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Os valores - análise e compreensão da experiência

convivencial (ética)

SUMÁRIO:

- Conceito de valor
- A diversidade dos valores. O conceito de
juízo moral.
- Juízos de facto e juízos de valor.
- O problema da natureza dos juízos morais.
- As posições filosóficas sobre a natureza
dos juízos morais: subjetivismo,
relativismo e objetivismo.
O QUE SÃO OS VALORES?

✓ Um valor é um princípio ou ideal que inspira aquilo que as pessoas pensam, querem e fazem.

✓ Um valor é algo de estimável que merece ser defendido, procurado ou realizado – é uma meta
importante a atingir.
É o caso de valores como a amizade, a honestidade, a solidariedade e também a riqueza, o prestígio social
e a realização profissional.

✓ Muitas das ações humanas são motivadas pelos valores.


Os valores são os critérios, as razões ou os motivos que estão na base das nossas escolhas e preferências e
que as justificam.
Existem valores de diversos tipos: A DIVERSIDADE DE VALORES
Dada a grande diversidade de valores, é costume agrupá-los em áreas ou domínios. Entre os mais estudados
em filosofia, temos os valores éticos, os estéticos e os religiosos.

Ético ou morais
bondade,
solidariedade,
respeito, honestidade,
lealdade, justiça
liberdade

Religiosos Estéticos
VALORES
fé, sagrado beleza,
pureza ESPIRITUAIS graciosidade,
harmonia,
elegância
A DIVERSIDADE DE VALORES

Diversos valores podem inspirar uma mesma ação.


Exemplo de ação: Visitar Roma

A ação pode ser orientada por:

Valores religiosos (ir a Roma para receber a bênção do papa)

Valores estéticos e artísticos (ir a Roma para ver os seus belos monumentos e obras de arte)

Valores éticos (ir a Roma com os pais como prova de gratidão pelo que estes fizeram por mim até
ao momento)

Valores económicos (ir a Roma porque é um local apropriado para fechar um negócio).

Valores sensoriais (ir a Roma porque se gosta da diversão noturna da cidade e da sua gastronomia)
JUÍZO DE VALOR
• Inspirados nos valores em que acreditamos, fazemos avaliações ou apreciações de coisas, ações e
pessoas, ou seja, fazemos juízos de valor.

✓ Mas o que são juízos?


«Juízo» pode ter vários significados, mas o significado que aqui nos interessa é
semelhante ao de proposição: é o pensamento expresso por uma frase declarativa.

Exemplos de juízos:

1. Beethoven compôs mais de oito sinfonias.


2. A Nona Sinfonia de Beethoven é sublime.
3. Alguns estados norte-americanos aboliram a pena de morte.
4. A pena de morte devia ser abolida.

• Os juízos (1) e (3) são diferentes dos juízos (2) e (4).

• Quais são as diferenças?


Juízos de facto Juízos de valor
Exemplos Exemplos
1.Beethoven compôs mais de oito sinfonias. 2. A Nona Sinfonia de Beethoven é sublime.
3.Alguns estados norte-americanos aboliram a pena de 4. A pena de morte devia ser abolida.
morte.

Os juízos de facto são descritivos ou informativos. Os juízos de valor são valorativos – fazem umaapreciação
Descrevem o modo como as coisas são, mesmo que as positiva ou negativa; são a favor ou contra alguma coisa e
descreva erradamente.
formulam uma preferência.

Os juízos de facto expressam o que as coisas são e não o Os juízos de valor são em boa parte normativos. Não visam
que devem ser. descrever as coisas como elas são, mas antes exprimir o que
pensamos que elas devem ser. Por ex. “não deves mentir”.

Os juízos de facto têm claramente valor de verdade, ou Saber se a verdade ou falsidade destes juízos depende da
seja, podem ser verdadeiros ou falsos. Se o que estamos
a afirmar concorda com a realidade, o juízo é verdadeiro; perspetiva do sujeito, da sociedade ou de nenhuma destas
caso contrário, o juízo é falso. A sua verdade ou falsidade é realidades, é uma questão filosófica em aberto, – pode gerar
independente de qualquer opinião ou preferência subjetiva.
São objetivos. desacordo sem que se chegue a consenso.
Juízos de facto ou juízos de valor?
Os críticos
O sumo de As aulas de classificam o
matemática são
laranja fornece mais interessantes último filme de
vitamina C ao do que as de Woody Allen
organismo. filosofia. como genial.

