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Todos os direitos reservados ao Grupo Editorial The Books. É proibida a reprodução de parte ou
totalidade da obra sem a autorização prévia da editora. Todos os personagens desta obra são fictícios e
qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas terá sido mera coincidência. Texto revisado
conforme o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
ANTON DEXTER
KIARA DEXTER
Eu decidi ficar em casa, presa no quarto, mas meu pai subiu para me
obrigar a ir até a fazenda do Dexter e me "devolver" a ele. Porém, quando eu
disse que não ia, furioso, ele só não me bateu com o cinto porque eu estava
segurando o bebê no colo.
— Se você não vai voltar, continuará nesta casa só por mais um dia!
Eu não quero aquele Dexter vindo nas minhas terras me ameaçar! Resolva os
seus problemas sem mim! Não estou nem aí para você e para essa criança!
Você é propriedade dele! Não restituirei um centavo do dinheiro da venda!
— Por favor, eu não quero voltar. Eu não sou propriedade daquele
homem. Me deixa ficar aqui com o meu filho? É o seu neto, olha o
tamanhinho dele, é só um bebê. Não tenho para onde ir, pai.
— Se conseguiu se virar sozinha por dois anos, ainda grávida e com
um recém-nascido, pode continuar sem a minha ajuda e o meu dinheiro!
Vocês dois são só duas bocas a mais! Procure a cabana caindo aos pedaços
do seu avô! Aquele velho saberá o que fazer com vocês dois!
Eu tento não chorar e apenas assinto com a cabeça.
— Não se preocupe, eu irei hoje mesmo!
— Ótimo! Já comece a organizar suas coisas, antes que eu faça! —
Após esbravejar bruto, ele vira as costas, abandonando-me em lágrimas e
com um aperto no coração.
Coloco o meu menino no berço, pego a única mala com todas as
nossas roupas e começo a reorganizá-la em meio aos prantos desesperado. Eu
quem não quero ficar nem mais um minuto aqui. Achei que o meu pai tivesse
mudado, que ele me aceitaria de volta com o bebê. Contudo, só soube me
tratar mal desde que cheguei. Jogando na minha cara que eu e o meu filho
somos só mais duas bocas para ele alimentar.
— Filha, pelo amor de Deus, não vai embora! — Eu desço os
degraus da escada com a mala e com o Gieber chorando nos braços
— Não se mete, Judite!
— Pare, Padilho! Você está expulsando a sua única filha e o seu
único neto de um ano! Pense, é só uma criança! Kiara precisa da nossa ajuda!
— Se você continuar a me contestar, sua porca velha, eu te bato com
o cinto! E faça esse garoto calar esse berreiro!
Minha mãe chora. Eu balanço a cabeça, encarando-a e ninando o
Gieber.
— Está tudo bem, mamãe, eu me viro.
— Ah, querida, você sabe que por mim ficaria eternamente. Eu não
vou suportar te ver indo embora e levando esse bebê indefeso. Eu amo vocês.
Daria a minha vida pelos dois.
— Eu sei, eu te amo. Mas preciso ir.
— Eu também te amo. Vem, a mãe te leva até a porta.
— Não demore, Judite! Te darei cinco minutos!
Na porta principal, assim que eu saio para fora, a minha mãe me
puxa ligeira para os degraus.
— Venha...
— Mãe?
Ela, então, me para ríspida e afobada.
— Escuta, um peão, filho de uma amiga minha da vila, está te
esperando nos estábulos. Já combinei tudo com eles, com medo de uma hora
ou outra o Padilho te expulsar e não ter para onde ir. O barraco do seu avô
nem telhado tem direito. Não é seguro para ambos.
— Voc...
— Não, Kiara, não temos tempo! Anda, vai logo! Assim que eu tiver
uma oportunidade de visitar vocês, eu irei! E acalme esse menino, tente
escondê-lo!
Ela me dá um beijo materno no rosto, outro no bebê e empurra-me
com a mala para, em seguida, voltar correndo para dentro do casarão. Eu faço
o que ela me mandou, sem olhar para trás. No caminho, eu deixo o Gieber
mais calado e com sono. Acho que ele entendeu que qualquer lugar é melhor
do que a casa do avô.
Quando eu chego ofegante na porta de correr do estábulo, cheia de
mato nos sapatos, eu vejo o tal rapaz me esperando ao lado de um cavalo da
cor marrom. Ele tem uma barba grande e espessa. Sua estrutura não é tão alta,
nem tão forte. É magro.
— Boa tarde, senhorita Kiara — ele vem até mim e sem estender a
mão, o homem de feição séria me cumprimenta. — Sou Francisco.
Assinto, observando-o.
— Sua mãe já deve ter lhe explicado tudo, me dê a mala.
— Para onde vai me levar? — Entrego a mala de mão, enquanto o
rapaz sobe no cavalo.
— Para a casa da minha madrasta. Ela mora sozinha no povoado da
vila, não se preocupe. Quer ajuda com a criança para subir?
— Não! Eu não vou largar o meu filho!
— Tudo bem. Tudo bem. Só coloque este lenço para que não seja
reconhecida. Todos sabem como é a esposa do senhor Dexter.
— Não precisa me lembrar de que um dia eu fui algo daquele
homem. E também, não o chame de senhor.
— Sim, senhora, desculpe-me.
Com a consciência pesada de ter sido grossa com o rapaz, eu pego o
lenço, enrolo na cabeça, só deixando a visão e o nariz para respirar. Então
subo no cavalo com dificuldade, mas sem a ajuda dele.
— Iremos rápidos. Aconselho a moça a se segurar bem.
Atrás das suas costas, eu abraço o meu menino com segurança e vou
assim durante as galopadas velozes conduzidas por Francisco até a vila. Eu
fico nervosa com a proximidade a cada minuto. Ele é rápido.
E em duas horas sem pausa, quando chegamos no povoado, eu já
tive a sorte de reconhecer perto da igreja uma amada pessoa; a dona Maria, a
cozinheira da fazenda Dexter. Ela conversa com algumas senhoras, suas
amigas. Meu desejo todo era de descer, de dar um abraço apertado nela, dizer
que eu dou valor a cada comida gostosa sua, que eu sinto saudades e que ela e
Felícia foram um anjo enviado por Deus durante os meus três anos de
moradia naquela luxuosa mansão. E que Anton, o menino que ela viu crescer,
me machucou tão doloroso... que eu só não consegui me matar porque o meu
filho estava sendo gerado para me dar um segundo motivo de viver.
— Senhorita Kiara, é aqui. — Francisco se refere a uma casinha de
madeira e de tijolos, onde para com o cavalo.
Não sei nem explicar a dor nas minhas ancas.
— Mas está tão perto da vila.
Não está perto, é praticamente na vila.
— Posso dizer que não tem lugar mais seguro. Confie em nós.
A essa altura, eu confio e acredito que ele e a minha mãe não
poderiam ter escolhido lugar melhor para me esconder.
Francisco me apresentou a Rosa, a sua madrasta-mãe, que é uma ex-
cartomante. Ao me receber, ela foi um verdadeiro doce de pessoa. Sua casa é
simples, tem apenas quatro cômodos pequenos. A sala era o seu local de
trabalho, ainda tem coisas bem coloridas e piscantes ao redor – sem falar das
poltronas vermelhas. A cozinha tem uma mesa com duas cadeiras, o quarto
em que eu ficarei com o Gieber só cabe a cama de casal e uma cômoda
quebrada. O que já é muito do que eu queria, esperava e gostaria. Agradeço a
Rosa do fundo do meu coração.
Anton Dexter
Isso não passa! Olhar nos seus olhos foi duas vezes pior! E agora ela
tem aquilo consigo! Não é possível que seja filho meu! Eu não aceito!
Eu me levanto da cadeira do escritório e chuto a mesa, em seguida,
saio da sala.
— Onde a Felícia está? — Pergunto para a nova empregada que
estava cantarolando e limpando o assoalho.
Ao me ver, ela se cala, erguendo-se de mal jeito e encarando-me
nervosa e chocada, com as bochechas evidenciando a vermelhidão.
— E-ela acabou de descer a escada para pegar algo na cozinha,
senhor.
Consinto calado, agradecendo a informação e sigo para a cozinha.
Ao entrar no local de pisos de ladrilhos, encontro a Felícia preparando uma
bandeja de alimento junto da Maria, a cozinheira e a mãe do Gael, meu amigo
de infância. E sem demora, eu não meço as palavras.
— O que a Kiara disse para você, Felícia?
— Senhor Dexter! — Assustadas, elas duas colocam a mão no peito,
virando em minha direção.
— Desculpa, senhor... eu... eu não entendi?
— Kiara disse por onde esteve e de quem é aquela criança?
— K-Kia não disse — Felícia gagueja, desviando dos olhos pávidos
de Maria. — Ela só falou que o senhor sabia o motivo dela ter ido embora.
E eu sei! E mesmo tendo Kiara aqui perto de mim... isso não passa!
Essa droga de prisão continua!
— Mais nada? Só isso?
— Sim, senhor... só isso.
— Então, a partir de hoje, eu quero que você me conte tudo o que
conversarem a este respeito! Também você, Maria! Quero que as duas
descubra por onde ela andou! Entenderam?
— Por onde "ela" andou, quem? Do que está falando, Anton?
Minha mãe aparece ao meu lado, sem qualquer aviso e eu continuo
vidrado nas duas senhoras, que apenas concordam quietas com a cabeça.
— E não precisam servir o meu jantar. Com licença!
— Anton, você não...
Eu viro as costas, indo até as escadas ao deixar Lorenza falando
sozinha.
