A Dimensão Axiológica
Exercício
ara que possam :;_ência com e 3..3 Historicidade e perenidade dos valores
ecímentos sobre A multiplicidade dos valores é resultado da contínua evolução
do Homem e do pró:,tivos que torna .=--:Jl mundo, das experiências naturais e
sociais em fluxo no processo revelativo das :: não facilita tal -==Srobertas. E as
novas experiências pressupõem, quando muito, uma renovação do '." dos
grupos de ~ento, que em certa medida implica a revogação de alguns valores
antigos para
Neste contexto, surge sempre uma pergunta: novos. e: será que as antigas
experiências já não têm nenhuma utilidade e, por isso, não valem? E não mais
sendo válidas devem ser rejeitadas? A história da antiguidade já não tem
nenhuma importância para o Homem novo? Se não, então como se poderá
saber das nossas origens e daquilo que nos identifica com os outros?
Tudo isto só concorre com a ideia segundo a qual há antigos valores que
permanecem na história dos novos. Não há valor que não resulte da história do
Homem e, por isso, caminham com ele, no seu processo evolutivo, de geração
em geração. Os valores estão intimamente ligados a um processo histórico e
cultural de um povo, visando, em cada tempo e espaço, expressar um certo
modus vivendi desse mesmo povo sobre aquilo que acha das coisas.
Doutrinalmente, o problema da historicidade e perenidade dos valores é
complexo, assim como o é na própria sociedade. A razão é que assume
respostas diversas, mas constatando que o valor não é o objecto nem é a
consciência, porque são realidades diferentes. Uma das preocupações
formuladas pela doutrina consiste em saber se a qualidade a ser predicável a
um objecto está ou não nesse objecto? Por outro, se está no objecto, por que
tem sido notório que sobre o mesmo objecto se vejam duas qualidades opostas
por sujeito diferentes? Neste caso, não será que tal qualidade está na
consciência de cada sujeito? E se estiver, já não poderá estar no objecto? Mas
que a qualidade exista numa relativa independência entre o sujeito e o objecto,
isto é algo irrefutável. É neste aspecto que se verifica a verdadeira ontologia e
a dialéctica dos valores em filosofia.
O lapso dos adultos sobre os jovens, nas histórias do seu passado, consiste
em não conseguirem notar os erros nelas constantes, pois vários erros da
juventude do presente são fruto passado: a poligamia é um facto matrimonial
valorizado pelos antigos que ainda influi no mundo contemporâneo; o roubo, as
guerras, etc. são acontecimentos do passados persistentes até hoje. Ora
dissemos que não se trata fundamentalmente hoje determinada
acontecimentos e valores que continuam a ser defendidos. Dito de outro modo,
o Homem do passado defendeu e protegeu protegidos no mundo certo
contemporâneo. Tais são os casos, por exemplo, do poder familiar, até hoje
dirigido maioritariamente pelo sexo masculino, embora em ora com excepções,
dai a razão da emancipação; da poligamia; da preferência pelas coisas bonitas,
etc. De uma forma geral, tanto no passado como no presente, defende-se o
bem em detrimento do mal; a verdade em detrimento da falsidade e da mentira;
do bonito em detrimento do feio; do conhecimento em detrimento da
ignorância, etc.
Definição
"ideais que actuam ao modo de causas finais, isto é, são, por um lado, o motor
que põe em marcha a nossa acção e, por outro, a meta que queremos
alcançar, uma vez postos os meios adequados. Portanto, os valores são
finalidades e não meios e, por isso, estimados por si mesmos e não com vista a
uma outra coisa".
Ao tentar definir a categoria de valor, existe o problema de que este termo tem
várias significações desde o ponto de vista semântico, pelo que se torna
necessário determinar os limites nos quais se utiliza o conceito.
Sua evolução
No trabalho apresentado por Mateus (2011), este afirma que o educando tem
de estar consciente do seu papel como protagonista bem como dos seus
avanços e erros, e de como orientar-se perante as dificuldades para continuar
o seu progresso, de como valorizar - se a si mesmo e os demais.
CABANAS (2002)
IMBAMBA
Hoje, para Angola, mais do que nunca, urge trabalhar pela qualidade do
homem e da sua personalidade; em outros termos, urge recuperar e relançar a
dimensão espiritual do homem que, ao longo dos anos, foi e continua a ser
espezinhada, esvaziada de dignidade e valor e massacrada sem piedade. Por
isso, a nova cultura do homem novo deve ser uma cultura do espírito, uma
cultura do ser:
JAMBA
Na vida prática, parece que temos os conceitos ou pelo menos as ideias bem
nítidas das palavras que usamos frequentemente. Mas acontece que uma
palavra que conhecemos aparentemente (porque conhecer algo
superficialmente não é conhecê-lo) e usamos com frequência, pode levar-nos a
dificuldades em defini-la. Por exemplo, o caro leitor conhece a palavra fome e
tem uma ideia do que ela exprime; mas se alguém lhe pedir uma definição ou
conceito dessa mesma palavra, que por sinal lhe é familiar, certamente
precisaria de alguns minutos mais para reflectir.
