudou. Para melhor, é claro.

— Eu sou apaixonada nessa carne ao molho de pimenta. — Fecha os


olhos ao provar.

— Sua cara não nega que amou.

Estamos em um dos restaurantes do shopping. Optamos por uma


comida mais leve e caseira para comer rapidamente.

— A correria do hospital me deixa com aquele sentimento de ausência.


— Natália me fita e assinto. — Amo minha profissão, sou apaixonada pelo
que faço e não me arrependo de forma nenhuma.

— Sei como é a sensação. — Umedeço os lábios, olhando-a mexer na


taça de água.

— Sua ex esposa trabalhava com você no hospital?

— Sim. Mas as vezes só nos víamos nos corredores. — Sorrio


lembrando e suspiro. — O hospital era mais nosso lar do que nossa própria
casa.

— Iago falava isso para mim. — Natália morde o lábio.

— Não escolhemos a medicina, ela que nos escolhe. — Faço um


desenho imaginário com a ponta do dedo na taça, vendo o suor descer pela
mesma. — Não se foge de um destino.

A frase saiu sem que eu percebesse. Desde que Vitória falou pela
manhã, isso ficou em minha mente de uma maneira que não consigo
esquecer por um segundo.

— Talvez quando se casar novamente possa fazer diferente do seu


primeiro casamento. — Ergo o olhar, encontrando os olhos azuis de Natália.
— Uma autocrítica para mim também. Não que eu sinta vontade de me
casar de novo, acho que tive experiência e aprendizado para toda uma vida.

— Você só tem 41 anos, Nat. E tenho certeza que tem uma fila de
pretendentes aos seus pés.

— Ah, céus. — Nega com a cabeça devagar, rindo. — Não tanto


quanto você. Aposto que escolhe nos dedos a sortuda.

Franzo o cenho quando a imagem de Manuella surge na minha cabeça.

— Ficou pensativo. Tem alguém aí dentro já roubado os pensamentos


do doutor?

— Complicado. Muito. — Suspiro, soltando o ar enquanto Natália


semicerra os olhos. — Mais do que pensa.

— É do hospital? Ah, Deus! Você não perde tempo, Rocco.

— Não me fale. — Engulo em seco, voltando a sentir o aperto na


garganta.

Pedimos a conta e ainda falta alguns minutos para voltarmos ao


hospital, então ficamos caminhando pelos corredores, conversando
enquanto ela toma um sorvete.

— Nossa, que coisa mais linda. — Aponta para a vitrine de uma loja
de sapatos. — Preciso experimentar.

Sorri e eu assinto.
— Fique a vontade. Vou fazer uma ligação.

— Me espere. — Segura a bolsa, entrando na loja enquanto tiro o


aparelho do bolso.

Verifico algumas mensagens rápidas e não tem nada tão importante


assim. Paro em frente a uma joalheria e franzo o cenho, olhando para a peça
delicada na vitrine.

Sorrio de imediato.

— Podemos ajudar? O senhor procura algo específico? — A


vendedora me encara, sorrindo gentilmente.

— Acho que encontrei o que procurava.

— Não tem o meu número. — Natália se aproxima me olhando. —


Nossa, que coisa linda.

— Estamos apenas com duas unidades dele, é uma das nossas peças
especiais.

— Vou levar. — Digo rápido.

— É uma escolha especial.

— Escolha especial.... Que sortuda. — Natália me olha e balanço a


cabeça.

— É para uma pessoa especial. — Sorrio de lado.


— Já passam de 22h e Fernanda não saiu da sala de parto ainda. —
Natália me encara e volta a olhar o celular.

O hospital está uma loucura desde que chegamos do shopping. A ala


de urgência está um caos e mal vimos Fernanda, que estava em uma
correria na ala da obstetrícia.

— Jhonatan está vindo. — Aponto para ele, vendo-o suspirar enquanto


tira a roupa que sempre usa para as cirurgias. — Está tudo bem?

— Tenho uma cirurgia de urgência, um aneurisma cerebral. — Passa a


mão pela testa. — Fernanda está em um parto de emergência, vamos
embora mais tarde.

— Precisa da gente? — Natália pergunta, mas John nega.

— Preciso apenas que faça um favor, Rocco.

— O que precisar.

— Arlete me ligou e disse que Manuela e Felipe estão dando uma


festinha. Eu autorizei, mas não pode passar de meia-noite. — Diz me
olhando. — Não sei a hora que vamos chegar em casa. Por isso, pode ficar
de olho?

Engulo em seco, cerrando o maxilar de imediato.

— Não quero reclamações dos vizinhos. Com você lá, fica melhor de
controlar.

Que maravilha.

— Claro, pode deixar. Ficarei de olho.

Era só o que me faltava.


— Se segura, PORRA! — Thales vem correndo na nossa direção e
segura Júlia no meio do caminho, jogando os dois dentro da piscina.

Gargalho sonoramente quando minha amiga surge, o empurrando.

— TACA A MÃE NA ÁGUA, SEU FILHO DA PUTA! — Grita,


tirando os cabelos do rosto. — SAI DE PERTO DE MIM, SEU
ESTRUPÍCIO!

— Deixe de ser mal humorada, Juju.

— Aqui para você, seu otário! — Estira o dedo do meio, me fazendo


gargalhar ainda mais.

— Você fica ainda mais linda com esse sorriso no rosto. — Me viro
quando sinto Davi beijar meu ombro.

— Não sabia. — Me viro, bebericando o drink de frutas devagar.

Foi uma ideia de última hora chamar alguns amigos para


um after. Felipe se animou e chamou os amigos do vôlei e da escola, então
aproveitei para fazer o mesmo com amigos próximos.

Tentei ao máximo me recuperar do que aconteceu na noite anterior. O


modo que Rocco me tratou depois do que aconteceu... Mais uma vez.

E aquela foi a última que me tratou como um objeto.

Em um minuto estava em cima de mim, me fazendo ser sufocada por


um tesão incrível e no outro se afasta como se eu fosse uma praga.
— Esse biquíni te deixa... Tão gostosa. — Davi coloca a mão em
minha cintura, roçando o polegar em meu quadril.

Mas mesmo sendo um movimento tão sexy, eu não sinto


absolutamente nada. Estou usando um biquíni vermelho que é meu xodó,
modelo clássico de cortininha com lacinhos do lado.

Está bem quente para uma noite e como começamos depois do almoço,
nem nos demos conta do quanto está ficando tarde. Mas sei que quando
papai chegar vamos diminuir o barulho. Não é sempre que fazemos isso,
mas ele nos deixa bem a vontade.

— Maluco. Demônio. — Júlia aparece na borda toda molhada e me


afasto de Davi.

— Vem, sua maluca. — Estendo a mão para ajudá-la, mas sinto mãos
em meus quadris.

— Sinto muito, princesa. — Davi sussurra e me joga na piscina.

Mergulho rindo e quando volto a superfície vejo que toda minha


bebida se esvaiu da taça. Ele me encara fixamente, balançando os cabelos
negros. Ele usa uma sunga preta, realçando o corpo, não é tão forte, mas
tem alguns músculos.

— VAI COMEÇAR A PUTARIA! — Alguém grita, aumentando o


aparelho de som, fazendo o funk ecoar por todo o ambiente.

Da tapa na cara...
Da tapa da bunda...

A música não tem letra alguma, mas para dançar é uma maravilha, e é
o que fazemos. Dentro da piscina, eu e Júlia dançamos lado a lado, rindo
enquanto Felipe e os amigos jogam do outro lado.

Davi me segura, me enlaçando pela cintura e eu o olho.


— Vai parar de fugir de mim? — Pergunta alto por conta do barulho
do som e mordo o lábio.

— Não estou fugindo.

— Não me deu um beijo sequer. — Franze o nariz e morde o lábio.

Sinto o quadril roçar ao meu, me fazendo sentir o volume em sua


sunga. Semicerro os olhos, abrindo a boca e desviando quando ele se
aproxima.

Não quero ele.

Não quero Davi.

— Você é incrível, mas... — O fito com o cenho franzido, me


afastando do seu peito. — Não estou na vibe de ficar com outra pessoa e...

— Manuella? — Fala, me encarando.

— Eita. — Ouço Júlia falar e a música abaixa rapidamente, nos


fazendo olhar para frente.

Rocco se aproxima segurando o controle do som.

Parece tão puto. Tão sério.

— Ah! Tiozão, liga o som vai. — Um dos meninos fala e ele o encara.

Engulo seco, saindo da piscina com ajuda de Júlia, nos olhando.

Rocco me fita e volta a atenção para os meninos ao redor do jardim.


Algumas garrafas de bebida e um narguilé que alguns estão usando é a
coisa que mais chama sua atenção.

— Pô, tio. Liga o som!


— Sou irmão da sua mãe? Ou do seu pai? — Ele indaga sério, olhando
o amigo de Davi.

— Não.

— Então eu não sou seu tio. — Diz ríspido, voltando a me encarar. —


Já é quase meia-noite e essa música infernal está sendo ouvida da portaria.

— Estamos nos divertindo, todo mundo faz isso. — Davi se intromete


e Rocco o encara sério.

— Deu para perceber como. — Desvia o olhar dele e me encara


fixamente. — Seu pai mandou acabar com essa festinha meia-noite. Vinte
minutos para acabarem com isso aqui e irem dormir.

— Ele liberou a festa. — O olho e cruzo os braços, sentindo o olhar


queimar o meu.

Está nítido o seu mau humor, com o maxilar cerrado daquela forma
que o faz ficar ainda mais lindo do que já é.

— Nós vamos arrumar tudo. — Felipe se adianta. — Podemos ficar


apenas sem o som?

— Isso. — Thales se aproxima, colocando a mão em meu ombro. —


Qual é, tio. Nós vamos nos comportar.

Rocco arqueia a sobrancelha sério. Mas tão sério que Thales se cala no
exato momento.

— Pode tirar a mão dela. — Davi retira o braço dele de mim.

— Ah, não vem de ciúmes não, Davi. Eu e a Manu somos eternamente


apaixonados. — Beija meu rosto.

— Thales! — Digo entre os dentes.

Rocco suspira e solta um pigarro.


Júlia coloca a mão na boca me olhando e sorri sem jeito.

— Sem música, por favor? — Felipe pede.

— Até uma da manhã e sem música. — Concorda, ajeitando a camisa


que está dobrada até os cotovelos.

O encaro dar uma última olhada em mim e virar, saindo pisando firme
com raiva em cada passada que dá em direção a parte dos fundos de casa.

— Que coroa mais estressado. — Davi dispara.

— Euem. Tio Jhonatan é mais divertido. — Thales faz um beicinho.

— Vamos pegar uma bebida, Manu. A minha ficou quente. — Júlia


segura em meu braço, praticamente me arrastando para longe e eu a
agradeço mentalmente.

Mordo o lábio assim que paramos nos degraus.

— Você viu a cara dele? Ele está puto, Manuella. Meu Deus! — Júlia
suspira e assinto. — Está cuspindo fogo pelo nariz.

— Não sei porque está assim. Não me quer perto dele, mas também
não quer que fiquem perto de mim. — Cruzo os braços.

— Amiga, ele nem disfarçou. A cara dele de quem queria te tirar dali
pelo braço.

— Por que não tirou? — Pergunto, dizendo o óbvio e Júlia engole em


seco.

— Amiga... — Suspira e morde o lábio.

— Rocco não me quer, Ju. Ele nem sabe o que quer, na verdade. —
Balanço a cabeça, suspirando e segurando em sua mão. — Vamos curtir a
festa. Papai deve chegar mais tarde.
Saio na frente, ouvindo Júlia resmungar alguma coisa que não presto
atenção.

Festa sem música é algo realmente broxante, mas colocamos no celular


e ao menos não ficou tudo em silêncio. Continuamos bebendo apenas
cerveja, brincando e jogando o jogo da garrafa que Thales inventou de
última hora.

Rocco não desceu e eu nem entrei em casa após sua chegada repentina.
Felipe acabou indo para a casa de um dos amigos que mora aqui no
condomínio. São pouco mais de 2h quando a festa finalmente acaba e nem
sinal dos meus pais chegarem.

Júlia vai dormir com Matheus, então descartei a possibilidade dela


dormir comigo. Thales se despediu em seguida e Davi me encara fixamente.

— Quer ir lá para casa? Dorme comigo.

— Não acho uma boa ideia. — Falo, sentindo o frio me invadir.

— Posso ficar aqui, então. — Se aproxima, enlaçando minha cintura.


— Ninguém vai perceber, não faço barulho ao subir. O tiozão deve estar
dormindo e nem vai me ver entrando.

— O tiozão está bem acordado. — O sarcasmo na voz de Rocco surge


e Davi o encara de imediato. — Já está na hora de ir, rapaz.

— Você não é o pai dela para dar ordens. — Rebate o olhando.

— Mas estou dando ordens na ausência dele, então vai embora daqui
agora.

— Você vai me tirar? — Davi abre os braços.

— Davi. — O seguro pela camisa, afastando-o de Rocco. — Por favor.


— Quer apostar como te tiro? Um moleque mimado que não sabe
seguir ordens, saia daqui agora!

— Por favor. — Fico no meio dos dois. — Davi, vá embora, por favor.

— Você é um velho muito do insuportável.

— Vou te mostrar o velho. — Rocco vai em sua direção e o afasto,


segurando em seu peito.

— Pare com isso agora! — Peço, empurrando ele. — Davi, vá embora!

Os dois se encaram fixamente e com toda certeza um soco de Rocco


acabaria com Davi.

— Só porque ela está pedindo. — Diz alto, erguendo o rosto. — Não


tenho medo de velhotes.

— Vai trocar suas fraldas, seu moleque insolente. — Rebate sério.

Davi me dá um rápido beijo na bochecha e sai soltando alguns


palavrões que nem presto atenção, entrando na sala em seguida.

— Ficou maluco?

Rocco se vira, me encarando de cima a baixo.

Enrolei uma saída de praia branca em meu corpo, deixando


praticamente todo o biquíni a amostra em meu corpo.

— O velhote estava bem acordado para ouvir a conversa de vocês dois.


Ia dormir com ele, Manuella? Ia deixa-lo dormir aqui?

Franzo o cenho.

— E se eu tivesse ido? O que você tem com isso? — Solto o ar rindo.

— Nada. Não tenho nada com isso. — Respira fundo e assinto.


— Exatamente. Você não tem nada com isso. — Repito, mordendo o
lábio e passando as mãos pelos cabelos úmidos.

Ficamos em silêncio, nos encarando por alguns segundos.

— Vou para o meu quarto. — Digo, pisando no primeiro degrau e me


virando para encara-lo ainda de pé, ainda com a mesma roupa que chegou.
— Por que age como se você se importasse, Rocco?

Me olha e fecha os olhos.

— Eu te disse que se você não fizer, outro vai. Vai me beijar, vai
transar comigo... Na cama, no chuveiro e em todos os lugares. Seja aqui, ou
em outro lugar, e você vai ter que lidar com isso.

— Vou um caralho! — Solta um rosnado e o olho. — Um caralho que


eu vou!
Observo-o se aproximar e mordo o lábio quando ele passa as mãos
pelos cabelos, bagunçando-os, parecendo um pouco irritado. Não. Ele
está muito irritado.

Subimos e ele praticamente mandou eu ir para o meu quarto, como seu


fosse uma criança birrenta, o que me deixou ainda mais irritada. Ele segura
o copo com água e me entrega.

— Você sabe que se eu quisesse ir com ele, você não poderia me


impedir, não é?

— Queria ver se tem coragem de passar por cima de mim. — Diz


firme e seguro o copo, o olhando.

— Não estou com sede.

— Toma logo e engole isso. — Me entrega um remédio e o olho.

— Não estou bêbada.

— Mas bebeu e vai acordar com ressaca amanhã. Vai tomar um banho
e descansar.
Engulo o comprimido, tomando um gole de água, ainda o olhando.

— Papai não vem?

— Está em cirurgia e vai passar o resto da noite no hospital, sua mãe


também. Ele nem sabe um terço da zona que fizeram aqui. — Passa as
mãos no rosto, suspirando. — Vou tomar um banho e tentar dormir. Passei
um dia infernal, Manuella.

Deposito o copo na mesa de cabaceira.

— Faça o mesmo. Já deu show demais por uma noite.

Ele não se mexe e eu desfaço o laço da saída de praia curto e


transparente, ficando apenas com o pequeno biquíni cobrindo meu corpo.
Rocco paralisa na minha frente e eu pisco devagar, vendo-o semicerrar os
olhos e endurecer o maxilar.

— Me dê um banho. — Digo, parada. — Estou bêbada, posso cair e


bater a cabeça e você se sentirá culpado pelo resto da sua vida.

Vejo-o franzir o cenho enquanto mordo lábio, escondendo o sorriso


que teima em escapar.

— Você não está bêbada, Manuella.

— Estou sim. Me dê um banho. não vou te atacar, Rocco.

Vejo-o suspirar e dou dois passos, ficando a sua frente. O perfume


amadeirado me invade e o cheiro de whisky exala do seu corpo também.
Não dá um sorriso sequer, não faz absolutamente nada, a não ser segurar
meu braço e me levar para o banheiro.

