• O ser humano está sempre avaliando, mesmo quando não tem
muita consciência desse fato. Avaliar – identificar, reconhecer e apreciar o valor – é importante para que possamos escolher bem. • Vejamos então os diversos sentidos do conceito de VALOR e os campos em que se aplicam. I. Juízos de Valor
JUÍZOS DE REALIDADE: A. Esta caneta é azul. B. Aquele lápis é novo. C. Maria acabou de sair. D. Juliana foi comprar pão. E. João está orando.
No entanto, sempre que formulamos juízos de realidade, é
inevitável que façamos também JUÍZOS DE VALOR. Esta caneta é azul, mas não é tão bonita quanto a vermelha. Aquele lápis é novo, porém, o velho escrevia melhor. Maria acabou de sair, mas antes deveria ter terminado o trabalho.
• No primeiro exemplo, a avaliação é ESTÉTICA; no segundo, temos
um valor de UTILIDADE e no terceiro um valor MORAL. • VALOR, tem a mesma raiz do verbo latino valere, que significa “ser forte, vigoroso, eficaz” e também “ter saúde”, daí chamarmos o enfermo irrecuperável para o trabalho de inválido. • VALOR também pode ter o sentido psicológico de mérito. II. O que são Valores?
• VALORAR é uma experiência fundamentalmente humana que se
encontra no centro de toda escolha da vida. • O objetivo de qualquer valoração é, sem dúvida, orientar a ação prática. • Portanto, diante daquilo que É, a valoração nos orienta para o que DEVE SER. Mas o que é isso, o VALOR?
• Devemos entender que existe o mundo das coisas e o mundo dos
valores. • Os valores existem na ordem da afetividade. • Os filósofos definem o valor como: “o que deve ser objeto de referência ou de escolha”, ou ainda, “um valor é o que vale; e valer é ser desejável ou desejado”. II. De onde vêm os Valores?
• Os valores são em parte herdados da cultura, e nossa primeira
compreensão da realidade se funda no solo dos valores da comunidade a que pertencemos. • Não nascemos morais, mas devemos nos tornar SUJEITOS MORAIS. A construção de nossa personalidade moral supõe uma descentração – em que superamos nosso egoísmo, em direção ao reconhecimento do outro como um outro-eu. • Também não nascemos cidadãos, mas devemos ser educados para a CIDADANIA ATIVA, comportamento fundamental para a democracia.
• Os valores servem para que a sociedade se humanize, mantenha a
sua integridade e se desenvolva. A FILOSOFIA DOS VALORES 1. AXIOLOGIA OU FILOSOFIA DOS VALORES.
O conceito “valores”, começou a ser utilizado como
termo técnico na economia política, no final do século XVIII e início do século XIX, ao se fazer a distinção entre valor de uso e valor de troca. Mais tarde, foi incorporado à filosofia, nascendo então um novo ramo: a axiologia ou filosofia dos valores. 2. CONCEPÇÕES AXIOLÓGICAS.
Desde a filosofia antiga, os pensadores abordavam as questões do valor
sob o aspecto do bem, do belo, do verdadeiro, mas sempre com relação ao ser. PLATÃO se referia ao mundo das ideias, modelo no qual a realidade concreta se espelha. Nesse caso, haveria o bem em si, o belo em si e o verdadeiro em si, a partir dos quais podemos reconhecer quando as ações são boas, quando há beleza no que fabricamos/fazemos ou quando uma afirmação é verdadeira. Concepções axiológicas (cont.)
ARISTÓTELES concebia a natureza, inclusive a humana, como um
processo em que todos os seres buscam atualizar aquilo em são em uma potência, visando à plena realização das virtualidade inerentes à sua natureza. Concepções axiológicas (cont.)
Uma vez que para os filósofos clássicos os valores
se fundamentam na metafísica, conclui-se que também são universais e absolutos, isto é, existem em si, independentemente do sujeito que avalia. Concepções axiológicas (cont.) No século XVIII, porém, KANT, principal representante do Iluminismo alemão, ao afirmar que não podemos conhecer o ser profundo das coisas, concluiu pela incapacidade da razão de ter acesso à metafísica. Como consequência, se o ser não é mais fundamento das nossas apreciações, cabe ao sujeito assumir o peso e a responsabilidade de seus valores. KANT, não se referia a um sujeito individual, mas ao sujeito universal, que ele chamava de SUJEITO TRANSCENDENTAL, capaz de AUTONOMIA, de julgar por si próprio ao fazer juízos estéticos e morais. Dessa maneira a filosofia kantiana preparou o campo para as discussões axiológicas contemporâneas. Concepções axiológicas (cont.)
A influência de NIETZSCHE foi marcante para a demolição de antigas crenças, ao
colocar em questão a escala de valores aceita muitas vezes devido ao hábito, mas sobretudo imposta pela tradição cristã. Para ele, a humildade, a caridade, a resignação, a piedade são valores dos fracos e vencidos, próprios de uma “moral de escravos”, intimamente ligada às necessidades dos que vivem em rebanho. Diferentemente, a “moral dos senhores” é positiva, porque baseada no SIM à vida, e se configura sob o signo da plenitude, do acréscimo. NIETZSCHE propõe a “transvaloração dos valores”. Ela se faz por meio de um procedimento genealógico, que permite indagar sobre o “valor dos valores”, pelo qual se descobre que eles não existiram desde sempre. Ao contrário, os valores são “humanos, demasiado humanos” e, portanto, foram criados. NIETZSCHE considera que a VIDA é o único critério de avaliação que se impõem por si mesmo. Pra descontrair... 3. RELATIVIDADE E SUBJETIVIDADE DOS VALORES?
Se os valores mudam com o tempo e o lugar, então seriam eles
RELATIVOS, e não mais ABSOLUTOS? E se eles nos afetam, não nos deixando indiferentes, mas, ao contrário mobilizam-nos em direção ao que desejamos, seriam eles SUBJETIVOS, e não OBJETIVOS e UNIVERSAIS? Relatividade e subjetividade dos valores? (Cont.) A recusa dos valores dados como eternos e imutáveis não significa cair no relativismo. • Você já deve ter ouvido muitas vezes a expressão “gosto não se discute”. De fato, se digo preferir peixe à carne de porco, não há como contestar. Mas se a opinião se refere, por exemplo, à arte, podemos discutir sim. A questão do gosto não pode ser encarada como uma preferência arbitrária e imperiosa da nossa subjetividade, porque é possível educar a sensibilidade, aprimorando o gosto estético pela frequentação das obras de arte. Relatividade e subjetividade dos valores? (Cont.)
• Outro argumento é o de que devemos respeitar as pessoas que têm
opiniões diferentes da nossa. Não significa, porém, impossibilidade de discordar delas.