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DINÂMICA COM AS GESTANTES CRAS 13/06

1. “Tem certeza de que é menina? Mas a barriga parece de menino.”


2. “Sua barriga está muito baixa, acho que vai nascer antes”
3. “Vai ser parto normal, né?” Ou “Vai ser cesárea, né?”
4. “Cinco meses, só? Parece que está de oito.”
5. “Aproveita para dormir agora...”
6. “Depois que o bebê nascer, acabou a vida!”
7. Quando você pensa ter o próximo?
8. Que barriga minúscula! Nem parece que está grávida.
9. Você não é muito jovem/velha para ser mãe?
10. Você parece tão cansada/saturada/desanimada
11. No seu lugar, eu não comeria/beberia isso
12. Como se sente trazendo ao mundo outra criança para esse mundo cheio de
violência?
13. Foi planejado?
14. Nunca vai recuperar o seu corpo!
15. A pior parte do parto é...
16. Fulaninha está de X meses também e não está assim
17. “Já está com carinha de mãe.”
18. “Posso colocar a mão?”
19. “Depois da minha gravidez, tive estrias, celulite e meu corpo nunca mais
voltou”
20. “Não gosto desse nome que você escolheu”
21. “Na época que eu tive filhos era tudo mais complicado”
22. “Quantos kgs você já engordou?
23. “Você está imensa! Tem certeza de que não são gêmeos?”

Palpiteiros existem em qualquer momento da nossa vida. Mas parece que


eles se multiplicam com a notícia de que há um bebê a caminho. Como não
bastasse aquele monte de dúvidas na sua cabeça, vira e mexe você vai ouvir casos
de abortos ou complicações na hora do parto, vai sentir olhares fuziladores, vai
receber sugestões de nomes supostamente melhores do que aquele que escolheu
ou conselhos para lá de animadores sobre nunca mais dormir ou conseguir jantar
em paz com o marido. Parece que todos se sentem à vontade para se intrometer na
vida da gestante, não? E tem explicação!

A gravidez desperta interesse, curiosidade naquele ser que está se formando


e todos adoram falar, até quem não tem experiência alguma com a maternidade.
“Grávida sempre é assunto. Mas existe muita falta de noção, pois as pessoas
têm mania de contar histórias trágicas, dizer que passou a hora de o bebê
nascer, que não vai conseguir amamentar. Isso irrita até os médicos, pois as
gestantes chegam estressadas ao consultório. Dizem, por exemplo: ‘Fui ao
mercado hoje e disseram que minha barriga está muito baixa, será que vai
nascer antes da hora?’. Tudo bem que a gravidez envolve a família, todos
ficam ansiosos pela chegada do bebê, mas vira um falatório”, diz a
ginecologista, obstetra e sexóloga Carolina Ambrogini, colunista da CRESCER.

Outra questão que leva aos palpites é a necessidade de o ser humano


mostrar que sabe e, muitas vezes, mais que o outro. “As pessoas querem ensinar,
dizer o que é melhor, sem saber se aquela pessoa quer ouvir ou não. Acabam
invadindo a privacidade para exibir conhecimento. É o famoso ‘eu sei, já
passei por isso’”, diz a psicoterapeuta familiar Teresa Bonumá. Por isso, você
acaba ouvindo conselhos de todos os lados: em casa, no trabalho, no bar, na
academia ou no metrô.
Segundo enquete realizada no site CRESCER, a campeã da intromissão é a
sogra, com 33% dos palpites, seguida de perto por outras pessoas da família, com
24%. As amigas vêm em terceiro lugar (16%), depois a mãe (15%) e, finalmente,
desconhecidos na rua (12%). Nada fácil, não?

PENEIRA NELES!
Conseguir filtrar os palpites é a melhor forma de manter o mínimo de
sanidade mental em meio ao turbilhão de emoções que a gravidez por si só já
provoca. Por isso, para Teresa, “é preciso colocar um para-raios para ignorar. Não
tem que se estressar, mas, sim, ouvir apenas aquelas pessoas que falam para o
bem”.

Claro que não é simples, mas muitas mulheres já vêm conseguindo fazer
isso, como mostrou outra enquete da CRESCER, que perguntava às leitoras como
reagiam aos conselhos na gravidez: 57% disseram filtrar o que pode ser útil e deixar
o resto passar e 22% afirmaram não ligar.

A fotógrafa Ligia Bazotti, 31, faz parte dessa estatística. Mãe de Olívia, 3 anos, e
Bernardo, 1, ela lembra que, na primeira gestação, ouviu muito sobre o que deveria
comprar no enxoval e, na segunda, diziam que ela não deveria pegar a filha mais
velha no colo, mesmo com o médico dela dizendo que não havia problema. “O que
aprendi na gravidez e depois que meus filhos nasceram é que os palpites
chegam a todo momento, mas abstraio o que não acho legal e pego para mim
o que pode ser útil. Não discuto, não fico brava, simplesmente escuto e só
absorvo o que quero”, diz. Para a psicóloga Mariana Bonsaver, da Maternidade
Pró Matre Paulista (SP), procurar relevar é mesmo o melhor caminho, sempre que
possível, pois, de certa forma, os conselheiros não têm a intenção de prejudicar a
grávida. “Geralmente, as pessoas dão palpites de acordo com as experiências
que tiveram e que, muitas vezes, deram certo, passando a ser para elas ‘a
melhor coisa a ser feita’. Além disso, é uma forma de se sentirem participando
e sendo úteis nesse momento”, pondera.
Infelizmente, nem todas as mulheres conseguem manter a calma de Ligia – 18%
das leitoras disseram se incomodar demais, a ponto de querer responder de
maneira atravessada, e 3% chegaram a entrar em pânico com determinado
comentário. A professora Simone Cristina da Silva, 45, mãe de Ana Luisa, 5 anos,
lembra que a família era tão invasiva que comprou roupas de cores que ela não
gostava e até um carrinho de bebê sem consultá-la. No trabalho, era a mesma
coisa: opinavam desde sobre o que ela comia até a quantidade de fraldas que
deveria ter em estoque. Quando se irritava, Simone ainda tinha que ouvir: “Você
está prejudicando sua filha com todo esse estresse”. “Uma vez cheguei a
implorar por nenhum palpite, e a pessoa veio com a pérola ‘deixa eu dar uma
dica...’. Todos se acham experts em gravidez! Desde então, ao avistar uma
grávida, me dá até pena!”, desabafa.

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