— Apenas por desencargo de consciência. — Diz sério e assinto,


olhando-o por cima do ombro.
— Pode tirar? — Me viro de costas, apontando para o laço do biquíni
nas costas e ele retira rapidamente sem qualquer esforço.

Seguro meus seios com as mãos, sentindo sua respiração em meu


pescoço, me fazendo fechar os olhos, com as lembranças dele me invadido.

Fico de olhos fechados por alguns segundos, tornando a abri-los


quando sinto-o na minha frente. Rocco engole em seco, cerrando o maxilar
e me olha enquanto se ajoelha a minha frente.

Sinto as pernas fraquejar quando ele desata o laço lateral, desfazendo-o


e indo para o outro lado em seguida, tirando toda a peça, me deixando
completamente nua a sua frente.

Seus olhos estão vagando por meu corpo e eu abro a boca quando ele
se aproxima e beija acima do meu ventre.

— Ah! — Gemo em agonia.

— Por que tem que ser tão teimosa? — Ergue o rosto, encontrando
seus olhos.

— Por que tem que ser tão ranzinza? — Forço a voz para sair, o
olhando ainda entre minhas pernas.

Rocco balança a cabeça em negação e deposita um beijo em minha


boceta. Abro e fecho a boca no mesmo instante, soltando um gemido fraco
e vendo-o se erguer.

— Vem tomar banho.

Abro o chuveiro e deixo a água morna me invadir. Molho meus


cabelos, vendo a porta do box se abrir e Rocco entrar usando apenas a calça
social.

Desço os olhos pelo corpo grande, nas tatuagens em sua costela e no


abdômen definido. Ele se cuida. É um gostoso.
— Se vira. — Pede baixo e viro de costas, mas vejo quando pega
minha espuma de banho e coloca em sua mão.

— Você pode ficar pelado, não vou pular em você.

— Acha que confio em você? — Pergunta, me fazendo rir


sonoramente.

— Acha que eu pularia em cima... Ah! —- Me calo quando a mão


grande vai para o meio das minhas pernas.

Afasto-as, sentindo os dedos passarem por minhas dobras, em uma


carícia lenta e quente.

— Cala a boca. — Sussurra em meu ouvido, me fazendo encostar a


cabeça em seu peito. — Estou com vontade de torcer seu pescoço e de
surrar sua bunda por ser tão teimosa e infernal.

Espalmo as mãos nos azulejos, sentindo seus dedos abrirem meus


lábios inchados e melados, enfiando um dedo bem fundo, fazendo-o gemer
em meu ouvido.

Empino a bunda e me abro, gemendo descontrolada, sentindo ir fundo


e voltar, tirando e colocando novamente. A água desce e eu deito a cabeça
em seu peito, ouvindo o gemido em meu ouvido.

— Você é minha. Tudo que vem desse corpo é meu, Manuella. —


Repete ofegante.

Uma mão está em meu pescoço, me apertando, a outra está no meio


das minhas pernas, lambuzada com os fluidos que eu solto de puro tesão e
êxtase.

— Então me faça sua. Faça de vez. — Peço em súplica, abrindo a


boca, palpitando ao redor do seu dedo me penetrando fundo, voltando a
fazer uma carícia em meu clitóris inchado de tanto tesão. — Rocco!
— Estou vivendo por isso, Manuella. E estou enlouquecendo.

— Eu... Ah! — Sinto as pernas fraquejar de tanto tesão. Meu interior


parece um vulcão prestes a explodir. — Rocco, eu...

Fecho os olhos quando ele aumenta os movimentos, me fazendo


gemer. Os vidros do box embaça, com minha testa colada nas placas de
vidro, respirando fundo, como se minha vida dependesse disso.

Gozo em seus dedos, tremendo por inteira. Rocco me agarra e eu


respiro puxando o ar com rapidez. Ele cobre meu corpo ainda de costas,
sinto o pau duro colado em minha bunda e engulo o bolo que se forma em
minha garganta. Ele está todo molhado e eu sorrio, tateando-o.

— Me deixe terminar seu banho. — Me vira devagar.

Franzo o cenho quando as mãos cheias de espuma começam a passar


por meus seios, braços, barriga e virilha. Ele parece concentrado no serviço,
pois está sério e calado.

Me abro quando passa os dedos por minha boceta ainda sensível, mas
não reclamo. Me enxagua, passa o roupão por meu corpo e observo-o negar
com a cabeça quando o encaro de cima a baixo.

— Vou trocar de roupa. — Sai em direção ao seu quarto, me deixando


sozinha.

Suspiro e alguns minutos depois vou em direção ao closet, pego uma


camisa larga e coloco uma calcinha pequena. Penteio os cabelos e saio,
fechando a porta do meu quarto.

Abro a porta do seu, vendo-o ainda de toalha.

— Vou dormir aqui, estamos sozinhos.

— Se seu pai cheg...


— Não vai sair abrindo as portas. — Me aproximo e sento na enorme
cama. Puxo os lençóis, me enfiando embaixo deles, olhando-o ainda
parado.

A toalha branca está enrolada em seu quadril, com gotículas de água


ainda no seu rosto e peito.

— Vem aqui. — Ele chama e se aproxima da cama. Me levanto, indo


de joelhos até onde está parado. Ele afasta os cabelos do meu rosto e segura
meu queixo para olhar em meus olhos.

Olho sua boca, seu maxilar e o quanto tudo nele é perfeito.

O quanto meu coração dá cambalhotas quando ele segura e acaricia


meu queixo.

— Você não me quer? — Pergunto em um sussurro.

— Quero. Eu quero muito. Quero tanto que chega dói. — Confessa,


como se estivesse revelando um de seus maiores pecados.

E talvez realmente esteja.

Passo o polegar por seus lábios, afastando-os. Os cabelos úmidos do


banho e a roupa larga a fazem parecer mais nova do que eu gostaria que
parecesse.

Meu descontrole foi para a puta que pariu quando vi o moleque perto
dela, tão próximo como se fosse se fundir a ela. Meu peito doeu, meu
coração acelerou em questão de segundos e fiquei puto, irado e cheio de
raiva.
— E é por te querer tanto que não quero fazer isso aqui. Porque não
vai ter mais volta, Manuella. — Suspiro, balançando a cabeça e acaricio seu
rosto com a ponta dos dedos. — Tudo pode desmoronar. Tudo.

— Acha que eu quero você por um momento?

— Acabamos de nos conhecer, minha pequena. Tem ideia de quantas


coisas está em jogo?

— Quando realmente quer, não importa. Se você me quiser tanto


quanto eu te quero...

Para e coloca as mãos em meu peito, acariciando-o.

Sinto o suor descer pela nuca e passo as mãos pela mesma, olhando-a
ainda de joelhos em minha cama. Em pensar que é apenas tirar sua camisa e
afastar a calcinha para poder me perder em suas curvas.

— Vamos dormir. — Uso a razão e não a porra do meu pau duro


empurrando o tecido da toalha.

— Vai me deixar dormir aqui? — Pergunta e assinto, me afastando.

— Dormir. — Confirmo, me viro e entro no closet pare vestir uma


roupa.

Coloco um calção de moleton e uma camisa larga, apago as luzes e me


deito na cama devagar. Manuella se vira de lado e repito o gesto, ficando
cara a cara com ela. Seguro em seus dedos e os aperto.

Posso estar sendo um idiota por escolher não transar com ela aqui, mas
não posso fazer simplesmente tomado por desejo e tesão. E isso não me
falta.

Senti um ciúme descontrolado quando cheguei e a vi com seus amigos


na piscina. A vontade de rasgar o verbo, desligar o som e mandar todos para
uma porra me invadiu com força.
A música parecia qualquer coisa vindo do inferno junto com seus
convidados.

— Você vai...

— Você bagunça o que tem de organizado em mim, Manuella. Você


me deixa desestabilizado. Louco. Incapacitado.

A luz do abajur ainda está acesa, me deixando ver seu rosto com
perfeição. Está de olhos abertos e prestando atenção em cada palavra que
sai da minha boca.

— Você é uma coisinha pequena e irritante.

Ela sorri preguiçosamente, se aproximando de mim e se enfiando


dentro dos meus braços. A aperto devagar, colando o corpo pequeno ao
meu.

— Você me deixa... Me deixa escapar e eu quero estar com você,


Rocco. Quero você.

Apoio o queixo em sua cabeça, passando as pernas entre as suas, como


se aprendesse e a vontade é de ficar nos braços dela e nunca mais sair. Me
controlo ao máximo quando ela enfia as mãos por dentro da minha camisa e
eu sinto um arrepio, não só na pele, mas na alma também.

— Quero te fazer uma surpresa. Falta três dias para o Natal e para o
seu aniversário, pode esperar?

— Esperar? Pelo quê?

— Para ser minha. Por inteira. — Digo, vendo-a franzir o cenho


sonolenta.

— Rocco.
— Confie em mim, minha pequena. Não quero nenhum daqueles
idiotas babando em cima de você. — Seguro em seu queixo, vendo-a me
olhar fixamente.

— E a tia Natália?

— Somos amigos, Manuella. Se eu a quisesse, estaria com ela.

— Sei que estaria.

— Mas não estou. Estou aqui. — Afago seu rosto. — Não estava em
meus planos estar vivendo essa loucura, mas foi instantâneo quando te vi,
Manuella.

Sorri preguiçosa e franze o cenho.

— É tudo muito recente e louco. Incerto e... Proibido. Você me


desmontou por inteiro, garota.

— Ainda não, mas vou. — Ri, escondendo o rosto em meu pescoço


enquanto a aperto ainda mais. — Tiro a calcinha?

— Não. A mantenha... Por enquanto.

— Vou te dar uma de presente e vai trabalhar com ela no bolso. —


Sussurra, grogue de sono.

Não demora muito para a respiração acelerada ir se acalmando, até


sentir ela soltar minha mão devagar, percebendo que entrou em um sono
profundo em questão de segundos. Deveria ser o sono, cansaço ou o fato de
ter bebido um pouco.

Tiro seus cabelos do rosto. As bochechas rosadas e a expressão tão


tranquila que nem parece o furacão de língua afiada quando está acordada.

— Você é uma abusada, sua peste. — Sussurro, beijando a pontinha do


nariz e esfregando ao meu. — A vontade de te ter só não é maior que o
medo de estragar sua vida. De te impedir de ter e realizar seus sonhos por
minha causa.

É uma das coisas que me deixa preocupado e pensativo em dar um


passo nessa situação.

São anos nos separando.

Manuella tem uma vida inteira pela frente e eu já venho com uma
bagagem enorme nas costas. Não posso fazê-la infeliz como de uma certa
forma, fiz Alisson.

No auge dos meus quarenta e dois anos, me vejo em um dilema entre a


razão e a emoção de me permitir viver o que quero.

Dou um beijo demorado em sua testa e suspiro pesadamente.

— Boa noite, peste.

E aqui, sentindo uma paz e tendo uma uma mulher em minha cama
desde que me divorciei, durmo ao lado de outra mulher pela primeira vez.
Eu amo o mar.

Amo a brisa fria que o vento faz quando bate em nosso rosto,
bagunçando os cabelos.

Tem o poder de me fazer recuperar as energias e voltar renovado, onde


estivesse. John pilota a lancha com maestria. A camisa branca aberta
enquanto Fernanda o agarrava por trás, dizendo algo em seu ouvido que o
faz rir alto.

Me viro enquanto nos aproximamos da casa no meio da ilha.


Chegamos na noite do dia anterior e mal aproveitamos a vista, já que
estávamos extremamente cansados. Viemos de jatinho, o que facilitou não
passar quase três horas dentro de um carro.

— É espetacular. — Natália estende a taça é eu agradeço com um


aceno.

— Muito. — Beberico o champanhe, olhando-a enquanto os cabelos


voam, a fazendo rir.
Foi um pedido de Fernanda fazermos o passeio de lancha antes do
almoço e por insistência, acabei aceitando. A véspera de Natal é no dia
seguinte e a correria para os últimos preparativos estão a todo vapor.

— Irmão, podemos visitar a praia de ilha grande depois do feriado.


Nós quatro. — Jhonatan fala vindo em nossa direção e Fernanda segura o
enorme chapéu em sua cabeça.

— São praias paradisíacas, você ainda lembra?

— Claro. Aliás, foi lá que John te pediu em namoro. — Lembro e vejo


Fernanda sorrir, encarando o marido a abraçando.

— Onde tudo começou. — Diz, tirando os óculos. — Vamos renovar


os votos de casamento. Não posso deixar essa mulher sair da minha vida.

— Nem se quisesse você eu iria sair, Jhonatan Monteiro. — Enlaça seu


pescoço, o beijando.

Natália sorri e me olha, passando a mão em meu braço, me viro sem


ser rude, apenas para não instigar o seu toque ou qualquer coisa que a
incentive a achar que pode ter algo entre nós novamente.

Vou esperar para conversarmos assim que surgir a oportunidade, não


vou deixar o clima tenso em plena noite de Natal, mas não posso estragar o
aniversário dela.

Acordar com Manuella ao meu lado foi uma das sensações mais
indescritíveis que já senti em minha vida. Como se fosse a primeira vez a
experimentar aquilo.

Observei-a dormir com a cabeça encostada em meu braço, não me


movi, temendo acorda-la, pois era a última coisa que eu queria fazer. Fiquei
olhando-a por horas, afagando seu rosto com a ponta dos dedos,
contornando os lábios.
Ressona baixinho e sorrio de lado, vendo os cabelos dourados
espalhados no travesseiro e o perfume suave me invadindo. Franzo o cenho,
encarando-a.

— Dormindo parece um anjo, acordada é uma capeta.

Sorrio para mim mesmo e viro o pescoço, vendo que já era quase 5h e
Jhonatan não estava em casa ainda, senti alívio e culpa ao mesmo tempo.

Alívio por tê-la aqui e culpa por ser filha dele.

Beijo sua testa enquanto se remexe, passando a perna por meu quadril.
Sinto meu pau crescer rapidamente, apenas por senti-la encostada em mim.
Manuella merece mais do que uma foda de minutos, apressada, temendo
alguém nos flagrar.

Eu quero tudo dela. Seus gemidos, seu gozo e orgasmos em cima de


mim. Quero senti-la. Chupa-la. Morde-la.

Quero ela inteira para mim.

E eu a terei.

A mensagem de John avisando que está chegando chega em meu


celular alguns minutos depois e seria pior se a encontrasse em minha cama.
Me aproximo, segurando embaixo de suas pernas e costas, a erguendo.

— Hum.... — Geme, despertando enquanto caminho com ela em meu


colo.

— Seu pai está chegando. — Explico, vendo-a abrir os olhos e piscar


devagar.

A coloco gentilmente na cama, vendo-a se espreguiçar sorrindo.

— Estava sonhando? Dormi na sua cama?

Sorrio, balançando a cabeça.


— Vou para o meu quarto. Descanse, pequena. — Beijo sua testa
demoradamente, me virando para sair quando ouço-a sussurrar:

— Um dia vai me levar para a sua cama e não vou precisar voltar
escondida para a minha.

Franzo o cenho, olhando-a por cima do ombro com um sorriso de lado.

Faltando pouco para eu voltar e beija ela. Muito pouco.

Sigo para o meu quarto com o peito apertado e a mente vagando.

Chegaria esse dia?

Descemos da lancha assim que chegamos ao deck que dá acesso a ilha.


Natália segura em minha mão, descendo devagar.

— A vista é espetacular. — Diz com a mão no peito, retirando os


óculos em seguida.

— Muito. — Fernanda a olha. — O chalé na parte de trás... Já foi ver,


Rocco?

— Vamos lá agora. — Jhonatan segura em meu ombro. — Vamos


conhecer?

— Claro.

— Vou almoçar com Natália, depois venham. Vitória e Rodolfo devem


estar famintos. — Fernanda o beija.
— Eu também estou. Nos encontramos depois. — Nat sorri, me
beijando rapidamente na bochecha.

Saio ao lado de John, indo em direção ao chalé que fica ao lado da


mansão, fazendo seguir por um caminho diferente e muito mais reservado.
As plantas em frente o cobrem, deixando inda mais escondida.

— Se preferir ficar na casa, tem espaço o suficiente. — John fala assim


que entramos no chalé.

As plantas servem para esconder as paredes que são de vidro. Claro


que quem estiver de fora não vê absolutamente nada dentro. Tem uma sala
enorme, a cozinha no mesmo ambiente e uma lareira elétrica toma conta de
toda a parede.

— Está perfeito. — O encaro ri balançando a cabeça.

— Mamãe mandou construir. É perfeito para quem gosta de se isolar


as vezes. Como você.

Semicerro os olhos.

— Só não brigo com você, porque é verdade. — Me aproximo das


portas duplas que dão acesso ao quarto e é mais incrível do que pensei.

A cama grande toma o espaço, tem uma hidromassagem em frente as


janelas abertas, dando um visão incrivelmente linda da praia.

— E tem mais privacidade para trazer alguém. Aliás, sabe que foi para
isso que Fernanda insistiu que ficasse aqui, não sabe?

