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Para Elly Magalhães. Há quedas que viram saltos. Ao seu lado consegui criar
asas e renasci para escrever Andrey e Anna.
SUMÁRIO
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Epílogo
Agradecimentos
ANDREY VASSILIEV
A morte é como uma sentença que todos temos que carregar. Em outros
termos, a cruz que Cristo carregou para que a humanidade tivesse uma
segunda chance. Eu não sou um homem bom, mas fui criado dentro da igreja,
por pais religiosos que não perdiam uma missa aos domingos, mas nem
mesmo ter conhecimento constante da palavra me fez desenvolver devoção
aos ensinamentos.
Angelina sempre foi uma garota doce, transparente e que via o lado bom
da vida, apesar de ser também dona de uma personalidade forte, daquelas que
batem o pé no chão quando querem alguma coisa, choram até que se realize o
seu desejo.
E teria sido assim nos últimos anos que vivemos juntos. Amantes e
amigos. Se não fosse pelo seu plano diabólico de engravidar, nada disso teria
acontecido. Hoje estaríamos juntos, vivendo como se cada dia fosse o último,
mas isso não é mais uma opção para ser cogitada. Angelina assinou a sua
sentença quando decidiu engravidar, indo contra o meu desejo de não querer
ser pai.
Não desejei.
Porra!
O seu funeral foi digníssimo da pessoa que ela era e, quando vi seu
caixão sumir pouco a pouco por baixo da terra, tive pleno conhecimento de
que nunca mais voltaria a ser o Andrey que um dia fora. Uma parte de mim
também foi enterrada com a Angelina, como se não houvesse mais um
mundo, não sem o seu sorriso doce e o seu perfume suave para aquecer a
tormenta que habita em meu coração obscuro.
Nunca tive conhecimento de quem eram seus pais biológicos, tudo que
sei é que a minha esposa foi acolhida em um abrigo para menores
abandonados e aprendeu muito cedo a sobreviver, era isso, caso não quisesse
passar fome. Por sorte, Angelina encontrou uma família, que a abrigou, deu-
lhe um sobrenome e a chance de estudar, bem como fazer uma faculdade. Em
um curto tempo, sua vida mudou e ela deixou de ser uma garota fragilizada
para se tornar uma mulher forte e determinada.
Eu não tenho muito contato com os parentes dela desde a sua morte,
pois nem mesmo se davam ao trabalho de saber da neta, como se não se
importassem com ela.
É isso.
Levanto-me, engulo em seco e ando em passos apressados sem me
importar com o que irão falar no outro dia, ou que vire uma notícia
fresquinha para os fofoqueiros de plantão que não tiram o olhar da minha
vida desde que me tornei um homem poderoso, em outras palavras, o
imperador dos diamantes, como me chamam e reconhecem em nosso país. Eu
pouco me importo, afinal não devo explicação alguma, já cumpri com a
obrigação de estar ali e ponto-final.
Caminho rápido até o meu carro, que está parado em frente à igreja, e
cumprimento com um aceno o motorista.
Não preciso estar ali para me lembrar dela, basta entrar no quarto que
dividíamos para as memórias voltarem em peso. Ainda mantenho o aroma de
lavanda de que ela tanto gostava, bem como compro suas flores preferidas e
coloco na cabeceira da cama, como se de alguma forma ela pudesse vê-las.
Só que não.
— Sim, e não. Quer dizer. — Balanço o cabelo para o lado. — Não sei.
— Mordo a ponta do lábio, apreensiva. — No entanto, é a única saída que
tenho por ora.
Franzo o cenho.
— Que é isso, garota, parece que a senhorita não tem medo de morrer,
não é? — cutuca com o dedo o meu ombro. — Falo sério. Eu trabalho no bar,
mas vez ou outra darei uma espiadinha para ver como você está. E outra. —
Ergue um dedo. — A boate é completamente segura quando o assunto é
assédio sexual de funcionários. O senhor Vassiliev não compactua com uma
coisa dessas.
— Faz mais de anos que trabalho aqui e nunca vi algo do tipo acontecer.
As garotas que por aqui vendem o corpo estão cem por cento seguras e
protegidas, afinal quem pisa os pés por aqui nada mais é que homem que
nada em dinheiro, pode acreditar.
Assim como anseio encontrar um dia minha irmã gêmea, cuja existência
descobri quando tinha pouco menos de quatro anos de idade, através de uma
das freiras da igreja.
Não sei muito sobre quem ela é, desconheço até mesmo o seu nome,
pois ainda éramos muito pequenas quando o destino nos separou. Enquanto
fui criada em um orfanato de freiras, a minha irmã seguiu para outro abrigo e
desde então não tive muitas informações sobre o seu paradeiro. A nossa
genitora nos teve e sumiu no mundo, mas antes desfrutou do prazer de nos
colocar dentro de um lixão abandonado.
Da pior forma…
Por um lado ainda agradeço por ter tido um lar para morar, uma cama
quentinha onde dormir, mas se pudesse voltar no tempo queria ter idade
suficiente para ter o direito de escolher ficar com a minha irmã, que foi
separada de mim.
Nada.
Sonho com esse dia e por isso junto todo o mês um valor, tanto para
ingressar na universidade como para encontrar um lugar onde morar, pois
está na hora de deixar de viver no quartinho pequeno que divido com Marya.
Ainda continuo como ajudante, mas, conforme o tempo passou, precisei
expandir e cuidar de outras atividades domésticas. Não é um trabalho fácil,
mas eu dou conta e sou grata.
Nem nos meus mais loucos sonhos imaginei que um ambiente assim
pudesse pagar tão bem para alguém se prestar a um trabalho como esse. Em
termos é obsceno e eu nem de longe sou assim, mas as regras do lugar
protegem as garotas, o que por um lado me faz respirar aliviada e, claro,
convenceu aceitar a proposta da minha melhor amiga.
— O que é uma pena, amiga. Aposto que os ricaços iriam pagar bilhões
pela sua virgindade — Adriele tenta me intimidar. — É sério. Você mataria
dois coelhos em uma tacada só. Iria perder o lacre e de quebra conseguir
dinheiro para a faculdade.
— E não iria ser feliz no fim das contas, afinal o dinheiro não compra
tudo.
— Pior que isso. — Ela pega na minha mão. — Vamos logo entrar. E só
para constar… É melhor que não o veja.
Elly tem mais de três babás, sendo duas enfermeiras e uma cuidadora
que fica em tempo integral, inclusive morando conosco na mansão. Não
posso parar a minha vida para trocar a sua fralda, acalmá-la ou colocá-la para
dormir, não quando tenho que dar conta do meu império e garantir que nada
falte a minha filha. Segurança e proteção. A garotinha terá tudo que sua mãe,
com vida, iria lhe proporcionar, além de amor em abundância, pois Angelina
a amou desde o primeiro teste que fez.
Amor este que a pequena nunca terá, ao menos não da minha parte.
Ela sempre comentava, por alto, sobre o sonho de ter uma bebê, mas
nunca contou o motivo por trás disso e algumas vezes me pegava curioso, em
busca de tentar entender o porquê. Angelina não era aberta sobre o seu
passado e eu a respeitava para não entrar em detalhes, pois também não
gostava nadinha do meu.
Com a morte do meu tio, não havia mais razão para continuar ali, e sim
para expandir o império pelo resto do continente. Eu, poucos anos depois,
legalizei formalmente os negócios e os fiz consequentemente crescer por todo
o mundo. O sobrenome Vassiliev era nos últimos anos referência na indústria
de joias digníssimas de diamantes, hotelarias, restaurantes e boates, todas
luxuosas.
Meu tio estaria orgulhoso se visse tudo que fiz para prosperar ainda mais
o que me havia dado em seu leito de morte. Eu o honrei com vida e continuei
após ela.
— Outra dose. — Bato o copo no balcão do bar da boate. — Não ouviu,
porra?
Abro os olhos e fecho duas vezes, sem acreditar no que vejo. Não pode
ser, ou é uma miragem muito idêntica a minha falecida esposa, a começar
pelos cabelos ondulados, o olhar intrigante e a altura. Eu tenho que vê-la de
perto para distinguir com exatidão a cor dos seus olhos, para ter certeza de
que não estou ficando louco. Apesar de que...
— Tem certeza?
Por Deus, a única coisa que passou pela minha cabeça quando fui tocada
pela sua mão áspera foi correr para bem longe, como se isso fosse possível,
dado que estou aqui a trabalho. O meu instinto de autodefesa entrou em ação
no minuto em que nossos olhares se encontraram e consigo visualizar a fúria
que há no desconhecido que parece ter visto em mim uma alma. Eu tenho que
me livrar do seu agarre feroz, ou não serei responsável pelo que acontecerá
nos minutos seguintes.
— Não… Não posso. — Tento me soltar do seu agarre, mas ele não
permite.
Faz menos de dois dias que estou trabalhando aqui e, pelo que parece,
foi o tempo necessário para ter o azar de encontrá-lo ou, pior, ser confundida
com alguma pessoa que ele aparentemente conhece muito bem. Só que eu sei
que isso pode ser fruto de uma ilusão, a menos que o desconhecido conheça a
minha irmã gêmea.
Não.
— Eu nunca a vi por aqui antes… Não pode ser uma ilusão da minha
cabeça. — Logo sinto a sua presença atrás de mim.
Seja lá o que ele tenha para conversar, será o gatilho perfeito para no dia
seguinte eu pedir as contas, não pôr os pés em sua boate e não ter o desprazer
de ser confundida com alguém. Não que isso me incomode, exceto pela
forma como fui abordada brutalmente por ele. O homem cujo nome
desconheço parece ser assustador a ponto de me fazer recuar feito um animal
acuado.
E se a pessoa com quem me pareço for um inimigo seu? Alguém que ele
odeia?
— Você tem até o sinal que ela tinha aqui… — Aproxima-se em passos
lentos, para em minha frente e estende a mão para tocar em meu rosto. —
Deus!
E se…
Era um pecado o que tinha feito e iria para o inferno assim que
morresse.
É claro que conseguir isso não iria agregar nada a minha vida, pois não
tinha a menor intenção de me envolver com a cópia da minha esposa, como
se fosse uma espécie de fantasia erótica, bem longe disso. Mas havia a minha
filha, que merecia conhecer a tia, caso fosse comprovado o parentesco.
Verdade.
— Angelina não tinha esse sinal perto do olho, veja. — Aponta com o
dedo para a imagem e olho imediatamente. — Anna tem os lábios menores, o
corpo com mais curvas, ao contrário da outra que sempre foi magrinha.
No dia em que a encontrei, tive plena certeza de que eram idênticas, mas
talvez o álcool no sangue e as luzes do lugar tenham me confundido, o que
agora percebo.
Angelina era dona do rosto mais acentuado, oval, enquanto a outra não.
Anna exibe uma beleza feminina que nunca vi antes e isso foi o que me
fez ficar ainda mais intrigado desde que a vi. Sua personalidade forte, o jeito
como agiu e como escapou facilmente dos meus braços.
— Você está certo. — Deixo a foto de lado e aperto o punho com força.
— Como fui cego… E acabei, no percurso, assustando a garota com minha
obsessão.
— Está na hora de virar a página, primo, e superar de uma vez por todas
a morte de Angelina — Viktor diz, certeiro. — Precisa passar dessa fase do
luto e viver o presente.
— Elly no mínimo terá uma tia, veja, que maravilha, não é mesmo? —
fala sarcástico. — Eu aprecio sua confiança em me contar esse segredo, mas
volto a bater na tecla de que — ele estala os dedos — você tem que superar,
primo.
— Quando foi a última vez que saiu para foder uma boceta?
Pode ser uma mulher pintada de ouro, ainda assim, não quero.
— Anton vai dar uma festinha particular — Viktor diz e logo entendo a
conotação por trás de suas palavras.
Essa é uma forma que o bastardo usa para ocultar o que acontece entre
as paredes da mansão do seu irmão mais velho, em outros termos, uma orgia.
— Estarei lá. — Passo a língua nos lábios. — Não perderei por nada.
— E acredito que vá usar sua filha como cobaia. Estou certo, primo?
— Assim espero.
— O que foi?
Essa é a ordem.
Marya, minha única amiga mais próxima, a quem eu vejo como irmã,
me ensinou que há um propósito por trás de tudo que passei, talvez seja
realmente verdade. Ter passado por tanto me fez desenvolver o desejo de
cursar medicina e atuar na pediatria, especialmente trabalhar em projetos
solidários que acolhem crianças abandonadas, que não tiveram a chance de
ter pai e mãe, assim como eu não tive.
— Amanhã irei receber alguns amigos do meu filho e quero que façam o
melhor jantar do mundo. E quando digo o melhor é o melhor mesmo,
entende, Anna? — enfatiza, deixando claro. — São pessoas importantes do
mercado e indústria, então eles merecem uma recepção à altura.
— Ah… Preciso que limpe o quarto do meu filho. Ele está chegando de
viagem e acredito que vá querer ficar hospedado por aqui em vez de no hotel
do pai.
Estranhei.
Franzo o cenho.
— Você não vai mesmo parar de olhar para mim? É um pouco tarde
para uma bebê da sua idade estar acordada, sabia? — digo sem tirar o olho da
garotinha, que está meio entretida, agarrada ao urso que ganhou da minha
mãe.
Este é o meu primeiro contato com a minha filha desde que Angelina
morreu, pois evito ao máximo me aproximar da garotinha, tanto por rejeitar a
ideia de ser pai, como por não me achar capaz de amá-la como um dia amei a
sua mãe.
O que eu faço?
— Pa.
Eu nunca tinha parado tanto tempo assim para admirá-la de perto, ver o
quanto é linda, a coisa mais linda do Universo, tão pequena, delicada, as
bochechas gordinhas e o olhar mais puro e inocente que já vi. É impossível
não sentir uma pontada de dor no coração ao me lembrar da minha esposa,
que lutou bravamente para tê-la, mas nem mesmo teve a chance que estou
tendo neste exato minuto.
Desgraça…
— Tenho que sair com os meus primos. Caso aconteça algo ou precise
de alguma coisa, é só me ligar. Estarei com o celular o tempo todo ligado.
Estamos entendidos?
Dou uma última olhada na minha filha, que não quer se calar, antes de
sair do seu quarto e seguir caminho para o meu. De repente, eu me sinto
sufocado, abalado com essa aproximação desconhecida e um tanto inesperada
da minha parte.
Há um longo caminho a ser percorrido, pois não irei me tornar o pai que
ela merece da noite para o dia, como água se transforma em vinho. Existe
todo um processo por trás, que levará um pouco mais de tempo, afinal passei
meses excluindo esse sentimento da minha vida e desprezando-o
miseravelmente.
Tudo seria mais fácil se…
O primeiro passo.
Há muita coisa dela ainda por aqui, mas na manhã seguinte serão
colocadas em uma casa que temos no sul da Rússia. Um dia, quando ela tiver
idade suficiente, irei levá-la para conhecer um pouco da sua mãe, que partiu
cedo demais.
ANNA RURIKOVA
É sem dúvidas uma mulher madura, mas com uma beleza adormecida.
