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LANA SILVA

Copyright 2023©

1° edição – junho 2023

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS A LANA SILVA

Capa: Snake Designer

Revisão: Raquel Moreno


Sumário
Dedicatória

Sinopse

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16
Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23

Capítulo 24

Capítulo 25

Capítulo 26

Capítulo 27

Capítulo 28

Capítulo 29

Capítulo 30

Epílogo

Bônus

Agradecimentos

Estrelas do Alabama

Em agosto
Redes Sociais
Esse livro é para todas as garotas que gostam de sofrer até o

último minuto e para as que não gostam, sinto muito, Tessa e Dylan são
apocalípticos.
Para Wanessa pelo apoio e por sempre estar movimentando o

grupo no WhatsApp. Obrigada, são pessoas como você que me permitem

colocar personagens como Dylan no mundo.


Dylan Spencer é o capitão do time de basquete, virgem e o mais
centrado e desejado do famoso quarteto Estrelas do Alabama. Ele é o que
todas as garotas querem, atraente, brilhante e atencioso, menos a garota

que ele está apaixonado. Para Kim, a líder das Cheerleaders, ele é apenas
um amigo, porém Dylan está disposto a fazer qualquer coisa para mudar

essa situação, inclusive aceitar a ajuda da irmã mais nova do seu melhor

amigo.

Tessa Dawson é caloura da Universidade do Alabama, irmã

caçula do famoso jogador de beisebol e nova moradora da casa ocupada


por três dos quatro jogadores mais famosos da Universidade. Tessa é a

garota extrovertida, animada e que ama um desafio, propor para o melhor


amigo do irmão ajudá-lo a conquistar uma garota é a ideia perfeita, afinal

o que pode dar errado?

Dylan e Tessa estão prestes a descobrir que tudo pode dar errado,

principalmente quando a aproximação entre os dois gera corações

acelerados e uma paixão real e verdadeira.


Tessa

Saio do lobby do aeroporto e sou atingida pelo ar de Tuscaloosa,

encaro ao redor, os prédios, a rua que no momento é movimentada pelos


táxis e carros de aplicativos que vêm buscar os passageiros e as pessoas

que caminham de um lado para o outro carregando suas malas.

Sorrio e respiro fundo. Estou aliviada e empolgada. Finalmente,

estou fazendo o que eu quero, tomando as rédeas da minha vida, sem a


pressão dos meus pais, agindo por mim mesma, tomando minhas próprias

decisões e fazendo as minhas escolhas. Só de ter deixado Birmingham é


como se um fardo imenso tivesse deixado as minhas costas. É como se de

repente fosse outra pessoa, melhor, como se eu pudesse ser outra pessoa.

Olho para baixo e encaro o meu celular que tenho em mãos,

nenhuma resposta de Josh. Faço uma careta, será que ele se esqueceu de

mim? Como não sei em que momento meu irmão irá me responder, já
que faz mais de quatro horas desde que enviei a primeira mensagem,

desisto de esperar por ele e faço um sinal para um dos taxistas. Ele sorri e

se aproxima de mim, o senhor me ajuda a colocar minhas malas no porta-

malas e ocupo o banco traseiro.

Digo para o motorista o endereço, troco algumas palavras com o

senhor de cabelo branco simpático e volto a olhar para o meu celular,

Josh esqueceu de mim? Eu leio nossas últimas mensagens e nós não


mencionamos a data da minha viagem, ele apenas ficou de me buscar no

aeroporto, talvez ele tenha confundido os dias.

Deixo o celular de lado, olho pela janela e encaro a cidade que

agora é a minha cidade, estou diante de uma nova vida e isso é excitante.

Pode até existir um pouquinho de medo em meu coração, mas é

insignificante perto do meu anseio por viver tudo que pretendo viver.

— Então, você está se mudando para a cidade?

Desvio os olhos da rua e encaro o motorista a minha frente.


— Sim, minhas malas me denunciaram?

Ele sorri.

— Quatro malas, é um pouco demais para alguém que só está de

passagem.

— Realmente.

Vamos conversando até o meu destino. Descubro que seu nome é

Raul, ele é aposentado e está trabalhando, porque não gosta de ficar em

casa, ele é casado há vinte anos e tem dois filhos, um enfermeiro e um

bombeiro.

No final da corrida, ele me ajuda a descer as malas, eu o pago,

Raul me entrega um cartão de visita com seus contatos e nos despedimos.

Assim que o carro se afasta, paro e encaro a casa a minha frente.

É deslumbrante, não tão grande quanto a casa dos meus pais, mas

grande para padrões universitários. É nítido o quanto os moradores são

filhinhos de papais.

Viro-me para as minhas malas e suspiro, por que eu trouxe tanta

coisa mesmo? Claro, porque é aqui que ficarei os meus próximos quatro

anos e se tiver sorte daqui sigo para outro lugar, um lugar bem longe dos
meus pais. Quem sabe Oceania? Adoro o clima da Austrália.
Como não conseguirei arrastar as quatro malas de uma única vez,

pego duas e caminho na direção da porta da entrada. Não bato, nem

aperto a campainha, porque a porta está apenas encostada, então a

empurro com meu ombro e entro no interior da casa que meu irmão
divide com seus amigos.

Agora minha casa também.

O lugar está silencioso, deixo minhas malas e busco as outras

duas, elas estão muito pesadas e preciso de um pouco mais de esforço


para movê-las, minha sorte é que consigo usar as rodinhas. Abandono

minhas malas no hall de entrada, porque posso buscá-las depois e sigo na


direção do que julgo ser a sala.

Josh mora aqui há quase três anos e nunca o visitei, só conheço a


casa por fotos. Não há muita decoração, é algo mais clean e sem
personalidade. Uma casa bem masculina.

Ao pisar na sala deparo-me com um dos caras sentados no sofá


assistindo algo na televisão. Não demoro a reconhecê-lo. Dylan, o

jogador de basquete.

Ele está com as pernas sobre um puff, tem os braços flexionados

atrás da cabeça e está sem camisa. Encaro seu peito nu e caraca, ele é
gostoso. Os braços dele são enormes, ele é um acontecimento. Poderia
ser uma escultura, a representação de um deus grego.

Ele não percebe minha presença, então ergo minha cabeça e fixo
meus olhos em seu rosto, ele parece concentrado em seu jogo.

— Hey. — Ele toma um susto, eu sorrio e ele se vira em minha

direção. — Desculpe.

Ele ainda meio perturbado fica em pé e dá um passo em minha

direção. Seu olhar percorre meu corpo. Acho que ele não estava
esperando pela minha chegada.

— Hey, Tessa. — Faz uma careta. — Josh disse que você


chegaria amanhã, não estávamos esperando por você hoje.

Justifica-se e dou de ombros.

— Tudo bem, meu irmão provavelmente confundiu os dias.

Eu vou até ele, beijo seu rosto e o abraço. Ele não estava
esperando pela minha aproximação e demora a reagir. Mordo meu lábio

para não rir. Dylan toca com cuidado minhas costas, apesar de ser um
curto contato sinto um certo conforto.

Dylan é o tipo de pessoa que te transmite uma energia boa.


Simpático, atencioso e lindo. E cheiroso, seu perfume é forte e marcante.
— Olá, novo companheiro de casa. — Afasto-me dele e dou um
leve soco em seu ombro. — Você pode me ajudar a levar as minhas

malas para cima?

Viro-me de costas e olho na direção do hall de entrada.

— Claro.

Caminho até onde minhas malas estão e Dylan me segue. Sinto-o

atrás de mim, encarando-me e um arrepio percorre meu corpo. Não é


medo, não é algo ruim, é como se fosse uma contestação do meu corpo
que ele está por perto e que gostaria que ele se aproximasse ainda mais.

Ignoro a sensação que ele me causa e a aponto para as malas que


eu quero que ele carregue. Dylan pega as malas e faz uma careta.

— Meu Deus, você está carregando o que nessas malas, Tessa?


Tijolos? Barras de ouros.

Sorrio.

— Minhas roupas. — Encaro-o debochada. — Use esses seus

braços para algo querido, tenho certeza de que esse peso não é nada perto
do que você levanta na academia.

Ele faz uma careta.

— Eu tenho minhas dúvidas.

Reviro meus olhos.


— Não seja um bebê chorão.

Dylan suspira e caminha para longe com as malas, eu pego as


restantes, as mais leves e o sigo. Nós subimos as escadas e Dylan parece
estar fazendo muita força, já que ele não pode simplesmente as puxar.

— Onde estão todos?

— Seu irmão está no treino e Ethan está em algum lugar com a

namorada. — Finalmente, larga as malas no chão assim que estamos no

corredor e suspira aliviado. — Não precisarei ir uma semana na academia


depois de todo esse esforço.

Puxa as malas e faz com que as rodinhas deslizem pelo chão.

— Bebê chorão.

Debocho dele e Dylan apenas ri. Ele nos guia até o quarto que irei

ocupar, abre a porta e fica de lado para que possa passar.

— Bem-vinda ao seu quarto.

Entro no espaço e olho ao redor, há uma cama, um móvel ao lado


da cabeceira, uma cômoda, uma mesa de estudos com uma cadeira e

existe uma porta à esquerda do quarto. Ele tem um bom tamanho, embora

seja menor que o que eu ocupava na casa dos meus pais.

— Para sua sorte existe um closet e um banheiro. — Aponta para


a porta. — Acho que irá atender as necessidades da filha do governador.
Ele não está desdenhando de mim, está apenas sendo debochado.

Tenho impressão de que todos os amigos do meu irmão serão assim,


debochados e sarcásticos, eles combinam com Josh.

— Eu sei que todos os quartos dessa casa têm closet e banheiro.

— Viro-me para ele com as sobrancelhas erguidas. — Só o melhor para

as Estrelas do Alabama.

Ele ri diante do meu comentário e continuo o encarando com

deboche.

— Você percebe o quanto esse apelido é ridículo?

Ele faz uma careta, aproxima-se e deixa as malas no meio do


quarto.

— É um ótimo apelido, combina perfeitamente comigo.

Olho em seus olhos e Dylan me encara com uma certa confiança.

— Boatos que você é o mais modesto.

Ele dá de ombros.

— Eu sou e sou o mais legal.

Pisca em minha direção e nós dois rimos. Dylan olha ao redor do


quarto e o sorriso some do seu rosto. Ele fica mais bonito quando está

rindo, ainda mais bonito.


— Aiden levou tudo que era dele e decidimos deixar sem
decoração para que você pudesse escolher o que mais combina com você.

Assinto agradecida mesmo que ele não esteja olhando em minha

direção.

— Obrigada.

Dylan se vira para mim e sorri.

— De nada. — Ele faz um gesto com a mão na direção da porta.

— Vou deixar você descansar.

Assinto.

— Mais uma vez, seja bem-vinda e se sinta em casa.

Ele pisca para mim outra vez e uma onda de excitação percorre

meu corpo, se eu corasse fácil, estaria corada nesse momento. Dylan é


gostoso, sexy, disponível e atraente, muito atraente, você precisa odiar

muito homens para não se sentir atraída por esse homem.

Pena que ele é amigo de Josh e agora moramos na mesma casa.

Empurro meus pensamentos para longe e tento olhar para Dylan


como olho para meu irmão, ou como encaro Ethan e Aiden, como seres

indisponíveis.

— Obrigada, Dylan.
Ele assente, acena para mim e deixa o quarto. Assim que ele

fecha a porta caminho pelo cômodo. Agora esse é o meu quarto. Meu
refúgio e o meu lugar pelos próximos anos.

Não há uma sacada, mas a janela é imensa, então abro a cortina e

encaro o imenso campo que existe do lado de fora. Faz algumas horas

que estou longe dos meus pais e a pressão em meu peito é menor.

Eu me sinto livre.

Jogo-me na cama e encaro o teto. Suspiro, um suspiro de alívio e

solto um gritinho animado. Comemoro como uma criança, porque

realmente é uma vitória gigante estar finalmente vivendo minha própria


vida.

Eu estou em êxtase e nem um pouco cansada e é por isso que

depois de alguns minutos, levanto-me e prendo os fios do meu cabelo em


um coque, tiro meus tênis, fico só de meia e começo a ajeitar minhas

coisas no lugar.

Vou até o closet e o banheiro, não são enormes, mas são o

suficiente para suprir minhas necessidades.

Com minha playlist tocando em meu celular, começo a organizar

as minhas coisas, eu canto e danço e é isso que estou fazendo quando

alguém bate na porta.


— Entre.

Paro e estou um pouco ofegante. Josh entra no quarto e corro em

sua direção. Abraço meu irmão e ele me aperta contra si.

Não faz muito tempo que não nos vemos, porém é como se
estivéssemos há uma eternidade longe um do outro, porque nós somos

um time, a família um do outro.

— Eu senti sua falta, fofinha.

Dou um leve tapa em suas costas, Josh ri, beija o topo da minha
cabeça e se desvencilha de mim.

— Não maltrate seu herói.

Reviro meus olhos.

— Heróis não saem por aí dizendo que são heróis, sabia?

— Então, qual é a graça de ser um herói?

Dou de ombros e o encaro com deboche.

— Salvar vidas e fazer as pessoas felizes.

Ele faz uma careta, passa seu braço pelo meu ombro e nos
encaramos.

— Muito sem graça, é por isso que sou herói de apenas duas

garotas.
Ergo minhas sobrancelhas.

— Duas garotas?

— Você e Dakota.

Claro que ele está mencionando a namorada.

— Quem diria que iria ver o meu irmão apaixonado?

Ele nem nega, porque é completamente rendido por ela.

— Milagres são possíveis e sabe qual é o próximo milagre? —


Encaro-o sem entender o que ele está querendo dizer. — Você não se

meter em encrencas.

— Prometo tentar. — Josh me encara com uma expressão de

quem não acredita no que estou dizendo. — Hey, irei tentar, mas
conseguir é uma outra coisa.

Nós dois rimos e Josh balança a cabeça de um lado para o outro.

— Não entre em encrencas, Tessa.

Diz por fim e sem nenhum sorriso em seu rosto.

— Ok, maninho, ok.

E tenho certeza de que conseguirei, minha fama não condiz com

quem eu sou.
Dylan

Deixo Tessa em seu novo quarto e desço para o primeiro andar,

volto para o sofá e me jogo contra o estofado. O jogo que estava


assistindo está terminando e o time para o qual estou torcendo está

perdendo.

— Caralho.

Sigo assistindo e um barulho diferente começa a entoar pela casa

depois de alguns minutos, coloco a televisão no mudo e me dou conta de


que é Tessa. Ela está cantando. Sorrio diante da sua animação.
Continuo com a televisão sem som, porque continuo a ouvindo.

Ela é desafinada, mas canta com tanta empolgação. É um pop que não faz

parte da minha playlist, mas me vejo desejando conhecer as músicas para


que pudesse a acompanhar.

Não conheço muito Tessa, apenas a encontrei uma vez no ano


passado, um pouco antes do Natal quando a mãe do Josh morreu e fomos

com ele até a sua cidade. E mesmo sem conhecê-la sei que ela tem um

estilo próprio, uma vibe alegre e ao mesmo tempo grita encrenca.

Ela parece ser alguém incrível.

Volto a escutar meu jogo e tento me concentrar nas jogadas que

estão sendo realizadas, o que é difícil, porque Tessa segue cantando e

chamando minha atenção.

Ainda estou no sofá quando escuto o som da porta sendo aberta,

olho para o lado e é Josh.

— Hey, Dylan.

— Hey, Josh.

Ele dá um passo em frente.

— Sua irmã chegou.

Aviso antes que ele se aproxime ainda mais e ocupe um dos

lugares do sofá.
— Como assim chegou?

Josh me encara sem entender e dou de ombros.

— Acho que você trocou os dias que ela iria chegar.

Mal a última palavra deixa minha boca e Josh está correndo na

direção da escala. Ele é louco pela irmã. Volto a olhar para a televisão e

assisto frustrado o final do jogo. Perdemos.

Desligo a televisão com raiva e subo para meu quarto, eu tomo

um banho, visto uma calça de moletom, pego meu celular e me sento na

cama com as costas apoiadas na cabeceira, assim que o visor da tela

acende me dou conta de que foi uma péssima ideia pegar o aparelho. Há
mensagem dos idiotas que chamo de amigos me lembrando que hoje é o

meu dia de cozinhar.

“Ethan: Não esqueça, Dylan, que é você o responsável pelo jantar.”

Droga, eu tinha esquecido! E preferiria não ter sido lembrado.

“Não esqueci, eu estou descendo.”

Minto, porque claramente, não irei admitir que esqueci.

“Aiden: É óbvio que ele esqueceu.”

“Cale a boca, Aiden, você nem mora mais aqui.”

“Aiden: Cala a boca que até que o quarto seja ocupado pela nova

moradora ele ainda é meu.”


“Ele foi ocupado.”

Respondo enquanto fico em pé, calço meu chinelo, pego um

suéter, jogo o sobre meu ombro e caminho para fora do meu quarto.

“Aiden: Tessa não iria chegar somente amanhã?”

“Ethan: Ela está aqui.”

Como Ethan o respondeu presumo que ele está aqui e

provavelmente Abby.

“Aiden: Talvez, Brooke e eu devêssemos ir até aí, dar boas-vindas para a

nova moradora da Star House.”

“Star House?”

Digito enquanto desço a escada.

“Aiden: Sim, acabei de inventar, gostou?”

“É ridículo.”

“Josh: Muito bom, está aprovado.”

“Ethan: Eu gostei...STAR HOUSE...forte e marcante.”

Forte e marcante? Estou rindo ao entrar na cozinha e não me


surpreendo ao me deparar com Josh, Tessa, Ethan e Abby, é claro pelas

mensagens que estavam todos juntos.

— Star House é ridículo.


Abby que está sentada ao lado de Ethan e de frente para Tessa e
Josh assente concordando comigo.

— Ridículo? É horrível e brega.

Abby complementa e Ethan encara a namorada indignado.

— Você não pode estar falando sério, bonitinha.

— Eu estou.

Eu paro na ponta da ilha e me curvo para frente até estar com os


braços apoiados sobre o balcão ficando entre os quatro.

— Tenho certeza de que nossos seguidores iriam amar.

Josh fala com convicção, Ethan assente concordando com ele e

balanço minha cabeça negando.

— É lógico que não, principalmente quando descobrissem que o

preferido deles acha ridículo.

Josh revira seus olhos.

— Ridículo é você ser o preferido, aliás, aquela enquete está

ultrapassada, o semestre está iniciando e devemos fazer uma nova


votação.

— Concordo com Josh.

Ethan se manifesta e sorrio debochado.


— Eu irei ganhar outra vez.

Eu sou o preferido, porque Aiden, Ethan e Josh tendem a ser

idiotas, ou era a tendência deles antes de começarem a namorar.

— Agora que sou um cara admirado pelo pedido de namoro em

frente às câmeras tenho chance real de ganhar.

Assim que Ethan fala a última palavra Abby acerta seu braço com

um tapa. Josh e eu rimos dele como dois adolescentes.

— Ethan, você não precisa ser o preferido de ninguém.

— Ok, bonitinha, não irei participar de enquete nenhuma.

Olha para a namorada sorrindo.

— Domado.

Provoco-o, Josh ri como se fosse diferente.

— Do que vocês estão falando?

Tessa pergunta sem entender e é Abby a respondê-la.

— O quarteto mais egocêntrico do Alabama tem um Instagram


onde eles utilizam para fazer enquetes idiotas, como qual deles é o
preferido.

A irmã de Josh pega o celular e me concentro em observá-la.


— O quarteto mais incrível do Alabama, você quis dizer,
bonitinha.

Ethan corrige a namorada, não sei qual é a reação de Abby,


porque continuo encarando Tessa. Ela está procurando nosso Instagram e

sei que ela encontrou quando sorri. Tessa quando sorri seu rosto se
ilumina e ela fica ainda mais linda.

— O pior de tudo é que vocês têm mais de vinte mil seguidores.

Ela desvia os olhos do celular e me encara. Sorrio e dou de


ombros.

— Nós somos incríveis. — Josh fala enquanto fica em pé, então

passa o braço pelos ombros da irmã e me encara com a testa franzida. —


Coloque uma camiseta, Dylan, respeite minha irmã.

— E minha namorada.

Ethan complementa e me viro para ele com as minhas

sobrancelhas erguidas.

— Isso nunca tinha sido um problema.

— Eu nunca tinha percebido que é um problema.

— Só é um problema se sua namorada olhar para mim.

Abby não olharia para mim, não com essa intenção, mas é muito
engraçado provocar meus amigos apaixonados.
— Cala boca, Dylan.

Sigo sorrindo e Abby está rindo da reação do namorado. Eu

coloco o suéter, porque está um pouco frio, apesar da central estar na


temperatura máxima.

— Aliás, vocês não podem mais andar por aí quase pelados,

minha irmã não precisa ficar presenciando esse tipo de coisa.

— Eu não me importo. — Tessa ergue suas mãos para cima e

depois de alguns segundos, percebe o que acabou de falar e olha para

Abby. — Não que eu queira seu homem para mim. Aiden e Ethan são
seres desprovidos de sexo, olho para eles e não consigo ter uma imagem

sexual deles.

Minha gargalhada ecoa pela cozinha e com certeza isso será algo

que usarei para zombar dos dois. Preciso respirar fundo várias vezes até
enfim conseguir parar de rir.

— Caralho, Tessa, essa doeu.

Ethan reclama e Tessa dá de ombros.

— Vocês são melhores amigos do meu irmão e fui obrigada a


prometer ao meu irmão que jamais ficaria com um dos seus amigos. —

Tessa dá de ombros e olha para Josh. — Essa foi minha maneira de

cumprir com a minha promessa.


Josh sorri satisfeito.

— Ótimo e você não está perdendo nada, Tessa, eles são uns

idiotas.

— Hey, não fale assim do meu namorado.

Abby defende o namorado e é nesse momento que Dakota entra

na cozinha.

— Boa noite, pessoal.

Ela acena, nós a cumprimentamos e ela caminha na direção do


namorado. Josh a encara como se não a encontrasse por dias, eu aposto

que faz horas que eles se encontraram.

— Quando foi que vocês se transformaram em chaveirinhos de

garotas?

Tanto Josh quanto Ethan me encaram como se eu fosse um

monstro. Provocá-los nunca perde a graça.

— Eu mal posso esperar para ver Dylan apaixonado.

Dakota pisca em minha direção, os caras riem e eu engulo em


seco. Não esperava por esse comentário da namorada de Josh. Eles ainda

não sabem e tento agir como se a sua fala não tivesse me atingido.

— Ele com certeza será mil vezes mais apaixonado que nós três.

Josh afirma com convicção.


— Ele já age como um apaixonado, imagina quando de fato

estiver apaixonado?

Ethan me encara com sua expressão de deboche e sigo tentando o


meu melhor para fingir que não estou sendo afetado por essa conversa.

Na verdade, meu interior está paralisado e quase entrando em pânico. Se

eles descobrissem a verdade essa casa se transformaria em um caos.

— Como é agir como apaixonado?

Para meu alívio minha voz soa normal, Ethan dá de ombros e me

responde.

— Você se mantém longe das mulheres, você é gentil com elas,


você até tem amigas...

— Você é gay, Dylan?

Tessa interrompe Ethan e me viro para ela com as sobrancelhas


erguidas.

— O quê? — Balanço minha cabeça negando. — Não, eu só não

saio por aí enfiando meu pau em qualquer lugar.

Ela assente e ergue as mãos para cima.

— Não julgaria se você fosse.

Encaro-a como se pudesse fazê-la entender tudo que acontece em

meu interior.
— Sinto muito interromper o debate de vocês, mas estou com
fome e uma grávida está prestes a chegar, então, Dylan, pare de enrolar e

comece a preparar nossa comida.

Agradeço a interferência de Abby e rapidamente começo a me

mover pela cozinha e a pegar o que irei precisar. Vejo nosso cardápio da
semana e inicio o preparo da nossa janta. Eu fico em silêncio enquanto

escuto meus amigos e as garotas conversarem sobre o início do semestre

na próxima semana.

Aiden e Brooke não demoram a chegar, eles nem bateram na

porta, simplesmente entraram como se a casa fosse deles. A cozinha está

cheia e somos oito, mas pelo barulho e conversas paralelas parece que
somos bem mais.

Assim que tudo está encaminhado, eu paro outra vez na ponta da

ilha e encaro Tessa.

— Quando Tessa irá entrar em nossa escala?

As conversas cessam diante da minha pergunta e todos olham


para Tessa. Nossa escala é algo muito sério, dita como iremos comer.

— Escala?

— Sim, nós temos uma escala de limpeza e de cozinha, ou seja,


de quem irá cozinhar, além de que seguimos uma dieta.
Explico e ela morde seu lábio inferior.

— Eu não sei cozinhar.

Encaro-a com deboche.

— Está na hora de aprender, patricinha.

Uso o patricinha para provocá-la e Tessa estreita seus olhos em

minha direção, mas está sorrindo, ela não se importa pela forma como a

chamei.

— Ou seu irmão irá cozinhar no seu lugar.

Ethan sugere e Josh balança a cabeça negando.

— Ela irá aprender.

— Eu achei que vocês seriam mais cavalheiros.

Faz um biquinho com os lábios.

— Esses aí são uns ogros.

Brooke nos difama e a acusamos de nos difamar. É nessa energia

caótica que jantamos e continuamos na cozinha bebendo ao fim da noite.

Em certo momento, apoio meu corpo contra o balcão da pia e

pego meu celular, há uma mensagem de Kim e sorrio ao ler o que ela me

enviou, respondo-a imediatamente e só volto a colocar o aparelho em


meu bolso quando sinto alguém se aproximando. Olho para o lado e me

deparo com Tessa.


— Espero que a garota que esteja te fazendo sorrir assim seja
muito legal.

Sorrio e não a respondo. Não definiria Kim como alguém legal.

— Porque mereço alguém legal?

Balança a cabeça de um lado para o outro e seus olhos brilham


divertidos.

— Não, porque ela irá ser massacrada pelo seu grupo de amigos

se for alguém sem senso de humor.

— Isso você tem razão.

Faço um gesto com a cerveja que tenho em mãos em sua direção

e Tessa continua se aproximando, apoia-se ao meu lado e seu braço quase

toca o meu. Sinto o calor do seu corpo e uma sensação estranha, quase
um formigamento onde nós estamos quase nos tocando.

Nós dois ficamos alguns segundos em silêncio observando os


casais a nossa frente. Eu sinto um pouco de inveja dos meus amigos.

— Então, você é o único solteiro.

— Sim.

Minha resposta sai mais baixo que gostaria.

— Está triste que perdeu seus parceiros de farra? — Demoro a


respondê-la e Tessa empurra meu ombro com o seu. — Não se preocupe
posso se tornar a sua parceira.

Olho para ela que está sorrindo, então ergue sua cerveja em
minha direção para que possamos brindar e formar uma aliança. Não
explico que não preciso de um parceiro de farra, simplesmente levo

minha cerveja até a sua e batemos as garrafas uma na outra.

— Parceiros?

Pergunta e sorrio.

— Parceiros.
Tessa

Acordo animada, porque é sexta-feira e Josh me prometeu me


levar para alguma festa. Minha primeira festa Universitária.

Não tenho idade para estar em festas, mas estou as frequentando


desde os quinze anos, pular janela é uma das minhas habilidades. Eu me

levanto, coloco minhas pantufas de únicornio e vou para o banheiro, após


deixar o cômodo desço para a cozinha.

É muito cedo e não há ninguém acordado, olho ao redor e mordo

meu lábio inferior. Quão difícil é preparar algo para comer e um café?
Faz três dias que estou na cidade e ainda não comecei minhas aulas de

culinária com meu irmão.

Nos outros dias, acordei depois de Josh e ele sempre fez o café.

Eu posso o esperar, porém não posso fazer isso para sempre, preciso

aprender. Não pode ser tão difícil usar uma cafeteira. Vou até a máquina
e a encaro como se ela fosse um monstro.

— Hey, querida, podemos ser amigas, não é?

Soo patética e uma mimada. Nunca precisei preparar algo para


comer, porque sempre teve muitos funcionários em minha casa e agora

vejo que foi um erro, deveria ter aprendido a cozinhar, pelo menos o

básico.

Faço uma careta e olho ao redor da cafeteira, eu tento descobrir

como funciona e até procuro o manual de instrução no Google.

Realmente, não é difícil e depois de alguns longos minutos, consigo fazê-

la funcionar.

— Ótimo, Tessa, você é incrível.

Bato palmas animada e vou para meu próximo desafio, fazer

ovos. Esse deve ser mais fácil, apenas ligar o fogão, pegar uma frigideira

e quebrar os ovos.
Descubro que é mais difícil do que imaginei, ou eu sou um

desastre. Na hora de quebrar os ovos cai casca junto na frigideira, além

de cair gema no fogão. Eu fiz uma sujeira como se tivesse preparado algo

muito mais complexo. E por fim, ainda queimo os ovos.

— Ótimo, é isso que temos por hoje.

Coloco-os em um prato e vou servir o café em uma xícara,


aparentemente tudo parece ok, porém trago a xícara até minha boca, após

enchê-la de café, e a bebida está fraca.

Faço uma careta, mas sem alternativa, levo as coisas até a ilha e

me sento de frente para o meu prato e minha xícara. Encaro meus ovos

queimados e o café fraco, então começo a rir e minha gargalhada ecoa

pela cozinha.

— Bom dia, Tessa.

A voz de Dylan ecoa pela cozinha. Eu respiro fundo, paro de rir e

olho em sua direção. Ele está parado alguns passos depois da porta e me

encara com curiosidade.

— Bom dia, Dylan.

— Então, você finalmente decidiu enfrentar a cozinha?

Dylan olha para o prato e a xícara a minha frente e faço uma

careta.
— Eu tentei.

Escuto sua risada e o som dos seus passos pelo chão.

— Está tão ruim assim?

Dylan para ao meu lado, não se senta na banqueta disponível e

apenas continua em pé. Eu pego minha xícara e a ofereço a ele.

— Prove.

Dylan pega a xícara das minhas mãos e leva até seus lábios. Ele
faz uma careta após provar o café.

— Você usou café mesmo?

Faço um beicinho com meus lábios.

— Eu usei, mas aparentemente em pouca quantidade.

— Da próxima vez, use mais café.

Assinto.

— Acho que aprendi a lição.

— E os ovos?

Olha para o meu prato e suspiro.

— Queimados.

Dylan ri.
— Era por isso que estava rindo quando entrei na cozinha? —
Confirmo e ele dá um passo para trás. — Vou preparar algo comestível

para nós dois.

— Obrigada. — Empurro meu prato para frente com desdém. —

Realmente, não queria comer isso.

Faço um sinal para o prato e Dylan morde a bochecha para não


rir.

— Pelo menos, você se esforçou.

Concordo com ele e nós dois rimos. Nós ficamos em silêncio


assim que nossas risadas cessam e eu o observo. Dylan cozinha como se
fosse íntimo das comidas e dos preparos. Ele sabe o que está fazendo.

— Onde você aprendeu a cozinhar?

Seu sorriso se desfaz e Dylan fica sério, o assunto não o agrada.

Por quê? Minha pergunta é tão simples.

— Eu tive aulas na adolescência.

É uma resposta curta e fria, nunca vi Dylan ser tão rude com
alguém, tudo bem que estamos apenas convivendo por três dias, mas ele

realmente parece ser um cara gentil.

— Desculpe, Tessa. — Suspira enquanto coloca os ovos mexidos

em um prato ao seu lado. — Não quis parecer grosso, só não tenho boas
recordações.

Forço um sorriso.

— Tudo bem.

Nós ficamos em silêncio, então olho para o lado e encaro o jardim

pela porta de vidro.

— Eu adoraria experimentar essa piscina.

— Ela é aquecida.

Ele está debochando de mim, porque estamos no mês mais frio do

ano, embora o Alabama não seja o estado mais frio dos Estados Unidos,
ainda sim é frio. Agradeço a central da casa por nos manter aquecidos.

— Vou deixar para o verão.

Ele ri e volto a olhar para ele.

— Você irá à festa?

Ergue suas sobrancelhas.

— Que festa?

Dou de ombros.

— Josh ficou de me levar a uma festa.

— Eu ainda não fiquei sabendo dessa festa, mas irei ficar


sabendo. — Pisca em minha direção. — Eu estarei lá, parceira.
Eu me sinto bem ao ouvir Dylan fazendo referência a nossa
conversa de três dias atrás, além de gostar de saber que ele estará lá. Eu

não tenho dificuldade em me misturar, ou em fazer novos amigos, um


lugar novo para mim nunca é um problema, mesmo assim gosto de saber

que irá me acompanhar.

— Ótimo, parceiro.

Ele ri e volta a se concentrar em preparar nosso café. Dylan faz


ovos, bacon, waffles e um novo café. Logo que tudo está pronto, ele se

senta ao meu lado e me viro para ele.

— Você pode cozinhar e eu posso ficar responsável pelos

drinques, eu sou ótima com drinques.

Ele me encara e posso sentir sua respiração em meu rosto.

— Você não é muito nova para beber?

— Não seja um conservador, Dylan.

Mordo meu lábio inferior, então Dylan ergue a sua mão, toca meu
lábio e o solta dos meus dentes.

— Eu prefiro você sorrindo.

Prendo minha respiração e volto a soltar segundo depois.

— Meu sorriso é mesmo irresistível.


Nós dois rimos e olhamos em frente. Comemos sem falar nada

por alguns minutos, estou muito concentrada no meu café da manhã,


porque Dylan é ótimo cozinhando e é ele quem interrompe nosso

silêncio.

— O que você irá fazer hoje à tarde?

— Retocar minha raiz, porque a cor do meu cabelo está visível.

Dylan olha para o topo da minha cabeça e encara a raiz do meu

cabelo.

— Você é loira.

— Sim.

Dylan toca uma das mechas do meu cabelo.

— Eu gosto do rosa em você.

— Eu também. — Sorrio e ele larga a mecha do meu cabelo. — E

o que você irá fazer?

— Eu vou para o treino.

Franzo minha testa, porque o semestre só inicia na segunda-feira.

— Você não está de férias?

Dylan ri como se tivesse acabado de contar uma piada.


— Não tenho férias dos treinos, ainda mais que o mês de mais
jogos da temporada está se aproximando.

— E qual seria?

Pergunto curiosa e ele me encara com um olhar divertido.

— Você não sabe nada de basquete, não é?

— Não.

Ele pisca em minha direção.

— Talvez, eu possa te ensinar algumas coisinhas.

— Não sei se tenho muito interesse no basquete.

Dylan agora me encara como se fosse uma maluca, eu deixo o

banco que estou sentada e levo o que sujei até a pia.

— Você está ferindo meu ego, Tessa. — Minha risada ecoa pela
cozinha e Dylan segue indignado. — Será uma questão de honra fazer

você gostar de basquete.

Eu sigo sorrindo enquanto lavo a minha xícara e meu prato.

Dylan se aproxima e coloca dentro da pia a louça que ele sujou, ele
também coloca a frigideira e os talheres que usou para preparar os ovos e

o bacon.

— Aqui quem cozinha, não limpa.

— Dylan.
Protesto, mas ele sai da cozinha e me deixa falando sozinha.

Como ele fez o café e não sou uma ingrata lavo e guardo tudo que
sujamos. É melhor aprender a cozinhar, ou serei eu a limpar todas as

louças dessa casa.

Assim que termino de limpar e guardar, eu saio da cozinha e sigo

até a sala. Eu esperava encontrar mais bagunças, porque estamos falando


de três caras morando juntos, e eles eram quatro, porém para minha

surpresa eles são organizados. Os três dias que estou com eles tenho

percebido que eles funcionam muito bem com escalas e com regras.

Deparo-me com Dylan sentado no sofá e ele olha em minha

direção quando percebe a minha aproximação.

— Acho que está na hora de você começar a gostar de basquete.

Faz um gesto para a televisão e me dou conta de que ele está


assistindo um jogo de basquete.

— Faça seu melhor.

Eu vou até ele e me sento ao seu lado. Dylan me fala sobre as

regras, não pode andar com a bola sem quicar por muito tempo, tem uma
quantidade de passos, mas esqueço assim que ele me fala. Ele fala sobre

bandeja, linha de três pontos e as informações se misturam em minha

mente conforme ele fala.


— Deus, são muitas informações.

Ele ri e continua tentando me explicar. Assisto o jogo e tento me

concentrar. Não é o melhor esporte que já assisti, mas não é totalmente

entediante, entretanto, ainda não é algo que gosto.

— O que vocês estão assistindo?

Abby entra na sala e se joga no sofá ao meu lado.

— Basquete.

Abby fixa seus olhos na televisão e discute sobre as jogadas com

Dylan, acho que ela gosta do esporte. Ethan prepara o café dos dois e o
traz para a namorada e ficamos os quatro assistindo ao jogo, eu sou a

única perdida.

Meu irmão é o último a chegar na sala e ele nos encara com uma
cara péssima.

— Aposto que ele está assim, porque Dakota não dormiu aqui

hoje.

Dylan sussurra para mim, porém meu irmão escuta e responde


erguendo o dedo do meio para o amigo.

— Vou para a cozinha que hoje sou o responsável pelo almoço.

Resmunga e se afasta para a cozinha, eu olho para Dylan e nós


dois rimos do meu irmão.
Continuamos na sala e só vamos para a cozinha quando o almoço

fica pronto. Meu irmão fez um bom trabalho, apesar do seu mau humor.

Dylan nos deixa logo após o almoço para ir para o treino, meu
irmão no meio da tarde sai para ir buscar a namorada e Ethan vai para a

sala jogar videogame e ficamos apenas Abby e eu. A namorada do

quarterback é legal e gosto dela até então.

— Eles parecem uns adolescentes às vezes.

Estamos sentadas uma de frente para outra e ela resmunga assim

que Ethan deixa a cozinha. Eu concordo com ela e mudo de assunto.

— Por que Dylan está sozinho? E por que os meninos dizem que
ele se mantém longe de garotas? — É algo que tenho me perguntado e

puxo o assunto para saber se Abby tem as respostas. — Se conhecesse os

quatro solteiros diria que ele seria o primeiro a se apaixonar.

Abby faz uma careta.

— Não sei, desde que o conheço ele é assim.

Franzo minha testa, não gosto de não ter respostas para as minhas

perguntas, talvez, seja mais um traço da minha personalidade resultado


de ter sido criada tendo tudo que queria, ou quase tudo.

— Será que ele não tem pegada?

Abby ri e ergue suas sobrancelhas.


— Não sei, eu não posso descobrir, mas você pode. — Encara-me
com malícia. — Se descobrir me conte.

Lembro da forma como ele tirou meus lábios da prisão dos meus

dentes. Ele não parecia alguém sem talento.

— Josh mataria Dylan se ele encostasse em mim.

— Com certeza, mas você sabe as paixões proibidas são as

melhores.

— Pena que não sou alguém que se apaixona.

Faço uma expressão de pesar, um falso pesar e nós duas rimos.


Dylan

Saio da quadra, tiro minha camiseta e limpo minha testa suada

com o tecido, eu vou até a caixa térmica e pego uma garrafa de água.
Bryan se aproxima e para ao meu lado.

— Você irá até a casa de Elijah?

Bebo um pouco da água e olho para meu colega de time, curioso.

— O jogador de futebol americano?

Ele assente.

— A festa hoje é na casa dele.


Lembro de que prometi a Tessa que estaria na festa que Josh

prometeu levá-la.

— Você sabe se terá alguma outra festa hoje? — Ele balança a

cabeça negando. — Então, provavelmente estarei lá.

Nós dois seguimos para o vestiário, então eu vou até o meu

armário, pego minha toalha e sigo para um dos chuveiros. Logo após, um
banho rápido visto minha roupa, despeço-me dos meus colegas e vou

para o meu carro.

Antes de ligar o carro, pego meu celular e envio uma mensagem

para Kim.

“Hey, você estará na festa do Elijah?”

A líder das cheerleaders está online, porém não me responde.


Frustrado jogo o celular para o lado e dirijo para casa. Para minha sorte,

o Coleman Coliseum, arena que usamos para treinar e onde ocorre nossos

jogos, não é longe de casa.

Qual é o meu problema? Por que não consigo chamar a atenção

de Kim? Ela não teve problema em sair com boa parte dos estudantes da

UA [1]e eu sou uma exceção.

Raiva e uma sensação horrível de frustração ecoam em meu peito.

De repente, sou aquele garotinho rejeitado outra vez. Droga! Eu não sou
mais um garotinho que precisa de aprovação e nem ser resgatado.

Meu humor está péssimo ao chegar em casa e sigo direto para o


meu quarto. Largo a mochila ao lado da porta, deito-me na cama e encaro

o teto frustrado. Meus amigos me alertaram para ficar longe de Kim,

mesmo assim me aproximei da líder de torcida.

Eu não sei o porquê a garota é diferente comigo, talvez, porque


nos conhecemos quando a encontrei no banheiro em meio a uma crise de

pânico, em seu pior momento. Talvez, porque a ajudei sem a julgar, o

fato é que ela é diferente comigo e eu gosto dela, gosto de quem ela é

quando está longe de todos, porém ela me trata apenas como um amigo.

Como se conquista a garota que eu quero?

Sou péssimo flertando, meu coração acelera, minhas mãos

começam a suar e digo as coisas mais improváveis possíveis, além dos

toques serem algo difícil para mim. Foi por isso que decidi que me

manteria virgem, ou esse é um dos motivos. Faz algum tempo que decidi

que só iria para cama com a garota que me desafiaria a ser diferente, a
vencer meus medos e agora que encontrei essa garota não sei como a

conquistar.

Meu celular vibra em meu bolso, pego o aparelho e é uma

mensagem de Kim.
“Hey, irei e você?”

“Talvez.”

Respondo-a no mesmo instante, uma vez procurando por

maneiras de conquistar alguém na internet uma matéria dizia que


responder logo que a pessoa envia mensagem não é uma boa ideia,

porém nunca consigo me controlar. Kim está digitando e por isso


continuo com celular em mãos.

“Como você está, Dylan?”

“Bem e você?”

Dessa vez, ela me responde imediatamente conversamos por


alguns minutos e é Kim quem põe um ponto final na nossa conversa.

Jogo o celular ao meu lado e suspiro.

O quão idiota eu sou por gostar de alguém que me vê como

apenas um amigo? Muito idiota.

Como falar com Kim melhorou meu humor, levanto-me, pego

meu celular e desço até a sala. Josh e Ethan estão jogando videogame. Eu
me junto a eles e me jogo na poltrona que há ao lado do sofá.

— Estou sabendo que iremos sair hoje, em qual festa iremos?

— Festa de Elijah.
Ethan me responde e Josh desvia os olhos da televisão e me
encara com a testa franzida.

— Como você sabia que iremos sair hoje?

Dou de ombros.

— Tessa me disse.

Josh faz uma careta.

— Dylan, sei que você escolheu essa vida de celibatário, mas é


sempre bom avisar. — Aponta seu dedo na minha direção. — Fique

longe da minha irmã.

Sorrio debochado.

— Não se preocupe, me manterei longe da sua irmã, mas como


somos os únicos solteiros temos uma espécie de acordo. — Ergue suas
sobrancelhas. — Nós somos parceiros de farra.

Respondo a pergunta implícita na sua expressão.

— Aproveite e a mantenha longe de problemas.

Balanço minha cabeça negando.

— Nós somos parceiros, eu não serei sua babá.

Josh faz uma careta.

— Lembre-se que você é o meu amigo.


Eu apenas curvo meus lábios em um sorriso, Josh volta a encarar
a televisão e a jogar. Assim que um deles perde, assumo o controle.

Ficamos assim até a metade da noite quando pedimos pizza, porque hoje
é sexta e podemos sair da dieta.

Assim que o entregador chega, eu vou buscar as pizzas na porta,


pago, porque é a minha vez de pagar, e a levo para a cozinha. Deixo-a

sobre a ilha e no mesmo instante Ethan entra no cômodo.

— Josh foi chamar Tessa.

Nós dois abrimos as pizzas e cortamos os pedaços, então nos

sentamos um ao lado do outro e cada um de nós pega um dos pedaços.


Estamos concentrados comendo e em silêncio quando Josh e Tessa

entram na cozinha.

— Por que três pizzas?

Tessa pergunta enquanto se senta a nossa frente. Termino de


mastigar o pedaço de pizza que tenho na minha boca e sorrio.

— Cada um de nós come quase uma pizza inteira.

Ela ergue suas sobrancelhas.

— Sério?

— Somos atletas e temos fome, fofinha.

Josh responde a irmã enquanto se senta ao seu lado.


— Não me chame de fofinha.

Eu não tinha prestado atenção no apelido, mas agora como Tessa


falou eu me dou conta de como Josh a chamou.

— Fofinha?

Ela revira os olhos diante da minha pergunta.

— Isso é como Josh me chama.

— Porque ela era fofinha quando era um bebê.

Josh abraça e beija o rosto da irmã, Tessa faz uma careta e o


empurra.

— Eu não sou mais um bebê.

— Para mim, você sempre será um bebê. — Ethan e eu

começamos a rir. — Vocês estão rindo, porque não têm uma irmã para
chamar de fofinha.

Nós continuamos rindo e Josh nos ignora.

— Qual tipo de roupa devo usar? — Tessa muda de assunto. —


Nunca fui em uma festa universitária.

Nós a encaramos como se ela tivesse duas cabeças. Quem liga

para roupa? Ela suspira, após perceber que não vamos responder.

— Ok, ok, irei fazer essa pergunta para uma das garotas.
— Melhor, fofinha, porque nós vamos de calça e tênis, porque

está frio, provavelmente usaríamos bermuda se tivesse calor, realmente


não ligamos para que tipo de roupa iremos usar.

Tessa fuzila Ethan com seus olhos.

— Ethan, você está proibido de me chamar de fofinha. — Vira-se

para o irmão. — Viu o que você fez?

Josh apenas dá de ombros e Tessa bufa.

— Tudo bem, Tessa, sem chamar você de fofinha.

Ethan pisca e ele revira seus olhos.

— Vamos sair que horas? E quem irá dirigir? Eu quero beber,


porque da última vez, eu dirigi.

Mudo de assunto e discutimos a nossa locomoção e o horário

pelos próximos minutos. Acertamos que sairemos às onze horas de casa,


Josh irá dirigir e Tessa e eu vamos com ele e Dakota, enquanto Ethan e

Abby irão com Brooke e Aiden, Brooke irá dirigir e Aiden

provavelmente nem irá beber já que a namorada está grávida.

Tessa é a primeira a terminar de comer e deixa a cozinha, Ethan,


Josh e eu permanecemos, terminamos com todos os pedaços de pizza,

pegamos algumas garrafas de cerveja na geladeira e ficamos bebendo até

perto do horário de irmos para festa.


Falta apenas alguns minutos para o horário que marcamos quando
subo para meu quarto, então vou para o banheiro tomo um banho, visto

uma calça, meias e camiseta térmicas, suéter, enrolo uma echarpe em

meu pescoço, minha jaqueta e calço meus tênis. Coloco minhas chaves
em um dos meus bolsos e meu celular no outro, passo a mão pelo meu

cabelo e deixo-o bagunçado mesmo.

Saio do quarto e desço para a sala, encontro Ethan e Abby, Josh e

Dakota e Tessa.

— Ele finalmente está pronto.

Abby que está sentada no colo do namorado reclama e reviro

meus olhos.

— A noiva finalmente está pronta. — Ergo o dedo do meio para


Ethan. Josh abre a boca para falar algo, porém escutamos o som da

buzina. — Venha, bonitinha, nossa carona chegou.

Abby e Ethan deixam a poltrona e de mãos dadas seguem na


direção do hall de entrada. Josh e Dakota que estão ocupando o sofá

ficam em pé e Josh faz um sinal para que Tessa e eu os acompanhemos.

Nós dois seguimos o casal, seu carro está em frente a nossa casa e Aiden

está nos esperando para que possamos ir todos juntos.


Tessa e eu ocupamos o banco de trás e Dakota se senta ao lado de

Josh. Nós mantemos uma conversa animada até o lugar e não demoramos
a chegar na casa de Elijah e de outros caras do time de futebol.

Josh estaciona logo atrás de Aiden e deixamos seu carro, nós nos

juntamos a Aiden, Brooke, Ethan e Abby e caminhamos até a casa que

está a alguns metros de distância, chegamos tarde demais para


conseguirmos uma vaga mais perto.

— Grávidas deveriam ter prioridades.

Brooke suspira.

— Grávidas nem deveriam estar em festas.

— Cala boca, Ethan.

Brooke e Aiden dizem ao mesmo tempo. Eu ignoro a discussão

que eles travam e encaro a casa a minha frente. É um lugar modesto,


normal, azul com janelas e porta branca e uma pequena varanda.

Quase não há luzes e é possível ouvir a música. Algumas pessoas

enfrentam o frio e estão aqui fora bebendo.

— Espero que seja tão divertido quanto me prometeram.

Tessa diz ao meu lado, eu olho para ela, passo meu braço pelos
seus ombros e sorrio.

— Farei o possível.
Pisco em sua direção, nós dois olhamos em frente e caminhamos
até a entrada. Assim que estamos na sala que no momento virou um

aglomerado de gente, desvencilho-me de Tessa e olho ao redor à procuro

de Kim, não a encontro. As lâmpadas estão apagadas e os responsáveis


pela iluminação são refletores que emitem luzes coloridas o que dificulta

a minha visão.

— Vamos pegar bebidas.

Josh grita para ser ouvido por cima da música e sigo meus amigos
até o lugar onde estão as bebidas. Continuo sem vê-la. Será que ela ainda

não chegou?

Pegamos nossas bebidas e ficamos em um canto da sala,

conversamos animados, as meninas dançam e bebemos. Eu tento me


concentrar nos meus amigos e esquecer Kim, porém simplesmente não

consigo. Continuo procurando por ela e toda vez que não a encontro

minha decepção aumenta.

Caralho!

Depois de quase uma hora aceito que ela não virá e me forço a

empurrá-la para o fundo da minha mente. Foco em me divertir e

aproveitar da companhia dos meus amigos. Estou rindo e provocando


Aiden, porque ele está surtando ao redor de Brooke quando a vejo e ela
não está sozinha. Há um dos jogadores de futebol ao seu lado e pela

forma como está pendurada em seu pescoço eles não são só amigos.

Decepção volta a ecoar em meu peito, respiro fundo e sigo


sorrindo, um falso sorriso. Sinto uma pressão em meu peito e estou me

sentindo como se estivesse sendo sufocado.

— Eu vou pegar outra cerveja.

Minto, afasto-me dos meus amigos e sigo para fora. Eu preciso de

ar. Jogo minha cabeça para trás e encaro o céu. Mantenha sua mente em

paz. Digo a mim mesmo e tento não deixar que a cena que presenciei

acabe comigo e com meu humor.

— Sabe o que cura dor de cotovelo?

Olho para o lado ao ouvir a voz de Tessa e ela está me encarando

com um sorriso gentil. Faço uma careta, como ela percebeu o que

aconteceu?

— Sou uma ótima observadora. — Responde à pergunta que deve

estar implícita em meu rosto. Suspiro e ela dá de ombros. — Bebidas são

ótimas consolando um coração partido.

Responde sua própria pergunta e me oferece a sua mão.

— Venha, vamos beber, Dylan.


Eu coloco meus dedos sobre os seus, porque ficar bêbado com
Tessa parece ser uma ótima ideia.
Tessa

Guio Dylan até o local onde estão as bebidas, um grupo de

pessoas está distribuindo doses de tequila e pego duas, entrego uma para
Dylan e fico com uma em mãos.

— No três.

Ele assente, então eu conto e quando digo três levamos os

copinhos descartáveis com as doses na direção das nossas bocas. Assim

que a bebida entra em contato com minha língua, sinto o gosto amargo e
quando desce pela minha garganta é como se estivesse me queimando.

Fecho os olhos e faço uma careta.


Eu amo a sensação.

Ao abrir meus olhos me deparo com Dylan sorrindo, ele não


parece tão afetado pela bebida quanto eu. Encaro-o com malícia e em

seguida, viro-me para as pessoas que estão servindo a bebida e pego mais

dois copinhos, entrego-os para Dylan e pego mais duas doses, um dos
garotos me encara com a testa franzida. Sorrio e dou de ombros.

— Queremos ficar muito bêbados.

Ele assente e me viro para Dylan.