Olho John por cima do ombro, rindo com os braços cruzados.

— Imaginei. — Me viro, sentindo o sorriso se esvair. — Mas Natália e


eu não... Não funciona mais. O que tivemos no passado foi incrível, gostoso
e intenso, mas ficou lá.

Ele me encara e sorri assentindo.


— Eu imaginei isso.

— Somos amigos. Apenas bons e velhos amigos.

— Está interessado por outra pessoa? — Me pega de surpresa e o vejo


sorrir de lado, com os olhos semicerrados e as sobrancelhas um pouco
arqueadas. — Te conheço, irmão. Podemos ter passado anos separados, mas
ainda te conheço.

Pisco devagar, engolindo em seco e assinto.

— Estou.

— E eu conheço?

Engulo em seco, com o cenho franzido e o coração acelerado.

— É do hospital? Só pode ser. Aposto que é uma das residentes.

— Vai saber quando for o momento. — Desconverso, saindo do quarto


e indo para a sala, ouvindo seus passos atrás de mim.

— Segredos comigo, irmão? — Indaga e eu balanço a cabeça quando


nos aproximamos da varanda na parte de fora.

Tem sofás espalhados, um balanço rústico e algumas almofadas


espalhadas pelo ambiente.

— Estou confuso, John. Tive um casamento praticamente fracassado,


onde não fui capaz de dar o que Alisson queria e precisava. — Confesso,
vendo-o se aproximar.

— Você não estava preparado, irmão. Não se baseie nisso. Se permita


viver, Rocco. Se essa pessoa despertar isso, siga em frente.

Nos encaramos fixamente.


— Ela desperta. Mas é muito cedo e...

— Não precisa entender, Rocco. Apenas sentir. Tem coisas que não
tem explicação, irmão. Você está se dando uma chance novamente, não
desperdice isso.

Meu coração dá uma leve acelerada e sinto minhas mãos ficarem frias.

Estamos falando de sua filha e ele nem tem noção disso.

— É complicado, John.

— Não, você que está complicando, Rocco.

Passo as mãos pela barba, subindo para passar por meus cabelos.
Jhonatan segura em meu ombro, apertando firmemente.

— Apenas seu corpo estava em Seattle. Seu coração permaneceu aqui,


irmão.

Sim. Meu coração esteve aqui e você é o pai dela.

Engulo em seco, o olhando.

— Não se prenda, viva o que tiver que viver. Arrisque, Rocco. O amor
não é para covardes!

Se afasta caminhando devagar e fecho os olhos.

— John? — Chamo, vendo-o se virar ainda sorrindo.

Estou louco por sua filha.

Aquela que você me entregou um sapatinho falando que seria sua


princesa.

O bebê que me mandou fotos após o nascimento.


Sua princesinha.

— Nada. — Digo, indo ao seu encontro. — Vamos almoçar.

— Vamos lá, irmão.

(...) Eu tive que correr, pra não me entregar


Às loucuras que me levam até você
Me fazem esquecer que eu não posso chorar

Balanço as pernas penduradas na cadeira de balanço na varanda. A


música no volume máximo nos fones de ouvido, me fazem desligar do
mundo por minutos e até mesmo horas, se for possível.

Sinto a brisa do mar bater em meus cabelos e os tiro do meu rosto,


observando o pôr do sol se perder no horizonte da praia.

(...) E sinta a emoção que nascerá quando você me olhar


O universo conspira a nosso favor
A consequência do destino é o amor

Sorrio, mordendo o lábio e balançando a cabeça olhando para o nada.

(...) Mas talvez você não entenda


Essa coisa de fazer o mundo acreditar
Que meu amor não será passageiro...

Sinto aquele arrepio passear por todo meu corpo quando ele toma meu
campo de visão, caminhando devagar e sozinho pela areia. As mãos nos
bolsos da bermuda marrom, a camisa voando com o vento, assim como os
cabelos.
(...) Te amarei de janeiro a janeiro
Até o mundo acabar

Ele passou praticamente o dia inteiro com meu pai e mal nos vimos
desde que chegou do passeio de lancha que fez com minha mãe e tia
Natália.

Fui passear com meus avós e meu irmão. Júlia vai chegar amanhã pela
manhã, para passar a Natal com a gente, assim como alguns amigos mais
próximos também. Aproveitei o dia ao máximo.

Quando ele chegou com meu pai para almoçar, estávamos de saída. Só
trocamos uma rápida olhada e ele me lançou um sorriso de canto, eu
retribuí. É horrível fingir que nada está acontecendo, quando eu consigo
sentir tudo.

Como queria ser eu a estar ao seu lado de mãos dadas agora.

Como queria ter ficado ao seu lado durante o passeio que fez.

Como eu queria tudo.

Estalo a língua, suspirando e vendo-o continuar caminhando em


direção a casa de cabeça baixa, como se estivesse com os pensamentos
longe.

Que estejam em mim.

Como se recebesse ou lesse meus pensamentos, ele ergue o rosto,


fixando o olhar ao meu, me vendo ali sentada há poucos metros.

Fico encarando ele e vejo-o franzir o cenho.

Dormir ao seu lado só me fez confirmar o que eu já estava certa.

Eu não quero e nem preciso estar em outro lugar.


Meu coração dá uma cambalhota, dando uma tremida e voltando a
bater em ritmo descompassado. Ele não se move e faço o mesmo.

Sinto a mão pousar em meu ombro e me viro, vendo vovó sorrir de pé


ao meu lado.

— Vovó, não te vi chegar. — Retiro os fones sorrindo, vendo-a sentar


na cadeira ao meu lado.

— Sei que não. Estava quietinha aí e não me viu se aproximar. — Diz,


cruzando as pernas e fechando os olhos. — Estava apreciando...

A olho de imediato e ela sorri.

— A paisagem. — Completa.

— É, a paisagem. — Pisco repetidas vezes, vendo Rocco ainda parado


enquanto meu pai se aproxima.

Os dois conversam sobre algo e é nítido o amor que um tem pelo


outro. Vi algumas fotos da época da faculdade e o quanto sempre estiveram
juntos.

— Vovó. — Me viro, olhando-a com o cenho franzido e o coração


disparado.

— O que foi, minha querida?

Umedeço os lábios.

— Eu...

Segura minhas mãos, apertando-as firmemente, como se me desse


coragem para dizer o que está entalado aqui dentro. Eu preciso desabafar o
que está dentro do meu peito.

Mesmo falando com Júlia sobre tudo, eu preciso ouvir de outra pessoa
que não estou louca. Ou que realmente estou.
— Manuella? — Me tira dos devaneios e me ergo, olhando-a levantar
também. — Minha querida.

— Talvez, seja loucura minha e que não entenda o que vou te falar
agora.

— Não precisa me falar. — Se aproxima, segurando em meus ombros


e parando ao meu lado. Olhamos para os dois caminhando e rindo,
provavelmente lembrando de algo do passado.

— Não sei o que estou sentindo, vovó.

— Sabe, sim. É claro que você sabe. — Me faz virar para olha-la. Os
olhos tão azuis quanto os de papai fixam aos meus. — Você sabe, Manuella.

— Ele...

— Ele é um homem livre, amor. Tanto quanto você. Tem coisas que
não tem explicação e nem todos são obrigados a nos entender.

— Eu o quero, vovó. Com um desespero que parece me sufocar. —


Coloco a mão em meu peito, balançando a cabeça. — E estou com medo.
Com medo de ser apenas eu a sentir isso.

— Você acha? — Diz séria e assinto.

— Nossas idades, o amor dele por meu pai... Ele não quer sentir isso e
eu...

Ela sorri, segurando em meu queixo.

— Minha querida, quanto maior a resistência, maior é o sentimento.

Suspiro, vendo-a encostar a testa na minha.

— Você é minha menina corajosa. És uma Monteiro.


Seguro em suas mãos, apertando-a e a abraço fortemente. Sinto ela
sorrir enquanto segura em meu rosto, me fazendo olha-la.

— Deixe o seu pai comigo, terá o meu apoio. Agora limpe esse rosto.
Natália está praticamente se jogando aos pés dele.

Franzo o cenho.

— Mamãe está ajudando.

— Deixe as duas comigo. — Mordo o lábio, voltando a abraça-la.

— Te amo, vovó.

— Eu também te amo, meu amor. Muito.

Fecho a porta do meu quarto, ajeitando o vestido. É mais de 21h e


ouço o burburinho das conversas na sala de estar, onde todos estão reunidos
bebendo e comendo petiscos.

Passo no quarto do meu irmão e ele está jogando vídeo game com um
dos nossos primos. Desço os degraus ajeitando o casaco que fica um pouco
maior, mas para o frio da noite está perfeito.

— Oi, meu amor. — Me aproximo de papai e ele beija uma de minhas


mãos. — Meu tesouro. O melhor presente de Natal que já ganhei em toda
minha vida!

— Nosso presente. — Mamãe me olha e a beijo.

— Parece que foi ontem que a vi tão pequenina. — Vovô sorri. —


Como eles crescem.
Rocco me olha e segura um copo com alguma bebida. Tia Natália está
ao seu lado, balançando uma das pernas cruzadas.

Peço licença e saio, mas todos parecem tão concentrados que mal
percebem que sai de fininho, ou ao menos foi isso que achei. Seguro o copo
com suco e sinto apenas a presença preencher o ambiente.

Me viro, vendo-o parado com o copo nas mãos, balançando o líquido.

— Está tudo bem? — Pergunta e eu solto um pigarro baixo, sentindo a


garganta arranhar.

— Sim, por que?

— Estava chorando com a Vitória. O que houve?

— Nada. Pensamentos. — Digo sorrindo e deposito o copo na ilha da


cozinha.

O silêncio se torna mútuo quando me aproximo, espalmando a mão em


seu peito.

Rocco franze o cenho e põe a mão sobre a minha.

— Estou com saudades dos seus beijos. De você.

Me encara e sorrio de lado.

— Odeio vê-la ao seu lado. Odeio a liberdade que ela tem de estar
próximo a você. Odeio que ela fique tão perto.

Ele está me olhando fixamente e balanço a cabeça.

— Porque era eu que deveria estar lá. Sou eu quem vai ocupar sua
cama, assim como ocupo seus pensamentos. — Com a mão livre afago sua
barba. Mordo o lábio e sorrio.
Ele aperta minha mão e deposita um beijo demorado, fazendo um
arrepio subir por meu corpo.

— Você é meu, Rocco.

Ele está em silêncio quando fico na ponta dos pés e deposito um beijo
rápido em seus lábios. Me afasto e sinto suas mãos se fecharem em meu
antebraço.

Ele me olha de cima a baixo.

— E você é?

— O que? — Pergunto no mesmo tom que sua voz sai.

— Minha.

Engulo em seco, minhas pernas tremem e mordo o lábio devagar, não


conseguindo conter o sorriso que me toma de imediato.

— Antes que se desse conta.


Sempre fui completamente apaixonada pela noite de Natal. A magia
incrível que a data nos faz sentir. A sensação de estar encerrando um ciclo e
prestes a começar outro.

Quando eu era criança, esperava ansiosa dar meia noite para poder
comemorar meu aniversário. Abrir os presentes espalhados embaixo da
árvore que eu adorava ajudar a decorar, com papai me segurando no colo
para eu colocar a estrela no topo.

É uma tradição que se repete e eu faço questão de seguir.

— Coloque-a. — Papai entrega a caixinha e sorrio, abrindo-a.

— É linda. — Sorrio, segurando a estrela. — Vou pôr.

— Cuidado.

Subo na escada, me equilibrando para colocar a estrela no topo. A


ajeito com cuidado e bato palmas eufórica quando vejo o resultado.
Passamos quase a manhã inteira decorando a árvore e valeu a pena, vendo o
resultado.
Os detalhes dourado e vermelho ficaram perfeitos. A colocamos na
sala principal, onde será o jantar e todos os convidados vão ficar reunidos.

— Perfeito, como sempre. — Papai segura em minha mão, me


ajudando a descer os degraus da pequena escada.

O abraço sorrindo enquanto ele beija minha testa.

— Minha garotinha está crescendo. — Sussurra, me apertando em seus


braços. — Mas sempre vai ser minha princesinha.

Ergo o rosto para encara-lo.

— Eu te amo muito. — O beijo na bochecha e rio. — Meu coroa.

Papai fica sério, me fazendo dar uma gargalhada.

— Coroa? Estou na flor da idade. Não estou velho, apenas fui pai
muito jovem. — Ele ama brincar com esse fato. — Suas amigas ainda me
chamam de Daddy. Estou muito novo para minha idade.

— É um coroa muito lindo. — Assinto sorrindo.

— Eu sei, me cuido muito para isso. — Diz se gabando, me fazendo


balançar a cabeça e gargalhar.

Mamãe desce as escadas nos olhando e papai a abraça.

— Diga a ela que ainda estou na flor da idade e sou um coroa muito
lindo e sexy.

— E gostoso.

— Ah céus, mamãe! — Franzo o nariz quando ela o beija e Felipe para


nos olhando.
— Estão naquele momento de falar coisas um para o outro? — Me
pergunta

— Sim. — Rio.

— Fui. — Felipe se vira.

— Deixem de besteira. Nos amamos e é completamente normal, acha


que foram feitos como? — Mamãe brinca e franzo o nariz.

— Com o fogo da paixão que nos incendiou. — Papai suspira,


fechando os olhos.

— Deus, tape meus ouvidos. — Felipe dispara e gargalho


sonoramente.

— Seu pai parece vinho, quanto mais velho melhor. — Mamãe o


abraça pelo pescoço, beijando-o.

— Sou louco por essa mulher. — Diz apaixonado.

Todos os dias são assim. Com declarações apaixonadas e beijos, e eu


admiro demais o amor dos meus pais.

Alguns parentes foram chegando ao longo do dia, enquanto os


funcionários arrumavam toda a casa. Mamãe contratou toda uma equipe
para decorar a mansão. O buffet vai trazer toda a ceia na parte da tarde.

Minha solidão interna passou um pouco quando Júlia chegou com seus
pais. Desceu do carro e veio correndo em minha direção, me abraçando
apertado.

Cumprimento seus pais, que são como meus tios, eles vão ficar
conosco até o feriado.

— Senti sua falta. — A beijo, olhando ela enquanto caminhamos pelo


jardim.
— E eu a sua. Pronta para ficar mais velha?

Entrelaça o braço ao meu e sorrio.

— Pronta.

— E como vai o doutor? — Me olha mordendo o lábio e eu suspiro.

— Não ficamos muito aqui, a casa está cheia. — Entorto a boca,


chateada. — Ele está dormindo no chalé ao lado, sozinho.

Ergo o olhar, encontrando o de Júlia em mim.

— Contei para vovó o que está acontecendo.

— O que?

— Aliás, não precisei contar, ela percebeu e está do meu lado, Ju.
Vovó me entendeu.

— Ai Deus, Manu. — Paro na sua frente. — E agora?

— E agora estou indo. Ontem ele me encontrou na cozinha e eu falei


que ele é meu.

Sinto a ponta dos dedos nos meus, incrivelmente me tocando de uma


maneira que me fazia ficar mole.

Queria beija-lo. Toca-lo.

— Ai amiga...

— Vamos esperar para ver o que vai acontecer, Juju. Vamos esperar.

— Está certo. Vamos aproveitar a praia?

Sorrio empolgada enquanto corremos em direção a casa para trocar de


roupa. Passamos praticamente a tarde inteira na praia junto com Felipe e
logo após Thales e seus pais chegaram, junto com meus tios maternos e
meus avós.

Mamãe correndo de um lado para o outro dando ordens de organização


e decoração. Almoçamos no jardim com um churrasco que fizeram ao redor
da piscina.

Aproveitamos a piscina também, já que é um dos nossos


divertimentos. Rocco estava concentrado e ajudando papai com alguns
detalhes e falando sobre o hospital. Nem trocamos duas palavras, mas eu
entendo, mesmo ficando um pouco chateada.

A noite foi se aproximando e subi com Júlia para o meu quarto, onde
começamos a nos arrumar juntas e depois iam vir fazer a maquiagem e
nossos cabelos.

Me olho no espelho, passando as mãos pelo vestido grudado ao meu


corpo. Sorrio, mordendo o lábio e ajeitando as alças finas do vestido de
cetim vermelho, com um decote cruzado que acentua meus seios e se aperta
na cintura. Seu comprimento alcança meus joelhos de um lado, enquanto o
outro cobre apenas o início da coxa.

Perfeito.

Meus cabelos estão soltos em camadas onduladas e meu batom é da


mesma cor do vestido. Coloquei o Yves Saint Laurent que apesar de simples
com apenas uma amarração no tornozelo, o salto tem as iniciais da marca
que o deixa perfeito para combinar com todo o look.

— Uau! — Me viro sorrindo, vendo Júlia entrar no quarto. — Você


está uma tremenda gostosa.
— Olhem quem está roubando a cena. — Seguro em sua mão,
apertando e fazendo-a girar.

O vestido de paetê dourado realça a pele negra e os cabelos estão em


cachos perfeitos presos na lateral.

