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Copyright © 2023 por Nathalia Santos

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Título: Jogada Final


Revisão: Marcielle Alves e Stephany Cardozo Gomes
Capa: Thais Alves
Diagramação: Nathalia Santos

Proibida a reprodução, no todo ou em parte, através de quaisquer meios, sem o


consentimento do(a) autor(a) desta obra.
Esta é uma obra de ficção. Todos os nomes, lugares, acontecimentos e descrições são fruto
da mente da autora. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.
Texto revisado conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Eu sempre amei a minha melhor amiga.
Mas não o sentimento de amigos, e sim, o tipo de amor que um homem sente por uma
mulher.
Sempre odiei os ex-namorados dela.
Não apenas por ciúmes, mas porque eles sempre tiveram o mesmo perfil imbecil de não
fazê-la feliz.
Vivi com esse sentimento dentro de mim por tempo o suficiente para sufocá-lo.
E foi o que aconteceu.
Quando o desespero de perdê-la mais uma vez para um idiota qualquer, invadiu meu peito
e a vontade de não querer mais vê-la chorando por imbecis que amam partir seu coração,
inundou meu corpo, me vi disposto a usar de todos os meus talentos para conquistar a mulher
que sempre deveria ter sido minha.
Essa história não é uma história dramática.
Na verdade, chega a ser cômico a forma que um cara idiota como eu, resolveu sair da
friendzone e propor uma amizade colorida para, enfim, conquistar a melhor amiga.
Olá! Seja bem-vindo a mais uma história do Nathverso. Dessa vez, com um livrinho de
melhores amigos que se apaixonam.
Devo admitir que tudo tem uma explicação, até mesmo a construção desse livro.
Jogada Final não era para ter acontecido, não se Taylor Swift e Travis Kelce não tivessem
aparecido juntos e me feito surtar em 1001 surtos diferentes, feito minhas amigas surtarem e me
pedirem tanto por um livro, até que a ideia viesse à minha mente.
Para quem não sabe, sou fã da cantora desde que tinha 14 anos, e ela é a minha maior
inspiração em relação à minha vida e carreira de escritora. Então, de uma forma ou de outra, eu
acabaria escrevendo um livro com grandes referências a ela.
Mas para quem não é fã da loirinha, fique tranquilo, pode se sentir à vontade lendo esse
livro. Consegui dosar bem a história para os dois tipos de públicos.
Jogada Final é um livro de comédia romântica gostosinha, com muito hot e muito romance,
feito especialmente para ler depois de um dia difícil, um ano cheio de altos e baixos, ou melhor
dizendo: feito para você relaxar.
Quando a premissa veio para mim, soube que precisava escrever esse livro e lançar ainda
esse ano, pois era perfeito para uma última leitura de 2023. Felizmente, com muita determinação
e inspiração, tudo deu certo e eu consegui dias maravilhosos escrevendo sobre Chace e Ocean.
Não esperem aqui plots e dramas pesados, mas esperem por um romance digno de emoção,
que provavelmente fará vocês desejarem um mocinho literário como Chace Lawson.
Espero que gostem da leitura!
Com carinho,
Nathalia Santos
Jogada Final tem uma playlist no Spotify, sinta-se à vontade para ouvir, cada música está
organizada conforme a ordem dos capítulos.
Para ouvir, abra a guia “Busca” no Spotify e toque na câmera, depois aponte para o código
abaixo e vai ser direcionado para a playlist.
Caro leitor, ouvinte e apreciador de histórias desastrosamente deliciosas, amizade entre
homem e mulher dificilmente pode dar certo.
Anote o que estou dizendo.
Se a sua amizade deu certo até agora, existe uma grande chance de algum de vocês estar na
zona de amigo.
Sei do que estou falando porque eu era essa pessoa.
Cansei de viver meu amor unilateral.
Eu sou o melhor running back da atualidade, e precisei mostrar que não sou o melhor
jogador apenas no campo.
Essa é a história de como um homem como eu, saiu da friendzone, parou de ser um otário e
conquistou a melhor amiga.
Para todos os fãs da loirinha que gostariam de ler o romance que ela está vivendo: esse é
especialmente para nós, que amamos o clipe de You Belong With Me.
CHACE LAWSON
Toda segunda-feira me reúno com meu melhor amigo, Cole Fisher, no podcast dele para
conversarmos ao vivo sobre vida pessoal, profissional e, claro, a última partida jogada.
Fisher joga no mesmo time que eu, o New York Octopus, e fica na posição de tight end,
enquanto eu sou o running back da equipe.
— Fizemos um bom jogo ontem, não é mesmo, Lawson? — ele pergunta enquanto observa
o número da audiência subir na tela do monitor.
As pessoas simplesmente amam uma fofoca, principalmente quando vem de gente famosa,
e metade dessas pessoas que ficam online para assistir nossas conversas, sabem que em um ou
outro episódio, meu amigo sempre acaba falando demais.
A última vez foi sobre o casamento da minha irmã mais velha.
Ele soltou a língua e disse que minha acompanhante tinha pegado o buquê, o que gerou um
monte de comentários a respeito de uma namorada que eu estava escondendo.
Logo eu, o cara que não namora.
— Nós sempre fazemos um bom jogo, Fisher — respondo e ajeito meu fone de ouvido. —
Estamos dando nosso melhor para sermos classificados para os playoffs[1].
Ele assente com a cabeça.
— Próxima semana jogaremos com Denver Broncos, as pessoas estão perguntando se
estamos com medo. — Cole solta um risinho baixo. — Nós nunca temos medo, galerinha.
— Não podemos falar muito sobre nossas táticas, mas aguardem por um bom jogo —
completo e sorrio de lado. — Por que não mudamos de assunto para o relacionamento de Cole
Fisher e Kyle Callahan? Meu melhor amigo finalmente está namorando, e foi o assunto da
semana.
Meu companheiro de time sorri daquele modo apaixonado dele. É sempre assim quando
trago à tona o assunto Kyle Callahan, a mulher alta, esbelta e considerada a mais bonita da lista
de modelos do último ano, e que conquistou o coração do homem à minha frente.
— Nós paramos a internet — brinca. — Pois é, pessoal... Estou apaixonado.
Ele não parou a internet, mas é algo que está sendo falado desde que eles postaram uma
foto nas redes sociais, assumindo o relacionamento. Temos muitos fãs e a modelo, pelo jeito,
também tem muitas pessoas interessadas em sua vida privada.
— É claro que está — zombo. — Olhe para essa cara de apaixonado.
O desgraçado nem cora.
Ele está amando com orgulho.
Sinto inveja dele!
— Quem é o mais romântico entre vocês? — pergunto para entreter o público.
— Kyle, com certeza.
Semicerro os olhos para o mentiroso, e ele revira os seus, abafando uma risada.
— Certo, sou eu! — Dou risada com sua confissão. — Mas isso não é óbvio? Preciso tratar
minha mulher como se fosse uma princesa.
— Oh... pessoal, ele é mesmo muito cadelinha da sua namorada. — Nunca perderia uma
oportunidade de provocar meu amigo, ainda mais ao vivo.
— Pelo menos eu tenho uma namorada para ser cadelinha, né, Chace? — Ai, essa doeu! —
Quando vamos ter o vislumbre de vê-lo em um relacionamento sério?
Controlo a careta que quero fazer, sentindo que a câmera está focando em mim mais do
que o necessário.
Não é como se eu tivesse asco de relacionamento.
É muito pior.
A única mulher que eu gostaria de namorar não está disponível para mim.
— Próximo tópico, por favor.
Não quero ler mais uma vez nesta semana as pessoas falando sobre a minha vida amorosa.
Me rotulando como um cafajeste porque nunca apareço em um relacionamento sério.
Talvez eu até seja... mas esse cafajeste tem um coração que tem dona, e um pau que não
recebe atenção de quem gostaria, e acaba se enfiando no meio das pernas de encontros de apenas
uma noite.
— Ah, não... Acho que as mais de cem mil pessoas online querem saber pelo menos qual é
o tipo de Chace Lawson — meu amigo continua provocando, como um lembrete de que ele é tão
bom nisso quanto eu. — E então? Qual é o seu tipo?
Cole pega sua garrafinha de água e toma alguns goles, ansioso pela minha resposta. Ele
sabe o quanto odeio falar sobre essa parte da minha vida e está fazendo isso de propósito.
Eu deveria saber.
É por isso que minha resposta sai naturalmente dos meus lábios, sem me importar com as
consequências:
— Ocean Bailey.
Fisher cospe a água na frente do monitor, em completo choque com minha resposta.
Não por eu ter falado o nome da maior cantora da atualidade, mas pelo fato de que essa
cantora é a minha melhor amiga desde o primeiro dia que abri meus olhos, e porque o cara na
minha frente sabe de tudo o que acontece entre mim e ela.
Espero calmamente meu amigo se recompor e quando isso acontece, ele se ajeita em frente
ao microfone.
— S-sua melhor amiga?
Dou de ombros, vendo que os comentários não param de subir, chegando até travar o chat
do programa.
— Não posso achar minha melhor amiga bonita?
— Não foi isso que perguntei.
— Ah... — Sorrio de lado. — Minha melhor amiga não pode ser meu crush? O meu tipo
de garota?
Ele volta a arregalar os olhos, provavelmente se perguntando o que está se passando na
minha cabeça.
Mas para explicar melhor o que me levou a cometer tal atitude, temos que voltar um pouco
para o passado, não muito tempo, meses já são o suficiente para entender o que está
acontecendo...
Perdê-lo foi um triste azul, como eu nunca tinha sentido
Sentir saudades dele era cinza escuro, totalmente sozinha
Esquecê-lo foi como tentar conhecer alguém que você nunca encontrou
Mas amá-lo era vermelho
RED – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Os casos de uma noite nunca são complicados para mim.
Eu simplesmente vou até um clube privado, tomo algumas bebidas com meus amigos do
time e quase sempre saio acompanhado de alguma mulher que me desperta atenção. Geralmente,
elas querem o mesmo que eu, o que é bom, pois isso não torna as coisas complicadas.
Dessa vez não é diferente.
Encontro uma morena bonita uma hora depois de beber com os caras, me despeço deles e
venho parar no mesmo hotel luxuoso que trago todas as garotas com quem fico. É um lugar
discreto, no qual minha agente tem um contrato de sigilo. Nada sobre meus casos pode sair daqui
ou então a multa será altíssima.
Até hoje eles têm respeitado isso, mas não quer dizer que o mundo lá fora não saiba que
sou um homem que curte a vida de solteiro. As pessoas são muito boas em encontrar brechas
para invadir a vida particular de uma figura pública e eu, como um dos maiores running back da
história do futebol americano, sempre estou propenso a ter minha vida pessoal invadida.
Não posso reclamar.
Esse é o preço que pago por fazer algo que amo, e não mudaria por nada nesse mundo.
Fecho a porta do quarto atrás de mim e agarro a garota de cabelos longos e escuros.
Ela é incrivelmente gostosa.
Tem uma cintura fina, bunda firme e boa para apertar, coxas grossas que me deixariam
mais excitado se estivessem ao redor da minha cintura, e seios médios que terei o prazer de
chupar esta noite.
Tenho certeza de que o nome dela é Mia. A morena não é exatamente o meu tipo de
mulher, porque se vamos falar sobre tipos, posso acabar assustando por ser o oposto.
Loira, um metro e meio, um corpo gostoso que eu facilmente partiria ao meio se tivesse a
chance de fodê-la. É tímida e safada ao mesmo tempo, determinada, autêntica, confiante,
persistente, um pouco surtada...
Por que estou pensando nisso?
Terei uma noite incrível com Mia. Começar a semana extremamente bem depois de gozar
bastante nessa boceta e... Meu telefone toca no fundo do meu bolso.
Só pode ser brincadeira!
Como todo homem sensato e de pau duro por ter a boca e as mãos de uma mulher gostosa
explorando seu corpo, deveria ignorar, e esse até seria o certo se não fosse aquele toque.
— Hum... você acabou de se tornar mais interessante por gostar tanto da Ocean ao ponto
de ter a música dela como toque do celular — a mulher diz, mordendo o lóbulo da minha orelha.
Ela realmente não me conhece.
Seguro seus ombros e a afasto alguns centímetros. Mia me olha confusa enquanto pego o
aparelho no bolso.
— Sinto muito. — Peço, balançando o celular na minha mão. — Preciso atender essa
ligação.
Talvez, só talvez, a mulher queira me matar pelo olhar que está me lançando agora. Mas
não é como se eu pudesse ignorar essa chamada.
Porra!
É ela.
— Oi? Espero que você tenha um bom motivo para me ligar, estou no meio de um
encontro importante. — Atendo a ligação e tudo o que recebo em troca é o silêncio. — Por que
está quieta?
Então eu escuto... no fundo da chamada, quase de forma inaudível, um soluço.
— Desculpa. — A voz chorosa dela soa do outro lado da linha. — Estou em Nova York e
queria ver você.
Engulo em seco.
Ela está em Nova York? De repente, todo o tesão que estava sentindo há poucos minutos
desaparece.
Maldição!
Eu só queria foder. Será que é tão difícil assim?
— Chace... — Ela chora mais. — Nós terminamos.
Sim, é muito difícil.
Por que fui inventar de ter uma melhor amiga? Por que quando se trata dela sou tão
benevolente? Ou pior... Por que de todas as mulheres do mundo, me apaixonei justamente por
ela?
Isso só pode ser dívida de jogo de uma outra vida!
— Ok — respondo, sem dar muita abertura para falar no telefone. — Estou a caminho.
Escuto mais um soluço antes de desligar a chamada.
Encaro Mia e lhe lanço um dos meus meio-sorrisos, totalmente sem graça.
— Era uma mulher? — Os olhos dela fervem em minha direção. — Você é
comprometido?
— Não! — respondo rapidamente.
Que isso? Ser um canalha solteiro tudo bem, agora ser um canalha comprometido? Detesto
traição de todos os tipos!
— É minha irmã. — Não é mentira, aquela um metro e meio me enxerga mesmo como um
irmão. — Sinto muito, gatinha. Podemos marcar para outra noite...
A morena solta uma risada forçada.
— Babaca!
Ela pega a bolsa que caiu no chão quando entramos e caminha tão rápido em direção à
porta, que em um piscar de olhos, já está fora do quarto.
Olho para baixo, mais especificamente, em direção ao meu pau.
— Maldita Ocean Bailey!

Ser o melhor amigo da maior cantora pop da atualidade não é fácil, e posso provar.
Antes de chegar à entrada do condomínio em que fica o apartamento da Ocean, sinto que
estou sendo filmado. Não é algo incomum para pessoas famosas como nós, mas considerando
que é de noite, mais especificamente meia-noite, não consigo evitar sentir raiva.
Não posso arrumar briga. Não posso.
Bandos de fuxiqueiros!
Sei que é o trabalho deles, mas o que custa serem respeitosos e não uns completos idiotas
sem educação? Caralho!
Cumprimento o senhor da recepção, que já me conhece há anos, e caminho em direção ao
elevador.
— Ansioso pelo próximo jogo, Lawson. — O senhorzinho que não me lembro o nome, soa
atrás de mim, parecendo animado. Viro-me e sorrio para ele. — Mandaram muito bem no jogo
de quinta.
— Continuamos dando o máximo de nós. — O elevador para no térreo. — Espere pelo
nosso melhor, senhor.
É uma pena que não me lembro do nome dele. O cara parece curtir muito o futebol e é um
grande fã do meu time.
Entro no elevador e aperto o botão do décimo terceiro andar enquanto penso em que
momento errei para estar a caminho de consolar minha melhor amiga quando podia estar
recebendo um boquete.
Posso estar parecendo um idiota, e talvez eu até seja um pouquinho, afinal, homens são
todos canalhas, e sei reconhecer isso, mas não é esse o ponto.
A questão é que Ocean Bailey deve me odiar muito no fundo daquele coraçãozinho gentil.
Só isso explica o fato de ela me ligar para ser seu ombro amigo para chorar no seu... o quê?
Quinto término? Porra! Ela só tem 27 anos, por que não consegue ficar sozinha? Além de ter que
ouvir e ler toda a merda que falam sobre ela lá fora, tenho que me controlar para não a sacudir
pelos ombros e assumir que nenhum homem vai ser bom o bastante para ela.
Não vou entrar no tópico de quem é o ideal para ela.
Digito a senha de entrada do seu apartamento e entro, encontrando a cantora de cabelos
loiros e corpo pequeno, enxugando suas lágrimas com um lenço, que provavelmente tirou da
caixa quase vazia ao seu lado.
Suspiro, chamando a atenção dela.
Seus olhos azuis brilham em minha direção, tão intensos com suas emoções tristes que me
quebra ao meio.
Esqueço da mulher que saiu do hotel.
Esqueço do tesão que foi interrompido.
Esqueço o motivo que estava reclamando.
Não sinto mais raiva por minha amiga ser tão iludida por caras idiotas, apenas o cuidado
que sempre me cerca quando a olho.
— O que foi agora, meio-metro? — pergunto, fazendo a mesma graça de sempre com seu
apelido ao me aproximar dela. — Seu melhor amigo está aqui agora.
Sento-me no sofá e nem preciso fazer outro movimento, porque Ocean vem com rapidez
em minha direção, se sentando no meu colo como nos velhos tempos e deitando a cabeça no meu
ombro. Passo meus braços ao redor do seu corpo, sentindo-a chorar mais quando sente meu
carinho em sua cintura, e esse som, que tanto odeio vindo dela, me faz voltar a sentir raiva.
Mas não dela.
Do babaca que ela insistiu em namorar por cinco anos.
— N-nós não temos mais salvação — ela admite, se referindo ao antigo relacionamento. —
Precisei terminar, Chace.
— Quer me dizer o que aconteceu?
— O mesmo de sempre... Mark parece que não me entende, e ele não se esforça por mim,
como eu fiz por ele todos esses anos. — É bom saber que ela acordou. — Acho que não somos
compatíveis.
Só agora que você percebeu?
Preciso controlar minha língua ou vou acabar falando uma merda que vai deixá-la irritada,
e como sei que está próximo do dia dela entrar na TPM, não quero acordar o capeta antes da
hora.
— Não é mais uma das brigas de vocês? — Eles discutiram muito nesses últimos meses, é
normal que eu pense que esta situação seja mais uma delas.
— Não. — O tom de voz demonstra certeza. — É por isso que vim para Nova York. Não
quero ficar em Denver, aquela casa me traz lembranças.
Descanso meu queixo no topo da cabeça dela enquanto a abraço e aproveito o momento
em que seus olhos não estão em mim para fazer uma careta.
Lembranças do quê, exatamente? Não consigo entender por que Ocean gosta tanto daquele
idiota!
Eles se envolveram quando minha amiga estava fugindo da onda de haters por ter
namorado um ator mais velho, logo depois de ter namorado um cantor muito famoso. Eu sei, é
confuso pra caralho.
Minha amiga teve ao todo 5 namorados.
O primeiro foi quando estávamos na escola, ela tinha 15 anos e não durou muito, porque
logo Ocean saiu da cidade e foi lutar pelo sonho de ser cantora.
Quando minha loira estava no lançamento do seu primeiro álbum de estúdio, iniciando sua
carreira musical, ela se envolveu com Brody, um autor que deveria ter a mesma idade na época.
Eles só duraram 4 meses. O motivo do término? O babaca a traiu.
Com 19 anos, Ocean teve a brilhante ideia de namorar Aiden, um cantor que até hoje é tão
famoso quanto ela, e sofreu uma chuva de ataques por causa de fãs ciumentas. Durou pouco,
cerca de 6 meses, e logo terminou por causa do ódio gratuito e da falta de privacidade que ambos
tinham quando estavam juntos.
Ela resolveu ficar um tempo solteira, mas esse tempo só durou 2 anos, porque logo minha
melhor amiga estava me apresentando Asher, um ator quase 15 anos mais velho e por quem
estava muito apaixonada.
Adivinha? A paixão acabou 10 meses depois.
E quando pisquei, Ocean esmagou meu coração ao começar a namorar com Mark
Gallagher, quarterback do New York Titans. Isso mesmo! Meu rival! Ela não tem nem um
pouco de dó do meu pobre coração.
Por que ainda sou amigo dela?
Ah, porque a amo.
— Pode ficar aqui essa noite? — pergunta, limpando mais uma vez o rosto com outro
lenço. — Não quero ficar sozinha.
Meu coração acelera um pouco, confesso.
Faz tanto tempo que não passo a noite na casa dela, que não estou preparado para dormir
ao seu lado novamente. Sempre tivemos o costume de dormirmos juntos quando éramos
crianças, adolescentes e adultos solteiros, sem compromissos com outra pessoa que pudesse
estranhar esse nosso comportamento.
Dormir com Ocean é meu momento favorito da nossa amizade, pois são nesses instantes,
que coloco uma ilusão na minha cabeça de que ela é somente minha. Eu posso abraçá-la, sentir
seu corpo colado ao meu, sentir seu cheiro... posso estar com ela, e isso, sempre foi importante
para mim.
— Já passou da meia-noite, acha mesmo que eu iria para outro lugar? — provoco um
meio-sorriso nos seus lábios. E isso é bom, vê-la sorrir me conforta. — Só tem um problema...
tenho certeza de que alguém me viu entrar aqui mais cedo.
Ela dá de ombros.
— Não é como se não soubessem da nossa amizade.
Isso.
Nossa amizade.
O motivo que nunca me deixou ir além com ela, que sempre me paralisa quando penso em
tentar conquistar seu coração.
— Vai parar de chorar por aquele idiota? — Não me aguento e pergunto, recebendo um
tapa no peito. — Você sabe que estava guardando isso há muito tempo.
Ocean levanta o rosto e descansa o queixo no meu ombro. Meu coração acelera com a
proximidade, e tenho até receio de que ela perceba.
Anos tentando controlar esse órgão estúpido no meu peito, e não consegui chegar a
nenhum resultado.
Tem também o fato de que ela está sentada no meu colo, me abraçando como se eu fosse
tudo o que precisa neste momento. Nunca poderia reagir normalmente a isso.
Ela é uma mulher muito linda.
A mais linda de todas.
Seus cabelos são longos e loiros, e amo fazer cafuné neles; seus olhos em um tom de azul,
são os mais expressivos que já tive oportunidade de ver; seu rosto oval e bochechas um pouco
cheinhas, a faz parecer inocente e isso esconde muito da sua personalidade sexy. Ela também é
dona de um sorriso contagiante e tem a menor altura no mundinho de cantores, com seu 1,51m.
— Desculpa ter ficado com seu rival.
— Por cinco anos — respondo, ressentido pelo tempo e pelo idiota. — Esse
relacionamento poderia ter durado tão pouco quanto os outros.
Ela bate no meu peito.
— Idiota! — Tenta se afastar, mas a puxo para meu colo novamente. — Pode ir para sua
casa, não te quero mais aqui.
Arqueio as sobrancelhas, achando graça do biquinho que se forma em seus lábios.
Poderia beijá-los!
Ela já não está mais chorando e isso me deixa aliviado pra caralho. Ocean vai superar esse
filho de uma boa mãe, tão rápido quanto os outros.
— Estava guardando isso há muito tempo, já falei.
Ela revira os olhos.
— Achei que ele seria o certo, sabe? Mas em todos esses cinco anos juntos, ele não falou
nem uma vez em noivado. — Só de ouvir essas palavras saindo da boca dela, sinto minha pele se
arrepiar. — E quando pensei que ele iria me pedir em casamento, Mark me veio com aquele
pedido idiota...
— Que pedido? — Seus olhos se arregalam e noto que ela não queria dizer isso. — Que
pedido, meio-metro?
— Mark começou a ter ciúmes de você nesses últimos meses— responde, me causando um
certo choque. — Ele disse que não éramos apenas amigos, que somos muito próximos. Falou que
estávamos jantando sozinhos sem ele, nos encontrando na casa um do outro, e implicou porque
mando a maioria das minhas músicas para você antes dele.
Dou risada, achando graça de verdade do babaca.
— Ele acha que somos amigos há três anos? Porra! Nos conhecemos desde que tomávamos
banhos pelados no lago atrás da casa da sua avó.
Já chega o idiota tê-la roubado de mim!
Queria a nossa amizade também?
— Nós éramos crianças quando nadávamos pelados no lago da vovó — ela lembra com os
olhos brilhantes, parecendo ser transportada para aquela época. — Então... Nós tivemos mais
uma discussão porque ele queria que eu me afastasse de você porque a internet toda o via como
uma piada por causa do nosso shipper, e não queria ser mais visto dessa forma. Pelo jeito
machucava seu ego frágil.
Sempre soube que Mark era um idiota, mas admito que estou me surpreendendo por ser
ainda mais. Tudo bem que toda a internet shippava um relacionamento entre mim e Ocean, e isso
acontece desde que entrei para NFL. O mundo inteiro sabe sobre a nossa amizade, e muitos
acreditam que possa haver mais do que uma relação de amigos entre nós e que só a gente que
não percebeu ainda.
A questão é que eu percebi, mas a minha querida amiga aqui... ela é um pouco mais
complicada.
— Estar com você machucava o ego dele, ou pensa que não sei o quanto ele odiava ser
visto apenas como seu namorado, mesmo sendo um quarterback de um time da NFL? Você
nunca pôde ir em um jogo dele, e nesses cinco anos, também nunca foi em um meu. — Porra!
Isso ainda me machuca.
Durante todos esses anos, a nossa amizade não mudou, exceto por não dormirmos mais
juntos, afinal, eu arrumaria briga com o Mark se pedisse para a loirinha dormir comigo como nos
velhos tempos. E tenho certeza de que se ele soubesse que fazíamos isso, teria ainda mais
paranoias sobre nós.
Acontece que Ocean teve que parar de ir aos meus jogos pois Mark não gostava. Mas
também nunca foi aos dele, porque acabaria chamando mais atenção do que o esporte jogado.
Eu falei que ele é um grande filho da puta!
— Não queria chamar atenção para mim.
— Você ou ele não queria? Nunca teve medo da fama, Ocean.
Ela suspira.
— Falando assim, parece que o Mark é um babaca. — Mas ele é! Será que ela não
enxerga? — Ele foi bom para mim por um tempo, tínhamos uma boa relação e... era tranquilo.
Diferente dos outros relacionamentos.
É isso que ela me diz através do seu olhar.
Minha amiga sempre sonhou em viver sua história de amor, mas a fama parece ter tornado
isso ainda mais difícil. Alguns se aproximam apenas por conveniência; outros nem fazem
questão de tentar se aproximar, porque a invejam... Então, acho que a entendo, mesmo odiando
muito isso.
Ela conheceu Mark em um momento em que precisava separar a vida pessoal da
profissional, pois da forma que estava, com todo o ódio gratuito que recebia, tudo era julgado e
isso a fazia mal.
A fama sempre tem um preço, pois ela é acompanhada de haters, e sendo uma mulher, a
cada álbum mais bem-sucedida, Ocean sofre até hoje.
Ocean nunca imaginou que faria tanto sucesso, mesmo eu sempre falando o quanto é
merecedora dele. Ela imaginava que apenas seria uma cantora com alguns hits, não que suas
composições se tornariam hinos aos quais a maioria das pessoas se conectaria.
Essa mulher canta sobre o que todos querem ouvir: sentimentos.
Ocean Bailey tem uma capacidade de enxergar tudo ao seu redor e transformar em letras
para suas músicas. Ela tem um dom e, porra... eu sou o maior fã dessa mulher!
— Desculpa! — Minha amiga pede e me volto para ela. — Sinto falta de comparecer aos
seus jogos.
Com ela me pedindo perdão desse jeito, toda fofa? É difícil não me render.
Nunca fiquei bravo por muito tempo com Ocean. E depois de alguns jogos, entendi que
não podia exigir algo, não sendo apenas o melhor amigo.
Se ela não ia até o jogo do namorado que demonstrou amar tanto, por que iria no meu?
Seria estranho se isso ocorresse, por isso, ela quis evitar boatos sem sentido.
— Não é como se eu conseguisse ficar bravo com você — confesso e ela sorri.
A loira me abraça apertado e afunda seu rosto no meu peito.
— Amo você, Chace.
— Eu também te amo, Ocean.
Muito.
Muito mais do que você imagina.
Tanto que o pensamento de não querer mais que você sofra por esses babacas e me
enxergue como um homem, e não só como melhor amigo, volta a crescer em mim.
Já tinha acabado quando ela se deitou no seu sofá?
Já tinha acabado quando ele desabotoou minha blusa?
Venha aqui, eu sussurrei no seu ouvido
No seu sonho, conforme você adormecia
IS IT OVER NOW? – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Minha vida é um puro surto, mas amo cada detalhe dela.
Acordo com esse pensamento ao ouvir o despertador tocar de forma estridente em algum
lugar do quarto.
Alguém ao meu lado resmunga um palavrão e faz um movimento tão rápido, que só
entendo do que se trata quando o barulho de algo caindo no chão ecoa. Abro os olhos enquanto
os braços de Chace me apertam contra seu peito, quase me sufocando no processo. Ele me puxa
mais em sua direção, e consigo ter um vislumbre do meu despertador quebrado, caído no
assoalho.
Puta que pariu!
Dou um tapa na coxa grossa do idiota ao meu lado, e ele nem se mexe. Está tão preso em
seu sono profundo, que quero matá-lo.
Foi uma péssima ideia dizer para meu atleta favorito dormir aqui. Péssima em níveis
absurdos!
Ele é muito dorminhoco e nunca faz um esforço para ao menos tentar não se atrasar, é por
isso que a maioria dos seus compromissos acontecem a partir do meio-dia.
— Chace! — o chamo e dou mais um tapa na perna dele.
Se ao menos o grandão me liberar da chave de braço que está me dando, já poderei me
arrumar para meu compromisso tranquilamente.
— Chace Lawson!
Mais uma vez cutuco sua coxa e muito sem querer, muito mesmo, acabo encostando minha
mão em algo que não devo.
Mais especificamente, no pau dele.
— Você termina seu namoro e começa a bolinar seu melhor amigo? — A voz rouca e
grogue de sono soa por cima da minha cabeça.
Faço uma careta que ele não tem a oportunidade de ver, mas desço meus olhos
automaticamente para o instrumento que toquei sem querer.
Meu melhor amigo é tão grande assim? Ele está com uma ereção matinal e me questiono se
esse tamanho é mesmo real. Não me surpreende que ele faça tanto sucesso entre as mulheres
com quem sai de vez em quando, nem que sua autoestima seja gigante. O que ele tem no meio
das pernas faz jus a ela.
— Deixa de ser idiota — resmungo, voltando ao presente. Prestar atenção no pau do meu
melhor amigo não é algo... amigável. — É você que não me solta de jeito nenhum!
— O que posso fazer se estou com saudade de dormir contigo? Tinha tempo que não
fazíamos isso. — Cinco anos para ser mais exata.
Acabo sorrindo do seu jeito manhoso.
— Vamos poder dormir bastante tempo juntos, pretendo ficar solteira pelo resto da minha
vida.
Ele solta uma risada enquanto afrouxa o aperto ao redor do meu corpo. Ergo a cabeça e o
olho confusa.
— Qual o motivo da risada?
— Eu já vi esse filme antes. — Aperta meu nariz entre seus dedos. — Daqui alguns meses
você me aparece com um namorado novo.
— Já fiquei dois anos solteira!
Tento me afastar e ele me puxa novamente para seus braços.
— Preciso me arrumar, Chace, tenho que encontrar Peter no estúdio — explico.
— Já vai gravar novas músicas? Você está em turnê. — Mais uma vez, ele parece
preocupado com minha forma de trabalhar intensamente.
— Sabe que amo estar no estúdio tanto quanto amo estar em turnê.
Lancei um álbum recentemente? Sim, há mais ou menos dez meses, mas simplesmente não
consigo me manter longe do estúdio. Amo escrever músicas e passar meu tempo com Peter,
trabalhando para melhorá-las. Sem falar que estou muito inspirada com meu recente término.
— Sinto que Peter é mais seu amigo do que eu — murmura, chamando minha atenção.
Um bico se forma em seus lábios, dando-me a certeza de que está com ciúmes. Meus olhos
caiem para a sua boca carnuda, a qual sempre tive inveja do seu preenchimento natural e que só
fica mais bonita no rosto perfeitinho do meu melhor amigo. Ele é um manhoso! E um desgraçado
por ser tão bonito e me amolecer para qualquer drama que faz.
— Inacreditável você sentir ciúmes das minhas outras amizades, quando estamos há 27
anos juntos — zombo da cara dele. — Ninguém é como você na minha vida, Chace Lawson.
Terminar meu relacionamento mais longo por sua causa não o faz perceber?
Os olhos dele brilham em minha direção, gostando da resposta.
Conheço esse grandão há tempo suficiente para lê-lo como uma página de jornal, assim
como ele me conhece e me enxerga além de todas as minhas versões.
Constantemente sinto a necessidade de mudar, seja no estilo de roupa, estilo de vida ou no
estilo musical, mas quando estou com Chace, nada disso é necessário. Com ele, posso ser a
criança que correu atrás dele o tempo todo na escola, a adolescente que fez a promessa de que
nunca o deixaria, mesmo que nossos sonhos fossem tão opostos, ou a adulta que ainda lhe pede
um abraço quando está com o coração partido.
Não me lembro de uma fase da minha vida que meu amigo não estivesse nela.
Nos conhecemos desde que nascemos. Nossas mães eram melhores amigas e vizinhas,
ambas engravidaram, o que possibilitou que eu e ele tivéssemos apenas duas semanas de
diferença nos nossos aniversários.
Essa história é engraçada, linda e emocionante.
Minha mãe sempre teve problema para engravidar e acabou perdendo três bebês antes de
mim; sua melhor amiga e meu pai foram essenciais para ela se manter mentalmente forte para
continuar tentando. Quando finalmente aconteceu, todos ficaram surpresos e felizes porque Cora
Lawson também engravidou. Era uma coincidência incrível.
Meu pai sempre lembra o quanto minha mãe repousou e rezou para que eu nascesse, até
que o dia chegou, duas semanas após Chace ter nascido. Com a amizade entre as famílias, foi
impossível que eu e o jogador não nos tornássemos irmãos. Frequentávamos tudo juntos, e
praticamente não tive amigas na minha infância e adolescência; eu me dava melhor com meu
grandão e os amigos dele.
Tenho certeza de nossas mães ainda seriam melhores amigas se a minha não tivesse
morrido de pneumonia quando eu tinha sete anos.
Lembro pouco da mamãe, mas consigo me recordar de como foi o dia mais triste da minha
vida quando papai me disse que ela havia ido morar no céu. Eu nunca quis que ela fosse, queria
que ela continuasse sendo minha melhor amiga, meu amuleto da sorte, a melhor mãe do mundo.
Queria que ela me visse crescer, construir a minha carreira, começar uma família, me ajudar com
os meus filhos. Queria que ela participasse de cada etapa da minha vida.
Não sei o que teria sido de mim se Chace não estivesse comigo, cuidando de mim como se
eu fosse sua irmãzinha mais nova.
É por isso que digo com toda a certeza que nada nesse mundo pode nos separar.
Chace é minha família.
Ele é a minha pessoa favorita no mundo.
— Sou mesmo seu melhor amigo, né? — Sua pergunta me desperta dos pensamentos. —
Deveria passar mais tempo comigo agora que está livre do idiota.
Reviro meus olhos para o drama dele.
Ele é tão dramático quanto as minhas músicas de términos. É por isso que nos damos tão
bem.
— Não fale como se nesses cinco anos eu não tenha te dado atenção. — Bato em seu
braço. — Preciso me arrumar.
O loiro finalmente me solta e consigo me sentar na cama.
É mesmo um manhoso!
— Nós não podíamos sair juntos todas as semanas, não podíamos dormirmos juntos e você
não passa o Ano-Novo com minha família há cinco anos.
Dou risada e não resisto, aperto sua bochecha, o tratando como uma criança quando eu sei
que ele odeia isso.
O que posso fazer? Não consigo resistir ao seu jeitinho carente.
— O dia que você arrumar uma namorada, vai entender que só teria problemas se dormisse
comigo, se passássemos toda a semana juntos ou deixasse de passar o Ano-Novo com ela, para
passar com a melhor amiga mulher — friso a última palavra e só para deixar mais claro, aponto
para o meio das minhas pernas e em seguida para seu grande... volume. — Esqueceu que somos
de sexo opostos? Amizade entre homem e mulher sempre gera dúvidas.
Não é à toa que meus fãs shippam tanto nós dois. Eles têm certeza de que eu e Chace
vamos ficar juntos, que somos o que eles chamam de end game um do outro.
Loucos, mas os amo mesmo assim.
Não é que nunca tenha visto meu amigo como um homem. Tenho a plena consciência de
que ele é um cara bonito, gostoso e com uma personalidade tão incrível que faria com que me
apaixonasse por ele em questão de dias, acontece que ele também é tudo o que tenho depois do
meu pai, e eu nunca, em hipótese alguma, pensei em tentar algo com ele porque não suportaria
perdê-lo.
Ainda lembro quando descobri com 14 anos o que era a paixão e o amor por alguém,
pensei naquela época de forma inocente que Chace era o único capaz de ser o meu namorado
porque ele me conhecia melhor do que eu mesma, mas assim que também descobri que paixão e
amor podem acabar e que podem até destruir uma relação, blindei o meu coração para não acabar
caindo nos encantos do meu amigo.
E deu muito certo.
Eu ainda o tenho comigo e isso é tudo o que preciso.
— Tenho a plena consciência de que você é uma mulher, Ocean. — Ele se senta na cama,
ficando de frente para mim. — Você que se esquece que eu sou homem.
— Eu? — Solto uma risada, chocada.
— Fica agarrando meu pau. Posso esquecer que você é minha melhor amiga rapidinho.
Pego o travesseiro e jogo em sua direção. Acerta o rosto dele e depois cai em seu colo,
tapando o assunto da nossa conversa.
Ótimo!
Não é como se eu precisasse ficar olhando para aquilo.
— Eu não peguei propositalmente.
Pulo da cama e coloco meus chinelos.
— E é melhor você usar o outro banheiro para abaixar esse... volume matinal — falo
enquanto caminho até o banheiro do meu quarto. — Acho que dormirmos juntos só funcionava
quando éramos crianças.
Ouço sua risada atrás de mim.
— Quem disse que é matinal? Eu dormi com você.
Paro quase chegando na porta do banheiro e me viro para o safado do meu melhor amigo.
Ele mantém um sorriso cretino nos lábios.
— O que você disse?
— Você não ia se atrasar, meio-metro?
Aponto meu dedo do meio para ele, arrancando-lhe uma risada.
Entro no banheiro às pressas, decidindo ignorar o engraçadinho. Ele adora me perturbar, e
isso nunca será diferente. Principalmente, quando se trata de piadas de duplo sentidos.
Chace é um garoto no corpo de um homem.
Com seus 27 anos, nunca assumiu um namoro com uma das mulheres que já ficou, e
sempre que pergunto o motivo, apenas me diz que é porque não achou a certa.
Mas como acharia? Ele só leva as garotas para foder por uma noite.
Onde está o gesto romântico? Os jantares? Os encontros?
Tudo bem transar antes, porém, ele deveria ao menos tentar conhecer depois. Só assim
para saber se poderá criar um laço especial com essa pessoa.
Quando joguei isso na cara dele, o idiota me respondeu que pelo menos não tinha um
coração partido.
Doeu, viu? Mas superei no dia seguinte.
Enquanto eu tive cinco namorados, ele teve inúmeras mulheres, mas nenhuma namorada.
É estranho, não? Porém, não sou o tipo de amiga que julga o amigo. Se ele está feliz dessa
forma, então estou feliz.
A felicidade dele vem antes da minha, e sempre será assim.

— Essa música é um hit, Ocean — Peter diz, assim que saio da cabine de gravação,
demonstrando orgulho. — Triste, mas com uma sonoridade animada. É uma coisa estranha que
só você consegue fazer.
Dou risada e me sento ao seu lado.
— Quem sabe pode ser o single do próximo álbum?
— Três meses em primeiro lugar na Billboard.
— Exagerado!
— Só você não acredita no seu potencial, né? Você é um fenômeno, Ocean.
Sempre fico sem graça quando me elogiam dessa forma. Eu só sou... normal. Trabalhei
duro para chegar até aqui e continuo fazendo isso.
É bem nesse momento que meu pai e Edina entram no estúdio.
— Como você está, filha? — Paul Bailey se aproxima do sofá que estou e fica ao meu
lado. — Não dormi direito pensando em como estaria seu coração depois da sua mensagem.
Ele se refere ao texto que o enviei na noite passada, contando sobre meu término com o
Mark Gallagher.
Como qualquer relação de término recente, rapidamente me senti chateada com a pergunta.
— Vou ficar bem, pai — respondo para tranquilizá-lo. — Tudo é recente ainda, mas não
tinha mais o que fazer para nos salvar.
— É uma pena, querida... — Ele segura minha mão. — Você vai encontrar alguém que
será para sempre.
— Obrigada por ter fé em mim, pai. Mas decidi que vou ficar solteira por um bom tempo.
Não quero outra decepção amorosa tão cedo.
Só não estou chorando no momento, porque sei que não vai adiantar em nada. Até chegar
no término, foram meses tentando fazer dar certo, então parte de mim, já sabia que acabaria cedo
ou tarde.
Mark foi bom para mim até um certo momento.
Nosso namoro começou quando eu estava a caminho do sucesso que tenho hoje, era um
romance privado e raramente fazíamos questão de sermos vistos juntos. No entanto, com a onda
de desclassificações que o time dele vinha enfrentando, seu nome começou a ser relacionado
apenas ao meu, e acho que isso o frustrou de alguma forma.
Nesses últimos meses, o quarterback já não parecia ter mais orgulho de estar comigo, e
quando tocava no nome do meu melhor amigo, ele tinha mil e uma crises de ciúmes. Diferente
dos Titans, os Octopus sempre chegam na final do Super Bowl.
Infelizmente, descobri tarde demais que Mark tinha uma masculinidade frágil.
Podia ao menos ter sido antes de achar que viveria para sempre ao lado dele, né?
Odeio passar por términos!
É o quinto, e ainda me sinto uma idiota por sentir tanta dor por isso.
— Sinto muito pelo Mark, Ocean, mas precisamos resolver essa situação publicamente o
mais rápido possível — Edina, a mulher responsável por cuidar da minha imagem e uma das
minhas amigas, diz. — Filmaram Chace entrando ontem de noite e saindo hoje de manhã do seu
apartamento.
Suspiro.
— Deixa eu adivinhar... estão dizendo que estou traindo Mark com meu melhor amigo?
— Alguns sites sim, mas seus fãs parecem conhecê-la bem e estão teorizando sobre o que
aconteceu.
— Tudo bem... Você pode soltar uma nota à imprensa, dizendo que terminamos — digo,
sem me importar muito com aquilo. — Foi um término amigável, pode colocar a culpa nas
agendas lotadas. Não tínhamos mais tempo um para o outro.
Não é uma mentira.
A temporada de jogos começou, Mark está treinando mais do que antes e eu estou no início
da minha turnê mundial.
— Tudo bem... Vou fazer as notas e te enviar ainda hoje.
Aceno.
— O que acha de jantarmos com Quinn hoje? Faz tempo que não temos uma noite das
garotas.
Ela pensa por um segundo, provavelmente recapitulando nossas agendas.
— Ei! Minha turnê só começa na sexta-feira, hoje ainda é terça.
— Ok! Você tem muito o que nos contar mesmo.
Bato palmas, animada.
É sempre bom ter uma noite de meninas com suas melhores amigas, especialmente depois
de um término.
As luzes são tão fortes, mas nunca me cegam, me cegam
Bem-vinda a Nova Iorque
Ela esteve esperando por você
WELCOME TO NEW YORK – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu gosto de Nova York.
As ruas agitadas, a noite que nunca dorme, o Central Park que eu costumava visitar quando
não tinha um paparazzi atrás de mim a cada passo que dava. A cidade respira música, cultura e
toda a arte que se pode encontrar nesse mundo.
O mais divertido na Big Apple é poder encontrar todo estilo apenas em um lugar. É uma
cidade unida em meio a tantas diferenças, e mesmo tendo nascido em Denver, me sinto mais em
casa quando estou aqui.
Como por exemplo agora.
Estou em um restaurante italiano com minhas melhores amigas, e mesmo que esteja lotado
de fãs e fotógrafos lá fora, esperando para que eu saia, não me sinto incomodada.
— Amiga, sinto muito pelo seu término. — Quinn segura minha mão e pela sua expressão,
demonstra o quanto está chateada com essa situação. — Eu achava que vocês iriam se casar.
Suspiro e dou dois tapinhas na mão dela antes de soltá-la para tomar meu vinho.
— Eu também, Quinn. — Bebo um gole do vinho branco, meu preferido.
— Acho que Ocean merece mais — Edina comenta ao meu lado, cortando o filé no seu
prato. — Mark começou a mostrar as asinhas assim que virou piada na internet pelo próprio
desempenho no campo.
Não é uma mentira e Quinn sabe disso.
— Independente de ter sido um idiota nesses últimos meses, ele foi bom para a nossa
Ocean no início.
— E do que isso importa? Deveria ter sido bom pelo resto da vida.
— Eu sei, Edina — diz Quinn. — Sei que no final, ele já não a merecia mais. Comecei a
ter certeza disso quando eles já estavam no quarto ano de relacionamento, e ele nem a pediu em
casamento. Lembra que o idiota sempre se esquivava quando perguntava sobre avançar o
relacionamento? Kendrick fez o pedido quando estávamos no nosso terceiro ano! Nossa amiga é
uma mulher romântica e Mark nem se importava em realizar seus sonhos.
Tomo mais um pouco do meu vinho, me sentindo mal com o assunto.
Sei que esse é nosso primeiro jantar pós-término, e quando isso acontecia no passado, nos
juntávamos para falar mal dos nossos ex's. Acontece que o Mark é diferente.
Ficamos juntos por cinco anos, achei que ele era o certo.
Falar sobre os defeitos dele, faz com que eu me sinta idiota.
Se o Chace estivesse aqui...
Sorrio.
Ele provavelmente estaria falando sobre a garota que deixou no hotel ontem para vir me
encontrar, reclamando sobre ter jogado pedra na cruz por me amar tanto, a ponto de interromper
uma foda por minha causa.
Ele também estaria me distraindo, reclamando sobre o gosto da carne do meu prato ao
roubar um pedaço, pois que não estaria no ponto que ele gosta, mas é o ponto que amo.
Meu grandão estaria falando sobre qualquer coisa para me ver sorrir e me ajudar a superar
mais rápido.
É por isso que por mais que ame essas garotas e as considere minhas melhores amigas,
Chace Lawson é o primeiro que chamo quando estou em apuros.
— De qualquer forma, Ocean está melhor focando na carreira agora — Edina comenta,
tomando um pouco de vinho. — Todos os shows estão esgotados, ela está fazendo história no
mundo da música, e até já recebemos convite para apresentação no intervalo do Super Bowl[2].
Minha amiga e cliente só tem a crescer daqui para frente, não precisa de um idiota ao lado dela
atrapalhando-a.
— Pelo menos ele serviu para boas músicas — Quinn fala e apenas sorrio fraco. — Espera,
você recebeu mesmo o convite para o Super Bowl? Por que não me disse?
Porque eu falei para o seu irmão primeiro.
Desculpa, amiga. Amo você!
Sim, meus melhores amigos são irmãos, mas diferente do loiro, minha amizade com Quinn
só iniciou quando eu tinha 15 anos e ela 18. Antes disso, tenho certeza de que ela me achava uma
pirralha.
Só pelo meu olhar, ela já conseguiu entender tudo.
— Claro que aquele idiota do Chace já sabia. — Ela cruza os braços, emburrada. — A
única vantagem dele é porque nasceu quase com você e são amigos desde essa época.
Solto uma risada.
— Deixa de ser ciumenta! Você está na vida de recém-casada e trabalhando em um dos
filmes mais aguardados para o próximo ano. Além disso, eu queria falar pessoalmente.
— Se apresenta em fevereiro?
— Não irei me apresentar.
A minha atriz favorita para com a massa no meio do caminho até a sua boca.
— Por quê? — Ela solta um grito na salinha privativa do restaurante em que estamos. — É
uma chance de ser vista.
— Eu já estou sendo vista — a lembro. — Vou deixar para o próximo ano. Estou em turnê
e no momento, não quero misturar as coisas. Também não sinto que essa é a hora para me
apresentar.
— O que meu irmão achou disso?
— Ele me entendeu e me apoiou — respondo e parece óbvio para ela.
Nós duas sabemos que meu running back sempre apoia minhas decisões.
— Por falar no meu irmão... Ele foi para o seu apartamento ontem. — Nem pergunta, e
provavelmente é por causa das fotos que estão circulando na internet. — Dormiram juntos?
Edina arranha a garganta e olha para nossa amiga.
— Se alguém estiver escutando atrás da porta, pode entender errado.
— Não começa! Ninguém está nos espionando. — Minha amiga pede. — Esta noite você é
a amiga, não a relação pública da Ocean.
É difícil para RP separar esses dois lados, e olha que nos conhecemos há mais de 10 anos.
Iniciei minha carreira com 15, e no auge do meu sucesso, quando lancei o segundo álbum, com
17 anos, a conheci e começamos trabalhar juntas.
Minha amiga, dona de cabelos escuros e cacheados, pele negra e olhos caramelos, é a
melhor no seu trabalho e costuma deixar que ele a consuma de vez em quando. Quinn a chama
de viciada e já chamou sua atenção tantas vezes por conta disso, mas ela se esquece que Edina já
é bem grandinha com seus 32 anos, e sabe o que quer da vida.
Diferente de nós, a mulher responsável por cuidar da minha imagem não é alguém que se
relaciona com muita frequência. Completamente o oposto de mim, ela não tem facilidade de
superar uma decepção. O coração dela já foi partido pelo ex-marido, e depois dessa desilusão,
nunca mais quis se relacionar.
— Por que quer saber de algo que com certeza já sabe a resposta? — pergunto para Quinn.
— Você nos viu crescer, sabe da nossa intimidade melhor do que ninguém.
— É exatamente isso. — Aponta o garfo para mim. — Vocês já estão crescidos demais
para dormirem juntos.
Reviro meus olhos.
— Somos amigos.
— Eu sei que vocês são, mas não acha estranho? Um homem e uma mulher de 27 anos
dormindo juntos?
— É você que está vendo maldade aqui, Quinn — digo e pego mais um pouco do meu
macarrão para evitar uma resposta que só daria mais motivos para uma discussão.
— Quinn não está tão errada — Edina começa a falar, meio hesitante, pois me conhece o
suficiente para saber que ficarei chateada com o que dirá. — Ele foi filmado entrando ontem de
noite e saindo hoje de manhã. Vocês podem saber que o que têm é apenas amizade, mas as
pessoas lá fora não sabem. Olha o tanto de gente que shippa vocês, e com essas fotos, só dão
mais munições para seus fãs.
— Nunca me importei com o que as pessoas dizem sobre mim.
— Não minta, senhorita Bailey — Quinn resmunga à minha frente. — Abracei você e a
consolei quando estava se achando imprestável por causa daqueles fãs do Aiden.
— Experimenta sofrer hate em massa para ver se não vai acabar surtando.
— É por isso que precisa se preservar — Edina aconselha. — Os torcedores do Mark estão
te chamando de traidora por causa de ontem.
Reviro os olhos, odiando saber que no fundo elas estão certas. Não somos mais crianças,
não moramos mais em Denver.
Pego minha taça de vinho e bebo alguns goles.
— Minha vida seria menos complicada se você e meu irmão namorassem.
A bebida entra pelo lugar errado e começo a tossir.
Que merda...?
Levo o guardanapo à boca e respiro fundo, recuperando meus sentidos.
Quinn me olha com diversão do outro lado.
— O que foi? — Se inclina em minha direção, mantendo o olhar animado. — Acha a ideia
tão interessante que chega a se engasgar?
Jogo o guardanapo ao lado do meu prato.
— Não! Essa ideia é a mais absurda que já ouvi em toda a minha vida. — Tudo bem, estou
exagerando, eu mesma já pensei nisso no passado, bem lá atrás.
Minha amiga ri.
— Nem é pra tanto... nossas mães tinham o sonho de que vocês se casariam.
Elas tinham.
E quase nunca me lembro disso.
Eu e Chace somos apenas amigos!
Poxa, não somos nem aqueles clichês de que se nada der certo até os 30 anos, iremos nos
casar, pois nos tornamos irmãos.
— Para de fazer essa careta! Meu irmão é mais bonito do que todos os seus ex-namorados
juntos.
Oras...
— E quem está falando sobre beleza? — retruco.
Ela está certa.
Meu amigo é muito bonito.
O safado ganhou o primeiro lugar da lista de jogadores mais bonitos em uma revista
renomada por dois anos consecutivos, então, não é difícil entender o que estou falando.
O cabelo do Chace é um loiro escuro, curtos nas laterais e com o topo mais volumoso, os
olhos são acinzentados e são minha parte favorita do rosto dele. Lembro-me de quando éramos
crianças, eu costumava invejar a cor deles. Meu melhor amigo também tem lábios invejáveis, são
bem preenchidos e rosados, tanto que em uma época no passado, inventaram que ele tinha feito
preenchimento labial.
Meu jogador se cuida.
Desde o corpo, malhando todos os dias, até a aparência, fazendo skin care e todos os
tratamentos de estética possíveis.
Mas pensar em desejá-lo como um homem? Isso não pode acontecer!
— E pode me explicar como sua vida seria menos complicada?
Minha amiga nega e balança a cabeça.
Ela resmunga algo que não escuto pois meu celular toca bem na hora.
Por falar no diabo...
Por causa do toque da chamada, sei que é o Chace antes mesmo de ver o nome na tela do
aparelho. Ainda na adolescência, combinamos que cada um teria um toque especial, uma ótima
forma de saber quando precisamos ser atendidos.
— Estou jantando com sua irmã, sabia? — falo quando atendo.
— E eu já estou no seu apartamento — diz. — E dessa vez não fui fotografado entrando.
— O que você está fazendo aí?
— Trouxe sorvete de creme e brownies daquela sua padaria favorita. Pensei que você
amaria ter uma noite de cinema com seu melhor amigo.
Acabo sorrindo.
— Hum... O que aconteceu com você? Está mais fofo do que o normal.
— Eu poderia dizer que transei, mas você atrapalhou minha foda com uma morena
gostosa... — Suspira, fingindo estar triste. — Agora estou carente.
— Sinto muito, essa carência em específico, eu não posso resolver — comento, me
divertindo. — Vou voltar daqui alguns minutos, ok?
— Tem certeza de que não pode mesmo? Você até disse hoje de manhã que eu sou homem
e você é mulher.
Sinto meu rosto ficar vermelho com a brincadeira de duplo sentido.
Idiota!
— Deixa de falar bobagens, Chace Lawson.
Ele ri fraco.
— Não demore! Diga para minha irmã que ninguém precisa ouvir sobre o casamento feliz
dela.
Ele falou mais alto e Quinn à minha frente, ouviu.
— Invejoso! — ela esbraveja.
— Inveja? O casamento só serve para prender — justifica.
— Ei, senhor, “estou bem solteiro”, lembre-se que não vai ser jovem para sempre. Precisa
arrumar uma namorada, se apaixonar e se casar — o lembro, sendo observada por minha amiga.
— Pelo jeito que sua irmã está me olhando, ela concorda.
— Ela concordaria com qualquer coisa para me foder.
A mais velha sorri de forma inocente.
— É óbvio! — Grita o mais perto do celular que consegue.
— Ok, vou desligar — falo. — Te vejo daqui a pouco.
Desligo a ligação e foco a atenção nas minhas amigas.
— Pelo jeito, não vamos comer a sobremesa, Quinn — Edina diz, casualmente. — Preciso
mandar as notas do seu término antes que vejam o Chace saindo do seu apartamento de novo.
— Vocês dois... — A loira nega com a cabeça. — Não tem jeito.
Sorrio e dou de ombros.
Que bom que ela sabe disso.
Não vim aqui fazer amigos
Nós nascemos pra ser lendas suburbanas
Quando você me abraça, segura juntos todos os meus pedaços
E você me beija de um jeito que vai acabar comigo
SUBURBAN LEGENDS – TAYLOR SWIFT

CHACE LAWSON
Aproveito a ausência de Ocean para tomar um banho.
Por mais que tenha feito isso antes de sair do campo de treinamento, não consigo ficar sem
meu segundo banho do dia.
Depois de me lavar, coloco uma bermuda azul-marinho da Adidas e opto por ficar sem
camisa. O aquecedor no apartamento da loirinha funciona muito bem e como amo a liberdade de
estar confortável na minha casa, não penso que esta poderia ser uma má ideia – afinal, sua casa é
a minha também. Não teria problemas com a minha vestimenta.
Há cinco anos, eu andava de cueca na frente da minha cantora favorita. Quer intimidade
maior do que essa? Ela tem sorte por eu ser um homem decente e colocar uma bermuda.
Observo-me no espelho grande do banheiro e solto um suspiro.
Sou lindo pra caralho, então por que aquela meio-metro não me enxerga como mais do que
um amigo? Tudo bem que nem posso culpá-la, não faço o mínimo para que ela me veja de outra
forma.
Sou um otário.
Só essa explicação basta.
Meu cabelo molhado destaca ainda mais o loiro escuro, meu corpo é um acontecimento
que só foi possível com anos de dedicação à academia e ao futebol, e meus olhos... não é porque
sou convencido, como meu melhor amigo costuma dizer, é que eles são mesmo atípicos.
Azul acinzentado.
Ocean mesmo já disse o quanto ama a cor dos meus olhos.
Mas nem isso a fez se apaixonar por mim.
Eu me lembro exatamente do dia em que percebi que estava ferrado por amar minha
melhor amiga de uma forma mais intensa do que o amor de irmãos que sempre deveria existir
entre nós, que estava fodido por desejá-la na minha cama, mas não dormindo abraçada a mim,
como se fosse da sua família, mas por baixo de mim, por cima, de lado, de quatro, comigo a
fodendo...
Porra! Não posso ter uma ereção agora. Já não basta o pau duro de manhã por ter dormido
de conchinha com essa mulher?
Eu devo me odiar mesmo por estar aqui nesse apartamento para repetir uma noite de
amigos.
Desse jeito, minhas bolas vão ficar roxas e não me surpreenderei se meu pau cair!
De qualquer forma, o dia em que percebi que amava minha loira foi quando ela me
apresentou seu primeiro namorado e fiquei com muito ciúme. No início, tentei negar para mim
mesmo, dizendo que minha cabeça estava cheia de fantasias da minha mãe, que inclusive
sonhava com um casamento entre nós, mas quando a vontade de receber os beijos da loirinha se
apoderou de mim, percebi que não era isso.
Quase morri quando Ocean me falou sobre sua primeira vez com o segundo namorado, e
me sinto o homem mais triste do mundo toda vez que ela me apresenta um novo homem, dizendo
o quanto está apaixonada.
Mas ainda assim, não consigo fazer nada.
Simplesmente não consigo reagir mais do que reajo.
Conheço Ocean Bailey há 27 anos e vejo que ela nunca me enxergou mais do que um
amigo. Então, por que tentar? A perderia para sempre, por isso, prefiro viver na friendzone a não
tê-la mais na minha vida.
Clichê para um caralho! Eu sei. Também odeio isso.
Escuto a porta de entrada bater, indicando que a dona do apartamento já está de volta.
Coloco meu maior sorriso no rosto e saio do banheiro.
— Boa noite, meio-metro! — Cumprimento-a enquanto ela tira os saltos altos e coloca a
bolsa que carrega no suporte. — Como foi sua noite?
— Foi boa...
Tento ignorar o quanto ela está gostosa usando um simples macacão preto de alcinha.
Como isso é possível? Ela nem usa maquiagem forte, e isso a deixa ainda mais linda. Os cílios
estão dela bem-marcados e os lábios estão com seu amado batom vermelho.
Simples.
E ela ainda é a mulher mais gostosa e linda que já esteve na minha frente.
O que eu não faria com aquele meio-metro...
Para de pensar nisso, Chace Lawson!
Ela parece meio abatida e isso corta qualquer pensamento malicioso na minha mente.
Lembro do motivo pelo qual Ocean não está sorrindo de orelha a orelha depois de ter saído com
suas amigas e automaticamente sinto raiva.
Maldito Mark!
Se eu o encontrar — e tenho certeza de que vou — no estádio, o derrubo diversas vezes.
— O que aconteceu?
Ela me olha de cima a baixo e suspira.
— Acha que está em casa? Vai colocar uma camisa. — Manda enquanto se joga no sofá.
Ignoro o pedido e me sento ao seu lado.
— Não é como se você se importasse! — Aliso minha barriga definida, atraindo o olhar da
loirinha. Ela não olha para o meu corpo com tédio, é mais parecido com curiosidade misturado
com surpresa neste instante, provavelmente porque evolui muito depois da última vez que me viu
sem camisa, mas na sua expressão do rosto não há nada que consiga fazer com que mude de
ideia sobre nossa relação. Se ao menos eu enxergasse uma fagulha de desejo nele... — E lembre-
se que o que é bonito deve ser mostrado.
— Convencido. — Ocean me dá um tapa no ombro.
— O quê? Vai dizer que não me acha nem um pouco bonito?
Ela ri fraco e agarra minha bochecha, apertando-a.
— Lindo! — Balança meu rosto de um lado para o outro, me tratando como um bebê.
Odeio e amo isso ao mesmo tempo!
— Chega! — Seguro sua mão. — Vai me dizer o que está acontecendo ou vou ter que
arrancar de você?
— O jantar foi bom, só... elas falaram muito sobre o Mark, e isso me deixou um pouco
triste — explica, e isso faz muito sentido com o que estou imaginando desde que a vi com o rosto
abatido.
— Vem, vamos comer sorvete. — Levanto-me, puxando-a comigo em direção à cozinha,
onde estão as sobremesas que comprei. — Sorvete e brownie sempre ajudam.
Deixo a loirinha em frente à ilha da cozinha e ela se senta enquanto pego o sorvete no
freezer, as colheres na gaveta do armário, os pratinhos para sobremesas e o brownie delicioso
que ela ama.
Levo tudo para a bancada ao passo que a loira me observa com os cotovelos apoiados no
mármore.
— Os próximos meses vão ser corridos — comento, tentando distraí-la com qualquer outro
assunto. — Você iniciou sua turnê semana passada e eu iniciei a temporada de jogos esse mês.
Ela acena enquanto me assiste servi-la.
— Quando você vai no meu show? — pergunta.
Empurro o prato com a sobremesa para ela e começo a me servir.
— Sexta. Por quê? Já está sentindo minha falta? — provoco.
Eu fui na abertura da turnê, mas Ocean ama quando consigo um tempo livre na agenda
para ir aos shows dela. Devia ter suspeitado que algo estava estranho no relacionamento dela
pela ausência do Mark. Que tipo de namorado não vai na estreia da sua namorada? Só um que
quer terminar.
Babaca! Nem para ir apoiar a mulher que dizia amar.
— Sabe que gosto de ter você lá — comenta e leva um pouco do doce à boca. — Hum...
Por que isso é tão bom?
Sorrio.
Sei que o humor dela vai melhorar com sua sobremesa favorita.
— Só não vou em todos os seus shows porque tenho um emprego que exige muito de mim
e porque você ama me foder por colocá-los nos finais de semana. Minhas partidas podem cair de
quinta a domingo, esqueceu?
— Não! — Ela fez um beicinho. — É só porque os shows são melhores nos finais de
semana. Todo mundo sabe disso.
Infelizmente, ela está certa.
Não que Ocean Bailey deixe de lotar um estádio em dias de semana, mas é muito melhor a
comodidade que ela e os fãs têm quando as apresentações acontecem de sexta a domingo.
— E não é como se deixássemos de nos falar — ela comenta, comendo mais um pouco. —
Estamos sempre conversando por mensagens.
Sorrio mais pela sujeira que ainda consegue fazer enquanto toma sorvete do que pelo que
ela acabou de dizer.
Minha amiga não está errada, com nossas profissões, é um pouco difícil nos vermos
sempre, e quando ela está namorando, é ainda mais complicado.
Nos últimos cinco anos, tentamos nos ver no mínimo uma vez por semana, mas houve
semanas em que não conseguimos, o que, de verdade, me deixou magoado. Sempre odiei aquele
babaca que ela chamava de namorado, e isso fez com que eu evitasse vê-la quando sabia que ele
estava por perto. Era por isso que nos encontrávamos mais sozinhos do que quando o Mark
estava junto.
É ruim que eu prefira ficar só com ela? É errado que eu esteja contente por ter essa mulher
quase que exclusivamente para mim agora que ela terminou o relacionamento?
Passa a ideia de que estou feliz com a tristeza da minha melhor amiga, mas juro que não é
isso. Só estou aliviado por esse relacionamento não ter dado certo...
Toda vez que Ocean falava sobre casamento, eu sentia vontade de chorar, e olha que não
choro com frequência.
— Meio-metro, você é uma bagunça — digo e dou a volta, ficando na frente dela e
limpando o cantinho do seu lábio.
Se estivéssemos em um filme romântico, haveria aquela tensão maluca que faz com que o
personagem se incline até ficar próximo o bastante da protagonista para que ela sinta vontade de
beijá-lo.
Quando se trata de coragem, sou o homem mais corajoso.
No campo, faço jogadas incríveis que deixam muitos da minha equipe impressionados pela
audácia.
Sempre dou o primeiro passo para levar uma mulher para minha cama.
Flerto como ninguém.
Fodo como ninguém.
Mas quando se trata de Ocean, não consigo nem tentar seduzi-la.
Podemos ver isso agora... Meu coração está acelerado com nossa proximidade, mas ele
está dessa forma sozinho porque no seu rosto tudo o que vejo é uma tranquilidade muito comum
quando ela está comigo.
Limpo o cantinho da sua boca e a loira sorri como se fosse o pai dela fazendo isso, e não a
porra de um homem gostoso.
Sofro!
Eu nasci para sofrer nesse mundo.
Nem tenho coragem de levar meu dedo para minha boca e limpar, apenas faço isso com o
guardanapo em cima da mesa.
Covarde!
— Já tomou banho? — ela pergunta e faço que sim com a cabeça. — Vamos fazer skin
care juntos? Só preciso tomar um banho primeiro.
— Hoje sou todo seu.
Subitamente, ela me abraça apertado, descansando a cabeça no meu peito.
— Obrigada por ser o melhor amigo do mundo.
Sinto suas mãos nas minhas costas e aquela proximidade que amo quando me abraça dessa
forma. Ela é a única mulher que tem essa liberdade comigo, nem mesmo minha irmã mais velha
me abraça como Ocean.
Abaixo minha cabeça e beijo o topo da dela, a abraçando de volta.
— Sabe que estou sempre aqui, né? — pergunto, só para confirmar.
Ela acena.
Sempre estarei e sempre serei visto como um amigo, então, acredito que não tenha nada
que eu possa fazer quanto à minha friendzone.

