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Ética do aborto

Unidade curricular: Bioética

Filosofia 3ºano

Docente: João Carlos Gama Martins Macedo

A67783: Ivo Pereira


O tema sobre o qual me irei debruçar neste trabalho escrito é a ética do aborto, e
se este será uma escolha eticamente permissível ou não, baseado na opinião de alguns
autores como, Pedro Galvão, Stuart Mill, Judith Thomson, Michael Tooley, Stephen
D.Schwarz e Harry Gensler.
No decorrer do trabalho irei explicar os conceitos pró-vida e pró-escolha. Vou
apresentar alguns argumentos e irei expor as observações de alguns pensadores, os que
defendem o ponto de vista a favor do aborto e os que são contra. Na parte final do trabalho
irei mostrar a minha opinião sobre o assunto e justificar os meus argumentos.
Será que o aborto é uma escolha eticamente admissível? Existem duas respostas
para esta questão, uma fundamentada na pró-vida e outra fundamentada na pró-escolha.
Quem defende a pró-vida tem de demonstrar que o aborto é eticamente errado,
enquanto quem defende a pró-escolha, se acredita que matar um feto é permissível tem
de explicar porque matar um homem adulto ou bebé é errado. Tem de nos explicar a partir
de que altura é errado matar um indivíduo humano sem se resumir a um critério ad hoc
(para esta finalidade).
Há ainda aqueles que fogem à questão, mas não se deve confundir o problema
ético com o problema político.
O problema político tem de ser investigado sempre com o ético. Se é eticamente
moral abortar então não se pode proibir. Constituiria uma restrição arbitrária à liberdade
da mulher. Se descobrirmos que o aborto é eticamente errado deverá a lei proibir? A lei
não deve proibir todas as questões moralmente erradas. Se aborto é equivalente ao
homicídio deveria ser proibido.
Segundo Stuart Mill, o aborto deve ser descriminalizado porque, apesar da sua
proibição, as mulheres continuam a abortar, sujeitando-se aos riscos inerentes à falta de
condições médicas, o que leva a uma injustiça social.
Os defensores da resposta pró-vida utilizam como argumento padrão o seguinte:
1. Se os fetos têm o direito moral à vida, então o aborto é errado.
2. Os fetos têm o direito moral à vida.
Logo, o aborto é errado.
Sofrer constantes injustiças por não ter sido desejado, viver com uma deficiência
ou ser resultado de um caso de violação. É certo que todos têm direito à vida, mas qual
será preferível? Não existir ou existir para ser maltratado?

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Optar pelo aborto é uma grande decisão para uma mulher que lhe trás bastantes
distúrbios e peso na consciência, mas receber um filho que não deseja para o abandonar,
ou seja, provocar-lhe sofrimento, magoa-a ainda mais.
De seguida, irei expor as observações de alguns pensadores uns que defendem o
ponto de vista a favor do aborto, outros contra.
Judith Thomson, filósofa americana, diz-nos que mesmo que o feto tenha um
direito à vida tão forte como o nosso, pensa Thomson, não é verdade que o aborto seja
errado, já que o direito à vida não confere o direito de utilizar o corpo de outra pessoa,
impondo-lhe sacrifícios consideráveis, mesmo que isso seja necessário para continuar a
viver.
A mulher não tem o dever de assegurar a vida da criança, pois pode apenas querer
eliminá-la por considera-la um intruso na sua vida, mas há outras maneiras e há auxílios
para que ela consiga cuidar da criança sem que isso lhe traga grandes transtornos, pois há
inúmeras mulheres impossibilitadas de ter filhos que o seu maior desejo é poder ser mãe
enquanto outras meramente se querem desfazer dos filhos.
Stephen D.Schwarz, professor de filosofia, diz que se a única maneira de exercer
o direito de retirar o apoio vital é matar outra pessoa, então não é possível exercê-lo. O
dever de não matar uma pessoa inocente tem precedência sobre o exercício do direito de
retirar o apoio vital.
O que nos quer mostrar é que a mulher estabelece uma ligação biológica com o
bebé e a verdade é que um sacrifício de o carregar durante 9 meses reforça uma
maravilhosa ligação entre ambos, mas as mulheres que pensam o contrário dizem que irão
sofrer demasiadas alterações que não querem, ou seja, não apresentam nenhuma
justificação aceitável.
Para além do mais, a criança está onde deveria estar, não é nenhum assaltante ou
intruso que está ali só porque sim, não tem de padecer face às “asneiras” cometidas pela
mãe, a criança tem todo o direito a nascer e cabe à mãe o empurrão inicial para que isso
aconteça.
Michael Tooley afirma que o aborto é permissível porque o feto não é uma pessoa
porque ainda não tem consciência de si. Sendo assim, os recém-nascidos também não são
pessoas e portanto não têm direito à vida.
Esta é capaz de ser a forma mais simples de justificar a posição contra o aborto,
sendo o feto apenas o nosso estado inicial, se o processo for interrompido a meio (caso a

