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Eu: Olá, Bradley. Acabo de perceber que você soube do nosso término por site de fofoca, que merda.
Eu até poderia me desculpar, mas é disso que você gosta, não? Mídia, holofotes, migalhas e uma
brechinha em espaços pequenos em jornais. Fui generosa e acabei de te dar o que estava procurando
quando me conheceu. Espero que meu nome te renda notícias até encontrar outra mulher com uma
fama muito superior à sua. E espero que seja logo, pois, até lá, se não encontrar, estará para sempre
marcado como o ex, o número 5 de Michaela McKenna.
Eu: Ah, outra coisa, Bradley. É melhor começar a rezar para que eu não vá aumentando a minha
lista, porque se tiver o número 6, 7, 8, 9, 10, e por aí vai, chegará um tempo que do 5 ninguém vai se
lembrar mais. Beijinhos.
Mais velho.
Ah, com certeza ele é deliciosamente mais velho.
Camisa branca social, primeiros botões abertos para revelar um
pouquinho do seu peitoral e as mangas arregaçadas até a altura dos
cotovelos, com as veias saltadas dos seus antebraços à mostra. E barba bem
aparada e feita emoldurando seu rosto levemente quadrado e com o maxilar
definido. Um verdadeiro rosto e postura de homem mais experiente.
Provavelmente na faixa dos trinta e poucos anos. Eu chutaria uns trinta e
quatro ou trinta e cinco.
Conservado.
Totalmente conservado.
E completamente malhado, pois se percebe pela sua estrutura física,
que frequenta a academia religiosamente. Seus bíceps são enormes, quando
ele os flexiona, ficam gigantes. Uma coisa absurda. Assustadora.
Terrivelmente, perigosamente e tentadoramente gostosa, do tipo que você
não consegue, nem por um segundo, nem mesmo fazendo a maior força do
mundo, parar de olhar e, até mesmo, babar.
E eu aposto que tem baba escorrendo do meu queixo agora mesmo,
enquanto deslizo minhas íris por toda a sua figura imponente, que parece
ocupar todo o espaço.
Aposto mais ainda que ele está percebendo tudo, com o olhar tão
vidrado em mim quanto o meu se encontra no dele.
Seus olhos.
Puta que pariu, seus olhos são de uma pressão esmagadora.
São castanhos escuros, bem como os fios do seu cabelo também são,
porém eles são... ah, céus, eu não sei nem explicar. É algo fora do comum.
Principalmente porque eles estão atentos a mim, eles me observam, me
analisam de cima a baixo, e brilham, e depois escurecem uns bons tons à
medida em que, aos poucos, seus lábios se retorcem discretamente em um
meio sorriso quando decide tombar a cabeça para o lado, me estudando.
Eu nem me preocupo se o desconhecido pode ou não descobrir o
meu disfarce, estou ocupada demais apenas querendo ser vista por ele, até
jogo os fios da peruca loira para trás, para que meu decote fique
completamente visível.
Eu tenho belos peitos, geralmente funciona.
Quer dizer, funciona para os outros garotos, e esse cara, ele é um
homem. Um homem com H maiúsculo, como dizem. Não há nada de
angelical ou adolescente nele.
E por mais que eu não tenha muita experiência nesse departamento,
eu adoro a ideia de me envolver com caras mais velhos, mais experientes,
que sabem o que estão fazendo e o que querem. Depois de desilusões
amorosas com os que são da minha idade, depois de perceber que eles não
valem nada e não conseguem nem um pouco me satisfazer, talvez seja disso
que eu esteja precisando. Talvez esse homem possa vir a ser o meu
presentinho de consolação após o término com Bradley.
Sei que dei a entender a Dakota e Eric infinitas vezes só essa noite
que não queria saber de me envolver com ninguém nem tão cedo, mas veja
bem, olha a oportunidade que caiu do céu para mim, eu estaria maluca se
perdesse. O homem é absurdamente lindo e está bem ao meu lado, me
devorando na mesma forma e na mesma intensidade em que eu o devoro.
Involuntariamente, eu me abano, e não tenho muita certeza se é pelo
calor infernal que estou sentindo ou se é pelo fogo que estou percebendo
crescer em suas íris e em certas outras áreas proibidas do meu corpo.
Os dois. Com certeza, essa é a resposta.
— Desculpe, mas você está me reconhecendo de algum lugar? —
questiona, ainda com o fantasma de um sorriso dançando pela sua boca
carnuda, que faz questão de umedecer quando minha atenção desce
descaradamente para ela. Eu suspiro audivelmente porque, caramba, se esse
homem tem algum defeito, só pode ser nas tripas. Cada pequeno detalhe seu
é de beleza sem igual, e ele é tão másculo, tão forte, se for se levantar desse
banco, tenho certeza de que vai se revelar para mim tão alto quanto parece
ser. Uma verdadeira geladeira inox de três portas com 540 litros. Do
jeitinho que qualquer mulher se atrai.
— Não. Por quê? Eu deveria te reconhecer de algum lugar? — a
pergunta não deveria sair da minha boca soando tanto como um flerte, mas
é justamente o que acontece, e, sinceramente, nem fico surpresa comigo. Se
eu já costumo ser assim naturalmente, imagina quando estou numa festa,
disfarçada, fingindo ser outra pessoa e podendo fazer qualquer coisa que me
der vontade, porque ninguém vai saber. Limpo a garganta e mordo um
sorriso nada inocente. — Se bem que, se eu tivesse te visto em algum canto
dessa cidade, jamais conseguiria te deixar passar despercebido.
Ele se remexe no banco e passa as mãos pelo cabelo, bagunçando-os
um pouco.
Muito sexy.
Na verdade, qualquer coisa que decidir fazer, a mais boba que seja,
será atraente para mim. Acho que esse homem tem esse grande poder de
respirar perto de uma mulher e ela já ficar com a calcinha encharcada. Falta
bem pouquinho para acontecer isso comigo. Sabe como é, sob efeito do
álcool, meus hormônios se agitam mais do que o normal, e olha que eles já
se agitam bastante.
Será que estou muito atirada em tão pouco tempo?
Dane-se, isso aqui é uma balada, no fim, as pessoas vêm com a
mesma intenção que a sua, Michaela, a voz um pouco mais ajuizada do meu
subconsciente resolve me aconselhar.
E ela tem razão, tenho certeza que não sou a primeira e muito menos
serei a última a me atirar para um completo desconhecido que, amanhã,
posso nem mesmo me lembrar.
E ninguém tem o direito de julgar uma mulher com tesão, oras.
— Não, foi exatamente por isso que perguntei. — O rapaz balança a
cabeça. — Você estava me olhando como se quisesse me prender em sua
memória. — Todo o seu corpo se volta para mim, e eu pisco, sem saber se
presto mais atenção nas suas coxas ou na sua voz que mesmo por cima da
música consegue se sobressair a qualquer som que poderia estar entre nós.
É grave, sensual e, como todo ele, muito máscula. Arrepia até mesmo a
porra da minha alma. — Fiquei impressionado — é o que admite.
Meu sorrisinho indecente não morre, só aumenta.
— Espero que tenha sido comigo.
Como se estivesse um pouco mais impressionado com a minha falta
de vergonha em agir perto dele, seu sorriso de lado aumenta. Mas só um
pouquinho. É o que me faz entender tudo, inclusive. Está tão cristalino
quanto água, que ele é daqueles caras turrões, marrentos, que são difíceis de
sorrir abertamente e que são difíceis de lidar.
Pelo menos eu não me acovardo fácil, e adoro um bom desafio, no
final das contas.
— Você é bem para a frente, garota — reflete logo em seguida, seus
olhos novamente passeando por mim, inclusive nos meus seios amontoados
no decote. Eu poderia muito facilmente esfregá-los em sua cara se ele
quisesse. — Quantos anos você tem?
Merda, pergunta errada.
— Idade o suficiente para você não se preocupar, te garanto. — Dou
de ombros.
— Você escondendo o jogo desse jeito me deixa bem preocupado, na
verdade.
— Pois não deveria.
— Tudo bem, é só me dizer sua idade e a gente pode continuar.
Semicerro os olhos.
— Olha, que coisa indiscreta da sua parte, não se deve perguntar a
idade de uma mulher de forma insistente desse jeito. E eu já disse, idade o
suficiente para não se preocupar. Acha mesmo que me deixariam entrar
nesse lugar se eu fosse de menor?
— Não acho que seja de menor, não foi por isso que perguntei. É só
que você parece um pouco mais nova. E, de qualquer forma, mesmo se
fosse, poderia muito bem estar aqui. As identidades falsas ainda existem,
sabia?
Oh, com certeza. Sabrina Larsen que o diga.
— Não é o meu caso — minto na maior tranquilidade e na maior
cara de pau. — Eu realmente posso estar aqui, confie.
— Certo... — E segue me analisando com suas íris hipnóticas. —
Não querendo ser indelicado, mas você tem o quê, vinte e cinco?
Dou de ombros novamente quando digo:
— Por aí.
Dessa vez, não há nenhuma mentira da minha parte. Vinte e um é
bem perto de vinte cinco, e, de qualquer forma, eu não confirmei nada.
— E não querendo ser indelicada... — continuo, na esperança de
mudar o foco do assunto. — Posso saber o que viu no seu celular que te
deixou tão bravo daquele jeito?
Um suspiro cansado lhe escapa no exato segundo em que me escuta,
parecendo relembrar só agora o que tinha o atormentado. E é
impressionante como, em segundos, sua expressão fica um pouco mais séria
e fria, até segura o copo de uísque que percebi só agora que estava bebendo
e entorna o restante do conteúdo de uma vez, numa velocidade tão
acelerada que mais parece que estava querendo que seus problemas fossem
embora, junto do líquido âmbar, nesse seu último longo gole do que
qualquer outra coisa.