— Você viu o que estão falando da gente? — pergunto para Ocean, navegando na internet
ao passo que a máscara facial trata meu rosto. — Parece que sou seu amante.
Ela solta uma risada sincera enquanto para ao meu lado e se encosta na bancada do
banheiro.
— Sabe que não fico tanto nas redes sociais, mas Edina me falou sobre. Até o final da
semana, ela deve soltar uma nota explicando que eu e Mark terminamos — explica. — Agora
sobre você... Essas pessoas sabem da nossa amizade desde que nós dois estamos na mídia, e
ainda insistem em dizer que temos algo.
Talvez seja porque os fãs de Ocean enxerguem que eu seria o cara perfeito para ela? Essas
estrelas do mar... É por isso que eu os amo como se fossem meus fãs.
— Hum... O que acha de acabarmos com esse boato? — pergunta.
— O que sugere?
Minha amiga pega o celular do bolso e se vira para o espelho.
— Vem, vamos tirar uma foto.
Fico surpreso. Não é como se não tirássemos foto o tempo todo que estamos juntos, mas
nunca para postar.
Ocean vai mesmo fazer isso?
— Sabe que vai quebrar a internet com essa foto, né?
Ela dá de ombros, mostrando o lado atrevido e valente que tanto gosto. Arrumo a camiseta
que fui forçado a colocar e a observo melhor, usando a primeira camiseta que dei a ela do meu
time.
Roxo fica bem em Ocean. Minha roupa fica bem nela.
Porra!
Ela fica ainda mais gostosa vestida assim.
— Talvez isso os mantenha distraídos. — Aponta o celular para o espelho. — Faça a sua
melhor pose.
Como amo provocá-la por conta do tamanho, me abaixo o suficiente para não ficarmos tão
desproporcionais na altura e faço uma careta. Ela revira os olhos antes de rir e colocar o dedo na
boca aberta com seu sorriso.
Escuto o barulho do clique da foto.
Olhos para o celular e sorrio com o resultado.
— Não ficou fofa? — indaga, admirando a foto mais irmãos que já tiramos na vida.
— Depois me manda, vou atualizar meu plano de fundo.
Ela me dá um tapa no ombro e a olho sem entender.
— Não vai usar nossa foto como plano de fundo, isso só o afastaria de uma futura
pretendente... Sabia que você pode esbarrar com o amor da sua vida até em um mercado? O que
faria se ela visse a foto de uma mulher no seu celular?
Suspiro, me cansando só de ouvir o início daquela conversa.
— Como vai postar a foto? — Mudo de assunto.
Felizmente, ela me deixa escapar dessa.
Ocean abre os stories do Instagram e coloca a foto com a seguinte legenda: sempre o
melhor amigo e irmão do mundo.
Quando clica postar, ela me olha e forço um sorriso.
— Isso vai calar a boca deles — murmuro e aponto para nossas máscaras. — Vamos tirar
isso logo e dormir, o que acha?
— Estou mesmo com sono.
Ela concorda.
Posso não estar com sono, mas sei que prefiro dormir agora, pois é sempre a oportunidade
que tenho de estar agarrado à loirinha sem parecer estranho.
Minha coisa favorita do mundo sempre foi estar na mesma cama que ela, com seu corpo
encaixado ao meu em uma dessas conchinhas, enquanto a sinto mudando a respiração conforme
pega no sono ao meu lado.
Não existe nada mais íntimo do que isso, e me sinto sortudo por mesmo depois de adultos,
mantermos esse costume entre nós.
Pelo menos, tenho um pouquinho dela para confortar meu coração. O que mais poderia
pedir?
E sei que isso foi há muito tempo
E aquela magia já não está mais aqui
E eu posso estar ok, mas não estou nada bem
ALL TO WELL – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Não consigo dormir.
Penso em incomodar Chace ao meu lado, mas pela forma como seu braço descansa na
minha cintura, parece que ele está dormindo.
Consigo entender por que da minha insônia assim que descanso minha cabeça nos
travesseiros.
Sinto um grande buraco no peito por não ter a pessoa que gostei e que há cinco anos, me
permiti abrir meu coração para ele.
É diferente de sentir falta.
E eu não me sinto sozinha, não quando tenho meus melhores amigos comigo.
Mas sinto que não fui boa o bastante para que Mark continuasse comigo.
Afinal, qual o problema que eu tenho? Tive cinco namorados e nenhum deles deu certo.
Será que nunca encontrarei alguém que me ame pela forma que sou? Que abrace toda a
bagagem que vem comigo? Que seja paciente, gentil, amoroso e bom?
Sinto-me uma idiota por achar que Mark era essa pessoa.
No início, foi tudo tão... mágico. Como nos tornamos uma música tão triste? Do tipo que
não aguenta o replay muitas vezes seguidas?
Um caroço sobe na minha garganta, e até tento evitar chorar, mas tudo é muito recente e se
tem uma coisa que aprendi com meus términos, é que preciso viver cada fase deles.
A que estou vivendo é sempre a pior.
Sempre penso que nunca irei encontrar alguém como ele...
— Ei, meio-metro. — Chace se move ao meu lado e me vira de frente para ele. Meu amigo
já me viu chorando antes, mas é sempre ruim ter alguém te olhando nesses momentos. Mas ainda
assim, se existe alguém que confio para mostrar minhas vulnerabilidades, esse alguém é ele. —
Por que está chorando?
Fungo enquanto o running back tenta limpar as lágrimas que escorrem pelo meu rosto.
— Sabe como é... meia-noite, mente vazia e insônia. — Todos os recentes acontecimentos.
Mark Gallagher.
Ele solta um suspiro que mais soa como frustrado do que benevolente.
Tudo bem. Eu entendo.
Deve ser chato para ele estar aqui me consolando pela quinta vez por mais um
relacionamento que não deu certo.
— Não consigo parar de pensar que talvez seja para eu ficar sozinha — admito, tentando
parar de chorar.
— Não diga bobagens. — Ele limpa meu rosto. — Você é nova ainda. Pense que esse
término vai gerar mais sucesso com as músicas que vai compor e, consequentemente, vai ficar
mais rica.
Acabo soltando uma risada pelo jeito tão natural dele falar.
Dou um tapa no peito dele e o loiro segura minha mão, a levando para perto do rosto e a
beijando. Seu gesto de carinho me causa um estremecimento que sobe pelos meus braços em
arrepios.
Ele é sempre mais carinhoso quando estou solteira, e tenho certeza de que o ordinário se
aproveita disso.
Desço meu olhar pelo seu corpo quase todo coberto pela coberta e pelas roupas, mas isso
não me faz esquecer do que vi assim que cheguei em casa. Desde quando Chace havia criado
tanto gominho no abdômen? Quando, exatamente, que ele ficou ainda mais malhado? Fiquei um
pouco surpresa, não vou mentir. Ainda que já tivesse o visto sem camisa no passado, nada pode
ser comparado com como ele está nos dias de hoje.
É impressionante...
Por que estou pensando nisso?
— Estou errado?
— Não está! Gravei a demo de uma hoje, assim que estiver no meu celular, mando para
você — digo, voltando para o assunto principal. Música.
Ele sorri.
— Essa é a minha garota.
É sempre impossível continuar chorando quando meu amigo está por perto, e esse é um
dos motivos que o amo tanto. Sempre quando estamos juntos, é leve e me lembra de casa, de
antigamente, quando nossa maior preocupação era como iríamos persuadir nossos pais a nos
deixarem dormir juntos.
— Acha a nossa amizade estranha? — pergunto e sei que é do nada, pois ele me olha sem
entender. — Tirando que não nos beijamos e nem transamos, parecemos namorados de vez em
quando.
Esqueço-me de que com Chace não se pode falar muitas coisas sérias e acabo ficando sem
palavras quando ele responde:
— Por quê? Quer me beijar e transar comigo?
Minha mente também fica branca ou azul, como a tela do Windows quando o sistema
morre. Acho que o safado percebe pela minha cara o quão perplexa estou e começa a gargalhar.
— Idiota! — Tento soltar minha mão do agarre da dele para dar outro tapa, mas não
consigo.
Ele é forte.
— É o meu jeitinho.
— Você e esse jeitinho que não leva nada a sério. — Um idiota, como pode ser meu
melhor amigo?
— Por que está achando nossa amizade estranha? — ele resolve perguntar quando nem
tenho resposta para isso. — Você está solteira, eu estou solteiro. Não existe problema em dormir
com o amigo, pare de ver malícia ou irei achar que quer meu corpo nu.
Reviro meus olhos. Estou dando a entender isso?
— Uma coisa não tem nada a ver com a outra, sabia? — rebato. — Apenas fiz uma
pergunta.
— Não acho — ele finalmente responde. — Estou confortável com isso e você?
— Nunca estive desconfortável com você — admito e ele sorri.
— Ótimo! — Fecha os olhos e entrelaça nossos dedos. — Vamos dormir agora. Meu
trabalho de fazê-la sorrir já está feito.
Cretino!
Antes de fechar meus olhos, inclino-me na sua direção e beijo a bochecha dele, sentindo-o
estremecer ao meu lado. Quase sorrio ao perceber que o peguei de surpresa.
— Está se aproveitando de mim? — murmura.
— Amo você, Chace Lawson — declaro.
— Eu também, meio-metro. — Beija nossas mãos entrelaçadas. — Muito.
E então consigo fechar os olhos e dormir tão rápido como se não estivesse pensando em
todas aquelas coisas sobre não ser suficiente.

— Adivinha quem é a artista feminina mais reproduzida do Spotify atualmente? — meu pai
pergunta ao entrar no meu camarim com um sorriso que poderia rasgar seu rosto. — Essa não é
outra recompensa incrível para quem acabou de fazer mais um show esgotado?
Não consigo conter minha felicidade com a notícia e acabo pulando nos braços do meu
velho.
— Estou tão feliz por tudo que está construindo, minha filha — ele diz com a voz
embargada. — Nada tira da minha cabeça que esse é o seu lugar. Sempre foi.
— Obrigada, pai.
O homem que, além de desempenhar o papel de melhor pai do mundo, também é meu
empresário, me afasta pelos ombros e me olha de cima a baixo com orgulho.
— Linda!
Ainda estou vestindo o body verde adornado do show e as botas de salto alto preta.
— Fez um ótimo show, como sempre.
— Estava um pouco nervosa — admito, me encostando na mesa que costumo me maquiar.
— Foi o primeiro show que todos sabiam sobre o meu término. Senti que alguns dos meus fãs
estavam com pena de mim.
Há alguns dias, Edina enviou para a mídia, uma nota declarando meu rompimento com o
Mark, e isso ainda é o assunto mais comentado do momento. Meus fãs já não gostavam tanto do
quarterback quando estávamos namorando porque ele sempre evitava falar e ser visto comigo, e
agora com o término, estão procurando algum motivo para odiá-lo ainda mais. Todos querem
entender o porquê, já que apesar de tudo, parecíamos bem juntos.
— Você vai superar isso, filha.
— Eu sei.
Sempre fui boa em seguir em frente, e não vai ser agora que deixarei de ser.
Alguém bate na porta e, em seguida, a cabeça de Chace surge entre o vão.
— Posso entrar?
— É claro, filho — meu pai diz.
Se existe uma coisa que odeio, é a minha altura de 1,51m, que me faz parecer uma formiga
perto dos 1,80m de Chace, mesmo usando meus saltos de 10 cm. Agora mesmo, ele entra no
camarim e parece ainda mais alto do que já é.
Antes de se aproximar, noto que está escondendo algo atrás das costas e tento espiar,
inclinando a cabeça para a direita, mas não consigo ver o que é.
— Curiosa — ele acusa e sorrio inocentemente. — Isso é para parabenizá-la pelo show
incrível, o recorde de artista feminina mais reproduzida, e para acalmar sua TPM que sei que
começa essa semana.
Minha risada fica presa na garganta quando ele me estende um buquê de Ferrero Rocher,
o meu chocolate favorito, com uma rosa vermelha no meio, entre todos os bombons de
embalagem dourada.
— Sabe como mimar minha filha, hein? — meu pai zomba ao meu lado.
Olho para o running back, ainda surpresa com sua atitude.
— Sabe que posso ficar mal-acostumada, né? — pergunto e me aproximo, pegando o
buquê da mão dele. — Nunca vou acreditar que sabe quando começo a entrar na TPM.
— Chamo isso de muita intimidade, sabia? — Faz uma careta. — Muita! Chega a ser
bizarra.
Dou um tapa no ombro dele.
— Obrigada! — Abraço o buquê. — Eu amei o presente.
— Não queria ser chato e dizer que sempre avisei que você seria um sucesso, mas sabe que
não posso perder a oportunidade de me gabar. Eu avisei, meio-metro, e escute o que estou
dizendo, ainda irá dominar o mundo.
Meu pai se aproxima e aperta o ombro do meu melhor amigo.
— Ela ainda pensa que não pode fazer isso quando, na verdade, já está dominando — meu
velho comenta ao me olhar com um sorriso enorme.
Não é que eu não confie no meu potencial.
É só que tudo ainda é muito maluco.
Há dez anos, ninguém me conhecia, e agora... sou uma artista extremamente popular.
— Você não se chama Ocean à toa, minha filha — meu pai fala. — Sua mãe e eu
colocamos o nome do oceano porque sabíamos que seria grande em qualquer área que escolhesse
para sua vida. E olhe agora... como um oceano, você domina esse planeta, e suas estrelas do mar
estão sempre contigo.
Quando nomeei meus fãs dessa forma, me pareceu certo pelo significado do meu nome, e
inclusive, tenho uma música falando sobre isso, mas quando nossos nomes ficam juntos na
mesma frase, me dá mais certeza de que não podia ter escolhido melhor.
— Querem me fazer chorar? Estou sensível.
— Pai, ela está entrando na TPM, é melhor nem provocar — Chace comunica.
Ele tem essa mania de chamar meu velho de pai, assim como eu chamo os dele de tio e tia.
Mais uma pessoa bate na porta e dessa vez é Edina.
— Oi, desculpa incomodar — diz ela. — Mas Athena está aqui, ela veio no seu show e
queria dar um oi.
Não escondo minha surpresa e olho para os dois homens da minha vida.
— Viu? Falei que você é extremamente famosa. — Meu amigo se gaba.
Ela é uma cantora que admiro muito, com estilo musical mais alternativo e indie, além de
ser uma excelente compositora. Tanto a ponto de ser uma inspiração diversas vezes na minha
carreira.
Tranco a respiração quando a vejo entrar no camarim.
Alta, o cabelo com a raiz escura e o comprimento roxo, olhos verdes, o nariz fino e o rosto
bem desenhado. Ela parece uma personagem de filme. Athena está usando uma calça moletom
da mesma cor de seu cabelo e uma blusa regata estilo cropped preta, mostrando parcialmente a
barriga. Tão linda quanto as fotos da internet.
Nunca tive a oportunidade de conhecê-la pessoalmente e agora estou um pouco nervosa.
— Oi, Ocean! — Ela sorri de forma simpática. — O show foi incrível e é um prazer
finalmente conhecê-la.
Ela se aproxima e sem que eu espere, me abraça apertado.
— Agora entendo por que todo mundo não quer sair do seu show, é uma experiência única.
— Obrigada! — Agradeço quando nos afastamos. — Sou uma grande fã sua, sabia? Seu
último álbum... é simplesmente incrível!
— Ouvi você falar sobre ser minha fã em uma entrevista, e quase não acreditei. — Sorri
para mim e olha para o running back ao meu lado. — Oi... É Chace, né?
Ele acena.
— Chace Lawson, prazer em conhecê-la. — Meu amigo estende a mão e ela aperta.
— Não sou tão apegada ao futebol, mas quem nunca ouviu falar de você? Tem se
destacado como o melhor running back de todos os tempos.
A cantora também cumprimenta meu pai e depois se volta para mim.
— Só passei aqui rapidamente, mas... — Ela segura a mão que não estou segurando o
buquê de chocolate. — Gostaria muito de conversar com você futuramente, quem sabe não
poderemos trabalhar juntas? Acho que temos letras profundas que fariam uma ótima
colaboração.
Arregalo meus olhos.
— Sério?
Ela assente.
— Claro!
— Seria um sonho... Meu Deus!
— Deixei meu número com Edina, pegue com ela e entre em contato comigo, ok? Preciso
ir porque tenho uma filha pequena para cuidar.
Navy... Esse é o nome da filhinha dela.
Se não me engano, Athena engravidou quando tinha 30 anos, mas não faço ideia se é
casada com o pai da criança ou não. Essa mulher consegue manter sua vida privada muito bem, e
não é como se eu ficasse procurando fofoca na internet sobre as pessoas do meu meio.
— Eu vou ligar.
— Ótimo!
Ela acena para todos e me dá mais um abraço antes de sair do camarim, acompanhada de
seu agente.
Olho para Chace, meu pai e Edina, ainda perplexa.
— O que acabou de acontecer?
Minha amiga e RP se aproxima e não consegue esconder o sorriso.
— Acho que é a vida dizendo que você é incrível a ponto de fazer uma parceria com um
dos seus ídolos.
Meu pai me abraça de lado pelo ombro e com outro braço faz o mesmo na cintura de
Chace.
— O que acham de uma comida caseira lá em casa para comemorar?
Sinto meu estômago roncar no mesmo momento.
— Você leu meus pensamentos.
Nós rimos.
Chace me olha e pisca para mim.
— É melhor aproveitar minha presença hoje, porque amanhã serei 100% dos Octopus —
diz, se referindo ao seu time.
Não deixo de ficar triste.
Os treinos dele voltarão a ficar mais intensos e preciso focar nas letras do próximo álbum
que vou lançar. Nosso tempo será mesmo curto, mas acabaremos achando uma forma de nos
organizar só para nos vermos.
Nós sempre fomos bons nisso.
Mas eu continuo seguindo em frente
Não posso parar, não vou parar de me mexer
É como se tivesse uma música
Na minha mente, dizendo que tudo vai ficar bem
SHAKE IT OFF – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
É sempre estranho como o tempo passa rápido, mas sempre faz sentido quando penso no
quanto estamos ocupados. Realmente, não há outra forma de ser, é só aceitar que, num piscar de
olhos, começamos o ano e, no outro, já estamos chegando no final dele.
Já estamos em novembro e, por jogar a semana toda, treinar quase todos os dias, e viajar
constantemente para os locais que acontecerão os jogos, mal vejo o tempo passar.
Saio da sala em que tivemos uma reunião com nosso técnico, Reggie Lurie, para definir as
estratégias do jogo de domingo, e vou em direção ao vestiário. Hoje foi o último dia de treino
antes do feriado de Ação de Graças que será amanhã e estou exausto; parece que nosso técnico
decidiu gastar toda a nossa energia, esquecendo-se completamente de que nos encontraremos
aqui na sexta-feira.
Felizmente, nosso jogo será em Nova York, e conseguirei aproveitar o dia de amanhã com
minha família na casa que tenho em Nova Jersey.
— Cara, como você está? — Cole para ao meu lado e olha ao redor. — Nós vamos jogar
contra os Titans no domingo, e não sei se me assusto com sua calmaria ou se me preocupo.
Suspiro.
Está aí a parte infeliz do próximo jogo: o maldito Mark Gallagher.
— Estou bem — minto. — Não é como se eu nunca tivesse o enfrentado no campo antes.
O enfrentei quando era namorado de Ocean, por que seria difícil agora?
— Sou seu amigo tempo o suficiente para saber que existe uma diferença quando o cara é
namorado da sua melhor amiga, que você respeita o relacionamento, para quando ele é o ex que
a fez chorar.
Abro a porta do meu armário com mais força do que o necessário.
A dificuldade é essa.
O desgraçado fez minha loira chorar e foi um completo idiota com ela.
— Vou separar meu lado pessoal do profissional. Prometo!
— Até porque, agora que pararam de falar que você e Ocean estão em um relacionamento
secreto, não precisamos de repórteres caindo em cima por causa da sua raiva de Mark Gallagher
no campo.
Essa história é tão estúpida!
Depois da declaração que Edina soltou para mídia, alguns meses atrás, pensei que tudo
voltaria ao normal, mas fui iludido. A internet toda comentou sobre o término, e me incluíram no
meio, tirando de suas próprias imaginações, que Ocean havia terminado com o idiota porque me
amava mais do que um amigo.
Eles nem imaginam, mas eu gostaria que isso fosse verdade.
Depois da foto que a meio-metro postou de nós dois fazendo skin care juntos, tudo piorou
porque ela estava usando minha camiseta do time. Para eles, não importava que a legenda frisava
o quanto somos melhores amigos, eles enxergaram apenas o que queriam.
Claro que tem os fãs que entendem, só que muito deles, queriam acreditar que estamos
juntos.
Então, apenas deixei isso de lado, e minha amiga fez o mesmo.
Aproveitamos para nos vermos muitas vezes, escondidos de todos, nos últimos quase três
meses, pois não queríamos que os comentários a nosso respeito continuassem.
Foi uma boa decisão para ela, que passou pelos primeiros meses do término focada em sua
turnê de sucesso, e eu estou focado em chegar no Super Bowl, e não em fofocas que,
sinceramente, eu gostaria que fossem verdade a nosso respeito.
— Não vou cair em cima dos Titans mais do que o necessário — prometo ao meu melhor
amigo, que não é o quarterback do time, mas age como um, exclusivamente para mim. — Por
falar nisso... Você e Kyle vão no show de Ocean na sexta?
Faz semanas que ele está saindo com uma das modelos mais bem pagas dos Estados
Unidos; no entanto, até o momento, eles não assumiram publicamente nenhum relacionamento.
Como seu melhor amigo, sei o quão apaixonado ele está por essa mulher e também percebo que
não vai demorar muito para ele pedi-la em namoro.
— Eu tenho outra escolha? Kyle é muito fã da Ocean e não conseguiu ir a nenhum dos
shows antes por causa da agenda lotada, ela quer muito ir na sexta.
— Até porque, esse é o último show na América do Norte, ela não conseguiria ir em outro
— o lembro e sorrio. — Vai aparecer com ela publicamente, então?
Cole parece só se dar conta disso agora, pois arregala os olhos em minha direção.
— O que foi? Isso é um problema? — pergunto.
— Não, é só que... não tinha parado para pensar nisso.
Bagunço seu cabelo.
— Você é lerdo!
— Para, Lawson! — manda, arrancando minha mão da sua cabeça. — Acho que vou pedi-
la em namoro, cara.
— E ainda não pediu? Tem dias que está viajando nesse vestiário pensando nela. — Como
amo provocar meus amigos apaixonados! Ele me encara, zangado. — O que foi? Sabe que não
estou mentindo.
— Está exagerando, como sempre faz.
— Estou? Certeza? — Vejo Clyde, nosso quarterback, se aproximar. — Ei, Clyde! Não é
verdade que Cole está sempre perdido, com a carinha de apaixonado por aqui?
O jogador ri.
— Não só aqui. Viu a cara dele numa hora em que estava passando o vídeo do jogo mais
cedo? Ele nem parecia estar no planeta terra.
Fisher revira os olhos quando rimos.
— Idiotas!
— Se perdermos por sua causa, vou expor sua falta de atenção na internet — Clyde
ameaça de brincadeira, ou não. — É bom estar apaixonado, Cole. Aproveite e a peça em namoro
logo.
— Concordo! — falo.
O quarterback acena para nós.
— Preciso ir, marquei de me encontrar com meu irmão às cinco.
Fazemos um toque e ele pega suas coisas, saindo do vestiário em seguida.
— Você concorda? Não tem que dar pitaco em nada quando sua vida amorosa é um
desastre.
Não deixo de me sentir ofendido com o que diz e faço minha melhor cara para demonstrar
esse sentimento.
— Minha vida sexual está ótima! Te falei da mulher com quem transei na semana passada?
Uma grande gostosa.
Ele faz uma careta.
— Não estou falando sobre sua vida sexual deprimente para esconder o coração partido
pela friendzone. — Ai! Essa doeu!
Cole e meus irmãos são os únicos que sabem como realmente me sinto em relação à
Ocean, e confesso que não sei se foi uma boa ideia deixá-los saber. Eles vivem esfregando meu
sofrimento na minha cara, como se eu pudesse mudar alguma coisa de uma hora para a outra.
Desvio o olhar do Fisher e vejo o garoto de 20 anos, Thomas Azzaro-Gauthier, pegar sua
mochila no armário. Ele acabou de sair do banho, o cabelo loiro está molhado e algumas gotas
escorrem pelas costas, molhando a camiseta do time que usa.
O garoto é quarterback reserva do nosso time, recém draftado e, puta que pariu, é um
prodígio no campo.
— Ele é bom, né? — Mudo completamente de assunto e Cole segue meu olhar. — Acho
que em breve, ele vai ter a chance de mostrar para nosso público o quanto é bom conosco em
campo.
Thomas é um garoto ainda, porém tenho certeza de que em breve, estará jogando conosco.
O técnico não é idiota de deixar um talento tão bom quanto o dele na reserva por muito tempo.
O moleque acena e sorri para nós.
— Ei, pirralho, gosta da Ocean?
— A cantora? É claro! Existe alguém nessa América que não gosta? — ele pergunta, com
o sorriso e olhar divertido e gentil de sempre.
Gosto dessa criança.
— Cole e eu vamos no show dela na sexta, quer ir?
Thomas parece surpreso com o convite e não esconde o quanto fica animado com a ideia
de sair com a gente pela primeira vez.
— É claro!
— Ótimo. — Sorrio. — Traga roupa para se trocar depois do treino, pois iremos sair daqui.
Ele concorda.
— Obrigado pelo convite, Chace. — Aponta para a porta de saída. — Preciso ir agora.
— Vai pela sombra, garoto! — Cole o provoca quando já está quase saindo do vestiário.
Dou risada.
— Sombra? Ele vai na Mercedes dele, babaca. — Dou um tapa na nuca do cara que chamo
de amigo.
Thomas é filho de uma das maiores famílias de empresários bilionários dos Estados
Unidos, e Cole o tratando como um simples garoto, meu amigo é mesmo um idiota.
— Vou me arrumar para vazar daqui também — comento, pegando minha roupa de banho
no armário. — Já gastei muito tempo com você.
— Admite que não vê a hora de chegar amanhã para passar o feriado com sua melhor
amiga.
Reviro meus olhos e fecho o armário com força.
— Cala a boca!
Não nego, porque infelizmente, ele tem razão.

Minha mãe é sempre exagerada.


Ela nunca consegue fazer pouca comida no dia de Ação de Graças, e é por saber disso, que
a partir desse ano, vou separar um pouco de cada prato em marmitas para levar ao abrigo que
ajudo a cuidar financeiramente aqui em Nova Jersey. Não tem muitas crianças, mas imagino que
elas devam sentir falta de uma comida caseira.
— Sabe que existe apenas umas 10 crianças para alimentar no abrigo, não 20, né? —
provoco a senhora Cora Lawson, que está fazendo outro prato de salada. — Hum... O peru cheira
muito bem.
Abraço minha mãe por trás e ela não demora para reclamar.
— Se você não vai ajudar, não estorve, garoto.
Dou risada e beijo a bochecha dela, ouvindo seu resmungo.
— Ocean não chegou ainda? Por isso está aqui me perturbando?
Saio de perto da mulher que me deu à luz, pois ela pega uma faca. Mesmo que seja para
cortar as cenouras, tenho um pouco de amor pela minha vida para arriscar ficar perto.
— Ela deve chegar daqui alguns minutos — respondo e escuto o barulho de Lila, minha
sobrinha de sete anos, lá na sala. — Por outro lado, sua neta está bagunçando toda a sala de estar.
Minha mãe não consegue evitar o sorriso.
— Deixe a menina em paz! Lila ama a casa da vovó.
— Quando eu era criança, não me deixava bagunçar a casa com Ocean.
Meu irmão mais velho entra na sala no mesmo momento.
— Não acredito que está com ciúmes da sua sobrinha, Chace. — Jaylen me dá um tapa na
nuca. — Se situe, criança.
Reviro os olhos.
— Deixa de ser idiota! Vou ter que chamar Harper para levá-lo para o buraco em que saiu?
— pergunto, me referindo à minha cunhada. — Ninguém te chamou para a conversa.
Minha mãe nega com a cabeça.
— Por que fui ter três filhos, Senhor? Apenas um já era o bastante.
Semicerro os olhos na direção dela.
— Talvez dois — ela completa. — Quinn tomou jeito agora.
A olho, incrédulo.
— Você acabou de dizer que não queria que eu nascesse? Como pode ser tão sem coração?
A velha maluca aponta a faca para mim.
— Como vou ter se você já o infartou várias vezes? — pergunta, e me finjo de sonso, que
não está entendendo o que ela está dizendo. — Quando vai tomar jeito, garoto? Gracie me ligou
dizendo que precisou pagar uma nota para que fotos suas com uma garota não fossem vendidas
na internet.
Suspiro.
Eu não posso nem foder mais!
Como poderia imaginar que havia pessoas me seguindo na semana passada?
Acabei sendo fotografado entrando no hotel de sempre com uma modelo que conheci
naquele dia mesmo.
No dia seguinte, acordei com Gracie Kostek, minha prima e agente, que também cuida da
minha imagem, gritando nos meus ouvidos para eu tomar mais cuidado.
— Se focasse em arrumar uma futura esposa, eu poderia voltar a ter coração.
— Exagerada — digo para minha coroa. — Estava curtindo.
— Nossa mãe tem razão em puxar sua orelha — meu irmão mais velho começa a defender.
Ele não perde uma oportunidade de chamar minha atenção. — Você tem uma imagem pública
vinculada ao seu trabalho. As pessoas o amam porque você mostra quem é nas entrevistas, mas
sabe o quanto essa gente pode mudar de opinião rapidamente? Eles sabem que você é solteiro,
mas se descobrirem que está ficando com uma garota a cada semana, vão reduzi-lo a isso,
ignorando até mesmo o seu bom coração.
Minha mãe larga a faca e se aproxima de nós.
— Não se esqueça que é o melhor amigo da Ocean. Não quer que a imagem da nossa
garotinha se resuma a melhor amiga de um cafajeste, né? — É como se eu tivesse cometido o
maior crime do mundo e odeio essa sensação, principalmente quando trazem a loirinha para o
assunto. — Não está mais na faculdade, querido. Já é homem, e precisa arrumar seu futuro...
Olhe para seu irmão e sua irmã, eles tomaram jeito.
Acontece que o “tomar jeito” para minha mãe se resume a uma palavra: casamento.
— Eu sempre fui santo — meu irmão se defende.
E infelizmente, tenho que concordar.
Minha irmã que sempre foi mais maluca da cabeça.
Ela curtiu muito a vida de solteira antes de se amarrar ao Kendrick. Pelo menos, evitou que
nossa mãe tivesse um infarto, pois, ao contrário de mim, Quinn não tinha o menor cuidado em
manter sua diversão privada. Ela saía para festas, era fotografada bebendo e beijando
desconhecidos, causando o caos no mundo artístico.
Louca, mas a amo mesmo assim, e confesso que sinto falta de ir a uma festa com ela.
— Melhor nem me lembrar do que já sofri com seus irmãos solteiros ao mesmo tempo. —
Minha velha coloca a mão no coração, exagerando no drama. — Vejam, nem bate mais, de tão
fraco que está ficando.
Dou risada e beijo sua bochecha.
— Dramática! E pode esquecer essa ideia de casamento, já falei que isso não é para mim.
Ela semicerra os olhos em minha direção e nega algo com a cabeça.
Se ela soubesse que a única mulher com quem aceitaria me casar é Ocean Bailey,
organizaria a cerimônia em menos de 24 horas e forçaria minha amiga a se casar comigo.
Sim, ela é nesse nível.
Não, minha mãe não faz ideia de que sou apaixonado pela cantora e, graças a Deus, tenho
um lado artístico ótimo que me permite ser um ator excelente, escondendo meus sentimentos
muito bem, ou ela já teria bancado a fada madrinha e, com certeza, teria estragado tudo.
Dona Cora tem essa mania de se envolver nos relacionamentos dos filhos. Quando Jayden
se apaixonou e não sabia o que fazer a respeito disso, ela marcou um encontro com ele e Harper
nesta casa. Infelizmente, eu não estava aqui para prestigiar o momento constrangedor que
ocorreu quando minha mãe jogou na mesa que seu filho mais velho amava aquela que se tornou
sua nora.
Sorte dela é que Harper sentia o mesmo ou então dona Cora teria estragado tudo.
Imagina se ela soubesse sobre meus sentimentos por Ocean? Acabaria deixando escapar e
nos afastando completamente, antes mesmo que eu pudesse tentar conquistar o coração da minha
amiga.
— Cuidem do peru porque preciso jogar uma água no rosto depois de não ser levada a
sério — ela diz e sai da cozinha em um piscar de olhos.
— Agora sei de onde puxei o lado dramático — comento, sorrindo e olho para meu irmão,
que me encara sério. — O que foi?
— Não gosta da ideia de casamento porque não é com Ocean, né? — provoca e bato em
seu ombro com força. — Ai! Babaca!
— Cala a boca.
Ele esfrega o local que atingi.
— Nunca vou entender como consegue foder várias garotas estando apaixonado por uma
— comenta, não me dando ouvidos e continuando com o assunto. — Isso vem desde a época da
escola.
Se não fosse meu irmão falando essa bobagem, eu nem acreditaria que escutei isso. O olho
com tédio.
— E meu pau é conectado ao meu coração, porra? — respondo, sem esconder minha
irritação. — Esperava o quê? Que eu ficasse chorando por aí enquanto ela estava amando e feliz
com o namorado da vez? Tenho amor-próprio.
— De que o senhor cheio de amor-próprio está se gabando dessa vez, Jaylen? — Escuto a
voz de Ocean atrás de mim e me viro rapidamente. O que ela escutou? Pelo seu sorriso, não
parece ter sido nada demais, e me sinto mais aliviado quando ela confirma ao se aproximar e me
abraçar. — Oi, Mr. Lindo.
Sorrio e a abraço apertado, não me importando em tirá-la do chão quando a ergo nos meus
braços.
— Chace Lawson! — ela solta um gritinho no meu ouvido.
Ninguém pode me julgar.
Faz uma semana que não vejo esta loirinha.
— Não estava me gabando da minha beleza por mais que devesse — digo, colocando-a no
chão de novo. — Senti saudade, meio-metro.
— Eu também. — Ela bate no meu ombro e nos afastamos. — Oi, Jaylen.
O abraço no meu irmão é muito mais contido do que em mim.
— Oi, Ocean.
Quando ela volta a ficar ao meu lado, descanso o braço ao redor do seu ombro.
— Do que estavam falando então?
Nem preciso olhar para meu irmão para saber que seus olhos estão em mim, desafiando-me
a falar alguma coisa, como sempre. Ele sempre quis que eu fosse sincero com Ocean sobre meus
sentimentos, mas acreditem, não posso confiar em alguém que é um ogro quando se fala em
demonstrar sentimentos.
Jaylen é muito direto, para ele, é tudo no preto e no branco, sem frescuras.
Não sei como Harper o ama.
Ele é o homem mais antirromântico do mundo.
— Sobre minhas habilidades na cama.
Ela revira os olhos.
— Seu irmão é um pervertido, Jaylen.
— Concordo, Ocean — meu irmão diz. — Deveria tomar cuidado com ele.
O desgraçado pisca para ela, em uma clara piada interna e se afasta de nós, indo ver o peru
no forno.
Olho para a loirinha ao meu lado.
— Vamos lá para a sala. Seu pai veio com você?
Ela assente com a cabeça.
Saio da cozinha com a loira antes que Jaylen fale alguma merda.
A chuva caia com força
Quando eu estava me afogando, foi aí que finalmente pude respirar
E de manhã
Não havia mais nenhum vestígio seu, acho que finalmente estou limpa
CLEAN – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu amo a família Lawson e a facilidade com que cada um tem de deixar o ambiente leve,
divertido e feliz em um piscar de olhos.
Os Lawson, comparados à minha família, são uma família grande. A senhora Cora teve
três filhos, dois já são casados, e o mais velho deles, Jaylen, de 33 anos, tem uma garotinha
chamada Lila que amo mimar. Ela é quase minha sobrinha também, para o desespero do Chace.
E quando ela só quer saber de mim, como o bom dramático que é, o jogador tem um pouco de
ciúmes.
— Estou feliz que vieram passar esse feriado com a gente, Paul — o pai de Chace, Edie
Lawson, diz enquanto almoçamos. — Pensei que com a turnê da Ocean, nem conseguiriam.
Sempre tivemos o costume de passarmos feriados comemorativos juntos, isso desde que
minha mãe era viva, porém nos últimos anos, acabei falhando muito nesta tradição.
Quando penso em tudo o que perdi por causa do Mark, me sinto uma completa idiota.
Passei os últimos feriados com a família dele porque realmente me entreguei ao nosso
relacionamento, o amei com tudo o que tinha, mas isso serviu pra quê? Apenas para colecionar
mais uma decepção amorosa.
— Temos a nossa menina de volta à mesa — Quinn diz, animada, ao erguer uma taça de
champanhe. — Podemos até fazer um brinde.
— Exagerada! — comento, cortando o peru no meu prato. — Prometo que irei passar
todos os feriados com vocês novamente.
Chace ri baixinho ao meu lado.
— Isso até você arrumar um novo namorado. — O tom de voz dele não é provocativo, é
zangado.
Eu reconheceria isso mesmo se ele tentasse fingir.
— Não! — Lila, minha maravilhosa sobrinha emprestada, protesta. — Não quero a titia
Ocean longe.
— Fique tranquila, meu amor... A sua titia aqui não vai arrumar mais ninguém. Ficarei
solteira pelo resto da minha vida.
Todos, sem exceção de nenhum, dão risada.
Poxa!
Custa acreditar em mim?
— É sério! — digo, firmemente. — Chega de romances. Mulheres também podem ter
casos sem compromisso, não podem? Acho que vou aderir ao estilo de vida do meu melhor
amigo.
Chace se engasga ao meu lado e bate em seu próprio peito para se recuperar. Viro meu
rosto para ele, sem entender por que tanto espanto.
— O que foi? Falei algo errado?
É algo que venho pensando nos últimos dias.
Talvez meu maior problema seja ficar procurando o amor em todos os caras que saio. Eu
sou jovem, bem-sucedida, famosa, e meus fãs vivem aumentando minha autoestima quando
gritam o coro de “gostosa” nos shows. Então, por que não aproveito isso?
Até comecei a escrever uma música sobre deixar o amor de lado e usar os homens como
eles nos usam, tudo como se fosse um grande jogo em que só há um vencedor, mas não sei se
algum dia terei coragem de 1lançá-la ou de sequer terminá-la. É ousada demais e podem
interpretar de maneira errada, quando, na verdade, é apenas o sentimento de alguém que está
cansada dos mesmos relacionamentos com fins parecidos.
— Não. Vivemos no século vinte e um, não tem nada de errado — Chace diz, mostrando
mais um dos motivos de amá-lo tanto. — Só que é estranho, e você não pode me xingar por
pensar isso.
Meu pai arranha a garganta.
— Acho que você está passando pela fase de “agora só tenho ódio pelo meu ex”, então,
não tome alguma decisão que vai se arrepender depois.
— Eu tive muitos casinhos, é divertido — Quinn comenta e meu velho a fuzila com os
olhos. — O que foi, tio? A fase de papai ciumento já passou.
Dou risada da vermelhidão que sobe pelo rosto de Paul Bailey.
— Ocean, não seja como seus dois melhores amigos. Seu pai só vai sofrer como eu sofro
— Cora diz, recorrendo ao lado dramático.
Os filhos dela têm a quem puxar.
Chace está em silêncio, e isso sim, é surpreendente. Cutuco-o com o braço, tirando sua
atenção do prato que mal tocou.
— O que foi? Choquei você?
Ele me lança um meio-sorriso.
— Acho que qualquer dia quem vai infartar por sua causa serei eu, não seu pai — ele diz
baixinho, só para eu ouvir.
Dou risada e volto a comer.
— Chace vai no abrigo mais tarde, você vai junto, filha? — Ed pergunta, mudando de
assunto.
Lembro que conversamos ontem sobre os planos para hoje, e fiquei de dar uma resposta se
iria ou não visitar a instituição que meu amigo ajuda financeiramente.
— É claro. — O running back sorri com minha resposta. — Pode ser entediante para
aquelas crianças ter só Chace lá.
Ele força uma risadinha.
— Ha, ha, ha! — Sem que eu espere, sua mão vem com tudo cheia de purê de batata em
direção à minha boca. — Coma e fica quietinha.
— Chace!
Tento me esquivar da segunda onda de ataque, mas estou ao seu lado e não consigo. Ele
acaba sujando meu rosto todo de purê!
— Olha o que você fez!
Começo a bater em seu ombro enquanto ele tenta se desviar dos tapas.
— Por que o titio Chace e a titia Ocean são tão crianças, papai? — Nós paralisamos e
olhamos diretamente para Lila. — Eles não tiveram infância?
Harper e Jaylen dão risada, assim como todos na mesa.
— Seu tio é um chato e ama me provocar! — defendo-me.
— Sua tia que ama me provocar, Lila.
Ela olha de mim para ele e, em seguida, volta a comer sua comida.
Eu e o loiro nos olhamos ao mesmo tempo e prendemos a risada.
Aquela pestinha!

— Então... sobre o lance de sexo casual, está mesmo falando sério? — Chace pergunta
enquanto estamos no carro, a caminho do abrigo.
— Não é uma má ideia, né? Ter encontros casuais por aí.
— Desistiu do amor? — Ele solta uma risada fraca, concentrado na estrada, pois chuviscou
na hora do almoço.
— Não, mas sinto falta de sexo.
Meu corpo vai para frente, e só não atravessa o para-brisa porque estou com o cinto de
segurança. Olho para o sinal vermelho e em seguida para o running back, que me encara como se
eu tivesse falado algo extremamente surreal.
— O que foi? Você transa sempre e não ajo dessa forma.
— Só estou... surpreso — diz, parecendo estranho.
Na verdade, meu amigo está bem estranho nas últimas horas.
— O que você tem? — pergunto. — Aconteceu alguma coisa no jogo? — Então me
lembro com quem ele vai jogar no domingo e a compreensão me atinge. — É por causa do Mark,
né? Sabe que não precisa ser o irmão superprotetor. Não deu certo, então vamos apenas seguir
em frente.
Ele apenas me olha e balança a cabeça, aparentemente, negando algo que se recusou a falar
e segue o caminho quando o sinal fica verde.
— Já superou?
— Eu seria trouxa se não superasse. — Suspiro, conformada. — Você não viu que ele está
saindo com a Diovana Sampaio?
Não foi proposital.
Simplesmente estava navegando na internet e apareceu fotos deles saindo de um shopping
de mãos dadas. Nem pesquisei sobre a praga, mas meus fãs estavam comentando e acabei vendo
sem querer.
— Pensei que não ficasse muito nas redes sociais — Chace provoca.
— Não fico, mas não é como se eu não mexesse.
A modelo que meu ex está saindo é simplesmente deslumbrante. Ela é portuguesa e tem
feito sucesso nas passarelas, mas não tanto a ponto de ofuscar o sucesso dele. Bem do jeitinho
que ele gosta.
Babaca.
— Está bem com isso?
— Sabe... eu o amei, mas o amor já tinha acabado há muito tempo antes de terminar, agora
consigo ver isso. — Meu atleta favorito estaciona o carro em frente ao abrigo. — Estou melhor
sem ele.
Meu amigo sorri.
— Que bom ouvir isso. Seria muito pedir para ir ao jogo domingo, né?
Não escondo minha surpresa.
— Você gosta de causar, né? Sabe o que falariam sobre eu ir ao jogo do meu melhor amigo
contra meu ex-namorado?
Chace solta mais um dos seus sorrisos atrevidos.
— Edina teria alguns surtos, mas nada que não possamos controlar.
— Vou pensar, prometo. — Não é como se eu pudesse dar uma resposta agora sem pensar,
e ele entende isso.
O loiro olha para o abrigo e me encara antes de falar com brilho no olhar:
— Então, vamos dar um dia incrível para essas crianças.

Sempre me orgulhei da pessoa que Chace se tornou.


Os pais dele sempre educaram os três muito bem, mas sei que mesmo com todas as
instruções, nem sempre os filhos seguem os conselhos. Conheço muitas pessoas, até mesmo no
mundo da fama, que são esnobes e não são gratos por estarem onde estão.
Meu amigo nunca foi dessa forma.
É por isso que ele merece estar se destacando e amedrontando todos os times rivais com
seu talento, porque ele é bom e é uma pessoa melhor ainda.
Confirmo isso ao vê-lo dançando com as crianças do abrigo que auxilia há mais de cinco
anos. Ele não faz nada disso esperando reconhecimento, inclusive, filmagens aqui dentro são
proibidas e tenho certeza de que pouquíssimas pessoas sabem que ele praticamente salvou esse
lugar de ser fechado.
Nem sempre fomos ricos e acho que por isso valorizamos cada mínimo detalhe e ajudamos
o máximo possível. Tenho as instituições que ajudo também, mas acho que nenhuma é tão
familiar como essa.
As crianças o amam. É fácil notar isso com todas rindo das palhaçadas que ele faz
enquanto dança de um jeito muito desengonçado.
— A mulher que se casar com seu amigo vai ser muito sortuda. — A senhora que
administra o local se aproxima ao dizer. Se não estou enganada, o nome dela é Kennya. — Como
não se apaixonou por ele, querida?
Dou uma risada.
— Acho que não é tão fácil se apaixonar assim, né? — brinco, escondendo o fato de que
sempre tomei cuidado para isso não acontecer. — Somos bons amigos e tenho um histórico de
caras que me apaixonei, mas que acabei perdendo. — Olho para Chace. — Não suportaria perdê-
lo.
— Talvez eles não tenham sido os certos, e este homem seja.
Meu amigo me olha e acena para mim, fazendo sua cara de palhaço de sempre, me
arrancando outra risada. Nem parece o cara que, no campo, defende o quarterback como
ninguém.
— Acho que se fosse para me apaixonar por Chace, já teria me apaixonado, né? — Volto-
me para a senhora, querendo mudar de assunto. — Tem feito um bom trabalho aqui. Esse lugar
está mais bonito do que antes.
— Devo tudo ao Chace, sem o dinheiro que ele nos dá todo mês, não teria como reformar
esse lugar para os pequenos se sentirem mais confortáveis.
O alvo da nossa conversa se aproxima antes que consiga dar uma resposta e segura minha
mão.
— As crianças querem te ouvir cantar.
Arregalo meus olhos.
— O quê? Eu nem trouxe meu violão.
— Temos um violão aqui, querida. — Kennya se vira e tira um violão preto simples de trás
do armário em que estou encostada. — Ainda queremos dar aula de música para as crianças.
Pego o instrumento musical e as vejo me olhando com tanto carinho, que não consigo
resistir. Cantaria para elas até se não tivesse um violão.
Subo no palco improvisado com Chace, escutando os gritinhos e palmas animadas dos
pequenos. Eles devem ter em torno de sete a dez anos, o que me deixa com o coração apertado.
Mesmo que sejam bem cuidados, eles não têm uma família como gostariam.
Exatamente por isso, preciso fazer o dia deles ser feliz hoje.
— O que acham de uma música animada? — pergunto, recebendo gritos empolgados,
concordando com minha ideia. Encaro meu melhor amigo ao meu lado. — Nosso Chace vai
dançar para nós, o que acham?
Novamente, eles gritam e o jogador me olha com vontade de me bater.
Provavelmente, ele está cansado de tanto dançar.
— Não posso perder a oportunidade de vê-lo dançar minhas músicas.
— Você vai pagar por isso! — ameaça em um tom divertido.
— Estou pagando para ver.
Começo a tocar um dos meus maiores sucesso e que também é um música divertida,
enquanto observo as crianças à minha frente se balançando no ritmo da canção. Quando começo
a cantar, Chace também inicia sua dança, tão desengonçado como antes, e preciso me controlar
para não rir e colocar toda a apresentação a perder.
Toco meu violão com um sorriso no rosto, canto as letras da música, sentindo-me
verdadeiramente feliz, e me entrego à tarde do melhor Dia de Ação de Graças que tive nos
últimos cinco anos.
Amor, somos os novos românticos
Venha, venha comigo
Coração partido é o novo hino nacional
Nós cantamos orgulhosamente
NEW ROMANTICS – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
O Metlife Stadium tem capacidade para fazer um show com até oitenta e duas mil pessoas
e, hoje, no último dia da turnê da era Lonely Nights de Ocean na América do Norte, o estádio
está lotado.
Minha amiga é a melhor. Não existe outra como ela, e sou seu maior fã.
Porra! É incrível ver tudo o que ela conquistou e vem conquistando a cada dia.
Em dez anos de carreira, a loirinha já tem seis álbuns lançados e sempre bate um recorde
diferente, alcançando um novo ato histórico na indústria musical para uma mulher tão jovem
como ela.
Minha amiga é foda.
Não é à toa que estou aqui hoje, em plena sexta-feira, deixando de lado qualquer
compromisso que tenho, só para prestigiá-la.
O show de abertura já terminou e em alguns minutos, Ocean irá entrar naquele palco. Mas
por algum motivo que só o amor pode responder, me sinto nervoso e com o coração acelerado. Já
vi essa performance duas vezes, porém ainda sinto essas sensações estranhas.
— Cara... Ela é foda — Cole diz, abraçando meu ombro. — Ocean é muito foda.
Meu amigo está com um copo de cerveja e ao seu lado está Kyle, gravando o público com
as pulseiras de led.
— Já está bêbado? — pergunto, me controlando para não rir da cara que ele faz para mim.
Do meu outro lado, o pobre pirralho do Thomas está bebendo refrigerante, porque ainda
não tem 21 anos para beber bebidas alcoólicas. Ele não parece nada feliz por isso, mas não
podemos dar mole, não quando fãs estão registrando nossa presença aqui. A cada instante, vejo
celulares apontados para nossa tenda VIP.
— É claro que não! Só estou dizendo que nossa amiga é foda. Conto nos dedos de uma
mão quantas pessoas podem lotar esse lugar três vezes seguidas — Fisher explica enquanto
continua bebendo. — Enfim... Eu sou fã dela.
Sorrio.
— Sua amiga uma ova! — Implico.
Kyle olha para nós e dá um meio-sorriso para o futuro namorado ao meu lado antes de
focar sua atenção em mim.
— Como a Ocean é pessoalmente, Chace? — ela pergunta, parecendo as fãs da loirinha
aqui no estádio. — Gentil como aparenta ser? Divertida? Engraçada?
— Ela tem um coração muito gentil, e você se surpreenderia com a facilidade que Ocean
tem de fazer a pessoa se sentir amigo dela de uma hora para a outra. Ela é muito divertida e ama
me provocar, acho que é porque temos tantos anos de amizade, que não temos mais limites na
nossa relação. Ocean também é bem direta e ama comer... — Penso um pouco e abro um sorriso.
— Ela ama fazer amizades, dançar de um jeito tão desengonçado quanto o meu, e tem dias que é
muito carente, geralmente antes da TPM. Nesses períodos, ela é só abraços e beijos.
Tanto Kyle quanto Thomas me olham estranho e miro em Cole, que está prendendo a
risada.
— Uau... você conhece mesmo a cantora. — Thomas quebra o silêncio na nossa rodinha.
— É claro! Chegamos a dividir o mesmo berço — justifico.
Fisher coloca a mão no meu ombro e aproxima o rosto do meu, sussurrando no meu
ouvido:
— Acontece que Kyle só perguntou algumas coisas, não um dossiê da sua visão do amor
da sua vida.
Dou uma cotovelada no idiota sem pensar.
— Ai, Lawson!
— A próxima vai ser no seu pau — esbravejo e pego meu copo já vazio. — Vou me servir
de cerveja antes que o show comece.
Babaca!
Ele sabe que não pode ficar falando essas merdas por aí. Não quero que todos saibam que
sou um otário apaixonado pela melhor amiga que vive uma friendzone há mais de dez anos.
Prefiro me preservar e manter em segredo ou isso pode acabar indo parar nos ouvidos da minha
loira, e aí sim, estaria fodido.
Encho meu corpo de cerveja e volto a me aproximar deles, um pouco mais calmo porque a
contagem regressiva começa no telão.
60 segundos.
Observo Kyle abraçar Cole, superanimada por estar prestes a ver sua cantora favorita.
Olho para Thomas, que está concentrado no palco e em todo o público presente.
Suspiro e volto minha atenção para o show também.
40 segundos.
Meu coração acelera mais um pouco, nem parecendo o mesmo que quase parou de
funcionar quando ouviu da boca de Ocean que ela queria começar a sair casualmente com os
caras.
Minha loira e sexo casual? Não. Isso é muito para aguentar.
20 segundos.
O que essa mulher tem na cabeça? Se ela sente tanta falta de sexo assim, pode me usar
tranquilamente. Não é para isso que os amigos servem?
Ruim! Muito ruim, Chace Lawson!
Soa tão cafajeste e cretino como sou.
5 segundos.
Se Ocean seguir com esse plano de ter apenas encontros casuais, acho que acabarei
morrendo, porque, por algum motivo, essa ideia é tão ruim quanto a de namoro e casamento. Já
vivi tantas emoções sendo o amigo apaixonado, que já esgotei o limite.
Senhor! O que faço?
As luzes do local se apagam e o som da banda começa, me despertando dos meus
pensamentos. Ocean entra com os dançarinos e começa a cantar, linda como sempre!
Seu primeiro look é um body branco cheio de strass, com franja encobrindo a região da
virilha. Não existe uma roupa que não fique boa nela, mas essa e o body verde escuro, também
brilhante, são os meus favoritos da turnê.
Minha amiga fica deslumbrante colocando as pernas para jogo e andando confiante
naquele palco com uma bota de salto alto e cano longo que vai até seus joelhos.
Lembro dos dias intensos que ela teve para treinar cada gesto, dança, nota de música e
movimento para essa turnê. Não é um trabalho fácil, e a loirinha é perfeccionista em cada
detalhe, ela quer tudo sempre do melhor jeito para seus fãs, e é exatamente por isso que tem toda
essa gente a exaltando como recompensa.
Ocean Bailey faz tudo por eles.
E como o bom fã que sou de suas músicas, começo a cantar e movimentar meu corpo
conforme as batidas da banda.
Sem desviar meus olhos dela.
Eu nunca desviaria minha atenção dela.
Faria tudo para que depois desse show eu pudesse segurá-la no colo e a girar com o
orgulho que sempre senti dela, e então, beijá-la. Beijar aquela boca até terminar de tirar todo o
fôlego da mulher que sou apaixonado.
Bebo mais da minha cerveja.
Faria qualquer coisa.
Mas tudo o que posso fazer agora é vê-la brilhar naquele palco.

Levo Cole, Thomas e Kyle para os bastidores do show assim que ele se aproxima do fim.
Conseguimos dar a volta pelo lugar com os seguranças fazendo a nossa proteção, já que havia
muitos fãs de Ocean querendo se aproximar para falar comigo ou tirar uma foto.
Não deixo de acenar para eles e desejar um bom final de show antes de entrar na parte
permitida apenas aos funcionários.
Pego uma garrafa de água no frigobar.
— O show já está no encerramento, logo ela desce pelo elevador do palco — o pai da
loirinha diz, sem esconder a felicidade por trabalhar com a filha. — Podem esperar por aqui.
Caso queiram, podem se sentar nesses bancos.
Ele aponta e meus amigos se sentam, agradecendo.
— Vou ver se tudo o que Ocean precisa está no camarim — Paul avisa. — Volto em um
instante.
Vejo os técnicos e o pessoal da equipe de trabalhando no interior do palco, e quando escuto
o barulho do elevador descendo, sorrio fraco, segurando mais forte a garrafinha de água que
peguei.
Minha amiga deve estar cansada.
Ela desce pelo elevador com o último look, que é um dos meus favoritos, o body verde. O
sorriso ainda está estampado em seu rosto que, inclusive, está uma bagunça de cabelo por toda
parte. A escova e a chapinha que fez antes do show, já deu adeus há muito tempo, e agora seus
fios estão ondulados e um pouco molhados de suor.
Mesmo assim, ela consegue ficar ainda mais linda.
Quando Ocean me vê, seu sorriso aumenta e meu coração volta a acelerar, principalmente
quando ela corre em minha direção com os saltos que a fazem crescer dez centímetros.
Minha amiga pula nos meus braços, como queria desde que entrei nesse estádio, mas,
diferente da minha imaginação, não posso girá-la e afastá-la apenas para beijá-la.
Devo ter pecado muito em outra vida para receber um castigo como esse!
Abraço o corpo pequeno da minha cantora favorita, tentando não pensar no que eu faria se
não tivéssemos o status de melhores amigos.
Preciso superar essa merda ou vou acabar enlouquecendo.
— Você foi incrível, meio-metro! — Elogio.
Ocean se afasta um pouco e me olha com diversão, mesmo com os olhinhos cansados.
— Estou dez centímetros mais alta hoje. — Mostra a bota de salto alto e, naturalmente,
desço meu olhar pelas suas pernas torneadas.
Porra!
Ocean Bailey é uma puta de uma gostosa.
Não tenho ideia se ela sabe o poder que tem de deixar um homem de pau duro em questão
de segundos. Eu mesmo preciso me controlar para não ficar, mas enquanto isso, meu coração
parece o de um cara que correu uma maratona, de tão acelerado que está.
Acho que, diferente de um pau duro, isso pelo menos não é visível para ela.
— Estou vendo — respondo e aponto para meus amigos. — Tem uma fã querendo
conhecê-la.
Ocean conhece Cole há muito tempo, mas acho que nunca teve a oportunidade de conhecer
Kyle e nem Thomas.
Nos aproximamos dos três.
— Pessoal, essa é a Ocean — apresento minha melhor amiga. — Ocean esse é Thomas, o
nosso quarterback reserva, e essa é Kyle, sua fã.
A cantora sorri para a modelo e se aproxima, abraçando-a.
— Eu já vi alguns ensaios fotográficos seus na internet — ela diz. — Você é ainda mais
linda pessoalmente.
— Obrigada! — Kyle a abraça novamente. — Seu show é incrível e suas músicas estão
sempre nas minhas playlists.
Minha loira se afasta com o mesmo sorriso nos lábios.
— Se eu soubesse que você era minha fã, já teria me encontrado contigo antes — comenta
e olha para Thomas. — Oi, é um prazer conhecê-lo!
— É um prazer conhecê-la também! Seu show foi incrível! — O pirralho elogia.
Ela o abraça rapidamente e depois cumprimenta Cole.
— O que vão fazer hoje à noite?
— Infelizmente, nada, meio-metro — respondo. — Reggie quer que estejamos no treino
amanhã às oito da manhã.
Ocean não disfarça a surpresa.
— Você vai ter que acordar cedo?
— Ou ele acorda cedo ou iremos matá-lo — Cole responde por mim. — Vai no jogo
domingo, Ocean?
A olho, esperando sua resposta.
— Ainda estou pensando. — Meu amigo parece entender o motivo. — De qualquer forma,
irei torcer por vocês.
Ocean encara Thomas e a conheço há tempo o suficiente para saber que ela achou o garoto
bonito.
Tento evitar meu ciúme, mas ele anda cada vez mais difícil de controlar.
— 20 anos, meio-metro, não é para você. — Interfiro.
Recebo uma cotovelada na costela e resmungo.
— Porra!
Todos dão risadas.
— Eu percebi que ele é jovem, idiota. Só estou surpresa que os jovens hoje em dia estejam
assim. — Odeio a sinceridade dela. — Thomas até parece um ator de Hollywood.
Mordo meu lábio interno e consigo evitar falar merda.
Thomas sorri para ela e não gosto desse sorriso.
Será que ele conquista as garotas de sua idade com essa pose? Ocean parece encantada.
— Obrigado!
— Acho que você precisa ir para seu camarim e se arrumar para ir pra casa, não? — faço a
sugestão, apontando na direção que o pai dela foi. — Nos falamos mais tarde.
— Mas...
Seguro seus ombros e a viro em direção ao camarim.
— Tchau, precisamos ir mesmo.
Como Ocean não consegue erguer os pés para ficar mais alta do que eu, ela se inclina de
lado e olha para meus amigos.
— Podemos marcar um jantar na minha casa pós-jogo ou na casa de Chace, o que acham?
— Parece uma boa ideia — Kyle responde, animada.
— Está convidado também, Thomas. — Ela o convida.
Reviro meus olhos e começo a levá-la pelos ombros em direção ao camarim.
— Você nem deixou eu me despedir deles direito! — minha amiga reclama. — O que foi?
Por que está emburrado?
— Thomas tem 20 anos e é do meu time — a lembro, caso tenha a memória da Dory. —
Ele não é para você.
Paro em frente ao camarim e Ocean se vira para mim com um biquinho nos lábios.
— Nem temos dez anos de diferença... e ele é gostoso. Você viu aqueles braços? —
Arranho minha garganta, mas ela continua falando. — E aquele corpo? O que os garotos estão
tomando hoje em dia?
Eu facilmente a empurraria para dentro do camarim e a castigaria por ser tão sem-vergonha
ao ficar olhando dessa forma para o pirralho do meu time.
Cinco anos com ela presa a um relacionamento, me fizeram esquecer o quanto é pior
quando a loira está solteira.
Porra!
— Te vejo amanhã se eu conseguir algum tempo — falo, antes que me irrite mais.
Dou as costas para ela, deixando-a falando sozinha, dizendo a mim mesmo que só não
estou em um bom momento para vê-la desejando um garoto de 20 anos, quando tem um cara
como eu ao seu lado.
Se você pudesse ver que sou eu quem entende você
Estive aqui o tempo todo, então por que você não vê?
O seu lugar é comigo
YOY BELONG WITH ME – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu sou louca.
Confirmo isso ao entrar na área VIP do time dos Octopus, onde Cora e Edie Lawson já
estão sentados, bebendo água enquanto esperam o jogo do filho começar. Sinto que todas as
câmeras do estádio estão sobre mim, o que é bem compreensível, pois estou com a camisa do
time do meu melhor amigo, prestes a ver uma partida de futebol americano entre ele e meu ex-
namorado.
O que eu bebi?
Foi isso que minha RP gritou pelo celular quando falei sobre a decisão que tomei.
Sou uma pessoa gentil, mas quando me magoam e passo por aquela fase extremamente
triste de “por que isso acontece só comigo?”, consigo me tornar o pior pesadelo da pessoa.
Essa sou eu.
Dona de diversas personalidades que podem, sim, ser o paraíso ou o inferno de alguém.
Às vezes, sinto que Edina finge que esse traço da minha personalidade está morto.
Dei a chance ao Mark de viver o paraíso comigo, então, por que ele, de todos os meus ex’s,
não conheceria o inferno que é me ter como ex-namorada?
Uma música falando sobre meus sentimentos e mostrando como ele foi idiota comigo, não
é nada comparado a aparecer em seu jogo, e torcer para o cara que ele odiou durante nossos
cinco anos de namoro.
O que eu ganho com isso? Matar a saudade de ver meu melhor amigo jogar, é claro, pois
não estou nem um pouco a fim de me preocupar com o Mark.
— O dia hoje vai ficar para a história — o Sr. Lawson diz, sorrindo para mim. Ele é tão
terrível, não me admira que seu filho seja igual. — Sente-se, querida, logo o jogo vai começar.
Sento-me ao lado dele e sorrio para o casal que são praticamente meus segundos pais.
— Peguei pipoca para nós — Cora avisa, me entregando um saco de pipoca com manteiga.
— Estou um pouco nervosa com esse jogo.
— Octopus vai ganhar, querida — Ed tenta acalmar sua mulher.
— É claro que vai — afirmo. — Eu até vim vestida a caráter.
Sr. Lawson olha para a camisa do time que tenho desde que Chace começou a jogar e sorri.
— Roxo fica bem em você, querida.
— Obrigada! — Agradeço.
Também acho.
Amo essa cor e fico aliviada pelo uniforme do time ter essa cor e os detalhes brancos, pois
se fosse preto, seria a coisa mais estranha do mundo.
— Edina e seu pai estão bem com o fato de você ter vindo ao jogo hoje? — Ela pergunta.
— Meu pai entende perfeitamente e ficou triste por não conseguir comparecer, mas Edina
teve alguns surtos. Tenho certeza de que ela ganhou alguns cabelos brancos com a minha
decisão.
Os dois dão risada.
— Seus fãs estão certos por te apelidar de “Terror da Edina”.
Dou de ombros, colocando minha melhor expressão de inocente no rosto enquanto uma
bandeja de bebidas é estendida em minha direção por um dos funcionários da área Vip. Pego o
copo de algum drink e agradeço antes de me voltar para meus tios.
— Eu estou de folga, o que ficaria fazendo? — pergunto para eles, justificando minha
vinda. — Prefiro ver meu melhor amigo jogando, já que faz tempo que não tenho essa
oportunidade.
— Chace sentiu sua falta — tio Ed diz. — Espero que quando arrumar alguém novamente,
meu filho seja amigo dele para que você possa continuar vindo aos jogos.
Suspiro.
Essa é a parte difícil.
Chace nunca fez esforço para se dar bem com meus namorados. A última vez que
perguntei o que isso significava, ele me disse que era porque todos eram babacas e acabariam me
machucando, que eu não sabia escolher homem. Discutimos muitas vezes por causa desse
comportamento, mas adivinhe? Ele estava certo.
Cheguei a ser traída por um deles.
Esse é o nível da minha lista de ex-namorados.
De covardes a traidores. Tenho de todo o tipo.
Bebo o líquido, sentindo o álcool descer ardendo pela garganta.
Aceno para alguns fãs que estão na arquibancada e não param de apontar a câmera do
celular e acenar para mim. Elas surtam com meu comportamento, me fazendo sorrir. Faço um
coração com as mãos do jeito que consigo, pois estou com minha bebida, e deixo-as ainda mais
surtadas.
Alguns minutos depois os jogadores entram no gramado e meu coração acelera quando
vejo Chace atrás do quarterback do time, com passos confiantes como sempre, e simpático ao
acenar para todos os lados, tentando dar atenção para os torcedores presentes no estádio.
Se me perguntarem por que nunca consegui ficar brava com esse idiota por muito tempo,
terei que culpá-lo. Temos de verdade uma relação incrível, pois todas as nossas discussões que
fizeram com que ficássemos bravos um com o outro, não durou por muito tempo.
Sempre acabamos nos perdoando.
Chace direciona seus olhos na área VIP, e sorri quando nossos olhos se encontram.
Nossa ligação é muito profunda e mesmo agora, faz o meu coração acelerar.
Não sei se pela adrenalina de estar aqui hoje em um jogo como esse, ou porque
simplesmente é meu melhor amigo no gramado, me olhando como se nunca pudesse dar um
presente melhor como este de estar presente no seu jogo.
Mesmo a metros de distância um do outro, consigo senti-lo como se estivesse perto de
mim, bem na minha frente. Ele está feliz porque estou aqui e isso me deixa aliviada.
Sei que as pessoas já devem estar falando sobre nós, mas nunca dei a mínima para o
mundo lá fora, não será agora que darei.
Sempre fomos nós dois contra o mundo, e não é porque somos famosos que mudaremos
isso.

