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NOTA DA AUTORA
DEDICATÓRIA
EPÍGRAFE
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO BÔNUS
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
CAPÍTULO 21
CAPÍTULO 22
CAPÍTULO 23
CAPÍTULO 24
CAPÍTULO 25
CAPÍTULO 26
CAPÍTULO 27
CAPÍTULO 28
CAPÍTULO 29
CAPÍTULO 30
CAPÍTULO BÔNUS I
EPÍLOGO
CONHEÇA TAMBÉM
SOBRE A AUTORA
Copyright © 2023 THAIS DE OLIVEIRA SOUZA
Esta é uma obra de ficção. Nomes, personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos
da imaginação da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é mera
coincidência.
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Eu sei o que fizeram no natal passado
1ª Edição - 2023
Altamira, Pará, Brasil
Estava retornando para mesa onde estava a maioria do elenco do meu time, depois de
falar com Cassie ao telefone para lhe desejar feliz Natal, e sorri quando vi uma ruiva sentada no
meu lugar, de costas para mim, eu conseguia ver o vestido vermelho longo, o casaco de plumas
jogados de lado e o cabelo ruivo descendo em uma cascata pelos ombros, sobre a pele branca
salpicada por pequenas sardas.
Era uma mulher bonita, e eu não precisava de muito para afirmar isso. A forma que se
vestia, se portava em meio a um monte de jogadores dizia muitas coisas.
Eu duvidava muito que fosse paquera de qualquer um ali.
Eles não teriam tamanho bom gosto.
— Você roubou meu lugar, ruivinha — falei, bebendo um gole da minha cerveja e a vi
tensionar os ombros, demorando alguns segundos para finalmente me encarar.
Então eu a vi.
No mesmo instante, mesmo que se passasse dez anos desde que a vi pela última vez, eu a
reconheci. Não tinha como não reconhecer a pirralha ruiva que era irmã do meu melhor amigo.
Teresa Carson.
O diabo em pessoa agora estava à minha frente. Passei os últimos anos vendo essa garota
aparecendo em todos os programas de televisão, tocando em rádios e ouvindo Tyler dizer como
ela era seu maior orgulho. Sem falar na minha adorável filha, que tinha quase um altar para ela
em nossa casa.
Nunca parei para pensar no tipo de mulher que ela se tornaria.
Até agora.
E com certeza reafirmo que meus amigos não teriam tamanho bom gosto de escolher ela
como seu interesse da noite.
— Você estava com a língua enfiada na boca de uma modelo, e eu mandei a Tessa se
sentar — um dos meus companheiros de time disse, mas eu não estava notando quem estava
falando.
— Mas agora eu voltei — falei, abrindo um sorriso largo.
Ela olhou ao redor, meio perdida de como agir.
— Lembra de mim? — indaguei, e ela voltou os enormes olhos bonitos em minha
direção. — Faz tempo que não nos vemos, Teresa.
Inclinei-me beijando sua bochecha de modo um pouco íntimo demais.
Só que eu era assim.
Com todas as minhas amigas. E apesar de toda minha babaquice, eu tinha muitas amigas.
— É Tessa — ela resmungou, se afastando. E escutei Tyler soltar uma risada anasalada
ao meu lado.
— Mudou de nome? Desde que eu me lembre, você continuava sendo a Teresa Carson, a
garotinha do Tyler. — Abri um sorriso enviesado, sabendo que ela estava se irritando com cada
palavra que saía da minha boca.
Sentei-me no sofá quando ela se levantou, e deixei um espaço ao meu lado.
— Pode se sentar. — Apontei, mas ela encarou o gesto como se fosse uma afronta.
E olhou para Tyler para pedir ajuda, mas ele não estava prestando atenção na cena, então
relutante, a vi se sentar na pontinha do braço da poltrona, de costas para mim, me fazendo
observar os fios ruivos caindo por suas costas.
— Eu não vou morder você, Teresa, pode se sentar — falei.
— É Tessa — disse novamente, e eu sorri vitorioso, me encostando na poltrona e a todo
momento, deixando espaço para caso ela decidisse se sentar, mas o espaço ficava pouco
habitável quando seu perfume estava tão perto.
Tessa Carson cheirava a flores e morango.
Era uma maldição que eu facilmente poderia me inclinar, afundando o rosto nos cachos
ruivos volumosos.
Lembrei-me de quando éramos adolescentes, aos dez anos, Tessa havia acabado de
nascer. E por anos, ela foi bastante insignificante. A última vez que a vi, tinha quinze anos, e foi
quando viajou de vez para Nova Iorque, pois havia assinado um contrato com uma grande
gravadora.
Desde então, nunca havia pensado sobre ela.
Mas, durante toda aquela noite, a ruiva era a única coisa que eu notava.
Teresa esteve sentada ao meu lado, e em algum momento desistiu do braço da poltrona e
se sentou próximo a mim. Acredito que nesse momento, as cinco taças de champanhe estivessem
deixando-a mais tolerante.
Jogamos verdade ou desafio, bebemos e jantamos. No fim da noite, quando ela ainda
estava ao meu lado, com seu irmão sumido na festa com alguma garota, eu percebi que estava
hipnotizado pela beleza tipicamente americana e perfeita de uma garota dez anos mais nova.
Ela riu de algo que Toby disse, e caiu contra a poltrona, se encostando em mim
levemente. Encarei-a, e ela devolveu o olhar.
Naquele momento eu soube que queria aquela mulher.
O que cruzava a linha do proibido, mas ela não pareceu se importar quando ficamos
juntos na mesma noite.
Teresa foi o fim da linha.
Eu quebrei tantas regras que tinha para mim mesmo, e quando tudo acabou, eu só
desejava mais, porém, tudo foi embora quando na manhã seguinte, vi que não havia passado
apenas de um sonho.
Ela havia ido embora.
“Somos tão jovens
Estamos na estrada para a ruína
Nos fazemos de burros
Mas sabemos exatamente o que estamos fazendo”
New Romantics Taylor Swift
Atualmente, Outubro
Coloquei uma porção de cereal dentro da tigela branca enquanto escutava a música pop
rock sair da Alexa, movendo meus lábios ao cantarolar a melodia contagiante e sorri ao ouvir
alguém descer as escadas de modo alegre, fazendo os tênis criarem mais atrito do que o
necessário e assim que vi os cabelos loiros de Cassie, sorri.
— Bom dia — ela disse, se segurando no corrimão enquanto inclinava o corpo em minha
direção.
— Bom dia, princesa — falei animado, servindo leite junto ao cereal, do modo que ela
gostava. — Se sente aqui para tomar café, precisamos correr, estamos um pouco atrasados.
Ela deu um suspiro, vindo em minha direção.
Ajudei a garotinha de cinco anos a se sentar na cadeira da mesa da cozinha, e alisei os
cabelos loiros penteados de modo metódico. Em seus pulsos, as pulseiras da amizade que eram
tantas, que subiam por todo o braço.
— Hoje é meu dia — ela disse, animada. — Conseguiu meus ingressos?
Neguei um aceno rápido.
— Mas estou vendo isso, não se preocupe — falei de modo tranquilo.
Cassie jogou a cabeça para trás, de modo que a fazia parecer uma adolescente.
— É sério, papai — murmurou chorosa. — Se eu não conseguir esses ingressos, minha
vida acabou. Acabou.
O drama, ali estava uma coisa que me deixava louco.
— Eu sei. — Beijei o topo da sua cabeça, me afastando. — Mas não se preocupe.
Aproveite o seu dia e eu me preocupo com as coisas que você me pediu.
Era o mês do aniversário de Cassie, em duas semanas ela completaria seis anos.
— Promete que não vai esquecer? — Encarou-me com os olhos mais pidões do mundo.
Sorri.
— Eu prometo — falei, sincero. Eu prometia tudo que Cassie me pedia.
Era praticamente impossível dizer não a ela.
Mas eu vinha adiando o momento de comprar os ingressos para o show da sua artista
preferida.
Pois era ninguém mais ninguém menos do que Teresa Carson.
Mas não era só isso que me fazia enrolar.
A verdade é que eu não tinha muito espaço sobrando na minha agenda para levar minha
filha a um show de música pop, e todas as datas disponíveis batiam com algum compromisso.
Mas a Victoria, esposa de um dos meus melhores amigos, disse que a levaria, caso precisasse.
E eu acabei aceitando a ideia.
Nem morto queria enfrentar o caos de um show em Nova Iorque.
— A tia Victoria deve estar chegando — falei, olhando o horário. — Melhor você se
apressar.
Ela assentiu, enfiando mais cereal do que o necessário na boca.
Victoria havia combinado de passar aqui cedo e buscar Cassie para um dia de garotas, e
eu agradecia por isso.
Cassie era fruto de um relacionamento antigo com Christine, e apesar de termos uma
ótima relação, ela ainda preferia viver em Nova Iorque comigo, invés de Portland com sua mãe.
O barulho da campainha soando me fez acenar para que continuasse a comer enquanto
seguia em direção à porta de entrada.
— Bom dia — cumprimentei assim que alcancei e liberei a entrada da ruiva, vendo-a
sorrir, animada.
Victoria parecia que nunca tinha tido um dia ruim.
— Bom dia, jogador. — Bateu em meu ombro antes de me dar um abraço rápido.
— TIA VICTORIA! — Cassie gritou da cozinha. — Eu estou aqui. — A pontinha da
cabeça dela apareceu pela parede que dividia os cômodos e ela sorriu, voltando para cozinha
antes que eu lembrasse que precisava terminar seu café da manhã.
— Vai aproveitar seu dia dos garotos? — a ruiva indagou, me olhando.
Neguei.
— Queria, mas tenho treino e alguns assuntos para resolver. Preciso ir à reunião com uma
marca de publicidade. — Fiz careta para essa última informação. Odiava reuniões.
Eu amava jogar.
Minha vida era o futebol americano, e ao entrar em um time grande, isso vinha com
grandes responsabilidades. O problema é que às vezes a fama vinha com mais peso do que eu
gostaria.
Porém, não havia como reclamar quando você passou a vida toda desejando isso.
— Sinto muito. Hoje o Jackson também tem um dia cheio. — Abriu um sorriso de lado
ao falar do marido. — Vigiar o nosso bonequinho. David anda cada dia mais disposto a
enlouquecer qualquer ser vivo.
Segurei a risada.
Não esperava nada diferente do filho deles.
— Comprou os ingressos? — ela indagou, me olhando sobre os ombros.
— Ainda não, mas irei, juro — falei, e Victoria rolou os olhos, sumindo dentro da
cozinha.
O que eu podia fazer?
Era difícil deixar Cassie ir a lugares tão cheios. As pessoas não sabiam sobre ela, e não
era para ser um segredo, eu apenas queria que ela tivesse a vida mais normal possível.
Cassie já foi vista comigo algumas vezes, mas acabou sumindo rapidamente das notícias,
porque ninguém conseguiu definir o seu nível de relação comigo. Acabou deduzindo sobre ser
filha de algum amigo, ou sobrinha.
E como eu tinha uma família numerosa, isso foi rapidamente se perdendo.
Sentei-me no sofá, abrindo o notebook enquanto escutava as duas conversando na
cozinha. Entrei no site, na página da artista que minha filha era obcecada.
Quando falava obcecada, não estava exagerando.
Cassie tinha tudo que essa mulher lançava, desde cds, filmes em que participou, materiais
de divulgações que eram vendidos nos sites e coisas aleatórias de referências à vida e carreira de
Tessa.
A pequena Teresa realmente cresceu, e enquanto no passado ela era insignificante para
mim por ser muito jovem, hoje ela parecia ter saído dos meus sonhos, de tão bonita e
inalcançável que era.
Ela era jovem, apenas vinte e três anos e tinha uma carreira sólida e longa, já que ela foi
descoberta ainda na adolescência por um caça-talentos. E anos depois, bum, temos a queridinha
da américa.
Encarei o rosto jovem e delicado em um pôster de entrada do site de vendas.
A lembrança daquela noite, no Natal do ano passado, ameaçou a voltar, mas afastei-a
para longe e me concentrei no que estava fazendo, olhando a agenda dos próximos shows, ela
teria ainda mais três em Nova Iorque antes de ir para o próximo destino.
Deixei o suspiro lento escapar, comprando dois ingressos em um estado de pura
resignação.
Não tinha nada que Cassie Mikelson não conseguisse com um sorriso e olhos brilhantes.
E ela sabia disso.
— Você adora Nova Iorque. — A voz feminina me fez virar, abrindo um sorriso para
minha mãe que estava parada no meio do quarto.
— É a cidade dos sonhos — falei como se não fosse nada demais.
— Claro — disse, sorrindo.
Encarei o céu de Nova Iorque pela janela gigante do quarto de hotel, aproveitando o
pouco tempo que eu tinha até ter que descansar para iniciar toda a preparação insana para os
shows do fim de semana.
Eu amava meu trabalho.
Mas amar não significava que eu não via que aquilo tudo era exaustivo.
Contudo, eu não trocaria isso por um dia de paz. Afinal, ali estava o que sempre sonhei.
Vivia em Nova Iorque, mas as viagens eram constantes por todo os Estados Unidos, e em
épocas de turnê, para todo o mundo.
Cantando, compondo e às vezes, atuando. Minha vida era exatamente como eu idealizei
em meu diário aos sete anos de idade, em Portland, sentada olhando para o piano abandonado na
sala de estar.
— Seu pai estaria orgulhoso — mamãe disse, beijando o topo da minha cabeça.
Sorri.
— Ele estaria — concordei sorrindo.
Papai havia falecido três anos atrás, e foi a coisa mais difícil que já enfrentei. Desde a
infância, minha família havia sido a base para que eu crescesse e me tornasse a melhor versão de
mim. E em um dia, eu acordei com o telefone tocando de uma ligação de Portland falando sobre
ele ter falecido.
Foi o período mais difícil que tive.
Pausei a carreira, fiquei quase um ano fora tentando rebobinar a fita da minha vida,
porque parecia que nada fazia sentido.
E realmente, mesmo depois de dois anos, ainda não fazia.
Faltava ele aqui.
Eu tinha tudo, menos a pessoa que mais amava no mundo.
Dizem que um pai é o primeiro amor de uma menina. E meu pai foi isso. Porque ele não
era só meu pai, ele foi o melhor homem que conseguiu ser, ele fazia tudo por mim e eu daria
tudo por ele se tivesse a chance de tê-lo ao meu lado.
— Nova Iorque era a casa dele — falei, admirada.
Papai era de Nova Iorque, mas viveu parte da vida em Portland por causa do trabalho, e
quando conheceu a mamãe, criou raízes lá porque não queria se afastar dela. Mas eu cresci
ouvindo histórias sobre Nova Iorque.
— Sim, ele amava esse lugar — ela concordou, caminhando pelo quarto. Os cabelos
loiros estavam presos em um coque alto, e ela parecia feliz em estar aqui.
Mamãe viajava comigo para todos os lugares do mundo, desde que eu tinha quinze anos.
Ela não media esforços para me ajudar e eu não sabia como colocar em palavras minha gratidão
por ela.
— E agora você fará mais três shows aqui — comentou, animada.
Sorri.
— Sim, achei incrível. — Levantei e tirei a jaqueta que estava vestida, a jogando sobre a
poltrona.
— O que pretende fazer nessa próxima pausa? — ela indagou.
Sorri, me jogando na cama.
— Ir a todos os eventos legais, ver minhas amigas, e quem sabe, viajar por um ou dois
dias para um destino bem relaxante — falei, sonhadora.
Mamãe sorriu.
— Ligue para Adele, com certeza ela terá um destino ótimo para vocês.
— E você? — Franzi o cenho.
Mamãe encolheu os ombros.
— Quero ficar em casa, talvez assistir O diabo veste Prada pela milésima vez e comer
muitos chocolates com marshmallow — disse, me fazendo rir. Aquele era o programa perfeito
para ela.
— Não acredito que planeja ver O diabo veste Prada sem mim — falei, ofendida, e ela
riu.
— Oras, você vai estar com algum gatinho nas Bahamas e eu em casa, nada mais justo.
— Piscou um dos olhos, e eu corei. Minha vida sexual e amorosa era um quadro de muito
destaque desde que completei a maioridade.
Uma merda.
— Querida fada madrinha, me mande um gatinho bem gente boa — murmurei, seguindo
a ideia de que iria passar o Halloween sem minha mãe.
Peguei meu telefone no bolso da calça jeans e busquei o número de Adele.
“Planos para o Halloween?”
Enviei a mensagem vendo a mamãe atender uma chamada e sair do meu quarto.
“Tem a festa dos pós-jogo do Joe, e eu prometi que iria”
Respondeu, me fazendo bufar ao ler isso.
Ela estava de caso com um jogador de futebol e isso vinha durando mais do que eu pensei
que duraria.
Adele era minha amiga de infância, e praticamente, a única. Nós nos conhecíamos desde
que estávamos na barriga das nossas mães, e éramos praticamente inseparáveis.
“Mas você pode ir ao jogo comigo. E depois vamos à festa. Vaga no camarote para ver
jogadores gostosos se matando em campo”
Segurei a risada com a definição dela.
Nem eu, nem Adele entendia um a de futebol americano, mas ela estava empenhada em
se tornar a mulher de um. O que me rendia muitas risadas, então não tinha nada do que reclamar.
“Parece ótimo”
Respondi, realmente querendo ver em que estágio da relação ela estava com o jogador de
futebol bonitão.
“E eu volto para dezembro, dou meia volta
E faço tudo ficar bem
E eu volto a dezembro, dou meia volta
E mudo de ideia
Eu volto para dezembro todo o tempo
Todo o tempo”
Back To December - Taylor Swift
As luzes me cegavam toda vez que se tornava mais intensa, mas a alegria da pipoquinha
pulante à minha frente me fazia rir e esquecer disso por breves minutos.
Vir a um show de Tessa Carson não deveria estar no top um de coisas mais assustadoras
que já fiz, mas aqui estávamos nós. Victoria não conseguiu vir e eu tive que desmarcar alguns
compromissos para trazer minha filha, como prometido.
Temendo por dentro, o que é idiota, já que com uma plateia de milhares de pessoas em
um estádio de futebol, me ver era uma das últimas coisas que ela faria.
— Wow! — A exclamação animada de Cassie me deixou feliz ao ver que seus olhos
estavam brilhantes para a cena que passava em sua frente.
A cantora ruiva e bem-posicionada no palco, vestia um corset vermelho com pedras
brilhantes, e segurava o microfone, cantando Broken com a voz de anjo majestosa, alcançando
notas que nem que se eu nascesse de novo, conseguiria.
— ELA PARECE UMA PRINCESA, PAPAI! — Cassie disse, admirada enquanto
dançava, e eu quis concordar, mas em minha cabeça não havia como uma princesa parecer como
Teresa Carson. Para mim, ela estava putamente gostosa.
Seus seios dentro da peça apertada faziam-na parecer mais mulher, e desciam marcando
sua cintura fina, e se eu fechasse os olhos, me lembraria de cada detalhe.
— Sim, sim — concordei, bebendo um gole da minha bebida, fraca, mas era o que tinha.
Não podia consumir nada muito alcoólico, pois minha missão de vida era levar minha filha
inteira para casa.
— Eu estou apaixonada — Cassie falou, abanando as mãos na frente do rosto de modo
apaixonado quando a performance ficou mais intensa e Teresa se ajoelhou no palco,
dramatizando a cena enquanto jogava os fios ruivos para trás.
Eu me obrigava a não acompanhar nada de Tessa.
Antes do Natal do ano passado isso era genuíno, eu não tinha interesse em saber da vida
da irmã do meu companheiro de time. Mas agora, não, não era nada fácil ignorá-la sabendo tudo
que a ruiva poderia entregar.
— Obrigada, papai — a voz sussurrada dela contra meu corpo me fez travar, vendo que
Cassie conteve seu entusiasmo pelo show apenas para me agradecer por trazê-la aqui.
— Não precisa me agradecer, querida. — Abaixei-me colocando o copo de lado e
indiquei minhas costas. — Quer subir? Talvez ela veja você — brinquei, desejando que Tessa
não nos visse na plateia.
Parecia um tipo de carma que Cassie havia se apaixonado loucamente por Tessa e todo
seu trabalho, se tornando uma das fãs mais assíduas da cantora.
— Oba, quero sim — disse, animada, subindo em meus ombros. Levantei-a abaixando
meu boné para que passasse desconhecido na multidão e sorri, ao ver o grito animado da minha
garota.
Ela estava com uma boina na cabeça, sinal clássico de um dos clipes da cantora, um
conjunto de saia plissada vermelha e camiseta branca, tudo inspirado em looks que Tessa usou
em algum momento da carreira. E se eu olhasse ao redor, veria isso se repetir por toda a
multidão, com os fãs loucamente apaixonados assim como Cassie.
— Você fique aqui — falei a Cassie, apontando para o local vazio atrás dos camarim e
peguei o telefone, precisando atender a chamada de Joanne, a responsável pela assessoria de
imprensa. Ela disse que me ligaria caso acontecesse algo, então deveria ser sério.
— Oi — atendi, afundando as mãos no bolso do meu moletom branco, andando em
círculos. Havíamos vindo para os fundos do evento, e daqui dava para ver a rede de seguranças
que haviam por todo o local. Cassie estava só a alguns passos de mim. — Aconteceu algo?
— A mídia fez um clique de você e Cassie entrando no evento — ela avisou, e eu
suspirei, sabendo que já era previsto algo do tipo. — Posso tentar negociar, ou deixamos para ver
a suposição da vez?
Não era um segredo que Cassie existia, mas eu nunca falei disso publicamente, e só
aceitava participar de programas de TV com acordos prévios que nenhuma pergunta relacionada
seria feita.
E vez ou outra um paparazzi descobria-nos, e saía a manchete: filha, sobrinha ou o que do
jogador? Era o tipo de pergunta que eles faziam constantemente.
Terminei a conversa com Joanne e me virei para chamar Cassie e irmos para casa, mas o
espaço onde há poucos segundos estava minha filha estava completamente vazio. Em choque,
comecei a rodar, procurando pelos fios loiros de Cassie, mas não a encontrei por perto e comecei
a percorrer o local, chamando por ela, sentindo meu coração acelerado pelo medo. A multidão lá
fora ainda estava enorme, e ela poderia se perder em meio a eles. E...
Meu Deus.
Tanto cuidado para no fim, eu perder minha própria filha.
— Eu perdi a Cassie — falei ao telefone com o único segurança que nos acompanhou.
— Estou entrando no estádio, irei procurá-la — disse rapidamente, e eu agradeci.
Uma coisa sobre crianças: elas lhe deixam cega.
Uma coisa sobre Cassie: nunca se ache inteligente demais perto dela, ela com certeza vai
encontrar uma forma de mostrar que você só é um idiota com autoestima alta.
— Oi, você viu uma garotinha? Cinco aninhos, tagarela, cabelos loiros. — A moça foi se
afastando, me vendo tagarelar características de Cassie, apenas negou dizendo que não havia
visto.
Deixei o xingamento escapar e continuei andando, o local do show começava a ficar
completamente vazio, e ela poderia estar em qualquer lugar. Triste e sozinha eu duvidava muito
que Cassie estivesse, mas mesmo assim ela só era uma criança, e ela não podia ficar sozinha.
— Achou ela? — A voz do segurança me fez virar, e neguei com a cabeça.
— Nada, ninguém viu — falei com frustração caminhando, já quase saindo em direção ao
estacionamento. Tinha tantos lugares para se procurar, no meio da multidão, perto dos palcos e
no enorme estacionamento lotado.
Meus dedos brincaram com a barra do vestido brilhante e dourado que acompanhava o
movimento do meu corpo. Era a coisa mais linda do mundo, e meu preferido dentre todos os
modelitos incríveis da tour que havia se iniciado há um ano e meio, e havia retornado de mais
uma pausa para um momento de descanso para equipe e, claro, para mim.
E enquanto eu saía no palco, via os inúmeros fãs gritando meu nome, meu coração
abobado com isso se acelerou.
Era sempre assim.
Desde a primeira vez que eu subi em um palco, meu coração nunca parou de acelerar
quando entrava em um. Desde quando eu era uma garotinha, sonhava em ser uma grande estrela.
E para quem cantou um dia em um estacionamento com quinze pessoas, lotar um estádio
por noites seguidas era um feito e tanto. Nunca me cansaria de dar o meu melhor a eles.
Sorri uma última vez antes de ser engolida pela bagunça caótica dos bastidores, fui
guiada até a ala do camarim, tirando os equipamentos do meu corpo conforme passava por minha
equipe. Alcancei a porta com uma plaquinha com meu nome e pude finalmente me trancar ali
dentro.
Porém, o barulho de algo caindo no chão e se espatifando me fez virar rapidamente,
dando de cara com uma garotinha de olhos arregalados, olhando para mim como se fosse um
fantasma.
Os enormes olhos azuis foi a primeira coisa que notei.
Mas não estavam assustados.
E sim, admirados.
Aquela menina...
— TESSA! — O grito estridente veio seguido de uma corrida em minha direção,
abraçando meu corpo antes que eu tivesse chance de entender alguma coisa. O que? De onde
aquela garotinha saiu?
Confusa, dei tapinhas nas costas da pequena, com dificuldade de me abaixar por causa do
figurino apertado. Abaixei em sua frente, tentando entender como uma criança daquele tamanho
driblou a segurança do show.
— Meu Deus, você é linda, eu vou falar para minha mamãe que você parece mesmo uma
princesa — ela disse, tocando meu rosto de modo admirado que quase me fez rir.
Os baixinhos eram meus fãs mais fofos, isso era sem dúvidas.
— De onde você saiu, querida? — indaguei, notando a boina parecida com a do clipe de
Left Behind e não evitei de achar aquela criatura pequena extremamente fofa.
— Eu vim vê-la — ela disse, tocando a ponta dos meus cabelos. — É mesmo de verdade?
Ela parecia admirada.
Sorri.
— Sim, são de verdade — afirmei, me sentando no sofá que havia ali e bati no espaço ao
meu lado. — Me diga, qual seu nome?
— Eu sou a Cassie Mikelson — ela respondeu, animada. — Igual o nome do meu papai.
Os amigos dele costumam chamar ele de Mike.
Contou, tagarela, e eu notei o sobrenome igual à de uma pessoa específica.
Mas sabia que Carter não tinha nenhuma filha, então me acalmei.
— Certo, como você chegou aqui, Cassie? Seu pai ou responsável sabe onde você está?
— inquiri, e ela jogou a cabeça levemente para trás, desviando o olhar, e eu entendi que ninguém
sabia que ela havia entrado em meu camarim.
— Ele não sabe. Estava falando no telefone. O que é responsável?
— A pessoa que cuida de você — falei, me levantando e pegando meu telefone sobre a
penteadeira, liguei o aparelho e comecei a desfazer os nós do corset com calma. — Fique
quietinha aí enquanto eu troco de roupa para irmos resolver isso, ok? Seu pai deve estar
desesperado — avisei, e ela assentiu, balançando as perninhas no ar animada.
— Vai lançar álbum novo esse ano, Tessa? — indagou. — Estou perguntando por que
sinto muita falta de álbuns novos. A turnê é legal, mas eu não posso ir a muitos shows. Álbuns
novos eu posso ficar perto de você o tempo todo. É bem legal. Viu meu look? Eu pedi para
mamãe confeccionar, e ela me ajudou.
Deu uma voltinha na frente do sofá, exibindo o look.
Sorri.
— É um look bonito, você e sua mãe fizeram um bom trabalho — elogiei, e ela sorriu
ainda mais animada.
— Eu sei que você não respondeu a minha pergunta sobre o álbum, acho que deveria
cantar com a Adele, ela canta bem, sabia? Eu vi vídeos. Papai tentou limitar minha internet
quando eu enviei uma foto dele para um site de fofoca, foi péssimo. A vida sem internet é triste.
Mas tudo voltou ao normal — ela falou, e falou, e eu quase fiquei tonta com a quantidade de
palavras que saía dos lábios da menina.
Ela era claramente muito inteligente. E tagarela.
Além de ser uma loirinha fofa de enormes olhos azuis expressivos, e os cabelos batendo
um pouco perto da cintura em uma cascata. Não havia como negar que ela foi esculpida.
Outra coisa, eu até pararia o que estava fazendo para perguntar em qual contexto ela
enviou uma foto do seu pai para um site de fofoca, mas acho que isso desencadearia outras
histórias e só me deixaria mais curiosa.
Vesti um roupão assim que fiquei só com as peças mais simples do modelo que estava
usando e prendi meus cabelos em um coque alto, pegando o telefone.
— Para quem você escreveu brooken? — ela indagou, e eu virei rapidamente. — É meu
álbum preferido. Eu sempre fiquei curiosa para saber. — Bateu o indicador sobre os lábios,
pensativa. — Minha mãe disse que você era jovem demais quando lançou, provavelmente nem
sequer escreveu a música, pois as gravadoras compram músicas. Mas eu pesquisei. Sei que você
as escreveu.
Tudo vinha acompanhado de uma pesquisa.
— Sim, eu escrevi — confirmei, digitando a mensagem para o grupo da segurança para
avisar que estava com uma fã criança no camarim e que eles encontrassem o pai da garota. Ele
deveria estar tão preocupado. — E não foi para alguém específico — falei, uma mentira óbvia,
mas Cassie não notou isso. — É só um monte de coisas que acontecem na nossa adolescência,
quando você crescer mais, irá entender. Às vezes é algo assim. — Fiz um gesto com as mãos
para demonstrar pequeno. — E virá isso quando você dramatiza e escreve.
Ela riu.
— Você é dramática — apontou o óbvio. Sentei-me no chão do camarim, a encarando
enquanto aguardávamos seu pai.
— Sim, eu sou dramática. — As batidas à porta me fizeram levantar em um pulo,
caminhei até lá, abrindo-a, foi questão de segundos que meu bom humor foi embora e eu senti
meu sorriso sumir.
Carter Mikelson estava na minha porta.
No meu camarim.
— Papai! — A exclamação de Cassie fez meu corpo tombar levemente para o lado, me
apoiando na porta, chocada demais para demonstrar algo além disso. — Ela está falando comigo!
— ela disse, animada, como se isso fosse a única coisa que importasse.
“E eu acordo com a sua memória sobre mim
Este é um legado do cacete para deixar
O vermelho na minha camisa
De quando você derramou vinho em mim
E como o sangue se juntou em minhas bochechas
Tão escarlate, era bordô”
Marron – Taylor Swift
Eu olhava para Tessa e ela me encarava como se estivesse vendo uma miragem, mas não
consegui me mover. Cassie observava nós dois com os enormes olhos atentos a cada movimento,
como se algum momento fôssemos dar respostas a ela.
— Não sabia que você tinha uma filha — a ruiva foi a primeira a falar, cruzando os
braços e com um sorrisinho de lado preenchendo seus lábios.
— Papai não fala muito de mim na mídia — Cassie respondeu por mim, fazendo a
mulher encará-la com um sorriso de canto. — Ele acha que a mídia pode ser maldosa e me
machucar.
Teresa assentiu.
— Ele tem razão, a mídia é maldosa. — Ela ficou na altura de Cassie para respondê-la.
— Você deve aproveitar muito antes de entrar nesse mundo caótico. E caso não queira entrar, a
vida anônima é sempre mais divertida.
Ela a encarava, pensativa.
— Eu não sei se quero ser famosa como você e o papai. — Ela apontou em minha
direção. — Mas, você sabia que ele é jogador de futebol? Ele é o melhor do mundo.
Cassie pegou minha mão, puxando-me em direção a Teresa, que riu da forma que minha
filha falou. Permaneci calado, observando-a lidar com Cassie com maestria.
— Sim, eu sei que ele é jogador. Já nos conhecemos, ele é amigo do meu irmão — ela
disse, se levantando e Cassie me olhou, pedindo explicações. E estendeu os braços. — Conhece
o tio Tyler? Ele é meu irmão.
— Ele é seu irmão?! — Cassie exclamou, animada.
Sorri da cena. Ela não sabia do grau de parentesco entre Teresa e Tyler, pois a mídia não
costumava ligar muito o sobrenome dos dois.
— Ele é meu preferido. Os cabelos de vocês são iguais, eu adoro os cabelos do tio Tyler,
ele é mal-humoradinho, mas sempre me traz doces e é legal comigo — Cassie tagarelou e nós
dois rimos da definição ótima. Um grande mal-humorado rendido por Cassie.
— Você é claramente encantadora — Teresa disse, apertando o laço do roupão. — Ele
não resistiria a você, mesmo sendo um leão irritado.
Cassie deixou a risada escapar, encostando a cabeça em meu ombro.
— Sua filha é minha fã? — Tessa indagou, olhando diretamente para mim.
Sorri.
— É bom revê-la, Teresa — falei, ignorando sua pergunta. — Principalmente depois de...
— Tessa — ela interrompeu, com as bochechas coradas pela menção do que aconteceu
na última vez que nos encontramos. O segurança que estava me acompanhando bateu à porta do
camarim.
— Leva Cassie para o carro, eu vou em um minuto. — Coloquei-a no chão vendo seu
rostinho frustrado por levá-la embora. — Se comporte, ok? Não fuja novamente. Ainda está uma
bagunça lá fora e é perigoso, Cassie.
Mesmo chateada, ela balançou a cabeça em confirmação.
— Tchau, Tessa — ela se despediu, olhando para o lado e balançando a mão no ar, mas a
ruiva já estava caminhando até nós e se abaixou, abrindo os braços em um pedido silencioso de
abraço.
— Eu amei conhecer você — Teresa Carson disse. — Estou feliz que tenha invadido meu
camarim.
Cassie riu da menção.
— Eu amei mais. Te amo muito — falou e eu não me assustei, pois sabia que era o típico
carinho imensurável de fã. E ela se afastou, recebendo mais um tchau animado de Tessa antes de
virar no corredor que dava na saída dos camarins.
Tessa suspirou, ainda abaixada ao meu lado e se levantou de modo calmo, me olhando de
lado.
— Viu? Ela me ama. Muito — pontuou o muito e eu ri.
— Ela ama todo mundo, Cassie é como um Golden humano — falei, e Tessa negou com
a cabeça.
— Não, ela me adora. Eu sei — ela declarou, animada com a ideia. — O que é
surpreendente.
Encarei-a, confuso com isso.
Teresa pegou um algodão dentro de um pote e despejou um líquido na superfície,
passando no rosto calmamente.
— É o primeiro show dela? — perguntou, se sentando na cadeira do camarim vazio. A
porta encostada nos deixava sozinhos e eu comecei a ficar preocupado.
Na última vez que fiquei sozinho com essa mulher, tomei todas, dancei descalço em uma
festa da alta sociedade, derramei vinho em seu vestido caro e transamos. Ou melhor, eu tirei a
porra da virgindade dela e acordei sozinho no dia seguinte.
— Sim, eu não deixo ela sair muito em público — expliquei, afundando as mãos em meu
moletom, me sentindo perdido nos olhos verdes de Tessa, que pareciam analisar minha alma.
— Faz bem, a mídia é ruim — ela disse, simples assim. — Mas quando você teve uma
filha? Eu não esperava por isso.
Sorri.
— Tessa já tem quase seis anos, ela nasceu há algum tempo.
O cenho franzido de Tessa me fez parar de falar, vendo-a analisando cada palavra.
— A mãe dela é viva, né? Ela mencionou a mãe — comentou, como quem não queria
nada. E eu finalmente entendi.
Sentei-me na beirada do sofá, e ela me acompanhou com o olhar.
— Christine é uma ex-namorada do ensino médio, nós mantínhamos um tipo de relação
casual, que deu em Cassie — falei e ela seguiu com o olhar analítico e perturbado. — Não temos
mais nada há muito tempo, Tessa.
Ela finalmente desfez os nós que se formaram em sua testa.
— É realmente um alívio — disse, rindo. E a vi encarar o algodão sujo de maquiagem e
descartar no lixo ao lado. — Olha, sobre aquela noite...
— Não vamos falar daquela noite — a cortei.
Não queria ouvir nenhuma desculpa por ela ter ido embora na manhã seguinte.
Sinceramente, eu já estava acostumado.
Por todas as mulheres que me interessei, era sempre um tipo de decepção diferente. E
todas as mulheres que ficavam interessadas em algo mais, não era o que eu estava procurando.
Não que eu estivesse apaixonado ou querendo algo com Tessa, mas sinceramente, eu não
esperava acordar e ver que ela fugiu.
Ela me encarou, parecendo tentada a falar algo, mas se calou antes que qualquer palavra
saísse da sua boca.
— Tessa. — A voz feminina veio da porta e ela se apressou para ver quem era. —
Vamos? Seu carro chegou.
Alguém da equipe disse e ela assentiu, me fazendo levantar e ver que já havia chegado a
minha hora.
Dentro do carro, e olhando a janela onde dava para ver Carter se aproximando do próprio
veículo, deixei o suspiro escapar, me sentindo ainda doente com a ideia de que ele era pai
daquela adorável garota. Encostei minha cabeça no estofado do carro, e fechei meus olhos, me
obrigando a relaxar.
Era só um encontro.
Vocês viviam em Nova Iorque, era normal ter encontros do tipo.
Mas juro que nada me preparou para encontrá-lo em meu show.
— Você está bem? — A voz de Allie, minha assessora de imprensa, me fez virar, e eu
assenti levemente. — O show repercutiu bastante, a presença de Mikelson, um jogador de
futebol americano, foi bastante comentada. Eles falaram muito sobre como vocês têm algo em
comum.
Olhei-a estranho.
— O que temos em comum? — indaguei, com leve temor. Sinceramente, não se passava
nada em minha mente que teria em comum com Carter Mikelson.
— Ele joga no time do seu irmão, lembra? — Allie perguntou como se não fosse nada, e
eu fiquei calma. Desde aquele Natal, eu ainda pensava que a todo momento iria explodir na
mídia alguma notícia sobre nós dois.
Foi por muito pouco que a foto minha e de Carter não acabou saindo. Alguém nos
fotografou sentados juntos na poltrona, e enviou para um paparazzi que tinha contato com minha
agente, e ela pediu para não vincular a imagem, tirando-a de circulação.
— Às vezes eu esqueço — menti, sorrindo de modo envergonhado. Não tinha um só dia
que eu não me lembrava desse detalhe.
— Estão mencionando a data de aniversário do seu... — Ela se calou ao ver o que iria
falar e me olhou. — Você sabe.
Engoli em seco.
Meu pai estaria fazendo aniversário daqui a alguns dias, e sempre era uma movimentação
constrangedora nas mídias sociais. Eles questionavam como eu estava, faziam teorias e postavam
notícias relembrando o pior dia da minha vida.
Era como um pesadelo.
— Podemos ver como aquela roupa do ato II pode ficar mais justa? Ela ficava muito
folgada e caindo, acabei me desconcentrando durante a performance — pedi a ela. Não era
trabalho de Allie, mas ela trabalhava comigo há anos e era uma das pessoas que eu mais confiava
na minha equipe.
— Claro, vou passar para a equipe — disse prontamente, e eu encostei a cabeça no vidro
do carro, vendo o local se distanciar enquanto soltava um suspiro lento. Estava pronta para deitar
na minha banheira e relaxar.
Precisava dormir o máximo que conseguisse, pois amanhã teríamos mais um show e eu
precisava me aprontar cedo. Era sempre uma montanha-russa esses dias em turnê.
— Sua reunião com a equipe está programada para depois de amanhã, acha que dará
conta? — ela inquiriu, e eu concordei, já pensando sobre isso. Aquela simples pergunta poderia
responder ao questionamento da pequena Cassie se eu pretendia ou não lançar um álbum ainda
esse ano.
A verdade é que ele já estava quase todo pronto. Era meu quarto álbum de estúdio
tomando forma, estava animada com a ideia.
A turnê se encerraria em algumas semanas, e tudo estava perfeitamente organizado.
Como diria a grande mente de Taylor Swift, e se eu te dissesse que nada foi por acaso?[1]
Era uma coisa que eu gostava de pensar.
Seguia passos de grandes cantoras que vi nascer em minha infância e fui apaixonada por
anos. Se você entrasse em meu quarto na antiga casa dos meus pais em Portland, iria entender o
que dizia. Beyonce, Taylor Swift, Britney Spears, Madonna, Selena Gomez e... por aí vai.
A grande coisa que nunca fiz foi me ligar diretamente a elas.
Deixei que as pessoas entendessem como bem quisessem.
Nunca fale que se inspira em alguém, pois as pessoas irão começar a ver isso como uma
competição de quem fez melhor.
— Que tipo de mentira podemos soltar na mídia para durar o suficiente para eles
pensarem naquilo? — perguntei, tentando não falar, da morte do meu pai.
Allie suspirou ao meu lado.
— Já soltamos de quase tudo — ela disse, tocando na tela do tablet. — Eu usaria o que
mais convence o público, rende dinheiro e os deixam alucinados.
Encarei-a, parecia surreal que tudo isso fosse usado na mesma frase.
Convence o público.
Rende dinheiro.
Os deixam alucinados.
— E o que seria isso? — indaguei cansada de tentar adivinhar.
Allie me lançou um sorriso enviesado.
— O clássico namoro. Uma diva pop que nunca assumiu ninguém para as mídias
finalmente tem um affair? Meu Deus, isso renderia o top um nos trending topics, com toda
certeza!
O gemido de desespero escapou dos meus lábios.
Namoro?
Ela só podia estar brincando.
— Sempre tentamos não vincular minha imagem a homens, sabe que eu odeio pensar que
isso aconteceria. Já é ruim o suficiente falarem que só gravei meu primeiro álbum porque meu
pai tinha dinheiro, e que no fim, talento não foi importante.
Ela suspirou.
— Eu sei que é ruim, mas tudo tem dois lados. Quando questionam seu talento, isso vira
uma bola de neve na internet, alcança mais pessoas e aquelas que tem o ceticismo afiado, vai
querer ver para conferir se é isso mesmo. Com o namoro, não é muito diferente. Uma parte vai
falar que o homem te deu fama, e essa é sim, é a pior parte. Mas no fim, vai render dinheiro e
movimentar todo um mercado.
Encostei a cabeça no estofado novamente, desejando morrer.
Sim, já vi inúmeras matérias sobre o fato de ter vindo de uma família de empresários. E
sim, todo ano, em algum momento, isso ressurgia na mídia e acontecia exatamente o que Allie
falou.
Com o namoro, era um pouco mais pesado, pois iriam me ligar para sempre a um affair
qualquer, mas ainda assim, viria uma parte boa de tudo.
— Por favor, só não escolha alguém intragável — implorei, enquanto alisava minhas
têmporas, e Allie soltou uma risada animada.
— Deixe comigo — disse, sorridente. Toda vez que a mídia ameaçava me massacrar, ela
vinha com essa bomba de namoro falso, e eu sabia que isso era seu lado de leitora fanfiqueira de
romance falando.
“Oh, estou com medo de ver o final
Por que estamos fingindo que isso não é nada?
Eu te diria que sinto sua falta, mas não sei como
Nunca ouvi um silêncio tão alto assim”
The Story Of Us - Taylor Swift
— Então você está saindo com o gostoso do Carter Mikelson? — Adele indagou
enquanto se maquiava, em meu quarto, sentada em frente ao espelho da minha penteadeira. O
jogo de Carter era hoje, e eu acabei convidando Adele para ir comigo, com medo de ficar
deslocada.
Deixei a risada escapar, olhando meu look sobre a cama e pensando se precisava mesmo
usar isso. Havia sido escolhida junto com a stylist, e no primeiro concordei, mas agora fiquei
pensativa. Eu vou ficar parecendo uma cheerleader, saída diretamente de um filme teen dos anos
dois mil.
Deixei o suspiro frustrado me escapar.
— Sim, meio que isso — murmurei irritada com as peças que Allie escolheu. Ela estava
em cima de cada detalhe daquela mentira, cuidando de pontos que sinceramente não faziam
diferença.
— Nem esperou eu te apresentar um dos lindíssimos amigos do Joe — ela murmurou
chateada, e eu deixei a risada escapar.
— Carter é...
— Eu sei, ele parece uma geladeira electrolux frost free três portas — ela tagarelou,
pontuando características da geladeira como se tivesse essa referência decorada em sua mente.
Olhei-a desconfiada, segurando a risada. — O quê? Significa que ele é lindo, gostoso e grandão.
Com todo respeito.
É a cara de Adele colocar a maior barbaridade do mundo para fora e adicionar um “com
todo respeito”.
— De onde você tira essas coisas? — indaguei rindo.
Ela encolheu os ombros.
— Da internet — disse com simplicidade. — Agora sério, fico feliz que esteja rolando
algo. Ele me parece ser um cara legal. Joe o conhece e sempre falou bem de Carter, mesmo eles
não fazendo parte da mesma equipe.