— Feliz véspera de aniversário, Manu. — Estende uma caixinha que


ainda não tinha visto.

— Ju... — Abro-a e sorrio, olhando o bracelete dourado com dois


pontos de luz. — Eu amei!

— Eu sei. — Ri enquanto a abraço.

— Vou colocar agora, vai completar o meu look. — Pego a jóia e ela
me ajuda a colocar em meu pulso. — Eu te amo. Te amo muito.

— Não mais do que eu. Está tudo lindo lá embaixo.

Mordo o lábio, balançando a cabeça.

— E ele?

Júlia suspira, dando um sorriso.

— Veja com seus próprios olhos.

— Ana Júlia! — Repreendo e rio.

Passamos o resto da tarde e algumas horas da noite no quarto. Não nos


vimos mais desde a hora do almoço. Ouço os passos e olho para a porta,
vendo mamãe entrar com um sorriso largo no rosto e de braços abertos.

— Meu amor. — Suspira, me apertando em seus braços. — Você está


linda!
— Obrigada. É só um vestido de Natal, mamãe. Parece que estou indo
me casar para ficar tão emocionada. — Sussurro, a beijando.

— Seu aniversário sempre será uma emoção, você sabe disso.

E sei mesmo.

— Vamos, estão todos te esperando. — Franze o nariz, saindo em seu


vestido longo azul turquesa.

Mordo o lábio e Júlia estende a mão, a seguro rapidamente e saímos do


quarto.

Tento ao máximo focar no assunto que os pais de Fernanda fazem


questão de me incluir, mas minha mente está um pouco distante.

Ou nem tanto, apenas no andar de cima.

A sala está repleta de convidados e alguns eu conheço muito bem.


Cumprimento alguns conhecidos e fui apresentado aos que não conhecia
ainda. São familiares e amigos próximos da família.

A casa está incrivelmente linda e decorada, cada detalhe pensado com


amor para a celebração. Uma data que deixou de fazer sentindo alguns anos
atrás para mim, pois costumava dizer que era apenas mais um dia comun.

Até o dia de hoje.

Até isso ela me fez voltar a almejar.

Não pela data no calendário, ou pelo motivo que a grande maioria está
aqui. Meia noite não será apenas dia vinte e cinco de dezembro, é o dia que
ela completa mais uma volta ao sol.

O dia que chegou ao mundo.

Beberico o whisky e sinto o celular vibrar insistentemente no bolso,


pego o aparelho, franzindo o cenho ao ver o nome na tela.

— Com licença. — Peço, saindo rapidamente e indo para o jardim,


deslizando o dedo e atendendo a chamada. — Alisson?

— Espero que eu não tenha atrapalhado, não poderia deixar de te


ligar. Como você está? — A voz tranquila ecoa e sorrio.

— Bem. Muito bem. E você?

Nos tornamos amigos e por incrível que pareça, nos entendemos


melhor agora do que quando éramos casados, Alisson foi alguém
importante em minha vida e sei que fui na dela também, de alguma forma.

— Sei que essa data deixou de ter um significado para você, mas
queria te contar uma coisa. Não demos certo juntos, Rocco, nosso
casamento foi mais como um acordo para aplacar a solidão.

— Alisson...

— Talvez a culpa tenha sido minha por exigir mais do que estava apto
a me dar, mas por algum tempo sei que fomos felizes do nosso jeito.

— Fomos sim, mas a culpa foi exclusivamente minha. — Caminho


devagar pelo jardim e fecho os olhos. — Me perdoe por não ter dado o que
merecia, o que não estava pronto.

— Espero que não fique esperando pelo momento certo e ver que ele
não existe. Eu o amo com todo meu coração... E lutaria por nosso
casamento, se fosse da sua vontade também. Mas eu aprendi a me amar e
sei que mereço mais que um amor pela metade.
— Você é uma mulher incrível, Alisson. Merece um homem que a ame
por inteira.

— Eu sei. Que nos ame. — Percebo sua voz embargar e franzo o


cenho. — Estou grávida.

Ouça-a suspirar pesadamente e me sinto incrédulo e feliz ao mesmo


tempo.

— Alisson... Eu...

— Fiz um inseminação, estou de 16 semanas. Não quis te contar


quando estava aqui. Finalmente vou viver o que sempre quis. — A voz está
embargada do outro lado da linha. — É um menino.

O bolo se forma em minha garganta e fecho os olhos.

— Owen.

Assinto, dando um sorriso de lado.

— Parabéns, Alisson. — Digo sincero, engolindo o bolo que teimou


em surgir. — Você merece viver tudo que sempre quis. Será a melhor mãe
do mundo para o Owen.

Ouço-a suspirar e fecho os olhos.

— Estou aqui para o que precisar. Sempre.

— Obrigada. Feliz Natal, Rocco.

— Feliz Natal, Alisson.

— Eu o amo. — Diz baixo antes de desligar a chamada.

É um sentimento estranho que toma conta do meu coração nesse


momento. Aperto o aparelho nas mãos, vendo Jhonatan se aproximar me
olhando.
— O que houve, irmão?

— Nada. — Sorrio balançando a cabeça. — Uma ligação.

— Vamos entrar, Manuella está descendo.

A última discussão com Alisson me invade em cheio a mente. É como


se ouvisse suas palavras com nitidez enquanto chorava copiosamente.

— Espero que ame alguém de verdade, Rocco. Que sinta esse amor te
rasgar de dentro para fora e não consiga controlar o sentimento.

— Alisson.

— Mas não a destrua, não a torne vazia como me tornou. Não a


impeça de viver seus sonhos.

— Eu nunca a quis tornar vazia, Alisson.

Coloca a mão sobre o rosto, abafando o choro que teima em escapar


de sua garganta.

— Mas me tornou. Espero que trate a sua próxima mulher melhor, se


for capaz.

Levanta e sai batendo a porta em seguida, me deixando sozinho.

Sou capaz de fazer uma mulher feliz?

Volto a sala de estar ao lado de John. Encho um copo com whisky,


sorvendo um gole generoso, sentindo o líquido descer rasgando por minhas
entranhas. O burburinho se torna intenso quando a observo descer as
escadas ao lado da amiga.

Manuella sorri lindamente. Os cabelos soltos ondulados dourados, o


vestido incrivelmente sexy e lindo desenhando seu corpo.

Está linda. Fazendo meu coração disparar quando seu olhar encontra o
meu.

— Meu amor! — Jhonatan segura em sua mão enquanto a abraça e


beija. — Está linda.

— Papai...

Abraça seus avós que a enchem de elogios, assim como todos presente.
Me aproximo devagar, pousando a mão em sua cintura e sentindo seu
perfume.

— Está linda. — Sussurro, me contendo para não descer a mão e puxa-


la para longe daqui o mais rápido possível.

Ela sorri quando me afasto. Natália a abraça apertado e ela retribuiu


com todo carinho, mas não deixa de me encarar um segundo sequer.
Algumas bebidas são servidas e evito ao máximo beber mais do que já bebi.

Será realmente um Natal inesquecível.

As pernas equilibradas em saltos finos, enquanto sorri e tira algumas


fotos com amigos e primos. Porra, eu poderia passar a noite toda olhando-a
e não me cansaria.
Está na roda de amigos, onde não presto atenção na conversa que estão
tendo e quando falta poucos minutos para a meia noite, Jhonatan e Fernanda
nos chamam para um brinde.

Quando o relógio badala a meia noite, um estouro de fogos de artifício


explode no céu. Manuella é abraçada pelos famíliares, pelos pais e irmão.
Seu sorriso largo estampado no rosto enquanto é parabenizada por todos.

— Há vinte e dois anos fui abençoado com a sua chegada e nunca mais
fui o mesmo, Manuella. Meu primeiro presente, minha princesa!

— Talvez não tenha sido apenas a vida de Jhon que tenha mudado com
a chegada dela. — Me viro para olhar Vitória quando ela sussurra e aperta
meu ombro.

Todos estão entretidos no jantar e na comemoração. Olho para


Manuella, apontando com o queixo para fora, saindo por uma das portas
que dão acesso ao jardim. A música soa baixa e enfio as mãos no bolso da
calça.

Ouço os passos atrás de mim e me viro, olhando-a.

— Dance comigo. — Estendo a mão e ela me olha sorrindo, a


segurando.

Aperto a mão pequena entre a minha, enlaçando sua cintura e


aproximando o corpo do meu.

Os acordes da música soam baixo e fecho os olhos.

(...) Você diz que eu estou sempre te deixando


Quando você está dormindo sozinha
Mas o carro está lá fora
Mas eu não quero ir hoje à noite

— Rocco.
— Feliz aniversário, minha pequena. — Sussurro em seu ouvido,
sentindo-a sorrir, já que está com a cabeça pousada em meu peito.

— Obrigada. — Diz baixo e fecho os olhos.

Eu não estou entrando no táxi da Addison Lee


A menos que você faça suas malas
Você vai vir comigo
Estou cansado de amar de longe

— Feliz Natal, Rocco. — Ergue o rosto, encontrando meus olhos fixos


aos seus.

(...) E nunca estar onde você está


Feche as janelas, tranque as portas
Não quero mais te deixar

— Não sei o que tenho para te oferecer, Manuella. Meu mundo vem
com tanta bagagem e eu nem deveria estar sentindo o que estou sentindo.

Começo, vendo-a parar de dançar e suspiro.

— Eu me rendo, Manuella.

Ela franze o cenho de repente, me encarando fixamente.

— O que?

— Me rendo a você. — Digo firme, com a pancada no peito e seguro


em seu rosto, a beijando.

Sinto-a me beijar com força, agarrando minha camisa e encosto a testa


a sua, vendo-a sorrir.

— Você não poderia resistir... Titio.

Balanço a cabeça, segurando em seu queixo, sentindo o ar faltar dos


meus pulmões.
— Vou desembrulhar meu presente de Natal... Sua peste.
Foi um inferno aguentar todas aquelas pessoas durante a hora em que
voltamos para a sala. Não poderia sair com Manuella daquela forma, iam
desconfiar se saíssemos ao mesmo tempo.

Observo-a de longe, caminhando com graça naquele vestido que deixa


a minha imaginação a mil, meu pau duro e eu meu coração socando a porra
do meu peito.

Todos conversam, riem e bebem após a ceia de Natal que eu mal


toquei de tanto desespero acumulado em meu interior.

Caralho, pareço a porra de um adolescente que nunca usou o pau!

Vi a hora que Thales se aproximou dela para abraça-la e cerrei a


mandíbula no mesmo instante. Eu sei que eles não tem mais nada, mas é
impossível não saber que no fundo ele seria o melhor para a sua vida.

Mas eu a quero. Deus, como eu a quero!

— Quer? — Natália me tira dos devaneios, estendendo uma taça de


champanhe e nego, mostrando o copo de whisky.
— Apenas bebida quente hoje. — Sorvo um gole generoso, sentindo
um filete da bebida descer pelo canto do meu lábio.

— Para combinar com você? — Sorri, estendendo o polegar ao meu


queixo, amparando o líquido e levando a sua boca, sugando-o com os lábios
avermelhados. — Quente.

— Natália... — Franzo o cenho, negando com a cabeça de um lado


para o outro. — Entre mim e você não existe mais nada. Achei que
pudéssemos ter uma amizade.

— Rocco, somos adultos e...

Encontro os olhos de Manuella em mim. Está me olhando séria e


provavelmente deve ter visto a cena, assim como todos.

— O que tivemos no passado ficou lá, Nat. Se me der licença. — Saio


devagar, pegando um guardanapo e limpando meus lábios para tirar o
resquício da bebida.

— Irmão. — Jhon me olha sério e Fernanda se aproxima.

— Está tudo bem?

— O que tinha entre mim e Natália ficou há vinte anos. Eu a amo,


como amo vocês dois. Como amigos.

Porque eu quero a filha de vocês.

— Rocco, me desculpe. — Fernanda me olha e assinto. — Eu... Sinto


muito.

— Tudo bem. Vou limpar minha camisa. — Saio em direção a cozinha,


passando por uns alguns convidados.

Manuella continua no mesmo lugar, falando com Júlia. Eu posso ver


suas bochechas vermelhas e o quanto parece querer chorar. Fixo o olhar ao
seu, indo em direção a cozinha e encontro Felipe conversando com alguns
amigos.

Combinamos de nos encontrar no chalé, demorando meia hora para


evitar que percebessem, e assim faço. Ando de um lado para o outro,
encarando o celular, fazendo quase uma hora desde que sai e ela não veio.

Estou na varanda descalço, com a camisa aberta e a sensação de


desespero começando a me invadir.

Ela não vai vim.

Passo as mãos pelos cabelos, praguejando alto. Me viro para voltar


para a festa e vê-la, mas paraliso no mesmo instante quando ela vem se
aproximando em passos largos e a encontro no caminho quando
praticamente corre e se joga em meus braços.

Enlaço sua cintura, sentindo os braços rodeando meu pescoço. Agarro


a massa de fios loiros que grudaram em meu corpo como chamas
queimando.

— Você me quer, tanto quanto eu te quero? Você me quer, Rocco? —


Pergunta arfante.

— Desesperadamente! — Os lábios se abrem e grudam em mim. A


ergo sem qualquer dificuldade, segurando na bunda enquanto ela enlaça as
pernas na minha cintura. — Sua ninfetinha atrevida. Sua abusada... Peste!

Xingo ao mesmo tempo em que chupo seus lábios, enfiando minha


língua em sua boca. Ela arfa, me segurando firme, como se eu ousasse
solta-la.

Entramos aos tropeços no chalé, ela agarrada em mim sem desgrudar a


boca da minha um segundo sequer. O cheiro do perfume impregnou em
minha pele e tateio as paredes, vendo-a parar e olhar todo o ambiente.
— Rocco... — Abre a boca, olhando as luzes piscantes espalhadas pela
sala, fazendo uma trilha até a cama. Franzo o cenho quando ela ri devagar.

— Feliz aniversário, minha pequena. — Sussurro, tirando a caixinha


do bolso da calça e vendo-a franzir o cenho ao encara-la assim que abro.

— Ah, Deus! — Coloca as mãos sobre a boca. — É tão lindo.

Seus olhos brilham e retiro o colar devagar.

É um estetoscópio enrolado em um coração, cravejado de pequenas


pedrinhas. Delicado, especial e significativo.

— Você... — Balança a cabeça sem conseguir terminar de falar.

— Quero te ver usando ele hoje. — Peço, vendo-a se virar de


imediato. Coloco a jóia em seu pescoço, vendo-a colocar os dedos,
segurando o pequeno pingente entre os dedos. — Apenas ele.

Se vira, me olhando por cima do ombro com aquele sorriso que faz
meu coração socar a porra do peito.

— Vai perder tempo, doutor? _ Pergunta e afasto os cabelos da sua


nuca.

— O tempo é precioso demais. Ainda mais com você.

O vestido tem um zíper lateral que desce com a ponta dos dedos. O
vestido se alarga e solta suas curvas enquanto Manuella balança as pernas,
fazendo-o cair aos seus pés.

Assim como eu, desde que a vi pela primeira vez.

Mordo o pescoço fino, vendo a pele alva ficar vermelha com o roçar
dos meus dentes. Manuella se arrepia, soltando um gemido baixo e engulo
em seco, vendo a calcinha enfiada na bunda empinada.
— Isso deveria ser um crime. — Aperto a carne nas mãos, ouvindo-a
sorrir quando estalo um tapa firme, a trazendo para mim.

Me sinto crescer ainda mais dentro da cueca. Meu pau inchado roça no
tecido da calça e a virei de frente para mim. Os cabelos caem sobre os
ombros e os seios empinados com os bicos pontudos são minha morte.

— Você tem noção do quanto... É linda? — Seguro em seu rosto, a


beijando e sentindo as mãos afastarem a camisa, espalmando em meu peito.
— Manuella...

Ela sorri de lado, semicerrando os olhos e a coloco nos braços,


apertando sua bunda e andando com ela até o quarto. Sinto a boceta roçar
no meu pau e mesmo estando vestido, latejo e sinto o contato perfeitamente.

A coloco de joelhos na cama, vendo-a suspirar pesadamente,


segurando em meus cabelos e me beijando com o mesmo desespero que eu
a beijo. Chupo sua língua, mordisco seus lábios enquanto ouço seus
gemidos insanos.

Separo nossas bocas apenas para olha-la, sua respiração está ofegante e
o rosto corado.

— A primeira vez é sua. Serei o mais delicado possível, até acostumar


com meu pau inteiro dentro de você. — Seguro em seu queixo, apertando-o.

— Eu aguento. — Arfa, me fazendo rir.

— Que menina gulosa. — Desço os olhos sorrindo.

— Quero tudo, Rocco. Você inteiro. Sem metades. Quero tudo.

Semicerro os olhos, subindo as mãos. Acaricio as costelas, passo o


polegar pelos bicos enrijecidos dos seios, passando minha língua devagar,
rodeando-os antes de enfia-lo em minha boca.
Manuella arqueia as costas quando chupo forte, mamando nos bicos
rosados com uma fome insana dela.

— Ah! Rocco! — Apesar de desejar meter loucamente nela, me


contenho, pois estou tentando ao máximo ser carinhoso, mas Manuella não
facilita.

