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Sinopse
Nota da autora
Aviso de conteúdo
Entrelinhas
Playlists
Prólogo
Capítulo 01
Capítulo 02
Capítulo 03
Capítulo 04
Capítulo 05
Capítulo 06
Capítulo 07
Capítulo 08
Capítulo 09
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 52
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58
Capítulo 59
Capítulo 60
Capítulo 61
Capítulo 62
Capítulo 63
Capítulo 64
Capítulo 65
Capítulo 66
Capítulo 67
Capítulo 68
Capítulo 69
Capítulo 70
Capítulo 71
Capítulo 72
Capítulo 73
Capítulo 74
Capítulo 75
Capítulo 76
Capítulo 77
Capítulo 78
Capítulo 79
Capítulo 80
Capítulo 81
Capítulo 82
Capítulo 83
Capítulo 84
Epílogos
Ele foi abandonado com os dois filhos.
Arion Valentinne estava vivendo o melhor momento da sua vida cinco
meses atrás. Ele tinha uma família perfeita, a carreira de DJ estava
decolando, e logo poderia deixar o trabalho de bartender e se dedicar à
música, como sempre sonhou. Mas tudo mudou numa noite, ao voltar
do trabalho e encontrar os filhos sozinhos em casa.
Ela guarda um segredo.
Vida Arpini tem a vida perfeita, ao menos é o que pensam os milhões de
seguidores que acompanham a travel influencer em suas viagens ao redor
do mundo. A realidade não é bem assim. Vida tinha apenas treze anos
quando descobriu que não importava o quanto desejasse, alguns sonhos
não eram possíveis para ela. Aos dezesseis teve sua intimidade exposta e
ridicularizada, desde então está fugindo das memórias dolorosas que
quase puseram fim à sua vida.
Dois mundos despedaçados, dois corações quebrados.
Não é a primeira vez que os caminhos de Arion Valentinne e Vida Arpini
se cruzam.
Sete anos atrás, Arion salvou Vida em um acidente no mar. A garota
tentou descobrir quem era o surfista que fez seu coração voltar a bater,
contudo, ele não quis ser encontrado. Não estou aqui para julgar, o
garoto teve os seus motivos.
À medida que seus caminhos se entrelaçam outra vez, Vida sente uma
conexão intensa com Arion, mas nem imagina que ele é o garoto que
ela buscou por tantos anos.
Um verão para se apaixonar.
Os encontros ao acaso passam à convivência diária quando Vida se
oferece para ajudar Arion com as crianças, para que ele não desista de
dois festivais internacionais que podem ser decisivos em sua carreira de
DJ.
Ela iria embora ao final do verão.
Ele estava decidido a conquistar seu coração antes que o verão acabasse.
Não me procure.
Ao meu lado, Zac caminhava com Malika nos ombros. Ele tinha
ficado esperando por ela na psicóloga, para que eu fosse às lojas de
móveis tentar encontrar uma cama para o Alec.
Aquele havia sido o último dia de aula e ela estava eufórica com
as férias, listou para Zac as milhares de coisas que queria fazer. Enquanto
a irmã não parava um minuto, Alec estava largado no sling, curtindo a
soneca da tarde.
— Meu papai me deu uma prancha nova, titio — Malika contou,
empolgada.
— E você vai me emprestar?
— É de quiança, titio — respondeu aos risos.
— Criança, Mali — a corrigi, erguendo os olhos para ela.
— Qui... — Voltou-se para mim, franzindo o cenho. —
Quiança?
— Qual o som que o grilo faz? — perguntei.
— Cri-cri-cri...
— Acho que tem um grilo no meu ombro — brincou Zac.
Malika deu uma gargalhada. Ele inclinou a cabeça para um lado e a
segurou do outro, de modo que pudesse olhá-la. — Você também
ouviu um CRI aí em cima, Mali?
— Cri-cri-cri... — repetiu ela, dando risada. — O grilo faz cri-cri,
papai.
— Isso mesmo, agora tenta de novo — pedi. — Cri-an-ça —
falei as sílabas separadas.
— CRI... — disse Malika, olhando-me. — AN-ÇA... Criança.
— Aê! — Zac agitou as mãos de Malika.
— Cri-ança, criança, quiança, criança — repetiu. — Quiança.
Criança!
— Muito bem, filha!
— Preparar para aterrissar — disse Zac ao atravessarmos a rua em
frente à loja de minha mãe.
— Um, dois... — contou Malika. — Três!
— Segura! — Zac a levou ao chão. — Pronto. — Ajeitou as
tranças dela. — Está entregue, Pezinho de feijão.
— Obrigada, titio.
— Oi, Mali. — Uma das vendedoras que arrumava a vitrine saiu
para a entrada da loja e se abaixou para falar com ela.
— Ya! — disse Malika, indo abraçá-la.
A vendedora envolveu minha filha e ergueu os olhos para mim.
— Arion — cumprimentou-me e em seguida ao meu amigo. —
Zac.