— Vim para cá fugir do trabalho — explica depois de lamber os
lábios e bater, com leveza, o copo de vidro no tampo do balcão do bar. —
Entretanto, quando se tem um celular, o trabalho consegue vir até você num
piscar de olhos. E é um pouco irritante quando percebe que as pessoas, além
de não terem noção de horário, também não têm discernimento de entender
o que é uma pessoa de folga querendo aproveitar pelo menos um pouquinho
do seu tempo livre. Eu trabalho demais, e hoje, especialmente hoje, eu só
preciso desestressar porque, a partir de amanhã, se o meu trabalho já era
difícil, vai ficar o dobro. Infelizmente, não é todo mundo que entende isso.
Agora de lado, olhando para ele, finco o meu cotovelo no balcão e
descanso a minha cabeça na palma da minha mão, sem falar nada, apenas o
observando. Acho que fica desconfortável, pois se remexe de novo.
— Não dá para você parar?
— Parar com o quê? — Faço a sonsa.
— Com esse seu olhar, menina, ele é meio perigoso.
Elevo os ombros, com o ego nas alturas.
Se antes eu estava pensando que poderia ficar com esse cara, agora
eu tenho certeza de que vai acontecer.
— Eu diria que eu sou toda perigosa — informo, sussurrando assim
que me aproximo mais dele. Seu perfume forte logo adentra minhas narinas
quando eu inspiro, já com essa vontade mesmo de senti-lo. Com certeza vai
ficar na minha memória, afinal, amo um homem cheiroso, eles sempre
marcam. — Posso te mostrar a qualquer momento, e eu tenho certeza que,
ao invés de você mandar eu parar de te olhar desse jeito, você vai ficar
pedindo por mais quando perceber do que sou capaz.
Ouço quando arfa, e é um som tão pesado que eu juro que posso
senti-lo áspero. É exatamente o som de um homem afetado, cansado, com
desejo e uma vontade incontrolável de se aliviar e de se distrair logo depois
de enfrentar um dia difícil, como deu a entender que foi o seu caso.
E acho que usa a minha frase de incentivo para mudar a forma que
prossegue comigo, pois, quando percebo, ele acaba com qualquer distância
entre nós, seu rosto bem próximo ao meu. Cada pelo do meu corpo se eriça,
a minha frequência cardíaca triplica e, pelo seu olhar carregado de luxúria,
com aquele ar predatório, sinto que ele também está eletrizado, sentindo as
faíscas que crepitam ao nosso redor.
É surreal, indescritível, ao mesmo tempo que transmite calor com
suas íris castanhas, elas gelam só pela forma ártica como me observa, o
maxilar já trincado.
— Você não deveria sair por aí brincando com fogo, menina. Nunca
ouviu falar que fogo queima?
— Eu já me sinto queimando.
Estala a língua no céu da boca e quase caio para trás quando
finalmente me mostra o seu sorriso. É desesperador notar como é fatal,
capaz de aniquilar qualquer ser humano vivo, principalmente porque não há
nada de bondoso nele. É um sorriso bem maldoso, na verdade. Um que faz
parecer como se, em sua mente, estivesse imaginando mil e uma sacanagens
entre a gente. Minha cabeça não se encontra muito diferente no momento,
no entanto. Ela pode ser descrita como a própria moradia do diabo de tão
má e perversa.
— Tão fácil assim? — pergunta o cretino que, agora, parece estar
entendendo como jogar o meu jogo. — Acho que você não sabe direito o
que sente.
— Então me faça sentir, posso ficar bem quietinha enquanto você me
ensina.
— Não sei se gostaria de te ver quietinha, se é que me entende.
Porra, só com isso o meu ventre se contrai.
— Eu faço barulho para você, não há problema.
Eu poderia até dizer que sorri de forma atroz mais uma vez, porém
seria uma grande mentira. O homem gostoso ainda não deixou de sorrir
para mim.
Meu ventre se contrai o dobro, com a sua fixação passando a ser a
minha boca. Mordo-a só para provocá-lo.
— Infelizmente, menina, esse lugar não é propício para eu te fazer
ser barulhenta.
— Me leve para fora daqui e eu grito bastante.
Oh, céus, eu juro que não sou tão safada assim, mas não estou
conseguindo resistir, as Margaritas estão dominando a minha corrente
sanguínea e me dando uma dose extra de coragem.
— Você não deveria pedir coisas tão indecentes a estranhos, sabia?
— Por que é perigoso? Eu sei, mas como eu disse, eu posso ser bem
mais, você não faz ideia. — Cruzo os braços em frente ao peito, e dessa vez
a minha atitude é totalmente inocente, no entanto, seus olhos recaem
novamente para os meus peitos. Ele não está querendo fazer nada de forma
disfarçada. Sorrio internamente por saber que essa roupa me seria muito útil
para enlaçar possíveis pretendentes. — E quer saber de uma? Eu já entendi
tudo sobre a sua pessoa e lhe peço, encarecidamente, para parar de ser um
chato. É normal as pessoas flertarem e se pegarem em baladas sem nem ao
menos se conhecerem, sabia? Quantos anos você tem, sessenta, para parecer
e agir tanto como um velho?
Na mesma hora, se afasta de mim e retorna para a sua posição inicial
só para que eu possa ver com muita nitidez a sua expressão nada contente.
— Eu sou um homem à moda antiga — explica ao passo em que
desfaz a sua careta e olha para baixo, só para fechar um dos botões da sua
camisa social branca. Quase faço um beicinho de tristeza por ele estar
atrapalhando a minha vista do seu peitoral. — Ou sei lá, talvez eu só esteja
enferrujado nesse lance de saber movimentar a minha vida amorosa, já que
a única vida que eu sei tomar conta é a minha vida profissional. E você é
um mulherão, um que sabe o que quer, admito que me deixou meio sem
jeito, não estou muito acostumado.
— Ai, que mentira — solto aos risos. — Duvido que milhares de
mulheres não caiam em cima de você todos os dias.
— Pode parecer loucura, mas eu realmente não tenho tempo nem
para perceber se isso acontece com frequência ou não. Óbvio, não sou
inocente, elas se insinuam bastante para mim, porém geralmente eu estou
ocupado demais para retribuir.
— Com o que você trabalha? — pergunto, curiosa. — Para mim, te
olhando assim, parece que é um CEO, dono de alguma empresa bem
sucedida em Los Angeles.
Ele ri.
Ele ri.
Parece um milagre.
E parece som de anjo também, já que eu escuto perfeitamente por ser
bem na hora que a música que estava tocando se encerra.
Se estivéssemos em um desenho animado, certeza que agora mesmo
sairiam corações dos meus olhos só pela forma encantada em que o fito.
— Não sou um CEO — responde. — Mas digamos que eu tenho
algo parecido com uma empresa.
— Uhh, poucas informações, gostei, significa que quer ser
misterioso. Não há problema nenhum para mim. — Até prefiro, pois nem
morta que posso revelar a minha verdadeira identidade. — Eu gosto dessa
coisa de mistério. Você não vai saber nada sobre mim, nem eu vou saber
nada sobre você, e aí, no outro dia, seremos apenas memórias de uma noite
divertida um do outro. Se trabalha tanto como diz e precisa de uma
distração, deveria me usar. E pode ser do jeitinho que você quiser — soo
maliciosa. — Posso te ajudar no quesito flerte, pegação e essas coisas. Por
que você ainda faz essas coisas, não faz? Ou é um celibatário?
Outra vez, para me deixar mais mole, ri.
É baixo, põe até os dedos para cobrir os lábios, mas eu gosto. Faz
com que eu sinta como se estivesse arrancando a máscara séria que
provavelmente ostenta por aí, seja no seu dia a dia ou no trabalho. E posso
apostar que é só por não me conhecer e por saber que não vai me ver nunca
mais.
— Não, pode apostar que não. É um pouco difícil, porém pode
acreditar que, quando quero, tenho meus contatos para não ter que passar a
minha noite sozinho.
Faço um bico nos lábios como se eu estivesse impressionada e
assinto.
— Interessante você mencionar isso, pois se eu não tivesse chegado
aqui, você estaria sozinho.
Tomba a cabeça para o lado.
— Como pode falar com tanta convicção?
Chacoalho os ombros para cima e para baixo, fingindo que não vou
revelar minhas estratégias.
— E outra coisa, como foi que soube que, além de sozinho, eu sou
solteiro? — continua indagando. — Eu posso muito bem ter uma namorada
e você estar aí flertando à toa.
Até parece.
— Ah, essa é fácil. Seu semblante solitário me disse que você estava
desacompanhado e o seu dedo sem aliança me revelou que está
descompromissado, livre para mim. — Sorrio. — Não se impressione,
querido, sou uma mulher observadora.
Antes que o homem, cujo nome eu não sei, possa falar qualquer
coisa, nós somos interrompidos pelo barman trazendo a minha bebida.
Confesso que eu tinha me esquecido completamente dele.
— Sua Piña Colada, senhorita — diz à medida em que me entrega o
copo. — Desculpe pelo leve atraso, meu companheiro de trabalho precisou
sair mais cedo e, no momento, só eu que estou tomando conta de tudo. —
Faço um sinal com a mão livre para que ele entenda que está tudo bem, que
não deve se preocupar, porém o tatuado desvia sua atenção para o gostoso
misterioso ao meu lado. — Outro copo de uísque? — questiona, pronto para
girar nos calcanhares.
— Por favor.
E o barman assente com um aceno e vai atrás do uísque. Enquanto
ficamos o esperando trazer, me sento direito novamente no banco, mexo no
canudinho e o trago até os meus lábios, sugando a bebida, que me faz
gemer de prazer por causa do gosto que tanto adoro. Fecho os olhos e me
delicio com mais um pouco.