A pena de
A aula de
morte foi O sumo de laranja filosofia é às
abolida em é agradável. 9.00h da manhã.
Portugal.

O último filme de
A pena de morte é
Woody Allen é
injusta.
genial.
JUÍZO MORAL
Um tipo particular de juízo de valor são os juízos morais.

JUÍZO MORAL: É um juízo de valor que expressa apreciações das ações em termos de valores morais ou
éticos, o que significa que os juízos morais são juízos que envolvem as noções de certo e de errado, justo e
injusto, louvável e censurável, diretamente ligados com aquilo que devemos ou não devemos fazer – são
normativos.

Exemplos:
O António é um bom homem.
O comportamento da Luísa foi desonesto.
Marta agiu bem ao denunciar a corrupção.
O PROBLEMA DA NATUREZA DOS JUÍZOS MORAIS

SUBJETIVIDADE, RELATIVIDADE OU
OBJETIVIDADE DOS JUÍZOS DE VALOR
MORAIS
O PROBLEMA FILOSÓFICO DA NATUREZA DOS JUÍZOS MORAIS (Manual página 160)

FORMULAÇÃO DO PROBLEMA:

A verdade ou falsidade dos juízos de valor morais depende dos gostos dos indivíduos (será
subjetiva?)? Depende do modo de pensar de cada sociedade (será relativa?)? Ou será objetiva, ou
seja, independente das preferências de cada indivíduo e sociedade?

CONCEÇÕES ACERCA DA NATUREZA DOS JUÍZOS MORAIS

SUBJETIVISMO MORAL RELATIVISMO MORAL OBJETIVISMO MORAL


SUBJETIVISMO MORAL : TESES (Manual página 163)

O valor de verdade dos juízos morais depende da perspetiva de cada sujeito? Sim. Os juízos morais são
subjetivos

▪ O valor de verdade dos juízos morais depende exclusivamente da perspetiva do sujeito que avalia, são
subjetivos. Os juízos morais são apenas expressões dos sentimentos e preferências individuais.
▪ Dado que os sentimentos e preferências variam de sujeito para sujeito, então nenhum juízo moral é
objetivamente certo ou errado. Os juízos são verdadeiros para as pessoas que os aceitam, os juízos são
falsos para as pessoas que os rejeitam.
▪ Não há verdades morais objetivas e universais, face às quais se pudesse dizer que o juízo contrário é falso.
Há apenas verdades pessoais.
▪ Dizer que «X é correto» ou «X é moralmente aceitável» é equivalente a dizer «Eu aprovo X». Dizer que «X
é errado» ou «X é moralmente inaceitável» é equivalente a dizer «Eu reprovo X».
▪ Em situações de opiniões divergentes sobre um determinado assunto nenhuma opinião é melhor
do que outras, o juízo de uma pessoa não tem mais valor do que o juízo de outra.

▪ Moralmente correto é o que cada indivíduo, de acordo com os seus sentimentos


e o seu código moral aprova.
SUBJETIVISMO MORAL

DISCUSSÃO - QUE JUÍZO DE VALOR EMITIRIA UM SUBJETIVISTA SOBRE A AÇÃO PRATICADA POR HITLER?

O HOLOCAUSTO
Definição: genocídio executado
pelo regime Nazista contra minorias
étnico-religiosas,
deficientes, homossexuais e
opositores políticos do regime,
através de perseguição e
extermínio sistemático. O regime
Nazista é responsável por crimes
contra a humanidade.

Hitler aprovou o extermínio dos judeus.


QUE JUÍZO DE VALOR EMITIRIA UM SUBJETIVISTA SOBRE A AÇÃO PRATICADA
POR HITLER?

Se para um subjetivista moral, moralmente correto é o que cada indivíduo,


de acordo com os seus sentimentos e o seu código moral aprova e se Hitler
aprovou o extermínio de judeus, então, diria o subjetivista moral, a sua
ação foi correta, de acordo com o seu código moral. À luz desta teoria
nenhum ponto de vista, por muito monstruoso ou absurdo que seja, pode
ser considerado realmente errado ou pelo menos pior que pontos de vista
alternativos.

Como já percebeste, esta perspetiva tem várias implicações que nos leva a
questioná-la.

Mas vamos conhecê-la melhor, conhecendo os seus argumentos e as


objeções aos mesmos.
SUBJETIVISMO MORAL

Os juízos morais são subjetivos. Porquê?