CONCEITO DE RESGATE
CONCEITO DE VALOR
Como se pode notar a partir da etimologia, não e fácil criar um conceito muito
claro desta palavra; repare que entre as palavras que tentam descrever a
etimologia, ainda encontramos a palavra "VALE" que é da natureza de VALOR
tal como afirma R. Cabral:
Quer dizer que os valores são valores, ou seja, valem na medida em que estão
ligados a ,existência humana (directa ou indirectamente), tal como afirmam
Frandizí, (1999) e lbanez (1976):
Podemos então dizer que o VALOR é a força, energia, que reside nas coisas
ou seres e que as orienta para um fim POSITIVO OU NEGATIVO. Daí a
existência de valores positivos e negativos.
CONCEITO DE MORAL
É comum o uso desta palavra no quotidiano,; mas nem sempre ela é usada
segundo a realidade que ela exprime. Muitas vezes é confundida com a Ética.
Ora, a Moral é uma palavra vinda também do Latim: «MOS; MOAIS», com
significado de «MODO DE PROCEDER», «COSTUMES»,
«PROCEDIMENTO», «COMPORTAMENTO»
Se tivermos que simplificar estas palavras teremos apenas uma: HÁBITO, igual
a MORAL, ou seja, MORAL igual a HÁBITO.
Mas atenção! antes de mais vale lembrar que toda a norma ou lei, tem por
fonte a lei maturai, a lei divina, a lei da consciência, que orienta o homem a
fazer o BEM e a evitar o MAL. Isto implica que a Moral não seja apenas um
conjunto de práticas que o indivíduo assimilou e que manifesta no seu dia-a-dia
- HÁBITO OU COSTUME- como no-lo diz o Pe. Estêvão Binga:
Quer dizer que a Moral aponta para o conjunto de práticas habituais - HÁBITO
OU COSTUME-POSITIVOS que se convertem no carácter da pessoa. Por isso,
dizemos que uma determinada prática é imoral (por exemplo um pai que viola a
filha) e que outra prática é moral ( como por exemplo ajudar o necessitado).
"Será também neste sentido que o carácter moral virá a coincidir com o
predicado «bom» aplicado a uma pessoa de maneira global.
"«Moral» é o conjunto de condutas e normas que tu, eu e alguns dos que nos
rodeiam costumamos aceitar como validas;
"[os valores] são imutáveis porque não variam com os seus depositários, já que
são independentes deles; são absolutos, porque não estão condicionados
pelos factos: o que é relativo é o conhecimento dos valores pela pessoa, mas
não os valores em sim".
TIPOS DE VALORES
Valores Morais: são uma gama de virtudes que a pessoa capta e/ou descobre
de forma consciente ou inconsciente e se manifestam na sua conduta: o amor
a compaixão, a justiça, a misericórdia, a hospitalidade, o respeito, a
responsabilidade, a liberdade...
1 . "Age como se a máxima da tua acção se devesse tornar pela tua vontade,
em lei universal da natureza.
2. Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na
pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca
simplesmente como meio.
3. Age de tal maneira que a tua vontade se possa considerar como sendo a
autora da lei universal a qual se submete".
Quer dizer que um acto é moralmente válido quando pode ser generalizado,
embora devamos ter presente que o valor moral pertence mais à ordem
pessoal do que social; isto é, o valor moral em si mesmo não exprime a
interacção do indivíduo com a sociedade, mas consigo mesmo. Daí que o
santuário da moralidade é a CONSCIÊNCIA e não as estruturas sociais.
"A moralidade de um acto não está no seu conteúdo, nem no seu resultado,
mas no princípio que a determina, na racionalidade do motivo que está na sua
base"
Talvez esta questão também inquiete o caro leitor, pelo que importa respondê-
la. Todas as coisas ou seres (animados ou inanimados) pertencem a uma
determinada classe, grupo ou espécie ... Assim também acontece com os
valores. Eles classificam-se em RELATIVOS e/ou ABSOLUTOS.
Quer isto dizer que Manuel Kant, ao fazer tal afirmação, referia-se aos valores
relativos, pois, só estes obedecem a mutações ou à variabilidade. Prova disso
é que ele mesmo diz, ao referir-se aos valores absolutos: 25
"São imutáveis porque não variam com os seus depositários, já que são
independentes deles; são absolutos, porque não estão condicionados pelos
factos[...]