E quando eu chego no corredor do andar de cima, eu paro, tiro o
chapéu, passo a mão pelo rosto e pela barba, tentando controlar os nervos. O
que Kiara relatou a poucas horas é verdade, eu precisava de uma esposa sem
menor interesse em me extorquir. Eu precisava de uma mulher boba e que
fosse literalmente do mato. Pois eu nunca quis me casar, eu só tinha vinte seis
anos, eu gostava de ser solteiro, de ser livre, de apenas me importar com os
estudos. Era o meu pai quem me infernizava o tempo todo sobre a
importância do casamento nos negócios. No "reinado Dexter" das terras e das
nossas madeireiras na capital. Ele sofria de leucemia. E foi num dia antes da
sua dolorosa morte, agonizando na cama do seu quarto, que Rangel Dexter
me fez prometer de joelhos um casamento com uma moça digna, honrada,
modesta, humilde e que fosse o completo oposto da mercenária que ele amou;
a minha mãe. Ele me fez jurar isso em meio às lágrimas, enquanto eu
acariciava a sua cabeça careca das quimioterapias.
Sendo aquela a sua última noite em vida, eu jurei, eu assegurei que
jamais descumpriria a minha promessa de achar a tal noiva que ele desejava
de mim! E Kia é a minha esposa, é dela que meu pai se orgulharia se
estivesse vivo!
Só que... Eu soco a parede, antes de sequer abrir a porta do quarto.
Não das minhas atitudes! Se ele soubesse o desgraçado que eu me tornei!
Rangel não me veria com os mesmos olhos de orgulho! Meu pai diria que os
seus esforços foram em vão! Que as suas mãos machucadas de carpir e
plantar sementes, as queimaduras nas costas, os calos nos pés... tudo o que
sofreu para ter uma vida melhor, o seu único filho não era digno!
Eu o decepcionei. Jamais serei como ele. Jamais terei a sua
compaixão, o seu amor, a sua forma "poeta" de viver rimando as coisas boas
e bonitas.
Eu sou o oposto de um homem bom. Eu sou um animal que talvez
nem Deus tenha clemência do fim!
CAPÍTULO 4
Kiara Dexter
Eu saio, vou até a cozinha ficar com as duas pessoas que eu aprendi
a gostar e a amar em menos de vinte quatro horas; Felícia e Maria. Elas são
muito especiais. Nós temos uma relação além de patroa e empregados, somos
amigas. Ao entrar sorrateira no ambiente, descubro um amigo que também
tive outro prazer de conhecer; Gael, filho de Maria.
— Não acredito... — Sussurro perto do arco da porta.
Ao ouvir a minha voz, ele não demora a inclinar o pescoço, arregalar
um pouco dos olhos e quase dar um pulo da cadeira.
— Patroa!
Eu sorrio divertida, indo até eles.
— Kia, desculpa a afobação, minha querida, mas, por favor, eu
poderia segurar o seu filhinho? — Maria pede sem aguentar-se de ansiedade
para fazer a tal pergunta. Gael continua ainda boquiaberto, desta vez,
encarando o bebê.
— Que isso, é claro, Maria.
— Eu também quero depois! — Felícia exclama enquanto eu me
aproximo e passo o pesinho de um ano para outros braços.
— Você teve um filho, Kia? — Gael é sério e direto. Eu fico
incomodada, já imaginando a pergunta sobre quem seria o pai.
— Sim...
— Ele tem cabelo cor castanho-claro. Tirando isso, se parece muito
com você... digo na beleza — após confessar, ele desvia-se de mim,
colocando o seu chapéu marrom.
— Obrigada, Gael.
Eu não esperava por isso, fico corada.
— Se parece em quase tudo. Até os olhinhos claros — Maria brinca
com ele, que sorri todo arteiro.
— Como você está? — Pergunto, sentando-me ao lado do meu
amigo.
— Bem... Por onde andou? Todos nós ficamos preocupados,
desesperados. Até agora não sabíamos o que de fato havia acontecido com
você.
Eu permaneço sã, fingindo que o seu questionamento não me afetou.
Por mais que eu goste da amizade do Gael, eu não confio nele. Anton o
considera como o seu braço direito. O homem de confiança. Eles são amigos-
irmãos. E tudo o que eu disser, eu sei que ele passará para o Dexter.
— Eu não posso respondê-lo. E nem vocês — olho para as duas
senhoras que aguardavam da mesma forma a minha resposta. — Espero que
entendam.
— Tudo bem, doce menina. O que importa é que você voltou e está
conosco — Felícia contorna o clima, voltando as atenções para o Gieber.
— S-Sim...
Eu sinto estar mentindo, pois eu não queria ter voltado. Eu não
queria estar sob o mesmo teto que o Anton. Isso é tão difícil.
— Eu já vou, hoje é dia de corte das árvores. Dexter já deve estar a
caminho da averiguação. Com licença...
Gael sai sem se despedir direito de mim. Não estranho, fico só
chateada. Eu sei que magoei o meu companheiro de cavalgadas — foi como
nos tornamos amigos. Enquanto Anton saia para aproveitar das mulheradas
fáceis da capital no final de semana com os seus irmãos perdidos, Gael fazia
questão de "raptar-me da tristeza" para caminharmos a cavalo, olhar a
natureza. O que nos provocava longas, infinitas conversas sobre tudo e todos.
Mais tarde, eu fico no quarto, deixo o Gieber brincando com um
brinquedinho de madeira que a Maria lhe presenteou e começo a separar
todas as roupas da época em que eu era esquelética por causa do meu marido
que não me amava, que não me dava atenção e que me traia! Hoje percebo
por estas roupas a estrutura do meu corpo bonito e como esses tecidos
chiques me realçam, me deixam diferente, formosa. Eu pareço aquelas
corpulentas dos eventos em que Anton me levava na capital. Elas tinham tudo
o que os homens viam e gostavam. Os saltos eram o equilíbrio perfeito da
"finesse" delas. E por mais que esse estilo não se pareça comigo, é quem eu
quero ser! Eu quero me vingar! Eu quero ser decidida, autoritária e não a
menina inocente do mato! Eu só aquietarei o meu coração depois de estar
livre deste casamento mentiroso e desta dor que me traz pesadelos ao colocar
a cabeça no travesseiro!
Sem vontade de descer, no horário do almoço, eu escolho almoçar
no quarto — o que me fez decidir permanecer o restante do dia presa aqui
também — e só volto a rever os Dexter na manhã seguinte. Tendo o maior
desprazer de rever primeiro a minha "adorável sogra" do diabo.
— Bom dia, queridinha — na sala, eu passo por Lorenza sem sequer
dá atenção para a bruxa. — Uau, quanta elegância. Parece até piada ver uma
selvagem caipira de saltos e tecidos finos.
Eu não aguento e viro-me arrogante!
— Eu não te perguntei nada, cobra!
— Vamos acalmar os ares, felina, não grite, não quero ouvir esse
filho do adultério chorando nos meus ouvidos. Anton poderia ficar louco,
imagina o que ele faria? Ah, não quero nem pensar.
Eu observo o cabelo negro e curto dela, com vontade voar sobre ele.
— Eu acharia ótimo se ele fizesse algo! E não ouse nunca mais se
referir ao meu filho assim! Pois eu seria capaz de cortar o seu pescoço com
um facão!
Lorenza sorri, cruzando as torneadas pernas e divertindo-se.
— Ai, ai, é como vestir um animal selvagem de tecidos caros. Você,
no circo, seria o "show mais aguardado da noite". Não tem um pingo de
classe. Veja a sua forma de falar... é o mais singelo "caipirismo".
Eu engulo em seco, não me deixando rebaixar.
— Bom, você já é uma velha, ao contrário de mim; nova e sem
nenhuma plástica, puxando as banhas de 60 e poucos anos!
Furiosa, ela imediatamente fecha o semblante, descruza as pernas e
levanta-se vindo até mim. Eu não me movo, faço questão de olhar no fundo
dos seus olhos.
— Saiba que você jamais terá paz nesta casa! Não enquanto eu
estiver aqui! Anton te colocará no olha da rua, no meio dos porcos, onde é o
seu lugar, sua imunda!
— Você me faria um grande favor se fizesse isso agora mesmo! Vai
lá, peça para ele me mandar embora! Anda, sua megera!
— É melhor não me desafiar, Kiara, você não ia gostar de me ver
como a sua inimiga. Até o momento, eu estou sendo muito recatada.
— Mas isso não é novidade para ninguém, não se preocupe, já
somos!
Ela me analisa dos pés à cabeça e sem dizer mais um "a", a bruxa
passa por mim, retirando-se maldosa. Eu respiro fundo, abraço o meu
filhinho e igualmente, saio às pressas, indo até a cozinha tomar o café com os
empregados. Prefiro mil vez eles a ficar naquela mesa com o Anton e a sua
mãe.
— Kia, o que faz aqui, doce menina? O café já está organizado lá na
mesa.
Eu dou de ombros, aproximando-me delas e da enorme ilha no meio
do ambiente.
— Eu escolhi ficar com vocês esta manhã.
— O sr. Dexter pode não gostar disso.
— Ele não tem o direito de me questionar em nada! E eu não vou
ficar no mesmo espaço que a maléfica da sua mãe! Quero que aquela mulher
vá embora da mansão o mais rápido possível!
— Se ela continuar importunando os ouvidos do patrão, com certeza,
ele a expulsará. Não vai demorar. Estou até pagando prece.
— Não será nem necessário aguardarmos por isso. Pois eu faço
questão de pedir ao Anton!
— Bom dia! — Nos interrompendo, Gael aparece na porta dos
fundos, vindo até nós com a sua estrutura forte, mas não tão alta.