— Dessa vez, no três bebemos as duas doses uma atrás da outra.

— Isso não é uma boa ideia.

— Nunca disse que era.

Sorrio e ele também.

— Achei que fosse.

— Tarde demais para voltar atrás.

Não dou a chance para Dylan se arrepender, ou fugir, começo a

contar e assim que chego no número três, viro primeiro uma dose em

minha boca e em seguida viro a outra. Faço uma careta e novamente

fecho meus olhos, meu estômago reclama da bagunça que estou fazendo

nele.
Ao abrir meus olhos me deparo com uma careta de Dylan. Dessa

vez, foi demais até para ele.

— Isso deve ser uma imitação de tequila.

Reclama.

— Melhor que fará efeito mais rápido.

— Merda, eu nem deveria estar bebendo assim durante a

temporada de jogos.

Antes que a consciência leve a melhor sobre ele engancho meu

braço no seu e o arrasto para a pista de dança.

— Vamos dançar, Dylan.

— Eu não danço.

Protesta e eu o ignoro.

— Não perguntei se você dança, eu estou avisando que iremos

dançar.

Mesmo contrariado ele me acompanha e segundos depois

descubro que Dylan é horrível dançando, ele é muito travado,

praticamente se balança de um lado para o outro e tenta acompanhar o

ritmo da música. Ele está a minha frente e mordo meu lábio inferior para

não rir.

— Pode rir, sei que está morrendo de vontade de fazer isso.


Assim como da outra vez, ergue sua mão e solta meu lábio dos

meus dentes. Eu não consigo rir, porque de repente ele está perto demais,

seu toque é perfeito demais e me causa uma excitação que não estava

esperando sentir.

Com a respiração irregular dou um passo para trás e forço um


sorriso.

— Acho que alguém precisa de aulas de dança.

Balança sua cabeça.

— Sou um caso perdido.

Volto a me aproximar de Dylan apoio minha mão em seu ombro.

— Não me desafie, Dylan. — Encaro-o determinada. — Siga

meus comandos.

Eu tento dizer o que ele deve fazer e Dylan tenta me acompanhar,

porém ele é péssimo, talvez seja pelo seu tamanho, não deve ser fácil
para alguém de 1,90 dançar.

— Acho que você realmente tem dois pés esquerdos.

Nós dois rimos. Eu dou um passo para trás bem no momento que

alguém com muita pressa decide passar por nós, esbarra em meu ombro
com força, o que faz com que me desequilibre, porém antes que minha

bunda encontre o chão a mão de Dylan encontra a minha cintura e ele me


impede de cair. Seus dedos são grandes e ele me segura com força, puxa-
me na direção do seu corpo e espalmo minhas mãos em seu peito.

O lugar onde ele está me tocando está queimando e é como se de


repente uma energia nos unisse. Ele com certeza tem pegada. Dylan olha

para baixo e sinto a sua respiração em meu rosto.

— Você está bem?

Engulo em seco e assinto.

— Sim, não foi nada. — Sorrio. — Você me salvou, devo chamar

você de herói?

Brinco, embora algo em mim continue desajustado, talvez seja a

tequila barata fazendo efeito. Dylan apenas ri e eu me desvencilho dele,


embora minha vontade seja ficar exatamente onde estava.

Algo chama a atenção de Dylan e ele olha para o lado, sigo seu

olhar e me deparo com Josh e seus amigos caminhando em nossa


direção.

— Eu estou de olho em vocês, hein.

Josh soa como se estivesse nos alertando.

— Cuidado, hein, ele é um cão raivoso.

Ethan zoa do meu irmão e nós rimos, principalmente quando Josh


faz uma careta. Para provocar ainda mais o amigo, Dylan pega minha
mão e puxa na sua direção, eu não hesito e vou até ele. Ele passa seu
braço pelo meu ombro, eu apoio minhas costas contra seu corpo e

continuamos de mãos dadas. Josh revira seus olhos e sorrio animada,


mais animada do que realmente estaria, mas o álcool está fazendo efeito e

tudo está mais alegre, mais colorido e mais desfocado.

— Não se preocupe, nós somos apenas amigos. — Dylan beija o

topo da minha cabeça com carinho. — Talvez, Tessa ocupe o cargo de


melhor amiga, já que vocês estão todos namorando e indisponíveis para
mim.

— Eles estão tão bêbados.

Dakota aponta o óbvio rindo, Dylan e eu damos de ombros e

continuamos rindo.

— Não vou cuidar de nenhum bêbado e não vomitem.

Aiden reclama.

— Claro, papai.

Dylan faz a piada que eu estava me contendo para não fazer.


Aiden apenas revira seus olhos.

Nós continuamos em um círculo conversando e pessoas se


aproximam em alguns momentos para conversar com os meninos, eles
realmente são famosos e pela forma como olham para eles, idolatrados.
Por isso o ego deles é enorme.

Uma loira, a mesma que fez Dylan fugir para o lado de fora, se
aproxima de nós e o pessoal com exceção de Dylan faz uma careta. Qual

o problema?

— Vou me ausentar, porque certas pessoas me causam ânsia de


vômito.

Brooke faz uma careta assim que a última palavra deixa sua boca,
vira-se ficando de costas e caminha para longe junto com Aiden, o grupo

segue o casal e ficamos apenas Dylan e eu. Dylan solta minha mão e dá

um passo para trás.

— Hey, Kim.

É perceptível que Dylan está tenso.

— Hey, Dylan, você não veio falar comigo.

Ela faz um biquinho com os lábios que aposto que a maioria dos
caras acha sexy, e pela forma como Dylan a encara, ele é um desses

caras. Fala sério!

— Você estava ocupada.

Ela ri enquanto enrola uma das mechas do seu cabelo em seu


dedo.
— Nunca estou ocupada para você, querido. — Preciso morder

minha bochecha para não rir. — E você também está ocupado.

A loira desvia o olhar para mim e me encara de cima a abaixo

com desdém. Ah não, uma mean girl[2]! Dylan gosta de uma mean girl!

— Essa é Tessa. — Dylan soa travado, como se de repente não

fosse mais o cara seguro, legal e cheio de si. — Ela é irmã de Josh e está
morando com a gente.

— Olá, Tessa, você é caloura?

Ela soa tão falsa e agora entendo o porquê todos se retiraram.

— Sim.

— Deve estar sendo tão legal estar dividindo a casa com os

garotos, há muita coisa para fazer, não é?

Não esconde a malícia da sua voz e me contenho para não revirar

meus olhos.

— Claro, principalmente com Abby e Dakota. — Faço questão de

mencionar as garotas e ela assente. — Bom, vou deixar vocês a sós.

Forço um sorriso, porque em meu interior há uma explosão de

raiva. E merda, eu nem sei o porquê estou com raiva. Viro-me, dou um
passo em frente e Dylan segura meu pulso.

— Aonde você vai?


Olho para ele e dou de ombros.

— Vou dar uma caminhada ao redor, não se preocupe, fique com

sua amiga.

Não queria soar ressentida, mas falho na tentativa. Dylan me


encara tentando entender o que está acontecendo, olho para meu pulso

que ele continua segurando e ele me solta, então sem olhar na sua direção

me afasto.

Não gostei da sua garota e é isso, não sou obrigada a suportá-la,


porém desejo que sejam felizes. Por que eu não acredito em minhas

palavras?

Respiro fundo, empurro os acontecimentos recentes para o fundo

da minha mente e vou até o lugar das bebidas, eu tomo mais uma dose de
tequila e pego uma cerveja.

Eu amo festas, esse ambiente caótico, com pessoas bêbadas

deixando suas piores e melhores partes expostas. Caminho pelo lugar


observando as pessoas e seus comportamentos, rindo algumas vezes e

fazendo careta, tudo depende da situação.

Poderia procurar pelo meu irmão e seus amigos, mas quero


conhecer mais pessoas, eu sou ótima em fazer amizades bêbada e quem

sabe até encontre alguém para flertar.


Apoio meu corpo contra uma parede para assistir uma batalha de

rima. Ao meu lado está uma garota de cabelos cacheados, nós


começamos a conversar sobre as batalhas, julgamos como se fossemos as

melhores e eu sou péssima, mais duas garotas se juntam a nossa conversa

e ficamos em um grupo de quatro. Os assuntos mudam e de repente

estamos rindo como se fôssemos amigas há anos.

Continuamos juntas mesmo após o fim da batalha, eu sinto

alguém se aproximando, mas não olho para trás. Sinto um arrepio ao

mesmo tempo em que escuto a sua voz.

— Hey, eu estava procurando você.

As garotas acenam para o cara que está atrás de mim, eu continuo

sem olhar para Dylan.

— Você me achou.

Respondo-o sem transparecer nenhuma emoção em minha voz.

— Você conhece uma das Estrelas do Alabama.

A garota que está a minha frente sussurra e encara Dylan.

— Sou irmã do Josh.

Revelo.

— Vaca sortuda. — A garota de cabelo cacheado sussurra ao meu

lado. — Tem acesso a todos eles.


Sorri animada e eu sorrio também.

— Nós precisamos ir.

Dylan espalma uma das suas mãos em minhas costas, eu assinto e

em seguida me despeço das garotas. Viro-me e encontro o olhar de Dylan


sobre mim.

— Vamos.

Ele assente, sua mão continua em minhas costas e me guia para a

saída.

— Você está chateada?

Aproxima sua boca da minha orelha para que possa ouvi-lo.

— Óbvio que não. — Minto. — Não tenho motivos para estar

chateada.

E realmente, não tenho.

— Desculpe deixar você sozinha.

Suspiro e me viro par Dylan.

— Está tudo bem, eu não ligo de ficar sozinha em festas, eu até


gosto e sei que você preferiria estar com Kim.

Não escondo o desdém ao falar o nome da loira.

— Juro que no fundo ela é alguém legal.


— Sei que sim.

Soo irônica e volto a olhar em frente. Dylan não fala mais nada,

nós deixamos a casa e encontramos meu irmão e seus amigos na calçada,


então nós vamos para o carro.

Enquanto vamos para casa, meu sentimento de mágoa e

ressentimento me abandona, Dylan e eu voltamos a conversar


normalmente e assim que chegamos ficamos na cozinha. Nós iremos

continuar bebendo.

Dylan e eu nos sentamos de frente para a ilha e um ao lado do

outro. Compartilhamos a garrafa de cerveja e ele toca meu cabelo.

— Eu gosto do seu cabelo.

Seus olhos estão brilhando e seus reflexos estão mais lentos que o

normal.

— Eu amo meu cabelo.

— Ele está ainda mais rosa.

Estreita seus olhos e se curva em minha direção para olhar ainda

mais de perto para os fios do meu cabelo.

— Eu pintei hoje e inclusive pintei minhas mãos.

Ergo minhas mãos manchadas com a tinta e Dylan ri.

— Eu vou chamar você de moranguinho.


Segue rindo e eu faço uma careta.

— Moranguinho?

Ele assente, pega uma mecha do meu cabelo e leva até seu nariz.

— Você tem o cabelo rosa e está cheirando a morango.

Ele está falando do desenho em que a protagonista é uma garota


que parece e cheira como um morango.

— É o meu xampu.

Justifico o fato do cabelo está cheirando a morango.

— Eu amo morangos.

Solta meu cabelo e se afasta alguns centímetros.

— Eu também.

Nós dois começamos a rir, não temos motivos para estar rindo,

porém quem precisa de motivos para ser feliz? Minha barriga está
doendo e algumas lágrimas descem pelo meu rosto.

Assim que paro de rir, Dylan me encara, ergue sua mão e arrasta
as lágrimas do meu rosto para longe.

— Você é muito bonita e não combina com lágrimas.

Acaricia a lateral do meu rosto, uma sensação de paz e conforto


percorre por todo meu corpo, é um calor diferente, talvez, seja culpa da
bebida.

— Você também é muito bonito.

Ele ri e afasta sua mão do meu rosto, o que é uma pena, ele

poderia continuar me tocando.

— Vamos dormir, moranguinho?

Pulo do banco.

— Esse apelido é péssimo.

Nós dois deixamos a cozinha apoiados um no outro, porque o


chão está se mexendo muito. Tentamos não rir alto para não acordar
ninguém, porém falhamos.

Eu vou para o meu quarto e Dylan segue para o seu, como tudo
está rodando, jogo-me na minha cama, puxo as cobertas sobre meu corpo
e fecho meus olhos.
Dylan

Acordo com minha cabeça e garganta doendo e um gosto horrível

em minha boca. Droga! Há quanto tempo, eu não bebia assim?

Como ontem apenas me joguei na cama e dormi do jeito que

estava, levanto-me e vou para o banheiro tomar um banho. Meu corpo


todo está dolorido e meu estômago está embrulhado. Estou desprezível.

Após o banho, deixo o banheiro, visto uma roupa confortável,

tomo um remédio para dor de cabeça, outro para ressaca e volto a me


deitar, eu fecho meus olhos e não demoro a estar dormindo outra vez.
Acordo na metade da tarde, estou melhor, porém continuo me

sentindo péssimo. Beber com Tessa foi uma péssima ideia, apesar de ter

sido divertido. A garota é divertida e é fácil estar perto dela.

Encontro meu celular no cômodo que fica ao lado da cama, nem

lembro de tê-lo posto ali na noite passada. Há algumas marcações no


Instagram da festa passada e algumas mensagens, algumas são dos caras,

outras dos meus colegas de time, uma da minha mãe e uma da Kim. É

claro que abro a de Kim, primeiro.

“Você foi embora com ela.”

Não preciso ser um gênio para descobrir que ela está falando de

Tessa, por que minha proximidade com Tessa incomoda tanto Kim? É

como se quando estivesse com a irmã do meu melhor amigo, ela

finalmente me notasse.

“Tessa está morando no mesmo lugar que eu, é por isso que viemos

embora juntos.”

Justifico e ela me responde:

“Você gosta dela?”

Sento-me na cama e encaro o celular em mãos sem entender

aonde Kim está querendo chegar.

“Ela é uma garota legal.”


“Ela é bonita.”

“Sim, ela é.”

Aparece digitando sob o nome de Kim, mas sua mensagem nunca

chega, espero por alguns minutos e nada, até ligo e desligo o wi-fi do

celular e sigo sem receber sua mensagem.

— Porra.

Não entendi nada da conversa, frustrado deixo minha cama,

coloco o celular em meu bolso, vou até o banheiro, escovo meus dentes e

saio do meu quarto. Assim que piso no corredor escuto as vozes dos

meus amigos, espero que eles tenham feito algo para comer, porque estou
com fome.

Ethan, Josh e as meninas estão na cozinha e para minha sorte


estão cozinhando.

— Bom dia, flor do dia.

Ethan zomba e mostro meu dedo do meio para ele.

— Ele não está de bom humor.

Josh continua o deboche, como sei que se falar algo eles irão me
provocar ainda mais, reviro meus olhos e vou até geladeira, pego uma

garrafa de água e me aproximo de Tessa, ela está sentada ao lado de

Abby, eu ocupo o lugar disponível do seu outro lado.


— Você não parece um lixo.

Sussurro, então ela olha em minha direção, ri e ergue sua

sobrancelha.

— Isso deveria ser um elogio?

Soa irônica e sorrio.

— Eu bebi demais e estou me sentindo péssimo. — Olho para ela

atentamente. — Mas você está intacta, não parece uma derrotada.

Seus cabelos rosas estão presos em um coque bagunçado. Ela está

vestindo um suéter azul-claro que combina com a cor dos seus olhos.
Seus olhos estão brilhando e seu rosto continua com o mesmo brilho de
sempre.

— A bebida e eu somos melhores amigas.

Dá de ombros, pisca em minha direção e eu sorrio. Nós dois

olhamos em frente e interagimos com o pessoal. Josh, Dakota e Ethan


estão cozinhando, Abby, Tessa e eu ficamos apenas infernizando os três,

combinamos que à noite trocamos, nós cozinhamos e eles ficam de boa.

O celular em meu bolso vibra, eu o pego e é uma mensagem de

kim.

“O que você irá fazer hoje à noite?”

“Eu combinei algo com Josh e Ethan.”


— Qual é o lance entre vocês dois?

Tessa sussurra para que apenas eu escute, desligo o celular e o

deixo sobre o balcão, então viro-me para o lado.

— Ela é uma amiga.

— Mas você gosta dela?

Demoro alguns segundos para respondê-la, nunca admiti que

gostava de Kim para ninguém, é um pouco difícil, principalmente,


porque ninguém acredita que ela goste de mim da mesma forma.

— Sim, eu gosto.

— Então, você deveria ter respondido que ainda não sabia o que
iria fazer e perguntado se ela faria algo, talvez até mesmo sugerido que

vocês dois fizessem algo juntos.

Ela leu minhas mensagens e não me importo, porém decido

provocá-la.

— Hey, é algo feio ler a mensagem dos outros.

É óbvio pela forma como estou falando que não estou falando
sério.

— Foi mais forte do que eu.

Ela morde seu lábio inferior e tenho a vontade de o libertar,

porque seu sorriso não merece ser contido, mesmo se estiver fazendo isso
propositalmente. Apenas sorrio e volto à questão anterior.

— Por que eu deveria ter respondido que ainda não sabia o que

iria fazer?

Nós dois continuamos sussurrando e como todos seguem

conversando sobre outros assuntos ninguém está nos escutando. Tessa me


encara como se estivesse tentando me entender.

— Porque ela poderia te chamar para fazer algo, isso é óbvio.

Faço uma careta.

— Não é óbvio para mim.

Tessa abre a boca para falar algo, porém Abby nos interrompe.

— O que vocês dois estão sussurrando?

— Nada de mais. — Tessa a responde. — Estávamos

conversando sobre a festa, foi minha primeira festa universitária e eu


amei.

— Nós percebemos o quanto você gostou pelo tanto que bebeu.

Dakota ri da cunhada e iniciamos uma conversa sobre a festa de


ontem. Nós almoçamos todos juntos e Tessa e eu somos destinados a

limpar a cozinha, os quatro nos deixam e ficamos ambos sozinhos.

— Como reverto a situação?

Pergunto enquanto coloco a louça na lava-louças.


— Sobre a mensagem?

Demoro mais do que o normal, porque estou com vergonha de


estar pedindo dicas de como enviar mensagens para uma garota.

— Sim.

Não posso mais prolongar o que estou fazendo e deixo a lava-


louças de lado. Apoio-me contra o balcão e encaro Tessa, ela está

limpando a ilha e continua fazendo isso enquanto fala comigo.

— Primeiro, pergunte o que ela irá fazer, depois se ela quer fazer
algo com você.

— E se ela me responder que não quer fazer nada comigo?

— Você diz que ela é uma idiota.

Tessa responde rindo, mesmo assim ergo minhas sobrancelhas.

— Você está falando sério?

Ela para de limpar e se vira em minha direção.

— Óbvio que não, Dylan. — Ela me estende a sua mão. — Me dê


seu celular.

— O quê?

O que ela quer com meu celular?

— Vamos, eu vou enviar a mensagem para você.


— Não.

Revira seus olhos.

— Sim, eu sou muito melhor que você nesse lance de mensagens,

e sou uma garota, sei exatamente o que uma garota gostaria de ouvir.

Ela está certa, ela é uma garota e pode me ajudar, por isso dou um

passo em frente, pego o celular em meu bolso, desbloqueio-o e o entrego


para Tessa.

Meu Deus, que isso não seja um desastre.

Tessa digita rapidamente e sorri.

— Para sua sorte ela está online.

Fico a encarando apreensivo. Caralho, ela está falando com Kim

como se fosse eu. E se isso der errado? E se Kim desconfiar? Ou se ela

me rejeitar? Ela me rejeitar é uma coisa, outra pessoa presenciar isso é


totalmente diferente.

Apesar de estar frio, eu estou suando. Os minutos parecem durar

uma eternidade.

— Prontinho. — Tessa olha para mim e sorri animada. — Você

tem um encontro hoje à noite.

Ela caminha em minha direção e me entrega o celular.

— Fácil assim?
Ela conseguiu, encaro-a admirado e ela segue sorrindo como se
tivesse feito a coisa mais fácil do mundo.

— Fácil assim. — Dá de ombros. — Como terminei a minha

parte, eu estou subindo para o meu quarto.

Tessa passa por mim, acena na minha direção e caminha na

direção da saída.

— Bom encontro, Dylan.

Grita e deixa a cozinha.

— Obrigado pela ajuda.

Grito para que ela escute e depois de alguns minutos, eu olho para

o celular em minhas mãos e vejo as mensagens que Tessa trocou com

Kim.

“E você o que irá fazer, querida?”

Querida!? Eu nunca chamei Kim de querida.

“Não tenho nada programado (emoji de carinha triste)”

“O que você acha de fazermos algo? Posso desmarcar com Josh e Ethan
por você.”

É uma mensagem simples, porém tenho que admitir que é um

flerte perfeito, como não pensei em algo assim? Qual é o problema do


meu cérebro que não consegue formular frases simples?
“Ótimo, estarei em casa sozinha, venha para cá e podemos assistir a um

filme.”

“Estarei aí às oito da noite, ok?

“Ok, estarei esperando por você (emoji de carinha piscando um dos

olhos)”

E é isso, eu tenho um encontro com Kim. Tessa fez parecer tão


fácil, devo um agradecimento para a moranguinho.

Termino de limpar com o coração acelerado e não paro de pensar

sobre. Eu irei assistir um filme com Kim. Subo para o quarto ansioso e

fico andando de um lado para o outro. Falta muito tempo até o horário
marcado. Caralho!

Passo as mãos pelo meu cabelo, paro em frente ao espelho e

treino algumas falas. Não posso parecer nervoso, nem surpreso por estar

com ela. Aja naturalmente, Dylan.

— Olá, Kim, você está linda. — Olá, ou boa noite? — Boa noite,

Kim, você está linda.

Eu pareço um otário, por isso me afasto do espelho e me sento na


cama, eu pego o controle da televisão e procuro algum jogo para assistir,

paro em um jogo de futebol, mas nem presto a atenção.


As horas parecem se arrastar e a cada minuto, eu fico mais
nervoso. O relógio poderia correr mais depressa.

Uma hora e meia antes das oito horas, tomo um banho demorado,

escolho uma roupa que acho que me valoriza e deixo meu cabelo

bagunçado, porque sei que é assim que Kim gosta, ela me falou disso
uma vez.

Falta trinta minutos para o horário marcado quando saio do meu

quarto, Ethan e Josh estão na sala e apenas aceno para eles.

— Você iria cozinhar.

— Tenho certeza de que Abby e Tessa podem fazer isso por mim.

Grito enquanto sigo para a garagem, eles me respondem, porém

não consigo entender. Entro em meu carro, suspiro e dirijo para longe.
Minhas mãos estão suadas e meu coração está acelerado. Respiro fundo e

tento me controlar, será péssimo se Kim se der conta de que estou

nervoso. Garotas como Kim, não gostam de caras inseguros.

Durante o trajeto, imagino nossas conversas e elaboro algumas

respostas. Eu estaciono em frente a sua casa, respiro fundo uma última

vez e deixo o carro. Caminho até a porta com meu coração aos pulos,

aperto a campainha e segundos depois Kim abre-a e me encara com um


sorriso em seu rosto.
— Hey.

— Hey, Kim. — Esqueço-me de tudo que pensei em falar.

Simplesmente, minha mente fica em branco. — Tudo bem?

Meu Deus, eu pareço um senhor de oitenta anos.

— Tudo, entre, Dylan.

Kim fica de lado para que eu possa entrar quando eu passo por

ela, curva-se em minha direção e beija minha bochecha. Meu rosto fica
vermelho no mesmo instante e fico completamente sem reação. Eu paro

alguns passos de Kim e espero por ela.

— Vamos para o meu quarto. — Ela entrelaça minha mão com a

sua e me guia até a escada. — Estamos sozinhos, porque as meninas não


estão em casa.

Apenas assinto e continuo a seguindo. Kim me leva até seu quarto

e assim que entramos no cômodo olho ao redor e vejo que tudo tem a sua
cara. Os móveis são brancos e a decoração é em branco e cinza.

— Combina com você.

Ela ri e solta a minha mão.

— Sim, combina.

Kim joga-se na cama e me chama. Eu me deito ao seu lado, mas

com uma boa distância entre nós, ela escolhe um filme e ficamos
assistindo, é um filme de suspense e na metade, Kim se aproxima e apoia
parte do seu corpo sobre o meu e eu acaricio suas costas com as pontas

dos meus dedos. É um pouco desconfortável e odeio ser quem eu sou

nesse momento, malditos traumas!

É o paraíso estar com a garota que eu estou apaixonado, porém


existe um mas. Eu me sinto bem, mas lá no fundo algo me incomoda.

O filme chega ao fim e ficamos conversando por um tempo até

que uma das suas amigas liga para Kim e a chamando para uma festa,
então ela me pede uma carona, claro que não nego.

Levo Kim até sua festa, ela se despede de mim com um beijo em

minha bochecha e eu sigo para casa.

Assim que entro na sala, eu encontro com Tessa, ela está sentada
no sofá e com um pote de sorvete em suas mãos.
Tessa

Estou vendo Edward Cullen[3] brilhando na televisão quando


escuto o barulho da porta sendo aberta, segundos depois percebo que não

estou mais sozinha. Olho para o lado e me deparo com Dylan, ele não

parece muito animado para quem acabou de ter um encontro com a sua
garota.

— Então, como foi?

Ele faz uma careta e caminha em minha direção.

— Não foi ruim, mas não foi bom.


Deve ter sido péssimo. Dylan suspira e se joga no sofá ao meu

lado.

— Vocês se beijaram?

Faz uma careta.

— Não.

Isso me assusta.

— O quê? Ela te chama para assistir um filme e você não a beija?

Apoia a cabeça contra o estofado e encara o teto.

— Eu sou péssimo flertando.

— Eu estou percebendo. — Pauso meu filme e presto a atenção

no jogador de basquete ao meu lado. — Você pelo menos tentou? Ela

disse não? Ela te rejeitou?

— Não tentei, eu não queria pressioná-la, estava esperando por

ela agir.

Ele soa tão fofo que sorrio.

— Dylan, sei que você tem que respeitar o espaço e tals, mas às
vezes você precisa ter uma atitude, nós garotas soltamos dicas e vocês

vão lá e fazem a ação.

Como alguém tão popular, tão bonito, pode agir assim? Quase

como um príncipe de conto de fadas, se bem que o príncipe da Bela


Adormecida a beijou dormindo.

— Vocês não podem simplesmente falar você pode me beijar, por


favor?

Ele imita a voz de uma garota, eu sorrio e balanço minha cabeça.

— Podemos, mas não costumamos falar isso.

— Por que vocês precisam ser tão complicadas, moranguinho?

Dou de ombros.

— Culpa da sociedade que nos molda para ser assim.

Ele suspira e olha em minha direção.

— O que você está assistindo?

— Crepúsculo.

— O filme de vampiros? — Sorrio animada e assinto. — Nunca

imaginei que você gostasse desse tipo de filme.

Ergo minhas sobrancelhas.

— Por quê?

Eu posso imaginar a sua resposta, mas quero ter certeza.

— A verdade? — Assinto. — Achei que você não gostasse de

filmes de romance, fosse do tipo rebelde que gosta de filmes sangrentos,


além do mais antes de vir para Tuscaloosa você parecia uma

encrenqueira.

Assim como Dylan apoio minha cabeça no sofá e continuo


olhando para ele que agora tem seus olhos fixos em mim.

— Meus pais faziam eu parecer bem mais encrenqueira que eu

era, não que eu não fosse, eles só conseguiam exagerar ainda mais. Se
você escuta meu pai falar parece que eu tenho o corpo tapado de

tatuagens quando na verdade tenho cinco e todas pequenas e três delas


quase sempre estão cobertas pelas minhas roupas.

Dylan fica em silêncio, só me encara como se estivesse fascinado,


então volto a olhar em frente e coloco o filme para rodar.

— E só para constar, eu amo filmes de terror.

Dylan ri e segue ao meu lado, algumas vezes faz perguntas sobre

o enredo e como já assisti esse filme muitas vezes respondo-o como se


fosse especialista no assunto.

Eu divido minha colher e meu sorvete com ele e acabamos com

um pote inteiro do doce, Dylan passa seu braço pelos meus ombros,
brinca com algumas mechas do meu cabelo e eu apoio minha cabeça

contra ele.
Assim que o filme termina desligo a televisão, afasto-me dele e o
encaro curiosa, porque algo está me incomodando sobre o assunto Dylan

e Kim.

— E o que fará para conquistar a garota?

Ele dá de ombros.

— Não sei, como eu disse eu sou péssimo flertando,


simplesmente não sei o que fazer.

Uma ideia surge em minha mente e sorrio animada.

— Eu posso te ajudar.

Dylan me encara sem entender o que estou sugerindo.

— Me ajudar?

Assinto.

— Você é péssimo e eu sou uma garota e ótima no quesito flerte.

Seria ótimo por em prática tudo que aprendi nos filmes nos
últimos anos.

— Por que você quer me ajudar?

Sorrio maliciosamente.

— Como disse, eu posso não ser a encrenqueira que meus pais

fazem eu parecer, mas ainda sou uma encrenqueira e amo um desafio.


Pisco em sua direção e Dylan balança sua cabeça de um lado para
outro enquanto ri.

— Então, sou seu desafio?

— Sim.

Dou de ombros e ele ri.

— Ok, você pode me ajudar.

Sorrio animada e aponto meu dedo na direção do seu peito.

— Primeiro, para ajudar vocês, eu preciso saber o que exatamente

vocês fizeram na casa de Kim.

— Assistimos um filme.

Fala como se fosse óbvio e faço um gesto com minhas mãos para
que ele conte mais.

— E o que mais?

— Só isso e conversamos um pouco depois que o filme acabou,


então uma amiga ligou para Kim e a chamou para ir até a festa em que

ela estava, Kim pediu uma carona e a levei até o lugar da festa.

Faz um resumo da noite dos dois e faço uma careta.

— Ela não te chamou para ir à festa com ela?

— Não.
Ele fala como se não ligasse para isso.

— E você não se ofereceu para ficar com ela na festa?

— Não, porque não queria ficar na festa.

Meu Deus, como ele consegue ser tão prático e de boa com isso?

— Se a pessoa que eu gosto fosse a uma festa sem mim e sequer


me convidasse, eu ficaria muito chateada, no nível de brigar com a

pessoa.

Talvez, eu seja um pouco ciumenta, mas porra ela nem convidou


ele para ir junto.

— Então, você é possessiva?

— Não, quer dizer, um pouco, no nível saudável.

Ergue suas sobrancelhas e me encara com deboche.

— E existe como ser possessiva de forma saudável?

— Não estamos falando sobre mim e sim sobre você, Dylan. —

Recuo da sua pergunta e ele ri. — Em algum momento, vocês se tocaram


de forma mais íntima?

— Íntima?

Ele está levando para o outro lado, reviro meus olhos e dou um

tapa de leve em seu braço.


— Não estou falando disso, estou falando de algo mais carinhoso,

algo que dois amigos não fariam. — Quanto mais eu falo mais eu me
complico. — Tá pode ser algo mais íntimo nesse nível que está

imaginando, só por favor, omita os detalhes.

Reviro os olhos e Dylan sorri, ele continua sorrindo enquanto

enfim me responde.

— Na metade do filme, ela se deitou com parte do seu corpo

sobre o meu.

Tá bom, ela deu as dicas para Dylan.

— Nesse momento, você deveria ter feito algo.

— Algo como o quê?

Como alguém consegue ser tão lerdo.

— Você deveria ter a beijado, Dylan.

— Por quê?

Reviro meus olhos.

— Porque era sua chance de saber se ela estava querendo você,

ou não, além do mais se ela procurou por você é porque queria algo mais.

Ele suspira.

— Isso é muito difícil, sério, custa a pessoa falar o que ela quer?
Ergo minhas sobrancelhas.

— Se é tão fácil, chega você e diz para ela o que você quer.

Ele faz uma careta.

— Pegue leve, moranguinho.

— Você chegaria para alguém e falaria vamos trepar?

Continuo provando que estou certa e Dylan me encara em

choque.

— Óbvio que não.

— As coisas precisam ser sutis, Dylan, aprenda a interpretar os

sinais.

— Porra de sinais.

Ele resmunga irritado e fico em pé.

— Por hoje, chega, mas é sério, aprenda os sinais.

Dylan assente contrariado e eu o deixo para ir até a cozinha, antes

de sair da sala, olho para trás e faço uma careta.

— Só para constar, eu acho que ela não te merece, Dylan.

Ele fica em silêncio. Eu olho em frente e sigo para a cozinha, lavo


a colher e jogo o pote vazio de sorvete no lixo. Quando passo pela sala

para subir para o quarto, Dylan já não está mais no sofá.


Ele realmente parece estar apaixonado pela Mean Girl. Eu não

entendo qual é a relação dos dois exatamente e isso não é da minha


conta, não devo me intrometer tanto na vida do jogador de basquete, só

preciso o ajudar e é isso. Posso me divertir no processo e fazê-lo

conquistar a garota, um ótimo desafio.

Mas que ela não o merece, ela não o merece.

...

O domingo é estranho, o pessoal não está muito animado para o


início do semestre, ao contrário de mim, eu estou muito empolgada,

afinal é o meu primeiro dia de aula. É um dia sem nenhum

acontecimento, apenas fico em casa com os jogadores e as namoradas,

almoçamos e jantamos juntos, assistimos um jogo e boa parte do tempo


cada um fica fazendo suas próprias atividades, eu aproveito para ficar

assistindo série e comendo besteira.

Quase não durmo, ansiosa, sinto-me como uma criança, rolo de


um lado para o outro na cama. Estou acordada antes do despertador,

desligo-o assim que o barulho ecoa pelo quarto e corro para o banheiro.
Eu tomo um banho demorado, visto um jeans, suéter, um casaco e
botas. Acho que estou apropriada para o primeiro dia de aula. Encaro

meu reflexo no espelho e suspiro aliviada por estar aqui. Se tivesse feito a

vontade dos meus pais estaria estudando moda em Nova York, assim
como a maioria das filhas dos amigos deles, se é que posso chamar de

amizade a parceria que ele tem com alguns outros políticos e

empresários.

Meu pai ainda foi o responsável por escolher o curso que faria,
porém lá no fundo sei que irei gostar de moda, só estava tentando chamar

a atenção quando neguei e disse que iria fazer engenharia mecânica.

Deus, eu odeio cálculo!

Eu suspiro, afasto-me do espelho e arrumo as coisas que irei levar

na mochila. Apenas um caderno, uma agenda e algumas canetas

coloridas, por enquanto é o suficiente.

Saio do meu quarto e encontro meu irmão na cozinha, ele está


sozinho, porque é o único que tem aula hoje pela manhã.

— Hey.

Eu vou até o meu irmão que está fazendo ovos mexidos e o

abraço.

— Hey, Josh.
Beija o topo da minha cabeça e me afasto. Eu fico ao seu lado e

roubo um dos bacons que estão sobre um prato.

— Pronta para o primeiro dia de aula, fofinha?

Apenas reviro meus olhos, porque ele não irá parar de utilizar o

apelido.

— Eu nasci pronta, querido.

Ele ri e eu trago o bacon até minha boca.

— Você irá comigo e te busco, qual é o horário da sua última

aula?

Por sorte, minha grade horária foi fechada no momento da


matrícula.

— Quatro horas.

Ele assente e desliga o fogão.

— Irei buscar você por enquanto posso ser motorista, mas

precisamos providenciar um carro para você, nosso pai já deu aval para
comprar o que você escolher.

Sorrio animada.

— Algumas vezes, ser filha do governador tem suas vantagens.

Josh apenas ri. Eu tomo café da manhã com meu irmão, subimos

rapidamente para escovarmos nossos dentes e nos encontramos em seu


carro.

Josh me deixa no prédio de moda e sigo para minha primeira

aula, é ótima e eu faço uma amiga, seu nome é Maggie, ela é um pouco

tímida e ama roupas coloridas.

A sua aula seguinte é a mesma que a minha, então vamos juntas e


nos sentamos uma ao lado da outra. Assim que o professor finaliza, nós

duas pegamos nossas coisas e caminhando vamos para um dos

restaurantes do Campus almoçar.

Andamos por entre as calçadas, admiradas com tudo ao nosso

redor, os prédios de tijolos se misturam com um ambiente arbóreo e tudo

é encantador. Nós seguimos conversando e é fácil conversar com

Maggie, porque logo que ela fica confortável comigo sua timidez cede
espaço a uma pessoa totalmente diferente.

Nós entramos no hall do restaurante e nos deparamos com


algumas mesas, panfletos sobre elas, com pessoas atrás delas e banners

pendurados nas paredes. Eles estão apresentando as ligas estudantis,


alguns esportes, grêmios e afins.

Maggie e eu pegamos alguns panfletos que nos entregam e até


conversamos com alguns alunos. Estamos conversando com o pessoal do
xadrez quando escutamos algumas risadinhas, então eu olho para o lado e
me deparo com as líderes de torcidas, imediatamente reconheço Kim.

— Seria uma ótima aquisição, porque com essas roupas coloridas


sempre saberiam onde estamos.

Uma garota diz ao lado de Kim e as duas riem. Elas estão


debochando de Maggie. Idiotas!

— Achei que esse tipo de garota tinha ficado na escola.

Maggie resmunga, ela claramente está chateada.

— Nunca nos livramos delas, não se não as enfrentarmos.

Pego no pulso de Maggie e a puxo na direção das garotas.

— O que você está fazendo?

Dou de ombros e sorrio.

— Nada de mais.

Paro em frente às duas, sorrio e pego um dos panfletos, elas estão

anunciando uma audição para escolha de novas líderes de torcida.

— Seu nome é Tessa, não é? — Ótimo, Kim lembra o meu nome.

— Amei seu cabelo rosa.

Debocha e sigo sorrindo.


— Pena que não posso falar o mesmo do seu, não gosto muito do

loiro, ele é sem graça.

Faço uma careta e ela segue me encarando como se não tivesse


sido afetada pelo que acabei de falar.

— Acho que você seria uma ótima aquisição para o nosso time.

Seu sorriso é falso, eu sorrio da mesma forma.

— Talvez.

Sorrio debochada. Nunca fui líder, nunca tive vontade, mas irei

participar dessa maldita audição.


Dylan

Tenho aula apenas na segunda parte da manhã e treino pela tarde,

um treino pesado que me faz deixar o estádio exausto. Eu chego em casa


e subo direto para meu quarto, mesmo que tenha tomado um banho

rápido sigo para o banheiro e tomo outro, dessa vez mais demorado.

Estou um pouco melhor quando deixo meu quarto e desço até a

cozinha. Josh e Tessa estão cozinhando e conversando.

— Eu vou fazer audição para ser líder de torcida.

Escuto Tessa contando para o irmão, Josh solta uma gargalhada e

eu me aproximo dos dois. Tessa me encara com um olhar de julgamento


que não entendo, ergo minhas sobrancelhas e ela apenas dá de ombros.

Sento-me de frente para os dois.

— Por que Josh está rindo?

Questiono os dois, qual é problema de Tessa ser líder de torcida?

Tessa não me responde, somente encara o irmão com deboche e espera

que ele pare de rir. E é só depois de conseguir parar de rir que Josh me
responde.

— Ela odeia líder de torcidas.

Ele segue com um sorrisinho em seus lábios. Olho para Tessa,

curioso.

— E por que você irá fazer uma audição para ser líder de torcida?

— Ela está zoando.

— Não estou.

Tessa rebate o irmão e o sorriso de Josh some.

— Você está falando sério? — Ele larga a colher dentro da panela

e a encara incrédulo. Tessa assente. — Por quê? Você odeia as líderes de


torcidas?

Até eu estou curioso do porquê Tessa quer se juntar às líderes de

torcida.

— Fui desafiada.
— Por quem?

Josh faz a pergunta que está ecoando em minha mente.

— Por uma das líderes de torcida.

Ela olha em minha direção e entendo que ela encontrou com Kim.

Tessa abre a boca e me encolho mesmo antes de ouvir qualquer palavra.

— As líderes de torcidas estavam no hall do restaurante

divulgando a audição para o time de cheerleaders, então ela riu de mim e

da garota que estava comigo e me inscrevi para a audição. — A raiva

reflete em seu olhar. — Ela acha que não posso ser uma líder de torcida e

irei provar o contrário.

Soa determinada.

— Quem eram as líderes de torcida?

Tessa sorri e não de uma forma muito animadora.

— Kim e uma outra garota, uma de cabelos cacheados, olhos


castanhos e um pouco mais baixa que eu.

Nancy, a melhor amiga de Kim. Eu fico em silêncio, porque não

há nada para ser dito e muito menos tem como defender Kim.

— Como você pretende entrar para o time de cheerleaders se

nunca foi uma?

Tessa dá de ombros como se não fosse nada de mais.


— Minha mãe era uma líder de torcida, deve estar no meu DNA.

Ela realmente parece acreditar no que está dizendo.

— Não sei se funciona assim, Tessa.

— Eu vou ensaiar. — Ela olha para nós dois convicta sobre o

assunto. — Não importa como vou aprender, o que importa é que vou
passar na porra dessa audição, nem que eu tenha que trapacear.

Lembro de algo ao ouvir sua última palavra e faço um gesto com


a cabeça na direção de Josh.

— Conte para ela.

Pela expressão de Josh ele entende do que estou falando e faz


uma careta.

— Por que eu?

— Ela é a sua irmã.

Josh faz uma careta.

— Do que vocês estão falando? — Josh segue em silêncio e eu

também, não falo nada. — Fale logo.

Josh revira seus olhos e finalmente, conta para a irmã.

— O time de cheerleaders não atua somente nos jogos de futebol


americano, elas também estão presente nos jogos de outros esportes,

como basquete, beisebol e hóquei, nem que seja na arquibancada.


— Ok, ótimo, por que fizeram tanto suspense por causa de algo
tão bobo?

Ela nos encara como se fôssemos malucos, Josh olha em minha


direção e faz um gesto com a cabeça para que eu prossiga.

— Por isso os capitães dos principais esportes fazem parte da

seletiva para novas cheerleaders.

Respondo-a e seus olhos brilham.

— Então, você, meu irmão, Ethan e Aiden farão parte do júri? —

Assinto. — Ótimo, minha vida acabou de ficar mais fácil, porque é óbvio
que vocês irão votar em mim.

— Isso é trapacear.

Josh avisa a irmã que dá de ombros.

— Não me importo, eu nem quero ficar naquela merda de time

com aquelas imbecis, só quero provar que poderia ser um líder de torcida
se eu quisesse.

Josh faz uma careta.

— Você não deveria cair na provocação de Kim, ela não vale a

pena.

Fico em silêncio, embora uma parte de mim queira defender Kim.


Ela não é tão ruim quanto todos acreditam que ela é.
— Alguém precisa confrontá-la.

— Eu preferia que esse alguém não fosse a minha irmã, Kim não

deixará você em paz.

Tessa curva seus lábios em um sorriso debochado.

— Eu não tenho medo de piranhas como ela. — Faço uma careta


ao ouvir o piranha e ela franze sua testa. — Não entendo como você

pode estar apaixonado por ela.

Merda! Olho para Josh e ele ergue suas sobrancelhas.

— Você está apaixonado pela Kim?

Não tenho tempo de responder, porque Tessa é mais rápida.

— Seus amigos não sabem que você está apaixonado pela loira
maldosa? Aquele dia supus que eles não tinham percebido que ela estava
o machucando, mas eu achava que eles sabiam.

Faço uma careta e não respondo nenhum deles. Eu não quero


falar sobre o assunto.

— De que merda vocês dois estão falando?

— No dia da festa, Kim ficou com outra pessoa e Dylan ficou

incomodado com isso e nenhum de vocês percebeu.

Tessa responde o irmão e complica ainda mais a minha situação.

Não vou mais conseguir negar que vejo Kim apenas como uma amiga.
— Por que não sabemos que está apaixonado? Porra, nós somos
seus melhores amigos.

Josh realmente parece magoado, olho para o teto por alguns


segundos e suspiro.

— E vocês odeiam a Kim.

— Ela é uma megera, mas você é nosso amigo.

— Por que vocês não gostam de Kim? — Josh volta a encarar a

irmã. — Já percebi que ela não é alguém legal, porém existe mais algum
motivo para vocês a odiarem?

Josh ri debochado.

— Além de ser maldosa, humilhar os outros, se achar a rainha da


universidade, Kim ama o status, ela persegue os atletas por fama, como

uma formiga persegue algo doce.

Faço uma careta.

— Ela não é tão ruim.

— Dylan jura que ela é uma boa pessoa lá no fundo, eu discordo


totalmente.

Tessa me encara curiosa.

— Dizem que o amor é cego, mas nesse caso ele é cego, mudo e
surdo, porque Meu Deus, ela consegue ser insuportável.
Sorrio e balanço minha cabeça de um lado para outro.

— Eu conheço uma Kim que ninguém conhece.

Josh suspira e olha para mim com pesar.

— Ethan, Aiden e eu já avisamos que ela só fala com você,

porque é o novo capitão do time de basquete.

Isso não é verdade, mas não posso revelar como foi meu primeiro
encontro com Kim. É algo que apenas eu sei. Kim odiaria que outras

pessoas ficassem sabendo daquele acontecimento.

— Não é apenas isso.

— Nós conhecemos Kim antes de você.

Josh não está falando que apenas conheceram Kim antes de mim,

ele está falando que eles já ficaram com ela. Odeio o quanto isso me

deixa desconfortável.

— Como assim?

Antes que Josh responda a irmã, eu me viro para Tessa e a

respondo.

— Eles já ficaram com Kim, porque os idiotas falam de Kim


como se ela fosse um objeto, mas eles mesmos já estiveram com ela.

Soo mais rude que gostaria e Tessa faz uma careta.

— Sinto muito.
Não sei o porquê ela sente muito e no momento não importa.

— Não vou brigar com você por causa de Kim.

Escuto a voz de Josh, porém continuo olhando para Tessa. Ela faz

uma careta.

— Vamos mudar de assunto.

Ela sugere e assinto, não quero mais falar de Kim, nem o quanto

ela pode ser má. Antes que qualquer um de nós três possa falar algo, um

cheiro desagradável toma conta da cozinha. Um cheiro de queimado.

— Droga, vamos ter que pedir algo para comermos.

Apesar de rirmos e provocarmos Josh por conta da comida

queimada algo parece estar errado, como se tivéssemos medo de magoar

um ao outro. Droga!

Josh faz o pedido em um restaurante oriental e enquanto

esperamos a entrega limpamos a cozinha em silêncio. Assim que chega,

Josh a busca na porta e volta para a cozinha. Jantamos os três, já que


Ethan está com Abby e Tessa interrompe o clima estranho contando

como foi seu primeiro dia de aula.

É engraçado como ela tem o brilho de caloura com ela, em

algumas semanas provavelmente ela odiará tudo que no momento a


fascina. Josh e eu debochamos do fato dela estar chamando uma garota

que conheceu hoje de amiga.

— Eu não posso fazer nada se sou uma pessoa amigável diferente


de vocês.

Não há mais nenhuma tensão entre nós quando terminamos de

jantar, porém mesmo assim me despeço dos dois, pego duas cervejas na
geladeira e deixo a cozinha. Busco um casaco e vou para o jardim. Está

frio e minha respiração se transforma em vapor.

Sento-me em uma das espreguiçadeiras que não usamos desde o

verão e encaro o céu. Não há nenhuma estrela e a escuridão é tudo que


consigo enxergar.

Isso faz com que me lembre de um tempo em que tudo parecia

escuro a minha volta. Eu não tenho muitas lembranças da minha infância,


devido aos bloqueios e de ser pequeno demais, porém me recordo dos

sentimentos e de algumas cenas, infelizmente.

Uma parte em mim reconhece essa mesma escuridão em Kim e

quero a salvar, assim como alguém me salvou.

Sei quem Kim é desde o momento que me aproximei de Ethan,

mas foi somente na metade do ano passado que nos tornamos amigos. Eu

estava em uma festa na casa de um dos caras do time de futebol


americano e estava procurando pelo banheiro, entrei num dos quartos
sem querer e estava prestes a fechar a porta quando escutei um soluço.

Alguém estava chorando, então adentrei o cômodo e encontrei uma

garota sentada no chão e com as costas apoiadas na parede e chorando,


imediatamente fui até ela e me agachei à sua frente.

— Hey.

Ela está de olhos fechados e com a mão no peito. Não demoro a

me dar conta de que ela é Kimberly, a líder das cheerleaders.

— Você está bem?

É óbvio que ela não está bem. A garota continua sem olhar em

minha direção. Um som saí da sua boca indicando que ela está com dor.

Pego o celular em meu bolso para chamar por ajuda quando ela
choraminga.

— Não estou conseguindo respirar.

Massageia seu peito e me dou conta de que talvez, ela esteja em


meio a um ataque de pânico.

— Está tudo bem, Kimberly, respire comigo.

Respiro alto, peço para que ela conte comigo e aos poucos ela

começa a obedecer aos meus comandos.


— Abra seus olhos, você está bem, em um quarto, olhe ao seu

redor.

Ela faz o que eu peço e aos poucos ela volta a si. Eu respiro
aliviado e me sento ao seu lado. Kim entrelaça seus dedos com os meus e

eu aperto sua mão.

— Está tudo bem. — Olho para o lado e ela assente. — Alguém te


machucou?

Ela balança a cabeça negando.

— Eu posso te acompanhar até um hospital, você precisa da

ajuda de profissionais.

Kim somente olha em frente e continuo a observando pronto para


sair correndo com ela em meus braços se for preciso. Depois de vários

minutos, ela me encara e sorri.

— Estou bem. — Ela claramente não está bem. — As coisas só se


tornaram um pouco demais.

Pela forma como está tentando transparecer que está bem, não é

o seu primeiro ataque de pânico.

— Não é a primeira vez, não é?

— Não. — Ela desvencilha sua mão da minha. — Você pode

manter isso em segredo?


— Claro.

— Obrigada... Dylan, não é?

Assinto enquanto meu rosto fica vermelho, porque ela sabe quem

eu sou. Kim deixa o quarto assim que está bem e eu fico sozinho, depois

de alguns minutos saio e não a encontro em lugar nenhum.

No dia seguinte, consegui o número de Kim com um dos meus

colegas de time, ela me respondeu e de certa forma, nos tornarmos

amigos.

Trago a cerveja até minha boca e bebo um pouco da bebida. Nós


compartilhamos alguns segredos, medos e receios que ninguém sabe. De

certa forma, compartilhamos a mesma escuridão.


Tessa

Eu me concentro mais em aprender as coreografias dignas de uma

cheerleader do que em prestar a atenção nas aulas que tenho durante a


semana. Prioridades e prioridades!

A música ecoa pelo quarto e faço os movimentos que aprendi na


internet. Eu não sou ruim e isso tem a ver com as aulas de ginástica, balé

e dança que fui obrigada a frequentar pelos meus pais.

— Você está ótima.

Maggie, que está sentada em minha cama, me aplaude, eu vou até

meu celular que está sobre a cômoda e paro a música, então me viro na
sua direção.

— O suficiente para ser escolhida?

Ela faz uma careta.

— Não sei, talvez, nunca assisti uma apresentação.

Confessa e ergo minhas sobrancelhas.

— Nem em um jogo?

Balança a cabeça negando.

— Nunca assisti um jogo.

É a minha vez de fazer uma careta.

— Nós temos que mudar essa situação e na semana que vem. —

Sorrio. — Haverá um jogo de futebol americano.

— Prefiro ficar estudando.

— Você precisa viver mais, garota. — Aponto meu dedo na sua

direção e Maggie apenas ri. — Vamos fazer o trabalho?

Ela assente e nós duas nos sentamos uma ao lado da outra sobre a

cama, colocamos os cadernos e canetas entre nós e ficamos com nossos

Ipads sobre o colo. É nosso primeiro trabalho e demoramos algumas

horas para concluir, minha sorte é que Maggie é muito mais focada que
eu, porque acho que sem ela já teria desistido.
Quando terminamos o sol está se pondo, Maggie recusa meu

convite para comermos algo, assim como a proposta para ir a uma festa

comigo.

— Hoje é sexta-feira.

Ela dá de ombros enquanto se levanta e recolhe suas coisas.

— Minha sexta-feira será dormindo, porque semana que vem

começo a trabalhar.

— Esse é um dos motivos pelos quais deveria ir a uma festa.