Não me lembrava por que odeio tanto futebol americano.


Não até assistir duas horas de jogo entre os Titans e os Octopus.
Porra!
Esse esporte sempre foi tão violento assim? Tenho certeza de que gerei novos memes para
meus fãs, pois não consigo me conter. Sou uma pessoa muito expressiva, e a cada colisão entre
Chace e um jogador do time de Mark, sinto que meu coração vai parar.
O placar do jogo está 21 para os Octopus e 17 para os Titans.
Para mim, o jogo já pode acabar agora.
Mas ainda falta um quarto de 15 minutos.
Abraço tia Cora, que está tão nervosa quanto eu.
— Não está achando esse jogo mais violento do que os outros? — pergunto para a senhora
ao meu lado.
— O que você esperava? Seu ex-namorado é quarterback dos Titans e Chace o odeia ainda
mais por ter quebrado seu coração.
Mordo meu lábio para não sorrir.
É engraçado como as coisas funcionam. Há alguns meses, chorei nos braços do meu amigo
porque Mark e eu tínhamos terminado, porque ele não me amava o suficiente para me entender e
querer viver o resto da vida comigo, mas agora... Quando olhei meu ex entrando no estádio mais
cedo, não me causou absolutamente nada.
Sinto-me tão indiferente, que tenho pena dele e de mim.
Dele por ser um estúpido e perder alguém como eu, e de mim, por ter perdido cinco anos
da minha vida com alguém que só me iludiu. Porque foi isso que ele fez.
Foco minha atenção no jogo, observando Chace driblar os defensores dos Titans e com sua
agilidade e força, rasgar a defesa do time rival para acumular as jardas e garantir os avanços para
os Octopus.
Meu amigo é tão expressivo quanto eu e não consegue disfarçar sua cara de emburrado
quando se aproxima de um jogador rival. Consigo enxergar daqui o grandão o fuzilando e,
conforme o jogo avança, tenho receio de que ele acabe sendo expulso da partida por conta das
vezes que aparenta querer avançar em um deles. Sinto que algo está acontecendo, mas não faço
ideia do que seja.
Sei que é um jogo baseado em conseguir território e colisões fazem parte, mas por mais
que não tenha outra forma que meu amigo pode seguir na partida, tenho medo do que pode
acontecer com sua imagem. E se falarem que ele está marcando o time de Mark demais?
O jogo se desenrola com essa tensão estranha que parece ser sentida apenas por mim. No
último quarto, os Octopus continuam na frente e conseguem mais uma vantagem quando Chace
rompe a defesa dos Titans e alcança a zona de pontuação.
Ele faz um touchdown, dando mais seis pontos para seu time.
Solto um grito ao mesmo tempo que tia Cora e a abraço apertado.
— A senhora viu aquilo? — pergunto, feliz com a jogada incrível do meu amigo.
— Meu filho é o melhor! — Ela não esconde o orgulho.
Os torcedores comemoram, orgulhosos e felizes, pois sabem que a chance desse jogo ser
revertido é nula. A vitória é dos Octopus, e todos sabem disso.
Chace olha para a área VIP e mesmo com o capacete, consigo enxergar seus olhos em
mim, me encarando. Ele aponta para si mesmo, no rumo de seu coração e depois para mim.
Sorrio, sentindo minhas bochechas ficarem vermelhas, enquanto vibrações começam sem
aviso na região do meu estômago, com o gesto de ele dedicar aquela jogada para mim.
Nos próximos minutos, vejo os Titans tentarem reverter o placar, mas não conseguem
porque a defesa do time é perfeita.
O jogo termina e os jogadores do Octopus comemoram a vitória com os torcedores.
De longe, vejo meu amigo com o uniforme de número 31 e, parecendo sentir meu olhar,
ele vira o rosto em direção a área VIP e me encara . Aceno, sem conseguir esconder meu sorriso
orgulhoso.
No telão do estádio minha imagem aparece, mesmo assim, não me envergonho por
demonstrar o quanto admiro aquele cara no campo, e continuo acenando e sorrindo, recebendo
sua resposta assim que ele olha para a filmagem.
Ele acena de volta e retribui meu sorriso.
Sinto olhares me queimando, mas não procuro Mark no campo. A única pessoa importante
para mim nesse estádio, está na minha vida há 27 anos e me conhece como ninguém.
Porque, amor, agora nós temos um conflito
Você sabe, isso costumava ser um amor louco
Então dê uma olhada no que você fez
BAD BLOOD – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Depois de dar todas as entrevistas possíveis para a mídia e desviar das perguntas invasivas
sobre Ocean estar assistindo meu jogo, que foi uma partida contra os Titans, time do ex-
namorado dela, me sento no banco do vestiário, já de banho tomado. Estou sozinho aqui e feliz
porque ganhamos mais um jogo.
Cole irá buscar Kyle para ir jantar na minha casa. Thomas deve estar com ele enquanto os
outros caras do time preferiram ir para suas casas descansar.
Combinamos de nos reunirmos na terça para um almoço em equipe com o técnico, e todos
concordaram.
Visto minha roupa patrocinada pela Louis Vuitton e pego a chave do carro no meu armário.
Foi um bom jogo, só é uma pena que eu não tenha conseguido quebrar a cara do idiota do Mark
no gramado, já que por conta das nossas posições, não jogamos juntos ao mesmo tempo. Teria
sido mais emocionante.
Ele merece, não só por ter feito minha amiga de trouxa, mas também por ter instruído seus
colegas de time a me marcarem o jogo todo. Anos nesse esporte me deram experiência para saber
o que faz parte da partida e o que não faz. Aquele infeliz, com certeza, quis me ferrar.
Um babaca!
Escuto alguém entrando no vestiário e em seguida aplausos soam no ambiente.
Leva menos de um minuto e Mark Gallagher aparece na minha frente, com o semblante
repleto de deboche e o brilho perverso em seus olhos mais intenso do que quando me encararam
no campo mais cedo.
— Veja só se não é o running back que vem recebendo toda a atenção dos holofotes —
comenta enquanto se aproxima. — Tanto do mundo do esporte quanto do mundo da música.
Bato a porta do armário com força e o encaro com cara de poucos amigos.
Sempre o odiei e nunca entendi por que Ocean se apaixonou por um babaca desse, era
óbvio que ele quebraria o coração dela.
— E você é o quarterback que está sendo esquecido — provoco e vejo sua mandíbula se
contrair. Fala o que quer, escuta o que não quer, esse é meu lema. — O que quer no meu
vestiário?
— Seu nome está gravado na porta? — Finge surpresa. — Desculpa, não percebi.
Pego minha mochila em cima do banco e dou um passo para me afastar do idiota, mas sou
interrompido pela sua mão no meu peito.
— O que você quer? — esbravejo, irritado pra caralho.
Não sou um moleque impulsivo, mas me dá vontade de arrebentar a cara dele.
— Está fodendo a Ocean? — pergunta de forma nojenta e com um sorriso perturbado.
Fecho minhas mãos em punho. — Sempre soube que você queria comê-la. — Ele ri e dá
batidinhas no meu peito. — O ciúme em relação a mim, a sua ausência na maioria dos encontros
que ela marcava para nós três, e seu olhar nojento em cima dela, como um cachorro perto de uma
cadela no cio.
Respiro fundo, sabendo que ele só quer me tirar do sério.
Terei muitos problemas se socar a cara desse imbecil.
— Somos amigos — friso bem a última palavra. — Meu problema com o relacionamento
de vocês sempre foi você. Sempre soube que é um homem com masculinidade frágil e que não
aguenta uma mulher fazendo mais sucesso do que você.
Ele aperta o tecido da minha camisa, com raiva, mas seguro suas mãos e as afasto da
minha roupa, antes que ele a deixe mais amassada.
— E você me prova isso agora, vindo até aqui para arrumar briga porque não aguenta
perder e ser humilhado apenas pela presença da sua ex-namorada torcendo na área VIP pelo
melhor amigo dela. — Sorrio mais aliviado ao ver que o atingi em cheio e dou uma batidinha em
seu ombro, só para deixá-lo mais puto. — Não se preocupe, se algum dia eu tiver a oportunidade
de foder a Ocean, farei de uma forma que ela nunca irá se lembrar que se envolveu com um
brocha como você.
Os olhos do babaca se arregalam, enquanto tenta processar como eu sei disso.
Não é uma mentira, pois me lembro do dia que minha amiga me ligou e disse em uma das
nossas atualizações de fofocas sobre a vida um do outro, que seu namorado havia brochado.
Lembro de ter me sentido vitorioso e pensado que isso nunca aconteceria se estivesse comigo.
— Até um próximo jogo, amigo — digo com tanto deboche, que até mesmo um
desconhecido captaria.
Pego minha mochila e caminho em direção à saída do vestiário.

Se tem uma coisa que Ocean ama fazer quando se junta com os amigos, é cozinhar. Ela
saiu do estádio com meus pais assim que o jogo acabou e veio aqui pra casa para fazer o jantar,
porque queria receber eu e meus amigos com pelo menos alguma coisa pronta para matar nossa
fome.
Fico feliz por ela se lembrar que estômago de jogador após uma partida é como um buraco
negro, que só suga comida.
Cole, Kyle e Thomas chegam junto comigo e somos recepcionados pelo cheirinho gostoso
que vem da cozinha assim que colocamos o pé dentro de casa.
— Vou mesmo comer a comida de Ocean Bailey? — Kyle pergunta, ainda sem acreditar.
Às vezes, me esqueço o quanto ela é fã da minha amiga.
— É bem provável que agora que vocês dois estão juntos, Ocean a adote como uma amiga
— comento, me referindo a ela e Cole, e isso faz a felicidade da modelo. — Inclusive, estou feliz
por vocês finalmente terem assumido o namoro para o mundo.
Fiquei um pouco surpreso quando entrei no Instagram ontem e vi que meu melhor amigo
havia postado uma foto com Kyle e uma legenda de uma das músicas românticas da minha
loirinha.
Os fãs ainda estão surtando com a postagem.
— É uma pena que Kyle não tenha conseguido ir ao jogo — Thomas comenta. — Acho
que as pessoas estavam esperando por isso.
Concordo com ele em um movimento com a cabeça.
— Vou ver se Ocean precisa de ajuda — digo e aponto para a sala. — Cole, já é de casa,
então, faz o favor de deixar sua namorada e nosso pirralho à vontade.
O moleque revira os olhos.
— Eu não sou criança, você sabe disso, né?
Aproximo-me dele.
— Para mim, você acabou de sair do berço, e é exatamente por isso que está proibido de
querer minha melhor amiga.
Ele arqueia as sobrancelhas.
— Ela me achou bonitinho.
— E você vai levar apenas como um elogio. — Dou um tapinha fraco em seu rosto e
sorrio. — Tenho certeza de que você entendeu.
Afasto-me dele e caminho até a cozinha, escutando a risada exagerada do Fisher. O filho
de uma boa mãe se diverte muito com minha triste situação de friendzone, o que me faz
questionar por que ainda o tenho na lista de melhores amigos.
Encontro a cantora na sala de jantar, terminando de arrumar a mesa.
— Por que não me esperou para ajudá-la?
Ela está tão concentrada, que acaba se assustando com minha voz.
— Faz tempo que não cozinho para meu melhor amigo, e achei que seria uma boa
recompensa, já que você ganhou o jogo e fez aquele touchdown incrível no final da partida para
mim — explica, me lançando um dos seus sorrisos lindos e que mexem com meu coração. —
Além disso, vocês demoraram muito, o jantar já está quase pronto.
Ocean coloca a última taça ao lado de um prato, alinhado como todos os outros e depois, se
aproxima de mim. Abaixo minha cabeça para olhá-la melhor quando para na minha frente. Em
seus olhos, não consigo ver nada além de um brilho orgulhoso.
— Você foi muito bem. — Me abraça apertado. — Obrigada por ter dedicado aquele
touchdown para mim.
— É porque você estava lá.
Fecho meus olhos e abaixo mais a cabeça, só para aspirar o cheiro gostoso de seu
shampoo. É doce, frutado e suave, com nuances florais sutis. Ele me lembra as flores do
pessegueiro, quando desabrocham na primavera.
— Já estou recebendo minha recompensa — acabo murmurando, sem pensar.
Ocean levanta o rosto de forma abrupta, e meu coração quase para quando ficamos a
milímetros de distância. Minha respiração tranca na garganta e nem o ar consegue sair pelo nariz
quando vejo sua boca tão perto da minha.
Eu seria imprudente se a beijasse, né?
Porra!
— Qual? — Ocean pergunta.
Qual o quê? Do que estávamos falando?
Encaro seus olhos azuis brilhantes e só vejo a dúvida ali, que foi expressa com sua
pergunta. Mesmo que consiga sentir o calor que emana de sua pele por estarmos tão próximos,
não parece que os milímetros de distância têm algum efeito sobre Ocean.
— Qual é a sua recompensa, Chace? — ela pergunta em um tom divertido.
Ah, é isso!
É sobre isso que ela está falando.
— Você — admito, sentindo completamente sozinho aquela tensão ao nosso redor. — De
volta nos meus jogos.
Ela puxa o ar e, por míseros segundos, acho que ao notar o quão próximos estamos, seus
olhos desviam em direção à minha boca.
A loira aproxima a mão direita do meu rosto, causando-me um estremecimento quando seu
polegar encosta o cantinho dos meus lábios.
Porra!
Se ela continuar com isso... Eu não me responsabilizo pelos meus atos.
— Sempre invejei seus lábios.
É como levar um banho de água fria.
Afasto-me como se tivesse levado um choque.
E eu levei.
Um choque de realidade.
Preciso respirar fundo e fingir rapidamente que nada aconteceu entre nós, porque,
realmente, nada aconteceu. A encaro e lanço meu melhor sorriso divertido para a loirinha à
minha frente.
— Vai ficar apenas os invejando. — Formo um bico com meus lábios e mando um beijo
em sua direção, a fazendo rir. — Vou chamar o pessoal para jantar.
Ela concorda e fujo daquela sala, pensando em passar no banheiro antes, só para colocar
meus pensamentos em ordem.
A mulher é sua melhor amiga, Chace Lawson!
Não fode tudo!

— Então vocês são melhores amigos desde que nasceram? — Thomas pergunta enquanto
comemos a refeição gostosa que Ocean preparou para nós. — Isso parece até inacreditável. Se eu
não tivesse uma melhor amiga desde quando era criança também, não acreditaria.
— Tem? Como é o nome dela? — A curiosa não consegue se conter e pergunta.
— Aimée — responde e busco na memória, tentando lembrar de onde já ouvi falar desse
nome. — Ela é filha do Sebastian Sinclair.
Claro. Quem não conhece Aimée Sinclair? Agora me sinto um idiota por não ter lembrado
desde o início. A garota é tão famosa quanto o pai.
Meu rival.
Mas diferente do Mark, Sebastian é um rival que respeito e admiro. O time dele, os
Dolphins, conquistou vários Super Bowls, e ninguém, nem mesmo os Octopus, consegue vencê-
los.
O mais perto que conseguimos, foi no ano passado, quando chegamos na final e perdemos
com uma diferença de dois pontos.
Nos últimos quatro anos, temos chegado na final, mas nunca conseguimos derrotá-los.
Mas neste ano será diferente, sinto isso.
— Acho que já devo tê-la visto por aí — Ocean comenta e toma um pouco de vinho.
Fico um pouco hipnotizado quando afasta a taça de bebida e limpa seus lábios com a
própria língua, como se fosse algo simples. Tudo bem, é algo simples, mas não para mim, porra!
Desde quando passei desejá-la constantemente dessa forma?
Merda!
Eu sempre a quis. Essa é a verdade que carrego, o pecado que cometo todos os dias, e o
carma que me perseguirá para o resto da minha vida.
— Posso fazer uma pergunta? — Kyle questiona, mais animada e soltinha do que uma hora
atrás. Arrisco dizer que ela é fraca para vinho.
Ela olha para Ocean, esperando pela confirmação.
— Claro.
— Nunca rolou nada entre vocês? Sei que amizade entre homem e mulher pode acontecer,
mas... Nunca rolou nem um beijinho na adolescência? Vocês têm muita química... Eu vi aquela
noite no show.
Deixo a loirinha com a tarefa de responder isso e bebo meu vinho, olhando-a, já com a
ideia do que sairá de sua boca.
— Não! Seria como ficar com um irmão, muito estranho e nojento. — Sua comparação é
péssima e exagerada, nós dois sabemos disso quando ela me olha e lança um meio-sorriso.
Outro banho de água fria.
Corro risco de virar um cachorrinho molhado 100% dos dias da minha vida.
— Sabe... se eu não estivesse extremamente apaixonada pelo Cole, teria inveja por você ter
um melhor amigo — Kyle comenta, atraindo minha atenção. — Vocês devem se conhecer como
ninguém e saberiam exatamente como amar um ao outro. Histórias de melhores amigos que se
apaixonam são sempre as minhas favoritas em filmes.
Lanço um olhar para Fisher, querendo desesperadamente que ele cale a boca da sua
namorada, mas o idiota me ignora e continua comendo com tanta diversão brilhando em seus
olhos, que sei o quanto está achando hilário esse jantar.
Sinto que Ocean está me olhando e finjo minha melhor cara de paisagem ao dizer:
— Nunca nos vimos dessa forma.
Mentira atrás de mentira.
Até quando vou ficar mentindo?
Pego a taça de vinho e viro de uma só vez, sabendo que sou alvo dos olhares de todos na
mesa.
Como posso ser tão covarde?
Apenas eu tenho o poder de mudar essa situação, mas simplesmente não consigo.
Sei que é porque tenho sentimentos e estaria envolvendo o coração da minha pessoa
favorita nessa história, e me preocupo demais com ela. Não quero brincar com o coração dela.
Mas, porra!
Eu posso fazê-la feliz, será que ela não consegue enxergar isso?
— De qualquer forma, não quero um namorado tão cedo — Ocean comenta, quebrando o
siêncio que se instaurou entre nós. — Longe da mídia, vou aproveitar a minha vida de solteira.
E eu sei que ela fará isso.
Só de pensar nela transando por aí com qualquer cara, me sobe uma onda de calor, que me
faz querer quebrar tudo.
Óbvio que minha amiga pode fazer com seu corpo tudo o que quiser, mas eu me sentiria
melhor se ela me usasse.
Sirvo minha taça de vinho até o topo e bebo grandes goles, quase secando-a novamente.
Sinto que Cole está me observando, mas não o encaro de volta.
— Conheço vários lugares legais para você ir — Kyle diz e tenho vontade de vomitar. —
Posso te passar depois.
— Ótimo!
Ocean parece animada.
Ela vai mesmo começar a se relacionar apenas casualmente? E se isso vazar na mídia?
Sei muito bem o quanto uma mulher sofreria nas mãos desses julgadores vivendo uma vida
como essa.
Se um homem transa sem compromisso, ele é considerado um ícone fodedor, apenas um
cara buscando experiência. Agora se uma mulher faz o mesmo, ela é considerada uma puta.
Engulo em seco.
Vou ver esse filme de novo.
Ela com novos caras, provavelmente se apaixonando por um deles, meu coração partido, e
eu me afundando em qualquer boceta para tentar me sentir menos fodido.
Encaro minha melhor amiga.
Seria tão melhor se ela me usasse.
O pensamento me ocorre novamente e me vem à mente, uma ideia tão absurda quanto estar
apaixonado por essa mulher há mais de dez anos.
Não sei se é por conta do vinho ou por conta da estúpida covardia que cansou de fazer seu
trabalho em mim em relação à Ocean, mas a ideia parece criar vida na minha mente.
Tudo só depende de mim, não é mesmo?
E qual mulher em sã consciência, não gostaria de ficar comigo?
Você é tão deslumbrante
Não consigo dizer nada na sua cara
Porque olha só pra esse rosto
E estou tão furiosa
GORGEOUS – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Ter pensamentos obsessivos é uma merda.
Sentir falta de sexo também é uma merda.
Como esses dois estão ligados diretamente a mim? Não sei.
Não consigo evitar meus pensamentos e quando digo isso, é porque realmente estou
tentando evitar de pensar, mas minha mente parece ignorar o que eu quero e traz a cena da sala
jantar repetidamente na minha cabeça.
Pessoas são tão estranhas.
Por que estou pensando constantemente em como fiquei a milímetros de distância do
Chace, quando somos melhores amigos e já ficamos assim diversas vezes?
Tudo bem.
Aconteceu algo diferente. Admito.
Meu coração acelerou assim que seus olhos desviaram até meus lábios.
Não sei o motivo, mas aconteceu, e quando olhei para a boca dele perto da minha, senti
muito mais do que a inveja que sempre sentia de seus lábios carnudos. Não sei, mas... eu fiquei
com vontade de beijá-lo? Acho que Edina está certa e estou enlouquecendo.
Só isso explica essa loucura.
Sempre evitei pensar nele dessa maneira porque sempre fui muito consciente de tudo o que
ele é. Aquelas palavras que saíram da boca de Kyle mais cedo? Foram as mesmas que pensei
quando era adolescente, antes de entender que amor e paixão poderiam acabar me fazendo perder
uma pessoa.
Acho que isso me fez ter uma reação bem exagerada como resposta.
Tudo bem.
Essa situação é apenas toda estranha e logo vai passar. Não é como se eu o desejasse ou
estivesse apaixonada por ele, né?
Dou risada sozinha na cama de Chace, lembrando que bebi alguns drinks durante o jogo e
eles podem ter afetado minha cabeça.
Claro, como não pensei nisso?
Os amigos do jogador saíram há poucos minutos e como não vou para meu apartamento
hoje, decidi colocar meu pijama de unicórnio e me esconder debaixo das cobertas para dormir.
Preciso parar de pensar em bobagens!
O que meu amigo acharia se lesse meus pensamentos?
Não está tão frio por conta do aquecedor ligado, mas não arrisco dormir sem cobertas com
um pijama curto.
A porta do banheiro do quarto é aberta e Chace sai vestindo apenas uma cueca.
Uma cueca.
Ele só pode estar de zoeira com a minha cara.
Não que eu já não o tenha visto de cueca antes, mas foi em circunstâncias bem diferentes.
Por exemplo, na minha cabeça, nunca tinha passado a ideia de beijá-lo, como aconteceu mais
cedo.
Posso fechar os olhos, na verdade, até devo, mas acabo o olhando.
O meu running back sempre foi bonito, e nunca menti sobre isso, porém, nos últimos anos,
o homem se tornou muito mais gostoso. Ele é alto, abdômen, coxas e braços definidos, e esse
conjunto todo é uma grande vantagem em um cara. Seus braços não são daqueles do tamanho da
coxa de uma mulher, e me pego pensando que são o meu tipo. Tamanhos certos, fortes e com
algumas veias visíveis só para tornar tudo mais atraente.
O loiro se vira para fechar a porta, pouco se importando por estar desfilando quase nu na
frente de uma mulher.
Foda-se que sou sua melhor amiga.
Tudo bem. É apenas a minha loucura, afinal, o idiota já desfilou de cueca antes na minha
frente.
Encaro suas costas definidas e me sinto ofendida por alguém ser tão bonito até nessa pose.
Eu mesma me acho feia de costas, parece que minha coluna torta fica mais evidente.
Já Chace... cada cantinho é definido, inclusive as coxas grossas torneadas.
— Está apreciando a vista, meio-metro? — ele pergunta de forma divertida, ainda de
costas para mim.
Um filho de uma ótima mãe e de um ótimo pai!
— Vai colocar uma roupa, Chace. — Mando e me viro para o lado em que ele não está, só
para não ficar secando-o mais. — Vou dormir, boa noite!
Fecho meus olhos a fim de pegar no sono mesmo e acordar só amanhã e sem essas
maluquices de hoje.
Será que ver meu ex-namorado no campo afetou meus neurônios?
Quase dou risada de mim mesma.
Eu nem prestei atenção em Mark!
Solto um gritinho quando um peso cai sobre mim e gotas de um cabelo ainda molhado
caem sobre meu rosto.
— Chace! — Mantenho meus olhos fechados, porque sei que o atrevido está de cueca em
cima de mim. — Vai colocar uma roupa e vem dormir! Amanhã você precisa acordar cedo para
o podcast com o Cole.
Não sei por que o podcast com seu melhor amigo tem que ser às dez da manhã, quando
sabemos da dificuldade de acordar cedo que o grandão aqui tem, mas não me meto na agenda
dele.
— Estou na minha casa e gosto de dormir de cueca. — Ele só pode estar brincando com a
minha cara. — Já estou pronto para dormir.
Os lados negativos de ter um melhor amigo estão começando a surgir só agora? Não é
possível!
Abro os olhos, dando de cara com seu rosto acima do meu e um sorrisinho sem-vergonha
nos lábios. Ainda estou deitada de lado e pretendo ficar assim pelo resto da noite.
— Tenha respeito pela sua melhor amiga. — Mando. — Ou vou dormir no quarto de
hóspedes.
— Por que não está me olhando nos olhos? — Chace continua se divertindo, e não, eu não
o olhei mais do que dois segundos desde que se colocou em cima de mim.
— Você poderia sair de cima de mim? É pesado!
Ele não me escuta, pelo contrário, o loiro aproxima seu rosto do vão do meu pescoço e o
afunda ali, me paralisando por completo. Que merda ele está fazendo? Engulo em seco ao
mesmo tempo em que paraliso.
Na sala de jantar, consegui disfarçar perfeitamente o que senti subitamente, mas não
consigo evitar de estremecer quando seus lábios raspam pela minha pele.
— Só se você me der um abraço — ele diz contra meu pescoço, me arrepiando com sua
voz grossa e manhosa.
Safado e sem-vergonha!
Eu cortaria o seu pau, mas como sou uma manteiga derretida quando se trata de Chace
Lawson, arrumo minha posição na cama, ficando de frente para ele e de barriga para cima,
finalmente dando o que ele quer.
— Está carente, Golden Retriever? — pergunto, disfarçando essas emoções estranhas com
uma risada.
— Golden?
— Você tem a personalidade do cachorro dessa raça — provoco, prestando atenção em
como suas costas flexionam quando minhas mãos acariciam sua pele. — É brincalhão,
engraçado, sempre faz tudo que a dona quer, e é carente quase sempre.
— Eu não tenho dona.
Não consigo ver seu rosto, pois ele ainda está afundado em meu pescoço, mas imagino que
ele está um pouco indignado.
— Não, mas tem eu como melhor amiga.
Ele levanta a cabeça, quase encostando o nariz com o meu quando não faz o mínimo para
manter uma distância razoável entre nós.
Respira e não pira, Ocean Bailey!
Ele é seu melhor amigo e está sendo o mesmo de sempre.
— Quer ser minha dona, meio-metro?
A pergunta não sai em um tom divertido, ela parece mais séria do que qualquer diálogo
que trocamos nos últimos minutos, me deixando nervosa de uma hora para a outra.
Sorrio só para disfarçar, tentando parar de reparar em seus olhos me observando como se
eu fosse seu maior pecado, mas é inútil. Por algum motivo, a forma como Chace está me olhando
agora, me queima e mexe comigo de uma forma muito mais intensa do que o episódio na sala de
jantar.
Preciso dormir e acordar sã amanhã!
Então, para refrear isso tudo, toco meu dedo indicador em sua testa e o afasto de mim.
— Eu já sou, Golden! — respondo e o empurro para trás. Volto a ficar de costas ao mudar
minha posição novamente. — Vamos dormir, mas antes, você vai colocar um pijama
comportado.
Escuto sua risadinha.
— Como você quiser.

Acordo no dia seguinte e, antes de me virar, sinto que Chace não está na cama ou então eu
estaria esmagada no seu peito, como em todas as vezes que dormimos juntos.
Pego meu celular na cabeceira da cama ao meu lado e vejo a hora.
Dez e meia da manhã.
Por que dormi tanto? Fazia tanto tempo que não dormia até esse horário, que me assusto.
Talvez seja o cansaço de tantos fins de semana em turnê.
Confesso que vou sentir falta.
Amo estar nos palcos e ver aquela multidão ao meu redor chorando enquanto gritam as
letras da minha música. Nesses momentos, sinto como se fôssemos um só. É um sentimento
único que só quem canta e ama o que faz entende.
Minha próxima data em um estádio lotado é daqui a dois meses, no Reino Unido, mais
especificamente em Londres.
Desbloqueio meu celular e resolvo entrar em uma das redes sociais mais tóxicas do mundo
dos famosos: Twitter.
Essa rede é como se fosse uma terra sem lei, em que muitos se escondem atrás de uma tela
para ficar destilando ódio em celebridades e comparando uma com a outra.
Mas há uma parte boa.
Meus fãs também estão por lá, e por mais que eu não entre com frequência para manter
minha mente saudável, gosto de me atualizar uma vez ou outra à procura dos tweets cheio de
amor e carinho deles.
Muitas vezes, me sinto melhor amiga de cada um, e isso é uma loucura, porque nem em
outra vida eu teria a oportunidade de conhecer todos eles, porém, entendo que o motivo disso é
por sermos conectados com a minha música.
Eles se identificam com as letras que componho, o que mais posso pedir?
Acontece que, nem em todos os acontecimentos do último final de semana, imaginei que
veria o que encontro ao abrir o Twitter.
Meu nome está sendo relacionado ao de Chace, mas o problema não é esse, já que quase
sempre isso acontece devido à forte onda de pessoas que nos shippam desde que fomos sinceros
sobre nossa amizade, o problema está no podcast que o desgraçado está participando neste
momento.
Abro o tweet de uma página de notícias minhas e vejo o vídeo que está fazendo todo
mundo, literalmente, surtar.
Cole e Chace estão no podcast como todo dia pós-jogo. Fisher sorri para o running back ,

parecendo ter segunda intenções.


— Ah, não... Acho que as mais de cem mil pessoas online querem saber pelo menos qual é
o tipo de Chace Lawson — ele provoca. — E então? Qual é o seu tipo?
Cole pega uma garrafinha de água e leva até a boca, tomando alguns goles, ansioso pela
resposta do amigo.
— Ocean Bailey.
O vídeo acaba e meu choque só faz eu ler a legenda do tweet da página.
O QUE É ISSO? SIGNIFICA QUE ELES ESTÃO NAMORANDO? OCEAN ESTEVE NO
JOGO ONTEM. PODE SER QUE SEJA PARA VER O NAMORADO, E NÃO O MELHOR
AMIGO. NÃO, MAS SERÁ QUE VENCEMOS, ESTRELAS DO MAR?
Volto para a página inicial e vejo outro corte do vídeo do podcast.
— S-sua melhor amiga? — Cole parece tão chocado quanto eu.
Chace dá de ombros.
— Não posso achar minha melhor amiga bonita? — Eu vou matar esse idiota!
— Não foi isso que perguntei — o responsável pelo programa diz.
— Ah... — Sorri de lado. — Minha melhor amiga não pode ser meu crush? O meu tipo de
garota?
O vídeo acaba, e então desço mais a página inicial, em busca de mais coisas, mas isso me
parece o suficiente.
O que Chace Lawson tem na cabeça? Que merda é essa? Ele sabe que não pode brincar
com essas coisas, não quando tem a mídia em cima de mim quase 100% do meu dia.
Meu celular vibra e assim que vejo que é uma chamada de Edina, decido nem atender. Ela
deve estar surtando, mil vezes mais do que eu.
Por enquanto, ainda estou tentando entender o que meu amigo quer com isso, mesmo
estando tão irritada quanto minha publicitária deve estar. Eu sou o tipo dele? Chace está tirando
uma com a minha cara!
Ele sempre é brincalhão e não deixa de mostrar esse lado para as pessoas, faz parte dele e
todo mundo o ama por causa disso, mas agora brincar com meu nome?
Qual deve ser o castigo por matar o melhor amigo?
Esse que, inclusive, entra no quarto assim que me faço a pergunta mentalmente e pulo da
cama, jogando meu celular no colchão e me aproximando do engraçadinho.
— Você dormiu muito mais do que eu hoje, meio-metro.
Cruzo meus braços em frente ao corpo e o encaro bem séria.
— Por que falou aquilo no podcast?
Ele parece surpreso por eu já saber o que aprontou e finge uma inocência que não combina
em nada com sua personalidade. Chace não é sonso e muito menos ator!
— Do que, exatamente, você está falando?
— De eu ter virado, absolutamente do nada, o seu tipo de mulher. — Me aproximo dele até
quase colar minha cara em seu peito. Odeio nossa diferença de altura, mas hoje, odeio ainda
mais. — Que merda foi aquela?
— Respondi uma pergunta, meio-metro, apenas isso. — Ele ainda tem a coragem de agir
como se não fosse nada, e me olha com esses olhos cinzentos manhosos que conseguem me
desequilibrar na maioria das vezes.
— Sabe o que estão falando? Voltaram a dizer que estamos namorando. — Aponto para
seu peito. — Isso por causa das suas brincadeiras. — Não escondo o quanto estou chateada com
seu comportamento. — Você pode ser o Chace brincalhão comigo, mas não pode ser lá fora, as
pessoas não entendem que é uma zoeira.
Porra! Mais de oito anos nessa indústria e ele não aprendeu isso?
O loiro contrai a mandíbula e o brilho em seu olhar some, dando lugar a um mais intenso.
Sinto um certo receio quando ele se aproxima mais de mim e me faz dar um passo para trás
instintivamente.
Por que essa proximidade toda? Nós já estávamos perto demais!
Ele continua se aproximando até que minhas costas batem contra a parede do closet. Não
abaixo a cabeça, nem mesmo quando o filho da mãe se inclina até ficar bem próximo do meu
rosto.
— E quem disse que é uma zoeira? Quem disse que você não é o meu tipo?
Estremeço por inteira, desde o frio que invade a minha barriga até minhas pernas que ficam
bambas do nada.
Não deveria ser a hora para meu corpo reagir às suas palavras, não quando nunca reagiu
assim em tantos anos de amizade com ele.
— Somos melhores amigos — friso tanto para mim quanto para ele.
Consigo soar firme, mesmo tendo desde ontem, pensamentos que amigas não devem ter
com seus amigos, mas esse pervertido não me ajuda, ele continua com essas brincadeiras de
sempre.
— Só porque somos amigos eu não posso... — Seus olhos brilham com perversão e um
sorrisinho de lado surge, me fazendo engolir em seco. — Querer foder você?
Essa pergunta devia servir para me deixar mais puta do que já estou e, acredite, eu estou,
mas também serviu para abrir mais um espaço na minha imaginação.
Ontem, eu pensei em beijá-lo.
E agora... não!
Eu não estou pensando em transar com meu melhor amigo.
Desgraçado.
Meu corpo todo está reagindo às suas palavras e um calor que não sentia há muito tempo,
me invade, se concentrando, principalmente, no meio das minhas pernas.
Merda!
Soco o peito dele, o pegando completamente desprevenido.
— Ai, meio-metro! — o grandão reclama, parecendo estar sentindo dor por causa da minha
mão pesada. Que ótimo! — Você não precisa me bater dessa forma!
— Isso não tem graça. — Isso mexe com a minha mente, boceta e corpo. — Espero que
você resolva essa situação o mais rápido possível, porque estou puta com o que fez.
Pela forma como me olha agora, Chace parece ficar magoado, mas eu não ligo.
Não quando isso afeta diretamente meu trabalho e a repercussão que isso está tomando.
— Está brava comigo? — Juro que quase vejo um beicinho em seus lábios.
É mesmo um Golden quando leva bronca!
— Sim!
O empurro pelos ombros e volto a me distanciar dele.
— Vejo você quando eu estiver mais calma.
Porque agora, preciso mesmo dar o fora dessa casa. Mas não é somente pelos motivos que
meu amigo acredita.
E você ficou ali na minha frente, só
Só perto o suficiente para tocar
Perto o suficiente para esperar que você não pudesse ver o que eu estava pensando
SPARKS FLY – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
É sempre decepcionante quando perdemos um jogo.
É irritante e estressante, para dizer o mínimo.
Enxergamos no rosto dos nossos torcedores o quão triste eles estão com a partida que
fizemos e tudo torna mil vezes pior.
— Houve algum aspecto específico do jogo que contribuiu para a derrota dos Octopus? —
a jornalista pergunta para nosso quarterback.
— A outra equipe jogou muito bem, precisamos reconhecer os méritos dela. Houve
momentos em que poderíamos ter mudado a nossa abordagem, e isso é algo que vamos analisar
— Clyde responde, calmo como sempre, mas sei que ele está pensando em mil formas de isso
não acontecer de novo.
— Como os jogadores estão lidando emocionalmente com a derrota? — Dessa vez a
mulher olha para mim, buscando uma resposta.
— É sempre frustrante não ganhar uma partida, mas usaremos esse sentimento como
motivação para melhorar. — Vamos vencer o Super Bowl! Esse é o pensamento obsessivo dos
Octopus. — Complementando o que Clyde disse, essa derrota nos mostrou áreas em que
precisamos de melhoras, e vamos trabalhar nisso.
A mulher parece satisfeita com a resposta.
— Agora uma pergunta mais pessoal, Lawson. — Automaticamente estremeço. Todas
essas perguntas passam por Gracie, minha prima, agente e publicitária. O que ela teria deixado
passar? — O mundo da música e do futebol enlouquece semana passada com sua resposta no
podcast. A amizade entre você e Ocean sempre foi comentada na internet, e quando era
questionado, nunca deixou de expressar o quanto a admirava como uma irmã, mas na última
segunda-feira, parece que houve uma mudança brusca no seu posicionamento. Diga-me, seria
possível o sonho de muitos fãs ser verdadeiro e vocês estarem apaixonados um pelo outro?
Sorrio forçado, querendo matar Gracie Kostel.
Trabalhar com família é uma merda!
Quem deixou ela cuidar da minha carreira? Amor de primos o caralho.
— Somos melhores amigos ainda. — Tento buscar algo que os convença disso.
— Ainda — a jornalista frisa, sorrindo. — Você deixou claro que tem um crush em Ocean.
Maldita seja a minha prima que permitiu essas perguntas!
— De qualquer forma, eles são apenas bons amigos e não têm nada a esconder. — Clyde
me salva ao responder, colocando o braço ao redor do meu ombro. — A amizade deles é a força
do nosso garotão aqui.
É claro que a mulher quer perguntar mais sobre, não só pelo engajamento que dará para a
emissora, mas porque está extremamente curiosa. Minha sorte é que o tempo de entrevista acaba.
— Vamos? — O quarterback aponta para a saída da sala de entrevistas.
Quando estamos fora da vista dos jornalistas, aperto seu ombro e lhe lanço um meio-
sorriso.
— Obrigado!
— Não foi nada, cara! Sei como esses jornalistas podem ser vampiros com sede de sangue
— brinca enquanto caminhamos até o vestiário. — Seu desempenho no jogo não tem nada a ver
com Ocean não ter comparecido, né?
Nego.
Minha amizade com a loirinha parece ter voltado ao normal, como se nada do que eu disse
naquele quarto antes que ela saísse correndo de mim, tivesse acontecido.
Ela passou a semana dirigindo o clipe de seu último single, e parecia animada com todos
os spoilers, fotos e gravações que me mandava. Feliz e normal, como se eu não tivesse feito
nada.
Ocean, provavelmente, nem deu importância ao que falei.
Conseguir conquistar ela será mais difícil do que imaginei.
— Fica tranquilo! Ela não veio nos últimos cinco anos, e meu desempenho só melhorou.
Uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Clyde solta uma risadinha.
— Eu sei. Só estou provocando.
Ele pisca antes de entrar no vestiário.
Não consigo evitar e pego meu celular no bolso da calça, pronto para enviar uma
mensagem para Ocean, quando vejo que já tem uma não lida na caixa de entrada.

Meio-metro mais fofo do mundo: Estou na sua casa com uma compressa de gelo para seu
tornozelo machucado e o frago frito que tanto ama, não demore. Você deu tudo o que podia
hoje, não se chateie.

Apenas uma mensagem e tenho vontade de chorar ao mesmo tempo que quero apertá-la
contra meu peito e não soltar mais.
O jeito que seu contato está salvo faz todo sentido, porque ela é o meio-metro mais fofo do
mundo.
É por atitudes como essa, que a amo mais do que apenas um amigo.
Não é apenas um desejo sexual ridículo.
Ocean é paciente, gentil, cuidadosa e move o mundo para ver quem ama feliz. Ela sabe
como fico triste quando perco um jogo, não é mau humor, é triste para um caralho porque sinto
que não dei tudo de mim.
Eu e a loirinha temos isso em comum.
Queremos sempre dar o nosso melhor em tudo, mas quando decepcionamos pessoas que
nos admiram, seja em um álbum de músicas novas ou em uma partida de jogo, nos sentimos
péssimos.
Eu nunca conseguiria deixar de amar essa mulher.
Ela me conhece melhor do que eu mesmo.

Entro em casa e sou recepcionado pelo cheirinho gostoso do frango frito que sou
completamente apaixonado. Consigo perceber só pelo aroma, que Ocean os comprou no meu
restaurante favorito e isso me arranca um sorriso.
— Você demorou. — A loirinha está sentada no sofá com um balde da minha comida
favorita e o balança com um sorriso no rosto. — A sua sorte é que chegou agora.
Caminho até o sofá e me sento ao seu lado, ainda conseguindo retribuir o sorriso que ela
me lança.
— Sabe como me mimar, hum? — E isso me deixa ainda mais apaixonado.
Pego um frango e mergulho no molho em cima da mesinha de centro. Levo à boca sem
dizer nada, me sentindo mesmo um lixo humano pelo jogo perdido.
Sei que teremos mais oportunidades e que foi apenas uma partida ruim, mas, poxa... Podia
ter sido melhor.
Ocean coloca o balde ao lado dos potinhos de molhos e se vira para mim, abrindo seus
braços logo em seguida.
— Vem. — Convida. — Sou toda sua hoje.
Não.
Ela não é toda minha.
E acho que no fundo, a loira sabe disso.
Mesmo assim, me aninho ao redor de seus braços, ignorando o fato de ser 30 centímetros
mais alto do que ela e muito mais largo com meus músculos. Chega a ser engraçado seus
bracinhos finos ao redor do meu corpo.
— Não se culpe tanto, foi uma diferença de dois pontos.
Tenta me consolar, só que aí vai um probleminha sério em Ocean Bailey: ela é ótima com
letras de músicas sobre amor, paixão e perda. Perfeita em me adular. Corajosa em se jogar em
seus relacionamentos com o coração aberto. Mas ela é péssima em consolar uma pessoa, até
mesmo se esse indivíduo for seu melhor amigo, que conhece desde quando nasceu.
— Sempre são os malditos dois pontos. — Foi assim no Super Bowl passado e neste jogo
também. — E você continua péssima em consolar uma pessoa.
Ela bate nas minhas costas e me afasta, demonstrando uma expressão ofendida em seu
rosto.
— Só estou sendo realista, não é o fim do mundo, e vocês nem foram desclassificados. —
Ocean pega um pedaço de frango e mergulha no molho, e em um piscar de olhos, estou com ele
enfiado na minha boca. — É melhor você comer, assim não fica falando o que não sabe. Sou
muito boa com as palavras, um amor de pessoa.
Dou risada do seu convencimento, mastigando a comida que ela me dá na boca neste
instante.
— Segura. — Manda. — Você não é mais um bebê.
Termino de mastigar antes de falar, mas não o seguro.
— Seu melhor amigo perdeu o jogo. Por que você não o alimenta direito? — A olho com a
minha expressão mais pidona possível.
Ela revira os olhos.
— Você é muito abusado — ela retruca, mas não nega meu pedido.
A loirinha se aconchega melhor no sofá e coloca uma almofada em seu colo, batendo nele,
me convidando para deitar sobre ela. Neste momento, sinto-me como se tivesse ganhado uma
partida de futebol, e não consigo esconder meu sorriso quando deito minha cabeça na almofada.
Ela é perfeita.
Eu a amo.
— Depois diz que não sabe por que parece um cachorrinho. — Ela move sua mão livre até
meu cabelo e começa a acariciar meus fios enquanto aproxima a mão que segura o frango até
minha boca e me alimenta. — É tão carente e mimado, que não sei como sua mãe o aguenta há
27 anos.
Semicerro os olhos em sua direção e enquanto mastigo, faço cosquinhas em sua barriga,
arrancando risadas dela.
Como assim não sabe? Ela me aguenta por todo esse tempo também.
— Ai! Para com isso. — Ela manda e eu obedeço, como sempre. — Como está seu
tornozelo? Pareceu feio quando você caiu.
Quase fecho meus olhos com o carinho que ela permanece fazendo nos meus cabelos.
— Não foi tão ruim assim. — A tranquilizo. — Estava vendo o jogo?
— É claro. Acha mesmo que eu perderia? — Me aninho melhor em seu colo, amando
poder voltar a dividir esses momentos mais íntimos com ela. E fico um pouco mais tranquilo
vendo que nada mudou nesses cinco anos em que não compartilhamos tanta intimidade por conta
de seu ex-namorado. Será que minha loira também sentiu falta? — Sinto muito pelo jogo, sei que
para você, é importante ganhar cada partida.
Sorrio de lado.
— Vai ser melhor da próxima vez.
— É claro que vai. — Soa animada. — Você é Chace Lawson.
Se eu sou o maior fã dessa loirinha, ela é a minha maior fã, e isso nunca mudou.
— Nesses cinco anos, você sentiu minha falta? — pergunto, pois tenho dificuldade de
manter tudo guardado para mim.
Já basta guardar o que sinto por ela.
— Que tipo de pergunta é essa? Nunca paramos de nos falar.
Será que explico? Ou deixarei tudo muito evidente?
Apesar de ter decidido que vou demonstrar meu interesse e tentar conquistá-la, não quero
que Ocean se assuste e corra de mim como fez naquela manhã.
— De dormir comigo, de me abraçar a cada momento, de sermos mais íntimos. — Foda-
se, ela precisa começar a perceber que eu senti falta, e não foi como um amigo.
— Que tipo de pergunta é essa? — Ela bagunça meu cabelo. — Se serve de consolo, senti
sua falta, Chace. Estar com você é sempre como estar no meu lar, sabe? Confortável, familiar e
seguro.
Sinto em suas palavras o quanto ela me ama, mas não como a amo.
Isso é tão... decepcionante.
— Tinha ciúmes do Mark? — Ela é direta e se eu estivesse comendo, teria me engasgado.
É claro que eu tinha, só não sei se estamos falando do mesmo tipo de ciúmes.
— Não gosto dele. — Não é uma mentira, odeio aquele cara.
— Bom... eu também não gosto mais dele — comenta, com um sorriso travesso nos lábios.
Que vontade de beijá-la!
Tenho certeza de que é melhor eu nem saber como é beijar essa boca, pois ficaria viciado
no momento em que a tocasse com a minha.
— Então, você sentia ciúmes de Mark. — Ela me tira dos meus desvaneios quando
continua falando.
A loira aperta minha bochecha como se eu fosse uma criança.
— Fofo! Achou que eu abandonaria meu melhor amigo por causa de algum homem?
Sentia sua falta também, por isso minhas brigas com Mark se tornaram mais frequentes.
Meu coração acelera.
Ela ao menos tem noção das coisas que fala?
— Como assim?
— Não sou idiota, sabia que não gostava dele, mas queria estar contigo mesmo assim.
Tanto que, na última vez que vim na sua casa, nós brigamos porque ele não achava certo eu me
encontrar sozinha com outro homem.
Filho da puta.
Por isso ela não veio me ver na outra semana, como prometeu que viria.
— Então, eu cansei... Se o cara que estou não pode aceitar e nem faz o possível para
entender minha relação com você, então não o quero na minha vida.
Isso está errado. Eu que deveria estar conquistando o coração dela, não a loirinha me
deixando ainda mais apaixonado do que já sou.
— Saiu com alguém nesses últimos dias? — pergunto, pois além da ideia do sexo casual,
Ocean não me disse nada sobre novos encontros.
— Conhece Liam Cole? — O ator? Sinto medo do que ela vai falar a seguir quando
movimento a cabeça em um sim. — Ele me convidou para jantar ontem à noite, mas não rolou
química.
— Você foi?
Sento-me no sofá no automático e a encaro, um pouco zangado.
E a história de “vou ser solteira para sempre”?
Ela dá de ombros.
— Sou solteira, por que não iria?
Porque você é minha!
O pensamento obsessivo me vem à mente sem que eu consiga controlar.
— Por que não iria? — Forço um sorriso ao repetir sua pergunta.
Preciso agir ou então essa mulher vai achar que está apaixonada por outro carinha, que por
sinal, o odiarei assim que me apresentar como namorado.

— Estou bem, não precisa ficar fazendo isso — falo pela terceira vez nos últimos cinco
minutos em que Ocean está passando a compressa de gelo no meu tornozelo. — Nem está
doendo mais.
— Deixa de ser resmungão.
Sorrio, e então desisto de insistir. Eu gosto quando ela cuida de mim, não vou mentir.
A loirinha cuida do meu tornozelo com muito cuidado, me fazendo arrepiar quando suas
mãos pequenas e delicadas encostam em alguma parte da minha perna.
Acabamos vindo para o quarto depois de esvaziar o balde de frango, e admito que não
conversamos muito depois que ela me falou sobre o encontro com o tal Liam. Não consigo
esconder quando algo não me agrada, e é por isso que quebro o silêncio no cômodo:
— O que quer dizer com “não rolou química”?
— Hum? — Ela fica sem entender por um segundo, até que parece compreender quando
pensa um pouco. — Ah, sobre o Liam... Só não rolou. Ele é legal, até mesmo um cara divertido,
mas não senti atração alguma. Se continuarmos nos encontrando, podemos ser apenas bons
amigos.
E lá vai ela colocar outro cara na friendzone.
Ocean deveria escrever uma música de como é boa nisso.
— Entendi...
Ela larga a compressa de gelo no chão e pula ao meu lado na cama. Tento evitar olhar para
o pijama curto que está usando esta noite, só que é difícil quando o short sobe um pouco mais do
que o necessário.
Maldita atração.
Meu pau fica duro só de imaginar tudo o que faria se ela me permitisse, e a minha sorte é
que tem o lençol e a coberta por cima, tapando qualquer volume que poderia ser visto pelo lado
de fora.
Ocean também se cobre e se aninha ao meu lado, descansando a cabeça no meu peito e
abraçando minha cintura.
Muito bom ela não ter sugerido uma conchinha, seria extremamente complicado explicar o
porquê não posso abraçá-la por trás.
Respiro fundo.
Estou tão fodido!
— O que foi? Você está toda hora suspirando. — Por sua causa! Não sei o que fazer por
sua causa!
— Não é nada, meio-metro. Vamos dormir — sugiro e passo meu braço ao redor do seu
ombro, levando minha mão até seu cabelo e começando um cafuné, do jeitinho que fazia quando
éramos mais novos. Ela sempre gostou muito disso. — Obrigado por ter vindo aqui hoje!
Significa tanto ter ela ao meu lado, que nem me lembro mais o motivo pelo qual estava tão
irritado quando saí do jogo.
— Sempre estarei aqui para abraçar você quando as coisas estiverem difíceis.
Sorrio fraco e beijo o topo da sua cabeça.
Eu poderia dormir abraçado a ela pelo resto da minha vida, e tenho certeza de que Ocean
não faz ideia disso, mas quando estamos dessa forma, me sinto o homem mais sortudo por ter tal
intimidade com a mulher que amo.
Talvez, no fundo do meu coração cafajeste, exista um homem romântico que gostaria de
viver seu romance com a única mulher que se imagina.
— Ainda está brava comigo? — pergunto baixinho antes de pegar no sono. — Por causa
do podcast.
— Não fico brava com você por muito tempo. — Isso é bom. — Mas por que disse aquilo?
— Porque eu facilmente ficaria com você. — Ela estremece sob meu corpo e sinto que
tudo paralisa ao meu redor com as palavras que saíram da minha boca. Fui sincero pela primeira
vez depois de apenas sentir por tantos anos. — Você é o meu tipo, Ocean. O tipo de mulher que
eu não ficaria apenas por uma noite, a única que poderia me fazer assumir um relacionamento,
que seria capaz de me fazer usar um terno e subir no altar. Você sempre foi a única para mim.
O silêncio ensurdecedor começa a me sufocar, mas não me arrependo de dizer essas
palavras. Passei anos guardando isso para mim e agora estou cansado.
Ninguém sabe como é ver a mulher que você ama namorando um cara que não é você.
Agora imagina passar por essa dor cinco vezes? Imagina ter que acenar, sorrir e desejar
felicidade, quando, na verdade, está sentindo raiva e vontade de socar a cara do filho da puta
sortudo? Não, ninguém faz ideia de como é essa sensação.
Não sei como aguentei isso por tanto tempo.
Durante todos esses anos, saí com diversas mulheres, fodi com várias, mas nunca consegui
tirar Ocean Bailey do meu coração. Essa merda de amor parece ser do tipo insuperável, e estou
cada vez mais irritado com isso.
— Acho que é melhor dormirmos — a loira murmura tão baixinho, que quase não escuto.
Não esperava uma resposta diferente dela.
Eu a conheço, sei que levará um tempo, mas pelo menos ela não se afastou de mim.
Tomei essa decisão de dar o primeiro passo e irei sair do estado de covardia. Vou ser
atacante em relação à minha melhor amiga, da mesma forma que jogadores são no campo de
futebol americano.
Na noite do jantar com meus amigos, quando estávamos na cama, mais especificamente
comigo executando meu plano de provocar qualquer reação dela que não fosse me deixar na
friendzone, notei que Ocean me enxerga como homem.
Eu vi.
Foram por míseros segundos, mas foi o suficiente para me deixar duro e quase beijá-la na
cama mesmo. Mas eu enxerguei.
E aquilo, junto com a vontade de não a ver mais sofrendo por caras escrotos e a frustração
por continuar sempre na friendzone, me motivou a tomar essa decisão arriscada.
Não me culpe, o amor me deixou louca
Se você também não fica, não está fazendo direito
Senhor, salve-me, minha droga é meu amor
Vou usá-la pelo resto da minha vida
DON’T BLAME ME – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Acordo sentindo algo duro cutucando minha bunda.
Tenho um raciocínio rápido quando abro meus olhos e sinto os braços de Chace me
prendendo junto ao seu corpo.
O certo em um momento como esse é simplesmente me afastar, né? Eu tentaria, isso se ele
não fosse mais forte e estivesse me agarrando como se fosse fugir.
Bom, também posso tentar acordá-lo, mas simplesmente não reajo.
Há alguns meses, quase acordamos nessa posição, vi o quanto o pau dele é grande, só que
senti-lo na minha bunda, me traz a impressão de ser muito maior do que imaginei.
Não somos mais crianças.
Afirmo isso quando me sinto estranha, de um jeito diferente.
Deveria estar me sentindo desconfortável por ter o pênis do meu melhor amigo roçando na
minha bunda, e não sentindo meu corpo esquentar como se estivesse gostando da sensação e
esperando por algo que nunca acontecerá entre nós dois.
O que está acontecendo?
Só por que somos amigos eu não posso... Querer foder você?
Lembro das suas palavras e sinto minha calcinha molhar. Fiquei dias com aquela voz rouca
permeando meus ouvidos, como se Chace tivesse assumido a forma de um diabinho e ficasse
repetindo isso a cada minuto no meu ombro.
Acho que ele estava brincando, mesmo assim, aquelas palavras me incomodaram de um
jeito contraditório ao que sinto por ele e, exatamente por isso, mantive contato apenas por
mensagens nesses últimos dias. Preciso expulsar esse surto da minha mente.
Que isso? Desde quando passei a ficar excitada pelo meu amigo? Não é nem fácil de
explicar.
E agora, quando pensei que já não sentiria nada parecido... voltam à minha mente as coisas
que ele me disse ontem, me causando de novo esse estremecimento estranho e familiar pelo meu
corpo.
Chace falou sério? Ele me enxerga como mais que uma amiga? Ou ele está levemente
confuso, do nada, assim como eu? Isso faz mais sentido, e ainda assim, mexe comigo.
Talvez, não devemos mais dormir juntos.
Talvez, exista um limite, até para o nosso tipo de amizade.
Acho melhor me afastar ou posso, realmente, ficar muito excitada com seu pau crescendo
mais contra minha bunda.
Seguro as mãos do loiro ao mesmo tempo em que tento colocar distância entre nossos
quadris, mas tudo o que consigo é fazer com que ele mova uma de suas mãos até minha barriga e
me abrace mais.
Atenção para a mão grande dele espalmada na minha barriga, coberta apenas por uma
blusa fina, bem próximo à minha virilha.
— Chace! — o chamo. — Chace, acorde!
Faço esforço para sair de perto desse ser, mas não funciona de novo.
Paraliso quando sua mão desce até o fim da minha barriga e desliza para minha coxa nua.
Me arrepio por completo, e o calor que estava sentindo antes, não se compara com o que sinto
quando ele me aperta nessa região.
Não é possível que ele esteja dormindo!
Espio de canto de olho e vejo que seu rosto continua sereno, como se estivesse mesmo em
seu estado dorminhoco.
Poderia apertar seu pau com minha mão e o fazer acordar e me largar rapidinho, porém
permaneço parada, sentindo meu coração disparar cada vez mais quando sua mão volta a se
movimentar, dessa vez, me acariciando.
É lento, mas não deixa de ser erótico para mim.
— C-chace... — Gaguejo, perdendo o ritmo da respiração quando sua mão se aproxima da
minha boceta.
Por que diabos quero acordá-lo e implorar para que ele me toque?
O que estou pensando?
Nada.
Não estou pensando nada, só sentindo. E minha calcinha está molhando cada vez mais.
Consigo recobrar um pouco de juízo e agarro sua mão por baixo da coberta, impedindo que
isso possa ir mais longe.
O pensamento de que se eu abrisse minhas pernas poderia encaixar seu pau duro entre elas
me vem à mente e resmungo baixinho.
Sem perversão, Ocean Bailey!
E contrariando o que quero de verdade, dou um tapa na mão de Chace e me movo, pronta
para ir para longe, mas sua voz rouca e baixinha soa no meu ouvido:
— Se continuar se movimentando desse jeito, vou me esquecer que conheço você há 27
anos, Ocean. — Sua voz parece carregada de algo muito forte, como se estivesse louco para que
eu me movesse e então pudesse fazer exatamente isso que disse.
— E-estou tentando te afastar. — Droga! Será que entreguei o quanto estou excitada?
— Preciso de um tempo. — Ele está muito excitado.
É impossível que isso crescendo na minha bunda seja ereção matinal.
Permaneço em silêncio, buscando colocar meus pensamentos em ordem.
Será que a falta de sexo faz isso com a gente? Sempre amei transar, essa é a verdade, e
confesso que sinto falta.
Minha vida sexual sempre foi muito ativa nos meus relacionamentos, pois acredito que
tudo vem em um combo: o amor, o sexo e o respeito.
— Já teve seu tempo? — pergunto, nem um minuto depois, pois realmente não consigo
pensar em outra coisa conosco nessa posição.
Ele solta uma risadinha fraca que atinge o topo da minha cabeça e no meio das minhas
pernas.
— Você deveria saber que não brocho fácil. — Em um piscar de olhos, estou deitada de
barriga para cima, com Chace em cima de mim, me olhando com seus olhos ardentes. O cinza
parece mais intenso nesta manhã. — Não sou como seu ex-namorado.
Sinto um pouco de alívio por ele não estar mais roçando o pau na minha bunda e me
tentando, mas ao mesmo tempo também sinto falta.
Vou me internar!
— Foi apenas uma vez! Não devia ter te contado — murmuro.
O loiro sorri e aproxima o rosto do meu.
— Eu não faço isso nem uma vez.
Semicerro os olhos em sua direção.
— Está muito confiante! — Bato em seu ombro, querendo que se afaste, mas ele não faz
isso. — Isso é um problema que qualquer um pode ter.
— Não quando um homem está com uma mulher como você — admite, fazendo com que
qualquer palavra em minha mente desapareça. Eu ficaria com você. A afirmação que ele fez
ontem à noite soa na minha cabeça. Maldição! — É isso que quero dizer, meio-metro.
Mas o que ele está dizendo?
Chace aproxima mais o rosto do meu e sinto meu coração voltar a bater de forma
acelerada.
Por que ele está cada vez mais perto? Minha boca seca e meus olhos caem para seus lábios.
Eles devem ser bons de beijar.
— Mas como você é minha melhor amiga, nunca vai saber o que está perdendo. — Ele
sorri de lado e beija minha bochecha, bem próximo do cantinho dos meus lábios. — Vou para o
banheiro, meio-metro.
O safado se afasta de mim e corre para a suíte, me deixando esparramada na cama,
tentando entender que merda é essa agora.
Não posso arruinar minha amizade com Chace por um desejo estúpido.
São 27 anos.
Olho para o colchão ao meu redor e tomo uma decisão: sem cama para nós dois.