— Bom dia, filho.
— Bom dia! — Eu e Felícia o cumprimentamos.
Ele me olha menos sério do que ontem e já me alívio por ver que não
está magoado comigo.
— O que faz aqui, Kia?
— Eu vim tomar o café com vocês — digo, sentando-me. — Vem,
nos acompanhe.
— Agradeço, eu já tomei em casa.
— Como assim, meu filho? — Maria coloca mão na cintura,
reprovando-o. — Vem cá, sente-se conosco e não rejeite pelo menos o café
forte de sua mãe. Vai te dar mais força.
Ele sorri convencido e aceita nos acompanhar. Durante o café, muito
ansiosa e inquieta, eu aproveito a oportunidade para pedir ao Gael que me
levasse para caminhar a cavalo com ele, como sempre fazíamos antigamente.
E por incrível que pareça, o meu amigo aceita animado.
— Quer agora de manhã?
— Não sei, você não vai trabalhar?
— Não, eu não tenho muito serviço.
— Pronto, pode deixar essa fofura do Gieber comigo — Felícia
declara rápida, ninando-o no seu colo. — Eu e Maria damos conta do
pequenino patrão.
— Certeza? Não vai incomodar vocês? Esse curiosinho não para
quieto.
— De forma alguma. Não temos nada importante para fazer. Vai lá,
aproveite o passeio, Kia. Você merece desparecer a mente, é o seu momento
de descanso — Maria responde acolhedora.
— E aí, vamos?
— Huum... está bem. Só me deixa subir para trocar de roupa, volto
rápida.
— Ok, não tenha pressa.
Por sorte, já pensando na possibilidade desse passeio (no começo,
sem o meu amigo Gael), eu acordei separando uma calça jeans justa, botas e
procurando um chapéu qualquer. Não via a hora de andar a cavalo. Eu amo
isso de todo o meu coração.
— Posso te fazer uma pergunta? — Enquanto eu aguardava o Gael
montar as nossas celas, ao terminar, ele molha a garganta e caminha até mim
com os belos animais.
— Claro, o que foi?
Ele me encara com a sua face morena e formosa, de uma pessoa
descontraída, porém, agora séria.
— Por que deixou o Anton e voltou assim, depois de dois anos e
com um filho?
Eu arregalo um pouco dos olhos, nervosa com o repentino
questionamento desconfortável.
— E-Eu já disse que não posso responder, Gael. Desculpe-me, eu
não posso.
— Anton te procurou igual um doido... e eu também. Eu te cacei por
Montes Do Sol noite e dia por um mês. No entanto, saiba que eu não parei
porque desanimei ou perdi as esperanças. Só não podia abandonar o meu
amigo. A fazenda precisava de mim.
— Por favor, você não deveria ter feito nada disso.
— Eu fiz e faria de novo. Mesmo não sabendo o que havia
acontecido, senti algo de errado. Anton mudou da água pro vinho. Ele ficou
louco, Kiara. Na madrugada em que foi embora, o Dexter saiu correndo pela
fazenda te gritando. Pegou a caminhonete e voltou só na tarde do outro dia...
sem você. Nem seus pais tinham informações.
Meus olhos ficam vermelhos. Com medo de chorar, eu viro a cabeça
e acaricio o cavalo.
— Vamos, Gael... eu, eu quero fazer esse passeio.
Ele chega perto de mim e entrega-me as rédeas, fitando-me
compadecido.
— Eu toquei no assunto e isso te entristeceu, por quê? Eu almejo
muito saber o que houve. De verdade. Eu sei que o Anton te fez alguma co...
— Chega! Eu não quero ser grossa com você! — Assim que
esbravejo, ele se cala, mudando o semblante para envergonhado. — Vamos.
— Eu me apoio na cela, seguro a crina, as rédeas, coloco o pé no estribo
esquerdo e pegando impulso, subo sozinha no torso do cavalo, sem movê-lo.
Calado, Gal faz o mesmo com o seu. E prontos, saímos cavalgando
devagar, com o clima pesado e sem conversa.
— Onde aprendeu a subir tão rápida? — Ele, então, indaga durante a
nossa andada, quebrando o silêncio com uma pergunta para alimentar o seu
ego.
Eu balanço a cabeça, não evitando o sorriso. Ele também.
— Com você, "professor profissional de equitação".
— Eu sabia. Não era possível ser tão boa.
Rimos.
— Eu estava com saudades disso. De sentir esse vento nos cabelos, a
brisa no rosto. É como se eu estivesse livre... — comento sincera ao meu
próprio interior. — Como eu sempre estivesse... é maravilhoso.
— Mas você está, patroa. E ainda nem sentiu o vento direito. Para
isso, uma corrida até a nova plantação dos eucaliptos, que tal?
— E onde fica essa nova plan...
Sem esperar, o trapaceiro do Gael grita "já" e sai na minha frente
com as suas galopadas velozes.
— Gael!
CAPÍTULO 6
Kiara Dexter
Kiara Dexter
Kiara Dexter
Anton Dexter
Anton Dexter
Kiara Dexter
Kiara Dexter
Anton Dexter
Kiara Dexter
Gael Abner
Pela primeira vez, eu sou rude com a Kiara, viro as costas, querendo
quebrar todas essas paredes no soco, por raiva, ódio pelo Anton. Eu a amo.
Eu não posso desistir depois de ter chegado tão longe com os meus
sentimentos. Merda, eu não posso!
— Gael... oi... — Assim que eu saio na área dos fogões a lenha da
fazenda, uma voz feminina me chama.
E ainda nervoso, descontrolado, eu viro com o olhar fuzilante e vejo
ser a Lívia. Ela molha os lábios e fita-me.
— Desculpa... eu te vi saindo da mansão nervoso e vim...
— Veio levar informações para a Lorenza? Eu sei qual é a sua,
Lívia. A mim, você não engana!
— Não. Eu não vim fazer isso... eu, na verdade... — ela, então
,balança a cabeça e ergue o pescoço, renascendo a sua pose de madame. —
Eu nem sei o porquê de ter vindo atrás de um grosseiro como você.
— Eu não sou grosseiro! Nem um boneco para manipular! Eu sei o
que quer, por isso será tratada assim!
— Humm. E o que eu quero? — Ela arqueia a sobrancelha, em
seguida, olha-me de baixo em cima, analisando-me de forma lenta e obscena,
adiante para com as suas íris no meu rosto.
Eu, então, em surpresa, sem evitar, também admiro os seus seios,
com os bicos duros que quase pulam do vestido extremamente apertado. Eu
mudo o cenho para atônito e a descarada sorri, aproximando-se.
— Até que enfim. Você é muito devagar. Meu Deus, será que todo
caipira do mato só pensa em sentimentos? — Ela para e toca no meu peitoral,
sem um pingo de vergonha, descendo os dedos até a fivela da calça. — Pelo
menos os caipiras são bonitos, fortes e rústicos.
Meu corpo ferve e eu seguro rápido a sua mão, apertando os seus
dedos de unhas grandes e pintadas.
— O que pretende, Lívia?
— O que acha? O tradicional já ouviu falar em sexo? Não precisa de
casamento para acontecer. É natural.
— É uma deslavada!
— Está enganado sobre mim — ela pega a outra mão e circula no
meu pescoço. — Não estou conseguindo me controlar com você. O que tem,
hein, Gael? Alguma coisa em você me atiçou, me deixou pegando fogo. E eu
não consigo controlar mais.
Os músculos do meu ombro se endurecem. Lívia ergue o outro braço
e cola os seus seios no meu corpo. Eu não posso negar que ela é muito
atraente aos olhos e bonita. Meu membro corresponde ao seu toque agradável
nos meus cabelos e aperto o seu quadril, puxando-a para sentir o que
provocou. Lívia abre a boca, sem acreditar.
— Se você tivesse sido feroz assim com a Kiara, ela já estaria
derretida nos seus braços — sussurra.
— O quê?
Ela sorri e eu quase a solto enfurecido.
— Veja, o Sr. Dexter, é selvagem, bruto e todo oponente. E você,
Gael? Não me diga que só sabe falar dos seus sentimentos com a Kiara e não
age fisicamente. Tem que ser assim com ela — Lívia acaricia as minhas mãos
na sua cintura. — Um selvagem, igual ao Dexter e igual eu te provoquei a me
puxar.
Bravo, quando eu estou prestes a empurrar essa mulher
manipuladora, ela chega perto da minha boca, quase me beijando e eu desvio.
— É esse os seus planos, Lívia?
— Não sei do que está falando... — Ela beija a minha barba. — Só
sei que os meus planos é tirar você da minha cabeça e das minhas luxúrias...
se soubesse como estão as minhas noites... e agora... as minhas terminações
apertadas...
Kiara Dexter
[...]
— Ela está planejando uma festa neste final de semana. É para
festejar o seu aniversário de sessenta e dois anos. E será aqui na fazenda.
Anton fecha o semblante na hora, parece que o que eu disse foi um
crime, o deixou sem crer.
— Ela não faria isso sem me comunicar de jeito nenhum.
— Eu também achei que não, no entanto, agora, vendo que não
sabia, comprovei que sim — eu o observo meio sorrateira, mordendo a boca.
— Você vai fazer o quê?
Ele suspira nervoso, pensando.
— Depois verei o que faço com a Lorenza. Mas ela que não pense
em fazer as coisas sem me comunicar antes, caso ainda queira continuar na
minha casa.
— Você não vai mandá-la embora, Anton? Eu detesto a sua mãe,
você deveria saber a tortura que é conviver com... com aquela bruxa!