Ela enfia as mãos em minha calça, descendo o zíper. Puxa meu pau
para fora, masturbando-o devagar, mas com uma intensidade fora do
normal.

— Manuella. — Ela sorri como uma diaba, passando a língua pelos


lábios. Ergo o rosto, encontrando seus olhos dopados de desejo, tanto
quanto os meus estão. Seguro em sua cintura, sorrindo enquanto a viro de
bruços, ouvindo o grito de susto. — Deixa essa bunda empinada. — Peço

Não... Eu mando.

Espalmo a mão por suas costas, a fazendo deitar e deixar apenas a


bunda linda para cima. A calcinha minúscula está toda enterrada na sua
bunda e nos lábios da bocetinha.

É o meu delírio. Minha loucura escancarada.

— Meu presente de Natal. — Sussurro, afastando o tecido da calcinha


e vendo o filete de lubrificação escorrer. — Olhe para isso.

Passo o dedo de cima a baixo, vendo o fio da excitação molhar meu


dedo. A entrada pequena pisca, junto com o cuzinho rosado que parece ser
intocável.

— Toda melada, caralho! — Praguejo, sem conseguir parar de olhar


para a visão do paraíso.

Sem conseguir me conter, enfio a boca naquele ponto que ela


alucinadamente pisca. Enfio a língua, metendo-a devagar, ouvindo seu grito
esganiçado enquanto geme feito louca em minha cara.
— Ah, porra! Rocco!

Ela rebola devagar em minha língua e eu separo os lábios vaginais,


como se beijasse sua boca. A chupo com desespero, sentindo a excitação
molhar meu rosto, lábios e barba.

Suguei o clitóris com pressão, fazendo-o ficar durinho e excitado com


as chupadas e lambidas que eu distribuo.

— Seu gosto parece uma droga... Vicia! — Gemo rindo, segurando


suas mãos. — Abre essa bunda... Se abra inteira para mim, Manuella.

Ajudo ela a se livrar da calcinha, a colocando de lado, vendo a mão


segurar nos lados da bunda, abrindo-a. As unhas pintadas de vermelho
fazem contraste com a pele alva. Mordo uma nádega.

— Que ninfeta gostosa você é, minha pequena. — A boceta toda


melada de saliva e lubrificação, o cuzinho piscando como se clamasse por
atenção. — Vai me matar, Manuella.

Ela resfolega quando minha língua vai para o meio da sua bunda e
pincelo devagar, ouvindo seu gemido alto e o quanto ondula na cama,
segurando nos lençóis. Sua boceta pisca, babando e ela geme alto quando
enfio a língua no cuzinho.

— Ah, Rocco! Ah, porra! — Arfa alto e estalo um tapa na bunda.

— Deixa aberto. — Mando, lambendo seus dedos que seguram as


nádegas, abrindo-as. Volto a lamber, raspando devagar no buraquinho que
abre e pisca.

— Ah, meu... Oh... Eu...

Bingo. Nunca foi explorada ali.

— Essa bocetinha piscando, Manuella. — Roço o polegar no clitóris


inchado e ela volta a gemer. — Sua filha da puta, gostosa do caralho!
Dou uma chupada de cima a baixo e foi como ativar o ponto alto de
prazer. Manuella grita, estremecendo por inteira. A seguro firme pela
cintura, sem parar de chupa-la. Quero engolir tudo. Quero sentir tudo. A
queria por inteira.

A viro sorrindo, vendo-a abrir as pernas enquanto a respiração


ofegante me invade. Chupo seus seios novamente e percebo seus olhos se
arregalarem quando olhamos para baixo.

Meu pau na altura do seu umbigo, a cabeça robusta brilhando de


excitação e é óbvio que é grande demais para entrar todo nela.

— Com calma. — Chupo seus lábios, vendo-a assentir.

— Você está todo molhado. — Sussurra, segurando em meu queixo.

Minha barba, minhas bochechas e todo meu rosto úmido por seus
fluídos.

— Sente teu cheiro impregnado aqui. — Volto a beija-la sôfrego, em


desespero.

Acaricio suas pernas devagar, mordiscando seu lábio. Lambo seu


pescoço e Manuella geme, entregue e se abrindo toda.

— Você... Toma anticoncepcional... Não é? — Pergunto, segurando o


pau pela base, pincelando devagar na entrada molhada.

Quero empurra-lo, sentindo a boceta que parece querer me chupar.

— S-sim. — Assente rápido e prendo o bico dos seios nos lábios. —


Por favor.

Colo a testa a sua, arfando.

— Sabe que não tem mais volta. — Sussurro, mordiscando seus lábios.
— Não quero que tenha. Quero que me faça sua, Rocco. Eu sou sua.
Toda.

Abre a boca, engolindo a minha língua. Volto a pincelar o pau na


entrada e ela se abre, arranhando minhas costas.

— Ah! — Grita quando forço a cabeça na entrada.

A boceta não é pequena apenas por fora. É apertada por dentro.

Seguro o gemido e empurro o pau devagar, sentindo cada centímetro


ser engolido pela carne macia. A boca formando um O perfeito.

— Meu Deus. — Reviro os olhos, me enfiando dentro dela. A sinto se


abrir para me receber por inteiro dentro dela. — Caralho, Manuella! Porra.

É quente como um inferno.

— Que boceta gostosa, porra! — Arfo, sendo tomado pelo tesão e pela
loucura. — Vou arregaçar você, minha princesa.

Ela se abre e eu meto até o fundo. A virilha colada a minha enquanto


está aberta, me sufocando no canal estreito. Geme baixo e repetidas vezes
conforme meu quadril começa a se mover.

— Ah, Rocco. — Arqueia as costas.

Tesão. Loucura. Desejo.

Me bombardeiam nesse momento.

Está feito.

Manuella é minha.
Sinto meu interior convulsionar tamanho é o desejo que se apossa de
mim. O tesão me faz gemer contra seus lábios, que abrem para nossas
línguas se encontrarem.

Ofego, tonta e dopada de tanto desejo.

Rocco é enorme, grosso e sinto uma leve ardência quando se move, me


penetrando tão fundo que eu tremo, completamente aberta para cada
investida dos seus quadris ao meu.

— Você é a coisa... Linda da minha vida... Que boceta gostosa, tão


apertada, caralho! Tão minha...

Ele respira fundo e os olhos se fixam aos meus. Vejo a mesma


intensidade e o mesmo desejo que nos incendiou desde a primeira vez que
nos vimos. Rocco chupa meu queixo, segura minha nuca, saqueando minha
boca em um beijo embriagante.

Eu me abro, rendida por inteira com meu corpo e toda minha alma.
Enfio os dedos em seus cabelos, mexendo os quadris devagar.
— Manuella. — Gemeu contra minha boca e sorri. Desce a boca,
chupando meus seios, intercalando entre um bico enrijecido e o outro. —
Sua peste. Atrevida.

Lambo seus lábios e vejo quando ele se descontrola. Nossos corpos


suados se encaixando, nossa pele buscando o toque um do outro com
desespero.

— Você é minha. Você é toda minha! — Bebe meus gemidos e vibro


ao redor do seu pau. Aperto seus braços, soluçando de desejo por cada
investida bruta que dá. — Vou foder você toda hora, Manuella. Foder tanto
você...

Mordo seus lábios, arqueando as costas e sentindo suas mãos em meus


cabelos. O prazer me golpeia quando ele me puxa para sentar em suas
pernas e se apoia na cabaceira da cama, segurando minha cintura.

Segura meu queixo, passando o polegar por ele.

— Puta que pariu, caralho! Posso ver essa bocetinha me engolindo. —


Olha para o meio das minhas pernas abertas.

— Rocco. — Engulo em seco, sentindo a boca chupar meu seio, a


sucção da língua o deixando todo arrepiado. — Você está me arregaçando..!

Ele ri e morde o lábio abrindo, mais minhas pernas para eu me apoiar,


o pau duro inteiramente dentro de mim. Ele é grosso. Grosso demais.

— Relaxe essa bocetinha, vai levar muito pau nela.

Mordo o lábio, sentindo as mãos grandes em minhas costas. Sinto


meus lábios vaginais se abrindo quando Rocco começa a se mover devagar,
meu clitóris esfregando em sua púbis.

— Ah! — Gemo, sentindo-o apalpar minha bunda, me ajudando a


subir e descer em seu pau. — Rocco... Ah! Como eu te quero! Muito!
— Estou aqui. Todo seu, minha ninfetinha! — Segura em meus
cabelos, puxando o suficiente para arquear meu pescoço. — Todo seu. Eu
vou te comer pelo resto da minha vida! Essa boceta vicia.

— Ah, porra. Fode tudo. — Peço em agonia, as pernas tremendo


enquanto desço e subo em movimentos ondulados. Esfrego. Subo. Rebolo.
Vendo seus olhos revirar e ele estala um tapa na minha bunda. — Oh!

— Boceta gulosa, amor. — Sussurra, me apertando e vejo-o levar o


polegar até o meu clitóris. Estou toda melada, fazendo escorregar. — Ah,
meu caralho, Manuella!

Sorrio, espalmando a mão em seu peito, fazendo-o deitar. As pernas ao


lado do seu corpo e ele inteiro pulsando dentro de mim. Arranho seu peito,
raspando na pele.

— Safada. Vai tomar tanto pau, Manuella. FILHA DA PUTA!

Xinga entre os dentes, estalando um tapa na minha bunda quando


mexo os quadris, rebolando ensandecida pelo tesão, sentindo-o pulsar
dentro de mim.

Gemo rouca, rindo enquanto desço e subo, ficando louca e esquecendo


da dorzinha de tê-lo ali me rasgando. É gostoso. Intenso. Insano.

É Rocco Maldonado me dando tudo de si, como eu dou tudo de mim.

Tudo.

— Manuella.

Coloco os dedos em sua boca, abrindo mais as pernas e pulsando ao


redor da carne dura do seu pau. Rocco cerra o maxilar, me apertando e
gemo, rebolando os quadris.

— Goza. Goza me apertando dentro de você. Goza! — Diz sério e


fecho os olhos, deixando a sensação de estar sendo arregaçada me
preencher.

O aperto dentro de mim sem parar de beija-lo. Me mexo ainda trêmula,


sendo levada a sensações indescritíveis do tesão e desejo.

— Rocco... — Jogo a cabeça para trás, fechando os olhos, tremendo


dos pés a cabeça.

Um orgasmo intenso, enquanto ele continua metendo fundo e rápido.


Socando o pau sem pausa. Sinto as bolas pesadas batendo em minha bunda
e me abro por inteira.

Fiquei mole, mas não parei de me mover, nem ele.

Fixo os olhos aos seus, rindo de lado, aperto meus seios e Rocco me
encara sério.

— Goza dentro de mim. Me deixa toda melada com sua porra, como
você falou que me queria. Toda melada. Todinha.

Ele solta um gemido rouco e um palavrão em seguida, então o sinto


inchar e seus músculos enrijecem de imediato. Ondula os quadris, me
imobilizando para estocar sem dó até que sinto tencionar os músculos e
cerrando o maxilar.

Vai fundo, me deixando mole e trêmula com o orgasmo. Então goza


fundo e se espalha na cama de olhos fechados com uma expressão relaxada.

Matei o homem?

Ainda estou em cima dele e sorrio o olhando.

— Precisa de ajuda, coroa? — Debocho, vendo-o abrir os olhos e me


encarar. — Sua idade não permite fortes emoções.

Brinco rindo e dou um grito fino quando ele me vira de repente, me


deitando sobre a cama, o pau ainda dentro de mim e eu o encaro.
— Nunca fiz sexo sem proteção e estou com todos exames em dias e...

— Eu também. Não se preocupe quanto a isso, tomo anticoncepcional.


— Confirmo, vendo a ruga de preocupação em sua testa. — Você não quer
filhos, eu sei.

Engulo em seco, sentindo-o sair de dentro de mim devagar e me


sentindo vazia sem toda aquela grossura.

— Você é jovem, Manuella. Não estragaria sua vida e... — Para de


repente, olhando para o meio das minhas pernas.

Me sinto melada de seu gozo e do meu. Rocco suspira, morde o lábio e


como fez uma vez, ampara o filete de porra que saia de dentro de mim,
esfregando em toda minha boceta.

Fica sério, me olhando.

— Meter um filho dentro de você é uma loucura sem tamanho,


menina. — Espalha, me fazendo arfar quando penetra o dedo em mim.

— Me beija. — Seguro em seus cabelos quando cola a boca a minha


novamente, sentindo-o crescer em meu ventre, ainda todo melado de porra.
— Ah, Rocco.

— Minha ninfa.

Estou esparramada na cama com um lençol cobrindo meu corpo, já


que é a única coisa que eu uso. Tomamos banho juntos e acabamos
transando ali mesmo. Me fodeu por trás, encostada no azulejo da parede
fria, fodendo sem pena, puxando meus cabelos para meter fundo.
É incrível o quanto me domina, me tendo por inteira. Saímos pelados e
caímos na cama quando ele veio caindo e transamos novamente.

Que homem é esse? Deus!

Mordo o lábio, vendo-o sair do banheiro usando apenas uma toalha


enrolada na cintura, o corpo molhado assim como os cabelos sobre a testa.

— Você fica linda com essa cara de pós foda. — Diz com um sorriso e
me chama. — Vem aqui.

Levanto, indo de joelhos pela cama. Saí da festa tentando não chamar
a atenção, o que foi meio difícil, já que eu sou a aniversariante na noite de
Natal.

Mas eu não poderia comemorar de outra maneira se não fosse essa.


Rocco acaricia meu rosto, me olhando fixamente.

— O que vamos fazer? Não vou ser seu segredinho, Rocco. Não vou
ficar sendo sua foda secreta.

— Não te quero como um segredo, Manuella. Nem como foda secreta.


— Balança a cabeça e engulo o bolo formado na garganta.

— Não estou pedindo um pedido formal, ou nada do tipo, mas a sua


relação com meu pai e...

— Eu amo o Jhon, ele é como se fosse meu irmão, mas não temos
laços sanguíneos algum, Manuella. — Segura em meu queixo, apertando-o.
— Vamos conversar e viver o hoje.

Passo os dedos pelos lábios sorrindo e me agarro em seu corpo


novamente. Rocco me segura e sinto-o crescer enquanto arranca a toalha,
jogando-a longe de nós.

— Está cansada? — Indaga, tirando o lençol do meu corpo e nego


veemente.
— Não. Você está? — Rio, sentindo-o beijar meu pescoço e morder.

— Estou, mas a vontade de te foder é maior. Gostosa. Ninfetinha


atrevida.

Passo as pernas em volta da sua cintura.

— Coroa ranzinza e mal humorado. — Gemo, sentindo a boca se


fechar em meu seio. — Ai...

— Você é minha mulher, Manuella. Minha.

Parece um sonho que estou aqui com ele, sentindo todo meu corpo
responder aos seus comandos e beijos desesperados. Transamos mais uma
vez, mas agora lentamente. Rocco é paciente e intenso, tudo de uma única
vez, me fazendo morrer de prazer.

Entrelaço os dedos aos seus, sentindo beija-los enquanto estou deitada


em seu peito. As pernas por cima da sua e meus dedos pousam em seu
coração. Ouço a respiração lenta e o olho sorrindo, vendo-o fechar os olhos
e encostar a cabeça.

Assim pegamos no sono, abraçados um ao outro.

Abro os olhos quando a claridade me invade e pisco devagar, me


acostumando. As cortinas dormiram abertas, fazendo o sol entrar pelas
janelas.

Passo a língua pelos lábios e vejo que Rocco ainda dorme. Está pelado
e com um braço dobrado em seu rosto. Sorrio, olhando o corpo grande e
musculoso. É maior ainda de perto e todo meu.

Ver tia Natália perto dele no jantar de Natal me deu uma raiva imensa.
É claro ela o quer de todas as formas e mamãe a encoraja.

Nego devagar e sobressalto, ouvindo as batidas na porta.

— Rocco? Você está ai? — A voz do meu pai ecoa e me ergo da cama,
colocando a mão sobre a boca. — Estou entrando.

Me aproximo da porta do quarto, fechando-a e vendo Rocco se mexer,


me encarando de pé. Estou usando sua camisa.

— Rocco? Irmão?

Ele me olha e engulo em seco, fitando-o franzir o cenho.

— Oi, Jhon. — Diz alto. — Estou ocupado, eu...

— Tem alguém com você? Posso voltar daqui a pouco.

Estou cara a cara com o Rocco, em total silêncio.

— Não minta para ele. — Sussurro, engolindo em seco. — Melhor


contar agora.

— Agora não. Ele não pode nos flagrar assim.

— E você quer mentir? É isso?

— Rocco?

Fixa o olhar ao meu e o encaro fixamente, vendo-o fechar os olhos.

— Não estou sozinho, Jhon, você pode voltar...

— Claro, me desculpe. — Papai diz baixo e ouço os passos na sala de


estar.
Continuamos parados, nos encarando.

Quando parece estar saindo, sobressalto, ouvindo atrás da porta a voz


grossa do meu pai soar:

— Quem está aí dentro, Rocco?