Não sei muito sobre a vida dela, pois nunca paramos para falar sobre, nem
mesmo me sinto no direito de invadir a sua privacidade com perguntas
pessoais, assim como ela também não faz o mesmo comigo. Só que eu
sempre fui uma garota muito falante, mesmo que nunca para contar do meu
passado melodramático.
A ordem da vida.
— Pode parar com esse seu humor ácido, por favor. — Ergo um dedo e
solto um grunhido baixo. — A princípio… Não fiz nada além de passar um
batom e algo nos olhos para disfarçar as olheiras. Por que não tenta fazer o
mesmo? — sugiro.
— Sabe muito bem que não gosto disso. — Revira os olhos, indo se
sentar em sua cama. — Seja lá o que tiver para fazer ainda, termine, pois já
vamos descer.
O nosso dia foi intenso, apesar de a dona da mansão ter contratado mais
funcionários com o intuito de nos ajudar a preparar um jantar formal para
seus convidados. Montamos um cardápio e tanto, com direito aos melhores
pratos e sobremesas. O coquetel ficará a cargo de uma equipe que foi
escolhida pela senhora Petrova.
Ainda bem que consegui escapar da boate por uma noite em prol desse
evento.
— Não vejo o porquê de ficar tão animada se você vai passar as últimas
horas trabalhando. Deveria no mínimo estar triste — diz com desdém.
— Não. E só para constar… nunca irei fazer isso. — Ela gesticula com o
dedo.
Ah, não….
— Preciso que vá receber uma caixa com uns docinhos que ainda não
vieram…
— Tá. Eu posso fazer isso. — Dou de ombros e vou logo lavar as mãos.
— Será que aconteceu alguma coisa para não terem trazido ainda?
Aquela voz…
— Minha nossa! Não pode ser… Não pode ser. — Fecho os olhos, na
esperança de ser uma peça pregada pela minha imaginação fértil.
— Sei que está tentando fugir, Anna, mas quero que saiba que nunca
mais irei tocá-la daquela forma ou usar o tom que usei para abordá-la na
boate.
Não sei o que falar depois de ser acertada pelas suas palavras.
— Hã… Boa noite, senhor Andrey — é tudo que sai pelos meus lábios.
Sou salva pela buzina do carro, o que me faz sair correndo logo em
seguida.
ANDREY VASSILIEV
Não posso ficar respirando o mesmo ar que Anna, pois isso representa
perigo iminente e não só pelos traços físicos que lembram a mãe da minha
filha, pois a esta altura do campeonato tenho pleno conhecimento da
diferença entre as duas garotas, desde a cor dos cabelos até os olhos, ambos
de tonalidades diferentes. Na noite em que a encontrei não consegui ver esses
detalhes, mas, depois de ver umas três fotos, eles se tornaram óbvios e
visíveis.
A começar pelo sinal que Angelina não tinha na região do olho e Anna
sim, além da cor deles que não é igual, enquanto uma tinha o tom mais claro
e a outra, não. O que ainda as liga talvez seja compleição física, mas isso é
algo comum entre as pessoas, afinal existem muitas outras com
características assim.
Eu passei muito tempo dividindo uma vida com a mãe da minha filha
para comprovar, com as duas vezes que encontrei a misteriosa da boate, que
não podem ser cópias cem por cento perfeitas, não tanto quanto julguei que
fossem a princípio.
Nunca.
Jamais.
O exame que mandei realizar para sanar as minhas dúvidas ainda não foi
feito, mas foi planejado para que nada saia errado ou tenha falhas. Eu ainda
tenho uma decisão sobre o que farei quando sair o resultado, pois trazer a
possível irmã da minha falecida esposa para dentro de casa não é uma opção.
No entanto, não posso tirar o direito da Elly de conhecer a tia, caso seja
comprovado o parentesco.
— Não. Só vim atender ao telefone, babaca — minto para não dar mais
justificativas.
Em nossa língua comercial, o imperador vem dar o título àquele que tem
poder e um negócio próspero pelo continente. Assim como eu sou dos
diamantes.
— Aquela desgraçada tinha o dedo podre para resolver assuntos que não
lhe cabiam. — Anton dá um sorriso de lado. — Sinto saudades dela e de seus
puxões de orelha. — Prometo que vou visitar a pequena Elly e levar Yelena.
Fico surpreso por vê-lo falar assim de alguém que foi tão importante em
sua vida.
— Pelo visto perdi alguma coisa pelo caminho. Quer me contar o que
houve, bastardo? — Ajeito-me no banco e direciono o olhar para ele.
DIAS DEPOIS
Não gosto de comemorar esta data, pois não há motivos plausíveis para
isso, não até que tenha a sorte de encontrar a minha gêmea. Uma parte de
mim acredita que ela está em algum lugar da Rússia, enquanto a outra se nega
a crer nessa teoria que não passa de uma simples suposição paralela.
Tento não chorar, pois tenho um trabalho para executar nas próximas
horas, clientes para receber com um sorriso simpático, de orelha a orelha,
mesmo que por dentro a única coisa que queira fazer seja chorar até o
cansaço me devastar por inteira.
É sempre assim.
Cada aniversário traz consigo a lembrança dolorosa de ter sido
abandonada, órfã e criada por terceiros que só exerceram um papel em minha
vida por obrigação.
Eu tento ver a vida por outro ângulo, mas a verdade é que não dá para
ser forte o tempo todo. Em algum momento, temos que baixar a guarda, tirar
o Band-Aid da ferida e deixar que machuque por algumas horas, até que não
doa nunca mais.
— O quê? Vai me ignorar mesmo? Então vou ter que cantar mais alto.
— Sabe muito bem que não gosto de comemorar aniversário, Dri. —
Reviro os olhos, finalizo o meu trabalho.
O turno começa lá pelas dez e meia da noite e não tem horário fixo para
acabar. Nos primeiros dias foi uma luta para me acostumar a essa rotina
conturbada, pois mal conseguia dormir bem quando chegava em casa, e logo
vinha o clarão do dia, quando eu tinha que levantar para começar na cozinha
com a Marya.
É verdade.
Adriele pode ir para onde quiser com sua turma de desocupados, mas
antes cumpre com sua promessa de me deixar em casa, o que me faz lhe
agradecer.
Não está sendo fácil trabalhar em dois empregos, um pelo dia e outro à
noite, mas desistir não é uma opção. Ao menos não tenho mais cruzado com
o misterioso que me abordou na boate e que tive o desprazer de encontrar na
mansão da família Petrov, é um dos motivos pelos quais ainda continuo nesse
serviço.
Outra verdade.
Não há muitos motivos para comemorar e essa foi a razão pela qual
deixei passar batida a data e fingir que não precisava ser festejada. Só que,
mesmo morando tão afastado dos meus pais, os dois sabem de quase tudo que
acontece na vida da neta e na minha para completar o pacote. E foi assim que
ambos vieram de mala pronta para passar alguns dias hospedados na minha
casa e fazer uma festa.
— O que é uma pena, mamãe. — Solto uma lufada de ar. — O que quer
falar?
— Ah, estava dando uma volta pela casa e percebi que tirou as fotos e
tudo relacionado àquela mulher. — Gesticula com os dedos, com desdém.
Desde o tempo em que fui morar com meu tio, perdi o costume de
chamá-la por “mãe’’, bem como tratava o meu pai pelo seu primeiro nome
também.
Angelina nunca se deu bem com a minha mãe, e vice-versa. As duas não
se davam bem e sempre que estavam juntas acabavam discutindo à toa, por
alguma bobagem.
Alfineto-a, sem contar a ironia, pois foi graças a sua ideia que fiz,
poucos dias atrás, uma missa em memória a Angelina, mesmo sabendo que lá
no fundo não passou de um teatro da sua parte para se exibir perante a
maldita sociedade.
— Com toda certeza, sim. No entanto, já rezei para que a alma dela seja
salva. — Observo-a fazer o sinal da cruz. — Eu só queria dizer que o
ambiente agora parece mais leve e consigo facilmente respirar sem pensar
naquela mulherzinha…
— Não vou tolerar que continue falando assim da mãe da minha filha, a
quem esta casa pertence. Ao menos respeite a alma dela, por favor — digo
sério.
— Tudo bem, filho. Me perdoe por isso, é que é inadmissível que você
ainda não tenha se dado conta da verdade. — Cruza as mãos, soltando um
suspiro. — Ela não estava ao seu lado por amor, e sim por interesse, meu
querido.
— Eu espero que se arrependa por não ouvir uma única vez sequer a sua
mãe, filho.
Não tenho motivos para desconfiar da mulher que amei por anos, mas a
minha genitora, assim como o meu pai algumas vezes, quer a todo custo me
fazer acreditar que Angelina era uma farsa, que nunca me amou de verdade.
“Onde? E quando?”
É tudo que envio antes de guardar o celular e trazer as mãos ao rosto.
ANNA RURIKOVA
Dias atrás, Pavel surgiu na cozinha e, como quem não quer nada,
depositou alguns convites na mesa deixando claro que queria a nossa
presença em seu evento. Tanto eu quanto Marya não falamos uma palavra,
mas bastou que o bonitão saísse para que fôssemos olhar de perto de que se
tratava o papel, o que nos surpreendeu totalmente.
Eu nunca imaginei que o ricaço iria nos convidar para um evento aonde
provavelmente só iriam pessoas de sua classe social, mas Pavel parecia ter
outras intenções ao nos convidar pessoalmente, ou só queria forçar uma
amizade enquanto passava uma temporada em sua terra natal. De toda forma,
não contei para ele, mas com certeza eu marcaria presença com as únicas
amigas que tinha.
Foi assim que mandei uma foto do papel luxuoso no WhatsApp para
Adriele, que logo tratou, por si só, de nos levar para escolher roupas
elegantes e dar um jeito no trabalho na boate para que fôssemos juntas, além
de carregar a Marya junto. Esta última foi mais difícil de convencer a ir ao tal
evento, pois em termos ela é uma mulher muito conservadora e que não sai
da rotina por nada neste mundo.
Ainda não criamos coragem para entrar no evento, mas a minha amiga
de pouco juízo decidiu tomar a iniciativa, o que por fim nos faz acompanhá-
la também. Na porta há alguns seguranças, que fazem a leitura com um
aparelho na pulseira que cada uma usa, liberando assim uma por uma para
entrar na festa.
— Por favor… Não podemos nos perder uma da outra. — Marya para
ao meu lado.
Aproveito que um garçom passa servindo uma bebida e pego logo duas
taças.
— O meu medo é que essa diversão não termine nada bem, Anna.
— Não vou chorar por você… Eu vou dançar, dançar… — canto alto.
— Tenho medo do fogo — é a única coisa que digo. — Mas quero pecar
com você.
ANDREY VASSILIEV
Sei que no dia seguinte irei culpar o álcool, mas não posso negar o
quanto estou enfeitiçado pela desconhecida em que não paro de babar desde o
primeiro segundo em que a vi dançar. Ela se destaca no meio de tantas outras
pessoas mascaradas.
Parece única.
Especial.
Envolvente.
É como a porra de um ímã.
Bebidas.
Bocetas.
Eu só não contava com que me veria tão atraído pela primeira mulher
que encontrei na festa, perdida no meio de tantas pessoas, rebolando o corpo.
A bunda moldada pelo vestido marca cada pequeno detalhe da sua silhueta,
como se fosse a porra de uma sereia pronta para mim, ao meu dispor.
E não há saída.
É minha.
Melhor assim.
Sei que há uma sala do pecado e que foi reservada para casais irem
aproveitar com mais privacidade, além de que não há chance de vazar fotos.
Essa é uma das regras do evento, nada de celulares ou coisas do tipo.
— Pretendo fazê-la gemer, sereia, mas com certeza será o meu nome —
digo sério.
— Deixa que apreciem o show, sereia. Aqui nesta sala estamos livres do
pudor e de regras, tudo acontece em tempo real sem levar em consideração o
julgamento dos outros. Olhe para mim — peço rouco, fazendo-a me encarar
nos olhos.
Ainda não tive esse contato com a desconhecida e por uma fração de
segundos tenho um vislumbre familiar, a impressão de já ter visto esse olhar
em algum lugar, mas movido pela excitação ignoro esse pensamento que
passou rápido pela minha cabeça.
— Só… Vá devagar.
Porra!
Desgraçada!
No entanto, não posso deixá-la partir sem antes fazê-la gozar nos meus
dedos.
Não dou tempo para que responda, seguro logo seu rosto, com força, e
tomo sua boca, capturando seus lábios delicados, macios demais, esfomeado
e querendo sentir um pouco do seu sabor doce e intrigante tanto quanto a
própria seria.
Desço a mão livre, acariciando o seu corpo ainda que minúsculo, tão
perfeito. Aproveito para apalpar os seios durinhos por cima do vestido e parto
em direção ao paraíso que me espera por baixo de suas pernas. A
movimentação das pessoas por aqui, as trocas sexuais, deixa o ambiente
ainda mais atraente.
Quente.
Sujo.
Dou uma batidinha no clitóris, antes de sondar sua entrada com cuidado
e penetrar um dedo, sentindo de imediato a resistência, o aperto delicioso no
caminho.
Afinal, posso estar sob efeito de álcool, mas reconheceria até morto esse
sinal.
Anna.
ANNA RURIKOVA
Que noite!
Eu ainda não consigo acreditar que por um momento andei perto de
perder a virgindade com um desconhecido e o pior é que iria acabar me
entregando sem me preocupar que, no outro dia, não o veria nunca mais.
Tudo isso se deu por conta da bebida, eu bebi além do ponto e no caminho o
meu juízo desapareceu, o que me tornou uma imprudente.
Eu posso ser uma garota pura, na flor da idade, mas não estou morta e
tenho desejos obscenos como qualquer outra mulher. Só ainda não me
entreguei a ninguém sexualmente porque nunca namorei a sério com nenhum
homem ou rapaz da minha idade. O meu trabalho não me dá tempo para ter
uma vida social de qualidade e espaço para encaixar algum outro
compromisso amoroso.
Eu caí para o sofá, meio aérea, perdida, e nada disse além de concordar
com a cabeça, observando o misterioso sumir do meu campo de visão em
segundos.
Rejeitada. Foi como me senti ao ser deixada naquela sala privada para
sexo.
Eu fiquei lá, travada, por alguns minutos até que outro homem de
máscara veio se sentar ao meu lado. Ele tentou puxar gentilmente conversa e,
como não tinha mais nada para fazer, acabei lhe dando espaço, deixando-me
levar pelo calor do momento. Foi questão de segundos para que acabasse me
beijando, levando-me para seu colo e enfim saciei o meu desejo de ter um
orgasmo proporcionado por ele.
Não havia calcinha que suportasse tanta pressão, quer dizer, deixei por
lá para ele.
Eu não iria ficar em paz até descobrir se a minha intuição estava certa…
— Não? Então você ficou lá a noite toda rodando para lá e para cá? —
Termino de me servir e vou me sentar, puxo logo uma cadeira da mesa. —
Marya?
