Você está na página 1de 19

FILOSOFIA 10º ANO

A DIMENSÃO PESSOAL E
SOCIAL DA ÉTICA
O problema da natureza
Capítulo 5 dos juízos morais (pp. 162 a 183 do manual)

FILSOFIA 10.º
O PROBLEMA DA NATUREZA DOS JUÍZOS MORAIS
• O problema da natureza dos juízos morais pode ser formulado conforme se segue:
“Qual é a natureza dos juízos morais?”.

• Um juízo é uma operação mental através da qual atribuímos uma certa propriedade,
P, a um certo sujeito, S (este sujeito pode ser qualquer coisa:
uma pessoa, uma criatura, um objeto, um lugar, uma situação ou um
acontecimento).

• Os juízos de facto são puramente descritivos; o seu valor de verdade é inteiramente


independente das crenças, dos hábitos, da sociedade e
da cultura, dos gostos ou das preferências de quem os formula,

FILOSOFIA 10º ANO


e a direção da adequação parte da realidade para o juízo.
O PROBLEMA DA NATUREZA DOS JUÍZOS MORAIS
• Os juízos de valor são (pelo menos em parte) normativos (ou prescritivos),
expressam uma determinada avaliação das coisas, e a direção da adequação parte do
juízo para a realidade.

• Os juízos morais são juízos de valor que dizem respeito àquilo que
devemos ou não devemos fazer, ou seja, são juízos que envolvem
as noções de certo e errado, justo e injusto,
louvável e censurável, etc.

FILOSOFIA 10º ANO


Juízos Juízos
de facto de valor
São descritivos: São avaliativos: fazem uma
EXEMPLO EXEMPLO
S
Em Portugal descrevem apreciação positiva ou • A pena de
morte
não existe o modo como negativa; é injusta.
pena de morte. as coisas são. • A pena
de morte
são a favor ou contra é justa.
alguma coisa e formulam uma
OS VALORES
VALORES:
Existem valores
BONDADE de diversos tipos:
HONESTIDADE • éticos ou morais
JUSTIÇA • estéticos
Um valor é um princípio ou • religiosos
LIBERDADE • políticos
ideal que inspira aquilo que as
pessoas pensam, querem e BELEZA • desportivos
fazem.
HARMONIA …
Ética ou moral: diz respeito à
Um valor é algo de estimável que SAGRADO diferença entre o certo e o errado,
merece ser defendido, procurado entre o que devemos e não devemos
ou realizado – é uma meta PERFEIÇÃO fazer.
importante a atingir. …
Muitas das ações humanas são Neste capítulo estudamos
motivadas pelos valores. apenas os valores éticos
ou morais.
O PROBLEMA DA NATUREZA DOS JUÍZOS MORAIS
• Assim, o problema original acerca da natureza dos juízos morais pode ser
subdividido em três problemas mais simples:

1. Se os Juízos podem ter Valor têm Valor de Verdade, então:

2. A sua verdade (ou falsidade) é independente de qualquer


perspetiva (isto é, o domínio de factos morais ao qual estes se
reportam é independente de quaisquer sujeitos)? OBJETIVISMO

3. Ou, pelo contrário, são dependentes de uma determinada


perspetiva? SUBJETIVISMO OU RELATIVISMO
FILOSOFIA 10º ANO
SUBJETIVISMO
• O subjetivismo é uma das formas mais comuns de encarar os juízos morais.

• De acordo com o subjetivismo, os juízos morais são crenças acerca das nossas
preferências pessoais e subjetivas.

• Neste sentido, podemos dizer que eles têm um valor de verdade,


são verdadeiros quando descrevem adequadamente
as nossas preferências (dizemos o que verdadeiramente preferimos)e são falsos
quando isso não acontece (não dizemos o que verdadeiramente preferimos)

FILOSOFIA 10º ANO


SUBJETIVISMO

x
• Neste sentido, podemos dizer que o subjetivismo se caracteriza por defender que:

Quando alguém afirma “x é errado” está


simplesmente a dizer “eu reprovo x”, e
quando alguém afirma “x é correto” está
simplesmente a dizer “eu aprovo x”.

FILOSOFIA 10º ANO


RELATIVISMO
• O relativismo cultural defende que os juízos morais são crenças acerca do código
moral vigente na nossa sociedade ou cultura, ou seja, acerca do conjunto de regras
que os membros da sociedade acordaram para organizar a sua vida em conjunto.

• Deste modo, para os relativistas, os juízos morais não se limitam a ser simplesmente
verdadeiros ou falsos, são sempre verdadeiros ou falsos relativamente a um
determinado grupo de indivíduos ou sociedade, ou, mais propriamente, ao conjunto
de normas sociais por eles acordado.