Balança a cabeça e eu não a pressiono. Eu desço com ela até a

saída, despeço-me dela na porta e volto para meu quarto. Dou alguns

passos para dentro do cômodo, então paro e observo os cadernos sobre a

cama.

Minha primeira semana de aula foi um sucesso, conheci pessoas e

sei que algumas delas se tornaram minhas amigas. Além disso, Maggie

se tornou uma amiga, ela é totalmente diferente de mim, porém de

alguma forma somos boas juntas.

Eu tenho falado com meu pai, surpreendentemente mais do que

quando morava com ele, Magnus realmente está levando a sério a


história de ser um pai melhor. Minha mãe nunca respondeu nenhuma das

mensagens que enviei.


Gosto da rotina que estabeleci e morar com os meninos é fácil,

apesar de quase não os ter visto, porque eles estão muito ocupados com

os jogos e com as namoradas.

Vou até minha cama e não paro de pensar em quanto minha vida

está mudando enquanto guardo minhas coisas. São mais


responsabilidades e ao mesmo tempo mais liberdade.

Assim que tudo está em seu devido lugar, pego meu celular e

deixo o meu quarto, porque estou com fome. Eu encontro meu irmão,
Ethan e Abby na cozinha.

— Olá, pessoas.

Sorrio animada e eles sorriem de volta.

— Olá.

Ethan e Abby que estão preparando sanduíches falam ao mesmo

tempo. Eu vou até Josh que está sentado de frente para os dois e o
abraço, meu irmão beija o topo da minha cabeça. Sento-me ao seu lado e
ele me encara com deboche.

— E sua amiga?

Reviro meus olhos.

— Por que ele está debochando?

Abby pergunta e eu encaro a namorada do quarterback.


— Porque ele é um idiota.

— Ela conhece a garota há uma semana e elas se tratam como

velhas amigas.

Até mesmo Ethan está debochando de mim.

— Eu sou boa em fazer amigas e amigos, sou uma pessoa legal e


todas querem estar por perto de mim.

Ethan olha para Josh.

— Ela é modesta igual ao irmão.

— Você sabia que Ethan convidou Dylan para vir morar com eles

depois de um mês?

Abby me conta e é a minha vez de encarar Ethan com deboche.

— Quer dizer que o sujo estava falando do mal-lavado?

Volta a me encarar e sorri.

— Sou ótimo com o julgamento das pessoas.

Por fim, nós quatro apenas rimos e eu mudo de assunto.

— E Dylan? Eu não tenho o visto.

A última vez que o vi na verdade foi na segunda, e é estranho,


porque convivo com ele há poucos dias, mas sinto sua falta. Eu realmente

gosto dele.
— Ele tem treinado até tarde.

Ethan me responde e assinto.

— Achei que ele pudesse estar me evitando.

Confesso e mordo meu lábio inferior.

— Porque você contou que ele está apaixonado pela Kim?

Ethan indaga e me viro para Josh, ele contou para os amigos, meu

irmão dá de ombros.

— Eles são amigos do Dylan tanto quanto eu e precisavam saber.

Faço uma careta, Dylan deve estar me odiando.

— Talvez, ele esteja evitando todos nós, mas é porque ele sabe

que temos razão quando alegamos que Kim não é uma boa pessoa.

Ethan confessa e suspiro.

— Não deveria ter contado que ele estava apaixonado por Kim, se
bem que não poderia adivinhar que vocês não sabiam.

— Ele sabia que se soubéssemos nós iríamos o alertar sobre como


gostar dela é um perigo.

Ethan assente concordando com meu irmão.

— Como alguém consegue gostar de alguém tão desprezível?

Abby fala com raiva e lança a faca com raiva no pobre do pão.
— O pão não tem culpa, Abby. — Alerto-a e ela para de
massacrar o pão. — Talvez com ele ela realmente seja alguém diferente,

porque não parece ser o tipo de Dylan gostar de pessoas más.

Levanto a suposição, Ethan ri, Josh bufa e Abby faz uma careta.

— Duvido, Kim é desprezível, ela tentou me intimidar e me


humilhar quando conheci Ethan, porque o imbecil estava saindo com ela
e foi ela que espalhou pela universidade que Brooke estava grávida, ela
gritou em uma festa que Brooke estava aplicando um golpe da barriga em

uma das Estrelas do Alabama.

— Que vaca.

Abby assente e volta a preparar seu sanduíche, dessa vez, sem


descontar sua raiva no pobre do pão.

— Você irá mesmo se tornar uma líder de torcida?

Assinto diante da pergunta de Abby.

— Kim me desafiou e não fujo de um desafio.

Sorrio vitoriosa, Abby ri e me encara com pesar.

— Boa sorte.

Nós continuamos conversando e Abby e Ethan preparam os

sanduiches para nós quatro. Deixamos o assunto Kim de lado e focamos


em discutir o que faremos, meu irmão irá buscar Dakota e os dois ficarão
em casa, Ethan e Abby irão para uma festa, a mesma que fui chamada

para ir por alguns colegas, então eu irei com eles.

Subo para meu quarto, tomo meu banho, visto uma roupa e volto
a descer para o primeiro andar, então encontro Ethan e Abby e vamos

para o carro do quarterback, ele vai dirigindo e Abby escolhe as músicas.

Os dois às vezes discutem, porém é nítido que apenas estão se


provocando.

A festa é em uma fraternidade, Ethan estaciona e seguimos até o

local, uma casa de dois andares em que a maioria das luzes estão
desligadas e o som alto ecoa pelo arredor. Somos recepcionados pelos

membros, Ethan conhece a maioria, na verdade a maioria conhece Ethan,

Abby me puxa pela mão e me guia até as bebidas.

— Às vezes namorar uma celebridade é um saco.

Ela reclama, mas está rindo. Nós pegamos dois copos com

cerveja e ficamos bebendo em um canto, perto da parede. Abby sussurra

alguns fatos e fofocas sobre as pessoas, ela me coloca a par de tudo, ela

pode ser um pouco mal-humorada, mas está bem atualizada.

Ethan não demora a se juntar a nós duas, ele abraça a namorada e

beija seu pescoço, faço uma careta.

— Muito para seus olhos, criança?


Ethan me provoca com a minha idade e ergo minhas
sobrancelhas.

— Por favor, eu sou só dois anos mais nova que vocês, o que me

incomoda são todos esses toques.

Faço um gesto com as mãos e os dois riem.

— Não se preocupe iremos encontrar alguém para você.

Abby pisca para mim. E os próximos minutos os dois julgam os

garotos presentes na festa, aparentemente nenhum deles presta o


suficiente. Não que me importe sobre a fama de cafajeste deles, não estou

à procura de um namorado, porém quero me manter longe dos que

gostam de sair comentando sobre as garotas pela universidade, e a

maioria aparentemente é assim.

— O problema é que a espécie homens decentes está em extinção.

— Reclamo. — Custa, você ficar com uma garota e não compartilhar as

informações com os amigos?

Bebo o restante da minha cerveja indignada, Abby e Ethan apenas

riem da minha cara. Olho para o lado ao afastar o copo da minha boca e

encontro Dylan entrando no espaço.

— Não sabia que ele iria vir.

Falo alto o suficiente para Abby e Ethan ouvirem.


— Acho que você está certa ele está tentando nos evitar. — Olho

para o lado e Ethan está encarando o amigo com a testa franzida. — Ele
está com os seus colegas de time.

— Talvez, eles estejam comemorando algo do basquete.

— Talvez, seja isso.

Concordo com Abby e Ethan assente, porém continua com a testa


franzida. Dylan acena em nossa direção, mas não vem até nós, ele segue

com seus outros amigos.

Sigo com Abby até que uma das meninas que conheci essa

semana me chama, eu me junto a ela e seus amigos e fico um tempo com


eles. É divertido, bebo e danço. Estamos indo buscar mais bebida quando

me deparo com Dylan e Kim, provavelmente, é por isso que ele está aqui.

Há um desconforto em meu peito e respiro fundo.

Desvio o olhar dele e continuo em frente. Busco minha bebida e


sigo com meus novos amigos, um dos caras, que está na mesma rodinha

que eu, me chama para dançar. Ele é bonito e entrelaço minha mão na

sua. Guia-me para o local onde as pessoas estão dançando e


movimentamos nossos corpos no ritmo da música.

Seu nome é Gage, ele é irmão de uma das garotas que estuda

comigo. Ele é bonito, dança bem, mas é como se estivesse faltando algo.
Nós dois não funcionamos bem juntos e eu olho ao redor à procura de um
escape, então vejo Dylan encarando Kim que está rindo com um outro

cara.

— Eu preciso resolver algo.

Sorrio e o cara apenas assente. Afasto-me e vou até Dylan. Ele

ergue suas sobrancelhas e pego a sua mão.

— Dance comigo.

Puxo-o para longe de Kim.

— Achei que soubesse que não danço.

— Dançar mal e não dançar são conceitos diferentes.

Coloco suas mãos em minha cintura e levo as minhas até seu

ombro. Ele continua me encarando sem entender, mas balança seu corpo
no ritmo da música, ou pelo menos tenta.

— Ciúmes são uma ótima jogada, chame a atenção de Kim

dançando comigo.

Explico.

— Achei que você não gostasse dela.

— Não gosto. — Faço uma careta. — Mas prometi te ajudar a

conquistá-la, não é?

Ele assente.
— Então, vou te ajudar a conquistar essa garota, mas juro que eu

não quero ficar no mesmo lugar que ela, nunca a traga em nossa casa.

Dylan ri e balança a cabeça de um lado para o outro.

— Do que você está rindo exatamente?

— Você fica bonita quando está com raiva.

Reviro meus olhos.

— Não seja bobo, Dylan.

Ergue sua mão e toca em uma mecha do meu cabelo.

— É apenas a verdade, moranguinho. — Meu coração acelera ao

ouvir o apelido. — Senti falta de conversar com você.

Ele confessa como se admitir isso não fosse nada de mais. E


realmente não é.

— Eu também senti sua falta. — Sorrio. — Desculpe ter contado

para Josh que você está apaixonado.

Ele assente.

— Tudo bem, eu nem deveria ter os evitado, só não queria que

meus amigos tentassem me proteger como se fosse uma criança inocente.

É claro que isso o incomoda.

— Eles fazem isso, porque te amam.


Ainda estamos nos balançando, mas não estou seguindo ritmo
nenhum. Estou mais concentrada em nossa conversa que qualquer outra

coisa.

— Eu sei, só não gosto de me sentir como um idiota.

— Você não é um idiota.

— Mas é assim como eu me sinto quando todos acreditam que

não sei fazer minhas próprias escolhas.

Eu sei como ele se sente, porque é assim que me sentia com os

meus pais.

— Desculpe se te fiz se sentir assim.

— Tudo bem, moranguinho, não me sinto mais um idiota, não

quando eu estou com você.

Pisca em minha direção e nós dois rimos. Sinto alguém nos

observando. Eu olho para o lado e Kim está nos fitando com uma careta
em seu rosto.

— Finja que está me olhando.

Volto a olhar para Dylan que segue rindo.

— Eu estou olhando para você.

— Como se eu fosse a coisa mais importante da sua vida.

— Como eu vou fazer isso?


Pergunta com um sorriso ainda em seus lábios, ele ainda não
entendeu o que estamos fazendo.

— Kim tem que pensar que no momento eu sou mais importante


para você do que ela.

— Mas isso é verdade.

Bato em seu ombro.

— Ela tem que pensar que está me querendo.

— Querendo?

Ele continua me encarando como se não estivesse entendendo.

— Meu Deus, Dylan finja que você quer me beijar.

Tento ser mais didática e ele arregala seus olhos.

— Você quer que eu te beije? — Não consigo me controlar e

começo a rir. — Por que você está rindo?

Respiro fundo algumas vezes até enfim conseguir parar de rir e

Dylan segue me observando sem entender.

— Dylan, estamos tentando fazer Kim ficar com ciúmes, no caso

dela na verdade inveja, o fato é que ela precisa pensar que você está
interessado em mim romanticamente.

— Ah, entendi.
— Finalmente.

Ele ri, eu olho para o lado e percebo Kim caminhando na direção


da saída, com uma expressão nada agradável em seu rosto.

— Isso não parece algo bom.

Olho para Dylan animada e sorrio.

— Isso parece ótimo.

Ele ergue suas sobrancelhas.

— Não vejo como isso pode me ajudar.

— Eu acabei de te colocar no radar da líder das cheerladers,

Dylan.
Dylan

O que Tessa está falando não faz o menor sentido na minha

cabeça. Kim saiu daqui com uma expressão de quem nunca mais irá
querer me ver na vida.

— Eu não estou acompanhando seu raciocínio.

Tessa suspira e dá um passo para trás, apesar de aumentar a

distância entre nós sigo com minhas mãos em sua cintura.

— Kim gosta de atenção, ela gosta que estejam aos seus pés e

você está aqui comigo e não com ela, isso vai fazer você se tornar

disputado na cabeça dela.


Entendo o que ela está querendo dizer, mas não faz nenhum

sentido.

— Você sabe que isso não faz sentido, não é?

— Acredite para Kim fará sentido.

Faço uma careta.

— Ok, irei confiar em você.

Tessa pisca para mim.

— Isso mesmo, bom garoto.

Reviro meus olhos pela forma como ela fala comigo e Tessa ri,

ela fica linda quando está sorrindo. Ela está linda essa noite. Mais uma
vez desço meu olhar pelo seu corpo. Ela está usando um vestido
vermelho de mangas longas, botas e uma manta ao redor do seu pescoço,

além do mais os fios do seu cabelo rosa estão presos em um rabo de

cavalo.

— Por que você está me olhando dessa forma?

Volto a olhar em seus olhos.

— Porque você está linda.

Ela bate em meu peito.

— Bobo.
Dou de ombros, pego sua mão que segue em meu peito, trago-a

até meus lábios e deixo um beijo sobre os seus dedos.

— O que iremos fazer?

Abaixo sua mão, mas continuo com ela presa a minha.

— Você pode me apresentar aos seus colegas de time.

Sugere com malícia.

— Por quê?

— Porque eles são bonitos.

Balanço minha cabeça e sorrio.

— Eu sou o mais bonito do time.

— Mas você eu já conheço.

Por causa da música a guio até onde os caras estão em silêncio.

Assim que nos aproximamos apresento Tessa a eles, ela se enturma fácil,

consegue fazer todos rirem e é como se o mundo girasse em torno dela.

— Ela está disponível?

Adam sussurra ao meu lado, viro-me para o jogador de basquete

que ocupa a posição de pivô do time e imediatamente o respondo.

— Não.

No momento, não posso imaginar Tessa com ninguém.


— Por quê?

Encara-me curioso e dou de ombros.

— Porque não.

Tessa é muito boa para ele, o cara a cada semana está com uma

garota diferente.

— Você está a reivindicando?

Adam é um dos jogadores mais arrogantes, não temos nenhum


conflito, porém não posso o chamar de amigo, nem sei o porquê estamos

tendo essa conversa.

— Não, ela apenas não está disponível.

Principalmente, para ele.

— Vocês estão conversando sobre o quê?

Tessa nos interrompe e para ao meu lado, olho para ela e ela está
me encarando com uma expressão que deixa claro que ela sabe que
estamos conversando sobre ela.

— Nada interessante.

Minto e ela ergue suas sobrancelhas.

— Sério?

Assinto.
— Muito sério, tão desinteressante que estamos indo embora. —
Apoio minha mão em suas costas. — Tchau, Adam.

Tessa acena para ele e eu a guio para longe.

— Eu estou disponível.

Ela grita enquanto nos afastamos dos meus colegas de time e me


aproximo ainda mais dela para que ela possa me ouvir.

— Não está.

Ela olha para trás e seu nariz encosta em minha bochecha.

— Fala sério, Dylan.

Desço minha mão até sua cintura e aperto.

— Estou falando sério. — Ela para, vira-se ficando de frente para


mim e Tessa está com raiva. — Eles não estão a sua altura, moranguinho.

— Não sou uma idiota. — Ela está usando nossa breve conversa
de mais cedo contra mim. — Eu posso decidir quem está a minha altura

ou não.

— Você quer sair com Adam? — Dou mais um passo em frente e


abaixo minha cabeça até estar com meus olhos nivelados aos seus. — Ele

só quer estar no meio das suas pernas e sair se vangloriando por isso, ele
é um idiota.

— Dylan!
Grita surpresa.

— Estou falando sério.

Ela mantém seus olhos nos meus e me desafiando. Tessa é menor


que eu, mas me encara como se não a intimidasse, eu não devo a

intimidar.

— E se eu quisesse que ele estivesse no meio das minhas pernas?

A imagem que surge na minha mente é péssima.

— Não quero ninguém a tocando.

— O quê?

Nem eu me entendo, entretanto, continuo com a certeza de que

não quero meus colegas de time tocando Tessa. E nem ninguém.

— Você é a irmãzinha do meu amigo e tenho que te proteger.

Ela bufa, desvencilha-se de mim e segue em frente.

— Você é maluco.

Continuo a seguindo, talvez seja mesmo um maluco, mas foda-se.

Tessa se aproxima de Ethan e Abby e eu faço o mesmo. Estive

distante dos meus amigos durante a semana e sinto falta dos idiotas, eles
são uns idiotas, mas são meus amigos. Só precisava de um tempo e a
conversa com Tessa enquanto dançávamos de certa forma eliminou a

minha mágoa.
— Hey, sumido.

Abby me provoca e eu abraço.

— Hey.

Ela está sorrindo quando nos desvencilhamos e dá um soco leve

em meu ombro.

— Senti sua falta.

Assinto e me aproximo de Ethan. Eu o vi hoje antes de ir para

aula, porém é como se nós não nos víssemos há semanas.

— Você não quer tocar no assunto, não é? — Não preciso

perguntar para saber que ele está falando de Kim, então assinto. — Ok,

não vou falar nada sobre o assunto, afinal você é um adulto e sabe o que
está fazendo.

Sim, eu sei, mas não é o que respondo, porque realmente quero

esquecer do assunto.

— Como está a preparação para o próximo jogo?

Ethan me responde e conversamos normalmente. Para meu alívio


não existe nenhum clima estranho entre nós. Uma parte minha sabe que

agi como uma criança me afastando dos meus amigos, outra sabe que foi

o melhor, porque evitei que a situação ficasse pior.


Nós continuamos na festa até a madrugada e na hora de ir

embora, Tessa está seguindo Ethan e Abby, então seguro seu pulso, o
pulso que ela sempre usa uma pulseira.

— Hey, você pode ir comigo? — Ela se vira em minha direção

com a testa franzida. — Não quero ir sozinho.

Ela assente.

— Eu vou com Dylan.

Ela avisa Ethan e Abby e vamos para o meu carro.

— Você bebeu e está dirigindo.

Consta o óbvio assim que estou sentado de frente para a direção e


ela está ao meu lado.

— Eu bebi pouco.

Olho para lado e ela está sorrindo e seus olhos brilhando, um

brilho que indica que está um pouco embriagada.

— Achei que você fosse do tipo certinho, uma gota de álcool e

sem dirigir.

Viro-me, encaro a rua a nossa frente e ligo o carro.

— Às vezes, eu gosto de ser rebelde.

Sua gargalhada ecoa pelo carro e meu peito se aperta, é um anseio

misturado com nervosismo, talvez, eu tenha bebido mais do que acredito


que bebi.

Permaneço em silêncio escutando sua risada, prestando a máxima

atenção nos sons que deixam sua boca.

— Vamos ver o que você escuta.

É ela quem acaba com o silêncio, após parar de rir e aperta no

botão da mídia do carro que conecta com meu celular. A voz de Ed

Sheeran preenche o espaço.

— Você escuta Ed Sheeran!

Grita surpresa.

— Algumas músicas dele são boas.

Ela sussurra a música e no refrão ela canta alto, tão alto que faço

uma careta.

“E vamos dizer, ooh, eu amo quando você faz desse jeito

E quando você se aproxima, me dá arrepios

Oh, amor, você quer dançar até a luz do Sol chegue

E quando eles disserem que a festa acabou, vamos trazê-la de volta a

vida”[4]

— Você é péssima cantando.


Ela me ignora e continua cantando, a única coisa que eu consigo

fazer é rir. Ela é horrível, porém continuaria a ouvindo a noite toda,


porque é nítido que ela está feliz. A próxima música Tessa não conhece e

fica ouvindo em silêncio.

— Qual é essa?

— Leave a Light On do Tom Walker.

— Gostei, você tem um bom gosto musical aparentemente.

Sorrio e olho rapidamente para o lado. Ela está com o rosto

apoiado no banco e está me observando.

— Eu sou quase perfeito.

Revira seus olhos e eu volto a olhar em frente.

— Menos, Dylan, bem menos.

Ela segue escutando minhas músicas e julgando se são boas, ou

ruins. Assim que estaciono na garagem olho para o lado.

— Você precisa de ajuda para sair do carro?

Tessa me encara como se eu tivesse duas cabeças.

— Por que eu precisaria de ajuda para deixar um carro?

— Você não está tonta?


Espero que ela não seja daquelas pessoas que ficam negando que
estão bêbadas e em seguida estão praticamente caindo aos seus pés.

— Posso estar um pouquinho alegrinha, mas não estou bêbada.

Ela realmente não parece tão mal e assinto, então viro-me para o
lado contrário de Tessa e deixo o carro. Ela faz o mesmo e a espero, ela

caminha na minha direção sem tropeçar e concluo que ela está bem.

Nós seguimos um ao lado do outro até a escada, mas não quero

dormir, ainda não. Paro e Tessa sobe o primeiro degrau, ela olha para trás
e sorri.

— Obrigada, pela carona.

Assinto e ela está prestes a continuar subindo quando a chamo.

— Tessa!? — Olha para mim outra vez. — Eu estou com fome e


irei preparar algo para comer, você quer?

Torço para que ela queira e sorrio animado quando ela volta a

descer o degrau.

— É uma ótima ideia. — Suspira. — Eu estou morta de fome.

Vamos para a cozinha e eu preparo dois sanduíches. Tessa fica

apenas me assistindo enquanto bebe um refrigerante.

— Você precisa urgentemente aprender a cozinhar.

Tessa que está apoiada no balcão ao meu lado dá de ombros.


— Não sei se é preciso, porque vocês cozinham muito bem.

Faço uma careta.

— Você é uma folgada.

— E se eu for uma péssima cozinheira?

— E se você for uma ótima cozinheira?

Ela ri e descaradamente muda de assunto.

— Quando é seu próximo jogo?

— Daqui a duas semanas.

Ela assente.

— Estarei lá e será que já serei uma das líderes de torcida?

Soa debochada e lhe entrego o sanduíche. Apoio-me no balcão


assim como ela e ficamos um ao lado do outro.

— Você ainda continua com essa ideia absurda?

Empurra meu ombro com o seu.

— Não é uma ideia absurda.

Balanço minha cabeça, porque não tenho nenhum argumento e

deixo o assunto para lá.

— Como foi sua primeira semana de aula?

— Foi uma boa semana.


Tessa faz um resumo sobre sua semana, ela está animada, a
universidade ainda não conseguiu sugar o seu brilho.

— Você é ótima fazendo amigos.

— Sou mesmo, na verdade sou boa conversando com as pessoas,

manter amizade é uma outra questão, uma que evito, porque amizade
significa permitir que outra pessoa veja seus defeitos e seu pior lado.

Ela está certa e é por esse motivo que afasto quem tenta se

aproximar de mim.

— Não sou bom com as pessoas, além de não ter muitos amigos.

Confesso.

— Você é bom com as pessoas, Dylan. — Bate em meu pé com o

seu. — Dos meninos você é o mais amado.

Franzo minha testa.

— Isso, eu não entendo, talvez, seja eles que são muito ruins.

Tessa ri alto e mais uma vez, o som faz com que uma sensação
estranha se instale em meu peito.

— As pessoas gostam da tranquilidade que você transmite.

Trago o pão até minha boca e enquanto mastigo, penso sobre sua
frase.

— Desde quando transmito tranquilidade?


Faço a pergunta que de repente ecoa em minha mente, logo após
engolir o pedaço de pão.

— Isso é algo que não posso te responder, mas você tem uma
certa aura tranquila. — Viro-me para ela e Tessa morde seus lábios por

alguns segundos. — Só de estar perto de você é o suficiente para me


sentir mais calma, como se eu fosse mais feliz com você por perto.

Não consigo imaginar fazendo com que as pessoas se sintam mais


felizes.

— Não entendo.

Tessa está de boca cheia e fica um tempo em silêncio.

— Além do mais, você é o menos cafajeste dos quatro, pelo

menos é isso que eu escuto.

Observo Tessa surpreso.

— As pessoas têm falado da gente para você?

Uma expressão engraçada surge em seu rosto.

— Sempre que descobrem que moro com vocês, talvez deva


começar a vender autógrafos, ou objetos usados, leilão das Estrelas do
Alabama.

Ela tenta não rir, mas não consegue e acabamos nós dois rindo.

Quando nossos sorrisos se desfazem ficamos em silêncio e terminamos


de comer. Por fim, guardamos e limpamos o que usei e deixamos a

cozinha.

Seguimos até o corredor do segundo andar e paramos em frente à


porta do seu quarto.

— Boa noite, Tessa.

— Boa noite, Dylan.

Curva-se em minha direção e viro meu rosto para que ela possa
beijar a minha bochecha, porém calculo mal o ângulo e não é a minha

bochecha que sua boca encontra e sim, meus lábios. É rápido, um


simples encostar, entretanto, todo meu corpo se aquece.

— Ops. — Ela ri e dá um passo para trás. — Não se preocupe,


não irei contar para Josh.

Rindo Tessa entra para o quarto e eu fico no corredor encarando a


sua porta. Meu maior problema não seria Tessa contando para Josh, meu
maior problema é que eu gostaria que fosse mais do que um simples

encostar de lábios.
Tessa

Envio uma mensagem para Josh avisando que estou o esperando e

continuo com meu celular em mãos enquanto ele não chega. Fico na
minha rede social favorita assistindo vídeos de fofocas de famosos, estou

quase começando a acreditar que Hailey armou mesmo para separar

Selena e Justin Bieber, é loucura, mas as pessoas falam com tanta


convicção.

Assim que Josh para com o carro a alguns metros de distância de

mim, tiro meus fones de ouvido e os guardo, junto com meu celular, na

minha mochila. Caminho até meu irmão e me sento no banco ao seu


lado, fecho a porta e Josh dirige para longe do estacionamento do prédio

de moda.

— Hey, fofinha.

— Hey, fofinho.

Ele faz uma careta.

— Não me chame assim.

Josh segue olhando em frente e eu para ele.

— Então, não me chame de fofinha.

— Mas você é uma fofinha.

Ele insiste e reviro meus olhos.

— Eu era uma fofinha quando você tinha três anos, agora nós
somos dois adultos com quase a mesma idade.

Josh ri e muda de assunto.

— Ansiosa para escolher seu novo carro?

— Um pouco. — Viro-me e encaro a rua pela janela. — É meu

primeiro carro, porque em Birmingham eu andava com o motorista

mesmo depois de obter a minha licença.

— Ela é tão metida.

Josh zomba e estralo meus dedos um com outro.


— Você acha que eu tenho uma visão distorcida da vida por ter

sido criada com muito dinheiro ao meu redor?

Minha voz falha. Droga!

— Por que a pergunta?

É claro que meu irmão não iria simplesmente me responder.

Respiro fundo e espero que seja o suficiente para minha voz se

normalizar.

— Ocorreu uma discussão na sala de aula sobre algumas marcas,

como elas tratam os funcionários em um regime de quase escravidão e

uma garota me acusou de apoiá-las, porque eu uso alguns itens de luxo,


além de ter me acusado de ter uma distorção do mundo por causa do

dinheiro.

Josh não me responde imediatamente, volto a observá-lo e ele

está pensativo. Se tem alguém que não é deslumbrado pelo dinheiro é ele,

porque conhece o pior da vida graças a sua mãe.

— Você não é uma má pessoa por ter dinheiro, Tessa.

Não é bem a resposta que eu gostaria de ouvir.

— E isso significa o que exatamente?

— Algumas visões e conceitos serão mais difíceis para você, os

relacionados a dinheiro, é claro.


Ele tem razão e talvez, a garota também tivesse, ela só não

precisava ter sido tão rude comigo.

— Ótimo, estou criando inimizades na minha segunda semana de


aula.

Josh ri.

— Faz parte, uma boa pessoa sempre tem inimigos.

— Isso não é verdade.

— Não, não é, mas estava tentando ser um bom irmão.

Suspiro e ficamos em silêncio. Josh dirige até uma

concessionária, saímos do seu Jeep e seguimos para entrada do


estabelecimento.

— Eu não sei nada sobre carros.

Sussurro.

— Eu também não.

Confessa e me viro para ele.

— Achei que todos os homens soubessem sobre carros.

— Não eu.

Nós dois somos péssimos e juro que o funcionário que nos atende

fica com vontade de sair correndo e nos abandonar, porque somos muito
ruins, não sabemos nenhuma especificação, muito menos sei dizer o que
espero de um carro. Eu quero que seja seguro e ande, é o necessário.

O funcionário, que merece uma gorjeta gigante, me recomenda

levar o Buick Enclave[5] já que é o preferido entre as mulheres e não

tenho um limite de orçamento. Ele é grande e fará com que chame


atenção, porém gosto do carro, ele é bonito, confortável e seguro.

O processo até finalizar a compra é um pouco demorado e o sol

está se pondo quando tudo está resolvido. Com as chaves em minhas


mãos, o funcionário nos leva até o carro e se despede de nós dois, então

ocupo o lugar atrás do volante e Josh se senta ao meu lado, ele irá
comigo e depois um dos caras irá trazê-lo para buscar seu carro.

— Espero que você dirija bem, aliás, deveria ter conferido isso
né?

Ele realmente parece estar preocupado. Acho que devo dar um


leve susto em meu irmãozinho.

— Tarde demais para se preocupar com isso.

Josh coloca o cinto, eu faço o mesmo e coloco o carro em


movimento.

— Deus nos proteja.


Dirijo como uma louca pelos primeiros minutos. Olho pelo
retrovisor interno e Josh tem uma expressão de assustado em seu rosto,

ele parece prestes a morrer, mordo minha bochecha para não rir.

— Caralho, Tessa. — Josh estende suas mãos e as apoia no painel

do carro. — Eu sou muito novo para morrer.

Tiro o pé do acelerador e paro de me conter, minha gargalhada


ecoa pelo carro.

— Porra, você estava fazendo isso de propósito.

Não sei se ele está aliviado, ou com raiva.

— É claro que estava fazendo de propósito, posso não ser uma

boa motorista, mas não sou tão ruim.

— Você poderia ter me matado!

Ele exclama como se eu realmente tivesse quase o matado.

— Não seja dramático.

— É sério, você me assustou.

Ignoro o drama do meu irmão e sigo dirigindo normalmente. Nós


ficamos sem trocar nenhuma palavra até que um pensamento surge em

minha mente.

— Sabe, escolher um carro é como escolher um homem.

— Do que você está falando, Tessa?


Apesar de não estar olhando para Josh, sinto-o me observando e
posso apostar que ele está me encarando como se fosse uma maluca.

— Olha só, escolhi o carro pela beleza, conforto e segurança,


quase os requisitos que escolhemos em um homem.

Pode não parecer fazer sentido, mas faz.

— Informação demais, não quero saber como a minha irmãzinha

escolhe um homem.

— Aceite que eu cresci, Josh.

— Jamais, sempre será a minha pequena e amável irmã.

Josh sempre se refere a nossa diferença de idade como se fosse

imensa, na realidade ele é quase três anos mais velho.

— Ok, ok, continue se iludindo.

Nós continuamos conversando até a casa de Josh, a nossa casa.

Como há quatro vagas na garagem, ocupo uma delas e deixo meu carro,

Josh também e assim que me aproximo dele puxa-me para um abraço.

— Você até que dirige bem.

Beija o topo da minha cabeça e dou um soco em sua barriga, sem

aplicar força, óbvio.

— Eu dirijo muito bem.


Passa seu braço pelos meus ombros e saímos da garagem.

Encontramos Ethan e Dylan na sala, os dois estão assistindo algo na


televisão. Eu desvencilho-me de Josh e corro até estar de frente para os

atletas e bloqueando a visão deles da televisão.

— Eu tenho um carro.

Ergo a chave. Eles ficam em pé e Ethan segue para a garagem.

— Quero ver se escolheu bem.

O quarterback grita e eu continuo parada onde estou, porque

Dylan está caminhando na minha direção.

— Então, quer dizer que não precisará mais de carona? — Ele


fala como se eu pegasse carona todos os dias com ele, hoje pela manhã

foi a primeira e única vez. — Estou livre dessa tarefa árdua?

Dylan para ao meu lado, eu me viro até estar de frente para ele e
meu olhar encontra o seu.

— Eu sou uma ótima companhia, confessa.

Ele está se segurando para não rir.

— Não.

— Não irá confessar, ou não sou uma ótima companhia?

Ergo minhas sobrancelhas e o desafio. Dylan continua tentando

não rir e eu preciso me segurar para não rir da sua expressão, é como se
ele fosse explodir a qualquer momento.

— É um ótimo carro.

Grita.

— Obrigada, eu fiz uma ótima escolha, não é?

Grito de volta.

— Sim.

É claro que ele não entende meu deboche, porque não sabe que na

verdade o funcionário que me indicou a comprar o carro. Minha atenção


é desviada de Ethan quando sinto Dylan entrelaçar minha mão com a sua.

— Que carro você escolheu, moranguinho?

Afasta-se e sou obrigada a acompanhá-lo. Não o respondo,

porque ele está indo até a garagem. Cruzamos a porta e ele suspira
surpreso ao se deparar com meu carro.

— Por que eu ainda fico surpreso com o quanto de dinheiro sua

família tem?

Ele está falando comigo, porém é Josh a respondê-lo. Meu irmão


e Ethan estão logo a nossa frente.

— Como se você fosse pobre.

Abro a boca para perguntar com o que sua família trabalha,

porém Dylan solta minha mão e faz um gesto com o queixo para o carro.
— Mostre-me como é dentro, moranguinho.

— Eu não deixei você chamar minha irmã de moranguinho.

Ignoramos Josh e vamos até o carro. Dylan entra no automóvel e

o inspeciona, Ethan também decide averiguar o seu interior. Eles apertam

botões e descobrem funções, agem como se fossem duas crianças

brincando com brinquedos novos.

Eu canso de ficar os observando sem entender nada e os deixo

sozinhos, vou até Josh que está apoiado no batente da porta que interliga

garagem e o interior da casa.

— Aparentemente, seus amigos sabem sobre carros.

Aproximo-me e me apoio do outro lado da porta.

— Eles fazem engenharia mecânica.

— Ethan também?

Nunca tinha perguntado ao meu irmão qual curso seu melhor


amigo faz, entretanto não esperava que fosse engenharia.

— Sim, ele e Dylan se conheceram em uma das aulas.

Dylan aparenta alguém que faz engenharia, mas Ethan não. É


péssimo estar julgando as pessoas dessa forma, mas é mais forte do que

eu.

— Nunca apostaria que Ethan faz engenharia.


— Hey, eu sou muito inteligente.

Ethan deixa meu carro e me encara indignado.

— Desculpe, mas você parece tão alguém que faria um curso

menos estressante.

Ele é tão despreocupado, jamais iria chutar que ele faz


engenharia.

— Eu estou me sentindo ofendido, Tessa.

— Sinto muito.

Suspira e continua seu drama. Josh se afasta da porta e vai até o

amigo.

— Vamos buscar meu carro. — Ethan assente e eles seguem para

o carro do quarterback. — Você vem junto, Dylan?

— Não, eu vou ficar fazendo companhia para Tessa.

Dylan sai do carro, então Ethan e Josh deixam a garagem e nós

dois vamos para a sala. Sento-me no sofá e ele ocupa o lugar ao meu

lado.

— Só para constar, você é uma ótima companhia.

Ele finalmente confessa.

— Eu sabia.
— Tão modesta.

Está passando um jogo de hóquei na televisão.

— É a verdade. — Pego o controle e procuro por outro programa.


— Vocês não cansam de jogos? Vocês jogam, vocês assistem os jogos um

do outro e vocês assistem jogos quando estão em casa.

— Não.

— Vocês são uns chatos.

— Você que é chata.

Ele joga uma almofada em mim, sou rápida e consigo pegar o

objeto.

— Vocês são chatos.

Acho algo útil e largo o controle entre nós dois.

— Você ainda não desistiu disso?

Dylan pergunta quando se dá conta de que coloquei em uma


apresentação de cheerleaders.

— Não.

— Você fará a gente votar em você mesmo?

— É claro, vocês são amigos do meu irmão.


Estou com os olhos presos na televisão e sinto Dylan me
observando, uma sensação de vazio, ansiedade e nervosismo ecoa em

meu peito.

— Vou votar em você, não porque é irmã do meu melhor amigo,

mas sim porque somos amigos.

Viro-me para Dylan e me perco em seus olhos.

— Você sempre sabe o que falar, não é?

— Talvez. — Sorrio e volto a olhar em frente. — Kim veio me

procurar.

Meu sorriso se desfaz, preferia que ele continuasse falando sobre

mim.

— Eu avisei que ela iria procurar você.

Preciso forçar para que minha voz soe normal.

— Demorou.

Ele reclama como um adolescente birrento.

— Por favor, Dylan, ela ficou com ciúmes na sexta e hoje é terça.

— Qual é sentido de demorar todos esses dias para me responder?

Eu enviei a primeira mensagem no sábado de manhã.

Como ele consegue ser tão lerdo?


— Ela deu um gelo em você para que percebesse o quanto ela é
especial.

— Entendi.

Eu fico em silêncio, uma parte de mim torce para que o


encantamento de Dylan por Kim passe, ele não a merece.

— Nós temos um encontro na quinta.

— Ótimo.

Respondo-o no automático.

— E quero a sua ajuda.

Eu não quero ajudá-lo.

— Com o que exatamente?

Digo entre dentes.

— Quero saber o momento em que devo agir, as atitudes que


devo tomar, essas coisas.

Por que me sinto como se estivesse sendo torturada?

— O que vocês irão fazer?

— Ainda não decidimos, o que você sugere?

Sugiro que você a leve ao inferno.

— Cinema, porque é um ótimo lugar para rolar algum beijo.


Deveria olhar para o lado e encarar Dylan, porém simplesmente

não consigo. Tudo piora quando me recordo do breve encostar dos seus
lábios nos meus na sexta.

Droga! Nós estávamos bêbados, não foi nada. Não posso pensar

sobre isso. Pense sobre outra coisa Tessa, sobre bebês coalas fofinhos.
Não adianta, a cena segue se repetindo em minha mente e me pergunto

como seria de fato sentir seus lábios sobre os meus. Eu fico em pé


rapidamente.

— Lembrei que preciso fazer um trabalho para amanhã.

Dylan me chama, mas ignoro e corro para o meu quarto.


Dylan

Tessa corre na direção das escadas, o trabalho deve ser mesmo

importante. Eu olho para a televisão, pego o controle e mudo de canal,


volto para o jogo e sorrio ao lembrar de Tessa questionando sobre sempre

estarmos envolvidos com algo sobre esporte.

Respiro esporte e sempre foi assim, o basquete está em minhas

primeiras memórias, mesmo quando tudo era ruim ele estava lá. O
basquete me salvou quando nem sabia que precisava ser salvo.

Continuo assistindo ao jogo de hóquei até ser interrompido por

Ethan e Josh que chegam em casa fazendo barulho, Abby e Dakota estão
com eles.

— Hey.

Aceno para as meninas que acenam para mim.

— Estamos indo fazer comida.

Josh avisa e os quatro seguem para a cozinha, como não há nada

mais interessante para fazer e adoro estar com meus amigos, levanto-me

e vou atrás deles. Sento-me ao lado de Dakota, ela sorri e apoia sua

cabeça em meu ombro.

— É bom ter você de volta.

— Sempre estive aqui.

Pisco para Dakota.

— Você sabe do que eu estou falando.

— Sim, eu sei.

Eles não querem tocar no assunto, não é algo confortável para

nenhum de nós.

— Você ainda tem ciúmes dos dois?

A voz de Abby chama minha atenção e me viro na sua direção.

Ela está provocando Josh que está me encarando com uma expressão
nada amigável.
— Óbvio, ele deu em cima da minha namorada.

Dakota se afasta e ergo minhas mãos para o alto.

— Nunca dei em cima da Dakota.

Meu amigo continua me encarando como se eu tivesse cometido

um crime.

— Você fez sim.

Baixo meus braços e balanço minha cabeça negando.

— Eu estava fingindo, porque queria ter certeza de que vocês

estavam juntos.

Defendo-me indignado e Josh ainda está na defensiva.

— Não se preocupe não é pessoal, Josh tem ciúmes da sua

própria sombra.

Ethan me consola e Josh se vira para nosso amigo perplexo.

— Isso é mentira.

— Isso é verdade.

Abby confirma.

— Vocês estão fazendo um complô contra mim.

Josh soa dramático e o provocamos, continuamos o provocando


enquanto ele e Josh preparam nosso jantar e só mudamos de assunto
quando cansamos. Eles estão terminando de cozinhar quando Tessa entra

na cozinha, ela cumprimenta as meninas e se senta ao meu lado.

— Conseguiu fazer o trabalho?

Ela me encara sem entender.

— Que trabalho?

Franzo minha testa.

— O trabalho que você subiu para fazer.

— Ah... esse trabalho. — Por que ela parece perdida? — Sim, eu


fiz.

— Que bom.

Assente, mas não parece muito animada.

— Adorei seu carro.

Abby chama sua atenção e encerramos nossa conversa. Jantamos

os seis, limpamos e cada um segue para seus respectivos quartos. Eu


tomo um banho, visto uma roupa confortável para dormir, deixo apenas o

abajur ligado e me sento com as costas apoiadas na cabeceira, fico lendo


o livro da vez até meus olhos começarem a pesar, então coloco o livro

sobre a mesinha ao lado, deito-me, cubro meu corpo e fecho meus olhos.

...
Acordo com meu celular tocando, droga, eu dormi tão pouco e o

alarme já está despertando? É como se eu tivesse fechado meus olhos por


minutos. Demoro apenas alguns segundos para perceber que não é o

despertador e sim alguém está me ligando.

Abro meus olhos e ainda é noite, ou seja, deve ser uma


emergência. Pego o aparelho embaixo do travesseiro e me sento

depressa, é Aiden. Caralho, será que é algo com o Brooke, ou o bebê?


Aceito a chamada e ligo o viva-voz.

— Aiden, algo aconteceu?

— Preciso da sua ajuda, é uma emergência.

Droga!

— O que você precisa?

— Estou passando aí em alguns minutos.

Ele parece estar andando.

— Ok e o que está acontecendo?

Ele não me responde e simplesmente encerra a ligação. Deve ser

algo muito ruim. Pulo da cama, coloco um dos pares de tênis que possuo,
o primeiro que eu encontro e um moletom. Rapidamente, escovo meus
dentes e saio do meu quarto com minha carteira, celular e chave do carro
em minhas mãos. Ethan e Josh também estão deixando seus quartos e nos
encontramos os três no corredor.

— Aiden?

Pergunto e eles assentem.

— Porra.

Ethan exclama e passa a mão pelo seu cabelo visivelmente

nervoso.

— Vocês sabem o que está acontecendo?

Tanto eu quanto Ethan negamos a pergunta de Josh. Nenhum de


nós sabe o que está acontecendo. Descemos para a sala e ficamos em
silêncio caminhando de um lado para o outro. Estar sem saber o que está

acontecendo é uma droga.

Assim que ouvimos o barulho da porta sendo aberta, olhamos na

sua direção agoniados e com medo do que iremos descobrir. Aiden surge
segurando algumas sacolas de mercado, com cabelo bagunçado e uma

expressão de derrota em seu rosto.

— Brooke quer cookies.

Encaro Aiden tentando entender o que ele está falando. Cookies?

— Você não deveria estar brincando.

Josh o repreende e ele dá de ombros.


— Não estou brincando, Brooke quer cookies.

— Você nos acordou porque Brooke quer cookies?

Ethan pergunta indignado e a informação ainda ecoa em minha


mente. O jogador de hóquei está parado a nossa frente e nós estamos no

meio da nossa sala. Estou sonhando, é isso? Porque de repente é como se


estivesse em uma realidade paralela.

— É um desejo de grávida se não conseguir essa merda, meu

filho irá nascer com cara de cookie.

— Você está falando sério?

Aiden me encara e suspira.

— É claro que estou falando sério.

— Por que você nos chamou, Aiden?

Ethan segue o indagando.

— Porque eu não sei fazer cookies, eles sempre ficam duros e

Brooke quer cookies perfeitos.

— Aiden, nós não somos confeiteiros

Digo o óbvio e ainda sem entender. Meu amigo me acordou de

madrugada, porque a sua namorada quer Cookies. Inacreditável!

— Nem um gênio da lâmpada.


Josh completa a minha fala e Aiden nos encara como se fôssemos

um confeiteiro, ou um gênio da lâmpada.

— Eu sei, mas são minha melhor opção no momento.

— Você pode comprar prontos sabia?

Ethan sugere enquanto passa sua mão pelos fios do seu cabelo.

— Nossa, Ethan, como não pensei nisso, você herdou toda a


inteligência da família. — Zomba do primo. — Foi a primeira coisa que

eu fiz, porém não tinha em nenhum lugar, e esqueci de mencionar que as

exigências de Brooke são que seja quente e com uma calda de chocolate

sobre o cookie.

— Ela tem exigências.

Josh resmunga. Aiden faz um gesto com o queixo na direção da

cozinha.

— Parem de reclamar e vamos.

Ele segue para a cozinha e Ethan é o primeiro a segui-lo.

— Vamos preparar esses malditos cookies de uma vez.

Suspiro e vou logo atrás de Ethan. Meu amigo caminha a minha


frente e me dou conta do que ele está usando nos pés.

— Aonde você ia com essas pantufas de Shrek?


Ele está usando calças de moletom, um casaco do time de futebol
e pantufas verdes e com orelhas do ogro mais famoso dos desenhos

animados.

— Foi um presente de Abby e o que eu encontrei mais rápido, eu


acreditei que fosse uma emergência.

— É uma emergência.

Aiden grita e Josh e eu rimos do quarterback, ele está muito

engraçado. Entramos os quatro na cozinha e começamos a preparar os


malditos cookies, nenhum de nós sabe prepará-los, Aiden foi o único a

tentar fazê-los uma vez e foi um desastre, eles ficaram duros e foi

impossível comê-los.

Nossa primeira tentativa rende cookies queimados e duros.


Precisamos refazê-los, a segunda vez é tão desastrosa quanto a primeira.

— Nós não iremos conseguir.

Josh diz o óbvio enquanto larga a forma com os cookies sobre o


balcão.

— Não posso chegar sem esses cookies em casa.

Aiden mais uma vez mede a farinha, o açúcar mascavo e a

manteiga. Ethan mede o restante dos ingredientes e Josh e eu ficamos os


responsáveis por misturá-los.
— Me lembre de nunca engravidar ninguém.

Josh sussurra enquanto tem as mãos na massa.

— E essa nem é a parte mais difícil, você tem que lidar com

vômitos e mudança de humor.

Faço uma careta para Aiden que parece acostumado com sua

nova posição de pai.

— Você deveria estar fazendo esses cookies sozinho, não fomos


nós que esquecemos da camisinha.

Josh o acusa.

— Foi uma única vez. — Aiden se defende. — E se concentrem


que a pequena coisinha não pode nascer com cara de cookie.

— Como seria uma criança com cara de cookie?

Questiono Aiden, mas é Ethan quem responde.

— Haverá manchas de chocolate em seu rosto.

Nós três acabamos rindo e continuamos na batalha para fazer os

malditos cookies e está amanhecendo quando finalmente conseguimos

prepará-los. Eles são perfeitos e dignos de serem vendidos nas melhores


padarias do Alabama. Estamos exaustos, com sono e não temos tempo de

dormir, porque temos aula.


Tenho duas aulas pela manhã e treino pela tarde. Nunca um treino
me rendeu tão pouco, é como se a bola de basquete estivesse pesando o

dobro e inclusive sou advertido pelo meu treinador. Aiden está em

pendência comigo.

Chego em casa quando o sol está se pondo e encontro Tessa na


sala, ela está escrevendo algo em um caderno. Estou parecendo um

zumbi, se fechar os olhos por dois segundos durmo, mesmo assim eu vou

até ela e ocupo o lugar ao seu lado.

— Você está acabado.

Encaro o teto e suspiro.

— Estou me sentindo acabado.

Escuto o som da sua risada.

— Soube que vocês se transformaram em confeiteiros essa

madrugada.

— A fofoca já se espalhou?

Olho para o lado e ela está me encarando com um sorriso


debochado. Como estou praticamente deitado sobre o sofá o ângulo que

estou vendo seu rosto é diferente, posso notar algumas sardas que ela tem

ao redor do seu nariz e nunca tinha percebido antes.

— Já e até provei um dos que sobraram.


— Não foi a fornada perfeita, a fornada perfeita Aiden levou toda

embora, nós fizemos o trabalho e ele levou os créditos.

O sorriso em seu rosto amplia e observo cada mudança que


acontece em sua expressão.

— Pelo menos, vocês salvaram um bebê de nascer com cara de

cookie.

— Você está sabendo disso também?

Assente.

— Eu sempre sei de tudo.

Tessa está de lado com o cotovelo apoiado no sofá e com parte do


corpo sobre o meu. Não existe uma grande distância entre nós, sinto o

cheiro de morango e de flores, o perfume que ela usa e o seu xampu,

características que sei que apenas ela tem.

— Aposto que seu irmão é o fofoqueiro.

Minha voz dá uma leve falhada, porque não me recordo das

palavras que devo usar. Meus olhos estão presos aos seus olhos verdes,

como se eles tivessem um imã.

— As meninas, na verdade, eu fui incluída em um grupo com


Dakota, Abby e Brooke.

Respiro fundo, porque está difícil respirar normalmente.


— Cuidado, elas podem ser perigosas.

Bate em meu peito e antes que ela possa afastar sua mão, seguro

seu pulso e acaricio sua pele logo acima da pulseira que ela usa. Seu

peito sobe e desce rapidamente, o mundo parece ter parado e tudo que

importa é Tessa.

Esqueço-me do que estamos conversando e tudo só parece

normal novamente quando Tessa se desvencilha de mim e muda de

posição ficando completamente ereta.

— Eu tenho algo para você.

Apesar de algo mudar ao nosso redor, sigo sentindo como se algo

me puxasse em sua direção.

— O que você tem para mim?

Minha garganta está seca e minha voz sai arrastada. Ela pega o

caderno que tinha abandonado ao seu lado e me entrega.

— Fiz algumas anotações de como você deve agir amanhã.

— Amanhã?

Seguro o caderno, encaro-o e me pergunto do que diabos ela está


falando.

— Seu encontro com Kim.


Ela está falando disso. Eu nem lembrava que tenho um encontro
amanhã. Sento-me corretamente e folheio o caderno. A letra de Tessa é

bonita e ela fez as anotações com canetas coloridas.

— Obrigado.

Agradeço por educação, porém não estou grato. Deveria estar,


por que não estou?

Continuo olhando para o caderno e Tessa fala sobre atitudes que


posso e devo tomar, e quais devo evitar. Escuto suas dicas atentamente,
porém não estou empolgado para encontrar com Kim, não mais.
Dylan

Minha quinta-feira é estranha, eu esperava estar ansioso,

contando as horas para que a noite chegue, mas não é isso que acontece.
Meu dia é normal, uma aula pela manhã, uma pela tarde e estou na

metade do dia em casa.

Eu vou para a cozinha, pego o caderno que Tessa me entregou

ontem à noite, sento-me de frente para a ilha e leio mais uma vez as dicas
de Tessa. Ontem, subi para meu quarto, após nossa conversa e as li pela

primeira vez.
Ela dividiu as dicas em categorias, criar tensão, toques e beijo, o

que não fazer, sinais para parar, sinais para continuar. Ela é ótima,

porque cita exemplos, se ela apoiar a cabeça em seu ombro, ela está
disposta a ser mais que sua amiga e é um bom momento para a beijar.

Tessa cita várias vezes que elogios sempre são uma ótima aposta.

Sorrio como um bobo debruçado sobre o caderno.

— Hey.

Olho para o lado e Tessa entra na cozinha, ela está com um pacote
de finis nas mãos.