— Oi, Yanka — falei.
— Ya — respondeu Zac.
— Trouxe balinhas para você — disse à Malika antes de erguer-se.
— Oba! — vibrou Malika.
— Estão em um pote no descanso — era uma pequena sala no
interior da loja, dividida em copa e estar —, será que consegue achar? —
propôs, segurando na mão da minha filha. — Mas sem correr, ok?
— Tá — respondeu Malika.
— São balas de gelatina de frutas — explicou-me Yanka quando
Malika adentrou a loja. — Eu mesma fiz, não contém açúcar nem
corantes.
— Obrigado — falei. Zac olhou-me, dando um sorrisinho
sacana. — Já volto — disse a ele, ignorando as insinuações.
No interior da loja, duas clientes e a vendedora que as atendia
voltaram-se para mim quando entrei com Alec.
— Boa tarde — as cumprimentei e me encaminhei para o balcão
na parede ao fundo, onde minha mãe estava. — A senhora está muito
gata.
— Almocei com um amigo hoje. — Ela encenou um dar de
ombros, mas o sorriso a entregou.
— Um amigo? — Arqueei a sobrancelha. Minha mãe saiu de trás
do balcão. — Eu o conheço? — Estreitei os olhos.
— O papai é tão ciumento. — Ela parou na minha frente, tirou
Alec do sling e o aconchegou no colo.
— Não sou ciumento. — Torci o lábio. — Sou preocupado.
— Olha, papai — disse Mali, com um pote cheio de balinhas nas
mãos. — Coloridinhas. — Ergueu-o para me mostrar.
— Agradeça à Yanka e não coma todas de uma vez.
— Tá bom. Vou dar uma ao titio Zac.
— Um amigo novo ou velho? — insisti no assunto quando
Malika se afastou.
— Eu não tô pegando um garotão, Arion.
— Pegando? — Fiz uma careta. — Por Deus, mãe! — Ela riu da
minha cara e seguiu em direção à sala de descanso. — Quero saber há
quanto tempo você o conhece — expliquei, entrando na sala atrás dela.
— Nós estamos nos conhecendo. — Virou-se para mim após
deitar Alec no bebê conforto em cima de uma poltrona. — Eu direi se
ficar sério, por enquanto...
— Não diga pegando de novo, por favor. — Ela sorriu,
removendo os chinelos dos pés de Alec. Tirei a mochila das crianças do
ombro e coloquei numa poltrona. — Quando for colocá-los para
dormir, põe o colchão no chão — desamarrei o sling —, porque hoje foi
por pouco que Alec não caiu do berço.
— Esse menino tá uma espoleta! — Ela riu. — Não vai demorar
para estar andando.
— Passei em algumas lojas para ver se encontrava uma cama para
o Leleco, mas eles não tinham em estoque — dobrei o sling —, fiz o
pedido no catálogo. Parece que têm para pronta-entrega na cidade, aí
vão mandar uma para cá. Peguei um modelo com cercadinho, da altura
do chão mesmo, aí só tem um espaço aberto para ele descer e subir do
colchão. — Aproximei-me do bebê conforto. — Papai vai trabalhar —
sussurrei para Alec, mesmo que estivesse dormindo sempre que me
despedia. — Te amo, Ursinho. — Dei um beijinho no pé.
Quando se falava em big rider[15], meu pai era uma lenda. Ele
estava sempre com uma mochila pronta, para ir atrás das ondas gigantes,
mas quando voltava para casa ou viajávamos juntos, nós três ou apenas
eu e ele, meu pai dedicava cada minuto a estar com a gente.
— Sair de vez em quando, sozinho ou com amigos, curtir um dia
de surf, ir mergulhar, conhecer alguém com quem queira passar um
tempo — ela pôs as mãos em meus braços —, não são essas coisas que
farão Alec e Malika se sentirem menos amados. Você não será um pai
ruim por ter uma vida além dos seus filhos. — Aquiesci. — Espero os
dois amanhã lá em casa, logo cedo, porque vamos à praia. Eles almoçarão
comigo, passaremos o dia brincando e nem me apareça para buscá-los
antes do jantar.
— Está bem, mãe — respondi, sorrindo.
— Durma bem, meu amor. — Ela me deu um beijo na bochecha.
Minha mãe pegou a bolsa e saiu. A ouvi falando com Apollo
enquanto fechava a porta e segui para o banheiro, desabotoando a
camisa. Joguei a peça no cesto de roupa suja, lavei as mãos e fui ao
quarto das crianças. Parei no espaço entre as camas, observando-os, e um
sorriso dançou em meus lábios. Eu sabia que era um pai babão, mas eles
eram tão fofos.
— O papai chegou, amô. — Inclinei-me e dei um beijo na
têmpora de Malika.
Caminhei até a cama de Alec, me ajoelhei no chão e debrucei-me
sobre o cercadinho.
— Boa noite, mozinho. — Beijei o pé do meu pequeno.