— Quem está aí com você, porra? — Torna a repetir alto e mordo o
lábio.

Manuella está encostada na porta, como se assim fosse impedir alguma


coisa. Ouço burburinhos na sala, denunciando que mais gente chegou.

— O que está acontecendo, Jhon? — Fernanda indaga. — Manuella


não está no quarto e nem com Júlia.

— Ela está aí dentro!

— Rocco. — Ela me olha e sinto a pancada no peito, vendo os


olhinhos brilharem. — Não tem como esconder.

— Vá para a cama. — Peço, fechando os olhos.

— Vai me esconder?

— Não. Olhe o estado que ele está, Manuella. — Falamos sussurrando


e o burburinho fica apenas maior na sala. — Fique aqui no quarto e me
deixe sair.
Nega rapidamente.

— Só saio desse quarto com você, vamos contar juntos. Não se


acovarde, Rocco.

Franzo o cenho, vendo as lágrimas descerem pelo rosto rosado.

— Se me quer como diz, vai agora naquela maldita sala comigo e falar
que a mulher que dorme e acorda ao seu lado... Sou eu! — Diz com a voz
trêmula, me encarando. — Que quem ocupa esse lugar sou eu, Rocco.

Ah, Deus! Como sou louco por essa peste.

Seguro em seu rosto, beijando-a.

— Eu sou um homem, Manuella. Não sou um moleque.

Encaro o olhar magoado e ao mesmo tempo ferrenho de Manuella. Eu


sabia que o momento de encarar Jhonatan chegaria, mas jamais imaginei
que isso aconteceria tão cedo e nessas circunstâncias.

Coloco uma calça de moletom e uma camisa e suspiro, reunindo todo o


meu controle quando abro bruscamente a porta do quarto. Posso escutar o
som dos passos, denunciando que Manuella está vindo atrás de mim.

Mas eu não paro, eu a quero. Sou louco por essa coisinha atrevida e
Jhonatan que me perdoe, mas nem ele será capaz de tirá-la de mim.

Assim que piso na sala, estanco no lugar quando meus olhos focam em
Natália, mas a surpresa passa assim que sinto a presença de Manu ao meu
lado e ela entrelaça os dedos aos meus.

A roupa de Manuela está nas mãos de Fernanda.

Os olhos de seu pai e de sua mãe aumentam de tamanho enquanto


trocam olhares chocados entre mim e a filha.
— O que é isso? — Fernanda pergunta em um sussurro quase
inaudível, seu rosto denota o quanto está chocada com toda a situação.

Manuella dá um passo à frente e antes que diga algo, eu seguro seu


braço com cuidado, fazendo-a recuar sob o olhar atento de todos.

— Oh, meu Deus, Rocco! Como você teve coragem de ir para a cama
com uma criança? — Natália é afiada nas palavras e ao meu lado posso
sentir o corpo de Manuella dar uma leve estremecida.

— Não sou uma criança! — Diz atrevida, com o queixo erguido. —


Sou uma mulher!

Posso ver o pomo de Adão de Jhonatan subindo e descendo, olhos


extremamente arregalados.

— Manuella. — Fernanda sussurra, fechando os olhos.

Jhonatan, que até então estava em choque, parece enfim sair do transe
e a passos rápidos, se aproxima de mim, me encarando. Seu olhar diz o
quanto quer acabar comigo.

— O que você está fazendo com a minha filha!? Você perdeu o juízo,
Rocco? — Grita, me fulminando. — VOCÊ PERDEU A PORRA DO SEU
JUÍZO, SEU MERDA!

— Papai...

— Manuella. — A afasto, ficando na sua frente, mesmo sabendo que


Jonh jamais ergueria a mão para a filha.

— Eu tentei fugir, tentei evitar, mas o que sinto por ela foi mais forte
— Antes que eu tenha a chance de terminar minha fala, sinto o impacto do
punho de Jhonatan em meu rosto e escuto o grito de Manuella ao meu lado.

Levo minha mão a boca, sentindo o gosto metálico de sangue.


— Jhon! — Fernanda o segura, olhando entre nós dois. — Meu Deus!
Minha filha...

— Eu o quero, papai! Por favor, não faça isso! Não sou uma criança,
pare! — Manuela fala enfurecida, ficando a minha frente.

Seu pai e eu nos encaramos.

Isso não vai terminar bem.

— Está se ouvindo, Manuella!? Esse canalha praticamente te viu


nascer. Ele tem idade para ser seu pai.

— Mas não SOU! Não grite com ela Jhonatan. Eu sei que está
chateado, mas desconte em mim. Manuella não tem culpa de nada.

Engulo em seco, vendo seus olhos me queimarem. Fernanda está


incrédula e o olhar de Natália entre mim e ela é de surpresa e choque, mas
eu continuo.

— Você pensa que eu não sei que é errado de todas as formas querer a
sua filha? Eu mais do que ninguém sei que ela tem idade para ser minha
filha, mas ela não é. Que se foda todos ao nosso redor. — Disparo, o
enfrentando. — E não pretendo me afastar. Manuella é a mulher que eu
quero.

Seu olhar muda para algo como deboche. O sorriso zombeteiro do meu
amigo me faz perceber que não vou gostar de suas próximas palavras.

— Jhonatan!

— Você quer apenas sexo, Rocco. É isso que quer. Você queria a
Natália também e veja como acabou! Quer fazer com a minha filha, o que
fazia com as outras! EU TE COLOQUEI DENTRO DA MINHA CASA E
VOCÊ SEDUZIU A MINHA FILHA, SEU MERDA!
Aperto meu olhar para ele, engolindo seco. Natália volta a aparecer em
meu campo de visão.

— Não me seduziu, ele lutou para resistir. Papai me ouça! Não sou
uma virgem, uma criança. Rocco não abusou de mim!

— Cale sua boca, Manuella! — Ele ralha com os olhos fixos aos meus.

— O que as pessoas vão dizer quando descobrirem isso? Meu Deus!


— Fernando fala dramática para a filha.

— Não são obrigados a entenderem o que sentimos. Nenhum de vocês.


Só me ouçam... — Peço sério, sentindo os olhos de Jhon me fulminando. —
Foi inexplicável, um sentimento intenso entre nós dois desde que nos vimos
pela primeira vez.

Nesse momento, nossas mãos estão unidas, para o horror maior de


Natalia, que parece ter perdido a fala. Graças a Deus!

Sinto o roçar dos dedos de Manu nos meus e olho para o lado, seus
olhos me encaram repletos de lágrimas que teimosamente não rolam pelo
seu rosto.

— Embaixo do meu teto. Esse tempo inteiro você estava transando


com a minha filha, seu... — Jhon dispara com o dedo em riste. — QUER
ACABAR COM A VIDA DA MINHA FILHA, ROCCO? MANUELLA
NÃO SABE O QUE É A VIDA! E VOCÊ, PORRA... VOCÊ...

— Não sou uma criança, papai! Sou uma mulher de 22 anos. Eu que
dei em cima do Rocco! — Minha menina aponta para o próprio peito.

— Você não sabe o que é a vida, Manuella. — Fernanda fala.

— Do mesmo modo que a senhora não sabia quando engravidou de


mim, mamãe!

— Não responda seus pais. — Seguro em seu braço, olhando-a.


Jhon engole em seco, olhando entre nós dois. Natália está de braços
cruzados, em total silêncio. Fernanda arfa, passando as mãos pelos cabelos.
Então, de repente, Vitória e Rodolfo entram.

— Mas que confusão é essa? — Pergunta nos olhando.

— Uma pouca vergonha que acabamos de descobrir. Que durante os


dias que Rocco chegou, estava... — Passa as mãos pelos cabelos, arfando.
— Não quero nem pensar no que esse... No que fez com a minha filha!

— Não seja tão arcaico, Jhonatan! — Vitória rebate e ele a olha.

— A senhora sabia? Sabia?

— Se prestasse atenção em sua filha, saberia que Manuella ficou doida


por Rocco desde que ele chegou e vice-versa. — Diz pacífica.

— Estávamos cegos. — Fernanda balança a cabeça. — Meu Deus!


Rocco me viu grávida. Ia ser padrinho dela.

— Mas não é, Fernanda. Não tem nenhum laço sanguíneo que os


prendam, por Deus! — Rodolfo que até então estava em silêncio, se
manifesta. — Resolvam isso como os adultos que são.

— Me ouça, Jhonatan. Em nome da nossa amizade.

— Nossa amizade? Você a jogou no ralo quando decidiu ficar com a


minha filha! — Diz sério. — Minha princesa. Meu Deus!

Manuella se afasta, o olhando enquanto nega veemente.

— Ele não queria, papai. Juro por Deus que ele resistiu o máximo que
pôde. Eu que não facilitei, eu que... — Dá uma pausa e suspira. — Foi uma
loucura o que senti quando o vi. Foi mais forte que eu... Do que tudo que já
senti nessa vida.

— Você só tem 22 anos!


— E sou madura o suficiente para entender que eu o quero. — Me olha
com o cenho franzindo e as lágrimas molhando as bochechas. — Estou
apaixonada por ele. Estou completamente apaixonada por ele.

Cerro o maxilar, encarando-a e sentindo o aperto no peito me tomar ao


ouvir essas palavras.

— Tempo não quer dizer nada quando se tem sentimento. —


Completo, olhando-a.

— Conversem com calma, por favor. — Vitória pede enquanto


Jhonatan está de pé ao lado da janela.

Manuella saiu com Fernanda, por insistência minha. Preciso dessa


conversa a sós com seu pai. Todos saíram, deixando apenas nós dois no
chalé.

Natália ficou o tempo inteiro em silêncio, saindo antes de todos.


Molho os lábios quando ouço a porta se fechar quando Vitória sai. Ele me
olha com os olhos semicerrados e sério como nunca o vi.

— Eu não sei o quanto deve ser difícil para você toda essa situação. —
Resfolego, sob o olhar atento de Jhonatan.

— Quando começou? Quando?

— Na madrugada depois que eu cheguei. — Confesso, o olhando


fixamente. — Não transamos embaixo do seu teto Jhonatan. Eu juro que...
— Isso me deixa muito tranquilo. — Debocha rindo, ajeitando a
camisa nos braços. — Me deixa muito tranquilo saber que o cara que eu
tenho como irmão, olhou para a minha filha que deveria ser como uma
sobrinha para ele. A menina que ele viu a mãe esperando!

— Acha que não me repudiei, Jhonatan? Acha que eu quis? Acha que
não lutei para não cair? Acha?

— Tivesse lutado mais, Rocco!

— Eu tentei... Eu juro por Deus que eu tentei. — Jogo os braços ao


redor do corpo. — Mas foi mais forte, Jhon. Você também amou Fernanda
intensamente desde que a viu.

— Não temos uma diferença de vinte anos nos separando, Rocco!

— É um detalhe, Jhon. E acredite que foi um dos motivos pelo qual eu


não a queria. Essa diferença enorme, por ela ser sua filha. Ser...

— Minha princesa. — Balança a cabeça, rindo sem humor.

Engulo em seco, olhando-o andar devagar, balançando a cabeça e me


encarando fixamente. Dois homens maduros. De um lado um pai que ama a
filha absurdamente e do outro...

Do outro, o homem que está disposto a tê-la, para amar intensamente.

— O elo que nos liga sempre foi muito forte, Jhon. Mais do que eu
poderia entender, e agora o elo é ela. Agora entendo que sempre foi ela.

Ele franze o cenho.

— Parece que a conheço de outras vidas. Não peço que entenda agora,
mas também não vou desistir dela.

Jhonatan suspira, se virando de costas e contínuo o olhando.


— Você disse dos medos e do que fez a Alisson. — Fixa o olhar ao
meu e assinto. — Quem garante que não fará minha filha sofrer, Rocco?
Quem garante que não vai fazer a mesma coisa com ela? Impedi-la de
realizar seus sonhos? Suas metas? Ela está na faculdade, porra! Tem uma
vida inteira pela frente. Viagens e sonhos do qual eu não permito que ela
deixe de viver.

— E eu muito menos. — Assinto, suspirando. — Minha relação com


Alisson foi diferente. Tenho defeitos, Jhon, como qualquer outro homem.
Mas não me negue o direito de amá-la.

Me fita com o cenho franzido.

— Talvez, ela se arrependa daqui a alguns anos... Quando se tocar que


deveria ter aproveitado mais a vida. Que eu sempre serei um velho ranzinza
e ela estará sempre na flor da idade. Mas eu não posso mais negar o
sentimento que tenho por sua filha Jhon.

Seus olhos se fixam aos meus e cerro o punho.

— Pode não ser agora, é muito recente, mas eu vou me casar com sua
princesa e fazer dela minha rainha. Ela vai a ser única que eu amarei para o
resto da minha vida.

Ele está em silêncio.

— Não me peça para entender isso agora, preciso raciocinar. — Diz


após uma longa pausa em silêncio, e encarando. — Quando você tiver
filhos, poderá me entender, Rocco. Eu criei Manuella e jamais imaginei um
futuro para minha filha, onde eu te teria como... — Ele não termina a fala,
mas sua cara entrega o pensamento.

Genro.

De amigos, quase irmãos, fomos promovidos a sogro e genro.


— Manuella não vai se casar até estar pronta. Não ouse engravidar
minha filha! — Aponta o dedo em riste em minha direção. — Meu bebê.
Meu...

Faz uma cara feia, como se fosse torcer meu pescoço.

— Fazer Manuela feliz todos os dias de nossas vidas é minha missão.


No fundo eu tenho medo de que ela se arrependa de ter se envolvido
comigo. Ah, Jhonatan, eu lutei tanto contra esse sentimento. — Solto a
verdade, sem vergonha de reconhecer que fui um fracasso ao me manter
longe de sua filha.

Ao meu lado, ele revira os olhos e bufa.

— Mas respeito o que decidir e esperar o momento certo para tudo.


Casamento e... Não pretendo ser pai e eu não quero induzi-la a nada. Eu só
a quero Jhonatan.

— Eu não quero saber de detalhes. Nenhum deles! — Retruca. — Mas


tenho que reconhecer que ela não desiste fácil das coisas. Como eu.

Assinto, sabendo que tem mais dele nela, do que aceita.

—Infelizmente minha filha parece gostar mesmo de você.

Sorrio por vê-lo dar o braço a torcer.

— Com calma, Rocco. Com calma. Ainda é Natal e pode ser o espírito
natalino me acalmando.

Assinto, vendo-o balançar a cabeça em negativa.

— Algum dia ainda vou te chamar de sogro — Afirmo sarcástico.

Seus olhos se arregalam, mas logo mudam para algo mortal.

— Nesse dia, provavelmente minha filha será a viúva mais nova que o
mundo já viu.
Ando de um lado para o outro em meu quarto, apreensiva. Meu
coração está acelerado, fazendo minhas mãos tremerem, assim como todo o
meu corpo.

Ouvir a voz de papai do outro lado da porta foi um susto e ao mesmo


tempo uma libertação. Sabia que sua reação não seria as melhores e com
toda certeza ficaria uma fera, mas fui pega de surpresa ao vê-lo bater em
Rocco. Não quero jamais ser a responsável pelo fim da amizade dos dois.

— Estou impactada com tudo isso. Meu Deus, Manuella! — Mamãe


dispara com a mão no colar. — Seu pai pareceu sentir. Ele te procurou em
todos os lugares e não te encontrava.

Vejo-a morder o lábio, me encarando.

— Me tratam como criança, mas eu não sou mais. — Nego, vendo


vovó erguer os olhos e encontrar os meus. — Tenho idade suficiente para
tomar minhas próprias decisões. Rocco tentou resistir o máximo e eu o... Eu
dei cima dele.

— Ele é um homem e você uma menina. — Viro o pescoço, vendo Tia


Natália me olhar. — Um homem formado, com uma vida estabilizada e
você...

— Ah, pelo amor de Deus, Natália! Vamos guardando a sua língua


para o que não convém nesse momento. — Vovó se intromete. — Estava
querendo reviver o que você e Rocco tiveram no passado, mas supere,
minha querida!

— Dona Vitória! — Diz ofendida. — Estou tentando protegê-la


— Não preciso de proteção, tia Natália. Muito obrigada, mas recuso.
Sou dona das minhas próprias decisões e se eu e Rocco ficamos juntos, foi
porque nós dois quisemos tal coisa.

— Certo, me desculpe. Tem razão. — Assente, se calando.

— Vou tomar um banho. — Subo as escadas em passos largos,


querendo mais do que nunca que tudo se resolva da melhor maneira
possível, pois eu não vou abrir mão do que eu quero.

Foi a melhor noite da minha vida. É como se sentisse as mãos e a boca


dele por todo os lugares do meu corpo. Sentindo a ardência gostosa no meio
das pernas, com um desespero insano de tê-lo de novo.

Rocco não foi meu primeiro homem, mas foi o que realmente me fez
mulher.

O sexo com Thales foi de descobertas para nós dois. Tudo tão
monótono. Eu nunca tive um orgasmo tão intenso que pareceu me tomar de
dentro para fora.