Os valores relativos são aqueles que apenas têm expressão num determinado
espaço geográfico (continente, país, província, município...), numa determinada
sociedade, tribo, nação, grupo étnico ou cultura e que se sujeitam à diversidade
de circunstâncias. Exemplos disso são os costumes da circuncisão, da
poligamia, da forma de saudar, da forma de expressar o amor, a dor, dentro do
mosaico cultural presente no universo. "Cada indivíduo, cada sociedade,
determina os seus próprios fins e, assim, os valores são relativos."
Quer dizer que actualmente parece ser um valor saudar sem o aperto de mão,
talvez por causa da dimensão higiénica, e não só.
Quanto ao diálogo com os olhos fixos nos olhos, se para a cultura do povo
umbundu quem concentra o seu olhar no interlocutor (principalmente se for o
mais novo) é considerado enganador, gatuno, muito esperto (no sentido
negativo), para as sociedades modernas, ou noutros lugares esta prática é um
valor social muito apreciável e exprime grande carácter para quem o pratica.
Estes são o inverso dos anteriores, isto é, são valores caracterizados pela
universalidade, eternidade ( estão fora do tempo) e imutáveis (não mudam com
as circunstâncias). Como exemplo temos o amor, a pessoa humana, a
responsabilidade, a liberdade, o respeito pela vida. Os valores absolutos são os
que exprimem ou pertencem à ordem dos valores morais, uma vez que brotam
do ser humano, da essência humana e, por isso, são valores autónomos.
Que estará na base desta veneração? Será que é apenas para manter intacto
o ambiente e aprimorar o turismo? Embora estes elementos não estejam de
fora, acredite que na base não está uma simples protecção do ambiente (até
porque ninguém protege algo, só por proteger, e toda lei tem porfim o bem
estar do ser humano); é que o ser humano, tal como o bantu acredita, pertence
à mesma cadeia vital; e ferir um dos elementos desta cadeia é ferir também o
próprio Homem, tal como canta o Pe. Gorge Trevisol, no álbuní «A dança do
universo», musica nº 4 com o título olhares diferentes: ... se você no universo é
um ser fundamental, não há nada que aconteça que não toque o seu astral.
NATUREZA DA MORAL
Assim, seria ridículo e infantil julgar um cão por ter mordido alguém, já que a
razão não faz parte da natureza dos animais; mas não se aceita liberar um
homem que tenha praticado um homicídio voluntário, principalmente se este
está no pleno uso de suas faculdades mentais.
A Moral, tal como outras realidades, possui a sua os-fera, a sua órbita, a sua
natureza. Esta órbita ou natureza é o BEM enquanto BEM, independentemente
de ser aceite ou não, do ponto de vista social; a moral é o cumprimento do
dever, na percepção de Kant:
Daí que, quando o ser humano pratica uma acção imoral a voz da consciência
persegue-o (você errou, porque fizeste isto?), provocando nele o remorso e/ ou
o arrependimento. Quando falamos do bem moral, referimo-nos a tudo aquilo
que dignifica o ser humano na sua essência e no seu todo.
A CONSCIÊNCIA MORAL
Toda pessoa, em pleno uso da razão, sente dentro de si uma força que o
impele a praticar o bem e a evitar o mal; e a obediência a esta ordem - que soa
no íntimo de cada homem - produz uma auto-satisfação, quer dizer, a pessoa
sente algo dentro de si a aprovar o seu acto, a parabenizá-lo pela adesão e/ou
decisão feita, expressa pelo acto realizado.
Mas quando esta (pessoa) desobedece tal orientação, isto é, toma uma
direcção contrária ou inversa a que vem do seu íntimo, ela sente, ao contrário
do primeiro caso, uma auto-punição, algo a julgá-lo: porque fizeste isso?
tomaste um caminho errado. É esta auto-punição que vai gerar o remorso, e/ou
a vergonha. Por isso, lemos em Génesis que Adão e Eva depois de terem
desobedecido, viram-se nus. Esta nudez não foi só do ponto de vista físico
mais acima de tudo psíquica, moral, uma nudez de alma. Por isso,
esconderam-se de Deus, como a criança que quando sabe que não cumpriu o
trabalho que a mãe, o pai ou um dos que lhe são superiores, mandou -
sobretudo se for por negligência - sente medo ou receio de chegar a casa e,
por isso, esconde-se. Quem pratica um acto de delinquência, por exemplo, um
homicídio voluntário, mesmo sem ser perseguido, põe-se em fuga,
exactamente porque é um ser que se deve orientar pela moral, porque:
"O ser humano é um ser moral por natureza. A maior prova disso é o
sentimento de culpa. A sociedade pode mudar todas as regras do jogo da
moral.35
Pede modificar a conduta. Pode criar todo um novo sistema moral. Contudo,
nunca eliminará a consciência da culpa que o homem sempre leva consigo
quando comete actos imorais.