Era verdade que minha vida havia se reduzido a eles nos últimos
meses, mas eu não permitiria que minha culpa os sufocasse.
HOJE?
Sim, 30 de dezembro.
Kkkkkkkkkkkkkkkkkkk
TARADA
kkkkkkk
É a carência falando
Vou tentar dormir um pouco, amiga. Bjunda.
Te vejo amanhã?
Número enviado.
Beijos!
Todo set contava uma história, e aquela seria sobre ela.
A garota que fazia meu coração bater mais rápido.
Minha adrenalina estava nas alturas. Por anos estive em frente ao
palco principal, com os pés na areia, assistindo sets apoteóticos e
sonhando com o dia que seria eu atrás da cabine de som.
Ergui os olhos para o público e acenei com as duas mãos,
cumprimentando-os, e um coro de gritos tomou a pista. Caralho! Meu
olhar deslocou-se entre a multidão com braços erguidos.
Uma piroca linda pra caralho saltou fora da boxer com nada mais,
nada menos, do que sete piercings halteres.
SETE, PORRA!
A estética daquele pau era de dar água na boca. Tamanho,
proporção, as veias marcadas, os piercings alinhados com perfeição... Não
era um pau, era uma obra de arte.
Grande.
Muito grande.
Grosso.
E tinha sete piercings!
Eu estava preparada para um grande pau, mas não tinha ideia que
ele viria com tantos adereços.
— Seus pais estavam inspirados, hein?! — brinquei, meio zonza
ainda com aquilo tudo.
Arion deu uma gargalhada e desabou as costas sobre os lençóis.
Os braços caíram no travesseiro acima de sua cabeça. A risada grave
eriçou os pelinhos da minha nuca. Suspirei, subindo o olhar pelo
abdômen trincado. QUE PERFEIÇÃO DE HOMEM. Ele flexionou uma
perna, atraindo minha atenção para a musculatura da coxa grossa, e dali
foi só um pulo para voltar ao seu pau.
— Que cacete lindo da porra!
Ele tombou a cabeça de lado, buscando-me com os olhos.
— Vem cá, vem. — Sorrindo, estendeu-me a mão em um
convite que eu não era nem louca de recusar.
Arion pousou a mão em meu braço, acariciando-me pelos
ombros e costas quando me joguei ao seu lado, esparramando a mão por
seu abdômen e meus lábios nos dele.
Profundo, quente, possessivo, seu beijo era certeiro... era perfeito.
O nosso beijo era perfeito.
Como a porra do seu pau!
Como tudo nele.
Um sorriso me escapou e Arion o capturou numa mordida.
Outro sorriso, outra mordida.
Então ele estava sorrindo também.
Entre beijos doces e puxões malvados.
Entre lambidas suaves e mordidas ferozes.
Meus dedos traçaram o V em seu quadril e resvalaram por seu
pau. Eu não conseguia envolvê-lo completamente, mas capturei tanto
quanto pude. Cobrindo a área de dois piercings, iniciei uma punheta,
girando a palma em um ritmo constante.
— Vidaaah...
Delícia de gemido.
Meu olhar demorou-se em seu rosto, guardando em detalhes sua
entrega. A cabeça projetou-se para trás, fazendo com que a coluna da
garganta ficasse vulnerável, e eu que não perderia a oportunidade. Lambi
de baixo para cima, lentamente, mordicando o seu queixo ao final da
minha escalada, inebriada pelos sons que saíam dos seus lábios.
— Gostoso. — Coloquei-me de joelhos ao seu lado. — Gostoso
pra caralho! — Girei a língua ao redor do seu mamilo.
— Porraaah...
A palma da mão desceu com tudo sobre a minha bunda, me
roubando um gemido alto. Eu me empinei mais, chicoteando o outro
mamilo com a língua, e outros tapas me atingiram, deixando minha
boceta em lágrimas.
À medida que eu aumentava a intensidade dos chupões e
mordidas que se desenhavam no seu tórax, seus gemidos soavam mais
roucos e potentes.
Ele ficava lindo gemendo.
Mais lindo ainda.
Massageei suas bolas, uma de cada vez, beijando a cabeça do pau,
e abri os lábios, deslizando-os ao seu redor, mantendo-os parado
enquanto minha língua fazia a festa, lambendo e lambuzando sua glande.
— VIDAAAH, PORRA...
Sorri, com seu pau pulsando sob a minha língua, e selei meus
lábios nele. Suguei a cabecinha antes de expulsá-lo de minha boca.
— Oi, baby — disse com a voz doce.
Arrastei a mão que brincava com suas bolas para o seu pau,
envolvi tanto quanto pude e a girei em seu eixo, abocanhando a glande
mais uma vez.
— CARALHO, LINDA!
Continuei o movimento e não demorou para que o sentisse
estremecer sob a minha língua. Os dedos ataram-se aos meus cabelos, na
altura da nuca, e rosnados trovejaram por seus lábios.