Fecho os olhos, deixando a água me invadir, levanto a espuma do meu


corpo, mas não apagaria nunca as mãos e a boca que percorreram cada
centímetro de pele que tem em meu corpo.

Sorrio para o nada quando saio do banheiro já vestida, mas o sorriso se


esvai do meu rosto rapidamente quando vejo minha mãe parada no meio do
quarto, de braços cruzados e séria.

— Você conversou com Vitória e não comigo, Manuella? Por que não
me falou como estava se sentindo?

— Para que? Para me julgar, mamãe? — Suspiro pesadamente.

— Eu não ia te julgar, Manuella.


— Está fazendo isso agora mesmo com seu olhar, como tudo que
sempre fiz. Como meu trabalho na internet e o modo que a senhora acha
que não me dedico cem por cento na faculdade!

— Eu quero o melhor para você!

— Eu sei, mamãe. Mas respeite minhas escolhas! Respeite o que


quero, o que gosto e o que... O que amo.

Ela morde o lábio e eu suspiro, balançando a cabeça.

— Eu fiquei confusa com o que estava sentindo. Bombardeada de


sensações que nunca experimentei. — Sorrio de lado, vendo-a franzir o
cenho. — Lembra de quando falava para mim e Felipe o quanto o seu amor
por papai parecia ser coisa de outra vida?

Ela assente, fechando os olhos.

— É o que eu sinto, mãe. Sinto como se... Se fosse de outra vida. Não
importa a idade e eu sei que vamos enfrentar juntos o que vier.

Suspira, andando calmamente ao meu lado e segura em minhas mãos,


apertando-as.

— Vou te apoiar no que precisar, ouviu? Estou em choque ainda com


tudo isso, mas apenas de início.

Sorrio, sentindo os braços me apertarem e suspiro pesadamente.

— Esse Natal irá ficar marcado para sempre. — A olho, vendo-a


afagar meu rosto.

Realmente será inesquecível.

Alguns minutos se passam quando descemos juntas, ficando em uma


das salas de estar. Abraço Júlia rapidamente quando ela se aproximou junto
com Thales, que conseguiu quebrar o clima pesado com uma de suas
pérolas.
— Me trocou pelo velhote. Ah, Manuella... Deixou de comer mucilon
para comer mingau de aveia.

Mamãe, vovó e vovô param de imediato.

— Seu tapado, cala sua boca! — Júlia acerta uma cotovelada nele.

— Idiota. — Balanço a cabeça rindo e ele me abraça.

— Te amo, M&M's.

Ele usa esse apelido tosco que me chama desde a infância. Uma
referência ao meu nome e sobrenome. Manuella Monteiro.

— Se você estiver feliz, estou também.

— Eu te amo, seu bobo. — Disparo, batendo em seu peito.

— Mas não vou te ajudar a trocar fraldas de velho.

Thales paralisa quando a porta se abre e Rocco entra junto com meu
pai.

— Boca de... — Júlia dá um beliscão.

Ambos estão sérios, mas não tanto. Os encaro, mordendo o lábio.

— Com licença, vou afogar esse tapado na piscina.

— Quer me fazer respiração boca a boca, né meu bombom de limão.


— Sai, sendo puxado por Júlia batendo em seu ombro.

— Podemos conversar a sós? — Papai pede sério me olhando e


assinto.

Olho para Rocco, esperando qualquer sinal que indique que está
disposto a enfrentar tudo ao meu lado. Entro na sala mordendo o polegar,
encarando-o.

Papai está sério e com o cenho franzido, me fitando.

— Estou me sentindo traído ainda, mas não vai adiantar muita coisa
impedir, já que... — Passa a polegar e o indicador entre a ponte do nariz,
esfregando-o. — Já que ambos querem isso.

Assinto rápido, vendo Rocco sorrir.

— Papai. — Me aproximo e o abraço. — Não quero ser responsável


pelo fim da amizade de vocês, jamais. Eu...

— Você não é responsável pelo fim de nada, meu amor. — Segura em


meu rosto, passando o polegar pelas minhas bochechas. — Sempre vai ser a
minha garotinha. Minha princesinha... Meu primeiro amor.

Espalmo a mão em seu peito, vendo-o franzir o cenho.

— Você é tudo na minha vida, Manuella. Há vinte e dois anos eu sou


feliz porque ganhei você de presente. Você e seu irmão são frutos de um
grande amor e quero que um dia você sinta isso.

Beija minhas mãos, apertando-as.

— Papai, eu nunca quis trair sua confiança. Eu sinto muito, mas eu...

— Vamos ter tempo para digerir isso tudo. — Sorri, afagando meus
cabelos e me abraça. — Por que você foi crescer, Manuella? Por que não
ficou pequena para eu te proteger?

Fala com uma voz rouca e me viro, vendo-o olhar para Rocco.

Ergo o queixo e ele suspira, beijando minha testa.

— Minha filhinha.
— Não vou roubá-la de você, Jhon. — Rocco suspira, se aproximando
de mim e enlaçando minha cintura. Sorrio, vendo a cara fechada que papai
faz.

— Serei obrigado a aceitar isso, mas que fique claro, serei seu
pesadelo se fizer minha filha sofrer. Eu te matarei com requintes de
crueldade, Maldonado. Juro por Deus.

— Eu sei que faria. — Rocco o encara e beija meus cabelos. — Vou


cuidar da sua princesa.

Papai nos olha suspirando e balança a cabeça.

— Nada de casar-se, por enquanto. Nada de engravidar a minha filha.


Não serei avô do seu filho.

— Pai! — Disparo rindo, enquanto Rocco ergue as mãos como se


estivesse rendido.

— E nada de ficarem se agarrando na minha frente.

O beijo rapidamente e o abraço.

— Eu te amo, papai. Mais que tudo. Obrigada.

— Tudo por você. — Suspira, fechando os olhos e sorrio.

Me viro para Rocco assim que mais pai sai e me aproximo, jogando-
me em seus braços. O canto da boca machucado o faz gemer assim que
encosto os lábios aos seus.

— Me desculpe por isso. — Peço baixo.

— Foi preciso, minha pequena. Doloroso, mas necessário. — Diz,


entrelaçando os dedos aos meus e com a outra mão afasta meus cabelos,
suspirando. — Ah, Manuella...

Fecho os olhos e beijo as mãos grandes.


— Você fez em semanas o que não vivi em anos, sua atrevida. —
Encosta a testa a minha e fecha os olhos. — Você é a porra de uma ninfa e
eu quero você mais que tudo nessa vida.

— Eu sou sua, desde que te vi naquele quarto. Sou toda sua. Amo seu
humor e sua cara amarrada que desfaço em segundos.

Ele ri preguiçoso.

— Minha peste.

O beijo devagar, espalmando as mãos em seu peito.

— Ainda é meu aniversário, e é Natal...

— Achei que tivesse dado seu presente. — Franze o cenho enquanto


acaricio a barba, sentindo os pelos ásperos em meus dedos enquanto o
beijo.

— Eu que não dei o meu. — Sussurro contra seus lábios.

O corpo colado ao meu, as mãos acariciando meus braços enquanto


esfrega o nariz devagar, quase encostando nossos lábios.

— Me deu sim. Você é o meu presente de Natal, Manuella. — Beijo a


ponta do meu nariz. — Você inteirinha.

Sorrio e mordo o lábio.

— Você não escapa de mim... Doutor Rocco.


Ando de um lado para o outro em meu quarto, apreensiva. Meu
coração está acelerado, fazendo minhas mãos tremerem, assim como todo o
meu corpo.

Ouvir a voz de papai do outro lado da porta foi um susto e ao mesmo


tempo uma libertação. Sabia que sua reação não seria as melhores e com
toda certeza ficaria uma fera, mas fui pega de surpresa ao vê-lo bater em
Rocco. Não quero jamais ser a responsável pelo fim da amizade dos dois.

— Estou impactada com tudo isso. Meu Deus, Manuella! — Mamãe


dispara com a mão no colar. — Seu pai pareceu sentir. Ele te procurou em
todos os lugares e não te encontrava.

Vejo-a morder o lábio, me encarando.

— Me tratam como criança, mas eu não sou mais. — Nego, vendo


vovó erguer os olhos e encontrar os meus. — Tenho idade suficiente para
tomar minhas próprias decisões. Rocco tentou resistir o máximo e eu o... Eu
dei cima dele.
— Ele é um homem e você uma menina. — Viro o pescoço, vendo Tia
Natália me olhar. — Um homem formado, com uma vida estabilizada e
você...

— Ah, pelo amor de Deus, Natália! Vamos guardando a sua língua


para o que não convém nesse momento. — Vovó se intromete. — Estava
querendo reviver o que você e Rocco tiveram no passado, mas supere,
minha querida!

— Dona Vitória! — Diz ofendida. — Estou tentando protegê-la

— Não preciso de proteção, tia Natália. Muito obrigada, mas recuso.


Sou dona das minhas próprias decisões e se eu e Rocco ficamos juntos, foi
porque nós dois quisemos tal coisa.

— Certo, me desculpe. Tem razão. — Assente, se calando.

— Vou tomar um banho. — Subo as escadas em passos largos,


querendo mais do que nunca que tudo se resolva da melhor maneira
possível, pois eu não vou abrir mão do que eu quero.

Foi a melhor noite da minha vida. É como se sentisse as mãos e a boca


dele por todo os lugares do meu corpo. Sentindo a ardência gostosa no meio
das pernas, com um desespero insano de tê-lo de novo.

Rocco não foi meu primeiro homem, mas foi o que realmente me fez
mulher.

O sexo com Thales foi de descobertas para nós dois. Tudo tão
monótono. Eu nunca tive um orgasmo tão intenso que pareceu me tomar de
dentro para fora.

Fecho os olhos, deixando a água me invadir, levanto a espuma do meu


corpo, mas não apagaria nunca as mãos e a boca que percorreram cada
centímetro de pele que tem em meu corpo.
Sorrio para o nada quando saio do banheiro já vestida, mas o sorriso se
esvai do meu rosto rapidamente quando vejo minha mãe parada no meio do
quarto, de braços cruzados e séria.

— Você conversou com Vitória e não comigo, Manuella? Por que não
me falou como estava se sentindo?

— Para que? Para me julgar, mamãe? — Suspiro pesadamente.

— Eu não ia te julgar, Manuella.

— Está fazendo isso agora mesmo com seu olhar, como tudo que
sempre fiz. Como meu trabalho na internet e o modo que a senhora acha
que não me dedico cem por cento na faculdade!

— Eu quero o melhor para você!

— Eu sei, mamãe. Mas respeite minhas escolhas! Respeite o que


quero, o que gosto e o que... O que amo.

Ela morde o lábio e eu suspiro, balançando a cabeça.

— Eu fiquei confusa com o que estava sentindo. Bombardeada de


sensações que nunca experimentei. — Sorrio de lado, vendo-a franzir o
cenho. — Lembra de quando falava para mim e Felipe o quanto o seu amor
por papai parecia ser coisa de outra vida?

Ela assente, fechando os olhos.

— É o que eu sinto, mãe. Sinto como se... Se fosse de outra vida. Não
importa a idade e eu sei que vamos enfrentar juntos o que vier.

Suspira, andando calmamente ao meu lado e segura em minhas mãos,


apertando-as.

— Vou te apoiar no que precisar, ouviu? Estou em choque ainda com


tudo isso, mas apenas de início.
Sorrio, sentindo os braços me apertarem e suspiro pesadamente.

— Esse Natal irá ficar marcado para sempre. — A olho, vendo-a


afagar meu rosto.

Realmente será inesquecível.

Alguns minutos se passam quando descemos juntas, ficando em uma


das salas de estar. Abraço Júlia rapidamente quando ela se aproximou junto
com Thales, que conseguiu quebrar o clima pesado com uma de suas
pérolas.

— Me trocou pelo velhote. Ah, Manuella... Deixou de comer mucilon


para comer mingau de aveia.

Mamãe, vovó e vovô param de imediato.

— Seu tapado, cala sua boca! — Júlia acerta uma cotovelada nele.

— Idiota. — Balanço a cabeça rindo e ele me abraça.

— Te amo, M&M's.

Ele usa esse apelido tosco que me chama desde a infância. Uma
referência ao meu nome e sobrenome. Manuella Monteiro.

— Se você estiver feliz, estou também.

— Eu te amo, seu bobo. — Disparo, batendo em seu peito.

— Mas não vou te ajudar a trocar fraldas de velho.

Thales paralisa quando a porta se abre e Rocco entra junto com meu
pai.

— Boca de... — Júlia dá um beliscão.

Ambos estão sérios, mas não tanto. Os encaro, mordendo o lábio.


— Com licença, vou afogar esse tapado na piscina.

— Quer me fazer respiração boca a boca, né meu bombom de limão.


— Sai, sendo puxado por Júlia batendo em seu ombro.

— Podemos conversar a sós? — Papai pede sério me olhando e


assinto.

Olho para Rocco, esperando qualquer sinal que indique que está
disposto a enfrentar tudo ao meu lado. Entro na sala mordendo o polegar,
encarando-o.

Papai está sério e com o cenho franzido, me fitando.

— Estou me sentindo traído ainda, mas não vai adiantar muita coisa
impedir, já que... — Passa a polegar e o indicador entre a ponte do nariz,
esfregando-o. — Já que ambos querem isso.

Assinto rápido, vendo Rocco sorrir.

— Papai. — Me aproximo e o abraço. — Não quero ser responsável


pelo fim da amizade de vocês, jamais. Eu...

— Você não é responsável pelo fim de nada, meu amor. — Segura em


meu rosto, passando o polegar pelas minhas bochechas. — Sempre vai ser a
minha garotinha. Minha princesinha... Meu primeiro amor.

Espalmo a mão em seu peito, vendo-o franzir o cenho.

— Você é tudo na minha vida, Manuella. Há vinte e dois anos eu sou


feliz porque ganhei você de presente. Você e seu irmão são frutos de um
grande amor e quero que um dia você sinta isso.

Beija minhas mãos, apertando-as.

— Papai, eu nunca quis trair sua confiança. Eu sinto muito, mas eu...
— Vamos ter tempo para digerir isso tudo. — Sorri, afagando meus
cabelos e me abraça. — Por que você foi crescer, Manuella? Por que não
ficou pequena para eu te proteger?

Fala com uma voz rouca e me viro, vendo-o olhar para Rocco.

Ergo o queixo e ele suspira, beijando minha testa.

— Minha filhinha.

— Não vou roubá-la de você, Jhon. — Rocco suspira, se aproximando


de mim e enlaçando minha cintura. Sorrio, vendo a cara fechada que papai
faz.

— Serei obrigado a aceitar isso, mas que fique claro, serei seu
pesadelo se fizer minha filha sofrer. Eu te matarei com requintes de
crueldade, Maldonado. Juro por Deus.

— Eu sei que faria. — Rocco o encara e beija meus cabelos. — Vou


cuidar da sua princesa.

Papai nos olha suspirando e balança a cabeça.

— Nada de casar-se, por enquanto. Nada de engravidar a minha filha.


Não serei avô do seu filho.

— Pai! — Disparo rindo, enquanto Rocco ergue as mãos como se


estivesse rendido.

— E nada de ficarem se agarrando na minha frente.

O beijo rapidamente e o abraço.

— Eu te amo, papai. Mais que tudo. Obrigada.

— Tudo por você. — Suspira, fechando os olhos e sorrio.


Me viro para Rocco assim que mais pai sai e me aproximo, jogando-
me em seus braços. O canto da boca machucado o faz gemer assim que
encosto os lábios aos seus.

— Me desculpe por isso. — Peço baixo.

— Foi preciso, minha pequena. Doloroso, mas necessário. — Diz,


entrelaçando os dedos aos meus e com a outra mão afasta meus cabelos,
suspirando. — Ah, Manuella...

Fecho os olhos e beijo as mãos grandes.

— Você fez em semanas o que não vivi em anos, sua atrevida. —


Encosta a testa a minha e fecha os olhos. — Você é a porra de uma ninfa e
eu quero você mais que tudo nessa vida.

— Eu sou sua, desde que te vi naquele quarto. Sou toda sua. Amo seu
humor e sua cara amarrada que desfaço em segundos.

Ele ri preguiçoso.

— Minha peste.

O beijo devagar, espalmando as mãos em seu peito.

— Ainda é meu aniversário, e é Natal...

— Achei que tivesse dado seu presente. — Franze o cenho enquanto


acaricio a barba, sentindo os pelos ásperos em meus dedos enquanto o
beijo.

— Eu que não dei o meu. — Sussurro contra seus lábios.

O corpo colado ao meu, as mãos acariciando meus braços enquanto


esfrega o nariz devagar, quase encostando nossos lábios.

— Me deu sim. Você é o meu presente de Natal, Manuella. — Beijo a


ponta do meu nariz. — Você inteirinha.
Sorrio e mordo o lábio.

— Você não escapa de mim... Doutor Rocco.


Alguns meses depois...

— Quero uma tomografia do coração e dos vasos e uma ressonância.


— Entrego os papéis para um dos residentes. — Estou no andar de cima, se
precisar de algo.

— Sim, doutor.