Papai entra no estúdio na casa que tenho em Denver e sorri ao me ver grudada no violão.
— Você não muda, né? Achei que tiraria férias.
Decidimos passar alguns dias na cidade que nasci. Ficaremos até o Natal, em que nos
reuniremos na casa da Cora e Ed aqui em Denver. Não somos mais vizinhos, mas isso não quer
dizer que não continuamos morando próximos.
— Até tentei, terminei de assistir três séries da Netflix, inclusive um desses doramas. Acho
que entendi por que Quinn é tão viciada neles, assisti Pretendente Surpresa e tive borboletas no
estômago.
Meu pai ri, se sentando ao meu lado.
— Dá mesma forma que tem quando se apaixona?
— Acho que é até pior — respondo, me sentindo triste. — O mocinho da série é muito
irreal. Posso dizer isso com propriedade, já namorei cinco vezes.
— Românticos demais?
— Pai, romântico num nível de um abraço ser melhor do que ver a cena de um beijo entre
os protagonistas — digo e seus olhos se iluminam. — Acho que é por isso que essas séries estão
fazendo tanto sucesso. Elas demonstram o amor, em que um abraço entre duas pessoas que estão
apaixonadas, pode ser mais íntimo do que um beijo. Antigamente não era assim? Tenho certeza
de que mamãe fez você sofrer um pouquinho antes de beijá-la.
— Estava me lembrando disso agora, sabia? Cheguei a pedir a mão dela em namoro para
seus avós antes de beijá-la.
Sorri de lado.
— Imagina se o beijo fosse ruim? — zombo dele.
Meu pai bagunça meu cabelo.
— Essa é a diferença do amor para a paixão, filha. Se você só sente desejo por alguém,
pode acabar se decepcionando se o beijo ou algo mais íntimo for ruim, mas se ama aquela
pessoa, tudo nela se torna bom, porque o amor nos faz sentir dessa forma.
— Faz sentido — murmuro e sem querer, penso em mim e Chace.
Não nos encontramos mais desde aquele dia em que dormi na casa dele. Meu amigo está
muito ocupado com os jogos e eu preciso colocar meus pensamentos em ordem, de novo.
— E quando se tem desejo por uma pessoa, é provável que isso acabe depois que... sei lá,
mata a vontade?
Sempre tive muita liberdade para falar sobre tudo com meu pai. Minha mãe morreu muito
cedo, e então sobrou para ele me explicar tudo o que uma adolescente com hormônios devia
saber. Logo, é normal e ao mesmo tempo não é, pois ele ainda consegue ficar envergonhado.
Tudo bem. Deve ser difícil para ele saber que a única filha transa.
Pelo menos, meu velho não é do tipo ciumento.
— Desejo pode surgir, mas ele demora muito para desaparecer — começa a explicar. —
Atração está ligado ao nosso corpo. Vamos pensar da seguinte forma: se você está com fome,
uma colher de arroz é suficiente?
Nego.
— É a mesma coisa com o desejo... apenas sentir não ajuda.
— Então...? — Preciso entender melhor.
— Uma pessoa nessa circunstância ou deve ceder ao desejo, ou tentar fazer com que ele
desapareça sem se envolver.
— Mas essa última opção demora muito.
Ele concorda com a cabeça.
— É por isso que as pessoas acabam cedendo. A paixão acaba mais rápido quando é
vivida, e acho que você sabe disso.
Confirmo com um movimento de cabeça.
Então... não.
Dou risada sozinha.
Eu não vou beijar o Chace para parar de sentir atração.
— Essas perguntas são por causa da sua ideia de se relacionar sem compromisso? Ainda
estou meio receoso disso, filha. Como seu pai e empresário...
— Não se preocupe, pai. Acho que nem se eu tentasse, conseguiria. — O tranquilizo. Sou
muito romântica e dramática para viver algo casual.
E mudo de opinião rapidinho, sobre tudo.
Antes, estava animada com a ideia de ficar casualmente com caras, mas foi só parar para
pensar direito, que percebi que não faz sentido. Não para mim. O encontro que tive há algumas
semanas prova isso.
Meu velho parece tão aliviado que até a cor volta para seu rosto.
— Vamos mudar de assunto. — Entrego o violão para ele, que o segura mesmo sem
entender. — Estou com saudade de compor com você.
Papai sempre amou música e tenho quase certeza de que se não fosse esse amor, que ele
inclusive passou para mim, eu não seria a cantora que sou hoje. Meu primeiro álbum foi
composto inteiramente por nós dois.
Só a partir do segundo que comecei a envolver compositores externos.
— Também sinto saudade. — Ele começa a tocar uma melodia aleatória no violão. —
Qual ideia da música?
— Tenho pensado que durante todos esses anos, sempre quis viver algo que você e mamãe
viveram. Esse tipo de amor que não acaba, mesmo quando o outro não está mais nessa terra. —
Os olhos dele marejam. — Quero viver algo cúmplice, romântico, sexy, divertido... leve. Não
tóxico, imaturo ou cheio de desconfiança.
Ele sabe que já vivi cada um desses.
Existe um bom motivo para Chace odiar todos os meus ex-namorados.
— Um amor como esse... — ele murmurou, começando uma nova melodia. — Podemos
fazer isso, filha.
Sorrio.
É melhor me concentrar exclusivamente nisso.
A música é a melhor coisa que tenho, nada pode tirar isso de mim.
Tudo que eu sei é que isso poderia partir o meu coração ou trazê-lo de volta à vida
Tenho um pressentimento de que o seu toque elétrico poderia encher de vida esta cidade fantasma
E eu quero você, quero precisar de você para sempre
ELECTRIC TOUCH – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Observo minha mãe ajudar Ocean a finalizar a torta de morango, que é a nossa sobremesa
favorita, sem conseguir disfarçar o quanto estou feliz por ela estar passando o Natal com minha
família novamente.
— E como você está, querida? — minha mãe pergunta para a loirinha enquanto ela termina
de colocar os morangos na torta. — Nunca mais falou com o Mark?
Reviro meus olhos, mas elas não estão olhando em minha reação.
Claro que minha coroa faria questão de estragar esse dia lindo que estou prestes a ter,
trazendo o babaca à tona.
— Terminamos mesmo, tia. — Sempre achei fofo como minha amiga chama minha mãe.
— Acho que já superei. Não posso continuar remoendo algo que não tem como dar certo, né?
— Você faz muito bem! Vai encontrar alguém que a faça feliz, filha.
A cantora sorri ao olhar a torta pronta em cima da mesa.
— Estou curtindo esse tempo solteira fazendo o que mais amo: música, turnê e passando
meu tempo livre com vocês.
Dona Cora nem esconde o quanto ouvir isso a agrada.
— Fico feliz, porque pensava que qualquer dia veria Chace chorando por aí.
— Mãe! — Que história é essa de choro agora?
— Ele dizia que você estava o abandonando e que em breve deixaria até de ser amiga dele
— a fofoqueira conta, se referindo ao único dia que fiquei bêbado nessa casa e falei demais.
Minha sorte é que não falei sobre meus sentimentos ou então a essa altura, Ocean já saberia. —
Tomara que o próximo namorado que arrumar seja amigo dele também.
A pestinha me encara de um jeito debochado antes de dizer:
— Ele sempre tem ciúmes dos meus namorados, tia.
Ela sustenta meu olhar e gosto disso.
Não tivemos tempo de nos encontrar depois da noite em que passamos juntos e joguei
algumas verdades na cara dela. Ocean veio para Denver no mesmo dia com a desculpa de que
queria passar um tempo sozinha com o pai e sair da movimentação de Nova York. E eu precisei
viajar para três estados diferentes nas últimas semanas por causa dos jogos e, infelizmente, só
consegui manter contato com ela por mensagens e ligações.
Mas sei que ela está fugindo e pensativa.
Consegui plantar a sementinha em sua mente e já estou contente por isso.
Tenho apenas uma meta: fazer essa mulher ser minha até o primeiro semestre do próximo
ano.
— Tem razão, querida — minha mãe comenta, pegando a torta e guardando-a na geladeira.
— Ele precisa arrumar uma namorada logo.
— Eu estou aqui sabia? — lembro-as caso tenham se esquecido da minha presença aqui.
— O que posso fazer se a mulher que quero não me dá atenção?
Ocean deixa a colher que estava segurando cair no chão. Reprimo a risada por causa de sua
reação impactada, e a observo pegar o utensílio rapidamente, colocando-o na pia para lavar.
— Então você está gostando de alguém? — minha mãe questiona, alheia à reação da loira,
que permanece de costas para mim e começa a lavar a louça. — Será que Deus ouviu minhas
preces?
— Chace só está falando demais, como sempre, tia — a atrevida comenta, corajosa o
suficiente, mas sem olhar para mim. — Duvido que ele consiga levar alguém a sério.
Então é essa imagem que ela tem de mim?
Não consigo deixar de me sentir ofendido. Tudo bem que fui otário ao deixar que minha
amiga pensasse exatamente isso, porque não quis dar a entender que gosto dela.
Mas isso foi antes.
O agora é muito mais interessante.
Minha velha solta um suspiro e para ao lado da minha amiga.
— Tem razão, querida... A única pessoa capaz de colocar juízo na cabeça desse ser é você.
Ela não esperava por essa e acaba derrubando um pote de plástico dentro da pia ao mesmo
tempo em que uma vermelhidão sobe pelo seu rosto.
O que será que a loirinha está pensando? Na verdade, o que será que vem passando pela
sua cabeça nesses últimos dias? Posso entendê-la como ninguém, mas ainda não consigo ler
pensamentos.
— Vou ver se seu pai precisa de ajuda no quiosque. Faz o favor de ajudar Ocean com a
bagunça, fizemos sua torta favorita — a coroa manda e faço um sinal positivo com a cabeça. —
Depois que terminarem, venham se juntar a nós.
Quando a senhora Cora sai da cozinha, me aproximo da minha amiga e fico ao seu lado ao
me escorar de frente para ela.
Dificilmente a vejo envergonhada porque temos bastante intimidade para muitas coisas,
então, é sempre um evento quando isso acontece. Exatamente, como agora.
— Quem é a mulher? — Ela ainda pergunta.
Existem duas opções: mentir que não tem ninguém ou falar a verdade que ela sempre foi
essa mulher.
Só uma delas está a meu favor.
— Ainda sente falta do sexo? — pergunto, direto como sempre.
Ocean paralisa com as mãos sujas de sabão e segurando um prato de vidro.
— Do que está falando? — Parece sair do transe e abre a torneira, começando a enxaguar
as louças ensaboadas.
— Você disse que sentia falta de sexo e por isso estava pensando em ter encontros casuais.
Ainda sente falta? — explico.
Ela dá de ombros, colocando o prato no escorredor de louças.
— É algo carnal, né? Eu tinha uma vida sexual ativa, é normal sentir falta.
Contraio a mandíbula, odiando ouvir o que disse sobre ter a vida sexual ativa com aquele
babaca. Duvido muito que ele conseguia deixá-la molhada apenas com um beijo. Certeza de que
o filho da mãe tinha que fazer um esforço maior para que ela ao menos gozasse.
— Por que está me perguntando isso?
É fofo ver que ela ainda continua vermelha.
— Posso ser o seu amigo colorido. — Agora sim ela consegue derrubar o copo de vidro
caríssimo da minha mãe na pia e quebrá-lo. — Ocean!
Preocupo-me na hora que a loira possa acabar se machucando e agarro suas mãos.
— Deixa isso que arrumo depois.
A cantora olha para nossas mãos juntas e depois fixa a atenção em mim.
— Culpa sua! — diz, não sei se zangada ou confusa. Arriscaria dizer que o último. — Fica
falando bobagens.
— Não estou brincando.
Os olhos dela se arregalam e reprimo o sorriso, vendo que a deixei sem palavras mais uma
vez.
— Posso ser o seu amigo colorido. — Igualzinho aquele filme Amizade Colorida ou Sexo
sem Compromisso, penso em completar. — Sou seu melhor amigo, a única vantagem que teria é
se apaixonar por mim.
Ela continua paralisada, sem saber o que responder. Provavelmente está muito surpresa
com o que falei para reagir de outra forma.
— Do nada? — pergunta baixinho, quase inaudível, mas escuto.
Não é do nada.
Sou apaixonado por essa mulher e lembro de cada uma das nossas conversas, inclusive a
que disse que sentia falta de sexo e que por isso se relacionaria casualmente por aí.
A loirinha até saiu com o idiota do Liam à procura disso, e se no próximo rolar química?
Não deixarei isso acontecer.
Se transar é o problema, ela pode fazer isso comigo e eu darei as melhores noites da vida
dela, e de bônus, a farei se apaixonar por mim.
— Não é algo repentino — respondo sinceramente. — Pensei antes de falar isso e sei que
você não é ingênua, sabe que é algo que desejo, e ouso dizer... — Aproximo meu rosto de seu
ouvido e sussurro . — Que você também deseja.
Ela respira fundo e antes que eu tenha qualquer outra reação, age rápido ao largar minha
mão e me empurrar pelo peito.
— Sou sua melhor amiga! Pare de falar essas bobagens.
— Preciso provar que não é uma brincadeira?
Ocean me encara séria, uma expressão que poderia me dar medo se não estivesse tão
confiante que ela está, neste momento, impactada e incrédula com o que falei.
— Eu sou um homem solteiro, você é uma mulher solteira. — Trago os fatos para o jogo
conforme volto a me aproximar dela. Apoio as mãos, uma em cada lado da bancada, ao seu
redor, prendendo-a entre mim e o armário. Miro esses olhos azuis mais intensamente do que
qualquer outro dia. — Somos melhores amigos, temos intimidade e maturidade o suficiente para
saber quando continuar e parar. — Não entrarei em detalhes sobre amor, não quero assustá-la.
Irei conquistar essa mulher primeiro pelo sexo, do jeitinho que sei o quanto sou bom. — E
descobri recentemente que temos química.
Abaixo o rosto até ficar próximo do seu, sentindo quando ela o afasta minimamente, mas
não o suficiente para nossas respirações não se tornarem uma só. A loira engole em seco,
entretanto, não desvia o olhar do meu.
Gosto da forma como Ocean é determinada, me deixa maluco na maioria das vezes, porém,
sou apaixonado por essa sua versão.
— Somos melhores amigos — ela frisa. — Não vamos misturar as coisas.
Parece certa em sua resposta enquanto eu estou firme em não desistir facilmente.
Com rapidez e colocando minha própria vida em perigo, beijo o cantinho da sua boca.
Quando me afasto, sorrio com seus olhos arregalados em minha direção.
— Você pode pensar, pequena. Não quero sua resposta agora.
Pisco para ela, tirando minhas mãos da bancada.
Ocean aproveita que não está mais cercada pelos meus braços e se afasta da pia e de mim.
— Vou ver se precisam de ajuda lá fora.
Ela nem espera eu responder e sai da cozinha rapidamente.
Sorrio.
Algo me diz que estou perto de conseguir essa mulher.

A hora de trocar presente é sempre a mais esperada pela minha sobrinha, talvez pelo
simples fato de ser a que mais recebe presentes.
Observo Lila em frente a lareira e o pinheiro de Natal, vibrando de felicidade pelo que
ganhou de Ocean.,
— Eu sempre quis essa boneca, tia. — A garotinha pula nos braços da minha amiga e a
enche de beijos. — Agora tenho uma edição limitada dela.
Barbie Lagerfeld.
A loira sabe como mimar sua sobrinha adotiva.
— Você não vai abrir o meu? Olha que posso começar a ficar com ciúmes.
Minha amiga está ao meu lado e dá um tapinha fraco na minha coxa.
— Deixa ela aproveitar um pouco o presente que eu dei — reclama.
— Ela está há quase 15 minutos admirando essa Barbie de cabelo branco.
— Tio! — Lila grita comigo. — Não chama ela assim, agora o nome dela é White.
— Viu? Você até a chama de White.
A menina olha para Ocean.
— Eu amei, tia. Não ligue para o titio.
A cantora coloca a mão de lado para tapar minha visão de sua boca e diz de forma bem
audível:
— Eu nunca ligo.
Reviro os olhos.
Só não dou uma resposta em respeito ao pai dela e à minha família que estão ao nosso
redor.
— Acho melhor abrir o presente que o tio Chace comprou pra você ou ele é capaz de pegar
de volta de tanto ciúme — meu irmão provoca.
Lila sorri e finalmente vai pegar a caixa rosa com papel de presente, quase maior que ela.
A pequena começa a rasgá-la e quando percebe do que se trata, imita o gritinho que deu quando
viu a Barbie que a loirinha deu.
— Meu Deus! Meu Deus! — ela grita incansavelmente e sorrio. Sabia que ela iria gostar.
— Pai, é um urso de pelúcia. Daqueles que queria para dormir na cama.
— Uau! Que legal, filha.
Minha sobrinha corre até mim e me abraça.
— Obrigada, tio. Você e tia Ocean são os melhores depois dos meus pais.
— Estou aliviada que você ainda nos mantém em primeiro, filha — Harper comenta, se
divertindo da emoção da pequena.
— Estou vendo que preciso me esforçar para conseguir o primeiro lugar na próxima vez —
brinco e dou um beijo em sua testa. — É para você dormir abraçadinha, e não ir até os seus
papais no meio da noite. Nunca se sabe se eles não estão encomendando seu próximo
irmãozinho.
— Chace! — minha mãe grita. — Não diga essas coisas para Lila.
— Eu vou ter um irmãozinho? — Os olhinhos da minha sobrinha brilham para seus pais e
sou fuzilado por Jaylen.
— Não ligue para seu tio, filha — Harper fala. — Ele só está falando bobagens.
Dou risada da cara da menininha na minha frente.
Ela sempre perturba os pais por causa de irmãos e não perco a oportunidade de colocar
pilha na cabecinha dela.
— Agora, vai abrir os presentes dos seus avós. — Meu irmão manda, apontando para as
duas caixas médias restante na árvore do pinheiro.
Ela vai correndo e aproveito para pegar a mão da Ocean.
— Vem, vou entregar seu presente. — Levanto-me e a puxo junto em direção ao meu
quarto.
— Sabe que não precisa me dar presente — ela reclama enquanto entramos na minha suíte.
— E você sabe que amo te contrariar.
A loira se senta na cama e sorri, parecendo ansiosa quando vou em direção ao closet. Ela
não gosta que gaste com presentes, mas deveria admitir que ama quando desobedeço essa regra
nossa.
Pego a pequena caixinha na minha gaveta e vou até minha amiga. Me sento ao seu lado e
entrego o pacotinho.
— Espero que goste. — Sou sincero, pois me sinto um pouco nervoso. — Mandei fazer
com carinho para você.
Ela sente uma mistura de curiosidade e empolgação enquanto segura a caixinha em sua
mão. O papel de embrulho é azul, decorado com um laço dourado muito bonito, não dando
nenhuma pista do que esconde ali dentro.
Com um sorriso ansiosa, Ocean desliza os dedos sobre a fita e abre o pacote
cuidadosamente, revelando uma caixinha pequena de veludo azul-marinho.
Quando ela abre, seus olhos se iluminam com surpresa e admiração ao observar disposto
no interior, o colar brilhante com pingente de estrela-do-mar.
A joia foi meticulosamente trabalhada, e é cravejada de pequenas pedrinhas brilhantes,
imitando os graciosos contornos de uma safira reluzente.
— Gostou?
Ocean segura o colar nas mãos, me respondendo com um olhar maravilhado para a beleza
do pingente.
Não consigo deixar de pensar que acertei no presente ao ver que a estrela-do-mar captura a
luz de maneira hipnotizante, como pequenos faróis de um oceano estrelado.
— É... O presente mais lindo que você já me deu.
Meu coração se enche de carinho.
— Sei o quanto seus fãs são especiais para você. Estava na dúvida entre um oceano ou a
estrela-do-mar, mas acabei optando por este, porque ele lembra os dois. — Aponto para as
safiras. — O oceano e a estrela conectados para sempre.
Em um piscar de olhos, a loira pula no meu colo e me abraça forte, quase me matando do
coração com sua atitude. Consigo sentir a felicidade dela cintilando nesse gesto tão comum entre
nós dois.
— Obrigada. — Dá um beijo demorado na minha bochecha.
— Não precisa me agradecer — digo a verdade, fechando os olhos e aspirando o perfume
dos seus cabelos. — Há anos queria dar um presente que fosse o mais especial de todos.
— Você, com certeza, acertou — responde em um tom divertido.
Ela afasta o rosto do meu para me olhar ao mesmo tempo em que abro os olhos.
— Posso colocar em você? — pergunto, não querendo que ela saia do meu colo.
Ocean acena e me entrega o colar.
Abro a correntinha e a levo até seu pescoço. Nossos rostos ficam mais próximos, e mesmo
estando concentrado em conseguir fechar o acessório sem olhar porque não quis que ela se
virasse de costas para mim, a sinto observando meu rosto por inteiro, e quando encaro seus
olhos, vejo que ela está me analisando em cada parte, até chegar em minha boca.
O que será que a loirinha está pensando? Gostaria de ler seus pensamentos.
Consigo fechar a correntinha, mas permaneço com os braços ao redor de seu pescoço,
olhando-a. Estar tão perto dela assim só me faz ter mais vontade de beijá-la.
Tê-la no meu colo só faz com que eu não queira largá-la mais.
Que bom que estamos no inverno e ela não está usando nada de roupas curtas ou seria
difícil evitar ficar duro com ela nessa posição em cima de mim.
— Você nunca partiria meu coração, né? — pergunta, me deixando imóvel por um
segundo.
— Eu quebraria o meu antes de pensar em quebrar o seu. — Nunca fui tão sincero na
minha vida.
Ela sorri e, novamente, afunda o rosto no meu pescoço e me abraça apertado.
Não sei no que Ocean está pensando, mas algo me diz que logo irei entender perfeitamente
de que se trata.
Por ora, passo meus braços ao redor de sua cintura e a grudo no meu corpo, abraçando-a
apertado.
Eu fui a arqueira
Eu fui a presa
Quem poderia me deixar, querido?
Mas quem poderia ficar?
THE ARCHER – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Jogos são tão desorganizados quando se trata de datas.
Quem joga na véspera do Ano-Novo? Chega a ser ofensivo.
Contudo, aqui estou eu, sentada ao lado do meu pai, com um copo descartável de bebida na
mão, vestindo a camiseta do time do meu amigo, assistindo à partida que já começou há duas
horas.
Partiremos para a casa de praia dos Lawson assim que o jogo terminar. Os pais do Chace e
o restante da família já estão lá, preparando a casa e o jantar para a virada do ano.
— Acho que os Octopus vieram com muita sede e vão acabar engolindo os Rovers — meu
pai comenta ao ver meu running back favorito desviando de um jogador adversário.
O placar está 9 para os Rovers e 23 para os Octopus.
— Talvez eles estejam no ritmo do Ano-Novo — provoco, bebendo um pouco do meu gin
enquanto meu pai ri.
— Seu colar é lindo, filha. — Aponta para o presente que o meu amigo me deu.
Ainda não acredito que ele fez isso.
Combinamos há muito tempo de não trocarmos presentes no Natal, apenas nos
aniversários, porque não faz muito sentido quando temos anos de amizade. Gestos assim se
tornariam mais especiais se fossem em uma data que é importante para nós dois.
No entanto, ele sempre acaba desobedecendo e me dá alguma coisa.
Ano passado foi um quadro com o rosto dele, que nos dias de hoje, fica na estante da
minha sala de estar em Denver.
Dou risada, segurando o pingente lindo do colar. Ele é um idiota, mas amo essas
brincadeiras que faz.
Ainda não consigo acreditar que Chace me deu um presente tão especial como esse. Sei
que não é impossível, porque ele é um ser humano incrível, mas sua atitude ainda me
surpreendeu muito.
Depois de mim, acho que meu amigo é o único que entende o quão especial meus fãs são,
assim como minha carreira. É por isso que não tenho medo dos flashes, da mídia — apesar de ser
muito assustador —, das fofocas, dos rumores ou do sucesso. Não temo nada disso, porque tudo
é consequência do meu trabalho.
Almejei estar no topo e ser ouvida. Por que depois de alguns anos serei ingrata e não os
amarei da forma que devem ser amados? Eles me amam igualmente.
— Tenho certeza de que meus fãs já notaram. — Até porque, tudo o que mais recebo nesse
estádio, é a atenção das câmeras .
Observo a bola ser lançada para Cole, que avança em direção ao gol, desviando-se
habilmente dos jogadores adversários, que se lançam em sua direção, tentando o impedir.
Mesmo afastada da torcida, consigo ter uma visão da tranquilidade que os torcedores estão
tendo com o jogo praticamente ganho.
Volto a me lembrar da proposta maluca de Chace e rapidamente me arrependo por isso.
Agora, vou ficar com a voz rouca dele no meu ouvido, a sensação de correr uma maratona por
conta do coração acelerado, e seus lábios quase encostando na minha boca.
Todas as tentações que estou ignorando porque devo ter surtado.
Ele quer que tenhamos algo casual? Como assim? Do tipo, amizade colorida? Isso nunca
deu certo nos filmes, por que acabaria dando certo na vida real?
Eu amo Chace mais do que qualquer outra pessoa fora meu pai, nunca sequer tinha
pensado em transar com ele, e agora... Pensar a respeito daquela proposta? O não é o mais certo.
Não suportaria perder a minha amizade com ele, e tenho um pressentimento de que isso
pode acabar acontecendo se eu aceitar.
Sim, por um segundo, tentada pelas sensações que ele me fez sentir nos nossos últimos
encontros, pensei em aceitar.
Devo ter enlouquecido!
“Sou seu melhor amigo, a única vantagem que teria era se apaixonar por mim.”
Sim, seria uma vantagem me apaixonar por alguém que me conhece melhor do que eu
mesma, mas ele não está vendo a grande desvantagem? Nunca nos apaixonamos. Nunca nos
permitimos nos apaixonarmos. E se cedermos a esse desejo que surgiu do nada, e acabarmos
ferrando com a nossa amizade depois que todo o tesão passar?
Só de pensar nisso tenho vontade de chorar.
Não existe Ocean Bailey sem Chace Lawson.
É por isso que aceitar essa proposta deveria estar fora de cogitação.
— Filha? Você está bem? — meu pai pergunta.
— Claro. — Sorrio para tranquilizá-lo e presto atenção no jogo. — Já estamos com 29
pontos?
O senhor Paul coloca a mão nas minhas costas e dá uma batidinha.
— O camiseta 35 acabou de fazer um touchdown.
Bom.
Nós ficamos cada vez mais perto de ganhar e comemorar a virada do ano com estilo.
Como amigos.
Sempre deve ser como amigos.
Mas por que somos tão ruins em seguir a razão?
Sempre que Chace me abraçava, eu me sentia em casa, nunca era visto com malícia da
minha parte, mas agora, estando com seu braço ao redor da minha cintura enquanto ele bebe um
copo de cerveja com a outra mão, percebo que meus pensamentos não são mais os mesmos.
Como esse cretino consegue fingir que não havia feito uma proposta indecente daquelas
para mim?
Ele está me tratando como se nada tivesse acontecido, sem tocar no assunto e tento fazer o
mesmo, mas toda vez que o loiro se aproxima, como agora, ou como o abracei automaticamente
para agradecer o presente, minha respiração fica descompassada e meu coração acelera, sem falar
que meus pensamentos vão diretamente para a tal da proposta.
Bebo minha cerveja em um só gole, fazendo uma careta para o gosto amargo da bebida.
Não é uma das minhas preferidas, mas acho que preciso de álcool no sangue para passar essa
virada de ano.
Faltam dez minutos para o ano virar.
Meu Deus!
Vou começar um novo ciclo desejando meu melhor amigo? Quando foi que essa chave
virou? Como isso aconteceu?
Pensei que tinha sido apenas um pensamento maluco que toda melhor amiga já deve ter
tido algum dia, mas acho que estou bem sã da cabeça e que isso não é temporário.
— Tudo bem, pequena? — ele murmura no meu ouvido.
Sua voz rouca me causa arrepio.
O novo apelido que começou a usar para se referir a mim parece muito mais íntimo do que
bobo, como antes.
— Fez um bom jogo hoje. — Melhor não falar sobre o que estou pensando ou daria mais
armamento para ele continuar me tentando. — Como se sente estando perto da temporada dos
Playoffs? Sabe que vão se classificar, né?
— Vamos ganhar o Super Bowl, pequena — diz, todo cheio de convencimento e me
fazendo sorrir.
— Já que estão falando sobre jogos... Posso ler o que estão falando sobre Ocean ter
aparecido pela segunda vez em uma partida dos Octopus? — Gracie, a prima e publicitária do
running back, questiona.
— Com certeza, não é nada de novo — meu pai comenta. — Os fãs surtam sempre que
eles estão juntos.
— Não era a tia que shippava vocês dois? — ela indaga, olhando para Cora. — Lembro
um pouco sobre isso.
— Lembro como se fosse ontem da Cora e Penelope planejando o casamento desses dois
— Ed responde e solta uma risadinha, que me deixa um pouco constrangida. O que eles fariam
se soubessem que agora nós pensamos em ter algo casual? Ou melhor, Chace pensa, eu não! —
Velhos tempos...
Meu pai acena.
— Será que Penelope ainda acreditaria que esses dois ficariam juntos? Porque Cora
desistiu.
— Ei — chamo a atenção de todos. — Estamos aqui, viu?
— Deixa eles, meio-metro — Chace fala de um modo divertido. — Estou gostando de
escutar.
Semicerro os olhos para ele.
Eu não! E você sabe por quê!
— Falta pouco para a virada do ano, por que não vamos lá para fora? — sugiro.
— Vão ver os fogos de artifícios? — meu pai questiona.
— Acho que faz tempo que não fazemos isso, né? — pergunto para o loiro ao meu lado,
que sorri e concorda.
— Acho que podemos ver da sacada lá em cima — Jaylen sugere para o restante do
pessoal. — Deixar os dois pombinhos ir para a praia.
Reviro meus olhos e antes que perco a coragem, seguro a mão do Chace que estava na
minha cintura e o puxo em direção à saída.
Meu amigo tem uma casa bem em frente a uma parte da praia que é particular, e que
ninguém tem conhecimento dela, por isso, nem me preocupo de ser fotografada andando com ele
ou vendo os fogos.
— Sempre que vejo fogos de artifícios lembro de você — Chace comenta quando paramos
em frente ao mar. — Sempre amou as luzes brilhantes no céu.
Sorrio.
— É lindo, como poderia não amar?
Observo o mar à nossa frente.
A noite não está tão fria e tudo aqui é bem iluminado pelas estrelas e pelas luzes ao redor
da casa.
— Nosso primeiro Ano-Novo juntos depois de cinco anos — lembro e entrelaço meu braço
ao seu. — Como se sente, Golden?
Ele solta uma risada.
— Você e esse apelido... — Me encara. — Sinto que estou completo novamente.
Aqui está.
Esse olhar que me deixa com o coração disparado e a sensação de que estou prestes a
arruinar a nossa amizade. É um tipo de perigo eletrizante que só me impulsiona a ser tentada e ir
mais longe.
Volto meu olhar para o mar e tento relaxar, encostando minha cabeça em seu braço.
— Só é ruim constatar que será a primeira virada depois de muitos anos, que não beijarei
na contagem regressiva.
Nossa intimidade sempre foi uma coisa de outro mundo, mas acabo me sentindo
envergonhada quando penso no que admiti.
Falei isso mesmo? Por que ele não responde nada?
Ergo meu rosto para o jogador e o pego me encarando intensamente.
— Posso resolver isso facilmente. — Ele muda de posição, passando a ficar parado na
minha frente, mais próximo a mim. — Você só precisa me permitir.
Solto uma risada, um pouco nervosa.
— Não vou beijar você.
Bato fraco em seu peito.
— Por quê? — Engulo em seco quando ele toca minha cintura e me puxa até ficar grudado
ao seu corpo musculoso. Mesmo com as camadas de roupas, consigo senti-lo, não totalmente,
mas o suficiente para me deixar ciente dele. — Posso fazer isso, pequena. Você tem... — Ele
olha para o relógio em seu pulso e volta a colocar a mão na minha cintura. — Dois minutos para
decidir.
Beijar o Chace? Ele ficou maluco?
Provando que não endoidou, meu amigo ergue uma mão até minha nuca e a agarra com
firmeza, como se quisesse me mostrar uma prévia do que eu perderia se recusasse essa ação
bondosa.
E ele está.
Seus olhos ardendo em minha direção, loucos para ouvir o sim saindo da minha boca, estão
me dizendo isso, mesmo que ele não tenha falado palavra alguma.
Meu coração volta a acelerar quando Chace aproxima seu rosto do meu e sem desviar o
olhar, espera minha decisão, com uma promessa tão explícita em uma expressão sexy e cafajeste
que me excita.
Eu me assusto.
Ele mal está me tocando, como isso é possível?
— Um minuto — murmura contra minha boca.
— Podemos nos arrepender disso — murmuro, só então percebendo que aproximei mais o
rosto do seu.
— Não acho que você se arrependeria de me beijar. — Sorri, cheio de convencimento.
Acabo sorrindo, tensa quando sua mão passa a acariciar minha cintura lentamente.
— Quanto tempo temos? — pergunto, com uma decisão muito arriscada passando pela
minha mente.
Eu vou mesmo fazer isso?
Bom, acho que sim!
— Trinta segundos.
Então passo a contar mentalmente, sentindo a atmosfera entre nós mudar a cada segundo
que se passa.
Cinco, quatro, três, dois...
— U...
Não o deixo falar, pois meus lábios tomam os seus antes que pudesse completar a
contagem.
Perco a capacidade de raciocinar quando sinto o rápido raciocínio de Chace agir e ele me
agarrar fortemente. Sua mão na minha nuca me guia enquanto a outra na minha cintura não me
deixa ir a lugar algum.
Nossas bocas se entreabrem ao mesmo tempo e quando sua língua adentra o interior da
minha, é como se mil borboletas voassem dentro de mim. Não é estranho como deveria ser, seus
lábios sobre os meus são suaves, mas ao mesmo tempo, ele me toma de maneira voraz.
Tudo o que consigo fazer é agarrá-lo pela gola da camisa com uma mão e pelo pescoço
com a outra, me permitindo afundar nas sensações de estar beijando-o.
Uma corrente elétrica percorre meu corpo conforme nosso beijo se torna mais ardente. O
loiro me beija com paixão, fazendo com que arrepios não percorram apenas meus braços, e sim
por partes até que desconhecia que podiam reagir dessa maneira com um simples contato de
lábios.
Tudo bem, não é nada simples.
A mão dele começa a explorar minhas costas e desce novamente, chegando próximo à
minha bunda, em um toque tão erótico, que me faz esquentar em uma noite de inverno e querer
que me aperte ali, só para sentir mais dessa pegada.
A claridade dos fogos de artifícios silenciosos no céu não é vista, mas sei que ela está
acontecendo neste momento.
Tudo o que consigo me concentrar é neste beijo.
Na forma como ele me agarra com vontade, como se estivesse desejando isso há muito
tempo, no jeito que sua língua suga cada canto da minha, enviando ondas de excitação pelo meu
corpo e molhando minha calcinha. Eu foco na forma como ele me faz explodir em um milhão de
sensações apenas com um beijo.
Chace desce a mão até minha bunda e a aperta, me arrancando um gemido que é engolido
pelos seus lábios. Minha boceta fica ainda mais molhada quando sinto seu pau crescendo contra
minha barriga.
Talvez, isso não seja mais só um beijo.
Talvez, seja uma promessa.
E mesmo que meu ar já não esteja mais sobrando no pulmão, quero continuar sentindo sua
boca na minha.
O loiro parece sentir o mesmo, pois no que parece se encaminhar para o fim do nosso
beijo, ele desce os lábios pelo meu queixo, mandíbula e pescoço, me fazendo respirar fundo ao
mesmo tempo em que solto um gemido quando chupa minha pele com mais força do que o
necessário. Sinto o quanto estou precisando gozar quando sua mão volta a apertar minha bunda.
A boca do meu melhor amigo sobe até meu ouvido e sinto minhas pernas bambearem
quando ele diz, decidido por nós dois:
— Não vou parar só com um beijo, pequena. Se você não quiser continuar, é melhor não
dormir comigo esta noite.
Mas se eu estou toda arrumada
Deixe que eles olhem pra gente
E se me chamarem de vadia
Você sabe que, pelo menos uma vez, vai ter valido a pena
SLUT – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Estou duro, mais duro do que um pau de verdade.
Porra!
Beijar Ocean foi como ir do paraíso ao inferno em questão de segundos.
E, caralho! É ainda melhor do que qualquer ilusão que um dia tive.
Seu corpo pequeno colado ao meu enquanto ela se entregava e correspondia, tentando dar
conta do desejo intenso que sentia, quando eu sabia que não conseguiria.
São anos desejando beijá-la, tocá-la, fodê-la e fazer amor, tudo na mesma medida.
Merda!
Estou na merda.
Nunca poderei superar esse beijo e estou me segurando muito para não pegá-la no colo e a
levar para meu quarto e não deixá-la sair da cama, nem mesmo amanhã.
O jeito que a loirinha está me olhando também não ajuda eu me manter na linha, é como se
ela quisesse exatamente isso.
Eu a excitei, e ela está me desejando neste momento como eu a desejo.
— Feliz ano-novo, Lawson! — Ocean deseja e olha para minha boca. — E obrigada pelo
presente!
Ela acha mesmo que foi um presente?
A sem-vergonha está tentando esconder o sorriso, mas não consegue disfarçar o brilho
provocativo quando me encara.
Posso levá-la para aquele quarto e dar alguns tapas em sua bunda.
Meu pau pulsa dentro da cueca.
Será que ela gosta desse tipo de sexo? Nós nunca falamos sobre isso.
— Feliz ano-novo, pequena. — Sorrio fraco ao notar a pele do seu pescoço se arrepiando
conforme a toco nessa região. — Posso te dar mais um presente essa noite.
Uma vermelhidão sobe pelo seu pescoço e se concentra em suas bochechas.
— Você é um safado!
— Não me diga que não sabe o quanto quero levá-la para o quarto do terceiro andar e fodê-
la. — Sou sincero, gostando de como o brilho de desejo cresce em seu olhar.
— Não vou transar com você!
Dou risada, com minha boca contra seu cabelo.
— Da mesma forma que disse que não iria me beijar?
Ela se afasta um pouco e me estapeia no peito.
— Então você é esse tipo de cretino... Não me surpreende que esteja solteiro até agora. —
Ocean tem uma mania sonsa de esfregar a minha solteirice na cara, e mesmo com o que falei há
alguns dias, ela não percebe que sempre estive aqui esperando por ela. Meu coração fica
frustrado, assim como meu pau. — Vou entrar e desejar feliz ano-novo para todo mundo, e
você... — Ela olha para baixo e sorri antes de dar um tapinha leve no meu peito. — Boa sorte!
Antes que eu consiga impedir, a loira já está correndo para dentro de casa.
— Você vai pagar por isso!
Encaro o volume no meio das minhas pernas e chuto a areia na minha frente.
Que ótima forma de começar o ano!

— Como assim não quer dormir com Chace? Você dormiu a vida toda com ele — o pai de
Ocean pergunta, sem entender o que está acontecendo.
Apenas observo tudo, sabendo do exato motivo que faz a loirinha não querer dormir na
mesma cama que eu.
— Somos adultos agora, pai. — Que desculpa péssima, meio-metro.
Quinn olha para mim e depois para sua melhor amiga.
— Hum... Vocês não estavam dormindo juntos há algumas semanas? Por que não quer
agora?
Tomo um gole de champanhe, saboreando o gostinho de ver a loirinha tentando evitar a
vermelhidão em seu rosto, enquanto parece pensar em como explicar que a razão por não querer
dormir no mesmo quarto que eu, é porque não quer acabar transando comigo.
— De qualquer forma, não tem outro quarto disponível e estou com sono — Jaylen diz,
sem esconder em sua expressão o quanto está achando toda essa situação estranha. — Lila já está
dormindo no nosso quarto. Acho melhor irmos antes que ela acorde e não nos veja na cama.
Harper concorda.
— Boa noite, pessoal!
Eles sobem as escadas.
— Então... Tudo certo, né? Vai dormir no quarto do meu filho, como sempre? — minha
mãe pergunta.
Ocean assente, meio em dúvida sobre essa decisão. E quando ela me encara, entrego o meu
melhor sorriso cretino só para admirá-la totalmente desconcertada.
Ela se dá por vencida e suspira ao passar por mim.
— Boa noite, família! — Desejo a todos e sigo a loirinha para meu quarto.
Subo as escadas atrás da cantora e quando chegamos no corredor, agarro seus ombros e
passo a caminhar dessa forma com ela.
— Tudo isso é medo? — pergunto próximo ao seu ouvido.
Minha amiga estremece ao mesmo tempo em que para em frente a porta do quarto. Ela se
vira para mim e mesmo que estejamos próximos, consegue me olhar fixamente.
— Vamos dormir, espertinho — diz, como se não me conhecesse. — Somos melhores
amigos há 27 anos, não vamos estragar nossa amizade por algo... repentino.
Meu estado chocado deve estar sendo muito expressivo, porque realmente não consigo
acreditar que ela disse isso. Mesmo desejando-a demais, não serei filha da puta e respeitarei se
ela não quiser ir em frente, mesmo estando com o pau duro feito uma pedra.
Mas ouvir a palavra “repentino” sair da boca dela... me faz querer provar que não existe
nada repentino, não para mim.
Ocean ao menos sabe quanto tempo passei desejando-a? Quanto tempo espero para ela ser
minha por completo?
Abro a porta atrás dela e sem dizer nada, a empurro para dentro do quarto, agarrando sua
cintura e a puxando para mim enquanto meu pé volta a fechar a porta atrás de nós.
— Repentino? — Deslizo minhas mãos pelas suas costas, tomando liberdade para descer
até sua bunda dura e empinada, que sempre me tentou, e apertar.
— Chace...
Seus olhos voltam a me que querer. Gosto de ver este brilho intenso de incerteza e desejo
brilhando neles.
— Sabe quanto tempo passei desejando foder você quando esfregava essa bunda no meu
pau no meio da noite? — Grudo seu corpo ao meu e seus olhos se arregalam ao ver que estou
duro de novo. — Pode ser repentino para você, Ocean, mas não para mim.
Meu coração acelera e minha ereção pulsa contra sua barriga quando ela agarra meu rosto.
— Se disser que somos amigos de novo, vou te foder até não conseguir andar mais. —
Tento ser mais claro do que algum dia já fui.
Porra! Eu gostaria disso.
— Não quero sua resposta agora, Ocean — digo e volto a subir minhas mãos pelas suas
costas, agarrando seu casaco e o deslizando para fora de seu corpo. — Não quero saber se aceita
ter uma amizade colorida, não hoje, mas quero deitar você naquela cama e dar uma amostra
grátis do que está perdendo se recusar minha proposta.
O casaco cai em seus pés, revelando a blusa fininha que usa por baixo da peça. Os cabelos
da loira estão soltos e ondulados, jogados para frente, e com ela assim, me olhando como se
imaginasse tudo que poderíamos fazer nesse quarto, só me deixa com mais vontade de acelerar
as coisas.
— Você é mesmo um cafajeste, Chace. — Ela julga, mas vejo o quanto está excitada.
Sou um homem experiente.
Sei muito bem notar os detalhes.
A pupila dilatada.
As coxas se esfregando minimamente uma na outra, quase imperceptível.
— É a única coisa que você ainda não conhece de mim. — Seguro sua nuca e aproximo
nossos rostos. Não resisto e beijo rapidamente seus lábios, prendendo o inferior entre meus
dentes, e o soltando assim que sua respiração bate mais forte contra minha cara. — Não está nem
um pouco curiosa?
Então eu a beijo de verdade.
E o gemido que solta contra meus lábios, é o suficiente para saber que venci essa batalha.
A loira agarra meu pescoço e fica nas pontas dos pés para corresponder ao beijo.
Minha boca sobre a dela não é delicada como comecei nosso primeiro beijo, é urgente e
ardente, roubando nosso fôlego por completo. Minhas mãos não conseguem ficar paradas em um
só lugar e deslizam em cada parte do seu corpo que consigo tocar. Acaricio sua cintura, seus
braços e pernas, que muito em breve, espero que esteja ao redor do meu quadril.
Seguro a bainha da sua blusa e a levanto, interrompendo nosso beijo para tirá-la do corpo e
para apreciar pela primeira vez depois de adultos, Ocean só de sutiã na minha frente.
Seus seios são pequenos e ela usa um sutiã de renda vermelho, que só faz meu pau pulsar
mais na calça.
Gostosa!
Deslizo minha mão do seu pescoço pelo seu peito, notando o quanto ele sobe e desce,
devido à sua respiração agitada.
— Não precisa ser tímida comigo — falo ao notar a vermelhidão subir pelo seu pescoço.
Ela dá um meio-sorriso e segura minha mão, impedindo-me de passar pelo vão do seu seio.
— Nunca pensei que acabaria desta forma com você — admite e acho fofo o fato de ser
sincera.
Não posso dizer o mesmo, pequena.
— Vem aqui.
Seguro seu quadril e dou impulso para que suba no meu colo. Ela entende e faz isso
rapidamente, circulando as pernas na minha cintura e arfando quando meu pau duro toca em sua
virilha.
Caminho com ela até a cama e antes de deitá-la no colchão, tento ser o mais sincero e
suave possível. Mesmo que eu a deseje, a ame e a quero para sempre, não posso ignorar o fato de
que somos melhores amigos.
— Esqueça o que somos nos próximos minutos e foque no que está sentindo. Tudo bem se
for assim?
Ela nega.
— Nunca poderia esquecer que você é meu melhor amigo. — Toca meu rosto e por baixo
de toda onda de desejo, vejo seu carinho por mim, e isso faz com que meu corpo reaja.
Ocean me beija e eu perco a capacidade de pensar em alguma resposta. Seus lábios
procuram os meus de forma urgente e quando sua língua adentra minha boca, coloco a loirinha
no meu colo, sem deixar de beijá-la nem um segundo.
O sabor do beijo dela é ainda melhor do que imaginei.
A cantora tem um sabor agridoce, como a brisa salgada do oceano, misturada com a doçura
sutil de frutas, e quero devorar cada uma delas.
Desço minha boca pelo seu pescoço, beijando e chupando sua pele, que se arrepia
conforme a exploro com minha língua. A loirinha geme baixinho, enviando uma forte onda de
excitação para meu pau.
Seu som é tão excitante.
Como será quando eu estiver com meu cacete dentro dela? Ela irá gemer mais alto? Vai
implorar chamando meu nome?
Porra!
Quase gozo só de pensar.
Mordisco sua pele e deslizo a boca até seus seios, descendo até o vão deles. Ergo a cabeça
e a vejo com os olhos pesados em minha direção.
Com um sorrisinho de lado, aproximo minhas mãos de suas costas e as enfio entre o corpo
dela e a cama. Encontro o fecho do sutiã rapidamente e o abro, fazendo questão de olhar para
seus seios sendo descobertos pelas minhas mãos.
— Nunca tive tanta vontade de chupar peitos — murmuro, salivando ao vê-los firmes,
pequenos e com os mamilos duros apontados para mim.
— Eles não são tão grandes... — Ela faz um biquinho fofo com os lábios. — Certeza de
que existem melhores por aí.
Reviro meus olhos.
— Se você vai falar merda, é melhor abrir sua boca só para gemer, pequena.
Ela me fuzila com o olhar.
Abafo a risada e aproximo a boca de seu seio.
— Eles são perfeitos. — Elogio antes de abocanhar o direito.
Ocean e eu gememos ao mesmo tempo com a sensação da minha língua em seu peito.
Tudo o que consigo pensar nesse instante é que estou mesmo fazendo isso.
Encho minha mão com o esquerdo, a fazendo arfar.
Passo minha língua pelo mamilo e chupo, mantendo meu olhar firme ao da loira. A mulher
parece queimar de desejo cada vez mais e admito que estou ansioso para vê-la se contorcer mais
com tudo que posso dar a ela nessa amostra.
Movo minha boca para o outro seio, repetindo os movimentos com a língua, sem
economizar nas sucções, gostando da ideia de deixar essa pele branquinha toda marcada.
— Chace... — ela geme e agarra meu pescoço.
— Gosta disso? — Chupo mais forte, arrancando um som dela ainda mais alto. — Cuidado
para não contar para o restante da família o que estamos fazendo.
Ela coloca a mão na boca, um pouco assustada ao perceber o risco.
Sorrio com seu seio ainda na boca e a mordo, observando a loirinha revirar os olhos e
gemer contra sua mão.
Ajoelho-me ao redor de seu corpo e retiro minha blusa de lã e a outra fina que uso por
baixo, sentindo um calor oposto ao da noite fria de inverno lá fora.
Noto o jeito que Ocean me observa, e tenho que me segurar para simplesmente não me
enfiar em sua boceta, que a essa altura, já deve estar extremamente molhada para mim.
Paciência.
Esperei tanto por isso, que preciso fazê-la me desejar um pouquinho mais.
Volto a me esgueirar sobre seu corpo, beijando sua barriga e indo até o início da sua calça.
Ela suspira e me ajuda a abrir o cinto, o zíper e a retirar a peça de seu corpo.
Aproveito para tirar seus sapatos e as meias antes de voltar a me aproximar dela, quase nua
para mim.
A loira está apenas com uma calcinha cobrindo sua boceta.
— Sempre soube reconhecer que você é gostosa, pequena. — Agarro sua coxa e deslizo
meus dedos por ela, sentindo a pele pinicar de tão arrepiada que está. — Mas imaginação alguma
supera a realidade.
Ela me olha de um jeito atrevido, que só me excita mais.
— Imaginou meu corpo nu?
Diversas vezes.
Ocean tenta me dar um chute como castigo, mas consigo impedi-la e aproveito esse
movimento para separar bem suas pernas.
— E agora... você não vai conseguir parar de lembrar tudo que vou fazer contigo aqui —
prometo, aproximando-me cada vez mais da região da sua virilha. Beijo seu joelho e traço uma
linha fina de saliva com a língua pela sua coxa até chegar no vão entre ela e a virilha, e deixo um
chupão bem aqui, fazendo-a gemer meu nome baixinho novamente. — Prometo que nunca vai
esquecer como é ser chupada de verdade.
Rasgo sua calcinha e sem mais delongas, abocanho a boceta molhada. Não consigo me
controlar e gemo ao sentir o gosto maravilhoso contra a minha língua. Ocean quase não consegue
ter tempo de conter seu gemido com a mão, e sinto uma delas vir em direção ao meu cabelo, me
impulsionando a continuar.
Ela realmente não me conhece totalmente! Eu nunca conseguiria parar de chupá-la, e era
isso que provaria para a mulher sob mim.
Com minha língua, lambo cada parte da sua intimidade antes de chegar em seu clitóris e o
colocar entre meus lábios. A loira choraminga e puxa mais forte os fios do meu cabelo ao tentar
fechar as pernas comigo no meio, mas as mantenho abertas com minhas mãos, de uma forma que
ela me dê mais liberdade para fazer o que quiser com essa boceta.
— Chace...
Meu pau está pulsando de vontade de entrar nela, mas consigo ignorá-lo e sentir prazer em
dar o meu melhor nessa chupada.
Sugo seu clitóris, ora lentamente, ora mais forte, provocando ondas de desejo mais forte
nela. Subo minha mão até um de seus seios e o aperto, fazendo-a levantar mais o quadril em
minha direção.
Reprimo meu sorriso convencido e continuo, chupando-a ainda mais forte do que antes.
Levo a outra mão para sua boceta e sem avisos, enfio dois dedos nela.
Ocean geme alto contra sua mão ao mesmo tempo em que seu clitóris pulsa na minha boca.
Mulher gostosa do caralho!
Permaneço com as estocadas com meus dedos, praticamente engolindo sua boceta com
minha boca. O prazer que proporciono à mulher dos meus sonhos é tanto, que ela não percebe
que está puxando os fios do meu cabelo ao ponto de arrebentar alguns.
Eu não julgo.
Eu amo esse tipo de sexo.
E estou percebendo que Ocean Bailey ama também.
— Chace, eu vou...
Gozar.
É isso que quero, pequena. Mas não apenas uma vez.
Continuo com meu trabalho, indo mais fundo dentro dela e a fazendo morder os lábios ao
mesmo tempo em que não consegue evitar de gemer mais alto. Consigo enxergar, mesmo daqui
de baixo, um filete de sangue sair dos seus lábios, onde ela mordeu, tamanha a força que
colocou.
Ela nem percebe que acabou se machucando.
Arrasto minha mão do seu seio e agarro fortemente sua coxa, querendo-a apertar contra
mim.
Não leva mais tempo e Ocean se desfaz na minha boca, gozando tão maravilhosamente
bem, que quase esqueço do que devo continuar fazendo só para admirar seus olhos brilhando, o
corpo reluzente e a boca avermelhada chamando meu nome.
Porra!
Linda!
Linda pra caralho!
Não me importo que ela esteja gozando ainda e continuo a chupá-la, engolindo todo o
líquido que sai da sua boceta.
— E-eu estou sensível. — Eu sei. Sorrio e continuo. — Chace!
Ignoro a loira e seguro sua perna com mais força, tanto que preciso tirar meus dedos da sua
entrada e segurar a outra coxa também.
— Porra!
Ela choraminga novamente e em seguida geme.
A loira geme tantas vezes, que eu poderia fazer uma música com esses sons lindos saindo
da sua boca.
Nunca conseguirei me esquecer deles.
E quando tenho a sensação de que se eu não parar, ela será capaz de desmaiar, minha
pequena explode em um segundo orgasmo, ainda mais intenso do que o primeiro, que a faz
fechar os olhos e respirar de boca aberta.
Deixo seu gozo escorrer e subo o rosto, beijando sua barriga.
O corpo da mulher que amo estremece enquanto seus olhos ainda estão fechados,
parecendo não acreditar no que aconteceu.
Subo a boca pela sua barriga, beijando-a e lambendo até chegar em frente ao seu rosto.
Toco meus lábios nos seus, fazendo-a abrir seus olhos. Enxergo tantas emoções ali dentro, que
sou incapaz de definir qualquer uma delas.
Antes que consiga falar alguma coisa, Ocean volta a fechá-los e desta vez, me puxa para
um beijo, que eu rapidamente correspondo.
Minha pele se arrepia por completo quando ela toca as minhas costas, deslizando suas
mãos por elas delicadamente, provavelmente sentindo a forma como meus músculos se contraem
ao ser tocado dessa forma pela mulher que sonhei ter durante anos.
Ela me explora ao mesmo tempo em que me beija.
Sinto meu pau doer quando chega na região do meu abdômen e desce até o botãoda minha
calça.
Seguro suas mãos antes que consiga fazer qualquer coisa, e bom, antes que eu perca o
controle.
Sorrio para ela quando para o beijo e me olha confusa.
— Não falei que era uma amostra grátis? — Aproximo a boca de seu ouvido. — Você só
vai ter meu pau nessa boceta gulosa quando aceitar a minha proposta.
Beijo abaixo de seu ouvido e antes de me afastar, chupo uma última vez — nessa noite —
seu pescoço.
— Agora, como não sou de ferro, preciso mesmo usar o banheiro por alguns minutos.
Deixo um beijo no canto dos seus lábios e pulo da cama, aspirando o ar fortemente quando
me afasto de Ocean ao caminhar até o banheiro do quarto.
Posso estar de pau duro de novo, mas não consigo evitar de sorrir quando fecho a porta que
separa um cômodo do outro.
Eu a conquistarei do jeito mais malicioso possível.
Antes de entrar em seu coração, entrarei em sua calcinha, e admito... não tenho o que
reclamar, desde que Ocean Bailey seja minha no final de tudo.
Porque eu te vejo esperando no fim do corredor
E posso te imaginar comigo contra a parede
E o que você faria, meu bem, se soubesse
Que eu te vejo?
I CAN SEE YOU – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu deixei Chace me chupar.
Meu melhor amigo me fez gozar duas vezes seguidas.
Estas são as frases que fico repetindo diversas vezes quando abro meus olhos e encaro o
teto branco à minha frente.
Já faz alguns minutos que estou acordada ao lado do jogador, que dorme como um
inocente que devia ser, mas que me provou ontem que não é.
O que foi que eu fiz?
Ele é meu melhor amigo e sei que tudo entre nós é sempre fácil, leve e aconchegante, mas
não é um risco envolver na nossa relação algo tão íntimo quanto o sexo? As pessoas que não nos
conheciam, sempre julgaram nossa amizade por conta dos abraços, das noites que dormimos
juntos ou dos nossos encontros para jantares.
A questão é: o que se tornará se acabarmos não resistindo a esse desejo repentino?
Repentino? Sabe quanto tempo passei desejando foder você quando esfregava essa bunda
no meu pau no meio da noite?
A voz dele invade minha mente e me lembro de tudo que aconteceu entre nós nessa cama.
Quando foi que tudo mudou?
Faz cinco anos que deixamos alguns costumes da nossa amizade de lado, porque temos
consciência que não era o certo quando eu estava namorando. Dormir juntos era um deles,
dormir na casa do outro também, e Chace consequentemente parou de andar de cueca ou sem
camisa na minha frente.
Mas com o término, esses detalhes voltaram para a nossa amizade.
Será que meu corpo acabou se esquecendo que ele é o meu melhor amigo?
Observo o loiro ao meu lado, perdido em seu sono profundo.
Seus lábios parecem mais carnudos nesta manhã e a vontade de beijá-los me deixa confusa
ao mesmo tempo em que me lembro deles pelo meu corpo e da maneira como chupou meus
seios, marcou partes desconhecidas da minha pele e, literalmente, me fodeu com sua boca na
minha boceta.
Estou perdida!
O lençol que chega até o meio da sua barriga não esconde seu peitoral bonito, os mamilos
lindos, e isso tudo nem me ajuda a esquecer o quanto evoluiu nesses últimos anos.
Chace Lawson agora é um homem de 27 anos, mais forte, mais musculoso, mais bonito,
como se fosse um vinho que envelhece bem. Seria essa a explicação para estar o desejando? Ou é
por estar sem sexo há mais de três meses? Talvez a junção dos dois.
Meus olhos se arregalam quando vejo o espertinho ao meu lado entreabrir os olhos e
bocejar, parecendo prestes a acordar.
Quando ele sorri de lado e abre de vez seus olhos, sinto meu rosto ficar todo vermelho e,
sem pensar direito, puxo o lençol e me enrolo nele antes de dar um pulo da cama e correr para o
banheiro.
— Ocean!
Não paro e me tranco no banheiro da sua suíte, me sentindo subitamente envergonhada.
Ontem, quando ele saiu da cama e disse que precisava de uns minutos, provavelmente para
se aliviar, acabei dormindo antes que voltasse para o quarto. Não tive a oportunidade de encará-
lo depois do que fizemos.
E o motivo de estar agindo assim é simples: o homem em quem mais confio e um dos que
mais amo no mundo, não só meu viu nua, como me fez gozar duas vezes em um curto espaço de
tempo.
Porra!
Não é possível...
Meu melhor amigo me deu o melhor sexo oral de toda a minha vida. Como posso lidar
com isso?
— Ocean? — Chace bate na porta.
Que ridículo!
Por que estou assim? Ele é meu melhor amigo.
Ele também fez você gozar como nunca fizeram antes.
A resposta surge na minha cabeça rapidamente.
— Você está fugindo de mim? — Seu tom de voz é divertido.
Claro que o desgraçado está se divertindo com isso.
— Não — respondo, mas tenho certeza de que ele sabe que é uma mentira. — Preciso
tomar banho para o café da manhã.
— Primeiro, saia do banheiro para eu dar meu bom-dia. — Ele pede.
Engulo em seco, não conseguindo fazer com que as lembranças de ontem saiam da minha
mente.
— Acho melhor você usar o outro banheiro para ser mais rápido. Nossa família já deve
estar acordada.
— Ocean Bailey está envergonhada? Justamente comigo? Essa é nova — o idiota zomba.
— Abre a porta ou eu irei abrir.
Está trancada, espertinho.
— Tenho outra chave em algum lugar do quarto.
Merda!
— Por que você é tão insistente? — E por que teve que me fazer gozar daquele jeito?
— Quero te ver, não posso?
— Quer é me deixar mais envergonhada!
— Então admite que está com vergonha? — Bufo, odiando o quanto ele me conhece. —
Abre essa porta, meio-metro.
E agora eu voltei a ser o meio-metro.
Suspiro.
Meu rosto não vai voltar a cor normal tão cedo, então simplesmente adiciono isso à minha
lista de constrangimentos da vida e abro a porta, dando de cara com Chace não fazendo a mínima
questão de esconder seu meio-sorriso pervertido.
Ele me olha de cima a baixo, enrolada em um lençol e confesso que só pelo brilho nesse
olhar, sinto como se estivesse vestindo um conjunto de roupas que me deixa extremamente
atraente, quando sei que, na verdade, estou com remela nos olhos, cara de cansada, cabelos
bagunçados e ridícula com esse tecido branco ao redor do corpo.
O loiro dá dois passos para frente e fica tão próximo de mim, que tenho que erguer meu
rosto para encará-lo.
Envergonhada? Um pouco. Mas não sou de desviar meu olhar nem nas maiores brigas que
já tive na indústria musical.
— Bom dia, pequena!
Agora eu volto a ser pequena.
Sem qualquer aviso, ele enrola os braços ao redor da minha cintura e afunda seu rosto no
meu pescoço de um jeito tão manhoso, que me arranca um sorriso fraco nos lábios.
— Não precisa sentir vergonha — ele sussurra, fazendo-me arrepiar na região do pescoço
com sua voz grave contra minha pele. — Sou eu, Chace Lawson, seu melhor amigo.
Retribuo seu abraço.
Ele tem razão, o problema é que eu não tenho controle das minhas emoções. Nunca tive.
Sou um tanto quanto emocionada, obstinada e dramática.
— Eu sei — decido responder.
Chace ergue seu rosto e toca minha bochecha, mantendo o olhar brilhante em minha
direção.
— Está desconfortável?
Nego e ele ri da careta que faço.
— Já disse que nunca fico desconfortável com você.
Meu amigo parece gostar da resposta.
Meus olhos caem pelo seu corpo, vestindo apenas uma bermuda preta da Adidas.
Ele é tão gostoso que chega a ser um pecado, e o pior? Eu sempre soube disso, e agora que
também sei o que Chace consegue fazer em uma cama com uma mulher, fica difícil não desejá-
lo.
O abdômen firme e definido.
Os ombros largos e com um ótimo formato.
Os braços fortes que ainda estão ao redor da minha cintura nesse momento.
Como alguém pode ser tão... sexy?
Um aperto na minha bunda me acorda dos pensamentos safados e o encaro. O grandão
semicerra os olhos para mim.
— É melhor não ficar me olhando desse jeito ou vou repetir tudo o que fiz essa noite com
você — promete, me deixando úmida no meio das pernas.
— Não aceitei sua proposta — o lembro.
Ele solta uma risada anasalada e debocha quando diz:
— Nós sabemos qual será a sua resposta.
Dou um tapa em seu peito tão forte, que o faço se afastar de mim.
— Ai, meio-metro!
— Seu ego é ainda maior do que seu pau, provavelmente — reclamo e antes de me virar
para o banheiro, completo.
— Como sabe o tamanho se nunca viu? — O sorriso provocador está ali, me fazendo
queimar de vergonha. — Andou conferindo meu pau?
Sim.
Lembro-me da manhã que sem querer o toquei e dessa vez, sinto um arrepio excitante se
espalhar pelo meu corpo.
— Não sou uma mulher previsível! — mudo de rota dentro do mesmo assunto.
Chace segura minha mão e me faz virar para ele de novo.
— Não é, acontece que a conheço melhor do que ninguém e, sim, tenho um ego maior do
que esse planeta.
Tudo o que consigo fazer é rir do biquinho que se forma em seus lábios.
— Mas você não vai aceitar? Precisa de outra amostra?
Ele tenta me agarrar, mas consigo escapar antes disso, colocando a porta do banheiro entre
nós dois.
— Amizade com benefícios nunca termina bem.
Ele nega.
— Nos filmes acabam, e você sabe que o único bônus que receberia é se acabasse se
apaixonando por mim.
E isso seria um bônus? Me apaixonar por alguém que me conhece melhor do que eu
mesma, mas que nunca namorou?
— Vamos nos arrumar para o café. — Mando, sem querer discutir isso com ele justamente
agora. — E bom dia, Lawson!
Meu amigo sorri e assente antes de eu fechar a porta, respirar fundo e sentir a adrenalina
das últimas horas aumentando dentro de mim.
Por que estou constantemente pensando nessa proposta?