Não demora muito até que o cara retorne e encha o copo dele de
uísque de novo.
Aproveito dessa oportunidade para olhar para trás, verificando se
vejo algum sinal de Dakota e Eric se aproximando, porém não os encontro,
o que significa que devem estar dançando horrores na pista. É a Beyoncé
que está tocando e Eric é louco por ela, não vai sair de jeito nenhum,
mesmo que estejam achando estranho a minha demora.
Parecendo ler meus pensamentos, me sobressalto quando escuto ao
meu lado:
— Você veio sozinha?
Volto a olhá-lo e faço que não.
—Vim com meus amigos.
— E onde eles estão?
— Provavelmente dançando. Mas e os seus?
— Meu melhor amigo é o dono daqui — revela, e dessa vez eu fico
realmente surpresa. Não esperava por essa. — Estou nesse estado
deplorável porque, no dia que eu decido aceitar todos os seus convites para
encher a cara, ele não compareceu porque está cuidando da filhinha de seis
anos. Ele é pai solteiro.
— Uau. — Assobio. — Não fazia ideia.
— Pois é.
— E você?
— Eu o quê? — Para com o copo antes mesmo de fazê-lo chegar à
boca.
— Tem filhos? É pai solteiro?
— Não sabia que iríamos discutir a minha vida aqui. — Fricciono os
lábios para que um O perfeito não se forme em meus lábios com o seu
comentário petulante. — Mas não, não tenho. Nem filhos, nem namorada,
esposa, ex-esposa, viúva, nem nada do tipo.
Bebo mais um pouco da Piña Colada e a deixo repousada no tampo
da mesa.
— Claro, e já posso imaginar que é por causa do trabalho. Você é um
daqueles workaholics, que vive de terno, gravata e não consegue fazer
absolutamente nada porque é ocupado demais mandando, desmandando e
gerando dinheiro e mais dinheiro.
Estreita os olhos em minha direção.
— Pare de me ler, menina, eu quero continuar na parte do mistério
para você.
— Desculpe, não dá, você é clichê demais.
— Clichê?! — quase grita.
— Sim, daqueles totalmente previsíveis.
Rio da sua cara de quem não gostou nada do meu comentário.
Mas o que eu posso fazer se é a verdade?
— Tudo bem, tudo bem. — Deixa o seu corpo perto do meu e junta
as mãos assim que retorna para mim, me analisando de forma mais intensa
dessa vez. — Você também não foge muito do clichê, se quer saber. Posso
parecer bobo aos seus olhos, porém sei exatamente o que está acontecendo
aqui. — Na mesma hora, meu coração gela, com medo que saiba do meu
disfarce e só esteve esse tempo todo me enganando só para ver até onde eu
iria com a mentira. — Você é uma garota rebelde, ou que quer parecer
rebelde, e por isso apostou nesse visual, que talvez nem seja o que costuma
usar no seu cotidiano.
Ah, já entendi o que está fazendo.
— Hum, e o que mais? — o instigo ao me debruçar de novo no
balcão.
— Aconteceu alguma coisa na sua vida e, assim como eu, escolheu
estar aqui para extravasar. Desconfio que saiu de casa com vários interesses,
inclusive, encontrar alguém para brincar essa noite, pois pelo seu olhar
pidão, esteve um tempo presa de alguma forma e não foi bem atendida
como gostaria, o que a leva a estar aqui agora, brincando comigo, brincando
com fogo, para ter seus desejos e os seus fetiches atendidos só para se
satisfazer, para ver se encontra o que não lhe deram. Um ex-namorado,
talvez?
A parte diabólica habitando a Sabrina se agita, fazendo com que o
meu sorriso de espreita se transforme em um totalmente carregado de
volúpia.
— Bingo — sopro, depois de ter certeza de que ele vê a excitação
gritando em mim.
Seu lado predatório, louco para experimentar uma coisa diferente no
que eu suponho ser a vida monótona que leva, também parece escapar por
completo, e eu me sinto ser comida pelos seus olhos. Engolida. Devorada.
Cada pedacinho meu parece estar sendo conhecido, experimentado, numa
espécie louca de transe que me deixa ainda mais quente e molhada, o meio
entre as minhas pernas já formigando só em pensar na forma como deve ser
a sua pegada, se vai me levar ao ápice ou se vai me deixar boiando, à
deriva, perdida, e não de um jeito bom.
Não é o que eu sinto no meu coração para ser bem sincera. Esse
homem é um clichê ambulante; mais velho, sério, frio, distante, viciado em
trabalho, provavelmente rico e, como ele mesmo diz, sem tempo. O combo
perfeito para exemplificar que pode até demorar, mas quando está com uma
mulher, ele sabe fazer o serviço bem feito.
Não teria nem como ser o contrário, só de olhar para o seu rosto,
para o seu corpo, qualquer mulher já entra em estado de ter um delicioso e
belo orgasmo.
Eu, por exemplo, quero muito provar a teoria.
Cruzo as pernas para conter a necessidade, me abano mais uma vez e
pego o copo, sugando a maior quantidade possível pelo canudinho. Meu
interior todo se agita quando a bebida desce, fazendo um revertério em meu
estômago só de ansiedade.
— Você deveria ir com calma — aconselha, e não me parece ter
nenhuma boa intenção por trás disso. Deixo o copo de volta no balcão e
limpo o canto da minha boca com a ajuda dos polegares. — Se ficou tão
excitada com o que eu falei, deveria descontar em mim, não na pobre da
Piña Colada que não tem nada a ver.
Certeza que o brilho em minhas íris aumenta.
— Você disse mesmo o que eu acabei de ouvir?
— Sim.
— Então você quer mesmo me usar essa noite — é uma constatação
meio óbvia e até mesmo meio boba, mas é que eu estou... ah, sonhando.
— Sim — decreta, fazendo com que fogos de artifícios explodam
dentro de mim. — Eu posso ter sido meio lento, mas te garanto que, entre
quatro paredes, eu sou o mais rápido que você já viu.
— É o famoso come quieto.
— Que come bem.
— Que tem que me comer agora mesmo e deixar de propaganda —
digo de uma vez porque, oras, ele nem sabe quem eu sou mesmo.
E quer saber de uma, eu nem perco mais tempo, pois estou com uma
ideia em mente para sairmos daqui o mais rápido possível.
Flexiono os joelhos, me levanto, pego a minha bebida e me
aproximo dele, quase me enfiando entre as suas pernas. Mesmo com uma
clara expressão de confusão, não me para.
— O que está fazendo?
Como só tem um resto, eu começo a rodar o copo de um lado para o
outro.
— Veja, é uma delícia. — Minha voz é completamente fingida e, de
propósito, eu derrubo uma pequena quantidade em sua calça, logo me
afastando de forma dramática e pondo a mão na boca depois de soltar um
gritinho abafado de surpresa, meus olhos ainda presos na mancha molhada
que se formou. Ele chia, e eu não deixo que fale nada. — Ai, meu Deus,
que garota tonta e estabanada que eu sou, acabei molhando você sem
querer. Me perdoa, me perdoa, me perdoa. — Ponho o copo de volta no
lugar e me aproximo pela segunda vez. — Tem um banheiro aqui perto, se
você me seguir, posso ajudá-lo a se limpar.
De forma disfarçada, depois de olhar para os lados, repuxo os lábios
em um sorriso de canto, cheio de segundas intenções, que no mesmo
instante, faz sua expressão mudar, se acendendo. Na mesma velocidade, ele
se põe de pé e alterna o olhar entre mim e a mancha na sua calça, entrando
na atuação.
— Ah, moça, obrigado pela ajuda, eu não faço ideia onde ficam os
banheiros. Espero que você também possa saber como eu faço para me
livrar dessa calça.
— Não se preocupe, eu a arranco para você.
Ninguém, absolutamente ninguém, está prestando atenção em nós,
mas é isso que faz a situação ficar ainda mais divertida e gostosa, acredito
eu. Afinal, estamos fugindo do mundo lá fora e, pelo tempo que nos for
permitido aqui dentro, criaremos uma espécie de realidade alternativa para
brincarmos.
É como dizem, a noite é uma criança, e eu espero que ela esteja só
começando.
“Deixei esquisito, deixei pior
Toda vez que eu boto o pé para fora de casa
É suicídio social
É suicídio social
Quero me encolher e morrer”
BALLAD OF A HOMESHCOOLED GIRL — OLIVIA RODRIGO
Quanta gentileza.
Eu: Ok. Vou salvar. Mais alguma coisa?
— Porcaria.
Reviro os olhos, desligo o celular e o deixo de lado, nem me dando
ao trabalho de perguntar como sabe disso.
Tenho para mim que a partir de agora, Alexander Russell vai estar
ciente de todo e qualquer passo meu.
“Cada promessa que você faz, você cumpre
Nunca conheci ninguém assim
Somente os anjos falam assim
Sua voz é música para os meus ouvidos,
Estou bem acordado
Preso no jeito que as suas frequências ressoam”
ANGELS SPEAK — JUSTIN BIEBER FT. POO BEAR
Capitão Gancho de Araque: Sei que começamos o dia no pé esquerdo, mas gostaria que você
soubesse que desde que soube que iria trabalhar com você, esse sempre foi o clima que desejei para
nós dois, embora você, pimentinha, possivelmente não acredite por eu ser tão péssimo em me
expressar quanto você. E se for para dizer algo que sei que irá entender agora, eu te digo: obrigado.
Obrigado pela nossa tarde e obrigado por ter realizado o sonho da Iris.
