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LANA SILVA

Copyright 2023©

1° edição – março 2023

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A LANA SILVA

Capa: Snake Designer

Revisão: Sônia Carvalho

Sumário

Sinopse

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3
Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23
Capítulo 24

Capítulo 25

Epílogo

Agradecimentos

Série Estrelas do Alabama

Redes Sociais

Aiden Lewis é o capitão do time de hóquei universitário, ele ama festas e


garotas e quando surge a oportunidade de propor uma amizade colorida
para melhor amiga da namorada do amigo, ele não a desperdiça.

Brooke Green é a estudante de artes que sonha em ser tatuadora, ela ama a
vida universitária e faz questão de aproveitá-la ao máximo, festas e garotos
são sua prioridade. E quando Aiden, um dos garotos mais populares da
universidade, propõe uma amizade colorida é claro que ela aceita.

Os dois amam a liberdade e fogem de um relacionamento, eles só querem


curtir e aproveitar a vida. Eles juram que são perfeitos um para outro. E eles
realmente são, mais do que imaginam.
Duas almas livres prestes a se encontrar e descobrir que a liberdade não é
tudo, principalmente quando um acontecimento muda tudo.

Aiden e Brooke estão prestes a descobrir que nenhum deles tem


controle...nem sobre o coração e nem sobre a vida.

Brooke

Estreito meus olhos e tento entender o que está me incomodando no


desenho à minha frente. A floresta que estou desenhando está bonita, porém
sinto falta de algo. Bato com o lápis no meu caderno de desenho como se
isso fosse me ajudar a encontrar o problema.

— Pense, Brooke, pense.

Antes que consiga identificar o que está me incomodando meu celular vibra
ao meu lado, como estou em uma pausa, uma pausa forçada, mas ainda
assim uma pausa, eu pego o aparelho.

É uma mensagem de Abby no grupo em que estamos ela, Dakota e eu.


Ainda de pernas dobradas com o meu caderno sobre elas e com as costas
apoiadas na cabeceira da minha cama eu clico na notificação e leio o que
minha amiga acabou de me enviar.
“Os meninos estão organizando uma festa, será hoje à noite e vocês estão
convidadas. “

P.S por favor, venham me salvar, porque eu não quero ficar à noite inteira
com esses quatro jogadores imaturos e irresponsáveis.”

Esqueço-me completamente de qualquer incômodo ao ler a palavra festa.


Um sorriso surge em meus lábios e digito uma mensagem imediatamente.

“Quando você diz meninos, você está falando sobre as Estrelas do


Alabama, não é?”

É claro que ela está falando do quarteto mais famoso da Universidade do


Alabama, porque a vaca sortuda está sendo a

babá/enfermeira de um deles e sei que é na casa deles que ela está.

“Sim, eu estou falando deles ��”

“Finalmente, você será uma boa amiga e irá me apresentar a eles.”

Deveria estar tão animada para conhecer quatro garotos só porque eles são
famosinhos? Talvez não, porém eles são amados e praticamente idolatrados
por todos, eu apenas quero ser capaz de dizer que os conheci. Eles podem
ser idiotas? Talvez sim.

Quem sabe, nem goste deles, mas gostaria de ter essa oportunidade, isso
com certeza deve ter alguma vantagem, será que posso colocar em meu
currículo?

Conhecida das Estrelas do Alabama.

E além de tudo eles são lindos, será que consigo flertar com algum? Com
certeza, não me importaria de me divertir com um deles. Ou dois. Mentira,
dois é demais. Eu sorrio com os rumos dos meus pensamentos e para parar
de pensar besteiras leio a reposta que Abby me enviou.

“Finalmente, você poderá conhecê-los, Brooke, mas já aviso que eles são
quatro idiotas, bagunceiros e irresponsáveis.”
Abby tende a ser exagerada e ranzinza e mesmo dizendo que não, sei que
ela não está os achando tão horríveis assim.

“Estou louca para saber o quanto eles são irresponsáveis.”

“KKKKKK... você não presta, Brooke.”

Como Dakota ainda não respondeu e sei que ela está acordada, porque
quando fui até a cozinha mais cedo para tomar café ela estava lá, eu deixo
meu caderno sobre o colchão ao meu lado e me levanto. Saio do quarto e
caminho do nosso pequeno corredor até a cozinha/sala do apartamento que
dividimos.

E Dakota está deitada no sofá, ela tem um livro sobre o peito e o celular
sobre o rosto. Eu me sento no puff e fico de frente para minha amiga que
coloca o aparelho sobre o livro e vira o rosto na minha direção.

— Você leu as mensagens de Abby?

— Eu li.

Claramente Dakota não está tão animada quanto eu.

— E?

Ergo minhas sobrancelhas e ela continua me encarando sem muita


animação.

— Você não se cansa de festas?

Sorrio e balanço minha cabeça negando.

— Não, e para minha defesa essa semana eu ainda não fui em nenhuma
festa.

Dakota apenas ri e eu sigo com a minha expressão de inocente.

— Se você for, eu vou.


Sorrio.

— É óbvio que eu vou. — Dakota segue rindo, mas existe alguma coisa em
seus olhos que não consigo decifrar. — Algo está acontecendo?

Ela pega o livro e o celular e senta-se no sofá.

— Não, então festa mais tarde?

Assinto e continuo a analisando, ou melhor tentando analisá-la. Dakota de


nós três é a mais quieta e algumas vezes a mais fechada.

— Hey, Abby não ficará chateada se você não for e eu posso ir sozinha.

Ela morde seu lábio inferior por alguns segundos.

— Eu sei e eu vou.

Ela parece estar afirmando mais para si mesma do que para mim.

— Ok. — Nós ficamos em silêncio e a fim de acabar com o clima estranho


mudo de assunto. — Qual será o almoço?

Nós discutimos o que vamos fazer e quem irá fazer por alguns minutos,
então decidimos que serei eu a cozinhar, porque a última vez foi Dakota.
Derrotada, eu sigo para o que chamamos de cozinha, uma parede com
armário, fogão e geladeira, e faço nosso almoço, frango grelhado, legumes e
uma salada.

Dakota e eu almoçamos sentadas no sofá e assistindo episódios aleatórios


de Friends[1]. Como eu cozinhei, Dakota limpa a cozinha e eu sigo para
meu quarto.

Volto a desenhar e finalmente consigo perceber o que está me incomodando


no desenho, é a falta de animais e por isso incluo um alce na minha
paisagem. Eu demoro algum tempo desenhando e o resto da tarde que me
resta uso para estudar a parte teórica da arte.
Eu faço algumas pequenas pausas e é nelas que converso com as meninas
em nosso grupo de mensagens e combinamos o

horário em que iremos para a festa. Abby virá em casa trocar de roupa e
iremos todas juntas para a casa dos meninos.

Eu estou empolgada e nem consigo disfarçar.

Logo após o Sol se pôr eu paro de estudar e vou até a cozinha, preparo algo
para comer, qualquer coisa que vá me sustentar e sustentar o álcool que
pretendo ingerir. Dakota se junta a mim, então preparo um sanduíche para
ela e nos sentamos no sofá.

— Qual deles você acha mais bonito? — Ela me encara com as


sobrancelhas erguidas. — Dos meninos... os jogadores famosinhos... os
meninos da Abby.

Ela ri da forma como me refiro a eles e demora alguns segundos para me


responder.

— Eu os vi poucas vezes e não sou capaz de julgar qual deles é o mais


bonito.

Morde um pedaço do sanduíche, eu faço o mesmo e enquanto estou


mastigando, abro meu Instagram, e procuro por um deles, abro o do jogador
de Hóquei, procuro por uma foto dele com os amigos, assim que a encontro
viro o celular na direção de Dakota.

— Eu talvez prefira o Aiden, embora Ethan seja bem bonito, Josh não seja
de se jogar fora e Dylan seja tão gostoso.

Ela sorri.

— Eu acho que fico entre Dylan e Ethan, Josh definitivamente não.

Ela fala com tanta convicção e até mesmo com certa raiva o que faz com
que eu ria.

— Pobre Josh.
Nós duas rimos e terminamos de comer em silêncio. Em seguida, volto para
o meu quarto, pego minha toalha e vou para o banheiro.

— Não demore

Dakota que ainda continua na sala grita.

— Ok.

Grito de volta.

Não demoro, pelo menos não tanto quanto costumo demorar e assim que
saio do banheiro Dakota entra. É sempre um caos quando as três precisam
usá-lo.

Como é uma festa em casa, eu coloco um vestido preto e um tênis, nada


muito chique e mesmo assim ainda estou bonita.

Prendo meu cabelo em um rabo de cavalo bem alto e faço uma maquiagem
básica, base, rímel, um delineador colorido e um gloss.

Estou pronta e vou para a sala esperar as meninas.

Enquanto as espero, tiro umas fotos e até posto algumas. Estou fazendo
caretas quando Dakota se aproxima. Ela ri e se senta ao meu lado.

— Você fica linda até mesmo fazendo caretas.

Eu baixo o celular, Dakota pisca em minha direção e sorrio.

— Obrigada por alimentar o meu ego.

Dá de ombros enquanto continua sorrindo.

— É o meu papel como amiga.

Meus olhos percorrem por Dakota, ela está usando uma saia, uma blusa
curta que mostra parte da sua barriga e uma sandália rasteira, quase não há
maquiagem em seu rosto e seu cabelo está preso em uma trança lateral.
— Você está um arraso.

— Obrigada, obrigada.

Abby ainda não chegou e ficamos na sala conversando, conforme os


minutos passam Dakota parece ficar nervosa, sou eu

a praticamente manter a conversa e ela apenas me responde com frases


curtas.

— Você parece nervosa.

— Impressão sua.

Não sinto confiança nas suas palavras, porém não tenho tempo de tentar
descobrir o que está acontecendo, porque a porta é aberta e Abby entra por
ela. Minha amiga está com uma expressão de acabada, os cabelos
bagunçados e as roupas amarrotadas.

— Por que nunca ninguém me falou o quanto é desgastante organizar uma


festa?

Faz uma careta enquanto fecha a porta.

— Você estava os ajudando a organizar? — Pergunto curiosa, ela se vira em


minha direção e assente. — Muito divertido.

Soo animada e ela suspira.

— Estou morta. — Suspira mais uma vez. — Que tal ficarmos em casa?

Fuzilo-a com meus olhos.

— Eu estou muito animada e empolgada, então é bom que você arraste sua
bunda até seu quarto e escolha uma roupa bem bonita.

Revira seus olhos, mas caminha na direção do corredor.

— Você não deveria ser tão animada, Brooke.


Minha única resposta é rir.

— Ela não parece assim tão triste por estar com Ethan.

Dakota comenta assim que Abby entra em seu quarto e eu assinto. Abby
está sendo obrigada a cuidar de Ethan Lewis, o quarterback do time de
futebol americano da universidade, enquanto se recupera de um
deslocamento de ombro, ela o odeia, mas já não parece tão chateada quanto
estava no início.

— Acho que ele realmente não é tão ruim quanto ela acredita que ele é.

Dakota assente.

— Talvez.

Abby não demora a retornar para a sala de banho tomado e arrumada.


Dakota e eu assobiamos assim que ela surge, ela ri e dá uma voltinha para
nos mostrar a saia de couro e seu top branco.

Rindo nós deixamos nosso apartamento e vamos para o carro de Dakota.

— Nem acredito que estou indo a uma festa na casa das Estrelas do
Alabama.

Sento-me atrás no meio entre os bancos ocupados pelas minhas amigas.

— Esse apelido que deram para eles só alimenta o ego dos quatro que já
não é pequeno.

Abby resmunga e Dakota e eu apenas rimos. É em um clima divertido que


vamos até a casa dos meninos e assim que chegamos encaro o lugar
surpresa. É uma mansão, e eles são apenas universitários. Nossa, eles devem
ser muito ricos.

— Uau.

Dakota exclama tão impressionada quanto eu.


— Já tinha ouvido falar que eles moram em um lugar luxuoso, mas não
esperava algo assim.

Complemento e Abby abre a porta ao seu lado.

— Vamos lá.

Ela sai do carro e a seguimos. Caminhamos na direção da porta e eu olho ao


redor. Embora, seja de noite o lugar está

iluminado e é possível ver o gramado bem cuidado.

Abby abre a porta e entramos, Dakota e eu seguimos logo atrás dela,


passamos pelo hall e vamos até o que deve ser uma sala, porém no
momento é um lugar com um globo de luz fixo no teto e música ecoando
pelo local.

— Hey, eu cheguei.

Abby grita enquanto continuo observando o espaço.

Realmente é uma casa grande. Ricos, atletas, bonitos...

— Estamos na cozinha.

Alguém grita e Abby segue na direção da voz, Dakota e eu caminhamos


logo atrás dela. Uma sensação estranha se instala em minha barriga, meu
coração dá uma leve acelerada e me sinto como uma adolescente que está
prestes a conhecer seus ídolos de índoles duvidosas.

Ridículo.

Abby é a primeira a entrar na cozinha.

— Ela chegou. — Entramos logo atrás e nos deparamos com um deles


colocando cerveja em um freezer. — E suas amigas.

Ele olha em nossa direção e me dou conta que é Aiden, o jogador de


Hóquei. Ele é mais bonito pessoalmente com seu cabelo castanho
bagunçado e seu sorriso largo.

— Essas são Brooke e Dakota.

Aiden e eu trocamos um breve olhar e um sorriso. É algo inocente. Por


enquanto, é inocente. Eu olho para o outro cara que também está na cozinha
e o reconheço imediatamente, Josh, o jogador de beisebol. Ele é o loirinho
que aparenta ser metido. Ele está olhando fixamente para Dakota, como se a
conhecesse, olho para a minha amiga e ela o está encarando com um sorriso
forçado. Eles se conhecem?

— Vocês se conhecem?

Abby faz a pergunta que está ecoando em minha mente.

— Nós estamos fazendo teatro juntos.

Franzo minha testa ao ouvir a resposta de Dakota. Ela faz teatro?

— Desde quando vocês fazem teatro?

Abby pergunta e eu olho de Dakota para Josh tentando entender o que está
acontecendo. Eu perdi algo?

— Segundo a minha professora de artes precisava desenvolver minha


relação com as pessoas.

Dakota responde.

— E eu preciso de horas.

Josh se justifica e ficamos em silêncio. Abby e eu continuamos sem


entender nada. É Aiden a acabar com o silêncio.

— Se são amigas da Abby são minhas amigas. — Sorri e pisca em nossa


direção. — Sintam-se em casa.

Sorrio de volta e entro completamente na cozinha, que é toda equipada com


eletrodomésticos em inox e armários em preto, há uma ilha no meio do
espaço com alguns bancos de frente para o balcão e é até lá que eu vou e me
sento. Dakota se senta ao meu lado e eu encaro Aiden que está à minha
frente.

— Pode deixar, bonitão.

Aiden sorri, espalma suas mãos na ilha e curva seu corpo para a frente até
ter o rosto a centímetros do meu.

— Gostei disso, gata.

Ele está disposto a flertar e isso me anima. Ele olha em meus olhos e o
encaro. Seus olhos brilham e seu sorriso

aumenta. Ótimo.

— E Ethan e Dylan?

Escuto a voz de Abby, porém continuo encarando Aiden, ele também não
olha para minha amiga.

— Sentindo minha falta, bonitinha?

Dessa vez, é uma voz diferente, então desvio minha atenção de Aiden e
olho para o lado. Ethan é quem está falando e ele é o quarto integrante das
estrelas do alabama, que junto com Dylan, o jogador de basquete, estão
cruzando a porta e entrando na cozinha.

Ethan caminha na direção de Abby e os dois trocam algumas farpas, é


interessante assistir os dois, você não sabe se eles estão prestes a se
beijarem, ou a se matarem.

Assim que eles terminam com a tensão sexual/briga, Abby se vira em nossa
direção e nos apresenta Ethan e Dylan. Com as apresentações feitas nos
sentamos todos ao redor da ilha e ficamos conversando e bebendo até que
outras pessoas comecem a chegar.

Os meninos são legais e Aiden e eu trocamos vários olhares durante a noite.


Ele é bonito, tem bom humor e faz
totalmente o meu tipo.

Aos poucos a casa fica repleta de pessoas e Dakota, Abby e eu vamos para
a sala dançar enquanto seguimos bebendo.

Dançamos por um tempo até que Abby parece estar chateada com algo e vai
buscar mais bebida. Dakota e eu ficamos e continuamos dançando.

Estou dançando quando sinto alguém se aproximar e um arrepio percorre


meu corpo, ao olhar para trás me deparo com Aiden. Meu olhar encontra o
seu e sorrimos, então me viro completamente na sua direção ficando de
frente para ele e começamos a dançar.

Suas mãos pairam sobre minha cintura e levo as minhas até o seu pescoço.
A música, o ambiente e o álcool que já ingerimos ajuda a deixar tudo mais
eletrizante e quando sua boca se aproxima do meu pescoço não desvio e
muito menos hesito.

Aiden

Observo Brooke a amiga de Abby dançar. Ela é bonita, animada,


divertida...e chama minha atenção. Seu cabelo está preso e balança de um
lado para o outro, acompanho cada movimento seu enquanto bebo a minha
cerveja apoiado com meu corpo na parede.
Desde que meus olhos encontram os seus ela me cativou, algo nela
transmite confiança, sensualidade e me puxa na sua direção, além de claro
ser linda. Seus olhos são castanhos, seus

lábios finos, e seu cabelo é castanho e curto. Descolada e ousada.

Como ela me chamou de bonitão e continuou me encarando quando a


encarei talvez esteja disposta a flertar. É

com esperança de que não seja o único a querer algo mais que caminho na
sua direção assim que Abby se afasta.

Ela está dançando e me aproximo, e quando percebe minha presença olha


para trás e meu olhar encontra o seu, ela sorri e eu sorrio também. Ela se
vira ficando de frente para mim e eu começo a dançar no mesmo ritmo que
ela.

Sou um péssimo dançarino, mas me esforço para a acompanhar.

Não

trocamos

nenhuma

palavra,

porém

continuamos nos encarando. É o tipo de troca que deixa claro que estamos
dispostos a testar o quanto temos de química.

Brooke é linda, sensual e alguém com quem adoraria terminar a noite.

A música está ecoando pelo local, pessoas bebem e dançam ao nosso redor,
apesar de ter álcool em meu sistema ainda estou sóbrio o suficiente para ser
responsável pelos meus atos e aparentemente Brooke está no mesmo estado
e é por isso
que levo minhas mãos até sua cintura, ela não se afasta, pelo contrário, se
aproxima e enrola as mãos ao redor do meu pescoço. É o sinal que eu
preciso.

Abaixo minha cabeça até ter meus lábios a centímetros do seu pescoço, eu
respiro fundo sentindo seu perfume, toco sua pele primeiro com meu nariz e
só depois de alguns segundos deixo um beijo logo abaixo da sua orelha.
Estou de olhos abertos e vejo sua pele se arrepiar, eu sorrio e a beijo outra
vez.

Brooke inclina sua cabeça para o lado e amplia meu acesso à sua pele,
distribuo beijos pelo seu pescoço e os subo até estar com meus lábios a
centímetros do seu.

Antes de continuar me lembro de olhar em seus olhos e procurar por


alguma resistência, não encontro nenhuma, pelo contrário, seus olhos estão
brilhando e me encarando intensamente. Ela quer tanto quanto eu. Olho em
seus olhos por alguns segundos e ela ergue suas sobrancelhas.

— Você irá me beijar, ou não?

Ela é impaciente. Eu sorrio, faço mais alguns segundos de suspense e


enfim, cubro sua boca com a minha.

O primeiro contato é devagar, é mais um reconhecimento e um teste dos


limites que podemos ultrapassar. Seus lábios são macios, seu beijo é firme e
ao mesmo tempo ela permite que eu dite o ritmo, ela me acompanha e não
demoramos a intensificar o beijo.

Fecho meus olhos e minha língua pede passagem, ela cede e entramos em
um duelo, que se torna cada vez mais arrojado. Suas mãos arranham meu
pescoço, eu aperto sua pele, subo uma das minhas mãos até sua nuca e a
mantenho pressionada contra meu corpo.

Seu peito toca o meu, suas pernas estão entre as minhas e ela continua
rebolando no ritmo da música. Paramos apenas um segundo para recuperar
o fôlego e voltamos a nos beijar. O
desejo e a vontade por mais aumenta e a cada beijo nos tornamos mais
insanos.

Puxo seu rabo de cavalo e a afasto, abro meus olhos, ela faz o mesmo e me
encara com os olhos repletos de luxúria. Eu sorrio e mordo seu lábio
inferior, solto-o devagar e meus dentes raspam o seu lábio. Sua respiração
se altera e sinto seu peito subindo e descendo cada vez mais rápido.

Ela continua olhando em meus olhos e assim que liberto seu lábio volto a
cobrir sua boca com a minha. Entrego tudo de mim, esquecendo-me de
onde estamos e de todos ao nosso redor, Brooke parece fazer o mesmo,
porque geme entre nossos beijos e quando levo minha mão até sua bunda
não a afasta.

Não sei por quanto tempo continuamos nos beijando, mas é tempo
suficiente para que uma necessidade por mais ecoe em meu corpo. Aperto
sua bunda e ela geme em meus lábios.

Droga!

Brooke continua dançando e sente minha ereção. Aperto sua bunda mais
uma vez e seguro sua nuca enquanto tento manter o meu controle. Não
precisamos de pressa. Está tudo bem.

Ela me provoca descendo sua mão pelo meu peito e parando perto da frente
da minha calça. Afasto minha boca alguns centímetros e apoio minha testa
na sua.

— Se você não quiser subir para o meu quarto nesse instante é melhor não
me provocar.

Ela sorri e dá um passo para trás.

— Ainda não, bonitão.

Fica de costas e minha mão deixa sua bunda. O que ela irá fazer? Afastar-
se? Ir embora?
Brooke fica onde está, ela dá um passo para trás, apoia suas costas em meu
peito, pega minhas mãos e as deixa na sua cintura. Ela dança e rebola no
ritmo da música, eu a acompanho e distribuo beijos pelo seu pescoço.

Ela me provoca e eu fico doido por ela cada vez mais.

Nós dois estamos suando e com as respirações alteradas quando ela se vira
ficando de frente para mim e faz um biquinho com seus lábios.

— Estou com sede.

Beijo a ponta do seu nariz.

— Vamos buscar algo para bebermos, então.

Entrelaço sua mão na minha e vamos para a cozinha. Eu pego e encho dois
copos com cervejas e voltamos para a sala.

Nós continuamos próximos um do outro, apoio minhas costas na parede e


ela se apoia em meu peito. Trocamos alguns beijos e minha mão sobe e
desce pelo seu braço.

— Eu não pretendia ficar de casal.

Vira seu rosto e sorri, eu pisco em sua direção.

— Eu sei, sou irresistível.

Revira seus olhos, mas segue sorrindo.

— Bem que a Abby avisou que vocês são egocêntricos.

Aperto sua cintura e passo meu nariz pelo seu pescoço.

— Isso é uma calúnia.

Mordo o lóbulo da sua orelha e ela se encolhe, então sorrio e por fim beijo
seus lábios. Ela se vira ficando totalmente de frente para mim e nos
beijamos. Seus lábios têm gosto de cerveja e de luxúria.
Eu os devoro até que somos interrompidos por Josh e Dylan, que param ao
nosso lado e me afasto de Brooke assim que percebo a presença dos dois
idiotas.

— Vocês estão me atrapalhando.

Brooke ri e volta a ficar com as costas em meu peito.

— Você não perde tempo mesmo.

Josh debocha e dou de ombros.

— Nunca perco uma oportunidade.

Pisco na sua direção e ele apenas balança a cabeça de um lado para o outro.

— Vou socorrer a minha amiga.

Brooke sorrindo se afasta e vai até Dakota que está conversando com um
cara e pela expressão em seu rosto não está nem um pouco feliz.

— Boatos que Ethan e Abby estão no Beer Pong.

Viro-me para Dylan e ergo minhas sobrancelhas.

— Mesmo com o ombro deslocado?

Meu primo pode ser o melhor no jogo, mas caralho ele está com o braço
deslocado.

— Mesmo com o braço deslocado.

Dylan confirma e balanço minha cabeça.

— Ethan é maluco.

Brooke e Dakota se aproximam, a ruiva fita Josh com certo olhar de raiva,
encaro meu amigo curioso e ele apenas dá de ombros. É óbvio que esses
dois escodem alguma coisa.
— Precisamos de mais cerveja.

Dylan grita e nenhum de nós protesta, então vamos para a cozinha e assim
que entramos no cômodo encontramos Ethan e Abby, os dois não parecem
estar brigando pelo contrário pela

primeira vez desde que Abby está supervisionando Ethan eles parecem estar
tendo uma conversa civilizada.

É claro que os provocamos e descobrimos que Abby perdeu uma aposta e


agora será obrigada a dar uma chance para Ethan ser seu amigo, é algo que
quero ver meu primo desenrolar.

Continuamos conversando e bebendo. Bebemos mais do que deveríamos e


estamos todos tontos, rindo por qualquer motivo e nada faz mais sentido.
Vamos para a sala e puxo Brooke para dançar, ela não hesita e passa seus
braços pelo meu pescoço.

Olho em seus olhos e eles estão brilhando. Ela está sorrindo e está tão
bonita.

— Você é linda.

Ela sorri e aproxima sua boca da minha.

— Você também é lindo, na verdade, sempre achei você o mais bonito.

Paramos de dançar e apenas seguro sua cintura enquanto tenho minha testa
apoiada na sua.

— O mais bonito?

— Das estrelas do Alabama.

Eu sorrio satisfeito e a beijo. Mais uma vez, seus lábios recebem os meus e
minha língua explora a sua boca. O sabor amargo da cerveja deixa o beijo
ainda melhor e nos perdemos um no outro. Minhas mãos descem e sobem
pela sua barriga, ela coloca as suas por dentro da minha camisa e arranha
meus ombros. Brooke se afasta alguns centímetros e morde meu lábio
inferior.

— Agora, está na hora de você me levar para o quarto, bonitão.

Dou um passo em frente e a obrigo a dar um para trás.

— Seu pedido é uma ordem, gata.

Guio-a para meu quarto enquanto beijo seu pescoço, os pedaços de pele que
não estão cobertos pela blusa, seu rosto e seus lábios. Quase caímos quando
estamos subindo as escadas, porém conseguimos nos equilibrar, somente
rimos e ficamos um tempo nos beijando enquanto tenho as costas apoiadas
na parede.

Ela se vira ficando de costas para mim quando estamos em frente à porta do
meu quarto, então ela empurra sua bunda contra minha ereção enquanto a
abro.

— Você é uma maldita provocadora.

Mordo seu pescoço assim que entramos no quarto.

— Não é sempre que temos a chance de estar com uma estrela da UA. [2]

Vira-se e me encara com malícia.

— Prometo te fazer enxergar estrelas, gata. — Pisco na sua direção e ela


joga a cabeça para trás e ri. Eu me aproximo e a puxo na direção do meu
corpo. — Não ria de mim.

Para de rir e morde seu lábio inferior por alguns segundos.

— Desculpe, mas essa sua cantada foi péssima.

Sorrio e dou passos em frente a guiando na direção da cama.

— Realmente foi.
Suas pernas tocam a cama, então ela se joga sobre ela e praticamente me
leva junto, preciso deixar minhas mãos sobre o colchão ao seu lado. Brooke
toca meu peito e me encara com malícia.

— Me faça esquecer essa cantada.

Abaixo-me e deixo minha boca a centímetros da sua.

— Seu pedido é uma ordem.

Minha boca encontra a sua e a beijo até que sinta meus lábios dormentes.
Minhas mãos seguem sustentando seu peso e ela desce as suas pelo meu
corpo e quando paira sobre a frente das minhas calças um gemido deixa
meus lábios. Ela curva sua boca em um sorriso e paro com o beijo. Abro
meus olhos e encontro os seus, eles estão tão escuros quanto os meus.

Brooke puxa meu zíper para baixo e enfia sua mão dentro da minha cueca.
Engulo em seco e quando ela me toca preciso me concentrar para não
fechar meus olhos e deixar me perder nas sensações que percorrem meu
corpo.

Respiro fundo e ela sorri vitoriosa. Um gemido me escapa e antes que ela
prossiga e me faça gozar em sua mão, seguro seu pulso e afasto.

— Quando eu gozar será dentro de você.

— Mais ação, menos palavras.

Sorrio, apoio meu corpo em minhas pernas e fico de joelhos na cama com
ela entre mim. Não desvio meus olhos dos seus e levo minhas mãos até a
barra do seu vestido, puxo-a e Brooke inclina seu corpo para cima para que
possa tirá-la do seu

corpo. Assim que jogo o tecido para o lado foco meus olhos em seus seios
empinados.

Eu volto a me curvar em sua direção e paro com minha boca a centímetros


do seu seio direito. Minha respiração atinge sua pele e ela se arrepia.
Continuo sem tocá-la e sua respiração se altera.
— Você está me torturando, Aiden.

Sua voz soa ofegante e continuo sem tomá-lo em minha boca, demoro mais
alguns segundos e só o faço quando ela sobe suas mãos pelas minhas costas
e toca minha cabeça incentivando-me a fazer logo o que ela quer e precisa.

Cubro seu seio com minha boca, chupo e comprimo seu bico com meus
lábios. Provoca-o até que ela traz seu corpo na direção do meu e tenta
aplacar a necessidade que está se formando no meio das suas pernas.

Ela geme e quando seus gemidos se tornam mais reincidentes, afasto-me e


ela protesta. Eu desço pelo seu corpo, beijo sua barriga e traço a borda da
sua calcinha com minha língua. Posso sentir seu cheiro e a frente da sua
calcinha está molhada.

— Caralho, Brooke, você me quer tanto quanto eu te quero.

Enrolo o tecido em meus dedos e o desço pelas suas pernas. Sigo beijando
sua pele e só paro quando estou no fim da cama. Depressa, eu fico em pé,
tiro minha roupa, pego uma camisinha no móvel ao lado e volto a me
debruçar sobre ela.

Beijos seus lábios enquanto minhas mãos descem pelo seu corpo, meus
dedos alcançam o seu interior e a encontro encharcada.

— Porra, Aiden.

Meus dedos entram e saem de dentro dela enquanto ela inclina o corpo na
direção da minha mão. Eu afasto minha boca da sua, abro meus olhos, ela
geme e observo seu rosto. A sua expressão e a forma como aperta meus
dedos dizem que ela está perto de gozar, por isso eu paro, pego a camisinha,
coloco-a e me guio para dentro dela.

Suspiro assim que a penetro e ela abre seus olhos, apoio minha testa na sua
e Brooke enrola suas pernas ao redor da minha cintura fazendo com que a
posição se torne ainda mais prazerosa.
Saio e entro de dentro dela e nós dois gememos. Palavras desconexas
deixam a boca de Brooke, assim como eu falo alguns palavrões. Caralho, é
demais.

Levo meu dedo ao seu clitóris e o toco até que ela me aperte e goze. Eu
preciso apenas de mais algumas estocadas para gozar também. Jogo-me
para o lado e fecho meus olhos.

Minha mente está em outro lugar e meu corpo está desfrutando da sensação
pós-orgasmos.

Eu preciso de alguns segundos até me recuperar e conseguir tirar a


camisinha, assim que amarro a ponta do látex, levanto e a jogo no lixo. Ao
olhar para a cama me deparo com Brooke de lado, agarrada a um dos meus
travesseiros e de olhos fechados.

Caralho, ela é linda e porra, com certeza foi uma das melhores transas que
tive nos últimos tempos.

Sorrindo me deito ao seu lado, fecho meus olhos e adormeço. Ao acordar


pela manhã Brooke não está mais na cama.

Brooke
Acordo quando o Sol está nascendo, Aiden segue dormindo ao meu lado.
Bocejando, com a cabeça doendo e com a garganta seca deixo a cama, pego
meu vestido que está jogando no chão, o tênis que tirei e Aiden nem
percebeu, visto-me e saio do seu quarto.

O sexo foi ótimo e seria algo que com certeza repetiria, algumas figurinhas
são tão bonitas e raras que devem ser

repetidas, infelizmente não é todo homem que sabe fazer uma mulher gozar.

Não há mais música e não encontro mais ninguém pela casa, só Ethan e
Abby dormindo abraçados no sofá no canto da sala, eu sorrio com a cena,
minha amiga realmente bebeu muito.

Dakota já deve ter ido embora, mas mesmo assim vou até a porta de
entrada, abro-a e olho para fora. Para minha surpresa o carro da minha
amiga está em frente à casa dos meninos, franzo minha testa e volto para
dentro. Onde será que ela está?

Será que ela dormiu com algum deles?

Eu vou até a cozinha beber água e pela porta aberta que leva até o jardim
vejo Dakota sentada em uma espreguiçadeira e olhando fixamente em
frente.

Bebo água e saio em sua direção. Ela parece concentrada, ou seria


distraída? Ela não percebe minha aproximação e continua olhando em
frente, na direção em que o Sol está nascendo.

— Hey.

Olha para trás assustada e sorri ao se dar conta que sou eu.

— Hey, Brooke.

Sento-me na espreguiçadeira vazia que há ao seu lado.

— Achei que você já tinha embora.


Dá de ombros.

— Estava esperando o efeito da bebida passar.

Assinto e encaro minha amiga. Eu conheço Dakota e Abby há pouco mais


de um ano, encontrei-as quando estava procurando um lugar nas habitações
residenciais do campus, respondi um formulário e o sistema me direcionou
para elas, eu tive uma conexão imediata com elas e no tempo em que
convivemos aprendi a conhecê-las e por esse motivo sei que há algo errado
com Dakota.

— Você está bem?

— Sim.

Sorri, mas é um sorriso forçado.

— Certeza?

Assente e fica em pé.

— Apenas cansada, vou para casa, você vem ou irá ficar?

Eu fico em pé.

— Vou com você.

Nós duas seguimos para dentro da casa e na direção da porta.

— Abby ficará maluca quando acordar abraçada a Ethan.

Dakota para assim que a última palavra deixa sua boca, olha na direção dos
dois e eu faço o mesmo.

— Aparentemente essa história de amizade entre eles é real.

Dakota concorda comigo e suspira.

— Devemos acordá-la?
Balanço a cabeça negando.

— Eu realmente acredito que ela precisa se entender com ele.

Deixamos nossa amiga continuar dormindo e vamos para o carro.

— Você ficou com Aiden, não é?

Dakota pergunta assim que ocupa seu lugar em frente ao volante e eu me


sento no banco ao seu lado.

— Sim, nós transamos.

Sorrio animada ao me lembrar do momento que dividimos.

— Pela sua expressão posso presumir que foi bom.

Apoio minha cabeça contra o ombro

— Foi incrível.

Escuto o som da risada de Dakota.

— Irá repetir?

É a minha vez de sorrir.

— Quem sabe. — Dou de ombros. — Se a oportunidade surgir...

— Vocês pelo menos trocaram números de telefone?

Dakota só está me perguntando isso, porque me conhece.

Ela sabe que não costumo pegar número de telefone dos caras com quem eu
fico, se for para acontecer de novo o universo fará questão de nos
aproximar outra vez.

— Não.
Olho para o lado e minha amiga tem a testa franzida enquanto dirige na
direção do nosso apartamento.

— Eu acho que vocês combinam.

Estreito meus olhos quando me dou conta de que Dakota está criando
histórias românticas em sua cabeça.

— Nada irá acontecer entre nós, Dakota.

Dá de ombros.

— Como você pode ter certeza?

Sorrio maliciosa.

— Tudo que eu quero é me divertir e aposto que Aiden também.

Dakota é a romântica de nós três e sempre vê mais romance do que


realmente existe nas situações. Nem Abby e nem eu, procuramos um
relacionamento amoroso, mas Dakota sim, uma pena que minha amiga não
tenha tanta sorte assim no amor.

— Nunca se sabe quando o amor irá surgir.

Balanço minha cabeça e sorrio, não que não queira encontrar alguém para
amar um dia, só não será por agora, pelo amor de Deus, eu tenho vinte anos
e uma vida toda pela frente.

— Por enquanto, amor e eu andamos em estradas diferentes.

— Nunca se sabe quando as estradas irão convergir e se encontrar.

Continuo negando.

— Definitivamente, não irá acontecer.

...
Em duas semanas Aiden e eu não voltamos a nos encontrar. O máximo que
aconteceu foi passarmos a nos seguir no Instagram e curtir os stories um do
outro, algumas vezes trocamos algumas palavras por direct, mas nada muito
uau.

Entre provas, trabalhos e a conclusão de alguns desenhos faz com que eu


tenha as duas semanas mais quietas da minha vida. Nenhuma festa, nenhum
cara. Absolutamente, nada.

Prometo a mim mesma que essa sexta-feira será diferente, porém saio de
uma aula sobre práticas de arte contemporânea exaustiva, deixo o prédio
derrotada como se um carro tivesse passado por cima de mim e dirijo para
casa praticamente arrastada.

Ao abrir a porta do nosso apartamento me deparo com Dakota sentada no


sofá lendo um de seus livros de romance, ela o coloca de lado assim que eu
entro.

— Você parece acabada.

Eu suspiro, fecho a porta, vou até ela e me jogo ao seu lado.

— Estou morta.

Apoio minha cabeça contra o estofado e fecho meus olhos.

— Então, vai recusar o convite de Abby?

Abro meus olhos e me viro curiosa para Dakota.

— Convite?

— Não leu as mensagens que ela enviou no nosso grupo?

Ergue suas sobrancelhas, eu balanço minha cabeça e no mesmo instante


pego meu celular. Realmente, há uma mensagem de Abby.

“Os meninos irão preparar meu prato preferido/Costela de porco e molho


barbecue, vocês não querem jantar com a gente?
P.S Faz tanto tempo que não janto com as minhas amigas e queria muito
vocês aqui.”

Pondero sobre o convite, eu estou cansada, mas faz malditas duas semanas
que estou em casa. Além do mais posso encontrar Aiden, ainda me lembro
perfeitamente da nossa noite e

porra, eu gostaria de repeti-la. Continuo com o celular em mãos, mas desvio


meus olhos e encaro Dakota.

— Você irá?

Ela morde seu lábio inferior por alguns segundos.

— Não sei.

— Você não parece muito empolgada.

— Quando eu estou muito empolgada para sair?

Sorri tentando me convencer que é só isso. Dakota realmente não é muito


de sair, porém há algo mais.

— Você está escondendo algo uma coisa.

— Juro que não estou.

Ela parece determinada a não falar por isso não insisto e mudo de assunto.

— Eu confesso que estou muito cansada, porém estou extremamente


entediada de ficar em casa.

Faço um biquinho com meus lábios e Dakota ri.

— Realmente é o seu recorde: duas semanas em casa.

— Então, vamos? — Ela assente. — Ok, eu vou tentar tirar um cochilo e


podemos ir lá pelas sete, o que acha?
Dakota assente mais uma vez e eu deixo o sofá.

— Estou indo tentar descansar.

Aceno para minha amiga e vou para meu quarto, jogo minha mochila de
qualquer jeito sobre a minha mesa de estudo e me deito na cama. Envio
uma mensagem para Abigail dizendo que iremos jantar com eles, somente
depois fecho meus olhos e não demoro a estar dormindo.

Ao acordar, uma hora depois, estou um pouco mais disposta. Eu me levanto


e vou para o banheiro, tomo um banho, volto para o quarto e visto uma
camisa, uma saia jeans e tênis. Já que é somente um jantar deixo meu
cabelo molhado, pego apenas meu celular, carteira e os jogo dentro da
minha bolsa preta, de lateral e pequena.

Eu vou para a sala e não encontro Dakota, então me sento no sofá e espero
por ela. Enquanto a espero, pego meu celular, envio mensagem para Abby
avisando que daqui a pouco estaremos lá e confiro minhas redes sociais.
Estou com o aparelho em mãos quando recebo uma mensagem de Aiden em
meu Instagram.

“Soube que você virá jantar aqui em casa...”

Sorrio e o respondo imediatamente.

“Daqui a pouco estou aí e tente não ficar ansioso pela minha chegada.”

Espero sua próxima mensagem e continuo encarando o celular com nossa


conversa aberta.

“É óbvio que estou esperando ansioso, gatinha.”

Não digito mais nada, porque Dakota me interrompe.

— Estou pronta, vamos?

Olho para o lado e minha amiga está saindo do corredor.

— Vamos.
Fico em pé, guardo meu celular na bolsa novamente e deixamos nosso
apartamento. Dessa vez, vamos no meu carro e sou eu quem dirijo. Quando
chegamos não fico tão impactada quando estaciono na frente da mansão que
Aiden divide com seus três amigos.

Dakota e eu seguimos até a porta, apertamos a campainha e alguns


segundos depois é Abigail a aparecer para nos recepcionar. É nítido o
quanto minha amiga está à vontade, principalmente agora que ela não odeia
mais Ethan, ela tentou odiar o jogador de futebol americano, mas não
conseguiu.

— Olha só, Dakota ela já age como se a casa fosse dela, será que iremos
perder a nossa colega de apartamento?

Abby revira seus olhos enquanto Dakota e eu abraçamos nossa amiga e


entramos na casa. Assim que ela fecha a porta segue em frente na direção
da cozinha e nós a seguimos. Eu continuo a provocando, porque ela está
passando mais tempo aqui do que em nosso apartamento.

Vamos até a cozinha e encontramos os meninos, Dylan, Josh, Ethan e


Aiden. Encaro os quatro, aceno para eles, porém é em Aiden que fixo meu
olhar.

— Hey, jogadores.

Eles acenam na nossa direção. Abby e Dakota se sentam ao lado de Ethan e


eu me aproximo de Aiden, Josh e Dylan que estão de frente para o balcão e
para os três que estão sentados.

Paro entre Josh e Aiden e toco as costas dos dois. Costas malhadas e
grandes. Eles têm várias qualidades, quais os defeitos desses homens?

— Eu acho um máximo vocês cozinharem, ricos, famosos, jogadores e bons


na cozinha, qual é o defeito deles?

Olho para Abigail que me encara com uma expressão de deboche.

— Eles não prestam.


Eu sorrio da resposta da minha amiga.

— Isso não é verdade, eu sou o genro que toda mãe quer.

Dylan tenta se defender.

— Eu estou cozinhando para você e você me caluniando, Abby.

É a vez de Josh se defender e Aiden é o último.

— Você está sendo ingrata, Abby, eu te trato como uma princesa.

Ela apenas os encara com as sobrancelhas erguidas.

— Bom, se minha amiga está dizendo, eu acredito nela. —

Afasto-me dos meninos e vou até a geladeira. — Vocês têm cerveja?

— É claro, gatinha.

É Aiden quem me responde e sorrio maliciosamente.

— Você nunca me decepciona, bonitão.

Eu abro a geladeira e pego três garradas de cerveja.

Sento-me de frente para Ethan, Dakota e Abigail. Eu dou uma cerveja para
Dylan dividir com Josh, Aiden e eu dividimos outra, e a última fica com
Dakota e Abby já que Ethan não está bebendo, porque está medicado.

Josh, Aiden e Dylan cozinham e nós cinco ficamos conversando sobre os


mais variados assuntos. Aulas, festas e esportes, é impossível não falar
sobre esporte quando se está com um jogador de futebol americano, um
jogador de basquete, um de hóquei e um de beisebol.