"É a faculdade pela qual a pessoa humana, sem que ninguém lho diga
reconhece a qualidade moral dos actos que vai praticar, que está prestes a
realizar ou que já realizou. Pode-se ainda dizer que é a testemunha que,
proferindo no íntimo de cada pessoa, distingue,entre o bem e o mal moral e
tende a levar cada qual a praticar o bem e a evitar o mal.
Todo o homem, por mais primitivo e rude que seja possui uma consciência
moral como possui uma consciência psicológica.36
Assim fica claro inferir que a consciência moral é a capacidade que o ser
humano - em pleno uso da razão - possui e que o permite analisar ou julgar as
suaspróprias acções como boas ou más sem a intervenção de alguém; é a
faculdade que todo homem «são» possui, cujo papel é orientá-lo a fazer o bem
e a evitar o mal ( dimensão imperativa da consciência moral= faz o bem; evita o
mal) e no fim de cada acção realizada ela reprova ou aprova ( dimensão
judiciária da consciência moral= fizeste bem; fizeste mal).
Já imaginou uma cidade em que não haja sinais de lránsíto? Uma cidade onde
os automobilistas entram e saem em sentido que bem entenderem? Onde cada
condutor circula à velocidade que quiser, pára onde quiser parar, usa a buzina
quando, como e onde quiser e do jeito que quiser buzinar? quanto tempo de
existência teria esta cidade e que nível de harmonia teriam experimentado os
habitantes da mesma? É por isso que existem os sinais de trânsito, a
Declaração Universal dos Direitos Humanos, a Convenção dos direitos ela
criança... para impor ordem e criar harmonia social. Almerinda Dinis adverte:
(37)
"O dever pesa sobre todos; corresponde ao posto que na criação ocupamos e
pressupõe uma lei moral, corno os outros seres pressupõem uma lei física que
regula e dirige o seu número, peso e medida.
Como tudo, a Moral também possui as suas leis e princípios que lhe permitem
atingir o seu fim, o seu objectivo: criar harmonia do ser humano consigo
mesmo e concomitantemente com a sociedade. O rio só-atinge o seu fim
quando não se desvia do seu leito; o mar se compraz nos seus limites
(natureza). Assim, a lei Moral impele o homem a fazer o Bem e a evitar o mal -
faz o bem, evita o mal - e ele não se realiza, senão quando faz desta lei o
semáforo de sua vida.
"O homem tem uma missão a cumprir; tem uma regra a seguir, leis a observar
e que estão inscritas na sua natureza. Recordemos que estas leis não são
impostas do exterior; são a expressão das necessidades mais fundamentais,
mais essenciais da nossa natureza, e não se pode encontrar a felicidade fora
da obediência a estas leis"38
Só o ser humano é capaz de distinguir o bem e o mal, como já dissemos antes.
Significa dizer que o ponto de partida e de chegada da lei moral é a pessoa
humana, não como a vejo (suas !imitações, estrutura física, seu potencial
económico...) mas como a sinto cá dentro de mim (um ser dotado de alma
vivente); por isso se diz que não faças ao outro o que não queres que te façam.
Muitas vezes a lei parece ser ou estar abstracta, isto é, muito além da
aplicação prática. É daí que surgem os princípios morais que não contradizem
a lei moral mas sim a ratificam, como acontece com as ondas radiofónicas que
precisam do rádio/receptor para cumprir a sua missão. A lei moral precisa dos
princípios morais para a sua aplicação prática, para o alcance do seu fim ou
objectivo.
"Os animais (para já não falamos nos minerais e nas plantas) não podem evitar
ser como são e fazer aquilo que naturalmente estão programados para fazer.