— Hey, moranguinho.

Aproxima-se e se senta a minha frente.

— Então, ansioso?

Oferece-me o pacote de bala e pego algumas.

— Não muito. — Dou de ombros. — Estou bem instruído.

Pisco em sua direção e ela ri.

— Vou abrir um curso, como conquistar a garota dos seus sonhos

em 30 dias.

Pega alguns dos seus doces e leva a sua boca.

— Seria um sucesso.
Ela assente e me aponta o seu dedo.

— E você será meu garoto propaganda, portanto trate de


conquistar Kim em menos de um mês.

Faço uma continência.

— Sim, senhora.

Tessa está rindo e a observo curioso, como ela sabe tanto sobre

conquistas? Ela já teve muitos encontros?

— Quantos caras você já namorou?

Não gosto de pensar em Tessa com outros caras, é totalmente

desagradável. Ela faz uma careta e demora para me responder.

— Isso não é uma pergunta que se faça a uma garota, não anotei

isso no meu caderninho do flerte?

Apesar de estar rindo, ela está tensa. Por que ela não quer me

responder?

— Não e não estamos flertando.

Olha para o lado e morde seu lábio inferior, ela não está tentando

conter um sorriso como das outras vezes, está procurando pelas palavras

certas.

— Você tem razão, não estamos flertando.

Caralho, porque fui fazer essa maldita pergunta!?


— Desculpe, eu fui invasivo e sem noção, só saiba que não iria

julgá-la.

Como faço para voltar no tempo e nunca ter feito a pergunta?

— Você está pensando que namorei muitas pessoas, não é?

Ergue suas sobrancelhas e suspiro.

— Sim, quer dizer, não. — Nem sei como me explicar. — Eu só

me perguntei a quantos encontros você já foi para saber tudo o que sabe
sobre.

Aponto para o caderno e ela começa a rir e a encaro sem entender.


Fico como um idiota apenas a olhando até que Tessa respira fundo e para
de rir.

— Olha só, eu sei muito sobre encontros, porque sou uma garota,
não porque já fui a vários.

Explica e respiro aliviado.

— Você não está brava com a minha pergunta?

Balança a cabeça negando.

— Eu já entendi que você fala o que pensa. — Dá de ombros. —

E sendo sincera, eu gosto de você assim.

Sorrio debochado.
— Que bom que você gosta de mim assim, seria uma pena eu ter
que mudar de personalidade por sua causa, o mundo iria perder um dos

homens mais sinceros que já existiu.

Tessa pula do banco em que está sentada.

— Menos, Dylan, bem menos. — Ela joga o saco da sua bala, que

agora está vazio, no lixo. — Bom encontro para você e não se esqueça do
que te ensinei.

Acena na minha direção e deixa a cozinha. Observo-a e continuo


encarando o lugar que acabou de passar, é como se seu perfume tivesse

deixado um rastro e está por toda parte.

Às vezes, Tessa faz com que eu sinta coisas que não deveria sentir

pela irmã do meu melhor amigo, nem por uma amiga. Como me senti
quando seus lábios encostaram nos meus, rapidamente e mesmo assim o

suficiente para fazer meu corpo reagir de uma forma nada casta.

Balanço minha cabeça antes que meus pensamentos tomem um

rumo perigoso, volto a encarar o caderno e me concentro em lê-lo mais


uma vez, em seguida pego minha mochila e subo para meu quarto. Deixo
minhas coisas sobre a cômoda e vou direto para o banho. Depois de

deixar o chuveiro enrolo uma toalha ao redor da minha cintura e sigo


para meu quarto.
Escolho uma calça, uma cueca e jogo a toalha sobre a cama. Uma
batida na porta ecoa pelo quarto quando estou me abaixando para colocar

a cueca.

— Entre.

A porta é aberta e um grito denuncia que não é Ethan e nem Josh


que estão na porta. Caralho! Viro-me e tarde demais me dou conta de
que ainda não estou vestindo minha cueca.

— Dylan.

Tessa grita e por alguns segundos a encaro sem reação, ela


mantém o olhar nas minhas partes baixas e meu cérebro trava. O que eu
faço?

— Eu não quero ver seu pau.

Ela grita, porém segue o encarando e merda, ela parece estar

interessada demais. Caralho, eu estou ficando excitado.

— Porra, não me olhe assim, Tessa.

Grito, porque ela está gritando e porque tudo está saindo do


controle.

— Então, tape essa merda.

— Não chame ele assim.


Viro-me ficando de costas e me curvo para colocar a maldita
cueca.

— Desculpe ferir os sentimentos do seu pau. — Ela grita ainda


mais alto a última palavra. — Por que você me mandou entrar?

Finalmente, sua voz se normaliza.

— Porque eu achei que fosse um dos caras.

Visto a cueca e a calça.

— E eles iriam te ver nu?

Viro-me e Tessa tem o rosto vermelho.

— Só a minha bunda.

— Não foi só a sua bunda que eu vi.

Por sorte, estamos sozinhos, porque se Josh e Ethan estivessem


em casa com certeza teriam ouvido a nossa gritaria.

— Aposto que foi o pau mais bonito que você já viu.

Tessa faz uma careta e revira seus olhos.

— Eu preciso de uma folha do caderno que contém uma das


minhas anotações.

— O caderno está sobre a cômoda.


Ela assente e vai até o móvel, Tessa está de costas para mim

folheando o caderno à procura do que precisa. Eu decido provocá-la e


caminho em sua direção.

— Confessa.

Posiciono-me atrás dela, suas costas quase tocam em meu peito.

Há uma força que me faz querer diminuir ainda mais a distância entre nós
dois, Tessa me impulsiona a agir sem pensar nas consequências.

— O quê?

Vira o rosto e dou um passo em frente. Ergo minha mão e jogo

parte do seu cabelo para o lado, então abaixo minha cabeça e aproximo
minha boca da sua orelha.

— Que meu pau foi o mais bonito que já viu.

Era para ser apenas uma provocação boba, mas tudo mudou.
Minha respiração está alterada, seu cheiro está me cercando e uma onda

de excitação percorre meu corpo.

— Você está maluco, Dylan.

Talvez, realmente esteja. Ela não se afasta e nem eu, nem tenho
forças para isso. Apoio minha mão na lateral da sua barriga e toco seu

pescoço com meu nariz.

— Eu adoro seu cheiro, moranguinho.


Ela suspira e inclina sua cabeça para o lado. Paro minha boca
logo abaixo da sua orelha e beijo a sua pele. Não deveria estar fazendo

isso, estamos indo longe demais, porém foda-se. Não consigo raciocinar

e nem pensar em nada no momento.

Para piorar minha situação, Tessa empurra sua bunda contra meu

corpo, é impossível ela não perceber que estou excitado. Um grito nos

assusta e dou um passo para trás.

É Josh chamando por Tessa.

Tessa se vira e nós dois estamos ofegantes.

— Desculpe.

Tessa assente, olha para o lado e respira fundo.

— Tudo bem e me desculpe também.

Assinto, ela pega a sua folha e rapidamente caminha na direção

da porta, porém antes de sair do quarto olha para trás.

— Não se ache muito, Dylan, não vi muitos paus na minha vida.

Olha em frente, sai do meu quarto e bate a porta. Suspiro, curvo


meu corpo para frente e apoio meus braços sobre a cômoda.

Porra, o que merda foi isso?

Tessa não merece que eu a trate assim, ela não merece que eu me
comporte como um virgem descontrolado. Estou parecendo que nunca vi
uma mulher na vida.

Respiro fundo algumas vezes e só depois de alguns minutos volto

a me arrumar. Escolho uma camiseta, um suéter, tênis e um casaco no


automático. Não consigo parar de pensar em Tessa. Estou indo encontrar

Kim e tento me concentrar nisso, mas é em vão.

Perto do horário que marquei de me encontrar com Kim no


shopping, deixo meu quarto com celular e chaves em mãos. Desço as

escadas e escuto vozes vindas da cozinha, Tessa deve estar lá com Ethan

e Josh, como estou quase atrasado sigo para a garagem.

Dirijo até o shopping atordoado, o que teria acontecido se Josh


não tivesse chamado pela irmã? Faria com que Tessa ficasse de frente

para mim e a teria beijado? Eu queria ter a beijado.

Sou obrigado a empurrar Tessa para o fundo da minha mente,


porque preciso encontrar Kim.

Kim não está muito contente quando a encontro em frente à

bilheteria. Ela está vestindo um suéter rosa, botas de salto e uma calça

que marca todo o seu corpo. Vou até ela e trocamos um abraço.

— Hey.

— Hey, você demorou.

Desvencilha-se de mim e ficamos um de frente para o outro.


— Desculpe eu tive alguns imprevistos.

Faz uma careta, mas por fim assente.

— Comprei nossos ingressos.

— E a pipoca?

— Não como olhando filme, vamos?

— Vamos.

Um ao lado do outro seguimos para a sala que acontecerá a

sessão. Vamos assistir o último filme de uma série de heróis, é o único


disponível nesse horário. Escolhemos as poltronas na fileira do meio e

para nossa sorte não há ninguém nem ao nosso lado e nem a nossa frente.

Kim faz algumas perguntas, porque não assistiu os filmes

anteriormente, respondo-a e é um momento engraçado. Assim que o


filme inicia ficamos em silêncio, porém minutos depois Kim está com o

celular ligado olho para o lado.

— O que você está fazendo?

— Precisamos de uma foto.

Ela tira um selfie, edita a foto, posta e só depois volta a guardar o

celular. Na primeira cena triste, Kim apoia sua cabeça em meu ombro e

segura meu braço. Lembro das dicas de Tessa, mas não as coloco em
prática, existe algo que me impede de fazer o que tenho que fazer.
A sessão chega ao fim e após as cenas pós-créditos deixamos a

sala, eu passo meu braço pelos ombros de Kim e ela se apoia contra meu

corpo. Ela está perto, tenho seu perfume ao meu redor e é estranho. É
como se não nos encaixássemos.

— Gostou do filme?

— Até que foi legal.

Sorrio da sua resposta e seguimos em frente.

— Vamos comer algo?

— Não sei, não estou com fome e não posso sair da minha dieta,

podemos ir até minha casa o que você acha? Eu posso preparar uma

salada.

Concordo com sua sugestão. Levo-a até seu carro no

estacionamento e vou para o meu, dirijo para sua casa e chego primeiro

que ela, então a espero. Só deixo o carro quando estaciona o seu logo
atrás do meu. Kim vem até mim e vamos até a varanda da sua casa, assim

que entramos ela me guia para a cozinha.

Eu fico em pé apoiado no balcão enquanto ela se movimenta pelo


espaço e prepara duas saladas.

— Como você está?

— Bem e você?
Responde-me enquanto pesa os ingredientes que irá usar. Ela pesa
absolutamente tudo, inclusive o sal.

— Bem, você não teve mais nenhuma crise de ansiedade?

Suspira, porque esse não é seu assunto preferido.

— Não, aquela vez no ano passado foi a última vez e como já


expliquei para você foi a primeira depois de dois anos, eu só tive um

gatilho.

Ela diz como se não fosse nada de mais.

— Eu fico feliz que você esteja bem.

Kim para por alguns segundos e me encara.

— E você, Dylan, como está? Eu sei que você também teve seus

momentos difíceis.

Nunca aprofundamos nossas conversas sobre a escuridão que

existe em nós, só sabemos que ela existe. Nem de nós dois está aberto
para revelar o que se esconde lá no fundo da nossa alma.

— Eu estou bem.

E é a verdade, eu estou bem. Já estive no fundo do poço, mas faz

alguns anos que fui resgatado. Talvez, Kim também possa ser resgatada.

Nós mudamos de assunto, conversamos sobre a audição amanhã,


Kim sabe que estarei lá. Assim que a salada fica pronta nos sentamos ao
redor da mesa um ao lado do outro.

Eu gosto do tempo que dividimos e ao fim da noite Kim se


despede de mim com um beijo em minha bochecha.

Ao chegar em casa encontro tudo escuro e silencioso, não há


ninguém acordado. Subo para o segundo andar, paro em frente à porta do
quarto de Tessa e só depois de alguns segundos vou para o meu.

Eu acabei de ter um encontro com Kim, porém é Tessa que não


deixa meus pensamentos.
Tessa

— Ainda dá tempo de desistir.

Maggie sussurra ao meu lado, sorrio e balanço minha cabeça

negando.

— Desistir não faz parte do meu vocabulário.

Maggie faz uma careta.

— Ok, ok, então vá lá e arrase, vá lá e mostre para aquela vaca

com quantos paus se constrói uma canoa.

Ergo minhas sobrancelhas.


— Que expressão é essa?

Dá de ombros.

— Ouvi de uma garota de outro país que trabalha comigo e


gostei.

Sorrio e olho a nossa volta. Estamos em um auditório, as


apresentações são em um palco e os jurados estão logo à frente. Nós, as

candidatas às cheerleaders, estamos nas poltronas, assim como o povo

que veio simplesmente assistir como Maggie.

Maggie e eu tivemos duas aulas pela manhã e sem almoçar

viemos direto para cá. Ainda estou tentando decidir se acho uma ótima,

ou péssima ideia essa audição ser no horário do almoço.

Volto a olhar em frente e a garota que está se apresentando


finaliza. Ela é péssima, coitada. Kim que está ao lado de Dylan no júri,

agradece-a pela apresentação e diz que em breve o resultado irá ser

divulgado nas redes sociais das Cheers. A garota assente e deixa o palco,

Kim anuncia que irá chamar a próxima candidata.

— Tessa Dawson.

Não me passa despercebido o desdém que ela usa ao falar meu

nome, reviro meus olhos e fico em pé.

— Boa sorte.
— Obrigada, Maggie.

Confiante e determinada caminho até o palco. Realmente, sei o


que estou fazendo, as aulas de dança e ginástica artística que fui obrigada

a comparecer quando criança irão servir para algo.

Tiro meu casaco, fico só de legging e com uma blusa de alcinha,

deixo-o sobre uma das poltronas da primeira fileira e subo no palco.

— Hey, Tessa, bem-vinda.

Kim sorri, um sorriso forçado e falso.

— Hey, Kim, obrigada.

Assim como ela sou falsa.

— Você está pronta?

— Sim, pode colocar a música para tocar.

Ela assente e Toxic da Britney Spears ecoa pelo auditório. Encaro

todos os jurados, inclusive Dylan e inicio minha coreografia. Meu corpo

se adapta ao ritmo da música, uso minhas mãos, meus pés, rebolo, faço

os gestos certos, corro quando necessário, jogo-me no chão e faço três

piruetas.

Eu tenho certeza de que estou arrasando quando escuto aplausos e

assobios. Termino a coreografia sorrindo e sorrio ainda mais com o olhar


de raiva com que Kim me encara, ela acreditou mesmo que não

conseguiria.

— Obrigada pela sua apresentação, Tessa, boa sorte e o resultado


sairá em nossas redes sociais.

Kim é obrigada a ser cordial.

— Obrigada.

Pisco na direção de Dylan e deixo o palco, eu o sinto me


observando enquanto estou andando e um arrepio percorre meu corpo.
Olho para trás e ele está me encarando, meu olhar encontra o seu e meu

coração bate de uma maneira diferente, como não bateu durante a minha
apresentação, como nunca bateu durante toda a minha vida.

Pego meu casaco e volto para a minha poltrona, não estou mais
sorrindo, porque estou levemente preocupada, por que Dylan faz com

que me sinta assim?

— Você arrasou, garota.

Sorrio e me sento ao lado de Maggie.

— Eu avisei que iria arrasar.

— Onde você aprendeu a dançar daquela forma?

Dou de ombros.

— Minha mãe me obrigou a frequentar aula de dança e ginástica.


— Você deveria ser uma cheerleader.

Não é a minha intenção ficar no time, só queria provar um ponto,

mas eu gostei, eu me diverti de verdade.

— Não sei, talvez.

Maggie se despede de mim, porque precisa ir para o trabalho. Eu


como combinei com Josh de o esperar, assisto todas as apresentações. É
um pouco entediante e pego meu celular, abro o Instagram e há uma foto

de Dylan e de Kim no cinema, um selfie, eles parecem bem próximos,


acho que minhas dicas deram certo.

Minhas dicas.

Deus, sou uma farsa. Dylan acha que eu tive vários encontros e
vários namorados, acho que ele ficaria chocado se descobrisse que sou
virgem, ninguém espera isso de mim, aliás, ninguém espera nada de mim,

eu não atendo as expectativas de ninguém, nem as minhas próprias


expectativas.

Coloco o celular de volta na bolsa, ergo meus pés até ter meus

joelhos dobrados e eles apoiados na poltrona. Passei tanto tempo com um


único objetivo, desapontar meus pais e consegui, só que esqueci de

descobrir quem realmente sou.


Uma parte de mim se identificou com as matérias que estou
fazendo e gostei de ter subido no palco, dançado e me apresentado, quem

sabe, finalmente eu esteja me encontrando.

Assim que as apresentações terminam, eu fico em pé e saio do

auditório, espero por Josh ao lado da porta. Será que os meninos estarão
com ele? E Dylan? Talvez, ele fique conversando com Kim.

Algumas pessoas passam por mim e me parabenizam pela

apresentação, sorrio e agradeço.

Josh é o último a deixar o lugar e com eles estão Aiden, Ethan e

Dylan. Meu irmão me puxa para seus braços e eu o abraço.

— Você foi brilhante, fofinha.

Afasto-me de Josh, porém ele segue com seus braços ao redor dos
meus ombros.

— Não me chame de fofinha.

Repreendo-o, mas estou sorrindo.

— Arrasou, fofinha.

Ethan me provoca e reviro meus olhos, ele passa por mim e

Aiden é o próximo.

— Parabéns, Tessa, você foi a melhor do dia.


Sorrio agradecida, então ele dá um passo para o lado e Dylan se
aproxima.

— Se seu curso sobre encontros for um fracasso, você pode virar


dançarina profissional.

Ergo minha mão e soco seu ombro, ele segura meu pulso e puxa
na sua direção, não hesito e praticamente me jogo em seus braços, Dylan
me aperta contra seu corpo e sussurra para que apenas eu escute.

— Parabéns, moranguinho.

— Muito contato.

Josh empurra o ombro de Dylan e nos separa.

— Tessa a pobre irmã indefesa que precisa ser protegida.

Ethan debocha do melhor amigo. Sigo com os quatro pelos


corredores e vamos para o estacionamento.

— Eu vou com você que hoje vim com Dakota para o campus.

Assinto e Josh e eu nos separamos dos meninos. Nós entramos

em meu carro e mais uma vez, meu irmão me elogia.

— Você foi muito bem, nem eu sabia que dançava tão bem.

— Nem eu.

De certa forma, estou surpresa. Achei que iria conseguir, porque


sou determinada, não porque tenho algum talento.
— Você irá entrar para o time de cheerleaders mesmo?

Demoro a respondê-lo e só faço depois de dirigir para fora do

estacionamento.

— Ainda não sei, não era para ser algo sério, porém a vontade

está surgindo.

— Sei que você está tentando se encontrar e acho que pode ser
um bom caminho, Tessa.

É claro que Josh sabe, meu irmão é a pessoa que mais me

conhece no mundo.

— Talvez.

Mordo meu lábio inferior, será que sou mesmo parecida com a

pessoa que tentei evitar ser a vida toda?

— Você contou para Elena sobre a audição?

— Não, não achei que ela teria se interessado.

Minha mãe tem zero interesse em mim e nas coisas que eu faço.

— Acho que ela ficará animada em saber que você possivelmente

irá entrar para o time de cheerleader.

Sorrio, um sorriso triste.

— Não sei, Elena não é lá de se animar comigo.


— Achei que ela e Magnus estivessem tentando ser pais
melhores.

Josh está certo sobre nosso pai, ele está tentando uma

reaproximação.

— Magnus talvez, mas minha mãe continua sendo uma vaca. —

Faço uma careta. — Faz quase três semanas que eu estou aqui e ela não

me enviou nenhuma mensagem, e nem respondeu a que enviei há alguns

dias.

Magnus tem me enviado mensagens regularmente, porém Elena

segue vivendo como se eu não existisse, como sempre.

— Nosso pai parecia uma outra pessoa no Natal, queria saber o

que está acontecendo, será que ele está doente?

Suspiro, achei que nosso pai tivesse contado para Josh, mas me

enganei.

— Ele está apaixonado.

— Ele está apaixonado por uma das suas amantes?

Não é surpresa para nenhum de nós que nosso pai tem amantes,

nem para Elena, o casamento deles é de aparências.

— Não, é por sua nova assistente.

— Ela é sua nova amante? Quanto anos ela é mais nova?


Ele está supondo que ela seja igual as outras.

— Josh, ele realmente está apaixonado, do tipo que você se

transforma em alguém melhor, ou te desperta seu melhor lado, nunca


estive apaixonada e não sei explicar exatamente como funciona. — Dou

de ombros. — Mas o conceito é por aí.

— Mas ela é amante dele?

Balanço a cabeça negando.

— Ela não quer ser uma amante, então ambos estão sofrendo e

nosso pai está tentando se tornar alguém melhor.

— E como você está sabendo disso?

— Acordei uma madrugada e desci para buscar um copo de água

e encontrei nosso pai bêbado, ele estava chorando e deprimido, então me

confessou que estava apaixonado por alguém.

— Não estava esperando por isso.

Josh soa surpreso, olho para o lado rapidamente e ele me encara

incrédulo.

— Sim, Magnus Dawson conseguiu surpreender os filhos e

positivamente.

Volto a olhar em frente e a me concentrar no trânsito.

— Ele irá se separar de Elena?


— Não sei, talvez, acho que ele ainda está decidindo, só
conversamos sobre isso uma única vez depois desse acontecido e foi dois

dias antes de eu vir para Tuscaloosa.

Foi uma conversa diferente de todas as outras que já tinha tido

com meu pai, se é que podemos chamar o que havia entre nós antes de
conversa. Ele realmente está tentando ser alguém melhor.

— Ele e eu jantamos juntos e ele me contou sobre Eleonor, ele

está tentando ser alguém à altura dela e isso inclui ser um pai melhor.

— Você o perdoou?

Demoro alguns minutos para responder meu irmão, o cara que

por muito tempo foi minha única família.

— Ainda estou magoada, porque durante dezoito anos ele esteve


distante, o fato de ter sido criada por eles me causou alguns machucados

em minha alma. — Encaro meu pulso coberto pela pulseira. — Mas

guardar rancor não irá fazê-los cicatrizar, eu preciso seguir em frente e

para isso preciso o perdoar.

— Você está certa, nós precisamos o perdoar.

Nós ficamos em silêncio, perdidos em nossos próprios

pensamentos. A solidão causada por pais omissos forjou nossas dores e


quem somos. Não há como voltar no passado e mudá-lo, porém podemos

escolher como isso irá afetar o nosso futuro.

— Como estão suas aulas?

Josh interrompe o nosso silêncio e muda de assunto.

— Surpreendentemente, estou gostando. — Sorrio. — Acho que

no fim, sou mais parecida com a pessoa que meus pais me criaram para
ser do que acreditava.

Tentei decepcioná-los, ser exatamente o contrário do que

esperavam de mim e no fundo só estava me prejudicando, descartando

possibilidades por medo de satisfazê-los.

— Lembre-se, Tessa, o importante é ser feliz.

Eu estaciono em frente a nossa casa, viro-me para Josh e sorrio.

— Obrigada, por ser o melhor irmão do mundo.

— Sempre estarei aqui.

Nós dois saímos do carro, eu vou até Josh e o abraço. Ele beija o
topo da minha cabeça, então engancho meu braço no seu e seguimos na

direção da porta.

Assim que entramos Josh se desvencilha de mim e vai para a


cozinha, porque é sua vez de fazer o almoço, eu vou até a sala e me jogo

no sofá. Encaro o teto e respiro fundo. Por que estou me sentindo como
se tivesse corrido uma maratona? Estou exausta e não só fisicamente,
minha mente parece prestes a entrar em colapso.

Escuto Ethan, Aiden e Dylan entrando, olho para o lado e Dylan

caminha em minha direção enquanto os outros dois seguem para a

cozinha. Acompanho-o vir até mim e se jogar ao meu lado.

— Você parece acabadinha.

Pego uma das almofadas que ficam espalhadas pelo sofá e jogo

em sua direção.

— Nunca diga a uma garota que ela está acabadinha.

Ele ri e me puxa na sua direção, eu vou e apoio a lateral do meu

rosto em seu peito.

— Não se preocupe, mesmo acabadinha você continua sendo a


minha pessoa preferida.

Ele está me provocando, porém uma parte em mim gostaria que


ele estivesse falando sério. Eu queria ser a pessoa preferida de Dylan.
Dylan

Estou provocando Tessa, mas a verdade é que ela poderia

facilmente se tornar a minha pessoa preferida. Tessa se afasta, suspira e


amarra seu cabelo em um coque.

— Eu estou exausta.

— A faculdade faz isso com você.

Ela assente concordando comigo e a expressão em seu rosto


muda, torna-se mais sério e perde o seu brilho.
— Como foi o seu encontro? — Faço uma careta. — Tão ruim

assim?

Balanço minha cabeça negando.

— Não foi ruim... só foi estranho.

Dou de ombros e ela olha para o lado desviando seus olhos do


meu.

— Deve ter resultado em algo já que ela estava do seu lado hoje.

— Nem tinha percebido.

Ela volta a olhar para mim e ergue suas sobrancelhas.

— Ela estava ao seu lado, é claro que percebeu, você é lerdo, não
cego, Dylan.

— Eu percebi, mas não tinha relacionado ao encontro de ontem,

para mim ela simplesmente tinha sentado lá por acaso, talvez, fosse o
único lugar disponível.

Tessa fica em pé e aponta seu dedo para mim.

— Sinais lembra?

— Claro.

É óbvio que eu não lembro. Tessa revira seus olhos, vira-se


ficando de costas e se afasta. Ela ainda está com a calça apertada que
usou na apresentação, ela marca suas curvas e sua bunda se destaca. A

mesma bunda que empurrou contra o meu corpo ontem.

Porra, não posso pensar nisso.

Imediatamente, fico em pé e empurro meus pensamentos impuros

para o fundo da minha mente. Tessa segue para a cozinha e vou atrás

dela. Ethan e Josh estão cozinhando e ficamos os cinco na cozinha, não


demora e Brooke, Dakota e Abby se juntam a nós.

Almoço com meus amigos e sigo para o treino, a partir da


próxima semana teremos jogos todas as semanas e precisamos manter o

ritmo de três treinos por semana.

Dirijo para o Coleman Coliseum e assim que deixo meu carro no

estacionamento sigo para o vestiário, encontro alguns dos meus colegas e

conversamos sobre as próximas partidas, estamos ansiosos e

esperançosos, nossa atual classificação é boa e realmente temos chance

de ir para os Playoffs.

Nós trocamos de roupa e seguimos para a quadra, o treinador está

com o auxiliar repassando algumas estratégias e mostrando suas

anotações, eu vou até eles e eles me passam qual deve ser a nossa postura
em nosso próximo jogo. Assinto e opino se acredito que algo não sairá

como o esperado, afinal é o meu papel como capitão da equipe.


Assim que todos os jogadores estão em quadra, o treinador inicia

o treino. Primeiro fizemos um aquecimento, em seguida treinamos alguns

arremessos e por fim, simulamos uma partida.

Amo a parte do jogo, como armador e capitão do time, sou

responsável por iniciar as jogadas ofensivas, eu que normalmente quebro


a defesa, e procuro pelos meus companheiros livres. Ser o criador do
time é animador, apesar da responsabilidade que paira sobre mim.

É início da noite quando deixo a arena depois de um banho


rápido. Logo que entro no carro e fecho a porta meu celular começa a

tocar, pego o do meu bolso e como é minha mãe conecto ao multimídia e


aceito a ligação.

— Hey, mãe.

— Hey, querido.

A voz doce de minha mãe ecoa e sorrio, eu nunca me dou conta


do quanto sinto sua falta até ouvir sua voz, ou receber algumas das suas

mensagens.

— Como você está, mãe?

Ligo o carro e dirijo para fora do estacionamento enquanto espero

pela resposta da minha mãe.

— Bem e você?
— Estou ótimo e papai?

— Bem, ele mandou avisar que sonhou com você erguendo um

troféu.

Sorrio, desde que cheguei à família há doze anos, meu pai sonha
comigo erguendo um troféu.

— Em algum momento da minha vida irei tornar o sonho de


papai real.

Basquete chegou na minha vida antes dos meus pais e eles

sempre me apoiaram, eles são incríveis.

— Eu tenho certeza disso.

Meu pai grita.

— Estou com viva-voz ligado.

Minha mãe explica. Nós continuamos conversando os três, já que


meu pai se intromete em cada oportunidade até que eu chego em casa e
me despeço deles. Dizem que pessoas não salvam pessoas, mas elas estão

erradas, meus pais me salvaram.

Saio da garagem e entro em casa, tudo está silencioso e

aparentemente não há ninguém. Eu vou até a cozinha, pego um iogurte


na geladeira e sigo para meu quarto, ao passar pela porta do quarto de

Tessa escuto a sua voz.


Ela está em casa e está acordada, paro no meio do corredor e me
pergunto por qual motivo poderia bater em sua porta, então me lembro

que ainda estou com seu caderno de anotações, rapidamente vou até meu
quarto e busco-o.

Tenho o pote de iogurte e o caderno em mãos quando bato na sua


porta.

— Entre.

Grita.

— Você está vestida?

Grito de volta, melhor perguntar depois de ontem.

— Claro, eu não mando os outros entrarem no meu quarto sem

estar vestida.

Zomba de mim e eu abro a porta do seu quarto. Tessa está sobre

sua cama com as pernas e bunda para cima enquanto sustenta seu corpo
pelos seus cotovelos e encara algo a sua frente.

A calça que está usando é apertada, a sua blusa está um pouco


para cima e posso ver parte da sua pele exposta, se ela se virar poderia

ver a sua barriga. Forço-me a olhar para cima, na direção do seu rosto.

— Eu vim entregar o seu caderno.

Tessa se vira e seu olhar encontra o meu.


— Pode ficar com ele, acho que você precisa mais dele do que eu.

Pisca para mim. Sorrio, balanço minha cabeça e me aproximo,


entregar seu caderno era apenas uma desculpa para estar com ela.

— Talvez, precise o consultar quando tiver um encontro.

Faço um sinal para sua cama, ela assente e me sento no colchão


ao seu lado.

— Tudo que preciso está aqui.

Aponta para sua cabeça e se vira ficando de barriga para cima.


Sua barriga realmente fica à amostra e por alguns segundos encaro sua

pele, minha mão coça para tocá-la.

Engulo em seco e desvio meus olhos de Tessa, encaro o iogurte


que continua em minhas mãos.

— Como foi o treino?

O colchão se mexe indicando que Tessa mudou de posição, olho

para o lado e ela está sentada sobre suas pernas.

— Proveitoso, nosso próximo jogo é na sexta à noite, você estará


lá?

— Não sei, como sabe não sou muito fã do basquete.

Ela está me provocando. Inclino meu corpo para o lado de modo


que possa ver seu rosto.
— Mas você é minha fã.

Pisco para ela que começa a rir, ela tenta parar, mas não

consegue, ela ainda está rindo quando suas próximas palavras deixam a
sua boca.

— Você parece um príncipe, mas no fundo é tão egocêntrico

quanto os outros três. — Finalmente, consegue parar de rir e me encara


com deboche. — Você não é tão inocente quanto todos acreditam.

— Não tenho culpa sobre as expectativas que os outros criam

sobre mim.

Ela faz uma careta.

— Tem sim, é você que é todo gentil.

Acusa-me e rouba a colher da minha mão.

— Sou educado.

Tessa leva a colher até meu iogurte e em seguida, leva-a até sua
boca.

— Hey, isso é meu.

— Não seja egoísta, Dylan.

Pega mais uma colher do meu iogurte e quando ela vai fazer pela
terceira vez afasto o pote do seu alcance. Ela estreita seus olhos e me

encara determinada.
— Não seja mesquinho.

Tenta se aproximar e tomar o iogurte da minha mão, mas me

curvo para trás.

— Se quiser busque um para você.

Segue me encarando determinada, mas para. Eu ergo minhas

sobrancelhas e ela dá de ombros, mas não confio que ela tenha desistido e

continuo mantendo o pote de iogurte longe dela.

— Você está sendo um chato, talvez não vá ao seu jogo.

— Golpe baixo.

Eu dou uma leve relaxada e ela pula em minha direção, para não

deixar que ela vença jogo-me para trás e me deito em sua cama.

— Você não irá vencer.

Ela grita e avança em minha direção, tento me levantar, mas é em

vão. Tessa se senta em minha barriga, pega-me desprevino, porque não

esperava por seu ataque e consegue roubar o iogurte das minhas mãos.

— Você está sendo uma má garota.

— Eu sou uma má garota.

Ela leva o pote aos seus lábios e toma o iogurte como se fosse

uma bebida. Eu a assisto e sem querer me dou conta do quanto ela está
sexy, seu cabelo preso em um coque bagunçado, a blusa amarrotada, e
bebendo do meu iogurte, tudo piora quando afasta a embalagem da sua

boca e passa a língua pelos seus lábios.

Talvez, minha mente seja pervertida.

— Tudo que é roubado é uma delícia, sabia?

Eu me levanto com ela ainda sobre mim, o que faz com que Tessa

fique sentada sobre minhas pernas e com os joelhos ao redor da minha


cintura. Ela não se afasta e espalmo uma das minhas mãos em suas costas

mantendo-a onde está.

— Roubar é uma coisa muito feia.

Nem sei sobre o que exatamente estou falando, porque estou


concentrado em Tessa, em seus lábios, nas suas sardas e na forma como

ela está me encarando.

— Roubar de amigos é permitido.

Nenhum de nós está fazendo sentido. Encaro seus lábios, ergo


minha mão e limpo a lateral da sua boca que está suja com o iogurte.

Minha respiração está alterada e meu coração bate acelerado. O ar está

mais denso e o tempo está passando como se estivesse em câmera lenta.

Trago meu dedo até minha boca e o chupo, Tessa solta um suspiro

e pula do meu colo. Ela caminha pelo quarto, respiro fundo e recobro o

meu controle.
— Onde estão os moradores dessa casa?

Mudo de assunto enquanto a observo deixar o pote de iogurte

sobre sua cômoda.

— Eles foram para o apartamento de Aiden e Brooke.

Ela está de costas e percorro seu corpo com meu olhar.

— E você ficou sozinha?

— Sim, eu estava exausta e precisava dormir.

— E você dormiu?

Vira-se, apoia seu corpo na cômoda e balança a cabeça negando.

— Não consegui, mas tomei um banho e descansei.

Assinto e por alguns segundos nos encaramos em silêncio.

— Podemos descer e assistir algo, o que você acha?

Ela faz um sinal na direção da televisão.

— Ou podemos ficar aqui.

Tiro meus tênis.

— Por mim, tudo bem.

Ajeito-me na sua cama e apoio minhas costas contra a cabeceira.


Ela ri e se senta ao meu lado. Tessa pega o controle e o tomo das suas

mãos. Ela me encara indignada e sorrio.


— Eu preciso continuar na minha tarefa de fazer você gostar de

basquete.

Tessa não protesta e procuro um jogo de basquete para


assistirmos, mais uma vez, explico as regras e como o jogo funciona.

Tessa faz perguntas e realmente tenta aprender sobre o esporte. Ao final,

ela continua confusa e tenho uma ideia.

— Você pode ir a um dos treinos na próxima semana.

Vira-se para mim animada.

— Sério?

Sorrio.

— Sério.

— Ótimo. — Sorri, pega o controle e volta a encarar a televisão.

— E agora é minha vez de escolher o que iremos assistir.

Enquanto ela escolhe o filme, pego meu celular e confiro minhas


mensagens. Há uma mensagem em meu celular, no grupo dos caras, eles

estão me chamando para me juntar a eles no apartamento de Aiden e

Brooke, eles irão jantar por lá, respondo que estou ocupado.

Tessa coloca no primeiro filme do Senhor dos Anéis, eu fico


surpreso por ela gostar da franquia e conversamos por um tempo. Nós
começamos a assistir depois de alguns minutos e paramos na metade para
pedirmos uma pizza.

Eu desço para buscá-la quando a campainha é acionada e volto

para o seu quarto com a caixa, copos e um refrigerante. Nós comemos

sobre sua cama enquanto seguimos vendo ao filme e quando estamos


satisfeitos deixamos no chão os papéis, embalagem e copos.

Assistimos o primeiro filme e parte do segundo, está quase na

metade quando olho para o lado e encontro Tessa dormindo. Eu fico um


tempo a observando.

Ela parece um anjo, o meu anjo.

Desligo a televisão, beijo sua testa, recolho as coisas que

deixamos no chão e saio do seu quarto com uma sensação de satisfação


em meu peito.
Tessa

Acordo com a luz do sol entrando em meu quarto pelas frestas da

janela, abro meus olhos e alongo meus braços de um modo tosco, porque
estou um pouco dolorida. Não dormi na posição que costumo dormir e

estou vestindo as roupas que estava usando ontem à noite.

Viro-me ficando de barriga para cima e fito o teto. Talvez, esteja

ficando maluca, porém acho que estou sentindo o cheiro de Dylan, pego
o travesseiro ao meu lado e o abraço, realmente é ele que ficou com seu

perfume.
Suspiro e faço uma careta. Dylan é o amigo do meu irmão,

alguém que tem sido legal e é isso. Tudo bem que ele é legal, gostoso e

quando estou com ele me sinto uma das melhores pessoas do mundo,
mas é apenas isso.

Apenas isso.

Repito mais uma vez para minha mente perturbada, quem sabe se
continuar repetindo sem parar, eu pare de pensar nele de maneiras

inadequadas.

Fico alguns minutos deitada, abraçada ao travesseiro e pensando

na noite passada. Estar com Dylan é fácil, é leve e divertido. Ele também

gosta de Senhor dos Anéis, até mais que eu, leu os livros e tudo.

Dylan é perfeito, mentira seu único defeito é gostar de Kimberly.

A ideia dos dois juntos tem me deixado inquieta. É quase como se eu

estivesse com ciúmes.

Antes que meus pensamentos tomem um rumo estranho levanto-

me e vou para o banheiro. Se pensar em Dylan em algo além de meu

amigo as coisas ficarão complicadas para mim.

Após sair do banheiro troco de roupa e saio do quarto, desço até a

cozinha e encontro Abby e Dakota. Como elas estão tomando café, faço

um para mim e me sento de frente para elas.


— Como foi sua noite?

Dakota pergunta curiosa e sorrio.

— Foi legal.

— Josh ficou preocupado com você.

Encaro a namorada do meu irmão e balanço minha cabeça.

— Eu estava bem sozinha e além do mais, Dylan me fez


companhia.

— Então, era com você que ele estava ocupado.

Ergo minhas sobrancelhas, porque não estou entendendo o que

Abby está querendo dizer.

— Os meninos enviaram mensagem para ele e ele disse que

estava ocupado.

Dakota me explica.

— Nós estávamos assistindo um jogo de basquete e depois


colocamos um filme.

Dakota assente e Abby me encara com uma certa malícia.

— Vocês têm passado um bom tempo juntos, não é!?

Dou de ombros, porque não nada de mais. Não é dá forma que

ela está pensando.


— Sim, já que vocês na maioria das vezes estão em casal nós dois

sobramos.

— Apenas isso?

Minha cunhada questiona e assinto.

— Apenas isso.

Estendo meu braço e roubo um bacon de Abby e ela ri, porém

Dylan entra na cozinha nesse exato momento.

— Ela gosta de roubar comida dos outros.

Viro-me para ele.

— Isso é difamação.

Trago o bacon até minha boca e mordo um pedaço dele.

— Difamação é quando você está inventando algo, eu estou

falando a verdade.

Engulo o bacon que há em minha boca e volto a encarar as


meninas.

— Não acreditem em Dylan.

Elas apenas riem, o jogador de basquete se aproxima e se senta ao

meu lado.

— Como Ethan está? Nervoso para o jogo mais tarde?


Dylan pergunta do amigo para Abby, a garota sorri e assente.

— Surtando um pouco, mas isso é normal do Ethan, né?

Dylan concorda com ela e pega minha xícara e bebe do meu café.

— Olha só quem está roubando comida.

O descarado apenas me ignora, eu balanço minha cabeça e reviro


meus olhos. Seguimos conversando e Dylan prepara algo para nós dois,

Ethan e Josh chegam quase juntos e ficamos os seis pela cozinha.

O quarterback está ansioso pelo jogo de mais tarde e os amigos

tentam o acalmar.

— Bom, galera, vocês são ótimos, mas tenho um almoço para ir.

Pulo do meu lugar.

— Você irá para o jogo?

Dylan pergunta e assinto.

— Vou e irei levar Maggie comigo, ela nunca foi a um jogo de


futebol americano.

— Em que mundo ela vive?

Ethan soa ofendido.

— Ela não gosta muito de esportes.

— Os jogadores são um ótimo motivo para assistir aos jogos.


Abby zomba.

— Ela faz parte das garotas que preferem os garotos que jogam

xadrez em vez dos atletas.

Os três caras suspiram como se eu tivesse acabado de dar um

soco neles. As meninas e eu apenas rimos, o ego deles é imenso. Aceno


para o pequeno grupo e caminho para longe, subo para o quarto, pego um
bolsa, casaco, chaves do carro e vou para a garagem.

Primeiro dirijo até o campus e busco Maggie em seu alojamento.


Minha amiga não está tão animada, mas assim que ocupa o banco ao meu

lado faço o possível para que ela fique tão empolgada quanto eu estou.
Vamos encontrar com o pessoal que está fazendo as mesmas matérias que

nós duas, eles são legais e o almoço irá acontecer na casa de uma das
garotas.

Nós chegamos e a maioria do pessoal já está aqui, como está frio


nos reunimos na cozinha, um dos meninos nos entrega uma cerveja.

— Não sei se deveria beber, eu trabalho na segunda.

Ela e eu estamos apoiadas em um balcão.

— Maggie, hoje é sábado, se divertir por um dia não fará você


menos responsável.
Encara-me por alguns segundos e por fim pega a cerveja das
minhas mãos.

— Você tem razão.

Leva a bebida até sua boca e bato palmas comemorando. Como

ninguém está a fim de cozinhar pedimos pizza e continuamos bebendo. É


um almoço divertido e em certo momento, Gage, o mesmo cara da festa,
se aproxima e para ao meu lado, ele flerta comigo e flerto de volta. Ele é
bonito, simpático, mas sinto falta de algo.

Maggie e eu deixamos o lugar na metade da tarde, porque

precisamos ir para o jogo. Nós vamos direto para o estádio e assim que

estaciono ligo para Josh e meu irmão me guia para encontrá-los. Maggie
e eu nos juntamos a Abby, Josh, Dakota, Aiden, Brooke e Dylan. Eu paro

ao lado de Dylan e me curvo em sua direção.

— Perdi muita coisa?

Sussurro, ele vira seu rosto e fala em meu ouvido.

— Não muita.

Sua voz me causa um arrepio e ele trava o olhar no meu por

alguns segundos até que gritos ao nosso redor chamam nossa atenção e

olhamos em frente.

— Eu não estou entendendo nada.


Viro-me para Maggie e sorrio.

— Foca na beleza dos jogadores, porque é a única coisa que eu

entendo.

Ela ri e balança a cabeça de um lado para outro. O que interessa é

que Crimson Tide vence o jogo, nós vencemos e podemos comemorar.

Deixamos as arquibancadas ainda gritando e ficamos no estacionamento


esperando por Ethan, assim que enxergamos o quarterback Abby corre na

direção do namorado e pula em seu colo.

— Uau, eles parecem mesmo apaixonados.

Maggie suspira ao meu lado, olho para ela e sorrio.

— Eles são.

Ethan coloca a namorada no chão, passa seu braço pelos seus

ombros e os dois se aproximam de nosso grupo. O quarterback está


sorrindo e ainda de uniforme.

— Comemoração no Crimson Giants.

Olho para Dakota.

— O que é isso?

— Um bar, o nome é em homenagem à universidade e aos times,

por isso após as vitórias os atletas vão para lá comemorar.


Gosto da ideia e claro que topo estender a noite para o bar,
Maggie nega o convite, então antes de ir para o bar a levo até o prédio

onde fica seu dormitório.

— Obrigada pela companhia.

Agradeço enquanto Maggie tira seu cinto.

— Obrigada por hoje, Tessa, realmente precisava me divertir e

esquecer um pouco dos meus problemas.

Sorri agradecida e deixa meu carro, eu a espero entrar no prédio e


dirijo até o bar usando o GPS. A rua onde fica o local está lotada e

demoro para encontrar uma vaga, respiro aliviada quando finalmente

consigo estacionar.

Dessa vez, não envio uma mensagem e nem ligo para Josh,
decido encontrá-los por conta própria. Há muitas pessoas inclusive do

lado de fora mesmo com o frio e sendo noite, eu caminho entre elas e

entro no bar, não é escuro, apenas a iluminação é mais amarela e menos


potente, é um lugar aconchegante.

Procuro pelo meu irmão e seus amigos e os encontro sentados ao

redor de uma mesa, eles estão bebendo e gritando empolgados. Eu vou


até eles, puxo uma cadeira e me sento ao lado de Brooke, a namorada do
jogador de hóquei pega uma das cervejas que há no meio da mesa e me

entrega.

— Já que eu não posso beber, beba por mim.

Bato a garrafa em seu copo de suco e sorrio.

— Pode deixar.

Bebo da bebida e ela sorri. Há gritos, conversas paralelas,

assuntos diferentes e é um caos. Dylan está um pouco longe de mim e em


alguns momentos meu olhar cruza com o seu.

Ethan e Abby ficam em pé e estão se afastando da mesa quando

Brooke grita.

— Usem camisinha, porque foi em uma dessas comemoração

pós-jogo que engravidei.

Aponta para sua barriga e Abby sorri debochada.

— Não se preocupe irei me manter longe do depósito de material


de limpeza.

Abby e Ethan se distanciam e provocamos Brooke e Aiden, por

causa do bebê feito em um depósito de material de limpeza, nem um dos

dois parece muito preocupado com o acontecimento.

Eu paro de beber quando sinto que estou ficando bêbada, porque

estou dirigindo. Fico apenas acompanhando as conversas e observando as


pessoas ao meu redor, concentro-me em Dylan quando ele fica em pé,
meu olhar o segue, porém o perco de vista. Mordo meu lábio inferior

frustrada.

— Ele está no bar.

Brooke sussurra ao meu lado.

— Quem?

Finjo que não sei de quem ela está falando.

— Dylan.

— Nós somos apenas amigos.

Explico antes que ela pense que estou interessada em Dylan e ela

ri, como se soubesse de algo que eu não sei.

— Eu também era amiga de Aiden.

Pisca em minha direção, abro a boca para dizer algo, porém não
tenho tempo, porque Aiden a chama para irem embora. Eles se despedem

e deixam o bar.

Volto a procurar por Dylan e ele está caminhando em minha


direção, meu coração dá uma leve acelerada em meu peito. Meu olhar

encontra o seu e ele não o desvia, pelo contrário continua me encarando

até ocupar o lugar ao meu lado.

— Trouxe para você.


Entrega-me uma garrafinha de água.

— Obrigada.

— Vi que você parou de beber e achei que você iria gostar de


beber um pouco de água.

Ele está certo, eu preciso de um pouco de água, só não sei se é

por causa do álcool, ou por causa que ele está por perto. Abro a garrafa
e bebo metade da bebida.

— Como foi seu almoço?

Ele apoia seu braço na minha cadeira, coloco a garrafa sobre a

mesa e me viro até estar com o rosto a centímetros do seu.

— Foi legal.

Apesar do barulho e das pessoas, é como se de repente existisse

apenas nós dois. Seus olhos percorrem meu rosto e minha respiração se

altera.

— Você foi uma boa menina?

Ele está me provocando, só que ele esqueceu que dois podem

jogar esse jogo.

— Sempre sou uma boa menina.

Seu olhar está preso ao meu, meu corpo está quente e implorando

por um toque, por algo que faça tudo se tornar ainda mais intenso e ao
mesmo tempo seja a única coisa capaz de amenizar a sensação de
ansiedade em meu peito.

— Dylan, quando será o seu jogo?

A voz de Josh soa mais alta do que realmente está. Dylan pisca

algumas vezes e se vira para o amigo. Ele continua com o braço sobre
minha cadeira e seus dedos brincam com as mechas do meu cabelo.

Apesar de conversar com Josh e Dakota, não consigo não pensar

sobre Dylan ao meu lado, não consigo o ignorar. E quando deixamos o


bar ao fim da noite, não sei se estou aliviada, ou decepcionada.
Dylan

Meu domingo é dormir até mais tarde, deixar a cama apenas para

almoçar e voltar para o quarto, porque a terceira semana de aula está


prestes a iniciar e preciso começar a estudar.

Sento-me na cama com o Ipad em mãos, deixo o celular ao meu


lado e me perco em problemas e cálculos. O que tinha na cabeça quando

decidi fazer engenharia mecânica? Poderia ter escolhido um plano B


mais fácil, porque a engenharia é meu plano B, meu plano A é o

basquete, é o sonho de jogar na NBA.


As primeiras quadras que joguei foram as de um bairro pobre,

meus primeiros colegas de time foram os meninos que assim como eu

estavam no orfanato, chegar no profissional é honrar o garoto perdido


que já fui um dia, além dos meus pais, aqueles que me resgataram e

apoiaram os meus sonhos.

Empurro as lembranças tristes e nostálgicas para o fundo da

minha mente e me concentro em estudar. Estou concentrado resolvendo

uma questão de mecânica quando meu celular vibra, olho para o lado e é

a notificação de uma mensagem de Kim.

Continuo olhando para o aparelho, devo parar para respondê-la?

Desde quinta só nos encontramos na audição para cheerleaders e sequer

conversamos aquele dia. E não sinto sua falta, não de uma forma
desesperadora. Deveria sentir algo, não é?

Na tentativa de me despertar algo pego o celular, deixo o Ipad

sobre minhas pernas e confiro a mensagem que Kim me enviou.

“Não vi você ontem no jogo e nem no pós-jogo.”

Sua mensagem faz com que perceba que eu sequer procurei por

ela. Eu estava com meus amigos, minha consciência acusa que estava
esperando por Tessa, conversando com Tessa, ela teve a minha atenção,

por ela eu procurei.


“Você estava no Crimson Giants?”

Ela me responde no mesmo instante.

“Sim, você esteve lá?”

“Sim, a noite toda na verdade.”

“Você sempre procura por mim, mas dessa vez, não. Aconteceu alguma

coisa?”

Sua pergunta ecoa em minha mente e não, não aconteceu nada,

simplesmente não existe um motivo.

“Não existe um motivo para não ter lhe procurado.”

“Como você está, Dylan?”

Respondo-a e continuamos conversando por um tempo, nada

muito profundo, apenas uma conversa normal. E de repente o assunto

simplesmente morre, volto a deixar o celular ao meu lado e encaro a

parede a minha frente.

Por que conversar com Kim não me causa mais um frio em minha

barriga? Nem uma ansiedade. É como se estivesse conversando com um

dos meus amigos. Não encontro uma explicação e volto a estudar. É


péssimo perder o dia estudando, mas a semana será corrida e não terei

tempo.
Desço para o primeiro andar no fim da tarde apenas para buscar

algo para comer e volto para o quarto, não esbarro com nenhum dos

meus amigos e nem com Tessa, será que ela não está em casa? Deveria ir

ver como ela está? Não vou, porque me dou conta de que somente estou
criando uma desculpa para ir atrás dela.

Como assistindo um jogo e sentado em minha cama, logo em


seguida volto para os meus cálculos. Paro novamente quando recebo uma

mensagem e é Ethan avisando que o jantar está pronto, levanto-me e sigo


para a cozinha. Ethan e Josh estão sentados um ao lado do outro e

jantando.

— E Tessa?

— Por que você quer saber da minha irmã?

Josh ergue suas sobrancelhas e me encara preocupado.

— Porque ela mora nessa casa.

Respondo com o óbvio e ele estreita os olhos em minha direção.

— Espero que seja somente isso.

Olho para Ethan.

— Ele está doido?

Ethan dá de ombros.

— Ele é doido.
Josh bate na cabeça do quarterback que reclama e enquanto eles
agem como duas crianças, eu pego meu prato e o encho com comida.