— Sim, Carter é legal. Eu o conheço há muito tempo, éramos vizinhos em Portland, mas
claro que ele nunca me olhou já que nossa diferença de idade era de dez anos — expliquei, e ela
assentiu, passando o gloss nos lábios cheios. — Mas conheço Carter a vida toda, ele é um dos
melhores amigos de Tyler.
— Verdade — ela falou, sorridente. — O gostoso do seu irmão.
Segurei a risada.
— Você precisa de um filtro nessa sua cabeça — comentei, vestindo a blusa branca, e me
olhei no espelho, vendo como ela ficava junto com a saia rodada, plissada e bastante curta. —
Tyler morre toda vez que você o chama assim.
Ela deixou a risada escapar.
— Eu pegaria seu irmão, se ele parasse de fugir de mim. — Ela terminou de prender o
cabelo em um rabo de cavalo alto e eu neguei com a cabeça.
Havia uma regra simples, Tyler não podia, em hipótese alguma, ficar com as minhas
amigas.
Eu sabia que se eu ficasse com um amigo do meu irmão, iria manter minha bunda fora de
problemas e ter discrição caso meu coração fosse partido. Era o que vinha fazendo por anos, me
mantendo fora do olhar analítico de Tyler Carson.
Só que quando amigas minhas ficavam com ele, e eram rejeitadas, acabava em um grande
drama. Isso aconteceu há uns dois anos, quando ele deu bola para uma modelo que era minha
amiga e alguns anos mais velha. Foi dramático, ele não queria assumir relacionamentos e ela
ficava em cima de mim em um telefone sem fio infernal.
No fim, eu perdi uma amiga e fizemos um pacto.
Terminei de me vestir poucos minutos antes do meu telefone começar a vibrar com a foto
do bendito aparecendo na tela. Puxei o zíper da minha bota preta e peguei o aparelho, atendendo-
o em seguida.
— Pode me explicar que merda é essa com o Carter?
— Em minha defesa, foi coisa dos nossos agentes — falei rapidamente, saindo do quarto
a caminho do corredor de casa. Mamãe não estava em Nova Iorque ainda, então todo esse caos
não chegaria ao ouvido dela.
— O Carter? Jura?! — ele exclamou.
Sorri.
— É só uma mentira, você teria autorização para surtar caso fosse verdade — afirmei,
dando uma voltinha na frente no enorme espelho oval do corredor. Eu me sentia bonita. — Vou
colocar no modo chamada de vídeo — disse antes de tirar o telefone da orelha e virar a câmera
para o espelho. — O que achou do meu look?
Meu irmão fez uma careta.
Ele estava em algo que me lembrava o vestiário dos times.
— Você parece uma maria-chuteira.
Revirei os olhos.
— Isso não é um termo mais usado para o futebol? — indaguei. — Não o futebol nosso,
aquele da bolinha redonda.
Tyler deixou a risada escapar.
— Por Deus, você vai morrer vendo um jogo de futebol — ele disse, e eu suspirei.
— Ei, isso é ofensivo. Eu vi seus jogos. — Apontei o dedo em sua direção.
— Sim, mas eu sou seu irmão. É seu dever aturar coisas que odeia por mim. Por Carter
você não deve nada.
— Isso é tão ofensivo. — A terceira voz veio do outro lado e ele se virou, mostrando
Carter entrando no vestiário.
— Mas é a verdade — Tyler disse e eu deixei a risada escapar, virando a câmera para o
meu rosto para que Carter não visse meu look. Não queria a opinião daquele babaca.
— Não vai me mostrar seu “look”, Teresa? — indagou, abrindo um sorriso irritante.
Tive vontade de levantar o dedo do meio para ele.
Já estava cansada de falar o velho “É Tessa”, mas mesmo assim, não consegui controlar.
— Será que você sabe pronunciar a palavra Tessa? Novamente, é assim que eu prefiro ser
chamada. Ninguém me chama de Teresa — falei, olhando de modo irritado para ele.
Carter não ligou.
Ele não ligava para nenhuma palavra que saía da minha boca.
— Ok, ruivinha. Te vejo no jogo. — Piscou um dos olhos para mim e ouvi os passos de
Adele no corredor, me fazendo encerrar a chamada com Tyler, não deixando que ele continuasse
falando sobre essa mentira.
— Vamos? — ela indagou, parando ao meu lado e dando uma voltinha para mostrar seu
look para o jogo. — Sua jaqueta de cheerleader — disse, sabendo que eu estava odiando aquela
jaqueta do time de Carter, mas aceitei mesmo assim, falando para mim mesma que só estava
vestindo aquilo para torcer para Tyler.
— Então você não quis me mostrar seu look? — falei para Tessa assim que ela atendeu
meu telefonema, pelo meu telefone, depois de pegar o número dela nos contatos de Tyler.
Escondido, é claro.
— Claro que não, você com certeza falaria que eu estou terrível — ela disse, e eu deixei a
risada escapar.
Eu nunca falaria isso.
— Você tem razão — concordei, pois eu gostava de irritá-la.
— Estou chegando ao estádio, vim com Adele e estamos em carros separados, pois eu
precisava mesmo falar com você — falou, e eu balancei a cabeça. — Como será? Ajo normal?
Não encontrei manual para namoradas iniciantes de jogadores de futebol americano.
Sorri.
— Quantos jogadores você pretende namorar? — perguntei, me arrependendo segundos
depois.
Escutei o som de Tessa fingindo pensar.
— Não muitos, depois de você, talvez uns dois e casar no terceiro. Eu achei mesmo que
fiquei bem no look de líder de torcida — brincou, me fazendo revirar os olhos.
— Me voluntario para casar com você.
Ela riu.
— Não, obrigada, não sei se canalhas são bons maridos em potencial.
— Todos os jogadores de futebol são canalhas. É quase como a regra do mundo — falei,
pegando meu capacete, já inteiramente vestido para o jogo.
— Eu sei, mas nos meus sonhos, o meu futuro marido não será. E ele vai me amar muito
— disse, e a cada palavra, eu revirava mais meus olhos. — Diferente de você, ele vai me olhar e
dizer o quão bonita estou por me vestir como uma líder de torcida.
Sorri.
Eu tinha certeza absoluta de que ela estava deslumbrante, mas não falei nada, novamente.
— Agimos normal. Saímos juntos do jogo, para reafirmar que está rolando algo, pois eles
podem deduzir que você apenas veio prestigiar seu irmão — falei, seguindo o roteiro que Joanne
criou para nós. — Pegamos meu carro e vamos para o jantar com Cassie, e uns amigos.
— Que amigos?
— Jackson e Victoria, eles estarão na área familiar também, são ótimos, não precisa se
preocupar. Apenas seja adorável, o que na minha visão já é uma missão e tanto para...
Ela antecipou o que eu iria falar e desligou o telefone na minha cara, me deixando rindo
sozinho.
Essa garota...
Victoria era legal. Percebi isso nos primeiros momentos ao seu lado quando a ruiva
desatou a tagarelar e eu não consegui resistir, indo junto na conversa. E agora, na casa dela,
fiquei animada com a ideia de ficar no grupo de mulheres composta por ela, sua irmã e sua
cunhada, ambas sentadas juntas com mais uma amiga.
— E aí, como vocês se conheceram? — Barbara indagou, apontando suavemente para
mim e depois para Carter.
Sorri.
— Nós nos conhecemos há anos, Carter é amigo do meu irmão, mas só nos encontramos
de novo no Natal do ano passado. Ele não me dava muita bola, era uma diferença de dez anos —
expliquei, e ela concordou.
— Justo — disse, prontamente.
— Bastante justo. Logo agora que Carter é um dos últimos solteiros do grupo, ele
precisava de você — Victoria falou com um sorriso parecido com o do gato de Alice no país das
maravilhas.
Bebi um gole do meu drink, me sentindo envergonhada e mal por mentir para elas.
— Cadê as crianças? — Cheryl indagou, procurando por Cassie, David e os filhos de
Barbara e Daniel.
— Com a babá no andar de cima — Victoria respondeu, bocejando. — Eu deveria estar
mais animada, até pedi para babá vir hoje, precisava estar acordada, mas David é impossível.
Rimos.
— Ele não lhe dá uma pausa — Cher disse, e eu senti algo tocando minhas costas.
— Vamos? — A voz de Carter em meu ouvido me fez tensionar, e eu me virei,
encarando seus olhos.
— Vamos — concordei sorrindo, tentando ser a pessoa apaixonada para todos nesta sala.
— Vou buscar Cassie, já volto. — E ele beijou meus lábios, tão suavemente que sequer
pareceu ser real, e quando saiu de perto de mim, vi os olhos de Tyler do outro lado da sala, sob
nós como um falcão.
Abri um sorriso nervoso, desejando morrer nesse exato momento.
Carter não demorou para descer com Cassie nos braços, e nos despedimos de todos
rapidamente para dar a noite por encerrada. Entendi que quando os jogos dos amigos eram em
Nova Iorque, reuniões como aquelas eram comuns para eles.
Era uma dinâmica boa.
Eles pareciam realmente se dar muito bem.
— O que achou deles? — Carter indagou, enquanto eu abria a porta traseira do carro para
ele colocar Cassie adormecida lá dentro, na cadeira para crianças maiores.
— São todos muito simpáticos, o que é surpreendente para alguém como você —
debochei, e ele riu, próximo a mim, fechando a porta traseira e abrindo a do carona, dando
espaço para que eu entrasse.
— Eles são um reflexo da minha personalidade adorável — rebateu, me fazendo rir e
adentrar o veículo, tirando as botas de salto assim que me sentei. Meus pés estavam me matando.
Não nos falamos por um tempo, eu coloquei o endereço do meu apartamento em seu GPS
e fui cantarolando a música que saía da caixa de som, agradecendo que a conversa não se
estendeu.
— Quando é seu próximo show? — ele indagou, parando no sinal, o mais perto da minha
casa.
— Em três dias, por quê? — respondi, devolvendo a pergunta.
— Eu irei, a Joanne disse que é bom para nós — ele disse, pragmático. — Mas eu queria
me encontrar com você amanhã novamente. Eu vou soltar uma nota sobre Cassie e isso vai gerar
um burburinho, pensei em sairmos juntos para ver se diminui o caos.
O sentimento de noite perfeita foi indo embora lentamente enquanto ele falava.
Estar com os amigos de Carter foi tão comum e natural que me senti fazer parte de algo.
Mas enquanto ele falava, eu via que não, não era parte de nada daquilo, que tudo que
estava acontecendo era apenas uma mentira.
— Ok, pode ser — foi tudo que falei brincando com a barra do meu casaco e afundei as
mãos no bolso quando comecei a ficar muito desconfortável. — Só não posso muito tarde,
preciso estar descansada para o show.
Ele assentiu, mas não disse mais nada, e foram os segundos mais longos que se tornaram
horas na minha mente.
Quando Carter me deixou na porta do prédio onde eu morava, e voltou para o carro,
deixei meus ombros desabarem em derrota. Era por isso que não podíamos dar esperanças
demais a um sonhador.
Ele achava que todo sinal iria mudar a sua vida.
Foi assim que eu me senti a noite toda.
E agora só restou o sentimento de ser uma pequena garota tola.
“No meio da noite, nos meus sonhos
Você devia ver as coisas que fazemos, amor, hum
No meio da noite, nos meus sonhos
Sei que vou estar com você, por isso não tenho pressa
Você está pronto para isso?”
...Ready For It? - Taylor Swift
Terminei de prender meu cabelo em um coque alto e me olhei no espelho uma última
vez, vendo que estava quase na hora de sair para encontrar Carter no restaurante, já que
havíamos combinado de jantar no LapaLapa essa noite, estava sentindo meu coração ansioso
como se tivesse perto de correr uma maratona e meu coração dependesse disso.
Troquei algumas mensagens com Adele antes de me olhar uma última vez no espelho,
mas franzi o cenho quando ouvi o interfone do apartamento tocando.
Caminhei até o aparelho, sentindo meus saltos altíssimos de quinze centímetros ecoando
pelo porcelanato e sorri, vitoriosa por poder usar salto.
Carter era muito alto, e se eu não usasse, ficaria me sentindo minúscula perto dele.
— Oi — atendi ao interfone.
— Olá, senhorita Carson. Seu namorado está aguardando-a.
— Meu namorado? — Franzi o cenho pela afirmação do segurança.
— Sim, Carter Mikelson — ele respondeu, e eu abri a pequena câmera do sistema de
segurança, de olhos arregalados e coração acelerado, vi Carter caminhando em dois em dois
passos pelo meu jardim, como se Nova Iorque não fosse um ninho de urubu quando o assunto era
paparazzi. — O jogador — o segurança completou.
— Pode deixá-lo entrar, obrigada, DJ — agradeci, me afastando do interfone enquanto
começava a andar em círculos pelo local.
O que Carter estava fazendo aqui?
Eu só esperava encará-lo daqui a meia hora, quando estivesse melhor em fingir que ele
não estava atormentando-me até nos meus sonhos e conseguisse olhar para cara dele sem surtar.
— Oi, você parece estar surtando — ele disse, parado na entrada do apartamento com a
porta entreaberta e olhando em minha direção. Meu coração acelerado com a ideia de ficarmos
sozinhos em espaços que não fosse público, minhas mãos tremendo de uma forma tão ridícula
que as apoiei na minha cintura para ver se tinha algum controle sobre meu corpo.
— O que você está fazendo aqui? — indaguei, irritada.
Que idiota.
Idiota bonito em uma calças jeans, jaqueta de couro e uma camisa azul estampada que
realçava a cor dos seus olhos, era a coisa mais linda do mundo. Num tom de azul que sequer
cheguei a ver em minha vida.
— Vim pegar você. — Ele fechou a porta. — Não me deixou falar que passaria para te
buscar. É comum que o namorado leve a garota com ele. Por acaso até isso vou ter que lhe
ensinar, Teresa?
Ele tinha um sorrisinho arrogante nos lábios ridículos.
Lábios ridiculamente beijáveis.
Eu os beijei ontem à noite.
Nos meus sonhos.
— Como você está? — A máscara de arrogante caiu quando ele colocou uma mecha da
minha franja rebelde atrás da minha orelha e seus dedos resvalando em minha pele me fez
prender a respiração. — Parece que vai surtar, ruivinha.
Fechei os olhos.
— Os paparazzi.
— Já temos mídia o suficiente em cima daquele jogo para negarmos qualquer coisa —
ele disse simples, e não se afastou, mas eu precisava me afastar e disfarcei pegando minha bolsa
sobre o sofá. — Minha nota oficial sairá um pouco antes dos paparazzi nos encontrarem na
frente do restaurante, então acho que pode funcionar. Novamente, como você está?
Encarei Carter, sentindo meu coração idiota acelerar.
— Estou bem — menti, me lembrando dele muito mais perto na outra noite, e deixei a
bolsa cair com minhas mãos trêmulas ao pensar nisso novamente.
Eu tinha uma regra sobre Carter Mikelson.
Nunca pensar sobre a noite que passamos juntos, pois sabia que se fosse por aquele
caminho, não teria retorno.
Mas ontem eu fiz mais do que apenas pensar, eu revivi aquela noite de Natal inteira na
minha cabeça.
Carter se abaixou primeiro para pegar o objeto e eu o observei, vendo os cabelos
perfeitamente bagunçados em um estilo próprio. Ele se levantou, estendendo a bolsa pequena em
minha direção, e viu meu estado ridículo de pavor.
Minhas mãos estavam tremendo.
— Por que você está tremendo? — Carter indagou, franzindo o cenho.
— Desculpa, estou surtando — confessei, cobrindo meu rosto para tentar estabilizar
minhas mãos e senti quando ele puxou meu braço em direção ao sofá da sala de estar do
apartamento, me fazendo sentar, ele se abaixou na minha frente, me olhando nos olhos.
— Me diga o que está acontecendo. — Era um pedido simples.
Era só um pedido, mas me senti ainda mais confusa.
— Eu — falei, começando a pensar em algo que cobrisse essa vergonha —, eu não sei,
ok?
Bati minhas mãos em minhas coxas, frustrada.
Eu tinha noção da realidade, mas Carter não podia saber que enquanto ele tratava tudo
como um contrato, eu pensava em nós. Juntos.
— Podemos ficar em casa, jantamos aqui. Não precisamos sair — ele sugeriu.
— Mas você disse que precisava...
— Eu sei o que disse, mas já dei um show entrando no seu apartamento e nem tudo
precisa ser sempre uma armação. — Ele se sentou ao meu lado. — Podemos fazer tudo isso sem
deixarmos um ao outro desconfortável ok? — ele disse, tocando minhas costas em uma carícia
lenta, e eu o encarei, admirada.
— Ok. — Foi tudo que saiu dos meus lábios. E o vi tirar o telefone do bolso da calça. —
O que vai fazer?
— Cancelar nossa reserva e pedir comida para comer em casa — respondeu simples, e eu
assenti, me encostando no sofá e colocando meus pés para cima para retirar meus saltos altos. —
Saltos altíssimos, por acaso está tentando competir comigo, senhorita Carson?
Encostada e mais relaxada, deixei a risada escapar.
— Até parece. Eu teria que ser um poste — zombei dele, e o vi revirar os olhos.
Joguei um dos saltos no chão e coloquei o outro pé sobre o sofá, próximo a ele.
— São bonitos — Carter disse, desfazendo a fivela do salto, e me fazendo congelar
quando senti seus dedos me tocando, minha pele se arrepiou automaticamente. Parecia que tudo
que ele tocava ficava marcado e eu não conseguia reagir, pois minha mente virava gelatina. —
Você está bonita, Teresa. Nem parece a mesma de sempre.
Zombou de mim no final, e eu bufei com seu jeito sutil de me colocar de volta no meu
lugar.
— Você está bonito, Mikelson. Nem parece o mesmo de sempre.
— Eu sou sempre bonito — disse, levantando as sobrancelhas e desligou a chamada que
caiu na caixa postal. — Vou pedir para Joanne fazer nosso pedido, ela tem um contato mais
rápido no LapaLapa.
— Ok — respondi e coloquei a bolsa ao lado, sobre a mesa de canto do sofá. Ali estava
minha câmera polaroid abandonada.
— E é Mike.
— O quê? — Virei-me rapidamente, mexendo na câmera.
Ele encolheu os ombros.
— É Mike. Quando meus amigos usam sobrenome, geralmente é abreviado. Apenas
Mike.
Assenti, abrindo um sorriso pequeno.
— Ok, Mikelson — rebati, vendo-o franzir o cenho ao ver que não acatei sua sugestão e
quando percebeu, balançou a cabeça em negação. — Agora tire uma foto minha. Você não me
levou a um jantar para exibir o quão maravilhosa estou hoje, então mereço uma foto de
recordação.
Entreguei a câmera em sua mão antes que ele dissesse sim ou não, o puxei do sofá,
ficando em sua frente colada em seu corpo para tirar uma foto de recordação. Afinal, quando na
vida estaria namorando falsamente um jogador de futebol que ganhou um Super Bowl?
A fotografia polaroid saiu lentamente da câmera enquanto Tessa estava ao meu lado,
inclinada para ver o objeto e saber como saiu na própria foto. Sorri, observando o rosto bonito
com a franja cor de fogo descendo ao redor, como se fosse uma moldura.
— Vai ser sua culpa se eu tiver saído feia — ela disse, me olhando como se fosse uma
criança. Quis dizer que não tinha a possibilidade dela sair feia em nenhuma foto.
— Como isso pode ser minha culpa? — indaguei, e ela colocou as mãos sobre as pernas,
sentada sobre os joelhos, Tessa parecia relaxada.
Os cabelos estavam presos em um coque, vestia um suéter longo como vestido, era
vermelho, e combinava com os cabelos. Porém, havia pequenos detalhes em dourados que
chamavam minha atenção em seus acessórios.
Tessa era deslumbrante.
Não tinha mesmo a menor chance dela sair feia em uma foto.
— Simples, a culpa é sempre do fotógrafo. — Ela levantou e caminhou até o minibar que
havia na sala, abrindo algo do outro lado do balcão e colocando uma garrafa de vinho sobre a
bancada. — Vinho? Tinto, certo? — ela indagou já pegando as taças.
Pensei em corrigir, mas ela tinha razão. Eu preferia vinho tinto mesmo.
— Sim — concordei, e ela nos serviu, trazendo as taças para a mesinha de centro. Já
havia pedido nosso jantar e aguardávamos na sala de estar. — Agora tem uma foto nossa. Vai
querer se lembrar de mim quando tudo isso acabar — brinquei, e ela não riu, apenas revirou os
olhos.
Mas aceitou quando eu aproximei meu rosto do seu e virei a câmera em nossa direção,
fotografando-nos de modo relaxado, como queria que a foto ficasse.
Ela colocou as duas polaroids ainda embranquecidas sobre a mesinha e sorriu ao ver que
a dela já começava a se revelar.
— Eu faço coleções — ela disse, se sentando no chão. — Meu pai me ensinou a
fotografar, ele adorava. Então eu tirava fotos de tudo com ele. Era a coisa que mais fazíamos
juntos. Tudo dava uma boa foto.
Observei-a, bebendo um gole do meu vinho, com meus olhos focados nela bebericando
sua bebida.
— Sinto muito por ele. Não cheguei a ver você no funeral — falei com sinceridade. O pai
dela e de Tyler havia falecido há alguns anos ambos ficaram arrasados, pois o senhor Carson
havia sido um bom pai.
— Obrigada. — Sorriu de canto.
— Você o adorava, né? — perguntei, já sabendo a resposta.
— Sim, sabe aquele papo bobo sobre o pai ser o primeiro amor de uma garota? —
devolveu a pergunta e eu me sentei ao seu lado, esticando minhas pernas no carpete da sala de
Tessa Carson.
Parecia surreal que agora isso era normal.
— Sei, sim — afirmei.
— Pois é, eu o amava, ele foi o melhor pai do mundo em todos os sentidos — ela contou
com veemência. — E não falo isso com um olhar coberto apenas por ser filha dele, e sim pelo
fato de que mesmo analisando tudo depois de adulta, ele seguia sendo a melhor pessoa que já
conheci.
Passei o braço por seus ombros escorados no sofá e apertei levemente ao ver seus olhos
se merejarem ao falar do pai.
— Desculpe, você não deve estar querendo ouvir sobre isso — falou, sorrindo
envergonhada enquanto limpava o canto dos olhos.
— Eu quero — falei, vendo-a me olhar de modo desconfiado. — Pode falar. Estou
amando ouvir. Me fale as coisas que ele fez, preciso ser um bom pai também — brinquei
empurrando seu ombro com o meu.
Tessa riu.
— Ele só foi presente, sabe? A vida não é sempre fácil, então ele não podia dizer sim
para tudo e estava tudo bem, mas mesmo nas pequenas coisas, eu sabia que poderia contar com
ele — ela contou, e eu concordei. Não tinha a mesma experiência dela, mas sabia que deveria ser
assim a sensação de ter um bom pai. — Ele não era apenas um pai criando seus filhos, ele
também era um marido dedicado. Eles não estavam juntos por causa de nenhuma comodidade,
ele realmente amava minha mãe.
— A parte rara de tudo — brinquei, e ela me encarou. — Achar alguém que queira ficar
porque a ama, e não porque é cômodo.
Ela assentiu.
— Sim. Quando cresci pensei que tivesse feito uma leitura equivocada do
relacionamento, pois na minha cabeça não havia como alguém se amar realmente nos tempos
atuais.
Ela riu de si mesma ao falar.
— Desacreditada do amor, Teresa? — zombei, empurrando seu ombro novamente e
pegamos nossas taças sobre a mesinha de centro em sincronia.
— Aos quinze, sim. Atualmente, sei que ainda há esperança — disse e tirou a franja da
frente dos olhos. — Como disse para Cassie, eu sou dramática.
Assenti. Ela realmente era dramática.
— Mas você estava errada sobre eles? — indaguei, curioso pela finalização.
— Mamãe respondeu às minhas perguntas. Pedi sinceridade. Sempre fui muito mandona
quando quero algo — rimos com a definição —, mas ela disse que o relacionamento deles era
real. Que havia sim as partes difíceis e ruins, mas que nunca faltou amor.
Nós nos encaramos novamente. Ela havia escorado o rosto no meu braço enquanto
falava, e estava tão relaxada que parecia que era um ato costumeiro.
— Uma polaroid não é nada perto de grandes máquinas, você continua fotografando?
Ela balançou a cabeça em negação.
— Não consegui — confessou e isso me deixou triste. Tessa tinha um olhar perdido e
doloroso ao falar do pai. — Eu tenho um quarto só para as fotos, e para as câmeras que ele
comprava. Mamãe pensou em deixar em Portland, mas como não tenho muito tempo para ficar
lá, pedi para deixar no meu apartamento.
Ela mudou de assunto, e se afastou para beber mais do vinho, me senti abandonado, pois
estava gostando da sensação dela próxima a mim, como se fôssemos íntimos.
“Quando a manhã chegou
Estávamos limpando o incenso da sua estante de vinis
Porque perdemos a noção do tempo outra vez
Rindo com os meus pés no seu colo
Como se você fosse meu amigo mais próximo”
Marron – Taylor Swfit
Ele nunca saberia que foi a única pessoa por quem me apaixonei.
Mas mesmo assim, eu senti como se minha alma estivesse nua na sua frente,
completamente envergonhada por me abrir daquela forma.
Meus dedos tocavam os seus e não se afastavam, sentindo seu polegar descer levemente
por meu dedo. Enxergando um mundo meio nublado pelo vinho, senti meu corpo relaxar e meus
olhos se fecharem, ouvindo apenas a voz do Bon Jovi preenchendo o ambiente.
— Gosta de Bon Jovi.
Ele afirmou ao meu lado.
— É, meu pai o adorava e me fez ser uma viciada — confessei, sabendo que era boa em
ligar todos meus gostos ao meu pai.
— É um dos meus cantores preferidos — ele revelou, e eu senti minha cabeça pendendo
para o lado, apoiando em seu ombro no sofá largo, que lembrava uma cama.
— Temos uma coisa em comum — brinquei.
— Acho que temos várias.
— Duvido muito — rebati.
— Me diga coisas que você gosta.
Sorri.
— Você não pode fazer um jogo assim, pode ser mentira tudo que digo.
Ele riu ao meu lado.
— Falamos as respostas ao mesmo tempo. Sem trapaça. — Assenti, de olhos fechados.
— Ok — foi tudo que disse.
— Um filme — Carter pediu.
— Duro de matar — falamos ao mesmo tempo e deixamos a risada escapar.
— Qual seu preferido? — ele indagou.
— O primeiro — falei prontamente. — O primeiro filme de uma franquia sempre será o
mais emocionante.
Ele assentiu, pensativo.
— Mas eu prefiro o segundo — e me contrariou.
Revirei os olhos, encarando o teto.
— Se fosse para comer uma única comida, pelo resto da vida.
— Pizza!
— Sorvete! — exclamamos juntos.
E ele me olhou confuso.
— Você comeria apenas sorvete pelo resto da vida? É uma sobremesa, não pode.
— Posso sim, você não especificou o que podia ou não. Eu adoro sorvete, é a comida que
como quando fico triste.
— Você não é grande o suficiente para vida adulta. Sua comida favorita é sorvete —
Carter resmungou.
— Ok. Um lugar para onde você iria e ficaria incomunicável.
— A casa dos meus pais.
— Hawking — ele disse um pouco mais depois, e eu franzi o cenho em sua direção.
— Hawking?
— Universidade Hawking, foi onde eu estudei, e é um dos poucos lugares onde eu me
sinto realmente em casa além do campo. Não posso falar Nova Iorque, ou o centro de
treinamento, senão seria trapacear.
— O que tem de tão especial nessa universidade? — Minha pergunta foi um tanto
desdenhosa.
— O que tem de importante na casa dos seus pais? — ele devolveu com o mesmo
desdém.
Sorri.
— É a casa de praia deles em New Oregon — expliquei. — Passávamos as férias de
verão lá. Tenho ótimas memórias. Podia viver incomunicável lá para sempre.
Ele suspirou.
— Droga de garotinha rica com memórias bonitas de infância — praguejou, me fazendo
olhá-lo indignada, o que o fez Carter gargalhar em seguida. — Mas a Universidade foi boa para
mim. Eu tinha bons amigos, um grupo legal. Morava em uma casa compartilhada e juro, parecia
uma família. Deles, eu fui o único que não saí praticamente casado da universidade. O que é uma
ironia, já que eu era um pouco acima da média quando o assunto era mulheres.
Revirei os olhos.
— Você sempre acaba nisso? Pode ignorar o seu pau mágico e focar no assunto.
— Meu pau é realmente mágico.
— CARTER! — exclamei, e ele deixou a risada baixa escapar.
— Ok, ok, mas era bom ter uma família normal.
Franzi o cenho, o observando.
— Sua família em Portland não era normal? Eu não me lembro deles com muita clareza
— sussurrei, depois que viajamos para Nova Iorque e começamos a gravar meus CDs, meus pais
se afastaram bastante do senhor e senhora Mikelson.
— Acho que eles são o oposto de uma família normal. Não é um assunto legal. Pensei
que soubesse, seus pais se afastaram dos meus quando entenderam o que estava acontecendo.
Encarei-o, me sentindo curiosa e disposta a perguntar o que era.
— Não sei o que era, eu tinha quinze anos quando eles eram amigos. Nada fazia sentido
nesse mundo adulto.
— Você era uma adolescente bem na sua. O que te fez se tornar uma pentelha?
Bufei, e virei novamente, encarando o teto, vendo o arranjo de flor desenhado lá, em um
tom de ouro bonito.
— Uma flor — pedi, e ele suspirou.
— Uma flor? Porque eu escolheria uma flor.
— Só escolhe. — Empurrei seu ombro.
— Rosas?
— Rosas brancas são perfeitas — falei, não foi ao mesmo tempo, mas foi.
— Qual o melhor momento da sua vida inteira?
— Quando fiz um show para milhares de pessoas em um estádio de futebol lotado —
falei sem pensar duas vezes.
— Quando eu ganhei o Super Bowl. E quando Cassie nasceu — ele disse, e vi que ficou
em dúvida sobre o que era mais relevante.
— Tem pesos diferentes. O melhor momento da vida do Carter e o melhor momento do
jogador Mikelson. — Empurrei seu ombro, tentando desfazer os nós que formavam entre as
sobrancelhas.
E ele me olhou, abrindo um sorriso.
Foi nisso que meu coração começou a acelerar novamente, esquecendo toda a
tranquilidade que eu estava sentindo.
— Preciso de água — ele falou, se levantando num pulo enquanto escuto Livin' On A
Prayer iniciar na vitrola, fazendo o corpo de Carter adotar um ritmo animado para dançar.
— Tem no frigobar ali. — Apontei para o minibar, segurando a risada quando o vi girar
no meio da sala, fazendo os passos de dança animado. — Não tem como ficar parado quando se
toca Livin' On A Prayer.
Zombei da sua dança e ele não se importou, completando a performance.
Levantei-me para colocar os pratos na cozinha e saí da sala, o deixando para trás,
coloquei tudo na lava-louças, me apoiando no balcão para soltar um suspiro cansado de ser
simpática a noite toda sem parecer uma lunática apaixonada por Carter Mikelson.
Meus passos me levaram de volta para sala e coloquei a garrafa de vinho sobre a mesinha
de centro, servindo um pouco do líquido em minha taça vazia.
— Vem, dança comigo. — Ele me puxou e eu deixei a risada escapar, enquanto meu
corpo era puxado em direção ao seu, ainda com a taça em mãos e nossos pés indo e vindo na
melodia contrária da música. Me encostei em Carter, aproveitando a sensação dele me segurando
firme, e senti quando o vinho caiu sobre mim, sujando o suéter longo que eu usava.
Nós dois paramos.
Olhamos a cena, eu suja de vinho.
E em seguida, rimos da situação.
— Preciso de um banho — decretei.
— E de uma cama. Bebemos vinho demais — ele disse, me guiando em direção ao
corredor como se conhecesse meu apartamento.
— Eu sei o caminho — falei, apoiando a taça em sua mão e passando por ele
rapidamente, enquanto o escutava rir de mim no fundo.
— Tem medo de mim, Teresa? — ele gritou, e eu parei no meio do caminho, o
encarando.
— Da última vez que dançamos juntos e derramamos vinho um no outro, eu acabei em
lugares bastante inadequados. — Ele ainda riu da situação, mas se afastou em direção à cozinha,
negando com a cabeça.
“Nós não podemos fazer
Nenhuma promessa agora, podemos, amor?
Mas você pode me fazer uma bebida
Barzinho no Lado Leste, onde você está?
O celular ilumina minha mesa de cabeceira na escuridão
Venha aqui, você pode me encontrar nos fundos”
Delicate – Taylor Swfit
Segurei a garrafinha de água com mais intensidade do que o normal, eu andava pelo
camarim naquele vestido mega apertado e brilhante. Nunca percebi que ele me deixava sem ar.
— A foto já passa de uma das postagens mais curtidas do seu Instagram — alguém da
minha equipe disse, olhando a imagem no tablet que estava em suas mãos e eu comecei a
transpirar. Irritada, que em anos de trabalho, uma imagem com pequenos easter eggs sobre meu
novo relacionamento, atraiu mais atenção do que tudo.
Postei minha foto polaroid, de fundo dava para ver o tênis Nike de Carter, o que fez a
internet reagir em polvorosa, juntando pontos de que passamos a noite juntos em meu
apartamento. Ele foi fotografado em frente à minha casa, e depois, essa foto foi como a cereja do
bolo que todos precisavam.
— Eu estou infartando. — Coloquei minha mão sobre o coração ao mesmo tempo que
alguém batia à porta, me virei, vendo Carter entre abrir e colocar a cabeça no vão, sorrindo em
minha direção.
Não consegui sorrir de volta.
— Oi, como você está? — Ele entrou no camarim e fechou a porta às suas costas. — Boa
noite — cumprimentou, e a moça respondeu, vendo a chegada dele como a deixa para sair dali.
— Nervosa. “Nossa foto” virou a mais curtida do meu Instagram, isso está fora de
controle, e eu estou um pouco surtada — falei e fiz uma pausa para beber um gole de água.
— Eu ia dizer que você está simplesmente gostosa com essa roupa. — Ele inclinou a
cabeça para o lado, me olhando de cima a baixo, e eu fui rápida em depositar um tapa em seu
ombro. — Mas acho que não é o momento.
— Não é — rosnei, e Carter riu enquanto eu fechava a garrafa e me jogava no sofá mais
próximo, de modo meio desajeitado, pois me sentia sufocada e sem ar.
— Bom, obrigada pelo esforço. Realmente a notícia sobre Cassie passou despercebida.
Alguns jornais postaram, mas nada grandioso. Em alguns dias, eles esqueceram tudo — ele disse
e se sentou ao meu lado, segurando minhas mãos.
— De nada. Fico feliz que tenha dado certo — falei, sentindo seus dedos descerem pelo
dorso da minha mão em uma carícia lenta. Encarei seu pulso, sentindo a risada escapar. — Você
fez pulseirinhas... — comentei, admirada.
Carter encolheu os ombros.
— Sou um fã e namorado dedicado — brincou, me fazendo rir.
E olhei novamente em direção às pulseiras. Tinha duas com nome de músicas, uma com
seu nome, uma de Cassie e uma...
— É o meu nome — sussurrei, tocando as pequenas letrinhas douradas.
— Pensei que poderia ser uma boa ideia. — Seu tom baixo fez meu coração idiota
acelerar, e eu o olhei, sabendo que era pura admiração. Carter fazia coisas bonitas por causa da
nossa mentira, sem fazer a menor ideia do que aquilo significava para mim.
— Eu amei, obrigada — falei e me levantei, indo em direção à penteadeira, olhando meu
reflexo e conferindo minha maquiagem, e pude ver que estava em meu horário. — Espero que
goste do show.
Encarei-o mais uma vez, sorrindo.
— É claro que irei gostar — ele disse, sentado relaxado em meu sofá e eu por um
segundo, lembrei-me da noite que ficamos em meu apartamento. Depois de dançarmos juntos, e
derramarmos vinho, tomei um banho e voltei para sala onde ficamos as próximas horas, jogando
pôquer e rindo das bobagens um do outro. Acabamos adormecendo ali, e Carter acordou no outro
dia dividindo meu sofá comigo.
Foi engraçado acordar com ele.
E um pouco constrangedor.
Pois não sabíamos onde começava um e terminava o outro, mas principalmente, porque
tudo aquilo me lembrava o Natal em que ficamos juntos.
Vi-o levantar enquanto uma das meninas da equipe voltava para testarmos o equipamento
rapidamente antes de entrar no palco. Carter se aproximou e conforme ele dava passos em minha
direção, meu corpo tensionava com o que ele faria.
— Nos falamos mais tarde. — Ele apoiou as mãos na bancada e eu senti meu corpo
tombar para trás, para me apoiar, senão cairia. — Boa sorte, amor. — A forma natural e simples
que a palavra amor saiu dos seus lábios quase me fez surtar.
Vi quando ele se inclinou, selando nossos lábios em um selinho que demorou mais do
que o normal. Meus olhos fechados e minhas mãos se aproximaram da sua nuca, aprofundando o
selinho que não deveria acontecer.
Até que acabou e ele estava se afastando, me deixando encarando o chão, com mais um
membro da minha equipe ali, olhando tudo.
Era só por causa da mentira.
Era só por causa da mentira.
Não tinha nada para meu coração idiota acelerar.
Terminamos toda a passagem de som rapidamente e eu já estava pronta para entrar no
palco. O nervosismo foi embora conforme caminhava pelo caminho conhecido com o segurança
em minha cola, sentindo apenas a adrenalina constante de todo o show.
A performance inicial era dançante, e eu estava dando pulinhos enquanto a plataforma
subia, repassando a coreografia na minha mente. Não era uma cantora que dançava bem, se não
ensaiasse muito, me perdia nas coreografias ou ficava um pouco desengonçada.
Então, a concentração era sempre a chave do processo.
A plataforma parou e eu ouvi os acordes da música iniciarem, me fazendo levantar o
braço no ar, com o microfone mirando em minha direção e as mãos na cintura.
E tudo iniciou, a explosão de gritos quando as portas se abriram e a música começou
realmente.
Não vi mais nada.
Estava apenas eu e eles.
Milhares de pequenas luzinhas brilhando em frente ao palco, ensandecidas com algo que
eu fazia, e me fez rir em determinado momento ao ver a menina próximo à grade, desesperada.
Em passos contidos da dança, me aproximei, estendendo a mão como sempre fazia, e ela
pegou a minha mão.
Sinceramente, não havia nada que eu amasse mais do que isso.
Falei para Carter que não me apaixonava com frequência. Mas talvez eu tenha mentido.
Apaixonava-me a todos os shows, inúmeras vezes, ao ver o rostinho de pessoas que
também me amavam. Era nesse momento que eu sentia uma parte do meu coração ir, pois
também os amava imensamente.
Meus cabelos voavam conforme eu me movia pelo palco, eles estavam em pequenos
cachos e pareciam mais fácil dançar com eles assim, em um giro rápido, acabei de frente para a
ala especial onde ficavam alguns famosos e o vi.
Estive evitando procurá-lo em meio aos meus fãs.
Mas foi quase impossível não dar um sorriso quando vi Carter curtindo o show, animado
da mesma forma que meus fãs estavam. O que me fez continuar com mais animação, iniciando a
ponte da música, sabendo que essa era sim minha parte preferida.
— Então ela ficou bem chateada com a mudança de casa — Cassie explicou as cenas que
eu não vi do filme, enquanto balançava as perninhas no ar, depois de vermos tudo bem quietos
na sala. Coloquei mais uma porção de sorvete de creme com chocolate na boca, vendo Carter
sentado ao nosso lado, mexendo no celular alheio à fala da filha.
— Eu também ficaria chateada se mudasse de casa — falei, e ela concordou balançando
rapidamente a cabeça.
— Já falei para a mamãe que não posso morar em Portland — ela disse, de modo um
pouco enfadonho. — Eu gosto de Nova Iorque, minha vida é aqui.
Ela falou como se fosse adulta.
— Sua mãe quer que vá morar com ela? — indaguei, alisando seus fios loiros.
— Sim, às vezes. Eu falei que queria ficar perto do meu novo irmãozinho, mas ela disse
que não pode vir para cá. Então eu poderia me mudar para lá, mas eu ia ficar longe do papai, e eu
não gosto de ficar longe dele — Cassie explicou, juntando as mãozinhas como se fosse uma
adolescente.
Carter segurou a risada, olhando a filha com admiração.
Meu coração estava bem mais calmo agora, depois de dois potes de sorvete vazio e um
pela metade, o filme já acabou e já havia passado da hora de Cassie ir para cama, mas sabia que
Carter a deixou aqui, pois queria que eu não chorasse.
Pensar nisso me fez ficar emotiva novamente.
Ele nem sabia o motivo das lágrimas e evitava que eu ficasse triste.
— Hora de ir para cama — ele disse, balançando o telefone na frente do rosto, e Cassie
deixou a cabeça afundar na almofada, choramingando.
— Mas a Tessa vai embora, eu não quero que ela vá — implorou, me abraçando, e eu
sorri, beijando sua têmpora.
— Tessa vai dormir aqui, não se preocupe, vocês se falam amanhã — avisou e eu o olhei,
confusa. — Está tarde, nenhum de nós dois vamos sair em Nova Iorque a essa hora e o meu
motorista já foi. Sem falar que a babá também.
Suspirei, e assenti.
— Então ela pode me pôr na cama, papai? — Cassie indagou, olhando para ele com
expectativa.
— Não, querida, ela deve estar cansada e...
— Não, tudo bem — o cortei, vendo-o arquear a sobrancelha. — Eu vou adorar. —
Estendi o sorvete com a colher para ele e o homem segurou, então me levantei, levando Cassie
animada em meus braços.
Falar com ela e a ouvir nas últimas duas horas me ajudou.
Minha mente estava repetindo as palavras do crítico como se fosse um gravador.
Sem talento.
Sem talento.
Sem talento.
Composição não, vocal também não.
O que me sobrava? Arrumar namorados para bombar meu novo álbum.
— Amanhã podemos tomar café da manhã? — Cassie indagou, apontando em direção ao
quarto com uma plaquinha com o seu nome. — Qual seu café da manhã preferido?
— Panquecas com chocolate — respondi, adentrando o local.
— Hum, eu amo. — Ela passou a mão sobre a barriguinha. — Podemos comer panquecas
com chocolate. E tomar banho na piscina.
Sorri e a coloquei sobre a cama, ligando o abajur ao lado.
O quarto ficou mal iluminado e eu deixei a risada escapar quando vi posteres com o meu
rosto espalhado pelo local.
— Vamos dormir, pequena. Amanhã podemos fazer tudo que desejar — falei, sem saber
ao certo se daria tempo. Cassie parecia o tipo de pessoa que preencheria um dia de atividades
com facilidade.
— Canta uma música para mim, Tessa? — ela pediu, puxando o lençol roxo e com
apenas o rostinho fofo para fora.
— Qual música você quer ouvir? — Sentei-me ao seu lado.
— Pode ser Little Dreamer — ela sussurrou, e eu sorri. — Papai canta quando eu não
consigo dormir.
Encostei a porta do seu quarto, e me sentei ao seu lado novamente, cantando a música de
um dos meus álbuns. Já esperava algo do tipo de Cassie.
A música fez apertar uma ferida que já estava latejando, abaixei a cabeça, beijando o
dorso da mãozinha delicada de Cassie, entrando no segundo verso e sentindo minha voz
embargar.
— Você está triste, Tessa? — A voz dela me fez levantar a cabeça.
Os enormes olhos curiosos me encaravam, atentos, com certeza ela não parecia que iria
adormecer nas próximas horas.
— Um pouquinho — menti, a única coisa que eu sentia dentro de mim era tristeza.
— Quem deixou você triste? — ela perguntou, se sentando.
— Uma pessoa falou uma coisa e eu ouvi. Foi bastante... — minha voz embargou —
malvado. Não é legal ouvir coisas ruins sobre você.
Ela assentiu e limpou a lágrima que caiu.
— Fica assim não. Às vezes, as pessoas são muito malvadas, mas isso só é o que elas têm
no coração. — Ela bateu sobre o peito, como se fosse uma adulta e soubesse exatamente o que
falar.
— Quem te ensina essas coisas? — indaguei, admirada com a inteligência da garota.
— Papai. Ele é muito inteligente. — Ela voltou a se deitar, jogando o corpo mais para o
meio da cama e bateu no travesseiro ao seu lado. — Vem, deita aqui que vou cantar para você
não ficar triste.