Não se lhes pode censurar pelo que façam nem aplaudi-los pelo que fazem,
porque não sabem comportar-se de outro modo De facto, como falar de
moralidade sem liberdade? Se não somos livres como poderíamos sentir a
consciência a repreender-nos ou aplaudindo-nos, já que o nosso mundo não
possui outro pólo, outra forma de agir? Podemos então observar que a moral
pressupõe liberdade 40
Com muita pena, ainda é comum nos nossos dias confundir-se a.natureza da
liberdade, pois, muitos reduzemna na simples escolha, isto é, pará muitos a
liberdade assenta pura e simplesmente na escolha daquilo que querem,
daquilo que lhes apraz, independentemente daquilo que se quer ser bom
(positivo) ou mau (negativo). Numa palavra, diríamos que para estes a
liberdade é cedência aos caprichos, Instintos. Eis o que nos diz Evely:
995299674
"Se eu posso escolher dois bens, aqui está a prova Indubitável e que nenhum
dos dois me determinà mas também que, no fundo, nenhum dos dois me
convém. Deixam-me indiferente! Não me permitem o uso pleno da minha
faculdade de querer. E concluo então que a minha liberdade de eleição não era
senão um fracasso da minha liberdade de determinação41
O maior homem que já viveu nesta terra, Jesus Cristo, foi livre enquanto
homem neste mundo, porque fez o que devia fazer: cumprir a vontade de seu
pai. «O meu alimento é fazer a vontade do meu pai que esta no céu». «Por que
é que me procuráveis? Não sabíeis que me convém tratar dos negócios de
meu Pai?»
Quer dizer que, mesmo sobre pressão de alguém ( obrigado a praticar uma
acção a que não deve ou não quer) ou sob pressão das situações da vida, o
homem ainda pode e deve seguir o critério da liberdade expresso em si
mesmo. Daí a verdade do provérbio umbundu: «ukwene kakulongisa uveke;
wakusiñga lawo ele»Por mais intensa que for a pressão, para o homem de
carácter a obrigação nunca atinge a sua dimensão intrínseca, aquela região
onde ele se encontra a sós consigo mesmo. Um grande homem faz o 42 que
deve fazer mesmo contra a vontade dos demais, ou sob pressão de outrem.
Eis por que Gaisán disse:
"O que há de sério na liberdade é que ela tem efeitos indubitáveis, que não se
podem apagar quando isso· nos convém, uma vez que tenham sido
produzidos. Se tiver uma pedra na mão, sou livre de ficar com ela ou de deitá-
la fora, mas se a atirar para longe jánão poderei ordenar-lhe que volte para que
eu continue com ela não mão. E se com a pedra partir a cabeça de alguém…
Importa, pois, saber ou conhecer plenamente o que estamos a fazer para não
ficarmos surpreendidos com os resultados das nossas próprias acções. Assim
nunca é de mais uma palavra acerca das «nossas acções».
4.3. CAUSA PRÓXIMA DA PERDA DOS VALORES
Quando alguém falha e não reconhece ou não aceita que falhou, o seu erro
toma proporções assustadores a ponto de vir a chamar bem ao mal e mal ao
bem. É o que se verifica nos nossos dias.
O homem actual relativizou tudo inclusive a própria vida. Destruiu a ordem dos
valores naturais tal como afirma Battista Mondin, citado pelo Pe. Santos
Cassanji, no seu livro, «Como Ser Feliz?»:
"O mito do "outro que não sou eu" foi responsável por guerras, pela violação do
planeta e por todas as formas e expressões da injustiça humana. Afinal de
contas, quem no uou perfeito juízo faria mal a outrem se considerasse esse
nutrem como fazendo parte de si próprio? Por isso, os “Afro man" cantaram: «o
que te faz mal, a mim também me faz».
VALORES MORAIS
Muitos falam de resgate de valores morais, mas contam-se pelos dedos os que
percebem o que são valores morais; que valores vamos ou precisamos
resgatar; e porque, "quando não se sabe o que se procura não se compreende;
o que se encontra", talvez seja por isso que embora se fale muito em resgate
de valores morais, parece que pouco se alcança.
«Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que
preparaste; Que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do
homem, para que o vlnltos? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de
lllt'll'IU e de honra o coroastes» 64•
O valor da pessoa humana é indubitável, pois desde tempos remotos e em
culturas diferentes o ser humano ocupou um lugar relevante na ordem de todos
os seres. Daí que na antiga Grécia chamavam-no de Microcosmos, quer dizer
resumo de tudo que existe. Nele reside e confluem todos os valores. Que vale
ao homem ganhar o mundo se perder a sua alma? Significa que tudo o que o
ser humano possui tem valor na medida em que o dignifica como pessoa
humana, já que sem ele o resto não subsiste, não só do ponto de vista de
valoração, como também a nível de resistência. Basta pensar no estado de
conservação de casas desabitadas, dos meios não utilizados, das roupas
esquecidas nos guarda-fatos, enfim.
O valor é valor por referência ao ser humano. Daí que a relação entre os
valores e a sua hierarquização tem de se fazer, tendo em conta a pessoa
humana e a humanidade em geral.