— Como passaram a noite? — meu pai pergunta enquanto estamos à mesa, tomando o café
da manhã juntos.
Sinto meu rosto esquentar e disfarço, bebendo mais do meu café. Consigo sentir Chace, me
encarando, de frente para mim, contudo, não faço questão de retribuir o contato agora, porque
automaticamente vou me lembrar dele entre as minhas pernas, me chupando como se eu fosse
seu picolé favorito.
Sinto minha boceta pulsar só com a lembrança.
— Foi muito boa. Sua filha é intensa... — Engasgo-me com o café e, em um piscar de
olhos, Quinn, ao meu lado, bate nas minhas costas, tentando ajudar-me a voltar ao normal.
— Filha? — Meu pai me encara.
Minha garganta arde e tomo água para melhorar a situação constrangedora que chama
atenção de todos à mesa.
Encaro Chace e tenho vontade de matá-lo ao vê-lo com esse sorrisinho divertido, que
agora, ele tenta esconder.
— O café estava muito quente. — Dou essa desculpa.
— Está melhor, querida? — a senhora Cora pergunta.
Faço um gesto positivo com a cabeça.
— O que queria dizer com Ocean sendo intensa, Chace? — minha amiga pergunta e quero
cavar um buraco na minha frente.
Tenho certeza de que meu amigo entende que pelo olhar que estou lhe lançando, para seu
próprio bem, é melhor se manter calado.
— Ela me chutou bastante. — Mente na maior cara de pau. — Acho que tenho até algumas
marcas pelo corpo.
Meu pai me olha, preocupado.
— Você está bem filha? Tem estado ansiosa por algo?
— Ela deve estar sentindo falta dos shows — meu amigo zomba. Acho que irei matá-lo.
Não me importo em ter que esconder seu corpo gostoso em algum lugar dessa praia. — Sabem
como a nossa Ocean é...
— Aproveite esses dias para descansar, querida — Cora aconselha. — Seus shows são
sempre tão intensos, merece essas férias até começar a turnê na Europa.
— Eu até a sugeri algumas atividades durante esse tempo, é só ela ficar comigo em Nova
York. — O desgraçado não cala a boca, e é exatamente por isso que chuto sua perna. — Ai!
— Que atividade? — Jaylen questiona. — Você está prestes a entrar na temporada de
Playoffs. Não vai ter descanso até o Super Bowl.
— Muito bem lembrado, Jaylen. — Sorrio para o idiota à minha frente.
— Quando vamos ver o jogo do titio? — Lila pergunta, lembrando a todos o quanto ama
ver o tio em campo. — Faz tempo que não vamos, papai.
— Terei algumas reuniões de trabalho até o jogo de domingo, mas podemos tentar ir na
próxima semana, o que acha, querida? — Ele olha para a esposa.
— Claro — Harper responde.
— E você vai, Ocean? Como agente dele, preciso saber o que esperar— Gracie diz.
— Muito que você está cuidando da minha imagem, senhorita — meu amigo provoca e ela
revira os olhos. — Tome mais cuidado ao aprovar as perguntas das minhas coletivas ou vou
demitir você.
— Não teria essa coragem — ela o desafia e prendo a risada. — Ninguém além da nossa
família aguentaria trabalhar com você.
— Nossa prima tem razão. — Jaylen ama provocar o irmão também.
Chace me olha.
— Me ajude!
Arqueio as sobrancelhas.
— Não! Sua prima tem razão.
— Vocês são tudo sem coração — ele reclama, emburrado.
Todos na mesa dão risada.
Desde que Chace começou a jogar, Gracie foi responsável pela imagem dele. Ela é tão boa
quanto os pais, que têm uma empresa de relações públicas muito requisitada aqui nos Estados
Unidos.
— Respondendo à sua pergunta, Gracie: vou estar no máximo de jogos que conseguir —
digo e sorrio quando vejo a surpresa no rosto do meu amigo. — O que foi? Achou mesmo que eu
ia ficar apenas no estúdio e na minha casa?
Ele nega e sorri ao mesmo tempo.
Gosto quando o pego de surpresa assim, porque Chace mostra um lado seu que
dificilmente as pessoas ao nosso redor e que o acompanham, sabem.
O jogador mostra seu lado mais bobo.
Não o tipo bobo divertido que mostra para o público, e sim o bobo que fica feliz quando as
pessoas que ele ama o colocam como prioridade.
Eu sei pois também sou igual. E me pego pensando que em toda a nossa história, nós
fomos os únicos que sempre colocamos o outro no topo da lista de prioridade.
Você se lembra, nós estávamos sentados à beira d'água?
Você colocou seu braço ao meu redor pela primeira vez
Você tornou rebelde a cuidadosa filha de um homem descuidado
Você é a melhor coisa que já foi minha
MINE – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Lanço a bola em direção a Ocean, que consegue pegá-la rapidamente.
— Você está mais atenta em pegar os lances. — Elogio ao mesmo tempo em que corro
para pegar a bola que ela joga na minha direção. — Mas é péssima em lançar.
Ela ri.
— Droga, achei que caso a minha carreira de cantora um dia flope, poderia ser uma grande
jogadora feminina de futebol americano,.
Jogo a bola na areia da praia e me aproximo da loirinha. Mais tarde teremos que voltar para
Nova York, então resolvemos aproveitar o tempo aqui, um pouco longe da nossa família, que
não para de fazer apostas sobre o próximo jogo, me deixando mais nervoso do que normalmente
fico.
— Primeiro, você tem um metro e meio, não sobreviveria em um campo de futebol —
zombo da sua altura só para perturbá-la, como sempre, e acho graça do bico que forma em seus
lábios. — E por último, sua carreira como cantora nunca vai flopar, pequena.
Ela gosta quando a chamo assim.
Eu gosto de chamá-la assim.
Lembro da noite que tivemos a cada instante que olho para Ocean, e tem sido difícil não
desejá-la a cada minuto em que passamos juntos. Acho que descobri algo que sou
completamente obcecado.
Tudo começou com o beijo, e piorou mil vezes ao sentir seu gosto enquanto a escutava
gemer, e isso pareceu música para meus ouvidos.
Na minha cabeça só se passa imagens de ontem à noite, e a cada instante que a olho, penso
em beijá-la de novo e repetir tudo. Não me importo se meu pau cair de tanto ficar duro, ou minha
mão criar calo de tanto me masturbar, tudo que quero é vê-la se contorcendo de prazer
novamente.
Porra!
Estou ficando duro!
— Pare de me olhar assim. — Ocean me empurra pelos ombros e se afasta de mim. Ela
caminha até onde a maré do mar chega e se senta na areia em frente a ele.
— Você não pode me culpar — comento, me juntando a ela.
Estamos um pouco afastados da frente da minha casa, mas ainda faz parte da propriedade
privada.
A loira balança a cabeça, corando, e tenho certeza de que não é por causa do frio. Isso me
faz lembrar da cena pela manhã, quando não queria me ver porque estava envergonhada.
Tão fofa que minha vontade é de apertá-la.
— Sobre minha carreira, tudo é incerto. — Ocean apoia seu peso nas mãos sobre a areia e
observa o mar. — Você sabe... eu sempre lanço um álbum achando que pode ser o último.
— Isso é loucura. Sabe disso, né? — Odeio esse pessimismo que às vezes a cega para o
óbvio. — Tem sido cada vez mais aclamada, Ocean.
— Eu sei, mas nunca ouviu que quem chega no topo sempre pode acabar caindo de forma
brusca? De qualquer forma, aproveito cada dia nessa indústria, porque nunca sei quando vai ser o
último.
Toco sua mão esquerda, atraindo seu olhar para o contato.
— Alguém como você nunca cairia de forma brusca, e se em algum dia tropeçar, eu vou
estar aqui para não deixar que caia.
Minha amiga sempre soube disso, mas nunca deixarei de dizer o quanto a apoio e, assim
como ela, prezo pela sua carreira.
A loirinha me olha.
Sempre sou bom em desvendar o que ela está pensando ou sentindo, e não porque Ocean é
um livro aberto, mas porque temos essa conexão desde que nascemos. Sempre fomos grudados a
ponto de saber tudo sobre o outro, desde as atitudes, até o sentimento quando falamos alguma
coisa.
Mas agora...
Não quero me iludir com o que vejo.
A cantora sempre me admirou e sempre me amou, essa é a verdade. Só preciso me lembrar
que ainda não é da forma que desejo.
— Obrigada por estar sempre comigo, Chace — ela agradece. — Poderia facilmente viver
minha vida inteira ao seu lado.
Meu coração acelera, e tudo o que minha amiga faz é deitar a cabeça no meu ombro e
voltar a olhar para o mar, como se não tivesse dito algo com um tremendo duplo sentido para
mim.
Sempre foi assim.
Palavras que só faziam eu me apaixonar ainda mais por ela.
— Principalmente porque agora você teve uma amostra de como sou na cama. — Não a
deixarei pensando que eu levaria isso para a amizade, não mais. — Ou esqueceu que gozou duas
vezes comigo ontem?
Ocean me olha intensamente, parecendo se lembrar de todas as memórias que
acrescentamos à nossa amizade.
— Não estou falando disso — responde e quando faz como se fosse voltar a olhar para o
mar, seguro seu rosto.
Por Deus, que vontade de beijar essa boca de novo.
— Ainda estou esperando sua resposta.
Ela se aproxima perigosamente do meu rosto, fazendo com que minha atenção se concentre
apenas em seus lábios.
— Requer um tempo pensar em arruinar uma amizade.
— Quem disse que estaríamos arruinando? Podemos estar apenas fortalecendo-a.
A loira ri fraco, desacreditada da minha cara de pau.
— Não vou ser apenas mais uma boceta que você fode facilmente?
Sei que tenho uma fama péssima quando se diz respeito a mulheres, não levo nada a sério e
fico com elas apenas quando estou com vontade de foder, mas o que Ocean não sabe é que entrei
nessa situação apenas por causa dela.
Nunca teria transado com outra mulher se não tivesse na friendzone.
— Você nunca seria apenas mais uma para mim, pequena. Não fui sincero o suficiente
quando disse que não partiria seu coração?
— Sua sorte é que não o vejo como todos os outros homens, e confio mais em você do que
na minha própria sombra — ela brinca, mexendo um pouco mais comigo. — De qualquer forma,
é um risco, Chace.
Eu sei.
O único que corre o risco de ter o coração partido aqui sou eu.
— Se apaixonar por mim seria um risco? — A pergunta direta a assusta, e isso me dá a
certeza de que ela nem pensou nisso.
Escondo a mágoa por entender que Ocean nem cogitou essa possibilidade da mesma forma
que escondi por todo esse tempo o quanto a amo como uma mulher.
— Na verdade, seria incrível. — De alguma forma estranha, suas palavras conseguem
confortar meu coração, que tinha doído há poucos segundos com sua reação. Como isso é
possível? — Ninguém me conhece melhor do que você. Ninguém faz tanto esforço para me ver
feliz como você faz.
Sorrio.
Existem tantas coisas melhores que posso fazer por ela, mas estou disposto a mostrar.
— Faço tudo isso porque amo você. — Não só como amiga, mas também como a mulher
que quero passar o resto da minha vida.
— Eu sei. — Ela sorri fraco. — E se você se apaixonasse por mim?
Solto uma risada fraca, quase sem acreditar na capacidade de esse ser pequeno ao meu lado
ser tão inteligente para algumas coisas e tão lerda para outras.
— Eu disse, não? — Meus olhos não desgrudam dos dela. — Você é a única pessoa que
me faria vestir um terno e subir em um altar.
Finalmente posso ver sua reação quando digo essas palavras.
Minha resposta faz o rosto dela se iluminar, como se gostasse de me ouvir falando isso
mais do que deveria.
Pego sua mão e a levo até meu rosto, dando um beijo no torso dela.
— Você é meu amuleto da sorte, minha melhor amiga e a mulher mais linda que já passou
nessa terra. Como eu seria louco de perder a oportunidade de viver o resto da minha vida com
você?
O que sempre amei na nossa amizade é o quanto somos sinceros um com o outro. Mesmo
Ocean não sabendo dos meus sentimentos por ela, pois nunca deixei nada explícito, também
nunca neguei ou deixei de fazer algumas cantadas para ela, que por sinal, sempre foram levadas
na zoeira por esse pequeno ser.
Sou surpreendido com sua outra mão molhada passando pelo meu rosto, me molhando com
a água gelada. Só então noto que a pestinha encheu a mão com a água do mar que quase chega
até nossos pés.
Acho que consigo expressar o quanto estou sem reação pelo sorrisinho que ela não
consegue esconder.
— Pare de dizer essas coisas ou vou achar que está apaixonado por mim. — Se diverte
com a minha dor. É uma tonta mesmo! E eu a amo.
Não deixo passar sua brincadeira sem graça e quando a onda se desfaz próximo aos nossos
pés, minha mão já está ali, pegando um pouco de água. Jogo em seu rosto rapidamente e Ocean
solta um gritinho que quase estoura meus tímpanos.
— Chace!
Uma guerrinha de água começa enquanto rimos como as duas crianças que já fomos um
dia. Faço o possível para não molhá-la tanto, afinal, não estamos em época de praia e mesmo em
meio a brincadeira, vejo que ela tem o mesmo cuidado comigo.
— Chega! — Derrubo seu corpo na areia e seguro suas mãos acima da cabeça, antes que
consiga me molhar mais. — Quer me ver gripado no jogo?
Ela ri e nega.
Seu sorriso é tão lindo e ao mesmo tempo tão meigo.
Não me importo em estar por cima dela, parecendo um bobo olhando-a, pois tenho certeza
de que já prestei esse papel antes.
Quando a loirinha para de sorrir, seus olhos brilham em minha direção e desviam para
meus braços a prendendo contra a areia.
— Não vai me soltar? — pergunta, divertida.
— Estou pensando se vale a pena.
A safada morde os lábios e me encara como se estivesse prestes a realizar um desejo.
— Chegue mais perto.
Ela manda e eu obedeço. Nunca será diferente.
Aproximo meu rosto do seu e antes que eu pergunte o que a cantora quer com isso, sou
surpreendido pelos seus lábios tomando os meus em um beijo que nem no meu melhor sonho,
poderia imaginar que aconteceria em um curto espaço de tempo de ontem até agora.
Retribuo, é óbvio.
Sinto meu corpo entrar em combustão quando sua língua toca a minha.
Ocean está me levando ao vício.
Beijá-la é ainda melhor a cada beijo trocado. Como isso é possível?
Minha pele se arrepia e meu pau pulsa na calça quando a loirinha suga minha língua,
parecendo com tanta fome de mim como eu estou dela.
Seus lábios se afastam minimamente dos meus e quando me encara, ela explica o motivo
que vai me deixar ainda mais louco:
— Aceito a sua proposta, mas com uma condição. — Eu aceito qualquer uma, porra! —
Vamos continuar sendo sempre sinceros a respeito de nós dois.
Não é um simples sim.
Ocean não está entregando apenas seu coração para mim.
Ela está colocando a coisa que mais valoriza e ama em jogo: nossa amizade.
Se meu plano de conquistá-la não der certo, corremos o risco de perdermos nosso bem
mais valioso, e foi justamente isso que sempre me deixou paralisado, sem conseguir mover um
músculo para fazê-la minha.
Mas eu sinto que como qualquer jogador, preciso ter coragem e fazer minha jogada final,
para ao menos poder me tranquilizar, independente do resultado.
É por isso que concordo com Ocean em um movimento de cabeça antes de beijá-la
novamente, e dessa vez, como minha amiga com benefícios.
Mas quem sabe daqui alguns meses não seja como minha namorada?
Está tudo bem eu ter dito tudo isso?
É normal que você esteja na minha cabeça?
Porque eu sei que é delicado
(Delicado)
DELICATE – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Procuro Chace entre todos os jogadores uniformizados durante o intervalo do terceiro
quarto, e o vejo conversando com o quarterback. Ele parece sentir que meus olhos estão nele,
pois levanta a cabeça e encara a área VIP, mais especificamente onde estou.
Aceno para ele, ouvindo muitos dos nossos fãs gritarem quando ele retribui meu
cumprimento com um sorriso no rosto.
Essa partida está muito mais difícil do que as outras.
É, está sendo bem o que o pai do meu amigo disse, cheio de ironia: uma ótima forma de
começar o ano.
O time de Las Vegas, os Raiders, estão indo muito bem. Conseguiram sair na frente no
último quarto jogado, com 23 pontos, enquanto os Octopus estão com 11.
— O que está acontecendo entre você e o meu irmão? — Quinn pergunta ao meu lado,
absolutamente do nada.
Cora, Ed e Kendrick estão tão entretidos conversando com um amigo do Sr. Lawson, e
nem ouviram essa pergunta maluca.
— Do que você está falando?
Ela solta um de seus suspiros dramáticos e segura minha mão, me afastando do vidro para
que ninguém leia nossos lábios. Caminhamos para o fundo da área VIP, onde ficam as mesas de
bebidas.
— Achei que Lila tinha ido brincar com vocês na praia na segunda, então saí de casa para
encontrá-los, e vi uma cena e tanto de vocês dois se beijando.
Troco meu copo quase vazio por um mais cheio de bebida e tomo um gole, evitando olhar
para minha melhor amiga, porém sentindo perfeitamente seus olhos me queimarem.
— Estão juntos? Desde quando?
Nego e a encaro a tempo de ver seu rosto cheio de confusão.
— Somos amigos... coloridos. — A última palavra sai bem baixinho, e ainda olho ao redor
para ter certeza de que ninguém está prestando atenção em nossa conversa.
Vejo Quinn fazer um esforço para não surtar, e ao mesmo tempo processar o que saiu da
minha boca.
— Vocês voltaram a ser adolescentes? Que ideia maluca é essa de amizade colorida depois
de velhos? — Falando assim, até parece que não tenho apenas 27 anos.
— Aconteceu...
— O que estão fazendo, meninas? — Cora pergunta, ainda em seu lugar. — O jogo
começou.
— Já vamos voltar, mãe. Só estou falando com Ocean — a filha responde e me vira para a
mesa de bebidas novamente. — Pode me explicar o que está acontecendo?
— Aqui não parece o melhor lugar para isso — digo com sinceridade. — Vamos voltar a
ver o jogo do seu irmão.
Não consigo nem dar um passo em direção ao lugar que estava, porque a atriz me mantém
parada ao seu lado, com uma força que eu nem fazia ideia de que ela tem.
Acho que ela está pegando pesado na academia.
— Vai me explicar aqui e agora. — Sempre me esqueço o quanto ela é determinada. — O
jogo do meu irmão está longe de acabar.
É a minha vez de soltar um suspiro dramático.
Olho para trás e vejo as três pessoas que eu não gostaria que soubessem disso entre mim e
o running back, entretidas com o que está acontecendo em campo.
— Quando digo que aconteceu, é porque aconteceu, Quinn.
— Como assim? Em um dia ele era seu irmão de coração e no outro você começa a sentar
nele?
— Fala baixo! — Felizmente, ninguém está prestando em nós.
Até pode ser isso que minha amiga disse, mas ainda não sentei em Chace, para o total
desespero da minha boceta, que pinga toda vez que ele diz alguma coisa de duplo sentido, ou até
mesmo quando me olha com desejo.
Infelizmente, estamos em uma fase muito mais intensa dos jogos, e meu amigo passou a
semana inteira treinando com o time e chegando em casa tão cansado, que na vez que fiz o jantar
em sua casa essa semana, ele mal comeu porque capotou no sofá mesmo.
— Não foi bem assim. — Foi sim! — Acontece que comecei a reparar mais nele, e como
estamos solteiros e não faço ideia de como ter sexo casual, como havia dito que teria, seu irmão e
eu resolvemos usufruir da nossa amizade.
— Isso foi ideia do Chace, né?
— É claro.
Quinn esfrega sua testa, parecendo estar com algo em seus pensamentos.
— O que foi?
— Nada — responde imediatamente. — Não está preocupada com o futuro da amizade de
vocês?
— Chace nunca quebraria meu coração — digo com segurança.
— Mas e você? Nunca quebraria o dele também?
A pergunta me pega totalmente de surpresa e acho que ela percebe isso.
— Vocês são melhores amigos há 27 anos e nunca se envolveram, agora querem ter uma
amizade colorida como se tivessem se conhecido na semana passada. — A loira parece muito
preocupada. — Você é emocionada, Ocean, mas nunca se apaixonou pelo meu irmão em todo
esse tempo. É por isso que pergunto se o coração do meu menino está seguro também.
— Seu irmão também nunca se apaixonou.
Ela suspira e pega um copo de bebida.
— Tem razão — murmura.
— Prometemos ser honestos em relação a tudo. — Entendo a preocupação dela, porque era
a minha também antes de aceitar essa proposta maluca. — Mas é o seu irmão, meu melhor
amigo... Ele sempre foi o único cara que confiei além do meu pai.
Minha amiga assente.
— Só... não fodem tudo, está bem? — Ela bufa ao ver minha expressão divertida. — Você
entendeu o que eu quis dizer.
Quinn faz uma careta.
— Não acredito que está transando com meu irmão.
— Nós ainda não transamos. — Não fomos até o fim.
Isso que quero dizer.
— De qualquer forma, isso vai acontecer... É muito estranho para mim.
Deveria ser para mim, porém, é justamente o contrário.
— Vamos voltar para o jogo.

No último quarto, a partida parece mais intensa do que nos anteriores, pois tanto nesse
como no terceiro, os times trocaram touchdowns em uma competição acirrada. O placar está,
neste momento, empatado em 29 pontos.
Clyde, o quarterback dos Octopus, guia a equipe por jogadas que imagino que tenham sido
calculadas durante a semana toda. Já Chace, corre pelo campo, deslizando entre os defensores
com uma agilidade, que só mostra o quanto ele nasceu para isso.
Todas as pessoas do estádio estão em êxtase.
Parece que quanto mais o jogo fica tenso, mais emocionante fica para eles.
Já eu, estou a ponto de suar de nervosismo.
Eles não podem perder.
Assusto-me quando os jogadores do Raiders lançam uma sombra sobre o campo, ao redor
de Clyde. O quarterback até tenta escapar da pressão defensiva, mas consigo ver daqui quando
algo dá muito errado e ele cai no gramado, agarrando o tornozelo com tanta dor, que um gemido
com essa mesma sensação ecoa pelo estádio.
Merda.
— Puta que pariu! — Ed grita, me assustando. — Droga! Será que foi grave?
Tanto ele como Cora estão chocados.
— Tadinho do Clyde — ela murmura, preocupada enquanto observamos o jogo parado e a
equipe médica correr para o campo para avaliar a situação. — Espero que não tenha sido nada
grave, querido.
— Ele deve estar sentindo muita dor — Kendrick comenta.
Olho para Chace, que está ao redor dos médicos e do Clyde. Meu amigo, sim, parece
preocupado com a forma como estão conduzindo toda a situação à sua frente.
Leva alguns minutos, e pela minha visão, entendo que quarterback gostaria de ficar no
campo, mas assim que tenta se manter em pé, fica claro que a lesão que teve o impedirá de
continuar jogando.
Meu amigo fala alguma coisa no ouvido colega e aperta o ombro dele, parecendo prestar
palavras de apoio.
O quarterback é aplaudido pelo bom desempenho no jogo enquanto sai do campo com a
ajuda dos médicos.
— Vamos ver o menino Thomas jogar? — Quinn demonstra animação.
— Por que você parece animada com isso? Acho que o machucado do Clyde foi feio —
digo enquanto o reserva do quarterback entra no gramado, também sendo aplaudido.
— Ele é bom! Não é à toa que foi draftado tão cedo. — Minha amiga ama futebol muito
mais do que eu, então, faz sentido ela entender mais sobre o assunto. — Sabe por quem ele foi
treinado? Sebastian Sinclair. A perfeição está no sangue daquele garoto.
Kendrick arqueia as sobrancelhas para a esposa.
— O que foi? Nem começa, já superei meu crush pelo Sebastian. Meus olhos estão todos
em você agora.
Prendo a risada.
Lembro de alguns momentos no passado em que a atriz ficava babando pelo quarterback
dos Dolphins, mas isso foi até ela descobrir que ele é casado e pai de família.
Não posso julgar o gosto da Quinn.
O Sinclair é mesmo um homem muito bonito.
— Até porque, mesmo se não estivesse, o cara é casado e ama a mulher. Nunca teria olhos
para você — o marido a provoca.
A loira revira os olhos, mas chega mais perto do amor da sua vida e o beija nos lábios
rapidamente. Sempre amei o quanto esses dois se tornaram unidos quando começaram a se
relacionar.
Kendrick também é ator e a histórias deles é a mais clichê possível: se apaixonaram
enquanto filmavam um filme de romance. O amor foi tanto, que fez minha amiga, que adorava
sua vida de solteira, se amarrar e não querer mais largar o ator.
Volto a prestar atenção no jogo.
Thomas assume a responsabilidade de liderar a equipe, e noto que a dinâmica do grupo
muda. O garoto parece trazer mais agressividade para o time, enquanto eles tentam se manter
resilientes, continuando a luta contra os rivais.
Os Raiders tentam aproveitar a oportunidade pelo nosso quaterback principal estar fora da
partida, para ganhar terreno, mas os Octopus parecem saber que isso aconteceria, pois defendem
muito bem tanto a bola quanto o reserva.
O jogo permanece competitivo, me deixando tão tensa que tenho vontade até de roer as
unhas para me acalmar, mas no final, os Octopus conseguem marcar um touchdown, levando
toda a torcida à loucura e, finalmente, desempatando a tempo.
Abraço Quinn e Cora, compartilhando com elas a animação de finalmente poder
comemorar mais uma vitória.
Sinto que a cada momento, estou sendo filmada e observada pelas pessoas, mas não me
importo. Estou mais uma vez aqui por causa de Chace, para ser o seu amuleto, para prestar apoio
e me divertir com sua família o assistindo.
No campo, Chace encontra meu olhar e sorri, mandando um beijo em direção à área VIP, e
tenho quase certeza que foi especialmente para mim.
Esse homem...
Não poderíamos estar nos importando menos pelo que irão falar de nós pelos próximos
dias, talvez até semanas.
Não deixarei de vir aos seus jogos e apoiá-lo, como sempre fiz.
Passo pelos corredores de fininho e entro na parte que não pode ser filmada, caminhando
até o vestiário. Gracie disse que Chace já estava ali dentro sozinho, quase pronto para ir embora.
Ele sempre é o último a sair e isso, provavelmente, nunca mudaria.
Alguns jogadores passam por mim e me cumprimentam. Sorrio de volta e aceno,
alcançando a porta depois de andar por todo o corredor. Giro a maçaneta e entro no cômodo,
confirmando que meu amigo está sozinho quando não escuto nada além de uma porta do armário
batendo.
Ando alguns passos até achá-lo colocando nas costas, a mochila que sempre leva para os
jogos. Ele está tão concentrado em seus próprios pensamentos, que nem me vê a alguns metros
de distância dele, e seus olhos pousam em mim somente quando ergue a cabeça para seguir o
caminho até a saída do vestiário .
— Ocean? O que está faz...
Pode ser uma felicidade repentina ou o orgulho que sempre senti do meu melhor amigo,
agora com o bônus da relação com benefícios que temos; pode ser a adrenalina por ter ficado tão
tensa em um jogo, torcendo para que ele saísse vencedor e finalmente vê-lo sorrindo menos
ansioso quando conquistou a vitória; enfim, pode ser qualquer coisa que me fez correr até Chace,
pular em seu colo com um sorriso orgulhoso no rosto e beijar sua boca, que vem sendo minha
maior obsessão nos últimos dias, pois tudo o que conseguimos fazer foi nos beijar. Isso de certa
forma foi bom para me lembrar do porquê não tenho dúvidas quanto à minha decisão de ter
aceitado à proposta dele.
Meu amigo beija bem, muito melhor do que qualquer cara que já beijei, e principalmente,
ele me trata bem. Por que então eu perderia meu tempo procurando outros caras, quando temos
uma boa química? Não sei nada do futuro, mas nunca fui medrosa e enfrentarei qualquer
consequência que isso nos trouxer.
As mãos de Chace me seguram firme contra seu corpo e sua língua me enviam ondas de
calor pelo meu sangue, me deixando cada vez mais ardente por dele.
Como será ter seu pau dentro de mim? Eu não vejo a hora de tirar essa prova, ao mesmo
tempo que amo essas nossas preliminares.
Só deixa tudo mais gostoso.
Sempre soube que a mulher que meu jogador se apaixonasse seria sortuda, pois apesar do
seu estilo de vida solto, ele é um cara paciente, gentil e quando ama, coloca essa pessoa em
primeiro lugar.
Pensando bem...
Não, é melhor eu não pensar bem.
Sou desperta dos meus pensamentos e até mesmo da prisão dos seus lábios quando escuto
assovios atrás de nós.
O idiota que chamo de amigo parece prestes a rir da minha cara, que provavelmente
demonstra o quão assustada e surpresa estou.
— Eu falaria que não estava sozinho no vestiário se você tivesse me dado essa
oportunidade — diz baixinho ao colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e, em
seguida, toca minha bochecha. — Ou não, porque eu amei meu presente.
Seu sorrisinho bobo quase me convence de não ficar brava com ele.
Olho para trás e vejo quem são as duas pessoas que testemunharam nosso beijo digno de
cinema: Thomas e Cole.
— Achei que fossem só amigos — o quarterback reserva comenta, não escondendo seu
olhar provocativo.
— Estou curioso a respeito do nível dessa amizade — Cole também provoca. — Quando
foi que ela teve upgrade?
Encaro Chace, pedindo com o olhar que ele resolva isso.
— Não devemos satisfações para vocês, espertinhos — meu amigo fala ao me abraçar mais
apertado, sem me dar a chance de fugir. Ele me conhece tão bem. — Já estão prontos para irem
para o hotel? Por que não dão o fora daqui logo? Não aguento mais ver a cara de vocês.
Cole semicerra os olhos para o running back.
— Tem certeza de que não é por que quer ficar beijando sua melhor amiga? — O idiota faz
um biquinho com a boca e fecha os olhos.
Thomas ri.
— Ele é tão previsível.
— Vocês que são um pé no saco! Não percebem que estão deixando minha mulher com
vergonha?
Minha mulher.
Minha mulher.
Minha mulher.
Quero dar um tapa na cara do safado que chamo de melhor amigo, porém, meu corpo me
pega de surpresa ao não corresponder essa vontade, e meu coração ao acelerar com suas
palavras.
Claro que os garotos fazem um alarde com o que o cretino fala.
— Vamos deixar os pombinhos a sós, Thomas.
É Fisher que fala.
Não faço questão de olhar mais uma vez para os amigos de time dele, pois estou mesmo
me sentindo um pouco tímida.
— O que você tem na cabeça? — pergunto quando escuto a porta do vestiário fechar.
O loiro aperta meu nariz entre seus dedos e deixa um selinho nos meus lábios.
— Vamos para o hotel, pequena. — Ele segura minha mão. — Depois de um jogo tão
difícil, tudo o que quero é ver você gozando na minha boca de novo.
O calor que sempre me invade quando Chace fala essas obscenidades, toma todo meu
corpo de novo, fazendo-me até esquecer o que perguntei a ele.
E se eu te dissesse que sou uma mestra da manipulação?
E agora você é meu
Foi tudo calculado
Porque eu sou uma mestra da manipulação
MASTERMIND – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Nós conseguimos desviar das pessoas que estavam nos esperando no estádio, e até mesmo
de alguns repórteres que queriam alguma foto exclusiva nossa.
Ninguém sabe o hotel que ficaremos hospedados em Kansas City, o que é bom, pois dá
privacidade para a família do Chace, que veio vê-lo jogar, e para nós, antes que inventem mais
boatos a respeito da nossa relação.
— Nosso quarto tem uma banheira? — Não que eu esteja surpresa, afinal, já me hospedei
em várias suítes do tipo nas cidades que passei com minhas turnês. — Não me diga que esse foi
o seu plano o tempo todo.
Chace joga sua mochila no sofá ao lado da porta e caminha até ficar bem próximo a mim.
— Que plano?
Balanço a cabeça, rindo da sua cara de pau. A banheira já está até cheia de água com
espuma, pronta para o banho.
— Consigo sentir sua perversão daqui, Lawson — provoco e aponto para a banheira. —
Quer tomar banho comigo?
Ele coloca a mão no peito e finge uma inocência que nem em outra vida conseguiria
acreditar.
— Que pensamentos maliciosos são esses, pequena? Você não era assim.
Bom... Chace sabe que ele não é o único que é bom nesse jogo.
— Ah, que pena... Entendi errado suas verdadeiras intenções. — Aponto para a cama. —
Vamos poder dormir profundamente nessa cama, o colchão parece muito confortável.
Viro-me para trás, em direção à cama, e não consigo dar dois passos antes de ser agarrada
por trás pelo sem-vergonha.
— O que foi? Você fez um jogo muito intenso hoje, deve estar cansado. Vamos dormir.
O loiro solta uma risada contra meu cabelo e sinto seu rosto abaixar até estar próximo ao
meu. Nesse momento, fico contente por estar com minha bota de salto de dez centímetros.
— Nós vamos entrar naquela banheira, pequena, e eu vou fazer você gozar gostoso de
novo antes de termos uma boa noite de sono — promete no meu ouvido, me arrepiando por
completo e me deixando molhada.
Como posso ter um tesão ainda maior a cada dia que passa por esse cara? Isso chega a ser
inacreditável.
Viro-me dentro de seu abraço, encontrando seu olhar cheio de malícia em minha direção.
Chace me observa como se tivesse um desejo profundo de não me largar nunca mais, ele me
encara de um jeito tão explícito, que me diz o quanto sou sortuda por ter aceitado essa proposta
indecente.
Com apenas um olhar, meu melhor amigo tem a capacidade de me deixar louca por ele, a
ponto de só pensar em gozar em sua boca, em suas mãos e no seu pau.
Acho que estou entrando no estágio de ficar obcecada.
Atenta ao olhar dele em mim, abro seu casaco e o deslizo para fora de seu corpo, o fazendo
tirar suas mãos da minha cintura. Não dou tempo para que volte a me abraçar e puxo sua blusa
para cima até tirá-la por completo.
Encaro seu abdômen definido e me sinto mais quente só de me imaginar lambendo cada
parte dele. Toco seu peito, notando o quanto sua respiração está agitada e o coração bate forte,
acho que é um reflexo de como estou também. Deslizo minha mão pelo seu tanquinho, em um
toque sutil, que faz sua pele tencionar e a temperatura ao nosso redor aumentar.
Deslizo minha mão até o fecho da sua calça e abro o zíper com a outra mão, deixando
meus dedos encostarem em sua ereção. Chace arfa quando toco essa região mais firme do que
deveria, e sorrio para ele, encarando seu rosto sério e repleto de pensamentos que provavelmente
incluem me devorar.
Eu gostaria disso.
Gostaria de qualquer coisa que ele pudesse me dar.
Chace me ajuda a tirar a sua calça e joga em algum lugar junto com seus tênis e meias,
ficando só de cueca na minha frente.
Finalmente posso encarar seu corpo e não me sentir mal por desejá-lo da forma que
comecei a desejar.
E agora parece ainda melhor do que todas as vezes que já vi.
O corpo dele parece ter sido esculpido, como uma obra de arte que não consigo deixar de
encarar e admirar.
— Você está me deixando maluco, Ocean — ele confessa enquanto agarra meu rosto e me
puxa pela nuca com a outra mão. Mesmo com meu salto, só consigo chegar até seu queixo. Ao
mesmo tempo que amo nossa diferença de altura, também odeio. É um divisor de opiniões. —
Passei a semana inteira pensando no que fizemos e no que vamos fazer.
— Então não vamos mais desperdiçar tempo. — Sopro contra sua boca e acho que ele
consegue sentir o nível de tesão que estou sentindo apenas com o som da minha voz.
O running back sorri de lado, bem cretino, e sem dizer mais uma palavra, desliza suas
mãos pelo meu casaco e o retira, jogando-o no sofá da nossa suíte. Em seguida, minha blusa de
lã não está mais no meu corpo e muito menos minha calça e botas, pois ele os arranca em
questão de segundos.
Meu coração acelera mais quando o loiro me olha de cima a baixo, comigo usando apenas
uma calcinha e um sutiã fino de seda da cor branca.
Esse olhar me faz sentir como se eu pertencesse a ele, isso não é loucura?
Chace me segura pela cintura e me pega no colo. Prendo minhas pernas ao redor da sua
cintura e aproveito nossa proximidade para beijá-lo enquanto sou guiada em direção à banheira.
Meus olhos se fecham automaticamente quando sua língua entra na minha boca e me beija
com vontade, expondo todo o desejo que sente por mim apenas com um contato tão simples, e
que nem está conectado diretamente ao meio das minhas pernas, mas que deixa minha boceta
ainda mais dolorida por ele.
Sinto quando o loiro ergue suas pernas e entra na banheira, porém não consigo parar de
beijá-lo, nem mesmo quando abaixa e se senta dentro da água, me levando junto.
A temperatura está tão gostosa, que me faz arfar contra sua boca.
Chace desliza a boca pelo meu queixo e com as mãos ainda firmes na minha cintura, me
faz grudar em seu corpo, bem contra seu pau duro. Gemo com o contato tão excitante.
Consigo senti-lo por completo, pois apenas os tecidos finos das nossas peças íntimas
impedem de termos um contato mais pele a pele.
O grandão desliza os lábios pelo meu pescoço e me arranca gemidos com seus chupões por
toda parte. Seguro seus ombros e inclino meu pescoço, dando mais liberdade para que ele
continue a me explorar com sua boca.
Não consigo resistir a vontade de senti-lo mais e rebolo contra sua ereção, provocando-o.
Sinto seu pau bem na região do clitóris e gemo, excitada com a sensação de prazer que me
arrebenta com a fricção gostosa.
— Porra, Ocean! — Ele agarra fortemente minha cintura, mas não me para. Chace também
gosta quando me esfrego nele dessa forma, consigo ver pelo seu olhar fascinado preso ao meu.
— Você não sabe a vontade que sinto de tirar essas peças íntimas e te foder dentro dessa
banheira.
— Faça isso. — Mordo seus lábios e tenho certeza que meus olhos refletem o quanto eu
gostaria de sentar nele, de tê-lo dentro de mim, de gozar com seu pau indo cada vez mais fundo.
Eu quero tudo! Aproximo meu rosto de seu ouvido e sussurro. — Sempre me contou sobre suas
aventuras na hora do sexo, e agora quero viver cada uma delas com você.
Sinto suas mãos apertarem minha bunda com tanta força, que me faz arfar. Com certeza
vai ficar a marca, mas não me importo. Sinto que ele poderia me marcar por inteira e não me
importaria.
Acho que o tesão está afetando meu raciocínio.
Nunca me senti dessa forma antes, e isso é o que me deixa mais maluca.
Com Chace é libertador, sinto que posso ser eu mesma e arriscar ser um pouco mais
ousada, do jeito que venho me descobrindo, porque ele é tão cretino quanto o sexo que faremos.
Uma de suas mãos sobe até meu cabelo e seus dedos se adentram entre os fios, puxando-os
com força até que meus olhos estejam presos aos dele novamente.
— Lembre-se que foi você quem pediu isso, pequena. — Prende meus lábios entre os seus
e os chupa, fazendo minha boceta doer contra seu pau duro. — Fui paciente a minha vida toda, e
dessa vez não serei diferente. Vou fazê-la gozar gostoso com meus dedos nessa banheira, e
amanhã de novo, só que de forma muito mais intensa, a ponto de te fazer pedir para parar,
porque sua boceta não dá conta do meu cacete.
Essas palavras sujas só fazem com que eu me sinta tonta de desejo.
Paro de mover meus quadris quando sinto sua mão invadindo minha calcinha por baixo da
água, com ele cumprindo parte do que acabou de dizer ao começar a me tocar.
Não me importo em não sentir seu pau hoje, até porque, sempre gostei muito mais das
preliminares, pois são elas que permitem sentir mais prazer na hora do sexo, e acho que isso
ocorre com a maioria das mulheres. A penetração para nós sempre é algo mais invasivo e que,
confesso, nunca senti tanto prazer assim, mas também não me preocupa admitir que tenho uma
expectativa de com Chace, será completamente diferente.
Acho que ele me mudará muito até nesse sentido.
Desde que começamos com isso, ele vem se preocupando com o meu prazer, me colocando
antes dele até nesse sentido. Então, é difícil pensar que será diferente na hora que me penetrar.
Seus dedos encontram meu clitóris e com uma habilidade que não me impressiona, o loiro
me masturba. Movo meu quadril em cima do seu pau, pois não consigo ficar com ele parado por
muito tempo.
Sinto o ar sair dos meus pulmões conforme ele aumenta o ritmo e minha intimidade se
esfrega em seus dedos e no seu pau ao mesmo tempo. É uma sensação tão gostosa, que me traz
tanto prazer, que só consigo gemer.
— Você é tão gostosa, pequena. — Ele belisca meu clitóris enquanto simula uma
penetração com seu pau na minha entrada, me fazendo choramingar. Quando foi que ele tirou a
cueca? Ainda a sinto embaixo de mim, mas tenho certeza de que não está mais no pau dele. —
Quero te ver se contorcendo de prazer assim a todo momento.
— Chace...
O nome em forma de gemido escapa dos meus lábios conforme suas mãos continuam me
penetrando. Não consigo parar de mover meu quadril para cima e para baixo, duplicando o
prazer, querendo desesperadamente gozar em suas mãos. A água ao nosso redor não diminui em
nada o calor que estou sentindo.
Sinto que estou muito próxima de atingir o orgasmo, mas Chace retira sua mão da minha
vagina, e antes que eu questione, seus dedos vão para as minhas costas e ele retira rapidamente
meu sutiã.
— Agora sim... Eu quero mamá-los.
Sua voz grave é tão linda, que chega a me desconcertar por alguns segundos.
Ele abaixa o rosto e sua mão volta ao lugar que o pertence ao mesmo tempo em que seus
lábios capturam meu seio direito. Fecho os olhos, agora recebendo um prazer triplicado com sua
boca chupando meu mamilo, seus dedos esfregando meu clitóris enquanto me esfrego no seu
pau.
Porra!
Sinto um beliscão no meu clitóris, que me faz abrir os olhos e encarar o sem-vergonha, que
me olha de forma faminta e divertida, com sua boca no meu seio.
Ele o beija antes de se afastar minimamente para dizer:
— Olhos em mim, Ocean. — Manda, beliscando mais uma vez meu clitóris e sorrindo com
o gemido que solto. — Gosto de ver seus olhos estremecendo quando está gozando.
Isso acontece comigo?
Não tenho tempo de pensar direito, pois logo Chace está chupando meu seio novamente e
esfregando minha boceta com mais força.
Não há sensação melhor.
E se houver, eu desconheço por completo.
Tudo o que consigo sentir é prazer na forma como seus dedos trabalham em mim com
apenas um objetivo em mente.
O jeito que não se importa em me deixar marcada com sua boca nos meus seios.
Chace sabe que é bom e se aproveita ao mostrar o melhor para mim, só para poder esfregar
isso na minha cara.
Sem palavras.
Sem menções.
Ele não precisa disso. Ele só precisa me mostrar.
Sinto meu corpo entrar em um tipo de combustão, e antes que consiga raciocinar, estou
gozando tão forte entre seus dedos, que até ele geme com o resultado.
Meu rosto cai entre o vão do seu pescoço e mesmo que me sinta cansada por ter gozado
desse jeito, consigo recuperar o fôlego rapidamente e beijar o pescoço de Chace, como se fosse
seus lábios.
Ele se arrepia e mais uma vez belisca meu clitóris sensível, me fazendo gemer contra sua
pele.
Mas não paro.
Continuo a beijá-lo do jeito mais erótico que alguma vez já tive coragem de fazer, e sei o
quanto ele está entregue quando sua cabeça cai para o lado, e seus olhos quase se fecham,
estremecidos com minha língua em seu pescoço.
Acho que encontrei seu ponto sensível.
Não paro e deslizo minha mão até encontrar seu pau. Quando meus dedos fecham ao redor
de seu comprimento, sinto o quanto ele estremece sob meu toque, e eu mesma me sinto nervosa
ao senti-lo na minha mão pela primeira vez.
É grosso.
É grande.
E meus dedos nem fecham ao seu redor.
É o combo completo para ele me deixar assada.
— Pequena... — Seu tom é como um aviso, ao mesmo tempo em que é sofrido.
— Acho que não precisa se tocar hoje — murmuro no seu ouvido e subo a mão pela sua
ereção, descendo logo em seguida. Seu pau pulsa na minha mão e um gemido baixo sai de seus
lábios. — Posso fazer isso por você.
Mordo o lóbulo de sua orelha ao mesmo tempo em que o masturbo, arrancando mais
gemidos fracos de sua boca. Volto a beijá-lo no pescoço, e dessa vez, chupo sua pele da mesma
forma que fez com meus seios, sem me importar se deixarei marcas.
— Porra! — O loiro ofega e rapidamente sinto suas mãos na minha coxa, a apertando
fortemente por baixo da água. — Mais rápido!
Eu obedeço, amando ver a forma como ele tenta evitar de se contorcer embaixo de mim.
Não paro nem por um segundo e coloco mais velocidade.
Sou puxada pela nuca e na mesma hora, os lábios grossos de Chace estão sobre os meus,
me beijando de uma forma que diz o quanto gosta do que estou fazendo, o quanto quer foder
comigo e o quanto vai fazer em mim cada uma das coisas que deseja.
É uma promessa deliciosa.
Uma promessa que eu aceito enquanto o vejo estremecer sob mim e gozar fortemente
contra meus dedos.
Minha boca engole seu gemido de prazer absoluto e abraço seu pescoço.
Dessa vez, consigo dar mais atenção ao nosso beijo, que passa a ser mais lento conforme o
ápice dos nossos corpos diminuem.
Você me querendo
Esta noite parece impossível
Mas está acontecendo
Sem som, está por toda parte
SNOW ON THE BEACH – TAYLOR SWIFT FEAT. LANA DEL REY
CHACE LAWSON
Sexo para mim sempre foi algo rápido, intenso e prazeroso.
Dar prazer era tão importante quanto receber.
Tudo acontecia em uma noite, as preliminares, a penetração e a partir do dia seguinte, eu já
não via mais a mulher com que passei a noite transando.
Mas agora é diferente.
Não é de qualquer mulher que estou falando.
Estou falando de Ocean Bailey, a única capaz de fazer meu coração acelerar apenas com
um sorriso.
O prazer dela vem antes do meu, e confesso que nem me importo em receber algo em
troca, contanto que eu tenha essa loirinha gozando na minha boca, nos meus dedos e no meu pau,
aceito qualquer coisa.
Com ela, tenho uma vontade absurda de ir com calma porque não quero perder nenhuma
reação, não quero esquecer de nenhum detalhe, e quero estar atento a tudo que essa mulher gosta
na hora do sexo.
Hoje eu vi o quanto ela gosta quando a pego com mais força, quando digo palavras sujas
em seu ouvido e quando a provoco.
Ocean consegue ser minha metade até nisso.
Mas agora, depois de duas preliminares que só me deixaram mais louco por ela, sinto que
não aguento mais esperar.
Observá-la se ensaboando na minha frente não faz com que pensamentos lógicos
perpetuam em minha mente.
Tudo o que consigo sentir é desejo.
Como se não tivesse gozado há poucos minutos.
Como se não conseguisse esperar nem mais um segundo para me afundar nela.
Talvez, eu realmente não consiga.
Porra! Estou há mais de dez anos esperando esse momento. Tudo nessa vida deve ter um
limite, e acho que encontrei o meu.
A loira parece sentir que meus olhos estão nela e levanta o rosto, me encarando de volta.
Viemos parar no boxe com ducha para tomar banho, visto que fizemos uma sujeira na banheira e
ficamos com preguiça de enchê-la novamente.
Mas não passou pela minha mente o fato de que encarar seu corpo nu, todo ensaboado,
aumentaria ainda mais meu desejo de tê-la por completo.
— Você não cansa? — ela pergunta quando seus olhos caem no meu pau duro. E só pelo
brilho que vejo em suas órbitas, percebo o quanto minha ereção a deixa desconcertada. É a
primeira vez que ela está me vendo por completo, e gosto do que vejo. É como se ela nunca
tivesse visto algo parecido. — Fez um jogo incrível hoje, me fez gozar naquela banheira e ainda
está de pau duro? Você é um safado, Chace!
Seguro sua mão e a puxo para debaixo do chuveiro, sendo agraciado pela água escorrendo
por seu pescoço, levando o sabão e deixando a pele cheirosa e limpinha para eu marcar em
breve.
— Quero foder você — admito meus pensamentos desde que entramos nesse boxe. —
Hoje.
Porra!
Consigo sentir como o ar ao nosso redor muda.
Ele se torna mais tenso e a temperatura aumenta, parecendo multiplicar por dois a da água
que cai pelos nossos corpos.
— Agora? — Sua voz soa trêmula, mas ela me encara com tanto desejo e intensidade, que
não me faz ter dúvida do quanto quer isso também.
Seguro sua nuca com força e abaixo o rosto até ficar próximo do seu. Minha loirinha olha
diretamente para minha boca, quase me fazendo gemer quando morde o lábio inferior.
— Esperei por muito tempo.
Essa é a minha justificativa quando desligo o chuveiro atrás de nós e a pego no colo.
Ignoro totalmente nossos corpos molhados e a bagunça que fazemos até estarmos no quarto.
Tudo o que consigo focar é em Ocean.
Deito minha melhor amiga na cama e me afasto só para ter a visão dela por completo,
totalmente nua à minha frente. Os seios redondinhos com os bicos duros apontados para cima, o
corpo bem desenhado, desde a barriga lisa e bem definida, até as coxas médias e torneadas, que
senti o quanto são firmes quando estavam ao redor minha cintura, enquanto eu a fodia com meus
dedos.
Não sou o único a admirar aqui.
Por mais que o rostinho de Ocean esteja corado com nossa intimidade, ela não tem
vergonha de deslizar seus olhos claros pelo meu corpo, até, finalmente, se concentrar no meu
pau, que neste momento, só está pulsando cada vez mais por ela.
— Abre as pernas para mim, pequena. — Mando. — Quero ver como você está.
Ela abre, primeiramente com um pouco de receio, mas ao me encarar, parece receber a
confiança que precisa para ficar totalmente aberta para mim. Gosto disso. Do jeito dela, ora sem-
vergonha alguma ora um pouco tímida.
Ofego ao mesmo tempo que sinto um formigamento pelo corpo ao ver sua boceta
totalmente molhada de lubrificação, e nada tem a ver com a água que estava há pouco em seu
corpo.
Me ajoelho na cama e seguro seus joelhos antes de trazê-la para mais perto de mim. É a
vez dela arfar quando seguro suas pernas e as coloco em cima dos meus ombros.
Não consigo me controlar quando ela me olha desse jeito.
Minha mente nubla, e a certeza de que um dia essa mulher sentirá o mesmo que eu toma
meus sentimentos. É mais do que querer, sinto que agora é mais como uma necessidade.
Não consigo nem respirar direito quando ela não está comigo.
Esse é o tamanho do meu amor por Ocean Bailey.
Aproximo meu nariz do seu joelho e deslizo pelo interior de sua coxa, observando a
cantora estremecer sob meu toque sutil. Ela suspira alto quando chego em sua boceta.
— Eu não podia dormir sem sentir seu gosto — admito e passo a língua devagar entre seus
lábios vaginais, e tenho seus gemidos como resposta.
— Chace...
— Não conseguiria dormir só imaginando a sensação do meu pau na sua boceta.
Seu gemido mais alto ecoa no quarto quando enfio a boca no meio das suas pernas e passo
a beijá-la da forma esfomeada que sempre acabo beijando-a uma hora ou outra. Sinto os dedos
da loirinha agarrarem meu cabelo quando começo a chupar com mais intensidade, mas não me
importo com os puxões, pelo contrário, até gosto deles.
Subo meus lábios até seu clitóris e o abocanho, sendo agraciado mais uma vez pelo seu
gosto único na minha boca. Quando digo que devo estar viciado, é disso que estou falando. Nada
parece melhor do que Ocean aqui, nessa cama comigo, tão entregue para que eu possa fazer tudo
o que já imaginei com ela.
E existem tantas coisas...
Porra!
Consigo sentir meu cérebro trabalhar em cenários que logo se tornarão reais.
A loira se contorce embaixo de mim e puxa alguns fios do meu cabelo, gemendo meu
nome mais uma vez quando a chupo com mais força. Ela morde seus lábios, me dando uma visão
linda dela.
Caralho!
Ela é a mulher mais gostosa que eu já tive.
Não deixo que goze na minha boca novamente e seguro suas mãos, as retirando do meu
cabelo, e levando-as até acima da sua cabeça quando fico por cima de seu corpo.
— Sempre imaginei que a quebraria no meio quando a fodesse — admito e mordo seus
lábios, sorrindo de lado ao ver suas pálpebras estremecerem de tesão. Seguro firmemente sua
coxa com a outra mão. — Me diga, Ocean... — Os olhos azuis brilham mais intensamente
quando pronuncio seu nome lentamente. —Você está pronta para ser fodida do jeito que sempre
mereceu ser?
Meu pau cutuca sua boceta e enquanto ela se recupera do impacto das minhas palavras, me
inclino para pegar a camisinha que deixei na cabeceira da cama mais cedo. Rasgo o envelope
com os dentes e deslizo pelo meu comprimento, que pulsa de desejo. Finalmente vamos sentir
como é a sensação de estar dentro da mulher que amamos.
Quando volto minha atenção para Ocean, vejo o quanto ela está pronta para isso.
— Sua ideia é me estragar para outro cara? — Ela pergunta e concordo com um aceno. É
óbvio, não é? Posso parecer ridículo, mas Ocean e outro homem não combinam mais na mesma
frase.
— Você é minha agora, pequena.
Ela não me responde, no entanto, vejo nos seus olhos o quanto quer que eu prove o que
acabei de falar.
Porra!
Não consigo pensar direito.
Não mais.
Simplesmente perco a linha de raciocínio quando encaixo meu pau em sua boceta. Meu
corpo a reconhece e não consigo evitar de gemer quando enfio nela de uma só vez.
— Chace... — Ela geme mais alto.
Eu sei.
Porra!
Eu sei!
Consigo ler seus pensamentos.
Essa é a sensação mais gostosa já sentida por nós dois.
Minha respiração acelera mais e meu coração já não tem mais nenhum controle dentro do
peito.
Assumo o controle apenas para me afundar até o fim nela, e paro por completo ao sentir o
quanto me aperta e para que se acostume com meu tamanho, o que só me deixa ainda mais
desconectado com meus pensamentos.
Requer muita força não começar a fodê-la agora da forma que sempre sonhei quando
desfilava com aquelas roupas curtas ou quando subia no meu colo e eu precisava me controlar
para não ter uma ereção.
As mãos pequenas de Ocean se movem, querendo desesperadamente sair do aperto da
minha mão, mas não a solto. Porra! Quero ela assim, à minha mercê, do jeitinho que sempre
sonhei.
E sei que ela gosta.
Eu não faria se ela não gostasse.
— O que você quer? — murmuro, ofegante. Movo levemente meu quadril contra o dela,
arrancando gemidos nossos. — Você está tão molhada... me recebendo tão bem, pequena.
— Continua. — Ela implora, mordendo os lábios ao mesmo tempo em que levanta os
quadris, me fazendo ir mais fundo. — Chace!
— Caralho, Ocean!
Acontece exatamente o que ela queria.
Eu perco o controle.
Saio de dentro dela e entro novamente, mais forte, mais intenso.
Tomo sua boca com a minha em um beijo avassalador e continuo com as estocadas,
sentindo seu interior me apertar cada vez mais.
Não existe nada melhor do que isso, porra! Nada!
É tudo o que sonhei.
Mas também é tudo o que amaldiçoei.
Como pode ser tão bom e tão ruim ao mesmo tempo?
Bom porque enfim estou aqui, metendo em Ocean, a fazendo sentir um extremo prazer
com meu pau em sua boceta.
E ruim porque ainda não é tudo o que quero. Posso tê-la nesse momento, mas gostaria de
ter todo o seu coração. Quero que esse amor que ela sente por mim seja maior do que consiga
controlar, quero que seja igual ao que eu sinto.
Entrelaço meus dedos em suas mãos, com elas ainda presas acima de sua cabeça, e com a
outra mão, toco seu clitóris e o esfrego ao mesmo tempo em que meto nela com mais força.
— Chace... — Ela ergue o rosto, parecendo completamente sem ar.
Seus lábios estão vermelhos do meu beijo.
Seu rosto está corado.
Seu olhar brilha cada vez mais.
Ela está mais linda, mais brilhante, mais minha.
— Não vou parar até gozarmos, Ocean — prometo, estocando mais uma vez. — Gosta
disso? — Rebolo contra seu quadril e belisco seu clitóris. A loira solta um gemido alto. —
Parece que sim...
— Me deixa te tocar.
Mordo seu queixo e deslizo minha boca pelo seu pescoço já com algumas marcas minhas,
chupo sua pele sensível, arrancando mais sons desconexos dela.
— Você já teve oportunidade de me tocar, loirinha — digo, metendo mais fundo nela.
Gemo contra sua pele. — Não acha que agora é a minha vez de aproveitar?
Então quando meus olhos encontram os seus, vejo que ela finalmente entende o que é a
sensação de quebrar ao meio.
Não é no sentido literal da palavra.
Mas é no sentido literal do prazer.
— Quero você gozando no meu pau, Ocean — falo e esfrego meu polegar no seu clitóris,
saindo e entrando nela incontáveis vezes. — Quero que você continue gemendo meu nome... —
Ela geme e eu sorrio. — Isso, desse jeito, gostosa.
Porra!
Estou perdido.
Estou fodido.
Não quero parar de senti-la, mesmo que já sinta minhas pernas bambas e meu corpo todo
em combustão, pronto para liberar meu gozo dentro da maldita camisinha.
— Eu vou gozar — minha loirinha diz, apertando seus dedos nos meus.
Estoco mais algumas vezes antes de sentir seu corpo estremecer sob o meu e ela gemer
baixinho, completamente esgotada, quando se entrega a mais um orgasmo nessa noite. Nem
consigo ter tempo de admirá-la, pois logo estou seguindo os mesmos passos, enchendo a
camisinha com minha porra.
Deito em cima do seu corpo, abraçando-a para prolongar a sensação incrível de,
finalmente, ter ido até o fim com ela dessa vez. Nessa posição, é como se nossos corações
batessem como um só, e me pego sorrindo fraco, com o rosto escondido no vão do seu pescoço.
Sei que preciso sair de cima da minha pequena por conta do meu tamanho e peso, então,
dou um beijo suave em sua pele e retiro meu pau de dentro dela, tirando a camisinha, dando um
nó e descartando-a em um lixo perto da cama.
Deito-me ao lado da minha loira e a puxo para meus braços antes que consiga raciocinar
os últimos minutos. Estou completamente esgotado, mas nunca me senti tão completo como
agora.
— Agora entendo o porquê você não passava nem uma semana sozinho — ela murmura,
parecendo extremamente cansada quando deita a cabeça com o cabelo ainda úmido no meu peito.
— Está me elogiando, pequena?
— Entenda como quiser — responde, acariciando meu abdômen. — Não vou aumentar seu
ego com minhas palavras.
— Você já o aumentou com suas reações nesta cama — rebato e aliso sua cintura. — Só
pela forma como eu a toco e a fodo, sei que vai ser difícil alguém me superar.
Ela ri, mas não é de forma sarcástica e muito menos divertida.
— Convencido.
Entendo o motivo que ela riu diferente.
Ocean não nega.
E isso faz com que eu me sinta mais orgulhoso.
— Foi uma excelente... foda, Chace.
— Você foi incrível, pequena.
Eu amo você, pequena.
Era isso que gostaria de dizer.
Mas apenas suspiro e beijo o topo de sua cabeça antes de fechar meus olhos e cair em um
sono tão profundo abraçado à mulher que tende a me deixar completamente maluco.
Eu acho que houve uma falha
Oh, sim
Cinco segundos mais tarde
Estou me prendendo a você com um ponto de costura
Oh, sim
GLITCH – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Sinto alguém me cutucar incontáveis vezes antes de conseguir abrir os olhos e encarar
Chace, que sustenta um sorrisinho contido nos lábios, sem disfarçar o quanto é um sem-
vergonha.
— Por que está acordado? — murmuro, me sentindo mole até mesmo para manter os olhos
abertos. Ou seria cansada? Detonada? Assada? Céus! Lembro de tudo o que fizemos nessa
madrugada e sinto meu rosto esquentar. — Você nunca acorda cedo.
— Cedo? — Ele solta uma risada. — Já passou do meio-dia, pequena.
Meus olhos se arregalam e consigo focar na bandeja cheia de alimentos e bebidas para o
café da manhã.
— O quê? — Encaro o grandão, surpresa por ter dormido tanto. Isso geralmente não
acontece.
Meu amigo está tão bonito nessa manhã e não da forma que ele é sempre, é uma beleza
mais despojada, que fica incrível nele. Os fios de seu cabelo estão bagunçados, ele usa apenas
uma cueca e seu rostinho está inchado, assim como os lábios.
— Pois é... Você dormiu bastante — provoca e se senta ao meu lado. — Pedi café para
nós, até porque, em duas horas voltaremos para Nova York.
Sento-me na cama, ignorando meu corpo todo dolorido, que implora para que eu me
mantenha deitada como uma morta. Enrolo bem o lençol ao meu corpo, pois ainda estou nua e
volto minha atenção para o ser que não consegue parar de sorrir à minha frente.
— O que foi? — resmungo.
O loiro deixa a bandeja ao nosso lado e se aproxima, ficando com o rosto bem próximo ao
meu. Achei que a vontade de beijá-lo poderia diminuir agora que já tive tudo dele, mas tudo o
que consigo ver na minha frente é sua boca carnuda parecendo implorar por um beijo meu.
— Você está bem? — pergunta, beijando o canto da minha boca. — Te machuquei?
Nego.
Estou mais para “de ressaca da melhor noite da minha vida”, mas não contarei isso, pelo
menos não agora.
— Você saberia se tivesse me machucado — afirmo, o tranquilizando.
Chace coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e sorri com seu jeito meigo antes
deixar um selinho curto na minha boca, mas com alguns significados ocultos.
Ele se preocupa ainda mais comigo agora.
— Tentei te acordar com beijinhos, mas você parecia uma pedra, meio-metro — ele
provoca e reviro os olhos. — Acho que cansei você.
— Está tentando arrancar um elogio de mim? — Conheço esse sem-vergonha há tempo
demais!
— Sei que fui o melhor, não preciso da sua confirmação. Se ela viesse agora, só me
deixaria duro e teríamos que repetir tudo que fizemos, mais intensamente e não quero matar
minha melhor amiga de fome. — O convencido aponta para a bandeja. — Vamos comer?
Faço um gesto positivo com a cabeça.
Inclino-me para pegar uma torrada, mas sou surpreendida mais uma vez pelo grandão, que
pega o pão torrado, passa minha geleia favorita de morango e o aproxima da minha boca.
É estranho.
Mas meu coração muda de ritmo quando meus olhos encontram com os dele.
— Não me diga que você é do tipo que dá café da manhã na boca depois de foder, Lawson
— provoco, dando uma mordida para disfarçar essa reação estranha. E então complemento. —
Deve colecionar uma lista de corações partidos.
Ele aperta minha bochecha com os dedos e solta uma risada nasalada.
— Acho que preciso deixar mais claro que você é a única para mim — diz novamente e
meu corpo esquenta ao entender o sentido dessa frase. Não apenas de desejo, e sim de vergonha,
quase como se eu fosse uma adolescente recebendo uma cantada do cara mais popular da escola.
— A única que engloba dar café da manhã na boca também.
Chace me olha seriamente.
— Você nunca foi como as outras.
Mordo a torrada apenas para levar mais tempo para responder.
— Cafona — provoco, arrancando uma risada dele.
Sinto o ar ficar um pouco mais leve do que a tensão que começou a crescer há alguns
segundos, e então pego um morango na bandeja e o aproximo da pessoa que mais ama morango.
O loiro é o maior fã dessa fruta desde que tinha dez anos.
Ele morde um pedaço e para provocar, chupa meu dedo de uma forma tão erótica, que só
me lembra do que fez comigo nessa noite.
— Pervertido — falo enquanto meu braço se arrepia. — Estamos tomando café e você só
pensa em sexo?
O cretino ri, terminando de arrancar o morango dos meus dedos.
Quando ele engole a fruta, explica:
— O que posso fazer se você é mais deliciosa que esse café?
Por algum motivo, minhas bochechas esquentam.
Poxa!
Estou começando a ficar frustrada com a facilidade que meu melhor amigo tem de me
fazer ficar envergonhada. Não é como se ele fosse um estranho.
— Seu próximo jogo é no Brasil. Já se preparou para viver sem mim por alguns dias? —
Busco mudar de assunto enquanto tomo um gole do suco de laranja.
Será o último jogo da temporada regular, e, como acontece em todos os anos, uma das
partidas ocorre fora dos Estados Unidos. Dessa vez, apesar do atraso burocrático que eu nem
faço ideia do que rolou nos bastidores, o jogo acontecerá na América Latina.
— Quem disse que vou viver sem você? Está de férias, meio-metro. Vai me acompanhar
no jogo.
Arqueio as sobrancelhas.
— Quem disse? Requer muito amor para eu sair da minha amada América nas minhas
férias para ir para outro país com você.
Ele sabe que estou brincando, pois apenas solta uma risada, e o pior é saber que pela forma
como age neste momento, todo confiante, o loiro tem a certeza de que o acompanharei nessa
viagem.
— Sua passagem está incluída, pequena. Não aceito um não como resposta.
— Desde quando você é tóxico?
Solto uma risada e ele segura minha mão, me olhando profundamente.
— Você é meu amuleto da sorte — fala, entrelaçando nossos dedos. — Não posso te
perder.
Ao ouvi-lo falando assim, parece haver um significado mais profundo em “não posso te
perder”.
Sorrio de lado e chego mais perto dele, deixando um selinho em seus lábios.
— Sempre acabo fazendo tudo o que te deixa feliz mesmo... — Minha resposta o faz
corresponder ao meu sorriso. — Serei seu amuleto da sorte, Lawson.
Solto um gritinho abafado quando Chace pula em mim, jogando meu corpo para trás e me
fazendo cair de costas na cama novamente. Sem que uma palavra seja dita, ele me beija com seu
jeito profundo, lento e ainda assim, excitante.
Meu corpo corresponde ao contato e espalmo as mãos em suas costas enquanto sua língua
procura a minha, dançando pela minha boca como um toque tão sutil e carinhoso, que rouba
ainda mais do meu fôlego.
Não só acho mais, como agora tenho a certeza de que estou completamente obcecada por
Chace Lawson.

A chegada em Nova York é sempre uma comoção.