— Que gostoso, porra! — Arion aferrou o aperto em meus
cabelos e moveu o quadril, estocando lenta e profundamente.
A voz, que era a minha perdição, incitou um mar de arrepios em
meu corpo. Minha língua serpeava por seus piercings, a sensação gelada
combinada ao pulsar quente de suas veias era viciante. Sincronizei a
punheta com o vaivém dos meus lábios, levando-o um pouco mais
fundo a cada investida. Eu não o aguentava todo, parei no quinto
piercing, e então o chupei, tomando tudo dele. Quebrando-o, fodendo-
o, até que cada gota do seu prazer estivesse se derramando.
— Vou gozar — avisou, afrouxando o aperto em meus cabelos.
— Na minha boca — pedi, voltando a chupá-lo.
— Como quiser, linda — ciciou, metendo gostoso.
Um gemido baixo e rouco escapou dos seus lábios e em seguida
senti o gozo quente e espesso em minha língua.
— Porraaah... — gemeu, enquanto o lambia, extraindo cada
gotinha. — Que chupada gostosa.
A maldita risada soou junto a um suspiro longo, abalando todas
as minhas estruturas.
Fomos para o banho depois de mais uns beijos. Arion tinha que ir
à terapia e não podia demorar mais, então aproveitamos os minutos no
chuveiro para conversarmos sobre como faríamos em relação às crianças.
— Ainda não conversei com os dois sobre os festivais, porque eu
não tinha certeza se iria — explicou, movendo as mãos por meus
ombros. — Podemos criar encontros casuais para que vá se aproximando
deles, pelo menos nessa primeira semana.
— Ok, acho que isso é mais fácil pra mim também.
— Obrigado por fazer isso, Vida. — As mãos acariciaram as
laterais do meu rosto. — Mas se perceber que é muito para você e quiser
mudar de ideia, tudo bem.
— Eu só preciso mantê-los vivos, certo? — brinquei, afanando
uma risada dele.
— É mais difícil do que parece, mas é gostoso pra caralho. —
Arion deu-me um sorriso, seguido por um selinho demorado. — Que
tal um encontro casual amanhã, na praia?
— Eu, você, as crianças e nossas pranchas?
Aquiesceu, sorrindo.
— E uns beijos roubados nessa boca linda. — Pressionou os
lábios nos meus, reivindicando um beijo profundo.
— VOCÊ VAI O QUÊ? — Caíque me encarou de olhos
esbugalhados.
— Meio que vou... — Torci o lábio, beliscando-o com os dentes.
— MEIO, VIDA? Você acabou de me dizer que vai passar os
próximos dois meses brincando de ser mãe! — Caíque deslizou a mão
nos cabelos. — CARALHO, DUNA! — esbravejou, movendo os olhos
para minha melhor amiga, sentada ao meu lado, na beirada da cama. —
Já esqueceu o quanto ficamos loucos de preocupação com a Vida nos
últimos dois anos?! DOIS ANOS, PORRA! — Caíque nos deu as costas e
cruzou os braços atrás da cabeça. — Vocês só podem estar de sacanagem
com a minha cara. TOMAR NO CU!
— Eu sei que foi difícil para vocês quando...
— NÃO. — Ele virou bruscamente e olhou em meus olhos, com
o maxilar travado e os lábios comprimidos em uma linha irascível. —
Não, Vida, você não sabe! — Eu assisti petrificada uma lágrima surgir no
canto do seu olho esquerdo e rolar por sua barba. — Você não sabe
como é acordar todos os dias com medo que aquela mensagem nunca
chegue, com medo que a qualquer momento você receba uma ligação
dizendo que acabou — ele sacudiu a cabeça em negativa —, que você
não pode mais fazer nada — meus olhos ficaram turvos de lágrimas —,
que nada do que fez foi o suficiente para impedir que o seu maior medo
se tornasse real.
— Desculpa — murmurei, sentindo o choro rasgar o meu peito.
— NÃO PEDE DESCULPAS, PORRA!
— Caíque... — Duna segurou em minha mão.
— Eu sei que não é sua culpa, eu sei que está sofrendo, eu sei de
tudo isso. — Caíque respirou fundo. — Mas isso não alivia a minha dor,
Vida. Isso não diminui a dor da Duna — apontou para ela —, do Pietro,
dos seus pais... — enumerou, agitando uma mão. — De todos nós. —
Deu de ombros. — Então não me culpe por estar com medo que esses
dois meses te levem embora das nossas vidas para sempre.
Eu me levantei e me refugiei em seus braços.
— Não te culpo — murmurei, enterrando o rosto em seu peito.
Caíque me segurou em um abraço apertado, afagando os meus
cabelos por longos minutos, enquanto três corações sangravam em
silêncio.
— Você tem certeza que esse não vai ser a porra de um gatilho de
merda? — perguntou, esmagando os lábios nos meus cabelos.
— Não sei.
— Merda — resmungou, movendo as mãos para o meu rosto.