— Eu já lhe disse, Kiara, por mais que eu a quisesse morando na
capital, ela é a minha mãe. Eu não posso expulsá-la assim da mansão. Ela
viveu aqui com o meu pai durante trinta anos, continua tendo direitos.
— Dá última vez, você mandou ela embora sem pensar nessas
coisas. Eu não a suporto mais.
Anton chega mais próximo de mim e eu fico ansiosa.
— Não será por muito tempo. Lorenza não suporta viver na fazenda
sem os seus luxos da cidade. Ela voltará para o seu apartamento em breve.
— O-O que está fazendo? — Sussurro gaga, quando ele toca no meu
braço e eu sinto arrepios impossíveis de se esconderem. Até me fez desviar
de toda a nossa conversa importante.
— Só estou tentando me controlar com você nesse vestido — Anton
comenta e eu entendo chocada as suas intenções.
Se fosse há dois anos, ele já teria me jogado naquela cama e feito de
tudo para realizar os seus desejos, mas eu não sei se eu o atraia, ou se era
apenas porque ele sentia vontade.
— Diz isso agora... e não deveria nem dizer.
Ele afasta a mão.
— E o que eu deveria dizer? Se é a verdade?
— Não diga. Ficar sozinha com você não é mais confortável — eu
coro com o coração dolorido ao revelá-lo. Não sei se eu teria outra coragem
de fazer amor, de confiar nele uma segunda vez. Por mais que antes de
dormir e no banho, meu corpo de mulher e minhas vontades me dominam a
suprir os anseios como o Anton ensinava. Só que eu não faço e nunca fiz sem
ele.
— E realmente não é... — Ele murmura estranho.
Anton Dexter
Kiara Dexter
Kiara Dexter
Anton Dexter
Anton Dexter
Eu solto a Kiara dos meus braços e a deixo voltar para o seu quarto,
mesmo querendo que ela ficasse aqui, aconchegada ao meu corpo e eu, ao
calor da sua pele macia. Mas a compreendo. Por mais que eu diga que o que
eu fiz no passado, hoje, com sinceridade, eu me arrependa, ela continua com
medo e desconfiada. É como que se vivesse os nossos momentos sabendo
que, no outro dia, eu vou voltar a ser aquela pessoa bárbara de antes. E eu não
vou voltar, eu não posso ser aquele homem desgraçado de novo.
E mesmo que não seja o suficiente, por mais que eu não mereça
nenhum perdão ou misericórdia, eu congelo a terra para provar isso a ela e a
mim próprio. Eu errei e antes de dormir, imagino se eu pudesse voltar na
ocasião em que fui negociá-la com o seu pai. Ela era virgem do corpo aos
pés, digo dos seus gestos, fala, perguntas. Tão curiosa, doce, uma menina de
dezessete anos com um conhecimento tirado dos seus milhares de livros
escondidos no forro do quarto. Lembro-me de que eu fui um total bruto,
grosseiro desde que a trouxe casada para esta mansão. Nunca parei para tratá-
la no tom de sua calma e delicadeza. Acho que só fiz isso depois do tiro
disparado no meu ombro, pois, naquela tarde que me viu ensanguentado, Kia
teve a coragem de se importar com o infeliz que nunca a tratou como
merecia. E não escondo mais que ela realmente é o que me resta, é a minha
estrutura.
Esta noite, vê-la naquele vestido espetacular, com os cachos, o
perfume, tudo tirando o fôlego, me deixou louco, incomodado. Senti ciúmes
pela primeira vez de uma mulher. Eu queria socar a cara de cada homem que
estava a olhando. Ela me desafiou, respondeu, teimou, contudo, nada que me
enlouquecesse ao ponto de eu ser um monstro. Eu só queria a sequestrar dali
e dar prazer a noite toda, sentir cada pedaço do seu corpo feminino. E eu fiz.
E eu continuo a querendo mais do que antes.
— Bom dia!
— Senhor Dexter! Que susto! — Felícia arregala os olhos, entrando
em choque ao me ver, de repente, cruzando o corredor, onde a peguei de
surpresa com uma bandeja vazia. — Meu Deus, meu pobre coração. Bom dia,
senhor. Acordou tão cedo. Hoje é domingo.
— Eu estava muito pensativo para ficar deitado. Só tem eu ainda de
pé?
— Sim. Acredito que, por causa da festa de aniversário, a dona Lívia
e a dona Lorenza vão levantar bem tarde. Ah, mas a Kia já está no banho.
Acabei de levar a mamadeira do bebê e uma água fresca para ela.
— Obrigado. Eu vou descer rápido para os galpões de armazenagem
e daqui a pouco, eu volto para o café. Caso Kiara pergunte, avise-a.
— Sim, senhor.
Felícia consente e eu me retiro, caminhando rumo ao estábulo para
pegar o meu cavalo. E já com as selas prontas, feitas por um peão, eu saio ao
lado do meu capataz, que me acompanha até onde o incêndio aconteceu.
Mas, quando eu chego, a porra da cena que eu encontro é de vinte
cinco mil de prejuízo, em cinzas.
— Não encontramos nenhum suspeito — Gael informa, também
aparecendo com mais dois peões em seus cavalos. — Só que achamos um
galão de gasolina jogado no açude.
— Quem fez isso já está muito longe — eu murmuro. — Essa
pessoa aproveitou a distração da festa para agir.
— Também acredito. O que aconteceu aqui foi um crime, algo
arquitetado para te atingir.
Eu encaro o Gael, calado, ligando o óbvio ao fato da tentativa de me
assassinar na saída dos estábulos. O tiro, o incêndio. Não estão para
brincadeiras. E nem eu.
— Quero que reúna os capatazes amanhã, Ratito. E vasculhe todos
os peões. Qualquer suspeita, me avise.
— Sim, patrão.
— Suspeita dos seus peões?
— Eu suspeito até da minha própria sombra, Gael. E se moram nas
minhas terras e se tem alguém sabotando os meus negócios, vasculharei até
encontrar esse marginal.
Gael se cala. E sem mais o que dizer, após as minhas palavras, eu
aperto o chapéu na cabeça, peço licença e inclino as rédeas do cavalo para
poder me retirar e inspecionar dois campos de eucalipto recém-plantados,
junto do Ratito. Em seguida, retorno a mansão; entro, tomo um banho, visto
outra roupa e desço para o café pronto sobre a mesa.
— Bom dia, Sr. Dexter — Lívia diz ao lado da minha mãe, assim
que eu chego, sentando-me quieto.
E Kia a observa semicerrando o cenho.
— Bom dia.
— Certeza que a minha festa foi um sucesso, estava comentando
com a Lívia.
— Realmente foi, Lorenza — Kiara sorri em linha reta para ela,
sendo ágil na resposta. — E espero que, após o café da manhã, você limpe o
jardim da mansão. Pois os empregados não são os seus escravos. Eles não
farão nada se eu não mandar.
— Não se preocupe, selvagemzinha, eu contratei pessoas para este
serviço. Ao contrário de você, eu tenho o meu próprio dinheiro, não dependo
de ninguém!
Kia abre a boca e antes dela responder, eu entro no meio.
— Chega vocês! Não comecem nenhuma discussão! — O brado
severo da minha voz faz elas se calarem.
Mas a Kiara me olha com o rosto diferente. E da mesma forma,
querendo dar um ponto final nessas brigas pelas manhãs, eu encaro a minha
mãe.
— E eu quero que volte para a capital até sexta, Lorenza! Não é um
pedido! Não ficará mais aqui! Tem o seu apartamento, a sua vida na cidade.
— O... o quê? — Ela, na hora, larga a xícara. — Você sabe que não
pode fazer isso! Eu sou a sua mãe, essa também é a minha casa!
— Essa casa era do meu pai, agora é herança minha. Eu te aceitei até
resolver os seus problemas com o governador. E creio que já tenha resolvido.
Agora chega de tirar a nossa paz. Voltará para a capital até sexta.
— Eu não resolvi nada! E só sairei desta mansão quando eu achar
por bem!
— Então tente me desafiar! — Eu exclamo batendo na mesa. — Seu
rumo será o mesmo que o dos seus dois filhos preferidos! Jogados na
escadaria com os pertences espalhados pelos lados e com direito aos
empregados vendo!
Imediatamente Lorenza se levanta furiosa, encarando-me com raiva.
Ela fecha a mão.
— Você é a imagem escrita e dita do diabo bárbaro do seu pai. E
espero que não seja tarde demais quando se arrepender... Dexter!
— Nem o seu, Lorenza. Eu sei dos seus planos, e a mim você não
tirará nenhum centavo. E quando se for, quero que leve a sua empregada
junto. Sem você, não há mais o serviço de escutar conversas atrás da porta e
passar informações que nunca deixei vazarem.
Parada no mesmo lugar, ela me enfrenta com os olhos esbugalhados
de fúria. E sem mais o que dizer, vira as costas. Lívia igualmente não demora
a soltar o café, levantar-se, pedir licença e segui-la.
— Anton... — Kiara me fita sem crer no que eu fiz. — Ela tinha uma
empregada que...
— Eu lhe explicarei melhor as coisas daqui a pouco, não pergunte
ainda — a interrompo.
Ela consente, aguardando-me terminar de comer. Ao terminar, eu a
faço me seguir até o escritório.
— Sua mãe tinha uma pessoa que escutava as suas conversas
escondidas? — Mal termino de fechar a porta e Kia questiona outra vez, com
o bebê no colo.
— Sim, ela quer dinheiro. Está devendo mais de meio milhão para o
governador de Montes do Sol. Sua intenção, além de buscar a minha
proteção, era de me convencer de lhe dar essa quantia. Mesmo sem dizer, eu
sabia.