Ela está até agora emocionada, não consegue parar de falar o quanto
está feliz por ter te conhecido. E eu estou imensamente contente por ela
estar feliz. Se me permite dizer mais uma coisa, a Michaela que eu vi hoje é
a Michaela que eu sabia que iria encontrar quando seu pai me ligou. A
Michaela do sucesso. Pare de ser polêmica e assuma ela mais vezes. É
brincadeira (nem tanto).
Arfo, com o coração dando uma cambalhota no peito.
Poderia imaginar de tudo, mas jamais algo do tipo.
Nessa mensagem, parece que Alexander se desarmou completamente
e me deixou vê-lo sem o seu escudo, aquele que usa para se proteger contra
o mundo. Parece também que passou por cima do seu ego, da sua soberba,
dos seus preconceitos que pareciam bem estabelecidos sobre mim e
resolveu ser sincero, sincero de verdade, disposto a reconhecer a troca legal
que tivemos no passeio sem pedir nada em retorno.
E o que eu achei? Porra, eu achei uma atitude muito nobre. Uma
atitude digna de ser aplaudida. Uma atitude digna de me deixar
completamente sem palavras.
E olha só que divertido, me deixou mesmo.
Me deixou tão sem palavras que eu só visualizei, não respondi.
Eu ia responder, juro que ia, mas fiquei tanto tempo de boca aberta e
surtando internamente que quando percebi, tinha deixado o celular e ido
fazer outras coisas. Ao retornar, já tinha passado horas, era como se não
fizesse mais sentido. Acho que ele tinha entendido que eu tinha visto e, se
não o mandei pastar, significava que tinha acertado uma vez na vida e que
eu tinha o aprovado. Sem contar que depois, Alexander me mandou outras,
tanto naquela noite quanto ao longo dos dias, porque ele é meu empresário
e, pelo visto, adora ficar me dando ordens do que devo fazer, do que não
devo fazer, do que tenho que postar nas redes sociais, do que devo retirar
imediatamente, onde eu tenho que ir, quais os meus compromissos, e assim
por diante.
Russell também deve ter se surpreendido, pois por mais que eu tenha
revirado os olhos todas as vezes que entrou em contato comigo para
perturbar a minha vida, eu não me opus. Muito pelo contrário, aceitei cada
conselho, sempre mandando no final um: você quem manda, chefinho.
Porque, no fim, é isso que tem que acontecer, nossos muros não
podem ficar sempre erguidos se ficaremos presos um ao outro por anos.
E ele meio que foi legal, eu não podia continuar sendo uma vadia do
mal.
Mas se meu chefinho mudar, eu mudo também.
Como eu disse, o que ele me der, ele vai receber em dobro.
Por enquanto estamos em paz.
Aparentemente.
— Ei, Michaela. — Quase grito de susto quando Lynx entra de novo
no estúdio, que tinha deixado para buscar seu café, e aparece às minhas
costas. Com medo que perceba que eu estava olhando como uma maluca
para uma mensagem em específico do meu empresário. Desligo o meu
celular e o coloco virado para baixo em um espacinho que tem na sua mesa
de produção. Sentada na cadeira giratória, me viro rapidamente para o meu
produtor e lhe encaro com as sobrancelhas erguidas e um sorriso. — Foi
mal, não queria te assustar. — Bebe um gole do seu café, e eu balanço a
cabeça como quem diz que está tudo bem, não foi nada. — Desculpe se te
deixei esperando demais, a máquina lá fora parece estar com problemas.
— Que nada, Lynx, não demorou nem um pouco.
— Sério? Que estranho. Tive a sensação de que demorou mil anos.
Bem, a verdade é que eu nem tive como perceber, perdi a noção do
tempo enquanto lia mais uma vez a mensagem de Alexander.
Porém, desse detalhe ele não precisa saber.
Rio do seu comentário para descontrair, e o vejo se sentar na sua
cadeira enquanto a arrasta para se aproximar da sua mesa.
— Estava ouvindo mais cedo algumas músicas que havíamos
gravado e percebi que precisamos fazer alguns ajustes — comenta, e eu
assinto agora séria, esquecendo totalmente da minha vida lá fora. Aqui
dentro, só importa uma única coisa: minha arte. E como meu próximo
álbum, Purple Heart, está nascendo e cada vez mais perto de ser revelado
para o mundo, nada pode tirar o meu foco de trazê-lo em perfeito estado.
Aprumo os ombros e aguço os meus ouvidos, afinal, o que meu produtor
maravilhoso falar, eu assinarei embaixo. Ele é ótimo, e está comigo desde o
começo, quando nem eu mesma acreditava que seria capaz de conseguir. —
Você se importa se eu te der a minha sugestão? É algo com a batida, com o
ritmo. Podemos escutá-la do jeito que havíamos gravado e agora do jeito
que tenho em mente. Mas só se você quiser.
— É claro que eu quero — respondo, firme. — Lynx, você sabe que
eu sempre estou disposta a ouvir seus conselhos. Se não fosse sua ajuda,
LUNATIC não sairia tão perfeito do jeito que saiu. Então vai, pode começar
a falar. É algo com Love is not like in the movies?
Não sei o motivo, entretanto, ele ri, e é uma risada tão genuína e
espontânea que me vejo rindo também.
— O que foi? — eu mesma questiono, achando graça de uma coisa
que nem mesmo sei.
— Não, nada, é que eu me lembrei daquele dia, quando o Russell
esteve aqui. Vocês estavam discutindo por causa dela, não foi? Quero dizer,
da música. — Antes que eu possa responder qualquer coisa, Lynx descansa
o seu copo de café também na mesa, com as íris escuras ainda fixas em
mim, divertidas. — Sabe, como você é uma filha para mim e nós temos
uma intimidade de sobra, acho válido eu te dizer que naquele dia você
exagerou.
Franzo uma careta, e é para mim mesma.
— Sério?
Meu produtor assente com a cabeça.
— Não fiquei para ouvir tudo, senti logo de imediato que aquela
discussão não cabia a mim, mas, pelo pouco que ouvi e pude perceber, sim,
Michaela McKenna, você exagerou. O pobre do Alexander estava
conversando comigo sobre seu novo álbum, como estava sendo os
preparativos, como ele seguiria na parte da estética, e então, na hora que a
senhorita estava cantando, ele virou para mim e perguntou se a canção já
tinha nome. Eu respondi que sim. Quando ouviu minha resposta, ficou
surpreso, porque acabou fixando sua atenção num trecho específico e
acreditou fielmente que teria a ver com o título. Ou seja, seu empresário não
estava falando mal da música, de você ou algo do tipo, só estava
comentando como, na cabeça dele, era uma coisa, e na verdade foi outra.
Simples assim.
Minha careta continua mesmo quando Lynx para.
— Essa foi exatamente a mesma resposta que ele me deu —
comento, embasbacada. — Tipo, sem mudar uma vírgula. Exatamente
igual.
— Porque é a verdade — insiste. — Óbvio, naquele momento eu não
ia falar nada, e, sinceramente, ainda fiquei pensando se deveria tocar nesse
assunto ou não, mas sei que você de alguma forma ia me escutar e não ia se
chatear. Você me conhece, você sabe como sou, eu detesto qualquer tipo de
injustiça. Aquele dia, infelizmente, eu presenciei uma.
Suspiro, jogo os braços ao lado do corpo e escorrego um pouco mais
a minha bunda na cadeira.
— É que Alexander e eu não tivemos um bom primeiro encontro —
comento, não tendo motivos para mentir para Lynx. — Eu achei que ele
tinha me chamado de uma coisa, e fiquei colocando na minha cabeça que
aquele homem não gostava muito da minha pessoa, embora tenha aceitado
trabalhar comigo. Quando a voz dele reverberou pela cabine e eu pude
escutar a conversa, pelo menos uma parte dela, tive a certeza de que ele
estava mais uma vez me criticando, e dessa vez para você. — Reviro os
olhos. — Você também me conhece e sabe quem eu sou, eu não costumo ter
sangue de barata, Lynx. Sou impulsiva, emotiva, escuto o meu coração,
faço o que ele manda e depois eu me lasco. Foi basicamente o que
aconteceu, porque eu tinha a certeza absoluta que Alexander estava sendo
maldoso.
— Não, ele não estava — garante depois de liberar uma única risada.
— Sério, não estava mesmo. Eu conheço de longe uma pessoa quando está
sendo maldosa.
— Tem certeza?
— Muita.
— Mas e a questão de ele ter ligado o som? — pergunto, somente
para saber se a sua resposta vai ser também parecida com a que Russell me
deu quando estávamos bem aqui nesta sala. — Porque isso você não pode
negar, ele ligou o som. Qualquer pessoa acharia que foi de propósito.
— Disso não tenho certeza, mas acredito que me bati em Alexander
enquanto conversávamos. Teve uma hora que precisei meio que passar por
cima dele para ajustar algo na sua voz, nos botões, e deve ter sido bem na
hora que ou o meu cotovelo ou o dele bateu no botão que entraria em
contato com você. Foi, literalmente, um deslize sem querer.
Bingo.
Mesma coisinha.
É, devo admitir, naquele dia mesmo, na sorveteria, eu já podia sentir
que havia sido estupidamente exagerada na abordagem, talvez até infantil
demais, porque tinha, no fundo, acreditado nas suas palavras, pois sabia que
se fosse o caso, Alexander seria sincero e seria o primeiro a falar na minha
cara que não tinha gostado, que sua opinião seria aquela mesmo e acabou, o
que não foi o caso, contudo, nesse momento, ao ouvir meu produtor, acabo
de perceber que a minha reação foi ainda pior do que eu tinha imaginado e
que se tem uma coisa que aquele homem não é, essa coisa é mentiroso.
O que sair da sua boca, não importa o que seja, sendo bom ou não
para quem está ouvindo, é a verdade, mesmo que seja a verdade apenas
dele. Eu já deveria saber disso.