FILOSOFIA 10º ANO


RELATIVISMO
• Isto significa que, para estes autores, também não existem factos
morais objetivos e os únicos factos morais que existem são os
códigos morais adotados pelas diferentes sociedades.

• De acordo com esta perspetiva, o significado dos termos que


usamos para as propriedades morais, como “certo” e “errado”,
varia de contexto para contexto, pois resulta, de certa forma,
de uma construção social e cultural.

FILOSOFIA 10º ANO


RELATIVISMO

x
• Assim, podemos considerar que, para um relativista:

Quando alguém afirma “x é errado” está simplesmente a dizer


“a minha sociedade reprova x”, e quando alguém afirma “x é
correto” está simplesmente a dizer
“a minha sociedade aprova x”.

FILOSOFIA 10º ANO


OBJEÇÕES AO RELATIVISMO

O argumento da diversidade cultural não é sólido

• O facto de haver culturas com códigos morais diferentes não é uma condição
suficiente para que não haja uma verdade moral objetiva. Pode simplesmente dar-se
o caso de haver culturas com códigos morais errados.

• Analogamente, o facto de haver diferentes opiniões relativamente à existência de


extraterrestres não é uma condição suficiente para considerarmos que não há uma
verdade objetiva acerca desse assunto. Significa simplesmente que alguma dessas
opiniões é falsa.

FILOSOFIA 10º ANO


OBJEÇÕES AO RELATIVISMO
A maioria pode estar errada

• O facto de a maioria dos membros de uma sociedade estar disposta a aceitar uma
determinada opinião não nos permite concluir que ela é verdadeira.

• A maioria pode estar errada por ser ignorante acerca do assunto em questão.
Como vimos, concluir que uma opinião é verdadeira com base na sua popularidade é
incorrer na falácia ad populum.

FILOSOFIA 10º ANO


OBJEÇÕES AO RELATIVISMO
Impossibilita o progresso moral das sociedades

• Atualmente em Portugal estamos muito melhores no que diz respeito à igualdade de


género, à discriminação racial, aos direitos da criança, ao tratamento dos animais
não-humanos, etc.;

• Mas, se o relativismo fosse verdadeiro, não poderíamos dizer que houve uma
melhoria (só uma mudança), pois, como as noções de certo e errado seriam sempre
relativas a cada padrão cultural, não haveria um padrão neutro em direção ao qual
pudéssemos progredir.

• Portanto, o relativismo é falso.


FILOSOFIA 10º ANO
OBJEÇÕES AO RELATIVISMO
Conduz ao conformismo

• Um dos problemas da defesa do relativismo é que este conduz ao conformismo.

• De acordo com o relativismo, uma prática é correta (ou incorreta) segundo os


códigos morais de cada cultura.

• Se pensarmos que ou estamos de acordo com a maioria ou estamos errados, então


estaremos a impedir que um dissidente revolucionário possa usar o seu espírito
crítico para levar a cabo uma melhoria nos hábitos e valores culturais socialmente
aprovados.

FILOSOFIA 10º ANO


OBJETIVISMO
• Segundo o objetivismo, os juízos morais têm um valor de verdade e esse valor é
independente de qualquer perspetiva, ou seja, os juízos morais são objetivamente
verdadeiros (ou objetivamente falsos).

• Para os objetivistas existe um domínio de factos morais objetivos – isto é,


que não dependem da perspetiva de qualquer sujeito, mas sim
de certos padrões neutros de avaliação.

• O objetivismo caracteriza-se por defender que um juízo moral é correto


quando, independentemente dos nossos gostos, preferências
ou convenções, temos uma justificação imparcial para a defesa do mesmo.

FILOSOFIA 10º ANO


OBJETIVISMO
• Pode dizer-se que para um objetivista:

Quando alguém afirma «algo é errado» está a afirmar «independentemente das nossas
preferências pessoais ou convenções coletivas, há razões imparciais para se reprovar
algo» e quando alguém afirma «algo é correto» está a afirmar «independentemente das
nossas preferências pessoais ou convenções coletivas, há razões imparciais para se
aprovar algo».

FILOSOFIA 10º ANO


OBJEÇÕES AO OBJETIVISMO

Existem enormes diferenças éticas


Esta objeção pode ser expressa através Falta de métodos de prova
do argumento seguinte: Nas ciências, as divergências
Se alguns juízos morais fossem objetivos costumam ser ultrapassadas
seria de esperar que não existissem tantas através
divergências éticas. do recurso a métodos científicos
de prova.
Porém, como estas existem em grande
quantidade, pode concluir-se que nenhum Na Ética não existem esses
juízo moral é objetivo e que o objetivismo métodos e por isso os desacordos
não é uma boa teoria. éticos são intermináveis.
Isto mostra, segundo os defensores
desta objeção, que não há
verdades éticas objetivas e que o
objetivismo não é uma boa teoria.

Você também pode gostar