Ele deu um beijo em minha testa, soltou-me e foi até Duna. — Não vou
me desculpar pelos gritos — disse, envolvendo-a em um abraço e se
curvando para beijá-la nos cabelos.
— Você fica com o Leleco para eu pegar uma onda com a Mali?
— Arion me perguntou à meia-voz, correndo os dedos por meu pulso.
— Claro. — Aquiesci.
Alec estava sentado entre as minhas pernas, brincando com um
barquinho que virava uma espécie de balde, cheio de peças coloridas de
montar e encaixar.
— Obrigado. — Arion se inclinou para falar com o Alec. Eu
ficava toda boba com o cuidado que ele tinha com os filhos. — Leleco, o
papai vai levar a Mali para pegar uma onda e já volta — disse baixinho e
beijou a cabeça de Alec. — Vamos, Pandinha? — chamou, levantando-
se.
— Pra onde? — Malika olhou para o pai.
— Surfar. — Ele pegou a prancha que estava deitada na areia. —
Eu e — apontou para ela — você lá no fundão. — Meneou a cabeça,
indicando o mar. — Vamos?
— Vamos! — respondeu, levantando em um pulo.
— Leleco — ele desviou os olhos dos brinquedos —, se
comporta, tá? — Arion falou quando recebeu a atenção do pequeno.
— Aaaiiia...
— O papai e a Mali vão pegar uma onda grandona agora. — Ele
estendeu a mão para a filha, e quando ela a segurou, eles correram em
direção ao mar.
Não bastava ser surfista, ainda tinha que ser um pai solo super
fofo. Aff!
Arion remou para o outside com Malika em suas costas.
Entre conversas e brincadeiras com o Alec, eu contemplava pai e
filha sentados na prancha. Arion olhava para trás, conversando com
Malika, ambos sorrindo, à espera da onda perfeita. Eu não precisava de
celular ou câmera para guardar aquela imagem. Tampouco conseguia
fazer parar as lágrimas que floriam em meus olhos, ou o sorriso em meus
lábios. O descompasso dos meus batimentos eram os acordes de uma
melodia que eu havia escutado apenas uma vez, e já era a minha favorita.
Eu a escutei quando vi o Arion com o Alec na pista de skate.
E eu a escutava de novo ali, enquanto olhava para Arion e Malika
dropando uma onda. Juntos. Ele moveu as mãos para a garota em suas
costas, abraçada ao seu pescoço, e a trouxe para seu colo, então a
abraçou sobre a prancha, deslizando na parede da onda.
— Olha o papai e a Mali! — Apontei para o mar, sentindo o
gosto das lágrimas unir-se ao sorriso em meus lábios.
Não tankei.[65]
Ainda estava rindo quando Arion se aproximou da mesa.
— Vida — disse Arion, me cumprimentando.
— Oi. — Sorri para eles. — Oi, Leleco. — Fiz carinho nos cabelos
do Alec. Ele segurava uma casquinha, se lambuzando todo.
— Seu sorvete. — Arion entregou a casquinha para Malika, se
inclinou e beijou minhas duas bochechas, sob o olhar vigilante da filha.
— Senta com a gente — convidou, puxando uma cadeira para que eu
me sentasse. — Vai querer seu sorvete de quê?
Malika deu uma revirada de olhos, tive que morder a língua para
não rir.
— Abacaxi — respondi, sentando-me.
— Só a fruta?
Eles tinham opções de sorvetes naturais, produzidos sem adição
de açúcar, e os tradicionais.
— Sim, por favor.
— Vamos buscar o sorvete da Vida, Leleco? — disse, se afastando.
— Meu pai pegou para você — resmungou, me encarando com
olhos estreitos, e deu uma lambida no sorvete.
— Seu pai é muito gentil.
— Demais. — Ela deu uma leve arqueada nas sobrancelhas e
soltou um suspiro, movendo os ombros e lambendo o sorvete. Sorri
com o canto dos lábios. — Você gosta do meu pai? — A pergunta foi
tão direta que me deixou desconcertada.
— Gosto, ele é meu amigo. — Senti o rosto esquentar.
— Não tô falando assim. — Os olhos verdes me alvejaram feito
lanças.
— Como então?
Fiz a sonsa, né? Mas ganhei tempo, isso era o que importava.
Olhei de soslaio para o balcão de sorvetes, procurando por Arion.
— Gostar de namorar.
Será que ela sabia o que era namorar?
— Seu pai e eu somos amigos. — Saí pela tangente, esperando
que ela se desse por satisfeita.
— Mas você quer namorar com ele?
Meu Deus, eu precisava de um manual para sobreviver a uma
conversa com uma garota de seis anos.
ARION, VOLTA AQUI!
— Namorar de segurar na mão e tomar sorvete juntos?
Sem julgamentos, por favor!
Eu estava desesperada.
E ela era uma criança de seis anos, pensei que a ideia de namorar
fosse menos literal.
— Você é tonta?
— Malika!