— Sim. Era uma festa de máscaras e isso diz muito sobre liberdade,
sabe? A maioria das pessoas que estavam ali queriam se divertir sem se
preocuparem com o amanhã.
— Não fiz nada que você e aquela outra maluca não fariam —
finalmente confessa.
Ela desliga o fogo, seca as mãos e vem se sentar ao meu lado à mesa.
— Eu fiz sexo com Pavel, satisfeita? — diz sem rodeios.
— Quer também que eu ensine como isso acontece, Anna? Oras, sexo é
sexo.
O filho da nossa chefe é alguns anos mais novo que a minha amiga, mas
esse não é um fator relevante para se colocar em questão, pois ambos são
adultos, vacinados, responsáveis e totalmente livres para ter qualquer tipo de
relação. A surpresa é constatar o que sempre desconfiei, Marya nutre uma
paixão por Pavel.
— Que bobinha. Você é muito linda, amiga, só precisa tirar essa venda
dos olhos e passar a ver a beleza que existe aí, tão rara quanto sua
personalidade única.
— Não me diga que é a que você não tira por nada neste mundo?
— Sim. Estou rezando para todos os santos para que ele não a encontre
ou…
— Bom dia, Anna. Marya? Acho que você esqueceu isso ontem…
Preciso morder o lábio com força para não rir da cara da minha amiga.
ANDREY VASSILIEV
— Ainda acho que essa não é a melhor saída para resolver o seu
problema, imperador. A verdade, por mais que tente escondê-la… — Ele faz
uma pausa. — Sempre vem à tona. E espero que saiba tomar uma decisão
quanto a isso.
O meu primo, que também estava na festa, ainda não sabe que, por uma
pegadinha do destino, acabei com Anna em meu colo e por um fio quase não
a fodi. Por muito pouco. Afinal, se ela não tivesse confirmado que ainda era
virgem, eu provavelmente teria perdido o controle ao possuí-la no meio
daquelas pessoas.
— A minha filha não precisa desse dinheiro, pois tem e terá sempre a
mim — digo.
É verdade.
— Sim, apesar de que tenho que tomar uma decisão sobre o exame.
— Tenho uma solução imediata para isso. Vamos hoje à boate… Quero
ver com os meus próprios olhos se são realmente idênticas.
Realmente.
Alguns dias se passaram desde a noite imprudente que tive com minhas
duas amigas, pois, como se não bastasse o que aconteceu comigo e a Marya,
Adriele também teve sua cota de loucura ao passar a noite com dois homens,
que por sinal eram irmãos. Eu fiquei com a boca no chão quando tive
conhecimento desse ocorrido, pois nunca havia passado pela cabeça que algo
assim iria acontecer com ela.
Eu imaginava que tinha sido, pois tudo que ouvi pelos seus lábios só me
fez imaginar a cena na minha cabeça fértil, que idealizou cada momento
sexual ocorrido no quarto em que ficaram. No final das contas, acabamos
rindo, pois, apesar de termos nos separado no evento, as três viveram
experiências únicas.
Tentei algumas vezes puxar assunto sobre o ocorrido, mas minha amiga
se esquivou e tentou levar tudo na naturalidade, ignorando, como se nada
tivesse acontecido, quando eu sabia que lá no fundo estava visivelmente
abalada com o que acontecera, além do que nas próximas semanas Pavel
voltava para sua vida longe da Rússia.
Uma relação entre eles não pode passar do sexo, pois vivem em mundos
diferentes, dentre outras coisas que entram em questão. Eu não o conheço tão
bem quanto a minha amiga, que trabalha na mansão há mais tempo, conhece,
mas ele é um homem visivelmente comprometido, responsável e só o fato de
nos tratar sem preconceito pela classe social já diz muito sobre o seu caráter.
Todos naquela casa são assim, começando pela nossa patroa, e seu
comportamento respeitoso segue para os filhos, pois nunca passei por algo
constrangedor dentro daquelas paredes, assim como a minha amiga Marya
também não.
— No dia em que tiver dois paus enfiados dentro de você vai saber o
que é dor.
— No momento, sim, mas a dor veio com força no dia seguinte e isso
não recomendo a ninguém. Foi como se tivesse sido atropelada por dois
carros.
— O negócio então foi bom. — Dou um risinho. — Valeu a pena no
final das contas.
— Quando um não quer tem outro por aí que quer — digo. — E foi
muito bom.
— Não me diga que também não ficou sabendo o nome dos bonitões?
Ele.
Fazia muito tempo que não o via por ali, apesar de que essa noite estava
acompanhado de outro homem alto e que conseguia ser tão belo quanto ele.
Arregalo os olhos.
— Ela consegue ser ainda mais bonita que a irmã — Viktor alfineta.
— Então quer dizer que acha a irmã dela possivelmente bonita? — tenta
me provocar.
Coloco o copo vazio na mesa e me sirvo com mais uma dose de uísque.
— A única coisa que quero, pelo visto, está fora do meu alcance. — Dá
de ombros, rindo. — Ou será que tenho o passe livre para investir em sua
cunhada, primo?
— Mantenha o seu pau bem longe dela, ouviu bem? Eu tenho assuntos
para resolver com essa desgraçada e você não pode entrar nessa equação —
decreto.
Anna está por aí, cumprindo com o seu papel na boate, passa algumas
vezes, sorrateira, pela nossa mesa e outras nos serve, sem demonstrar medo
ou qualquer outro receio por nos ter nesta noite como clientes. Imagino que a
garota não saiba que o homem por trás daquela máscara era eu, pois fui
habilidoso e tive todo cuidado do mundo, ao contrário dela, que por um
vacilo entregou um detalhe que não poderia passar despercebido pelos meus
olhos.
Uma manchinha preta, ainda mais visível do que a que Angelina tinha
mais apagada, um pontinho de nada. Esse foi outro ponto entre as duas que
notei.
Quando a abordei na festa não tinha visto isso, pois o contraste das luzes
vermelhas, ofuscadas demais tornava impossível ver com perfeição detalhes,
além da máscara que era o principal acessório para ocultar qualquer
identidade.
Não posso.
Não posso.
Mas por que ainda assim me vejo tão atraído a ponto de querer infringir
as regras?
— Sim, sou eu. — Dou um passo em sua direção. — Sou tão assustador
assim?
Recue…
Não vá em frente…
— Não sem antes me dar o que é meu, sereia. — Direciono o olhar para
seus lábios. — O seu orgasmo que ficou pendente e me privou de prová-lo
naquela noite.
— Sim, sereia. Não tente me impedir, pois só irei sair daqui depois de
sentir o seu prazer e matar a minha fome da boceta que me deixou com as
bolas roxas.
ANNA RURIKOVA
Corra!
O alerta não para de soar na minha cabeça, mas como um maldito ímã
me vejo atraída para pecar com meu chefe, a palpitação presente em cada
respirada funda. Então o homem com que eu quase perdi o controle na sala
dos pecados era ele. Andrey. O mesmo que semanas atrás me confundiu com
outra mulher, mas que nesta altura do campeonato parece ter se dado conta de
que foi um erro, uma confusão.
Recue.
Nunca me ocorreu que o desconhecido da noite tivesse sido ele, pois não
consegui encontrar nada que os ligasse, talvez culpa da bebida ou da máscara
que ele usava. A verdade está bem aqui, sendo jogada na minha cara,
revelada da pior forma.
Olho para os lados, mordo o lábio sem saber qual resposta dar.
Eu não tenho muito a perder nem a ganhar, então decido ser imprudente
de novo.
Olho para ele, visualizando desejo em seu olhar, e dou um passo para a
frente, aceitando assinar a minha própria sentença ao ir direto para o inferno
com o Diabo.
Sou puxada em um tranco firme e conduzida pelo meu chefe até onde
seu carro está parado. A vergonha me consome, o rubro provavelmente está
visível no meu rosto. Por muito pouco não solto seu enlace e saio correndo
feito um animalzinho ferido, mas o desejo de sentir mais uma vez o seu beijo,
ser tocada, fala mais alto.
Algo nos liga, como se seu olhar me atraísse, sua voz me seduzisse e eu
estivesse sempre a um passo de cair de um precipício, uma vez que ele estará
lá para me segurar firme, me tomar e saciar o desejo que parece só se
multiplicar.
Gradativamente.
É o meu fim.
— Molha o meu dedo, sereia. Vem para mim… Liberte o seu prazer,
porra!
E aqui tenho plena certeza de que não irei mais conseguir escapar da sua
fúria.
O quarto da pequena Elly é sem dúvidas a coisa mais linda que já vi,
sendo a parte doce da casa, pois foi montada pela sua mãe nos mínimos
detalhes, com uma decoração toda voltada para as princesas da Disney. A
minha filha com certeza é uma dessas crianças que nasceram em berço de
ouro.
Elly é uma bebê de um ano e ainda não tem muitos cabelos na cabeça,
então as babás que ficam na parte de cuidado sempre colocam adereços para
compor seus looks. Eu não tenho muito o que reclamar delas, pois exercem
bem o seu papel na vida da menina e sempre a encontro bem alimentada,
vestida e segura.
As mulheres que contratei para me auxiliar nos cuidados com uma bebê
pequena têm o meu voto de confiança por cumprir com excelência todas as
tarefas, uma vez que eu estava sempre trabalhando e me recusava muitas
vezes a cumprir com o meu papel de pai na vida da menina, o que fez de mim
um mero ausente.
Não dá para mudar da noite para o dia, e isso é fato real, mas estou
tentando vencer o medo de segurá-la, me aproximar, interagir com
frequência. Aos poucos engulo a porra do meu orgulho, o que me fez rejeitá-
la na barriga da mãe mesmo que Angelina nunca tivesse ouvido uma palavra
sequer de desprezo saindo pela minha boca.
Isso nunca.
Eu não soltei a sua mão, nem mesmo a deixei sozinha quando ia fazer
exames de rotina, compras para a nossa bebê, entre outras coisas, estava
sempre lá por ela.
— Pode não — tento explicar. — Vamos só abrir para olhar, tá? Ok?
— A sua mãe era muito talentosa, sabia? O sonho dela era lançar uma
coleção de joias com peças mais preciosas. — Sorrio de lado. — Andei
gastando alguns milhões ao comprar pedras raras para a confecção e essa foi
a primeira feita.
Fico admirando a bebê toda curiosa, enquanto tenta levar a peça que
custa milhões à boca, como se fosse algo de comer. A porta do quarto se
abre, aproveito então para pegar de volta o colar e guardá-lo na caixinha.
— Não. Eu tenho que ir… Tchau. — Anna pega na mão da amiga e sai
andando.
Desgraçada!
Quase.
Eu sabia que faria isso assim que estivéssemos sozinhas, pois estava do
meu lado quando encontrei Andrey saindo de uma clínica com uma mulher e
uma bebezinha. Maldita seja a minha boca frouxa, que resolveu se abrir e
contar a Marya que tive um momento quente com ele tanto na festa como em
seu carro no meio do meu expediente.
Que merda!
— Eu não sabia que ele tinha uma filha, uma esposa… Quer dizer. —
Coloco as mãos no rosto, nervosa. — Não sei nada sobre a vida daquele
homem.
— E que moral você tem para me julgar, Marya? Não era você que
estava dias atrás tomando remédio para evitar uma possível gravidez? —
Cruzo os braços.
Eu não sou do tipo que julga o outro pelas suas escolhas ou pela maneira
como vive, mas a minha colega de quarto às vezes me faz ser esse tipo de
pessoa, pois quase nunca me apoia, e sim coloca mais lenha na fogueira para
me deixar mal.
Confesso que tento entender seu jeito recluso e a grosseria com que age
na maioria das vezes, mas Marya por outro lado não retribui, sendo no
mínimo arisca e apática. Eu juro que me esforço para ser uma amiga de
verdade, conto meus segredos, partilho um pouco da minha vida, mas odeio
quando ela age dessa forma.
Fria.
— Quantas vezes vou ter que contar que foi só por precaução? Nós
usamos camisinhas, sua boba.
Tive um momento casual com meu chefe, ainda que não tenha passado
de uma preliminar em seu carro onde fui apenas a beneficiada com orgasmos,
beijos cheios de paixão, ardência, o que só me fez, no fim, desejá-lo um
pouco mais.
Estou atraída pelo homem que não está disponível, pois, com base no
que acabei vendo, meu chefe tem uma família e eu nunca serei capaz de me
prestar ao papel de amante, uma segunda opção. Deus me livre!
Irei à igreja mais próxima para acender uma vela e pedir perdão por ter
sido atraída pelo Diabo a ponto de pecar com um homem que não pode ser
meu, quebrando assim um dos mandamentos mais importantes da Bíblia.
— Me desculpe, Anna. É que você precisa ver as caras e bocas que faz
quando digo isso… — Marya dá um risinho de lado. — Eu prometo que vou
parar com isso.
— É bom mesmo, ou digo ao Pavel que você pode estar grávida dele.
— Não diga uma coisa dessas nem brincando, Anna. Por favor!
Marya ainda está abalada com tudo que aconteceu naquela noite e o fato
de sua identidade ter sido descoberta pelo filho da nossa chefe. Pavel a
deixou em uma situação delicada quando apareceu na cozinha para entregar o
pertence esquecido por ela, e em seguida não disse mais nada, pegou rumo
contrário ao ir embora.
Para ele…
— Tudo que mais quero é apagar da minha cabeça essa noite. — Solta
um suspiro fundo. — Maldita a hora em que aceitei ir com você…
— É tarde demais para chorar pelo leite derramado, amiga. Veja pelo
lado bom… Agora você tem memórias para colecionar. As melhores para ser
mais exata.
Andei pensando nas palavras ditas por Adriele poucos dias atrás, sobre
ficar apenas com o serviço da boate, mas o amor e consideração que tenho
por Marya, bem como por aquela casa, me fazem recusar. O que me motiva a
continuar me dividindo em duas é o sonho de entrar na faculdade, o qual se
aproxima devagar.
— É sério isso? — Seguro sem ter outra opção a não ser ir até ele.
— Está aberta.
Escuto sua voz rouca e assim entro devagar.
— Quem decide isso sou eu, porra! E antes que diga mais alguma
coisa… Aquela era a babá da minha filha — diz de uma vez. — Eu sou
viúvo, Anna.
Fico parada, estática com sua revelação e ao mesmo tempo aliviada por
dentro.
Todas elas.
É claro que isso se deu por ter descoberto que sou viúvo e tenho uma
filha, como se esses detalhes fossem motivo suficiente para me ignorar, como
se o que tivemos não tivesse tido significado algum. Eu deveria tomar a
mesma posição que a garota e me afastar, manter distância, mas me via outra
vez indo contra meus conceitos.
Era um erro.
Eu sabia que estava pagando a língua por ter batido no peito ao afirmar
que jamais me envolveria com a mulher que lembrava fisicamente a minha
falecida esposa, mas não foi exatamente isso que fiz. Ao beijá-la e tocá-la
sexualmente, passei por cima de uma linha tênue perigosa, pois me via
enfeitiçado por Anna.
Embriagado.