Eu acho que meu apoio emocional no momento não deveria ser uma garota de cinco
anos.
Mas me deitei ao seu lado e senti quando seus dedinhos tocaram meus cabelos, alisando-
os levemente, enquanto sua voz suave e baixinha cantava Little Dreamer, a mesma música que
ela havia pedido.
E foi deitada ao lado dessa baixinha, dividindo o travesseiro com ela que permiti que as
lágrimas descessem de vez, desmoronando completamente enquanto ouvia a melodia simples e
doce sair dos seus lábios, enquanto ela alisava meus cabelos no carinho mais terno que já recebi.
— Um dia, quando eu crescer, quero ser como você, Tessa — ela sussurrou. — E como a
mamãe. Vocês são as melhores mulheres que eu conheço.
Solucei, cobrindo meu rosto com as mãos.
— Você é a melhor pessoa que eu conheço — respondi, beijando sua testa.
E eu não falava uma mentira.
Cassie era tagarela, divertida, expansiva e doce. Ela sabia exatamente o que falar, era tão
inteligente que entendia pequenas coisas que aconteciam, e tinha um coração enorme.
Entrei no quarto de Cassie meia hora depois dela subir com Tessa, e me assustei quando
vi as duas deitadas juntas, a mão de Cassie no rosto de Tessa e ela deitada no travesseiro. O rosto
da ruiva estava vermelho, o que indicava que andou chorando novamente.
Neguei com a cabeça, e a tirei da cama, pegando-a nos braços com facilidade. Cassie não
acordou com o movimento, e senti quando Tessa afundou o rosto na curva do meu pescoço.
— A cama de Cassie é boa, me deixe aí — pediu, e eu não parei, caminhando em direção
ao quarto principal da casa. Coloquei-a sobre os travesseiros e ela olhou ao redor, confusa.
— É mais confortável. Vamos dividir a cama, pois os quartos de hóspedes não são muito
usados então estão empoeirados — expliquei, e Tessa suspirou, deitando novamente. — Tem
uma camiseta minha e calça moletom aqui, pode se trocar para ficar mais confortável.
Ela assentiu, ainda meio grogue de sono.
Entrei no banheiro e tranquei a porta, escovei meus dentes com calma e quando não ouvi
mais movimentação da Tessa do outro lado, voltei para o quarto.
Ela estava deitada de lado, e encarava o meu lado vazio da cama. O quarto iluminado
apenas pelo abajur mostrava a silhueta, as pernas nuas e ela havia vestido apenas minha
camiseta, que ficou como um vestido nela. Era uma camiseta antiga do time, não usada, pois
estava bastante surrada.
Evitei o sorriso e me deitei ao seu lado, na mesma posição, e ficamos nos encarando.
Não desliguei o abajur.
Queria falar com ela.
— Você não é nada do que aquele babaca disse — falei, me sentindo irritado que ela
estivesse chorando novamente por um cara que usava bigode e tinha barriga de cerveja.
— Como sabe disso? — indagou, limpando o canto dos olhos.
— Eu pesquisei. E vi a matéria. — Ela abaixou o olhar, evitando meus olhos. — Sério,
Teresa, olhe nos meus olhos e diga que não acredita em nada daquilo. Você deu um show para
milhares de pessoas, você é uma artista completa e só tem vinte e três anos... Aquele cara não
sabe de nada. — Segurei seu rosto, fazendo-a me encarar.
Os olhos bonitos cheios de lágrimas.
— Você não pode falar isso. Ele é um crítico musical, você sabe quantos milhares de
cantoras ganham milhões sendo ruins? E se eu for um desses casos? E se ele tiver razão, Carter?
Aproximei-me dela, beijando sua testa quando ela começou a chorar novamente.
— Eu não quero chorar — sussurrou chorosa, e se aconchegou contra mim. — Só que
não consigo parar.
— Shiu, pode chorar. — Beijei seu rosto, sobre os olhos onde desciam lágrimas e seus
soluços ecoavam pelo quarto, me fazendo segurá-la contra mim como se isso pudesse protegê-la
das palavras daquele ignorante.
— Críticos não são o centro do mundo. Pessoas são malvadas. Acho que você já sabe
isso, mas uma coisa sobre a qual nunca aprendemos é que às vezes não precisam de motivos.
Eles são malvados apenas para se sentir melhores consigo mesmos.
— Você e Cassie falando a mesma coisa — ela sussurrou e senti seus lábios próximo à
minha pele, com o rosto afundado na curva do meu pescoço. Alisei suas costas lentamente,
deixando que as lágrimas caíssem.
— Somos inteligentes. Pai e filha — brinquei, e ela riu, suavemente, e senti seu corpo
tremendo com isso. — As pessoas jogam facas, adoram brincar com espadas quando não tem
uma vida que a faça feliz. Você tem sua vida, você é feliz, e isso incomoda quem não é.
Ela suspirou e ficamos assim, calados em meio ao breu do quarto mal iluminado. Até que
senti a respiração de Tessa se tornar constante e leve, sabendo que ela havia adormecido em meio
às lágrimas.
Queria dizer a ela sobre meu pensamento quando ela terminou seu show. Sobre o quanto
eu conseguia pensar no fato de que ela era uma artista completa e iluminar tudo como uma
verdadeira estrela.
Entretanto, não falei mais nada e apenas relaxei contra a cama, sentindo-a nos meus
braços.
Nenhuma palavra de conforto servia quando você duvidava da própria capacidade.
Acordei horas mais tarde, com Tessa ainda contra mim, nós dois estávamos enrolados um
no outro como naquela manhã na sua casa, onde dormimos juntos no sofá. E agora, eu tinha o
rosto afundado nos fios ruivos que estavam bagunçados, pois dormiram úmidos na noite passada.
E meu braço em torno da sua cintura, a prendendo contra mim.
Sorri e beijei seu ombro, querendo me afastar, mas ela se virou, me encarando.
Nós nos olhamos.
Nenhum dos dois se moveu.
— Bom dia, Teresa — fui o primeiro a falar, abrindo um sorriso animado.
Tessa encostou a cabeça no travesseiro de modo mais confortável.
— Bom dia, Mikelson — devolveu o bom dia com o mesmo tom irritante que usei.
Sorri e beijei sua bochecha.
— Vou tomar um banho e ver se Cassie acordou — falei e me afastei, deixando-a sozinha
na cama.
— Eu prometo que me levantarei entre cinco minutos ou meia hora depois — ela disse,
se espreguiçando e voltando para o conforto dos lençóis. Neguei com a cabeça e entrei no
banheiro, tomando um banho rápido.
Quando retornei, estava com a toalha na cintura e parei rapidamente quando vi Tessa
abaixada, vestindo apenas minha camisa, sua bunda para cima mostrava a calcinha vermelha, me
fazendo congelar no lugar, olhando na direção como se não soubesse mais andar.
Meus pensamentos viraram gelatina e juro que desaprendi a andar.
— Sua bunda é sempre bonita, ruivinha, não precisa ficar nessa posição se quiser que eu
olhe para ela — falei, atraindo sua atenção e em um pulo, ela virou de costas, puxando a camisa
para baixo e com os olhos arregalados.
— Carter! — E a calça jeans voava em minha direção, mas eu fui mais rápido, desviando
dela e senti quando a toalha desceu, me deixando completamente nu na frente de Teresa Carson.
Porém, diferente dela, não corri para me esconder.
Seu olhar horrorizado demorou alguns segundos no meu pau antes dela cobrir o rosto,
fazendo o sorriso idiota nascer em meus lábios automaticamente.
— Pelo amor de Deus, Mikelson, se cubra, eu estou vendo o seu pau! — falou enquanto
eu caminhava até o closet do outro lado do quarto.
— Não tenha nada aqui que você não tenha visto, Teresa. Se recomponha — pedi e não
olhei para trás, mas o sorriso vitorioso não saiu do meu rosto.
“Luzes brilhantes e nós
Pegamos o caminho errado e nós
Caímos na toca do coelho
Você me abraçou forte
Porque nada é o que parece ser
E estamos girando sem controle”
Wonderland – Taylor Swfit
Coloquei a velinha com o número seis sobre o bolo e sorri para a imagem doce da
pequena festa reservada em nosso café da manhã.
— Ela irá amar — Chris disse, parando ao meu lado, segurando o pequeno Oliver em
seus braços. Sorri para a mãe de Cassie e vi seu marido do outro lado da piscina, falando ao
telefone enquanto bebia um gole da água servida em um copo.
Os passos nas escadas nos fez virar rapidamente, encontrando Tessa ali, vestida com a
minha camisa de time, parada a poucos passos da varanda e congelada no lugar. Parecia indecisa
se aproximava-se ou voltava correndo para dentro.
— Seja legal — falei a Chris e me afastei, me aproximando dela. — Desculpe, esqueci de
avisá-la disso. — Pousei minhas mãos em seus ombros e vi seus olhos curiosos em direção à
loira. — É aniversário da Cassie, a mãe dela veio com o irmão e o marido para comemorar o
sexto ano de vida dela.
A ruiva coçou o pescoço, desconfortável.
— Eu só queria saber onde estão minhas coisas. — Ela me encarou. — Desapareceu e eu
não posso ir embora vestindo sua camisa.
— Oi. — A voz de Christine se aproximou e eu me afastei para o lado, me virando e
deixando o meu corpo cobrindo o de Tessa para não a envergonhar ainda mais. — Eu sou a
Chris, mãe da Cassie.
Minha ex-namorada abriu um sorriso.
— Eu sou a Tessa — ela se apresentou, apertando a mão da loira.
— Eu sei quem você é — Chris disse, animada. — Quando vi que Carter estava saindo
com você, fiquei até feliz. Por mim, pela Cassie, e por ele. Meu Deus, você é incrível.
Ela se empolgava ao falar. E Tessa riu, colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.
— Bom, obrigada. Cassie fala muito de você, então acredito que você seja tão incrível
quanto está dizendo que eu sou — ela comentou, rindo juntamente com a mãe da minha filha. —
Preciso das minhas roupas. Eu acabei de conhecer a mãe da sua filha vestida como uma... —
Apontou para si mesma, se policiando perto de Oliver. — Desculpa, ele não me disse que
estariam aqui.
Chris riu.
— Tudo bem. Carter é avoado, seja um namorado melhor, ela é incrível.
Tessa sorriu e apontou em direção à cozinha.
— Preciso de um pouco de água. — Se afastou e eu caminhei com Chris até a varanda.
— Ela é adorável. Cassie me mandou dezenas de mensagens falando o quanto a adorou,
então já esperava. Mas uma coisa engraçada, ela é totalmente o seu tipo. — Ela fez um
movimento com os dedos e se afastou, me fazendo franzir o cenho.
— O que você quer dizer com “meu tipo”? — indaguei.
— Ruiva. Eu já vi essa história antes — ela disse, mais de fundo, e eu a encarei, brigando
com Christine com o olhar. — O quê? Você se apaixonou por Victoria e ela era quase igual. A
diferença é que a Vic é mais mortal. Às vezes, eu tinha medo dela.
Segurei a risada e quando comecei a negar que havia me apaixonado por Victoria, Tessa
ressurgiu e vi quando me encarou, arqueando a sobrancelha.
— Calada — ameacei em direção à loira, me aproximando de Tessa.
— Ok, estou saindo — Christine prontamente disse.
— Vamos subir e descemos para tomar café da manhã — falei a Tessa, mas ela me deu
as costas, andando rapidamente em direção às escadas.
— Eu vou para minha casa — disse simplesmente, ela estava irritada, dava para ver no
seu rosto que algo a desagradava.
— Você vai embora? — Cassie indagou, parada no último degrau da escada.
A ruiva abriu a boca, prestes a explicar, mas tornou a fechar, e suspirou.
— Não, claro que não. Você me prometeu panquecas, lembra? — Ela pincelou o nariz da
minha filha, que abriu um sorriso enorme. — Vamos subir e se aprontar? Estou toda
desarrumada.
Minha filha estava com um pijama branco, cheio de bolinhas pretas que imitava uma
vaquinha.
— Vamos — Cassie disse, prontamente e vi as duas subindo as escadas, me
abandonando. A bunda de Tessa aparecia quando ela se movia mais rápido, e eu quase joguei a
cabeça para trás, gemendo em desespero.
— Desculpe, falei demais. Não fiz por mal. É que ela me lembra a Victoria.
— Victoria é passado, e eu sequer era realmente apaixonado por ela — resmunguei, a
encarando.
Por alguns meses, durante a época que Victoria ainda não havia se envolvido com
Jackson, eu tentei sair com ela. Foi uma das poucas garotas que não era um plano para ser apenas
uma noite.
Contudo, nada nunca aconteceu, pois ela sempre teve olhos para Jackson, que na época,
eles se odiavam.
— Sinto muito, prometo me policiar melhor — ela disse, e eu neguei com a cabeça,
subindo as escadas para pegar as roupas de Tessa que deixei separadas. Ela estava penteando os
cabelos da minha filha quando entrei no quarto, e não me olhou ao me ver colocar suas roupas
sobre a penteadeira.
— Papai, me faz um chocolate quente? — Cassie indagou, e eu não falei nada, apenas
assenti, saindo do quarto enquanto elas tagarelavam, voltando a me ignorar.
Fiz o chocolate quente de Cassie em minutos na máquina de expresso e voltei para o
quarto, vendo as duas no mesmo lugar. Cassie ria de algo que Tessa contava, completamente
alheias a mim, deixei a xícara sobre a bancada do quarto, dando um momento para as deixá-las
sozinhas.
— Ela a adora — Chris disse, parada na porta. A música suave vinha do telefone de
Tessa ligado ao lado, colocado sobre a penteadeira.
— Ela a adora mesmo, é como um sonho para Cassie — falei, saindo do quarto com a
mãe da minha filha ao meu lado.
— Por favor, faça o certo. Prometo ser uma boa ex-namorada e ajudá-la a se sentir bem-
vinda. Mas seja um cara legal — ela pediu, me encarando.
— Por que eu não seria um cara legal?
Chris sorriu.
— Porque quando você começa a se apaixonar de novo, volta atrás. Desde que Grace se
foi, é assim. Não quero ver esse filme novamente com a Tessa, ela me parece o tipo de pessoa
que seria o amor da sua vida — ela falou, finalizando com um sorriso.
Porém o nó já havia se formado em minha garganta, me fazendo abaixar a cabeça ao
lembrar. Fiquei sozinho no corredor, pois Chris percebeu que abriu uma caixa de memórias
dolorosas.
Grace.
Sinto saudades.
A sensação era a mesma do jantar com os amigos dele, na outra noite. Christine era
divertida, falante e expansiva, dava para perceber a quem Cassie havia puxado.
— Onde está Uriel? — Carter indagou, bebendo um gole do suco.
— Ele ficou com meus pais em Portland, mandou um vídeo de parabéns para você,
querida — Christine disse.
— Uriel é meu irmão do meio, tia Tessa — Cassie explicou, me vendo perdida.
— Sim, Uriel é meu filho. Ele tem três anos, e infelizmente, ficou bem triste por não
poder comemorar o aniversário da irmã. Mas ele tem uma competição no fim de semana, não
podia sair da cidade — ela falou, murmurando em direção à filha, que fez um biquinho.
— Quando o papai e a Tessa se casarem, eles vão ter filhinhos iguais a você e o tio
Gavin, né? — Cassie indagou, olhando para a mãe com expectativa. Christine pareceu congelar
no lugar, abrindo a boca e fechando. Ela realmente parecia sem fala, e eu engoli meu espanto
para não demonstrar nada que causasse estranheza.
— Que conversa é essa, Cassie? — Carter perguntou e ela balançou os ombros.
— Oras, minha mãe tem o tio Gavin como marido, e eles tiveram dois bebês, e são meus
irmãos. A tia Victoria e o tio Jackson têm o David, você e a Tessa não terão bebês quando se
casarem?
Carter olhou para mim, pedindo ajuda, mas o que eu poderia fazer? A filha era dele!
— Não estamos planejando bebês agora, querida — falei, tentando me recuperar e bebi
um gole do meu suco, demorando mais do que o necessário nisso.
— Mas vão ter, né? Eu quero muito um irmãozinho que more aqui. O Uriel e Oliver
moram muito longe, eu quase não os vejo. — Ela me olhou de forma pidona, mas não tive tempo
de desviar o assunto. — Ele pode se chamar Harry. Papai adora o nome Harry. Ou John. Eu
gosto de John...
— John não — falei rapidamente, e ela me olhou, assustada.
— Ok, mas eu fiz uma lista. Podemos falar sobre isso depois — ela disse, já planejando
nossos filhos e eu olhei desesperada para Carter. — Eu gosto do nome Jake, mas já conhecemos
o tio Jack.
— Quando você virá nos visitar em Portland, Cassie? — Gavin indagou, vindo ao meu
socorro. E eu pude finalmente ficar calma, sentindo a mão de Carter em minhas costas, alisando
lentamente.
A carícia lenta era boa, e eu senti meu corpo me trair, inclinando-me em sua direção.
Porém, tudo piorou quando ele beijou meu ombro, de modo íntimo e terno, me deixando
ainda mais desesperada.
“Nenhuma câmera capta meu sorriso de concurso de beleza
Eu contei dias, eu contei quilômetros
Para te ver lá, para te ver lá
Já passou muito tempo, mas
Somos eu e você, esse é o meu mundo inteiro”
Miss Americana & The Heartbreak Prince - Taylor Swift
Eu ia morrer.
Realmente, algo no dia de hoje me causaria um infarto e eu cairia dura no chão, deixando
tantas músicas incríveis sem apresentar ao mundo, com um crítico que me odiava, e sem tempo
para provar que era boa o suficiente. Que grande merda. Tudo culpa de Allie, juro, se eu tivesse
chance, ela não sobreviveria para contar história.
Tinha só dois dias desde o aniversário de Cassie, e depois do café da manhã
constrangedor, acabei vindo embora e não havia entrado em contato desde então. A mídia ainda
estava em pavorosa com a presença de Carter no show, e piorou ainda mais com a matéria que
aquele crítico fez sobre mim, fazendo a internet se dividir entre os que o apoiavam e os que
achavam ultrajante e ofensivo.
Encarei o estúdio montado, sentindo a moça me deixando mais bonita com todas as
camadas de maquiagem enquanto meu coração acelerava com a ideia de sair de dentro do roupão
e ficar apenas com a peça esvoaçante e delicada por baixo.
— Ansiosa, querida? — A voz de uma das parceiras da marca me fez levantar a cabeça, e
sorri para Olivia Monroe[3], me sentindo rapidamente mais feliz ao vê-la.
Eu tinha uma antiga parceria com a marca de Olivia, e já fizemos vários editoriais, mas
nunca pensei que eles fossem se interessar pelo meu atual namoro (Falso). E agora, eu iria estrear
uma campanha de lingerie com um homem, eu deveria me sentir confortável com ele, afinal, ele
era meu namorado.
— Um pouco, lingerie é uma coisa diferente. Vou estar quase nua, Olivia.
Ela riu e apertou meus ombros.
— Você e Carter ficarão muito bem. O Harris ficou nas nuvens com o tanquinho dele,
adorou o novo trabalho — ela brincou, mencionando seu assistente, e eu a vi se afastar. Olivia
era casada com um grande herdeiro de uma família tradicional americana, eles tinham dois filhos
e ela lançou sua marca há alguns anos.
Não havia como negar que ela tinha talento, mas também sejamos sinceros que o
sobrenome Monroe junto à sua assinatura abriu muitas portas.
— Prontíssima — a maquiadora disse e se afastou, me fazendo abrir os olhos e me
encarar no espelho. Meus cabelos estavam soltos e volumosos em cachos bem abertos, e a
maquiagem dos olhos os destacavam e a boca em um vermelho vivo.
Meu Deus, eu estava gostosa.
— Ela está bem ali. — A voz de Harris me fez virar a cabeça, vendo Carter ao lado do
assistente de Olivia, e senti meu coração vacilar ao ver o homem apenas de cueca na minha
frente.
O corpo de Carter não era nenhum mistério, mas agora, tinha todas as luzes iluminando o
tanquinho de seis gominhos, brilhante pelo produto que Harris indicou que passasse no corpo dos
modelos. Ele estava simplesmente gostoso.
— Nossa, você está incrível — Harris elogiou, se aproximando e eu não me levantei
rapidamente, permaneci sentada sem tirar os olhos do meu namorado falso. Não sabia que
conseguiria desviar o olhar.
Não nos vimos até agora, viemos em carro separados, pois nossa agenda não tinha
conseguido se alinhar, e agora eu sentia minha garganta secar conforme ele se aproximava.
— Dois gostosos se pegando, isso que é um mundo justo — Harris disse ao notar que eu
não conseguiria pronunciar nada, e se afastou, nos deixando sozinhos.
— Você está...
— Horrível? — brinquei, me levantando.
— Isso... hum, horrível — ele murmurou, me observando. Bem mais alto, Carter pairava
sobre mim como uma sombra, sem afastar seus olhos dos meus.
— Acha que vai ser um problema? — indaguei, apertando o nó do roupão que escondia a
peça íntima.
— Não, podemos fazer isso — ele disse, tocando uma mecha da franja que cobriu meus
olhos. — É só ficarmos confortáveis um com o outro. Já dormimos juntos. Não vai ser difícil.
A menção de dormirmos juntos tinha vários contextos. Transamos. E já só dormimos
juntos.
Mas foi a primeira opção que a minha mente recordou.
— Prontos, pessoal? — Julian indagou, entrando na sala. — Tenho horário para liberar
vocês, senão a equipe morde minha bunda.
Sorri para ele e assenti, caminhando junto a Carter até o cenário montado.
— Podemos começar com algo simples, vocês se sentam no chão, e ficam de frente um
para o outro, Carter coloca a mão no rosto dela, como se estivesse se inclinando para beijá-la, e
Tessa se inclina em direção a ele, fechando os olhos — as orientações começaram a vir.
E foi o que fizemos.
Sentados um de frente para o outro, os olhos azuis de Carter me analisaram, e eu senti
meu coração saltar, alçando voo como um tolo por vê-lo me encarando.
— Você está realmente horrível — ele sussurrou com a boca próxima à minha. — Mas
precisa tirar o roupão, Teresa. São as peças íntimas que precisam aparecer.
Meu rosto corou pela vergonha e eu fiquei de joelhos na sua frente, desfazendo o nó do
roupão em piloto automático, e joguei em direção a um membro da equipe da marca.
Ficar quase nua na frente de Carter, com uma plateia nos encarando me deixou tímida,
mas eu o senti me observando.
Encarei-o.
Os olhos azuis atentos a mim.
Pareciam hipnotizados.
Foi a primeira vez que senti segurança de que Carter Mikelson gostava do que via.
O clique fez o flash disparar no ar.
— Não estávamos prontos — protestei para o Julian.
— Ele a estava encarando como se admirasse um diamante, achei que merecia um clique,
ficou sexy — ele disse como se não se abalasse com meu protesto e eu voltei a me sentar, ainda
ouvindo as palavras do fotógrafo ressoando em minha mente.
Ele te encarava como se fosse um diamante.
Sorri, vendo Carter segurar meu rosto e se aproximar, como se fosse me beijar.
— Você parece um diamante — ele sussurrou contra a minha boca e eu senti meu corpo
esquentar com a forma que ele me olhava, arqueando suavemente em sua direção.
— Podem se soltar, pessoal. Os cliques melhores são quando vem naturalmente. — A
voz do Julian me fez suspirar, prestando atenção ao redor, confusa com o tanto de gente nos
olhando. Mas os dedos de Carter tocaram minha mandíbula, trazendo meu olhar para o seu.
— Olhe para mim, Teresa, olhe como se não conseguisse desviar o olhar.
Fiz o que ele pediu.
Mas de verdade, eu não conseguia desviar.
Carter me atraía, me hipnotizava.
Então senti quando ele beijou minha pele, e eu me segurei em seus ombros, fechando
meus olhos ao sentir os flashes sendo disparados ao nosso redor.
— Você quer falar sobre o que aconteceu? — indaguei, andando pelo corredor a caminho
do estacionamento da empresa onde fizemos as fotos. Tessa jogou os cabelos para trás, e fez um
não rápido com a cabeça. — Ok, mas eu tenho uma pergunta.
— Fale — disse simples.
— O que você pretende fazer com as fotos que ele enviou? — perguntei.
Ela sorriu.
— Apagar, é óbvio. Não quero que ninguém veja você com a mão entre as minhas
pernas. — Ela me lançou um olhar irritado. — Afinal, que ideia foi essa? Você por acaso
lembrou que estávamos em uma sala com pessoas e uma câmera na nossa cara?
— Eles têm um contrato de confidencialidade, não podem publicar nada que não for
autorizado — falei simples, e ela suspirou. — E só fiz aquilo porque você queria foder com a
minha vida. — Abri a porta do meu carro e ela me encarou, arqueando a sobrancelha.
— Não queria nada! Eu tentei me afastar antes, mas você continuou — apontou o dedo
em minha direção —, e eu só vou com você porque a Allie precisou ir embora — disse, entrando
no carro.
Abri um sorriso e fechei a porta, dando uma volta no veículo para entrar no lado do
motorista. Iríamos ver as fantasias de Halloween que Cassie havia convencido Tessa de
combinarmos na festa amanhã.
Iríamos a duas festas. Amanhã, a família Foster, que era mais adequada para Cassie, os
Foster faziam mais a festa para as crianças, do que os adultos.
E no dia seguinte a de Adele, uma festa mais adulta.
A equipe de Tessa juntamente com Joanne estava vendo nossa fantasia para o segundo
evento.
— Vou pedir para Allie recusar todo pedido de publicidade com você, foi humilhante —
ela continuou, assim que comecei a dirigir. Ainda estava sorrindo, e meu sorriso ficou ainda
maior com sua fala.
— Sua boceta dizia outra coisa. — Pisquei um dos olhos em sua direção.
— Por Deus, Carter. Ainda temos um longo tempo de contrato, não podemos ficar
fazendo insinuação sexual se você quer que isso dure — ela disse, mas eu só estava pensando no
fato de que Teresa estava no meu colo, molhada e aquilo era a prova viva de que meu pau duro
era correspondido.
— Você estava...
— Se você falar algo indecente de novo, eu não vou escolher essa fantasia com você —
ameaçou com a mão já no sensor da porta do carro.
— Você não teria coragem. Prometeu para Cassie — falei convencido. — E eu sei bem
que você adora minha filha.
Ela bufou sabendo que eu estava falando a verdade.
— Nós transamos, você pode odiar isso, mas não muda o fato que você me deixou sujo
de sangue com a porra de uma virgindade, Teresa.
Vi suas bochechas corando com isso.
— Inclusive, você teve outros depois de nós dois? Deveria, está muito estressada, precisa
de sexo. Faz bem.
As bochechas dela inflaram pela raiva.
— Eu vou matar você — disse pausadamente cada palavra.
Segurei a risada.
— Caso queira, podemos transar, só para deixar você mais calma.
— Ah, claro, e você adoraria isso. — Ela cruzou os braços.
Sorri.
— Adoraria, não irei mentir. Você era virgem, mas não era ingênua, foi um bom sexo. —
O melhor que eu já tive, concluí em pensamento, não querendo dar esse trunfo para essa ruiva
maligna.
Ela pareceu perdida com tudo.
Mas se recuperou rápido.
— Eu nunca deixaria você colocar isso aí de novo dentro de mim. — Apontou para o
meu pau com desdém. — O Natal foi um erro. Gigantesco, claro. Mas ainda assim, não deixa de
ser um erro.
— O erro ou meu pau foi gigantesco? — zombei e ela grunhiu ao meu lado, vendo que
nada do que ela falasse, me abalaria.
Podia até me abalar quando eu parasse para pensar nas palavras com calma, mas ela
nunca saberia.
— Ok, já que sexo contra estresse lhe deixa ainda mais raivosa, não irei sugerir mais.
Porém, recomendo que encontre alguém na festa da Adele amanhã, eu irei fazer isso, seremos
discretos e sabemos que a troca de casais não é uma coisa de outro mundo em Hollywood —
falei e a vi ficar tensa com a menção. Estava claro que aquela garota nunca havia ido a uma festa
simplesmente para pegar garotos. — Você não costuma se divertir muito, certo?
— Bom, eu comecei a trabalhar aos quinze, então a minha adolescência foi para o ralo,
pois eu gravava, compunha, fazia todo e qualquer trabalho de publicidade que aparecia para
alavancar minha carreira. No fim, as aulas eram em casa e eu não pude ir às festas adolescentes.
Meu primeiro porre foi com vinho, quando eu lancei Broken aos dezoito anos. Estava
comemorando. De lá para cá, as coisas se tornaram um pouco mais intensas então tudo que eu fiz
foi trabalhar, pois eu precisava ser reconhecida — foi tagarelando, cada vez as palavras saíam
com mais velocidade da sua boca. — Depois disso, meu pai faleceu e toda a minha coragem para
usufruir da maioridade foi embora. Eu só sentia dor e vazio. Em seguida, voltei a trabalhar, pois
a vida realmente não para. Fiz mais trabalhos, passei um tempo fora da mídia então ao retornar,
tive que redobrar tudo.
Encarou o nada, com as mãos abertas sobre o colo.
Os olhos marejados.
A respiração ofegante.
E eu vi, uma parte de Tessa não estava bem.
Ela vivia a vida perfeita, ela tinha tudo, menos a pessoa que ela mais amava no mundo e
ainda assim, mesmo tendo todo o dinheiro por qual lutou, nada daquilo era suficiente.
— Não tive muito tempo para festas ou paqueras — sussurrou por último, soltando uma
lufada de ar, e eu parei o carro a alguns metros da loja de fantasias exclusivas que Joanne
recomendou.
Meus dedos tocaram sua mandíbula e a fiz me encarar.
— A vida não precisa ser sempre uma corrida, Teresa.
Os olhos marejados se desmancharam em lágrimas.
E eu odiei que ela estivesse chorando tanto, em tão pouco tempo.
— Mas às vezes, você tem vinte e três anos e tem que correr uma maratona para
conquistar o mundo — disse, apertando a mão sobre o peito. — É como uma competição. E você
ainda tem que provar que é boa o suficiente para ter tudo isso.
Beijei o canto dos seus lábios, encostando a testa na sua.
— Você não precisa provar nada a ninguém, querida — sussurrei, e ela se apoiou mais
em mim. — É incrível e brilhante por si só. Milhares de fãs dizem isso todos os dias. Viva um
pouco. Esqueça as métricas. Os dados. Tudo que deseja alcançar, mesmo que seja apenas por um
dia. Vai ver como respirar se tornará um pouco menos pesado.
A crise dos vinte anos.
Aquilo era esmagador.
Toda pessoa já passou por ela. A urgência e necessidade de tudo se resolver aos vinte,
quando claramente não irá.
— Olha, elas chegaram — Tessa disse, vendo Joanne e Cassie entrando na loja.
— Vamos lá — falei, apertando sua coxa em sinal de apoio e saí do carro, dando a volta
no veículo para abrir a porta para ela.
— Eu gostei dessa fantasia, tia Tessa — Cassie falou, dando uma voltinha para exibir a
fantasia da Wednesday que ela escolheu. No dia que comemoramos seu aniversário, ela soltou
um “eu quero ir de Wednesday” e desde então nunca mais parou de falar isso.
— Está perfeita — Tessa disse, arrumando as golas brancas do vestido preto, enquanto
meus olhos estavam focados em sua bunda marcada pelo vestido da mesma cor.
— Vai ficar com torcicolo — Joanne zombou ao meu lado, me olhando de forma
debochada. Revirei os olhos, e voltei a olhar para a ruiva, vendo-a se olhando no espelho.
— Não sei se gostei muito — ela sussurrou para Joanne, parecendo confusa. Ela havia
colocado os óculos de sol sobre os olhos, para encobrir o fato de que havia chorado no carro.
— Vou ver com a funcionária se eles têm outro modelo — Joanne disse. — Vem comigo,
Cassie, e já vemos os ajustes da sua roupa.
Minha filha seguiu Joanne e eu observei Tessa, que se olhava no espelho, deslizava a
mão sobre o vestido, deixando um suspiro frustrado sair dos seus lábios e tirou os óculos do
rosto, jogando sobre o sofá.
— Se quer minha opinião, você ficou gostosa — falei, sem sair do sofá extenso do
provador privado. Ela me encarou sobre os ombros, abrindo um sorriso de canto.
— Não era você que me achava horrível? Tenebrosa? — Voltou a encarar o espelho.
— Às vezes, mas agora você está simplesmente gostosa. Mas ando preferindo você nua
— respondi, abrindo um sorriso sacana, lembrando-me do ensaio mais cedo. Tessa me encarou
pelo espelho, com os olhos verdes intensos, tentando entender o que eu estava fazendo.
Também fiquei confuso quando meu corpo agiu sozinho e começou a caminhar em sua
direção.
Meus dedos tocaram a cintura, e eu afastei os fios ruivos para o lado, beijando seu
pescoço.
— Deveríamos marcar mais ensaios — falei, com minha mão se esparramando por sua
barriga.
— Carter... — ela sussurrou quando tornei a beijar sua pele, sentindo seu cheiro.
— Nunca achei você horrível, Teresa. Todas as vezes que eu olho para você, sempre fico
pensando como consegue ser ainda mais perfeita. — Nós nos encaramos pelo espelho, o peito de
Tessa ofegante, meu corpo quente e implorando por ela.
Mas os passos de Joanne foram ouvidos do outro lado e eu me afastei dela rapidamente,
me sentando no sofá.
— Não achamos outro modelo como os que você quer, Tessa — Joanne disse, e ela
negou balançando a cabeça rapidamente.
— Não, tudo bem. Eu vou ficar com esse mesmo — afirmou, tocando a peça.
Segurei a risada.
Minha fantasia era apenas um terno como o de Gomez Addams, e focaria mais no cabelo
e maquiagem. Enquanto a da Tessa, como Mortícia Addams, consistia em um bonito vestido
preto, maquiagem artística e cabelos escuros, como os da personagem. Estava ansioso para vê-la
toda montada.
— Ok, vamos fechar tudo e irmos para casa — Joanne disse animada, e eu apenas
concordei.
O resto do tempo na loja se passou rapidamente e logo estávamos indo para o shopping
comprar algo para Cassie comer, pois ela reclamava que estava desejando um McDonald's. E
como Tessa não sabia dizer não, me convenceu de que era uma boa ideia irmos ao shopping mais
próximo e menos movimentado.
Fiz todo o movimento padrão, abrindo a porta do carro para Cassie e Tessa, e vi o
estacionamento vazio, me deixando agradecido. Mais atrás, estava o carro com dois seguranças
de Tessa, eles nos seguiam de longe.
— Olha, eu estou animada, a festa da tia Victoria é a melhor — Cassie tagarelou, de
mãos dadas comigo e Tessa, ela parecia animada. O rosto de Tessa se modificou quando Victoria
foi mencionada, bufando levemente.
— Não gosta da tia Victoria, Tessa? — Cassie não deixou passar batido.
Segurei a risada, agradecendo a minha filha por isso.
— Não, claro que gosto da Victoria — ela disse rapidamente, e paramos na pequena fila
da praça de alimentação. As pessoas olhavam uma, duas vezes para confirmar quem era a ruiva,
mas não se aproximaram a princípio.
— O que foi? Você tinha se dado bem com Victoria no jogo — falei, atrás dela, como um
muro que a separava das pessoas. Algumas meninas começaram a se juntar por ali, e os
seguranças ainda não haviam se aproximado.
— Você era apaixonado pela esposa do seu melhor amigo? — ela indagou rapidamente,
me olhando sobre os ombros. Cassie estava alheia ao meu choque, tentando decidir o que iria
pedir do cardápio.
— Como? Como você sabe disso? — perguntei, e Teresa bufou.
— Eu ouvi Christine falando com você. Disse que você tinha um “tipo” e era exatamente
como eu e Victoria. Depois ela mencionou sobre você ter se apaixonado por ela.
Tudo fez sentido.
Ela estava irritada depois que saiu da cozinha, momentos depois do que Christine falou.
Mas não tivemos tempo de conversar, pois suas fãs a abordaram, e mesmo que os
seguranças tivessem se aproximado rapidamente, Tessa já havia ido em direção às meninas,
tirando fotos com elas.
Cassie encarava tudo de forma analítica, enciumada por não ser mais o centro na atenção
de Teresa, e assim que pedimos nossos lanches, e ela terminou de dar atenção aos fãs, voltamos
para o carro.
Porém, durante todo o caminho para casa foi impossível conversar, pois Cassie
monopolizava toda a atenção.
— Vou subir e tomar banho, tia — Cassie disse, animada depois de comer seu lanche e
ficar uma hora inteira monopolizando a atenção da cantora. Viemos direto para minha casa, pois
a maquiadora iria passar por aqui para arrumar-nos para a festa.
— Ok, querida, subo em um minuto — Tessa avisou, se levantou, e levou seu prato até a
pia, lavando-o rapidamente, juntei o de Cassie e meu, caminhando até ela. Coloquei as louças de
lado, parando em suas costas e a vi ficar tensa, enrijecendo os olhos.
— Eu só irei dizer uma vez. — Toquei sua cintura. — Você não é cópia de ninguém e
nem um tipo específico. Eu gosto de mulheres, Tessa. E já tive várias em minha cama, e nunca
fui apaixonado por Victoria, era só um babaca querendo sair com uma garota que era realmente
legal.
Ela não se virou.
— Posso lhe contar essa história, mesmo não sendo um casal real, se a incomoda,
podemos conversar.
— Eu quero saber — ela disse, se virando rapidamente.
Segurei a risada.
Ela era curiosa.
— Bom, ela cresceu próximo, afinal, vivíamos sempre em Portland. Quando Jackson e
ela começaram a fingir um namoro, eu já estava interessado em sair com ela, mas ela sabia da
minha fama e nunca aceitou nenhum convite.
— Ela é inteligente — Tessa resmungou.
Sorri.
— Ela é, eu fiquei puto quando Jackson saiu com ela, porque parecia o tipo de coisa que
um amigo não faria.
— Então Jackson é o fura olho da história? — indagou, abrindo a boca como se estivesse
chocada. — Eu nunca iria imaginar.
Tentei não me ofender.
— É uma coincidência que você às vezes se pareça com ela. E só para deixar claro, isso
ficou no passado. Eles são muito felizes, e eu não sinto nada por ela, Victoria é uma das minhas
melhores amigas. Nunca perderia a amizade dela.
Nós nos encaramos.
Nenhum dos dois teve coragem de falar nada, e eu vi os olhos verdes de Tessa
analisando-me. Ela merecia a verdade mesmo que tudo fosse uma mentira.
— Obrigada por me explicar, não precisava, mas foi legal — agradeceu e sua mão úmida
tocou minha barba em uma carícia lenta, era tão bom que quase fechei os olhos e pedi por mais,
com um gato carente por carinho. Meu corpo se inclinou em sua direção, apertando o corpo de
Tessa contra a pia da cozinha e senti meus lábios se aproximando dos seus quando seus olhos se
fecharam, mas não cheguei a beijá-la, pois a voz de Joanne se aproximou da cozinha, me fazendo
fechar os olhos, praguejando.
Tessa riu, encostando o corpo no meu e relaxando contra mim.
— Oi — minha assistente disse, animada.
— O que você quer? — indaguei, irritado por ela ter me atrapalhado.
Tessa segurou a risada, com o rosto encostado em meu ombro.
— A maquiadora chegou — respondeu, antes da mulher entrar na cozinha, procurando
por Joanne.
“A religião está em seus lábios
Mesmo que seja um falso deus
Nós ainda adoraríamos
Talvez possamos nos safar disso
O altar é meu quadril
Mesmo que seja um falso deus
Nós ainda adoraríamos este amor”
False God – Taylor Swift
— Ei, o que faz aqui? — indaguei para a ruiva sentada no banco do jardim de Jackson e
Victoria. Os cabelos estavam escondidos pela peruca escura, e Tessa parecia uma Mortícia
Addams perfeita.
Ela me encarou.
— Estava me sentindo deslocada, desculpe — sussurrou, e eu me sentei.
— Não vi isso, fui pegar uma bebida para nós e só percebi que não estava quando não te
encontrei para entregar. — Estendi a bebida em sua direção. Tessa agradeceu, bebendo um gole
generoso da cerveja.
— Obrigada. É que seus amigos têm conversa em comum, eu não sou mãe e não tenho
nenhum repertório sobre bebês ou filhos — se desculpou e eu alisei suas costas como quem
estava a consolando.
— Tudo bem, não precisa ficar o tempo todo com eles. Se quiser ir embora, é só me
chamar que iremos — falei, e ela assentiu.
— Eles são legais, mas vocês estão na mesma fase, entende? Você é pai, sabe dessas
coisas.
— Sim, eu entendo. Então vamos conversar até que possamos tirar Cassie de lá sem
protestos.
Ela riu.
— Ela os adora, né?
— Sim, muito — concordei rapidamente. — O que é assustador, você viu o David? Está
ficando terrível igual ao pai dele.
Tessa riu.
— Eles só têm seis anos, é fofo ver que eles se dão bem — disse, e eu assenti, vendo-a
olhando para o céu.
— Olha como o céu está bonito — sussurrou, admirada.
Olhei para Tessa. O rosto bonito sorrindo para o céu.
— Sim, está lindo — afirmei, sem conseguir desviar os olhos dela.
Era como uma pintura renascentista que faturaria milhões ao ser exposta num museu, e
meus olhos se grudavam nela e não conseguia se afastar.
— Eu gosto do céu de Nova Iorque — ela disse, olhando para cima. — Na verdade, eu
adoro Nova Iorque. Tudo nessa cidade.
— Até mesmo o caos?
Encarei o céu quando ela me olhou.
— Até mesmo o caos. No dia a dia, as pessoas sequer olham para você, pois estão
ocupadas com as próprias vidas. É libertador poder ser qualquer coisa sem ser julgado.
— É uma boa definição. Em Portland não é assim. — Nós nos encaramos.
— Não mesmo. — Sorriu. — Lá é como uma caixinha de sapatos.
— Exatamente. Mas aquela pequena parte de Portland onde vivemos a vida toda torna
tudo pior.
Ela assentiu.
— Sim, sufocante.
— Quando eu viajo para os dias de Ação de Graças, desejo o tempo todo que passe mais
rápido. É como meu mantra.
— Você viaja todos os anos?
— Sim, regras da família. Ação de Graças em família. O que é irônico, já que fazemos
tudo, menos agradecer. — Abri um sorriso irônico, e ela riu.
— Como é sua família?
— Caótica. Eu tenho quatro irmãos, e dois pais malucos. Minha mãe é a mais sã entre
eles, então poderia salvá-la.
— Eu adoro a sua mãe. Ela é sempre fofa comigo.
Sorri quando os fios escuros caíram sobre seu rosto, movi meus dedos e os coloquei para
trás, tocando sua pele. Os olhos de Tessa se fecharam com o toque.
— Você vai me beijar como iria fazer mais cedo? — indagou, me encarando.
— Você vai enlouquecer se eu beijar você? — devolvi a pergunta.
Ela moveu a cabeça lentamente, negando.
Então eu fiz o que desejei a noite inteira, a beijei sentado no banco do jardim, com meus
dedos segurando seu rosto e abandonando o copo de cerveja de lado, a puxando em minha
direção. Tessa abriu a boca, me recebendo, e senti quando o gemido baixinho escapou dos seus
lábios, com seu corpo subindo em meu colo, me fazendo afundar os dedos em sua peruca e o
movimento fez a peça cair, deixando os fios ruivos livres para cair como uma cascata ao redor do
rosto bonito.
— Espera, espera — pediu, se afastando, e eu franzi o cenho ao vê-la colocar a peruca
novamente. — Você está beijando Mortícia Addams, não Tessa. Esse é um problema apenas da
Mortícia.
Sorri, negando com a cabeça e colei meus lábios nos seus novamente, sentindo seu corpo
vir para mim com facilidade. Tessa sentada em meu colo, os dedos afundados em meus cabelos,
a boca me devorando lentamente.
Pequenos segundos se tornaram minutos. E minutos avançavam rapidamente.
A única coisa que eu sabia era que eu nunca mais queria parar de tocá-la.
— Vamos? — indaguei, parado na porta do carro, com ela à minha frente. Tessa
balançou a cabeça lentamente, me olhando. Ela tinha que ir para casa, e eu tinha que descansar,
mas nenhum dos dois pareciam dispostos a se afastar. — Podemos ir lá para casa — sugeri.
Ela riu.
— Você disse que tinha reunião amanhã cedo — ela lembrou, brincando com a alça da
bolsa pequena.