O ARGUMENTO DA DISCORDÂNCIA
No que respeita aos juízos morais só há discordâncias, não há consensos: o que uma pessoa considera bom ou
aceitável, outra considera mau ou inaceitável. É por isso que são subjetivos. Se fossem objetivos, essas
discordâncias não existiriam. Nos juízos de facto, pensa o subjetivista, não encontramos o mesmo tipo de
discordância. Por exemplo, há um consenso quanto à composição química da água, mas não há quanto à
permissibilidade do aborto.

Objeção ao argumento da discordância:


- Não é verdade que discordemos quanto a todos os valores – discordamos relativamente a muitos, mas não a
todos. Por exemplo, podemos discordar quanto ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas, por outro
lado, há um forte consenso quanto à rejeição da escravatura, do homicídio, da exploração das mulheres etc;
além disso, os princípios e valores inscritos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, subscritos por quase
todos os países do mundo, mostram que há valores morais fundamentais que são consensuais, ainda que a
prática não esteja muitas vezes de acordo com isso.
- Por outro lado, a simples discordância entre as pessoas, não prova que os juízos são subjetivos. Talvez sejam
objetivos, mas que haja pessoas que estão enganadas.
SUBJETIVISMO MORAL

Outros ARGUMENTOS apresentados pelos subjetivistas:

Se admitirmos que ninguém está objetivamente certo nem errado acerca


dos valores, então ninguém irá querer impor aos outros os seus juízos
morais, o que:
• favorece a liberdade individual;
• promove a tolerância entre pessoas com convicções morais diferentes.

Mas, daqui podem surgir implicações inaceitáveis… senão vejamos…


ALGUMAS OBJEÇÕES AO SUBJETIVISMO MORAL

Objeção: O subjetivismo moral impede a censura de ações claramente erradas

Se aceitarmos a tese subjetivista de que ninguém está objetivamente certo nem errado acerca dos valores, então
comportamentos manifestamente errados como o assassínio ou a pedofilia, entre outros, não poderiam ser
criticados.
Mas, é óbvio que os assassinos e pedófilos prejudicam outras pessoas e que há, por isso, razões fortes para os
censurar (estes e outros comportamentos). Os defensores desta objeção, concluem, por isso, que o subjetivismo
é implausível.

Objeção: O subjetivismo não explica a existência de desacordos morais e esvazia de sentido os debates

Se, segundo a perspetiva subjetivista, não há uma preferência ética melhor ou pior e cada um tem a sua verdade,
então as pessoas que debatem problemas morais estariam a fazer algo absurdo e inútil.

Mas, os desacordos morais existem e debater temas morais, como a eutanásia, o aborto…, não é certamente
insensato e absurdo. Logo, o subjetivismo não é uma teoria correta.
RELATIVISMO MORAL: TESES (Manual página 167)

O valor de verdade dos juízos morais depende da perspetiva de cada sujeito? Não. A verdade ou falsidade dos
juízos morais depende da sociedade - Todos os juízos de valor morais são (culturalmente) relativos.

▪ Cada sociedade tem o seu próprio código moral e é ele que define que ações são corretas ou incorretas.

▪ O bem é o que é aprovado pela maioria das pessoas numa sociedade; o mal é o que a maioria das pessoas numa
sociedade desaprova.

▪ Não há verdades morais universais.

▪ Quando uma sociedade condena ou aceita um dado juízo moral, não pode estar enganada. Os valores morais de
uma sociedade não são nem melhores nem piores do que os de qualquer outra sociedade; são apenas diferentes.

▪ É sempre errado criticar e interferir nas práticas de outras culturas (por exemplo, condenando essas práticas).

A mutilação genital feminina é moralmente certa; A mutilação genital feminina é moralmente errada. Estes juízos são
verdadeiros ou falsos? Ambos são verdadeiros em algumas sociedades e falsos noutras, pois a prática da mutilação é
aprovada pela maioria das pessoas em algumas sociedades e reprovada pela maioria noutras sociedades. Não há
uma maneira neutra e universal de determinar que uma dessas posições é preferível à outra.
RELATIVISMO MORAL

Os juízos morais são relativos às sociedades. Porquê?