Em certo momento inclusive estamos falando de mais de um assunto ao


mesmo tempo. Dylan fala sobre como está sendo a experiência de ser
capitão do time e eu estou contando sobre a festa de Halloween que fui ano
passado e é nesse momento que Aiden interrompe a todos com um grito.
— Nós deveríamos fazer uma festa de Halloween.

— Ainda faltam semanas para o Halloween.

Dakota e Josh falam ao mesmo tempo e minha amiga faz uma careta. Eu
sorrio animada, porque gosto da ideia de uma festa, posso até mesmo me
candidatar para ajudar.

— O que é perfeito, porque nos dá a chance de organizar algo grande.

Faço um sinal de aprovação na direção de Aiden com a cerveja que tenho


em mãos.

— Eu gosto da sua ideia e posso ficar responsável pelos convites.

Dylan se voluntaria.

— Eu quero ficar com as bebidas.

Josh também se manifesta e então um por um decidimos o que cada um


fará. Aiden e eu ficaremos responsáveis pela decoração. Estamos animados
e mesmo quando a comida fica pronta continuamos conversando sobre a
festa enquanto jantamos. E assim que terminamos vamos para o jardim,
levamos cerveja em um cooler, nos sentamos nas espreguiçadeiras e
continuamos planejando como será a nossa festa de Halloween.

Bebemos todas as cervejas e eu corro até a cozinha para pegar mais. Minha
visão está começando a ficar embaçada e estou um pouco tonta, não
completamente bêbada, porém um pouco alcoolizada.

Ao voltar para o jardim, Aiden me olha, eu olho para ele, então largo as
cervejas no cooler e vou até ele. Eu me sento em seu colo e ele toca minha
cintura com suas mãos. Apoio minhas costas em seu peito e ele afasta meu
cabelo para o lado para beijar meu pescoço.

Meu corpo se arrepia e é como se uma corrente elétrica estivesse passando


por mim. Ele continua distribuindo beijos pela minha pele enquanto
bebemos. Eu gosto do seu toque e de como me sinto com ele, é como se
Aiden soubesse exatamente onde me tocar.
Minha cabeça está sobre seu ombro e eu fito a piscina.

Ninguém está conversando mais e ficamos em silêncio. É uma noite quente,


seria ótimo entrar nessa piscina.

— Eu deveria aproveitar essa piscina.

— Minha casa é sua casa, gata.

Sorrio maliciosa e olho para o seu rosto.

— Você sempre sabe o que falar, bonitão.

— Piscina, então?

— Piscina.

Assim que a palavra deixa minha boca Aiden fica em pé.

— Nós estamos indo para a piscina.

Comunica os amigos e não espera por uma resposta, caminha comigo em


seu colo e pula na água. Sorte que meu celular não está em meu bolso.

Com o impacto me desvencilho dos seus braços e afundo, eu fico alguns


segundos sob a água e assim que emergimos, Aiden se aproxima. Ele tem o
cabelo molhado e gotas de água estão escorrendo pelo seu rosto.

Gostoso.

Traz suas mãos até a minha cintura e eu levo as minhas até seu pescoço.
Nós dois sorrimos e sua boca cobre a minha. É

um beijo molhado com gosto de cerveja, seus lábios são o suficiente para
despertarem cada célula do meu corpo.

Aiden afasta sua boca da minha quando uma explosão de água acontece ao
nosso redor, eu olho para o lado e me deparo com Dylan e Josh, eles
pularam na piscina.
— Acho que estamos atrapalhando o casal.

Dylan debocha enquanto os dois se aproximam de nós.

— Realmente estão atrapalhando.

Aiden concorda, porém eles continuam se aproximando.

— Não nos importamos.

Josh dá de ombros e Aiden revira seus olhos, eu apenas sorrio e continuo


com as minhas mãos na nuca de Aiden. Os dois jogam água em nós dois,
então Aiden se vira de costas e me protege, escondo minha cabeça em seu
peito e sinto suas mãos segurando minhas costas e meu corpo com força.
Assim que seus amigos param, ele se afasta de mim, volta a encará-los e
joga água na direção dos dois.

Eu vou até a borda da piscina e apoio minhas costas contra o azulejo, fico
observando os três tentando se afogar e fingindo estarem brigando. A risada
dos três ecoa pelo jardim e desvio o olhar deles quando Abby e Ethan ficam
em pé e caminham para dentro de casa, eles parecem bem íntimos e me
pergunto quando minha amiga irá perceber que ela gosta do quarterback e
não somente como amiga...

Dylan deixa a piscina e Josh me chama, eu olho para ele, que aponta para
Dakota dormindo na espreguiçadeira.

— Irei levar sua amiga para dormir em uma cama.

Franzo minha testa.

— Josh...

— Apenas vou levá-la para dormir.

Ele me interrompe antes que continue.

— Se você fizer algo para minha amiga, eu castro você.


Ele assente e deixa a piscina, observo-o se aproximar de Dakota e chamá-la,
ela parece dizer algumas coisas nada agradáveis para ele. O que acontece
entre esses dois? Apesar dos xingamentos que parecem trocar minha amiga
levanta e o acompanha para dentro de casa.

— Enfim, sós.

Aiden para à minha frente e olho em seus olhos.

— Estava ansioso para isso?

Diminui ainda mais a distância entre nós dois.

— Desde o instante que eu te vi.

Seus lábios se encostam levemente nos meus enquanto suas mãos


encontram minha barriga. Novamente, um arrepio percorre meu corpo e sei
que não tem nada a ver com a temperatura da água.

Minha boca procura pela sua e nossas línguas duelam.

Fecho meus olhos e deixo que meu corpo comande minhas

ações. Esqueço-me de tudo e me concentro apenas em Aiden e nas


sensações que ele me desperta.

Suas mãos descem e sobem pela minha barriga até que ele abre o meu short
e seus dedos descem até o meio das minhas pernas. Ele empurra minha
calcinha para o lado e me toca, primeiro, delicadamente, só um encostar,
mas é o suficiente para me fazer desejar mais. Ele continua me
pressionando levemente, suspiros e gemidos escapam dos meus lábios,
então seus beijos descem para meu pescoço e ele sussurra em minha orelha.

— Você irá subir comigo para meu quarto?

Preciso me concentrar para respondê-lo e quando consigo minha voz está


totalmente diferente do que o normal.

— Eu vou.
Aiden

Assim que escuto sua resposta afasto meus dedos do meio das suas pernas e
levo minhas mãos até suas coxas, faço com que ela enrole suas pernas ao
redor da minha cintura e a carrego para longe da piscina. Eu caminho com
ela em meu colo e ela apoia sua testa na minha.

— Olha como ele é forte.

Ela zomba e mordo seu lábio inferior. Preciso me concentrar para carregá-
la, olhar em seu rosto e encostar meus lábios em sua pele e não cair, ou
tropeçar. Não ligo e deixamos um rastro de água por onde passamos, ela só
deixa meu colo quando estamos subindo as escadas, então olha em frente e
apoia as costas contra meu peito.

Subo os degraus beijando seu pescoço e sua pele à mostra pela blusa que
está usando.

— Você é linda.

Mordo o lóbulo da sua orelha e ela se encolhe e sorri.

— Você deve dizer isso para todas.


Todas é uma palavra muito ampla, mas com certeza ela não é a primeira
para quem digo algo assim.

— No momento você é a mais bonita. — Beijo seu pescoço. — É a única


que importa.

Não minto.

— Você realmente é bom com as palavras.

Sorrio da ironia da palavra e beijo mais uma vez seu pescoço.

— Nem sempre, nem sempre.

É claro que ela não entende o que estou querendo dizer e somente ri.
Seguimos para o meu quarto e assim que entramos no cômodo a empurro
contra a porta e minha boca cobre a sua.

Beijo-a como se ela fosse tudo o que mais preciso agora e ela me
corresponde da mesma forma. Nada importa no momento a não ser nós dois
e a necessidade dos nossos corpos.

Levo minhas mãos até a barra da sua blusa e me afasto para tirá-la do seu
corpo, jogo-a longe e meu olhar encontra o seu, seus olhos estão brilhando,
inflamados pelo desejo. Não trocamos nenhuma palavra e é a vez de ela
tirar a minha camiseta, assim que o tecido está longe do meu peito suas
mãos sobem pelo meu abdômen e sorri maliciosa.

— Adoro o fato de ser atleta.

Sorrio e aperto sua cintura enquanto meus olhos seguem fixos nos seus.

— Ah, é?

Assente.

— Tanquinho, força, vitalidade...


Subo minhas mãos até suas costas e abro o fecho do seu sutiã, puxo a peça
rendada para longe do seu corpo, ela não

hesita e seus seios ficam à minha disposição. Trago meus dedos até a frente
do seu corpo e ainda olhando em seus olhos brinco com seus bicos
entumecidos, ela suspira e se controla para manter os olhos abertos.

Mantenho-me a encarando e a minha excitação aumenta a cada segundo,


apenas de ouvir sua respiração se alterando e as expressões em seu rosto
mudando.

Diminuo a distância entre nós e minhas mãos continuam a acariciando


enquanto aproximo minha boca da sua pele e beijo seu pescoço. Seus dedos
pairam em minhas costas e ela se inclina na minha direção.

Meus lábios percorrem seu pescoço, sua clavícula, seu peito, seus seios, sua
barriga até que estou de joelhos à sua frente. Engancho meus dedos em seu
short e junto com sua calcinha as empurro para baixo, Brooke as chuta e
fica completamente nua.

Beijo sua coxa e ela suspira, sorrindo me aproximo do meio das suas pernas
e ela traz suas mãos até meus cabelos. Toco-a com a minha língua e sua
respiração se altera ainda mais, ela tenta fechar suas pernas para aplacar sua
necessidade, mas a impeço segurando-as abertas com as minhas mãos.
Empurro

minha língua para dentro dela e ela geme. Um dedo se junta à minha língua
e a fodo com meus dedos. Ela geme, suspira e mantém seu corpo apoiado
na porta.

Eu continuo a explorando até que ela goza, continuo a chupando até que
obtenho o máximo dela que eu consigo no momento, então beijo suas coxas
e fico em pé. Ela está com a cabeça jogada para trás e totalmente apoiada na
porta, seus olhos estão fechados, sua respiração está ofegante, suas
bochechas

coradas
e

seus

lábios

inchados,

porque

provavelmente os mordeu enquanto a tinha em minha boca.

Beijo-a e faço com que ela sinta seu próprio gosto, chupo e mordo seus
lábios, então ela passa suas pernas ao redor da minha cintura e a levo até a
minha cama. Deixo-a esparramada e vou até a cômoda pegar a camisinha,
tiro minha calça e cueca e quando volto a olhar em sua direção ela tem as
pernas abertas, com os pés sobre a cama e me encara.

Não desvio meu olhar do seu enquanto volto. A forma como me olha é
excitante e respiro fundo. Eu deixo a embalagem de camisinha ao seu lado e
pairo sobre ela com minha boca sobre a sua, porém antes que possa beijá-la
ela espalma suas mãos em meu peito.

— Hoje, eu quero sentar em você.

Jogo-me na cama ao lado e sorrio.

— Seu desejo é uma ordem, princesa.

Ela não hesita e sobe em mim, ficando de joelhos e se curvando para a


frente.

— Mas antes quero você em minha boca.

Engulo em seco e meu pau pulsa. Brooke sorri, porque ela sabe o que fez
comigo e se arrasta para baixo. Beija meu peito, minha barriga e por fim
aproxima sua boca do meu pau.
Toca-me com sua língua, estremeço e seguro os fios dos seus cabelos ao
redor dos meus dedos. Raspa seus dentes por toda minha extensão e fecho
meus olhos. E quando me toma completamente em sua boca gemidos e
suspiras escapam entre meus lábios.

Concentro-me nas sensações percorrendo meu corpo e esqueço-me


completamente de tudo. O que importa é o desejo ardente e a luxúria.
Empurro sua cabeça contra mim e ela me leva até o fundo da sua garganta.
Meu pau pulsa e sinto a libertação perto, porém ela para quando estou
prestes a gozar.

— Porra, Brooke.

Abro meus olhos e ela está com as costas eretas e com os joelhos sobre o
colchão, ela sorri e pisca em minha direção.

— Você irá gozar dentro de mim.

Pega a embalagem de camisinha, rasga-a e a coloca em meu pau. Eu a


assisto ansioso e morrendo de vontade de estar dentro dela de uma vez.
Brooke guia meu pau até seu clitóris e o massageia, é uma tentação para nós
dois.

Ela continua nos torturando por alguns segundos e quando enfim me


permiti estar dentro dela nós dois gememos. Ela espalma suas mãos em meu
peito e me cavalga. Nossos gemidos e o som dos nossos corpos se
encontrando ecoam pelo quarto.

Aperto e bato em sua bunda e pelo som que deixa sua boca ela gosta, o que
faz com que faça novamente. Ela me aperta e sei que está perto, então levo
meu dedo até seu clitóris e me controlo para não gozar antes dela. Ela não
demora em chegar a seu orgasmo e eu inverto nossas posições, estoco mais
algumas vezes até enfim gozar.

Apoio minha testa em seu ombro e continuo dentro dela por alguns minutos
curtindo a sensação de prazer total e plenitude que ecoa em meu corpo e em
minha alma.
Porra, essa garota é demais.

Demoro alguns segundos, mas assim que me recupero levanto e descarto a


camisinha. Ao voltar para cama Brooke está de bruços e de olhos fechados.

— Eu preciso ficar assim por alguns segundos e já vou embora.

Sorrio, deito-me na cama e a puxo na minha direção.

— Você pode ficar aqui. — Mordo sua orelha. — E teremos um segundo


round.

— Ótima ideia, bonitão.

Ela fica e realmente temos um segundo round, ainda tomamos um banho e


ela volta para a cama comigo, porém quando acordo pela manhã ela já não
está mais ao meu lado.

...

Depois de ir ao banheiro, eu confiro minha agenda e em seguida deixo meu


quarto e desço para a cozinha, encontro Dylan e Abby. Dylan está
cozinhando e Abby está sentada de frente para ele.

— Bom dia.

Aproximo-me e me sento ao lado de Abby, Dylan sorri e ergo minhas


sobrancelhas.

— Há um motivo para você estar feliz?

O imbecil debocha e reviro meus olhos.

— Idiota, eu estou sendo educado.

Abby inclina seu corpo e empurra meu ombro com o seu.

— Eu concordo com Dylan, você nunca diz bom dia.


Viro-me para o lado e a encaro indignado.

— Até você?

Sorri maliciosa.

— É apenas a verdade, baby.

Analiso-a por alguns segundos e me dou conta que ela está vestindo a
camisa de Ethan.

— Você está usando uma camisa de Ethan, com o nome e número dele.

Ela arrega seus olhos e olha para baixo para seu próprio corpo como se
pudesse fazer desaparecer o tecido que está usando.

— Eu precisava de algo para dormir.

Justifica enquanto suas bochechas assumem um tom de vermelho.

— Vocês transaram?

Pergunto animado e curioso. Será que eu ganhei a aposta?

É a vez de Abby me encarar indignada.

— É óbvio que não.

Ou seja, eu não acertei que ela e Ethan demorariam duas semanas desde a
última festa que fizemos para ficarem, porque é nítido que há uma tensão
entre os dois e não é uma tensão de ódio.

— Perdeu, Aiden, perdeu.

Dylan debocha e eu suspiro.

— O que está acontecendo?


Nós dois nos olhamos sem saber o que responder, porque é óbvio que se
Abby descobrir nossa aposta irá querer nos matar.

Nossa sorte é que somos interrompidos por Ethan.

— O que vocês estão fazendo?

Dylan se vira para Ethan que está caminhando na direção de Abby e sorri.

— Isso é o habitual comportamento de alguém que não está feliz

Dylan claramente está me provocando e Ethan faz uma careta.

— Do que você está falando?

Ele beija o topo da cabeça de Abby, senta-se ao seu lado e ela apoia a
cabeça em seu ombro. Eles são muito um casal e é óbvio que gostam um do
outro.

— Aiden entrou na cozinha hoje dizendo bom dia e Dylan perguntou o


motivo dele estar feliz.

Bufo fingindo indignação.

— Uma pessoa não pode nem ser educado nessa casa.

Ethan ri e balança a cabeça.

— Essa felicidade tem nome?

— Brooke Green.

Abby cantarola o nome da amiga e os idiotas dos meus amigos riem. Eu não
tenho nem como me defender, porque seria apenas pior, ainda mais que já
nos beijamos na frente de todos.

— Suas amigas já foram embora?


Mudo de assunto fazendo uma pergunta óbvia já que elas não estão aqui.
Abby assente.

— Elas tomaram café comigo e foram embora. — Assinto e ela estreita


seus olhos em minha direção. — Não machuque a minha amiga, Aiden.

Sorrio e aponto meu dedo para meu próprio peito.

— Eu, machucar Brooke? — Balanço minha cabeça de um lado para outro.


— Mais fácil ela me machucar, Abby.

A pequena garota que tem sido parte da nossa casa desde que começou a
auxiliar Ethan na sua recuperação dá de ombros e sorri.

— Isso é verdade.

— Eu adoraria ver Aiden apaixonado.

Estreito meus olhos e me viro para Dylan.

— Não me jogue praga.

Nós continuamos nos provocando enquanto tomamos o café e depois de


comer, como tenho prova durante a próxima semana, subo para meu quarto,
tomo um dos meus remédios e me concentro em estudar.

Estudo o máximo de tempo que consigo sem desviar minha atenção para
mais nada, porém depois de três horas se torna insuportável e mesmo
tentando fazer pequenas pausas simplesmente me distraio com qualquer
coisa, então desisto, pego meu celular e confiro minhas redes sociais.

Uma foto de Brooke da noite passada surge em meu feed, eu paro e a


analiso. Ela está em seu quarto e de frente para o espelho. Sem hesitar deixo
um comentário em sua foto. Linda, gatinha �� .

Ela é realmente linda.

Normalmente não fico mais de duas vezes com a mesma garota, porém
Brooke parece tão desapegada e tão livre quanto eu, talvez possamos
transar uma terceira vez, ela com certeza merece ser uma exceção.

Brooke

O que tinha em mente para entrar para o time de dama?

Suspiro enquanto caminho pelo prédio onde fica o espaço que o time utiliza
como sede. Ok, eu precisava de horas para me formar e fala sério jogar
dama não deveria ser tão difícil, porém é, o pessoal é competitivo e muito
inteligente. Isso pelo menos serve para eu aprender a nunca mais subestimar
ninguém.

— Olha só, se não é a garota mais bonita da universidade.

Isso foi comigo? Olho para os lados e não encontro ninguém, porém a voz
não é desconhecida, então me viro para trás e me deparo com Aiden.

— Hey, é você.

Ele está sorrindo e se aproxima até estar ao meu lado, então caminhamos
um ao lado do outro.

— Sou eu. — Passa seu braço pelo meu ombro e beija a lateral da minha
cabeça. — Estou surpreso de encontrar você por aqui.
Ele continua com o braço ao redor dos meus ombros enquanto caminhamos
na direção da saída do prédio.

— Normalmente, não estaria por aqui mesmo.

— Então, você não faz nenhuma faculdade de negócios?

Estou no prédio onde se concentram os cursos relacionados a negócios, por


isso sua pergunta e balanço minha cabeça negando.

— Não, você faz?

Olho para o lado curiosa e me surpreendo quando ele assente.

— Administração.

Encaro-o surpresa.

— Uau... o jogador de Hóquei faz Administração, isso é surpreendente.

Ergue suas sobrancelhas.

— Por que, surpreendente?

Ele para e faço o mesmo, ele continua me encarando e mordo meu lábio
inferior.

— Porque quando penso em administração penso em alguém de terno e


gravata trabalhando em uma empresa. —

Abaixo meu olhar pelo seu corpo. — E não imagino você trabalhando em
uma empresa.

Ele sorri, um sorriso sexy e de lado.

— Pois saiba que esse é o plano caso o hóquei dê errado, o que


provavelmente dará.
Apesar de continuar rindo é possível notar que as suas últimas palavras o
incomodam.

— Como assim dar errado?

Ele dá de ombros e segue em frente, agora não mais com o braço sobre
meus ombros. Eu o acompanho e espero por uma explicação.

— O time de hóquei da nossa universidade é considerado recente, ainda


pequeno e com pouca visibilidade, apenas um desses jogadores desde seu
início em 2005 foi convocado para

NHL[3].

— Eu já vi vocês jogarem e vocês não jogam mal.

Tento colocá-lo para cima, mas ele faz uma careta.

— E você entende algo de hóquei?

Sorrio.

— Não, mas Abby, sim e ela disse que vocês são bons.

Empurra levemente seu cotovelo contra meu braço.

— Bons é uma palavra um pouco forte.

— Você deveria confiar no seu time.

— Eu confio, eu não confio é em mim.

Sussurra. Como o assunto ficou tão profundo assim? Nós ficamos em


silêncio e seguimos para o estacionamento.

— Você está de carro?

Ele pergunta por fim para meu alívio.


— Estou.

Aiden volta a sorrir e a fragilidade some dos seus olhos.

— Sabe, essa universidade é enorme, deve ter algum motivo para nos
encontrarmos.

— Tem?

Segura minha mão com a sua e brinca com meus dedos.

— Com certeza. — Inclina seu corpo e abaixa sua cabeça até ter sua boca
perto da minha orelha. — Aposto que você está com saudades.

Meu corpo se arrepia e ele sorri.

— Nós nos encontramos na sexta e hoje é quarta. — Faço um beicinho. —


Ainda não deu tempo para sentir sua falta.

Nenhum de nós dois sentiu falta do outro, sabemos disso e estamos apenas
flertando. É ótimo flertar com Aiden.

— Você precisa dizer que sentiu minha falta para não estragar minha
cantada e meus planos, gata.

Mordo meu lábio inferior e me controlo para não continuar rindo.

— Desculpe estragar seus planos, baby.

Encara-me malicioso.

— Então, sentiu minha falta?

Volta a me perguntar e eu faço uma expressão de gato abandonado.

— Mal estou conseguindo continuar respirando de tanto que senti sua falta.

Ele ri, para de andar e me puxa em sua direção.


— Venha para casa comigo e depois trago você para buscar seu carro.

Espalmo minhas mãos em seu peito e meu olhar encontra o seu.

— Sua sorte é que hoje não tenho mais nenhuma aula.

Aiden beija meus lábios rapidamente, entrelaça minha mão na sua e me


guia para seu carro. Ele dirige até sua casa, vamos conversando sobre a
festa de Halloween que temos que organizar.

Assim que chegamos em sua casa vamos aos beijos para o seu quarto. Por
sorte nenhum dos meninos está e somos apenas nós dois. Nossas roupas
deixam nossos corpos logo que entramos no seu quarto e mais uma vez,
esquecemos de tudo e nos perdemos um no outro.

Estar com Aiden é ótimo, ele sabe onde me tocar e o que fazer, ele não é
como a maioria dos caras, somente preocupado em gozar, ele se preocupa
comigo e com o que estou sentindo.

Dessa vez, nós dois estamos sóbrios e é ainda melhor.

Cada toque, cada beijo, cada vez que ele entra em mim é mais intenso que
das outras vezes.

Não adormeço após gozar, pelo contrário eu visto sua camisa e fico deitada
em sua cama, com a cabeça para baixo e meus pés na direção da cabeceira,
posição contrária à do Aiden.

Nós dois estamos em silêncio, mas não é algo desagradável.

Eu estou esperando-o falar que irá me levar para buscar meu carro, mas a
verdade é que não tenho pressa, não estou incomodada de estar aqui.

— É a primeira vez que isso acontece.

Apoio meus cotovelos na cama e inclino parte do meu tronco para a frente.

— O que exatamente?
Ergo minhas sobrancelhas e ele se senta com as costas apoiadas na
cabeceira da cama.

— Ficar tão à vontade com alguém após transar.

Sua frase não me causa nenhuma preocupação e sorrio debochada.

— Devo me preocupar com a possibilidade de você estar se apaixonando


por mim?

Zombo e ele ri.

— Na verdade, estou à vontade porque não tenho medo de que você se


apaixone por mim.

— Deveria me sentir ofendida?

Como a posição está começando a ficar desconfortável, sento-me e deixo


minhas pernas dobradas embaixo do meu corpo.

— Não, só acho que você é igual a mim.

Inclino minha cabeça para o lado. Ele está falando sobre ser desapegada?

— Explique-se.

Ele ri e apoia sua cabeça contra a cabeceira da cama.

— Você não está atrás de um relacionamento, apenas de diversão e sexo. —


Sim, ele está falando sobre eu ser desapegada. — Estou certo?

Mordo meu lábio inferior e assinto.

— Você está certo, tudo o que eu quero é me divertir.

— Somos perfeitos. — Pisca em minha direção e sorrio. —

Eu acho que deveríamos aproveitar disso.


Ergo minhas sobrancelhas.

— Você está me propondo ser sua amiga de foda?

— Estou, você está ofendida?

Pergunta preocupado e sorrio. É fofo ele estar preocupado.

— Não, na verdade, estou lisonjeada. — Pisco em sua direção. — Mas


confesso que tenho que pensar sobre essa proposta.

Faço uma expressão pensativa, um pouco mais exagerada do que o normal.

— Pensar é?

Assinto.

— Não conheço você muito bem e se for um serial killer?

Ou se não for um bom amigo? A gente pode focar só na parte da foda?

Ele dá de ombros.

— Na realidade, só queria ser gentil com a parte do amigo.

Ele pisca na minha direção e nós dois rimos. Aiden parece ser alguém legal,
além do mais Abby está convivendo com ele há semanas, minha amiga é
muito seletiva, então se ela gosta e confia nele, significa que eu posso
confiar.

— Eu gosto dessa ideia de amigo de foda, confesso que não será a primeira
vez.

— Ela é experiente.

Debocha e jogo um dos travesseiros que está sobre a cama em sua direção.

— Não seja um idiota.


Ergue suas mãos para cima em sinal de rendição.

— Essa é a sua primeira exigência?

— Vamos ter até exigências?

Dá de ombros.

— Faço administração, lembra, tudo para mim é baseado em contratos,


cláusulas, exigências e acordos.

É óbvio que ele está zoando e entro em seu jogo.

— Então, essa é a minha primeira exigência, você não pode ser um idiota.

Ele assente e sorri.

— Farei de tudo para atender à sua exigência.

Assim como ele eu sorrio e deixo a cama.

— Eu vou usar seu chuveiro.

Pego as minhas roupas que estão espalhadas sobre o chão.

— Claro, amiga, fique à vontade.

Minha gargalhada ecoa pelo quarto enquanto caminho na direção do seu


banheiro.

Eu uso seu xampu, seu sabonete e me seco em sua toalha. Eu visto a roupa
que estava usando e ao sair do banheiro, ele deixa sua cama e entra no
banheiro. Eu apoio meu ombro contra o batente da porta e o assisto tomar
seu banho.

— Apreciando a vista.

Percorro meus olhos pelas suas coxas grossas e sua barriga trincada. Eu
poderia usar seu abdômen para lavar minhas roupas.
— Eu adoraria receber um nude seu.

Ele ri e balança a cabeça negando.

— Sinto muito, não envio nudes, porque seria muito vantajoso para alguém
vendê-los.

Mesmo que ele não possa ver meu rosto, porque está se ensaboando ergo
minhas sobrancelhas.

— Você está falando sério?

— Claro, existe um aplicativo que as pessoas vendem fotos nuas e tenho


certeza de que as minhas renderiam muito dinheiro.

— Modéstia mandou lembranças.

Ele ri e não se defende. Minha barriga ronca e me recorda que preciso


comer, então decido ir atrás de alguma coisa na cozinha de Aiden.

— Esperarei você lá embaixo, tudo bem? Ou nossos amigos não devem


saber sobre nós?

Eu afasto meu ombro da porta e Aiden se vira ficando de frente para mim,
apesar do vidro consigo vê-lo nitidamente.

— Não vejo problema deles saberem.

Dou de ombros.

— Nem eu.

— Só esteja preparada paras as piadinhas e provocações.

Assinto e abaixo meus olhos, dou uma boa secada no volume entre suas
pernas e ele ri.

— Vá logo, Brooke, antes que eu traga você para baixo do chuveiro outra
vez.
Sua oferta não é tão ruim, mas viro-me e deixo seu banheiro. Eu pego meu
celular que está sobre sua cômoda e saio do seu quarto. Estou descendo a
escada quando escuto barulho e vozes. Não estamos mais sozinhos.

Eu vou até a cozinha e encontro Ethan, Abby e Josh, minha amiga é a


primeira a olhar em minha direção.

— O que você está fazendo aqui?

Encara-me curiosa e dou de ombros.

— Encontrei Aiden na universidade e viemos para cá.

Eu vou até ela e me sento ao seu lado de frente para a ilha que há no meio
da cozinha e que permite ficar de frente para quem está cozinhando.

— Vocês estão transando.

Aponto meu dedo na direção de Josh.

— Você é assim sempre inconveniente?

Ele sorri debochado.

— Na maioria das vezes.

Balanço a cabeça e finjo estar chateada, a verdade é que não ligo para sua
inconveniência.

— Então, vocês realmente estão transando?

Volto a olhar para minha amiga.

— Até você?

Sorri e dá de ombros.

— Não machuque meu amigo.


Olho para Ethan que está em pé ao lado de Josh, os dois estão preparando
algo para comerem.

— Eu, machucar seu amigo? Vocês deveriam estar preocupados com a


possibilidade de eu me machucar, afinal eu sou a princesa indefesa.

Os três riem e Ethan balança a cabeça de um lado para outro.

— Você não parece uma princesa indefesa.

Ethan argumenta e continua rindo, eu faço um beicinho.

— Mas poderia ser.

— Mas não é.

Abby me provoca e me viro indignada para ela.

— Você deveria estar ao meu lado, somo amigas, lembra?

Ergue as mãos para o alto.

— Não posso mentir e você é uma sem coração.

— Eu tenho um coração, ele apenas não bate mais forte diante dos homens.

Pisco para minha amiga.

— Então, você é bi?

Abby ri diante da pergunta de Ethan e eu olho para ele com a testa franzida.

— Não, eu pelo menos acho que não. — Sorrio. —

Reformulando minha frase, no momento não quero que meu coração bata
por ninguém do sexo oposto.

Ele ri e assente.
— Então, você e Aiden não estão namorando?

Respondo Josh negando com um gesto de minha cabeça e mudo de assunto.

— Estou com fome, o que vocês estão preparando?

— Sanduíches.

É Ethan a responder.

— Quero um.

Suspira.

— Ok, folgada.

Eu apenas sorrio e espero pelo meu pão com queijo e presunto. Continuo
conversando com os três e não demora para Aiden surgir na cozinha e eles
voltarem com as provocações.

É divertido e leve estar aqui com eles. Não me sinto deslocada e nem
desconfortável. Nossa aproximação foi repentina, inesperada e incomum,
porém é como se nos conhecêssemos há meses. Simplesmente tinha que ser
assim.

Assim que terminamos de comer, eu me despeço de Abby e dos amigos de


Aiden e nós dois vamos para o seu carro.

— Eles são uns idiotas, mas são boas pessoas.

Justifica as provocações assim que entramos na sua picape[4] e eu dou de


ombros.

— Não me importo com as provocações.

— Você é perfeita.

Liga o carro e eu sorrio.


— Sou mesmo.

Aiden dirige na direção do campus e eu escolho as músicas.

— Você precisa do meu número.

— Preciso?

Ele sorri e assente.

— Para me enviar uma mensagem, ou me ligar quando estiver precisando


de um amigo.

— Amigo?

— Um amigo, um ombro amigo... ou se estiver a fim de uns beijos.

Faço um biquinho.

— E se quiser algo mais?

— Eu estou à sua disposição, baby, para o que você quiser.

Sorrio satisfeita.

— Irei cobrar, hein?

— Pode cobrar que irei atendê-la com satisfação.

Nós dois sorrimos e ele dita seu número enquanto eu anoto em meu celular.
Assim que chegamos no estacionamento onde

está meu carro inclino meu corpo na sua direção e minha boca paira a
centímetros da sua.

— Até mais, bonitão.

— Até mais, gata.


Sua boca cobre a minha e nos despedimos com um beijo que rouba meu
fôlego e faz com que queira voltar para casa com ele, mas não volto. Eu
saio do seu carro e sigo para o meu com um sorriso em meu rosto.

Aiden

Eu saio da pista de gelo com meu rosto queimando por conta da


vermelhidão que meu rosto está. Odeio discutir e odeio perder o controle e
porra, eu sou o capitão do time, não deveria cair em provocações mal-
intencionadas e nem revidar.

Perder o controle me deixa frustrado, faz com que sentimentos que odeio
venham à tona. De repente, sou aquele garoto perdido, com pena de si
mesmo e confuso, novamente.

Tiro o capacete e o restante dos equipamentos, sento-me para tirar meus


patins, deixo meu taco apoiado no banco e os equipamentos sobre ele. O
treinador Brock se aproxima e respiro fundo, não quero conversar.

— Aiden...

Balanço a cabeça negando antes que ele continue.

— Não quero conversar, não agora.


Suspiro e tiro meus patins.

— Jagger só estava te provocando.

— Eu sei e caí na sua provocação.

De todos meus colegas de time, Jagger é o único que não queria que eu me
tornasse o capitão, porque queria o posto para si.

— Você precisa manter o foco, Aiden e não aceitar suas provocações.

Sorrio irônico e como já tenho os patins longe dos meus pés apoio meu
cotovelo em minhas pernas e encaro o chão.

— Eu sei, mas saber é diferente de conseguir executar.

Não deveria ter me importado com ele falando que palestrinhas não fariam
com que nossas habilidades no gelo

melhorassem quando comecei a falar sobre como teríamos que continuar


unidos apesar das dificuldades.

Porém me importei, então quando começamos a treinar ele me chamou de


fraco e não suportei, eu parti para cima dele. Eu, o capitão, não posso
incentivar brigas, eu tenho que ser o exemplo e não fazer o contrário.

Passo as mãos pelo meu cabelo, fecho meus olhos e pressiono as pontas dos
meus dedos contra minhas pálpebras.

— Talvez você devesse escolher outro capitão, treinador.

Abro meus olhos e me viro para Kevin Brock que faz uma careta.

— Eu confio em você.

Eu me levanto, pego meus equipamentos e balanço minha cabeça.

— Mas eu não.
Com minha cabeça doendo e repleto de sentimentos ruins ocupando minha
mente me afasto do meu treinador. Eu amo o hóquei, é a melhor parte da
minha vida e mesmo assim eu falho.

É uma droga! Tudo porque não consigo manter o controle e sou impulsivo
quando não deveria ser.

Sigo para o vestiário, tomo um banho, visto minha roupa, ajeito meus
equipamentos e saio do complexo que usamos para treinar e jogar os jogos
em casa. Por sorte, o restante do time segue treinando e não tenho que me
encontrar com ninguém.

Eu vou para o estacionamento, guardo os equipamentos na parte de trás da


picape e ocupo meu lugar em frente ao volante. Apoio minha cabeça contra
o banco e respiro fundo. Eu preciso manter a calma, encontrar meu
controle, é difícil, porque meus pensamentos não param e são uma bagunça.

Para me distrair e na tentativa de acabar com a frustração que insiste em


ecoar em meu peito, pego meu celular, abro o aplicativo de mensagem e
procuro pelo número de Brooke.

A única mensagem que há é um “Olá, aqui é a Brooke, sua amiga” que ela
me enviou na terça para que eu pudesse salvar seu número e eu salvei como
Brooke, minha amiga. Não trocamos nenhuma mensagem desde então e
hoje, quinta-feira, será a primeira vez. Escrevo e apago algumas frases e por
fim decido ser direto.

“Hey, você está ocupada?”

Continuo encarando o aparelho e ela não demora a aparecer digitando logo


abaixo do seu nome.

“Depende...”

Sua resposta faz com que curve meus lábios em um sorriso.

“Queria te ver...”

Sexo é uma ótima alternativa para esquecer o fracasso que eu posso ser.
“Meu amigo quer me ver?”

“Estou precisando ver você...”

Sou sincero e meu sorriso se desfaz. Ela não irá entender a profundidade do
que acabei de enviar, mas eu entendo.

“Estou em casa e as meninas irão demorar a chegar...”

Envia sua localização e deixa óbvia sua intenção . Eu respiro aliviado e a


respondo no mesmo instante.

“Daqui a uma hora estou aí.

“Estarei esperando por você.”

Dirijo o mais rápido que eu consigo por sorte não há muito trânsito,
algumas vezes é uma droga que o complexo seja fora da cidade. Por mais
que tente não ficar pensando sobre o que

aconteceu, não consigo e a voz de Jagger segue ecoando em minha mente.


Você é um fraco. Relembro de eu o empurrando e nossos colegas me
segurando e me tirando de perto dele.

Lamentável.

Brooke mora em uma das habitações estudantis, Bryce Lawn, lugar com
alguns prédios e pequenos apartamentos. Eu estaciono em frente ao prédio e
sigo para seu apartamento, que ela me enviou por mensagem o número.
Aperto a campainha e ela não demora a abrir a porta.

— Hey, gatinha.

Sorrio, mas não é um sorriso que chega até meus lábios e pela careta que
ela faz Brooke também entende.

— Hey, algo está acontecendo?


Espalma as mãos em meu peito e dou um passo à frente, o que faz com que
ela de um para trás e entremos em seu apartamento.

— Nada.

Cubro sua boca com a minha e me perco em seus lábios.

Concentro-me em explorar sua boca e tomar tudo que ela tem

para me dar. Brooke não hesita e traz suas mãos até meu pescoço. Ela me
corresponde da mesma forma.

Levo minhas mãos até a barra da camisa e a ergo até que consiga tocar sua
barriga. Meus dedos sobem e descem pela sua pele. Afasto minha boca dos
seus lábios e distribuo beijos pelo seu pescoço e até sua orelha.

— Qual é o seu quarto?

Ela se vira ficando de costas para mim, segura minha mão e me guia para
uma das quatro portas do corredor. Assim que entramos no cômodo ela se
volta para mim e sua boca encontra a minha. Beijo-a por alguns minutos e
só nos distanciamos para tirarmos a roupa um do outro, primeiro, tiro a sua
blusa, então, ela tira a minha camiseta e enquanto tira seu short e calcinha,
eu pego uma camisinha em minha carteira e tiro meu tênis, calça e cueca.

Não desviamos o olhar um do outro em nenhum momento e a temperatura


do quarto aumenta. Eu caminho em sua direção quando estamos ambos nus
e ela sorri. Deixo minhas mãos em sua cintura e a puxo contra mim. Subo-
as pelas suas costas e enrolo os fios do seu cabelo ao redor dos meus dedos
e a mantenho me encarando.

— Eu quero você de quatro.

Ela morde seu lábio inferior e o solta logo em seguida.

Seus olhos brilham com malícia e ela se vira ficando de costas.

Solto seu cabelo e ela empurra sua bunda contra minha ereção.
Fecho meus olhos e aperto sua cintura com força, beijo seu pescoço e seu
corpo se arrepia.

Abro meus olhos e a guio até sua cama, então ela fica de joelhos e empina
sua bunda em minha direção. Minha mão encontra sua pele em um tapa e
Brooke geme, um gemido de dor e prazer. Meus dedos encontram seu
clitóris e a toco, deixando-a molhada e pronta para me receber.

Não deixo que ela goze, não sem mim. Eu coloco a camisinha e me guio
para dentro dela. Esqueço-me de tudo que aconteceu quando estou com
Brooke, segurando seus fios de cabelo, escutando seus gemidos e a
penetrando.

Ela goza junto comigo, então saio de dentro dela, retiro a camisinha e me
jogo ao seu lado. Ela se deita de barriga para cima e fecho meus olhos.
Minha respiração está alterada assim como a sua e demoramos alguns
minutos até que um de nós fale algo.

— Se quiser tomar banho antes das meninas chegarem tem que ser logo.

Assinto, mas não me levanto. Não imediatamente, depois de alguns minutos


deixo sua cama.

— Há toalha na primeira gaveta da cômoda e meus produtos no banheiro


são os que estão etiquetados com meu nome.

Ela continua de olhos fechados, então pego minha calça, cueca, uma toalha,
enrolo-a ao redor da minha cintura e vou para o banheiro. O cômodo é
apertado e o seu sabonete cheira a morango.

Volto para seu quarto vestindo minha calça e cueca e secando meu cabelo
com a toalha. Ela está sentada na cama vestindo um roupão e mexendo em
seu celular.

— Eu estou cheirando a morango.

Resmungo e ela desvia o olhar do celular e me encara com um sorriso.

— Eu amo morango.
Faço uma careta.

— Eu gosto de morango, não de cheirar como um.

Levanta-se e caminha em minha direção.

— Não seja um bebê chorão.

Passa por mim, empurra-me levemente e segue para o banheiro. Enquanto


ela está no banho, caminho pelo seu quarto e o observo atentamente. Ela
não tem alguns livros e os que tem são sobre arte e sobre desenhos. Há um
quadro que ela parece estar pintando e um caderno de desenho, eu fico com
vontade de abri-lo, mas não faço, porque seria invasivo demais.

Há algumas fotos em um mural e em todas ela está rindo, seja com Abby e
Dakota, ou com o que julgo ser sua família. Ela é parecida com seus pais e
seu pai tem muitas tatuagens. Brooke tem algumas tatuagens pelo corpo
deve ser algo que aprendeu a gostar com o pai. Em uma das fotos está ela,
seu pai, sua mãe e eles estão de costas mostrando uma tatuagem no canto
esquerdo das costas que os três têm em comum, o desenho são as asas de
um anjo.

Seu quarto é pequeno e depois de uma volta por ele coloco minha camisa e
me sento na beirada da sua cama. Eu pego meu celular e há algumas
mensagens dos meus colegas de time, eles estão me defendendo. Não os
respondo, mas o assunto não me incomoda, não como antes, Brooke foi
uma ótima distração.

Eu respondo alguns e-mails e antes que Brooke volte já estou entediado,


então volto a caminhar pelo quarto. Paro novamente em frente à sua
escrivaninha e olho para o caderno curiosa. Finalmente, Brooke volta ao
quarto, sei que ela voltou porque escuto o som da porta sendo aberta.

— Você desenha.

Sinto-a se aproximar, em seguida seu cheiro de morango invade meu espaço


e por fim para ao meu lado.
— Eu faço Artes Plásticas com especialização em arte de estúdio e
concentração em desenho.

Viro-me para o lado e a encaro admirado.

— Incrível.

Sorri e ergue suas sobrancelhas.

— Incrível?

Assinto.

— Eu sequer consigo fazer uma casinha e algumas pessoas de palitinhos.

— Desenho é treino.

Balanço minha cabeça e ela desvia o olhar do meu.

— Não concordo, é preciso ter um certo talento e dom.

Ela olha para baixo e abre seu caderno deixando à mostra seu primeiro
desenho, são várias flores de diferentes tipos e tamanhos, seu traço é fino e
delicado.

— Qualquer um pode jogar hóquei?

Não entendo a sua pergunta, mesmo assim a respondo.

— Sim, só precisa treinar e se quiser ser profissional é bom que comece a


treinar ainda na adolescência.

Assim que as palavras deixam minha boca entendo o porquê da sua


pergunta e o que ela está tentando me dizer.

— Igual a desenhar.

Explica e empurro levemente seu ombro com meu braço.


— Entendi seu ponto. — Ela sorri e coloco meus dedos sobre os seus em
uma das folhas. — Posso?