— Sim, mas só vamos dormir — garanti, abrindo a porta do carro. — Cassie está com os
Foster, então podemos apenas chegar e dormir — reafirmei, e Tessa balançou a cabeça, e entrou
no carro.
Fechei a porta e dei a volta no veículo, e em um silêncio confortável, chegamos à minha
casa quase meia hora depois. Os movimentos feitos em piloto automático eram engraçados.
Tessa pediu algo para vestir e eu entreguei a mesma camisa que ela vestiu na outra noite.
Ela ficou com o banheiro da suíte e eu tomei banho no quarto de Cassie, e quando
retornei, ela estava sentada na cama, com o lençol sobre seu corpo, sem maquiagem e com os
cabelos ruivos caindo em seus ombros.
Deitei-me, com as luzes desligadas, o abajur iluminando vagamente o quarto, a encarei.
Teresa fez o mesmo, deitando-se de frente para mim.
— Vou poder lhe dar um beijo de boa noite agora que você não é mais a Mortícia
Addams? — indaguei, e ela sorriu, se aproximando até que seus lábios quase tocaram os meus.
— Pode beijar. A Tessa do futuro assumirá esse problema — sussurrou e meu corpo
quase implorou para tocá-la, mas tudo que fiz foi beijá-la lentamente, encostando meu corpo no
seu, sabendo que hoje não era o dia que eu iria cumprir o desejo que ficou em mim depois da
noite de Natal.
— A Teresa do futuro deve te odiar — sussurrei contra seu ouvido, e ela apenas balançou
os ombros, se encaixando em meus braços como se fôssemos uma conchinha.
Afundei meu rosto em seus cabelos e beijei seu pescoço, sentindo seu cheiro, que com
certeza iria se impregnar em meus lençóis.
Mas isso não era um problema.
Dormir com Tessa era bom. Confortável e conhecido. Parecia que eu tinha feito isso a
vida inteira. E desejei fazer mais vezes.
“E eu devia apenas te dizer para ir embora, porque eu
Sei exatamente onde isso leva, mas eu
Fico vendo a gente dar voltas e voltas toda vez
Você tem aquele olhar sonhador de James Dean em seus olhos
E estou com aqueles lábios vermelhos, o clássico que você adora
E quando nós terminamos, voltamos todas as vezes
Porque nós nunca saímos de moda
Nós nunca saímos de moda”
Style – Taylor Swfit
Descemos as escadas juntos, mais à frente Tessa olhava para si mesma dentro das roupas
novas que pedi para Joanne me ajudar a comprar no outro dia.
Depois dela dormir aqui e ter que sair com as roupas do dia anterior, achei melhor
comprar algumas coisas para ela não precisar passar por isso, pensei em coisas que já tinha visto
Tessa usar, e andei olhando na internet looks do seu dia a dia.
Saias, shorts, botas, camisas longas e que podiam ser usadas como vestidos, eram peças
que mais pude encontrar em suas fotos.
— Adorei o look — Adele disse, sentada no sofá e bebendo um gole do café que estava
em sua mão em minha sala, junto com duas malas grandes de viagem e me fez franzir o cenho.
— Ah, presente do Carter — Tessa falou, alisando a saia plissada xadrez que havia
escolhido e sorriu para mim.
— Bom dia, Adele — falei à sua amiga, ignorando que ela havia nos tirado da cama
cedo, quando eu tinha planos de passar o dia nela. Mesmo que não fosse transando, eu só não
queria ficar longe daquela ruiva maligna.
— Presentes. Ah, que fofos. Vou fingir que não ouvi os gemidos — Adele comentou e
Tessa corou. — Mas bom dia, Carter. Fico feliz que a minha amiga esteja sendo bem servida.
Segurei a risada.
Ah, se ela soubesse.
— Vou para o escritório para a reunião, nos vemos mais tarde. — Beijei o topo da cabeça
de Tessa.
— Ok, vou passar o dia com Adele. Podemos ir para minha casa, se você estiver
trabalhando — ela disse, me encarando e arqueando a sobrancelha.
— Não, pode ficar. — Tirei uma mecha de fios ruivos que cobriam seu rosto e depositei
um selinho rápido em seus lábios. — Qualquer coisa, é só me chamar no escritório. E me avise
quando a maquiadora chegar.
Tessa assentiu.
— Ok — sussurrou, mordendo o lábio inferior, e me fazendo sorrir enquanto caminhava
em direção à lateral da escada, onde ficavam alguns cômodos da casa. Tinha duas reuniões agora
pela manhã com equipes diferentes, e depois meu dia era livre para me preparar para o
Halloween.
Mas no instante em que liguei meu computador, as notificações ao lado foram sendo
bombardeadas por notícias sobre mim e Tessa. As fotos da noite passada tiradas por um
paparazzi me fizeram rir, tínhamos fotos onde parecíamos uma família, com Cassie ao lado, e a
matéria por si só já indicava isso.
Meu telefone tocou ao lado, e o nome de Christine apareceu na tela.
Como tinha alguns minutos sobrando, acabei atendendo.
— Bom dia — ela disse, animada.
— Bom dia. Feliz Halloween — desejei, salvando a foto que um site havia postado.
— Acabei de ver as fotos do Halloween — ela disse e havia um tom de sorriso em sua
voz.
— Sinto muito, estão falando como se fôssemos uma família — me desculpei, não sabia
se isso incomodava a mãe da minha filha.
— Não, tudo bem, lembra da fase de Cassie de chamar Gavin de pai dois e você de pai
um? — Rimos ao relembrar, quando começou a falar e Gavin entrou na vida de Christine, minha
filha começou com o negócio de confundir Gavin, achando que todos os homens eram
automaticamente seu pai.
— Sim, mas sabe como é.
— Achei lindo a fantasia combinando. Estou torcendo para que seja duradouro. Os bebês
ruivos seriam a coisa mais adorável do mundo. — Revirei os olhos ao ouvi-la.
O pessoal não era muito sutil por aqui. O problema é que para mim a história de bebês
não era mais uma coisa de outro mundo, enquanto Tessa ainda era muito jovem e provavelmente
não pensava em ter filhos tão cedo.
Carter, acorda.
Nem sequer namorados verdadeiros vocês são.
Ela não tinha sequer por que pensar em filhos.
A batida à porta veio assim que entramos na reta final da reunião e eu me desconcentrei,
olhando em direção à cabeleira da ruiva que sorria para mim.
— Está ocupado? — indagou, só com a cabeça para dentro.
— Só um minuto, pessoal — pedi à equipe, fechando meu microfone e me levantei,
abrindo a porta. Ela segurava uma bandeja com suco e um sanduíche. — O que é isso?
Tessa sorriu timidamente.
— Você está há algumas horas trancado aqui, e sua funcionária disse que não havia
tomado café. Pensei em lhe trazer algo — justificou, movendo as pernas de modo inseguro.
Quase deixei a risada escapar, tirando a bandeja da sua mão e colocando sobre a mesa do
escritório.
— Obrigado, estou realmente com fome e sequer percebi. — me voltei para ela,
segurando sua mão e beijando o dorso em agradecimento. Os olhos verdes me encaravam,
parecendo inseguros. Mas havia um pequeno sorriso em seus lábios. E eu me inclinei, beijando-
os suavemente.
Teresa se encostou em mim e eu passei o braço em torno da sua cintura por cima do
roupão, beijando-a. Suspirei, afundando minha língua em sua boca ao sentir o cheiro de morango
em seu corpo.
— Por que você está cheirando morangos? — sussurrei, querendo desfazer o nó do
roupão, quando afundei o rosto em seu pescoço e senti o cheiro com mais intensidade.
— Tomamos um demorado banho na sua sauna. Usamos produtos que você nem imagina
a existência — disse me abraçando, e afundei a cabeça na curva do seu pescoço, beijando a pele
sensível e cheirosa. Deslizei minha barba por ela, sentindo Tessa suspirando contra mim.
— Você é maligna.
Ela riu.
— Eu? Por quê?! — exclamou.
Segurei seu rosto, depositando vários selinhos nos lábios rosados.
— Vem me ver cheirando a morangos, Teresa. E eu não posso sair daqui para ver se sua
boceta tem o mesmo cheiro.
Ela ofegou baixinho.
— Me diga que você desligou o microfone — ela pediu, e eu deixei a risada escapar,
assentindo, empurrando seu corpo para fora do escritório.
— Vá, antes que eu perca o pouco do juízo que me resta — falei, e ela saiu rindo,
apertando o nó do roupão e sumindo no corredor.
“Me saúda, sou sua Rainha Americana
E você mexe para mim como se eu fosse uma batida de Motown
E nós governamos o reino dentro do meu quarto (dentro do meu quarto, oh)
King of my Heath – Taylor Swfit”
Não vi Teresa pelo resto do dia. Ela apenas mandou uma mensagem avisando que a
maquiadora chegou, mas não a encontrei pela casa em nenhum momento, ouvi apenas as vozes
dela e de Adele vindo do quarto ao lado. Trocamos algumas mensagens sobre a festa, porém isso
não evoluiu muito.
Havia falado com a minha filha durante o dia também, como a festa dos Foster era a
única que a família participaria, acabei deixando Cassie na supervisão dos meus amigos para ter
mais calma para aproveitar o Halloween.
— Aqui está o que encomendou, Carter. — Uma das funcionárias se aproximou,
enquanto a maquiadora terminava seu trabalho.
— Obrigado — falei à funcionária, olhando a sacola vermelha deixada ali.
Nossa equipe escolheu as fantasias de hoje, e havia enviado referências para cada um. Eu
não sabia como Teresa iria, pois não me falaram e nem ela comentou nada.
Mas a minha era do chapeleiro maluco.
Sem os cabelos ruivos, a maquiagem era o destaque, deixava meu rosto esbranquiçado
como o do personagem do filme Alice no País das Maravilhas, e tinha um traço feito de sangue
saindo da minha boca, dando um ar mais maquiavélico ao personagem.
Além do grande chapéu alto e decorado, mas tudo isso mudava quando descia pelo
sobretudo grande e pesado, que deixava meu peito à mostra, pois eu não vestia nada por baixo,
estava com o torso brilhoso devido ao óleo que passaram em minha pele.
A calça tinha uma corrente fina transpassando pelo cós e se prendendo às minhas costas,
sapatos sociais para fechar a fantasia do querido personagem Chapeleiro Maluco. Era divertida,
sexy e um pouco insana.
Eu adorei.
Saí do quarto alguns minutos depois e mandei uma mensagem a Tessa, avisando que
estava pronto, e ele disse que ia levar alguns minutos a mais, se aprontando.
Desci as escadas e peguei a chave do carro que iria usar essa noite, encontrei o carro de
Adele já saindo do estacionamento. Ela iria mais cedo, pois era a anfitriã.
Deixei a sacola com meu pedido no carro, e voltei para dentro de casa distraído, mexendo
no telefone e respondendo a algumas mensagens de amigos perguntando que horas chegaria à
festa.
Sentei-me no sofá, cruzando as pernas enquanto ria do vídeo idiota que Tyler havia me
enviado.
Babaca.
— Sério que você não vai nem me dirigir o olhar? — A voz de Tessa me fez levantar a
cabeça, encontrando-a parada no último degrau da escada, segurando um cajado contra o piso de
porcelanato e inclinando o quadril para o lado em uma pose sexy.
Meu. Santo. Deus.
— Você vai me matar — foi a única coisa que consegui sussurrar ao subir o olhar pelo
salto agulha altíssimo, vermelho, o que me fez imaginar suas pernas em torno da minha cintura.
Tessa riu, dando uma voltinha enquanto meus olhos não acreditavam no que estavam
vendo.
— Gostou? — Me olhou sobre o ombro, com sua bunda empinada em minha direção.
Suas pernas estavam cobertas até um pouco acima do meio da coxa, por uma meia nas cores
vermelha e branca, com quadriculados pretos, que a deixavam com as pernas lindas.
O body — ou seja lá o nome que elas dão a isso — subia por seu corpo, em um corset
também nas cores da fantasia, e abrindo em um decote sexy que fazia os peitos dela parecerem
maiores.
— Puta que pariu. Eu enfiaria a cara nos seus peitos sem nenhuma dúvida.
Ela riu, desacreditada.
Em seu pescoço havia um colar com símbolo de cartas, e uma mancha de sangue
descendo. Além da coroa também com cartas em sua cabeça.
— Tem uma capa, ela vai cobrir minha bunda, acho que você não vai sobreviver a isso.
— Com certeza não, essa fantasia ter uma capa é um crime — falei, me aproximando e
ela estendeu a capa para mim.
— Prometo ficar sem em breve — sussurrou com o corpo virado em minha direção,
pedindo que eu colocasse a maldita capa que cobriria sua bunda. Meu pau reclamou dentro da
calça com a menção de ficar sem a vista.
— Esse body tem abertura embaixo? — indaguei em seu ouvido, prendendo a capa em
sua cintura. Ela era preta, vermelha por dentro, com detalhes de cartas por toda a borda.
A rainha de copas perfeita.
— Tem — Tessa concordou.
— Vai me deixar foder sua boceta no fim da noite usando ela? — sussurrei em seu
ouvido, segurando sua cintura e senti suas mãos apertando as minhas.
— Pensei que ia encontrar alguém no fim da noite — ela disse, ofegante e com a voz
falhando.
— Não quero ninguém quando você é a porra de uma rainha, Teresa — falei, beijando
suas costas nuas, e ela gemeu baixinho quando a encostei em meu pau. — Me diga sim e eu
prometo foder você, lembrar do motivo que não saí da minha cabeça desde o Natal passado.
— Não saí da sua cabeça? — Seu tom era inocente, mas sabemos que de inocente ela não
tinha nada.
— Sim, não saía. — Ela se virou para mim, me olhando de cima.
— Prometo pensar. — Seus olhos desceram pelo meu peitoral. — Você está delicioso,
Chapeleiro Maluco. Nunca pensei que diria isso.
Fez uma careta ao final.
Sorri.
— Nunca pensei que acharia a Rainha de Copas a mulher mais linda do mundo. — Ela
ficava tímida quando eu a elogiava, e se resumia a um rubor insano em sua bochecha.
— Vamos. Você está me deixando envergonhada e isso não combina com meu
personagem hoje — ela disse, tocando as bochechas para tentar conter a vermelhidão. Dei um
beijo em sua têmpora e a guiei para fora de casa, sabendo que estava com uma sorte grande.
Meu namoro de mentira era muito, muito melhor do que qualquer coisa que já tive nessa
vida.
— Entra — pedi, abrindo a porta. — Os seguranças vão em outro carro.
Ela assentiu, e eu dei a volta no carro, entrando nele.
— Aqui, para você. — Estendi a sacola, e ela encarou com desconfiança.
— Para que isso? — indagou.
— Eu andei lendo sobre a minha falsa namorada na internet — falei e liguei o carro
assim que ela pegou a sacola.
— Andou lendo sobre mim? — Arregalou os olhos sem abrir a sacola.
— Sim, precisava entender um pouco do seu estilo para comprar as roupas — justifiquei,
e ela assentiu. — Descobri alguns vícios seu, senhorita Carson. Achei de bom tom que você
tivesse a parte doce essa noite.
Ela deixou a risada escapar e finalmente abriu a sacola, encontrando vários chocolates da
sua doceria preferida.
— Ah, eu amei — sussurrou, tirando uma caixa em formato de abóbora de dentro. — É
temático. Tem meu nome... — se animou, olhando o nome decorativo e exclusivo que eles
colocavam na caixa.
— Tem seus sabores favoritos — acrescentei, e Tessa me encarou.
— Eu amei, obrigada. Isso foi doce, Carter — sussurrou, e eu me inclinei, beijando o
canto dos seus lábios.
— Eu queria garantir que teria os doces e travessuras — murmurei, e ela sorriu de forma
maliciosa.
A festa de Adele estava cheia, eram pessoas conhecidas indo e vindo a todo momento, e
eu me sentia um pouco sufocada. Sentada no canto do sofá, aguardando Carter pegar nossas
bebidas, já se passava da meia-noite. Eu havia dançado com algumas colegas de trabalho e com
Adele.
— Tessa? — A voz feminina me faz virar, dando de cara com Jennifer Mitchell[4], uma
cantora pop, me fazendo sorrir automaticamente.
— Jey, que saudade! — Me aproximei, me inclinando para abraçá-la na cadeira de rodas.
O sorriso incrível dela me deixou animada.
— Nossa, faz tempo que não nos vemos mesmo — ela disse, bebendo um gole do seu
drink.
— Sim, precisamos falar sobre aquele feat deixado de lado — a lembrei.
Jennifer riu.
— Sim, sim, mas nos distanciamos. A gravadora está com um projeto mais folk agora,
então acredito que por isso que perdemos a conexão — ela explicou, e eu deixei um suspiro
escapar.
Jennifer cantava, e foi contratada há alguns anos pela minha gravadora. Porém, ela
trabalhava na filial em Nova Jersey, já que vivia lá com a família e também tinha um escritório
de advocacia. Seus contratos com a gravadora acabavam sendo bastante cheio de necessidades
específicas devido à sua condição.
— Você ainda atende no escritório? — indaguei.
— Não, sou apenas sócia. Acabei ficando apenas com a música — respondeu, animada.
Ela era formada em advocacia. Mas era uma cantora incrível, e compositora ainda melhor.
— Poderíamos trabalhar juntas em composição para o TC5, estou trabalhando nele.
Podemos colaborar também no seu próximo álbum, claro, se estiver com algum em andamento.
— Seria ótimo, eu adoro trabalhar com você.
Ela se animou. Trabalhamos juntas em algumas composições ao longo dos anos, e
sempre foi um imenso prazer trabalhar com Jennifer.
— Ah, você está aí. — A voz masculina chegou até nós e nos viramos, vendo Connor
Mitchell se aproximando da esposa com um sorriso no rosto. — Tessa, Oi. — Estendeu a mão e
eu o cumprimentei.
— Oi, Connor. Que bom que vieram. Não sabia que Adele havia convidado vocês.
— Conhecemos ela em um outro evento, ela é uma querida — Jennifer falou e eu tive
que concordar.
Assim que terminei de conversar com eles, saí para procurar Carter, já que ele estava
demorando para retornar, mas parei a alguns metros do bar montado na sala de Adele, quando o
vi conversando com uma mulher. Meu estômago automaticamente deu uma revirada no
momento em que ela tocou em seu ombro e eu me lembrei das suas palavras no carro, no dia
anterior.
Sobre conhecermos outras pessoas na festa.
Já que ninguém aqui se importava com fidelidade.
Eu não queria conhecer ninguém.
E pensei que Carter também não quisesse depois das últimas horas.
— Oi. — Alguém se aproximou, e eu virei lentamente, encontrando um cara fantasiado
de Chapeleiro Maluco. A ironia da situação quase me faz rir.
— Oi — falei, segurando a risada.
— Sou o Quentin, um Chapeleiro Maluco. Acho que somos do mesmo universo — disse,
abrindo um sorriso bonito.
Não resisti em sorrir.
Estava me sentindo idiota por pensar que um namoro falso poderia mesmo ser algo de
bom aproveito.
Comédias românticas não existem na realidade, Teresa.
— Ela já achou o Chapeleiro Maluco do universo dela, meu caro. — A voz de Carter
veio de trás, e eu vi o homem sorrindo tímido, antes de se afastar. Deixei um suspiro sair dos
meus lábios quando vi o meu namorado falso estendendo o copo de bebida em minha direção.
— Já conseguiu o número da sua gatinha sexy? Que porra, é Halloween, as pessoas
deviam ser mais inteligentes em escolher fantasias. — Me virei para ele, e o vi arqueando a
sobrancelha.
— Você está com ciúmes? — ele indagou.
— Talvez eu esteja. — Cruzei meus braços, irritada. Será que poderia colocar a culpa
disso na cerveja que tomei?
Ele não me deu uma resposta, colocando as cervejas de lado e senti quando seus dedos
enlaçaram os meus, me puxando pelos convidados e saindo da sala rapidamente. Encontramos
Adele no caminho, e vi quando Carter passou por ela.
— Tem alguém no andar superior, Adele?
— Não — minha amiga respondeu sem hesitar, e eu arregalei os olhos quando ele parou,
se abaixando para pegar minhas pernas e em um movimento rápido eu estava sobre o ombro do
jogador. A risada de Adele foi alta. — Por favor, só usem o quarto de hóspedes — ela pediu, e eu
não sabia qual foi a resposta de Carter, pois minhas unhas estavam fincadas em suas costas e
minha cabeça rodava, sentindo meu sangue todo nela.
— Me põe no chão, Carter. — Bati nele ao falar, e ele apenas riu.
— Eu não estava pegando número de ninguém — disse, terminando de subir as escadas
do apartamento de Adele, e eu o vi me levando para a porta mais próxima, em seguida a fechou
com o pé.
Revirei os olhos.
— Você ficou um tempão desaparecido, e quando fui atrás de você, estava com uma
garota de peitos de fora pendurada no seu pescoço.
Ele me colocou no chão, me fazendo ofegar pelo movimento brusco.
— Primeiro, ela não estava em meu pescoço — falou, tirando o casaco. — Segundo,
estávamos conversando. Eu não peguei o número de ninguém porque não quero foder ninguém
além de você, sua maldita.
Arregalei os olhos.
— Maldita?! — exclamei.
— Sim, e por favor, pare de me enlouquecer e me deixa te beijar — ele disse já
avançando em direção aos meus lábios. Não tive tempo para pensar, apenas senti Carter me
prensando contra a parede do banheiro social do andar de cima da casa de Adele, com seu pau
duro contra minha perna, e sua boca me devorando, me fazendo gemer e me render a sensação
que ele causava.
“Todo esse silêncio e paciência
Apreensão e antecipação
Minhas mãos estão tremendo de resistirem a você, ah-ah-ah”
Dress – Taylor Swfit
— Teresa — murmurei contra sua boca, sentindo meu pau doendo dentro da cueca. — Se
você não quer, melhor ir embora antes que eu enlouqueça. Preciso estar dentro de você.
Ela respondeu, apertando o corpo contra o meu e deixando o gemido escapar da sua boca
inchada pelos beijos. Encarei os olhos verdes, fechando a porta do banheiro na chave sem olhar
direito, apenas pensando nas coisas que iria fazer com ela.
— Me fode — sussurrou baixinho, contra mim, me encarando de um jeito que me fazia
pensar em coisas obscenas com aquela sua boca, em lugares que não seria legal.
— Você vai colocar essa boquinha onde eu mandar — falei. — Eu sou todo seu, você só
precisa decidir onde quer minhas mãos, minha boca e meu pau, querida.
Ela suspirou e senti seus dedos tocando os meus, descendo pela fantasia, alcançando o
meio das suas pernas.
— A abertura — disse, me encarando, piscando de forma inocente.
Só Deus sabe que de inocente Teresa Carson não tinha nada.
Meus dedos desfizeram os dois feixes que mantinham a fantasia fechada e a vi subir, mas
meus dedos puxaram mais, revelando a calcinha de renda preta que ela vestia por baixo.
— Eu escolhi o vestido de ontem por sua causa — disse, se sentando sobre a pia. — Hoje
foi outra coisa.
Meu corpo se inclinou, ajoelhado entre suas pernas.
— Sou agradecido por isso — falei, sorrindo de forma lenta e perversa, e meus dedos
brincaram com sua boceta por cima da renda, sentindo-a molhada por baixo. — Você gosta de
me irritar, né, ruivinha? Sempre que eu toco em você quando está irritada, fica molhadinha para
mim.
Meu lábio subiu por cima da calcinha, sentindo seu cheiro, e eu quis avançar para estar
dentro dela, sentindo saudade da sensação e eu queria lembrar de cada detalhe com calma.
— Sim — ela sussurrou com meus dedos segurando as laterais da peça, e em um puxão, a
fiz rasgar em minha mão sem muita resistência.
Joguei-a longe, brincando com sua boceta molhada, deslizando minha língua por sua
pele, pela coxa que cheirava a morango e eu fui diretamente para essa manhã, quando ela foi ao
meu escritório.
— Sua boceta está cheirando a morango, Teresa. — Beijei sua boceta, e ela gemeu, com
as pernas passando por cima dos meus ombros enquanto meu dedo brincava em sua entrada,
afastando os lábios para mim deslizar a boca contra seu centro pulsante, molhando sua extensão
com saliva e senti minhas costas doerem quando os saltos finíssimos de Teresa ficaram em
minha pele.
— Ela é toda sua — disse, jogando a cabeça para trás, fazendo os cabelos ruivos caírem
em uma cascata. E eu a quis nua, completamente nua à minha frente.
Em um puxão, desfiz o nó do corset que usava, vendo a peça ficar folgada e me inclinei,
descendo o zíper, afastando minha boca dela por alguns segundos, ouvindo o choramingo baixo
de Teresa.
— Carter... — sussurrou, e eu me afastei, beijando sua boca, fazendo-a sentir seu próprio
gosto enquanto a deixava nua.
— Quero você nua, ruivinha. Inteiramente — murmurei.
Queria ver cada pedaço de pele do seu corpo, me deixando tirar a peça única da fantasia
por baixo, ficando apenas de meia, saltos e capa. Desfiz da última peça rapidamente, sentando-a
sobre a bancada enquanto meus olhos a devoravam.
— Você é tão linda — sussurrei, me abaixando para beijar o meio dos seus peitos, e senti
suas pernas em torno da minha cintura novamente, me levando em sua direção, puxando os
botões da minha calça e a abaixando junto com a cueca que usava, me deixando nu.
Minha boca brincou com os mamilos durinhos, e eu senti meu pau se esfregando em sua
coxa, mas a mão de Tessa me surpreendeu, me fazendo gemer baixinho quando ela começou a
subir e descer, brincando com toda a extremidade do membro duro em seus dedos.
— É tão grande — ela sussurrou contra mim.
— Diga isso de novo e eu vou gozar na sua mão — avisei, tomando seu mamilo inteiro
na boca, sugando-o lentamente, brincando com o outro enquanto ela se derretia em meus braços,
com a cabeça inclinada, Tessa gemia meu nome completamente entregue.
— Quero que goze dentro de mim — ela disse, tornando os movimentos mais lentos.
— Em breve, ruivinha, em breve — falei, lembrando-me de que era quase uma
temporada inteira sem sexo.
Minha boca desceu por sua barriga, beijando as pequenas sardas que tinham por ali, como
se fosse o caminho do paraíso.
Deslizei meus lábios por sua boceta molhada uma última vez, brincando com sua entrada
escorregadia, e a senti gemer.
— Quero sua boca no meu pau — sussurrei, subindo para seu ouvido. — Lembra de você
ajoelhada, com meu pau na sua boca? — Tessa tentou fechar as pernas por reflexo. E eu me
surpreendi quando me afastei, vendo-a apenas se ajoelhar, descendo da pia e ficando de joelhos à
minha frente, com meu pau duro estendido em sua direção.
Os joelhos no chão, cobertos pelas meias, os cabelos caindo sobre os seios nus, a coroa
na cabeça.
— Você está realmente linda como uma rainha. — Toquei seu lábio, deslizando a glande
do meu pau por ele, e ela abriu a boca.
— Então me dê o que a sua rainha merece — sussurrou, porra, aquela garota era boa
demais.
Ela era tímida.
Ela era contida quando estávamos em público.
Mas quando as portas se fechavam, ela sabia como me deixar louco.
E já havia me provado isso antes.
— Toma meu pau, querida — murmurei, afastando a franja ruiva dos seus olhos e
segurando seus cabelos, vendo que os mamilos duros se moveram quando ela tentou me tomar
por inteiro. — Cuidado, você mesma mediu da outra vez. São 22 centímetros, você não vai ter
sucesso.
Ela me lançou um olhar afiado, e sugou meu pau, me calando com um único movimento.
— Você fica melhor quando seu pau está na minha boca — ela disse, parando o que
estava fazendo para me abrir um sorriso malicioso e com suas mãos rodeando o membro,
descendo em um movimento repetitivo que quase me fez soltar um gemido alto.
Segurei os fios ruivos e a empurrei contra meu pau.
Tessa não demorou para entender o sinal, abrindo a boca para me receber e me sugou
lentamente, com calma, eu sentia meu corpo ardendo de desejo a cada vez que ela fazia o
movimento, com suas mãos na base, deslizando a saliva por toda extensão para deixar os
movimentos mais fluidos, minha cabeça tombou para trás quando vi tudo se tornando névoa,
com ela tentando me engolir por inteiro, sufocando ao fazer isso.
— Porra, Teresa — grunhi com meus dedos em seus cabelos, afundando em sua garganta
e a fazendo engasgar, senti suas unhas em minhas pernas, mas não se afastou. — Isso, amor, me
engole. — Os olhos verdes nublados pelas lágrimas, o rosto vermelho, tudo nela era uma
bagunça deliciosa.
— Se toque, Teresa. Preciso ver como sua boceta está por mim.
Suas pernas se abriram, e eu vi quando ela deslizou a mão por entre elas, me fazendo ver
estrelas conforme sua boca me sugava, me dando o melhor boquete da minha vida.
Por Deus.
Seus dedos iam e vinham entre suas pernas, e eu sentia meu corpo tremer à medida que se
aproximava de um orgasmo.
Meu pau não aguentava mais, os lábios de Tessa me sugavam com mais vontade e os
gemidos que escapam dos seus lábios causados por ela mesma deixava tudo melhor, senti o
clímax se aproximando e ela não me deixou ir longe para gozar, segurou meus quadris e me
manteve dentro da sua boca.
Porra.
O líquido branco escapou pelos lados enquanto ela tentava engolir tudo, me olhando de
baixo, e deixando meu pau sair da sua boca, pingando sêmen em seus peitos.
Sujos.
Ela estava suja por minha causa.
— Sua boceta está pingando por mim, hein, ruivinha? — brinquei, abrindo um sorriso
lento.
Ela não se moveu.
— Não consigo levantar daqui — disse, me fazendo rir e eu tive que me encostar na
porta, pois minhas pernas estavam instáveis.
Assim que consegui me mover sem parecer um idiota, me abaixei na sua frente, tirando-a
do chão e colocando-a sobre a pia. Beijei sua boca, deslizando as mãos por seu corpo nu
enquanto a sentia me receber, abrindo as pernas para me encaixar entre elas.
— Você me prometeu uma coisa — sussurrou com a boca colada à minha.
— Diga o que quer, amor — pedi sem afastar minha boca dela.
— Você, dentro de mim. — Sua mão segurou a minha, me levando para o meio das suas
pernas. — Olha como me deixou, Mikelson. É maldade.
Porra.
Olhos inocentes.
— Teresa Carson — sussurrei contra sua boca. — Não me olhe assim.
Ela abriu um sorriso.
— Assim? — Tornou a me encarar.
— Sim, assim mesmo. Parece inocente, mas sei bem que de inocente você não tem nada,
sua maligna.
Ela riu.
— Você não tem por que dizer que sou maligna. Nunca fiz nada — disse, de modo doce,
e eu me afastei, puxando sua cintura até a borda da pia, com meu pau ainda duro, não sabia como
isso era possível, só sabia que era.
Era como um déjà-vu da primeira noite que ficamos juntos, parecia que não foi suficiente
da primeira vez e eu queria mais, foi assim a noite inteira, até que ambos adormecemos, cansados
e ela fugiu com alguns dólares da minha carteira na manhã seguinte.
— Fique de costas, Teresa — pedi, mas saiu mais como uma ordem.
Tessa abriu um sorriso malicioso, mas fez o que pedi, virando de costas e se apoiando na
pia, empinando aquela bunda bonita para mim. Seu corpo era uma coisa de louco, pequeno, e
com curvas nos lugares certos.
Sem falar em todas as sardas.
Havia muitas.
Formavam pequenos mapas por toda extensão de pele.
— Você é maligna, Teresa — falei com meus dedos tocando sua bunda, encostando nela
com meu pau duro, sem tirar os olhos dela no espelho. — Sabe que me deixa louco. Fico pior
ainda por saber que sua boceta fica pingando por mim.
O gemido dela me fez afundar três dedos em sua entrada apertada, a vendo ofegar com os
movimentos, me encarando pelo espelho.
— Dedos não, Mikelson. Seu pau — implorou em meio a um gemido.
Eu queria tanto dar isso a ela.
— Só um minuto, ruiva, deixa eu ver como sua boceta está por mim — pedi, sentindo
minha mão melada por causa dela. Meu Deus, eu poderia morar dentro dela.
— Mikelson — ela gemeu meu sobrenome, apertando as bordas da bancada, e eu sorri,
deslizando a cabeça do meu pau em sua entrada, a vendo ofegar, esperando por isso.
— Diga o que quer, Teresa. Lembra que você disse que nunca ia deixar colocar meu pau
em você novamente? — indaguei, vendo-a me olhar de forma mortal pelo espelho.
— Mikelson — resmungou quando meu pau entrou, mas saiu rapidamente.
— Diga, Teresa. Diga e nós acabamos com isso. — Ela gemeu novamente, comigo
brincando em sua entrada.
— Carter... — implorou.
— Sim, querida? — incentivei, tocando os seus peitos, brincando com os mamilos duros,
sentindo-os pesados em minhas mãos. — É só falar, ruivinha. Não posso foder você sem
autorização.
Minha voz tinha um tom inocente, mas nós dois sabíamos que era pura provocação.
— Me fode logo, Mikelson. Para de ser um cretino desgraçado e coloque a porra do seu
pau em mim! — exclamou, irritada, me fazendo abrir um sorriso que realmente era o que ela
disse: um cretino desgraçado.
E me afundei dentro dela em um único golpe, me sentindo ser abraçado pela boceta
molhada e quente de Tessa. Inclinei-me em sua direção para ir mais fundo, meu corpo indo em
direção ao seu com rapidez enquanto o banheiro se tornava gemidos altos e sussurros
desesperados por mais.
— Porra, Teresa — grunhi em seu ouvido, sua boceta me apertando, sentindo que aquilo
era o paraíso.
Minha boca marcou as costas nuas de Tessa, deixando manchas vermelhas por todo
espaço enquanto meus dedos a tocavam, no clitóris duro, sentindo-a tremer em meus braços com
a intensidade das sensações, sua boca aberta escapando gemidos, deitada sobre a pia com o corpo
se movendo por causa do meu.
— Eu vou... — ela sussurrou, desesperada. — Carter! — gritou, e eu segurei sua cintura,
a sustentando contra mim. Meu pau foi apertado dentro dela, e eu me mantive parado, respirando
fundo enquanto ela se estabilizava.
— Me deixe gozar, ruivinha. Me deixe encher sua boceta com a minha porra —
murmurei, me movendo lentamente dentro dela, controlando os movimentos para não perder o
controle.
— Me fode mais rápido, Carter — ela grunhiu.
E eu sorri, indo mais rápido dentro dela, sentindo-a me apertando, enquanto os gemidos
se tornavam mais altos e vi quando ela abriu a boca em um grito silencioso, tremendo, com o
corpo amolecendo enquanto sua boceta molhava meu pau quando finalmente gozou.
Não fui diferente, senti meu corpo tremendo com meus olhos nublados, vendo tudo
instável e me apoiei contra a pia, para não cair sobre ela enquanto sustentava seu corpo com a
outra mão.
— Meu Deus — sussurrei em seu ouvido, e Tessa riu, nos encaramos com o rosto dela
apoiado na pia gelada.
— Não sou boa com promessas — ela disse, abrindo um sorriso.
Franzi o cenho.
— Como assim?
— Prometi que você não colocaria isso aí nunca mais dentro de mim. Falhei
miseravelmente.
Revirei os olhos.
— Podemos parar de chamar meu pau de “isso aí”? É ofensivo. Ele merece um elogio,
vários, na verdade.
Ela deixou a risada escapar.
— Isso aí ainda está dentro de mim, Carter — ela disse, e era verdade, eu ainda estava
acomodado dentro dela, me recusando a sair, pois era a porra do lugar mais perfeito do mundo.
Beijei seus lábios levemente.
— Vamos para casa. Preciso voltar para dentro de você — falei, praticamente
implorando.
E Tessa apenas balançou a cabeça em confirmação.
Saí de dentro dela lentamente, segurando seu corpo junto ao meu, vi quando ela vacilou,
me fazendo pegá-la nos braços e ela abriu um sorriso tímido, voltando a ser a Tessa de sempre.
Coloquei-a sobre a pia, observando sua pele branca, com marcas avermelhadas por causa dos
movimentos, os seios marcados.
— Essas marcas serão um problema naqueles seus figurinos devassos — brinquei,
apontando para ela, que se olhou no espelho, arregalando os olhos.
— A culpa é sua! — ela exclamou, e eu ri, beijando seu ombro e pegando nossas roupas.
Ajudei Tessa a vestir tudo com calma, jogando meu casaco pesado em seus ombros, e nos
encaramos.
— Sua casa ou a minha? — ela indagou.
— A minha — respondi rapidamente, vendo-a franzir o cenho. — Amanhã Cassie chega
cedo, e eu preciso estar lá.
Ela assentiu e saímos do banheiro, de mãos dadas, os cabelos de Tessa estavam
arrumados, mas sua maquiagem foi claramente destruída, sairíamos pela lateral da casa.
Porém, não chegamos a descer as escadas, pois fomos parados por Tyler e Adele
caminhando juntos em minha direção.
— Olha quem veio! — a amiga de Tessa disse, animada, apontando para meu amigo.
Bastou um olhar para ele saber o que havia acontecido.
Tyler não era burro.
A amiga de Tessa acreditava que tudo era real, então um casal transando no banheiro não
era assustador.
Agora Tyler era outra história. Ele sabia que era tudo uma mentira.
— Vou pedir para alguém limpar aquele banheiro — Adele murmurou, passando por nós,
piorando tudo.
— Tyler — Tessa começou a falar.
— Lá embaixo, agora — o ruivo disse, apontando em direção à saída.
Tessa jogou a cabeça para trás, irritada e desceu as escadas atrás do irmão. Não fiquei
para trás, apenas os segui, mais de longe, pois sabia que eles precisavam conversar, mas também
não queria deixá-la sozinha.
Tessa não transou sozinha no banheiro.
— Você transou com ele! — ele exclamou assim que eu fechei a porta de uma das salas
vazia do apartamento de Adele.
— Sim — Tessa disse, sem vacilar, cruzando os braços em uma posição de segurança.
— E não se preocupa? Não se arrepende? Tessa!
Tyler estava indignado.
— Não foi a primeira vez — ela disse, e Tyler olhou rapidamente em minha direção.
— Tessa! — exclamei, querendo que ela não piorasse tudo.
— O quê? — ela perguntou irritada. — É a minha vida. Eu dormi com seu melhor amigo,
e sim, você também já fez isso. Então pare de ser hipócrita, pois seu teto também é de vidro. —
Apontou o dedo em direção ao irmão, que suspirou.
— É diferente. Eu não sonho com um relacionamento. Você é romântica, Tessa... — ele
disse, tentando se aproximar dela.
Mas a ruiva deu um passo atrás.
— Por Deus, pare de ser infantil. Dormimos juntos no Natal e ficamos juntos hoje. E foi
bom. Você não precisa fazer uma tempestade.
Ele fez careta ao ouvir a irmã mencionar que foi bom o que fizemos juntos.
Quis adicionar que havia sido mais do que apenas bom, mas acho que ele não gostaria de
ouvir isso.
— Não sou uma criança, Tyler. Eu te amo muito. Adoro que queira me proteger. Mas eu
já tenho vinte e quatro anos.
— Vinte e três. Ainda não fez aniversário — Tyler corrigiu.
Ela bufou.
— Ok, que seja. Mas é isso. Eu não sou mais uma menina, as coisas vão acontecer. Um
dia, alguém vai chegar e vai partir meu coração, mesmo que não seja Carter, e você vai ter que
lidar com isso — ela disse, segurando o rosto do irmão.
Tyler me olhou de longe, com os olhos verdes idênticos aos dela.
— Ela está fedendo ao seu perfume, seu desgraçado. E tudo num banheiro sujo! — se
indignou.
Eu daria risada em outro momento, mas acho que deveria pensar na intensidade do soco
que ele iria me dar.
— Olhe para mim e pare com isso — ela pediu. E ele a obedeceu.
Todos ao redor dela sempre agiam como se Tessa fosse o centro, a órbita do seu mundo e
os planetas se alinhassem a ela.
Talvez por isso eu sentisse que não conseguia desviar o olhar dela sempre que estávamos
por perto.
— Eu entendi todo seu discurso, mas é meio que um código de irmãos que eu dê um soco
na cara dele — Tyler disse.
Encolhi os ombros.
Já esperava por isso.
— O quê? Não! — ela exclamou, mas Tyler já estava caminhando em minha direção, e
eu senti quando seu punho acertou minha mandíbula, me fazendo inclinar para o lado, tentando
suportar o impacto.
Ele não teve piedade.
— Tyler! — Tessa exclamou, irritada. Vi de canto de olho quando ele beijou o topo da
cabeça dela.
— Te amo, se cuida. Você pode morrer — disse para mim, saindo da sala e passando por
uma Adele chocada na porta. Me joguei no sofá mais próximo, notando que a sala era uma
biblioteca.
— Vê se ele está bem, por mim? — Vi Tessa pedir à amiga, que apenas assentiu,
confusa, seguindo Tyler para fora. — Vou pegar um gelo.
Ela fez menção de levantar, mas eu segurei sua mão.
— Vamos embora. Pegamos gelo em casa. Você está borrada e com meu sobretudo, se
alguém a vir vai chegar à conclusão do que fizemos. E o show de Tyler já foi suficiente. —
Levantei-me, segurando o local dolorido, e caminhei com Tessa para fora de casa, passando por
Tyler e Adele no corredor.
“Estou tentando não me envolver agora
Mas você é simplesmente tão descolado
Passa as mãos em seu cabelo
Inconscientemente me fazendo te querer
E eu não sei como isso pode ficar melhor
Você pega minha mão e me joga de cabeça
Sem medo
E eu não sei por que, mas com você eu dançaria
Em uma tempestade, com meu melhor vestido
Sem medo”
Fearless - Taylor Swift
— Então você pode dar um soco no Tyler por mim? — Tessa indagou sentada em meu
colo, com a compressa de gelo contra minha boca. Segurei a risada, apertando sua cintura.
— Por que você quer dar um soco no seu irmão? — perguntei, observando seu rosto
ainda manchado pela maquiagem estragada, e os cabelos presos em um coque alto.
— Bom, há alguns anos, eu falei a ele para tomar cuidado com minhas amigas, elas eram
todas apaixonadas por ele. Jogador, bonito e com aquela fama de badboy — revirou os olhos ao
descrever o irmão —, mas ele não me ouviu, claro. Ficou com uma delas e virou um caos. Perdi
a amiga e ela até hoje jura que a culpa foi minha porque o meu irmão não quis namorar com ela.
— Insanidade — falei, e ela balançou a cabeça em concordância.
— Sim, exatamente. Mas naquele tempo eu não sabia que havia uma regra onde quando é
quebrada, posso dar um soco nele — comentou, franzindo o cenho e a forma em que ela pedia
tudo com seriedade me fez achá-la a coisa mais adorável do mundo.
Beijei o lado interno da sua mão e ela me encarou, parecendo desconcertada.
— Não vou dar um soco no seu irmão, querida.
— Ah, por que não? Você é fortão, parece uma geladeira Electrolux três porta frost free
— disse e eu franzi o cenho. — O quê? Adele que me ensinou isso.
Sorri e beijei seus lábios.
— Obrigado pela compressa, mas não vou socar o seu irmão. Já basta ele estar muito
irritado. — Esfreguei minha têmpora ao lembrar disso. — Por que diabos você mencionou o
episódio do Natal?
Ela balançou os ombros.
— Eu fiquei irritada. Me senti uma criança sendo repreendida pelo pai. Nem meu pai
fazia isso. Ele sempre explicou como o mundo dos garotos funcionava, e que se um dia
acontecesse, não era para ter medo de falar com ele ou a mamãe. Eu confiava neles.
Alisei suas costas, sabendo que a relação dela com os pais era linda.
— E Tyler faz isso. Me senti idiota. Queria que ele parasse de pensar que era uma
menininha.
Beijei a pontinha do seu nariz, encostando minha testa na sua.
— Ele sabe. Só que para o seu irmão, Tessa, você vai ser sempre a garotinha que ele viu
crescer.
— Você está do lado dele — ela murmurou chateada.
Sorri e beijei sua boca.
— Sempre do seu lado, Teresa. Mas é a realidade. Seu irmão conhece a fama dos
jogadores, ele como ninguém sabe como os homens são, e falo isso sabendo que já prestei papéis
ridículos. Você tem independência de decidir perder a virgindade e dormir com quem quiser, e
ele tem o direito de se preocupar, mas não de proibir você.