— Meu Deus, e por quê? Ela pegou emprestado dele?
— Não. Porque o governador descobriu que a Lorenza o roubou —
eu encosto na beirada da mesa, explicando-a e passando a mão na barba. — E
até o momento, se ele não veio buscar ela e o seu dinheiro, é porque eu não
permiti. Mas agora Lorenza terá que se virar. Eu quero paz para a minha
cabeça, tenho problemas maiores para resolver.
— Ainda estou em choque, como ela pode ser amante e roubar o
próprio governador? E pareceu que não aceitou muito bem a sua ordem. O
que tanto faz — dou de ombros. — É a minha mente que terá tranquilidade
nesta casa.
— Realmente... teremos a casa toda para nós.
Eu relaxo os músculos e olho para o bebê, depois para a Kia.
— E ela, aceitando ou não, vai por bem ou por mal embora.
— Obrigada, Anton. Por mais que seja a sua mãe, ela é uma pessoa
muito má e sem caráter, que merecia só coisas ruins por tanta maldade no
coração.
— Eu sei — murmuro, buscando na minha mente um único
momento em que tive algum afeto de mãe.
E não existe. Assim como ela desprezava o meu pai que a amava
acima dos seus defeitos, ela também me despreza. E que se dane, eu não me
importo. Na verdade, eu não quero me importar com mais ninguém, a não ser
com a Kia e esse pequeno menino, o meu filho. São o que eu tenho, depende
de mim como homem.
— A nova certidão de nascimento chegará quinta — mudo de
assunto, querendo dizer isso a dias para ela. — Gieber Dexter Lemos.
Kiara me fita, engolindo em seco após eu dizer o nome e sobrenome
dele.
— Espero que não seja só um sobrenome e uma confirmação de
paternidade.
— Não será — eu puxo a Kia e acaricio o braço dela, provocando
arrepios no seu corpo ao me levantar, tocar na cabeça do bebê e nas suas
costas. — Pelo menos, um pai que me ensinou muita coisa boa, eu tive. E
será o único histórico que trarei de volta do meu passado; seus
conhecimentos. É uma obrigação dar orgulhos as suas memórias.
Eu respiro fundo e dou um beijo na testa da Kia.
— Você dará, Anton. Estou tendo fé em você — Ela acaricia o meu
braço, encara-me, em seguida, também deixa um beijo no meu rosto. Dando-
me sensações boas, de estar fazendo o certo pela primeira vez nessa droga de
vida tão errada.
CAPÍTULO 28
Kiara Dexter
Anton Dexter
Anton Dexter
Kiara Dexter
Anton Dexter
Minha mãe está muito enganada se acha que vai conseguir tirar
algum centavo de mim. E que porra de história é essa de que o Gael pode ter
metade da minha fazenda? Um absurdo, um verdadeiro traidor. Eu não me
importo de também escorraçar ele daqui! Investigarei tudo com os meus
capatazes, mandarei vigiá-lo noite e dia!
Eu olho para a Kiara e noto as suas mãos trêmulas, o seu rosto
espantado e assustado.
— Kia, está tudo bem — eu toco na sua bochecha pigmentadas de
sardinhas, tranquilizando-a. — Não ficaria indiferente com você por me
contar apenas agora o que ouviu. Lorenza, seus planos, seus interesses, nada
é novo, é óbvio. Era de se esperar algo sério, armado contra mim. Ela deve o
governador e está desesperada para conseguir o dinheiro. Seja como for isso.
Lívia e sua família são importantes para as minhas madeireiras. Lorenza e a
esposa do Camilo se tornaram uma das mulheres mais poderosas de Montes
do Sol. São duas cobras traiçoeiras. E a filha de Camilo não seria diferente. O
que me surpreende mesmo é esse merda do governador estar no meio do
plano da amante que o deve, para me roubar!
— E o que fará, Anton? Estou atormentada. E o Gael?
— Não se preocupe com isso, daqui em diante é problema meu. Se
tranquilize, por favor — eu a abraço.
Mesmo que, por dentro, eu esteja morrendo de raiva, tento controlar-
me. O que farei é contratar um detetive para, desta vez, revirar todo o passado
e até o presente sujo da Lorenza. Eu não quero que escape uma informação
sequer. A terei em minhas mãos nem que seja rastejando, e o governador que
me aguarde. Os deles estão contados.
Kia volta para o seu quarto em meio ao meu desgosto. Eu fico
sozinho. Passo a madrugada, pensativo, irritado. Se dormi meia hora, foi
muito. Fiquei contando os minutos para o raiar do sol, pulei cedo da cama,
obstinado a fazer tudo o que planejei nesse meio tempo. Ligo para o meu
detetive, meu advogado de décadas, a seguir, desço para reunir dois dos meus
cinco capatazes de confiança.
— O que há senhor? Por que nos reuniu tão cedo?
— Um serviço, Ratito e Jairo.
— As suas ordens, patrão.
— Como se gabam e desfrutam da minha confiança, é um serviço
que deve permanecer entre nós três. Preciso que investiguem e sigam os
passos do nosso gerente rural, sem chamar a sua atenção.
— Gael?! — Ratito franze a testa, surpreendido assim como Jairo.
— Ele é o primeiro que desfruta de sua confiança, patrão. Ele é seu ami...
— Desfrutava há anos passados, até certos acontecimentos. Minha
confiança se quebra com facilidade. Ainda mais por traições. É bom que
saibam que não tolero que saiam da linha.
Os dois assentem calados, com as suas faces barbudas e sérias. Gael
que não pense em me apunhalar pelas costas uma segunda vez; juntando-se a
Lívia e conseguinte a Lorenza. Eu pegarei pesado para destruir todos os que
querem me ver na merda! Se dizem pela vila e pela cidade que eu sou frio,
maldoso e um filho da puta bárbaro, devo honrar os adjetivos. Todos terão
certeza de minha capacidade ruim.
Deixo a ordem aos meus capatazes e volto a trabalhar apenas na
parte da manhã. No restante do final de semana, de sábado para domingo,
convenço Kiara a viajar comigo para a capital, proponho-a uns dias de luxo
no hotel mais caro da cidade, indo ao teatro assistir peças, fazer compras.
Tudo o que ela desejar só para termos momentos mais próximos. Kia aceita
meio contraída e preocupada, pensando no assédio da mídia. Além disso, por
conta do bebê que eles mal sabem da sua existência, somente de boatos sem
autenticidade. Eu digo a ela que não há nada para se esconder, o menino é
meu filho e ponto final. Já estava na hora de assumi-lo publicamente. Ela
permaneceu calada após a minha resposta, consentindo muito estranha. Aliás,
está estranha há dias, comportando-se diferente, como que se pronta para me
dizer algo, mas retrocede insegura. Preferi não a questionar.
No domingo, depois do almoço, viajamos junto com a Lívia,
todavia, em carros separados.
— Na volta, precisaremos daquelas cadeirinhas de bebê — ela
comenta sentada no banco de trás com o menino no colo.
Eu a observo pelo espelho retrovisor interno. Sua face é de cansaço,
sono.
— Quando chegarmos, eu compro a cadeirinha em alguma loja de
criança. Também falta só uma hora até a cidade. Logo chego no hotel e você
descansa.
— Igualmente está cansado, não parou para descansar nem um
pouquinho. Podemos dar uma pausa no próximo posto de gasolina.
— Não, não é seguro. Pode ter alguém nos seguindo. E já estamos
perto.
Ela balança a cabeça, voltando a assistir a vista dos montes verdes
com os olhos quase se fechando. A toda velocidade chego na capital ao
anoitecer.
— Eu pego as bolsas.
— Acho que pode pegar o Gieber... — Pede, descendo do carro e
olhando-me bem dolorida, com o bebê dormindo por horas no seu colo. —
Meus braços estão dormentes...
Eu mexo o maxilar, meio nervoso por ele ser pequeno e eu não saber
pegá-lo correto, mas aceito calado para ajudá-la, deixando que Kia me ensine
a segurá-lo seguro. Quando se afasta, o pequeno fica abraçado a mim, com a
sua cabeça de cabelos cheios no meu peito, protegido com a minha mão
grande nas suas costas e a outra na sua bunda, cheia pela fralda.
Eu fito a Kia. Ela se afasta, abrindo um sorriso fraco, em seguida,
virando-se para pegar as três bolsas do banco de trás. Ela trouxe ainda outras
duas malas, que o concierge acabou de tirar da carroceria da Hilux para
colocar no carrinho do hotel. Dentro do saguão, eu passo rápido na recepção
para confirmar a reserva da suíte principal, antes de, enfim, subirmos.
— Meu Deus, eu não me lembrava de como a vida poderia ser mais
chique — ela fala boquiaberta, após abrir a porta do quarto enorme e soberbo.
— Pai Amado, olha o tamanho desse pé direito...
Eu entro com o bebê, sentindo suas mãozinhas apertar as penugens
da minha jaqueta, enquanto continua a dormir. Kiara fecha a porta,
observando-me cheia de brilho nos olhos.
— Ele vai acordar faminto, dormiu tanto no meu colo que não
mamou. Também preferi não o despertar.
Assisto o carinho dela ao pegá-lo dos meus braços, beijar os seus
cabelos castanhos e ir até a cama deitar o pequeno em volta de travesseiros
que ajeita cuidadosa.
Eu tiro a jaqueta, gostando de ver os dois, frágeis, sendo o que me
restam.
— Estou faminta — ela arranca os saltos médios. — Nem parou para
fazermos um lanche.
— Era arriscado. Já vou pedir o jantar para nós.
— Diga que tem um bebê, eles mandaram sopinha de legumes. E
preciso de leite morno para a mamadeira.