Ela assente e folheio seu caderno. Seus desenhos são incríveis e variados.
Flores, caveiras, palavras, princesas, animais e alguns rostos.

— Seus desenhos são lindos.

— Obrigada.

Sussurra e continuo olhando seus desenhos.

— Você gosta de tatuagem por causa do seu pai?

— Meu pai é tatuador.

Fecho seu caderno e a encaro curioso.

— Ele que fez as suas tatuagens?

Dá de ombros.

— Algumas, outras fui eu.

Abro a boca e a fecho, totalmente surpreso.

— Você sabe tatuar?

Ela sorri e dá um passo para trás criando uma certa distância entre nós dois.

— Sei, ser tatuadora é o meu sonho.

Apoio-me contra sua escrivaninha e continuo olhando para ela totalmente


surpreso. Ela tem algumas tatuagens, mas jamais imaginei que ela mesma
pudesse tê-las tatuado.

— Quais foi você que tatuou?


— A borboleta em meu pulso esquerdo, o cachorrinho no tornozelo
esquerdo e a frase no meu tornozelo direito. É um pouco difícil tatuar a si
mesma.

— A da sua costela foi seu pai?

Ela ergue sua blusa e deixa a flor à mostra.

— Não, essa eu fiz aqui no Alabama.

— É a minha preferida.

Ergo minha mão e toco sua pele. Apesar de ser delicada é sexy. Afasto-me
do móvel e dou um passo em sua direção. Paro com minha boca a
centímetros da sua orelha.

— Talvez, um dia você possa me fazer uma tatuagem.

Vira o rosto na direção do meu e seus lábios quase encostam nos meus.

— Talvez, um dia.

Ela olha em meus olhos, engulo em seco e respiro fundo.

— Eu preciso ir.

Ela assente, mas nenhum de nós dois se afasta. Demoro alguns segundos
para dar um passo para trás.

— Obrigado por hoje.

Ela pisca em minha direção e sorri.

— Foi um prazer.

Aponto para a porta.

— Estou indo.
Dou um passo na direção da saída do quarto, porém continuo olhando para
Brooke.

— Eu vou levar você até a porta para que volte outras vezes.

Nós dois deixamos seu quarto e um ao lado do outro seguimos para a porta,
ela a abre e eu paro à sua frente.

— Até mais, Brooke.

Ela se aproxima e encosta rapidamente seus lábios nos meus.

— Até mais, Aiden.

Brooke

Assim que Aiden deixa meu apartamento eu fecho a porta e me sento no


sofá. Eu ligo a televisão e escolho uma série para assistir, deixo em Friends
em um episódio qualquer e tento me concentrar, porém é impossível,
porque minha mente me leva a Aiden e ao momento que compartilhamos
em meu quarto.

Seus beijos, seu toque e mesmo que dessa vez tenha sido mais carnal e cru
que das outras vezes pareceu mais intenso.
Posso me recordar dos seus puxões em meu cabelo e um arrepio

percorre meu corpo, respiro fundo e balanço minha cabeça. Não é o


momento para pensar nisso e muito menos ficar excitada.

Caramba, eu acabei de transar. Deixe de ser tarada, Brooke.

Encaro a televisão e vejo Mônica brigando com alguém por causa de uma
calça, mas meu foco não dura por dois segundos, porque volto a pensar em
Aiden, porém dessa vez é sobre nossa conversa em meu quarto, ela parece
mais profunda do que parecia quando estávamos conversando.

São poucas as pessoas que sabem que eu sei tatuar, entretanto somos
amigos e amigos compartilham informações pessoais. Não há mal nenhum.
É algo absolutamente normal e não preciso me preocupar.

Nada incomum.

A porta se abre e empurro meus pensamentos para longe.

Dakota entra e se joga no sofá ao meu lado.

— Hey, Brooke.

Ela suspira e minha amiga não parece estar em seus melhores dias.

— Hey, Dakota. — Ela apoia sua cabeça contra o sofá e encara o teto,
Dakota realmente não parece bem. — Você está

bem?

— Odeio idiotas.

Resmunga e franzo minha testa.

— E de que idiota estamos falando?

Eu me viro em sua direção, ficando de lado no sofá e sobre uma das minhas
pernas.
— De um idiota que você não conhece.

A voz de Dakota dá uma leve falhada e desconfio que esteja mentindo.


Minha amiga é uma péssima mentirosa.

— Mesmo? — Assente e não olha em minha direção. — E

o que exatamente aconteceu?

Ela demora alguns segundos para me responder.

— Um idiota será meu par romântico no teatro.

Faço uma careta.

— Um papel pequeno?

Dakota faz teatro há pouco tempo, não é provável que seja uma personagem
com grande destaque, além do mais ela está fazendo a aula com o intuito de
se desenvolver.

Minha amiga ergue sua cabeça, senta-se ereta e me encara com um olhar
desesperador.

— Eu serei a protagonista da peça.

— Mas faz semanas que começou a fazer teatro, não faz sentindo você ser a
protagonista, ou você é tão boa assim?

Ela faz uma careta.

— Eu sou péssima, só que a professora acredita que precisa incentivar os


alunos a serem bons e o método dela é nós fazer passar vergonha e assumir
papéis que normalmente não assumiríamos.

— Sinto muito.

Dakota sorri, um sorriso sem humor e que deixa evidente seu desespero.
— Calma que a história fica pior.

— Fica?

Dakota suspira.

— Sim, a peça será apresentada no show de talentos.

Tenho certeza de que a expressão em meu rosto deixa claro o quanto estou
com pena da minha amiga. O show de talentos é um evento enorme
organizado pela universidade.

— Pelo menos o show de talentos acontece no fim do semestre e você terá


tempo para treinar e melhorar.

Dakota esconde seu rosto entre suas mãos.

— Eu odeio falar em público e vou ter que fazer uma peça teatral sendo a
protagonista.

— Você não pode desistir? — Balança a cabeça negando.

— Por quê?

Dakota afasta as mãos do seu rosto e demora a me responder.

— Porque não posso deixar o idiota que será o protagonista acreditar que eu
sou uma fujona.

Encaro-a sem entender.

— Você irá se submeter a fazer algo que odeia por causa de um idiota?

— Ele não é qualquer idiota, Brooke, ele é o maior idiota de todos.

Ela fala com tanta raiva que simplesmente assinto.

— Se faz você se sentir melhor, eu também estou sofrendo na dama, nunca


pensei que aquele maldito jogo precisasse de tantas estratégias.
Ela sorri e volta a apoiar a cabeça contra o sofá.

— Pelo menos não sou a única sofrendo aqui.

— Esse é o espírito.

Nós duas rimos por alguns segundos e quando Dakota para ela se vira em
minha direção com a testa franzida.

— Você não irá na festa da fraternidade?

Balanço a cabeça negando. — Hoje não estou a fim.

Na verdade, antes eu estava, porém Aiden esteve aqui e minha vontade de


sair foi embora com ele.

— Que tal, pizza, um pote de sorvete e um filme de romance daqueles bem


melosos e bobos?

Faço uma careta.

— Precisa ser mesmo de romance?

Minha amiga romântica assente e me encara com uma expressão de gato de


botas.

— Estou triste e será a única coisa capaz de me animar.

Suspiro.

— O que a gente não faz pelas amigas, não é!?

Ela comemora e nos viramos para a televisão. Não escolhemos um filme,


mas sim uma série, Virgin River, para minha sorte não é algo tão ruim.

Pedimos pizza, sorvete e refrigerantes pelo aplicativo de delivery e


assistimos quatro episódios seguidos, inclusive comemos enquanto
assistimos a série de romance.
Estamos no fim do quarto episódio e comendo o sorvete de chocolate com
caramelo direto do pote quando Abby abre a porta e entra em nosso
apartamento.

— Hey.

Ela nos cumprimenta e a cumprimentamos de volta, então ela percebe que


estamos comendo sorvete e sorri.

— Eu também quero.

Deixa sua mochila jogada ao lado da porta e vai até a cozinha, pega uma
colher e se senta no sofá ao lado de Dakota.

— O que vocês estão assistindo?

Ela leva a colher até o pote de sorvete e é Dakota a respondê-la

— Virgin River.

Abby faz uma careta.

— Aquela série de romance?

Dakota assente.

— Vocês têm um péssimo gosto.

Leva a colher até sua boca e eu aponto meu dedo na direção de Dakota.

— Dakota tem um péssimo gosto.

— Hey, vocês que são duas chatas.

Abby e eu rimos.

— Confesso que não é tão ruim. — Confesso assim que paro de rir. — E
Dakota me chantageou.
Abby ergue suas sobrancelhas.

— Ela disse que estava triste e que assistir um filme de romance seria a
única forma de animá-la, como não achamos nenhum filme colocamos essa
série.

— E por que você estava triste?

Abby olha para Dakota, então nossa amiga suspira e conta o que a está
deixando triste.

— Quem é o idiota?

— Vocês não o conhecem.

Dakota responde Abby da mesma forma que me respondeu, porém Abby


não parece acreditar em Dakota, ela fica pensativa e de repente seus olhos
brilham.

— Você está falando de Josh.

Abby grita e me dou conta de que faz total sentido, porque eles falaram que
foi na aula de teatro que se conheceram. Dakota fica em silêncio e desvia os
seus olhos de nós duas. Abby está certa!

— O que aconteceu entre vocês?

Abby pergunta e Dakota balança a cabeça de um lado para outro.

— Nada, ele apenas é insuportável

Olho para Abby, porque parece ter mais nessa história do que Dakota está
contando, Abby dá de ombros.

— Josh não é tão insuportável assim comigo.

Falo na intenção de Dakota falar algo, porém ela apenas fica em silêncio.
Abby a analisa e faz uma careta.
— Você quer que eu converse com ele?

Dakota suspira e faz um sinal de não com a cabeça.

— Não.

— Eu posso conversar com Ethan...

— Não, Abby, esse é um problema meu e eu irei resolver.

Abby abre a boca, porém Dakota balança a cabeça negando. Ela não quer
mais falar do assunto.

— E você e Ethan?

Dakota muda de assunto de repente e Abby faz uma careta.

— Você está mudando de assunto.

Nossa amiga dá de ombros.

— Eu estou e realmente quero saber se você enfim já se rendeu ao


quarterback.

Viro-me para Abby e espero por sua resposta, apesar de ter não ter sido eu a
perguntar, estou curiosa com o que irá dizer, porque é óbvio que minha
amiga está gostando do seu ex-inimigo e atual amigo.

— Nós somos só amigos. — Dakota e eu nos olhamos e rimos. — Do que


vocês estão rindo?

Paro de rir para respondê-la.

— Vocês não parecem dois amigos.

Abby faz uma careta.

— Mas nós somos.


— Você passa mais de doze horas com aquele homem.

Dakota joga na cara de Abigail o tempo que ela passa com Ethan e ela nos
encara indignada.

— É o meu trabalho.

— Ele nem está mais com o braço imobilizado e nem precisa mais tanto
assim de você.

Aponto meu dedo em sua direção enquanto falo e ela cruza os braços logo
abaixo dos seus seios.

— Mesmo assim tenho que seguir o contrato.

Sorrio e assinto.

— Contrato, sei. — Encaro-a debochada. — Eu acho que você está


morrendo de vontade de sentar naquele homem.

Arregala seus olhos e me encara indignada.

— Isso não é verdade.

— Eu tenho que concordar com Brooke.

Até mesmo Dakota concorda comigo e Abby estreita seus olhos.

— Vocês são duas cretinas.

Joga uma almofada em minha direção e apenas dou de ombros.

— É apenas a verdade, Abby, você está caidinha pelo quarterback. —


Balança a cabeça negando, só não sei se ela está negando para mim, ou para
ela mesma. — Você deveria assumir que gosta dele e deixar rolar.

Suspira e desvia o olhar para a televisão.

— Você está maluca, aliás, as duas estão.


Ficamos em silêncio por alguns segundos, Abby irritadinha encarando a
televisão e Dakota e eu nos segurando para não rir da nossa amiga. De
repente, Abby se vira e olha em minha direção com um brilho malicioso em
seus olhos.

— Espero que você se apaixone por Aiden.

Sorrio e balanço minha cabeça negando.

— Sua praga não irá me atingir, porque meu lance e o do Aiden é apenas
sexo, querida.

Aponta a língua para mim como uma criança malcriada e dou de ombros.
Ela realmente não está conseguindo me provocar.

— Então, vocês têm um lance?

Deixo Abby de lado, viro-me para Dakota e assinto.

— Ele é meu pau amigo. — Dakota faz uma careta e sorrio.

— Se preferir pode chamar de Amizade colorida é menos ofensiva.

— Isso não parece uma boa ideia.

Dakota acusa e dou de ombros.

— É uma ótima ideia.

— Não se um de vocês se apaixonarem.

Assim que escuto a última palavra de Abby minha gargalhada ecoa pela
sala. As duas me encaram com as sobrancelhas erguidas e respiro fundo
para conseguir parar de rir.

— Aiden e eu não somos do tipo que se apaixonam, é mais fácil um


meteoro cair e destruir a terra do que nós nos apaixonarmos.

Eu me levanto do sofá.
— Se você está dizendo...

Abby é irônica e Dakota ri. As duas não acreditam em mim.

— Estou falando sério, nós só estamos interessados em sexo.

Sigo até a cozinha e deixo minha colher na pia. Ao voltar para sala encontro
Abigail me encarando preocupada.

— Espero que você realmente esteja certa, porque odiaria ver um de vocês
machucados.

Jogo um beijo na direção de Abby.

— Isso não vai acontecer, Abby. — Ela faz uma careta, mas assente. —
Bom, eu estou indo dormir.

Despeço-me das duas e sigo para o meu quarto, assim que abro a porta e
olho para baixo me deparo com um metal no chão.

Abaixo-me e pego o objeto estranho, é um chaveiro. Volto a ficar em pé e o


coloco em frente ao meu rosto. É um bonequinho de metal curvado para a
frente segurando um taco, ele parece estar deslizando e usando patins. É um
jogador de hóquei.

Sorrio ao me dar conta de que deve ser de Aiden e ele deve ter perdido. Eu
pego meu celular, tiro uma foto do chaveiro e envio para Aiden por
mensagem.

“Espero que você não tenha se apegado por esse chaveiro.”

Ele não me responde imediatamente, por isso deixo o aparelho e o chaveiro


sobre a cômoda e troco de roupa, visto um

pijama, em seguida vou até o banheiro escovar meus dentes e na volta pego
o celular e vou para minha cama. Aiden me respondeu.

“É o meu chaveiro da sorte.”


Deitada digito minha próxima mensagem.

“Não é mais, bonitão... talvez agora, ele seja o meu amuleto da sorte.”

Sorrio e continuo com o celular em mãos.

“Irei precisar implorar para ter meu chaveiro de volta?”

Nós continuamos trocando mensagens, adormeço conversando com Aiden,


e é por isso que sonho com ele.

Aiden

Estar com Brooke depois do que houve no treino foi uma ótima distração,
saí do seu apartamento bem melhor do que quando cheguei, embora ainda
continuasse remoendo o que aconteceu e lá no fundo o sentimento de
fracasso seguisse ecoando em meu peito.

Inclusive quando cheguei em casa consegui responder meus colegas de time


e dizer que estava tudo bem. Não foi a

noite ideal, mas foi muito melhor do que seria senão tivesse visto Brooke.
Acordo na sexta-feira com uma mensagem do treinador marcando uma
reunião com todos os jogadores de time, ele irá com certeza nos passar um
sermão. Pelo menos será no campus mesmo e não precisarei dirigir por uma
hora até Pelham Civic Complex o lugar onde treinamos e realizamos os
nossos jogos.

Eu tenho a manhã e parte da tarde para me preparar para a bronca do


treinador, mesmo assim quando me sento em uma das cadeiras do auditório
do prédio de Educação Física estou nervoso e ansioso. Por sorte e para meu
alívio, o treinador Brock não se prolonga muito, apenas diz que precisamos
nos manter unidos, não somos apenas um time somos uma família, ele disse
que confia em nós e nas suas escolhas, sei que a última parte ele está
falando sobre ter me escolhido para Capitão do time e preciso respirar
fundo para não chorar como um bebê.

Jagger passa por mim quando estamos deixando o auditório, me encara com
raiva e apenas dou de ombros. Essa briga é sua, não minha.

Estou caminhando para o estacionamento quando meu celular vibra em meu


bolso, pego o aparelho e é uma mensagem

de Dylan em nosso grupo.

“Festa na casa da Kim?”

Seu convite surgiu no momento certo e o respondo imediatamente.

“Festa para mim não é um convite, é uma convocação.”

Guardo o celular de volta em meu bolso e sigo para o meu carro. Será que
deveria chamar Brooke para ir junto? Não, acho melhor não. Não há um
motivo para chamá-la, assim como não há motivo para não a chamar.

Dirijo para casa listando os prós e contras sobre enviar uma mensagem para
ela. Uma parte em mim diz que não há nada demais em chamá-la, a outra
diz que posso aproveitar para conhecer outras pessoas, afinal não somos
exclusivos, porém não quero parecer que apenas a uso quando estou mal.
Deixo meu carro na garagem ao lado do carro de Josh e enquanto sigo para
dentro, volto a pegar meu celular e a conferir as mensagens. Existem
mensagens de Josh e Ethan.

“Eu topo, é sexta-feira, dia de festas, último fim de semana antes dos jogos
começarem (e eu ser obrigado a ser responsável). “

É claro que Josh não recusaria um convite para festa, mesmo se tivesse jogo
ele iria, porque ele assim como eu ama uma festa.

“Às 8 na casa dela.”

Dylan nos respondeu com o horário e logo abaixo há uma mensagem de


Ethan.

“Abigail e eu estamos indo também. “

Josh pergunta se devemos esperar por eles, mas Ethan nega, ele diz que nos
encontrará na festa. Como não há mais nenhuma mensagem guardo meu
celular e sigo para dentro.

Cruzo a porta que liga garagem e cozinha e me deparo com Josh.

Ele está tomando água e sem camisa.

— Deveria ser proibido eu ter que me deparar com uma imagem dessas em
minha própria casa.

Ele fecha a geladeira e me encara com um sorriso debochado.

— Por que fica com inveja, não é?

Reviro meus olhos e caminho na direção da porta que conecta a cozinha ao


restante da casa.

— Espere por mim para ir para casa de Kim.

— Ok.
Sigo para meu quarto, tomo um banho rápido, visto minha roupa e desço
para o primeiro andar. Encontro Josh na sala, então nós dois seguimos para
a garagem e vamos para o seu carro, é a sua vez de dirigir.

Ele dirige para a casa que Kim, a líder das cheerleaders pode não ser uma
pessoa muito agradável, mas sabe dar uma festa como ninguém.

— Você sabe como Dylan sabia dessa festa?

Indago Josh ao perceber que é estranho que tenha sido Dylan a nos chamar
para uma festa na casa de Kim.

— Não. — Sorri debochado. — Acho que está na vez dele.

Não preciso ser um gênio para saber que ele está falando de Kim e seu
interesse por atletas.

— Ainda mais que agora ele é capitão do time de basquete.

Josh assente concordando.

— Se você é um atleta e Kim não veio atrás de você algo não está certo.

Josh debocha e nós dois rimos.

— Acho melhor avisarmos para ele não se apegar à loira.

Apesar de estar rindo minha frase não é totalmente brincadeira, Dylan é o


mais quieto, centrado e propenso a se apegar alguém.

— Pobre do nosso armador.

Nós dois rimos e o restante do caminho vamos conversando sobre o


amistoso do time de beisebol amanhã. A liga universitária ainda não
começou de fato e amanhã nosso capitão Josh apenas jogará com seu time
contra um time de uma divisão inferior. Ele não está nem um pouco
preocupado, tanto que não está seguindo a regra de não beber e nem ir para
festas um dia antes do jogo.
É claro que os Crimson irão vencer.

Assim que chegamos Josh estaciona a alguns metros da casa, porque não há
mais espaço em frente, então deixamos o carro e seguimos na direção da
festa. Conforme nos aproximamos podemos perceber que o lugar já está
repleto de universitários.

Sorrio animado, quanto mais gente melhor.

Torço para que Abigail traga Brooke com ela, porque ela é do tipo que
gosta de festas assim como eu. Entramos e somos recepcionados por Kim e
uma das suas amigas que também faz parte do time de cheerleaders do
futebol americano.

— E agora falta apenas mais um integrante para ter as estrelas do Alabama


em minha casa.

Kim sorri animada depois de beijar meu rosto e o de Josh, eu apenas pisco
na sua direção.

— E você sabe onde está Dylan?

Pergunto e ela aponta para a cozinha.

— Ele está na cozinha.

Pisco mais uma vez para Kim.

— Obrigada, querida, vou procurar por ele.

Dou um passo para o lado, ela assente e ergue o copo que tem em mãos em
minha direção.

— E a propósito é lá que estão as bebidas.

Assinto e com Josh logo atrás de mim sigo para a cozinha.

Há muitas pessoas, mas não demoramos a encontrar Dylan, ele está apoiado
em uma das paredes e bebendo a sua cerveja, então pegamos nossas
próprias bebidas e vamos até ele.

Trocamos algumas provocações e Josh e eu nos apoiamos na parede ao seu


lado, ficamos os três observando o movimento na cozinha.

— Como você soube da festa?

Olho para o lado e Dylan dá de ombros.

— Apenas soube.

Josh olha na minha direção, nenhum de nós dois acredita na resposta de


Dylan.

— Kim está dando em cima de você?

Josh faz a dita pergunta e Dylan não nos responde imediatamente, seu pomo
de Adão desce e sobe em sua garganta.

— Ela não está.

Mente por fim.

— Você está mentindo.

Consto o óbvio e ele balança a cabeça negando.

— Não estou.

Não acreditamos nele, porém para sua sorte somos interrompidos por
alguns calouros, eles querem dicas de como serem tão populares e bons
quanto nós.

Ainda estamos conversando com os calouros quando Abby e Ethan se


juntam a nós. Uma sensação de decepção ecoa em meu peito quando não
encontro Brooke com eles. Realmente, esperava encontrar com ela, sei que
nos vimos ontem, porém poderíamos terminar a noite juntos.

É muito mais divertido quando ela está por perto.


Os novatos se afastam quando percebem que não queremos mais
compartilhar informações e nós cinco ficamos bebendo e rindo. E quando o
álcool começa a fazer efeito vamos para a sala dançar. Eu sou um péssimo
dançarino, mas nem ligo, porque sou Aiden Lewis, o popular capitão do
time de hóquei e pertenço ao quarteto que eles chamam de Estrelas do
Alabama.

Não demora para uma garota se aproximar e dançar comigo. Ela é bonita e
deixa claro o quanto está a fim de mim, porém falta algo. Eu até a beijo,
entretanto é estranho. Posso estar empolgado e se continuar a beijando sei
que ficarei excitado em algum momento, mas existe um mas e é
inexplicável.

Interrompo o beijo e dou um passo para trás.

— Preciso resolver algo.

Sorrio, pisco em sua direção e me afasto. Caminho para longe meio


transtornado. O que diabos aconteceu? Não é falta de desejo, não é broxar,
mas há a porra de um bloqueio.

Caralho!

Eu beijo mais duas garotas, mas tudo fica em beijo e nego até um boquete.
Porra, eu estou excitado, eu quero, porém não vou. Fico o restante da festa
sentado em uma espreguiçadeira no jardim com cara de bunda e tentando
entender o que aconteceu.

É claro que não encontro nenhuma explicação.

— Você está com uma cara péssima.

Dylan se senta na espreguiçadeira ao meu lado e dou de ombros.

— Quero ir embora e sou obrigado a esperar por Josh.

— Eu estou de carro e estou indo para casa.

Levanto-me no mesmo instante.


— Eu vou com você.

Dylan ri e fica em pé.

— Vou apenas me despedir de Kim.

Assinto.

— Espero você no carro.

— Ok.

Eu deixo a casa, envio uma mensagem para Josh avisando que estou indo
embora com nosso amigo e procuro pelo carro de Dylan, não demoro a
encontrá-lo, então me apoio contra seu Jeep e fico mexendo nas minhas
redes sociais. Eu tinha postado uma foto na festa do meu copo e Brooke me
enviou uma mensagem, abro a sua notificação assim que me deparo com
seu nome.

“Enquanto uns sofrem, outros se divertem.”

Respondo-a no mesmo instante.

“Você está sofrendo?”

Será que ela está apenas brincando, ou algo realmente aconteceu? Ela está
precisando de ajuda? Fico agoniado esperando pela sua resposta e para
minha sorte ela está online e me responde.

“Estudando, porque uma professora minha decidiu repor uma aula que não
deu essa semana amanhã e ainda por cima TERÁ uma prova.”

Respiro aliviado.

“Por um momento, pensei que estive precisando de um herói (já estava


pronto para ir salvar você do seu sofrimento.”

“Você tem o poder de fazer minha aula ser cancelada?”


Sorrio e digito a próxima mensagem com um sorriso em meu rosto.

“Sinto muito, mas isso é impossível, gatinha.”

“O que adianta ser uma das Estrelas do Alabama, se você não tem poder
de mudar o horário de uma aula?”

— Por que você está rindo? — Olho para cima e me deparo com Dylan
caminhando em minha direção. — E se afaste do meu carro, você o está
arranhando.

Reviro meus olhos e faço o que ele me pede.

— Prontinho, eu estou longe do seu bebê.

Ele me ignora, desliga o alarme do seu carro e ocupa seu banco atrás do
volante, eu abro a porta e me sento ao seu lado.

— Então, por que estava rindo?

Liga o carro e o coloca em movimento.

— Eu vi um meme. — Minto, porque sei que ele iria me provocar se


soubesse que estou conversando com Brooke. — O

que existe entre você e Kim?

Mudo de assunto antes que ele me faça mais perguntas.

Ele demora a me responder e aposto que está pensando em uma mentira.

— Nós somos amigos.

Ele parece tenso e continuo o observando e tentando analisá-lo a partir da


sua expressão.

— Kim tem amigos?


Não escondo a maldade da minha voz e Dylan apenas me olha com o canto
do seu olho.

— Você não sabe o que está falando.

Sorrio e balanço minha cabeça.

— Acredite, eu sei e aliás, cuidado com ela, Kim só quer status, ela não
gosta de ninguém — Dylan assente e seu pomo de Adão desce e sobe em
sua garganta. — Cuidado para não se machucar.

— Obrigado pelo conselho, Aiden, mas não sou um otário que precisa ser
protegido pelos amigos.

Franzo minha testa.

— Eu não quis dizer isso.

Ele fica em silêncio e vamos o restante do caminho sem trocarmos uma


palavra. Dylan estaciona na garagem, eu tiro meu cinto, mas não deixo o
carro.

— Nãos quis chateá-lo.

Suspira.

— Eu sei, eu só não sou ingênuo e inocente, não preciso da proteção de


vocês.

Assinto e nós dois deixamos o carro. Ele segue à minha frente e sei que está
chateado. Droga! Dylan sobe direto para o seu quarto, então me jogo no
sofá e pego meu celular, abro o perfil de Brooke e envio uma nova
mensagem para ela.

“Só para constar... se eu pudesse eu mudaria o horário da sua aula.”


Brooke

Aula de manhã no sábado deveria ser considerada um crime, prova então...


É difícil, mas consigo sobreviver e quando volto para casa estou morta de
fome, porque acordei atrasada e não consegui comer nada antes de sair,
então vou direto preparar algo.

Eu estou quase terminando minha omelete quando Abby entra em nosso


apartamento. Ela dormiu outra vez com Ethan.

Olho na direção dos dois e eles estão parecendo tão mais leves e estão
sorrindo, eles finalmente transaram.

— Vocês finalmente transaram?

Desligo o fogo. Abby e Ethan param no meio da nossa sala, sorrio e os


encaro divertida. Minha amiga franze sua testa e faz uma careta.

— Todos vocês achavam que isso iria acontecer?

Abro a boca para responder, mas é Dakota que está deixando seu quarto que
responde.

— Sim.
Abigail nos encara indignada, então entrelaça sua mão com a de Ethan e o
arrasta na direção do corredor.

— Ótimo, quarterback, nós fomos as piadas dos nossos amigos.

Os dois somem e ficamos apenas Dakota e eu.

— Como foi sua aula?

Suspiro.

— Melhor do que imaginei que seria.

Ela ri e eu tiro minha omelete da frigideira e a coloco em um prato. Eu vou


até o sofá e me sento ao lado de Dakota.

— Eles irão namorar — Assinto concordando com Dakota e ela sorri. —


Sabia que o amor iria prevalecer.

Faço uma careta.

— Menos Dakota que eles apenas transaram.

Dá de ombros.

— É amor, acredite.

Apenas balanço minha cabeça e sorrio. Dakota e eu ficamos na sala


assistindo um episódio aleatório de Friends e conversando sobre assuntos
aleatórios.

Dakota e Abby foram meu achado, quando preenchi aquele formulário no


site de habitações estudantis para achar colegas de quartos e apartamentos
jamais imaginei que poderia encontrar minhas melhores amigas.

Elas são um dos meus melhores presentes da universidade, não importa o


que aconteça daqui a dois anos quando terminarmos a graduação
continuaremos sendo amigas, é uma certeza.
Dakota e eu deixamos o sofá para cozinharmos e depois de alguns minutos
Ethan e Abby se juntam a nós duas, é nítido o quanto eles estão se curtindo.
Assim que tudo está pronto nos

sentamos os quatro ao redor da pequena mesa que há em nossa sala para


almoçarmos.

— O que vocês irão fazer hoje à tarde?

Dou de ombros diante da pergunta de Ethan.

— Dormir.

— Eu vou estudar.

Dakota o responde logo depois de mim, então Abby sorri, um sorriso


forçado e nos encara.

— Vocês deveriam ir com a gente no jogo de Beisebol.

Sorrio com o convite.

— Eu topo.

Dakota balança a cabeça negando.

— Não, obrigada.

Abby faz um biquinho.

— Vamos, será legal.

Dakota faz uma careta, eu trago uma garfada de macarrão até minha boca
enquanto observo minhas melhores amigas.

— Não quero ver Josh jogar.

— Provavelmente, Josh nem irá jogar e estará no banco dos reservas. —


Ethan argumenta. — É um amistoso e provavelmente, será poupado,
inclusive ele está de ressaca.

Dakota olha para mim, eu termino de mastigar e a encaro com uma


expressão de cachorro pidão.

— Se você não for eu não vou.

Ela suspira.

— Ok, eu vou.

Nós quatro comemoramos e seguimos conversando sobre Beisebol, porque


Dakota e eu não entendemos nada do assunto e Ethan e Abby tentam nos
explicar como funciona.

Após almoçarmos, Ethan e Abby ficam limpando a cozinha enquanto


Dakota e eu seguimos para nossos quartos para nos arrumarmos. Eu tomo
um banho, visto um short e uma regata, prendo meu cabelo e calço um
tênis. Pego minha bolsa e coloco meu celular e carteira dentro dela e ao sair
do quarto encontro Dakota deixando o seu quarto.

Eu sorrio e ela faz uma careta, caminhamos uma ao lado da outra e


entrelaço meu braço no seu.

— Vai ser legal.

— Eu espero, eu espero.

Ela resmunga e apoio minha cabeça em seu ombro. Nós encontramos Abby
e Ethan na sala e seguimos para o carro do quarterback, Dakota e eu nos
sentamos no banco traseiro. Eu aproveito o caminho para pegar o celular e
conferir minhas redes sociais, a primeira mensagem que aparece é de
Aiden.

“Como foi na prova?”

Mordo o lábio para não sorrir e depois de alguns segundos encarando meu
celular olho para Abby e Ethan.
— Dylan e Aiden também irão?

Abby sorri maliciosa.

— Você quer saber de Aiden, não é?

Reviro meus olhos para a pergunta da minha amiga.

— É apenas uma pergunta.

— Sei.

Abby é debochada e não me responde.

— Seus amigos também irão, Ethan?

Refaço a pergunta e Ethan finalmente me responde.

— Sim, Aiden estará lá, Brooke.

É claro que eles me provocam o restante do caminho e minha reação é


apenas revirar meus olhos. O Estádio Sewell–

Thomas está cheio, o jogo é somente um amistoso pré-temporada com um


time de divisão inferior e mesmo assim está repleto de universitários e
torcedores. Ethan deixa o carro no estacionamento e seguimos para o
interior do Estádio. Ethan troca algumas mensagens com os amigos e eles já
chegaram, então vamos até eles.

Meu coração dá uma leve acelerada quando mesmo de longe enxergo


Aiden, por que de repente é como se não soubesse como agir diante dele?
Por que de repente, fico me perguntando como cumprimentá-lo? Um
selinho? Um abraço? Um aperto de mão?

Droga, Brooke.

Eu tento agir normalmente, mas Dakota ergue suas sobrancelhas e sorri,


simplesmente aponto a língua na sua direção e seu sorriso amplia. Assim
que nos aproximamos de Dylan e Aiden, eu vou até Dylan e o cumprimento
com um beijo no rosto, em seguida vou até Aiden.

— Hey, bonitão.

Ele se vira em minha direção e seus olhos estão brilhando.

— Você veio, gatinha.

Ele passa seu braço pelo meu ombro e beija a lateral da minha cabeça.

— Eu vim.

Sinto uma sensação estranha em minha barriga, porém a ignoro e continuo


sorrindo.

— Ótimo, eu não estava a fim de desperdiçar minha tarde.

Nós dois sorrimos e nos sentamos um ao lado do outro. O

jogo inicia e nos concentramos em assisti-lo. Aiden tira todas minhas


dúvidas e depois de alguns minutos até que começo a entender, ou eu acho
pelo menos que estou entendendo.

Passam vendendo copos com cervejas e claro que nós compramos. Abigail
e Ethan não escondem que estão juntos e é óbvio que nós os provocamos.

O jogo é animado, os Tide estão metralhando o time adversário e gritamos


em êxtase. Ao fim do jogo Josh entra para tristeza de Dakota, os meninos
gritam o nome do amigo e minha amiga fica em silêncio, Abby e eu apenas
tentamos não rir da situação.

Não sei quantos copos de cerveja eu bebo e muito menos quantos meus
amigos beberam ao fim do jogo, o fato é que estamos bêbados, ou
parecemos estar pelo menos.

— Hora de comemorarmos, gata.

Aiden beija meu pescoço é um arrepio percorre meu corpo.


— E para onde vamos?

Viro meu rosto e minha boca quase toca a sua. Ele respira fundo e fixa seu
olhar em meus lábios.

— Todos devem ir para o bar Crimson Giants, mas acho que você e eu
deveríamos ir para outro lugar, um lugar mais sossegado, sem companhia
nenhuma, somente você e eu.

Ele morde meu lábio inferior e antes que possa aprofundar o beijo espalmo
minha mão em seu peito e o empurro para trás.

— Vamos para o bar.

Sorrio maliciosa e ele suspira.

— Ok, ok, mas você irá se arrepender da sua decisão.

Ele está me provocando, eu sorrio e fico em pé.

— Quem sabe mais tarde não fiquemos apenas você e eu.

Pisco em sua direção e estendo minha mão para ele. Aiden coloca seus
dedos sobre os meus e fica em pé. Juntos com

nossos amigos deixamos o estádio. Dakota, Dylan e Abby vão com Ethan, e
eu vou com Aiden para seu carro.

— Como foi sua prova?

Ele pergunta assim que entramos no carro.

— Melhor do que imaginei que seria.

Ele assente e dirige para fora do estacionamento.

— Sabia que iria bem.

Ergo minhas sobrancelhas e encaro a lateral do seu rosto.


— Sabia?

Apesar de não estar olhando para mim consigo ver o seu sorriso debochado.

— Sim, eu só sou amigo de pessoas inteligentes.

Balanço minha cabeça e sorrio.

— Não sei se isso é um elogio.

— Claro que é.

Seguimos conversando e mudamos de assunto, deixamos o tópico minha


inteligência de lado e nos concentramos em falar sobre a festa de
Halloween que será daqui a três semanas, ainda

há tempo para festa, porém queremos fazer uma grande festa e precisamos
iniciar nosso planejamento.

Aiden só consegue estacionar há um quarteirão do bar e assim que tira a


chave da ignição se vira em minha direção e segura meu pulso. Ele me
encara com malícia e eu vou me sentar em seu colo. Nós dois continuamos
nos olhando. Espalmo minhas mãos em seu peito e ele sobe as suas pelas
minhas costas até ter seus dedos em meu pescoço. Aiden aproxima seu
rosto do meu até que tenha seus lábios a centímetros dos meus.

— Eu quis fazer isso desde que vi você naquele estádio.

Segura os fios do meu cabelo entre seus dedos, diminui ainda mais a
distância entre nós dois e me beija. É um beijo intenso.. Perdemos nosso
fôlego, nossas línguas duelam e só nos separamos quando precisamos de ar.
Então, apoio minha testa na sua, nos encaramos por alguns segundos e é
como se não conseguíssemos fazer nada a não ser manter o olhar um no
outro.

Suas mãos descem pelas minhas costas e pairam sobre a minha bunda. Ele
fecha os olhos e sua boca mais uma vez se aproxima da minha. Eu o quero
tanto quanto ele me quer, porém sei que se não pararmos agora não
conseguiremos mais parar,
por isso me jogo de volta para o banco ao lado. Aiden suspira como se
estivesse com dor e me encara com um olhar de pesar, dou de ombros e
pisco para ele.

— No carro não, mas quem sabe no banheiro mais tarde.

Ele continua me encarando como se estivesse com dor. Eu abaixo meu olhar
e encaro sua ereção. Mordo meu lábio inferior para não rir e ele faz uma
careta.

— Não é engraçado, baby.

Solto meu lábio, sorrio e assinto.

— É sim.

Suspira mais uma vez.

— Eu preciso de um tempo.

Tenho que me controlar para não voltar a sorrir.

— O tempo que você precisar.

Ele apoia sua cabeça no banco e olha em frente, eu faço o mesmo e depois
de alguns minutos desisto de ficar no carro.

— Irei esperar lá fora.

Deixo seu carro, fecho a porta e me apoio nela enquanto espero por ele.
Para nosso azar antes de Aiden sair do seu carro nossos amigos se
aproximam e me encaram com malícia.

— E Aiden?

Dylan pergunta do amigo e dou de ombros como se não fosse nada demais.

— Ele precisa de uns minutinhos.


Dakota e Abby sorriem e eu reviro meus olhos.

— Droga, vocês estavam transando.

Ethan resmunga e Dylan gargalha. Eu balanço minha cabeça negando, mas


é claro que eles não acreditam. Aiden escolhe esse momento para deixar o
carro e claro que seus amigos o provocam.

Somos o alvo da vez e as provocações continuam enquanto vamos para o


bar. O lugar está lotado, repleto de universitários enlouquecidos e nós não
somos uma exceção e tudo piora quando o time de Beisebol chega. Os
jogadores puxam um coro com o hino e outros os gritos de guerra.

Josh se junta a nós e Dakota arrasta Abby e eu para bebermos um shot de


tequila, pelo visto ela precisa de muito álcool para suportar o riquinho
mimado. E depois de muito álcool ela realmente consegue socializar com
Josh, os dois até mesmo dançam e uma dança bem sensual.

Aiden e eu trocamos alguns beijos, bebemos muito e a cada segundo perto


um do outro faz com que a atração que sentimos aumente, a tensão entre
nós é insuportável, então Aiden entrelaça minha mão na sua e me guia para
longe de todos. Eu não hesito, nem pergunto para onde ele está me levando
e quando entramos em um depósito de materiais de limpeza apenas sorrio.

— Nunca transei em um lugar assim antes.

Ele beija meu pescoço e me empurra contra a porta que acabou de fechar.

— Eu preciso de você.

Sorrio e enrolo minhas pernas ao redor da sua cintura.

— Hoje eu sou sua.

Sua boca cobre a minha enquanto sua mão arrasta minha saia para cima e a
deixa enrolada na minha cintura. Seus dedos me tocam onde mais preciso
dele, porém ele não me deixa gozar, ele para e faz uma pausa para abaixar
suas calças, eu o ajudo e quando ele está livre o guio para dentro de mim.
Nós dois gememos com o contato, e é tão bom que nem nos importamos
com nada a não ser com o prazer que se

intensifica a cada segundo. Ele morde meus lábios e eu mordo os seus.


Arranho seus ombros e ele me segura pela bunda.

A tensão entre nós é tanta que não demoro a gozar e Aiden me acompanha.
Ficamos um tempo nessa mesma posição e por fim ele beija meu pescoço.

— Feliz um mês.

— Um mês?

Pergunto ainda de olhos fechados.

— Hoje Brooke. — Beija-me mais uma vez. — Faz um mês que transamos
pela primeira vez.

Aiden

Tento me concentrar na maldita aula à minha frente, mas está difícil. Eu


preciso de um tempo. Droga, eu tinha que me esquecer de tomar o maldito
remédio? Pela milésima vez o procuro na mochila e não o encontro, ainda
por cima esqueci de o trazer.
A professora continua falando e falando e eu não consigo me manter atento.
Para não mexer no celular abro a última página do meu caderno e fico
desenhando desenhos aleatórios, porém

antes do fim da aula já estou disperso outra vez. Suspiro, fecho meus olhos
e pressiono as pálpebras com a ponta dos meus dedos.

Ao abrir os olhos volto a prestar a atenção na aula, forço-me o máximo que


consigo e me mantenho focado até o fim, porém saio da sala com dor na
minha cabeça. Apenas cumprimento meus colegas e não paro para
conversar com nenhum deles, não é um bom dia para conversas.

Hoje é um péssimo dia para qualquer coisa.

Ainda são dez horas da manhã e já estou esgotado com sentimento de


fracasso ecoando em meu peito. Por mais que alguns sentimentos e
situações não sejam novas, alguns dias são mais difíceis de lidar que outros.

Sigo pelo corredor do prédio na direção da saída, tenho mais uma aula, mas
decido voltar para casa. Não vai adiantar tentar assistir uma próxima aula
no estado de distração que eu estou. É melhor ir para casa e talvez um
cochilo ajude a melhorar meu humor.

Eu vou para meu carro no estacionamento e dirijo para casa. Como os caras
estão no campus não esbarro com nenhum

deles ao chegar, então eu pego uma garrafa de água e subo para meu quarto.

Deito-me na minha cama e envio uma mensagem para meu terapeuta


perguntando se podemos antecipar nossa sessão de quinta para hoje, terça-
feira, afinal eu perdi a minha última sessão. Faz quase duas semanas que
não conversamos e eu realmente estou precisando conversar, primeiro foi a
minha explosão no último treino na semana passada e agora é essa sensação
de falha ecoando em meu peito consequência de não ter conseguido me
manter focado na aula sem o remédio.

Ele não me responde imediatamente, por isso deixo o celular de lado e


fecho meus olhos. Estou cansado por ter acordado tarde e não demoro a
dormir.

Acordo com um barulho . É uma música. Abro meus olhos e tento me situar
onde estou e o que está acontecendo, é o meu celular. Recordo-me da
minha mensagem para o meu terapeuta e pego o aparelho que está ao meu
lado, estou meio zonzo e aceito a ligação sem realmente conferir se é Paul.
Trago o celular até minha orelha e escuto uma voz, não é Paul.

— Hey, Aiden.

Não é meu terapeuta e não demoro a identificar quem é. É

Brooke.

— Hey, Brooke.

— Estou aqui na sua porta.

Ela fala animada e eu franzo minha testa sem entender. O

que ela está querendo dizer com estou aqui na sua porta?