Então, sento-me de frente para os dois idiotas e jantamos conversando


sobre o jogo de futebol americano de ontem.

Quero perguntar onde Tessa está, mas depois da reação de Josh,


não acho que seja uma boa ideia.

Ao fim da noite, subo as escadas e no corredor, paro e encaro a

porta do quarto de Tessa. Não a vi o dia inteiro, não conversei com ela e
isso me incomoda.

Suspiro e sigo para meu quarto. Não tenho a melhor noite de


sono. E a minha segunda inicia caótica. Saio de casa de manhã para o

primeiro treino e volto apenas de tardezinha depois de treinar a tarde


toda, além de treino em quadra, treinei força na academia.

Entro em casa e escuto vozes vindas da cozinha, porém continuo


caminhando para as escadas, não quero socializar com ninguém. Estou
cansado, estressado e não sou uma boa companhia.

Estou indo até meu quarto quando meu olhar encontra uma
pulseira no chão, é a pulseira de Tessa, abaixo-me e a pego. Ao voltar a

ficar em pé encaro a pulseira de miçangas, é rosa e está escrito vida.


Nunca a vi longe do pulso de Tessa, provavelmente ela deve ter deixado
cair sem perceber.

Mudo de direção e bato em sua porta.

— Entre.

Sua voz soa distante e não a vejo em seu quarto.

— Tessa?

— No banheiro.

Paro no meio do cômodo e fico olhando ao redor.

— Eu encontrei sua pulseira perdida no corredor.

— Venha até o banheiro. — Faço uma careta e antes que possa

protestar Tessa continua gritando. — Estou vestida, só estou preparando


a tinta para pintar meu cabelo.

Como não há nada de mais acontecendo, deixo minha mochila


sobre sua cama e sigo até o banheiro. A porta está meio aberta e somente

a empurro um pouco para poder entrar. Tessa está de frente para a pia,
olhando para baixo e fazendo uma mistura rosa em um pote.

Paro logo atrás de Tessa, percorro meu olhar pelo seu corpo, ela

está usando uma calça apertada e uma blusa de manga longa, preta assim
como a calça. Suas curvas estão marcadas e caralho, ela é gostosa.
Minhas mãos anseiam por tocá-la e é quase insuportável me manter
longe.

— Achei sua pulseira.

Desvio o olhar do seu corpo e encaro seus olhos pelo espelho.

Apesar do lugar ser grande é como se o ar estivesse reduzido, é difícil


respirar e por todo espaço seu cheiro está impregnado.

— Overdose de moranguinho. — Ela ergue suas sobrancelhas

diante da minha fala repentina. — Por toda parte está seu cheiro de
morangos.

Ela ri.

— É meu banheiro, minhas coisas estão por aqui, seria estranho

se não tivesse o meu cheiro.

Olho ao redor do banheiro e estreito meus olhos.

— Não sabia que o banheiro do Aiden era maior que o meu.

— Ciúmes?

Morde seu lábio inferior e ergo minha mão para libertar seus
lábios, porém a posição não permite que conclua a ação. Volto a abaixar

meu braço.

— Poderia ter solicitado um reajuste no aluguel, já que meu


espaço é menor.
Ela ri, balança a cabeça, coloca o pote com a tinta sobre a pia e se

vira ficando de frente para mim.

— Nem tinha percebido que tinha perdido a minha pulseira.

Olha para a pulseira que estou segurando e a estendo para que

pegue, então Tessa aproxima sua mão da minha e percebo algo em seu

pulso. Uma cicatriz, é uma reta, um pouco torta, mas uma reta. Ela tem
um certo relevo e com certeza levou pontos.

— Hey, isso é uma cicatriz?

Tessa tenta afastar sua mão, porém a seguro e traço a cicatriz com

as pontas dos meus dedos.

— Sim, é uma cicatriz.

Sua voz é um sussurro. Nunca a tinha percebido, porque sempre

está coberta pela pulseira. Tessa esconde a cicatriz.

— Por que você a esconde?

Ergo meus olhos das nossas mãos e encaro seu rosto. Tessa morde

seu lábio inferior e há uma sombra em seu olhar.

— Cicatrizes não são bonitas para serem expostas.

Não parece ser apenas isso. Um pensamento cruza minha mente e

preocupação vibra em meu peito.

— Como você se machucou?


Tessa ri, mas não é um sorriso feliz, é a forma mais triste que já vi
seus lábios se curvarem. Ela nunca deveria sorrir dessa forma, ela nunca

deveria se sentir triste.

— Eu me machuquei, Dylan.

Dou um passo em frente, transformando o espaço entre nós ainda

menor.

— Quando? Por quê? Foi recente?

Uma vontade imensa de protegê-la ecoa em meu peito. Pessoas


não deveriam se machucar e nem ter motivos para fazer tal coisa, porém

pensar em Tessa se machucando, causando dor em si mesma é assustador.

Queria ter estado lá para ela e impedi-la de se machucar.

— Foi há dois anos e meio quando Josh saiu de casa e eu fiquei


sozinha.

Ela não desvia os olhos dos meus, segue me encarando enquanto

me responde.

— Você se machucou, ou... — Engulo em seco. — Ou tentou

acabar com a sua vida?

Nós dois olhamos para seu pulso e Tessa respira fundo.

— Eu estava me machucando e foi mais profundo do que deveria,


por isso ficou a marca, foi a última vez. — Olho para ela e tenho um
vislumbre da Tessa do passado. — Eu não queria morrer, só queria que a

dor física fosse maior que a dor em meu interior. Só queria por um
momento esquecer a dor em meu peito e quando me machucava isso

acontecia, porém, dessa vez, o sangue foi demais e fiquei com medo de

ter ido longe demais, então saí correndo do meu quarto e pedi ajuda para

meu pai.

Não é apenas dor que cruza seu olhar, existe arrependimento

também.

— Foi uma única vez?

Faz uma careta.

— Não, porém os outros foram pequenos cortes que não

resultaram em cicatrizes.

Ergue seu rosto e volta a me encarar.

— Por quanto tempo você fez isso?

— Três meses.

— Qual era a sua dor?

Quero saber, como se fosse capaz de solucionar seu antigo

problema, como se pudesse ser um maldito herói.

— Eu só me sentia vazia e sozinha. — Dá de ombros. — Havia

pessoas ao meu redor, colegas, pessoas que me chamavam para sair, eu


sorria e fingia que estava tudo bem, entretanto, por dentro era como se
minha alma estivesse entrando em colapso. Meus pais não ligavam para

mim, meus avôs também não e meu irmão, minha única família, estava

longe.

— Você continua se machucando?

Continuo tocando sua pele e Tessa balança sua cabeça negando.

— Não, meu pai me levou ao hospital, ganhei seis pontos e um

encaminhamento para o psicólogo, meu pai me obrigou a ir e me


ameaçou, se voltasse a me cortar ele iria contar para Josh. — Ela ri, um

sorriso fraco. — Ele sabia que Josh voltaria e eu me sentiria culpada, ele

sabia que faria de tudo pelo meu irmão.

— E você conseguiu?

Ela assente.

— Não foi fácil parar, porque era um vício, porém com

acompanhamento psicológico eu consegui.

Trago sua mão até minha boca e sussurro contra seu pulso.

— Como você está?

Beijo sua pele e coloco a pulseira ao redor do seu braço cobrindo

a cicatriz.
— Bem, dois anos de terapia me fizeram entender muita coisa,

ainda há um pequeno vazio em meu peito, mas a cada dia que passa ele

se preenche um pouco mais e se torna menor, todos os dias eu me


encontro de alguma forma e descubro que a dor pode fazer parte do

caminho, mas nunca é o destino final.

Ela sorri e a sombra deixa seus olhos.

— A dor nunca é o fim.

Concordo com ela e a puxo para meus braços.

— Você nunca mais estará sozinha.

Abraço-a, como se fosse realmente fosse capaz de cumprir a

promessa que acabei de fazer. Tessa me abraça de volta e por alguns


segundos, ficamos nessa posição em silêncio.

É Tessa quem se afasta, encara-me com seus olhos azuis e eles

contêm um brilho divertido. Ergo minhas sobrancelhas, ela espalma suas


mãos em meu peito e as sobe em direção aos meus ombros, toca meu

pescoço e por fim os fios do meu cabelo.

— Você ficaria lindo de cabelo rosa.

Desafia-me a dizer sim, sorrio e dou de ombros.

— Faça seu melhor.

Encara-me animada.
— Você irá mesmo me deixar pintar seu cabelo?

Abaixo meu rosto até meu nariz encostar no seu, desço minhas

mãos e as deixo sobre sua cintura.

— Eu faria qualquer coisa por você, moranguinho.


Tessa

Ele está tão perto, sinto sua respiração contra meu rosto e preciso

respirar fundo. Se ele abaixasse seu rosto só mais um pouquinho, poderia


encostar meus lábios nos seus. Um arrepio percorre meu corpo e resulta

em uma pontada no meio das minhas pernas e em meus seios.

Droga, não posso ficar excitada! Viro-me ficando de costas e

pego a minha tinta rosa.

— Pronto para ficar com cabelo rosa?

Estou sem fôlego como se tivesse corrido uma maratona.


— Nasci pronto, moranguinho.

Sinto seu hálito contra meu pescoço e volto a me arrepiar, Dylan


percebe, pois o escuto sorrir e apertar ainda mais seus dedos contra

minha cintura. Isso é uma tortura.

Ele segue tão perto enquanto preparo a tintura, desconcertando-

me e acabando com toda minha concentração.

— Seu cabelo é preto e não vai ficar exatamente da mesma cor

que o meu.

Falo algo para tentar frear meus pensamentos.

— Devo me preocupar?

— Claro que não sou uma ótima cabelereira.

Escuto o som da sua risada.

— Eu estou preocupado.

Assim que finalizo de preparar a tintura, coloco as luvas de

plástico e me viro, ficando outra vez de frente para Dylan. Ele está tão

perto de mim e suas mãos ainda estão sobre meu corpo. Dylan me deixa
excitada e sem fôlego.

— Sente-se sobre o vaso sanitário.

É algo impressionante eu ainda conseguir falar.

— Isso é perigoso.
Reviro meus olhos.

— Você é muito alto e preciso que fique sentado para alcançar os


fios do seu cabelo.

Ele hesita, mas acaba abaixando a tampa do vaso e se sentando

sobre. Eu pego o pote com a tinta, o pincel, pente e fico logo atrás dele.

Começo a pintar os fios de seu cabelo e é divertido.

— Você não jantou com a gente ontem.

Muda de assunto de repente.

— Eu estava no cinema.

Pelo menos ele percebeu que não estava em casa e por que isso
me deixa feliz?

— Você estava em um encontro?

— O quê?

Sobre o que ele está falando? Não entendo o teor da sua pergunta.

— Foi você que me disse para levar Kim ao cinema.

— Sim e o que isso tem a ver comigo ter ido ao cinema ontem?

Ele suspira e demora alguns segundos para me responder.

— Você sugeriu que cinemas são bons lugares para encontros.

Sua voz soa repleta de desdém.


— Não estava em um encontro, apenas fui assistir o último filme

de super-heróis lançado.

— Ótimo.

Ele parece estar aliviado? Ele pode ir a encontros e eu não?


Próxima vez irei mentir que estava em um.

— O que achou do filme? Foi o filme que Kim e eu assistimos.

Odeio que ele mencione Kim no assunto e puxo seu cabelo com
mais força do que o necessário. Ops.

— Ai, isso doeu.

— Desculpe.

Não me sinto arrependida. Nós ficamos em silêncio e continuo

pintando seu cabelo enquanto penso em Kim e Dylan no cinema, não


gosto das imagens que surgem em minha mente e nem do sentimento em

meu peito.

— Eu poderia ter ido com você.

Demoro a entender que ele está falando que poderia ter ido
comigo ao cinema.

— Obrigada, mas eu gosto de ir ao cinema sozinha, faz parte de


entender que sou uma boa companhia para mim mesma.

— Você é uma ótima companhia para qualquer pessoa.


Dylan parece sempre ter uma frase pronta, uma que irá fazer com
que perca o controle do meu coração e dos sentimentos.

— Você estuda sobre as frases que deve falar?

— Frase que devo falar?

Ele fala como se realmente não estivesse entendendo ao que estou


me referindo.

— Frases de efeito que farão você parecer um príncipe perfeito.

Ri e balança sua cabeça.

— Nunca sei o que falar, Tessa.

— Impossível, você sempre parece saber o que falar comigo.

Como esse cara tem problemas para conquistar uma garota?

— É porque você é especial, é você que tira o melhor de mim.

Preciso parar por um segundo de pintar seu cabelo até meu


coração voltar a bater normalmente em meu peito. E quando volto, faço
meu trabalho em silêncio.

— Pronto. — Viro-me ficando de frente para o espelho. — Agora


é a minha vez.

Separo meu cabelo na metade e retoco minha raiz. Sinto Dylan


me observando e olho pelo canto do olho na sua direção. Ele está
engraçado com a tinta em seu cabelo e meus lábios se curvam em um
sorriso.

— Do que você está rindo?

— Você está engraçado.

Ele fica em pé e se posiciona logo atrás de mim. Seu cabelo está


todo para trás, com um aspecto grudento, brilhoso e está rosa, além do

seu rosto estar em evidência. Dylan faz uma careta.

— Como vou tirar isso do meu cabelo?

Continuo pintando meu cabelo enquanto o respondo.

— Lavando.

— Posso lavar agora?

— Só daqui a quarenta e cinco minutos.

Ele suspira e acho que só agora percebe o que exatamente acabou


de fazer.

— Em quanto tempo o rosa irá sair do meu cabelo? Se lavar dois

dias seguidos não terei mais nada na quarta, não é?

Olho para ele através do espelho.

— Demora mais que duas lavagens para sair, Dylan,


provavelmente umas dez lavagens, ou mais, porque eu coloquei muito

tonalizante no seu cabelo.


Ele me encara em choque.

— Porra, Tessa, eu tenho um jogo na sexta.

— E estará com cabelo rosa. — Controlo-me para não rir da


expressão de pesar que surge em seu rosto. — Não se preocupe as

garotas irão amar.

— Eu não preciso pintar meu cabelo de rosa para que as garotas

gostem de mim.

— Dylan, ser modesto às vezes não mata ninguém.

Chego na parte complicada de pintar a raiz na parte de trás do

meu cabelo e levo meus braços para uma posição desconfortável.

— Isso parece estar doendo. — Dylan pega o pincel da minha


mão. — Eu faço isso por você.

— Você já pintou um cabelo antes?

Nega, porém, pinta meu cabelo como se fosse um especialista. Eu

olho para ele pelo reflexo no espelho. Encaro cada detalhe do seu rosto e
suas expressões. Memorizo a forma como pisca, como sorri, como olha

para mim.

Existe algo em Dylan que me puxa em sua direção, que me

hipnotiza, que me faz desejar ser dele.


Ele termina, abaixa o pincel e o coloca dentro do pote junto com

o pente.

— Acho que está bom.

Assinto e nos encaramos pelo espelho, ele me olha com uma

intensidade que mexe comigo, com meus hormônios e com meus

sentimentos.

— Está bom.

Confirmo sem sequer olhar para meu cabelo. Ficamos em silêncio

com os olhos presos um no outro. Palavras não precisam ser ditas para o

ar mudar, para existir um campo elétrico ao nosso redor, para tornar a


respiração difícil e para que determinados pontos do meu corpo pulsem e

implorem por um contato mais íntimo.

Dylan dá um passo em minha direção e minha respiração se torna


ainda mais irregular. Seu peito encosta em minhas costas e um tremor

percorre meu corpo.

Toca minha barriga e deixa sua mão espalmada ali, onde ele me

toca é como se queimasse, há uma troca de energia entre nós dois. Apoio
minhas mãos no balcão da pia e curvo meu corpo levemente para frente.

Nós dois sabemos que estamos brincando com fogo quando empurro
minha bunda contra sua cintura. Ele está excitado. Somos imprudentes e
inconsequentes.

Sua boca se aproxima da minha orelha e inclino meu pescoço

para o lado facilitando o seu acesso a minha pele.

— Deveria ficar aqui, tomar banho no seu chuveiro, usar as suas

coisas e ficar com seu cheiro em meu corpo. — Minha boca está seca e

fecho meus olhos. — Porque sou viciado nele.

Sua respiração em minha pele, ele tão perto e sua ereção contra
minha bunda me fazem querer olhar para ele e implorar por um beijo.

— Há outras maneiras de você ficar com meu cheiro.

Provoco-o e sei que fui bem-sucedida quando um gemido escapa

entre seus lábios.

— Você está me provocando?

Sua mão sobe pela minha barriga e seus dedos pairam logo

abaixo do meu seio, que está pesado e dolorido.

— Jamais.

Sussurro e me curvo ainda mais para frente, fazendo com que

esbarre em meus seios e com que minha bunda friccione ainda mais

contra suas calças.

— Caralho, Tessa.
Encosta seu rosto em meu pescoço, sobe sua mão mais um pouco

e aperta meu seio. Um gemido deixa minha boca ao mesmo tempo em


que ouvimos alguém me chamando.

— Tessa. —Meu irmão grita pela primeira vez e o ignoramos. —

Tessa.

Ele me chama de novo e mais perto do que anteriormente. A


névoa se dissipa da minha mente e me dou conta de que ele está vindo na

direção do meu quarto, Dylan também percebe e dá um pulo para trás.

Sinto falta do seu corpo, do seu toque, do seu calor.

— A porta estava aberta e estou entrando.

Josh soa ainda mais perto. Entro em pânico e olho para Dylan

desesperada. Ele olha ao redor à procura de algo, faço o mesmo e

nenhum de nós encontra nada, então abro a torneira e encho o pote de

tinta vazio com água e a jogo na frente das suas calças. Água gelada com
certeza fará com que ele não pareça que está excitado.

— Porra, Tessa, você está querendo destruir meu pau.

Resmunga entre dentes enquanto faz uma careta.

— Estou querendo nos salvar.

Sussurro enquanto pego a toalha de rosto e a jogo na sua direção.

— Finja que está limpando algo que derrubei em você.


Ele pega a toalha e faz o que eu falei, segundos depois Josh
aparece na porta do banheiro.

— O que vocês estão fazendo?

Olha de mim para Dylan com as sobrancelhas erguidas como se


estive tentando descobrir se estamos aprontando algo.

— Pintando o cabelo.

Aponto para o cabelo de Dylan, forço um sorriso e apoio minha

bunda no balcão.

— Você pintou a porra do seu cabelo?

É um alívio que Josh encare o amigo, porque eu estou sentindo

minha calcinha molhada. Não que meu irmão vá perceber, ou saber dessa

informação, mas porra, eu estou molhada e ele está aqui.

— Sim.

Dylan responde simplesmente e Josh segue o encarando.

— E o que você está limpando?

Josh pergunta desconfiado. Caralho! Dylan olha em minha


direção e faço um gesto para que ele improvise.

— Sua irmã é uma desastrada e derramou tinta em mim.

Ótima desculpa e antes que Josh faça mais perguntas, afasto-me

da pia e faço um gesto para a saída.


— Bom, eu preciso tirar essa tinta do meu cabelo, então por favor

deixem meu quarto.

Espalmo minhas mãos nas costas de Josh e o empurro para fora,


Dylan o segue. Meu irmão segue para fora do meu quarto e Dylan para e

pega sua mochila.

— Você chegou e veio direto ao quarto da minha irmã?

Josh está no corredor, parado e olhando para dentro do meu

quarto. Droga, por que ele está tão desconfiado?

— Eu achei algo que pertencia a ela.

Responde-o, mas está olhando em minha direção. Dylan coloca a

mochila em seu ombro, olha-me uma última vez e segue para fora do
meu quarto, ele fecha a porta ao sair.

Suspiro, caminho de um lado para o outro e por fim, sento-me na

beirada do colchão da minha cama e encaro o meu pulso coberto pela


pulseira.

Estendo meu braço sobre minha perna e com a minha mão livre

puxo a pulseira para cima e toco minha cicatriz, eu quero a cobrir com
uma tatuagem, porém por enquanto é um lembrete do que superei e de

quão forte eu sou e posso ser.


Ninguém soube do que aconteceu, além dos meus pais e agora
Dylan sabe. E não me sinto mal por ter compartilhado a minha história

com ele, pelo contrário a sensação é de alívio.

Enquanto espero pelo tempo de tirar a tinta do meu cabelo, eu

fico pensando em Dylan e na forma como meu corpo reage a ele. Mesmo
agora lembrando da cena do banheiro fico excitada, querendo

desesperadamente um beijo, ou algo mais. Nem tento parar de pensar

nele, porque sei que não conseguiria.

Assim que os minutos de espera chegam ao fim, eu vou para o

banheiro, tiro minha roupa e entro embaixo do chuveiro. Meu corpo está

todo em alerta, minha boceta e meus seios seguem pulsando. Suspiro,


fecho meus olhos e desço minhas mãos até o meio das minhas pernas.

Toco-me pensando em Dylan e gozo chamando pelo seu nome.


Dylan

Fecho a porta do quarto de Tessa e Josh segue me encarando com

uma expressão nada amigável.

— Dylan, Tessa é uma garota forte e determinada, mas ela é só

uma garota.

Minha consciência pesa ao ouvir a voz do meu amigo, é nítido

que ele está preocupado.

— Não há nada acontecendo entre nós, ela só está me ajudando a

conquistar Kim.
Nem eu acredito nas palavras que deixam a minha boca.

— Não machuque a minha irmã, porque se você fizer algo que a


machuque vou esquecer que você é meu amigo no mesmo instante.

— Isso não vai acontecer. — Tranquilizo-o e aponto para o meu

quarto. — Vou lá tirar essa tinta do meu cabelo.

Não espero por uma resposta sua e sigo para meu quarto. Minha

mente está uma bagunça. Arrependimento versus desejo. Não deveria

pensar em Tessa dessa forma, ela deveria ser apenas a irmãzinha do meu
melhor amigo, no máximo uma amiga, porém tudo que consigo pensar é

em qual deve ser o sabor dos seus lábios, como seria continuar a tocando.

Caralho, por segundos meus dedos estiverem ao redor do seu


seio.

Caminho de um lado para o outro e fecho meus olhos na tentativa

de empurrar as lembranças para o fundo da minha mente, é ainda pior,

porque é o rosto de Tessa que ecoa em minha cabeça, como se ela fosse o

centro do meu mundo.

Frustrado volto a abrir meus olhos. Chuto a primeira coisa que

vejo em minha frente e me arrependo no mesmo instante que meu pé

encontra a minha cama.

— Porra.
Dói e pulo com um pé só por alguns segundos para amenizar a

dor enquanto palavrões deixam a minha boca. Eu sou uma piada para o

universo.

Pelo menos por causa da dor meus pensamentos se mantêm longe

de Tessa. Quando meu pé para de latejar, coloco-o no chão e encaro o

teto.

— Caralho.

Evito voltar a pensar em Tessa. Eu vou para o banheiro e tomo


meu banho me concentrando no basquete, o nosso jogo é sexta-feira, um

dos jogos decisivos, se ganharmos seremos classificados para os playoffs,

se perdermos iremos depender do resultado de outros times.

Temos como vantagem o jogo em casa e não podemos perder a

oportunidade.

Ao sair do banho paro de frente para pia e faço uma careta ao

encarar meu reflexo no espelho, meu cabelo está muito rosa. Serei

motivo de chacota dos meus amigos e dos meus colegas de time.

Saio do meu quarto, visto uma roupa e ajeito meu cabelo que

parece ainda mais rosa que antes. Ao descer para a cozinha para jantar já

me preparo mentalmente para as piadinhas de Josh e Ethan.


Logo que entro na cozinha, sou alvo do olhar dos dois e as

provocações começam. Eles são péssimos e agem como duas crianças,

enviam mensagens para Aiden e postam uma foto minha no nosso

Instagram.

Tessa chega na cozinha somente quando o jantar está pronto, seu


cabelo está mais rosa, mais brilhoso e liso. Ela está vestindo um pijama
de unicórnio, ele é inteiro e tem uma toca fofa. Ela está linda.

Há um lugar ao meu lado, porém ela se senta ao lado do irmão e


evita olhar em minha direção. Droga!

— Qual será o próximo passo? Você irá comprar um pijama do


unicórnio para Dylan?

Ethan a provoca, porque Tessa pintou meu cabelo de rosa.

— Não é uma péssima ideia.

Ela ri enquanto responde o quarterback, mas segue sem olhar em


minha direção. Nós jantamos os quatro juntos e Tessa continua me
evitando e deve ser por causa do que aconteceu em seu banheiro.

É péssimo a ter tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

Ela é a primeira a deixar a cozinha e nem tenho chance de


conversar com ela, sou eu quem limpo o que Josh e Ethan sujaram, então
eles seguem para a sala e fico sozinho, perdido em meus pensamentos e
todos são sobre ela.

Termino a noite em minha cama sem sono e totalmente


atordoado, se fechar meus olhos é Tessa que surge em minha mente.

Cansado, pego meu celular e procuro por suas redes sociais.

Como um perseguidor fico vendo suas fotos e curtindo, mesmo as


de anos atrás, ela irá ficar sabendo, mas não me importo. Talvez, queira

chamar sua atenção.

Ela tem fotos com cabelo rosa, azul, verde e loira. Ela está linda

em todas elas, mesmo em suas fotografias zoadas.

Em algum momento, finalmente consigo dormir e sonho com

Tessa. Ela e eu estamos conversando e de repente, estou a beijando, estou


sentindo seus lábios nos meus e tocando seu corpo.

Tiro suas roupas, beijo seus seios, sua barriga e continuo


descendo pelo seu corpo. Faço com Tessa o que não fiz com nenhuma

outra garota, sinto com ela o que nunca senti antes.

Acordo no momento em que ia tê-la por completo. Abro meus


olhos e encaro o teto enquanto minha respiração segue alterada. Estou

sem fôlego e excitado. Não há imagem que surja em minha mente que
fará com que esqueça o sonho. É impossível. Meu corpo continua em
alerta, continuo sentindo os efeitos do sonho.

É ridículo, mas me levanto e sigo para o banheiro. Tiro minha


roupa e entro embaixo do chuveiro. Como um adolescente descontrolado

relembro do sonho e imagino seu corpo nu enquanto minha mão sobe e


desce por toda a extensão do meu pau.

Gemidos deixam minha boca e tudo fica mais intenso quando a

imagino com meu pau entre seus lábios. Gozo em minhas mãos enquanto
penso em Tessa.

Apoio minha testa contra o azulejo a minha frente e suspiro.


Apesar do sentimento de êxtase que percorre meu corpo, me sinto um

merda. Odeio ter feito isso pensando em Tessa.

Saio do banheiro e como está perto do horário que meu celular irá

despertar, fico em pé, visto minha roupa e desço para a cozinha. Faço
meu café e o tomo de pressa, não quero esbarrar com ninguém.

Só subo para meu quarto para escovar meus dentes e para pegar
minha mochila. Saio de casa muito mais cedo do que nos dias anteriores.

Eu dirijo como uma tartaruga e fico dentro do carro no estacionamento


esperando até o horário da minha aula. Tudo isso para evitar Tessa.
Sigo para minha aula, sento-me em uma das cadeiras no meio da
sala e segundos depois alguém ocupa a cadeira ao meu lado. Ethan.

— Você madrugou hoje?

Ele percebeu que saí cedo demais de casa.

— Acordei antes do horário e resolvi vir mais cedo para o


campus.

— Por que você chegaria mais cedo em uma aula em pleno

inverno?

Realmente não faz nenhum sentido e dou de ombros.

— Não tinha nada para fazer em casa.

É uma péssima desculpa, porém não consigo pensar em nada

melhor.

— Isso tem a ver com Tessa?

Droga, como ele sabe? Balanço minha cabeça negando.

— Isso tem a ver com o jogo na sexta-feira.

Minto. Essa sim é uma boa desculpa.

— Nervoso?

Assinto.
— É um jogo decisivo e você sabe o peso que um capitão tem em

decisões.

— Sim, eu sei.

Conversamos sobre os jogos até o professor entrar na sala e

iniciar a aula. Aprendemos sobre o funcionamento de alguns motores e

fizemos alguns cálculos. Como nossa próxima aula é a mesma seguimos


um ao lado do outro para a próxima sala.

Saímos da segunda aula e vamos almoçar em um restaurante

perto do prédio de engenharia. Para minha sorte, Ethan não volta a


mencionar Tessa.

No início da tarde, sigo para a arena enquanto Ethan segue para

sua próxima aula.

Ethan e eu nos conhecemos na primeira aula que tivemos na


universidade e desde então somos amigos. Eu dividi um apartamento

com um garoto no primeiro semestre, ele estava procurando alguém para

dividir o aluguel na internet e me ofereci para a vaga, foi uma

experiência péssima, ele fumava e a casa inteira fedia a fumaça, quando


Ethan me convidou para dividir uma casa com ele, seu melhor amigo e

seu primo topei na hora e foi uma das melhores decisões da minha vida.
Nós somos um bom quarteto, os melhores e acima de tudo somos uma
família.

O treino é um pouco mais tenso que o normal, os únicos

momentos de descontração são quando meus colegas de time debocham


do meu cabelo. Estamos todos ansiosos para o jogo e preciso separar

mais brigas que gostaria, o treinador entra em quadra e nos dá um

sermão. Ninguém está feliz ao fim do dia.

Um dia que começa uma merda sempre tende a ser horrível.

Deixo o carro na garagem e estou indo direto para o segundo

andar quando escuto a televisão ligada, paro com o pé no primeiro

degrau da escada quando também escuto a voz de Tessa.

Deveria a deixar em paz, porém simplesmente não consigo. É


impossível continuar subindo a escada sabendo que ela está tão perto.

Desisto, dou a volta e vou até a sala.

Tessa está no sofá em uma posição engraçada. Com as costas


apoiadas onde deveria estar sentada e com os pés para cima. Ela está

praticamente de ponta-cabeça enquanto segura o telefone contra sua

orelha. E ela está vestindo seu pijama de unicórnios e para completar usa

pantufas de unicórnio também.


Paro a sua frente e ela me encara. O ângulo é estranho e sorrio.

Ela ergue suas sobrancelhas e faço o mesmo. Ela quer saber o que estou
fazendo aqui e eu quero saber o porquê ela está nessa posição.

Continua me encarando e o telefone segue contra sua orelha.

— Ela irá entender, pai. — Ela está conversando com o pai. —

Siga meus conselhos e dará tudo certo, sou muito boa com dicas de
relacionamentos.

Ela está aconselhando o pai amorosamente? Estou curioso e

continuo escutando sua conversa.

— Não se preocupe aprendi tudo que sei assistindo filmes de


romance. — Ela ri de algo. — Ok, pai, beijos e boa sorte com seu

encontro.

Encerra a ligação e joga o celular sobre o sofá.

— É feio ficar prestando a atenção na conversa dos outros.

Sorrio malicioso.

— Até para seu pai você está fornecendo dicas amorosas?

— Aparentemente, eu tenho a vocação.

Tessa ainda está na posição e faço uma careta engraçada.

— Isso é alguma posição do Yoga?

— Não sei, nunca fiz Yoga.


Ela ri e se senta corretamente, eu me jogo ao seu lado e ao encarar
a televisão encontro um filme pausado.

— Se você me falar que está assistindo aqueles filmes de

vampiros, eu me atiro na piscina gelada.

— Você deveria pensar mais antes de falar, Dylan.

Franzo minha testa.

— Você está?

Balança a cabeça enquanto continua sorrindo.

— Para sua sorte não, mas é um filme de romance.

Sua resposta faz com que me lembre da sua conversa com seu

pai.

— Então, é desses filmes que tira toda sua sabedoria sobre


encontros?

Empurra seu ombro com o meu.

— Você descobriu meu segredo.

Nós dois rimos e por alguns segundos, apenas encaro Tessa. Ela
tem um jeito tão leve e divertido. Ela se transforma no centro do meu

mundo quando está por perto. Empurro meus pensamentos para o fundo

da minha mente antes que tomem um rumo perigoso e mudo de assunto.

— Você está ajudando seu pai com sua mãe?


Pergunto curioso e ela balança sua cabeça negando.

— Não, ele está apaixonado por outra pessoa.

— Sinto muito.

Tessa suspira.

— Não sinta, essa pessoa está fazendo muito bem ao meu pai, ela

está fazendo o que minha mãe nunca fez e nunca terá capacidade de

fazer. — Apoia sua cabeça no sofá e olha em frente. — Transformando-o


em alguém melhor.

— Você não se sente mal pela sua mãe?

Ela demora alguns segundos para me responder.

— Não, porque pelo menos um deles está se tornando alguém


melhor, depois de dezoito anos estou tendo um pai, melhor ter um deles

que nenhum.

— Você tem razão, quando estava no orfanato tudo que eu queria


era alguém, não importaria se fosse uma família de apenas uma pessoa.

Ela se vira para mim surpresa.

— Você é adotado? — Assinto. — Eu não sabia.

Sorrio e dou de ombros.

— Não costumo sair por aí falando sobre.


— Sou sua amiga e deveria ficar sabendo.

Protesta brincando e toco uma das mechas do seu cabelo.

— Agora você está sabendo.

— Com quantos anos você foi adotado?

Conto para Tessa sobre meu processo de adoção, sobre os pais


maravilhosos que me escolheram e só mantenho meu passado obscuro

longe dela. Nossa conversa é interrompida quando Josh avisa Tessa por

mensagem que não voltará para casa, porque ele está com Dakota. Eu sei

que Ethan está no cinema com Abby, então seremos apenas nós dois.

Nós decidimos preparar algo para comermos e vamos para a

cozinha. Eu preparo algo, porque Tessa é péssima. Ela tenta me ajudar,

mas só resulta em risadas.

—Pelo menos lavei os morangos.

Olho para o lado e Tessa está apoiada no balcão e comendo um


dos morangos que ela lavou para comermos depois da janta.

— Você está comendo a sobremesa antes da janta.

Dá de ombros.

— É apenas um, você quer?

Oferece-me um pedaço do seu morango, estou tentando manter


meus pensamentos longe e controlados, porém é difícil quando ela me
olha assim. Entro em uma batalha interna e por fim, abandono as panelas
sobre o fogão e vou até ela.

Paro na sua frente e ela estende o morango em minha direção,


mordo e pego o restante do pedaço que está em sua mão. Ela está me

encarando e existe algo totalmente sexual na ação.

Dou um passo em sua direção, seguro seu pulso e assim que

tenho a boca livre chupo seu dedo que está lambuzado com morango.
Tessa solta um suspiro muito parecido com um gemido e sei que estou
muito perto de perder o controle.
Tessa

Dylan tem meu dedo em sua boca e a ação resulta em minha

boceta pulsando mais uma vez. Porra, nunca foi tão difícil respirar. Ele
está me olhando com se fosse capaz de me devorar.

Ele retira meu dedo da sua boca e abaixa minha mão, apoio-a
contra o balcão assim como a outra e me deixa presa entre ele.

Meus seios estão pesados contra minha blusa e juro que estou

prestes a derreter.

— Você deveria mandar eu me afastar, Tessa.


Sua voz está rouca e sexy.

— Eu não vou mandar você se afastar, Dylan.

Há algo erótico na forma como dizemos nossos nomes, existe


algo erótico ao nosso redor. É desesperador a forma como anseio por

algo mais e como meu corpo está quente.

— Caralho. — Seus olhos estão escuros e ele me encara como se

estivesse em seu limite. Adoro ser eu a causar isso nele. É por mim que

ele está assim. — Eu vou para o inferno por estar pensando o que estou
pensando.

— Então, vamos ambos para o inferno.

É a frase que ele precisava ouvir, porque transforma o espaço

entre nós no menor possível e abaixa seu rosto até encostar seu nariz no
meu. Ele irá me beijar. Meu coração acelera e meu corpo treme de

antecipação.

Encaro seus olhos uma última vez, enxergo desejo e desespero e


então, estou prestes a fechar meus olhos quando algo atrás de Dylan

chama minha atenção. Preciso de apenas dois segundos para perceber o

que é e gritar.

— Ah, meu Deus, a cozinha está pegando fogo.


O que acontece em seguida é extremamente rápido, entretanto, é

como se estivesse em câmera lenta. Dylan se vira e corre até o fogão.

Existe chamas saindo de uma das panelas e estão quase tocando o teto.

Dylan joga um pano sobre o fogo, desliga o fogão e aos poucos as

chamas diminuem. Observo de longe com medo de algo explodir a

qualquer momento e Dylan continua monitorando o caos que fizemos de

perto.

— Acho que se apagou.

Ele dá um passo em frente e puxa o pano com as pontas dos

dedos, não há mais sinal de fogo e ele joga o pano que está praticamente

todo queimado na pia. Dylan suspira e me encara com uma expressão de

alívio.

— Acho que quase colocamos fogo na cozinha.

Queria soar preocupada, mas falho e comprimo os meus lábios

um no outro para não rir. Não é uma situação engraçada, porque

realmente poderíamos ter colocado fogo em algo, ou na pior das

hipóteses, na casa, porém a maneira como aconteceu é cômica.

Dylan coloca as mãos em sua cintura, joga a cabeça para trás e

encara o teto.

— Não deveríamos achar a situação engraçada.


Ele também está se segurando para não rir. Volto a olhar para a

panela e ela está preta.

— Como vamos explicar isso para Ethan e Josh?

Aponto para a panela, Dylan abaixa o rosto e olha na direção que


estou mostrando.

— Não faço a mínima ideia.

Após me responder, ele olha para mim, eu olho para ele e nós
dois começamos a rir. Uma mistura de desespero, com alívio e pânico,
além de tudo, eu fiquei sem meu beijo. Mais uma vez, algo nos

interrompeu.

— Talvez se colocarmos no lixo eles nem percebam que algo

aconteceu.

Sugiro enquanto tento parar de rir e Dylan continua rindo. Ainda

há um sorriso em seu rosto quando ele vai até o fogão e analisa o estrago.

— Realmente, não há como salvar a panela. — Ele se movimenta

pela cozinha, pega um outro pano, coloca a panela sobre o balcão ao seu
lado e retira algo de cima do fogão. — Mas eles com certeza irão
perceber que algo aconteceu.

Ergue o objeto que fica entre o fogão e a panela. A parte de


borracha está derretida.
— Merda.

Eles podem ser homens e desatentos, mas isso irão perceber.

Dylan joga a panela no lixo.

— Vamos dizer que foi um incidente.

— Foi um incidente.

Entendi o que ele está querendo dizer, mesmo assim o provoco.

— Vou dizer que estava sozinho e que me distraí com algo no


celular.

Óbvio que não queremos que meu irmão e Ethan saibam como

estávamos distraídos, entretanto, de certa forma me sinto um pouco


decepcionada.

— Ok, ok. — Engulo em seco e ignoro meus sentimentos. — E o


que iremos jantar?

— Acho que nossa única saída é pedirmos algo.

Dylan me responde sorrindo.

— Pizza?

Ele assente, então eu pego o celular e faço o pedido. Enquanto

aguardamos a entrega, limpamos e nos esforçamos o máximo para tirar o


cheiro de queimado da cozinha, não é uma tarefa fácil, mas até que

conseguimos amenizar bastante.


Assim que terminamos nos sentamos um ao lado do outro e de
frente para a ilha. Nós ficamos em silêncio e um sentimento diferente

vibra em meu peito.

— Tessa.

Dylan suspira e tenho certeza de que ele está prestes a dizer que
se arrepende. Antes que ele prossiga, viro-me e coloco meu dedo sobre
seus lábios.

— Por favor, não.

— Eu...

Assinto e o interrompo mais uma vez.

— Eu sei, só não quero ouvir. — Forço um sorriso. — Se você

falar o que está prestes a falar as coisas entre nós provavelmente ficarão
estranhas e eu gosto demais de você para te perder.

Ele passa seu braço pelo meu ombro, inclino-me em sua direção e
apoio minha cabeça em seu peito.

— Você nunca irá me perder.

Por que ele tem que ser tão sem filtro? Simplesmente ficamos

assim, como se não fosse nada de mais, como se meu coração não
estivesse disparado em meu peito.
Só me desvencilho de Dylan quando o som da campainha ecoa
pela casa, então ele vai buscar nossas pizzas e quando volta jantamos

enquanto conversamos sobre assuntos bobos.

— Seu cabelo ficou ótimo.

Digo de repente quando percebo que ainda não falei sobre seu
cabelo. Está mais rosa do que achei que ficaria e ele está lindo.
Combinou com ele. Dylan ri e passa os seus dedos por entre os fios rosa.

— Minha sorte é que o time estava mais concentrado em brigar


do que reparar em meu cabelo.

Ele faz uma careta ao mencionar o time.

— Problemas com seu time?

— Não e sim. — Faz uma pausa para comer um pedaço de pizza

e logo volta a falar. — Todos estão com os nervos à flor da pele por causa

do jogo na sexta-feira e isso faz com que brigas aconteçam.

— O pré-jogo deve ser estressante.

Assente.

— Principalmente quando o jogo é importante.

Ele parece preocupado e empurro seu ombro com o meu.

— Tenho certeza de que irão vencer.

Ergue suas sobrancelhas.


— E de onde surgiu essa certeza?

Sorrio animada.

— Eles têm você como capitão do time e é o melhor jogador da

liga.

— Você nunca me viu jogar e nem entende de basquete.

Dou de ombros.

— Não importa, você é o melhor.

Ele se inclina e beija a minha testa.

— Obrigado, moranguinho. — Prendo minha respiração e só

volto a respirar quando ele se afasta. — Você irá ao meu treino amanhã?

Encaro-o empolgada.

— Posso?

— Sim, esteja lá e posso te ensinar mais um pouco sobre

basquete.

Pisca em minha direção e eu sorrio. Nós terminamos de jantar,

limpamos e vamos para a sala, deito-me no sofá e Dylan se senta no

tapete. Eu coloco o mesmo filme que estava assistindo antes e obrigo

Dylan a assistir Como se fosse a primeira vez, um dos meus filmes de


romance preferidos.
Estamos quase no fim do filme quando começo a bocejar, eu tento
manter meus olhos abertos, porém perco a batalha. Adormeço e só

acordo quando sinto Dylan me tirando do sofá. Mantenho meus olhos

fechados e deixo que ele me leve para meu quarto.

É tão bom estar em seus braços que quando ele me deixa sobre a

cama sinto sua falta.

— Boa noite, moranguinho.

Beija meu rosto, cobre meu corpo com meu cobertor e sinto ele se
afastar. Sigo de olhos fechados, viro-me para o lado e continuo

dormindo.

...

Acordo animada porque irei ver o treino de basquete e nem uma

aula ruim é capaz de acabar com minha empolgação. Maggie me provoca


durante a amanhã inteira e em nosso almoço por conta do meu estado

espírito. Ela jura que ir ao treino não é o único motivo da minha

felicidade. Por qual motivo mais estaria feliz?

Dylan e eu combinamos os detalhes da minha ida até seu treino


por mensagem e após o almoço dirijo para a arena. Como fica no Campus
não demoro a chegar. Dylan está me esperando na entrada, ele está

vestindo seu uniforme, bermuda e regata vermelha com Alabama e seu


número na frente, gosto do 16, acho que combina com Dylan.

Eu vou até ele e Dylan sorri quando percebe minha aproximação.

Ele me abraça e beija a lateral da minha cabeça.

— Hey, moranguinho.

— Hey.

Ele passa seu braço pelo meu ombro e caminhamos assim

enquanto toco seu braço. Dylan me guia para dentro da arena.

— Estou ansiosa.

Confesso.

— Lembre-se de ignorar os palavrões e não se pressionar com as

brigas.

— Pode deixar.

Dylan me leva até a arquibancada.

— Lembre-se de tudo que eu te ensinei.

Pisca para mim, então beija minha testa e se afasta. Há algumas

outras pessoas pelas arquibancadas e me encaram curiosas, simplesmente


as ignoro.
Dylan entra em quadra e se junta aos seus colegas, ele faz um
sinal em minha direção e escuto quando grita.

— Comportem-se, pessoal, eu trouxe alguém especial para nos

assistir treinar hoje.

Borboletas voam em minha barriga ao ouvi-lo dizer que sou

alguém especial. Alguns riem e outros o provocam. O treinador entra em

quadra, interrompe-os e o treino inicia. Primeiro, eles fazem uma espécie

de aquecimento, em seguida, ficam arremessando a bola na cesta de


distâncias diferentes e treinando passes.

Quando eles se dividem em dois times de cinco jogadores para

simular um jogo fico concentrada observando cada movimento e

tentando me relembrar de tudo que Dylan já me ensinou.

Eles são rápidos, é legal de ver a expressão no rosto dos

jogadores e quando eles marcam os pontos comemoram como se

realmente fosse um jogo. Os dribles e roubadas de bola são o que mais


me deixam em êxtase, além das vezes que Dylan pega na bola. Ele é

bom, não demora a pensar e suas jogadas quase sempre resultam em

pontos, ou quase pontos, ele inclusive faz três pontos de uma vez

acertando a cesta fora da linha de três pontos, nesse momento não


consigo me conter e grito. Dylan apenas ri e me joga um beijo.
Depois de duas horas o treinador encerra o treino, foram duas

horas rápidas que quase não vi passar. Aos poucos quem estava

assistindo ao jogo vai embora, os jogadores deixam a quadra e sou a


única a ficar na arquibancada esperando por Dylan.

Estou mexendo no celular quando Dylan volta para a quadra, ele

não está mais de uniforme e seu cabelo está molhado indicando que
tomou banho. Ele para no meio do espaço com uma bola em mãos.

— Que tal aprender a jogar?

Grita e no mesmo instante fico em pé, pego minhas coisas e desço

até a quadra.

— Nunca fujo de um desafio.

Tiro meu casaco e o deixo sobre uma das cadeiras destinadas a

equipe técnica e reservas, faço o mesmo com minha mochila e celular.

Com meus olhos fixos nos seus, caminho até ele. Dylan faz a bola quicar
no chão e me encara com deboche.

— Tente a roubar de mim.

Corro até ele e tento roubar a bola, é muito difícil,


principalmente, porque Dylan tem um domínio sobre ela incrível. É

como se ela fosse uma extensão sua. Quando enfim consigo roubar, tento
driblar a bola, ou seja, impulsionar a bola contra o solo e falho
miseravelmente. Dylan começa a rir, seguro a bola e me viro para ele.

— Pare de rir e me ensine.

Ele assente, aproxima-se e pelos próximos minutos me ensina

como driblar uma bola. Sou uma ótima aluna e assim que aprendo como
faço, ficamos brincando e correndo pela quadra. É divertido e nossas

gargalhadas ecoam pela arena.

Dylan e eu paramos quando nossas respirações estão alteradas e


estamos sem fôlego. Talvez, deva começar a fazer algum exercício físico.

Ele está a minha frente, segurando a bola e com um brilho divertido em

seus olhos.

— Agora preciso fazer uma cesta.

Faço um beicinho e Dylan joga a bola em minha direção.

— Faça seus pontos, moranguinho.

Seguro a bola, sorrio e me aproximo da cesta, paro na linha de


arremesso livre, ergo meus braços, miro na cesta e jogo a bola. Erro e

erro muito.

— Quase lá, hein.

Dylan debocha enquanto pega a bola e me entrega. Tento mais

duas vezes e erro.


— Isso é culpa do meu tamanho.

Reclamo, então Dylan se aproxima e se abaixa.

— Suba em meus ombros.

Sorrio e com ele segurando minha mão sento-me em seus


ombros. Ele fica em pé e um gritinho deixa meus lábios.

— Não se preocupe, não irei deixar você cair, moranguinho.

Com uma mão seguro a bola e com a outra me apoio em sua


cabeça. Então, ele se aproxima da cesta e finalmente marco meus pontos.

Grito e comemoro e Dylan apenas ri.

Ele me desce dos seus ombros e me segura pela minha cintura,

então assim que meus pés tocam o chão ficamos um de frente para o
outro com pouquíssimo espaço entre nós. Dylan faz com que tudo ao
meu redor se resuma a ele e a forma como me encara.

Como se eu fosse única, como se eu fosse dele.

— Já posso tentar entrar para o time de basquete feminino?

Ele ri, ergue a mão e coloca alguns fios do meu cabelo para trás
da minha orelha.

— Acho melhor não. — Inclina-se em minha direção e para com


seus lábios perto da minha orelha. — Acho melhor você ser apenas

minha jogadora particular.


Espalmo minhas mãos em seu peito, olho para o lado e meu nariz

encosta no seu, olho em seus olhos e meu coração bate acelerado em meu
peito.
Dylan

Tessa está tão perto, seus olhos fixos nos meus e sua boca a

centímetros da minha. Sinto sua respiração em meu rosto e seu maldito


cheiro de morango me cerca.

Não posso mais evitar, não consigo me manter longe, eu preciso


beijá-la. Subo minhas mãos até suas costas e ela suspira. Deus, ela

precisa desse beijo tanto quanto eu.

Trago uma das minhas mãos até seu rosto, acaricio sua bochecha
e encosto minha testa na sua.

— Não consigo mais, Tessa.


Confesso.

— Eu sei. — Seu olhar que continua preso ao meu fica ainda mais
intenso. — Eu preciso que você me beije, Dylan.

Suas palavras causam um tumulto em meu peito e em meu corpo.

Tudo em mim anseia por ela. Viro meu rosto para o lado, meu nariz toca

sua pele e Tessa fecha seus olhos.

Esqueço-me de todos os motivos pelos quais deveria me manter

distante e aproximo minha boca da sua.

— Dylan, eu estou indo embora e fechando a quadra.

A voz do meu treinador ecoa pelo espaço e dou um passo para


trás. Pisco algumas vezes até entender o que ele está falando.

— Ok, nós estamos indo.

Respondo no automático e entrelaço minha mão com a de Tessa.

— Tchau, treinador.

Sequer olho em sua direção.

— Tchau, Dylan.

Pegamos nossas coisas e guio Tessa para longe da quadra, ainda

de mãos dadas caminhamos pelos corredores da arena. Não olho em sua

direção, porque não sei o que dizer. Pedir desculpas? Dizer que estou
arrependido? Eu nem estou arrependido, porém só não podemos

continuar com isso.

Porra, ela é a irmã do meu melhor amigo e eu estou apaixonado

por outra garota.

— Onde está seu carro?

Pergunto assim que deixamos a arena e continuo sem olhar em

sua direção.

— Você pode me olhar?

Tessa pergunta e puxa sua mão fazendo com que nossos dedos se

desvencilhem.

— Não, não posso.

Soo mais rude que gostaria e me arrependo no mesmo instante.

— Então, vá se foder.

Tessa segue em frente e a deixo ir, porque precisamos de espaço.

Precisamos matar a atração que sentimos um pelo outro. Não é fácil

assistir Tessa caminhando para longe nitidamente chateada, mas caralho,

o certo é não alimentar essa merda que está acontecendo entre nós.

Só vou até meu carro quando a vejo entrar no seu e dirigir para

longe do estacionamento. Minha vontade é implorar pelo seu perdão,

porém sei que é necessário me manter longe.


Estou tão atordoado que sem motivo deixo o carro em frente à

minha casa ao invés de colocá-lo na garagem.

Como a distância é o melhor que posso fazer por nós dois, assim
que entro em casa sigo direto para meu quarto. Evitar Tessa é tudo que

irei fazer pelos próximos dias até que ela volte a ser apenas a irmãzinha
do meu melhor amigo, que não esteja mais em meus sonhos e não a
deseje.

É a situação mais fodida que já me enfiei nos últimos anos, é pior


que estar apaixonado pela Kim. Caminho de um lado para outro no meu

quarto, como se isso fosse capaz de tirá-la da minha mente. Caralho, é


como se ela estivesse por toda parte, como se meu mundo tivesse sido
reduzido a ela.

Passo as mãos pelos fios do meu cabelo, fios que estão rosas,
porque pintei por causa dela.

— Caralho!

A cena do nosso quase beijo segue repercutindo em minha mente.


E só de pensar quero deixar meu quarto ir até o seu e beijá-la. Quero
meus lábios sobre os seus, quero minhas mãos em seu corpo e seus

gemidos. Quero-a por completo.


Eu preciso esquecê-la. Paro, suspiro, inclino minha cabeça para
trás e encaro o teto. Tudo irá ficar bem, vamos nos evitar e perceber o

quão engraçado foi pensarmos que estávamos a fim um do outro.