Assim que eu peço o jantar pelo telefone e o que Kia solicitou, as
nossas malas chegam, o que igualmente nos dá tempo de tomar um banho
para comer e cair cansados na cama, com o bebê ao meio, chupando a
mamadeira quase por fim.
Kiara Dexter
Anton Dexter
Anton Dexter
Gael Abner
Kiara Dexter
Anton Dexter
Kiara Dexter
Anton Dexter
Kiara Dexter
Observo pela sacada o sol se pôr atrás dos vales verdes e bonitos. Eu
fecho os olhos e aperto a cartelinha rosa na mão... tentando não chorar de
medo. Até que eu ouço uma voz no interior do quarto, que me faz virar
rapidamente. É a Felícia!
— Kia, o que foi? Sonia disse que você estava desesperada para
conversar comigo.
Eu limpo as bochechas molhadas e vou ligeira até ela. Aproximo-
me, pego na sua mão e puxo-a para se sentar na cama comigo.
— Kia, o que foi minha doce menina? Tudo bem? Quer que eu
chame a sua mãe? Ela está na cozinha conversando com a Maria. — Felícia
se mostra preocupada ao sentar-se.
Eu respiro fundo, coloco uma mecha de cabelo atrás da orelha e
revelo a cartelinha vazia para ela.
— O que...
— Acabou, Felícia — meus olhos lacrimejam. — Eu não tomei
ontem... nem hoje.
Felícia imediatamente arregala os olhos, apertando a minha mão.
— K-Kia, tem certeza disso?
— Sim, eu tenho certeza. Agora, o que eu faço? Meu Deus, eu havia
seguido os dois meses certinho, como o Anton e você falou. Mas eu esqueci
ontem. E agora, quando eu fui pegar para tomar no horário de sempre, eu vi a
cartela vazia e me lembrei. O que eu faço, Felícia? Eu não... eu não posso! Eu
não posso! — Desesperada com a possibilidade, levanto-me rápida, com a
mão entre o casco do cabelo.
— Kiara, se acalma. Amanhã eu peço para um capataz me levar até a
vila e compro mais pílulas para você na farmacinha.
— E vai resolver se eu tiver pulado só dois dias? E nesse período
ter... ter feito — eu ruboresço constrangida —, alguma relação?
Estranha, tremendo as mãos, Felícia também se levanta da cama.
— Deve avisar ao Anton. E amanhã eu compro mais cartelas.
— Não, eu não vou dizer nada. Por favor, seja sincera comigo?
Ela respira fundo, pensativa.
— Eu não sei. Eu sinceramente não entendo desses remédios. Não
faço ideia de que se tomando amanhã a pílula pode evitar a... — ela molha a
garganta —, os dois dias que não tomou certo. Só sei que você deveria ingerir
todos os dias, e no mesmo horário.
Meu coração acelera. Eu não posso ficar grávida. Eu não sinto que
quero ter outro filho. Não depois de tudo que eu passei. Isso não é hora.
— Compre as cartelas, Felícia. Eu tenho certeza de que, se tomar
amanhã, eu posso cortar qualquer possibilidade. Afinal, é para isso que serve
esse remédio, né? E depois eu não esquecerei mais. Juro por tudo que é mais
sagrado.
— Está bem, Kia. Posso pedir para a sua mãe subir? Ela pode te
ajudar.
— Não. Não quero deixá-la mais preocupada. Esses dias andou
muito mal da pressão. Também peço que não comente nada disso com ela.
Será um segredo nosso, tá?
— Tá. Amanhã sairei bem cedinho.
Sem esconder o nervosismo, eu abraço a Felícia. E quando ela se
vai, eu me pego sozinha no quarto, observando o berço de madeira maciça do
meu filho. Ele é rodeado por uma decoração de almofada azul e branca. Sua
cabeceira tem um travesseiro de ursinho. O mosquiteiro é alto, bonito e
ornamentado. Gieber dorme ao centro, após um longo banho gostoso dado
pela vovó e após devorar toda a mamadeira feita pela tia Maria. Fico
olhando-o. Igualmente pensando no quanto eu daria a vida por ele. E em
como foram os dois anos fugindo do Anton por causa da raiva, do ódio, da
dor e do medo de ele saber da existência do filho indesejável, que me deu a
força. Eu pensava em todas as capacidades ruins do Dexter. Mas quando eu
voltei, nada foi como eu esperava. E, nesse último mês, depois de tudo o que
aconteceu de horrível em nossa vidas, o Anton esteve ainda mais presente
com o nosso menino, pegando-o no colo sem eu pedir, dando a mamadeira,
tentando se comunicar com o pequeno que está falando uma ou duas
palavrinhas. Até fez planos de ensinar o Gieber a andar de cavalo quando
estivesse mais firme das pernas. De que compraria um filhote. Eu ri,
discutindo com ele de que só faria isso por cima do meu cadáver, pois não
estava permitido. Ele me puxou possessivo para o seu colo cheiroso, sorrindo
lindamente e retrucando de que, pelo menos aos 6 anos de idade, ele
aprenderia. E que ralar o joelho fazia parte. Claro que eu revirei os olhos,
nem respondendo.
Agora imagine um outro filho? Será que o Anton o receberia de
primeira com esse amor? E se ele, por acaso, já pensou nisso? Estamos tendo
relações todas as semanas, como dois apaixonados famintos, que não podem
ficar um minuto a sós que transam sem parar. Ele mal se importa com a
camisinha, mal faz perguntas sobre as pílulas. Em comparação com aquele
homem bárbaro de dois anos atrás, que jamais dispensaria os preservativos,
Anton parece não se importar com nada.
Não nego estar apavorada. E quem sabe não seja paranoia? Isso, eu
posso estar botando coisas que não tem na cabeça. Minha menstruação já
veio. Eu não estou atrasada. Os dois dias sem a pílula serão resolvidos
amanhã. Afinal o remédio é para isso.
CAPÍTULO 42
[...]
Kiara Dexter
Anton Dexter
Kiara Dexter
Anton Dexter
Kiara Dexter
Anton Dexter
Kiara Dexter
Anton me conta o que conversou com o Gael, sobre ele ter revelado
que estava com a Lorenza em casa e tudo o que aconteceu na estrada, quando
ele a achou com os dois homens que quase a sequestraram. Anton ainda falou
que confessou para o Gael que ele era filho do Teodoro — fiquei muito
aliviada —, depois se calou para pensar em outro assunto. E a partir daí, eu
não perguntei mais nada, deixei-o com os seus pensamentos nervosos e
permaneci quieta com os meus.
Só que mais tarde o clima foi de mais tensão, ficamos esperando
pela Lorenza, para jogar todas as verdades na sua cara. O delegado também
está aqui. Dexter ligou para ele, explicando tudo o que havia acontecido e
Laerte não pensou duas vezes, veio voando com medo dele fazer qualquer
besteira.
Quebrando os meus devaneios, eu me levanto ligeira do sofá, após
ouvir a porta principal ser aberta. Aguardamos e quando a Lorenza surge
caminhando, o meu estômago se embrulha enjoado em olhar para os traços
dessa cretina assassina. Gael e Maria vem devagar atrás dela.
— Oras, uma recepção em família? — A bruxa sorri, não perdendo a
classe, nem a pose metida de madame, mesmo estando toda arranhada, os
cabelos desgrenhados e com o vestido sujo de terra. — Até você, querido
Laerte? Quanto tempo. Como vai a invejosa da Fabiana?
— Parece que andou brincando de pega-pega na lama, Lorenza? —
O delegado indaga maldoso, observando-a sem cara para amigos.
— Hum... dias de derrota, outros de glória. Não é mesmo? — Ela,
então, vira calculista, olhando para mim, para a minha mãe, Felícia e por fim,
nos olhos do Anton e sorri novamente. — Olá, filho, é um prazer revê-lo.
Igualmente a selvagemzinha da sua esposa e as outras insignificantes atrás
dela.
Insignificante, é minha mão na cara dessa nojenta!
— Gostaria de dizer o mesmo, pena que eu não senti nenhuma falta.
Foi um alívio a sua saída da mansão.
— Quanta sinceridade. Sejamos francos, ninguém sentiu a falta de
ninguém. E sejamos francos em relação a esse comité em minha volta...
muito curioso.
— Claro que seremos francos — Anton é sagaz. — Primeiro,
deveria agradecer ao Gael por ele ter salvado a sua pele de não ter parado nas
garras do Teodoro, seu amante. Estaria apodrecendo numa vala.
— Segundo? Vai direto ao ponto. — Ela toca no cabelo Chanel,
enfadonha com a conversa.
Eu pego no braço do Dexter, vendo que ele está puto. Seus punhos
estão semicerrados.
— Segundo que é uma assassina mau caráter!
Lorenza volta a fitá-lo, astuta.
— Hospedou a Lívia aqui na mansão para poder seduzir a mim e o
Gael. Fez ela contar mentiras, de que ele poderia ser o segundo filho do meu
pai. E isso para você tentar manipulá-lo e roubar o meu dinheiro. Mas não
contava que ela de primeira não conseguiria me seduzir. Que ainda no final
revelaria todo o seu plano para o Gael. E que eu descobriria que, na verdade,
ele era o filho do governador com você. Sua máscara caiu!
Ela não desvia da face do Anton. Está séria, em silêncio. Parece que
as revelações dele não a afetou em nada. Felícia é a única que abre a boca,
perplexa.
— E o que mais, Lorenza? Quer que eu diga ou prefere esperar o
jornal de amanhã, para ler na primeira página o seu amante sendo acusado
com provas embasadas de ter contratado um médico para garantir o
retrocesso da doença do meu pai?!