De alguma forma, meus fãs sempre sabem onde estou e para que lugar estou indo, mesmo
que às vezes tento deixar o mais privado possível. Não posso reclamar disso, mesmo que seja um
pouco invasivo.
Todos os dias durante a minha infância, desejei ser ouvida e ter uma multidão de pessoas
me idolatrando como a artista que sonhava em ser. Isso se tornou realidade, e é por isso que
nunca poderia me sentir irritada por ter centenas de fãs na frente do meu apartamento em Nova
York, como agora.
No passado, foi um pouco difícil virar a chavinha, muitas vezes me senti culpada por estar
incomodada ou por todos que se aproximavam de mim ter também sua vida invadida, mas agora
entendo melhor que isso é um reflexo do meu sucesso. Não vou deixar de sair com meus amigos
por causa de privacidade, não vou ser o tipo de artista que só fica em casa porque odeia ser
incomodada.
Essa foi a vida que eu escolhi e ainda sou humana, preciso aproveitar cada fase dela.
— Quer desviar, Ocean? — Steven, meu motorista, pergunta. — Posso levá-la para casa de
Edina.
Nego.
Nunca fugi deles, não seria agora que fugiria.
— Pode parar o carro em frente ao prédio? Vou descer para dar alguns autógrafos.
— Tem certeza? Mesmo que nossos seguranças estejam ali, pode ser um pouco perigoso.
— Tenho.
Edina provavelmente vai me matar amanhã, tanto por eu tê-la avisado por mensagem que
viajarei para o Brasil daqui quatro dias, quanto por eu dar autógrafos em frente à minha casa.
Segundo ela, se algum dia eu fizesse isso, eles nunca iriam parar de vir para frente do meu
apartamento.
Talvez ela tenha razão.
Mas estou sentindo saudade da presença dos meus fãs.
Um mês sem estar em turnê já me deixa dessa forma.
Steven para o carro em frente ao prédio que moro e abro a porta do veículo, provocando a
gritaria do lado de fora. Primeiro, aceno para todos que estão por aqui e depois, me aproximo da
grade do lado direito.
— Ocean!
— Ocean... aqui!
Eles gritam.
— Eu amo você, Ocean!
— Suas músicas são a minha inspiração.
Meus seguranças me acompanham até estar próxima de alguns fãs.
— Olá. — Sorrio para eles. — Vocês ficaram aqui o dia todo?
— Desde de manhã — uma garota de cabelos pretos diz. — Amamos muito você.
Sorrio.
— Obrigada. Eu também amo muito vocês.
Ela solta um gritinho quando pego a caneta de sua mão e autografo um dos meus álbuns
que ela está segurando.
— Volte para casa com segurança, ok?
— Posso tirar uma foto?
— Claro!
Posiciono-me em frente à sua câmera e ela consegue tirar uma selfie. Passo para a próxima
fã e repito minhas ações, dessa vez autografando um pôster do meu show.
— Você e Chace estão namorando? — um garoto pergunta, um pouco mais atrás das
demais.
Não é a primeira vez que me perguntam isso.
Por diversas vezes tive que negar essa pergunta em entrevistas. Mas agora parece diferente.
Não estamos namorando, mas também não somos mais apenas amigos.
— Nós amamos ver você no jogo dele — uma garota fala, os olhos brilhantes que só me
fazem ter certeza de que é uma das fãs que shippam meu relacionamento inexistente com Chace.
Bom... até poucos dias era inexistente. — É tão bom ver você se divertindo com quem realmente
a entende.
Quando falo de conexão, é sobre isso que estou dizendo.
Eu e meus fãs sempre tivemos algo que nos liga, e mesmo que eles não saibam nem da
metade das coisas que acontecem em minha vida, eles têm algumas teorias, que na maioria das
vezes, estão certas.
Apenas sorrio em resposta.
— Chace é meu melhor amigo.
Essa é a minha deixa antes de dar atenção para os fãs mais à frente.
— Espero que um dia vocês fiquem juntos — uma menina que aparenta ter uns 13 ou 14
anos, diz. — Acho que ele é seu end game. Seria lindo se você vivesse uma história de amor
parecida com a minha, me sentiria sua irmã.
Prendo a risada e me inclino em sua direção.
— Qual a sua história?
— Eu e meu melhor amigo vamos nos casar quando tivermos 21 anos. Ele é o único que
me entende, que me ama e que não zomba de mim pelo meu jeito atrapalhado.
— É mesmo? — Tenho a plena noção de que estou sendo filmada, porém não me importo.
— Desejo toda a felicidade do mundo para vocês.
— Eu também! Para você e Chace.
Autografo seus álbuns rapidamente e passo para a outra fã.
Por mais que param de falar sobre meu grandão, ainda escuto as palavras daquela pequena
menina rondarem meus pensamentos.
Porque você poderia ser aquele que eu amo (amo)
Eu poderia ser aquela com quem você sonha
Uma mensagem na garrafa é tudo que posso fazer
Parada aqui, torcendo que chegue até você
MESSAGE IN A BOTTLE – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Golden Boy: O que você está fazendo? Estou com saudade.
Eu: Desde quando você é tão carente? Me viu ontem e ainda estou com marcas pelo meu
pescoço todo! Precisei sair com cachecol.
Golden Boy: Na próxima vez, vou fazer um trabalho melhor e deixá-la com mais marcas.
Talvez isso te prenda a mim por alguns dias.
Dou risada sozinha do tanto que ele consegue ser abusado ao mesmo tempo em que suas
palavras, mesmo que em formato de texto, conseguem me deixar ansiosa e excitada. É quase
como se conseguisse ouvir sua voz rouca no meu ouvido falando cada uma delas.
Eu: Pervertido!
Golden Boy: Preciso voltar a treinar. Se cuide e não esforce muito sua cabeça, ok? Quero
ouvir a música assim que estiver pronta. Amo você, pequena.
Eu: Amo você, pervertido.
Ele reage à minha mensagem com uma risada e fica offline.
Bloqueio o celular e volto a atenção para o estúdio.
Peter continua trabalhando na produção de uma música que finalizamos a composição hoje
e que estamos com um pouco de dificuldade para achar a melodia certa.
— E se fosse algo mais anos noventa? — pergunto, arrastando minha cadeira até ficar ao
seu lado. — Acho que pode funcionar.
— Seria algo totalmente novo em sua discografia.
Fico em frente ao teclado e toco algumas notas, criando uma melodia aleatória na minha
cabeça, que com certeza servirá para a ponte dessa música.
— Ei, toca de novo. — Peter pede e repito o som ao mesmo tempo em que ele reproduz
um ruído de fundo, que me faz sorrir automaticamente. Acho que encontramos a sintonia! —
Gosto disso. Devo agradecer à pessoa com quem você estava falando no telefone por ter sido sua
fonte de inspiração?
— Deixa de bobagem! Era apenas o Chace.
— Hum... o Lawson — ele diz o sobrenome do meu melhor amigo cheio de segundas
intenções. — Vocês estão bem próximos.
— Nós sempre fomos próximos, bobo! Acontece que você me conheceu quando eu estava
namorando, então não conseguia ficar 100% do meu tempo grudada nele porque tinha uma
pessoa para dar atenção — explico e nós dois fazemos uma careta.
— Quanto tempo perdido — falamos ao mesmo tempo e caímos na risada.
— Não está chateada por ele já ter seguido em frente? — Peter questiona, se referindo ao
novo caso do Mark.
Dou de ombros.
— Nem penso nisso — confesso. — Faz tanto tempo que não penso nele, que acho que já
o superei.
— Você e sua facilidade de superar um rompimento.
— Meu lema é viver cada fase do rompimento, e, principalmente, viver a superação. Ela é
a melhor parte. — Meu amigo concorda comigo. — Do que adiantaria estar sofrendo quando ele
está feliz com outra? Tenho um pouco de amor por mim mesma.
— Acho que isso daria uma ótima música.
Sorrimos de forma cúmplice e antes que possamos conversar sobre isso, alguém bate à
porta.
— Ouvi sobre música e não consegui me conter, pensei em interromper. — Fico um pouco
surpresa ao ver Athena entrando no meu estúdio. — Oi, pessoal! Não se assustem, passei aqui
para conversar com Edina e ela me disse que você estava aqui, Ocean.
— Oi! — Sorrio e aponto para o sofá à minha frente. — Entre e sente-se.
— Não vou incomodar?
— Claro que não.
Ela entra no estúdio e se senta onde indiquei. Hoje a cantora parece estar com o cabelo
mais roxo do que a primeira vez que a vi, não sei se é por causa da blusa de lã branca, que cria
um destaque maior, ou porque ela o pintou.
Conversamos pouco desde aquela vez, apenas trocamos algumas mensagens, mas não
tivemos tempo nos ver. E é totalmente compreensível com nossa correria diária, ambas lotadas
de compromissos, e como Athena disse que estava compondo seu próximo álbum, não quis
incomodá-la.
Por ser uma fã, sei que posso ser um pouco mais emocionada do que o normal se ela me
der a liberdade de compormos uma música juntas, então, prefiro que a iniciativa continue vindo
dela.
— O que estão trabalhando? Isso se eu puder saber, claro — pergunta com genuíno
interesse e simpatia. — E, Ocean, não esqueci da nossa parceria. Agora, as coisas estão mais
calmas para mim, e acredito que para você também. Podemos conversar, o que acha?
— Claro! O que acha de um jantar hoje?
— Perfeito.
— Já vi que vai sair muitos projetos incríveis desse jantar — Peter comenta. — Como está
a produção do álbum, Athena?
— Satisfatória. — Gosto do orgulho e do sorriso que ela abre, se parece tanto com o meu
quando estou falando do meu trabalho. — Acho que o toque final é Ocean nele.
Aponto para mim mesma.
— Eu?
— É — afirma. — Pensei no início que não faria parceria nesse álbum, mas sinto que você
tem uma sonoridade incrível, completamente oposta à minha, e mesmo assim, parece casar muito
bem.
— Sempre disse que as vozes de vocês harmonizam muito bem, assim como sempre soube
que as letras que compõem se casariam em algum momento. — Peter já trabalhou diversas vezes
com Athena. — Estou feliz que finalmente se encontraram.
— Eu também! — A cantora que exala serenidade pula do sofá e se aproxima de mim,
segurando minhas mãos. — Vamos ser ótimas amigas!
— Bom... acho que estava precisando mesmo de alguém como você na minha vida —
digo, pois ela parece ser cheia de vida.
— Agora vou convencer Edina a ir comigo! Manda o restaurante por mensagem? Vou te
deixar me levar para onde quiser, sei o quanto ama Nova York, deve conhecer cada parte dessa
cidade.
Maneio a cabeça de um lado para o outro.
— Mais ou menos, mas tenho ótimos lugares que podemos ir juntas. Gosta de comida
brasileira?
— Nunca comi.
— Eu também não. — Ela fica confusa com a minha fala. — Acontece que irei para o
Brasil semana que vem, e acho que seria legal provar algo por aqui.
— Brasil? Uau! É o melhor país para se fazer show... Espera, mas você nem divulgou suas
datas de turnê na América Latina. Vai fazer o que no Brasil?
— O último jogo da temporada regular de futebol americano vai acontecer lá e Chace quer
muito que eu vá.
— Incrível! Podemos ir ao restaurante brasileiro, não me importo.
Olho para Peter.
— Quer ir conosco? — Convido.
Ele nega.
— Já tenho um compromisso hoje.
Arqueio as sobrancelhas.
— Uma mulher? Finalmente vai desencalhar? — provoco.
— É um encontro, mas nem comece a fanficar nosso casamento, Ocean — ele avisa antes
que eu possa dizer qualquer palavra. — E você também, Athena.
— Droga! Ao menos nos apresente a ela, caso comece a namorar.
— Vou pensar sobre isso. — É óbvio que ele está brincando.
Meu amigo está há um bom tempo solteiro, e nunca pareceu ter um motivo específico para
isso, ele simplesmente não encontrou a mulher certa que o fez mudar de ideia quanto ao seu
status.
Espero que essa seja a certa.
Sempre torci pelo amor e nunca será diferente.

Navegar na internet é sempre um mar de surpresas, especialmente quando se trata de


procurar um restaurante nas redondezas. Descobri uma churrascaria brasileira na cidade, e sem
ninguém saber do nosso passeio, eu, Athena e Edina nos encontramos em frente ao
estabelecimento.
Somos atendidas pelo próprio gerente, que não consegue conter o sorriso por receber duas
celebridades em seu restaurante. Ele nos leva até uma mesa, em um local reservado para
proporcionar privacidade, parecendo saber exatamente o que precisamos.
— Uau! Esse lugar é bonito. — Athena elogia, encantada com o interior do local.
E preciso concordar, o restaurante é mesmo bonito. Algumas paredes de tijolo à vista e
outras lisas, pintadas em amarelo, com luzes claras em lustres bonitos espalhados por toda parte,
trazem um ar luxuoso para o local.
— Muito — Edina concorda e me olha, sem disfarçar que está emburrada. — Vai mesmo
para o Brasil?
Assinto e sorrio para amenizar a situação.
— Meu pai amou a ideia, queria até ir junto.
Ela suspira.
— O que faço com você, hein? — Minha amiga olha para Athena. — Esse é o problema de
ser amiga e publicitária ao mesmo tempo.
— Mas por que você está incomodada com a ida da Ocean para o Brasil?
— Porque os comentários sobre ela e Chace não param.
— Mas eles são melhores amigos. — Athena ainda parece confusa. — Até eu que não sou
tão ligada, sei da amizade da indústria.
— Eles são, mas existem pessoas que insistem em dizer que Ocean traiu o Mark com o
Chace. Mesmo que já tenham saído notas oficiais sobre isso, essa gente só quer acreditar no que
convém, especialmente os haters da nossa loirinha aqui. — Edina me olha com compaixão. —
Não está pesado porque Mark nunca confirmou nada, mas o que vão pensar com você viajando
sozinha para outro país com seu melhor amigo? Ninguém acredita em amizade de homem e
mulher.
A cantora assente, parecendo compreender.
— Até eu não acredito! — A mulher de cabelos roxos não parece estar brincando, e
confirma isso ao perguntar. — Vai dizer que não rola algumas coisas entre vocês?
Sinto meu rosto ficar vermelho e nego imediatamente antes que elas peguem alguma coisa
no ar.
— Por que está vermelha? — Athena pergunta.
Sinto minha temperatura aumentar.
Droga!
Tem mentira que é tão difícil de dizer, e a mais velha parece perceber bem isso.
— Existe algo, né?
— Não — Edina responde por mim. — Eles são como irmãos.
Bom... nós éramos.
— Não parece ser. Olhe o jeito que sua amiga está corando.
— Maldição — resmungo. — É só uma amizade colorida.
Não vi que respondi isso bem na hora que Edina estava levando um copo de água à boca, e
foi só dizer as palavras para ter meu rosto encharcado por conta da sua reação exagerada ao ser
surpreendida.
— Edina!
Pego um guardanapo e me limpo.
— Que merda vocês têm na cabeça? Desde quando estão tendo uma amizade com
benefícios?
— Em um resumo bem simples, eu sentia falta de sexo, comecei a ver Chace com outros
olhos, e aconteceu... Não surta, ninguém vai saber sobre isso.
— Nada melhor do que um sexo seguro com o melhor amigo. — Athena parece animada
ao meu lado, enquanto minha RP parece prestes a surtar. — Apenas aproveite, garota. É jovem,
tem mais é que curtir cada momento.
A cantora não sabe, mas gosto um pouco mais dela nesse momento.
— Só use proteção se não quiser ser mãe como eu sou hoje — alerta. — No início é
desesperador, mas depois se torna o bem mais precioso das nossas vidas.
Ela fala com tanto amor, que sinto curiosidade de conhecer sua pequena.
— Ocean — Edina me chama. — Tem certeza de que isso não vai sair do controle?
Entendo as preocupações da minha amiga.
Seu trabalho é se preocupar com a minha imagem, e se isso vazar, as coisas serão muito
complicadas. Não é como se estivesse fazendo algo de errado, mas as pessoas têm a mania de
colocar as celebridades em um pedestal, em que não podem demonstrar que são humanos, que
vivem, sofrem e erram como qualquer um nesta terra.
— Fique calma! Tenho tudo sob controle.
Ela não parece tão aliviada com isso.
— E seu coração? Não acha que pode acabar se apaixonando pelo seu melhor amigo, agora
que abriu as pernas para ele? — Edina tenta relaxar ao fazer essa pergunta.
Dou de ombros.
— Não estou me importando com isso.
— Essa é a Ocean, Athena. Ela tem uma mania assustadora de se jogar de cabeça em tudo
— ela fala e bebe um pouco mais de água, provavelmente para se acalmar. — Na maioria das
vezes, não sei o que faço com esse ser.
Mando um beijo para ela.
— Continue me amando e nunca me abandone.
— Mereço é um aumento, isso sim! — Cobra, provocando a risada de Athena.
— Gosto disso em você, Ocean. Acho que temos muito em comum — a cantora diz.
Sorrio.
— Estou pronta para testar isso nas nossas músicas.
Não consigo mesmo me controlar, o lado fã sempre fala mais alto. É impressionante.
A dona dos cabelos roxos mais lindos que já vi coloca a mão no estômago.
— Estou muito animada para isso, mas podemos pedir nossos pratos? Estou louca para
provar o churrasco brasileiro.
Edina acena para o garçom e aproveito o momento para pegar meu celular. Vejo que Chace
enviou uma mensagem há dois minutos.
Golden Boy: Já estou em casa. Cadê você?
Eu: Jantando com Edina e Athena. Não vou conseguir ir para sua casa hoje, sinto muito.
Golden Boy: Só te perdoo porque está jantando com a sua ídolo. Como passou o dia,
pequena?
Eu: Fiquei no estúdio com Peter trabalhando em algumas músicas. Esse é o resumo. E o
seu?
Golden Boy: Treinei tanto, que não sinto mais as minhas pernas e talvez, nem minhas
costelas. É uma pena que eu não tenho a minha mulher favorita aqui para me fazer uma
massagem.
Sorrio com a mensagem, sentindo meu corpo estremecer mais uma vez ao ler as palavras
“minha mulher” em sua mensagem de texto.
Eu: Você é tão dramático. Amanhã estarei aí, ok?
Golden Boy: Obrigado! Já estava prestes a achar que está me evitando.
Eu: Se eu estivesse, não estaria te respondendo, bobo.
Golden Boy: Tem razão... Pode me fazer um favor?
Eu: Qual?
Golden Boy: Sonha comigo hoje.
Meu coração acelera ao ler sua mensagem e fico sem reação, tentando entender em qual
sentido ele quer que eu leve essas palavras.
— Terra chamando Ocean... — Athena estala os dedos em minha direção. — Você está
bem?
— É o Chace no celular? — Edina pergunta.
Acho que parece óbvio, por isso, apenas faço um gesto positivo com a cabeça. Minha
amiga não fica surpresa.
— Já faço o pedido, ok? Só me deixa responder ele rapidinho.
Eu: Não é como se eu conseguisse controlar meus sonhos, Golden Boy.
Golden Boy: Eu sei, mas vou ficar feliz se ao menos disser que dormiu pensando em mim
essa noite.
Eu: Bom... Você só vai saber disso amanhã.
Golden Boy: Tenha uma boa noite, pequena.
Eu: Você também, Golden Boy.
Engulo em seco e bloqueio o aparelho, pegando o copo de água para aplacar minha sede
que surgiu de repente.
Não é como se tivéssemos trocados mensagens quentes, foi algo ainda mais intenso do que
isso.
É um simples pedido.
Parece haver tanto significado, que me pego querendo sonhar com o running back apenas
para saber qual seria sua reação amanhã.
Quando nós decidimos (nós decidimos)
Que iríamos tirar os móveis do caminho para podermos dançar
Amor, como se tivéssemos alguma chance
Dois aviões de papel voando, voando, voando
OUT OF THE WOODS – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Seguro a maçaneta da porta, torcendo para que Ocean esteja do outro lado, tamanha a
saudade que sinto dela.
Sei muito bem que não faz nem três dias que estou sem vê-la, mas desde que a beijei, meus
sentimentos se intensificaram mil vezes mais.
Quase não consigo me concentrar nos treinos, fico que nem o idiota do Cole, olhando para
o nada e pensando na cantora. Tenho que desviar das perguntas dos intrometidos que me viram a
beijando e aguentar as piadinhas de Thomas, dizendo o quanto estou rendido pela loirinha.
Mal sabe ele que estou assim há anos.
Abro a porta de casa e respiro aliviado, ao mesmo tempo em que uma emoção forte toma
meu peito ao ver Ocean com as pernas cruzadas uma na outra, sentada no meu sofá branco
enquanto o violão acústico roxo lilás que tanto ama, está apoiado em seu colo.
Não sei explicar a sensação.
Meu coração acelera e sou incapaz de desviar meu olhar dessa visão.
Ela está aqui.
É diferente de todas as outras vezes.
Parece mais íntimo agora que já ultrapassamos a barreira que nos tornava apenas amigos.
Ocean começa a dedilhar as cordas do violão, produzindo uma canção suave que preenche
a sala. Observo cada detalhe, desde seus dedos se movendo com graciosidade, como se
dançassem sobre as cordas, até a sua expressão concentrada e relaxada por estar fazendo o que
ama.
Como se fosse possível, eu a amo ainda mais nesse momento.
Será que algum dia ela me amará da mesma forma que a amo?
Eu faria qualquer coisa para que isso acontecesse.
Parecendo sentir minha presença e meu olhar, a loira levanta o rosto e olha diretamente
para mim. Sorrio fraco e dou um passo à frente ao mesmo tempo em que deixo a mochila
escorregar até o chão.
— Você não consegue parar de trabalhar? — brinco.
Minha loirinha sorri, daquele tipo de sorriso que amo nela, que sempre transmite o quanto
está feliz em me ver.
Chego mais perto do sofá e me sento ao seu lado enquanto ela deixa o violão apoiado na
mesa de centro. Um segundo depois, Ocean está pulando no meu colo e me abraçando apertado,
deixando-me completamente sem reação.
Não é como se ela nunca tivesse feito isso.
Na verdade, minha pequena sempre fez isso e, por muito tempo, achei que teria que fazer
um tratamento para o coração pelo tanto que ele acelerava quando ela pulava no meu colo desse
jeito.
— Também senti sua falta. — A loira beija minha bochecha, me deixando estremecido
com o que disse. — E respondendo à sua pergunta, não, eu não me canso de trabalhar.
Ela me olha e estando com o rosto assim, tão próximo ao meu, consigo ver cada brilho que
ilumina sua expressão.
Coloco uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e pouso minha mão no lado direito do seu
rosto, acariciando-o com meu polegar.
— O que estava compondo?
— Não posso dizer agora, porque não está pronto, mas quando ficar, já te falei que você
será o primeiro a ouvir.
— Estou ansiando pelo momento que vai escrever uma música sobre mim. — Soa como
uma brincadeira, mas é a mais pura verdade. — Algo como “descobri anos depois que meu
melhor amigo é o melhor fodedor do planeta”.
Ela cai na risada e apenas por ouvir esse som saindo de sua garganta, dou risada também.
Suas mãos se aproximam do meu rosto e ela aperta minhas bochechas, fazendo um beicinho.
— Tão convencido.
Retiro suas mãos do meu rosto, mas não as solto e entrelaço meus dedos nos dela,
puxando-a para mais perto. Meu pau não ignora sua virilha raspando por cima dele quando seu
peito cola ao meu.
— Estou mentindo, pequena?
Meu nariz toca o seu e o deslizo pelo seu rosto, aspirando esse cheiro único, até minha
boca estar quase grudada à dela.
— Ainda não ganhei meu beijo. — Assopro contra seus lábios. — Não acha que mereço
isso?
Ocean me lança um sorrisinho de lado antes de fechar os olhos e selar minha boca. Solto
suas mãos instintivamente e agarro-a pela cintura, a abraçando apertado enquanto seus braços
fazem o mesmo com meu pescoço.
Meu corpo ganha vida quando minha língua encontra a dela. Sinto a mesma sensação de
estar no paraíso e no inferno, que sempre me toma quando inicio nosso beijo.
Essa mulher não vai me levar à loucura, porque já estou lá, desde quando comecei a
desejá-la intensamente.
O beijo é calmo.
Nossas línguas dançam em uma sintonia que acho que só nós dois somos capazes de
entender. É tudo tão íntimo e tão nosso.
Quando nossos lábios se separam pela falta de ar, permanecemos com as testas coladas.
Será que ela consegue ouvir meu coração acelerado? Consegue entender o que faz comigo?
Digo para mim mesmo que é impossível alguém que se apaixonou tantas vezes, não
perceba um homem apaixonado ao seu lado quase que todos os dias, mas estamos falando de
Ocean Bailey.
Existem muitas coisas que tenho certeza de que ela finge não ver.
— Me responda uma coisa. — Peço, lembrando da nossa última conversa por mensagem.
— Sonhou comigo?
Seus olhos brilhantes se encontram com os meus e noto o divertimento tomando conta de
seu rosto, mas nem ele é capaz de quebrar a tensão que nos cerca.
— Dormi pensando em você, mas não porque pediu, e sim porque é algo que venho
fazendo desde que toda essa loucura entre nós começou — diz, literalmente, metralhando meu
coração.
— Por quê? — pergunto, quase sem fôlego.
— Porque toda essa situação é diferente de tudo o que já vivemos, e me faz pensar mais do
que o normal — explica como se fosse óbvio.
Ela não se apaixonou por você por causa de uma foda, Chace.
Merda!
Estou ficando louco mesmo e Ocean não me ajuda em nada!
— Acabei sonhando com a primeira vez que saímos como um casal, lembra? — Baile de
primavera, último ano do ensino fundamental. Faço um gesto positivo com a cabeça, pois
lembro perfeitamente de como me senti quando a vi com um vestido que delineava seu corpo
pela primeira vez. Foi quando senti meu coração acelerar pela minha melhor amiga, e percebi
que algo estava muito errado. — Nós estávamos no baile de primavera e dançamos a noite toda.
— Seu sonho foi quase como uma lembrança. — Pois dançamos algumas músicas, mas
não durante o baile todo.
— Acho que sim. — Ocean passa a mão no meu cabelo, o bagunçando por completo e
achando graça disso. Eu deixo, pois sou apaixonado pelo seu sorriso. — Você foi o primeiro cara
que me levou a um baile.
Sempre soube disso, mas ouvi-la dizer essas palavras me deixa ainda mais feliz.
Posso ter perdido muitas primeiras vezes da minha loira-, porém, essa não foi uma delas, e
sei o quanto um baile na escola era especial para uma garota como ela, que não tinha muitas
amigas, não era muito popular e nem tinha uma lista de garotos querendo levá-la.
Completamente malucos.
Ocean sempre foi linda, acontece que ela nunca gostou de ser popular na escola.
— Você deixou de ir com a garota mais popular para ir comigo.
Naquela noite eu já devia ter percebido que a amava mais do que um simples amigo. Não
que isso mudaria o nosso futuro, mas é que era tão óbvio.
— Eu preferia ir com você — admito.
Ela me olha de um jeito intenso, causando o que acho ser borboletas no meu estômago pela
forma como meu interior vibra e me deixa nervoso, excitado e ansioso.
A cantora encara meus lábios e mais uma vez, sua boca procura a minha, sem qualquer
resposta em palavras. E eu a beijo de volta, sentindo no fundo do meu coração que as coisas
estão indo bem.
Tenho uma boa sensação de que essa mulher ainda será totalmente minha.
A força do querer não é o que atrai a maioria das coisas?
Então, por favor, Universo, torne Ocean Bailey apenas minha!

— Como está Clyde? — Ocean pergunta e leva um pouco da salada ceaser à boca, sujando
o cantinho dela com o molho.
É impressionante como essa mulher não consegue comer sem fazer bagunça.
Pedimos comida para o jantar, já que nenhum de nós estava com vontade de sair para
comer fora.
— Ele está bem, na medida do possível, mas não o suficiente para jogar — conto o que nos
foi informado hoje. — Vamos ficar com Thomas até o final.
Minha amiga não consegue entender se isso é bom ou ruim e consigo notar isso pela sua
careta confusa.
— Está preocupado?
— Um pouco, mas o garoto é bom — respondo, permanecendo confiante. Pessimismo é
algo que não pode entrar na nossa jogada. — Podemos alcançar a vitória com ele. Viu o jogo de
domingo, né?
— É claro. E não acho que ele teria sido draftado tão cedo se não fosse bom. Vocês vão
conseguir o Super Bowl, Chace.
É um dos meus maiores sonhos no momento, e minha amiga sabe disso desde o início.
Sorrio e me levanto, dando a volta na mesa, chegando mais perto da loirinha.
— Confia tanto em mim assim?
Passo meu polegar pelo cantinho do seu lábio, limpando o molho que estava ali. De uma
forma bem ousada e feita especialmente para me deixar louco, Ocean captura meu dedo com a
boca e o lambe com sua língua atrevida, fazendo com que meu coração volte a acelerar e meu
pau endureça dentro das calças.
Tudo o que consigo pensar enquanto ela me olha de um jeito nada inocente é o quanto ela
ficaria gostosa chupando meu pau.
Porra!
Essa não é a hora para ficar completamente excitado.
Não é hora para pensar apenas em sexo, não quando quero conquistar o coração dessa
mulher.
Caralho!
Retiro meu dedo de sua boca e ouso contorná-la com ele, sentindo a atmosfera entre nós
mudar bruscamente. Ocean suspira, os olhos ardendo em minha direção, e isso só me deixa ainda
mais louco por ela.
Seguro sua mão e a puxo em direção à sala.
— Para onde está me levando?
Poderia ser para o quarto para fodê-la, mas não ainda.
Não agora.
A deixo parada no meio da sala e empurro a mesinha de centro para o canto para não
atrapalhar meus planos. Pego o celular no bolso e em seguida abro o Spotify.
Ainda me lembro perfeitamente da música que estava tocando quando dançamos pela
primeira vez no baile.
Aumento o volume e coloco para tocar Say Yes To Heaven da Lana Del Rey. Viro-me para
Ocean e estendo a mão em sua direção.
Ela está surpresa, porém segura minha mão mesma assim.
— Você disse que sonhou com a noite do nosso baile, e como ir até a escola é um pouco
difícil para nós hoje em dia, achei que poderíamos reviver aquele momento aqui nessa sala.
Minha loira sorri, ainda surpresa com a atitude.
Seus braços envolvem meu pescoço e não consigo segurar o sorriso quando vejo seus pés
descalços levantados, só para que consiga ficar mais próxima do meu rosto, quando mesmo
assim, ela ainda bate no meu peito.
Abraço sua cintura e não me importo em abaixar a cabeça para ficarmos próximos,
iniciando assim a nossa dança.
Sei o quanto Ocean às vezes odeia a nossa diferença de altura, mas eu nunca consegui
odiá-la, sempre consegui ver essa diferença como um ótimo motivo para continuar apertando-a
nos meus braços, a protegendo e a cuidando.
— Por que reviver esse momento? — questiona baixinho, com os olhos fechados e a
cabeça deitada em meu peito, acompanhando o balançar dos nossos corpos.
Seus braços descansam ao redor da minha cintura e dessa forma, consigo a puxá-la para
mais perto de mim, nos colando completamente.
— Existem coisas que eu não podia fazer no passado, e agora posso — admito, lembrando
especialmente da vontade que tive de beijá-la há alguns anos. Foi tão arrebatador e do nada, que
me assustou e me fez correr para o banheiro. — E porque sinto saudade de dançar com você.
Ela sorri.
— Bem... também senti falta de dançar com você — confessa e solta uma risada genuína
quando a afasto e a giro na minha frente, trazendo-a para perto de mim logo em seguida. — Nós
ainda combinamos muito bem dançando juntos.
Nós combinamos muito bem de diversas maneiras.
Mas ela ainda não percebeu isso.
Suspiro e afundo o nariz entre os fios de seu cabelo loiro, aproveitando o máximo da
música que já está chegando ao fim.
Sinto Ocean me abraçar mais forte, e a mesma reação que tive há mais de dez anos, toma
meu peito novamente.
Meu coração parece querer pular do peito, e tenho certeza de que agora minha amiga o
escuta, pois sua cabeça está pousada em cima dele.
O desejo que sinto por ela, de deitá-la na minha cama e repetir tudo, de dar prazer ainda
mais do que dei naquela cama de hotel há alguns dias, é forte e quase tira meu fôlego. Mas o que
meu coração deseja mais do que tudo, é esse momento, é estar assim com eles nos meus braços.
E é ele que escuto.
Pois essa é a diferença do amor para o tesão.
Amar é querer estar perto e curtir cada instante com a pessoa que ama, seja a companhia, o
sexo, os jantares, os passeios, qualquer coisa.
Tesão é temporário, coisa do momento, que se apaga assim que conquistado.
— Você está bem? — a loira pergunta, preocupada. — Seu coração...
Não dou tempo para ela continuar sua pergunta, simplesmente abaixo meu rosto e a tomo
para mim, em mais um dos nossos beijos de tirar o fôlego e, com sorte, para fazê-la prestar um
pouco mais de atenção em mim.
Ele é tão alto e bonito como o inferno
Ele é tão mau, mas ele faz tão bem
Já posso ver o fim quando tudo começa
Minha única condição é
WILDEST DREAMS – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Sempre fui uma garota romântica e isso sempre foi motivo para não ser levada a sério na
escola. Enquanto muitas meninas queriam curtir com os jogadores do time de futebol americano,
basquete ou hóquei, eu queria o romantismo.
Queria alguém que me comprasse flores e me convidasse para um encontro.
Queria um garoto que jogasse pedrinhas na minha janela e fizesse uma serenata até que eu
aceitasse o convite para ir ao baile com ele.
Com o tempo, percebi que muitas das coisas com que eu sonhava eram romantismo demais
e que dificilmente isso acontece na vida real.
Percebi que se quisesse viver um romance, teria que lutar por um, já que a mocinha ser
conquistada é pura coisa de filme e livro. Até agora, lutei por todos os namorados que tive,
conquistei todos eles e muitas vezes tive até que mudar alguns dos meus gostos ou
comportamentos para me enquadrar ao relacionamento.
Sempre me doei mais do que deveria.
Sempre dei mais do que recebi.
E adivinhem? Sempre quebrei a cara.
Até mesmo quando achei que tinha encontrado o cara certo, que me entendia bem, que
fazia gestos românticos e parecia me amar muito, acabei me magoando e vendo que tudo não
passava de uma ilusão, em que toda a magia acabou.
Mark deixou uma cicatriz muito maior do que os outros ex-namorados, pois com ele, achei
que teríamos futuro. Não há nada mais doloroso do que amar uma pessoa, querer ficar com ela
para sempre e ter a certeza de que isso vai acontecer, para no outro dia, ela começar a se mostrar
cansada de você, dos seus sentimentos, da sua vida, e ainda deixar explícito o quanto você é a
culpada por todos os problemas do relacionamento.
Mark foi um príncipe que se transformou em um sapo asqueroso e venenoso.
Pensando bem... isso daria uma ótima música.
E com esse pensamento, que chegamos no lado bom de todas as minhas decepções
amorosas: escrever canções que dizem como muitas pessoas nesse mundo também se sentem.
De repente, a garota que não tinha muitos amigos na escola e nem era popular, se tornou
uma celebridade, que hoje é extremamente famosa e que é abraçada pelas pessoas que se
identificam com suas músicas.
É uma loucura pensar em como o mundo pode girar, não é mesmo?
E, neste momento, giro nos braços do meu melhor amigo enquanto nos movemos em uma
dança que meu cérebro armazenou no fundo da minha mente, mas que meu corpo se lembra
perfeitamente, tudo isso ao som de uma música que já não escutava há muito tempo.
Deito minha cabeça no peito do Chace e fecho os olhos, sendo transportada para mais de
dez anos atrás, quando estava chateada por ninguém ter me convidado para o baile de primavera
da escola. Senti-me tão rejeitada, que acabei chorando nos braços do meu pai e do meu jogador.
Foram minhas lágrimas que fizeram meu amigo me convidar para ser sua parceira. Em um
primeiro momento, recusei, pois sabia que ele tinha muitas opções para ir acompanhado.
O loiro era popular por ser jogador. Por que ele gastaria o tempo indo com a melhor
amiga?
Mas ele insistiu.
E eu acabei aceitando.
Meu melhor amigo me colocou em primeiro lugar e fiz de tudo para aquela noite ser
divertida para nós dois.
— Você está bem pensativa — o running back comenta e só então percebo que a música já
acabou, mas nossos corpos ainda estão se balançando em uma dança que parece ser só nossa. —
Tudo bem?
Concordo com a cabeça e o abraço mais apertado.
Não sei por que, mas acho que precisava desse momento entre nós. Chace sempre foi
capaz de me transportar para um mundo em que me sinto confortável, feliz e inspirada, e nesta
noite, não é diferente.
— Apenas pensando sobre o passado... Nós nos divertimos muito naquela noite — digo e
ergo o rosto, abrindo os olhos e dando de cara com aquela imensidão cinza e azul de seus olhos,
mais brilhantes e intensos agora do que em qualquer outro momento. — Não sente saudade
daquela época?
Seu olhar sobre mim faz com que meu coração acelere, e essa é uma reação anormal, pois
não é como se eu estivesse louca para ser fodida agora por ele. Só quero... estar em seus braços,
como sempre acontece entre nós dois.
— Me senti o garoto mais sortudo do mundo por ter você comigo naquela noite — ele diz,
provocando um meio-sorriso nos meus lábios.
— Tão exagerado...
Ele nota minha provocação e revira os olhos, bagunçando meu cabelo.
— Respondendo à sua pergunta, não sinto tanta falta porque você ainda está comigo, nossa
amizade é ainda mais forte, e agora... — Ele abaixa a cabeça até ficar bem próximo do meu
rosto. — Posso te beijar depois da nossa dança.
Ainda escuto seu coração bater tão forte como antes, quando me preocupei e ele me beijou,
a diferença é que agora, o órgão no meu peito corresponde quase que a cada batida.
Chace volta a beijar minha boca, roubando meu fôlego com a forma que segura minha
nuca e que move sua língua contra a minha. Ergo os pés, tentando inutilmente ficar mais alta
enquanto correspondo ao beijo, que fica mais intenso a cada segundo.
Céus... Ele consegue me deixar maluca apenas com seus lábios, e estou descobrindo o
quanto gosto de beijá-lo cada vez mais.
— Vamos para o quarto, pequena. — Seu tom de voz é cheio de promessa.
Sorrio de lado e encontro seus olhos em mim.
— Lembrou que também pode me foder depois de uma dança?
Sinto seu pau endurecer contra minha barriga.
Seus dedos contornam meus lábios e sinto minhas pernas bambas só pelo jeito como me
olha agora.
— Lembrei que você só usou esses lábios gostosos para me beijar — responde, enfiando o
polegar na minha boca. E só para provocá-lo, passo minha língua pelo seu dedo e o chupo,
ganhando um grunhido de sua parte. — Porra!
Antes que eu consiga processar, Chace está me colocando em seu ombro, de bunda para
cima e como um homem das cavernas, me dá um tapa na nádega esquerda, causando o efeito
contrário à dor.
Estou enlouquecendo.
Só isso explica o motivo de ficar mais excitada com um tapa.
— Ficou maluco? — Grito, mas estou me divertindo e extremamente ansiosa com a
situação.
— Pequena... você não sabe tudo o que já imaginei fazer contigo — comenta, meio
misterioso e agressivo quando me bate mais uma vez. — Sempre amou desfilar com suas
minissaias e vestidos por aí, enquanto o idiota aqui tinha que aguentar de pau duro.
Ofego.
Ele está admitindo mais uma vez que ficava de pau duro enquanto éramos apenas amigos?
Cretino!
Como deveria reagir a isso? Pensei que ele sempre tivesse me visto apenas como sua
melhor amiga, mas acho que me enganei por muitos anos.
Pensando por esse lado... Algumas coisas começam a fazer sentido.
O ciúme dos meus namorados.
O jeito possessivo quando está comigo e estou solteira.
É quase como se ele gostasse de mim mais do que uma amiga... ou estou vendo coisas que
não existem?
— Vamos tirar sua roupa, pequena. — Esqueço até mesmo do que estou pensando quando
sua voz rouca soa no meu ouvido.
Chace me coloca na frente da cama e abre o zíper do meu casaco de veludo, tirando-o em
seguida. Sinto o ar ao nosso redor esquentar mil vezes mais quando começo a me despir sob seu
olhar enquanto recebo sua ajuda.
Ele não precisa dizer uma palavra para me deixar completamente pronta para ter seu pau
na minha boceta, e o melhor disso é ver que causo a mesma reação nele.
Deslizo a calcinha pelas minhas pernas até senti-la nos meus pés, e sob a visão de Chace,
deixo que ele retire meu sutiã. Minha pele se arrepia por completo e sinto a umidade aumentar
quando o vejo lambendo os lábios ao me observar totalmente nua à sua frente.
É como se ele pudesse me foder com esse olhar.
Não perco tempo e retiro seu casaco também.
O loiro faz o mesmo com a blusa de frio e desfivela seu cinto, abaixando sua calça jeans.
Quando ela já está fora de seu corpo, seguro as mãos do homem gostoso à minha frente e o
levo até a cama. Meu amigo se senta sem problema algum e parece prender a respiração quando
me ajoelho em sua frente, com as mãos presas em seu joelho.
Observo o volume no meio da sua perna aumentar e sorrio de lado antes de aproximar
meus dedos do elástico da cueca.
— Você ama me provocar — ele murmura.
Finjo que não sei do que está falando ao dar de ombros e o olhar com minha expressão
mais inocente, que não condiz em nada com o que estou pensando em fazer com ele.
Chace sabe disso e adora.
Abaixo a cueca e seu pau salta para fora.
Porra!
Ele parece ainda maior do que me lembrava.
Junto saliva na boca e com meus olhos presos ao dele, abaixo o rosto até ficar próximo do
seu comprimento. Separo os lábios e abocanho só a cabecinha, o escutando arfar ao mesmo
tempo em que sua mão vai diretamente para minha cabeça.
— Caralho, Ocean! — Ele geme quando começo a movimentar minha boca sobre seu pau.
Passo a língua e vou um pouco mais fundo, chupando-o mais intensamente. O loiro geme
mais alto, gostando disso e agarra meu cabelo em resposta, enquanto seus olhos parecem pegar
fogo em minha direção.
Não paro.
Gosto até mesmo da sensação que traz ao meu corpo, vê-lo recebendo prazer de mim.
Geralmente, não me sinto à vontade fazendo um boquete, é mais uma parte obrigatória do sexo
para mim, mas com ele tudo é diferente.
Vê-lo se segurando para não perder o controle, só me excita mais e faz com que eu queira
que ele perca esse receio.
Quero tudo dele.
Movo as mãos até onde minha boca não alcança, enquanto o meto até o fundo da minha
garganta, provocando um quase grito do meu amigo, que segura meus cabelos mais firmes.
— Porra! Você é uma safada, loirinha. — Ele morde os lábios. — Continua... Isso!
Geme, satisfeito com os movimentos da minha língua em seu pau.
O grandão não consegue se segurar por muito tempo e investe pesado contra minha boca,
quase arrancando alguns fios do meu cabelo ao segurá-los entre os dedos e mover minha cabeça
contra sua ereção.
Isso é gostoso!
Não me importo por estar fazendo um esforço para não me engasgar, mesmo sentindo
meus olhos marejarem. Gosto do poder que tenho sobre ele, ainda que suas mãos e quadris
estejam comandando meus movimentos e, principalmente, gosto do prazer brotando em seu rosto
a cada movimento da minha língua e a cada sucção dos meus lábios.
Estou deixando-o louco.
Ele sabe disso.
— Ocean! — Chace grita, prestes a gozar.
Eu não paro nem por um segundo, continuo o masturbando e o chupando, até que de
repente, estou sendo afastada e jogada brutalmente na cama.
— Essa sua boca — ele comenta, ficando por cima de mim e colocando seu polegar entre
meus lábios. — Vai me deixar louco, assim como você toda está me deixando.
Gosto de sua sinceridade.
Consigo vê-la pelo olhar honesto e perdido que ele está me lançando.
— E o que vai fazer agora? — pergunto, circulando minhas pernas ao redor da sua cintura.
— Podia ter gozado na minha boca.
Meu amigo sorri de seu modo cafajeste, causando-me vibrações no ventre.
— Não faltará oportunidade para isso, pequena — ele diz, abaixando o rosto até ficar perto
do meu. — Tudo o que quero agora é meter em você.
Chace rasga um pacote de camisinha com os dentes e me beija. De canto de olho, o vejo
enfiando seu pau no preservativo com uma mão, e antes que eu processe sua língua dançando em
minha boca, estou sendo invadida pelo seu cacete pela segunda vez em uma semana.
A sensação é ainda melhor do que a primeira vez.
Dessa vez, o loiro não espera.
Ele enfia tudo de uma vez, arrancando meu fôlego e engolindo meu gemido com sua língua
enfiada na minha boca.
Sinto minhas pernas ao redor da sua cintura o apertarem mais, e juro que não sei como
consigo força para isso, pois a cada estocada que ele dá, sinto que está tirando um pouco mais de
mim.
É gostoso.
É incrível.
É inexplicável.
Ele desliza sua boca pela minha pele, marcando meu pescoço com seus lábios, chupando
cada pedaço, ao mesmo tempo em que meus dedos fincam em suas costas.
Chace sai e entra em mim com mais força, alcançando lugares, que até então, eu
desconhecia.
— Chace... — Grito, não me importando em arranhar suas costas quando ele investe mais
uma vez.
— Gostosa! — Elogia, chupando minha pele. — Você é perfeita, Ocean!
Eu amo quando ele me chama pelo apelido, que é na maior parte do tempo, mas há algo
mais íntimo e excitante quando ele usa da sua voz tomada de prazer, para me chamar pelo nome.
Meu corpo todo corresponde ao som dela. Isso não é bizarro?
Sinto a mão do meu melhor amigo alcançar meu clitóris e com seus dedos, começar a
brincar com ele, me proporcionando mais prazer. Fecho os olhos ao erguer os quadris, me
sentindo completamente perdida nas sensações, mas isso até sentir um tapa lá embaixo, que me
faz gritar e arregalar os olhos.
— Quem disse que podia parar de me assistir te fodendo, Ocean? — ele pergunta, voltando
a aproximar a boca dos meus lábios. — Quero você gemendo meu nome com os olhos em mim.
Porra!
A forma como me olha é capaz de me fazer gozar.
Sinto até mesmo o líquido da minha excitação escorrendo pelas minhas laterais, facilitando
suas estocadas.
Esse homem!
Quem, exatamente, está levando quem à loucura?
— Gosta disso? — Ele lança outro tapa em direção ao meu clitóris, e estou tão perto de
gozar, que só consigo gemer em resposta. — Sempre imaginei que você gostasse de algo mais...
diferente na hora do sexo, mas nunca pensei que fosse ser assim, tão entregue.
Grito seu nome quando lança outro tapa, pois estou prestes a ter um orgasmo fantástico,
quando ele começa a ir devagar nas investidas, tirando seu pau de dentro de mim e entrando
devagar, rebolando seu quadril contra o meu.
— Chace... — Por favor, caralho!
É isso que meus olhos imploram.
O idiota sorri, pois parece que agora até nisso ele me conhece melhor do que eu mesma.
O loiro sai de dentro de mim e entra mais forte, me fazendo quase fechar os olhos quando
o sinto bem fundo.
Meu clitóris dói, mas ele não para de esmagá-lo com seus dedos, tornando tudo tão
prazeroso, que com mais um tapa que recebo, estou me desmanchando juntamente com ele em
um orgasmo poderoso.
Fecho os olhos por um momento, sentindo algumas lágrimas aleatórias caírem e
escorregarem até minhas orelhas.
O desgraçado me fez até chorar de prazer? Não é possível!
Gemo quando o sinto sair de dentro de mim.
Chace se joga ao meu lado na cama e um segundo depois, sinto seus braços me agarrarem
e me aconchegarem nele.
Como alguém consegue ser tão intenso e quase que agressivo na hora do sexo, mas um
completo amorzinho quando não está fodendo? Essa dualidade de dele pode acabar me levando a
sentir loucuras, e adivinhem? Como sempre, não estou preocupada com isso.
— Como fui? — pergunta, me fazendo abrir os olhos.
Meu amigo me olha com expectativa.
— Está tentando provar um ponto?
Ele arqueia as sobrancelhas.
— Depende... Se for o de que ninguém pode te foder como eu te fodo, sim.
Bato em seu peito, dando risada.
— Idiota!
Felizmente, me sinto tão bem com ele, que só me aconchego mais em seus braços, mesmo
estando nua.
— E como eu fui? — pergunto.
— Acho que meu pau ficando duro de novo já responde muita coisa.
Olho para o meio das suas pernas com os olhos arregalados, que duplicam de tamanho ao
ver que ele está mesmo ficando duro de novo.
— Você não cansa? Treinou o dia todo, Lawson!
Não me canso de bater em seu peito.
— E quem disse que consigo me controlar? Você está nua ao meu lado, pequena. Não é
como se eu conseguisse ignorar. — Ele ergue meu rosto e segura minha nuca firmemente. —
Também não acho que minha sede por você vai acabar algum dia.
— Sede, é?
Ele beija minha testa, nariz, bochechas e, por fim, minha boca.
— Muita. — Puxa meus lábios entre os dentes e o solta. — Tanta que nem está me fazendo
pensar direito.
E mais uma vez sinto meu coração acelerar pela forma como me olha depois dizer essas
palavras.
Eu o beijo para acalmar a situação, sentindo que meu corpo também corresponde ao seu
desejo de me ter outra vez nessa cama, e sabe de uma coisa? Ninguém pode me julgar, pois esse
é o propósito de uma amizade colorida, não é mesmo?
Ai, meu Deus, o amor é uma mentira
É o tipo de merda que meus amigos dizem para me fazer superar
É diferente
Dessa vez é diferente
HITS DIFFERENT – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Cole, Thomas e Jaylen me olham tão chocados, que nem conseguem disfarçar suas
expressões.
O trio está de frente para mim enquanto tomamos café da manhã no hotel no Rio de
Janeiro, cidade que acontecerá o último jogo da temporada regular de futebol americano.
E eles permanecem chocados com o que os contei sobre a minha amizade colorida com
Ocean.
— O que deu em você? — meu irmão mais velho pergunta.
Ele, melhor do que qualquer um aqui, sabe o quanto sufoquei meus sentimentos por Ocean
porque não queria acabar estragando tudo, então, não estou surpreso por ele ser o que está mais
chocado.
— Isso começou a acontecer desde o dia que disse que tinha uma queda por ela no
podcast? — Cole pergunta e concordo.
— Achei que ele estava sendo o mesmo estúpido de sempre, só que dessa vez ao vivo. —
Meu irmão compartilha seus pensamentos, me fazendo revirar os olhos. — Não acredito que
aquela foi a sua tática para chamar atenção da loirinha.
Respiro fundo e dou de ombros.
— Você que foi idiota por não perceber — rebato e tomo meu suco de laranja.
— Nunca flertou de verdade com a Ocean, além das brincadeiras ridículas de duplo
sentido, e do nada resolveu mudar a situação? Não é à toa que os nomes de vocês continuam nos
assuntos mais comentados das redes sociais. As pessoas têm um faro e sabem quando algo está
acontecendo.
— Estava cansado dessa realidade. Parecia que nada que eu fizesse me faria esquecê-la.
— E como uma amizade colorida pode melhorar essa situação? — Thomas pergunta,
parecendo mesmo confuso. — Pelo que disse, vocês se conhecem desde quando nasceram, e
nesse tempo todo ela não se apaixonou por você. O que o faz pensar que transando vai mudar
alguma coisa? É mais provável que ela se apaixone pelo seu pau do que pelo seu coração.
Pivete intrometido, hum? Por que estou virando amigo dele mesmo?
— Infelizmente...
Sei que Fisher vai dizer que o moleque ao seu lado está certo, por isso, o interrompo.
— Sei de todos os riscos. — E sei mesmo, não sou trouxa. — Mas acontece que percebi
que precisava tentar ou acabaria enlouquecendo. O maior problema de toda essa história pode ter
sido eu, por não ter demonstrado interesse de verdade.
— Até porque, sabemos bem como nossa Ocean é— Jaylen comenta e o fuzilo com os
olhos. — O que foi? Não estou criticando-a, mas você não pode dizer que estou errado. A
loirinha não tem medo de se entregar para alguém, ela é bem emocionada e nem com os corações
partidos que teve, desistiu de encontrar o cara certo. No final, tudo o que ela quer, só você pode
dar.
— O Chace? — Cole prende a risada, se segurando para não zombar da minha fama.
— Ele mesmo. Chace é o melhor amigo dela, a conhece melhor do que ninguém. — Meu
irmão saboreia um pouco do seu café antes de voltar sua atenção para mim. — Talvez esse seu
plano dê certo, porque nada me tira da cabeça que Ocean nunca o viu como homem, por causa
dessa amizade grandiosa entre vocês.
Esse é o ponto.
É nisso que estou acreditando e me agarrando.
— Ainda tenho medo de acabar estragando tudo, mas... Jaylen, me senti a pessoa mais
triste do mundo quando ela falou que queria que o idiota do Mark a pedisse em casamento —
lembro da sensação horrível que tive, foi como levar um tiro, e olha que nunca levei um na vida.
— Arrependi-me por não ter tentado, e depois vê-la falando sobre arrumar parceiros casuais...
Me fez pensar que tudo estava prestes a se repetir e eu estava parado, vendo a única mulher que
amo tentando seguir em frente, quando sei que posso ser tudo o que ela procura.
— Uau! — Meu irmão parece assustado. — Estou surpreso que isso tenha vindo de você,
geralmente sou eu o inteligente.
— Idiota.
Todos na mesa dão risada.
Cole suspira depois de um tempo e me olha com carinho.
— Estou torcendo por você, cara.
— Como está o relacionamento de você e Kyle? — Thomas pergunta, graças a Deus
fazendo algo de útil ao mudar de assunto.
— Muito bom. — O idiota do meu melhor amigo não consegue nem esconder o sorriso
bobo no rosto. Depois fala de mim! — Nunca me apaixonei dessa forma. Acho que ela pode ser
a mulher certa para o resto da minha vida.
— Profundo — Jaylen comenta e coloca a mão no peito, nos olhando como se estivesse
prestes a se emocionar. — Minhas crianças cresceram, estou tão orgulhoso de vocês.
Reviro os olhos, mas não digo nada.
Primeiro, porque ele está certo e crescemos. E porque, mesmo estando distante, consigo
enxergar do lugar em que estou Ocean, Quinn, Harper e Lila, minha sobrinha, se aproximando
do restaurante do hotel.
Infelizmente, nem meus pais nem o Sr. Bailey conseguiram nos acompanhar, mas
prometeram que estariam no primeiro jogo da temporada de playoffs para me apoiar.
— Bom dia, povo! — Minha irmã se senta na cadeira vazia à minha direita, deixando a
esquerda para que Ocean se sente. — Como está a ansiedade para o jogo, maninho?
Sorrio para minha amiga, que se acomoda ao meu lado. Ela está tão bonita usando um
vestido florido claro nesse calor do Rio de Janeiro, que até me distraio com a sua beleza.
Como é possível alguém me ter tão na palma da mão assim? Ela não sabe, mas me tem há
muitos anos.
Uma idiota sem muita noção me dá um tapa na nuca e olho para a peste da minha irmã ao
meu lado.
— O que foi? — reclamo.
— Seja menos óbvio. — Ela cochicha. — Perguntei como está se sentindo para o jogo de
hoje. Viemos de tão longe...
— Dramática. — Ocean se mete no assunto. — Não é como se estivéssemos do outro lado
do mundo.
— É quase isso! Você não sente o calor que está fazendo? Perguntei para a moça que foi
arrumar meu quarto e ela disse que é normal, e pior, que hoje é um dia tranquilo nessa cidade. —
Dou risada do seu drama exagerado. Quinn odeia o calor. Minha irmã prefere mil vezes o
inverno. — Acho que devia ter ficado com Kendric.
— Ele não está gravando para o próximo filme? — questiono.
Afinal, as filmagens de Quinn já haviam encerrado, e por isso ela pôde vir me ver jogar.
— Sim.
Pego um pão de queijo do meu prato e enfio na boca da faladeira.
— Então come e pare de reclamar! O pão de queijo é excelente. Eu levaria para casa se
pudesse.
Ela retira da boca e sem vergonha nenhuma, coloca no meu prato de novo.
— Tem uma consistência estranha, não gostei.
A loirinha ri ao meu lado.
— Sua irmã está ansiosa para provar a caipirinha.
— E o que é isso? — Cole pergunta.
— É uma bebida alcoólica de limão, que é daqui do Brasil — a cantora explica. — Eu
gosto de morango, falei para ela que não me importo de provarmos quando voltarmos do jogo.
Afinal, precisamos comemorar a vitória.
Já disse o quanto amo essa confiança que ela tem em mim? Porque assim... eu amo pra
caralho.
— Infelizmente, Quinn vai ter que beber sozinha ou com nossa cunhada maravilhosa,
porque eu vou te sequestrar essa noite.
A loira olha para todos da mesa e depois me encara, e tenho que prender a risada com a
cena fofa das suas bochechas corando.
— Do que está falando?
— O treinador deixou a gente aproveitar o Rio de Janeiro amanhã. Embarcaremos só de
noite, então preparei um lugar para nós dois antes de irmos embora.
Quinn arranha a garganta, chamando a minha atenção.
— Você não pode roubar minha melhor amiga.
Não consigo nem rir da sua piada sem graça.
— Ela era minha melhor amiga antes de ser sua, maninha — a lembro.
— Deixa eles aproveitarem, Quinn. Nós podemos levar Lila para conhecer a praia e o
Cristo Redentor. Ela está tão ansiosa para ver a grande estátua de braços abertos — Harper
sugere.
— Nós vamos, mamãe? — Minha sobrinha não consegue esconder a animação.
— É claro, filha.
— Oba! — Bate palmas, animada. — Nem quero mais implorar para o titio me deixar ir
com ele e a tia Ocean.
Que bom!
Amo minha sobrinha, mas preciso estar a sós com a minha loira, ou de que jeito
continuarei conquistando-a?
Encaro a cantora ao meu lado, que está com os olhos presos em mim, parecendo tentar
decifrar meus pensamentos.
— O que está tramando? — ela pergunta, desconfiada.
Dou de ombros.
— Surpresa, pequena.

Não há nada mais especial e avassalador do que ver a mulher que você ama vibrando por
você na área VIP, juntamente com sua família.
Tenho certeza de que Ocean é o meu amuleto da sorte.
Tivemos um jogo de nível médio, como diria meu treinador, e conseguimos vencer essa
última partida na temporada regular de jogos da NFL.
Mesmo estando em outro país, os repórteres e as emissoras estão em cima de nós, tanto
para saber o que esperar da temporada de playoffs, como de mim, querendo saber o que está
rolando entre mim e Ocean Bailey.
Enquanto jogava, senti o quanto ela também era o destaque desse jogo.
Muito mais do que nos outros.
Tudo por ela ter atravessado o Oceano Atlântico para estar aqui comigo. Isso, com certeza,
aumentou as teorias que giravam em torno de nós dois.
Alguns têm certeza de que houve traição da parte de Ocean, enquanto outros afirmam que
teve traição da parte do Mark, pois ele apareceu com uma modelo não muito tempo depois.
Enfim... São tantas teorias, que nem faço questão de me atualizar, porque prefiro viver a
vida real. Nunca gostei de ficar pesquisando sobre mim ou sobre minha loirinha na internet, pois
odeio o tanto de hate que ela ainda leva só por ser ela mesma.
Prefiro deixar minhas redes sociais o mais profissional possível enquanto vivo a minha
vida real. Óbvio que sempre faço um esforço para que as pessoas que queiram meu bem, saibam
um pouquinho da minha vida através das entrevistas, mas nunca é algo profundo, pois dar para
os fãs, também é dar para os haters.
Ocean também percebeu isso com o tempo, pois antes, era muito mais ativa na internet e
até postava fotos com seus namorados, e bom, essa parte eu tento ignorar a todo custo, mas
quando começou a sofrer muito ódio gratuito, ela parou de compartilhar.
Muitos fãs ficaram chateados, mas sinto que hoje eles a entendem e se preocupam muito
com ela.
De qualquer forma, minha melhor amiga estar aqui hoje, quando poderia estar em qualquer
outro lugar, gerou e continua gerando burburinho.
— Os fãs da loirinha são malucos — Cole comenta, atento ao telefone.
Diferente de mim, ele ama a vida pública e os comentários alheios.
— O que estão falando? — Não consigo controlar minha curiosidade.
Só preciso pegar a minha mochila e dar o fora daqui. Minha amiga está me esperando do
lado de fora, onde iremos encontrar com o motorista que contratei para nos levar até o destino
que estive pensando desde que soube que viríamos para o Brasil.
— O assunto “Toma essa, Mark” está nos assuntos mais comentados do Twitter. — Ele ri.
— Os fãs não param de dizer que você é muito melhor do que ele, e que é bom que Ocean
finalmente acordou.
— Chace espera que ela acorde — Thomas comenta.
Ela vai.
— O que mais estão dizendo?
— Achei que não gostasse de saber — Fisher provoca, sorrindo de lado.
— Apenas diga, Cole.
— Esse parece ser um tweet de uma fã fiel, talvez ela até seja espiã. — Meu amigo se
diverte com algo no celular. — Ela escreveu: todos nós sabemos o quanto Mark não foi
totalmente bom para a nossa loirinha. Se vocês contarem quantas vezes eles foram vistos juntos
nesses cinco anos de relacionamento, conseguem perceber pela quantidade ridícula, que ele
odiava ser visto com ela e isso não é teoria da minha cabeça; ou esqueceram que Mark deixou
Ocean sozinha em um mar de paparazzis quando descobriram onde eles estavam jantando? O
idiota fugiu para o carro e a deixou sem segurança alguma! Engraçado que aquela também foi a
primeira vez que eles foram vistos juntos. Chace pode não ter sua vida pública, mas ele nunca
deixou de mostrar o quanto ama a sua melhor amiga, o quanto é o maior fã dela e o quanto a
admira. Sempre desconfiei que ele gostasse dela mais do que amiga, e se os rumores de um
relacionamento entre eles forem verdadeiros, serei a pessoa mais feliz do mundo, porque nossa
pequena estará com o coração seguro nas mãos dele.
Meu amigo respira fundo, parecendo surpreso.
— Caramba... tem mais de quinhentas mil visualizações.
Sorrio fraco.
— Acho que a maioria apoia vocês e se sentem vendo um filme de romance na vida real.
— Thomas interfere. — Esse Mark fez isso mesmo? Que idiota.
Meu sorriso se transforma em uma careta.
— Tocar no nome dele é a minha deixa para ir embora.
Pego a mochila.
— Vejo vocês amanhã. — Me despeço deles.
— Aproveita a noite, príncipe da princesa — Cole provoca.
Apenas dou risada e saio do vestiário.
Está mais do que na hora de continuar com o meu plano de conquistar o coração da minha
pequena.
Eu te quero na alegria e na tristeza
Eu esperaria para todo sempre
Parta seu coração, eu o consertarei
Eu esperaria para todo sempre
E é assim que funciona, é assim que você conquista a garota, garota (oh)
HOW YOU GET THE GIRL – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
— Onde você está me levando? — Ocean olha para o mar sob a noite escura e estrelada,
admirada e um pouco assustada. — Por que temos que atravessar o mar de noite?
— Está com medo?
Não perco mesmo a oportunidade de provocá-la.
Depois que saímos do estádio, pegamos um carro em direção à Angra dos Reis, que fica a
mais ou menos três horas do Rio de Janeiro, e assim que chegamos na pequena cidade, pegamos
um barco, que agora nos leva até a Ilha do Japão, que aluguei especialmente para nós, para
aproveitarmos essas horas que ainda passaremos em solo brasileiro.
— Confio em você, mas ainda acho tudo isso muito suspeito.
Sorrio e entrelaço nossos dedos.
— Estamos quase chegando. — Olho para a bagagem dela à minha frente. — Acho lindo a
forma como você não desgruda do seu violão.
— Nunca se sabe quando a inspiração vai surgir, né?
Vejo a ilha que iremos nos hospedar de longe e aponto em direção à área bem iluminada.
— É lá que vamos ficar nas próximas horas — conto. — Aluguei especialmente para nós.
Os olhos da minha loirinha se arregalam ao ver a ilha e me encaram, totalmente surpresa.
— Por quê? Podíamos ter ficado no hotel.
Ela esconde o quanto está animada com a ideia de passar a noite nessa ilha, e isso me faz
sorrir mais.
— Era um dos seus sonhos, não? Passar um final de semana isolada em uma ilha.
Lembro-me perfeitamente de quando ela estava passando por um momento difícil em sua
carreira, cansada de tantas pessoas a julgando e tecendo comentários maldosos a seu respeito.
Ocean chorou de frustração no meu colo, desejando poder se isolar em algum lugar só com seu
violão, pois ele a entendia melhor do que aquelas pessoas.
— Infelizmente, não vamos poder passar um final de semana, e não será só você e seu
violão, mas espero que seja o suficiente para inspirá-la um pouco.
— Você ainda se lembra disso? — Ela está ainda mais surpresa, mas não esconde o
sorriso.
— Sinto muito por ter demorado tanto para realizar esse seu desejo.
Cinco anos.
Porque quando pensei em realizá-lo, ela me disse que estava saindo com Mark.
— Você é inacreditável! — Ela pula no meu colo, abraçando-me apertado.
E admito, depois de todo o dia tenso que tive por causa do jogo, que foi um pouco difícil, e
da pressão da torcida para a próxima temporada, tudo o que mais queria era esse abraço dessa
mulher.
— Obrigada! — Ela agradece.
Beijo o topo da sua cabeça.
— Chegamos — diz o senhor que dirige o barco, aproximando-se do local em que iremos
desembarcar.
Ocean se afasta de mim e volta a admirar a ilha, agora que estamos mais perto.
De longe, vejo o casal que cuida daqui e que nos apresentará tudo antes de nos deixarmos a
sós.
O lugar é mesmo lindo e tão iluminado, que mesmo com a noite nos cercando, consigo ver
a mansão no meio do verde da ilha. E então pela expressão deslumbrada da minha amiga, vejo o
quanto acertei nessa escolha, e não consigo conter o alívio que sinto no peito.