Com muita pena e tal como diz São Paulo, onde abundou o pecado
superabundou a graça, o homem actual no usufruto da sua plenipotência
natural tem-se esquecido ou tem ignorado a sua unicidade. Quer dizer, tem-se
interessado apenas pela sua dimensão corpórea. Basta ver as áreas mais
exploradas: são sobretudo de ordem materiais.
"Afinal é sempre a mesma coisa: o mundo cresceu, como um tumor, no
progresso e na ciência. intelectual, e continua subdesenvolvido no seu rosto
moral e ético. A chave pode estar nessa educação queesquacs o essencial e
que logo se admira quando os jovens a mandam passear''.
Deu um salto (o homem) enorme e magnífico, mas não atingiu o seu objectivo:
ser feliz.
O AMOR AO PRÓXIMO
A ninguém devas coisas alguma senão o amor; amaivos uns aos outros, pois,
quem ama o outro cumpre a lei, . visto que o amor não faz mal ao próximo". É
dando que se recebe, é morrendo que se ressuscita. Na 'i.erdade, na verdade
vos digo que, se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas
se morrer, dá muito fruto.
"Não existe programa, plano, talento, 'status quo', ideias ou ideais que
constituam um valor permanente numa célula familiar estabelecida por Deus,
se esta não for fundada no amor: «o tipo de amor que foi derramado nos
corações através do Espírito Santo que nos foi dado.
Certo dia falando aos alunos sobre o amor concupiscente dissemos-lhes: se
diante da mulher (no caso dos homens) que dizes amar, normalmente te
sentes excitado, talvez o que sentes por ela não.
Seja amor mas puro egoísmo. E nesses casos, depois e umacto sexual,
geralmente não sentes aquela força afectiva que sentias antes da realização do
acto, até ao desejo seguinte. A coisa funciona mais ou menos como um
indivíduo com fome, antes e depois de comer. Daí os dizeres com relativa
frequência: já não a amo; aquela relação já faz parte passado. Tudo porque
falta aquele olhar interior, vulgaemente chamado por sexto sentindo, o único
capaz de ver o que os olhos não vêem e levar o coração a vivencia o que a
razão não pode fazer.
O cientista que investiga pode ir longe na descoberta das leis do universo. Mas
sem o conhecimento que vem do amor e da intuição, pode não entender uma
pessoa que sofre nem compreender a alegria de quem é feliz 69
Todo ser humano normal não se sentiria bem diante do sofrimento ou dor de
um ser humano, principalmente se tiver de ser o amado. Daí o provérbio
umbundu: «otchilyangu kutchilili l'utanhã; l'uteke olila». Esta faculdade que nos
permite sentir a dor do outro como se fosse nossa é a que chamamos de
compaixão.
5.4. A FRATERNIDADE
O homem é um ser social, isto é, um ser em relação. Não é bom que o homem
viva só, disse Deus. De facto ele não subsiste por si. Ele necessita tanto do
outro quanto precisa de si. A sua natureza face aos desafios naturais o impele
a isso. 71
Quebrar esta realidade fraternal a que o homem está chamado por natureza é
construir homens robôs, seres inumanos. Com muita dor esta é a opção de
muitos. Para eles o pensamento de Maquiavel, expresso na obra «O Príncipe»,
72" é a regra inquebrantável: é preciso portanto ser raposa reconhecer as
armadilhas e leão para afugentar os lobos.
Quando estivemos a fazer o terceiro ano do ICRA, vimos certo dia um livro nas
mãos do meu professor de comunicação social, cujo título me fascinou
bastante, pelo que pede para lê-loi. Ele aceitou, mas disse que o devia buscar
em sua casa porque na altura precisava dele. E como não conhecíamos a casa
pedimos o endereço... Então ele respondeu com muita naturalidade e sem
intenção de me ferir, dizendo: "é só ligares para mim a manhã .
A TEMPERANÇA
Ninguém pode dar o que não tem, nem se pode esperar um comportamento
condigno de um desviado. No entanto é imperioso mudar o quadro dramático a
que se tem assistido nos últimos dias.
Talvez o caro leitor nos tenha por utópicos e pense consigo: sociedade sã?
Nem no sonho. Até Jesus não baniu o sofrimento, como muitos dizem. É
verdade que o sofrimento possui a sua dimensão redentora na vida do homem,
de tal sorte que enquanto este (o homem) não atingir o seu fim último, a dor
estará sempre presente. Aliás, o próprio Cristo, disse: «no mundo tereis
aflições». No entanto, as coisas caminham para um fim, que é a perfeição. É
por isso que Jesus disse aos discípulos: sede perfeitos, como é perfeito o
vosso Pai celestial. Reparemos que a forma verbal está num imperativo
(sede)e não no conjuntivo.