Engasguei uma gargalhada no segundo que ouvi a voz do Arion.
Pelo tom de voz e a cara que ele fez, eu não deveria rir quando Malika
dizia esse tipo de coisa.
— Tonta não é palavra feia, papai — argumentou enérgica. —
Tonta é quando a gente leva uma pancada — Malika bateu com o punho
fechado na cabeça —, aí fica — girou a cabeça, encenando — tontinho,
tontinho, e confunde as coisas.
Eu estava curiosa sobre onde aquela explicação terminaria.
Arion me entregou a minha casquinha e sentou-se, acomodando
Alec numa perna, enquanto ouvia com atenção a lógica argumentativa
da filha.
— Só porque você foi pegar o sorvete pra ela, agora a Vida acha
que tá namorando com você. — Malika revirou os olhos, balançando a
cabeça, enquanto eu a encarava boquiaberta, sem saber nem como me
defender. — Por isso eu perguntei se ela tá tonta. Mas eu não preciso de
uma mamãe, aí você não tem que namorar — disse, abaixando os olhos
para o sorvete e voltando a lambê-lo. — Esse é muito bom —
comentou sobre o sorvete. — Quer um pouquinho, papai?
O final me quebrou.
Do segundo que comentou sobre não precisar de uma mãe ao
segundo que ofereceu o sorvete ao pai, Malika me quebrou em tantas
partes.
Porque eu vi o quanto ela estava quebrada.
Queria abraçá-la e dizer que tudo ficaria bem, mas como eu
poderia, se também estava quebrada?
Malika era apenas uma garotinha.
Porra, ela ainda nem havia completado seis anos!
Eu estendi a mão sob a mesa e afaguei a coxa do Arion, querendo
confortá-lo, porque eu sabia que ver o sofrimento dela também doía
nele.
Um mês depois
Alec e Arion seguiam para o portão de embarque, os dois
olharam ao mesmo tempo por cima do ombro. Alec deu um tchauzinho
e Arion uma piscadinha.
Estávamos no aeroporto de São Paulo, eu e Malika ficaríamos por
duas noites na cidade, e os dois estavam voltando para Arraial do Porto
após quatro meses em Ibiza.
Malika achava que nossa parada em São Paulo era para fazer
algumas compras, o que ela amava. Ficamos um dia no hotel,
descansando e nos ajustando ao fuso horário, e no dia seguinte saímos
para almoçar. A levei para um dia de beleza, ficamos horas no sofá,
fizemos unha, cabelo e maquiagem.
— A gente se maquiou para ficar no hotel? — Estreitou os olhos
para mim.
— Não. — Dei uma piscadinha para ela.
— Mas a gente voltou para o hotel.
— Vamos nos trocar e sair.
— Pra onde? — Arqueou a sobrancelha.
— Você vai descobrir daqui a pouco.
Não reclama, aprendi com seu pai.
— Você tá estranha, Vida.
— A gente saía o tempo todo em Ibiza.
— Mas eu sempre sabia pra onde a gente ia. — Enrugou o nariz.
— Você já vai descobrir, garota. — Ri e destravei a porta do
quarto. — Eu separei um vestido, se você quiser usar ele... — falei como
quem não queria nada.
Malika sempre decidia o que iria vestir.
Apertou os olhinhos, me encarando.
— Estranha — balançou o dedo, apontando para mim —, muito
estranha.
— Deixa de ser desconfiada — brinquei.
Ela amou o vestido que eu havia reservado, e eu fiquei toda
felizinha, porque comprei pensando nesse dia. Minha garotinha estava
toda princesinha, com um vestido de tule lilás — ela amava lilás, azul e
verde —, cheio de babadinhos e um tênis branco. Os apliques
coloridinhos que ela pediu para colocar no salão e a maquiagem delicada,
com um pouquinho de glitter, completavam o look.
— UAU! — Fiz uma interjeição teatral, abrindo a boca e os
olhos.
— Eu sei, tô linda. — Fez um giro, segurando na saia do vestido.
Eu amava muito essa garota!
— Você é sempre linda! — Dei um sorriso. Aprendi com o
melhor. — Deixa eu tirar uma foto para enviar para o seu pai. — Peguei
o celular e ela fez várias poses. — Perfeita!
— Deixa que eu escolho.
— Tá. Mas não apague nenhuma — entreguei o celular para ela
—, ainda quero ver. — Caminhei até a mesinha de cabeceira e peguei um
protetor de ouvido com design de um headphone e várias pulseirinhas da
amizade que eu tinha pedido que o ateliê fizesse para nós duas. — Só
falta isso. — Mostrei os itens para a Malika.
Ela arregalou os olhos.
— A gente vai no show da Taylor? — Aquiesci, sorrindo. —
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!! — Deu um grito estridente e
vários pulinhos sem sair do lugar, e eu caí na risada. Quando a euforia
deu uma diminuída, pôs meu celular em cima da cama e correu para me
dar um abraço. — Eu te amo, Vida.