— Você está aqui em casa?

— Sim, eu fiquei de vir aqui hoje para falarmos sobre a festa de Halloween,
lembra?

Droga, eu tinha esquecido. Nós marcamos no sábado e não marquei na


minha agenda e nem anotei em nenhum post it, o que ajudou para que não
lembrasse.

— Estou descendo para abrir a porta.

Levanto-me e caminho na direção da porta.

— Ok.

Encerro a chamada e desço para o primeiro andar. Estou um pouco


atordoado e assim que abro a porta me deparo com uma Brooke sorridente.
Gosto de vê-la e uma sensação de satisfação vibra em meu peito. Não
estava esperando encontrá-la, mas gosto que ela esteja aqui.

— Hey, Brooke.

Ela ergue suas sobrancelhas.

— Você estava dormindo.

Ela está afirmando e dou de ombros enquanto fico de lado para que ela
possa passar.

— Estava com um pouco de dor de cabeça, vim para casa depois da minha
primeira aula e acabei dormindo.

Conto meia verdade para Brooke que entra em minha casa e caminha na
direção da sala.

— Você está melhor? — Ela olha para trás e não espera por minha resposta.
— Podemos deixar para outro dia.

Balanço minha cabeça negando.

— Estou melhor, dormir realmente me ajudou.

Ela se joga no sofá e suspira.

— O que iremos almoçar? Porque vim direto para cá depois da minha aula
e não comi nada.

Paro a alguns centímetros do sofá, franzo minha testa e confiro o relógio em


meu pulso. É quase uma hora da tarde, ou seja, eu dormi por mais de duas
horas.

— Podemos preparar algo, ou pedir, mas lembre-se de que tenho que me


manter na dieta e se pedirmos algo será saudável.

Ela faz uma careta e pega algo em sua mochila.


— Vamos preparar algo, porque comidas saudáveis compradas em
restaurantes são muito ruins, sem gosto e parecem uma borracha.

Brooke fica em pé e com um bloquinho em mãos caminha para cozinha, eu


a sigo.

— Você está sendo preconceituosa.

Ela olha para trás e sorri.

— Um dia você pode me provar que estou errada, mas hoje quero comer da
sua comida.

Pisca em minha direção e volta a olhar em frente.

— Sabe, eu prefiro quando você é a comida.

Ela solta uma gargalhada que faz com que novamente sinta uma sensação
de satisfação em meu peito. Entramos na cozinha, ela fica em pé, em frente
da ilha e me encara ainda sorrindo.

— Você tem péssimas piadas.

Eu sorrio, balanço a minha cabeça negando e vou até ela.

Brooke deixa o bloquinho sobre o balcão e vira-se ficando de frente para


mim, eu apoio minhas mãos ao lado do seu corpo e a mantenho entre meus
braços.

— Confessa que adora minhas piadas.

Balança a cabeça negando e aproximo minha boca da sua.

Olho em seus olhos e ergo minhas sobrancelhas.

— Não posso mentir.

Mordo seu lábio inferior e o solto devagar dos meus dentes.


— Mentindo você está negando que não gosta delas.

Brooke traz suas mãos até meu pescoço e continua olhando em meus olhos.

— O que eu ganho se confessar que adoro seu senso de humor?

— Você me ganha.

Zombo e ela ri. Nós dois rimos até que tudo muda e precisamos um do
outro, então minha boca cobre a sua e nos beijamos

como

se

dependêssemos

disso,

como

se

dependêssemos um do outro.

Quando nos afastamos ignoramos a intensidade do que acabou de acontecer


e enquanto eu cozinho conversamos sobre nossa parte na organização da
festa de Halloween que é a decoração. Brooke anota todas as nossas ideias
em seu bloquinho e decidimos quase tudo, só falta executarmos.

Nós almoçamos um ao lado do outro e Brooke me ajuda a limpar o que


sujamos, não ficamos em silêncio um minuto sequer e quando tudo está
limpo ela diz que irá embora, então seguro seu pulso e a puxo na minha
direção.

— Você não quer ficar? Podemos assistir um filme...

Espero ansiosamente por sua resposta, inclusive meu coração bate


acelerado em meu peito.
— Você irá fazer pipoca?

Sorrio e beijo sua testa.

— Você acabou de almoçar e está pensando em comida?

Dá de ombros.

— Comida nunca é demais.

Beijo seus lábios rapidamente.

— Eu faço pipoca.

Ela sorri.

— Então, eu fico.

Eu faço a pipoca e vamos para a sala. Brooke se senta com o corpo apoiado
em meu peito e segura a pipoca. Não escolhemos um filme, e sim uma
série, de drama e suspense em que mortos voltam à vida. Glitch. Não é uma
série incrível, mas por curiosidade continuamos assistindo.

Brooke é uma ótima companhia, porque assim como eu ela adora comentar
durante a série, então criamos teorias e rimos das nossas ideias toscas.
Assim que terminamos o terceiro episódio Brooke pega o controle, pausa a
série, deixa a pipoca na mesinha que fica ao lado do sofá e se vira na minha
direção.

— Encontrei o parceiro perfeito para assistir série.

Coloco minhas mãos sobre sua cintura e puxo mais para cima para que seus
lábios fiquem acessíveis aos meus.

— Você é tão parecida comigo que me assusta. — Mordo seu lábio inferior.
— Minha versão feminina.

Ela olha em meus olhos e é o que fazemos até que a sua boca encontre a
minha e nos perdemos em um beijo. É um beijo simples que ganha
intensidade aos poucos, buscamos mais um do outro e agimos como se
fôssemos dois necessitados. Minhas

mãos descem da sua cintura até a bunda, aperto-a e Brooke geme em meus
lábios.

Eu me afasto alguns centímetros, sorrio e inverto nossas posições, eu a


deixo deitada no sofá e pairo sobre ela. Olho em seus olhos e encontro a
mesma malícia, e luxúria que há nos meus.

Desço meus lábios pelo seu pescoço enquanto meus dedos encontram a
barra da sua camiseta. Puxo-a para cima e me separo dela apenas para jogá-
la no chão e logo em seguida minha boca volta a encontrar sua pele.

Beijo seu pescoço, a parte exposta dos seus seios acima do sutiã e estou
com meus lábios sobre sua barriga quando escuto o barulho da porta sendo
aberta. Eu suspiro e subo rapidamente até estar com meu corpo escondendo
o de Brooke.

— Não acredito que você está transando na sala.

É o maldito do Josh.

— Feche os olhos.

Resmungo.

— Se ela for gostosa sempre podemos dividir, o que você acha de um


ménage?

— Me respeite, Josh.

Brooke grita.

— Desculpe, Brooke, não sabia que era você. — O idiota ri.

— Estou subindo para meu quarto.


Escuto seus passos e só depois de alguns segundos que me afasto de Brooke
e me sento no sofá.

— Maldito. — Brooke está rindo. — Você não deveria estar rindo.

Curvo-me, pego sua blusa no chão e a entrego para Brooke.

— Um ménage com vocês dois não seria uma péssima ideia.

Fuzilo-a, ela coloca sua blusa e me encara com malícia.

— Nem pense nisso.

— Seria divertido.

Faz um beicinho e só de imaginar Brooke com um dos meus amigos faz


com que meu estômago revire.

— Se um dos meus amigos encostar em você, eu os mato.

— Ele é possessivo.

Dou de ombros e ela sorri. Nós voltamos a assistir a série chata, porque
estamos curiosos com o desfecho e só paramos quando somos
interrompidos pela chega de Ethan e Abby.

— Você está vendo o que eu estou vendo, bonitinha?

Reviro meus olhos, porque sei que meu amigo e Abby irão nos provocar
com alguma gracinha.

— Um casal assistindo um filme?

Abby responde e não esconde o deboche da voz. Brooke encara a amiga e a


fuzila com seus olhos.

— Exatamente, um casal.

Olho para os dois e faço uma careta.


— Eu preferia vocês dois quando se odiavam.

— Eu nunca a odiei.

Ethan beija o pescoço de Abby e reviro meus olhos.

— Olha, bonitão, um casal.

Brooke se vinga, porém nenhum dos dois parece se importar. Eles


realmente são um casal.

— Que tal um churrasco hoje à noite?

Ethan propõe, eu ergo meu dedo em um sinal positivo e Abby sorri.

— Irei chamar Dakota.

Abby se afasta para a cozinha com celular em mão.

— Eu vou avisar Dylan.

Ethan aponta para a cozinha e segue Abby, o fato de ligar para Dylan foi
apenas uma desculpa para ir atrás de Abigail.

— Eu estou começando a acreditar que Dakota está certa.

— Viro-me para Brooke e ergo minhas sobrancelhas. — Eles estão


apaixonados do tipo amor e tals.

— Ela está certa, eles estão apaixonados.

Nós dois fazemos uma careta.

— Pobrezinhos.

Concordo com Brooke.

— Eles são tão novos para se amarrarem assim. —


Complemento e ela faz uma expressão de pesar. — Ainda bem que nós
somos sensatos.

Ela sorri.

— Muito sensatos.

Coloco um fio do seu cabelo para trás da sua orelha, curvo-me na sua
direção e beijo seus lábios.

— Os mais sensatos, gatinha.

Nós dois rimos e voltamos a nos beijar.

Aiden

Terminamos o dia com nossos amigos na piscina e fazendo um churrasco,


Brooke ao fim da noite vai embora com Dakota, eu não peço para que ela
fique, mas minha vontade era pedir. Queria ela dormindo comigo para que
pudéssemos aproveitar mais um do outro, droga, nós nem chegamos a
transar.

Depois de terça tudo dá certo, meus treinos tanto na quarta quanto na sexta,
acontecem sem briga nenhuma, por mais que Jagger continue com suas
provocações, não me esqueço dos

remédios e nem de nenhum compromisso. Brooke é meu amuleto de sorte.


E é por isso que na sexta quando sou chamado para uma festa por um dos
meus companheiros de time assim que entro em meu carro depois do treino
envio uma mensagem para ela.

“Que tal uma festa na casa de um dos meus companheiros de time?”

Espero por sua resposta antes de ligar de ligar o carro.

Agora usamos o aplicativo de mensagem para conversamos já que temos o


número um do outro. Enquanto ela não me responde, subo nossa conversa
para cima e dou uma lida nas mensagens que já trocamos e foram várias,
sobre a festa de Halloween e sobre outros assuntos aleatórios, a verdade é
que sempre estamos nos falando, sequer dizemos boa noite, ou bom dia,
simplesmente ficamos nos falando direto.

Realmente somos bons amigos.

Brooke finalmente me responde.

“Que horas?”

Respondo-a no mesmo instante.

“Às nove.”

“Você vem me pegar?”

Sua pergunta tem duplo sentido e digito minhas próximas palavras com um
sorriso em meu rosto.

“Sempre, querida.”

“Estarei esperando por você. ”

Ainda estou sorrindo quando guardo meu celular em meu bolso e coloco o
carro em movimento. Estou de bom humor enquanto dirijo para casa e
mesmo estando exausto estou animado. Os treinos estão mais pesados por
conta dos jogos, porém isso me faz bem, faz com que seja mais fácil focar e
não ficar entediado.

Ao chegar em casa encontro Dylan e Josh sentados no sofá, antes de subir e


guardar meus equipamentos paro ao lado da lareira e os dois me encaram
curiosos.

— Tenho uma festa para irmos.

Dylan é o primeiro a balançar sua cabeça negando.

— Tenho um compromisso.

Ele tem um sorriso malicioso em seu rosto.

— Esse seu sorriso entrega que irá encontrar uma garota.

Ele só dá de ombros diante a minha observação.

— Eu tenho que treinar teatro.

Josh suspira e sorrio debochado.

— Ele está tão empenhado que deve ganhar o próximo Oscar de melhor
ator.

Ele joga uma almofada em minha direção, desvio do objeto e deixo a sala
rindo. Aula de teatro... não vejo a hora de ver essa peça.

Eu vou para o meu quarto, guardo meus equipamentos e como tomei um


banho rápido no vestiário, deito-me na cama e cochilo por alguns minutos.

Assim que eu acordo desço para a cozinha e como algo, pretendo ingerir
álcool, então é melhor estar alimentado. Não encontro nenhum dos caras e
isso significa que o tempo que fico aqui embaixo é um tempo em silêncio.

Após terminar de comer, eu volto para o meu quarto e vou para o banheiro,
tomo um banho demorado e assim que saio do chuveiro, enrolo a toalha ao
redor da minha cintura e vou até meu guarda-roupa escolher uma roupa, não
é uma tarefa muito difícil e visto uma calça jeans, tênis branco e uma
camiseta preta. Arrumo meu cabelo em dois segundos e estou pronto,
porém ao olhar

para o relógio percebo que ainda há alguns minutos até a hora de ir buscar
Brooke.

Eu fico andando de um lado para o outro em meu quarto, porque uma parte
em mim está ansioso para vê-la. Brooke e eu nos encontramos na terça, não
faz sentindo estar tão ansioso, hoje é sexta, apenas três dias depois e
conversamos durante esses dias por mensagem.

Deve ser porque não fizemos sexo na terça.

Apesar de tentar me convencer que não há motivos para estar assim não
consigo me controlar e continuo andando de um lado para o outro até o
momento de ir buscá-la.

Eu deixo meu quarto, desço as escadas e caminho na direção da garagem.


Ethan fala algo, mas ignoro meu primo.

Foda-se ele. Dirijo para o campus e paro no estacionamento em frente ao


seu prédio, então envio uma mensagem para Brooke e aviso que a estou
esperando. Ela me responde que está saindo de casa.

Olho em frente e bato com meu dedo na borda da direção, por que continuo
ansioso? Droga! Brooke não demora a deixar

seu apartamento e a observo caminhando até meu carro. Desço meu olhar
pelo seu corpo e ela está linda.

Está vestindo um vestido curto e colado ao seu corpo, ela está de tênis e seu
cabelo está solto. Seus lábios estão pintados de vermelho. Perfeita!

Assim que entra no carro, curvo-me na sua direção e aproximo meus lábios
dos seus.
— Você está linda. — Beijo a lateral da sua boca. — Não vou beijar sua
boca para não tirar seu batom.

Volto para o meu lugar e ela sorri.

— Obrigada por ser um cavalheiro, odiaria ter meu batom borrado.

Pisca em minha direção e eu também sorrio. Eu olho em frente e dirijo para


a casa de Cameron.

— Então, para onde estamos indo?

— Para casa de Cameron.

Respondo-a e espero por sua próxima pergunta, porque sei que ela fará
mais.

— E quem é Cameron?

— Ele joga na defesa do nosso time.

Gostaria de conversar com Brooke olhando para ela, porém não é possível,
porque estou dirigindo.

— Ethan, Dylan e Josh também irão?

Balanço minha cabeça negando.

— Não, eu até os chamei, mas eles tinham compromissos.

— E como é sua relação com seus companheiros de time?

Não são estranhas suas perguntas e nem me importo em respondê-la, uma


parte minha até gosta de compartilhar informações sobre minha vida com
ela.

— Boa com quase todos.

Faço uma careta ao me lembrar de Jagger.


— Quase?

Assinto.

— Um dos caras que joga na posição de center queria ser o capitão, ele não
concordou com a escolha do treinador.

— No caso ele não queria que você fosse o capitão.

Assinto mais uma vez.

— Sim, mas sendo sincero não acho que seja algo pessoal, ele só queria ter
sido o capitão.

Ela fica alguns segundos em silêncio.

— Você precisa me levar para assistir um dos seus jogos.

Sorrio animado com essa ideia.

— Irá demorar mais um mês para a temporada começar, mas você pode
assistir um dos treinos.

— Posso?

Pergunta animada.

— Sim, aliás em Pelham, a cidade onde fica o complexo que utilizamos


para treinar tem uma loja incrível de decoração, você poderia assistir um
dos meus treinos e depois poderíamos ir a essa loja comprar o que
precisamos para a festa de Halloween.

Minha ideia é realmente ótima.

— Ok, quando são seus treinos?

— Às quartas e sextas à tarde.

— Eu tenho aula na sexta, mas a quarta estou livre.


— Marcado então?

Paro em um sinal e olho para o lado, Brooke está me encarando com um


sorriso animado.

— Marcado, bonitão.

Sorrio e continuo a encarando até que alguém buzina.

Merda, o sinal abriu. Volto a olhar em frente e a dirigir.

— Sou mesmo irresistível

Penso em alguma desculpa, porém não há nenhuma.

— É culpa desse seu batom vermelho.

— Ele é realmente lindo. — Ficamos alguns minutos em silêncio até que


Brooke muda de assunto. — O que devo esperar dessa festa?

Vamos até a casa de Cameron conversando sobre o que ela pode esperar da
festa. Bebida e pessoas bêbadas basicamente, além de não encontrar pudor
algum, é claro.

Cameron é um cafajeste e putão, mil vezes pior que eu e putaria deveria ser
seu sobrenome.

Ela não fica nem um pouco chocada e muito menos decepcionada. Perfeita,
como sempre.

Assim que estaciono em frente à casa de Cameron, Brooke se vira para mim
surpresa.

— Vocês, jogadores, são todos ricos?

Dou de ombros.

— Nós que jogamos hóquei não temos bolsas e nem muitos recursos, então,
sim a maioria de nós somos ricos e temos condição de nós mesmos
financiarmos o esporte.

— Playboys esnobes.

Debocha e somente balanço minha cabeça sorrindo enquanto abro a minha


porta e saio do carro. Brooke também deixa o veículo e a encontro na
calçada, então aciono o alarme e passo meu braço pelos seus ombros.

— Aposto que você sentiu falta desse playboy aqui.

Mordo sua orelha.

— Eu vi você na terça. — Faz uma pausa. — Ainda não deu tempo de


sentir saudade.

Preciso ignorar a leve sensação de desapontamento que surge em meu peito.

— Assim você fere meu ego, gatinha.

Ela somente ri e seguimos para entrada da casa de Cameron. Ele está logo
na porta acompanhado com parte do time, eu sou recepcionado por eles,
trocamos algumas provocações e apresento-lhes Brooke. Eles olham para
ela e faço questão de beijar seu pescoço, afinal ela está comigo.

Entramos no local e a sala cedeu lugar a uma pista de dança improvisada,


há luzes coloridas girando do teto e uma música ecoando pelo espaço. Eu
seguro a mão de Brooke e a guio para o jardim onde Cameron disse que
estão as bebidas.

Nós vamos até o bar improvisado e pegamos duas garrafas de cerveja,


algumas pessoas se aproximam e ficam conversando com nós dois enquanto
bebemos, é assim que ficamos por um tempo.

— Vamos dançar?

Canso de socializar, então sussurro no ouvido de Brooke, ela assente e nos


afastamos da rodinha de pessoas. Pegamos mais duas cervejas e voltamos
para a sala. Dançamos um de frente para o outro e nas músicas mais
sensuais Brooke fica com as costas apoiadas em meu peito e rebola até o
chão, sua bunda encosta em mim e coloco minhas mãos em sua cintura
aplicando um pouco de força e a mantendo perto de mim. Beijo seu pescoço
e seus ombros.

A cerveja acaba, mais uma música começa e continuamos provocando um


ao outro. Distribuo beijos pela sua pele até sua orelha, ela se arrepia, sorrio
e sussurro.

— Body shot, baby.

Ela se vira para mim, morde seu lábio inferior e assente.

Mais uma vez, entrelaço seus dedos com os meus e a guio para o bar. Eu
peço uma dose de tequila, limão e sal.

— Não é possível que você derrame a bebida em mim.

Ela faz um biquinho enquanto se senta no banco que está de frente para o
bar.

— Não toda, mas um pouquinho é possível sim.

Encaro-a com malícia e ela sorri. Eu pego o sal que está em um pequeno
prato de alumínio e o espalho sobre a parte dos seus seios exposta pelo
decote do vestido.

— Não se mexa.

Ela apenas assente de forma delicada. Estou concentrado nela, mas percebo
as pessoas se aproximando, elas querem presenciar o nosso show. Apesar
da sua respiração alterada Brooke segue tentando se movimentar o menos
possível.

Eu levo o limão até seus lábios e ela o segura, então levo meus dedos até
seu queixo e a incentivo a inclinar um pouco sua cabeça, assim ela faz, eu
seguro o copo com shot e abaixo minha cabeça. Aproximo meus lábios dos
seus seios e pego o sal direto
da sua pele. É totalmente excitante e tudo piora quando derramo um pouco
da tequila em seu pescoço.

Bebo da bebida chupando e lambendo sua pele, sua palpitação está alterada
e sinto na minha língua. Foda-se, eu a quero ter mais uma vez. Mantenho
minha boca em sua pele até não haver nenhum vestígio da bebida, então
bebo o restante que há no copo e pego o limão da sua boca com a minha.
Nossos lábios se tocam e a tensão entre nós piora.

Rapidamente, ergo minha mão e afasto o limão dos seus lábios, ambos
estamos ofegantes e quando nos beijamos é como se uma explosão estivesse
acontecendo.

Ignoramos os gritos e assobios ao nosso redor e continuamos com nossas


bocas unidas. E quando nos separamos temos os lábios inchados, meu olhar
encontra o seu e apoio minha testa na sua.

— Minha casa?

— Sua casa.

Ela pula do banco, eu a coloco na minha frente para esconder a minha


ereção e vamos para o meu carro. Antes de

entrarmos suas costas encontram a lataria do veículo e nos beijamos mais


um pouco. Parecemos dois adolescentes.

O caminho para minha casa é feito em silêncio, minha mão em sua coxa e é
como se existisse uma tensão entre nós dois prestes a explodir.

Assim que chegamos, eu paro o carro na garagem, deixo-o e vou até o seu
lado. Abro a sua porta e a ajudo a descer, no mesmo instante seus lábios
encontram os meus, seguro suas coxas e ela mantém suas pernas ao redor
da minha cintura.

Levo-a para meu quarto e não demoramos para termos nossas roupas longe
dos nossos corpos e estarmos em minha cama. Ignoramos as preliminares,
eu coloco a camisinha e me guio para dentro dela.
Nós dois gememos, suamos e obtemos o máximo que conseguimos.
Gozamos juntos e exaustos nos deitamos um ao lado do outro.

Dessa vez, quando Brooke se levanta para ir embora, seguro seu pulso e
peço para que ela fique e ela fica. Brooke dorme e acorda em meus braços.

Brooke

Enquanto dirijo de Tuscaloosa para Pelham a fim de encontrar Aiden me


dou conta que faz mais de um mês que não saio com outra pessoa que não
seja Aiden e ainda temos compartilhado nossos fins de semana, além de
outros dias da semana.

Eu deveria sair com outras pessoas e fazer outras coisas nos meus fins de
semana, porém simplesmente não tenho vontade. E que mal há em estar
com Aiden? Nós somos amigos e

nos damos bem, além do mais nenhum de nós dois irá confundir as coisas.

No fim de semana retrasado foi o jogo de Beisebol que terminou com nós
dois bêbados transando em um deposito de materiais de limpeza, se bem
que naquele dia todos perdemos um pouco da dignidade. Josh e Dylan
fizeram uma tatuagem e Ethan e Abby uma tatuagem de casal. Quem faz
uma tatuagem de casal ficando a menos de uma semana com a pessoa?
E no fim de semana passado Aiden e eu fomos as mesmas festas, na sexta e
no sábado. Nós não ficamos com ninguém. Eu voltei com ele para sua casa
nos dois dias, dormi lá e em seus braços.

Amigos fazem isso, não é?

Sigo o endereço que está no GPS e disperso meus pensamentos, não gosto
de ficar pensando muito em um assunto.

Nem sempre podemos viver da razão, às vezes simplesmente devemos


viver.

Eu aumento o volume do som e canto com a Sia.

“Garoto, coloque essa energia na minha vida Coloque seu braço no meu
pescoço enquanto eu estou andando

Por favor entenda, sim, eu me apaixonei por você, você” [5]

A música é mais animada e esqueço-me de tudo que estava me


incomodando e perturbando anteriormente. Mesmo que a letra seja um
pouco sugestiva, não estou apaixonada mesmo.

Eu paro o carro no estacionamento do complexo, pego minha mochila e


deixo o veículo. Caminho na direção da entrada do prédio que é semelhante
a um ginásio. Na bilheteria digo que irei acompanhar o treino de hóquei,
apresento minha carteirinha estudantil e sou liberada a entrar.

Ao entrar deparo-me com a pista de patinação e os jogadores correndo


sobre seus patins, com os tacos nas mãos e tentando se manterem com
puck[6]. Eu vou até a arquibancada e fico na terceira fileira de cadeiras,
nem tão longe e nem tão perfeito, o lugar perfeito. Não demoro a entender
que eles estão simulando um jogo, há seis jogadores de cada lado
considerando o goleiro e estão utilizando capacetes e os equipamentos de
proteção normalmente usados pelos jogadores de Hóquei.

O uniforme é branco com vermelho e eles ficam gigantes por causa das
proteções, eu não sei qual é o número que Aiden
joga, mas não demoro a identificá-lo, seu sobrenome Lewis e o seu número
98, estão estampados em sua camisa.

O jogo é ágil e repleto de pegadas, esbarradas e movimentos mais bruscos.


É preciso ser rápida para acompanhá-los, porém consigo, principalmente
porque meu foco é um único jogador. Aiden se posiciona na zona de ataque,
mais à esquerda, e luta pelo disco, além de tentar bloquear os adversários,
ele faz passes ofensivos quando está livre da marcação. É possível perceber
o quanto ele é incrível e está concentrado na partida.

De uma forma estranha é excitante observá-lo.

Mal posso esperar para assistir um dos jogos oficiais, já vi os Tides


jogarem, porém agora é diferente, porque não é apenas assisti-los, é
também torcer por Aiden.

Alguém marca um ponto e escuto o som de um apito, olho para o local onde
está o treinador, logo ao lado da pista de patinação e ele está gritando treino
encerrado. Os jogadores patinam na direção da saída, mas Aiden faz o
contrário ele vem em minha direção, então fico em pé e vou até ele.

O vidro de proteção nos separa, porém como é transparente conseguimos


nos ver. Aiden tira o capacete, o

protetor bocal e deixa o taco apoiado no muro.

— Hey, gatinha.

— Hey, bonitão.

Sorrio e ele me olha com certo receio.

— O que você achou?

Encaro-o em silêncio por alguns segundos a fim de torturá-lo e pela careta


que surge em seu rosto, eu sou bem-sucedida.

— Eu achei bem sexy.


Digo por fim e mordo meu lábio inferior, Aiden ergue suas sobrancelhas.

— Sexy?

Dou de ombros.

— Sim.

Ele ri e balança a cabeça de um lado para o outro.

— Eu já disse o quanto você é perfeita?

Franzo minha testa como se estivesse refletindo sobre sua pergunta.

— Não sei, mas ouvir um elogio desses nunca é demais.

Aiden se aproxima ainda mais da proteção de vidro.

— Você é perfeita, Brooke — Sussurra e patina para trás, eu apenas sorrio e


ele continua se afastando. — Espere por mim.

Ele grita e assinto.

— Estarei aqui esperando por você.

Aiden se vira ficando de costas e patina na direção da saída, ele deixa a


pista de gelo. Senta-se em um banco para tirar os patins e enquanto faz isso,
olha em minha direção e seus olhos encontram os meus. Uma sensação
diferente ecoa em meu peito, é inexplicável e faz com que sinta uma paz e
ao mesmo tempo uma ansiedade.

Mesmo quando Aiden se levanta e caminha para o vestiário continuo com a


sensação em meu peito. Respiro fundo, ignoro meu coração acelerado e
pego meu celular. Confiro minhas redes sociais e tento não pensar em
Aiden, eu falho e suspiro irritada. Não é possível que não consiga controlar
minha própria mente.

Forço-me a olhar fotos, responder mensagens, deixar comentários e só


desvio minha atenção do celular quando o sinto se aproximando. Eu olho
para cima e o encontro caminhando em minha direção. Aiden está vestindo
uma calça de moletom, uma

camisa preta, tênis e seu cabelo está molhado indicando que tomou banho.

— Você parecia tão concentrada.

Mordo meu lábio inferior, fico em pé e guardo meu celular.

— Tão concentrada quanto você estava enquanto estava jogando?

Seus olhos brilham e eu dou alguns passos em sua direção.

— Então, você notou o quanto estava concentrado?

Não entendo o porquê de eu ter percebido que ele estava concentrado,


parece tão importante.

— Sim, você parecia extremamente concentrado.

Assim que paro à sua frente ele passa seu braço pela minha cintura.

— Eu estava tentando fazer uma boa performance para você.

Olha em meus olhos e mais uma vez, meu coração dá uma leve acelerada.

— Objetivo conquistado com sucesso, bonitão.

Ele sorri e beija minha testa.

— Ótimo, vamos?

Encara meus olhos e assinto, então ele passa seu braço pelos meus ombros e
caminhamos na direção da saída.

— Eu vim com Cameron de carona e deixei os meus equipamentos em um


dos armários no vestiário, assim podemos ir à loja e voltarmos para casa
juntos.
— Ótimo. — Espalmo minha mão em seu peito. — Adoro como você pensa
em tudo.

— Sempre à sua disposição, baby.

Nós dois sorrimos e o guio até onde está meu carro no estacionamento. Nós
jogamos nossas mochilas no banco de trás e ocupamos nossos lugares à
frente. Dessa vez, não preciso de GPS, porque Aiden nos direciona até a
loja. Um megaloja de decorações.

Assim que saímos do carro, Aiden volta a passar seu braço pelos meus
ombros e eu me apoio contra ele. Paramos alguns segundos para apreciar a
vitrine que está repleta com itens de Halloween e em seguida entramos na
loja.

Como não há atendentes vamos de corredor em corredor, eu pego o meu


caderno com as anotações e vamos pegando o

que iremos usar para decorar a casa dos meninos. Não temos pressa e nos
divertimos escolhendo os itens, ou simplesmente experimentando as
fantasias disponíveis, como as máscaras de monstros e chapéus de bruxas,
tiramos algumas fotos e rimos a ponto da minha barriga doer.

Aproveitamos para escolhermos nossas fantasias, Aiden combinou com


Josh de ir de Luigi enquanto Josh irá de Mario, para combinar com eles eu
compro a fantasia da princesa que aparece nos jogos de Mario Bros. [7] Há
duas fantasias de princesas diferentes, uma com vestido rosa e a outra com
vestido amarelo, por isso compro uma para Dakota.

— É justo que tanto Luigi quanto Mario tenham suas próprias princesas.

Pisco na direção de Aiden e ele apenas ri.

— Você tem algo para fazer?

Aiden me pergunta logo após deixarmos as sacolas com as compras no


porta-malas.

— Não.
Ele assente e entramos no carro.

— Podemos ir a um lugar?

Viro-me para o lado e ele está me encarando com um olhar repleto de


expectativas.

— Que lugar?

Franzo minha testa. Sorri misterioso e balança a cabeça negando.

— Surpresa.

Suspiro dramaticamente.

— Espero que você não esteja prestes a me sequestrar.

Coloca sua mão sobre meu joelho e o aperta.

— Confie em mim.

Ele está rindo, mas há algo mais em sua voz como se realmente quisesse
que eu confie nele.

— Eu confio em você.

— Ótimo, então troque de lugar comigo.

Nós dois trocamos de lugar, Aiden puxa meu banco para trás e é ele quem
dirige. Eu não conheço a cidade e aproveito o trajeto para olhar pela janela.
É um lugar pequeno que mais parece um vilarejo. Aiden começa a se
afastar das construções e me dou conta de algo.

— Você está me levando para o Parque Estadual Oak Mountain?

Pergunto animada.

— Sim, você já foi lá?


Viro-me para ele e balanço a cabeça negando.

— Não, mas já ouvi falar.

— É um lugar muito bonito e podemos aproveitar a parte destinada para


piqueniques e passeios diurnos.

— Dessa vez, você realmente me surpreendeu, bonitão.

Ele apenas ri e continua dirigindo. Ele adentra o parque e para em um


estacionamento à beira do lago. Não há muitos carros, o que indica que o
lugar não está muito movimentado.

Saio do carro primeiro e espero por Aiden e enquanto ele dá a volta, olho ao
redor. Há muitas árvores, muito verde e um lago lindo. Aiden se aproxima e
segura minha mão.

— Aqui é lindo.

Ele assente e me guia na direção de um deck de madeira.

— Eu sempre vinha aqui depois do treino com meus pais, às vezes Ethan
vinha junto e fazíamos trilhas, ou apenas um piquenique.

Olho para ele e parece perdido em memórias.

— Você sempre treinou aqui em Pelham?

— Sim, eu treino hóquei desde pequeno e sempre treinei aqui.

Ele sorri e andamos pelo deck que tem um formato de T.

Há apenas mais um grupo de pessoas e caminhamos no sentido contrário


que eles estão.

— Desde que idade você treina?

— Oito.
Encaro-o surpresa.

— Isso é desde muito cedo.

Ele assente.

— Minha família sempre gostou de esportes. — Sorri debochado. — Tanto


que eu sou capitão de hóquei e Ethan o capitão do time de futebol
americano.

Ele solta minha mão e nós dois nos sentamos no deck com nossos pés a
centímetros da água.

— Vocês dois são muitos próximos, não é!?

Ele assente.

— Minha família é muito unida e consequentemente fomos criados como


irmãos.

— Você tem irmãos?

— Não, e você?

Abro e fecho minha boca, eu não esperava por essa pergunta. Antes de
respondê-lo olho em frente e encaro o lago à nossa frente.

— Não, mas deveria ter, eu tive uma irmã gêmea, mas ela morreu horas
depois de nascer.

Coloca sua mão sobre a minha que está apoiada no deck.

— Sinto muito.

Sorrio.

— Eu nunca a conheci e é estranho sentir falta de alguém de quem não


tenho lembranças, porém sempre me pergunto como seria se ela tivesse
sobrevivido.
Não falo sobre a irmã que deveria ter tido com muitas pessoas, não por ser
doloroso, mas por ser algo tão meu, apesar disso não me incomodo de falar
sobre isso com Aiden.

— É por isso que você e seus pais têm as asas de um anjo tatuado em um
ombro?

— Como você sabe?

Olho para ele e ergo minhas sobrancelhas.

— Eu vi nas suas fotos.

— Você andou bisbilhotando meu quarto? — Sorri e dá de ombros, ele não


se sente nem um pouco culpado e eu não me importo, por isso respondo à
pergunta que fez anteriormente. — É

pela minha irmã que tatuamos as asas de um anjo, porque foi nossa maneira
de eternizar Evelyn.

— Esse era o nome dela?

— Sim.

Apoio meu rosto em seu ombro e ele beija o topo da minha cabeça.

— É um bonito nome.

— É sim.

Assistimos o Sol se pôr e eu me dou conta de que gostaria de ter uma irmã
para conversar sobre Aiden.
Aiden

Estou sentado no banco de frente para a ilha que fica no meio da nossa
cozinha enquanto Dylan e Ethan estão cozinhando. Hoje é quarta-feira e o
dia deles prepararem a janta.

Estamos bebendo cerveja e Ethan está dizendo o quanto está nervoso para o
jogo no sábado.

— Deixe de ser um bebê chorão.

Provoco-o e bebo um gole da minha bebida.

— Não estou sendo um bebê chorão.

Resmunga e ele realmente não está. Ethan deslocou o ombro, ficou um


tempo fora e agora irá voltar em um jogo contra a principal rival da UA [8].
Porém, não vou incentivar o cara a ficar mal, pelo contrário, tentarei distraí-
lo.

— Cara, vai dar tudo certo e você marcará um touchdown.


Josh que está ao meu lado tenta tranquilizá-lo, Ethan o encara e faz uma
careta.

— Você sabe que eu normalmente não marco, não é?

Josh dá de ombros.

— Detalhes e detalhes.

Dylan para de mexer na panela em que estava mexendo e passa seu braço
pelos ombros de Ethan.

— Chega de se lamentar.

Ethan suspira e nós três rimos.

— E Abby?

Josh é quem pergunta e Ethan suspira mais uma vez.

— Em casa, ela está estudando para uma prova.

— Ele está todo triste, porque foi obrigado a se desgrudar da garota que ele
gosta.

Debocho e ele revira seus olhos.

— Eu odeio vocês.

— Você nos ama.

Dylan o rebate e nós rimos. Meu celular vibra em meu bolso e o pego, é
uma mensagem de Brooke. Aperto na notificação e ignoro as vozes dos
meus amigos, concentro-me totalmente nela.

“Você está ocupado?”

Respondo-a no mesmo instante.


“Não, por quê?”

Realmente, não estou ocupado, só estou aqui esperando os idiotas dos meus
amigos cozinharem.

“Estou precisando de uma pausa.”

Essa é à sua maneira de dizer que quer transar.

“Posso ir até a sua casa, ou você pode vir até aqui.”

Faz mais de um mês que estabelecemos nossa amizade colorida... na


verdade, não sei quanto tempo exato faz que

estamos nos vendo. Talvez, quase dois meses. Caramba, faz dois meses que
não saio, nem transo com uma pessoa diferente.

“Sua casa é maior, eu estou indo até aí”.

“Traga suas coisas para ficar e ir daqui para o campus amanhã.”

É muito melhor quando ela fica e dorme comigo, por algum motivo é
melhor quando Brooke está por perto.

“Ok.”

— Aposto que ele está conversando com Brooke.

Olho para o lado e me deparo com Josh sorrindo debochado e tentando


bisbilhotar meu celular, desligo a tela e faço uma careta.

— Vá cuidar da sua vida.

Ele ri e olha em frente.

— Ele está conversando com Brooke.

Josh afirma e Dylan e Ethan riem, eu suspiro.


— Ela é minha amiga.

Defendo-me e Dylan ergue suas sobrancelhas.

— Só uma amiga, hein!?

Até Dylan está debochando de mim. Bufo e bebo um gole da minha cerveja.

— Essa sua amiga tem dormido mais vezes aqui do que eu.

Josh continua com sua provocação. Eu não tenho argumentos e quanto mais
tentar me defender mais eles irão me provocar por isso fico em silêncio.

— Vocês também conseguem sentir o cheiro de romance no ar?

Dylan pergunta para Ethan e Josh e os dois idiotas assentem. O que eu fiz
para merecer esses três?

— Não há romance nenhum.

Resmungo e eles me ignoram. Eles continuam me provocando e quando


cansam, o tópico, para meu alívio, se torna Josh e a peça de teatro que ele
irá participar.

— Vai ter cena de beijo?

Pergunto para provocá-lo e ele faz uma careta denunciando que terá cena de
beijo. Nós três rimos e ele continua com uma expressão de quem comeu e
não gostou.

— A garota é pelo menos bonita?

Josh não responde Dylan imediatamente e o encaro curioso.

— Você irá beijar um garoto?

— O quê? — Vira-se para mim indignado. — Claro que não, Aiden.

Dou de ombros.
— Nós não iriamos te julgar se fosse isso.

Julgar não, talvez apenas algumas provocações.

— Eu vou beijar Dakota.

Sussurra, eu só o único a escutar, porque estou ao seu lado e o encaro


surpreso.

— O que você disse?

Ethan pergunta e Josh olha para o quarterback com uma expressão de pesar.

— Eu vou beijar Dakota.

— Eu não esperava por isso.

Ethan exclama

— E não será a primeira vez.

Josh continua e nós três olhamos para ele surpresos.

— Como assim?

Sou eu a tornar nossa dúvida em palavras.

— Dakota e eu já nos beijamos outras vezes. — Fecha seus olhos. — Mas


não quero falar sobre isso.

Ethan balança a cabeça.

— Você não pode soltar essa bomba e simplesmente dizer, não quero falar
sobre isso.

Ele dá de ombros e fica em pé.

— Eu posso.
Josh nos dá as costas e deixa a cozinha. Encaro Dylan e Ethan e eles me
encaram tão surpresos quanto eu.

— Que diabos foi isso?

Dou de ombros diante da pergunta de Ethan.

— Eu também não entendi.

— Acho que ele gosta dela.

Ethan e eu olhamos para Dylan, nós dois sabemos o que significaria Josh
gostar de alguém depois de tudo que aconteceu.

— Você acha?

Pergunto para Dylan e ele assente.

— Ele sempre parece ser mais babaca do que o normal perto dela.

Bebo o restante da minha cerveja e olho para Ethan, ele assente e é seu
modo de dizer, sim, ele reagiria sendo um babaca com Dakota se gostasse
dela por causa do que aconteceu passado.

Eu conheço Josh há muito tempo, porque ele sempre foi o melhor amigo de
Ethan e nós somos primos. Presenciei o que aconteceu com ele, porém foi
de longe, não tão perto quanto Ethan.

Antes que possamos continuar criando teorias sobre Josh e Dakota nossa
cozinha é invadida por Brooke e Abby.

— Chegamos.

Abby anuncia e sorrio quando meu olhar encontra o de Brooke.

— Ninguém bate mais na porta? Vocês sabiam que nós temos uma
campainha?

Dylan resmunga e o ignoramos.


— Hey, bonitinha.

Ethan parece empolgado por ver Abby, mas não me viro para ele para
conseguir ver sua expressão de bobão, porque estou muito concentrado
encarando Brooke. Ela não usa maquiagem e está de legging e um
moletom, mas continua linda.

— Eu e dois casais, é isso mesmo?

Apenas rio do drama de Dylan e Brooke vem até mim. Eu giro o banco e
ela para entre minhas pernas.

— Hey, bonitão.

Deixo minhas mãos sobre sua cintura e beijo seu pescoço.

— Hey, gatinha. — Ergo meu rosto e ela traz suas mãos até meus ombros.
— Então, você precisava de uma pausa?

Suspira e assente.

— Estou precisando de inspiração na verdade.

Faz um beicinho e mordo seu lábio inferior.

— Inspiração é? — Concorda, eu libero seu lábio dos meus dentes e a


encaro com malícia. — Sou ótimo em ser inspirador, já tentou nu artístico?

Ela balança a cabeça, desvencilha-se de mim, deixa sua mochila que estava
em seu ombro no chão e ocupo o lugar vago ao meu lado.

— Esse tipo de arte não é muito meu estilo.

Pisca em minha direção e nós dois rimos.

— Vou comer na sala.

Viro-me para Dylan e ele está colocando comida em seu prato. Ele
realmente deixa a cozinha, mesmo quando insistimos para ele ficar. Nós
quatro, Brooke, Abby, Ethan e eu, ficamos e jantamos, logo em seguida eu
limpo a bagunça feita por Dylan e Ethan, porque segundo o quadro branco
pendurado na parede hoje é o meu dia de lavar a louça da janta. Abigail e
Ethan deixam a cozinha e ficamos somente Brooke e eu.

— Você precisa de ajuda?

Balanço a cabeça negando, mesmo assim Brooke deixa seu banco e para ao
meu lado da pia.

— Você não está usando a lavadora de louça.

Dou de ombros enquanto continuo lavando os copos que usamos.

— Não gosto, acho que as coisas não ficam bem limpas quando a usamos.

Ela ri e bate levemente na lateral da minha barriga com seu cotovelo.

— Então você tem mania de limpeza.

Faço uma careta.

— Não é bem uma mania...

Ela apenas ri e pega um pano de prato.

— É uma mania sim.

Brooke seca a louça enquanto eu a lavo.

— Por que você está precisando de inspiração?

— Eu tenho que fazer um desenho de memorização.

Franzo minha testa e olho em sua direção.

— E isso é?
— Preciso fazer um desenho baseado em memórias, baseado no que há em
minha mente e não no que estou vendo e meu professor especificou que
precisa ser uma memória afetiva, além disso é preciso passar emoção
através dos traços.