O ARGUMENTO DA DIVERSIDADE CULTURAL
O relativista argumenta que os juízos morais são relativos às sociedades porque
diferentes sociedades aceitam diferentes juízos de valor, pois têm padrões e
códigos morais completamente diferentes. Se não fossem relativos à sociedade,
não encontraríamos esta diversidade cultural. Por exemplo, na nossa sociedade,
as crianças e os jovens, têm vários direitos que os protegem contra o trabalho
forçado; noutras sociedades, as crianças e os jovens são obrigados a trabalhar.

Objeção ao argumento da diversidade cultural: Muitos juízos morais não são relativos. Em
nenhuma sociedade o roubo ou o homicídio indiscriminado é uma prática aceite. Existem juízos
morais objetivos.
RELATIVISMO MORAL

O ARGUMENTO DA TOLERÂNCIA E DA REJEIÇÃO DO ETNOCENTRISMO

O relativismo defende que as pessoas devem viver de acordo com os valores da sociedade a que pertencem. E
uma vez que os valores de uma sociedade não são nem melhores nem piores do que os de outras sociedades
(todas as culturas têm igual valor), então nenhuma sociedade deve criticar os valores aceites em outras
sociedades. Por esta razão, os defensores do relativismo consideram que esta teoria favorece a tolerância entre
sociedades diferentes.
O contrário, ou seja, não aceitar o relativismo moral, conduz à intolerância – à critica e não aceitação dos
costumes de outras sociedades – e ao etnocentrismo – à atitude de quem valoriza excessivamente a sua própria
cultura e a considera superior às outras, classificando estas de inferiores, primitivas ou selvagens.

Os defensores do relativismo moral, defendem, por isso, que o relativismo é uma resposta adequada aos
desafios do multiculturalismo e aos problemas que possam surgir do convívio entre pessoas com valores e
costumes muito diferentes.
OBJEÇÃO AO ARGUMENTO DA TOLERÂNCIA E DA REJEIÇÃO DO ETNOCENTRISMO

▪ O argumento da tolerância pressupõe erradamente que devemos aceitar todos os costumes, tradições e
maneiras de fazer as coisas, sem exceção. Apesar de ser verdade que devemos aceitar todas as diferenças
culturais que não prejudicam seja quem for, não é verdade que devemos aceitar as diferenças que incluem
explorar, maltratar, mutilar, e fazer sofrer as outras pessoas.
Além disso, tolerar práticas de sociedades que são intolerantes em relação às pessoas de minorias étnicas,
em relação a pessoas de outras religiões ou em relação às mulheres é o mesmo que tolerar a intolerância. E
isto é incoerente.

▪ Criticar valores e costumes de outros povos não é necessariamente uma atitude etnocêntrica:
- é possível criticar outros costumes sem ser ofensivo e mostrando respeito;
- criticar um determinado costume de outra sociedade não significa criticar a totalidade dos costumes dessa
sociedade e considera-la inferior.

▪ Por condenar todas as críticas, o relativismo


- põe em causa o debate intercultural;
- não é uma resposta adequada aos desafios do multiculturalismo, desafios esses que exigem um diálogo
intercultural.
OUTRA OBJEÇÃO AO RELATIVISMO MORAL

Não permite explicar o progresso moral.


Quando comparamos os padrões culturais e morais das sociedades atuais com os de sociedades de épocas
passadas, podemos afirmar que há progresso moral e que muitos desses padrões que regem as sociedades
atuais são melhores do que os do passado de muitas sociedades. O facto de as mulheres terem adquirido
direito de voto, de a escravatura ter sido abolida, de terem sido reconhecidos os direitos das crianças, etc. ,
são uma prova disso: de mudanças sociais positivas, de progresso moral das sociedades.
Se o relativismo fosse verdadeiro, a ideia de progresso moral não teria sentido, por esta teoria entender que
todos os juízos de valor são culturalmente relativos.
Porém, como é implausível não haver progresso moral, pode concluir-se que o relativismo não é verdadeiro.
OBJETIVISMO MORAL: TESES (Manual página 174)

O valor de verdade dos juízos morais depende da perspetiva de cada sujeito ou sociedade?
Não. O valor de verdade de alguns juízos morais não depende nem da cultura nem das preferências
individuais. Alguns juízos de valor morais são objetivos.

▪ Alguns juízos morais são afirmações objetivas e absolutas acerca da realidade

▪ Esta objetividade de alguns juízos significa que acerca de um determinado assunto é possível:
alguém estar objetivamente certo;
alguém estar objetivamente errado.