E é nesse ponto que a Lorenza perde a pose, desinquieta e mexe
nervosa o maxilar.
— Peguei você, mamãe assassina? Você e aquele porra impediram
uma possível cura do meu pai! Agora os dois não tem para onde fugir!
Assassinos!
— Nada do que disser existe provas! — Sem um pingo de vergonha,
ou de culpa, ela ergue a cabeça, o enfrentando. — Nada!
Como pode ser dissimulada?
— Até do Gael?! — Anton se controla para não dar um passo em
meio a fúria. Eu tento também não soltar o seu braço, que ele nem deve sentir
que seguro.
Gael nos olha, parece desinteressado em discutir o assunto. Entendo.
Creio que para ele a sua mãe e o seu pai sempre será a Maria e o seu José. E
fico "feliz" por isso não o afetar de forma dramática.
— Já disse, nada do que me acusar, Anton, existirá provas! — Ela
muda a conversa, repetindo feroz o que já foi dito.
— Teodoro não vai limpar a sua barra! Eu deveria era te entregar de
uma vez nas mãos dele! No entanto, eu terei o prazer de ainda ver vocês dois
pagando vivos por tudo o que nos fizeram de mal! E aquele desgraçado vai te
dedurar, Lorenza!
— É? Sinto muito, só que não vai. Assim como ele guarda
pendências minhas, eu o tenho com os seus segredos de política nas mãos. E
repito pela terceira vez, não existe nada para eu temer!
— Você vai ter, sua mau caráter! Você vai ter! Nem que isso seja o
meu objetivo de vida!
— Eu sou a sua mã...
— Cala a boca!
— Anton... — O delegado dá um passo ágil até nos.
— Eu sei que contratou detetives para investigar o meu passado. E é
perda de tempo, não me incriminará. E eu logo, logo estarei bem longe daqui.
E claro, com a fortuna que o bobão do Teodoro me deu esses anos todos.
Assim como todos os meus queridos amantes.
O Anton engole em seco para não dizer mais nada. E muito, muito
puto, ao ponto de cometer uma loucura, ele, então, vira as costas e retira-se
em direção ao corredor do escritório. Laerte e Gael, no mesmo instante, vão
atrás dele. Sobra eu, mamãe, Felícia, Maria e a bruxa assassina.
Anton Dexter
Kiara Dexter
Anton voltou, e foi para dizer que estávamos liberados. Eu nem sei
como me controlei para não dar uns pulos de felicidade por poder descansar.
Já são 02h00 da madrugada, só quero uma cama cheirosa e macia.
Ao entrarmos no carro, ele nos revelou que o delegado abriu as
investigações e que todas as provas serão apuradas pelo perito que o juiz
escolher. Ele receberá uma intimação em breve para retornar a cidade. Além
de que todas as pessoas citadas na nossa denúncia, e que estiveram no
convívio do seu pai igualmente serão intimadas na delegacia. Isso quer dizer
que a Lorenza vai receber "a surpresinha" lá na fazenda do Rogério. Eu só
gostaria de ser uma mosquinha para ver a cara da desgraçada assassina nesse
dia.
— Você não quer pedir nada para comer? — Eu pergunto, após o
Anton fechar a porta do nosso quarto e ir até o frigobar pegar uma latinha de
cerveja.
Gael foi para o dele que fica no andar de cima.
— Não, a minha vontade é só de deitar e dormir. Estou quebrado.
— A minha também... — suspiro, sentando-me na cama para tirar os
saltos, as joias, o vestido e aliviada, me deitar de lingerie entre os lençóis
macios.
E que sensação maravilhosa, acho que farei isso sempre. Estou nas
nuvens.
— A gente volta amanhã para a fazenda? Nunca fiquei um dia longe
do meu filho. Já estou sentindo falta dele.
— Não sei. — Anton me observa, enquanto dá pequenos goles na
sua cerveja.
Eu abraço os lençóis e o travesseiro, observando-o do mesmo jeito.
É tão bonito esse homem.
— O que foi? — Pergunto devido ao seu olhar intenso.
— Eu gosto muito de você, Kia... por dentro e por fora.
Principalmente por dentro. É muito linda.
Eu abro a boca, sem palavras. Ele, então, vira toda a latinha, coloca
na mesa e vem até a beirada da cama tirar os sapatos, a roupa e deita-se só de
cueca comigo. Ele me beija fogoso, cheio de pegada, mas o afasto com os
olhos emocionados.
— Eu sinto tanto medo do amanhã, do depois, do futuro — sussurro,
tocando na sua face com extremo apreço, amor, carinho.
— Eu sempre senti, é humano, não é? Todos sentem.
— Digo sobre nós, Anton. Não parece que falta algo? Que estamos
incompletos?
Ele se ajeita e eleva a minha coxa na sua pélvis, acariciando-me
pensativo com a cabeça no travesseiro.
— Você confiou em mim. E o que estiver faltando vem da minha
parte.
— Diga, o que sente de verdade por mim? — Questiono sem
rodeios.
Ele permanece em silêncio, desvia as íris do teto e analisa-me por
alguns segundos, compreendendo a resposta que desejo. Meus olhos
marejados não desviam dos seus.
— Eu sinto que não posso te deixar ir embora pela segunda vez. E
que tudo sempre dependerá de mim, inclusive das ações e demonstrações. —
Ele me puxa para o seu corpo cheiroso. — E é isso... Estou te achando muito
frágil. Melhor tentar dormir. O dia foi cansativo.
— Talvez eu esteja mais sensível... — pensando em sua resposta,
que não foi o que eu queria ouvir, eu me ajeito sonolenta, quase fechando os
olhos. — E tira a mão da minha bunda, por favor.
— Eu adoro a sua bunda — ele sorri do meu murmuro, dando-me
um selinho. — Além de que você dormir assim só de calcinha e sutiã me
enche de calor.
— Toma um banho que passa... boa noite, Sr. Dexter.
Sinto outro sorriso se formar no rosto dele. Satisfeita, não faço
questão de olhá-lo, nem de brigar de novo pela sua mão no meu bumbum, e
durmo aninhada aos seus braços rígidos, sentindo-me protegida.
BÔNUS LÍVIA E GAEL
Gael Abner
Kiara Dexter
Anton Dexter
Kiara Dexter
Anton me levanta num estalar dos dedos. Vira meu corpo e me faz
cair sobre o apoio da poltrona, de bunda empinada para ele. Meus cabelos
deslizam todos para o meu rosto, tento afastá-los, ao mesmo tempo, me
segurar após sentir uma respiração fervente no bumbum, adiante uma rápida
lambida no meu clitóris até o ânus. Eu choramingo, lutando com o cabelo, a
imaginação e os gemidos. Ainda o Anton me dá um tapa ardido, horrível!
— Ai, inferno! Seu bárbaro!
— Você, xingando? — Posso notar que existe um sorriso na sua face
diabólica. — Não vou aceitar malcriação da minha menina — e ele me dá
outro tapa dolorido no mesmo lugar.
Não sei se gemo pelo tesão, eu de raiva pela dor.
— Droga, isso doí, doí muito. Suas mãos são grandes e gro... — não
termino de falar, não quando, desta vez, sinto o seu pau nu e cru percorrer a
minha vagina.
Que gostoso...
Meu líquido de lubrificação lambuza na hora o estofado. Anton, a
seguir, me toca, explorando meu canal vaginal até a entrada do útero. É
inexplicável, só sei arfar e me segurar para não gozar. Ele aproveita para tirar
toda a roupa. Tento olhá-lo de canto, mas não consigo. E fico ansiosa,
esperando-o que me penetre de jeito bruto, sem dó ou pena.
— Relaxa, serei bonzinho — sua voz não demonstra isso. — Muito
bonzinho...
Ele desce delicado a mão pela minha medula espinhal, chegando nos
meus cabelos da nuca, onde pega os fios com brutalidade e força a cabeça do
seu membro na minha entrada melada, latejante.
Não disse que não demonstra? Céus!
Eu abro a boca, remexida de tudo quanto é sentimento. Ele me
penetra devagar para não machucar. E conforme se introduz, isso o
enlouquece mais do que eu. Seguro-me firme, não me importando mais com
o cabelo na cara, porque o Anton começa a investir o seu comprimento e eu a
pirar no cérebro com a satisfação. Esqueço até o meu próprio nome. Ele
chega a me dar beliscões na bunda.
Grito, berro, arquejo, gemo, entregue a paixão, ao calor, ao tesão!
— Porra, que delícia! — Ele vai fundo, indo e vindo, metendo e
saindo.
E no limite do ápice, preenche-me com seus jatos fortes.
Eu também tenho o meu segundo orgasmo, e quase um mini infarto
com tanto prazer. Ficamos por um tempo inertes, ouvindo apenas a respiração
ofegante um do outro. Sinto a minha barriga sufocada e tento me levantar
dolorida, ele me ajuda.
— Tudo bem? — Anton me puxa para os seus braços musculosos,
fazendo carinho nas minhas costas.
Nosso corpo nu permanece atraídos com a sensação de pele com
pele. Eu mais ainda com o seu membro enconchado no meu estômago. Meus
mamilos igualmente estão no seu peitoral, imprensados.
— Sim, só não foi confortável para a minha barriga.
Preocupado, Anton muda o semblante. E sou ligeira com a outra
resposta.
— Não me machucou, não se preocupe — aliso os seus cabelos,
ficando nas pontas dos dedos, quase colada nos seus lábios. — Porém, vai
precisar ser mais delicado do que consegue — desvios dos seus olhos sérios e
o beijo gostoso.