Ela não parece muito animada.

— E por que isso é um problema?

Brooke apoia sua bunda no balcão e encara a parede à nossa frente.

— Eu gosto de desenhar baseada em ideias, ou memórias de outras pessoas,


não nas minhas.

— Por isso gosta de tatuar.

Assente.

— Além disso realmente estou sem inspiração todas as ideias que tentei
colocar no papel ficaram ridículas.

— Tenho certeza de que está apenas sendo exigente.

Termino de lavar a última louça e desligo a torneira.

— Você nem viu meus desenhos.

Dou de ombros e assim como ela deixo meus pés à frente do meu corpo e
me apoio contra o balcão da pia.

— Confio na sua capacidade.

Ela inclina sua cabeça e a deixa sobre meu ombro.

— Você é um fofo, Aiden.

Minha gargalhada ecoa pela cozinha e quando consigo parar de rir beijo o
topo da sua cabeça.
— Eu não sou fofo, Brooke.

Nós ficamos em silêncio por alguns segundos até que eu entrelaço minha
mão na sua.

— Vamos que serei sua inspiração.

Afasto-me do balcão e ela faz o mesmo.

— Vamos.

Guio Brooke até que ela esteja com as costas apoiadas em meu peito, beijo
seu pescoço e caminhamos na direção do meu quarto. Quase caímos na
escada e começamos a rir. Ainda estamos rindo quando entramos, então
Brooke se vira e espalma as mãos em meu peito.

— Teria sido um tombo horrível.

Concordo com ela e faço uma careta.

— Seria péssimo ter que explicar para meu treinador que fraturei alguma
parte do meu corpo enquanto subia com uma garota para meu quarto.

Nós dois rimos ao imaginar a cena e eu dou alguns passos em frente


levando-nos na direção da cama. Brooke se deita sobre o colchão, eu apoio
meus joelhos ao lado das suas pernas, curvo-me para a frente, deixo sua
cabeça entre minhas mãos e paro com minha boca a centímetros da sua.

Olho em seus olhos e é um gesto simples, mas que faz com que uma onda
de excitação percorra meu corpo e com que

uma sensação de anseio vibre em meu peito. E pelo brilho em seus olhos ela
sente o mesmo.

Desço minha boca até a sua e encosto meus lábios nos seus em uma carícia
leve. Fecho meus olhos e continuo explorando sua boca, não tenho pressa e
sou delicado. Suas mãos seguem em meu peito descendo e subindo. Minha
língua pede passagem e Brooke não hesita. O beijo segue calmo e intenso,
porque intensidade não está relacionada com desespero e luxúria. É mais
que isso, nossa conexão é mais que desejo o que por ironia torna tudo ainda
melhor e mais excitante.

O calor percorre o meu corpo e desce até a minha ereção.

Brooke geme em meus lábios e eu afasto minha boca da sua, abro meus
olhos e ela faz o mesmo, existe algo na forma que nos olhamos que nos
atrai um na direção do outro, que faz a necessidade de estar um com o outro
insuportável.

Eu sigo a encarando quando tiro seu moletom, sutiã, legging e calcinha.


Fico em pé e ela está nua à minha frente, admiro-a e meu corpo queima por
ela. Minha respiração está ofegante e meu coração acelerado e continuo
assim quando me curvo e percorro sua pele com meus lábios.

Venero-a e seus gemidos ecoam pelo quarto. Ela é tudo que eu preciso. Eu
me afasto para tirar minha roupa e colocar a camisinha, seus olhos
encontram os meus e a forma como nos encaramos rouba meu fôlego, e
reduz o tempo a nada. Mais nada importa a não ser nós dois

Eu volto para a cama e minha boca encontra a sua. E

quando me guio para dentro dela é diferente, ainda é lento, mas é intenso e
arrebatador. Nunca foi assim, o prazer é o mesmo, porém existe algo mais
que faz com que seja sublime.

Nós dois gozamos juntos e assim que consigo me levantar, tiro a camisinha,
descarto-a e volto a me deitar ao seu lado, puxo Brooke na minha direção e
ela apoia sua cabeça em meu peito.

Sigo zonzo e perdido nas sensações que percorrem meu corpo. Sequer sei
descrever os sentimentos que ecoam em meu peito.

— Eu preciso da minha mochila.

Brooke sussurra.

— Você deixou na cozinha?


— Sim.

— Eu pego.

Deixo a cama, coloco minha cueca e calça de moletom e desço até a


cozinha. Evito pensar sobre o que estou sentindo e simplesmente faço o que
tenho que fazer.

Estou saindo do cômodo com a mochila de Brooke em meu ombro quando


esbarro com Josh que está entrando. Ele me olha de cima a baixo, eu ergo
minhas sobrancelhas e ele faz uma careta.

— Eu não sei quem é o mais cadelinha, você ou o Ethan.

Reviro meus olhos.

— Vá se fuder, Josh.

Passo por ele que resmunga algo que não entendo e sigo para meu quarto.
Ao entrar deparo-me com Brooke vestindo minha camiseta e analisando o
mural de fotos que há sobre a minha mesa de estudos.

— Bisbilhotando meu quarto?

Dá de ombros.

— É justo já que você bisbilhotou o meu.

Apenas sorrio e vou até ela. Deixo sua mochila sobre a minha cadeira e
paro ao seu lado.

— Essa é a minha família.

Pego uma das minhas fotos e a entrego.

— Esse é meu pai e minha mãe.

Pego mais uma foto em que há o restante da minha família e a entrego para
ela.
— Esses são meus avôs, tia Karen, a mãe do Ethan e o próprio Ethan.

— Vocês parecem ser muitos unidos.

— Nós somos.

Vira-se e me devolve as fotos, eu as deixo sobre a mesa e coloco minhas


mãos em sua cintura.

— Conseguiu sua inspiração?

Olho em seus olhos e ela sorri.

— Você nem imagina o quanto me inspirou.

Brooke

Assim que entro na casa dos meninos, olho ao redor e sorrio satisfeita.
Planejar a festa e a organizar deu muito trabalho, porém valeu a pena. O
lugar está todo decorado com abóboras, teias de aranhas e aranhas, além de
músicas com tema mais macabro ecoarem pelo cômodo que agora é uma
pista de dança, porém costuma ser uma sala.
O local está repleto de universitários, a maioria das pessoas eu não conheço,
porque são convidados dos meninos,

além de serem convidados dos convidados.

Uma parte de mim está satisfeita por ter feito parte disso tudo, porque com
certeza será uma festa que será lembrada por todos. Todo nosso empenho
nas últimas semanas valeu à pena.

Hoje, Dakota, Abby eu viemos para cá logo após nossas aulas e ajudamos
os meninos a decorar e arrumar o que faltava. Dakota e eu só fomos para
casa quando tudo estava pronto, então nos arrumamos e voltamos.

— Estou satisfeita com o que fizemos.

Dakota sussurra ao meu lado, então enrolo meu braço no seu.

— Eu também.

Nós duas deixamos o hall de entrada e seguimos na direção de Josh, Dylan,


Ethan, Aiden e de Abby.

Cumprimentamos algumas pessoas, mas não paramos para conversar.


Assim que nos aproximamos percebemos que os meninos estão provocando
Ethan e Abby, porque eles estão usando uma fantasia ridícula de Shrek e
Fiona, é feia e improvisada.

Como nós estávamos juntos até poucas horas atrás não nos
cumprimentamos, apenas nos intrometemos na conversa, apesar disso eu
encaro Aiden e meu olhar encontra o seu.

Continuamos rindo e provocando Ethan e Abby e Aiden e eu continuamos


nos olhando, a verdade é que estou querendo ir até ele.

Nós dois estivemos juntos durante à tarde, mas quero estar com ele agora.
Existe algo que sempre me puxa na sua direção e que me faz querer estar
perto dele.
Quando Dakota se desvencilha de mim para ir buscar uma bebida, Aiden se
aproxima. Um arrepio percorre meu corpo e me mantenho olhando para
nossos amigos, como se não estivesse sentindo nada diante da sua
proximidade.

— Você está linda.

Ele para logo atrás de mim e sua mão encontra a minha barriga. Minha
respiração se altera e meu coração dispara.

Respiro fundo e apoio meu corpo completamente no seu.

— Você também não está nada mal.

Ele está lindo na sua fantasia de Luigi, mesmo que o macacão azul, e o
bigode sejam ridículos. A camisa e o chapéu

verde realmente são bonitos.

Aiden beija meu pescoço e ficamos nessa posição enquanto conversamos


com nossos amigos. Não ficamos conversando por muito tempo, afinal
estamos em uma festa.

Cada um de nós vai para um lado, Aiden e eu vamos pegar bebidas na


cozinha e na volta ficamos na sala dançando. Beber, dançar e nos beijar é o
que ficamos fazendo por um tempo e quando cansamos conversamos com
algumas pessoas e logo em seguida voltamos para a improvisada pista de
dança.

Não nos separamos em nenhum momento e eu não olho para nenhum cara,
assim como não o percebo procurando por outra garota. Nós nos bastamos.

Uma música animada inicia, dou um passo para trás, ergo minhas mãos para
cima, seguro meu corpo no alto e canto junto com o cantor. Aiden fica à
minha frente rindo e se balançando de um lado para o outro. Ele é um
péssimo dançarino. A música muda e dessa vez é uma mais romântica.
Faço uma careta, baixo meu braço e me aproximo de Aiden.

— Quem foi que escolheu essa playlist?


Ele traz suas mãos até minha cintura e sorri.

— Ela é a nossa playlist colaborativa e aposto que essa música é uma


escolha de Dakota.

Assinto, porque ele tem razão. Essa é uma das músicas preferidas da minha
amiga. Falando nela, procuro por Dakota e não a encontro.

— Você sabe onde ela está?

— Dakota?

— Sim.

Aiden olha ao redor e balança a cabeça negando.

— Última vez que a vi ela estava com Dylan e Josh.

Franzo minha testa.

— Será que ela está bem?

— Você quer que eu pergunte para Dylan se ele a viu?

Aponta com o queixo na direção de Dylan que está apoiado em uma das
paredes, bebendo e interagindo com o pessoal do time de basquete.

— Quero.

Ele concorda e se afasta. Eu continuo em pé no meio da pista dançando no


ritmo da música. Analiso meu estado de embriaguez, não estou totalmente
embriagada, porém também

não estou completamente sóbria, sei que senão parar de beber em breve
estarei bêbada.

Não irei parar de beber, foda-se, hoje, eu posso ficar bêbada.

— Hey.
Viro-me para o lado e deparo-me com um cara que não conheço.

— Hey.

Ele sorri gentilmente.

— Você pode me indicar onde fica o banheiro?

Sorrio, assinto e aponto para uma porta que fica perto do hall de entrada.

— Obrigado.

— De nada.

Nós dois sorrimos de forma educada e ele se afasta. Ao olhar para o lado
encontro Aiden caminhando em minha direção, ele tem uma ruga em sua
testa e não parece feliz.

— Algo aconteceu com Dakota?

Pergunto assim que ele para à minha frente.

— O quê?

Ele não entende o porquê estou perguntando de Dakota.

— Você está com uma expressão de desgosto.

Balança a cabeça negando.

— Dakota está com Josh.

— Espero que ele não faça nada com a minha amiga.

— Ele não fará. — Segue com uma expressão estranha e eu continuo sem
entendê-lo. — O que aquele cara queria com você?

Ele está doido?


— O que acabou de conversar comigo? — Assente. — Ele me perguntou
onde fica o banheiro.

Suspira aliviado e ergo minhas sobrancelhas.

— O que está acontecendo?

Bebe o restante da cerveja que há em seu corpo e encara o teto.

— Você tem saído com outras pessoas?

Abro e fecho minha boca, não por não saber como lhe responder, mas
caramba, não estava esperando por essa

pergunta.

— Não. — Respondo por fim. — Desde você nunca houve outra pessoa,
Aiden.

Ele dá um passo em frente e segura meu rosto entre suas mãos.

— Não quero e não posso dividir você com ninguém. —

Apoia sua testa na minha. — Eu vi aquele cara conversando com você e


fiquei com raiva ao pensar que talvez ele estive dando em cima de você.

— Está me propondo exclusividade, bonitão?

Sorrio animada e meus olhos brilham, porque também não gosto de pensar
nele com outra pessoa, a simples ideia me deixa embrulhada.

— Sim. — Aproxima sua boca da minha. — Você será minha, Brooke?

Nossas respirações se misturam e a tensão entre nós se torna gigante.

— Enquanto você for meu eu serei sua.

— Você me tem.
Sua boca encontra a minha em um beijo digno de cinema, molhado, com
muita língua e que deixa meus lábios inchados.

Assim que nos separamos ele volta a apoiar sua testa na minha.

— Só para constar também não fiquei com ninguém desde você

Eu sorrio, uma ideia ecoa em minha mente, então dou um passo para trás e
bebo o restante de cerveja que há em meu copo.

— Sabe, hoje é o meu dia de fazer body shot em você. —

Ele ergue suas sobrancelhas e eu entrelaço minha mão na sua.

— Siga-me

Ele não hesita em me acompanhar e o guio para a cozinha.

Eu pego uma cerveja na geladeira e olho em sua direção com malícia.

— Mas seremos apenas nós dois.

Com sua mão na minha e a cerveja na outra, subimos para o seu quarto.
Assim que entramos no cômodo, desvencilho-me dele e fico à sua frente.
Meu olhar percorre pelo seu corpo e sorrio.

— Tire sua roupa.

Ele faz o que eu peço e enquanto tira suas roupas, seus olhos seguem nos
meus. Minha calcinha está molhada e eu anseio por estar com ele, meus
seios estão pesados em meu sutiã e uma sensação de necessidade se instala
entre as minhas pernas.

Aiden fica apenas de cueca e seu olhar percorre meu corpo. Ele analisa
minhas coxas expostas pela saia rosa curta, as meias brancas que estou
usando e suspira.

— Essa saia é uma tentação.


Dou de ombros.

— Ela era um pouco mais longa, confesso, mas cortei um pedaço.

A blusa rosa e a coroa em minha cabeça são o que preciso para dar o ar de
princesinha, a saia precisava ser curta. Aiden segue me olhando e me
fazendo desejar deixar minha ideia para depois e correr em sua direção.

— Deite-se.

Viro-me e aponto para a cama antes que perca o controle, Aiden faz o que
eu peço e sorrio animada.

— Estou à sua disposição, baby.

Deita-se contra o colchão, eu sorrio e dou alguns passos em sua direção.

— Você será meu copo.

Seus olhos brilham e eu coloco meus joelhos sobre o colchão. Continuo o


encarando e paro com minhas pernas ao lado do seu joelho, se me abaixar
estarei sobre sua ereção que é visível em sua cueca.

Sua respiração está alterada e me sinto satisfeita, porque sou eu a fazer isso
com ele. Eu inclino o copo e deixo que um pouco de cerveja escorra pelo
seu peito. Ele se arrepia por conta da diferença de temperatura.

Curvo-me para a frente e passo minha língua sobre seu peito, sugando a
cerveja. Continuo derramando-a e a bebendo diretamente da sua pele. Ele
solta alguns gemidos quando chupo seus mamilos e traz suas mãos até meus
cabelos. Não é apenas excitante para Aiden e eu rebolo contra ele, o que faz
com que o meio das minhas pernas friccione contra sua ereção, nós dois
suspiramos e ele desce sua mão até minha calcinha, então a empurra para o
lado e me toca.

— Caralho, você está encharcada.

Eu subo meus lábios pelo seu abdômen, beijo seu pescoço e por fim sua
boca. Ele suga meus lábios e jogo o copo para o chão. Não demoro a estar
nua e chamando seu nome.

Assim como na quarta-feira é intenso, diferente e inexplicável.

...

Mais uma vez, durmo com Aiden. Perdi na contagem e não sei quantos
noites já passei com ele. No dia seguinte, tomo um banho e visto um
vestido que tinha deixado em sua casa, eu me despeço dele que continua na
cama para ir embora, porém ele segura meu pulso e me puxa na sua direção.

— Fique mais um pouco.

Deito-me na cama e ele beija meu pescoço.

— Tudo bem, mas tome banho que você está fedendo a cerveja.

Empurro-o e ele sai da cama.

— E foi você que me deixou assim.

Reclama enquanto segue para o banheiro, eu sorrio e encaro o teto. Suspiro


e me pergunto o que estou fazendo, porque claramente estou mais envolvida
com Aiden do que deveria estar.

Apenas amizade, lembra, Brooke? Eu definitivamente, não lembro.

Logo após Aiden sair do banho descemos para a cozinha e nos deparamos
com Dakota tomando uma xícara de café.

— Você dormiu aqui?

Sua resposta diante da minha pergunta é apenas um gesto com a cabeça


concordando.

— Com Josh?

Aiden pergunta enquanto nos sentamos de frente para ela, Dakota não o
responde e ela não parece nada bem, por isso não faço mais nenhuma
pergunta e nem Aiden.

— Eu vi Ethan entrando em seu quarto um pouco transtornado, vocês


sabem se algo aconteceu?

Dakota pergunta para nós dois e balançamos a cabeça negando. Nós


ficamos em silêncio e Aiden prepara algo para comermos. Dylan e depois
de alguns minutos Josh, juntam-se a

nós, é óbvia a tensão existente entre Dakota e Josh, porém não fazemos
nenhuma pergunta.

Os minutos passam e começamos a ficar preocupados com a demora de


Ethan e Abby a descerem, principalmente porque hoje é o jogo de Ethan,
ele nem bebeu e nem aproveitou a festa por causa disso. Algo está
acontecendo.

Dylan vai até o quarto de Ethan e não os encontra, enviamos mensagens e


nenhum dos dois nos responde. Nós não sabemos o que fazer e continuamos
preocupados até que eles chegam e nos contam o que está acontecendo,
minha reação e a de todos é xingar o pai de Abby. Por sorte, Ethan não é um
idiota manipulável e não cede à chantagem.

Passamos boa tarde do dia na cozinha, comendo e interagindo e as garotas e


eu só vamos embora para trocarmos de roupa. Somente, entramos em nosso
apartamento, trocamos de roupa e vamos para o meu carro. Eu dirijo até o
estádio para vermos o jogo de futebol americano, Crimson Tide vesus
Auburn Tigers, a maior rivalidade do Alabama.

Ao chegarmos no estádio nos juntamos aos meninos, eu fico ao lado de


Aiden. O jogo é eletrizante e vencemos, gritamos, comemoramos e ao fim
ajudamos Ethan a executar seu plano.

Por mensagem para que Abby não ficasse sabendo, Ethan nos explicou
como pediria minha amiga oficialmente em namoro.

Assim que uma repórter e uma câmera se aproximam de Ethan, eu pego


meu celular, ligo na transmissão ao vivo do jogo, pego os fones de ouvido
os conecto e entrego o aparelho para Abby, que me encara sem entender e
sorrio.

— Escute.

Ela pega o celular da minha mão, leva os fones ao seu ouvido e Dylan,
Josh, Dakota, Aiden e eu observamos. Seus olhos ganham um brilho ao
notar o que está acontecendo e ela não precisa escutar tudo o que ele tem
para falar para me devolver o celular e descer da arquibancada para o
campo.

Os telões estão captando o momento e podemos ver Ethan a pedindo em


namoro. É emocionante e fofo, mesmo eu que não seja romântica, fico
mexida com a cena protagonizada pelos dois.

— Você quer um pedido desses?

Aiden coloca a mão em minha cintura e sussurra em meu ouvido. Ele está
me provocando, porém há um pouco de verdade em sua pergunta. Deveria
continuar no deboche, não deveria incentivá-lo, porém faço totalmente o
contrário.

— Não, eu sou um pouco mais discreta e convenhamos, nós dois somos


bem menos românticos.

Viro-me para ele, seu olhar encontra o meu e nós dois sorrimos.
Brooke

— Vamos, caralho.

Eu grito como se realmente eles fossem me ouvir, aliás todos ao meu redor
estão gritando como se os jogadores que se encontram na pista de patinação
fossem ouvir. Nós estamos ganhando de 4 a 1 do time da Universidade de
West Chester. É o primeiro jogo que estou assistindo dos Tide, ou melhor, o
primeiro que estou assistindo com muito interesse em um dos jogadores.

O principal jogador, Aiden, está jogando muito bem. Não tenho muito
conhecimento no esporte, mas sei que ele está arrasando. O que faz com
que esteja orgulhosa dele. Eu tenho visto o quanto ele se dedica e o
acompanhei em alguns treinos.

Ele incentiva a equipe sempre que pode e faz o possível para ajudá-los.

Abby, Ethan e Dylan estão ao meu lado, porém quase não converso com
eles, porque estou concentrada demais e nervosa.

Eu nem estou jogando, mas tenho o coração acelerado. Inclusive tirei o


casaco que estava usando, porque fiquei com calor, não sei se é emoção, ou
o espaço que está quente mesmo.
A defesa dos Tide consegue a posse do puck, carregam até o centro e os
jogadores do meio assumem o disco, eles esbarram com os adversários,
entretanto continuam com a posse.

Nós gritamos quando o disco desliza na direção de Aiden, ele consegue


controlá-lo com seu taco e patina na direção da baliza.

Ele está sendo marcado e por isso joga o puck na direção de um jogador
central, eles patinam em frente e são extremamente rápidos, se piscar sou
capaz de perder uma jogada. O central joga para o Winger à esquerda que
consegue vantagem, porém logo chega um cara para marcá-lo, ele olha para
o lado, esbarra

com o adversário e joga o disco para Aiden, que mais uma vez o controla e
dessa vez joga na direção da baliza e marca mais um ponto.

Explodimos em gritos e comemoração. Aiden patina até o muro de proteção


e faz um coração com suas mãos na minha direção.

Abby que está do meu outro lado dá uma cotovelada em meu braço.

— É para você.

Ela soa debochada, mas a ignoro, sorrio e mesmo que ele não consiga ver,
ergo minhas mãos e faço um coração para Aiden.

— Cafonas.

Abby resmunga, eu olho para ela assim que Aiden volta para o centro da
pista e a encaro com deboche.

— Quem é que foi pedida em namoro em rede nacional mesmo?

Ela faz uma careta com a minha menção do seu pedido de namoro há três
semanas. Sorrio vitoriosa e olho em frente.

O jogo termina em 6 a 2 e animados deixamos o complexo, vamos os cinco


para o estacionamento.
— Você vêm com a gente?

Abby pergunta e balanço a cabeça negando.

— Aiden está de carro e vou esperar por ele. — Abby me encara com
malícia e reviro meus olhos, porque sei que ela está morrendo de vontade
de me provocar. — Não fale nada.

Ergue suas mãos para o alto.

— Não ia dizer nada.

Estreito meus olhos.

— Sei.

Despeço-me dos meus amigos, eles seguem para o carro de Ethan e eu


procuro pelo carro de Aiden, não demoro a encontrar sua picape preta,
então me apoio contra a lataria e envio uma mensagem para ele.

“Estarei esperando você em frente ao seu carro.”

Enquanto o espero, confiro minhas redes sociais e tiro uma foto com e
legenda. Vencemos! Algumas pessoas me perguntam desde quando sou
amante de esporte, principalmente do hóquei, eu apenas respondo com uns
“hahahaha”, aposto que alguns

deles simplesmente estão sabendo da minha aproximação com Aiden e


querem fofocar sobre.

Estou assistindo alguns vídeos rápidos que o algoritmo me recomenda


quando sinto que Aiden está se aproximando, então ergo minha cabeça e ele
realmente está caminhando na minha direção. Ele está usando um moletom
com a logo do time de hóquei, seus cabelos estão molhados indicando que
tomou banho e há uma mochila com seus equipamentos presa ao seu
ombro.

Alguns dos seus colegas de time caminham ao seu lado, mas nem de
relance olho para eles. Meu olhar encontra o de Aiden e nos encaramos. Um
sorriso bobo surge em meus lábios.

— Você irá para o bar com a gente?

Alguém pergunta para Aiden que segue me encarando e dá de ombros.

— Depende da minha namorada.

Meu coração bate acelerado em meu peito. Namorada. É a primeira vez que
ele rotula o que nós temos. É a primeira vez que diz para alguém que eu sou
sua namorada.

— Vamos para o bar comemorar, Brooke?

Viro-me para o lado e me deparo com Cameron. Ele está nos encarando
com um sorriso no rosto e ergue as sobrancelhas para mim, eu dou de
ombros.

— Eu nunca nego um convite para diversão.

Cameron sorri e quando volto a olhar para Aiden ele está me encarando
com orgulho. Cameron e os outros caras que estão com ele se despedem de
mim e de Aiden e se afastam.

Finalmente, Aiden se aproxima e para à minha frente.

— Hey, gatinha.

Sorrio e enquanto ele leva suas mãos até minha cintura, eu levo as minhas
até seu pescoço.

— Hey, bonitão.

Meus olhos seguem presos aos seus.

— Então, vamos para o bar?

Assinto.
— É lógico, precisamos comemorar, não é!?

Sorri e diminui ainda mais a distância entre nossos lábios.

— Porra, é por isso que eu gosto de você.

Beija meus lábios rapidamente e sorrio.

— Porque gosto de comemorar.

— Porque você gosta de festas tanto quanto eu.

Puxa meu lábio inferior com seus dentes e quando o solta passo minha
língua sobre ele e o pomo de Adão de Aiden sobe e desce em seu pescoço.

— Namorada, é?

Meu coração acelera outra vez e preciso me controlar para que ele não
perceba o quanto o assunto me deixa ansiosa.

— É o que somos, não é? Ou pelo menos estamos agindo como namorados.

Ergue sua mão e coloca algumas mechas do meu cabelo para trás da minha
orelha. E ele está certo, desde a festa de Halloween estamos agindo como
namorados, talvez até antes desse dia.

— Você tem razão.

Seus olhos brilham.

— Então, você é minha namorada?

Apesar de estar frio, a noite está estrelada e iluminada, o que deixa o


momento ainda mais perfeito.

— Eu sou sua namorada.

Assim que a última palavra deixa minha boca seus lábios encontram os
meus e nos beijamos como se esse fosse o nosso último beijo. Ele me tem
por completo, muito mais do que ele pensa, muito mais do que eu mesmo
acredito que ele tenha.

Aiden apoia sua testa na minha, seus dedos acariciam a lateral do meu rosto
e por alguns segundos, apenas nos encaramos até que ele suspira.

— Espero que você não desista de mim.

Uma sombra surge em seus olhos e faço uma careta.

— Por que, eu desistiria de você?

Ele balança a cabeça e se afasta.

— Eu vou colocar minhas coisas ali atrás.

Apenas observo Aiden se virar de costas e colocar sua mochila na parte


traseira da picape. Tenho impressão de que ele demora mais do que
demoraria normalmente e faço uma careta.

O que aconteceu? Por que ele acha que desistiria dele? Não entendo e
quando ele volta está sorrindo, apesar da sombra continuar em seus olhos.

— Vamos?

Assinto e então entramos em seu carro.

— O que achou do jogo?

Ele pergunta assim que estamos ambos sentados. Ele está mudando de
assunto, porém é nítido que está realmente curioso.

— Eu adorei.

— Continua sendo sexy me ver jogar?

Ele sorri malicioso enquanto coloca o carro em movimento.

— Continua.
Nós vamos conversando sobre o jogo e demoramos um pouco menos de
uma hora para chegarmos em Tuscaloosa.

Vamos direto para o bar que já está lotado e quando entramos no


estabelecimento Aiden é praticamente ovacionado. Mesmo com pessoas
disputando sua atenção ele não me deixa de lado.

Bebemos, comemoramos e terminamos a noite em sua cama, com nós dois


nus e minhas pernas ao redor da sua cintura.

Eu durmo vestindo a sua camiseta e com a cabeça apoiada em seu peito.


Acordo com meu despertador ecoando pelo quarto, tento continuar de olhos
fechados, porque estou com sono e com ressaca, porém meu celular insisti
em tocar.

Abro meus olhos, o que é uma péssima ideia, o sol está tentando se infiltrar
pelas frestas da janela e causando uma

iluminação horrível.

— Droga.

Resmungo e Aiden se mexe abaixo de mim, entretanto continua de olhos


fechados. O despertador não para e sou obrigada a levantar cambaleando
procuro pela minha calça que está jogada no chão, pego meu celular no
bolso e desligo o despertador.

Sento-me na beirada da cama e suspiro. Não estou muito bem, minha


cabeça está doendo, meu estômago está totalmente embrulhado e respiro
fundo na tentativa de aliviar a náusea.

— Volte a dormir.

Aiden resmunga.

— Não posso, eu tenho uma prova. — Suspiro. — É uma péssima ideia


vocês terem jogos na quinta-feira.

— Jogos no meio da semana sempre são horríveis.


Ele concorda comigo e continuo respirando fundo e empurrando a vontade
de vomitar para longe, eu falho e preciso correr para o banheiro. Eu me
curvo sobre a privada e deixo tudo que eu consumi ontem à noite. Droga,
nunca vomitei por causa de bebida, minha primeira vez tinha que ser logo
hoje?

Sinto como se minha alma estivesse deixando meu corpo.

Eu não consigo parar e minha barriga dói. Estou um caos quando Aiden se
aproxima e segura meu cabelo. Deveria ter vergonha, mas no momento só
sinto dor e ânsia de vômito. Foda-se tudo.

Depois do que parecem horas finalmente consigo parar de vomitar, afasto-


me da privada e fico em pé. Minhas pernas, minha garganta e minha barriga
estão doendo. Aiden tem suas mãos em minhas costas e seus dedos sobem e
descem pela minha coluna.

— Você precisa de algo?

— De um banho, escovar os dentes e de algum remédio

— Eu vou pegar o remédio.

Assinto, então ele deixa o banheiro. Eu puxo a descarga, pego a escova que
deixei aqui em sua casa e escovo meus dentes. Estou me sentindo
deplorável e vou para o banho na tentativa de melhorar, mesmo depois não
me sinto bem.

Aiden está sentado na cama quando deixo o banheiro, ele me encara


preocupado e eu nem tento parecer bem, porque seria impossível.

— Eu trouxe remédios e água.

Aponta para a cômoda, então enrolada em sua toalha eu vou até lá, tomo os
remédios e bebo boa parte da água que existe na garrafa. Apesar do meu
estômago arder não se revolta contra o remédio e a água, para minha sorte.

Eu aproveito que estou na cômoda para pegar as minhas roupas que estão
ocupando a primeira gaveta.
— Por que você não falta a aula hoje?

— Eu tenho uma prova, não posso faltar. — Afasto a toalha do meu corpo e
visto minha calcinha. — Você não tem aula, né?

— Não.

Continuo colocando roupa e sinto o olhar de Aiden sobre mim.

— Me empresta a picape?

— Não.

Viro-me para ele indignada depois de vestir minha blusa.

— Eu estou sem meu carro.

— Eu levo você. — Abro a boca para dizer que não precisa, mas ele é mais
rápido. — Você não está bem e não vou deixar você dirigir.

Ele não parece a fim de ceder, por isso assinto. Assim que estou pronta
deixamos seu quarto, Aiden segue usando apenas sua calça e como está frio
estou usando seu moletom.

Ele pergunta se quero algo para comer enquanto estamos descendo as


escadas, porém eu nego.

— Continuo com meu estômago doendo.

— Você nem bebeu tanto assim.

Ele está certo e dou de ombros.

— Talvez tenha sido o cachorro-quente que eu comi durante o jogo.

Apenas de me lembrar da comida meu estômago reclama e faço uma careta.


Seguimos para o carro e como continuo enjoada eu fico em silêncio.
Conforme Aiden dirige para o campus meu estômago embrulha ainda mais,
eu fecho meus olhos e apoio minha cabeça contra o banco.
Sigo querendo vomitar e a vontade se torna insuportável.

— Pare o carro.

Aiden faz o que eu peço, então abro a porta, dou um pulo e me curvo para a
frente, dessa vez, não há nada em meu

estômago e mesmo assim vomito. Aiden deixa seu carro e se aproxima de


mim.

— Você precisa de um médico?

Ele pergunta assim que consigo parar de vomitar e balanço minha cabeça
negando.

— Não, vai passar.

Mas não passa. Continua pela próxima semana, todos os dias de manhã, eu
acordo e tenho que correr direto para o banheiro.

Brooke

Acordo e mais uma vez, corro para o banheiro e deixo tudo que comi na
privada. Faz uma semana que estou assim, o que significa que tem algo
errado. Não posso continuar achando que irá passar.

Assim que consigo parar de vomitar, aperto a descarga e me sento no chão


com as costas apoiadas na parede. Suor escorre da minha testa e minha
garganta está doendo, além do gosto horrível em minha boca.

Suspiro e encaro o teto. Provavelmente, irei melhorar ao longo do dia e só


voltarei a ficar enjoada se sentir cheiro de bacon frito, isso tem embrulhado
meu estômago, pelo menos foi assim nos dias anteriores. Mal de manhã,
porém perto do meio-dia passa e é como se nunca tivesse vomitado, e só
volto a me sentir mal na manhã seguinte, ou se sentir o cheiro de bacon.

— Está tudo bem?

É a voz de Abby.

— Sim, ou melhor, defina tudo bem?

Sorrio, um sorriso debochado. Minha amiga empurra a porta e como não


tive de tempo de trancá-la Abby entra no banheiro. Ela olha em minha
direção e faz uma careta.

— Você está péssima.

— Obrigada pelo elogio.

Abby se senta ao meu lado.

— Vomitando de novo? — Assinto. — Faz uma semana que está assim, não
é?

Assinto mais uma vez e ela morde seu lábio inferior, Abby está pensando
em algo e pela sua expressão não é algo agradável.

— Sei que vômito pode significar várias outras coisas, mas existe a
possibilidade de você estar grávida?

Sorrio e balanço minha cabeça negando.


— Não, definitivamente não.

Ela suspira aliviada.

— Ótimo, mas você não quer fazer um teste de gravidez?

Porque eu se fosse você, faria só para tranquilizar minha consciência.

Dou de ombros.

— Minha consciência está tranquila, porque Aiden e eu sempre usamos


camisinha, é impossível

Ela me encara e morde seu lábio inferior.

— Nada é cem por cento eficaz e você não toma anticoncepcional, não é?

— Você está parecendo um diabinho.

Sorrio e fico em pé.

— Eu sou meio surtada com essa possibilidade... morro de medo de ser mãe
cedo demais.

Paro em frente à pia e enquanto coloco pasta de dente em minha escova, eu


lhe respondo.

— Eu não vou fazer um teste, porque não estou grávida.

Abby fica em silêncio e assim que termino de escovar meus dentes ela
deixa o banheiro para que eu possa tomar banho.

Eu tento empurrar nossa conversa para o fundo da minha mente e continuo


minha vida normalmente, eu vou para a faculdade, assisto minhas aulas,
almoço com alguns colegas de curso, Aiden e eu conversamos por
mensagem, vou para o estúdio de artes disponível no campus para fazer
alguns desenhos, porém volta e meia o assunto retorna à minha mente, e se
Abby estiver com razão, e se algo tiver dado errado com algumas das
camisinhas que usamos?
A possibilidade de estar grávida é inexistente, porém para colocar um ponto
final no assunto, ao fim do dia antes de ir para casa, dirijo até uma farmácia
e compro um teste de gravidez.

Minha menstruação está atrasada, mas ela é irregular, já até procurei um


ginecologista para saber se tinha alguma doença e ela me garantiu que não
havia nenhum problema comigo. Ou seja, não significa nada.

Enquanto dirijo para casa, forço minha mente e tento me recordar se alguma
vez esquecemos a camisinha e isso não aconteceu, Aiden e eu estamos
transando há praticamente três meses e nunca nos esquecemos do
preservativo.

Não preciso ter medo e nem deveria fazer o teste, porque é ridículo.

Estaciono o carro no estacionamento em frente ao meu prédio e antes de


sair confiro minhas mensagens, porque deve estar perto do jogo de Aiden e
provavelmente serão os últimos minutos para conversarmos. Hoje ele irá
jogar fora e é um jogo difícil, ele está nervoso.

Conversamos apenas por alguns segundos, porque ele precisa começar a


concentração para o jogo, então lhe desejo sorte e digo que se ele ganhar
poderá receber uma recompensa, ele me responde que é claro que irá
ganhar. Despeço-me dele e deixo meu carro.

Como Dakota e Abby estão na sala assistindo um documentário quando eu


chego, sento-me com elas no sofá e esqueço o teste em minha mochila. Elas
me perguntam como estou e respondo que estou bem, porque assim como
no dia anterior o enjoo passou um pouco antes do meio-dia.

Nós assistimos o documentário sobre um cara tentando receber um avião de


caça da Pepsi por causa de uma promoção, e continuamos assistindo
enquanto fazemos nossa janta, jantamos e limpamos o que sujamos e só
deixamos a sala quando começamos a bocejar. Eu pego minha mochila e
vou para o meu quarto, Dakota vai direto para o banheiro, e enquanto
espero minha vez de ir para o banho fico mexendo em meu celular sentada
na cama.
Aiden me envia uma mensagem com uma foto do placar em anexo e eu
sorrio.

“Preciso da minha recompensa.”

“Parabéns, ...e ainda estou pensando na sua recompensa.”

Respondo-o no mesmo instante e ele não me responde, deve estar curtindo


o pós-jogo e trocando de roupa. Continuo em minhas redes sociais até que
escuto a voz de Dakota.

— Sua vez.

Minha amiga grita, então deixo meu celular de lado e pulo da minha cama,
eu pego minha toalha e estou caminhando na direção da porta quando meu
olhar cruza com a minha mochila.

Eu me lembro do teste. Como sei que o resultado será negativo

vou até a mochila, pego a sacolinha da farmácia e sigo para o banheiro.

Eu faço o teste e vou para o banho, não me preocupo e nem tenho medo do
resultado. Só olho para o bastão que deixei sobre a pia depois de desligar o
chuveiro e enrolar a toalha ao redor do meu corpo e meu coração dispara ao
me deparar com duas listrinhas.

Duas listrinhas é positivo.

Eu pego a caixinha no lixo e leio as instruções novamente, não estou


enganada, duas listrinhas é positivo. Isso tem que estar errado.

De repente, é como se estivesse presenciando a vida de outra pessoa. Sinto-


me anestesiada e no automático. Não pode ser verdade.

Com o bastão em mãos deixo o banheiro e vou até a sala onde Abby está
sentada e esperando a sua vez de usar o banheiro. Ela me encara assim que
percebe minha aproximação e faz uma careta ao se dar conta do que estou
segurando.
— Eu preciso que você me faça um favor. — Digo antes que ela fale algo e
ela assente. — Preciso de mais um teste de

gravidez.

— O que está acontecendo?

Dakota surge do seu quarto.

— Eu fiz um teste de gravidez e deu positivo.

Respondo-a e continuo olhando na direção de Abby que fica em pé.

— Estou indo buscar outro teste.

Ela coloca seus tênis, pega a chave do seu carro e sai do nosso apartamento.
Eu me sento em nosso sofá e fico encarando a porta. Não consigo pensar e
um medo aterrorizante se instala em meu peito.

— Você quer conversar?

Dakota se senta ao meu lado e não a respondo. Ao mesmo tempo que minha
mente é um turbilhão de pensamentos, é como se eu estivesse vazia, como
se minha alma deixasse o meu corpo.

O que eu farei com uma criança?

— Vai ficar tudo bem.

Dakota está errada, nada irá ficar bem se aquele teste estiver certo. Pelo
amor de Deus, Aiden e eu somos jovens, só

queremos aproveitar a vida. Nós temos um ano e meio de faculdade pela


frente. Uma criança não faz parte da equação.

Eu respiro fundo e digo a mim mesma que foi um falso positivo. Não é real.
Minha mente é uma desordem, uma parte tenta mentalizar que tudo ficará
bem, e projetar um uma cena em que o próximo teste resultará em um
negativo, entretanto outra parte projeta mais um positivo e um bebê
chorando em meus braços.

Nunca sequer peguei uma criança no colo.

Os minutos se arrastam, Dakota passa seu braço pelos meus ombros e apoio
minha cabeça em minha amiga. Eu não choro, mas sinto meu peito
apertado.

Digo a mim mesma que tudo ficará bem e depois apenas irei rir desse
desespero.

Após o que parece uma eternidade Abigail finalmente entra em nosso


apartamento. Ela tem uma expressão de quem sabe de algo terrível e está
tentando esconder com um sorriso falso. Eu fico em pé e ela me entrega
uma sacola com várias caixinhas retangulares.

— Trouxe vários.

Assinto e sigo para o banheiro. Minhas mãos estão tremendo enquanto faço
xixi nos cinco bastões que minha amiga trouxe. Coloco-os em cima da pia
assim que termino, lavo minhas mãos e os encaro.

O aperto em meu peito se intensifica e lágrimas se acumulam em meus


olhos. E se der positivo? Respiro fundo e coloco minha mão sobre meu
coração. Não há motivo para surtar.

Continuo olhando para os testes até que o primeiro resultado surge no


pequeno visor ± 6 - 7 semanas. Segundo o manual dessa marca, isso
significa que estou grávida de 6 a 7

semanas. Uma lágrima escorre pelo meu rosto e me recordo do dia do jogo
de Beisebol, o dia em que fomos para o bar e transamos bêbados no
depósito de materiais de limpeza. Nós não usamos camisinha e foi há mais
de 6 semanas. O que foi que eu fiz? O que foi que Aiden e eu fizemos?

Os outros quatro testes são positivos. Lágrimas escorrem pelo meu rosto e
soluços escapam da minha garganta. Eu saio do banheiro transtornada e
minhas amigas estão me esperando apoiadas na parede em frente, assim que
elas veem meu estado, já sabem o resultado. As duas me abraçam e choro
abraçadas a elas.

Eu não sei o que pensar ou o que fazer. Simplesmente, só consigo chorar e


implorar para acordar, porém não é um pesadelo.

É real.

Elas praticamente me arrastam para a sala e então me deito no sofá com a


cabeça sobre as pernas de Abby, ela passa suas mãos pelos fios do meu
cabelo e Dakota se senta no chão.

— Nós esquecemos a camisinha. — Resmungo entre os soluços que deixam


meus lábios. — Uma única vez em que estávamos bêbados, eu sequer
lembrava.

É como se meu coração estivesse quebrado em milhões de pedacinhos, é


como se tudo ruísse ao meu redor, meus planos, meu futuro, meus sonhos...

— O que irei fazer? — Espero por uma resposta, mas é claro que elas não
têm nenhuma resposta. Ninguém tem. — Eu não sei o que fazer.

— Você irá descobrir, Brooke.

Abby sussurra e quando olho para Dakota ela assente.

— Tudo ficará bem.

Ela está tentando ser o apoio que eu preciso, porém no momento isso não
me conforta. Algo será capaz de me tranquilizar? Provavelmente, não.

— Como fomos estúpidos.

Lamento e no mesmo instante a campainha toca.

— Eu vou ver quem é.


Dakota se levanta e vai até a porta, não deveria continuar deitada, porque
quem estiver tocando nossa campainha conseguirá ter uma visão de mim,
porém continuo onde estou, porque nada no momento importa.

Arrependo-me de não ter saído assim que Dakota abre a porta e nos
deparamos com Aiden. Arregalo meus olhos e me sento depressa, seu olhar
encontra o meu e preocupação toma conta do seu rosto.

— O que está acontecendo?

— Não é um bom momento.