Ela suspirou e encostou a cabeça em meu ombro.
— Às vezes, eu nem acredito que você sabe falar coisas tão sábias — brincou, e eu
revirei os olhos, deixando a compressa de gelo de lado e me levantando com ela em meus braços.
Tessa não se moveu, e eu segui escada acima, sabendo que precisávamos de um banho.
— Você não pode nem mesmo dar um soquinho? Prometo que explico depois — ela
pediu novamente e eu estava rindo da situação.
— Não, nem um soquinho — falei, entrando no banheiro e a colocando dentro da
hidromassagem enorme e pouco usada por mim. Tessa olhou ao redor, vendo os produtos
deixados ao lado. — Nunca usados. Comprei recentemente. Não sou fã de hidromassagem.
— Por que comprou recentemente se não usa? — ela indagou, curiosa e eu desfiz o nó do
seu corset, enquanto ela olhava os rótulos das embalagens. — Nossa, meus produtos preferidos...
como você...
Ela me encarou, percebendo o que havia feito.
— Você por acaso é um stalker? — perguntou.
Os seios de Tessa ficaram à mostra quando o corset saiu do seu corpo e eu puxei a peça
para baixo.
— Me deixe cuidar de você, vai — pedi, e ela inclinou o quadril, para tirar a peça e ficou
nua. Sem calcinha, pois a dela acabou rasgada em meu bolso, me desfiz das meias, deixando-a
nua dentro da banheira. Ela havia tirado os saltos quando entramos em casa.
— Novamente, por acaso você é um stalker? — ela tornou a indagar.
— Não, apenas pesquisa. Tem tudo sobre você na internet, sabia? Até uma biografia não
autorizada.
— Eu sei, eles falam algumas mentiras — resmungou sobre a biografia. — Então você
fez pesquisa e modificou sua casa para me agradar? Que coisa mais perspicaz, seu cretino
desgraçado — zombou, me xingando enquanto eu ficava nu na sua frente. Os olhos de Tessa me
seguiam a todo instante. A banheira pela metade quase transbordou quando finalmente entrei,
com os olhos de Tessa em algum lugar embaixo d’água.
— Meus olhos estão acima, Teresa — falei, e ela não ligou, apenas balançou os ombros.
E senti quando me tocou por baixo d’água, me encarando de forma que fez meu pau endurecer
em sua mão.
Tessa sorriu de forma cínica.
— Fica de joelho, Mikelson — disse, e eu revirei os olhos, mas me apoiei nas laterais da
banheira, para colocar meu pau para fora. Ela pareceu aprovar o movimento, vindo para o meio
das minhas pernas e senti sua boca deslizando pela glande, me fazendo fechar os olhos de forma
quase automática. — Acho que seu pau me adora tanto quanto minha boceta fica molhada por
você.
— Porra, Teresa — grunhi, e ela sorriu com ele na boca, deslizando lentamente, enquanto
me levava até o fim, me fazendo ver estrelas conforme ela me engolia.
Aquela mulher iria me matar.
Com toda certeza que sim.
Mas de certa forma eu morreria feliz com sua boca no meu pau.
— Quero testar uma coisa — ela sussurrou, tirando tudo da boca, e eu franzi o cenho
quando a vi ficar mais perto, com meu pau perto dos seus peitos, deslizando os dois para segurá-
lo. Sorri da cena, completamente hipnotizado com meu pau entre os dois seios cheios, vendo
Tessa deslizar pelo mamilo empinado, apertando as pernas em reflexo.
— Coloque no meio, ruiva — indiquei, e ela fez, posicionando o meu pau no vale entre
os seios. — Pode juntá-los, e fazer movimento como se estivesse fodendo sua boceta. — Ela fez,
deslizando lentamente, e eu ajudei, movendo meus quadris, sentindo a fricção dos seus peitos
com meu pau se tornando mais rápida, causando sensações desconhecidas, me fazendo fechar os
olhos e subir a mão até o mamilo de Tessa, brincando com o bico conforme os gemidos dela se
juntavam aos meus.
Mas não queria gozar assim.
— Você me deve algo, ruiva — falei, apertando o botão da banheira, parando de enchê-
la. Ela me encarou, frustrada por não gozar. — Não queria foder você agora, precisávamos de
um banho, mas você quem começou.
Saí da banheira, e a peguei rapidamente, ouvindo o grito de Tessa de protesto, saindo
dali. Joguei-a na cama, me encaixando entre suas pernas.
— Senta na minha cara — pedi, e ela me encarou, confusa. — Preciso que goze na minha
língua.
— Não tem uma posição, que eu possa fazer por você também não? — indagou, corando.
Sorri.
— Sim, é exatamente essa. Você terá livre acesso ao meu pau enquanto sua boceta vai
estar na minha boca — falei, vendo-a me olhar de forma confusa, mas não recusa, vindo para
cima de mim e com o corpo próximo o suficiente da minha boca. Segurei sua cintura,
aproximando-a da minha boca.
Tessa estava molhada, tinha gosto de paraíso e eu passaria o dia inteiro aqui.
Sua boca em meu pau me deixou louco no instante em que ela me tocou, e eu deslizei
minha boca por toda extensão da sua boceta, lentamente, abrindo os grandes lábios para
encontrar o clitóris, ela soltou um gritinho, fazendo o som ir contra meu pau e me deixar ainda
mais duro conforme ela me engolia, deslizando a língua por toda a extensão, numa vã tentativa
de me engolir todo, que acabou a engasgando.
— Devagar, ruivinha — pedi, com a boca contra ela, colocando minha língua em sua
entrada, sentindo Tessa tremendo sobre mim, com suas coxas denunciando, abalando cada gota
de sanidade de mim enquanto ela me engolia, conforme movia o corpo contra a minha boca
como se eu estivesse a fodendo.
Aceitei como incentivo, investindo meu pau contra ela, sabendo que Tessa adorava tentar
me engolir e falhar, mas ela não desistia, e isso se tornou mais frenético conforme os segundos
passavam, ela sobre mim, me fazendo ver estrelas e minha boca a comendo, lentamente, sentindo
o pré-gozo molhando-me, lubrificando meu rosto com seu líquido e me deixando inteiro
cheirando a mulher, Tessa e sexo.
Meu Deus.
Isso é bom demais.
Ela gritou quando meu dedo entrou dentro dela e minha língua brincou com o clitóris.
— Eu vou... — O aviso entrecortado ficou preso em nossas gargantas, minha boca se
abriu mais, sentindo seu gosto me invadindo, com ela gozando em mim, e meu pau não
decepcionou, jorrando contra ela, ouvi sua respiração ofegante contra minha perna.
— Eu vou morrer — ela sussurrou, se jogando para o lado.
— Eu com certeza morri e fui para o céu — falei, encarando o teto do quarto.
Tessa riu, deitada na mesma posição, com a cabeça no lado das minhas pernas. Usei o
pouco da força e coragem que tinha e me arrastei até ela, me deitando ao seu lado.
Nós nos encaramos.
— Ferramos com o acordo — ela disse, tocando meu rosto, parecendo tão sem forças
como eu.
Beijei sua boca.
— Adorei ferrar o acordo. Quero fazer isso todos os dias — sussurrei e Tessa riu,
encostando a testa na minha.
— Você me deixou cansada, Mikelson. — Ela se aninhou em mim. — Não quero dormir,
quero você, mas quero dormir porque estou cansada — disse, se esfregando em mim de forma
descarada.
— Vou ter todo tempo do mundo para ficar dentro de você, Teresa. Pode dormir —
murmurei em seu ouvido, beijando sua pele.
Ela apenas murmurou algo sem nexo, e eu a abracei, descansando a cabeça contra o
colchão.
Tessa estava cheirando a sexo, meu perfume e principalmente, a ela. De fato, não havia
perfume melhor que nossos cheiros misturados. Sem falar que ela tinha gosto de paz, não sabia
definir o gosto da paz, mas se soubesse explicar, apenas colocaria Tessa em um vidrinho.
Saber que eu era um dos poucos caras que senti isso era demais.
Brinquei com as pequenas sardas da curva do seu pescoço, deslizando o dedo por ali
como se fosse um pequeno mapa. Sorri e beijei o local, apaixonado por isso.
Tudo nela era tão único e perfeito.
Ninguém nunca saberia as constelações que havia em sua pele, a decorando como se
fosse um universo, e eu queria decorar cada uma delas.
Meu telefone tocou ao lado, e eu me inclinei, pegando-o.
Não o havia levado para a festa.
— Tem uma foto sua e de Tessa em uma revista. — A voz de Joanne me fez franzir o
cenho.
— Tem várias fotos nossas, saímos juntos hoje de novo. É Halloween — a lembrei.
— Não, não essas fotos. Eles sabem o que vocês fizeram no Natal passado, Carter — ela
disse agitada. — E agora estão criando teorias. Você ficou meses sem assumir ninguém. Foi
visto com algumas garotas nesse período.
— Eu não durmo com ninguém há meses — protestei, esfregando minha têmpora que
ameaçava doer.
— Sim, mas para mídia, isso não é real. Você é apenas o cara que estava namorando
escondido e teve casos extraconjugais — ela falou, e eu afundei a cabeça no travesseiro.
Tessa resmungou em seu sono, se aninhando mais a mim.
— Podemos falar disso amanhã? — indaguei. Joanne fez um som concordando.
— Claro, só liguei para você, pois achei que merecia saber. Não queria estragar sua noite.
Já havia estragado mesmo.
— Nos falamos pela manhã.
— Ok, vou tentar conter os danos por aqui — ela avisou e finalizamos a chamada.
A única coisa que passou na minha mente foi: que grande merda.
Abutres infernais!
Xinguei em pensamento, me deitando novamente para não acordar Tessa. A noite havia
sido boa, e eu não queria estragar tudo. Não ia adiantar nada, pois amanhã ela saberia, mas
mesmo assim, o hoje estava preservado.
“Parece que sempre tem alguém que desaprova
Eles vão julgar como se soubessem algo sobre você e eu
E o veredito vem daqueles que não tem nada melhor pra fazer
O júri está dispensado, mas a minha escolha é você”
Ours - Taylor Swift
Acordei primeiro que Carter e o vi adormecido com os braços em torno da minha cintura
e o rosto afundado em meu cabelo. A lembrança da noite passada voltou à minha mente e eu
senti meu rosto corar ao perceber que sequer mudamos de posição, dormimos para os pés da
cama e completamente nus.
Fechei os olhos uma última vez, afundando o rosto no peito do homem, e senti meu
coração acelerar quando ouvi uma batida à porta.
— Papai, cheguei. — A voz de Cassie preencheu o outro lado e eu pulei, vendo Carter
fazer o mesmo. Nós nos encaramos assustados com a chegada abrupta, mas já mencionada de
Cassie.
Carter se levantou, pegando uma toalha pendurada próxima ao closet e estendeu seu
roupão em minha direção. Me vesti rapidamente.
— Tia Victoria e David estão aqui, vamos tomar café — ela disse do outro lado e tentou
abrir a porta do pai, eu sabia que não havíamos trancado então alinhei meus cabelos, não
querendo que a menina especulasse nada.
— Oi. — Ela adentrou, segurando um donuts entre os dedos. — Oi, tia Tessa. Você está
aqui.
Abri um sorriso, me sentindo envergonhada.
Cassie não entendia nada sobre adultos, mas ainda me sentia cometendo algum tipo de
crime.
— Estou sim, querida. — Fiz uma careta quando ela me abraçou primeiro, eu sequer
havia tomado banho depois dos últimos acontecimentos. Que coisa horrenda.
— Como foi o dia na casa da tia Victoria? — Carter indagou, se abaixando para beijar a
bochecha da filha.
— Ótimo, trouxemos bolo — ela respondeu, animada e começou a sair do quarto.
— Espera a gente lá embaixo, querida, descemos em alguns minutos — Carter disse, e
ela assentiu, com ele já fechando a porta. O homem me olhou, os olhos arregalados, e eu deixei a
risada escapar.
— Que vergonha — murmurei, cobrindo meu rosto.
— Nem me fale. — Ele trancou a porta e se aproximou, beijando meus lábios.
— Banho — falei, tentando me afastar dele.
— Podemos tomar banho juntos — ele disse, parecendo uma criança.
Sorri.
— Nós dois sabemos que isso não funciona. — Me afastei, entrando no seu banheiro. —
Escolha algo para vestirmos, prometo ser rápida — falei e ele me olhou de forma que me
lembrava um cachorro abandonado.
A comparação me fez rir enquanto fechava a porta.
Encarei a banheira, sentindo meu rosto queimar. Não sabia quando essa vergonha iria
passar, mas esperava que logo.
Tomei um banho tranquilo, usando um dos xampus de Carter, pois sentia meu cabelo
preguento e estranho. Acabei achando uma escova de dente em seu armário do banheiro e usei
também, saindo enrolada no roupão e o encontrando falando no telefone com Joanne, pois o vi
mencionar o nome dela.
As roupas que ele havia escolhido estavam sobre a cama, então peguei tudo, aprovando a
escolha. Me vesti com ele por ali, andando em círculos enquanto ouvia o que Joanne falava ao
telefone.
Olhei-me no espelho, me sentindo bem com o short jeans e camisa social branca, que
deixei meio aberta de forma despojada. Não sabia como, mas Carter tinha calcinhas e sutiã do
meu tamanho, o que me fez franzir o cenho, mas não reclamei, vestindo da mesma forma.
— Pode descer? Nos encontramos lá embaixo. Vou levar mais um tempinho aqui — ele
disse, e senti um beijo dele em minha bochecha, me fazendo assentir.
Saí do quarto sentindo falta do meu telefone, o havia deixado no quarto de hóspedes
ontem antes de ir à festa. Então desviei do caminho e fui até lá, pegando-o sobre a penteadeira, e
vendo tantas notificações que meu aparelho chegou a travar por um momento.
O que estava acontecendo?
O aniversário de morte do meu pai era só daqui a alguns dias.
Mas não era isso.
Assim que abri uma das primeiras notificações, senti meu estômago se revirar com as
notícias.
“Traída? Tessa Carson, a premiada cantora de 23 anos, teria sido traída pelo atual
namorado, durante os meses em que o relacionamento esteve em segredo.” VIA: PORTAL
QUEEN B.
E mais abaixo, havia uma foto de Carter conversando com uma modelo, seguida da nossa
foto no Natal.
Alguém vazou a foto.
Fechei os olhos.
Que grande merda.
E sequer perguntavam antes a nenhuma assessoria, apenas soltavam a nota mais falsa que
poderiam criar, causando esse turbilhão de notificações.
Meus olhos analisaram novamente a imagem de Carter conversando com a modelo. Os
cabelos loiros, vestida de calças jeans e cropped, deixando a barriga chapada à mostra.
Uma mulher bonita.
É claro que ele saiu com muitas mulheres bonitas nesse meio tempo, e eu não podia achar
que um encontro meses atrás estava na mente de um homem como Carter.
Tudo bem que para mim foi assim.
Nunca houve ninguém antes, e até o momento, não havia ninguém depois dele.
Saí do quarto, fechando a porta com calma, tentando não pensar nas coisas que estavam
saindo do controle. As mensagens de Allie eram sobre estar enviando um esclarecimento para a
mídia, já que não havia como negar um envolvimento entre mim e Carter naquela festa.
Havíamos sido fotografados naquele dia, com as mesmas roupas que usamos na festa.
— Você sabia disso? — indaguei, mostrando o telefone.
Ele parou, me olhando.
O engolir em seco de Carter afirmou que sim, ele sabia.
— Sim. Preciso desligar, Joanne. — Finalizou a chamada sem esperar muito.
— Por que não me disse? — Joguei meu telefone na cama, me sentindo cansada.
— Pensei que isso a faria surtar. Pedi para minha equipe desmentir qualquer boato de
traição, explicando que nos encontramos no Natal, mas só nos relacionamos meses depois.
Queria resolver por mim, já que no final, parece que fui eu quem causei isso. — Ele revirou os
olhos, e senti sua mão em minha cintura, me puxando em sua direção com a cabeça encostada na
minha.
— Como assim, causou isso? — indaguei.
— Parece que a foto foi enviada do meu tablet — ele disse, e eu o encarei, em choque. —
O tablet do escritório. Desci até lá para checar, pois só eu tinha essa foto. E tem uma mensagem
enviando para um portal de fofocas. Juro que não faço a menor ideia de como isso aconteceu.
Minha cabeça estava um nó.
Mas eu não queria surtar nem nada do tipo.
— Vá tomar seu banho — falei, segurando seu rosto, e vi seu cenho franzido. — Allie já
está cuidando de tudo com Joanne, vamos deixar nossa assessoria resolver isso de forma
profissional. — Beijei seus lábios. — E vamos tomar café com a Cassie.
Desci as escadas mais tarde, Tessa desceu primeiro para falar com Cassie e Victoria. Eu
ainda não entendia a calma dela para lidar com tudo, a Tessa que eu conhecia me chamaria de
cretino desgraçado pelo menos umas dez vezes.
Porém, a situação da sala estava tensa, e Cassie estava sentada ao lado da mesinha de
centro, com um pedaço de bolo de chocolate no prato e o tablet apoiado no suporte, aberto no
desenho.
— O que houve? — indaguei para Victoria, vendo Tessa calada, olhando para o lado.
— Parece que encontramos o invasor de aparelhos tecnológicos — Vic sussurrou,
apontando suavemente para Cassie. David estava do seu lado e observava tudo.
— O que isso quer dizer? — interroguei confuso.
— Cassie pode explicar — foi Victoria que falou, e vi Tessa esfregando sua têmpora.
Sentei-me no sofá, encarando minha filha.
— O que você tem a dizer? — perguntei, vendo-a inclinar a cabeça de modo inocente,
com os enormes olhos azuis me encarando como quem pedia piedade.
— Por favor, papai, eu não fiz por querer — ela disse já juntando as mãozinhas.
Coisa boa não vinha disso.
— Explique do começo, Cassie Mikelson — pedi, e ela suspirou, se sentando sobre as
próprias pernas numa postura derrotada.
— Eu vim pegar umas roupinhas com a tia Victoria ontem à noite — ela começou, e eu
me virei para Victoria confirmar. Minha amiga balançou a cabeça como quem afirmava que a
história era verídica. — E queria levar meu tablet, mas o senhor esqueceu de colocar para
carregar e não tinha como.
A conversa estava piorando.
— Aí ela disse que ia levar seu tablet, que você deixava brincar nos joguinhos —
Victoria acrescentou.
— Sim, o senhor deixa, não deixa? — Cassie disse, querendo ajuda para a sua história.
— Deixo, Cassie. Agora continue a história — pedi.
— Eu fiquei vendo as coisas no tablet enquanto a tia Victoria esperava o tio Jack buscar a
gente — ela continuou, movendo as mãozinhas. — Tinha fotos do senhor com a tia Tessa. Essa
oh. — Ela virou o tablet, mostrando uma sequência de fotos nossas no Natal. — Eu achei tão
bonita, parece uma foto de romance. — Ela parou em uma que estávamos sentados no sofá. —
Então eu mandei para o meu tablet, porque queria guardar. Igual ao senhor me ensinou. Pensei
em pôr no meu álbum de colagens, com a legenda legal, tipo “eu sei o que fizeram no Natal
passado” — ela completou, falando sua legenda enquanto dava um sorrisinho e fazia uma pose
de pensativa.
Victoria deixou a risada escapar ao meu lado. Enquanto eu sentia meu sangue ferver com
a ideia de Cassie ter vazado a foto.
— Mas aí, eu acho que não foi para o meu tablet que enviei. Pois não chegou nele, e têm
fotos na internet, papai, desculpa — implorou, colocando a mão sobre o rosto, já chorando. — A
tia Tessa está zangada, por favor, não fica brava comigo.
Ela encarou a ruiva, segurando as lágrimas, mas quanto mais fazia isso, mais elas
vinham.
Tessa deixou um suspiro escapar. E vi quando ela se abaixou ao lado de Cassie.
— Eu não estou zangada, querida — ela disse, e Cassie fungou. — Fiquei sim um pouco
chateada, mas não com você, com as notícias. Não deveria ser dessa forma, entende?
Cassie balançou a cabeça, confirmando.
— Você não fez por mal. E pedir desculpas é importante — ela acalmou minha filha, e vi
quando Cassie se aconchegou nos braços dela.
— Obrigada — fungou —, obrigada por me desculpar.
— Está tudo bem — Tessa disse, alisando os fios loiros dela.
— Sim, mas o que você fez foi errado. Invadiu a privacidade de alguém, querida. Mesmo
que seja minha, ainda é minha privacidade — falei, me abaixando ao seu lado. — Nunca mexi no
seu tablet, porque confio em você. Quero ter a certeza de que posso contar com o mesmo da sua
parte.
Ela não se afastou de Tessa, me encarando enquanto estava encostada e protegida no
abraço da cantora.
— Eu fiz um problema muito grande para vocês? — indagou, chorosa.
Neguei.
— Não, estamos resolvendo — garanti, limpando seu rosto.
— Me dá um abraço então, se vocês me perdoaram mesmo — barganhou um abraço, e eu
ri, me aproximando dela para um abraço a três com Tessa entre nós.
Beijei o topo da cabeça de Cassie, fazendo o mesmo com Tessa.
— Meu papai não traiu a senhora, né? Eu perguntei para o google o que é traiu, e ele me
disse coisas horríveis. Não quero que o meu papai tenha feito isso — ela tagarelou para Tessa.
Sorri e neguei com a cabeça.
— Não traí sua tia, Cassie. Desde o Natal, não tem ninguém na minha vida além dela —
falei, e vi Tessa me encarando, parecendo congelada no lugar.
— Promete? Vi nos desenhos que homens às vezes mentem.
Meu Deus, que tipo de desenhos essa menina anda vendo?
Tessa segurou a risada.
— Prometo. Eu nunca mentiria para você — afirmei, beijando o topo da sua cabeça.
— É verdade que estão apaixonados desde o Natal? Eu vi uma notícia assim. Estão juntos
desde o Natal. Eles até tiveram a mesma ideia que eu. Eu sei o que fizeram no Natal passado...
— disse novamente, fazendo a expressão pensativa, e Tessa riu, jogando a cabeça para trás.
— Você é impossível, Mikelson — ela declarou, beijando a bochecha de Cassie.
Minha filha pareceu muito feliz com o fato de que a cantora não estava mais brava com
ela.
— Me diga. Estão mesmo apaixonados desde o Natal? — ela indagou, olhando para nós
com expectativa.
Encarei Teresa Carson, pensando em quando a vi, naquele Natal.
Sorri.
Quando ela ficou irritada comigo no momento que a chamei de Teresa.
Quando dançamos juntos.
Quando ela se tornou brilhante e incrível aos meus olhos.
— Comecei a me apaixonar por ela naquele dia — falei, vendo-a novamente congelar ao
me ouvir, com os olhos verdes de Tessa grudados em mim, claramente assustada, e eu sorri, não
conseguindo negar o óbvio.
“No aguardo, esperando na sua porta dos fundos
Durante todo esse tempo, como pode não saber, amor?
O seu lugar é comigo”
You Belong With Me – Taylor Swfit
Assessoria de Tessa Carson e Carter Mikelson esclareceram dúvidas dos fãs acerca da
fidelidade do casal. Muita especulação surgiu na última semana sobre possíveis traições, e que
o relacionamento já vinha acontecendo desde o Natal do ano passado. A assessoria afirmou que
ambos não estavam juntos desde então, e que aquele encontro foi apenas um momento em
comum devido às conexões que ambos têm.
Trecho via: JUOLIN, portal de notícias.
— Oi, querida — atendi o telefone enquanto deixava a faca de lado, vendo Carter
levantar a cabeça para me encarar, confuso. — Sim, estamos no meu apartamento com alguns
amigos, é um jantar.
Mencionei a Cassie em um sussurro.
— Ah, jantar sem mim? — ela perguntou do outro lado, e eu deixei a risada escapar.
— Você viajou, seu pai e eu ficamos tristes sem você, e então decidimos nos reunir com
alguns amigos — falei, apoiando o telefone na bancada e colocando a chamada no viva-voz, e
continuei cortando os morangos.
— Bom, eu estou com saudades.
— Você saiu daqui ontem, Cassie — o pai dela disse do outro lado.
— Sim, mas eu sinto saudades da Tessa. Mamãe mandou um beijo. Ela perguntou se
você vem para a Ação de Graças — ela tagarelou, e vi a expressão ofendida de Carter ao ouvi-la
mencionar que sentia saudades especificamente de mim.
— Irei, minha família é daí. Vamos comemorar o dia de Ações de Graças juntos —
expliquei. Ainda era início de novembro, tinha alguns dias desde que a foto vazou na mídia, e as
coisas começaram a se acalmar.
Ainda tinha uma parte dos fãs que acreditavam que meu relacionamento era tóxico.
Ou que o Carter era um manipulador que fez de tudo para eu perdoar uma traição.
E uma porcentagem que jurava que era fake tudo aquilo entre nós.
Essa porcentagem não estava totalmente errada.
Mas não totalmente certa.
Havia uma parte de veracidade entre nós.
Desde o Halloween as coisas estavam boas. Eu dormia muitas noites em sua casa, e
aproveitava a pausa dos shows para curtir cada pequeno momento nosso.
Não falávamos sobre o que éramos.
Nem sobre todas as coisas que tinham embaixo do tapete.
Como a mentira que ele contou a Cassie, ao dizer que havia se apaixonado por mim no
Natal. Isso foi tão mentiroso, que ao ouvir, senti como se uma faca tivesse sido enfiada em meu
peito. E não tivesse como tirar.
— Estou com saudades, o David vai vir com os pais dele?
— Vocês vão para o Dia de Ações de Graças em Portland? — indaguei para Victoria que
passava por ali.
— Estamos planejando sim — ela disse, já sumindo em direção à sala do apartamento
com uma taça de vinho nas mãos.
— Por que você quer saber se David vai? — Carter investigou, enciumado.
— Ele é meu amigo, oras — foi tudo que Cassie disse, me fazendo segurar a risada ao ver
a expressão zangada do meu namorado de mentira. Saí da cozinha e a deixei falando com o pai,
com uma bandeja de frutas cortadas, coloquei sobre a mesinha de centro, e me sentei ao lado de
Tyler.
— Ei, você chegou. — Beijei a bochecha do meu irmão.
Ele não havia falado comigo desde o Halloween, e hoje mandei uma mensagem dizendo
que o pessoal iria se reunir aqui em casa, caso ele quisesse aparecer.
Pelo visto, sim.
— Como você está? — ele indagou, alisando minhas costas.
— Bem. Animada. As próximas semanas não terão shows, então vou finalmente pensar
na melhor data do ano e como vou passar, aproveitando minha família — falei, e ele sorriu.
— Mamãe ligou hoje. Ela chega em Portland na próxima semana, a viagem parece ter
feito bem a ela — disse, e vi o rosto do meu irmão se fechar quando Carter voltou para sala, com
uma garrafa de cerveja nas mãos.
Porém, não tive tempo de repreender Tyler, pois a campainha soou.
— Deve ser Adele — falei, me animando. Estávamos só nós cinco, pois Cassie estava em
Portland e David com os tios. — Oi, entra. — Dei espaço para minha amiga entrar. Com um
cachecol vermelho, e um casaco escuro e pesado, ela se protegia do frio de repente que havia
acometido Nova Iorque, e em suas mãos estava a famosa receita de cookies que Adele me viciou.
— Obrigada — agradeci já roubando a bandeja das suas mãos. Ela riu, tirando o cachecol
e pendurando na entrada.
— De nada. Fiz para nós, mas você com certeza comerá metade.
— Não irei me desculpar — falei já com um biscoito na boca.
— Por favor, me diga que você e Carter estão se protegendo e que isso não é desejo de
grávida — ela implorou, caminhando ao meu lado.
— Quem está grávida? — Victoria investigou, curiosa, com um ouvido que pegava a
distância. Os olhares viraram em nossa direção. Jack parecia estar se divertindo, Carter estava
com os olhos arregalados, e Tyler olhava de modo ameaçador para ele.
— Hum... — Adele murmurou, sem saber como se livrar disso.
— Ninguém está grávida — falei, vendo Tyler olhar novamente para Carter, que deixava
em dúvida a integridade do jogador. — E eu me protejo — sussurrei para Adele, mas era uma
mentira.
Não me protegi coisa nenhuma no Halloween, e fiquei desesperada no dia seguinte,
quando notei isso. Acabei apelando pela boa e velha pílula do dia seguinte. Sabia que não era
seguro, mas era a primeira vez que a usava, então tinha que ser seguro.
Porém, desde então, vinha sendo mais cuidadosa. Ainda não fui até o ginecologista para
falarmos sobre um método contraceptivo seguro, mas pretendia ir.
Talvez em Portland onde as coisas eram mais tranquilas.
Não que eu não quisesse ter filhos, mas se fôssemos sinceros, eu e Carter não éramos
reais. E engravidar dele seria o auge da burrice.
— Ei, vem cá — Victoria chamou e eu me aproximei. Mas não fui inteligente o
suficiente, pois ela roubou um dos meus biscoitos, me fazendo bufar. — Adele disse que a tática
era roubar antes que você comesse todos eles.
Dei língua para minha amiga.
E coloquei a bandeja sobre a mesa, junto com os outros doces.
Havíamos pedido jantar no LapaLapa, mas ainda não havia chegado.
— O que vamos fazer hoje? Pensei em uma noite sem assuntos sobre filhos, ou bebês —
Victoria falou, e eu franzi o cenho em sua direção. — É nossa noite livre. Podemos tudo, né,
amor? — Ela bateu sua mão na de Jackson, e nós rimos deles.
— Podemos jogar alguns jogos. Tipo...
— Pôquer.
— Verdade ou desafio... — Adele e Tyler sugeriram ao mesmo tempo, ideias
completamente parecidas, e ambos se encararam.
— Somos adultos, não vamos jogar verdade ou desafio — falei, e vi quando Carter se
levantou.
— Acho que deveríamos jogar verdade ou desafio — ele disse, animado. — E depois,
como o velho Joye de Friends adora, o famoso Striper-poquer.
— Ah, seu nojento. — Victoria jogou a almofada nele. — Se quer deixar sua namorada
nua, leve ela para o quarto.
Ele riu.
— Eu quero deixar vocês todos nus. Vai ser legal. Vamos — se animou e eu revirei os
olhos.
— Nada de striper-poquer. Ele é meu irmão! — exclamei, apontando para Tyler. — E ele
é casado. Sinto muito, não vai rolar. Meu apartamento, minhas regras.
Carter parecia decepcionado.
— Mas verdade ou desafio ainda está de pé? Eu adoro, a última vez que joguei fiz duas
pessoas que se odeia, se beijarem — Victoria falou, me encarando de forma que lembrava uma
criança encapetada.
Agora fazia sentido que ela e Carter se dessem bem.
Os dois dividiam o mesmo neurônio.
Tessa bebeu um gole da sua cerveja durante a jogada de Tyler e Victoria, eu a observei
rindo de algo que Jackson dizia a ela. Parece que a noite sem filhos e bebês foi uma boa ideia, ela
parecia estar gostando dos meus amigos.
Não que Tessa não gostasse das crianças. Mas eu entendia quando ela dizia que se sentia
deslocada com a conversa sobre tudo.
Até que a garrafa caiu em mim novamente.
— Verdade ou desafio? — Jackson perguntou, tranquilo ao beber um gole da sua cerveja.
— Verdade — falei hesitante.
— Esses dias eu vi na mídia que você teve alguns casos com umas modelos — Jackson
disse, e vi os ombros de Tessa tensionar com a menção daquele episódio lamentável. A vontade
de socar um dos meus amigos veio de forma quase insana.
— Jack — Victoria o repreendeu.
— Tranquila, você vai gostar dessa — ele garantiu e piscou para a esposa, mas ela não
me pareceu convencida disso. — Eu sei muita coisa sobre você, então saberei se estiver
mentindo.
Revirei os olhos.
— Faça logo a pergunta, Jackson — resmunguei, desejando estar morto.
Fosse lá o que ele tivesse a perguntar sobre as modelos, não queria responder com Tessa
por perto.
— Verdade os boatos sobre as modelos? Ou você não saiu com ninguém desde o ano
passado?
Bufei.
— Os boatos não são verdadeiros. E você fez duas perguntas, isso é trapaça.
Eu não vi a reação de Jackson, pois meus olhos estavam na ruiva.
Os ombros tensos relaxaram e vi os olhos verdes me encarando, parecendo conversar
comigo a distância.
— Você não transa desde o ano passado? — Victoria pareceu chocada.
— É meio de temporada, eu não fico com ninguém durante a temporada — falei.
Ela riu.
— Não, a temporada começou em setembro. Você teve meses, Carter. Conhecemos você,
isso não é possível, é inacreditável — ela zombou.
— Seja lá o chá que a Tessa deu nele, foi muito bom — Adele disse, ao meu lado, rindo
por trás do copo de cerveja.
— Adele! — Tyler protestou, não querendo ouvir sobre isso.
— Sinto muito, Tyler, mas a Adele tem razão — Victoria concordou. — Menina, isso foi
incrível. — Ela se virou para Tessa, e eu vi as bochechas da minha namorada se tornando
vermelhas.
— Pare de constrangê-la Victoria. — Impedi que eles continuassem e rodei a garrafa,
parando na ruiva maldita que constrangia Tessa até poucos minutos.
— Verdade ou desafio? — indaguei.
— Desafio — ela disse, já animada pelas cervejas e rodadas do jogo. Sorri.
— Desafio você a comentar algo polêmico na primeira foto que aparecer em seu
Instagram — falei, pegando leve. Era ruim brincar onde a maioria era casado ou namorava.
— Vamos ver — ela disse, pegando o telefone. — Um, primeira foto. — Colocou o
iPhone sobre o chão da sala e abriu a rede social, esperando carregar. Mas eu deixei o palavrão
escapar quando apareceu uma foto que Tessa havia postado mais cedo, de nós dois. Já havia
batido recorde de publicação mais curtida do seu Instagram e eu não queria nem imaginar o que
ela comentaria.
— Victoria — falei, já pensando no que a maldita iria fazer.
Minha amiga riu por trás do celular.
— Você me deu um desafio, Mikelson — ela disse, sorridente enquanto digitava e vi
Tessa pegando seu próprio telefone para ver o que ela iria comentar, e em segundos, o meu
celular apitou.
— NÃO! — Tessa gritou, de olhos arregalados.
— O que você fez? — perguntei para ninguém em específico, e peguei meu telefone,
desbloqueando a tela e vendo o comentário que começava a receber curtidas curiosos.
“Tem mais de duas pessoas nessa foto, hein. Parabéns, queridos.”
Seguido de um coraçãozinho roxo e um emoji de carinha de bebê.
— Victoria Foster, apague isso! — exclamei, e ela riu.
— Pega, amor. — Jogou o telefone para o marido, e Jackson riu, escondendo-o em seu
bolso.
— Não gostei, não me deixou feliz — falei com uma careta, e eles riram.
Eles não se importaram com o olhar arregalado de Tessa para as mensagens que não
paravam de chegar, com mais gente notando o comentário. Victoria apenas girou a garrafa,
parando em Tessa e nela. Minha namorada gemeu, jogando a cabeça para trás.
— Verdade ou desafio? — Vic indagou.
— Verdade. Medo de vocês me deixarem pelada — ela disse, bebendo sua cerveja.
— Ok, você tem muitas músicas. Tem alguma música dedicada a algum namorado?
Casinho? Lance? — minha amiga perguntou e isso me interessou rapidamente, me fazendo focar
os olhos em Teresa, que não me encarou.
Ela estava focada no meio da roda, e não levantava o olhar.
— Sim, tenho músicas dedicadas a uma pessoa — ela respondeu e bebeu sua cerveja,
como se fosse ruim demais admitir. Franzi o cenho. Ela havia se apaixonado antes, né? Pelo cara
que ela gostou por muito tempo e...
— Por quem?
— Quais músicas? — Isso atraiu até a atenção de Adele.
Tessa corou.
— São músicas românticas. Eu não tive muitos casos, então me inspirava no sentimento
único que tive ao me apaixonar por uma pessoa na adolescência. Faz muito tempo, não
chegamos a ter nada. Era platônico — ela explicou, e eu respirei aliviado.
— Então está dizendo que a maioria das suas músicas românticas são para um homem
que não correspondeu você? — Victoria questionou.
Teresa riu, tirando a franja do rosto.
— Basicamente isso — disse, mas havia um tom estranho em sua fala.
Quis saber quem era esse homem, e por que ele era bom o suficiente para receber um
espaço na vida dela?
O motivo de ser platônico. E se ele sabia quem ela era para não corresponder aos
sentimentos da ruiva.
Guardei todas as perguntas para mim, e escondi o sentimento estranho e sufocante que
ameaçava chegar quando eu pensava na possibilidade dela ainda amar esse homem.
No fundo, eu não tinha por que querer essas respostas desesperadamente.
Mas eu queria.
“Algum pássaro bateu suas asas na Ásia?
Alguma força te levou porque eu não rezei?
Cada coisa que está por vir se transformou em cinzas
Porque está tudo acabado, não é para ser
Então eu direi palavras em que não acredito
Adeus, adeus, adeus”
Bigger Than The Whole Sky - Taylor Swift
Tessa estava encolhida em meus braços, eu sabia que estava acordada pois vez ou outra
ela fungava, e apertava meu moletom com força. Era isso que eu esperava encontrar.
A morte do senhor Carson sempre abalou muito Tyler, eu costumava ir até meu amigo e
ficar com ele, esperando que aquele dia passasse. Mas neste ano, ele disse que estaria ocupado
trabalhando a semana inteira, e eu acabei me esquecendo que Tessa também era a parte da moeda
que ficava abalada.
Durante a noite, isso veio como um peso. Deixei Cassie com a babá de última hora, e
vim, pegando o sorvete delas preferido no caminho.
— Tem colher aí? — ela sussurrou apontando para a sacola, sem tirar o rosto da curva do
meu pescoço.
— Tem sim, se sente direito que lhe dou — pedi e ela me encarou, e se sentou ao meu
lado no sofá.
Tirei o pote da sacola, havia comprado dois só por precaução.
Estendi em sua direção já aberto, estendendo a colher única que havia trazido da
sorveteria.
— É um dia ruim — ela sussurrou, enfiando a colher dentro do pote e levando à boca.
— Sei que sim. — Alisei seu rosto, afastando os fios ruivos dali. Ela me encarou, com os
olhos verdes vermelhos e inchados, indicando que havia chorado.
— Você andou tocando? — Apontei para o violão.
— Toquei algumas músicas. E elas me fizeram chorar. Estava tudo bem até cantar elas —
disse, e estendeu a perna pelo sofá, e eu as coloquei sobre o meu colo, alisando os pés dentro da
meia, fazendo Tessa encarar o gesto pensativa. — Às vezes eu lembro do funeral dele, e é como
estar presa no inferno. É a pior sensação do mundo.
— Funerais são horríveis. Não a julgo.
Ela sorriu levemente, enfiando mais sorvete na boca.
— Já perdeu alguém que pensou que nunca iria perder?
A pergunta me pegou desprevenido.
— Uma amiga — falei, e ela franziu o cenho. — Bom, nós tínhamos uma amizade
colorida.
Ela riu.
— Sua cara ter uma amizade colorida — zombou, e eu assenti.
— Sim, é a minha cara. Grace era durona, policial, e nos conhecíamos a vida toda.
— Grace? Ela faleceu há um tempo, né? Eu lembro dessa notícia.
Assenti.
— Sim, ela faleceu em uma investigação — respondi com pesar. — Eu costumava achar
que era apaixonado por ela. Por isso foi tão doloroso.
— Não acha mais isso? — ela indagou sem me olhar, procurando as amêndoas dentro do
seu sorvete como uma criança que separa sua comida preferida.
Sorri.
Acho que o sentimento de ser apaixonado é outro.
Agora eu sabia a diferença. Era só olhar para Tessa e ver tudo que eu sentia com ela,
sabia que não amei Grace.
— Grace era minha amiga. E se ela não estivesse partido, perceberíamos logo que não
éramos feitos para durar. — Ela me encarou, pensativa.
— Feitos para durar — sussurrou, parecendo pensativa. E vi quando ela estendeu o corpo
em direção à mesinha, escrevendo algo.
Built to last.
Ali estava a pequena frase falada por mim.
— Vai escrever uma música? — indaguei.
— Eu estou sempre em busca de inspiração para músicas — disse, sorridente. — Agora
continue, quero ouvir a história — pediu e eu fiz.
— Foi doloroso quando ela se foi, costumo visitar o túmulo dela, e conversar sobre a
vida. Só que é estranho, Grace sempre tinha uma opinião sobre tudo, então receber o silêncio é
enlouquecedor.
Ela sorriu levemente.
— Perder quem é um pedaço da sua vida é enlouquecedor. Não há uma data para parar de
doer. Você apenas cai, cai e cai. É como despencar em uma toca de coelho, perdida na loucura
do Chapeleiro Maluco — ela disse, encarando o nada.
E sinceramente, era a definição perfeita do que acontecia quando se perdia alguém que
você ama.
“Fácil eles vêm, fácil eles vão
Eu pulo do trem, eu sigo sozinha
Eu nunca cresci, isso está ficando cansativo
Me ajude a me apegar a você
Eu fui a arqueira
Eu fui a presa
Quem poderia me deixar, querido?
Mas quem poderia ficar?”
The Archer - Taylor Swift
Sentado ao seu lado com a minha taça de vinho nas mãos, eu observava Tessa tocar as
teclas do piano com maestria, enquanto eu sequer fazia ideia de como os sons eram produzidos
naquilo. Nunca entenderia um por cento de teoria musical. Ela sorriu quando algo a agradou e foi
impossível não rir junto.
O segundo sorvete já estava aberto sobre o piano, com a colher ao lado, juntamente com
o vinho rosé que ela bebia. As lágrimas secaram, ela só parecia nostálgica.
— Você fica me encarando, é estranho — sussurrou, cobrindo o rosto com as mãos.
Beijei o dorso delas, sorrindo.
— Você fica ainda mais bonita tocando. Ou cantando.
Ela riu levemente.
— Para quem me achava horrenda, você ficou muito bom em elogios — brincou.
Deslizei meus dedos pelos fios ruivos, colocando-os atrás da orelha.
— Eu nunca te achei horrenda. Nem poderia achar. Você já se olhou no espelho, Teresa?
— indaguei, e ela ficou me olhando, pensativa. — Às vezes, eu acho que você ouviu críticos
demais a vida toda. Não se dá o valor suficiente.
Seus olhos se abaixaram.
— Você vai me fazer chorar de novo — ela disse, chorosa.
Sorri e beijei seus lábios.
— Não quero que chore — falei. — Eu só queria entender. Você é incrível. Em todos os
sentidos. Desde linda e deliciosa, até a forma em que você faz tudo com dedicação e perfeição.
Fico me perguntando por que um cara não se apaixonaria por você, que você amaria sozinha, é
impossível.
Ela riu.
— Ele nunca soube. Eu sou uma covarde, me apaixonei por um homem dez anos mais
velho, ele nunca me enxergou. É ridículo que você pense tanto nisso.
Calei-me.
O cara não sabia.
— Então ele não estava errado.
Ela negou rindo.
— Não. É só triste, mesmo depois de ter alcançado tudo que eu sonhei, que eu nunca
tenha vivido um amor e ter sido correspondida — ela disse, parecendo meio irritada consigo
mesma.
— Você...
— Não adianta o tanto que pensa sobre esse homem que eu amei, quando não era real,
Carter. — Ela se virou para mim, tentando me fazer entender.
— Agora faz mais sentido — falei e ela riu. — Mas já que é assim, eu posso saber quem
é?
Fui extremamente curioso.
Eu queria realmente saber quais requisitos da sua lista esse homem cumpriu para ter sua
atenção.
— Bom, não pode — ela disse, movendo o indicador. — Ele é de Portland, era um amigo
do meu irmão, e eu tinha quinze anos, e ele vinte e cinco. Era uma loucura infantil. Platônico,
graças a Deus.
Assenti.
Um amigo do seu irmão.
— Jogador também? — Ela assentiu. — Você tem mesmo um tipo — brinquei, sentindo
um gosto amargo na boca.
Tessa revirou os olhos.
— Eu não quero falar sobre isso, sabe? Me sinto uma idiota. E me faz parecer que queria
algo, mas não. Eu só estava deslumbrada com alguém bonito. Era como um garoto popular na
sua escola e que nunca vai olhar para você, mas você sonha com o convite para o baile de
formatura.
Sorrimos.
Aquela era uma boa definição.