No decorrer do beijo de língua, ele aperta o meu pobre traseiro
inchado, com certeza vermelho ou roxo. Suspiro.
— Dexter... — Repreendo o seu braço com pelos grossos, bons para
beliscar.
— Não resisto a você, minha menina. Como posso me sentir tão
fissurado? Com certeza amo você. Quero te amarrar em mim, passar o dia, a
noite, a madrugada tocando a nudez do seu corpo. Mas me controlarei, serei
um Dexter rei.
Sorrio da sua declaração. Meu Deus, o que fizeste com o meu
marido carrasco? Isso é a maior prova de milagre. Ele rendido pelo amor é
sensível, engraçado, carinhoso, amoroso. Que seja para sempre assim. O amo
com todas as minhas forças.
— Mas um "rei", senhor fazendeiro Dexter, tem um ego egocêntrico
e metido.
— Pois eu sou um rei da roça — e sem avisar, ele me solta, inclina-
se e pega-me forte no colo. Escapo um grito, seguido de uma risada.
— Anton! — Apoio-me nos seus ombros.
— Não acabou a nossa noite de prazer. Vou ser bem carinhoso com
você na cama, com todo o conforto de bons lençóis de um rei da roça.
— Rei da roça milionário, é?
— Sabe que eu não tenho só esses dotes — ao me colocar na cama,
sem um pingo de vergonha, ele toca no seu membro endurecido. — Salve o
rei, minha rainha!
Não consigo nem pensar, de boca aberta o toco, faminta. Salve o rei!
CAPÍTULO 51
Anton Dexter
Anton me leva nervoso para fora, pede para um peão guardar o meu
cavalo no seu estábulo particular perto da mansão e adiante me faz subir nas
costas do seu garanhão, para vir por trás pegando nas rédeas e saindo a
galopes velozes.
— Onde vamos? — Enquanto ele galopava com o calor do sol
batendo na minha cara, eu finalmente fiz a pergunta em voz alta. — Parece
que está indo ao contrário do caminho da gruta.
— Você não vai ver um pingo de água hoje, para aprender a me dar
paz, não a tirar a minha paz!
Ele me pressiona na coxa e puxa de novo as rédeas. Fico calada, com
a cabeça quase no seu peito suado, que cheira a pó de serra. Se assim me
enche de calor, imagina vê-lo tão másculo trabalhando no pesado? Confesso
que a minha intenção era essa no pátio dos peões, ou quem sabe na área de
cortes.
— Que lugar é esse? — Após o Anton entrar numa trilha de grama
seca, ele começa a se aproximar da frente de uma casa de madeira velha, bem
alta. — É uma casa? — O lugar fica próximo do açude.
— Antiga cabana de ferramentas do meu pai.
— Hum... o que pretende?
Sem responder, ele para, desce do cavalo e estende o braço para me
tirar pela cintura. Aceito a "ajuda".
— O que será? — Então resmunga, dando um tapa na minha bunda
por cima da calça jeans, quase me fazendo tropeçar nas suas botas pretas, ao
me arrastar com ele.
— Acha que vai me assustar? Saiba que não vai.
— Eu falei assustar? Vamos foder gostoso!
Fico em choque, arrepiada. Ao chegar na varanda da cabana ele me
coloca ríspido contra a porta úmida. Em seguida, chuta-a, empurra-me para
dentro e com uma pegada só, toma todos os meus cabelos, roubando um beijo
feroz, repleto de tesão.
— Anton! — Ele me captura pelo braço e joga-me desta vez contra
uma mesa podre, descendo o beijo para o meu queixo, ombro, nuca, pescoço.
Lambendo, mordendo, enlouquecendo!
Eu gemo, tentando olhar para o teto de material em vidro. Ele
ilumina todo o local macabro. As plantas trepadeiras estão tomando conta de
quase tudo.
— Seja... bonzinho... — sussurro em delírio.
— É... serei — Ao soltar o meu cabelo, ele se afasta arrancando a
camisa, o chapéu e com um olhar intimidador, cheio de maldade, retorna
abrindo o botão da minha calça, sem me dar trégua para respirar.
Eu entro ligeira na dele; tiro a blusa, avançando para beijá-lo e para
também ser atrevida com os seus músculos inchados. Eu passo a mão, não me
importando com o suor. Toco nos seus pelos do peito, indo pelo abdômen...
até o cós e finalmente no volume duro da calça. Pressiono-o, excitando-me.
— Inferno...
Isso o enfurece. E enfurece muito. Ele joga a minha cabeça para trás,
puxa a alça do sutiã, inclina-se e chupa com força o meu peito. Sinto dor, ao
mesmo tempo imenso prazer pela sua brutalidade. Minha intimidade lateja e
pulsa, minhas pernas tremem. Parece que a qualquer momento a mesa podre
vai se despedaçar conosco e eu cair dura no chão.
— Hmmm... — Anton acaba tirando todo o sutiã e chupando-me
loucamente.
Seguro-me na parede e fecho os olhos, deliciando-me com a sua
boca selvagem nas minhas aréolas dos mamilos. Ele degusta sem deixar faltar
saliva para nenhum dos dois. As suas mãos grossas os apertam, fascinadas,
obstinadas a me deixarem maluca! Pego nos fios do Anton, puxando sem dó!
Ele se afasta do meu peito, coloca os dedos no meu quadril e abaixa a calça
até as botas de saltinho grosso. Eu fico só com a calcinha branca.
Olhamo-nos, ofegantes, fervendo de calor. A testa dele tem gotículas
de suor. Quando a nossa pele se encontra, elas grudam em fornalha. A nossa
boca devora um ao outro. E, meu Deus, eu quase entro em colapso sexual.
Anton me esfrega na vagina, descendo a sua saliva novamente pelo meu
corpo; passa pelo peito, pela barriga, virilha e na calcinha, morde a minha
boceta por cima do tecido encharcado.
— Humm, aahhh! — Gemo, aproximando a sua cara de onde deve
me chupar.
Não me reconheço. A Kia tímida acaba de morrer. Dexter fica de
joelhos, rasga a minha calcinha, eleva as minhas pernas nos seus ombros e
me faz segurar com força na mesa, com as duas mãos. Só que antes dele
iniciar, eu, ansiosa, contraio o meu sexo de propósito no seu nariz,
lambuzando-o. O Dexter bufa como um touro e avança sem pena, para ruir o
chão e as paredes a minha volta. Eu grito, rebolo, querendo cada vez mais da
sua língua. Ele não é bonzinho. Ele chupa, lambe, chupa, lambe e suga com
tanta força que eu não suporto segurar as contrações por mais minutos, eu
gozo, escorregando para o cotovelo do braço. Mas Anton não para, ele me
engole cada vez mais. Eu começo a chorar e gemer, inundada com as sessões
desesperadoras de prazer. Quero apertar, pressionar, as minhas coxas, só que
ele agora introduz dois dedos na vagina. Saindo e voltando, enquanto sua
língua encontra um ponto específico dentro de mim. Eu berro.
— Anton! — Agarro mais forte os seus cabelos, crendo que eu estou
desmaiando. E mesmo assim ele.... ele não para! — Ohhhh! — Então
explodo de novo, chorando sem força. Minha cabeça gira.
E só sinto mãos me apoiarem e tomarem-me segura, antes que eu
pudesse cair. Eu fecho os olhos. Também as minhas pernas. Arquejando sem
ar. Meu sexo pisca, não sei se gozei ou mijei. Foi tão arrebatador.
— Você está mais pálida do que o normal.
Ofegante, abro os olhos. Anton permanece parado de pé,
observando-me atento. Ele sustenta o meu corpo. E pressinto que se soltar eu
vou ao chão com certeza.
— Eu estou bem, continue, eu quero você.
— É o calor, você deve estar com a pressão baixa.
— Por favor, continue.
— Antes de viajarmos, vamos marcar uma consulta na capital.
Felícia disse que você precisa fazer um acompanhamento na gravidez.
— Tá bom... — Eu o abraço no pescoço, mais firme do corpo e
recuperada dos sentidos.
Anton se cala e me beija controlado. Desgostando desse controle,
aliso o seu órgão volumoso, querendo que se alivie selvagem em mim.
— Porra, você está uma leoa! — Ele brada, distanciando-me para,
enfim, abrir a fivela do cinto, abaixar a calça, a cueca e ficar nu com o seu
membro grosso e robusto.
Arquejo, sabendo que, de jeito nenhum, posso tocar... pelo meu bem.
O Dexter enlouqueceria com o toque. Ele, então, me tira da mesa e eu firmo
os pés, ciente de que estou bem.
— Vire-se empinada. — Anton manda e eu viro, empinando a bunda
para ele, que, sem demora, toca no meu traseiro, com posse. Ele tem mais
paixão por esse membro do que eu imaginava.
Anton passa o pau por dentro do meu rego. Arrepio-me, empinando
mais para recebê-lo e começo a crepitar. Já Anton começa a gemer, indo
fundo e delicioso ao me preencher. Não sei nem o que falo. Eu o chamo
confusa com as palavras. Fico pior quando bombardeia dentro de mim. Ele
volta a esquecer o controle. Seu dedo iça todo o meu cabelo, e com a outra
mão, ele arremata a minha cintura, investindo sem dó.
Gemo. Grito. Choro. Ele uiva, geme, bufa e investe.
Dexter ainda prende a minha cabeça de lado no ombro, metendo e
chupando o meu pescoço, nuca, costas... ele só falta me engolir. Só penso que
eu vou desmaiar novamente... e fecho os olhos, deliciando-me e tendo certeza
de que a minha alma já se foi do corpo.
Anton Dexter
FIM?