Ele dá um passo à frente, porém Dakota não recua e o impede de entrar.

— Minha namorada está chorando, é lógico que não é um bom momento e


eu preciso estar com ela.

Minha namorada. Minhas lágrimas se intensificam e fico em pé.

— Deixe-o entrar, nós precisamos conversar.

Dakota olha em minha direção e eu fico em pé.

— Não sei se é uma boa ideia.

Apenas assinto, não sei se é o momento, porém talvez ele me abrace e me


garanta que tudo ficará bem. Dakota hesita, mas por fim se afasta e Aiden
entra em nosso apartamento.

— Qualquer coisa nos chame.

Mais uma vez assinto para Dakota e em seguida ela e Abby seguem para
seus quartos e nos deixam sozinhos.

— Hey, o que está acontecendo? — Aiden se aproxima e eu encaro o chão.


— Gatinha, você pode confiar em mim.

Meu coração acelera, sinto-me sufocada e uma pressão insuportável


pressiona meu peito. Ele traz suas mãos até a lateral do meu rosto e beija
minha testa.

— Eu estou aqui.

Lágrimas continuam descendo pelo meu rosto e fecho meus olhos.

— Eu estou grávida, Aiden.

Aiden

Assim que o jogo é encerrado, olho para o placar e sorrio, mais uma vitória
dessa vez contra o time de Auburn, nosso principal rival, nós ganhamos de
apenas 4 a 2, mas o importante é que vencemos.

Meus colegas de time batem em meu ombro e trocamos palavras animadas.


Nós ganhamos e estamos em êxtase.

Logo após sair da pista de patinação, eu tiro meus patins e pego meu celular
que está na mochila em que deixei no banco onde se encontravam o
treinador e os reservas. Eu converso brevemente com o treinador, ele está
feliz e empolgado, assim que se afasta envio uma foto para Brooke do
placar.

“Preciso da minha recompensa.”


Ela me prometeu uma recompensa se ganhássemos o jogo e eu a quero.
Sorrio ao ler sua resposta.

“Parabéns, ...e ainda estou pensando na sua recompensa.”

— Vamos, capitão?

Cameron empurra meu ombro com o seu. Eu guardo meu celular e o


acompanho para o vestiário. No ônibus eu converso com Brooke.

O vestiário é uma bagunça, dançamos sobre os bancos, cantamos nosso


hino e gritamos nosso grito de guerra.

Demoramos a estarmos todos de banho tomado e prontos para deixar a casa


do inimigo.

Por fim, vamos para o estacionamento e rumo ao nosso ônibus. O fim de


noite é diferente da última semana e do último

jogo, porque não estamos em casa e aquele dia Brooke estava me esperando
ao fim do jogo. Eu queria que ela estivesse aqui.

Meu peito aperta ao me lembrar dela, eu disse que nós estamos namorando,
porém uma parte de mim sabe que ela não ficará por muito tempo. Nem
todos estão prontos para lidarem comigo, alguns dias nem eu estou pronto
para lidar comigo mesmo.

Balanço minha cabeça e empurro meus pensamentos para longe, eu decidi


aproveitar enquanto a tenho. Somos jovens e não precisamos encarar a vida
tão a sério. Não estamos falando de futuro, apenas do presente.

A volta para Tuscaloosa é animada nos primeiros minutos, mas cansamos e


terminamos o restante do caminho dormindo. Eu não troco nenhuma
mensagem com Brooke.

Chegamos no estádio do time de futebol americano onde deixamos nossos


carros, então me despeço do meu time e enquanto caminho para o carro,
confiro se há alguma mensagem de Brooke, ela não me enviou mais nada.
Dirijo para casa e ao entrar vou direto para a cozinha, eu preciso comer
algo. Ethan está sentado em frente à ilha e com um

caderno sobre o balcão, ele está estudando. Olha em minha direção ao


perceber minha aproximação e sorri.

— Soube que massacraram Auburn.

Ele está claramente debochando e suspiro.

— Foi um jogo difícil.

Ele assente e seu sorriso se desfaz.

— Eu sei, nós assistimos.

Eu vou até a geladeira, pego uma garrafinha de água e me sento de frente


para o meu primo.

— O importante é que vencemos.

Ethan ergue a sua xícara com café na minha direção e eu encosto a garrafa
na porcelana. É o nosso brinde.

— A vitória sempre é o mais importante.

Assinto concordando com Ethan e trago a garrafa até minha boca, bebo um
pouco da água e assim que a afasto, olho ao redor procurando algo para
comer.

— Sobrou algo da janta?

Olho para meu primo que sorri.

— Deixamos o que sobrou no micro-ondas.

Pulo do banco e vou até o eletrodoméstico.

— Vocês são os melhores.


Eu esquento o resto do jantar e janto enquanto Ethan e eu conversamos
sobre o jogo. Coloco meu celular ao meu lado no balcão e em alguns
momentos olho na sua direção para conferir se Brooke não me enviou
nenhuma mensagem, sei que é tarde, porém ela não costuma dormir cedo,
além do mais teria me enviado nem que fosse um boa noite.

— Você já contou para ela?

Desvio os meus olhos do aparelho e encaro Ethan. Não preciso perguntar


sobre o que ele está se referindo, eu sei exatamente do que ele está falando.

— Não vou contar.

As palavras soam ásperas e minha garganta parece estar prestes a fechar.

— Não?

Balanço a cabeça negando e respiro fundo.

— Ela não precisa saber. — Dou de ombros. — Em algum momento ela irá
desistir de mim e seguiremos nossas vidas separados.

Ethan franze sua testa.

— Você está namorando com uma garota e pensando no terminar?

Mais uma vez, dou de ombros.

— Somos jovens e é óbvio que não iremos ficar juntos para sempre. —
Sinto uma pressão em peito ao pronunciar as palavras, engulo em seco e
continuo. — E você sabe que nem todos conseguem lidar comigo.

Meu primo estreita seus olhos.

— Você não é tão difícil quanto pensa que é.

Balanço minha cabeça, desvio meus olhos dos seus e encaro meu prato
vazio.
— Meu único namoro terminou por causa de mim.

Eu não fiquei devastado quando Ava terminou comigo, nós tínhamos quinze
anos e nem sabíamos direito o que era amor, então meu único
relacionamento fracassado não é um trauma, porém de toda forma Ava
terminou comigo por causa de quem eu sou.

— Vocês eram duas crianças.

Ethan revira os olhos.

— Você sabe que é complicado.

Ethan sempre esteve ao meu lado, ele sabe o quanto foi complicado, e o
quanto às vezes ainda é complicado.

— O que eu sei é que você deveria dar uma chance real para Brooke e
contar tudo para ela. — Ele se levanta e pega o seu caderno. — E eu acho
que você não está preparado para perdê-la como acha que está.

Meu primo se afasta e me deixa sozinho na cozinha. Suas palavras seguem


ecoando em minha mente. Droga, eu juro que gostaria de conseguir
esquecer o que ele disse. Fecho meus olhos e respiro fundo.

Eu tenho o controle, repito a mim mesmo alguns vezes.

Volto a abrir meus olhos e pego meu celular, abro o aplicativo de


mensagens e não há nenhuma de Brooke. Eu clico na sua foto de perfil e
fico a observando, ela é linda e um sorriso surge em meus lábios.

Eu preciso vê-la.

Levanto-me, deixo o prato na pia para lavar quando voltar para casa e sigo
para a garagem.

Eu dirijo para a casa de Brooke enquanto tento não pensar sobre as palavras
de Ethan, porém é inevitável. E talvez ele esteja certo, eu não estou
preparado para quando Brooke me deixar, o problema é que ela irá. Será
que eu deveria acabar com o que nós temos? Se eu a afastar agora o dano
em meu coração será menor, se continuar com ela irei me apaixonar ainda
mais e quando ela desistir não restará nada do meu coração, estará
completamente destruído.

Lágrimas se acumulam em meus olhos e preciso respirar fundo para não as


deixar cair.

Eu preciso dar um basta no que nós temos. É a melhor forma de me


proteger e de proteger Brooke, talvez não seja fácil para ela desistir.

Paro no estacionamento do seu prédio e respiro fundo, eu fico alguns


minutos encarando a noite estrelada pelo vidro do meu carro. Deveria
enviar alguma mensagem? Melhor não.

Saio do carro e caminho na direção do seu apartamento com meu coração


acelerado e quebrado. Não queria fazer o que tenho que fazer. Eu não
queria ser quem eu sou.

Estou tremendo quando aperto a campainha, tento me tranquilizar dizendo a


mim mesmo que estou fazendo o certo, porém não resulta em
absolutamente nada, continuo tão quebrado quanto segundos atrás.

É Dakota quem abre a porta, ela me encara surpresa e abre a boca, porém
antes que ela possa dizer algo um movimento chama minha atenção, olho
para dentro do apartamento e encontro Brooke se sentando no sofá, ela tem
lágrimas escorrendo pelo seu rosto e seus olhos estão vermelhos.

Ela está chorando.

Meu olhar encontra o seu e em seus olhos encontro fragilidade e desespero.

— O que está acontecendo?

Esqueço o porquê estou aqui e tudo que importa é Brooke.

Por que ela está chorando? Ela está machucada?

— Não é um bom momento.


Dakota é quem responde e dou um passo em frente, ela não se afasta e não
consigo ir até Brooke. Eu preciso ir até ela.

— Minha namorada está chorando, é lógico que não é um bom momento e


eu preciso estar com ela.

Não importa o que esteja acontecendo, eu estarei ao seu lado.

— Deixe-o entrar, nós precisamos conversar.

A voz de Brooke soa baixa, anasalada e dolorosa. Dakota olha na direção da


amiga e Brooke fica em pé.

— Não sei se é uma boa ideia.

Brooke assente. Dakota demora alguns segundos, mas se afasta e posso


entrar.

— Qualquer coisa nos chame.

Dakota e Abby seguem para os seus quartos e depressa vou até Brooke e
paro à sua frente.

— Hey, o que está acontecendo? — Ela continua encarando o chão com


uma postura de derrota. — Gatinha, você pode confiar em mim.

Tudo que eu quero é solucionar o seu problema, é livrá-la do seu


sofrimento, eu faria qualquer coisa para não vê-la chorando. Eu tomo seu
rosto entre minhas mãos e beijo sua testa.

— Eu estou aqui.

Ela continua chorando, ergue seu rosto, porém não me encara, porque fecha
seus olhos.

— Eu estou grávida, Aiden.

Brooke sussurra e quando me dou conta do que ela falou dou um passo para
trás.
— Você não pode estar falando sério.

A palavra grávida ecoa em minha mente e tudo que consigo pensar é que
ela só pode estar brincando.

— Infelizmente, eu estou.

Ela abre seus olhos e me encara com desespero, eu desvio os meus e


começo a caminhar de um lado para o outro.

Isso não pode ser verdade. Eu não posso ser pai.

— Nós sempre usamos camisinha.

Nunca esqueço a camisinha.

— No dia do jogo de Beisebol em que transamos no depósito de materiais


de limpeza.

Nós estávamos bêbados, mas foi uma única vez. Não pode ter acontecido
por um único erro. Passo as mãos pelo meu cabelo. Nós temos vinte anos e
falta um ano e meio até nossa formatura.

O que eu faria com uma criança? E se ele for igual a mim?

E se ele sofrer tudo que eu sofri?

Viro-me para Brooke e a encaro com esperança.

— No início não erámos exclusivos, talvez, não seja meu.

A dor em seus olhos se intensifica, mas não me importo. É

melhor para todos se eu não tiver nada a ver com essa gravidez.

— Eu nunca estive com ninguém depois de você e nós transamos pela


primeira vez há três meses, e segundo o teste estou com seis semanas, o que
resulta no dia do bar.
Balanço minha cabeça.

— Não acredito em você.

Não pode ser meu.

— Você não pode estar falando sério, Aiden.

Seus olhos imploram para que pare de machucá-la, mas eu não consigo.

— Nós dois sabemos que você sempre transou com vários caras...

Não termino de falar, porque ela se aproxima e sua mão encontra o meu
rosto.

— Saia da minha casa, Aiden. — Ela grita e o tapa arde em meu rosto. —
Saia, agora.

Volta a gritar e soca meu peito. Eu deixo que ela me bata e me empurre,
então quando estou perto da porta o suficiente me viro e suspiro.

— Mesmo que fosse meu, Brooke. — Respiro fundo. — Eu não o iria


querer, eu não quero um filho, Brooke.

Abro a porta e deixo seu apartamento. Eu estou um caos.

Uma bagunça por completo. Ao mesmo tempo que estou sentindo demais,
eu não estou sentindo nada.

Vou para o meu carro, ocupo o lugar atrás do volante e dirijo para o bar
mais próximo. Sento-me de frente para o balcão de pedido e peço a bebida
mais forte.

Eu estou perdido, transtornado e completamente quebrado.


Aiden

Eu fui um idiota com Brooke, mas o que eu iria falar? Como iria reagir?
Bebo de uma vez a dose de uísque, é a terceira, e peço mais uma. Tudo que
eu quero é ficar bêbado.

É óbvio que Brooke não estava mentindo, é óbvio que não ficou com mais
ninguém depois de mim, é impossível não ser o pai do filho dela. O barman
me entrega mais um copo e bebo metade do uísque, ele me encara
preocupado e apenas dou de ombros.

Se ele estivesse em meu lugar, ele também estaria bebendo.

Era melhor se Brooke estivesse grávida de outra pessoa e chegar a essa


conclusão dói. Porra, eu a fiz chorar. Eu não estive com ela quando deveria
estar e nem sei se consigo pedir seu perdão, não sei se devo. Talvez o
melhor seja me manter longe.

Eu nunca serei quem ela precisa, nunca serei merecedor dela e muito menos
de uma criança.

Continuo bebendo e me lembrando da minha infância, eu superei tudo que


aconteceu, mas não me esqueci da dor. Não me esqueci da rejeição e do
bullying. E se tiver transmitido essa parte do meu DNA para outra pessoa?
Esqueço-me de todas as sessões de terapia dos últimos anos e me afundo na
autodepreciação. Bebo várias doses de uísque e deixo que o álcool leve para
longe meus problemas.

Apesar de tudo estar girando ao meu redor não me esqueço de tudo, ainda
me lembro de Brooke e das suas lágrimas.

— Nós estamos fechando.

Ignoro o barman e empurro o copo pelo balcão em sua direção.

— Mais uma dose.

Minha voz é arrastada.

— Nós estamos fechando.

Sorrio e balanço a cabeça, o que faz com que tudo gire ainda mais.

— Eu posso ficar aqui e fecho o bar para você.

Ele suspira.

— Você é um daqueles caras conhecidos como Estrelas do Alabama, não é?

Sorrio, um sorriso completamente sem graça. O sorriso mais triste que já


esteve em meu rosto.

— Eu sou um fracassado, é isso que eu sou.

O cara faz uma careta e se afasta. Ele me traz mais uma dose e me deixa em
paz. Ele percebeu o quanto sou um perdedor e me deixou ficar aqui.

— O que está acontecendo?

Uma voz soa atrás de mim e mesmo bêbado sei que é Ethan.

— O que está acontecendo? — Sorrio e sinto minha língua pesada em


minha boca, giro o banco e fico de frente para o meu amigo, junto dele
estão Josh e Dylan. — O que está acontecendo é que mais uma vez o
universo está sendo uma cadela comigo.

Lágrimas se acumulam em meus olhos e respiro fundo para tentar evitar


chorar. Meus amigos se aproximam e enquanto Ethan paga o que consumi,
Dylan e Josh me ajudam a descer do banco. Eu não tenho forças, então
coloco meus braços ao redor dos ombros deles e eles me carregam para
longe.

Tudo é uma mistura de cores vibrantes e de coisas girando. Sou arrastado


para fora do bar pelos meus amigos e minha mente continua um caos.
Brooke, eu e agora um bebê.

— Ela está grávida.

Sussurro.

— Quem está grávida?

Josh pergunta.

— Brooke.

Lágrimas escorrem pelo meu rosto.

— Porra.

Não sei distinguir quem disse soltou o palavrão, mas concordo. Porra!

Eles me levam para o carro de Ethan, colocam-me no banco de trás e Dylan


e Ethan vão na frente enquanto Josh pega a chave do meu carro em meu
bolso.

— Vou voltar com o seu carro.

Ele fecha a porta e se afasta. Ethan liga o carro e dirige para nossa casa, eu
apoio minha cabeça no vidro da janela e encaro a noite lá fora, repleta de
estrelas e as lâmpadas nos postes estão tão brilhantes, bem diferente da
escuridão em meu interior.
— Josh recebeu uma mensagem de uma pessoa desconhecida dizendo que
você estava bêbado e se recusando a ir embora, sorte que ele te reconheceu.
— Ethan suspira e continua. — Ele sabia que você era um dos caras
conhecidos como Estrelas do Alabama.

Eu fico em silêncio e é assim que seguimos durante todo o caminho. Ethan


estaciona na garagem e ele e Dylan me tiram do carro, me arrastam para o
meu quarto e me deitam na minha cama. Eles tiraram meu tênis e encaro o
teto.

O que foi que eu fiz?

— Amanhã nós iremos conversar.

Meus amigos deixam meu quarto, continuo encarando o teto e as lágrimas


descem pelo meu rosto e atingem o colchão.

Não deveria ter dito nada do que eu disse a Brooke e agora não há como
voltar no tempo.

Os minutos se arrastam, fecho meus olhos e demoro a conseguir dormir. Eu


sonho com Brooke, com uma criança, com a minha infância e com meu
futuro. Acordo suado e com o coração acelerado, abro meus olhos e me
sento depressa.

Olho para a parede à minha frente e respiro fundo. Não foi um pesadelo,
mas foi intenso, como se realmente estivesse sentindo cada um dos
sentimentos, muito real. Minha consciência acusa que é culpa e ela está
certa. Jamais deveria ter feito o que fiz com Brooke. Como vou consertar o
que eu fiz? Não acredito que tenha como.

Minha cabeça está doendo, meu estômago está embrulhado, e minha boca
seca e com um gosto horrível. Estou deplorável. Dobro meus joelhos, apoio
meus cotovelos em minhas pernas e deixo meu rosto entre minhas mãos.

O que irei fazer?


O olhar magoado e fragilizado de Brooke ecoa em minha mente e meu peito
aperta. Eu a magoei, eu magoei a garota por quem estou apaixonado,
porque a verdade é que estou apaixonado por ela.

Não posso simplesmente bater na sua porta e dizer que estou arrependido,
até mesmo porque posso estar arrependido, mas as questões continuam.
Como vou ser pai? E se a criança tiver que passar pelo mesmo que eu
passei?

Eu fico nessa posição por minutos, talvez horas e não encontro nenhuma
solução, nada que eu possa fazer. Levanto-me e vou para o banheiro, tomo
meu banho enquanto continuo pensando sobre o que fazer da minha vida a
partir de agora.

Saio do banheiro com uma toalha ao redor da minha cintura, sento-me na


ponta do colchão e encaro o chão. Nunca me senti tão perdido quanto agora
nem quando era a chacota de alguns colegas.

Preciso conversar com meu psicólogo.

Busco meu celular que ainda estava no bolso da minha calça, primeiro
confiro as horas, é fim da manhã, perdi minha aula

e não sei se terei condições de comparecer ao treino.

Envio uma mensagem para o homem que me ajudou a me entender desde os


oito anos. Para minha sorte ele não demora para me responder e
combinamos de eu lhe ligar daqui a meia hora.

Enquanto espero para fazer a ligação, visto uma roupa e deixo meu quarto
para ir até a cozinha pegar alguns remédios e água. Torço para não
encontrar meus amigos, entretanto não tenho sorte.

Dylan e Josh estão preparando o almoço, eles olham na minha direção


assim que eu entro. Não dizem nada, porém sei que querem uma
explicação.

— Obrigado por ontem.


Caminho até o armário e pego os comprimidos que preciso.

— O que aconteceu, Aiden?

Não respondo Josh, não imediatamente. Eu vou até a geladeira pego uma
garrafa de água, sento-me de frente para os meus amigos, engulo os
remédios, bebo um pouco da água e só depois o respondo.

— Eu fui até a casa das meninas e Brooke me contou que está grávida.

Abaixo minha cabeça e encaro o balcão.

— Você reagiu mal.

Dylan constata o óbvio.

— Eu reagi muito mal, magoei Brooke. — Sorrio, um sorriso triste. — Não


sei nem como pedir perdão, e nem sei se um dia ela irá me perdoar.

— Como você está se sentindo?

Ergo minha cabeça e olho para Josh.

— Péssimo, não quero ser o pai de ninguém, não quero que ninguém passe
o mesmo pelo que passei. — Minha voz embarga e lágrimas se acumulam
em meus olhos. — Não sei o que fazer, não sei nem mesmo se sou capaz.

Meu amigo assente.

— Sinto muito, mas sobre ser capaz é claro que você é, você é um dos
melhores jogadores de Hóquei que eu conheço, se esforça para ser o melhor
em tudo e para vencer qualquer limitação que surja à sua frente.

As palavras de Josh acertam uma parte sensível em mim e as lágrimas


escorrem pelo meu rosto. Choro como uma criança e meus amigos deixam
o almoço dela para me consolarem. Eles dizem que tudo ficará bem e torço
para que eles estejam certos.
Assim que as minhas lágrimas cessam agradeço meus amigos pelo apoio e
deixo a cozinha, eu volto para o meu quarto e faço uma chamada de vídeo
para meu psicólogo. Nós conversamos por uma hora e meia, ele me tira
algumas dúvidas, ajuda-me a tranquilizar, dizendo que apesar de
relacionamentos serem complicados, são possíveis, ele me garante que um
filho meu tem a chance de ser cem por cento saudável e mesmo se for como
eu, posso ser o suporte que ele precisa.

Eu encerro a chamada mais tranquilo, não com a certeza de que posso ter
um futuro com Brooke e nem que posso ser um pai, mas talvez eu possa.
Talvez, eu consiga ser quem eles precisam que eu seja.

Estou sentado em frente ao meu notebook em minha mesa de estudo. Pego


o celular que ao está ao meu lado e ligo para minha mãe, ela não demora
para me atender e apenas de ouvir sua voz sinto como se um peso saísse
minhas costas.

— Hey, querido.

— Hey, mãe.

Minha mãe tem a voz suave, porém é como se fosse capaz de solucionar
qualquer problema, sempre acreditei que ela seria capaz de acabar com uma
guerra.

— Tudo bem? — Posso supor pela entonação da sua voz que ela está
sorrindo e nem espera que eu responda para continuar com suas indagações.
— O mundo está acabando para que meu filho que nunca me liga estar me
ligando?

Sorrio, um sorriso fraco.

— Não, mas quase isso.

Sou sincero e sua respiração muda, ela está preocupada.

— O que está acontecendo, Aiden?

Respiro fundo algumas vezes até enfim conseguir respondê-la.


— Minha namorada está grávida. — As palavras são difíceis de serem
pronunciadas e minha mãe simplesmente fica em silêncio. — Mãe? Você
me ouviu?

— Você tem uma namorada desde quando? Grávida?

Deus... eu vou ser avó. Aiden, eu não tenho nem cinquenta anos.

Sorrio da última frase dita pela minha mãe, mas é a primeira pergunta que
ela fez que respondo.

— Nós nos conhecemos há pouco tempo e nosso namoro é recente, por isso
a senhora não sabia.

Minha mãe suspira.

— Não acredito que você engravidou alguém, Aiden, você não usa
camisinha?

— Uma única vez, mãe. — Sei que ela está prestes a me dar um sermão,
entretanto não é disso que eu preciso no momento. — Eu não tive a melhor
das reações quando ela me contou.

— O que você fez, Aiden?

Eu narro os últimos acontecimentos para minha mãe, não escondo nenhum


detalhe, nem omito. Ela fica sabendo sobre meus medos, inclusive sobre
Brooke me deixar, sobre meu medo de não conseguir ser um bom pai, sobre
a criança ser igual a mim e sobre falhar.

— Querido, você é incrível e precisa acreditar nisso. —

Fecho meus olhos e respiro fundo. — E você deveria ter sido sincero com
essa garota, se ela gosta de você ela escolheria ficar.

— E se ela não gostar de mim?

Abro meus olhos e encaro o jardim pela janela que fica à frente da minha
mesa.
— Ela é uma boba. — Sua voz soa leve, porém ela suspira e sei que está
prestes a me dar uma bronca. — Aiden, você a abandonou em um momento
delicado, além de dizer coisas horríveis, nada justifica o que você fez.

— Eu sei e não tenho ideia de como consertar o que eu fiz.

E se Brooke não me perdoar?

— Isso você terá que descobrir sozinho, querido.

Assinto e ficamos alguns segundos em silêncio.

— Você teria feito diferente, mãe, se soubesse que eu sou como eu sou?

— Eu jamais teria feito diferente, não em relação a você, eu só queria ter


descoberto antes.

Concordo mesmo que ela não esteja me vendo.

— Obrigado, mãe.

— De nada e todos falhamos, Aiden, em algum momento todos falhamos.

— Eu vou tentar me lembrar disso, mãe.

Talvez deva adicionar um lembrete com a frase todos falham.

— Você vai vir para casa para o Dia de Ação de Graças?

Eu tinha pensado em ficar aqui no feriado, mas tudo mudou.

— Talvez.

— Você deveria vir e trazer sua namorada com você.

Gostaria de levar Brooke para conhecer meus pais, mas no momento não
sou sua pessoa preferida.

— Se eu conseguir seu perdão talvez.


Escuto a risada de minha mãe.

— Hoje é sexta, o feriado é na quinta, você tem quase uma semana para
correr atrás dela, querido.

— Espero que seja o suficiente.

— Eu também, querido, eu também.

Nós conversamos por mais alguns minutos, falamos sobre meu pai e sobre
como eles estão, ela me garante que eles estão ótimos e trabalhando muito,
então nos despedimos e encerro a ligação.

Afasto o celular da minha orelha e o encaro. Eu preciso de alguns segundos


até ter coragem para abrir o aplicativo de mensagem, ir até o perfil de
Brooke e enviar-lhe algumas mensagens.

“Podemos conversar?”

“Sinto muito.”

“Eu quero consertar as coisas, Brooke.”

Brooke
Aiden deixa meu apartamento e eu me sinto devastada.

Não esperava essa atitude dele. Tudo que eu queria era um abraço e
conforto, esperava que ele me dissesse que tudo ficaria bem e que daríamos
um jeito, porém tudo que ouvi foram acusações e palavras que destruíram
meu coração.

Como ele pôde falar daquela forma comigo ? Nós dois sabemos que você
sempre transou com vários caras... suas palavras ecoam em minha mente,
uma parte minha está com

raiva, porém o que mais sinto é mágoa. Eu acreditava que ele gostava de
mim, que ele me conhecia.

Lágrimas descem pelo meu rosto e soluções escapam dos meus lábios,
minhas amigas se aproximam e Abby me puxa para seus braços.

— Ele é um idiota, Brooke.

Deixo que ela me abrace e choro em seu ombro. Mesmo quando me afasto
sigo chorando, Dakota segura minha mão com a sua e a aperta.

— Você não precisa dele.

Assinto.

— Eu só preciso de um tempo. — Tento parar de chorar, mas falho. — Vou


para meu quarto.

Abby e Dakota trocam um olhar, mas finjo não notar. Não quero a pena de
ninguém, mas foda-se, no momento eu só quero chorar e dormir.

— Qualquer coisa nos chame.

Escuto Dakota, porém não tenho nenhuma reação, apenas caminho na


direção do meu quarto. Entro no cômodo, fecho a porta e me jogo em
minha cama. Deitada em posição fetal, eu
choro. Minha cabeça é um caos, ora penso no que farei ora as palavras de
Aiden voltam a me atormentar.

Adormeço chorando, tenho uma péssima noite de sono, viro de um lado


para outro, tenho sonhos em que misturo com a realidade, em alguns
momentos não sei se estou acordada ou dormindo.

Pela manhã meus olhos estão vermelhos e inchados, levanto-me apenas


para ir ao banheiro e volto a deitar. Não tenho aula e mesmo se tivesse não
conseguiria ir a lugar nenhum.

Eu continuo em minha cama encarando a parede à minha frente e pensando


no que fazer. Ter um bebê? Deixá-lo para adoção? Um aborto? Odeio as
últimas duas opções. Não sei como cuidar de uma criança, não tenho
dinheiro, ou emprego, porém odeio a ideia de me livrar dela.

Talvez deva arrumar um emprego, investir em meu estúdio de tatuagem


antes do previsto. Meus pais podem me ajudar, eles não têm dinheiro o
suficiente para bancar minha faculdade, eu e uma criança, mas podem me
ajudar a abrir um negócio.

Faculdade nunca foi meu sonho, meu sonho sempre foi um estúdio, não
estaria desistindo de nada, só antecipando algumas

coisas. Apesar da mudança de planos profissionais não doer tanto, o


restante dói, é esmagador.

Nem sei se gostaria de ter filhos, eu sou jovem, eu amo a minha liberdade,
eu amo a minha juventude e de repente estou grávida. Aiden, o cara que
achei ser meu par perfeito, me abandonou, duvidou de mim e me deixou
sozinha no momento em que eu mais precisei dele.

Estou com medo do futuro, de ter alguém dependendo de mim, de ter que
enfrentar tudo sozinha.

Pelos próximos minutos, entro em um ciclo de dormir, acordar, pensar,


chorar e voltar a dormir. Dakota e Abby vêm até meu quarto e digo que
estou bem, ou bem na medida do possível.
Dakota diz que ficará em casa e posso chamá-la se precisar de algo,
agradeço minha amiga e continuo em minha cama.

Encaro o chaveiro que nunca mais entreguei para Aiden e está no cômodo
ao lado da cama e me pergunto pela milésima vez, por que ele fez isso
comigo?

Adormeço outra vez e ao acordar, acordo com ânsia de vômito e sou


obrigada a levantar e correr para o banheiro, deixo

tudo que comi na privada e assim que não há mais nada em meu estômago,
levanto-me e vou tomar um banho.

Demoro alguns minutos embaixo do chuveiro como se a água pudesse ter o


poder de me ajudar, entretanto ela não tem.

Finalizo meu banho, desligo o chuveiro, uso a toalha que deixamos para
emergências no banheiro e a enrolo ao redor do meu corpo, então paro em
frente à pia e encaro meu reflexo no espelho logo acima.

Estou com olheiras, olhos e rosto inchado, lábios ressecados e mordidos.


Deplorável, porém no momento o que menos importa é a minha aparência.

Eu saio do banheiro, vou para meu quarto e visto uma calça de moletom e
uma regata, não seco meu cabelo e o deixo molhado. Procuro pelo meu
celular e não encontro, então sigo para a sala e o encontro sobre o sofá,
pego-o e me sento no estofado. Há algumas mensagens de Aiden, meu
coração bate acelerado. Deveria excluí-las sem ler, mas não consigo, abro
seu perfil e leio o que ele me enviou.

“Podemos conversar?”

“Sinto muito.”

“Eu quero consertar as coisas, Brooke.”

— Você não parece feliz com o que está vendo.

Dakota está limpando a cozinha e me observando.


— Aiden me enviou algumas mensagens.

— O que ele quer?

Desligo o celular e olho para minha amiga.

— Aparentemente ele quer conversar e consertar as coisas, só não sei o que


ele quer dizer com consertar.

Não gosto nem de pensar no que realmente ele está querendo dizer. Suas
últimas palavras ecoam em minha mente.

Mesmo que fosse meu, Brooke. Eu não o iria querer, eu não quero um filho,
Brooke.

— Você irá conversar com ele?

Balanço minha cabeça negando.

— Tudo que ele tinha para me falar ele me disse ontem.

Não quero mais ser magoada por Aiden. Dakota assente e sorri, um sorriso
discreto e sem mostrar seus dentes.

— Eu fiz almoço e sobrou, está na geladeira e você deveria comer um


pouco.

— Ainda estou um pouco enjoada, mas assim que meu estômago estiver
mais calmo eu almoço.

Dakota assente, vem até mim e se senta ao meu lado.

— Você está melhor?

Apoio minha cabeça em seu ombro.

— Não.

— Você sabe que pode contar com a gente, não é?


Ela aperta minha mão e lágrimas se acumulam em meus olhos.

— Eu sei. — Respiro fundo e me controlo para não chorar.

— Vocês são as melhores, acho que devo fazer um agradecimento a quem


criou aquele formulário, porque eles acertaram muito ao meu colocarem
para morar com vocês.

Nós duas rimos e pelos próximos minutos conversamos como nossa


amizade foi instantânea. Após o formulário me apontar como a melhor
escolha para dividir o apartamento com Dakota e Abby, nós três nos
encontramos em café para conversamos e ao fim do encontro era como se
sempre fôssemos amigas.

— Se eu abandonar a faculdade e abrir meu estúdio de tatuagem, ainda


serão minhas amigas?

— É claro que sim, mas que história é essa de largar a faculdade?

Suspiro, afasto minha cabeça do seu ombro e a encaro.

— Se eu for uma mãe solteira preciso de um emprego.

É difícil falar a frase em voz alta, porque torna tudo ainda mais real.

— Devem existir alternativas.

Faço uma careta.

— Não consigo pensar em nada, estudar, trabalhar e cuidar de uma criança


irá exigir tempo, não sei se conseguiria lidar com tudo e não quero colocar
mais responsabilidades sobre os meus pais, eles me sustentam e pagam
minha faculdade, seria difícil sustentar mais uma criança e eu nem sei se
poderia continuar morando aqui.

Dakota assente e fica em silêncio por alguns segundos.

— Você deveria conversar com o coordenador do seu curso, talvez, haja


algumas bolsas para universitários com filhos,
ou você possa diminuir horas, até mesmo continuar morando aqui.

— É uma boa ideia.

A sugestão de Dakota é tão boa que apenas almoço e vou até o


departamento de Artes da faculdade para conversar com a coordenadora do
curso. Por sorte é uma mulher e é super solícita.

Explica sobre as bolsas disponíveis, sobre a creche que há no campus, sobre


a redução de horas e embora, não possa continuar morando onde estou,
posso me inscrever para ocupar habitações destinadas a universitários com
filhos.

Ela inclusive me entrega alguns folhetos sobre gravidez precoce. Gravidez


precoce... quando imaginei que passaria por algo assim? Ela também me diz
que tenho opções, eu apenas assinto. Não quero conversar sobre as opções.

Meus pais tiveram muita dificuldade para terem filhos, só conseguiram por
inseminação artificial e minha irmã morreu no parto, sei que não tem nada a
ver, mas eles passaram por tanta coisa para que eu nascesse. Talvez, seja
maluquice minha, porém não consigo nem pensar em renunciar a uma
criança quando lutaram tanto para que eu nascesse.

Logo após conversar com a coordenadora, volto para casa, as meninas não
estão e fico sozinha assistindo Friends, o seriado é tudo que preciso para
conseguir me distrair um pouco.

É início da noite quando Dakota retorna para casa, ela me pergunta como
foi e conto tudo para minha amiga, ela diz que conseguirei dar conta de
tudo e agradeço o seu apoio. Abby chega alguns minutos depois e jantamos
pizza assistindo um documentário sobre seriais killers.

Apesar de estar aparentemente melhor, assim que entro no quarto e me deito


em minha cama eu choro. Não é porque tenho que enfrentar a situação que
ela se tornou menos dolorosa.

Mais uma vez, durmo chorando, acordo com os olhos vermelhos e enjoada.
Novamente, corro para o banheiro. Vomito, tomo um banho e quando volto
para meu quarto me sento de frente para minha mesa de estudos e tento
desenhar, não consigo. Tudo que eu faço fica feio e sem graça, é como se
minha criatividade tivesse me abandonado.

Eu pego alguns dos meus desenhos antigos para buscar inspiração e me


deparo com o desenho que fiz baseado em minhas memórias. Aiden e eu no
parque em Pelham depois do

seu treino, somos nós de costas, sentados no deck com os pés no lago, um
lago imenso e o Sol se pondo.

Nós parecemos apaixonados.

Lágrimas se acumulam em meus olhos, mas não deixo que elas caiam.
Aiden não merece que eu chore. Guardo meus desenhos e desisto de
desenhar.

Deixo meu quarto e me sento no sofá, assisto mais alguns episódios de


Friends. Perto do horário de almoço Dakota e Abby se juntam a mim, então
nós cozinhamos e almoçamos. É óbvio que minhas amigas estão
empenhadas em me fazerem companhia.

É início da noite quando estreito meus olhos e encaro as duas.

— Vocês não precisam ficar aqui. — Aponto para a porta.

— Hoje é sábado e tenho certeza de que vocês têm algo para fazer.

As duas negam, mas sei que estão mentindo. Insisto para que elas façam
algo. Até mesmo Dakota que não gosta de festas hoje está animada, algo
está acontecendo com a minha amiga.

— Só se você vier com a gente.

Balanço a cabeça negando.

— Nem pensar, Abigail.

— Você é a mais festeira de nós três.


Dakota me acusa e dou de ombros.

— No momento estou em recesso de festas.

Elas continuam dizendo que tenho que ir e continuo negando. Abby


inclusive me garante que Aiden não estará presente, porque é uma festa do
time de futebol americano com convites e ela só os tem por causa de Ethan.

Discutimos até que por fim eu venço e elas decidem ir para o quarto se
arrumarem, e estou sozinha na sala quando recebo uma mensagem de
Aiden.

“Estou sentindo sua falta.”

Sua mensagem me causa raiva e por isso deixo o sofá. Eu vou para a festa.
Preciso me distrair, esquecer Aiden e além do mais, não estou morta. A vida
continua e preciso seguir em frente.

— Eu vou junto.

Grito para minhas amigas ainda no corredor e escuto seus gritos de


comemoração. Entro em meu quarto e faço o possível para ficar animada,
porém por mais que tente não consigo.

Visto o primeiro vestido que encontro, calço um tênis e prendo meu cabelo
em um rabo de cavalo. Minha maquiagem é batom, rímel e blush. Forço um
sorriso quando deixo meu quarto e encontro minhas amigas na sala, elas me
encaram desconfiadas, porém não falam nada.

Como não posso beber, vamos no meu carro e eu dirijo. A festa é na casa de
um dos jogadores de futebol americano, é uma festa universitária, porém é
nítida a organização e realmente, não está repleta de pessoas. Encontramos
Ethan logo que chegamos e Aiden assim como Dylan não estão na festa,
mas Josh sim e ele e Dakota trocam alguns olhares estranhos, algo entre os
dois parece ter mudado, eles não parecem se odiarem.

As músicas e as pessoas são agradáveis e consigo me distrair, o único ponto


negativo é beber água, porque não encontro nenhum suco na geladeira.
Conforme os minutos passam todos ficam bêbados e sou a única sóbria e é
por isso que me mantenho mais afastada quando uma brincadeira com
bebida inicia na improvisada pista de dança.

Eu observo meus amigos com um sorriso no rosto.

— Bebendo água.

Viro-me para o lado surpresa com a chegada repentina de alguém e


encontro Kimberly, a líder das cheerleaders e a rainha das cadelas. Ela está
sorrindo debochada e ergo minhas sobrancelhas.

— Fiscal de bebidas alheias?

Continua sorrindo debochada e me encara com os olhos brilhando de


maldade.

— Então, é verdade que engravidou de Aiden. — Meu coração para. —


Tudo para conseguir uma das Estrelas do Alabama, não é?

Como ela sabe?

— Se bem que eu não gostaria de ficar grávida tão jovem.

Ela praticamente grita a última frase e como estava em uma troca de música
muitas pessoas escutam, recebo olhares estranhos e pessoas começam a
cochichar ao meu redor.

— Ninguém tem nada a ver com a minha vida.

Respondo-os enquanto empurro a vontade de chorar para longe.

— Você é uma cadela, Kim.

Sussurro para a garota ao meu lado e me afasto. Caminho para longe na


direção da porta e continuo recebendo olhares de pena e julgamento. Eu
nunca me senti tão humilhada.

— Voltem a dançar, idiotas.


Grito mais uma vez e estou na porta quando minhas amigas me encontram.

— Eu preciso ir embora.

Elas simplesmente assentem e me acompanham. Dakota dirige e as


lágrimas descem pelo meu rosto, elas tentam falar comigo, porém não as
respondo. Não quero conversar e mesmo se quisesse não conseguiria.

Como Kim soube? Aiden esteve com ela? Crio os piores cenários possíveis
em minha mente.

Assim que entro em nosso apartamento, eu vou para o meu quarto e pego
uma das minhas malas pequenas, eu estou antecipando o feriado de Ação de
Graças e dirigindo para casa.

Eu preciso da minha família e do abraço dos meus pais.

Aiden

Eu fico alguns minutos encarando meu celular à espera de uma resposta


sua, porém ela não chega. Uma dor e uma angústia se instalam em meu
peito. Será que ela não será capaz de me perdoar? A simples possibilidade
faz com que sinta como se meu coração estivesse sangrando.
Preciso ir para o meu treino, então deixo o celular sobre a cama e vou trocar
de roupa e organizar o que preciso, assim que

estou pronto e minha mochila está em meu ombro pego meu celular e não
há nenhuma mensagem de Brooke.

Como meu estômago ainda está sensível, saio sem comer nada e dirijo para
o complexo. Eu confiro meu celular para ver se não recebi nenhuma
mensagem de Brooke ao parar nos sinais, nenhuma resposta.

Meu treino é péssimo, estou distraído, aqui é minha zona de conforto, onde
consigo ser ao menos eu, porém não hoje.

Meus companheiros zombam de mim, por acharem que é por causa da


bebida, Jagger tenta me provocar e o ignoro.

Ao fim do treino, eu deixo a pista de patinação e meu treinador me


acompanha até o banco onde me sento para tirar os patins.

— O que está acontecendo, Lewis?

Suspiro e não o encaro.

— Estou com alguns problemas.

— Espero que você use essa semana de recesso para resolvê-los.

Assinto e olho para meu treinador.

— Irei resolver.

Ele assente, bate em minhas costas e se afasta. Eu fico segundos encarando


o chão, será que precisarei desistir do hóquei? É um caos não ter mais
controle sobre minha vida e não saber o que esperar do futuro.

Não converso com nenhum dos meus colegas de time, eu apenas assinto
quando falam comigo. Eu tomo meu banho depressa, arrumo minhas coisas
e corro para minha picape, a primeira coisa que confiro ao entrar em meu
carro é o celular.
Nem um sinal de Brooke, eu entro em suas redes sociais e não há nenhuma
atualização.

E se eu for até seu apartamento? Desisto da ideia, porque não parece uma
boa ideia simplesmente aparecer lá depois de tudo que eu disse a ela.

Volto para casa e vou direto para a cozinha, porque estou com fome. Espero
não encontrar meus amigos, mas falho, porque Ethan está na cozinha. Ele
está com uma água em mãos e deixando o cômodo, mas para quando entro.

— Abby me contou o que aconteceu. — Eu pego o restante que há do


almoço que Dylan e Josh prepararam na geladeira e deixo sobre o balcão.
— E ela está te odiando.

Sorrio, um sorriso sem humor.

— Ela ou Brooke?

Olho para meu primo que está alguns centímetros da porta e ele apenas me
encara com uma expressão séria, ele não vai amenizar meus atos e muito
menos passar a mão em minha cabeça. Eu sou mais velho cinco meses,
porém hoje Ethan fará o papel de primo mais velho.

— Estava falando da Abby, mas pelo que sei Brooke chorou bastante e
ficou extremamente abalada.