Essa é mais uma das nossas principais diferenças, porque sou uma
maldita mentirosa que o engana e o esconde coisas.
Deus, praguejo na minha própria cabeça, é tão difícil ser eu.
— É, Lynx, vocês não combinaram de ter a mesma versão não, né?
Porque estão bem compatíveis.
— Michaela, ele te contou a verdade, possivelmente quando vocês
estavam brigando, e nessa hora nem aqui eu estava. Foi ou não foi? — Me
esquadrinha como se eu fosse uma criança de cinco anos que precisa ter
tudo sempre muito bem explicado.
— Foi...
— Pois é — ri com a minha expressão de derrota. — Muito simples,
tá vendo? Admitir o óbvio não é tão difícil assim.
Quando me dou conta, já é tarde, meus olhos estão semicerrados.
— Você está do lado dele ou do meu?
— Do lado da verdade e da justiça.
— Sei... — ironizo com o meu olhar desconfiado. — Você deve ser
que nem meu pai, fã do cara, capaz de endeusá-lo em qualquer situação.
— Eu não.
— Ah, não? Pois tá parecendo.
— Sim, ele pode ser Alexander Russell, o grande empresário de Los
Angeles que tem um currículo impecável, uma carreira invejável, sem
manchas, sem polêmicas, que dirige um carro muito foda, que anda numa
pose de patrão, que tem dinheiro de sobra, é muito legal e inteligente,
entende do meio como ninguém, mas... não, eu não sou fã dele.
— Claro, claro, essa descrição aí jamais me faria achar o contrário.
— Prendo uma risada ao pressionar os lábios um no outro.
É a vez de Lynx revirar os olhos à medida em que volta a pegar o seu
copo de café em mãos.
— Você não tem o direito de me julgar — pontua, tentando soar
sério. Não consegue, só para deixar claro. Lynx é a pessoa mais divertida e
leve que conheço. Para ele, a vida é bela, o mundo é incrível e não há tempo
ruim. Nada é capaz de tirá-lo do sério. A não ser mentiras e injustiças,
claro. — Está aí, na pose de quem odeia o próprio empresário, aquele que
vai cuidar da sua carreira daqui para a frente. Seria muito melhor se você
fosse uma fã também.
— Não, não é bem assim... — Paro, quando enfim compreendo o
que acabou de dizer. Ergo as sobrancelhas. — Espera. Também? Isso
significa que você está finalmente admitindo que é um baba ovo?
— E o “não é bem assim” que você acabou de soltar, significa que
está finalmente mudando seu pensamento sobre seu novo empresário? —
rebate.
Não.
Sim.
Não.
Sim.
Sim.
Não.
Talvez.
Quem sabe.
Dou de ombros, pois por mais que a mensagem de texto possa
parecer um grande divisor de águas, eu ainda não o encontrei pessoalmente
de novo, e eu só vou poder ter a minha resposta quando esse novo encontro
acontecer. Tudo depende de como nos trataremos quando estivermos a sós.
Mas... talvez.
Talvez possa mudar.
Talvez um pouco.
Talvez nada.
Talvez para pior, quem sabe.
Acabo só dando de ombros.
— Não vou falar nada, seu traíra, porque você pode muito bem ir
correndo contar para ele. Ou você acha que eu não sei que vocês dois se
conhecem há anos?
Enche mais um pouco a sua boca com café, e quando termina de
engolir, estala a língua no céu da boca, sorvendo o gosto da bebida ainda
quente.
Quando chega o seu momento de fazer careta, eu me forço a ficar do
mesmo jeito.
— Falando bem sério agora, mocinha, eu realmente conheço
Alexander Russell há bastante tempo. O cara pode ser durão, muitas vezes
frio e introspectivo demais, mas ele sabe o que faz. Não deixe seu gênio
atrapalhar a sua carreira, é tudo que mais peço.
A nossa atmosfera muda, e não preciso ser um gênio para saber que
Lynx está me dando mais um dos seus conselhos supervaliosos.
— Relaxe, o desentendimento foi só no começo, mas agora eu estou
ótima, pode até mesmo perguntar a ele. Já tem duas semanas que tudo que
Alexander me pede, eu faço sem mesmo reclamar. Estou focada no meu
Purple Heart, amigo, e é só nele em quem eu tenho pensado.
— Boaaaaaaaa! — ele estende as sílabas como Iris gosta de fazer, o
que me faz dar risada por me lembrar logo dela e do seu jeito espevitado. —
É isso mesmo que gosto de ouvir. — Junta as mãos e começa a esfregá-las
umas nas outras, empolgado. — Se é em trabalho que você pensa, é em
trabalho que eu também penso. Por isso, vamos ao que interessa?
— Ufa, achei que esse momento nunca fosse acontecer — brinco.
— Jamais, aqui você encontra profissionalismo, dona Michaela.
— Então, com profissionalismo, dê play na música, por favor.
Vamos fazer esse álbum ficar perfeito.
— É pra já, senhorita.
Lynx mexe no som e coloca minha música para tocar, a partir de
agora sendo um momento só nosso, de total trabalho e dedicação.
Ajustamos umas coisas, mudamos outras, discordamos, entramos em
consenso, gravamos mais um pedacinho, regravamos outros, ouvimos todas
as alterações e, enfim, quando dá o nosso horário, deixamos as coisas
pendentes, que não são muitas, para o nosso próximo encontro.
Me despeço de Lynx, que corre para a máquina de café de novo
como o maníaco da cafeína que é, e uma vez dentro do elevador pronta para
ir para o térreo, meu celular vibra na minha mão.
Viro a tela para mim.
Não é mensagem, é ligação.
Do meu empresário, ou aquele que eu apelido secretamente de
Capitão Gancho de Araque.
Estava demorando.
— Pois não? — Levo o celular à orelha.
— Michaela... — Mesmo do outro lado da linha, separados por uma
tela, escutar a sua voz proferindo o meu nome me faz arrepiar da cabeça aos
pés. — A uma hora dessas, você já deve estar saindo da Public Records.
Provavelmente no elevador.
Crispo a testa.
— Como sabe?
— Suba — me ignora ao repassar a ordem. — Quarto andar.
Primeira sala à direita. Estarei te esperando.
Depois disso, não ouço mais nada, pois Alexander desliga na minha
cara.
Abaixo o braço, o celular ainda ligado, e pestanejo, cheia de
perguntas.
Esse tempo todo ele esteve aqui? Fazendo o quê?
E, sala no quarto andar? Por quê?
Como soube que eu...
Paro.
Capaz de ter dedo de Lynx nisso.
Sem muita opção, aperto no botão 4 do elevador, e à medida que a
caixa metálica me leva de volta para cima, eu reviro os olhos e rio de mim
mesma.
Desse jeito, parece que é o chefinho quem manda mesmo.
“Eu não sei se você sabe como
Mas, garota, tenho a sensação de que você sabe agora”
SLOW DOWN — CHACE ATLANTIC
Tudo bem, muitas coisas são engraçadas nessa vida, mas chegar em
casa, procurar meus pais e me deparar com os dois na área da piscina da
nossa mansão é simplesmente hilário. Primeiro, porque a minha mãe está
sentada, de maiô, em uma dessas cadeiras que ficam meio deitadas meio
sentadas, com um chapéu enorme na cabeça, óculos de sol da Gucci
escorregando pela ponta do seu nariz e suas duas mãos ocupadas, uma
segurando o copo de limonada enfeitado com o canudo de guarda-chuva e a
outra segurando o Kindle que está lendo agora.
Segundo porque, não bastando a minha mãe estar na sua maior pose
de patroa despreocupada, o meu pai, seu marido, está deitado todo largado
na boia da piscina, pegando as vitaminas D do sol à medida em que se
refresca bebendo a sua cerveja. Se encontra até de olhos fechados, a boia
em formato de unicórnio flutuando pela nossa piscina em formato de violão
— ideia minha e da mamãe.
Com uma cena dessas bem diante dos meus olhos, eu não tenho
condições de fazer outra coisa a não ser gargalhar, tendo a certeza de que
essa imagem ficará bem viva em minha memória por anos.
— Ora, ora, ora... — cantarolo para anunciar a minha chegada e paro
bem no meio da área em que se encontram, meio que de frente para Conrad
e meio que de lado para Antonella. Os dois, assustados, logo se
sobressaltam achando que aconteceu alguma coisa quando ouvem uma voz
que não estava esperando escutar, já que não haviam me percebido antes e,
até então, não sabiam que eu estava em casa. Cruzo os braços em frente ao
peito e alterno o meu olhar entre a minha mãe na cadeira e o meu pai
boiando na água da piscina. — E não é que o ditado está mesmo certo?
Quando os gatos saem, os ratos fazem a festa.
— Como é? — Mamãe é a primeira a se indignar, deslizando o
óculos de sol ainda mais para a ponta do seu nariz, na intenção de me
observar. — Desde quando você pode chamar seus próprios pais de ratos,
mocinha? — Rio ainda mais por causa da sua pergunta.
— E o pior, eu me assustei — Conrad reclama. — Quase que eu me
desequilibro e caio dessa boia. Não viu que seu papai está tomando cerveja,
não, meu amor?
— Viiiiiii — soo como Iris, e sorrio ainda mais por uma coisa que,
nesse momento, só eu sou capaz de entender. — E como eu vi. Na verdade,
já a vi brilhando junto com o sol desde que eu cheguei. Impossível não vê-
la, papai. Está de parabéns. Os dois estão. — Passeio com o indicador entre
ele e Antonella, que segue com a sua limonada e o seu Kindle em mãos,
muito mais tranquila depois do susto ter passado. — Aproveitando a folga e
o tempo livre, huh? Se divertindo enquanto Alexander Russell trabalha.