"Deus é um grande educador; ele não pede aos seus filhos que se tornem
santos de um dia para o outro, mas exige que não contemporizem com a
mediocridade; pedelhes que tendam activamente a perfeição".
Alem do mais, não precisa ser religioso para admitir esta verdade. A natureza
possui leis e as leis pressupõem ordem. Ora se a natureza inspira ordem,
então ela é um apelo à perfeição de tudo o que nela reside ou existe. Logo, não
fazer nada contra o sofrimento é lutar contra a própria 78 natureza; é não saber
o que se quer quando se grita por um socorro.
"Nós nunca atingiremos, sobre a terra, uma perfeita harmonia, uma síntese
perfeita, mas é fundamental obrigação moral do homem lutar por conseguir um
equilíbrio e uma harmonia maiores."
Daí o surgimento da pergunta: que fazer e por onde começar? Claro que se
pode fazer muita coisa. Entretanto é importante primar pela formação da
consciência, "o primeiro e fundamental passo para realizar esta viragem
cultural consiste na formação da consciência moral acerca do valor
incomensurável e inviolável de cada vida humana.
Vale lembrar que a consciência é a guardiã e como se não bastasse a
orientadora da acção humana. Quando ela não está iluminada a probabilidade
de inspirar acção imorais é maior. Por isso, diz Jesus: «A candeia do corpo são
os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo terá luz;
se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto,
a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!».
"A lei natural é conhecida pela consciência, luz da nlma que nos faz distinguir o
bem como devendo ser praticado, e o mal como devendo ser evitado ou
reparado". quer dizer que uma consciência sã ou bem edificada produz 79
boas atitudes. Ora, se cada um procurar edificar na medida do possível, já que
tudo é possível ao que crê, teremos uma sociedade sã, porque a sociedade é
composta por indivíduos…
Toda acção, por pequena que seja, produz reacção. Queremos com isto dizer
que o investimento que se fizer a nível da consciência produzirá traços
individuais e até mesmo indeléveis no ser humano - é a formação do carácter.
PAPEL DA FAMÍLIA
"Eis alguns critérios que os pais deveriam ter presentes para chegar a uma
decisão de paternidade responsável: a profundidade e grandeza do amor e da
harmonia conjugal, a saúde dos esposos, especialmente da mulher; as
capacidades educadoras dos dois esposos e as possibilidades de dar aos
filhos o grau de instrução técnica e profissional exigida pela sociedade em que
vivem"
PAPEL DA SOCIEDADE
PAPEL DA IGREJA
"A igreja tem por missão propriamente dita dar a conhecer aos homens o seu
destino sobrenatural e darlhes os meios para o alcançarem. A única missão da
igreja é a de ajudar o homem a realizar o seu destino sobrenatural; não pode e
não deve ocupar-se do temporal, senão nas suas relações com o eterno.
É verdade que não se pode falar de vida eterna a pessoas que nem sequer
descobriram o gozo ou o sentido da vida terrena. Para tal, a Igreja tem vindo a
colaborar com o estado na instauração do bem temporal, são exemplos desta
afirmação, secundário e até universitário, os centro de formação profissionais,
os 83 postos e centros médicos. Enfim, todos estes' empreendimentos visam
despertar e contribuir para a grandeza e dignidade da pessoa humana. Dito por
outras , palavras, elas servem de antecâmara do verdadeiro bem- o bem eterno
- a que o homem está chamado a usufruir: · «Na casa de meu Pai há muitas
moradas; se não fosse assim, eu vo-lo teria dito. Vou preparar-vos lugar. E
quando' eu for, e vos preparar um lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim
mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também». A Igreja não existe
para ser mais uma instituição entre tantas outras; ela tem uma missão especial:
Lembre-se que, não é missão primordial da igreja instalar o bem temporal, mas
indicar aos homens o caminho que os orienta para o bem eterno. Daí a
importância de cada cristão saber realmente o que é ser cristão e o que deve
fazer para que a Igreja (comunidade santa), da qual ele é membro, cumpra a
sua missão: dar testemunho da verdade, aquela verdade que liberta e conduz à
vida eterna, fazendo da terra - desde agora - um pequeno céu.
"Quem conhece a verdade e o bem não pode fazer o mal, pois o mal é feito por
ignorância" (Sócrates).
Do que fica dito se pode inferir que não compreendeu o que é ser cristão quem
vai à Igreja somente para receber: rieuezas, afecto ou consolo na hora da dor
ou na perda de um ente querido; quem vai à Igreja só para buscar serviços e
nada mais... Com isto não estamos a querer dizer que é errado buscar estes
valores subjectivos; queremos dizer sim, que ir à Igreja pura e simplesmente
para este fim, é confundir o fim com o meio, é diminuir o mistério e a vocação
da igreja.