— Também te amo — respondi, com os braços para cima,
segurando as coisas.
— Você também vai querer pulseirinhas? — perguntou,
rompendo o abraço e puxando meu braço para ver as pulseiras.
— Sim, quero — falei, rindo. — Tem pulseira para encher seus
braços e ainda vai sobrar.
— Coloca logo pra gente ir.
Eu sabia que levar a Malika a um show da Taylor Swift seria
emocionante desde que a ideia me ocorreu, porque era uma paixão que
nós duas compartilhávamos e que nos aproximou muito.
Enquanto estávamos a caminho do show, me lembrei da primeira
vez que toquei Love Story para ela. Malika não conseguiu me pedir para
tocar quando comentei que sabia, então ela disse que não acreditava, me
desafiando a tocar.
— Por que você tá chorando? — ela me perguntou quando
descíamos do carro.
— Porque eu tô feliz. — Inclinei-me, encostando minha testa na
dela. — Estou muito feliz de estar aqui hoje com você.
— Também tô feliz, Vida, mas não vou chorar não, viu?!
Ri, e ela falou que eu chorava demais.
Acomodamo-nos nos nossos lugares. Eu segurava o protetor
numa mão, para quando ela quisesse colocar. Malika amava as músicas, ia
curtir muito o show, mas ela era uma criança, ficar em meio a tanto
barulho por horas seria incômodo. Malika mexia nas pulseirinhas em seu
braço, ansiosa, esperando a abertura do show.
Agora corta para a Taylor entrando no palco e aquela mesma
garotinha que não ia chorar, soluçando, tamanha era a emoção. Ela me
abraçou pela cintura e ergueu os olhos para mim, com o rosto lavado de
lágrimas.
— É a Taylor, mamãe. — Encostou a cabeça em mim e voltou os
olhinhos para o palco, enquanto minha mão tremia, o que eu só percebi
porque o protetor de ouvido estava sacudindo. — Olha, mamãe!
Nem sei como consegui erguer a mão livre e abraçar a sua
cintura.
— Tô vendo, amô — murmurei, me afogando em lágrimas.
Lágrimas doces.
As mais doces que eu poderia imaginar.
Quando Malika começou a cantar as músicas, eu não sabia se
cantava junto ou chorava. Eu ria, eu chorava, eu olhava para a garotinha
ao meu lado, com os olhos molhados de lágrimas e um sorriso imenso
nos lábios, cantando aos gritos. A melodia da sua voz, do choro
emocionado, dos seus sorrisos transbordantes e do “mamãe” que soou
dos seus lábios pulsava em cada batida do meu coração.
— Papai, foi tão, tão, tão legal. A mamãe chorou um montãozão
— contou a Malika, rindo.
Olhei para Vida, sentada no banco do carona.
Com o rosto voltado para mim, ela sorria, com lágrimas nos
olhos.
Ela era mesmo muito chorona.
Mas eu também era, porque os meus também estavam
lacrimejando.
— Só fui eu quem chorou, né? — Vida a provocou.
— Eu chorei também, papai, mas foi só um pouquinho, bem
pouquinho.
— Na próxima vez, eu vou filmar — disse Vida entre risos.
— A gente vai de novo? — Pelo retrovisor, vi Malika unir as
mãos em súplica, e dei uma risada. — Por favor, mamãe, vamo! Vamos,
mamãe!
— Eu, mamãe — pediu Alec, na cadeirinha ao lado da de Malika.
— Você quer ir também, Leleco? — Vida inclinou-se entre os
bancos para falar com ele.
— Qué! — Bateu palminhas.
— Mamãe, vamo, vamo! — Malika agitou as mãos.
— Não vai ser agora — pontuou Vida —, mas a mamãe promete
que a gente vai de novo. E o Leleco vai também, né?
— Néee! — Alec imitou Vida, ele estava na fase de imitar todo
som que ouvia, tínhamos que ter cuidado redobrado com o que
deixávamos escapar na frente dele.
— O papai também vai? — Vida endireitou-se na poltrona,
movendo os olhos para mim.
— Claro que eu vou!
— Oba!!! — gritou Malika.
— Obaaa! — Alec comemorou também.
Naquela noite, uma festa de boas-vindas nos aguardava no
terraço do restaurante da mãe do Zac. A minha mãe e o Eugene — que
agora moravam juntos —, e os pais da Vida, organizaram juntos. Eles
viviam confabulando pelas nossas costas, principalmente no que dizia
respeito à agenda social dos nossos filhos enquanto estivéssemos no
Brasil.
Se bobeasse, era capaz de terem esquecido de reservar um dia ou
outro para as crianças ficarem com a gente. Os pais da Vida ficariam boa
parte do verão em Arraial, para passar um tempo com as crianças. Eles já
tinham nos visitado algumas vezes, antes de irmos para Ibiza, e também
quando estávamos lá, e eram super babões com a Malika e o Alec.