— Mas é claro. — Papai entorna o líquido espumante em sua boca e
depois a limpa com o dorso da mão. — Nós já trabalhamos muito, querida,
já quebramos muito a cabeça com a Michaela McKenna, agora é só curtir
um solzão, piscininha, churrasquinho, sua mamãe gata ali lendo um
livrinho, tudo na paz. Se há alguém que deve esquentar a cabeça com você
agora, esse alguém é Russell. Ele que aguente o coração e sobreviva ao
rojão. Você é minha filha linda, mas sei que não é nada fácil.
— Ah é, né? — Bato o pé no chão. — Até parece, viu. Eu sei que
você tá sempre em contato com o meu empresário, trabalhando junto com
ele. Sei que vocês dois só fingem, mas não conseguem se desligar da minha
empresa. — Eles se olham, como se estivessem acabado de serem pegos no
flagra, e eu balanço a cabeça de um lado para o outro, adorando, de fato,
toda a cena. — E espero que saibam que eu só estava brincando. Quero ver
mais de vocês dois assim, descansando, curtindo a vida que eu posso lhes
oferecer. Não precisam se cobrar tanto, como vocês podem ver, eu estou
bem. Estou ótima.
— Sim, Alexander está fazendo um ótimo trabalho. — Agora
Antonella se senta para valer, com as pernas em posição de yoga. Ela deixa
as coisas repousadas na pequena mesa ao seu lado e continua de olho em
mim aqui em pé e no seu marido ali ainda na piscina, em cima do unicórnio.
Sim, é definitivamente a melhor imagem de todas, só para deixar claro
outra vez. — Inclusive, falando nele, vocês chegaram a conversar hoje?
— Sim — assinto, empolgada, rapidamente me lembrando do que
conversamos. A parte profissional que digo, porque a outra não é nem um
pouco bom me lembrar agora, ainda mais na frente dos meus pais.
Especialmente na frente deles. — Alexander me contou sobre o convite do
VMAs, nossa, eu fiquei muito, muito feliz. Se Deus quiser e tudo seguir
como o planejado, vamos conseguir divulgar meu single lá. E sábado estarei
voando para Las Vegas, para fazer as primeiras fotos do que pode vir a ser a
capa do álbum.
Estou toda saltitante, fazendo a minha dancinha da vitória quando
ambos começam a me aplaudir, orgulhosos por mim.
— Nós já sabíamos, ficamos muito felizes — da boia, meu pai
informa. — Iríamos te contar, mas Alexander pediu para que fosse o
primeiro a lhe dar a notícia. Você vai arrasar. Vai ser, com certeza, mais um
grande sucesso. Um enorme passo na sua carreira.
— Vai ser mesmo, filha — minha mãe concorda, com um sorriso de
orelha a orelha. — Será mais uma caminhada inesquecível. Quero te ver
linda no Red Carpet, hein?
— Pode deixar, mamis. — Pisco para ela. — Assim que eu tiver as
ideias do vestido, te mostro em primeiríssima mão. — Troco mais um olhar
significativo com os dois. — Mas agora, vou deixar vocês dois aí
aproveitando o sol e a piscininha e vou subir, fiquei um pouco cansada
depois de tanto cantar com Lynx. Qualquer coisa que precisarem, me gritem
que eu apareço.
— Certo, querida, vai lá descansar, você precisa.
— Isso mesmo — Antonella reafirma o que seu marido disse. — Se
precisar da ajuda de qualquer um de nós, é só chamar que iremos correndo.
— E deixar vocês entrarem no meu quarto pingando de cloro? —
pergunto, em tom de brincadeira. — Não, não, não. Nem pensar. Fiquem
por aí mesmo.
Giro nos calcanhares, rindo sozinha quando os escuto darem aquela
boa risada às minhas costas.
Adoro isso.
Adoro poder dar essa vida confortável a eles, e adoro mais ainda
quando se permitem desfrutar de todos os nossos privilégios. Me dá ainda
mais motivação para continuar trabalhando.
Estou prestes a alcançar as escadas quando a campainha ressoa
estrondando pela casa, bem a tempo de ainda me pegar aqui embaixo.
Não faço nem cara de estranhamento, porque se a pessoa conseguiu
passar por toda segurança e está agora nesse exato momento na porta da
minha casa, significa que é alguém bastante conhecido e de confiança.
Resumindo, só pode ser ou Dakota ou Eric.
Pela insistência e falta de paciência, a minha resposta vai na minha
loirinha emburrada.
Paro uma das nossas funcionárias assim que a vejo passar correndo
por mim para atender e abrir a porta.
— Não precisa, não se preocupe, pode deixar que eu atendo, deve
ser para mim.
— Tem certeza, dona Michaela?
— Ei, o que foi que eu te disse sobre esse dona? — faço como quem
está dando uma bronca nela, de mentirinha. — Não sou dona de nada. Sou
apenas a Michaela. E tenho certeza, sim. Vou lá atender agora, se eu
demorar mais um pouco, a pessoa do outro lado é capaz de morrer.
— Tá bom — ri, indo em direção a cozinha.
Me movimento, finalmente abrindo a porta.
Como eu suspeitava, é ela, Dakota Hartley, em carne, osso e
impaciência.
— Achei que fosse me deixar plantada aqui fora — já reclama ao
adentrar.
Fecho a porta e me viro.
— Oi, para você também, amiga. Como está? Bem? Sim, eu também
estou ótima — ironizo.
— Desculpe, não quis ser indelicada, é que você demorou.
— Amiga, tenho certeza que não demorou nem dois minutos.
Franze o nariz.
— Você contou? Porque eu não contei, e, de qualquer maneira, se
fosse para contar, com certeza teria dado bem mais do que dois minutos.
— Hum, certo, vamos deixar essa história de lado. O que importa é
que agora você já está aqui dentro. A que devo a honra?
— Ah, não, nada especial. — Dá de ombros. — Estava com tédio
em casa e decidi atazanar um pouco a vida da minha melhor amiga para ter
o que fazer. Acho que já comecei bem com a questão da campainha, não
foi?
A olho como quem diz: “é sério, veio aqui realmente só para isso?”
— Sim, Michaela, eu vim realmente só para isso — ela me conhece
tão bem que responde meu questionamento, mesmo sem eu o expor. — O
que foi? Não quer mais me receber na sua mansão quilométrica, é isso?
— Meu Deus, quem é que está sendo a dramática agora?
Ela tenta esconder seu sorriso, mas é inútil.
— Eu, porque convivo demais com você e acabo pegando suas
manias. E são sempre as piores.
— Olha só, que legal, obrigada, eu também amo você. — Faço o
contrário de novo, e dessa vez Dakota não se aguenta, mesmo revirando os
olhos nas órbitas, ela dá risada. — Vai, vem logo, deixa de bobagem e me
acompanhe, porque desde que cheguei da gravadora, ainda não consegui ir
ao meu quarto, e minha coluna está choramingando desesperadamente por
um colchão macio. Preciso me deitar o quanto antes.
Lhe dou as costas, indo em direção às escadas sabendo que está logo
bem atrás de mim.
— Credo, Michaela, você falando desse jeito parece que já tem
oitenta anos.
— O que posso fazer se a minha coluna é de uma idosa?
— Minha nossa.
Estagno os meus passos e me viro nos ombros para olhá-la.
— Sobre o que já está reclamando de novo?
Atrás de mim, ela ergue a cabeça.
— Não estou reclamando, estou só surpresa pela sua coluna. E anda
logo, você está interditando a escada.
— Tudo bem, já vou.
— É, vai logo, ou eu não vou ter outra opção a não ser ferrar mais
um pouco com a sua coluna lhe dando um empurrão.
Guardo a vontade de revirar os olhos para mim mesma, voltando a
subir os degraus.
— Cansei desse assunto, vamos partir para o próximo.
Entramos no corredor e andamos até o meu quarto.
— Claro, com muito prazer, não vim aqui falar da sua coluna de
velho, nem fisioterapeuta eu sou. Vim aqui saber das novidades. Como foi
na gravadora?
Dakota me espera tirar os tênis, a meia arrastão e ainda me espera
guardar o meu celular que estava na saia, no primeiro lugar seguro que
encontro, porque quando me jogo no colchão, de braços abertos, ela
também faz o mesmo.
— Ufa, enfim em casa. — Respiro com tranquilidade, fecho os olhos
e entrelaço as mãos sobre a barriga. Posso estar desse jeito, mas
conhecendo minha melhor amiga como eu a conheço, posso apostar que ela
está da mesma forma que eu, com os olhos fechados enquanto tenta
controlar sua respiração. — O dia hoje foi agitado. E parece que você
adivinhou, Hartley, tenho mesmo novidades. Mas acho que só posso
começar a contar quando Eric estiver com a gen...
— O QUÊ? — Dakota se levanta e se senta, acabando com toda a
paz que eu estava tendo. Abro os olhos e, com o pescoço esticado, a
observo, incrédula. — Não mesmo. Se era isso que você queria, deveria ter
guardado a informação de que tinha novidades. Porém, agora que já sei que
você tem coisa para contar, exijo que me conte. Não estou nem aí se Eric
não está agora, você pode muito bem contar para ele em outro momento.
Agora o momento é meu, então, vamos, comece a abrir essa boquinha linda
o quanto antes.
— Tem certeza? — Faço um bico de lado. — Ele pode ficar
chateado.
— Eric não tem motivos para ficar chateado. Você não ficou sabendo
que ele foi viajar para surpreender o namorado nas gravações?
Meu queixo cai.
— De novo? — Fico embasbacada.
