Disciplina: Filosofia e Educação: aspectos axiológicos 6EDU112 Docente: Prof. Claudiney José de Sousa
RESENHA
Conteúdo 2: Os valores. Textos: Capítulo VI – Os valores (Adolfo Sánchez Vásquez).
VAZQUEZ, Adolfo Sándrez. Ética. 3ª Ed. [tradução João Dell’Anna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. 267p.
CAPÍTULO VI - OS VALORES
Vásquez (1978) inicia a explanação tratando das escolhas que os indivíduos
fazem e que a partir dos conceitos de valor também são tomadas as decisões. As ações com base na moral incluem escolhas. É um movimento de escolha entre vários atos possíveis. As questões morais estão presente cotidianamente na vida dos indivíduos, assim como a necessidade de escolha entre um ato ou outro, ou seja, a escolha a partir das preferências por um ato sobre outro também. As preferências sempre envolvem algum juízo de valor sobre os atos. Para que seja possível prosseguir o autor entende ser necessário compreender o sentido atribuído às palavras valor e valioso. O que são os valores? Os valores podem ser atribuídos às coisas ou objetos naturais ou produzidos pelo homem, bem como podem ser relativos à conduta humana, particularmente a conduta moral. O objeto valioso não pode existir sem certa relação com um sujeito, nem independentemente das propriedades naturais, sensíveis e físicas que sustentam seu valor. Para exemplificar é possível pensar em um metal precioso, para a ciência o metal puramente extraído da natureza possui atração por sua composição química, aspectos orgânicos e afins. No contato com a humanidade e pela transformação a partir da ação humana o mesmo material passa a estabelecer outro tipo de relação, para além do cognoscível. Pela ação humana o metal passa a servir como um objeto dotado de valor pelas suas qualidades, brilho, duração, impacto econômico, entre outros. Nesta reflexão é possível perceber que na relação com a humanidade e a partir da ação do homem o objeto passa então a assumir propriedades que até então por si só o objeto não possuía. Quanto ao valor econômico, o termo “valor” é advindo dos usos da economia. Para que um objeto, seja ele natural ou produto do trabalho humano, tenha valor de uso ele deve satisfazer uma necessidade humana. Nas relações de troca estes objetos se transformam em mercadorias, assim, passam a adquirir duplo valor: o valor de uso e o valor de troca. O valor de troca é adquirido pelo produto do trabalho humano ao ser comparado com outros produtos e considerando sua utilidade. O valor de troca da mercadoria é indiferente ao seu valor de uso, ou seja, é independente de sua capacidade de satisfazer uma necessidade humana determinada, enquanto no valor de uso concretamente deve existir a satisfação de uma necessidade humana. O autor segue em seu texto entendendo que a partir do exposto até o momento é possível a definição de valor. O valor não é propriedade dos objetos em si, mas propriedade adquirida graças à sua relação com o homem como ser social. Os objetos possuem em potência as propriedades de valor, porém por si só não se revestem dessa. Na medida que interagem com a existência humana, com seus interesses e necessidades evidenciam em ato suas propriedades valorosas. Dessa forma propriedades dos objetos não constituem o valor dos mesmos, pois este é adquirido nas relações com os homens em contexto social. Assim, os objetos podem ter valor somente quando dotados realmente de certas propriedades objetivas. Quanto ao objetivismo e subjetivismo axiológicos, o autor apresenta que o subjetivismo axiológico é compreendido como psicologismo axiológico, visto que reduz o valor de uma coisa a um estado psíquico subjetivo. Esse conceito passa em alguma medida pela singularidade do valor, uma vez que uma pessoa não deseja um objeto porque vale, mas este vale porque é desejado pelo indivíduo. De acordo com a posição subjetivista, não existem objetos de valor em si independentemente de qual quer relação com um sujeito, pois este valor encontra-se em um estado psíquico subjetivo. Este entendimento recusa por completo as propriedades do objeto, sejam naturais ou produzidas a partir da ação do homem. Neste contexto então os valores existiriam única e exclusivamente para um mundo social, cujo centro é o homem, ou seja, tudo existe pelo homem e para o homem. A tese do objetivismo axiológico rejeita o subjetivismo axiológico e afirma que há objetos valiosos em si, independentemente do sujeito. Segundo essa teoria, existe uma separação radical entre valor e bem (coisa valiosa) e entre valor e existência humana. Na abordagem da objetividade dos valores, nem o objetivismo nem o subjetivismo dão conta das explicações, de forma satisfatória, sobre o ser valor. Estes não existem em si e por si independentemente dos objetos reais (cujas propriedades objetivas se apresentam como propriedades valiosas – humanas e sociais), nem tampouco independentemente da relação com o sujeito (o homem social). Existem com uma objetividade social. Por conseguinte, os valores existem unicamente em um mundo social, ou seja, pelo homem e para o homem. Assim os valores são criações da ação humana, realizando na própria existência do homem e pelo homem. Aquilo que o homem produziu e produz, passa a ter valor apenas a partir da experiência de interação com o homem e ao apresentar um fim ou representar a satisfação de necessidades. Por fim, no capítulo ainda é tratado dos Valores Morais e Não Morais. Os objetos úteis não encarnam valores morais, ainda que se encontrem numa relação instrumental com estes valores. A “bondade” instrumental ou funcional de um objeto está alheia a qualquer qualificação moral, pois pode servir de meio ou instrumento para realizar um ato moralmente bom ou um ato moralmente mau. Os objetos devem ser excluídos do reino dos objetos valiosos que podem ser qualificados moralmente. Quando o termo “bondade” se aplica a eles (por exemplo, faca “boa”) deve ser entendido no sentido axiológico adequado, e não propriamente moral. Os valores existem unicamente a partir da ação do homem que transforma e cria, assim eles agem sobre a produção humana. Um mesmo produto humano pode assumir vários valores, embora um deles seja o determinante. Por exemplo: uma composição artística, pode ter não só um valor estético, como também político, moral ou religioso. Um mesmo ato ou produto humano pode ser avaliado a partir de diversos ângulos, podendo realizar diferentes valores e ainda que os valores se juntem num mesmo objeto, não devem ser confundidos. Os valores morais se encarnam somente em atos ou produtos humanos realizados de modo consciente e voluntário.