▪ Algumas verdades morais são universais

Por exemplo, nos finais do século XIX, na Europa, discutia-se se as mulheres deveriam ter o direito de votar. Mas hoje
acreditamos que o juízo de valor de que as mulheres devem ter o direito de votar é objetivamente verdadeiro e
quem pensa o contrário está enganado.

Mas é assim porquê?


OBJETIVISMO MORAL

Alguns juízos morais são objetivos. Porquê?


ARGUMENTO

Um juízo de valor é objetivamente verdadeiro, se tiver as melhores razões do seu lado.


Boas razões são razões informadas (envolvendo factos e conhecimentos) e imparciais (que tenham em conta os
interesses de todas as pessoas envolvidas).
Há juízos morais sustentados em boas razões, informadas e imparciais. Logo, há juízos morais objetivamente
verdadeiros.
Exemplos:
(1) Se alguém defender que «O racismo é moralmente correto» porque as pessoas de certas etnias são menos inteligentes
estará a justificar o seu juízo com uma razão falsa e contrária aos factos (a ciência mostrou que as diferenças de
inteligência não se correlacionam com a cor da pele das pessoas). Por conseguinte, não se trata de uma boa razão e esse
juízo é – objetivamente – falso.
(2) Caso um esclavagista defenda que «A escravatura é moralmente correta» porque aumenta a prosperidade económica não
estará a ser imparcial, dado que essa ideia exclui os próprios escravos. Por isso, não se trata de uma boa razão e esse juízo é –
objetivamente – falso.
(3) Acreditamos que o juízo moral de que «as mulheres devem ter o direito de votar» é objetivamente verdadeiro
(independentemente dos gostos, preferências, individuais e sociais) porque é sustentado por boas razões, melhores do que o
juízo alternativo.
OBJETIVISMO MORAL

▪ Pelas razões anteriormente explicadas, o objetivismo moral defende que existem algumas verdades morais
universais, como por exemplo:
a mutilação genital feminina é errada;
o racismo é errado;
a escravatura é errada…
São juízos morais que podem ser aceites por qualquer pessoa, independentemente da cultura a que pertence.

▪ O objetivista pensa que podemos encontrar critérios valorativos (critérios que permitem justificar o que é
valioso) universais. Estes critérios ultrapassam a perspetiva de cada um, de cada sociedade (são
transubjetivos e transculturais), e são compartilhados por todas as culturas. Por ex: os direitos humanos, o
respeito pelo ambiente etc. são critérios valorativos universais.

▪ Esta teoria promove a tolerância entre pessoas de sociedades diferentes por tornar possível um autêntico
debate intercultural. Mas esta tolerância é limitada por valores partilhados e considerados importantes por
todas as sociedades, que se prendem com os direitos humanos. Assim, há práticas culturais que, por
violarem esses valores, são consideradas erradas, precisamente porque são intolerantes.
ALGUMAS OBJEÇÕES AO OBJETIVISMO MORAL

Existem enormes diferenças éticas


Esta objeção pode ser expressa através Falta de métodos de prova
do argumento seguinte: Nas ciências, as divergências costumam
Se alguns juízos morais fossem objetivos ser ultrapassadas através
seria de esperar que não existissem tantas do recurso a métodos científicos
divergências éticas. de prova.
Porém, como estas existem em grande Na Ética não existem esses métodos e
quantidade, pode concluir-se que nenhum por isso os desacordos éticos são
juízo moral é objetivo e que o objetivismo intermináveis.
não é uma boa teoria. Isto mostra, segundo os defensores
desta objeção, que não há verdades
éticas objetivas e que o objetivismo
não é uma boa teoria.
A IMPORTÂNCIA DO PROBLEMA DA NATUREZA DOS JUÍZOS MORAIS (manual página 160)

A resposta que dermos a esta Por ex: A resposta a estas questões


questão, irá condicionar o qual a distinção entre uma serão meras opiniões que
modo como abordamos e ação correta e uma ação dependem de cada um, ou
respondemos a outras incorreta? poderão ser verdades que todos
questões éticas O aborto é moralmente deveríamos aceitar e ter em
permissível ou não? conta?

há ou não
verdades
objetivas
na Ética Muitas sociedades atuais são multiculturais:
pessoas de culturas, valores e costumes diferentes
vivem em conjunto.
Como lidar com essas diferenças? Será tudo
Por outro lado, este problema aceitável?
leva-nos a enfrentar um
fenómeno atual

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