Coloco as mãos no jaleco, saindo pelo corredor do hospital. Por mais


estranho que pareça, o hospital está mais tranquilo que nos outros dias.
Alguns exames e consultas de rotina na parte clínica.

Pego o celular, não vendo nenhuma mensagem, o que é completamente


estranho, já que Manuella me enche delas durante o dia inteiro. E não. Não
é uma reclamação.

Saí do meu apartamento com a visão dela nua sob os lençóis, ainda
quente e suada. É um esforço tremendo sair e deixa-la, sabendo que era
apenas abrir as pernas e me enfiar dentro dela novamente, de tão molhada e
gozada que estava.
Aquela visão é uma rotina. Ainda não moramos juntos oficialmente,
mas ela ocupa meu apartamento quase todos os dias da semana.

Seguro o aparelho, digitando uma mensagem rápida.

Cadê você, peste? Já saiu da faculdade?

Bloqueio a tela, colocando-o na bolso da calça novamente.

Fazem seis meses completos que Manuella invadiu minha vida, dando
um giro intenso e eu não consigo me imaginar sem ela.

Ela vai começar a residência daqui há duas semanas e eu estou


acompanhando absolutamente tudo de perto nessa nova fase de sua vida.
Não é mais um segredo que estamos juntos e completamente apaixonados.

Assumir isso para mim mesmo foi um alívio.

Eu e Jhon ainda não somos os mesmos, após todo o susto da


descoberta, mas nos damos bem até certo ponto. De amigos para amigos,
mas como genro e sogro somos um desastre. Mas é questão de tempo.
Fernanda já é mais pacífica que o marido e aceitou, mas rápido também.

Passo por Natalia, dando um sorriso quando ela para, segurando a


prancheta.

— Tem uma paciente em sua sala, disse que era uma consulta de
última hora. Selin a mandou esperar.

— Obrigado, Nat.

Acena e caminha para o elevador.

Conversamos depois de tudo e ela pareceu aceitar bem o fato de que


entre nós o que restou foi uma amizade intensa e me sinto mais leve por
isso.
Caminho devagar, cumprimentando os funcionários e residentes que
passam. Será um pouco mais complicado quando Manuella estiver andando
por esses corredores.

Vou precisar ser o mais profissional possível.

O que será um teste de força absurdo, porque minha ninfetinha


atrevida é um poço de desejo sem fundo. Manuella provoca em público, me
deixando arfando, queimando como o fogo do inferno de raiva e ciúmes.

Não quero priva-la de absolutamente nada. Não me importo que saia


com suas amigas e por muitas vezes ia com ela, apenas para não chatear ela.

Mas é um inferno sentir os olhares dos jovens em minha direção.


Todos eles largados, tomando bebidas duvidosas, enquanto eu de roupa
formal, com cara de poucos amigos, encostado com Manuella me beijando.

Odeio as músicas com letras infernais. Odeio os jovens de sua idade


babando na minha mulher.

Mas eu amo aquela peste.

Amo a língua afiada, o atrevimento e a audácia que exala dela.

Tem o espírito livre e a alma de menina, em um corpo de mulher.

Vamos viajar no fim do ano para Seattle, onde vai conhecer minha
mãe, que confesso ter ficado menos surpresa do que pensei e imaginei que
ficaria.

Passo direto para minha sala, vendo Selin sorrir de lado, abaixando a
cabeça. Me tornei menos disputado, já que o hospital inteiro sabe do meu
relacionamento.

Giro a maçaneta, abrindo-a.

— Me desculpe pela demora, estava com outro paciente. — Falo alto,


me sentando na cadeira. — Temos uma consulta marcada, certo?
— Certíssimo, doutor. — Manuella morde o lábio e semicerro os
olhos, a fitando. — Estou sentindo uma dor em meu peito, pode me
examinar?

Sorrio, vendo-a balançar o pé com uma sandália de salto, a fazendo


ficar mais sexy do que já é. O vestido justo preto e os cabelos soltos dando
um realce na pele alva.

— Você não deveria estar na faculdade? — Indago, vendo-a se erguer


e descer o tecido que subiu um pouco.

— Estava sentindo uma coisa em meu peito, doutor. Tive que vir
embora. — Faz um beicinho, fecha a porta e volta a caminhar devagar.

— A sala do seu pai é aqui do lado. — Mordo o lábio quando ela apoia
os braços na cadeira, me fazendo vira-la para ficar de frente.

— Você fica tão gostoso com esse jaleco. — Geme baixinho, rindo
como a demônia que é. — Está tenso, doutor?

Semicerro os olhos quando ela me faz arrastar o corpo na cadeira. Mal


nós encontramos no hospital, por respeito a Jhon.

Mas porra... Manuella também não facilita esse caralho.

— Você é uma peste! — Sorrio, vendo-a se ajoelhar a minha frente.

Meu pau reage de imediato com a visão dela ali. A boca vermelha de
batom, os olhos pequenos dilatados de desejo, assim como os meus. Sexo é
uma coisa insana para nós. Não tem local, empecilho ou coisa do tipo.

Ela abre meu cinto, puxando meu pau para fora. As mãos me tocando
de cima a baixo, me fazendo gemer e vendo-a sorrir.

Sem esperar, desce a boca, abrindo até onde pode, o que não é
suficiente para acomodar meu pau inteiro. Porra.
— Eu amo essa boquinha quente. Língua afiada, Manuella. — Enrolo
o cabelo no meu pulso, erguendo seu queixo. — Abra essa boca e respire
pelo nariz, amor.

Latejo quando soco o pau em sua boca, vendo os olhos lacrimejar. Ela
me mata fora da cama e eu adoro descontar em particular.

Ela é minha fora da cama e em cima dela.

— Ah, Manuella! — Gemo, forçando o pau até senti-lo na garganta.


Ela o tira da boca e lambe toda a extensão. Seguro em seus cabelos,
forçando ainda mais o pau dentro da boca pequena e ela abre, o maxilar
babando por inteiro.

Sorrio, sentindo-a engasgar e retiro o pau, segurando-o enquanto passo


a glande por seus lábios. Ela passa a língua e geme.

— Filha da puta! — Rosno enquanto ela volta a chupar, descendo a


boca pelo pau e voltando com a língua serpenteando pela carne dura. —
Engole todinho.

E assim o faz quando seguro em seu queixo, forçando. Praguejo,


sentindo o pau inchar e minhas bolas pesarem quando ela me masturba
fundo, arrancando não só um pré gozo, como um orgasmo filho da puta.

Pendo a cabeça para trás com a intensidade do gozo que saiu do meu
corpo. Manuella sorri, limpando o canto dos lábios e enfiando o polegar na
boca, sugando os resquícios de porra da sua boca.

Se ergue, ficando a minha frente, erguendo o vestido e mostrando a


boceta nua.

— Você veio para cá sem calcinha? Ficou maluca, porra?

Sorri, mordendo o lábio.

— Deixe de ser mal humorado, eu vim de carro.


— Jura? — Me ergo, segurando em seu pescoço e vendo o sorriso
aumentar. — Não tem jeito para me obedecer, Manuella?

Nega quando a ergo, colocando-a sentada em cima da minha mesa e


ela fica um enfeite delicioso ali. Enrolo seu cabelo no punho, obrigando-a a
me encarar. Os lábios úmidos de saliva quando enfio a língua em sua boca.

— Você não manda em mim, amor. — Segura em meu jaleco e abre as


pernas. — Mas eu mando em você. Então pode, por favor, me comer? Antes
que eu goze sozinha, só te vendo com esse jaleco e esse pau para fora.

Chupo seu queixo, sorrindo do atrevimento.

— Vai levar pau caladinha, sem dar um gemido. — Retiro o


estetoscópio do meu pescoço que nem lembrava estar ali.

Seus olhos se arregalam e sorrio, passando-o pelo pescoço fino.

— Não grite, amor. Ou seu pai vai desconfiar que estou comendo a
filha dele na sala ao lado dele.

Manuella se arreganha por inteira na mesa quando seguro o pau,


metendo de uma única vez naquela boceta. Os lábios grossos me engolindo.
A cada centímetro de pau dentro dela, Manuella geme com o objeto
enrolado em seu pescoço.

Não aperta forte, mas o suficiente para deixa-la sem ar enquanto eu a


fodo.

— Ah! Rocco!

— Calada, amor.

Tesão foi tudo que senti nesse momento. Meu quadril bombeando
forte, fodendo-a. O barulho dos corpos se chocando melados.
— Fode. — Pede baixinho enquanto chupo sua língua, não me
contendo.

A seguro pela cintura. Manuella enlaça as pernas, se deitando sobre a


mesa, completamente aberta. Respiro fundo, entrando novamente e sentindo
o suor descer por minha pele.

— Me fode, amor. — Pede agoniada, meio desesperada e meto tão


fundo dentro dela, sentindo-a se contorcer, tremendo toda quando despejo
todo o gozo dentro dela.

É incrível e uma caralho de tão gostoso fode-la sem nada.

Respiro fundo, vendo-a sorrir ainda deitada em minha mesa.

— Você fica linda aí em cima. — Abre a boca, se apoiando nos


cotovelos quando retiro o pau devagar, vendo porra descendo pelo
buraquinho e indo direto para o rabo intocável.

Camisinha é algo que não precisamos usar. Manuella toma


anticoncepcional e está fazendo a troca para colocar o DIU, que foi
recomendado por sua mãe e ela aceitou.

É melhor evitar acidentes e um bebê vai atrapalhar sua vida por inteira.
Não vou me perdoar se a fizer perder isso.

Nossa vida está perfeita do jeito que está.

Vivemos com intensidade, aproveitando o nosso máximo.

Não conversamos sobre filhos e é uma coisa que não me sinto tão a
vontade para falar sobre.

— O que veio fazer aqui, diabinha? — Seguro em seu queixo após


ajudá-la a se limpar no banheiro.

— Te ver. Papai conversou com você da transferência da médica que


vem de Washington?
— Falou por alto. Por que? — A encaro negar com a cabeça
rapidamente.

Jhon realmente falou da transferência de uma profissional, mas nem


prestei atenção. Manuella me dá um beijo rápido.

— Achei ter ouvido o nome dela em algum lugar. — Balança a cabeça,


sentando em meu colo. — Pode ir para casa mais cedo?

— Por que? — Seguro em seu queixo, a beijando.

— Saudades de ficar naquela banheira nua.

Sorrio, espalmando a mão em sua coxa.

— Ela também está com saudade de você.

— Você não? — Faz um beicinho e a beijo sôfrego, quase


desesperado.

— Sempre. Venha morar comigo de vez. — Chamo, cheirando a curva


do seu pescoço.

— Eu não saio da sua casa. Tenho tudo lá.

— Mas eu quero você inteirinha lá, por favor. — Engulo em seco,


vendo-a sorrir. — Tem pau e água para você lá.

Manuella gargalha, pendendo a cabeça para trás.

— Com seu pau não faço boquete, Rocco. Faço uma endoscopia.

É minha vez de gargalhar, fazendo um carinho em sua perna.

— Eu te amo. — Digo, olhando-a fixamente.


Guardei todo o amor dentro de mim para ela. Amor que nunca soube
dar.

Nunca foi questão de tempo, mas de querer. E eu a queria


desesperadamente. Sempre.

— Eu te amo. — Sussurra contra meus lábios.

— Quanto?

— De Janeiro a Janeiro. Até o mundo acabar, Rocco.

Passo o polegar pelo seu queixo.

— Minha abusada.

Mesmo enfrentando tantos desafios, sinto que será um longo caminho


ainda.

Porque ela foi proibida para mim...

Mas Manuella foi e continuará sendo...

Perfeita para mim.


Algumas semanas depois...

— Calma! Respire fundo. — Júlia pede e arfo, andando de um lado


para o outro. — Manu...

— Ele não quer, Júlia! Ele me disse que não quer. — Digo baixo,
olhando minha melhor amiga me fitar.

— Pode ser um atraso normal.

— De vinte dias? — Sorrio sem humor, limpando o suor da testa.

Estou desesperada e eufórica. Estamos no nosso apartamento. Me


mudei há pouco mais de duas semanas, desde que ele me pediu e resolvi me
mudar oficialmente.

Papai não ficou satisfeito, mas sabia que estaria sempre em casa quando
precisasse. Mamãe me deu todo o apoio e nada me deixa mais feliz em
saber que está tudo bem novamente.

Ou ao menos pensei que estivesse.


Estou ótima, optei por colocar o chip que substitui o anticoncepcional
injetável e acabei desistindo de pôr o diu.

Não senti sintoma algum. Nada.

Pode ser coisa da minha cabeça, mas sinto meus seios mais doloridos e
um sono insano me tomando o tempo inteiro.

— Isso é apenas nervosismo. — Júlia segura em minha mão,


apertando-a.

Eu queria que fosse realmente.

Sei que Rocco não quer ser pai e é nítido que não se sente a vontade, já
que evita falar no assunto.

Eu estou prestes a começar a residência.

Meu Deus.

— Manu. — Júlia estende o teste em minha direção e seguro o pedaço


de plástico, piscando diversas vezes.

Engulo em seco, com mãos trêmulas.

Positivo.

Júlia ficou comigo tempo o suficiente para me acalmar, tentando


processar que não tem como ser um falso positivo. Não.

Eu realmente estou grávida.


Vou ter um bebê.

Franzo o cenho, sentindo turbilhões de sensações passando pelo meu


corpo nesse momento. Ouço a porta se abrir e me aproximo da porta,
vendo-o entrar em casa.

Retira a camisa me olhando.

— Chegou mais cedo? — Beija minha testa e assinto. — Seu pai quer
que a gente vá jantar lá hoje, disse que para conversar sobre a transferência
da médica. Não entendi ao certo.

Franzo o cenho. Papai parece ficar nervoso sempre que toca nesse
assunto.

Abano a cabeça, beijando-o.

— Vou tomar um banho.

Assinto enquanto ele vai para o banheiro. Me arrumo rapidamente e


saímos alguns minutos depois com dedos entrelaçados.

Amadureci bastante, já não me vejo mais como antes. Meu


relacionamento com Rocco é completamente sólido, mesmo ainda ouvindo
piadinhas de alguns colegas de faculdade.

Que me faz ter certeza da minha escolha.

— Está tão calada, está tudo bem? — Diz, estacionando o carro em


frente ao jardim da casa dos meus pais.

Viro o rosto, encarando-o.

— Você me ama, Rocco?

Ri, segurando em minha mão e beijando-a demoradamente.


— Muito. Está duvidando do meu amor, minha pequena?

Nego, mordendo o lábio.

— Você vai ser pai.

Rocco para, me olhando fixamente e temo que ele nem tenha


entendido direito.

— Estou grávida de quase 3 semanas. Vamos ter um bebê.

Ele continua me olhando petrificado e franzo o cenho.

— Não vai falar nada?

Entramos no apartamento após deixarmos o recado a Jhon e a


Fernanda. A confusão na cabeça e mil e um pensamentos me invadido.

— Tínhamos um acordo de falarmos de bebês após a faculdade,


Manuella.

— Aconteceu, tá bom? Um descuido e está aqui. Não temos para onde


fugir. — Diz chorosa, com as mãos enfiadas nos cabelos.

Deus... ela é jovem.

Como eu vou ser um bom pai nessa idade?

Se Manuella se arrepender lá na frente?

Me culpasse por prender ela?


Nego veemente, olhando-a.

— Você não quer e já deixou isso claro, mas estou grávida, Rocco!
Tem um bebê aqui dentro, e qual a diferença se vem agora ou daqui a cinco
anos? Me diga?

— Você estar pronta, meu amor! Não quero que chegue lá na frente e
se arrependa, Manuella. Pensando que tinha uma vida para aproveitar e
ficou para trás.

— Acha que eu vou me arrepender? Eu amo você! E vou amar essa


criança.

Fecho os olhos, abraçando-a enquanto enterra o rosto em meu peito.


Meu coração e minha cabeça vagando em pensamentos.

Ergo seu queixo com a ponta do dedo e limpo as lágrimas que descem.

— Vamos fazer isso juntos, meu amor. Eu e você.

Mesmo eu não fazendo ideia se serei um bom pai.

— Rocco. — Diz baixo e sorrio.

— Te amar a cada batida do meu coração, lembra?

Assente, fechando os olhos.

— Uma pestinha para me deixar cabelos brancos? — Indago para o


nada, vendo-a sorrir.

— Vamos fazer isso juntos. Eu prometo.


A todas as minhas leitoras por nunca desistirem de mim e sonharem
junto comigo.

Obrigada por me darem o combustível para eu nunca parar de nadar...


Juliana Souza nasceu em 1997, é natural de Natal, capital do Rio
Grande do Norte. Sempre foi apaixonada por histórias de enredos
envolventes. Aos seus 17 anos, sentiu um forte desejo de ingressar no
mundo da escrita, o seu primeiro livro foi Proibido desejo, que deu origem
a trilogia “ Os irmãos Perrot” , em 2016 querendo alçar novos voos,
escreveu naquele ano o livro Perigosa Sedução que mais tarde se tornou o
primeiro livro da série “ Os cafajestes” que conta com 8 livros.

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