— Esse lugar é mesmo real? — Ocean pergunta enquanto deixo nossas malas na entrada
da casa luxuosa. — Isso é incrível. Olha essa sala.
Ela gira pelo grande espaço entre um sofá e o outro, sorrindo de uma forma tão feliz e leve,
que me deixa extremamente bobo.
Toda a casa é de madeira da melhor qualidade.
Passamos pelo hall de entrada extremamente luxuoso, que tem um lustre deslumbrante
iluminando o espaço com uma luz amarela e suave. A sala de estar onde a loira está agora, é
extremamente confortável. Os sofás são revestidos com tecidos cinza e ficam diante da televisão,
de frente para as janelas do chão ao teto, que oferecem vistas panorâmicas para a ilha incrível ao
nosso redor.
— Até eu estou surpreso com a beleza desse lugar, pequena — admito, me aproximando e
a puxando para meus braços. — Gostou?
— Eu amei!
Ela ergue os pés e me beija nos lábios rapidamente, antes de se afastar e voltar a explorar o
lugar. A ação dela foi tão espontânea, que me deixou completamente estático no meio da sala de
estar.
Coloco a mão no coração, sentindo-o acelerar como um idiota.
Um idiota por Ocean Bailey!
Não consigo observar tantos detalhes da casa que estamos, porque minha atenção continua
nela.
Pergunto-me enquanto a observo ser espontânea em cada reação ao ver as coisas ao seu
redor, o que os idiotas que ela namorou tinham na cabeça quando deixaram uma mulher incrível
como ela sair de suas vidas. Não que eu esteja reclamando, mas é algo que não consigo deixar de
pensar. Minha amiga pode ser milionária e ter acesso a todo luxo possível, no entanto, ela nunca
deixou de ser uma mulher simples e que gosta que os outros a surpreendam.
Ocean nunca pediu o mundo.
Assim como qualquer um que quer ser amado, ela só deseja ser especial para aquela pessoa
e, pelo menos, estar no top cinco das prioridades dela.
O que ela pede nunca foi difícil para mim.
Eu sempre a coloquei em primeiro lugar.
Como eles nunca perceberam que ela não é uma mulher difícil? Na verdade, Ocean Bailey
é simples e fácil de se ler, assim como é fácil de se conquistar, e isso não é ruim, é apenas o jeito
dela.
A cantora prefere ações a palavras.
Ela não toma leite quente, então, sou obrigado a vê-la beber leite gelado até no auge do
inverno.
Cafeína nunca foi sua bebida favorita, mas pizza de pepperoni é seu lanche favorito, e ela
precisa comer ao menos uma vez por mês.
A loirinha gosta da companhia das pessoas, por isso sempre faz o possível para encontrar
seus amigos pessoalmente.
Essa mulher ama dialogar, abraçar e adora interagir com pessoas.
Quando essa mulher chora, tem uma mania peculiar de sorrir fraco antes das lágrimas
começarem a cair, é tão fraco e quase invisível, mas eu a observo há tanto tempo, que consigo
enxergar seu sorriso triste, e que tento evitar a todo custo que ela o lance.
Quando está muito feliz, Ocean não consegue se conter e abre um sorriso que parece que
vai rasgar seu rosto, tamanha intensidade. Os olhinhos ficam brilhantes e acabam se fechando de
tanta felicidade. É uma das minhas reações preferidas dela.
Nunca pensei que um sorriso pudesse ser tão fatal e dar ainda mais poder para que eu
ficasse em suas mãos, mas aqui estou, amando-a de um jeito mais intenso do que antes, sentindo
toda a adrenalina dos últimos dias diretamente no meu coração, que pulsa cada vez mais forte
por ela.
Minha amiga nunca quis ser amada em silêncio, ela se joga, doa a quem doer, indo contra
todas as probabilidades de dar errado, só para viver o momento.
Pego-me pensando que ela é uma inspiração para eu ter começado a agir dentro do nosso
relacionamento, criando minhas próprias leis para conquistar seu coração, e me jogando nisso
sem pensar nas consequências.Todas essas características fazem parte de quem minha amiga é, e
foram justamente elas que contribuíram para que eu me apaixonasse cada vez mais por essa
mulher.
Caminho até a cozinha da mansão. Não me surpreendo por ser tão bonita quanto o pouco
da casa que já vi. Os armários de madeira são embutidos e oferecem mais espaço para o
armazenamento, assim como a ilha central, que proporciona um local perfeito para preparar as
refeições. É nela que encontro a caixa de pizza que encomendei, duas taças e uma garrafa de
vinho.
— Pediu até pizza? — A cantora para ao meu lado e assim que sente o cheiro de
pepperoni, seu sorriso aumenta. — Cuidado, Lawson, ou posso facilmente me apaixonar por
você.
É óbvio que é uma frase jogada sem pensar e na brincadeira, mas minha mente não entende
dessa forma, muito menos meu coração. Bom... Talvez eu esteja perto de estar conquistando a
minha mulher e fazê-la finalmente me enxergar como o homem da sua vida, não só como um
melhor amigo.
— E qual seria o problema se isso acontecesse? — questiono, deixando claro que não vou
ignorar isso, enquanto abro a garrafa de vinho com o abridor.
— O quê?
— Você se apaixonar por mim.
Ela desvia o olhar para a caixa de pizza à nossa frente.
— Vou levar isso para a sala — diz, ignorando totalmente a minha pergunta.
Ocean sai da cozinha antes que eu consiga prendê-la contra uma parede e arrancar uma
resposta sua.
O que isso significa?
Balanço a cabeça e sirvo as taças de vinho, tampando a garrafa logo em seguida, e então
levo as bebidas servidas para a sala.
Acabo sorrindo quando vejo a cantora mais famosa do mundo sentada no tapete da sala,
em vez de se sentar no sofá extremamente confortável. Ela está de frente a um quadro que imita
uma janela com vista para a cidade, e o violão já está em seu colo, enquanto a caixa de pizza está
aberta à sua frente.
— De todos os lugares, você escolheu o chão para se sentar? — pergunto de forma
divertida, me sentando ao seu lado enquanto coloco as taças de vinhos à nossa frente.
— Não lembra dos velhos tempos? Sempre nos sentávamos em um tapete, um de frente
para o outro, e eu cantava uma música nova que havia composto.
É claro que lembro.
Consigo me lembrar de tudo que envolve os momentos que passamos juntos.
— Quer dizer que vai cantar uma música nova para mim?
— É a minha forma de agradecer por realizar um dos meus sonhos — diz, começando a
tocar algumas cordas do violão. — A letra não está 100% pronta, então, sem rir de mim, ouviu?
— E quando foi que eu ri de você?
Ela acha graça da minha cara de ofendido, ao mesmo tempo em que começa a tocar uma
melodia suave no violão.
Sento-me melhor à sua frente, só para observar cada reação e movimento do show
exclusivo para mim.
Quando a voz da minha garota soa na sala, meu corpo todo se arrepia.
Caminhei por estradas, amei sob luas distintas
Mas com você, descubro trilhas novas e instigantes.
É o eco suave de um verso já conhecido,
Mas que se reinventa a cada batida compartilhada.
Na tela do passado, rastros de outras paixões
Mas agora, é como um quadro novo, uma pintura colorida de emoções.
Oh, meu eterno confidente, que virou meu amante,
Nas entrelinhas da vida, é como um capítulo fascinante que não quero que termine.
No compasso do coração, uma dança singular,
Entre laços antigos, um novo amor a desvendar.
Já vivi mil amores, mas com você é especial,
É um sentimento novo, mas parece tão antigo.
Meu coração acelera de forma descompassada enquanto a loirinha à minha frente continua
a tocar e cantar, como se não soubesse a bagunça que está fazendo comigo neste momento.
Tantas vezes me perdi em mares de incertezas,
Mas tua presença é como uma bússola, guia-me com cuidado e certeza.
Na trama do destino, tecemos este enredo,
Onde o amor antigo se transforma e ganha novo roteiro.
Engulo em seco, sentindo que a próxima parte, que é a ponte da música, pode acabar com
meu coração.
Em cada cicatriz, há uma história vivida,
Mas agora, com você, é uma jornada compartilhada.
A amizade sempre foi a ponte que ligou nossas almas,
Mas agora, eu desejo que o amor nos alcance porque quero me apaixonar por você.
No compasso do coração, uma dança singular,
Entre laços antigos, um novo amor a desvendar.
Já vivi mil amores, mas com você é especial,
É um sentimento novo, mas parece tão antigo.
Ela finaliza a música e, segundos depois, está deixando o violão lilás ao seu lado para, em
seguida, me olhar em busca da minha resposta à canção tocada.
Ocean sempre amou ouvir minhas opiniões, mas neste momento, minha garganta está seca,
pois ela conseguiu me deixar sem palavras pela primeira vez na vida.
É impossível essa música não ser para mim, né?
A loirinha canta sobre seus sentimentos e é isso que acho mais incrível em seu trabalho
como compositora e cantora, mas nunca pensei em como ficaria quando ela escrevesse e cantasse
uma música em que eu sou a inspiração principal.
— E então? — minha amiga indaga. — O que achou?
Ela falou que quer se apaixonar por mim.
Eu não escutei errado, certo?
Ela está sentindo algo, e pode não ser amor ainda, mas não é apenas tesão pelo melhor
amigo, dentro de uma amizade colorida que inventei justamente para conquistar seu coração.
— Ficou ruim? — O tom preocupado em sua voz me desperta dos pensamentos. — Posso
mudar algumas coisas e...
— Vem aqui, pequena. — Aponto para meu colo.
Preciso desesperadamente beijá-la, abraçá-la e tê-la bem pertinho de mim.
Ocean parece estranhar minha reação, mas se aproxima mesmo assim e se senta de lado no
meu colo. Não deixo nem que se acomode, pois um segundo depois, estou agarrando-a pela nuca
e a beijando.
Se ela fica surpresa, não consigo identificar, porque logo suas mãos estão no meu pescoço,
correspondendo ao meu beijo.
Quero que ela sinta o quanto gostei da música através dos meus lábios nos seus, mas temo
que isso não seja possível.
Desço minha mão pelas suas costas e a toco delicadamente, amando a nova forma dos seus
músculos tensionarem quando recebem meu carinho. É como se tudo fosse demais para ela
processar, e se assim for, seus sentimentos são os mesmos dos meus.
Porra!
Eu amo essa mulher.
Será que ela consegue sentir o quanto estou feliz por ter composto e cantado essa música
para mim? Minha amiga pode não ter percebido, mas seus sentimentos sempre ficam mais claros
quando ela compõe e canta, então, mesmo que ela não tenha chegado à conclusão em seus
pensamentos de que quer se apaixonar por mim, sua vontade é tão grande, que foi colocada em
uma música.
E... caralho, para alguém que esperou tanto tempo, isso só não equipara à sensação que irei
sentir quando ela disser que está apaixonada por mim.
Sim, estou mais confiante e determinado.
— Isso é o quê? Vontade de me beijar ou a resposta à minha música? — ela pergunta,
ofegante. — De qualquer forma, eu gostei.
Sorrio, subindo minha mão até seu rosto e movo seus fios de cabelo para trás.
— Eu amei a música — murmuro, observando cada detalhe lindo do seu rosto. — Foi para
mim?
Ela semicerra os olhos e, em seguida, sorri, como se não soubesse do que estou falando.
Cretina!
— Para você? Acha que está com a bola toda assim?
— Sou seu amigo há 27 anos, pequena, sabemos que minhas bolas já estão bem cheias.
Ela me dá um tapa no peito, mas acaba rindo da frase de duplo sentido.
— Idiota. — Ainda assim, seus olhos brilham só para mim. — Foi para você, satisfeito?
Algo inusitado e fofo acontece.
Ocean volta a corar, só que dessa vez, em um tom de vermelho mais forte.
— Por que está envergonhada? — Acaricio sua bochecha. — Eu amei a música, pequena.
Preciso repetir antes que a dramática comece a achar que está péssima.
— Se tornou a minha favorita.
— Só porque é sobre você?
Dou de ombros.
Não posso esconder o óbvio.
— Convencido — ela diz, divertida.
— Posso perguntar uma coisa?
— Depende... se for sobre a música e o significado dela, não sei o que responder ainda. —
Ela é sincera e a amo ainda mais por causa disso. — Tudo o que sei é que amo você e gosto do
que estamos tendo.
Meu coração acelera como um louco ao ouvir, depois dessa música, essas três palavrinhas
que sempre saíram da sua boca.
— Tudo bem. — Beijo sua bochecha. — Também amo você.
Não pergunto sobre o que queria perguntar, não quero acabar me precipitando com algo
entre nós que começou recentemente. Preciso me lembrar que sou o único que a amo há mais
tempo aqui.
O barulho do seu estômago roncando quebra a minha linha de raciocínio e me faz rir.
— O que acha de comermos?
— Acho que você teve uma ideia brilhante. — Coloca a mão sobre sua barriga. — Estou
com muita fome.
Puxo a caixa de pizza e pego uma fatia, sem deixá-la sair do meu colo, e aproximo o
alimento de sua boca.
— Vai me alimentar agora? — Ela está surpresa, mas não esconde o quanto gosta disso.
— Não é um grande esforço. — Balanço a fatia, que parece estar deliciosa, lembrando-a de
se alimentar. — Coma.
Ela não hesita em morder um pedaço da pizza, gemendo de puro prazer ao mastigá-la.
Minha amiga é sempre exagerada em suas reações quando se trata de pizza de pepperoni, mas
como essa é de outro país, fico mais curioso para provar.
Mordo um pedaço também e gosto do que sinto. Parece mesmo diferente das que comemos
nos Estados Unidos; ela é mais suculenta e a massa extremamente fina, do jeito que gostamos.
— Ok. Acho que estou apaixonada pela culinária desse país — Ocean assume ao morder
mais um pedaço.
— Vai trazer a turnê para cá neste ano?
Ela concorda.
— As datas estão prestes a ser anunciadas. Vou fazer seis shows em maio, dois no Rio de
Janeiro, dois em São Paulo e dois em Curitiba.
Sorrio, mais animado agora.
— Vou poder te acompanhar?
— É claro que vai. — Morde mais um pedaço da pizza.
— Devore logo essa pizza para podermos aproveitar a piscina de hidromassagem juntos,
pequena. — Mando ao entregar o restante da fatia em suas mãos. — Tem o seu vinho preferido
também.
Ela olha para taça e sorri para mim.
— Obrigada! — Agradece de um jeito que nunca fez antes. Por mais que já tenha visto
gratidão em seu rosto, nunca vi nada parecido como agora. É como se ela estivesse prestes a
chorar de emoção. — Ninguém nunca fez isso por mim antes.
Seus olhos marejados é um tiro certeiro no meu coração; ele se aquece por ser o primeiro
cara a levá-la para um momento como esse, mas também se aperta em tristeza como amigo por
ninguém nunca ter feito o mínimo por uma mulher como ela.
— Se depender de mim, sempre irei surpreendê-la, pequena.
Coloco uma mecha do seu cabelo atrás da orelha e a beijo da única forma que sei:
apaixonado e intenso.
Você chega e a armadura cai
Atravessa o quarto como uma bala de canhão
Agora tudo que sabemos
É não deixar passer
STATE OF GRACE – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
A água borbulha ao nosso redor enquanto relaxamos com doses de vinho, a
hidromassagem e nossa própria companhia. Encarar Chace agora é um pouco mais difícil, mas o
observo mesmo assim, do lado oposto ao dele, bem de frente para seu corpo.
Ainda estou tentando descobrir o motivo da dificuldade, porém não estou pensando direito,
apenas sentindo.
Sentindo felicidade por estar aqui com o cara que é meu melhor amigo; emocionada por
tudo o que ele fez para ficarmos juntos esta noite. Cada detalhe que Chace pensou foi notado por
mim, desde a privacidade da ilha, até a marca do nosso vinho favorito.
Fui sincera quando disse que ninguém nunca fez nem metade disso para mim, apenas não
fui honesta com a minha reação, pois nem eu estou conseguindo entender direito.
Meu coração não está batendo como normalmente, minha pele continua arrepiando, e não é
por causa da água ao redor do meu corpo, é porque Chace não para de me olhar um segundo
sequer. Não é aquele olhar que quer me foder o mais rápido possível, é um olhar semelhante a
carinho, paixão e amor, que me deixa completamente desnorteada.
Cada vez que o encaro, sinto vibrações internas no meu estômago ao mesmo tempo em que
apenas com um olhar, ele rouba todo o ar do meu peito.
Meu grandão sempre foi um conquistador e eu sempre fui ótima em vê-lo apenas como um
amigo, pelo menos até não conseguir mais.
Mas sei enxergar os detalhes.
E agora, entendo o que ele quer dizer com todas as diretas que me lança que, na maioria
das vezes, levo apenas na brincadeira.
Chace gosta de mim de verdade, não como a melhor amiga que teve que aturar a vida toda,
e de repente começou a desejá-la; ele gosta de mim como mulher, e eu apenas o quis enxergar
como meu melhor amigo, porque perdê-lo nunca foi uma opção, então se apaixonar e correr esse
risco também não era. Acabei colocando-o na friendzone por todos esses anos; e bom... o vi
assim até há algumas semanas. Mas algo mudou.
Deveria estar assustada com isso? Não sei, nunca fui de me assustar com o amor, seja ele
da forma que for. Também não tenho certeza se estou gostando dele mais do que como um
amigo, sei que o amo e tenho muita vontade de corresponder a todos esses sentimentos, mas
tenho a plena consciência de que não comando meu coração.
Chace é o meu melhor amigo, minha pessoa preferida, e nunca me perdoaria se o
magoasse.
Não seria capaz de continuar vivendo se ele não estivesse mais na minha vida.
Doentio? Dramático? A dependência que tenho desse cara à minha frente é uma mistura
disso mesmo.
Essa é a vantagem de conhecer tanto uma pessoa: você acaba se tornando parte dela, a
ponto de entender cada sinal e adivinhar até mesmo ações e respostas que ela provavelmente
teria em determinada situação.
Sei o quanto ele também me ama como melhor amiga, o que é um fato importante e que
não pode ser esquecido.
— No que tanto você está pensando? — pergunta, sem esconder a curiosidade.
— Em você — admito.
Minha honestidade o pega de surpresa.
— Em mim?
Não irei confessar que só agora entendi que ele não só odiava Mark, como também sentia
ciúmes dele. Em minha defesa, Chace foi um bom ator ou eu teria percebido muito antes.
— Não posso pensar no culpado por tudo o que estamos vivendo agora? — questiono, me
divertindo com sua reação. — Não quero ir embora desse lugar.
Essa é uma verdade.
Se antes já tinha vontade de ficar com o running back, agora, esse sentimento se
multiplicou muito mais por estarmos aqui, neste pequeno paraíso, isolados do mundo.
— Sua turnê pela Europa começa daqui duas semanas, você não teria coragem de
abandonar seus fãs — ele provoca.
— Não mesmo.
Nós rimos.
— Como você está se sentindo? Vai disputar o Super Bowl agora.
Por mais que eu tenha uma ideia de como esteja, quero ouvi-lo falar sobre seus
sentimentos, quero continuar sendo a amiga que o escuta, o apoia e o ama, mesmo com todas as
emoções novas bagunçando meu coração.
— Se perdermos agora, vamos pra casa — ele lembra como funciona os jogos já nesta
fase. — Isso me assusta.
— Ano passado vocês foram até a final, e dessa vez, vocês vão vencer — digo com
firmeza. — Os jogos estão indo muito bem.
— O problema está nisso, pequena. Chegamos até a final nos últimos dois anos, e
acabamos perdendo.
Tomo todo o vinho da minha taça e a deixo na borda da piscina. Movo-me em direção ao
Chace, parando ao seu lado. Seu olhar de perto é ainda mais avassalador, como se houvesse um
sentimento oculto, esperando o momento exato de ser exposto.
Talvez eu saiba sobre isso mais do que ele imagina.
— Precisa se manter confiante. — Seguro sua mão sobre a água. — Nos últimos anos,
você não tinha o seu amuleto da sorte contigo.
Ele sorri com carinho e leva minha mão até seus lábios, beijando o torso dela. O contato da
sua boca com a minha pele me estremece inteira.
— Vou me manter confiante, pequena — ele diz com sinceridade. — E se ganharmos, farei
algo ousado.
— Como o quê?
— Beijar você na frente de todos.
Meus olhos se arregalam, e tento procurar em sua expressão que isso é uma brincadeira,
mas não encontro vestígio algum disso.
Ele não é maluco, né? Tudo bem, estou falando de Chace Lawson, o homem que era
conhecido na escola por ter alguns parafusos a menos na cabeça.
— Seria tão ruim assim?
— Contaríamos para todos que estamos juntos — o lembro caso tenha se esquecido que
somos celebridades.
Ele suspira e assente, parecendo um pouco decepcionado.
— Verdade... Isso seria péssimo, né?
Seus dedos ainda estão entrelaçados aos meus, e são eles que roubam sua atenção para que
não precise continuar me encarando.
O que sinto no peito ao vê-lo magoado é bem diferente e oposto à sensação de dever algo
só porque não posso suprir suas expectativas.
Pego-me pensando como seria se eu fosse encontrá-lo no gramado com sua família e me
jogasse em seus braços, pronta para receber um beijo.
Só de imaginar isso, sinto vibrações no meu estômago.
— Seria chocante, não péssimo — corrijo sua frase.
— Alguns não ficariam tão surpresos — sussurra, mas escuto mesmo assim.
Sorrio e descruzo minhas pernas embaixo da água, colocando a mão sobre seu ombro e
subindo em seu colo, ficando totalmente de frente para ele. Os olhos de Chace mudam quando
sua atenção cai para meus seios cobertos pelo sutiã de renda preto.
— Quais são os planos para amanhã? — pergunto, curiosa a respeito disso.
Nosso jatinho partirá às 23h, portanto, temos parte do dia para aproveitar antes de voltar
para o Rio de Janeiro.
Chace sobe suas mãos pelas minhas costas, molhando-as.
— Temos uma ilha toda para conhecer, e podemos nadar — sugere. — Passear no barco e
dar mergulhos, o que acha?
— Parece o dia perfeito.
Do jeitinho que sempre sonhei.
— Como é possível? — questiono em voz alta, deixando-o confuso. — Você saber
exatamente o que quero.
— Culpe os 27 anos da nossa amizade — brinca, enrolando os dedos no meu cabelo e os
soltando em seguida para segurar minha nuca. — Você parece bem confortável em cima do meu
colo...
Lanço um sorriso inocente em sua direção.
— Sempre foi o meu lugar preferido. — O abraço apertado e ele solta uma risada fraca,
que é abafada pelo meu cabelo. — Amo ficar desse jeito com você.
É a mais pura verdade e ele sabe disso.
Meu sorriso aumenta quando seus braços circulam de vez minha cintura e me abraçam
apertado.
É como estar em casa, sempre foi assim.
Tirando o pau que começa a crescer embaixo de mim, a posição é a mais confortável
possível.
— Você é um safado, Lawson! — O julgo, sentindo minha boceta corresponder ao seu
desejo.
— Por que está me julgando? É você que está de calcinha e sutiã sentada no meu colo,
pequena. — Acaricia minha cintura, causando-me arrepios em minha pele. — Sua sorte é que
não estou com camisinha aqui.
Mordo meus lábios e o encaro.
Acho que Chace sabe o que está se passando pela minha mente, pois sinto seu pau crescer
ainda mais.
— Estou segura.
E ele sabe que uso contraceptivos.
— Caralho... — Ofega. — Sabe, eu queria fazer algo romântico essa noite. — Seus olhos
estão perdidos enquanto sussurra, parecendo esperar que eu não escute.
— E sexo não é romântico?
Ele não esperava que eu tivesse escutado essa última parte, noto isso pela sua reação e pela
forma que seu olhar se torna mais intenso.
— Você me deixa louco, sabia? — Engulo em seco, sentindo sua mão ficar cada vez mais
perto da minha boceta. — Amo quando admite o quanto me deseja.
— É claro que você ama... Chace! — Gemo quando seus dedos esfregam meu clitóris sem
nenhum pudor, forte e firme, deixando-me ainda mais pronta para ele.
Minha boca busca a dele em questão de segundos e enquanto nos beijamos intensamente,
seus dedos brincam com meu ponto sensível, me levando à loucura. Nem a água fria ao nosso
redor consegue conter o fogo que se acende entre nós nesse instante, e gosto disso.
Essa é a grande confissão: gosto de tudo que envolve Chace Lawson.
E isso pode até ser perigoso, mas sei que não preciso temer entregar meu coração para o
único cara que cuidaria bem dele.
Deslizo a mão até alcançar sua cueca e puxá-la para baixo, liberando seu pau duro, que
bate diretamente na minha boceta. Nós dois gememos entre o beijo, principalmente eu, quando
seus dedos param de provocar meu clitóris e agarram minha nuca.
— Senta e cavalga em mim, Ocean. — Implora, deixando-me ainda mais molhada.
Levanto meus quadris e encaixo minha entrada em seu pau, descendo com cuidado pelo
seu comprimento. Meu corpo o recebe bem, mesmo sentindo-o ainda maior nessa posição.
Um gemido sai dos nossos lábios quando ele entra todo dentro de mim. A sensação de
estar sem camisinha é avassaladora e muito mais prazerosa, pois o sinto pele a pele, sem nada
impedindo a nossa conexão.
Chace me ajuda a movimentar meus quadris para cima e para baixo, ao mesmo tempo em
que nossos gemidos são os únicos sons ouvidos no ambiente em que estamos.
Apoio meu peso em seus ombros com as minhas mãos, enquanto esfrego meu clitóris em
sua pélvis, e sinto o prazer me consumir ainda mais intenso com esse movimento.
— Isso! — Ele geme e me beija.
Não é um beijo desesperado como os outros.
Nem mesmo nosso sexo está desesperado como as últimas vezes.
Tudo é mais calmo, mais íntimo e mais profundo.
Chace me beija como se não quisesse me quebrar, aproveitando em uma dança lenta com a
minha língua, o prazer que sente com meus movimentos sobre ele, ora me esfregando em seu
pau, ora rebolando.
Tudo é feito devagar, mas ainda tira meu fôlego e rouba todos os meus sentidos.
Quando os lábios dele descem pelo meu pescoço, não sinto os chupões fortes, e sim beijos
intensos, que me fazem fechar os olhos por um segundo, e só não me atrapalho com os
movimentos que estou fazendo, porque suas mãos ainda guiam meus quadris.
— Chace... Estou quase — aviso, sentindo meu clitóris ainda mais duro e meu corpo
estremecendo cada vez mais.
— Goza comigo, pequena. — Pede com essa voz rouca, que chega a ser impossível recusar
qualquer pedido.
Atinjo meu orgasmo segundos depois, sendo seguida por ele, que me abraça apertado e
afunda a cabeça no meu pescoço, enquanto nossas respirações normalizam e nossos líquidos se
misturam.
— Amo você, pequena.
Não é o mesmo amor de sempre, e eu sei disso.
O abraço mais apertado como resposta.
— Você sabe que eu também.
Ah, ah, estou me apaixonando
Ah, não, estou me apaixonando outra vez
Ah, estou me apaixonando
LABYRINTH – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Último jogo antes do Super Bowl.
O clima no grande estádio, localizado em Denver, no Colorado, nossa cidade natal, está tão
tenso que não consigo ficar sentada na cadeira ao lado de Cora.
Não estamos perdendo, mas também não estamos com tanta vantagem em cima deles. O
jogo está 24 para os Octopus e 18 para os Bills.
Um touchdown e eles empatam.
Estamos no terceiro quarto e ele parece tão lento, que sinto até cólicas.
— Querida, não acha melhor você ir lavar o rosto? — Sra. Lawson se preocupa ao segurar
minha mão. — Você está suando em pleno inverno.
— Estou ficando preocupado, filha. — Meu pai coloca a mão nas minhas costas. — Não se
preocupe tanto, eles vão vencer.
É claro que vão.
Não é como se fosse fácil aceitar outra realidade que não essa.
O time todo lutou muito para chegar aqui, não podem perder justo nas vésperas do Super
Bowl. Na próxima semana eles enfrentarão o time de Sebastian Sinclair, e irão ganhar deles,
impressionando a todos.
Essa é a minha confiança, pois sei que é o sonho de Chace.
— Talvez seja bom eu colocar uma água no rosto — murmuro.
Quinn entrelaça seu braço ao meu e começa a me arrastar para o banheiro.
— Você parece diferente — minha amiga comenta. — Tem alguma coisa acontecendo?
A encaro confusa.
— Como assim? Diferente como?
— Sua preocupação com meu irmão triplicou, e olha que já a achava exagerada.
— Você sabe o quanto a vitória é importante para ele — defendo. — É a irmã dele.
Poxa... deveria entender, não ser tão fria.
Minha amiga sorri.
— Entendo perfeitamente, e sei que ele vai ganhar. Chace está prestes a quebrar um
recorde de consecutividade de jogos com touchdowns, o time todo está indo muito bem. Vai dar
tudo certo.
Neste momento, invejo a calma da minha amiga.
— Como está o relacionamento de vocês?
Não consigo responder porque entramos no banheiro bem na hora, e há duas garotas
retocando a maquiagem enquanto conversam sobre ninguém mais e ninguém menos que Chace
Lawson.
Sei que deveria seguir meu caminho, lavar o rosto e voltar para assistir ao jogo, mas eu e
Quinn paramos e ficamos escutando, como as boas fofoqueiras que somos.
— É claro que ele não está com ela — a ruiva diz enquanto retoca o pó do rosto. Ela não é
estranha, mas não me lembro de onde já a vi. — Chace e Ocean são melhores amigos.
— Não confio em amizade entre homem e mulher, você sabe disso — a morena diz. —
Ultimamente eles estão sempre grudados.
A ruiva dá de ombros.
— Se ele não disse que estão namorando, então eu ainda tenho uma chance. — Ela sorri de
modo confiante. Sinto um enjoo invadir meu estômago, e tenho certeza de que não é por causa
da bebida que tomei. — Sabe como é, sou o tipo do Lawson, é só ver o histórico de mulheres que
ele já ficou.
Ela não está mentindo.
O grandão gosta de ruivas, e ela é extremamente linda, diria que até mais bonita do que eu.
— Amo a sua confiança. — A amiga elogia. — Gostaria de ter 1% dela.
— É porque quando quero algo ou alguém, corro atrás, independente dos desafios.
Será que ela me considera um desafio? Ou assim que souber que eu e Chace estamos
juntos, partirá para outro alvo?
Assim que as duas se viram para sair do banheiro, são surpreendidas ao esbarrarem comigo
e minha amiga, mas sorriem como se não tivessem falado nada de mais e apenas passam por nós.
Até mesmo o perfume da mulher que deseja o Chace me enoja.
— Hum... ela é a sobrinha do técnico dos Octopus — Quinn comenta enquanto vou até a
pia para jogar uma água no rosto e pescoço. — Parece que ela tem uma quedinha pelo meu
irmão.
Sobrinha? Logo do treinador dos Octopus? Não podia ser uma pessoa que não tivesse
nenhuma conexão com alguém próximo do meu jogador?
Simplesmente odeio a facilidade que ela tem de se aproximar do meu amigo.
— E parece que você está com ciúmes — Quinn observa.
Engulo em seco e me encaro no espelho.
Meu rosto está completamente vermelho e meu pescoço parece que está tendo uma reação
alérgica.
Poderia simplesmente desviar da pergunta ou até negá-la, mas do que adianta? Acho que
estou mesmo com ciúmes.
— Com tantos jogadores no mundo, ela quer justamente o Chace? — Explodo, e graças a
Deus, não tem mais ninguém no banheiro além de nós.
Minha amiga prende a risada.
— Responda à pergunta que fiz antes de você surtar por ciúmes.
E qual era a pergunta mesmo?
— O relacionamento de vocês — Quinn esclarece. — Como está?
— Normal...
Nós continuamos sendo melhores amigos, continuamos transando, continuamos sendo
carinhosos um com o outro, continuamos a ser os mesmos que éramos há três semanas.
Exceto quando se trata dos meus sentimentos.
É o que percebo agora que sinto um certo medo do running back olhar para aquela ruiva
bonita com outros olhos.
— Está gostando do meu irmão?
Suspiro e fecho a torneira ao me virar para minha amiga, me encostando na bancada da pia.
— Não sei.
— Como não sabe? — Ela ri fraco. — Já se apaixonou diversas vezes, amiga. Deve saber
quando está apaixonada de novo.
Bom, isso eu também esperava.
O problema é que, sim, alguns sentimentos que sinto pelo Chace são semelhantes à paixão,
mas os outros... se trata de emoções que nunca experimentei antes.
Eu o amo com todo o meu coração, e tudo entre nós tem se tornado intenso desde que
começamos a ficar. É só... um pouco confuso.
— Compartilhe seus pensamentos, Ocean.
— Somos bons juntos — admito. — Sei que estou segura com ele.
— Não é tudo o que sempre sonhou?
Assinto.
Lembro de todos os últimos dias que passamos juntos e sorrio com uma memória que se
tornou a minha favorita desde que voltamos do Rio de Janeiro. Nos divertimos tanto naquele
passeio curto pela Ilha do Japão, que de vez em quando, nos meus sonhos sou teletransportada
para lá novamente.
Aproveitamos a presença um do outro, fizemos o que somos melhores: nos divertimos a
cada segundo. Passeamos de barco, mergulhamos no mar e nos beijamos a cada oportunidade.
Foi o melhor encontro da minha vida.
E não sei se isso era porque estava realizando um sonho ou porque estava com alguém que
amo tanto e que não posso viver sem.
— É ainda melhor — confesso, provocando um sorriso nos lábios da minha amiga.
— Chace parece gostar de você.
Então não sou só eu que percebo?
— E você não parece surpresa. — Minha amiga ri. — Bobinho, ele até que tentou
esconder.
— Faz muito tempo?
— Acha que vou dar detalhes? Se quer tanto saber, pergunte a ele. — Reviro os olhos com
sua resposta. — Não cabe a mim, contar a história dos outros.
Infelizmente, ela está certa.
— Se eu me jogar nisso, quem pode me garantir que um dia não vai acabar como todos os
outros? Eu não conseguiria viver sem o meu amigo.
— Nem ele conseguiria viver sem você — lembra-me. — E onde está a minha garota
emocionada, que se joga nos sentimentos sem pensar no futuro?
Sorrio.
— É mais delicado agora, pois se trata da minha pessoa favorita.
— Todo esse cuidado já prova o quanto se importa com ele, e só por isso, sei que você
nunca o magoaria.
Quinn segura a minha mão e me observa.
— Sei que vai tomar a melhor decisão. — Puxa-me em direção à porta. — Está mais
calma? Consegue voltar? Não podemos perder a final do jogo.
Automaticamente, volto a ficar mais nervosa.
— Vamos.
Sou eu que a levo para fora do banheiro, ansiosa para que essa partida termine, e a vitória
dos Octopus seja anunciada.
Posso ter um show amanhã, posso estar pronta para ir para Londres assim que essa partida
terminar, mas estou aqui, vibrando por um jogo que só me deixa mais nervosa e ansiosa,
especialmente após essa conversa com minha melhor amiga.
Acho que acabei de chegar a uma conclusão do que estou sentindo e do que fiz por todos
esses 27 anos, e não sei como reagir diante disso.

— Você tem 20 minutos antes de se preparar para entrar no palco, filha — meu pai avisa,
já na porta para sair do camarim. — Nervosa para voltar ao palco?
Viro-me para meu velho, pronta para o show de hoje à noite.
— Estou ansiosa.
— Também estou ansioso para vê-la voltar a brilhar naquele palco — ele diz. — Vou ver
se o restante da equipe precisa de alguma coisa. Tem 20 minutos, viu? Vê se não se distrai
conversando com Chace.
É impressionante como ele sabe que farei exatamente isso daqui alguns segundos. Apenas
dou risada e concordo com seu aviso, pegando meu celular em cima da minha mesinha assim que
meu pai fecha a porta do camarim.
Digito o número do meu amigo sem pensar duas vezes e coloco o telefone no ouvido,
esperando que ele atenda a ligação. Essa hora ele já deve ter voltado do treino e provavelmente
está se preparando para jantar antes de ir dormir.
— Eu estava prestes a ligar para você — ele diz assim que atende. — Como está a minha
cantora favorita?
— Parece que é o primeiro show, estou muito nervosa. Acho que não é uma boa ideia tirar
tantas férias assim.
Ele ri fraco.
— Não deixa de ser o primeiro show na Europa. — Isso não me deixa tranquila. —
Relaxe, pequena. Você se sairá bem, como sempre. Sabe que se eu pudesse, estaria na tenda VIP
com seu pai, pronto para apoiá-la, né?
— Sei... — Sorrio, já me sentindo um pouco mais calma. — Como está o preparo para o
Super Bowl?
Pensei que vencendo o jogo de ontem, Chace ficaria mais tranquilo, porém, agora seu
nervosismo é mil vezes maior por conta da final com seus principais rivais.
Seria mentira se dissesse que esse jogo também não me deixa mais nervosa. Se ontem
fiquei extremamente ansiosa com cada lance, o que será de mim no próximo final de semana?
Talvez eu devesse ter marcado um show, assim não sofreria tanto.
Prendo a risada.
Quem eu quero enganar? Nem conseguiria me concentrar no meu próprio show.
— Estamos confiantes — Chace fala, mas ainda sinto o tom nervoso presente em sua voz.
— Vamos dar tudo o que temos para vencê-los dessa vez.
— Vou passar a semana inteira te distraindo pós-treino — digo meu plano após terminar o
final de semana de turnê em Londres. — O que acha de filmes de romances? Ou podemos fazer
maratona de um dorama. Estou mesmo viciada nessas produções coreanas.
Quase consigo vê-lo sorrindo do outro lado da chamada.
— Obrigado por isso!
— Não precisa me agradecer.
— Hoje recebemos a visita da sobrinha do técnico no campo de treinamento. — O que ele
diz faz meu corpo todo congelar. — Parece que ela está estudando para ser treinadora. Reggie
disse que ela ama o futebol americano.
— E por que está me contando isso? — Infelizmente, meu tom de voz sai mais ríspido do
que o normal.
Se meu grandão nota, ele não diz nada.
— Porque ela deu em cima de mim na cara dura.
Sinto um calor tomar conta do meu corpo, e o sangue começa a ferver nas minhas veias, ao
imaginar o que pode ter acontecido hoje à tarde enquanto eu estava em outro país, fazendo
passagem de som para o show que acontecerá daqui alguns minutos.
Só de imaginá-la chegando mais perto, bonita daquele jeito e flertando com Chace, sinto-
me irritada e insegura.
Odeio essas duas emoções inúteis na lista contida de sensações que os seres humanos são
capazes de sentir em determinada situação.
— Hum...
É tudo o que respondo, porém, ao ouvir apenas o som da sua respiração do outro lado,
questiono:
— E o que você fez?
— Não pude dizer que estou namorando, porque não estou.
Isso é uma indireta?
Mas que cretino!
— Então vai ficar com ela algum dia — comento a contragosto.
Ele ri fraco.
— Falei que existe uma única mulher que ocupa meu coração e meus pensamentos agora.
— Meu peito acelera com suas palavras. — E nem mesmo a mulher considerada a mais bonita
do mundo, seria capaz de tirá-la de mim.
— Quanto exagero — provoco, mas não consigo esconder meu sorriso aliviado.
Chace deu um fora nela.
— Sabe quem é, né, pequena?
— A mulher mais bonita do mundo? Não faço ideia.
— Essa eu já sei, pois é a mesma que ocupa o meu coração — confessa. — Você, Ocean
Bailey. Você é a única nos meus pensamentos e coração, e para mim, a mais bonita de todas.
Minhas bochechas ficam quentes com suas palavras, assim como meu coração, que acelera
como se ele estivesse aqui na minha frente dizendo essas coisas.
— Preciso desligar — murmuro, chateada porque o tempo passou muito rápido.
— Eu sei! Divirta-se no show de hoje, ok?
Murmuro um “ok” e me despeço dele antes de desligar a chamada.
Coloco a mão no peito e sorrio com as palavras que ele disse voltando à minha mente em
um repeat.
Droga.
Está acontecendo mesmo isso.
Estou me apaixonando de novo.
Só que dessa vez, é mais intenso do que todas as outras vezes juntas.
No meio da noite, quando estou nesse sonho
É como um milhão de estrelinhas soletrando o teu nome
Você tem que vir, vamos
Diga que nós vamos ficar juntos
UNTOUCHABLE – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Chego em casa perto das cinco da tarde e encontro Ocean jogada no sofá da minha sala,
com um balde de pipoca ao seu lado enquanto mexe no celular.
Não faço ideia do que ela está lendo na internet, mas parece ser interessante para nem notar
quando bato a porta ao fechá-la.
A loirinha só percebe minha presença quando estou em sua frente, de braços cruzados,
tentando a todo custo não rir da sua cara confusa.
— Devia estar vendo algo muito interessante para nem notar minha presença, pequena —
comento e jogo meu corpo ao seu lado, roubando um pouco de pipoca. — O que está fazendo?
— Lendo uma resenha de um dorama — explica, bloqueando o celular. — Vincenzo tem a
vibe que você gosta. Ação e mistério.
— Vai deixar de ver algum filme de romance para assistir uma série assim comigo? — Ela
simplesmente ama coisas que tem romance.
— E quem disse que não tem? Era isso que estava lendo. — A cantora pega o controle da
televisão. — Ele só não é o foco principal da série. Mas tudo bem, pelas resenhas que vi, irei me
sustentar com as migalhas.
Sorrio e não resisto à vontade de abraçá-la.
— Como foi o último show ontem? — Beijo sua bochecha. — Senti sua falta.
Ela sorri e me encara.
— Foi incrível — conta e não me surpreendo, pois vi o quanto estava se divertindo com os
fãs britânicos. — Também senti sua falta.
Ela segura meu rosto e seus lábios se aproximam dos meus. Aguardo pelo seu beijo,
ansioso como se estivesse sem ele há uma semana, e não há três dias.
Quando sua boca toca a minha, todas as minhas preocupações e os nervosismos do dia
desaparecem, pois tudo o que consigo sentir são as emoções avassaladoras que sinto quando
estou com ela.
Nosso beijo é calmo e cheio de saudade, de um jeito que me deixa cada vez mais obcecado
pelos seus lábios.
Ocean sabe como fico quando estou perto de competir o Super Bowl, e mesmo estando em
turnê, tendo que voltar para a Europa na quarta-feira para os shows na quinta, sexta e sábado, ela
está aqui comigo.
Merda!
Essa mulher não faz nenhum esforço para diminuir o que sinto por ela.
— No sábado, após o show, o jatinho vai me levar direto para Denver — diz quando se
afasta minimamente de mim.
O Super Bowl esse ano acontecerá na nossa cidade natal, em um estádio com capacidade
para mais de 76 mil pessoas, o tão famoso Empower Field At Mile High.
— Vai ficar na sua casa?
Ela assente.
— Vou chegar de madrugada, então não quero atrapalhar a sua última noite de sono antes
do jogo mais importante da sua vida. — Aperta meu nariz e volta sua atenção para a televisão. —
Agora que estamos combinados, o que acha de passar esse restinho de semana comigo assistindo
Vincenzo?
— Se isso for ruim, vou dar uns tapas na sua bunda — digo com sinceridade enquanto
pego mais um pouco de pipoca, e faço o possível para ignorar a forma como me encara nesse
momento.
— Sem-vergonha! — acusa, rindo de mim. — Quero ver você obcecado como eu.
Mastigo as pipocas, atento aos seus dedos no controle procurando a série que iremos
assistir na Netflix.
— O que acha de uma viagem pela Coreia? — pergunta, absolutamente do nada.
— Você viu alguns doramas e já está dessa forma?
— Pelo que percebi, o país é recheado de cultura, acho que seria um passeio legal nas
nossas férias.
Não consigo esconder meu sorriso ao ouvir sua resposta, principalmente ao entender que
independente do destino, ela está fazendo planos comigo.
Isso seria a dica que preciso para ser totalmente honesto com essa mulher sobre os meus
sentimentos?
— Sua turnê na Europa termina em abril, depois você vai para América Latina, mais
especificamente, Argentina, Brasil e Chile... Não vai ter turnê na Ásia?
— Vai, no Japão e em Singapura, mas só acontece a partir de julho — informa. — Em
junho, poderíamos aproveitar alguns dias na Coreia do Sul.
Sorrio, já convencido da ideia.
— E existe alguma coisa que eu não faça por você?
Ela sorri com a minha resposta e deita a cabeça no meu peito, se aconchegando em mim
para poder assistir a série. Volto a abraçá-la e espero até que dê o play na televisão.
— Aquela garota... — Mesmo que não tenha mencionado o nome, sei de quem ela está
falando e noto o quanto está hesitante ao tocar nesse assunto. — Voltou a procurar você?
— Ela apareceu no treino hoje de novo. — Ocean paralisa sobre o meu peito. — Mas não
dei atenção para ela, se é isso que quer saber, ciumentinha.
Ela volta a relaxar.
Hilary é o nome da sobrinha do nosso técnico e quem deu em cima de mim há alguns dias.
Ela me convidou para sair uma noite dessas, e desde que respondi que não estava disponível, a
garota não se aproximou mais, porém, isso não a impede de continuar visitando o centro de
treinamento.
Pelo que ouvi de Reggie, ela quer ser uma técnica também e está aproveitando algumas
vantagens de ser sobrinha de um dos melhores técnicos da atualidade, assistindo aos nossos
treinos.
— Quem disse que estou com ciúmes?
— Você não consegue disfarçar, meio-metro. — Bagunço de propósito os cabelos da
pequena.
— Por que está me chamando assim?
— O que foi? Prefere pequena?
Ela apoia seu queixo no meu peito e me olha.
— Meio-metro parece que ainda sou apenas sua melhor amiga — admite e meus olhos se
arregalam um pouco. — Pequena é mais carinhoso.
Ocean é mesmo um poço de carência, que me deixa completamente confuso quanta às suas
ações.
Ela pode pensar que esqueci, mas ainda sonho com a música que cantou especialmente
para mim, naquela noite no Rio de Janeiro.
Quero perguntar o que ela quer ser para mim a partir de agora, porque na minha visão, já
estamos namorando e somos exclusivos um do outro. Quero dizer que essa amizade colorida foi
a única forma que achei de tê-la, mesmo sendo de um jeito egoísta para fazer com que me
enxergasse mais do que um melhor amigo, e se apaixonasse por mim.
Mas antes que eu tenha oportunidade de falar qualquer uma dessas coisas, Ocean volta a
observar a televisão e aperta para começar a série.
— Agora que você já sabe, vamos começar a nossa maratona.
Sorrio fraco.
Ela não pode escapar de mim por tanto tempo.
E de repente, você é aquele que eu tenho esperado
Rei do meu coração, corpo e alma, uou
E de repente, você é tudo o que eu quero, nunca vou te largar
Rei do meu coração, corpo e alma, uou
KING OF MY HEART – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
— Quem vai sair vencedor hoje, hum? — Ocean agarra meu rosto e me dá um selinho
antes de me soltar e terminar de iluminar a minha noite com seu sorriso brilhante. — Pense que
você já derrotou aquele time.
Estamos sozinhos em uma sala ao lado do vestiário. Não posso ficar muito tempo aqui com
ela porque logo tenho que encontrar o técnico e meus colegas de time para nos reunirmos uma
última vez antes do jogo final.
É o Super Bowl.
A cidade está uma loucura.
O mundo está vibrando por presenciar mais uma final entre os Octopus e os Dolphins. Eles
sabem que podem esperar por uma boa partida, independentemente de quem ganhar.
Acontece que dessa vez, vamos conseguir vencer e tornar tudo ainda mais emocionante.
Estou confiante disso, e não é só porque treinamos os melhores lances, as melhores jardas e as
melhores técnicas a semana toda. É porque nosso time é bom. Não temos apenas um jogador
bom, todos estão no mesmo nível.
— Estou com o meu amuleto da sorte bem aqui, como poderia ser diferente? — Agarro o
rosto da pequena à minha frente e beijo sua testa. — Obrigado por tudo o que fez essa semana,
pode não ter parecido nada, mas foi muito importante para me manter distraído.
Os dias até o jogo foram repletos de encontros com a equipe para treinar, reunir estratégias
e rever nossos erros para não cometê-los nesse jogo. E Ocean, quando terminou seu final de
semana de shows em Londres, foi diretamente para minha casa me fazer companhia.
Ela trabalhou durante o dia no estúdio em Nova York enquanto eu fui para os treinos, mas
à noite, sempre nos encontrávamos e fazíamos algo para nos distrair.
Seja jogar conversa fora, assistir a tal da série viciante, chamada Vincenzo, e até mesmo
transar. Esse último, aconteceu apenas uma vez, antes de ela viajar para os shows que fez em
Berlim.
— Gosto da sua confiança.
Ainda com minhas mãos segurando seu rosto, aproximo minha boca da sua e a beijo.
Não tem como nada dar errado no jogo de hoje, não quando cheguei até aqui com Ocean
ao meu lado.

Jogos são sempre intensos, mas quando chegamos no Super Bowl, tudo não só se
multiplica, como cria-se um alvoroço em torno da torcida e até mesmo dos times.
Observo o árbitro dessa noite interromper o jogo mais uma vez após uma briga entre
Joshua e um jogador dos Dolphins.
Thomas me olha sob o capacete.
— Tudo bem? — questiona.
— Eu que deveria perguntar isso, pivete. Está jogando contra o homem que te ensinou
tudo.
Consigo ver seu sorriso mesmo que o capacete atrapalhe a minha visão.
— Sebastian não se importa com isso.
Porque ele tem confiança.
É isso que o moleque diz pelo seu olhar.
De qualquer forma, sei que a confiança dos Dolphins deve estar abalada, agora que
estamos na frente deles com três quartos jogados. O placar não está nada fácil, mas ainda temos
uma vantagem de 12 pontos, pois estamos com 30 enquanto eles estão com 18.
Vai dar certo.
Só precisamos continuar jogando e, de preferência, sem brigas.
— Vou tentar dar um jeito nisso. — Thomas grita, indicando a discussão que ainda está
acontecendo perto do árbitro, e sai em disparada até eles.
Boa sorte, garoto!
Enquanto o jogo está pausado, busco a área VIP, onde está a minha família e a minha
mulher, que ainda não sabe que é totalmente minha, mas isso são detalhes.
Ocean está fofocando algo com a minha irmã e nem percebe que é alvo do meu olhar.
Estão tão em seus mundinhos, que isso me deixa bem.
Sinto que algumas câmeras estão sobre nós e disfarço, prestando atenção em Cole ao meu
lado.
— Até mesmo Kyle veio vê-lo jogar hoje — provoco meu amigo. — Trate de se destacar.
— Idiota! — Ri fraco. — E aí... Vai dar um beijo na sua mulher assim que ganharmos esse
jogo? Seria uma cena digna de filme.
É o que eu gostaria, mas Ocean ainda não está preparada para isso, e sempre a respeitarei.
— Um abraço já deve ser suficiente.
O apito do árbitro soa e somos orientados a continuar o jogo.
Os dois times se posicionam, e quando recebemos o sinal, o último quarto começa.
A batalha continua intensa.
À medida que pisamos no campo para enfrentar os Dolphins, sinto a vibração da multidão
ecoando no meu peito. Os refletores iluminam o campo como se fosse o palco de um grande
espetáculo, e, de fato, é.
Como running back, meu papel é correr, quebrar tackles [3]e levar a nossa equipe para a
vitória. Cada corrida é uma dança coreografada entre a linha ofensiva e os defensores. Desvio,
acelero e escapo por entre os oponentes. Os Dolphins resistem, mas nossa estratégia bem
treinada continua a mostrar sua eficácia.
Estamos à frente, mas nossos oponentes estão famintos por uma reviravolta. Cada corrida
se torna um confronto físico, cada jarda é disputada com fervor. Em uma jogada final, recebo a
bola e, com um sprint final, ultrapasso a linha para mais um touchdown.
Tudo acontece muito rápido.
A torcida vai à loucura.
E eu estou sendo abraçado por todos do time, mas meio que não consigo reagir.
Especialmente quando o relógio zera e dá fim ao campeonato.
Olho para os meus colegas de time e amigos, finalmente abraçando Cole com força
enquanto escuto toda a torcida gritando de felicidade.
Nós conseguimos.
Nós vencemos.
Meu Deus!
— Cara! — Fisher segura a minha cabeça, pouco se importando com o capacete. — Você
acabou de bater o recorde de Consecutividade de Jogos com Touchdowns. Porra!
Ele grita ao me abraçar apertado.
Só faltava um touchdown.
Apenas um me separava desse recorde.
Isso não é uma loucura?
Meu coração vibra de emoção, tanto que sinto vontade de chorar nos braços desse idiota.
— Obrigado! — Agradeço, pois a força e confiança desse cara no time foi essencial,
principalmente quando nosso quarterback não pôde continuar jogando. — Nós conseguimos!
Sinto mais braços circulando nós dois e sorrio quando reconheço a voz de Thomas.
— Nós vencemos o nosso principal rival, porra!
Ele está tão feliz como nós.
— Acho melhor você ir consolar seu tio — comento, levemente preocupado.
Os Dolphins vinham ganhando todos os últimos Super Bowls, então, imagino que deve ser
impactante ter um time que sempre perdia, acabar ganhando deles em uma reviravolta digna de
filme.
— Vou ter oportunidade para isso depois.
Nós nos afastamos, e assim que me viro em direção a área VIP, vejo minha família vindo
correndo em direção a mim.
Meus pais são os primeiros a me abraçarem, minha mãe quase me estrangulando enquanto
meu velho tira meu fôlego com as batidinhas fortes nas minhas costas.
— Vocês foram incríveis, filho. — Ele elogia e me puxa dos braços da Sra. Lawson para
me dar um abraço. — Sempre soube que esse ano vocês provariam o quanto são bons.
— Estou tão orgulhosa de você! — Minha mãe funga.
Olho de relance para ela e a vejo limpar as lágrimas do rosto.
— Obrigado, mãe e pai.
Dona Cora me abraça novamente.
Depois é a vez do meu irmão, minha cunhada e minha pequena pestinha, também
conhecida como sobrinha, me desejarem os parabéns. Eles me abraçam e dizem o quanto estão
orgulhosos de mim.
Quinn e Kendric são os próximos.
— Não satisfeito em vencer, você quebrou um recorde — minha irmã comenta, sem
esconder seu orgulho. — É mesmo meu irmão!
— Parabéns, cara!
— Obrigado!
Sorrio e procuro entre todos eles, a minha pessoa favorita.
Não é difícil de achar.
Todos os celulares estão apontados para Ocean, que está parada no gramado, a alguns
metros de distância. Quando nossos olhos se encontram e seu sorriso aponta em seus lábios,
retiro o capacete para que veja o meu.
Nesse instante, é como se existisse apenas ela.
A vontade que tenho de simplesmente gritar o quanto eu a amo, é gigantesca, assim como a
de girá-la no meu colo e mostrar a todos com um beijo de tirar meu próprio fôlego, que essa
mulher é minha.
Não seria péssimo, seria chocante.
Lembro perfeitamente do que ela disse.
E é exatamente por isso, que fico sem entender em um primeiro momento quando Ocean
faz um movimento positivo com a cabeça e corre até mim.
Tudo ao meu redor para definitivamente.
E eu acho que todos param para vê-la vindo até o meu encontro.
Meus braços são rápidos ao segurá-la quando ela pula no meu colo.
— Você pode realizar seu desejo ousado. — Sorri daquele modo sapeca apenas para mim.
Se antes o meu coração batia aceleradamente por conta da euforia de ter ganhado o Super
Bowl pela primeira vez, agora ele está prestes a infartar por entender exatamente o que a loirinha
no meu colo está dizendo.
Ela está me permitindo fazer uma coisa que não tem volta, e, porra... Isso é tudo o que
precisava para ter a minha resposta.
Sinto que toda a atenção está sobre nós, mas não me importo com ninguém, porque desde
sempre no meu mundo só existe Ocean, minha família e o futebol.
Sem dar tempo para pensamentos e arrependimentos, aproximo meu rosto do seu e fecho
os olhos quando grudo minha boca na sua. Escuto ofegos, gritarias, comemorações e até mesmo
uma música da minha loira ao fundo.
Porém, só presto atenção em seus lábios.
No movimento das nossas línguas em sintonia.
Do sorriso que ela deixa escapar enquanto minha boca devora a sua.
E com meu beijo, tento passar o único sentimento guardado dentro do meu peito por todos
esses anos:
Esse sou eu, pequena.
O homem que continuará colocando-a no topo só para vê-la brilhar como um diamante.