— Ele ainda é amigo de Tyler? — perguntei, curioso. Havia se passado muito tempo, ela
já era maior de idade, poderia muito bem investir num cara que havia sido importante para ela no
passado.
Tessa hesitou em responder.
— Sem mentiras — falei, querendo a verdade.
Teresa suspirou.
— Sim, eles ainda são amigos — ela disse, colocando a taça de vinho na boca e bebendo
um gole generoso, antes de voltar a brincar com as teclas do piano.
— Solteiro?
Ela assentiu.
— E é um jogador, então é um canalha. Não vale a pena. Você mesmo disse que todos
são iguais.
Sorri.
— Sim, de fato a maioria são. Mas lembra de Jackson? Eu não conheço ninguém que ame
mais sua família do que ele. E ele não era assim. Até encontrar a mulher certa, e mudar por ela.
Ela suspirou.
— Eu não quero ser uma clínica de reabilitação — resmungou. — Eu quero ser...
Encarou o nada.
— Eu sequer sei a definição. Não quero ser uma obra de caridade, Carter.
Sorri, e abaixei a cabeça.
Como enfiaria em sua mente que ela nunca poderia ser obra de caridade?
— Não quero fazer jogos para atrair a atenção de ninguém que não olharia para mim. Já
basta nós dois sermos uma mentira, quer coisa mais maquiavélica do que mentir para o mundo
sobre estar apaixonado? — ela indagou, apontando para nós dois.
Assenti.
Porém, aquilo parecia errado.
Eu não era um mentiroso quando estava com Teresa. É um pouco preocupante pensar
nisso, mas era verdade. Tudo, cada momento ao lado dela era verdadeiro.
Talvez eu tenha mesmo começado a me apaixonar por ela no Natal passado.
— Vamos a Portland juntos, né? — perguntei, mudando de assunto.
— Sim, claro — respondeu distraída, movendo os dedos sobre o teclado.
— Podemos almoçar com a sua mãe, e depois passamos rapidamente na casa dos meus
pais.
Tessa assentiu.
— Não tinha que comparecer no almoço da sua família?
— Tenho quatro irmãos com dois sobrinhos para cada um deles, então não faltará gente.
Mamãe não vai notar minha ausência. E no fim, eu disse que iria ser apresentado a família da
minha namorada.
Ela sorriu, mas não me encarou.
— Que namorado dedicado você — zombou de mim.
— Sou mesmo, lembra? — sussurrei em seu ouvido, vendo seu corpo tensionar com as
memórias que sabia que ela também tinha.
Contudo, sua bochecha corou e ela encarou o teclado como se fosse a salvação de tudo.
Quando Tessa subiu para descansar, disse que poderia ficar, mas eu estava distraído em
meu telefone, olhando fotos antigas de Tyler no seu Instagram. Ele sempre postava foto com o
antigo time de futebol americano, e eu fiquei procurando um cara por quem Tessa poderia se
apaixonar.
Eu conhecia vários amigos dele de Portland, mas Tessa disse que o homem misterioso
estava solteiro, e eu fiquei curioso.
Porém, nenhum deles estavam livres.
Todos casados, e com filhos.
O que me deixou intrigado, mas acabei deixando isso para lá, e subi para encontrá-la no
quarto principal do apartamento. Não hesitei em me deitar ao seu lado na cama, afundando em
meio aos lençóis cor de violeta, e beijei seu ombro nu pelo pijama de seda que não cobria nada.
— Pensei que tinha ido embora — ela sussurrou enquanto meus dedos se enlaçavam aos
seus, sobre sua barriga.
— E perder a chance de dormir ao seu lado? Nunca — falei, ouvindo-a sorrir e se
aconchegar contra mim.
Eu ainda estava sonolenta, sentada na bancada da cozinha enquanto Carter preparava
nosso café para viagem. Iríamos comprar alguns presentes para levar a Portland.
Meus olhos ardiam.
Ficamos até umas três horas da manhã acordados, bebendo vinho e comendo sorvete
enquanto eu compunha uma música inteira no piano. Ele não sabia disso, achava que fiquei
apenas dedilhando notas, mas a melodia havia entrado em minha mente, da mesma forma
distraída fui anotando as frases que vinham.
Mais tarde trabalharia nisso.
A secretária eletrônica apitou sobre a bancada e eu estendi a mão, vendo uma chamada
perdida de Adele que deixou uma mensagem de voz, cliquei para ouvir o que minha amiga disse:
— Oi, Tessa. Bom dia. Estou fazendo compras de Natal, e pensei na sua mãe quando vi
um vestido incrível. Comprei, vou deixar na sua casa para levar para Portland de presente de
Natal. — Sorri, encostando a cabeça sobre a bancada gelada. — Eu estive pensando naquilo
tudo, sobre você ter uma paixão secreta por Carter há dez anos, eu acho...
Eu joguei a secretária longe tentando fazer a voz parar, e senti meu estômago se
revirando, sabendo que não havia como ele não ter ouvido aquilo.
Que merda, Adele.
Cobri meu rosto com as mãos, tentando pensar com mais clareza, mas isso tudo fez
minha dor de cabeça aumentar.
— Pode repetir a mensagem de Adele? — Carter indagou, e eu quis vomitar o vinho da
noite passada.
— Mensagem? — me fiz de desentendida, finalmente levantando o olhar, ele estava de
costas, então não sabia qual era a sua reação.
— Você não é boba, Teresa. A mensagem... — ele disse, apontando para secretária
eletrônica jogada no meio da cozinha. — Quero ouvir de novo para saber que não estou louco.
E me encarou.
Não havia uma reação.
— Você ouviu o que ouviu, não está louco. — Me levantei, cansada de mentir, enquanto
caminhava até a geladeira.
— Eu senti ciúmes de mim mesmo? — ele indagou, enquanto eu bebia um gole de água,
da garrafinha. Franzi o cenho em sua direção.
— Como assim? — perguntei, vendo-o caminhar em minha direção.
— Você era apaixonada por um cara. Falou sobre isso naquela noite, depois falou
novamente no dia dos jogos. Sempre deixou claro que foi platônico, mas eu fiquei pensando o
que esse cara tinha, o que ele era, por que fez você se apaixonar por ele — ele falou, deixando a
xícara de café com o nome Tessa sobre a bancada. — E o tempo todo era eu?! — exclamou,
parecendo indignado.
— Gostava de você quando eu tinha quinze anos — sussurrei, olhando meus pés, me
sentindo pequena e ridícula.
— Por que nunca me disse isso? — indagou.
— Eu tinha quinze anos! — exclamei.
— Não antes. — Ele balançou a mão no ar. — Naquela época eu sairia correndo de você,
com certeza. Nunca desejaria ser preso — disse, arregalando os olhos ao falar isso. — Mas
agora. Estamos juntos há quase dois meses, Tessa. Nunca pensou em me falar isso.
Nós nos encaramos.
Ele parecia um pouco chateado.
— Eu não queria que você achasse que eu estava apaixonada por você agora — falei,
movendo as mãos para mostrar nós dois. — Não queria ser rejeitada. Sabe aquele lance de
primeiros amores, né? Se você me rejeitar, eu não vou aguentar. Mesmo hoje as coisas sendo
diferentes. Juro, não me rejeite, Mikelson. — Apontei o dedo em sua direção.
Ele riu. E se aproximou, abraçando-me de modo doce e confortável.
Não resisti, me rendendo no conforto dos seus braços.
— Eu nunca rejeitaria você, Teresa. — Beijou o topo da minha cabeça. — Eu só acho
fofo. E irritante que eu tenha sentido raiva e ciúmes de mim mesmo. Meu Deus, por isso não
encontrei o tal jogador solteiro.
Ele bufou, me fazendo rir e beijar seu pescoço, abraçando-o de volta.
— Não está chateado?
— Não, não tem por que ficar chateado — disse e nos encaramos.
— Nem com medo de mim?
Carter beijou a pontinha do meu nariz.
— Eu nunca teria medo de nada que venha de você — respondeu, de forma doce que fez
meu coração idiota acelerar. — Por favor, diga que vai me dizer qual música escreveu para mim.
Implorou, e eu sorri, como idiota.
— Uma das preferidas da sua filha — falei, sorrindo e toquei seu rosto.
Em que universo eu pensaria que Carter descobriria tudo e ficaria feliz?
— Me sinto honrado por você ter se apaixonado por mim, Teresa. Talvez tenha visto algo
bom no jovem Carter.
Meu coração errou uma batida.
— Eu sempre vi coisas boas em você, Carter — confessei, tocando sua boca suavemente
com a minha.
Não havia por que mentir.
Ele era dono do meu coração mesmo após dez anos.
Só que agora, eu sabia como era quando ele me tocava, sabia cada mísera sensação. E
sabia que doeria muito quando ele simplesmente fosse embora.
— Cante minha música para mim — sussurrou, segurando meu rosto.
— Tenho várias sobre você — declarei.
Ele soltou um gemido baixo.
— Meu Deus, isso vai me enlouquecer. Quero ouvir todas — disse, me olhando de um
jeito que eu sequer sabia explicar.
Parecia...
— Vou pegar o violão. — Me distanciei dele, buscando o violão na sala, e voltei para a
cozinha, colocando-o em meu colo enquanto ele se sentava ao meu lado, atento aos meus
movimentos. — Se chama Van Gogh, ela é parte do meu primeiro álbum de estúdio.
Ele assentiu, animado.
Seu sorriso era a coisa mais linda que já vi.
Carter falava que eu não me dava valor, mas talvez ele também não. Ele merecia todas as
canções que dediquei a ele ao longo dos anos, pois não havia pessoa melhor para a jovem Tessa
ter se apaixonado.
“Todos querem ele, esse foi o meu crime
No lugar errado na hora certa
E se eu desmoronar, então ele vai me aparar
Em um mundo de garotos, ele é um cavalheiro
Fui atingida pelo amor, me acertou em cheio (em cheio)
Fiquei de cama, doente de amor (de cama)
Amo pensar que você não vai se esquecer
Acho que nós vamos pagar o preço”
Slut! – Taylor Swift
Os óculos de sol cobriam meu rosto enquanto descíamos no aeroporto de Portland, depois
de algumas horas de viagem, eu precisava ir para casa e dormir na minha cama. Sabia que ela
estaria quente e confortável, como era em todos os anos.
— Vamos, vem — Carter disse, segurando minha mão para entrar no carro enquanto
segurava a porta. Fiz o que ele pediu e me acomodei no banco de carona, vendo-o entrar mais
atrás, fechando a porta.
Encostei-me nele automaticamente, sentindo suas mãos passando em minhas costas em
uma carícia lenta.
— Cansada? — murmurou, beijando minha testa.
— Cansada — confirmei, chorosa.
Ele me deixaria em casa e iria direto buscar Cassie na casa da mãe, para passarem um
tempo juntos antes do jantar de Ação de Graças. Almoçaríamos com a minha mãe, e iríamos
fazer presença na casa dos Mikelson.
Estava ansiosa por isso.
Viemos em cima da hora, acabamos não vindo no dia anterior por causa de um trabalho
de publicidade que Carter teve que gravar, mas já estávamos aqui.
O carro estacionou em frente à casa dos meus pais, e eu encarei a fachada branca,
pensativa. Mamãe mudou o tom de azul bebê que papai havia pintado, e repintado por anos, pois
ele adorava azul. Agora a casa branca era sem graça e parecia apenas mais uma na multidão de
casas brancas que havia pelo bairro.
Saí do carro com Carter e ele pegou minha mala com o segurança.
Aqui em Portland as coisas estavam tranquilas, então viemos apenas com um segurança,
e parecia desnecessário.
Caminhamos juntos, com minha mão contra a dele, sabia que estava apertando demais os
dedos do meu namorado falso, mas era sempre assim.
Voltar para casa é bom.
Mas não quando você é inundada por lembranças.
— Você vai ficar bem? — Carter indagou, enquanto eu apertava a campainha.
Sorri.
— Claro, por que não? — perguntei.
Ele levantou a mão no ar, mostrando meus dedos apertando-o como se fosse me salvar.
Desfiz o aperto e sorri, tímida. Carter apenas beijou os nós dos meus dedos.
— Oi. Filha! — mamãe exclamou, me abraçando. Me aconcheguei em seus braços. —
Ah, que saudade — ela sussurrou saudosa, e alisou meus cabelos. Senti seu beijo em minha
bochecha, o cheiro do perfume Chanel n° 5, conhecido e aconchegante.
Mamãe era minha casa também.
— Carter, querido, você veio. — Ela se afastou abraçando-o.
Meu namorado a recebeu.
— Como está, senhora Mikelson? — ele indagou, sorridente.
O tom sério, contido e não típico de Carter me fez rir.
— Bem, querido. Você está lindo — ela disse, abrindo a porta. — Vem, entra. Vamos
tomar um café. Fiz os seus biscoitos preferidos.
Ela já o puxava para dentro, e eu os segui.
Meu namorado estava estranho. A escolha de roupas por si só me deixou pensativa. Ele
havia optado por uma calça de brim na cor caqui, e mais folgada do que ele normalmente usava.
Além da camisa social e suéter por cima.
Nada combinava com ele.
Não perguntei o porquê daquilo tudo, apenas esperei.
Sentei-me no sofá, observando a mamãe completamente entretida em falar com Carter,
sorridente e animada por ter um genro, mamãe quase esqueceu que tinha uma filha, eu mesma fui
atrás dos biscoitos de nata que ela fazia. Encontrei uma cozinha cheia de comida, e roubei uma
das bombas de chocolates.
Não era uma comida de Ação de Graças. Mas papai adorava, e mamãe nunca deixava
sem.
Sentei-me na bancada, balançando os pés enquanto degustava o doce.
Sentia-me meio criança aqui, era como voltar ao passado.
Os passos no corredor denunciaram alguém se aproximando, e relaxei quando vi Tyler
entrando na cozinha.
— Ei, você chegou — ele disse, se aproximando.
— Sim, e como você está? — Baguncei seus cabelos.
— Bem, mamãe lhe falou algo? — ele indagou, e neguei.
— Não. Ela viu Carter e foi como dar a ela um diamante — zombei, e ele riu.
— Ela disse que Carter é o genro dos sonhos dela — comentou, em tom de zombaria. —
Se ela soubesse.
— Fica quieto. — Apontei o dedo em sua direção.
Tyler levantou as mãos no ar.
— Não vou traumatizar nossa mãe com a imagem de você e Carter num banheiro. Eu
tenho pesadelos com isso — disse já saindo da cozinha.
Segui-o, limpando meus dedos em um guardanapo.
— O que você quis dizer com lhe falou algo? O que ela tem a falar?
Meu irmão ficou em silêncio diante a resposta.
Mas então eu tropecei em algo sobre o carpete da sala de piano, e me equilibrei a tempo.
Então eu vi os tênis masculinos parados no tapete da segunda sala, um modelo Adidas
que Tyler não podia usar, pois ele era patrocinado por outra marca e, meu estômago se revirou.
— Não queria falar com você sobre isso antes dela — ele disse, eu continuava encarando
o chão.
— Tessa? — A voz da mamãe veio da cozinha, mas eu não me movia. — Carter disse
que precisa ir, está querendo se despedir.
Não conseguia me mover.
Por que tinha um tênis masculino na sala de piano onde mamãe passava muito tempo?
— Tessa... — Sua voz denunciou algo doloroso.
Encarei-a.
— Você contou para ela? — mamãe perguntou a Tyler.
— Não, claro que não — ele respondeu.
Mamãe se aproximou.
— Se despeça do seu namorado, precisamos conversar — disse, já não ouvia mais nada.
Estava focada nos pequenos sinais.
A mudança da casa.
Os tênis masculinos.
Ela quase não falando comigo, dando toda a atenção para Carter.
— Preciso ir, querida — meu namorado disse, senti-o beijando meus lábios. — Nos
vemos mais tarde, ok?
Não conseguia falar, apenas balancei a cabeça em concordância.
Carter se foi, me sentia traída, abandonada, com medo e com raiva.
— Senta, Tessa — ela pediu, mas não o fiz, cruzando meus braços para longe dela.
— Senta, Tessa — Tyler pediu.
Mas não o fiz.
— O que você quer falar? — indaguei, sem conseguir encará-la.
Recusava-me a tirar uma conclusão precipitada.
— Eu estou saindo com alguém — ela disse, e foi como se pequenos espinhos
perfurassem todo meu corpo. Encarei os tênis, sabendo que os sinais não mentiam. — Ele não
está morando aqui, antes que você pense nisso — falou, parecendo frustrada.
Comecei a me afastar em direção à porta, sabendo que só precisava sair dali antes que
enlouquecesse.
— Tessa, fale alguma coisa — mamãe pediu, a encarei, sentindo meus olhos ardendo.
— Você disse que o amava! — gritei, sentindo meu rosto molhar pelas lágrimas.
Mamãe se encolheu.
Eu me senti um monstro por magoá-la, mas... estava doendo em mim também.
Caminhei rápido para fora, seguindo pelo jardim até começar a correr em direção ao
antigo coreto que havia ali. Era uma casa bonita, perfeita para se criar uma família bem grande.
Havia flores. Árvores. Balanço. Casa na árvore.
E tudo, absolutamente tudo, havia lembranças dele.
Dava-me raiva que ela o substituiu tão facilmente.
Deixei meu corpo cair contra o banco do coreto, sentindo meus ombros tremerem pelas
lágrimas.
Sentia-me uma criança mimada por ficar brava com ela, mas ao mesmo tempo, conforme
tentava esconder a frustração, pior ela se tornava.
— Não chore, fica feia quando chora. — A voz de Tyler fez o choro aumentar, e senti
quando meu irmão se sentou ao meu lado. — Eu sei que é difícil, Tessa. Para mim vai ser
insuportável ver nossa mãe com outro homem, não quero nem pensar em como é para você, você
era o mundo e as estrelas do papai. Você sempre foi a menininha dele — ele falou, fazendo as
lágrimas aumentarem.
— Está doendo mais, para — pedi, chorando.
— Dói perder. Sempre irá doer, Tessa. — Ele limpou meu rosto. — Mas mamãe também
sofre.
— Ela o trocou — sussurrei, irritada.
— Não, querida. Ela só seguiu em frente. — Alisou minhas costas em conforto. — Ela
sempre irá amar ele, Tessa. Lembre dos dois juntos, não tem nada no mundo que tire as
memórias boas que um grande amor deixou.
— Mas...
— Ficar sozinho é doloroso para alguém que amou muito.
— Tente ser mais compreensiva com ela. Mamãe não quer que conheçamos ele, não
ainda, ela disse que é recente.
— Ela o trouxe para a casa do papai — falei, e ele beijou a minha testa.
— Ela prometeu não fazer mais isso, foi um erro, como ela mesmo disse.
Fechei os olhos.
— Ela disse que pretende se mudar para o apartamento no centro de Portland — me
informou, fazendo meu corpo ficar tenso. — E passar a casa para você.
Encarei-o.
— Mas é nossa — falei, confusa.
Ele sorriu.
— Sim, mas de nós dois, quem parece que quer uma grande família com filhos, memórias
e uma casa gigantesca, é você, pequena Tessa — Tyler disse, me lendo nas entrelinhas. — Eu
não quero essa casa. Não suportaria viver a vida toda com tantas memórias.
Meus ombros caíram.
Tyler se levantou, saindo rapidamente como havia chegado, fiquei ali, encarando o nada.
Limpei meu rosto, e deixei o suspiro sair.
— Sorvete? — Carter disse, estendendo o pote em minha direção, e eu abri a boca, em
choque que ele estivesse ali. Contudo, ele abriu um sorriso devagar, me fazendo abaixar as
defesas que insistiam em se levantar e o meu sorriso entregou que eu queria sim, o sorvete.
Parei na entrada da casa dos Carson, pensando se iria ou ficava, e vi quando Tessa passou
correndo pela lateral, onde estava o enorme jardim, com um pequeno coreto no meio. Os ombros
cobertos pelo cardigã, os cabelos voando com o movimento.
Algo não parecia bem.
Ela não parecia bem quando nos despedimos.
Sua mãe também estava tensa.
Vi Tyler se aproximando, andando devagar em direção à irmã, que juntou as pernas e
seus ombros tremeram.
Dei meia-volta e entrei novamente na casa dos Carson, caminhando até a cozinha, onde
encontrei a senhora Carson olhando em direção aos filhos no coreto.
— Tem sorvete? — indaguei, e ela pulou de susto, colocando a mão sobre o peito.
— Tem sim, querido. — Apontou para a geladeira. — Tem chocolate com amêndoas, o
preferido de Tessa.
Sorri agradecendo, pegando um pote dentro da geladeira, juntamente com as colheres que
a senhora Carson me estendeu. Saí dali, e fiquei na varanda dos fundos da casa, observando os
irmãos conversando. Aproximei-me depois de um tempo, e Tyler foi o único a me ver, se
levantando em silêncio e indo embora.
Tessa limpou o rosto e encarou o nada.
Tudo nela indicava uma grande bagunça.
— Sorvete? — Estendi o pote em sua direção.
Seu sorriso não chegou aos olhos, mas pelo menos ela sorriu.
— Ando comendo muito sorvete e a culpa é sua — ela disse, abrindo o pote e gemeu
quando levou a primeira colher à boca.
— Você anda chorando muito. O sorvete é o seu remédio — falei, simples.
Teresa sorriu.
— Obrigada. — Encostou a cabeça em meu ombro.
— Não precisa agradecer — disse, tirando a colher das suas mãos e pegando um pouco
do seu “remédio”.
— Você não tinha que ir pegar Cassie? — ela perguntou.
— Sim, mas eu enviei mensagem a Chris depois vou buscá-la, você precisa de mim no
momento. — Beijei o topo da sua cabeça e ela suspirou, fechando os olhos.
— Mamãe conheceu alguém.
Três palavrinhas.
E causava uma dor imensurável nela.
Sabia disso.
Para os filhos, é muito difícil aceitar que os pais são seres humanos e às vezes, não são
perfeitos.
— Deve estar sendo difícil — falei, alisando suas costas. — Para ela e para vocês.
— Sim. Eu imagino que deve ser difícil para ela, mas a minha cabeça se tornou uma
confusão — confessou e vi seus olhos longe. Me encostei numa das pilastras de madeira do
coreto e ela se apoiou em meu peito. — Ela amava papai. E ver que ela seguiu em frente, me fez
pensar que talvez, não fosse amor. Afinal, não se ama duas vezes numa vida, né?
Alisei sua bochecha, descendo pelos fios ruivos.
— O amor não tem regras. É clichê, bobo e você vai odiar ouvir. Mas um coração não
deixa de amar só porque foi machucado, ruivinha. — Ela fungou em meu peito. — Deveria ficar
feliz, que sua mãe conseguiu seguir em frente, e não se entregou a solidão por perder seu grande
amor.
Ela chorou, com o rosto afundado em meu peito, Tessa parecia uma criança que perdeu o
pai, desesperada.
— Ele não vai deixar de ser importante para ela, querida. Seu pai sempre será uma parte
do coração da sua mãe — falei, usando tudo que eu sabia sobre amor. Mesmo pouco, me
esforçando para tentar fazer seu coração parar de doer.
“Você, com suas palavras como facas
E espadas e armas que você usa contra mim
Você me colocou para baixo de novo
Me fez sentir como um nada
Você, com sua voz como unhas
Arranhando um quadro negro, me xingando quando eu estou ferida
Você, implicando com os mais fracos”
Mean - Taylor Swift
Olhei-me no espelho pela terceira vez, checando se parecia apresentável para conhecer os
pais do meu falso namorado. Suspirei, sentindo falta de Carter, e me sentindo ridícula por isso,
ele havia ido para casa assim que eu disse que iria voltar e tentar falar com a minha mãe. Mas até
agora, eu ainda não tive coragem de descer e falar com ela.
— Tessa? — A voz dela veio acompanhada de uma batida à porta.
— Pode entrar — sussurrei sem tirar meus olhos do espelho.
Mamãe adentrou o quarto, e me encarou. Nós duas nos olhando pelo espelho.
— Bonito o vestido — ela disse, apontando para a peça verde esmeralda rodada em meu
corpo e justo no busto.
— Eu gostei — sussurrei e me virei, a encarando.
— Sinto muito por tudo — mamãe falou, se sentando na beirada da cama. — A primeira
coisa que você precisa entender, querida, é que eu nunca vou deixar de amar o seu pai. Ele era
minha vida, vivi os melhores anos da minha vida com ele, e ele nunca vai deixar de ser
importante.
Meus olhos estavam nublados pelas lágrimas.
— Me desculpa por tudo. Eu não tinha o direito de ficar brava com você — pedi,
apertando as laterais do vestido, e ela sorriu.
— Eu entendo. De vocês dois, você sempre foi a mais próxima do Tom. — Ela me
encarou. — Tyler disse algo como, você era o mundo e as estrelas do universo dele, e sei que ele
era o seu. Então é normal você sentir falta, e se apegar às memórias que tinham.
Sentei-me ao seu lado.
— Sim, eu o amava muito. Amo muito você e não quero que se chateie comigo por eu ser
uma criança mimada. — Mamãe segurou meu rosto e limpou a lágrima que caiu.
— Eu nunca ficaria chateada com você, garotinha. E não é nada oficial ainda. Estamos
nos conhecendo. Ele queria conhecer vocês — ela fez uma careta —, mas eu disse que ainda não
era o momento.
Sorri.
— Quando for oficial, podemos conhecê-lo — sugeri, sabendo que poderia ter um tempo
para me preparar.
— Sim, sim. — Ela alisou minhas costas. — Vamos descer. A mesa está pronta.
Beijou minha bochecha novamente e saiu do quarto, me fazendo suspirar.
— Ah, temos um evento amanhã — ela disse e eu franzi o cenho, vendo-a parada na
porta. — Lembra? O baile anual dos Salvatore. Confirmei nossa presença. Pensei que você
poderia ir com o Carter, até separei alguns vestidos na sua loja preferida.
Piscou os olhos verdes para mim, me deixando sozinha em seguida.
Baile anual dos Salvatore.
Havia me esquecido disso totalmente.
Peguei meu telefone e desci as escadas, encontrando Tyler no último degrau mexendo no
telefone. Tentei espiar por cima, mas meu irmão foi mais rápido em fechar a conversa.
— Com quem está conversando? — perguntei sorrindo.
Tyler arqueou a sobrancelha.
— Ninguém — respondeu já indo em direção à sala de jantar, meu irmão tinha os fios
ruivos molhados e cheirava o seu perfume enjoativo, com calça jeans e uma camisa do Northern
Eagles, ele era o típico garoto americano que preferia camisa de time a qualquer coisa.
— Ah, para, você estava falando com uma garota — insisti.
— Não é ninguém. Você não me fala com quem anda saindo, e eu mantenho meus casos
em segredo.
Suspirei.
— Ainda está bravo por causa do Carter? — indaguei, parando no corredor e segurando
seu braço.
— Sim, eu ainda estou bravo. Você finge que está num relacionamento perfeito,
realizando sua fantasia infantil, enquanto nós dois sabemos que assim que Carter encontrar uma
nova modelo que o interesse, não vai levar cinco segundos para ele correr para ela, Tessa — ele
disse com agressividade e eu senti meus olhos merejarem.
Mas não queria chorar porque meu irmão era um babaca.
Abaixei a cabeça, engolindo o choro.
— Você tem razão quando diz que conhece bem o Carter, sabe exatamente como ele vai
agir comigo — falei, o encarando. — Porque você é igual, Tyler. Não é porque eu sou sua irmã
que sou diferente das garotas que você sai e descarta na manhã seguinte.
Apontei o dedo em seu peito.
— Elas ainda têm família. Muitas dela têm a porra de um irmão esperando-as em casa,
dando conselhos muito parecidos com os seus. — Encarei-o, olhando no fundo dos olhos
idênticos aos meus. — Só que diferente de você, Carter nunca me tratou da forma que você
acabou de me tratar. Então parabéns por ser pior.
Afastei-me dele.
— Tessa... — ele começou, mas eu já estava entrando na cozinha, engolindo toda minha
raiva por ele, abri um sorriso para mamãe.
— Ei, venha — ela chama, apontando para a tia Colleman. — Sua tia veio para o almoço.
Abracei minha tia, ignorando as palavras do meu irmão.
E a forma como elas me fizeram me sentir.
Carter podia ser tudo isso, mas era um problema meu. Não de Tyler.
Ele me dava conselhos, mas não era muito diferente do melhor amigo. Inclusive, eu sabia
que Tyler podia ser bem pior, pois ele sempre foi mais mal-humorado.
Sorri, olhando em direção à porta e disse:
— Você veio. — Me animei correndo até ele, e antes que Carter pudesse fazer algo, me
apoiei em seu corpo e beijei seus lábios, ficando na ponta dos pés. Pensei que ele não viria mais,
pois ficou bastante tempo comigo lá fora antes de ir para casa dos pais.
— É claro que eu vim — ele sussurrou, alisando minhas costas. E sorri para ele,
limpando o canto dos seus lábios manchados pelo batom vermelho. — Está tudo bem? —
indagou, alisando meu rosto.
Lembrei-me das palavras de Tyler.
De como aquilo era a água regando a plantinha da minha insegurança.
— Está, claro — menti, e parece que ele não percebeu, pois depositou um selinho em
meus lábios novamente.
— Temos um baile para ir — falei, e ele gemeu, jogando a cabeça para trás.
— Eu sei, fiquei sabendo disso. — Seu tom era de puro desespero.
O almoço com a família de Tessa foi agradável, estava pensando em como seria o jantar
com a minha. Saímos dali direto para a casa dos meus pais, seus dedos estavam enlaçados aos
meus por todo o caminho, enquanto eu dirigia o carro.
Toda a família estava lá. Meus pais, meus irmãos, os filhos deles. E as cunhadas.
— Tenho que te dar algo — falei, parando o carro em frente à enorme casa dos Mikelson.
Uma residência que passava de geração a geração, atravessando o tempo e mantendo sua
maldição.
Ninguém que viveu ali realmente era uma família.
— O quê? — Tessa indagou, curiosa.
Peguei a caixinha preta dentro do painel do carro e estendi em sua direção. O logo de
uma joalheria famosa a fez franzir o cenho.
— As suas “cunhadas” são um pouco complicadas — comecei, vendo-a abrir a caixinha,
e seu corpo travou. — Pensei em comprar algo para você usar, como nosso. Elas gostam de se
exibir entre si, como uma competição. E a mais nova é sempre o alvo.
Ela me encarou.
— Você me trouxe para o covil dos leões e não me avisou? — reclamou.
Sorri, me desculpando.
— Basicamente, sinto muito. É a minha família caótica — pedi perdão e ela empurrou a
caixinha em minha direção.
— Não posso enganar sua família com um anel e um colar com a inicial do seu nome,
Carter. É demais. Até mesmo para nós — disse, tentando recusar, mas eu neguei, tirando o colar
do suporte.
— Vire-se. Não é enganação. O colar é seu. Tem sua letra do outro lado. — falei e ela
não queria me deixar colocar, mas fiz mesmo assim. — Pode vender, pedir para alterar depois,
tanto faz, Tessa. Mas comprei para você usar e é seu.
Ela me encarou, frustrada.
— O anel é a sua cara. Me deixe pôr — pedi, e ela não aceitou isso fácil também,
segurando minha mão para me impedir de deslizar o anel em seu dedo, mas fiz mesmo assim,
vendo a pequena joia em formato de coração com um diamante.
Era a coisa mais linda.
— É lilás.
— Sim, sua cor favorita. — Sorri, e ela me devolveu o sorriso.
Ela não precisava saber que foi encomendado alguns dias antes.
— Obrigada, prometo cuidar com carinho — agradeceu, apertando a mão sobre o peito.
Beijei seus lábios suavemente.
— Vamos. — Me afastei abrindo a porta do carro e dei a volta para fazer o mesmo do
outro lado. Tessa desceu, olhando ao redor atentamente.
Entramos na casa e vi o jardim movimentado com uma das minhas cunhadas, e as
crianças brincando no pula-pula montado. Tessa observava tudo, com o braço enrolado ao meu e
o corpo tão próximo que ela parecia com medo.
— Não demonstre tanto medo, elas podem te devorar — brinquei, mas ela levou a sério e
arrumou a postura.
— Tessa. — Mamãe foi a primeira a vê-la, deixando a bandeja com o peru assado de lado
e caminhando até nós.
— Olá, senhora Mikelson — ela disse já recebendo um abraço apertado da expansiva
senhora Audrey Mikelson.
— Vem, vem, se sinta à vontade. — Mamãe beijou a bochecha dela, e vi papai sentado
em uma das cadeiras de praia, encarando o horizonte além da piscina.
— Vem, vamos ver meu pai — falei a ela, desviando de todas as minhas cunhadas. Tessa
sorria tímida para elas, mas não parou para cumprimentá-las. — Pai — o chamei, vendo os olhos
dele a encarando. Avermelhados por causa da maconha exagerada que usava, ele analisou minha
namorada. — Se lembra da Tessa? É a garota que falei que estou namorando.
— Claro, claro. A menina dos Carson. — Ele se levantou, estendendo a mão e apertando
a de Tessa.
— Como vai, senhor Mikelson? Faz tempo que não o vejo — ela cumprimentou,
sorridente.
Ele suspirou.
— Indo. — Deu de ombros. — Fiquei sabendo que virou artista — ele disse, a encarando
de forma sugestiva. — E que é bem-sucedida. Tem certeza de que quer ficar com meu filho? Ele
é um zero à esquerda a maior parte do tempo.
Senti meu corpo ficar tenso com as palavras nada gentis dele, enquanto papai a olhava
esperando uma reação, e me olhava esperando algo de mim.
Cansado de lutar, apenas o encarei de volta.
— Sou bem-sucedida no meu trabalho sim, e não acho que tenho que pensar muito sobre
Carter. Ele é um ótimo jogador, um amigo leal, um namorado melhor ainda, sem falar que se
tornou um pai incrível. Deveria ter muito orgulho dele — ela disse, sem vacilar em nenhuma
frase, jogando a bomba novamente no colo do meu pai.
— Tessa, vem — mamãe a chamou, e ela se afastou rapidamente, pedindo licença.
Papai e eu nos encaramos.
— Sua menina é educada — ele afirmou.
Sorri.
— Ela é — foi tudo que disse. — Diferente de você — falei já me afastando, me sentindo
irritado com a forma passiva agressiva que ele recebia tudo na vida.
Tessa foi apresentada a todas as minhas cunhadas e meus irmãos em um determinado
momento. E apesar delas trocarem olhares enviesados e cheios de julgamento, o clima ficou
ameno, pois todos estavam empenhados em saber como ficamos juntos, como era o trabalho dela
e até mesmo se ela ganhava bem no que fazia. Idiotas.
Assim o jantar foi correndo, até que consegui escapar com um pote de sorvete que roubei
no freezer de casa e fomos para os fundos, onde tinha um morro e dava vista para o rio.
— Vem, senta — falei, segurando sua mão e Tessa o fez, sentando e puxando o vestido
verde para baixo.
— Cassie não vem aos jantares da sua família? — ela indagou.
— Mamãe é a única que a trata bem, então evito trazer — respondi, abrindo o pote e
estendi com a colher em sua direção.
— Obrigada, acho que agora entendo o que você me disse. — Colocou a colher na boca,
e prendeu os cabelos em um coque alto. O colar que lhe dei brilhava em seu peito.
Sorri.
— Eles são caóticos.
— Me explica o contexto — ela pediu.
— Bom, meu pai começou a beber muito e fumar, a princípio, foi apenas casualmente,
mas agora ele já passou por algumas clínicas de reabilitação — expliquei, enquanto dividíamos
um sorvete. — No começo, era mais fácil esconder as falhas da nossa família, mas quanto mais o
tempo passava, pior ficava. Ele deixou a máscara cair, começou com piadas de mau gosto,
depois veio as ofensas, e destratar todos da família.
— Sinto muito — ela sussurrou, me encarando.
— Conosco é mais com palavras. Com mamãe é mais complicado. Ele se torna agressivo.
Nós já tentamos denunciar, tirar ela de casa, mas não funciona. Ela quer estar aqui — murmurei
essa última palavra com um certo temor.
Minha família era por si só ruim.
— É a maldição dos Mikelson — zombei. — Não tem uma só geração boa.
Ela sorriu e abaixou a cabeça.
— Você pode fazer uma boa geração, Carter.
— Não sei se...
— Eu disse mais cedo, e repito. Tudo que você faz é bom. Um bom jogador, bom pai,
namorado, mesmo sendo de mentira — pontuou bem, e aquela palavra começou a me
incomodar. Mentira. Éramos uma mentira. — E pode fazer sua geração ser boa. Uma boa
família. Depende apenas de você, querido.
Inclinei-me, beijando seus lábios suavemente.
— É a melhor coisa que alguém já me disse — sussurrei próximo à sua boca, e o sorriso
de Tessa melhorou tudo.
Até mesmo as partes onde estava doendo.
“Eu me lembro do final de novembro
Prendendo minha respiração, lentamente, eu disse
Você não precisa me salvar
Mas você fugiria comigo?
Sim (você fugiria?)”
Call It What You Want - Taylor Swift
O baile anual da família Salvatore já havia iniciado há meia hora quando o nosso carro
estacionou em frente à residência ancestral da família. Olhei tudo com calma, vendo o motorista
abrir a porta e assim desci, brincando com a barra da luva preta que completava meu look essa
noite.
Eu havia esquecido o quão rico eram.
Mamãe estava ao meu lado e caminhamos em direção à entrada, Tyler viria mais tarde,
pois não havia ficado pronto.
— Carter vem? — mamãe indagou, enquanto entrávamos no salão, após darmos nosso
nome na entrada.
— Sim, ele e a mãe virão — respondi, olhando tudo ao redor, em busca dele.
Mas não o encontrei a princípio.
— Vem, vamos nos misturar — ela disse, me puxando em direção ao garçom com uma
bandeja cheia de espumante. Aquele era o conceito de se misturar.
O evento era entediante.
Nós sabíamos disso.
E a bebida deixava tudo melhor.
— E como vão as coisas em Nova Iorque? Me assustei quando vi você namorando um
jogador de futebol.
Sorri e bebi um gole generoso da minha bebida.
Mamãe era uma das pessoas que eu confiaria de olhos fechados a falar sobre a mentira,
mas eu sabia que não podia falar, pois ela saberia me ler nas entrelinhas.
— Você era apaixonada por ele, não duvidei nem por um segundo de vocês dois quando
a mídia dizia que era pela publicidade.
Quase engasguei com o champanhe.
— Como assim? Apaixonada por ele?
Mamãe riu.
— Ah, Tessa, você era. Tinha 15 anos e olhava para Carter como se ele fosse um príncipe
— ela disse. — Graças a Deus, fomos embora antes. Não queria ver você na maioridade
apaixonada por ele.
Eu nunca faria nada.
— Eu não teria coragem de fazer nada. Carter sempre foi um cara inalcançável — falei,
me sentando à mesa reservada para nossa família.
— Ah, não diga isso. Olhe para você. Eu fiz filhos lindíssimos — afirmou, tocando
minha mandíbula e me fazendo sorrir. — Carter é um sortudo, sem sombra de dúvidas. Os dois
são. Ele também é um menino de ouro. Uma pena que o pai não veja isso — ela disse, olhando
em direção ao outro lado, e eu segui seu olhar.
Os Mikelson caminharam em nossa direção, e surpreendentemente, o senhor irritante e
pai de Carter estava junto. O filho vinha mais atrás, cumprimentando as pessoas enquanto o pai
passava por elas como se não existissem.
— Por que eu nunca fiquei sabendo como ele é?
Mamãe suspirou.
— Bom, ninguém sabia. Isso foi exposto nos últimos anos. E ele foi investigado por
envolvimento em corrupção do antigo prefeito — ela continuou falando. — É um homem ruim
— mamãe disse pouco antes de se afastar, indo em direção a alguns conhecidos.
Encarei Carter, sentindo meu coração doendo por ele.
Não deveria ser assim.
A lembrança do pai dele perguntando se eu queria ficar com um cara como ele.
E sim, era essa a minha resposta para isso.
Carter era incrível.
Ele entendeu meu desespero pelo crítico numa noite e cuidou de mim mesmo que eu
nunca pedisse isso.
Foi à minha casa no aniversário da morte do meu pai, e ficou lá até que as lágrimas não
fossem um problema.
Ele era um pai incrível.
Um amigo divertido.
Qualquer garota teria sorte de ser amada por ele.
— Ei, você chegou primeiro — ele disse, parando na minha frente. E eu me levantei,
segurando seu ombro para depositar um beijo em seus lábios. — Está bonita — sussurrou,
segurando meu rosto.
Sorri.
— Esse seu look me revela inspiração em um grande filme americano — a senhora
Mikelson disse, se aproximando com o marido. Sorri, encostada ao seu filho.
— Sim, é inspirado em Holly Golightly — falei, tocando o colar de pérolas que peguei
emprestado de mamãe, com minhas mãos cobertas pelas luvas pretas, combinando com meu
vestido da mesma cor, em um corte justo em meu corpo, sem muitos detalhes em cima, mas que
descia em uma cauda sereia e abria em uma fenda.
— O filme que fala da prostituição? — A voz de Horald Mikelson me fez parar de sorrir
automaticamente.
— Pai — Carter o repreendeu.
O Mikelson mais velho riu.
— Ah, não é muito diferente do que fazem em Nova Iorque, né, Tessa? — ele indagou e
bebeu um gole do uísque que já estava em sua mão. Mas não conseguia me mover, o choque
percorria por todo meu corpo. — Vi uma performance sua, confesso que até entendi o que você
fez para ter o meu filho. Quase seminua e...
Eu não vi muita coisa depois, pois Carter o empurrou para longe de mim, segurando o
braço do pai por todo caminho em direção à saída do local.
Encarei o nada, sentindo um nó em minha garganta.
— Sinto muito por isso, Tessa. Meu marido não é mais o mesmo há muito tempo — a
senhora Mikelson disse, e eu levantei o olhar, sentindo-o nublado pelas lágrimas que eu dava a
vida para segurar.
— Espero que entenda que ficar casada não é o mesmo que dar uma família boa aos seus
filhos — falei, segurando a barra do meu vestido longo e me afastando dela Precisava ir até
Carter, falar com ele.
Parei na entrada da casa, por trás das cortinas, vendo os dois pela pequena brecha.
— Você é um imbecil. Não consegue manter sua onda no lugar nem quando está sóbrio,
porra?
— Não fale assim comigo, eu sou seu pai! — Mikelson exclamou, e eu revirei os olhos.
— Você não é mais um pai há anos, Horald. Você é apenas a porra de um lunático
abusivo e sem noção que vive naquela casa. Nada ali serve mais para você, pois você estragou
tudo que toca. — Carter o segurou pelo colarinho, eu sabia que deveria ir até lá, mas me mantive
no lugar, pois parecia ser a primeira vez que Carter enfrentava o pai.
— Ela é uma prostituta, cheguei a bater uma com ela cantando — ele disse, e meu
estômago se revirou, vendo Carter desferir um soco rápido no próprio pai.
Não fiquei para ver o final, saí dali antes que eu vomitasse nos meus pés.
Entrei no banheiro e bati a porta às minhas costas, me apoiando ali para regular minha
respiração.
Maldito Horald Mikelson.
Eu o odiava muito mais agora. Pela forma que ele tratava o filho, pela forma que ele me
tratou, por tudo que sabia dele. Não precisava de muito mais, para mim ele era apenas um rato
insignificante.
Minha mão doía enquanto caminhava até o banheiro, em busca de Tessa. Pois alguns
convidados disseram que a viram indo naquela direção. Não falei com mamãe, ignorando-a, me
sentindo irritado que ela não fizesse nada quando ele era sempre o pior.
O soco em meu pai se transformou numa sequência de golpes, pois ele era um rato
imundo que não sabia a hora de calar a boca, e não tinha medo de ficar sem os dentes.
— Teresa. — Bati à porta ao ver que estava trancada.
Silêncio.
— Teresa, abra a porra da porta, sei que está aí — falei, irritado. Estava com dor e
confuso, como pode alguém tão sem noção ainda ter uma família?
Ouvi o barulho da chave destrancando a porta, abri-a encontrando Tessa sentada sobre a
pia, com as pernas balançando e me encarando.
— Pensei que...
— Que eu iria chorar? — zombou de mim. — Sou uma garota forte, só choro uma vez
por dia, no máximo.
Rimos, da piada tosca e sem graça.
Fechei a porta às minhas costas e me aproximei dela, beijando sua testa.
— Desculpa por ele — pedi, e ela assentiu.
— Tudo bem, ele é o escroto, não você — disse, e vi quando seus olhos encontraram
minha mão machucada pelos socos. — Você se machucou... — Alisou os cortes, e eu me
encolhi.