Respiro fundo, abaixo minha cabeça e me jogo em minha cama.

Ligo a televisão e procuro por um dos jogos do time que iremos enfrentar
na sexta-feira, faz parte da nossa estratégia assistir jogos antigos e

analisá-los.

Tento me concentrar no jogo à minha frente, mas é difícil, quando


me dou conta já estou pensando em Tessa. Na maneira como ela faz com

que eu me sinta, ela é tão bonita, engraçada, determinada, leve,


debochada, inteligente... poderia fazer uma lista das suas qualidades.

Foco, Dylan.

Pego meu celular para fazer algumas anotações sobre o jogo

quando me deparo com uma mensagem de Kim. Quando foi a última vez
que conversamos? Foi há alguns dias? Não faço a mínima ideia e nem
consigo me lembrar. Abro sua mensagem e me surpreendo com o

conteúdo.

“Você levou Tessa ao seu treino?”

Por que ela está me perguntando isso? Será que soube que Tessa
estava no treino? Não entendo o motivo da sua pergunta, mesmo assim a
respondo.

“Sim, por que está me perguntando isso?”

“Alguém me contou e só queria confirmar.”

Encaro o celular em minhas mãos sem saber o que enviar para

Kim. Tessa falaria para explorar o assunto e fazer com Kim sinta ciúmes
de mim, porém não quero fazer isso.

“Haverá uma festa na casa de uma das garotas que faz parte do time de
cheerleaders, você irá?”

Para minha sorte e alívio Kim muda de assunto.

“Não sabia dessa festa.”

“Vamos? Tenho certeza de que o capitão do time de basquete será muito


bem-vindo.”

Nem preciso pensar muito antes de respondê-la.

“Não posso beber na semana de jogos.”

“Você não precisa beber, pode apenas estar comigo.”

Não estou muito a fim de ir a uma festa, porém seria melhor do


que ficar em casa, até mesmo porque ficarei tentado a procurar por Tessa.

“Ok, qual é o endereço?”


Kim envia o endereço e fico de encontrá-la daqui a quarenta e
cinco minutos. Como é dia de semana a festa não irá começar muito

tarde. Assisto mais um pouco do jogo, faço minhas anotações e perto do


horário que marquei com Kim, desligo a televisão, troco de roupa e saio

do quarto.

Estou descendo as escadas e escuto as vozes dos meus amigos,

eles devem estar na sala. No último degrau Josh chama por mim, olho

para o lado e me deparo com ele e Ethan jogando videogame.

— Nós iremos preparar algo para comer, você quer?

Balanço a cabeça negando.

— Estou indo para uma festa com Kim e devo comer algo por lá.

Eles assentem e olho em frente, então meu olhar cruza com Tessa,
ela está saindo da cozinha e me encara com um olhar decepcionado,

quero explicar que não é o que ela está pensando, mas é o que ela está

pensando.

Aceno com a cabeça em sua direção, ela simplesmente me ignora

e segue na direção de Josh e Ethan, então eu saio de casa e vou até meu

carro, ao entrar sento-me atrás do volante, respiro fundo e fico alguns


minutos, encarando a rua escura à minha frente.
Detesto o olhar magoado de Tessa, porém, ela sabe que eu gosto

de Kim. O que ela estava esperando que acontecesse? E por que a


situação me incomoda tanto? Em que merda de situação eu me enfiei?

Não sei explicar o que está acontecendo e enquanto dirijo até o

lugar da festa, eu tento encontrar alguma resposta e simplesmente, não há

nenhuma.

Estaciono atrás de alguns carros e caminho até a casa onde está

ocorrendo a festa. Apesar de ser uma quarta-feira o lugar está cheio,

mesmo no exterior há pessoas bebendo e fumando.

Algumas pessoas me reconhecem e me param para conversar

sobre o próximo jogo. Todos estão animados e ansiosos. É só depois de

alguns minutos que enfim consigo entrar, olho ao redor e a maioria está

bebendo e dançando.

Não preciso procurar por Kim porque ela vem até mim. Ela está

sorrindo e sorrio de volta.

— Hey, Dylan.

Ela se aproxima mais do que o normal e passa seus braços pelo


meu pescoço.

— Hey, Kim.
Levo minhas mãos até sua cintura. Nunca tivemos tão perto um
do outro e apesar de haver um certo arrepio percorrendo meu corpo, falta

algo.

As luzes não estão totalmente apagadas e consigo ver seus olhos


verdes com nitidez, além dos outros detalhes do seu rosto. Ela é bonita,

linda, porém, não é como das outras vezes. Nossa conexão não é a

mesma.

— Adorei o cabelo rosa.

Toca os fios do meu cabelo e sorrio, apesar de algo me

incomodar.

— Eu fico feliz que tenha gostado.

Kim fica nas pontas dos pés e seus lábios encostam nos meus. É
rápido, mecânico e sem sentido algum.

— Assim é melhor, capitão.

Pisca em minha direção ao se afastar e continuo a encarando sem


reação. Porra, o que foi isso?

Ela olha em frente como se tudo estivesse absolutamente normal

e me puxa pela mão na direção de seus amigos.

Eu fico o tempo todo da festa com Kim e seus amigos, ela me


chama para dançar e nego, quando explico que sou péssimo ela para de
insistir.

É legal, mas não é divertido, não se eu comparar com outros

momentos. Kim beija meus lábios quando me despeço dela e novamente,


sinto como se faltasse algo.

Dirijo para casa e no caminho paro em um fast-food para comprar

algo para comer já que não jantei. Chego em casa e fico na cozinha
jantando e pensando sobre o que aconteceu essa noite. Finalmente, Kim

demostrou que podemos ser mais que amigos e não sinto nada, nem feliz

eu estou.

Estou sentado de frente para ilha e comendo minhas batatas fritas


quando Tessa entra na cozinha, ela para ao se deparar comigo e faz uma

careta.

— Vim pegar um copo de água.

Volta a andar e vai até a geladeira. Odeio o abismo que parece


existir entre nós. Ela pega uma garrafa de água e um copo.

— Usou as minhas dicas essa noite?

Pergunta enquanto enche o copo com água. Sua voz é repleta de


ironia, ela não esconde que estou chateada.

— Tessa.
Chamo-a mesmo sem saber o que dizer, ela ergue seus olhos e me
desafia a continuar. Não sei o que falar e fico em silêncio. Tessa balança a

cabeça e suspira.

— Boa noite, Dylan.

Observo-a guardando a garrafa e em seguida caminha na direção

da saída.

— Boa noite, moranguinho.

Ela para.

— Sabe o que é pior? Você me prometeu que nunca iria te perder.


— Antes mesmo de concluir sua frase, ela me destrói. — Não conseguiu

cumprir sua promessa nem por uma semana.

Tessa me deixa sozinho e perdido em meus pensamentos. Como


tudo desmoronou? É possível voltar no tempo e fazer tudo diferente?

Pior que nem sei como consertar essa maldita situação.

...

Minha noite é péssima porque não consigo parar de pensar em

Tessa e suas palavras não param de ecoar em minha mente. E quando


enfim consigo dormir, sonho com ela.
A quinta-feira é um dos piores dias da semana. Estou mal-

humorado pela noite mal dormida e tudo colabora para piorar meu estado

de espírito. A aula que tenho pela manhã é horrível, o último treino antes
do jogo é repleto de tensão e brigas. Nada está sob meu controle.

Chegar em casa depois de um dia terrível é como achar um oásis

no deserto. Atiro-me na cama, fecho meus olhos e não demoro a dormir.

Acordo desorientado e ao conferir as horas em meu celular vejo

que se passaram duas horas. Minha barriga está roncando e me levanto

para ir até a cozinha buscar algo.

Como dormi vestindo a roupa que estava usando troco para algo
mais confortável e saio do quarto. Josh e Ethan estão na sala, então vou

até a cozinha pego um pacote de biscoito e me junto aos meus amigos.

Sento-me na poltrona livre e Ethan olha em minha direção com deboche.

— Estava dormindo, bela adormecida?

Ergo o dedo do meio em sua direção e ele ri. Josh está sério e

com uma expressão de poucos amigos.

— Qual motivo da cara de velório?

Pergunto para Josh, porém é Ethan quem me responder.

— Tessa foi para a um encontro.


As palavras de Ethan ecoam em minha mente e demoro as
assimilar.

— Como assim ela foi a um encontro?

Meu coração dispara e um medo aterrorizante ecoa em meu peito.

— Ela saiu para jantar com um cara e Josh está com ciúmes da
irmãzinha.

Ethan está rindo, como ele acha isso engraçado?

— Como você deixou isso acontecer?

Josh bufa.

— Infelizmente, não tenho o poder de trancar Tessa em casa.

Resmunga, Ethan ri e tudo que consigo pensar é em Tessa com

outro cara. Beijando seus lábios e a tocando. Odeio as imagens que

surgem em minha mente.

Realmente, uma das piores quintas-feiras da minha vida.


Tessa

Gage é alguém legal, ele é o cara que já flertei outras vezes, irmão

de uma colega, ele faz engenharia civil e tem vinte e dois anos. Nós
jantamos em um restaurante de comida oriental e ele me faz rir. Estar

com ele é agradável, ele é bonito e é gentil, porém não me sinto atraída

por ele, nem um pouco e ainda o comparo com Dylan.

Meu cérebro é um otário e meu coração um imbecil, não consigo


parar de pensar no jogador de basquete que não quer nada comigo e ainda

está me evitando.
Nós deixamos o restaurante e Gage me acompanha até o carro.

Paramos um de frente para o outro e ele tenta me beijar quando nos

despedimos, então viro o rosto. Não quero beijá-lo. Ele sorri sem graça e
peço desculpa.

— Você não tem que pedir desculpas, Tessa. — Assinto. —


Adorei nossa noite.

Assinto mais uma vez. O que eu posso falar? Agradeço?

— Eu também gostei muito.

Ele ergue as suas sobrancelhas.

— Foi tão ruim assim?

Droga, é claro que ele pensa que o problema é ele. Rapidamente,


nego.

— O problema sou eu. — A frase soa péssima e faço uma careta.

— Sendo sincera estou interessada em uma pessoa que não está

interessada em mim.

Espero que ele me xingue por estar em um encontro com ele

pensando em outro, mas ele ri.

— Tudo bem e sendo sincero também estou tentando superar

alguém.

Não deveria, mas me sinto aliviada.


— Você me chamaria de louca se dissesse que estou aliviada com

sua confissão?

Continua rindo e balança sua cabeça.

— Também estou aliviado, porém como estou decidido a superar

minha ex que tal mais um encontro?

Como estamos na mesma página não vejo problema e aceito seu

convite. Marcamos de nos encontrar no sábado e nos despedimos com

um abraço. Entro no carro, fecho a porta e suspiro.

— Dylan, por que você tem que ser um idiota? E por que eu

tenho que gostar de você?

Ligo o carro e dirijo para casa pensando em Dylan, aliás tudo que

tenho feito é pensar em Dylan.

Admitir que estou interessada em Dylan não foi algo difícil, fiz

isso quando ele quase me beijou e cheguei a cogitar, por alguns minutos,

que ele estivesse sentindo o mesmo. Doeu quando ele criou uma certa

distância entre nós e ainda mais quando descobri que ele estava indo a
uma festa com Kim.

Era óbvio que ele não iria esquecer a garota do nada, entretanto
minha mente criou uma ilusão. Uma ilusão de quem está apaixonada,

minha consciência sussurra e faço uma careta.


Não estou apaixonada, é apenas atração e desejo. Somente isso e

é por isso que sair com Gage é uma ótima alternativa, vou sair com ele

até esquecer Dylan, não pode ser algo tão difícil.

Quem eu estou querendo enganar? Vai ser extremamente difícil.

Se apaixonar pode ser algo rápido, mas esquecer alguém é demorado.


Pelo menos é isso que aprendi assistindo comédias românticas.

Deixo meu carro na garagem ao chegar e ao entrar em casa

encontro tudo escuro, aparentemente não há ninguém acordado. Eu pego


um copo de água na cozinha e subo para o segundo andar.

Pela fresta da porta de Dylan é possível ver que a luz do seu


quarto está acesa, ou seja, ele está acordado. Sigo para meu quarto, mas

minha vontade é ir até ele e exigir que ele volte a me tratar como antes.
Minha sorte é que tenho dignidade e amor-próprio.

...

Não encontro Dylan durante o café da manhã, acho que sua aula é
mais tarde e na verdade acho que talvez ele nem vá para as aulas por

conta do jogo hoje à noite. Gostaria de enviar uma mensagem


perguntando como ele está, porém como ele está me evitando irei
respeitar seu espaço.

Passo o dia todo no campus, assistindo aulas e estudando com


Maggie na biblioteca. Só chego em casa quando o sol está se pondo e

encontro os três jogadores e as namoradas na cozinha, eles estão se


preparando para irem ver Dylan jogar. Meu irmão pergunta se vou junto e

nego, ele pergunta o porquê e minto que estou com dor de cabeça

Dylan está me evitando e duvido que queira me ver em um dos


seus jogos mais importantes. Gostaria de ir, vê-lo jogar e torcer por ele,

entretanto o melhor que posso fazer é ficar e não estar presente, talvez
seja o melhor até mesmo para mim, quanto menos o ver melhor.

Assim que eu fico sozinha, coloco um saco de pipocas para


estourar no micro-ondas e quando está pronto, pego-o e vou para a sala.
Ligo a televisão no canal de esporte e me preparo para ver o jogo de

basquete. Torcerei por Dylan de casa.

O jogo inicia e lá está Dylan, ele é lindo na televisão e o cabelo

rosa o deixa ainda mais charmoso. Suspiro e me concentro no jogo.


Graças às aulas de Dylan eu sei o que está acontecendo em quadra.

Os primeiros dois tempos Crimson está na frente, porém no


terceiro as coisas se complicam e o time da Universidade do Texas vira o
placar. Levanto-me e xingo os jogadores, além de gritar com o treinador
do Alabama, porra ele tem que fazer alguma coisa.

O quarto tempo é ainda pior e perdemos. Perdemos por cinco


pontos. É possível ver a expressão de derrota no rosto de Dylan. Ele deve

estar péssimo. Eu estou péssima e nem sou o capitão do time.

Não estamos nos falando e sei que é uma escolha dele, mesmo
assim envio uma mensagem para Dylan. Algo simples, apenas duas

palavras.

“Sinto muito.”

Ele não irá ler agora, mas quero que ele saiba que sinto muito
assim que pegar em seu celular.

Saio da sala e vou para a cozinha, coloco o saco com o restante


dos milhos que não estourou no lixo e pego um refrigerante. Volto para o

sofá e escolho um filme, uma comédia romântica dos anos 2000 que
nunca assisti.

O filme está na metade quando a porta é aberta e meu irmão,


Ethan e Aiden e as namoradas dos três cruzam por ela. Josh está de mãos
dadas com Dakota e caminha em minha direção.

— Nós perdemos.

Ele parece arrasado.


— Assisti ao jogo pela televisão.

Senta-se na poltrona e puxa Dakota para seu colo.

— Não foi como esperávamos que fosse.

Ethan resmunga enquanto caminha de um lado para outro na sala.

Eles estão visivelmente abalados por causa da derrota do amigo. Aiden e


Brooke se sentam ao meu lado no sofá e o jogador de hóquei apoia seus

braços em suas pernas e sua cabeça nas mãos, ele encara o chão

desolado.

— Dylan irá chegar péssimo.

Brooke passa a mão pelas costas do namorado.

— Pelo menos Flórida também perdeu e ainda há uma esperança


de estarmos nos playoffs.

Abby soa esperançosa enquanto se senta na guarda do sofá e olho

em sua direção.

— Como assim?

Pergunto para a namorada do quarterback que é fã de esportes


tanto quanto os meninos.

— Os Crimson dependem de uma combinação de resultados a

partir de agora, se ganharmos do time da Universidade da Flórida, e


Tennessee perder o próximo jogo vamos para os playoffs.
Sorrio animada.

— Isso é bom, não é?

Josh suspira e me responde.

— Nunca queremos estar à mercê de outros resultados.

Após a fala do meu irmão ficamos em silêncio, ninguém sabe o

que falar.

Escutamos alguém abrir a porta, então olhamos em sua direção e


eu prendo a respiração. Segundos depois, Dylan entra e para a nossa

frente. Ele está abatido e parece estar carregando o mundo em suas

costas.

— Como você está?

Josh pergunta, Dylan passa a mão pelo seu cabelo e suspira.

— Foi horrível. — Ele nos encara derrotado e espera que digamos

algo, porém não sabemos o que falar. Por fim, ele balança a cabaça e
aponta para a cozinha. — Eu preciso beber.

Deixa a sala e apenas o observamos partir. Ethan sussurra

palavrões, Josh encara o teto e Aiden se levanta.

— Gatinha, hoje você irá dirigir, porque estou indo beber com

meu amigo.
Ele se afasta e caminha na direção da cozinha. Ethan e Josh fazem
o mesmo e ficamos as meninas e eu na sala.

— Acho que só vi Aiden tão perturbado quando ele perdeu um

jogo.

Abby e Dakota concordam com Brooke.

— Eles são muitos amigos, não é?

Pergunto mesmo sabendo a resposta e assim que elas me

confirmam que sim, uma vozinha sussurra em minha mente que é por
Josh que Dylan está me evitando e talvez, seja melhor mesmo nos

mantermos um longe do outro.

Ninguém tem ânimo para conversar, nem barulho dos meninos

escutamos, o som do filme é o único som e volto a encarar a televisão


mesmo que não me concentre nas cenas que estão acontecendo.

Dylan está péssimo e nem posso ir até ele abraçá-lo, ou posso, é

só um abraço, amanhã podemos continuar nos evitando. É isso! Antes de


subir vou falar com ele.

Estou distraída e de repente, os meninos voltam para a sala com

um balde de cerveja.

— Vamos beber.
Ethan anuncia sem muita empolgação. Eu assinto e desligo a

televisão acho que ninguém está a fim de assistir um romance no


momento. Eles se sentam no tapete e nós garotas ocupamos o sofá.

Dylan está de frente para nós três e olha em minha direção.

— Você não foi ao jogo.

Diz o óbvio e dou de ombros.

— Estava com dor de cabeça.

Pela forma como ele está me encarando ele sabe que estou

mentindo, espero que ele saiba que só estou tentando respeitar a maldita

distância que colocou entre nós.

Bebemos em silêncio, não é algo agradável, porém ninguém está

no clima para conversar. Somos bêbados depressivos. As cervejas

diminuem e posso sentir o álcool assumindo o controle do meu corpo.

— Chega, vamos fazer algo que não suporto mais essa


melancolia, sei que está triste, Dylan, mas precisa superar. — Abby surta,

fica em pé e faz uns gestos sem sentido nenhum com as mãos. — Reaja,

garoto.

— Vamos todos reagir. — Brooke exclama irritada. — Eu juro

que estou prestes a começar a chorar e não tem nada a ver com o bebê.
Toca sua barriga enquanto Abby pega o controle e liga a
televisão.

— Eu estou colocando uma música.

Abre o aplicativo de música e escolhe uma playlist animada. Olho


para Dylan e apesar de continuar com um olhar triste, há um sorriso em

seu rosto. Acho que um pouco de animação é exatamente do que ele

precisa.

— Estou pegando uma bebida mais forte.

Josh segue até o armário de bebidas que fica embaixo da escada e

pega duas garrafas de vodca e uma de uísque.

— Vamos ficar bêbados e felizes.

Dakota grita enquanto se levanta, ela está bêbada e sai correndo


na direção da cozinha. Ethan desliga a luz e nossa única iluminação se

torna a tela da televisão.

— E eu vou filmar vocês bêbados e felizes. — Brooke pega o

celular em seu bolso, ela está muito animada e a encaro tentando


entender o porquê. — Eles são o caos quando estão bêbados.

Dakota volta da cozinha segurando uma bandeja com copos de

doses únicas. Ela e Josh servem doses para todos e não demoro a
descobrir que Brooke estava certa eles são um caos bêbados.
Ethan, Aiden, Josh e Dylan ficam em pés e cantam uma música

dos Beatles se balançando de um lado para o outro.

Encaro Dylan e sinto um certo aperto em meu peito. Estou com


saudades, uma saudade imensa que faz com queira ficar em pé, ignorar

todos e pular em seus braços.

Por que ele tem que ser um idiota? Por que ele não pode gostar de
mim? Por que ele não pode estar apaixonado por mim?

As coisas ao meu redor estão mais brilhantes e meu corpo está

pesado. Eu estou bêbada. Todos estamos, com exceção de Brooke.

Abby propõe Eu Nunca e ninguém se opõe, então nos sentamos


no tapete em um circula e Ethan começa.

— Eu nunca fiquei com uma atleta, ou atleta.

Dakota, Abby e Aiden bebem. Josh é o próximo e assim a

brincadeira segue. Eu me sinto uma puritana porque não bebo em


nenhuma das rodadas e na minha vez sei que serei a única a beber.

— Eu nunca fiz sexo com ninguém.

Dylan ergue suas sobrancelhas e me encara surpreso. Acho que

por essa revelação ele não esperava.

— Graças a Deus.
Meu irmão grita animado e bebe sua dose. Todos bebem e Dylan
é o último, fico o encarando esperando que ele leve o copo até sua boca,

mas não faz.

— Você é virgem?

Pergunto alto o suficiente para que todos escutem.

— Você não sabia?

Abby que está ao meu lado pergunta e balanço a cabeça negando.

Dylan pisca em minha direção.

— Agora você sabe, moranguinho.

Porra, como assim ele é virgem? Por isso sua insegurança com

Kim? Estou totalmente surpresa. Caralho, Dylan é virgem!

Seguimos brincando e como bebo poucas doses começo a ficar


com sono. O álcool está me deixando sonolenta, então antes que acabe

dormindo sentada fico em pé.

— Bom, pessoal, eu estou subindo.

Aceno e eles se despedem de mim. Dylan está me encarando de

uma maneira estranha, como se estivesse com saudade e raiva ecoa em


meu peito. Ele não tem direito de estar sentindo minha falta, é ele que
está me evitando e se encontrando com Kim.

— Boa noite.
Digo por fim e me afasto, cambaleando e tonta subo as escadas.
Eu vou para o meu quarto e estou na metade do caminho até minha cama

quando alguém bate na porta. Suspiro, dou meia-volta e abro a porta que
acabei de fechar. Franzo minha testa quando me deparo com Dylan. Ele

está parado a minha porta e com uma garrafa de vodca em mãos.

— O que você está fazendo aqui?

— Não sei, mas não consigo parar de pensar em você,


moranguinho.
Dylan

Tessa me encara irritada. E ela fica linda irritada. Ela fica linda de

todas as formas e eu estou sentindo sua falta como um louco. Senti sua
falta em meu jogo e a cada maldito segundo desde quarta-feira.

— Você não pode aparecer aqui na minha porta e dizer que está
sentindo minha falta.

Dou de ombros.

— Eu estou aqui.
Ela bufa e tenta fechar a porta, espalmo minha mão sobre a

superfície e não deixo que ela me coloque para fora.

— Dylan, você está bêbado.

— Não importa, bêbado ou sóbrio, eu sinto sua falta,

moranguinho. — Apoio minha testa contra sua porta. — Bêbado, ou

sóbrio, continuo pensando em você.

Ela para de empurrar a porta.

— Você não deveria dizer essas coisas.

Dou um passo para trás e encaro os olhos brilhantes de Tessa, eles

estão ainda mais azuis por causa da bebida.

— Por que não?

Faz uma careta e aponta em minha direção.

— Porque você é um idiota.

Sorrio debochado.

— Eu sou um idiota?

— Você está me evitando e ainda por cima continua indo a


encontros com Kim.

Seu rosto está vermelho e me encara como se estivesse prestes a


me matar.
— Eu gosto dela.

Tento me justificar e o seu olhar mortal se intensifica.

— Quer saber? Vai se foder, Dylan, espero que vocês sejam muito

felizes e não me convide para o casamento.

Tessa grita e fecha a porta na minha cara. O que diabos foi isso?

— Você é uma hipócrita porque teve um encontro ontem à noite.

— Tento abrir a sua porta, mas está fechada. — Moranguinho, abra a

porta.

A porta continua fechada.

— Tessa, sinto sua falta. — Choramingo e apoio minha testa


contra a porta. — Por favor.

Nem eu sei pelo que estou implorando.

— Cara, acho melhor você ir para seu quarto antes que Josh veja

que está perturbando a irmã dele.

É Ethan, mas o ignoro.

— Tessa, desculpe.

Meu amigo toca meu ombro e tento me desvencilhar dele.

— Cara, vamos.

Empurra-me para longe da porta.


— Ela não quer falar comigo.

Deixo que Ethan me empurre para meu quarto, mas sigo olhando

na direção da porta de Tessa.

— Amanhã, vocês conversam.

— Perdi a merda daquela partida e perdi a minha garota.

Choramingo.

— Amanhã você recupera sua garota.

Abre a porta e continua me guiando para dentro do quarto até que


bato minhas pernas contra a cama e me sento na beira do colchão.

— E se ela não me quiser? Ela estava em um encontro ontem com


outro cara.

Abro a vodca e bebo a bebida direto da garrafa. O álcool desce


queimando minha garganta e fazendo um estrago em meu estômago.

Ethan para no meio do meu quarto e coloca suas mãos em sua cintura.

— Não é bêbado que irá conseguir resolver essa situação.

Não consigo pensar em nada, só em Tessa.

— Como faço para tirá-la da minha mente?

Ethan suspira, joga a cabeça para trás e encara o teto.


— Caralho, não posso dar conselhos amorosos para um bêbado
chato.

Bebo mais da minha vodca e aponto meu dedo na direção da


porta.

— Se não pode me ajudar, caia fora.

Ethan mesmo contrariado puxa a cadeira da minha mesa de


estudo e se senta a minha frente, ele me dá alguns conselhos enquanto

continuo bebendo, mas nem consigo me concentrar no que ele está


falando.

Minha visão está embaçada e minha mente é uma névoa.

...

Acordo de repente sem saber onde estou, que horas são e que
merda ocorreu antes de apagar? Minha cabeça dói, assim como meu

corpo e existe um gosto podre em minha boca. O que diabos aconteceu


comigo?

Abro meus olhos e estou em meu quarto, tudo está escuro, olho
ao redor e me dou conta de que as cortinas estão muito bem fechadas,

não sei dizer se é dia, ou se é noite, nem tenho noção de que horas são.
Rolo-me para o lado e procuro pelo meu celular, não está
embaixo do travesseiro, e nem no cômodo ao lado da cama. Levo minha

mão até meu bolso e o encontro. Droga, estou vestindo a mesma roupa de
ontem e estou fedendo.

Sou um lixo humano.

Pego o aparelho, ligo-o e a luz da tela me incomoda mesmo


estando na menor iluminação possível. Fico surpreso ao constar que são

quatro horas da tarde. Fazia muito tempo que não bebia como bebi
ontem, nem lembro qual foi a última vez que esqueci do que aconteceu

por causa do álcool.

Lembro de Ethan aqui, mas não lembro de vê-lo saindo e muito

menos do momento em que dormi. Para meu azar me recordo do


escândalo que fiz na porta de Tessa e do que eu disse para meu amigo.

Ethan sabe do que está acontecendo entre Tessa e eu.

O pior é ter ido ao quarto dela, com certeza. O melhor que faço

por mim é nunca mais encostar em uma bebida.

Derrotado me levanto e ainda estou um pouco tonto. Com meu

corpo e cabeça doendo vou para o banheiro, tiro a minha roupa que está
com um cheiro insuportável de bebida e entro embaixo da água quente.
Os acontecimentos da noite passada seguem ecoando em minha
mente. Perder para o Texas de virada foi horrível, nunca me senti tão

inútil como me senti ontem. Não consegui manter meu time estável e
nem os ajudar. Além de tudo quando procurei por Tessa na arquibancada

não a encontrei.

Ao chegar em casa ela estava aqui e meu olhar estava nela a toda

oportunidade disponível. Em mais de um momento desejei estar sozinho

com Tessa e ao mesmo tempo estava satisfeito com a migalha de poder


estar com ela.

Nunca desconfiei que ela fosse virgem, mas saber disso fez com

que me sentisse mais possessivo em relação a ela. Ninguém nunca


encostou em Tessa, não da forma mais íntima e carnal possível. E não

quero que ninguém encoste.

Não estava pensando quando subi ao seu quarto, porém o que eu


disse é verdade, sinto sua falta e não consigo parar de pensar nela. Ela é

meu último pensamento ao dormir e meu primeiro pensamento ao

acordar. E a minha vida nos últimos dias perdeu um pouco de sentido, é

como se estivesse apagada, sem graça e sem cor.

Como se ela tivesse colorido minha vida.


O que mais me assusta é a conversa que precisamos ter, é o que

precisamos admitir e admitir para Josh. Meu amigo irá me matar e


caralho, ele é minha família.

Eu sou o mais calmo e tranquilo dos meus amigos, como logo eu

fui me meter nessa situação?

Quanto mais penso em Tessa e mais me pergunto o que estou


exatamente sentindo, mais minha cabeça dói. Talvez, ela exploda a

qualquer momento.

Depois de um longo banho deixo o banheiro, visto uma calça


confortável, meias e chinelos e um suéter. Minha vontade é continuar em

meu quarto, não sei se estou pronto para encontrar com Tessa e nem com

Ethan, porém preciso de remédios e não há mais nenhum em meu quarto.

Sem alternativas saio do cômodo e rezo para não cruzar com


ninguém. Como estou na minha maré de azar Ethan está na cozinha,

sentado de frente para o balcão e comendo algo, ele me encara assim que

cruzo a porta.

— Espero que você esteja um lixo.

— Isso porque ele é meu amigo imagina se fosse meu inimigo.

— Eu fiquei por uma hora aconselhando um bêbado.

Dou de ombros e sigo até o armário onde estão os remédios.


— Eu não lembro.

— Idiota.

— Não é a primeira vez que alguém me chama de idiota em

menos de vinte e quatro horas.

Ele faz uma careta.

— Eu não quero estar perto quando Josh descobrir.

Pego os remédios, uma garrafa com água na geladeira, um copo e

me sento de frente para Ethan.

— Ele não tem nada para descobrir.

Larga o garfo sobre seu prato e me trata como um pai

recriminando seu filho adolescente.

— Perdi a merda daquela partida e perdi a minha garota.

Imita minha voz e faço uma careta.

— Não é tão ruim quanto parece.

— Josh não vai concordar com você. — Sussurra enquanto eu

encho o copo com água. — Você precisa conversar com ele e sendo
sincero, acho que ele vai entender se vocês realmente estiverem

apaixonados.

Ergo meus olhos e sou sincero com Ethan.


— O problema é que não sei o que estou sentindo.

A expressão em seu rosto deixa claro que está me julgando.

— Eu acho que você sabe sim o que está sentindo, só está se

enganando. — Levanta-se e lava seu prato, eu não falo nada, porque não

há o que ser dito. — Cuidado para não perder a sua garota para valer.

Ethan sai da cozinha e fico sozinho. Eu e meus pensamentos.


Estou ficando maluco. Bebo a água com remédio como se fosse minha

salvação e em seguida, pulo do banco, lavo o copo, pego alguns

biscoitos, água, refrigerante e volto ao meu quarto.

Trago comida comigo para não ter que sair tão cedo do quarto,
não quero correr o risco de encontrar com Tessa e nem com Josh. Sou um

idiota e um covarde.

Permaneço no quarto cochilando, assistindo a um jogo de hóquei

e comendo. Não pretendo sair daqui e estou convicto que conseguirei


cumprir com meu objetivo quando meu celular vibra. Pego o aparelho em

meu bolso e é uma mensagem de Josh em nosso grupo.

“Josh: Dylan, Ethan e eu estamos indo para o apartamento de Aiden e


Brooke, você vai também?”

Como abri a mensagem, respondo-o.

“Não, eu ainda estou de ressaca.”


Uso a ressaca de desculpa e na verdade estou evitando meu
amigo. Parece que meu novo lema de vida é evitar as pessoas. Estou

prestes a largar o celular ao meu lado quando uma nova mensagem

chega, é Aiden.

“Aiden: Tessa virá?”

Fico aguardando a resposta de Josh. Ele não demora a se

manifestar e assim que eu leio o que escreveu meu coração salta do meu

peito.

“Josh: Não, ela irá em um maldito encontro outra vez.”

Como assim, ela vai a um encontro? Minha mente projeta os

piores cenários possíveis, Tessa sorrindo para outra pessoa, ele tocando

sua mão, beijando os lábios que nunca tive coragem de beijar.

Aiden provoca Josh e Ethan apenas ri, eu fico em pé e caminho de

um lado para o outro enquanto passo os dedos pelos fios do meu cabelo.

Caralho, ela irá para um encontro. Não tenho nada a ver com isso,
mas a ideia me apavora. Tessa está seguindo em frente assim como eu

estou fazendo, porém não quero que ela siga em frente. Não quero que

ela esteja com outra pessoa.

Porra, Dylan!
Existe uma pressão em meu peito que parece prestes a me matar,

se ela souber que estou morrendo com certeza irá ficar em casa.

Razão e emoção duelam em minha mente. Uma diz que devo


deixar Tessa viver em paz, a outra manda eu tomar uma atitude. Lembro

das suas dicas sobre relacionamento e sei exatamente o que devo fazer.

Eu preciso tomar uma atitude.

Paro em frente à janela e assim que o carro do Josh deixa a

garagem, corro para fora do meu quarto e vou até a sua porta. Bato e rezo

para que ela ainda não tenha saído.

Se ela não estiver, eu vou enlouquecer.

Para minha sorte Tessa abre a porta. Encontro primeiro seus olhos
e ela está com raiva, desço meus olhos pelo seu rosto e porra ela está

usando um batom vermelho, porém não é o pior. O pior é quando me

deparo com um vestido minúsculo.

Tessa será a minha morte.

Volto a olhar em seus olhos, ignoro a raiva com que me encara,

dou um passo para frente, ela um para trás e entramos em seu quarto.

— Você não irá para encontro nenhum.


Tessa

Dylan me encara com uma determinação que nunca vi em seu

rosto, mas se ele acha que pode vir aqui e me dar ordens está muito
enganado.

— Você pensa que é meu pai para me dar ordens?

Empurra a porta e ela fecha com força. Não ligo para o barulho

que faz e continuo com meus olhos fixos nos seus. Dylan continua

caminhando em frente e me fazendo dar passos para trás. Ele está sério e
age como se fosse um rei.

— Saia do meu quarto.


Grito e ele segue imparável.

— Você não irá a nenhum encontro, Tessa.

Minhas costas encontram a parede e Dylan torna o espaço entre


nós mínimo. Ele está aqui a minha frente, seu cheiro ao meu redor e não

consigo desviar meus olhos dos seus.

Apoia uma das suas mãos ao lado da minha cabeça e a outra paira

sobre minha cintura. Minha respiração se torna irregular, um arrepio

percorre pelo meu corpo, minha boceta vibra e meus seios pesam contra
o vestido.

Caralho, ele não deveria me deixar excitada.

Não tenho forças para mandá-lo sair, nem para o empurrar para

fora do meu quarto.

— Ninguém toca o que é meu.

Suas palavras deveriam me irritar, mas me excitam ainda mais.

— Não sou sua.

Minha voz é fraca e nem uma criança acreditaria em mim. Sua


mão sobe pela minha barriga e ele quase toca meu seio, vibro com a

expectativa e suspiro.

— Então, por que você não sai da minha mente? — Abaixa seu

rosto e encosta seu nariz na minha bochecha. — Eu estava bêbado ontem,


mas o que disse é verdade, sinto sua falta, a cada maldito segundo do

meu dia.

Sua testa está quase apoiada na minha, seus olhos estão presos

aos meus e nossas respirações se misturam.

— Não vai sair com outro cara com esse minivestido. — Desce

sua mão até minha coxa, puxa meu vestido para cima e aperta minha
pele. — Ninguém vai encostar no que é meu.

Finalmente, sua boca cobre a minha e Dylan tira meu mundo de


órbita. Fecho meus olhos no mesmo instante e me permito ser levada

pelas sensações que de repente invadem meu corpo.

Ele não é gentil e é um beijo desesperado. Levo minhas mãos até

o redor do seu pescoço, correspondo-o da mesma forma e descarregamos

uma semana de tesão reprimido na forma como nossas línguas duelam.

Ele rouba meu fôlego, esqueço de tudo que não seja relacionado a

nós dois e tudo perde a importância.

Dylan afasta sua boca da minha e abro meus olhos, encontro ele
me encarando como se fosse a responsável por fazê-lo respirar. Suas

mãos continuam subindo pela minha perna até que encontra minha

calcinha.

— Nunca toquei ninguém assim, Tessa.


Empurra a calcinha para o lado e seus dedos me tocam. Um

arrepio sobe pelo meu corpo, resultando em meus seios e boceta

doloridos. Ele continua com seus olhos nos meus e me toca

delicadamente.

Eu preciso de mais e por isso levo minha mão até o meio das
minhas pernas e mostro como ele deve fazer. Dylan não demora a
entender, então fecho meus olhos e deixo que ele leve o meu corpo ao

limite.

— Mais forte. — Guio a fazer o que meu corpo pede. — Não

tenha delicadeza.

Eu digo o que preciso enquanto gemidos escapam dos meus

lábios, sinto-o me observando e sei que isso o excita tanto quanto me


excita.

Gozo em seus dedos e ele beija meu pescoço.

— Isso foi bom.

Sorrio, abro meus olhos e viro minha cabeça até estar com meus

lábios a centímetros dos seus.

— Isso foi bom, foi a primeira vez que você fez uma garota

gozar?
A malícia escorre das minhas palavras e seu pomo de adão sobe e
desce em seu pescoço.

— Foi, mas com certeza não será a última.

As palavras deixam fácil sua boca, mas seu rosto fica levemente
vermelho. Amo a combinação de Dylan safado com a garoto tímido.

— Não me faça perguntas, porque a única coisa que nunca fiz foi


penetração.

Sua expressão muda e trava seu maxilar, adoro ser capaz de

causar ciúmes nele. Traz sua mão até minha nuca e a sobe até enrolar os
fios do meu cabelo ao redor dos seus dedos. Mantém meu rosto perto do
seu e me encara com um olhar possessivo.

Ciúmes desencadeia alguém em Dylan que não conhecia e me faz


tremer e ansiar por mais. Ele já me deixava molhada antes, mas dessa

forma faz com que um rio se forme em minha calcinha.

— O único a estar em sua boceta serei eu, moranguinho. —


Morde meu lábio inferior. — Só eu.

Volta a me beijar com fúria e segura meu cabelo com força


ditando o ritmo do beijo. Gosto que ele não seja gentil, gosto como suas

mãos apertam meu corpo.


Dylan não tem medo de errar e sua insegurança some. Apesar
disso, ele está indo com muita sede ao pote e preciso que ele vá com

calma, por isso espalmo minhas mãos em seu peito e o empurro para trás.
Ele para no mesmo instante e olha para mim sem entender.

— Precisamos ir com calma, nenhum de nós entende do assunto.

Sorri malicioso e orgulhoso.

— Posso nunca ter praticado, mas entender do assunto eu


entendo.

Dou um passo em frente, empurro-o e ele dá um passo para trás


ainda com a mãos em minha cintura.

— Sinto te dizer, mas ver pornô não te faz um mestre do sexo.

— Isso é um desafio?

Balanço a cabeça negando e sigo o empurrando até que o tenho

sentado sobre minha cama.

— Não, isso é um seja humilde e aprenda a fazer tudo

corretamente.

Sento-me escarranchada nele e Dylan continua com as mãos em

minha cintura, sobe-as e toca minha barriga.

— Você está reclamando? — Abaixa sua cabeça até meu pescoço

e beija minha pele. — O que você quer que eu faça, Tessa? Onde você
quer que eu te toque?

Sua voz está rouca e sexy.

— Continue me tocando como está fazendo, continue com sua


boca ocupada com minha pele.

Ele faz o que eu peço e traz suas mãos até meus seios, aperta-os
primeiro com cuidado e em seguida com mais força, é com força que me

arranca um gemido e sorri contra meu pescoço.

Dylan beija meu pescoço, minha clavícula e passa sua língua pela
minha pele. Fecho meus olhos e apoio minhas mãos em seu ombro e em

sua cabeça.

Sobe meu vestido e o enrola em minha cintura, facilitando ainda

mais a minha posição e rebolo contra ele. Sinto seu pau contra minha
calcinha. Dylan aperta minha bunda e me fricciono contra ele. Nós dois

gememos e ele sussurra contra minha orelha.

— Se você continuar fazendo isso vou gozar.

— Segure-se para gozar quando estiver dentro de mim.

— Não precisamos fazer isso.

Resmunga enquanto continua atacando meu pescoço e me

deixando marcas com certeza. Nenhum de nós para e caralho, a fricção é


muito boa, poderia gozar com apenas isso.
— Vou tirar seu vestido.

Dylan espera por algum sinal que vá protestar, mas pelo contrário

me posiciono com as costas retas em seu colo e ergo meus braços para
facilitar seu trabalho. Ele puxa meu vestido para longe enquanto olha em

meus olhos.

Joga a peça de roupa no chão e analiso cada detalhe do seu rosto,


ele está vermelho, sua respiração está alterada, seus olhos estão escuros e

suas veias estão em evidência.

Esse é o momento pelo qual esperei todo esse tempo, pelo qual
recusei outros caras, pelo qual nunca me senti à vontade para prosseguir.

Sempre foi por esse momento.

Agarro a barra do seu suéter e o puxo para cima, ele tem o mesmo

destino que a minha blusa e desço meus olhos até seu abdômen, perfeito,
definido e gostoso. Espalmo minhas mãos em sua barriga e sorrio.

— Posso contar os gominhos?

Ele ri e repentinamente muda nossas posições, leva-me até estar

deitada sobre o colchão e paira sobre mim. Sua boca quase encostada na
minha e suas mãos ao lado do meu rosto.

— Depois, primeiro quero os ter em minha boca.


Leva uma das suas mãos até meu seio direito e brinca com o bico,
eles estão duros e doloridos. Observa minha expressão e procura por algo

que indique que não estou gostando, sorrio e ele segue a tortura que na

verdade não é uma tortura, não uma tortura ruim.

— Eles são perfeitos.

Curvo meu corpo para frente e o incentivo a continuar. Faço

menção de fechar meus olhos.

— Não feche seus olhos quero olhar para eles. — Abaixa seu
rosto até estar com a boca em minha orelha. — Eles me deixam perdido

ao mesmo tempo em que são minha bússola.

Morde o lóbulo da minha orelha e volta a estar com o rosto perto

do meu, nossos olhares se encontram e é assim que ficamos por alguns


segundos até que sua boca encontre a minha e nos beijamos como se

fosse último beijo de nossas vidas.

É como se existisse um campo magnético ao nosso redor, como se


algo estivesse nos puxando na direção um do outro.

Dylan afasta sua boca da minha para distribuir beijos pelo meu

pescoço, clavícula e por fim para com sua boca sobre meu seio. Só de
sentir sua respiração meu corpo tensiona e todas as minhas células

parecem estar vibrando.


Assim que cobre meu seio com sua boca, fecho meus olhos e um

gemido escapa da minha boca. Prendo os fios do seu cabelo entre meus
dedos e o incentivo a continuar.

— Aperte o outro com sua mão.

Ele faz o que peço e minha boceta vibra. Meus seios são sensíveis

e poderia gozar com ele me chupando, porém não quero gozar com sua
boca em meus seios.

— Dylan, preciso que pare agora. — Ele solta meu seio e ergue

seu rosto, aproveito para esticar minha mão e pegar a camisinha na

gaveta do cômodo ao lado. — Seu amigo esqueceu e estão dentro da


validade.

Explico antes que pergunte e deixo a embalagem ao nosso lado.

Dylan sobe pelo meu corpo e paira com o rosto sobre o meu. Meu corpo
está todo tensionado, minhas pernas estão dobradas e ele está entre elas.

Tudo em mim implora por um orgasmo.

— É a minha primeira vez e vai doer.

Ele faz uma careta.

— Sinto muito. — Ergue sua mão e acaricia a lateral do meu

rosto. — Eu queria que fosse bom pra você, queria ser capaz de tirar toda

sua dor.
Beijo com carinho a lateral do meu rosto.

— Existe algo que eu possa fazer por você?

Sorrio maliciosa.

— Tire minha calcinha e me chupe, Dylan. — Espalmo minhas

mãos em seu peito. — Me faça gozar em sua boca.

Ele sorri e beija novamente meu rosto.

— Você gosta de mandar, hein?

— Só um pouquinho.

Beija meus lábios rapidamente e volta a descer pelo meu corpo.


Distribui beijos pela minha pele e fecho meus olhos, é muito mais

intenso do que eu mesma me dando prazer e é muito mais do que já foi

com outra pessoa. É como se eu me encaixasse exatamente em suas


mãos.

Dylan tira minha calcinha e as meias pretas que estou usando

enquanto beija minhas pernas. Seus toques resultando em ondas de

prazer e contraio minha boceta tentando aplacar a necessidade que pulsa


em meu interior.

Prendo minha respiração quando sua boca se aproxima de onde

tanto preciso dele. Meus seios estão pesados e sinto como se cada parte

de mim estivesse mais atenta esperando pelo momento do fim da agonia.


Primeiro, toca-me com sua língua e é o suficiente para meu

gemido ecoar pelo quarto. Continua passeando sua língua pela minha

boceta, de cima a baixo, conhecendo-a.

— Mais.

Imploro e empurro sua cabeça contra o meio das minhas pernas.

Ele não hesita e faz o que estou pedindo, ele traz seus lábios afoitos e o
instruo a fazer da maneira correta.

— Com mais calma, você pode fingir que eu sou um morango.

— Você é, o meu morango.

Um de seus dedos junta-se a sua boca e o prazer aumenta. Seguro

o lençol com força, concentro-me na sensação que cruza pelo meu corpo
e me permito sentir tudo até que se torna demais e uma explosão

acontece em meu interior.

Nada mais importa a não ser isso, nada passa em minha mente, e
são os melhores segundos da minha vida. Quando volto a mim Dylan

está me encarando com um sorriso.

— Você fica linda gozando e chamando pelo meu nome.

Sorrio e abaixo minhas mãos até a frente das suas calças, puxo-a
um pouco para baixo junto com sua cueca e toco seu pau que está duro.
Ele é grande e Dylan fecha seus olhos. As veias em seu pescoço ficam
ainda mais visíveis e é nítido que está se controlando.

— Tire o resto das suas roupas.

Afasto minhas mãos, ele abre seus olhos e se levanta. Ele fica em

pé, aos pés da cama e a minha frente. Tira suas calças e cueca e o observo
totalmente nu, cada músculo e elevação. Nunca ninguém viu ele assim,

sou a primeira.

Faço um sinal com o dedo e o chamo. Nós dois estamos sorrindo


quando seus joelhos encostam no colchão. Sigo de pernas abertas e jogo

a camisinha em sua direção. Pega a embalagem e segue me encarando.

— Você quer mesmo fazer isso?

— É tudo que mais quero e você?

Nenhum de nós está mais sorrindo.

— Não tenho dúvida nenhuma, foi por você que sempre esperei.

Rasga a embalagem, ou tenta, ele não consegue de primeira e


começo a rir. Dylan ergue suas sobrancelhas, acho que ele não está muito

satisfeito com a minha risada.

— Desculpe é engraçado.

Ele finalmente consegue e então fico de joelhos para o ajudar a


colocar a camisinha. Não falamos mais nada e uma tensão se forma ao
nosso redor. Espalmo minhas mãos em seu peito assim que estamos
protegidos e aproximo minha boca da sua orelha.

— Pra mim, vai doer, então foque em você e se divirta. — Mordo


o lóbulo da sua orelha. — Hoje pelo menos será assim, nos próximos

dias seu objetivo será me fazer gozar com seu pau.

Sorrio e me deito na cama. Dylan mantém seu olhar no meu, toca

minhas pernas e apesar de saber que não será algo prazeroso meu corpo
anseia por mais ao sentir suas mãos em mim.

Dylan se aproxima, apoia seu corpo em seu braço e olha para

mim com devoção.

— Nós podemos parar agora — Toca a lateral do meu corpo e

balanço minha cabeça negando. — Não precisamos fazer isso agora.

Puxo sua cabeça para baixo.

— Eu quero isso tanto quanto você.

Beijo-o, desço minhas mãos até o seu pau e o guio para dentro de

mim. Quando começa a dor, afasto-me e fecho meus olhos. Ele vai
devagar e mantém apenas a pontinha dentro de mim.

— Você está bem? — Assinto. — Tem certeza? Podemos parar.

Antes que ele decida simplesmente se afastar, travo minhas


pernas ao redor da sua cintura e empurro sua bunda com meus pés.
— Faça logo isso.

— Você é muito mandona para alguém tão pequena.

Resmunga, mas finalmente entra em mim por completo o que faz


com que lágrimas surjam em meus olhos. Porra, isso dói. Fecho meus
olhos e me controlo para não chorar. Dylan beija minha bochecha

algumas vezes e novamente fica parado dentro de mim.

— Apenas continue.

Esconde seu rosto entre meu pescoço e se movimenta, entra e sai

de dentro de mim, arde e não é algo agradável, porém conforme suas


investidas aumentam torna-se mais suportável, quase algo prazeroso.

Seus gemidos soam ao meu lado, e de repente seu corpo tensiona


e um som diferente sai da sua boca. Ele aumenta o ritmo com que entra e
sai de mim e de repente para.

Ele gozou e fica parado sobre mim. Toco suas costas e encaro o
teto. Foi melhor do que imaginei que seria, espero que das próximas

vezes, ele realmente me faça gozar.

Dylan primeiro afasta seu rosto do meu pescoço, beija minha

bochecha delicadamente e sai de dentro de mim, joga-se ao meu lado e


tira a camisinha.

— Amarre a ponta.
— Sou bom na teoria, lembra?

Zomba e reviro meus olhos e assisto ele amarrar a camisinha que


está suja de sangue. Em seguida, ele corre até o banheiro para a jogar no

lixo, observo sua bunda bonita e suspiro como uma adolescente


apaixonada.

Assim que volta para o quarto Dylan se deita ao meu lado e me


puxa para seus braços, eu não hesito e me deito sobre seu peito enquanto

ele traça círculos invisíveis com as pontas dos seus dedos em minhas
costas.
Dylan

Tessa aconchega-se contra o meu corpo e gosto de tê-la em meus

braços. Caralho, nós transamos e foi incrível. Surreal e não porque foi
perfeito, mas porque foi com ela.

É como se sempre tivesse esperado por esse momento, só gostaria


de ser mais experiente para tê-la feito gozar também.

— Queria que fosse tão incrível para você quanto foi pra mim.

Enrolo uma mecha do seu cabelo ao redor do meu dedo, eu amo

que ela o pinte de rosa. Eu amo muitas coisas em Tessa.


— Foi como tinha que ser. — Afasta-se um pouco e olha em

minha direção. — Foi bom só por ser com você, Dylan.

Faço uma careta.

— Parece que você está apenas me consolando.

Revira seus olhos e bate em meu peito.

— Não fique com seu ego comprometido poderia ser com

qualquer outra pessoa e seria ruim.

Sua desculpa é ainda pior e faz com que o monstro do ciúmes

volte a vibrar em meu peito.

— Não gosto de imaginar você com outro cara.

Ela ri.

— Bobinho.

— Estou falando sério.

Resmungo, Tessa beija meu peito e voltar a apoiar a lateral do seu

rosto em mim.

— E eu também, foi especial, Dylan, e estou feliz por ter sido


com você.

Apesar das inseguranças que insistem em me atormentar, sei que


a primeira vez para garotas é mais difícil.
— Espero que das próximas vezes seja mais prazeroso para você.

— Eu concordo e como a prática leva à perfeição precisamos


praticar bastante.

Nós dois rimos e ficamos em silêncio pelos próximos minutos. A

ideia de transar mais vezes com Tessa me deixa animado. Pensar em

estar com ela é animador. Ela faz meu coração bater de um jeito
diferente e a vida parece mais colorida, inclusive pensar no futuro toma

uma perspectiva diferente.

De repente, Tessa se senta, olha ao redor do quarto e suspira.

— Eu esqueci de Gage.

— Quem é Gage?

Por que ela está pensando em outro cara?

— Meu encontro.