Se alguém me dissesse que eu teria Ocean Bailey, minha melhor amiga, sentada no meu
colo enquanto comemoramos a vitória com o time e a família de todos em um restaurante
privado de Denver, que reservamos apenas para isso, teria achado que a pessoa estava apenas
narrando um sonho impossível meu.
Mas aqui estamos nós.
A loirinha está no meu colo, enquanto sua mão faz um carinho singelo na minha nuca, e
somos alvos dos olhares de toda a nossa família.
— Vocês estão namorando? — tio Paul pergunta, olhando da filha para mim.
— É claro que estão, e ainda mantiveram em segredo! — Minha mãe não esconde o quanto
está chateada. — Por que não nos contaram?
— Não estamos namorando — Ocean esclarece e minhas sobrancelhas se arqueiam em sua
direção. — O que foi? Você não me pediu em namoro.
— Você acabou de me beijar na frente de mais de 70 mil pessoas, e provavelmente, mais
de um milhão está sabendo agora — a lembro, caso tenha se esquecido do grande detalhe. — A
internet deve estar um caos.
— Mesmo assim, você não me pediu em namoro. — Puxa os fios curtos do meu cabelo,
me fazendo sentir um arrepio em meio a dor. — Então não, não estamos namorando.
Meu pai solta uma risada e abraça o ombro de Paul.
— Nós sempre sonhamos com esses dois juntos, mas com o tempo, meio que perdemos a
fé que isso poderia acontecer — ele lembra e olha para a esposa. — Pare de drama, mulher! Eles
são adultos e iriam contar para nós na hora certa.
— Quem está fazendo drama? E quem acreditou nessa de que eles nunca ficariam juntos?
— minha mãe questiona. — Sempre foi óbvio para mim que esse dia chegaria, os dois só
precisavam acordar.
As bochechas de Ocean coram.
Dona Cora, como sempre, não consegue resistir, e vem até nós e nos aperta no meio dos
seus braços.
— Finalmente acordaram. — Beija a minha testa e depois a da sua filha favorita.
— A internet está mesmo uma loucura — Cole comenta, os olhos brilhando para a tela do
celular. — A maioria surtando que vocês estão juntos.
Minha amiga me olha e sorri.
— Tenho um lugar para levá-la antes de irmos para casa — digo, entrelaçando meus dedos
com os seus.
Ela franze a testa.
— Hoje?
— Já estava nos meus planos.
Mesmo desconfiada, a loira concorda.
— Independentemente de vocês estarem namorando ou não, sei que vão acabar ficando
juntos e isso conforta meu coração — Paul começa a falar, chamando a nossa atenção. — Eu
amo você, Chace, como se fosse meu filho. Te conheço desde pequeno e sei a relação que vocês
construíram. Minha filha não poderia estar mais segura com você.
— Obrigado, pai! — agradeço.
Quinn e Jaylen não escondem o quanto estão felizes por mim também. Só eles e Cole
sabem tanto que sonhei com esse momento. Então, é por isso que preciso adiantar logo o que
vem por aí...
— Vamos? — pergunto para Ocean e olho para minha família. — Desculpem, mas vou ter
que sequestrar minha futura namorada um pouco.
Meus pais dão risada enquanto me levanto com a mão entrelaçada à da minha cantora.
Eu quero ser sua jogada final (jogada final)
Eu quero ser sua primeira opção (primeira opção)
Eu quero ser sua número um (número um)
Eu quero ser sua jogada final, jogada final
END GAME – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Eu sou mesmo uma mulher emocionada.
Sou mesmo alguém que se joga nas emoções e que não se importa com os danos.
Mas quando se trata de Chace, tudo é diferente.
Até mesmo o que sinto por ele é peculiar.
É como se o sentimento de antes tivesse apenas ganhado uma força maior, à qual eu não
tenho controle e me faz cometer loucuras, como a de algumas horas atrás. Não que eu me
arrependa, foi o melhor beijo da minha vida.
Eu estava e estou feliz pelo meu amigo.
Na hora que desci as escadas e pisei no gramado, só conseguia ter olhos para ele. Fui
dominada pela vontade de correr para seus braços e beijá-lo, sem me importar com o caos que
isso causaria em nossas vidas.
Não foi apenas euforia.
Foi meu coração que gritou mais alto do que meus neurônios, me impedindo de pensar no
que me paralisava para fazer isso.
Agi com emoção porque sou dessa forma.
— Futura namorada, hum? — pergunto alguns minutos depois, já dentro do carro em
movimento.
Chace dirige para algum lugar que não quis me dizer.
Ele sorri e pega a minha mão, entrelaçando nossos dedos.
— Estamos quase chegando ao nosso destino.
Não me passa despercebido que ele desvia da minha óbvia pergunta sobre o namoro, e isso
só me dá mais certeza de que está tramando alguma coisa.
Estou animada.
O running back tem se provado o melhor no quesito de me surpreender. Então, o que será
que já estava planejado antes de beijá-lo na frente de todos? Estou curiosa!
Olho pela janela, tentando adivinhar aonde estamos indo.
Morei por muitos anos em Denver, e essa cidade continua sendo o lugar para onde venho
quando quero sair da agitação de Nova York, por isso conheço muitas ruas e bairros aqui.
Reconheço a avenida antiga que morávamos quando éramos adolescentes assim que Chace
entra nela.
— Lembra das nossas casas? — Ele desacelera um pouco quando nos aproximamos das
antigas casinhas onde moramos praticamente metade das nossas vidas.
Elas ainda permanecem com o mesmo modelo, apenas com cores diferentes. É impossível
não sorrir ao olhá-las lado a lado, exatamente como nós dois ainda somos.
Vivi tantos momentos com meu amigo nessas duas casas, que passaria ao menos 15 anos
para contar todos eles, mas em um resumo bem simplificado da minha parte, lembro de nós dois
correndo pelos quintais de nossas mães, da primeira vez que toquei violão para Chace, dos
choros implorando para meu pai ou para a sua mãe que nos deixassem dormir juntos em uma das
casas, das incontáveis vezes que burlamos todas as regras para permanecer juntos... Nunca me
dei conta, mas esse homem ao meu lado, é o único além do meu pai, capaz de despertar tanto
amor assim, e isso vem desde sempre.
— Lembro de tudo — respondo, sentindo meus olhos marejarem com as lembranças.
E também por perceber só agora o quanto perdi por não ter me permitido ver Chace como
o vejo agora.
Em uma análise bem deprimente, percebo que blindei meu coração para não acabar
perdendo o meu melhor amigo por uma paixão que poderia ser boba, mas me vi procurando em
todos os namorados que tive, o que tenho com esse homem ao meu lado. É por isso que nunca
deu certo, é por isso que eu me apaixonava, no entanto, nunca era o suficiente.
Ele parece estar tão pensativo e nostálgico quanto que eu, pois sem dizer uma palavra
sequer, segura a minha mão e a leva até os lábios.
Meu coração acelera.
Meu estômago sente borboletas.
Sinto minhas mãos trêmulas.
E uma lágrima solitária cai do meu olho quando Chace coloca a mão que está segurando
em seu coração.
— Chegamos, pequena!
Ele para o carro, e quase não acredito quando vejo o restaurante do outro lado da avenida
em que morávamos. Nós tínhamos o costume de frequentá-lo no passado.
— Lembra daqui também, né?
— É claro, por que me trouxe aqui?
Esse lugar foi o primeiro local que toquei quando tinha 14 anos. Lembro-me perfeitamente
de ter tido a certeza de que queria ser uma cantora quando recebi os aplausos dos clientes que
frequentavam o restaurante naquela noite.
— Soube que eles ainda têm música ao vivo. — Arqueia as sobrancelhas. — O que acha
de um dueto, como nos velhos tempos?
Prendo a risada, mas não deixo de ficar animada. Faz anos que eu não canto com esse
idiota. Ele tinha a mania de desviar dos meus convites porque dizia que não era páreo para mim.
— Vamos!
Ele sorri e sai do carro, dando a volta e abrindo a porta para eu sair.
Seguro sua mão quando já estou fora do veículo e assim que Chace o trava, caminhamos
para dentro do restaurante.
Não está lotado, tem algumas pessoas bebendo cerveja e comendo petiscos enquanto
conversam. Nada muito diferente de quando visitávamos aqui.
Sinto que alguns nos observam por mais tempo, e até demonstram surpresa,
provavelmente porque nos reconhecem e não imaginavam que poderíamos acabar vindo em um
estabelecimento simples como esse.
Eu gosto da simplicidade deste lugar, me lembra de casa.
Chace solta a minha mão e pega o microfone do suporte, virando-se para os clientes. Não
sei por que, mas me sinto mais envergonhada aqui na frente do que num estádio com 60 mil
pessoas me olhando em um show.
— Boa noite, pessoal! — Ele cumprimenta. — Trouxe minha futura namorada para
cantarmos um pouco aqui e nos divertimos, como nos velhos tempos. Se importariam de apenas
curtir a música conosco, sem fazer qualquer gravação?
Noto que uma mulher no fundo já estava pegando o celular, e assim que ouviu as palavras
de Chace, voltou a guardá-lo na bolsa.
— Obrigado pela compreensão!
Ele me entrega um microfone.
De longe, vejo o mesmo senhor que administrava o restaurante quando frequentávamos
aqui, abanar para nós, não parecendo surpreso ao nos ver hoje.
Tenho certeza de que meu amigo o contatou.
Mas o que meu grandão quer com tudo isso além de nos divertirmos em uma espécie de
karaokê na frente de toda essa gente?
Bem... acho que terei que pagar para ver.
Seguro firme o microfone e encaro Chace.
— Você continua dizendo isso — falo, referindo-me ao “futura namorada”.
Ele pisca para mim e seleciona uma música antiga do gênero country para cantarmos.
Todos se animam e batem palmas, satisfeitos com a escolha. E eles podem não saber, mas
a canção não é qualquer uma, e sim a que cantávamos aqui quando queríamos nos divertir e
divertir o pessoal.
Sorrio quando Chace começa a cantar os primeiros versos, fingido uma marra e forçando
sua voz a sair mais rouca, quase me arrancando uma risada.
Os clientes começam um coro de aplausos junto com a música, e assim que começo a
cantar as próximas estrofes, ele se intensifica.
É uma canção romântica e divertida, que me faz sorrir e me traz lembranças da minha vida
com Chace.
Quando éramos pequenos e o fiz ser meu noivo em uma brincadeira.
Quando fomos brincar no parque escondidos e levamos uma bronca da nossa família.
Quando ele me protegia de todo idiota que aparecia na minha frente, seja para se divertir
com a minha cara ou apenas me ofender. O loiro sempre deu um jeito de afastá-los de mim.
Observo esse mesmo cara se divertir enquanto canta, animando o público depois de ter
feito um excelente jogo hoje. Trazendo-me para fazer parte desse sonho, especialmente dessa
comemoração dele.
Vendo-o aqui, feliz, sendo ele mesmo, com seu jeito leve e divertido de viver a vida,
percebo o quanto o amo. E é ainda mais forte e intenso do que antes, tão potente que me deixou
confusa quando notei os sentimentos mudando gradualmente.
A música para e agradeço em pensamentos por isso, pois estou um pouco presa no
mecanismo desse homem à minha frente, e praticamente não consigo me concentrar em nada.
Tudo piora quando Chace segura a minha mão, pega nossos microfones, e os guarda, mas
continua parado comigo aqui, na frente de todo mundo.
— Sou apaixonado por você, pequena — ele confessa diante de todos. Meu coração volta a
acelerar e os dedos de suas mãos se entrelaçam aos meus. — E isso já faz um tempo, mas sempre
fui bom em disfarçar meus sentimentos, então, não se sinta culpada por não ter percebido antes.
Ele me conhece direitinho.
— Chame de pico de coragem ou de um homem que simplesmente deixou de ser idiota,
não sei, chame de qualquer coisa o fato de eu ter tomado coragem para conquistar o seu coração,
mesmo quando tenho tanto medo de perder você — diz, um pouco sem graça quando o público
que nos assiste solta um coro de “Own”. — Simplesmente sei que não aguentaria mais vê-la com
outro cara que não fosse eu.
“Não aguentaria vê-la chorando por outro, quando eu sempre estive aqui para amá-la da
forma certa.”
É isso que seus lábios se movem apenas para eu ouvir.
— Arrisquei a nossa amizade para conquistar o seu coração, e essa não foi uma decisão
fácil, porque tudo o que conseguia pensar era que se em 27 anos você não me enxergou com
outros olhos, o que eu faria para que começasse a me ver a partir de agora? — Ele parece tenso, e
então acaricio seu polegar, o acalmando. — Precisei de muita coragem para usar as minhas artes
de sedução apenas para você.
Um grande gênio.
É isso que ele é.
— Você pediu parar sermos sempre honestos e aqui estou eu, pequena. Não conseguiria
guardar isso por mais tempo dentro do meu coração — fala com tanta sinceridade, que sinto sua
angústia em mim. — Eu amo você e te quero para sempre comigo na minha vida. Não preciso da
sua resposta agora, não preciso que diga como se sente, só preciso que...
Solto uma das minhas mãos e calo sua boca com ela.
— Quem disse que não precisa? — Sorrio em meio às lágrimas que sinto rolarem nos meus
olhos. Consigo notar o quanto ele está com medo de que eu não sinta o mesmo por ele. —
Responda-me, como eu ousaria deixá-lo sem uma resposta depois de tudo o que você fez para
mim nesses últimos meses?
Noto sua confusão e explico:
— Antes, você costumava ser a pessoa mais importante da minha vida, mas em algum
momento, você se tornou ela, brilhante a cada dia que passava, intenso a ponto de me tirar o
fôlego, carinhoso de um jeito que me deixava confusa, e excêntrico de um jeito que nunca quis
por limites, porque tudo o que estava fazendo, era me conquistando a cada dia.
Chace sorri.
— Não sei responder o exato momento em que me apaixonei por você, mas sei dizer que
esse sentimento não me assustou em nada, porque meu coração sempre foi seu, Lawson —
admito. — Estar apaixonada por você é como encontrar um tesouro escondido, em que cada
momento juntos, é uma preciosidade a ser guardada. É como encontrar um refúgio seguro, onde
posso ser eu mesma, sem qualquer medo ou reserva. Estar apaixonado por você, é como a dança
ao som suave que dançamos quando você resolveu retirar os móveis da sua sala para termos
espaço, a música é uma melodia eterna, uma canção que só faz sentido quando estamos juntos.
O rosto do grandão fica vermelho ao ouvir os aplausos das pessoas nos assistindo.
— Você sempre foi melhor com as palavras do que eu — murmura, me fazendo sorrir.
Ele chega mais perto de mim e segura meu rosto.
— Não sabe quanto tempo quis ouvir palavras algo assim saindo da sua boca.
— Quanto tempo? — pergunto, pois estou muito curiosa.
— Desde quando tínhamos 15 anos.
Meu amigo percebe o quanto sua resposta me choca e ri fraco.
— 12 anos?
— Que você me deixou na friendzone? Sim, pequena.
Ao mesmo tempo em que me compadeço pelo seu rostinho triste, tenho vontade de rir
porque sei que ele está sendo o dramático de sempre.
— Sinto muito. — Essas palavras vêm do meu coração. — Demorei muito tempo para
enxergar você.
— Eu posso esquecer de todos esses anos se aceitar a namorar comigo, Ocean Bailey.
Semicerro os olhos em sua direção.
— Está me chantageando?
Ele nega.
— Estou te pedindo em namoro.
Um coro de “aceita, aceita” surge no restaurante, lembrando-me que estamos sendo
observados.
Solto uma risada e assinto, provocando o sorriso mais brilhante que já vi nos lábios de
Chace Lawson.
— Não seria tão louca assim de recusar — admito.
Ainda segurando meu rosto, meu, agora namorado, abaixa a cabeça até ficar próximo da
minha e me beija na frente de todos, que comemoram assim que aprofundamos o beijo.
Meu corpo todo vibra e meu coração parece expulsar um grande peso enquanto nos
beijamos, tudo porque agora sinto desde o início, que estou com a pessoa certa.
Estou com o único homem capaz de me amar da forma que mereço e sempre sonhei.
O único que fez de tudo para conquistar meu coração.
Apesar de ter levado um tempo, sei que o destino tomou a melhor decisão ao nos colocar
juntos agora e não antes.
Há coisas que não controlamos e há aprendizados que precisamos viver, então, não ficarei
me lamentando por não ter notado o homem incrível que sempre esteve ao meu lado, porque sim,
eu sempre o achei incrível e sempre disse que a mulher que tivesse seu coração, seria uma grande
sortuda.
O tempo passou e não me arrependo dele, pois cada um dos nossos anos juntos, contribui
para que eu estivesse aqui, perdidamente apaixonada por ele.
E é nova, a forma do seu corpo
É triste, a sensação que eu tenho
E isso é ooh, uau, oh
É um verão cruel
CRUEL SUMMER – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Pensei que acordaria hoje com inúmeros beijos pelo meu rosto, mas acabo acordando com
gritos surtados de uma pessoinha que estou ignorando desde ontem, e recebendo travesseiradas
na cara.
— Caralho, Edina! — resmungo, me esquivando do travesseiro que voa em minha direção.
Do outro lado do quarto, vejo Quinn rindo.
— Foi você que abriu a porta para essa louca?
— Amo vocês e não perderia o surto da nossa amiga por nada.
Olho para o espaço ao meu lado vazio na cama e estranho por alguns segundos, até me
situar onde estou e que dia é hoje.
Segunda-feira.
Dia de podcast.
— Chace está gravando? — pergunto.
— Sim, ele está no escritório do papai — Quinn responde.
Minha RP suspira, chamando a minha atenção.
— Que ideia maluca foi essa de beijar Chace na frente de todos? Sabe quantas ligações
estou recebendo neste momento? Não se fala mais em outra coisa, e todos querem arrancar uma
informação oficial.
— Pois dê a eles, amiga. Solte uma nota dizendo que estou namorando o meu melhor
amigo e que nunca me senti tão completa em toda a minha vida.
Volto a me jogar na cama com os braços abertos, sorrindo para o teto, como a boba
apaixonada que sou.
— Desde quando? — Edina se senta na cama. — Meu Deus! Acho que não aguento mais
trabalhar com você. São sempre fortes emoções!
Sento-me ao seu lado e Quinn se junta a nós.
— Deixa de ser exagerada. — Peço. — Não está feliz pela sua melhor amiga?
— Não me entenda mal, mas um dia você diz que é amizade colorida, e no outro está
oficializando um namoro com ele. — Como alguém pode ser tão exagerada assim? Nem foi de
um dia para o outro. — Mas estou feliz por você, de verdade.
Sorrio e abraço-a.
— Então é só isso que importa.
Edina volta a suspirar, mas dessa vez, parece mais convencida.
— O que escrevo nas notas? — Se dá por vencida.
— Diga que Chace sempre esteve comigo em todos os momentos e que percebemos que
também somos bons como amantes, e não só como amigos. Estamos nos divertindo muito nesse
processo de estar apaixonados quando já nos amamos tanto.
Ela assente.
— Não precisa de tantos detalhes, o resto, meus fãs descobrem nas músicas.
Quinn ri.
— E como foi ontem? Aonde ele a levou?
— Lembra do restaurante que costumávamos ir quando éramos mais jovens para cantar,
comer e nos divertir? — Ela assente. — Chace me levou até lá. Nós cantamos um pouco e depois
ele se declarou na frente de todas aquelas pessoas.
— O quê? E se um vídeo seu sair por aí? — Edina volta a se preocupar.
Tanto eu quanto minha amiga ao seu lado rimos.
— Chace pediu para que eles não gravassem, e se algum deles acabar falando por dinheiro,
tudo bem, não é como se eu e meu namorado estivéssemos cometendo um crime.
— Namorado, hum? — A atriz arqueia as sobrancelhas. — Tenho certeza de que agora
meu irmão só quer ouvir essa palavra saindo dos seus lábios.
Ela não está errada.
Ontem, o idiota me fez repetir isso umas cinco vezes antes de dormirmos.
E eu nem consegui ficar brava com ele.
— Chace vai ao show em Paris neste final de semana? Só para eu me preparar e talvez
soltar isso para a imprensa — minha amiga pergunta.
— Vai. Agora ele é um homem que está de férias, é provável que me acompanhe em quase
todas as datas — respondo, baseado no que conheço dele.
— Ok. — Ela sorri. — Não te via feliz assim há muito tempo. Vou me lembrar de
agradecer ao Chace mais tarde.
— Por falar no meu irmão, logo ele vai aparecer por aqui — Quinn comenta. — Por que
não esperamos lá embaixo? Ocean, você deveria descer para tomar café.
— Farei isso em breve.
— Estou feliz por vocês dois, amiga. — A loira se aproxima e beija a minha testa. —
Desejei muito que esse dia acontecesse.
— Foram longos 12 anos.
— Agora que já sabe o tempo, posso dizer: não entra na minha cabeça você nunca ter
percebido que ele já era apaixonado por você — ela provoca. — Sempre foi tão óbvio.
Edina faz uma careta, prestes a discordar.
— Eles sempre viviam grudados e se amando, como queria que ela desconfiasse? Nem eu
desconfiava.
— Obrigada por me entender, amiga!
— O ciúme que ele sentia pelos namorados — a atriz diz, como se explicasse tudo. —
Chace era bom em disfarçar muitas coisas, mas o ciúme não era uma delas.
Lembro das suas reações quando apresentava um namorado e como ele fazia questão de
não estar presente no mesmo ambiente comigo e com o cara. Agora, parece mesmo óbvio, mas
antes, achava que era apenas ciúmes de amigo.
— Percebeu, né? — ela ri e pega na mão da minha RP. — Estamos te esperando lá
embaixo.
Elas saem do quarto em um piscar de olhos.
Pego meu celular na mesa de cabeceira e vou em busca do que estão falando sobre mim e
Chace na internet.
As primeiras postagens que vejo são dos meus fãs, a maioria deles parecem felizes com o
nosso vídeo nos beijando ontem no jogo. Tem surtos por todas as partes, afinal, muita gente
sempre torceu para que ficássemos juntos.
Olhando bem agora, vejo que meus fãs enxergavam até melhor do que eu em relação ao
Chace.
Como pude ser tão... lerda? Chega a ser inacreditável.
Mas que bom que acordei a tempo.
Agora, eu acordo ao lado desse homem, o único possível para o meu coração, meu porto
seguro e meu recomeço.
Ele não é mais apenas meu melhor amigo, Chace Lawson é também o meu namorado.
Rolo o feed do Instagram e paro em um vídeo postado há poucos segundos do episódio do
podcast de hoje.
— Precisamos falar sobre isso, cara, afinal, o mundo todo está comentando. — Cole dá
início, ansioso para explanar a fofoca, como sempre. — Você não ganhou só um Super Bowl com
seu time ontem, nem foi só mais um recorde em sua carreira. Chace Lawson também ganhou a
mulher dos seus sonhos.
Meu namorado solta uma risada fraca e noto pelas orelhas vermelhas, que ele está
pensando o que responder.
— Sou um cara sortudo — ele fala, todo misterioso.
— Como isso aconteceu? Você sabia que ela se jogaria em seus braços? Foi um beijo que
me lembrou os filmes da Disney.
Até eu dou risada do idiota do Fisher.
— Sei que muitos estão curiosos, então, deixe-me contar uma pequena história. — Meu
coração acelera com o suspense dele. — Sempre fomos melhores amigos, mas desde muito
tempo, gosto dela mais do que apenas uma relação de amizade. O resto fica por conta da
imaginação de vocês.
Cole sorri com sua resposta.
— Eu tinha um pequeno desejo para aquele final do Super Bowl quando fôssemos
anunciados ganhadores, mas sabia que era ousado demais beijar minha amiga.
— Então ela sabia sobre essa vontade? — o apresentador questiona.
Meu grandão assente.
— E foi no gramado que ela me deu permissão para que isso acontecesse.
— Gosto da forma como vocês não estão escondendo nada.
— Os fãs são pessoas importantes na vida da Ocean, e eles se preocupam com ela quase
da mesma forma que devem se preocupar com parentes — ele diz, provocando um sorriso meu.
— O que quero dizer é que não há nada para se manter secreto. Manteremos a nossa
privacidade, como sempre, porque há uma grande diferença entre essas duas palavras. Estamos
nessa a indústria há muito tempo para já sabermos o que deve ou não ser mostrado.
O vídeo acaba, e bem nesse momento, Chace entra no quarto, com o mesmo moletom do
podcast.
Quando ele percebe que estou acordada, sorri em minha direção e se aproxima.
Deixo o celular na mesinha de cabeceira e pulo em seu colo assim que ele se senta ao meu
lado.
— Bom dia, pequena! — Beija a minha bochecha para depois deixar um selinho nos meus
lábios.
— Bom dia! — Sorrio. — Eu vi um pouco do podcast.
— Falei alguma coisa errada?
Nego com a cabeça.
— Você foi incrível. — Não precisou esconder nada e se manteve confortável enquanto
falava sobre mim. — Edina vai soltar uma nota para a imprensa sobre o nosso relacionamento.
Ele procura minha mão e entrelaça nossos dedos.
— Quer dizer que todos vão saber que você é oficialmente minha?
Chace não consegue esconder o quanto se anima com essa ideia.
— Vai. — Toco meu nariz com o seu. — Mas agora, quero um beijo de verdade do meu
namorado.
O loiro sorri antes de capturar meus lábios com os seus.
Nossos movimentos são lentos, e agora posso dizer tranquilamente, que até são
apaixonantes. Não temos nenhuma pressa e curtimos nosso momento a sós, em um dia que
passaremos inteiramente com a família.
Gosto da familiaridade que isso traz.
É como se tivesse encontrado o meu caminho para casa depois de ficar tantos anos perdida.
— Agora que estamos namorando, como vai ser? — pergunto quando separo nossos
lábios.
O running back me encara sem entender e antes que eu consiga explicar do que estou
falando, ele toma a frente:
— Se é isso que quer saber, nada entre nós vai mudar, pequena — responde, colocando
uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. — Eu ainda sou o seu melhor amigo, seu confidente.
Eu ainda sou o Chace que você conhece há 27 anos. A única diferença é que agora você é só
minha.
Agarro as cordinhas do seu moletom e o puxo para mais perto de mim.
— E você é só meu.
Chace sorri.
— Esse é um trato que sempre sonhei em fechar com você.
Nos beijamos mais uma vez.
E outra.
Nos beijamos até ficarmos totalmente sem fôlego.
Diga meu nome e tudo simplesmente para
Eu não quero você como um melhor amigo
Só comprei este vestido para que você pudesse tirá-lo
Tirá-lo
DRESS – TAYLOR SWIFT
CHACE LAWSON
Primeiro show de Ocean que vou como seu namorado.
É normal estar um pouco nervoso? Porque juro que estou.
Na tenda VIP da pista premium está o pai dela e Edina, como sempre. Eles conversam
sobre alguma coisa, mas tudo o que consigo olhar é para o relógio no palco diminuindo a cada
segundo para o início do show dela.
Já senti que fui filmado tantas vezes, que até parei de contar.
— Nervoso, garoto? É o que parece — Paul pergunta, colocando o braço sobre meus
ombros.
— Há muito tempo quis estar aqui como o namorado, e não apenas como o melhor amigo
— confesso para o meu sogro. Caralho! Agora Paul Bailey é oficialmente meu sogro. — Por
mais que seja o mesmo show que ela está fazendo desde o ano passado, hoje é diferente para
mim.
— Sempre tive um sexto sentido de que você escondia algo em seu coração quando se
tratava da minha filha — ele conta. Parece que todos tinham uma ideia dos meus sentimentos,
menos a doida da Ocean. — Sei que o coração dela está seguro com você.
— Prometo fazê-la sempre feliz, pai.
— Contanto que os dois sejam felizes, então eu estarei da mesma forma — diz e aponta
para o palco. — O show vai começar.
Olho para frente no mesmo momento em que o relógio zera.
Os dançarinos fazem a abertura antes de ela surgir no palco, linda e gostosa como sempre,
usando um novo estilo de roupa para abertura do show. É uma saia minúscula vermelha que
mostra quase toda a sua bunda, que até pode estar tapada com uma parte de baixo como se fosse
um body, mesmo assim, deixa muito pouco para a imaginação. Na parte de cima, ela usa um top
preto, e nos pés, as botas brilhosas da mesma cor.
Respiro bem fundo antes de tentar curtir o show, sem acabar tendo uma ereção ao lado do
meu sogro.
Porra!
Essa mulher ainda vai me matar.
E sei que é tudo de propósito quando Ocean olha para mim lá do palco e rebola até o chão.
Ela vai me matar!
E seu pai está bem aqui, ao meu lado!
Sinto que ou ele finge não saber ou é mesmo inocente.
Está mais para a primeira opção, pelo que o conheço.
Passo as próximas horas aproveitando a apresentação, sorrindo como um bobo quando o
olhar da cantora encontra com o meu, e me sentindo envergonhado quando ela simplesmente
aponta para mim em alguns versos das músicas, sem se envergonhar de nada.
Atrevida.
Droga.
Eu a amo demais.
Nem acredito que consegui a mulher dos meus sonhos para mim. Tudo isso ainda parece
fruto da minha imaginação.
Quando chega perto do final do show, Ocean sempre faz um acústico de uma de suas
músicas antes de iniciar as canções finais do evento. Ela se veste com um longo vestido azul
brilhoso e carrega o violão branco até ficar no meio da passarela do palco.
— É a hora do set acústico, pessoal! — Ela grita no microfone, fazendo a alegria dos fãs.
— Bem... — Começa a tocar uma melodia suave no violão enquanto mantém o sorriso lindo nos
lábios. — Sabem o quanto gosto de me comunicar através das músicas, né? Todos vocês têm
sido tão receptíveis e amorosos nessa turnê comigo, que tem sido um sonho poder levá-la cada
vez mais longe.
O público grita em resposta.
— Essa hora do set acústico, é o momento em que sinto que estamos mais conectados,
porque vocês sempre acabam fazendo um dueto comigo nas minhas músicas — comenta, rindo
da reação deles. — Então, espero que me perdoem por cantar uma música inédita hoje. Não é
que eu não queira que vocês participem, pelo contrário, se puderem levantar suas pulseiras, serei
eternamente grata, porque dependo de vocês para tonar esse momento ainda mais lindo.
Música inédita?
Ela está prestes a lançar um álbum?
Olho para Paul, mas ele parece estar confuso também.
— O que minha filha está aprontando, Edina? — ele questiona.
— Você devia saber que ela ama nos surpreender — a publicitária diz. — Ocean está
apenas sendo ela mesma.
Volto minha atenção ao palco, encontrando o olhar da minha pequena em mim.
Quando sua voz sai através do microfone, entendo o que ela quer dizer com a canção ser
inédita, e fazer esse momento ser mais lindo.
Deixe-me contar uma história onde
Noites de risos, aventuras sem fins, lado a lado se tornaram
O refúgio de uma pequena garotinha
Eles sempre foram melhores amigos
Ela sempre enfrentou amores que só a machucaram
Sinto o braço de Paul voltar a me abraçar de lado enquanto tento esconder a emoção que
essa letra começa a me causar.
Cicatrizes do passado, marcas da desilusão,
No fundo do peito, pulsava uma invisível paixão
Ele sempre esteve lá, um amigo fiel
Ela agora vê, é nele que encontra o céu

Porque quando ele a abraça, ela sente o calor do lar


É como se o mundo desacelerasse e tudo ficasse no lugar
Seus braços são os refúgios que ela sempre procurou
E neles encontra a paz que em outros lugares nunca encontrou

Ele a viu chorar por amores que se foram


Ele a curou no momento que seus lábios tocaram os dela naquela noite de Ano-Novo
Ele a admirava em segredo
Mas naquela noite foi a hora de revelar o que seu coração guardava

Cicatrizes do passado, marcas da desilusão,


No fundo do peito, pulsava uma invisível paixão
Ele sempre esteve lá, um amigo fiel
Ela agora vê, é nele que encontra o céu
Porque quando ele a abraça, ela sente o calor do lar
É como se o mundo desacelerasse e tudo ficasse no lugar
Seus braços são os refúgios que ela sempre procurou
E neles encontra a paz que em outros lugares nunca encontrou

Não consigo evitar que algumas lágrimas caiam pelo meu rosto, não quando ela está me
olhando com seus olhinhos azuis brilhantes em minha direção.
Que bom que ela acordou a tempo
Agora eu acordo ao lado do meu único,
Estou pronta para segurar sua mão, ser seu abrigo,
Porque agora ele vê em mim o que sempre esteve consigo

Porque quando ele a abraça, ela sente o calor do lar


É como se o mundo desacelerasse e tudo ficasse no lugar
Seus braços são os refúgios que ela sempre procurou
E neles encontra a paz que em outros lugares nunca encontrou

Então aqui estamos,


prontos para começar um novo capítulo da nossa história.
Ele olha nos seus olhos e diz: você é minha melhor amiga
Então você vê a verdade,
Estamos prontos para a eternidade.
Todos aplaudem, alguns gravam minha reação porque sabem que obviamente essa canção
é para mim, e tudo o que consigo é mover meus lábios em um “Eu te amo” para a cantora no
palco.
Ela acabou de me desestabilizar por inteiro.
Nunca esperaria algo assim. Nunca.
Porra!
Meu coração está em chamas.
— Essa música... — Ela solta uma risada com a gritaria do público. — Que bom que vocês
gostaram!
Seus fãs batem palmas e continuam a gritar.
— Ela se chama Eternal, e estará disponível a partir da meia-noite.
É o que a safada grita antes de desaparecer no elevador do palco que a suga para baixo,
pronta para começar a última parte de setlist do show.
E eu? Bem... Tento de me recuperar de algo que dificilmente irei conseguir.

Entro no camarim de Ocean e tranco a porta.


Ela ainda está usando o body verde que me deixa maluco e as botas de salto altos, que com
certeza a deixam 15 centímetros mais alta.
Tão linda e tão minha, que me deixa ainda mais apaixonado.
Ela se vira assim que sente a minha presença e sorri, vindo ao meu encontro e me
abraçando apertado.
— Como foi o show hoje? — pergunta em seu modo provocador, escondendo o rosto no
vão do meu pescoço. — Gostou da minha surpresa?
— Você quase me matou do coração. — Sou sincero. — Em todos os sentidos, pequena.
Precisava dançar tão sensualmente naquele palco?
— Fiz uma música romântica para você e só notou a minha dança sensual? — Ela bate no
meu peito. — Sem-vergonha!
Dou risada e seguro seu rostinho fofo e safado ao mesmo tempo.
— Não me viu chorando o suficiente naquela tenda? — pergunto e aproximo mais nossos
rostos. — Meus olhos inchados não dizem nada sobre como me senti? Porra, pequena... Eu amo
você pra caralho.
Ela sorri com as minhas palavras baixas no meio da declaração, e aproxima os dedos dos
meus olhos, limpando os cantinhos deles.
— Eu também. Muito. Muito e muito.
— Nunca vou me esquecer do show de hoje — digo a verdade. — Independente de
qualquer outro, ele sempre vai ser o meu favorito.
— Droga! Nem se eu tentar me superar nos próximos?
Nego.
— Foi a primeira vez que estive aqui como seu namorado, e ainda ganhei uma música
linda, que estará no modo repeat assim que estiver disponível. — Beijo o cantinho de seus
lábios. — Obrigado por me aceitar no seu coração. Prometo que sempre estará segura comigo!
— Eu sei, bobo. — Quase cola sua boca à minha. — Agora, por que você não me beija?
Estou com saudade.
Os olhos dela me dizem tudo o que preciso saber: um convite silencioso para explorarmos
juntos territórios desconhecidos.
Sorrio e agarro sua nuca, fazendo exatamente o que me pediu.
Nossas bocas se encontram nesse mesmo encaixe perfeito de sempre, que transcende
qualquer beijo anterior. O toque das nossas línguas é calmo no início, como se precisássemos
gravar sempre cada movimento em nossa memória.
Aperto o corpo de Ocean contra mim, aprofundando o beijo e deixando que a paixão nos
consuma por completo. Minhas mãos encontram o rosto dela e acariciam sua pele enquanto o
beijo se torna mais ardente.
Cada um dos suspiros trocados, cada movimento, tudo isso, é uma extensão silenciosa do
nosso amor.
A loirinha move suas mãos da minha cintura até o meu pescoço e chupa minha língua,
fazendo-me ofegar. Deslizo meus dedos pelo seu corpo dentro do body, sentindo meu pau
endurecer sem pudor algum ao sentir a cintura marcante e a bunda durinha.
Não resisto e a aperto, arrancando um gemido dela.
Desço minha boca pelo seu pescoço, beijando sua pele até chegar em seu ouvido.
— Sempre quis te foder nesse camarim — confesso um dos meus pensamentos mais
perversos referente à essa mulher. — Com essas botas e com você se contorcendo de prazer
sobre elas.
Ela me encara com tanto desejo, que meu pau pulsa dentro da calça.
— O que está esperando para fazer isso?
Porra!
Eu amo isso nela.
Amo o tesão que cada vez mais ela sente por mim.
Amo que nunca cansamos um do outro, nem mesmo quando já passamos toda a nossas
vidas juntas.
— Lembre-se que foi você quem pediu, pequena.
Quase não consigo me conter quando a viro de costas em busca do zíper do seu body. Não
perco meu tempo quando o acho e abro aquela maldita peça de roupa, sentindo meu coração
acelerado e meu pau doendo de desejo de se enfiar logo nela.
Não posso ir devagar porque qualquer um pode chamar Ocean a qualquer momento.
Por isso sou rápido ao deslizar a roupa pelo seu corpo enquanto beijo suas costas, cada vez
mais, até chegar à sua bunda perfeita e me ajoelhar de frente a ela. Puxo de vez a peça verde do
seu corpo, deixando-a caída nos pés de Ocean.
Ainda tem essa meia-calça transparente e brilhosa que não esconde nada, pelo contrário, só
mostra o quanto as pernas dela são lindas. Porra! A tiro também, sem me importar por deixá-la
no chão, amontoada com o body.
Consigo ouvir a respiração descompassada da minha mulher daqui do chão, ajoelhado de
frente para a sua bunda. Posso sentir o cheiro da sua boceta extremamente molhada, necessitada
pelo meu toque.
Tudo me deixa maluco.
Seguro firmemente as pernas dela e a faço virar para mim. A loirinha me olha cheia de
expectativas enquanto abro suas pernas e a coloco sentada na cadeira, que provavelmente ela fica
para a maquiarem.
— Chace.
Ela ofega quando sem aviso algum, avanço em sua vagina, lambendo suas dobras até
chegar no clitóris duro. Brinco com minha língua, arrancando gemidos abafados de Ocean, que
quando a olho, vejo que está com a mão sobre a boca para que ninguém a escute.
Seus olhos se reviram conforme a minha língua faz o mesmo sobre seu nervinho. Bebo do
seu líquido, trabalhando o máximo que consigo em pouco tempo para dar prazer à minha mulher.
A outra mão da loira vai parar no meu cabelo e então puxa os fios, fazendo mais pressão na
minha cabeça contra a sua boceta. Ela ama quando eu a chupo, e isso não é novidade para mim.
Sei exatamente aonde ir, quais movimentos que a deixam maluca, e como deixá-la pronta para só
sentir prazer com o meu pau.
Paro de chupá-la quando sinto que ela está muito perto de gozar, então, em um movimento
rápido, levo minhas mãos para o zíper da minha calça e o abro com um pouco de dificuldade por
conta da ereção.
Abaixo a peça de roupa juntamente com a minha cueca.
— Levante-se, pequena. — Mando, observando-a fazer exatamente isso. — Agora, se vire
de costas para mim.
Faz anos que eu sonho em transar nessa posição com Ocean.
Anos que eu quero pegá-la nesse camarim.
Porra!
Agora ela é só minha para eu fazer isso.
Minha mulher se vira de costas sem dizer uma palavra, demonstrando com uma olhada
intensa em minha direção, o quanto está ansiosa para o que iremos fazer.
Colo meu corpo ao dela e aspiro seu cheiro pela nuca, sentindo o perfume viciante que só a
minha loira tem. Suave e doce.
Jogo seu cabelo para o lado e beijo seu ombro nu, colando meu quadril ao dela, deixando
que sinta o quanto estou excitado. Ocean arfa ao mesmo tempo em que suas pálpebras
estremecem.
— Por favor, Chace. — Pede, quase implorando.
Deslizo minha mão pelo seu corpo até chegar entre suas pernas e separo-as delicadamente.
— Empina essa bunda para mim, gostosa.
Ela faz exatamente o que peço.
E não há visão melhor do que ver a mulher que sempre desejei, que sempre amei, com as
botas de salto alto, nua e completamente empinada para mim, tão pronta para me receber, que
vejo seu líquido escorrendo pelas coxas.
Inferno de visão que nunca sairá da minha cabeça.
Encaixo meu pau em sua entrada ao mesmo tempo em que coloco minhas mãos em seus
quadris. Fecho os olhos e abraço a sensação inexplicável de entrar dentro dela nessa posição.
Sua boceta me aperta a ponto de querer me expulsar, mas vou firme, enfiando até o talo.
— Chace! — A loirinha abafa o grito. — Porra!
— Caralho, Ocean. — Gemo, mordendo o lóbulo da sua orelha e metendo forte nela. —
Você foi feita para mim, percebe? É só minha agora, entendeu?
Consigo ver o vislumbre de seu sorriso antes de continuar as estocadas nela.
Ocean gosta de uma pegada mais firme e gosta quando falo dessa forma, mas quero que
saiba que não são palavras jogadas da boca para fora por causa do tesão. Ela agora é minha.
Minha namorada.
Minha mulher.
Meu amuleto.
E eu sou dela por completo desde que meu coração reconheceu que era incondicionalmente
apaixonado por essa mulher.
Beijo-a no ombro e passo a língua pelo seu pescoço antes de chupá-la. Não consigo parar
um segundo de sair e entrar nela, tomado pelo prazer, louco pelos nossos gemidos, que deixam o
ambiente mais denso.
Entrar em um camarim com Ocean Bailey nunca mais será a mesma coisa.
— Sei que você está perto, pequena — murmuro em seu ouvido, descendo a mão até seu
clitóris e beliscando-o.
Ela fecha os olhos e morde a boca para conter os gemidos mais altos.
— Estou quase...
— Eu também, pequena.
Esfrego meus dedos em seu clitóris com mais rapidez e aumento minhas investidas nela,
sentindo todo meu corpo enfraquecer alguns segundos depois e explodir em um orgasmo com
Ocean dentro do seu camarim.
Nós dois respiramos fundo, buscando um ar que foi roubado enquanto fodíamos como dois
animais apaixonados dentro desse lugar.
— Essa... foi a loucura mais incrível que já fiz — minha mulher admite e eu sorrio.
Viro seu rosto para mim e a beijo em resposta.
Agora, mais calmo e mais romântico do que a última vez.
Eu achava que o amor seria (preto e branco)
Mas é dourado (dourado)
E eu ainda posso ver tudo (em minha mente)
Indo e vindo de Nova York (escondendo na sua cama)
Eu achava que o amor seria (vermelho ardente)
Mas é dourado
DAYLIGHT – TAYLOR SWIFT
OCEAN BAILEY
Todo ano acontece a premiação mais importante do mundo da música: o Grammy Awards,
que, se for comparado com o mundo do futebol americano, é quase como um Super Bowl para os
indicados.
Eu já conquistei duas vezes o Grammy como álbum do ano, e duas como melhor álbum
pop, e três vezes como a melhor música. Contabilizando, tenho ao todo sete Grammys, mas isso
não significa que estou menos nervosa para a premiação deste ano.
Ela acontece em Los Angeles, no mesmo lugar de sempre, o Staples Center, e pela
primeira vez na minha vida, tenho o meu namorado ao meu lado para me acompanhar neste
evento tão importante para mim.
Quase não consegui acreditar quando na semana passada, Chace disse que viria por mim.
Isso porque, namorado algum que tive, ousou pisar em um evento 100% filmado para me prestar
apoio, e isso era o que mais me machucava. Claro que, nas premiações anteriores, meu jogador
me acompanhava sempre que podia, mas era como meu amigo, e dessa vez ele está como meu
namorado, e não tem como não ficar feliz com isso. Além dele, Edina e Quinn também sempre
se faziam presentes nesses eventos.
Imagina ganhar um prêmio tão importante e não ter aquele namorado para comemorar no
final da noite? Isso sempre me machucou, mas agora… eu tenho alguém, e, por ironia do destino,
esse sempre foi o cara que eu ligava quando ele não podia comparecer a alguma premiação
comigo, mas que sempre arrumava uma forma de comemorarmos juntos quando eu ganhava
algum prêmio importante como este, independentemente de estarmos namorando ou não.
Acho que no fundo, meu coração sempre soube que Chace era o cara certo, só levou um
tempo para que ele pudesse me mostrar isso.
— Está nervosa, pequena? — o grandão pergunta, sentado ao meu lado.
Estamos parados dentro do carro enquanto esperamos o sinal para descer e passar pelo
tapete vermelho para entrar na premiação.
— Um pouco. — Não é mentira.
— Já deveria estar acostumada a ganhar todas essas categorias — ele brinca e segura
minha mão, apertando-a três vezes antes de sorrir para mim. — É a primeira vez que vamos
passar por um tapete vermelho juntos.
É a primeira vez que assumirei um namoro dessa forma.
Meu coração sempre acaba acelerando quando me lembro desse detalhe.
— E se você não estiver bem com isso, podemos entrar separados.
Franzo minha testa, o encarando bem séria.
— Está de brincadeira comigo? Eu amo você — digo com tanta certeza, que meu peito
relaxa quando solto essas palavras. — Quero estar com você hoje e entrar dessa forma, juntos.
Chace leva minha mão até seus lábios e a beija suavemente.
— Nunca amei ninguém além de você, pequena.
Eu sei.
Agora consigo enxergar perfeitamente que sempre fui a mulher dos seus sonhos, mas por
um tempo, fui um pouco inalcançável para meu melhor amigo.
Uma batidinha na janela do carro chama a minha atenção e quando olho, meu segurança
faz um sinal para descermos.
— Preparado? — pergunto para o loiro, sorrindo.
— Para esfregar para o mundo todo que está nos assistindo que você é minha? Desde os
meus 15 anos.
Não consigo rir porque isso é mais fofo do que engraçado, mesmo que ele tenha
obviamente falado uma verdade em um tom de brincadeira.
— Obrigada por ser tão paciente, Golden Boy.
— Você é a única por quem eu esperaria uma vida, pequena.
Droga.
Chace não facilita na arte de fazer meu coração acelerar e se apaixonar cada vez mais por
quem ele é.
Quando saímos do carro, os milhares de fãs que estavam na parte de fora da premiação
começam a surtar ao nos ver juntos. Sorrio para eles e aceno, um pouco triste por não ter tempo o
suficiente para tirar fotos com alguns.
o grandão segura minha mão novamente e olha para os meus fãs.
Minha alma se derrete quando ele levanta sua mão livre e acena em direção a eles,
lançando um sorriso lindo e irresistível.
Pode parecer simples, mas para mim, são os pequenos detalhes que me fazem querer ficar
com a pessoa, que me fazem amá-la mais, e Chace sempre foi bom em me fazer amá-lo, e no
status de relacionamento que temos agora, não é diferente.
Caminhamos em direção ao tapete vermelho e, quando nos aproximamos, Edina para à
nossa frente.
— Tudo certo? Vocês são os próximos a entrarem — ela diz, arrumando o decote do meu
vestido. — Você está linda, Ocean.
Eu simplesmente amei a escolha do meu vestido este ano.
O estilista preferiu um longo e dourado, todo brilhoso, que contrasta com minha pele de
um jeito muito ousado e sexy. Segundo ele, é a cor que uma vencedora deve usar, e gosto dessa
confiança.
— Ela é a mulher mais linda e gostosa desse evento — Chace diz ao meu lado, provocando
uma revirada de olhos em minha amiga.
— Vocês são muito grudentos, estão piores do que já eram.
Ela não está mentindo.
Agora que meu namorado não está mais na temporada de jogos, ele viaja comigo por todos
os lugares que minha turnê tem passado, só para ficarmos mais tempo juntos.
— Ocean Bailey e Chace Lawson — uma funcionária do evento diz ao se aproximar de
nós. — Podem entrar.
Respiro fundo e encaro o homem que, mesmo eu usando um salto de 15 centímetros,
continua bem mais alto ao meu lado Ele parece ansioso como eu, o que é engraçado vindo de um
cara que é sempre tão confiante.
Seguro firmemente a sua mão e passo por Edina com o meu namorado.
Assim que pisamos no tapete vermelho, uma chuva de flashes brilham em nossa direção,
ao mesmo tempo em que nossos nomes começam a ser falados por todos os fotógrafos do local.
É praticamente impossível ouvir o que algum deles quer.
“Ocean, Chace, mais para a direita, por favor”
“Chace dê um sorriso.”
“Ocean dê um sorriso.”
Meu grandão me aperta mais contra seu corpo, em um claro aviso de que agora eu sou
totalmente dele. Acabo sorrindo quando levanto um pouco a cabeça e o vejo me encarando.
Chace pode estar sério, mas em seu olhar, há aquele sorriso lindo que ele reserva só para
mim.
E ali, diante tantos flashes e falatórios, tenho a certeza de que eu morreria, no sentindo
mais deplorável da palavra, se um dia esse homem me deixasse.
Sempre soube que não viveria sem Chace, mas agora tudo é mil vezes mais intenso.
Eu não só o amo como meu amigo, mas também o amo como o único amor da minha vida.

Se existe uma coisa que eu amo quando estou em uma premiação, é curtir as apresentações
dos outros artistas que tanto admiro. Como neste ano não irei me apresentar, posso curtir 100%
todo o evento.
E a melhor parte disso é poder estar ao lado de alguém que gosta de aproveitar tanto
quanto você. Enquanto Athena se apresenta no palco, eu e Chace nos mantemos em pé,
balançando nossos corpos por conta da música.
O braço do meu namorado está ao redor do meu ombro, pois a música é lenta e romântica,
de um estilo que só a cantora de cabelos roxos consegue fazer.
Depois da apresentação dela, irão anunciar o vencedor da categoria de melhor álbum do
ano, que inclusive, estou participando.
— Acho que somos o evento dessa noite — brinco ao ver que mais uma câmera está nos
filmando.
— Está tudo bem para você?
Sério que ele está me perguntando isso? Acho que nunca estive assim tão feliz na minha
vida em um lugar que fosse tão exposta.
— Nunca fiquei tão bem como agora.
Ele sorri com a minha resposta e aproxima os lábios da minha testa, deixando um beijo
suave nela. Quando olho para Edina ao meu lado, fico surpresa por vê-la sorrir em nossa direção.
Ela move os lábios:
— Grudentos.
A performance da Athena finaliza e o apresentador volta para o palco, o que impossibilita
de que consiga responder minha amiga.
— É uma honra poder ver a apresentação de Athena neste palco — Jesse, o apresentador,
diz. — Mas sabem o que também é uma honra? Apresentar e entregar o prêmio mais importante
desta cerimônia. Para os indicados de melhor álbum deste ano, nós tivemos os melhores dos
melhores, e que com toda certeza, deve ter dado uma dor de cabeça para a bancada escolher o
vencedor. — Ele levanta um envelope e meu coração acelera tamanha ansiedade. Chace me
aperta mais em seus braços, sabendo o quanto estou nervosa. — Aqui nesse envelope, tenho o
único vencedor deste ano.
Todos parecem estarem tão tensos como eu.
Edina pega na minha mão, tentando me passar apoio também.
— E o melhor álbum deste ano é… Mist, de ninguém mais e ninguém menos de que Ocean
Bailey.
Porra!
Pulo no meu lugar, um pouco em choque, mas completamente feliz por ter ganhado esse
prêmio pela segunda vez consecutiva.
Isso nem parece real!
Meu namorado me abraça apertado em seus braços e sinto seus lábios no topo da minha
cabeça, beijando-me.
— Estou orgulhoso de você. — Não há como sentir mentira em suas palavras.
— Obrigada!
Edina também me abraça quando me afasto de Chace, e com os olhos um pouco
marejados, caminho até Peter, meu amigo e compositor do álbum.
— Conseguimos, Ocean! De novo!
Nós nos abraçamos, sem esconder a emoção e caminhamos até o palco, sendo aplaudidos
pelos colegas e fãs que estão presentes no local.
Seguro o meu oitavo Grammy, ainda um pouco trêmula com as fortes emoções desta noite.
Aproximo-me do microfone e sorrio para o público.
Mas é inútil, pois acabo focando minha atenção em Chace.
— Esse ano tem sido o melhor de todos da minha vida, e sei que é exagerado da minha
parte dizer isso quando só se passaram dois meses, mas sou uma pessoa muito sensitiva e uma
tanto quanto emocionada. Não me julguem por estar tão feliz a ponto de não me conter. — As
pessoas gritam em resposta e muitos aplaudem. — O significado de névoa é claro, diz que é a
falta de transparência. Quando comecei esse álbum, estava tão insegura por me mostrar como
uma névoa para vocês, porque tinha medo de que algo desse errado e vocês acabassem me
deixando, mas olhem só o que vocês fizeram. Quebraram mais recordes, trouxeram mais
visibilidade para mim e estão esgotando todos os shows que estou fazendo ao redor do mundo.
Mais aplausos e gritos.
— Então, obrigada aos meus fãs por me proporcionarem essa felicidade, se estou no meu
melhor momento hoje, é porque lá atrás vocês confiaram em mim. — Sorrio, emocionada. —
Tem também uma pessoa sentada ali na primeira fileira de bancos, que sempre ouviu as minhas
músicas primeiro do que todo mundo. Ele é meu melhor amigo, é o homem que conquistou meu
coração, e é o cara que sempre me enxergou através da minha névoa. Eu nunca disse, Chace
Lawson, mas todo o conceito desse álbum veio porque eu queria que todos me vissem como
você me vê.
A maioria grita um coro de “Ownn”, que me faz sorrir mais.
Continuo encarando meu namorado para finalizar o meu discurso.
— Você sempre esteve no meu coração, mas estou grata por ter descoberto que prefiro
você como o dono dele, exatamente como é agora. Então, obrigada por ter me esperado, obrigada
por acreditar em mim desde quando éramos apenas crianças nos sujando na lama, e
principalmente, muito obrigada por sempre permanecer o mesmo comigo.
Todos aplaudem e só para finalizar, entrelaço meu braço com o de Peter.
— E uma salva de palmas para Peter — Todos fazem o que peço. — Ele é o único que tem
coragem de ficar comigo um dia inteiro em um estúdio de gravação, e ainda assim não surta.
Provoco a risadas de alguns.
— Obrigada por ser um parceiro incrível de trabalho!
Ele sorri.
Nós descemos com nossos o Grammy’, e a primeira coisa que faço quando chego perto de
Edina e Chace, é pular nos braços do meu namorado.
— Você já me deixou maluco, o que quer fazer comigo agora? — ele pergunta com um
sorriso lindo nos lábios e os olhinhos lagrimejados.
— Quero manter você na minha vida para sempre.
— Bobinha — fala, alisando minha bochecha. — Não existe outra alternativa além de
viver ao seu lado para todo o sempre. Nunca existiu.
Sua resposta faz com que as borboletas no meu estômago voem, e antes que pense em uma
resposta, Chace está grudando sua boca na minha, em um beijo apaixonado de tirar o fôlego e
digno de cinema para todos que nos assistem.
Escuto os gritos e os aplausos. Eles me fazem sorrir.
Mas não me impedem de continuar beijando-o.
Só agora entendo o significado de estar tão feliz e apaixonada ao ponto de querer mostrar
para o mundo com orgulho.
Chace me faz sentir isso.
Estar apaixonada por ele é como viver um mundo mágico em que nada pode nos afetar. Ele
continua me trazendo a leveza de sempre, o conforto dos seus braços ainda são os mesmos, e seu
colo ainda é o meu lugar favorito. A diferença é que agora descobri que o amo muito mais do
que o amava, quando nem sabia que isso podia acontecer.
Experimentei todos os tipos de amores, mas nenhum como esse, e que bom, pois quero
viver essa primeira vez com Chace.
Eu sou a jogada final dele e como o nome mesmo já diz, somos o fim um do outro.
O melhor tipo de fim, daqueles que não tem um final até que acabe, e sabem de uma coisa?
Isso nunca acabará.
CHACE LAWSON
UM ANO DEPOIS
Estou muito nervoso.
Um sentimento que não posso controlar.
É Super Bowl, mas hoje, por incrível que pareça, não estou nervoso por causa do
campeonato.
Hoje faz um ano que estou namorando com Ocean, e também é o dia que a pedirei em
casamento.
Um gesto tão romântico e ousado que pode acabar dando tudo errado.
Durante todos esses 12 meses, mantivemos nosso namoro privado, mas não em segredo. Se
quiséssemos sair juntos e por acaso fôssemos fotografados, tudo bem. Se eu quisesse ir em
premiações, turnês ou outros eventos para acompanhar Ocean, eu ia, da mesma forma que ela ia
aos meus jogos e me acompanhava em eventos.
Nós apenas mostramos o que queremos, e é a melhor parte do nosso namoro, porque
sempre sentimos que ele é mais nosso do que dos outros.
— A apresentação dela está quase acabando — Thomas diz ao se aproximar. — Está
pronto para isso?
Cole também se aproxima e coloca a mão no meu ombro, prestando apoio.
— Você é mesmo um cara ousado e emocionado — ele define, mas nem consigo dar
risada. — Corajoso também.
— E se for muito ousado?
É estranho demais ser inseguro.
Por isso não fico surpreso com as caras que meus amigos de time fazem em minha direção.
— Acho que se você ama ela a esse ponto, Ocean merece algo corajoso — Thomas dá sua
opinião, que é exatamente o que penso.
— Vai ser o pedido mais romântico da história desse Super Bowl, Chace — Fisher
assegura. — E tenho certeza de que ela vai amar.
Conheço minha pequena. Sei muito bem o quanto ela admira e prefere um ato romântico a
ouvir “eu te amo”.
— Vamos lá! — Levanto-me do banco que estava sentado e respiro fundo. — Os anéis
estão comigo e o microfone também. Não estou esquecendo de nada, né?
Cole ri do meu nervosismo.
Babaca!
— Apenas ande até a sua mulher e faça o pedido, bobo apaixonado.
É o que faço.
Assim que saio do vestiário, antes do restante do time, consigo ouvir que a última música
que Ocean está tocando, está bem perto do fim.
Ela deve estar um pouco nervosa por se apresentar em um evento como esse, mas
acompanhei alguns ensaios e tenho certeza de que ela se saiu bem.
Minha loira é amada por muitas pessoas ao redor do mundo.
Ela ainda não entende, mas o intervalo de hoje é o show dela, não um simples intervalo do
Super Bowl.
A música acaba no segundo que coloco meus pés no gramado. Tudo volta a ficar claro no
estádio e as pessoas que notam a minha presença, começam a gritar enquanto caminho em
direção à minha namorada.
Leva algum tempo para ela perceber que estou aqui, mas quando Ocean me vê, seus olhos
se arregalam em surpresa. Ela realmente não faz ideia do que estou prestes a fazer, e isso me
deixa mais animado.
Surpreender minha loirinha é uma das minhas atividades favoritas.
Subo no palco vermelho e caminho até ela, que mesmo depois de uma apresentação de 20
minutos sem pausa, se mantém intacta com seu vestido prata brilhoso, as meias-calças de
sempre, e um par de botas pratas que vai até acima de seu joelho.
Quando fico em sua frente, Ocean me pergunta com o olhar o que estou fazendo aqui de
um jeitinho tão assustado e ansioso, que só a deixa mais fofa.
Aproximo o microfone da minha boca ao mesmo tempo em que a maioria das pessoas fica
em silêncio para me ouvir melhor.
— Oi, pequena. — O apelido faz com que todos voltem a gritar, mas somente até o
momento em que volto a falar no microfone. — Nunca achei que fosse um cara romântico até me
descobrir apaixonado por você, e é engraçado pensar nisso, visto que, quando descobri, tinha
apenas 15 anos de idade.
Ela ri, um pouco em choque e tensa.
Logo você vai saber do que se trata, loirinha.
— Nesses 28 anos de amizade, eu te observei, cuidei de você e me apaixonei a cada dia
mais. Aprendi cada coisinha que mais gosta e, desculpa, acabei usando isso a meu favor quando
decidi que conquistaria seu coração. — Ela balança a cabeça, com seu sorriso lindo nos lábios.
— Você sempre foi a pessoa mais importante na minha vida, mas hoje, sinto que é parte do meu
oxigênio. Eu não conseguiria viver um segundo da minha vida sem você, Ocean Bailey.
Todo mundo começa a gritar em resposta enquanto os olhinhos da minha pequena
marejam.
— Nós sempre nos entendemos tão bem e sempre fomos tão companheiros um na vida do
outro, que hoje consigo ver perfeitamente que não existia um destino para nós que não fosse esse
que estamos vivendo. Quero passar o resto da minha vida com você, quero poder acordar todos
os dias ao seu lado, quero uma família, quero a simplicidade que só nós dois temos quando
estamos juntos, quero a cumplicidade da nossa amizade, quero as provocações, quero tudo que
envolva você e eu juntos para sempre.
Uma lágrima escorre do seu olho.
Largo o microfone no chão e me ajoelho à sua frente, na pose perfeita para pedir em
casamento a mulher que sempre amei. Retiro do meu bolso a caixinha do anel, que mandei fazer
especificamente para ela. Seguro a mão de Ocean, livre do microfone e direciono a caixinha
aberta para ela.
— Aceita se casar comigo, pequena?
Minha loirinha ofega quando vê o anel brilhante em diamante da cor do oceano,
exatamente do tom dos seus olhos. As pessoas ao nosso redor gritam um coro de “aceita”, mas
tudo o que consigo prestar atenção é na surpresa e no amor estampado em seu rosto.
É como se eu conseguisse ler seus pensamentos, tamanho a nossa conexão.
— Você é maluco. — Ela move os lábios apenas para eu entender, ao mesmo tempo em
que não consegue mais controlar as lágrimas que caem pelo seu rosto e é quando coloca o
microfone vermelho próximo à boca, que sinto meu coração se apertar. — É claro que aceito me
casar com você.
Porra!
Foda-se que estamos sendo assistidos por milhões de pessoas.
Coloco o anel em seu dedo da mão esquerda e me levanto, puxando-a para os meus braços.
Mas antes que eu consiga beijá-la, ela coloca a mão na minha boca e diz, apenas para eu ouvir:
— Nunca imaginei a minha vida sem você. — Ela sempre disse isso, mas hoje, me
emociono mais com suas palavras. — E eu nunca irei imaginar, porque nascemos para ficar
juntos, Chace. Primeiro como melhores amigos, depois como amantes, e agora como futuros
marido e mulher. Assim como você, quero viver cada etapa da minha vida ao seu lado, porque
você sempre foi o único que me enxergou através da minha névoa.
Suas mãos deslizam para meu pescoço e sua boca procura a minha em um beijo que para
sempre vai ficar marcado como o terceiro mais especial de toda a nossa história.
Porque o primeiro foi quando nos beijamos pela primeira vez, há mais de um ano, quando
eu tinha medo de perder essa mulher ao confessar meus sentimentos por ela. O segundo foi
quando a beijei aqui, assumindo o nosso relacionamento para milhões de pessoas que nos
assistiam. E agora esse, que entrelaça nosso futuro juntos, me dando a certeza, que, sim, valeu a
pena sair do medo que vivia. Valeu a pena arriscar.
Que sorte a minha ter tido coragem para correr o risco e fazer uma jogada final.
Que sorte a minha tê-la conquistado.
Agora, eu tenho o prêmio mais valioso nas minhas mãos, e como em todos esses 28 anos
juntos, nunca partirei o coração dela, não antes de partir o meu primeiro.
E a lição que aprendo com toda a nossa história é a mais direta e simples possível: não
deixe que sua covardia vença a vontade de ter o que você quer, de ter o que você ama. A vida é
apenas uma só e se você não viver cada momento dela, acabará se arrependendo amargamente no
futuro.
Essa é a minha história.
A história que terei o prazer de contar para os nossos filhos no futuro, e eu não vejo a hora
de fazê-los com Ocean.
OCEAN BAILEY
DEZ ANOS DEPOIS...
Filhos.
Quem disse que tê-los é a decisão mais sensata da vida de um casal?
Observo meus dois pestinhas, com apenas um ano de diferença entre um e outro, se
sujando de chantily enquanto a avó deles, acha tudo muito divertido.
Avós.
Elas são sempre um perigo para os netos, só que ninguém ainda comprovou
cientificamente isso.
— Por que você está tão pálida? — Chace pergunta, me abraçando por trás enquanto beija
a minha bochecha.
Ele ainda não viu o que estou vendo.
No entanto...
— Porra, mãe! O que significa isso? — Ele explode, quase causando uma dor no meu
ouvido com sua voz alta. — Nós acabamos dar banho neles e vesti-los para o Natal.
— Mason e Ryan só estão se divertindo, filho. Você era pior quando tinha essa idade.
Olho do meu marido para a minha sogra.
— É verdade que mamãe e papai aprontavam muito, vovó? — Mason pergunta. Ele é o
mais velho e tem seis anos.
— Muito, querido. — Minha segunda mãe pega um fio de seu cabelo branco. — Está
vendo isso? É porque seus pais eram terríveis.
— Ainda bem que somos melores que eles — Ryan diz, novamente sem conseguir
pronunciar o LH direito. — Pai, mãe, ola o bolo que estamos fazendo.
Encaro meu marido e acabamos sorrindo com a fofura dos nossos filhos.
Pais bobos.
Ninguém avisa o quanto é difícil dar broncas nos filhos quando somos tão apaixonados por
eles.
Eu e Chace nos casamos seis meses depois daquele pedido incrível de casamento no Super
Bowl. Vivemos quatro anos felizes na nossa casa em Nova York, trabalhando como sempre, nos
amando a cada dia mais e sendo o apoio um do outro quando mais precisávamos. A vida de
casados perfeita com nossa cumplicidade e parceria, e a felicidade só se multiplicou quando, aos
trinta e um anos, descobri que estava grávida de Mason.
Tive uma gravidez tranquila, sem dramas e até mesmo sem muitos desejos.
Quando meu primogênito nasceu, sabíamos que queríamos que ele tivesse um irmãozinho
ou irmãzinha o mais próximo da idade dele possível. Foi então que planejamos a vinda do Ryan,
que aconteceu doze meses depois do nascimento do mais velho.
Seis anos se passaram desde então, e tudo o que mais amo é a família que construí com
Chace. Não há nada melhor do que ter alguém que te dê suporte, que entende você 100% do seu
tempo, que a ama nos pequenos detalhes, e que não surta por qualquer bobagem que pode ser
sempre resolvida com uma conversa. Meu marido é esse homem para mim.
E meus filhos... eles são inteligentes como nós dois.
Os pestinhas conseguem nos ter nas palmas de suas mãos com tanto carinho que
direcionam a nós dois sempre que possível.
— Vou deixar vocês terminarem o bolinho com o papai e a mamãe, ok? — Sra. Lawson
fala para os dois, que assentem.
Minha sogra para ao nosso lado antes de seguir para a sala, onde a nossa família toda está.
— Não sejam tão severos por causa da sujeira deles. — Ela pede baixinho para que eles
não a ouçam. — Mason e Ryan queriam dar um presente de Natal para vocês, e descobriram que
torta de morango é um dos doces favoritos de vocês.
— Droga, mãe. — O emocionado atrás de mim se rende.
Não é como se eu estivesse diferente.
— Aproveitem esses momentos. Ter filhos carinhosos assim, é um presente dos céus.
Ela sai da cozinha, deixando-nos a sós com nossos pestinhas.
Um presente para nós? Essa é nova e ainda estou surpresa.
Chace segura a minha mão e nos aproximamos dos nossos pequenos, que estão
concentrados em enfeitar o bolo com chantily rosa.
— Isso não está ficando bonito, Mason — o mais novo fala, fazendo um biquinho com os
lábios, igualzinho ao pai deles.
— Estou me esforçando, diferente de você, que só fica comendo — o outro rebate, quase
me fazendo rir.
— Hum... — chamo a atenção deles ao mexer nos enfeites de Natal que tem ao lado do
bolo. — Isso é para a torta que estão fazendo?
— Sim — o mais velho responde, concentrado no trabalho à sua frente. — É um bolo pra
família comemorar a nossa data favorita de todas.
Olho para meu marido, que prende a risada assim como eu.
Esses meninos... eles querem mesmo tentar nos enganar?
— Não é não! A torta é para o papai e para a mamãe — Ryan rebate, emburrado.
Mason levanta a cabeça rapidamente e olha para o meu fofoqueiro, que não consegue
mentir, como se quisesse empurrá-lo no chantily.
— Ryan Bailey Lawson! — Ele grita. — Qual o sentido de fazer uma surpresa se você vai
acabar falando?
Chace ri e coloca a mão nas costas do mais velho enquanto eu me aproximo do meu
pequeno, que parece triste por ter falado demais.
— Mamãe e papai sempe falaram que não é para mentir — ele se defende.
Beijo o topo da sua cabeça e ele me abraça apertado, parecendo muito culpado.
— Está tudo bem, filho. — O tranquilizo.
— Algumas mentiras não são erradas, não quando queremos fazer nossos papais felizes. —
Mason ainda está chateado.
Olho para meu jogador, querendo que ele faça alguma coisa antes que eles briguem em
uma data tão especial como essa e acabem se arrependendo depois.
Meus meninos já brigaram como em qualquer relação de irmãos, mas eles nunca, em
hipótese alguma, conseguem dormir sem se falar.
Eles sempre se arrependem de terem discutido.
— Sabe o que nos deixaria ainda mais felizes? — Chace pergunta e os dois negam com a
cabeça. — Decorar esse bolo com vocês.
— Igual decoramos a árvore de Natal? — Os olhinhos do Ryan brilham quando ele solta os
bracinhos do meu pescoço.
— Igualzinho — respondo e sento-me na cadeira, próxima à bancada do bolo. — Vamos
aproveitar que estamos todos do mesmo tamanho e decorar esse bolo o mais lindo possível.
— A senhora continua pequena perto do papai. — Mason não perde a chance de me
provocar.
Meu marido ri.
— Sua mãe sempre vai ser pequeninha. — O idiota também entra na onda de provocações.
— É por isso que vocês têm que ficar bem fortes para protegê-la.
— Proteger a mamãe é sempre a nossa pioridade. — O mais novo me surpreende com a
sua resposta, assim como me emociona quando volta a me apertar com seus bracinhos ao redor
do meu pescoço.
— Amo vocês dois — declaro o que não me canso de dizer.
— Nós também, mamãe — Mason fala. — Mas podemos prestar atenção no bolo agora?
Dou risada e concordo com a cabeça.
Meu marido se aproxima um pouco mais dos objetos de decoração e pega alguns enfeites
para colocar no bolo.
— Isso aqui ficaria legal aqui — orienta, pegando um morango aberto com chantily no
meio e uma carinha feliz, que imita muito o Papai Noel, e o coloca em cima da torta. — Foram
vocês que fizeram?
— Vovó que cortou os morangos e nós que enchemos de chantily e fizemos a carinha —
Mason explica, orgulhoso do seu trabalho. — Ficou parecendo o Papai Noel, né?
— Bom trabalho, crianças. Vocês têm talento. — Elogio.
Ryan, que sempre foi o mais sapequinha dos dois, pega um pouco da massa branca com o
indicador e suja o nariz do irmão.
— Ryan! — ele resmunga.
Prendo a risada e só para mostrar que está tudo bem, pego um pouco do creme branco e
sujo Chace.
— Ei! Isso foi de graça? — reclama, devolvendo na mesma moeda um minuto depois.
Quando pisco, estamos uma completa bagunça de quem suja mais quem com o chantily,
em uma cena tão clichê e bonita, que eu não vejo a hora de registrar em uma letra de música
quando esse dia maravilhoso acabar.
Meus filhos e meu marido são a minha maior fonte de inspiração.
E não consigo me irritar que daqui alguns minutos teremos que subir até o quarto e trocar
de roupa de novo.
Momentos como esse, em que somos mais amigos e mais pais, são o que torna a nossa vida
mais leve, divertida e emocionante, como deveria ser para todos.
Tudo pode ter um limite.
Mas hoje é Natal... Quem poderia nos julgar?
E chegamos ao final de mais um livro.
Espero que você, caro leitor, tenha gostado da leitura. Muito obrigada por ter chegado até
aqui!
Quando eu paro e penso, vejo que tenho muitas pessoas para agradecer neste livro, e temo
não me lembrar de todas, porque quem me conhece há mais tempo, sabe que a minha memória é
péssima.
Mas quero começar agradecendo aos meus leitores, que entenderam um pouco da minha
ausência nas redes sociais e me deixaram ficar no mundinho de Chace e Ocean, escrevendo-os,
pois sabiam que meu tempo era curto e porque queriam ler eles o mais rápido possível. Vocês
estão comigo em cada aventura e sou muito grata. Amo vocês!
Aos meus pais, muito obrigada por me apoiarem em mais um processo de escrita! Para
escrever esse livro, tive que descumprir a regrinha que coloquei no início do semestre de não
trabalhar aos finais de semana, mas vocês me entenderam mesmo assim e me apoiaram em tudo.
Obrigada por serem tão incríveis comigo. Amo vocês!
Às minhas betas, que honra foi poder dividir o momento de escrita com vocês. É tão
gratificante poder compartilhar cada instante e surtar com cada linha dos meus livros. Ver que
vocês são surtadas como eu, é ainda melhor. Rimos e nos divertimos muito com Jogada Final.
Desculpa por fazê-las surtarem com os meus surtos, meu processo criativo é maluco, e acho que
vocês já perceberam isso. KKKKKKKKKK! Ana Laura, obrigada por todas as opiniões, dicas e
surtos com Jogada Final. Bruna Renata, você foi uma das pessoas que insistiu para que eu criasse
uma história como essa, e obrigada por confiar no meu trabalho para isso e por todo o apoio que
me deu desde que era só uma ideia, obrigada por todas as dicas e definições preciosas com os
jogos da NFL, certos momentos achei que nem ia entender, mas você estava ali me ajudando
com toda a calma e paciência que sonhei em ter alguém trabalhando comigo. Obrigada também
pelos vídeos que fez para mim, pelo apoio e por toda ajuda que você sempre está disposta a me
dar quando preciso. Bruna Batistel, você foi outra pessoa que também me ajudou muito no
processo de escrita, especialmente quando se tratava de jogos, então, muito obrigada por dedicar
sua paciência para que eu entendesse, por dedicar do seu tempo para ler meu livrinho e dar suas
opiniões sinceras que considero muito. Juliana Nunes, obrigada por ler e betar esse livro mesmo
em meio ao caos dos seus compromissos pessoais, valorizo muito isso e sou grata por poder
trabalhar com suas opiniões sinceras. Luana Siqueira, obrigada por betar esse livro com toda a
sua “chatice” possível, já te falei que não considero chatice, não quando são opiniões para o livro
se tornar o mais perto de perfeito possível, então continue sempre sendo assim. Larissa Souza,
obrigada por compartilhar cada um dos seus surtos comigo, acho que talvez você não saiba, mas
isso ajuda a manter a minha confiança. Obrigada por estar sempre disposta a me ajudar e por
cuidar o máximo de mim, você é incrível. Larissa ruivinha, obrigada por abdicar do seu tempo
para ler e betar eles, sei o quanto tudo está corrido, mas você ainda estava me ajudando.
Sempre quis trabalhar com cada uma de vocês e é incrível ver isso dando certo. Obrigada
por tudo, meninas. Amei compartilhar cada um dos momentos!
Às minhas amigas, obrigada por me abraçarem nesse processo louco de escrita. Cada uma
de vocês é muito especial para mim e saibam que podem contar comigo para tudo que
precisarem.
Obrigada, Bella, por ter me distraído nos momentos em que precisava para tirar um pouco
a cabeça do processo de escrita. Saiba que sempre estarei aqui para você como sempre está para
mim.
Obrigada, Bru, por ter me “enchido o saco” (muito no bom sentido) para escrever esse
livro, por todas as horas de call fanficando a história, por ter me dado duas vagas com
ilustradoras, quando não tinha mais tempo de achar uma que fizesse, e por ter me ajudado no
processo criativo da história. Você disse que só eu podia fazer isso e confesso que fiquei muito
emocionada com a confiança que tem no meu trabalho. Fazer um crossover nesse livro com
você, foi uma honra que me fez lembrar os velhos tempos, e espero termos mais momentos assim
no futuro.
Obrigada, Gabi, por todos os surtos com Chace e Ocean, e pelas fanfics hots da sua
cabecinha safada. Amo ler suas reações, e com Jogada Final não foi diferente. Valorizo muito
essa comunicação incrível que nós temos.
Obrigada, Tati, por ter tirado do seu tempo de trabalho para ler metade do livro escrito
quando eu estava me sentindo perdida no enredo e me dado dicas valiosas para torná-lo mais
incrível, obrigada por ter me perturbado (a perturbação que amo) com a loirinha para que
também escrevesse uma história inspirada nela e no jogador geladeira da Electrolux. Ver você
reagindo em primeira mão com o que eu escrevia, me inspirou e me animou muito.
Obrigada, Kel, pela sua amizade e apoio de sempre. Conversar com você sobre a vida e o
trabalho sempre me inspira, surtar por conta dos nossos BL’s e nossos meninos sempre anima
meu dia.
Obrigada, Laryssa, que pediu por uma história assim no nosso grupinho e surtou tanto com
a minha ideia, que só me inspirou mais a ir em frente. Foi muito divertido acompanhar suas
reações lendo esses dois.
Obrigada, Marcielle, por ter me ajudado em todo o processo de escrita quando estava
perdida, revisão, marketing e assessoria com esse livro. No início, quando vim com a ideia de
Jogada Final, você ficou preocupada com o meu bem-estar, pois o tempo querendo ou não, era
curto, e valorizo muito isso, assim como sua preocupação em fazer com que meu trabalho seja
reconhecido. Obrigada. Também sei o quanto te perturbo com as minhas loucuras, mudanças de
datas, enredos e memória de Dory, e por isso, sou muito grata por você permanecer comigo
mesmo assim, seja no trabalho como na amizade.
Obrigada, Tamires, por todo apoio e amizade que estamos construindo a cada dia mais.
Passamos muitas das últimas semanas surtando com nossos enredos e mal posso esperar para ler
o seu mais novo trabalho.
Não foi muito fácil e diversas vezes achei que não terminaria esse livro a tempo, mas cada
uma de vocês estava comigo me ajudando de alguma forma. Amo vocês!
E por último, mas não menos importante: para as minhas parceiras. Obrigada por cada
divulgação, cada tempo dedicado a trabalhar em uma forma de fazer Jogada Final alcançar mais
pessoas. Valorizo muito o esforço de vocês e sou muito grata por ter pessoas tão incríveis
trabalhando comigo.
Obrigada a todos!
Às Nathlovers... vejo vocês muito em breve! Amo todas <3
Não esqueça de avaliar
A sua opinião é muito importante para mim e para aquela pessoa que está pensando em ler o
livro.

Contatos:
Para falar comigo pode ser pelo Instagram ou por e-mail. Pode me chamar que eu vou amar
conversar com você.
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Twitter: @autoranathalia
E-mail: autoranathalia@gmail.com
SUMÁRIO
SINOPSE
NOTAS INICIAIS
PLAYLIST
INTERLUDE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 01 – RED
CAPÍTULO 02 – IS IT OVER NOW?
CAPÍTULO 03 – WELCOME TO NEW YORK
CAPÍTULO 04 – SUBURBAN LEGENDS
CAPÍTULO 05 – ALL TO WELL
CAPÍTULO 06 – SHAKE IT OFF
CAPÍTULO 07 – CLEAN
CAPÍTULO 08 – NEW ROMANTICS
CAPÍTULO 09 – YOU BELONG WITH ME
CAPÍTULO 10 – BAD BLOOD
CAPÍTULO 11 – GORGEOUS
CAPÍTULO 12 – SPARKS FLY
CAPÍTULO 13 – DON’T BLAME ME
CAPÍTULO 14 – ELECTRIC TOUCH
CAPÍTULO 15 – THE ARCHER
CAPÍTULO 16 – SLUT
CAPÍTULO 17 – I CAN SEE YOU
CAPÍTULO 18 – MINE
CAPÍTULO 19 – DELICATE
CAPÍTULO 20 – MASTERMIND
CAPÍTULO 21 – SNOW ON THE BEACH
CAPÍTULO 22 – GLITCH
CAPÍTULO 23 – MESSAGE IN A BOTTLE
CAPÍTULO 24 – OUT OF THE WOODS
CAPÍTULO 25 – WILDEST DREAMS
CAPÍTULO 26 – HITS DIFFERENT
CAPÍTULO 27 – HOW YOU GET THE GIRL
CAPÍTULO 28 – STATE OF GRACE
CAPÍTULO 29 – LABYRINTH
CAPÍTULO 30 – UNTOUCHABLE
CAPÍTULO 31 - KING OF MY HEART
CAPÍTULO 32 – END GAME
CAPÍTULO 33 – CRUEL SUMMER
CAPÍTULO 34 – DRESS
CAPÍTULO 35 - DAYLIGHT
EPÍLOGO
BÔNUS
AGRADECIMENTOS

[1]
Os playoffs da National Football League (NFL) são o torneio eliminatório anual realizado para determinar o campeão
da liga.
[2]
Super Bowl é o jogo final do campeonato da NFL, a principal liga de futebol americano dos Estados Unidos, que
decide o campeão da temporada.
[3]
O principal objetivo do tackle é tirar a bola do controle adversário, impedir o adversário de ganhar terreno até a linha
de gol ou simplesmente de parar a jogada em andamento.

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