Perdido.
Não era o certo e eu sabia que iria pagar caro por isso. Ao me deixar ser
seduzido pelo pecado, junto trazia a garota para a minha teia de mentiras,
uma vez que não seria capaz de abrir a boca e revelar a verdade envolvendo
seu passado e Angelina.
Eu posso estar cego de paixão, desejo pela Anna, mas isso não me faz
confiar e contar de uma vez que andei investigando sua vida. Isso sem falar
no exame de DNA que encomendei sem o seu conhecimento e que só
comprovou o que estava bem nítido.
Anna não faz a mínima ideia de que o exame de rotina que realizou na
boate nada mais foi que um pretexto que usei para fazer o teste comparando
com o da minha filha, colocando assim um ponto-final em todas as minhas
dúvidas. A verdade não me surpreendeu. Ainda que uma parte de mim tivesse
desejado que aquele DNA viesse com um resultado negativo, não foi isso que
aconteceu.
O resultado saiu faz poucos dias e só quem sabe é o meu primo Viktor.
Ninguém além do bastardo precisa ter conhecimento disso, uma vez que irei
esconder a sete chaves. Se um dia cogitei contar à garota ou a minha filha,
esse desejo morreu no instante em que me envolvi sexualmente com Anna.
As notícias que publicam por aí sobre mim são relativas e não revelam
nada importante, além das minhas aparições em eventos sociais e negócios
selados. Eu tenho todo cuidado para assuntos pessoais não caírem nas mãos
erradas, assim como privei à minha filha pequena para não ser exposta em
revistas ou sites.
O desgraçado do mafioso.
— Não deveria perguntar isso, sabe muito bem que sim. — Engulo em
seco.
Eu tenho uma aliança secreta com o chefe da máfia faz muitos anos e
esse acordo se mantém forte uma vez que eu esteja sempre disposto a fazer o
que ele queira.
Desgraçado!
Só que não é uma das coisas mais fáceis do mundo executar o chefe da
máfia.
— Ok. Vou tentar usar os meus meios para encontrar esse homem —
falo rouco.
— Ótimo! Conto com sua presença em meu noivado?
— Era só isso que tinha para falar, Nikolay? Tenho uma reunião em
minutos…
— Eu não sei se isso foi uma boa ideia… Quando, em toda minha vida,
pensei que estaria em um lugar desses? — Marya murmura, toda descrente.
— Desde que chegue viva, tudo certo. — Revira os olhos com desdém.
— Você tem que relaxar um pouco, ou vai ficar com cabelos brancos. —
Rio.
— E já te falaram que você é uma velha para alguém que nem chegou
aos trinta?
Caminho para dentro do bar e peço para um dos rapazes preparar uma
bebida para a minha companhia da noite, já que a minha outra amiga
bartender não está por aqui. Adriele pegou uma virose e está de licença
médica por alguns dias; enquanto isso outra pessoa assume o seu papel na
boate.
Eu até tentei aprender alguns passos com as meninas esses dias, mas não
é algo que eu queira levar adiante, pois gosto do meu cargo em que só preciso
servir bebidas. Meu tempo neste lugar está se esgotando, pois logo a garota
que estou substituindo voltará para assumir seu posto, então, caso queira
continuar, terei que falar pessoalmente com o dono.
Andrey.
Estou correndo dele assim como o Diabo foge da cruz, ainda mais
depois de ter conhecimento de que tem uma filha pequena e uma esposa
morta. É claro que esse detalhe não me soava desconhecido. O babaca tinha
me contado naquele dia em que me confundiu com a esposa, mas confesso
que eu tinha me esquecido disso.
Me confundiu…
Não consigo mais ficar perto dele sem que a insegurança venha com
força. Andrey está tentando brincar comigo, assim como talvez esteja me
usando enquanto imagina que sou outra. Será que me beijou pensando na
mulher que julgou ser idêntica a mim?
Será?
Eu não tenho muita saída e trabalhar no lugar de que ele é o dono não
ajuda em nada. O certo seria ir embora e dar um jeito para que não me
encontre mais. Mas como fazer isso? Não sei por onde começar ou qual passo
dar primeiro.
A sorte esteve ao meu favor por não o ter encontrado mais na boate.
Acabei descobrindo com uma das funcionárias que Andrey não costuma vir
com frequência, a não ser para tratar de negócios, o que me dá um pouco de
fôlego.
— Fique à vontade para beber o que quiser, tá? — falo com Marya.
Logo o rapaz vem servi-la com um drinque especial feito pela casa.
— Está com tanto dinheiro assim para me bancar? Isso deve ser caro. —
Ela recebe a bebida e faz uma careta. — Eu não quero ficar bêbada, espero
que isso não…
Ergo um dedo para que pare de falar.
— Pode beber sem medos, Marya. Você está segura aqui. — Sorrio de
lado. — Vou deixá-la um pouco sozinha, ok? Eu tenho que ir lá em cima
checar umas caixas que chegaram, pois Adriele não está aqui e a mulher me
pediu para fazer isso — comento.
— Está tentando fugir de novo, sereia? Ainda não se deu conta de que
não conseguirá se ver livre de mim? A menos que tente me matar… — Vejo-
o sair por trás das caixas e pairar em minha frente. — É bom revê-la
novamente, Anna.
— Pelo visto não tem nada para checar aqui… — Dou um passo para
trás.
— Não há muito que falar, senhor. Pensei que tudo estivesse claro entre
nós… O que tivemos foi um envolvimento rápido e que deve ficar no
passado.
— Isso é só porque sou viúvo e tenho uma filha? — pergunta, sem tirar
o olhar do meu.
— Caralho! Tire isso da cabeça, porra! Quantas vezes vou precisar dizer
que foi um erro? Eu estava embriagado naquela noite, Anna, foi um lapso de
delírio. — Sua mão toca o meu rosto com cuidado, faz uma leve carícia. —
Nunca brincaria com você, sereia, pois nem mesmo tenho mais idade para
joguinhos assim.
Eu deveria dar um voto de confiança? É claro que não, mas ainda assim
acredito. Andrey parece estar usando da sinceridade ao expor seus
argumentos, consigo sentir isso, e é claro que não sou nenhuma alienada, sei
que naquela noite o bilionário estava bêbado ao me abordar da maneira mais
errada possível.
Um impasse.
Anna só pode estar brincando com a minha cara, uma dessas piadas de
muito mau gosto por sinal, afinal não tenho mais idade para brincadeirinhas
do tipo.
É claro que não vejo outra quando a beijo, quando a toco com desejo,
nem mesmo teria a ousadia de dizer que a estou usando como cópia para
tapar buraco deixado por outra. Eu a desejo por quem ela é, assim como
consigo vê-la exclusivamente sem pensar em mais ninguém, afinal sua
essência é única.
Estou atraído por uma mulher que de inocente só tem a virgindade e que
cruzou o meu caminho. Dona do olhar mais puro, meigo e transparente que já
vi em todos os meus anos de vida. Vejo-me enfeitiçado por cada pedacinho
seu, até mesmo pelos contrastes físicos que a tornam diferente, especial,
desde o contorno do rosto até os lábios pequenos e a manchinha que tem
perto do olho.
Ela é única.
Não atuo movido por uma fantasia ou ilusão pregada pela minha cabeça,
muitos diriam isso se tivessem conhecimento, mas a verdade é outra. Eu sou
um homem mais velho, maduro, bem resolvido a ponto de assumir que estou
totalmente rendido pela mulher mais improvável que surgiu em meu
caminho, apenas por ela ser quem é, sem ligação com mais nenhuma outra,
na mesma proporção em que sei que Anna não pode ser oficialmente minha
por tudo que nos separa.
Só que a garota em minha frente não é qualquer uma por aí que já fodi,
está visível a sua insegurança, o medo de ser enganada e usada como cópia de
outra.
Existem coisas sobre o seu passado que não irei revelar, não quando
ainda estamos nos conhecendo, mesmo que da maneira errada. Não é o
momento certo para fazer isso, pois temo as consequências que virão em
seguida.
Tempo ao tempo.
Não.
Isso nunca.
— Não foi um pedido, Anna. Feche a porra da porta. Não vou voltar a
repetir.
Passo a língua nos lábios e não consigo parar de idolatrar seu corpo com
o olhar.
— Foda-se, porra! Não me prive do seu corpo por causa de pelos bobos.
Agora, se ofereça para mim e deixe os olhos abertos para ver o que farei com
sua boceta. — Eu me contenho para não a beijar e cumprir com a minha
promessa.
Dou uma última olhada para minha garota antes de me ajoelhar em sua
frente, passo as mãos em suas pernas torneadas e trato logo de erguer o seu
vestido, deixando-o enrolado na barriga. Sou presenteado com uma visão da
sua boceta coberta pela calcinha simples de algodão, o que só serve para me
enlouquecer.
Por ora, isso não será um empecilho. Ela poderia estar coberta de sangue
que ainda seria capaz de chupá-la. Que homem seria se tivesse nojo da minha
companheira?
— Eu não vou fodê-la nesta sala, Anna! Você merece muito mais que
isso — deixo claro. — Hoje só quero fazê-la sentir prazer e me alimentar do
seu orgasmo.
Volto a admirar sua boceta, que agora é minha, e sinto a boca salivar
para prová-la. Cutuco a sua entradinha com os dedos, vasculhando cada
pequeno detalhe seu, então trago os lábios até sua intimidade, circulando a
língua em volta do clitóris.
Deliciosa…
Seu sabor me embriaga, coloco cada perna sua em volta do meu ombro,
deixando-a totalmente aberta para que me dê liberdade para tocá-la. Esfrego o
rosto em sua boceta, fissurado pelo cheiro feminino, único, querendo gravá-lo
na mente para que nunca mais consiga esquecer, se é que isso seria possível.
Desesperado, abocanho sua boceta com fome, bebo seu prazer, circulo a
língua em sua entrada apertada e faço movimentos. Anna começa a gemer
alto, sem se importar que qualquer pessoa possa passar por aquele corredor e
ouvi-la. Pouco me importo em avisá-la, pois isso é como música para os
meus ouvidos.
— Grite mais alto, caralho! Que boceta gulosa você tem, sereia… Veja.
— Mamo sem piedade, sentindo-a se lubrificar cada vez mais. — Quente!
Minha!
— Ah!!! Andrey!
— Sim, sereia. Eu vou dar tudo que você quer. — Afasto-me da sua
intimidade a fim de molhar os dois dedos e enfiar em sua fenda, com cuidado
para não tirar sua virgindade. — Não sabe o quanto quero fodê-la, tirar a
porra desse lacre.
— Eu quero. Quero que seja você. — Rebola sem pudor em minha cara.
— Então encha minha boca com seu mel, desgraçada. Me dê tudo que
me pertence. — Fodo com mais rapidez, circulando-os, mamando na sua
boceta sem piedade, até que a sinto quicar em busca de mais, sempre por
muito mais.
Minha.
ANNA RURIKOVA
Exatamente assim.
A primeira vez trancada naquela sala com Andrey, que nada mais é que
meu chefe, foi só a primeira de muitas outras que aconteceram desde então. O
babaca passou a ir todas as noites à boate e sempre dá seu jeitinho para me
pegar, me encurralar contra uma parede com as portas fechadas onde tudo
acontece.
Eu perdi a conta de quantas vezes gozei em sua boca, seus dedos. Outras
vezes sou golpeada pelo seu gozo, que inunda meus seios, até mesmo na
boceta, pois o meu chefe se toca descaradamente na minha cara, dando o
vislumbre do seu pau.
E que pau!
Eu duvido disso.
Todas.
No caminho em busca disso irei blindar meu coração, pois é muito óbvio
que não iremos passar de sexo, afinal Andrey é muito poderoso, tem uma
família, uma filha e me incluir nisso não faz parte dos seus planos, ao menos
é o que me faz pensar. Ele nem sequer fala sobre um possível
relacionamento, sua intenção comigo não passa de desejo sexual, assim como
também me sinto em relação ao meu chefe.
Desde o dia em que a levei à boate para se divertir, ela vai sempre que
dá. Eu adoro vê-la por lá, assim como aprecio a forma como vem se
permitindo viver.
Estou mexendo uma massa para um bolo que irei levar para assar.
— Sério que não viu? Está brincando, não é mesmo? — Ela para na
minha frente, cruzando os braços.
— Aposto que foi alguma pessoa que trabalha nesta casa, quem sabe o
motorista? Ah. — Cruza os braços. — Pouco me importa quantas mensagens
mande…
— Talvez tenha dito que não consegue me esquecer? Que, sei lá, quer
repetir?
— Como você é boba, amiga. O que custa ceder um pouco? Os dois são
pessoas adultas, podem facilmente resolver esse assunto com uma conversa.
Eu ainda não lhe contei sobre isso, pois não achei necessário, já que não
tenho um rótulo e presumi que fosse me julgar por estar me envolvendo com
o meu chefe
Andrey: “Esteja neste endereço. Faça tudo o que for necessário. Não
vejo a hora de fodê-la…”
Eu: “Ok.”
DIAS DEPOIS
No entanto, sei que assim que Anna souber que escondo segredos que
envolvem seu passado com a irmã perdida, nunca me perdoará por essa
omissão. Eu, em seu lugar, faria o mesmo, para ser sincero, mas por mim essa
revelação me acompanhará até o túmulo, mesmo que seja algo considerado
impossível.
Anna ainda não sabe sobre a irmã falecida, tampouco viu alguma foto
sua, o que me dá mais tempo para fazer as coisas da maneira mais correta
possível. Eu não posso aparecer com a garota em nenhum lugar público, nem
mesmo levá-la para minha casa, além de que preciso ter cuidado para que
meus pais não sabem.
Não posso correr o risco de que algo saia do que está planejado.
Está cada vez mais difícil me controlar e por isso mandei que fosse à
ginecologista para uma consulta geral, garantindo assim o controle de
natalidade. Eu não quero ser pai novamente, nunca foi um desejo meu e, se
atualmente tenho uma herdeira, não foi por escolha minha, mas sim porque
Angelina foi contra a minha opinião.
Aparecer com ela será seguro, pois as únicas pessoas que estarão ali para
prestigiar um acordo selado entre famílias são do submundo, além de outros
nomes importantes que estarão presentes. Não será a primeira nem a última
vez que irei a eventos assim, o que me dá ainda mais segurança.
Está linda.
— Muito pelo contrário, printsessa. Você não está apenas linda, como é
linda. — Estendo a mão para tocar em seu rosto. — Só que essa noite está
ainda mais… Eu vou ter um pequeno infarto hoje pela quantidade de babacas
que irão cobiçá-la.
— Quase isso. Não precisa se preocupar, tudo bem? Não vou sair do seu
lado — prometo. — E outra, o noivo em questão é meu sócio em algumas
coisas.
— Eu não sei se isso me conforta ou se me deixa ainda mais apreensiva.
— Quer dizer que já posso encher sua boceta de porra? — Coloco a mão
em sua perna, aperto com força a coxa por cima do vestido. — Quero uma
resposta, Anna.