Ela ainda está pensando em ir a um encontro? Sento-me de


repente e a encaro em pânico.

— Você não vai a encontro nenhum, precisarei amarrar você na

cama?

Ela joga o travesseiro em minha direção e se levanta.

— Eu vou avisar que não irei.


Caminha nua pelo quarto e observo cada detalhe do seu corpo.

Ela é linda, uma deusa.

— Quem é Gage?

Espero que seja alguém bem feio.

— Irmão de uma colega.

Pega seu celular se apoia em sua cômoda e digita uma mensagem.

— Ele é bonito?

— Sim.

— Você acabou de cravar uma faca em meu coração.

Ergue seus olhos do celular e me encara.

— Não se preocupe você é mais bonito.

Pisca em minha direção e volta a olhar para o aparelho em suas


mãos.

— Você saiu com ele na quinta.

— Você saiu com Kim na quarta depois de quase termos nos


beijado. — Coloca o celular sobre a cômoda e me aponta seu dedo. —
Não perdoei você por isso.

Ela tem um ponto.

— Desculpe, minha intenção não foi magoar você.


Tessa não me responde e segue para seu banheiro, pulo da cama e
a sigo. Ela está entrando embaixo do chuveiro e continuo indo atrás dela.

Olha-me e trocamos um olhar repleto de cumplicidade, então vou até ela


e não falamos mais nada.

Ela liga o chuveiro, eu ensaboo seu corpo e lavo seu cabelo. Cada
toque me excita, mas não é sobre sexo e sensualidade, é sobre muito

mais. Tessa faz o mesmo comigo e em todo tempo mantemos nossos


olhares conectados.

Sou eu que seco seu corpo e ela que seca o meu quando

desligamos o chuveiro e seu cheiro está impregnado em mim quando


deixamos seu banheiro.

Ainda estamos quietos enquanto nos vestimos e conforme nos


olhamos começamos a rir. Assim que eu estou vestindo minhas roupas e
Tessa seu pijama de unicórnio vou até ela, coloco minhas mãos em sua

cintura e a puxo em minha direção.

— Você é incrível, moranguinho, e prometo te levar ao melhor

encontro da sua vida.

Traz seus braços até meu pescoço, inclina sua cabeça na direção

do meu rosto e sorri com malícia.

— Hoje?
Balanço minha cabeça.

— Amanhã.

Beijo seus lábios rapidamente e Tessa se desvencilha de mim.

— Ok, prometo usar um vestido tão bonito quanto o que estava

usando hoje. — Pisca em minha direção. — Eu estou com fome, você irá
cozinhar pra mim?

— Vou fazer o que você quiser.

Ela sorri e me guia para fora do seu quarto. Nós vamos até a

cozinha, Tessa se senta de frente para o balcão e eu preparo nosso jantar.

— Por que você ainda era virgem?

Paro de temperar a carne enquanto um caos instala-se em meu


interior. Uma bagunça de sentimentos que sempre surgem quando
alguém toca no assunto.

— Esse não é um assunto agradável, você está pronta para ouvir?

Por mais doloroso que seja, em algum momento terei que contar
para Tessa, melhor que seja agora.

— Se você estiver pronto para contar, eu estou pronta para ouvir.

É nítida a preocupação em sua voz, respiro fundo e desvio os


olhos da carne, encaro Tessa e respiro fundo.

— Eu fui abusado quando criança.


Ela abre e fecha sua boca sem reação. Seu olhar repleto da
indignação que está começando a pulsar em seu interior. As emoções que

cruzam seu rosto são todas de raiva e nojo.

— Por quem?

Dou de ombros.

— Por alguém do primeiro lar adotivo que estive, eu não lembro,

porque tinha em torno de quatro a cinco anos. — Não ter lembranças é

uma dádiva. — Eu começo a ter lembranças a partir dos meus seis anos e
apenas me recordo de ser arredio, odiar que me tocassem e ter pesadelos

com monstros e sombras, neles sempre alguém tentava me tocar à noite.

Dos pesadelos eu ainda lembro.

— Não gostava de estar nesse lar e me sentia triste, não era uma
criança feliz e meus únicos momentos alegres eram quando estava

jogando basquete. — Puxo um banco e me sento. — Apesar de não ser

um lugar ruim e as pessoas serem legais, eu me sentia sozinho e vazio.

Tessa está chocada e é realmente algo horrível, às vezes nem eu

mesmo acredito pelo que passei.

—Não tenho lembranças felizes durante esse tempo e ser adotado

pelos meus pais foi meu resgate, eles me salvaram daquele lugar e da
escuridão, porém não conseguia deixar que eles chegassem perto de mim,
odiava abraços e toques, além dos pesadelos. Eu acordava aos gritos,

então eles me levaram ao psicólogo e um processo de investigação


começou a ser realizado, até que descobriram que aquele não era o meu

primeiro lar, era o segundo, porque o primeiro foi fechado por abusar

sexualmente das crianças.

— Dylan, isso é horrível.

Lágrimas se acumulam em seus olhos. Não existe nada que eu

possa dizer para aliviar seu horror, porque não é uma história feliz.

— Meus pais com ajuda de profissionais chegaram à conclusão de


que eu precisava saber o que tinha acontecido para que pudesse seguir

em frente e eles me contaram. E foi horrível, eu me sentia sujo e

desnorteado, como a vida poderia ser tão cruel com uma criança? Tinha

onze anos, mas me sentia exausto como um adulto.

Tessa está a minha frente me ouvindo atentamente e concentrada

no que estou falando enquanto lágrimas descem pelo seu rosto.

— Foi difícil descobrir que tinha sido abusado e que era

traumatizado por algo que nem lembrava, o processo de cura foi doloroso
e desenvolvi ansiedade e as crises faziam parte de quem eu era, na

tentativa de aliviar o turbilhão de emoções fiz algumas oficinas de arte,


esportes como lutas marciais e inclusive aprendi a cozinhar, você me
perguntou como tinha aprendido a cozinhar e foi assim.

As lembranças ecoam em minha mente e elas doem bem menos

do que já doeram.

— Foram longos cinco anos até que estivesse bem com o que

tinha acontecido, não sinto mais nojo de mim, nem do sexo, nem de

nada, ainda há vestígios que me acompanham e sempre vão me

acompanhar, porque você não pode passar pela escuridão sem ficar com
marcas. — Sorrio, um sorriso discreto de quem tem paz consigo mesmo.

— Não sou o maior fã de toques e abraços de estranhos e preciso confiar

na pessoa para me sentir à vontade, meu lance com as garotas era medo
de que a confiança nunca fosse o suficiente.

Ela pula do banco e vem até mim, Tessa para ao meu lado com as

lágrimas descendo pelo seu rosto.

— Posso te abraçar?

Giro o banco até estar de frente para ela.

— Você sempre pode me abraçar, moranguinho.

Tessa me abraça, apoia seu rosto em meu peito e mancha meu

suéter com suas lágrimas.


— Não consigo nem imaginar pelo que você passou, você era

apenas uma criança. — Suas palavras saem entre seus soluços. — Sinto
muito.

Acaricio suas costas e beijo o topo da sua cabeça.

— Está tudo bem, moranguinho, eu estou bem.

— Não deveria estar sendo você a me consolar.

Afasta-se alguns centímetros, meu olhar encontra o seu e levo


minha mão até seu pulso, então puxo a pulseira para cima e toco sua

cicatriz.

— Nós dois temos algumas cicatrizes e elas fazem parte de quem


somos.

Assente e a forma como estamos conectados pela intensidade que

nos cerca é reconfortante.

— Você nunca desviou de nenhum toque meu.

Sorrio e beijo sua testa.

— Você me teve desde o primeiro momento em que te vi.

Limpa suas lágrimas e sorri com deboche.

— Você nem lembra a primeira vez que me viu.

— Lembro sim, foi na casa dos seus pais quando fomos com Josh

resolver o lance da morte da mãe dele.


Ela estava na sala e quando meu olhar encontrou o seu tudo que
consegui pensar foi o quanto ela era bonita. Logo depois que Josh nos

apresentou ela me abraçou e não foi estranho, e nem incômodo.

— O que você pensou quando me viu?

Ergue suas sobrancelhas e sorrio ao me dar conta de qual será a

minha resposta.

— Que você era a garota mais linda que eu já tinha visto.

— Você está sendo um galanteador.

Revira seus olhos e me empurra levemente para trás.

— Estou falando a verdade e o que você pensou?

— Que você era um gostoso.

Minha gargalhada ecoa pela cozinha e me desvencilho por


completo de Tessa. Assim que consigo parar de rir, volto a preparar nosso

jantar e pergunto sobre seu pai e as dicas de encontro que ela forneceu

para ele.

Tessa me conta que o encontro do pai foi bem-sucedido, porque


ela é ótima e que ele irá pedir o divórcio para sua mãe. Tessa está bem

com a questão, na verdade ela parece aliviada.

Jantamos na cozinha, sentados um ao lado do outro enquanto


compartilhamos algumas histórias, eu conto como foi crescer em
Huntsville e ela me conta como foi crescer em Birmingham. Eu falo que

nunca procurei saber como fui abandonado e nem sobre meus pais

biológicos.

Nós dois limpamos a sujeira que fiz para cozinhar e depois de

guardarmos a louça, paro no meio da cozinha e a puxo em minha direção.

— Você irá dormir comigo?

Pergunto esperançoso.

— Você está esquecendo de um detalhe. — Ergo minhas

sobrancelhas. — Do meu irmão.

Sim, eu estava esquecendo que meu melhor amigo irá me matar.

— Não sei se estou pronto para morrer tão novo.

Ela ri e seu chifre de unicórnio toca meu pescoço e faz com que

sinta cócegas.

— Não seja dramático.

Dou um passo em frente e a forço a caminhar junto comigo.

— Josh irá chegar tarde e tenho certeza de que não irá ir até seu

quarto.

— Isso é uma péssima ideia.

Ela está rindo e continua me deixando guiá-la.


— Você não se importa realmente.

— Não, você se importa?

Beijo seus lábios.

— Se eu estiver com você nada importa, você é tudo que eu

preciso.
Tessa

Acordo com os braços de Dylan ao redor de mim e com uma das

suas pernas sobre meu corpo. Meu Deus, como viemos parar nessa
posição? Apesar dos pesares, não estou desconfortável, pelo contrário

nunca me senti tão confortável. Parece que eu nasci para estar aqui.

Eu continuaria aqui, mas não é uma boa ideia. Desvencilho-me de

Dylan com cuidado, viro-me para o lado e pego o celular que deixei
sobre a mesa de cabeceira ontem à noite. Confiro as horas e são oito

horas. Ainda é cedo, é domingo e todos ainda devem estar dormindo, o

momento ideal par sair do seu quarto.


Sento-me em sua cama, observo Dylan dormindo e suspiro. O que

nós compartilhamos foi incrível, mas que porra estamos fazendo? Eu não

faço a mínima ideia. E no momento nem quero entender, só quero viver e


continuar sentindo o que estou sentindo.

Dylan é incrível e descobrir sobre seu passado só me fez entendê-


lo e compreender algumas das suas ações, além de me sentir especial, ele

sempre me deixou tocá-lo.

Eu pareço uma adolescente apaixonada, última vez que fiquei

assim foi pelo meu vizinho, nós tínhamos quatorze anos, foi com ele que
dei meu primeiro beijo e fiz muitas outras primeiras coisas, ele foi

embora com dezesseis anos e terminamos. E dessa vez, os sentimentos

são muito mais reais e intensos, é quase insuportável, é como se não


fosse capaz de caber em meu peito.

Olho para Dylan uma última vez e fico em pé. Coloco meus

chinelos e saio do seu quarto. Estou há um passo da minha porta quando

uma outra porta é aberta, congelo e espero pelo pior, principalmente

quando o som vem da direção do quarto do Josh.

Será que ele me viu saindo do quarto de Dylan? Se ela não viu,

posso mentir, posso falar que estava na cozinha comendo algo, ou

bebendo água. Viro-me na direção e para meu alívio e azar é Dakota.


— Seu irmão irá surtar.

Claramente ela me viu sair do quarto de Dylan.

— Você irá contar para ele?

Balança a cabeça negando.

— Mas conte logo antes que ele descubra de outra forma e aí será

bem pior.

— Obrigada.

Minha cunhada sorri e fica de costas para mim, segue na direção

das escadas e eu entro em meu quarto. Eu me jogo na minha cama e volto

a dormir.

Acordo somente na primeira hora da tarde, então escovo meus

dentes e desço até a cozinha para almoçar. Encontro meu irmão, Dakota,
Ethan, Abby e Dylan no cômodo. É nele que fixo meus olhos e é uma

tortura não ir até ele.

É difícil estar no mesmo ambiente que Dylan e fingir que não há

nada acontecendo entre nós. Sinto-o me olhando e cada vez que trocamos

algumas palavras minha vontade é de provocá-lo. Ficamos a maior parte

da tarde com seus amigos, com nossos amigos, afinal eles têm se tornado

meus amigos também e sou obrigada a ignorar o desejo de beijá-lo, ou de

sentir seus braços ao meu redor outra vez.


Não sei como ninguém percebe a atração que nos cerca, porque

juro que é como se um fio estivesse me ligando a ele, puxando-me na sua

direção a cada segundo.

Dylan e eu conversamos por mensagens e ele confirma nosso

encontro. Ele irá me levar para jantar e pergunta se podemos dormir em


um hotel, é claro que podemos, ansiedade vibra em meu peito e conto as
horas para enfim estarmos a sós.

Abby e Dakota deixam seus namorados e vão embora de


tardezinha, Ethan e Dylan se juntam na sala para estudarem, ficamos

apenas Josh e eu. Meu irmão e eu estamos um ao lado do outro.

— Magnus me contou que irá pedir o divórcio.

Assinto.

— Sim, ele está disposto a deixar minha mãe e se tornar alguém

melhor.

Meu irmão olha em frente e parece distante.

— Você acha que ele merece nosso perdão?

— Não sei. — Toco seu braço. — Mas nós merecemos não

carregar o peso do rancor, então eu irei o perdoar, se ele quer ser um pai
melhor, eu estou aqui disponível.

Josh se vira para mim e sorri.


— Amo que você está amadurecendo.

Dou de ombros.

— Uma hora precisaria crescer.

Nós dois sorrimos e ficamos em silêncio até que Josh decide fazer

a pergunta que não queria responder.

— O que você irá fazer hoje?

Engulo em seco.

— Irei sair.

Odeio mentir, mas não estou pronta para dizer, hey, eu estou
dormindo com um dos seus melhores amigos e a propósito é no quarto ao

lado do seu.

— Outro encontro?

— Não, vou sair com Maggie.

Sigo mentindo e é uma sorte minha voz soar normal.

— E vocês irão fazer o quê?

Meu Deus, isso está se tornando uma bola de mentiras.

— Coisas de garotas.

Josh parece desconfiado, mas assente. Antes que ele me faça mais
perguntas, levanto-me e beijo sua bochecha.
— Estou subindo para meu quarto.

Praticamente corro para fora da cozinha e subo para meu quarto.

Eu me jogo contra a cama e encaro o teto. Eu vou ir a um encontro com


Dylan. Um sorrisinho surge em meus lábios e meu coração acelera.

Sigo deitada até que sinto o celular vibrar no bolso do meu


pijama, como pode ser Dylan pego o aparelho. Espero que ele não tenha
desistido do nosso encontro.

É uma notificação no Instagram e não é Dylan, é da página de


cheerleaders da universidade. Minha ansiedade se intensifica e dessa vez,

não é por causa de Dylan.

Sento-me e rapidamente, clico na notificação. É o resultado da

seleção de cheerleaders. Passo os banners para o lado e uma sensação de


dever cumprido preenche meu peito ao ler meu nome.

Eu passei, eu consegui entrar para o seleto grupo de cheerleaders


da Universidade do Alabama.

— Porra, eu consegui.

Nunca tinha sentido tanto orgulho de mim como sinto nesse

momento. É especial e foge totalmente do objetivo inicial, provar para


Kim que conseguiria, sequer estou ligando para Kim no momento.
Envio a publicação para meu irmão, Maggie e meu pai. Para
Dylan irei falar pessoalmente.

Deixo o celular sobre a cômoda e saltitando vou para o banheiro.


Demoro no banho e quando volto para o quarto estou cheirando a

morangos. Como Dylan gosta.

Escolho um dos meus vestidos pretos e colado ao corpo, coloco


minhas meias ¾ e hoje, uso cintas-ligas, nunca usei, mas combina com a
ocasião. Estou sexy e provocativa. Por fim, escolho uma bota de cano

longo e um casaco que irá me deixar quente até o restaurante.

Dylan me avisa quando está saindo e me avisa assim que está na

rua de baixo, é lá que irei encontrá-lo e que ele irá deixar seu carro.

Essa coisa de proibido me excita, não nego.

Saio do meu quarto e chego na garagem sem cruzar com ninguém

o que levando em consideração a movimentação dessa casa é um

milagre.

Dirijo até onde combinamos de nos encontrar e paro logo atrás do

seu carro, então ele corre do seu carro até o meu, abre a porta e se senta

ao meu lado. Seus olhos estão brilhando e ele está sorrindo.

— Eu não sei se estou constrangido com a situação, ou excitado.

— Eu me sinto da mesma forma.


Ele ainda está rindo quando se inclina em minha direção,

aproxima seus lábios dos meus e sobe suas mãos até ter seus dedos ao
redor dos fios do meu cabelo.

— Foi uma tentação me manter longe de você. — Minha

respiração falha e mantenho meus olhos presos nos seus até que se torne

insuportável os manter abertos. — Eu quis fazer isso o dia todo.

Sua boca cobre a minha e Dylan me reivindica. Um único beijo e

ele deixa minhas pernas bambas, meu corpo todo em alerta e minha

calcinha molhada.

Ele faz com que cada célula do meu corpo se aqueça. E Dylan se

afasta rápido demais, um gemido de protesto deixa minha boca, abro

meus olhos e ele sorri.

— Vamos antes que decida pular o jantar.

Volta para o seu banco, coloca o cinto e me guia até o restaurante.

Dirijo por ruas que ficam à beira do rio que passa pela cidade. É um lugar

bonito, porém não tive tempo de explorar a localidade desde que cheguei

e não sei para onde estamos indo.

— Você está me levando aonde?

— Em um lugar especial.
Soa enigmático e apenas continua me guiando. Estaciono em um
restaurante chique, é um local de três andares, de pedras claras e se olhar

no ângulo certo parece um castelo.

Nós deixamos o carro e Dylan segura minha mão com a sua,


apoio meu rosto em seu braço e assim seguimos até a entrada. O lugar é à

beira do lago e está iluminado por pequenas lâmpadas do lado de fora. O

exterior é lindo.

— Pena que está muito frio para ficarmos aqui fora.

Concordo com ele e entramos no estabelecimento. Ele fez uma

reserva e a recepcionista nos leva até uma mesa ao lado da parede de

vidro que permite uma visão do rio. É uma visão privilegiada e muito
bonita.

Dylan me ajuda a tirar o casado e puxa a cadeira para que possa

me sentar.

— Obrigada, nobre cavalheiro.

Beija meu rosto.

— De nada, nobre dama.

Sento-me e ele se senta de frente para mim, um garçom se

aproxima e nos traz o cardápio, ele se afasta logo em seguida e enquanto


escolhemos o que iremos comer começamos a rir, porque parecemos
muito adultos. Ninguém diria que uma garota de dezoito anos estaria em

um restaurante desses e em um encontro.

Já que estamos bancando os adultos pedimos vinho e um prato


chique. Estar com Dylan é fácil, nosso jantar não é muito diferente do

normal, a única diferença é que estamos em um restaurante. Nós

conversamos sobre nossas famílias, sobre seus jogos, sobre a derrota na


sexta-feira e sobre o que queremos para o futuro. Dylan tem como plano

A o basquete, eu ainda estou tentando decidir qual é o meu plano A. Eu

conto que entrei para o time de cheerleaders e comemoramos com um

brinde.

No fim da noite, deixamos o restaurante abraçados.

— Eu quero te levar a um lugar posso?

Dylan pergunta enquanto caminhamos até o estacionamento.

— Claro.

Beija a lateral da minha cabeça e vamos até meu carro. Ele pede

minhas chaves, porque quer dirigir, eu cedo e então ele ocupa o banco

atrás do volante e eu ao seu lado.

Dylan conecta seu celular ao multimídia e uma música do Ed

Sheeran ecoa pelo carro, pego o aparelho, confiro a playlist e me dou

conta de que são só músicas românticas.


— Juraria que você está tentando tirar minha virgindade, mas ops
você já tirou ontem.

Sorrio maliciosa e Dylan olha para mim com um sorriso

debochado.

— Não estrague o momento, moranguinho.

Vamos em silêncio o restante do caminho, porém existe uma

tensão no ar, principalmente, porque em alguns momentos Dylan me toca

e aumenta a eletricidade em meu corpo.

Minha respiração está irregular e nem fizemos nada de mais.

Dylan me leva até um hotel. Um hotel tão chique quanto o

restaurante que me levou. Ele já fez o check-in, então saímos do carro,

seguimos até o elevador e Dylan aperta no andar do quarto. Por sorte,


estamos sozinhos e apoio minhas costas contra a parede metálica

enquanto ele para a minha frente.

— Eu amei seu vestido.

Está olhando em meus olhos e sua mão paira sobre minha coxa.

— Escolhi o modelo pensando em você.

Beija meu pescoço e um arrepio sobe pelo meu corpo.

— Você está linda. — Beija o topo do meu decote. — Minha


garota é linda.
A forma como suas palavras soam possessivas me excitam,

fazendo uma onda de prazer circular pelo meu corpo. Dylan ergue sua

cabeça e sua boca encontra a minha. Ele me beija com fome e o


correspondo na mesma forma.

Traz suas mãos até minha bunda e aperta. A cada segundo fico

mais excitada e quando o elevador para estou em chamas. Dylan se


afasta, toca meu rosto com carinho, em seguida entrelaça nossas mãos e

deixamos o lugar. Caminhamos de pressa pelo corredor e paramos em

frente à porta.

Dylan olha para trás antes de abrir a porta e sorri. Um sorriso


enigmático e seu olhar está repleto de expectativa. O que ele está

aprontando?

Ergo minhas sobrancelhas e ele volta a olhar em frente. Dylan


abre a porta e entramos, abro a boca em choque ao me deparar com velas

e pétalas de rosas vermelhas espalhadas pelo quarto.

— Acho que é assim que sua primeira vez deveria ter sido.

Vira-se para mim e meu olhar encontra o seu. Não sei o que dizer,
procuro por palavras e simplesmente, não as encontro.

— Obrigada.

Sussurro por fim e Dylan dá um passo em frente.


— Você não precisa agradecer.

As velas são nossa única iluminação, mas são o suficiente para

ver seus olhos e a forma como está me encarando. Como se fosse a única

pessoa do universo digna da sua atenção.

Dou passos em frente e torno o espaço entre nós mínimo, levo


minhas mãos até seu pescoço, mantenho meus olhos presos aos seus e

nossas respirações se misturam.

Dylan me beija e nos beijamos por minutos, por um tempo que


parece longo e mesmo assim é pouco. Ainda tenho seus lábios sobre os

meus quando tira meu casaco, porém interrompe o beijo para tirar meu

vestido.

Fico de costas, ele empurra o meu cabelo de lado e as mangas do


meu vestido para baixo. Beija meus ombros assim que os têm

descobertos. Suspiros deixam minha boca e ondas de excitação cruzam


pelo meu corpo, resultando em pontadas em minha boceta.

Dylan continua distribuindo beijos pelo meu pescoço e ombros


enquanto empurra meu vestido para baixo e assim que ele cai aos meus

pés se dá conta da lingerie que estou usando e uma série de palavrões


deixa sua boca.
— Caralho, moranguinho. — Morde meu ombro quando vê a
cinta-liga em minhas pernas. Ele apoia seu peito em minhas costas e

posso senti-lo duro contra minha bunda. — Você é uma tentação, meu
vício, mesmo quando tentei me afastar não consegui.

Beija meu pescoço, então chuto meu vestido para longe e me viro
ficando de frente para ele. Seus olhos estão escuros enquanto olha para o
meu corpo. Ele faz com que me sinta uma deusa.

Tiro seu casaco e seu suéter enquanto continuamos a nos olhar,


por fim, levo meus dedos até o zíper da sua calça. Seu pomo de adão

desce e sobe em seu pescoço e o aperto em minha cintura aumenta.


Sorrio me sentindo poderosa e enfio minha mão por dentro da sua cueca.

Toco-o e ele geme.

Afasto minhas mãos para tirar suas últimas peças de roupa e ele
dá um passo para trás. Tira duas camisinhas do seu bolso e ergo minhas

sobrancelhas.

— Melhor ser prevenido.

Sorri enquanto tira seus tênis e meias, eu faço o mesmo e fico

apenas de meia, então volto a me aproximar e empurro sua calça e cueca


para baixo, ele as empurra para longe e sua boca encontra a minha.
Temos pressa, porque estamos sedentos um pelo outro. Vamos até

a cama enquanto continuamos nos beijamos e me deito com as costas


sobre o colchão e com Dylan sobre mim.

Suas mãos passeiam pelo meu corpo e me arrancam suspiros,

gemidos e me fazem arder por ele. Toco seu peito, seus mamilos e me
impulsiono em sua direção.

Dylan está tão desesperado e descontrolado quanto eu. Rasga a


embalagem da camisinha e para apenas para olhar em meus olhos.

— Tem certeza?

— Absoluta. — Tomo a camisinha da sua mão e eu mesma a

coloco ao redor do seu pau. — Eu preciso de você dentro de mim.

Ele está olhando em meus olhos quando o levo até a minha


entrada. E geme assim que me preenche. Ainda é dolorido, mas depois de

algumas investidas a dor se transforma em prazer. Nossos gemidos


ecoam pelo quarto. Arranho suas costas, ele aperta meus seios e marca
minha pele com sua boca.

Dessa vez eu chego ao meu orgasmo primeiro que Dylan, ele me


segue logo em seguida. Nós não hesitamos e nos entregamos de corpo,

alma e coração.
Tessa

Nós acordamos com seu despertador ecoando pelo quarto, Dylan

o desliga e eu continuo de olhos fechados por alguns segundos. Mais


uma vez acordei nos braços de Dylan e a sensação é a mesma da primeira

vez, ele faz com que me sinta confortável, segura e feliz.

Quando enfim abro meus olhos encontro-o me encarando. Ele tem

um sorriso em seu rosto e ergo minhas sobrancelhas.

— Você fica linda dormindo.

Beija minha testa e meu peito aperta, porque é uma sensação tão

boa.
— Eu sou linda sempre.

Zombo e ele assente.

— Isso é verdade.

Nós nos encaramos por alguns segundos, os minutos se resumem

a nada e a tudo quando estamos juntos. Dylan quebra nossa conexão


quando se desvencilha de mim e se posiciona sobre meu corpo.

Suas mãos ao lado da minha cabeça sustentam seu corpo, a

expressão em seu rosto é divertida e aproxima sua boca da minha.

— Nós precisamos ir para casa. — Beija meus lábios

rapidamente. — Eu preciso trocar de roupa antes de ir para a aula e pegar


minha mochila.

Ele tenta se afastar, mas passo meus braços pelo seu pescoço e

forço a se aproximar de mim outra vez.

— Não podemos ficar aqui?

Seus olhos castanhos estão brilhando e me encara com uma

tranquilidade.

— Adoraria, mas eu tenho uma prova. — Faço uma careta, jogo

meus braços para trás e Dylan ri enquanto se levanta. — Não se preocupe

teremos outras oportunidades.


Pisca em minha direção e segue para o banheiro. Eu observo sua

bunda e assim que cruza a porta, deixo a cama e corro em sua direção.

Nós tomamos banho juntos e demoramos mais do que deveríamos,

quando deixamos o banheiro precisamos ser rápidos em nos vestirmos,

porque estamos atrasados.

É uma pena não termos tempo para sequer tomar o café do hotel,

café de hotéis são ótimos.

Eu dirijo e Dylan escolhe as músicas e cuida da temperatura do

carro. A interação entre nós dois é a melhor possível e quando estaciono

na rua em que deixou seu carro ontem, suspiro.

— Não queria que esse momento terminasse, porque estou me

sentindo como em um conto de fadas.

Viro-me para o lado e ele está rindo.

— Prometo sempre fazer você se sentir como uma princesa.

— Sempre é uma palavra muito forte, Dylan.

Solta seu cinto e se inclina em minha direção.

— Ok, vou fazer o possível para que você sempre sinta em um

conto de fadas, melhor?

Sorrio e aproximo meu rosto do seu.

— Obrigada pela noite, Dylan.


Paro com meus lábios a centímetros do seu.

— Você não tem pelo que agradecer, moranguinho.

Pisca em minha direção, beija meus lábios e mais rápido que

gostaria Dylan se afasta. Acaricia a lateral do meu rosto e sorri


debochado.

— Tente não ficar com saudade.

Beija meus lábios mais uma vez rapidamente e deixa o meu carro,
segue até o seu e acena em minha direção. Como eu tenho que chegar
antes que ele em casa, dirijo para longe e sou uma boba, porque de certa

forma já sinto sua falta.

Estaciono do lado de fora da garagem e antes de entrar fecho o

casaco para que se cruzar com Josh, ele não perceba que estou de vestido.
Dylan e eu não conversamos sobre falar com meu irmão e não estou

pronta para ter essa conversa, nem com Dylan e nem com meu irmão.

Não há ninguém na sala, mas escuto vozes vindas da cozinha,


antes que um deles decida ver quem chegou corro em direção às escadas

e só paro quando fecho a porta do meu quarto.

Pareço uma criança se escondendo dos pais e minha gargalhada

ecoa pelo cômodo. Ainda estou rindo enquanto troco de roupa, não
demoro porque estou atrasada, então pego a minha mochila e assim que
estou pronta deixo o quarto. Dylan está subindo as escadas, caminhamos
em direções opostas e quando ele passa por mim, toca minha cintura e

me puxa em sua direção. Trocamos um olhar repleto de significado e sua


boca encontra a minha.

É um beijo de tirar o fôlego e só nos afastamos quando escutamos


alguém subindo as escadas. Ele me encara divertido, reviro meus olhos,

então Dylan beija meus lábios uma última vez e corre para seu quarto.
Ele acabou de fechar a sua porta quando Abby pisa no corredor. Acho
que ela ouviu o barulho, porque faz uma careta.

— Aposto que estavam se beijando. — Abro a boca para negar,


mas ela é mais rápida. — Você sabe que só um idiota não perceberia que
vocês chegaram de manhã quase no mesmo horário e tem marcas em seu

pescoço.

Levo minha mão até meu pescoço.

— Ah... meu Deus, onde?

Ela ri e aponta para meu lado esquerdo.

— Sua sorte é que seu irmão continua dormindo. — Suspiro


aliviada e Abby segue rindo. — Corre para cobrir seu pescoço.

Eu assinto, viro-me e corro para meu quarto. Vou até meu


banheiro, paro em frente ao espelho e realmente meu pescoço está
marcado. Droga!

Cubro minha pele com maquiagem e só então volto a deixar meu

quarto. Eu vou até a cozinha, encontro apenas Ethan, ele me olha


desconfiado, mas não fala nada. Pego uma maça para comer no caminho

e rapidamente saio de casa antes que encontre com mais alguém.

...

Minha manhã passa devagar e na maior parte do tempo estou


pensando na noite passada. Estou sonhando acordada como Maggie me

diz em certo momento. Minha amiga me provoca durante nossas aulas e


na hora do almoço é a minha vez de provocá-la, porque ela fez
companhia para Gage no sábado, nós tínhamos combinado de irmos até o

pub em que Maggie trabalha, como não fui, ela fez companhia para ele e
eles parecem ter se dado bem.

É na hora do almoço que recebo uma mensagem em meu e-mail


do time de cheersleaders, haverá uma reunião no início da tarde. Por um
segundo, pergunto-me como elas têm meu e-mail, porém rapidamente

lembro que respondi um formulário na inscrição.


Logo após almoçar sigo para o local da reunião. Uma sala no

prédio de Educação Física e o apelido do lugar é QG [6]das cheerleaders.


Meio brega, mas né cheerleaders são bregas, melhor começar a me
adaptar ao estilo delas.

Sou recebida por Kim e uma outra garota, a mesma do dia da


inscrição, elas estão na porta recepcionando as novatas e entregando uma

caneta e um bloquinho personalizados.

— Bem-vinda.

As duas falam ao mesmo tempo e sorriem. Não é um sorriso

totalmente verdadeiro, mas é gentil.

— Obrigada.

Pego os mimos e entro na sala. É uma sala de tamanho razoável,


tem um quadro, um sofá, uma geladeira, um micro-ondas, uma mesa e

várias cadeiras ao seu redor, algumas delas já ocupadas por garotas que

lembro de ter visto na audição, ocupo uma das disponíveis e espero pelo
início da reunião.

Algumas outras meninas chegam e ficam em pé, elas são as

líderes de torcida mais antigas. Depois que uma novata recebe seu kit e

entra, Kim e sua amiga também entram na sala e a porta é fechada.


Kim se apresenta, seguida das outras meninas, então é a vez das

novatas. Após todas as apresentações, Kim assume o lugar como líder,


liga um projetor e alguém desliga as luzes. Ela nos diz as regras, fala que

somos como uma família, mostra o cronograma e planejamento, além das

ações para a arrecadação de fundos.

Elas são organizadas e bem diferentes do que imaginei que


seriam. Por fim, as luzes são ligadas e somos convidadas a ficar para um

momento de interação, há cookies e sucos. Eu fico e é legal, as meninas

são mais amigáveis do que acreditei que seriam.

Estava enganada e presa em meus próprios pré-conceitos.

Kim e eu nos mantemos distantes. Não somos ríspidas uma com a

outra, porém não procuramos interagir.

No meio da tarde, deixo o lugar com uma satisfação ecoando em


meu peito, eu me senti parte de algo e é um bom sentimento.

Dirijo para minha última aula do dia e em seguida para casa. Ao

chegar não encontro ninguém e pelo silêncio realmente estou sozinha.

Sei que Dylan e Josh estão treinando, possivelmente Ethan também.

Largo minha mochila ao lado da porta, tiro meu casaco e vou até

a cozinha, preparo algo para comer e volto para a sala. Sento-me no sofá
e procuro algo para assistir, deixo em um programa sobre construção de
casas.

Meu irmão é o primeiro a chegar, senta-se ao meu lado e rouba

das minhas pipocas. Ele me pergunta como foi minha noite ontem e
minto. Odeio estar mentindo para ele, mas no momento é necessário.

Mudo de assunto e pergunto sobre como estão seus treinos, não

entendo nada de beisebol, mas abandono o programa que estava

assistindo e o escuto falar sobre a temporada. Ele ama o esporte e só


muda de assunto para me falar de Gavin, seu melhor amigo que

finalmente conseguirá a transferência da sua universidade comunitária

para a universidade do Alabama. Josh está animado e ansioso para o


próximo semestre ao lado do amigo de infância.

Dylan chega na metade da noite e Josh e eu ainda estamos na

sala, ele fala com nós dois e me trata como na semana passada, apenas

como a irmã do seu melhor amigo e me sinto estranha. Ele sobe para seu
quarto e continuo sentada ao lado do meu irmão, mesmo que minha

vontade seja ir até Dylan.

Que porra de dependência é essa?

Josh e eu vamos para a cozinha, porque é seu dia de fazer o jantar


e eu o ajudo. Estamos cozinhando quando Ethan chega e ele vem direto
até nós dois, os dois amigos conversam e eu estou distraída, a todo tempo

olho na direção da porta e espero que Dylan passe por ela.

Será que ele não irá descer para jantar? Devo ir chamá-lo?

Ele finalmente entra na cozinha e trocamos um olhar. Ele me

encara de uma forma que faz com que um arrepio percorra pelo meu

corpo e me faça querer pular em seu pescoço. Infelizmente, não posso


fazer isso.

É péssimo estar com ele tão perto e ao mesmo tempo tão distante.

Sobrevivemos ao jantar e quando subo para meu quarto tiro

minha roupa e coloco apenas um roupão, então escovo meus dentes,


prendo meu cabelo em um coque e fico caminhando de um lado para o

outro.

Assim que não escuto nenhum barulho, vou até a porta e espio o

corredor. Tudo está escuro e não vejo ninguém, então corro até o quarto
de Dylan. Para minha sorte a porta está aberta, giro a maçaneta e o

encontro deitado na cama, com o celular sobre o rosto e apenas de calça.

Amo o fato dele estar com o abdômen de fora.

Ele olha em minha direção e me encara surpreso.

— O que você está fazendo aqui?

Fecho a porta e paro a sua frente.


— Você quer que eu vá embora?

Senta-se em sua cama, larga o celular ao seu lado e seus olhos

brilham enquanto desamarro a faixa do meu roupão e fico nua.

— Não, quero que você venha até mim.

Jogo o roupão no chão e caminho na sua direção. Amo a forma


como ele me olha, como demonstra gostar do que está vendo.

Eu vou até Dylan, ele traz suas mãos até minha cintura, beija

minha barriga o que resulta em um formigamento pelo meu corpo, como


se fossem pequenas cargas de energia.

Suspiro e ele desce suas mãos até minha bunda. Estou cada vez

mais excitada e a intensidade aumenta quando passa seu dedo pela minha

boceta.

— Acho que está no momento de provar o seu gosto outra vez.

Olho para baixo e ele apoia o queixo em minha barriga enquanto

seu dedo aperta o meu clitóris.

— Tenho uma ideia melhor.

Minhas palavras falham, mas Dylan as entende.

— Qual é a sua ideia, moranguinho?

Encaro-o com malícia e faço um sinal para a cama.

— Você pode me chupar enquanto eu o tenho em minha boca.


Ele compreende o que estou querendo dizer e seus olhos ganham

uma escuridão repleta de luxúria.

— Você tem as melhores ideias, moranguinho.

Sorrio e dou um passo para trás para que ele possa tirar suas

calças, assim ele faz e se deita completamente na cama enquanto percorre

seu pau com sua mão. A cena é excitante e mal posso esperar para o ter
em minha boca.

Aproximo-me e meus joelhos tocam o colchão, apoio minhas

mãos ao lado do seu rosto e me curvo sobre.

— Se eu não estivesse tão a fim de tê-lo em minha boca, iria me


sentar em seu pau.

Ele aperta minha bunda e um sorriso malicioso surge em seus

lábios.

— Em outro momento.

— Em outro momento.

Repito suas palavras e me viro ficando com minha boceta sobre

seu rosto. Apenas de sentir sua respiração contra minhas coxas minha

excitação aumenta. Encaro seu pau grosso e à minha disposição. Apenas


meu.
Dylan me toca com sua língua e todo o meu corpo tensiona.
Caralho, isso é tão bom.

Abaixo minha boca até seu pau e primeiro o contorno com minha

língua, sentindo seu gosto e a textura do músculo. Posso ter visto outros

paus, mas o dele com certeza é o mais bonito.

Ele continua explorando minha boceta e enfim caio de boca em

seu pau. Nossos sons ecoam pelo quarto e o prazer se intensifica a cada

chupada e mordida em meu clitóris. E quando Dylan acerta um tapa na


lateral da minha coxa me perco em um orgasmo.

Por alguns segundos, afasto minha boca do seu pau e deixo que as

explosões aconteçam em meu interior, assim que elas diminuem de

intensidade volto a cobri-lo com minha boca, levo-o até minha garganta e
ele não demora a gozar.

Talvez, eu nunca mais queira sair do seu quarto.


Dylan

Entro em meu quarto, ligo a luz e envio uma mensagem para

Tessa avisando que Ethan e Josh já estão em seus devidos quartos, deixo
o celular sobre a cômoda e tiro meu tênis, suéter, e blusa térmica.

Sento-me na beirada da cama com os cotovelos apoiados em


minhas pernas, de frente para a porta e espero por ela. Faz uma semana

que depois que todos vão dormir Tessa invade meu quarto, ela vem
usando apenas seu roupão e nos perdemos um no outro. Ela só volta para

seu quarto de manhã.


Eu quero falar com Josh, mas Tessa sempre muda de assunto

quando falo sobre. Sei que ela tem medo da reação do irmão, porém

precisamos contar, não suporto mais não poder tocar nela quando Josh
está no mesmo ambiente, ignorá-la é insuportável.

Meu único momento de paz foi no fim de semana quando ele foi


ficar com Dakota e Ethan e Abby estavam em uma festa. Ficamos

sozinhos e pude a tocar à vontade, sem hesitar e aproveitamos, inclusive,

sexo na sala tem sua qualidade.

Ethan já se tocou e o idiota contou para Aiden, os dois estão me


pressionando a falar com Josh antes que ele descubra de outro jeito e seja

ainda pior.

Só de pensar na reação do meu amigo minha cabeça dói. Espero

que ele pelo menos me escute antes de querer socar meu rosto.

A porta é aberta e empurro meus pensamentos para o fundo da

minha mente. Ergo meus olhos e me deparo com Tessa. Ela está usando
seu habitual roupão e seu cabelo rosa está solto.

Seu rosto está sem maquiagem nenhuma, o que indica que ela já

deve ter feito sua rotina noturna de skincare, na noite passada ela trouxe
os produtos para meu quarto e limpou o rosto depois que tomamos um

banho, ela inclusive fez com que eu usasse uma máscara verde e
gosmenta, horrível e ainda tinha um cheiro desagradável, mas se ela me

pedisse faria de novo, o que eu não faria por ela?

— Você está linda.

Sorri e balança sua cabeça.

— Eu estou usando meu roupão velho e sem nenhuma

maquiagem, só meu cabelo que está decente.

Dou de ombros.

— Você sempre está linda.

Ela caminha até mim e me sento corretamente. Tessa entende o

que eu quero e se senta sobre minhas pernas com os joelhos sobre a


cama.

— Você sabe sempre o que falar.

Abraço sua cintura e beijo a lateral do seu pescoço.

— Isso não é verdade. — Beijo sua pele novamente. — Você

sempre está linda.

Endireito minha postura, encaro-a e Tessa sorri.

— Vou fingir que acredito.

— Pois acredite.
Ela apoia os braços em meus ombros, acaricia minha nuca e

enrola alguns fios do meu cabelo em seus dedos.

— O rosa saiu.

Faz um beicinho tristonho com seus lábios e me contenho para


não a morder.

— Se você for uma boa menina, quem sabe possa pintar meu
cabelo outra vez.

— E como posso ser uma boa menina?

Pergunta maliciosa e balanço minha cabeça.

— Não estou sendo malicioso. — Confesso e ela ri. — Na


verdade nem pensei em algo.

Beijo seus lábios rapidamente e quando me afasto mudo de


assunto.

— Como foi seu dia?

Ela sobe uma das suas mãos pela minha cabeça e suspira.

— Um pouco cansativo, hoje teve o primeiro treino de fato das


cheerleaders e é exaustivo, além de que não estava acostumada a fazer

tanto exercício.

— Sedentária. — Zombo e ela dá um tapa em meu ombro. —

Não me bata, apenas estou sendo sincero.


— Em breve serei uma ex-sedentária e não irá poder zombar de
mim.

— Ótimo, você pode fazer academia comigo, usar a academia


daqui de casa.

Posso imaginá-la vestindo roupas apertadas e nós dois

interrompendo os exercícios para fazer outras coisinhas.

— Por que estou sentindo malícia nessa sua proposta?

— Confesso que dessa vez estou sendo malicioso.

Tessa impulsiona seu corpo para mais perto do meu, o que faz
com que seu roupão abra ainda mais. Mantenho meu olhar em seu rosto,

sei que ela está nua embaixo do roupão, mas não é apenas sobre sexo, o
que compartilhamos é muito mais forte e poderoso.

— Vou pensar no seu caso e seu dia como foi?

Suspiro e faço uma careta ao pensar sobre.

— Péssimo, nosso treino está cada dia pior, estamos todos tensos

para o jogo na sexta e nossos ânimos não são dos melhores, além de que
estamos exaustos por causa dos treinos diários.

— Vocês irão ganhar esse jogo, estou sentindo, e aquele time que
precisa perder irá perder e vocês se classificarão para os playoffs.
— Precisamos vencer o time da Flórida, e Tennessee precisa
perder o seu jogo.

Conto qual é o time pela enésima vez, eu acho. Tessa sempre


esquece.

— Esse aí mesmo.

Sorrio e me inclino até minha boca estar a centímetros da sua

pele.

— Talvez. — Beijo seu pescoço. — Talvez você seja meu

amuleto da sorte.

— Você precisa relaxar e sabe o que é bom para relaxar?

Aperta meus ombros e volto a encará-la. Seus olhos estão

brilhando e há um sorriso animado em seus lábios.

— O quê?

— Massagem.

Empurra-me e me deito na cama, Tessa fica em pé e faz um sinal


com sua mão para que me posicione um pouco mais para cima do
colchão e assim eu faço. Ela sorri satisfeita e continua me dando ordens.

— Fique só de cueca e se vire de costas.

Ainda deitado tiro minha calça e a jogo no chão, então viro-me e

apoio minha barriga contra o colchão.


— Eu amo esse seu jeito mandão.

Na verdade, eu amo muitas coisas em Tessa. Como estou de lado


não consigo olhar para ela e apenas escuto o som da sua respiração,
surpreendo-me quando algo parece cair sobre o chão. Apoio-me em meu

cotovelo, olho para trás e Tessa está nua.

— Você irá me fazer massagem nua?

Dá de ombros como se fosse a coisa mais natural do mundo.

— Sim.

— Caralho, Tessa, você será minha morte.

Ela sorri maliciosa.

— Vire-se, querido.

Com minha respiração já totalmente irregular faço o que ela pede.


O colchão afunda quando Tessa se aproxima e segundos depois a tenho

sentada sobre minhas costas. Sua boceta está contra minha pele. Porra!

Ela espalma suas mãos em minhas costas e a sobe até meus

ombros. Ela o aperta e caralho, realmente estou tenso. Fecho meus olhos
e deixo que meu corpo relaxe.

Tudo está indo bem até que Tessa se curva e seus seios encostam

em minhas costas. Sinto-os contra minha pele e enquanto Tessa me


massageia, ela os pressiona e massageia a si própria.
Meu corpo volta a ficar tenso, mas dessa vez por outro motivo.

Ela continua, um gemido escapa dos seus lábios e resulta em uma


pontada em meu pau. Além de roçar seus seios em minhas costas,

pressiona sua boceta contra minha bunda como se estivesse à procura de

libertação.

— Tessa.

Digo seu nome entre dentes e ela entende o que digo, porque

ergue seus joelhos e me liberta, pelo menos o suficiente para que me vire

de frente. Seus seios estão inchados e implorando por minha atenção.


Não hesito e levo minha mão até seu mamilo, torço o bico com meus

dedos e ergo meus olhos até seu rosto. Ela está corada e seus olhos

escuros de desejo.

— Você é uma diabinha. — Fecha seus olhos e geme quando


aperto com força o bico dos seus seios. — Traga-os até minha boca.

Ela se inclina em minha direção e minha boca cobre seu peito

enquanto continuo brincando com o outro com meus dedos. Chupo-o,

mordo-o e Tessa rebola contra mim. Deixando-me cada vez mais duro e
sedento por ela. Levo minha mão até o meio das suas pernas e ela está

encharcada. Afasto minha boca da sua pele e dou um tapa na lateral da

sua perna.
— Camisinha.

Curvo-me para pegar na mesa de cabeceira enquanto Tessa tira

minha cueca. Eu abro a embalagem, mas entrego para ela e ela coloca ao

redor do meu pau.

Nós temos urgência, então segura meu pau e se senta sobre ele.

Nós dois gememos quando a preencho completamente. Tessa espalma as

mãos em meu peito, seguro sua cintura e ela quica em meu pau. Ela dita

nosso ritmo e nos leva ao delírio.

Seus seios pulam na minha frente, aperto um deles e sua boceta

aperto meu pau.

— Dylan, eu estou quase lá.

Levo minha mão até seu clitóris, pressiono-o e ela comprime os


lábios para não gritar enquanto goza. Assisto a expressão em seu rosto e

ela me aperta ainda mais.

— Caralho, moranguinho.

Não consigo mais me controlar, fecho meus olhos e gozo. Tessa

se deita sobre meu peito e acaricio suas costas. Não sei quanto tempo

ficamos assim e ela só se afasta para eu tirar a camisinha e volta a se

deitar ao meu lado, abraço-a e beijo o trevo de quatro folhas que tem
tatuado em sua nuca.
— Amanhã, você irá assistir meu treino?

— Eu estarei lá.

Beijo-a outra vez e fecho meus olhos. Talvez, ela seja meu trevo

de quatro folhas.

...

Tessa se atrasa e não consigo a esperar na entrada da arena como

da outra vez, então quando saio do vestiário e a encontro subindo até a

arquibancada, alívio preenche meu peito. Ela é tudo que preciso hoje para
me manter calmo e não brigar com meus colegas de time.

Mesmo com a tensão do treino nada me abala, sempre que estou

prestes a surtar olho na sua direção e me acalmo. Na simulação de jogo

faço uma cesta incrível de três pontos, então olho para ela e faço um
coração com minhas mãos, ela ri e me joga um beijo.

Ao fim do treino, todos estão me provocando por causa de Tessa e

estamos mais leves, e tudo é culpa de Tessa, ela mudou todo nosso
ambiente. Assim que meus colegas entram no vestiário, faço um sinal

com as mãos e a chamo para a quadra.


Ela vem até mim e a encontro no meio da quadra, meu olhar
encontra o seu e minha mão sua cintura.

— Ótimo treino, capitão.

Ela repete o que meus parceiros falaram, mas da sua boca é muito
mais emocionante.

— Obrigado. — Aproximo minha boca da sua. — E tudo o

porquê você está aqui, você é meu amuleto da sorte.

Minha boca cobre a sua e a beijo como deveria ter feito naquele
dia. Nada mais importa quando estou com ela e o tempo se torna

irrelevante.

Quando nos afastamos pegamos uma bola e Tessa tenta aprender

a jogar, ela é muito ruim, ela inclusive cai quando tenta roubar a bola de
mim, nós dois começamos a rir e ela se deita na quadra de barriga para

cima, eu me deito ao seu lado e tentamos recuperar nosso fôlego.

Não falamos nada, porque não é preciso, é perfeito assim.

Por fim, inclino-me na sua direção, beijo seus lábios e a ajudo a


ficar em pé. Nós seguimos para saída e infelizmente, estamos em carros

separados.

Levo Tessa até o seu carro, beijo-a, abro a sua porta e a fecho
quando está sentada atrás da direção. Afasto-me e espero Tessa dirigir
para longe do estacionamento para ir até o meu carro.

Dirijo depressa para a encontrar logo mesmo sabendo que

provavelmente não poderemos ficar juntos, porque Josh deverá estar


presente. Realmente, precisamos acabar com essa situação.

Estaciono ao lado do carro de Tessa na garagem e sigo para

dentro, encontro-a na cozinha e sozinha.

— E Josh?

Ela está apoiada no armário ao lado da pia enquanto come

algumas das suas balinhas preferidas.

— Ainda não chegou.

Vou até ela e paro em sua frente, roubo algumas das suas balinhas

e um beijo, ela ri e me empurra.

— Josh irá chegar a qualquer momento.

Faço uma careta e dou um passo para trás.

— Quando vamos contar para seu irmão?

Tessa demora a me responder e fico preocupado.

— Podemos esperar um pouco?

— Por quê?

Não suporto mais continuar nos escondendo de Josh.


— Ele é um dos seus melhores amigos e meu irmão, vamos
esperar ter certeza do que está acontecendo entre nós para falar sobre

com ele.

Suas palavras me machucam. Como assim ter certeza? Ela não

tem certeza?

— Você acha que estou brincando com você?

— Não, mas imagina nós falarmos com meu irmão e no dia

seguinte, descobrimos que tudo não passava de atração física. — Tessa


está em dúvida sobre o que sente por mim? — Ele vai querer te matar,

então tenha certeza sobre o que está acontecendo entre nós.

— Atração física, sério?

Porra, ela só sente atração física por mim? Eu sinto tudo por ela
e ela sente atração física?

— Até semana passada você estava apaixonado por Kim, aliás,


até onde eu sei você ainda está apaixonado por ela.

As suas palavras ecoam em minha mente e não fazem nenhum

sentido. O que Kim tem a ver com nossa conversa?