Nós voltaríamos a morar na Europa no próximo ano, porque eu
estaria em turnê a partir de junho, mas ainda não tínhamos decidido
onde, estávamos aguardando para ver se iria rolar de eu retornar para o
meu segundo ano de residência em Ibiza. Se tudo desse certo, ficaríamos
lá, e minha agenda de show seria em paralelo.
— Agora que a gente já é praticamente da família — disse
Caíque, apoiando o braço no meu ombro —, abra seu coração e me diz
que caralho passou na sua cabeça quando decidiu colocar...
— Caíque! — Ouvi Vida soar logo atrás de nós.
— Para colocar — saquei qual seria a pergunta e já comecei a rir
— sete piercings no pau?! Sete, man!
Dei uma gargalhada.
— Você não tem jeito, né? — Vida deu um tapa no bíceps dele.
— Sabe há quanto tempo estou segurando as milhares de
perguntas que brotaram na minha cabeça por sua culpa? — Apontou
para Vida. — Foi você quem me contou que ele tem sete piercings no
pau, porra!
— Eu tenho até medo de saber o que vocês e Duna conversam
toda semana — comentei, rindo.
— Relatórios semanais de tudo, cara — Caíque falou em tom de
confidência, alisando o cavanhaque. — TUDO.
— Tudo, tudo não, é um apanhado geral das coisas mais
impactantes.
— Inclusive, como caralho você faz aquela porra de colocar ela
no ombro pra chup... — Irrompi numa risada, sentindo minhas
bochechas esquentarem, e Vida ficou vermelha igual um camarão.
— Caíque, eu te mato!
— Continua, porque ela é fissurada. — Deu um tapinha no meu
ombro e demoveu o braço. — Eu tentei com uma gata — meneou a
cabeça —, mas não deu muito certo não — confessou, rindo.
— Cara — falei aos risos.
— Bem feito — disse Vida, envolvendo meu bíceps. Eu amava
quando ela fazia isso. Inclinei-me para ela e beijei seu pescoço.
— Ei, puto. — Louie chegou, dando um soquinho no abdômen
do Caíque.
— Até que fim, né? — Caíque deu um soco no bíceps do amigo.
— Tava se aprontando para casar, caralho?
— Ei, man. — Louie trocou um cumprimento de punhos
comigo.
— Fala, man.
Ele abriu os braços para envolver Vida em um abraço. Eu já tive
um pouco de ciúmes do Louie, mas depois entendi que eles se amavam
como se fossem irmãos.
— Você está linda. — Beijou o rosto de Vida.
— Você está um gato. — Ela afagou o rosto dele, deu um beijo
na bochecha e retornou ao meu bíceps. — Já viu o Apollo?
— Você não desiste — comentei, olhando a minha garota dar
um sorriso travesso para o Louie.
— Se pelo menos alguém me contasse o que aconteceu, mas
vocês ficam de segredinhos. — Torceu a boca, dando uma empinada no
nariz.
Eu amava demais essa curiosa.
Segurei em seu rosto, puxando-o para mim, e beijei sua boca.
— Não venha me comprando com beijos, seu cretino — disse,
dando uma mordida em meu lábio.
— Ei, papai e mamãe. — Zac chegou com o Alec montado nos
ombros.
— Leleco, high five. — Louie estendeu a mão para ele.
— Fi. — Bateu na mão do Louie.
— Bate aqui também, Leleco — Caíque o cumprimentou
também.
— Qui! — disse, acertando a mão do Caíque.
— Ele tá com fome e eu não sei o que posso dar ou não para ele
comer — disse Zac. — Esse é o problema de vocês morarem tão longe.
O titio fica perdido, né, Leleco?
— É, titio — respondeu meu pequeno.
— Vamos fazer um intensivão com os titios, Leleco. — Olhei
para Vida. — Umas semanas com babá cairiam bem, né, linda? —
brinquei com o meu amigo. — Vem para o pai. — Estendi os braços,
descendo o Alec dos ombros do Zac. Eu o coloquei no chão e segurei
em sua mão. — Leleco tá com fominha ou com um montão de fome?
— perguntei, olhando para ele.
— ÃO! — Abriu a boca como se fosse devorar algo ao dizer o
“ão”.
[68]
Escola de tambores afro-brasileiro de Salvador/Ba.
[69]
Muito rápido.
[70]
Autolesão não suicida (ALNS), não tem como objetivo levar à morte, mas aliviar a
dor psíquica. Em outros casos, o objetivo é “sentir” para preencher o vazio, ainda que
momentaneamente.
[71]
Infecções Sexualmente Transmissíveis.
[72]
Só para referência, esse dado está dentro das estáticas possíveis na atualidade, em
decorrência do impacto do TikTok. Em 2021, um DJ brasileiro de 19 anos, bateu 3 bilhões de
streams cerca de três meses após o lançamento da track.
[73]
É considerado o clube nº 1 do mundo.
[74]
Macacão de Neoprene com as pernas curtas.
[75]
Cale a boca e dance comigo.