Ainda tive que retocar o batom, que borrou em meio a tantos beijos, por
sorte trouxe em uma bolsinha pequena com algumas coisas que poderia
precisar, dar uma leve alinhada no penteado, que andou muito perto de ficar
bagunçado com tanta pegação. Andrey é como um furacão, quando me toca
parece que quer me marcar, me devastar, nem mesmo me dá tempo e espaço
para respirar.
Poucos segundos que ele saiu do meu lado, uma garota veio se sentar a
minha mesa, como quem não queria nada. Confesso que fiquei um pouco
assustada com sua aproximação, mas desconsidero ao notar sua cordialidade
e simpatia.
— Posso te contar uma coisa? Acho que nunca mais vou te ver na vida
mesmo…
— Eu amo alguém que está prestes a ficar noivo de outra e, sabe o que é
pior nisso tudo? Poucos dias atrás me vi envolvida com ele, mesmo sabendo
que era um erro.
— Fala baixo, por favor. Se alguém escutar e contar ao meu pai, serei
morta.
— Sinto muito que esteja passando por isso. Ninguém merece ver
alguém a quem ama escolher ficar com outra — exponho minha opinião. —
Você é uma garota muito bonita e com certeza irá sobreviver ao primeiro
coração partido.
— Prefiro não falar sobre isso, entende? Ainda mais que o meu desejo é
me ver livre de tudo que envolve a máfia, pois agora que fiz dezoito é
questão de tempo até que o meu pai arrume um marido para me entregar de
mão beijada — sussurra.
— Sinto muito por isso também, Deborah. — Estendo a mão para tocar
na sua. — Vou passar meu número, caso pense em visitar qualquer dia
desses.
Deborah faz uma careta e começa a falar sem parar, enquanto escuto
curiosa.
Ele demorou um pouco para voltar, o que me deu tempo para me distrair
com a ruivinha, que me trouxe entretenimento ao compartilhar um pouco
sobre seu romance proibido com o único homem na face da Terra que ela não
pode ter.
Deborah foi embora assim que Andrey se sentou à mesa, despediu-se
com um abraço e prometeu entrar em contato após ter pegado o meu número.
— Muito bem, sereia, vejo que você aos poucos está aprendendo sobre
quem manda aqui… — Seu olhar percorre meu rosto e se fixa na minha boca.
Pecado.
Desejo.
ANDREY VASSILIEV
Bastou uma única ligação feita pelo bastardo para que a melhor suíte
fosse liberada, o que me deixou ainda mais afoito para pegar de uma vez
Anna e sairmos do evento no qual não aguentava ficar mais um minuto
sequer. O Pakhan da Máfia não chegou a dar evidências, pois sempre foi um
homem fechado, mas em uma ida minha ao banheiro vi algo que poderia
comprometê-lo e mudaria o seu noivado.
— Estou tentada a pedir as contas do meu trabalho e vir tentar uma vida
por aqui.
Viro-me para encarar Anna, que parece apaixonada por cada parte do
hotel. O motorista nos deixou em frente ao prédio poucos segundos atrás e a
conduzi para dentro. Fazemos o percurso todo em silêncio, dando tempo para
que a garota possa assimilar o que está prestes a acontecer e que mudará a
nossa vida.
Já fui a vários hotéis, em países diferentes, mas sem dúvidas este ganha
de todos os outros, por todo luxo e decoração.
A janela dá a visão privilegiada da parte mais linda de Moscou.
— Por que será que tenho a leve impressão de que nunca mais me verei
livre de você? — sussurra.
— Está certa, sereia. Deixá-la partir não é uma opção. — Dou uma
mordida em seu ombro. — Não pretendo abrir mão de você tão cedo, Anna.
Se um dia pensar em ir embora, saiba que irei queimar o mundo para
encontrá-la e trazê-la de volta.
Termino de tirar sua peça com sua ajuda e jogo em qualquer lugar no
chão.
Eu estou à beira de gozar nas calças. Minhas mãos que o digam, pois
não aguento mais me masturbar feito um animal no cio, querendo acabar de
uma vez com isso e tomá-la de uma vez por todas. Anna ofega e segue até a
cama.
Anna começa a rebolar em meu rosto sem vergonha, como fez das
últimas vezes que a comi com a boca, e me deixou ainda mais excitado. Não
perco tempo ao introduzir dois dedos na sua entradinha apertada, com
cuidado, a fim de prepará-la ainda mais para receber meu mastro enorme.
Mamo sem piedade, dou mordidinhas para a atiçar e ser agraciado com a
lubrificação que banha o meu rosto todo.
Minha perdição!
— Eu necessito beber o seu prazer… Toque seus seios, sereia, mas antes
tire essa peça do nosso caminho, pois logo irei deixá-los vermelhos,
marcados por mim.
Sei que essa será nossa primeira vez de muitas outras que virão.
— Vai aguentar tudo e pedir por muito mais… — Afasto a boca a duras
penas da sua intimidade, para roçar o pau em sua entradinha. — Sente isso?
— É seu, sereia. Eu sei que vai doer, mas isso é inevitável. — Dou um
beijo em suas costas. — Vire-se e se deite — peço e a ajudo a encontrar uma
posição na cama para me receber.
Porra!
Separo nossos lábios com muito custo, para olhar em seus olhos.
Estou por um fio, o ápice se formando ao passo que a fodo feito animal.
Ganhando cada vez mais espaço em sua intimidade, dou golpes brutos e
fortes.
Ela provavelmente iria me julgar como sempre faz, então achei melhor
ficar calada. Quando Andrey me fez o convite para acompanhá-lo, não pensei
duas vezes antes de aceitar, pois estava precisando mesmo de um pouco de
aventura e sair da rotina. Assim entrei em contato com a senhora Petrova,
minha chefe, para pegar dois dias livres, alegando que iria fazer uma viagem
importante. E ela assim deixou.
Contei esse pequeno detalhe após acordarmos juntos pela primeira vez e
fui agraciada em seguida com um delicioso orgasmo como presente, pois
ainda estava dolorida demais para receber o seu enorme pau, que quase me
rasgara em duas.
A minha primeira vez foi incrível e nunca irei esquecer, nem mesmo se
quiser. Andrey soube conduzir tudo da melhor maneira possível, ainda que a
dor tivesse sido inevitável como ele havia advertido antes de me penetrar. No
entanto, o resto foi marcante, único e, se eu puder, reproduzirei por
incontáveis vezes seguidas.
— É claro que sim, desde que encontre uma folga na minha agenda.
Franzo o cenho.
— Os meus pais me mandaram muito novo para morar com esse meu
tio. Ao chegar lá, amadureci e muito cedo comecei a trabalhar, o que fez com
que consequentemente me tornasse digno de receber uma herança
multibilionária.
— Aquela garota que se sentou à mesa com você contou alguma coisa?
— Não quero deixá-la, Anna. Temos mais algumas horas, certo? Vamos
aproveitar o restinho da sua folga. — Deixa um beijo em meu ombro. —
Ainda quero tê-la mais um pouco antes que voltemos para nossa maldita
realidade. — Suspira.
— Não sei se vou aguentar uma sentada no seu colo — digo com
malícia. — Ainda me sinto extremamente dolorida — não é uma mentira.
— Quem sabe com mais alguns beijinhos não possa curá-la? Eu tenho
paciência, Anna. Assim como tive por todos esses dias em que me contentei
em comê-la só com a boca e os dedos. — Aperta a minha cintura e esfrega o
nariz em meu pescoço.
— Sim, é. Ela se chama Elly — pela primeira vez o vejo falar da filha.
— Tem um ano.
Eu só tinha visto aquela bebê uma vez e agora novamente a vi por uma
foto aleatória na tela do seu pai, mas de alguma forma me sinto intrigada para
conhecê-la pessoalmente, como se fosse um chamado que veio de forma
inesperada.
Do nada.
Lidar com isso de perto é como ser levado à escuridão em que fiquei por
meses.
Nunca mais.
Estou livre.
Vivo.
Com ela ao meu lado, não há dor ou culpa. Encontrei em seu sorriso um
motivo simbólico para valorizar o meu, Anna sem sombra de dúvidas me fez
ver que havia muito para ser vivido e que a morte de alguém que amei não
podia ser o meu fim.
Nunca será.
Não quero nada que me lembre dela. O único lugar em que se manterá
viva será nos meus pensamentos, apesar de que nem neles consigo mais me
recordar como antes, como se estivesse caindo no esquecimento. Eu sei que
isso não será o fim dela, pois há um segredo que a liga a Anna e isso virou a
minha tormenta.
Desgraça!
Essa será a última coisa que farei em memória da falecida, lançarei a sua
coleção.
Envio.
Aperto na sua foto de perfil e automaticamente me vejo sorrindo bobo.
Como podem ser tão idênticas e ao mesmo tempo tão diferentes? Eu não
costumo compará-las, pois isso não importa, afinal cada uma tem, ou tinha,
sua peculiaridade, personalidade, essência, e a semelhança nunca foi o
principal fator que me fez me envolver com Anna. A garota nunca será um
tapa-buraco nem nada do tipo.
Isso nunca!
Não aceito que se divida em dois empregos e espero resolver isso logo.
Eu: “Pensei que seria legal dar um passeio com a minha filha.’’
Respondo rápido.
Percebi que Anna ficou intrigada com a foto da minha filha que uso na
tela do celular, pude ver o quanto ficou curiosa e isso vem me causando um
desconforto, então pagarei a língua de novo por quebrar uma regra ao
apresentá-las.
Tia e sobrinha.
Porra!
Pedi para meu outro funcionário ir buscar Anna e nos encontraremos lá.
Faz poucos segundos chegamos ao nosso destino, minha filha está com a
babá, atenta a tudo, observando a imensidão de árvores.
— Andrey?
Ela usa uma roupa simples, uma calça jeans meio surrada e blusa
moletom. Os cabelos estão presos em um coque, por sorte a babá que me
acompanha não se dará ao trabalho de abrir a boca e compará-la com a mãe
da minha filha.
— Acho que ela foi com sua cara, não é, princesa? Diga “oi, Anna” —
incentivo.
— Posso pegá-la?
— É claro que sim — permito e passo minha filha para seus braços. —
Esta garotinha não estranha ninguém. — Observo Anna segurá-la com
cuidado, sorrindo largo.
— Mamamamama!
— Mama! Da!
— Pelo visto ela aprendeu mais uma nova palavra — busco amenizar a
situação. — A minha mãe quase todos os dias interage com a minha filha e
aproveita para incentivá-la a dizer algumas coisas — minto em partes. —
Desculpe por isso…
— Não tem problema. Confesso que adoraria ter uma filha assim. — Ela
se agarra à bebê, que está agora entretida tentando pegar seus cabelos.
— Estou, sim — fala sem rodeios. — Não deu tempo de comer nada.
— Então vamos alimentá-las, as minhas garotas.
O seu olhar se volta contra o meu e sinto o meu coração bater mais forte.
DIAS DEPOIS
— Pode afirmar em voz alta, sabe que não vou te julgar. — Dou de
ombros.
Desde que o filho da nossa chefe voltou ao país para passar uma
temporada aqui, minha companheira de quarto se vê em uma encruzilhada,
pois o bilionário de olhos azuis resolveu fazê-la recuar e repetir a dose que
tiveram em sua festa secreta.
Marya tentou de todas as formas ignorá-lo e não responder a nem uma
de suas mensagens, mas não obteve êxito algum no final, pois Pavel estava
disposto a ganhar essa guerra que se instalou entre os dois, até que finalmente
ela cedeu.
Ao menos em partes.
É claro que isso não passará de sexo casual, pois o bilionário não é do
tipo que se apaixona, foi o que ela me contou esses dias. Pavel vem de uma
família muito rica e Marya nem sequer tem contato com os pais. A diferença
entre os dois vai muito além da classe social que os separa.
— Desculpa se às vezes sou chata, Anna. É que a vejo como uma irmã e
como mais velha me sinto na obrigação de tentar protegê-la. Entende?
Estou com uma virose que me deixou alguns dias de cama, tive febre
alta entre outros sintomas. Ainda estou de licença médica nos dois empregos,
o que me dá mais tempo para descansar e me recuperar de forma adequada.
Marya é quem vem cuidando de mim ao fazer chás de ervas que ajudam na
imunidade, além de preparar sopas ou outras coisinhas que são sempre muito
bem-vindas.
Resolvi não ter contato com Andrey enquanto estiver assim de saúde,
pois não quero contaminá-lo e correr o risco de que ele passe o vírus para a
sua filha.
Elly.
Dali então passei a mandar mensagem para ele com mais frequência, vez
ou outra pergunto da sua filha e ele responde com fotos da pequena. A minha
galeria já está cheia com registros seus, pois me recuso a apagá-las, como se
não quisesse esquecê-la, nem mesmo tirá-la da minha vida, isso nunca mais.
Eu gostaria muito de ser convidada para ir visitar a casa onde moram pai
e filha, mas esse convite ainda não aconteceu; é claro que talvez nunca
aconteça, pois o que vivemos não tem um rótulo como a maioria dos outros
casais por aí.
Talvez?
— Ah, obrigada por lembrar. Eu vou mesmo, até tenho que pegar mais
uma cartela do meu anticoncepcional — lembro.
Arregalo os olhos.
Antes de ter pegado virose, foram muitas as vezes que fiz sexo com
Andrey, afinal estava tomando o contraceptivo certinho, seguindo as
recomendações médicas. Algumas vezes, usamos preservativo no ato, em
outras nem sequer nos lembramos.
— Talvez fosse bom esperar sua menstruação descer e iniciar uma nova.
— Quer dizer que Pavel te faz andar feito cachorrinho pelo quarto?
— Então vem dizer que não gosta quando ele te coloca…. — não
termino de dizer.
Estou brincando com ela a fim de deixá-la sem graça, nada de mais.
— ANGELINA!
— Por Deus, não pode ser… Não pode ser um erro — repete.
Não dou atenção, abro a porta do carro e entro de uma vez, ainda
assustada.
E uma coisa é certa… Não posso contar a Andrey que isso aconteceu ou
ele será capaz de colocar uma escolta para me proteger de qualquer
imprevisto.
ANDREY VASSILIEV
É verdade.
Passar os últimos dias longe desta garota só me fez ver o quanto a quero
em minha vida. Eu preciso dar um jeito de apresentá-la de uma vez por todas
às pessoas mais próximas a mim sem correr risco de que a confundam com a
sua irmã Angelina, mesmo sabendo que seria quase impossível de acontecer e
um risco iminente.
Não tenho muito contato com meus pais, então tenho tempo para
preparar o terreno antes que tenham conhecimento do nosso envolvimento,
quando vier à tona. Só quem sabe até o momento são meus primos Viktor e
Anton, além de minha filha.
— Não podia correr o risco de contaminá-lo — sussurra baixinho.
— Marya fez esse papel por você, pode ficar tranquilo, imperador —
comenta.
— Não me faça a começar ter ciúmes dessa garota, pois sem dúvidas a
invejo por ter o privilégio de estar ao seu lado todos os dias. — Sigo
acariciando seu rosto. — Inclusive, como vocês se conheceram?