Ela suspirou, retirando uma das luvas e se inclinou na pia, molhando para limpar o
sangue que se acumulava ao redor.
Não me movi, atento a cada movimento de Tessa.
Ela parecia concentrada em fazer isso.
— É parte do seu look, não poderia usar. Vai ficar sujo.
Ela bufou uma mecha da franja teimosa que cobriu seus olhos.
— Não importa. Você está com sangue nas mãos e eu vou limpar — ela disse, me
encarando e sorri da sua firmeza. — Do que você está rindo, Mikelson?
Inclinei-me, beijando seus lábios.
— Nada. Continue — pedi, e ela fez.
Ficamos no banheiro por mais alguns minutos, com ela fingindo ainda ter algo a limpar, e
eu aceitando, hipnotizado por ela.
— Você está linda, Teresa. — Ela me encarou ao ouvir. — E Bonequinha de Luxo é um
ótimo filme.
Tessa corou.
— Você já assistiu?
Assenti.
— Claro. Podemos combinar looks no próximo evento. Eu pensei em Como perder um
homem em dez dias — sugeri, e ela riu, abandonando a luva molhada e segurou meu rosto com
as duas mãos, beijando meus lábios.
— Você é demais para mim, Carter Mikelson.
Neguei com a cabeça.
— Não, você que é, querida — falei, e beijei seu pescoço. — Você está cheirando a
morangos novamente, Teresa.
Ela apoiou a perna na lateral do meu corpo, me puxando em sua direção.
— Preparação para festa — ela sussurrou em meu ouvido. — Você não vai gostar de
saber o que estou usando por baixo — disse, com sua mão movendo a minha pela abertura do
seu vestido, e eu segui sozinho, tocando o meio de suas pernas.
O gemido escapou.
Ela estava nua.
— Vamos embora — falei, e a puxei para descer da pia.
Tessa riu, mas me seguiu, com meus dedos enlaçados aos seus, caminhamos rápido pelo
corredor que nos levava até a festa, e fomos mais discretos quando nos misturamos na multidão.
Algumas pessoas conhecidas passavam por nós, e vi quando um homem nos chamou, me
fazendo levantar a cabeça e parar de andar.
Tessa fez o mesmo.
Nós olhamos em direção ao desconhecido. Apoiei minhas mãos nas costas dela, e vi
quando seu corpo tensionou ao ver de quem se tratava.
— Teresa. — O crítico que havia escrito aquelas palavras ridículas no jornal de semanas
atrás morava em Portland, e nós nos esquecemos disso. — Como está?
Ele estendeu a mão, mas eu estava na frente.
— Olá, sou o Carter — falei e ele apertou minha mão, sorrindo como se não fosse um
verme.
— Eu sei quem você é, escrevi matérias sobre os dois. — Apontou para Tessa. — Vai
fazer algum show aqui, Teresa? Tenho interesse em ir. Quem sabe na área VIP.
Quase o soquei.
Por um triz, aquele idiota não saiu daqui com um olho roxo.
— Na verdade, o nome dela é Tessa. Teresa é apenas para íntimos — corrigi.
— Por acaso a Teresa sabe falar? — ele zombou, já que ela não se movia.
— Sim, eu sei falar, mas sinceramente, não quero falar com você, Roldof — ela
finalmente falou, me fazendo abrir um sorriso. — E sim, eu prefiro ser chamada de Tessa por
pessoas do meio profissional. Além do mais, a área VIP é exclusiva para amigos e familiares.
Mas o show de Portland é apenas em janeiro, caso você queira ver algum vendedor para
negociar. Eles esgotaram no primeiro dia de venda.
— Tessa, vem! — Tyler a chamou de longe.
— Precisamos ir, boa noite, Roldof. — Ela se afastou, me puxando pela mão e eu apenas
segui. — O que houve? — indagou quando seu irmão lhe encontrou.
— Nada, apenas vi aquele babaca do Roldof falando com vocês e achei que seria bom
tirar você de perto dele — Tyler justificou e o sorriso de Tessa se ampliou.
— Você às vezes é um anjo. — Beijou a bochecha do irmão.
— Volto em um minuto — falei, beijando a bochecha dela.
— O que vai fazer? — A ruiva franziu o cenho em minha direção.
— Nada, já volto — menti, retornando até onde Roldof Watson estava. Ele sorriu ao me
ver aparecer novamente, estendendo a mão em sua direção. — Um aviso apenas, a próxima vez
que eu vir uma matéria sua sendo um verme com ela, eu vou até a sua casa e faço você mesmo
engolir suas palavras — falei, apertando ainda mais sua mão.
Roldof riu.
— Você sabe quantas ameaças eu recebo por ser crítico e falar a verdade, garoto? —
indagou de modo calmo, e eu apenas dei duas batidinhas em seu ombro.
— Deve ser muitas. A diferença é que eu sou filho de um homem ruim, e diferente dele,
eu uso disso para proteger quem eu amo. Então acredite, Roldof, seus olhos verdes vão ficar
ainda mais bonitos com um tom vermelho. — Com calma, apenas me afastei.
Sabia que ele não pararia de falar.
Gente ruim só servia para isso.
Mas era bom ele saber que a cada crítica, ele ganharia um olho roxo.
E eu era ótimo com promessas, só para deixar claro.
— O que você disse a ele? — Tessa indagou, ansiosa.
— Precisamos ir — respondi, e ela ficou ainda mais confusa. — Avise minha mãe que
precisei ir — pedi a Tyler, que ainda estava observando tudo como um espectador curioso de
alguma novela.
— Ok — foi tudo que ele disse, e eu enlacei os dedos nos da sua irmã.
— Vai me dizer o que disse a ele? — Tessa tornou a perguntar, enquanto atravessávamos
o salão em direção à saída.
— Não — falei, passando o braço em torno dos seus ombros.
— Carter! — ela exclamou, enquanto eu pedia o carro para o manobrista.
Parei na sua frente, tocando seu rosto bonito e pisquei um dos olhos para ela.
— Não pisque para mim. — Apontou o dedo em riste.
Sorri e beijei seus lábios suavemente.
— Não tem nada que se preocupar, Teresa — sussurrei, me sentindo a única pessoa do
mundo que podia chamá-la assim. Era ridículo a sensação de posse, proteção e carinho que eu
sentia por essa ruiva maligna. — Vamos para casa, ruivinha.
— Minha ou a sua? — brincou, encostando seu corpo no meu e enlaçando meu pescoço
com os braços.
— A sua — murmurei, olhando nos seus olhos.
Entramos no carro assim que o manobrista retornou, e o caminho até a casa de Tessa foi
feito na metade do tempo. Eu estava ansioso por ela, e queria acabar logo com isso.
— Eu deveria ficar preocupada que meu motorista é um lunático tarado? — zombou de
mim, e eu não escondi minha ereção já apontada na cueca. A lembrança de que ela estava nua
por baixo daquele vestido era demais.
Dei a volta no carro e abri a porta para ela.
— Não, sou tarado por você — falei, segurando seu rosto. A ruiva riu, e eu a beijei,
tirando seus pés do chão e fechando o carro com a mão livre, enquanto caminhava em direção à
casa.
Entramos em meio a tropeços, e rimos de nós mesmos.
Beijei Tessa, afundando minha língua em sua boca e a senti tremendo em meus braços
quando a encostei na parede, mordiscando sua boca gostosa para arrancar um gemido sofrido.
— O quarto — ela sussurrou e eu afundei a mão entre suas pernas, pela fenda exagerada
daquele vestido, que me deixou louco no instante que coloquei os olhos nela. Como aquela
mulher podia ter coxas tão bonitas? Só Jesus sabe.
— Aqui — respondi contra ela, beijando sua boca e tirando minha calça com uma das
mãos de modo desajeitado, sentindo meu pau sair de dentro dela já duro. Só tinha algumas horas
desde a última vez que transamos, mas a necessidade que sentia dela era como se fosse dias.
Sentia-me um viciado, toda vez que eu a tinha, desejava mais.
Peguei meu pau deslizando pela extensão, tocando sua boceta com a mão livre, sentindo-
a molhada para mim. Tessa tentou me tocar, mas levei seus braços por cima da sua cabeça,
encarando os olhos verdes intensos e cheios de desejos.
— Me deixe foder você, ruivinha — sussurrei em seu ouvido, deslizando meu pau por
sua entrada e ela tremeu, ofegando baixinho, mas não entrei completamente, beijando, brincando
com seus lábios. Ela havia me dito que começou a usar anticoncepcional há alguns dias, então,
eu estava confiante nisso.
Nas primeiras vezes, fomos irresponsáveis, mas depois começamos a lembrar da
camisinha.
— Carter — ela choramingou, e eu entrei na sua boceta em um único golpe, fazendo
Tessa gritar, com a boca contra a minha, abafando seus gemidos enquanto meu pau se
acomodava inteiro dentro dela. — Isso — ela gemeu, quando moveu os quadris, tentando fazer
eu me mover.
Calei-a com um outro beijo, segurando suas mãos acima de nós enquanto meu corpo se
movia em direção ao seu, com golpes rápidos e fortes que fazia nossos gemidos se tornarem
gritos desesperados por mais.
— Car... — Meu nome ficou preso em sua garganta quando ela tremeu, fincando as
unhas afiadas em mim, me fazendo sentir dor e prazer enquanto sua boceta apertava meu pau,
gozando nele e me fazendo seguir na mesma intensidade, me despejando inteiro dentro dela.
Respirando com dificuldade, meu rosto se afundou na curva do seu pescoço e eu beijei a
pele sensível, marcando-a como minha, sentindo o cheiro do seu perfume e não resistindo em
fazer.
Apoiei-me na parede às nossas costas. Estávamos entre a sala de estar com a sala de
jantar da casa dos Carson, com Tessa mole em meus braços depois de gozar, eu sabia que não
havia final de noite melhor.
— Qual é seu quarto? — perguntei, alisando seus cabelos e ela me beijou.
— Segunda porta à direita depois das escadas — explicou, meio cansada. Saí de dentro
dela, deixando um suspiro escapar de mim.
— Vem. — A peguei nos braços com facilidade, ela afundou a cabeça na curva do meu
pescoço.
Encontrei o quarto de Tessa, e deixei a risada baixa escapar. Não era nada do que
esperava.
— Cadê os pôsteres de banda? Minha foto na parede com um coração embaixo? —
zombei dela, a deixando no meio da cama. Tessa riu, e abraçou o travesseiro.
— Eu escondi de você — disse, bocejando, mas sabia que estava brincando.
Tirei os saltos dos seus pés, vendo-a com as unhas pintadas de preto. Ela se produziu para
a noite e não havia sido uma das melhores.
Por culpa do meu pai.
Beijei a pontinha dos pés, e ela abriu um dos olhos, me olhando de modo desconfiado.
— Você beijou meus pés? — indagou.
— Talvez — brinquei, e tirei a pequena tiara que tinha no meio do penteado parecido
com a protagonista do filme Bonequinha de Luxo. Coloquei tudo sobre a mesinha de cabeceira,
deixando os fios ruivos caírem em seus ombros.
Tessa seguia deitada, e eu busquei o algodão na penteadeira ao lado.
— Onde está aquele negócio que tira maquiagem? — perguntei.
Ela riu.
— E como você sabe disso tudo?
Parecia surpresa ao perguntar, mas apontou para o frasco com líquido transparente sobre
a penteadeira.
— Sou um bom observador — falei, despejando um pouco no algodão e tirando a
maquiagem do seu rosto. Ela me olhava, acompanhando cada movimento meu.
— Você às vezes me provoca, né? — questionou.
— Quando faço isso? — indaguei, fingindo inocência.
— Sabe que a Tessa adolescente não resistiria vendo você fazer tudo isso, vou acabar me
apaixonando por você. De novo — disse, de olhos fechados para eu tirar a sombra. Já tinha
gastado dois tufos de algodão. — E depois, você vai quebrar meu coração, porque eu já disse que
não consigo sobreviver ao meu primeiro amor me rejeitando.
Beijei seus lábios em sua cor natural.
— Nunca rejeitaria você, Teresa — falei com sinceridade.
Seria a maior sorte do mundo você me amar novamente.
— Vamos tirar esse vestido e pôr você para dormir — falei, deixando tudo de lado, e ela
assentiu, abrindo as pernas em um movimento nada inocente. — Por favor, feche as pernas, não
é justo comigo — implorei, e ela riu, inclinando os quadris.
— Por favor. Você todo cuidadoso me deixou molhada, Carter. Não é justo comigo.
Sua boceta depilada e pingando por mim me fez ver que a safada tinha razão.
— Não serei mais cuidadoso com você — resmunguei, e ela riu, me olhando. E virou de
costas na cama, mostrando o zíper do vestido.
— Tira, por favor — disse, o tom um pouco inocente.
Odiei que ela soubesse me manipular.
Mas desci o zíper do vestido mesmo assim, vendo sua bunda ficar exposta quando a peça
se abriu totalmente. Era um zíper de fora a fora, que deixava a peça super apertada no busto.
Ela estava nua.
Completamente nua.
— Você vai me deixar dormir assim? — sussurrou com a voz contra o travesseiro, e sua
mão descendo por entre ela e o colchão, tocando seu centro molhado. Observei-a se tocar,
deixando os gemidos escapando dos seus lábios, e desfiz da minha calça, ficando nu sem que ela
visse.
Puxei seus quadris para a borda da cama, e a virei para cima, expondo a boceta para mim.
— Você merece uns tapas, Teresa — resmunguei, com a boca próxima a ela.
Tessa inclinou os quadris, se oferecendo como um banquete.
— Me coma, Mikelson — sussurrou, e eu fiz, deslizando minha boca por sua boceta,
sentindo seu gosto misturado com o meu, pois havia gozado nela minutos atrás. Como meu
desejo nunca cessava, meu pau estava pronto para se afundar em seu centro úmido novamente.
— Porra — falei quando ela gritou meu nome, apoiando a perna em meu ombro,
enquanto meus dedos iam e vinham dentro dela.
Virei-a de costas novamente, levantando seus quadris, e Tessa ficou de joelhos na cama,
me deixando afundar na sua boceta por trás, sentindo meu pau ser engolido lentamente.
O gemido escapou conforme me movia.
Não foi rápido.
Nem bruto.
Eu apenas apreciei cada momento indo e vindo dentro dela, lentamente, sentindo meu
pau ser abraçado por seu canal que me apertava, sentindo que nada seria melhor do que aquela
sensação.
Beijei suas costas, no meio de duas constelações bonitas de sardas, e mordisquei sua pele,
deixando pequenas marcas em seu corpo.
— Carter — ela implorou, empinando a bunda com mais vontade.
— Sim, ruivinha — sussurrei, afundando outra vez dentro dela. Seu corpo tremeu e eu
parei, saindo de cima dela e a virando para mim, precisando ver seu rosto enquanto gozava.
Beijei sua boca ao subir sobre ela e me afundei novamente dentro de sua boceta, sentindo
suas pernas enlaçarem minha cintura e me ajudar a me mover, completamente apaixonado com a
forma lenta que nossos corpos se encontravam.
Parecíamos querer gravar cada pequeno detalhe daquilo.
E eu gravei, com medo que se piscasse, tudo desapareceria.
Quando tudo acabou, me deitei ao seu lado, abraçando seu corpo contra mim. Meus
dedos brincavam com as cinco pintinhas em seu ombro, focado nisso.
— Sério, ainda estou procurando os pôsteres — brinquei e ela riu, beijando meu peito.
— Eu mando reformar com frequência. Adoro essa casa — ela disse, olhando para o teto.
— Sua cara essa casa, consigo ver você casada em uma casa assim, com várias crianças.
Ela sorriu.
— Eu adoro Nova Iorque, mas nunca criaria um filho lá, ainda mais vivendo no meio da
mídia caótica. Aqui tem espaço e mais privacidade — ela comentou, saudosa. — Minhas
melhores lembranças estão aqui.
— Você quer ter muitas crianças? — perguntei, me sentindo ridículo.
Pensar nela casada, quando éramos apenas um caso falso, me deixava agoniado.
— Talvez quatro, gosto muito de crianças. — Riu de si mesma ao falar isso. — Preciso
me casar até os vinte e seis, um ano para ter o primeiro filho, e aos trinta e cinco eu teria minha
família. Deixaria um período entre o nascimento deles.
— Um planejamento detalhado.
Ela suspirou.
— Sim, gosto de pensar no futuro. — Brincou com os pelos em meu peito, e eu beijei seu
ombro, afundando a cabeça em seu pescoço.
— Quais seriam os nomes das crianças? — avancei no assunto, sabendo que aquilo iria
me magoar.
Encarei-a, vendo Tessa sorrindo para o teto, sem me encarar.
— Nada de John, nem de Jack. Como Cassie queria. — Ela riu ao lembrar da minha filha.
— Eu gostava de Taylor.
— Para menina é legal.
— Gosto de Taylor para menino.
Fiz careta e ela riu de mim, me olhando.
Estávamos deitados na cama, depois de transar e falando de nome para bebês.
Preocupante.
Mas eu não sentia uma gota de preocupação em meu corpo.
— Calvin — sugeri, e ela fez careta.
— Esse não é marcante. Vai olhar para o meu filho e pensar, “cara, eu vou simplesmente
esquecer da sua existência” — Tessa disse, cheia de teorias sobre nome dos filhos.
— Harris — falei novamente tentando.
— Gosto de Harry. — Brincou com meus cabelos ao falar.
— Nomes com a inicial T, para combinar com o seu. Travis, Tom, Thomas — falei, ela
encostou a cabeça em meu ombro quando deitei novamente.
— Gosto de Travis. — Alisei suas costas.
— E você? Me diga os nomes que daria aos seus filhos — pediu. E eu o fiz, porque faria
qualquer coisa por Teresa Carson.
Pois enquanto eu a olhava, pensava no fato de que ela tinha meu coração em suas mãos.
E me preocupava saber disso, pois nenhuma das vezes em que me apaixonei, terminou bem.
“Ele é a razão das lágrimas no meu violão
A única coisa que continuo pedindo a uma estrela cadente
Ele é a música que eu continuo cantando no carro, não sei porque eu faço isso”
Teardrops On My Guitar – Taylor Swift
Saí da entrevista, indo para casa, pois tinha o jogo com os garotos. Porém meu telefone
tocou no bolso da calça jeans, e o nome de Tessa estava na tela.
— Oi — atendi, ligando o carro.
— Você falou de mim na entrevista — ela disse, sabia que estava sorrindo do outro lado.
— Falei do amor da minha vida, gostou? — brinquei, e ela riu.
— Bobo. Eu gostei — sussurrou como se fosse uma confissão. — Foi bonito, até pensei
que fosse real.
Fechei meus olhos.
É real, Tessa.
Cada palavra que sai da minha boca sobre estar completamente louco por você é real.
— Vem aqui em casa — ela disse, dengosa. Imaginei coisas que não deveria com seu tom
de voz.
— Você está fazendo o quê? — indaguei, afundando o pé no acelerador enquanto
segurava o volante com uma mão, e meu telefone com a outra.
— Deitada, esperando você — respondeu, e sabia que era maligna o suficiente para estar
sorrindo, pois sabia que me deixava louco.
— Chego em alguns minutos. — Finalizei a chamada, e mandei uma mensagem rápida
para Tyler, dizendo que não iria ao jogo hoje. Ele perguntou o porquê, e tudo que respondi é:
Tessa me ligou.
Para bom entendedor, isso bastou.
Eu precisava pegar Cassie mais tarde na Christine, e sabia que ia ter alguma
comemoração pelo meu aniversário, pois todos os anos era a mesma coisa.
Assim que parei o carro em frente à residência dos Carson, desci rapidamente, apertando
a campainha. Era a parte ruim de estar em Portland, não tínhamos privacidade nenhuma na casa
dos nossos pais, sem falar que a minha casa era o caos puro por causa de papai.
— Oi. — A senhora Carson abriu a porta, segurando uma bolsa pequena e vestida para
sair. — Pode entrar, Tessa está na sala de jantar, preciso ir.
Me deu um tapinha no ombro e saiu da própria casa, me deixando para fechar a porta. Fui
em direção à sala de jantar, observando o local escuro e liguei a luz, procurando pela ruiva, mas
o grito de “surpresa!” me assustou, fazendo arregalar os olhos ao ver todos ali.
Tyler, Adele, Jackson e Victoria que haviam chegado à cidade há alguns dias. Cassie,
Christine, Gavin e os filhos deles.
— Parabéns, amor! — Tessa disse, animada, caminhando em minha direção.
Minha única reação foi receber seu beijo, enlaçando sua cintura.
Não gostava de aniversários, preferia deixar passar como um dia qualquer, como havia
sido minha infância inteira. Mas a minha filha não gostava disso e todos os anos era a mesma
coisa.
— Eu vou matá-lo por não me contar — ela disse, segurando meu rosto, sem tirar o
sorriso dos seus lábios.
Beijei sua boca, abraçando.
Os parabéns se iniciou e ela ficou ao meu lado, por todo momento, batendo palmas
animada.
Cassie correu até mim, pedindo colo, a peguei deixando minha filha de um lado e minha
namorada do outro, beijando o topo da cabeça de ambas, sabendo que tinha realmente um
presente de ouro ali.
— Apaga a velinha e faça um pedido, papai! — Cassie exclamou.
Eu fiz, me inclinando sobre o bolo e apagando a vela, logo depois de fazer um pedido.
— O que você pediu? — Cassie indagou, ansiosa, como todos os anos.
— Se eu contar, não vai se realizar — falei, e rimos.
— OK, agora os presentes — Tessa disse animada.
— Isso, os presentes. A melhor parte de todas — Cassie falou, descendo do meu colo e
correu em direção à mesinha com alguns presentes. — Aqui, esse é o meu. — Estendeu a caixa,
a peguei. Em cima havia um envelope. — Esse é da tia Tessa, eu disse a ela que presente em
envelopes não são presentes, papai, mas ela não me ouviu.
Rimos.
Ela entregou o envelope na mão de Tessa, enquanto eu abria o embrulho de Cassie.
— Obrigado, querida, eu adorei — sussurrei, beijando sua bochecha.
— Agora o da tia Tessa. Ela disse que você iria adorar o envelope — ela comentou, não
crente de que envelopes podiam conter bons presentes.
— Eu sei que você tem alguns sonhos para realizar, lugares para conhecer — ela
começou, encarei seus olhos. Tessa sussurrava apenas para mim. — Roubei sua lista de lugares
para conhecer antes de morrer. Eu lembro de como você ficava escrevendo nisso quando era
mais novo, e Tyler ria, dizendo que nunca iria planejar coisas para fazer antes de morrer — ela
debochou do irmão, apontando de forma acusadora em sua direção.
Tyler apenas deu de ombros.
— Eu ainda acho que estou certo.
Tessa revirou os olhos para ele, e me encarou.
— Você tinha razão, Carter. Planejar e sonhar quando é novo, para realizar quando
crescer.
Meu coração falhou.
Eu disse aquilo.
Eu disse aquilo em um dia qualquer durante nossas férias de verão, quando Tyler ficava
irritado por mim toda vez adicionando algo à minha lista infinita de lugares.
— Você lembrou. — Toquei seu rosto, sem acreditar nisso.
Tessa sorriu.
— Sim. Eu lembrei. — Me olhou, e meu coração doeu com a necessidade de falar que a
amava.
Tessa lembrou de algo que eu já havia desistido há muito tempo.
Tinha uma lista sim, e eu realizei alguns, mas com a fama e as pessoas se tornando
loucas, isso acabou em segundo plano, pois as viagens se tornaram um motivo da mídia me
colocar como um jogador esbanjador.
Eu não queria nada disso.
— Abre — ela incentivou.
E eu o fiz.
— Eu sei que você queria um lugar onde pudesse andar livremente, e ser só você mesmo
— falou, também lembrando de mais uma das nossas conversas.
— Santorini, Grécia — li o destino. — Tem duas passagens, né? Precisamos de duas
passagens.
Ela riu.
— Sim, são duas passagens — confirmou. — E é simbólico. Vamos no avião particular,
já deixei a equipe ciente disso. Eu e você, em Santorini por dias, até o Natal — sussurrou em
meu ouvido, e eu quis viajar nesse mesmo instante.
Uma ilha paradisíaca sozinho com Tessa era como um desejo de Natal.
A festa foi a melhor que eu tive. Nenhum aniversário tinha sido tão bom, e eu só podia
dar os créditos a ela.
Minha ruiva.
— Não acredito ainda que você lembrou disso — falei, encarando o envelope.
Tessa se sentou na cama, tirando os saltos. Ela estava com um vestido colado, preto, e os
cabelos soltos ao redor dos ombros. Como sempre, perfeita.
— Vem cá — ela me chamou, e eu me aproximei, me ajoelhando na sua frente e
encarando seu rosto bonito. Tessa sorriu, e a vi deslizar as mãos sobre as coxas, nervosa. — Eu
fiz mais uma coisinha.
— Você já fez demais — lembrei, me sentindo envergonhado por ela fazer tudo isso
quando eu merecia tão pouco.
— Você queria saber quais músicas eu escrevi para você — ela falou, pegando algo sobre
a penteadeira. Era um cartão, feito à mão, e havia um QR code colado. — É algo bobo, mas eu
achei fofo. Tem sua playlist.
Encarei o gesto, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas.
— E uma música não lançada. Eu pedi para um amigo fazer um arranjo e colocá-la junto,
foi uma coisa de última hora — justificou, e vi suas bochechas coradas. — Se chama
Wonderland. Eu escrevi essa tarde, quando descobri que era seu aniversário. É sobre nós,
diferente de todas as outras, dessa vez eu estou com você.
Ela escreveu uma música sobre nós.
Era uma coisa tão linda, doce e enorme para mim.
Beijei seus lábios, sabendo que não saberia agradecer em palavras.
Tessa amava música, e compor era sua vida. E ela tirou algo de nós de algo que amava.
Eu falaria eu te amo a ela nesse momento, mas o medo de afugentá-la era maior.
“E amor, por você, eu cairia em desgraça
Apenas para tocar seu rosto
Se você fosse embora
Eu te imploraria de joelhos para ficar
Não me culpe, o amor me deixou louca
Se você também não fica, não está fazendo direito
Senhor, salve-me, minha droga é meu amor”
Don't Blame Me - Taylor Swift
— Sim, prometo que faremos uma viagem assim que estivermos todos juntos — prometi
para Cassie ao telefone, deitada no ombro do pai dela, tínhamos acabado de pousar. Senti os
dedos de Carter brincando com meus cabelos que caíam em cascatas sobre ele.
— Estou com saudade, promete me mandar fotos? — Cassie perguntou, chateada.
— Prometo, querida. Vai pesquisando lugares legais, você tem uma viagem para planejar
— falei, e ela se animou. Eu obrigaria Carter a viajar com ela caso não estivéssemos mais juntos.
Finalizei a chamada e descemos do avião, Carter estava com uma camisa branca, com
suéter por cima, pois segundo informações, essa não era a época mais quente da ilha. Eu escolhi
uma calça jeans, e uma camisa de tecido leve e com os ombros caidinhos. Nos braços do meu
namorado estava meu casaco, mas até agora, achei a peça dispensável.
— É tudo tão bonito — falei, olhando ao redor. O carro que nos levaria ao hotel estava a
alguns metros, e sua mão em minha cintura. — Estava ansiosa, salvei tantas coisas para fazermos
aqui, durante a noite, quase não preguei meus olhos.
Carter riu.
— Eu vi você com o telefone ligado.
Suspirei.
— Não pode me julgar. Não viajo há bastante tempo, estou bem animada. — Quase dei
pulinhos ao falar isso.
Entramos no carro e eu fiquei na janela, olhando as ruas passarem enquanto sentia meu
coração bobo acelerar. Eu nunca vim à Grécia, tudo parecia perfeito e vibrante, e melhor, eu
estava com alguém que era importante para mim.
Sua mão na minha o tempo todo durante o caminho me fez pensar no presente que dei a
ele em meu quarto, a playlist e a música. Carter disse que ouviria sozinho, para analisar com
calma, e eu não sabia se havia feito isso quando foi para casa. Estava curiosa, queria saber o que
ele achou, mas não falei nada.
Estacionamos em frente ao Athina Luxury Suites, um hotel cinco estrelas, recomendado
pela Adele, já que eu mandei mensagem para ela me auxiliar, pois a minha melhor amiga tinha
mais carimbos no seu passaporte do que sapatos no closet. Mentira, os sapatos superavam os
carimbos. Não tinha países suficientes para sapatos.
Tudo parecia perfeito. Fomos recebidos em nosso quarto, encarei o local, pensando que
agora, estávamos sozinhos na Grécia, numa ilha no meio do oceano.
Senti os braços de Carter rodeando meu corpo.
— Você está muito calada — ele sussurrou em meu ouvido.
Sorri.
— Só pensativa — falei, o encarando por trás. O quarto de hotel era bonito, com a
decoração quase inteiramente branca, o azul do oceano se tornava a atração através da janela. —
Vem, vamos ver a varanda. — Puxei Carter em direção à varanda do quarto, e abri as portas da
sacada, sentindo a lufada de ar vindo ao meu rosto.
Respirei fundo, caminhando pela pequena mesa que havia ali, parando próxima às plantas
da beirada. Grécia parecia ter sido pintada por Deus.
— É tudo tão lindo! — exclamei novamente. — É repetitivo, mas estou feliz que Grécia
estava em sua lista, pois é a coisa mais linda do mundo. — Fechei meus olhos, sentindo seus
braços ao redor da minha cintura.
— É sim, a coisa mais linda do mundo — ele concordou, e eu encostei a cabeça em seu
ombro, sentindo um beijo suave em minha testa. — Eu não ouvi a playlist. Não tive tempo e
quero fazer como desejava. Você fez para mim, e quero ouvir todas as músicas com calma.
Meu coração acelerou.
— Tudo bem. — o encarei, sentindo-me nervosa. A playlist foi algo íntimo demais. O
medo estava me consumindo agora. Parecia um elefante no meio da sala.
— Podemos tomar um banho, e tomar café depois — ele disse, colocando uma mecha
atrás da minha orelha. — E depois fazer cada coisa da sua lista imensa no bloco de notas.
Sorri timidamente.
— Você não precisa fazer isso. Tem seus próprios interesses em Santorini, e eu posso ir
quando você quiser um tempinho para conhecer tudo — sugeri, eu realmente tinha uma lista
imensa.
A ideia de Carter sobre Grécia era velejar, conhecer lugares que vi em programas de
esporte radicais, enquanto o meu era tomar sorvete em uma sorveteria que eu achei linda, andar
pelas ruas, conhecer o comércio local.
Coisas que ele não iria querer fazer comigo.
— Quero ir a todas — ele sussurrou, beijando meus lábios. — Podemos ir a algumas das
minhas, mas sinceramente, quero passar cada minuto aqui com você, Teresa.
Meu estômago parecia estar cheio de borboletas idiotas.
Alçando voo e fazendo meu coração ir junto.
— Primeiro banho — falei, me afastando dele e o vi assentir. Prendi meus cabelos em um
coque alto e abri os botões da minha calça jeans, abaixando a peça.
— Teresa — Carter repreendeu quando fiquei só de calcinha, entrando no quarto. Puxei a
pequena alça da blusinha, deixando-a folgada em meu corpo e a joguei longe, ficando nua da
cintura para cima.
— Sexo na Grécia? — indaguei, sorridente.
E quando vi, ele já estava nu, caminhando em minha direção.
Soltei um gritinho quando ele me jogou em seus ombros, e caminhou até o banheiro da
suíte, deixando a porta aberta enquanto entrava na banheira. Carter me beijou, me encostando
contra a beirada da banheira e eu senti a água ao nosso redor começando a encher.
Ele me encarou.
— O que eu vou fazer com você, ruivinha? — perguntou, encarando minha boca.
— Ainda estou de calcinha, você pode começar cuidando disso — sugeri, e ele revirou os
olhos, mas acatou a dica, descendo os seus dedos por meu corpo até alcançar a calcinha de renda,
e em um puxão, eu estava nua.
Ofeguei baixinho, sentindo sua boca me tomar, e ele me beijando lentamente, como se
não tivesse pressa para acabar. Não era a primeira vez que aquilo acontecia. As coisas entre nós
sempre foram um misto de necessidade e urgência, mas desde a noite do baile, quando falamos
sobre nome de bebês, sentia como se o momento fosse ficando mais doce.
Não era sempre assim.
Mas era bom quando era.
— Quero fazer amor com você na Grécia — ele disse, e eu gemi baixinho, quando seus
dedos me tocaram.
— Amor? — indaguei, soltando um gemido mais alto quando seus dedos entraram dentro
de mim e minha cabeça tombou para trás, louca com a sensação que Carter me causava.
— Sim, amor, Teresa — respondeu, beijando o vale entre meus seios.
Eu estava noiva.
E tinha uma foto minha, beijando meu futuro marido em frente ao pôr do sol, em uma
ilha na Grécia. E agora, essa foto era meu bloqueio de tela, eu fazia questão de ativá-la a todo
momento, sorridente.
— Você adorou essa foto, hein? — Carter disse, enxugando o cabelo para se vestir e
irmos jantar na nossa última noite na Grécia. Coloquei o telefone de lado, me apoiando nos meus
braços e encarando meu futuro marido de forma sugestiva.
— Você foi perspicaz em contratar um fotógrafo — falei sorridente e ele se aproximou,
me encarando no meu vestido justo e curto. — Mas já pensou em antecipar as coisas um pouco,
futuro marido?
Isso mesmo.
Você não leu errado.
Futuro. Marido.
Eu sou uma garota de sorte.
— O que tem em mente, futura esposa? — ele entrou no jogo, levantei minhas pernas e
com os pés toquei seu pau por cima da toalha, sentindo-o.
— Talvez, algo diferente para o prato principal. — Abri as pernas, e Carter teve a única
reação possível sempre que me via nua. Jogando a cabeça para trás, o loiro deixou um gemido
sair.
— Você aprendeu cedo demais a como me deixar louco — disse, me fazendo rir,
sentindo o vestido apertando meus quadris, então ajudei, subindo-o, mas algo me fez parar,
quando vi a toalha do meu noivo cair aos seus pés.
Noivo.
Ainda era surreal que meu namorado de mentira, virou meu noivo.
— O que é isso? — falei me sentando, e ele notou. Era uma pequena tatuagem, de uma
constelação, na lateral da sua barriga. Eu conhecia o corpo dele muito bem para saber que aquilo
não estava ali. — Quando você fez isso?
— Tem uns cinco dias — ele disse, e eu arregalei os olhos.
— E eu não vi?! — exclamei.
— Andamos muito apressados, transando por aí de roupa e tudo — ele zombou de nós.
— Você não tem nenhuma tatuagem, por que desenhou uma constelação? — indaguei,
ele suspirou, tocando meu ombro nu em um momento delicado. — O quê? — O olhei, e vi
Carter sorrindo.
— Olha aqui — ele pediu, apontando para o lugar em que tocava em mim. — Você tem
várias no corpo inteiro, como se fossem pequenas constelações em sua pele. Eu acabei viciado
em procurá-las, fico traçando traços imaginários em sua pele — confessou, e foi a primeira vez
que vi suas bochechas corarem.
— É o mesmo desenho — falei admirada, olhando para o meu corpo e para o dele. —
Carter... — resmunguei, chorosa que ele me deixasse assim.
— O quê? — Ele se abaixou na minha frente, limpando o canto dos meus olhos.
— É lindo, você marcou sua pele com algo que é igual ao meu — disse, e ele riu. — Não
mereço isso...
— Merece sim. — Ele beijou meus lábios. — É o amor da minha vida. Eu marcaria
minha pele inteira por você, Teresa.
Meu coração acelerou.
Não tinha uma vez que ele não dissesse isso que eu não ficasse completamente rendida.
Beijei-o, esquecendo da ideia de seduzi-lo, queria apenas que aquele homem parasse de
me fazer perceber pequenos atos incríveis.
Mas ele veio para cima de mim, me fazendo deslizar na cama, com sua boca colada na
minha e seus dedos levantando meu vestido, me fazendo rodear sua cintura com minha perna,
puxando-o em minha direção.
— Vou fazer amor com a minha futura esposa — sussurrou com a voz rouca em meu
ouvido, eu amava a forma que isso soava.
Amor com a minha futura esposa.
— Carter. — Deixei um gemido escapar, quando ele alcançou o meio das minhas pernas,
e sua boca desceu sobre minha boceta, me fazendo arquear as costas, me oferecendo como um
banquete, pois desejava que ele realmente me comesse.
Coisas impróprias que não passavam em minha mente antes de Carter Mikelson.
— Você é deliciosa, Teresa — disse, baixo, e mesmo que eu odiasse, toda vez que me
chamava pelo nome todo, causava um rebuliço dentro de mim. Soltei um gritinho quando seu
dedo entrou em mim, lentamente, me fazendo tremer conforme sentia meu corpo ser preenchido
por ele.
Sua boca mordia o interior das minhas pernas, descendo por toda a extensão, gritei,
antecipando o orgasmo, mas ele parou e se afastou, senti quando veio para cima de mim,
deslizando seu pau em minha entrada, me fazendo abrir a boca para soltar um gemido, que ficou
preso entre nós dois, pois ele me beijou.
— Eu amo você, Teresa — sussurrou, se movendo dentro de mim.
Minhas unhas afundaram em suas costas, puxando-o em minha direção como se ele
pudesse ficar ainda mais perto.
— Eu amo você — sussurrei em seu ouvido, sabendo que era primeira vez que falávamos
isso durante o sexo.
E era bom demais.
Muito melhor do que imaginei em meus melhores sonhos.
Carter caiu ao meu lado, ofegante, quando tudo acabou, me aproximei, deitando em seu
peito, sentindo suas mãos me abraçarem. Ele brincou com meus cabelos bagunçados, e beijei seu
peito, pensando que agora, não tínhamos que ter medo de nada.
— Cassie vai surtar quando souber que pedi você em casamento — ele disse, e eu ri.
— Com certeza irá — concordei. Eu ainda não havia falado com ela hoje, mas nos
falamos todos os dias desde que viajamos.
— Vamos perder a reserva se não sairmos agora — ele avisou, olhando para o relógio,
gemi em protesto, querendo apenas permanecer onde estava.
Carter riu. E se afastou de mim, pegando sua calça e suéter para vestir rapidamente, já
que o clima havia caído no fim da tarde.
Eu permaneci na cama, observando-o se vestir, adorando a visão do corpo do jogador
completamente nu, e meu.
— Você me olha como se nunca tivesse me visto nu — acusou.
Sorri.
— Você faz o mesmo comigo — devolvi, e o vi pegar uma calcinha minha dentro da
mala que já estava pronta. Revirei os olhos. — Não preciso de uma calcinha, é colado, vai
marcar.
Ele negou com a cabeça, e passou a peça pelos meus pés.
— Preciso saber que não tem nada de fora, para comer em paz — disse, e deixei a
gargalhada escapar. Ele abaixou meu vestido, e encarei o gesto com admiração.
Eu nunca iria encontrar um homem como Carter Mikelson.
E nem queria, afinal, eu o tinha inteiramente para mim.
Parei na entrada de casa, me sentindo nervosa por estar de volta. A Cassie havia vindo
para cá, já que era o primeiro lugar que o pai dela iria estar e depois os dois iriam passar o dia
juntos, pois queriam matar a saudade.
Carter se aproximou, apoiando a mão em minha cintura.
— Vamos? — indagou, e meu olhar recaiu sobre o anel de noivado em meu dedo. —
Preocupada? — Beijou o dorso da minha mão e sorri. — Eles vão amar. Tyler talvez não tanto,
mas um dia ele irá se conformar — ele disse, confiante.
E eu o abracei, beijando seus lábios.
— Vocês chegaram! — Cassie exclamou, animada na entrada, e me virei, me abaixando
para abraçar a baixinha. — Meu Deus, você está linda, tia Tessa. Bronzeada. — Ela segurou meu
rosto, analisando-me de modo inteligente.
— Foi uma boa viagem — confessei animada. — E você? Como passou as semanas que
ficamos fora?
Peguei-a nos braços.
— Viajamos para a casa de praia da mamãe, e foi legal — ela contou, animada. —
Apesar de ter feito frio, não é verão ainda.
Sorrimos e ela estendeu os braços para o pai, pedindo colo. Carter a pegou sem hesitar, e
precisei massagear minhas costas levemente quando Cassie foi pega por Carter.
Ela era uma fofa, a pegaria no colo sempre, mas de fato ela não era mais um bebezinho.
Minhas costas doíam toda vez que fazia isso.
Entrei em casa, procurando por mamãe, e sorri quando a encontrei na cozinha.
— Cheguei — falei animada, e ela virou, sorrindo para mim.
— Finalmente. Pensei que iriam ficar a vida toda na Grécia — disse, se aproximando e
me abraçou.
— Foi uma viagem divertida, não queria vir embora mesmo — confessei, e ela riu. Nos
afastamos, e mamãe segurou minha mão, notando algo diferente.
— Esse... — ela sussurrou.
Tyler entrou na cozinha, segurando um prato com um pedaço de torta de maçã,
especialidade da minha mãe.
— Ei, pirralha, finalmente voltou, hein?! — ele disse, me cumprimentando no modo
“irmão irritante”. Sorri.
— Isso é o que estou pensando? — mamãe perguntou, tocando meu anel de noivado.
Levantei a mão no ar, sentindo a mão de Carter em minhas costas.
— Sim, ficamos noivos! — exclamei, animada. Desde que tudo aconteceu, ainda era
surreal que saímos de falsos namorados para noivos.
— Meu Deus, filha, parabéns. — Mamãe foi a primeira a reagir, me abraçando.
— Noivos? — Cassie indagou, e a vi olhando confusa para o seu pai.
— Noivos? — Tyler perguntou, confuso, franzindo o cenho.
— Sim, noivos. Vamos nos casar — Carter explicou à filha, que arregalou os olhos.
— A tia Tessa vai morar com a gente?! — Ela pareceu tão animada, deixei a risada
escapar, me encostando em Carter.
— Sim, em breve. Ainda somos só noivos, vai levar um tempinho até ela morar com a
gente — Carter explicou a Cassie.
— Quando? Preciso marcar na minha agenda — disse, toda inteligente.
— Desde quando você tem uma agenda? — Carter perguntou, curioso.
Ela riu.
— Eu ganhei uma da mamãe. Disse para marcar aniversários, datas importantes, o
casamento de vocês é importante — pontuou e me senti amada.
Eu ia ter uma família com Carter.
Eu sabia que iríamos ser felizes, pois eu o amava, e amava Cassie. E ainda tínhamos a
vida toda para termos nossos próprios filhos.
Carter foi levado para a sala de jantar junto com Cassie, e mamãe o fez comer da torta de
maçã, juntamente ao chocolate quente dela famoso. Tyler estava do outro lado da cozinha, me
encarando, com um certo julgamento.
Senti-me pequena.
— Você conseguiu.
Franzi o cenho, e brinquei com o colar que Carter havia me dado, num costume recente.
— Você vai começar com aquele papo de novo? — indaguei, me sentindo irritada por
lembrar de como ele tratou em nossas últimas interações.
— Preciso saber só de uma coisa — ele disse, me fazendo cruzar os braços numa
tentativa de me manter durona. — Você gosta mesmo dele? E ele de você? Não é mais uma
cláusula do contrato?
Suspirei.
— Me ofende achar que eu me casaria por contrato — falei, e Tyler encolheu os ombros.
— Eu o amo, Tyler. E estou feliz com ele. Por que não pode ficar feliz por mim? — inquiri, me
sentindo chorosa e confusa.
Meu irmão se aproximou, segurou meu rosto.
— Me assusta saber que você pode se machucar e eu não possa fazer nada, Tessa. É
minha irmã mais nova, sempre vou querer protegê-la — disse, me fazendo suspirar. — Mas se
está feliz, vou ficar feliz por você. Espero que tenha uma família linda. Você merece isso.
Beijou o topo da minha cabeça.
— Obrigada — agradeci, o abraçando, e ele retribuiu, me fazendo sentir o cheiro do
perfume masculino.
Tyler se afastou e passou o braço em volta dos meus ombros, caminhando ao meu lado.
— Quantos filhos pretende ter? — ele indagou do nada.
— Como é? — perguntei, assustada.
Ele riu.
— Se você vai se casar, preciso começar a cobrar sobrinhos — ele disse, puxando a
cadeira para me sentar, o ato cavalheiro do meu irmão me fez rir. Carter nos encarou, parecendo
desconfiado do amigo, mas focou na mamãe, que conversava sobre pedidos de casamento,
querendo saber todos os detalhes.