Fecho meus olhos por alguns segundos e suspiro. Só de me lembrar das


lágrimas escorrendo por seu rosto meu coração aperta e eu intensifiquei
essas lágrimas. Eu a Magoei.

Abro meus olhos e Ethan caminha na minha direção, senta-se no banco de


frente para a ilha, deixa a garrafa de água sobre o balcão e fica de frente
para mim.

— Eu preciso pedir perdão, mas ela não respondeu as minhas mensagens.

Ethan suspira e passa a sua mão pelos fios do seu cabelo.


— Talvez ela precise de um tempo e você também, eu não consigo nem
imaginar como deve ser descobrir que você será pai

aos vinte anos, sem emprego, sem ter terminado a graduação...

Encaro as vasilhas com a comida, como se ela pudesse magicamente


resolver todos meus problemas.

— Só queria ser capaz de voltar no tempo e não ter reagido como reagi,
mas não posso e agora a garota que estou apaixonado está magoada comigo
e não sei se ela será capaz de me perdoar.

— Você está apaixonado?

Lágrimas se acumulam em meus olhos.

— Eu precisei magoá-la para me dar conta que sim, eu estou apaixonado.

Eu olho para meu amigo e ele me encara com solidariedade.

— Vocês irão descobrir como fazer funcionar.

Suspiro.

— Eu espero que sim.

— E você conversou com tia Callie?

Assinto e enquanto esquento a comida, eu conto a Ethan sobre a conversa


que tive com minha mãe.

— Nossa família irá apoiá-lo.

— Eu sei que sim.

Nós continuamos conversando enquanto eu como, e estou limpando o que


sujei quando Ethan deixa a cozinha, assim que eu termino subo para meu
quarto e fico um tempo tentando assistir alguns documentários, não consigo
prestar atenção em nenhum deles e fico conferindo se há alguma mensagem
em meu celular a cada minuto. Continuo sem respostas dela.

Recuso o convite de Ethan para ir a uma festa e meus planos para sexta-
feira, será ficar trancado em meu quarto remoendo o que fiz e pensando em
como consertar o meu erro.

É início da noite quando não consigo mais me controlar e envio outra


mensagem para Brooke.

“Estou sentindo sua falta.”

Ela visualiza, mas não me responde. Estou sentado com as costas apoiadas
na cabeceira, então encaro o teto e suspiro. O

que irei fazer? Mais uma vez, eu penso em ir até ela, mas não vou. Eu não
quero magoá-la ainda mais.

Tomo um dos meus comprimidos para manter o foco e fico assistindo


televisão enquanto como pipoca e penso em Brooke.

Ela não sai da minha mente em nenhum momento sequer. É uma das sextas-
feiras, mais deploráveis da minha vida.

Eu continuo conferindo o celular com uma esperança idiota de que ela vá


me responder, porém continuo sem nenhuma mensagem sua. Abro
novamente suas redes sociais e dessa vez há atualizações. Ela está na festa
com Ethan, Abby, Josh e Dakota. Brooke não parece a Brooke alegre de
sempre, porém é nítido que está tentando.

Eu espero que ela se divirta, gostaria que fosse comigo, ao meu lado, com
nós dois compartilhando risadas, mas como é impossível no momento,
espero que ela esteja bem e se divertindo. Eu só quero que ela fique bem.

Volto a assistir minhas séries e adormeço. Acordo com gritos e uma pessoa
furiosa.

— Eu vou matá-lo.
Não demoro a reconhecer a voz da garota. É Abby. Será que meu primo fez
algo? Desnorteado levanto-me da cama e saio do meu quarto. Escuto a voz
de Ethan, ele está tentando acalmar a namorada. Que merda está
acontecendo?

Escuto os passos se aproximando, eu dou alguns passos em frente, eles


sobem as escadas correndo e nos encontramos na metade do corredor.

— Eu vou te matar.

Ela aponta o dedo em minha direção e me encara furiosa.

Abby está transtornada. Não pode ser pela minha conversa com Brooke na
noite passada, se fosse ela já teria me procurado. Um medo assustador se
instala em meu peito ao pensar que algo possa ter acontecido a Brooke.

Ela está bem? Acidentou-se? Tentou alguma coisa contra sua vida? Mil
possibilidades ecoam em minha mente e não gosto de nenhuma delas. Ethan
está segurando Abby e a impede de vir em minha direção, e eu vou até eles.

— O que aconteceu?

Abby ri, uma risada irônica e sem humor.

— O que aconteceu? É que você é o pior dos seres humanos.

Encaro Ethan que está sério e ergo minhas sobrancelhas, ele vai entender
que não sei do que Abby está falando.

— Você contou para Kim que Brooke está grávida?

Meu primo me pergunta e Abby ri.

— É claro que ele contou.

Balanço minha cabeça e continuo os encarando sem entender porra


nenhuma.

— O quê? Kim sabe que Brooke está grávida?


— Kim acusou Brooke de ter engravidado de propósito em frente a todos
que estavam na festa, a maioria das pessoas ouviu e não foi uma cena
bonita.

Não gosto do que imagino e faço uma careta.

— Óbvio que não falei para Kim, eu nem converso com essa garota e
jamais faria isso com Brooke.

Passo a mão pelo meu cabelo, Brooke deve estar devastada.

— Como essa vadia soube então?

Abby segue me encarando furiosa, eu caminho de um lado para o outro me


fazendo a mesma pergunta. Um nome surge em minha mente e odeio a
desconfiança.

— Dylan?

Olho para Ethan e Abby e os dois arregalam seus olhos.

Nenhum de nós quer acreditar que nosso amigo realmente tenha

contado para Kim, mas ele tem estado próximo da garota.

— Eu vou matá-lo.

Ignoro Abby e encaro Ethan, ele conhece Dylan tanto quanto eu, ele não é
assim, mas como ela saberia?

— Eu não sei, cara... eu não sei. — Viro-me para ir até seu quarto, porém a
voz de Ethan me detém. — Ele não está em casa.

Fecho meus olhos, o que eu farei?

— Eu preciso falar com Brooke, eu preciso ver como ela está.

Digo em voz alta, abro meus olhos e me viro na direção da porta do meu
quarto para buscar a chave do meu carro.
— Ela não está mais aqui.

Volto a encarar Abby.

— Como assim, ela não está mais aqui?

Abby suspira e deixa visível em seus olhos toda sua preocupação com sua
amiga.

— Ela ficou muito mal e decidiu antecipar o feriado de Ação de Graças.

Brooke estava em dúvida se iria ou não para a casa dos pais em


Montgomery, ela deve ter decidido ir.

— Ela foi para a casa dos pais? — Abby assente confirmando. — Eu


preciso do endereço exato.

Ethan faz uma careta.

— Por quê?

— Eu vou atrás da minha garota.

Brooke

Dirijo por quase duas horas até a casa dos meus pais, por sorte consegui
parar de chorar logo após me despedir das minhas amigas com um abraço e
entrar em meu carro, seria péssimo dirigir chorando.

Eu tento ao máximo não pensar em Kim, na vergonha que senti ao receber


aqueles olhares e nem na traição de Aiden. Uma parte minha, não consegue
acreditar que ele tenha feito o que fez, porém eu também não acreditava que
ele seria capaz de me falar o que falou. Apesar de evitar, não consigo
manter minha mente

totalmente longe. É exaustivo forçar sua cabeça a não pensar em algo.

Ao chegar na minha cidade é como receber uma enxurrada de lembranças.


Não faz sentindo nenhum, mas é como se o ar fosse diferente. Como se aqui
tivesse uma energia diferente. Eu me sinto em casa e não só por ter nascido
aqui, mas por ser uma cidade mais artística, repleta de história, morar aqui
com certeza me incentivou a ser uma artista.

Não há ninguém na rua, porque é de madrugada, o que facilita andar


devagar e observar a cidade, desde as férias de verão que não venho para
cá. Eu amo como aqui não é uma cidade pequena, mas mesmo assim tem
um ar mais simples, casas e prédios com estilos clássicos e de tijolos.

Dirijo para o distrito dos jardins onde meus pais moram e assim que
estaciono em frente à casa branca meus olhos se enchem de lágrimas, é
como se tudo que tentei conter nas últimas horas viesse à tona. Antes de
descer encaro a residência à minha frente, uma casa branca, com uma
varanda, cerca preta, um jardim e gramado imensos e uma árvore que está
florindo chama a atenção.

A minha casa, o meu lar.

Eu pego a minha mochila e deixo o carro. Meus pais não estão me


esperando e vou acordá-los. Abro o portão e conforme me aproximo da
varanda as lágrimas nublam ainda mais meus olhos e quando aperto a
campainha as lágrimas descem pelo meu rosto.

Estou chorando intensamente quando minha mãe abre a porta, então me


encara preocupada, eu apenas me jogo em seus braços e ela me abraça.
Choro no ombro da minha mãe como uma criança e ao me afastar vou para
os braços do meu pai.

Eles não sabem o que está acontecendo, mas me abraçam e sussurram


palavras de apoio. É só quando estou mais calma que eles entrelaçam
minhas mãos com as deles e me guiam até o sofá, eu me sento entre os dois.

— O que está acontecendo, querida?

Minha mãe pergunta e encaro a lareira à minha frente, não consigo olhar
para eles. Abro minha boca e as palavras simplesmente não saem.

— Nós estaremos aqui, não importa o que esteja acontecendo.


As palavras do meu pai fazem com que as minhas lágrimas se intensifiquem
e é chorando com a voz embargada que respondo.

— Eu estou grávida.

— Oh, querida.

Minha mãe me puxa na sua direção e apoio minha cabeça em seu peito.
Meu pai continua segurando minha mão e eles são o que preciso para ter
certeza de que tudo ficará bem.

Aos poucos minhas lágrimas cessam e é como se uma parte do peso que
havia sobre mim tivesse sido removido. Eu me afasto e encaro meus pais.

— Eu precisava vir para casa.

Os dois assentem. Meu pai beija a lateral da minha cabeça e minha mãe
toma meu rosto entre suas mãos.

— Você precisa descansar e amanhã conversaremos.

Concordo e os dois se desvencilham de mim, eles ficam em pé, eu faço o


mesmo e seguimos para meu quarto. Ele está exatamente como sempre, a
cama de casal, os móveis brancos e a cortina azul. Meus pais ficam na porta
e se despendem de mim com um beijo em minha testa.

— Não se preocupe querida, nós sempre estaremos aqui.

— Obrigada, mãe.

Meu pai sorri, o sorriso que me diz que tudo ficará bem independente da
situação.

— Se precisar da gente bata na porta.

É a mesma frase que me diziam quando era uma criança e não queria
dormir sozinha, eu sempre poderia bater na porta do quarto deles e eles me
salvariam dos monstros.
Assim que os dois me deixam sozinha, eu largo minha mochila sobre a
cadeira que fica em minha mesa de estudo e dou uma volta sobre meu
quarto. Há fotos, quadros, pinturas e desenhos meus espalhados pelo
cômodo.

Realmente, fiz bem em vir para cá.

Eu sigo para o meu banheiro, tomo um banho, porque ainda estou vestindo
as roupas que fui para a festa e estão suadas, então volto para o quarto visto
um dos meus pijamas e me deito em minha cama.

É reconfortante estar aqui e saber que não estou sozinha.

Estou exausta e assim que fecho meus olhos adormeço.

Como nas últimas semanas acordo enjoada e tenho que correr

para o banheiro, a única diferença é que hoje é mais cedo do que


normalmente é.

Escovo meus dentes e em seguida deixo o quarto para pegar um pouco de


água. Eu desço até a cozinha e estou abrindo a geladeira quando escuto a
campainha. Quem será a essa hora?

Como estou de pé, fecho a geladeira e vou até a porta, assim que a abro
deparo-me com a única pessoa que não gostaria de encontrar no momento.

— O que você está fazendo aqui?

Aiden parece tão destruído quanto eu.

— Nós precisamos conversar, gatinha.


Aiden

Assim que Abby me passa o endereço de Brooke, eu entro em meu quarto,


arrumo minha mochila com algumas peças de roupa, pego a chave do meu
carro e dirijo para a casa dos pais de Brooke.

Durante o caminho, eu vou planejando como implorarei para que ela me


escute e então, contarei tudo a ela. Estou tenso e nervoso, uma parte em
mim morre de medo de revelar o meu

segredo, mas ela precisa saber. Não posso continuar escondendo-o de


Brooke.

Eu nunca estive em Montgomery, mas sei suas histórias e sua importância.


Dirijo pelas ruas depressa e pelo pouco que observo é uma cidade com um
estilo mais clássico e simples.

Sigo o GPS e está amanhecendo quando estaciono na frente da casa


indicada, sorrio, porque combina com Brooke.

Saio do carro e estou tremendo enquanto abro o portão e caminho na


direção da varanda. E se ela não quiser me ouvir? E

se seus pais me expulsarem? Eu preciso que ela me perdoe.


Aperto a campainha e meu coração parece estar prestes a sair pela boca.
Como eles estão dormindo, eu acredito que irá demorar para alguém me
atender, porém estou quase levando meu dedo mais uma vez à campainha
quando a porta é aberta.

— O que você está fazendo aqui?

Eu ergo minha cabeça e meu olhar encontra o seu e no momento que isso
acontece, todas as dúvidas somem da minha mente, eu sei exatamente o que
fazer, porque meu maior medo é perdê-la. Eu traço novos planos e mudo
meu futuro.

— Nós precisamos conversar, gatinha.

Ela sorri e não é um sorriso animado.

— Nós já conversamos tudo que tínhamos que conversar.

Brooke tenta fechar a porta, mas coloco meu pé entre o vão e espalmo
minha mão na madeira.

— Por favor, eu dirigi duas horas apenas para conversar com você.

Ela continua empurrando a porta e machuca meu pé, mas não cedo. Não irei
embora tão fácil.

— Pois irá dirigir mais duas horas e voltar para casa.

— Estou arrependido do que eu disse para você, eu nunca deveria ter dito
aquilo. — Ela dá uma vacilada, mas não abre a porta. — Eu só não queria
que você tivesse um filho comigo, eu não queria ser um péssimo pai e
muito menos sentenciar uma criança a passar o mesmo que eu.

Apoio minha testa na porta e respiro fundo.

— Do que você está falando, Aiden?

— Eu tenho Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade,


conhecido como TDAH, Brooke, eu passei parte da minha vida sofrendo
bullying e parte dela tentando vencer meu próprio cérebro.

Ela para de forçar a porta e a abre completamente, encara-me com uma


expressão surpresa e perdida.

— Do que você está falando?

— Estou falando Brooke que eu me distraio facilmente, não consigo me


concentrar em uma única coisa, sou péssimo em ficar parado e cumprindo
uma única atividade, minha mente nunca para, esqueço de datas, sou
horrível em lembrar das tarefas que preciso fazer e preciso sempre ter tudo
organizado e planejado e mesmo assim falho, às vezes deixo tarefas
incompletas, além de tudo sou impulsivo.

— Por isso, você tem post its colados pelo quarto com lembretes.

Assinto e suspiro.

— E todo esses sintomas já foram extremamente piores, tão ruins a ponto


de sofrer bullying na escola, ser o esquisito e desatento, o excluído e sem
amigos.

Ela abre e fecha a boca e antes que possa dizer algo me apresso.

— Por favor, eu tenho mais algumas coisas a dizer, eu preciso te contar o


que realmente fui fazer na sua casa quinta à

noite e o porquê demorei tanto tempo a te contar que tenho TDAH.

Brooke hesita, eu imploro com meu olhar e finalmente ela assente e abre a
porta. Ela fica de lado para que eu possa entrar, eu dou um passo em frente
e paro à sua frente.

— Eu senti sua falta.

Beijo sua testa e ela não fala nada, mas sua respiração muda, ela também
sentiu minha falta.

— E antes que pergunte, não fui eu que contei para Kim.


— Seu olhar muda e denuncia que ela já tinha se esquecido desse detalhe.
— Não faria algo assim, Brooke.

— Você me falou coisas horríveis.

Essa eu mereci.

— Eu sei, mas não falei nada para ninguém, ah não ser para Dylan, Josh,
Ethan e minha mãe.

Ela arrega seus olhos.

— Para sua mãe? — Assinto e ela me encara em pânico.

— O que ela disse?

— Ela falou que deveria levar você para a Ação de Graças em nossa casa.
— Encara-me incrédula e dou de ombros. —

Além do mais, eu falei com meu psicólogo, eu estava confuso e precisava


entender algumas coisas.

— E você entendeu?

Ergue seu queixo e me desafia, eu abro a boca para respondê-la, porém


somos interrompidos por uma voz masculina.

— O que está acontecendo? Quem é esse, Brooke?

Brooke e eu nos viramos e encontramos seus pais parados na entrada do


hall, eles estão nos observando com curiosidade e preocupação. Pela
expressão em seus rostos, eu sei que eles sabem.

— Eu sou o namorado.

Apresento-me antes que Brooke faça.

— Pai, mãe, esse é Aiden. — Vira-se para mim. — Aiden, esses são meus
pais.
— É um prazer conhecê-los.

Os dois assentem e nenhum deles parece muito contente com a minha


presença.

— Nós precisamos conversar.

Explica para os pais, eles assentem e Brooke aponta na direção das escadas.
Seu pai é um cara alto e apesar dos

cabelos brancos, um pouco ameaçador, ainda mais pela forma como está me
encarando, ele claramente não está feliz comigo.

— Vamos, Aiden.

Faço um gesto na direção dos pais de Brooke e a sigo.

Subimos os degraus e Brooke entra na primeira porta à direita que está


aberta. Seu quarto me lembra do seu em Tuscaloosa, com desenhos,
quadros e fotos espalhados pelo cômodo, móveis brancos e simples e as
cores presentes no objeto são em sua maioria azul, sua cor preferida.

— Fique à vontade.

Eu me sento na beirada da cama e ela se aproxima e ocupa o lugar ao meu


lado. Curvo-me corpo para a frente, apoio meus cotovelos em minhas
pernas e meu rosto entre minhas mãos.

— Eu iria terminar com você na quinta-feira, porque não queria lidar com
os sentimentos que sentiria quando você desistisse de mim.

Desabafo enquanto encaro o chão à minha frente.

— Por que eu desistiria de você?

É possível perceber a mágoa em sua voz, mas não olho em sua direção.

— Porque em algum momento seria demais, relacionamentos em que uma


das pessoas tem TDAH não costumam ser fáceis, um dia você ficaria
frustrada com minha desatenção, com a minha tendência a esquecer datas e
coisas corriqueiras, eu posso esquecer chaves, de atender pedidos seus, às
vezes estaremos conversando, minha mente um caos e você irá achar que é
desinteresse, além do mais sou mais explosivo, impulsivo, impaciente e
inconsistente que a maioria das pessoas.

Eu tive medo de que um dia você desejasse alguém diferente.

Sussurro a última frase.

— Por que você não me contou sobre o TDAH antes?

Demoro alguns segundos para respondê-la, porque é algo difícil de


confessar, mas preciso para ter sua confiança e seu perdão.

— Eu conversei com meu psicólogo e cheguei à conclusão de que estava


com medo da sua rejeição. — Sorrio, um sorriso carregado de tristeza. —
No início quando fui para a escola era muito difícil prestar atenção nas
aulas, então eu ia muito mal, tive

dificuldade para aprender a ler e isso fez com que a minha professora e
alguns dos meus colegas zombassem de mim, além do mais meu jeito
impulsivo e explosivo principalmente na forma como reagia às minhas
notas aumentaram a chacota.

As lembranças ecoam em minha mente e fecho meus olhos.

— Eu odiava ser excluído, odiava a sensação de ser um idiota como muitos


me chamavam, eu me tornei o elo fraco e as agressões verbais só
aumentaram com o tempo, na adolescência eu me sentia inferior a todos e o
sentimento de fracasso me dominou por muito tempo.

Abro meus olhos e continuo encarando o chão.

— Com quantos anos descobriu o TDAH?

— Eu tinha oito quando meus pais perceberam algo diferente e desde então,
eu faço acompanhamento com psicólogo e psiquiatra, alguns dos sintomas
foram reduzidos, porém não desaparecerem, porque TDAH não tem cura.
Aprendi na terapia a reconhecer alguns gatilhos, a ter certas reações
funcionais diante de determinadas circunstâncias, e desenvolvi algumas
formas de manter minha atenção. Eu também fiz e faço uso de

medicamentos estimulantes o que me permite ter atenção nas aulas e


quando vou estudar.

Respondo algumas das suas possíveis perguntas antes mesmo que ela as
faça.

— E o Hóquei?

— O Hóquei surgiu para me ajudar no funcionamento cognitivo e


comportamental, era só parte do tratamento, mas se tornou a minha vida, ele
é o meu hiperfoco, a minha concentração máxima e duradoura em uma
única tarefa.

Brooke está em silêncio, viro-me para ela e seguro sua mão com a minha.

— Eu não deveria ter tido medo como se não pudesse ter um


relacionamento, porque eu posso, talvez alguns dias sejam mais
complicados, mas eu posso. — Olho em seus olhos. — Não sou mais
aquela criança e nem aquele adolescente, porém algumas vezes os medos
do passado voltam a ecoar dentro de mim.

— Eu não desistiria de você por isso.

Assinto e apoio minha testa na sua.

— Eu deveria ter lhe contado sobre o TDAH, mas fui um idiota, além do
mais não conversei sobre você com meu psicólogo por medo de admitir
meus sentimentos.

— Sentimentos?

Sussurra enquanto traço círculos invisíveis na sua mão com a ponta dos
meus dedos.
— Eu estou apaixonado por você, Brooke. — Seus olhos brilham e ela
continua me encarando. — Eu fui um idiota com você na quinta e odeio ter
magoado a garota por quem estou apaixonado.

Brooke apoia sua testa em meu ombro e eu a abraço.

— Alguns estudos dizem que filhos de pais com TDAH tem 80% de chance
de ter a doença, eu só não queria que isso acontecesse, além do mais um
medo incontrolável de ser um péssimo pai tomou conta de mim, imagina eu
posso esquecer de buscar meu filho na escola. Não existe justificativa para
o que eu disse para você, mas eu quero seu perdão, Brooke.

Minhas mãos sobem e descem pelas suas costas.

— Sinto muito, Brooke, aquele dia, eu só deveria ter te abraçado e dito que
tudo ficaria bem.

— Tudo irá ficar bem?

Ela sussurra e eu beijo a lateral da sua cabeça.

— Tudo ficará bem.

Nenhum de nós dois fala nada, apenas nos abraçamos.

Sem trocarmos nenhuma palavra nos deitamos em sua cama, Brooke se


deita com a lateral do seu rosto apoiada em meu peito e continuo a
abraçando.

Desde o primeiro instante deveria ter sido assim.

Estou exausto e adormeço, assim como Brooke.

Eu acordo com Brooke tentando se desvencilhar, eu a solto e ela corre para


o banheiro, vou atrás dela e enquanto ela se curva na direção do vaso
sanitário, seguro seu cabelo.

Só o solto quando ela fica ereta, respira fundo e dá a descarga.


— Droga, é a segunda vez no dia. — Resmunga. — Achei que não
aconteceria de novo, mas acho que a rotina não é uma vez pela manhã, é
sempre acordar enjoada.

Ela para em frente à pia e dou um passo para trás me apoiando na parede.

— Você já foi ao médico?

Ela só me responde depois de escovar seus dentes.

— Não, eu vou tentar marcar um horário com a minha ginecologista


amanhã, aproveitar que estou na cidade.

Assinto e nos encaramos pelo reflexo no espelho.

— Nós precisamos conversar sobre o bebê.

Assim que a última palavra deixa minha boca, Brooke se vira, ela apoia sua
bunda contra a pia, eu olho na direção da sua barriga e ela faz o mesmo.
Ainda é estranho, ainda não é uma situação confortável.

— Eu pensei em deixar a faculdade, mas conversei com a coordenadora do


meu curso e ela me apresentou algumas alternativas, talvez demore alguns
meses a mais para me formar, mas não tenho pressa. — Dá de ombros. —
Eu só preciso de uma vaga na habitação do campus que permita crianças e
de um emprego de meio período.

Balanço minha cabeça e ela ergue suas sobrancelhas.

— Podemos alugar um apartamento e você não precisa trabalhar.

— E de onde vamos tirar dinheiro? Vamos plantar maconha?

Ela sorri debochada e a encaro com malícia.

— Eu tenho dinheiro.

— Você tem?
Assinto.

— Minha avó morreu há alguns anos e eu recebi parte da sua herança,


dinheiro não é um problema.

Deboche some do seu rosto e morde seu lábio inferior.

— Então alugamos um apartamento, deixamos a criança na creche enquanto


estudamos e é isso?

Nós dois sabemos que não é tão simples assim, mas faremos dar certo.

— É isso.

— Ok, nós temos um plano.

Eu estendo minha mão em sua direção e assim que coloca seus dedos sobre
os meus, puxo-a em minha direção e beijo sua testa.

— Sim, nós temos um plano, Brooke.

Brooke
Tanto eu quanto Aiden sabemos que será complexo, afinal estamos falando
de uma criança, talvez nem tenhamos dimensão do quão será difícil, mas
temos um plano. Nós faremos funcionar.

Assim que deixamos o banheiro, eu visto um dos vestidos que trouxe na


mochila e descemos para o primeiro andar, encontramos meus pais na
cozinha, eles estão preparando nosso café da manhã e se viram em nossa
direção. Eu tenho minha mão presa a de Aiden e é nisso que meu pai foca,
em nossas mãos.

— Bom dia.

A voz grave do meu pai ecoa e ele volta a encarar nossos rostos.

— Bom dia.

Aiden e eu o respondemos e também cumprimentamos minha mãe. Ela é


mais doce que meu pai e faz um gesto na direção da mesa que está posta.

— Nós precisamos conversar enquanto tomamos nosso café.

Aiden e eu assentimos, vamos até a mesa e ocupamos as cadeiras um ao


lado do outro. Eu estou um pouco nervosa e Aiden percebe, porque aperta
meus dedos com os seus. Minha mãe enche as xícaras com café, menos a
minha e meu pai termina as panquecas, então os dois se sentam à nossa
frente.

— Cafeína não faz muito bem para as grávidas.

Ela enche meu copo com suco e apenas assinto. Meu pai coloca bacon e
ovos mexidos em seu prato, minha mãe toma seu café e Aiden e eu não
tocamos em nada. Eu estou sem fome e o cheiro do bacon está começando a
me deixar enjoada.

— Eu acho melhor vocês tirarem o bacon de perto de mim, ou não


conseguiremos conversar.

Faço uma careta e minha mãe no mesmo instante pega o prato de bacon e o
bacon do prato do meu pai e os tira para longe, colocando-os dentro do
forno impedindo que o cheiro se espalhe ainda mais pela cozinha.

— Obrigada.

Ela volta a sentar-se à nossa frente e ao lado do meu pai, nós quatro nos
encaramos e meu coração dispara. Droga!

— Desde quando vocês estão namorando?

Meu pai inicia a conversa, eu abro a boca para responder, mas Aiden é mais
rápido.

— Mais ou menos três meses.

Meu pai faz uma careta.

— Um namoro recente.

Meu pai suspira, passa as mãos pelos seus fios de cabelo.

É nítido que está preocupado por eu estar grávida de um cara que namoro
há três meses, melhor ele não saber que o namoro oficial é menos de um
mês. Com certeza, podemos omitir que no início era apenas sexo casual que
evoluiu para uma amizade colorida.

— Nós estamos apaixonados.

Justifico, como se isso amenizasse os fatos.

— E você está grávida.

Meu pai não está me fazendo uma pergunta, mas de toda forma o respondo.

— Eu estou grávida.

Encaro meu pai e ele me encara de volta. Ele apenas me analisa e meu
coração continua batendo acelerado, nervoso e ansioso, além de estar
repleto de medo.
— Sempre vamos apoiar você, querida.

Olho para minha mãe e respiro fundo, não quero chorar mais.

— Obrigada, mãe.

Ela assente.

— Se vocês quiserem podemos ficar com o bebê, vocês são novos, ele não
precisa saber que vocês são os pais biológicos...

Balanço minha cabeça e a interrompo antes que continue.

— Nós vamos ficar com ele.

Viro-me para Aiden, porque espero que ele não tenha mudado de ideia
diante da proposta da minha mãe, ele aperta a minha mão, assente e olha em
meus olhos, ele está me garantindo que nada mudou. Nosso plano continua
o mesmo.

— E o que vocês pretendem fazer?

Viramo-nos para meu pai e mais uma vez é Aiden a respondê-lo.

— Vamos alugar um apartamento perto do campus, continuar estudando,


revezando-nos para cuidar do bebê e assim que ele tiver idade irá para uma
creche.

— Há uma creche no campus para filhos de estudantes e funcionários.

Complemento a resposta de Aiden e meu pai continua nos encarando.

— Dinheiro?

— Eu recebi uma herança quando minha avó materna morreu, dinheiro não
é um problema.

Meu pai assente e suspira mais uma vez, eu perdi as contas de quantas
vezes ele já suspirou desde que começamos a conversar.
— E depois da faculdade?

— Não conversamos sobre o que faremos depois da faculdade ainda, mas


os planos de Brooke continuarão os mesmos se ela desejar, farei de tudo
para que ela tenha seu estúdio de tatuagem e na cidade que ela escolher.

Viro-me para Aiden.

— E você jogará hóquei.

Ele não irá sacrificar seus sonhos, nenhum de nós dois irá.

Ele desvia os olhos dos meus pais e me encara.

— Se for chamado no Draft terei que me mudar de cidade, você irá


comigo?

Dou de ombros.

— Não me importo de me mudar.

Ele assente. Isso é algo que irá acontecer daqui um ano e meio, nós não
sabemos o que nos espera, mas estamos agindo como se nosso futuro fosse
juntos.

— Você joga hóquei? — Aiden assente. — Em que posição?

— Winger, ala esquerda.

Aiden e meu pai iniciam uma conversa sobre hóquei e o assunto futuro,
gravidez e bebê ficam esquecidos. Minha mãe me faz um relatório de como
estão o restante da minha família e alguns dos seus amigos, a fofoca alheia
é tudo que precisava depois de uma conversa tensa. Inclusive consigo
comer algumas panquecas.

Assim que todos acabamos de comer minha mãe começa a recolher as


louças e comidas da mesa, eu me levanto para ajudá-la, porém ela balança a
cabeça e olha na direção de Aiden.
— Você deveria levar Aiden para conhecer a cidade enquanto seu pai e eu
preparamos o almoço.

Não é uma má ideia, por isso olho para ele.

— Você quer conhecer um pouco da badalada Montgomery?

Ele assente e fica em pé.

— Claro.

Nós dois nos despedimos dos meus pais, então subo para meu quarto, onde
pego a chave do carro e coloco meus tênis.

— A conversa com seus pais foi melhor do que imaginei que seria.

Aiden respira aliviado assim que entramos em meu carro.

— Você achou o quê? Que meu pai iria o matar?

Coloco o meu cinto e ligo o carro.

— Talvez, talvez.

Ele está sorrindo e sorrio também.

— Não adiantaria de nada matá-lo, o que está feito está feito.

— Isso você tem razão.

Nós ficamos em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos.

Perdoar Aiden não foi difícil, foi mais fácil que imaginei que seria. Eu
tentei fechar a porta e expulsá-lo, mas não queria, eu queria ouvi-lo e
quando ele falou que tem TDAH foi o motivo suficiente para deixá-lo
entrar.

Aiden tem TDAH, eu nunca suspeitei e partiu meu coração saber o que ele
passou na infância. Uma parte minha ainda está magoada, a outra o
perdoou, eu o entendo e compreendo seus medos.

Nunca passei pelo que ele passou, mas somente de imaginar sei o quanto
deve ser desesperador. E se nosso filho

tiver TDAH também? Não preciso pensar muito para ter uma resposta para
minha pergunta, faremos de tudo para que ele se sinta bem consigo mesmo
e para que o processo seja o menos doloroso.

— Para onde você está me levando?

Meus pensamentos se dispersam e sorrio.

— Surpresa.

— Se você me sequestrar antes do fim da temporada meu treinador ficará


bem chateado.

Sorrio debochada.

— Se você fosse sequestrado ninguém sentiria sua falta, Aiden.

— Essa doeu, gatinha.

Nós dois rimos e caralho... é bom sermos apenas nós novamente. Estou
mais leve quando paro o carro em um estacionamento perto do parque,
então deixamos o veículo e um do lado outro e de mãos dadas caminhamos
na direção do Riverfront Park que como o próprio nome diz é um parque
em frente a um rio.

— Mais um parque, hein?

Dou de ombros.

— Já que você me mostrou um parque que frequentava quando era criança,


é justo que eu faça o mesmo.

Ignoro a primeira parte que é um círculo gramado e guio Aiden na direção


da parte de concreto em frente ao rio, que é praticamente uma passarela
com bancos e mesas. Há algumas barraquinhas com o povo vendendo seu
artesanato e comida.

Nós ocupamos um dos bancos, desvencilhamos nossas mãos e encaramos o


rio à nossa frente.

— Quando foi que você fez um plano?

Aiden estava confuso, com medo...tudo bem que ele conversou com seu
psicólogo, mas quando foi que ele ficou tão determinado? Em nenhum
momento ele vacilou sobre termos o bebê e ele quer que aluguemos um
apartamento , ele e eu.

— Quando bati na sua porta hoje pela manhã. — Viro-me para ele que
continua encarando o rio. — Porque me dei conta de que meu medo de a
perder era maior que qualquer outro medo, eu posso lidar com TDAH, eu
posso lidar com uma criança e com a complexidade de um relacionamento.

Olha em minha direção e a intensidade com que me encara faz com que
meu coração bata mais rápido.

— Mas não poderia lidar com sua ausência, eu não saberia como seguir em
frente se você não me perdoasse. — Ergue sua mão e acaricia a lateral do
meu rosto. — Quando meu olhar encontrou o seu, todas minhas dúvidas
desapareceram, os meus medos continuam aqui, mas prefiro enfrentá-los a
perder você.

Beija minha testa, em seguida eu o abraço, apoio a lateral do meu rosto em


seu peito e voltamos a observar o rio à nossa frente. Assim como quando
ele me abraçou de manhã, eu me sinto em casa em seus braços. Quando
Aiden me abraça, eu tenho certeza de que tudo ficará bem.

Nós dois ficamos mais um tempo no parque, caminhamos de mãos dadas,


Aiden me conta mais sobre o TDAH e eu escuto tudo atentamente, por mais
difícil que possa parecer, eu estou disposta a estar ao seu lado e ser quem
ele precisa. Nós dividimos um algodão doce, avisamos nossos amigos que
estamos bem e por fim voltamos para minha casa no início da tarde.
O almoço está pronto quando chegamos e vamos os quatro comer no
jardim, meus pais contam algumas histórias

minhas e rimos. Aiden pergunta para meu pai sobre suas tatuagens e sobre
seu trabalho como tatuador, Aiden também mostra as suas.

Temos um bom momento enquanto almoçamos, após comermos ajudo


minha mãe a limpar a cozinha. Meu pai e Aiden continuam lá fora e eu
tento observá-los pela janela enquanto seco algumas louças, ambos parecem
sérios, o que será que eles estão conversando?

— Ele parece ser um bom garoto.

Desvio minha atenção para minha mãe que está ao meu lado e assinto.

— Ele é.

Ela morde seu lábio inferior e quando o solta me encara preocupada.

— Vocês tiveram problemas, por isso que você chegou chorando aqui de
madrugada?

Suspiro.

— Sim, Aiden não teve a melhor das reações e alguém que não deveria
descobriu que estou grávida, foi uma junção de acontecimentos que me
fizeram correr para casa.

Dou de ombros e minha mãe assente.

— Vocês estão bem agora?

— Nós estamos bem.

— Se ele machucar você seu pai irá o matar.

Nós duas rimos, porque meu pai não seria capaz de matar uma mosca, mas
eu sei que minha mãe está querendo dizer que eles sempre estarão ao meu
lado.
Assim que eles deixam o jardim e entram na cozinha minha mãe pega um
pote de sorvete na geladeira e ficamos ao redor do balcão comendo o doce e
conversando. Meus pais nos deixam sozinhos logo após terminarem a
sobremesa e Aiden me encara com um sorriso estranho, ergo minhas
sobrancelhas, ele espalma as mãos sobre o balcão e se curva na minha
direção, deixando seu rosto a centímetros do meu.

— Seu pai tem um estúdio de tatuagem, não é?

— Sim, por quê?

Segue sorrindo.

— Você me deve uma tatuagem, lembra?

Encaro-o surpresa.

— Você quer que eu o tatue?

— Sim, você irá aceitar o desafio?

Curvo os lábios em um sorriso e cruzo meus braços abaixo dos seios.

— É claro que eu vou.

...

Aiden e eu vamos para o estúdio do meu pai. É tão excitante estar aqui onde
aprendi e fiz minhas primeiras tatuagens, ainda mais que eu vou tatuar
Aiden, marcar sua pele para sempre. Estou nervosa e ansiosa.

Arrumo as agulhas, as tintas, então pergunto para Aiden o que ele irá querer
e ele sorri.

— Quero tatuar a data 07 do 10 de 2022 em números romanos nas minhas


costas, logo abaixo do meu ombro.

Assinto e sorrio.
— E qual o motivo da data?

— O dia do jogo de beisebol e do depósito de materiais de limpeza.

Ergo minhas sobrancelhas.

— O dia que eu engravidei?

— Exato, talvez logo abaixo eu tatue a data de nascimento do nosso filho.

E nesse momento, eu tenho certeza de que amo esse homem que está à
minha frente.

Aiden

— Ouvi boatos que se você continuar encarando esse pedaço de papel ele
irá desaparecer.

Desvio meus olhos do papel que na verdade, é uma foto e olho na direção
de Brooke que está apoiada no batente da porta e com um sorriso
debochado em seu rosto.

— Você é tão engraçadinha.


Ela dá de ombros e entra em seu quarto.

— Você já olhou tantas vezes para esse ultrassom que eu não sei como não
o decorou.

Ela se senta na sua cama ao meu lado e é minha vez de encará-la com
deboche.

— Seria impossível decorar isso aqui.

Ela me estende a mão e pede a fotografia, entrego-a e ela a analisa.

— Continuo sem entender nada.

— Nem eu, porém o importante é que aqui está o bebê.

Aponto para um pontinho em meio às manchas pretas e brancas. Brooke


não a encara por muito tempo, porque se vira em minha direção.

— Por que você estava encarando o papel?

Ergue suas sobrancelhas e dou de ombros.

— Você sabe, isso é real.

Ela ri e revira seus olhos.

— Acredite se tem alguém que tem noção do quanto isso é real sou eu,
afinal quem vomita todos os dias? Exato, eu mesma.

Aponta para si e empurro levemente seu braço com meu cotovelo.

— E sou eu quem segura seu cabelo.

Ela empurra meu ombro com seu.

— É o seu papel como pai.


A palavra ainda é assustadora, mas um pouco menos do que no início. Faz
quatro dias que estamos na casa dos seus pais, três que Brooke realizou sua
primeira consulta e estamos conseguindo assimilar a nossa nova realidade.

É a vez de Brooke ficar encarando a ultrassonografia. Sei que não


entendemos nada e nem há muito para vermos, porém torna tudo real.
Seremos pais em menos de oito meses.

—Ouço boatos que se você continuar encarando esse pedaço de papel ele
irá desaparecer.

Repito o que ela me disse e recebo um tapa em meu braço.

— Não use minhas próprias frases contra mim, Aiden.

Faço uma careta, apesar de continuar sorrindo e passo minha mão em meu
braço como se estivesse doendo.

— Você não pode bater no pai do seu filho.

Ela me encara como se eu fosse um idiota.

— E você não pode provocar a mãe do seu filho.

Beijo seu ombro.

— Eu não estava te provocando, estava apenas usando suas palavras contra


você mesma.

Nós dois rimos, ela apoia a cabeça em meu ombro e encaramos a foto em
sua mão. Nós vamos ser pais. Ver a pequena coisinha na segunda foi
impactante , nós criamos um ser humano. Não é fácil e nem estamos
pulando de alegria, afinal nós temos 20 anos, estamos na faculdade e nosso
relacionamento é recente, mas gradualmente vamos nos adaptando à nossa
realidade e voltando a ser nós mesmos.

— O restante da sua família já chegou?


Brooke acordou mais cedo e me deixou sozinho em seu quarto para ajudar
sua mãe a preparar o almoço e esperar o restante da sua família chegar para
o almoço de Ação de Graças.

— Sim.

Eu beijo o topo da sua cabeça e pela primeira vez levo minha mão até sua
barriga e a espalmo ali. Por alguns segundos, Brooke fica tensa, porém
relaxa logo em seguida.

— Ninguém sabe sobre a pequena coisinha?

— Não, e por enquanto não vou contar. — Apenas assinto.

— E Aiden, pequena coisinha é redundante.

Ela traz sua mão até sua barriga e a deixa sobre a minha.

— Essa criança é minha, eu posso chamá-la do que quiser.

Ela ri e afasta sua cabeça do meu ombro.

— Como está sua tatuagem?

Ela puxa a barra da minha camiseta para cima e a tira do meu corpo.

— Se você me queria nu era só falar.

Ela revira seus olhos, deixa a foto sobre o colchão e fica em pé à minha
frente.

— Ficou linda. — Traça a data logo abaixo do meu ombro e apoio minhas
mãos em sua cintura. — Assim que estiver liberada para fazer farei uma
igual.

Olho para seu rosto, ela está concentrada encarando a obra de arte que fez
em meu ombro.
— E nós chamamos Abby e Ethan de emocionados por fazerem uma
tatuagem de casal.

Brooke faz uma careta e continua encarando a minha nova tatuagem.

— A tatuagem deles é brega.

Como não discordo, curvo meus lábios em um sorriso.

Brooke segue encarando seu trabalho, ela está procurando algum defeito
como fez nos outros dias, mas não irá encontrar, porque está perfeito.

— Por que você decidiu fazer faculdade se seu talento é natural?

Brooke desvia seus olhos da tatuagem e olha em meus olhos.

— Porque queria ter a experiência de ir para faculdade, as festas, os caras...


— Faço uma careta e ela ri. — Além de aprender algumas outras técnicas, a
teoria e ter um diploma.

Dá de ombros, nós ficamos nos encarando em silêncio por alguns segundos


até que me dou conta de algo e sorrio, Brooke ergue suas sobrancelhas.

— Você está pensando em quê?

— Sorte a minha que você foi para a faculdade. —

Continua me encarando sem entender. — Porque senão não teria a


conhecido.

Ela balança a cabeça de um lado para o outro e ri.

— Eu amo quando você está sendo brega para flertar.

Dou um tapa em sua bunda e ela se senta em meu colo, deixa seus joelhos
apoiados no colchão ao redor da minha cintura e enrola suas mãos em volta
do meu pescoço. Nós voltamos a ficar em silêncio, Brooke brinca com os
fios do meu cabelo e eu toco sua cintura, puxo sua blusa para cima e
acaricio sua pele.
O clima entre nós se transforma, minha respiração muda, assim como a de
Brooke. Olho em seus olhos e encontro luxúria e saudade, não nos tocamos
mais intimamente há dias, estávamos focados em não surtar, tudo que
fizemos nos últimos dias foi dormir em sua cama, ela dormia com sua
cabeça em meu peito e eu a abraçava, mas agora eu sinto como se fosse
morrer se não a tocar.