Suspiro.
— Faz parte, não é mesmo? Cada um tem uma cruz para carregar. —
Ela me abraça apertado, esfregando o rosto em meu peitoral. — Só que, ainda
assim, tenho muitos motivos para agradecer. Marya sempre foi generosa, ela
me ajudou desde o começo e foi muito mais que uma amiga. Eu a vejo como
uma irmã mais velha.
— Não tenho irmãos, então não sei como é essa sensação — solto um
detalhe sobre minha vida que nunca tinha tido antes. — Os meus pais nunca
foram do tipo que quer ter mais que um filho e em partes foi melhor assim.
Revela e engulo em seco com sua confissão. É a primeira vez que fala
disso.
— Não. Hoje em dia penso que foi melhor assim. — Fecha os olhos. —
Eu não tenho muitos recursos para procurar pela minha gêmea, mas se
pudesse não hesitaria.
— Não sei o que dizer, nem como irei pagá-lo. — Seus olhos se enchem
de lágrimas. — Sabe quantas vezes quis encontrá-la? Sabe quantas vezes
implorei aos céus para que me enviassem uma direção até onde ela estava?
Foram muitas…
— Por favor, não chore. Estou aqui com você e farei o impossível para
encontrá-la. — Eu a puxo com cuidado e a abraço apertado. — Não está mais
sozinha, Anna.
Perdoe-me.
Perdoe-me.
Sim.
Não.
Pois mesmo que não quisesse, de alguma forma já fiz isso, por ter
escondido a verdade sobre o seu passado.
— Não brinca. É claro que você é um homem bom, senão o melhor que
já conheci. — Deixa uma mordidinha em meu ombro. — Eu não quero que
isso acabe…
— Não vai, ouviu bem? Nunca mais vou soltá-la, sereia. — Eu a faço
olhar para mim. — Tire esse e qualquer outro pensamento da sua cabecinha,
entendeu?
— Aceito no mínimo ser sua namorada. Peça com mais carinho, vai —
provoca, dando um beijo em meus lábios.
— Não tenho mais idade para namorar, porra! É tudo ou nada. — Jogo
seu corpo contra a cama com cuidado. — Talvez deva pedir de outra forma,
quem sabe?
É uma delícia vê-la toda nua, sem nada que tire a visão do seu corpo
perfeito.
— Diga sim para mim, diga — imploro ao devorar sua boca, meu pau
vindo e voltando com força, em uma velocidade rápida, sem me preocupar
com a intensidade.
— Sim… Sim…
— E você por acaso virou médica para me dar esse laudo? — Afasto-me
dela.
E outra…
Não mesmo!
Merda!
Não estou preparada para ser mãe nestas condições, vivendo na casa dos
outros, sem ter dinheiro suficiente para sobreviver, mesmo que em partes
esteja noiva de Andrey, que me pediu da forma mais improvável do mundo.
Eu aceitei e só de me lembrar sinto um frio na barriga, pois o meu imperador
dos diamantes colocou na cabeça que um relacionamento entre duas pessoas
tem que começar pelo altar. Eu no mínimo sou mais louca que ele por
concordar.
Noiva?
Então…
Só que não.
— Anna, você não fez esse filho sozinha. — Pega na minha mão. —
Vamos fazer esse teste para tirar a dúvida… Eu não vou sair do seu lado,
tudo bem?
— Tem que contar ao seu noivo. Ou espera esconder até os nove meses?
— brinca.
Entrar em contato com Andrey não é uma opção, uma vez que está
ocupado lidando com um lançamento de alguma coisa em uma de suas
empresas; é tudo que sei e me fez compreender a sua ausência na semana que
passou.
Só nos falamos por celular, dado que o imperador estava ocupado com
seus negócios, mas logo estaremos juntos para fazer uma viagem à Grécia,
foi tudo que disse na mensagem que enviou mais cedo. Eu apenas concordei,
ainda mais agora, que saí oficialmente do trabalho na boate, pois a garota
voltou a sua função.
Os dois pombinhos estão cada vez mais envolvidos e me sinto feliz por
ela. Marya merece viver uma grande história de amor, mesmo que seja ainda
proibida.
— Faça isso, por favor.
Estou grávida!
Gravidíssima!
— Você pode fazer uma surpresa na empresa dele, hum? Não deve ser
tão difícil achar a localização, é só dar um Google.
— Tá…
Não sei por que, mas algo me diz que isso não terminará muito bem…
Um mau pressentimento.
ANDREY VASSILIEV
A mãe da minha filha ia selar o seu legado com o lançamento das joias
que levam o seu nome na marca, uma forma simbólica que usei para
homenageá-la.
Angel's Diamonds.
Há uma infinidade de colares luxuosos, anéis, entre outras peças
banhadas por diamante. Se fizerem o sucesso esperado, venderemos alguns
milhões. Cada joia está avaliada em um valor altíssimo, dado que eu investi
uma grande importância em sua produção, bem como na organização de
lançamento.
Não faço isso por ainda amá-la, mas sim em sua homenagem, pois esse
foi o seu grande sonho, ter uma coleção de diamantes. E com certeza o lucro
maior será colocado em uma conta para nossa filha, a sua única herdeira.
À medida que o tempo passa, as coisas se apertam e fica cada vez mais
difícil esconder o segredo que, quando vier a público, mudará tudo. Tudo!
Anna provavelmente não me perdoará por essa omissão, sobretudo por ter
tirado o seu direito como tia na vida da minha filha, quanto a isso tenho
absoluta certeza.
Não me perdoará…
Nunca.
Foi assim que, movido pelo medo, prometi que iria investigar sobre a
vida da sua irmã perdida, sem revelar que eu na verdade já sabia de tudo. É
claro que só foi uma desculpa para acalmá-la, assim ganharia tempo para
bolar um plano.
Ainda que entregue a ela todas as informações da irmã, Anna irá juntar
uma coisa à outra, afinal fui casado com a sua gêmea, assim como tive uma
filha com esta.
Culpado!
Não tenho muitas opções em mãos ou uma solução exata, o que me faz
tardar um pouco mais nesse segredo pelo tempo que consigo deixá-lo
guardado, trancado a sete chaves, pois posso botar tudo a perder antes de nos
casarmos.
— Foi por isso que vim pessoalmente para entregar um quadro que
mandei fazer em memória de Angelina — meu primo diz.
Franzo o cenho.
— Não posso permitir uma coisa dessas. Sabe que isso está fora de
cogitação, porra. — Aperto o punho da mão com força. — Estamos
entendidos, caralho?
— Bom, sim…
— O que você tanto sabe sobre ela, porra? — altero o tom da voz e me
levanto da cadeira.
— É por isso que fez de tudo para que o rosto de Angelina não fosse
exposto ao público, porque sabia que iria correr o risco de a outra ver. Foi
isso, ou não? É claro que foi, seu desgraçado!
— Com certeza você fodeu tudo. Diga-me, a boceta dela também é igual
à de Angelina? Quantas vezes gozou pensando na sua esposa morta, hein?
— Foi aí que decidi fazer esse quadro para comprovar com meus
próprios olhos que estava certo o tempo todo. Tentou brincar de casinha com
a gêmea da sua mulher, porra, e pensou que ninguém iria descobrir. Foi bom
trepar com a cópia da outra?
É o fim.
Afasto-me da mesa e vou em sua direção, mas sou impedido pela porta
aberta.
Anna.
Existe não só uma, mas várias empresas filiais ligadas ao seu império.
Contei para a senhora a minha história e que estava ali para fazer uma
surpresa ao meu noivo, agora pai do filho que estava sendo gerado em meu
ventre. Argumentei dizendo que não tinha avisado a ele que iria e nem
mesmo havia pisado neste lugar alguma vez, e que por isso nenhuma outra
pessoa além dela tinha me dado uma mísera atenção.
— Por que fez isso comigo? No final das contas, eu fui só mais uma
peça em seu jogo sujo? Um tapa-buraco para ocupar o lugar da minha irmã
gêmea?
— Eu não tenho nada para ouvir, Andrey. Já ouviu aquilo de que “contra
fatos não há argumentos”? Você ficou esse tempo todo escondendo que foi
casado com a minha irmã! Me usou para saciar a porra da sua fantasia! Era
nela que pensava ao me beijar?
— Não, porra… Não ouse dizer uma coisa dessas! — Tenta tocar em
meu rosto, mas não permito ao dar um passo para trás. — Só me escute, por
favor.
— Nunca, caralho! É só por você que meu corpo anseia, somente pelo
seu toque! Eu nunca pensei na Angelina estando com você! — ele se exalta,
nervoso.
— Então por que quis se envolver comigo? Por que me seduziu? Se não
era isso o que mais poderia ser, Imperador dos Diamantes? — cuspo as
palavras. — Você nunca seria capaz de olhar para mim se não fosse por causa
dela. Dela, Andrey.
— Você nunca foi uma cópia dela, Anna. E eu nunca pensei nela
enquanto te beijava e te fazia mulher em meus braços, isso nunca, sereia. —
Seus olhos estão marejados. — Nunca a vi em você… Acredite em mim,
porra!
— Não consigo acreditar em nada que sai por sua boca mentirosa! Foi
tudo uma mentira, Imperador dos Diamantes! O que tivemos não passou de
uma ilusão, afinal eu sou uma cópia barata da mulher que você amava —
sussurro em lágrimas.
— Amei no passado, mas não amo mais, porra! Me escute, Anna, por
favor. — Ele se levanta e tenta vir em minha direção, mas novamente não
permito. — A primeira vez que te vi, realmente acreditei que fossem
idênticas por causa dos traços físicos, então tentei me afastar, pois sabia que
não iria terminar nada bem se continuasse me aproximando ainda que fosse
movido por curiosidade. Eu falhei miseravelmente. Vocês duas não são
iguais e descobri isso faz muito tempo.
— Então por que nunca me disse? Por que nunca disse que sabia que
éramos irmãs?
— Eu não tinha muita certeza no começo, pois sempre pensei que fosse
uma mera coincidência, até que mandei um investigador vasculhar a sua vida
e peguei uma amostra de sangue sua em um dos exames que fez para
trabalhar na boate.
Andrey vem em minha direção, mas aponto o objeto cortante para meu
rosto.
Não consigo raciocinar, não consigo pensar em mais nada senão isso…
Não há sanidade.
Apenas escuridão.
— Vou destruir tudo que nos liga, Andrey. Era nela que pensava, não é
mesmo? — Começo a cortar as pontas dos meus cabelos.
— Não faça isso, Anna.. Por favor, sereia. Olhe para mim… Sempre foi
só você.
Implora, mas não dou atenção e sigo dando fim aos meus cabelos, até
que fiquem no tamanho em que quero deixá-los, na altura do ombro. Não
consigo parar de chorar em meio aos fios escuros que se grudam em meu
rosto molhado.
Andrey parte para cima e toma a tesoura da minha mão com cuidado
para não me machucar, mas é tarde demais, pois já dei fim aos meus fios
longos.
— Não existe outra além de você. Sempre foi você. E eu juro que irei
reconstruir cada parte que quebrei do seu coração. — Seus braços fortes me
abraçam com força.
Dor…
A verdade veio e a teia de mentiras que fiz caiu sobre mim. Eu tinha
simplesmente quebrado cada pedacinho do coração da mulher que me
devolvera a vida. Anna, em meio a um surto, perdeu a racionalidade diante
daquela revelação e quase se feriu ao cortar os cabelos, como se aquele ato
fosse fazê-la se desligar da irmã.
Eu a destruí.
Ela não quer estar ligada a alguém que nem sequer teve a chance de
conhecer e julgou que aquele ato inútil fosse a coisa mais correta a fazer. Os
cabelos foram cortados, uma ponta maior que a outra, tudo ficou
desproporcional, mas isso será arrumado assim que ela estiver
completamente sã da cabeça.
Eu sabia onde a garota morava e foi para lá que fui, com Anna o tempo
todo calada, impassível, sem dizer uma única palavra até o segundo em que
falei educado que iria levá-la ao hospital, dado seu frágil estado mental, mas
ela parecia melhor ao abrir a boca para dizer que não iria para nenhum lugar
comigo. Tudo que fiz foi respeitar sua decisão, pois não queria piorar as
coisas.
Deixei Anna aos cuidados da amiga e pedi a ela que entrasse em contato
caso acontecesse alguma coisa ou ela precisasse. Ficaria disponível o tempo
todo, afinal deixá-la partir da minha vida não era uma opção. Eu não tinha
ido tão longe para perdê-la para uma meia verdade.
Tinha escondido sobre sua irmã pelos motivos errados, mas nunca fui
capaz de ficar com ela enquanto pensava em sua gêmea, nem mesmo a usei
como cópia ou tapa-buraco. Anna tem que me ouvir, saber que eu a quis
desde o começo por ser quem ela é, sem levar em consideração fisionomia ou
qualquer outra coisa.
Sempre.
Irei esperar a poeira baixar para ir procurá-la e tentar me explicar mais
uma vez, nem que precise dizer incontáveis vezes até que ela consiga
acreditar em mim. Desde que ela descobriu tudo, duas semanas se passaram e
respeitei o seu tempo em silêncio.
Eu a escolhi.
Foi como se ele quisesse provar a mim que precisava ser fiel a quem
morreu.
Nunca mais.
Finalmente segui em frente e espero viver um futuro com Anna. Irei
conquistar seu perdão e fazê-la ver que não foi uma ilusão o que tivemos; não
me apaixonei pelo que imaginei pensando em outra, mas sim por quem ela é.
Esta não é a primeira vez que ela diz isso, mas irei continuar tentando.
Já comprei vários chips para falar com a garota, pois bloqueia meu
contato depois de não aguentar a infinidade de perguntas que faço a respeito
de Anna.
Eu: “Não posso… Preciso saber como ela está para poder respirar.
Anna foi embora da minha vida após acreditar em coisas que não eram
verdade. Estou dando um tempo para que se recupere, mas esse prazo
está quase acabando. Não posso perder a mulher que amo.’’
Envio.
Eu: “Sempre foi ela. Nunca pensei em ninguém… E vou repetir isso
até a morte. Eu amo sua amiga com todo meu coração…’’
Algo me diz que desta vez quem respondeu isso foi Anna.
— É, amor, quem sabe… Iria ser muito bom, não? Sim? — incentivo-a
a falar.
— Si!
— Então é isso. Nós vamos fazer uma visita a sua tia Anna. — Sorrio de
lado.
ANNA RURIKOVA
O tempo vem sendo o meu remédio para curar as feridas abertas que
insistem em doer. Passei anos acreditando que quando encontrasse minha
irmã sentiria um mundo de felicidade, mas tudo que senti foi desprezo e ódio
por sermos idênticas.
O mais interessante nisso tudo é que não estivemos muito longe uma da
outra. Eu me pergunto por que, com todos os recursos que Angelina tinha,
nunca me procurou. Ela foi casada com um dos homens mais poderosos do
país, facilmente poderia me encontrar, dado que tinha tanto dinheiro. Eu não
tinha bens, dinheiro, nada, mas, se tivesse, não hesitaria em fazer isso.