— Você vai se casar de véu e grinalda, tia Tessa? — Cassie indagou, focando os olhos
em mim, segurando uma xícara de Alice no País das Maravilhas com a foto do Gato-Risonho,
cheia de chocolate quente dentro.
— Não sei de véu e grinalda, mas em um vestido de noiva bem bonito sim — falei,
animada.
— E quando será? Preciso saber — ela disse, batendo a mãozinha na mesa de modo
agitado.
Segurei a risada.
— Quando vocês se casarem, eu terei irmãos?
— Você já tem irmãos, Cassie — pontuei, me servindo um pouco de chocolate quente.
— Sim, mas não do meu papai. Os bebês dele vão morar na mesma casa que eu, será tão
legal — se animou, fazendo uma dancinha enquanto tomava mais um gole.
— Podemos marcar a data então, já que estão todos ansiosos — Carter disse, me olhando
de modo que fazia meu coração errar batidas. — O que você acha? Estou mesmo ansioso para
ser seu marido.
Meus olhos não conseguiam sair dele.
Quando olho para você, tudo que penso é que passaria a vida inteira apenas em seus
braços.
Meu sorriso denunciou o que eu estava pensando, e Carter o correspondeu.
Tyler tossiu, me fazendo sair do mundo onde só existia eu e meu noivo.
Olhei-o, irritada.
— Qual data? — indaguei.
— Pensei em outubro — respondeu, e eu balancei a cabeça.
— Ótimo, quase um ano para organizar.
— Que dia? — ele devolveu.
— Dia 25 de outubro de 2024 — falei, e ele sorriu.
Dia vinte e cinco de dezembro foi quando nos reencontramos e tudo mudou. Outubro foi
o mês que começamos a namorar, falso, mas começamos. Era uma data boa para jurarmos o
nosso para sempre.
— Temos um casamento marcado! — mamãe exclamou, animada. — Irão se casar em
Portland? Ou Nova Iorque?
— Nova Iorque, podemos fazer uma cerimônia em Portland depois, para amigos
próximos — sugeri, pensando sobre.
— Pensei em usarmos a casa em Hamptons, tem praia, sol.
— Não sabia que tinha uma casa em Hamptons — falei, o encarando.
— Você tem tanta coisa para descobrir sobre mim, futura esposa. — Carter piscou um
dos olhos, sorri, revirando meus olhos por ele ter razão.
Porém, nem um dos dois tinha pressa.
Fui deixar Cassie em casa e passei em algumas lojas, procurando por uma coisa
específica que havia visto há algumas semanas. Assim que consegui comprar, retornei para casa,
tomei um banho rápido, jantei e me preparei para sair novamente.
Iria para a casa dos Carson.
— Vai sair de novo? — mamãe perguntou, desconfiada.
A casa estava vazia há semanas. Ela estava tentando lidar com a falta que meu pai fazia,
depois dele ter saído de casa na primeira semana em que viajei, e as coisas para ela estavam
sendo complicadas.
Com isso, ela preenchia seu tempo trazendo os netos, e muitas vezes, as noras para lhe
fazer companhia.
— É aniversário da Tessa, vamos comemorar — falei, arrumando meus cabelos. A mãe
de Tessa não estaria em casa, e Tyler eu paguei para ele sair de lá.
Seria uma noite bacana, apenas nós dois.
— Deseje feliz aniversário para ela — mamãe pediu, e assenti, saindo dali. Quando
retornei para casa dos Carson, já eram quase dez da noite e havia enviado uma mensagem mais
cedo, pedindo que ela ficasse pronta, pois iríamos jantar juntos.
— Ei, você demorou — Tessa disse, abrindo a porta assim que toquei o interfone.
Beijei seus lábios.
— Perdi a reserva, acabei trazendo nosso jantar até você. — Levantei as sacolas no ar, e a
vi olhando para mim, curiosa. Ela não demorou para notar o nome do restaurante.
— É meu restaurante preferido em Portland, como sabia disso? — indagou, e adentrei a
casa. Tessa estava com uma calça, de alfaiataria, e uma blusa verde esmeralda curta que deixava
sua barriga um pouco à mostra, os cabelos presos em dois coques fofos no lado da cabeça, e uma
maquiagem leve, fazendo contraste com o batom vermelho marcante.
— Eu lembrei que você gostava de comemorar seu aniversário lá, quando era adolescente
— falei, beijando seus lábios novamente. A lembrança de irmos ao restaurante Brink para que a
pequena Carson comemorasse seus quatorze anos foi marcante.
— Ah, Carter... — ela sussurrou, me vendo colocar as coisas na mesa, já posta, pois pedi
isso a minha sogra.
— O que houve? — indaguei, me aproximando.
— Nada. — Tessa limpou o canto dos olhos. — É que isso foi fofo. Você lembrou.
Sorri.
— Eu lembro de muitas coisas, ruivinha — sussurrei, e a olhei de cima a baixo. — Está
bonita.
Seu sorriso aumentou.
— Vamos jantar e comemorar a chegada dos seus vinte e quatro anos juntos. — A
abracei por trás, beijando seu pescoço enquanto ela se encostava em mim.
— Esse é meu presente? — perguntou, me olhando.
Beijei sua boca novamente.
— Sim, esse é o seu presente — menti, me sentindo mal.
Jantamos em um clima amigável, uma música suave da Taylor Swfit tocava na vitrola,
escolha da minha noiva. Minha noiva. Sempre que eu pensava que agora éramos oficiais,
percebia que valeu a pena toda a paciência para estarmos até aqui.
— Tem uma coisa, espere aí — pedi, e ela me encarou, confusa, me vendo sair da mesa e
ir em direção à cozinha, buscar algo que a senhora Carson escondeu para mim.
Voltei à mesa com um pequeno bolo, para dois, com uma velinha no centro, e a
decoração com pequenas notas musicais ao redor.
— Ah, você fez um bolo! — ela exclamou, chorosa.
Abaixei-me ao seu lado, cantando Brithday baixinho para ela, vendo seus olhos cheios de
lágrimas, sentindo-me feliz por fazê-la sorrir daquela forma.
— Faça um desejo e apague as velinhas, ruivinha — pedi, e ela o fez, fechando os olhos e
apagando as velas.
Nós nos encaramos.
— Obrigada — ela agradeceu e coloquei o bolo na mesa, me inclinando para beijá-la.
— Não me agradeça por nada — falei, e ela negou.
— Obrigada, foi o melhor aniversário em anos — sussurrou, encostando a testa na minha.
— Eu não gosto de comemorar, me lembra do meu pai. E todos ficam tentando fazer com que
não me lembre dele, mas é impossível. É doloroso.
Toquei seu rosto, limpando o rastro de lágrimas que havia ali.
— Não precisa reprimir a memória dele comigo, amor. Tenho certeza de que meu sogro
ficaria orgulhoso da mulher incrível que você se tornou — declarei, e ela fungou, chorosa, me
abraçando.
Beijei seus ombros, alisando suas costas.
Eu faria qualquer coisa por essa garota.
As horas avançaram, e sentados no chão do quarto de Tessa, com um projetor ligado à
nossa frente, assistíamos a Como Perder Um Homem em Dez Dias enquanto comíamos o bolo.
Sua cabeça estava encostada em meu peito, ela ria das cenas que a Kate Hudson em seu
papel como Andie, infernizava a vida do pobre Matthew McConaughey com a vida da
samambaia.
— Eu amo esse filme — ela sussurrou. E olhei para o relógio, vendo que marcava quase
uma hora da manhã.
Comemos bolos.
Conversamos.
Batemos parabéns.
Havia sido um aniversário completo.
— Você fez vinte e quatro — falei, colocando o relógio em sua frente.
— Um ano mais velha — ela disse, deixando um suspiro escapar.
— Vem — pedi, me levantando e ela fez o mesmo. No projetor, coloquei o pequeno
vídeo editado mais cedo. — Eu fiz algo para você. — Peguei a pequena sacola que ela sequer
havia prestado atenção. — Eu vi na loja de conveniência esses dias, e achei bonito. Lembrei de
você.
Entreguei a sacola, e ela abriu, me olhando desconfiada enquanto tirava o pequeno globo
de neve, sorrindo para o que havia dentro. Uma garota ruiva com violão.
— Sou eu! — exclamou, balançando a bola fazendo pequenas partículas neve cair sobre a
menina dentro. — Que lindo, eu amei.
Qualquer pessoa pensaria que era mentira, mas os olhos de Tessa brilhavam como se ela
estivesse ganhando diamantes.
— Eu amei — ela sussurrou novamente, beijando meus lábios.
— Tem mais. — Apontei para o projetor, vendo a edição refletindo lá. — Peguei alguns
vídeos e fotos que tenho suas. Pensei em uma coisa que você pode ter que não tem valor. E é um
edit com a nossa música. Você tem milhares de vídeos na internet — a abracei por trás —, mas
nenhum deles é um que seu namorado fez.
Tessa olhava cada cena admirada.
— Quando me gravou tocando? — perguntou, para a cena em que ela estava no piano.
— Um dia, aí... — murmurei, e ela riu, ao ver seu vídeo dormindo na Grécia, reclamando
para não levantar.
E eu sabia que tinha valido a pena, pois ela brilhava de felicidade.
Então se a garota que eu amava estava feliz, não tinha nada mais para pedir nessa vida.
— Você vai se dar muito bem hoje — ela disse, me olhando de modo sugestivo.
Sorri, negando com a cabeça.
— Fico feliz em saber disso — sussurrei em seu ouvido, e ela se encolheu em meus
braços, e vi sua pele se arrepiando.
“Me beije uma vez, porque você sabe que eu tive uma longa noite (oh)
Me beije duas vezes, porque vai ficar tudo bem (uh)
Três vezes, porque esperei minha vida inteira
Eu gosto de coisas brilhantes, mas eu me casaria com você com anéis de papel
Uh, huh, isso mesmo
Querido, é você quem eu quero
E eu odeio acidentes, exceto o de quando passamos de amigos para isso”
Paper Rings - Taylor Swift
Era Natal.
O dia havia sido caótico com tudo sendo preparado para a grande ceia, foi montado uma
enorme tenda no jardim de casa, a família de Carter havia sido convidada, juntamente com
alguns amigos. Adele não estaria aqui, pois foi ficar com o pai e o irmão em Nova Iorque.
Mas seria um Natal incrível.
— A senhora está bonita, tia Tessa — Cassie disse, tentando fazer um delineado. Sorri,
fazendo babyliss nos meus cabelos e me olhando no espelho. Escolhi um vestido vermelho, com
mangas exageradas em plumas vermelhas, caindo na lateral do meu corpo e revelando meus
ombros, descendo em uma saia rodada, com cintura bem-marcada.
— Você está parecendo uma princesa. — A voz de Carter me fez virar, sorrindo para o
meu noivo, me sentindo tímida diante seu olhar.
— Né? — Cassie disse, parando ao meu lado e deu um giro. — E eu, papai? — ela
indagou, sorridente.
— A mais linda de todas — ele respondeu, sorrindo para a filha.
Ela deu uma voltinha, animada.
— Fiz meu delineado — ela avisou, piscando os olhos para mim e mostrando o delineado
perfeito com a minha caneta em gel, na cor vermelha. — Me empresta um batom, tia Tessa. Não
tem cor nenhuma aqui. — Ela fez um biquinho, caminhando até minha penteadeira.
Puxei a gaveta onde havia os batons.
— Pode escolher — falei, e vi o pai dela chocado com as palavras da pequena.
— Cadê o meu bebê? — ele sussurrou para mim.
— Ainda está lá — falei, terminando com meu cabelo. — Ela agora só é uma garotinha
que adora maquiagens e vai precisar do seu apoio da mesma forma que quando era bebê.
Ele engoliu em seco, observando a filha com admiração.
Achava linda a forma que Carter olhava Cassie, era como se ela fosse a menina dos seus
olhos.
— Vamos? — indaguei quando finalizei a maquiagem.
— Vamos — Cassie disse, estendendo a mão para mim e para o pai dela. Ela havia
convencido a mãe de passar o Natal conosco, e Christine disse que viria no fim da noite para dar
feliz Natal à filha.
Descemos as escadas, com ela animada, tagarelando entre nós dois.
A casa estava decorada, brilhante e vibrante com as cores do Natal. Alguns tios e primos
haviam vindo, tornando uma movimentação constante.
— Ei, Tessa! — meu primo exclamou, antes de me abraçar. — Fiquei sabendo que ficou
noiva. Parabéns. — Ele me tirou do chão, ri, me sentindo rodar.
— Põe ela no chão, Shadow. Para de ser idiota — o irmão dele reclamou, e ele fez, me
colocando no chão novamente. — Parabéns pelo noivado, querida — o irmão mais velho de
Shadow disse, mais centrado.
— Obrigada. Esse é o Carter, meu noivo — apresentei Carter.
— Nós sabemos quem ele é — os dois disseram de modo automático. — Você é o meu
herói. Os Northern Eagles precisavam de você — eles falaram, começando a engatar em um
papo sobre futebol americano, e aproveitei para me distanciar com Cassie.
— Garotos — ela reclamou, colocando as mãos na cintura de modo tão adolescente. —
Só falam de futebol. Só ver futebol.
Segurei a risada.
— O pior é que gostamos dos garotos no final — reclamei, e ela fez uma careta.
— Eu não gosto de garotos — disse, e ri.
— Nem do David? — indaguei, vendo-a bufar, fazendo a franja voar.
— Só do David — pontuou, levantando o indicador no ar, e que Deus ajude meu futuro
marido a se manter vivo e não ouvir isso.
Caminhamos em meio à minha família, falando com um e com outro, com Cassie super
comunicativa falando com todos. Meu noivado era o principal assunto, todos queriam ver quem
era o tal noivo, e o procuravam na multidão, encontrando Carter no mesmo lugar, conversando
com meus primos em uma roda muito maior agora.
A mídia ainda não sabia sobre o noivado, mas eu acreditava que em breve isso não seria
mais um segredo. Até hoje mais cedo, as únicas pessoas que sabiam sobre eram nossos amigos,
mas agora minha família inteira comentava o assunto.
Isso não ficaria mais só entre nós.
— Você convidou a família inteira — falei, parando ao lado da mamãe e soltando a mão
de Cassie quando ela viu David entrar com os pais no jardim. A família Foster passariam aqui
para uma rápida presença, antes de ir comemorar o Natal com a família Foster.
— Eu acabei me empolgando — ela disse, bebendo um gole do champanhe em sua taça.
Sorri e a abracei, desejando feliz Natal. — Te amo, querida. — Mamãe me deu um beijo na
bochecha, e devolvi.
— Também a amo, mamãe — falei, antes dela ser levada por uma tia falando sobre a
comida.
Suspirei, olhando ao redor. Vi a foto do papai exposta na sala de estar e sorri, levantando
a taça no ar.
— Feliz Natal, papai — sussurrei, sentindo meu coração transbordando de amor. Acho
que foi a primeira vez que pensei nele e não senti dor.
— Ei, você está aí — Victoria disse, parando ao meu lado.
Sorri.
— Você está bonita — elogiei. — Adorei os brincos. — Apontei para os brincos que ela
usava.
A ruiva balançou a cabeça.
— Comprei com o dinheiro da aposta — ela disse, animada.
Franzi o cenho.
— Que aposta? — Carter indagou parando ao meu lado, com sua mão rodeando minha
cintura.
Victoria bebeu um gole do champanhe em sua taça, nos encarando por cima da borda.
— O que houve? — Jackson disse, se aproximando.
— Victoria estava contando sobre uma aposta — falei, e ele lançou um olhar irritado à
esposa.
— Você disse que não ia falar nada! — ele exclamou.
— Mas eu não falei! — ela tentou se defender, em vão, pois ele claramente não
acreditou.
— Agora eu fiquei curiosa, que aposta é? — perguntei, sorrindo.
— A gente acabou mudando as regras com o passar do tempo — ela disse, parecendo
culpada.
— Apostamos que você nunca iria se casar. Victoria torcia contra para ganhar mais
dinheiro, pois os cinquenta dólares anuais corriam juros e correção — ele explicou e ela corou.
— Mas conforme foi ficando difícil, Carter nunca encontrava alguém que o aturasse...
Encarei meu noivo, prendendo a risada.
— Isso foi ofensivo — Carter resmungou. — Você me atura, né?
— É claro que sim, amor — falei, e ele beijou meus lábios.
— Focando novamente, acabamos mudando. Eu torcia para ele não casar, se você
chegasse aos quarenta solteiro, todo o dinheiro que juntamos esse tempo todo da aposta, seria
meu. Agora, caso não, o dinheiro seria da Victoria e ela poderia fazer o que desejasse com eles
— Jackson explicou, parecendo entediado. — Aí você teve a audácia de anunciar um noivado e
me fez perder milhares de dólares, Carter — Jack disse, olhando de modo mortal para o amigo.
Carter apenas encolheu os ombros.
— Ganhei brincos lindos — Victoria falou, animada, balançando os brincos no ar.
Rimos, um pouco desacreditado desses dois.
A festa de Natal da família Carson estava animada, e conforme as horas passavam, mais
cansado eu ficava. A minha família havia passado por aqui, mas logo foi embora, e dessa vez eu
reduzi minha família a apenas mamãe e meu irmão mais novo e recém-divorciado.
Foi um bom momento. Depois de tantos anos com o caos dos Mikelson estragando os
Natais, eu finalmente estava em paz.
Tessa também estava assim, ela já havia perdido os saltos em algum lugar e agora
dançava com os primos na sala, se divertindo.
Eu observava tudo da porta de entrada que dividia o jardim de onde a ceia estava sendo
servida, da sala. Ela me olhou, movendo os quadris e caminhando em minha direção.
— Vem, dança comigo — pediu, colando o corpo no meu. Eu não sabia dançar, então
meus passos eram limitados, mas o corpo dela contra o meu me fez ficar atento a cada segundo
ao seu lado, sentindo seus quadris se movendo contra mim no ritmo da canção, os cabelos que
haviam soltado do penteados caindo com uma cascata em seu ombro.
— Você não tem jeito — ela sussurrou, se segurando contra mim, com as costas coladas
em mim.
Sorri, sabendo que ela se referia ao meu corpo.
— Ei, Tessa, vem. — A voz de Tyler nos fez virar, com minha mão em torno da cintura
dela, vi seu irmão estendendo o violão. — Hora da tradição. — ele disse, animado.
Tessa riu, e correu até ele, tirando o violão das mãos de Tyler, e se sentando no sofá.
— Qual a primeira música? — ela indagou, dedilhando no violão. Eles tinham uma
tradição. Era a coisa mais linda de ver a família de Carson reunida.
— All I Want For Christmas Is You — Tyler foi mais rápido em gritar, me sentei no
chão, vendo-a sorrir, como se soubesse que ele pediria essa música.
Mariah Carey era um clássico do Natal. Era como descongelar sua cantora preferida para
uma época específica do ano.
As batidas da música conhecida me deixaram confortável, vendo-a me olhando, quando a
letra se iniciou.
— I don't want a lot for Christmas, there is just one thing I need — cantou suavemente,
observei seus olhos verdes que não abandonavam os meus, sabendo que meu coração acelerado
era culpa de Tessa Carson, minha noiva incrível.
Ela sorriu, abaixando a cabeça ao entrar em outro verso.
E fechou os olhos, embalando o corpo no ritmo da música sem vacilar em nenhuma nota,
saindo com uma tremenda perfeição dos seus lábios vermelhos. Os primos e irmão a
acompanharam, batendo palmas, foi tão natural que me deixou hipnotizado.
A forma que tudo funcionava com pequenas tradições me fez ver que sim, Tessa tinha
razão.
Eu poderia ser o Mikelson que teria uma família amorosa com tradições, que teria
pessoas adivinhando o que faríamos na noite de Natal, pois era feito assim há muitos, e muitos
anos. E o melhor de tudo, eu teria isso com Tessa.
— Está quase acabando — sussurrei em seu ouvido, abraçando seu corpo. A família já
havia ido dormir, o céu começava a despencar pequenos bloquinhos de neve ao nosso redor,
deixando o jardim chuviscado por causa da nevasca que se aproximava.
Tessa se aconchegou em meus braços, com um copo de chocolate quente que dividíamos
em mãos.
— Olha — ela disse, olhando para cima.
Sorri, ao ver do que se tratava.
— Um visgo — falei, constatando o óbvio.
Tessa riu.
E me encarou.
Nós sabíamos o que precisava ser feito.
Beijei seus lábios, afundando minha língua em sua boca, sentindo meu coração acelerar
ao saber que era o melhor Natal da minha vida.
Tessa soltou um gemido e quase derrubamos a xícara com chocolate quente, mas ela riu,
segurando com firmeza.
Peguei a xícara das suas mãos e a puxei pela mão até o sofá, me sentando e a guiando
para meu colo. Minha noiva se sentou em meu colo, e eu bebi um gole do chocolate quente,
colocando a xícara na mesinha de canto, beijando seus lábios em seguida.
Estávamos com pijamas ridículos e combinando, um suéter grosso por causa do frio, com
desenho de renas e calças de flanelas quadriculadas em vermelho.
— Feliz Natal, amor — sussurrei contra seus lábios.
Ela suspirou.
— Feliz Natal, Mikelson — disse, tocando meus cabelos, descendo por minha barba em
um carinho que me fez fechar os olhos.
— Eu estive pensando — falei em seu ouvido.
— Em quê?
— No tipo de família que quero ter com você — confessei, e ela suspirou, inclinando a
cabeça nas almofadas do sofá para me encarar.
— Me conte que tipo de família quer ter comigo — pediu.
— Uma bem grande. Com Natais cheios de pessoas. Tradições que só fazem sentido para
nós. Chocolate quente que só você ou eu saberíamos fazer aos nossos filhos. — Ela sorriu. —
Fim de noite de Natal com você em meus braços até que estejamos bem velhinhos. — Deslizei o
dedo por seu rosto. — Quero todos meus Natais com você, amor. Não quero pensar que um dia
teremos que nos separar.
— Nunca me separaria de você, Carter Mikelson.
— Nem quando eu sou caótico, ou você não me suportar mais?
Ela riu, e beijou minha mandíbula, com barba por fazer.
— Nunca, nem quando você é caótico. Eu nunca me cansaria de você, amor — disse, me
olhando de forma intensa, sabia que os olhos bonitos da minha menina me diziam tudo.
Segurei sua mandíbula, trazendo sua boca para junto à minha, colando meus lábios nos
seus, sentindo meu coração tão calmo como se soubesse que meu lugar era com ela.
— Te amo, Teresa.
Ela suspirou, e segurou meu rosto para perto.
— Te amo mais, Mikelson — afirmou, a beijei, querendo demonstrar que eu a amava
mais.
— Que nojo! — A voz de Tyler nos assustou no sofá, e nos viramos, vendo o irmão de
Tessa passar por nós com uma careta, em direção à cozinha. Ela riu, afundando o rosto em meu
peito, beijei sua testa, sabendo que não tinha forma melhor de fechar o ano.
Encontrei meu amor.
Foi como um desejo de Natal realizado.
“Eu não quero olhar para mais nada agora que te vi
(Eu não consigo mais desviar o olhar)
Eu não quero pensar em mais nada agora que pensei em você
(As coisas nunca mais serão as mesmas)
Eu tenho dormido há tanto tempo numa noite escura de vinte anos
(Agora, estou totalmente acordada)
E agora, vejo a luz do dia (luz do dia), vejo apenas a luz do dia (luz do dia)”
Daylight - Taylor Swift
— Olha os meus patins — Cassie disse, animada, mostrando os patins decorados com
pequenos strass. — O David disse que é feio, eu não acho, achei incrível.
Ela estava sorridente, andando sobre os patins enquanto eu e Carter permanecíamos
sentados no banco de frente da pista de patinação recém-inaugurada em meio a um parque de
Portland. Era inegável a inspiração em Nova Iorque, e isso era bom, pois eu adoraria ir patinar no
Central Park agora.
— Vocês não vêm? — Christine disse, tentando guiar o filho sobre os patins.
Encarei meu noivo, e sorrimos um para o outro.
O Natal estava sendo realmente bem legal.
Adele estava conversando com Victoria mais à frente, enquanto as crianças passavam
entre elas. E mais no fundo da pista, eu vi os irmãos Foster conversando com o meu irmão.
Éramos uma família de amigos bem grande.
— Adele não estava em Nova Iorque? — Carter perguntou, franzindo o cenho e estendeu
a mão.
— Sim, mas parece que as coisas entre ela e o pai não estão muito bem — falei, me
levantando para me segurar em sua mão. — Então ela chegou bem cedo, chorosa e querendo
colo. Quem sou eu para negar isso para aquela doidinha? — Apontei para ela, que sorria, mas
horas antes tinha os olhos inchados e o nariz vermelho de tanto chorar.
— Ela parece bem — Carter comentou quando começamos a patinar, passos inseguros
dele denunciavam sua falta de experiência. Sorri, indo para frente e soltando sua mão. — Teresa!
— ele exclamou, assustado.
Sorri.
— Você se joga em cima de caras com o triplo do meu peso, Carter, cair no gelo não vai
matá-lo, juro. É só manter o equilíbrio, assim. — Fiz, mostrando como ele podia se equilibrar
melhor sobre os patins azuis. Ele suspirou, e fez o que ensinei, vindo em minha direção,
segurando-se em mim novamente.
— Tessa quem está guiando Carter. — Escutei nossos amigos de fundo.
— Ele tem medo do gelo? — Alguém pareceu surpreso e Carter bufou.
— Claro que não, quero apenas abraçar minha noiva — disse, segurando minha cintura e
me puxando em sua direção, segurei a risada novamente, o encarando.
Ele tinha tirado a touca preta da cabeça e eu conseguia ver a neve salpicada nos fios
loiros, o rosto bonito estava avermelhado pelo frio que fazia aqui fora.
— O que foi? — perguntou, passando o dedo em meu nariz quando paramos, nos
encarando.
— Nada — respondi, e beijei a pontinha do seu nariz.
Carter deixou a risada anasalada sair.
— Vamos. — O puxei em direção aos nossos amigos, ele segurou meus dedos com mais
força, me seguindo. A calça jeans que escolhi não parecia grossa o suficiente para me cobrir do
frio, mas o casaco quentinho roxo com gola alta e fofinha me deixava mais segura.
— Olha, olha, papai. — Cassie passou por nós, patinando com maestria, se exibindo para
o pai.
— Você está arrasando, hein, pipoquinha!? — ele elogiou e ela riu.
— Eu posso fazer aulas de patinação? Eu adorei. — E deu um giro, me fazendo arregalar
os olhos quando por um segundo, achei que ela fosse cair, mas não. Cassie se sustentou em pé,
com uma postura impecável.
— Essa menina tem talento — o irmão de Jackson, Dean, comentou no fundo.
E ela exibiu um sorriso orgulhoso.
— Você não vai deixar ela fazer patinação em Nova Iorque, isso é perigoso — Christine
disse, apontando o dedo de forma ameaçadora para o pai da sua filha.
— Olhe para ela e diga isso então — Carter disse, segurando minha mão e me puxando
para longe delas. Sorri com sua repentina coragem sobre os patins.
— Eu não posso patinar, mamãe? — Cassie indagou, chorosa. — Por que não? O Uriel
joga hóquei, é perigoso também.
E eu vi Christine vacilar na firmeza em que falou com Carter, pois ela também não sabia
dizer não a filha mais velha.
Mas Cassie tinha um bom ponto a seu favor. Se a patinação era perigosa, o hóquei era
pior, pois era um monte de homens quase se matando por um disco.
Que fique claro que é a opinião de quem entende apenas que hóquei é um disco rolando
sobre o gelo.
Tessa estava animada com algo que as meninas falavam, sentada numa roda cheia de
amigas, ela parecia ter passado da fase de constrangimento inicial por todas serem mães, e
apenas ela não falar sobre bebês.
— Então você vai mesmo se casar — Tyler disse, sorrindo por trás da borda do copo. Eu
sabia que o irmão de Tessa não havia aceitado bem o fato de estarmos namorando, mas pensei
que isso já havia acabado.
— Pensei que tinha ficado claro — brinquei, bebendo minha cerveja.
— Ficou, mas ainda não entendi. Não por ser Tessa, mas por ser você. eu realmente não
sei o que ela viu em você — ele falou, revirando os olhos. Jackson riu da fala de Tyler.
— Eu juro que também me pergunto — comentei, afundando a bolacha doce no
marshmallow com chocolate. — Mas o amor é isso, né? Um dia você vai encontrar uma mulher
que vai amá-lo, e todos nós vamos nos olhar, e nos perguntar o que será que ela viu no Tyler?
Ele bufou.
— Eu fico rindo disso — Jackson disse, me fazendo me preparar para mais um caminho
de piadas sem graça sobre meu caráter. — Mas eu sei o que Tessa viu nele.
Tyler o olhou, confuso.
— Então você tem uma queda por Carter? — meu cunhado perguntou, sufoquei a risada
ao ver a expressão indignada de Jackson.
— Não, seu babaca. Você já viu a forma que ele olha para sua irmã? Desde a primeira
vez que os vi no jogo, eu sabia que tinha perdido a aposta — ele respondeu, e eu abaixei a
cabeça, me sentindo envergonhado.
— Você não tinha perdido nada, eles estavam fingindo tudo — Tyler falou, indignado.
Jackson franziu o cenho.
— Eu não estava fingindo — falei ao meu amigo. — Eu nunca conseguiria fingir gostar
de alguém, Tyler. Olhe para sua irmã. Para de ser um babaca e olhe para ela, me diga, se eu
tivesse chance de me apaixonar por ela, por que não faria isso?
Ele olhou Tessa junto com as meninas próximo à piscina, ela estava sentada sobre suas
pernas, e segurava um drink colorido com canudinho e um guarda-chuva. Parece alheia à nossa
inspeção.
— Não sou honrado, nem posso dizer que tenho muitas qualidades, vocês me conhecem.
Só que ela viu algo em mim, e eu vejo tudo que é de incrível nela — falei, e ele abaixou a
cabeça. — Sim, você pode chorar e achar horrível que eu esteja colocando minhas mãos na sua
irmã, mas ainda assim, ela vai me amar. E eu sou completamente louco por ela, então entre
perder um amigo a ela, eu prefiro perder o amigo.
Ele me encarou, pensativo, mas não tive tempo para falar nada, pois me levantei e
caminhei até minha noiva.
Estava cansado de Tyler.
Ele não saía da fase do jardim de infância onde eu não podia olhar para sua irmãzinha.
Porra, eu tinha um anel no meu dedo.
Eu a amava e acreditava que dava todas as demonstrações, então por que ele não podia
apenas sair dessa marra?
— Ei — sussurrei em seu ouvido, colocando a mão na cintura da minha noiva. Tessa
sorriu, me encarando por cima dos ombros. — Vem comigo? — Não precisei dizer mais nada,
ela apenas se levantou e me seguiu, ouvindo risinhos das meninas às nossas costas.
— O que houve? — Tessa perguntou, me encarando confusa.
— Nada — falei, segurando seu rosto, a encostando contra a parede da varanda.
Tessa riu, e eu a beijei.
— Queria apenas beijar minha futura esposa — sussurrei contra seus lábios, e ela ficou
na ponta dos pés, me beijando de volta.
“Senhoras e senhores, por favor, fiquem de pé?
Com cada cicatriz de corda de violão na minha mão
Eu aceito essa força magnética de homem para ser meu amado
Meu coração já foi emprestado e o seu já ficou triste
Tudo está bem quando termina bem se o final for com você
Juro ser excessivamente dramática e honesta com o meu amado
E você vai guardar todas as suas piadas mais sujas pra mim
E em todas as mesas, eu guardarei um lugar pra você, amado”
Lover - Taylor Swift
Eu vou me casar.
Pensei, olhando meu vestido de noiva pelo reflexo do espelho oval do quarto principal da
casa de Carter em Hamptons, o local luxuoso foi nosso destino inúmeras vezes no verão que
passou, pois eu simplesmente adorei o lugar.
Falava a ele que queria morar aqui constantemente.
Carter apenas sorria, e negava com a cabeça.
O local era fechado, com uma vista incrível para o mar e eu adorava sentar nas cadeiras
da varanda dos fundos, olhando as ondas quebrarem enquanto o vento vinha em meu rosto. Não
tem lugar melhor para criar nossos filhos, Carter.
Tudo nesse casamento foi escolhido a dedo.
Escondemos da imprensa o local e a data da cerimônia, eles só sabiam que estávamos
noivos, e muitos apostaram que não duraria, pois eu era jovem, logo cairia na real que não queria
me casar.
Que engano.
Eu nunca quis nada como queria ser esposa de Carter.
— Pronta? — Victoria perguntou, abrindo a porta do quarto e eu me virei. — Nossa,
você está tão linda... — ela sussurrou, se aproximando. — Seu cabelo ficou perfeito.
Tocou as ondas perfeitas do meu cabelo ruivo, senti quando seus dedos deslizaram pela
peça, admirada.
— Você, tantos segredos, eu criei tantas expectativas e todas foram supridas — ela disse,
se referindo ao vestido que só eu e Olivia Monroe sabíamos o modelo. — Que perfeito, Carter
vai enfartar no altar, senhora Mikelson.
Sorri, e vi quando Tyler apareceu na porta, nos procurando.
— Vocês sumiram — ele disse, arrumando a gravata, e finalmente parou, me olhando.
Meu irmão parecia congelado, me olhando de forma admirada, senti meu coração
acelerar.
— Como eu estou? — perguntei, dando uma voltinha. Meu irmão entrou no quarto.
— Papai amaria estar aqui — ele afirmou, segurei as lágrimas, tocando a pulseira de
berloques que ganhei quando ainda tinha dez anos, ele a alimentou com pequenos pingentes ao
longo dos anos. Eu não a usava há muito tempo, porque tinha medo de perder durante as viagens
e depois da morte dele, era doloroso.
— Eu sei — respondi firme, abraçando meu irmão. Não ia chorar essa noite.
Sabia que meu pai estava vendo a gente de onde estivesse.
— Vem, vamos casar você com o babaca do meu melhor amigo — Tyler disse, e
resmunguei.
— Por favor, não o chame assim — pedi, e ele riu.
— Você chegou depois, eu já o chamava de babaca bem antes, então isso não vai mudar
— ele pontuou, me fazendo suspirar. A casa estava organizada em blocos, para área das
madrinhas, dos padrinhos, noiva e noivo. Sem falar na área onde David e Cassie se preparavam
para a cerimônia.
Seria um dia incrível.
— Você vai ser feliz — ele disse, tocando minha mão enquanto descíamos as escadas.
Olhei-o, confusa.
— Tinha dúvida disso?
Tyler sorriu.
— Eu sou cético, e você sabe. Eu aceitei que você o amava, e estavam noivos. Mas passei
os próximos meses analisando tudo. Como ele agia com você, como eram.
Revirei os olhos. Isso era típico de Tyler.
— Encontrou alguma falha? — zombei no último degrau da escada.
Ele me olhou.
— Não. De forma bem inesperada, eu não encontrei nada que pudesse estragar tudo. Ele
te olha como se só você existisse no ambiente, ele fala de você em momentos aleatórios, em
conversas que não a cabe, e ele sequer percebe, Tessa — ele disse e deixei a risada escapar. —
Ele virou um idiota apaixonado perfeito. Não tenho dúvida que será um bom marido, e um bom
pai para os meus sobrinhos.
Arqueei a sobrancelha.
— De novo isso? — perguntei.
— Eu só estou testando o terreno — respondeu, e continuamos o caminho. Parei antes de
abrir as portas para sair em direção ao altar, montado na área aberta da casa, próximo à piscina.
Vi Carter ao lado da cerimonialista, esfregando as mãos de modo agitado, e sorri.
— Vamos? — Tyler tornou a chamar.
Assenti, sorrindo.
Não queria lágrimas, eu estava feliz, não tinha por que chorar.
Entrei assim que as portas se abriram, e vi os convidados se levantando para me ver
passar. Meu rosto denunciou que iria começar a corar, tentei contornar isso, acalmando as
batidas agitadas do meu coração.
Até que eu o vi.
Meu futuro marido.
Carter Mikelson de terno parecia uma visão privilegiada, como se fosse uma mansão com
vista para o mar.
Péssima comparação, Teresa.
Cadê a compositora que há em você?
Eu sinceramente não consigo pensar em coisas bonitas para dizer, então apenas caminho
em direção ao meu futuro, vendo os olhos azuis de Carter me acompanhando, com tanta
admiração que me deixava boba.
Sorri, e ele correspondeu, e vi quando a primeira lágrima caiu dos seus olhos.
— Você disse que não ia chorar — cobrei dele, parando na sua frente.
Ele cobriu os lábios, me olhando de cima a baixo.
— Você está tão linda que eu só quero chorar, amor — ele disse, ri emocionada me
aproximando para beijar seus lábios suavemente.
Ele encostou a testa na minha.
— Não vai ter votos ao vivo mesmo? — perguntou, e neguei.
Não saberia o que falar no meio de tantas pessoas. Então fiz o que sabia fazer de melhor.
— Te amo, Teresa — ele declarou, me olhando, antecipando tudo e deixando a
cerimonialista esperando.
— Te amo mais, Mikelson — falei, o olhando. Tinha certeza de que meus olhos eram
admiração.
A verdade era essa, era completamente boba quando se tratava do homem que tinha meu
coração há anos. Não havia dúvida de que eu me casaria com ele em qualquer lugar, a qualquer
hora.
Seguindo em frente, prometemos o para sempre em meio aos nossos convidados
selecionados, com a equipe que contratamos captando todo o momento. Não queríamos a
imprensa, nem pessoas sabendo a data, então fizemos tudo para que fosse mais confortável para
nós.
— Ela é minha madrasta agora — ouvimos Cassie falar de fundo, animada enquanto
Carter colocava a aliança em meu dedo. Seguramos a risada. Ela estava com os cabelos presos
em um coque alto, com pequenos cachinhos caindo ao redor do rosto em um adorável vestido
branco perolado, enquanto David tinha um conjunto de smoking perfeito alinhado em seu corpo.
— Ela vai morar com vocês? Tipo minha mãe e meu papai? — indagou David, ao seu
lado.
— Sim, e eles vão ter bebês. Igual à tia Victoria — ela respondeu, e eu olhei em direção à
Victoria, vendo a minha amiga sem reação ao ouvir que a menina denunciou para todo mundo
que ela esperava um bebê.
— Cassie — Christine disse, colocando o indicador sobre os lábios, pedindo silêncio.
Porém, já era tarde demais. Todos entenderam muito bem.
Mais tarde, enquanto cumprimentávamos os convidados, vimos Cassie chorando no
canto, com um pequeno lencinho nas mãos e um David muito preocupado ao seu lado.
— Por que ela está chorando? — Carter perguntou, preocupado, olhando a filha.
— Ela disse que amou o casamento — David explicou. — E que não ia se casar. Porque
não tem um noivo. Ela precisa de um noivo para casar igual à tia Tessa.
Cassie chorou ainda mais e Carter jogou a cabeça para trás, cobrindo o rosto com
frustração. Christine segurava a risada ao lado do pai da sua filha, me aproximei de Cassie, me
abaixando à sua frente.
— Calma, querida — falei para ela, limpando seu rosto. — Calma, ok? Vai levar muito
tempo até que você tenha idade para se casar. Você vai encontrar diversas coisas para amar na
vida, e um dia, vai encontrar um noivo que a ame muito, e você se casará igual a uma princesa.
Ela me olhou, parecendo desconfiada.
— Posso me casar com você, Cassie — David disse, e ela o olhou, assustada. — Somos
amigos igual seu pai e a tia Tessa. Podemos casar. — Ele limpou a bochecha da menina, sorrindo
para ela. — Você é bonita, e minha melhor amiga. Não precisa chorar. Não gosto que você
chore.
O pequeno David sabia o que falar e no momento exato em que falar.
Eu não queria olhar para a reação de Carter, mas fiz mesmo assim, vendo-o com uma das
mãos na cintura e a outra cobrindo o rosto, como se a cena fosse demais. Mais atrás dele,
Jackson apenas exibia um sorriso do tamanho do mundo, satisfeito com as palavras do filho
enquanto Victoria também parecia horrorizada.
— Ele não é mais meu bebezinho — sussurrou com um biquininho, olhando para o
marido, que desfez o sorriso orgulhoso rapidamente, se compadecendo da esposa.
MINHA ESCOLHA
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Sinopse: LIVRO 3 - SÉRIE DESTINO INESPERADO
(Série onde cada livro conta a história de um casal, pode ser lido separadamente)
Mariana Amorim é filha de um ex-político influente na região do Sul do Brasil, saiu da cidade
natal depois de ter que assumir uma gravidez inesperada sozinha e recomeçou em outro lugar,
com o objetivo de dar o melhor para a criança que crescia em seu ventre.
Cinco anos depois, Mariana se salvou e seu filho é seu maior presente. Só que ficar
desempregada a faz aceitar um emprego fora de Porto Alegre para não deixar que nada falte a
Guilherme.
Só não imaginava reencontrá-lo.
Miguel Fontana é um CEO herdeiro de uma família importante na região Sul do país, assumiu o
lugar de diretor executivo dos hospitais da família logo após retornar dos Estados Unidos, pois
saiu do país depois de um coração partido e está no Brasil há cinco anos, vivendo como melhor
lhe convém, ou seja, festas, bebidas e mulheres. Um ultimato das irmãs o faz voltar para casa.
Ele só não esperava reencontrar a única mulher que já o rejeitou.
Mariana parecia imune a ele. Mas ela só estava tentando proteger seu coração.
Ele queria uma chance, mas para isso, precisa aceitar que o amor não machuca.
UM NATAL NO VALE FONTANA
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Sinopse: VALE FONTANA, I
Recomendado para maiores de dezoito anos.
ROMANCE COM FAZENDEIRO RENDIDO PELA FILHA DO SEU INIMIGO
Diana Louzada é a herdeira da qual o poderoso Felipo Fontana não esperava se apaixonar.
Ambos são nascidos em berço de ouro e com o caminho entrelaçados pelas escolhas das suas
famílias, irão se encontrar anos depois, mais velhos e instantaneamente atraídos um pelo outro.
Felipo odeia a família de Diana e tudo que eles representam, enquanto ela não faz a menor ideia
de quem ele é.
Estava tudo de acordo com os planos dele quando ela se apaixonou e ele se entregou. Uma
gravidez inesperada, uma briga que gerou um caos na vida da jovem estudante de medicina
veterinária. Ela precisava recomeçar, mas quanto mais foge do seu passado, mais próxima dele se
encontra.
Uma viagem que causou o reencontro e agora Felipo precisa do perdão da mulher que ama para
poder ter um futuro ao lado do seu bebê.
O CASAMENTO DO CEO
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Sinopse: DO AMOR AO ÓDIO:
Um CEO Ambicioso, Uma Mulher Obstinada & Um Casamento Arranjado
Javier Garcia sabe bem o que deseja. Sempre soube: continuamente almejou o topo do
mundo em que foi criado, e nada o impediria de subir até lá. Nem mesmo um casamento
arranjado, o tipo de coisa que ele abomina.
Valentina Ferraz é filha única de um dos sócios da Garcia & Ferraz — empreendimento
por meio do qual a família de Javier conquistou sua fortuna — e se vê perdida ao ser jogada nos
braços de um homem que repudia. Javier representa tudo que ela não quer em um marido. E,
para início de conversa, ela nem ao menos desejava se casar, mas, ainda assim, será obrigada a
estar ao seu lado.
Uma mulher empoderada busca provar seu valor em meio a uma sociedade marcada por
tradições ultrapassadas.
Um homem obstinado procura não ceder à tentação, mesmo que ela venha embrulhada da
maneira dos seus sonhos.
É formada em Pedagogia pela Universidade Federal do Pará, estudante de psicologia
nascida no sudeste do Pará, se apaixonou por livros ainda na adolescência por meio das fantasias
de Rick Riordan e Cassandra Clare, mas acabou encontrando seu refúgio em romances
dramáticos. Começou a escrever por meio de fanfics vondy e da banda RBD e quando viu já
estava desejando criar seu próprio livro. Com mais de vinte títulos lançados, adora boas histórias
que juntam: drama, comédia e suspense.
Outros títulos:
GRUPO NO FACEBOOK
GRUPO DE WHATSAPP
TIKTOK
PÁGINA DA AMAZON
[1]
Referência a música Mastermind.
[2]
Tradução alterada para se encaixar melhor a história. Todos os direitos reservados à cantora.
[3]
Personagem principal do livro Apenas me ame e Sempre te amarei, da mesma autora.
[4]
Personagem principal do livro Sempre ao seu lado, da mesma autora.