O cristão autêntico é aquele que vem para servir, não para ser servido, como
ensinou e fez o mestre. Só este é que dá muitos e bons frutos na comunidade,
pois torna-se, sal e luz que, com Cristo e em Cristo, ilumina e dissipa as trevas,
aquelas trevas que ofuscam a consciência do homem. É nesta ordem de ideias
que I. Leseur afirma: «toda a alma que se eleva, eleva o mundo». A partir daí
podemos muito bem dizer que a salvação do outro passa também por mim,
porque à medida que nos salvamos edificamos a Igreja:
"A mútua influência que temos uns nos outros, a participação de cada membro
é considerada e designada por paulo ospecificamente para a «edificação» uns
dos, outros e do corpo. Esta «edificação» não deverá ser uma influência
etérea. Ela é real e visível. Os membros sabem disso; todos mudam,
desenvolvem-se, amadurecem e as outras pessoas e o mundo vêem tudo
isto.85
Quer dizer que é nobre o papel da Igreja, já que ela ilumina a consciência e a
purifica, para que esta não chame bem ao mal nem mal ao bem. Portanto, a
Igreja peregrina deve ter sempre presente em cada membro, a sua missão,
para que cada um, seguindo os preceitos do Evangelho, influencie o mundo.
PAPEL DO ESTADO
Ora se o Estado visa a implementação do bem comum, ele não pode ficar à
margem do processo de recuperação dos valores morais, uma vez que estes
também entram na ordem do bem comum, embora numa dimensão imaterial,
tal como ninguém pode eliminar a fome (abstracta), sem utilizar alimento
(concreto) - pelo menos em vias normais. Quer dizer que o resgate dos valores
morais passa também pela garantia das condições mínimas e necessárias
como: saúde, educação, habitação, emprego sem espezinhar, claro, a
purificação das estruturas existentes.
"O bem-estar económico e social envolve por parte do estado a promoção das
condições de vida dos cidadãos, através do acesso a bens e serviços
considerados fundamentais para a colectividade, bens que permitam a
satisfação normal das necessidades materiais de estratos sociais cada vez
mais amplos e de serviços considerados essenciais, tais como a Educação, a
Segurança Social, etc."109_
EDUCAR EM VALORES
Que característica deverá ter a educação em valores para que possa ser um
fator efetivo de mudança pedagógica e social? Em que aspectos a reflexão
filosófica sobre a libertação, feita pelos pensadores, pode contribuir para isso?
112
Os critérios para exercer o poder com justiça ou para julgar o poder são
determinados por valores como a liberdade, a participação, a paz, a concórdia,
a solidariedade e outros comumente aceitos. Mas uma educação para a
mudança não requer apenas formacão em valores relacionados com o político-
social. É preciso pensar novos sistemas educativos nos quais os valores da
pessoa e da cornunldade sejam finalidades e objetivos realmente alcançáveis;
sistemas que levem em consideração os valores gerados na própria
organização e que estabeleçam princípios metodológicos coerentes com as
disposições, atitudes e qualidades que se deseja alcançar.
Processos e sistemas
Valor é, portanto, a convicção pensada e firme de que algo é bom e que nos
convém em maior ou menor grau. Mas essas convicções ou crenças
organizam-se em nosso psiquismo em forma de uma escala de preferências
(escala de valores). 116
Princípnos e fundamentos
Hoje é moda falar dos valores, mas a moda está relacionada com a fugacidade
e algumas vezes com a futilidade. Quero acreditar que essa moda não nasceu
da futilidade, mas sim do desejo de se encarar com mais seriedade a vida
humana. O tema dos valores é sugestivo e fascinante pela importância que
vem adquirindo no mundo atual. Algumas vezes fala-se nos valores por
conveniência, mas uma coisa é estar na moda e outra muito diferente é estar
atualizado. A reflexão sobre os valores e sobre a educaçãomoral superou o
silêncio em que esteve submersa durante muito tampo para emergir como uma
questão de grande relevância social.
O tema dos valores faz parte do nosso ser mais profundo, da nossa íntima
realidade, é um componente indispensável do nosso ser pessoas. Os valores
morais são elementos constitutivos de nossa realidade pessoal. Um aumento
de moralidade é a mesma coisa que um crescimento em humanidade. Com
base nos valores morais, podemos ordenar os outros valores de maneira
ajustada às exigências do nosso ser enquanto pessoa, uma vez que os valores
morais agem como integradores e não como substitutos.
Pessanha B., Barros S., Sampaio R., Serrão C., Araújo S. C. BINDÉ J. (2004)
Para onde vão os valores?
Ndala J. (