Talvez não soubesse de mim.
Angelina nunca voltou ao passado para vasculhar suas origens, pois não
pareceu se importar enquanto passei anos desejando ter a chance de encontrá-
la.
Ela morreu.
Ao saber da verdade, tive uma crise e a primeira coisa que fiz foi cortar
os cabelos. No dia seguinte veio o arrependimento, mas era tarde demais para
chorar pelo leite derramado. Marya, ao ver meu estado, tratou de reparar o
dano e fez um corte Long Bob, afinal foi tudo que deu para consertar em
meio ao caos.
Até que ficou bom.
Nas semanas que passaram, fiz de tudo para me sentir bem de dentro
para fora, mas está sendo muito difícil, ainda mais com uma gravidez que
preciso encarar, os sintomas com que tenho que lidar, enjoos constantes e
muito sono, além do que escondi do pai do bebê, que nem sequer sabe de sua
existência.
Uma parte de mim se nega a acreditar que ele mentiu para mim e me
usou como tapa-buraco por conta da minha semelhança com a sua falecida
esposa. Ainda não vi nenhuma foto da minha irmã e nem sequer tenho
vontade, para ser sincera, ainda mais depois das coisas que ouvi na sala do
seu escritório, além das outras que me fazem duvidar do que vivi com o
Imperador dos Diamantes.
A outra parte acredita no caráter de Andrey, afinal, é possível alguém
fingir assim? O que tivemos pareceu tão real, em especial quando me beijava,
me abraçava como se nunca quisesse me soltar, a forma como me olhava,
essas coisas que me fazem acreditar que o Imperador não foi um mero ator.
Sabia que era questão de tempo até que ele desse as caras, pois não
parou de entrar em contato com Marya todos os dias. Ligava para ela, uma
vez que quebrei o meu celular junto do chip.
— Anna?
Ele assente com a cabeça e vem colocá-la do meu lado para ir sentar na
beira da cama de Marya. Logo abro um sorrisinho de lado ao ver a criança
acordada.
— Anna. Eu passei todo esse tempo te dando espaço, mas não dá mais
para manter as coisas como estão… Fiz isso porque vi como ficou abalada
em meio a tanta informação — sussurra. — Seus cabelos ficaram lindos…
Preciso ressaltar que não havia necessidade de fazer isso, pois nunca vi
ninguém quando estava com você e não importa quantas vezes precisarei
dizer isso.
— Veio aqui só para dizer isso? — Ajeito Elly em meu colo.
— Você ouviu tudo que aquele desgraçado disse, mas nada que saiu pela
boca suja de Anton é verdade. Assumo a minha parcela de culpa por ter
escondido que fui casado com sua irmã, assim como o fato de que a minha
filha é sua sobrinha. Eu sei que não é certo o que fiz, mas se não tivesse feito
não teríamos vivido tudo que vivemos juntos.
— Isso é desculpa barata, Andrey. A verdade, por mais que doa, sempre
será a verdade. Eu preferia que tivesse aberto o jogo desde o princípio, afinal
era pouco provável que conseguíssemos evitar o nosso envolvimento, fosse
eu irmã dela ou não.
— Me perdoe por não ter feito as coisas da maneira mais correta, Anna.
Eu me encontrei destruído, o meu coração se partiu quando a vi tendo aquela
crise… Estou morto por dentro desde que a deixei aqui. — Não para de me
olhar. — Me perdoe.
— Obrigada.
— Vou esperar pela segunda chance. Até lá, mesmo que distante, irei
provar que o que tivemos foi real, afinal estou apaixonado por você, Anna.
Eu… Eu te amo.
"Irmã, se algum dia você aparecer e por algum acaso ler esse diário,
espero que me perdoe por não a procurar ainda em vida, me desculpe, por
favor!
Espero que conheça Elly, sei que ela será uma menina incrível…
Sem que eu tenha controle, uma lágrima escorre pelos meus olhos.
Angelina foi tudo que não fui e era sem sombra de dúvidas o meu lado
oposto. Foi uma mulher reservada, leviana e que se privou de muitas coisas
por medo, o que a fez consequentemente acabar não me procurando. Ela
deixou muito claro em algumas páginas que só teve conhecimento da minha
existência quando estava grávida e em uma discussão que teve com seus pais
adotivos, que tiveram o prazer de jogar em sua cara que não passava de uma
órfã que foi separada da irmã.
Pelo que pude entender, Angelina não tinha uma boa relação com seus
pais, que a criaram impondo muitas regras e assim foram omissos a respeito
do seu passado por anos. Andrey surgiu em sua vida como oportunidade para
se livrar daquele lar, levando-a a vê-lo como uma tábua de salvação, mesmo
que não o amasse.
Foi a coisa mais estranha que descobri ao longo da leitura das cartas.
Angelina não amava Andrey de verdade, mas ainda era fiel e queria
formar uma família, apesar de que seu coração pertencia a um homem
chamado Anton. Ela não especifica nas cartas esse sentimento, mas deixa
bem claro do que se trata.
— Até quando vai ficar lendo esses diários? — Marya fala ao entrar no
quarto. — Sabe que essa tristeza toda pode passar para o seu bebê, não é
mesmo?
— Sinto muito por isso, Anna. — Vem se sentar ao meu lado e pega na
minha mão. — Talvez seja hora de virar essa página e deixar o passado
apenas no passado. Era sua irmã e, agora que já a conhece intimamente, é o
momento de dar adeus. Você pode começar fazendo isso ao ir visitá-la no
cemitério e se despedir…
— Sim. Oh. — Levo a mão dela até o ponto da minha barriga em que
ele se mexe.
Ele não me dá uma liberdade total, pois sempre se faz presente, mesmo
que não venha em carne e osso, por isso tive dificuldade para esconder a
gravidez do Imperador dos Diamantes até agora. Por obra do destino, no
entanto, Marya está esperando um filho de Pavel — que, é claro, foi homem
para assumir a criança — e às vezes faço o pré-natal com ela como se fosse
apenas a sua acompanhante, apenas para ter uma desculpa e disfarce. Do
contrário, dou um jeito de fazer as consultas em outra cidade e Adriele me dá
suporte para tudo correr bem. É claro que precisei me trancar em casa e quase
nunca saio, para não correr perigo.
Nos primeiros meses foi fácil fingir que não estava grávida, pois não sou
uma dessas mulheres que têm um barrigão acentuado, mas, conforme o
tempo passa isso toma novos rumos, pois Mikhail cresce em meu ventre, tão
forte e saudável, o que me deixa feliz.
— Você já tem a resposta, Anna… Sabe que não pode ficar para sempre
neste quarto que mal comporta nós duas. Por muito tempo viver aqui foi
tranquilo, mas agora temos filhos a caminho — Marya fala algo importante.
— Eu não vou ficar aqui para sempre. Pavel está vendo um cantinho para
morarmos juntos.
— Fico feliz por vocês, Marya. — Sorrio de lado. — Prometo que vou
dar mais uma lida no documento enviado pelo advogado da minha irmã.
Eles alegavam que a bebê estava segura e tinha sua parte enquanto a
outra seria destinada a mim, caso aceitasse assinar os papéis liberando a
transferência. Eu ainda não dei uma resposta final, ao passo que penso em
aceitar, afinal isso me daria a chance de comprar um lugar para morar e
realizar meu sonho.
— Mande uma mensagem para esse Romeu… Diga que vou à tal
reunião.
“Eu amo você, Andrey! E sempre irei amá-lo, pois você serviu como
uma âncora em minha vida. Mas sei que eu não sou o amor da sua vida, e
espero que o encontre. Quando encontrar, não pense em mim, pois tudo que
eu quero é que seja feliz…’’
O maldito diário que li foi justamente o último escrito por ela. Sempre
foi de conhecimento de todos que sua gravidez era de risco, mas nunca
passou pela minha cabeça que Angelina sabia que não iria conseguir
sobreviver ao parto.
Foi como ter levado uma facada. A minha falecida esposa foi uma
mulher forte por ter se mantido inabalável e cheia de fé para trazer à vida a
nossa filha, apesar dos riscos. Irei honrar o amor que ela teve por Elly e farei
de tudo para proteger nossa pequena.
Sua morte não foi vã.
A coleção que leva seu nome foi adiada, dado o que aconteceu no dia
em que Anna descobriu tudo, mas estou focado no último mês em retomar
com tudo e selar o seu legado, esse mesmo que ficará de herança para a nossa
filha.
O trabalho e o amor pela bebê são a única coisa que me mantêm são,
uma vez que uma parte do meu coração se encontra destroçado e partido em
mil pedacinhos. Eu não consigo seguir em frente, não sem Anna ao meu lado,
sem saber como está, se um dia me perdoará por tudo que fiz e por trazê-la
para uma teia de mentiras. Os meses passaram na velocidade de uma
tartaruga, tão lentos, tão devagar, cada dia foi como uma maldita tormenta,
onde me vi obrigado a levantar da cama e fingir estar bem sendo que a
verdade era totalmente outra.
Nunca ficarei.
Estou longe de Anna, tão distante de seu olhar, ao mesmo tempo que
estou por perto, pois não houve um dia sequer em que não tentei reconquistá-
la com pequenos gestos, com flores, ou outras coisas que provavelmente
arrancariam um sorriso de seu rosto, assim como mandei levarem Elly para
passar um tempo com a tia, a fim de fazê-las criar uma conexão, que por um
momento cheguei a pensar em proibir.
Se Anna disser olhando em meus olhos que “não’’, tudo que me restará
será aceitar e criar uma possibilidade de continuar vivo sem ela do meu lado.
Eu a amarei para sempre, mas tenho uma filha para criar e que precisa de um
pai presente. É claro que não seria o imperador de antes, mas continuarei
resistindo em nome do amor.
Coloco o celular na cômoda do quarto e me levanto da cama para tomar
um banho.
Dou uma olhada no relógio e decido entrar de uma vez por todas.
Assim que entro no prédio, sou bem recebido por uma funcionária e
aviso que irei encontrar o advogado. Como ele mesmo já sabia que eu estaria
por aqui, tenho o acesso liberado para seguir caminho até a sala onde os dois
estão em reunião.
O que farei?
O que direi?
Só que a minha surpresa é maior ao descer o olhar pelo seu corpo e ver o
volume que exibe sua barriga, mesmo usando um desses vestidos longos que
disfarçam.
Grávida?
Ela está com um copo na mão, talvez estivesse saindo para enchê-lo de
água.
— O que você está fazendo aqui, Andrey? Quer dizer… É meio óbvio.
— Tenta proteger a barriga ao cruzar os braços.
— Sim, Anna. Eu vim porque queria falar com você — falo. — Passei
todo esse tempo respeitando o seu silêncio, ao passo que consequentemente
isso me matava por dentro. Precisava ver com meus próprios olhos como
estava…
Não consigo sequer tirar o olhar do seu ventre. Anna está grávida…
Esse filho pode ser meu, não?
— Fiquei por muito tempo pensando em recusar, pois nunca fui do tipo
que quer as coisas dos outros, mas, depois de receber os pertences dela que
você mandou, percebi que não tinha nenhum problema em aceitar — sussurra
baixo. — Eu passei a minha vida toda procurando por ela e tudo que tenho
hoje são só coisas materiais, que no final das contas não suprem a falta que
deixou no meu coração.
— Anna...
— Não toque em mim! Você sempre me viu como uma cópia barata,
não é? Quer dizer, passei esse tempo todo tentando acreditar que não tinha
sido isso, mas agora vendo esse desprezo todo em seu olhar… — Seus olhos
se enchem de lágrimas.
— Te faço pensar que sou como ela… — As lágrimas escorrem pelo seu
rosto.
Existe uma frase de William Shakespeare que diz que é muito melhor
viver sem felicidade do que sem amor. E, bom, o autor desse texto estava
realmente certo ao afirmar isso, pois sem dúvidas não é possível ser feliz sem
uma dose de amor.
Eu amo Andrey.
E Andrey me ama.
A nossa história de amor não tinha nada de linda e andava muito longe
de ser um conto de fadas, mas em sua forma sublime era a mais emocionante
de todas. Se um dia alguém falasse para mim que eu iria viver tudo que vivi
nos últimos meses, eu provavelmente iria rir até a doer a barriga, pois julgaria
algo um tanto impossível.
Só que aconteceu.
Desde o dia em que resolvi dar uma segunda chance, Andrey não mede
esforços para tentar consertar as coisas e faz o impossível para demonstrar o
amor que sente por mim. É tudo ainda muito novo para mim, pois nunca
chegamos de fato a fazer as coisas da maneira certa, tudo entre nós sempre
foi intenso demais.
Depois da nossa conversa, o pai do meu bebê ficou ao meu lado durante
a reunião com o advogado e me esperou assinar toda a papelada necessária
para receber o dinheiro da minha irmã. Logo mais, ele me levou de volta para
casa e aproveitei para contar qual caminho seguiria após receber a herança.
Eu disse a Andrey que iria arrumar um cantinho para morar, ainda mais com
um bebê para chegar.
É claro que ele não deixou.
Andrey disse que podia me mudar para sua casa, assim teria um tempo
de qualidade para ficar com a minha sobrinha pequena, o que no fim só me
fez aceitar. Eu não queria ficar mais tanto tempo longe da única pessoa que
era ligada ao meu sangue. Naquele mesmo dia, eu me despedi de Marya, que
logo mais também iria embora, fiz as minhas malas e me mudei oficialmente
para a mansão do pai do meu filho.
— Tudo bem, pelo visto decidiu que sou isso, não é? Sim? Não?
— Si! — Deixa a boneca no chão para se levantar e vir para meu colo.
— Vamos ter que conversar com seu pai sobre isso, ok? — Seguro-a
com cuidado e a coloco na minha perna. — Quer conversar um pouco com
seu irmãozinho?
— Mamo?
Andrey chega em casa tarde do trabalho, mas mesmo assim para tudo
para brincar com Elly. Até mesmo a coloca para dormir, e em seguida vem
ficar um pouco comigo, faz massagens nos meus pés e fica acariciando meu
barrigão.
Não me sinto preparada para dar outro passo e apressar as coisas, uma
vez que tudo está indo bem, enquanto estamos apenas respeitando o nosso
tempo. Eu sei que em algum momento algo mais irá acontecer, pois minha
boca saliva de fome de Andrey, é um tanto difícil ficar tão próximo sem tocá-
lo, mas não posso avançar.
— Papá!
A pequena traidora de olhos azuis me deixa para ir receber o seu pai.
Aproveito para dar uma pequena organizada na bagunça que se formou no
quarto da criança.
Andrey dispensou duas babás que a menina tinha para deixar apenas
uma, já que agora se faz presente na criação da garotinha, participando
ativamente.
— Mamá! Vamu!
Acabo dando uma risada.
— Os meus pés estão inchados demais… Esse jantar não pode ser aqui?
É real. Eu sinto como se fosse uma bolinha de tão pesada que estou.
— Tudo bem, vou ver o que posso fazer quanto a isso. — Andrey sorri.