— Sim, Eric Farrell é um falso que ama mais o Raphael do que nós
duas. — Não deixa de evidenciar seu ciúmes. É engraçado, ela sempre faz
questão de cutucá-lo, entretanto, quando ela e Raphael estão juntos, é o
maior amor. Os dois se adoram, mesmo que fiquem implicando um com o
outro boa parte do tempo. Raphael é ciumento, ela também, então dá para
imaginar como os dois se comportam juntos. Sobra sempre para Eric. — Só
que isso não é importante agora, deixe esses dois pra lá. Me fale das
novidades. O que aconteceu?
Certo, tudo bem, acho que dá para contar.
— VMAs — solto de uma vez. — Fui convidada para me apresentar
esse ano. Vou apresentar meu single pela primeira vez lá.
Não sei qual das duas começa a gritar primeiro, porém é assim que
nos encontramos agora. Dakota se joga em meus braços, e, em um abraço,
rola comigo na cama. Nós duas rindo, gritando e comemorando como
sempre fazemos. Acho que nunca vamos nos acostumar com o meu
sucesso, não importa quanto tempo passe. Qualquer coisa que acontece, é
sempre uma novidade incrível pra gente.
— Você merece, amiga! — Ela me enche de beijos estalados na
bochecha, o que faz com que minhas risadas aumentem. — É a maior do
mundo, sim. Minha estrela. Minha diva icônica.
— Te amo, amiga. — Ficamos deitadas uma de frente para a outra.
— Vou precisar da sua ajuda em muitas coisas, viu? Sábado, inclusive, vou
fazer, em Las Vegas, aquela sessão de fotos que te falei. Preciso da sua
opinião na hora de escolhermos a foto do álbum e as que iremos divulgar
nas minhas redes sociais. Vou ter que falar com Eric também.
— Sim, sim, claro. Tudo o que você quiser — soa afoita. — E o seu
empresário grosso e gostoso? Já está sabendo?
— Já. — Subo e desço o queixo em uma confirmação. — Foi ele
quem me contou. Esteve lá na gravadora hoje mais cedo.
— Uiiii, como ele é prestativo — zomba e quase vem me fazer
cócegas na barriga, mas eu me esquivo, rindo. — Afinal, quando é que eu
vou poder conhecer esse cara?
— Pra quê? Alexander é meu empresário, não vai ser um amigo
nosso.
— Não é disso que estou falando, estou falando de conhecê-lo
pessoalmente, ver como ele é. Não posso estar curiosa?
— Pode, eu também estaria no seu lugar.
— Então...
— Então que eu não sei quando isso acontecerá, mas pode ser em
breve. Acho que nós estaremos sempre juntos daqui pra frente, e como nós
também sempre estamos juntas, não vai demorar muito para vocês se
cruzarem.
Um sorrisinho estranho desponta em seus lábios, e eu uno as
sobrancelhas.
— O que é que já está passando dentro dessa sua cabecinha
maldosa?
— Sei lá, é que você parou mesmo de reclamar dele. Tudo bem que
disse que conheceu a afilhada deles, vocês foram tomar sorvete porque era
o que ela queria, mas, uau, estou impressionada, não imaginava que você
fosse baixar a sua guarda tão rápido.
— Não baixei.
Eu baixei?
Não, não baixei.
Posso estar jogando com ele, brincando, querendo provocá-lo,
porque é bom provocá-lo, desde aquela noite na Call Emergency, eu gostei
de fazer isso, mas é basicamente só isso. Provocações. Brincadeiras. Não
vai dar em nada, obviamente, porque nós não podemos nos envolver.
Ele é tipo meu chefe, nós trabalhamos juntos, é proibido, antiético,
se a mídia descobre, seria uma polêmica danada e é justamente disso que
ando fugindo. Piorou Alexander, que nem de polêmica gosta. No fim, eu só
quero que tenhamos um ambiente muito mais descontraído e divertido,
mesmo que minha língua não se segure quando estou perto dele.
Juro que eu realmente não estou com maldade.
Talvez um pouco.
Mas um pouquinho, assim, quase nada.
Porque nem ferrando que eu penso no seu beijo toda vez que olho
para ele. Nem ferrando que ainda penso em como seria seus puxões no meu
cabelo de verdade, não naquela peruca loira que estragou tudo. Nem
ferrando que eu penso no corpinho dele nu, em cima do meu, me fazendo
ver as estrelas que ele não me fez ver naquele banheiro. Nem ferrando que
eu o desejo ainda. Nem ferrando mesmo. Eu juro que essa página já virou.
Ficou no passado.
Eu já experimentei um pedaço do pecado e não vou pecar
novamente. Nem mesmo se Alexander Russell implorar por mim.
— Meu Deus, Michaela!
Sobressalto.
— O que foi, criatura?
— A sua cara.
— Que cara? — Balanço a cabeça para desfazer qualquer coisa que
eu tenha feito sem perceber.
— Essa aí que você acabou de fazer. Eu conheço ela muito bem.
Você acabou de imaginar safadezas com o seu empresário, e nem adianta
negar. Está estampado na sua testa, tem um letreiro enorme piscando para
quem quiser ver.
A belisco, e ela grita.
— Ai!
— Pra você parar de sempre pensar o mal de mim.
— O que posso fazer se você é uma safada de marca maior?
— Como se você também não fosse — retruco.
— Eu sou, mas não sou eu que estou tendo fantasias com o meu
empresário.
Me sento na cama em um ímpeto.
— Eu não estou tendo fantasias com ele!
— Não? — Dakota ergue uma sobrancelha para mim. — Então se eu
chegar a vê-lo qualquer dia desses, posso dar em cima dele numa boa?
A mera imagem de Dakota dando em cima de Alexander me dá
ânsia.
— Que nojo. Não.
— E por que não, Michaela McKenna? — Me fita como se soubesse
cada um dos meus pensamentos.
— Porque... porque... bem, porque ele é o meu empresário, você é
minha melhor amiga e seria estranho.
— Aham.
— É sério.
— Sim, me engana que eu gosto.
Rolo os olhos enquanto bufo.
— É melhor a gente parar com essa conversa, tenho certeza que é
capaz de você fazer isso mesmo quando ver Alexander.
— Pode ficar tranquila, amiga, não sou talarica.
— E desde quando ele é meu para você ser talarica?
— Está na sua testa, Michaela, não tenta me enganar.
Voo para cima dela, sendo a minha vez de atacá-la com cócegas.
Dakota grita, implorando que eu pare, porém ela não merece. O que ela
merece é que eu acabe com ela por falar inverdades e por tentar me
provocar falando dela e de Alexander.
— Pare! Pare! Pare! — Continua a implorar. — Já não está mais
aqui quem falou, eu juro! — Então paro, resfolegando.
Ficamos as duas tentando voltar ao normal, e é tão engraçado que
acabamos explodindo em gargalhadas de novo, nossas costas voltando a ir
de encontro ao colchão.
— Sabe, brincadeiras à parte, eu estou me sentindo nas nuvens. Seu
álbum está para chegar e você vai se apresentar no VMAs esse ano. Minha
amiga é mesmo um fenômeno. — Dakota gira o corpo, fica com os
cotovelos fincados na cama e começa a tirar as mechas do meu cabelo do
meu rosto. — Sabe o que essa novidade incrível nos mostra? — Faço que
não, porque não sei mesmo. — Que merecemos uma comemoração.
Puta merda, já sei o que essa sua cara significa.
— Não, não, não. Eu não vou a uma festa disfarçada de novo. —
Estou traumatizada, quase completo, porém deixo só para mim.
— E quem está falando de disfarce agora, Michaela? Você não se
meteu em confusão nenhuma da última vez, e, pelo que me lembro, estava
tão escuro e tão movimentado que ninguém ligou para quem estava lá ou
deixou de estar. Aposto que famosos entram e saem daquele lugar o tempo
todo e nada acontece. E não foi você que falou que o Call Emergency é do
melhor amigo de Alexander, o pai de Iris? Então, muito melhor. Caso algo
aconteça, ele nos ajuda. E se for uma coisa muito maior, Alexander dá um
jeito também.
“Você não se meteu em confusão nenhuma da última vez.”
Meu Deus, imagina se ela soubesse.
Entretanto, Dakota tem um ponto. O local é mesmo bem
frequentado, quase não dá para ver os rostos dos que estão ali presentes. E
eu também não vou fazer nada, não vou querer ficar com ninguém, e dessa
vez de verdade. Eu só iria para dançar, para comemorar e me divertir.
Ainda estou com a sorte do ambiente ser de alguém conhecido.
Quer dizer, por mais que eu não conheça o pai de Iris, Alexander
conhece, e é meio como se eu estivesse em casa.
Vou me comportar, nada poderia dar errado, não é?
Suspiro.
— Só se você prometer que também vai se comportar e vai ficar de
olho em mim para eu seguir com a minha reputação. Meu álbum está vindo,
não posso fazer besteira. Alexander me mataria.
Ela aperta a minha mão.
— Relaxe, eu cuido de você e você cuida de mim. Não faremos nada
além do considerado normal e aceitável.
— Promete? — Ergo o meu mindinho no ar.
— Prometo. — E Dakota engancha o dela no meu.
Ergo os lábios num sorriso.
— Hoje à noite?
— Definitivamente, hoje à noite.
“Ele disse: Estou só curioso, isso é de verdade ou só uma encenação?
Não dá para saber se você me ama ou me odeia, nunca conheci alguém assim
Me deixa tão-tão-tão louco, você sabia que causa esse efeito?
Eu disse: Me deixa verificar, sim
Eu também iria me querer
Querido, por favor, acredite em mim
Eu vou fazer você passar pelo inferno
Só para me conhecer, sim, sim
Tão seguro de si
Querido, não seja ganancioso
Essa merda não vai acabar bem
Não, isso não vai acabar bem”
GREEDY — TATE MCRAE
Ok, essa é a coisa mais brega que existe, mas, porra, eu não consigo
me controlar.
Eu: Sua.