Minha mão sobe pelas suas costas, seu peito sobe e desce depressa e sinto
sua respiração em meu rosto, a expressão em seu rosto denuncia que ela
está tão desesperada quanto eu.

Enrolo os fios do seu cabelo em meus dedos e a mantenho me encarando,


aproximo meu rosto do seu e pairo com minha boca a centímetros da sua.

— Estou com saudade, baby.

Forço-a a inclinar sua cabeça para o lado, então abaixo meu rosto e beijo
seu pescoço. Aperto sua cintura e respiro fundo para não perder o controle.
Eu preciso dela como nunca precisei de ninguém antes.

Ela mantém as mãos em meu cabelo e eu subo a minha por dentro da sua
blusa, tocando a sua barriga e subindo até seus seios, apalpando-os por cima
do sutiã e puxo o tecido para baixo.

— Precisamos descer.

— Precisamos descer.

Concordo, mas não me afasto.

— Estou falando sério, Aiden.

Ela não se desvencilha de mim, aperto o bico dos seus seios e ela geme. Se
continuarmos não conseguiremos parar, por isso coloco seu sutiã no lugar e
afasto minhas mãos do seu corpo. Apoio-as no colchão, curvo-me para trás
e observo Brooke, ela está de olhos fechados, corada, ofegante e sorrio
malicioso.
— Você parece uma bagunça. — Ela suspira, abre seus olhos e ergue seu
dedo do meio em minha direção. — Tão adorável.

Brooke ri, deixa meu colo e para em frente ao seu espelho.

Arruma seus cabelos e respira fundo. Eu me deito e encaro o teto, penso na


família de Brooke, para evitar pensar nela e por fim na minha ereção. Toda
sua família estará no almoço, avós, tios, tias, primos e ela tem uma família
grande, como irei lembrar o nome de todos? Eu não vou. Volto a me sentar
e olho na direção de Brooke.

— Preciso que você fique me lembrando o nome das pessoas da sua


família.

Passo a mão pelos fios do meu cabelo, detesto esquecer o nome das
pessoas, mas não há muito o que fazer a respeito.

— Ok.

Ela se vira para mim e faz uma careta.

— Você parece desesperado.

Suspiro.

— Nem todo mundo entende que não é desinteresse, é a minha mente que
não para e as informações se misturam e se perdem.

Eu fico em pé, Brooke vêm até mim e para à minha frente.

— Está tudo bem, eu sou boa em me lembrar de nomes, sempre posso ficar
os sussurrando.

Sussurra a última parte e seus olhos brilham, não é um fardo, não é por
pena.

— Obrigado.

Beijo sua testa e uno minha mão na sua.


— De nada. — Faz um gesto na direção da porta. —

Vamos?

— Vamos.

Ela está com a mão na maçaneta quando para e olha na minha direção com
uma expressão estranha. Ela está com receio de algo?

— Eu preciso te contar uma coisa.

Morde seu lábio inferior e eu ergo minhas sobrancelhas.

— Estou ouvindo.

— Meu primeiro namorado foi o enteado do meu tio e ele está aqui.

Encaro-a sem reação. Seu ex está aqui e ainda é da família, eu não estava
preparado para isso.

— Eu nunca tive que lidar com um ex de uma namorada, droga, eu fui o


primeiro namorado da minha ex.

Ela faz uma careta.

— Não deve ser algo muito difícil, ele e eu somos amigos e o que
aconteceu entre nós ficou no passado. — Sinto-me estranho, não gosto de
pensar em Brooke com outra pessoa. —

Só estou te falando para caso alguém fale algo, sempre rola uma piadinha.

Dá de ombros como se não fosse nada demais.

— Vocês terminaram por quê?

— Ele foi para faculdade.

— E você tinha quantos anos?


É nítido em sua expressão que ela não está feliz com meu interrogatório,
mesmo assim me responde.

— Dezesseis.

— Ele é mais velho?

Ela assente.

— Dois anos.

Se ela tinha dezesseis e ele foi seu primeiro namorado...

— Você perdeu a virgindade com ele?

— Sim.

Uau, ele não é qualquer ex-namorado, ele é o ex-namorado.

— Acho que é melhor nós ficarmos aqui no quarto.

Ela revira seus olhos, vira-se e abre a porta.

— Não é o momento para você bancar o homem das cavernas.

Nós dois descemos para o primeiro andar, encontramos sua família no


jardim, Brooke me apresenta para eles e assim que me deparo com o ex sei
que sim, é o momento para bancar o homem das cavernas, porque ele não
para de olhar para Brooke.

Ele é um sem noção.

E toda vez que ele olha para Brooke, encaro-o de volta.

Idiota!

Apesar do idiota o almoço é agradável, como combinado Brooke sussurra


os nomes dos seus familiares cada vez que eles se aproximam, eles são
barulhentos, bagunceiros e felizes. É
metade da tarde e ninguém foi embora ainda, então Brooke e eu

nos despedimos, porque temos que viajar para minha cidade a fim de
jantarmos com meus pais, e subimos para seu quarto.

— Seu ex ainda gosta de você.

Resmungo enquanto piso no último degrau.

— Não gosta não, ele só achou estranho o fato de eu estar namorando, a


última vez que vim para casa não estava com ninguém.

Vira-se para mim e revira seus olhos.

— Enfim, não gostei dele.

Brooke ri e segue para seu quarto, eu a acompanho.

Arrumamos nossas mochilas, despedimo-nos dos seus pais e vamos até


nossos carros, é uma droga termos que ir separados.

Antes de Brooke entrar em seu carro, beijo sua testa.

— Cuidado.

— Estarei logo atrás de você.

Ela pisca em minha direção e ocupa seu lugar atrás do volante. Eu vou para
o meu carro, acenamos para seus pais que estão na varanda e dirijo para
casa dos meus pais.

Depois de menos de duas horas dirigindo, o segurança reconhece meu carro


e libera a minha entrada, faço sinal e ele

não para Brooke. Assim que passamos pelo portão, sigo pela pequena rua e
estaciono em frente à garagem, Brooke para ao meu lado.

Deixo o carro e ela faz o mesmo, ela está me encarando preocupada e com a
testa franzida. Eu pego minha mochila e vou até ela.
— Algo aconteceu?

Ele se aproxima e para à minha frente.

— Eu não sabia que você era tão rico. — Olha para o lado, observa a
fachada da casa dos meus pais e suspira. — Sua família irá achar que estou
aplicando o golpe da barriga.

Reviro meus olhos e entrelaço minha mão com a sua.

— Meus pais jamais achariam isso de você.

Brooke

Encaro a casa dos pais de Aiden com extrema preocupação, tudo bem que
eu sabia que ele era rico, mas essa casa é uma mansão, eu só vi algo assim
na série das Kardashians e em filmes.

— Meus pais jamais achariam isso de você.

Viro-me para ele e sorrio irônica.

— Então, seus pais são pessoas extremamente evoluídas, porque se meu


filho aparecesse com uma garota como eu, grávida, e eu fosse rica nesse
nível, eu acreditaria que ela é uma golpista.

Ele ri nem um pouco preocupado.

— Meus pais são extremamente evoluídos.

Ele dá um passo em frente e sou obrigada a acompanhá-lo. Eu não tenho


nem roupa para entrar em uma casa como essa.

Não consigo nem contar quantas janelas tem e não é uma simples varanda,
é uma entrada com colunas. Pelo amor de Deus, há uma rua do portão até a
casa, jardim dos lados com algumas esculturas e não consigo nem enxergar
o fim do terreno.

— Vocês têm um campo de golfe em algum lugar, não é?

Aiden ri e balança a cabeça.

— Golfe não, meus pais não gostam muito do esporte, só uma quadra de
vôlei.

Ele fala como se fosse tão normal ter uma quadra de vôlei em casa.

— Eu estou me sentindo como a Mia quando chegou em Genóvia.

— Do que você está falando?

Encara-me perdido.

— Diário de uma princesa, nunca assistiu?

Faz uma careta.

— Não é meu tipo de filme.

Nenhum de nós fala mais nada, porque nos aproximamos da entrada da casa
e há uma pessoa nos esperando na porta. Um mordomo. O cara baixinho
que deve ter em torno de uns quarenta anos cumprimenta Aiden com um
abraço e em seguida se vira em minha direção.
— Esse é Joseph, Joseph, essa é Brooke, minha namorada.

Ele me estende a sua mão e nos cumprimentamos com um aperto.

— É um prazer conhecer a senhorita.

— O prazer é meu.

Sorrio e assim que solto sua mão, ele fica de lado para que possamos entrar.
O interior da casa é tão incrível quanto o exterior, no hall as paredes são
claras e há um lustre pendurado no teto, é luxuoso, porém ao mesmo tempo
simples.

— Sua mãe está na cozinha, Aiden.

Aiden assente e nos guia para dentro da casa. Entramos em uma sala,
paredes claras, um imenso sofá em frente a uma lareira e uma enorme
televisão, ao fundo há uma parede de vidro e é possível ver o jardim, é tudo
muito chique, grande, porém há um toque de simplicidade que não
esperava.

Vamos até o fim da sala, cruzamos uma porta e entramos em uma cozinha.
É grande, os móveis são pretos e brancos, os eletrodomésticos em inox e as
paredes como a sala e hall de entrada são pintadas com uma cor clara.

Há uma mulher loira abaixada em frente ao forno, ela está vestindo jeans e
um suéter.

— Hey, mãe.

Aiden a chama de mãe e meu coração acelera. Vou conhecer a sua mãe, eu
que estou vestindo um vestido, jaqueta jeans e tênis.

— Hey, querido.

Ela fica em pé e se vira em nossa direção. Não há nenhuma maquiagem em


seu rosto, seu cabelo parece estar
natural e está de chinelo, jeans e suéter . Ela não é como imaginei que seria
vendo a sua casa.

Com um sorriso no rosto ela vêm até nós dois, Aiden solta minha mão para
abraçar a mãe e assim que os dois se separam ela se aproxima de mim.

— Você deve ser a Brooke.

Sorrio, um sorriso tímido.

— Sou eu.

Ela me puxa para seus braços e a abraço de volta.

— Seja bem-vinda, querida, eu sou Callie, mãe de Aiden.

— Obrigada.

A mãe dele se afasta e faz um sinal para o forno.

— Estou terminando o jantar.

— E o meu pai?

— Ele foi buscar seus avós.

Aiden concorda e volta a unir minha mão com a sua.

— Vou subir com Brooke para deixarmos nossas mochilas em meu quarto.

Callie assente e Aiden nos guia para longe da cozinha, subimos as escadas
de mármore e vamos parar em um imenso corredor. Aiden abre a segunda
porta à direita e entramos em seu quarto. Há apenas uma cama, uma mesa
de estudos e alguns quadros de anotações, existem duas portas que presumo
serem o banheiro e o closet.

Solto sua mão, coloco minha mochila ao lado da sua sobre a cama e
caminho pelo quarto observando cada detalhe. Existem algumas fotos
penduradas nos quadros e muitas anotações, anotações com o que ele deve
fazer, cada passo de uma rotina.

Até mesmo comer. Pego um dos papéis e sinto Aiden se aproximando.

— Eu anoto tudo sempre, assim fica mais fácil de me lembrar de tudo que
preciso fazer, porém algumas vezes esqueço de olhar as anotações.

Ele para logo atrás de mim.

— Nós vamos morar juntos e precisa saber que vou me esquecer de coisas
simples, como arrumar a cama, toalhas e objetos espalhados, fazer comida e
não será de propósito.

Viro-me para ele.

— É por isso que você e os meninos têm um quadro com as atividades que
cada um precisa desempenhar?

Ele assente e traz suas mãos até minha cintura.

— Sinto muito colocar esse fardo sobre você, Brooke.

Eu li alguns artigos nos últimos dias sobre TDAH e sobre relacionamentos,


não é algo fácil, porque você precisa ter paciência, lembrar sempre que não
é algo por querer. E eu farei o possível para que nosso relacionamento
funcione, eu posso não ter dito, mas amo Aiden.

— Não é um fardo, Aiden. — Ergo minha mão e toco seu rosto. — Estar
com você não é um fardo.

Ele me encara com uma intensidade absurda, os segundos passam e é como


se tudo perdesse a importância. Minha mão deixa seu rosto e a coloco sobre
seu ombro. Minha respiração falha, borboletas voam em meu estômago e
anseio por ele, por um toque seu.

Aiden diminui a distância entre nós e ainda estamos com nossos olhares
presos quando sua boca encontra a minha. Seus lábios se encostam nos
meus e fecho meus olhos. É como se
uma explosão acontecesse, como se fôssemos um encaixe perfeito. E talvez
sejamos.

O beijo começa calmo, mas ganha intensidade. Sua língua pede passagem,
enrola seus dedos nos fios do meu cabelo e conduz o ritmo do beijo.
Explora minha boca com vontade e com força. Aperta minha cintura e dá
um passo em frente, minha bunda encontra a sua mesa de estudos e ele me
impulsiona para cima até que esteja sentada sobre ela.

Ele continua me beijando e suas mãos tocam minhas coxas, empurra o


vestido para cima e sinto seu toque em minha pele. Caralho, eu estava com
saudade do seu toque.

Arrepios percorrem meu corpo, sinto as pontadas abaixo do meu ventre e a


necessidade entre minhas pernas aumenta. Eu tiro minha jaqueta, Aiden
desce seus beijos para meu pescoço e inclino minha cabeça para o lado
facilitando seu acesso. Arranha minha pele com seus dentes e meus seios
pesam contra meu sutiã.

Levo minhas mãos até a barra da sua camiseta, abro meus olhos e ele dá um
passo para trás a fim de que possa jogar a peça de roupa para longe. Ele me
encara com os olhos repletos de luxúria e ainda está olhando em meus olhos
quando toca meus

ombros e empurra as alças do meu vestido para baixo, abre meu sutiã e o
jogo no chão.

Suas mãos encontram meus seios e seus dedos brincam com meus mamilos
excitados.

— Você gosta disso, não é?

Suspiro e assinto, porque não consigo falar. Há uma dor entre minhas
pernas que se intensifica quando sua boca se junta às suas mãos. Volto a
fechar meus olhos, apoio minhas mãos contra a mesa e deixo que as
sensações percorram meu corpo.
Uma de suas mãos desce pelo meu corpo e encontra meu clitóris, rebolo
contra seus dedos e meus gemidos ecoam pelo quarto. Meu corpo todo se
encontra tenso e estou perto de gozar quando ele para, abro meus olhos e o
encaro furiosa.

— Porra, Aiden.

Ele sorri malicioso.

— Você vai gozar comigo, querida.

Depressa tira suas calças e cueca. Volta a se aproximar de mim e sua boca
paira a centímetros da minha orelha.

— Nós não precisamos mais de camisinha.

— Não precisamos.

Guio-o para dentro de mim e ele aperta minha cintura para facilitar a
posição, sei que ficarei marcada e isso me deixa ainda mais excitada. Ele
desliza para dentro e fora de mim, arrancando-me gemidos e deixando que
os seus próprios gemidos deixem sua boca.

Nós dois estamos suando e me seguro em seus ombros.

Ele me preenche e faz com que me sinta completa. É como se pequenas


explosões acontecessem em meu interior.

Nada importa e tudo perde a importância.

Nós dois nos perdemos um no outro e gozamos juntos.

Aiden continua me segurando e apoio minha testa contra seu ombro. Por
alguns segundos, a sensação de tranquilidade e prazer continuam
percorrendo meu corpo, respiro fundo várias vezes e ao falar é um sussurro,
porque é como se não tivesse mais nenhuma força em meu corpo.

— O bom da sua casa ser imensa é que temos certeza de que ninguém nos
escutou.
Ele apenas ri e beija a lateral da minha cabeça. Ficamos assim mais um
minuto até que Aiden nos leva para seu banheiro.

Logo que entramos me deparo com uma banheira e claro que

imploro para a usarmos e Aiden cede. Nós dois entramos, eu fico com meu
corpo logo em frente ao seu e apoio minhas costas contra seu peito. É
divertido e trocamos vários carinhos.

...

É lógico que com o tempo que demoramos quando descemos para a sala sua
família está toda presente, ao contrário da minha, sua família é pequena,
seus pais, seus avós por parte de pai e sua tia Karen, a mãe de Ethan.

Eles são gentis e em nenhum momento me sinto deslocada, ou julgada. Eles


realmente não acreditam que sou uma golpista. Seu pai é tão simples e
alegre quanto sua mãe, os dois formam um casal incrível. No meu
subconsciente, eu torço para que Aiden e eu sejamos esse tipo de casal.

Sua mãe e sua tia organizam o jantar na sala de jantar e nos sentamos todos
ao redor da mesa, uma enorme mesa de vinte lugares. A comida está uma
delícia, o pessoal conversa sobre trabalho e fico sabendo que a empresa de
jogos e tecnologia da família Lewis é uma das maiores do país. O assunto

muda de foco e Aiden e eu falamos sobre a faculdade e sobre como nos


conhecemos, em nenhum momento seus pais tocam no assunto gravidez.

Após o jantar voltamos para a sala de estar e ficamos um tempo


conversando até que a tia de Aiden decide ir embora e leva os pais . Assim
que estamos apenas Aiden, eu e seus pais eles nos encaram sérios e sei que
o momento de conversarmos chegou.

— Então, você está grávida?

A mãe de Aiden continua doce e gentil, o que faz com que fique menos
nervosa.

— Sim, seis semanas.


Ela assente. Ela e Bryan, o pai de Aiden, estão sentados no sofá assim como
nós dois e ambos estão de lado e dessa maneira conseguem nos encarar.

— E vocês sabem o que irão fazer?

Seu pai olha para nós dois e não há julgamento em seus olhos, apesar da
situação e de estar nervosa não me sinto envergonhada e nem constrangida.

— Quero alugar um apartamento e vou usar a herança que recebi de vovó


para nos sustentar.

— Ambos irão continuar estudando? — Assentimos e sua mãe continua


com suas perguntas. — Você ainda pretende jogar hóquei profissional,
Aiden?

Mais uma vez Aiden assente e então Callie olha em minha direção.

— Você pretende fazer o que, Brooke?

— Vou terminar minha faculdade e pretendo ser tatuadora.

Espero pelo olhar de julgamento e não os recebo.

— Ok. — Sua mãe suspira aliviada. — Ainda bem que vocês têm um plano,
porque eu não tinha.

Seu pai se joga para trás e apoia suas costas contra o estofado.

— Foi uma conversa bem melhor do que imaginei que seria.

Os dois estão aliviados. Olho para Aiden que apenas dá de ombros e sorri.

— Esses são meus pais.

— Podemos contratar uma babá para ajudá-los.

Sua mãe sugere e pelos próximos minutos conversamos sobre a


possibilidade de uma babá e chegamos à conclusão de que será de grande
ajuda Aiden e eu termos alguém com a gente.
O assunto é encerrado e seus pais ficam de pé.

— Já que tudo está resolvido iremos dormir. — Ela deixa um beijo em


nossas testas. — Até amanhã, crianças.

Seu pai acena na nossa direção e os dois deixam a sala.

Ficamos apenas Aiden e eu já que o funcionário que trabalha como


mordomo foi embora um pouco antes do jantar.

— O que você achou da minha família?

Sorrio.

— Bem mais comportada que a minha.

Ele ri, puxa-me na sua direção, então me apoio contra seu peito enquanto
ele se encosta no sofá,

— E assim termina nosso feriado de Ação de Graças, gatinha.

— Bem menos dramático do que imaginei que seria.

Beija o topo da minha cabeça.

— Ano que vem teremos uma criança chorando ao nosso redor.

Suas palavras fazem com que uma cena surja em minha mente, apesar de
ser assustadora, não tenho medo.

— Você está preparado?

Ele ri e não é uma risada de quem está desesperado.

— Não, mas vou ficar, desde que você esteja comigo tudo ficará bem.

Aiden está certo enquanto tivermos um ao outro tudo ficará bem.


Brooke

Acordo com a mão de Aiden subindo e descendo em minhas costas.


Continuo de olhos fechados com a lateral do meu rosto apoiado em seu
peito e me aconchego contra seu corpo.

— Bom dia.

Sussurro e ele beija o topo da minha cabeça.

— Bom dia. — Nenhum de nós dois tem aula no primeiro horário e por isso
não temos pressa de deixar a cama. — Minha

mãe me enviou uma mensagem perguntando se já visitamos algum


apartamento e me enviou algumas fotos de apartamentos disponíveis para
aluguel.

Sorrio e abro meus olhos, Aiden está segurando o celular com a mão livre e
o observo com a testa franzida.

— Ela está mais empolgada que nós dois.

Faz uma semana do dia de Ação de Graças, cinco dias que voltamos para
Tucasloosa e sua mãe todos os dias nos envia novos apartamentos. Tanto
para Aiden quanto para mim, já que agora temos o número de telefone uma
da outra.

— Se demorarmos para encontrarmos um apartamento ela mesma virá até


aqui e encontrará um imóvel.

Eu fico em silêncio, porque meu estômago começa a embrulhar. Droga!


Desvencilho-me de Aiden e corro para o banheiro, ele me acompanha e
segura meus cabelos enquanto me curvo na direção da privada.

— O que a sua médica disse sobre isso mesmo?

Pergunta assim que consigo me recompor.

— Deve passar depois do primeiro trimestre.

Ele faz uma careta.

— Sinto muito.

Suspiro.

— Eu também.

Escovo meus dentes e ele faz o mesmo. Em seguida, Aiden me puxa para
um banho e eu vou. Ele lava meu corpo e eu lavo o seu, trocamos alguns
sorrisos e alguns olhares repletos de cumplicidade. Desde que voltamos, eu
tenho dormido aqui com ele, não é dependência, mas é porque somos
melhores juntos.

Kim espalhou pela faculdade sobre a minha gravidez, eu não desminto e


nem digo que sim, recebo olhares estranhos e algumas pessoas cochicham
ao meu redor. Não é uma situação agradável e Aiden tem sido a minha
âncora.

— Você tem aula até que horas hoje?

Pergunta-me enquanto deixamos o banheiro, eu estou com uma toalha ao


redor do meu corpo e Aiden tem uma em sua cintura.
— Minha última aula é às quatro.

Ele assente.

— Podemos ir juntos para o campus e depois das nossas aulas almoçamos,


no fim da tarde pego você e a deixo em casa.

— Você fica tanto tempo comigo que irá enjoar de mim.

Faço um beicinho com meus lábios, Aiden toca minha cintura e se


aproxima.

— Impossível.

Beija o canto da minha boca e prende meus lábios entre seus dentes, o gesto
faz com que uma onda de excitação percorra meu corpo. Olho em seus
olhos e me deparo com luxúria, dou um passo para trás e sorrio.

— Acho bom.

Viro-me de costas, rebolo enquanto caminho na direção da mochila.

— Não me provoque, gatinha.

Apenas sorrio e pego a minha roupa, não tenho vergonha e me visto na sua
frente. Estou de jeans e um suéter, olho para baixo e analiso meu corpo, não
há um sinal que indique estou grávida a não ser meus seios um pouco
inchados, mas em breve minha barriga irá crescer... eu me dou conta de algo
e me viro para Aiden.

— Sabe o pior? — Ele ergue suas sobrancelhas. — Estarei grávida no


inverno, eu vou parecer uma pata, ou uma bola.

Faço uma careta e Aiden ri.

— Não ria, eu estou falando sério.

Ele respira fundo e para de rir.


— Você será uma patinha linda.

Reviro meus olhos e ele vai até o guarda-roupa e escolhe algo para vestir,
eu me sento na beirada da cama e coloco meus tênis. E quando estou pronta
volto a pensar sobre minha barriga crescer, levo minha mão até ela e a deixo
espalmada sobre.

Eu vou ser mãe! Ainda estou assustada, porém quando penso em um bebê
em meus braços não fico apavorada. E

quando olho a imagem do ultrassom que está em minha mochila, eu consigo


amar aquela pequena coisinha.

— Hey, você está bem?

Olho para Aiden que se senta ao meu lado e assinto.

— Apenas pensando. — Apoio minha cabeça no ombro de Aiden e encaro


a parede à minha frente com lágrimas em meus olhos. — Eu amo a pequena
coisinha, Aiden.

Ele beija a lateral da minha cabeça.

— Eu também, Brooke, eu também.

É a primeira vez que assumo amar o bebê em minha barriga e é libertador,


lágrimas descem pelo meu rosto e por mais que tente não chorar, não
consigo.

— Você está chorando?

Aiden pergunta surpreso, afasto minha cabeça do seu ombro e limpo meu
rosto com a manga do meu suéter.

— Eu amo a pequena coisinha.

Ele sorri e me abraça.

— Você está muito sensível.


Suas palavras fazem com que eu chore ainda mais. Meu Deus, eu estou uma
bagunça. Demoro alguns minutos até conseguir parar de chorar, Aiden se
afasta, segura meu ombro e seus olhos percorrem meu rosto.

— Tudo bem?

Assinto.

— Foi apenas um momento.

Curva seus lábios em um sorriso e ergo meu dedo em sua direção.

— Não ria.

Comprime seus lábios um no outro e ergue suas mãos para o alto. Estreito
meus olhos em sua direção e ele fica em pé.

— Vamos descer e preparar algo para comermos.

Estende-me a sua mão, então coloco meus dedos sobre os seus e de mãos
dadas descemos para a cozinha. Dylan está aqui, ele olha para nós dois e o
ignoramos, ele suspira e balança a cabeça.

— Não fui eu e você precisam acreditar em mim.

Ele sai da cozinha e eu olho para Aiden.

— E se ele estiver falando a verdade?

Nós presumimos que foi Dylan quem contou para Kim, ele negou, mas não
acreditamos, porém e se estivermos sendo injustos?

— Não sei.

Faço uma careta.

— Deveríamos deixar isso para lá. — Toco seu braço. —

Ele é seu amigo e não pode o continuar o ignorando.


Vejo em seus olhos o quanto o está machucando não falar com o amigo.

— Mas e se foi ele?

Balanço minha cabeça.

— Não importa, Aiden, nós estamos seguindo em frente. —

Dou de ombros. — Vamos esquecer isso.

Ele faz uma careta, mas por fim assente. Nós dois preparamos nosso café,
comemos e subimos para escovarmos nossos dentes e pegarmos nossas
coisas.

Estamos saindo do quarto e encontramos Dylan no corredor, ele abaixa sua


cabaça, mas Aiden suspira e chama sua atenção.

— Está tudo bem, Dylan.

Ele assente, mas sorri, um sorriso triste.

— Só irá ficar tudo bem quando provar que não fui eu que falei sobre vocês
para Kim.

Ele entra em seu quarto, Aiden faz uma careta e toco seu braço.

— Eu acredito que não foi ele.

Aiden apenas assente e seguimos para a garagem. Vamos para o campus


juntos, já que meu carro não está comigo. Aiden me deixa no prédio que
terei aula, despedimo-nos com um beijo e ele segue para sua aula.

Eu recebo o desenho que fiz baseado na memória daquele dia no parque e


ganhei um A+. Um desenho que Aiden não sabe que fiz e ele precisa saber
que foi um momento nosso que usei como inspiração.

Espero impacientemente pelo fim da minha aula e logo que termina, pego
minhas coisas, deixo a sala e vou encontrar Aiden para almoçar em um dos
restaurantes perto do departamento de Artes.
Ele está à minha espera, abraça-me e nos beijamos rapidamente, então
ocupamos uma das mesas e nos sentamos um de frente para o outro. Eu
sorrio e Aiden ergue suas sobrancelhas.

— Você se lembra do desenho que eu precisava fazer baseado em uma


memória? — Ele concorda e eu pego o desenho em minha pasta. — Foi
esse desenho que eu fiz e recebi um A por ele.

Entrego o desenho para que ele possa ver e ele encara o papel surpreso.

— Eu não sabia que você tinha se inspirado em uma memória nossa. — Eu


me sinto uma adolescente boba,

apaixonada e coro. — Vou emoldurar e pendurar em uma das paredes do


nosso apartamento.

Encaro Aiden e as três palavras que tenho guardadas só pra mim imploram
para serem ditas, porém não as pronuncio, continuo mantendo-as em
segredo.

Nós almoçamos e cada um segue para sua aula. No final da tarde Aiden me
busca e me deixa em casa. Ele estaciona em frente ao meu prédio, vira-se
em minha direção, ergue sua mão e coloca alguns fios do meu cabelo atrás
da minha orelha.

— Você vai no jogo hoje à noite?

— Claro.

Beijo a palma da sua mão que está em meu rosto. Ele se curva e aproxima
sua boca da minha.

— Estarei te esperando.

— Ganhe essa partida para nós, capitão.

Beija meus lábios e apoia sua testa na minha.

— Irei ganhar.
Estou sorrindo quando deixo seu carro e caminho na direção da entrada do
prédio. Eu não preciso abrir a porta, porque alguém faz por mim. Josh. O
que ele está fazendo aqui?

— Hey, Brooke.

— Hey, Josh.

Não tenho tempo de fazer nenhuma pergunta, porque ele passa por mim. Eu
entro em meu apartamento e encontro Dakota sentada no sofá, ela está
corada e suas roupas estão amassadas, encaro-a surpresa.

— Você e Josh?

Ela faz uma careta e suspira.

— Não conte a ninguém.

— Ok, mas você irá me contar o que está acontecendo.

Vou até ela e me sento ao seu lado. Pelos próximos minutos, Dakota me
conta o que está acontecendo entra ela e Josh, eu a escuto atentamente.

Assim que Abby chega, nós mudamos de assunto e ficamos as três


conversando na sala. Perto do horário do jogo de Aiden, vamos para o
quarto, nos vestimos, eu visto um dos seus moletons, com seu nome e seu
número e uma calça confortável.

Ethan vem nos buscar e vamos nós e Josh com ele para Pelham Civic
Complex, demoramos uma hora para chegar e o

lugar está lotado. O jogo é contra a Universidade de Ohio e há muitos


torcedores do time rival.

Nós já temos nossos ingressos, então entramos e ocupamos nossos lugares,


na metade da arquibancada. Nem muito perto e nem muito longe, a visão da
pista de patinação é perfeita.
Estou ansiosa e me recuso a comer qualquer coisa. Os jogadores não
demoram a entrar na pista e Aiden procura por mim, assim que seus olhos
encontram os meus, ele sorri e eu sorrio de volta. Espero que o jogo seja
incrível!

O jogo inicia e precisamos ser rápidos para acompanhar, os dois times são
bons e agressivos, há alguns embates e o disco corre de um lado para o
outro na pista. Aiden faz ótimas jogadas e marca duas vezes logo no
primeiro tempo.

Eu grito e xingo como nunca fiz na vida. O jogo é emocionante, mas por
fim vencemos de 7 a 4. Os jogadores do Crimson ocupam a pista e
incentivam os torcedores a fazerem barulhos e nós fazemos. Aiden tira seus
equipamentos de proteção e vira-se em nossa direção, eu sorrio e ele faz um
sinal me chamando, então desço a arquibancada e vou até ele.

Praticamente, corro na sua direção, invado a pista e assim que estou perto o
suficiente, ele me toma em seus braços. Ele nos mantém equilibrados sobre
os patins e tenho minhas pernas ao redor da sua cintura.

— Parabéns, bonitão, você venceu mais uma vez.

Apoio minha testa na sua e ele sorri.

— Eu te amo, Brooke. — Meu coração bate acelerado em meu peito e o


encaro surpresa. — Isso que nós temos, sempre foi o que evitei, sempre foi
o que achei não querer, mas te encontrar foi a parte mais incrível da minha
existência.

— Eu te amo, Aiden.

Finalmente, as três palavras não são mais um segredo.

Sua boca cobre a minha e nos beijamos. Um beijo que marca o início de um
novo ciclo das nossas vidas.
4 anos depois

Brooke

Coloco meus brincos rapidamente e pego minha bolsa, então saio correndo
do meu quarto e depressa vou na direção da sala. Assim que entro no
cômodo sei que deixei meu pequeno ser humano muito tempo sozinho,
foram menos de dez minutos.

Droga, eu só fui ao quarto para colocar o brinco que tinha esquecido e pegar
minha bolsa.

— Olha como ficou bonito, mamãe. — A pequena bagunceira olha em


minha direção e me mostra seu braço todo rabiscado com caneta. — Você
acha que meu papai irá gostar?

Encaro Evelyn sentada no tapete da sala, ela tem uma caneta em suas mãos
e está sorrindo. Droga, eu jurei que tinha guardado todas as canetas. Acho
que me enganei.

— Eu achei que nós já tínhamos conversado que você não iria desenhar na
sua pele.

Faz uma careta e me encara com sua testa franzida.


— Você e papai têm desenhos.

Ela aponta para meu pulso tatuado. Eu vou até ela e me abaixo ficando de
joelhos e na sua altura.

— Papai e eu somos adultos.

Pego a caneta da sua mão, coloco sua tampa e a jogo no sofá.

— Quando vou ser uma adulta?

— Daqui a muitos e muitos anos.

Suspira.

— Que chato.

Mordo meu lábio inferior para não rir.

— Sabe o que é chato? Nós chegarmos atrasadas no jogo do papai, então


vamos tirar esse seu desenho logo.

— Mas é a onça do time do papai.

Ela está falando que os rabiscos em seu braço é o mascote do time em que o
pai joga. Não parece o tigre dente-de-sabre que os torcedores e jogadores
chamam de Gnash, porém sua intenção é ótima e tenho certeza de que é
influência de Aiden que recentemente me fez tatuar o mascote em sua
perna.

— Deixa eu ficar com esse desenho, mamãe.

Ela faz um biquinho fofo e suspiro. Eu não deveria cair nessa sua
expressão, mas caio.

— Ok, mas só dessa vez.

Ela sorri animada e se joga em meus braços, eu a abraço e meu coração


triplica de tamanho como sempre acontece quando ela está por perto.
— Obrigada, mamãe. — Beija meu rosto e eu beijo as suas bochechas. —
Eu te amo muitão.

— Eu te amo mais, pequena.

Eu aproveito que ela está em meus braços para ficar em pé com ela em meu
colo.

— Pronta para ver o papai jogar?

— Muito pronta.

Com ela em meus braços, com minha bolsa em meu ombro e sorrindo deixo
nosso apartamento em Nashville[9]. Vamos até o elevador e descemos para
a garagem, no carro, eu a coloco em sua cadeirinha, em seguida ocupo meu
lugar atrás do volante.

Dirijo até a arena onde fica a pista de patinação do time e vou conversando
com Evelyn. O melhor dos jogos em casa é poder ir assisti-los.

Nós duas estamos vestidas com a camiseta amarela estampada com o tigre e
atrás tem o número de Aiden, além disso na minha camiseta há o seu nome
e na de Evelyn está escrito Daddy.

Lugares estão reservados para a família e é para lá que eu vou, coloco os


protetores rosa de ouvidos em Evelyn e esperamos pela entrada dos
jogadores. Assim que eles entram na pista de patinação Aiden procura por
nós duas, então sorri quando nos encontra.

— Papai.

Evelyn fica em pé em meu colo e Aiden acena em nossa direção. Seus olhos
estão brilhando como só brilham quando ele está olhando para nós duas.

Ele vem até nós e fico em pé. Existe o muro de proteção entre a gente, mas
ele coloca sua mão no vidro e Evelyn faz o mesmo, como se estivesse
tocando o pai.

— Hey, gatinhas.
Meu olhar encontra o seu e como sempre o coração em meu peito bate
acelerado.

— Hey, bonitão.

Ele só desvia o olhar de mim quando nossa filha chama a atenção, ela
mostra sua tatuagem e Aiden diz que é linda. Eles conversam por um tempo
até que seu treinador o chama. Eu volto a me sentar e Evelyn apoia suas
costas contra o meu peito. Minha pequena dorme e não vê o pai marcar,
nem ganhar a partida. Eu comemoro com algumas outras esposas que estão
ao meu lado e espero por Aiden. Ele veio de carona e voltaremos juntos.

Assim que deixa o vestiário, ele caminha em nossa direção com um sorriso
em seu rosto.

Aiden

Ganhar um jogo para o time para o qual fui recrutado logo após a faculdade,
Nashville Predators, é incrível, mas nada supera ter para quem voltar depois
das partidas.

Brooke está me esperando com Evelyn em seu colo e se levanta assim que
eu saio do vestiário e vou até elas. Nossa filha está apagada em seus braços.
Nossa pequena coisinha que não é mais tão pequena.

Ser pais tão jovens não foi algo fácil, porém foi menos difícil que
acreditávamos que seria. Brooke e eu nos mudamos cinco meses antes do
seu nascimento, estabelecemos uma rotina e uma parceria perfeita. Sempre
fomos perfeitos um para o outro.

Eu amo Brooke mais do que a amava há quatro, eu a amo mais do que a


amava ontem.

Evelyn nasceu e tudo em nossas vidas mudou, menos a forma como nos
sentíamos em relação um ao outro e isso fez toda a diferença. Nunca
descontamos as frustações no outro e
sempre optamos por conversar, nós fizemos o possível para mantermos
nosso relacionamento saudável.

Nós dois revezamos os cuidados com Evelyn e tínhamos a ajuda de uma


babá, nós nos apaixonamos pela nossa filha e ela se tornou nosso tudo.
Mudou a rota dos nossos planos e em nenhum momento nos arrependemos.
Nós somos felizes.

Apesar de Evelyn, eu fui recrutado para um time logo após a faculdade,


Brooke e eu nos mudamos e ela abriu seu estúdio de tatuagem, minha
esposa é um sucesso. Minha esposa. Brooke e eu nos casamos dois anos
após o nascimento de Evelyn, ela estava usando um lindo vestido e minha
pequena nos trouxe a aliança.

Meus amigos ainda são meus melhores amigos mesmo com a distância
entre nós.

E quando olho para minha vida e para tudo que conquistei, um orgulho ecoa
em meu peito. Eu consegui. O TDAH ainda está aqui, mas ele não governa
mais minha vida, ele não guia mais meus medos e nem sussurra que eu sou
um fracasso. Brooke sabe lidar com as minhas falhas durante o dia e nós
dois sempre estamos tentando vencer meu cérebro, algumas vezes ele
vence,

outras vezes nós vencemos e quando perdemos apenas rimos e seguimos em


frente

Seguir em frente sempre é o melhor.

— Você estava pensando em quê?

Brooke pergunta assim que estamos perto o suficiente, então passo meu
braço pelo seu ombro. Beijo a lateral da sua cabeça e a testa da nossa filha.

— Em como eu amo vocês.

— Nós também amamos você.


Brooke apoia sua cabeça em meu ombro e deixamos a arena. Eu dirijo de
volta para casa, nossa filha segue dormindo, Brooke e eu vamos
conversando sobre o jogo e aproveitamos que Evelyn está dormindo para
falarmos palavrões e xingarmos.

Nós chegamos em nosso apartamento e estou tirando Evelyn da sua


cadeirinha quando ela acorda.

— Papai.

Eu a pego em meu colo.

— Hey, querida.

Ela me abraça e deixa a lateral do seu rosto apoiado em meu ombro, sinto
seu cheiro de bebê, meu coração triplica de

tamanho. Deus, eu faria qualquer coisa por essa criança.

Brooke fecha o carro e vai à nossa frente, ela chama o elevador, abre a porta
assim que chegamos em nosso andar, vamos para sala, sentamo-nos os três
no sofá e Evelyn se afasta do meu peito, sentando-se minhas pernas.

— Estou com fome.

Ela faz um biquinho fofo com seus lábios.

— Vamos pedir algo para comermos?

Olho para Brooke e ela assente, então pedimos pizza e a comemos enquanto
assistimos desenhos infantis. Em certo momento, Evelyn desce para o
tapete e Brooke se aproxima de mim, deixa seu corpo apoiado no meu e eu
a abraço. Beijo-a e seus olhos brilham.

— Você faria algo diferente?

Não preciso pensar, porque só há uma resposta para essa pergunta.


— Não, eu não mudaria nada em nossa história. — Faço uma careta. — Só
não queria ter sido um idiota quando você me contou sobre Evelyn.

Acaricio a lateral do seu rosto.

— E você faria algo diferente?

Sorri e balança a cabeça negando.

— Não. — Espalma sua mão sobre meu coração. — Vocês são a minha
melhor parte.

— Você está errada, gatinha, vocês são a minha melhor parte.


Hey, gente! Tudo bem? Eu espero que você que tenha chegado aqui tenha
gostado da leitura e quero agradecer a leitura, vocês são o que tornam tudo
possível e sou grataaa demais.

Não querendo demais, mas se puder deixe aquela avaliação aqui na


Amazon. E se caso quiser saber mais sobre meus livros siga minha página
de autora aqui na amazon, ou meu insta (lanasilva.sm).

Obrigada para meninas que aceitaram me ajudar no processo e betaram esse


livro Livia, Larissa e Sílvia. Em especial

Livia que me auxiliou nas dúvidas com Aiden.

E obrigada para as meninas do grupo do Whatsapps que sempre estão


presentes, obrigada por todo carinho: Wanessinha, Carla Cristina, Erica,
Ingrid, Joyce, Gisele, Thayná, Keiliane, Larissa, Rayssa, Nahiane, Bárbara,
Kamila, Silvia, Liv, Larissa...e todas as outras, vocês são demais.

Muito obrigada e até a próxima.


Série Estrelas do Alabama

Aiden e Ethan já contaram suas histórias, quem será o próximo? Em abril a


próxima estrela chega na Amazon não perca.

E caso ainda não conheça o Livro 1, esse é o momento

(clique aqui e leia a história de Abby e Ethan).

O Quarterback que Eu Odeio - Livro 1 Estrelas do Alabama Ethan Lewis é


a maior estrela do futebol americano universitário, então quando ele desloca
o ombro correndo atrás do seu amigo bêbado, e só de cueca ele sabe que
está ferrado.

Agora o Quarterback do Crimson Tide precisa de alguém para auxiliar na


sua recuperação e o manter longe de problemas.

Abigail Jones ama esportes com uma única exceção: futebol americano,
além disso, é claro, tem uma total aversão aos jogadores, principalmente os
quarterbacks agenciados pelo idiota do seu pai. Tudo que ela queria era um
estágio na equipe de

treinamento atlético do time de Basquete feminino, mas o que ela recebe é a


oferta de ser a babá de um jogador idiota, sem emprego e com uma dívida,
ela não tem outra alternativa a não ser aceitar a oferta.

Abigail está prestes a passar parte do seu dia sendo babá de um cara que
odeia. Ethan está prestes a descobrir que ele não é amado por todas as
garotas da Universidade do Alabama como acreditava ser.

Poderá Ethan descobrir o porquê Abigail o odeia tanto? E

convencê-la que ele não é nada do que ela espera dele?

Redes Sociais

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TikTok: lannaa_silva

[1] Série americana de televisão.

[2] Universidade do Alabama

[3] Liga Nacional de Hóquei no Gelo.

[4]Uma caminhonete ou picape é um caminhão leve que tem uma cabine


fechada e uma traseira composta por uma caçamba de carga cercada por três
paredes baixas sem teto.

[5] Trecho da música Genius dos cantores Labrinth, Sia e Diplo.

[6] O disco usado como “bola” é geralmente preto, feito de borracha.

[7] Mario Bros. é um jogo eletrônico de plataforma para arcades criado por
Shigeru Miyamoto, desenvolvido pela Nintendo Research & Development.

[8] Universidade do Alabama

[9] Nashville é a capital do estado do Tennessee, nos EUA.


Document Outline
Sinopse
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Epílogo
Agradecimentos
Série Estrelas do Alabama
Redes Sociais

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