— Não estou com Kim nesse momento, não é?

— Não, você gostaria de estar com ela? — De onde isso surgiu?

Encaro Tessa perdido. — Sou tipo a segunda opção?


— O quê?

— Não quero ser segunda opção de ninguém.

— Nós estamos transando há uma semana e você acha que eu

estou apaixonado por outra pessoa?

Tessa me encara furiosa e nem entendo seu olhar. Ela abre a sua
boca para me responder, porém não é a sua voz que escuto.

— Você está transando com a minha irmã?

A voz de Josh ecoa pela cozinha. Viro-me e o encontro na porta

olhando na minha direção como se estivesse olhando para seu maior


inimigo.
Tessa

Eu estou em meio a uma discussão com Dylan e Josh acabou de

ouvir nossa conversa. Fecho meus olhos e rezo para estar em um


pesadelo.

— Não é bem assim.

Dylan tenta se defender. Droga, não é um pesadelo. Volto a abrir

meus olhos e meu irmão está caminhando em nossa direção com um

olhar mortal.

— Então me explique por que ouvi você dizendo que está

transando há uma semana com Tessa.


Sua mão está fechada em um punho. Antes que ele se aproxime

ainda mais vou até ele e paro a sua frente impedindo que continue

andando.

— Josh, se acalme

— Não peça para que eu me acalme. — Seu rosto está vermelho e

ele está bufando. — Se afaste, Tessa, que minha conversa é com aquele
covarde.

Faz um gesto com queixo na direção de Dylan.

— Dê um passo para trás e eu me afasto.

Ele não faz o que eu peço e para minha sorte Ethan entra nesse
momento na cozinha, ele rapidamente vem em nossa direção e toca o

ombro do amigo.

— Se acalme, Josh.

— Que porra de me acalmar, Ethan, Dylan traiu minha confiança.

Tenta dar um passo em frente, mas o impeço.

— Josh, por favor, eu sou uma adulta.

— Cara, eu não queria trair a confiança de ninguém, apenas

aconteceu.

Dylan continua tentando se justificar e pela expressão de Josh não

foi um bom argumento. Aliás, foi péssimo. Aconteceu? Fala sério. Até
mesmo Ethan olha para Dylan e faz uma careta.

— Dylan, eu não esperava isso de você. — Josh suspira e dá um


passo para trás. — No quarto ao meu lado?

Olha para mim e não o respondo, então olha para Dylan que

também segue em silêncio.

— Eu achei que poderia confiar em você.

Acho que preferiria ele com raiva do que magoado. Josh volta a

me encarar e não gosto do seu olhar decepcionado.

— Sinto muito.

Sussurro e ele suspira.

— Vocês pelo menos iriam em algum momento me contar que

estão transando?

A última palavra é dita com desdém.

— Íamos, só precisávamos ter certeza do que estava acontecendo

entre nós.

Escuto Dylan bufar.

— Tessa precisava de certeza.

Josh ergue suas sobrancelhas e apenas balanço a cabeça, não vou

conversar sobre isso na frente do meu irmão e de Ethan, o pobre do


quarterback continua como um telespectador do nosso drama.
Josh sorri sem graça e ele me encara como se tivesse perdido um

jogo, ele parece derrotado.

— Espero que ele não te machuque, não o perdoaria se te


machucasse.

Assinto.

— Eu sei.

Aproximo-me do meu irmão e o abraço.

— Não foi de propósito e nem queríamos te atingir, espero que

você possa nos perdoar.

Josh demora alguns segundos, mas por fim me abraça de volta e


beija o topo da minha cabeça, isso é o suficiente para saber que ele irá

nos perdoar.

— Espero que isso signifique que você não está mais apaixonado

por Kim.

Droga, por que Josh tinha que tocar nesse assunto? Ponho fim

em nosso abraço e dou um passo para trás.

— Esse é um assunto particular.

Escuto a risada de Dylan, uma risada totalmente irônica e Josh


volta a caminhar em sua direção.

— Você está com a minha irmã e apaixonado por outra?


Viro-me segurando o ombro de Josh e encaro Dylan, ele está
olhando em minha direção e está magoado. Ele nem pode me culpar, até

alguns dias atrás eu estava ajudando-o a conquistar outra garota, como


ele a esqueceu tão rápido?

— Não, sua irmã que não consegue acreditar em mim.

— Eu só preciso ter certeza.

— Você pelo menos está apaixonado por ela?

Balanço minha cabeça.

— Não fale que está apaixonado por mim apenas, porque meu
irmão está te pressionando.

Dylan passa a mão pelo seu cabelo, é nítido que ele está frustrado.

— Tessa, o que você quer de mim?

Dou de ombros.

— Só quero ter certeza.

Ele assente e dá um passo em minha direção, ignora meu irmão a

sua frente e beija a lateral do meu rosto. Um breve contato e meu corpo e
meu coração se aquecem, não de uma maneira maliciosa, é mais que isso.

— Ok.

Ele se afasta da cozinha e deixa o cômodo. Olho na direção que

ele acabou de passar sem entender, o que ele irá fazer?


— O drama acabou? — Ethan pergunta. — Eu estava prestes a
pegar uma pipoca.

Nem eu e nem Josh o respondemos.

— Você está bem?

Olho para Josh e assinto.

— Eu só não esperava que o dia acabasse assim.

Há um aperto em meu coração e um medo. Um medo de perder


Dylan. Os momentos que compartilhamos ecoam em minha mente, como

uma despedida. Porra! Isso não é uma despedida, não preciso ser tão
dramática.

— Eu vou deixar vocês sozinhos.

Ethan se retira e ficamos apenas meu irmão e eu. Josh se senta em


um dos bancos de frente para o balcão e eu me sento ao seu lado. O

silêncio entre nós é ensurdecedor.

— Dylan queria contar, mas queria ter certeza de que ele não

continua apaixonado por Kim.

Interrompo o silêncio e Josh demora alguns segundos para falar

algo.

— Não estava esperando por isso, meu melhor amigo e minha

irmãzinha.
Ele ainda parece incrédulo.

— Não esperava que isso acontecesse, eu estava o ajudando com


Kim e de repente, meu coração estava batendo diferente quando ele
estava por perto. — Sorrio sem graça. — E te consola, Dylan até tentou

se manter distante.

— Você está apaixonada, não é?

Sinto Josh me encarando, porém sigo olhando em frente.

— Muito apaixonada, tão apaixonada que estou morrendo de


medo dele não sentir o mesmo.

Confesso.

— Ele estava olhando para você como se estivesse apaixonado foi


por isso que não o matei.

Essa é a sua forma de explicar sua reação pacífica. Viro-me e

encontro o olhar do meu irmão.

— Ele gosta de mim, eu sinto isso nas suas ações, nos seus gestos
e na maneira como ele me toca, mas não quero ser a segunda opção de

ninguém. — Dou de ombros. — Talvez, ele nem esteja mais apaixonado

por Kim, nem sei se ele realmente sentiu algo por ela, mas ele tem que se

dar conta disso.


Meu irmão passa seu braço pelo meu ombro e apoio minha

cabeça em seu corpo.

— Acho que ele já percebeu, fofinha.

Suspiro.

— Odeio soar dramática.

Ele ri e beija o topo da minha cabeça.

— Estar apaixonado deixa a gente um pouco mais dramático que


o normal.

Nós dois rimos e ficamos em silêncio. Escutamos barulho de

carro e reconheço como sendo o de Dylan, ele saiu. Aonde diabos ele
foi?

Josh e eu preparamos o jantar, Ethan se junta a nós dois, os

amigos conversam e eu sigo distraída. Dylan não retorna para casa e


jantamos sem ele.

Subo para meu quarto após jantar e caminho de um lado para o

outro na tentativa de aliviar a pressão em meu peito.

...

Dylan
Apesar de odiar as dúvidas de Tessa, sei que ela tem suas razões.

Nunca disse o que estava sentindo e sendo sincero comigo mesmo, não

tinha pensado sobre meus sentimentos até ouvir os seus questionamentos


e ficar magoado com as suas dúvidas.

Como ela tem dúvidas quando eu tenho tanta certeza?

Precisei de segundos para me dar conta de que não estou

apaixonado por Kim, nunca estive e tudo que precisei foi comparar com
o que sinto por Tessa. Nunca foi assim, sempre foi uma necessidade de

gostar de alguém, de proteger, misturado com a anseio por salvá-la.

Eu preciso provar para Tessa que ela é a única. Sempre foi ela.

Saio da cozinha decidido a fazer isso. Enquanto subo os degraus da


escada, envio uma mensagem para Kim, antes de qualquer coisa alguns

ciclos devem ser encerrados.

Entro em meu quarto e me sento na beirada do colchão, encaro o


aparelho e torço para que Kim não demore a me responder. Para minha

sorte recebo uma nova mensagem e é ela.

“Hey, estou livre, por quê?”

Digito uma resposta imediatamente.

“Podemos nos encontrar?”


Ela diz que sim e marco de encontrar com Kim em um pub perto

do campus. Assim que ela confirma o horário, guardo o celular em meu


bolso e me levanto, troco de casaco, porque está frio, pego a chave do

carro e saio do quarto.

Dirijo até o lugar enquanto penso no que irei dizer para Kim, nós

nunca tivemos nada, ela não me deve satisfação e eu não devo nada a ela,
mas é importante nós conversarmos, não por mim e não por ela, mas por

Tessa. Ela não é a minha segunda opção.

Estaciono no estacionamento do pub e sigo até a entrada. Apesar


de ser uma quarta-feira o lugar está lotado. Procuro por Kim e a encontro

sentada em um banco de frente para o bar, eu vou até ela e me sento ao

seu lado.

— Hey, Kim.

Ela olha em minha direção e não sinto nada, nem um arrepio, nem

um batimento cardíaco diferente. Ela é uma garota bonita, alguém que eu

sinto um sentimento de empatia e até de amizade, porém é apenas isso.

— Hey, Dylan.

Sorri e sorrio de volta.

— Como você está?

— Bem e você?
Kim faz a mesma pergunta que fiz a ela e posso ver a curiosidade
estampada em seu rosto, ela quer saber o porquê a chamei para estar aqui.

— Também. — Bebe um pouco do seu drinque e respondo à

pergunta implícita em seu rosto, ou parte dela. — Desculpe chamar você,

mas precisava conversar com você.

Ela assente, deixa o copo sobre o balcão e espera que eu

desenvolva ainda mais a minha resposta.

— Eu achava que estava apaixonado por você.

Confesso de uma vez, Kim não parece surpresa.

— E não estava, não é?

Assinto e ela ri.

— É eu sei e eu não estou apaixonada por você, até tentei, porque


você é incrível, mas você é bonzinho demais.

— Isso é um elogio, ou um insulto?

Nós dois estamos rindo e é muito melhor estar com Kim sem

acreditar estar apaixonado por ela.

— Depende, você quer ser um garoto mal? — Faço uma careta e

ela segue rindo. — Então, é um elogio.

— Obrigado pelo elogio.

— Você é incrível e espero que Tessa saiba disso.


Franzo minha testa sem entender.

— Como você sabe sobre Tessa?

Encara-me com arrogância.

— Fiquei sabendo que ela estava em seu treino outra vez, rolou

até gesto de coraçãozinho.

Zomba.

— Você sempre tem espiões por aí?

— Quase sempre.

Dá de ombros.

— Eu estou apaixonado por ela, mas Tessa acredita que ainda

estou apaixonado por você. — Olho em frente e faço sinal para que um
dos atendentes me traga uma cerveja. — Ela tem medo de ser a segunda

opção.

— E você está aqui para provar a si mesmo que não está

apaixonado por mim.

Balanço a cabeça negando.

— Estou aqui dizendo que não estou apaixonado por você por

Tessa, para que ela saiba que posso olhar para você e dizer que sempre
estive enganado. — O barman me entrega a cerveja, afasta-se e eu faço
um gesto com a garrafa na direção de Kim. — Estar com você é um dos
sinais que Tessa precisa para ter certeza.

— E quais são outros?

— Uma tatuagem.

Kim abre a boca em choque.

— Você não pode estar falando sério.

— Estou. — Bebo da minha cerveja. — Ela quer certeza? É

certeza que eu lhe darei.

— Que tipo de tatuagem?

Conto os meus planos para Kim e ela me encara incrédula.

— Você é maluco. — Dou de ombros. — Você irá fazer quando

essa maluquice?

— Assim que sair daqui.

Seus olhos brilham e ela pula do banco.

— Eu vou com você.

— Vai?

— Claro, preciso filmar meu amigo fazendo uma besteira dessas.

Pisca em minha direção e eu sorrio. Termino de beber a minha


cerveja, Kim paga o que consumimos e como ela não está de carro vamos
até o meu. Enquanto dirijo para o estúdio de tatuagem, conversamos
sobre o meu surto de estar apaixonado por ela.

— Eu acreditei que compartilhávamos a mesma escuridão e que


pudesse a resgatar como alguém me resgatou.

Kim suspira.

— Eu não tenho medo da escuridão, Dylan, e não preciso ser

resgatada.

Assinto, porque não existe o que ser dito. Nunca compartilhamos

uma escuridão, porque nunca quis permanecer lá, meu lugar é na luz.

Kim vai comigo até o estúdio, o mesmo lugar que Josh e eu


fizemos uma tatuagem bêbados no semestre passado. Ela como prometeu

filma todo o processo.

É início da madrugada quando saímos do estabelecimento, eu

tenho uma fita em minhas costas e uma tatuagem. Levo Kim até a sua
casa e ela olha em minha direção assim que paro o carro.

— Espero que ela ame a tatuagem.

— Eu também.

Sorri, um sorriso gentil.

— Tchau, Dylan, e boa sorte com sua garota.


Sorrio, agradeço-a pela sua companhia e ela deixa o meu carro.

Eu dirijo para casa ansioso. Espero encontrar Tessa acordada. O que ela
irá falar da tatuagem? Espero que ela goste e que seja o suficiente para
entender que ela é a primeira, única e última opção.

Ao chegar vou direito para seu quarto, as luzes estão apagadas e


não escuto nenhum barulho, então abro a porta e a encontro dormindo.

Não tenho coragem de acordá-la, mas me aproximo, ela não precisa ver a
tatuagem hoje, entretanto, não irei dormir longe dela.

Somente tiro meu casaco e me deito ao seu lado. Abraço-a, fecho


meus olhos e adormeço sentindo seu cheiro de morango.

Meu perfume preferido.

...

Acordo sozinho no quarto e ao olhar meu celular vejo que já

passou muito do horário da primeira aula de Tessa, ou seja, ela já foi para
o campus.

Suspiro. Caralho, só vou conseguir falar com ela à noite.

Passo o dia todo ansioso, contando os minutos para estar em casa.


Tento enviar mensagem para nos encontrarmos no horário do almoço,
mas ela me ignora, aliás, ela me ignora o dia todo.

É o último treino antes do jogo de amanhã e estou distraído, o


treinador me xinga e quase perco a minha cabeça. Para piorar há uma

reunião pós-treino e um jantar, está marcado há dias e simplesmente


esqueci.

Tessa continua sem responder nenhuma das minhas vinte


mensagens. Meu peito está apertado e sinto que meu mundo está

desmoronando.

Volto para casa e não há ninguém acordado. Sigo até o quarto de


Tessa e sua porta está trancada, bato e nada. Como um desesperado, bato

novamente.

— Vá dormir, Dylan.

Ela grita e suspiro, o que foi que eu fiz?

— Não sem falar com você, moranguinho. — Não obtenho

resposta e soco sua porta novamente. — Só saio daqui depois de falar


com você.

Finalmente, escuto seus passos se aproximando e ela abre a porta.

— O que você quer?

Ela me encara furiosa, o que diabos eu fiz?

— Por que você está me evitando?


— Dylan, eu sei que estava ontem à noite com Kim.

— Como você sabe?

Sorri, um sorriso macabro.

— Maggie trabalha no pub que vocês estavam.

— Eu posso explicar...

Ela não deixe que termine de falar, fecha a porta na minha cara.

— Vá se foder você e sua explicação.

Grita, eu apoio minha testa na madeira e fecho meus olhos.

Porra, mil vezes, porra!


Tessa

É uma das minhas piores noites, passo me virando de um lado

para o outro, e se realmente tiver uma explicação? Minha razão diz que
meu coração apenas está querendo se iludir, porque amo Dylan.

Merda, eu o amo.

Acordo com olheiras profundas, eu estou parecendo um monstro

de tão acabada. Não tomo café em casa para não cruzar com Dylan,

talvez, deva começar a procurar por um lugar para morar, não posso
continuar no mesmo espaço que ele.
Eu estou surtando. Amar alguém é muito mais complexo e

horrível do que mostrado nos filmes.

Por que eu tinha que me apaixonar? É a pergunta que me faço

enquanto dirijo até o campus.

Tomo café em uma lanchonete e sigo para as minhas aulas, e

claramente estou atordoada. Maggie lamenta ter me contado e digo a


minha amiga que ela fez o correto, eu precisava saber que o idiota saiu

com outra depois de uma pequena discussão e na volta ainda teve a

capacidade de ir dormir comigo.

Idiota, imbecil, canalha.

Não choro, porque me recuso a chorar por ele. Não sou tão
dramática assim. Se ele não me quer? Tem quem queira.

Meu Deus, quem eu quero enganar? Eu estou prestes a abandonar

tudo, correr para casa e me deitar em uma posição fetal.

Mantenho-me plena e inteira durante as minhas duas aulas pela


manhã. Maggie tenta me animar durante o almoço e me conta que ela e

Gage continuam saindo, ela tenta me animar, mas é em vão.

Como nada é tão ruim que não possa piorar após o almoço tenho

treino com as cheerleaders e como consequência com Kim. O treino é no

complexo de esportes, troco de roupa no vestiário, visto uma legging e


um top, deixo minhas coisas no armário e me junto as garotas. Kim e a

professora de coreografia que demostram o que devemos fazer e é difícil

encará-la, no fundo ela nem tem culpa de Dylan ser um idiota, mesmo

assim é horrível olhar para ela e manter uma expressão serena.

Apesar de certo desconforto por estar no mesmo espaço que Kim,

o treino é legal. Eu amo fazer o que estou fazendo, assim como amo estar

fazendo moda, é tudo que imaginei que odiaria e estou amando. Resisti

contra algo que sempre foi meu destino. A vida é mesmo irônica.

Passamos a maior parte da tarde aprendendo e praticando novos

movimentos, na próxima semana será nossa primeira apresentação, no

intervalo do jogo de futebol americano.

A treinadora, uma das professoras de educação física, coloca fim

no treino e estou saindo na direção do vestiário quando Kim chama por

mim. Olho para trás e a encontro caminhando em minha direção, então


viro-me e fico de frente para ela.

Ela está com seu habitual ar de superior, nariz empinado e pose


de rainha. Ela não cansa de ser assim?

— Por que você estava me encarando como se quisesse me


matar?

Faz a pergunta e para a alguns centímetros de mim.


— Eu não estava te encarando assim.

Faço uma careta e ela suspira como se eu estivesse a

incomodando.

— Você estava.

Reviro meus olhos, porque ela não me intimida. Ela pode


intimidar a todos com esse jeito esnobe, mas não a mim.

— Você está maluca.

Viro-me e dou um passo em frente.

— Você não deveria falar assim comigo, eu sou a capitã do time.

Paro, respiro fundo, dou meia-volta e a encaro com um sorriso


falso.

— Desculpe, capitã.

Ela faz uma expressão de desdém.

Tento outra vez me afastar e ela volta a falar comigo.

— Você gostou da tatuagem?

Não entendo sobre o que ela está falando e me viro novamente


ficando de frente para ela.

— Do que você está falando?


— Da tatuagem que ele fez, eu particularmente acho maluquice,
mas pessoas apaixonadas são emocionadas.

Do que diabos ela está falando?

— Ele quem?

— Dylan.

Encara-me impaciente.

— Ele fez uma tatuagem?

Estou cada vez mais perdida.

— Ele ainda não te mostrou?

Kim não está fazendo sentido nenhum.

— Não e eu nem sobre o que você está falando.

Uma ruga surge em sua testa.

— Ele falou que ia chegar em casa e te mostrar.

Suas palavras começam a fazer sentindo e possibilidades surgem

em minha mente. Ela está tentando jogar na minha cara que sabe de algo
que eu não sei? Ou está sendo cordial? Kim é tão cínica que é difícil

saber quando está sendo gentil.

— Ele fez uma tatuagem na noite em que vocês estavam juntos?

— Nós não estávamos juntos.


Estreito meus olhos e cruzo meus braços sobre meus seios.

— Não precisa mentir, uma amiga me contou que vocês estavam

juntos. — Ela sorri e raiva vibra em meu peito. — Ele te avisou que
dormiu comigo? O idiota teve a capacidade de ir até mim depois de estar

com você.

Quero que ela sinta um pouco de raiva também, mas ela


simplesmente ri.

— É por isso que estava me encarando como se quisesse me


matar, você está com ciúmes.

Pela terceira vez, fico de costas para Kim e tento andar na direção
do vestiário, porém ela fala algo que me faz parar.

— Você entendeu tudo errado. — Suspira. — Odeio esse drama


de gente apaixonada.

Volto a olhar para Kim e ela está me encarando com desdém.

— Então, vocês não estavam juntos?

Desafia ela a mentir.

— Sim e não. — Ergo minhas sobrancelhas e ela revira seus

olhos. — Ele me procurou para conversar, então nos encontramos e ele


me disse que não estava apaixonado por mim, nunca esteve.
Kim faz um pequeno resumo da conversa deles e me surpreendo
quando ela diz que ele fez por mim, para provar que poderia dizer a ela

que nunca esteve apaixonado.

— Achei que ele ia te contar sobre a nossa conversa.

Ela parece confusa.

— Eu não o deixei fazer isso.

Droga, como fui burra e idiota.

— E naquela noite, fui com ele até o estúdio para fazer uma
tatuagem, ele marcou a pele dele com algo para você.

Não acredito que fui uma tapada.

— Ele deve estar prestes a sair para o jogo, se fosse você ia correr

atrás do seu homem.

— Vou fazer isso. — Antes de correr para o vestiário sorrio

agradecida. — Obrigada, Kim.

Ela dá de ombros.

— Não fiz nada de mais e eu tenho um vídeo dele fazendo a

tatuagem, vou te enviar assim que você descobrir a maluquice que ele

fez.

Assinto e faço um gesto na direção da saída.

— Preciso ir.
— Vá logo, garota.

Viro-me e corro na direção do vestiário, e continuo correndo ao

escutar Kim gritando.

— Mande um beijo para Dylan, na bochecha é claro e com todo

respeito.

...

Dylan

Caminho de um lado para o outro na sala. A cada minuto que


passa, eu fico mais inquieto. Eu preciso conversar com Tessa e ela não

passa pela maldita porta e daqui a alguns minutos preciso ir, ou irei me

atrasar para o jogo.

Passo a mão pelo meu cabelo. Hoje deve ter sido um dos piores
dias da minha vida, tive uma noite de merda e duas aulas de cálculo.

Tessa não me responde e não consigo conversar com ela.

A porta é finalmente aberta e a encaro esperançoso. Decepção

ecoa em meu peito quando Josh cruza por ela.

— Caralho. — Ele ergue suas sobrancelhas. — Eu preciso falar

com Tessa.
Josh vem até a sala e se senta no sofá.

— Qual o problema?

Pondero se devo ou não falar com ele, será que ele irá me matar?

Foda-se ele é meu amigo e estou transtornado.

— Estou tentando provar que ela é a única garota que estou

apaixonado e ela entendeu tudo errado.

Sento-me ao seu lado.

— O que aconteceu?

— Ela acha que estava com Kim, mas só estava fazendo o que ela

me pediu, buscando a certeza que ela precisa.

Suspiro e apoio meus cotovelos em minhas pernas.

— Você pintou o cabelo de rosa.

Josh diz o óbvio ao olhar para os fios do meu cabelo que pintei de

rosa outra vez por sua causa.

— Eu faria qualquer coisa por Tessa, inclusive fiz uma tatuagem.

— Você fez uma tatuagem?

Não o respondo, apenas ergo as duas camisetas que estou usando

e mostro a tatuagem no meu ombro esquerdo.

— Você gosta mesmo dela.


Sorrio e balanço minha cabeça negando.

— Não gosto dela, eu a amo e estou tentando provar isso a ela.

Josh fica alguns segundos em silêncio.

— Tessa pode ser uma garota forte, mas amor nunca foi algo em

abundância na sua vida, sempre fomos apenas ela e eu.

Recordo-me da cicatriz em seu pulso.

— Ela nunca foi a prioridade de ninguém.

Olho para Josh e ele assente.

— Nem a minha.

— Ela será a minha prioridade.

Ela é a minha prioridade.

— No momento em que escutei vocês conversando, não fiquei

feliz, mas agora, pensando em Tessa e em você, estou feliz que seja você,

estou feliz que alguém finalmente esteja a amando como ela merece.

— Sua aprovação é muito importante.

Josh sorri e revira seus olhos.

— Você tem permissão para namorar minha irmã.

Sorrio, abraço-o rapidamente e quando me afasto empurro seu


ombro com o meu.
— Prometo ser um ótimo cunhado.

— Menos, Dylan, menos.

Ainda estou sorrindo quando pego meu celular, porém meu

sorriso se desfaz ao ver que horas são.

— Eu preciso ir.

Droga, não vi Tessa e terei que partir para o plano B.

— Pode me fazer um favor? — Peço para Josh e ele assente. —

Faça ela ir ao jogo.

— Farei o possível.

— Faça mais que o possível.

Só saio de casa depois de Josh me prometer que irá levar Tessa

para o jogo. Dirijo para a arena e como já estou com o uniforme entro
direto em quadra e faço o aquecimento.

Antes do jogo vamos para o vestiário e o treinador nos passa as

últimas instruções, eu também aproveito para motivar o time.

Saímos do vestiário, entramos em quadra e a arquibancada está


cheia. Os torcedores gritam nossos nomes e o grito de guerra. Eu sorrio,

procuro por ela e é um alívio quando a encontro com meus amigos.

Tessa está aqui e para minha surpresa usando minha camiseta e

um boné do time. Eu estou pronto para vencer esse jogo e para ter a
minha garota para sempre.

...

Tessa

Apenas busco minhas coisas no vestiário e saio correndo do

complexo, no caminho até o carro visto meu moletom e assim que estou

atrás do volante dirijo depressa para casa.

Sei que Dylan precisa estar com antecedência na arena e se não


chegar nos próximos minutos não o encontrarei. Deixo o carro e corro até

a entrada, abro a porta e estou sem fôlego quando finalmente entro em

casa.

Josh está sentado no sofá e não vejo Dylan pela sala. Meu irmão

me encara curioso e como não tenho tempo para conversa faço a única

pergunta que importa.

— Você sabe se Dylan ainda está em casa?

Meu irmão faz uma careta e balança a cabeça negando.

— Ele acabou de sair.

Apoio minhas mãos em minha cintura e olho para o teto frustrada.


— Caralho, nós precisamos conversar.

E agora o que eu faço? Vou lá e invado seu jogo? Será que posso

interromper o jogo? Talvez, deva acionar o alarme de incêndio.

— Apenas esteja no jogo.

Josh fala como se soubesse de algo, abaixo minha cabeça e o


encaro.

— Você sabe de algo?

— Só sei que você precisa estar no jogo.

— Ótimo. — Viro-me e corro até as escadas. — Eu estarei lá.

Continuo correndo, acho que nunca corri tanto em minha vida, e

vou até o seu quarto. Procuro em seu armário por uma das suas camisetas

de basquete, uma com seu nome nas suas costas e assim que encontro
uma levo-a comigo para meu quarto, pego um dos seus bonés também.

Eu tomo um banho, escolho uma calça jeans, tênis e uma blusa


térmica preta, então visto sua blusa por cima, coloco seu boné e apenas
pego um casaco para usar até a arena.

Saio do quarto pronta para o encontrar e desço até a sala. Seus


amigos, Abby, Dakota e Brooke já estão aqui. Eles fazem algumas
piadinhas, só reviro meus olhos e os apresso, nós temos que chegar logo.
Eu vou com Josh e Dakota e infelizmente quando chegamos o
aquecimento pré-jogo já terminou e preciso esperar o jogo iniciar para

ver Dylan.

As arquibancadas estão lotadas, a maioria torcedores do Crimson,

algumas pessoas chamam pelo nome de Dylan e me sinto orgulhosa por


ele. A cada minuto que passa me sinto mais nervosa e não falo com
ninguém, não consigo me distrair, ou parar de pensar nele e na confusão

que fizemos.

Enfim, é anunciado pelos altos-falantes espalhados pela arena que

o jogo irá começar. Estou tremendo e meu coração acelera quando eles
começam a entrar em quadra. Fixo meus olhos em Dylan e ele pintou seu

cabelo outra vez. Ele está rindo, é um sorriso forçado, porém quando ele
me encontra há uma mudança em sua expressão.

É como se eu fosse seu raio de sol, ou como ele gosta de falar, seu

amuleto da sorte.

Aceno em sua direção e jogo um beijo em sua direção. Ele faz um


coração com suas mãos e nós dois sorrimos. Todas as incertezas que

continuavam ocupando meu coração desaparecem e eu tenho certeza


sobre nós dois.
Dylan precisa se posicionar e perdemos a nossa conexão.

Concentro-me no jogo e tento lembrar de tudo que ele me falou. É muito


mais emocionante assistir uma partida ao vivo.

O jogo é acirrado, mas estamos vencendo. Acompanho cada

drible, cada lance e cada jogada montada por Dylan, ele é meu foco e nos
intervalos, antes de deixar a quadra, ele sempre olha em minha direção.

Entramos no quarto tempo e os torcedores estão eletrizados. O


clima e a sensação são incríveis. Temos quatro pontos de diferença e o

time da Flórida pode virar.

Dylan parece mais concentrado do que nunca. Ele dá ordens,


arma jogadas e em uma delas ele está sozinho um pouco atrás da linha de

três pontos, olha ao redor e não vê ninguém, ele está segurando a bola,
então olha na direção da cesta e lança a bola para cima.

Acompanho o movimento da bola e meu coração parece prestes a


sair pela boca quando ela cai dentro da cesta, um grito deixa minha boca.
Todos estão alucinados e eu volto a olhar para Dylan.

Por algum motivo, ele está me olhando. Paro de gritar e sigo seus
movimentos. Dylan se aproxima da arquibancada enquanto continua me
encarando. Ele está quase saindo de quadra, então tira sua camisa e fica

com uma branca de manga longa.


Não estou entendendo, porém, quando ele se vira de costas,
finalmente entendo. Está escrito de rosa. Tessa, eu te amo.

Leio e releio a frase incontáveis vezes e a sensação em peito é

indescritível. É como se tudo se ajustasse, cada pedacinho do meu


coração se preenche de algo totalmente puro.

Meus lábios se curvam em um sorriso e apesar de haver centenas


de pessoas ao meu redor é como se existisse apenas nós dois.

— Acho que ele te ama, hein.

Abby sussurra ao meu lado.

— É ele me ama.

Dylan me ama e ele está falando para todos. Ele está fazendo o

que pedi, ele está anulando todas as minhas incertezas.

O juiz o chama, ele pisca em minha direção, coloca sua camiseta


de volta e retorna para o jogo. Assisto aos últimos seis minutos em

transe. A cena não para de se repetir em minha mente.

O jogo chega ao fim, nós vencemos e recebemos a informação


que o Tennessee perdeu, ou seja, o Alabama irá para os playoffs. A

comemoração ecoa pelo lugar e todos estão sorrindo, os jogadores


parecem em êxtase. Eles se abraçam e gritam como se tivessem ganhado

um título.
Dylan tira a camiseta outra vez, faz um gesto em minha direção e
me. Eu peço licença pelas pessoas e vou até ele. O segurança autoriza a

minha entrada em quadra depois de um sinal de Dylan, sigo na sua


direção e nós dois estamos sorrindo.

Eu paro a alguns centímetros dele e mesmo com a distância entre

nós sendo pequena algo continua me puxando em sua direção. Quero


estar tão perto dele quanto a física permite.

— Então, você está apaixonado por mim, hein?

Sorri, o sorriso presunçoso que tanto amo.

— Você quer a verdade? A verdade é que eu estou apaixonado


por você. Sempre foi você. — Seu sorriso muda e a forma como me
encara faz com que precise me lembrar como se respira. — Você é meu

destino e desde o momento que te encontrei meu coração soube, nunca


existiu receio com você, ou medo, porque sempre fui seu, assim como
você é minha.

Ele está certo. Meu coração pertence a ele e eu nem sei dizer
quando ele o tomou para si.

— Eu fui um idiota e demorei para compreender o que estava


óbvio desde o início, eu te amo, como nunca amei outra garota, como

nunca irei amar outra pessoa.


— Eu também te amo. — Sorrio, ele se aproxima, deixa suas

mãos em minha cintura e apoia sua testa contra a minha. — Você é um


sonso, lerdo e às vezes um idiota, mas eu te amo.

Beija meus lábios rapidamente.

— Você é minha prioridade, meu amor... — Vira-se de costas, tira


sua camisa e posso ver a tatuagem em seu ombro esquerdo. Há escrito

em letra cursiva, amuleto da sorte entre uma bola de basquete e um


moranguinho. — E meu amuleto da sorte.
4 anos depois

Tessa

O professor responsável por conduzir a cerimônia finalmente

chama pelo meu nome. Sorrio animada e escuto meus convidados

gritando meu nome, assobiando e dizendo palavras de incentivo.

Sorrio e aceno na direção deles enquanto caminho até o reitor. Ele

está rindo da bagunça dos meus convidados e apenas dou de ombros, eles
são mesmo barulhentos.
Entrega-me o meu diploma, agradeço, então me viro na direção

das pessoas que eu amo e faço um gesto com o canudo, eles gritam ainda

mais e sorrio.

A música que escolhi segue tocando enquanto volto para o meu

lugar. Sento-me na cadeira que estou ocupando e espero ansiosa para o


fim da cerimônia.

Até que enfim, estou formada. E estar formada significa enfim

conseguir minha liberdade para acompanhar Dylan, chega de aviões,

aeroportos e saudades. Esses dois anos e meio longe dele foram


insuportáveis.

Assim que a última pessoa é chamada, inicia-se o final da

cerimônia. Graças a Deus, achei que isso nunca mais iria terminar. Ao

fim, eu tiro algumas fotos com Maggie e outros colegas, pessoas que
fizeram parte desses meus quatro anos em Tuscaloosa, em seguida me

despeço deles e vou encontrar minha família.

Eles estão em pé no meio do ginásio conversando entre si. Meu

pai e sua nova namorada, Rachel, aquela que ajudei ele a conquistar, Josh

e Dakota, Ethan e Abby, Aiden, Brooke e a pequena Evelyn, Dylan e

seus pais. A minha família. Minha mãe não veio e nem sei onde ela está,

ela simplesmente sumiu depois do divórcio, ela nunca me procurou e eu


nunca a procurei, meu pai realmente mudou, o amor o transformou e

depois de anos soube o que é ter um pai.

Dylan se vira em minha direção, meu olhar encontra o seu e tudo

some ao meu redor. Nada mais importa a não ser chegar até ele. Apresso

meus passos e meu coração acelera. Ele só conseguiu chegar minutos

antes da cerimônia e não nos vemos há um mês.

Meu peito aperta de saudade e sigo me lembrando que não haverá

mais saudade, minhas malas estão prontas e estou em um hotel, porque já

entreguei o apartamento que aluguei nos últimos anos.

A distância entre nós se torna mínima e me jogo em seus braços.

Dylan me aperta contra seus braços e estou em casa. Ele é meu lar, meu

abrigo, minha âncora, muito mais do que imaginei que uma pessoa

pudesse ser.

Sua boca encontra a minha, e nosso beijo é repleto de desespero,

saudade e amor. Deus, estar longe desse homem é uma tortura. Dylan

aprofunda mais o beijo, sua língua explora minha boca e me toma para si,
como ele faz todas as vezes que nos beijamos.

— Estamos em um lugar público e temos crianças presentes.

Ethan grita, nós dois rimos e Dylan interrompe nosso beijo. Ele

morde meu lábio inferior, apoia sua testa na minha e fixa seus olhos nos
meus.

— Parabéns, moranguinho.

Espalmo minhas mãos em seu peito e sinto as batidas do seu

coração.

— Obrigada.

Existe uma imensidão de promessas na forma como estamos nos

olhando e nenhuma delas precisa ser dita em voz alta.

— Eu quero abraçar minha irmã também.

Josh reclama, Dylan revira seus olhos e beija rapidamente meus

lábios.

— Mais tarde.

Pisca em minha direção, eu sorrio e ele se afasta. Josh se


aproxima e me abraça.

— Você conseguiu, fofinha.

— Eu consegui.

Beija a lateral da minha cabeça.

— Você está feliz?

Quando desvencilho do meu irmão olho para ele e posso ser

sincera.
— Como nunca estive antes.

Eu me encontrei na moda, é o que amo fazer e recebi propostas de

empregos para trabalhar com alguns estilistas em Boston, um dia sei que
terei minha própria marca de roupa. Eu tenho uma família e um cara ao

meu lado que me ama.

Meu pai é o próximo a me abraçar, ele diz que estou linda e que
ele está orgulhoso de mim, assim como está de Josh.

Por último, abraço os caras e as garotas, eles são como meus


irmãos e elas como minhas cunhadas, inclusive Evelyn me chama de

titia, a garotinha mais fofa do universo me abraça e beija meu rosto.

Tiramos algumas fotos, eu tiro minha beca e estamos quase

deixando o ginásio quando as garotas do time de cheerleaders vêm até


mim. Nós já nos despedimos durante a semana passada, mesmo assim

elas estão aqui e me entregam mais um presente, um chaveiro com a


nossa logo. Abraço todas e me despeço delas, dessa vez para valer.
Depois que Kim se formou, eu fiquei como líder do time e terei

lembranças com essas garotas para sempre.

De mãos dadas com Dylan deixo o ginásio. Caminhar para longe

é uma despedida dos anos que estive aqui e nostálgico, porém, não é
assustador.
— Já está com saudades dos seus anos de universitária?

Dylan me provoca. Sorrio e balanço minha cabeça.

— Foram ótimos anos, mas não estou com saudade, porque sei
que o futuro será ainda melhor.

Dylan se inclina em minha direção e beija meu pescoço.

— Inclusive, estou ansioso para o nosso futuro.

Ele soa enigmático, olho para ele que apenas dá de ombros. Não
tenho tempo de continuar o questionando porque Ethan inicia a discussão

de como faremos a divisão nos carros. Após conseguirmos decidir quem


vai com quem seguimos até o estacionamento.

Josh, Dakota, Dylan e eu vamos em um carro e meu irmão dirige.

No caminho apoio minha cabeça no ombro de Dylan e ele beija a lateral


da minha cabeça enquanto temos nossas mãos unidas sobre suas pernas.

Vamos para o mesmo restaurante que Dylan e eu fomos em nosso


primeiro encontro. Assim que saímos do veículo, ele me abraça e

sussurra.

— Está lembrando do nosso primeiro encontro?

— Com certeza. — Viro meu rosto até conseguir ver seus olhos.
— Principalmente, da parte em que fomos embora para um hotel.

Não escondo a malícia da minha voz e Dylan ri.


— Também estou morrendo de saudade, moranguinho.

— Precisamos mesmo almoçar com nossa família? Eu acho que


podemos fugir.

Ele ri, balança sua cabeça e seguimos até a entrada. O lugar

continua lindo. A recepcionista nos guia até a enorme mesa que foi
preparada na parte exterior do estabelecimento para nós e nos sentamos
nas cadeiras ao seu redor, fazemos nossos pedidos e a bagunça inicia.

Provocamos uns aos outros, falamos ao mesmo tempo e existem


várias conversas paralelas acontecendo ao mesmo tempo. Mesmo com a

presença do meu pai e dos pais de Dylan não nos comportamos,

parecemos um bando de adolescentes. É sempre assim quando nos


reunimos e é uma pena não podermos estar juntos com tanta frequência

por causa da agenda dos meninos.

Almoçamos, rimos, conversamos, recordamos histórias

engraçadas e estamos na sobremesa quando Dylan fica em pé. Olho para


ele com a testa franzida. O que ele irá fazer?

Então, olho ao redor e seus amigos não parecem surpresos, eles

sabem o que Dylan está fazendo, porém nenhum deles parece disposto a

me contar.
Volto a encarar Dylan e ele faz um sinal para que fique em pé,

mesmo sem entender o que está acontecendo faço o que ele pede. Dylan
segura minhas mãos com as suas e meu coração acelera. Olho em seus

olhos e o encontro me fitando intensamente, como se eu fosse a

responsável por mantê-lo respirando.

— Moranguinho, eu preciso fazer um pedido. — Ah, meu Deus,


o que ele irá fazer? Posso sentir a ansiedade percorrendo pelo meu corpo,

minha respiração falha e borboletas parecem ocupar a minha barriga. —

Nunca te pedi em namoro oficialmente.

Apesar de estar nervosa sorrio, nunca precisei de um pedido, é só

um detalhe que nunca foi necessário.

— Que idiota.

Aiden grita.

— Fuja enquanto tem tempo, Tessa.

Ethan faz o mesmo.

— Calem a boca, seus imbecis.

Dylan repreende os amigos e continua me encarando. Eles


continuam rindo e Dylan apenas os ignora.

— E nunca vou te pedir em namoro. — Ele se ajoelha a minha

frente e um suspiro de surpresa deixa meus lábios. — Porque pedirei para


você se casar comigo.

Ele busca em seu bolso uma caixinha e lágrimas se acumulam em

meus olhos. Não acredito que ele irá fazer isso. Os barulhos ao meu redor

somem e ele a minha frente ajoelhado é tudo em que consigo me


concentrar.

— Eu tenho certeza de que quero passar o resto da minha vida ao

seu lado, quero que quando nós chegarmos em nosso apartamento em

Boston eu possa te chamar de noiva, quero apresentar você ao meu time e


aos meus torcedores como minha noiva.

Sei que ele ainda não terminou, mesmo assim assinto como uma

louca. É claro que quero me casar com Dylan.

— Eu te amo e vou te amar eternamente. — Abre a caixinha e


deixa visível um anel, um solitário com uma pedra rosa. — Então você

aceita se casar comigo, Tessa Dawson?

— É óbvio que eu quero passar o resto da minha vida ao seu lado.


— Uma lágrima desce pelo meu rosto. — Eu aceito me casar com você,

Dylan.

Ele coloca o anel em meu dedo e fica em pé, no mesmo instante


passo meus braços pelo seu pescoço e ele me beija. Não é um beijo

simples, é uma promessa.


Nossa família bate palmas, grita e assobia. Dylan apoia sua testa

na minha e sorri.

— Minha noiva. — Acaricia a lateral do meu rosto. — E mal


posso esperar para te chamar de minha esposa.

Assim que nos afastamos recebemos os abraços da nossa família,

as garotas admiram o meu anel e dizem que combina perfeitamente


comigo e elas estão certas. Então, nós dois nos despedimos dos nossos

pais, dos nossos amigos e vamos para o hotel que tenho ficado desde que

saí do meu antigo apartamento.

Nossos pais vão embora e nossos amigos seguem para uma casa
de campo que alugaram em Tuscaloosa, nós os encontraremos amanhã e

vamos passar o fim de semana os oito, nove com Evelyn, juntos,

relembrar os velhos tempos.

Dylan e eu vamos para o hotel. Ele dirige, eu escolho as músicas,

nós estamos felizes rindo e conversando sobre nosso futuro. Nós

queremos nos casar no verão, não temos pressa de termos filhos e

queremos comprar uma casa.

O apartamento de Boston eu o ajudei a escolher e a decorar,

porém nós dois preferirmos uma casa.


Dylan deixa o carro alugado no estacionamento e seguimos para o
elevador, ele se apoia contra a parede metálica e eu me apoio em seu

corpo.

— Eu não suportava mais ficar longe de você.

Confessa, eu sorrio e coloco minhas mãos sobre seus ombros.

— Nunca mais terá que ficar longe de mim.

Já que estamos sozinhos ele me beija e só nos afastamos quando o

elevador para em nosso andar. Dylan me abraça e com minhas costas


contra seu peito caminhamos na direção do quarto.

Eu abro a porta e tenho uma surpresa, deparo-me com pétalas de

rosas espalhadas pelo quarto.

— Como você fez isso?

— Solicitei ajuda ao hotel.

Entramos no quarto, Dylan fecha a porta, eu me viro para ele e

deixo minha mão sobre seu coração.

— Você é incrível.

Dylan ri, aproxima sua boca da minha orelha, faz com que meu

corpo se arrepie e sussurra.

— Pronta para nossa próxima aventura?


Fecho meus olhos enquanto ele beija meu pescoço e dou a minha

resposta mais sincera possível.

— Como nunca estive para nenhuma outra.


16 anos depois

Dylan

Observo Josh de joelhos e com a filha em pé a sua frente. A

garotinha de dois anos está só de fraldas e olha fixamente para o lugar a


sua frente que o pai está apontando.

— Escolha seu preferido, querida.

Ele solta a garotinha que caminha em frente meio cambaleando

pelo gramado. Aiden, Ethan e eu ficamos logo atrás de Josh segurando


nossas próprias garotinhas.

— A bola laranja, querida.

Encorajo minha sobrinha. Hope corre sorrindo e Josh incentiva a


pequena a escolher a sua luva de beisebol.

— O puck é mais legal, Hope.

Aiden grita ao meu lado.

— O formato da bola de futebol é mais divertido, princesa.

Ethan tenta a convencer. Hope olha para trás, ela está sorrindo e

bate palmas.

— Isso, pequena, divertido. — Josh bate palmas para filha. —


Agora olhe em frente e escolha um dos esportes.

Ela continua olhando para o pai, então Josh se levanta, vai até a

filha e segura sua mãozinha.

— Papai.

— Isso, o papai.

Ele a leva até os objetos que usamos para jogar. Há uma luva de
beisebol, uma bola de futebol americano, uma de basquete e um puck de

hóquei um ao lado do outro e estamos fazendo nossas garotinhas

escolherem um deles.
Aileen se joga para frente e tenta descer do meu colo, mas a

seguro mais forte.

— Calma, querida, ainda não é a sua vez.

— Descer.

Balanço minha cabeça.

— Ainda não.

Beijo seu pescoço e ela ri. O sorriso que tanto amo e idêntico ao

da sua mãe. Aileen é uma miniatura de Tessa. Aiden comemora, desvio a

atenção da minha garotinha e vejo Hope com o disco usado no hóquei em

mãos.

— Ela só pegou, porque é o menor.

Reclamo.

— Concordo com Dylan.

Ethan dá leves tapinhas em minhas costas.

— E a luva do papai?

Josh olha para a filha inconformado.

— Luva do papai não.

Hope faz uma careta engraçada e tudo que nos resta é rir

enquanto Aiden segue debochando da nossa cara.


— Sua vez, Aiden.

Josh pega a filha no colo e deixa o puck no seu lugar. Aiden se

abaixa e explica para Sadie o que ela deve fazer. A garotinha de quatro
anos assente.

— Vai lá, filha.

Aiden a incentiva e ela caminha pelo meu jardim. Ela pega o


puck do pai.

— Isso é porque ela é a mais velha.

Josh reclama, Ethan e eu concordamos com ele.

— Aceitem que terei meu próprio time de hóquei feminino.

Aiden se vangloria.

— Cala a boca, Emma vai pegar o item certo.

Ethan coloca Emma no chão e como a garotinha é a mais nova,


ele segura sua mão e a leva até os objetos. Aiden deixa o puck no lugar e
fica em pé com Sadie em seus braços.

Ethan leva Emma e ela se senta sobre a bola de basquete.

— Isso aí, garota.

Comemoro e Ethan suspira.

— Isso é porque ela ainda não entende, não é filha?


— Sim.

Ela concorda com o pai provavelmente porque é uma das poucas

palavras que consegue falar. Eu me abaixo e coloco minha garotinha de


dois anos no chão.

— Aileen, querida, escolha seu preferido. — Aponto para os

objetos. — E se lembre que você ama bola.

— Bola.

Repete e sorri.

— Isso.

— Você está trapaceando.

Aiden me acusa e simplesmente dou de ombros.

— Cada um usa as armas que tem.

Aileen corre em frente e escolhe uma bola, mas a bola de futebol


americano.

— Muito bom, garota, você acaba de ser promovida à sobrinha

favorita do tio Ethan.

— Poxa, filha, era a laranja.

Ela se vira para mim sorrindo e como é o sorriso mais lindo do


mundo não resisto e sorrio também.
— Vocês sabem que elas não estão entendendo nada, não é?

A voz de Tessa ecoa pelo jardim, viro-me para o lado e a encontro

parada um pouco depois da porta que liga nossa casa ao jardim. Junto
com ela estão Dakota, Abby, Brooke e Evelyn, a nossa garotinha mais

velha está tão velha que prefere curtir o dia com as garotas, pequena
traidora.

— Mamãe.

Aileen grita pela mãe, assim como as outras garotinhas.

— E assim nós fomos trocados.

Ethan lamenta enquanto pega a filha e a leva até Abby que parece

prestes a parir a qualquer momento.

— Vamos até a mamãe.

Pego Aileen em meus braços, fico em pé e a levo até Tessa. Meu

olhar encontra com o de Tessa e ela sorri. Meu coração bate diferente ao
olhar para ela, faz dezesseis anos que estamos juntos e ela continua sendo

a minha garota, meu amuleto da sorte e minha prioridade, apesar que


agora ela divide o posto com a nossa garotinha.

Assim que estamos perto o suficiente Aileen se joga em sua


direção e Tessa a toma dos meus braços.

— Eu também estava com saudades, garotinha.


Passo meu braço pelo seu ombro e beijo o topo da sua cabeça
enquanto sinto seu cheiro de morango.

— E eu estava com saudade, moranguinho.

Ela ri e ergue seu olhar até encontrar o meu.

— Eu sempre sinto sua falta.

Pisca em minha direção e eu abaixo meu rosto até encostar nossos

lábios. Nós precisamos nos separar porque nossa garotinha chama nossa

atenção.

Nós entramos com nossos amigos para dentro de nossa casa e nos

reunimos na cozinha. Finalmente, estamos morando um perto do outro e

podemos estar juntos todos os sábados, as garotas saem pela tarde, nós

ficamos com as crianças e cozinhamos todos juntos à noite.

Ainda somos como aqueles garotos de anos atrás. Os anos

passaram, amadurecemos, construímos nossas famílias, porém quando

nos reunimos somos os mesmos.

Não estamos mais no Alabama, mas seremos eternamente as

Estrelas do Alabama.
Hey, gente! Tudo bem?

A série Estrelas do Alabama chega ao fim e quero agradecer ao


apoio de todas que acompanharam os meninos desde o início e a você
que chegou agora também.

Escrever sobre eles foi um sonho, um prazer e espero que você


tenha gostado. Torço para que você tenha amado Dylan e Tessa e estou

ansiosa esperando pela opinião de vocês, não esqueça de deixar sua

avaliação.

E se você quiser saber um pouco mais sobre meus outros livros

me segue no insta (@lanasilva.sm).


Por último, mas não menos especial quero agradecer as minhas

betas Larrisa, Silvia, Priscylla e Lívia. E as meninas do grupo do

whatsApp, vocês são incríveis.

Bom, encerro a série com sensação de dever cumprido e com uma

imensa saudade desde já e a guardo vocês em agosto.

Bjsss e muito obrigada.


ESTRELAS DO ALABAMA

Se ainda não leu os outros livros da série, segue a ordem e os

links para conhecer o restante dos meninos

O Quarterback que Eu Odeio – Livro 1 – Ethan e Abby (clique

aqui)

O Winger que Eu Amo – Livro 2 – Aiden e Brooke (clique aqui)

O Pitcher que Eu Detesto – Livro 3 – Josh e Dakota (Clique aqui)


EM AGOSTO

Perfect Darkness

Kim, a rainha do Alabama finalmente irá contar suas versões dos

fatos.
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TikTok: lannaa_silva

Twitter: lanasilva_sm
[1]
Universidade do Alabama
[2]
Garota malvada, expressão usada para se referir a mulher com tendências egoístas e
sem caráter.
[3]
Personagem de Crepúsculo
[4]
Trecho da música Shivers do Ed Sheeran
[5]
Modelo de carro
[6]
Quartel General

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