— Ela pelo visto te adotou por mãe…
— Até pouco tempo não me via nem sendo mãe de Mikhail, mas agora
tenho a chance de amar duplamente ao ser presenteada com dois filhos. Eu
aceito amá-la como a minha filha, Andrey, e prometo ser a melhor mãe do
mundo.
— Nós não tivemos a chance de ter uma família perfeita, Anna, mas a
nossa será a melhor de todo o Universo. Vamos aprender juntos a cuidar dos
nossos filhos.
— Sim.
— Estarei ao seu lado o tempo todo. Porque te amo e esse amor nunca
vai morrer.
Juntos.
ANDREY VASSILIEV
Todo começo tem um meio e fim, mas nossa história de amor está
apenas começando. Há um longo caminho pela frente para ser percorrido e
desafios para serem superados juntos, de mãos dadas, como deveria ter sido
desde o princípio.
Errei.
Ela não sabe, mas desenhei uma coleção especial banhada a ouro e
diamantes. Pode soar como algo clichê, já que a sua irmã teve também um
lançamento de joias, mas as que fiz para Anna são completamente diferentes
de todas que já foram produzidas em minhas joalherias. Cada peça tem uma
pedrinha de cor peculiar, desde azul a rosa, além de que a sua fabricação foi
voltada apenas para anéis.
O mais importante disso tudo é que todo dinheiro arrecadado será doado
para orfanatos de crianças que tiveram o mesmo destino que Anna e
Angelina.
Eu planejo fazer isso com ela ao meu lado, após contar o meu plano, que
até então eu executava por baixo dos panos, esperando pelo momento certo.
O meu primo Viktor me ajudou na produção, afinal é o único com quem
mantenho contato, já que me recuso a manter vínculo algum com seu irmão.
Anton tentou falar comigo algumas vezes para pedir desculpas, mas não lhe
dei atenção, afinal só o tempo para resolver esse conflito que se instalou entre
nós dois.
O que me conforta é saber que ela com vida ao menos foi fiel, assim
como fui, pois não suportaria saber que a minha filha pequena poderia ter o
sangue de outro homem.
— Espero que ela goste — falo baixo ao dar mais uma olhada na
decoração que mandei fazerem em prol do nosso jantar romântico.
Quem diria que o Imperador dos Diamantes se tornaria nisso?
— Posso comprar um buquê por dia, se esse for o seu desejo. — Sorrio.
Tão simples.
Tão única.
— Ainda é muito cedo para me fazer chorar e quero antes comer uma
dessas comidas que parecem me convidar silenciosamente para provar uma
por uma.
— Continua linda, senão ainda mais bela. Eu nunca te achei feia e nunca
irei achar.
— Diz isso porque ainda não viu como estou cheia de estrias…
Provavelmente, dentro de poucos meses, meus seios não serão mais durinhos
como antes.
Desde que voltamos, ainda não fizemos sexo, nem mesmo nos beijamos.
Eu estou me aliviando sozinho, pois não aguento mais vê-la e não poder tocá-
la.
— Estou com as bolas roxas, mas a minha mão tem servido para aliviar
isso.
— Isso nunca mais! Eu prometo. — Levo suas mãos aos lábios e beijo.
— Ah…. Vai fazer isso mesmo? Jura? Ai, Andrey! — Ela se emociona.
Anna começa a chorar, como vinha fazendo nos últimos dias devido aos
hormônios.
— Sim. Eu vou doar todo o dinheiro para esses lares mais pobres. Quem
sabe, assim, algumas crianças possam ter uma qualidade de vida melhor. —
Sorrio.
— Estou com algo para te dar faz um tempo já… — Deixo o controle de
lado para pegar a caixinha de veludo no meu bolso. — Sei que fiz esse
pedido uma vez da forma mais errada possível, mas agora tenho uma segunda
chance para fazê-lo de verdade. — Abro-o e tiro o anel de dentro. — Aceita
se casar comigo, Anna Rurikova?
— Ai! Sim — responde rápido. — É claro que sim, Imperador dos
Diamantes.
— Para sempre.
ANOS DEPOIS
Andrey sempre foi intenso, desde o nosso começo, e continua sendo até
aqui.
Essa revelação não mudou em nada a nossa relação ou com o seu pai, na
verdade tudo continuou como estava, senão ainda mais forte que antes.
É a minha filha.
— Ficou muito linda, meu amor. Nem acredito que minha bebê
cresceu…
Fui uma daquelas mães que se desdobrava em duas para dar conta de
tudo, já que me recusei a ter um ajudante. Andrey me ajudou muito na gestão
e pós também.
Uma parte do dinheiro deixado por Angelina foi doado a esses lares que
necessitavam de ajuda para se manterem ativos e promover tudo que fosse
necessário.
Eu doei todas as suas coisas com a ajuda de Elly, assim como coloquei
fogo em seus diários, pois não havia mais necessidade de continuar com seus
pertences.
Alek é o meu filho mais novo e que nasceu seis anos depois de Mikhail.
Eu não pretendia ter mais bebês, mas Andrey me pediu muito por um e só
tive quando finalmente decidi que era o momento de aumentar a nossa
família.
Meu menininho.
Dos três, ele é o único que se parece comigo na personalidade toda, tão
compreensivo, carinhoso e gosta de ser chamado de imperadorzinho.
Eu ainda sou muito amiga de Marya, mesmo que ela agora viva em
outro país com seu marido e os filhos que teve com Pavel. Adriele também
encontrou a tampa da sua panela depois de resistir muito a essa ideia de se
apegar e vive a sua história de amor com um rapaz chamado Alexandre, que
trabalha em um hospital.
— Não temos mais idade para essas festinhas, velhote. Que tal sairmos
de fininho, hum? — Viro-me para encará-lo.
— Eu te amo.
Fecho os lábios, fico na ponta dos pés para beijar o homem que amo.
FIM
~Conheça Outras Obras da Autora~
Ella Ares
Uma dívida.
Uma inocente.
Um bebê inesperado.
Romeu, o irmão mais velho da família Sanchez, é um advogado criminalista,
recluso, que leva uma vida dupla. Ele é o mais prudente dos cinco irmãos, o
cabeça que mantém a ordem nos negócios.
Seus irmãos tinham sede de vingança e poder.
Quando soube da decisão deles em cobrar uma dívida, ele fez de tudo para
proteger aquela garota inocente, mesmo que às escondidas.
Romeu queria mantê-la segura e, em meio a toda aquela sujeira, iria infringir
as
regras ao se apaixonar por ela.
Ísis Andrade viu sua vida dar um giro quando precisou se mudar para a casa
da Família Sanchez.
Não sabia, mas os irmãos queriam vingança, e ela seria o plano perfeito para
que conseguissem atingir seus objetivos.
Ao se apaixonar por um dos irmãos, ela se entrega de corpo e alma, porém
um
bebê inesperado entra em cena e muda todos os planos.
Honra e dever se cruzam em uma linha tênue.
Um amor avassalador.
Uma jovem virgem proibida.
Um homem quebrado em busca de redenção.
Ela precisa de proteção.
Ele a deseja, sem poder tê-la.
O que será do destino da jovem ao descobrir toda a verdade?
Rafael Sanchez era um playboy milionário inconsequente que nunca
respeitou limites. Brincava com o perigo até que um acidente de carro mudou
tudo. Anos de sua vida foram roubados em uma cama de hospital quando ele
entrou em coma e, quando finalmente despertou, tudo que queria era
descobrir quem era o responsável por aquela tragédia. Ele queria vingança,
mas seus planos mudaram quando deparou com a dona da voz de anjo que o
seduzia na inconsciência daqueles anos perdidos...
Daniele Arantes era uma jovem recém-formada em enfermagem. Coagida
pelos irmãos Sanchez a trabalhar como cuidadora de um milionário, não teve
como escapar. Ela queria poder se dar ao luxo de recusar a estranha proposta
daqueles homens sombrios, mas precisava do dinheiro que ofereciam para
proporcionar um tratamento de saúde decente para sua mãe e sabia que não
teria outra chance como essa. Não esperava aquela química explosiva e que
quando aquele homem misterioso acordasse as coisas ficassem tão quentes
entre eles a ponto de... Ele querer demiti-la? Como assim?
Mas Daniele não cederia facilmente, a guerra estava declarada e fadada a
terminar assim: com os dois dividindo a mesma cama.
Claro que não estava nos planos uma gravidez inesperada.
Nem dois bebês.
E tampouco gêmeas!
Atormentado e preso em sua própria escuridão, Apolo Makris não acreditava
mais em redenção desde que perdeu sua esposa com o fruto desse amor no
ventre. O CEO de uma das maiores redes de hotelaria da Grécia se afundou
em culpa e amargura. Ele jamais se perdoaria por ter sido o responsável pelo
trágico acidente, carregando a solidão no peito e tornando-se cheio de
amarras que o prendiam de continuar seguindo sua vida.
Um episódio marcante fez com que o comando das suas empresas fosse
tirado de suas mãos sem que pudesse fazer nada para contê-los e impedi-los.
Ele perdeu tudo.
Não havia salvação até ela chegar.
Lidiane Galini, é uma garota jovem, garçonete e que lutava para proteger a
sua irmãzinha que ficou sob sua proteção desde que foi abandonada. Ela não
queria nada além do sorriso no rosto da pequena Anne Galini, por quem era
capaz de tudo. Inclusive, aceitar e assinar um contrato.
Ela precisava de proteção.
Ele queria uma esposa para gerar seu herdeiro.
Ela apaixonou-se desde o dia que o viu e o salvou em seus braços.
Ele nunca seria capaz de amá-la.
Ela amou todas as suas imperfeições.
Uma gravidez que fazia parte de um plano.
Uma linha foi cruzada sem volta.
Só o amor era capaz de curar e libertar.
E se você acordasse na cama do homem que mais odeia na vida?
Natália Brown só tinha um único objetivo: pagar as parcelas do seu
apartamento e se tornar uma advogada de sucesso, mas com o trabalho de
garçonete em uma boate esse sonho estava cada vez mais longe de se realizar.
Mas uma coisa é certa; ela odiava com todas as forças seu chefe tatuado.
Isso até acordar na cama dele.
Não!
Ser levada em uma viagem secreta.
Miguel Sanchez vivia nas alturas, navegando entre dois mundos,
aproveitando a vida enquanto quebrava algumas regras pelo caminho. O
bilionário tatuado não se prendia a ninguém e com um passado traumático
que o tornou um homem quebrado, isso estava fora de cogitação. Até ela
chegar.
Um plano sórdido;
Um acordo de prazer;
Dois inimigos declarados; e
Um bebê inesperado e rejeitado.
Bento Fontana é um bilionário arrogante, herdeiro de um império que
acumula milhões todos os dias. Ele só tinha um único objetivo que era
continuar se mantendo implacável, expandindo os negócios pelo mundo
inteiro. Até se ver devastado pela morte do seu pai e descobrir que um
testamento o levaria para as terras onde abandonou anos atrás...
Ele só tinha que dar um fim a um ciclo e seguir sua vida. Isso até cruzar no
meio do caminho com a misteriosa garota das flores.
Flora Azevedo é uma jovem garota destemida que acabou de completar seus
dezoito anos e não quer nada além de continuar trabalhando com seu pai
como auxiliar de veterinária. Flora tem uma mania de enxergar o lado doce
da vida, acredita quem em tudo sempre há dois lados e foi dado a isso que se
viu intrigada na teia de mentiras com o herdeiro Fontana.
Ele estava só de passagem e ela era só um meio para ajudá-lo a conquistar
seu objetivo, nem que para isso fosse preciso fingir um namoro de mentira.
Uma paixão avassaladora e intensa.
Ele partiu prometendo voltar;
Ela descobriu toda a verdade;
Ele iria reconquistá-la isso até...
Um acidente trágico muda todo o cenário.
Flora não esperava descobrir que o homem por quem se apaixonou e ficou
grávida era uma farsa e nada a preparou para reencontrá-lo com uma noiva.
Ela protegeria sua filha do pai...
Ele não se lembrava dela e tampouco do bebê.
O que acontecerá quando a verdade vier à tona? E as peças perdidas
encontrarem seu lugar?
Bernardo Mancini é um homem ambicioso, arrogante e que desde pequeno
sempre soube que teria que dar continuidade ao legado do seu pai na política.
Ele é o futuro presidente. O magnata perdeu a noiva em um acidente de carro
e desde então seu único foco na vida era continuar sendo implacável,
ignorando todo luto ao seguir em frente sem temer o amanhã.
Ele só não contava que um assunto do passado viesse a tona e trouxesse
de volta sentimentos que foram adormecidos.
Ele não se lembrava mais dela até certo dia...
Monaliza Bianchi tem duas certezas na vida. Nunca irá se casar sem amor e
odeia com todas as forças o seu ex-melhor amigo. Ela, quando era pequena,
se apaixonou pelo filho dos patrões de seus pais, mas esse ciclo se encerrou
da pior forma possível, restando um coração quebrado e um amor rejeitado.
Ela não queria vê-lo nem pintado de ouro.
No entanto, tudo isso mudará.
Um encontro com o passado vai levar o presidente e a ex amiga a entrarem
em uma situação de impasse, onde nenhum dos dois contava com uma
gravidez inesperada.
Ele não lembrava de nada.
Ela pior ainda.
Um casamento era a melhor saída para o presidente que se via dentro de um
fogo cruzado e então iria se promover em cima de uma "família de fachada".
O que nenhum dos dois contava é que isso não terminaria bem...
Obrigações. Segredos. Revelações.
Era possível ter um "final feliz"?
Meu Deus do céu! Mais uma história concluída com sucesso. Este livro veio
no momento mais confuso da minha vida, em que pensei muitas vezes em
desistir de ser escritora, mas existe uma força suprema que não me deixou
levar isso adiante.
Jeová Deus, obrigada pela saúde e por me dar lições que me fazem forte.
Eu não seria nada sem o seu amor e sua graça, que me ilumina até aqui, para
todo o sempre.
EV, você é e continua sendo o amor da minha vida. Obrigada por não
desistir de mim e acreditar que tenho capacidade de voar muito alto. É uma
delícia saber que posso não ser para o mundo, mas sou a top 1 no seu
coração. Eu te amo tanto, viu?
Mãe, eu te amo muito. Você não leu ainda nenhuma das minhas
histórias, mas torce por mim e mesmo tão longe me protege em suas orações.
Para sempre, nós.
Elly, ou a sua versão fora dos livros (haha), obrigada por surgir em
minha vida DO NADA e fazer toda a diferença. Eu serei eternamente grata
por você ter passado todas as tardes comigo, por surtar em cada capítulo, bem
como ter me ajudado no desenvolvimento geral, leitura beta e até criticar se
fosse necessário. Te amo!
Deh, minha revisora, amiga e mãe dos meus livros (hehe). Obrigada por
ter me socorrido recentemente, por não me julgar e me conduzir pelo
caminho certo. É uma dádiva saber que tenho você, alguém que sempre vai
remar o barco do meu lado. O meu amor e admiração por quem é me
acompanharão para todo o sempre.