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mulher aborte) jamais se poderá tornar consciente porque nem sequer teve oportunidade
para tal.
Harry Gensler apresenta o seguinte argumento:
a) É errado cegar um adulto ou uma criança ou um bebé ou um feto.
b) É errado matar um adulto ou uma criança ou um bebé.
c) É permissível matar um feto.
O facto de ser permissível não significa que tenha de ser feito, como é óbvio, mas
nenhum de nós admite a qualquer outro que nos cegue agora, ou mesmo que tivesse sido
ontem, não admitimos e pronto, na realidade nem admitimos que nos ceguem nem que
nos matem ou nos provoquem qualquer tipo de sofrimento, a questão é: porque devemos
ser nós a provocar aos outros?
Quando alguém mata outro rouba a possibilidade deste experienciar um futuro
com valor. Por isso é que matar é errado. O feto humano típico tem à sua frente o mesmo
género de experiências que o ser humano adulto típico tem, e estas experiências têm
precisamente o mesmo tipo de valor.
Matar um homem priva-o de um futuro com valor portanto é mau.
Matar um feto priva-o de um futuro com valor portanto é mau.
Não necessitamos de definir quando é que o feto se torna pessoa para perceber
que o aborto é errado.
Em suma, eu acho que o aborto é uma coisa deplorável pois, apesar dos vários
argumentos apresentados em cima, não temos o direito de decidir acabar, neste caso de
não deixar começar, a vida de alguém.
A meu ver, apenas em uma situação é que deveria ser permitido realizar o aborto.
Seria quando o desenvolvimento ou nascimento da criança pusesse em risco a vida da
mãe. Se o nacimento da criança provocasse a morte da mãe, então o aborto deveria ser
permitido, porque afinal de contas, a vida da mãe é tão preciosa quanto a do feto, e se o
feto depende da mãe para nascer, mas a mãe não necessita do feto para continuar a viver
então a vida do feto deveria ser sacrificada, pois a mãe neste caso serve de suporte para a
vida e nada mais do que isso, se esse suporte puser em causa a vida da mãe, deve ser
cancelado.
Infelizmente há muitas desculpas para justificar o aborto, gravidez indesejada, o
feto ter deficiências, a mãe ser violada e até, na minha opinião a mais caricata, a mãe não
querer engordar ou ficar com marcas corporais. No meu ponto de vista não faz sentido e
passo a explicar o porquê:

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Se for detetado que o feto tem uma deficiência, é legítimo acabar com o seu
sofrimento? Mas quem é que me diz que o feto está a sofrer?! E é por ter uma deficiência
que devemos acabar com a sua vida?! Por alguma razão há pessoas que pensam que por
um feto ter uma deficiência já se tem uma justificação para por um fim à sua vida. Não
entendo bem o porquê, pois afinal uma pessoa com uma deficiência tem direito à vida, a
vivê-la. Em Portugal, no que toca ao desporto, os atletas paralímpicos são um orgulho,
ganham imensas medalhas. Stephen Hawking consegue ser das pessoas mais inteligentes
do mundo e, no entanto, é deficiente.
Se a mãe foi violada, que culpa tem o feto?! Compreendo que a violação seja uma
desculpa para que as mulheres escolham abortar, mas é de notar que o feto não tem culpa
nenhuma do que acontece num mundo do qual ele ainda nem faz parte, mas que a partir
de certo momento, pode fazer. Porque haveríamos de lhe retirar um direito que todos nós
tivemos?!
É uma criança indesejada?! Se uma pessoa tem uma gravidez indesejada, que
culpa tem o feto?! É da responsabilidade dos pais, se não querem engravidar, prevenirem
que tal não aconteça.
Se os pais não querem a criança, pelo menos podem-lhe dar o tal empurrão para
que nasça, pois há instituições criadas para apoiar essas crianças que não foram desejadas
pelos seus pais. Talvez um dia, uma dessas crianças possa vir ser a pessoa que vai
descobrir a cura para o cancro, o génio da mutação genética, descobrir se há vida no
espaço ou mais irónico ainda, pode ser a pessoa que vai encontrar um método contracetivo
100% eficaz.

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Webgrafia

Galvão, P. (s.d.). Aborto. Obtido em 05 de Junho de 2016, de


http://pedrogalvao.weebly.com/uploads/6/6/5/5/6655805/pgaborto.pdf

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