Capitão Gancho de Araque: Sempre soube disso.
Pronto, não bastando o que fez nas últimas semanas, agora chegou a
parte do Instagram.
Visualizo a sua mensagem e já corro para o aplicativo, porque é
óbvio que a minha curiosidade fala mais alto.
E aqui está, ganhei um novo seguidor, que acabou curtindo todas as
minhas fotos no feed.
@alexanderussell35
Cubro a mão na boca.
Meu Deus, ele fez mesmo o Instagram, e é tão da década passada
que ainda colocou a sua idade no user. É brega e ao mesmo tempo muito
fofo.
Ainda mais curiosa, clico em seu perfil.
Começo a rir na mesma hora.
Não, não pode ser possível.
A foto de perfil dele é uma montagem, metade eu e metade ele. Na
sua bio está especificando que é o meu empresário e o meu maior fã.
E tem fotos.
Ou melhor, dois vídeos. Um deles dançando na escola de Iris, aquele
que enviou para mim, e um que é novo. Aperto nesse na mesma hora em
que o vejo e, antes de aumentar o volume, vejo que está possivelmente de
frente para o celular, em uma parede branca, gravando o vídeo sozinho.
Alexander entra bem no enquadro da câmera, olha fixamente para
ela e começa a falar:
— Oi! — Acena e eu sorrio com a sua falta de jeito. — Para quem
não me conhece, sou Alexander Russell, trabalho como empresário. Por
causa da minha vida sempre corrida, nunca gostei muito de parar para olhar
as redes sociais, mas sei que vocês, da geração de hoje, prezam muito por
ela e resolvi criar essa conta para uma pessoa especial. O nome dela é
Michaela McKenna. Aposto que muitos de vocês conhecem. Ela é uma das
minhas estrelas, e muitos podem não acreditar, mas tivemos nossos
caminhos cruzados bem antes de trabalharmos um para o outro. Foi uma
coisa de destino. Foi a maior química de todas, sem nem percebermos, nos
apaixonamos e mesmo que parecesse muito errado, para nós, sempre foi
muito certo. Sei que quando aquelas fotos saíram, dei a entender que não
estávamos juntos. Fui um covarde. Fiquei com medo da opinião pública e
agi como um bobo, porque também tinha medo de atingir meu trabalho. E
hoje, apesar de estar fazendo esse vídeo, não estou aqui para me explicar
para ninguém, e me desculpe se estou soando grosso, mas é a verdade.
Dou uma pausa no vídeo porque meus olhos ficam marejados
demais, não me possibilitando enxergar seu rosto com facilidade. Passo o
dorso de uma das mãos nos dois olhos e, quando percebo que melhorou,
coloco o vídeo para continuar.
—... Eu estou fazendo esse vídeo só para assumir publicamente que,
sim, me apaixonei por Michaela e não tenho mais medo de admitir. Ela é
tudo o que eu quero e tudo o que eu preciso. Se vocês não me apoiarem,
tudo bem, respeito, mas se me apoiarem, por favor, comentem aí embaixo
corações roxos, para que ela possa ver. Porque você é meu coração roxo,
Michaela. — Seu olhar para a câmera é totalmente voltado para mim, eu
sei. — Você me faz viver. Eu estou louco para poder continuar a vida com
você. Que esse vídeo te toque assim como você foi capaz de me tocar.
Beijos, é isso.
E desliga.
Fico paralisada, em choque.
Não acredito que realmente foi capaz de fazer isso, que foi capaz de
assumir assim, publicamente, se tornando vulnerável para a mídia e para as
pessoas, não se importando nem um pouco com o que os outros vão pensar.
Mais lágrimas caem dos meus olhos, e quando atualizo seu
Instagram de novo, começo a perceber que seus seguidores aumentam e
explodem a cada segundo. No vídeo, é uma loucura, já passa de 500 mil
visualizações, e isso em apenas uma hora.
Abro os comentários de novo e vejo uma enxurrada de corações
roxos.
De pessoas desconhecidas, amigos, fã clubes, equipe, todo mundo.
Estão todos o apoiando.
E a verdade é só uma: desde que se declarou em sua casa, desde que
começou com essa operação de me fazer perdoá-lo, eu já sabia que
conseguiria o meu sim, mas esperei para ver. Esperei para poder observar
de perto o que escolheria fazer e como seria o seu empenho.
Confesso, nada do que pensei em minha mente chegou nem perto
disso. Alexander se superou. Ele não mostrou só a mim, ele mostrou ao
mundo, deu a cara a tapa e disse que está completamente apaixonado por
mim, como sempre quis ouvir.
Quando me deixou sozinha em frente aos paparazzis, doeu,
principalmente ter que cantar na TV com um sorriso no rosto, mas os meus
pais têm razão, todo ser humano merece uma segunda chance, e diante de
tanto acerto, eu não posso crucificá-lo por um único erro, não quando eu
errei também, lá na história de Sabrina.
Nós nos apaixonamos, somos o que somos e eu não posso mudar a
nossa história.
Pouco tempo depois, recebo mensagens de Dakota e Eric no celular,
porque acabaram de me enviar o vídeo.
Basicamente, os dois dizem a mesma coisa: Meu Deus, você viu
isso? Ele realmente está empenhado, amiga, não consigo sentir raiva por
muito tempo, por favor, dá uma chance para vocês fazerem o certo e serem
felizes.
Meus pais apoiam, meus melhores amigos apoiam, meu coração
apoia, por que prolongar mais o sofrimento?
Eu o quero.
Eu o amo.
Alexander Russell é tudo o que preciso e não posso deixá-lo escapar,
não quando sei que é capaz de mover céus e terras por mim.
Mais uma mensagem sua aparece e faz meu coração acelerar.
Capitão Gancho de Araque: Me encontra na Call Emergency, por favor?
Sorrio, já sabendo.
Nosso lugar.
O primeiro momento em que nos apaixonamos.
Eu: Estou indo, chefinho. Me surpreenda.
ANOS DEPOIS
FIM
Uhuuuul, se você chegou até aqui, caro leitor, MUUUITO obrigada
por essa jornada incrível com a popstar e seu empresário.
Antes de você se despedir deles, preciso fazer meus agradecimentos
completos para as pessoas mais especiais da minha vida.
Primeiramente, vou começar agradecendo a Deus, por ter me dado a
honra de poder ser escritora. Até hoje, não acredito que tenho essa bênção,
que posso tocar tantos corações com a minha arte. É incrível poder viver
daquilo que sempre sonhou, daquilo que tanto ama e se orgulha. Cada livro
finalizado, é como uma grande conquista para mim. Esse aqui não foi
diferente. Michaela e Alexander ganharam meu coração logo de cara,
quando apareceu para mim no momento que mais precisava deles, depois
de escrever duas histórias extremamente difíceis. Esses dois, para mim,
foram leve, foram meu conforto, minha dose diária de alegria e altas
risadas. Eu amei cada segundo que passamos juntos.
Gostaria de agradecer também ao meu pai, que, de onde está, sempre
me ajuda e nunca me deixa desistir. Ele era o meu maior apoiador, e se hoje
estou aqui podendo contar mais uma história para vocês, foi por causa dele,
que, desde quando eu era pequena, fazia questão de introduzir a leitura na
minha vida. Sou extremamente grata a ele por isso e por todos os
ensinamentos que me deixou. Eu o amo mais que o infinito.
Minha mãe, a melhor de todas, obrigada por ser o meu maior ponto
de refúgio e por, junto comigo, ter feito essa história nascer. Se não fosse
você e o seu lado criativo, não sei nem se seria capaz de fazer isso tão bem.
Obrigada por me apoiar tanto. Te amo!
Minha família, meus irmãos, primos, tios, obrigada também por
serem os meus maiores fãs e por entenderem perfeitamente todo o esforço
que faço quando estou na reta final de um livro, sei que fico mandando
vocês fazerem silêncio o tempo inteiro, mas eu juro que vocês nem são tão
barulhentos assim. Brincadeiras à parte, vocês sabem que são os melhores,
certo?
E Vanessa Pavan, minha assessora, uma das melhores pessoas que
conheci nesse meio literário, obrigada por cuidar tão bem de mim e do meu
trabalho. Você é especial demais, faz parte da minha família e, mesmo que
eu diga isso sempre, vou repetir aqui: não consigo imaginar minha vida sem
você e sem o nosso CEO Boris. Obrigada por tudo.
Evelyn Fernandes, revisora, obrigada por todo carinho e preparo
com esse texto. Você, com certeza, foi primordial para que essa história
fosse finalizada. Não tenho palavras para mensurar minha gratidão por ter
te encontrado.
Iali, amiga, mais uma vez, esse livro é totalmente para você, pode ter
certeza disso. Espero que tenha se acabado de dar risada com a Michaela e
tenha se sentido totalmente num episódio maravilhoso de uma comédia
romântica. Você é o meu presente, alguém que vou levar para o resto da
vida, e se não fosse pelo seu apoio, carinho e força, eu não seria nadinha. Te
amo muitoooo.
Carol, você é para mim como a Dakota é para a Michaela. Acho que
nem preciso falar muito com uma declaração dessas, certo? Obrigada por
tudo, amiga. Por toda a nossa amizade que já dura bem mais de uma
década.
E, claro, obrigada a você, leitor, que acompanhou até aqui. Obrigada
a você que chegou de paraquedas, que me acompanha há muito tempo, que
sempre interage comigo nas redes sociais e que faz o meu trabalho ser
possível. O carinho que recebo todo dia de vocês me move e me faz querer
continuar criando mais e mais casais apaixonantes para vocês.
Parceiras de lançamento, muito obrigada por estarem comigo nessa e
em mais uma jornada inesquecível.
Obrigada pelo show, espero que tenham gostado.
Com amor, Luana Oliveira.